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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA TARCIANE GREYCI DOS SANTOS SOUZA ESTUDO EM MICROESCALA DA CONVERSÃO TÉRMICA E CATALÍTICA DA BORRA DO ÓLEO DE ALGODÃO PARA OBTENÇÃO DE BIOQUEROSENE THERMAL AND CATALYTIC MICROPYROLYSIS ON STUDIES TO CONVERSION OF WASTE COTTON OIL TO PRODUCE BIOKEROSENE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

TARCIANE GREYCI DOS SANTOS SOUZA

ESTUDO EM MICROESCALA DA CONVERSÃO TÉRMICA E

CATALÍTICA DA BORRA DO ÓLEO DE ALGODÃO PARA

OBTENÇÃO DE BIOQUEROSENE

THERMAL AND CATALYTIC MICROPYROLYSIS ON STUDIES

TO CONVERSION OF WASTE COTTON OIL TO PRODUCE

BIOKEROSENE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

TARCIANE GREYCI DOS SANTOS SOUZA

ESTUDO EM MICROESCALA DA CONVERSÃO TÉRMICA E

CATALÍTICA DA BORRA DO ÓLEO DE ALGODÃO PARA

OBTENÇÃO DE BIOQUEROSENE

Exame de Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química, da Universidade Federal de Sergipe, para a obtenção do título de Mestre em Química.

Orientador: Prof. Dr. Alberto Wisniewski Junior

THERMAL AND CATALYTIC MICROPYROLYSIS ON STUDIES

TO CONVERSION OF WASTE COTTON OIL TO PRODUCE

BIOKEROSENE

Master Dissertation presented to the Graduate Program in Chemistry of the Federal University of Sergipe to obtain MSc. in Chemistry.

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

S729e

Souza, Tarciane Greyci dos Santos

Estudo em microescala da conversão térmica e catalítica

da borra do óleo de algodão para obtenção de bioquerosene

/ Tarciane Greyci dos Santos Souza ; orientador Alberto

Wisniewski Junior. – São Cristóvão, 2015.

76 f. : il.

Dissertação (mestrado Química)– Universidade Federal

de Sergipe, 2015.

1. Catalisadores. 2. Produtos petroquímicos. 3. Óleo de algodão. I. Wisniewski Junior, Alberto, orient. II. Título.

CDU 542.973

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ii

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo aplicar a micropirólise e

microhidropirólise catalítica e não catalítica, na avaliação da produção de

bioquerosene a partir da borra de óleo de algodão. As amostras da borra de

óleo de algodão foram cedidas pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do

Nordeste – CETENE (Usina experimental de Caetés-PE) e compõe um dos

principais resíduos da cadeia produtiva de biodiesel da usina. As pirólises

foram realizadas utilizando 50 mg de biomassa. Nas pirólises e hidropirólises

foram utilizadas as temperaturas de 500 e 550 °C sendo investigado também a

influência da dispersão do catalisador na amostra. Os catalisadores PMZ,

PWZ, MT e WT testados a 10% (m/m) neste trabalho, foram produzidos para a

aplicação na indústria petroquímica com o intuito de promover a isomerização

de n-parafinas lineares que estão presentes no petróleo, aos seus respectivos

isômeros ramificados, tendo como produto final uma gasolina com alto índice

de octanagem. Porém, no processo de pirólise estes catalisadores apresentam-

se inéditos. Os pirolisatos obtidos foram caracterizados por GC-FID e GC/MS,

e os gases produzidos foram quantificados e analisados por micro-GC. A

utilização da atmosfera de gás hidrogênio não minimizou a produção de

alcenos como produto da pirólise. A presença de água na biomassa otimizou o

processo de craqueamento térmico. Este craqueamento quando realizado na

presença dos catalisadores na temperatura de 550 °C mostrou um rendimento

maior de biocombustível líquido com hidrocarbonetos na faixa de C9 a C16

(aproximadamente 37%) em relação ao tratamento não catalítico. A análise

semi-quantitativa dos gases produzidos na pirólise sugere as rotas de

descarboxilação (pela presença de CO2) e descarbonilação (pela presença de

CO) durante o craqueamento térmico catalítico, além de evidenciar a

ocorrência do processo Fischer-Tropsch produzindo hidrocarbonetos na faixa

do querosene.

Palavras-chave: Borra do óleo de algodão. Bio-óleo. Bioquerosene.

Micropirólise. Microhidropirólise. Catalisador.

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iii

ABSTRACT

This study aimed to apply the micropirólise and catalytic and non-catalytic

microhidropirólise, in assessing the production of bio-kerosene from the cotton

oil sludge. Samples of cotton oil sludge were provided by the Northeast Center

for Strategic Technologies - CETENE (experimental Plant Caetés-PE) and

makes up a major waste of the productive chain of biodiesel plant. The pyrolysis

was performed using 50 mg of biomass. In hidropirólises and pyrolysis

temperatures were used 500 ° C and 550 also being investigated the influence

of dispersion of the catalyst in the sample. The catalysts PMZ, PWZ, MT and

WT tested at 10% (m/m) in the study, were produced based on the application

for the petrochemical industry and are as novel for this type of application. The

obtained solutions were analyzed by GC-FID and GC / MS, and the gases

produced were analyzed and quantified micro-GC. The use of hydrogen gas did

not minimize the production of alkenes in pyrolysis. The presence of water in

the biomass optimized thermal cracking process. This cracking when performed

in the presence of catalysts at 550 °C showed a higher yield of liquid biofuel to

hydrocarbons in the C9 to C16 range (approximately 37%) compared to the

non-catalytic treatment. The semi-quantitative analysis of gases produced in the

pyrolysis suggested routes decarboxylation (in the presence of CO2) and

decarbonylation (the CO present) during the catalytic thermal cracking, and

demonstrate the occurrence of the Fischer-Tropsch process produces

hydrocarbons in the range kerosene.

Keywords: Waste of cotton oil. Bio-oil. Biokerosene. Micro pyrolysis. Micro

hydro pyrolysis. Catalyst.

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iv

À minha mãe Kátia, pelo incentivo e apoio

em todas as minhas decisões. Sem dúvida

ela é a melhor parte de mim.

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“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo.

Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas

admiráveis." (José de Alencar)

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vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida. Por me iluminar, me proteger e ter me sustentado

até aqui.

Aos meus pais Roberto e Kátia, e ao meu irmão Júnior, por todo amor e

principalmente por todo apoio e incentivo que me deram desde sempre.

Agradeço ao meu noivo Luiz Fabiano, pela compreensão nos momentos de

ausência e estresse, por todo carinho, apoio e companheirismo.

Agradeço ao meu orientador Dr. Alberto Wisniewski Junior, pela orientação,

disposição e pela paciência, que foram peças fundamentais para que esse

trabalho pudesse ser realizado. Muito Obrigada.

Aos professores Dr° Sandro Navickiene, Drª Luciane Pimenta Cruz Romão e

Drª. Lisiane dos Santos Freitas pela disponibilidade.

A professora, Drª Anne Michele Garrido Pedrosa, por disponibilizar os

catalisadores para o desenvolvimento do trabalho.

Ao professor Drº Rennan Geovanny Oliveira, pelas análises de EDX, e pela

relação de carinho e amizade desenvolvida.

Aos meus amigos do LCP: Valéria Oliveira, Valter Oliveira, Luís Fabrício, Bruno

Araújo, Josué Alves, Schinaider Vieira, Mônica Cardoso, Ingred Carvalho,

Nicaellen Roberta e Juciara Nascimento, pelo apoio e pelos momentos de

descontração.

A Brenda Lohanny e Ayrla pela fundamental colaboração na execução desta

pesquisa.

As amigas Ruyanne Camilo e Laís Menezes pela amizade, torcida e carinho.

Ao Programa de Pós Graduação em Química, a CAPES pela bolsa de

Mestrado. A CETENE, em nome do Sr. James Melo, pela parceria e pelo

fornecimento da biomassa de estudo.

Agradeço a todos que colaboraram de forma direta ou indireta no

desenvolvimento deste trabalho.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

BS – Borra do óleo de algodão seca

BU – Borra do óleo de algodão úmida

GC/MS - Cromatografia Gasosa / Espectrômetria de Massas

GC-FID - Cromatografia a Gás com Detector de Ionização por Chama

DC - Descarboxilação

DCM – Diclorometano

DTG – Análise Termogravimétrica Diferencial

HDO – Hidrodesoxigenação

HEFA – Ácidos Graxos e Ésteres Hidroprocessados

IATA – Associação Internacional de Transporte Aéreo

IR – Infravermelho

m/z – Razão massa/carga

SPK-FT – Querosene Parafínico Hidroprocessado por Fischer-Tropsch

TG –Termogravimetria

TIC – Cromatograma de Íons Totais

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1

Sumário 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

1.1 Biocombustíveis ............................................................................................................ 4

1.1.1 Bio-óleo ................................................................................................................. 8

1.1.2 Bioquerosene ........................................................................................................ 9

1.2 Biomassa ..................................................................................................................... 11

1.2.1 Biomassa Triglicérica Residual ................................................................................... 11

1.2.1.1 Borra do óleo de algodão ........................................................................................ 12

1.3 Pirólise ......................................................................................................................... 14

1.3.1 Pirólise Catalítica ........................................................................................................ 16

2 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 18

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 18

2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................... 18

3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................................... 19

3.1 Caracterização da borra do óleo de algodão .............................................................. 19

3.1.1 Teor de Umidade ................................................................................................. 19

3.1.2 Teor de Cinzas ..................................................................................................... 19

3.1.3 Teor de Óleo ........................................................................................................ 20

3.1.4 Índice de acidez do óleo extraído da borra do óleo de algodão ......................... 21

3.1.5 Termogravimetria (TG) ........................................................................................ 22

3.1.6 Análise de Infravermelho (IR) .............................................................................. 22

3.1.7 Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Energia Dispersiva (EDX) ........ 22

3.1.8 Análise Elementar ............................................................................................... 23

3.2 Micropirólise e Microhidropirólise off-line ................................................................. 23

3.2.1 Avaliação do craqueamento térmico e catalítico da borra do óleo de algodão em

diferentes temperaturas e formas de preparo. .................................................................. 24

3.2.2 Esterificação do óleo da borra do algodão.......................................................... 25

3.3 Caracterização do bio-óleo ......................................................................................... 26

3.3.1 Cromatografia Gasosa com detector de Ionização por Chama .......................... 26

3.3.2 Cromatografia Gasosa / Espectrometria de Massas ........................................... 26

3.3.3 Análise e caracterização dos produtos gasosos obtidos no craqueamento

térmico e catalítico .............................................................................................................. 27

4 Resultados e Discussão ....................................................................................................... 29

4.1 Caracterização da borra do óleo de algodão .............................................................. 29

4.1.1 Teor de umidade ................................................................................................. 29

4.1.2 Teor de cinzas ...................................................................................................... 29

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2

4.1.3 Termogravimetria (TG) ........................................................................................ 29

4.1.4 Teor de óleo ........................................................................................................ 31

4.1.5 Espectroscopia no Infravermelho (IR) ................................................................. 32

4.1.6 Análise de Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Energia Dispersiva

(EDX) 33

4.1.7 Análise Elementar ............................................................................................... 34

4.1.8 Índice de acidez do óleo extraído da borra de algodão ...................................... 35

4.1.9 Esterificação do óleo da borra de algodão .......................................................... 35

4.2 Caracterização química do bio-óleo ............................................................................ 38

4.2.1 Micropirólise e microhidropirólise off-line ......................................................... 38

4.3 Avaliação do craqueamento térmico e catalisado da borra do óleo de algodão em

diferentes temperaturas e formas de preparo. ...................................................................... 43

4.4 Análise e caracterização dos produtos gasosos obtidos no craqueamento térmico e

catalítico .................................................................................................................................. 48

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 51

6 PERSPECTIVAS ..................................................................................................................... 52

7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 53

8 APÊNDICES .......................................................................................................................... 61

9 ANEXOS ............................................................................................................................... 63

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1 INTRODUÇÃO

Os biocombustíveis surgiram como uma alternativa para substituir o uso

predominante de combustíveis fósseis para a produção de energia, calor e

transporte, que representam 82% da energia total do planeta [1].

Visando questões ambientais e questões econômicas, o

desenvolvimento de combustíveis alternativos para aviação vem ganhando

destaque, visto que este setor é responsável por 2% da emissão mundial de

CO2 [2]. Materiais residuais ricos em triacilglicerois além de apresentar baixo

custo, também auxiliam na gestão de resíduos evitando os impactos

ambientais.

Para a obtenção de combustíveis a partir da biomassa, a pirólise tem

sido amplamente estudada, buscando produzir moléculas menores a partir do

craqueamento de moléculas maiores através de energia térmica [3]. Aliada a

pirólise, as reações de desoxigenação catalítica de ácidos graxos têm sido

realizadas com sucesso nos últimos anos para obtenção de diesel, sob um gás

inerte ou hidrogênio, com temperatura elevada [4].

Os catalisadores à base de óxido de zircônio modificado por óxido de

tungstênio e molibdênio, amplamente utilizados na industria petroquímica, têm

se destacado devido aplicação em reações de grande importância industrial,

tais como processo de isomerização e alquilação de n-alcanos em petróleo [5].

Neste sentido a borra do óleo de algodão apresenta-se como uma fonte

alternativa promissora para a produção de bioqueresone. Dentre outras

vantagens, a borra do óleo de algodão é rica em óleo, com aproximadamente

65% em massa.

Neste trabalho, buscou-se avaliar a produção do bioquerosene SPK-

HEFA dentro das definições da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e

Biocombustíveis, utilizando tratamento e hidrotratamento térmico e catalítico

aplicado a borra de óleo de algodão. A pouca literatura a respeito da utilização

desta biomassa para a conversão em biocombustíveis através destes

processos, torna o estudo um trabalho pioneiro.

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4

1.1 Biocombustíveis

De acordo com a Resolução nº 23 de 13.8.2012 da Agência Nacional de

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, biocombustível é todo combustível

derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna; ou,

conforme regulamento, para outro tipo de geração de energia, que possa

substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil.

A mudança da dependência mundial dos combustíveis fósseis para as

tecnologias de produção de energia renovável tem como objetivo a criação de

condições ambientais favoráveis e uma economia sustentável.

Segundo a British Petroleum Energy Statistical Review 2014, em 2000 e

2013, a demanda de energia cresceu 38% e foi acompanhada do crescimento

do consumo das fontes fósseis na mesma proporção (3%). As energias

renováveis tiveram um crescimento de (81%), como mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Participação (%) das fontes na oferta mundial de energia em 2000

e 2013. Fonte: British Petroleum Energy Statistical Review (2014) [6].

Fontes 2000* Part. (%) 2013* Part. (%) Var (%)

Fósseis 8.046 86,6 11.086 86,3 38

Renováveis 622 7,1 1.200 9,3 81

Nuclear 884 6,3 563 4,4 - 4

*milhões tonelada equivalente de petróleo (tep).

Os biocombustíveis são classificados em primário e secundário. Os

classificados como primários são utilizados em sua forma não processada,

como por exemplo a madeira. Os classificados como secundários são

reclassificados de acordo com a biomassa de que são oriundos, como

biocombustíveis de primeira, segunda e terceira geração [7].

Os biocombustíveis de primeira geração são aqueles cujo processo

produtivo encontra-se bem desenvolvido e são produzidos a partir de matérias-

primas de origem alimentícia. Encaixam-se nesta categoria o etanol de

fermentação de açúcares e o biodiesel obtido a partir de óleos e gorduras.

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5

Ambos os biocombustíveis são produzidos em grande escala no país por meio

de processos bem estabelecidos [8].

O etanol é produto da fermentação de açúcares simples como a glicose,

usando leveduras do gênero Saccaromyces. O caldo da cana contém cerca de

15 a 20 % de sacarose, que por hidrólise é convertida em glicose e frutose, as

quais são então fermentadas a etanol e CO2 conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Fermentação de glicose para produzir etanol. Fonte: McMURRY

(2008) [9].

A produção de etanol de primeira geração no Brasil foi da ordem de 21

bilhões de litros em 2011. O país perdeu o posto de maior produtor mundial

para os Estados Unidos, que produziram neste mesmo ano cerca de 50 bilhões

de litros deste biocombustível [10].

Outro biocombustível de primeira geração importante é o biodiesel. Ele

é, normalmente obtido a partir de óleos e gorduras pelo processo de

transesterificação com álcoois de cadeia curta na presença de catalisadores

ácidos ou, preferencialmente, básicos de acordo com a Figura 2. O metanol é o

principal álcool usado na produção do biodiesel, apesar de ser oriundo de fonte

fóssil [11].

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6

Figura 2 - Transesterificação de triacilglicerois para a produção de biodiesel.

Fonte: McMURRY (2008) [9].

No entanto, estes biocombustíveis apresentam maiores custos para a

sua produção, devido, principalmente, à espécie de matéria-prima que eles

utilizam [12]. A produção do bioetanol no Brasil, por exemplo, compete

diretamente com as indústrias produtoras de açúcar e aguardente, ao utilizar

como matéria-prima a cana-de-açucar, ao ocupar terras férteis, além do uso

da água e fertilizantes químicos que o cultivo dessas plantações requerem

tanto em níveis ambientais como econômicos [13].

Com o crescimento populacional, espera-se que o crescimento da

produção e consumo de biocombustíveis aumentem, mas seus impactos no

sentido de satisfazer as demandas energéticas globais no setor dos

transportes continuará a ser limitado [14].

Os biocombustíveis de segunda geração são aqueles que utilizam como

matéria-prima a biomassa lignocelulósica e/ou oleaginosa, as quais são

originadas dos resíduos agrícolas e dos subprodutos, do processamento da

madeira e dos resíduos orgânicos, oferecendo uma variedade mais preferível

de resíduos de materiais como matéria-prima. A flexibilidade nestes tipos de

recursos garante o desenvolvimento sustentável dos biocombustíveis [15].

Estes biocombustíveis são produzidos principalmente através de duas

rotas de conversão, a termoquímica e a bioquímica, cada uma com suas

vantagens e desvantagens. A via termoquímica é constituída pelo

procedimento de pirólise e/ou gaseificação e processos de limpeza e de

condicionamento de gás subsequentes, seguido pela síntese de Fischer-

Tropsch (F-T) para a produção de combustíveis líquidos sintéticos. Na

Triglicerídeo

Metanol

Biodiesel

Glicerol

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7

conversão térmica utilizando o processo de pirólise, os biocombustíveis obtidos

são classificados como bio-óleo, biocarvão e biogás [16]. O rendimento destes

três biocombustíveis depende dos parâmetros utilizados durante o

procedimento e do uso de catalisadores específicos para favorecimento dos

produtos majoritários [17].

A rota bioquímica envolve a transformação enzimática de celulose e

hemicelulose a partir da fermentação de açúcares e a subsequente produção

do bioetanol. O esquema da Figura 3 mostra os principais processos de

conversão da biomassa em combustíveis de primeira e segunda geração.

Figura 3 - Processos de conversão da biomassa em biocombustíveis de

primeira e segunda geração. Fonte: Adaptado de NIGAM e SINGH, (2011) [8].

Bio-óleoPirólise

Pré-

tratamento

Gaseificação

Cereais de

amido

Açúcares

Óleo vegetal

Resíduos

florestais

Óleos não

comestíveis

Lignocelulósica

Biomassa

alimentícia

Biomassa não

alimentícia

Biomassa

Condensação FFT óleo

Hidrólises

enzimáticasFermentação

Biocombustível

HT óleo

Transesterificação

Extração do

produto químico

Biodiesel

Bio-óleo

Finalidade

alimentar

Hidrólise

FermentaçãoBiocombustíveis/

bioetanol

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8

1.1.1 Bio-óleo

O bio-óleo possui potencial para minimizar e substituir o uso de

combustíveis fósseis na produção termoelétrica, e como insumo químico em

resinas, aditivos para combustíveis e como fungicida [18].

Os compostos que estão presentes no bio-óleo podem ser classificados

de acordo com a composição da biomassa em: ácidos, ésteres, aldeídos

lineares e cetonas, cetonas cíclicas, furanos, álcoois e açúcares, éteres, fenóis,

éteres fenólicos, compostos oxigenados, hidrocarbonetos cíclicos e seus

derivados, e compostos azotados e apresentam em torno de 45-50% em

massa de oxigênio [19-20]. O alto teor de oxigênio no bio-óleo é uma grande

preocupação, uma vez que faz com que haja instabilidade, baixo valor calórico

e acidez elevada. Com estas propriedades, o uso direto do bio-óleo como

combustível é limitado, sendo necessário seu beneficiamento para torná-lo

adequado ao uso como combustível de transporte para veículos automotores

[21].

Desta forma, por causa das características físico-químicas do bio-óleo, é

necessário o uso e desenvolvimento de novos catalisadores heterogêneos que

possuam propriedades como tolerância à água e resistência a acidez, bem

como funções catalíticas de desoxigenação, hidrogenação e craqueamento.

Catalisadores bifuncionais contendo metais suportados em sólidos ácidos se

destacam por aproximar as propriedades do bio-óleo hidrotratado às da

gasolina convencional [22].

Resíduos de biomassa ricos em triacilglicerois são comumente usados

como matéria-prima na produção de bio-óleo via pirólise. Resíduos de óleo

comestível/não-comestível, foram consideradas como potenciais matérias-

primas para a produção de bio-óleo a exemplo das pirólises de resíduo de óleo

de soja [23], torta de óleo de girassol [24], torta de dendê [25], resíduo de óleo

de gergelim [26], de óleo de peixe residual [27], entre outras. Isto faz com que a

composição química do bio-óleo seja uma mistura complexa de compostos das

mais diferentes classes.

Na literatura há registros sobre o estudo do óleo de palma para a

produção de bio-óleo através da pirólise. Experimentos de pirólise foram

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9

realizadas a 400, 450, 500, 550 e 600 °C, com taxa de aquecimento de 15 °C

min-1. O maior rendimento de bio-óleo (22,12% em massa) foi obtido na

temperatura de 500 °C, tornando a biomassa útil para a produção de bio-óleo

[28].

1.1.2 Bioquerosene

A Resolução da ANP nº 20, de 24.6.2013 estabelece as especificações

dos querosenes alternativos de aviação. Segundo o Regulamento Técnico,

existem duas definições para a síntese e composição desses biocombustíveis:

SPK-FT e SPK-HEFA e suas misturas com o Querosene de Aviação (QAV-1):

Querosene parafínico sintetizado hidroprocessado por Fischer-Tropsch

(SPK-FT): componente sintético da mistura que compreende

essencialmente isoparafinas, n-parafinas e cicloparafinas obtido de um

ou mais precursores produzidos pelo processo Fischer-Tropsch (FT),

usando catalisadores de ferro ou cobalto.

Ácidos graxos e ésteres hidroprocessados (SPK-HEFA): Querosene

parafínico sintetizado obtido pela hidrogenação e desoxigenação de

ésteres de ácidos graxos e ácidos livres com objetivo de remover

essencialmente o oxigênio.

Embora a indústria da aviação seja 70% mais eficiente atualmente do

que há 40 anos, devido a aeronaves mais leves e motores modernos, esta

indústria está crescendo em um ritmo acelerado, com estimativa de

crescimento de 5% ao ano até 2030; esses valores são mais elevados do que o

aumento esperado na eficiência do combustível em relação ao mesmo período

(3% ao ano) e leva a um aumento do consumo de combustível e aumento de

emissões [29].

O setor da aviação é responsável por cerca de 2% do dióxido de

carbono liberado na atmosfera. Mesmo considerando alguns outros métodos

de quantificação, esse valor pode atingir 3,5% [30]. A Associação Internacional

de Transportes Aéreos (IATA) juntamente com as empresas associadas a ela,

comprometeram-se a aumentar a eficiência no uso de combustível até 2020, de

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1,5% ao ano e reduzir as suas emissões em 50% até 2050, em comparação

com os dados obtidos a partir de 2005, estimulando, assim, a busca por

combustíveis alternativos que têm baixa produção de gases de efeito estufa e

que podem ser usados sem a necessidade de mudanças na infraestrutura ou

de distribuição.

Figura 4 - Metas para o consumo de bioquerosene no Brasil. Fonte: IATA

(2010) [31].

Devido a fatores ambientais, juntamente com as questões econômicas

em que as flutuações atuais dos preços do petróleo exercem pressão direta

sobre a indústria da aviação, um interesse crescente no desenvolvimento de

combustíveis alternativos para aviação nas últimas décadas tem sido verificado

[32]. Vários voos de demonstração foram realizados nos últimos anos pelas

principais companhias aéreas e empresas de produção de aeronaves. Em

2010, no Brasil, a empresa aérea TAM realizou o primeiro voo experimental

utilizando uma mistura de 50% de bioquerosene de óleo de pinhão manso.

Dois anos depois foi a vez da empresa aérea Gol realizar um voo experimental

de São Paulo ao Rio de Janeiro utilizando uma mistura de 4% de bioquerosene

de óleo de milho e gordura animal [33].

Dessa forma, torna-se urgente a busca por fontes de matérias-primas

sustentáveis para suprir a demanda da indústria de aviação, o que segundo a

IATA ainda é o maior desafio.

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1.2 Biomassa

A biomassa é uma fonte energética natural e renovável para a produção

de biocombustíveis que possibilita ainda ter insumos químicos de valor

agregado. Destaca-se principalmente por que pode ser convertida em

combustíveis líquidos, sólidos e gasosos [35]. É classificada como uma fonte

biológica alternativa, que armazena energia química através da fotossíntese,

sendo portanto um produto da combinação de CO2 e da água que através de

reações fotossintéticas geram carboidratos, triglicerídeos, lignina e celulose.

Desta forma, a queima, sob condições apropriadas, resulta na produção de

CO2 e água, havendo um processo cíclico que caracteriza a biomassa como

um recurso renovável [36].

A biomassa pode ser convertida em biocombustíveis por dois processos

termoquímicos: o craqueamento térmico ou pirólise, e gaseificação. Em ambos

o objetivo é a obtenção de moléculas de pequeno tamanho a partir da quebra

de moléculas maiores por meio de energia térmica na ausência de oxigênio. Os

principais produtos destes processos estão distribuídos em duas frações, a

fração gasosa e a fração líquida de hidrocarbonetos. A fração líquida é

denominada bio-óleo [3].

A biomassa corresponde a uma faixa entre 10 e 14% do consumo de

energia mundial. Em termos mundiais, o Brasil possui uma grande diversidade

de biomassa que se apresenta como fontes potenciais de produção de energia,

através principalmente do processo de pirólise. Como exemplos, podem ser

citados sementes, frutas, cascas e resíduos agroindustriais [37].

Diante dessa busca urgente por energia alternativa, a biomassa surge

como uma fonte renovável e abundante para obtenção de biocombustíveis que

podem ser obtidos num plano relativamente curto e de modo sustentável [38].

1.2.1 Biomassa Triglicérica Residual

Os triacilglicerois, nome genérico de qualquer tri-éster oriundo da

combinação do glicerol com ácidos (especialmente ácidos carboxílicos de

cadeia alquílica longa) são os principais componentes de óleos vegetais e

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gorduras animais, e podem ser utilizados para fabricar combustíveis líquidos. A

utilização de materiais residuais ricos em triacilglicerois traz uma contribuição

valiosa, não só na redução dos custos de produção de biocombustível, mas

também nos melhores resultados de gestão de resíduos, evitando os impactos

ambientais subsequentes [1].

Diante disso, a maioria dos pesquisadores concentraram-se em óleos

não comestíveis ou resíduos de óleos de cozinha como matéria-prima para a

produção de biocombustíveis, tais como óleo de algas [39], óleo de jatrofa [40],

e óleo de graxa [41]. Outros exemplos de resíduos de matérias-primas para a

produção de biodiesel são óleos usados em fritura e as gorduras animais. Os

resíduos de óleos de fritura são conhecidos por serem escassos, mas os

resíduos de gorduras animais são mais abundantes [42].

1.2.1.1 Borra do óleo de algodão

O algodão é uma fibra branca ou esbranquiçada obtida dos frutos de

algumas espécies do gênero Gossypium, da família Malvaceae. Dentre as suas

várias espécies, o algodoeiro G. hirsutum L.r. latifolium Hutch., é o mais

plantado no mundo, com 33,31 milhões de hectares e que produz sementes

que possuem aderida em sua superfície uma uma camada de fibras curtas,

denominada línter. Além disso, é responsável por 90% da produção mundial de

algodão em caroço ou algodão em rama [43].

O Brasil é o terceiro país exportador e o primeiro em produtividade desta

cultura. Nas últimas três safras, com volume médio de 1,7 milhão de toneladas

de algodão, o Brasil se coloca entre os cinco maiores produtores mundiais, ao

lado de países como China, Índia, EUA e Paquistão [44]. Com a diversidade da

biomassa disponível no país e as matérias-primas oleaginosas podendo ser

empregadas na cadeia produtiva de biocombustível, o algodão surge

apresentando grande representatividade no nordeste brasileiro [45]. A Figura 5

mostra a distribuição das matérias-primas oleaginosas nas regiões do Brasil.

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Figura 5 - Distribuição de algumas das oleaginosas nas regiões brasileiras.

Fonte: FLEXOR, (2014) [46].

Embora o algodão seja cultivado principalmente pelas suas fibras para a

indústria têxtil, a sua semente é uma matéria-prima para a produção de óleo

[47]. O óleo obtido das sementes de algodão é de coloração escura, provocada

por pigmentos que acompanham o gossipol, que é um composto polifenóico de

cor amarelada, com características físicas e químicas bem definidas. Para a

produção do biodiesel torna-se necessário processo de refinamento para

eliminação desses pigmentos através do calor, uma vez que os mesmos são

termolábeis e durante o refino são destruídos. Durante o processo de refino, é

gerada uma borra a qual dá origem a um resíduo rico em ácidos graxos livres,

fosfatídeos, e algumas outras impurezas [48]. Esse resíduo é rico em material

graxo, tanto na forma de sabão como de ácido graxo livre e de triacilglicerois

que foram dispersos no sabão. Essa presença de ácidos graxos livres e

triacilglicerois, pode ser aproveitada para a produção de biocombustíveis, já

que este trata-se, quimicamente, de uma mistura de ésteres mono-alquílicos de

ácidos de cadeia longa, geralmente ésteres ou éteres metílicos [49].

Várias pesquisas envolvendo o craqueamento térmico de triacilglicerois

na presença ou na ausência de catalisadores têm sido realizadas [50]. Diante

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disto e da pouca literatura a respeito do emprego da borra de algodão, o estudo

para a obtenção de hidrocarbonetos a partir desta fonte torna-se pioneiro na

região nordeste do país.

Na literatura, existem trabalhos que descrevem a utilização da semente de

algodão para a produção de bio-óleo via pirólise. Resultados evidenciaram um

rendimento máximo de 49,50% (m/v) de bio-óleo após o craqueamento térmico,

sob temperatura de 500 °C, da semente de algodão. A caracterização química,

do pirolisato indicou que era constituído majoritariamente por n-alcanos e

alcenos [51].

Métodos de aproveitamento dos altos valores de ácidos graxos presentes

na borra de refino de óleos vegetais são descritos nas patentes PI0405705-8 e

PI0604251-1, porém, para este trabalho o método utilizado para o

aproveitamento do material constituinte da borra é a pirólise, uma das vias mais

estudadas para a conversão de triacilglicerois em hidrocarbonetos.

1.3 Pirólise

A pirólise é um processo que ocorre por meio da decomposição

anaeróbia térmica de biomassas [52]. Esse processo pode resultar tanto em

bio-óleo quanto em biogás e biocarvão.

A composição do bio-óleo varia em função da biomassa utilizada. Se

tratando de biomassa rica em triacilglicerois como resíduos de óleo de soja,

palma, algodão e canola, os produtos majoritários são alcanos, alcenos,

cetonas, aldeídos e ácidos carboxílicos. Utilizando biomassa lignocelulósica

como bagaço de cana de açúcar, madeira e aguapé, os principais produtos são

fenóis, furanos e seus derivados [21].

O biogás possui em sua constituição principalmente os gases CO, CO2,

H2, CH4. Pirólises realizadas da casca de coco nas temperaturas de 500 ºC e

630 ºC, obtiveram como componente majoritário do biogás o CO2, enquanto a

formação de outros gases como CO, CH4 e H2 foram minoritárias [53].

O biocarvão é considerado uma forma eficiente de aprisionar CO2 no

solo, contribuindo para a redução do aquecimento global e melhorando a

fertilidade dos solos, aumentando a quantidade de nutrientes que podem ser

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utilizados pelas plantas, retendo mais água e reduzindo o uso de fertilizantes

químicos [54].

A depender das condições de funcionamento, os principais processos

térmicos são classificados em:

Carbonização: a taxa de aquecimento é baixa, com temperatura

máxima de 400 °C e tempo de residência que pode durar dias ou

semanas;

Convencional: A taxa de aquecimento é baixa com temperaturas

elevadas e que não ultrapassam 600 °C, com tempo de

residência estimado em 5-30 min;

Rápida: A taxa de aquecimento é mais elevada com tempo de

residência estimado em 0,5-5 s com temperaturas de 500-550 °C;

Gaseificação: as temperaturas são bastante elevadas entre 750-

900 °C com tempo de residência menor do que 1 s; [55]

A Tabela 2 apresenta o rendimento dos produtos obtidos dos diferentes

tipos de processos térmicos.

Tabela 2 - Rendimentos dos produtos obtidos nos diferentes processos. Fonte:

DERMIRBAS (2006) [55].

Processo térmico Rendimento (%)

Líquido Sólido Gás

Carbonização 30 35 35

Convencional 50 25 25

Rápida 75 12 13

Gaseificação 5 10 85

Durante o processo de pirólise de biomassa, os produtos da fase de

vapor reagem e, subsequentemente, condensam depois do arrefecimento para

produzir uma mistura líquida de vários compostos, aldeídos, álcoois, açúcares,

ésteres, cetonas e compostos aromáticos, que são coletivamente referidos

como bio-óleo [3], e dos hidrocarbonetos, no caso do bioquerosene, cuja

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produção é aumentada quando o processo de craqueamento térmico segue as

condições da pirólise rápida.

Para a obtenção de biocombustíveis a partir da biomassa, dentro das

possibilidades de tratamento, a pirólise mostra-se uma boa alternativa, uma vez

que são obtidas moléculas menores a partir do craqueamento de moléculas

maiores na ausência de oxigênio, através de energia térmica [56]. Vários bio-

óleos podem ser explorados diretamente como combustível em motores

robustos, possivelmente para a produção de energia elétrica ao invés do uso

para o transporte, assim como, em alternativa, os bio-óleos também podem ser

aprimorados para produzir combustíveis de alta qualidade, como por exemplo o

biocombustível de aviação [57].

Biocombustíveis obtidos pelo processo de conversão térmica de

biomassa apresentam alto poder calorífico demonstrando que o processo pode

ser visto como uma tecnologia promissora [58].

1.3.1 Pirólise Catalítica

Catalisadores são substâncias que afetam a velocidade de uma reação,

porém sai inalterado do processo. Geralmente altera a velocidade da reação

por meio de uma diferente rota molecular. Uma vez que um catalisador torna

possível obter um produto final por uma rota diferente com uma menor barreira

de energia, ele pode afetar tanto o rendimento como a seletividade [59].

Dentro das opções de tratamento do bio-óleo, métodos catalíticos são

utilizados tanto para melhorar o seu rendimento e a sua qualidade, quanto para

a sua conversão em uma grande variedade de combustíveis, incluindo diesel,

gasolina, querosene e metano [60]. A desoxigenação de triacilglicerois, tem

sido demonstrada como uma forma eficiente da utilização de ésteres metílicos

de ácidos graxos para conversão em biodiesel. Métodos de hidrogenação

utilizando catalisadores durante o hidrotratamento já foram aplicados

industrialmente [61].

O produto típico de uma simples desoxigenação é uma mistura de n-

alcanos e o mecanismo de reação é composto por dois caminhos reacionais: (i)

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hidrodesoxigenação (HDO), que produz cadeias de hidrocarbonetos com

números pares e (ii) hidrodescarboxilação (DC), que produz cadeias de

hidrocarbonetos ímpares [62].

A conversão de bio-óleo, originado após processo de pirólise a

hidrocarbonetos sob atmosfera de hidrogênio tem sido realizada com sucesso

e se mostrado uma técnica cada vez mais promissora. Estudos com o óleo de

mamona identificaram o heptadecano, componente majoritário do diesel, como

principal produto da desoxigenação catalítica de ésteres metílicos de ácidos

graxos, e mostraram que a formação do heptadecano procede não somente

pela descarbonilação, mas também por meio de hidrogenação da ligação dupla

e do grupo hidroxila do ricinoleato de metila [63]

Na literatura, também já se discute a modificação de métodos de

hidrodesoxigenação que buscam reduzir a pressão de hidrogênio utilizada,

mantendo o rendimento e a qualidade do biocombustível e, consequentemente,

tornando o processo economicamente mais vantajoso. Estudos demonstram a

possibilidade de diminuir a pressão do hidrogênio requerido para realizar o

hidrotratamento [64]. Por meio de um pré-tratamento, o bio-óleo bruto foi

oxidado a fim de aumentar o teor de ácidos carboxílicos por conversão

sobretudo de aldeídos e cetonas, diminuindo as cadeias e o consumo de H2.

Os catalisadores à base de óxido de zinco modificado por óxido de

tungstênio e molibdênio têm atraído muito interesse nos últimos anos devido a

sua promissora aplicação em reações de grande importância industrial, tais

como processo de isomerização e alquilação de n-alcanos em petróleo [5].

Por outro lado, um enorme número de catalisadores heterogêneos

baseados Pt/Pd podem ser encontrados na literatura, incluindo os preparados

com diferentes óxidos de suporte. A hidrogenação de alcinos a alcenos

utilizando estes tipos de catalisadores é de especial relevância em indústrias

de química fina, uma vez que é um método eficiente para a produção de

olefinas [65].

Com objetivo de investigar o comportamento na biomassa triglicérica,

foram utilizados neste trabalho catalisadores a base de tungstênio, molibdênio

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ou platina, contendo sítios bifuncionais, inéditos para este tipo de reação: WT,

MT, PWZ, PMZ. Esses catalisadores foram preparados por Garrido Pedrosa [5]

e os detalhes sobre a caracterização estão no Anexo I.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a produção de bioquerosene a partir da borra de óleo de algodão

utilizando tratamento e hidrotratamento térmico e catalítico em microescala.

2.2 Objetivos Específicos

Caracterizar a borra de óleo de algodão a partir das técnicas:

Termogravimetria (TG), Análise Elementar (CHN), Análise de

Infravermelho (IV), Espectrometria de Fluorescência de Raios X por

Energia Dispersiva (EDX), teor de cinzas, teor de óleo, teor de

umidade e índice de acidez;

Submeter a borra de óleo de algodão ao processo de micropirólise

catalítica e não catalítica;

Submeter a borra do óleo de algodão ao processo de

microhidropirólise catalítica e não catalítica;

Realizar a caracterização química dos bio-óleos por meio das

técnicas de Cromatografia a gás / Espectrometria de Massas e

Cromatografia a Gás com Detector de Ionização por Chama;

Analisar e identificar os gases produzidos pelo processo de

craqueamento térmico;

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

As análises do teor de umidade, cinzas e esterificação foram realizadas

seguindo a metodologia descrita no Manual de Métodos Físico-químicos para

Análise de Alimentos do Instituto Adolfo Lutz, São Paulo [66]. As amostras da

borra do óleo de algodão foram cedidas pelo Centro de Tecnologias

Estratégicas do Nordeste – CETENE (Usina experimental de Caetes-PE).

3.1 Caracterização da borra do óleo de algodão

3.1.1 Teor de Umidade

A borra do óleo de algodão (500 mg) in natura foi acondicionada em

tubo de ensaio e teve sua massa inicial medida. O material foi submetido a

secagem em estufa a 100 ± 1 °C durante 12 h até que a massa se mantivesse

constante. A biomassa foi retirada e levada ao dessecador em sílica até que

atingisse a temperatura ambiente e, então, foi determinada a massa do

material seco. Este procedimento foi realizado em triplicata.

O cálculo do teor de umidade foi realizado seguindo a Equação 1:

Umidade (%) = [m1– m2) /m1] x100 (1)

m1 = massa da biomassa úmida (g)

m2= massa da biomassa seca (g)

3.1.2 Teor de Cinzas

Em um cadinho previamente condicionado, e utilizando o auxílio de uma

balança analítica, foi medida uma massa de amostra de borra de algodão

úmida de aproximadamente 2 g. O condicionamento do cadinho ocorreu na

mufla sob a temperatura de 525 ± 25 °C durante 50 min. Em seguida, o

cadinho permaneceu em repouso em um dessecador em sílica até que

atingisse a temperatura ambiente, para que então sua massa fosse

determinada. O cadinho contendo a amostra foi levado a mufla sob a

temperatura de 525 ± 25 °C durante 4 h. Ao ser retirado da mufla, o cadinho foi

deixado no dessecador até atingir a temperatura ambiente e, em seguida, foi

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determinada a sua massa final. O ensaio foi feito em triplicata e o cálculo para

a determinação do teor de cinza foi feito através da Equação 2:

Cinzas (%) = [(m3-m1) x 100] /(m2) (2)

m1 = massa cadinho (g)

m2 = massa da biomassa (g)

m3 = massa do cadinho + massa de cinzas (g)

3.1.3 Teor de Óleo

Em um tubo de ensaio foi adicionado aproximadamente 40 mg de borra

do óleo de algodão previamente seca e 5 mL de hexano. Foi centrifugado

durante 3 min. Após a lavagem e decantação, o solvente sobrenadante foi

transferido para um balão de fundo redondo com junta esmerilhada 24/40 com

massa previamente determinada. A adição de solvente ao tubo foi repetida

mais duas vezes com o sobrenadante sendo transferido diretamente para o

mesmo balão. Em seguida, o solvente foi removido em um evaporador rotatório

ajustado para a temperatura de 50 °C e 100 rpm, e a massa final do balão foi

obtida após atingir a temperatura ambiente. O procedimento foi realizado em

triplicata e o teor de óleo obtido pela Equação 3:

Óleo (%) = [(m3-m2) /m1] x100 (3)

m1= massa da biomassa

m2= massa do balão

m3= massa do balão + óleo

A Equação 3 também foi utilizada para a determinação do teor de óleo

dos próximos procedimentos.

a) Utilizando 10 mL de hexano

Foi adicionado em um frasco de vidro, contendo cerca de 50 mg de

biomassa in natura, 20 mL de água destilada, três gotas de HCl concentrado,

10 mL de hexano e aproximadamente 2 g de NaCl. Em seguida, a amostra foi

levada ao refrigerador durante 30 min. Ao atingir a temperatura ambiente, o

sobrenadante foi transferido para um balão de massa conhecida. No mesmo

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recipiente, ocorreram mais duas lavagens, porém, desta vez, acrescentando-se

somente 5 mL de hexano. A remoção do solvente foi realizada em revaporador

rotatório a 50 °C e 40 rpm.

b) Utilizando 5 mL de diclorometano

Em um frasco de vidro contendo aproximadamente 50 mg da biomassa

seca, foram adicionados 20 mL de água destilada. A vidraria foi fechada e

levada a estufa durante 30 min a uma temperatura de 60 °C. Em seguida, foi

adicionado 5 mL de diclorometano e após leve agitação, o óleo sobrenadante

foi transferido para um balão de fundo redondo com junta esmerilhada 24/40 de

massa previamente medida. O procedimento com 5 mL de diclorometano foi

realizado mais duas vezes com o sobrenadante sendo recolhido no mesmo

balão. A remoção do solvente foi realizada em evaporador rotatório a 40 °C e

60 rpm. Todo o procedimento foi feito em triplicata.

3.1.4 Índice de acidez do óleo extraído da borra do óleo de algodão

O índice de acidez total do óleo extraído da borra do óleo de algodão, foi

determinado seguindo as especificações do método ASTM D 974.

Inicialmente foi pesada uma massa do óleo extraído da borra,

aproximadamente 0,4 g. Essa massa foi solubilizada em uma solução

previamente preparada de éter etílico e etanol na proporção de 2:1

respectivamente e avolumada em uma balão volumétrico com capacidade de

25 mL. Dessa solução foi retirada uma aliquota de 5mL a qual foi titulada com

solução aquosa de NaOH 0,05 mol L-1 previamente padronizada com biftalato

de potássio, utilizando uma solução alcoólica 1% de fenolftaleína como

indicador. O procedimento foi realizado em triplicata.

Previamente foi realizado uma titulação com o branco, para investigar a

influência da solução éter:etanol na titulação da amostra. O índice de acidez é

expressado em mg KOH g-1 e foi calculado utilizando a Equação 4.

IA = (volume da amostra – volume do branco) x f x 5,61/ massa amostra (g) (4)

f = fator de correção da solução de hidróxido de sódio padronizada

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3.1.5 Termogravimetria (TG)

O comportamento térmico da borra de algodão úmida e seca foi

observado a aprtir da análise em um equipamento da marca Shimadzu, modelo

TGA-50, utilizando nitrogênio como gás de purga com fluxo de 40 mL min-1.

Cerca de 6 mg das amostras foram aquecidas de 26 °C a 600 °C a uma taxa

de 8 °C min-1. Tanto a análise de TG quanto as análises de Infravermelho,

EDX e Análise Elementar foram realizadas no Laboratório Multiusuário 1 do

PPGQ da Universidade Federal de Sergipe.

3.1.6 Análise de Infravermelho (IR)

A fim de avaliar as classes químicas de compostos, utilizou-se a

espectroscopia de infravermelho. Os espectros de FT-IR da amostra de borra

seca e do óleo extraído a partir dela com diclorometano, foram obtidos em

pastilhas de KBr utilizando um espectrômetro Varian 640-IR. O espectro foi

varrido de 4000 – 400 cm-1, utilizando-se a resolução de 4 cm-1, aquisição de

32 scans por amostra e empregando-se o espectro do ar como ruído de fundo.

3.1.7 Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Energia Dispersiva

(EDX)

Uma amostra de biomassa seca e outra das suas cinzas foram

caracterizadas por Espectrometria de Fluorêscencia de Raios X por Energia

Dispersiva em equipamento da marca Shimadzu, modelo EDX-720/800HS,

equipado com um tubo gerador de raios X de ródio, um detector de silicone,

um colimador de 10 mm e sistema de resfriamento com nitrogênio líquido. A

faixa de trabalho compreendeu um intervalo de átomos com número atômico

de 11-92, com tempo de análise total de 50 min, para cada amostra, operando

na forma quantitativa. O equipamento foi calibrado utilizando padrão de

referência composto de liga metálica com Cr=18,395%, Mn=1,709%,

Fe=70,718%, Ni=8,655%, Cu=0,278% e Mo=0,245%. Nas análises, um filme

da amostra é formado entre folhas de filme de Mylar (espessura 0,05 mm). A

amostra é incidida por um feixe de raios X que excitam os elétrons de valência

dos átomos os quais ao retornarem ao estado fundamental emitem radiação

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23

de fluorescência de raios X que são receptadas em um detector seletivo para

um comprimento de onda específico.

3.1.8 Análise Elementar

A composição elementar (C, H, N, O) foi determinada utilizando um

analisador modelo CHN 628 da LECO. O teor de oxigênio foi obtido por

diferença a partir da Equação 5:

%O = [100 - (%C + %H + %N + %S +%A)] (5)

%C = teor de carbono

%H = teor de hidrogênio

%N = teor de nitrogênio

%S = teor de enxofre

%A = teor de cinza

Para calcular o poder calorifico da biomassa foi utilizada uma equação

proposta por Sheng & Azevedo (2005) [67], que faz uma estimativa do poder

calorífico a partir dos dados elementares, o qual possui 90% de acerto e ± 5%

de erro. A Equação 6 foi utilizada:

HHV (MJ kg-1) = -1,3675 + 0,3137C + 0,7009H - 0,0318O (6)

3.2 Micropirólise e Microhidropirólise off-line

O sistema para micropirólise off-line foi confeccionado no Laboratório de

Compostos Orgânicos Poluentes (LCP) do Departamento de Química da UFS.

É composto por um tubo de vidro borosilicato (100 mm x 4 mm), o qual foi

enrolado uma resistência de Níquel-Cromo que é revestido por peças de

cerâmica. Em uma das extremidades do tubo é acoplado uma linha de

nitrogênio, com fluxo constante de 2 mL min-1, e na outra extremidade foi

acoplado um cartucho contendo um material adsorvente (carvão ativado) e lã

de vidro silanizado, funcionando como uma armadilha para o bio-óleo

produzido (Figura 6).

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24

Figura 6 - Sistema de micropirólise off-line. Fonte: Grupo de Pesquisa em

Petróleo e Energia de Biomassa (PEB).

Cerca de 50 mg da biomassa úmida, (para a seca, 40 mg) foi

acondicionada no interior do tubo de borisilicato, suportada com lã de vidro, no

início da secção da resistência. Foi acionado a purga de nitrogênio (2 mL min-

1), mantendo durante todo o processo de micropirólise. Para a

microhidropirólise foi mantido todo o sistema e condições de análise,

substituindo apenas o gás de purga por H2 que foi coletado utilizando um balão

de látex com capacidade para 2,5 L. Iniciou-se o processo de aquecimento com

um tempo estimado de 3 min para atingir a temperatura pretendida. O sistema

manteve-se na temperatura final por um período de 0,5 min.

O aquecimento foi interrompido e o sistema submetido ao resfriamento

com o auxílio de um ventilador. Ao atingir a temperatura ambiente o pirolisato

foi eluído com o do solvente tetrahidrofurano (THF) previamente destilado, e

recolhido em um balão volumétrico com capacidade para 1 mL. O volume

aferido foi transferido para um frasco amostrador e submetido a análise

posteriormente.

3.2.1 Avaliação do craqueamento térmico e catalítico da borra do óleo de

algodão em diferentes temperaturas e formas de preparo.

Para os catalisadores homogeneizados a borra do óleo de algodão

Cerca de 100 mg da biomassa úmida foram misturadas com 10% em

proporção de cada um dos catalisadores MT, PMZ, WT, PWZ, visto que em

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25

proporções maiores (m/m) o uso de catalisadores metálicos não são viáveis

econômicamente para a produção em maior escala. Posteriormente foi medido

aproximadamente 50 mg de cada mistura, realizando o procedimento de

pirólise descrito no item 3.2.

Para os catalisadores não homogeneizados a borra do óleo de algodão

Para avaliar a influência da maneira que o catalisador está disperso na

biomassa, foi pesado 50 mg da biomassa úmida e 10% em proporção de cada

um dos catalisadores. Porém, os catalisadores não foram misturados a

biomassa, mas foram condicionados à frente da mesma, como está ilustrado

na Figura 7.

Figura 7- Representação do catalisador não homogeneizado a biomassa.

Temperatura de pirólise

As biomassas preparadas como descrito acima foram submetidas as

micropirólises e microhidropirólises em temperaturas de 500 °C e 550 °C que

estão dentro da faixa da pirólise rápida.

3.2.2 Esterificação do óleo da borra do algodão

Cerca de 50 mg do óleo extraído da biomassa foram adicionados em um

frasco amostrador juntamente com 1 mL de metanol e uma gota de ácido

sulfúrico concentrado. Em seguida o frasco foi colocado em estufa a 60 °C

durante 30 min. Após atingir a temperatura ambiente, foi adcionado 5 mL de

água destilada e 2 mL de n-heptano. O frasco foi levemente agitado e o

sobrenadante recolhido com uma pipeta Pasteur. O material retirado foi

acondicionado em um frasco amostrador de 1,8 mL. Posteriormente, o

Lã de vidro

Catalisador

Biomassa

Gás

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26

procedimento foi repetido, sob as mesmas condições, porém utilizando

diclorometano ao invés de n-heptano.

3.3 Caracterização do bio-óleo

3.3.1 Cromatografia Gasosa com detector de Ionização por Chama

Para análise e quantificação do bio-óleo obtido a partir das pirólises e

hidropirólises catalisadas ou não, foi utilizado um cromatógrafo a gás em um

sistema GCxGC-FID da LECO/Agilent modelo 7890A, equipado com um forno

secundário e modulador de duplo estágio, operando em modo

monodimensional. As condições de análise são descritas na Tabela 4.

Tabela 4 – Parâmetros de análise no GC-FID.

Parâmetros GC-FID

Coluna 1 HP-5ms (30 m x 0,25 mm DI, 0,25 μm)

Temperatura do detector 320 ºC

Gás de arraste e fluxo Hidrogênio, 1 mL min-1

Volume de injeção 1,0 µL a 280 °C / (Split 1:50)

Forno primário 40 °C (5 min), 5 °C min-1 até 280 °C (7 min)

Forno secundário 60 °C (5 min), 5 °C min-1 até 300 °C (7 min).

Tempo de análise 59 min

3.3.2 Cromatografia Gasosa / Espectrometria de Massas

Para análise dos pirolisatos obtidos a partir das pirólises, esterificação e

derivatização foi utilizado um cromatógrafo a gás acoplado a um espectrômetro

de massa (GC/MS), de marca Shimadzu, modelo QP5050A. As condições de

análise são descritas na Tabela 5.

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27

Tabela 5 – Parâmetros de análise no GC/MS.

Parâmetros GC/MS

Coluna DB-5MS (5% difenil, 95%

dimetilpolisiloxano) com 30 m, 0,25

mm DI, 0, 25 µm.

Programação da rampa 50 °C (5,0 min), 7 °C min-1 até 280

°C (18,0 min)

Gás de arraste e fluxo He, fluxo constante de 1,20 mL min-1

(67,5 kPa) / (Split 1:50)

Volume de injeção 0,5 µL

Temperatura do injetor 250 °C

Temperatura da interface 300 °C

Tempo de análise 55,86 min

3.3.3 Análise e caracterização dos produtos gasosos obtidos no

craqueamento térmico e catalítico

Determinação do volume dos gases produzidos

Os gases produzidos nas micropirólises catalisadas, foram recolhidos

com o auxílio de um balão de látex com capacidade para 2 L, que foi acoplado

no final do tubo de borosilicato utilizado na micropirólise.

Posteriormente, o volume do gás contido no balão foi medido utilizando

uma bureta com capacidade para 25 mL.

Foi determinado a partir da realização de um branco o volume do gás N2,

utilizado como gás de arraste na realização das micropirólises para a coleta do

gás produzido. O volume foi medido com o auxílio um medidor de fluxo

eletrônico, utilizando uma vazão de 2 mL min-1 até o tempo final da pirólise (3

min). O valor do gás N2 foi subtraído do valor do volume do gás produzido em

cada micropirólise catalisada. O procedimento foi realizado em triplicata.

Análise dos produtos gasosos por micro-GC

Os produtos gasosos recolhidos no balão foram analisados em um

micro-GC 490 Agilent, com capacidade de análise simultânea de

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28

hidrocarbonetos leves, e gases permanentes como o nitrogênio (N2), o oxigênio

(O2), o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o hidrogênio

(H2).

Este cromatógrafo é equipado com duas colunas, uma Molecular Sieves

5A e outra PoraPLOT U. A primeira é utilizada para a determinação do

hidrogênio, óxidos de carbono, nitrogênio, oxigênio e metano e a segunda e

usada na determinação de hidrocarbonetos constituídos por dois a cinco

átomos de carbono. O aparelho apresenta micro detector de condutividade

térmica (µ-TCD). As condições de análise são descritas na Tabela 6.

Tabela 6 – Condições de operação do micro-GC.

Coluna 1 10m MS5A Heated Injector

Blackflush

Temperatura de Injeção 50 °C

Tempo de Injeção 20 ms

Gás de arraste e pressão Argônio, pressão inicial 30 PSI,

estática.

Frequência de amostragem 100 Hz

Temperatura da coluna 40 °C

Tempo de análise 140 s

Coluna 10m PPU Heated Injector Blackflush

Temperatura de Injeção 50 °C

Tempo de Injeção 80 ms

Gás de arraste e pressão Hélio, pressão inicial 15 PSI, estática.

Frequência de amostragem 100 Hz

Temperatura da coluna 90 °C

Tempo de análise 140 s

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29

4 Resultados e Discussão

4.1 Caracterização da borra do óleo de algodão

4.1.1 Teor de umidade

Com a secagem da borra do óleo de algodão por 12 horas na estufa, o

teor de umidade encontrado foi de 23,40% (m/m). Com a determinação deste

parâmetro, foi possível fazer uma estimativa de matéria seca obtida por coleta

de material in natura.

4.1.2 Teor de cinzas

Sabendo que a borra in natura contém um teor de umidade de 23,40%,

para os cálculos do teor de cinzas, essa porcentagem foi subtraida da massa

das amostras que foram levadas á mufla, já que não foram previamente secas

em estufa. Feitas essas considerações, a massa inicial utilizada nos cálculos

compreendeu a massa de borra seca presente em 2 g de biomassa úmida. O

teor de cinzas determinado foi de 9,78% (m/m).

4.1.3 Termogravimetria (TG)

A partir da análise termogravimétrica da biomassa, foi possível verificar a

estabilidade térmica dos seus constituintes e com as curvas termogravimétricas

foram determinadas as taxas mássicas de conversão durante o processo de

pirólise. Para a análise, a temperatura máxima aplicada foi de 600 °C. As

Figuras 8 e 9 ilustram o comportamento térmico das amostras durante

processo de aquecimento.

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30

Figura 8 - Curvas termogravimétrica (TG) e termogravimétrica diferencial

(DTG) da amostra da borra seca de óleo de algodão.

0 100 200 300 400 500 600

20

40

60

80

100

Pe

rda

de

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Borra Seca

DTG

Figura 9 - Curva termogravimétrica (TG) e termogravimétrica diferencial (DTG)

da amostra da borra do óleo de algodão úmida (in natura).

0 100 200 300 400 500 600

0

20

40

60

80

100

Pe

rda

de

Ma

ssa

(%

)

Temperatura (°C)

Borra Umida

0 100 200 300 400 500 600

DTG

Como a borra seca de óleo de algodão já havia sido submetida ao

tratamento de secagem na estufa antes de ser submetida a análise, a

biomassa permaneceu estável até aproximadamente 200 °C. Relacionando

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31

essa estabilidade com o decaimento de massa da borra úmida, é possível

afirmar que nessa amostra há evaporação de água até 200 °C. Isso ocorreu

porque a água está quimicamente ligada ou adsorvida à biomassa. Dessa

forma, a evaporação de voláteis inicia-se na primeira zona de perda,

compreendida entre 26 e 100 °C, e prossegue até a segunda zona de perda

(100 – 350 °C), ocorrendo em conjunto com a destilação do material [68]. A

análise de TG corroborou o resultado do teor de umidade, já que a

porcentagem de massa perdida referente aos voláteis totais foi de 21,00% para

biomassa in natura.

A partir de 350 °C tem-se início a decomposição dos ácidos graxos livres

presentes nas amostras. É também durante essa temperatura que o processo

de pirólise se inicia, visto que o N2 utilizado como gás de purga proporciona

uma atmosfera inerte. O processo de decomposição ocorreu até 500 °C. Sob

temperaturas mais elevadas, a massa das amostras permaneceu constante,

formando, em porcentagem, 16,51% e 20,43% de resíduo sólido para a borra

úmida e seca, respectivamente. O resíduo sólido formado corresponde a cinzas

e carvão. O teor de carvão foi calculado por diferença, foram estimados um teor

de carvão de 6,73% na amostra úmida e de 10,65% na amostra seca.

4.1.4 Teor de óleo

Para a determinação do teor de óleo presente na borra seca do óleo de

algodão, o hexano foi escolhido como solvente para a extração por ser apolar.

O teor de óleo encontrado utilizando esse solvente foi de 32% (m/m) para a

extração com 5 mL, e de 43% (m/m) para extração com 10 mL. Diante desses

teores discrepantes, considerando que a borra é um resíduo direto do processo

de refino do óleo de algodão, que é rica em triglicerídeos, foi feita uma terceira

extração com a biomassa seca utilizando o solvente diclorometano. A utilização

do diclorometano se deve ao fato de que este solvente apresenta polaridade

intermediária, ligeiramente maior do que o hexano, sendo assim, seriam

extraídos compostos tanto apolares quanto de polaridade intermediária. O teor

de óleo, quando extraído com diclorometano, foi de 65 ± 6% (m/m).

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32

4.1.5 Espectroscopia no Infravermelho (IR)

A Figura 10 apresenta os espectros na região do infravermelho da

amostra de biomassa seca e do óleo extraído com diclorometano.

Figura 10 - Espectro de infravermelho do óleo extraído (em vermelho) e da

borra seca (em preto) na faixa de 4000 - 400 cm-1.

4000 3000 2000 1000

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

O-H

Comprimento de onda (cm-1)

O-H

C-H

C=O

C-O

C-H

C=O

Tra

nsm

itâ

ncia

Observando o espectro, foi possível identificar uma banda larga de

estiramento de O-H na região de aproximadamente 3200 cm-1 das duas

amostras que é proveniente de ácidos graxos livres, porém a banda da amostra

do óleo extraído apresentou uma distorção no seu espectro, devido a presença

de umidade [69]. A banda com número de onda em aproximadamente 2840

cm-1 corresponde ao estiramento da ligação de C-H característico de alcanos

alifáticos. A banda de 1700 cm-1 pode ser atribuída ao estiramento de ligação

C=O de ácidos carboxílicos, devido a presença de ácidos graxos livres na

composição das amostras. Em aproximadamente 1465 cm-1 foi identificada

uma banda caractrística de deformação média de ligação C-H2 típico de

alcanos. Na região em torno de 1300 – 1200 cm-1 foi identificado apenas na

C – H2

C – H2

C – H

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33

amostra de óleo, um estiramento de ligações C-O correspondente a presença

de compostos fenólicos, que pode ser atribuído a presença do gossipol,

característico do óleo de algodão. A banda em 720 cm-1 indica o estiramento de

ligação C-H de carbono com configuração sp3 característico de cadeias

alifáticas longas [70].

4.1.6 Análise de Espectrometria de Fluorescência de Raios X por Energia

Dispersiva (EDX)

A Tabela 7 apresenta a análise quantitativa por EDX da biomassa seca e

de suas cinzas. Ao comparar as concentrações dos elementos inorgânicos

presentes nas duas amostras, é possível observar que as cinzas apresentaram

maiores concentrações dos elementos analisados, visto que estes foram

concentrados durante o processo de combustão.

Tabela 7 - Análise de EDX, em ppm, da borra de algodão e das suas cinzas.

Elementos Biomassa

Seca

Cinzas

P 1352 ± 10 6391 ± 18

K 1031 ± 17 3885 ± 110

Mg – 3235 ± 277

Cl – 2465 ± 15

Al 485 ± 36 2371± 13

Ca 317 ± 10 1506 ± 28

Si – 487 ± 10

S 295 ± 20 460 ± 38

Fe 78 ± 10 356 ± 20

Zn 30 ± 00 126 ± 10

Ti – 24 ± 00

Mn – 8± 00

Sr – 3 ± 00

Br – 2 ± 00

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34

Na análise da biomassa seca e das suas cinzas, destaca-se as

concentrações encontradas para os elementos fósforo e potássio. A

concentração de fósforo pode ser justificada pela presença dos fosfatídeos,

que são ésteres mistos de glicerina com ácidos graxos e o ácido fosfórico,

caracteristícos de plantas oleaginosas [7]. A concentração de potássio pode ser

atribuída a presença deste elemento nos solos, sendo um macronutriente

essencial das plantas. Por outro lado, esperava-se encontrar concentrações

significativas do elemento sódio na análise, visto que no processo de

neutralização da borra do óleo de algodão é utilizado cerca de 0,7 a 1% (m/v)

de NaOH e 2% (v/v) de água em relação ao óleo bruto, o que não ocorreu

porque o equipamento utilizado para análise, apenas detecta sódio em baixas

concentrações.

4.1.7 Análise Elementar

A Tabela 8 mostra os resultados em porcentagem da composição

elementar das amostras de borra seca e úmida.

Tabela 8 - Composição elementar para a borra do óleo de algodão seca e

úmida.

Biomassa

Massa (%)

P. C**(MJ kg-1)

N C H S O*

Borra seca 0,5910 68,370 10,232 0,000 11, 558 20,429

Borra úmida 0,4512 51,110 10,283 0,000 28,375 19,665

* O teor de O foi calculado por diferença ** Poder calorífico

Com as porcentagens obtidas a partir da análise elementar foi feita a

estimativa do poder calorífico de cada uma das biomassas. O poder calorífico é

a quantidade de calorias liberadas por um material em sua combustão

completa. O poder calorífico é diretamente proporcional ao teor de carbono e

inversamente proporcional ao teor de cinzas [71]. Para a produçao de

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35

biocombustível, um maior de teor de carbono implica um maior poder de

oxidação e por fim, uma maior produção de energia. Na borra úmida foi

observado um maior teor de oxigênio, que pode ser atribuído a presença da

água e o teor de hidrogênio manteve-se constante, visto que

proporcionalmente possui massa molecular pequena frente a massa

molecular do oxigênio. Por isso, no cáculo do poder calorífico da borra úmida

foi desconsiderado a massa referente a água. Os valores encontrados estão

próximos dos relatados na literatura para outras biomassas triglicéricas como

por exemplo, para óleo de gergelim, mostarda e resíduo de óleo de semente de

amargoseira, foram obtidos valores de poder calorífico de 25,5, 25,1 e 30 MJ

kg-1 respectivamente [26].

4.1.8 Índice de acidez do óleo extraído da borra de algodão

Os componentes mais expressivos dos óleos e gorduras são os

triglicerídeos e suas propriedades físicas e químicas dependem da estrutura e

distribuição dos ácidos graxos presentes [72]. O estudo do índice de acidez do

óleo extraído da borra de algodão, revelou que o mesmo apresenta em sua

composição 5,34 ± 0,47% de ácidos graxos. Desta forma, foi realizado o

procedimento de esterificação do óleo para identificação dos ácidos graxos que

o compõem.

4.1.9 Esterificação do óleo da borra de algodão

Para a avaliação da composição dos ácidos graxos presentes na borra

do óleo de algodão, foi feito o procedimento de esterificação utilizando o óleo

extraído da borra. Nesta avaliação foi realizada uma análise comparativa entre

os dados registrados na literatura para a composição do óleo da semente de

algodão do tipo G. hirsutum L. r. latifolium Hutch (Tabela 9) e os dados obtidos

no procedimento para a mesma espécie de algodão.

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36

Tabela 9 – Composição em % do óleo da semente de algodão. [73]

Ácido graxo Composição (%)

Ácido tetradecanóico 1,4

Ácido hexadecanóico 23,4

Ácido delta-9-cis hexadecenóico 2,0

Ácido octadecanóico 1,1

11-ácido octadecenóico 22,9

9,12- ácido octadecadienóico 47,8

A Figura 11 apresenta o cromatograma de íons totais (TIC) da análise

realizada no GC/MS onde é observado a presença de quatro picos. Na Tabela

10 encontra-se a identificação dos picos observados neste cromatograma. As

condições de análise estão descritas na pág. 27.

Figura 11 - TIC do óleo extraído da borra com DCM após esterificação .

Tabela 10 - Identificação e área relativa dos compostos quantificados pelo GC/MS

Pico Produto Área relativa (%)

1 Ácido hexadecanóico 22,07

2 9,12-ácido octadecadienóico 50,87

3 11-ácido octadecenóico 21,35

4 Ácido octadecanóico 2,45

Tempo (min)po

Abundância

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37

A identificação química dos componentes nas soluções foi realizada

utilizando as espectrotecas Nist 107, Nist 21 e Wiley 8, com todos os

compostos identificados apresentando similaridade acima de 92%. Foi

observado que os valores percentuais para os ácidos hexadecanóico, 9,12-

ácido octadecadienóico, 11-ácido octadecenóico, ácido octadecanóico

possuem similaridade com os valores registrados na literatura. Por outro lado,

não foram detectados na análise os picos referentes aos ácidos delta-9-cis

hexadecenóico e tetradecanóico.

Conforme ilustrado na Figura 12, a identificação foi realizada

comparando-se o espectrograma do composto com o espectograma da

referência. Para tanto, foram comparados os fragmentos com maior

intensidade. Por exemplo, para o ácido octadecanóico presente na amostra, os

fragmentos analisados foram m/z 41, 57, 74, 87 e 143. Esses fragmentos foram

identificados e os resultados são descritos na Tabela 11.

Tabela 11 - Identificação dos íons da fragmentação do ácido octadecanóico

analisados por GC/MS.

Fragmentos (m/z) Íon respectivo

41 CH3CH2CH2+

57 CH2COOH+

74 CH2CH2COOH+

87 CH2CH2CH2COOH+

143 (CH2)7COOH+

Íon Molecular M+ = 298

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38

Figura 12 - Espectro de massas do ácido octadecanóico presente na solução

esterificada (superior) e da referência (inferior).

Os produtos identificados pertencem a classe dos ésteres metílicos e

com a integração dos picos do TIC da Figura 12, foi calculado que esses

compostos representam 97,49% da composição da amostra.

4.2 Caracterização química do bio-óleo

4.2.1 Micropirólise e microhidropirólise off-line

Inicialmente foram realizados testes a partir das micropirólises da borra

para identificação dos seus componentes majoritáios. As micropirólises foram

realizadas na temperatura 500 °C utilizando aproximadamente 50 mg de

amostra úmida. Os pirolisatos foram analisados no GCxGC-FID para

quantificação e no GC/MS para identificação. Os parâmetros das análises

estão descritas nas págs. 26 e 27.

Os picos cromatográficos referente aos produtos formados no processo

de pirólise, foram identificados utilizando as espectrotecas Nist 107, Nist 21 e

Wiley 8, apresentando similaridade acima de 94%. A Figura 13 mostra o

Cromatograma de íons Totais do bio-óleo da borra úmida de óleo de algodão

com a identificação parcial dos seus componentes.

M+

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39

*1

*2

*3

4*

Tempo (min)po

Abundânciapo

Figura 13 – Cromatograma de íons Totais com a identificação parcial dos

componentes das amostras de bio-óleo da borra de óleo de algodão in natura.

Na Tabela 12 foram descritas as identificações dos hidrocarbonetos e

dos ácidos graxos das amostras de bio-óleo

Tabela 12 – Hidrocarbonetos e ácidos graxos identificados no bio-óleo da borra úmida de óleo de algodão in natura.

Pico Tempo de retenção

(min)

Composto Área Relativa

(%)

1 7,779 Nonano 0,16

2 11,210 1-Deceno 0,50

3 11,526 Decano 0,35

4 14,751 1-Undeceno 0,85

5 15,038 Undecano 0,97

6 18,013 1-Dodeceno 0,87

7 18,276 Dodecano 0,98

8 21,028 1-Trideceno 1,01

9 21,272 Tridecano 1,71

10 23,857 1-Tetradeceno 2,02

11 24,076 Tetradecano 2,16

12 26,516 1-Pentadeceno 3,07

13 26,729 Pentadecano 4,70

14 29,007 1-Hexadeceno 0,81

15 29,191 Hexadecano 1,23

*1 37,443 Ácido hexadecanóico

16,45

*2 39,847 9,12- Ácido octadienodecanóico

39,06

*3 40,712 11-Ácido octadecenóico

11,31

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40

y = 8E+11x - 2E+09 R² = 0,993

0

5E+09

1E+10

1,5E+10

2E+10

2,5E+10

0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035

Curva analítica

Conc. (g mL -1)

FÁrea

*4 42,681 11-Ácido octadecanóico

4,02

O biocombustível originado da pirólise de triacilglicerois é composto

majoritariamente por alcanos, alcenos, e ácidos carboxílicos [74]. A variedade

de produtos formados na pirólise rápida pode ser explicada pela degradação

química envolvida, a partir da formação e rearranjo de radicais. Tal formação

pode ocorrer via três processos distintos: Eliminação de pequenas moléculas;

cisão da cadeia (descarboxilação) ou clivagem aleatória [75].

Apesar da presença de outros produtos, a identificação realizada no

GC/MS mostrou a presença de hidrocarbonetos no bio-óleo. É possível indicar

um potencial precursor para produção de bioquerosene, uma vez que os

alcanos e alcenos gerados, em sua maioria, se encaixam na faixa de C9 a C16

característico do querosene e estão de acordo com a especificação SPK-HEFA

da ANP.

Para investigar a influência da presença da água durante o processo de

craqueamento térmico, foram realizadas micropirólises utilizando a borra do

óleo de algodão seca e úmida. O rendimento da conversão dos ácidos graxos

em alcanos e alcenos foi determinado empregando uma amostra de diesel

como referência através de calibração externa para quantificação no GC-FID. A

Figura 14 mostra a curva analítica para quantificação das amostras de borra

seca e úmida do óleo de algodão, construída a partir dos valores das áreas

totais (obtidas a partir da integração da área dos cromatogramas) em função da

concentração de cada ponto constituinte da curva.

Figura 14- Curva analítica do padrão de diesel para quantificação das

amostras seca e úmida da borra do óleo de algodão.

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41

As micropirólises foram realizadas na temperatura 500 °C utilizando

aproximadamente 50 mg de amostra úmida e 40 mg da amostra seca, nesta

última, descontando 23,40% da massa correspondente à umidade. Os

rendimentos dos produtos obtidos foram calculados de acordo com a Equação

7, e os resultados estão apresentados na Tabela 13.

Rendimento do bio-óleo:

Rendimento (%) = massa de bio-óleo x 100/massa inicial (7)

Tabela 13 – Rendimentos do bio-óleo de acordo com a biomassa.

Biomassa Rendimento %

Borra úmida 15 ± 2

Borra seca 5 ± 2

Os rendimentos do bio-óleo foram calculados levando em consideração

apenas o valor da área referente a produção de alcenos e alcanos. A área do

TIC referente aos ácidos graxos não pirolisados efetivamente não foi levada em

consideração. Essa metodologia foi utilizada para todas as determinações de

rendimento percentual do presente trabalho.

Ao comparar os valores dos rendimentos do bio-óleo das duas amostras,

foi verificado que a borra de óleo de algodão úmida apresentou valores

superiores.

Quando na presença de correntes de vapor de água durante o

craqueamento do óleo de canola, foi verificado que hidrólise dos triglicerídeos

para a formação de ácidos graxos foi facilitada. Este trabalho mostrou também

que a estabilidade dos ácidos foi aumentada, havendo uma inibição na etapa

de decomposição destes para formação de hidrocarbonetos [76].

Na pirólise de óleo de peixe residual, esta diferença de comportamento

pôde ser explicada pelo fato da presença da água contribuir para uma melhor

homogeneidade da temperatura no reator o que facilitou o craqueamento

térmico dos componentes do óleo [21]. Além disso, o uso da borra in natura

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42

dispensa uma etapa de secagem da amostra, o que acarreta menos custo,

tempo, e minimiza os erros sistemáticos do processo. Desta forma as análises

posteriores foram realizadas com a borra in natura.

Ao comparar o Cromatograma de Íons Totais da amostra de borra úmida

com o da borra seca (Figura 15), foi constatado que esta última apresentou

maior intensidade nos picos entre o tempo de retenção de 35 a 45 min

aproximadamente, indicando que a conversão dos ácidos carboxílicos a n-

alcanos e n-alcenos foi ainda menos eficaz do que na borra úmida. Durante a

análise dos compostos presentes nas amostras, foi observado que tanto na

amostra seca quanto na úmida, após o tempo de retenção de

aproximadamente 30 min, não houve mais registro de picos referentes a

presença de n-alcanos e n-alcenos (característicos do bioquerosene) mas de

picos referentes aos ácidos carboxílicos que não foram totalmente pirolisados

durante o processo. Por isso a área referente a estes compostos não foi

considerada para o cálculo do rendimento do biocombustível.

Outro fator que evidencia que nas amostras secas não houve a quebra

efetiva do material graxo foi a menor intensidade dos picos na região

característica dos hidrocarbonetos, indicando um menor teor de n-alcanos e n-

alcenos.

Figura 15- Cromatograma de íons Totais para as amostras de bio-óleo da

borra úmida e da borra seca (N2) analisadas no GC/MS.

Para alterar a seletividade dos produtos da pirólise de triacilglicerois,

diferentes estratégias vem sendo utilizadas, dentre elas, a variação de

Borra seca

Borra úmida

10 15 20 25 30 35 40 45 500e3

2500e3

5000e3

7500e3

10.0e6

Abundânciapo

Tempo (min)po

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43

temperatura e o uso de catalisadores heterogêneos, com a finalidade de

diminuir a obtenção de compostos oxigenados no produto final, tornando-o

menos ácido [77]. Diante disso o hidrotatamento catalisado foi utilizado neste

trabalho com o intuito de otimizar o rendimento do bio-óleo e obter a conversão

do material triglicérico a majoritariamente n-alcanos e n-alcenos, característico

de bioquerosene.

4.3 Avaliação do craqueamento térmico e catalisado da borra do óleo de algodão em diferentes temperaturas e formas de preparo.

Com o intuito de otimizar a seletividade dos produtos da pirólise, foram

investigadas a influência do uso do catalisador e a sua forma de dispersão na

biomassa, a temperatura de craqueamento, e o hidrotatamento. Os

rendimentos do processo são descritos na Tabela 13. Para a quantificação foi

utilizada uma amostra de diesel como referência, através de calibração externa

no GC-FID sob descritas na pag. 26. Foram estabelecidas três condições para

o tratameto e hidrotratamento térmico e catalítico, as curvas análiticas dessas

condições utilizadas encontram-se em anexo neste trabalho.

Condição 1 – Catalisador homogeneizado na temperatura de 500

°C;

Condição 2 – Catalisador não homogeneizado com a biomassa

na temperatura de 500 °C;

Condição 3- Catalisador homogeneizado com a biomassa na

temperatura de 550 °C;

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44

Tabela 13 – Rendimento de hidrocarbonetos das micropirólises e

microhidropirólises catalisadas nas diferentes condições.

Catalisador

Cond. 1 (500 °C Homo.)

Hidrocarbonetos

Cond. 2 (500 °C Não Homo.)

Hidrocarbonetos

Cond. 3

(550 °C Homo.) Hidrocarbonetos

N2 H2 N2 H2 N2 H2

Sem Cat. 14%

15%

13%

16%

19%

20%

Borra +PWZ 15%

5%

8%

12%

33%

31%

Borra + WT 26%

4%

10%

14%

27%

30%

Borra +PMZ 7%

8%

10%

9%

33%

33%

Borra + MT 11%

1%

8%

10%

34%

37%

Investigação da influência do gás da pirólise

O hidrotratamento (HDT) é uma reação de desoxigenação catalítica que

consiste na remoção de oxigênio, enxofre e outros componentes de compostos

orgânicos através de catalisadores, quando submetidos a altas temperaturas e

pressões de hidrogênio [78]. Como resultado, são gerados, como produto

principal, hidrocarbonetos, na forma de parafinas e olefinas [79]. A reação de

hidrogenação catalítica foi utilizada neste trabalho com a intenção de minimizar

a presença de compostos oxigenados indesejáveis do pirolisato, aumentando o

rendimento de hidrocarbonetos saturados.

Analisando os valores dos rendimentos da Tabela 13 em ambos os

fluxos, observa-se que a utilização de atmosfera reativa de H2 não resultou em

alterações significativas nos produtos obtidos. Dessa forma, conforme mostra a

Figura 16, na pirólise utilizando o catalisador MT na temperatura de 550 °C sob

fluxos de gases diferentes, a produção de alcenos não foi minimizada pela

aplicação de atmosfera reativa.

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45

Figura 16 – Comparação dos Cromatogramas de Íons Totais, para

micropirólise e microhidropirólise da borra de óleo de algodão catalisada.

Investigação da influência da temperatura no craqueamento

catalítico

Considerando que as caracteristícas da pirólise rápida são taxas de

aquecimento elevadas e temperaturas de 500-550 °C [80], foram realizadas

pirólises catalíticas nessas temperaturas, para investigar se essa diferença

afetaria diretamente no rendimento final dos produtos. Comparando as

Condições 1 e 3, as quais possuem o catalisador homogeneizado a biomassa

em diferentes temperaturas, foi observado que na Condição 3, sob a

temperatura de 550 °C, houve um favorecimento da produção do

biocombustível líquido na pirólise catalisada, em comparação com a pirólise

sem catalisador, tendo o maior rendimento de 37% com o catalisador MT sob o

fluxo de H2, conforme ilustrado na Figura 17. Observa-se a ocorrência de

intensidade dos picos catacterísticos de alcenos e alcanos (do pico 1 ao 15), do

início da reação até o tempo de retenção de aproximadamente 2000 segundos,

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

0

200000

400000

600000

800000

1e+006

Time (s)S1 MT H2:1 S1 MT N2:1

1 2 3

4 5

6 7

8 9

10

11

12

13

14

15

1*

1

2*1*

3*

1

4*

1

Abundânciapo

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46

com destaque para a faixa de C12-C15 caracteristíca do querosene, indicando

seu potencial como matéria prima para combustível de aviação.

Figura 17- Comparação dos Cromatogramas de Íons Totais, para

microhidropirólises catalítica e não catalítica da borra de óleo de algodão a 550

°C.

Por outro lado, a Figura 18 mostra que a microhidropirólise catalítica

utilizando catalisador MT e não catalítica, ambas sob temperatura de 500 °C, a

produção da fração dos hidrocarbonetos no biocombustível é minimizada, o

que remete a uma menor intensidade nesta região, o que pode ser confirmado

pelos menores valores dos rendimentos da Condição 1 na Tabela 13.

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

0

200000

400000

600000

800000

1e+006

Time (s)S1 B U H2:1 S1 B U MT H2:1

1 2 3

4 5

6 7

8

9

10

11

12 13

14

15

1*

2*

3*

4*

Abundânciapo

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47

Figura 18 - Comparação dos Cromatogramas de Íons Totais, para

microhidropirólises catalítica e não catalítica da borra de óleo de algodão a 500

°C.

A utilização de catalisadores heterogêneos a base de óxidos de

A utilização de catalisadores heterogêneos a base tungstênio,

molibdênio e platina, apresentam melhor desempenho sob condições severas

de temperatura e pressão, como por exemplo em reações de

hidrocraqueamento [81]. Dessa forma, o desempenho destes catalisadores em

termos de nível de atividade e seletividade, dependerá das suas propriedades,

tais como: concentração e nível das espécies ativas, propriedades de suporte e

métodos de síntese, condições de reação, natureza e concentração dos

compostos oxigenados presentes na amostra [82].

Investigação da dispersão do catalisador no preparo da amostra

Como alternativa para decomposição e eliminação de compostos

indesejados durante a pirólise, existem relatos na literatura que utilizam o

recurso da catálise heterogênea. Durante a pirólise, o catalisador pode ser

misturado à biomassa, ou ser utilizado um leito catalítico após o reator de

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

0

100000

200000

300000

400000

500000

600000

Time (s)S1 BORRA H2:1 S1 BORRA + MT H2:1

1 2

3*

4 5 6 7 8 9

10

11

12

13

14 15

1*

2*

4*

Abundânciapo

3

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48

pirólise, com o intuito de bio-óleo de alta qualidade (ausência de compostos

oxigenados), com menor quantidade de resíduo sólido [83]. Desta forma,

buscou-se no presente trabalho avaliar a influência do catalisador quando

homogeneizado a biomassa e quando disperso no reator, tendo contato

apenas com o pirolisato após a biomassa ser craqueada.

Comparando as Condições 1 e 2, as quais possuem a mesma

temperatura e diferentes formas de dispersão do catalisador na biomassa,

observamos pelos valores dos rendimentos descritos na Tabela 13, que não

houve alteração significativa entre os valores, sendo o maior rendimento

registrado de 26% na condição 1 (homogeneizado) utilizando o catalisador WT

sob fluxo de N2.

Essas propriedades termocatalíticas precisam ser investigadas, visto

que o comportamento desses catalisadores ácidos bifuncionais ainda não são

bem compreendidos, existe pouca literatura e o seu uso no craqueamento

térmico em biomassa triglicérica é inédito. Por outro lado, esses catalisadores

são amplamente utilizados com a finalidade de proporcionar a isomerização de

n-parafinas, que é um processo importante no refinamento de petróleo, devido

a conversão dessas n-parafinas lineares em seus isômeros ramificados

correspondentes [5].

Por isso, considerando que além do bio-óleo, o biogás e o biocarvão

são produtos da pirólise [63], foram feitas análise e caracterização dos gases

produzidos no craqueamento térmico catalisado na Condição 3, na qual foram

obtidos os maiores valores de rendimento de hidrocarbonetos. As análises

foram realizadas a partir da pirólise sob fluxo de N2, visto não houve diferença

significativa de rendimento com o uso dos diferentes gases e a redução do uso

de H2 na análise torna o processo economicamente mais vantajoso.

4.4 Análise e caracterização dos produtos gasosos obtidos no

craqueamento térmico e catalítico

Determinação do volume dos gases produzidos

Na Tabela 14 estão identificadas os volumes dos gases produzidos nas

micropirólises catalisadas.

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49

Tabela 14 – Volume em mL dos gases produzidos nas pirólises catalisadas na

Condição 3.

Catalisador

Volume gasoso (mL)

Sem Catalisador 9,3± 0,8

PWZ 8,3 ± 0,6

PMZ 7,9 ± 0,5

WT 5,8 ± 0,4

MT 5,7 ± 0,3

Volume do Branco (N2) 10,0 ± 0,6

O volume dos gases depende da temperatura e da pressão. Os gases

são extremamente compressíveis e, por isso, dependendo da pressão a que

um gás se encontra, a mesma massa de gás pode ocupar diferentes volumes.

Verifica-se que sob as condições de análise estabelecidas, há formação

significativa dos gases nas micropirólises realizadas, o que pode ser atribuído a

as reações de descarbonilação, descarboxilação e do processo de Fischer-

Tropsch promovidas pelo processo.

Análise dos produtos gasosos por micro-GC

A caracterização dos gases foi realizada correlacionando o valor das

áreas e volumes produzidos nas pirólises catalíticas, tendo como parâmetro a

área e volume da pirólise não catalítica. Desta forma, foi possível avaliar a

influência dos catalisadores na produção dos produtos gasosos. O cáculo foi

realizado de acordo com o exemplo da Figura 19.

Figura 19 - Exemplo do cálculo realizado para determinação área percentual

dos gases produzidos na micropirólise.

Sem Catalisador

Área = 10.500

Volume (mL) = 9,3 ± 0,8

Catalisador A

Área = “X”

Volume (mL)= 9,0 ± 0,2

X = 14.516

% = 27, 58% de área maior

X = 14.516

% = 27, 58% de área maior

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50

De modo geral, foi verificado que a composição dos gases é semelhante

em todos os ensaios experimentais realizados, sendo os produtos gasosos

constituídos essencialmente por hidrogênio (H2), metano (CH4), monóxido de

carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e por um conjunto de hidrocarbonetos

gasosos com número de átomos de carbono que variam entre C2 a C4,

ocorrendo somente variações nas porcentagens de produção desses

compostos frente ao catalisador utilizado. O resultado comparativo entre os

gases produzidos está descrito no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Resultado comparativo dos gases produzidos nas micropirólises da

Condição 1 (550 °C Homogeneizado).

Observa-se que a produção dos gases H2 e CO são inversamente

proporcionais a produção do gás CH4, ou seja, a medida o CH4 está sendo

formado, o H2 e CO estão sendo consumidos. Este fato pode caracterizar a

ocorrência do processo de Fischer-Tropsch. A síntese Fischer-Tropsch é uma

reação catalítica que converte dois dos compostos mais simples da natureza,

H2 e CO (gás de síntese), em uma matriz complexa de produtos, contemplando

alquenos (olefinas), alcanos (parafinas) e compostos oxigenados (ex: alcoóis,

aldeídos, ácidos carboxílicos e cetonas), além de água, sendo também um dos

principais processos da síntese do gás metano. Desta forma, todos os

catalisadores utilizados nas micropirólises favoreceram possivelmente a

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51

ocorrência do processo de Fischer -Tropsch, com destaque para o catalisador

WT, que produziu cerca de 53,66% a mais do gás metano quando comparado

a pirólise sem catalisador.

Por outro lado, foi observado que a produção dos gases CO2 e

hidrocarbonetos aconteceram praticamente na mesma proporção, o que pode

ser atribuído ao favorecimento da reação de descaboxilação onde o grupo

carboxilo (COOH) do ácido graxo é removido formando hidrocarboneto e

dióxido de carbono [84]. Destaca-se que o catalisador MT favoreceu a

ocorrência da reação de descarboxilição, produzindo 56,11 e 58,06% a mais de

CO2 e hidrocarbonetos respectivamente, frente a pirólise não catalisada.

A liberação de monóxido de carbono é acompanhada da pela rejeição

simultânea de água, dessa forma, acredita-se o catalisador MT facilitou a

ocorrência de reações de descarbonilação, o qual produziu 74,70 e 75,82% a

mais de CO e H2 respectivamente quando comparado com a pirólise sem

catalisador. [85].

A comparação do gás nitrogênio (N2), utilizado nos ensaios de

micropirólise, não foi relevante para o estudo da influência dos catalisadores na

formação dos gases. Por isso não foram representados nos gráficos, embora

tenham sido quantificados e considerados no estudo, tendo apresentado as

maiores porcentagens relativas dos produtos gasosos, como esperado, pois

foram introduzidos em excesso nas reações.

5 CONCLUSÃO

A borra do óleo de algodão mostrou potencial energético, apresentando-

se como possível fonte de matéria-prima renovável de qualidade para produção

de bioquerosene, a partir da pirólise rápida e catalítica.

Com a caracterização química da biomassa, foi possível determinar a

composição da mesma, estabelecendo valores do teor de umidade, cinzas e

óleo, além de ser determinado o teor de carvão a partir da análise do TG,

quantificação e identificação dos compostos inorgânicos (EDX), dos orgânicos

(IV), e o poder calorífico, que apresentaram valores compatíveis com outros

trabalhos que utilizaram biomassa triglicérica, presentes na literatura.

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52

A presença de água na biomassa favoreceu o craqueamento, obtendo

rendimentos de bio-óleo cerca de 10% maiores em relação a borra seca.

A produção de alcenos não foi minimizada pela aplicação de atmosfera

reativa de H2. A temperatura de pirólise influencia diretamente no

craqueamento e consequentemente no rendimento final do produto líquido. A

melhor conversão dos ácidos graxos foi de 37% (m/m) utilizando o catalisador

MT sob temperatura de 550 °C. A análise dos gases produzidos na pirólise

sugere a rota de descarboxilação, descarbonilação e o processo de Fischer-

Tropsch durante o craqueamento térmico catalítico.

6 PERSPECTIVAS

Realizar o estudo de aumento de escala do processo de pirólise,

visando a obtenção de bioquerosene e biogás em escala piloto;

Avaliar a possibilidade de patente do processo;

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53

7 REFERÊNCIAS

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triglycerides to hydrocarbons over hierarchical ZSM-5 catalyst. Applied

Catalysis B: Environmental, 166–167, (2015), pp. 327–334.

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bioderived fuels with Jet A-1 aviation kerosene. Apllied Energy, 118,

(2014), pp. 83-91.

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4. MAKI-ARVELA, P.; KUBICKOVA, I.; SNARE, M.; ERÄNEN, K.; MURZIN,

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5. GARRIDO, P. A. M., SOUZA, M. J.B., B. A. MARINKOVIC, MELO, D.

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61

8 APÊNDICES

Curva analítica para padronização externa com solução de diesel das

micropirólises e microhidropirólises na Condição 1.

Curva analítica para padronização externa com solução de diesel das

micropirólises e microhidropirólises na Condição 2.

y = 1E-12x + 0,002 R² = 0,9962

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0 2E+10 4E+10

Série1

Linear (Série1)

ÁREA

Co

nc.

(g/

mL)

y = 3E-11x - 0,0011 R² = 0,9964

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0 500000000 1E+09

Série1

Linear (Série1)

ÁREA

Co

nc.

(g/

mL)

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62

Curva analítica para padronização externa com solução de diesel das

micropirólises e microhidropirólises na Condição 3.

y = 8E-13x - 0,0002 R² = 0,9938

0,000

0,005

0,010

0,015

0,020

0,025

0,030

0,035

0 2E+10 4E+10

Série1

Linear (Série1)

ÁREA

Co

nc.

(g/

mL)

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63

9 ANEXOS

Anexo I

A composição química dos catalisadores utilizados, são descritos na Tabela 1.

Tabela 1 – Composição química em % mássico, temperatura e área da BET

dos catalisadores utilizados. (Garrido Pedrosa, 2008) [5].

Catalisador Composição Temperatura de calcinação

Área BET SSA (m2 g-1)

MT M = MoOx (15% de Mo); T = TiO2

700 ºC 39

WT W= WOx (15% de W); T = TiO2

700 ºC 176

PWZ P = Pt (1%); W = WOx (15% de W); Z = ZrO2

700 ºC 131

PMZ P = Pt (1%); M = MoOx (15% de W); Z = ZrO2

700 ºC 48

Os difratogramas de raios X dos catalisadores podem ser vistos nas Figuras de

1 a 4.

Figura 1 – Difratograma de raios X do catalisador MT.

10 20 30 40 50 60 70 80 90

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

MT15

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

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64

Figura 2 - Difratograma de raios X do catalisador PMZ.

10 20 30 40 50 60 70 80

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

PMZ15

Inte

nsid

ade (

cps)

2 (graus)

Figura 3 – Difratograma de raios X para o catalisador PWZ.

10 20 30 40 50 60 70 80 90

0

200

400

600

800

1000 PWZ15

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

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65

Figura 4 – Difratograma raios X do catalisador WT.

20 40 60 80

0

200

400

600

800

1000WT15

Inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2(graus)