55
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA CURSO DE AGRONOMIA ERICH CELESTINO BRAGA PEREIRA DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ERODIBILIDADE DO SOLO (K) PARA UMA BACIA EXPERIMENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, UTILIZANDO GEOPROCESSAMENTO FORTALEZA CE 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

CURSO DE AGRONOMIA

ERICH CELESTINO BRAGA PEREIRA

DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ERODIBILIDADE DO SOLO (K) PARA UMA BACIA EXPERIMENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO,

UTILIZANDO GEOPROCESSAMENTO

FORTALEZA – CE

2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

ERICH CELESTINO BRAGA PEREIRA

DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ERODIBILIDADE DO SOLO (K) PARA UMA BACIA EXPERIMENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, UTILIZANDO

GEOPROCESSAMENTO

Monografia apresentada ao Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo. Orientador: Prof. Dr. Fernando Bezerra Lopes

FORTALEZA – CE 2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca UniversitáriaGerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

P49d Pereira, Erich Celestino Braga. Determinação do fator de erodibilidade do solo (k) para uma bacia experimental no semiárido brasileiro,utilizando geoprocessamento / Erich Celestino Braga Pereira. – 2016. 53 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de CiênciasAgrárias, Curso de Agronomia, Fortaleza, 2016. Orientação: Prof. Dr. Fernando Bezerra Lopes.

1. USLE. 2. Bacias Hidrográficas. 3. Geoestatística. I. Título. CDD 630

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

ERICH CELESTINO BRAGA PEREIRA

DETERMINAÇÃO DO FATOR DE ERODIBILIDADE DO SOLO (K) PARA UMA BACIA EXPERIMENTAL NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO, UTILIZANDO

GEOPROCESSAMENTO

Monografia apresentada ao Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.

Aprovado em : ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Professor Dr. Fernando Bezerra Lopes (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________________ Dra. Aldênia Mendes Mascena de Almeida (Conselheira)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

__________________________________________________ Professor Dr. Luiz Carlos Guerreiro Chaves (Conselheiro)

Faculdade Terra Nordeste (Fatene)

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

“Até mais, e obrigado pelos peixes!”.

Douglas Nöel Adams

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

AGRADECIMENTOS

Eu, Erich, agradeço primeiramente a Deus, que mesmo em toda minha descrença não

me negou auxílio nos momentos de necessidade.

Aos meus pais, Phaeena e José Agostinho. Ela com o colo de mãe sempre disponível e

cuidados ímpares. Ele com o indescritível apoio moral e orgulho. Sem vocês esse

projeto seria impossível.

À minha namorada, Beatriz, pelo Amor, carinho e companheirismo, os quais me

auxiliaram nessa caminhada.

Ao meu prezado orientador, Professor Dr. Fernando Bezerra Lopes, por todo o

ensinamento, paciência e apoio, que incentivaram a conclusão desse trabalho e de

muitos outros.

Ao meu caro amigo e companheiro de trabalho, Francisco Emanoel Firmino Gomes, por

todo auxílio durante as etapas dos experimentos, compartilhando suas experiências e

tornando esse trabalho possível.

Aos integrantes da Banca Examinadora: Dra. Aldênia Mendes Mascena de Almeida e

Dr. Luiz Carlos Guerreiro Chaves, pelos inestimáveis conselhos e observações acerca

desse trabalho, os quais ajudarão na elaboração de inúmeros outros trabalhos.

Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e profissionais que ali

encontrei e com quem tenho orgulho em trabalhar.

Ao meu amigo Pedro, pelos conselhos pontuais que muito auxiliaram na conclusão

desse trabalho.

Aos meus amigos de graduação: Moisés, Marina, Rhayane, Ítalo, Juliana, Albertina,

Cícero, Glauber, obrigado pelas experiências compartilhadas.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

RESUMO

O fator de erodibilidade do solo (K) é definido como a capacidade do solo em resistir à

erosão, sendo considerado a variável mais importante da USLE por tratar dos

parâmetros físicos do solo que regulam a erosão. O nomograma Wischmeier é o modelo

mais utilizado mundialmente para determinar o valor de K. A utilização de

geoprocessamento mostra-se como uma excelente alternativa para a modelagem do

comportamento dos fatores referentes aos processos erosivos do solo. Portanto,

objetivou-se determinar o fator de erodibilidade dos solos para a Bacia Experimental

Vale do Curu, estado do Ceará, além de avaliar a adequabilidade do nomograma de

Wishmeier para determinar o fator K para a área de estudo. Outro objetivo foi elaborar o

mapa de erodibilidade do solo para a bacia hidrográfica estudada por meio da krigagem.

Foram plotados 35 pontos em uma malha digital na área de estudo, de onde realizaram-

se coletas de amostras deformadas e indeformadas do solo. Foram necessárias análises

laboratoriais de fatores físicos (granulometria e permeabilidade) e químicos (matéria

orgânica) para a determinação do Fator de erodibilidade do solo. Em seguida, foi

determinada a ocorrência de dependência espacial e a interpolação do fator K pelo

método da krigagem. Foram testados os semivariogramas esférico, exponencial e

gaussiano para a geração do mapa de erodibilidade do solo, sendo a escolha do melhor

método por meio de validação cruzada. O valor médio do fator K para o Luvissolo foi

de 0,0328 ton ha h ha-1 MJ-1.mm-1; para o Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico foi de

0,0258 ton ha h ha-1.MJ-1 mm-1; e 0,0424 ton ha h ha-1 MJ-1.mm-1 para o Neossolo

Flúvico. A média ponderada dos valores de K para a área de estudo foi de 0,0312 ton ha

h ha-1 MJ-1 mm-1. O valor de médio de M (relacionado às partículas primárias do solo)

foi de 3817,40, 3328,81 e 4867,95, e o somatório de areia fina com silte foi de 43,96,

37,93 e 53,71, respectivamente para o Luvissolo, Argissolo Vermelho-Amarelo

eutrófico e Neossolo Flúvico. A Bacia Experimental Vale do Curu classifica-se como

altamente erodível. O nomograma de Wischmeier mostrou-se adequado para a

determinação do fator K para os solos estudados. O modelo gaussiano foi o que melhor

se adaptou para a geração do mapa de erodibilidade dos solos para a área estudada.

Palavras-chave: USLE. Bacias Hidrográficas. Geoestatística.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

ABSTRACT

The soil erodibility factor (K) is defined as the capacity of the soil resists to erosion,

being considered the most important variable of the USLE (Universal Soil Loss

Equation) by treat of the physical soil parameters that order the erosion. The

Wischmeier nomograph is the mostly model used worldwide for K value determination.

The use of geoprocessing tools is an excellent alternative for behavior modeling of the

soil erosive processes’ factors. Thus the objective of the work was determine the soil

erodibility factor for the Experimental Watershed Vale do Curu, State of Ceará, Brazil,

and to evaluate the suitability of the Wischmeier nomograph to determine the K factor

for the studied area. Another objective was to elaborate the map of the Watershed using

kriging. 35 points were sampled on a digital mesh on the study’s area, where deformed

and undeformed soil samples were collected. Laboratory analyzes of physical factors

(granulometric and permeability) and chemical (organic matter) were necessary to

determine the soil erodibility factor. Then the occurrence of spatial dependence was

determined and made the K factor interpolation by kriging. The semivariograms

spherical, exponential and gaussian were tried for the generation of the soil erodibility

map, choosing the best model by cross validation. The K medium value for the Luvisol

was 0.0328 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, for the Red-Yellow Argisol eutrophic the K

medium value was 0.0258 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, and 0.0424 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1

for the Fluvisol. The weighted average of the K values for the study area was 0.0312 ton

ha h ha-1 MJ-1 mm-1. The medium value of M (related to primary soil particles) was

3817.40, 3328.81 and 4867.95, and the sum of thin sand with silt was 43.96, 37.93 and

53.71, respectively for Luvisol, Red-Yellow Argisol euthrofic and Fluvisol. The

Experimental Watershed Vale do Curu is classified as highly erodible. The Wischmeier

is appropriate for determine the K soil factor for the studied soils. The Gaussian model

was the mostly suitable for the generation of the erodibility soils map for the studied

area.

Keywords: USLE. Watershed. Geostatistic.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Nomograma utilizado na determinação do fator de erodibilidade dos solos...20

Figura 2. Bacia Experimental Vale do Curu e cursos hídricos........................................25

Figura 3. Solos da Bacia Experimental Vale do Curu.....................................................26

Figura 4. Pontos de coleta de solo...................................................................................28

Figura 5. Histograma dos valores do fator de erodibilidade do solo (K)........................42

Figura 6. Comportamento do semivariograma gaussiano...............................................44

Figura 7. Mapa de erodibilidade do solo da Bacia Experimental Vale do Curu.............45

Figura 8. Mapa da predição do erro médio......................................................................46

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classes Granulométricas..................................................................................30

Tabela 2. Classes de estrutura do solo.............................................................................30

Tabela 3. Permeabilidade em relação à textura e condutividade hidráulica do solo.......31

Tabela 4. Valores e respectivas interpretações para a erodibilidade dos solos (K).........32

Tabela 5. Estatística (E), Teor de Matéria Orgânica (MO), parâmetros granulométricos,

estrutura (S) e permeabilidade (P) para os solos da Bacia Experimental Vale do

Curu.................................................................................................................................35

Tabela 6. Estatística, ocorrência das classes de solo, valores de erodibilidade do solo e

classificação das erodibilidades.......................................................................................37

Tabela 7. Componentes do variograma e Grau de Dependência Espacial......................43

Tabela 8. Estatística do erro gerada pela validação cruzada dos modelos......................43

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 13

2.1 Geral .................................................................................................................... 13

2.1 Específico ............................................................................................................. 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 14

3.1 Bacias hidrográficas ........................................................................................... 14

3.2 Erosão .................................................................................................................. 15

3.3 Universal Soil Loss Equation (USLE) ............................................................... 17

3.4 Erodibilidade (K) ................................................................................................ 18

3.5 Geoprocessamento .............................................................................................. 21

4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 25

4.1 Área de estudo ..................................................................................................... 25

4.2 Espacialização das coletas e confecções dos mapas ......................................... 27

4.3 Coletas de solos ................................................................................................... 28

4.4 Métodos analíticos .............................................................................................. 29

4.4.1 Granulometria ................................................................................................ 29

4.4.2 Permeabilidade .............................................................................................. 30

4.4.3 Matéria Orgânica ........................................................................................... 31

4.5 Fator de erodibilidade do solo ........................................................................... 32

4.6 Tratamento dos dados e Análises Geoestatísticas e Estatística ...................... 32

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 34

5.1 Valores do fator de erodibilidade do solo (K) .................................................. 34

5.2 Adequação dos solos da Bacia Experimental Vale do Curu ao Nomograma de Wischmeier ................................................................................................................ 41

5.3 Geoestatística e geração do mapa de erodibilidade dos solos da Bacia Experimental Vale do Curu ..................................................................................... 41

6 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 49

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

11

1 INTRODUÇÃO

A erosão do solo é um processo natural causado pelo carreamento das partículas

do solo pela ação combinada de vários fatores, tendo a erosão hídrica como principal

desencadeador desse desprendimento (WISHMEIER; SMITH, 1965). Mesmo sendo um

processo natural, a erosão hídrica somada a outros fatores, como as atividades

antrópicas de uso e ocupação do solo, aumenta a pressão ambiental, sendo essa

combinação a principal causadora de desertificação em várias partes do globo

(MAESTRE et al., 2006).

A região semiárida brasileira, localizada na região Nordeste do Brasil, concentra

os principais focos de desertificação. Essa tendência da região é favorecida por

condições naturais como predominância de solos jovens, que desfavorecem a drenagem

da água, chuvas intensas, irregulares e concentradas, proteção reduzida do solo, balanço

hídrico negativo e elevadas temperaturas (THOMAZ et al., 2009).

Além das condições naturais, o processo de desertificação da região semiárida é

incrementado pelas atividades antrópicas, tais como retirada da vegetação nativa,

queimadas, agricultura intensiva e ausência de práticas conservacionistas; atividades

essas que aceleram o processo de desertificação em centenas de anos. As condições

naturais e atividades antrópicas que atuam no processo de desertificação são expressas

no ambiente e na formação da bacia hidrográfica (LEITE et al., 1993).

A bacia hidrográfica é a unidade fisiográfica à qual devem ser direcionadas

intervenções a fim de favorecer a conservação e manutenção dos recursos hídricos e do

solo, pois a mesma recebe as águas pluviais da área, recebendo essas águas e escoando-

as no exutório. Por esse motivo a erosão hídrica, bem como seus efeitos e controle desta

possuem foco na bacia hidrográfica, sendo os investimentos para a manutenção da

quantidade e qualidade dos recursos hídricos direcionados para essa unidade de

conservação (BARACUHY et al., 2003).

O principal modelo utilizado mundialmente para a estimativa da erosão é a USLE

(Universal Soil Loss Equation), desenvolvido por Wischmeier e Smith (1965) para a

predição da erosão. O modelo fornece ferramentas que podem ser usadas como apoio à

tomada de decisões quanto ao manejo de bacias hidrográficas.

Esse modelo utiliza de equações para a determinação dos componentes que mais

afetam a erosão (A), tais como intensidade de pluviosidade (R), características

intrínsecas do solo que permitem resistir ao processo (K), comprimento da rampa (L)

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

12

com sua respectiva declividade (S), cobertura solo (C) e ocorrência de práticas

conservacionistas (P). Porém, a obtenção das variáveis que compõem esse modelo pode

ser um processo bastante demorado e limitado a pequenas áreas (WANG et al., 2013).

O fator de erodibilidade do solo (K) é o componente representativo da física do

solo na USLE, o qual é função da matéria orgânica, permeabilidade e granulometria dos

solos. O mesmo diz respeito à capacidade do solo em resistir ao carreamento de

partículas pela ação hídrica, sendo representado pela quantidade de solo perdido em

determinado período de tempo, causada por ação da energia hídrica (ARRAES et al.,

2010; WISCHMEIER; MANNERING, 1969).

O fator K pode ser determinado de forma direta no campo sob parcela padrão ou

utilizando-se de modelos para a determinação do mesmo. Determinar o fator K sob

parcela padrão exige considerável investimento financeiro e de tempo, o que leva os

pesquisadores a preferirem a utilização de modelos para sua determinação (OZCAN et

al., 2008). O principal modelo utilizado para a determinação do fator de erodibilidade

do solo é o Nomograma de Wischmeier et al. (1971), sendo esse fator obtido com

valores de entrada no nomograma referentes aos fatores aos quais o fator relaciona-se

ou pela equação gerada pelo modelo.

A utilização do geoprocessamento em conjunto com o modelo USLE vem

proporcionando ótimos resultados no que concerne tanto ao tempo quanto aos

investimentos, além da elaboração de mapas de modelagem da distribuição da variável,

com respectivas análises geoestatísticas e geração de mapa de erros relacionados às

variáveis ou espacialização (WANG; GERTNER; FANG, 2003).

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

13

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Determinar o fator de erodibilidade para os solos da Bacia Experimental Vale do

Curu, além de gerar o mapa de erodibilidade para a área de estudo, utilizando a

interpolação por krigagem.

2.1 Específico

Avaliar a adequabilidade do nomograma de Wischmeier para a determinação do

fator de erodibilidade para os solos da área de estudo.

Determinar o semivariograma que melhor se adeque para a elaboração do mapa

de erodibilidade para a área de estudo, avaliando os modelos esférico, exponencial e

gaussiano por meio da validação cruzada.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

14

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Bacias hidrográficas

A bacia hidrográfica é a unidade fisiográfica onde ocorrem os processos hídricos,

estando em equilíbrio dinâmico entre a adição e a perda de energia e matéria no

ecossistema. No que diz respeito aos estudos relacionados à modelagem da superfície de

determinada área, a bacia hidrográfica possui influência direta sobre a mesma, com

papel importante em processos do ciclo hidrológico, como a infiltração, a quantidade de

água produzida por deflúvio, a evaporação e o escoamento superficial e subsuperficial

(TONELLO et al., 2006).

Pela importância e relevância das bacias hidrográficas na manutenção da

qualidade dos recursos hídricos, foi promulgada a Lei Nº 9.433, de 08 de janeiro de

1997, que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos. Essa lei trata a Bacia

Hidrográfica como sendo a unidade territorial para a implementação das políticas de

conservação do solo e água, a fim de assegurar a qualidade da água para a atual e

futuras gerações.

Para a recuperação e conservação dos recursos hídricos devem ser aplicadas

intervenções nas bacias hidrográficas, realizando-se o diagnóstico conservacionista da

área estudada, com o objetivo de avaliar a deterioração ambiental e a partir desse ponto

fazer um planejamento para favorecer a conservação dessa formação (BARACUHY et

al., 2003).

A ação dos processos erosivos no solo de uma bacia hidrográfica possui relação

direta com a qualidade da água e os recursos naturais, culminando com a deposição de

sedimentos no leito dos rios e reservatórios carreados nos processos erosivos. Sendo

assim é necessário que ocorra manejo conservacionista das bacias hidrográficas, a fim

de evitar a degradação ambiental, o que causa a redução na qualidade e quantidade de

água que pode ser gerada nas mesmas, principalmente em regiões áridas e semiáridas do

globo, onde os recursos hídricos são escassos e a pressão ambiental é intensa

(MARQUES et al., 2004).

Pelas grandes dimensões das bacias hidrográficas, muitos estudos são realizados

em bacias experimentais. A bacia experimental é definida como aquela na qual podem

ser modificadas as condições naturais mediante procedimentos de combate à erosão e

onde sejam estudados os efeitos dessas modificações sobre o ciclo hidrológico,

oferecendo condições ideais ao desenvolvimento de estudos ecológicos que visem

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

15

avaliar o manejo e a conservação por meio da estrutura e dinâmica do ciclo hidrológico,

o que pode ser extrapolado para bacias hidrográficas (VILLELA; MATTOS, 1975;

ZAKIA et al., 1998).

Estudos relacionados ao manejo de técnicas para a gestão da água de determinada

região são mais representativos quando estudados com a correta instrumentação de

bacias experimentais, a fim de avaliar as técnicas de conservação da qualidade da água,

bem como disponibilidade e demanda da mesma, principalmente em regiões que

possuem escassez hídrica, como o semiárido brasileiro, onde a questão do uso e

demanda da água possui tamanho impacto (PALMIER, 2001).

Sabendo disso, é importante o conhecimento das características da região onde

encontra-se a bacia hidrográfica para uma melhor tomada de decisão quanto ao manejo

conservacionista mais adequado de seus recursos hídricos e pedológico. A utilização de

técnicas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) para a modelagem da erosão

causada pela água em bacias hidrográficas facilita as análises e avaliações das

interações entre os fatores, criando e computando potenciais modelos, incrementando

complexos métodos de relações. As ferramentas de SIG favorecem a visualização,

entendimento, interpretação e manipulação dos dados espacializados em uma área,

sendo essas técnicas bastante utilizadas em parceria com modelos geoestatísticos, a fim

de favorecer essa modelagem mais próxima da realidade (DOĞAN et al., 2015).

3.2 Erosão

Erosão é caracterizada pelo processo de desagregação e carreamento das

partículas do solo ou fragmentos de rocha, pela ação combinada da gravidade com a

água, vento, gelo ou organismos (ARRAES et al., 2010). O processo de erosão ocorre

quando a intensidade de chuva é superior à capacidade de infiltração do solo. Embora a

erosão seja um processo natural, as atividades antrópicas de uso e ocupação do solo

tendem a acelerar a degradação dos solos e consequentemente dos recursos hídricos

(PEREIRA et al., 2015).

A chuva é a principal responsável pela erosão hídrica, sendo as principais forças

desagregadoras: a causada pelo respingo de gotas da chuva e o escoamento laminar. Da

ocorrência de precipitações pluviométricas em solos desprotegidos, o impacto das gotas

de chuva causa o desprendimento das partículas superficiais do solo, podendo causar

selamento superficial do solo pelo respingo dessas partículas, podendo reduzir assim a

capacidade de infiltração da água no solo, causando o escoamento superficial e

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

16

consequentemente o carreamento das partículas mais facilmente desprendíveis do solo

(PIMENTEL et al., 1995).

Este processo, especialmente em bacias hidrográficas, é um dos principais

problemas ambientais, que pode causar consequências aos recursos hídricos como

assoreamento de mananciais e reservatórios, redução da produtividade de solos, perda

da qualidade da água e enchentes (XAVIER; DA SILVA, 2016). Com isso, a reversão

desse quadro causado pela acumulação de sedimentos nos cursos d’água e reservatórios

é de extrema dificuldade, especialmente em regiões áridas e semiáridas, onde os rios são

intermitentes e muitas vezes de baixa vazão (CARVALHO et al., 2000).

Um terço dos solos da terra pode ser classificado como deserto ou em processo de

desertificação, sendo o principal desencadeador desse processo a erosão hídrica

(VERHEYE; DE LA ROSA, 2006). De acordo com o Bates et al. (2008), regiões áridas

e semiáridas do globo ocupam cerca de 40% da superfície terrestre. Esse contínuo

avanço da desertificação é uma preocupação mundial, tendo-se em vista que alguns dos

maiores aglomerados do mundo, como Índia, China, México e Austrália possuem

enormes áreas sofrendo com o processo de desertificação (MAESTRE et al., 2006).

Para Amore et al. (2004), a combinação entre a intensificação da agricultura, a

degradação dos solos e chuvas intensas pode ser acelerada por causa das mudanças

climáticas. No semiárido brasileiro, o uso desenfreado dos recursos naturais somados às

irregularidades das chuvas tem provocado uma série de problemas ambientais, inclusive

a desertificação (TRAVASSOS; DE SOUZA, 2011).

Em regiões de semiárido a erosão hídrica tende a acentuar as pressões ambientais,

pois extensos períodos de seca e baixa umidade do solo reduzem o desenvolvimento das

plantas, limitando a quantidade de resíduos produzidos pelas mesmas para a proteção do

solo contra a ação das chuvas (WISHMEIER; SMITH, 1978).

No Brasil, segundo Thomaz et al. (2009), as áreas susceptíveis à desertificação

alcançam 980.711 km2, na sua maioria, localizadas na região Nordeste do país. Segundo

IPECE (2016) o Ceará possui cerca de 93% do seu território inseridos no semiárido

nordestino, sendo então um território bastante susceptível à desertificação com a

acentuação das pressões ambientais somadas aos modelos de uso e ocupação do solo

pela ação antrópica.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

17

3.3 Universal Soil Loss Equation (USLE)

A USLE (The Universal Soil Loss Equation) é um modelo empírico desenvolvido

para mensurar a perda de solo por erosão laminar e por sulcos para diferentes classes de

solo. Essa equação avalia a forma particular na qual as inúmeras variáveis físicas e de

manejo do solo se combinam num mesmo ponto, expressando uma taxa de erosão do

solo (WISCHMEIER; SMITH, 1978).

Esse modelo foi desenvolvido em parcela-padrão com dimensões de 22,1 metros

de comprimento de rampa, com 9% de declividade com condições de solo desprotegido

e cultivados de forma contínua. Foram construídas mais de 10.000 parcelas-padrão para

diferentes tipos de solo do Meio-Oeste dos EUA, os quais possuem características de

solos de textura média e sujeitos a baixos processos de intemperismo. A equação foi

desenvolvida a partir dos dados anuais dessas 10.000 parcelas-padrão, permitindo assim

a estimativa média de perda de solo em determinada área por unidade de tempo em

solos com diferentes cultivos agrícolas (WISCHMEIER; SMITH, 1978).

A principal finalidade da equação da perda de solo é padronizar um modelo a fim

de orientar as tomadas de decisões em planejamentos de conservação de solo e água

(RENARD et al., 1997). Para Souza et al. (2006), a equação da perda de solo é

constituída por fatores naturais (erosividade das chuvas, erodibilidade dos solos,

geometria da encosta afetada) e por fatores antrópicos (uso, manejo e práticas

conservacionistas).

A predição da perda de solo torna-se dificultada por envolver múltiplos fatores, as

interações entre os mesmos e com os diferentes ecossistemas, bem como as variações

espaciais e temporais que ocorrem no processo (WANG, GENTNER, FANG, 2003).

Uma limitação da USLE é que o modelo não considera as interações entre os fatores,

somente o produtório dos mesmos, tornando-o limitado para o uso universal. Essa

limitação vem tendo seus efeitos reduzidos pelo uso de modelos geoestatísticos, os

quais avaliam as interações entre os fatores (ALVES; SOUZA; MARQUES, 2005).

Os modelos de quantificação da perda de solo baseado na parcela padrão,

possuem limitações em termos de custos, tempo, representatividade e confiabilidade dos

resultados. Além disso, ocorrem restrições com número limitado de amostras em

ambientes complexos, não fornecendo uma distribuição espacial da erosão do solo,

sendo o mapeamento de grandes áreas, como bacias hidrográficas, bastante limitado

utilizando esses métodos (LU; VALLADARES, 2004).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

18

Sendo assim, pesquisadores vêm tentando adaptar a USLE a modelos

representativos à diferentes condições físicas e de manejo do solo. A determinação do

Fator de Erodibilidade em parcela padrão é aplicável somente a alguns dos principais

tipos de solo (WISHMEIER; MANNERING, 1969; ALVES; SOUZA; MARQUES,

2005).

A partir do conhecimento dos tipos de solo, bem como de suas propriedades e

características hidrológicas da região, é possível inferir sobre a susceptibilidade natural

do mesmo quanto à erosão (DEMARCHI; ZIMBACK, 2014). A obtenção do valor da

perda de solo é alcançada pelo produtório dos seis fatores que compõem a equação, os

quais podem ser apresentados de forma numérica e expressa em unidade de massa por

unidade de área por tempo (SOUZA et al., 2006; WEILL; SPAROVEK, 2008;

EDUARDO et al., 2012). A = R. K. LS. C. P (01)

em que:

A - perda de solo por unidade de área e tempo (ton ha-1 ano-1);

R - fator de erosividade da chuva, representando a erosão potencial ou poder erosivo da

precipitação média anual (MJ mm ha-1.h-1 ano-1);

K - fator de erodibilidade do solo, representando a susceptibilidade do solo em sofrer

erosão sob determinada intensidade de chuva (ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1);

L - fator comprimento de declive, que é a relação da perda de solo entre um

comprimento de declive qualquer e um comprimento de rampa de 22,1 m para o mesmo

solo e grau de declive;

S - fator referente ao grau de declive, que é a relação de perdas de solo entre um declive

qualquer e um declive de 9% para o mesmo comprimento de rampa;

C - fator cobertura e manejo, que representa a relação entre perdas de solo de um

terreno cultivado em dadas condições e as perdas correspondentes de um terreno

mantido continuamente descoberto;

P - fator de práticas conservacionistas, expressa a relação entre a perda de solo com

determinada prática conservacionista e a correspondente perda quando a cultura está

implantada no sentido do declive.

3.4 Erodibilidade (K)

O fator de erodibilidade do solo (K) é a variável da USLE que está relacionada às

variáveis físicas da equação, referindo-se à suscetibilidade do solo em sofrer erosão,

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

19

evidenciando, com isso, a capacidade do solo em resistir ao processo erosivo. Assim, o

fator K deve ser definido como a quantidade de solo perdida por unidade de área pela

ação de força exógena (precipitação pluviométrica), representando a perda de solo por

unidade de índice de erosividade da chuva (LOCH et al., 1998). As propriedades físicas

a que se refere o fator K são relacionadas às propriedades inerentes do solo, como a

permeabilidade, concentração de matéria orgânica e granulometria (WISCHMEIER;

SMITH, 1978; ARRAES et al., 2010).

Por ser uma variável padronizável, as características referentes à física de cada

classe de solo demostram respostas parecidas em diferentes ambientes. Sendo assim,

conhecendo-se a classe a que o solo estudado pertence, pode-se inferir previamente

sobre a erodibilidade desse solo por outros estudos para essa mesma classe de solo. As

propriedades complexas desse fator são dependentes tanto da capacidade de infiltração

da água no solo como da capacidade desse solo em resistir ao rompimento e

carreamento pela precipitação pluviométrica e escoamento superficial (WISHMEIER;

MANNERING, 1969).

A utilização da parcela padrão para a obtenção dos fatores referentes à USLE,

dentre esses o fator K, propicia restrições quanto aos investimentos de tempo e recursos,

sendo necessário o desenvolvimento de outras adaptações do modelo, a fim de facilitar a

obtenção dos valores de K e distribuição desse no espaço (WANG et al., 2013).

Segundo Correchel (2003), o fator K pode ser determinado diretamente em campo

sob condições de chuva natural ou simulada em parcelas padrão ou então utilizando

métodos empíricos para a determinação indireta. O fator K determinado em campo sob

parcela padrão pode ser obtido pela relação da perda de solo (A), obtida pela análise do

material escoado na parcela padrão, pela erosividade da chuva (R), obtida a partir de

dados pluviométricos da região estudada (K = A/R).

A determinação de forma direta demanda muito tempo e altos custos. Segundo

Lira (2012), a determinação da erodibilidade do solo é o parâmetro de maior

morosidade e custos em pesquisas sobre erosão no Brasil, devido ao seu grande

território e a diversidade de solos existentes.

Sendo assim, o uso de modelos para a obtenção desse fator torna-se indispensável,

uma vez que equações de regressão habilitam o planejador a projetar dados

experimentais, os quais podem ser avaliados com diferentes combinações dos fatores,

obtendo assim resultados viáveis com menor dispêndio tanto de recursos quanto de

tempo (WEILL; SPAVOREK, 2008).

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

20

O modelo empírico mais utilizado mundialmente para a determinação do fator de

erodibilidade do solo é o Nomograma de Wischmeier et al. (1971), que utiliza de

regressões múltiplas. Esse modelo prevê a obtenção dos parâmetros para a determinação

da erodibilidade do solo sob parcela padrão, porém para a determinação satisfatória

desse fator para compor a USLE sob parcela padrão são necessários pelo menos 5 anos

de estudo para um resultado minimamente convincente (LOCH et al., 1998) (Figura 1).

Figura 9. Nomograma utilizado na determinação do fator de erodibilidade dos solos

Fonte: Adaptado de Wischmeier et al. (1971).

Esse modelo correlaciona a textura do solo, estrutura do solo, classe de

permeabilidade e a porcentagem de matéria orgânica, podendo os valores serem

aplicados diretamente no Nomograma supracitado, ou então na fórmula gerada pelo

modelo (LIMA et al., 1990; CORRECHEL, 2003).

Para obter o Fator K entrando com os valores diretamente no nomograma, deve-se

primeiramente obter os valores referentes à granulometria, matéria orgânica, estrutura e

permeabilidade do solo.

Inicia-se no nomograma com o valor referente ao percentual de silte somado à

areia fina, adentrando no eixo das ordenadas do gráfico localizado à esquerda, seguindo

até a curva referente ao valor de porcentagem de areia. Com o ponto marcado na curva

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

21

referente à areia, traça-se uma linha reta 90º no sentido ascendente do gráfico até a

curva referente à porcentagem de matéria orgânica. Desse ponto marcado, traça-se uma

linha horizontal no sentido do gráfico localizado à direita até a curva correspondente ao

valor da estrutura. Após, traça-se uma reta em 90º descendente até a curva com valor da

permeabilidade. Por fim, desse ponto traça-se uma linha horizontal no sentido da

esquerda, chegando ao valor da permeabilidade dos solos.

O Nomograma de Wischmeier para a determinação do fator de erodibilidade do

solo (K) foi desenvolvido a partir de dados de solos do Meio-Oeste dos Estados Unidos,

sendo esses solos de textura média e menos intemperizados que os solos tropicais.

Os autores do modelo citado explicitaram que para solos muito intemperizados,

com concentração de silte somado a areia fina resultassem concentração maior ou igual

70%, não seria adequada a utilização do modelo proposto, pois essa condição

supervalorizaria o valor de K, não expressando assim a susceptibilidade real do solo à

erosão (WISCHMEIER; SMITH, 1978).

Vários pesquisadores (DENARDINI et al., 1990, SILVA et al., 1994; CAMPOS

FILHO et al., 1992; MANNIGEL et al., 2002) observaram a inadequabilidade do

modelo citado às condições de solos tropicais mais intemperizados, tais como

Latossolos e Neossolos Quartzarênicos, avaliando que solos que possuam valor de M

(variável referente às partículas primárias do solo) menor ou igual a 3000 seriam

inadequados ao modelo de Wischmeier et al. (1971), pois a baixa concentração de silte

nesses solos subvalorizaria o valor de K, não demostrando as reais condições da

capacidade desse solo em resistir à erosão.

Apesar da importância desse modelo, o mesmo indica somente as erodibilidades

pontuais, não demonstrando a distribuição desse fator pelo espaço. Normalmente, o

valor de erodibilidade do solo é expresso na forma de média para cada classe de solo

para a área de estudo, admitindo valor médio aos pontos não amostrados. A

espacialização do Fator K em forma de mapa, demonstrando sua distribuição no espaço,

é alcançada com a utilização de geoprocessamento e técnicas geoestatísticas, integração

essa que permite determinar a distribuição a partir de modelos de predição por

interpolação (WANG et al., 2013).

3.5 Geoprocessamento

Geoprocessamento consiste na utilização de técnicas matemáticas aliadas às

computacionais a fim de tratar dados obtidos de objetos ou fenômenos identificados

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

22

geograficamente observados por sensoriamento remoto, permitindo a obtenção de

informações relevantes à determinado estudo (MOREIRA, 2007).

A utilização do geoprocessamento integrado ao modelo da USLE é cada vez mais

utilizada na determinação indireta da erosão. A estimativa dos componentes da erosão

do solo e a distribuição espacial dessa erosão usando geoprocessamento e ferramentas

de SIG (Sistemas de Informações Geográficos) tem proporcionado resultados com

custos razoáveis e ótima acurácia em grandes e pequenas áreas (OZCAN et al., 2008).

Uma das ferramentas de geoprocessamento bastante utilizada na modelagem de

bacias hidrográficas, somada ao modelo USLE, é a geoestatística. Essa ferramenta

auxilia na predição da distribuição dos componentes da USLE na área de estudo,

obtendo ótimos resultados nessa predição. A utilização da geoestatística para a

determinação dos fatores relacionados à erosão favorece a avaliação da relação entre os

fatores e o erro referentes aos mesmos, o que não é possível de observar sem a

utilização dessa técnica (CAJAZEIRA; ASSIS JÚNIOR, 2011; JAKOB, 2002; MELLO

et al., 2006).

3.6 Krigagem

Krigagem é um método de interpolação geoestatística que utiliza informações

estatísticas e a localização espacial dos pontos conhecidos para estimar o valor de

pontos desconhecidos. Essa técnica baseia-se na variabilidade espacial do objeto de

estudo, promovendo melhores resultados do que outros interpoladores por demonstrar o

erro associado à estimativa (ESRI, 2001).

A estatística clássica assume que as variações das características estudadas dentro

de unidades amostrais não estão correlacionadas, e que o melhor estimador das

características amostrais em qualquer ponto é a média das amostras (CARVALHO et

al., 2002). Sendo assim, a geoestatística vem sendo utilizada em complementação às

técnicas de SIG, a fim de reduzir os erros causados pelas interações que não podem ser

medidas pelos métodos estatísticos tradicionais (VAREKAMP et al., 1996).

A variabilidade espacial das propriedades do solo influi diretamente na escolha de

áreas experimentais, locação de unidades experimentais, interpretação de resultados

obtidos em levantamentos, bem como na tomada de decisões quanto ao manejo de

bacias hidrográficas. Pela dificuldade em medir a erodibilidade dos solos, é importante

que os erros em relação às variáveis sejam reduzidos ao máximo, de modo a não serem

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

23

propagados por todo o sistema, interferindo nos resultados e na tomada de decisão

(WANG et al., 2003).

A partir do uso de métodos estatísticos convencionais não é possível analisar a

dependências espacial das variáveis analisadas, sendo a análise exploratória dos dados

uma etapa de fundamental importância e obrigatória dentro dos estudos geoestatísticos,

pois somente com o conhecimento das características referentes aos dados é possível

determinar o melhor método geoestatístico a ser utilizado para a interpolação da

variável de interesse (VAREKAMP et al., 1996; MELLO et al., 2006). A geoestatística

permite conhecer a continuidade e a distribuição de uma variável de interesse em toda

uma área de estudo, demonstrando a variação espacial da propriedade estudada através

de mapas de variabilidade (CAJAZEIRA; ASSIS JÚNIOR, 2011).

A Geoestatística possui uma grande gama de técnicas de estimação, como o

Inverso do Quadrado da Distância, análise do vizinho mais próximo (nearest neighbor),

Spline e a Krigagem linear e não linear. A Krigagem é um modelo de interpolação

geoestatística que deve ser aplicada na comprovação de dependência espacial da

variável analisada. Esse modelo utiliza funções matemáticas para acrescentar pesos

maiores nas posições mais próximas aos pontos amostrais e pesos menores às distâncias

mais afastadas, criando assim os novos pontos interpolados com base nessas

combinações lineares (JAKOB, 2002).

Na Krigagem, os modelos matemáticos devem ser ajustados aos semivariogramas,

a fim de estimar valores em qualquer posição da área de estudo, sem tendências e com

variância mínima, ou seja, a incerteza associada ao conjunto de valores estimados tende

a ser a mínima possível com a quantidade de valores amostrados (SOARES et al., 2011;

CARVALHO et al., 2002). Ao se considerar a dependência espacial, a tendência é que

os erros aleatórios sejam reduzidos pelo controle de uma parcela referente a este erro

associado a dependência espacial.

Os semivariogramas representam a forma que uma variável regionalizada coletada

em pontos distribuídos regularmente em determinada área, se correlaciona no tempo e

espaço, sendo a influência tanto maior quanto menor for a distância entre os pontos de

coleta. A análise do semivariograma é uma etapa essencial pois o modelo de

semivariograma escolhido fornece ferramentas de interpretação da correlação espacial a

ser utilizados nos procedimentos de krigagem (LAMDIM, 2006; GUEDES et al., 2008).

Os parâmetros de um semivariograma são o Alcance (a), que demonstra a

distância dentro da qual as amostras apresentam-se correlacionadas espacialmente; o

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

24

Patamar (C1) que é o valor do semivariograma correspondente ao seu alcance (a), ou

seja, é o ponto a partir do qual não existe mais dependência espacial entre as amostras; o

Efeito Pepita (C0), que revela a descontinuidade do semivariograma para distâncias

menores do que a menor distâncias entre as amostras, sendo a variância não explicada

na amostragem (GUEDES et al., 2008; XAVIER et al., 2010).

A Krigagem Ordinária é o método mais utilizado de krigagem, pois assume que as

médias locais não são necessariamente próximas da média da população, utilizando-se

dos pontos vizinhos para estimar os valores não conhecidos, restringindo o erro do

modelo por essa forma de correlação, abrindo espaço para a espacialização da variável

com valores dependendo dos pontos mais próximos (SOUZA et al., 2010; CAMARGO

et al., 2004). Nesse modelo de krigagem, uma variável z na posição j e com

coordenadas dadas pelo vetor x, é estimada pela equação 02: 𝑧 (𝑥𝑗) = ∑ 𝑖. 𝑧(𝑥𝑖)𝑛𝑖=1 (02)

em que: i = ponderações a serem aplicados em cada i-ésimos valores dos atributos que

tenham dependência espacial com o valor da variável a ser estimada na posição xi.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

25

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

A área de estudo é a Bacia Experimental Vale do Curu (BEVEC), localizada na

Fazenda Experimental Vale do Curu, distante 100 km de Fortaleza, com coordenadas

geográficas entre 3°48’25” e 3°47’27” Sul e entre 39°21’35” e 39°20’20” de longitude

Oeste, compreendendo uma área total de 2,87 km2. (Figura 2).

Figura 10. Bacia Experimental Vale do Curu e cursos hídricos

A BEVEC é foco de diversas pesquisas nas mais variadas áreas do conhecimento,

sendo dos grupos mais representativos de atuação na área estudada o grupo MASSA

(Manejo de Água e Solo no Semiárido) e grupo HIDROSED (Grupo de Estudos

Hidrossedimentológico do Semiárido), ambos grupos de pesquisa do Departamento de

Engenharia Agrícola, da Universidade Federal do Ceará. A fazenda, pertencente a

Universidade Federal do Ceará (UFC), encontra-se no município de Pentecoste, Ceará,

inserida na Bacia do rio Curu. Esta última está posicionada no centro-norte do estado do

Ceará, a qual possui o rio Curu como o principal afluente, com uma extensão de 195

km, drenando uma área equivalente a 6% do território cearense (CEARÁ, 2009;

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

26

SILVA, 2013). O estudo foi realizado no período compreendido entre novembro de

2015 e julho de 2016.

O clima da região é do tipo BSw’h’ pela classificação de Köppen (1918). O grupo

climático é do tipo semiárido, quente e seco, com chuvas concentradas principalmente

na quadra chuvosa (janeiro a abril), sendo a temperatura média anual e a temperatura do

mês mais frio superiores ou igual a 18 °C. A precipitação média gira na ordem de 799,9

mm, com temperatura média de 26,6 °C, evaporação total de Piche de 1.536 mm e o

total de insolação de 2.840,9 horas (AGUIAR et al., 2004).

A área de estudo possui três tipos de solos representados por Argissolo Vermelho-

Amarelo eutrófico, Luvissolo, e Neossolo Flúvico (Figura 3), sendo a classificação e

localização geográfica desses solos determinados pela CPRM (Companhia de Pesquisas

de Recursos Minerais). A nomenclatura foi atualizada para a classificação de solos mais

recente do IBGE (2013).

Figura 11. Solos da Bacia Experimental Vale do Curu

Argissolos são solos imperfeitamente drenados, isso pela presença do horizonte

Bt, o qual possui alta concentração de argila expansiva em sequência aos horizontes

superficiais A ou E. O Luvissolo é considerado solo raso, com afloramento de

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

27

pedregulhos, com presença de horizonte Bt ou B nítico, que são solos com textura

argilosa, imediatamente subjacente ao horizonte A fraco ou A moderado ou E, com alta

saturação por base. A diferença entre os solos é que em Argissolos a argila é

classificada como de baixa atividade (Tb), enquanto nos Luvissolos a argila é

classificada como de alta atividade (Ta). Essa propriedade referente à relação textural

entre os horizontes A ou E, e o horizonte Bt diz respeito ao acúmulo de argila no

horizonte Bt por deslocamento vertical a partir do horizonte A ou E, caracterizando

esses horizontes superficiais com granulometria mais arenosa do que o horizonte Bt

(MARQUES et al., 2014).

O Neossolo Flúvico é caracterizado por ser formado a partir de sedimentos

transportados pela ação hídrica e alocados na porção mais rebaixada do terreno. Essa

parcela mais rebaixada do terreno é relacionada com o leito do curso hídrico e com a

região do exutório do curso hídrico, que são pontos de aporte de sedimentos

(MARQUES et al., 2014).

Como as partículas mais facilmente carreadas no processo erosivo é a areia fina e

o silte, esses solos possuem predominância dessas partículas primárias do solo em

detrimento da argila, o que resulta na pouca agregação do solo e consequentemente

valores de erodibilidade do solo para essa classe classificados como alto.

Essa condição é agravada em eventos de chuvas intensas e solos desprotegidos,

onde esse carreamento depende somente das características físicas das partículas do solo

em resistir ao carreamento (DE OLIVEIRA, 2007).

4.2 Espacialização das coletas e confecções dos mapas

Os pontos de coleta de solo foram espacializados em uma malha digital com

equidistância de 500 metros, na BEVEC, totalizando 22 pontos. Já na MEVEC, área

onde encontra-se o vertedouro da bacia experimental, os pontos foram espacializados a

cada 250 metros de distância, utilizando alguns pontos da espacialização anterior,

totalizando 13 pontos. Dos pontos especializados na microbacia experimental, 4 já

compunham a malha espacializada de 500 metros, totalizando assim 35 pontos de coleta

(Figura 4).

A base cartográfica da confecção dos mapas foi obtida no banco de dados do

IBGE, fornecida em meio digital na forma de vetor (IBGE, 2016). Os solos foram

classificados pelo CPRM (2016) (Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais), com

a localização geográfica presente no arquivo em formato digital vetorial, obtido em

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

28

meio digital. Os mapas foram confeccionados no software ArcGis, versão 9.3 (ESRI,

2009).

Figura 12. Pontos de coleta de solo

4.3 Coletas de solos

Em razão do pequeno número de cilindros de alumínio utilizados para as coletas

de amostras indeformadas com o Trado de Uhland, foram testadas combinações de

tubos de PVC com o diâmetro que melhor se adequasse ao mesmo, a fim de obter

número suficiente para as 35 coletas. A combinação que melhor adequou-se ao Trado de

Uhland foi a tubulação de PVC DN80 PN100, sendo os cilindros confeccionados a

partir de uma vara de 6 metros da tubulação especificada.

Foram demarcadas circunferências nas varas do tubo de PVC com as respectivas

dimensões de altura do cilindro de coleta e foram realizados cortes com o auxílio de um

arco com serra, sendo destacados 40 cilindros da vara de cano de 6 metros de PVC

DN80 PN100, deixando sempre uma margem de 2 a 3 cm de sobra para posteriores

ajustes.

Os ajustes foram realizados com o auxílio de um esmeril, sendo utilizado um

cilindro de papel com altura de 7 cm para demarcar exatamente onde o esmeril deveria

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

29

adequar a altura. O diâmetro interno de cada cilindro, que é o mesmo da tubulação que o

deu origem, é de 6,5 cm, e com a altura de 7 cm, o volume total de cada cilindro é de

232,3 cm3.

Os pontos de coleta de amostras de solo foram obtidos com o auxílio de um GPS

de navegação. Os dados referentes aos pontos de coleta e coordenadas geográficas

foram adicionados diretamente no GPS ponto a ponto, para orientação das coletas.

Foram realizadas coletas de solo deformadas e indeformadas nos pontos

predefinidos. As amostras de solo indeformadas foram obtidas pela adaptação dos

cilindros para o Trado de Uhland, de 6,5 cm de diâmetro e 7 cm de altura, a uma

profundidade de 10 cm. Esses cilindros mostraram-se adequados para a coleta, não

desfavorecendo a análise de permeabilidade dos solos.

As amostras de solo deformadas foram retiradas imediatamente na

circunvizinhança do cilindro da amostra indeformada, a fim de favorecer que as

amostras fossem retiradas exatamente do mesmo ponto, coletando a uma profundidade

de 10 cm e armazenadas em sacos plásticos. Foram obtidas amostras deformadas

variando de 1 a 5 kg, dependendo da granulometria observada no ponto de coleta, sendo

quanto maior a concentração de material graúdo na amostra (pedra e pedregulho), maior

a massa de solo coletada, a fim de garantir a realização dos experimentos analíticos e

repetir os mesmos, caso necessário.

4.4 Métodos analíticos

As análises foram realizadas no Laboratório de Mecânica dos Solos e

Pavimentação (LMSP) da Universidade Federal do Ceará (UFC). As amostras

deformadas foram previamente secas ao ar (terra fina seca ao ar) em ambiente protegido

a fim de atingir umidade próxima a umidade higroscópica e destorroadas em almofariz.

Em seguida, as amostras de solo foram passadas por uma peneira de 2,0 mm, secas em

estufa entre 105 °C e 110 °C, para a então realizar os procedimentos analíticos, como

granulometria, sedimentação e determinação da matéria orgânica por queima.

As amostras indeformadas foram mantidas acondicionadas dentro dos cilindros de

coleta, protegidas nas extremidades por tecidos presos por ligas elásticas.

4.4.1 Granulometria

As análises referentes à granulometria foram realizadas pelo método

“Determinação da composição granulométrica”, NBR 7181 (ABNT, 1984). A

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

30

granulometria foi determinada pelos métodos combinados de sedimentação e

peneiramento. A Tabela 1 mostra as classes granulométricas e os respectivos tamanhos

das partículas.

Tabela 1. Classes Granulométricas

Partícula Tamanho mm

Argila < 0,005

Silte 0,005 – 0,05

Areia Fina 0,05 – 0,42

Areia Média 0,42 – 2,00

Areia Grossa 2,00 – 4,80

Pedregulho 4,80 – 76

Pedra 76 – 250

Matacão 250 – 1000

Bloco de Pedra >1000 Fonte: ABNT (1984).

A interpretação da granulometria dos solos estudados, a partir da qual foi

determinada a classe estrutural do solo foi classificada segundo a Tabela 2.

Tabela 2. Classes de estrutura do solo S Granulometria Descrição

1 AF+S>50% Granular muito fina

2 A+S+AF>50% Granular fina

3 A+S+AF+AM+AG>50% Granular grosseira

4 PD>50% Compacta A (Argila) AF (Areia Fina) AG (Areia Grossa) AM (Areia Média) PD (Pedregulho) S (Silte). Fonte: Adaptado de Renard et al. (1997).

4.4.2 Permeabilidade

Os valores referentes à permeabilidade do solo foram obtidos a partir das amostras

indeformadas do solo pela NBR 14545 “Determinação do coeficiente de permeabilidade

de solos argilosos a carga variável” (ABNT, 2000), com o auxílio de um permeâmetro

de carga constante.

O permeâmetro utilizado é um equipamento constituído por um cilindro metálico

com dimensões de 15 cm de diâmetro e 13 cm de altura, acoplado a duas tampas. A

tampa inferior é dotada de um orifício para o escoamento da água translocada pelo

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

31

cilindro da amostra de solo indeformada. A tampa superior é dotada de um orifício

central, o qual possui função de adicionar água da bureta ao ensaio. A esse orifício é

acoplado a bureta de vidro graduada para a medição das cargas hidráulicas adicionadas.

Anéis de borracha o’rings são utilizados na vedação do cilindro.

Argila plástica do tipo bentonítica foi adicionada à base e ao topo do cilindro,

circundando a parede do mesmo, a fim de impedir o deslocamento preferencial da água

pelos cantos do cilindro, favorecendo a infiltração pelo centro da amostra. Areia grossa

e brita são empregados como material filtro no topo e na base do corpo de prova.

Para calcular o coeficiente de permeabilidade (k), usou-se a seguinte equação: k = aHA∆t ln (h1h2) (03)

em que: k é o coeficiente de permeabilidade, expresso de forma exponencial de base dez

(cm.s-1); ∆t é a diferença entre os tempos t2 e t1 (s); h1 é a carga hidráulica no instante t1;

h2 é a carga hidráulica no instante t2; a é a área da bureta de vidro (cm2); H é a altura

inicial do corpo de prova (cm); A é a área inicial do corpo de prova (cm2).

A interpretação dos valores referentes à permeabilidade do solo foi classificada

segundo a Tabela 3.

Tabela 3. Permeabilidade em relação à textura e condutividade hidráulica do solo P Permeabilidade (mm.h-1) Textura

1 >60 Areia

2 20-60 Argilo arenoso, arenoso

3 5-20 Argiloso

4 2-5 Argila arenosa, franco argilosa

5 1-2 Argila siltosa, argila arenosa

6 <1 Argila siltosa, argila Fonte: Adaptado de Renard et al. (1997).

4.4.3 Matéria Orgânica

Os valores referentes às porcentagens de matéria orgânica do solo foram obtidos a

partir das amostras deformadas do solo pela NBR 13600 “Determinação do teor de

matéria orgânica por queima a 440 °C” (ABNT, 1996), com as amostras adicionadas a

cadinhos e levados à mufla submetidos a altas temperaturas [ (440 ± 5) °C ] por doze

horas. O teor de matéria orgânica das amostras de solo foi determinado segundo a

equação (04). MO = 1−BA 100 (04)

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

32

em que: MO é o teor de matéria orgânica (%); A é a massa da amostra seca em estufa, à

temperatura de 105 °C a 110 °C (g); B é a massa da amostra queimada na mufla, à

temperatura de (440 ± 5) °C (g).

4.5 Fator de erodibilidade do solo

O fator de erodibilidade dos solos foi medido para os 35 pontos amostrados e

georreferenciados, empregando a equação (05) (WISHMEIER et al., 1971). K = 0,1318 . 2,1𝑀1,14(10−4)(12−𝑀𝑂)+3,25(𝑆−2)+2,5(𝑃−3)100 (05)

em que: M é o Parâmetro relacionado às partículas primárias do solo; A é a porcentagem

de matéria orgânica; b é o parâmetro relacionado à estrutura do solo; c é o parâmetro

relacionado à permeabilidade do solo. 0,1318 é o fator de conversão da unidade para o

sistema internacional de medidas (ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1).

O parâmetro relacionado às partículas primárias do solo (M) é calculado pela

equação 06. M = (AF+S)(100−A) (06)

em que: M é o parâmetro relacionado às partículas primárias do solo; AF é relacionada à

Areia Fina; S é o Silte; A é a Argila.

Os valores referentes à erodibilidade dos solos foram classificados segundo

Carvalho et al. (1994) (Tabela 4).

Tabela 4. Valores e respectivas interpretações para a erodibilidade dos solos (K) Limites de valores (ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1) Classe de erodibilidade

< 0,0152 Baixa

0,0152 – 0,0305 Média

> 0,0305 Alta Fonte: Adaptado de Carvalho et al. (1994).

4.6 Tratamento dos dados e Análises Geoestatísticas e Estatística

Os resultados obtidos foram avaliados por estatística descritiva, segunda as

variáveis Valor Mínimo, Valor Máximo, Média dos Valores, Desvio Padrão e

Coeficiente de Variação.

Para a obtenção do mapa referente ao Fator K foi levantada uma hipótese inicial

de que essa variável possui dependência espacial, de distribuição é não aleatória, mas

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

33

obedecendo a uma estrutura de variância. A partir do cálculo das semivariâncias, pela

construção de um semivariograma, a dependência espacial pode ser verificada.

A utilização da krigagem parte do pressuposto da ocorrência de dependência

espacial entre seus valores, por isso da utilização do semivariograma, o qual define a

dependência espacial a partir dos efeitos Alcance (a), Pepita (C0) e Patamar (C1). Caso a

dependência espacial não fosse comprovada, tornar-se-ia necessária a escolha de outro

método geoestatísco que não a krigagem para a geração do mapa de interpolação.

O semivariograma foi escolhido a partir da validação cruzada, avaliando-se

fatores como o Erro Médio, a Raiz do Erro Médio Padronizado, Erro Padrão Médio e

Raiz do Erro Médio (MELLO; OLIVEIRA, 2016). Neste método, o algoritmo

responsável retira um ponto utilizado na interpolação e utiliza o semivariograma para

estimar esse valor, e a partir do mesmo compara-se o valor calculado (conhecido) com o

valor estimado.

A dependência espacial foi verificada a partir do pressuposto de estacionaridade

da hipótese intrínseca dos semivariogramas ajustados. Segundo Seidel e Oliveira (2013)

os semivariogramas testados, o Esférico, o Exponencial e o Gaussiano, são os

semivariogramas mais utilizados.

a. O Semivariograma Esférico responde a seguinte expressão:

Esférico (Esf): g(h) = C0 +C1 [1,5 (h/a)-0,5 (h/a)³], para 0<h<a;

g(h) = C0 +C1, se h>a (07)

b. O Semivariograma Exponencial é definido pela expressão:

Exponencial (Exp): g(h) = C0 +C1 [-exp (-3h/a)], para 0<h<a; (08)

c. O Semivariograma Gaussiano é dado pela expressão:

Gaussiano (Gau) g(h) = C0 +C1 [1-exp (-3h2/a2)], 0<h<a (09)

em que: C0 é o efeito pepita, C1 é a contribuição, ou patamar, a é o alcance e h é a

distância entre as observações.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

34

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Valores do fator de erodibilidade do solo (K)

A erodibilidade do solo é uma variável que pode ser medida de forma local, mas

sua distribuição a caracteriza como uma variável regionalizada. Com isso, os valores

referentes aos componentes da granulometria dos solos, matéria orgânica (MO),

estrutura (S) e permeabilidade dos solos (P) foram calculados individualmente para cada

ponto de coleta, sendo a avaliação e discussão das variáveis foi realizada a partir das

médias das variáveis para cada classe de solo, a fim de padronização.

Os resultados da estatística descritiva, com valores de máximo (Max), mínimo

(Min), média (Med), desvio padrão (DP) e coeficiente de variância (CV) das variáveis

analisadas, juntamente com as variáveis, podem ser observados na Tabela 5.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

35

Tabela 5. Estatística (E), Teor de Matéria Orgânica (MO), parâmetros granulométricos, estrutura (S) e permeabilidade (P) para os solos da Bacia Experimental Vale do Curu

Solo E1 PD2 AG3 AM4 AF5 S6 A7 S+AF8 MO9 M10 S11 P12

%

T

Min 0,04 1,13 3,23 5,77 1,06 3,88 10,60 0,60 1012,04 2 2

Max 74,47 21,61 32,01 60,51 20,25 26,74 69,97 10,45 6465,70 4 5

Med 21,73 6,1 15,97 34,37 9,59 12,24 43,96 4,62 3817,40 3 4

DP 26,59 5,66 7,30 18,96 5,38 5,69 21,03 2,82 1836,92 0,81 0,90

CV 122,42 92,87 45,73 55,17 56,20 46,52 47,85 61,08 48,11 27,21 22,70

PVAe

Min 0,8 1,98 8,53 16,86 3,91 4,57 23,65 2,80 2193,38 2 2

Max 52,08 10,27 32,63 47,60 18,57 28,27 62,38 7,67 5513,50 4 4

Med 23,63 6,72 20,30 26,79 11,15 11,41 37,93 4,43 3328,81 3 3

DP 22,39 2,96 7,57 9,64 5,20 7,56 12,71 1,40 1067,95 0,83 0,66

CV 94,74 44,18 37,32 36,02 46,67 66,32 33,52 31,78 32,08 27,77 22,22

RY

Min 0,07 1,45 13,38 21,51 5,38 5,88 26,89 2,08 2531,03 2 3

Max 27,31 6,50 33,42 58,35 15,70 11,47 74,04 4,42 6765,76 3 5

Med 12,67 3,74 20,85 42,71 11,00 9,02 53,71 2,85 4867,95 2 3

DP 14,59 2,20 9,21 18,31 4,82 2,39 21,05 1,06 1887,68 0,5 1

CV 115,24 58,92 44,17 42,87 43,86 26,52 39,19 37,19 38,77 25 33,33 1 E=Estatística; 2PD=Pedregulho; 3AG=Areia grande; 4AM=Areia média; 5AF=Areia fina; 6S=Silte; 7A=Argila; 8S+AF=Silte+Areia fina; 9MO=Matéria orgânica; 10M=(AF+Silte)(100-Argila); 11S=Classe de estrutura; 12P=Classe de permeabilidade. Min (mínimo); Max (máximo); Med (média); DP (desvio padrão); CV (coeficiente de variação). T=Luvissolo; PVAe=Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico; RY=Neossolo Flúvico.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

36

Segundo a classificação de Warrick e Nielsen (1980), CV < 12% classifica o

Coeficiente de Variação como baixo, 12% < CV < 60% o classifica como médio e

acima de 60% o classifica como alto. A partir dessa classificação, observa-se as

variáveis dos três solos estudados mostraram CV variando de médio a alto. Pela alta

variabilidade, o CV não demonstra ser um bom indicador da distribuição espacial dos

atributos dos solos estudados, pois as variáveis distribuem-se com valores

extremamente diferentes. Para Mendes et al. (2008), o CV expressa a ideia do espectro

de variabilidade de propriedades do solo, porém nada informa quanto a dependência

espacial entre os pontos da variável.

Observa-se que os valores com maiores CV são os pertencentes ao Luvissolo (T),

seguido pelos valores do Neossolo Flúvico (RY) e os menores valores foram os

observados no Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico (PVAe).

Os maiores valores de CV do Luvissolo podem ser avaliados pelo maior número

de pontos de análise em relação às três classes de solo, o que favorece a variabilidade

dos atributos do solo. Além disso, como essa classe de solo é característica de relevos

movimentados, ocorrem áreas no relevo onde o carreamento de partículas de solo e

matéria orgânica são maiores, como em pontos com maiores declividades, e relativo

aporte de partículas de solo e matéria orgânica em pontos localizados em relevos mais

planos, favorecendo a alta variabilidade demonstrada pelo CV.

O Neossolo flúvico, por ser uma classe de solo de aporte de sedimentos pela ação

hídrica, ocorrendo esse aporte na forma de camadas de partículas de solo e matéria

orgânica estratificada em regiões de relevo mais plano, normalmente ocorre alta

variabilidade desses componentes nessa classe de solo por essa variação na deposição

de sedimentos. Os Coeficientes de Variação dessa classe de solo foram menores

somente do que os valores do Luvissolo, mesmo essa classe de solo sendo a que possuiu

menor número de coletas de solo dentre as três classes de solo.

Os valores de CV referentes às partículas do solo e variáveis do Argissolo

Vermelho-Amarelo eutrófico foram os menores dentre as três classes de solo estudadas.

Mesmo ocorrendo normalmente em relevos movimentados, o menor número de pontos

de coleta em relação ao Luvissolo favoreceu valores menores de CV do Argissolo

Vermelho-Amarelo eutrófico do que os desta classe de solo. Em relação ao Neossolo

flúvico, a estratificação na deposição de partículas do solo e matéria orgânica citada

favoreceram maiores valores CV do que no Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico,

mesmo o Neossolo Flúvico possuindo número menor de pontos coletados.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

37

Da mesma forma como os valores da Tabela 5, o Fator de Erodibilidade do Solo

(K) foi calculado individualmente para cada um dos 35 pontos, gerada a estatística

descritiva, sendo as avaliações e discussões a respeito dessa variável analisados na

forma da média para cada classe de solo. Na Tabela 6 apresenta-se a estatística

descritiva referente aos valores de fator de erodibilidade dos solos para cada classe de

solo estudada, bem como os valores de erodibilidade do solo e a classificação dos

valores de K.

Tabela 6. Estatística, ocorrência das classes de solo, valores de erodibilidade dos solos (K) e classificação das erodibilidades

Solo Ocorrência

(%) E K

(ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1) Classificação

T 65,94

Min 0,0098 Baixa

Max 0,0673 Alta

Med 0,0328 Alta

DP 0,0173

CV 52,96

PVAe 29,16

Min 0,0127 Baixa

Max 0,0344 Alta

Med 0,0258 Média

DP 0,0065

CV 25,19

RY 4,9

Min 0,0317 Alto

Max 0,0535 Alto

Med 0,0424 Alto

DP 0,0104

CV 24,60

Total 100 0,0312* Alto *Média Ponderada. T=Luvissolo; PVAe=Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico; RY=Neossolo Flúvico. E=Estatística; K=Fator de erodibilidade do solo. Min (mínimo); Max (máximo); Med (média); DP (desvio padrão); CV (coeficiente de variação).

Observa-se na Tabela 6 que as três classes de solo possuem valores de Coeficiente

de Variação (CV) enquadrados como médio (12% < CV < 60%), segundo a

classificação de Warrick e Nielsen (1980). A maior variação nos valores de

erodibilidade do solo foram observados no Luvissolo (T), com CV 52,96%, seguido

pelo Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico (PVAe), com CV de 25,19% e as menores

variações foram as observadas no Neossolo Flúvico (RY), com CV de 24,60%.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

38

Ao observar a média dos valores de K na mesma tabela, o Luvissolo possui

erodibilidade alta (KT > 0,0305 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1), o Argissolo Vermelho-

Amarelo eutrófico possui erodibilidade média (0,0152 < KPVAe < 0,0305 ton ha h ha-1

MJ-1 mm-1) e erodibilidade alta para o Neossolo Flúvico (KRY > 0,0305 ton ha h ha-1

MJ-1 mm-1).

O Luvissolo demonstrou ser a classe de solo com maior ocorrência na área de

estudo, ocupando cerca de 66% da área total. O valor médio de erodibilidade do solo

para essa classe de solo foi de 0,0328 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, classificando o Luvissolo

como altamente erodível. Mannigel et al. (2002) encontraram valores de K para essa

classe de solo na ordem de 0,0313 e 0,0353 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, enquanto Silva et

al. (2009) encontraram valor de K de 0,0420 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, demonstrando

altos valores de erodibilidade do solo para o Luvissolo.

Para o Luvissolo os altos valores de K observados na literatura e no presente

estudo relacionam-se à baixa estruturação do horizonte A. Essa reduzida estruturação

refere-se à baixa concentração de argila em relação às partículas primárias do horizonte

A em comparação com as partículas de areia fina e silte, o que favoreceu o valor de M

na ordem de 3817,40, e consequentemente alto valor de erodibilidade do solo.

Além disso, o valor médio da estrutura do solo (S) (Tabela 5) para o Luvissolo foi

classificada em granular grosseira (Classe 3), valor esse que proporciona valor positivo

de S na equação do nomograma de Wischmeier, e consequentemente maior valor de K.

Esse valor poderia ser ainda maior, se a concentração de matéria orgânica não fosse tão

acentuada (4,62%), favorecendo certa redução na erodibilidade dos solos, mas não o

suficiente para reduzir sua classe de erodibilidade.

A granulometria do Luvissolo (Tabela 5) demonstra que as partículas primárias do

solo (areia fina, silte e argila) perfazem cerca de 56% da composição total do solo,

enquanto as partículas de maiores diâmetros (areia média, areia grande e pedregulho)

perfazem cerca de 44% da composição do solo. Pelas características citadas

anteriormente referentes à alta erodibilidade do Luvissolo, observa-se que os altos

valores referentes às partículas primárias do solo demonstram que mesmo esse solo

sendo altamente erodível, o mesmo possui considerável concentração do material fino

do solo resguardado em sua composição, o que favorece alto valor de erodibilidade.

Em relação ao Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico, ao analisar a Tabela 6

verifica-se que a sua ocorrência na área de estudo é de cerca de 29%, com fator de

erodibilidade do solo na ordem de 0,0258 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, classificando essa

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

39

classe de solo como medianamente erodível. Bertoni e Lombardi Neto (2008)

encontraram valores para essa classe que variaram de 0,028 a 0,043 ton ha h ha-1 MJ-1

mm-1, Serio et al. (2008) encontraram valor de 0,026 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, enquanto

Corrêa et al. (2015) determinaram valor de 0,040 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1,

demonstrando que essa classe de solo enquadra-se na classificação de média a altamente

erodível.

A classificação da erodibilidade do solo para o Argissolo Vermelho-Amarelo

eutrófico como média, em uma classe de solo onde normalmente encontram-se valores

que a classificam entre média a altamente erodível, ocorre devido ao reduzido valor de

M, com valor de 3328,81, demonstrando relativa participação da argila em relação às

partículas primárias do solo, além da alta participação da matéria orgânica, com

concentração de 4,43%, o que favorece a redução da erodibilidade dessa classe de solo.

Em relação à granulometria do Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico (Tabela 5),

percebe-se baixa proporção do material primário do solo (argila, areia fina e silte) em

relação aos outros componentes, com cerca de 49%, com maior proporção das

macropartículas, como areia média, areia grande e pedregulho, com 51%. Como os

componentes mais facilmente erodíveis são os pertencentes ao material fino do solo, a

maior proporção de materiais mais grosseiros reduz a erodibilidade desse solo, já que

esses materiais são mais resistentes ao processo erosivo.

Uma inferência a ser feita em relação à granulometria do Argissolo Vermelho-

Amarelo eutrófico é que a reduzida proporção do material primário do solo em relação

às partículas de maiores dimensões pode estar relacionada ao já ocorrido carreamento

do material mais fino do solo, restando partículas de maiores diâmetros em relação às

partículas de menores diâmetros.

Marques et al. (1997), citam que altos valores de erodibilidade normalmente

observados para os Luvissolos e Argissolos estão relacionados com a redução da

estruturação do horizonte A pela translocação de argila para o horizonte Bt e

consequentemente a ocorrência de textura mais arenosa no horizonte superficial. Com a

redução na concentração da argila na composição das partículas primárias do solo,

aumenta a susceptibilidade do horizonte A à erosão, pela pouca estruturação promovida

pela areia fina e o silte.

Em relação ao Neossolo Flúvico (Tabela 6), observa-se a ocorrência desse solo

em cerca de 5% da área de estudo, com fator de erodibilidade do solo de 0,0424 ton ha h

ha-1 MJ-1 mm-1, sendo esse solo classificado como altamente erodível. A literatura

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

40

mostra com frequência valores de erodibilidade alta para essa classe de solo, como

observado por Macedo et al. (2010) com valor de 0,050 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1;

Oliveira et al. (2015) com o valor de 0,035 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1; Farinasso et al.

(2006) com o valor de 0,046 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, todos esses valores que que

classificam essa classe de solo como altamente erodível.

Os altos valores observados na erodibilidade do solo e baixos valores na

granulometria ocorrem devido à baixa estruturação do Neossolo Flúvico. Segundo

Montenegro e Montenegro (2006), o Neossolo Flúvico é um solo formado por camadas

estratificadas de material depositado, com distribuição irregular desse material. Sendo

essas camadas diversificadas formada em sua maioria de material erodido de outros

solos com composição diversificada com granulometria fina (areia fina e silte),

acompanhada por uma distribuição irregular de carbono em profundidade.

Ao observar a Tabela 5 verifica-se que as partículas primárias de solo para o

Neossolo Flúvico, como areia fina, silte e argila, compõem cerca de 63% da composição

total do solo, restando somente 37% para as partículas com maiores proporções do solo,

partículas essas que são mais dificilmente carreadas no processo erosivo.

Dentre as partículas primárias do solo (areia fina, silte e argila), o somatório de

areia fina e silte perfazem cerca de 86% do total do material fino, demonstrando a

prevalência dessas partículas na composição das partículas primárias do solo, o que

juntamente com a baixa concentração de argila nesse solo (9,02%) da composição total

do solo e 14% do material fino do solo) culminou com valor altíssimo de M, com valor

de 4867,95. Esse alto valor de M favoreceu o Neossolo Flúvico como a classe de solo

mais erodível dentre as três classes de solos presentes na Bacia Experimental Vale do

Curu.

Ao avaliar a média ponderada dos valores de erodibilidade do solo (K) com a

ocorrência da classe de solo na área estudada (Tabela 6) observa-se valor de

erodibilidade do solo de 0,0312 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, classificando a Bacia

Experimental Vale do Curu como altamente erodível.

A concentração de matéria orgânica nos solos é uma variável bastante relevante

no que concerne à erodibilidade dos solos. A matéria orgânica do solo realiza a

estruturação do solo, facilita a infiltração da água, atua na retenção de água e reduz a

erodibilidade dos solos. Segundo MADARI et al. (2009), a matéria orgânica no solo

varia na proporção de 1 a 5%. Com isso, avalia-se os valores observados na Tabela 5

referente à matéria orgânica do solo, verificando-se altos valores dessa variável para os

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

41

Luvissolo e o Argissolo Vermelho-Amarelo, com valores respectivamente na ordem de

4,62 e 4,43%. Em relação ao Neossolo Flúvico, foi obtido valor de 2,85%, sendo esse

um valor considerado mediano de matéria orgânica.

5.2 Adequação dos solos da Bacia Experimental Vale do Curu ao Nomograma de

Wischmeier

A existência das restrições à aplicação do nomograma de Wischmeier aos solos da

BEVEC, que são: concentração de areia fina mais silte maior ou igual a 70% e valor de

M menor ou igual a 3000, não foram observadas nos solos estudados. Os valores médios

de silte mais areia fina de 43,96%, 37,93%, 53,71% e valores de M na ordem de

3817,40, 3328,81, 4867,95, são referentes respectivamente ao Luvissolo, Argissolo

Vermelho-Amarelo eutrófico e Neossolo Flúvico.

Os dados citados demonstram a adequação do Nomograma de Wischmeier para a

determinação do fator de erodibilidade do solo (K) para os solos da Bacia Experimental

Vale do Curu. Marques et al. (1997) encontraram adequação do modelo citado para

diferentes solos com relação textural, entre esses o Argissolo Vermelho-Amarelo

eutrófico e o Luvissolo.

5.3 Geoestatística e geração do mapa de erodibilidade dos solos da Bacia

Experimental Vale do Curu

A Figura 5 representa o histograma, com a respectiva análise estatística da

distribuição dos valores de K conhecidos (valores calculados). O histograma representa

a frequência de distribuição dos valores de uma variável. Esses valores são referentes

aos dados conhecidos e não referentes aos valores estimados pelo semivariograma na

interpolação dos valores. Observa-se que para melhor representatividade, os valores de

K, no eixo das abscissas, foram multiplicados por 100 (102).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

42

Figura 13. Histograma dos valores do fator de erodibilidade do solo (K)

O histograma das amostras demonstra que a curva de distribuição dos valores de

K é alongada à direita, com frequência de valores distribuídos mais à esquerda. Neste

caso a distribuição é dita assimétrica e positiva (CAMARGO et al., 2004).

Os valores de maior ocorrência no histograma são os representados pelo intervalo

de 0,0098 a 0,0156 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, com frequência em torno de 6, e intervalo

de 0,0271 a 0,0328 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, com frequência em 7 ocorrências. O valor

de menor ocorrência localiza-se entre o intervalo de 0,0616 e 0,0673 ton ha h ha-1 MJ-1

mm-1, com apenas 1 observação de frequência.

Os componentes dos semivariogramas estudados, bem como o Grau de

Dependência Espacial podem ser observados na Tabela 7. O Grau de Dependência

Espacial (GDE), expresso pelo Coeficiente do Efeito Pepita (E), o qual é obtido pela

razão do efeito pepita (C0) pelo somatório do efeito pepita (C0) e do patamar (C1)

[GDE=C0/(C0+C1)] (COMBARDELLA et al., 1994).

Segundo a classificação de Combardella et al. (1994), valores de GDE < 25%

classifica o semivariograma como alta dependência espacial, 25% ≤ GDE ≤ 75%

classifica o semivariograma como moderadamente dependente e GDE > 75%

classificam o semivariograma como fracamente dependente. O GDE obtido para o

semivariograma gaussiano foi de 21,48%, demonstrando que a variável K possui alta

dependência espacial, sendo assim relevante a utilização da krigagem para demonstrar a

espacialização da variável na área de estudo.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

43

Tabela 7. Componentes do variograma e Grau de Dependência Espacial

Variograma Efeito Pepita Patamar Alcance (m) GDE (%)

Esférico 5,660 x 10-5 1,856 x 10-4 1073,057 23,37

Exponencial 6,187 x 10-5 1,791 x 10-4 1073,057 25,67

Gaussiano 5,305 x 10-5 1,939 x 10-4 1073,057 21,48

Ao analisar a Tabela 7, observa-se que o semivariograma exponencial possui

menor Efeito Pepita (C0), o qual corresponde a descontinuidade do semivariograma para

distância menores do que a menor distância entre as amostras, demonstrando menor erro

variográfico, em comparação com os semivariogramas esférico e gaussiano.

Segundo Mello e Oliveira (2016), o semivariograma mais adequado pode ser

avaliado a partir da validação cruzada dos modelos, avaliando-se variáveis estatísticas

referentes ao erro médio, que deve ser próximo a zero (0), raiz quadrada do erro médio

padrão, que deve ser próximo a um (1), erro padrão médio e raiz quadrada do erro

médio padrão que devem ter valores próximos e menores possível. A Tabela 8 mostra

os dados das validações cruzadas dos modelos.

Tabela 8. Estatística do erro gerada pela validação cruzada dos modelos

Variograma Erro médio Raiz do erro médio

padronizado Erro padrão

médio Raiz do erro

médio Esférico -0,00079 0,95 0,0150 0,0142

Exponencial -0,00067 0,93 0,0152 0,0142

Gaussiano -0,00063 0,94 0,0149 0,0141

O semivariograma gaussiano foi o modelo que se mostrou mais adequado, ao

avaliar a validação cruzada (Tabela 8), pois o seu valor de erro médio, de erro padrão

médio e raiz do erro médio adequaram-se melhores às exigências, citadas por Mello e

Oliveira (2016), do que os outros dois modelos, sendo menos adequado somente no

valor que trata da raiz do erro médio, valor o qual o semivariograma esférico melhor

adequou-se à exigência.

Em relação ao Semivariograma gaussiano, o qual foi escolhido, o Efeito Pepita

(C0) foi de 1,939x10-4, Patamar (C1) de 5,305x10-5 e Alcance (a) de 1073 metros. O

Patamar (C1) é o componente do semivariograma que expressa o valor a partir do efeito

pepita até que este atinja o Alcance (a) (eixo X). O somatório do Efeito Pepita (C0) e do

Patamar (C1), no valor de 2,469x10-4, mostra o valor do variograma que atinge o

alcance (a), de 1073 metros, representando o limite até o qual existe correlação entre os

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

44

pontos, ocorrendo dentro desse limite interpolações em distâncias menores do que o

espaçamento entre os pontos.

Segundo Mantovanelli et al. (2016), os valores localizados a distâncias menores

do que o alcance (a) possuem dependência espacial, o que permite a realização de

interpolações em distâncias menores do que o espaçamento das amostras.

Como o alcance (a) demonstra o limite abaixo do qual valores são interpolados

com distanciamento menor do que o da malha de pontos, os valores estimados com

distanciamentos maiores do que 1073 metros (alcance - a), foram interpolados do

espaçamento da malha de pontos, com valores estimados a uma distância máxima de

3201 metros.

Na Figura 6, que demonstra o comportamento do semivariograma, observa-se que

os valores referentes à distância (eixo das abscissas) e aos valores estimados de fator de

erodibilidade (K) (eixo das ordenadas) foram adequados às mesmas escalas gráficas,

com a primeira variável sendo multiplicado por 0,001 (10-3) e a segunda sendo

multiplicada por 10.000 (104).

Figura 14. Comportamento do semivariograma gaussiano

O mapa referente à interpolação dos valores de erodibilidade a partir dos pontos

coletados, realizada pelo uso de Krigagem ordinária pelo Semivariograma Gaussiano

pode ser observado na Figura 7.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

45

Figura 15. Mapa de erodibilidade do solo da Bacia Experimental Vale do Curu

Ao avaliar o mapa referente à erodibilidade do solo percebe-se que os menores

valores de erodibilidade ocorrem na área de coloração amarelada, com valor modelado

variando entre 0,0221 a 0,0251 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, localizada na região à oeste da

bacia. O Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico é o solo representativo dessa região à

oeste da bacia. Essa modelagem demonstra o que foi evidenciado na Tabela 6, com o

menor valor médio de erodibilidade dessa classe de solo dentre as três classes estudadas,

na ordem de 0,0258 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1.

O Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico nessa modelagem possuiu valores

preditos na interpolação dentre os quatro limites da legenda, demonstrando o que foi

observado na Tabela 6, com valores de erodibilidade variando entre baixa, média e alta.

O solo mais representativo da área de estudo é o Luvissolo, sendo a área ocupada

por esse solo a porção mais central do mapa. Nessa região observa-se variação na

erodibilidade do solo, com modelagem de quatro classes de valores do mapa, com

classes entre 0,0221 e 0,0251 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1; 0,0251 e 0,0280 ton ha h ha-1 MJ-

1 mm-1; 0,0280 e 0,0317 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1 e entre 0,0317 e 0,0387 ton ha h ha-1

MJ-1 mm-1, demonstrando o que foi observado na Tabela 6, com valores dessa classe de

solo variando da classificação de erodibilidade baixa, média e alta.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

46

A classe de solo com maiores valores de erodibilidade do solo obtida pelo

Nomograma de Wischmeier foi o Neossolo Flúvico, com média de 0,0424 ton ha h ha-1

MJ-1 mm-1 (Tabela 6). A modelagem do fator de erodibilidade na área da bacia

experimental representada pelo Neossolo Flúvico demonstrou a ocorrência de classes de

erodibilidade na ordem de 0,0280 e 0,0317 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1 e 0,0317 e 0,0387

ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, sendo essa área localizada no extremo leste da bacia

experimental, demonstrando o observado na Tabela 6, com erodibilidade dos valores

máximo, mínimo e médio sendo enquadrados na classificação de altamente erodível.

Na área correspondente à MEVEC nota-se três das quatro classes de valores da

modelagem da erodibilidade região estudada, sendo essas classes: de 0,0251 a 0,0280

ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1, de 0,0280 a 0,0317 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1 e de 0,0317 a

0,0387 ton ha h ha-1 MJ-1 mm-1.

A Figura 8 mostra o mapa do erro correspondente à interpolação por krigagem

pelo modelo gaussiano.

Figura 16. Mapa da predição do erro médio

Esse mapa demonstra a distribuição do erro ocorrido na interpolação do fator de

erodibilidade, erro esse obtido por meio do método de validação cruzada. Ao observar

esse mapa verifica-se que os menores erros na geração do mapa de erodibilidade dos

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

47

solos ocorreram na região centro-sul da bacia experimental, região onde localiza-se a

MEVEC e onde fora demarcado e coletado maior nuvem de pontos em uma menor área.

Quanto menor esse erro na interpolação, maior a precisão do algoritmo em predizer os

valores na modelagem.

Já os maiores erros na modelagem do fator de erodibilidade dos solos são os

observados nos extremos da bacia experimental, regiões essas que possuíram menos

pontos amostrados para a realização da interpolação, reduzindo a precisão na

interpolação de valores nessas regiões.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

48

6 CONCLUSÕES

A Bacia Experimental Vale do Curu foi classificada como altamente erodível. As

erodibilidades para o Luvissolo e para o Neossolo Flúvico foram classificadas como

altas. Já a erodibilidade obtida para o solo Argissolo Vermelho-Amarelo eutrófico foi

classificada como medianamente erodível.

O Nomograma de Wischmeier mostrou-se adequado para mensurar a

erodibilidade dos solos da Bacia Experimental Vale do Curu.

O modelo gaussiano foi o semivariograma que melhor se adequou para a

modelagem do mapa de erodibilidade para a Bacia Experimental Vale do Curu.

Tornam-se necessárias classificações mais detalhadas do Neossolo Flúvico e do

Luvissolo, a fim de interpretações mais condizentes com as reais classes dos solos.

Além disso, é importante que sejam realizadas coletas e análises dos horizontes

subsuperficiais para que possam ocorrer comparações e inferências a respeito do

desenvolvimento desses solos, avaliando a erodibilidade desses horizontes

subsuperficiais, comparando os resultados obtidos com os resultados do horizonte

superficial.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

49

REFERÊNCIAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7181. Análise granulométrica, Solo, p. 13. 1984.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13600. Determinação do teor de matéria orgânica por queima a 440°C, Solo, p. 2. 1996.

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14545. Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável, Solo, p. 12. 2000.

AGUIAR, M. D. J. N. et al. Embrapa Agroindústria Tropical, Documentos, v.87, p. 6-17. 2004.

ALVES, A.; SOUZA, F. J.; MARQUES, M. Avaliação do potencial à erosão dos solos: uma análise comparativa entre Lógica Fuzzy e o Método USLE. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12., 2005, Goiânia. Anais… Goiânia: INPE, 2005. p. 2011-2018.

AMORE, E. et al. Scale effect in USLE and wepp application for soil erosion computation from three Sicilian basins. Journal of Hydrology, v. 293, n. 1-4, p. 100-114. 2004.

ARRAES, C. L.; PAES BUENO, C. R.; PISSARRA, T. C. T. Estimativa da erodibilidade do solo para fins conservacionistas na microbacia Córrego do Tijuco, SP. Bioscience Journal, v. 26, n. 6, p. 849-857. 2010.

BARACUHY, J. G. et al. Deterioração fisio-conservacionista da microbacia hidrográfica do Nacho Paus Brancos, Campina Grande, PB. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 7, n. 1, p. 159-164. 2003.

BASKAN, O. et al. Conditional simulation of USLE/RUSLE soil erodibility factor by geoestatistics in a Mediterranean catchment, Turkey. Environmental Earth Sciences, v. 60, n. 6, p. 1179-1187. 2010.

BATES, B. et al. Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Climate change and water: Technical paper VI. 2006.

BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, Francisco. Conservação do solo. 7ª edição, p. 355. São Paulo: Editora Ícone, 2008.

BRASIL. Lei n° 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional do Recursos Hídricos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em: 3 ago. 2016.

BRITO, N. M. et al. Validação de métodos analíticos: estratégia e discussão. Pesticidas: R. Ecotoxicol. E Meio Ambiente, v. 13, p. 129-146, 2003.

CAJAZEIRA, J. P.; ASSIS JÚNIOR, R. N. Variabilidade espacial das frações primárias e agregados de um Argissolo no estado do Ceará. Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 2, p. 258-267. 2011.

CAMARGO, E. C. G.; FUCKS, S. D.; CÂMARA, G. Análise espacial de superfícies. Análise espacial de dados geográficos, p. 37. 2004.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

50

CARVALHO, J. R. P de; SILVEIRA, P.M. da; VIEIRA, S. R. Geoestatística na determinação da variabilidade espacial de características químicas do solo sob diferentes preparos. Brasília. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 37, n. 8, p. 1151-1159, 2002.

CARVALHO, N. O. et al. Guia de avaliação de assoreamento de reservatórios. 140 p. Agência Nacional de Energia Elétrica. Superintendência de Estudos e Informações Hidrológicas, Brasília, DF. Disponível em: <http://www2.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/Guia_ava_port.pdf>. Acesso em 2 jul. 2000.

CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia prática. CPRM, 1994.

CEARÁ, Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Conselho de Altos Estudos e Assuntos Estratégicos. Caderno Regional da Bacia do Curu. Fortaleza: 2009.

CHECCHIA, T. et al. Distribuição espacial e temporal da erosividade da chuva no município de Rio Negrinho e região adjacente no Estado de Santa Catarina. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA, 6, 2006, Goiânia. Anais… Goiânia: AIG, 2006. 11p,

COMBARDELLA, C. A. et al. Field-Scale Variability of Soil Properties in Central Iowa Soils. Soil Science Society of America Journal, v. 58, p 1501-1511, 1994.

CORRÊA, E. A. et al. F. Estimativa da Erodibilidade e Tolerância de perdas de solo na região centro leste paulista. São Paulo: Geociências, v. 34, n. 4, p. 848-860, 2015.

CORRECHEL, V. Avaliação de índices de erodibilidade do solo através da técnica da análise da redistribuição do “fallout” do 137Cs. 2003. 99f. Tese (Doutorado em Energia Nuclear na Agricultura e no Ambiente) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003.

DE OLIVEIRA, L. B. Mineralogia, micromorfologia, gênese e classificação de Luvissolos e Planossolos desenvolvidos de rochas metamórficas no semiárido do nordeste brasileiro. 2006. 189f. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007.

DE SOUZA, G. S. et al. D. Krigagem ordinária e inverso do quadrado da distância aplicados na espacialização de atributos químicos de um Argissolo, Scientia Agraria, v. 11, n. 1, p. 73-81, 2010.

DEMARCHI, J. C.; ZIMBACK, C. R. L. Mapeamento, erodibilidade e tolerância de perda de solo na sub-bacia do Ribeirão das Perobas. Energia na Agricultura, v. 29, n. 2, p. 102-114, 2014.

DENARDIN, J. E. Erodibilidade do solo estimada por meio de parâmetros físicos e químicos. 1990. 113f. Tese (Doutorado em Agronomia: Solos e Nutrição de Plantas) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1990.

DOĞAN, H. M. et al. Integration of GIS and remote sensing with the USLE model in the assessment of annual soil loss and sediment input of Zinav Lake Basin in Turkey. Antalya. Fresenius Environmental Bulletin, v. 24, n. 1, p. 172-179. 2015.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

51

EDUARDO, E. N. Determinação da erodibilidade e do fator cobertura e manejo do solo sob condições de chuva natural e simulada. 2012. 56f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, 2012.

ESRI - Environmental Systems Research Institute. Using ArcGis Geoestatistical Analyst. USDA. 300 p. 2001.

ESRI - Environmental Systems Research Institute. ArcGIS Desktop: Release 9.3. Redlands, CA. 2009.

FARINASSO, M. et al. Avaliação qualitativa do potencial de erosão laminar em grandes áreas por meio da EUPS – equação universal de perda de solos utilizando novas metodologias em SIG para os cálculos dos seus fatores na região do Alto Parnaíba – PI-MA. Revista Brasileira de Geomorfologia – Ano 7, nº 2. 2006.

GUEDES, L. P. C. et al. anisotropia no estudo da variabilidade espacial de algumas variáveis químicas do solo. Viçosa. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, n. 6. 2008.

GUERRA, A. J. T.; FULLEN, M. A.; JORGE, M. C. O. Soil erosion and conservation in Brazil. Anuário do Instituto de Geociências, v. 37, n. 1, p. 81-91, 2014.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Geociências. Disponível em: <http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm> Acesso em: 03 fev. 2016.

IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará. Caracterização Territorial. Disponível em: <http://www2.ipece.ce.gov.br/atlas/capitulo1/12.htm>. Acesso em: 14 out. 2016.

JAKOB, A. A. E. A krigagem como método de análise de dados demográficos. In: ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 13., 2002, Ouro Preto. Anais... Ouro Preto: ABEP, 2002. p. 342-351.

LANDIM, P. M. B. Sobre geoestatística e mapas. Terra Didática, v. 2, n. 1, p. 19-33. 2006.

LEITE, F. R. B.; SOARES, A. M. L.; MARTINS, M. L. R. Áreas degradadas susceptíveis aos processos de desertificação no estado do Ceará – 2ª Aproximação. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 7., 1993, Curitiba. Anais... Curitiba: INPE, 1993.

LIMA, J. M.; CURI, N.; RESENDE, N.; SANTANA, D. P. Dispersão do material de solo em água para avaliação indireta da erodibilidade de Latossolos. Viçosa. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 14, n. 1, p. 85-90. 2008.

LIRA, D. L. C. Assoreamento em densas redes de reservatórios: o caso da bacia hidrográfica da barragem Pereira de Miranda, CE. 2012. 86f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1983.

LOCH, R. J.; SLATER, B. K.; DEVOIL, C. Soil erodility ([k. Sub. M]) values for some Australian soils. Australian journal of soil research, p. 1045-1046. 1998.

LU, D.; LI, D.; VALLADARES, G. S. Mapping soil erosion risk in Rondônia, Brazilian Amazonia: using RUSLE, remote sensing and GIS. Land degradation and development, v. 15, p. 499-512. 2004.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

52

MACEDO, R. S. et al. Determinação do fator de erodibilidade de diferentes classes de solo do estado do Amazonas (métodos indiretos) e de um Cambissolo Háplico (método direto) na Província Petrolífera de Urucu, Coari – AM. Reunião científica da rede CTPETRO Amazônia, III. Manaus, 2010.

MADARI, B. E. et al. Matéria orgânica dos solos antrópicos da Amazônia (Terra Preta de Índio): suas características e papel da sustentabilidade da fertilidade do solo. Disponível em: <http://www.biochar.org/joomla/images/stories/Cap_13_Beata.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2016.

MAESTRE, F. T. et al. Understanding global desertification biophysical and socioeconomic dimensions of hidrology. Netherlands. Dryland Ecohydrology, p. 315-332, 2006.

MANNIGEL, A. R. et al. Fator de erodibilidade e tolerância de perda dos solos do estado de São Paulo. Maringá: Acta Scientiarum, v. 24, n. 5, p. 1335-1340. 2002.

MANTOVANELLI, B. C. et al. Distribuição espacial dos componentes da acidez do solo em área de campo natural na região de Humaitá, Amazonas. Revista de Ciências Agroambientais, v. 14, n. 1, p. 1-9, 2016.

MARQUES, F. A. et al. Solos do Nordeste. Rio de Janeiro. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). 2014.

MARQUES, J. J. G. S. M. et al. Adequação de métodos indiretos para estimativa da erodibilidade de solos com horizonte B textural no Brasil. Viçosa. Revista Brasileira de Ciências do solo, v. 21, p. 447-456, 1997.

MARQUES, O. et al. Atributos ambientais definidores de presença de fragmentos florestais de Mata Atlântica em microbacias instáveis. Seropédica. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, v. 24, n. 2, p. 145-150. 2004.

MELLO, G. de; BUENO, C. R.P.; PEREIRA, G. T. Spatial variability of the soil loss, natural potential and erosion risk in intensively cultivated areas. Campina Grande. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 10, n. 2, p. 315-322. 2006.

MENDES et al. Variabilidade espacial da textura de dois solos do Deserto Salino, no Estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza. Revista Ciência Agronômica, v. 39, n. 1, p. 19-27. 2008.

MONTENEGRO, A. A. A.; MONTENEGRO, S. M. G. L. Variabilidade espacial de classes de textura, salinidade e condutividade hidráulica de solos em planícies aluviais. Campina Grande. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 10, n. 1, p. 30-37. 2006.

MOREIRA, M. A. Fundamentos do Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação. Universidade Federal de Viçosa, 3ª edição, 2007.

OLIVEIRA, F. G.; SERAPHIM, O. J.; BORJA, M. E. L. Estimativa de perdas de solo e do potencial natural de erosão da bacia de contribuição da microcentral hidrelétrica do Lageado, Botucatu-SP. Botucatu. Revista Energia na Agricultura, v. 30, n. 3, p. 302-309. 2015.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

53

OZCAN, A. U.; ERPUL, G; BASARAN, M. Use of USLE/GIS tecnology integrated with geoestatistics to assess soil erosion risk in different land uses of indagi Mountain Pass – Cankiri, Turkey. Environmental Geology, v. 53, n. 8, p. 1731-1741. 2008.

PALMIER, L. R. A necessidade das bacias experimentais para a avaliação da eficiência de técnicas alternativas de captação de água na região semi-árida do Brasil. SIMPÓSIO BRASILEIRO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA NO SEMI-ÁRIDO, 3, 2001, Paraíba. Anais... Paraíba: ABRH, 2001. p. 8. 1 CD-ROM. PEREIRA, T. S. R. et al. Determinação e espacialização da perda de solo da bacia hidrográfica do Córrego Cascavel, Goiás. Revista Geográfica Acadêmica, v. 9, n. 2, p. 76-93. 2015.

PIMENTEL, D. et al. Enviromental and economic costs of soil erosion and conservation benefits. Science, v. 267, n. 5201, p. 1117-1123, 1995.

RENARD, K. G. et al. Predicting soil erosion by water: a guide to conservation planning with the revised universal soil loss equation (RUSLE). US Government Printing Office, p. 703.1997.

SEIDEL, E. J.; OLIVEIRA, M. S. Proposta de uma generalização para os modelos de semivariogramas Exponencial e Gaussiano. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, v. 34, n. 1, p. 125-132. 2013.

SERIO, J. et al. Aplicação da USLE e SIG na caracterização de três microbacias hidrográficas no Brasil. Ciências Agrárias e Ambientais, v. 6, n. 2, p.213-221. 2008.

SILVA, M. S.; PAIVA, F. M. L.; SANTOS, C. A. G. Análise do grau de erodibilidade e perdas de solo na bacia do rio Capiá baseado em SIG e sensoriamento remoto. Recife: Revista Brasileira de Geografia Física, v. 2, p. 26-40. 2009.

SILVA, T. C. Carbono orgânico e nitrogênio em solo de bananal irrigado e submetido a práticas conservacionistas. 2013. 81f. Dissertação (Mestrado em Agonomia: Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.

SOARES, J. A et al. Uso da krigagem ordinária na suavização de perfis geofísicos de poços. Revista Brasileira de Mineração e Meio Ambiente, v. 2, n. 7, p. 10-18, 2011.

SOUZA, C. F. et al. Comparação dentre estimativas de produção de sedimentos a bacia do rio Potiribu. In: ENCONTRO NACIONAL DE SEDIMENTOS, 7., 2006, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: UERJ, 2006.

THOMAZ, C. et al. Análise da degradação da caatinga no núcleo de desertificação do Seridó (RN/PB). Revista Brasileira Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 13, p. 961-974. 2009.

TONELLO, K. C. et al. Morfometria da bacia hidrográfica da Cachoeira das Pombas, Guanhães-MG. Viçosa. Revista Árvore, v. 30, n. 5, p. 849-857. 2006.

TRAVASSOS, I. S.; DE SOUZA, B. I. Solos e desertificação no sertão paraibano. Cadernos do Logepa, v. 6, n. 2, p. 101-114. 2011.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS … · Agronomia do Centro de Ciências Agrárias do Departamento de ... Aos grupos MASSA (UFC) e HIDROSED (UFC), pelos amigos e

54

VAREKAMP, C.; SKIDMORE, A. K.; BURROUGH, P. A. B. Using public domain geoestatistical and gis software for spatial interpolation. Wageningen. Photogrammetric engineering and remote sensing, v. 62, n. 7, p. 845-854. 1996.

VERHEYE, W; DE LA ROSA, D. Land use, land cover and soil science, UNESCO-EOLSS. Soils of arid and semi-arid áreas. 2006.

VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo: Mcgraw-Hill, 1975.

WANG, B. et al. Soil erodibility for water erosion: A perspective and Chinese experiences. Geomorphology, v. 187, p. 1-10. 2013.

WANG, G.; GERTNER, G; FANG, S. Mapping multiples variables for predicting soil loss by geoestatistical methods with tm images and a slope map. Photogrammetric Engineering & Remote Sensing, v. 69, n. 8, p. 889-898. 2003.

WARREN, A.; BATTERBURY, S.; OSBAHR, H. Soil erosion in the West African Sahel: a review and an application of a “local political ecology” approach in South West Niger. Global Environmental Change, v. 11, n. 1, p. 79-95. 2001.

WARRICK, A. W.; NIELSEN, D. R. Spatial variability of soil physical properties in the field. New York. Aplication of soil physics, p. 319-319. 1980.

WEILL, M. de A. M.; SPAROVEK, G. Estudo da erosão na microbacia do Ceveiro (Piracicaba-SP): Estimativa das taxas de perda de solo e estudo de sensibilidade dos fatores do modelo EUPS. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, n. 4, p. 801-814. 2008.

WISCHMEIER, W. H. et al. A soil erodibility nomogram for farmland and construction sites. Ankeny. Journal of Soil and Water Conservation, v. 26, n. 5, p. 189-193. 1971.

WISCHMEIER, W. H.; MANNERING, J. V. Relation of soil properties to its erodibility. Soil Science Society of America Journal, v. 33, n. 1, p. 131-137. 1969.

WISCHMEIER, W. H.; SMITH, D. D. Predicting Rainfall Erosion Losses: a guide to conservation planning. United States Department of Agricultural Handbook. 1978.

WISCHMEIER, W. H.; SMITH, D. D. Predicting Rainfall Erosion Losses from cropland east of the Rocky Mountains: a guide for selection of practices for soil and water conservation. United States Department of Agricultural Handbook. 1965.

XAVIER, A. C.; CECÍLIO, R. A.; LIMA, J. S. S. Módulos em MATLAB para interpolação espacial pelo método de krigagem ordinária e do inverso do quadrado da distância. Revista Brasileira de Cartografia, v. 62, n. 1, p. 67-76. 2010.

XAVIER, A. P. C; DA SILVA, R. M. Geoprocessamento na modelagem da vulnerabilidade à erosão na bacia do rio Mamuaba, estado da Paraíba. Disponível em: <http://www.cartografia.or.br.html> Acesso em: 15 abr. 2016.

ZAKIA, M. J. B. Identificação e Caracterização da Zona Ripária em uma microbacia experimental: Implicações no manejo de bacias hidrográficas e na reposição de florestas. 1998. 113f. Tese (Doutorado em Ciências da Engenharia Ambiental), Universidade de São Paulo, São Carlos, 1998.