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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA – CAEN
RAFAEL SAMPAIO GOMES
CAPACIDADE DE INVESTIMENTO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ DE 2002 -
2012: UM QUADRO COMPARATIVO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS ESTADOS DA
FEDERAÇÃO
FORTALEZA
2016
RAFAEL SAMPAIO GOMES
CAPACIDADE DE INVESTIMENTO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ DE 2002 -
2012: UM QUADRO COMPARATIVO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS ESTADOS DA
FEDERAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Economia. Área de concentração: Economia.
Orientador: Prof. Dr. Jair do Amaral Filho
FORTALEZA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
G617c Gomes, Rafael Sampaio.
Capacidade de Investimento do Governo do Estado do Ceará de 2002 - 2012: Um Quadro
Comparativo em Relação aos Demais Estados da Federação / Rafael Sampaio Gomes. –
2016.
56 f. : il. color.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,
Administração, Atuária e Contabilidade, Programa de Pós-Graduação em Economia,
Fortaleza, 2016.
Orientação: Prof. Dr. Jair do Amaral Filho.
1. Investimento. 2. Capacidade de Investimento. 3. Estados. I. Título.
CDD 330
RAFAEL SAMPAIO GOMES
CAPACIDADE DE INVESTIMENTO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ DE 2002 -
2012: UM QUADRO COMPARATIVO EM RELAÇÃO AOS DEMAIS ESTADOS DA
FEDERAÇÃO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Economia da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Economia.
Área de concentração: Economia.
Orientador: Prof. Dr. Jair do Amaral Filho
Aprovada em: 31/10/2016.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof. Dr. Jair do Amaral Filho (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________ Prof. Dr. Francisco José Silva Tabosa Universidade Federal do Ceará (UFC)
_________________________________________
Prof. Dr. Edilberto Carlos Pontes Lima Membro Externo
Agradeço a Deus primeiramente, pois pela fé,
temos sempre força para dá um passo a frente
em nossas vidas, realizando nossos sonhos.
Aos meus pais, pela formação do meu caráter e
pelo apoio dado nos momentos de mais
dificuldades. A minha esposa Letícia e filhos,
Raíssa Freire e Luiz Eduardo, por serem o
motivo e a razão de tudo na minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar ao meu professor e orientador Jair do Amaral Filho,
que com sua vasta experiência e conhecimento, sempre foi para mim, desde a graduação,
uma referência de professor e economista, contribuído de uma forma decisiva para a
continuidade, melhoria da qualidade e término deste trabalho.
Aos Professores Edilberto Carlos Pontes Lima e Francisco José Silva Tabosa,
componentes da banca, que com suas valiosas sugestões aperfeiçoaram o estudo deste
trabalho.
Aos meus colegas de mestrado e doutorado, David Herbster, Hermelino
Nepomuceno, Ítalo Morais, Jáder Garcia, Luan Falcão, Marcelino Batista, Marcos Aurélio,
Pedro Phillip, Ramon Lucas, Renan Aires, Wescley de Freitas e Felipe Alves Reis, pelo
ótimo convívio e parceria nos momentos de mais dificuldades.
Aos funcionários Carmem Maria Rodrigues, Márcia Russo, Cléber e Adelino, que
estavam sempre em prontidão para ajudar no que fosse possível.
Enfim, a todos que contribuíram direta e indiretamente para a conclusão deste
trabalho.
RESUMO
Esta dissertação tem por objetivo avaliar o investimento, e mais especificamente, a
capacidade de investimento do Governo do Estado do Ceará, seja quando esta é abordada a partir da utilização de recursos próprios ou originárias de operações com terceiros, compreendendo o período de 2002 a 2012. Para que se atinja tal objetivo, no
entanto, inicia-se o trabalho com uma abordagem histórico - descritiva das Finanças Públicas no Brasil, trazendo à baila uma série de acontecimentos internos e externos que influenciaram a economia e as finanças públicas nacionais e estaduais. Posteriormente, a
análise centra-se no Estado do Ceará, buscando traçar sinteticamente o perfil evolutivo das finanças públicas do Estado e dos demais entes federados, comparando-os, utilizando dados extraídos da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para o cálculo do
endividamento do estado. Em seguida, utilizando-se os dados consolidados da Execução Orçamentária dos estados, e tendo por base a metodologia utilizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) da Universidade de São Paulo em parceria com a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (EMPLASA), busca-se analisar a
evolução do investimento e da capacidade de investimento, ou potencial de investimento, construindo-se índices de capacidade de investimento com recursos próprios, bem como originários de operações com terceiros, visando à comparação do estado do Ceará com
os demais estados do Brasil. Por fim, busca-se avaliar os resultados da evolução dos índices de capacidade obtidos, na tentativa de compreender em que estágio de evolução encontra-se o estado do Ceará em relação a tais indicadores.
Palavras-chave: Investimento, Capacidade de Investimento, Estados.
ABSTRACT
This dissertation aims to evaluate the investment, and more specifically, the investment
capacity of the Government of the State of Ceará, whether it is approached from the use of own resources or from operations with third parties, covering the period from 2002 to 2012 In order to achieve this objective, however, the work begins with a historical descriptive
approach to Public Finance in Brazil, bringing to light a series of internal and external events that have influenced the national and state public finances and finances. Subsequently, the analysis focuses on the State of Ceará, seeking to synthesize the
evolutionary profile of the public finances of the State and other federal entities, comparing them, using data extracted from the National Treasury Department (STN) to calculate the debt of the State. state. Then, based on the methodology used by the Foundation of
Economic Research (FIPE) of the University of São Paulo in partnership with the Paulista Company of Metropolitan Planning (EMPLASA), the analysis of the evolution of investment and investment capacity, or investment potential, by constructing investment capacity indexes with own resources, as well as originating from operations with third parties,
aiming to compare the state of Ceará with the other states of Brazil. Brazil. Finally, it is sought to evaluate the results of the evolution of the capacity indices obtained, in an attempt to understand at what stage of evolution the state of Ceará is in relation to such
indicators.
Keywords: Investment, investment capacity, States.
GRÁFICOS
Gráfico 1 - Investimento Absoluto e Ranking por Estado (milhões de R$) – 2002 e 2012
Gráfico 2 - Mapa do Investimento Absoluto – 2002 e 2012
Gráfico 3 - Investimento per capta e Ranking por Estado (R$) – 2002 e 2012
Gráfico 4 - Índice de Capacidade de Investimento com Recursos Próprios – 2002 a 2012
Gráfico 5 – Mapa Evolutivo do ICI - RP – 2002 a 2012
Gráfico 6 - Índice de Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros – 2005 a
2011
Gráfico 7 – Mapa Evolutivo do ICI - RT – 2005 a 2011
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Relação entre DCL/RCL (%) – 2000 a 2015
Variação do PIB do Ceará e PIB do Brasil (%) – 2003 a 2015
Tabela 3 Participação dos Investimentos na Receita Corrente e na
Despesa Total do estado do Ceará (%) - 2002 a 2012
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Principais Elementos das Contas do Estado do Ceará
Quadro 2 – Resultados do ICI-RP por Estados e Regiões de 2002-2012
Quadro 3 – Resultados do ICI-RT por Estados e Regiões de 2005-2011
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 12
2. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 16
3. FINANÇAS PÚBLICAS: NECESSIDADE E OBRIGATORIEDADE DO AJUSTE
FISCAL............................................................................................................. 20
3.1 FINANÇAS PÚBLICAS NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO DO MODELO DE
DESENVOLVIMENTO...................................................................................... 20
3.2 ENDIVIDAMENTO DO ESTADO DO CEARÁ: UMA MEDIDA DE SOLVÊNCIA
PARA O PERÍODO DE 2000-2015................................................................... 23
4. INVESTIMENTO E CAPACIDADE DE INVESTIMENTO DO ESTADO DO
CEARÁ................................................................................................................... 26
4.1 Investimentos Públicos.................................................................................... 27
4.2 A Capacidade de Investimento com Recursos Próprios do Estado do Ceará
(Metodologia de Cálculo) ...................................................................................... 35
4.3 A Capacidade de Investimentos com Recursos de Terceiros do Ceará
(Metodologia de Cálculo) ...................................................................................... 39
5. RESULTADOS DA CAPACIDADE DE INVESTIMENTO COM RECURSOS
PRÓPRIOS E DE TERCEIROS DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ DE 2002-
2012....................................................................................................................... 41
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................. 51
7. REFERÊNCIAS................................................................................................. 53
12
1. INTRODUÇÃO
Uma oferta eficiente de infraestrutura, alocada de forma racional, que seja eficaz
para realidade de cada ente federado, é um dos fatores primordiais para um crescimento
econômico estadual sustentável. Porém, para se atingir tal objetivo, os Governos
Estaduais devem buscar o equilíbrio das suas finanças, sendo eficientes na arrecadação
das receitas e controladores na execução das despesas, principalmente as de caráter
corrente, que dentre estas, destaca-se o elevado pagamento do funcionalismo público,
problema que era frequente no período anterior ao ano 2000, devido à ausência de
regulamentação federal sobre o assunto. No entanto, este problema foi minimizado pela
criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Complementar nº: 101/2000, que
dentre outras medidas estabeleceu um teto para as despesas totais com pessoal para
União, Estados e Municípios.
Além dos fatores citados acima, existe um que é impeditivo ao processo de
geração de poupança pública, que é a dívida consolidada ou fundada, pois esta é
proveniente principalmente de operações de crédito com terceiros, realizadas no presente,
ou em gestões anteriores, onde neste caso a gestão subsequente deve assumi-las, tendo
portanto um espaço reduzido para realização de investimentos com recursos próprios. O
controle deste item é de fundamental importância na geração de poupança governamental.
A equalização das restrições impostas acima são metas a serem alcançadas, se
forem diretrizes de governos, políticas de Estado, e não de Gestão, gerando poupança
pública, onde essa é de fundamental importância para a realização de investimentos
estruturantes de longo prazo.
No estado do Ceará, observa-se que a organização e ampliação da infraestrutura
logística é um fator de competitividade de extrema importância. Como exemplo de obra
estruturante realizada pelo estado, vale destacar o Terminal Portuário do Pecém, obra
planejada em 1995, pela gestão do então governador Tasso Jereissati 1 , a qual foi
1 Governador do Estado do Ceará no período de 1987 a 1991 e de 1995 a 2002. Em 1986, liderou o
chamado “Governo das Mudanças” do Ceará, partindo de uma posição de ruptura com o clientelismo e assistencialismo.
13
finalizada no ano de 2002. A construção deste terminal, além de ter proporcionado
geração de trabalho e renda para o Estado, minimizou um dos gargalos logísticos
apresentados até então, que é o problema da entrada e saída de mercadorias pesadas,
visando o escoamento da produção para outros estados e países parceiros comerciais do
Ceará. Segundo dados da Secretaria dos Portos do Governo Federal, os empregos
diretos e indiretos gerados são da ordem de 14 mil trabalhadores, com uma
movimentação de mercadorias de 6.327.288 toneladas de carga no ano de 2013, onde os
principais produtos são contêineres, Gás Natural Liquefeito (GNL), carvão mineral e
produtos siderúrgicos.
Vale destacar também que, o estado do Ceará avança em nível regional, com
investimentos públicos em setores estratégicos, como energia elétrica e transporte. Em
relação à energia elétrica, segundo Costa e Júnior (2011, p.03),
“O setor de energia elétrica representa 11,6% do total do investimento em infraestrutura previsto para o Nordeste, com R$ 16,4 bilhões, sendo que mais da metade dos recursos já foram investidos, aproximadamente 52,4%. Do valor orçado, cerca de 61,3% são para obras de geração de energia. O Ceará é o Estado detentor do maior orçamento, isto é, R$ 5,4 bilhões, sendo grande parte deste investimento para a construção de usina termelétrica a carvão mineral e usinas eólicas
2 ”.
Reforçando o compromisso do Estado com a concretização de obras estruturantes,
os investimentos públicos na área de transporte se destacam. Costa e Júnior (2011 p. 04)
afirmam que,
“Em terceiro lugar no orçamento de infraestrutura para o Nordeste (10,9%) e em segundo lugar em valores já investidos (41,5%), o setor de transportes será beneficiado com R$ 15,5 bilhões, sendo 28,8% do total orçado previsto para obras com transporte ferroviário, especificamente a Ferrovia Transnordestina. As obras em metrôs receberão cerca de 26,2% dos investimentos no setor, enquanto as obras em rodovias e vias urbanas foram beneficiadas com 17,6% do orçamento para transportes. Somente esses subsetores totalizaram 72,6% do total do orçamento previsto para o setor em referência. Ceará, Pernambuco e Maranhão são os Estados de destaque, e portanto receberão, respectivamente, R$ 4,4 bilhões, R$ 3,6 bilhões e R$ 3,3 bilhões do orçamento em infraestrutura de
2 Em junho de 2009, o Governo do Estado do Ceará com o objetivo de atrair investimentos para este
segmento, elaborou um estudo técnico da cadeia produtiva eólica, com o título: Energia Eólica: Atração de Investimento no Estado do Ceará. Para maiores informações, consultar o documento através do site: http://investimentos.mdic.gov.br/public/arquivo/arq1321639117.pdf.
14
transportes. Os elevados valores no Estado do Ceará são explicados pelos grandes investimentos proporcionados para os metrôs e ferrovias.”.
Assim, os investimentos públicos estruturantes realizados pelo Governo do estado
do Ceará são de grande importância como estímulo ao crescimento econômico em uma
perspectiva de longo prazo.
Sendo assim, este estudo objetiva avaliar no período de 2002 a 2012, a partir dos
dados consolidados dos orçamentos dos Estados, a evolução do investimento, e
principalmente, da capacidade de investimento do Governo do Estado do Ceará, sejam
estes com recursos próprios ou de terceiros, bem como observar o comportamento destes
indicadores em relação aos demais entes federativos, mostrando em qual estágio de
comprometimento ou capacidade encontra-se o Estado do Ceará perante os mesmos.
No capítulo 2 será exposta inicialmente a conceituação, bem como, a diferença
entre investimento e capacidade de investimento, posteriormente sendo realizada uma
revisão da literatura sobre o tema. A literatura será apresentada tendo por base os
componentes do lado da Oferta Agregada, que elevam a produtividade da economia,
apresentando como um dos fatores de produção chave, o gasto público produtivo, o
investimento, utilizado como referência em modelos de crescimento numa perspectiva
endógena.
Por sua vez, no capítulo 3, este trabalho se propõe a realizar uma análise histórica
descritiva das finanças públicas no Brasil, e posteriormente, avaliar a evolução das
Finanças Públicas do estado do Ceará, mais especificamente, o grau de solvência do
Estado, no período de 2000 a 2015. Para atingir tal objetivo, serão utilizados dados da
Secretaria do Tesouro Nacional (STN), no intuito de calcular o indicador de solvência da
dívida pública, que é a relação entre a dívida consolidada líquida (DCL) e a receita
corrente líquida (RCL), onde este indicador é adotado pela Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) para definir os limites do endividamento da União, dos Estados e dos Municípios
brasileiros.
O indicador referido no parágrafo anterior é de crucial importância quando se tem
por objetivo avaliar a capacidade de investimento com recursos próprios de um dado
15
estado, observando-se o nível de comprometimento deste com a amortização da dívida
consolidada líquida, bem como o nível de dependência ou comprometimento dos estados
em relação às operações de crédito realizados com terceiros.
No capítulo 4, o foco será a evolução do Investimento e da Capacidade de
Investimento do Governo do Estado do Ceará. Primeiramente, será exposto o
investimento em termos absolutos, comparando os anos de 2002 e 2012, estabelecendo
um ranking para o mesmo. Em seguida será construído o investimento per capta, este na
tentativa de equalização das economias, tentando-se fazer uma análise mais real da
variável, minimizando os efeitos proporcionados pelas dimensões das economias
estaduais, visando uma melhor comparação relativa. Por fim é apresentado o ranking do
investimento em termos absolutos por estado de 2002 e 2012.
Em seguida, será calculada a participação do investimento em relação à receita
corrente e despesa total, com o intuito de avaliar o grau de importância da variável
investimento público para o estado. Posteriormente, o foco da análise se voltará para o
detalhamento da metodologia de cálculo da capacidade de investimento com recursos
próprios, criando-se um Índice de Capacidade de Investimento com Recursos Próprios
(ICI-RP), de onde será traçada uma comparação do Ceará com os demais estados da
federação.
Concluindo o capítulo, será detalhada a metodologia para o cálculo da capacidade
de investimento com recursos de terceiros do estado do Ceará, de onde se originará um
Índice de Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros (ICI-RT).
Com estes índices será avaliado o comportamento do estado do Ceará em relação
à capacidade de investimento dos demais estados da federação, sejam estes com
recursos próprios ou de terceiros.
Por fim, no capítulo 5, será realizada uma abordagem descritiva dos resultados
alcançados, fazendo-se uso de gráficos de mapas, para uma melhor visualização da
evolução dos dados, com foco no estado do Ceará.
16
2. REVISÃO DA LITERATURA
A literatura econômica que aborda a variável investimento apresenta uma série de
trabalhos em nível mundial, retratados desde o nascimento da Teoria Econômica com os
economistas clássicos até a atualidade. O investimento de caráter público é tido como um
dos fatores principais de elevação da produtividade da economia, quando analisada pelos
condicionantes do lado da oferta.
Contextualizando o tema, pode-se citar a visão da Escola Clássica, com o
pensamento original de Adam Smith sobre o Investimento, ressaltado em sua obra “A
Riqueza das Nações”, onde o mesmo afirma que o ato de poupança está associado a
uma decisão de investimento, onde os problemas de insuficiência de demanda efetiva são
ignorados por hipótese (SMITH, 1776). Esta é apenas uma visão econômica inicial sobre
o investimento, que se caracteriza através de uma abordagem do investimento de caráter
privado.
O investimento público, por sua vez, é ressaltado como o fator primordial para o
processo de desenvolvimento de um país, pois na visão de Hirschman (1958, p. 285) “[...]
a maneira mais óbvia pela qual a política econômica afeta os índices de desenvolvimento
de diferentes partes de um país é através da dotação regional das verbas de investimento
público.”
Reforçando a importância do investimento público em cada etapa do
desenvolvimento de um país, Musgrave (1969), destaca que a formação bruta de capital
do setor público ou o investimento é um fator extremamente necessário nos estágios
iniciais de crescimento e desenvolvimento econômico de um país, devido à necessidade
de grandes investimentos em infraestruturas sociais e econômicas, como transporte,
estradas, portos, saneamento, dentre outros. Ele ainda ressalta que, após o nível
intermediário de desenvolvimento o governo continua a investir, complementando o
investimento realizado pelas empresas privadas. E por fim, afirma que a proporção de
formação bruta de capital em relação ao investimento decairá à medida que haja
crescimento e desenvolvimento econômico.
17
Diversos trabalhos sugerem a importância dos gastos públicos produtivos para
elevar o crescimento econômico. Um dos trabalhos pioneiros na área foi realizado por
Arrow e Kurz (1970), onde estes incluíram na estrutura dos modelos neoclássicos o efeito
positivo provocado pela introdução do capital público.
No entanto, o salto qualitativo nos modelos de crescimento endógeno se deu com
Aschauer (1989). Este fortaleceu empiricamente a hipótese a qual o investimento público
eleva o produto, por meio do aumento da produção do setor privado. Ele fez uma análise
do impacto dos investimentos públicos sobre a economia americana no período de 1949-
85. Utilizando um modelo de mínimos quadrados ordinários (MQO), estimou que um
incremento de 1% no capital público, implicaria em um aumento entre 0,35% e 0,49% no
produto. Além disso, o autor sugere que a redução da produtividade norte americana após
os anos de 1970, pode ser atribuída pela elevada queda dos investimentos públicos.
Detalhando a análise citada acima, Aschuaer (1989) identificou ainda que a
infraestrutura é o maior responsável pelo efeito do investimento sobre a produção privada.
Para ele, melhores estruturas das estradas, incentivos a geração de energia e meios que
facilitem a comunicação elevam o produto final e, consequentemente, implicam numa
maior produtividade dos fatores privados, que consequentemente reduzem o custo por
unidade de insumo.
Na mesma linha de pensamento, com o intuito de explicar os fatores que elevam a
produtividade de uma economia pelo lado da oferta, relacionando o gasto público com
crescimento, Barro (1990) fez uso de um modelo de crescimento endógeno. Para ele, o
gasto público, principalmente o investimento em infraestrutura, é um fator de produção
que incentiva diretamente a produtividade de uma economia, gerando externalidades
positivas. Assim, no modelo desenvolvido, as quantidades existentes de capital privado e
gastos públicos, estes dependentes do nível de renda, influenciam diretamente a
produção da economia.
Para que o modelo se adapte a diferentes situações, Barro (1990) considerou ainda
em seu modelo, três versões. Uma baseada em bens privados de provisão pública, na
qual os serviços são rivais e exclusivos, onde os produtores individuais não congestionam
18
os serviços públicos providos por outros produtores. A segunda versão, baseada em bens
públicos de provisão pública, caracterizados pela não rivalidade e não exclusão no
consumo, de onde o produto marginal dos serviços públicos corresponde a uma mudança
nos Gastos governamentais no produto agregado. E, por último, uma versão baseada em
bens de provisão pública sujeitos a um congestionamento, na qual os serviços públicos
são rivais e não-exclusivos.
Tendo por base as diferentes versões citadas acima, Sala-I-Martin (2000), destaca
que os modelos de crescimento moderno, derivam das diferentes características
presentes na função de produção. Logo, a identificação dos fatores de produção e a
determinação de suas características fundamentais, são de extrema importância, quando
se objetiva avaliar a produtividade de uma economia.
De uma forma geral, as modernas teorias do crescimento endógeno buscam
explicar o desenvolvimento de uma economia por meio das forças produtivas
determinantes do crescimento, tendo em conta sempre a oferta na perspectiva de uma
elevação da produtividade marginal dos fatores de produção (Simonsen, 1983).
Cabe ressaltar que, o impacto do investimento público não se restringe apenas ao
aumento da produtividade de uma forma direta. Indiretamente, vantagens estruturais
alavancam o produto da economia de determinada localidade, dada as vantagens
comparativas desta localidade em relação às demais. Para Amaral Filho e Campelo (1990,
p.19),
“O efeito do capital público no processo de crescimento econômico, e na taxa de retorno do setor privado, vem sendo motivado pela análise política e aplicações econométricas visando mostrar que a infra-estrutura pública proporciona uma elevação no retorno dos fatores privados de produção. Destacando que a presença do capital público em uma determinada localidade, na medida em que esse capital segue produtivo, poderá aumentar a vantagem comparativa desta localidade em relação às demais localidades.
Complementando os trabalhos já citados, analisando de um ponto de vista geral ,
observa-se que um modelo de crescimento baseado no investimento deve está inserido
num contexto onde as instituições apresentam um grau de importância fundamental, pois
19
estas devem proporcionar uma segurança jurídica para que seja fomentado o
investimento e a eficiência econômica, estimulando o crescimento e a melhoria do bem-
estar social. Conforme explicitado por Pinheiro (2009, p.26),
“O Brasil tem uma economia plena de oportunidades, mas que esbarra, de um lado, no alto risco para quem investe e, de outro, no alto custo e na falta de financiamento que também reflete o risco elevado que cerca a atividade econômica no país, entre outros fatores. A economia também sofre com a baixa produtividade dos investimentos, estruturados, em parte, para protegê-los desses riscos e reduzir os custos de realizar negócios em um ambiente de grande incerteza”.
Assim, localidades, ou seja, países, estados ou municípios, que tenham um projeto
estruturante econômico e institucionalmente bem definido, numa perspectiva de longo
prazo, com contas públicas equilibradas e poupança própria, possuem todos os meios
necessários para uma elevação consistente da produtividade e do bem-estar social e
econômico.
20
3. FINANÇAS PÚBLICAS: NECESSIDADE E OBRIGATORIEDADE DO AJUSTE
FISCAL
3.1. FINANÇAS PÚBLICAS NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO DO MODELO DE
DESENVOLVIMENTO
O modelo de desenvolvimento da economia brasileira durante décadas pautou-se
na captação de poupança externa, principalmente através do endividamento público,
tendo por objetivo fazer frente ao déficit em transações correntes do balanço de
pagamentos, bem como tentar manter o nível de crescimento da economia em patamar
equivalente ao período do “milagre econômico” de 1967 a 1973. Segundo Gremaud,
Vasconcellos e Júnior (2004, p.402),
“Embora a justificativa oficial para esse endividamento tenha sido a necessidade de recursos da poupança externa para viabilizar as altas taxas de crescimento ao longo do milagre, grande parte da explicação para o endividamento externo nesse período reside nas profundas transformações do sistema financeiro internacional e na ampla liquidez existente, e na ausência de mecanismos de financiamento de longo prazo da economia brasileira, exceto as linhas oficiais.”
A alta liquidez no mercado internacional perdurou por alguns anos, principalmente
no início da década de 1970, porém, com o advento de uma série de fatores exógenos
que impactaram na economia mundial e, por consequência, na economia brasileira, tais
como, os choques do petróleo em 1973 e 1979, a moratória mexicana, alterações na
política econômica americana, a situação creditícia do mercado internacional mudou
radicalmente. No entanto, foi com o choque do petróleo de 1979 e a elevação da taxa de
juros internacional no início dos anos 80, que recorrer ao mercado internacional se tornou
cada vez mais custoso para o país. Assim, segundo Carneiro e Modiano (1990, p.323),
“Ao contrário do que se seguiu ao primeiro choque, em meados de 1980, foram sentidos os primeiros sinais da escassez de financiamento externo. A dificuldade de renovação de empréstimos evidenciava que já não havia disposição dos credores internacionais para financiar um ajuste sem pesados custos internos no curto prazo.”
Desta forma, dada uma escassez de fontes de financiamento externo, para que se
mantivesse a capacidade de investimento do setor público através, principalmente de
21
operações de crédito, fez-se necessário recorrer ao endividamento interno, principalmente
por emissão de títulos públicos, com maiores taxas de juros e menores prazos de
pagamento.
Sendo assim, a transformação da dívida externa em interna, acelerou a
deterioração das contas públicas nacionais e estaduais, bem como ampliou o grau de
indexação da economia. Logo, transferiu-se a dívida dos estados para a União, conforme
relatado por GAMBIAGI (2005, p.537):
“De qualquer forma, no final da década de 1990, houve inequivocamente um ponto de inflexão no relacionamento entre governo federal e as unidades subnacionais, representado pela combinação dos acordos de renegociação das dívidas estaduais e municipais, seguido da aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Os acordos de renegociação implicariam a federalização das dívidas, em troca de que os Estados e municípios beneficiados se tornassem devedores da União, de tal modo que esta fosse ressarcida ao longo de 30 anos, mediante pagamento de prestações mensais com um juro real implícito de 6%, na forma de uma Tabela Price, sujeitas a um teto de 13% da receita das unidades devedoras. O contrato foi feito de tal modo que, em caso de inadimplência, a União pudesse ser compensada por meio de retenção de transferências e, no limite, da apropriação do ICMS no circuito bancário, o que praticamente impedia o devedor de aplicar um ‘default’.”.
Neste contexto nacional desequilibrado, se fazia necessário um programa de ajuste
fiscal, que estabelecesse metas rígidas visando estabelecer o equilíbrio das contas
públicas. Assim, foi firmado no ano de 1997/1998 o processo de renegociação da dívida
financeira dos estados. Segundo Siqueira (2008, p.06),
“O processo de renegociação teve seu início com aprovação de medidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizando a abertura de linhas de crédito para o suporte de medidas de saneamento das finanças estaduais, tais como: redução da folha de pagamentos por meio de Programas de Demissão Voluntária (PDVs); extinção e incorporação, pela Caixa Econômica Federal (Caixa), dos sistemas estaduais de habitação, entre outras medidas. Simultaneamente, foi implantado vigoroso esforço de privatização dos bancos estaduais, que constituíam, na época, uma das mais importantes causas das dificuldades financeiras dos estados.”
Outro fator importante na missão de equilibrar as contas públicas foi à promulgação
da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a Lei Complementar nº: 101/2000, que dentre
outros medidas, proibiu a renegociação das dívidas dos estados e estabeleceu novos
parâmetros para as operações de créditos. De uma forma geral, o objetivo da LRF é
22
proporcionar uma série de instrumentos que possibilitem ampliar o controle e a
transparência dos atos dos gestores, o monitoramento dos balanços orçamentários, o
controle da despesa pública e o aumento na arrecadação da receita, forçando uma maior
eficiência da gestão e, principalmente, a obtenção do equilíbrio das contas públicas.
Em relação à despesa pública, a principal preocupação era controlar as despesas
de caráter corrente, principalmente as relacionadas ao pagamento de folha de pessoal.
Antes da LRF os estados gastavam em média 67% de suas receitas líquidas com esta
categoria de despesa, porém desde então, estabeleceu-se limites, restrições, para
garantir saúde financeira para os estados e municípios (SILVA, 2004).
As Receitas Correntes Líquidas (RCL) referidas no parágrafo anterior são
construídas através do somatório das receitas tributárias, de contribuição, patrimoniais,
industriais, agropecuárias, de serviço, transferências correntes e outras receitas correntes,
deduzindo-se a contribuição previdenciária dos servidores e as provenientes de
compensação financeira (KOHAMA, 2006).
A partir da introdução da LRF, os limites para as despesas com pessoal do setor
público passam a ser de 50% da RCL para a União e 60% para Estados e Municípios.
Vale ressaltar que, o estado Ceará adotou medidas de controle nos gastos das despesas
com pessoal bem antes da adoção da LRF, mais precisamente a partir de 1986, no
governo de Tasso Jereissati. Reforçando esta ideia, Amaral Filho (2003) afirma que,
“No tocante à relação entre gastos com pessoal e receita corrente líquida, houve uma queda de 87,5%, em 1986, para 51,5%, em 1990, e para 46,2%, em 1999. Três foram os mecanismos de ajustes nos gastos com pessoal: 1) eliminação dos acúmulos de empregos no setor público pelo servidor; 2) dispensa de servidores e 3) desindexação dos reajustes salariais.”
23
3.2. ENDIVIDAMENTO DO ESTADO DO CEARÁ: UMA MEDIDA DE SOLVÊNCIA
PARA O PERÍODO DE 2000-2015
Para uma melhor compreensão do estágio ao qual se encontram as Finanças
Públicas do estado do Ceará, mais especificamente em relação ao seu grau de
endividamento, faz-se necessário avaliá-lo, através da razão entre a Dívida Consolidada
Líquida (DCL) e a Receita Corrente Líquida (RCL). Para este indicador, os estados que
apresentarem valores maiores que 1,0 (um) encontram-se endividados, de onde se
originam parâmetros que estabeleçam limites a serem utilizados pelos preceitos da Lei de
Responsabilidade Fiscal. Caso contrário, para valores menores que 1,0 (um), o estado
encontra-se superavitário neste quesito.
Convém destacar que, os limites percentuais da relação DCL/RCL dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios estão previstos na Resolução do Senado Federal nº 40,
de 20/12/2001, e são os seguintes:
a) no caso dos Estados e do Distrito Federal: < 2,0
b) no caso dos Municípios: < 1,2
Em relação a esta situação, vale ressaltar que, o Senado Federal estabeleceu um
prazo fixado de 15 anos, a contar do ano de 2001, para que a dívida retorne ao patamar
de até 200% da Receita Corrente Líquida (RCL) para os estados.
Tal resolução, indiretamente, incutiu nos estados e municípios os princípios da
racionalidade, eficiência e eficácia, trazendo uma maior responsabilidade às instituições
públicas, seja no controle dos gastos realizados ou na eficiência da arrecadação de
receitas.
Comparativamente, com dados coletados junto a Secretaria do Tesouro Nacional
(STN), para um melhor posicionamento sobre a situação do estado neste quesito, foram
incluídos os demais entes da federação, bem como se fez uso de uma série histórica mais
abrangente, de 15 anos, compreendendo o período de 2000 a 2015.
24
Tendo por base os dados contidos na tabela 1, observa-se que o estado do Ceará
apresenta ao longo da série, de 2000 a 2015, uma trajetória declinante. Nos anos de 2002
a 2009 a relação entre a Dívida Consolidada Líquida e Receita Corrente Líquida foi de
1,18, 1,06, 0,92, 0,73, 0,60, 0,38, 0,24 e 0,17, sequencialmente no período, chegando a
ficar praticamente estável nos anos recentes. Em 2015, o Ceará detém um valor de 0,63,
ou seja, a Receita Corrente Líquida sendo consideravelmente maior que a Dívida
Consolidada Líquida. Vale ressaltar que, apenas nos anos de 2002 e 2003 tal relação foi
maior que um, com 1,18, 1,06, mas ainda bem distante do limite permitido para os
estados, chegando a 0,17 em 2009, o menor percentual da série histórica do estado.
Tabela 1 – Relação entre DCL/RCL (%) – 2000 a 2015
Fonte: STN; n.d: não disponíveis
A partir da análise dos dados, podemos citar o estado de São Paulo, que
apresentou em 2002, 2003 e 2004, uma razão de 2,27, 2,24 e 2,23, respectivamente; Rio
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
AC 1,04 0,83 0,73 0,68 0,62 0,45 0,52 0,41 0,28 0,37 0,54 0,50 0,58 0,69 0,74 0,97
AL 2,23 1,78 2,36 2,77 2,64 2,25 2,22 2,00 1,97 1,81 1,62 1,48 1,50 1,46 1,54 1,70
AM 1,00 0,69 0,67 0,56 0,45 0,37 0,33 0,19 0,13 0,24 0,27 0,19 0,15 0,22 0,31 0,05
AP 0,05 0,05 0,28 0,28 0,23 0,11 0,11 0,10 0,04 0,11 0,18 0,12 0,18 0,26 0,41 0,27
BA 1,64 1,71 1,82 1,63 1,42 1,17 1,02 0,82 0,72 0,63 0,52 0,46 0,49 0,47 0,40 0,59
CE 0,87 0,94 1,18 1,06 0,92 0,73 0,60 0,38 0,24 0,17 0,28 0,29 0,28 0,29 0,42 0,63
DF 0,36 0,35 0,40 0,36 0,28 0,35 0,33 0,19 0,16 0,17 0,18 0,16 0,10 0,16 0,21 0,25
ES 0,98 0,83 1,16 1,02 0,73 0,44 0,34 0,19 0,10 0,08 0,17 0,14 0,15 0,21 0,27 0,31
GO 3,13 2,81 2,77 2,40 2,21 1,85 1,82 1,61 1,40 1,28 1,30 1,01 1,02 0,92 0,90 0,99
MA 2,58 2,10 2,73 2,22 1,74 1,33 1,15 0,91 0,74 0,68 0,64 0,47 0,41 0,38 0,46 0,60
MG 1,41 2,34 2,63 2,43 2,24 2,03 1,89 1,88 1,76 1,79 1,82 1,82 1,75 1,83 1,79 1,99
MS 3,10 2,94 3,10 2,67 2,33 2,01 1,81 1,48 1,15 1,15 1,20 1,13 1,05 1,02 0,98 n.d.
MT 2,50 1,97 1,59 1,76 1,30 1,11 1,10 0,94 0,70 0,54 0,55 0,40 0,30 0,35 0,42 0,45
PA 0,57 0,63 0,67 0,61 0,60 0,46 0,44 0,35 0,28 0,24 0,29 0,19 0,11 0,10 0,10 0,12
PB 1,53 1,10 1,42 1,17 1,08 0,89 0,76 0,60 0,48 0,34 0,36 0,25 0,26 0,27 0,37 n.d.
PE 0,86 1,12 1,25 1,17 1,04 0,83 0,67 0,53 0,42 0,43 0,38 0,39 0,46 0,53 0,58 0,62
PI 1,73 1,74 1,64 1,52 1,42 1,09 0,85 0,78 0,60 0,60 0,54 0,57 0,50 0,59 0,61 0,57
PR 1,29 1,34 1,24 1,05 1,08 1,29 1,26 1,16 1,19 1,12 0,89 0,76 0,60 0,60 0,58 n.d.
RJ 2,07 1,90 2,35 2,01 2,04 1,90 1,72 1,73 1,60 1,63 1,56 1,46 1,65 1,54 1,78 1,98
RN 0,71 0,54 0,65 0,53 0,38 0,32 0,26 0,22 0,19 0,17 0,20 0,13 0,11 0,15 0,16 n.d.
RO 1,11 1,05 1,45 1,21 1,03 0,85 0,72 0,64 0,50 0,53 0,54 0,50 0,45 0,62 0,62 0,61
RR 0,31 0,28 0,35 0,43 0,04 0,15 0,10 -0,13 -0,13 0,31 0,04 -0,10 0,20 0,37 0,18 0,12
RS 2,66 2,51 2,79 2,80 2,83 2,58 2,53 2,54 2,34 2,20 2,14 2,14 2,18 2,09 2,09 n.d.
SC 1,83 1,45 1,95 1,67 1,64 1,19 1,09 0,90 0,77 0,61 0,63 0,46 0,41 0,48 0,45 0,53
SE 0,88 0,78 0,73 0,68 0,65 0,45 0,57 0,42 0,22 0,27 0,33 0,43 0,53 0,55 0,57 0,69
SP 1,93 1,97 2,27 2,24 2,23 1,97 1,89 1,71 1,63 1,50 1,53 1,46 1,54 1,42 1,48 1,68
TO 0,35 0,27 0,37 0,26 0,35 0,14 0,13 0,08 0,10 0,11 0,16 0,21 0,21 0,26 0,33 0,40
UFRelação DCL / RCL
25
de Janeiro, com 2,35, 2,01 e 2,04 no mesmo período; e Minas Gerais, no período de 2001
a 2005, com 2,34, 2,63, 2,43, 2,24 e 2,03, na sequência dos anos. Estes estados
apresentaram valores maiores em alguns anos do que o limite permitido, qual seja,
valores maiores que 2,0 (dois), porém em 2015 adequaram-se ao limite, no entanto
permanecendo muito próximos desta fronteira.
Os estados que apresentaram ao longo de todo o período analisado uma pequena
razão da DCL/RCL foram os estados do Amapá e Tocantins. A razão para o Amapá ficou
compreendida entre 0,04 e 0,41 e, para Tocantins, compreendida entre 0,08 e 0,40.
Por fim, os estados que se encontram em melhor situação em 2015 neste indicador
são o Amazonas, Pará e Roraima, com apenas 0,05, 0,12 e 0,12, respectivamente.
Por sua vez, o estado mais preocupante é o Rio Grande do Sul, que durante toda
série histórica sempre apresentou valores maiores que 2,00, o limite estabelecido, não
tendo, no entanto, dados disponíveis para o ano de 2015.
26
4. INVESTIMENTO E CAPACIDADE DE INVESTIMENTO DO ESTADO DO CEARÁ
A situação estrutural e econômica cearense vem se transformando rapidamente ao
longo dos anos. O Instituto de Pesquisa e Estatística Econômica do Ceará (IPECE)
registra desde o ano de 2003, início da série histórica, dados relativos ao Produto Interno
Bruto (PIB) cearense. Avaliando-se os dados desde então, observa-se pela tabela 2, que
o estado do Ceará apresentou na maioria dos anos, um nível de atividade econômica
acima da média nacional, atingindo no ano de 2008 um pico de crescimento da ordem de
8,49%, percentual acima da média nacional que foi de 5,17% para este mesmo ano.
Apenas no ano de 2007, tal relação comparativa divergiu dos resultados anteriores, pois o
estado do Ceará apresentou um crescimento econômico de 3,34%, enquanto que o Brasil
cresceu 6,09%, quando comparado com o ano anterior.
Tabela 2 – Variação do PIB do Ceará e PIB do Brasil (%) - 2003 a 2012
O nível de crescimento do PIB cearense acima da média nacional na maioria dos
anos decorre, dentre outros fatores, pela elevação da participação do setor de serviços da
economia cearense no PIB, sendo este setor impulsionado principalmente pelos
investimentos estruturantes de caráter público. A eficiência no fornecimento de uma
infraestrutura adequada, com qualidade, é essencial para elevação da competitividade
Ano PIB CE PIB BR
2003 1,47 1,15
2004 5,71 5,15
2005 3,16 2,81
2006 8,02 3,96
2007 3,34 6,09
2008 8,49 5,17
2009 0,04 -0,33
2010 7,96 7,53
2011 4,30 2,70
2012 3,65 1,00
2013 3,44 2,50
2014 4,36 0,15
2015 -3,48 -3,85
Fonte: IPECE
27
das empresas em nível nacional e internacional, dado que o preço final dos produtos
relaciona-se diretamente com os custos de produção.
Cabe aqui conceituar a diferença entre o significado dos termos investimento e
capacidade de investimento na visão de alguns autores. Segundo Gremaud, Vasconcellos
e Júnior (2004, p.161), “investimento corresponde à aquisição de bens de capital,
máquinas, equipamentos, edifícios e estoques, com o objetivo de gerar maior produção
futura”. O investimento corresponde a um ato ex post, já realizado.
Já o conceito de capacidade de investimento segundo Oliveira e Dietze (2004),
corresponde “à poupança efetiva de recursos do governo que pode ser carreada para
investimentos, deduzidos os recursos necessários para amortizar a dívida fundada”. A
capacidade de investimento é um ato ex ante, que ainda pode ser realizado, ou no
mínimo tem potencial para isso, dependendo principalmente do controle governamental
das Finanças Públicas.
Dado o aspecto conceitual retratado anteriormente, percebe-se que o objeto central
da análise é avaliar os condicionantes do lado da oferta de mercado, no que concerne ao
investimento e sua capacidade potencial de investir, sendo este fruto de uma eficiência
nos instrumentos de arrecadação bem como de um controle fiscal rígido, que gere uma
poupança interna que seja destinada para o investimento público, visando um aumento da
produtividade da economia no longo prazo, onde essa produtividade gerará
externalidades positivas para as economias que se comprometam com tais
direcionamentos.
4.1 Investimentos Públicos
O Balanço Orçamentário governamental sinteticamente é dividido entre receitas e
despesas, onde o foco desta análise se centra nas despesas, de forma mais específica no
investimento público. Para avaliação do impacto das políticas públicas, as despesas
governamentais são divididas segundo categorias econômicas. Para Rezende (2007,
p.73),
28
“A análise da composição das despesas segundo as principais categorias econômicas permite quantificar, de outro ângulo, o atingimento dos objetivos governamentais na promoção do crescimento econômico e de redistribuição da renda nacional”
A classificação das despesas por categorias econômicas divide-se entre correntes
e de capital. As despesas correntes são: pessoal e encargos, juros e encargos da dívida e
outras despesas correntes. As despesas de capital configuram como investimentos,
inversões financeiras, amortização da dívida e outras despesas de capital.
Quando se analisa o comportamento das despesas públicas, surge uma série de
teorias que tentam explicar o crescimento ou a evolução destas. Citando, por exemplo, as
contribuições de Peacock e Wiseman (1970), observa-se que o crescimento dos gastos
totais do governo em determinado país é muito mais em função das possibilidades de
obtenção de recursos ou de créditos do que pela expansão dos fatores que explicam o
crescimento da demanda de serviços produzidos pelo governo.
Em muitos estados do Brasil, a obtenção de créditos durante décadas, era
realizada com o intuito de cobrir déficits em transações correntes no balanço, conforme
explicitado anteriormente, não sendo tais recursos destinados para os investimentos de
caráter produtivo.
No entanto, a Administração Pública de uma forma geral, com o advento da Lei de
Responsabilidade Fiscal, teve que se adequar à nova realidade institucional, com controle
de gastos, principalmente de caráter corrente, que configurou por décadas o principal
problema dos estados no que concerne as Finanças Públicas.
Por fim, o investimento revela as escolhas feitas pelas administrações locais
visando tornar a sua economia interna mais competitiva, criando novos setores produtivos,
visando uma transformação estrutural, contribuindo na quantidade e qualidade dos
serviços que são prestados à população em diversas áreas, como saúde, educação,
infraestrutura, dentre outras, além de servir de base para a geração de emprego e renda.
Cabe destacar que o investimento público sozinho, não é capaz de gerar
crescimento e desenvolvimento econômico, ele deve estar contido num contexto de
29
desenvolvimento cujos mecanismos encontrem-se administrativa, econômica e
politicamente fundamentados (Amaral Filho, 1999, p.08).
O gráfico 1 abaixo mostra o investimento absoluto e o respectivo ranking,
comparando-se os anos de 2002 e 2012 em nível estadual. Destacam-se nos primeiros
lugares os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia em 2002, com investimentos
absolutos aproximados de R$ 1.854.440.000,00 (um bilhão oitocentos e cinquenta e
quatro milhões e quatrocentos e quarenta mil reais), R$ 1.569.681.000,00 (um bilhão
quinhentos e sessenta e nove milhões e seiscentos e oitenta e um mil reais) e
R$ 943.410.000,00 (novecentos e quarenta e três milhões e quatrocentos e dez mil reais),
respectivamente. O ranking para 2012 manteve São Paulo na primeira colocação, Minas
Gerais evoluiu ocupando a segunda colocação e Rio de Janeiro caiu uma posição,
ficando em terceiro. Tal fato ressalta a importância da dimensão das respectivas
economias destes estados.
Na outra ponta, os piores colocados foram Amapá com investimentos absolutos de
aproximadamente R$ 152.820.000,00 (cento e cinquenta e dois milhões e oitocentos e
vinte mil reais), Piauí com R$ 92.931.000,00 (noventa e dois milhões e novecentos e trinta
e um mil reais) e Roraima com R$ 73.027.000,00 (setenta e três milhões e vinte e sete mil
reais) em 2002. Para 2012, permaneceram Roraima e Amapá, e entrou Sergipe, como os
estados com menores investimentos absolutos para este ano.
Cabe ressaltar que, o estado do Ceará evoluiu bastante no quesito investimento
absoluto, passando da 8ª colocação em 2002, com um valor investido de
R$ 753.820.000,00 (setecentos e cinquenta e três milhões e oitocentos e vinte mil de
reais), para o 5º maior investimento em termos absolutos do país em 2012, com um valor
investido de R$ 2.070.700.000,00 (dois bilhões, setenta milhões e setecentos mil reais) .
Convém, destacar que o Ceará ultrapassa em 2012 o estado da Bahia, que chegou a ser
o terceiro colocado em 2002. Tal fato reforça o compromisso do estado do Ceará com o
crescimento no longo prazo.
30
Gráfico 1 – Investimento Absoluto e Ranking por Estado – 2002 e 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
31
Gráfico 2 – Mapa do Investimento Absoluto – 2002 e 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
32
Complementando a análise do Gráfico 1, o Gráfico 2 traz o mapa do Investimento
Absoluto do Brasil de 2002 e 2012, no qual o país foi dividido em cinco classes de
investimento para cada ano. Observa-se claramente que, a Região Sudeste destaca-se,
com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais na ponta. Este no entanto
veio entrar em 2012 entre os primeiros colocados. O estado do Espírito Santo apesar de
ser desta região encontra-se bastante aquém dos resultados alcançados pelos seus
vizinhos, devido ao baixo dinamismo de sua economia. A região Nordeste, por sua vez,
apresenta como destaque os estados do Ceará, Bahia e Pernambuco, tanto para o ano
de 2002 como para 2012, em uma classe de investimento anterior aos estados mais bem
colocados do Sudeste. O estado do Ceará passou do 8º lugar em 2002 para o 5º lugar em
2012, ficando inclusive à frente do estado da Bahia.
Já no Gráfico 3 tenta-se fazer uma aproximação relativa do investimento, retirando-
se o efeito do tamanho da economia, dividindo-se o investimento absoluto pelo tamanho
população de cada estado, obtendo-se o investimento per capita; onde este se configura
como uma forma alternativa de se avaliar o investimento público.
Observando o gráfico 3, percebe-se que estados como Tocantins, Acre e Amapá
destacam-se positivamente, com valores per capta de R$ 550,35, R$ 303,43 e R$ 228,25
por habitante, respectivamente em 2002, sendo os primeiros colocados. Tal fato reflete
dentre outros fatores, o menor contingente populacional destes estados em relação aos
demais estados federados. Já em 2012, o Acre com R$ 1.107,06, Roraima com
R$ 873,33 e Distrito Federal com R$ 607,72 se destacam entre os líderes neste indicador.
Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentam-se mal colocados,
com 24ª, 10ª e 25ª posições em 2002. Tal fato, contrariamente ao caso anterior, deve-se
principalmente ao elevado contingente populacional destes estados do Sudeste. No
entanto em 2012, os mesmos evoluem, apresentando a seguinte colocação: São Paulo é
o 17º, Rio de Janeiro é o 8º e Minas Gerais é o 7º. Neste quesito, o Ceará também
apresentou um crescimento considerável, mais que duplicando em 2012 o seu valor real
per capta de 2002, porém caiu de 12º para 14º em comparação aos demais estados.
33
Gráfico 3 – Investimento Per capita e Ranking por Estado (R$) – 2002 e 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
34
Tabela 3 – Participação dos Investimentos na Receita Corrente e na Despesa Total
do Estado do Ceará (%) - 2002 a 2012
Para finalizar a análise do investimento público, a tabela 3 acima trata da relação
do investimento público do estado do Ceará com a receita corrente total e com a despesa
total de 2002 a 2012. Os dados indicam que anualmente foram investidos da receita
corrente líquida percentuais inferiores a 10%, por exemplo, com 7,55% em 2002, 5,52%
em 2003 e 3,52 em 2005, essa a menor participação do período analisado. A exceção foi
o ano de 2010 cujo percentual foi de 13,20%. Tal fato configura ainda o elevado
comprometimento da receita do estado com o pagamento de despesas de caráter
corrente.
A partir de 2010 a relação apresentada anteriormente apresenta uma queda
significativa, dentre outros fatores, pelo agravamento da crise financeira americana de
2008, cujos reflexos começaram a serem sentidos em todo país, pois com a consequente
queda do PIB nacional, reduzindo-se também o repasse das transferências aos estados
por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE).
Em relação à participação dos investimentos na despesa total, os dados indicam
que ao longo do período houve uma participação importante do investimento, destacando-
Ano Investimento/Receita Corrente Investimento/Despesa Total
2002 7,55 12,11
2003 5,52 9,55
2004 4,87 9,51
2005 3,52 7,1
2006 9,8 16,66
2007 3,68 7,21
2008 5,34 9,96
2009 9,49 15,08
2010 13,2 20,38
2011 9,79 16,6
2012 6,78 12,45
Elaboração Própria
Fonte: Balanço do Estado do Ceará
35
se por exemplo, o percentual de participação do investimento de 12,11% em 2002, 16,66%
em 2006 e 15,08 em 2009. Destaque para o ano de 2010, cujo percentual foi de 20,38%,
porém com tendência de queda a partir de então. É importante observar que, em anos
eleitorais, há uma tendência de aumento nos investimentos públicos, como a inauguração
de praças, escolas, hospitais, casas, bem como a aquisição de equipamentos para os
mesmos, por isso, os anos de 2006 e 2010 apresentam um diferencial neste quesito.
4.2 A Capacidade de Investimento com Recursos Próprios do Estado do Ceará
(Metodologia de Cálculo)
A metodologia utilizada para o cálculo da Capacidade de Investimentos com
Recursos Próprios foi criada pela Fundação de Estudos e Pesquisas Econômicas (FIPE)
da Universidade de São Paulo em parceria com a Empresa Paulista de Planejamento
Metropolitano (EMPLASA), sendo utilizada pelo Governo do Estado de São Paulo, para
avaliação em nível municipal, da capacidade de investimento da Macrometrópole Paulista.
A base de dados utilizada para a criação dos índices deste trabalho são da Execução
Orçamentária Consolidada dos Estados, contidas na Secretaria do Tesouro Nacional do
Governo Federal, mais especificamente, do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais
do Setor Público Brasileiro, para a criação de indicadores a nível municipal e estadual.
A Capacidade de Investimento seja em nível municipal ou estadual deve ser
observada a partir dos principais elementos do Balanço Orçamentário Público. Do lado
das Receitas: Receitas Correntes (RC), Receitas de Capital (RK), divididas em operações
de crédito (OC), amortizações de empréstimos (AME) e demais receitas de capital (DRK).
Do lado das Despesas: Despesas Correntes (DC), Despesas de Capital (DK), estas
divididas em investimentos (I), amortizações da dívida (AMD) e inversões financeiras (IF).
Tais itens são detalhados no Quadro 01 abaixo.
36
Quadro 1 – Principais Elementos das Contas do Estado do Ceará
O Balanço Orçamentário, seja em nível estadual ou municipal, apresenta-se em
categorias, dividindo-se as receitas e despesas em corrente e de capital. Iniciando a
exposição do modelo, a partir do equilíbrio orçamentário, temos que a RT=RC+RK e
DT=DC+DK, obtendo-se o seguinte resultado de equilíbrio:
RC+RK=DC+DK (1)
Onde:
RC=Receita Corrente; RK=Receita de Capital.
DC=Despesa Corrente; DK=Despesa de Capital.
Detalhando as receitas de capital, estas podem ser divididas em operações de
créditos (OC), amortizações de empréstimos (AME) e demais receitas de capital (DRK),
ou seja, RK=OC+AME+DRK, na qual as demais receitas de capital incluem as alienações
de bens e transferências de capital. Por sua vez, as despesas de capital podem ser
divididas entre investimentos (I), amortizações da dívida (AMD) e inversões financeiras
(IF), ou seja, DK=I+AMD+IF. Substituindo estas expressões na equação (1) anterior,
temos:
1. Receita Corrente (RC) 3. Despesa Corrente (DC)
2.1 Operações de Crédito (OC) 4.1 Investimentos (I)
2.2 Amortização de Empréstimos (AME) 4.2 Amortização da Dívida (AMD)
2.3 Demais Receitas de Capital (DRK) 4.3 Inversões Financeiras (IF)
Fonte: Balanço do Estado do Ceará
4. Despesa de Capital (DK)2. Receita de Capital (RK)
RECEITA DESPESA
RT = RC + RK DT=DC + DK
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RC+OC+AME+DRK=DC+I+AMD+IF (2)
Assumindo como pressuposto que as demais receitas de capital (DRK) e as
inversões financeiras (IF) são negligenciáveis, pelo seu reduzido valor, e considerando-se
que os investimentos podem ser realizados com recursos próprios (IRP) e de terceiros
(IRT), onde estes últimos ocorrem de uma forma geral através de operações de crédito
(OC), ou seja, I=IRP+IRT=IRP+OC, temos que, substituindo estes itens na equação (2)
acima, temos:
RC+OC+AME=DC+ (IRP+IRT+AMD) ou RC+OC=DC+ (IRP+OC+AM*) (3)
Onde, AM*=AMD-AME
Reordenando os termos e simplificando, temos a expressão que define a
capacidade de investimento com recursos próprios do governo do estado do Ceará,
que é a poupança estadual líquida que pode ser captada para investimento.
IRP=(RC-DC) - AM* ou IRP=POUPestadual - AM* (4)
Para calcular a capacidade de investimentos com recursos próprios do governo do
Estado do Ceará, no entanto, fez-se necessário realizar alguns ajustes nos valores das
receitas e despesas correntes. No caso das receitas correntes, excluem-se as
Contribuições Sociais (CS), dado que estas tem como destino o pagamento de benefícios
previdenciários. Em relação às despesas correntes, excluem-se aposentadorias e
reformas (AR), pensões (PE) e salários famílias (SF). Sendo assim, incluindo estes
ajustes na equação (4) anterior, a capacidade de investimento do governo do estado do
Ceará passará a ser a seguinte expressão:
IRP=(RC-CS) - (DC-AR-PE-SF) - AMD+AME, onde AM*=AMD-AME (5)
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Cabe destacar que, os recursos oriundos do FUNDEF/FUNDEB não foram
incluídos no cálculo do indicador, dada a ausência de dados consolidados na Execução
Orçamentária dos Estados, para alguns entes federados, em determinados anos da
amostra. Esta medida foi tomada para não comprometer a análise comparativa da
capacidade de investimentos com recursos próprios entre os estados.
Como o objetivo da capacidade de investimentos com recursos próprios é fazer
uma análise da evolução e comparação dos resultados entre os estados, deve-se
transformar a capacidade de investimento com recursos próprios em um índice, utilizando
a seguinte expressão:
ICI-RP=CIi - CImin / CImax - CImin
Onde,
ICI-RP = Índice de Capacidade de Investimentos com Recursos Próprios
CI = Capacidade de Investimento com Recursos Próprios
i = Estado em análise
máx = maior valor de Capacidade de Investimento com Recursos Próprios da amostra
mín = menor valor de Capacidade de Investimento com Recursos Próprios da amostra
Desta forma, os resultados do ICI-RP ficam compreendidos entre zero ou um,
facilitando as comparações. Os resultados do índice seguem a seguinte classificação:
Muito baixo, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0-
0,25;
Baixa, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0,25-0,5;
Média, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0,5-0,75;
Alta, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0,75-1.
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4.3 A Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros (Metodologia de
Cálculo)
A capacidade de investimento com recursos de terceiros é o potencial de
endividamento com recursos de outros entes que pode ser aproveitado pelos estados,
para ampliação de recursos para investimento público. Tal capacidade é viabilizada, no
entanto, se o estado quando da contração de empréstimos, não apresentar restrições, ou
seja, estiver em uma situação favorável quanto as suas finanças públicas, devido a
exigências legais e/ou contratuais, tais como: recursos próprios para a contrapartida,
quando for o caso; grau de endividamento razoável; estiver pagando suas dívidas
corretamente; atingir o percentual obrigatório de execução para as áreas de saúde e
educação; dentre outros.
O cálculo do índice da capacidade de investimentos com recursos de terceiros
corresponde à diferença entre o limite estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal
para a dívida consolidada líquida (DCL) dos estados, qual seja, de 02 (duas) vezes a
Receita Corrente Líquida (RCL) e o estoque da dívida bruta (DB). Ou seja,
IRT= 2 RCL – DB (7)
Para transformar a capacidade de investimento com recursos de terceiros em um
índice, deve- se estabelecer a mesma padronização utilizada anteriormente no cálculo da
capacidade de investimento com recursos próprios, utilizando-se da mesma metodologia
de cálculo:
ICI-RT=CIi - CImin / CImax - CImin
Onde,
ICI-RP = Índice de Capacidade de Investimentos com Recursos de Terceiros
CI = Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros
i = Estado em análise
máx = maior valor de Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros da amostra
mín = menor valor de Capacidade de Investimento com Recursos Terceiros da amostra
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De forma semelhante, os resultados do ICI-RT ficam compreendidos entre zero ou
um, facilitando as comparações. Os resultados do índice segue a seguinte classificação:
Muito baixo, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0-
0,25;
Baixa, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0,25-0,5;
Média, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0,5-0,75;
Alta, quando o índice de capacidade de investimento fica no intervalo 0,75-1.
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5. RESULTADOS DA CAPACIDADE DE INVESTIMENTO COM RECURSOS
PRÓPRIOS E DE TERCEIROS DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ DE 2002-
2012
Utilizando a metodologia explicitada anteriormente, com a base de dados extraída
da STN, mais especificadamente, dos dados consolidados da Execução Orçamentária
dos Estados, se construiu índices de capacidade de investimento, por meio de equações
cujas variáveis foram retiradas do Balanço Orçamentário Estadual. O trabalho foi
realizado através de fórmulas elaboradas nas planilhas do Microsoft Excel, onde
posteriormente os índices obtidos, foram importados para o Software livre R-Project
versão 3.1.1, com o intuito de criar gráficos expositivos dos estados e das regiões do país.
Os resultados estão especificados abaixo.
Observando o Gráfico 04, que retrata os resultados do Índice de Capacidade de
Investimentos com Recursos Próprios de 2002 a 2012, vale ressaltar que em média os
estados do Brasil apresentam um baixo índice de capacidade de investimento com
recursos próprios (ICI-RP), ou seja, uma reduzida poupança líquida interna em nível
estadual, concentrando-se na faixa de 0,25 e 0,5. A poupança reduzida dos estados
decorre principalmente do elevado nível de endividamento contraído antes e durante o
período de análise.
Não ultrapassaram o baixo índice de capacidade de investimento com recursos
próprios (ICI-RP) durante toda a série histórica os estados de(o): Acre, Alagoas, Amapá,
Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte,
Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins. Ou seja, quase metade dos estados brasileiros
apresentam uma capacidade de investimento com recursos próprios baixa, sem nenhum
pico, acima ou igual a 0,5, sendo quase que linear ao longo da série.
No outro extremo, existem poucos estados com alto índice de capacidade de
investimento com recursos próprios, concentrando-se entre 0,75 e 1. Nesta faixa alguns
estados conseguiram chegar, no entanto, não permaneceram por muitos anos, são eles,
Minas Gerais de 2007 a 2010, com 0,78, 0,89, 0,78 e 0,85 respectivamente; e São Paulo
de 2002 a 2007, com 0,82, 0,81,0,87, 0,95, 1,00 e 0,87. Vale ressaltar que, o estado de
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São Paulo teve uma queda considerável nos anos posteriores. Cabe observar que, devido
a metodologia utilizada, este estado atingiu o índice 1,00 em 2006, por possuir o maior
valor amostral e índice 0,00 em 2012 devido ser o menor valor da mostra. Os demais
estados não citados, bem como alguns que já foram citados anteriormente encontram-se
oscilando entre a faixa baixa de 0,25 a 0,5, e média de 0,5 a 0,75.
Em relação ao estado do Ceará avaliado neste período, observa-se que este
apresentou no período de 2002 a 2011 um baixo índice de capacidade de investimento
com recursos próprios, oscilando na faixa de 0,42 a 0,49, no entanto no ano de 2012 ele
apresentou um salto quantitativo para 0,54, mudando de faixa, atingindo um nível médio
de capacidade de investimentos com recursos próprios. Tal situação reflete o esforço do
estado em controlar os gastos de caráter corrente, bem como da criação de políticas de
estímulo à arrecadação e geração de poupança interna.
Cabe destacar que, o alto nível de endividamento, bem como o elevado nível de
gastos correntes, comprometem enormemente a capacidade de investir com recursos
próprios pelos estados, sendo esta a melhor forma de gerar crescimento e
desenvolvimento no longo prazo para os estados de um país.
O Quadro 2 traz um panorama evolutivo geral dos dados do Gráfico 4,
complementando a análise com a média anual da capacidade de investimentos com
recursos próprios em nível de regiões do país. Observando a evolução em termos
regionais, a região Norte em média oscilou de 2002 a 2012 entre 0,41 e 0,46; a região
Nordeste entre 0,42 e 0,49; a região Centro Oeste entre 0,42 e 0,50; a região Sudeste
entre 0,41 e 0,66 e a região Sul entre 0,47 e 0,60.
O Gráfico 05 abaixo retrata o mapa do ICI-RP de 2002 a 2012, reforçando os
índices citados acima, bem como traçando visualmente as mudanças temporais destes
em nível estadual e regional. Durante os anos iniciais da série, as Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste estiveram sempre um baixo nível de investimento com recursos
próprios, porém ao longo do período analisado tal situação reverteu-se, onde estados
destas regiões alcançaram uma média capacidade. Por sua vez, estados das Regiões
Sudeste e Sul que apresentavam médio e alto nível de capacidade de investimento,
43
retrocederam, caindo consideravelmente neste indicador, dentre eles, o estado do São
Paulo, que ao longo da série apresentou resultados degradantes, em virtude dentre outros
fatores, do elevado nível de endividamento.
Gráfico 04 – Índice de Capacidade de Investimento com Recursos Próprios – 2002 a 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
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Quadro 2 – Resultados do ICI-RP por Estados e Regiões de 2002-2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
REGIÃO NORTE 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Acre 0,40 0,40 0,40 0,41 0,41 0,41 0,42 0,41 0,40 0,41 0,41
Amapá 0,40 0,40 0,40 0,41 0,41 0,41 0,42 0,41 0,42 0,43 0,43
Amazonas 0,43 0,42 0,43 0,43 0,44 0,46 0,48 0,44 0,46 0,47 0,47
Pará 0,44 0,45 0,45 0,45 0,45 0,44 0,46 0,45 0,46 0,52 0,58
Rondônia 0,40 0,40 0,40 0,41 0,41 0,42 0,43 0,42 0,43 0,43 0,42
Roraima 0,40 0,40 0,40 0,41 0,41 0,40 0,41 0,41 0,41 0,49 0,41
Média Anual (Região) 0,41 0,41 0,42 0,42 0,42 0,42 0,44 0,42 0,43 0,46 0,45
REGIÃO NORDESTE 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Alagoas 0,40 0,40 0,40 0,42 0,43 0,44 0,45 0,43 0,44 0,43 0,43
Bahia 0,48 0,48 0,47 0,51 0,53 0,51 0,53 0,50 0,56 0,54 0,60
Ceará 0,42 0,43 0,43 0,44 0,44 0,47 0,49 0,47 0,49 0,48 0,54
Maranhão 0,42 0,40 0,43 0,45 0,46 0,48 0,48 0,48 0,46 0,46 0,51
Paraíba 0,42 0,42 0,41 0,42 0,43 0,43 0,43 0,45 0,45 0,47 0,48
Pernambuco 0,45 0,45 0,46 0,49 0,50 0,47 0,49 0,47 0,50 0,50 0,48
Piauí 0,40 0,40 0,41 0,42 0,41 0,40 0,42 0,42 0,44 0,41 0,43
Rio Grande do Norte 0,42 0,42 0,43 0,43 0,43 0,42 0,43 0,43 0,44 0,43 0,45
Sergipe 0,42 0,41 0,41 0,43 0,42 0,44 0,45 0,43 0,43 0,41 0,45
Média Anual (Região) 0,42 0,42 0,43 0,45 0,45 0,45 0,46 0,46 0,47 0,46 0,49
REGIÃO CENTRO OESTE 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Distrito Federal 0,46 0,43 0,44 0,45 0,47 0,49 0,51 0,46 0,51 0,46 0,53
Goiás 0,43 0,45 0,45 0,46 0,46 0,48 0,51 0,51 0,45 0,56 0,62
Mato Grosso 0,41 0,42 0,44 0,44 0,45 0,45 0,46 0,45 0,48 0,45 0,48
Mato Grosso do Sul 0,41 0,41 0,41 0,40 0,41 0,41 0,43 0,42 0,43 0,40 0,45
Tocantins 0,42 0,42 0,42 0,43 0,43 0,43 0,44 0,43 0,44 0,43 0,44
Média Anual (Região) 0,43 0,42 0,43 0,44 0,44 0,45 0,47 0,45 0,46 0,46 0,50
REGIÃO SUDESTE 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Espírito Santo 0,44 0,45 0,47 0,46 0,47 0,49 0,50 0,47 0,50 0,53 0,64
Minas Gerais 0,49 0,53 0,62 0,68 0,72 0,78 0,89 0,78 0,85 0,70 0,70
São Paulo 0,82 0,81 0,87 0,95 1,00 0,87 0,41 0,40 0,50 0,23 0,00
Rio de Janeiro 0,56 0,58 0,52 0,33 0,45 0,42 0,48 0,36 0,50 0,39 0,30
Média Anual (Região) 0,58 0,59 0,62 0,61 0,66 0,64 0,57 0,50 0,59 0,46 0,41
REGIÃO SUL 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Paraná 0,48 0,50 0,50 0,51 0,54 0,56 0,60 0,60 0,63 0,66 0,66
Santa Catarina 0,44 0,44 0,47 0,48 0,41 0,45 0,48 0,55 0,58 0,70 0,64
Rio Grande do Sul 0,49 0,57 0,55 0,57 0,59 0,60 0,63 0,36 0,34 0,29 0,49
Média Anual (Região) 0,47 0,50 0,51 0,52 0,51 0,53 0,57 0,50 0,52 0,55 0,60
45
Gráfico 05 – Mapa Evolutivo do ICI - RP – 2002 a 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
46
Gráfico 06 – Índice de Capacidade de Investimento com Recursos de Terceiros –
2002 a 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
47
Quadro 3 – Resultados do ICI-RT por Estados e Regiões de 2005-2011
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
REGIÃO NORTE 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Acre 0,36 0,36 0,38 0,39 0,40 0,40 0,41
Amapá 0,37 0,38 0,40 0,42 0,41 0,41 0,43
Amazonas 0,47 0,49 0,52 0,57 0,54 0,59 0,65
Pará 0,48 0,52 0,55 0,61 0,63 0,68 0,74
Rondônia 0,36 0,37 0,39 0,41 0,41 0,43 0,46
Roraima 0,34 0,35 0,36 0,37 0,36 0,37 0,40
Média Anual (Região) 0,40 0,41 0,43 0,46 0,46 0,48 0,52
REGIÃO NORDESTE 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Alagoas 0,29 0,29 0,31 0,31 0,32 0,33 0,35
Bahia 0,51 0,57 0,65 0,73 0,77 0,91 1,00
Ceará 0,47 0,51 0,54 0,60 0,64 0,68 0,72
Maranhão 0,35 0,38 0,41 0,46 0,47 0,51 0,58
Paraiba 0,39 0,40 0,43 0,46 0,47 0,50 0,54
Pernambuco 0,49 0,55 0,60 0,68 0,70 0,77 0,86
Piauí 0,36 0,37 0,39 0,43 0,44 0,46 0,48
Rio Grande do Norte 0,43 0,46 0,47 0,50 0,51 0,54 0,56
Sergipe 0,39 0,40 0,42 0,46 0,46 0,48 0,48
Média Anual (Região) 0,41 0,44 0,47 0,51 0,53 0,58 0,62
REGIÃO CENTRO OESTE 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Distrito Federal 0,55 0,59 0,64 0,70 0,73 0,77 0,84
Goiás 0,31 0,31 0,37 0,42 0,45 0,46 0,54
Mato Grosso 0,38 0,39 0,42 0,48 0,51 0,54 0,58
Mato Grosso do Sul 0,31 0,32 0,35 0,38 0,39 0,39 0,41
Tocantins 0,40 0,41 0,43 0,46 0,46 0,47 0,50
Média Anual (Região) 0,39 0,40 0,44 0,49 0,51 0,53 0,57
REGIÃO SUDESTE 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Espírito Santo 0,48 0,50 0,54 0,60 0,59 0,62 0,69
Minas Gerais 0,14 0,21 0,20 0,27 0,29 0,27 0,31
São Paulo 0,00 0,12 0,30 0,38 0,59 0,62 0,75
Rio de Janeiro 0,32 0,41 0,39 0,49 0,44 0,55 0,66
Média Anual (Região) 0,24 0,31 0,36 0,44 0,48 0,52 0,60
REGIÃO SUL 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Paraná 0,44 0,47 0,52 0,52 0,56 0,69 0,81
Santa Catarina 0,38 0,40 0,46 0,51 0,53 0,56 0,66
Rio Grande do Sul 0,13 0,13 0,11 0,13 0,19 0,21 0,22
Média Anual (Região) 0,32 0,33 0,36 0,39 0,43 0,49 0,56
48
Gráfico 07 – Mapa do ICI - RT – 2002 a 2012
Fonte: Elaboração Própria com dados da STN
49
Observando o Gráfico 06, que detalha os resultados do Índice de Capacidade de
Investimento com Recursos de Terceiros (ICI-RT), temos que a grande maioria dos
estados oscilam entre uma baixa e média capacidade de investimento ou de
endividamento, compreendendo-se na faixa de 0,25 a 0,5 (baixa) e 0,5 a 0,75 (média),
Convém ressaltar que, na contramão, os estados mais endividados do país
encontram-se nas faixas 0,00 a 0,25 (muito baixas) e 0,25 a 0,5 (baixas), com picos em
alguns anos na faixa de 0,5 a 0,75 (média) capacidades. Neste caso enquadram-se, os
estados de Minas Gerais, oscilando de 0,14 a 0,31 de 2005 a 2011, onde apenas em
2011 teve uma média capacidade, Rio Grande do Sul, oscilando de 0,11 a 0,22 e Alagoas
oscilando de 0,29 a 0,35. Nos casos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul o motivo é a
trajetória ascendente da dívida bruta ou consolidada. Já em relação ao estado de Alagoas,
além do avanço da dívida bruta, o baixo dinamismo da Receita Corrente Líquida é o fator
explicativo para tal situação.
Nos casos de São Paulo e Rio de Janeiro a evolução da capacidade de
investimento é notória. Em São Paulo o índice oscilou de 0,00 (o menor valor da mostra)
para 0,75 no ano de 2011. Tal avanço de deu pelo mais que proporcional aumento da
Receita Corrente Líquida quando comparada a Dívida Consolidada. Sendo essa também,
a mesma justificativa para o estado do Rio de Janeiro, que saiu de um índice de 0,32 em
2005 para 0,66 em 2011, possuindo uma média capacidade de investimento com
recursos de terceiros para este ano.
No caso do estado do Ceará, avaliado neste período, observa-se uma mudança na
capacidade de investimento com recursos de terceiros, com índices que variam de 0,47 a
0,72, seguindo uma trajetória ascendente, um esforço realizado pelo estado para
aumentar a receita corrente líquida bem como reduzir a sua dívida fundada. Ou seja, o
estado possui capacidade potencial para aumentar o seu nível de investimento, utilizando-
se para isso, de operações de crédito com terceiros, porém conforme explicitado
anteriormente, existem uma série de exigências contratuais e/ou legais a se seguir para
que se possa contrair tais empréstimos.
50
O Quadro 3 traz um panorama evolutivo geral dos dados do Gráfico 6,
complementando a análise com a média da capacidade de investimentos com recursos
de terceiros em nível de regiões do país. Observando a evolução em termos regionais, a
região Norte em média oscilou de 2005 a 2011 entre 0,40 a 0,52; a região Nordeste entre
0,41 e 0,62; a região Centro Oeste entre 0,39 e 0,57; a região Sudeste entre 0,24 e 0,60 e
a região Sul entre 0,32 e 0,56.
O Gráfico 07 acima retrata o mapa do ICI-RT de 2005 a 2011, reforçando os
índices citados acima, bem como traçando um visual das mudanças temporais destes em
nível estadual e regional. Cabe observar que, no ano de 2005, praticamente todos os
estados do país concentravam-se nas faixas de muito baixa e baixa capacidade de
investimento com recursos de terceiros, com exceção do estado da Bahia, que
apresentava uma média capacidade nos anos de 2005 a 2008, apresentando a partir daí
uma elevada capacidade. O motivo principal foi a eficiência arrecadatória medida pela
Receita Corrente Líquida e o controle eficiente da dívida consolidada.
Já em 2011, último ano da análise, a divisão por faixa apresenta-se da seguinte
forma: alta capacidade de investimento (São Paulo, Paraná, Bahia e Pernambuco), média
capacidade de investimento (Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Maranhão, Amazonas,
Pará, Mato Grosso, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina), baixa
capacidade de investimento (Roraima, Amapá, Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul,
Tocantins, Piauí, Sergipe, Alagoas e Minas Gerais) e muito baixa capacidade de
investimento (Rio Grande do Sul).
Vale ressaltar que, a capacidade de investimentos originária de recursos de
terceiros é uma medida potencial, que pode ser utilizada se necessário, observando-se do
ponto de vista legal, devido os limites impostos pela LRF, a poupança pública futura a ser
gerada, no entanto, tal indicador é dependente da capacidade de investimentos com
recursos próprios, uma vez que, o princípio do equilíbrio do Balanço Orçamentário entre
as receitas e despesas é fator primordial quando se busca realizar investimentos públicos
em uma perspectiva de crescimento de longo prazo.
51
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo retratar o investimento e a capacidade de
investimento dos estados brasileiros de 2002 a 2012, sejam com recursos próprios ou de
terceiros, e mais especificamente do estado do Ceará, traçando um paralelo dos
resultados obtidos por este, com os demais entes da federação.
Em relação ao investimento em termos absolutos, observa-se que o estado do
Ceará encontra-se em um estágio evolutivo importante, pois num período de dez anos
avançou da 8ª (oitava) colocação para a 5ª (quinta) colocação no ranking em nível
nacional. Tal ganho deriva, dentre outros fatores, da busca de controle das despesas
correntes líquidas e maximização das receitas correntes líquidas, bem como de um maior
controle da dívida pública, para a geração de poupança, que tem como resultado uma
estratégia bem definida de crescimento de longo prazo.
A capacidade de investimentos com recursos próprios do estado do Ceará
apresentou-se relativamente baixa durante praticamente todo o período analisado, porém
no ano de 2012, ela ascendeu para um médio nível de capacidade, índice de 0,54, apesar
do cenário econômico restritivo desde 2009. Tal fato deriva, dentre outros fatores, da
preocupação do estado em controlar as despesas correntes, bem como de estimular o
crescimento do setor de serviços, dado o avanço na infraestrutura disponível.
Por fim, em relação a capacidade de investimentos com recursos de terceiros, o
estado do Ceará possui um potencial de endividamento bastante elevado, dado que o teto
do limite permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que é 200% (duzentos por
cento) ou duas vezes a receita corrente líquida, encontra-se bastante distante da dívida
fundada.
Vale frisar que a capacidade de investimento originária de recursos de terceiros
apresenta uma restrição intertemporal importante, pois se abdica de investimentos
públicos com recursos próprios para as futuras gerações, dado que os juros da dívida
contraída deverão ser pagos, bem como a amortização da mesma. Ou seja, apesar do
estado do Ceará apresentar um potencial de endividamento externo bastante elevado,
52
principalmente com a possibilidade de se realizar um maior número de operações de
crédito, faz necessário avaliar se o investimento que poderá ser realizado não
comprometerá financeiramente o estado no longo prazo.
Assim, a capacidade que um estado tem de desenvolver-se com os recursos
próprios, organizando suas finanças, realizando investimentos públicos racionalmente e
qualitativamente, com eficácia e eficiência, é a melhor forma de manter as bases para um
crescimento econômico sustentado num perspectiva de longo prazo.
53
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