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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA RODRIGO QUINTAES GOMES MOTIVAÇÕES DE ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO DA REDE PARTICULAR PARA A PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO MOTIVATIONS OF HIGH SCHOOL STUDENTS FROM A PRIVATE NETWORK FOR BODYBUILDING VITÓRIA ESPÍRITO SANTO 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

EDUCAÇÃO FÍSICA – LICENCIATURA

RODRIGO QUINTAES GOMES

MOTIVAÇÕES DE ESTUDANTES DE ENSINO MÉDIO DA REDE PARTICULAR

PARA A PRÁTICA DE MUSCULAÇÃO

MOTIVATIONS OF HIGH SCHOOL STUDENTS FROM A PRIVATE NETWORK FOR

BODYBUILDING

VITÓRIA – ESPÍRITO SANTO

2018

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Título do TCC:

Motivações de estudantes de ensino médio da rede particular para a prática de musculação

Será APRESENTAÇÃO (X) ou DEFESA ( )

Nome do Autor:

Rodrigo Quintaes Gomes

Qual é o seu Currículo? Currículo Novo ( x ) ou Currículo Antigo ( )

Nome do Orientador:

Prof. Dr. Ubirajara De Oliveira

Composição da Banca:

Prof. Dra. Mariana Zuaneti Martins

Prof. Dr. Edson Castardelli

Sugestão de dia e horário da apresentação:

Dia 19/11/2018 – 14:30

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RESUMO

Esse artigo tem como objetivo analisar a (s) motivação (ões) de adolescentes de ensino médio

de uma rede de ensino particular de Vitória/ES na prática de musculação. Trata-se de um estudo

de caso com aplicação de 65 questionários para alunos praticantes e não praticantes de

musculação e do professor de educação física do ensino médio de uma escola particular de

Vitória–ES. As motivações desses estudantes para a prática de musculação referem-se à

estética, em primeiro lugar, seguido do fator saúde, mesmo orientados, por parte da escola,

quanto sua importância. Conclui-se que uma abordagem mais intensa desse assunto, por parte

da escola, precisa ser realizado de maneira a apresentar os benefícios dessa prática para a busca

e manutenção da saúde, em primeiro lugar.

Palavras-chave: Atividade física. Musculação. Saúde. Estética.

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ABSTRACT

This article aims to analyze the motivations of high school students from a private network for

bodybuilding. It refers to a case study with application of 65 questionnaires to bodybuilding

practitioners or not, including the Physical Education teacher. Their motivations refer to

aesthetics, in first place, followed by the health factor, even targeted by the school for the

importance of chasing the health one. It is concluded that a more intensive school approach

concerned to this subject must be held in order to present the benefits of bodybuilding to the

pursuit and maintenance of health in the first place.

Key words: Physical Activity. Bodybuilding; Health. Aesthetics.

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INTRODUÇÃO

A adolescência é um período de transição humana associada a mudanças no corpo, na mente e

nas relações sociais na qual emerge a sexualidade e surgem dificuldades no estabelecimento da

identidade (BRAGA, MOLINA, FIGUEIREDO, 2010).

Terres et al. (2006) apontam que, entre o fator da maturação sexual dessa fase, diferentes outros

fatores influenciam no crescimento da obesidade entre os adolescentes e, nesse ínterim, a

atividade física pode ser considerada determinante no que se refere a sua relação com a saúde

física e psíquica desses sujeitos se perseguida sob esse prisma.

Por um lado temos adolescentes com um estilo de vida sedentário, devido às transformações

biológicas ou psíquicas dessa fase de vida, por outro lado, podemos ter adolescentes com um

estilo de vida com atividade física constante em detrimento de perseguir a imagem corporal

perfeita que desencadeiam outras transformações biológicas e psíquicas nessa fase de vida.

Atividade física realizada em qualquer idade, por certo, demarca influências positivas com

relação à saúde (NAHAS; GARCIA 2010). Diante da afirmação dos autores de que há uma

relação entre a prática de atividade física e a saúde de adolescentes, é importante ressaltar que

no ambiente escolar é necessário que exista, por parte do professor de Educação Física, a

problematização de questões relacionadas aos objetivos da cultura corporal de movimento, mas

também do consumo do mercado fitness, dentre outros pontos que devem perpassar essa

discussão a fim de que a prática de qualquer atividade física não se esvaeça em propósitos não

condizentes com essa relação.

Nesse sentido, buscou-se reunir dados/informações com o propósito de responder às seguintes

questões de pesquisa: quais os principais motivos que levamos alunos a praticarem musculação?

Como é a relação deles com seus corpos? Estão satisfeitos? Qual padrão de corpo eles

consideram como ideal? Onde eles procuram respostas para assuntos relacionados à saúde,

dieta, suplementação e anabolizantes? A escola tem discutido os assuntos relacionados a essa

prática?

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Levando em conta que estudos exemplificam, e reafirmam, o fato de que a beleza corporal, nos

dias de hoje, é fundamental para a sobrevivência e ser aceita socialmente, inclusive no mundo

do trabalho (MALDONADO, 2006; COSTA; VENÂNCIO, 2004), o público que pratica a

atividade física reveste no discurso da beleza a falsa premissa da saúde pelo fato de que revistas

femininas, ou de saúde e beleza, apregoam dietas restritivas e práticas de atividade física como

meio para se alcançar esse objetivo.

A prática de atividade física engendra dois fenômenos correlacionais: a busca da estética e a

busca e manutenção da saúde. O fato de que, atualmente, programas de televisão, internet,

revistas masculinas e femininas expõem, a cada dia mais, um estereótipo do “corpo em forma”

e “belo”, advindo de dietas, lipoaspiração e implante de silicone, é cada vez mais frequente

observar, em academias de ginástica, calçadões e clubes, a procura por práticas de atividades

físicas, principalmente, entre jovens e adolescentes, como outra forma de se alcançar esse

estereótipo a partir do fator estética.

A prática de atividade física em busca do fenômeno da busca e manutenção da saúde, pode ser

levada em conta como outra medida para se alcançar a dita “beleza corporal” quando essa vem

em segundo plano, e não o contrário, de maneira a colocar a saúde em risco (MALDONADO,

2006).

Maldonado (2006, p. 61) afere que, quanto ao gênero, a atividade física é considerada a partir

de diferentes fatores, sem levar a busca e a manutenção da saúde como primeiro benefício

advindo da prática de atividade física, mas levando em conta suas características demarcadas

pela “[...] combinação da memória sexual humana formada através de séculos de evolução e

dos condicionamentos sociais resultado das diferenças sexuais de personalidade, de papéis e de

exercício de poder” na qual os homens preocupam-se com a manutenção da força e as mulheres

com a manutenção da beleza como traço da sua sexualidade.

A saúde, dessa maneira, fica revestida no discurso da beleza, ludibria as pessoas, tornando-as,

muitas vezes, compulsivas na atividade escolhida como forma de se exercitar, pois nela está a

salvação, como foi a partir do século XIX, para alcançar a beleza corporal ditada pelo discurso

midiático, segundo afirma Maldonado (2006).

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Contudo, o efeito pode ser contrário, isto é, em busca da beleza corporal, sérios problemas de

saúde podem se desencadear, caso não haja o esclarecimento de que a prática de atividade física

deve respeitar os limites de cada organismo e, conforme considera Maldonado (2006) se

orientar pelos fatores atividade física, saúde, qualidade de vida e alimentação.

Até porque, “a prática do exercício físico, associada a uma oferta energética satisfatória, permite

um aumento da utilização da proteína da dieta e proporciona adequado desenvolvimento

esquelético” (MEDEIROS, 2014). Nesse caso, percebe-se que a alimentação está associada à

atividade física como fator preponderante dos outros fatores.

Se praticada com regularidade, a atividade física, ainda, é responsável por trazer benefícios da

ordem do “[...] aumento da massa magra, diminuição da gordura corporal, melhora dos níveis

de eficiência cardiorrespiratória, de resistência muscular e força isométrica, além dos

importantes efeitos psicossociais” (MEDEIROS, 2014, p. 86).

Mesmo com todos esses benefícios advindos da prática de atividade física regular, a pesquisa

de Guedes et al. (2001), que contou com uma amostra de 281 (157 do gênero feminino e 124

do sexo masculino) adolescentes de uma escola de ensino médio, no Paraná, que praticavam-

na com um nível regular em seu cotidiano, revela que os do gênero masculino foram

classificados como ativos ou moderadamente ativos (54%) ao passo que os do gênero feminino

foram classificadas como inativas ou muito inativas (65%) para essa prática habitual, inclusive,

que o nível de prática de atividade física não impacta satisfatoriamente no fator saúde e que

essa habitualidade diminui com o avanço da idade (LAZZOLI, 1998), especialmente com as

meninas.

Segundo o IBGE (2009, p. 31) essa regularidade, já proposta como hábito na infância, equivale

a “[...] pelo menos uma hora de atividade física moderada a vigorosa diariamente, ou 300

minutos de atividade física acumulada por semana” a fim de impactar em uma vida adulta mais

ativa.

Com o objetivo de verificar a prevalência de insatisfação corporal junto aos estudantes do

ensino médio da cidade de Juiz de Fora – MG Andrade, Amaral e Ferreira (2010), entre outros

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resultados, apontam, concordando com os resultados de Guedes et al. (2001) que meninas

(42%) em relação aos meninos (79,8%) são menos adeptas à prática de atividade física.

Especificamente para a musculação como atividade física, Santos e Salles (2009) analisam que

as razões que levam os alunos a praticarem nas academias dependem da variável idade na qual

os jovens, especialmente do gênero masculino, pretendem ficar muito musculosos, enquanto os

mais velhos (ambos os gêneros) prevalecem a razão de melhorar o condicionamento físico e a

saúde.

A ideia desse padrão corporal estético, supostamente ideal, em busca da beleza corporal e não

da busca e da manutenção da saúde, exposta pelas mídias como fator de aceitação social, tem

um impacto considerável sobre a autoimagem das pessoas que, por sua vez, se sentem

empreendidas a buscar um corpo, magro, atraente e em forma, independentemente da sua

realidade corporal a fim de alcançar, entre outros benefícios, a autoestima (GROGAN, 1999,

apud COSTA; VENÂNCIO, 2004).

Em concordância com essa proposição de benefícios alcançados no âmbito físico para efeitos

no âmbito psicológico, Brownell (1995, apud GOMES, 2015, p. 4) afirma que “[...] além dos

benefícios fisiológicos, o exercício físico gera efeitos psicológicos positivos, tais como melhora

do humor, redução do estresse, aumento da auto-estima devido à melhora da auto eficiência e

esquemas cognitivos que favorecem o raciocínio otimista”.

Relacionando ao conceito de imagem corporal, na qual ele se refere à avaliação do próprio

corpo e a tomada de atitudes quanto a essa avaliação (GRABE; HIDE, 2006, apud ADAMI et

al, 2008), pode-se associar a baixo autoestima com a concepção de que, estando a imagem

corporal voltada para a satisfação ou insatisfação.

A insatisfação corporal revela a “[...] a avaliação negativa do próprio corpo [...], sendo “[...]

diagnosticada por meio de figuras do corpo e partes dele (como barriga e quadril) e

questionários com perguntas sobre o peso corporal e aspectos relacionados com a aceitação

corporal” (STICE; SHAW, 2002, apud ADAMI et al., 2008, p. 143).

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Dessa maneira, uma imagem corporal que se distancia dos padrões esteticamente estabelecidos

pela mídia, facilmente, pode desencadear uma auto-imagem negativa, o que pode por sua vez

determinar o aparecimento de baixa auto-estima, depressão e distúrbios emocionais e

alimentares em fases de vida com preponderância para tanto: a adolescência.

Maldonado (2006, p. 67), quanto a isso, aponta que “o adolescente em especial tem uma

dificuldade maior em assimilar a sua imagem corporal, pois, neste período de vida ocorrem

grandes modificações psicológicas e físicas”. Em uma fase de vida em que se busca localizar-

se no mundo e identificar-se com seu corpo, a imposição de um padrão pode provocar enorme

instabilidade quanto ao conceito de autoestima.

Assim como há a manipulação da mídia quanto à imagem corporal ideal, há a prescrição de

“receitas” prontas e caminhos rápidos para que as modificações corporais se efetivem, levando

a uma imediata satisfação corporal em contrapartida a uma prática de atividade física regular e

moderada que estimula o crescimento (GEORGOPOULOS et al., 1999, apud, SILVA et al.,

2004).

Dentre essas “receitas”, Medeiros (2014) e Costa e Venâncio (2004) exemplificam que, a partir

da insatisfação corporal, o adolescente adota posturas que vão desde as dietas, geralmente

restritivas, responsáveis por distúrbios nutricionais e alimentares; a prática exagerada de

atividade física e/ou treinamento extenuante, que atenua o crescimento (GEORGOPOULOS et

al., 1999, apud, SILVA et al., 2004) e o consumo de anabolizantes, por sua vez, responsáveis

por transtorno dismórficos do corpo.

As dietas e exercícios físicos, segundo Medeiros (2014), são associados ao índice de Massa

Corpórea (IMC). Os anabolizantes, por sua vez, são associados ao ideal corporal, modificado a

partir dos anos 80, na qual o consumo de esteróides anabólicos em função do ganho de massa

muscular, muitas vezes, excedendo o limite da muscularidade.

Berg et al. (2009) considera que o uso desses medicamentos tende a reduzir à medida em que

os adolescentes vão ficando mais velhos.

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Entretanto, em estudo acerca da utilização de suplementos e anabolizantes por alunos de

academia inscritas na Federação Goiânia de Fisioculturismo, de Goiânia, Araújo, Andreolo e

Silva (2002) apontam que o consumo dessas substâncias é mais frequente em indivíduos de 18

aos 26 anos, idade, do gênero masculino, instruídos a tomá-los pelos nutricionistas e

professor/instrutor, em função de ganhar massa muscular (70%). Uma faixa etária que, ainda,

compreende uma parte da fase da adolescência e, portanto, sinaliza a necessidade de

esclarecimentos sobre as consequências desse uso, mesmo com o passar das fases de vida.

Por outro lado, no Distrito Federal, Araújo (2003) encontrou resultados em que os homens

tomam anabolizantes mais que as mulheres, que há uma prevalência no consumo dessas

substâncias em alunos de escolas particulares mais que em escolas públicas, geralmente,

iniciada entre os 15 e 16 anos e que não praticantes de atividade física também fazem uso delas

por orientação por um colega ou amigo em função de ter um corpo mais bonito.

Percebe-se que os dados em relação ao gênero, classe social e idade variam de estudo para

estudo e de região para região. Contudo, o mais importante é salientar que o consumo existe

mesmo sem estudos conclusivos acerca do uso dessas substâncias e de suas consequências para

outras funcionalidades do organismo.

Suplementos alimentares ou dietéticos “[...] podem ser definidos como produtos feitos de

vitaminas, minerais, produtos herbais, extratos de tecidos, proteínas e aminoácidos e outros

produtos, consumidos com o objetivo de melhorar a saúde e prevenir doenças (ELIASON,

1997, apud PEREIRA, LAJOLO; HIRSCHBRUCH, 2003, p. 266).

Em sua pesquisa, esses autores concluíram que, embora o usuário seja mal informado acerca

seu conteúdo e as consequências de sua ingestão, o consumo de suplementos por frequentadores

de academias de ginástica, em São Paulo, é significativo, talvez pelo fato de que sua

comercialização também ser associada à questão da falsa promessa de aprimoramento e

aumento da performance física (HALAK; FABRINI; PELUZIO, 2007, apud ALVES; LIMA,

2009).

Na adolescência, o crescimento físico é constante e, dessa forma, é necessária uma ingestão

equilibrada de nutrientes e vitaminas para atender às demandas do organismo. O problema com

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suplementos dietéticos, segundo Medeiros (2014) é o seu uso excessivo proveniente, por

exemplo, de escolhas alimentares monótonas, troca de refeições por lanches e condição sócio-

econômica do sujeito que podem advir, por exemplo, da falta de supervisão das refeições por

parte dos familiares (IBGE, 2009), como um dos indicadores social e familiar da população

dessa pesquisa para essa problemática.

Em suma, conforme concluem, e orientam Araújo, Andreolo e Silva (2002), esses

medicamentos devem ser melhor explorados quanto ao consumo por praticantes de atividade

física bem como a orientação dos envolvidos na prática esportiva a partir da necessidade de

consumo e os efeitos que essas substâncias desencadeiam a fim de que seu consumo exacerbado

não substitua a problemática da falta de prática de exercício físico por uma problemática de

saúde advinda da automedicação dessas substâncias.

A pesquisa de Silva et al. (2007) na qual objetivava determinar, por meio de questionário

respondido por 288 participantes, entre 13 academias de Porto Alegre/SC evidenciou, entre

outros, alguns efeitos colaterais provenientes do uso dessas substâncias foram

comportamentais; quanto a variabilidade de humor, maior irritabilidade e agressividade; e

endócrinos; surgimento de acne e aumento ou diminuição da libido.

A adolescência é uma fase de vida muito propícia para a escolha de prática de alguma atividade

física, pois

o avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do gasto

energético médio diário à custa de uma menor atividade física. Isso decorre

basicamente de fatores comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos

estudantis e/ou profissionais (LAZZOLI et al. 1998).

No que diz respeito aos fatores comportamentais para a falta de prática de atividade física,

citam-se os motivos dos quais crianças e adolescente adquirem uma vida sedentária, segundo o

IBGE, isto é, o [...] crescimento do tempo em frente à TV, Internet e vídeogame, menos aulas

de educação física nas escolas, menor opção de lazer ativo, em função da violência intraurbana

e mobilidade urbana, aumento da frota automobilística e a preocupação dos pais com a

segurança (RODRÍGUEZ et al., 2005, apud IBGE, 2009, p. 33).

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Ceschini e Júnior (2009) acrescentam, quanto aos motivos para não se praticar atividade física

entre os adolescentes da rede particular de ensino da cidade de São Paulo, a falta de interesse

pelos exercícios físicos, o não saber como se exercitar tanto no gênero masculino quanto no

feminino.

Por sua vez, Santos et al. (2010) realizaram uma pesquisa em que tinha o mesmo propósito

entre os adolescentes entre 15 e 18 anos, na cidade de Curitiba/PR, estudantes de ensino médio.

Seus resultados apontam que a falta de prática de qualquer atividade física se traduz como

barreira quanto à preguiça, a falta de companhia e tempo, em caso de gênero masculino e

feminino, esse último devido à ocupação.

Dessa maneira, no que concerne à relação entre autoestima, prática de atividade física e

satisfação com a imagem corporal, Andrade, Amaral e Ferreira (2010) salientam que os alunos

envolvidos em sua pesquisa sobre a prevalência da insatisfação corporal que não praticam

alguma dessas atividades são extremamente insatisfeitos com seu corpo, cabendo, também, à

área da educação contribuir para a mudança dessa realidade.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em documento que retrata a

Pesquisa Nacional da Saúde do Escolar (IBGE, 2009, p. 32)

A escola é um importante espaço de difusão de informação para crianças e jovens

sobre a importância da prática da atividade física para promoção de uma vida com

mais saúde, desenvolvendo o interesse dos escolares pelas atividades, esportes e

exercícios abordados nas aulas de educação física.

Mais do que a importância da prática esportiva em função de qualquer objetivo que ela possa

propor (estética ou busca e manutenção da saúde), a abordagem do profissional de educação

em suas aulas, deve orientar os estudantes quanto à falta de necessidade de utilizar medicação

para oportunizar, a curto prazo, os benefícios que a mídia apresenta, contribuindo para uma

formação escolar perpassada pela reflexão e a criticidade.

Assim, é de suma importância que o profissional de educação física aborde a atividade física

conforme requer os Parâmetros Curriculares Nacionais dessa disciplina, isto é, alunos e

professores interpretando, compreendendo e relacionando as práticas corporais a partir da

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importância da postura crítica de sua prática no cotidiano e da sua relação com as mudanças

corporais e sociais como forma de bem estar e saúde física (BRASIL, 2000).

OBJETIVO GERAL

O objetivo desse artigo é analisar a (s) motivação (ões) de adolescentes de ensino médio de uma

rede de ensino particular de Vitória/ES na prática da atividade física de musculação.

METODOLOGIA

O trabalho trata-se, quanto aos objetivos, de um estudo do tipo explicativo na qual se busca

“[...] identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos

fenômenos” (GIL, 2002, p. 42), que, no caso, equivale ao fenômeno do crescimento da prática

de musculação como atividade física, por adolescentes, a partir de diferentes motivações.

Quanto aos procedimentos, trata-se de um estudo de caso que “[...] consiste no estudo profundo

e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que se permita seu amplo e detalhado

conhecimento” (GIL, 2002, p. 54). Nesse sentido, tem-se propósito de descrever a situação do

contexto de alunos do ensino médio de uma rede privada de educação quanto às sua (s)

motivação (ões) para se praticar musculação como atividade física.

O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de dados refere-se a um questionário que

possibilitou a análise estatística dos dados. Foram entregues, para serem aplicados, 150

questionários, com os devidos termos de autorização da escola e dos responsáveis pela amostra

de pesquisa, porém, apenas 65 foram devolvidos para análise, contando com o do professor,

que tinha um questionário distinto.

Esse questionário contou com perguntas abertas para a seguinte amostra de pesquisa: 12

estudantes do sexo feminino, praticantes de musculação (Anexo 1) e 23 não praticantes (Anexo

2); 10 do sexo masculino e 19 não praticantes de musculação; e o professor de Educação física

dessa instituição de ensino (Anexo 3).

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Levando em conta esse instrumento e sua estrutura como instrumento de coleta de dados, o tipo

de pesquisa selecionada, quanto à abordagem para análise dos dados, foi a qualitativa. O

processo que envolve essa abordagem consiste em “[...] uma seqüencia [sic] de atividades, que

envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do

relatório” (GIL, 2002, p. 133), a partir do discurso dos estudantes, evidenciado em suas

respostas.

No primeiro momento, buscou-se referencial teórico para dar fundamentação ao estudo, tendo

como palavras-chave musculação, fatores motivadores, ensino médio e contemporaneidade.

Uma busca que ocorreu em livros impressos e em artigos acadêmicos de base de dados, tais

como Scielo. Em seguida, escolheu-se como campo de pesquisa uma instituição de ensino da

rede privada. O critério para a escolha dessa instituição condiz para o fato de que, devido à

condição financeira desses estudantes, seu acesso às academias de musculação ser mais

provável.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quanto à motivação e interesse pela prática de musculação dos adolescentes dessa instituição

circundam entre estética e saúde, somando 92%. Desse percentual, a maioria do gênero

masculino (70%) e do gênero feminino (17%) que envolve estética e saúde como motivação e

interesse na prática de musculação, a prática pela estética.

Por outro lado, para os que praticam por saúde, esses têm um conceito de saúde baseado na

aparência, que é um corpo magro, definido ou musculoso. Esses dados confirmam que o

fenômeno da estética é mais latente na busca da prática de atividade física quanto à musculação,

pois hoje em dia com um padrão de corpo posto pela mídia, fica claro uma maior aceitação da

sociedade com aqueles que conseguem atingir os corpos considerados “belos” e magros,

conforme alerta Maldonado (2006).

Tanto é assim que, questionados acerca de qual corpo esse tem como modelo para a prática de

musculação, a maioria das meninas (77%) escolheram a Paola Oliveira (Figura 1 – Anexo 1),

com traços sensuais para a manutenção da sua sexualidade feminina (MALDONADO, 2006) e

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os meninos, em sua maioria (62%), escolheram o Cristiano Ronaldo (Figura 3 – Anexo 1),

como traços da manutenção da força, demarcando os condicionamentos sociais acerca do

gênero e sua relação com a atividade física (MALDONADO, 2006).

Figura 1 – Paola Oliveira

Fonte: Disponível em: <http://www.jobmix.com.br/top/?Paola+Oliveira-ghfjf5456dhhuy231540>

Figura 2 – Cristiano Ronaldo

Fonte: Disponível em: <http://www.saradosdobrasil.com/2016/01/cristiano-ronaldo-e-alessandra-ambrosio-

mostram-a-boa-forma-na-capa-da-gq-americana.html>. Acesso em: 30 mar. 2018.

Quando os estudantes, que praticam musculação como atividade física, foram questionados se

sua autoestima melhorou com essa prática, a maior parcela da amostra (95%) respondeu que

sim, enquanto a minoria (5%) respondeu que não, conforme se constata no gráfico 1.

Gráfico 1 – Melhora da autoestima com a prática de musculação

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

0%

50%

100%

Sim Não Total

95%

5%

100%

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A partir da análise desses dados é importante demarcar que o benefício da autoestima, engajado

no conceito de satisfação da imagem corporal a partir da atividade física, fica confirmado,

conforme salienta Grogan (1999, apud COSTA; VENÂNCIO, 2004) como motivação para a

prática desta modalidade de esporte.

Entretanto, tanto para quem pratica quanto para quem não pratica a musculação, a maioria

(54%) não está satisfeito com o seu corpo esteticamente, conforme se pode observar no gráfico

1. Esses dados confirmam-se na pesquisa de Andrade, Amaral e Ferreira (2010) na qual, por

não praticarem nenhuma atividade física, os entrevistados não estão satisfeitos com a imagem

corporal.

Gráfico 2 – Não satisfeitos com o corpo esteticamente

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Isso confirma que a busca pela prática de musculação corrobora a prática pela estética e não

pela saúde, ou seja, sua autoestima decorre de transformações no âmbito físico para o âmbito

psicológico (BROWNELL, 1995, apud GOMES, 2015).

Dessa forma, a fim de transformar o corpo e manter a forma, que se traduz como autoestima

melhorada, a maioria dos praticantes de musculação (57%) declara fazer dieta para modificar

sua imagem corporal, a minoria (11%) fazem uso de suplemento dietético e, entre os não

praticantes, a minoria (5%) consome anabolizantes.

Traduzindo isso em efeitos da insatisfação da imagem corporal, pode-se concordar com Grabe

e Hide (2006, apud ADAMI et al, 2008) quando eles associam essa insatisfação com a tomada

de atitudes devido à avaliação negativa de seu próprio corpo que se distancia da almejada e

valorizada pela mídia a que esses estudantes estão expostos com barriga e quadril bem definidos

como fator da satisfação corporal (STICE; SHAW, 2002, apud ADAMI et al., 2008).

0%

50%

100%

Sim Não Total

54% 46%

100%

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O uso por conta própria e sem necessidade dessas substâncias pode não ser tão benéfico à saúde,

devido ao fato de apresentar resultados mais rápidos em relação à prática regular de atividade

física quanto ao ganho de força, de massa muscular e a perda da massa gorda, tal como a prática

de atividade física (MEDEIROS, 2014), mas sem apresentar efeitos colaterais comportamentais

e metabólicos, conforme constatou Silva et al. (2007).

Esses fatos não são conhecidos pelos estudantes. Contudo, quando questionados acerca da

compreensão do uso de suplementos e anabolizantes, a maioria (50%) compreende-a de forma

negativa, seguido de outra parcela significativa (45%) que não souberam ou não responderam,

conforme se constata no gráfico 3.

Gráfico 3 – Compreensão do uso do anabolizante

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Os não praticantes de musculação como atividade física aferem como fator a preguiça, em sua

maioria (51%), seguido da falta de tempo (27%). Esses dados podem ser observados no gráfico

4.

Gráfico 4 – Motivos para não praticar a musculação

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Quando se especifica o gênero o masculino, em sua maioria (58%) confirma essa razão, seguido

da falta de interesse nessa modalidade de atividade física à medida que, para o gênero feminino,

0,0%

50,0%

100,0%

50,0%

5%

45,0%

100%

0,0%

50,0%

100,0%51,0%

27% 22,0%

100%

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a maioria (78%) ressalta não tem interesse por essa modalidade, seguido da falta de influência

da família.

Esses dados, além de confirmar que o fator preguiça é maior que a modificação das

características de força e sexualidade, conforme afere Maldonado (2006), confirmando os

resultados dos estudos de Santos et al. (2010) e Ceschini e Júnior (2009) quanto às barreiras

para se praticar atividade física, demarcando que o gênero influencia tanto nos objetivos a serem

alcançados por determinada faixa etária e determinada escolha de atividade física, tal como na

pesquisa de Santos e Salles (2009) em que os homens mais jovens procuram ficar mais

musculosos enquanto os mais velhos (ambos os gêneros) procuram melhorar o

condicionamento físico e a saúde.

Conforme se pode observar meninos são mais adeptos que as meninas nessa modalidade de

atividade física, concordando com a pesquisa de Andrade, Amaral e Ferreira (2010). A partir

desses dados, portanto, no que concerne ao gênero, uma preocupação circunda essa análise,

uma vez que a habitualidade em realizar atividade física diminui com o avanço da idade e dos

compromissos, de acordo com Guedes et al (2001) e a pesquisa do IBGE para a saúde do escolar

(IBGE, 2009).

A prática da musculação engloba uma série de assuntos polêmicos que despertam dúvidas aos

alunos, fazendo com que suas atitudes e comportamentos sejam não condizentes com aspectos

saudáveis, tais como o consumo de suplementos e anabolizante e a adoção de dietas (COSTA;

VENÂNCIO, 2004), ao invés de adotar medidas que contribua para o seu crescimento, tal como

a prática regular e moderada de atividade física (GEORGOPOULOS et al., 1999, apud, SILVA

et al., 2004).

Assim, quando indagados acerca da orientação pela escola sobre os assuntos que lhe geram

dúvidas nessa perspectiva, a maior parte da amostra de pesquisa (58%) informa que já teve esse

assunto discutido na aula de Educação Física. Esses dados corroboram a importância da

intervenção da escola na formação de cidadãos reflexivos e críticos a partir das práticas

corporais, conforme requer os PCNs (BRASIL, 2000).

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Mesmo assim, é válido ressaltar que a minoria (42%) é um montante substancial quando esse

assunto está em pauta mediante aos malefícios que a falta de orientação para a importância da

prática de qualquer atividade física, e seus desdobramentos, tais como o uso sem orientação

nutricional ou médica de medicamentos que auxiliam a alcançar resultados mais rápidos que a

regularidade dessas atividades. Esses dados estão dispostos no gráfico 5.

Gráfico 5 – Abordagem sobre o assunto em aulas de Educação Física

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Esses assuntos estão fortemente presente na vida dos adolescentes, tanto que os alunos

apresentam bastante interesse em aprender e conhecer mais sobre esses temas em sua maioria

(90%), de acordo com o gráfico 6.

Gráfico 6 – Interesse sobre esse tema

Fonte: Elaborado pelo autor (2018).

Considerando que ao ficarem mais velhos o uso de anabolizantes diminui (BERG et al, 2009)

e associando aos dados obtidos de que a maioria concebe o consumo de suplementos e

anabolizantes de forma negativa, pode-se associar que a informação que a escola proporciona

a estudantes dessa faixa etária nesse sentido pode ser considerado o fator dessa diminuição

devido ao fato de que se conhece a real necessidade desse consumo (ARAÚJO; ANDREOLO;

SILVA, 2002) e quanto mais se conhece a respeito dos benefícios e malefícios de determinada

tomada de postura e comportamento, mais se pode fazer escolhas que valorizam mais a questão

da busca e da manutenção da saúde que a estética em si, mas que ela pode ser uma consequência.

0%

50%

100%

Sim Não Total

58% 42%

100%

0%

50%

100%

Sim Não Total

90% 10%

100%

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Dessa maneira, a partir da análise, discussão e interpretação dos dados, é possível fazer algumas

considerações acerca do objetivo traçado para esse estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados obtidos, analisados e discutidos à luz da revisão bibliográfica, observa-

se a importância que o adolescente dá ao seu corpo, principalmente pelo fator estética, para

obter um corpo dentro dos padrões imposto pela mídia, além do fato de que demarca que o

gênero influencia tanto nos objetivos a serem alcançados por determinada faixa etária e

determinada escolha de atividade física pautadas em barreiras que os impedem de praticá-las

por preguiça ou por falta de interesse em específicas atividades.

Levando em consideração que se tratar de uma escola particular, e que os alunos assim possuem

acesso à informação com mais facilidade, acredita-se exista adolescentes que buscam na

atividade física, a qualidade de vida ou que essa visão vai vir com seu amadurecimento.

Porém, é preciso orientar os alunos, o risco que assumem quando se predispõem a fazer o uso

de anabolizante e de suplementos quando não indicados por profissionais da área, como

médicos e nutricionistas, tendo em vista que existem muitos adolescentes que não

compreendem bem o assunto e mesmo assim fazem uso dessas substâncias.

A conscientização do aluno precisa ser intensa para a prática de exercício físico,

desmistificando qualquer teoria que não seja verdadeira, apresentando os benefícios, e até

malefícios, que a modalidade possa trazer, tirando assim qualquer outra dúvida que o aluno

apresente.

Desse modo é importante mostrar ao adolescente a importância da prática musculação em sua

vida, que é possível perseguir um corpo belo a partir da musculação, mas sem colocar em risco

o que é mais importante, a saúde.

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA ALUNOS QUE PRATICAM

MUSCULAÇÃO

1) Há quanto tempo pratica musculação?

2) Por que você pratica musculação? Qual sua motivação e interesse?

(Caso a resposta seja estética). Como é o corpo que você busca? Parecido com o de alguém?

(Caso a resposta seja saúde) O que você compreende como saúde?

(Caso a resposta seja lazer) O que você entende como lazer?

3) Qual o tempo diário dedicado a musculação? Quantas vezes por semana?

4) Qual o gasto mensal com isso?

5) Faz alguma dieta? Utiliza suplementos alimentares? Por que?

6) Referente a pergunta acima: se sim, foi orientado por alguém ou utiliza por conta

própria.

7) Como você compreende o uso de anabolizante? Por onde e por quem teve informações

do assunto?

8) Sua autoestima melhorou após começar a praticar musculação? Por que?

9) Você era satisfeito com o seu corpo antes da prática? Por que? E agora?

10) Qual desses corpos te motiva a deixar o seu parecido? Assinale com um X e diga o

motivo.

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11) Nas aulas de Educação Física já foi discutido algum dos pontos anteriores? Em qual ano

de ensino? Seria interessante?

ANEXO 2 – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA ALUNOS QUE NÃO PRATICAM

MUSCULAÇÃO

1) Por que não pratica musculação?

2) Tem interesse pela prática?

3) Pratica alguma atividade com finalidade a saúde, estética ou lazer?

4) Faz alguma dieta? Utiliza suplementos?

5) Referente a pergunta acima: se sim, foi orientado por alguém ou utiliza por conta

própria.

6) Como você compreende o uso de anabolizante? Por onde e por quem teve informações

do assunto?

7) Você é satisfeito com o seu corpo esteticamente?

8) Qual desses corpos te motiva a deixar o seu parecido? Assinale com um X e diga o

motivo.

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9) Nas aulas de Educação Física já foi discutido algum dos pontos anteriores? Em qual ano

de ensino? Seria interessante?

ANEXO 3 – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA PARA PROFESSORES

1) Já tematizou em suas aulas questões referentes as práticas de musculação?

2) Se sim, em qual ano escolar?

3) E quanto ao uso de suplementos alimentares e anabolizantes?

4) Como compreende essa discussão na Educação Física escolar?