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Workshop Alternativas para Conservação do Tabuleiro do Embaubal Altamira/Senador José Porfírio-PA

Workshop Alternativas para Conservação do Tabuleiro do … · 2011. 12. 5. · Tabuleiro do Embaubal” e apresentado à Norte Energia, pela Secretaria de Meio Ambiente e Turismo

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  • Workshop

    Alternativas para Conservação do Tabuleiro do Embaubal

    Altamira/Senador José Porfírio-PA

  • Workshop Alternativas para Conservação do Tabuleiro do Embaubal

    Organização:

    CNX-UFPA

    Instituições Participantes

    FVPP, FETAGRI, IBAMA, ICMBio, IFT, SEMA-PA, SEMAT, UFAM, UFPA, UFPA-

    LAET

    Financiador

    World Wildlife Fund - WWF Brasil

    Relatora durante o Workshop

    Janaina Melo Oliveira (CNX)

    Elaboração do Relatório

    Janaina Melo Oliveira (CNX) e Hermes Fonsêca de Medeiros

  • ÍNDICE

    Lista de Siglas e Acrônimos

    Lista de Anexos

    1. INTRODUÇÃO

    2. Workshop no campus de Altamira da UFPA

    2.1. Grupos de trabalho

    2.1.1. Identificação de alvos de Conservação e levantamento socioambiental

    2.1.2. Integração interinstitucional e participação comunitária

    2.1.3. Alternativas para Criação Unidades de Conservação no Tabuleiro do Embaubal

    Considerando Instâncias Administrativas e Categorização

    3. Visitas técnicas ao Tabuleiro do Embaubal

    ANEXOS

  • Lista de Siglas e Acrônimos

    APA Área de Proteção Ambiental

    APP Área de Preservação Permanente

    CNX Centro de Conservação da Natureza da Bacia do Xingu

    FETAGRI Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do

    Estado do Pará

    FVPP Fundação Viver, Produzir e Preservar

    IBAMA Instituto Brasileiro dos Recursos Naturais e Renováveis

    ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

    IFT Instituto Floresta Tropical

    LAET/UFPA Laboratório Agroecológico da Transamazônica da Universidade

    Federal do Pará

    SEMA-PA Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Pará

    SEMAT Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo

    UC Unidade de Conservação

    UFAM Universidade Federal do Amazonas

    UFPA Universidade Federal do Pará

    WWF World Wildlife Fund (Fundo Mundial de Conservação da Natureza)

    Lista de Anexos

    Anexo 1: Plano de ação emergencial para proteção dos Tabuleiros de desova de

    quelônios aquáticos no baixo Xingu, no período reprodutivo de 2011 para 2012,

    delineado durante os trabalhos do Workshop “Alternativas para Conservação do

    Tabuleiro do Embaubal” e apresentado à Norte Energia, pela Secretaria de Meio

    Ambiente e Turismo de Senador José Porfírio, Sra. Saloma Oliveira.

  • 1. INTRODUÇÃO

    O Tabuleiro do Embaubal é um arquipélago do Rio Xingu (PA). É considerado

    uma área prioritária para preservação (Portaria n° 9/MMA, de 23 de janeiro de 2007),

    pela diversidade biológica que abriga, pela sua importância socioeconômica, assim

    como pelo seu potencial turístico. Esta área inclui muitas praias de desova de quelônios,

    dentre as quais está a praia que concentra o maior número de ovos de tartarugas de água

    doce de que se tem conhecimento nas Américas.

    Para a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa) esta área é particularmente

    importante, pois dezenas de milhares de fêmeas se deslocam todos os anos, muitas de

    fora da área do arquipélago, para vir desovar em suas praias. A tartaruga-da-amazônia é

    uma espécie ameaçada, emblemática e importante do ponto de vista da segurança

    alimentar para as populações tradicionais. Além dos quelônios, a área abriga grandes

    populações de outras espécies vulneráveis, como peixe-boi, além uma diodiversidade

    ainda pouco conhecida.

    As ações de preservação que têm sido aplicadas na área surtiram algum efeito,

    afinal grandes populações de quelônios ainda são observadas nidificando neste

    arquipélado, ao contrário do que aconteceu em outras localidades da Amazônia. A

    riqueza natural ainda presente na área também pode ser constatada pela cobertura

    florestal que ainda está mantida nas ilhas menores, assim como pela abundância de

    outras espécies vulneráveis, como o peixe-boi. Apesar disto, as medidas que vêm sendo

    aplicadas não são suficientes para manter esta diversidade, especialmente frente à

    intensificação das pressões de degradação que vêm ocorrendo na região. A população

    da tartaruga-da-amazônia está diminuindo continuamente (fato de amplo conhecimento

    das populações locais e que até modelado matematicamente (DINIZ e SANTOS,

    1997)). Além da caça, as praias disponíveis para a desova se tornaram inadequadas, o

    que é evidenciado pela alta mortalidade de ovos, por inundação, por superaquecimento e

    por fatores desconhecidos.

    Recentemente as pressões e ameaças sobre esta região aumentaram muito,

    devido à aprovação do Projeto de Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte, uma

    das maiores hidrelétricas do mundo a ser construída perto do Tabuleiro do Embaubal.

    Além das alterações físicas, químicas e biológicas trazidas pelas obras e pelo

    barramento, as quais não podem ser previstas com os dados existentes (PEZUTTI,

    2009), este projeto já está causando recrudescimento dos impactos associados à

    presença humana, como a ocupação das ilhas e predação.

    Caso não seja implantada brevemente uma estrutura mais eficiente de proteção

    ao Tabuleiro do Embaubal esta área, incluindo toda a vida selvagem que abriga, será

    provavelmente devastada. O Centro de Conservação da Natureza da Bacia do Xingu –

    CNX (UFPA) promoveu no dia 06 de junho de 2011 um Workshop intitulado:

    Alternativas para a Conservação do Tabuleiro do Embaubal, com o apoio da WWF

    Brasil e da FVPP. O evento ocorreu no auditório da Universidade Federal do Pará,

    campus de Altamira. Estiveram presentes representantes de instituições que têm papel

    relevante na condução de ações socioambientais na região do Tabuleiro do

    Embaubal,incluindo órgãos governamentais, organizações não governamentais,

    entidades de classes e pesquisadores.

  • Antes da realização do Workshop, nos dias 28, 29 e 30 de maio, foi realizada

    uma visita ao Arquipélago do Tabuleiro do Embaubal para fazer uma descrição

    preliminar dos alvos de conservação, da ocupação humana e das ameaças à

    conservação. Nesta visita, os pontos apontados e descritos pelo Sr. Luiz foram

    fotografados e georreferenciados com uso de um GPS. A partir deste levantamento foi

    elaborado um mapa preliminar apontando os principais alvos de conservação no

    ambiente em questão, e o mesmo foi utilizado para embasar as discussões no Workshop.

    Logo após o Workshop, nos dias 07 e 08 de junho, foi realizada uma segunda

    visita técnica ao Tabuleiro do Embaubal, incluindo representantes de parte das

    instituições que participaram do evento. Esta segunda visita teve o intuito de

    complementar o levantamento de informações sobre a área, levando em conta as

    considerações apresentadas durante ao encontro, assim como permitir maior integração

    entre as instituições sobre temas relacionados com a conservação do Tabuleiro do

    Embaubal.

    2. Workshop no campus de Altamira da UFPA

    No dia 06 de junho de 2011, às 9 horas e 20 minutos teve início o Workshop:

    Alternativas para Conservação do Tabuleiro do Embaubal. Primeiramente o

    professor Dr. Hermes Fonsêca de Medeiros, diretor do Centro de Conservação da

    Natureza da Bacia do Xingu – CNX fez uma breve explanação sobre o Workshop e em

    seguida fez uma apresentação sobre o CNX. O professor Hermes informou que o evento

    estava sendo custeado pela WWF-Brasil, sendo a Fundação Viver Produzir e Preservar-

    FVPP responsável por gerenciar os recursos. Foi explicada a proposta em tramitação de

    CNX como um órgão suplementar do Campus Universitário de Altamira da UFPA,

    assim como o apoio financeiro da WWF-Brasil a esta iniciativa. Em seguida o professor

    Hermes fez uma breve apresentação dos participantes do Workshop, pedindo para que

    alguns deles fizessem sua própria apresentação.

    O professor Hermes apresentou mapas com informações sobre o arquipélago do

    Tabuleiro do Embaubal a fim de embasar as discussões. Foram destacadas: a área de

    proibição de pesca, uma proposta anterior de criação de unidade de conservação, alvos

    de conservação, ocupação humana e rotas de navegação. Os participantes do evento

    acrescentaram informações durante a apresentação.

    Após a exposição do professor Hermes, o professor da UFPA Dr. Juarez Carlos

    Brito Pezzuti ressaltou que para o processo de criação de uma unidade de conservação

    deve-se dar prioridade ao posicionamento das comunidades locais. O professor Juarez

    colocou a questão de que a região do Tabuleiro abrigaria o maior banco de reprodução

    do pitiú (Podocnemis sextuberculata), explicando que o tracajá também se utiliza desta

    região para sua reprodução. O professor explicou sobre a questão do alteamento que foi

    feito na praia do Juncal, na qual houve uma grande perda de ovos em função do

    aquecimento excessivo. De acordo com o professor Juarez em anos anteriores houve

  • uma estimativa de cerca de 1 milhão e 700 mil ovos na região do Tabuleiro, podendo-se

    estimar também que existam cerca de 15 mil tartarugas gigantes, podendo ser a região

    do Tabuleiro do Embaubal considerada também o maior banco de reprodução de

    tartarugas da Amazônia. Em seguida, o professor ressaltou a importância do evento para

    as comunidades locais, pois a questão da criação de uma unidade de conservação nesta

    região pode prejudicar tais comunidades por conta das limitações existentes em

    unidades de conservação.

    Às 10 horas e 30 minutos foi feita uma pausa para o "coffee break".

    Após o intervalo, às 10 horas e 50 minutos a técnica da SEMA-PA, Rosilene

    Bittencourt iniciou sua exposição. Rosilene informou que a área anteriormente definida

    pela SEMA-PA para a criação de uma unidade de conservação está inserida no

    macrozoneamento do estado do Pará e no projeto RADAM. A Sra. Rosilene colocou

    que os estudos feitos para a criação da UC dividem-se em três etapas: área física,

    biológica e social. Em seguida, a Sra. Rosilene expôs que a área definida para a criação

    da UC em uma proposta anterior foi rediscutida resultando em um aumento para incluir

    os 4 poços existentes na região (os poços são áreas profundas onde ocorre concentração

    da fauna, incluindo peixes, quelônios e mamíferos aquáticos). A Sra. Rosilene colocou

    que esta área maior acarretaria em mais problemas, pois intensifica conflitos com atores

    sociais. Questionada quanto à viabilidade de implantação de uma categoria de UC que

    torne necessário a remoção da população tradicional presente, a Sra. Rosilente defendeu

    que existe legislação eficiente para a criação da UC na região do Tabuleiro, colocando o

    SNUC como o estabelecedor desta legislação, sendo o único problema que o mesmo

    não é cumprido.

    De acordo com a técnica da SEMA-PA a proposta seria trabalhar com uma

    unidade de proteção integral, uma ESEC ou uma REBIO e corredores ecológicos, mas,

    segundo Rosilene trabalhar com corredor ecológico seria problema por conta dos atores

    sociais envolvidos. Com a proposta de corredor ecológico seria feito uma zona tampão

    sem maiores influências. A Sra. Rosilene informou que houve mudança da ocupação do

    cargo de direção de áreas protegidas da SEMA e que por isso o processo de criação da

    UC encontra-se parado. Segundo Rosilene o atual posicionamento da Secretaria de

    Meio Ambiente do Estado do Pará seria de que a criação da UC na região do Tabuleiro

    seria de competência do governo federal, pois o rio que engloba o Tabuleiro do

    Embaubal, Rio Xingu, é federal. Em seguida, Rosilene informou que têm os estudos

    feitos para o reconhecimento da área em questão e que poderá disponibilizá-los. A Sra.

    Rosilene fez uma indagação sobre a elaboração do EIA-RIMA da Hidrelétrica de Belo

    Monte, questionando se o mesmo propõe em alguma das condicionantes a criação de

    uma unidade de conservação.

    Em seguida, o professor Juarez, respondendo a pergunta da técnica da SEMA,

    colocou que as condicionantes estão num documento de licença prévia que foi

    concedido pelo IBAMA. Houve uma discussão incluindo contribuições de vários dos

    participantes do evento, sendo trazidas as informações de que não está prevista a criação

  • de uma unidade de conservação no Tabuleiro do Embaubal; este posicionamento não se

    justifica tecnicamente, sendo que a área deve ser impactada pelo empreendimento; os

    condicionantes do empreendimento não estão sendo cumpridos, conforme já foi

    apontado pelo MPF. Com relação à efetividade do SNUC na implantação de uma UC de

    proteção integral, colocada pela Sra. Rosilene, o professor expôs que o mesmo esbarra

    em outros documentos jurídicos que defendem os direitos da população local, o que

    pode impedir juridicamente a retirada desta população.O Sr. Pedro dos Santos,

    representante da FETAGRI, apresentou informações sobre as populações residentes em

    Senador José Porfírio, colocando que a criação de uma UC na região deve ser algo

    discutido entre os moradores locais.

    O professor Dr. Paulo César Machado Andrade da UFAM, coordenador do

    projeto Pé de Pincha e que também trabalha com quelônios na Amazônia, informou que

    o fato do rio ser federal não impediria que a UC fosse estadual, e expôs o exemplo de

    uma estrada federal onde a maioria das UC’s é de caráter estadual. O professor colocou

    que a maioria das áreas de quelônios na Amazônia não são áreas protegidas. De acordo

    com o professor Paulo, pelas experiências existentes, as unidades de conservação de

    proteção integral não são interessantes, obtendo-se um maior êxito nas UC’s que têm as

    comunidades tradicionais inseridas, pois as mesmas contribuem para o processo de

    conservação e manejo.

    Em seguida, o Dr. Júlio Rezende, representante do IBAMA expôs a questão da

    pressa em se criar a unidade de conservação na região do Tabuleiro do Embaubal,

    colocando que isso é ruim para as populações existentes.

    A Sra. Rosilene, em resposta a constatação do Sr. Júlio, colocou que não há

    pressa em se criar uma unidade de conservação, pois apenas haviam sido feitos os

    estudos preliminares. A técnica da SEMA também criticou a falta de participação da

    população tradicional neste processo.

    Em seguida, o professor Flávio Barros da UFPA colocou a questão de que as

    experiências brasileiras em unidades de conservação de proteção integral não foram

    boas. O professor expôs o exemplo da região da Terra do Meio, que apesar de ser uma

    área muito habitada é também a mais preservada. De acordo com o professor Flávio, o

    SNUC é um instrumento à luz da lei e que deve ser interpretado de maneira coerente no

    que tange a criação de UC’s.

    O Sr. Júlio do IBAMA informou que em Brasília não se está pensando em criar

    uma unidade de conservação rapidamente na região do Tabuleiro. O mesmo colocou

    que as comunidades devem ser incluídas no processo e que não se pensa em trabalhar

    quelônios sem envolver as comunidades.

    Em seguida, o Sr. Joselito de Barros do IBAMA de Altamira colocou que a

    cerca de cinco anos atrás houve uma proposta de criação de unidade de conservação na

    região do Tabuleiro, porém, a mesma foi considerada uma área pequena e por esse fator

    não se pôde criar a unidade. De acordo com o Sr. Joselito, com a questão de Belo Monte

  • deve haver um investimento em criação de unidades de conservação de proteção

    integral. O Sr. Joselito acredita que o grande problema no Tabuleiro do Embaubal é a

    falta de recursos e que agora haveria mais facilidade para criar a UC. O Sr. Joselito

    reforçou a discussão sobre a importância do Tabuleiro para a desova das tartarugas e a

    questão de que a criação de uma unidade de conservação também gera problemas

    relacionados com as populações envolvidas.

    O último pronunciamento ficou por conta da secretária de Meio Ambiente de

    Senador José Porfírio, a Sra. Saloma Oliveira, que ressaltou a grande importância do

    evento. A Secretária de Meio ambiente colocou como de extrema relevância a criação

    de uma unidade de conservação na região, assim como a necessidade de incluir a

    comunidade local no processo. A Sra. Saloma expôs que o melhor seria uma unidade de

    conservação em que a comunidade possa participar, assim como a importância em se ter

    recursos para a realização das ações.

    Às 12 horas e 10 minutos foram encerrados os trabalhos da manhã.

    2.1. Grupos de Trabalho

    A sessão da tarde foi iniciada às 14 horas e 30 minutos , com a formação de

    grupos de trabalho que deveriam aprofundar as discussões sobre diferentes aspectos a

    serem considerados na definição de medidas de conservação para a área tratada. Os

    grupos elaboraram propostas a serem discutidas com todos. Durante as apresentações

    dos grupos de trabalho os demais participantes do Workshop discutiram o resultado de

    cada grupo, sendo esta discussão coletiva incorporada nos resultados aqui apresentados.

    Os grupos trabalharam basicamente com os mapas trazidos para o evento, com

    as informações resultantes da visita técnica que precedeu ao evento e, principalmente,

    com as informações fornecidas pelos participantes. Durante a visita técnica que se

    seguiu à reunião realizada em Altamira, foi possível atualizar e detalhar algumas

    informações. Estas informações obtidas após a reunião foram incorporadas ao texto

    final dos grupos de trabalho, sem que com isto tenha sido feita qualquer alteração nas

    propostas produzidas pelos grupos. As visitas de forma geral, as informações trazidas

    pelos participantes do Workshop refletiam o que foi observado em campo.

    Foram formados três grupos de trabalho, abordando os seguintes temas:

    1. Identificação de Alvos de Conservação e Levantamento Socioambiental

    2. Integração Interinstitucional e Participação Comunitária

    3. Alternativas para Criação Unidades de Conservação no Tabuleiro do

    Embaubal Considerando Instâncias Administrativas e Categorização

  • Encaminhamentos dos grupos de trabalho:

    2.1.1. GT 1: Identificação de Alvos de Conservação e Levantamento

    Socioambiental

    Este grupo de trabalho se dedicou a fazer um levantamento de informações

    consideradas relevantes para o delineamento de medidas de conservação a serem

    implementadas na área. Também buscou-se identificar lacunas de informação, assim

    como as estratégias a serm utilizadas para saná-las. Boa parte das informações obtidas

    forma baseadas na experiência dos participantes do evento, sendo, em muitos casos,

    necessário a realização de estudos para confirmação das mesmas.

    Durante as discussões foi seguido o objetivo de manter o máximo da biota local,

    e não apenas as tartarugas. As tartarugas forma consideradas como de especial interesse

    por sua importância social, assim como pelo potencial que apresentam para diferentes

    alternativas de uso sustentável.

    Caracterização das áreas

    Buscou-se avaliar qual seriam os principais tipos de ecossistemas ainda

    presentes na área, assim como suas interdependências, ponderações necessárias devido

    ao mosaico de ecossistemas presentes na área, assim como a pequena área encontrada

    em cada um deles. É provável que muitas das espécies presentes no arquipélago

    dependam de biótopos adjacentes.

    Margens dos Rio (APPs)

    Com este exercício, identificou-se que seria necessário apoiar medidas de

    proteção para as encostas que acompanham as margens esquerdas do Rio Xingu. Estas

    áreas já são classificadas como APPs, devido à proximidade do rio, assim como devido

    à inclinação do terreno. Na face que ser apresenta para o rio ainda estão quase

    completamente cobertas por florestas e são inclinadas demais para que sejam

    aproveitadas de forma sustentável. Caso não seja mantido um monitoramento efetivo,

    poderão ser perdidas. Durante a discussão deste grupo de trabalho foi identificado que

    estas áreas podem ser estratégicas para que seja garantida a “complementaridade de

    habitats”, tornando o arquipélago uma área de conservação mais efetiva.

    Considerando a ocupação humana nas margens do rio foi descartada a

    possibilidade de incluir áreas das margens do Rio Xingu em uma possível unidade de

    conservação a ser estabelecida do arquipélado. A alternativa proposta é de que sejam

    incluídos nos planos de ação de proteção a serem implantados recursos para apoiar a

    aplicação da legislação que já protege estas áreas.

  • Ilhas menores

    Identificou-se que as ilhas menores, pintadas de vermelho na figura 1, são

    estratégicas, por serem áreas cobertas com a vegetação florestal original e praticamente

    inabitadas. Parte destas ilhas abriga praias que são ou podem se tornar áreas adequadas

    para a nidificação dos quelônios. Além disto, estas áreas são importantes para a

    manutenção de espécies aquáticas e terrestres.

    Foram trazidas informações sobre a presença de espécies de aves ameaçadas,

    como o guará (Eudocimus ruber), assim como possíveis espécies novas, descobertas

    durante os estudos de impacto ambiental para o aproveitamento hidrelétrico Belo

    Monte. Foi identificada a necessidade de confirmar estas informações com os

    especialistas.

    Estas áreas também foram apontadas como possíveis fontes de propágulos para

    regeneração de florestas no futuro, caso não seja possível impedir o avanço da

    degradação nas ilhas maiores e nas APPs, às margens do Rio Xingu.

    Estas ilhas apresentam baixa ocupação humana, mas houve um recente aumento

    de construção de habitações nas mesmas. Outro problema identifica, ainda de forma

    esporádica, é a colocação de gado nestas ilhas. Houve unanimidade entre os presentes

    quanto à necessidade de impedir esta atividade, que pode resultar na perda das próprias

    ilhas, uma vez que as próprias ilhas são mantidas pela vegetação natural.

    Tratando especificamente das praias utilizadas pelas tartarugas, foi considerado

    imprescindível ampliar o número de praias protegidas. Hoje apenas uma praia é

    protegida, sendo que esta é utilizada quase exclusivamente pela tartaruga da Amazônia

    e não apresenta mais características adequadas para esta espécie.

    Ilhas Maiores

    Na região leste do arquipélago é encontrada uma área alongada de terras

    entrecortada por cursos de água (área verde da figura 1), que pode ser dividida em três

    ilhas. Na falta de uma denominação melhor para esta área, ela foi referida durante o

    evento como “área verde”, em referência à figura 1, utilizada nos trabalhos. Esta área

    ainda é pouco ocupada, embora faça fronteira com uma área intensamente ocupada nas

    margens do Rio Xingu, incluindo pequenos agricultores assentados pelo INCRA e a

    comunidade de Vila Nova. A maior parte desta área está coberta por campos,

    aparentemente resultantes da queima de florestas para a criação de pastos.

    Esta área inclui igarapés, canais e lagos, considerados de grande relevância para

    conservação. Estes ambientes são muito utilizados por mamíferos aquáticos, como as

    duas espécies de boto e o peixe-boi. São considerados importantes berçários para

    peixes, sendo sua importância para a produção de pescado na região não conhecida.

  • Figura 1. Imagens utilizadas durante o evento para embasar as discussões. Na esquerda

    é apresentada a uma foto de satélite da área, assim como os pontos georreferenciados

    durante a primeira visita técnica. A figura da direita foi obtida a partir de uma portaria

    do IBAMA. A linha preta mais fina delimita a área incluída na foto da esquerda. As

    cores verde e vermelha são utilizadas para delimitar duas categorias dentre as ilhas do

    arquipélago, conforme descrito no texto. O polígono preto inclui as praias mais

    promissoras para se tornarem áreas de desova da tartaruga da Amazônia. A seta preta

    dentro deste polígono indica a localização da atual praia de desova desta espécie, a praia

    do Juncal. A seta preta fora do polígono aponta o centro do lago do Cajuí, comentado

    no texto.

  • Estes ambientes também parecem ser fundamentais para as populações de

    quelônios. Acredita-se que sejam as principais áreas para o crescimento dos filhotes das

    espécies de Podocnemis e que também abriguem boa parte da população reprodutiva.

    Foram identificados alguns problemas para a implementação de medidas de

    conservação nesta área:

    O complexo sistema de canais e trilhas torna difícil a fiscalização de boa parte

    dos pontos onde se concentra a fauna cigenética.

    Existe pecuária de gado bovino e bubalino, praticada tanto em pequena escala,

    por famílias residentes na área, quanto por pecuaristas, que levam os rebanhos de barco

    para utilizar temporariamente os pastos das ilhas.

    São realizadas queimadas nesta área com o objetivo de manutenção das

    pastagens, abertura de caminhos ou mesmo para facilitar a coleta de ovos de tartarugas

    da espécie Podocnemis unifilis (tracajá), que são atraídas por áreas recém queimadas.

    Lagos e igarapés

    Considerando a dificuldade de fiscalização, procurou-se identificar áreas que

    associassem importância biológica e facilidade de fiscalização. Dentre estas, foi

    identificado o lago do Cajuí (figura 1), como uma área prioritária para proteção, assim

    como de grande potencial para aproveitamento ecoturístico. Outras áreas, mas próximas

    à praias de desova das tartarugas podem ser ainda mais importantes para estes animais,

    como sítios de alimentação e esconderijo, sendo também ressaltadas na figura 1.

    Gado

    Houve discussão quanto à real necessidade de remover o gado da “área verde”

    como um todo. Houve concordância com que existe necessidade de impedir que esta

    atividade se intensifique, o que parece ser uma tendência.

    Além da manutenção dos pastos dentro das ilhas, o gado, principalmente o

    bubalino, parece ser responsável por um processo de erosão relevante do solo da ilha.

    Segundo informações apresentadas durante os evento, a atividade dos animais estaria

    provocando o surgimento de novos canais de escoamento de água, o turvamento da água

    e, possivelmente, a redução das áreas emersas da ilhas.

    Foi identificado que a intensidade da presença do gado e seus impactos são

    muito pouco conhecidos por todos os participantes sendo apontado este como um tema

    prioritário de estudos. Apenas após a obtenção de mais informações a este respeito será

    possível identifica a sustentabilidade de manutenção de pequenos rebanhos, utilizados

    por moradores do arquipélago, dentro da “área verde”. Quanto ao uso por grandes

    rebanhos, como tem sido feito, foi considerado que existem informações suficientes

    para apontar sua insustentabilidade e necessidade de término desta atividade.

  • As informações disponíveis foram consideradas suficientes para recomendar o

    impedimento da colocação de gado nas ilhas menores (área vermelha da figura 1).

    Alternativas socioeconômicas para a população do arquipélago

    Além da criação de gado, já discutida acima, o grupo se dedicou à discussão dos

    seguintes temas:

    Extrativismo

    Turismo

    Extrativismo

    Foi proposto que fosse realizado um inventário florestal nas ilhas, buscando

    identificar espécies aproveitáveis.

    Foi apontada a existência de seringais dentro das ilhas, os quais poderiam voltar

    a ser aproveitados, desde que fosse feito um trabalho de treinamento com os

    extrativistas.

    Foi apontada a possibilidade de incluir a população local em ações que também

    incluam a população da RESEX Verde para Sempre, onde tais alternativas já estão

    sendo trabalhadas.

    Foi identificada a necessidade de descrição do extrativismo animal, incluindo

    avaliação de sua sustentabilidade.

    Turismo

    A área do Tabuleiro do Embaubal apresenta muitos atrativos para o turismo,

    assim como facilidade de acesso a partir de sedes de municípios que podem acomodar

    diferentes segmentos do turismo. Existe expectativa de ampliação da demanda por

    turismo na região, como o grande fluxo imigratório que vem ocorrendo.

    Resumo do GT 1:

    Estudos necessários:

    Mapeamento:

    Mapear todo o arquipélago quanto à topografia, vida selvagem e atividades

    humanas.

    Identificar áreas com potencial para aproveitamento socioeconômico,

    prioridades para conservação e pontos mais vuneráveis.

    Mapear em maior detalhes as praias mais utilizadas pelos quelônios,

    quantificando o uso por estes animais.

  • Iniciar um monitoramento detalhado das praias que permita a detecção precoce

    de possíveis efeitos da hidrelétrica de Belo Monte.

    Hidrologia:

    Estudo da dinâmica fluvial, focando as interferências das marés na desova e

    sobrevivência de ovos.

    Extrativismo:

    Caracterizar e monitorar as diferentes formas de extrativismo, buscando

    identificar quais atividades são de fato insustentáveis, para embasar ações inibitórias.

    Sustentabilidade da Pecuária em Pequena Escala:

    Número de animais de gado bovino e bubalino;

    Área ocupada;

    Técnicas de manejo utilizadas (queimadas?);

    Características dos criadores;

    Impactos ambientais.

    2.1.2. GT 2: Integração Interinstitucional e Participação Comunitária

    Este grupo de trabalho se dedicou a analisar os papéis que poderiam ser assumidos por

    diferentes instituições, assim como as estratégias a serem adotadas para garantir a

    participação efetiva das comunidades locais nos processos de decisão.

    O grupo de trabalho apresentou uma proposta de seminários a serem realizados em

    comunidades próximas ao Tabuleiro do Embaubal, descritos a seguir:

    Foco: Conservação e Manejo (viabilidade do manejo)

    -Identificação de áreas prioritárias

    -Identificação de potenciais para a conservação e manejo na região

    -Identificação de lideranças (agentes multiplicadores)

    -Planejamento logístico (DRP)

    -Discussão da legislação para o manejo e uso dos recursos e exemplos de manejo

    na Amazônia

    -Planejamento de um diagnóstico socioeconômico e social (Participativo)-DRP

    -Zoneamento do uso dos recursos

    -Levantamento de informações sobre as populações locais e suas relações com

    os recursos naturais, com base em entrevistas realizadas durante o evento.

    Período: Final de Agosto (dois dias em cada local)

    Organizadores: UFPA (CNX/NAEA)

  • Área de abrangência: Dois locais a serem definidos de forma a facilitar a

    participação de pessoas das principais comunidades a serem afetadas por medidas de

    proteção aplicadas na área.

    Participantes: Atores locais (UFPA, IBAMA, ICMBio, SEMA-PA, secretarias

    municipais de meio ambiente dos municípios adjacentes, Colônias de pescadores Z12,

    Z70 e Z72, Representantes dos agricultores assentados pelo Incra, FETAGRI,

    Organizações não governamentais, empresários locas, representante do projeto Pé-de-

    pincha)

    Possíveis financiadores: WWF, Norte Energia S/A, Prefeituras, ISA

    Execução: UFPA-CNX

    Logística: Escola na comunidade Vila Nova; sede do município de Senador José

    Porfírio.

    2.1.3. GT 3: Alternativas para Criação Unidades de Conservação no Tabuleiro do

    Embaubal Considerando Instâncias Administrativas e Categorização

    Neste grupo de trabalho foram discutidas as vantagens e desvantagens de

    diferentes categorias de unidades de conservação, assim como as áreas a serem

    incluídos em cada uma delas.

    O grupo identificou que não seria possível alcançar um bom resultado

    estabelecendo um mesmo nível de restrição de acesso e uso de recursos em toda a área a

    ser protegida dentro do tabuleiro. Seria necessário estabelecer áreas relativamente

    pequenas de alta restrição ao acesso, incluídas dentro de uma ou mais áreas maiores,

    dentro das quais ainda seria permitida alguma atividade econômica. Neste aspecto

    houve ampla concordância entre os participantes do evento.

    Considerando as informações apresentadas pelos presentes, foi feita uma breve

    avaliação de vantagens e desvantagens de algumas categorias de unidades de

    conservação propostas, assim como das três instâncias administrativas, o que

    apresentado a seguir:

    Categorização:

    RDS

    Vantagens: Não implica na remoção da população residente e é maleável.

    Desvantagens: O foco de tal unidade é o bem estar da população residente, o que não

    corresponde à razão principal pela qual estaria sendo proposta a unidade, a qual poderá

    inclusive trazer maiores benefícios a populações localizadas fora da mesma.

    APA:

    Vantagem: Torna possível definir áreas internas com níveis de restrição ao uso

    muito distintos, incluindo área intangíveis para proteção especial. Permite o manejo.

    Desvantagem: Teria menor facilidade para a captação de recursos.

  • REBIO:

    Vantagem: Seria mais atrativa para a captação de recursos. Estaria diretamente

    associada à proteção dos quelônios, que são de fato um dos principais alvos de

    conservação na área.

    Desvantagem: É uma unidade de proteção integral, o que torna difícil ou

    inviável projetos de aproveitamento sustentável dos recursos presentes na área.

    Instâncias administrativas

    Municipal:

    Vantagens: Maior participação da população local. Maior conhecimento da

    região por parte dos gestores.

    Desvantagens: Menor poder de captação de recursos. Interesse maior apenas em

    áreas que tenham algum retorno econômico evidente para a população do município.

    Estadual:

    Vantagem: Já existia uma proposta iniciada;

    Desvantagens: Em comparação com a instância federal, teria menor capacidade

    de captar recursos; seria mais sujeita a instabilidade políticas regionais; não dispõe da

    estrutura apresentada pelo ICMBio.

    Federal:

    Vantagens: O ICMBio dispõe de uma boa estrutura em Altamira, com pessoal

    bem qualificado e equipamentos, assim como já tem atuação em uma área próxima, a

    RESEX Verde para Sempre, o que garante maior presença em campo. Também

    haveriam mais alternativas para a captação de recursos.

    Desvantagens: Não foi identificada nenhuma ação deste órgão no sentido de

    criar uma unidade de conservação na área.

    Alvos de conservação e níveis de restrição mais adequados:

    Os alvos de maior vulnerabilidade seriam as praias utilizadas pela tartaruga da

    Amazônia (as outras espécies se distribuem de forma mais ampla entre as ilhas); assim

    como os lagos que concentram populações vulneráveis de espécies de quelônios,

    crocodilianos, peixe-boi e pirarucu, assim como servem de berçário para muitas

    espécies de peixes.

    Dentre as praias, foi observado que não é possível proteger apenas uma, uma vez

    que a praia mais utilizada muda em poucos anos, em função de mudanças das

    características físico-químicas das praias. Apesar disto, é possível apresentar um

    polígono dentro dos qual estão incluídas todas as praias que forma apontadas como

  • passíveis de serem utilizadas pelas tartarugas, que poderiam ser protegidas. Este

    polígono está apresentado na figura 1. Ele exclui praias que poderiam ser até melhores

    para a tartaruga da Amazônia, cuja inclusão em uma área protegida foi considerada

    inviável, devido à proximidade de áreas mais povoadas (figura 1). Estas praias excluídas

    já não são utilizadas pelas tartarugas, justamente pela presença humana.

    O professor Juarez apontou o fato de que o estabelecimento de uma área de

    proteção integral ou uma área intangível, incluída em uma área de uso sustentável,

    incluindo as praias utilizadas pelas tartarugas poderia impedir exploração destes animais

    no futuro. Chamou a atenção para o fato documentado de que a maior parte dos ovos

    depositados na praia do Juncal são perdidos, sendo muitos deles desenterrados pelas

    próprias tartarugas, quando existe sobreposição de ninhos. Estes ovos desenterrados

    poderiam ser utilizados pelas populações ribeirinhas, o que contribuiria para a própria

    preservação das tartarugas, ao favorecer o engajamento da população local nas medidas

    de controle. Além dos ovos desenterrados pelas tartarugas, a profundidade da praia e a

    data de desova permitem inferir um risco de perda do ninho por inundação, o que

    também poderia embasar medidas de aproveitamento de ninhos com baixa expectativa

    de eclosão do futura. Vale ressaltar que até 2008 havia um projeto de manejo sendo

    conduzido no Tabuleiro do Embaubal, sendo que a Fundação Rebelo tinha o direito de

    retirar até 10% dos filhotes nascidos para a criação em tanques rede, em troca do apoio

    a medidas de proteção à população selvagem da tartaruga da Amazônia. Com base

    nestas considerações, definiu-se que seria necessário buscar mais informações quanto às

    possibilidades de exploração de tais recursos dentro da categoria a ser proposta para

    incluir as principais praias de desova da tartaruga da Amazônia.

    Dentre os lagos, com base na experiência dos presentes, foi apontado o lago do

    Cajuí como prioritário, tanto pela vida selvagem que abriga quanto pela maior

    viabilidade logística para proteção.

    Além da área dos alvos de proteção que deveriam ser cobertos por unidades de

    conservação em categorias mais restritivas citados acima, houve ampla aprovação a que

    fosse estabelecida uma área protegida mais ampla, cobrindo a maior parte das ilhas do

    arquipélago, assim como os principais poços (áreas mais profundas onde ocorre

    concentração da fauna, incluindo peixes, quelônios e mamíferos aquáticos) (figura 1). A

    área proposta exclui pequenas ilhas mais afastadas e áreas consideradas de terra firme

    mais intensamente ocupadas.

    Foi discutida ainda a possibilidade de estabelecimento de um mosaico de áreas

    protegidas no baixo Rio Xingu, reconhecendo a vinculação entre a RESEX Verde Para

    Sempre e o Tabuleiro do Embaubal, sendo que o trânsito de animais aquáticos,

    incluindo as tartarugas, entre estas áreas (ainda não existem estudos quantificando a

    importância deste trânsito, mas existe previsão para início dos mesmos ainda este ano).

    Dentro deste mosaico ainda poderia ser estabelecido um corredor de fauna entre estas

    áreas, apoiando medidas de proteção dos animais em trânsito.

  • Em resumo, foi apontado um polígono a ser incluído em uma unidade de

    conservação menos restritiva, para a qual seria definido um plano de manejo, assim

    como dois polígonos a serem protegidos de forma mais restritiva, as praias de desova e

    os lagos e igarapés das grandes ilhas. Tal arranjo poderia ser alcançado com uma APA,

    dentro da qual seriam estabelecidas áreas mais restritivas ou mesmo intangíveis, ou por

    um conjunto de unidades de conservação, alternativa que tem a vantagem de agregar

    recursos de diferentes instâncias de governo. Dentre as instâncias administrativas, foi

    reconhecido que seria estratégico incluir a instância federal devido à boa estrutura do

    ICMBio já estabelecida na região, assim como devido à proximidade da RESEX Verde

    para Sempre. Foi também reconhecida a vantagem de inclusão de uma UC municipal,

    devido ao histórico de apoio às medidas de proteção na área por parte da Prefeitura

    Municipal de Senador José Porfírio, por meio da sua Secretaria de Meio Ambiente e

    Mineração. A oficialização de uma unidade municipal também traria a vantagem da

    maior capacidade do município para mobilizar a população local e compatibilizar suas

    necessidades com as medidas de conservação.

    Como uma forma ilustrativa de um arranjo que poderia ser eficiente para

    embasar as medidas de conservação necessárias foi apresentada a proposta abaixo:

    Proposta de se criar duas unidades de conservação no Tabuleiro do Embaubal:

    RVS (Refúgio de Vida Silvestre) - Proteção Integral: de gestão municipal

    – objetivo: proteger a reprodução de quelônios na região da desova (hoje

    praia do Juncal).

    APA (Área de Proteção Ambiental) - Uso Sustentável: de gestão estadual

    ou federal, colocando a área do Cajuí, como área intangível, de especial

    proteção.

  • LISTA DE PRESENÇA DO WORKSHOP: ALTERNATIVAS PARA CONSERVAÇÃO DO TABULEIRO DO EMBAUBAL

    Nome E-mail Telefone Instituição

    Cícero dos Santos 35151798 IBAMA-Altamira

    Rosilene Helena Bitencourt [email protected] 31843602/3627 SEMA-PA CEC

    Rosemar Silva Luz [email protected] 35150264 UFPA-Biologia

    Ana Débora da Silva Lopes [email protected] 91881401

    Flávio B. Barros [email protected] (91)91356736 LAET/UFPA

    Fco. Plácido M. Oliveira [email protected] (93)91534633 UFPA/FCB

    Márcia C. Delfino [email protected] (93)91713752 SEMA

    Solange H. Trevisan [email protected] (93)35930043 SEMA

    Cristiane Carneiro [email protected] (93)91267903 UFPA

    Luiz Berto Cardoso da Costa (93)91396572 SEMMA-Senador

    Paulo Amorim da Silva [email protected] (93)35155857 IFT

    Vivianne S. da Silva [email protected] (93)91550850 UFPA

    José Adelson [email protected] (93)91262096 FVPP

    Pedro dos Santos [email protected] (93)91717283 FETAGRI

    Francisco Júlio W. Rezende [email protected] (68)99853246 IBAMA

    Danielly Felix Silva [email protected] (91)83064786

    Paulo Cesar Machado Andrade [email protected] (92)81397781 UFAM

    Hermes de Medeiros [email protected] (93)91449848 UFPA

    Leonardo Moura Costa [email protected] (93)91558247 UFPA

    José Q. Miranda Neto [email protected] (91)81130315 UFPA

    Eder Mileno Silva de Paula [email protected] (93)91572224 UFPA-FACGEO

    Luiz Fernando Roscoche [email protected] (93)91517568 UFPA-FACGEO

    Luciana Martins Freire [email protected] (93)81235573 UFPA-FACGEO

    Luis Wagner F. Guimarães [email protected] (93)81252555 ICMBio

    Cláudia Soares de Barros [email protected] (93)91723128 UFPA-SEEX

    Joselito Belo de Barros [email protected] (93)91715123 IBAMA-Altamira

    Juliana Feitosa de Figueiredo [email protected] UFPA

  • 3. Visitas Técnicas ao Tabuleiro do Embaubal

    Nos dias 28, 29 e 30 de Maio foi realizada uma visita ao Tabuleiro do Embaubal

    para um levantamento de informações georeferenciadas sobre a região, a serem

    utilizadas durante o evento. A ação foi realizada por Leonardo Moura e Luiz Costa. O

    primeiro, aluno do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Campus

    Universitário de Altamira da UFPA, e o segundo funcionário da Secretaria de Meio

    Ambiente e Mineração de Senador José Porfírio, lotado na base do IBAMA-RAN.

    Nos dias 07 e 08 de junho foi realizada a segunda visita técnica ao Tabuleiro do

    Embaubal com o intuito principal de verificar in loco as informações levantadas durante

    a reunião no campus de Altamira da UFPA. Estiveram presentes na expedição: Cícero

    Arantes do Ibama, Márcia Delfino da SEMA de Altamira, Solange Trevisan da SEMA

    de Altamira, Cristiane Costa da UFPA, Luiz Costa da SEMMA de Senador José

    Porfírio, Pedro dos Santos da FETAGRI, a Bióloga Danielly Silva, o professor Dr.

    Juarez Pezzuti da UFPA, o professor Dr. Hermes de Medeiros do CNX-UFPA, o

    professor Me. Eder Mileno Silva de Paula da UFPA, o professor Me. Luiz Fernando

    Roscoche da UFPA, a geógrafa Me. Janaina Oliveira do CNX-UFPA e a secretária de

    meio ambiente da SEMMA de Senador José Porfírio Saloma Oliveira. Além de terem

    sido visitados locais de relevância para a vida selvagem, bem como áreas de impactos

    ambientais e desmatamento, a equipe também visitou um sítio arqueológico na região,

    onde encontra-se um Sambaqui (depósitos de cascas de ostras, conchas e restos de

    artefatos deixados pelos homens pré-históricos e indígenas brasileiros), o qual já está

    sendo estudado pela Faculdade de Etnodesenvolvimento da UFPA, campus de Altamira.

    Este sítio arqueológico recebeu atenção, pois ilustra a riqueza de produtos que podem

    ser aproveitados para o turismo na região.

    Esta segunda expedição também permitiu o aprofundamento de discussões

    iniciadas em Altamira, favorecendo o estabelecimento de parcerias interinstitucionais.

    Durante esta ação também foi possível delinear um pedido de recursos emergencial

    apresentado à Norte Energia (consórcio responsável pela implementação do projeto

    Belo Monte), ainda em tramitação (ANEXO 1).

    Em ambas as expedições, cada observação considerada relevante foi registrada,

    incluindo coordenadas geográficas e fotografias. O material acumulado ainda precisa

    ser aproveitado na preparação de mapas. Abaixo segue uma listagem dos registros

    efetuados, assim como os nomes dos arquivos de fotos, que estão depositadas em um

    arquivo digital que acompanha este documento.

    Principais alvos de conservação: 1. Locais de relevância para a fauna:

    1.1. Poços: Áreas mais profundas do Rio Xingu, os quais concentram animais.

    1.1.1. Poço da Lama: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.65884 W 52.00571

  • Foto: Poço da lama (P.1) (2).JPG

    1.1.2. Poço da Ponta do Cajueiro: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.66961 W 51.97294

    Foto: Poço da ponta do cajueiro (P.3) (2).JPG

    1.1.3. Poço do Arapari: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.67002 W 51.96328

    Foto: Poço do Arapari (P.4) (2)

    1.1.4. Poço do Igarapé Açú: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.71403 W 51.95984

    Foto: Poço do Igarapé Açú (P.6) (2).JPG

    1.1.5. Poço do Croarizinho: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.71761 W 51.96687

    Foto: Poço do Croarizinho (P.7) (2).JPG

    1.1.6. Poço do Pitoa: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.70394 W 51.98590

    Foto: Poço do Pitoa (P.10) (2).JPG

    1.1.7. Poço do Aracu: Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.74093 W 51.99359

    Foto: Poço do Aracu (P.46) (2).JPG

    1.1.8. Poço do Fé em Deus: Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.73736 W 52.00250

    Foto: Poço do Fé em Deus (P.47) (2).JPG

    1.1.9. Poço do Fendeus Visita: 07/06/2011

    Cordenadas: S 02°44’14,2” W51°59’18,4”

    Foto: Fendeus.JPG

    1.1.10. Poço da boca do Aracum Visita: 07/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’28,2” W 51°59’40,7”

    Foto: Aracun.JPG

    1.1.11. Poço da Volta do Aramindá Visita: 07/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’21,1” W 51°58’21,9”

    Foto: Aramindá.JPG

    1.2.Locais de desova de Quelônios

    1.2.1. Praia do Verícimo: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.72675 W 52.05571

    Foto: Praia do Verícimo (P.27) (2).JPG

    1.2.2. Ilha do Piloto: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.72689 W 52.05210

  • Foto: Ilha do Piloto (P.28) (4).JPG

    1.2.3. Praia do Jinipai: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.72955 W 52.04996

    Sem foto

    1.2.4. Praia do Carão: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.73419 W 52.04436

    Foto: Praia do Carão (P.30) (2).JPG

    1.2.5. Praia do Piteruçu: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.72662 W 52.04063

    Foto: Praia do Piteruçu (P.31) (2).JPG

    1.2.6. Igarapé do Piteruçu: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.70898 W 52.04404

    Sem foto

    1.2.7. Praia do Juncal: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.70637 W 52.02350

    Foto: Praia do Juncal (P.35) (3).JPG

    1.2.8. Praia do Meio do Pitanguinha: Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.67703 W 52.02150

    Foto: Praia do Meio do Pitanguinha (P.48).JPG

    1.2.9. Praia do Pitanguinha: Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.67327 W 52.01771

    Foto: Praia do Pitanguinha (P.49) (5).JPG

    1.2.10. Praia do Puruna: Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.67966 W 52.01053

    Foto: Praia do Puruna (P.50) (4).JPG

    1.2.11. Praia do Embaubal Visita: 07/06/2011

    Coordenadas: S 02°40’29,6” W 52°00’32,1”

    Foto: Praia Embaubal.JPG

    1.2.12. Praia do Mestre Pedro Visita: 07/06/2011

    Coordenadas: S 02°43’27,9” W52°00”32,1”

    Foto: Praia Mestre Pedro.JPG

    1.3.Locais de grande concentração de animais, inclusive Quelônios

    1.3.1. Igarapé do Bicho: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.69983 W 51.97157

    Foto: Igarapé do Bicho (P.8) (2).JPG

    1.3.2. Furinho do Cajueiro: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.68543 W 51.98664

  • Foto: Furinho do Cajueiro (P.12) (5).JPG

    1.3.3. Rio Estragado: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.69392 W 51.99883

    Foto: Rio Estragado (P.14) (5).JPG

    1.3.4. Igarapé Santa Tereza: Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.69520 W 52.00116

    Foto: Igarapé Santa Tereza (P.15) (3).JPG

    1.3.5. Entrada do Rio Tamanduá Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.72037 W 52.00846

    Foto: Entrada do Rio Tamanduá (P.18) (2).JPG

    1.3.6. Japépaca Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.74334 W. 52.01827

    Foto: Japepaca (P.20) (2).JPG

    1.3.7. Abaete Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.75676 W 52.01796

    Sem foto

    1.3.8. Tapécara Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.77147 W 52.02970

    Foto: Tapecara (P.23) (2).JPG

    1.3.9. Muricituba Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.73463 W 52.06334

    Foto: Muricituba (P.26) (2).JPG

    1.3.10. Entrada do Lago do Cajuí Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.86567 W 51.89675

    Foto: Entrada do Lago do Cajuí (P.44) (2).JPG

    1.3.11. Aramamba Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.75922 W 51.97298

    Foto: Aramamba (P.45) (5).JPG

    1.3.12. Pesqueiro da Lua Cheia Visita: 30/05/2011

    Coordenadas: S 02.73665 W 52.02747

    Foto: Pesquiro da Lua Cheia (P.53) (3).JPG

    1.3.13. Ananás Visita: 30/05/2011

    Coordenadas: S 02.76458 W 52.02481

    Foto: Ananás (P.54).JPG

    2. Áreas de impactos ambientais

    2.1. Residências

    2.1.1. Casa do Sr. Peaçú

    Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.74477 W 52.06656

  • Foto: Casa do Sr. Peaçú (P.24) (3).JPG

    2.1.2. Casa do Sr. Orleno

    Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.74226 W 5206776

    Foto: Casa do Sr. Orleno (P.25).JPG

    2.1.3. Boa Vista Visita: 28/05/2011

    Coordenadas: S 02.68229 W 52.05103

    Foto: Boa Vista (P.33) (3).JPG

    2.1.4. Casa do Sr. João

    Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.82560 W 51.93769

    Foto: Casa do Senhor João (P.40) (5).JPG

    2.1.5. Grupo Rezende Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°05’4” W 52°03’7”

    2.1.6. Propriedade à beira do rio Xingu Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°00’9” W 52°55’8”

    2.1.7. Casa do Sr. Francisco Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°31’4” W 52°03’5”

    2.1.8. Casa em construção do Sr. Raimundo Mendes Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’40,2” W52°02”51,5”

    2.1.9. Ilha onde há casas em construção Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°45’12,7” W52°03’13,4”

    3. Desmatamento de encostas 3.1. Igarapé da nova Aurora

    Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.78788 W 51.98188

    Foto: Igarapé da nova Aurora (P.38) (4).JPG

    3.2. Entrada do Lago da Fazendinha Visita: 29/05/2011

    Coordenadas: S 02.82259 W 51.94195

    Foto: Entrada do Lago da Fazendinha (P.41) (5).JPG

    4. Sítio arqueológico no qual se encontra um Sambaqui

    4.1. Sambaqui 4.1.1. Início da estrada que dá acesso ao Sítio

    Arqueológico- Sambaqui

    Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’18,8” W 52°04’06,6”

    Foto: Estrada Sambaqui.JPG

    4.1.2. Escola Luiz Moreira

    Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’23,5” W 52°04’11,2”

    Foto: Escola Luiz Moreira.JPG

  • 4.1.3. Residência do Sr. Sebastião Roseno

    Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’31,8” W 52°04’13,4”

    Sem foto

    4.1.4. Ocorrência de uma peça arqueológica e conchas

    Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’38,2” W52°04’13,5”

    Foto: Peça Arqueológica.JPG

    4.1.5. Últimos vestígios arqueológicos encontrados

    Visita: 08/06/2011

    Coordenadas: S 02°44’44,8” W52°04’16,9”

    Foto: Últimos Vestígios.JPG

  • 27

    ANEXO 1.

    Plano de ação emergencial para proteção dos Tabuleiros de desova de quelônios aquáticos

    no baixo Xingu, no período reprodutivo de 2011 para 2012, delineado durante os trabalhos do

    Workshop “Alternativas para Conservação do Tabuleiro do Embaubal” e apresentado à Norte

    Energia, pela Secretaria de Meio Ambiente e Turismo de Senador José Porfírio, Sra. Saloma

    Oliveira.

  • 28

    Serviço Público Federal

    Universidade Federal do Pará

    Prefeitura de Senador José Porfírio

    Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Mineração

    PLANO DE AÇÃO EMERGENCIAL PARA PROTEÇÃO DOS TABOLEIROS DE

    DESOVA DE QUELÔNIOS AQUÁTICOS NO BAIXO XINGU

    Apresentação

    Esta proposta resume a demanda necessária para e execução de atividades de vigilância,

    fiscalização e manejo das áreas de reprodução de quelônios aquáticos amazônicos na região do

    arquipélago fluvial do Baixo Xingu, conhecida como Taboleiro do Embaubal. Na bacia

    amazônica, durante o segundo semestre de cada ano, diversas espécies da fauna amazônica, entre

    aves e répteis aquáticos, se reproduzem nos ambientes sazonalmente emersos quanto o rio fica

    mais baixo, o que ocorre entre julho e janeiro. Notadamente na região mencionada, grandes

    populações da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), do tracajá (P. unifilis) e da pitiú (P.

    sextuberculata) reproduzem-se em abundância.

    Justificativa técnica

    O arquipélago do Tabuleiro do Embaubal (Senador José Porfírio – PA) constitui o maior

    berçário de quelônios de água doce das Américas. A Praia do Juncal recebe a quase totalidade das

    fêmeas da tartaruga-da-amazônia, com a produção anual de cerca de 1,7 milhões de ovos. Tracajás

    e pitiús desovam também nas diversas outras praias do arquipélago. Pela falta de recursos

    financeiros, logísticos e humanos, a única destas que áreas de desova que recebe proteção efetiva

    quanto à coleta de fêmeas e de seus ovos é a Praia do Juncal, estando as outras praias sujeitas a

    saques de ovos e à coleta das fêmeas durante o período de desova.

  • 29

    Entretanto, nem mesmo a proteção da Praia do Juncal está assegurada, pelo mesmo

    problema. O Taboleiro do Embaubal foi Inicialmente protegido oficialmente pelo extinto Instituto

    Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e posteriormente pelo Instituto Brasileiro de

    Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) através do Projeto Quelônios da

    Amazônia, atualmente constituído Programa Quelônios da Amazônia (PQA). Nos últimos anos, a

    Fundação José Rebêlo de Proteção à Natureza e a Prefeitura Municipal de Senador José Porfírio,

    através da respectiva Secretaria de Meio Ambiente, empenharam-se à proteção da área. Em 2008 a

    referida Fundação deixou de colaborar, ficando a maior parte dos esforços, insuficientes, a cargo

    da Secretaria de Meio Ambiente de Senador José Porfírio. A participação do Órgão oficialmente

    responsável complicou-se com a divisão do IBAMA e a criação do Intituto Chico Mendes de

    Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), sendo que o próprio Projeto Quelônios da Amazônia

    ficou em situação de grave indefinição quanto a seu vínculo institucional. Em função disso, as

    atividades do Projeto enfrentaram sérios problemas orçamentários, o que se refletiu não somente

    no Embaubal, mas em mais de uma centena de Taboleiros oficiais de proteção dos quelônios

    aquáticos amazônicos.

    Os esforços de fiscalização vem sendo levados a cabo com a participação de instituições

    como a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, o Batalhão de Polícia Ambiental, a Polícia Civil e

    Militar e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Mineração de Senador José Porfírio,

    contando também com a colaboração da UFPA, do Ministério Público Federal, do IBAMA, do

    ICMBio, de Associações de Pescadores, de Organizações Não-Governamentais (WWF, FVPP),

    entre outras. Entretanto, nenhuma destas instituições dispõe de recursos financeiros destinados

    para estas ações, e tem colaborado simplesmente por acompanhar a grave situação do taboleiro.

    Este plano, portanto, permitirá com que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Mineração de

    Senador José Porfírio, com apoio da UFPA, tenham uma base financeira sólida para articular um

    arranjo interinstitucional duradouro e sincronizado garantindo a proteção das áreas de desova no

    arquipélago, não se restringindo também a uma única praia, como vem acontecendo. O exemplo

    mais claro foi o que ocorreu nos últimos anos, quando mesmo com a disponibilidade de pessoal

    para as ações de fiscalização (IBAMA, SEMA-PA e Batalhão de Polícia Ambiental), não se

    dispunha de suprimentos para a alimentação das equipes na base, combustível para as

    embarcações, e recursos financeiros para custear o transporte das equipes até a base operacional

    do taboleiro.

  • 30

    Como conseqüência desta irregularidade na alocação de recursos humanos e financeiros e

    da ausência de uma articulação interinstitucional eficiente, a região do Taboleiro do Embaubal

    ficou completamente abandonada em diversos anos devido à falta de recursos, tornando a região

    alvo de saques em massa durante o período em que as populações estão mais vulneráveis. Isto

    ocorre entre agosto e setembro, quando as matrizes, as fêmeas adultas da tartaruga, estão

    concentradas em um local específico reunindo-se e aguardando a maturação completa dos ovos

    para dar início à nidificação em grandes grupos. A falta de equipes de fiscalização e manejo

    atuando na área antes deste período específico tem conseqüências drásticas para a conservação

    destas espécies na região. Em 2010, por exemplo, estima-se que pelo menos duas mil tartarugas

    foram capturadas entre agosto e setembro, sem qualquer informação quanto às outras espécies. O

    mesmo quadro se repetiu, em intensidade desconhecida, em 2005 e 2008, o que inclusive levou o

    Ministério Público a notificar o Órgão oficialmente responsável, o IBAMA, quanto ao que estava

    acontecendo.

    A implementação do Aproveitamento Hidrelétrico (AHE) Belo Monte terá inevitáveis

    impactos quanto ao aumento da população humana na região do Baixo Xingu, sobretudo no

    Município de Vitória do Xingu com a instalação de grandes canteiros de obras nas proximidades.

    O aumento da pressão sobre os recursos naturais da região, especialmente sobre as abundantes

    populações da tartaruga, do tracajá e da pitiú, são esperados. Estes impactos já são claramente

    percebidos, e certamente se intensificam agora com a emissão da Licença de Instalação. Desta

    forma, a implementação deste Plano de Ação Emergencial e da consolidação de um programa de

    conservação e manejo de longo prazo para as espécies em questão carecem de ser desenvolvidos

    com urgência.

    Prof. Dr. Juarez Carlos Brito Pezzuti

    Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA; Universidade Federal do Pará – UFPA;

    Prof. Dr. Hermes Fonseca de Medeiros

    Campus Universitário de Altamira; Universidade Federal do Pará – UFPA;

    Maria Saloma Mendes de Oliveira

    Secretária Municipal de Meio Ambiente e Mineração de Senador José Porfírio (SEMMA).

  • 31

    Orçamento

    Categoria Especificação Unid. Qtd.

    Valor

    estima

    do

    Total

    (R$) Justificativa

    Permanente

    Motor de popa 60HP 4T

    (sugerido modelo novo da

    Yamaha, por ser mais

    econômico)

    unid. 2 15000 30000 Deslocamento de equipes de

    fiscalização

    Permanente

    Motor de popa 90HP 4T

    (sugeridos as marcas

    YAMAHA ou SUSUKI)

    unid. 1 23000 23000 Deslocamento mais rápido de

    equipes de fiscalização

    Permanente

    Voadeira de aluminio

    soldado 7m, reforçada com

    alumínio de 3mm

    (produzida sobre

    encomenda em Macapá)

    unid. 2 8000 16000

    Deslocamento mais rápido de

    equipes de fiscalização. Este

    modelo reforçado é necessário

    para resistir ao uso com o motor

    de 90HP.

    Permanente Binóculos unid. 2 2000 4000 Fiscalização do taboleiro e dos

    lagos

    Permanente Voadeira de aluminio

    soldado 8,4m. unid. 2 8000 16000

    Deslocamento de equipes de

    fiscalização

    Consumo pilhas alcalinas grandes unid. 600 5 3000 Atividades de fiscalização

    noturna

    Consumo pilhas alcalinas pequenas unid. 800 3 2400 Atividades de fiscalização

    noturna

    Consumo lanterna de mão unid. 10 40 400 Atividades de fiscalização

    noturna

    Consumo lanterna de cabeça unid. 10 80 800 Atividades de fiscalização

    noturna

    Consumo Gasolina Lt 12000 3 36000 Deslocamento de equipes de

    fiscalização

    Consumo Óleo diesel Lt 2500 2 5000 Usado no gerador que fica na

    base

    Consumo Óleo 30 Lt 120 12 1440 Usado nos motores das

    voadeiras

    Consumo Óleo 90 Lt 40 10 400 Usado nos motores das

    voadeiras

    Consumo Recarga de gas de cozinha unid. 25 25 625 Usado para cozinhar

    Alimentação Alimentação um dia

    na base 15 1800 27000

    Necessário para manutenção das

    equipes, considerando dez

    pessoas na base durante seis

    meses

    Serviços Serviços de campo conjunto -- -- 28800

    Pessoal para trabalhos de apoio

    às esquipes de fiscalização e

    monitoramento, considerando

    quatro agentes por um período

    de seis meses

    Serviços Transporte terrestre e

    fluvial de pessoas e cargas conjunto -- -- 6000

    Transporte de pessoas e cargas

    entre Altamira, Vitõria do Xingu

    e o base operacional do taboleiro

    Serviços Serviço de manutenção de

    motores e do gerador conjunto -- -- 5000 Manutenção de equipamentos

    Total geral 205.865

    Altamira 09 de junho de 2011