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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
MARIA LUISA LEONARDO ALVES COSTA
AVALIAÇÃO DO GRAU DE SENSIBILIDADE NO USO DO CARVÃO ATIVADO
COMO AGENTE CLAREADOR NO PROCEDIMENTO DE CLAREAMENTO
DENTAL: UM ESTUDO PILOTO
NATAL/RN
2019
MARIA LUISA LEONARDO ALVES COSTA
AVALIAÇÃO DO GRAU DE SENSIBILIDADE NO USO DO CARVÃO ATIVADO
COMO AGENTE CLAREADOR NO PROCEDIMENTO DE CLAREAMENTO
DENTAL: UM ESTULO PILOTO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para à obtenção do título de Cirurgiã-Dentista.
Orientadora: Profª. Drª. Isauremi Vieira de Assunção
NATAL/RN
2019
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Alberto Moreira Campos –
Departamento de Odontologia
Costa, Maria Luisa Leonardo Alves.
Avaliação do grau de sensibilidade no uso do carvão ativado como agente clareador no procedimento de clareamento dental: um
estudo piloto / Maria Luisa Leonardo Alves Costa. - Natal, 2019.
24 f.: il.
Orientador: Profª. Drª. Isauremi Vieira de Assunção.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências
da Saúde, Departamento de Odontologia, Natal, 2019.
1. Dentifrícios - Trabalho de Conclusão de Curso. 2.
Clareamento dental - Trabalho de Conclusão de Curso. 3. Peróxido
de hidrogênio - Trabalho de Conclusão de Curso. 4. Carvão vegetal
- trabalho de Conclusão de Curso. 5. Sensibilidade da dentina -
Trabalho de Conclusão de Curso. I. Assunção, Isauremi Vieira de.
II. Título.
RN/UF/BSO BLACK D25
Elaborado por MONICA KARINA SANTOS REIS - CRB-15/393
MARIA LUISA LEONARDO ALVES COSTA
AVALIAÇÃO DO GRAU DE SENSIBILIDADE NO USO DO CARVÃO ATIVADO
COMO AGENTE CLAREADOR NO PROCEDIMENTO DE CLAREAMENTO
DENTAL: UM ESTUDO PILOTO
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Coordenação do Curso de Odontologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para à obtenção do título de Cirurgiã-Dentista.
Aprovado em: ___/___/___
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof. Dra. Isauremi Vieira de Assunção
Orientador Universidade Federal do Rio Grande Do Norte
_________________________________________ Prof. Dr. Boniek Castilho Dutra Borges
Membro Universidade Federal do Rio Grande Do Norte
_________________________________________ Prof. Dra. Diana Ferreira Gadelha de Araújo
Membro Universidade Federal do Rio Grande do Norte
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais, Fátima e Costa, por todo apoio e amor oferecidos. Por
acreditarem em mim e não medirem esforços para tornarem meus sonhos realidade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, por todas as bênçãos em minha vida,
pela saúde e força para correr atrás dos meus objetivos.
Aos meus pais, pelo apoio e amor incondicional ao longo desses anos. Por
sempre sonharem comigo e não medirem esforços para me verem feliz. Deixo a eles
o meu mais sincero amor e sentimento de gratidão.
À minha dupla, Alana Lucena, por ter vivenciado essa trajetória ao meu lado,
compartilhando momentos que guardarei com muito carinho e, principalmente, com
um sentimento de saudade. Sem você, nada disso teria sido tão incrível!
À minha melhor amiga, Phiscianny, deixo todo o meu carinho! Ela que me
ajudou em grande parte da elaboração do trabalho e aguentou todos os desabafos
dos meus dias mais difíceis! O seu suporte foi essencial na minha chegada até aqui!
Ao meu namorado, Vítor, que tanto se disponibilizou durante essa trajetória
final, me orientando e sendo minha fonte de paz nos momentos em que mais precisei.
Te amo!
À doutoranda, Ana Margarida, que me auxiliou e orientou durante toda a
pesquisa. Deixo aqui o meu muito obrigado!
À minha orientadora, Profa. Dra. Isauremi Vieira de Assunção, por todos os
ensinamentos repassados ao longo da minha formação. Ela que tão bem me acolheu
e esteve sempre disposta a ajudar. Desejo-te uma vida repleta de bênçãos!
Aos mestres, agradeço por cada ensinamento durante minha graduação.
RESUMO
O clareamento dentário destaca-se como um dos procedimentos estéticos mais
frequentes na rotina clínica odontológica e a sensibilidade dentária causado por esse
procedimento pode atingir até 87% dos pacientes. Entretanto, ainda é desconhecido
o efeito sobre a sensibilidade causado por produtos clareadores à base de carvão
ativado. O objetivo desse estudo foi avaliar o grau de sensibilidade de um produto à
base de carvão ativado (Carvvo®) utilizado como agente clareador. Foi realizado um
estudo piloto de um ensaio clínico, randomizado, simples cego, placebo controlado,
contando com amostra de pacientes selecionados pela divulgação nas redes sociais.
Participaram 04 pacientes, alocados nos 04 grupos (n=1) a seguir: CD (controle) –
grupo controle apenas com escovação com creme dental convencional; CAR (carvão
ativado) – grupo experimental utilizando escovação com carvão ativado (Carvvo®)
associado a escovação com creme dental convencional; CARPH (carvão ativado +
peróxido de hidrogênio) – escovação com carvão ativado e creme dental convencional
associado clareamento de consultório com peróxido de hidrogênio a 35% (Whiteness
HP®); e grupo PH (creme dental + peróxido de hidrogênio) – grupo experimental
utilizando escovação com creme dental convencional associado ao clareamento de
consultório com peróxido de hidrogênio a 35%). A análise do grau de sensibilidade foi
executada através da escala visual analógica de dor (EVA) diariamente com
avaliações nos turnos da manhã, tarde e noite durante o período de 15 dias do
protocolo clareador, submetida apenas à estatística descritiva. A sensibilidade do
grupo controle (CD) foi nula. No grupo CV apesentou sensibilidade de grau mínimo e,
na segunda semana, de grau moderado. O grupo CARPH apresentou sensibilidade
intensa apenas após a segunda sessão de clareamento. E o grupo PH, apresentou
sensibilidade oscilando entre nula e mínima, atingindo grau moderado após a segunda
sessão de clareamento. Apesar de o dentifrício à base de carvão ativado ter
apresentado sensibilidade dentária, são necessários mais estudos para comprovar
com maior efetividade sua ação nos pacientes que se submetem ao seu uso.
Pavras-chave: Clareamento Dental. Sensibilidade da Dentina. Peródixo de
Hidrogênio. Dentifrícios. Carvão Vegetal.
ABSTRACT
Dental bleaching is highlights as one of the most common aesthetic procedure
in the clinical dental routine and the dental sensitivity caused by this procedure can
reach up to 87% of patients. However, the effect on sensitivity caused by activated
carbon-based bleaching products is still unknown. This study aimed to evaluate the
dental sensitivity degree of an activated carbon-based product (Carvvo®) used as a
bleaching agent. A pilot study of a randomized, single blind, placebo controlled clinical
trial was performed, including patients selected by social media disclosure. A total of
04 patients participated allocated to 04 following groups (n=1): CD (control) – control
group only with conventional toothpaste brushing; CAR (activated carbon) –
experimental group using activated carbono brushing (Carvvo®) associated with
conventional toothpaste brushing; CARPH (activated carbon + hydrogen peroxide) –
activated carbono brushing and conventional toothpaste associated with office
bleaching with 35% hydrogen peroxide (Whiteness HP®); and PH group (hydrogen
peroxide) – experimental group using conventional toothpaste brushing associated
with office bleaching with 35% hydrogen peroxide. Dental sensitivity degree analyze
was performed using the visual analog pain scale (EVA) day-by-day with rating at
morning, afternoon and night during the 15 days of protocol bleaching, submitted only
to descriptive statistics. The sensitivity of the control group (CD) was zero. At CV group,
there was minimal sensitivity and, at the second week, moderate sensitivity. The
CARPH group showed intense sensitivity only after the second bleaching session. And
the PH group showed sensitivity ranging from zero to minimum, reaching a moderate
degree after the second bleaching session. Although activated charcoal-based
dentifrice has shown tooth sensitivity, further studies are needed to more effectively
prove its action in patients undergoing its use.
Keywords: Tooth whitening. Dentin sensitivity. Hydrogen peroxide. Dentifrices.
Charcoal.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................. 8
2 METODOLOGIA 10
2.1 Desenho do estudo e considerações éticas 10
2.2 Amostra e critérios de elegibilidade 10
2.3 Intervenção de estudo 11
2.4 Protocolo da pesquisa 13
2.5 Sensibilidade dentária 14
2.6 Análise estatística 15
3 RESULTADOS 16
4 DISCUSSÃO 18
5 CONCLUSÃO 20
REFERÊNCIAS 21
ANEXO A – TÍTULO DO ANEXO 23
8
1 INTRODUÇÃO
Na sociedade contemporânea, tem se tornado cada vez mais frequente a busca
pelos tratamentos odontológicos estéticos. Dentre eles, o clareamento dentário ocupa
lugar de destaque e, por isso, muitos profissionais se aprimoram, almejando encontrar
novas técnicas e materiais que venham somar aos conhecimentos já firmados (BRISO
et al., 2014).
O procedimento de clareamento dental para dentes vitais pode ser realizado
através de diferentes técnicas: clareamento caseiro supervisionado pelo dentista,
clareamento em consultório e a técnica associada (que une/associa as duas técnicas
anteriores) (HORN et al., 2014). Para isso, no mercado estão disponíveis produtos
clareadores contendo peróxido de hidrogênio ou peróxido de carbamida (KWON;
WERTZ, 2015; ARAÚJO, D. B.; LIMA, M. J. P.; ARAÚJO, R. P. C., 2007). A depender
da técnica preconizada, o paciente fará uso de uma moldeira personalizada com gel
clareador de baixa concentração, ou então, será realizada a aplicação do gel pelo
cirurgião-dentista nas faces dentais a serem clareadas.
Independentemente do tipo de agente clareador a ser utilizado, deve-se ter em
conta que tanto o peróxido de hidrogênio como o peróxido de carbamida possuem o
mesmo princípio bioquímico, ou seja, a ruptura das moléculas pigmentadas que
impregnam as estruturas dentais, deixando-as mais leves, com significativa redução
de suas tonalidades de cor, clareando, consequentemente, as faces dentárias que
foram submetidas ao agente clareador (PENHA et al; BARATIERI et al., 1995).
Dentre os efeitos colaterais apresentados por esse procedimento odontológico,
a sensibilidade durante e após o clareamento tem sido um dos efeitos adversos mais
apontados na literatura (HENRIQUE et al., 2017), podendo atingir índices de até 87%
de acordo com Cerqueira e colaboradores (2013).
Sabe-se que, mais recentemente, produtos à base de carvão ativado foram
lançados no mercado com a proposta de realizar um clareamento dentário de forma
mais rápida e prática quando comparado às técnicas convencionais. Tais produtos
podem se apresentar na forma de pó, contendo micropartículas de carvão, cuja ação
consiste em absorver sujidades e promover a higiene bucal até nas áreas mais
restritas (BROOKS; BASHIRILAHI; REYNOLDS, 2017). No entanto, os relatos acerca
do uso do carvão ativado na odontologia são escassos, assim como os estudos
científicos a seu respeito, levantando questionamentos sobre sua eficácia e
9
segurança. Além disso, ainda não há comprovação quanto a sua influência na
sensibilidade dentária. Dessa forma, o objetivo desse estudo é avaliar o grau de
sensibilidade dentária decorrente do uso do carvão ativado (Carvvo®) como agente
clareador. A hipótese nula testada será de que o produto à base de carvão ativado
utilizado como agente clareador não provoca sensibilidade.
10
2 METODOLOGIA
2.1 Desenho do estudo e considerações éticas
A pesquisa trata-se de um estudo piloto de ensaio clínico do tipo randomizado
e simples cego, placebo-controlado. O referido projeto foi submetido ao CEP Central
(Comitê de Ética em Pesquisa) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para
apreciação, sendo aceita com número de parecer 3.273.444, e seguiu as normas do
CONSORT (Consolidated Standarts of Reporting Trials Statement) de acordo com as
considerações éticas (SCHULZ et al., 2010). Após a obtenção do parecer, será
encaminhada para o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC) para posterior
registro do ensaio clínico, publicação e registro.
Após receberem as instruções a respeito da pesquisa, cada paciente assinou
o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), conforme determina o Conselho
Nacional de Saúde através da resolução 466/2012 do CONEP (Comissão Nacional de
ética em Pesquisa). Posteriormente à adesão, foi preenchido um formulário contendo
seus dados pessoais.
A variável dependente do estudo é o grau de sensibilidade dentária. As
variáveis independentes são o tipo de técnica clareadora, sexo, idade, condição
socioeconômica e escolaridade.
2.2 Amostra e critérios de elegibilidade
Os pacientes voluntários foram selecionados na clínica do Departamento de
Odontologia da UFRN, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: possuir idade
entre 18 e 25 anos, de ambos os sexos, boa saúde bucal e geral, com indicação para
clareamento dental (dentes com cor a partir de A2), dentes vitais, livres de lesões de
cárie, trincas, lesões não cariosas, doença periodontal ou restaurações na região
anterior; e de exclusão: já ter feito clareamento prévio, ser fumante, possuir manchas
por tetraciclina, presença de fluorose, hipoplasia, hábitos parafuncionais,
sensibilidade e possuir restaurações de resina na região anterior.
11
2.3 Intervenção de estudo
O estudo clínico foi divulgado por meio de panfletos distribuídos no
Departamento de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(DOD/UFRN), além de publicações nas redes sociais, convidando as pessoas para
triagem direcionada ao clareamento dentário. Os indivíduos voluntários que se
encaixaram nos critérios de inclusão foram randomizados através de um sorteio
executado por um operador externo com o auxílio de um saco preto onde foram
depositados papéis com os nomes de cada paciente, distribuindo-os em 04 grupos.
A divisão dos grupos ocorreu da seguinte maneira: grupo CD (Creme Dental
convencional): Grupo controle com pacientes fazendo escovação com creme dental
convencional (Colgate® Máxima Proteção Anticáries (Colgate-Palmolive company,
NY, EUA)). Grupo CAR (Carvão ativado): Grupo experimental com pacientes
utilizando escovação com carvão ativado (Carvvo®); grupo CARPH (Carvão ativado
+ Peróxido de Hidrogênio): Grupo experimental com pacientes utilizando Carvvo®
associado ao peróxido de hidrogênio a 35% (Whitness HP® (FGM Produtos
Odontológicos, Joinville, SC, Brasil)), e grupo PH (Creme Dental convencioanal +
Peróxido de HidrogÊnio): grupo experimental com pacientes utilizando peróxido de
hirdrogênio. A distribuição dos grupos de acordo com o tratamento a ser executado
está listada na Figura 1.
12
Figura 1 – Distribuição dos grupos.
Fonte: Elaborado pela autora. Legenda: CD: grupo controle utilizando creme dental convencional; CAR: grupo experimental utilizando Carvvo®; CARPH: grupo experimental utilizando Carvvo® associado ao peróxido de hidrogênio; PH: grupo experimental utilizando creme dental convencional associado ao peróxido de hidrogênio;
Tabela 1 - Composição dos produtos utilizados.
Produto Fabricante Composição
Colgate® Máxima
Proteção Anticáries
Colgate-Palmolive
company, NY, EUA
1500 ppm de Flúor, carbonato de Cálcio,
12aurel sulfato de Sódio, sacarina sódica,
pirofosfato tetrassódico, Silicato de
Sódio, polietilenoglicol, sorbitol,
carboximetil celulose, metilparabeno,
propilparabeno, composição aromática e
água. Contém monofluorfosfato de Sódio
– MFP®.
13
Carvvo® Carvvo, Salvador,
BA, Brasil
Carvão ativado da casca do coco, argila
kaolin, óleo essencial da semente da
laranja.
Whiteness HP
Maxx®
FGM Produtos
Odontológicos,
Joinville, SC, Brasil
Peróxido de Hidrogênio a 35%,
espessantes, mistura de corantes, glicol,
carga inorgânica e água deionizada.
No intuito de tornar desconhecida a composição da substância a ser utilizada
por cada paciente, foram entregues eppendorfs contendo porções unitárias de 300mg
do produto Carvvo®. Junto a isso, o creme dental Colgate® Máxima Proteção
Anticáries. Ambos os produtos disponibilizados foram acompanhados de suas
instruções de uso. Além disso, foi distribuída uma escova dentária padronizada
fornecida pela Carvvo® para todos os pacientes voluntários (Figura 2).
Figura 2 – Kits personalizados
Fonte: Elaborado pela autora.
Legenda: A: eppendorfs contendo carvão ativado em pó; B: escova dentária padronizada; C: creme dentário.
2.4 Protocolo da pesquisa
Após a triagem, os pacientes foram randomizados. Na primeira consulta, os
pacientes foram submetidos a profilaxia, seguida de registro da cor inicial através do
protocolo fotográfico e escala de cor VITA. Além disso, foi entregue um kit contendo:
o produto utilizado de acordo com o grupo ao qual o paciente pertence, um guia com
A B
C
14
instruções de utilização do respectivo produto e a escova dentária fornecida pela
empresa Carvvo®.
Para o grupo destinado à associação do Carvvo® com o clareamento de
consultório, após a profilaxia e o registro de cor, foi executado o afastamento labial
(Arcflex, FGM® Produtos Odontológicos, Joinville, SC, Brasil) e aplicação de barreira
gengival (TopDam, FGM® Produtos Odontológicos, Joinville, SC, Brasil) (HAYWOOD
et al., 2005). Em seguida, foi realizada a aplicação do peróxido de hidrogênio 35% da
Whiteness HP® nas faces vestibulares dos elementos 15 ao 25, 35 ao 45, em ambos
os arcos, no total de 02 sessões.
Em cada sessão, foram realizadas 03 aplicações do gel (de 15 minutos cada
o). A técnica de aplicação seguiu as recomendações do fabricante: agita-se o frasco
e a mistura do peróxido (fase 01) com a fase espessante (fase 2) poderá ser feita na
proporção de 3 gotas de peróxido para 1 gota de espessante por dente. Após a aplicar
o gel na superfície dental e com o auxílio de um pincel ou microaplicador o gel foi
movimentado para liberar eventuais bolhas de oxigênio geradas e melhorar o contato
com os dentes. Ao final do tempo recomendado, o gel sobre os dentes o foi sugado
com uma cânula aspiradora. Os dentes foram limpos com gaze para receber uma
nova porção de gel, repetindo o procedimento anterior duas vezes. Ao final do
tratamento o gel foi sugado, os dentes lavados e o protetor gengival removido. Outra
sessão foi realizada após 07 dias.
2.5 Sensibilidade dentária
A análise da sensibilidade dentária foi realizada diariamente com avaliações nos
turnos da manhã, tarde e noite, durante os 15 dias do protocolo clareador. Essa
análise foi realizada com o auxílio de escala visual analógica de dor (EVA), que possui
valores de 0 a 10, os quais permitiram analisar as estimativas do grau de sensibilidade
dolorosa experimentada por cada paciente, conforme ficha ilustrada na figura 3.
15
Figura 3 – Diário de sensibilidade
Fonte:Elaborado pela autora.
2.6 Análise estatística
Por tratar-se de um estudo piloto, a variável dependente do estudo foi a
presença de sensibilidade a qual submeteu-se à estatística descritiva.
DIÁRIO DE SENSIBILIDADE
Escala Visual Analógica (EVA)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Legenda:
0 e 1 – Nula;
2 e 3 – Dor mínima;
4, 5, 6 e 7 – Dor moderada;
8, 9 e 10 – Dor intensa.
Orientações: Preencher o nível de dor de acordo com o escore apresentado na escala
visual analógica de dor, colocando dentro do espaço do diário o escore de 0 a 10 se a
dor é nula, mínima, moderada ou intensa, 3x ao dia, durante os 7 dias após as sessões
de clareamento.
Registro da Dor
1º DIA
MANHÃ TARDE NOITE
2º DIA
3º DIA
4º DIA
5º DIA
6º DIA
7º DIA
8º DIA
9º DIA
10º DIA
11º DIA
12º DIA
13º DIA 14º DIA
16
3 RESULTADOS
Este estudo avaliou o nível de sensibilidade dentária experimentada por cada
paciente diariamente por meio da escala visual analógica (EVA) com valores de 0 a
10. Os resultados da análise estão ilustrados no gráfico a seguir:
Gráfico – Nível de sensibilidade
Fonte:Elaborado pela autora.
Pode-se constatar que houve uma diferença entre o grupo CD, que utilizou
exclusivamente o creme dental Colgate® Máxima Proteção Anticáries, e os demais
grupos, visto que este não apresentou sensibilidade dentária, enquanto que os outros
apresentaram algum nível de sensibilidade.
No grupo CAR foi possível perceber uma variação no nível de sensibilidade. Na
primeira semana, com a utilização do Carvvo®, o paciente relatou dor de nível 2,
considerada mínima de acordo com a escala EVA. Já na segunda semana, esse valor
dobrou, enquadrando-se como dor moderada.
No grupo CARPH, que utilizou a combinação do Carvvo® com Peróxido de
Hidrogênio, observou-se presença de sensibilidade apenas após a segunda sessão
de clareamento de consultório (no mesmo dia e no dia seguinte), com valor de grau
8, classificada como dor intensa.
Por último, no grupo PH houve bastante variação entre os níveis de
sensibilidade relatados pelo paciente, oscilando entre 0 (dor nula) e 2 (dor mínima).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1/M 1/T
1/N
2/M 2/T
2/N
3/M 3/T
3/N
4/M 4/T
4/N
5/M 5/T
5/N
6/M 6/T
6/N
7/M 7/T
7/N
8/M 8/T
8/N
9/M 9/T
9/N
10/M
10/T
10/N
11/M
11/T
11/N
12/M
12/T
12/N
13/M
13/T
13/N
14/M
14/T
14/N
Nível de sensibilidade
CD CAR CARPH PH
Nív
el
de d
or
Dia/Turno
17
Após a segunda sessão do clareamento, atingiu o escore 6, classificado como dor
moderada (no mesmo dia) e manteve esse grau de sensibilidade durante os três dias
seguintes, decrescendo com o decorrer da semana até atingir níveis considerados
nulos.
18
4 DISCUSSÃO
A busca pelo sorriso perfeito faz do clareamento dental um procedimento
bastante requisitado na sociedade atual. Embora seja considerado um tratamento
conservador e simples (PASQUALI; BERTAZZO; ANZILIERO, 2014), seu uso
desmedido e irracional pode ocasionar o surgimento da sensibilidade dentária em
decorrência do aumento da porosidade e desmineralização dos prismas periféricos de
esmalte (PORTOLANI JUNIOR; CANDIDO, 2005; CÂNDIDO et al., 2005). Essa
sensibilidade é justificada pela facilidade que o peróxido de hidrogênio, presente em
alguns géis clareadores, tem de penetrar na estrutura dentária e ativar receptores
neuronais da dor (MARKOWITZ, 2010). Dessa forma, os resultados encontrados
neste estudo corroboram com os dados presentes na literatura, visto que os pacientes
dos grupos CARPH e PH relataram os maiores níveis de sensibilidade dolorosa ao
longo dos 14 dias de pesquisa.
Nessa perspectiva, inúmeros produtos, tal qual o creme dentário, são ofertados
no mercado, prometendo um efeito branqueador prático e rápido. Entretanto, esse
dentifrício parece apresentar eficiência limitada quanto ao seu potencial clareador,
uma vez que contém apenas agentes abrasivos para remoção de manchas da
superfície externa dos dentes (SILVA et al., 2011), capaz de desencadear uma
provável abrasão na superfície do esmalte, se utilizado em demasia. Todavia, o
processo de desgaste superficial das unidades dentais está mais intimamente
relacionado ao próprio ato mecânico da escovação, do que a ação dos agentes
clareadores, propriamente ditos (WORSCHECH et al., 2003; TACHIBANA; BRAGA;
SOBRAL, 2006).
Assim, considerando que os participantes desta pesquisa foram previamente
orientados e calibrados quanto à forma correta de escovação, os resultados obtidos
confirmam os achados na literatura. Isso porque, a sensibilidade descrita pelo o grupo
controle (CD) manteve-se linear e nula durante as duas semanas de tratamento. Já
nos grupos que fizeram a utilização do Carvvo®, grupos CAR e CARPH, o nível de
sensibilidade relatado se intensificou no decorrer dos dias. Tal fato pode ser
comprovado pelo estudo “Activated Charcoal as a Whitening Dentifrice”, realizado
pela Faculdade de Odontologia de LECOM, em 2015, no qual se comparou a ação do
carvão ativado à de um creme dentário convencional, ambos sob a superfície de uma
resina acrílica, constatando-se que o primeiro apresenta maior grau de abrasividade
19
em relação ao segundo. Em consequência disso, as partículas abrasivas presentes
nesses compostos aumentam os riscos de desenvolvimento de lesões sobre a
estrutura dentária, tal qual o desgaste excessivo do esmalte (MACDONALD et al.,
2010).
Logo, os indivíduos que se submetem ao uso indiscriminado desse produto à
base de carvão ativado, podem relatar maiores níveis de sensibilidade em função da
abrasão do esmalte dentário. Tal fato, quando associado a determinadas condições e
hábitos individuais de cada indivíduo, pode causar, consequentemente, exposição
significativa de seus túbulos dentinários (ARAÚJO et al., 2009). Entretanto, diante das
limitações desse estudo piloto, é importante que mais estudos sejam realizados para
avaliar com maior segurança a sensibilidade gerada pelo uso do Carvvo®.
20
5 CONCLUSÃO
Conclui-se, portanto, que o dentifrício (Carvvo®) à base de carvão ativado é
capaz de gerar sensibilidade dentária durante o procedimento de clareamento dental.
21
REFERÊNCIAS ARAÚJO, D. B. et al. Lesões do esmalte dental relacionadas aos dentifrícios clareadores. Revista Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v. 8, n. 2, p. 100-121, maio./ago. 2009. ARAÚJO, D. B.; LIMA, M. J. P.; ARAÚJO, R. P. C. Ação dos agentes clareadores contendo peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida sobre o esmalte dental humano. Revista Ciências Médicas e Biológicas, Salvador, v. 6, n. 1, p. 100-121, jan./abr. 2007. BARATIERI, L. N. et al. Clareamento dental. 3. ed. São Paulo: Editora Santos, 1995. BRISO, A. L. F. et al. Análise do clareamento dental caseiro realizado com diferentes produtos: relato de caso. Revista Odontológica de Araçatuba, Araçatuba, v. 35, n. 1, p. 49-54, jan./jun.2014. BROOKS, J. K.; BASHIRELAHI, N.; REYNOLDS, M. A. Charcoal and charcoal-based dentifrices: a literature review. The Journal of the American Dental Association, Inglaterra, v. 148, n. 9, p. 661-670, set. 2017. CÂNDIDO, A. P. et al. Avaliação da permeabilidade do esmalte exposto a diferentes concentrações de peróxido de hidrogênio e peróxido de carbamida. Odontologia Clínico-científica, Recife, v. 4, n. 3, p. 207-211, set/dez. 2005. CERQUEIRA, R. R. D. et al. Efeito do uso de agente dessensibilizante na efetividade do clareamento e na sensibilidade dental. Revista da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, São Paulo, v. 67, n.1, p. 64-67, jan./mar. 2013. HENRIQUE, D. B. B. et al. Os principais efeitos colaterais do clareamento dentário: como amenizá-los. Revista Salusvita, Bauru, v. 36, n. 1, p. 141-155, 2017. HORN, B. A. et al. Clinical evaluation of the whitening effect of over-the-counter dentifrices on vital teeth. Brazilian Dental Journal, Ribeirão Preto, v. 25, n. 3, p. 203-206, 2014. KWON, S. R.; WERTZ, P. W. Review of the mechanism of tooth whitening. Journal of Esthetic and Restorative Dentistry, Londres, v. 27, n. 5, p. 240-257, set./out. 2015. SILVA, J. P. F. et al. Avaliação da eficácia de cremes dentais clareadores com uso associado ou não de escova dental especial. Revista da Faculdade de Odontologia de Lins, Taubaté, v. 21, n. 2, p. 31-39, 2011. MACDONALD, E. et al. Clinical study investigating abrasive effects of three toothpastes and water in an in situ model. Journal of Dentistry, Inglaterra, v. 38, n. 6, p. 509-516, mar. 2010.
22
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ANEXO A
RECOMENDAÇÕES DURANTE O CLAREAMENTO DENTAL PARA TODOS OS
GRUPOS.
Evite alimentos ácidos, pois o tratamento pode trazer alguma reação de
sensibilidade nos seus dentes, deixando-os mais sensíveis a esses alimentos.
Evite comer alimentos e bebidas que contenham muito corante, por exemplo:
vinho tinto, Coca-cola (refrigerantes em geral), molho de tomate, beterraba,
cenoura, suco de uva, café preto, chás, chocolate (sólido ou líquido). Se for
tomar algum líquido que tenha corante, tomar com canudinho.
É proibido fumar durante o tratamento.
Mantenha uma boa higiene bucal, com o uso de fio dental e pasta de dentes.
Evite o uso de antissépticos bucais (ex: Listerine, Cepacol, Plax…) e creme
dental colorido, durante o clareamento (por causa do corante em sua
composição).
INSTRUÇÕES DE USO - CARVVO
Com a escova úmida, retira-se o excesso de água e mergulha-se as cerdas no
pote. Deve-se escovar os dentes gentilmente em pequenos círculos, mantendo
a boca fechada, por cerca de 2 minutos. Após o uso, enxagua-se
abundantemente e escova-se os dentes com um pouco de creme dental
tradicional para uma limpeza completa.
Recomenda-se o uso contínuo por 14 dias, duas vezes ao dia associado a
escovação com creme dental convencional normalmente.