42
Vanguardas Europeias

Vanguardas Europeias - policiamilitar.mg.gov.br · Desdobramento na Literatura ... •A base do Expressionismo é o resultado de um ... •A arte se desvincula do conceito de belo

  • Upload
    vanmien

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Vanguardas Europeias

SILVA, Oscar Pereira da. Retrato do arquiteto Ramos de Azevedo, 1929.

• Pintura acadêmica

PICABIA, Francis. Parada amorosa, 1917

• Pintura dadaísta

Manifestações do moderno

• “vanguarda”: avant-garde, designa a parte da tropa que, numa batalha, seguia à frente de todo o pelotão.

• Caráter combativo das vanguardas – abertura de novas possibilidades artísticas.

• Radicalizar as experiências formais: romper com a sintaxe e a coerência.

Cubismo (1907)

• Proposta de ruptura com os conceitos de proporção e perspectiva, exigia um público participativo.

• Decomposição do objeto;

• Simultaneidade;

• Valorização de formas geométricas;

• Recorte e montagem.

Les demoiselles d’Avignon.Pablo Picasso

Mulher chorando. Pablo Picasso.

Desdobramento na Literatura

• hípica Saltos records Cavalos da Penha Correm jóqueis de higienópolis Os magnatas As meninas E a orquestra toca Chá Na sala de cocktails (Oswald de Andrade)

• Fragmentação da realidade, • predominância de

substantivos, • flashes cinematográficos.

São José del Rey

Bananeiras O sol O cansaço da ilusão Igrejas O ouro da serra de pedra A decadência

(Oswald de Andrade)

Futurismo (1909)

• Arte agressiva que propunha a destruição violenta das tradições.

Nu descendo a escada, Duchamp, 1912.

Corrente de cachorro em movimento, Giacomo Balla

• Valorização do progresso e da vida mecanizada;

• Exaltação da velocidade da vida moderna;

• Contrários a tudo que dizia respeito ao mundo velho;

• Disposição das palavras em liberdade;

• Abolição da pontuação;

• Incorporação de elementos da vida moderna.

Street light. Giacomo Balla, 1909.

Ciclista. Natalia Goncharova, 1913.

• Ode ao burguês Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, o burguês-burguês! A digestão bem-feita de São Paulo! O homem-curva! O homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! Eu insulto o burguês-funesto! O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições! Fora os que algarismam os amanhãs! Olha a vida dos nossos setembros! Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! Morte ao burguês de giolhos, cheirando religião e que não crê em Deus! Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! Ódio fundamento, sem perdão! Fora! Fu! Fora o bom burguês!... • (Mário de Andrade, IN: Paulicéia desvairada)

• Nessa ode, em vez do tom alegre, entusiástico, temos um tom agressivo, de insulto e ódio, e um significado não de exaltação à classe burguesa, mas de demolição. O termo ~ode~ reforça esse paradoxo.

• A métrica do poema é nitidamente livre. Também percebe-se a inexistência de uma organização de rimas regulares no poema: o que fundamenta a ideia do verso livre.

• A coloquialidade da linguagem do poema, contraria a concepção tradicional de poesia daquele momento, e também as imagens inusitadas, que ridicularizam o burguês em tom agressivo e provocador.

• “burguês-burguês”: utiliza como adjetivo o próprio substantivo burguês, dando-lhe um significado pejorativo e reduzindo-o à sua essência negativa.

• “burguês-níquel”: critica-se o apego ao dinheiro. • “A digestão benfeita de São Paulo!”: refere-se ao bem-

estar da burguesia bem alimentada; pode ter um significado escatológico, sugerindo que o burguês é o resultado ou o efeito de uma digestão benfeita por SP.

• Os pontos de contato entre o Futurismo e o poema referem-se à estrutura formal do texto, já que o seu conteúdo apresenta uma perspectiva libertária, que se opõe à ideologia fascista do Futurismo.

• No entanto, o conjunto de imagens-síntese quanto os “cortes” cinematográficos presentes no poema sugerem a rapidez da nova linguagem artística defendida pelos futuristas.

Expressionismo (1910)

• Dentro para fora, expressão de um eu profundo. • A base do Expressionismo é o resultado de um

processo criativo que supõe a perda do controle consciente durante a produção da obra de arte.

• Declínio do mundo burguês, função combativa. • A arte se desvincula do conceito de belo e feio,

torna-se uma forma de contestação. • A intimidade e a vivência da dor derivam do

sentido trágico da vida e causam uma deformação significativa, torturada.

• Reflete a crise de consciência gerada pela I Grande Guerra.

• Uso de cores expressivas

O grito (1893), de Munch. “Certa noite, eu caminhava por uma via, a cidade de um lado e o fiorde embaixo. Sentia me cansado doente, o sol de punha e as nuvens tornavam-se vermelho-sangue. Senti um grito passar pela natureza; pareceu-me ter ouvido o grito. Pintei esse quadro, pintei as nuvens como sangue real. A cor uivava.”

Esboço VII, 1913. Wassily Kandinsky

Os comedores de batata, Van Gogh.

• Aos emudecidos (Georg Trackl) Oh a loucura da grande Cidade, quando à noite junto ao muro negro aleijadas árvores se erguem boquiabertas, E por uma máscara de prata o Espírito do Mal se ri; a luz com flagelo magnético a pétrea noite expulsa. Oh, o submerso dobrar dos sinos pelo anoitecer.

Prostituta, que em convulsões de gelo pares uma criança morta. A ira de deus chicoteia a fronte do homem possesso, purpúrea pestilência, fome, verdes olhos quebra. Oh, o horrendo riso do ouro. Mas quieta na caverna escura uma humanidade mais silente sangra, forja no duro metal a redentora cabeça.

• Linguagem fragmentada, elíptica, constituída por frases nominais;

despreocupação formal. • Visam combater a fome, a inércia e os valores do mundo burguês.

Dadaísmo (1916)

• Nonsense, abolição da lógica, negava toda a premeditação da composição artística.

• “Será arte tudo o que eu disser que é arte” Duchamp.

• Orientação anarquista e niilista

• Na literatura, agressividade, pela improvisação, pela rejeição ao equilíbrio, livre associação de palavras.

Ready made

Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público. Tristan Tzara, Manifesto Dadaísta

LEIRNER,Tronco com cadeira,1964.

Surrealismo (1924)

• Estimulado pela psicanálise, elementos do sonho, da loucura e dos impulsos sexuais.

• Escrita automática e o imaginário extraído do sonho

• Uma arte livre da razão (ilogismo, hipnose, humor negro, inusitado)

• Na literatura: interesse pelos mitos e sonhos, imagens oníricas, metáforas surreais, anticonvencionalismo.

Pré- história

Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhou Para mim, para ninguém! Cai no álbum de retratos.

Murilo Mendes

Um elefante caiu do teto Mário Quintana

DALÍ, Salvador. A metamorfose de Narciso, 1937.

Dalí, salvador. Criança geopolítica assistindo ao nascimento do novo homem.

Girafas em chamas, Salvador Dalí.

A persistência da memória, de Salvador Dalí. 1931.

Guernica, Pablo Picasso. 1937. (Exibir 3D)

• Outros pintores: Joan Miró

A linguagem modernista

- Aproximação da linguagem literária com a língua falada;

- Temas voltados para a exploração do cotidiano; - Predominância do verso livre; - O desejo e a busca de uma expressão artística nacional; - A renovação dos meios e das formas de fazer e

consumir arte. • No Brasil, a todas essas tendências chamou-se

Modernismo. • Segundo Antonio Candido, a orientação que marcou a

transição da literatura ainda presa ao beletrismo parnasiano para as experimentações formais e a renovação temática modernista – variou dialeticamente entre o localismo e o cosmopolitismo.

“Se na Europa as vanguardas conviviam com uma

sociedade de tradição racionalista, em estágio de

industrialização avançada, com poderosa burguesia e

em meio à convulsão bélica, os ecos que penetram no

Brasil interagem com um país de tradição colonialista,

largas faixas latifundiárias, de incipiente industrialização,

desenvolvimento desigual e alto hibridismo cultural”.

(HELENA, 1989. p. 41).

Manifestado especialmente pela arte, mas manchando também com violência os costumes sociais e políticos, o movimento modernista foi o prenunciador, o preparador e por muitas partes o criador de um estado de espírito nacional. A transformação do mundo com o enfraquecimento gradativo dos grandes impérios, com a prática europeia de novos ideais políticos, a rapidez dos transportes e mil e outras causas internacionais, bem como o desenvolvimento da consciência americana e brasileira, os progressos internos da técnica e da educação, impunham a criação de um espírito novo e exigiam a reverificação e mesmo a remodelação da inteligência nacional. Isto foi o movimento modernista, de que a semana de arte moderna ficou sendo o brado coletivo principal. Mário de Andrade, na conferência “O Movimento Modernista”, no Rio de Janeiro, em abril de 1942.

Pontapé inicial para o Modernismo brasileiro

• O pontapé inicial do Modernismo no Brasil foi a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro. Esse evento foi responsável por transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto no âmbito da literatura, quanto das artes plásticas, da arquitetura e da música. O principal objetivo do evento era a renovação, de maneira que fosse criada uma arte essencialmente brasileira, embora inspirada nas novas tendências europeias.

• O ápice do Modernismo se deu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a isso tudo, surgiram as vanguardas artísticas desprendidas da tradição, das regras e da disciplina. O evento, assim como as obras inovadoras, sofreu relutância por parte dos conservadores paulistas que dominavam o cenário brasileiro. Habituada aos modelos estéticos mais tradicionais, a elite sentiu sua sensibilidade artística afrontada.

• A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessidade da transformação. Viram-se, então, em um momento no qual precisavam abandonar os antigos valores estéticos, ainda muito contemplados no país, para dar lugar a um novo estilo completamente diferente. No Brasil, tal descontentamento com o estilo anterior foi mais explorado na área literária, com maior ênfase na poesia.

• As correntes de vanguarda começavam a influenciar os artistas brasileiros. Entre eles, destacam-se: Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida e Manuel Bandeira. Na pintura, influenciada pelo cubismo, expressionismo e futurismo, destacou-se Anita Malfatti.

Manifestos

• Pau-Brasil: defendia a criação de uma poesia primitivista, construída com base na revisão crítica de nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileiras.

• Antropofagia: baseado nos rituais antropofágicos dos índios brasileiros, nos quais eles devoram seus inimigos para lhes extrair força, Oswald propõe a devoração simbólica da cultura do colonizador europeu, sem com isso perder nossa identidade cultural.

• Em oposição a essas tendências, os movimentos Verde-Amarelismo e Anta, defendiam um nacionalismo ufanista, com evidente inclinação para o nazifascismo.

Referências

READY-MADE . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo5370/ready-made>. Acesso em: 17 de Mai. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7