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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO RENATA RAMOS SERPA SUSTENTABILIDADE E CONHECIMENTO: UMA ANÁLISE DA ATITUDE DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A TRÂNSGÊNICOS E ORGÂNICOS FORTALEZA 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, … · 2019. 8. 21. · Monografia apresentada ao curso de Administração do Departamento de Administração da Faculdade de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE

DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO

RENATA RAMOS SERPA

SUSTENTABILIDADE E CONHECIMENTO: UMA ANÁLISE DA ATITUDE DO

CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A TRÂNSGÊNICOS E ORGÂNICOS

FORTALEZA

2019

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RENATA RAMOS SERPA

SUSTENTABILIDADE É CONHECIMENTO? UMA ANÁLISE DA ATITUDE DO

CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A TRÂNSGÊNICOS E ORGÂNICOS

Monografia apresentada ao curso de Administração do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dra. Cláudia Buhamra Abreu Romero.

FORTALEZA

2019

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RENATA RAMOS SERPA

SUSTENTABILIDADE É CONHECIMENTO? UMA ANÁLISE DA ATITUDE DO

CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A TRÂNSGÊNICOS E ORGÂNICOS

Monografia apresentada ao curso de Administração do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Administração.

Aprovada em: ___/___/2019.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. Dra. Claudia Buhamra Abreu Romero (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_______________________________________________

Prof. Dra. Fabiana Nogueira Holanda Ferreira Universidade Estadual do Ceará (UECE)

_______________________________________________ Prof. Dr. Hugo Osvaldo Acosta Reinaldo

Universidade Federal do Ceará (UFC)

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A Deus.

À minha família.

À UFC.

À Cervejaria Ambev.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ser guia dos meus caminhos. Pela força que tenho, graças a Ele, para superar

quaisquer obstáculos que venham a surgir na trilha da vida.

À minha família, pois sem eles, eu nada seria.

À minha mãe, Patrícia, que sempre foi minha maior fonte de inspiração. Por ter dado todos os

limites que precisei em minha juventude e por ter me ensinado, desde muito cedo, a ser uma mulher

independente. Por ter a melhor mão que cuida e por me proporcionar o melhor colo do mundo.

Ao meu pai, Marden, por ser minha referência de homem e de pai. Por ser meu maior exemplo

de disciplina e foco e por continuar sendo um pai presente de todas as maneiras, mesmo fora de casa.

Por ter a mente aberta e ser curioso e por me ensinar algo novo todos os dias.

À minha irmã mais velha, Raquel, por ser poço de inteligência e dedicação. Por sempre me

mostrar que o caminho mais fácil nem sempre é o correto e por me mostrar, sendo exemplo, que somos

maiores do que qualquer frustração.

À minha irmã do meio, Raíssa, por ter sido apoio em fases delicadas da minha vida e pela

humanidade que ela tem. Por me mostrar que somos seres incapazes de agradar a todos, que a perfeição

é subjetiva e que falhar faz parte da vida.

À esposa do meu pai, Ana, pela sua positividade ao lidar com a vida. Pela disposição para me

ajudar a superar a ansiedade e por me ensinar que toda realidade é apenas um ponto de vista.

À Universidade Federal do Ceará, por me proporcionar um ensino superior de qualidade e por

ter me apresentado a profissionais maravilhosos nessa trajetória. Pelas disciplinas de Administração

Mercadológica I e II; que me fizeram olhar para o mercado de outra maneira e me apaixonar pelo

Marketing. Pela oportunidade de ter sido aluna de Cláudia Buhamra, Hugo Acosta e Fabiana Nogueira

e por poder contar com eles para compor a minha banca. Pela chance de ter tido Cláudia como

orientadora, que me guiou com maestria e me auxiliou por todo o desenvolvimento do trabalho.

À Cervejaria Ambev, por ser uma empresa com princípios e valores dos quais eu compartilho.

Por me dar espaço para expressar ideias e sugestões e pela flexibilidade concedida para que eu pudesse

concluir minha monografia com sucesso.

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“Aqui, no entanto, nós não olhamos para trás por muito

tempo. Nós continuamos seguindo em frente, abrindo

novas portas e fazendo coisas novas. Porque somos

curiosos... e a curiosidade continua nos conduzindo por

novos caminhos. Siga em frente.”

Walt Disney

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RESUMO

Com o crescimento da população, a tecnologia torna-se fator fundamental para o

aprimoramento e para a eficácia dos processos produtivos. Como forma de atender não só as

demandas da população, bem como os desejos específicos de cada público, surgem os

organismos geneticamente modificados, que estão presentes desde a vida animal até os

alimentos mais básicos do cotidiano, ocasionando, assim, a divisão do mercado de alimentos

em duas vertentes: orgânicos e transgênicos. O objetivo geral da presente pesquisa é investigar

a atitude de pessoas que fazem compras em supermercado eventualmente ou sempre, em relação

a transgênicos e orgânicos: o que conhece sobre suas respectivas características, vantagens,

riscos e selos de identificação, e o que sente em relação a eles. Para atingir os objetivos aqui

propostos, utilizou-se pesquisa do tipo survey com 140 pessoas de 20 a 70 anos de idade. Os

resultados mostram que, por parte de pessoas que fazem compras em supermercado

eventualmente ou sempre, há mais conhecimento a respeito dos orgânicos do que dos

transgênicos. Além disso, muitos que conhecem sobre transgênicos; têm noção dos riscos que

trazem à saúde e têm muito interesse em trazer os orgânicos para a rotina, mas, se mostram

conformados com o fato dos transgênicos estarem presentes no seu cotidiano. Foi possível

definir a falta de conhecimento e o preço como os principais itens críticos de distanciamento da

compra dos orgânicos, e isso pode representar uma grande oportunidade para o mercado de

orgânicos.

Palavras-chave: Sustentabilidade, transgênicos, orgânicos, organismos geneticamente

modificados.

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ABSTRACT

With population growth, technology becomes essential fator for the improvement and

effectiveness od productive processes. As a way to assist not only the demandas of the

population, but also the specific desires of each public, genetically modified organisms arise,

which are presente from animal life to the most basic foods of daily life, thus, causing the

market division of food in two strands: organic and transgenic. The general objective of this

research is to investigate the attitude of supermarket shoppers who buy eventually or always,

towards transgenic and organic: what it knows about its characteristics, advantages, risks and

identification stamps, and what it feels about them. To reach the objectives here proposed, it

was used survey research with 140 people between 20 and 70 yeas of age. The results shows

that, by the shoppers, there is more knowledge about organic than about GMOs. In addition,

many who knows about transgenics; are aware of the risks they bring to health and; are very

interested in bringing the organic to the routine, but are satisfied with the fact that transgenics

are present in their daily lives. It was possible to define the lack of knowledge and the price, as

the main critical items of distancing from the purchase, and this could represent a great

opportunity for the organic market.

Keywords: Sustainability, transgenic, organic, genetically modified organisms.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Meio ambiente x Economia – posicionamento dos brasileiros. ..............................15

Figura 02: Informações buscadas nos rótulos e embalagens dos produtos. ..............................17

Figura 03: Top 5 áreas plantadas com transgênicos no mundo. ...............................................19

Figura 04: Simbologia transgênica e embalagem com aplicação. ............................................20

Figura 05: Certificação de produto orgânico e sua aplicação em embalagem. .........................27

Figura 06: TAR - Teoria da Ação Racional. ..............................................................................31

Figura 07: A Teoria da Ação Planejada. ....................................................................................45

Figura 08: Gênero dos respondentes. ........................................................................................42

Figura 09: Faixa etária dos respondentes. .................................................................................43

Figura 10: Renda Familiar Mensal dos respondentes. ..............................................................43

Figura 11: Escolaridade dos respondentes. ...............................................................................43

Figura 12: Perfil dos respondentes. ...........................................................................................44

Figura 13: Conhecimento dos transgênicos. .............................................................................45

Figura 14: Conhecimento dos orgânicos. ..................................................................................45

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Principais diferenças entre a produção de soja orgânica e convencional. ............27

Quadro 02: Comparativo de Custos de Produção de Soja na Fazenda Missioneira (Método

Convencional versus Método Transgênico – Safra 2008/2009). ..............................................28

Quadro 03: Quadro de congruência. .........................................................................................39

Quadro 04: Seções do questionário. ..........................................................................................39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Teste de Confiabilidade Alfa de Cronbach. ............................................................41

Tabela 02: Resultados da Escala Likert. ...................................................................................46

Tabela 03: Dimensões dos aspectos cognitivos e afetivos. .......................................................48

Tabela 04: Aspectos cognitivos e afetivos e a Faixa Etária. .....................................................49

Tabela 05: Aspectos cognitivos e afetivos e a Renda Familiar. ................................................50

Tabela 06: Aspectos cognitivos e afetivos e a Escolaridade. ....................................................50

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 12 2 COMPORTAMENTO E SUSTENTABILIDADE ................................................. 15

2.1 A atitude do consumidor ......................................................................................... 17

2.1.1 TAR - Teoria da Ação Racional ................................................................................ 18

2.1.2 TAP - Teoria da Ação Planejada ............................................................................... 19

3 A ENGENHARIA GENÉTICA E SUSTENTABILIDADE .................................. 22

4 OGMs – ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS ....................... 25

4.1 Transgênicos no dia-a-dia ....................................................................................... 28

4.2 O desconhecimento acerca dos transgênicos .......................................................... 32 5 ORGÂNICOS E SUAS QUESTÕES ...................................................................... 34

6 METODOLOGIA ................................................................................................... 39

6.1 Classificação da Pesquisa ........................................................................................ 39

6.2 População e amostra ............................................................................................... 39

6.3 Instrumento de Coletas de Dados ........................................................................... 39

6.4 Procedimento, coleta e análise dos dados ............................................................... 42

6.5 Confiabilidade do Questionário .............................................................................. 43

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 45

7.1 Perfil dos Respondentes .......................................................................................... 45 7.1.1 Seleção do público-alvo ............................................................................................ 45

7.1.2 Dados demográficos .................................................................................................. 45

7.2 Dados da pesquisa ................................................................................................... 47

7.2.1 Dados do conhecimento dos transgênicos e orgânicos ............................................... 48

7.2.2 Dados da Escala de cognição e afeição em relação a transgênicos e orgânicos........... 49

8 CONCLUSÕES ....................................................................................................... 55

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 58

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12 1 INTRODUÇÃO

Os organismos geneticamente modificados tiveram o surgimento em 1973, inseridos

num contexto de pesquisa nas universidades de Stanford e Califórnia. Os pesquisadores tiveram

êxito no primeiro experimento: a transformação de um gene de rã para uma bactéria, usando

uma técnica chamada “DNA recombinante”. Posteriormente, esse termo mudou para a

“engenharia genética” e, assim, chegaram à conclusão de que essa tecnologia permitiria a

modificação do genoma de qualquer ser vivo. Uma vez que esse organismo fosse modificado,

ele poderia passar a produzir uma substância ou exercer uma nova função, dependendo do

comando dado (ALVES, 2004).

A modificação genética começou a ser desenvolvida para conter as pragas nas lavouras,

lidar com as situações climáticas desfavoráveis de melhor forma e com a insuficiência de

alimentos para nutrir toda a população e, por isso, passou a se tornar alvo de investimentos do

governo como forma de obter produtos de melhor qualidade e em grande escala de produção.

A biotecnologia e o processo de globalização fizeram com que o comércio de sementes

transgênicas, ou geneticamente modificadas, se expandisse no planeta de forma natural e voraz.

Além de estar presente nas mais diversas economias do planeta. Nesse contexto, o consumo de

produtos de origem transgênica foi sendo introduzido aos poucos no mercado, e hoje, faz parte

da alimentação diária dos brasileiros (ALVES, 2004).

Com isso, o presente trabalho, visa a responder a seguinte pergunta de pesquisa: Qual a

atitude dos compradores em relação aos produtos transgênicos e orgânicos? O trabalho tem

como objetivo geral, portanto, investigar a atitude dos compradores com relação produtos

geneticamente modificados e orgânicos, com foco nas dimensões cognitiva e afetiva da atitude.

Assim, os objetivos específicos, da presente pesquisa são:

1. Investigar o conhecimento de pessoas que fazem compras em supermercado

eventualmente ou sempre, sobre os produtos transgênicos e orgânicos, suas

características, vantagens, riscos e selos de identificação;

2. Investigar o sentimento de pessoas que fazem compras em supermercado eventualmente

ou sempre, sobre os produtos transgênicos e orgânicos.

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13

Sendo o conhecimento e o sentimento, dimensões da atitude, a presente análise poderá

auxiliar na compreensão da atitude de compra de pessoas que fazem compras em supermercado

eventualmente ou sempre, em relação aos transgênicos e aos orgânicos e, por consequência,

comportamento provável em função da atitude. Embora seja crescente a demanda por orgânicos

e, na maioria das vezes, o que é limitada é a oferta (ASSIS e ROMERO, 2002), possivelmente,

o pouco conhecimento que os compradores têm a respeito dos transgênicos os impeça de

escolher alimentos orgânicos e ter uma atitude mais sustentável com mais frequência.

Pesquisa realizada por Machado, Santos e Albinati (2006) revela que 78,3% dos

consumidores de alimentos transgênicos não leem o rótulo do produto antes de comprar. Outra

pesquisa, realizada por Bezerra, Mariotto e Machado (2016) com um grupo de universitários,

mostrou que embora os jovens não saibam identificar um alimento prejudicial à saúde, 43,66%

dos pesquisados afirmaram que dariam preferência a produtos naturais, independente do preço,

e 22,5% optariam por transgênicos caso fossem o mais barato.

Apesar dos benefícios dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) para a

economia e a comercialização de certos alimentos, ainda há muitas dúvidas sobre legalidade

das práticas de plantio, comercialização e consumo, bem como as prováveis agressões causadas

ao meio ambiente (SILVA, 2016).

Nesse contexto, existem regras com o intuito de buscar respostas para as dúvidas sobre

o uso constante de alimentos transgênicos. Segundo Prudente (2004) o Princípio da Precaução

e a Lei da Biossegurança percorrem o caminho para estudar e impedir que quaisquer ameaças

venham a comprometer a saúde dos seres e/ou causar danos ao meio ambiente.

Com isso, a fundamentação teórica do presente trabalho aborda os temas de

comportamento e sustentabilidade na seção 2, como forma de explanar o que está por trás do

comportamento humano e quais elementos compõem a intenção para realizar um

comportamento. Na seção 3, o tema da sustentabilidade; o conceito dos transgênicos e

orgânicos; e o conceito do comportamento do consumidor por entre esses dois tipos de

alimentos, como embasamento para entender até que ponto a engenharia genética pode

interferir no meio ambiente e se esse processo impacta, de alguma forma, o cotidiano do homem

e da sociedade como um todo. A seção 4 aborda a expansão dos transgênicos e seu conceito,

trazendo os principais alimentos geneticamente modificados que estão presentes no dia a dia,

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14 bem como o desconhecimento da sociedade perante esses alimentos. Por fim, a seção 5

fundamenta a respeito dos alimentos orgânicos e suas principais dificuldades de ascensão.

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15 2 COMPORTAMENTO E SUSTENTABILIDADE

O comportamento da sociedade em relação à sustentabilidade ainda é curioso, pois

revela como o indivíduo necessita de motivação, interna ou externa, para agir de uma certa

forma. Ballachey (1975) verificou que, apesar da pequena interação existente entre os valores

do grupo e os objetivos individuais, é notável o espaço para metamorfose individual em relação

aos valores do grupo. Isso porque o ser humano pratica a dinâmica pautada em normas culturais,

e essas normas especificam justamente comportamentos apropriados ou inadequados, que

resultam em recompensa ou punição. A dificuldade de mutação dos padrões de ação referentes

à coletividade e bem-estar do grupo é um entrave, porém é importante que o assunto esteja cada

vez mais presente em todos os níveis sociais.

Na análise do posicionamento dos brasileiros frente aos ideais de meio ambiente e

economia, em 2012, os pontos de vista favoráveis à preocupação com o meio ambiente foram

priorizados em relação aos pontos de vista econômicos. As alternativas que valorizam o cuidado

com o meio ambiente e os recursos naturais receberam importância além de 50% em todas as

frases avaliadas, como denota a Figura 01.

Figura 01: Meio ambiente x Economia – posicionamento dos brasileiros.

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16 Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2012)

De acordo com os resultados acima, existe a questão do, por que o posicionamento

sustentável dos indivíduos ainda não resulta numa evolução significativa do desenvolvimento

sustentável de fato? Isso posto, traz à tona questionamentos relacionados ao bem-estar do

consumidor e à racionalidade humana.

A partir disso o Ministério do Meio Ambiente (2012) constatou que 80% dos

brasileiros, no que se refere à preferência, afirmaram ter simpatia por organizações ecológicas

e demonstram acreditar no potencial da ação local coletiva, pois dentre 5 alternativas para

solucionar problemas ambientais, 29% elegeram a mobilização da população do bairro como

melhor opção. Além disso, 92% dos indivíduos declararam estar dispostos em contribuir com

dinheiro para a proteção de biomas ameaçados.

É possível verificar que a motivação para a comportamento sustentável existe, porém

80% dos respondentes afirmaram que ultimamente não participaram de nenhuma ação em prol

do meio ambiente, seja em casa, no trabalho ou na comunidade. Em relação às noções de

consumo sustentável, dois terços da população entrevistada dizem desconhecer o que é o

“consumo sustentável” e somente metade dos 34% restantes sabiam o conceito de consumo

sustentável.

Nesse contexto, em relação aos hábitos de consumo do brasileiro, 62% dos entrevistados

revelaram buscar informações em rótulos e embalagens dos produtos, sendo a informação mais

buscada em rótulo a composição (Figura 02). Contudo, a consulta da composição dos produtos

pelos interrogados, desconsidera a informação sobre o prazo de validade.

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17 Figura 02: Informações buscadas nos rótulos e embalagens dos produtos.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2012)

Isso posto, a pesquisa verificou que em 2012, 85% dos brasileiros questionados

afirmaram se sentirem mais motivados a comprar um produto cujo rótulo indicasse fabricação

ambientalmente certificada e 81% também afirmaram estar dispostos a efetuarem a compra cujo

produto tenha selo de garantia de produto orgânico e o público predominante das duas

motivações tem superior incompleto (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2012).

2.1 A atitude do consumidor

De acordo com Blackwell, Miniard e Engel (2001), existem alguns elementos que

compõem a atitude de um consumidor. São elas o componente cognitivo, que são crenças e

convicções que se tem sobre um determinado produto; o componente afetivo, que são

sentimentos associados aquele produto ou marca e o componente conativo, que são tendências

que o indivíduo tem a se comportar de alguma maneira. A pesquisa de campo do presente

trabalho concentra-se nos aspectos cognitivos e afetivos de pessoas que fazem compras em

supermercado eventualmente ou sempre.

Okada e Mais (2010) desenvolveram um estudo que avaliou justamente o que levava

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18 um consumidor a preferir um alimento “verde” (orgânico) a um transgênico, mesmo que esse

fosse de valor mais elevado. Descobriram que, em alguns casos, há um benefício imediato para

o cliente que compra o orgânico por esse preço “premium”, pois como citado anteriormente, os

orgânicos são bem menos expostos a pesticidas e hormônios.

Outra contribuição de Okada e Mais (2010), foi a percepção da disposição que as

pessoas tem para gastar dinheiro não só com produtos “verdes”, mas também que sejam

produzidos por empresas “verdes”. Esse estudo mostrou que, de maneira geral, comparando

mercadorias produzidas por empresas verdes e não verdes, as pessoas optariam por comprar de

empresas que fossem engajadas com as causas do meio ambiente. Esse fato, inclusive, pode

incentivar grandes corporações a ajustarem seu posicionamento sustentável.

Ademais, a reponsabilidade do consumidor frente às organizações verdes difere em quão

consciente a respeito da preservação do meio ambiente aquele consumidor é. Aqueles que se

consideram mais conscientes, facilmente tendem a pagar um alto preço, pois, de certa forma,

relacionam-se com o produto, ou seja, a ação vincula uma identificação que o cliente tem, com

um valor pessoal que ele possui (OKADA e MAIS, 2010).

Em meio a esse contexto, faz-se importante entender as motivações necessárias para que

um comportamento de um indivíduo seja efetuado. Acerca disso, serão apresentadas a TAR

(Teoria da Ação Racional) e a TAP (Teoria da Ação Planejada).

2.1.1 TAR - Teoria da Ação Racional

A Teoria da Ação Racional, por Fishbein e Ajzen (1975) visa entender o que gera um

comportamento, sendo esse fruto de escolhas conscientes e quantificar a intenção para realizá-

lo. Para isso, é necessário entender quais são os elementos das intenções comportamentais:

atitudes e normas subjetivas.

As atitudes dizem respeito a sua perspectiva pessoal, e as normas subjetivas se referem

a influência social. Na Figura 03 são apresentados os aspectos principais que levam um

indivíduo a realizar um comportamento.

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19 Figura 03: TAR - Teoria da Ação Racional.

Fonte: Ajzen e Fishbein (1975) - adaptado.

As intenções são compostas pela disposição para realizar o comportamento, definindo-

se a vontade para realizá-lo. A relação entre intenção e comportamento dependerá de alguns

fatores, tais como a força da intenção (escala). Essas intenções são formadas por atitudes em

relação ao comportamento e normas subjetivas.

As atitudes relacionam-se à influência pessoal sobre um determinado comportamento,

pois corresponde ao julgamento próprio para execução do comportamento como bom ou ruim.

As normas subjetivas dizem à respeito do entendimento do indivíduo sobre a pressão

socialmente exercida, no sentido de incentivar ou não execução do comportamento. Dessa

forma, para a TAR, maior será a intenção do indivíduo em relação ao comportamento, quanto

mais positiva for sua percepção sobre este (atitudes) e quando avaliar que as pessoas

importantes para ele aprovam a realização do comportamento (normas subjetivas).

2.1.2 TAP - Teoria da Ação Planejada

Apesar do sucesso da TAR Ajzen (1985), verificou que as intenções de um

comportamento podem ser influenciados por outros fatores, como, hábitos do passado. A ação

humana é influenciável por fatores que podem ser internos e/ou externos e que o conhecimento

e as competências técnicas acerca de um determinado produto são caracterizados como fatores

internos. Ao verificar que comportamento do consumidor poderia ser influenciado por hábitos,

as intenções comportamentais se relacionam somente com a motivação para agir. No entanto, a

execução de uma ação não depende somente desta, mas também do menor ou maior controle

acerca desse comportamento. Quando um indivíduo possui total controle de uma determinada

situação onde possa decidir executar ou não uma ação, a tomada de decisão se torna mais fácil.

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20 Ajzen (1985), ao fundamentar acerca da Teoria da Ação Planejada, demonstrou que

existem duas variáveis principais que influenciam o comportamento futuro: costume e ausência

de controle. Existem ações rotineiras que os indivíduos executam sem estar totalmente

conscientes a respeito delas. São inúmeros os exemplos de comportamentos involuntários que

os seres humanos praticam. Como exemplo, existe a ação de comprar somente produtos

orgânicos. Pessoas que decidiram querer consumir somente produtos orgânicos correm o risco

de não encontrar o produto no mercado ou do preço dos orgânicos estar acima das condições

financeiras do consumidor. Isso se deve a dificuldade de controlar o próprio comportamento,

pois o costume habitual passado, gera um costume.

As crenças de cada pessoa no que se refere ao grau de facilidade ou dificuldade para

desempenhar uma ação, ou seja, a percepção que um indivíduo possui de poder executar um

comportamento desejado, chama-se “controle comportamental percebido”. Logo, apoia-se na

suposição de que, quanto maior a percepção de controle, maior a probabilidade de que se

execute um comportamento.

Para Ajzen e Fishbein (2000), conforme a Teoria da Ação Planejada, a ação humana

pode ser influenciada por três tipos de crenças: as comportamentais, que são as crenças que

determinam quais atitudes são favoráveis ou desfavoráveis em relação ao comportamento; as

subjetivas, que são as crenças pessoais do indivíduo mediante as pressões sociais percebidas e

as de controle, que denotam a percepção da facilidade ou dificuldade de desempenhar uma ação.

Para esses autores, atitudes relacionadas ao comportamento, normas subjetivas e a percepção

do controle comportamental formas as intenções comportamentais (conforme Figura 04).

Figura 04: A Teoria da Ação Planejada.

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21 Fonte: Ajzen e Fishbein (2000) – adaptado.

Além disso, vale ressaltar que a percepção de controle se relaciona com o julgamento

das pessoas acerca das próprias capacidades de enfrentar quaisquer eventualidades oriundo do

ambiente. Se a percepção de controle é muito baixa, a probabilidade que o indivíduo efetue uma

ação também é escassa, mesmo que essa pessoa esteja ciente da importância de adotar um certo

tipo de comportamento. Assim, esse controle irá, automaticamente, influenciar a intenção de

efetuar uma determinada ação. No mercado, esse comportamento pode ser visto facilmente,

como um indivíduo que desiste de comprar frutas e verduras orgânicas, por saber que não vai

conseguir manter aquele padrão de consumo devido os preços serem elevados.

Com base nesse estudo, pode-se relacionar a Teoria da Ação Planejada com a

preferência da pessoa que faz compras em supermercado eventualmente ou sempre, por produtos

orgânicos. É possível que a lacuna existente para que o comprador traga a compra de orgânicos

para o cotidiano esteja justamente entre o conhecimento e a intenção comportamental do

indivíduo.

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22 3 A ENGENHARIA GENÉTICA E SUSTENTABILIDADE

De acordo com Torresi, Pardini e Ferreira (2010) o termo desenvolvimento sustentável

começou a ser utilizado com o intuito de suprir as necessidades atuais sem impedir as gerações

futuras de desfrutarem dos mesmos recursos. No âmbito do meio ambiente, água, solo, florestas

e ar, são fatores que precisam de cuidado e gestão para que continuem existindo.

A visão econômica do desenvolvimento sustentável tem como principal questão a

finitude dos recursos naturais. No entanto, de acordo com Nascimento (2012) a sustentabilidade

pertence, também, ao meio ecológico, referindo-se à resistência e capacidade de regeneração

dos ecossistemas quando deparados com diversos tipos de agressões, sejam esses químicos ou

físicos, causadas por seres humanos ou não.

Em se tratando da educação ambiental dos cidadãos, Barbieri e Silva (2011) mostram

que essa se originou em meados da década de 1940, diante da criação da Unesco, na época das

iniciativas de solidariedade pós-guerra. Inclusive, em 1972, na Conferência das Nações Unidas

para o meio ambiente humano, em Estocolmo, uma das ferramentas criadas para tratar

problemas sociais e ambientais foi a Declaração sobre o Ambiente Humano, contendo 26

princípios que norteiam a estruturação de um ambiente que harmonize os aspectos humanos

com os naturais.

Em 2002, foi realizada, em Joanesburgo, na África do Sul, a Cúpula Mundial sobre

Desenvolvimento Sustentável (CMDS), com o intuito de tratar as causas principais definidas

pelas Nações Unidas. Saneamento, agricultura e gestão de ecossistemas foram temas

abordados. Diante desse evento, desenvolveu-se um plano de instauração de 153 orientações

para que a Agenda 211 viesse a ser cumprida efetivamente (BARBIERI e SILVA, 2011).

As recomendações 114 e 117 expressavam a necessidade de integração do

desenvolvimento sustentável no sistema de ensino, em todos os níveis da educação, tendo como

principal intuito a introdução do princípio do desenvolvimento sustentável, por meio da

educação. Com isso, recomendou-se à Assembleia das Nações Unidas a proclamação de um

1 Agenda 21: Plano internacional a ser implementado pela Organização das Nações Unidas, governos e sociedade. Reflete um compromisso mundial de pensar globalmente e agir localmente para a sustentabilidade ambiental, social e econômica. A Agenda contou com a participação de 179 países e foi oficializada em 1992 no Rio de Janeiro. No entanto, os compromissos foram legitimados na Cúpula de Joanesburgo em 2002. Disponível em <http://www.institutoatkwhh.org.br/compendio/?q=node/21> 2019.

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23 decênio onde a educação estivesse associada ao desenvolvimento sustentável, e em 2003, a

Assembleia acatou a recomendação admitindo a educação como fator indispensável para o

movimento e declarou o Decênio das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento

Sustentável, designando à Unesco a responsabilidade de promover a aprendizagem a todos os

cidadãos, ao longo da vida, como parte do processo para compreensão do desenvolvimento

sustentável (BARBIERI e SILVA, 2011).

De acordo com Caporali (2016), o mundo caminha para um desafio de manter o

crescimento econômico que se adquiriu nos últimos 200 anos, sem afetar as condições da vida

humana no planeta. Essa reflexão advém do fato de que a natureza, maior fonte de riqueza da

Terra, está cada vez mais escassa, justamente pelas necessidades da cidadania moderna, que

decorre de uma cultura onde o alto consumo é prática de boa parte da população.

Ainda conforme Caporali (2016) há grandes possibilidades dos custos ambientais se

tornarem mais significativos, fazendo com que a tecnologia se torne aliada das organizações,

para que se tenha um futuro afortunado. A economia sustentável há de assumir desafios para

lidar com processos aplicáveis a longo prazo, pois irão surgir vestígios das atividades

econômicas passadas, que terão de ser tratadas.

Com isso, Caporali (2016) confirma que fatores importantes como a fertilidade do solo

e os investimentos em agricultura e em serviços sociais hão de se tornar foco para uma

economia sustentável. A cultura em que se vive faz movimentos que associa os desejos

humanos com a filosofia de organizações privadas. Pessoas querendo trabalhar mais, para que

se possa consumir mais. O desafio dessa geração será de se tornar responsável pela sustentação

de uma cultura cultivada, ou seja, conciliar a produção e seu respectivo consumo com os

recursos disponíveis do planeta.

Moura (2009) em sua análise da sustentabilidade da agricultura dentro do contexto da

produção da soja transgênica declarou que, nas últimas décadas, diferente do que as grandes

empresas de fornecimento de sementes acham, o meio-ambiente vem sofrendo consequências

severas que não estão sendo mensuradas pelo ser humano. Moura (2009, pág. 264) cita:

“O meio-ambiente vem sofrendo a degradação com novas tecnologias, através

do uso inadequado de agrotóxicos, com objetivo de oferecer lucros às

empresas transnacionais, como a Monsanto e a Bayer. Outras formas de

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produção agrícola, menos perversas ao meio ambiente e à biodiversidade,

foram deixadas de lado em prol de uma visão imediatista e de curto prazo, na

qual não há preocupação com o desenvolvimento sustentável. Daí a

necessidade de construir uma agricultura sustentável, que saiba conservar a

biodiversidade do planeta.”

Com base nas considerações feitas, faz-se necessário investigar como e quando surgiu

a prática da modificação genética dos organismo, quais as principais características desses

alimentos e quais estão presentes no dia-a-dia.

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25 4 OGMs – ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

Conforme Phillips (2008), existem cientistas que vêm alterando os genomas de seres

vivos fazendo o uso de técnicas de reprodução. A seleção artificial com uma específica

característica de um organismo tem alcançado resultados que vão desde o milho doce até os

gatos sem pelagem. A questão é que, com essa interferência da seleção artificial, as reproduções

e variações naturais, que deveriam acontecer, ficam limitadas.

No entanto, nas últimas décadas, a engenharia genética tornou factível a incorporação

de novos genes de uma espécie em uma outra espécie sem nenhuma relação. Essa facilidade,

otimiza a performance da agricultura, bem como facilita produção de substâncias para uso

farmacêutico. Plantas, animais e bactérias do solo são alguns exemplos de seres que são foco

da engenharia genética. Hoje, as plantas representam a família mais citada no que tange a

organismos geneticamente modificados, devido à redução de custos para produção de drogas e

alimentos, a redução da necessidade da introdução de pesticidas, o aprimoramento da

composição nutritiva de frutos e resistência à pestes. Os animais também têm feito parte da

engenharia genética, como o salmão e a vaca, que foram modificados para crescer em tamanho

maior e ser mais resistente às doenças do gado, respectivamente (PHILLIPS, 2008).

No dia 5 de janeiro de 1995, o Brasil adquiriu legislação para normatizar o uso de

técnicas de engenharia genética e a liberação dos OGMs no ambiente. Com o advento da lei

8.974/954 que define como crime a manipulação genética de células germinais humanas, a

CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) foi fundada para ficar encarregada de

desenvolver instruções e normas de biossegurança para produção de OGMs e emitir os

pareceres técnicos sobre sua liberação, sendo esta de caráter experimental ou comercial (LEITE,

1999).

Marinho e Gomez (2004), analisando o tratamento dado as solicitações para a liberação

ambiental de transgênicos pela CTNBio2, levantaram diversos questionamentos em relação ao

elevado número de liberações feitas pela Comissão sem critérios evidentes. Na primeira

2 CTNBio: É uma instância integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia que presta apoio técnico e assessora o Governo Federal na formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança relativa aos OGMs. Expõe normas técnicas de segurança e pareceres técnicos conclusivos referentes à proteção da saúde humana, dos organismos vivos e do meio ambiente, para atividades que envolvam a experimentação, o cultivo, a liberação de OGMs e outros. Disponível em <https://www.fcm.unicamp.br/fcm/pesquisa/cibio/ctnbio-o-que-e> 2019.

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26 solicitação feita para liberação do cultivo em escala comercial, da soja Roundup Ready3, a

CTNBio emitiu um parecer favorável, atestando haver ausência de riscos, tanto para o ambiente

quanto para a saúde humana, dispensando a necessidade do Estudo do Impacto Ambiental (EIA)

e seu respectivo Relatório de Impacto no Meio Ambiente (RIMA).

Conforme Marinho e Gomez (2004) ao dispensar o EIA e o RIMA a Comissão ignora

o fato de que a não comprovação de determinados risco não determina, necessariamente, a

ausência deles, deixando de lado o Princípio da Precaução (a ser fundamentado no tópico 3.1

do presente trabalho). Essas tolerâncias vêm sendo repetidas e ferem o princípio da legalidade,

pois contribuem para que o país não exerça controle estatal efetivo sobre os plantios.

Conforme Thuswohl (2013), a lei que autoriza a comercialização da soja transgênica

RoundUp Ready foi negociada entre o governo brasileiro e o Congresso Nacional logo após a

introdução ilegal no cultivo das lavouras do Rio Grande do Sul. A lei 10.888/2003 foi

sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, desde então, os transgênicos

foram incorporados a realidade nacional.

Os frutos transgênicos podem ser divididos em três gerações, de acordo com a ordem

cronológica de surgimento das demandas e culturas de cada época (ALVES, 2004). Na primeira

geração, estão as plantas modificadas geneticamente para resistir a herbicidas, pestes e vírus.

Surgiram na década de 1980 e fazem parte das sementes mais comercializadas do mundo. Na

segunda geração estão as plantas modificadas para terem suas funções nutricionais melhoradas,

qualitativamente e quantitativamente. Diferentemente do campo experimental, esse conjunto

ainda não está tão difundido comercialmente no mundo. Já a terceira geração retrata o

desenvolvimento de produtos tais como vacinas, anticorpos e tipos de plástico.

Pelaez e Schmidt (2000), ao fundamentar o surgimento da engenharia genética, citam a

indústria Monsanto, que em 1998, declarou sua divisão em dois segmentos, uma que mantém

atividades associadas à fabricação de produtos químicos em geral e outra que mantém

atividades relacionadas à produção de substâncias medicamentosas, agroquímicos e organismos

geneticamente modificados (OGMs).

3 A soja Roundup Ready é patenteada pela multinacional norte-americana Monsanto, que foi desenvolvida através da introdução de um gene oriundo de uma bactéria do gênero Agrobacterium, pertencente ao solo, para aumentar a tolerância ao herbicida glifosfato.

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27

No que tange à comercialização, esses produtos tiveram autorização para serem

comercializados nos EUA a partir de 1994, onde foram, também, adotados pelos agricultores

do Canadá, México e Argentina, devido a promessas de aumento de rentabilidades das colheitas

anunciadas pela Monsanto, pois prometiam redução de custos de produção em torno de 10%.

Em 1998, a superfície cultivada com OGMs no mundo totalizou em torno de 10 milhões de

hectares, dos quais 74% desses pertencem aos EUA (PELAES e SCHIMDT, 2000).

Hoje, conforme o Conselho de Informações sobre Biotecnologia (2018), em 2017

somente o Brasil cultivou 50,2 milhões de hectares com cultivo transgênico. Em relação a 2016,

cresceu 2%, o equivalente a 1,1 milhão de hectares. Os 50 milhões de hectares brasileiros

representam 26% de todo o cultivo geneticamente modificado. Essa área é dividida em cultivo

de soja, milho e algodão, sendo: 33,7 milhões de hectares plantados com soja, 15,6 milhões de

hectares com milho e 940 mil hectares com algodão. O Brasil ocupa, hoje, o segundo país com

maior plantio desses alimentos, perdendo somente para os Estados Unidos com 75 milhões de

hectares de transgênicos plantados. A Argentina, o Canadá e a Índia, ocupam os outros 3 países

que compõem os 5 locais com maior agricultura transgênica, conforme a figura 05.

Figura 05: Top 5 áreas plantadas com transgênicos no mundo.

Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia (2018).

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28 Sabendo que os transgênicos ocupam espaço considerável no país, é importante salientar

quais desses estão presentes no cotidiano do brasileiro e quais características possuem.

4.1 Transgênicos no dia-a-dia

De acordo com Revista Galileu (2013), existem diversos tipos de alimentos

geneticamente modificados que podem ser facilmente encontrados na rotina. Os principais são:

• Aspartame: O aspartame ter sua composição feita a partir de três componentes

transgênicos (aspartate, fenilanina e mentol). Esse adoçante artificial é uma

neurotoxina e seu uso constante pode afetar o cérebro e o sistema nervoso;

• Óleo de canola: O nome “Canola” é uma abreviação das iniciais de Canadian

Oil Low Acid. A semente foi feita a partir de uma variação de uma planta

chamada Olza, por cientistas canadenses para atingir uma versão de semente de

baixa acidez e toxicidade. Hoje, cerca de 80% da planta Olza nos EUA é

transgênica, com alta resistência à pestes, justamente para atingir o propósito

comercial.

• Milho, amido de milho e xarope de milho: Hoje, 85% do milho produzido no

Brasil é geneticamente modificado, ou seja, mesmo que o indivíduo não faça a

ingestão de milho e derivados com muita frequência, é necessária atenção para

a composição dos alimentos industrializados. Amido de milho (starch) e xarope

de milho (high frutose corn syrup) estão presentes em quase todos os alimentos

processados comercializados em supermercados.

• Soja e Lecitina: No Brasil, 92,4% dos plantios de soja são cultivadas com

sementes transgênicas, sendo que a soja geneticamente modificada já está sendo

associada a diversos impactos na saúde humana. Já a lecitina é uma substância

derivada da soja que possui função espessante, muito utilizada em diversos

produtos industrializados como sorvetes, chicletes e massas prontas para bolos.

• Leite: Além do gado produtor de leite em larga escala ser alimentado

rotineiramente com farelo de soja, os criadores, na grande maioria das vezes,

injetam hormônios sintéticos, desenvolvido por seres humanos, com finalidade

de aumentar a produção de leite dos animais. A consequência disso é que, boa

parte das doenças e infecções das vacas são provenientes da quantidade de

toxinas aplicadas nelas.

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Em 2007, o jornal Folha de São Paulo, publicou uma matéria colocando a discussão

acerca do ganho de espaço das frutas sem caroço no mercado, trazendo a dúvida a respeito da

transgenia e composição nutricional desses alimentos (DINIZ, 2007).

A matéria relata que é comum encontrar, em feiras e supermercados, melancia, uva e

tangerina sem sementes, manga sem os fiapos e outras frutas com novos fatores muito atrativos.

Porém, é preciso investigar como se deu o processo de introdução desses alimentos no mercado

e se existem riscos a partir do consumo desses alimentos no cotidiano. Os produtores e

pesquisadores da fruticultura brasileira usam o termo “melhoradas geneticamente” para

defender essas frutas, que sempre foram desejadas pelo consumidor, logo, pelo comércio.

Conforme Diniz (2007), para desenvolvê-las, cientistas trabalham com melhoramento

genético observando as variações genéticas existentes em cada espécie e em gêneros

semelhantes e realizando inúmeros cruzamentos para que apresentem as melhores

características, sem que se percam as respectivas propriedades nutricionais. Essas combinações

técnicas de melhoramento são chamadas de “melhoramento genético convencional”, onde

acontece o transporte de pólens de uma planta para outra, seguida da coleta e plantio das

sementes da “planta matriz”.

Esses recursos modernos, como a clonagem de embriões perfeitos que não nasceriam

em larga escala, fazem parte da biotecnologia atual. Hoje, praticamente todas as frutas

encontradas no mercado sofrem dessa “melhoria” não só em sua estrutura, mas também em

fatores como cheiro e sabor (DINIZ, 2007).

Na matéria de Diniz (2007), Waldelice Paiva, doutora em melhoramento de plantas pela

Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), alega

que na transgenia, existe a possibilidade de trazer uma característica de resistência a pragas que

exista num sapo, para uma planta e afirma que no melhoramento genético das frutas não existe,

de nenhuma maneira, a ultrapassagem dos limites já existentes na natureza.

Em contraponto, em 2015 a EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – explicou que o termo transgênico é

sinônimo da expressão “Organismo Geneticamente Modificado” (OGM), pois realmente se

trata de um organismo que concebeu um gene de outro. Portanto, qualquer alteração no DNA

que tenha sido realizada fora da natureza e que permita a demonstração de uma característica

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30 previamente não existente, denota caráter transgênico.

É possível identificar contradições na matéria publicada pelo jornal, visto que, conforme

explicitado, cruzamentos realizados com a interferência do homem e o transporte de pólen de

uma planta para outra são realizados no desenvolvimento dessas frutas. Ou seja, trocas de DNA

são feitas, contornando barreiras que desfavorecem cruzamentos naturais, fazendo com que

alguns frutos tornem-se mais raros que outros.

Carvalho (2016) demonstra que apesar da transgenia dos frutos possuir interesses de

melhoramento, precaução contra a insuficiência e combate às pragas, há estudos que mostram

sequelas num futuro próximo. Com isso, é possível verificar que diversas classes de produtos

revelam, em sua formulação, pelo menos algum componente com aspecto geneticamente

modificado. Por essa questão, no ano de 2003, para identificar produtos com essa condição

tornou-se obrigatória a simbologia da letra “T” em maiúsculo e em amarelo estampada em

quaisquer embalagens que possuíssem a partir de 1% de matéria-prima transgênica em sua

composição.

Para Ribeiro e Marin (2012), a transgenia de modo geral ainda traz riscos imprevisíveis.

Sendo assim, muitos estudiosos da área recomendam a utilização do Princípio da Precaução,

que se propõe a assegurar a vida do ser humano diante de dúvida científica. Esse Princípio foi

discutido em 1992, no Brasil, na Conferência do Rio de Janeiro e estabelecido como princípio

15 da Agenda 21 tendo como principal foco a proteção da comunidade e do meio ambiente

(RIBEIRO e MARIN, 2012).

Com a polêmica dos organismos geneticamente modificados, em janeiro de 2000, em

Montreal, foi implementado o Protocolo de Cartagena (Decreto nº 5.705, art. 84, inciso IV, da

Constituição Federal):

“Contribuir para a garantia de um nível adequado de proteção à transferência,

manipulação e utilização segura dos organismos vivos modificados resultantes

da biotecnologia moderna que possam ter efeitos que interfiram na diversidade

biológica, levando-se em conta os riscos para a saúde humana.”

No ano de 2003, foi criado o símbolo do transgênico. Esse ícone deveria conter em toda

embalagem de produto transgênico ou que tenha seu derivado geneticamente modificado, desde

que estejam enquadrados na Portaria nº 2658, de 22 de dezembro de 2003. A legislação em

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31 cima da rotulagem permite não só que o consumidor tenha direito à informação, mas que a

mercadoria possa ser rastreada e que seu controle pós-comercialização seja realizada (RIBEIRO

e MARIN, 2012).

Dessa maneira, pode-se afirmar que a aplicação da rotulagem é um princípio de

precaução, porém, a responsabilidade de garantir o encaixe das informações constantes nos

rótulos com a legislação se tornou o maior desafio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA). No entanto, em abril de 2018 a Comissão de Meio Ambiente aprovou o projeto de

lei que viabiliza o fim de selo de identificação de produtos com transgênicos. O Projeto de Lei

da Câmara n° 34, de 2015 propõe a retirada do triângulo amarelo com a letra “T” (conforme

Figura 06), que até então deveria ser colocado nas embalagens dos alimentos transgênicos.

Segundo a redação do Senado Federal (2019), Cidinho Santos, senador do Mato Grosso,

foi o relator da Comissão do Meio Ambiente e defendeu a retirada alegando que essa simbologia

pode ser mal interpretada pelos consumidores. Os argumentos utilizados foram a necessidade

de uma análise científica rigorosa sobre os transgênicos para afastar o medo da população e do

fato de que “ainda não há registros de que a ingestão desses alimentos cause danos à

saúde humana”, quebrando, assim, o Princípio da Precaução.

Figura 06: Simbologia transgênica e embalagem com aplicação.

Fonte: Selo dos transgênicos – à esquerda (BRAGANÇA, 2019).

Embalagem contendo selo transgênico – à direita (MAMBO, 2019).

Diante de todas as pesquisas, informações e discussões levantadas é possível verificar

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32 que existem diversos argumentos para que a prática de comercialização da transgenia seja

controlada, para que o consumo a longo prazo não traga danos à vida humana.

4.2 O desconhecimento acerca dos transgênicos

Carvalho (2016) aponta que existem acerca desses alimentos, tanto para os defensores

da saúde para a população de forma geral. Além disso, a ausência de estudos científicos que

apontem que a qualidade dos produtos se mantém a mesma após suas sementes sofrerem

modificação traz alheamento e insegurança para o povo.

Em se tratando dos benefícios da transgenia para a população e a natureza, Alves (2004)

ressalta o aumento da produtividade das colheitas, dado que que as sementes se tornam

resistentes a vírus e pragas; a tolerância das plantas a condições adversas de solo e clima, pois

muitas sofriam com a alta salinidade, déficit hídrico e baixas temperatura; o aumento da

produção de fármacos; o aumento do potencial nutricional dos alimentos, com o

desenvolvimento da maior concentração das vitaminas A, C e E nos frutos; a alta resistência de

animais e vegetais a pragas, que dominam as lavouras e áreas de animais de corte e a redução

do uso de agrotóxicos, tendo em vista que a medida que as plantas estão mais resistentes a ação

de pragas, a redução da utilização de agrotóxicos acontece naturalmente.

Em contrapartida, o mesmo autor Alves (2004) aponta as consequências que permeiam

o cenário dos transgênicos, são eles: a geração de novas pragas e plantas daninhas, pois a

modificação das plantas pode acarretar o surgimento de novos parasitas que são capazes de

resistir à mutação; os danos a espécies não-alvos, pois através do transporte do pólen é possível

ocorrer contaminação de plantações nativas (não transgênicas) com os de genes modificados; a

alteração da dinâmica dos ecossistemas, pois a inserção de uma nova espécie em um meio pode

acarretar o desaparecimento de espécies da cadeia alimentar que utilizavam o meio natural tanto

para alimentação quanto para reprodução, e a perda da biodiversidade, pois a manipulação dos

genes pode causar o surgimento de novas espécies resistentes ao meio. Nesse contexto, todas

essas manipulações podem acarretar no desaparecimento de espécies mais frágeis, impedindo

a seleção natural.

Pusztai (2002), realizou-se um experimento que gerou bastante polêmica, no Rowett

Institude da Escócia, com ratos sendo alimentados com batatas transgênicas e concluiu que os

animais sofreram impacto tanto no sistema imunológico, quanto no desenvolvimento de órgãos

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33 vitais. Pusztai deixou evidente que esses impactos poderiam ter sido causados devido à presença

do gene modificado das batatas, bem como distúrbios nas funções encontrados nos próprios

genes da batata.

Conforme Ribeiro e Marin (2012), também realizaram pesquisas envolvendo os

potenciais riscos ao consumo de OGMs. Por meio de análises ultraestruturais e

imunocitoquímica, observadas após o efeito da ingestão de soja transgênica Roundup Ready em

ratos, foi possível verificar alterações em células do pâncreas e dos testículos. Com esses dados,

concluiu-se que é possível que essas consequências estejam relacionadas ao número exagerado

de herbicidas que estão presentes na soja.

As conclusões do cientista foram questionadas por algumas empresas científicas, que

sugeriram que ele aprofundasse seus experimentos e desenvolvesse novos estudos para definir

com clareza as hipóteses que focavam nos efeitos relatados. O fator preponderante da polêmica

deu-se acima de sua pesquisa pelo fato dela ter sido realizada sem financiamento de empresas,

ao contrário da maioria dos trabalhos sobre o assunto.

Ainda nesse contexto, Orsi (2015) publicou uma matéria com o intuito de provocar o

consumidor a questionar se os alimentos transgênicos resultavam em algum tipo de autismo ou

câncer. Foi apresentado um experimento, realizado na França, onde ratos foram submetidos a

uma alimentação à base de milho transgênico durante o período de 2 anos. Ao fim do

experimento, os ratos apresentavam grandes tumores. Como na região, para liberar um produto

transgênico ao mercado é necessário avaliá-lo somente por 3 meses, o jornal fez uma crítica

com base no experimento.

Conforme Orsi (2015), os resultados do estudo foram apresentados pelo jornal Food

and Chemical Toxicology Review. Esse fato demonstra que a preocupação com a saúde humana

e a sustentabilidade, hoje, ainda é foco das mídias voltadas para esse assunto. O jornal fez uma

crítica embasada do conhecimento acerca do estado, pois para liberar um produto transgênico

no mercado da região é necessário avaliá-lo somente por 3 meses. Estudos como esse

evidenciam a necessidade de aprofundamento na área da genética, pois poucos meses são

insuficientes para provar que um alimento a ser consumido diariamente não irá trazer danos à

saúde.

Com isso, a próxima seção da pesquisa, aborda as questões que permeiam o universo

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34 orgânico. Além disso, auxilia na compreensão da limitação ao seu acesso.

5 ORGÂNICOS E SUAS QUESTÕES

No contexto social, conforme Forman e Silverstein (2012) uma análise agrícola apurou

que a agricultura orgânica tem um impacto ambiental menor do que as demais, no entanto, ainda

não é possível concluir se uma dieta à base de orgânicos proporciona mais benefícios para a

saúde. Para realizar tais estudos, além do alto nível de complexidade, exigiria que a grande

parte da população fosse atribuída de maneira aleatória à ingestão de alimento orgânico versus

transgênicos em sua dieta. Não só isso, mas também é necessário que se identifique a relação

entre a dieta com exposição a pesticidas e o estado de saúde de cada indivíduo.

Em se tratando de preço, de acordo com uma notícia publicada por Santos (2015), a

diferença de preços entre os produtos orgânicos e os convencionais pode ultrapassar 270%. Um

exemplo é o filé de frango, que tem seu quilo, normalmente, comercializado a R$ 12,90,

enquanto o orgânico custa, em média, R$ 47,80. Infelizmente, o preço limita para o consumo

em massa, mas isso acontece devido à falta de produção em larga escala. Por exemplo, no caso

do açúcar e do café, os seus respectivos orgânicos já não possuem diferença significativa no

preço, então a tendência é que à medida que se vender mais, se reduzam os valores.

Em 16 de outubro de 1998, com base na Portaria MA nº 505, considerou-se a exigência

de certificação, conforme a Figura 06, para o mercado de produtos naturais com o objetivo de

“Estabelecer as normas de produção, tipificação, processamento, envase, distribuição,

identificação e de certificação da qualidade para produtos orgânicos de origem vegetal e

animal”, conforme a Instrução normativa nº 007, de 17 de maio de 1999, que cita:

“Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo

aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso de recursos naturais

e sócio-econômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por objetivo a

auto-sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais,

a minizacão da dependência de energias não renováveis e a eliminação do

emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos, organismos

geneticamente modificados - OGMs/transgênicos ou radiações ionizantes em

qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de consumo, e entre

os mesmos, privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana,

assegurando a transparência em todos os estágios da produção e da

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35

transformação”.

Figura 06: Certificação de produto orgânico e sua aplicação em embalagem.

Fonte: Certificação de produto orgânico - à esquerda (ORGANICSNET, 2019)

Embalagem contendo certificação de produto orgânico – à direita (NATUE, 2019)

Darolt e Skora Neto (2002) discorreram sobre as principais diferenças entre a produção

de soja orgânica e convencional, onde foram comparados os diferentes sistemas de cultivo,

conforme mostra o Quadro 01:

Quadro 01: Principais diferenças entre a produção de soja orgânica e convencional.

Fonte: Darolt e Skora Neto (2002)

Os contrastes entre os sistemas de cultivo ficam evidenciados e mostram que, dentre as

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36 diferenças principais, destacam-se o modo de adubação e a forma de controle de invasores dos

orgânicos, que se tratam de práticas bem mais sustentáveis e menos danosas ao meio ambiente,

concordando com a instrução normativa para certificação do selo orgânico.

Em contraponto, em uma análise realizada por Franco et al. (2011) a respeito da

comparação dos custos de produção e rentabilidade entre soja convencional e transgênica,

foram desenvolvidos vários diagnósticos quanto à diferenciação dos custos de produção dos

dois modelos, conforme o Quadro 02:

Quadro 02: Comparativo de Custos de Produção de Soja na Fazenda Missioneira (Método Convencional versus Método Transgênico – Safra 2008/2009).

Fonte: Dados da pesquisa de Franco et al. (2011).

Ao analisar o Quadro 02 a diferença dos custos dos métodos é evidente. De acordo com

Franco et al. (2011), na série “Defensivos Químicos” a distância de pouco mais de R$ 65,00

(sessenta e cinco reais) entre o custo do método convencional e o custo do método transgênico

por hectare é devido à redução de ingredientes químicos no cultivo que o método transgênico

proporciona ao produtor. Outra condição observada, é que não há somente a redução dos

produtos químicos na produção, como também a redução da mão-de-obra de combustíveis e

manutenção, pois a utilização soja transgênica Roundup Ready possibilita a redução do número

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37 de aplicação de defensivos por hectare.

Dessa maneira, é nítido que o indicador financeiro pesa para o produtor e pode ser fator

preponderante na hora da decisão acerca de qual modelo de agricultura optar. De acordo com

Struck (2015), ao investigar o porquê o mercado de orgânicos ainda não deslanchou no Brasil,

o jornal apresentou que já exitse demanda que reforça o costume saudável. No entanto,

dificuldades de logística, falta de insumos e dificuldades de exportação, são fatores que afetam

a cadeia produtora e a distribuição efetiva desses alimentos.

Leiri (2018) publicou matéria a respeito das dificuldades encontradas no cultivo de

plantas orgânicas. A matéria contou com o depoimento de Vinádio Bega, engenheiro agrônomo

e especialista em agricultura orgânica. Para ele, não existe preconceito quanto ao cultivo de

orgânicos. “O que existe é desinformação e certas dificuldades por não haver muita assessoria

técnica especializada aos agricultores”, conclui Vinádio.

Nesse contexto, o especialista crê que quanto mais houver promoção e incentivo a esse

tipo de produção, com insumos suficientes e auxílio aos agricultores, a saúde humana e a

preservação ambiental estarão fazendo parte dos valores do mercado.

Como demonstrado por Assis e Romero (2002), nos sistemas produtivos atuais para

produção comercial de alimentos, está explícito que, superadas as limitações técnicas, a maior

dificuldade a se vencer serão sistemas de produção orgânica e seu respectivo mercado, visto

que a demanda é crescente e que a oferta ainda não atende a demanda. Além disso, o autor cita

que a agricultura orgânica tem bastante potencial de crescimento e que a proposta de produção

agrícola, se usada de forma inteligente, pode permitir a entrada de um número considerável de

novos agricultores brasileiros.

Caetano (2019) publicou uma matéria em relação ao ano de 2018, mostrando que o setor

de orgânicos deve crescer em torno de 20%, chegando a movimentar mais de R$ 4 bilhões. No

entanto, mercado brasileiro ainda é pequeno quando comparado ao mercado dos EUA, que

movimenta US$ 50 bilhões no ano. Os dados de evolução não significam que o segmento não

possua desafios para superar, como o preço dos produtos, que ainda é associado a produto caro,

mas já é possível comprá-los a preços regulares.

Outro desafio a superar, como demonstrado por Reuters (2018) é o projeto de lei que

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38 restringe venda direta de orgânicos. No dia 2 de julho de 2018, a Comissão de Agricultura,

Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados aprovou o

projeto de lei contendo novas regras que restringem essa venda direta. A venda de orgânicos

diretamente ao consumidor deve ser feita apenas por agricultor familiar integrante de

organização de controle social cadastrada nos órgãos fiscalizadores. Se o consumidor e o órgão

fiscalizador puderem rastrear o processo de produção e ter acesso ao local de produção a venda

poderá ser feita sem a certificação para garantir a verificação do produto, caso contrário, terá

que ter o selo de certificação de produto orgânico.

Acerca desse tema, a seção 6 trata de dar início a metodologia utilizada para

fundamentar detalhadamente o objeto de pesquisa a que o trabalho se propõe.

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39 6 METODOLOGIA

Neste capítulo é descrita a metodologia da pesquisa relacionada aos objetivos geral e

específicos do trabalho.

6.1 Classificação da Pesquisa

Por se tratar do estudo de uma determinada população a respeito do conhecimento e o

sentimento acerca de produtos geneticamente modificados e orgânicos, a presente pesquisa

classifica-se como descritiva, pois conforme Fontelles et al (2009) essa visa investigar e

descrever as respostas com suas respectivas características de uma amostra da população, sem

a necessidade de verificar o mérito do que foi respondido.

Conforme Cendón, Ribeiro e Chaves (2014), a escolha pelo levantamento por meio de

survey se deu pelo fato das web surveys serem automatizadas, viabilizarem preenchimento

automático de alguns campos e conterem botões para o próximo passo, facilitando o processo

de pesquisa, e possuir a possibilidade de inclusão de comentários em questões abertas. Além

disso, conforme Babbie (2005), as investigações surveys permitem colher dados de uma

amostra representativa de uma população específica, a serem descritos e analiticamente

explicados.

6.2 População e amostra

A pesquisa foi realizada com público, entre 20 e 70 anos de idade, que representa, em

grande parte, a elite de Fortaleza – CE,e o foco da pesquisa era investigar a opinião dos

compradores que fazem compras no supermercado eventualmente ou sempre. A técnica de

amostragem dos dados foi feita por conveniência. Conforme Ochoa (2015) a técnica de amostra

por conveniência se trata de selecionar uma amostra da população que seja acessível. Dessa

forma, os indivíduos submetidos a pesquisa foram selecionados por estarem disponíveis e não

por meio de um critério estatístico.

Em relação ao questionário, foram obtidos 140 formulários preenchidos, no entanto

somente 114 foram validados, devido se encaixarem no público desejado para a análise dos

dados ser feita.

6.3 Instrumento de Coletas de Dados

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40

Para realizar o estudo usou-se por base fontes primárias e secundárias. Conforme Mattar

(2005) os dados primários são aqueles que são pesquisados com a finalidade de atender os

objetivos específicos da pesquisa em andamento, são dados que previamente ainda não foram

coletados. Já os dados secundários são os que já foram coletados, tabulados e até interpretados

previamente com o intuito de esclarecer determinado assunto a fim de atender às necessidades

de outras pesquisas em andamento.

Para a coleta dos dados primários, utilizou-se um questionário composto de 3 seções. A

primeira seção do instrumento trouxe 4 questões a respeito de características gerais e

demográficas dos respondentes, tais como gênero, faixa etária, renda familiar e escolaridade. A

segunda parte do instrumento tem como interesse selecionar o público-alvo com uma pergunta

de múltipla escolha, de forma a direcionar a pesquisa para compradores que fazem compras no

supermercado sempre ou eventualmente. A terceira parte do instrumento traz a investigação a

respeito do conhecimento e do sentimento dos compradores, contendo 20 questões, sendo 2

eliminatórias em que uma seleciona o respondente que sabe o que são produtos transgênicos

para responder 9 afirmativas para resposta em escala Likert e a outra que seleciona o

respondente que sabe o que são produtos orgânicos para responder as outras 9 afirmativas para

resposta em escala Likert.

Dessa forma, foram realizadas 25 perguntas, as quais estão dispostas no Quadro 03, de

congruência, a seguir:

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41 Quadro 03 – Quadro de Congruência.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A seguir, o Quadro 4 apresentando o funcionamento do questionário e suas respectivas

seções.

OBJETIVOS ABORDAGEM TEÓRICA ABORDAGEM TEÓRICA Nº QUESTÕES6. Você sabe o que é um produto transgênico?

7.Conheço a diferença entre os produtos transgênicos e orgânicos

Ribeiro e Marin (2003) 4.1 Transgênicos no dia-a-dia 8. Conheço o selo de identificação de um produto

Revista Galileu (2013) 4.2 O desconhecimento acerca dos transgênicos

9. Conheço os riscos dos alimentos transgênicos para a saúde

Pelaes e Schmidt (2000) 2 A ENGENHARIA GENÉTICA E A

10. Conheço os riscos da produção de transgênicos para a sustentabilidade ambiental

Diniz (2007) 4.1 Transgênicos no dia-a-dia 11. Sei que alimentos transgênicos estão presentes no 12. Você sabe o que é um produto orgânico?13. Conheço a diferença entre os produtos orgânicos e 14. Conheço o selo de identificação de um produto orgânico

Forman e Silverstein (2012) 4.2 O desconhecimento acerca dos transgênicos

15. Conheço as vantagens dos alimentos orgânicos para a saúde

Darolt e Skora Neto (2002)Caporali (2016)

3 A ENGENHARIA GENÉTICA E A SUSTENTABILIDADE

16.Conheço as vantagens da produção de orgânicos para a sustentabilidade ambiental

Ministério do Meio Ambiente (2012) 4 OGMs - ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

17.Acredito que a produção de alimentos transgênicos traz vantagens para a indústria alimentícia

18. Acho fácil encontrar alimentos transgênicos para comprar 19. Acho os produtos transgênicos financeiramente acessíveis

Carvalho (2016) 4.2 O desconhecimento acerca dos transgênicos

20. Me sinto confortável ao consumir um alimento transgênico, ao saber que é transgênico

21. Acredito que a produção de alimentos orgânicos traz vantagens para a indústria alimentícia

22. Acho difícil encontrar alimentos orgânicos para comprar 23. Acho os produtos orgânicos muito caros

24.Me sinto confortável ao consumir um alimento orgânico, ao saber que é orgânico

25. Gostaria de consumir alimentos orgânicos na minha rotina1. Qual seu gênero?2. Qual sua faixa etária?3. Qual sua renda familiar mensal?4. Qual sua escolaridade?

5.Em relação as compras dos alimentos de casa, você se encaixa em qual perfil?

*

Phillips (2008)

Phillips (2008)Alves (2004)

Ribeiro e Marin (2003)

Forman e Silverstein (2012)Santos (2015)Franco et al. (2011)

Caetano (2019)Assis e Romero (2002)

2 COMPORTAMENTO E SUSTENTABILIDADE

• Investigar o conhecimento do shopper sobre os produtos orgânicos, suas características, vantagens, riscos e selos de identificação

5 ORGÂNICOS E SUAS QUESTÕES

*Caracterização da amostra

• Investigar o conhecimento do shopper sobre os produtos transgênicos, suas características, vantagens, riscos e selos de identificação

4 OGMs - ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

• Investigar o sentimento do shopper sobre os produtos transgênicos 4.1 Transgênicos no dia-a-dia

• Verificar o sentimento do shopper sobre os produtos orgânicos

5 ORGÂNICOS E SUAS QUESTÕES

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42 Quadro 04 – Seções do questionário.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A seguir, serão apresentados o procedimento, coleta e análise dos dados que a pesquisa

se apoiou.

6.4 Procedimento, coleta e análise dos dados

O questionário foi aplicado do dia 5 ao dia 9 de junho de 2019, via grupos da rede social

Whatsapp. A escolha dos indivíduos da amostra se deu por conveniência.

Para realizar a análise dos dados adotou-se a Estatística Descritiva, utilizando frequência

e porcentagens para a caracterização demográfica e profissional e, para os resultados dos 18

itens em escala Likert e suas relações com as seções, optou-se por fazer uso das medidas de

tendência central e dispersão.

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43

Conforme Silva (2019), as medidas de tendência central são: moda, média e mediana.

A moda se trata do número que mais se repete em um conjunto, a mediana se trata no número

que fica no centro do conjunto, caso seus elementos estejam organizados de forma crescente ou

descrente e a média é justamente a soma de todos os números de uma lista sobre a quantidade

de números somados.

No que tange às medidas de dispersão, essas são: amplitude, desvio, variância, desvio

padrão e coeficiente de variação. A amplitude de um conjunto é a diferença entre o maior

elemento desse conjunto e o menor. O desvio já mostra a diferença entre um dos números do

conjunto e a média desse conjunto, com isso, pode-se dizer que cada um dos números de um

conjunto tem um determinado desvio. A variância é uma medida de dispersão que mostra o

quão distante cada número desse conjunto está, do valor médio. Por fim, o desvio padrão é

capaz de identificar o erro em um conjunto de dados, pois aparece junto a média aritmética a

fim de mostrar o quão confiável aquela média é, enquanto o coeficiente de variação é usado

para analisar a dispersão em termos relativos a seu valor médio (OCHOA, 2015).

Para validar a confiabilidade do questionário, adotou-se o teste Alfa de Cronbach.

Matthiensen (2011) afirma que o Coeficiente Alfa de Cronbach (α) é uma medida

frequentemente utilizada para medir a confiabilidade e a consistência interna dos questionários,

para um conjunto de dois ou mais indicadores de um assunto. Os valores de α podem variar de

0 a 1 e quanto mais próximo de 1, há maior confiabilidade entre os indicadores.

6.5 Confiabilidade do Questionário

A seguir será apresentado os resultados de confiabilidade do questionário, mensurado

por meio da análise do Alfa de Cronbach. Matthiensen (2011) expõe que esse coeficiente é

obtido atrás do cálculo da média dos coeficientes de todas as correlações entre duas metades

divididas. Os valores da escala foram redistribuídos, de tal forma que a resposta 1 (Não

concordo totalmente) recebesse valor zero, a resposta 2 (Não concordo parcialmente) recebesse

valor 0,25, a resposta 3 (Não concordo nem discordo) recebe valor 0,50 e assim sucessivamente,

de modo a não ultrapassar o valor de 1. Sabendo que o resultado também está entre 0 e 1, o

ideal é que chegue no máximo, em 0,6 para que a confiabilidade seja garantida.

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44 Tabela 01: Teste de Confiabilidade Alfa de Cronbach.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Por meio dos resultados de alfa (α) obtidos, constata-se que o questionário apresenta

índices aceitáveis de confiabilidade das respostas.

CONHECIMENTO SENTIMENTO CONHECIMENTO SENTIMENTOMédia 0,70 0,55 0,83 0,72Variância 0,088 0,082 0,066 0,083Alfa (α) 0,09 0,05 0,08 0,07

TRANSGÊNICOS ORGÂNICOSALFA DE CRONBACH

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45 7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa, evidenciando frequências e

porcentagens, de acordo com os perfis dos entrevistados e os objetivos específicos

apresentados. Para atingir o objetivo geral da pesquisa: investigar a atitude dos compradores

com relação produtos geneticamente modificados e orgânicos, com foco nas dimensões

cognitiva e afetiva da atitude, foram definidos dois objetivos específicos: investigar o

conhecimento do comprador sobre os produtos transgênicos e orgânicos, suas características,

vantagens, riscos e selos de identificação e investigar o sentimento do comprador sobre os

produtos transgênicos e orgânicos.

7.1 Perfil dos Respondentes

Neste subtópico serão apresentados o perfil dos respondentes dentro do público-alvo

estipulado, sendo os perfis divididos de acordo com as informações demográficas.

7.1.1 Seleção do público-alvo

Para destinar a pesquisa ao comprador de supermercados foi necessário aplicar uma

pergunta que verificasse a frequência de compras do respondente, pois, para realizar a pesquisa,

foi necessário direcioná-la às pessoas que fazem compras sempre ou eventualmente. Dessa

maneira, a Figura 07 mostra que a pesquisa conseguiu, efetivamente, 114 pessoas que se

encaixavam no perfil de comprador.

Figura 07: Perfil dos respondentes.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

7.1.2 Dados demográficos

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Para mostrar a caracterização do perfil dos respondentes do público-alvo da pesquisa,

as perguntas demográficas de gênero, faixa etária, renda familiar mensal e nível de escolaridade

serão expostas com suas respectivas frequências e porcentagens.

Figura 08: Gênero dos respondentes.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Dos 114 respondentes, 25,1% se classificavam como do gênero masculino, enquanto 64,9% se

classificavam como do gênero feminino.

Figura 09: Faixa etária dos respondentes.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Dentro dos questionários válidos, as idades correspondiam entre 20 e 70 anos. Desses,

52,1% tinham entre 20 e 39 anos e 47,9% entre 40 e 70 anos.

Figura 10: Renda Familiar Mensal dos respondentes.

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Fonte: Elaborado pela autora (2019).

De acordo com a renda familiar mensal, 89,4% dos respondentes tem renda familiar

maior que 3 salários mínimos.

Figura 11: Escolaridade dos respondentes.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Analisando a escolaridade dos indivíduos é possível verificar que grande parte já

concluiu, pelo menos, o ensino superior, representando 67% dos respondentes, enquanto 33%

ainda não possui ensino superior completo. Isso caracteriza o perfil da amostra, que demonstra

estar tendenciada a população com acesso à educação.

7.2 Dados da pesquisa

Para investigar os dados referentes à cognição e afeição dos respondentes por

transgênicos e orgânicos, primordialmente, se fez necessário a aplicação de uma pergunta

eliminatória, para que somente os respondentes que soubessem o que são transgênicos, se

submetessem as afirmativas em escala Likert sobre transgênicos e para que somente os

respondentes que soubessem o que são orgânicos, se submetessem as afirmativas em escala

Likert sobre orgânicos.

Para tratar os dados, adotou-se os parâmetros descritivos como, média, moda, desvio

padrão e coeficiente de variação de todos os itens referentes ao conhecimento do comprador

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48 em relação a transgênicos e orgânicos e sentimento do comprador em relação a transgênicos e

orgânicos. Além disso, os dados foram agrupados de acordo com as seções demonstradas, para

a identificação de similares e divergências entre as subseções demográficas e de cognição e

afeição dos respondentes.

7.2.1 Dados do conhecimento dos transgênicos e orgânicos

Na Figura 13, se tem a questão eliminatória a respeito do conhecimento genérico dos

transgênicos.

Figura 13: Conhecimento dos transgênicos.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

De acordo com a figura, foi possível perceber que, dentre os 114 compradores, 20 não

sabiam o que eram produtos transgênicos. Além disso, somente 4 também não sabiam o que

eram produtos orgânicos, e esses estavam inseridos no universo dos que não sabiam o que eram

transgênicos.

Figura 14 – Conhecimento dos orgânicos.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Como 15% dos compradores desconhece o que sejam transgênicos, então é possível

verificar que muitas pessoas podem estar expondo-se aos riscos que os organismos

geneticamente modificados trazem, sem ter nenhuma noção disso. Ou seja, o mercado orgânico

pode estar perdendo potenciais consumidores, devido ao fato desses não terem a total noção

dos impactos negativos que o consumo de transgênicos pode trazer.

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49 Além disso, o fato de que somente 4 respondentes não sabem o que são produtos

orgânicos, demonstra a diferença de níveis de conhecimento de um produto para outro. Sendo

assim, existe a possibilidade das características dos alimentos orgânicos estarem sendo mais

disseminadas, no contexto atual, do que as características dos alimentos transgênicos.

7.2.2 Dados da Escala de cognição e afeição em relação a transgênicos e orgânicos

Para realizar a análise dos 18 itens restantes do questionário, utilizou-se Escala Likert,

onde valores próximos de zero representam opiniões equivalentes a “discordo totalmente” e os

valores próximos de 5 representam opiniões equivalentes a “concordo totalmente”. Os dados

que foram obtidos, foram tratados analiticamente conforme o objetivo de investigar as

dimensões cognitivas e afetivas da atitude do comprador por entre orgânicos e transgênicos,

conforme demonstra a Tabela 02.

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50 Tabela 02: Resultados da Escala Likert.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Analisando os dados da Tabela 02, em relação aos aspectos de cognição do comprador

sobre transgênicos, os itens “conheço a diferença entre produtos transgênicos e orgânicos” e

“sei que os alimentos transgênicos estão presentes no cotidiano” foram os que tiveram maior

concordância. No entanto, os itens de conhecimento tanto dos riscos em relação a saúde e a

sustentabilidade quanto do selo de identificação dos transgênicos possuem oportunidades de

evolução.

CONHECIMENTO DO SHOPPER SOBRE TRANSGÊNICOSMédia Moda Desvio PadrãoCoeficiente de

Variação

1Conheço a diferença entre os produtos transgênicos e orgânicos

4,0 5 1,03 25%

2Conheço o selo de identificação de um produto transgênico

3,2 5 1,52 47%

3Conheço os riscos dos alimentos transgênicos para a saúde

3,8 5 1,15 30%

4Conheço os riscos da produção de transgênicos para a sustentabilidade ambiental

3,5 3 1,19 34%

5Sei que alimentos transgênicos estão presentes no cotidiano

5,0 4 0,97 19%

SENTIMENTO DO SHOPPER SOBRE TRANSGÊNICOS Média Moda Desvio PadrãoCoeficiente de

Variação

6Acredito que a produção de alimentos transgênicos traz vantagens para a indústria alimentícia

3,4 4 1,25 36%

7Acho fácil encontrar alimentos transgênicos para comprar

3,8 5 1,14 30%

8Acho os produtos transgênicos financeiramente acessíveis

3,4 3 1,11 32%

9Me sinto confortável ao consumir um alimento transgênico, ao saber que é transgênico

2,1 1 1,07 50%

CONHECIMENTO DO SHOPPER SOBRE ORGÂNICOS Média Moda Desvio PadrãoCoeficiente de

Variação

10Conheço a diferença entre os produtos orgânicos e transgênicos

4,3 5 0,99 23%

11Conheço o selo de identificação de um produto orgânico

3,9 5 1,41 36%

12Conheço as vantagens dos alimentos orgânicos para a saúde

4,7 5 0,71 15%

13Conheço as vantagens da produção de orgânicos para a sustentabilidade ambiental

4,4 5 0,87 20%

SENTIMENTO DO SHOPPER SOBRE ORGÂNICOS Média Moda Desvio PadrãoCoeficiente de

Variação

14Acredito que a produção de alimentos orgânicos traz vantagens para a indústria alimentícia

3,3 5 1,38 42%

15Acho difícil encontrar alimentos orgânicos para comprar

3,3 5 1,38 42%

16 Acho os produtos orgânicos muito caros 4,1 5 1,06 26%

17Me sinto confortável ao consumir um alimento orgânico, ao saber que é orgânico

4,1 5 1,06 26%

18Gostaria de consumir alimentos orgânicos na minha rotina

4,6 5 0,81 18%

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No que se refere ao sentimento do comprador em relação a transgênicos, foi possível

visualizar que o item que mais se destaca é “me sinto confortável ao consumir um alimento

transgênico, ao saber que é transgênico”, isso reforça o Princípio da Precaução que pode estar

presente em muitos indivíduos que desconfiam a respeito da confiabilidade dos transgênicos.

Apesar do item “acredito que a produção de alimentos transgênicos traz vantagens para a

indústria alimentícia” ter dito a sua média em 3,4, a afirmativa “me sinto confortável ao

consumir um alimento transgênico, ao saber que é transgênico” teve sua moda definida como

1 (discordo totalmente), resultando em um alto coeficiente de variação em relação à média.

Sobre o conhecimento do comprador em relação a orgânicos, foi unânime que o número

5 (concordo totalmente) foi o que mais apareceu nos resultados. Em relação aos itens com maior

média, esses foram os que se relacionam ao conhecimento das vantagens dos orgânicos para a

saúde e para a sustentabilidade ambiental. Apesar da grande parte da amostra ter concordado

totalmente com o item “conheço o selo de identificação de um produto orgânico”, sua média

ainda ficou abaixo de 4.

Por fim, no que tange aos aspectos afetivos do comprador em relação aos orgânicos,

também foi unânime que o número 5 (concordo totalmente) foi o mais escolhido pelos

respondentes. Em contrapartida, existem dois itens críticos que tornam o coeficiente de variação

alto, mostrando a alta dispersão da média em relação ao desvio padrão. O primeiro foi “acredito

que a produção de alimentos orgânicos traz vantagens para a indústria alimentícia” que

demonstra a possibilidade de muitas pessoas associarem o cultivo transgênico a rentabilidade e

lucro. O segundo foi “acho difícil encontrar alimentos orgânicos para comprar” que mostra que

o comprador tem interesse, porém pode deixar de comprar devido à baixa disponibilidade. Isso,

associado com o item que teve a média mais alta “gostaria de consumir alimentos orgânicos na

minha rotina”, demonstra a alta receptividade das pessoas em relação aos orgânicos.

Ao segmentar o conhecimento em relação aos transgênicos, o sentimento em relação

aos transgênicos, o conhecimento em relação aos orgânicos e o sentimento em relação aos

orgânicos, temos os seguintes dados estatísticos, conforme a Tabela 03:

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Tabela 03: Dimensões dos aspectos cognitivos e afetivos.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Em relação as segmentações dispostas, pode-se entender que o conhecimento sobre

transgênicos e orgânicos e o sentimento pelos orgânicos tiveram, em grande parte, um nível

alto de concordância, de acordo com a moda evidenciada. No entanto, dos três, o conhecimento

a respeito de transgênicos possui bastante dispersão em se relação a média. Já o sentimento com

relação aos transgênicos é o segmento com menor concordância, pois mesmo que sua média

seja de 3,19, sua moda é inferior e o seu coeficiente de variância é o mais alto em relação as

demais.

7.2.2 A Cognição e Afeição em relação a transgênicos e orgânicos e o Perfil Demográfico

A divisão dos respondentes foi segmentada para dar maior visibilidade do

comportamento em relação aos perfis demográficos que serão especificados nas tabelas abaixo:

Tabela 04: Aspectos cognitivos e afetivos e a Faixa Etária.

Fonte: Elaborado pela autora (2019)

Com os dados da tabela 04, é possível visualizar que o público entre 20 e 70 anos possui

maior concordância no que tange aos conhecimentos, tanto dos transgênicos, quanto dos

orgânicos. Em contrapartida, as médias que se relacionam a afeição em relação aos transgênicos

encontram-se, em sua grande maioria, entre 3 e 4. A moda obtida, em todas as idades, na

Média Moda Desvio Padrão Coef. de Var. Média Moda Desvio Padrão Coef. de Var.3,78 5 1,24 33% 3,19 3 1,30 41%

Média Moda Desvio Padrão Coef. de Var. Média Moda Desvio Padrão Coef. de Var.4,32 5 1,06 25% 3,86 5 1,27 33%

CONHECIMENTO SENTIMENTO

CONHECIMENTO SENTIMENTO

TRANSGÊNICOS

ORGÂNICOS

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

20 - 29 anos 4,0 5 1,30 33% 3,3 3 1,25 37% 4,2 5 1,16 28% 3,3 5 1,18 35%30 - 39 anos 4,4 5 1,39 31% 4,7 5 1,22 26% 4,4 5 1,00 23% 2,9 5 1,44 50%40 - 49 anos 4,4 5 1,11 25% 3,1 3 1,35 44% 4,2 5 1,04 25% 3,7 5 1,25 34%50 - 59 anos 3,9 5 1,23 32% 3,4 3 1,37 40% 4,3 5 0,99 23% 3,2 5 1,25 39%60 - 70 anos 4,2 5 1,04 25% 3,4 3 1,23 36% 4,8 5 0,75 15% 2,9 5 1,51 52%

CONHECIMENTO SENTIMENTO CONHECIMENTO SENTIMENTOTRANSGÊNICOS ORGÂNICOS

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53 avaliação do sentimento em relação aos orgânicos foi de 5 (concordo totalmente). Entretanto,

seus respectivos coeficientes de variação são altos, em contraste com os coeficientes de variação

do conhecimento em relação aos orgânicos.

Tabela 05: Aspectos cognitivos e afetivos e a Renda Familiar.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

No que tange à renda familiar mensal dos respondentes, as médias se mantiveram

coerentes por entre as diferentes rendas. Em relação ao conhecimento e sentimento em relação

aos transgênicos, as médias se mantiveram entre 3,2 e 4,5. Já em relação aos orgânicos, as

médias de resposta do conhecimento ficaram entre 3,9 e 4,6 enquanto as respostas do

sentimento em relação aos orgânicos sofreram muitas variações, resultando em coeficientes de

variações altos nas pessoas que tem renda de 1 salário mínimo e de renda entre 6 e 9 salários

mínimos.

Tabela 06: Aspectos cognitivos e afetivos e a Escolaridade.

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

Avaliando a Tabela 06 é possível verificar que os números se comportam de maneira

crescente. De uma ponta a outra, as respostas em relação à cognição a respeito dos transgênicos

variam de 3,8 desde o nível médio até 4,7 com o público que possui mestrado completo. O

mesmo acontece para o sentimento em relação aos transgênicos, com as médias de resposta

indo de 3 até 4,3. No que se refere aos dados obtidos em relação ao conhecimento dos orgânicos,

esse se permanece um tanto quanto constante quando as médias são observadas e o sentimento

em relação aos orgânicos variando bastante em relação aos níveis de escolaridade.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Até 1 salário mínimo (R$ 998) 4,5 5 1,17 26% 4,0 5 1,45 36% 4,5 5 1,24 28% 2,8 1 1,67 61%De 1-3 salários mínimos (R$ 998 - R$ 2.994) 4,2 3 1,37 33% 3,2 3 1,40 44% 4,5 5 1,18 26% 3,8 5 1,33 35%De 3-6 salários mínimos (R$ 2.994 - R$ 5.988) 3,9 5 1,19 31% 3,2 3 1,29 40% 4,2 3 1,29 31% 3,4 5 1,06 31%De 6-9 salários mínimos (R$ 5.988 - R$ 8.982) 4,4 5 1,23 28% 3,5 3 1,27 37% 4,6 3 1,27 27% 3,1 5 1,43 46%De 9-12 salários mínimos (R$ 8.982 - R$ 11.976) 3,7 5 1,32 35% 3,4 3 1,15 34% 3,9 3 1,15 29% 3,3 5 1,23 38%Acima de 12 salários (R$ 11.976) 4,1 5 1,18 29% 3,6 3 1,37 38% 4,4 3 1,37 31% 3,2 5 1,24 39%

CONHECIMENTO SENTIMENTO CONHECIMENTO SENTIMENTOTRANSGÊNICOS ORGÂNICOS

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Média Moda Desvio Padrão

Coef. De Var.

Ensino Médio completo 3,8 5 1,18 31% 3,0 3 1,51 50% 4,4 5 1,27 29% 2,2 1 1,71 78%Ensino Superior incompleto 4,0 5 1,24 31% 3,6 3 1,22 34% 4,2 5 1,11 26% 3,5 5 1,03 30%Ensino Superior completo 4,0 5 1,29 32% 3,5 3 1,26 36% 4,3 5 1,05 24% 3,1 5 1,35 44%Pós Graduação incompleta 4,5 5 1,39 31% 3,8 3 1,02 27% 4,5 5 1,31 29% 3,0 3 1,23 41%Pós Graduação completa 4,0 5 1,22 31% 3,1 1 1,43 46% 4,2 5 0,96 23% 3,3 5 1,24 37%Mestrado incompleto 4,3 5 1,16 27% 3,3 4 1,16 35% 4,0 5 1,16 29% 4,3 4 0,51 12%Mestrado completo 4,7 5 0,99 21% 4,3 4 0,94 22% 4,7 5 0,44 9% 3,7 5 1,13 31%

TRANSGÊNICOS ORGÂNICOS

CONHECIMENTO SENTIMENTO CONHECIMENTO SENTIMENTO

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54 Considerando as segmentações de escolaridade com maior número de respondentes, a

que possuiu maior confiabilidade (menor coeficiente de variação) foi a de Pós Graduação

Completa em relação ao conhecimento dos orgânicos.

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55 8 CONCLUSÕES

Tendo em vista que a ascensão do mercado transgênico avançou rapidamente no país,

sabe-se que os alimentos transgênicos estão incorporados na realidade da população brasileira

e que existem oportunidades de evolução de conhecimento no que se refere a composição,

riscos e impactos que o consumo rotineiro desses alimentos pode acarretar para a saúde e o

meio ambiente.

Considerando que o trabalho pôde auxiliar na compreensão da atitude de compra do

comprador em relação aos transgênicos e aos orgânicos e, por consequência, o comportamento

provável em função da atitude, o embasamento teórico do trabalho se deu a respeito da

sustentabilidade; do conceito de organismos geneticamente modificados, e desconhecimento

acerca deles; dos orgânicos e suas principais questões e do comportamento e a sustentabilidade.

Dessa forma, o objetivo do trabalho se deu acerca de investigar a atitude dos

compradores com relação produtos geneticamente modificados e orgânicos, com foco nas

dimensões cognitiva e afetiva da atitude. Para isso, os dois objetivos específicos traçados foram

alcançados através das análises feitas.

O primeiro objetivo específico foi de investigar o conhecimento do comprador sobre os

produtos transgênicos e orgânicos, suas características, vantagens, riscos e selos de

identificação. Através da pesquisa, obteve-se que 67% dos respondentes sabiam o que era um

produto transgênico e que 78% sabia o que era um produto orgânico. Esse fato demonstra que

o comprador conhece mais a respeito dos orgânicos do que dos transgênicos.

Em se tratando de sustentabilidade, muitas pessoas podem estar comprando certos

alimentos, sem saber que são geneticamente modificados e que trazem riscos à saúde humana.

Além disso, o comércio de orgânicos poderia se beneficiar se essa parcela do mercado soubesse

em que consiste um alimento transgênico, pois, consequentemente, as pessoas compreenderiam

as vantagens dos orgânicos.

A partir dos que sabem o que são transgênicos, foi analisado acerca da diferenciação

entre um produto transgênico e um orgânico, e os números mostram que a maioria das pessoas

possui domínio e conhecem a diferença. A respeito do selo de identificação dos transgênicos,

apesar das avaliações da afirmativa variarem bastante, a média das respostas ainda ficou

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56 próximo a 3, demonstrando haver incertezas por parte dos compradores. Em relação ao ceri de

identificação dos orgânicos, a variação entre as respostas diminui e a média de respostas se

aproxima de 4, revelando que há um bom número de pessoas identificando o selo nas

embalagens dos produtos.

Em se tratando do conhecimento dos riscos dos alimentos transgênicos para a saúde, a

média foi de moderada a alta, isso remete ao fato de que o Princípio da Precaução pode estar

presente no olhar do consumidor. Para complementar esse dado, o conhecimento das vantagens

dos alimentos orgânicos para a saúde trouxe um número expressivo, com coeficiente de

variação baixo, demonstrando iminência a unanimidade.

Em se tratando do conhecimento dos riscos da produção de transgênicos para a

sustentabilidade ambiental o número cai bastante, mostrando que muitos consumidores, tem a

noção dos impactos que podem ser causados à saúde, mas não associam que esses podem vir a

causar danos a diversos outros seres do meio ambiente. Em contrapartida, muitos respondentes

associaram a produção de orgânicos como ação vantajosa para a sustentabilidade ambiental.

Em relação à ciência de que os alimentos transgênicos estão presentes no cotidiano, a

aderência foi alta, evidenciando um provável conformismo com a presença da transgenia na

realidade. Acerca da Teoria da Ação Planejada, aqui é possível visualizar um exemplo, onde o

comprador sabe dos riscos dos OGMs, mas continua incorporando-os ao seu dia a dia, revelando

nele um baixo controle comportamental percebido, incapaz de impulsionar a intenção para gerar

comportamento.

Já o segundo objetivo específico foi de investigar o sentimento do comprador sobre os

produtos transgênicos e orgânicos.

No item em que, positivamente, associa-se a produção de transgênicos e a indústria

alimentícia, as respostas foram de moderadas a altas, igualando-se a associação positiva entre

a produção de orgânicos e a indústria alimentícia. Acerca da facilidade de encontrar produtos

transgênicos, as respostas também foram entre moderada e alta, no entanto, ainda acima do

sentimento de facilidade de encontrar orgânicos.

No que tange à acessibilidade financeira de comprar os produtos, em relação aos

transgênicos a maioria da população da amostra se manteve indiferente. Porém, com relação

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57 aos orgânicos, houve concordância alta de que os preços dos alimentos orgânicos são caros,

facilitando a compreensão do preço como fator que minimiza a intenção para gerar

comportamento.

No que se refere ao nível de conforto em relação ao consumo de um transgênico, ao

saber que é transgênico, esse item mostra aderência baixa, com a maioria da população

pontuando 1 (discordo totalmente). O contrário acontece na apuração do nível de conforto em

relação ao consumo de um orgânico, com a maioria pontuando 5 (concordo totalmente).

Por fim, em relação ao índice que mede o quanto a amostra gostaria de consumir

orgânicos na rotina, esse possui alta aderência e baixo coeficiente variável, demonstrando

maioria concentrada na pontuação 5 (concordo totalmente). Isso reforça os aspectos levantados

acerca do público e demanda já existente no mercado e com alta receptividade para incorporar

os orgânicos no cotidiano.

Em relação da associação dos aspectos cognitivos e afetivos com os dados

demográficos, pode-se concluir que a questão demográfica que mais impactou no resultado foi

a escolaridade, visto que, principalmente os aspectos cognitivos sobre transgênicos e orgânicos

se demonstraram diretamente proporcionais ao nível de escolaridade.

Nesse cenário, fica evidenciada a oportunidade que o mercado orgânico tem de ascender

através dos aspectos cognitivos da população acerca das consequências que a inserção dos

transgênicos na alimentação diária pode acarretar. Além disso, a informação a respeito das

dificuldades atravessadas pelo comércio orgânico pode levar às pessoas a compreensão do valor

elevado que é atribuído aos produtos orgânico.

Acerca das limitações, quanto à metodologia, existem algumas limitações em se

tratando do tamanho da amostra que se distancia do todo da população, uma vez que a amostra

é não probabilística e a técnica de amostragem foi por conveniência. Além disso, amostras

pequenas dão margem para altos coeficientes de variação, tornando a análise dos dados fique

mais limitada. Para o tema, sugere-se pesquisas com amostras maiores e em outras localidades

do país, para que se possa investigar de forma mais assertiva quais são e onde estão localizados

os principais desafios para o mercado dos orgânicos.

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