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VANITAS & CULTURE #0 Introdução ao traje medieval Técnicas de fabrico e muito mais! Herança Medieval na contemporaneidade ICONOGRAFIA DO TRAJE TRAJE , JÓIAS e SAPATOS DA ÉPOCA MEDIeVAL BY SANTIAGO LOURENÇO

Vanitas&Culture #0

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VANITAS&CULTURE#0

Introdução ao traje medieval

Técnicas de fabrico e muito mais!

HerançaMedieval na

contemporaneidade

ICONOGRAFIA

DO TRAJE

TRAJE, JÓIAS e

SAPATOS DA ÉPOCA

MEDIeVAL

BY SANTIAGO LOURENÇO

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Campanha publicitáriaDolce&gabbana

2014

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A Evolução do Traje Medieval (traje, Calçado e Joalharia)

Moda: Dolce&gabbana, cjanel, Alexander McQueen

Hit or miss: met ball 2014

Curiosidades: o bosque encantado

Conteúdos

Then and now

Lost and Found. a primeira capa de Anna Wintour

Arte: damien hirst

Literatura: Cantigas de amigo de um trovador português

Shoes lovers: miu miu 2014

Cheap and chic: Topshop vs. lanvin

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Robert Campin, c. 1430 e Alexander McQueen, 1997

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Vanitas&Culture nasce da paixão de duas estudantes de História da Arte, e do desejo ardente de difundir o conhecimento adquirido ao longo do percurso académico de ambas. Unindo o melhor de dois mundos, as publicações focam-se na História do Traje – a História da Moda ao longo do tempo, numa tentativa de alargar a compreensão e enten-dimento da mesma como resposta aos anseios e necessidades de uma sociedade em constante mudança.

“A moda é abordada como um fenômeno sociocultural que expres-sa os valores da sociedade – usos, hábitos e costumes – em um de-terminado momento. O termo “moda” designa uma opção baseada em critérios de gosto, cuja característica principal consiste em apresentar-se como transitória e sofrer uma renovação cons-tante. Esta surgiu pela mera necessidade que o Homem tinha de se proteger do frio, mas, esta necessidade tornou-se num aspeto cultural.”

“Fashion is not something that exists in dresses only. Fashion is in the sky, in the street, fashion has to do with ideas, the way we live, what is happening.” (Coco Chanel)

Santiago Lourenço

by

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O Nascimento da A verdade é que parecemos ser a única criatura em constante mudança, intencional, sempre a procura de alcançar o ideal, uma forma de vestir que transmita nos-sa essência – o que somos e o que pensamos. A moda, escreve Sapir, para alguns é “uma espécie de capricho”, ao passo que para outros é apenas “uma nova e incom-preensível forma de tirania social”. Mas para Stoetzel, a moda é “a mudança gratuita, a mudança por amor à mudança”. Foram variados os fatores que concretizaram a moda no que ela o é, e de um modo geral, entende-mo-la como um ganho contínuo, um espelho que refle-te a sociedade em todos os complexos aspetos que a compõem. Contudo, para tentar compreender minima-mente o que foi e o que é a moda, é necessário recuar ao longo da História para perceber como o conceito foi evoluindo e adquirindo significados distintos. Antes de mais, e começando pelo meio da conquista da moda, é importante referir o papel da Revolução Francesa que levou a abolição das leis sumptuárias do século XV. Es-tas leis regulamentaram minuciosamente as roupas, as cores, os tecidos que cada categorial social devia usar; em exemplo concreto temos Milão em pleno ano de 1565, onde as leis sumptuárias proibiam os “artificies e vendedores” de usar roupas de seda, que eram de uso exclusivo aos nobres. Também a separação de vestidos dignos de mulheres solteiras, casadas ou viúvas eram determinadas por lei. Dentro da categoria do género e classe social, a indumentária da prostituição também estava regulamentada - a título de curiosidade, em Pá-dua, as prostitutas ostentavam um capuz vermelho, em Milão estavam proibidas de vestir preto e em Dijon não lhes era permitido o uso da touca ou do véu. Mas é com as inovações técnicas do século XVIII e com as alte-rações significativas na produção dos têxteis que esta acarretou consigo, que a moda se torna de facto uma indústria. A criação da Indústria da moda surge, então, como sendo um dos reflexos da afirmação da classe burguesa, que passa a transgredir as leis sumptuárias e a apropriar-se de peças do vestuário aristocrático. Des-te modo, de certa forma, devemos a democratização da moda, a igualdade das aparências e outros princípios defendidos pela moda contemporânea, à burguesia. Aquando da Revolução Francesa, os burgueses reduzi-ram a preocupação excessiva com a aparência, dando importância ao pragmatismo- sublinha Flugel, que “o homem abandonou a pretensão de ser belo e se preo-

Por Santiago Lourenço

“ Durante milhões de anos, vestuário e ornamen-tos foram usados de modo a que pudessem comu-nicar as suas maiores necessidades. As pessoas. A tradição. O progresso. O novo tribalismo. A autenti-cidade. No meio de tudo isso apenas um único fator permaneceu idêntico: a extraordinária capacidade

semiótica do corpo humano, do vestuário e dos ornamentos.

” Ted Pollemus

MODA

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cupou unicamente em ser prático”. Deste modo, as mu-lheres da burguesia é que passaram a ser as sentinelas da vanguarda da moda. E desde então a moda desen-volveu-se vertiginosamente – é de salientar a invenção da máquina de costura (1755), por Katl Wiesenthall, e o aparecimento de revistas de moda (“Les Journal des Dames et des Modes, França, 1789), que ajudaram na di-fusão e fomento da mesma.Na segunda metade do séc. XVIII os novos protagonistas no mundo da moda eram intitulados como coiffeurs - de acordo com Marie de Vil-lermont, eram uma “raça singular”. Os coiffeurs vestiam calções pretos, elegantes casacos vermelhos, meias de de seda cinzenta, de espadim à cintura e intitulavam-se orgulhosamente “os primeiros-oficiais da toilette femi-nina”. Embora considerados como figuras caricatas, os coiffeurs conseguiram, uma centena de anos antes dos costureiros, conquistar uma autonomia criativa em rela-ção aos seus clientes e foram os primeiros no mundo da moda, a declarar-se artistas, por assim dizer, colocando--se ao lado de pintores e escultores. Entre os coiffeurs do século XVIII, é Le Gros que ocupa o primeiro lugar, ao abrir uma Academia de Penteado, onde ensinava a arte de pentear a criados (valets) e criadas de quarto (fem-mes de chambre).Outro nome incontornável no mun-do da moda é Charles-Frédérick Worth, que no séc. XIX transforma o alfaiate em artista, é ele o criador da Haute Couture, responsável pela transformação da conotação do alfaiate “artesão repetitivo e tradicional, num criador, génio artístico e moderno”. O Pret-à-porter, criação do séc. XX, foi o marco democratizador na passerele, e mar-cou indubitavelmente a história da moda ao estilizar a moda industrial fazendo oscilar o pêndulo da moda de elite para a moda de massa.

Nos anos 40, o sociólogo Gaston Bouthoul, sintetizou o fenómeno que é a moda, nestes parâmetros:

• A moda é um fenómeno periódico de natureza sobre-tudo psicológica;• Cada moda consiste numa invenção, seguida por uma imitação cada vez mais vasta;• As modas são mais frequentes e influenciam um nú-mero relativamentemaior de indivíduos nas sociedades dinâmicas, onde o bem-estar moral e material é mais comum;• A moda está quase sempre ligada a considerações de hierarquia social.

Uma definição que já se poderá considerar quase cadu-ca. Mas a verdade é que ao longo dos séculos, a moda teve muitos inimigos, estes a representaram como um fenómeno digno de vergonha. Ainda hoje a associação de moda á futilidade, é rápida. A moda é fruto de muitos defeitos da alma humana: em primeiro lugar da vaida-de, da ambição e da luxúria. Em todo o caso, e apesar de todo o negativismo, esta acabou por vencer e vender, até aos dias de hoje.Dada a complexidade da moda e a dificuldade em defini-la em poucas palavras apenas, as presentes conclusões poderão ser suficientes.

“ A moda é filha de uma complexa constelação de causas: o aparecimento da sociedade aberta e da invenção da escrita e da imprensa, das cortesãs e das cidades cosmopolitas e comerciais, da secula-rização do amor e da afirmação do relativismo, mas também de duas atitudes mentais convergentes, a primeira antiga e a segunda moderna: o amor pelo

novo e a tirania do presente.

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Traje Medieval

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Traje Medieval

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Breves considerações sobre a moda medievalAo longo da época Medieval o traje usado pela maio-ria das pessoas era extremamente simples, os tecidos eram cortados em moldes retangulares, com drapeados e costurados em forma de túnica.Quanto aos materiais, a maioria das túnicas e capas eram feitas de lã e linho, embora o couro e as peles tenham sido bastante utiliza-dos, sobretudo nas regiões mais frias do Norte da Euro-pa. Entre os materiais caros, destaca-se a seda, sempre considerada como um artigo de luxo em todos os perí-odos medievais.Graças as sucessivas viagens e desloca-mentos por toda a Europa, o contacto entre diferentes povos permitiu a troca de conhecimentos entre os di-ferentes povos, deste modo, novos costumes, técnicas e modas foram sendo desenvolvidos.O cisma na Igreja também desempenhou um papel fulcral na história e desenvolvimento do traje. A Igreja, agora dividida em duas vertentes: Oriental (Império Bizantino) e Ocidental (Sacro Império Romano) passou a ter diferentes estilos de vestimentas que distinguiam uma da outra. O vestu-ário eclesiástico foi então fixado, por decreto papal, sen-do que algumas das vestes religiosas ainda hoje seguem estes modelos.

Evolução e desenvolvimento.Nos finais da Idade Média a moda já encontrava-se sig-nificativamente desenvolvida e o vestuário apresentava complexidade. Era notória a diversidade de peças de ves-tuário e acessórios, assim como uma variada gama de tecidos, de diversas texturas e cores brilhantes. Durante este longo e contínuo processo de evolução e novida-des técnicas, pode se dizer que nasceu a Moda. Portan-to, na fase final da Idade Média as túnicas tradicionais já tinham sido substituídas por diferentes e complexas pe-ças indumentárias, de diferentes cores, tecidos e cortes.

Traje

Nesta pintura, o jovem casal comemora o seu noivado - o turbante vermelho do jovem é de-corado com um tecido “picotado”. Peles e penas decoram o turbante da noiva e o seu vestido encaixa-se e modela os quadris. A elegância dos adornos, os turbantes elaborados e os tecidos luxuosos geraram indignação da parte do clero, que constantemente relembrava os ricos que

tal ostentação não constituía um bem para a alma.

Moda e SOCIEDADE600-1449Embora o universo da moda estivesse em constante mu-dança, alguns aspetos permaneceram rigidamente defi-nidos. A moda passou a ser uma ferramenta que permi-tia individualizar, classificar e distinguir socialmente os indivíduos. As restrições variavam do básico como, por exemplo, o fato de que as mulheres deviam cobrir a ca-beça à leis mais severas que proibiam que um não no-bre se vestisse como nobreza. Essa espécie de “código indumentário” surge, principalmente, devido às diferen-ças entre as classes sociais, onde o fosso da desigualda-de entre ricos e pobres era abismal.

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A evolução do

traje ao longo da

Após a queda de Roma em 476 d.C., Constantinopla (Istambul) tornou-se o centro do mundo Bizantino. Com a ascensão do império veio opulência e uma fusão de estilos grego, romano, do oriente médio e orientais.As roupas surgiram como indicadores do status social, exemplificados pelo ImperadorJusti-niano e sua consorte Teodora e suas longas e fluidas sedas, ricamente trabalhadas com incrustações de jóias e fios de ouro. Os véus e sedas usados pelas mu-lheres e as túnicas e mantos usados pelos homens fo-ram desenvolvidos a partir de vestido oficial romano. Algumas das peças de vestuário, nomeadamente o manto, a casula (veste exterior) e dalmatikon (ampla túnica de manga), foram formalizados pelos ortodo-xos e pela igreja católica. Enquanto a nobreza gozava de luxos e roupas ornamentadas, os trabalhadores pobres usavam túnicas de lã simples, calças na altura dos joelhos para os homens, botas e uma longa capa por cima.

Estilo Bizantino 476-600

“ Que nunca me falte o púrpura, que eu não viva para ver o dia em que os homens não me chamem

de Sua Majestade

”Proclamou a Imperatriz Teodora em 532 em reposta aos que se revoltaram contra o governo

de seu marido, Imperador Justiniano

Idade Média

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A moda e as GEOGRAFIAS600-1100Diferentemente do que conhecemos hoje associado ao conceito da moda vista nas passerelles, que muitas vezes são consideradas obra de arte, dignas de obser-vação, porém pouco práticas, a moda medieval, esteve, também, ao serviço da utilidade. Porém, é importante salientar a simbologia do traje enquanto iconografia do poder e suporte para afirmação e distinção social. Em áreas do norte da Europa (povos germânicos, francos, e de língua nórdica) devido ao clima frio, as roupas de-viam ser sobretudo quentes e impermeáveis e, por isso, a lã era o principal tecido utilizado. Diferentemente do que conhecemos hoje associado ao conceito da moda vista nas passerelles, que muitas vezes são considera-das obra de arte, dignas de observação, porém pouco práticas, a moda medieval, esteve, também, ao serviço da utilidade. Porém, é importante salientar a simbologia do traje enquanto iconografia do poder esuporte para afirmação e distinção social. Em áreas do norte da Eu-ropa (povos germânicos, francos, e de língua nórdica) devido ao clima frio, as roupas deviam ser sobretudo quentes e impermeáveis e, por isso, a lã era o principal tecido utilizado. Já nas regiões mais quentes do Medi-terrâneo, para proteger, mas ao mesmo tempo aliviar o calor, as roupas eram mais leves, fabricadas em tecidos finos como lençóis, lãs (finas), e sedas – de acordo com o poder de compra das pessoas. para proteger, mas ao mesmo tempo aliviar o calor, as roupas eram mais leves, fabricadas em tecidos finos como lençóis, lãs (finas), e sedas – de acordo com o poder de compra das pessoas. Quanto ao vestuário geral, tanto homens como mulhe-res usavam túnicas soltas (sobre camisas de linho, consi-deradas como roupa interior), que variavam nas formas de costura, ou nos cintos utilizados. Nas estações mais frias, sobre as túnicas, eram sobrepostas mantas ou te-cidos mais pesados (uma espécie de casaco), muitas ve-zes com tecidos caros, de acordo com a possibilidade económica e a posição social do indivíduo. Para manter as pernas aquecidas e protegidas, os homens utilizavam bandas de lã ou couro, abaixo do joelho (o que com a evolução da moda viria a ser chamado de “calças”). Al-gumas peças que sobreviveram até nós, nomeadamen-te de corpos preservados, revelam um especial gosto por peças elegantes, adornadas com bordados, tecidos sobrepostos (pequenas aplicações de tecidos que orna-mentavam a peça principal) e jóias intrincadas.

As extravagantes vestes da Im-peratriz – adornadas com fio de ouros, jóias e de cor púrpu-ra, enfatizavam a sua riqueza, poder e status. Sua influência na moda é Intemporal, prova disto é a coleção Paris-Byzan-ce Spring 2011 – Chanel, cria-da pelo renomado estilista Karl Lagerfield, e inspirado na figu-

ra e nas vestes de Teodora.

ParisByzaNce SS11 Chanel

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O traje da Alta Idade Média 900-1100Conforme as pessoas foram se estabelecendo em so-ciedades estáveis, diferentes estilos de vestuário foram criados. O Sacro Império Romano de Carlos Magno e os mosteiros da Inglaterra anglo-saxónica registraram de-talhes da roupa em manuscritos iluminados. As mulhe-res usavam uma túnica sob uma roupa de linho, e mui-tas vezes sobre o vestido exterior também. Ainda havia pouca diferença entre o vestuário clerical e secular, tudo continua a ser baseado em princípios romanos antigos (de retângulos drapeados). Áreas do sul das atuais Es-panha e Itália, em particular, queriam mostrar vínculos com o antigo império, sendo o seu vestuário desenhado de acordo com o estilo romanesco. As mulheres cobriam a cabeça com véus de acordo com os ideais cristãos de modéstia piedosa. Como a tecnologia têxtil melhorou, as pessoas usavam mais tecido em suas roupas, a seda oriental, oriunda de locais distantes como a China ultra-passou as produções locais em complexidade e beleza, tornando-se altamente valorizada.

Moda, LITERATURAe Cruzadas1100-1200No século XII – uma época de cruzadas, romances de ca-valaria, a moda tornou-se cada vez mais extravagante. Inspirada pela moda sofisticada e vívida do sul do Medi-terrâneo, as roupas tornaram-se mais ajustadas ao cor-po, mostrando as suas anatomias, curvas e formas pela primeira vez. Até mesmo nos contos de amor, a evolu-ção da moda é retratada, através da evocação de figuras envolvidas em vestidos de seda e camisas bordadas e rendilhadas. Embora o vestuário ainda se baseasse prin-cipalmente em cortes retangulares e triangulares, o uso de uma banda que ajustasse o tecido reto e largo ao de-senho do corpo tornou-se habitual. Mesmo as mulheres comuns utilizavam suas túnicas mais justas na linha da cintura, nos braços e nos quadris. Também as roupas masculinas tiveram os cortes e as formas alteradas, pas-sando para túnicas mais compridas e alongadas, porém mas justas ao corpo. Nobres de ambos os sexos usavam o brial – uma espécie de túnica em seda fina, com bai-nha e mangas compridas. Acessórios pendentes, sapa-tos pontiagudos, cabelos compridos, mantas e capas elaboradas tornaram-se característicos nesta época.

Traje do dia-a-dia, baseado na forma e no corte das túnicas romanas, séc XI.

Rei Davi – representação do Rei Bíblico proveniente de um manuscrito, séc XI. O seu traje revela pormenores muito elaborados (entrançado, pregueados).

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É essencialmente a partir desta cronologia que o vestuário secular e religioso começa,

verdadeiramente, a diferir.

O Clero e o Povo 1000-1450No vestuário da Idade Média, o luxo era um privilégio da minoria rica, incluindo a nobreza, os comerciantes, e o clero. Pessoas comuns: camponeses e camponeses li-vres, artesãos e trabalhadores do comércio ou profissio-nais - usavam versões mais simples que lhes permitiam fazer o seu trabalho. Suas roupas eram mais curtas, de tonalidades opacas, muitas vezes produzidas em casa. Peças do vestuário, como aventais, funcionavam para guardar/transportar ferramentas e também pra prote-ger a roupa inferior. Por norma, os camponeses utiliza-vam peças de linho sob a roupa de trabalho. Aprendizes e profissionais ostentavam vestes que indicavam o seu estatuto, formação e profissão, diferenciando-os assim dos demais.

Quanto ao vestuário religioso, embora o estilo das túnicas continuasse tradicional, a Igreja utilizou os tecidos da melhor qualidade com os melhores bordados para vestir cardeais e bispos, assim como

para adornar altares.

Estudioso Italiano representado com livro – porme-nor iconográfico que revela instrução.

Indumentária para viúvas, freiras e mulheres idosas; por norma vestiam-se modestamente e mantinha a cabeça e

o pescoço cobertos.

Traje dos Músicos – normalmente eram vestes elegantes feitas a partir de tecidos coloridos, ou ricamente trabalhados em função de proporcionar um movimento gracioso enquanto esses tocam

os seus intrumentos.Vanitas&Culture#14

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O traje e a AFIRMAÇÃO SOCIAL 1200-1300No século XIII, as roupas tornaram-se mais volumosas, tanto nas vestes femininas quanto nas masculinas essa mudança é expressa. Ao ganhar mais volume, alteraram-se também as formas, assim, na parte superior das man-gas, ao redor da cava criou-se mais volume pelo uso de mais tecido, enquanto na parte inferior das mesmas, o tecido manteve-se justo. Com a alteração do volume dos tecidos, a túnica elementar passou a ser uma peça demasiado “básica”. Quanto aos ornamentos que as mulheres utilizavam para cobrir a cabeça (espécie de toucado), estes ainda de cortes simples, apresentavam um elegante drapeado e foram tornando-se mais com-plexos ao longo do tempo. Para o adorno e proteção dos cabelos, as mulheres usavam ainda redes ou uma variante de toucado, que eram atadas através de fitas debaixo do queixo e ciclets (espécie de armação) ao re-dor da cabeça. Na “moda” masculina, os homens usa-vam pequenos “chapéus” redondos e passaram a estili-zar os cortes e feitios das barbas. Para além da evolução no vestuário e acessórios, também a forma de estar em público - inspirados pela poesia e pelos ideais de bele-za e glamour dos romances- sofreu transformações; as mulheres passaram a encaracolar os cabelos, a andar graciosamente - balançando os quadris suavemente, ou a segurar um manto em torno do corpo de modo a exibir uma cintura fina. Dada as inovações técnicas e ao desenvolvimento do comércio, uma maior quantidade de tecidos foi disponibilizada para as classes sociais inferiores, o que levou à alteração das leis suntuárias – que determinavam o que as diferentes classes podiam ou não vestir- tais leis que, de um modo geral, foram pouco eficazes.

Antes da introdução do tear horizontal (c. 1000), toda a te-celagem Europeia era feita em teares verticais, num proces-so extremamente trabalhoso, normalmente desempenhado por mulheres que trabalhavam em casa. Quanto ao tratamento dos tecidos, no caso da Lã, a fibra mais comum, esta tinha de ser tosquiada, limpa e cardada (escovada). Dada a complexi-dade e dificuldade do proces-so artesanal de produção, o vestuário foi baseado princi-palmente em linhas retas, unin-do as ourelas (bordas da tela) para minimizar o desperdício.

O século XII marca o início de inovações técnicas e novos processos de produzir e traba-lhar o tecido, desenvolvimen-tos que se estenderam até ao século XIV. Foi neste período que o corte tradicional e rudi-mentar das túnicas dá lugar a silhuetas mais definidas e adap-tadas as anatomias do corpo

humano.

Também na produção dos teci-dos e nos custos dos têxteis ve-rificou-se um desenvolvimento significativo. A substituição de teares verticais por hori-zontais, permitiram uma produ-ção mais rápida e eficaz, o que rapidamente refletiu-se na re-dução dos preços das roupas.

para adornar altares.

iNOVAÇÕES TÉCNICAS

Para além da evolução no vestuário e acessórios, também a forma de estar em público – inspirados pela poesia e pelos ideais de beleza e glamour dos romances- sofreu trans-formações; as mulheres passaram a encaracolar os cabelos, a andar gra-ciosamente – balançando os quadris suavemente, ou a segurar um manto em torno do corpo de modo a

exibir uma cintura fina.

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Traje de Luxo ao longo da

Traje imperialCarolíngio

MajestadeImperial

Representação do Imperador Carlos Magno.

O imperador ostenta um sumptuoso traje feito de seda e gemas incrustadas; o manto em cor de damasco é particularmente extravagante, sen-do ainda ornamentado com motivos de pérolas.

Esta iluminura, c.990, retrata o Imperador do Sacro Império Romano, Otto III, cujo traje é re-presentado da forma mais luxuosa possível. Sua túnica é de seda tingida de vermelho, ornada com pedras preciosas e ouro. A coroa, a esfera e

o cetro assinalam a sua autoridade.

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Traje de Luxo ao longo daIdade Média

EsplendorReal

Como convinha a um governante, o rei franco Carlos II, c.870, usava roupas de fina quali-dade. O longo manto, em seda, era uma das principais características da iconografia do poder, a qualidade e o esplendor dos tecidos, reforçavam a imagem de autoridade, riqueza

e poder.

NobrezaBizantina

Seda Bizantina , representação feminina da nobreza do séc. X. Acredita-se que as mulheres das hierarquias sociais elevadas, normalmente, vestiam-se com ricas sedas, de cores luminosas, e com túnicas justas ao corpo, reveladoras de silhuetas. Nesta representação, a túnica interior, tingida de azul (cor associada à nobreza), era

provavelmente feita de seda – material dispendioso.

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A tapeçaria de Bayeux (na ver-dade, um bordado) para alem de documentar a invasão norman-da em Inglaterra em 1066, ilus-tra a moda da época: a túnica, em forma de “T”, com inserções de plenitude. Foi o vestuário bá-sico para saxões e normandos, mas a tendência para usar tú-nicas curtas era relativamente nova - uma das muitas formas continentais que o rei Eduar-do, o Confessor introduziu quando subiu ao trono Inglês, em 1024, após o exílio na Cor-te da Normandia.A maioria dos homens usava duas túnicas: uma túnica interior, de linho, cober-ta por uma sobre-túnica. A sub--túnica (túnica interior) as ve-zes era mais comprida, de modo que a parte inferior da mesma era visível abaixo da bainha da sobre-túnica. Na linha dos ombros, as túnicas tinha uma fenda na parte da frente do pes-coço, limitado por uma banda ou Colar, muitas vezes em uma cor contrastante. Cintos eram utilizados na altura da cintu-ra ou abaixo dos quadris (para dobrar o comprimento extra do tecido). Embora as túnicas fos-sem peças comuns, a qualidade do tecido diferia e refletia a riqueza do portador. A aristo-cracia retratada na tapeçaria, muitas vezes com o indicador esticado a dar ordens, aparece vestida com túnicas de seda, com bordados dourados im-portados do Oriente. As cores brilhantes exibidas eram fruto de corantes caros. Já a roupa das pessoas comuns e operá-rios são extremamente simples: túnicas grossas, em cores opa-cas como castanhos, azuis e verdes (corantes de plantas) e

variações de cinzentos.

Tapeçaria Bayeux: Túnicas

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Cavaleiros e armaduras 600-1449As armas e armaduras usadas pelos guerreiros medie-vais evoluíram ao longo do tempo de acordo com os novos desenvolvimentos bélicos e das técnicas de mo-delar metal. Devido às constantes disputas territoriais e sucessivas invasões, os cavaleiros deviam ser sobretu-do eficientes, capazes de se defender face aos ataques dos adversários. No início da Idade Média, os homens de guerra lutavam empunhando espadas, lanças, arcos e flechas, a pé ou a cavalo, e para proteger o corpo uti-lizavam camisas de manga curta, feitas a partir de uma malha de anéis de metal entrelaçados. Posteriormente, equipamentos mais eficazes como a couraça começa-ram a ser desenvolvidos no século XII, para resistir a bes-tas mais eficientes que disparavam parafusos que po-deriam perfurar as malhas menos resistentes (soft mail). Por vezes, algumas armaduras foram feitas em couro endurecido por fervura, mas em meados do século XV, os cavaleiros já vestiam fatos completos – “armaduras brilhantes”.

Inovações formais 1300-1380A grande conquista no vestuário medieval do século XIV foi a mudança formal da indumentária – o drapeado ex-cessivo e o caráter largo das roupas, dá lugar a peças mais justas, que revelavam o as formas do corpo, mar-cando assim o início da alfaiataria. Aplicações e fechos, essencialmente botões, tornaram-se muito comuns, presentes nas novas aberturas frontais e ao longo das mangas compridas e justas. Esta nova tendência de fe-chos e abotoamentos ajudou a esculpir as figuras, tanto dos homens como das mulheres, afunilando as cinturas e enfatizando os quadris. Outra inovação consistiu nos estofamentos, ou seja, moldes que esculpiam e aumen-tavam a zona do peito (masculino e feminino). Quanto às cores, estas passaram a contrastar ao invés de condizer e o parti-coloured tornaram-se muito populares. Devido à essa sucessão de acontecimentos, as roupas tendiam a refletir ainda mais os estatutos sociais, contudo a di-versidade de tecidos e a variedade de acessórios, tou-cados, cintos, luvas e sapatos, tornaram possíveis aos menos favorecidos copiar, de certa forma, a iconografia dos mais abastados, desvanecendo minimamente as diferenças sociais (através vestuário). Acredita-se que foi a partir desta cronologia que as mudanças na moda setornaram mais rápidas e evidentes.

Grandes evoluções formais.Na viragem do século XV, a moda para a nobreza tor-nou-se mais extravagante – a melhoria das tecnologias permitiu aos tecelões uma maior liberdade criativa, e assim criaram-se padrões de entrelaçamento, de frutas e de flores, motivos simétricos e geométricos entre ou-tros. Com melhores teares e o método de fabrico me-nos laborioso, a nobreza passou a ter mais opções de escolha a nível de padrões e complexidade dos tecidos. Os famosos vestidos longos, volumosos que eram arras-tados pelo chão, eram então uma forma de ostentação pessoal, cuja mensagem transmitida era que o seu uten-te era suficientemente rico para pagar grandes quanti-dades de material. Ambos os sexos usavam uma vesti-menta externa volumosa chamada houppelande – esta vestimenta costumava ter uma espécie de “gola” larga, ao redor dos ombros, com muitas camadas de tecido (volume) e as mangas, longas e largas eventualmente eram adornadas com pequenos sinos. Para as mulhe-res, a silhueta era longa, com uma cintura alta em de-trimento da zona do peito, a mulher deveria caminhar com a barriga saliente e com os quadris corretamente alinhados – isto ajudava a equilibrar suportar o peso do tecido, assim como sugerir fertilidade.

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Tendências REGIONAIS

O século XV viu na mistura elétrica de estilos regionais o “início” das peças que hoje conhecemos como calças. Os homens normalmente usavam pares de calça indivi-dual (espécie de “meia” que vestia apenas uma perna), utilizada sob uma túnica (esta, cada vez mais curta). Em bora as roupas se tenham tornado mais vívidas – graças a melhoria da qualidade na tinturaria e na tecelagem – o negro ganhou lugar na moda, especialmente para as “classes médias”, que passaram a poder comprar mais roupa. Entre as grandes novidades desta época estão as “pernas” individuais, que passam a ser costuradas, dan-do origem as “calças” atuais e a arte da chapelaria, que tornou-se mais inovadora ao introduzir cones de feltro, capuzes em drapeado, chapéus de palha, gorros de seda e de pele e diversos toucados; também as mangas tornaram-se mais elaboradas e criativas.

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Novidade e LUXO

A partir do final do século XIV e inícios do séc. XV a ma-neira de vestir tornou-se cada vez mais extravagante e aparatosa. Os vestidos femininos (houppelands) torna-ram-se cada vez mais luxuosos, assim como os touca-dos, cada vez maiores, com armações inclusive. Tam-bém os decotes femininos tornaram-se mais profundos, em contraste com as golas altas das roupas interiores.No caso do vestuário masculino, os drapeados, os cin-tos e as longas mangas transmitiam a ideia de ostenta-ção e luxo.

Este Fragmento de seda com um padrão de leões e harpias mos-tra a extraordinária habili-dade dos tecelões do século XII. Os tecidos de seda, foram sempre considerados como um produto luxuoso e caro, va-lorizado pela sua delicadeza, transparência e luz. Peças em seda eram consideradas como prendas ideais para os que per-tenciam à elite, dado o seu cus-to e sobretudo à sua durabili-

dade e resistência.

Sedas

Embora as pessoas comuns (po-bres) pudessem tingir as suas roupas, dada a dificuldade de tingimento do linho, as rou-pas eram usadas na sua paleta natural de cor – variações de cinzento ou bege esbranqui-çado. Os corantes vegetais produziam tonalidades de cas-tanhos, amarelos e azuis, que eram fixados nos tecidos com “mordentes”, uma espécie de mi-neral que fazia com que a cor penetrasse aos poucos em cada parte do tecido. Os vermelhos e o púrpura, para além de serem caros, eram difíceis de produ-zir, portanto, só a partir do sé-culo XV é que o uso dessas co-res tornam-se mais correntes.

Tingimento de têxteis

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INOV

AÇÕE

S TÉC

NICA

S.int

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l.

A evolução do traje ao longo

Estilo Bizantino 476-600

“ Que nunca me falte o púrpura, que eu não viva para ver o dia em que os homens nãome

chamem de‘Sua Majestade.

O traje da Alta Idade Média 900-1100

O traje1100-1200

É essencialmente a partir desta cronologia que o vestuário secular e religiosocomeça, verdadei-

ramente, a diferir.

O Clero e o Povo 1000-1450

c. 10

00

Quanto ao vestuário religioso, embora o estilo das túnicas continuasse tradicional, a Igreja utilizou os tecidos da melhor qualidade com os melhores bordados para vestir carde-ais e bispos, assim comopara adornar altares.

Roupa como indicador de status social.Inscrustação de jóias e fios de ouro.

Pouca diferença entre o vestuário secular e clerical. Espanha e Itália com um estilo

romanesco.

O brial é unisexo.Roupas cada vez mais extravagantes. Rou-pas mais ajustadas ao corpo feminino, na

cintura, braços e quadris.

Roupas mais curtas, de tonalidades opa-cas, produzidas em casa. As vestes eram indicadores do estatuto, formação e pro-

fissão.

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A evolução do traje ao longo Idade Média

O traje e a Afirmação

Social

Inovações formais

1300-1380

Moda e SOCIEDADE

600-1449Embora o universo da moda estives-se em constante mudança, alguns aspetos permaneceram rigidamente definidos. A moda passou a ser uma ferramenta que permitia individuali-zar, classificar e distinguir socialmen-te os indivíduos. As restrições varia-vam do básico como, por exemplo, o fato de que as mulheres deviam cobrir a cabeça à leis mais severas que proibiam que um não nobre se vestisse como nobreza. Essa espé-cie de “código indumentário” surge, principalmente, devido às diferenças entre as classes sociais, onde o fosso da desigualdade entre ricos e pobres era abismal.

Roupas mais volumosas alterando as for-mas. Uso de toucado nas mulheres, cada

vez mais complexos.

Drapeado excessivo e peças cada vez mais justas. Início da alfantaria.

Aplicação comum de fechos e botões.

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Evolução doCalçado

Buskins.As Buskins podem ser descritas como botas de cano médio, feitas em pele ou tecido variado, possuíam uma abertura para os dedos dos pés e eram arrematadas através do entrelaçado de cordões. Acredita-se que este tipo de calçado tenha surgido durante a Antiguidade Clássica, sendo muito popular por toda a Grécia Antiga, Etruscos, chegando até as sociedades romanas. A pala-vra buskin – meia bota; apenas reconhecida em Ingla-terra no ano de 1503 é de origem desconhecida. Durante a Idade Média, as buskins tornaram-se muito populares entre os Imperadores e os mais abastados, sendo consi-derada como um calçado nobre. E, por isso, as buskins passaram a fazer parte da indumentária do imperador, normalmente em cor púrpura, ricamente bordadas e adornadas com ouro e motivos animais, como águias de duas cabeças. Dada a popularidade, beleza e simbo-logia associada aos buskins, estas passaram a fazer par-te da indumentária litúrgica da Igreja, com um formato diferente. Ao invés de botas, as buskins litúrgicas eram meias cerimoniais, entrelaçadas com fio de ouro, pesa-damente bordadas e utilizadas pelo sumo pontífice du-rante as missas mais importantes. As buskins litúrgicas foram usadas pelos sacerdotes até cerca do século VII, passando a ser, a partir de então, reservadas ao uso ex-clusivo dos bispos, como um privilégio episcopal.

De Buskins aos Loafers

Loafers.Dada a necessidade de destacar os sacerdotes de Deus na terra, foram criadas diferentes indumentárias e cal-çados, sempre de acordo com a ocasião para as quais eram destinadas. Uma vez que as meias papais eram utilizadas durante a liturgia, surge a necessidade de criar outro calçado para o uso exterior – loafers. Os loafers eram sapatos papais de couro, de cor vermelha, feitos para serem usados ao ar livre. Assim como muitos no-bres, o papa não usava o calçado exterior dentro de sua residência, por sua vez, usava chinelos interiores, tam-bém na cor vermelha, feitos em veludo ou sedas e deco-rados com galões de ouro ou uma cruz.

Um conjunto de loafers vermelhos, feitos á mão pelo sapateiro papal Adriano Stefanelli, de Novara.

Estes pertenciam ao Papa Bento XVI

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ChopineChopine é o nome dado a um dos modelos de calça-do feminino de plataforma, criado nos finais da Idade Média, também popular durante os séculos XV,XVI e XVII. Inicialmente o chopine era apenas uma base elevada adicionada a sola do sapato, de forma a proteger os pés e os vestidos numa saída a rua, evitando que estes se sujassem. Para além do seu sentido prático, a altura do chopine tornou-se um símbolo cultural, um novo espe-lho do status de quem o usava. Assim sendo, quanto mais alto, mais importante seria o estatuto da mulher que o usava.

Calçado BIZANTINO vs. Moda CONTEMPORÂNEAMuito do que sabemos sobre o calçado bizantino é de-pendente de suposições baseadas em outras áreas da vida bizantina. Sabemos que o Império Bizantino come-çou como o Império Romano do Oriente e que a maioria dos costumes de vestuário são baseados em roupas ro-manas, por isso, provavelmente, os calçados bizantino eram semelhantes as sandálias (solea) e sapatos cober-tos (calceus) usados pelos romanos. Mas também sabe-mos que os bizantinos foram profundamente influencia-dos pelas trocas comerciais com Oriente Médio e com Oriente, por isso não seria surpreendente ver, nos raros lampejos de calçados bizantino, sapatos de seda borda-da e cobertos com jóias.

Nos tempos medievais, a bacia do Mediterrâneo era o centro mais avançado no mundo para a aprendizagem, tecnologia e comércio. A importação de bens de luxo para as regiões do Medi-terrâneo e Norte da Europa têm uma longa história, antes e de-pois da era das Cruzadas (1095-1291).Da antiga Rota de Seda – China – que atravessava a Ásia Centra, vieram os luxuosos e caros têxteis. Também as téc-nicas de tecelagem orientais conquistaram espaço em Bi-zâncio e na Pérsia, assim como em áreas islâmicas a Norte de África e Andaluz,o reino dos Mouros a Sul de Espanha. Ve-neza fez sua fortuna através do controle do comércio de luxos com o Oriente Próximo. Durante a Idade Média as cul-turas do Oriente e do Ocidente estiveram constantemente em contacto, promovendo o in-tercâmbio cultural, fundindo

e criando novos estilos.

trocacultural e fusão de estilos

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Os sapatos medievais, em cou-ro, sobrevivem em números mui-to maiores dada a natureza do material em que são produzi-dos, do que as indumentárias em tecidos frágeis. Estes exem-plos, provenientes de Londres, mostram alguns dos modelos de sapatos utilizados duran-te a Idade Média. A decoração “Piercing” (espécie de pontilha-do recortado) ou incisão com padrões decorativos eram mui-to populares e os sapatos dos nobres e dos mais abastados era ornados com sedas. O pou-laine shoe era normalmente preenchido (parte pontiaguda) com lã para que a forma se mantivesse.Dada a dificuldade em manter os pés secos, as pes-soas usavam uma espécie de “ta-manco”, com sola de madeira (cunhas) que os elevavam e man-tinham-nos acima da lama e do esterco enquanto caminhavam.

Sapatos de couro

Sapatos de couro com medalhões.O mundo bizantino contou com uma variedade de cal-çados, as botas foram usadas por soldados e operários, os chinelos por monges e clérigos e as sandálias por au-toridades do governo; já os pobres, dada a sua condi-ção, andavam com os pés descalços.

Calçado do Sacro Imperador Romano, c. 1220.Acredita-se que este par de sapatos tenha sido feito an-tes de 1220 para o Imperador Frederico II daí o empre-go de materiais nobres e dispendiosos: pele de bezerro, seda vermelha, pérolas e pedras preciosas.

Alexander McQueen AW1011.Da coleção Outono-Inverno 2010/2011 de Alexander Mcqueen, inspirada em vestes e calçados medievais este par de “botins” consiste na interpretação do cria-dor contemporâneo sobre aquilo que seria o calçado medieval para a nobreza. Com a diversidade cromática, ouro e pedras preciosas, Alexander Mcqueen explora o traje histórico dando sempre o seu toque pessoal irre-verente tão característico.

Dolce & Gabbana AW13/14.Dos gigantes da Alta-costura italiana Domenico Dolce e Stefano Gabbana, a coleção Outono-Inverno 2013/2014 traz as cores dos mosaicos da Basílica de S. Marcos para as passerelas. Inspiradas nas linhas gerais da moda Me-dieval, sobretudo nas cores, formas e cortes do traje Bizantino, as peças conjugam o passado e o presente, criando looks para a mulher moderna e elegante do sé-culo XXI.

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Joalharia MedievalBeleza, riqueza e ostentação ao serviço da Iconografia do PODERÉ fundamental compreender a História da Joalharia da Idade Média enquanto herdeira de múltiplas culturas, essencialmente greco-romana e oriental. Assim, as pe-ças desenvolvem-se como uma “síntese” de diferentes heranças visuais, que se vão desenvolvendo ao longo do tempo, também associadas às novas tecnologias e materiais que permitiram a criação de um estilo muito característico. Grande qualidade artesanal aliada à di-versidade de materiais e uma paleta cromática exten-sa, diferentes tipos de peças e acabamentos destinados a funções específicas, são as principais características destas jóias, ainda hoje, consideradas como icónicas.

Primeiras Peças.Um dos aspectos mais relevantes da joalharia do perío-do Bizantino (cristão) é a adoção de características Clás-sicas (Helenísticas e Romanas).

“ Quando observamos a variada gama de ma-ravilhosos objetos produzidos pelos ourives medie-vas; de broches e fivelas de cinto à coroas, cálices, relíquias e altares, podemos apreciar a grande qua-lidade e minucia fruto do trabalho artesanal (...) O engenho dos artesãos era ilimitado, bem como a diversidade de matérias que utilizaram; pérolas,

pedras preciosas, esmalte e camafeus em abundância.

”Neste colar, por exemplo, temos a junção dos estilos grego e romano, onde a forma do colar é tipica do período Helenístico e as contas cilin-dricas que separam os pendentes, podem ser encontrados em peças

do período romano tardio.

Pendentes. Os pendentes de ânforas, inicialmente, foram um dos motivos mais favorecidos nas jóias Medievais, tendo sido substituídos pelas cruzes em talha dourada, que tornaram-se populares no século VI.

Importância e uso.Ao longo do tempo, as jóias foram sempre tidas como bens preciosos, sobretudo durante o Império Bizantino. Eram usadas fundamentalmente para adornar objetos e vestuário, e principalmente como adereços para o cor-po humano (orelhas, pescoço, braços, dedos e cinturas).

Tidas como uma forma de nobilitar a própria imagem, homens e mulheres ostentavam cintos, fivelas e bro-ches, adornados com filigrana e arabescos em ouro, pérolas e esmalte.

Materiais e Técnicas.Dada a posição privilegiada de Constantinopla, seja do ponto de vista econômico ou cultural, a joalharia deste período contempla uma variedade de gemas trazidas por mercadores de regiões como o Golfo Pérsico, Ásia, África, entre outros. À semelhança dos mestres de Roma, os ourives bizantinos preferiram o uso da folha de ouro fino para peças de grande escala, associando sempre variadas pedras preciosas: pérolas do Oceano Índico, lápis-lazúli da Ásia Menor, ágatas, rosas quartz/quarts, esmeraldas e ametistas. Como resultado da diversidade de materiais empregues, surgem jóias com uma pale-ta cromática arrebatadora, às quais foram adicionados acabamentos em esmaltagem e incrustação, juntamen-te com várias ligas de ouro esverdeado, rosa ou verme-lho. O uso da cor, empregue com grande destreza pelos artesãos, também estava presente através de técnicas de esmaltação. O processo de esmaltagem era utilizado como um acabamento para colorir as jóias. O esmalte atingiu alto grau de refinamento técnico, sendo muito corrente, a técnica denominada closoinné.

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As imagens de mosaicos, como o da Igreja de São Vital em Ravena entre outras,são tidas como uma das principais fontes de estudo da joalharia medieval. As representações nos mosaicos sugerem o uso de broches, coroas, cruzes, fivelas e gemas. A arte dos ourives não estava limitada à objetos de ornamentação, podendo também ser encon-tradas em objetos litúrgicos, assim como cetros e diademas.

Joalharia Medieval vs. CHANELPARIS-BYZANCE, Maison Chanel 2010/2011.O interesse pelas jóias de inspiração Bizantina torna-ram-se populares aquando do lançamento da coleção “Paris-Byzance”, da maison Chanel. As peças da cole-ção, cuja religião aparece como tema principal, carac-terizam-se pelo uso de gemas e filigrana, concebidas de acordo com uma interpretação daquilo que resultaria da junção das culturas orientais e ocidentais.

Joalharia Medieval vs. DOLCE&GABANNADolce & Gabbana AW1314.A coleção Outono-Inverno 2013/2014 Dolce & Gabbana, mostra uma variada gama de acessórios inspirados na Regalia Imperial e jóias características do Império Bizan-tino. Cruzes e coroas inspiradas na Regalia Imperial e nas jóias litúrgicas complementam as peças de alta-cos-tura, trazendo o esplendor e a magia da História para a passerela.

Moda

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IMPERIAL REGALIAVS.CHANELRegalia Imperial.Conjunto de objetos do Imperador chama-se Regalia. A regalia faz parte do aparato da corte e teatralidade do Império, e é composta por objetos fundamentais como: trono, coroa, cetro, capa dourada ou púrpura, espada e um globo.

PARIS-BYZANCE, Maison Chanel 2010/2011.No ano de 2011, a renomada maison Chanel lançou uma coleção de jóias e vestes inspiradas na Regalia Im-perial do período Medieval. A coleção apresentou em cada uma das peças a herança cultural e as característi-cas dominantes do traje e da joalharia da Idade Média. A riqueza do traje histórico foi explorada e trabalhada de-talhadamente, sobretudo pelo uso de tecidos nobres e materiais preciosos. Com esta coleção, a maison Chanel conseguiu aliar o esplendor histórico da Corte Medieval ao corte e modelagem, moderno e icónico, introduzidos pela mademoiselle Coco Chanel.

Escassas foram as roupas me-dievais que sobreviveram até nós completas e em bom estado de conservação. Alguns dos melhores exemplos datam do século XIII, em particular uma peça pertencente a um membro da família real Castelhana, en-contrado num dos túmulos do Monastério de las Huelgas, em Burgos, Espanha.Um túmulo do jovem príncipe, de 1275, revelou um aljuba atada (túnica) e um manto. O conjunto de roupas combinando, chamada de “robe”, é da mais fina seda e ouro sami-to mouro, tecida com os casa-cos de braços real dos reinos de Castela e Leon. Os achados confirmam a precisão de ilumi-nações contemporâneas e sua

utilidade como registros históricos.

Relíquias Medievais

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Traje Medieval vs.

Dolce&GabbanaBizantine Mosaic CollectionA coleção Dolce & Gabbana Fall 2013 apresenta peças ins-piradas na arte do mosaico religioso bizantino do século XII. Reis, santos, animais e símbolos da iconografia bizan-tina são reproduzidos com habilidade extraordinária em peças de vestuário e acessórios embelezados por pedras preciosas, lantejoulas e filigrana.

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Detalhe,Ruggero II, Palermo

Detalhe, Guglielmo II, Duomo di Monreale

Tributo a Santa Agata

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Poder Medieval vs.

Dolce&Gabbana“Once upon a time in Sicily...”

“Once upon a time in Sicily …” é o nome dado à cole-ção Dolce & Gabbana Outono-Inverno 2014/2015. Mais uma vez os criadores Domenico Dolce e Stefano Gabba-na servem-se da História como fonte de inspiração para criar peças contemporâneas carregadas de simbologia. Não é a primeira vez que a cronologia escolhida é a Ida-de Média, contudo,nesta coleção é o poder e a afirma-ção social através do traje que é explorada. Pela conju-gação de elementos do traje militar dos cavaleiros (cota de malha) e acessórios característicos da regalia (luvas e sapatos com incrustações de pedras preciosas), a men-sagem de Poder e força é transmitida.

Na coleção feminina as modelos aparecem com peças características da armadura masculina, que simbolica-mente, reforçam o papel de mulher independente ou da mulher autossuficiente que tem homens sob o seu co-mando. O corte e material dos tecidos, assim como os comprimentos reduzidos exploram ainda outra verten-te, a sexual e, o controle feminino sobre a mesma.

Já na coleção masculina, a virilidade e o poder são ex-plorados através do corte justo dos tecidos, que dão especial enfoque às formas do corpo de um modo ele-gante. É notável o padrão dos tecidos onde o contorno de catedrais românicas e góticas aparecem levemente desenhadas a branco sobre um fundo escuro.

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Os avanços na tecnologia do tratamento dos metais foram fundamentais, uma vez que al-teraram o tipo de proteção utilizados pelos cavaleiros. Nos séculos X e XI os soldados carregavam um escudo como uma primeira linha de defesa e utilizavam uma cota de malha com capuz, coberto por um ca-pacete para proteger a cabeça. Somente no século XV os cava-leiros passaram a usar a arma-dura completa composta por várias camadas de metal, dis-pensando assim o uso do escu-do. Embora a função prática da armadura – a de segurança e proteção- fosse a mais impor-tante, esta inspirou também a literatura e os ideais cavalhei-rescos e românticos da época. Portanto para ajudar o desem-penho do cavaleiro no campo de batalha, a sua amada devia oferecer-lhe uma peça de rou-pa – luva, véu ou cinto, para ser atado juntamente à armadura

em sinal de seu favor.

Peças em Metal

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Alexander McQueen AW10/11.A partir da arte e do traje bizantino, o designer britâni-co, Alexander McQueen encontrou o perfeito equilíbrio entre o passado artístico-histórico e o design futurista que o caracteriza. Influenciado pelo contraste do que já fora eterno e das formas e cores herdadas da História, e do que é a moda atual, McQueen transformou os seus tecidos em estruturas perfeitamente elaboradas com citações da realidade bizantina, provenientes da Idade Média. A arquitetura dos tecidos e o seu trabalho manu-al, transformou as próprias modelos que os ostentavam numa versão contemporânea das santas católicas e ma-donnas, que refletem ainda um certo cariz dramático e barroco proveniente da síntese artística de diversos sé-culos, fonte de inspiração do designer. Como resultado consequente da mistura das vestes usadas em contexto litúrgico e vestes retratadas em iluminuras ou pinturas a óleo eis a coleção estonteante de Alexander McQueen, o génio rebelde, que através da moda marca a sua opi-nião e a forma como a tradição deve ser interpretada.

Arte Bizantina vs.

Alexander McQueen

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Religião vs.

Alexander McQueenAlexander McQueen Pre Fall 2013.A casa McQueen nesta coleção cria a sua própria ima-gem de religião, que resulta da combinação de dois con-ceitos distintos- a mensagem de liberdade proclamada por esta e o rigor antagónico das suas manifestações, e, através da austeridade e do volume dos tecidos nos remetem para a hierarquia clerical. Embora a coleção seja destinada à um público elitista, o tratamento dos tecidos é feito de modo a que estes ganhem um aspeto de desgaste que pelo seu conteúdo formal leve à asso-ciação direta ao vestuário clerical tradicional contem-porâneo.

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HitOrMiss

HitOlsen trouxe drama a passadeira vermelha

com um vestido preto, Chanel VINTAGE.

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HitOrMissMet Ball 2014 vs.

Vanitas&Culture

Hit

Hit

Monica Belluci e Roberto Bello vestidos com Dolce&Gabbana

Janelle Monae com sapatos Jimmy Choo e jóias Kwiat.

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Curiosidades“ Os homens parecem ter-se retira-do da paisagem dos primeiros séculos da Idade Média: vastas extensões de bosque, pauis, cidades e aldeias de-saparecidas ou reduzidas nas suas di-mensões. O número de seres humanos diminui enormemente e comparação com a época imperial romana. Mas o crescimento recomeça antes do que du-rante muito tempo se supôs, e resiste tenazmente ao malho de uma violên-cia disseminada e recorrente, transfor-mando a paisagem e multiplicando os testemunhos da presença e operosida-

de humanas.

” Na antiguidade tardia a paisagem euro-peia é dominada por bosques e florestas.

“Encontrarás mais nas florestas do que nos livros. As árvores e as rochas ensi-nar-te-ão coisas que nenhum mestre te dirá” escreveu Bernardo de Claraval.

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o bosqueencantado

A floresta é sinonimo do desconhecido, a origem dos mais variados mitos e lendas, local de nascimento de animais selvagens e imaginários, e de recursos materiais sig-nificativos para a economia florestal. É o lugar de eremitas e de santos que buscam o isolamento e o palco de noites cujas len-das chegaram até nós.

“A lenda de origem céltica da caça sel-vagem e das noites de sabbath, que revive nas noites arcadas de toda a Eu-ropa, tem justamente na floresta e nas árvores a sua origem. As sagas nórdi-cas, ligadas ao mundo misterioso das florestas e dos bosques, refletem-se depois nos mitos e nas lendas, alimen-tam obras musicais e teatrais de grande poder sugestivo(...)”

“ A floresta é, desde a Antiguidade e durante toda a alta Idade Média, o ter-ritório essencial para a vida económica e social da população. Sede do mundo animal, é para os homens o lugar privi-legiado para cavalgadas cavaleirescas, partidas de caça, desafios e duelos. É o lugar ideal para o retiro dos eremitas e para o banditismo. Para quem teme perseguições ou vinganças, é um refú-gio onde se fica inalcançável e se pode

viver em liberdade.

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Then&Now

Vanessa Paradis para a Vogue Inglesa de Julho 2011

2011

2012Bianca Balti na Vogue Japão de Março, 2012

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Scarlett Johansson na capa da VOGUE Rússia, edião de Outubro, vestida pela

Dolce & Gabbana.e fotografada por Victor Demarchelier

2012

2013Scarlett Johansson por Karl Lagerfeld para Harper’s Bazaar Austrália, Setembro 2013

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2012

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Scarlett Johansson, Vogue mexico, dezembro 2013 2013Vanitas&Culture

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Emma watsonatravés das lentes de

Mario testino e styling de

camilla Nickerson

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Emma Watson na Vogue americana de Julho 2011. Fotografia de Mario Testino

2012

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Found

Lost&FoundDame Anna Wintour é a atual editora-chefe da edição norte-americana da revista Vogue, a mais conceituada e importante publicação do mundo da moda.

Em 1988, Wintour alcançou o sonho que perseguia des-de criança: ser a editora da maior e mais importante re-vista de moda do mundo - a icónica Vogue Americana. A contratação de Anna surge aquando da ascensão da concorrente francesa Elle, que cria uma variante norte--americana, procurando dominar o mercado america-no. Assim, os diretores da Condé-Nast depositaram suas esperanças em Wintour para recuperar a supremacia da Vogue mantendo-a livre da concorrência. Para esbater as demais publicações, Wintour muda completamen-te a estrutura da Vogue ao optar por conteúdos mais sofisticados e ao inserir uma nova visão estética, mais apeltiva e comtemporânea.Durante o percurso inicial, a introdução de novos conceitos para as capas, foi talvez o comtributo mais marcante de Wintour para a verista. Modelos adolescentes, rostos quase anónimos, luz na-tural, ausência de maquaigem cabelos molhados, fo-ram algumas das novidades bem sucedidas. Wintour comsagrou-se também ao descobrir e divulgar novos talentos como Marc Jacobs e John Galliano, que rapida-mente tornaram-se em nomes sonantes no mundo dos criadores e designers.

Em pouco tempo sob seu comando, a Vogue recuperou da influência de suas concorrentes diretas Elle, Harper’s Bazaar, Mirabella e Women’s Wear Daily aumentando seu faturamento e tiragem. Em 2003, Lauren Weisberger, ex-assistente pessoal de Wintour, escreveu o best-seller “O Diabo Veste Prada”, uma comédia-ficção que relata a história de editora de moda, autoritária, rude e temida, expondo o seu relacionamento com secretárias, produ-toras, assistentes e demais personagens do mundo da moda.

.

A primeira capa de Anna Wintour

Curiosidades:- Anna Wintour recebe cerca de dois milhões de dólares anuais, além de todas as mordomias inerentes ao cargo, como 50 000 dólares para roupas.- Apesar de todas as revistas da editora Condé-Nast, in-clusive a Vogue, terem secções de resenhas dos livros e filmes lançados, O Diabo Veste Prada nunca foi rese-nhado em qualquer das revistas do grupo.- Anna Wintour é umas das personalidades mais odia-das pelo grupo PETA , graças ao seu gosto por casacos de pele. - Anna Wintour foi condecorada pelo Príncipe Carlos de Inglaterra com a Ordem do Império Britânico, numa ce-rimônia que teve lugar no Palácio de Buckingham.

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LostWorking on this September’s 120th anniversary cover of a Marc Jacobs–clad Lady Gaga made me think about my very first cover as the editor of Vogue. It was November 1988, and starred the gorgeous Israeli model Michaela Bercu, photographed by Peter Lindbergh and styled by Carlyne Cerf de Dudzeele. Michaela was wearing an hau-te couture Christian Lacroix jacket with a beaded cross, all very “Like a Prayer,” and stonewashed Guess jeans. The jacket was actually part of a suit, but the skirt didn’t fit Michaela; she had been on vacation back home in Is-rael and had gained a little weight. Not that that mat-tered. In fact, it only served to reinforce the idea to take couture’s haughty grandeur and playfully throw it hea-dlong into real life and see what happened. What none of us expected was to run that picture on the cover, least

of all the magazine’s printers, who called up and asked with some consternation, “Has there been a mistake?”I couldn’t blame them. It was so unlike the studied and elegant close-ups that were typical of Vogue’s covers back then, with tons of makeup and major jewelry. This one broke all the rules. Michaela wasn’t looking at you, and worse, she had her eyes almost closed. Her hair was blowing across her face. It looked easy, casual, a moment that had been snapped on the street, which it had been, and which was the whole point. Afterwards, in the way that these things can happen, people applied all sorts of interpretations: It was about mixing high and low, Micha-ela was pregnant, it was a religious statement. But none of these things was true. I had just looked at that picture and sensed the winds of change. And you can’t ask for more from a cover image than that.

”por Anna Wintour, artigo: Honoring the 120th Anniversary: Anna Wintour Shares Her Vogue Story, vogue daily @vogue 2012

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ARTE

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DAMIENHIRST

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Biografia do artista.De origem inglesa Damien Hirst, pintor, escultor e estampador, estudou em Londres , no Goldsmi-ths College de 1986 a 1989. Desde muito cedo obteve destaque no grupo Young British Artists e, atualmente expõe suas obras nas instalações artísticas mais reconhecidas internacionalmente.

O trabalho de Hirst tem como base os dilemas humanos, onde questões existênciais como a fra-gilidade da vida, a relutância social contra a a morte, a natureza do amor e do desejo, a ingenui-dade e a falsidade são exloradas. Normalmente, as instalações do autor são reconhecidas pelo público devido à presença de animais mortos. Recipientes de vidro, como aquários ou vitrines servem de barreira entre os cadáveres e o espectador de modo a reforçar a fragilidade da barreira entre a vida e a morte.

Ao expor os corpos sem vida, Damien tem como propósito fomentar a reflexão dos visitantes, de modo a que estes reconsiderem as próprias atitudes enquanto seres vivos, ainda capazes de fazer a diferença.

Série Kaleidoscope.Criada em 2001 a série Kaleidoscope inaugurou-se com a pintura “It’s a Wonderful World”, inspirada numa ban-deja de chá vitoriana encontrada por Hirst. Os trabalhos da coleção foram apresentados pela primeira vez em 2003, como parte da exposição “Romance in the Age of Uncertainty” no White Cube, em Londres.

As obras da série Kaleidoscope são compostas a partir de milhares de asas de borboletas sobrepostas, todas elas coloridas e diferentes, de modo a formarem padrões geométricos. O uso das borboletas tem como referência o valor espiritual e simbólico associado à psique (alma) que estas possuiam segundo a cultura grega e, também ao significado que estes insetos adquiriram na iconogra-fia cristã, associados à ressurreição.

O uso das borboletas são uma das características do trabalho de Hirst, tendo sido utilizadas vivas, em traba-lhos anteriores, como na instalação “In and Out of Love “ – 1991; ou então mortas e em pinturas monocromáti-cas, onde Damien explora o antagonismo do conceito de ideal. O caráter distintivo da série Kaleidoscope con-siste na técnica compositiva, em que as pinturas asse-melham-se à vitrais religiosos, e também na minunciosa seleção em que somente as borboletas de asas irides-centes foram escolhidas.

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“ I’ve got anobsession with death ... But I think it’s like

a celebration of life rather than something morbid. ”

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Photographed by Gareth W

inters (C) D

amien H

irst and Science Ltd. All rights reserved, DAC

S 2012

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LITERATURA

Dá vontade de escrever que, tal como nos nossos dias, já a França ditava a moda na Idade Média. Não me refiro a haute couture, mas sim a uma forma de escrever, de cantar e de viver a poesia que se difundiu pela Europa a par-tir da Provença e do Languedoc. A primeira escola de poesia românica surgiu nas cortes feudais occitânicas, não restritamente provençais. Era usada a língua d’ oc, mais tarde passou a usar-se o francês do norte, ou língua d’ oïl. Na Occitânia estão, portanto, as origens deste cantar.

Na Península Ibérica, a corte de Afonso X, ele próprio um trovador, foi um refúgio para os trovadores Albigenses e, mais tarde, já quase no século XIV, D. Dinis escrevia que os provençais eram um modelo a seguir:

Existe uma grande influência provençal nos poetas portugueses desta época. Marca disso são provençalismos uti-lizados: o sen (senso), o cor (coração), o prez (preço) e o gréu (grave), entre outros. Outra influência é sem dúvida a temática utilizada pelos poetas: o amor cortês e o idílio dos amantes.

Podemos distinguir três formas de cantar: As cantigas de amor, as cantigas de amigo e as cantigas de escárnio e de maldizer. A diferença entre as cantigas de amor e de amigo cinge-se a quem canta. Se nas cantigas de amigo quem canta é uma mulher, mesmo que fosse um homem a escrever a cantiga, nas cantigas de amor o trovador canta em seu próprio nome. As cantigas de escárnio e de maldizer são formas satíricas de poesia.

“ Quer’ eu en maneira de proençalFazer agora Uu cantar d’ amor

O exemplo que vos trago é, portanto uma cantiga de amigo.

O trovador coloca-se no papel de uma mulher que espera pelo seu amado.

Por Hugo Gonzaga

D. Dinis, Cancioneiro da Biblioteca Nacional 520b

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Cantiga de Amigo de um trovador português

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O eu poético do poema é uma dama que espera pelo seu amigo, isto é, pelo seu amado. Dirige-se às flores do verde pinho, a natureza, e pergunta-lhes se sabem de novas do seu “amigo”. A mesma ideia repete-se na se-gunda copla. O facto de se dirigir à flores sugere que se encontre num local isolado, propício a encontros entre amantes.

Na terceira e quartas coplas o leitor fica a saber um pou-co mais sobre o a dama e o seu amigo. Tem-se a impres-são de que a dama não confia no seu amado. Refere ela que o seu amado lhe mentiu e que faltou ao combinado.

A restante parte da cantiga, composta por quatro co-plas, constitui a resposta das flores do verde pinho às ânsias da dama. As flores tentam acalmar a dama dizen-do-lhe que o seu amado está bem e de boa saúde e que há-de estar com ela antes da hora marcada. A cantiga é composta por oito coplas de três versos, sendo um des-tes o refrão que se repete ao longo de toda a cantiga (Ai, Deus, e u é?).

Ai, flores, ai, flores do verde pino,se sabedes novas do meu amigo?

Ai, Deus, e u é?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo,se sabedes novas do meu amado?

Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,aquel que mentiu do que pôs comigo?

Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,aquel que mentiu do que mi à jurado?

Ai, Deus, e u é?

— Ai, flores, ai, flores do verde pino,se sabedes novas do meu amigo?

Ai, Deus, e u é?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo,se sabedes novas do meu amado?

Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,aquel que mentiu do que pôs comigo?

Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,aquel que mentiu do que mi à jurado?

Ai, Deus, e u é?

— Vós me preguntades polo vosso amigo?E eu ben vos digo que é sano e vivo.

Ai, Deus, e u é?

Vós me preguntades polo vosso amado?E eu ben vos digo que é vivo e sano.

Ai, Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é sano e vivoe seerá vosco ante o prazo saido.

Ai, Deus, e u é?

E eu ben vos digo que é vivo e sanoe seerá vosco ante o prazo passado.

Ai, Deus, e u é?

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SHOESLOVERS

MIU MIU @pradagroup.com

Conhecida pelo experimentalismo refinado, a marca MIU MIU voltou a inovar com a coleção de calçados de 2014; apresentando um conceito alternativo adaptado ao tradicional. Os clássicos pumps pretos mantiveram a cor de base, mas receberam aplicações de gemas, strass e pedras, pormenores que quebraram a monotonia, conferindo-lhes um ar juvial, contemporâneo e moder-no, sem deixar de lado a elegância.

As incrustrações pelo seu colorido, forma e disposição remetem-nos para as gemas preciosas tão característi-cas da arte e do traje bizantino.

Versatilidade para a marca é um ponto essencial, visto que a sua produção se destina à um público mais jo-vem do que o da marca Prada, por exemplo. Embora a MIU MIU esteja contantemente a pensar nas meninas--mulheres, que ainda têm uma vida social muito ativa, cada vez mais tem introduzido elegância nos sapatos que produz. O objetivo é conservar a energia das jovens e oferecer-lhes um produto versátil que também lhes possa ser útil em contexto profissional. Pela abordagem ousada e singular que tem apresentado, a MIU MIU tem se tornado cada vez mais a escolha favorita do público feminino. Quanto às estratégias de marketing e publici-dade da marca, estas são inspiradas pela visão particu-lar da MIU MIU em relação ao design, que alia conteúdos históricos à manifestações de arte variadas. Os fotógra-fos são, também, delicadamente escolhidos, tendo pre-ferência os que defendem e trasmitem uma mensagem vanguardista através do seu trabalho. Todo este conjun-tode fatores contribui para que as campanhas da MIU MIU seja uma das mais aguardadas a cada nova tempo-rada. Mais do que campanhas publicitárias, a tentativa é definir um estilo fluído e legítimo que aborda, inclusiva-mente, questões contraditórias da feminilidade moder-na, passando pelo andrógino.

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2014

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Cheap&Chic

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2,190€88€Sandálias, TopShopPreto Camurça Incrustações de jóias no tacãoAltura do salto aproximadamente de 4.5cm100% Têxtil

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7.

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Pág. 35: http://thesuperslice.com/wp-content/uploads/2013/01/alexander--mcqueen-pre-fall-2013-06_110139542497.jpg, http://25.media.tumblr.com/25d0e7b592facf7fd12ab3b88eac7f5a/tumblr_mmuylbgQD31sps-fb5o2_1280.jpg, http://thesuperslice.com/wp-content/uploads/2013/01/alexander-mcqueen-pre-fall-2013-23_110151874217.jpg, http://blo-gs-images.forbes.com/janelee/files/2013/01/alexander-mcqueen-pre--fall-2013-25_110153777926.jpg, http://thesuperslice.com/wp-content/uploads/2013/01/alexander-mcqueen-pre-fall-2013-22_110151653601.jpg, Alexander McQueen Pre Fall 2013Pág. 36: http://www.celebitchy.com/wp-content/uploads/2014/05/wenn21320414.jpgPág. 37: http://static1.purepeople.com/articles/7/14/08/57/@/1460521-mo-nica-bellucci-and-guest-attend-the-950x0-1.jpg; http://cdni.condenast.co.uk/1280x1920/g_j/janelle-monae-vogue-6may14-pa_b.jpgPág. 38: site oficial Dolce&Gabbana, campanhas publicitátias Inverno 2014/15; Texto base: pág. 229 e 241 ECO, Umberto - Idade Média: Bárbaros, cristãos e muçulmanos, 1ª edição, Milão, Dom Quixote, 2010Pág. 39: site oficial Dolce&Gabbana, campanhas publicitátias Inverno 2014/15;Texto base: pág. 241 e 243 ECO, Umberto - Idade Média: Bárbaros, cristãos e muçulmanos, 1ª edição, Milão, Dom Quixote, 2010Pág. 40: http://cdni.condenast.co.uk/1280x1920/s_v/Vogue-July-11_b.jpg, Capa Vogue 2011; http://www.bloginvoga.com/wp-content/uploads/2012/01/Bianca-Balti-Vogue-Japan-March-2012-01.jpg, Capa Vogue 2012Pág. 41: http://www.designscene.net/wp-content/gallery/092012/scarlett--johansson-vogue-russia-october-2012-01.jpg, Capa Vogue 2012; http://wea-resodroee.files.wordpress.com/2013/08/scarlett-johansson-by-karl-lagerfeld--for-harpers-bazaar-australia-september-2013.jpegPág. 42: http://www.gotceleb.com/wp-content/uploads/celebrities/scarlet-t-johansson/vogue-russia-magazine-2012/Scarlett%20Johansson%20-%20Vogue%20Russia%202012-04.jpgPág. 43: http://www.gotceleb.com/wp-content/uploads/celebrities/scarlet-t-johansson/vogue-russia-magazine-2012/Scarlett%20Johansson%20-%20Vogue%20Russia%202012-01.jpg; http://www.christinapitanguy.com.br/wp--content/uploads/2013/11/Scarlett-Johansson-by-Sofia-Sanchez-Mauro-Mon-giello-for-Vogue-Mexico-December-2013-003.jpgPág. 44/45: http://3.bp.blogspot.com/-ey_s97ECMSs/Tfe990O_BnI/AAAAA-AAAAmA/rzrcxoyHWEQ/emma-watson+para+vogue+july+2011+by+mario+-testino4.jpgPág. 46: http://pixel.nymag.com/imgs/fashion/daily/2012/08/14/14-vogue-co-ver.o.jpg/a_4x.jpg; Texto: http://www.vogue.com/vogue-daily/article/anna--wintour-on-her-first-vogue-cover-plus-a-slideshow-of-her-favorite-images-in--vogue/#Pág. 47: http://partnouveau.com/wp-content/uploads/2014/05/Screen-Shot--2014-05-11-at-5.39.19-PM.pngPág. 48/49: http://www.phillips.com/Xigen/lotimg/Damien-Hirst/UK010611/9; http://www.phillips.com/Xigen/lotimg/Damien-Hirst/NY010311/10Pág. 50: http://www.thegloss.com/wp-content/uploads/2014/05/Damien-Hirs-t-Butterflies.jpgPág. 53: http://according2g.com/wp-content/uploads/2010/02/damien--hirst-4.jpgPág. 54: http://d.ibtimes.co.uk/en/full/256901/damien-hirsts-tate-modern-re-trospective.jpgPág. 58/59: http://www.net-a-porter.com/product/435111/Miu_Miu/embellishe-d-suede-pumpsPág. 60/61: http://eu.topshop.com/en/tseu/product/shoes-485095/heels-485123/royalty-jewelled-heels-2959917?bi=1&ps=200; http://www.net-a-porter.com/product/431607?resType=single&keywords=431607&ena-bleAjaxRequest=falsePág. 62: http://www.parfois.com/index.php?pais=pt&id=51&idp=18402; http://eu.topshop.com/en/tseu/product/shoes-485095/heels-485123/royal-ty-jewelled-heels-2959917?bi=1&ps=200; http://www.net-a-porter.com/pro-duct/440718/Oscar_de_la_Renta/embroidered-silk-kaftan; .............. ; http://4.bp.blogspot.com/-W_UVlkbJAWg/Tk7g9LN_VrI/AAAAAAAAACA/j9Lbd8d9f-sA/s1600/mosaico-bizantino.jpg Pág. 63: http://www.parfois.com/index.php?pais=pt&id=51&idp=22572; http://eu.topshop.com/en/tseu/product/shoes-485095/heels-485123/royal-ty-jewelled-heels-2959909?bi=1&ps=200; http://www.net-a-porter.com/pt/en/product/403319; http://www.net-a-porter.com/pt/en/product/431875;

Ilustrações: FASHION The Ultimate Book of Costu-me and Style, Dorling Kindersley Publishers Ltd, 2012

Capa: Campanha publicitária, Dolce&Gabbana 2014

Pág. 4: http://partnouveau.com/?p=734, Part NouveauPág. 6: http://missowl.com/wp-content/uploads/2014/01/Worth-.jpgPág. 7: http://mundo52.com/life-style/chanel-historia-de-un-estilo, Coco-Chanel; http://www.chatelaine.com/wp-content/uploads/2012/12/Grace-Cod-dington-and-Anna-Wintour-front-row-Jan-12-p125.jpg, Anna Wintour e Grace Coddigton; http://www.shopshela.com/wp-content/uploads/2014/03/karl-la-gerfeld-1.jpg, Karl LagerfeldPág. 8/9: http://metrouk2.files.wordpress.com/2013/03/ay104553314milan-i-taly-fe.jpgPág. 10: http://2.bp.blogspot.com/-vFtaQaQSKyE/UWRcthJkREI/AAAAAAAA-CRU/ZFkrBeXuC-g/s1600/2+ANTES+DO+TEXTO.jpg, Mosaico da Imperatriz Teodora em Ravena; BARSALI, Isa Belli - Medieval Goldmith’s Work 71 Plates in Full Color. 1ª ed. Paul Hamlyn, 1969. Pág. 12: http://www.vogue.co.uk/fashion/autumn-winter-2011/ready-to-wear/chanel-pre, Chanel Byzance Pre Fall 2011Pág.24: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0f/Buskin_(PSF).jpg, ilustração de buskins; http://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-mons/3/3c/Rote_Loafer_Papst_Benedikt.jpg, loafers papaisPág. 25: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3e/Chopine_(PSF).jpg, ilustracção chopinePág. 26: FASHION The Ultimate Book of Costume and Style, Dorling Kindersley Publishers Ltd, 2012; http://1.bp.blogspot.com/-0tF4lcB91j4/US6Q2XPNuaI/AAAAAAAAPYQ/aXh9GjvIWi8/s1600/_VIE4820-horz.jpg, Dolce & Gabbana AW13/14; http://media-cache-ec0.pinimg.com/236x/05/a0/86/05a086d46e-90ff441b066dc0a8e27af0.jpg, Calçado do Sacro Imperador Romano, c. 1220; http://2.bp.blogspot.com/_VDf7fmqtjts/S8_GmSOXa0I/AAAAAAAAAOg/DIZL8ixQKzk/s1600/315-10-03_20100415_1209.jpg ,Alexander McQueen AW10/11Pág. 27: Peixoto, A. A. da Rocha - As Filigranas, 1ªed. Universidade Católica Editora, 2011, 978-989-8366-18-4. Pág.28: http://anastasiamantea.files.wordpress.com/2011/02/01.jpg, PARIS--BYZANCE, Maison Chanel 2010/2011; http://www.my-life-style.co.uk/wp--content/uploads/2013/08/DG-AW14.jpg, http://media-cache-ak0.pinimg.com/736x/6e/16/04/6e16043f802c005af95ba5873490af6f.jpg, http://2.bp.b-logspot.com/-muttPkr8ktQ/US0AbtcjAsI/AAAAAAAAAno/ZOmYe2Av564/s1600/dolce_gabbana_waw1314_157.jpg, http://1.bp.blogspot.com/-FpoVR-660gaE/UllUmR9qmxI/AAAAAAAAEPY/-CjR5vMC-d4/s1600/Dolce_Gabba-na_aw1314_Milan_171.jpg.image.W745N0E3058S3466.download.original.jpg, http://2.bp.blogspot.com/-qRnJF0_pvzQ/UT-meulEJNI/AAAAAAAACkI/kc0VX66fTKM/s1600/_VIE5097.450x675.jpg, http://media-cache-ec0.pini-mg.com/736x/d7/98/fe/d798fe44ab15f2010fb205ea53b68171.jpg, http://media-cache-ec0.pinimg.com/736x/b6/40/87/b640874b19ca4312e7010d-5f73a1a893.jpg, http://littlegoonerbigworld.files.wordpress.com/2013/03/dolce-and-gabbana-aw13-14-28.jpg, http://2.bp.blogspot.com/-dv6WOF--zIyo/US7ighXtNUI/AAAAAAAAHRI/0wsV5J7NrZU/s1600/dolce-and-gabba-na-rtw-fw2013-candids-16_172016165384.jpg_carousel_parties.jpg, Dolce & Gabbana AW13/14Pág. 29: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e2/Nicephorus_III_and_Maria_of_Alania_BnF_Coislin79_fol2bis.jpg; http://www.vogue.co.uk/fashion/autumn-winter-2011/ready-to-wear/chanel-pre, Chanel Byzance Pre Fall 2011Pág. 30: http://blog.ctaare.com/wp-content/uploads/2013/03/Dolce-Ga-bbana-Fall-2013-RTW-7.jpg, http://1.bp.blogspot.com/-RXO8c46KgYo/UllUaP6i6HI/AAAAAAAAENk/aC_y9BH-Vyo/s1600/Dolce_Gabbana_aw1314_Milan_079.jpg.image.W961N860E1854S2205.download.original.jpg, http://www.whiteme.net/wp-content/uploads/2013/08/DolceGabba-na-Woman-Winter-14-41.jpg, http://4.bp.blogspot.com/-6Y5IgVCskXU/USt625ZeO2I/AAAAAAAARto/y4CVJkWaKfs/s1600/dolce-gabbana-rtw--fw2013-runway-67_113000374909.jpg, http://2.bp.blogspot.com/-BM7oy--OITN4/UllUhnGl0EI/AAAAAAAAEOk/zjudtbD-074/s1600/Dolce_Gabba-na_aw1314_Milan_142.jpg.image.W672N979E2092S3115.download.original.jpg, http://3.bp.blogspot.com/-skrAoPSY6xU/UllUl6yXZ7I/AAAAAAA-AEPM/6uOHLJQANcg/s1600/Dolce_Gabbana_aw1314_Milan_158.jpg.image.W612N1115E2296S3652.download.original.jpg, Dolce & Gabbana Fall 2013Pág. 31: http://theheritagestudio.com/2013/02/25/dolce-gabbana-fall--2013-bizantine-mosaics-inspiration/Pág. 32: http://irenebrination.typepad.com/.a/6a00e55290e7c4883301a-73d7fab74970d-800wi, http://la-pulcinella.com/wp-content/uplo-ads/2014/02/1907741_10150450368259977_818352496_o-800x533.jpg, Dolce & Gabbana AW 14/15Pág. 33: http://assets.instyle.co.uk/instyle/live/styles/article_landscape_600_wide/s3/galleries/14/02/Dolce%20e%20Gabb%20RF14%205065.jpg?i-tok=fEEROPW0, http://assets.instyle.co.uk/instyle/live/styles/article_lands-cape_600_wide/s3/galleries/14/02/Dolce%20e%20Gabb%20RF14%205096.jpg?itok=MWOgdXof, http://assets.instyle.co.uk/instyle/live/styles/article_landscape_600_wide/s3/galleries/14/02/Dolce%20e%20Gabb%20RF14%205242.jpg?itok=xmFybQUp, http://2.bp.blogspot.com/-TV2BuL8iklw/Uwp1Psw47JI/AAAAAAAAF6U/Bw72uVrQf4A/s1600/DOLCE27.JPG, Dolce & Gabbana AW 14/15Pág. 34: http://heycrazy.files.wordpress.com/2010/03/mcqueenaw10-11.jpg, http://www.karenruimy.com/blog/wp-content/uploads/2012/04/AlexanderM-cQueenFall2010R7.jpg, http://4.bp.blogspot.com/-DpRl0PCjafQ/T9YNfdjcNsI/AAAAAAAAAg0/IvIR1tiuQZc/s1600/alexandermcqueenfall2010r9.jpg, Alexan-der McQueen AW 10/11

Créditos

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“ There is nothing new except what has been forgotten.

Próxima edição

@2014

Page 66: Vanitas&Culture #0

“ Não é a satisfação da vontade que é a causa do prazer (...) mas é o facto de que a vontade quer ir mais longe e tornar-se senhora do que se encontra sobre o seu caminho. O sentimento de prazer reside preci-samente na insatisfação da vonta-de, na incapacidade da vontade para

sem adversário e resistência. ”

Nietzsche, La Volonté de Puissance