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    N.º 6MAR./ABR./MAI. 2011

    €3.00Portugal [Cont.]

    1 HORA DE FOTOGRAFIA  João Rodrigues foi o primeiro leitor aparticipar na nossa nova série. Leiatoda a história e veja as fotos.

     P RÁ T I CA

     N O V O

    Rui Palha e Rita Carmotêm um dom especia

    para a fotografiaInspire-se com algumas

    das suas melhores imagens

     P E LA  O B J E C T I VA  D E...

    AS MIL CORES DOPRETO-E-BRANCO E se fosse possível agarrar em todas as cores do mundo e fazê-las caber numa só foto a preto-e-branco? Quer saber como? Venha daí conhecer as melhores formasde transformar as suas fotografias a cores, em pequenas obras de arte a p&b.

    » À LAREIRA» PARA LÁ DO ARCO-ÍRIS» ZOOM NA MÁQUINA

    » À LAREIRA» PARA LÁ DO ARCO-ÍRIS» ZOOM NA MÁQUINA

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    clickO QU E V AI ENCONT RAR NA zOOm

    Foto da capa: Rui Palha

    FICHA TÉCNICA zOOM n.º 6  [Março/Abril/Maio 201

    DIRECTOR Maurício Reis REDACÇÃO Cláudio Silva, Marcos Fernandes, Paulo Jorge Dias, Pedro Portela MARKETING/CIRCULAÇÃO Sandra Mendes ARTE/GRAFISMO+ideias design IMPRESSÃOPeres-Soctip - IndústriasGráficas, S.A DISTRIBUIÇÃO Vasp, Lda PROPRIEDADEMR Edições e Publicações, de Maurício José da Silva Reis | Contribuinte 175282609 | REDACÇÃO|PUBLICIDADE Rua da Escola, 35 - Coselhas, Apartado 97, 3001-902 Coimbra | Tel.: 239081925 | E-mail: [email protected] | [email protected] | [email protected]

    Depósito legal: 305470/10 | Registado na E.R.C. n.º 125761 Periodicidade: Trimestral | Tiragem: 12.500 exemplare

    [ Está interdita a reprodução de textos e imagens por quaisquer meios, a não ser com a autorização por escrito da empresa editora ]

    http://www.zoomfp.com www.flickr.com/photos/revistazoom http://twitter.com/revista_zoom www.facebook.com/zoom.fotografiapratica

    > EDITORIAL

    “PARE, ESCUTE, OLHE”

    Não, não vai passar nenhum comboio. Para quem d esconhe-ce, trata-se do título do filme/documentário realizado porJorge Pelicano. E, porque razão escreve a direcção da zOOmsobre um filme n uma revista de fotografia? – perguntará oleitor.Ao longo dos últimos anos e meses, reparamos que sãocada vez mais os que perdem mais tempo a ver as caracte-rísticas das máquinas fotográficas que saem, do que pro-priamente a fotografar. Em frente ao computador, ligados àInternet, viajam por fóruns e sites de testes em busca damais ínfima capacidade técnica do último modelo da marcaX, Y, ou Z. Muitos nem chegam a conhecer bem o equipa-mento que possuem – em poucos meses é trocado –, por-que entendem que o último disponível é que é o melhor. Oque tem isto a ver com o filme “Pare, Escute, Olhe”? Podenão acreditar, mas quase tudo.

    Depois de o vermos, ficamos a pensar como é q ue é possí-vel estarem-se a perder paisagens tão bonitas – de cortar arespiração mesmo –, quando podiam (e deviam) estar a serregistadas nos nossos cartões de memória? Esquecendoum pouco o objectivo do documentário (mas que numaoutra óptica merece olhar atento), somos brindados com“fotografias” deslumbrantes. A luz, a composição, as horasdo dia a q ue foram registadas, deveriam ser vistas portodos os que são apaixonados por esta arte. É um prazer vere rever este filme, só para nos apercebermos que o nossoPortugal é mesmo bonito, quando visto com olhos de quemquer realmente ver. E isto não se consegue estando sentadoem frente ao computador...Acredite o leitor que o filme “Pare, Escute, Olhe” pode muitobem servir como fonte de inspiração e que vale cada euro

    (15 no total com direito a dois DVDs) que custa.Mas há mais. Em simultâneo foi publicado um livro com omesmo título (se bem que mais caro), com a foto-reporta-gem de Leonel de Castro e texto de Jorge Laiginhas.Ou seja, para além dos artigos que vai encontrar nesta edi-ção da zOOm, ainda tem mais duas óptimas sugestões que,estamos certos, o vão fazer sair para o terreno para fotogra-far. Pelo menos foi a vontade que sentimos quando acabá-mos de ver o “Pare, Escute, Olhe”.Inspire-se e… boas fotografias.

    A direcção.

    03 > Livros

    Quatro novos livros que não deve deixar de ler – e ver – nospróximos tempos. António Barreto, Craig Semetko, Jeff Wall eWilliam Eggleston são os fotógrafos de serviço.

    05 > Conhecer

    Mais três grandes nomes da fotografia mundial em destaquenesta edição da zOOm: Hamish Brown, Chris Borgman eMitchell Kanashkevich.

    06 > Iniciados

    Há muitas formas de melhorar as suas fotografias. Uma

    delas é a incrivelmente simples Regra dos Terços.

    08 > Exposição

    Veja as imagens de outros leitores e conheça um pouco maissobre as mesmas.

    18 > Prática

    Mais algumas sugestões para colocar em prática: "ZOOM namáquina"; "À lareira"; "Para lá do arco-íris".

    26 > +Pro

    Pedro Portela leva os nossos leitores até à introdução ao

    médio formato. Veja como dar vida nova a “velhas” máqui-nas.

    28 > 1 Hora de Fotografia com a zOOm

    NOVO: Nova série na sua revista de fotografia, onde desafia-mos os nossos lei tores a fotografarem durante uma hora.Nesta edição leia a aventura e veja as fotos do lei tor JoãoRodrigues.

    32 > Técnica

    Explicamos as melhores maneiras de transformar as suasfotografias a cores em pequenas obras de arte a preto-e-

    branco.

    38 > Pela objectiva de...

    Rui Palha e Rita Carmo são os dois fotógrafos portuguesesem destaque nesta edição da zOOm. Saiba mais sobre assuas histórias ligadas à fotografia e inspire-se com as suasimagens.

    48 > Foto-Aventura

    Hugo Joel partiu para o Continente Asiático à procura dapureza humana e voltou com fotografias e histórias quemerecem a atenção de todos nós.

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    Há um problema ao ver um bom livrode fotografia. Posso apelidá-lo de‘sindrome de infância no Natal’. Damesma forma que uma criança desembrulhaum presente e corre, rapidamente, para opróximo, também num desses livros dou pormim a folhear compulsivamente, na sede derevelar, ao tacto e ao olhar, as fotos que se

    alinham. Só depois de ter desembrulhado atotalidade do livro, volto atrás em busca deuns quantos brinquedos de que mais gostei,e neles me detenho. Finalmente, regresso àtotalidade do livro, para o apreciar pausada-mente. O livro-colectânea de António Barretodesencadeia esse síndrome. E o mais curiosoé ler no texto interior – que só dou por ele

    depois de ter vagueado pelas imagens –, queo fotógrafo nunca se deteve num local, quetambém sempre se sentiu «de passagem».António Barreto colheu instantes fugazes emBath, Inglaterra, onde um rapaz percorre umbairro de casas que se repetem, em Paris,onde uma mulher veste preto e branco eatravessa a passadeira de branco no preto, eem Lisboa, onde um homem joga às escondi-das no Centro Cultural de Belém. O livro junta mais de 40 anos de fotografias deAntónio Barreto, sociólogo e antigo ministro,em mais uma prova de enorme, e apaixona-do, interesse na condição humana.

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    livrosQ U E DE V E T E R N A S U A E S T AN T E . T E X T O: M AR COS F E R N AN DE

    António Barreto - FotografiasFOTOS DE ANTÓNIO BARRETO | EDITORA: RELÓGIO D’ÁGUA | PÁGINAS: 254 | €47

         ©     A   n

        t     ó   n    i   o     B   a   r   r   e    t   o

    Lago Hoan Kiem, Hanoi, Vietnam, 2010

    UnposedFOTOS DE CRAIG SEMETKO | EDITORA: teNeues | PÁGINAS: 96 | €39.90

    Éum fotógrafo-de-rua. E posto isto, dei-xemo-nos de mais preconceitos. É queexiste uma tradição e uma inovaçãoem Craig Semetko. Tanto usa o preto-e-bran-co da clássica street photography como a corda vaga mais recente, ou menos antiga, des-se género fotográfico. Tanto alimenta umatelemétrica com o velho, e granuloso, KodakTri-X, como brinca com a novíssima, digital,Leica M9. No casamento entre tradição e ino-

    vação, há um espírito que mantém, intacto: aprocura, nas palavras do próprio, do «humore da ironia em momentos espontâneos».Nessa busca encontra um certo tipo de hu-manismo fotográfico, a pender para o cómi-co. Unposed junta pouco mais de 50 ima-gens, aqui todas monocromáticas, e é o livrode estreia de Craig Semetko, fotógrafo quealimentou páginas no New York Times, Chi-cago Tribune e Los Angeles Times. Semetkotambém escreve e interpreta stand-up come-dy. E isso explica muita coisa, explica…

         ©     C   r   a    i   g     S   e   m   e    t     k   o ,

        t   o     d   o   s   o   s     d    i   r   e    i    t   o   s   r   e   s   e   r   v   a     d   o   s .

         U   n   p   o   s   e     d   p   u     b     l    i   c   a     d   o   p   o   r    t   e     N   e   u   e   s

    Hay-on-Wye, Grã-Bretanha, 1993

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    A

    s ima-gensde Jeff 

    Wall levam aFotografia aomáximo doseu sentidoontológico.Não só foramcaptadas pelaacção da luzcomo necessi-

    tam de luz para serem reproduzidas. Foi aluminosidade frontal que conferiu tons e for-mas. É a luminosidade traseira que devolve aimagem ao espectador. Wall encena situa-

    ções do quotidiano, como a vista de um apar-tamento, recria obras-primas da pintura,como Manet, e ficciona situações cómicas esurrealistas, como um piquenique de vampi-ros. Exibe, depois, as fotografias em enormescaixas-de-luz. Transit reúne 44 imagens fei-tas ao longo de quase 30 anos, e junta fotos

    menos conhecidas a outras que já se eleva-ram a clássicos da arte contemporânea. Dolivro não espere a plenitude de Jeff Wall edas suas caixas-de-luz mas conte com uma

    espécie de catálogo da exposição, com omesmo título, que esteve recentemente emDresden, na Alemanha. A retrospectiva deWall segue agora, em trânsito, pelas livrarias

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    livrosQ U E DE V E T E R N A S U A E S T AN T E . T E X T O: M AR COS F E R N AN DE S

    TransitFOTOS DE JEFF WALL | EDITORA: SCHIRMER/MOSEL | PÁGINAS: 136 | €49.80

    Before ColorFOTOS DE WILLIAM EGGLESTON | EDITORA: STEIDL | PÁGINAS: 200 | €48

         ©     2     0     1     0     J   e     f     f     W   a     l     l ,   c   o   r    t   e   s    i   a     S   c     h    i   r   m   e   r     /     M   o   s   e     l

    Qual seria o choque em descobrir foto-grafias a cores de Eugène Atget? Nãoandará muito longe de saber queWilliam Eggleston fez preto-e-branco. É certoque não custa muito acreditar que um dosresponsáveis pela Fotografia a cores ter che-gado a museus e galerias – foi o primeiro ater uma exposição individual do género no

    MoMA –, tivesseentrado nestasandanças com opreto-e-branco.Mas só há pou-cos anos foi des-coberta umacaixa com provasmonocromáticasde Eggleston.Este livro juntaessas fotos, tira-das ao mesmo

    tempo que davaos primeiros pas-sos na cor. Nelasvemos um jovemEggleston com

    laivos da primordial influência de HenriCartier-Bresson, com as composições perfei-tas e os momentos decisivos, mas também oestilo que marcaria o fotógrafo nas vibrantesprovas a cores, conseguidas pelo saudosodye-transfer. Com a palete de cinzentos járetratava o trivial da vida mundana, os

    diners e os gigantes carros dos anos60, as pessoas e os locais da Memphis quesempre habitou. Fotografou não-lugares,espaços sem identidade, lugares públicosmas que lhe eram próximos, privados. Sãolocais banais, de todos e de ninguém, umanti-belo que lhe era íntimo. Uma vezcomentou que não gostava da zona que orodeava. ‘Pode ser uma boa razão para foto-grafar’, disseram-lhe, ao que respondeu:‘Sabes que mais? Essa não é má ideia’.

         ©     W    i     l     l    i   a   m      E

       g   g     l   e   s    t   o   n     |     B   e     f   o   r   e     C   o     l   o   r   p   u     b     l    i   c   a     d   o   p   o   r     S    t   e    i     d     l     /   w   w   w .   s

        t   e    i     d     l   v    i     l     l   e .   c   o   m

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    conhecerF O T Ó G R A F O S D E C Á E D E L Á

    FOTÓGRAFOSNa zOOm damos-lhe a conhecer alguns dos melhores fotógrafos do mundo,sejam eles nacionais ou internacionais. As suas fotografias são, na grandemaioria, autênticas fontes de inspiração. É que, felizmente, também se aprende(e muito) sobre fotografia... a ver.

    Mitchell KanashkevichÉ caso para dizer que este fotógrafo volta ao“local do crime” mais do que uma vez. E éespantoso que de cada vez que lá voltaenche o cartão com imagens diferentes.Mitchell viaja e realiza documentários paraos mais variadíssimos projectos pessoais,mas também conta histórias de viagens eenche os catálogos das agências Getty e

    Corbis com as suas fotos. Adora registar cul-turas antigas e que se encontram em vias dedesaparecer, bem como a condição do serhumano em situações mais difíceis. O traba-lho deste fotógrafo vai sendo publicado umpouco por todo o mundo, nas mais impor-tantes revistas de fotografia, ou capas delivros. Pode ver e saber mais sobre as suasimagens no site do mesmo.http://www.mitchellkphotos.com

    Chris BorgmanEste fotógrafo americano cresceu em SanAntonio, Texas. Depois de se tornar profissio-nal leccionou numa escola de publicidadeem Miami. Há cerca de quatro anos mudou-se de Miami para Nova Iorque, onde conti-nua a ensinar fotografia e Photoshop. Só quepelo meio ainda faz o gosto ao dedo e fazalguns trabalhos para as mais diversas

    empresas. As suas imagens são absoluta-mente incríveis e... surreais. Adora particu-larmente pegar em gente menos bonita efotografá-la de uma forma atraente. Em vezdo clássico retrato, é capaz de pegar numidoso com barba e fotografá-lo com uma luzbrilhante e colorida.http://www.chrisborgman.com

    Hamish BrownNasceu em 1972 e começou a tirar fotogra-fias com sete anos de idade, depois do seupai lhe ter oferecido uma máquina. No inícioda sua “carreira” começou por fotografar asbandas dos seus amigos, que o convidavampara o efeito. Se foi isto que o levou a colabo-rar com a revista NME não sabemos, mas foigraças a este seu trabalho que teve oportuni-

    dade de retratar grandes nomes do panora-ma mundial, como o cantor Robbie Williams.Desde então podemos vê-lo fotografar des-portistas, anúncios publicitários, actores. Nasua carteira de clientes constam empresascomo a Adidas, Rolex, Gillette, Reebok e asmais variadíssimas revistas e jornais.http://hamishbrown.com

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    iniciadosA F O T O G R A F I A D E U M A F O R M A S I M P L E S

    A incrivelmente simplesRegra dos TerçosHÁ MUITA MANEIRA DE MATAR PULGAS, JÁ DIZIAA NOSSA TIA. E MUITA MANEIRA DE MELHORAR ASNOSSAS FOTOGRAFIAS, DIZEMOS NÓS. UMA DELASÉ A CHAMADA REGRA DOS TERÇOS.

    E agora que já aprendeu alguma coisa, é chegada a altura de… desaprender. Ecom isto não queremos dizer que tenha de esquecer a Regra dos Terços. Pelocontrário. Tem de se lembrar bem dela, para poder quebrar essa mesma regra.Confusos? Nós explicamos! É que, em determinadas circunstâncias, infringirdeliberadamente a Regra dos Terços pode criar um inesperado impacto nassuas fotografias. Por exemplo, posicionar o elemento central da foto precisa-mente na quadrícula do meio (o chamado centro morto). Ou então, fotografaruma paisagem com a linha do horizonte, precisamente a meio da fotografia(que é como quem diz, entre as linhas 2 e 3).

    Isto porque, às vezes, introduzir um elemento de simetria numa imagem podecausar um impressionante efeito estabilizador. Tão estabilizador como aqueleque é proporcionado pela própria Regra dos Terços. Tudo depende da situaçãoespecífica.Veja-se o caso da fotografia de um rio com o céu nele reflectido. Seria umcrime sacrificar qualquer uma das metades da imagem. Esqueça a grelha e ali-nhe a linha de horizonte exactamente ao centro, porque este é um daquelescasos em que no meio é que está a virtude.

    Enão estamos a trazer a tia de volta àconversa, que a senhora apesar dedevota não costumava rezar o terço.Até porque, a Regra dos Terços nada tem aver com objectos religiosos.

    Mas sim, tem a ver com a fé. Neste caso, a

    fé inabalável do fotógrafo numa técnica queconsiste em dividir a fotografia em 9 qua-dros. Como? Desenhando por cima dela 4linhas imaginárias: 2 horizontais e duas ver-ticais. Assim tipo o jogo do galo.

    A diferença é que não vai encher a ima-gem com cruzes e rodinhas. O que vai fazer é,no momento da composição da fotografia,imaginar essas linhas e posicionar o objectoa fotografar dentro dos pequenos quadros ouentão no ponto de cruzamento dessas l inhas.Ou seja, a grelha será uma espécie de indica-dor (ou ponto de mira) dos vários locais onde

    encaixar os elementos da fotografia.É uma técnica que remonta aos primórdiosda fotografia, quando os fotógrafos paisagis-tas a usavam para introduzir alguma ordemno seu trabalho e para criar uma dinâmicaagradável na imagem. Claro que a suainfluência é anterior à existência da própriafotografia, sendo influenciada por diversosestudos das paisagens, na pintura clássica. Eassim termina o momento “José HermanoSaraiva”.

    Deverá então usar os nove pequenos qua-dros e as quatro linhas para distribuir os ele-

    mentos chave da fotografia. Os pontos deintersecção das linhas podem ser determi-nantes para o sucesso da sua fotografia.

    Alinhar as componentes chave da imagemusando o cruzamento das linhas pode acres-centar alguma tensão artística e dinamismo

    à sua fotografia. Um elemento posicionadonum destes quatro pontos terá muito maiorimpacto do que todos os outros. Ao mesmotempo que desvia ligeiramente para o ladoelementos visualmente mais fortes, fazendodeslizar para o centro da imagem pequenosdetalhes que, em condições normais, nospassariam ao lado.

    As linhas horizontais, por seu lado, são umbom guia para posicionar a linha do horizon-te que, por vezes, enquadramos erradamenteno centro da imagem, cortando ao meio – ede forma inestética – aquilo que podia ter

    sido uma boa foto. Aliás, a fotografia paisa-gística é um dos melhores “tubos de ensaio”para a Regra dos Terços.

    Experimente posicionar o horizonte pelalinha horizontal superior. A parte da imagemcom o céu ficará reduzida mas, em contra-partida, a maior exposição da parte de terrapoderá revelar detalhes que lhe escapariamao primeiro olhar.

    Por outro lado, poderá optar pela variantemais convencional: posicionar o horizonte nalinha inferior, o que revelará uma maiorquantidade de céu, conferindo à imagem

    uma outra noção de espaço.Claro que a regra dos terços não se resume

    à fotografia de paisagens. Tem aplicações emmuitos outros domínios. É o caso do retrato,no qual é, por vezes, recomendável desviar osujeito da fotografia do centro da imagem,onde acaba por ganhar um ar de “pontomorto”. Uma das técnicas mais frequentes éalinhar os olhos da pessoa retratada com alinha horizontal superior, posicionando oponto focal num dos dois pontos de intersec-

    ção aí localizados.A fotografia de arquitectura também temmuito a ganhar com o recurso à Regra dosTerços. O alinhamento de edifícios ou dedeterminados pormenores arquitectónicoscom as linhas verticais e com os pontos deconvergência ajudam a melhorar, e de quemaneira, as suas fotografias.

    É que um dos princípios básicos da Regrados Terços é deixar o centro da imagem livrede qualquer um dos elementos chave dafotografia. Isto cria uma espécie de espaçonegativo, o que conduz o olhar para outros

    Quebrar as regras

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    elementos da imagem que, de outra maneirapassariam despercebidos.E agora chega a questão que o leitor deve

    estar a colocar desde o início do texto. Mas,afinal, como é que eu consigo implementaresta técnica na prática. Que é como quemdiz, onde é que eu vou desencantar uma gre-lha imaginária, quando já tenho coisas quecheguem para me manter ocupado, enquan-to fotografo?

    Calma! Não se preocupe que está tudopensado. Isto porque a maior parte dos fabri-cantes de câmaras fotográficas (compactas e

    DSLR) já disponibilizam uma grelha – real,nada imaginária – entre as suas ferramentasde composição. Basta seleccionar a função eesperar que ela apareça no visor LCD.

    Depois é só apontar a câmara e ir experi-mentando diferentes posicionamentos aolongo dos 9 quadros e 4 intersecções.

    Fotografe, veja o resultado sem a grelha erepita o procedimento as vezes que foremnecessárias. Tente perceber quais são os posi-cionamentos que resultam melhor e de queforma cada um deles irá melhorar a qualida-de da sua imagem.

    Com o tempo convém ir treinando o olharde modo a trabalhar apenas e só com a talgrelha imaginária, abdicando da grelha automática exibida no LCD da câmara. Isto por-que nem sempre é fácil compor uma boafotografia com tanta linha, quadrícula eintersecção pelo meio. Quanto menos obstá-culos tiver, melhor será a qualidade de foto-grafia.

    Vá por nós: a longo prazo, a grelha auto-mática só vai atrapalhar.  nZ

    Três fotos que,

    de alguma forma,

    exemplificam

    a quebra da

    Regra dos Terços

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    exposiçãoDOS L E I T OR E S

    NOME: Ricardo Gonçalves

    LOCALIDADE: Faro/Portugal

    IDADE: 30

    CÂMARA: Canon EOS 30D

    WEBSITE: www.ricardogoncalves.net    D    E    S    T    A    Q    U

        E    D    A

        E    D    I    Ç    Ã    O

    Envie as suas imagens num CD (ou por e-mail, para

    [email protected] ), acompanhadas do

    respectivo título, uma pequena descrição e, caso preten-

    da, pode contar a sua história de vida ligada à fotografia.

    As fotos devem ter pelo menos 1500 pixéis no lado

    maior 300 dpi) e manterem o EXIF.

    zOOm - Fotografia Prática

    Apartado 97 . 3001-902 Coimbra

    Gostaria de veras suas fotosnesta secção?

    “Fotografia, moda e maquilhagemsão as três vertentes que se uni-

    ram e deram origem ao grupoSights from Beyond. Numa visão dominadapelo gótico, pela temática do terror, fantasia

    e pelo estilo que é caracterizado por muitos

    como sendo alternativo, Sights from Beyondapresenta uma colectânea de trabalhos comdetalhes que primam pela diversidade.Composto por Ricardo Gonçalves como fotó-

    grafo e responsável pela pós-produção, porMarisa Amaro como responsável de moda emodelo e por Joana Gonçalves como respon-

    sável de moda, maquilhagem e cabelo,Sights from Beyond pretende transmitir assuas ideias e proporcionar a todos um espec-

    táculo onde o mundo do imaginário ganhavida e as personagens que nele habitam pre-tendem surpreender o espectador.”

    DIREITA: MORGANA

    “Modernizar a personagem Malévola do conto infantil, BelaAdormecida. Focamo-nos numa das suas característicasmais marcantes, a sua toca pontiaguda, transportando-a

    para os cabelos da modelo.”Canon 30D . 35mm . f/13 . 1/80” . ISO 200

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    DIREITA: THE PORCELAIN DOLL

    “Esta sessão foi inspirada em bone-cas de porcelana antigas. É dividida

    em duas partes. Nesta primeiraparte, denominada “Porcelain Heart”,

    surge uma figura cândida e apática– a perfeita e típica boneca de por-

    celana. Na segunda fase “Second

    Life Syndrome”, esta boneca ganhavida, tornando-se alienada e som-bria.”

    Canon 30D . 50mm . f/1.8 . 1/100” .ISO 200

    CIMA: DARK BLUE

    “Primeira experiência em estúdio com 2 flashes para ilumi-nação, um deles equipado com um Beauty Dish.”Canon 30D . 105mm . f/10 . 1/160” . ISO 100

    DIREITA: WOMAN IN UNIFORM

    “Sessão realizada para uma estilista italiana, cujaindumentária transmite um carácter militar.”

    Canon 30D . 58mm . f/7.1 . 1/125” . ISO 100

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    exposiçãoDOS L E I T OR E S

    ZÉ RENATO www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Tenho 54 anos de idade e sou natural do Estado do Rio de Janeiro, formadem Desenho Industrial e trabalhando há 35 anos na parte gráfica daImprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro como programador visual e

    também na parte de desenho. A fotografia entrou em minha vida quando tinha 18

    anos. Na minha profissão a fotografia sempre anda ao lado, agora mais ainda com achegada do sistema digital, pois os recursos são inúmeros. Na verdade vivo fotografianas 24 horas do dia, quer seja na empresa, ou seja como hobby (vício). Por váriasvezes já parei para pensar, e deixo uma pergunta no ar. Como seria o planeta sem aFotografia?”

    ESQUERDA: PERIPÉCIAS

    O motivo que me levou a gostar, admirar e fotografar Beija-Flor e Colibri, é porque sãoaves totalmentes fora dos padrões normais. Pois são as únicas aves que voam paratrás e conseguem parar no ar, pois suas asas não são ligadas ao tronco, e assim con-seguem girar 360º. O seu único alimento é o néctar das flores, chegando a dar entre1700 a 2000 investidas diárias para se alimentar. Tenho um verdadeiro fascínio porestas aves e fotografá-las é um prazer indescritível.”Canon 40D . Canon 70-200 . Flash Canon 580EX . f/7.1 . 1/250”

    MARIA ISABEL CLARA www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Nasceu em Setembro de 1965 em Abrantes, descobriu o fascínio da fotografia em 2008,ano em que começou a fazer os seus primeiros trabalhos numa arte pela qual se apaixo-nou e à qual se entregou. Encontra na fotografia a forma de transmitir o seu modo de ver o

    mundo, procurando que as suas imagens sejam o espelho das emoções e da beleza dos horizontesque a rodeiam, aliada à constante busca pela luz e composição. Presentemente tem um projecto emmente Fotografia de Estúdio. Material: Canon EOS 450D com uma objectiva Sigma 18-200 mm ealguns filtros de acordo com as necessidades.”

    CIMA: CAMINHOS DE SAL

    “A primeira vez que visitei este local – Museu do Sal na Figueira da Foz –, verifiquei que se tratava deum local com bastante potencial face à conjugação possível do grafismo existente, conjugado com oelemento humano. Só que na altura a luz não era a mais correcta (controlo de brancos) e existiamgrupos visitantes. Numa próxima oportunidade regressei e, depois de algumas fotografias, escolhiesta a partir de uma perspectiva mais elevada, pela sua simplicidade, em que o grafismo existenteobriga-nos a percorrer toda a composição. Optei pelo P&B, porque transmite um ar de mistério, dámaior atenção às formas e contrastes e torna-se menos confuso quando existe um grafismo tãoforte.Canon 450D . 200mm . f/8 . 1/250” . ISO 100

    CRISTINA MESTRE www.cristinamestre-fotografia.com

    “A partir dos 50 anos a vida tem outro sentido. Os olhos vêem através daalma, os cheiros vão até ao coração, o toque é mais suave e as palavrasmais doces. O tempo é mais longo e os sentimentos aumentam. A vontade

    de viver é maior, as oportunidades são mais valiosas. E, assim com este espírito, iniciona minha vida uma nova paixão: a fotografia! Participei nos livros de fotografia con-temporânea: antologia de fotógrafos contemporâneos – Fragmentos de Emoção, naantologia de fotografia contemporânea – Essência e Memoria vol.I e II e posterior-mente em Olhar a Urbe. Tenho visto alguns dos meus trabalhos publicados em revis-tas, recebi alguns prémios e menções honrosas. Participo em várias exposições foto-gráficas, individuais e conjuntas. Uma paixão que veio para ficar e que aumenta com aprendizagem e desenvolvimento.”

    CIMA: COMPANHEIROS

    “Dos seus olhos azuis, meigos e simpáticos sai o orgulho que de quem já passou 88anos. Um banco de jardim faz-lhe companhia. O seu sorriso calmo e tranquilo não mefica indiferente, mas fixei-me no que me chamou a atenção: as mãos que seguravamuma bengala, a sua companheira de vida!”Olympus E-520 . 35mm . f/4.0 . 1/100” . ISO 100

    http://globalfoto.net

    Parabéns aos três vencedores do passatempo que levá-mos a cabo com o site GlobalFoto. Foram vários os parti-cipantes e a escolha das fotos ganhadoras não foi tarefafácil. > Maria Isabel Clara | Cristina Mestre | Zé Renato

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    PAULO VIEGAS > 32 ANOShttp://olhares.aeiou.pt/Palinho

    “A arte de escrever com luz está vigente no nosso presente, passado e, certamente, estará no futuro (assim o espero)! É uma das formas mais bonitas de mostrar aos outros o mundatravés dos nossos olhos, guardando em cada registo um pouco de nós… os sentimentos, o estado de espírito e até um pouco da nossa alma! Desde muito cedo que a fotografia mefascinou. Ainda mal conseguia segurar uma câmara e já tinha vontade de registar algo que me despertava a atenção (paisagens e afins), mas para os meus pais era um pouco des-

    perdício de rolo fotografar algo onde não aparecesse algum membro da família e isso era algo que me incomodava. O factor “família” a invadir uma imagem, que para mim só tinha sentido sefosse fotografada crua, sem qualquer tipo de elemento exterior a deturpá-la. Infelizmente como não tinha dinheiro para comprar a minha câmara e rolos tive de esperar e, há aproximadamente5 anos, investi numa Kodak Bridge (de apenas 4.0Mpx) altura em que me aventurei realmente a descobrir o que a fotografia tem para oferecer. Aprendi (e aprendo) por tentativa/erro e emboraseja um processo relativamente moroso, é algo de que gosto, pois a seu tempo consegue recompensar quem for realmente persistente. Gosto de fotografar em qualquer vertente fotográficaexistente, mas tenho um fraquinho por tudo o que envolve a Natureza, lá está, pela sua “crueza” não precisando de qualquer artefacto exterior para se embelezar. Actualmente possuo umaCanon 400D, pois a Bridge, embora muito útil, já estava um pouco(!) ultrapassada e necessitava de algo mais potente para fazer impressões com formatos grandes, pois com a minha evoluçãosurgiu a oportunidade de começar a fazer exposições, algo que tenho feito com alguma regularidade graças aos convites que tenho recebido. Face à maior procura do meu trabalho, investi

    recentemente em algum equipamento de iluminação de estúdio que uso em casa, improvisando com adereços que aos poucos vou adquirindo. A fotografia é um bichinho que depois de nos“pousar” em cima, dificilmente irá sair!”

    CIMA ESQUERDA: LUZ DIVINA CIMA DIREITA: FELINA

    “Ao deitar-se nesse dia, o Sol deixou escapar uns raios que acenaram e permitiram este registo” “O estúdio improvisado em casa num dia de CarnavaCanon 400D . 55mm . f/8 . 1/125” . ISO 100 Canon 400D . 18mm . f/38 . 1/80” . ISO 400

    JOSÉ XAVIER www.josexavier.com

    “A paixão pela fotografia nasceu há alguns anos, mesmoquando não tinha uma máquina para poder mostrar aomundo o que e u via pelos meus próprios olhos. Recordo-m

    que recebi a minha primeira máquina fotográfica quando estava na pri-mária – uma máquina compacta de rolo de 35mm – e foi uma alegriapoder levá-la nas visitas de estudo e fotografar tudo que via (anos mais

    tarde ficou encostada numa prateleira com vários rolos devido ao custoda revelação). Esta paixão prosperou a partir de 2007 e a sua evoluçãofoi fantástica: de uma máquina digital compacta que me foi oferecida,passei para uma Bridge e hoje capto maravilhosas imagens com umaDSLR que tive a oportunidade de comprar. Não sou profissional, souamador. Como a palavra indica, amador é aquele que pratica uma artepor amor, por gostar daquilo que faz… A fotografia que mais gosto é apreto e branco, por ser intemporal. Apesar de ser uma técnica antiga,não deixa de ser nos dias de hoje algo actual, bonito e sóbrio.”

    REFLEXOS TARDIOS

    “Um raid fotográfico nocturno pelo Porto levou-me a tirar esta fotojunto ao rio.”Canon 1000D . 18mm . f/3.5 . 1.3” . ISO 400

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    ANA MATIAS www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Desde sempre as máquinas fotográficas me fas-cinaram. Adorava tirar fotografias. As minha via-gens de estudo, durante os tempos de faculdade

    (estudei Turismo), eram cheias de reportagens fotográficasdos lugares que visitava, mas a paixão pela fotografia sócomeçou a manifestar-se quando comprei a minha Nikon.

    Sempre houve uma grande vontade de manifestar a criatividade que sempre existiu dentro de mim e que queria sair.Comecei a fotografar a sério há um ano. Vou aprendendo astécnicas em workshops e tenho andado pelo mundo fora adescobrir o que gosto de fotografar. A minha paixão começaa ser a fotografia de retrato – tenho fotografado pessoas eanimadores de rua. Não existe melhor satisfação do quecaptar as suas expressões e sentimentos. Assim começa oinício de uma grande aventura fotográfica...”

    ESQUERDA: IT’S A DOG’S WORLD

    Nikon D40X . 200mm . f/5.6 . 1/60” . ISO 200

    ARMINDO DIAS > PROGRAMADOR WEB > 34 ANOShttp://www.flickr.com/photos/armindodias

    “Nasci em Portugal, em 1976, e desde a minhajuventude que sempre me interessei pela fotogra-fia. Comecei por fazer umas pequenas experiên-

    cias com uma SLR 35mm e com uma Polaroid, mas foi ape-nas em meados de 2004 que fiquei completamente fascina-do pela fotografia e comecei a fazer trabalhos mais sérioscom uma câmara digital, decidindo passar a ser um “actor”em vez de um “espectador”. Sou completamente autodidac-ta e sinto que tenho ainda muito para aprender e experimen-tar. Profissionalmente sou Programador Web mas a fotogra-fia é a minha paixão artística. Para mim, é uma forma deexpressão onde melhor consigo transmitir os meus senti-mentos e emoções. Alguns dos meus trabalhos foram publi-cados em revistas nacionais e internacionais de fotografia,em 2 livros (“Olhar A Nu”, livro com fotos de vários fotógra-fos de nus a preto e branco, e “Uma lágrima de distância”,livro de poesia de Cláudio Louzada), para o grafismo de um

    CD da banda alemã Noyce e cheguei por 4 vezes à final dofestival de fotografia, vídeo e áudio Black & White organiza-do pela Universidade Católica do Porto. Em 2009 participeinuma Exposição Colectiva organizada pela ABRA -Associação Bracarense Amigos Dos Animais, em Braga,tendo os lucros da venda das fotografias expostas sendoencaminhados para ajuda da Associação. Actualmente inspi-ra-me a minha mulher, companheira e modelo, tendo a gran-de parte dos meus últimos trabalhos sido feitos com a suacolaboração e inspiração.”

    DIREITA: LIPS LIKE SUGAR

    “O Amor da minha vida, a minha namorada”Canon 5D . 50mm . f/8 . 1/50” . ISO 100

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    OSVALDO CIPRIANOhttp://photo.osvaldocipriano.com

    “Osvaldo Manuel Meireles Cipriano, nasceu em 4 de J aneiro de 1982, em Santarém, cidade onde actualmente resi-de. Começou a interessar-se por fotografia em 2005, altura em que comprou a sua primeira máquina digital com aqual começou a explorar a sua sensibilidade artística com registos sobre a sua cidade. Já participou em várias expo-

    sições fotográficas e várias fotografias suas foram publicadas em revistas da especialidade e jornais. Realiza também váriosprojectos ligados ao mundo da fotografia tais como o site www.osvaldocipriano.com, site pessoal com fotografias de sua auto-ria e o site Santarém Digital (www.santaremdigital.com), site dedicado à cidade de Santarém, onde para além de informaçõesrelevantes sobre a cidade também poderá desfrutar de fotografias dos monumentos e da cultura scalabitana. Adora viajar,sempre na companhia das suas máquinas fotográficas, para poder registar imagens e revelar a sua arte e a sua paixão.”

    CIMA: THE GULLS

    “Foto tirada de um penhasco na Praia da Marinha.”Canon 350D . 65mm . f/8 . 1/250” . ISO 100

    CIMA ESQUERDA: PALACE HOTEL OF BUSSACO

    “Um dos mais belos hotéis que existem em Portugal.Aconselho a todos a passarem lá uma noite e passearempela linda Mata do Bussaco. Um sítio mágico.”Canon 30D . 19mm . f/10 . 1/640” . ISO 400

    JOSÉ GARCIA www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Desde o meu 1º Workshop de iniciação à fotografia onde descobri o que era o F/,a paixão por esta arte não parou de crescer. Adquiri este mês pela 1ª vez a vossarevista e gostei bastante tanto da qualidade em termos do próprio papel, como da

    forma simples e “fácil” como aborda os temas. Reparei que têm uma secção para as fotosdos leitores e é por isso que vos escrevo.”

    ESQUERDA: FOTOGRAFAR POR UMA CAUSA

    “Durante o mês de Outubro de 2010 lancei, na comunidade de fotografia Lx Casting (da quafaço parte), um desafio que consistia em termos os vários participantes numa sessão foto-gráfica, a contribuírem com um valor que reverteria para uma associação de cariz social. Aspessoas responsáveis pela comunidade mostraram-se de imediato receptivas, o que abriucaminho para a ideia avançar. Quando uma das modelos da comunidade se disponibilizoupara ser “a cara” da iniciativa, ficaram criadas as condições para se realizar a sessão. Umasessão muito especial realizada no estúdio PhotoA3. Chamámos a esta iniciativa “Fotografarpor uma causa” que rendeu um valor quase irrisório (100 Euros) entregues à tesoureira daAssociação Portuguesa de Deficientes, Dra. Marta Azevedo. O valor monetário foi pouco, maso simbolismo foi imenso!!! Agradecimentos à comunidade Lisboa Casting, nomeadamente

    João Raposo e Mário Violante (responsáveis pelo Lx Casting/estúdio) e a lindíssima TâniaFalcão (model o).”Canon 50D . 50mm . f/11 . 1/100” . ISO 100

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    JORGE FETEIRA > 39 ANOShttp://olhares.aeiou.pt/jfeteira

    “Tenho 39 anos, vivo perto de Sintra. Estudei desenho na Escola Secundária António Arroio, onde aprendi muito sobre imagem e estética. Por várias razões não segui uma carreiraligada ao desenho, mas ao desenho de aplicações informáticas onde os conhecimentos adquiridos na António Arroio foram muito úteis. Durante anos usei a minha Minolta DYNAXSPxi, rolo de 35mm, sem nunca ter explorado muito, quer pelo preço das revelações, quer por falta de tempo para me dedicar a fotografia. Quando surgiram as digitais compactas

    comprei uma e aí comecei uma nova aventura. Não fui na tentação de comprar uma Reflex Digital logo no início, deixando que a tecnologia pudesse evoluir para os patamares que temos hoje.Hoje tornei-me fã incondicional da fotografia digital: fotografo com uma Canon 500D e uso duas lentes, uma SIGMA 10-20 mm (a minha preferida) e uma TAMRON 18-270mm a minha todo-o-terreno. Estas lentes têm a companhia de um tripé Manfrotto 055XPROB. Dentro da minha Lowepro Flipside 300 estão vários filtros neutros e dois de cor, entre outras coisas. Não posso dizerque tenho um tema preferido para fotografar, tento ser o mais versátil que posso, procurando sempre que cada clique seja melhor que o anterior. A maior aventura fotográfica foi ter embarcadoa bordo de uma traineira, a “Pérola de Sesimbra”, e ter passado a noite com os pescadores, ver como trabalham, o nascer do sol no mar, sentir a angústia de não saber o que vem nas redes, epoder registar tudo isso em 400 fotos numa noite. Procuro saber sempre mais neste mundo encantado da imagem, leio, vejo muitas fotos de outros fotógrafos, pois entendo também aprendemos muito por ver o trabalho dos outros, não para os copiar, pois cada um vê o mundo com os seu próprios olhos a sua forma. Mesmo que tentasse copiar o trabalho de alguém isso seriaimpossível, porque um momento nunca se volta a repetir, é único.

    CIMA: OLHAR EM FRENTE

    “Esta foto é muito especial, foi pensada e executada a pensar no meu Pai, que viria a falecer um mês depois.”Canon 500D . 10-20mm . 11mm . f/8 . 1/125” . ISO 100

    FÁBIO VALENTE > 17 ANOS www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Olá, o meu nome é Fábio Valente, tenho 17 anos.

    Desde pequeno que o interesse pela fotografiasempre foi muito forte. Gosto de todo o tipo defotografia, mas tenho uns em especial: paisagem, moda,macro.”

    ESQUERDA: BEAUTIFUL HAIR

    “Adoro o movimento dos cabelos, sempre me fascionou.”Canon EOS 500D . 47mm . f/5.6 . 1/664 . ISO 100

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    RICARDO HERNANDEZ www.flickr.com/photos/domin_guex

    CIMA: CURIOSIDADE

    “O pequeno fotógrafo explorando com curiosida-de o seu mais recente “brinquedo”. Brinquedo

    este, didáctico e de potencialidades ilimitadas, que apaixonainúmeros curiosos por este mundo fora. Deixe-se apaixo-nar… é lindo.”Canon 50D . 70mm . f/4 . 1/160” . ISO 100

    Vencedor de um dos passatempos do site

    ForumFotografia.net

    SARA GOUVEIA www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Tenho 23 anos e sou licenciada em Análises Clínicas e de Saúde Pública, área que nada tem a ver com a fotografia.Com 16 anos tive a primeira máquina digital que levava todos os dias para a escola secundária, onde a usava paratirar fotografias aos meus amigos, mas pouco me interessava por fotografia. Em 2009 comprei a minha primeira, e

    única, máquina reflexa, e a partir daí tornou-se a minha companheira em todos os passeios. Tirei um curso de iniciação à foto-grafia e quero tirar muitos mais. Queria acrescentar alguma coisa de novo a este mundo da fotografia, mas é cada vez maisdifícil porque há muita gente inspirada e com grandes conhecimentos nesta área. Resta-me estudar e aprender, cada vezmais.”

    CIMA: SIMPLESMENTE APRECIAR

    “É tão bom quando conseguimos captar num momento os sentidos, neste caso o prazer em caminhar, lado a lado, com umapaisagem inspiradora. É este o meu fascínio pela arte de fotografar.”Nikon D60 . 55mm . f/5.6 . 1/200” . ISO 100

    SOFIA AZEVEDO www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Sou natural da Murtosa e a minha paixão e vício pelafotografia começou há pouco mais de um ano... e cos-tumo dizer que quem não compreende um olhar, não

    compreenderá uma longa explicação... Sou apaixonada pela poe-sia, pelo teatro, pelas caminhadas sozinha ao fim da tarde ou aoutra hora qualquer, sempre com a minha máquina a seguir-meos passos, pela alma e pela consciência. Interesso-me pelos sen-timentos, pelos meus sentimentos e também dos outros, dealguns outros. Fascina-me a paixão, o amor, os olhos, as mãos, os

    dedos, as fotografias, “aquela fotografia” tão especial para qual-quer um de nós... Pelos costumes, credos, culturas, pessoas. Pelomar, pela lua, pelo universo e os seus segredos... Pela escrita, lei-tura, pelo dialogo e pelo silêncio de uma simples foto. Pelos livros,pelas flores, por tudo e por nada... Pela ignorância do dinheiro.Pela música e por tudo aquilo que guardo na máquina fotográficae na memória... Certas fotos são somente minhas...”

    DIREITA: NO TEU OLHAR REVEJO-ME. TERESA SIMÕES

    “É uma das minhas “modelos” preferidas para fazer este tipo defoto pois tem um olhar bastante expressivo. Foi tirada no Cais doBico, na Murtosa, com a Ria a servir de cenário. Optei por fazereste high key para sobressair o olhar brilhante.”Nikon D60 . 35mm . f/5.6 . ISO 110

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    FILIPE FONSECA www.flickr.com/lipezito

    “Iniciei-me na fotografia em 2007 com a aquisição da minha actual máquina, SonyAlpha 100! Fui partilhando os meus trabalhos e conheci muita gente deste ramo, deonde resultou um projecto de exposições com fins solidários! Fiquei em 1.º lugar no

    concurso do Museu Nacional de Imprensa, intitulado de “Eu fotografei o Muro...”. Continuo hojea fazer da fotografia um passatempo, embora reconheça que um dia gostava de calcar outroscaminhos mais profissionais.”

    ESQUERDA: PERCURSO DA VIDA

    “Num dia chuvoso, na Serra da Freita. Já tinha fotografado este “spot” com neve dias antes.”Sony a100 . 18mm . f/22 . 1.3” . ISO 100

    SÉRGIO ALMEIDA > 28 ANOS www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Tenho 28 anos e um enorme gosto pela fotogra-fia. No tempo em que ainda andava na escola,existia por lá um clube de fotografia. Nessa altura

    tinha cerca de 15 anos e acabei por me inscrever nesseclube. O clube e ra coordenado por um professor que ensinava as bases da fotografia. Nesse tempo, e com o digital aind

    bem distante, cheguei mesmo a aprender a fazer revelaçõesa preto e branco, num pequeno estúdio existente no clube.Desde esse tempo que o gosto pela fotografia nunca maisdesapareceu, ainda que por vezes tenha permanecido ador-mecido. Actualmente, encontro-me numa fase em que afotografia se tornou um verdadeiro vício, tentando aprendercada vez mais, sempre em busca “daquela” verdadeira foto-grafia.”

    ESQUERDA: CROSSING TRAIN

    “Esta fotografia foi obtida junto à linha de caminhos-de-ferro. Depois da chegar à estação de comboios da Figueirada Foz, o objectivo era fazer uma longa exposição e obter orasto de luz deixado pela passagem do comboio.”Sony a330 . f/13 . 30” . ISO 100

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    { como participar na nossa exposição }Para participar nesta secção, envie-nos duas/três fotos por e-mail,

    com pelo menos 1500 pixéis no lado menor (manter o EXIF),

    acompanhadas de título e pequeno texto descritivo.

    Anexar ainda um auto-retrato e, caso deseje, pequena apresentação pessoal

    (história ligada à fotografia, gostos fotográficos, equipamento anterior e actual, etc...),

    para [email protected] ou exposiçã[email protected]

    CATARINA CABRAL www.flickr.com/photos/domin_guex

    “Natural da ilha de S. Miguel, do arquipélago dosAçores, nasceu a 9 de Fevereiro de 1983. Formadaem Logística e mãe há um ano, apaixonada pela

    fotografia desde sempre. Em 2008 expôs dois trabalhosfotográficos na sua ilha. Hoje ocupa os seus tempos livrescom fotografia e trabalha em parceria com a Agência de

    modelos KL Model´s & Events, na ilha de S. Miguel. O seugosto fotográfico tem especial atenção ao retrato e à essên-cia do ser humano na vida e natureza. Anteriormente traba-lhou com a máquina FUJIFILM Finepix S5600, actualmentetem vindo a utilizar as Canon EOS 450D, EOS 20D e EOS 5D.Para tratamento de fotos utiliza Adobe Photoshop CS5.”

    DIREITA: VIDA

    “Fluir energia”Canon 20D . 70mm . f/4.5 . 1/160” . ISO 400

    BRUNO BRANDÃO www.flickr.com/lipezito

    BAIXO: OLD AGE

    “No final de uma tarde monótona, deparei comeste momento em que este senhor tentava recor-

    dar o seu passado após estar uns “bons” vinte minutos aapreciar um casal de namorados”Nikon D3000 . 200mm . f/11 . 1/125” . ISO 200

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    Grande parte dos nossos leitores jádeverá, alguma vez, ter visto esteefeito. Mas muitos não sabem comoconsegui-lo. Trata-se de um “truque” muitosimples, mas que requer alguma prática, outentativa-erro. Alguns poderão afirmar queeste efeito de zoom é facilmente conseguidorecorrendo a um programa de edição deimagens, como o Photoshop. E estão corre-ctos. É muito fácil aplicar um filtro a umafoto para que o efeito zoom se torne umarealidade.

    Mas, acredite, quando somos nós a criá-lona máquina a satisfação é completamentediferente. E, uma vez apreendida a técnica, asua imaginação será o limite, já que poderáaplicá-la quer a paisagens, objectos, ou atéem retratos, ou fotos de grupos.

    Se em vez de ficar sentado ao computadorquiser saber como provocar o efeito zoomdirectamente na máquina fotográfica, entãoacompanhe-nos neste breve guia prático.Depois é praticar e em pouco tempo as suasfotos ganharão uma dinâmica diferente.Quanto a recursos, dependendo do cenário,

    ou da situação, quase sempre será bem sucedido só com a máquina e objectiva (não fixa,isto é, que tenha várias distâncias focais),embora um tripé possa ajudar bastante.

    ZOOM namáquina

    Dificuldade baixa

      quipamento usado

    Canon 5D MKIICanon 24-70mmTripé Slik Pro330DX

    práticaI N S P I R E - S E COM OS N OS S OS E X E M P L OS P R ÁT I COS

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    práticaI N S P I R E - S E COM OS N OS S OS E X E M P L OS P R ÁT I COS

    1Aproveitámos a época natalícia para elaborar este guia. Como tal, recorremos à árvore de Natal para o efeito. Mas, como pode verificar pela foto deabertura, o cenário pode ser o qu e bem entender. Mais! Quando bem aplicado o efeito que vamos explicar a seguir, até retratos podem ser bem suce-didos quando os apresentar aos amigos. Montámos a máquina no tripé e focámos um dos enfeites da árvore.

    2Depois de termos experimentado várias velocidades, chegámos àconclusão que o intervalo entre 1 e 2 segundos é perfeito para oque se pretende. Se tiver pouca luz, facilmente conseguirá valoresdentro deste intervalo. No caso de estar a fotografar com alguma luz,deverá fechar ao máximo a abertura da objectiva, ou até recorrer a umfiltro de densidade neutra para cortar luz. Para a foto que abre este arti-go fechámos a lente para o valor f/18, ao passo que, para fotografarmos aárvore, chegou perfeitamente f/5 (o que deu 1.6 segundos de exposição).

    3E porque é importante ter baixas velocidades de exposição? Poisbem, o efeito zoom é feito rodando o anel de distância focal daobjectiva durante o tempo de exposição. Logo, com altas velocida-des não terá tempo suficiente para o fazer. Um segundo, ou mais, já pos-sibilita tal operação. Retomando, com o foco feito e com a exposição arondar o segundo, mude a máquina para disparo retardado (isto é, activeo temporizador) – não é obrigatório, mas permite-lhe uma maior liberda-de – e dispare. Uma vez iniciada a exposição, rode para um dos lados oanel de zoom da objectiva.

    4O efeito vai ser mais ou menos acentuado consoante o movimentoaplicado no anel de distância. É nesta fase que deve aplicar os seusesforços para perceber como é que o efeito surge na imagem,rodando mais ou menos o anel. Nesta imagem, por exemplo, o efeitonotado é mínimo, pois deslocámos poucos milímetros a distância focal,enquanto a exposição decorria. Se rodar da distância focal mais curtapara a mais longa, e vice-versa, também obterá resultados um poucodiferentes.

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    5Varie os motivos e posição da máquina. Por fim passe as imagenspara o computador e seleccione as que mais lhe agradarem. Depoisedite-as a gosto e estará pronto para impressionar os seus amigoscom fotos mais dinâmicas do qu e o habitual. Pratique muito e, em poucotempo, aplicar zoom directamente na máquina é feito quase intuitiva-mente.

    IMAGEM FINAL

    Dê uma nova dinâmica a algumas dassuas fotografias. Melhor do que estar sen

    tado em frente ao computador, é conse-

    guir aplicar este efeito no momento do

    disparo.

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    práticaI N S P I R E - S E COM OS N OS S OS E X E M P L OS P R ÁT I COS

    O

    s dias de frio dão nisto: apetece-nosficar em casa e, de preferência, àlareira. E é também nestes dias que a

    fotografia no exterior menos apetece. Daí apensarmos em algo para tirar partido dasituação, vai um pequeníssimo passo. Não sepodem perder oportunidades para se tentartirar boas fotografias.

    Num destes dias optámos por (re)criar umcenário por diversas vezes visto em filmes.Uma lareira acesa e dois copos com vinho,como que a sugerirem um momento de pai-xão entre duas pessoas. Se bem pensámos,

    rapidamente colocámos em prática a nossaideia.

    Felizmente não é preciso um arsenal deequipamento para conseguir bons resulta-dos. Máquina, objectiva, tripé, copos e vinhosão os elementos essenciais. E, claro, a lareiraacesa.

    Mas o melhor mesmo é deixar a conversade lado a passar à acção. Como habitualmen-te na zOOm, mostramos-lhe os principaispassos a dar para conseguir bons resultadosà primeira.

    À lareira

    1O primeiro passo a dar é l igar a lareira com alguma antecedênciapara que o fogo ganhe espaço na mesma. Ele vai mesmo ser um dosprincipais elementos, pelo que convém que esteja bem visível.

    Aproveite para encher (até metade será o ideal) os copos co m vinhotinto. De preferência, que fiquem com a mesma quantidade de líquido.

    2Chega o momento de montar o cenário propriamente dito. Coloqueos copos à frente da lareira. Cinquenta centímetros, ou um poucomais, será a distância ideal, já que a intenção é desfocar ligeira-

    mente a lareira. Monte a câmara no tripé. Bom seria usar uma objectivarápida, isto é, que permita uma abertura significativa: f/1.8, ou f/2.8.Outra opção será recorrer a uma teleobjectiva, numa das distâncias maislongas, já que desta forma conseguirá profundidades de campo menores.

    No nosso caso, a objectiva que usámos ficou nos 70mm, aberta nos 2.8.

    3Agora deve passar a focagem para manual e focar os copos propriamente ditos e assim desfocar o fundo, ou melhor, a lareira e respectivas chamas. Se tiver LiveView, recorra ao mesmo pois terá a tare-

    fa simplificada. Feita a focagem, ligue um comando disparador à máqui-na, ou socorra-se do temporizador, de forma a reduzir a possibilidade deobter imagens tremidas, já que vamos trabalhar com velocidades relati-vamente baixas. Desligue agora qualquer luz da sala onde se encontre.

    4No nosso caso começámos por fotografar na horizontal e com tem-pos de exposição que chegavam aos dois segundos. Contudo, pare-cia-nos demasiado tempo, pois o fogo ficava sobreexposto. Mais,

    este estava a queimar de uma forma que parecia sair dos dois copos.Neste caso, o melhor foi esperar para ver se mudava de posição.

    5Decidimos passar da prioridade à abertura para controlo totalmen-te manual e começámos a trabalhar com velocidades compreendi-das entre 0.3 e 0.5 segundos de exposição. Os resultados melhora-

    ram significativamente.

    6Por fim, achámos que uma posição vertical poderia funcionar bemE em dois três cliques chegámos à foto pretendida. Parte dos copoestão em silhueta, o fogo não está sobreexposto e a capa brilhante

    do livro que colocámos por baixo dos copos permitiu um ligeiro reflexodos mesmos. Tínhamos acabado de obter a foto que ilustra este artigoprático. Dica: quanto mais fotos tirar, mas possibilidades terá de obter acombinação perfeita entre as chamas e os copos.

    Dificuldade

     baixa  quipamento usado

    Canon 5D MK IICanon 24-70mmTripé Slik Pro 330DX

    Mais

    CoposLareira“Mesa” de apoio

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    IMAGEM FINAL

    Em casa existe um potencial enorme

    para boas fotografias. Basta estarmos

    atentos. A lareira permite dar largas à

    imaginação.

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    práticaI N S P I R E - S E COM OS N OS S OS E X E M P L OS P R ÁT I COS

    N

    ão sabemos muito bem porquê, maso arco-íris é um dos espectáculosmais bonitos que a natureza nos ofe-

    rece. Reunidas as condições ideais – chuva esol –, temos um arco com sete cores paraadmirar. E, por mais que conheçamos asrazões que levam ao seu aparecimento, logofantasiamos e imaginamos o pote (ou baú)cheio de moedas de ouro numa das suasextremidades. E, por mais anos que passempor nós, quando vemos um a admiração ésempre a mesma.

    E se pudesse alegrar algumas das suasimagens com um arco-íris? Era espectacular.Mas não, não estamos a obrigar os nossosleitores a esperarem eternamente por um,

    nem a terem que ficar debaixo de um cha-

    péu de chuva para o efeito.Em poucos minutos terá um arco-íris bas-

    tante real numa qualquer das suas paisa-gens, sem sequer sair de casa. Obviamenteque convém escolher bem a foto para o efei-to.

    Vamos então ver quais os passos necessá-rios a dar no Photoshop, para conseguir apli-car um arco-íris, recorrendo à ferramentaGradiente.

    Para lá do arco-íris

    1Abra no Photoshop a imagem que quer trabalhar. Crie então umanova camada indo a ‘Layer’ > ‘New Layer’. Dê dois cliques nesta e

    mude o nome para, por exemplo, ‘Arco Iris’. 2Está na hora de começarmos a pensar em colocar o arco-íris naimagem. Seleccione a ferramenta gradiente (‘Gradient Tool’) na

    barra de ferramentas, ou carregue na tecla [G]. Clique na barra gra-diente que surge no topo da janela.

    3Terá então acesso ao editor de gradientes. Por cima das váriasopções existe uma seta a apontar para a direita, que revelará um

    novo menu. Praticamente no fim deste seleccione a opção ‘SpecialEffects’.

    4Surge uma janela que questiona se quer adicionar ou substituir osgradientes com a nova o pção. Simplesmente carregue em ‘Append’para adicionar o n ovo efeito. Depois seleccione ‘Russel’s Rainbow’ e

    clique em ‘OK’.

    5Novamente no topo da janela clique na opção ‘Radial Gradient’.Arraste uma linha vertical desde a base até à metade superior,entre o topo e horizonte – esta define mais ou menos a altura do

    arco-íris.

    6Surge então o nosso arco-íris, cheio de cor(es). Indo a ‘Edit’ > ‘FreeTransform’ e socorrendo-se dos itens ‘Scale’, ‘Skew’, ‘Distort’ e‘Perspective’ tente chegar a um arco-íris o mais real possível.

    Dificuldade baixa

     oftw re

    Adobe Photoshop CS5

    ORIGINAL

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    7Aconselhamos o leitor a ser paciente neste passo, já que se trata deum processo que varia muito de imagem para imagem, mas comodica use primeiro a opção ‘Scale’ para posicionar e redimensionar o

    arco-íris e depois recorra a ‘Perspective’ para dar uns pequeno s toquescom as opções ‘Distort’ e ‘Skew’.

    8Na janela das ‘Layers’ reduza a opacidade da camada do arco-írispara valores entre os 30-40% para o combinar com o céu. Suavizeo arco-íris com ‘Filter’ > ‘Blur’ > ‘Gaussion Blur’, onde ‘Radius’ pode-

    rá ter como valor de referência 25 pixéis. Depois clique em ‘OK’.

    9Finalmente seleccione a borracha ‘Erase tool’. Com um pequeno pincel e uma opacidade de 50-70% remova o que resta do arco-íris(que ultrapassa o horizonte). Depois aumente o tamanho do pincel

    passe a opacidade para cerca de 20% e clique uma vez na zona do arco-íris junto ao horizonte, para que este pareça que se desvanece com a distância.

    IMAGEM FINAL

    Mesmo que o seu arco-íris não tenha o

    pote de moedas de ouro, também não

    teve que ficar à espera da chuva para o

    ver colorir a sua foto preferida.

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    +proAP R OF U N DAR CON HE CI M E N T OS . T E X T O: P E DR O P OR T E L A

    Omercado de usados é, desde que em2004/2005 as SLR digitais ganharamalguma qualidade e consistência, umóptimo local para encontrar equipamentofotográfico quase dado.

    Obviamente, paga-se dinheiro – e porvezes bastante – pelo material fotográfico

    usado. No entanto, o valor que se conseguepor ele é significativamente mais baixo.Nalguns casos, atinge os 20% do que custavanovo, 10 anos antes. E, em equipamento depelícula, 10 anos não é nada.

    É o caso do médio formato. As máquinasde médio formato estão, nos dias de hoje, dis-poníveis a muito bons preços. E porque éequipamento pouco sensível às tendênciasdo mercado de consumo, fazem com que afalta de sofisticação proporcione equipamen-to mais duradouro, menos tendente a ava-riar.

    Espero poder dar-vos algumas ideias sobrecomo começar a explorar este formato e atransformar a abordagem criativa que fazemcom a fotografia. Com efeito, o médio forma-to não é para todos, tem usos específicos, emtodas aquelas ocasiões em que cada fotogra-fia conta; já lá vamos.

    O que é?O médio formato baseia-se no filme 120.

    Há diversos formatos que se podem obter,mais ou menos estranhos, mas todos eles sebaseiam em ter um dos lados da película amedir 6 centímetros, quer à altura, quer de

    largura. Os mais standard são 6x4.5, 6x6, 6x7,6x9. O formato 6x4.5, que é o menor, é consi-deravelmente maior do que o 35mm (2,7vezes), pelo que há grandes vantagens emevoluir para um formato profissional.

    Visor de cintura,backs, dark slide,mirror-lock-upe outros nomesestranhos

    Estes são acessórios próprios do médio for-

    mato. Além dos prismas, iguais à forma devisualizar a imagem a ser fotografada numaSLR de 35mm, é possível usar o visor de cin-tura que, tal como o nome indica é usadonum perfil mais baixo, pouco acima da cintu-ra, olhando-se por cima da máquina vê-se aimagem invertida. A maioria das SLR demédio formato (Mamiya, Hasselblad,Bronica) dispõe de backs ou magazines, que

    não são mais do que câmaras escuras dearmazenamento do filme que se encaixamnas máquinas, permitindo trocar de tipo defilme a meio de um rolo e continuar, quandofor conveniente. Para remover o back, tapa-sea abertura do back de onde o filme é exposto,usando uma chapa de metal com uma pegaem plástico, denominada dark slide. Dado otamanho do espelho das SLR, o batimento doespelho ao subir e descer pode provocar tre-muras indesejáveis na fotografia, pelo quequase todas as SLR de médio formato têm

    um mecanismo de prender o espelho emcima, antes e durante a exposição (mirrorlock-up, disponível também nalgumasmáquinas de 35mm, como a Nikon F5).

    Tipos de máquinasCada tipo de formato tem associado um

    tipo de máquina e, portanto, um ou váriostipos de utilização. O 645 é o formato mais

    simples, mais desportivo e mais parecidocom o 35mm. Aliás, tendo as 645 nascidocomo máquinas SLR, a que se podia adaptarum visor de cintura, não são hoje diferentesdas vulgares SLR de 35mm, embora commaior dimensão e peso. O 6x6 é conhecidopelas TLR (Twin Lens Reflex), das quais sedestacam as Rolleiflex, que são máquinasmuito simples, com obturadores de folha(leaf shutter) e que são muito silenciosas. Sãohoje autênticas peças de colecção. Tambémassociadas ao 6x6 estão as conhecidas e

    VELHAS MÁQUINAS, NOVA VIDA

    Introduçãoao médio formato

    O médio formato é capaz deste tipo de desfoque epercepção tridimensional na fotografia, mesmocom aberturas de f/2.8 e f/4.

    Mamiya 645 AF - 80mm f/2.8

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    reputadas Hasselblad, a primeira marca a terum sistema de SLR de médio formato, comum sistema de backs e objectivas intermutá-veis. Muito conhecidas dos retratistas e fotó-grafos de moda são as máquinas de formato6x7. Disponíveis no formato SLR eRangefinder, são máquinas com um negativo

    grande, mas com alguns inconvenientes. Porum lado, as SLR 6x7 são grandes e pesadas.Uma Mamiya RB67, um popular cavalo debatalha dos fotógrafos de estúdio até aosanos 90 do século XX, pesa, com a sua objec-tiva mais leve, e sem um prisma (só com ovisor de cintura) cerca de 2,5 kgs. O 6x9 estádisponível nalgumas máquinas mais anti-gas, tipicamente de fole, mas também emformato rangefinder. São destinadas a aplica-ções mais artísticas e específicas na área daarquitectura e da paisagem.

    Limitadaprofundidadede campo

    O médio formato, sendo maior do que o35mm, apresenta uma menor profundidadede campo, proporcionando maior desfoquenos fundos e uma maior noção de tridimen-sionalidade da imagem. Quanto maior for oformato, menor será a profundidade decampo.

    Menor distância focalNo médio formato, 645 e 6x6, uma objecti-

    va standard é de 80mm (ao passo que no

    35mm ou SLR digital full frame é 50mm).Uma objectiva de retrato, que no 35mmcomeça nos 85mm, no médio formato terá dese ter uma 150mm. Isto não é particularmen-te melindroso porque, de qualquer modo,não se podem aproveitar objectivas de 35mmpara médio formato. Além disso, apesar de seser obrigado a ter ópticas maiores para usarmaior distância focal, na realidade nemsequer tem grande relevância porque o usode teleobjectivas acima dos 150mm é algonão muito frequente no médio formato.

    O que comprar?É difícil dizer sem conhecer os gosto e a

    utilização de cada um. No entanto, posso dei-xar algumas ideias para orientar a escolha ea compra de um modelo para se iniciarem.(a) Opção sou rico, quero do mais caro quehá. É ir ao Ebay e listar por preço, mas desdeos topos de gama da Hasselblad e Mamiya àsedições limitadas da Rolleiflex, opções deexcelente qualidade não faltam; (b) Opçãoquero algo bom, a pensar no futuro, mas nãoexcessivamente caro. SLRs Mamiya 645 ou 67,SLR Pentax 645 ou 67, TLR Mamiya Séries C.

    São máquinas robustas, duradouras, comdiversos acessórios no mercado de usados.Preços a partir dos 300 euros. (c) Opção queroalgo com autofoco. Só dentro do 645, que é oformato mais “desportivo” do médio formato.Mamiya 645 AF e restantes modelos maisrecentes, e Pentax 645 N. Para algo mais dis-

    pendioso, modelos AF da Hasselblad. (d)Opção ainda ando na faculdade e quero aforma mais barata de entrar nomédio formato. A TLR YashicaMat 124G, a Bronica ETRS eETRSi e modelos mais simplesda Mamiya M645.

    ConclusãoVendo bem as coisas, uma

    máquina de médio formato embom estado de funcionamento(não precisa de ser uma peçade coleccionismo!) custa

    menos que uma boa objectivapara uma DSLR. Portanto, nadamelhor do que experimentareste formato. Há pouco maisde 10 anos, fotógrafo de retrato,casamentos ou moda que seprezasse não usava nadamenor que médio formato.Pode ser um daqueles projec-tos para o ano de 2011 que seconcretizam. Dispendioso?Depende de si. Combine comos seus amigos para encomen-

    dar filme online e dividir por-tes. Participe em fóruns e des-cubra bons laboratórios. A pelí-

    cula só é cara se não pensarmos antes defotografar... e no médio formato garanto-lheque compensa: o rolo de 120 tem, na melhordas hipóteses (formato 645) 16 exposições. Ese achar que o filme é caro, espreite o preçode backs digitais de há 5 anos. Deixem-me ovosso feedback e dúvidas adicionais sobre

    médio formato [email protected].  nZ

    No que toca ao grão, o médio formato permi-te, mesmo no seu formato menor, o 645,uma reprodução de detalhe impressionante.Mamiya 645 AF - 80mm f/2.8

    Fotografar em filme faz-nos abrandar. Mas o

    médio formato consegue levar-nos a fazercom que cada disparo conte.Mamiya 645 AF - 80mm f/2.8

    P e d r o  P o r t e l a  f o i  r e c e n t e m e n t e e n t r e v i s t a d o  p e l o  M a m i  y a  B l o  g e  o  r e s u l t a d o  e s t á  n u m  a r t i  g o m u i t o  b e m  e s c r i t o , s o b r e  a s  e s c o l h a s e s t é t i c a s  e  d e  e q u i p a m e n t o 

    d o  n o s s o  c o l a b o r a d o r .h t t p :  /  / b lo  g .m a m i  y a -

    u s a .c o m  / ? p = 9 3 1# m o r e -9 3 1

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    Nikon D300s . 55mm . f/2.8 . 1 /60”

    . ISO 1600

    O leitor da zOOm João Rodrigues teve uma hora para fotografar a baixa deCoimbra, à noite, acompanhado do nosso director. A conversão para preto e bran-co era apenas mais uma condição. Para nós a tarefa foi concluída com êxito e dasua máquina saíram imagens que merecem aplausos. Contamos-lhe agora aaventura. TEXTO: Maurício Reis . FOTOS: João Rodrigues

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    OJoão não é apenas leitor assíduo dazOOm. É meu amigo e aceitou ime-diatamente o desafio que lhe lancei.Para este primeiro artigo da nova série “1Hora de Fotografia com a zOOm” pedi-lheque fotografasse um ambiente urbano, ànoite, com o intuito de transformar as fotospara monocromático.

    Nesta altura do ano (Novembro), os diassão mais curtos e às dezoito horas a noite játomou conta do... dia. Foi esta a hora marca-da para o nosso encontro.

    Cinco minutos depois chegava o João coma sua mochila às costas e tripé na mão.Cumprimentos da praxe e deslocámo-nos atéao ponto de partida: a Praça 8 de Maio, ondefica situada a Igreja de Santa Cruz.

    Pelo caminho falámos de fotografia (deque mais poderia ser) e fomos reparando queas pessoas nos olhavam curiosas, mas poruma razão ou outra nunca nos interpelaram.

    Às 18h15 iniciava-se o desafio do João. Apartir de agora tinha uma hora exactapara fotografar o que bem entendesse eda forma que achasse mais interessante.

    Como o João é um entusiasta, comconhecimentos já um pouco mais avan-çados, quer no que toca à técnica como aonível da composição, não me intrometimuito no seu “trabalho”. Futuros leitoresque venham a participar neste nosso novodesafio e que tenham poucos conhecimen-tos, daremos dicas para melhor usarem asua máquina.

    Nesta praça, durante o Outono, costu-mam estar presentes os vendedores de cas-tanhas assadas. O João já tinha algumasideias para o caso de isso acontecer, mas

    esfumaram-se em pouco tempo: nem umpara ficar registado para a posteridade.

    Como não podia perder tempo, virou-separa a fonte de água que estava a funcionar(nem sempre acontece). Aqui adoptou umaposição baixa e tentou enquadrar a fonte noseu ambiente, junto à Igreja de Santa Cruz.As pessoas acabam por ser uma mais-valia, já que demonstram que se trata de umapraça onde normalmente se reúnem peque-nos grupos para colocarem a conversa emdia.

    Para maximizar o detalhe, o João definiuf/11 como abertura, o que deu dois segundosde exposição.

    Na fotografia nocturna é fundamental ouso de tripé, já que vamos ter pela frenteexposições de alguns segundos. Um coman-do disparador também pode dar jeito, embo-ra não seja propriamente obrigatório – o Joãosocorreu-se do temporizador da máquinapara o efeito. Não ia ficar sem tirar fotogra-fias só porque se tinha esquecido deste aces-sório...

    Para este desafio o João Rodrigues trouxe asua Nikon D300s – 12.3 megapixéis, oito fotospor segundo e bom controlo de ISOs elevado– acompanhada da excelente objectivaNikkor 17-55 f/2.8. Mais tarde reconheceu queuma objectiva ultra grande angular seriaainda mais interessante – Sigma 10-20mm,só para darmos um exemplo.

    Em determinados momentos o João achouque devia socorrer-se da facilidade da suaD300s gerir muito bem ISOs elevados.Partilhei desta sua tomada de posição, atéporque se os fabricantes investem tanto namelhoria da qualidade de imagem a valores>

    VEJA O VÍDEOQUE PROMOVEESTE ARTIGO NO NOSSO SITE

    http://zoomfp.com/?p=266

    S AI B A C O M O  P AR T I C I P AR  E M h t t p :  /  / z o o m f p .c o m  / ? p = 2 5 8  

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    Nome: João RodriguesIdade: 30Profissão:

    Técnico de sistemas

    Equipamento:Nikon D300s + Nikkor 17-55mm 2.8Máquinade sonho: A minhaque não avarie. Mas setiver mesmo que ser, aNikon D3x

    ISO inimagináveis há algum tempo atrás, épara alguma coisa. E a prova é que grandeparte das fotos captadas desta forma sãoperfeitamente usáveis, como o leitor podecomprovar nestas páginas da zOOm.

    Seguiram-se as ruas Visconde da Luz eFerreira Borges, sempre com paragens paraumas fotografias – ora com tripé, outras “àmão”. De facto, o ambiente urbano à noiteganha outra vida. As cores dos neóns, combi-nados com as luzes dos candeeiros e dasmontras das lojas proporcionam imagens

    bem interessantes. Mesmo que as fotosvenham a ser convertidas para preto e bran-co.

    O cronómetro não parava, mas a disciplinade “trabalho” do João não era abalada. Otripé era ajustado para o que pretendia foto-grafar e a leitura da exposição e correspon-dente ajuste dos valores na máquina eramfeitos com cuidado. Na fotografia não vale apena andarmos a correr, a fotografar tudo emais alguma coisa. Mais vale pouco, masbom, como se costuma afirmar.

    Depois do Largo da Portagem, a EstaçãoNova (de comboios) surgia imponente. E este

    espaço serviria como pano de fundo a uma

    zona onde passam muitos carros, pelo que oJoão ia tentar “arrastar” as luzes dos mesmosPara isto convinha ter exposições relativa-mente longas e o João variou entre os 2 e os20 segundos.

    A aventura continuava, agora na Praça doComércio (ou Praça-Velha, como é tambémconhecida). Aqui, nas escadas de São Tiagoexiste um corrimão colocado ao centro, queserviu de modelo na perfeição. Não sei se foipropositado, mas nesse momento estava ainiciar a descida um homem, o que deu

    ainda mais força à fotografia. São, por vezes,estes cuidados que se devem ter em atençãoquando vamos para o terreno.

    Voltámos à Praça 8 de Maio e continuámosa viagem através da Rua da Sofia, uma dasartérias mais movimentadas da baixa deCoimbra. Mas através desta o João centrou-semais em pormenores do que propriamenteem aproveitar o movimento das pessoas, oudos automóveis. Mas mesmo que quisesse, otempo estava quase a esgotar-se...

    O desafio terminou junto ao Palácio daJustiça, com o edifício todo iluminado a queo João não resistiu. Meia dúzia de cliques

    depois demos por concluída a aventura.  nZ

    O veredicto do JoãoA zOOm fez o desafio e eu decidi aceitar. Quedesafio? “Uma hora para fotografar”!Normalmente tiro pelo menos toda a tarde para

    fotografar (ou mesmo todo o dia). Gosto de terbastante tempo para pensar no que quero foto-grafar, analisar o espaço envolvente, pensar emenquadramentos, verificar para onde me devovirar para ter a melhor luz. O desafio começou,cada vez mais, a parecer mesmo um desafio. Epiorou quando recebi o resto das instruções:“parece que além de só ter uma hora, vou ter defotografar de noite”. Para piorar um pouco, aescolha do cenário recaiu na baixa da cidade deCoimbra. Não é, de todo, o género de fotografiaque costumo fazer. Ainda por cima, tentar “ver”pontos de interesse nas ruas onde passo todos

    os dias.O desafio começou então a tornar-se tão desa-fiante – passo o pleonasmo –, como estimulan-te. Após tentar decidir o que levar na mão, aca-bei por optar carregar também o tripé parapoder fazer algumas exposições mais longas.Dei-lhe uso, mas rapidamente percebi que comsensibilidades mais altas (entre 1600 e 3200) eaberturas grandes (f2.8) conseguiria algumasfotos aceitáveis. Após percorrer algumas ruaspercebi que tinha de olhar mais além e tentarperceber se aqueles recantos que via todos osdias – e que nunca me despertavam a atenção–, poderiam ou não ter potencial para serem

    registados. Comecei a perceber que sim, mere-ciam ser fotografados. Uma hora depois tinhaentão na máquina algumas fotos com e semtripé. Visões diferentes do mesmo local.O resultado foi positivo. Positivo pelo desafio,positivo pela experiência num tipo de fotografiaao qual não estava habituado, positivo pelo estí-mulo de ter de fazer fotos sem ter tempo paraas fazer. É um desafio interessante à nossa pró-pria criatividade, que todos deveríamos fazer,de vez em quando.

    O leitor

    Nikon D300s . 17mm .f/11 . 2” . ISO 400

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    Nikon D300s . 28mm .f/11 . 2” . ISO 200

    Nikon D300s . 17mm .f/2.8 . 1/60” . ISO 3200

    Nikon D300s . 17mm .

    f/11 . 20” . ISO 200

    Nikon D300s . 17mm .

    f/2.8 . 1/60” . ISO 3200

    Nikon D300s . 17mm . f/11 .15” . ISO 200

    Nikon D300s . 17mm .

    f/2.8 . 1/60” . ISO 3200

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    técnicaT I R E P AR T I DO DA S U A CÂM AR A F OT OG R ÁF I CA

    Nos bons velhos tempos da câmaraescura produzir uma boa fotogra-fia a preto-e-branco era coisa paralevar umas quantas horitas. Coisa pouca,quando comparada com os longos anosque eram necessários para aprendermos adominar a técnica.

    Hoje é tudo diferente. As horas de edi-ção encurtam para minutos e os anos deaprendizagem encolhem até se transfor-marem em meses. Ou semanas se for apli-cadinho.

    Tudo graças a uma dádiva dos Deuses –ou antes, dádiva da tecnologia –, chamadaFotografia Digital que tudo simplificou etornou mais rápido. E barato também.Claro que dá sempre jeito ter à mão asdicas e os conselhos úteis de um amigoque perceba da coisa. Neste caso, que per-ceba de fotografia a preto-e-branco.

    E quem diz amigo, diz uma revista!Como por exemplo, a zOOm. Que, poracaso, nesta edição até se lembrou de fazerum artigo muito jeitoso sobre o preto-e-branco… p&b para os amigos.

    Mas, antes de lá chegarmos, há que ten-tar responder a uma questão que todosalguma vez já fizeram: com tantas cores ànossa disposição, porque carga de águashavemos de querer fotografar só comduas? O preto e o branco.

    Obviamente por razões estéticas. E tam-bém de linguagem. É que a fotografia ap&b assenta tão bem a certos objectos,pessoas, paisagens, situações, que fotogra-far a cor as faria perder o encanto.

    Sem nos apercebermos, a cor torna-senuma espécie de prisão para os nossos

    olhos. Uma vez libertos dela somos capa-zes de apreciar melhor as formas de umnu artístico, ou a composição de uma pai-sagem.

    Ou mesmo um retrato! Aí o preto-e-branco confere à imagem um aspectointemporal. Secamos as cores, mas emcontrapartida encharcamos a imagemdaquela nostalgia que dá um impacto tãoforte a uma foto.

    OK, agora que ficou claro que o p&b nãoé coisa de puristas ou saudosistas, vamos

    ao que realmente interessa: como conse-guir uma boa fotografia a preto-e-brancona era do digital.

    O método mais comum é o da conversãode uma foto a cores para p&b, usando oseu programa de edição. E há várias for-mas de o fazer. Umas mais simples, outrasum bocadinho mais complicadas. Mas nãoé nada do outro mundo!

    Comecemos pelas simples. Como o pró-prio nome indica permitem-lhe, pura esimplesmente, tirar a cor de uma foto numsó clique. Que é como quem diz, dois outrês comandos básicos e está feito!

    Ficam dois exemplos, ambos para oPhotoshop: Image > Mode > Grayscale ou oImage > Adjustments > Desaturate.

    Experimente ambas e notará ligeirasvariações entre uma e outra. Aliás, nenhu-ma delas irá garantir exactamente omesmo resultado final, pelo que é reco-mendável testá-las e tentar perceber qualdelas se adapta a cada tipo de fotografia.

    Claro que isto de simplificar num só cli-que uma tarefa que outrora custava umashoritas na câmara escura tem os seus cus-

    tos. O mais elevado de todos é a qualidadeque acaba remetida para segundo plano. Éque este método não lhe permite grandesartifícios criativos. E o resultado pode seruma imagem pouco apelativa e até algoinsípida.

    Isto porque as conversões simples –sejam por escala cinzenta ou dessaturação– limitam-se a deitar fora toda a informa-ção sobre a cor. Poderá, no entanto, fazeruma conversão sem deitar fora essa infor-mação relativa às cores. E, caso não tenha

    reparado, entramos já no domínio das conversões mais complicadas.Deverá então abrir a janela da palete de

    canais através do menu Window >Channels, clicando em seguida num dos 3canais de cores que aí encontrará (verme-lho, azul e verde). Cada canal confere àimagem um aspecto diferente, pelo quepoderá ir experimentando e escolheraquele que dará um melhor preto-e-bran-co à sua fotografia.

    E, pronto, assim de mansinho, comoquem não quer a coisa, lá chegamos nós àparte onde queríamos: como ir aperfei-çoando as técnicas de conversão de foto-grafia para p&b. Porque o essencial não ébem a conversão, mas sim o ajuste dosdetalhes.

    O problema fundamental na fotografiaa preto-e-branco é este: é comum doisobjectos que seriam completamente dife-rentes na fotografia a cor – e como tal,dariam um bom contraste um com o outro– assumirem tonalidades de cinzento pra-ticamente iguais, depois de convertidas apreto-e-branco. Isto acaba por traduzir-se >

    AS MIL CORES DO

    PRETO-E-BRANCOE SE FOSSE POSSÍVEL AGARRAR EM TODAS AS CORES DO MUNDO E FAZÊ-LASCABER NUMA SÓ FOTO A PRETO-E-BRANCO? TODAS TALVEZ NÃO, MAS UMABOA PARTE DELAS SIM. QUER SABER COMO? ENTÃO VENHA DAÍ CONHECER ASMELHORES MANEIRAS DE TRANSFORMAR AS SUAS BANAIS FOTOGRAFIAS ACORES, EM PEQUENAS OBRAS DE ARTE A P&B.

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    técnicaT I R E P AR T I DO DA S U A CÂM AR A F OT OG R ÁF I CA

    numa imagem plana, monótona, semqualquer impacto ou atmosfera.

    A questão não é nova e há décadas quese tenta contorná-la. Como? Através detécnicas como a outrora popular aplicaçãode filtros de cor em frente às objectivas, demodo a alterar o brilho de uma cor, sobre aoutra. Por exemplo, numa foto a p&b umfiltro vermelho irá iluminar as partes ver-melhas, escurecendo outros tons como oazul e o verde. Além destes, é tambémcomum o uso de filtros laranja e amarelo.

    E isso faz dela a técnica de eleição paraquem pretende, numa fotografia de paisa-

    gem a p&b, fazer sobressair as nuvens cin-zentas no meio de um imenso céu azul.

    Claro que esta não é uma técnica enter-rada nos confins da fotografia analógica.Ainda hoje pode ser usada, com resultadosbastante aceitáveis. Só não o é por sermais fácil, cómodo e económico produziresse efeito de filtro no programa de edição.

    No conforto – ou desconforto, conformeas opiniões – do seu computador poderáfazer tudo o que os nossos antepassadosfaziam no terreno, com os tais filtros colo-ridos. Quer um exemplo? Seleccione ocanal vermelho e produzirá o mesmo efei-

    to que faria ao aplicar o filtro vermelho:iluminará os tons vermelhos e escurecerá

    os tons verdes e azuis.Se, no entanto, achar que o efeito obtido

    é algo excessivo, experimente o ChannelMixer, através do menu Image >Adjustments ou então Layers > NewAdjustment Layer. Produzirá o mesmo efeito, mas misturando os diferentes canais,para que não tenha de deitar fora oscanais azul e verde em favor do vermelho.Mais ou menos o efeito obtido com orecurso a filtros de cor laranja ou amarelo.

    Até há bem pouco tempo, o Channel

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    Mixer era a única forma conhecida de fazer este pequeno truqueno Photoshop. Ainda por cima, não era fácil de descobrir e muito

    menos de o manusear.No entanto, o pessoal da Adobe que é esperto e anda atento às

    necessidades aqui da malta da fotografia, tem adicionado aospoucos novas ferramentas de conversão para p&b. Novas e de usomais simples. Ora experimente lá:

    Image > Adjustments > Black

      White; ou então Layer > News Adjustment Layer > Black andWhite.

    O uso de uma layer (ou camada) de ajustamento pode revelar-se particularmente útil uma vez que lhe permite revisitar regu-larmente a conversão e ir fazendo ajustes à medida que for avan-çando com a edição da imagem.

    OK, já deu para perceber que a fotografia a preto-e-branco tem

    muito de manipulação e edição de imagem, mas acredite que nãoé coisa recente. Grande parte deste trabalho já existia bem antes

    de aparecerem a fotografia digital, os computadores ou mesmoos sofisticados programas de edição.

    Há décadas que era prática comum, nos trabalhos de câmaraescura, iluminar e escurecer selectivamente determinadas partesda fotografia, deixando passar mais ou menos luz para o papelfotográfico. Isto pode ser feito através de pedaços de papel ou car-tão cortados à medida, ou mesmo usando as próprias mãos.

    É uma técnica conhecida por “Dodge & Burn”. E é precisamenteesse o nome das ferramentas que, no Adobe Photoshop eElements, criam o mesmo efeito: iluminar ou escurecer selectiva-mente áreas específicas da imagem.

    O seu funcionamento é menos complicado do que aparenta. >

    Uma imagem que pode ser só interessante acores, pode ganhar outro impacto e, por vezes,até um novo significado, quando convertida para

    monocromático.Canon 5D MK II . 200mm . f/4 . 1/1250” . ISO 800

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    técnicaT I R E P AR T I DO DA S U A CÂM AR A F OT OG R ÁF I CA

    Seleccione, na barra de ferramentas doPhotoshop, a opção Dodge ou Burn, con-soante precise de clarear ou escurecer par-tes da fotografia. Defina a exposição(‘Exposure’, item que surge na barra supe-rior) para um valor baixo – tipo 5 ou 10 % –e trabalhe lenta e pacientemente aquelas

    partes da fotografia que precisam de seralteradas. Poderá também escurecer a bor-das da moldura, de forma a simular umaquebra de luz, isto é, ampliando o efeito devinhetagem. Desse modo, concentrará asatenções no centro da imagem.

    E, por esta altura, já o leitor estará arogar-nos pragas porque, afinal, lhe esta-mos a impingir a ideia de que a conversãoa preto-e-branco se resume a uns quantoscliques no programa de edição. E nada dedar uso à câmara.

    Vá, calma que temos boas notícias parasi, que gosta mais do trabalho de câmara e

    menos da edição no computador. Sim, aconversão pode ser feita directamente nacâmara. O formato obtido será o JPEG apreto-e-branco e, para lá chegar é necessá-rio seleccionar a opção Monochrome, nomenu Picture Style, no caso das Canon.

    E depois das boas, ficam as más notícias.Ou antes, as menos boas. Apesar de seruma funçãozita engraçada para os princi-piantes não é, de todo, uma boa soluçãopara os utilizadores/fotógrafos avançados.

    Falta-lhe um controlo criativo mais pre-ciso e, pior do que isso, não lhe permite

    guardar uma cópia a cores – em formatoRAW ou mesmo JPEG – para depois ser tra-balhada e convertida no programa de edi-ção.

    Mas será então assim tão pouco útil,esta funcionalidade? Nahhh, também nãoexageremos. Dá sempre jeito, quanto maisnão seja para tirar uma primeira fotogra-fia que lhe dará uma previsão de como elavai ficar a preto-e-branco. Sim, porque hácenários que nos parecem talhados paraaquele p&b arrebatador, que vai deixar osnossos amigos do Flickr de boca aberta. Edepois, vai-se a ver não era bem aquele

    ângulo que devíamos ter escolhido, ouentão falta ali alguma coisa para dar vidaà imagem. Enfim, detalhes que depois nãodão para resolver no Photoshop.

    E já que falamos em Photoshop, sim hámais programas de edição