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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIODIVERSIDADE
E BIOTECNOLOGIA DA REDE BIONORTE
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE MORFOTIPOS DE Copaifera reticulata Ducke
EM FLORESTA MANEJADA E O EFEITO DA ÓLEORESINA NA INIBIÇÃO in vitro DE
MICRORGANISMOS FITOPATOGÊNICOS.
HELAINE CRISTINE GONÇALVES PIRES
Belém - PA
NOVEMBRO/2017
HELAINE CRISTINE GONÇALVES PIRES
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE MORFOTIPOS DE Copaifera reticulata Ducke
EM FLORESTA MANEJADA E O EFEITO DA ÓLEORESINA NA INIBIÇÃO in vitro DE
MICRORGANISMOS FITOPATOGÊNICOS.
Tese de doutorado apresentada ao Curso de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação em
Biodiversidade e Biotecnologia da Rede
BIONORTE, na Universidade Federal do Pará,
como requisito para a obtenção do Título de
Doutor (a) em Biodiversidade e Conservação.
Orientador: Prof. Dr. OSMAR ALVES
LAMEIRA.
Belém - PA
NOVEMBRO/2017
___________________________________________________________________
Pires, Helaine Cristine Gonçalves.
XXXXX Caracterização morfológica de morfotipos de Copaifera
reticulata Ducke em floresta manejada e o efeito da óleoresina
na inibição in vitro de microrganismos fitopatogênicos. /
Helaine Cristine Gonçalves Pires. - Belém, 2017.
Tese de Doutorado da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia
da Amazônia Legal, Programa de Pós-Graduação em
Biodiversidade e Biotecnologia, Universidade Federal do Pará,
2017.
Orientador: Osmar Alves Lameira.
1. copaíba. 2. cascas. 3. solo. 4. fungos. 5. bactéria.
I. Caracterização morfológica de morfotipos de Copaifera
reticulata Ducke em floresta manejada e o efeito da óleoresina na inibição in
vitro de microrganismos fitopatogênicos
CDU xxx __________________________________________________________________
FICHA CATALOGRÁFICA
Internacionais de Catalogação na Publicação
HELAINE CRISTINE GONÇALVES PIRES
CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE MORFOTIPOS DE Copaifera reticulata Ducke
EM FLORESTA MANEJADA E O EFEITO DA ÓLEORESINA NA INIBIÇÃO in vitro DE
MICRORGANISMOS FITOPATOGÊNICOS.
Tese de doutorado apresentada ao Curso de
Doutorado do Programa de Pós-Graduação em
Biodiversidade e Biotecnologia da Rede
BIONORTE, na Universidade Federal do Pará,
como requisito para a obtenção do Título de
Doutor (a) em Biodiversidade e Biotecnologia.
Orientador: OSMAR ALVES LAMEIRA.
Banca Examinadora
_______________________________________________
Prof. Dr. Osmar Alves Lameira
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA (Orientador- Presidente da Banca)
________________________________________________
Pesquisadora Dra. Alessandra Keiko Nakasone Ishida
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA (Examinador 1 – Externo)
__________________________________________________
Pesquisadora Dra. Simone de Miranda Rodrigues
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA (Examinador 2 – Externo)
___________________________________________________________
Profa. Dra. Elaine Cristina Pacheco de Oliveira
Universidade Federal do Oeste do Pará- UFOPA (Examinador 3 – Externo)
___________________________________________________________
Profa. Dra. Diocléa Almeida Seabra Silva
Universidade Federal Rural da Amazônia- UFRA (Examinador 4 – Externo)
Belém- PA
NOVEMBRO/2017
DEDICATÓRIA
Ao meu Deus, pela determinação,
perseverança e coragem em todos os
momentos da minha vida, para
questionar realidades e me propor
sempre um novo mundo de
possibilidades a construir.
AGRADECIMENTOS
Ao meu bom Deus, que além da vida me concedeu saúde, força, coragem e determinação para
buscar a realização dos meus sonhos.
Aos meus pais Jaime e Luiza e ao meu irmão Renan Pires exemplos de amor, força e
determinação pela a maravilhosa educação, incentivos ao longo do curso e, principalmente, os
ensinamentos que recebi ao longo da minha vida.
Ao Dr. Osmar Alves Lameira, pela orientação, conselhos e incentivos que recebi ao longo
desse período.
À Dra. Iracema Maria Castro Coimbra Cordeiro, pela orientação, conselhos e incentivos que
recebi ao longo desse período e por permiti o desenvolvimento da pesquisa na Fazenda
Agroecológica São Roque, em Mojú.
À Dra. Alessandra Keiko Nakasone Ishida, por toda a orientação, paciência, à técnica
Clenilda Tolentino e às estudantes Alessandra Freire e Kátia Regina por toda a ajuda e
contribuição referente aos experimentos realizados no Laboratório de Fitopatologia, na
Embrapa Amazônia Oriental.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior- CAPES em parceria com a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária- EMBRAPA pelo financiamento do projeto:
Influência de fatores ambientais na produção e na qualidade do óleo-resina de Copaifera
reticulata Ducke e o seu efeito na inibição do crescimento micelial in vitro de fitopatógenos
que permitiu a realização do meu trabalho e pela concessão da bolsa de estudos para o
doutorado
Ao Museu Paraense Emílio Goeldi- MPEG, aos professores e a secretaria do Curso de
Doutorado em Biodiversidade e Biotecnologia, pelo conhecimento, experiência e atenção que
contribuíram ao longo do curso.
Aos estudantes e aos técnicos do Laboratório de Biotecnologia da Embrapa Amazônia
Oriental pela ajuda, amizade e momentos de alegria.
A minha madrinha Rosalina, que participou da minha criação, pelo seu exemplo de amor,
carinho e por toda a sua ajuda nos momentos difíceis.
Ao meu noivo Gerson Albuquerque, pelo amor, companhia, parceria e sempre me
proporcionar momentos felizes.
À engenheira florestal, Ana Cristina Carvalho (in memorian) pelos incentivos, pela ajuda nas
coletas de campo e por todos os momentos de alegria que sabemos que ela está em um lugar
melhor, olhando por todos nós.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram para a concretização desta tese.
Muito obrigada!
“A maior recompensa para o trabalho do
homem não é o que ele ganha com isso, mas o
que ele se torna com isso.” John Ruskin
vi
_______________________________________________________________________
PIRES, H. C. G. Caracterização morfológica de morfotipos de Copaifera reticulata
Ducke em floresta manejada e o efeito da óleoresina na inibição in vitro de
microrganismos fitopatogênicos. 2017. 67 f. Tese (Doutorado em Biodiversidade e
Biotecnologia) - Universidade Federal do Pará, Belém, 2017.
________________________________________________________________________
Resumo: A caracterização realizada em uma espécie pode determinar diferenças entre e
dentre as mesmas. No gênero Copaifera, dentre as diferentes espécies destaca-se a
Copaifera reticulata Ducke, existindo dentro da espécie morfotipos que necessitam ser
identificados e caracterizados para melhor serem aproveitados e conservados. Dentre as
diversas formas de caracterização, a morfológica aliada às características edáficas do
local pode contribuir para melhor identificação desses morfotipos. A óleoresina do
gênero Copaifera está ligada também ás atividades bactericidas e antifúngicas e pode ser
utilizada no controle de fitopatógenos. O trabalho objetivou identificar e caracterizar
através das cascas, morfotipos de Copaifera reticulata, em correlação com as
características edáficas, em uma área de floresta manejada, no município de Mojú, Pará e
avaliar as diferentes concentrações da óleoresina de copaíba na inibição in vitro de
microrganismos fitopatogênicos. A pesquisa foi conduzida, inicialmente, em campo, onde
foram coletadas amostras de cascas de 10 indivíduos de C. Reticulata e amostras de solo
em torno de cada árvore, correlacionando-as com as características edáficas do local. Os
ensaios in vitro foram realizados no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia
Oriental, em Belém, Pará, utilizados os isolados de fungos, Fusarium oxysporum f. sp.
passiflorae, Fusarium solani, Rhizoctonia solani e da bactéria Xanthomonas. axonopodis
pv. passiflorae obtidos de plantas de maracujazeiro. Os óleos foram incorporados em
meio de cultura BDA sintético (fungos) e MB1 (bactérias) nas concentrações de 0, 1, 2 e
3% (v/v), onde se avaliou a inibição in vitro desses fitopatógenos. Os resultados obtidos
corroboraram a diferença entres os indivíduos da espécie com base nas características
morfológicas das cascas, servindo para identificação e caracterização de morfotipos
dentro da espécie e que as copaibeiras foram influenciadas pelas características edáficas
do local de crescimento das árvores. Em relação aos ensaios in vitro, demonstraram que a
óleoresina de C. reticulata possui atividade antifúngica e antibactericida, o que confirma
seu potencial na redução do dos fitopatógenos estudados.
Palavras- Chave: copaíba, identificação, solo, antifúngica, antibactericida.
vii
Abstract: The characterization performed in a species can determine differences between
and among them. In the Copaifera genus, among the different species, Copaifera
reticulata Ducke stands out, there being morphotypes within the species that need to be
identified and characterized to be better used and preserved. Among the several forms of
characterization, the morphological allied to the edaphic characteristics of the place can
contribute to a better identification of these morphotypes. The oleoresin of the Copaifera
genus is also linked to bactericidal and antifungal activities and can be used to control
plant pathogens. The objective of this study was to identify and characterize the
morphotypes of Copaifera reticulata in correlation with soil characteristics in a managed
forest area in the municipality of Mojú, Pará, and to evaluate the different concentrations
of copaiba oleoresin in the in vitro inhibition of microorganisms plant pathogens. The
research was initially conducted in the field, where samples of 10 individuals of C.
reticulata and soil samples were collected around each tree, correlating them with the
edaphic characteristics of the site. The in vitro assays were performed at the
Phytopathology Laboratory of Embrapa Amazônia Oriental, in Belém, Pará, using
funguses isolates, Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae, Fusarium solani, Rhizoctonia
solani and the bacterium Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae obtained from passion
fruit plants. The oils were incorporated in synthetic BDA (funguses) and MB1 (bacteria)
medium at concentrations of 0, 1, 2 and 3% (v / v), in which the in vitro inhibition of
these plant pathogens was evaluated. The results obtained corroborate the difference
among the individuals of the species based on the morphological characteristics of the
bark, serving to identify and characterize morphotypes within the species and that the
copaibeiras were influenced by the edaphic characteristics of the growing site of the trees.
In relation to the in vitro tests, they demonstrate that the oleoresin of C. reticulata has
antifungal and antibactericidal activity, which confirms its potential in the reduction of
the plant pathogens studied.
Key-words: copaiba, identification, soil, antifungal, antibacterial.
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Variáveis qualitativas e quantitativas observadas em cascas de indivíduos de
Copaifera reticulata, na fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú,
Pará....................................................................................................... .....................................35
Tabela 2. Média da análise química das amostras de solo coletado na profundidade de 0-20
cm, na fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú,
Pará............................................................................................................................................40
Tabela 3. Teste t de Student para comparação de médias para a variável forma do fuste de
indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na fazenda Agroecológica
São Roque, município de Mojú, Pará........................................................................................40
Tabela 4. Teste t de Student para comparação de médias para a variável cor da casca de
indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na fazenda Agroecológica
São Roque, município de Mojú, Pará.......................................................................................41
Tabela 5. Distribuição das médias para a variável superfície da casca de indivíduos de
Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na fazenda Agroecológica São Roque,
município de Mojú, Pará ..........................................................................................................42
Tabela 6: Teste t de Student para comparação de médias para a variável depressão na casca de
indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica
São Roque, município de Mojú, Pará........................................................................................43
Tabela 7: Teste t de Student para comparação de médias para a variável desprendimento de
placas na casca de indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na
Fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.................................................44
Tabela 8: Teste t de Student para comparação de médias para a variável fendas na casca de
indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica
São Roque, município de Mojú, Pará........................................................................................45
Tabela 9: Distribuição das médias para as variáveis presença de lenticelas e estrias na casca de
indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica
São Roque, município de Mojú, Pará .......................................................................................45
Tabela 10: Distribuição das médias para as variáveis espinhos e fungos na casca de indivíduos
de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica São
Roque, município de Mojú, Pará...............................................................................................46
Tabela 11: Efeito da óleoresina de Copaifera reticulata na inibição do crescimento micelial
(cm) in vitro de fitopatógenos...................................................................................................58
Tabela 12: Efeito da óleoresina de Copaifera reticulata na inibição do crescimento bacteriano
in vitro de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae................................................................61
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Mapa de localização do município de Mojú, nordeste paraense. Fonte: IBGE
Cidades, 2013............................................................................................................................29
Figura 2. Identificação de indivíduos de copaíba dentro da cada Unidade de Trabalho (UT) da
Fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.................................................31
Figura 3. Extração de amostras das cascas de indivíduos de Copaifera reticulata na Fazenda
Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará..............................................................32
Figura 4. Amostras dos morfotipos das cascas de dez indivíduos de Copaifera reticulata na
Fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará................................................39
Figura 5. Processo utilizado na extração da óleoresina de Copaifera reticulata Ducke. Trado
tradicional (A); Orifícios (B) e Coleta da óleoresina (C) na Fazenda Agroecológica São
Roque, município de Mojú, Pará..............................................................................................55
Figura 6. Inibição do crescimento micelial de Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae pela
óleoresina de Copaifera reticulata em meio de cultura BDA, nas concentrações de 0 e 3%.
Fonte: Pires, 2016....................................................................................................................59
Figura 7. Inibição do crescimento micelial de Fusarium solani pela óleoresina de Copaifera
reticulata em meio de cultura BDA, nas concentrações de 0 e 3%. Fonte: Pires, 2016..........59
Figura 8. Inibição do crescimento micelial de Rhizoctonia solani pela óleoresina de Copaifera
reticulata em meio de cultura BDA, nas concentrações de 0 e 3%. Fonte: Pires, 2016..........59
Figura 9. Efeito das concentrações da óleoresina de C. reticulata na inibição do crescimento
micelial in vitro de F. oxysporum, F. solani e R. solani. Fonte: Autores, 2017.......................60
Figura 10. Inibição do crescimento bacteriano de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae
pela óleoresina de Copaifera reticulata em meio de cultura MB1, nas concentrações de 0 a
3%. Fonte: Pires, 2016..............................................................................................................61
Figura 11. Efeito das concentrações da óleoresina de C. reticulata na inibição do crescimento
bacteriano in vitro de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae. Fonte: Autores, 2017.........62
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................vi
ABSTRACT............................................................................................................................vii
LISTA DE TABELAS............................................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................ix
CAPÍTULO I- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1. Introdução............................................................................................................................11
1.1. Revisão Bibliográfica........................................................................................................13
1.2. Objetivos...........................................................................................................................18
1.2.1. Objetivo Geral................................................................................................................18
1.2.2. Objetivos Específicos.....................................................................................................18
1.3. Justificativa........................................................................................................................19
1.4. Referências Bibliográficas.................................................................................................21
CAPÍTULO II- CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE MORFOTIPOS DE
Copaifera reticulata DUCKE CORRELACIONADOS COM CARACTERÍSTICAS
EDÁFICAS, EM FLORESTA MANEJADA NO MUNICÍPIO DE MOJÚ, PARÁ.
Resumo............................................................................................................................... .....27
Abstract........................................................................................................................... .........27.
2.1. Introdução.........................................................................................................................28
2.2. Material e Métodos...........................................................................................................29
2.3. Resultados e Discussão.....................................................................................................34
2.4. Conclusão..........................................................................................................................48
2.5. Referências Bibliográficas................................................................................................48
CAPÍTULO III- DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DA ÓLEORESINA DE Copaifera
reticulata DUCKE NA INIBIÇÃO in vitro DE MICRORGANISMOS
FITOPATOGÊNICOS DO MARACUJAZEIRO.
Resumo............................................................................................................................. .......51
Abstract....................................................................................................................................51
3.1. Introdução.........................................................................................................................52
3.2. Material e Métodos...........................................................................................................54
3.3. Resultados e Discussão.....................................................................................................57
3.4. Conclusão..........................................................................................................................63
3.5. Referências Bibliográficas................................................................................................63
.
12
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, ocorrem em torno de 28 espécies do gênero Copaifera, das quais nove se
encontram na Amazônia brasileira (MARTINS- DA- SILVA, et al., 2008). A região Norte é a
maior produtora da óleoresina de Copaifera reticulata Ducke e outras espécies do gênero
Copaifera, responsáveis por 100% da produção no Brasil. A importância dessa oleaginosa é
devido à boa qualidade da madeira e a produção da óleoresina, o qual é usada pelas
comunidades tradicionais, indústrias farmacêuticas e de cosméticos por conta de suas
propriedades terapêuticas sendo a extração do óleo é realizada de forma extrativista
geralmente, por comunidades locais (LEITE, 2004). É indiscutível a importância econômica
do gênero Copaifera tanto a nível comercial quanto industrial. Entretanto, percebe-se que o
estudo da morfologia do gênero representa um grande desafio, uma vez que são inúmeras as
dificuldades de identificação e delimitação das espécies que ocorrem na Amazônia brasileira.
Em virtude da grande exploração madeireira resultante do processo de ocupação da
Amazônia, a coleta da óleoresina de copaíba por meio do manejo florestal sustentável é
considerada uma importante atividade que pode contribuir para conservação das florestas e
manutenção da tradição extrativista das comunidades locais. Porém essa estratégia é viável
quando se conhece os processos dinâmicos da espécie, com o objetivo de subsidiar seu
manejo, que são o potencial produtivo dos diferentes morfotipos que a espécie possui
encontrados na região (RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2006) e as características edáficas
que influenciam a produção da óleoresina de copaíba.
Na Amazônia existem diversas espécies do gênero Copaifera, todavia, normalmente,
sua identificação botânica não é realizada de modo sistemático (VEIGA JUNIOR & PINTO,
2002), o que se torna um fator limitante na identificação em nível de gênero ou no
conhecimento empírico das características morfológicas das cascas e das folhas (FERREIRA,
1999; LEITE, et al., 2001; PLOWDEN, 2001; 2003).
A caracterização realizada em uma espécie pode determinar diferenças entre e dentre
os indivíduos existindo dentro da espécie C. reticulata Ducke diferentes morfotipos que
necessitam ser caracterizados para melhor serem aproveitados e conservados. Dentre as
diversas formas de caracterização a morfológica pode contribuir para melhor identificação
desses morfotipos (WADT, et al., 2003).
As características morfológicas dos frutos e das sementes são pouco modificadas
pelo ambiente, sendo considerado um critério bastante seguro para a identificação de famílias,
gêneros e, às vezes, espécies (OLIVEIRA & PEREIRA, 1984; GROTH & LIBERAL, 1988;
BARROSO, et al., 1999). Outro fator que vale mencionar, é que a maioria dos trabalhos sobre
13
morfologia não descrevem a estrutura das sementes, o que é um grave erro, pois as sementes
são responsáveis pela dispersão das plantas e, com frequência evidenciam caracteres
familiares (GUNN, 1981; OLIVEIRA, 1993). Todavia, os trabalhos para identificação de
morfotipos do gênero Copaifera utilizam características morfológicas das cascas
(RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2006).
Segundo Cruz et al. (2001) e Cruz & Carvalho (2003) há grande variabilidade com
relação ao tipo e tamanho de frutos e sementes, porém são poucos os trabalhos que priorizam
a caracterização de frutos e sementes dessas espécies com o objetivo de ampliar o
conhecimento sobre a mesmas (EDWARDS, 2000). Além disso, é de extrema importância, o
conhecimento sobre as características físicas e químicas de frutos e sementes, bem como a
diversidade das mesmas dentro das populações de plantas e as relações desta com os fatores
ambientais, que contribuem para o melhoramento genético, além de fornecer informações
para o estudo sobre diferenciação de espécies, classificação de grupos ecológicos,
caracterização de germoplasma e manejo da fauna silvestre (OLIVEIRA, 2000).
A óleoresina do gênero Copaifera está ligada, também, as atividades bactericida,
anti-inflamatória e antifúngica. Diversas substâncias foram identificadas no óleo desta
espécie, e estão presentes na sua composição química, entre eles podemos citar os β-
bisaboleno e β-cariofileno (OLIVEIRA, et al., 2006b). Estes sesquiterpenos possuem
atividades antiflamatória e antifúgica, permitindo que o óleo de copaíba possa ser usado no
controle de fitopatógenos (VEIGA JUNIOR & PINTO, 2002). Esse é principalmente,
empregado na medicina tradicional para o tratamento de diversas doenças (CORRÊA, 1984;
VAN DEN BERG, 1993; VIEIRA, 1992), razão esta que tem motivado o estudo cada vez
mais crescente da atividade farmacológica da óleoresina e dos principais compostos presentes
no óleo. Ainda, o óleo é utilizado nas indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos e
como matéria-prima para vernizes, lacas, tintas e papel, além do uso da madeira na indústria
de compensados decorativos, na construção civil leve, para fabricação de embalagem, palitos
e brinquedos (ENRÍQUEZ, et al., 2003). No estado do Pará, a intensa atividade madeireira,
tem ocasionado o quase abandono da extração da óleoresina de copaíba em alguns
municípios, dificultando o acesso a esse importante recurso florestal não madeireiro.
Nesse sentido, esta pesquisa teve por objetivo, identificar e caracterizar
morfologicamente morfotipos de Copaifera reticulata Ducke em correlação com as
características edáficas, em uma área de floresta manejada localizada no município de Mojú,
Pará e o efeito da óleoresina na inibição in vitro de microrganismos fitopatogênicos. A
pesquisa foi desenvolvida no âmbito do projeto “Coleta, conservação, caracterização,
documentação e uso de plantas medicinais e aromáticas de ocorrência na Amazônia Oriental”
14
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e financiado pela mesma
Instituição.
1.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1.1. Origem e Distribuição Geográfica do Gênero Copaifera.
O nome “copaíba” é de origem Tupi “Kupa `iwa” (SILVA, 2011). São popularmente
conhecidas como “copaíba”, “copaibeiras”, “óleo”, pau d’óleo, entre outros nomes e referem-
se às espécies do gênero Copaifera, pertencente à família Leguminosae Juss. e subfamília
Caesalpinoideae Kunth (JUDD, 1999). De acordo com outro sistema de classificação, o de
Cronquist, o gênero Copaifera pertence à família Caesalpiniaceae (ROSA & GOMES, 2009).
Porém, considerando a nomenclatura botânica atual, o gênero Copaifera, insere-se na família
Fabaceae e subfamília Detarioideae (LPWG, 2013).
Mabberley (1990) afirma que as espécies do gênero Copaifera distribuem-se em uma
área geográfica situada entre os Trópicos de Câncer e Capricórnio, sendo árvores nativas de
regiões tropicais dos continentes americano e africano. Na América Latina, são encontradas
espécies na região que se estende do México ao norte da Argentina, sendo encontradas,
principalmente na região Amazônica e Centro Oeste do Brasil, onde as espécies mais
abundantes são: C. officinalis I (norte do Amazonas, Roraima, Colômbia, Venezuela e El
Salvador); C. guyanensis desf. (Guianas); C. reticulata e C. multijuga (Amazônia); C.
confertiflora (Piauí); C. coriacea (Bahia) e C. cearensis (Ceará) (PERROT, 1993). A espécie
C. reticulata ocorre nos estados do Acre, Amazonas e Pará (BARBOSA & SCUDELLER,
2009) e a C. langsdorfii é particularmente importante por estar distribuída por todo o território
da Amazônia até o sul do Brasil, no estado de Santa Catarina, no Nordeste e Centro-Oeste, e
países como Argentina e Paraguai (VEIGA JÚNIOR & PINTO, 2002).
Segundo um tratamento taxonômico mais recente realizado por Martins- da- Silva et
al. (2008), na Amazônia brasileira, foi encontrado nove espécies do gênero Copaifera L.,
entre elas: C. duckei Dwyer, C. glycycarpa Ducke, C. guyanensis desf., C. martii Hayne, C.
multijuga Hayne, C. piresii Ducke, C. paupera (Herzog) Dwyer, C. piresii Ducke, C.
pubiflora Benth. e C. reticulata Ducke, das quais C. duckei, C. martii, C. piresii e C.
reticulata são endêmicas do Brasil. Algumas dessas espécies apresentam larga distribuição
em alguns estados brasileiros, por exemplo, no Pará, as espécies mais amplamente
distribuídas são C. martii e C. reticulata; no Amazonas, C. multijuga; em Roraima C.
pubiflora e, no Acre, C. paupera onde a mesma é de ocorrência restrita (MARTINS- DA-
15
SILVA, et al., 2008). A Copaifera duckei foi encontrada desde o nordeste do Pará até o
noroeste do Maranhão, C. piresii no sudoeste do Pará, noroeste de Mato Grosso e, a leste,
oeste e centro-sul de Rondônia, enquanto C. guyanensis, na Amazônia brasileira, foi
encontrada apenas no estado do Amazonas (MARTINS- DA- SILVA, et al., 2008).
No continente africano, mais precisamente na África Ocidental, foram catalogadas
19 espécies, presentes nos países: Congo, Camarões, Guiné e Angola, as principais são: C.
convertifolia, C. demeusii, C. coleosperma, C. conjugata, C. hymenaefolia, C. chodatiana e
C. fissicuspis. Na região que engloba esses países, são comuns, citações das óleoresinas
fossilizadas resultantes de espécies do gênero Copaifera (COUX, 1953, apud JUDD, 1999,
apud, ROSA & GOMES, 2009). Há também registros de uma espécie encontrada na Ilha de
Bornéo, na Malásia, sudeste asiático, denominada de C. palustris, a qual apresenta
características análogas aos das espécies africanas e ao gênero Pseudosindora (HOU, 1994).
O gênero Copaifera tem a ocorrência em florestas de terras firmes, terras alagadas,
margens de lagos, tanto em solos argilosos e arenosos, igarapés da Bacia Amazônica e nas
matas do cerrado do Brasil, sendo associada à tipologia de floresta ombrófila densa
(RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2004). É encontrada em altitude de 50 a 1.600 m,
precipitação média de 750 a 2000 mm, em regime pluviométrico uniforme. Em regiões onde
ocorrem grandes períodos secos, o crescimento é raro ou ocasional, geralmente, cresce em
temperaturas ideais de 17º a 28ºC (ROSA & GOMES, 2009). As espécies desse gênero
podem ser arbustos ou árvores e chegam a atingir de 25 a 40 metros de altura, podendo viver
até 400 anos (MARTINS- DA- SILVA, et al., 2008).
1.1.2. Descrição Botânica, Ecologia e Fenologia do Gênero Copaifera.
A espécie possui casca de cor castanha escura, rugosa, fissurada e com aroma,
medindo de 0,4 a 4 metros de diâmetro. As folhas alternas, pecioladas simples e compostas,
paripenadas, na base do pecíolo pequenas estípulas, folíolos de 3 a 4 pares opostos, coriáceos
e lisos com peninérvias e alternas, apresentam glândulas contendo óleo com resina e, quando
recém brotadas despontam tonalidades de cor vermelha, revestindo toda a copa (ROSA &
GOMES, 2009). As flores são pequenas e brancas, sem pétalas, hermafroditas e dispostas em
arranjos do tipo penículos axiliares densos (ALENCAR, 1984). O fruto é uma vagem
avermelhada curta pedunculada, articular, oblíqua, comprida, aguda, carnosa amarelada,
bivalves, com até 25 mm de comprimento, com uma semente ovóide de ala em forma de saco
e quase completamente coberta pelo arilo, rico em lipídios (ROSA & GOMES, 2009). A
dispersão natural das sementes é via barocoria (atuação da força da gravidade), também é
16
realizada por animais, principalmente, por aves que as levam a grandes distâncias, por
exemplo, o tucanuçu (Ramphastos toco), a galha do campo (Cyanocorax cristatellus) e o
sabiá que engolem o arilo e regurgitam a semente (RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2004).
Em relação à ecologia do gênero Copaifera, as espécies são classificadas como
secundárias tardias e clímax (CARVALHO, 1994) e oportunistas (SOUZA, 2010). Os
indivíduos jovens podem ser encontrados em áreas abertas ou de vegetação secundária
(LEITE, et al., 2001). São plantas alógamas e podem apresentar alto grau de autoesterilidade
(OLIVEIRA, et al., 2002).
A fenologia não é uniforme entre as diferentes regiões ou espécies de copaíba e
ocorre, comumente, a partir dos 5 anos de idade, após o plantio em viveiros. No estado do
Amazonas, a floração e frutificação de C. multijuga ocorrem de janeiro a abril e de março a
agosto, respectivamente (ALENCAR, 1979). Já no estado de São Paulo, a espécie C.
langsdorffii, a floração e frutificação foram observadas a partir de dezembro até fevereiro e de
março a outubro, respectivamente (PEDRONI, et al., 2002). Na região de Xapuri, estado do
Acre, a floração de C. reticulata ocorre entre os meses de janeiro a março e o período de
frutificação entre março a agosto (ROCHA, 2001), podendo haver variações dentro destes
intervalos, dependendo da região e clima, com ausência de florescimento anual, como há em
algumas regiões, onde não se verificou a floração e frutificação em sete indivíduos da espécie
C. martii, localizados no horto de plantas medicinais da Embrapa Amazônia Oriental, em
Belém- Pará, monitorados durante 18 meses.
1.1.3. Usos da madeira e óleoresina do Gênero Copaifera.
A madeira da copaíba é utilizada na indústria de compensados, decoração, na
construção civil leve, fabricação de embalagens e o tronco da árvore apresenta uma resina
líquida rica em sesquiterpenos (α- humuleno, α- e β- selineno, β- bisaboleno e β- cariofileno),
onde β-bisaboleno é constituído de propriedades antiflamatória e analgésica e o β- cariofileno
é antiedêmico, antiflamatório, antibactericida e antifúngico (VEIGA JÚNIOR & PINTO,
2002).
Os sesquiterpenos e diterpenos têm diferentes concentrações, que em temperatura
ambiente possuem consistência líquida, insolúvel em água, com aroma forte e penetrante,
sabor acre, persistente, amargo e adstringente, aderindo às mãos com facilidade, onde as
características físicas químicas variam de líquido transparente a opaco, de baixa a alta
viscosidade, coloração incolor, amarelo pálido até ao castanho dourado- vermelho
(OLIVEIRA, et al., 2006a).
17
A óleoresina de copaíba pode ser encontrada em mercados populares, com várias
denominações: copahyba, copaibarana, copaúba, copaibo, copal, maram, marimari e bálsamo
dos jesuítas (RODRIGUES, 1989). É um exsudato constituído por seiva formada por ácidos
resinosos e compostos voláteis e, possui uma grande representação social e econômica,
sobretudo, na região Amazônica, onde é muito empregado na medicina popular
(VALDEVITE, 2007; VEIGA JÚNIOR, et al., 2007). Devido as suas propriedades
medicinais, a copaíba se destaca como a planta medicinal mais usada e conhecida pela
população na Amazônia (SOUSA, 2011).
Segundo a FAO (2006), a região Norte é a maior produtora da óleoresina de copaíba,
onde as espécies que fornecem a óleoresina mais comercializadas na Amazônia brasileira são:
C. reticulata (80%), C. guyanensis (10%), C. multijuga (5%) e C. officinalis (3-5%). A
copaíba é empregada na medicina popular como antiflamatória, antibactericida, cicatrizante,
anticancerígena, antisséptica urinária e de repelência contra insetos (SOUSA, 2011), devido
as suas propriedades terapêuticas, administrados via oral e por aplicação tópica do óleo in
natura ou em pomadas, sendo na região Norte, comum a prática da embrocação do óleo de
copaíba para tratar infecções na garganta (VEIGA JÚNIOR, et al., 1997). É utilizada,
também, como combustível de iluminação doméstica rudimentar (MARTINS- DA- SILVA, et
al., 2008).
1.1.4. Caracterização de morfotipos do Gênero Copaifera.
Os morfotipos são definidos como um organismo individual ou um conjunto de
organismos dentro de uma população que se distinguem por possuírem uma estrutura física
distinta. Dentro do gênero Copaifera existem diferentes espécies e quase sempre a sua
identificação botânica não é realizada de modo sistemático (VEIGA JUNIOR & PINTO,
2002), o que torna uma limitação na identificação em nível de gênero ou no conhecimento
empírico das características morfológicas das cascas e das folhas (FERREIRA, 1999; LEITE,
et al., 2001; PLOWDEN, 2001; 2003).
Estudos realizados por Rigamonte- Azevedo et al. (2006) apontaram que em duas
populações naturais do sudoeste da Amazônia brasileira (municípios de Tarauacá e Xapuri,
estado do Acre), nos anos de 2000 e 2001, foram selecionadas 388 árvores adultas de
copaíbas das duas populações, sendo identificado em cada árvore, o diâmetro à altura do peito
(DAP), a produção da óleoresina, a posição da árvore no relevo local (baixio ou terra firme) e
a tipologia florestal local (floresta aberta ou densa). Com base em características morfológicas
das cascas: C. reticulata: copaíba-branca, vermelha, amarela e preta e C. paupera: mari-mari,
18
indicaram que a copaíba mari-mari possui maior proporção de indivíduos produtivos (80%),
enquanto os demais morfotipos apresentaram apenas de 22 a 40% de seus indivíduos
produtivos. Com relação a todas as árvores amostradas, a produção de óleoresina variou de 0
a 18/ L árvore, sendo que a copaíba mari-mari obteve a maior produção média (1,33 L/
árvore), porém sem diferir significativamente dos demais morfotipos.
O conhecimento das variações químicas é de grande importância para a qualidade e o
preparo das espécies medicinais de interesse terapêutico e/ou industrial, sendo útil para a
extração e isolamento de princípios ativos desejados ou para a determinação da interrupção da
colheita em épocas de produção de metabólitos tóxicos (OLIVEIRA, et al., 2006b).
Segundo Oliveira et al. (2006b), a composição química dos óleos de copaíba está
descrita em diversos artigos científicos, sendo empregadas técnicas mais antigas e também,
metodologias mais modernas de isolamento e de identificação, por exemplo, a cromatografia
gasosa acoplada à espectrometria de massa com colunas cromatográficas de fase estacionária
quiral (b- ciclodextrina permetilada), onde além da identificação dos sesquiterpenos foram
detectados também diterpenos (VEIGA JÚNIOR & PINTO, 2002).
No final do século XIX e começo do século XX, os químicos orgânicos iniciaram os
estudos a fim de conhecer os compostos finais do metabolismo, sem função, mas importantes
como medicamentos, venenos, aromatizantes e materiais industriais. Archibold (1995) alegou
que a defesa química das plantas é fornecida pelos diversos compostos do metabolismo
secundário, que estão presentes nas interações entre espécie vegetal e o fitopatógeno, como
ativador do sistema de defesa da planta hospedeira ou diretamente contra os patógenos
fúngicos. Atualmente, sabe-se que a variedade das substâncias do metabolismo secundário
tem como origem a filogenia das plantas em co-evolução metabólica com microrganismos
parasitas e, especialmente, com herbívoros, além de agirem como atrativos de animais
polinizadores e dispersores de sementes, além de agentes na competição entre as plantas
(TAIZ & ZEIGER, 2009).
19
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. OBJETIVO GERAL
Identificar e caracterizar morfologicamente morfotipos de Copaifera reticulata Ducke
correlacionando com as características edáficas, em uma área de floresta manejada localizada
no município de Mojú, Pará e o efeito da óleoresina na inibição in vitro de microrganismos
fitopatogênicos.
1.2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar e caracterizar através da casca, morfotipos de Copaifera reticulata;
Correlacionar os morfotipos de Copaifera reticulata com as características edáficas;
Avaliar as diferentes concentrações da óleoresina de C. reticulata na inibição in vitro
de microrganismos fitopatogênicos do maracujazeiro.
20
1.3. JUSTIFICATIVA
O setor florestal brasileiro necessita de normas específicas para o manejo de
Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) que de acordo com a FAO (2008), considera
PFNM, todos aqueles produtos que crescem e são colhidos em áreas de florestas, exceto
madeira em tora, e não derivam da atividade agropecuária e da aquicultura.
No sistema de produção extrativista tradicional da região Amazônica, a produção da
óleoresina da copaíba é muito variável, e apresenta vantagens sobre outras fontes naturais de
substâncias gordurosas, por serem abundantes e renováveis, desde que manejadas de forma
sustentável. Entretanto, mesmo existindo algumas pesquisas sobre o efeito das características
físicas do solo, tamanho da árvore (DAP) e a época do ano sobre a produção da óleoresina,
ainda não há uma conclusão definitiva que oriente o manejo adequado da espécie, a
caracterização morfológica de suas estruturas e o melhor período de floração e frutificação.
A copaíba é uma espécie de difícil estudo, a começar por sua identificação botânica,
porém, a demanda do mercado por essa espécie contribui para o surgimento de pesquisas a
fim de melhor conhecer as relações de produção com o tipo botânico, a sua estrutura
morfológica e aplicabilidade alternativa, pois é uma espécie com alto potencial econômico
para uso não madeireiro na região Amazônica.
Em relação aos fitopatógenos, grande parte da flora brasileira ainda não foi estudada,
onde a descoberta e pesquisas sobre compostos químicos extraídos de plantas são capazes de
controlar o desenvolvimento de fitopatógenos (STANGARLIN, et al., 1999) e, atualmente,
estudos estão sendo desenvolvidos a fim de controlar a propagação de pragas e doenças,
principalmente, que causam danos econômicos à agricultura (SCHWAN-ESTRADA &
STANGARLIN, 2005)
Silva et al. (1995) e Garcia et al. (2012) afirmam que substâncias encontradas na
composição química de plantas medicinais podem ser usadas pelos seres humanos por
apresentarem potencial fungicida e antibactericida. Por outro lado, o aparecimento de
fitopatógenos de amplo interesse econômico pode ocasionar uma diminuição na qualidade
dessas espécies. A fim de combater esses agentes fitopatogênicos, são empregadas substâncias
químicas, de modo racional, todavia quando extrapoladas, prejudicam o homem. O uso de
produtos naturais no controle de doenças de plantas tem sido eficiente para redução na
utilização de defensivos agrícolas (FONSECA, et al., 2015).
Para minimizar a ação tóxica das substâncias aplicadas, é preciso identificar
alternativas que diminuam a ação de fitopatógenos, e uma dessas alternativas é o controle
alternativo por meio de compostos químicos extraídos de plantas, onde a exploração da
21
atividade biológica dos metabólitos secundários dos extratos brutos e de óleos de plantas
surgem como potencial a esse controle alternativo (STANGARLIN, et al., 1999). Esses
compostos devem ser utilizados de forma direta pelo produtor rural e servir de matéria prima
para formulação de novos produtos a baixo custo (GARCIA, et al., 2012; FONSECA, et al.,
2015). Tais informações podem contribuir para o controle alternativo de algumas doenças e o
avanço futuro de novos produtos.
A falta de estudos químicos direcionados à caracterização da óleoresina de copaíba,
associado com a própria variabilidade natural que a espécie possui e o aumento da demanda
do mercado pelos medicamentos fitoterápicos, muitas vezes, resulta no comprometimento da
autenticidade e efetividade dos produtos que são fabricados pela óleoresina, tendo em vista
que para o extrativismo dela são utilizadas, simultaneamente, várias espécies do gênero
Copaifera, onde essa ação pode acarretar na mistura dos óleos de copaibeiras com idades e
locais distintos (OLIVEIRA, et al., 2006b), o que pode ser atribuído pela dificuldade de
realização da diferenciação morfológica entre os indivíduos da mesma espécie e entre
espécies diferentes, seja pela dificuldade prática em se obter órgãos florais das espécies
devido ao curto intervalo de tempo em que ocorrem e, a elevada altura das árvores na floresta
(TAPPIN, et al., 2004).
Deste modo, há uma ausência de parâmetros eficazes a fim de caracterizar e por
consequência, realizar o controle da qualidade da óleoresina de copaíba visando o registro e a
comercialização de produtos fitoterápicos que contém este insumo.
Assim, o desenvolvimento de pesquisas voltadas para identificar fatores que
contribuam para a identificação da variabilidade dentro da espécie Copaifera reticulata
Ducke, a sua correlação com as características edáficas e o potencial do uso da óleoresina
contra agentes fitopatogênicos é fundamental para a valorização da espécie.
A pesquisa foi realizada, inicialmente, em campo, na Fazenda Agroecológica São
Roque, Mojú, PA, em área de floresta manejada, onde foram coletadas amostras de cascas de
indivíduos de Copaifera reticulata e amostras de solo em torno de cada árvore e,
posteriormente, no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, onde foram
realizados os ensaios in vitro com a óleoresina na interação com os fitopatógenos.
22
1.4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE MORFOTIPOS DE
Copaifera reticulata DUCKE CORRELACIONADOS COM CARACTERÍSTICAS
EDÁFICAS, EM FLORESTA MANEJADA NO MUNICÍPIO DE MOJÚ, PARÁ.
Resumo: A caracterização morfológica de uma espécie contribui para melhor identificação
dos morfotipos, além de subsidiar a produção de alimentos, condimentos fitoterápicos e
estéticos. No gênero Copaifera, dentre as diferentes espécies, a Copaifera reticulata Ducke
possui morfotipos que necessitam ser caracterizados para melhor serem aproveitados e
conservados. Nesse sentido, o trabalho teve por objetivo identificar e caracterizar
morfologicamente as cascas de indivíduos de Copaifera reticulata, por meio da descrição
anatômica e correlacioná-las com as características edáficas, em uma área de floresta
manejada, localizada no município de Mojú, Pará. A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda
Agroecológica São Roque, Mojú, Pa, onde, para identificação e caracterização das cascas
foram selecionados 10 indivíduos, os quais foram coletados amostras de cascas (14 cm de
comprimento x 10 cm de largura) e analisadas as variáveis, forma do fuste da árvore, cor da
casca, superfície da casca, presença ou ausência de lenticelas, depressões, estrias,
desprendimento de placas, fendas e presença ou ausência de espinhos e fungos nas cascas.
Para a correlação das cascas com as características edáficas, foi realizada a coleta de solo e
analisadas as variáveis MO (G/Kg), pH (água), P, K, Na, Ca, Ca+Mg e H + Al. Os resultados
mostraram que as variáveis MO (G/Kg), pH (água), K, Ca, Ca+Mg e H + Al apresentaram
correlação com as cascas de árvores de C. reticulata, enquanto as variáveis P e Na não
obtiveram correlação com nenhuma variável relacionada às cascas de indivíduos de copaíba.
Conclui-se que ocorreu diferença entres os indivíduos de C. reticulata, com base em
características morfológicas da casca, servindo para identificação e caracterização de
morfotipos dentro da espécie, bem como, os morfotipos de copaíba foram influenciados pelas
características edáficas do local de crescimento das árvores, existindo uma correlação.
Palavras-chave: copaíba, cascas, solo, correlação.
Abstract: The morphological characterization of a species contributes to a better
identification of the morphotypes, besides subsidizing the production of food,
phytotherapeutic and aesthetic condiments. In the Copaifera genus, among the different
species, Copaifera reticulata Ducke has morphotypes that need to be characterized to be
better utilized and preserved. In this sense, the objective of this work was to identify and
morphologically characterize the shells of individuals of Copaifera reticulata, through
anatomical description and to correlate them with the edaphic characteristics, in an area of
managed forest, located in the municipality of Mojú, Pará. This research was carried out at the
São Roque Agroecological Farm, Mojú, Pa, where 10 individuals were selected to identify
and characterize the shells samples, and samples of shells samples were collected (14 cm long
x 10 cm wide) and analyzed. tree color, shell surface, shell surface, presence or absence of
lenticels, depressions, striations, plaque detachment, cracks and presence or absence of spines
and fungi on the shells. For the correlation of the shells with the soil characteristics, soil
samples were collected and the variables MO (G / Kg), pH (water), P, K, Na, Ca, Ca + Mg
and H + Al were analyzed. showed that the variables MO (G / Kg), pH (water), K, Ca, Ca +
Mg and H + Al presented a correlation with the shells of C. reticulata, whereas the variables
P and Na did not correlate with any variable related to the shells of individuals from copaiba.
It was concluded that there was a difference between the individuals of C. reticulata, based on
morphological characteristics of the shell, serving to identify and characterize morphotypes
within the species, as well as, the copaiba morphotypes were influenced by the edaphic
characteristics of the growth site of the trees, and there is a correlation.
Key- words: copaiba, shells, soil, correlation
29
2.1. Introdução
A descrição das características das espécies ocorre por muitos anos, com a finalidade
de sistematizar e classificar os seres vivos. Os vegetais, especialmente, por sua importância na
alimentação e a utilização de condimentos fitoterápicos e estéticos, foram descritos e
caracterizados ao longo da história (BORÉM, 2005).
Silva (1999) confirmou a importância de estudos sobre a caracterização de
populações em níveis genéticos e fenotípicos com o objetivo de conhecer a variabilidade e a
estrutura genética que existe no germoplasma disponível, e também identificar aqueles
caracteres associados à produtividade.
A caracterização realizada em uma espécie pode determinar diferenças entre e dentre
as mesmas. No gênero Copaifera dentre as diferentes espécies destaca-se a Copaifera
reticulata Ducke, existindo dentro da espécie morfotipos (WADT, et al., 2003) que
necessitam ser caracterizados para melhor serem aproveitados e conservados. Dentre as
diversas formas de caracterização, a morfológica pode contribuir para melhor identificação
desses morfotipos. Um exemplo, amplamente usado é a identificação de várias espécies do
gênero Copaifera, havendo problemas em sua identificação botânica devido as suas
semelhanças, o que acaba sendo uma dificuldade na identificação de gênero e/ou na espécie
(RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2004).
De acordo com Leite et al. (2001), no estado do Acre são reconhecidos seis
morfotipos de copaíbeiras, sendo a classificação baseada nas características morfológicas das
cascas e das folhas: copaíba-preta da placa grande, copaíba-preta da placa pequena, copaíba-
branca, copaíba-amarela, copaíba- vermelha e copaíba-mari-mari, onde se confirma que a
identificação de morfotipos entre os indivíduos da espécie pode contribuir para o manejo
adequado da copaíba na produção extrativista.
A produção da óleoresina pela árvore de Copaifera sp. apresenta variação e ainda
não há estudos científicos que comprovem os fatores que o determinam. As condições
ambientais, as características edáficas do local de crescimento das árvores, a época do ano e
as suas características genéticas são fatores que se acredita serem determinantes como fontes
de variação para a produção do óleo (ALENCAR, 1984). Algumas pesquisas avaliaram o
efeito das características físicas do solo, diâmetro da árvore (DAP) e a sazonalidade sobre a
produção do óleo de copaíba, sem uma conclusão definitiva (ALENCAR, 1984; LEITE, et al.,
2001; RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2004).
Com base no levantamento realizado por Veiga Júnior & Pinto (2002) sobre o gênero
Copaifera, a óleoresina possui diversos fins terapêuticos, onde a oferta do óleo depende
30
totalmente do extrativismo, ocorrendo a necessidade de desenvolver técnicas de domesticação
e estabelecer plantios para abastecer a demanda do mercado (HOMMA, 2014).
Assim sendo o trabalho teve por objetivo identificar e caracterizar morfologicamente
as cascas de indivíduos de Copaifera reticulata Ducke, por meio de descrição anatômica e
correlacioná-las com as características edáficas, em uma área de floresta manejada, localizada
no município de Mojú, Pará.
2.2. Material e Métodos
a) Localização da Área de estudo
A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda Agroecológica São Roque, classificada
como área de floresta manejada, sob as coordenadas (3º03`14,85409" de latitude sul e
48º59`36,15357" longitude oeste), no município de Moju- Pará, o qual se situa na
microrregião de Tomé-Açú. A sua sede municipal está localizada sob as coordenadas
geográficas 01º53”02’ latitude sul e 48º46”08’ longitude oeste de Greenwich, como mostra a
Figura 1. Apesar de estar localizada neste município, a Fazenda Agroecológica São Roque é
limítrofe ao município de Tailândia com entrada a margem direita (sentido Belém/ Marabá da
PA-150), vicinal 18, nordeste paraense, cujo clima é do tipo Ami (quente e úmido) segundo a
classificação de Köppen.
Figura 1. Mapa de localização do município de Mojú, nordeste paraense. Fonte: IBGE Cidades, 2013.
A floresta é ombrófila, composta por árvores de grande porte variando de 25 a 35m
de altura, com copas grandes e irregulares (OLIVEIRA, et al., 2006). A temperatura média
anual varia entre 25ºC e 27ºC e a precipitação média anual oscila de 2.000 mm a 3.000 mm,
apresentando distribuição irregular, com a maior concentração, cerca de 80%, nos meses de
janeiro a junho e um período de estiagem que ocorre de setembro a novembro (IBGE, 2013).
31
A insolação mensal pode variar entre 148,0 e 275,8 horas, proporcionando estreita relação
com a precipitação e a umidade relativa do ar que fica em torno de 85% (COSTA, et al., 1998;
OLIVEIRA, et al., 2006).
O solo predominante é do tipo Latossolo Amarelo com diferentes texturas, ocorrendo
também, solos podzólicos Vermelhos Amarelos, Glei Pouco Húmico e Plintossolos, com
relevo plano e pequenos declives, variando de 0 a 3% (COSTA, et al., 1998; OLIVEIRA, et
al., 2006).
Foi realizado o georreferenciamento das árvores, através de aparelho GPS de
navegação do tipo GARMIMP, após o levantamento de indivíduos de copaíba com base nas
informações contidas no inventario florestal pré exploratório, com o apoio de mapas de uso do
solo, microzoneamento e mapas de localização das copaibeiras dentro da cada Unidade de
Trabalho (UT), totalizando três unidades, como mostra a Figura 2.
32
Figura 2. Identificação de indivíduos de copaíba dentro da cada Unidade de Trabalho (UT) da Fazenda
Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.
Foram selecionadas dez copaibeiras, com base em características de fuste e forma da
copa e foram realizadas três visitas in loco, uma no período de menor precipitação
pluviométrica, no mês de julho de 2014, a segunda no período de maior precipitação
pluviométrica, em fevereiro de 2015 e a última, em novembro de 2015, finalizando o período
de menor precipitação pluviométrica.
2.2.1. Identificação e caracterização das cascas de indivíduos de Copaifera reticulata Ducke
em área de floresta manejada.
Para averiguação e confirmação foram realizadas visitas in loco, com auxílio do guia
de campo, o mapa do censo florestal e as trilhas de orientação. Foram selecionadas árvores
adultas nativas, com mais de trinta anos de idade com base nas informações contidas no
inventário florestal pré exploratório, levando em consideração as características de qualidade
de fuste, qualidade de copa, microambiente, diâmetro, altura e fitossanidade. Em seguida, as
coletas foram realizadas com objetivo de obter amostras das cascas de indivíduos, a fim de
identificar e caracterizar os morfotipos dentro da espécie. Para cada indivíduo, foram retiradas
as amostras das cascas em uma dimensão de 14 cm de comprimento X 10 cm de largura, com
pequenas variações, dependendo da superfície das cascas, conforme a Figura 3.
33
Figura 3. Extração de amostras das cascas de indivíduos de Copaifera reticulata na Fazenda Agroecológica
São Roque, município de Mojú, Pará.
A identificação da espécie foi realizada pelo método de comparação empregado no
herbário IAN da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, Pará, por meio de caracteres
morfológicos, pesquisas em literatura específica, observações visuais, descrição anatômica
das cascas na Xiloteca da Embrapa Amazônia Oriental e, posteriormente, as exsicatas foram
depositadas no herbário da referida instituição. A caracterização morfológica das cascas foi
conduzida levando em consideração variáveis qualitativas e quantitativas, como: forma do
fuste da árvore, cor da casca, superfície da casca, presença ou ausência de lenticelas,
depressões, estrias, desprendimento de placas, fendas e presença ou ausência de espinhos e
fungos nas cascas.
2.2.2. Correlação das cascas de indivíduos de Copaifera reticulata Ducke com as
características edáficas em área de florestada manejada.
A coleta do solo foi realizada durante o período de menor precipitação pluviométrica,
no mês de julho de 2014. A profundidade de coleta foi de 0 a 20 cm a fim de determinar as
A B
C
34
características físico-químicas do solo. Para formar uma amostra composta foram coletadas 4
amostras em cada copaibeira. As amostras de solo foram secas à temperatura ambiente,
destorroadas, passadas em peneira de 2 mm de malha, homogeneizadas e acondicionadas em
sacos plásticos e etiquetadas para as análises em laboratório, onde a caracterização química
das amostras foi realizada no Laboratório de Análise Químicas de Solo da Embrapa
Amazônia Oriental, no município de Belém, Pará. As variáveis analisadas nas amostras
foram: Matéria orgânica (MO) (G/kg), pH da água, Fósforo (P), Potássio (K), Sódio (Na)
Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Acidez potencial (H + Al). Com base nestes dados foi calculada,
SB (soma de bases), CTC (T), a saturação por bases (V).
O pH da água foi determinado através de potenciômetro. O fósforo e o potássio
foram extraídos a partir da solução extratora de Mchilich-1. O cálcio, magnésio e alumínio
foram determinados por uma solução de cloreto de potássio a 1 N. O cálcio e o magnésio
foram determinados por titulação com EDTA-Na 0,025 N e o alumínio por titulação NaOH a
0,025 N. A acidez potencial (H+ + Al
+3) foi extraída com solução de acetato de cálcio a 1 N,
pH 7.0 e em seguida titulada com EDTA-Na a 0,025 N. A CTCpH 7.0 foi calculada a partir da
soma das concentrações dos cátions trocáveis obtidas da análise química do solo. Os dados
obtidos foram submetidos à média aritmética das amostras de solo coletado na profundidade
de 0-20 cm, para determinar a distribuição de cada variável nos dez indivíduos analisados.
Os dados foram referentes as 10 amostras de copaibeiras, segundo as variáveis de
solo (MO (G/kg), pH (água), P, K, Na, Ca, Ca+ Mg e H + Al e as variáveis observadas nas
cascas (forma do fuste da árvore, cor da casca, superfície da casca, presença ou ausência de
lenticelas, depressões, estrias, desprendimento de placas, fendas e presença ou ausência de
espinhos e fungos nas cascas).
O objetivo da análise foi verificar quais as variáveis do solo diferem
significativamente em função das cascas. Foi utilizado o método da estatística descritiva e o
teste t de Student para comparação de médias, por meio da ANOVA hierarquizada
(GOTELLI & ELLISON, 2016), que permite analisar até 50 variáveis de resposta com até 9
fatores ao mesmo tempo, ao nível de significância de 0,05 (p<0.05). Os dados foram
tabulados e processados em planilhas no sistema Microsoft Excel e, em seguida, analisados
pelo programa estatístico Statistic Package for Social Sciences (SPSS).
35
2.3. Resultados e Discussão
2.3.1. Identificação e caracterização das cascas de indivíduos de Copaifera reticulata Ducke
em área de floresta manejada.
Com base na identificação e caracterização das cascas existentes nos dez indivíduos
de C. reticulata, obteve-se os resultados segundo a Tabela 1 que 50% dos indivíduos
analisados apresentaram a forma do fuste da árvore reto e a outra metade tortuoso. A cor da
casca também mostrou variação, onde todas as copaibeiras apresentaram a cor marrom,
porém, a maioria obteve a cor marrom claro. Em todos os indivíduos, foram observados a
presença de lenticelas e estrias, bem como, cerca de 80% dos indivíduos obtiveram depressões
e desprendimentos de placas ao longo das cascas. Observou-se que 60% dos indivíduos
apresentaram fendas nas cascas. Em relação a presença de fungos e espinhos, nenhuma
copaíbeira apresentou essa característica, conforme a Tabela 1.
36
Tabela 1. Variáveis qualitativas e quantitativas observadas em cascas de indivíduos de Copaifera reticulata, na Fazenda Agroecológica São Roque,
município de Mojú, Pará.
Variáveis Indivíduos de Copaifera reticulata
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Forma do fuste
da árvore Reto Reto Reto Reto Tortuoso Reto Tortuoso Tortuoso Tortuoso Tortuoso
Cor da casca Marrom
escuro
Marrom
escuro
Marrom
escuro
Marrom
claro
Marrom
claro
Marrom
claro
Marrom
claro
Marrom
claro
Marrom
claro
Marrom
claro
Superfície da
casca Retilínea Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa Rugosa
Presença de
Lenticelas Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Depressões Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Sim
Estrias Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Desprendimento
de Placas Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Fendas Não Não Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
Presença de
espinhos Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não
Presença de
fungos Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não
36
Para identificação e caracterização das cascas de copaibeiras, a primeira e a
segunda árvore apresentaram 4,15 m e 4,5 m de diâmetro a altura do peito (DAP),
respectivamente. De acordo com a descrição realizada in loco, ambas as copaibeiras
obtiveram a forma do fuste reto, cor da casca marrom escura, porém o indivíduo 1,
apresentou a superfície da casca retilínea e o indivíduo 2, a superfície foi rugosa (Figura 4).
As duas árvores mostraram a presença de lenticelas, depressões e estrias em forma de
pequenas placas ao longo da superfície. Não foi verificada a ocorrência de desprendimento
de placas e fendas na superfície das cascas dos dois indivíduos. Foram observados frutos no
chão, ao redor das duas árvores, alguns em estado de maturação e os outros aparentemente
podres.
Ainda na Figura 4, o terceiro indivíduo, apresentou um DAP de 3,85 m, com as
características de forma do fuste reto, cor da casca marrom escuro e a superfície da casca
rugosa. Houve a presença de lenticelas em distribuição irregular, depressões, estrias e
desprendimentos de placas. Não se observou a presença de fendas ao longo da superfície da
casca.
Para o quarto e o sexto indivíduo selecionado, mediu-se 4,10 m e 2,70 m de DAP,
respectivamente. Ambas as árvores apresentaram características de forma do fuste reto, cor
da casca marrom claro e superfície da casca rugosa. Presença de lenticelas em distribuição
irregular e depressões em forma de escamas para o quarto indivíduo, enquanto, para o sexto,
ausência de depressões e estrias nas cascas. O desprendimento de placas e a presença de
fendas foi observado nas duas copaibeiras. Foram verificados frutos podres e algumas
sementes no chão, ao redor das duas árvores.
O quinto indivíduo, obteve-se 2,20 m de DAP, com forma do fuste tortuoso, cor da
casca marrom claro e a superfície da casca do tipo rugosa. A presença de lenticelas, estrias
em forma de placas pequenas e desprendimento de placas em escamas. Não houve
ocorrência de depressões e fendas ao longo da superfície da casca.
Para o restante dos indivíduos (7, 8, 9 e 10), aferiu-se 3,15 m; 2,32 m; 2,33 m e
4,60 m de DAP, respectivamente. Para as quatro copaibeiras, verificou-se a forma do fuste
tortuoso, cor da casca marrom claro e a superfície da casca rugosa. Foram encontradas
lenticelas em distribuição irregular, depressões escamosas, estrias, desprendimento de várias
placas e fendas verticais irregulares (Figura 4). As duas últimas copaibeiras localizavam-se
próximas a uma área de declive (ladeira), sendo que o penúltimo indivíduo estava inserido
em uma área de abertura de clareira. Em todas as copaibeiras selecionadas, não foram
verificados processos de floração e frutificação.
Husch et al. (2003) afirmam que a forma do fuste é definida pela taxa de
37
decréscimo do diâmetro (d), em relação ao diâmetro a altura do peito (dap), ao longo do
tronco. Nas ciências florestais, essa relação é conhecida, como taper e no Brasil, como
afilamento, que pode variar com o material genético, idade, espaçamento, regime de cortes e
desbaste (NOGUEIRA, et al., 2008). O estudo da forma do fuste das árvores é realizado
através de modelos de regressão, alguns já conhecidos e muito utilizados, propostos por
Kozak et al. (1969), Demaerschalk (1972), Ormerod (1973), Garay (1979), Biging (1984) e
Garber & Maguire (2003), onde esses modelos podem variar de acordo com a amostra de
dados.
Estudos realizados por Alencar (1984); Leite et al. (2001); Rigamonte- Azevedo et
al. (2004), asseguram que a produção de diferentes morfotipos dentro do gênero Copaifera
apresenta variação e ainda não há pesquisas científicas que comprovem os fatores que o
determinam. Acredita-se que as condições ambientais, as características edáficas do local de
crescimento das árvores, a época do ano, a sua composição genética são fatores
determinantes como fontes de variação para o surgimento de diversos morfotipos
(ALENCAR, 1984).
Leite et al. (2001) confirmaram por meio de estudos, que no estado do Acre são
reconhecidos seis morfotipos de copaíbeiras, onde a classificação é fundamentada nas
características morfológicas das cascas e das folhas, sendo eles: copaíba-preta da placa
grande, copaíba-preta da placa pequena, copaíba-branca, copaíba-amarela, copaíba-
vermelha e copaíba-mari-mari, onde se confirma que a identificação de morfotipos entre os
indivíduos da espécie pode contribuir para o manejo adequado da copaíba na produção
extrativista, o que foi comprovado pelas coletas das cascas de dez indivíduos de C.
reticulata nessa pesquisa, que mostraram diferença entres os indivíduos da mesma espécie já
que as cascas apresentaram diferenças em suas características morfológicas, o que serve de
base para identificação e caracterização de morfotipos dentro de C. reticulata, cuja a espécie
possui uma grande diversidade fisiológica e morfológica de indivíduos, onde há vários
fatores desconhecidos que necessitam ser pesquisados.
38
2
3
5 6
1
4
39
Figura 4. Amostras dos morfotipos das cascas de dez indivíduos de Copaifera reticulata na Fazenda
Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.
2.3.2. Correlação das cascas de indivíduos de Copaifera reticulata Ducke com as
características edáficas em área de florestada manejada.
Os dados resultantes da coleta foram submetidos à média aritmética das amostras
de solo na profundidade de 0-20 cm com a distribuição de cada variável nos dez indivíduos
analisados, conforme a Tabela 2:
7 8
9 10
40
Tabela 2. Média da análise química das amostras de solo coletado na profundidade de 0-20 cm, na fazenda
Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.
Amostras MO (g/Kg) pH (água) P K Na Ca Ca + Mg H + Al
Indivíduo 1 27,9 5,1 5 9 6 0,9 1,4 0,8
Indivíduo 2 19,5 4,4 2 7 4 1,2 1,7 0,6
Indivíduo 3 35,7 4,5 2 10 8 2,4 3,2 0,6
Indivíduo 4 31,1 4,8 2 9 4 0,5 1 1,4
Indivíduo 5 14,6 3,7 2 5 6 0,2 0,3 1,5
Indivíduo 6 12,2 4 2 7 4 0,8 1,2 0,5
Indivíduo 7 31,7 4,5 2 15 8,5 0,3 0,4 1,5
Indivíduo 8 13,9 4,6 1,7 2,5 3 0,2 0,3 1
Indivíduo 9 15,5 4,4 2 6,2 3 0,2 0,3 1,1
Indivíduo 10 24,2 4,8 2,2 17,5 2,5 0,7 1,0 1,1
Fonte: Autora, 2017.
Na Tabela 3 foi observado que a variável forma do fuste dos indivíduos de C.
reticulata difere significativamente entre reto e tortuoso quando analisadas as variáveis Ca,
Ca+ Mg e H + Al. No caso da variável Ca, as árvores que possuem o fuste de formato reto
apresentaram média significativamente (p<0.05) superior (µ = 1,16) quando comparadas
com as árvores de formato tortuoso (µ = 0,34). No caso da variável Ca+ Mg, as árvores que
possuem o fuste de formato reto apresentaram média significativamente (p<0.05) superior (µ
= 1,70) quando comparadas com as árvores de formato tortuoso (µ = 0,52). Já no que refere
a variável H + Al, as árvores que possuem o fuste de formato reto apresentaram média
significativamente (p<0.05) inferior (µ = 0,78) quando comparadas com as árvores de
formato tortuoso (µ = 1,26).
Tabela 3. Teste t de Student para comparação de médias para a variável forma do fuste de indivíduos de
Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na fazenda Agroecológica São Roque, município de
Mojú, Pará.
Variável de
Solo Forma do Fuste Média DP Variância Coef. Var. Min Max P-Valor
(1)
MO (G/kg) Reto 25,30 9,39 88,26 37,13 12,24 35,69
0.362ns Tortuoso 19,99 7,74 59,98 38,75 13,89 31,68
pH (água) Reto 4,56 0,42 0,17 9,12 4,00 5,10
0.602ns Tortuoso 4,41 0,43 0,18 9,62 3,70 4,82
P Reto 2,60 1,34 1,80 51,60 2,00 5,00
0.378ns Tortuoso 2,00 0,18 0,03 8,84 1,75 2,25
K Reto 8,40 1,34 1,80 15,97 7,00 10,00
0.792ns Tortuoso 9,25 6,59 43,44 71,25 2,50 17,50
Na Reto 5,20 1,78 3,20 34,40 4,00 8,00
0.682ns Tortuoso 4,60 2,58 6,67 56,17 2,50 8,50
Ca Reto 1,16 0,74 0,54 63,52 0,50 2,40
0.043* Tortuoso 0,34 0,22 0,05 65,61 0,20 0,73
Ca+ Mg Reto 1,70 0,88 0,77 51,62 1,00 3,20
0.022* Tortuoso 0,52 0,32 0,10 62,03 0,30 1,07
H + Al Reto 0,78 0,36 0,13 46,58 0,50 1,40
0.039* Tortuoso 1,26 0,25 0,06 19,44 1,00 1,55
Fonte: Autora, 2017. (1) Teste de Comparação de Médias (p-valor <0.05). **Valores Altamente significativos; *Valores Significativos; NS Valores Não Significativos.
H1: As médias diferem significativamente (p<0.05).
41
A variância indica o quão disperso estão os dados em relação ao valor médio
amostral, de forma que, quanto menor é a variância, mais próximos os valores estão da
média; mas quanto maior ela é, mais os valores estão distantes da média. As variáveis MO
(G/kg) e K (Tortuoso) apresentaram os maiores valores de variância, no que refere à forma
do fuste da árvore.
O coeficiente de variação (CV) foi calculado em %, significa que quanto menor
for o valor do coeficiente de variação, mais homogêneos serão os dados, ou seja, menor será
a dispersão em torno da média. De uma forma geral, se o CV for menor ou igual a 15% tem-
se uma baixa dispersão: dados homogêneos, se for entre 15 e 30% há uma média dispersão e
se for maior que 30% é uma alta dispersão: dados heterogêneos. No caso da forma do fuste,
quase todas as variáveis apresentaram valores elevados para o CV, exceto no caso das
variáveis: pH (água) e P (Tortuoso), para os quais o CV foi menor do que 15%, onde as
maiores variações ocorreram nas variáveis de solo P, K, Ca, Ca + Mg no que se refere a
comparação das formas do fuste das árvores.
Na Tabela 4, a variável cor da casca (marrom claro e marrom escuro) dos
indivíduos de copaíba influenciou nas diferenças significativas encontradas para a variável
H + Al. Observa-se que no caso desta variável, os indivíduos que possuem a casca de cor
marrom escuro apresentaram média de H + Al significativamente (p<0.05) superior (µ =
1,17) quando comparadas aos indivíduos com cascas de cor marrom claro (µ = 0,67). As
demais variáveis de solo apresentaram diferenças numéricas em função da cor das cascas,
porém estas diferenças não foram significativas (p>0.05). As variáveis MO (G/kg) e K
(marrom escuro) apresentaram os maiores valores de variância, no que refere à cor da casca.
No caso da forma do fuste, observa-se que quase todas as variáveis apresentaram valores
elevados para o CV, exceto no caso das variáveis: pH (água) e P (tortuoso), para os quais o
CV foi menor do que 15%. As maiores variações ocorreram nas variáveis P, K, Ca, Ca + Mg
e H + Al, no que refere a comparação da cor da casca.
Tabela 4. Teste t de Student para comparação de médias para a variável cor da casca de indivíduos de
Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na fazenda Agroecológica São Roque, município de
Mojú, Pará.
Variável
de Solo Cor Média DP Variância
Coef.
Var. Min Max P-Valor
(1)
MO (G/kg) Marrom claro 27,71 8,10 65,57 29,22 19,50 35,69
0.290ns Marrom escuro 20,47 8,39 70,37 40,98 12,24 31,68
pH (água) Marrom claro 4,66 0,38 0,14 8,11 4,40 5,10
0.396ns Marrom escuro 4,41 0,42 0,17 9,45 3,70 4,82
P Marrom claro 3,00 1,73 3,00 57,74 2,00 5,00
0.423ns Marrom escuro 2,00 0,14 0,02 7,22 1,75 2,25
K Marrom claro 8,66 1,52 2,33 17,63 7,00 10,00
0.922ns Marrom escuro 8,89 5,45 29,66 61,25 2,50 17,50
42
Variável
de Solo Cor Média DP Variância
Coef.
Var. Min Max P-Valor
(1)
Na Marrom claro 6,00 2,00 4,00 33,33 4,00 8,00
0.327ns Marrom escuro 4,42 2,13 4,53 48,09 2,50 8,50
Ca Marrom claro 1,50 0,79 0,63 52,92 0,90 2,40
0.148ns Marrom escuro 0,43 0,25 0,06 59,21 0,20 0,80
Ca+ Mg Marrom claro 2,10 0,96 0,93 45,92 1,40 3,20
0.133ns Marrom escuro 0,68 0,39 0,15 57,31 0,30 1,20
H + Al Marrom claro 0,67 0,12 0,01 17,32 0,60 0,80
0.012* Marrom escuro 1,17 0,36 0,13 30,86 0,50 1,55
Fonte: Autora, 2017.
(1) Teste de Comparação de Médias (p-valor <0.05).
**Valores Altamente significativos; *Valores Significativos; NS Valores Não Significativos.
H1: As médias diferem significativamente (p<0.05).
Na Tabela 5, em um total de dez indivíduos de copaíba, apenas a primeira
copaibeira apresentou a superfície da casca retilínea, o que inviabilizou a realização de um
teste de significância. Com base na análise descritiva, verificou-se que esta amostra da casca
com a superfície retilínea apresentou valores superiores para todas as variáveis de solo,
exceto no caso da variável H + Al, onde a média para as variáveis de superfície rugosa foi
superior (µ = 1,04).
Tabela 5. Distribuição das médias para a variável superfície da casca de indivíduos de Copaifera reticulata
em função das variáveis de solo na fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.
Variável
de Solo Superfície
(1) Média DP Variância Coef. Var. Min Max
MO (G/kg) Retilínea 27,95 - - - 27,95 27,95
Rugosa 22,05 8,89 79,03 40,31 12,24 35,69
pH (água) Retilínea 5,10 - - - 5,10 5,10 Rugosa 4,41 0,36 0,13 8,20 3,70 4,82
P Retilínea 5,00 - - - 5,00 5,00
Rugosa 2,00 0,13 0,02 6,25 1,75 2,25
K Retilínea 9,00 - - - 9,00 9,00
Rugosa 8,81 4,78 22,84 54,27 2,50 17,50
Na Retilínea 6,00 - - - 6,00 6,00
Rugosa 4,77 2,21 4,88 4,62 2,50 8,50
Ca Retilínea 0,90 - - - 0,90 0,90
Rugosa 0,73 0,71 0,51 97,28 0,20 2,40
Ca+ Mg Retilínea 14,00 - - - 14,00 14,00
Rugosa 1,07 0,93 0,86 86,41 0,30 3,20
H + Al Retilínea 0,80 - - - 0,80 0,80
Rugosa 1,04 0,40 0,16 38,54 0,50 1,55
Fonte: Autora, 2017. (1) No caso da variável retilínea há apenas uma amostra de morfotipo da casca com este tipo de
superfície, impossibilitando o teste de comparação das médias.
43
A Tabela 6 demonstra que o tipo de depressão presente nas cascas influencia
significativamente as variáveis MO (G/kg), pH (água) e K. No caso da variável MO (G/kg),
as cascas que possuem depressões apresentaram média de MO (G/kg) significativamente
(p<0.05) superior (µ = 24,94) quando comparadas as cascas que não possuem depressões (µ
= 13,46). No caso da variável pH (água), as cascas que possuem depressões apresentaram
média de pH (agua) significativamente (p<0.05) superior (µ = 4,64) quando comparadas
com as cascas que não possuíam depressões (µ = 3,85) e para a variável K, observa-se que
as cascas que possuem depressões apresentaram média de K significativamente (p<0.05)
superior (µ = 9,53) quando comparadas com as cascas que não possuem depressões (µ =
6,00). As demais variáveis de solo, quando em função da presença ou ausência de
depressões nas cascas, não foram significativas (p>0.05). As variáveis MO (G/kg) e K
(presença) apresentaram os maiores valores de variância, no que refere à presença ou
ausência de depressões nas cascas. Além disso, observou-se que quase todas as variáveis
apresentaram valores elevados para o CV, exceto no caso das variáveis: MO (G/kg)
(Ausência), pH (água) e P (Ausência), para os quais o CV foi menor do que 15%. As
maiores variações ocorreram nas variáveis MO (G/kg), pH (água) e K, no que refere a
comparação das cascas, em função da presença e ausência de depressões.
Tabela 6. Teste t de Student para comparação de médias para a variável depressão na casca de indivíduos de
Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica São Roque, município de
Mojú, Pará.
Variável
de Solo Depressões Média DP Variância
Coef.
Var. Min Max P-Valor
MO (G/kg) Ausência 13,46 1,72 2,95 12,77 12,24 14,67
0.089* Presença 24,94 8,01 64,22 32,13 13,89 35,69
pH (água) Ausência 3,85 0,21 0,05 5,51 3,70 4,00
0.036* Presença 4,64 0,24 0,06 5,18 4,40 5,10
P Ausência 2,00 0,00 0,00 0,00 2,00 2,00
0.648ns Presença 2,37 1,06 1,14 45,01 1,75 5,00
K Ausência 6,00 1,41 2,00 23,57 5,00 7,00
0.351* Presença 9,53 4,79 22,97 50,29 2,50 17,50
Na Ausência 5,00 1,41 2,00 28,28 4,00 6,00
0.932ns Presença 4,87 2,34 5,48 48,03 2,50 8,50
Ca Ausência 0,50 0,42 0,18 84,85 0,20 0,80
0.516ns Presença 0,81 0,73 0,53 90,23 0,23 2,40
Ca+ Mg Ausência 0,75 0,64 0,41 84,85 0,30 1,20
0.509ns Presença 1,19 0,95 0,90 79,10 0,35 3,20
H + Al Ausência 1,00 0,71 0,50 70,71 0,50 1,50
0.965ns Presença 1,02 0,35 0,12 34,03 0,60 1,55
Fonte: Autora, 2017.
(1) Teste de Comparação de Médias (p-valor <0.05).
**Valores Altamente significativos; *Valores Significativos; NS Valores Não Significativos.
H1: As médias diferem significativamente (p<0.05).
44
Na Tabela 7 constatou-se que apenas as variáveis Ca + Mg e H + Al apresentaram
diferença significativa em função da presença ou ausência de desprendimento de placas em
cascas de copaibeiras. Verificou-se que as cascas com ausência de desprendimento de
placas, a média de Ca+ Mg foi significativamente (p<0.05) superior (µ = 1,55). No caso, da
variável H + Al, as cascas com presença de desprendimento de placas, apresentaram média
de H + Al significativamente (p<0.05) superior (µ = 1,10). As maiores alterações ocorreram
nas variáveis Ca + Mg e H + Al, no que diz respeito a comparação das cascas, em função da
presença e ausência de desprendimentos de placas.
Tabela 7. Teste t de Student para comparação de médias para a variável desprendimento de placas na casca de
indivíduos de Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica São Roque,
município de Mojú, Pará.
Variável
de Solo
Desprendimento
de Placas Média DP Variância Coef. Var. Min Max P-Valor
(1)
MO (G/kg) Ausência 23,73 5,98 35,70 25,18 19,50 27,95
0.825ns Presença 22,37 9,45 89,27 42,23 12,24 35,69
pH (agua) Ausência 4,75 0,50 0,25 10,42 4,40 5,10
0.543ns Presença 4,42 0,39 0,15 8,76 3,70 4,82
P Ausência 3,50 2,12 4,50 60,61 2,00 5,00
0.500ns Presença 2,00 0,13 0,02 6,68 17,50 22,50
K Ausência 8,00 1,41 2,00 17,68 7,00 9,00
0.630ns Presença 9,03 5,06 25,58 56,00 2,50 17,50
Na Ausência 5,00 1,41 2,00 28,28 4,00 6,00
0.932ns Presença 4,87 2,34 5,48 48,03 2,50 8,50
Ca Ausência 1,05 0,21 0,05 20,20 0,90 1,20
0.248ns Presença 0,67 0,74 0,54 109,56 0,20 2,40
Ca+ Mg Ausência 1,55 0,21 0,05 13,69 1,40 1,70
0.032* Presença 1,00 0,96 0,92 96,40 0,30 3,20
H + Al Ausência 0,70 0,14 0,02 20,20 0,60 0,80
0.057* Presença 1,10 0,39 0,15 35,58 0,50 1,55
Fonte: Autora, 2017. (1) Teste de Comparação de Médias (p-valor <0.05).
**Valores Altamente significativos; *Valores Significativos; NS Valores Não Significativos. H1: As médias diferem significativamente (p<0.05).
Na Tabela 8, nenhuma das variáveis de solo diferiu significativamente (p>0.05)
em função da presença ou ausência de fendas nas cascas, o que denota que esta variável não
foi influenciada pelo solo.
45
Tabela 8. Teste t de Student para comparação de médias para a variável fendas na casca de indivíduos de
Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica São Roque, município de
Mojú, Pará.
Variável
de Solo Fendas Média DP Variância
Coef.
Var. Min Max P-Valor
MO (G/kg) Ausência 24,45 9,29 86,25 37,98 14,67 35,69
0.625ns Presença 21,44 8,75 76,60 40,83 12,24 31,68
pH (agua) Ausência 4,42 0,57 0,33 12,97 3,70 5,10
0.755ns Presença 4,52 0,30 0,09 6,65 4,00 4,82
P Ausência 2,75 1,50 2,25 54,55 2,00 5,00
0.393ns Presença 2,00 0,16 0,03 7,91 17,50 22,50
K Ausência 7,75 2,22 4,92 28,61 5,00 10,00
0.511ns Presença 9,54 5,66 32,06 59,34 2,50 17,50
Na Ausência 6,00 1,63 2,66 27,22 4,00 8,00
0.175ns Presença 4,16 2,20 4,86 52,95 2,50 8,50
Ca Ausência 1,17 0,92 0,84 78,12 0,20 2,40
0.227ns Presença 0,46 0,25 0,06 54,78 0,23 0,80
Ca+ Mg Ausência 1,65 1,19 1,43 72,47 0,30 3,20
0.240ns Presença 0,75 0,39 0,15 51,82 0,35 1,20
H + Al Ausência 0,88 0,43 0,18 48,82 0,60 1,50
0.388ns Presença 1,12 0,37 0,13 32,55 0,50 1,55
Fonte: Autora, 2017. (1) Teste de Comparação de Médias (p-valor <0.05).
**Valores Altamente significativos; *Valores Significativos; NS Valores Não Significativos.
H1: As médias diferem significativamente (p<0.05).
Todas as amostras das cascas de copaibeiras obtiveram presença de lenticelas e
estrias, o que inviabilizou a realização de um teste de significância. A análise descritiva
demonstrou que a variável MO (G/kg) apresentou média igual a 22,64 G/kg. O coeficiente
de variação indicou que a variabilidade foi alta para todas as variáveis de solo, entre as
amostras de cascas com presença de lenticelas e estrias, (Tabelas 9 e 10). Apenas a variável
pH (água) apresentou CV inferior a 15%.
Tabela 9. Distribuição das médias para as variáveis presença de lenticelas e estrias na casca de indivíduos de
Copaifera reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica São Roque, município de
Mojú, Pará.
Variável de Solo Lenticelas/ Estrias Média DP Variância Coef. Var. Min Max
MO (G/kg) Presença 22,64 8,59 73,73 37,92 12,24 35,69
pH (água) Presença 4,48 0,40 0,16 9,00 3,70 5,10
P Presença 2,30 0,95 0,91 41,56 1,75 5,00 K Presença 8,82 4,51 20,31 51,06 2,50 17,50
Na Presença 4,90 2,11 4,48 43,24 2,50 8,50
Ca Presença 0,74 0,67 0,45 89,93 0,20 2,40
Ca+ Mg Presença 1,10 0,88 0,77 79,62 0,30 3,20
H + Al Presença 1,02 0,38 0,15 37,99 0,50 1,55
Fonte: Autora, 2017.
46
Na Tabela 10, em todas as amostras das cascas de copaibeiras, foi observado a
ausência de espinhos e fungos distribuídos ao longo das cascas, o que inviabilizou a
realização de um teste de significância.
Tabela 10. Distribuição das médias para as variáveis espinhos e fungos na casca de indivíduos de Copaifera
reticulata em função das variáveis de solo na Fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.
Variável de Solo Espinhos/Fungos Média DP Variância Coef. Var. Min Max
MO (G/kg) Ausência 22,64 8,59 73,73 37,92 12,24 35,69
pH (agua) Ausência 4,48 0,40 0,16 9,00 3,70 5,10
P Ausência 2,30 0,96 0,91 41,56 1,75 5,00
K Ausência 8,82 4,51 20,31 51,06 2,50 17,50 Na Ausência 4,90 2,11 4,48 43,24 2,50 8,50
Ca Ausência 0,75 0,67 0,45 89,93 0,20 2,40
Ca+ Mg Ausência 1,10 0,88 0,78 79,62 0,30 3,20
H + Al Ausência 1,02 0,39 0,15 37,99 0,50 1,55
Fonte: Autora, 2017.
De acordo com os resultados da correlação das cascas de indivíduos de C.
reticulata com as características edáficas, a terceira, quarta e a sétima copaibeiras
apresentaram os maiores teores de MO (G/kg): 35, 7; 31,1; 31,7, respectivamente, sendo que
elevadas quantidades de matéria orgânica no solo podem influenciar o aparecimento da
variável depressões em cascas de árvores de copaíba. Todos os valores de pH (água) foram
abaixo de 7,0, o qual revela o alto teor de acidez do solo. Foi observado no primeiro, quarto
e último indivíduos (5,1; 4,8; 4,8), respectivamente, os maiores valores de pH (água), em
relação as demais copaibeiras, onde apresentou uma correlação com o surgimento de
depressões em cascas de copaíba, segundo Rigamonte- Azevedo et al. (2004), o gênero
Copaifera tem a ocorrência em florestas de terras firmes, terras alagadas, margens de lagos e
se desenvolve tanto em solos argilosos e arenosos, com altos teores de pH e matéria
orgânica. Em relação aos macronutrientes encontrados no solo, o K, proporcionou, também,
uma correlação com a presença de depressões em cascas de copaibeiras, o que pode ser
essencial no processo de nutrição das árvores através da liberação de potássio ou pela
fixação do elemento em forma não disponível no solo (MALAVOLTA, et al., 1997). As
quantidades de P e Na, não apresentaram correlação com nenhuma variável relacionada às
cascas de indivíduos de copaíba.
Os teores de Ca e Ca+ Mg foram elevados no primeiro, segundo e terceiro
indivíduos de C. reticulata, com os valores para Ca: 0,9; 1,2; 2,4 e para Ca+Mg: 1,4;1,7;3,2,
respectivamente, o que demonstra uma correlação com a variável forma do fuste dos
indivíduos de copaíba e Ca+Mg uma correlação com a variável desprendimento de placas
47
em cascas. Raij (1991) assegura que solos com altos teores de Ca e Mg podem reduzir a
disponibilidade de K para as plantas. Guedes et al. (2011) afirmam que em experimentos
realizados com mudas de Copaifera langsdorffii Desf. cultivadas em latossolo amarelo,
textura média, sob a omissão de nutrientes, mostrou que quando foi aplicado calcário
dolomítico no solo, houve um aumento do teor de Mg disponibilizado no solo, resultando
em maior absorção do nutriente pelas copaibeiras.
O teor de H + Al (acidez potencial) foi elevado nos indivíduos 4,5 e 7, com valores
de respectivamente, 1,4;1,5;1,5 e indicou uma correlação com as variáveis forma do fuste
das copaibeiras, a cor e o desprendimento de placas nas cascas. Malavolta et al. (1997)
ressaltaram que a prática da calagem em espécies florestais é favorável, pois o Ca
adicionado no solo possui grande importância no crescimento e desenvolvimento das
plantas, pois participa de processos fotossintéticos, divisão celular, movimentos
citoplasmáticos e o aumento do volume celular. Guedes et al. (2011) confirmaram que a
calagem contribuiu para o maior crescimento em diâmetro de mudas de C. langsdorffii,
assim como Silva et al. (2006), comprovaram que a calagem influenciou positivamente no
aumento da altura, diâmetro de caule e produção de matéria seca em experimentos com a
espécie Swietenia macrophylla.
48
2.4. Conclusão
Ocorreu diferença entres os indivíduos de Copaifera reticulata Ducke, com base
em características morfológicas da casca, servindo para identificação e caracterização de
sete morfotipos dentro da referida espécie.
Os morfotipos de C. reticulata são influenciados pelas características edáficas do
local de crescimento das árvores, existindo uma correlação.
2.5. Referências Bibliográficas
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51
CAPÍTULO III: DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DA ÓLEORESINA DE
Copaifera reticulata DUCKE NA INIBIÇÃO in vitro DE MICRORGANISMOS
FITOPATOGÊNICOS DO MARACUJAZEIRO
Resumo: Na composição química das plantas medicinais, algumas substâncias podem atuar
como ativadoras do sistema defensor da planta hospedeira ou contra fitopatógenos. Foram
utilizados os isolados de Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae, F. solani, Rhizoctonia
solani e Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae. O presente trabalho teve como objetivo
avaliar o efeito de diferentes concentrações da óleoresina de Copaifera reticulata Ducke na
inibição in vitro de microrganismos fitopatogênicos do maracujazeiro. Os ensaios in vitro
foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, em
Belém, Pará. Os óleos foram incorporados em meio de cultura BDA sintético (fungos) e
MB1 (bactérias) nas concentrações de 0, 1, 2 e 3% (v/v), onde se avaliou a inibição in vitro
desses fitopatógenos. Para os fungos, o delineamento experimental foi inteiramente
casualizado em esquema fatorial 3x4 (3 isolados fúngicos x 4 concentrações do óleo),
totalizando 12 tratamentos com 5 repetições. Para X. axonopodis pv. passiflorae, o
delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos e cinco
repetições. Utilizou-se o teste de Tukey para fins de comparação de médias das variáveis
respostas em função dos tratamentos realizados, com o nível de significância de 5% e os
dados foram analisados com o programa estatístico SPSS. Os resultados demonstraram que a
inibição dos fitopatógenos estudados é diretamente proporcional à concentração da
óleoresina de copaíba, onde o óleo possui atividade antibactericida e antifúngica
comprovando seu potencial na redução dos fitopatógenos avaliados.
Palavras-chave: copaíba, fungos, bactéria, controle.
Abstract: In the chemical composition of medicinal plants, some substances can act as
activators of the host plant defense system or against plant pathogens. The isolates of
Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae, F. solani, Rhizoctonia solani and Xanthomonas
axonopodis pv. passiflorae. The present work had as objective to evaluate the effect of
different concentrations of Copaifera reticulata Ducke oleoresin on the in vitro inhibition of
plant pathogens microorganisms of passion fruit. In vitro assays were carried out at the
Embrapa Amazônia Oriental Phytopathology Laboratory in Belém, Pará. Oils were
incorporated in synthetic BDA (funguses) and MB1 (bacteria) in concentrations of 0, 1, 2
and 3% ( v / v), where the in vitro inhibition of these plant pathogens was evaluated. For the
funguses, the experimental design was completely randomized in a 3x4 factorial scheme (3
funguses isolates x 4 oil concentrations), totaling 12 treatments with 5 replicates. For X.
axonopodis pv. passiflorae, the experimental design was completely randomized with four
treatments and five replicates. The Tukey's test was used to compare the means of the
response variables according to the treatments performed, with a significance level of 5%
and the data were analyzed using the SPSS statistical program. The results showed that the
inhibition of the plant pathogens studied is directly proportional to the concentration of
copaiba oleoresin, where the oil has antifungal and antibacterial activity proving its potential
in reducing the plant pathogens evaluated.
Key-words: copaiba, funguses, bacteria, control.
52
3.1. Introdução
No estado do Pará, a cultura do maracujazeiro representa uma boa alternativa
agrícola de capital para agricultura familiar, por ser uma espécie que a produção do fruto
ocorre durante o ano inteiro, onde se tem elevado a exportação de suco de maracujá para
suprir os mercados estadual, nacional e internacional (FALESI, et al., 2013). No entanto,
várias doenças prejudicam o estabelecimento da cultura, como, as Fusarioses causadas pelos
fungos do gênero Fusarium; tombamento das mudas, causada por Rhizoctonia solani; a
verrugose, com agente causal Cladosporium herbarum; mancha da septoria, causada por
Septoria passiflorae Sydow, e a podridão nos frutos causada por Colletotrichum
gloeosporioides, Rhizopus stolonifer e Lasiodiplodia theobromae . Além das doenças
fúngicas, o maracujazeiro é afetado pelo vírus do endurecimento dos frutos e pela bacteriose
causada por Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae.
O gênero Fusarium abrange espécies que formam um complexo de fungos que
habitam o solo e sobrevivem eficientemente, na forma de clamidósporos no solo (AGRIOS,
2005). As espécies de Fusarium são agentes etiológicos de muitas doenças de importância
econômica em plantas cultivadas, destacando-se as fusarioses do maracujazeiro causadas por
Fusarium oxysporum Schelecht. f. sp. passiflorae Purss. e Fusarium solani (Mart.) Sacc.
(COSTA, et al., 2008; DARIVA, 2011), o que torna inviável o cultivo sucessivo de
maracujá na mesma área. F. oxysporum f. sp. passiflorae é responsável pela murcha do
maracujazeiro enquanto que F. solani causa a podridão de colo, onde a infecção inicia-se
pela raiz principal e evolui para o colo, ou vice e versa, sendo uma das doenças mais
prejudiciais da cultura (DARIVA, 2011), resultando em problemas fitossanitários de grande
escala econômica dessa cultura no Brasil (DARIVA, et al., 2015). Uma das alternativas para
evitar a doença é não provocar ferimentos nas raízes durante os tratos culturais,
principalmente, nas capinas, em fase inicial de desenvolvimento das plantas e o emprego de
adubações equilibradas (COSTA, et al., 2008).
A espécie Rhizoctonia solani Kuhn, pertence ao filo Basidiomicota, ocorre
mundialmente causando doenças economicamente importantes em uma grande variedade de
plantas cultivadas. Representa um grupo importante em termos econômicos e geneticamente
variados, classificados como patógenos de solo, que causam danos consideráveis as espécies
de plantas em todo o mundo (VILGALYS & CUBETA, 1994), por exemplo, injúrias em
sementes e frutos, tombamento das mudas, cancros de talo, podridão da raiz e infecções nas
folhas, ocasionando a morte prematura da planta e/ou a diminuição da produtividade
(OGOSHI, 1985; SALES, 2011). No Estado do Pará há registro de ocorrência em feijão
53
(Phaseolus vulgaris L.), seringueira (Hevea sp.), maracujazeiro (Passiflora edulis f.
flavicarpa Deg.), laranjeira (Citrus sp.), mogno africano (Khaya ivorensis A. Chev.), jambu
(Sphilanthes oleracea L.), açaí (Euterpe oleracea L.), Acacia sp., maparajuba (Manilkara
bidentada (AD.C.). A. Chev.), bastão-do-imperador (Etlingera elatior Smith) e capim
braquiária (Braquiaria sp.) (VERZIGNASSI, et al., 2008). No maracujazeiro, além do
tombamento de mudas, provoca o secamento das folhas, podendo ocasionar a morte das
plantas (COSTA, et al., 2008).
A mancha bacteriana ou crestamento bacteriano, causada por Xanthomonas
axonopodis pv. passiflorae, é uma das mais importantes doenças do maracujazeiro. No
Brasil, a doença foi verificada na década de 60, na região de Araraquara- São Paulo, é
conhecida, também, como bacteriose do maracujá (FISCHER, et al., 2005; ISHIDA &
HALFELD- VIEIRA, 2009). A doença se manifesta, principalmente, nas partes tenras ou
suculentas dos tecidos, estendendo-se aos elementos vasculares adjacentes podendo, além de
inutilizar os frutos para o consumo, acarretar a destruição total das plantas afetadas
(NAKATANI, et al., 2009). Nas folhas, o patógeno proporciona pequenas lesões
encharcadas e translúcidas, quando necrosadas, assumem tonalidade marrom-avermelhada,
principalmente na face dorsal da folha, podendo também formar um halo clorótico ao redor
da mancha (VIANA, et al., 2003), causando a desfolha e, consequentemente, reduzindo
bastante a produtividade da cultura, a qual encontra limitações, especialmente, aos fatores
fitossanitários. Uma das formas de evitar a doença, é o uso de sementes sadias e evitar
ferimentos durante a realização de práticas culturais, bem como a utilização de produtos à
base de cobre (COSTA, et al., 2008).
O controle alternativo de doenças em plantas utilizando extratos vegetais e óleos
essenciais tem sido muito estudado. As plantas medicinais, em sua composição química,
apresentam substâncias chamadas de metabólitos secundários, as quais podem estar
presentes nas interações entre espécie vegetal e fitopatógeno, como ativadores do sistema de
defesa da planta hospedeira ou diretamente contra patógenos fúngicos. Diversos trabalhos
descrevem os sesquiterpenos (α- humuleno, α- e β- selineno, β- bisaboleno e β- cariofileno),
onde β-bisaboleno é constituído de propriedades antiflamatória e analgésica e o β-
cariofileno é antiedêmico, antiflamatório, antibactericida e antifúngico (VEIGA JÚNIOR &
PINTO, 2002) e os diterpenos, ambos, extraídos de óleos, como metabólitos secundários que
possuem atividade fungitóxica existente (OLIVEIRA, et al., 2006b). Algumas substâncias
que compõem os óleos essenciais sintetizadas de plantas medicinais são utilizadas em seres
humanos por conter propriedades antimicrobianas (SILVA, et al.,1995). O óleo in natura de
copaíba apresenta certa variedade em seus componentes, cuja variação parece ser mais
54
sensível a fatores bióticos (insetos e fungos) do que a luminosidade e nutrientes
(OLIVEIRA, et al., 2006a). A importância das árvores de Copaífera sp. é devido à produção
de boa qualidade da óleoresina, utilizado pelas populações tradicionais e indústrias
farmacêuticas em razão de suas propriedades terapêuticas. O óleo pode ser usado puro, in
natura ou destilado, ou como componente na preparação de uma variedade de produtos
terapêuticos e cosméticos (RIGAMONTE- AZEVEDO, et al., 2006).
Na busca por novas formas de controle alternativo de doenças de plantas, estudos
têm demonstrado a atividade antifúngica e antibactericida de óleos essenciais de algumas
espécies de plantas medicinais. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar
o efeito de diferentes concentrações da óleoresina de Copaifera reticulata Ducke na inibição
in vitro de microrganismos fitopatogênicos do maracujazeiro.
3.2. Material e Métodos
a) Origem dos patógenos
Os ensaios foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa
Amazônia Oriental, no município de Belém- Pará, situada sob as coordenadas 1° 27´ 21´´ S
de latitude e 48° 30´14´´ W de longitude, com altitude de 10 m e temperatura média anual de
30°C. Foram utilizados os isolados de Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae, F. solani,
Rhizoctonia solani e Xanthomonas. axonopodis pv. passiflorae obtidos de plantas de
maracujazeiro, provenientes dos municípios de Parauapebas, Belém, Tomé-Açu e Igarapé-
Açu, Pará, respectivamente, os quais se encontram preservados em óleo mineral e água
destilada esterilizada no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental. Para
uso experimental, os isolados fúngicos foram cultivados em meio cultura de batata dextrose
ágar (BDA), incubado a 28 ºC, por 7 dias, enquanto o isolado bacteriano foi cultivado em
meio 523 (KADO & HESKETT, 1970), incubado a 28°C, por 48h.
b) Obtenção das amostras da óleoresina de copaíba
As amostras da óleoresina de morfotipos de Copaífera reticulata foram obtidas por
meio de coletas na Fazenda Agroecológica São Roque, localizada no município de Mojú,
Pará, sob as coordenadas geográficas, 3º03`14,85409" de latitude sul e 48º59`36,15357" de
longitude oeste no município. A coleta da óleoresina foi realizada em dois períodos: em
fevereiro de 2015, de maior precipitação pluviométrica, e em novembro de 2015, finalizando
55
o período de menor precipitação pluviométrica. Para coleta, utilizou-se, apenas dois
indivíduos, pois os demais não apresentaram óleo. As copaibeiras foram perfuradas de forma
aleatória com um trato tradicional de 2 cm de diâmetro e 45 cm de comprimento, com dois
orifícios na altura de 1 m e 1,50 m, respectivamente, (Figura 5). As amostras de óleo foram
armazenadas em recipientes de vidro de 1000mL e protegidas. O orifício da árvore, após o
completo escoamento da óleoresina, foi vedado com cano do tipo PVC, contendo uma tampa
de plástico, segundo a Figura 5, visando facilitar as outras coletas e evitar a entrada de
resíduos de madeira. A extração da óleoresina seguiu a metodologia descrita por Oliveira et
al. (2006b) sendo o método mais indicado por ocasionar menos danos à planta em relação
aos outros métodos e, ainda, permite que sejam feitas novas coletas de óleo na mesma
árvore. Foi realizada a análise da composição química da óleoresina através da
cromatografia de gás (CG) e cromatografia de gás acoplada à espectrometria de massa com
o objetivo de verificar a variação ocorrida na porcentagem dos componentes químicos
presentes no óleo.
Figura 5. Processo utilizado na extração da óleoresina de Copaifera reticulata Ducke. Trado tradicional (A); Orifícios (B) e Coleta da óleoresina (C) na Fazenda Agroecológica São Roque, município de Mojú, Pará.
3.2.1. Efeito da óleoresina de copaíba no crescimento micelial de Fusarium oxysporum
Schelecht. f. sp. passiflorae Purss., Fusarium solani (Mart.) Sacc. e Rhizoctonia solani
Kuhn.
A óleoresina de C. reticulata foi incorporada em meio de cultura BDA sintético nas
concentrações de 0, 1, 2 e 3% (v/v). Após a solidificação do meio, depositou-se um disco de
8 mm de diâmetro de micélio do fungo no centro de cada placa, onde as placas foram
incubadas a 28°C. A determinação do crescimento micelial foi feita diariamente com auxílio
de um paquímetro, até que o patógeno em um dos tratamentos atingisse uma das
extremidades da placa. As avaliações foram realizadas em quinze, onze e três dias de
A B C
56
avaliação, respectivamente, para F. oxysporum f. sp. passiflorae, F. solani e R. solani, de
acordo com o período de crescimento de cada espécie.
Com os dados obtidos, calculou-se o índice de velocidade de crescimento micelial
(IVCM), utilizando-se a equação descrita por Oliveira (1991):
IVCM = ∑(D-Da)/N onde, IVCM = Índice de Velocidade de Crescimento Micelial;
D = diâmetro médio atual da colônia; Da = diâmetro médio da colônia do dia anterior; N =
número de dias após a inoculação.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 3x4
(3 isolados fúngicos x 4 concentrações do óleo), totalizando 12 tratamentos com 5
repetições. Para comparação entre as variâncias médias de IVCM, os dados foram
submetidos ao teste de Bartlett, quando um destes acusou diferença estatisticamente
significante foi utilizado o teste da ANOVA para verificar a influência dos tratamentos sob a
variável resposta (IVCM). Para as comparações múltiplas entre os tratamentos, utilizou-se o
teste de Tukey para fins de comparação de médias da variável resposta (IVCM) dos fungos
analisados em função dos tratamentos realizados. Foi adotado nível de significância de 5%.
Para a análise dos dados, utilizou-se o programa estatístico Statistic Package for Social
Sciences (SPSS).
3.2.2. Efeito da óleoresina de copaíba no crescimento de Xanthomonas axonopodis pv.
passiflorae.
O isolado bacteriano foi cultivado em meio 523 (KADO & HESKETT, 1970), pelo
método de estrias paralelas e posterior incubação por 48h a 28°C. A patogenicidade do
isolado foi verificada pela inoculação de plantas de maracujazeiro com 60 dias de idade,
pulverizando-se a face inferior das folhas até o ponto de escorrimento com suspensão
bacteriana.
Para o preparo da solução, o isolado foi acrescido em meio 523 por 48 horas a
28°C. A suspensão foi preparada com água destilada esterilizada e a concentração ajustada
para 109 UFC mL-1. As plantas inoculadas foram conservadas por 24h em câmara úmida.
Logo após o aparecimento dos sintomas, o patógeno foi reisolado das lesões pelo método
anteriormente citado e se encontra preservado em água destilada esterilizada em temperatura
ambiente (26 ± 2 °C) (PEREIRA, et al., 1970), no Laboratório de Fitopatologia da Embrapa
Amazônia Oriental.
Para avaliação da atividade antibacteriana in vitro, a óleoresina de copaíba foi
incorporada ao meio 523 (KADO & HESKETT, 1970) fundente nas concentrações de 0, 1, 2
57
e 3% (v/v) e vertidos em placas de Petri com dimensões de 9 cm de diâmetro e 1,8 cm de
profundidade. Após a solidificação do meio de cultura nas placas com os tratamentos, foram
depositadas alíquotas de 100 µL da suspensão bacteriana na concentração de 0,3 UA/mL,
diluída em solução salina NaCl 0,85% até 10-6
UFC/mL e espalhadas nas placas com a alça
de Drigalski. Posteriormente, as placas foram incubadas a 28°C, em B.O.D. A testemunha
constou apenas do meio de cultura 523 e após a incubação por 48 h a 28°C foi realizada a
contagem das Unidades Formadoras de Colônia (UFC) nas placas.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos
e cinco repetições. Para comparação entre as variâncias médias do número de bactérias, os
dados foram submetidos ao teste de Bartlett, quando um destes acusou diferença
estatisticamente significante foi utilizado o teste da ANOVA para verificar a influência dos
tratamentos sob a variável resposta número de bactérias. Para as comparações múltiplas
entre os tratamentos, utilizou-se o teste de Tukey para fins de comparação de médias da
variável resposta número de bactérias analisadas em função dos tratamentos realizados. Foi
adotado nível de significância de 5%. Para a análise dos dados, foi utilizado o programa
estatístico Statistic Package for Social Sciences (SPSS).
3.3. Resultados e Discussão
3.3.1. Efeito da óleoresina de copaíba no crescimento micelial de Fusarium oxysporum
Schelecht. f. sp. passiflorae Purss., Fusarium solani (Mart.) Sacc. e Rhizoctonia solani Kuhn
Avaliando o efeito da óleoresina de copaíba sobre o crescimento micelial de fungos
fitopatogênicos, observa-se que entre os tratamentos utilizados, ocorreu interação entre os
fatores fitopatógenos e as concentrações empregadas, como mostra a Tabela 13. Para os três
fitopatógenos, a concentração de 3% foi a mais eficiente para a inibição do crescimento
micelial in vitro (Figuras 6, 7 e 8). Os menores crescimentos miceliais foram observados
para F. oxysporum f. sp. passiflorae (15,55 cm) e R. solani (14,33 cm) registrados na
presença de 3% da óleoresina. Para F. oxysporum f. sp. passiflorae, as concentrações de 2%
e 3% da óleoresina reduziram significativamente o crescimento micelial em 20,25 e 26,27%
(Figura 6) e para F. solani, apenas na concentração de 3%, houve redução significativa do
crescimento micelial de 18,10% (Figura 7).
58
Tabela 11. Efeito da óleoresina de Copaifera reticulata na inibição do crescimento micelial (cm) in vitro de
fitopatógenos.
Fitopatógenos Concentração da óleoresina (%)
0 1 2 3
F. oxysporum f.sp. passiflorae 21,09aC 18,87aBC 16,82aAB 15,55abA
F. solani 21,88aB 21,35aB 19,46bAB 17,92bA
R. solani 54,48bC 19,86aB 16,38aA 14,33aA
CV % 7,73
Médias seguidas de letras minúsculas iguais na coluna e maiúsculas na linha não diferem significativamente a
5% pelo Teste de Tukey. Fonte: Autores, 2017.
Os maiores crescimentos miceliais ocorreram na ausência da óleoresina com
destaque para R. solani com 54,48 cm, onde, houve redução significativa no crescimento
micelial a partir da concentração de 1%, sendo que as concentrações de 2% e 3%
proporcionaram as maiores reduções, com 69,93 e 73,70% de inibição no crescimento
micelial em relação a ausência da óleoresina (Figura 8), respectivamente, não havendo
diferença significativa entre esses dois tratamentos.
59
Figura 6. Inibição do crescimento micelial de Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae pela óleoresina de
Copaifera reticulata em meio de cultura BDA, nas concentrações de 0 e 3%. Fonte: Pires, 2016.
Figura 7. Inibição do crescimento micelial de Fusarium solani pela óleoresina de Copaifera reticulata em meio de cultura BDA, nas concentrações de 0 e 3%. Fonte: Pires, 2016.
Figura 8. Inibição do crescimento micelial de Rhizoctonia solani pela óleoresina de Copaifera reticulata em
meio de cultura BDA, nas concentrações de 0 e 3%. Fonte: Pires, 2016.
Foram observados que à medida que se aumentava a concentração da óleoresina
ocorria a redução do crescimento micelial (Figura 9), demonstrando com isso a eficiência
das concentrações da óleoresina na inibição do crescimento micelial in vitro quando
comparada com a ausência do referido óleo.
0% 3%
0% 3%
0% 3%
60
Figura 9. Efeito das concentrações da óleoresina de C. reticulata na inibição do crescimento micelial in vitro
de F. oxysporum, F. solani e R. solani. Fonte: Autores, 2017.
A eficiência desse controle pode ser atribuída a determinados sesquiterpenos
presentes na óleoresina de Copaifera como o β-bisaboleno e β-cariofileno que possuem
propriedades bactericida e antifúngica, bem como, a concentração utilizada da óleoresina
(VEIGA JUNIOR & PINTO, 2002; TAPPIN, et al., 2004). Trabalhos realizados por Oliveira
et al. (2006b); Lameira (2007); Pires et al. (2015a), através de experimentos com vários
fitopatógenos, incluindo, Rhizoctonia solani demonstraram a eficiência da óleoresina de
Copaifera reticulata na inibição do crescimento micelial in vitro corroborando com os
resultados obtidos no presente trabalho.
Extratos hexânico e metanólico de folhas de Copaifera langsdorffi utilizado por
Amorim (2003) promoveram a inibição do crescimento micelial de Colletrtrichum
gloeosporioides e Bipolaris sorokiniana. Por sua vez Morais et al. (2000) mostraram
atividade positiva da óleoresina de Copaifera spp. sobre Fusarium oxyporum f. sp.
lycopersici, enquanto Cascon et al. (2000) testaram através do Bioautograma a ocorrência de
atividade inibitória para Staphylococcus aureus para todas as amostras usadas de Copaifera
duckei e Copaifera spp. procedentes dos Estados do Amapá, Amazonas e Pará.
3.3.2. Efeito da óleoresina de copaíba no crescimento de Xanthomonas axonopodis pv.
passiflorae
Para Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae, a análise dos dados mostrou que o
maior crescimento foi observado na ausência da óleoresina, no tratamento controle, com
166,6 bactérias, houve diminuição significativa no número de bactérias, a partir da
concentração de 3%, segundo a Tabela 14.
61
Tabela 12. Efeito da óleoresina de Copaifera reticulata na inibição do crescimento bacteriano in vitro de
Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae.
Concentração do
óleo de copaíba (%)
Crescimento
bacteriano (UFC1)
0 166,6 b2
1 148,6 ab
2 132,4 ab
3 107 a 1UFC = Unidades formadoras de colônia. 2Médias seguidas de letras iguais não diferem significativamente a
5% pelo Teste de Tukey. Fonte: Autores, 2017.
A óleoresina de copaíba apresentou efeito na inibição do crescimento da bactéria
em todas as concentrações utilizadas. Não ocorreu diferença estatística entre as
concentrações de 1% e 2% da óleoresina. Verificou- se que apenas na concentração de 3%
houve inibição do crescimento bacteriano quando comparado a ausência da óleoresina,
conforme a Figura 10.
Figura 10. Inibição do crescimento bacteriano de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae pela óleoresina de
Copaifera reticulata em meio de cultura MB1, nas concentrações de 0 a 3%. Fonte: Pires, 2016.
À medida que se elevava a concentração da óleoresina ocorria a redução do
crescimento in vitro do número de bactérias, confirmando com isso a eficiência das
concentrações da óleoresina na inibição do crescimento quando comparada com a ausência
do óleo (Figura 11).
0%
3%
1%
2%
62
Figura 11. Efeito das concentrações da óleoresina de C. reticulata na inibição do crescimento bacteriano in
vitro de Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae. Fonte: Autores, 2017.
Trabalhos conduzidos por ISHIDA et al. (2008), com extratos etanólicos de cascas,
folhas e galhos de Copaifera reticulata e Copaifera duckei para o controle de Xanthomonas
axonopodis pv. passiflorae, afirmaram que para duas espécies de Copaifera, os extratos
etanólicos provenientes das cascas inibiram totalmente o crescimento da bactéria. Já os
extratos dos galhos de ambas as espécies de Copaifera e os das folhas de C. duckei
obtiveram uma pequena ação sobre o crescimento de X. axonopodis pv. passiflorae. O efeito
no crescimento da bactéria, segundo Veiga Júnior & Pinto (2002) e Tappin et al. (2004) é
atribuído a presença de substâncias químicas como o β-bisaboleno e β-cariofileno que
apresentam propriedades bactericida e antifúngica.
Pires et al. (2015b) realizaram trabalhos com o óleo de Carapa guianensis, nas
concentrações de 0, 1, 2 e 3% e verificaram que o óleo obteve efeito significativo na inibição
do crescimento de X. axonopodis pv. passiflorae em todas as concentrações utilizadas,
menos na ausência do óleo de andiroba, onde a maior concentração (3%), mostrou-se mais
eficiente na inibição do crescimento bacteriano.
Oliveira et al. (2015) em pesquisas realizadas com extratos de Copaifera
langsdorffii, nas concentrações de 500, 1000, 2000, 5000, 10000 ppm e comprovaram que a
concentração mais eficiente foi a de 10000 ppm para a diminuição do crescimento de X.
axonopodis pv. passiflorae.
Na literatura há diversos trabalhos que corroboram os efeitos antibacterianos de
extratos vegetais, Tavanti et al. (2013), em avaliação com extratos aquosos no controle da
bactéria Ralstonia solanacearum, com extratos de alho, cebola, hortelã, copaíba e pimenta
em inoculação in vitro, os autores confirmaram que todos os tratamentos com concentrações
maiores de 50% apresentaram melhor resultado.
63
3.4. Conclusão
A inibição do crescimento in vitro de Fusarium oxysporum f. sp. passiflorae,
Fusarium solani, Rhizoctonia solani e Xanthomonas axonopodis pv. passiflorae é
diretamente proporcional à concentração da óleoresina de copaíba.
A óleoresina de copaíba possui atividade antibactericida e antifúngica
evidenciando seu potencial na redução dos fitopatógenos estudados.
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