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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS FUNGICIDAS E EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS NO CONTROLE DE ANTRACNOSE, MÍLDIO E MANCHA-ALVO NA CULTURA DA SOJA Ildefonsa Benitez Zanatto Engenheira Agrônoma 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS … · iv DADOS CURRICULARES DO AUTOR ILDEFONSA BENITEZ ZANATTO – Nascida em 27 de Novembro de 1991, no município de Ponta Porã, Estado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

FUNGICIDAS E EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS NO

CONTROLE DE ANTRACNOSE, MÍLDIO E MANCHA-ALVO NA

CULTURA DA SOJA

Ildefonsa Benitez Zanatto

Engenheira Agrônoma

2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS

FUNGICIDAS E EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS NO

CONTROLE DE ANTRACNOSE, MÍLDIO E MANCHA-ALVO NA

CULTURA DA SOJA

Ildefonsa Benitez Zanatto

Orientador: Dr. Cassiano Spaziani Pereira

Co-Orientadora: Solange Maria Bonaldo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Agronomia, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia. Área de concentração: Fitotecnia.

Maio de 2017

ii

iii

iv

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

ILDEFONSA BENITEZ ZANATTO – Nascida em 27 de Novembro de 1991, no

município de Ponta Porã, Estado de Mato Grosso do Sul. Ingressou na Universidade

Federal de Mato Grosso (UFMT), curso de Agronomia, Campus de Sinop, em março

de 2009. Em setembro de 2014 obteve o título de Engenheira Agrônoma. Iniciou o

curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Agronomia em março de

2015, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus Sinop.

v

"Somos feitos da mesma matéria que nossos sonhos."

-William Shakespeare-

vi

Dedicatória

Dedico o presente trabalho aos meus pais:

LIDIA BENITEZ MELGAREJO ZANATTO

e

VISMAR ZANATTO

a meu marido:

VALDECIR CUNICO

e aos meus irmãos:

DESIDíLIA BENITEZ ZANATTO

VISMAR BENITEZ ZANATTO

BEATRIZ BENITEZ ZANATTO

vii

Agradecimentos

A Deus que está sempre comigo dando coragem, força, saúde e inteligência

para tomar as decisões corretas.

A meu marido, pelo amor, carinho, confiança e apoio para a realização deste

trabalho.

Aos meus pais e irmãos, pelo apoio, carinho, amor e dedicação.

Ao meu orientador, Cassiano Spaziani Pereira e a minha Co-orientadora

Solange Maria Bonaldo, pela orientação, dedicação, ensinamentos, realização deste

trabalho e pelas experiências compartilhadas.

Ao programa de pós-graduação em Agronomia da Universidade Federal de

Mato Grosso campus Sinop UFMT, à Agropel Sementes, a Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES e a Fundação de Amparo a

Pesquisa do Estado de Mato Grosso FAPEMAT pela bolsa.

Aos colegas e amigos do Curso de Mestrado. Especialmente, Heitor Augusto

Sella e Emanuele Helmann pelo companheirismo, momentos de risadas, amizade e

conselhos.

Aos membros da Comissão Examinadora.

Aos professores do curso da pós-graduação, pelos ensinamentos.

E a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para realização

deste trabalho.

Muito Obrigada!

viii

SUMÁRIO

RESUMO - ................................................................................................................... i

ABSTRACT - ................................................................................................................ i

CAPÍTULO 1- Considerações gerais ....................................................................... 1

1. Introdução ............................................................................................................. 1

2. Revisão de Literatura ............................................................................................ 3

2.1. A cultura da soja e sua importância econômica ....................................................... 3

2.2. Produção de soja no Mato Grosso ........................................................................... 5

2.3. Morfologia da cultura da soja ................................................................................... 6

2.4. Doenças da soja ...................................................................................................... 9

2.5. Antracnose (Colletotrichum truncatum) .................................................................. 10

2.6. Mancha Alvo (Corynespora cassiicola) .................................................................. 11

2.7. Míldio (Peronospora manshurica) .......................................................................... 12

2.8. Controle quimico e alternativo na cultura da soja 12

CAPÍTULO 2- Fungicidas e extrato etanólico de própolis no controle de doenças

de final de ciclo da cultura da soja ............................................................................ 24

RESUMO - ................................................................................................................ 24

ABSTRACT - ............................................................................................................. 24

1. Introdução ........................................................................................................... 25

2. Material e Métodos ............................................................................................. 26

3. Resultados e Discussão ..................................................................................... 30

4. Conclusões ......................................................................................................... 42

5. Agradecimentos .................................................................................................. 43

6. Referências ......................................................................................................... 44

CAPÍTULO 3- Avaliação pós-colheita de grãos de soja após controle de doenças

fúngicas foliares ....................................................................................................... 48

RESUMO - ................................................................................................................ 48

ABSTRACT - ............................................................................................................. 48

1. Introdução ........................................................................................................... 49

2. Material e Métodos ............................................................................................. 50

3. Resultados e Discussão ..................................................................................... 53

4. Conclusões ......................................................................................................... 57

5. Agradecimentos .................................................................................................. 58

ix

6. Referências ......................................................................................................... 59

i

FUNGICIDAS E EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS NO CONTROLE DE

DOENÇAS DE FINAL DE CICLO DA CULTURA DA SOJA

RESUMO -

RESUMO - A produtividade da soja pode ser afetada por diversos fatores, dentre eles estão as doenças. Com o objetivo de avaliar 9 fungicidas comerciais e extrato etanólico de própolis (EEP), no controle de antracnose, mancha alvo e míldio na cultura da soja e avaliar a qualidade pós-colheita de grãos de soja após controle dessas doenças fúngicas foliares, foi implantado, na safra 15/16 um experimento em área comercial localizada em Sinop/MT. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 4 repetições. Aplicou-se 10 tratamentos: Testemunha; Fluxapiroxade+ Piraclostrobina; Trifloxistrobina+ Protioconazole; Picoxystrobina+ Ciproconazole; Azoxistrobina + Benzovindiflupir; Mancozebe; Azoxistrobina + Ciproconazol; Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazole; Mancozebe + Picoxystrobina+ Ciproconazole e EEP, quinzenalmente em três épocas: R1, R3 e R5. A cultivar utilizada foi a Monsoy 8372 IPRO. Verificou-se que o tratamento com Picoxystrobina+ Ciproconazole apresentou a maior eficiência no controle de mildio e mancha alvo. Os fungicidas e o EEP analisados não apresentaram eficiência no controle de antracnose. O uso de EEP se mostrou eficiente no controle de míldio e mancha alvo, apresentando superioridade sobre alguns fungicidas, contribuindo também para um incremento na produtividade. O tratamento com aplicação de Picoxystrobina+ Ciproconazole, foi superior aos demais em relação a produtividade e massa de mil grãos. A aplicação dos tratamentos Picoxystrobina + Ciproconazole, Azoxistrobina + Ciproconazol + Mancozebe obtiveram valores superiores de massa de mil de grãos. Os valores de massa específica aparente e real obtidas neste estudo foram superiores ao valor de referência para a cultura para todos os tratamentos. Na avaliação de plântulas normais germinadas (GN), o tratamento onde foi realizada a aplicação de Azoxistrobina + Ciproconazol foi o que obteve o melhor valor de germinação. O tratamento com uso de Mancozebe associado com Azoxistrobina + Ciproconazol, foi o tratamento que apresentou menor incidência do fungo C. truncatum (58%).

Palavras-chave: Glycine Max; fungicidas; doenças da soja; EEP

FUNGICIDES AND ETHANOLIC EXTRACT OF PROPOLIS IN THE CONTROL OF LATE SEASON SOYBEAN DISEASES

ABSTRACT - The productivity of soybean can be affected by several factors, including diseases. Aiming to evaluate nine commercial fungicides and the ethanolic extract of propolis (EEP), for the control of anthracnose, target spot and downy mildewin the soybean culture and evaluate post-harvest quality of soybeans after controlling for foliar fungal diseases, in the 15/16 crop, a study was implanted in a commercial area localized in Sinop/MT. The experiment was perfomed in randomized block design, with 4 allocations. Ten treatments were applied: Control; Fluxapiroxad + Piraclostrobin; Trifloxistrobin + Prothioconazole; Picoxystrobin + Cyproconazole;

ii

Azoxystrobin + Benzovindiflupyr; Mancozeb; Azoxystrobin + Cyproconazole; Mancozeb + Azoxystrobin + Cyproconazole; Mancozeb + Picoxystrobin + Cyproconazole and EEP, fortnightly in three growth stages: R1, R3 and R5. The cultivar utilized was Monsoy 8372 IPRO. The treatment Picoxystrobin + Cyproconazole was the most efficient in the control of downy mildew and target spot. The fungicides and the EEP analyzed did not present efficiency in the control of anthracnose. The use of EEP was efficient in the control of downy mildew and target spot, presenting superiority over some fungicides, and contributing for an increase in productivity. The treatment with the application of Picoxystrobin + Cyproconazole was superior to the other treatments in relation to productivity and mass of thousand grains. The application of the treatments Picoxystrobin + Ciproconazole, Azoxystrobin + Ciproconazole + Mancozebe obtained higher values of mass of thousand of grains. The apparent and actual specific mass values obtained in this study were higher than the reference value for the culture for all treatments. In the evaluation of normal germinated (NG) seedlings, the treatment where Azoxystrobin + Ciproconazole was applied was the one that obtained the best germination value. Treatment with Mancozeb associated with Azoxystrobin + Ciproconazole was the treatment with the lowest incidence of C. truncatum (58%). Keywords: Glycine Max; fungicides; soybean diseases; EEP

1

CAPÍTULO 1- Considerações gerais

1. Introdução

A cultura da soja (Glycine max (L.) Merrill) é uma das commoditys agrícola de

maior importância comercial no Brasil (ASSAD e ALMEIDA, 2004), além disso é o

grão mais produzido e comercializado no país. O estado de Mato Grosso destaca-se

como o maior produtor nacional de soja, atingindo na safra 15/16, 27.017,8 mil

toneladas, aproximadamente 1/3 de toda a soja produzida no país (CONAB, 2016).

Essa alta produtividade pode ser afetada de maneira direta pelas doenças,

elas afetam todos os estádios de desenvolvimento da cultura, e podem causar morte

de plântulas, necrose nos pecíolos e manchas nas folhas, hastes e vagens. A

antracnose destaca-se como uma das principais doenças que afetam a cultura, ela é

favorecida por elevadas precipitações e altas temperaturas (28 a 34ºC),

principalmente nos estádios finais do ciclo da cultura (GALLI et al., 2007).

Devido ao aumento da área cultivada da soja no mundo, ocorreu também um

aumento no número e severidade de doenças, sendo relatadas mais de 100

espécies de patógenos, dos quais 35 são de grande importância econômica para a

cultura (SINCLAIR e HARTMAN, 2008).

Além disso, a soja no campo é atacada por um grande número de patógenos

fúngicos, que podem causar prejuízos na qualidade das sementes. Do ponto de vista

sanitário, a semente ideal seria aquela livre de qualquer microrganismo indesejável.

Porém, isso nem sempre é possível, uma vez que a qualidade das sementes é

altamente influenciada pelas condições climáticas sob as quais a semente foi

produzida e armazenada (GOULART et al., 1995).

Neste sentido, para qualquer cultura, não só a soja, o controle de doenças

requer a utilização de cultivares resistentes, escolha da melhor época para a

semeadura, tratamento de sementes, adubações corretas e utilização de defensivos

químicos no momento certo (BARROS, 2008).

Além disso, existe uma cobrança e restrição ao uso de alguns produtos

químicos, devido a contaminação ambiental, e resistência do patógeno ao fungicida,

isso tem levado pesquisadores buscarem métodos alternativos de controle, dentre

estes podemos citar o controle de doenças de plantas com a aplicação via foliar de

EEP (PEREIRA et al., 2008; MARINI et al., 2012).

2

Desta forma, existe a necessidade que novas alternativas para o controle de

doenças e associações de produtos com diferentes princípios ativos sejam buscadas

e estudadas.

Diante disso, o objetivo do presente trabalho é avaliar o efeito da aplicação

sequencial de fungicidas e do extrato etanólico de própolis (EEP) no controle de

DFCs, sobre o crescimento vegetativo e produtividade da soja e a qualidade de

grãos da cultura.

3

2. Revisão de Literatura

2.1. A cultura da soja e sua importância econômica

A cultura da soja tem grande destaque na economia do Brasil e, é de suma

importância principalmente para a região do Centro Oeste, onde apresentou ganhos

de produtividade nas últimas safras graças às constantes iniciativas no

desenvolvimento de novas tecnologias de produção (WAGNER, 2010).

Segundo o MAPA (2005), o grão é um dos componentes na fabricação de

rações para animais, e a indústria nacional também o transforma em óleo

comestível, farelo proteico com alto teor de proteína e de qualidade, aumentando o

uso na alimentação humana. A soja também é um constituinte na fabricação de

biodiesel, combustível capaz de diminuir a emissão de gases causadores do efeito

estufa em 78%.

A soja é utilizada de várias outras formas, como por exemplo, produção de

ingredientes para chocolate, temperos prontos, massas, derivados de carne, mistura

em bebidas, papinhas para bebês e muitos alimentos dietéticos. Além de margarina,

maionese, barra de cereais, e bebidas prontas, como leites e sucos (APROSOJA,

2006).

A produtividade na cultura é afetada por vários fatores bióticos e abióticos,

sendo fatores abióticos como temperatura, umidade, luminosidade, vento, chuva e,

fatores bióticos como fatores genéticos, sanidade, pragas e doenças que são de

grande importância na produção. Também é de grande importância o monitoramento

das condições da lavoura, para que possa oferecer maior controle de pragas e

doenças na lavoura, maior residual para a proteção da mesma, consequentemente

reduzindo o custo de produção (CELLA & NUNES, 2009). Segundo os mesmos

autores, a planta de soja fica em média 150 dias na lavoura e a maioria dos produtos

químicos quando aplicados oferece proteção média de 20 dias, ficando assim

provada a importância de realizar o controle de pragas e doenças na lavoura no

momento certo.

Durante séculos, a soja foi cultivada e comercializada apenas no Oriente. No

começo do XVI ela foi levada para a Europa e lá, permaneceu até o começo do

nosso século. Em alguns países como Inglaterra, França e Itália, as tentativas de

4

cultivo realizadas não tiveram grande êxito. Devido ao clima eram necessárias

variedades extremamente precoces. Por isso, a soja, não é uma cultura importante

na maioria dos países europeus (MATTOS, 1987).

Nos Estados Unidos, a cultura da soja adaptou-se muito bem ao clima. Foi

após o final da Primeira Guerra Mundial, em 1919, que o grão de soja tornou-se

produto importante para o comércio exterior e elevando sua produção por possuir

alta capacidade de rendimento e baixo custo de colheita, se comparada a outras

leguminosas. No ano de 1921, foi fundada a ASA (American Soybean Association)

consolidando a cadeia produtiva em esfera mundial (MATTOS, 1987).

Na América do Sul como Argentina, Paraguai, Colômbia e principalmente o

Brasil, a soja ganhou impulso a partir de 1949 e encontrou ótimas condições

climáticas para seu desenvolvimento, o que fez com que o Brasil se tornasse o

segundo maior produtor mundial, em termos continentais (MATTOS, 1987).

A produção de soja no contexto mundial está entre as atividades econômicas

que apresentam crescimentos mais expressivos. A produção mundial na safra

2010/2011 foi de 263,7 milhões de toneladas (EMBRAPA, 2011). No relatório da

USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) o consumo mundial nesta

mesma safra foi estimado em 250,91 milhões de toneladas. Um dos fatores que

contribuiu para o aumento do consumo é o crescente poder aquisitivo da população

que vem provocando uma mudança no hábito alimentar. Não menos significativo é o

crescente uso de biocombustíveis fabricados a partir do grão que é de grande

interesse mundial em energia renovável e limpa.

A soja chegou no Brasil em 1882, através da Bahia por Gustavo Dutra, sem

alcançar êxito. Em São Paulo, começou a ser cultivada por imigrantes japoneses,

por volta de 1908, e foi introduzido oficialmente no Rio Grande do Sul em 1914 e no

Paraná seu cultivo iniciou-se em 1954 (MATTOS, 1987).

Em 1891 foram realizados testes de adaptação de cultivares de soja

semelhante aos conduzidos por Dutra na Bahia, pelo Instituto Agronômico de

Campinas- SP. Nos EUA, nessa mesma época a cultura de soja era estudada mais

como uma cultura forrageira, do que como planta produtora de grãos para a indústria

de farelos e óleos vegetais, e também grãos para consumo animal (EMBRAPA,

2004).

5

O primeiro registro de cultivo de soja no Brasil foi no ano de 1914 em Santa

Rosa, Rio Grande do Sul, mas só adquiriu importância econômica em 1940 com a

área cultivada de 640 alqueires e produção de 450 toneladas. Nove anos depois,

obteve produção de 25.000 toneladas entrando nas estatísticas internacionais pela

primeira vez, como produtor de soja (EMBRAPA, 2004).

A partir de 1960 a soja se estabeleceu como uma cultura economicamente

importante para o Brasil impulsionada pela política de subsídios ao trigo, visando

autossuficiência. A produção neste ano multiplicou-se e era concentrada na região

Sul por se tratar de cultivo de clima temperado e subtropical (EMBRAPA, 2004).

Com a evolução tecnológica e melhoramento genético foi desenvolvido

germoplasma para baixas latitudes por meio de incorporação de genes que atrasam

o florescimento mesmo em condições de fotoperíodo indutor, permitindo que o

produto se espalhasse para outros estados. Essa foi uma das mais importantes

inovações tecnológicas na agricultura e determinante no progresso do agronegócio

no Brasil (FAO, 2007).

Na década de 90, a soja ocupou o lugar de principal produto agrícola, apesar

de ocasionalmente haver quedas no valor. Isso, no entanto, não impediu que os

produtores deixassem de cultivá-la (EMBRAPA, 2004).

2.2. Produção de soja no Mato Grosso

Na década de 70, empresários consolidaram a exploração capitalista na

região, na corrida ao crédito subsidiado, aos juros negativos, incentivos fiscais,

estimulando a colonização particular (BARROS, 2005).

Esse processo possibilitou a ocupação territorial de uma massa de

agricultores de outras regiões, principalmente da região Sul, migrantes egressos de

crises econômicas, geadas, e áreas inundadas durante a construção da barragem

de Itaipu, em Foz do Iguaçu-PR. Esses agricultores vieram atrás de terras fartas e

baratas, chegando aqui adquiriram seus lotes nas colonizadoras após se

desfazerem de suas terras de trabalho em seus estados de origem (BARROS,

2005).

Se por um lado havia terra farta e barata, o solo não era muito propício para a

produção de soja. Foi preciso um grande desenvolvimento de pesquisas, tendo um

6

grande apoio da Fundação Mato Grosso, para a inserção da cultura, variedades

produtivas e adaptadas às condições do Cerrado (APROSOJA, 2006).

Com o trabalho liderado pelo pesquisador conhecido como Pai da Soja, o

Doutor Romeu Afonso de Souza Kiihl, que se dedicava ao melhoramento genético

de soja, desenvolveram cultivares adaptadas as condições do Cerrado. Com o

resultado do trabalho deste pesquisador, o Cerrado transformou-se de terras inaptas

em celeiro da soja, juntamente com a mecanização, uso de tecnologias permitindo

eficiência operacional e menores custos operacionais do mundo, destacando-se no

cenário agrícola (GOLDSMITH, 2009).

O estado tornou-se o maior produtor de soja a partir da safra 1999/2000,

quando produziu 8,8 milhões de toneladas, superando o estado do Paraná

(TIRLONI, 2009). E segundo os dados da CONAB (2017), o estudo aponta área

plantada de 9.259,0 mil hectares, 1,3% superior aos 9.140,0 mil hectares, semeados

em 2015/2016, a qual, considerando-se o referido rendimento médio, resultará em

produção de 30.341,7 mil toneladas, 16,6% acima das 26.030,7 mil toneladas de

2015/2016.

2.3. Morfologia da cultura da soja

A soja é uma planta anual, herbácea, autógama, que apresenta variabilidade nas

características morfológicas, que podem ser influenciadas pelo ambiente. A altura da

planta depende da interação das condições ambientais e da cultivar (SEDIYAMA,

2009).

O sistema radicular da soja é constituído por raiz axial principal e de raízes

secundárias. Nelas se encontram nódulos efeito da simbiose com bactérias que

fixam nitrogênio do ar presente no solo (MASCARENHAS et al., 2005).

O caule é do tipo ereto, herbáceo e ramificado, desenvolvendo-se a partir do

eixo embrionário, após a germinação. Em relação ao tipo de folha, a soja possui 3

tipos diferentes, as cotiledonares, as unifolioladas e as trifolioladas. Possui flores

completas e ocorrem em racemos axilares, variando de 2 a 35 por racemo. O fruto é

do tipo vagem, levemente arqueado, medindo de 2 até 7 cm, onde pode alojar de 1

até 5 sementes. Entretanto, a maioria das cultivares apresenta vagens com 2 até 3

grãos. (SEDIYAMA, 2009).

7

De acordo com o mesmo autor, as sementes de soja possuem variações

quanto à forma, tamanho e cor. Podendo ser lisas, ovais, elípticas, podem ser

encontradas nas cores amarelas e verdes. O hilo é geralmente marrom, preto ou

cinza.

De todos os fatores inerentes à produção agrícola, o clima é de mais difícil

controle e tem maior ação sobre a limitação as máximas produtividades. A

imprevisão da variabilidade do clima, condições climáticas adversas como excesso

ou falta de chuva, temperaturas muito altas ou baixas e baixa luminosidade, são os

principais fatores de risco de insucesso na produção da cultura (EMBRAPA SOJA,

2007).

Dessa forma, a época de plantio deve ser bem planejada para não afetar a

produtividade. Em alguns locais do estado de Mato Grosso, após as primeiras

chuvas que ocorrem geralmente na segunda quinzena de setembro e, com o final do

vazio sanitário, inicia-se o plantio (EMBRAPA, 2010).

Em condições normais climáticas, é recomendado um acumulado de 80 a 100

mm de chuva para que a reserva no solo seja razoável para permitir a germinação

das sementes, pois caso as chuvas não se estabilizem, haverá menor risco da

perdas. Essas condições de umidade são fatores principais para o estabelecimento

do bom stand da lavoura e distribuição uniforme de sementes ao longo do sulco do

plantio. Como qualquer cultura, a soja não necessita apenas de umidade, mas

também de temperatura, necessitando de temperatura de solo em torno de 20 até

30ºC, sendo 25ºC a temperatura ideal (EMBRAPA, 2010). Com tais condições a

planta conseguirá o porte aceitável, compatível com a colheita mecanizada, que

exige altura de planta maior que 60 cm (GARCIA et al., 2007).

Na germinação e emergência a exigência hídrica é de 2,2 mm/dia. Na fase

vegetativa 5,1 mm/dia, no florescimento 7,4 mm/dia, na granação 6,6 mm/dia e na

maturação 3,7 mm/dia (ROSOLEM, 2006).

É muito importante correlacionar o ciclo da cultivar para o estabelecer a

lavoura com as previsões de distribuição de chuvas de cada ano, pois de modo

geral, a deficiência hídrica na floração até o pleno enchimento de grãos, pode

reduzir o porte da planta e produção de grãos. Outros fatores também importantes

são a fertilidade do solo, a adubação, o escalonamento do plantio e colheita,

doenças e pragas da área (EMBRAPA, 2007).

8

O espaçamento recomendado é na faixa entre 40 a 60 cm. Embora exista

opções de máquinas que possibilite espaçamento menor que 40 cm, porém não é

recomendado esse espaçamento, pois não permite a realização de operações de

cultivo entre fileiras, ocorrendo perdas por amassamento e, maior dificuldade de

proteger as folhas baixeiras de doenças e pragas (EMBRAPA, 2007).

Em função dos avanços dos sistemas conservacionistas de cobertura de solo

e semeadura direta, de cultivares mais adaptadas e melhor capacidade produtiva

dos solos, a população padrão de plantas foi reduzida de 400 mil há-1 para 320 mil

há-1, pois os fatores citados acima permitem maior crescimento e rendimento por

planta. Esse número pode variar em função da cultivar, regime de chuvas, período

de implantação e crescimento de plantas, espaçamento, número de plantas por

metro linear e entre outros (EMBRAPA, 2007).

Além das exigências hídricas e térmicas, a adaptação de diferentes cultivares

em determinadas regiões também depende do fotoperiodismo. A sensibilidade ao

fotoperíodo é uma característica que varia entre as cultivares, significa que cada

cultivar possui um fotoperíodo crítico, acima do qual o florescimento é atrasado. Por

isso, a faixa de adaptabilidade de cada cultivar é diferente conforme se desloca do

Norte para o Sul (EMBRAPA, 2011). Segundo BORKERT et al. (1994), quanto a

necessidade de horas/luz que uma cultivar depende para completar seu ciclo pode

ser definida como de ciclo precoce, médio ou tardio.

As cultivares de soja também são classificadas quanto ao seu hábito de

crescimento e exigências fotoperiódicas necessárias para iniciar seu florescimento

ou fase reprodutiva. Quanto ao hábito de crescimento são divididas em

indeterminado e determinado. As cultivares com hábito de crescimento

indeterminado continuam seu desenvolvimento vegetativo e radicular após a

floração, e também ganho de altura. As cultivares de crescimento determinado

param seu crescimento vegetativo, radicular e ganho de altura com o início da

floração ou fase reprodutiva (BORKERT et al., 1994).

2.4. Doenças da cultura da soja

A cultura da soja tem grande destaque no cenário econômico nacional, pois

impulsiona o crescimento de outros setores ligados a essa produção. À medida que

9

se expandiram novas fronteiras agrícolas surgiram condições favoráveis para o

desenvolvimento e multiplicação de pragas e doenças. Outros fatores que

impulsionam o ataque e multiplicação desses inimigos estão aliados à monocultura e

sucessão de plantios (WAGNER, 2010).

A importância de cada doença varia de ano para ano, entre regiões e também

entre propriedades, tudo isso depende da cultivar utilizada, da época de semeadura,

do clima, da umidade relativa e das tecnologias empregadas na cultura (BARROS,

2008).

As doenças das plantas limitam a produtividade nas safras. As perdas anuais

de produção são estimadas em cerca de 20%, entretanto algumas doenças,

dependendo da intensidade e severidade podem ocasionar perdas de quase 100%

(EMBRAPA, 2011). Os conjuntos das mais de 40 doenças identificadas na cultura da

soja causam uma perda anual de aproximadamente US$ 1 bilhão (FUNDAÇÃO RIO

VERDE, 2009).

Segundo Barros (2008), em qualquer cultura, não só a soja, o controle de

doenças requer a utilização de cultivares resistentes, escolha da melhor época para

a semeadura, tratamento de sementes, adubações corretas e utilização de

defensivos químicos no momento certo.

Segundo dados da Fundação Rio Verde (2009), as doenças com maior

frequência no Médio Norte de Mato Grosso são a ferrugem (Phakopsora pachyrhizi),

a antracnose (Colletotrichum truncatum), a mancha alvo (Corynespora cassiicola) e

as doenças de final de ciclo. No caso da antracnose e mancha alvo, surtos severos

da doença vem sendo observados desde as regiões mais frias do Sul às chapadas

dos Cerrados.

2.5. Antracnose (Colletotrichum truncatum)

A antracnose é uma das principais doenças da soja nos Cerrados, causada

pelo fungo Colletotrichum truncatum sob condições de alta umidade, pode causar a

morte de plântulas, necrose de pecíolos, manchas nas folhas, hastes e vagens. O

fungo sobrevive em sementes e restos culturais Se desenvolve de forma latente,

10

podendo surgir até o final do ciclo, dependendo das condições climáticas, densidade

da semeadura e fertilidade (EMBRAPA, 2011).

A alta incidência da antracnose nas lavouras é atribuída à altas temperaturas,

elevadas precipitações pluviométricas, excesso populacional de plantas, estreito

espaçamento entrelinhas e uso de sementes infectadas. Porém outros fatores como,

infestação e dano por percevejo, deficiência nutricional, principalmente de potássio,

são também responsáveis pela incidência desta doença (COSTA, 2005).

O inóculo primário é proveniente de restos de cultura e sementes infectadas,

o fungo pode infectar em qualquer estádio da cultura, porém é mais frequente na

floração e no enchimento de grãos, podendo afetar folhas, pecíolos, vagens, e

ramos laterais (MANANDHAR & HARTMAN, 1999). Nesses órgãos, os sintomas se

iniciam com um encharcamento ou anasarca. A parte afetada dobra-se e adquire

uma coloração que varia de cinza a negra.

O fungo Colletotrichum truncatum é classificado como Ascomiceto, que

produz acérvulos com setas septadas e pigmentadas de cor preta que podem medir

de 60 a 300 por 3 a 8μm (CARNEIRO & LIMA, 2011).

De acordo com Costa (2005), para reduzir a incidência de antracnose as

medidas integradas de controle a serem adotadas: rotação de cultura, maiores

espaçamentos entrelinhas como 50 a 55 cm (população adequada de 250.000 a

300.000 plantas por hectare), além de manejo adequado de solo, principalmente em

relação a adubação potássica, e tratamento de sementes com fungicidas

recomendados. O manejo da população de percevejo é muito importante também

para reduzir os danos causados por antracnose, não esquecendo do uso de

variedades resistentes que é a forma mais segura e econômica na manutenção de

baixos níveis de severidade e altos níveis de produtividade.

2.6. Mancha Alvo (Corynespora cassiicola)

A Mancha Alvo causada pelo fungo Corynespora cassiicola, ocorre praticamente

em todas as regiões de cultivo no Brasil. Na região dos Cerrados provoca danos

exigindo controle químico e o uso de variedades resistentes e tolerantes. Na região

11

Sul do Brasil, este fungo causa Podridão radicular, pois encontra condições

favoráveis (EMBRAPA, 2011).

Os sintomas de mancha alvo iniciam-se com pequenos pontos com um halo

amarelo que crescem até 2 cm de diâmetro e tornam-se circulares de coloração

castanho-claro a castanho-escuro nas folhas. O nome da doença se deve a esse

formato que lembra um alvo (BOLETIM DE PESQUISA DE SOJA, 2011).

O patógeno Corynespora cassiicola produz conidióforos eretos, ramificados,

de coloração marrom, medindo 44 a 350 µm por 4 a 11 µm. Os conídios podem

apresentar-se isoladamente ou em cadeias de dois a seis, de coloração

amarronzada, medindo 39 a 520 µm por 7 a 22 µm (CARNEIRO & LIMA, 2011).

Esse fungo sobrevive em restos culturais e com alta umidade pode colonizar grande

área de resíduos no solo, partindo depois para infecção foliar (ALMEIDA et al.,

2005).

Essa doença pode ocorrer em qualquer estádio fenológico da soja,

necessitando apenas de alta umidade e temperatura, o que é muito comum nas

principais regiões produtoras deste grão (YORINORI, 2011).

Para o controle da mancha alvo, recomenda-se o uso de variedades

resistentes ou tolerantes, sucessão de cultura como, por exemplo, com milho ou

espécies gramíneas, efetuar o revolvimento do solo, realizar aplicação de fungicidas

na parte aérea, quando o nível de severidade atingir acima de 10% (BOLETIM DE

PESQUISA DE SOJA, 2011).

Quando foram lançadas as primeiras variedades de soja resistentes a

nematoide de cisto, todas se mostraram suscetíveis à mancha alvo. Mas felizmente,

dados recentes têm mostrado em campo que algumas variedades transgênicas e

resistentes ao nematoide de cisto também apresentam resistência ou tolerância a

mancha alvo (YORINORI, 2011). O mercado possui diversas variedades com boa

resistência à mancha alvo, onde são observados sintomas apenas nas folhas do

baixeiro (ALMEIDA et al., 2005).

2.7. Míldio (Peronospora manshurica)

O míldio da soja é considerado uma doença amplamente distribuída no Brasil

(RHANE & RUHL, 2003) e estima-se que os prejuízos decorrentes desta doença

12

estão entre 8 e 14% quando ocorre em cultivares suscetíveis (FERREIRA et al.,

1981; DUNLEAVY, 1987).

As principais condições que favorecem a aparição desta doença nas lavouras

de soja são elevados períodos de molhamento foliar (12 horas) e temperaturas entre

20 e 22 ºC durante qualquer estágio fenológico da cultura (PICININI & FERNANDES,

2000).

Possui como principais sintomas o surgimento de manchas de coloração

verde-claras até amareladas, localizadas na face adaxial das folhas. Com o

desenvolvimento da doença, as lesões se tornam marrom-acinzentadas até marrom

escura, com margens amareladas ou esverdeadas. O crescimento do fungo pode

ser observado em algumas situações, de coloração cinza na face abaxial da folha,

principalmente em períodos úmidos. Folhas severamente atacadas se tornam

marrom e podem se soltar da planta, causado desfolha. Também pode se observar

o desenvolvimento esbranquiçado do fungo no interior de vagens e na superfície das

sementes. As plântulas originadas de sementes infectadas são raquíticas com folhas

manchadas. As sementes contaminadas são a principal forma de disseminação do

patógeno e fonte de inóculo inicial. A transmissão do patógeno das sementes para

as plântulas pode atingir 16% se houver condições ideais para o seu

desenvolvimento (INABA, 1985). Sementes de soja infectadas com o patógeno

apresentam redução do peso e do teor de proteína, além de atraso na germinação

das plântulas (KORETSKY & KOSHEVSKY, 1998).

2.8. Controle químico e alternativo na cultura da soja

Os fungicidas são defensivos agrícolas empregados no controle de doenças de

plantas causadas por fungos. Tem-se observado um aumento do uso dessa prática,

visando reduzir a severidade de doenças nas plantas e manter a rentabilidade dos

plantios (JULIATTI, 2002).

Este tipo de controle deve ser utilizado de forma racional, respeitando o

manejo integrado de doenças. Com objetivo de minimizar os danos provocados por

doenças, limitar a resposta do patógeno para que este controle seja duradouro, e

que tenha o menor custo possível (ZAMBOLIM &VALE, 2002).

13

Devido à grande ocorrência de doenças, pesquisas comprovaram que é

economicamente viável, e indispensável, pelo menos uma aplicação química em

qualquer nível de infecção, exceto nas épocas de seca que são desfavoráveis ao

patógeno (SOARES, 2010).

Para o controle de doenças como Antracnose e Mancha Alvo, os produtos

recomendados são aqueles que possuem os princípios ativos pertencentes aos

grupos químicos dos triazóis, estrobilurinas e benzimidazóis, que podem ser

utilizados sozinhos ou em misturas comerciais denominados de sistema (SOARES,

2010).

De acordo com Godoy et al. (2007), por mais eficiente que seja o fungicida, a

qualidade da aplicação é de suma importância para obter conhecimento de outros

fatores como o momento ideal de pulverização para dar início a aplicação, número

de aplicações que serão necessárias, bem como o estádio fenológico da lavoura e

as influências ambientais.

A intensa utilização desses compostos químicos e a capacidade dos

microrganismos a se adaptar à em condições adversas, pode ocorrer a resistência

dos fungos a alguns princípios ativos. O conhecimento dos mecanismos de ação das

moléculas utilizadas é imprescindível, visando evitar erros que podem comprometer

a sua vida útil e evitar situações de difícil resolução. No Brasil, poucos trabalhos

foram desenvolvidos quanto à resistência de fungos a fungicidas, sendo relatados

alguns casos com patógenos (GHINI, 2006).

Os fungicidas do grupo dos benzimidazóis são utilizados em tratamento de

sementes e, no controle de doenças tanto no solo como na parte aérea (SILVA,

1999).

São fungicidas que atuam na divisão celular dos fungos, interrompendo o

ciclo mitótico durante a divisão na metáfase. Ao afetar a mitose, os benzimidazóis

intervêm no crescimento do tubo germinativo, inibindo o crescimento do fungo alvo

(ROBERTS & HUTSON, 1999).

Com alguns anos de utilização desses fungicidas, foram relatados diversos

casos de resistência, como oídio em pepino cultivado em estufa, resistência de

Botrytis cinerea em cíclame, um dos motivos era que os agricultores utilizavam como

único método de controle (GHINI, 2006).

14

As carboxamidas são produtos sistêmicos que apresentam maior eficiência no

controle de fungos do Filo Basidiomycota, com atividade protetora e efeito residual

(BITTENCOURT et al., 2007). Alguns produtos têm maior espectro de ação, devido à

adição de outros produtos de grupos químicos diferentes, e apresentam sucesso no

controle de diversas doenças (BITTENCOURT et al., 2007).

Este grupo apresenta como mecanismo de ação a inibição a succinato

desidrogenase, enzima que participa do processo de respiração da mitocôndria

(FRAC, 2010).

Os ingredientes ativos registrados correspondem a boscalida, a carboxina

(cujos produtos possuem maior espectro de ação), a oxicarboxina e a thifluzamida

(ANVISA, 2013).

Em 1993 surgiu o grupo das estrobilurinas, por observações feitas pelo

pesquisador checo Vladimir Musilék em madeira apodrecida pelo fungo

basidiomiceto Strobilurus tenacellus na qual detinha um composto com ação

fungicida (REIS et al., 2007).

Existem diversos grupos de fungicidas disponíveis no mercado, mas o uso

das estrobilurinas tem aumentado nos últimos anos, não apenas por sua eficiência

no controle de doenças, mas também pelo efeito fisiológico que elas proporcionam

nas plantas (FAGAN, 2007).

As estrobilurinas são compostos secundários que interferem na respiração

mitocondrial, bloqueando o transporte de elétrons pelo complexo citocrômico bc1,

inibindo a óxido-redutase de ubihidroquinona-citocromo c, desta forma, interferem na

produção de ATP pela célula fúngica, resultando na sua morte (GHINI, 2006).

Devido à inibição da cadeia transportadora de elétrons ocorre acidificação no

citoplasma, aumentando a atividade da enzima nitrato redutase e

consequentemente, aumentando a assimilação do nitrogênio (FAGAN, 2007).

Além disso, após a aplicação de estrobilurina as plantas apresentam outros

efeitos fisiológicos que vão desde incrementar a assimilação de nitrogênio, aumento

no teor de clorofila, redução da síntese de nitrogênio até defesa de estresses

bióticos e abióticos, repercutindo em aumentos significativos de produtividade

(RODRIGUES, 2009).

As moléculas do grupo das estrobilurinas são absorvidas pelas folhas de

forma gradual e constante, resultando em proteção na superfície por tempo

15

prolongado. Essas moléculas também apresentam difusão translaminar. São

eficientes contra grande número de patógenos, em baixas concentrações

(VENÂNCIO et al., 2004).

Vários ingredientes ativos compõem fungicidas pertencentes a esse grupo

químico como: azoxistrobina, cresoxim metílico, picoxistrobina, piraclostrobina e

trifloxistrobina (REIS et al., 2007).

Os fungicidas inibidores da biossíntese de esteróis – triazóis – foram

desenvolvidos na década de 1960, primeiramente para combater micoses em seres

humanos. Esses fungicidas agem na formação e seletividade da membrana

impedindo a formação dos precursores do esterol, como o ergosterol – principal

esterol presente nos fungos responsável pela manutenção da integridade da

membrana celular – resultando na ruptura da membrana e o escoamento de solutos

iônicos (REIS et al., 2007).

Os fungicidas triazóis podem atuar como protetores ou curativos, possuem

elevado efeito residual e apresentam ação tóxica sobre a germinação de esporos

(EHR & KEMMITT, 2002).

Os efeitos fisiológicos são diversos, um efeito positivo é o melhor

aproveitamento de água pelas plantas, que pode estar relacionado com o ajuste

osmótico nos estômatos associados ao aumento da concentração de potássio nas

células guardas. Outro efeito está relacionado com a redução da altura e diâmetro

de caule, consequentemente a compactação da copa, maior tolerância a seca e

redução da taxa de transpiração que previne o murchamento foliar possibilitando

maiores produtividades (MOURA, 2013).

As moléculas dos fungicidas triazóis apresenta boa efetividade sobre os

fungos, controlando um amplo espectro de doenças causadas por ascomicetos,

basidiomicetos e deuteromicetos, porém não atuam sobre fungos como

Phytophthora e Pythium, pois não sintetizam esteróis (BERGAMIN FILHO et al.,

1995).

Vários ingredientes ativos compõem fungicidas pertencentes a esse grupo

químico como: ciproconazol, difenoconazol, epoxiconazol, flutriafol, metconazol,

miclobutanil, tebuconazol, tetraconazol (REIS et al., 2007).

A própolis se constitui como uma substância resinosa e está disponível na

natureza sendo usada na medicina desde 300 a.C, a mesma possui varias cores e

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consistência e é coletada por abelhas da espécie Apismelliferade algumas partes

das plantas tais como dos botões florais, exsudados resinosos e gemas vegetativas

(CASTRO et al., 2007).

A própolis possui propriedades cicatrizantes, anestésicas, antimicrobiana,

antiviral, antiinflamatória etc. (CASTRO et al., 2007). Pelas abelhas a própolis é

transportada para dentro da colméia e utilizada no fechamento das frestas, para a

redução da entrada de ventos frios e ataque de inimigos naturais (fungos e

bactérias) (COLONI et al.,2007).

Ela também possui mais de 200 compostos químicos, podendo se citar os

flavonóides, ácidos aromáticos, terpenóides, a aldeídos, alcoóis entre outros, no

entanto o maior grupo é o dos flavonóides, minerais e vitaminas como citado por

Coloni et al. (2007).

A partir do seu perfil químico através de técnicas de espectrofotometria de

absorção na região UV-vísivel e das suas atividades antimicrobiana e antioxidante a

própolis brasileira foi classificada em 12 tipos. Nas avaliações para diferença de

tipos a própolis foi avaliada com relação à qualidade e quantidade da sua

composição química e atividade biológica. Os tipos 3 (região sul), 6 (região

nordeste) e 12 (região sudeste) foram os que apresentaram melhor atividade

antimicrobiana.

A classificação quantitativa, que é determinada pelos marcadores químicos é

classificada em 3 tipos principais, essa composição química irá depender da

biodiversidade da região que a abelha visita. Além disso, esses diferentes tipos de

própolis apresentaram propriedades biológicas distintas, podendo citar-se o tipo 6

(região nordeste) e o tipo 12 (região sudeste) que demonstraram atividade

antimicrobiana sobre a bactéria Streptococcusmutans (CASTRO et al., 2007).

Apesar de possuir grande aceitação da população mundial, em geral o que

falta a própolis é a garantia da sua eficácia, segurança e qualidade, para assim

permitir o seu uso racional (COLONI et al., 2007).

A própolis apresenta uma grande variação de composição química devido à

sua região de produção, já que a própolis é um produto da interação da flora local

com a atividade das abelhas.

Entre os diversos componentes da própolis, muitos possuem propriedades

medicinais já conhecidas e ampla utilidade na indústria farmacêutica, comofenol,

17

rutina, quercetrina, taxifolina, campferol, apigenina, agastiflavona e a amentoflavona,

dentre muitos outros (Toledo, 2010).

18

3. Referências

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CAPÍTULO 2- Fungicidas e extrato etanólico de própolis no controle de doenças de final de ciclo da cultura da soja RESUMO - Com o objetivo de avaliar 9 fungicidas comerciais e extrato etanólico de própolis (EEP), no controle de antracnose, mancha alvo e míldio na cultura da soja, foi implantado, na safra 15/16 um experimento em área comercial localizada em Sinop/MT. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 4 repetições. Aplicou-se 10 tratamentos: Testemunha; Fluxapiroxade+ Piraclostrobina; Trifloxistrobina+ Protioconazole; Picoxystrobina+ Ciproconazole; Azoxistrobina + Benzovindiflupir; Mancozebe; Azoxistrobina + Ciproconazol; Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazole; Mancozebe + Picoxystrobina+ Ciproconazole e EEP, quinzenalmente em três épocas: R1, R3 e R5. A cultivar utilizada foi a Monsoy 8372 IPRO. Verificou-se que o tratamento com Picoxystrobina+ Ciproconazole apresentou a maior eficiência no controle de mildio e mancha alvo. Os fungicidas e o EEP analisados não apresentaram eficiência no controle de antracnose. O uso de EEP se mostrou eficiente no controle de míldio e mancha alvo, apresentando superioridade sobre alguns fungicidas, contribuindo também para um incremento na produtividade. O tratamento com aplicação de Picoxystrobina+ Ciproconazole, foi superior aos demais em relação a produtividade e massa de mil grãos.

Palavras-chave: Glycine Max; fungicidas; doenças da soja; EEP.

FUNGICIDES AND ETHANOLIC EXTRACT OF PROPOLIS IN THE CONTROL OF LATE SEASON SOYBEAN DISEASES

ABSTRACT - Aiming to evaluate nine commercial fungicides and the ethanolic extract of propolis (EEP), for the control of anthracnose, target spot and downy mildewin the soybean culture, in the 15/16 crop, a study was implanted in a commercial area localized in Sinop/MT. The experiment was perfomed in randomized block design, with 4 allocations. Ten treatments were applied: Control; Fluxapiroxad + Piraclostrobin; Trifloxistrobin + Prothioconazole; Picoxystrobin + Cyproconazole; Azoxystrobin + Benzovindiflupyr; Mancozeb; Azoxystrobin + Cyproconazole; Mancozeb + Azoxystrobin + Cyproconazole; Mancozeb + Picoxystrobin + Cyproconazole and EEP, fortnightly in three growth stages: R1, R3 and R5. The cultivar utilized was Monsoy 8372 IPRO. The treatment Picoxystrobin + Cyproconazole was the most efficient in the control of downy mildew and target spot. The fungicides and the EEP analyzed did not present efficiency in the control of anthracnose. The use of EEP was efficient in the control of downy mildew and target spot, presenting superiority over some fungicides, and contributing for an increase in productivity. The treatment with the application of Picoxystrobin + Cyproconazole was superior to the other treatments in relation to productivity and mass of thousand grains.

Keywords: Glycine Max; fungicides; soybean diseases; EEP.

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1. Introdução

A soja é o grão mais produzido no Brasil e o estado de Mato Grosso é o maior

produtor nacional de soja, atingindo na safra 15/16, 27.017,8 mil toneladas,

aproximadamente 1/3 de toda a soja produzida no país (CONAB, 2016). Este fato

ocorre graças ao desenvolvimento de novas cultivares, adaptadas às diferentes

condições de cultivo, o que permitiu a expansão da cultura para áreas de fronteira

agrícola, como o Mato Grosso.

A produtividade da soja pode ser afetada por diversos fatores, dentre eles

estão as doenças causadas por fungos, bactérias, nematóides e vírus (SINCLAIR e

HARTMAN, 2008). As doenças afetam todas as fases de desenvolvimento da cultura

da soja, mas as doenças de final de ciclo (DFC) vêm aumentando sua importância,

principalmente nas novas fronteiras agrícolas, podendo-se citar a antracnose

(Colletotrichum truncatum), mancha parda (Septoria glycines) e o crestamento foliar

de cercospora (Cercospora kikuchii), que são responsáveis por perdas superiores a

20% da produtividade (JULIATTI et al., 2003).

A antracnose Colletotrichum truncatum (Schw.) Andrus & Moore é a principal

DFC presente nas lavouras de Mato Grosso, inicia seu ciclo em R3 e ocorre em

regiões que apresentam elevada precipitação e altas temperaturas. WRATHER e

KOENNING (2009) relatam que, nos últimos 10 anos, as doenças causadas por

fungos foram responsáveis por cerca de 44% de perdas nas lavouras, sendo a

antracnose responsável por grande parte desta perda.

A medida mais eficiente e economicamente viável para garantir grandes

produtividades e qualidade de grãos é o controle químico (AMORIM et al., 2011).

Porém nem sempre a solução é simples e isolada, para o controle químico da

antracnose inicialmente utilizava-se fungicidas sistêmicos (benzimidazóis) em

detrimento de outros fungicidas (CASSETARI NETO et al., 2001).

Além disto, existe a possibilidade que ocorra rápida adaptação de populações

de fungos as moléculas atualmente utilizadas, com redução da sensibilidade ao

fungicida, o que demanda a utilização de fungicidas com diferentes mecanismos de

ação para controle da antracnose com combinações de triazóis e estrobilurinas

(SOUZA, 2009).

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A restrição ao uso de alguns produtos químicos, pela contaminação

ambiental, e resistência do patógeno ao fungicida, tem levado à procura de métodos

alternativos de controle, dentre estas pode-se citar o controle de doenças de plantas

com a aplicação via foliar de EEP (PEREIRA et al., 2008; MARINI et al., 2012).

Desta forma, novas substâncias alternativas no controle de doenças e

associações de produtos com diferentes princípios ativos, devem ser estudadas,

com intuito de maximizar o controle de algumas doenças na cultura, reduzir os

custos de produção, além de preservar o meio ambiente.

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi verificar o efeito da aplicação

sequencial de fungicidas e do extrato etanólico de própolis (EEP) no controle de

DFCs e sobre o crescimento vegetativo e produtividade da soja.

2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido de novembro de 2015 a fevereiro de 2016 numa

área comercial da empresa Agropel® Sementes localizada na região de Sinop-MT.

As coordenadas geográficas são: Latitude Sul 11°55’ e Longitude Oeste 55°29’, de

solo tipo Latossolo Vermelho distrófico, textura argilosa.

O clima da região é classificado por Koppen-Geiger como Am, possuindo

duas estações bem definidas, chuvosa entre outubro e Abril, e seca de maio a

setembro. A amplitude térmica anual varia entre 24 e 27º C, sendo setembro e

outubro os meses mais quentes podendo ter em média 36 °C. Os dados climáticos

do município de Sinop/MT estão apresentados na Figura 1.

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Figura 1- Características climáticas coletadas junto a estação meteorológica da

Universidade Federal de Mato Grosso, no período de novembro de 2015 a fevereiro

de 2016. Temperaturas máximas, médias e mínimas (ºC); e precipitação pluvial

(mm.dia-1) - Sinop – MT.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso (DBC), com 4 repetições

e 10 tratamentos: 1- Testemunha; 2- Fluxapiroxade+ Piraclostrobina (116,55+58,45

g de i.a ha-1); 3-Trifloxistrobina+ Protioconazol (60+70 g de i.a ha-1); 4-

Picoxystrobina+ Ciproconazole (60+24 g i.a ha-1); 5- Azoxistrobina + Benzovindiflupir

(60+30 g de i.a ha-1); 6- Mancozebe (1500 g de i.a ha-1); 7- Azoxistrobina +

Ciproconazol (50+100g de i.a ha-1); 8- Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazol

(1500+50+100g de i.a ha-1); 9- Mancozebe + Picoxystrobina+ Ciproconazole

(1500+60+24g de i.a ha-1) e 10: 3 Aplicações: Extrato Etanólico de Própolis (500 mL.

ha-1).

Inicialmente, antes da implantação e realização do experimento em campo, foi

realizado no laboratório de Química da Universidade Federal de Mato Grosso

campus de Sinop, a análise química da própolis, para a quantificação dos teores de

nutrientes e flavonoides presentes no mesmo (Tabela 1).

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Tabela 1: Análise química da Própolis.

Composto químico Concentração (mg kg-1)

Fenol 500,00

Rutina 514,90

Quercetrina 957,00

Taxifolina 447,40

Quercetina 467,70

Campferol 2688,30

Apigenina 1081,50

Agastiflavona 1474,30

Amentoflavonal 1396,50

Foram consideradas unidades experimentais, 6 linhas espaçadas de 0,45m

(3,0m de largura) e 5 m de comprimento, perfazendo uma área total de 15 m2. A

área útil da parcela experimental foi considerada descartando-se uma linha de cada

lateral e 0,5m de cada extremidade para fins de avaliação. As aplicações dos

tratamentos ocorreram no estádio R1 (Início da floração: 50% das plantas com

estruturas florais), a segunda aplicação ocorreu 15 dias após a primeira no estádio

R3 (Inicio da formação de vagem: canivete) e a terceira, 15 dias após a segunda no

estádio R5 (Enchimento de grãos).

As doses seguiram a recomendação dos fabricantes de cada fungicida, além

disso, foram utilizados na calda de aplicação os Adjuvantes Nimbus ®, Assist® e

Áureo® conforme o recomendado para cada fungicida.

A cultivar utilizada foi a Monsoy 8372 IPRO, que possui alto potencial

produtivo, com seu crescimento indeterminado chegando a medir 0,85 metros,

possuindo, também, uma moderada resistência a acamamento. A cultivar é

moderadamente susceptível a Mancha alvo (Corynespora cassiicola) e susceptível a

antracnose (Colletotrichum truncantum), com ciclo de 120 dias no médio norte de

Mato Grosso (SeedCorp, 2015) .

Os tratos culturais foram realizados tratamentos utilizados no manejo de

pragas, plantas invasoras e adubação, foram os mesmos padrões da fazenda.

Foram avaliadas semanalmente, as doenças foliares: Antracnose

(Colletotrichum truncatum), Mancha Alvo (Corynespora cassiicola), e Míldio

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(Peronospora manshurica), a partir da ocorrência dos primeiros sinais. Para esta

avaliação foram selecionadas aleatoriamente 10 plantas na área útil das parcelas

experimentais, as mesmas foram demarcadas, atribuindo-se notas de doenças de

acordo com escalas diagramáticas.

Para a avaliação da antracnose foi utilizada a escala proposta por Costa et al.

(2006), onde foram avaliadas as lesões nas folhas e pecíolos. A Mancha alvo foi

determinada pela escala diagramática proposta por Soares et al. (2009), a

severidade da Mancha alvo foi quantificada atribuindo-se valores em porcentagem.

Para a avaliação de Míldio (Peronospora manshurica), foi utilizada a escala proposta

por Kowata et al., (2008).

Após a obtenção dos dados de severidade das doenças, foram plotadas as

curvas de severidade das doenças. Calculou-se a área abaixo da curva de

progresso da doença (AACPD) por meio da equação proposta por (Campbell &

Madden, 1990).

Determinou-se o crescimento vegetativo através das características, altura,

altura de inserção da 1° vagem, diâmetro de caule, área foliar e desfolha. No campo,

a altura das plantas e altura de inserção da 1ª vagem foram obtidas com auxilio de

uma trena, medindo-se do solo até o meristema apical das plantas e na inserção da

primeira vagem do solo até a 1ª vagem das plantas, o diâmetro de caule foi obtido

com um auxilio de um paquímetro digital, após as medições a campo, as plantas

foram cortadas rente ao solo, colocadas em sacolas de papel e levadas ao

laboratório de Sementes do curso de Agronomia da UFMT para determinação da da

área foliar. A área foliar foi obtida com auxílio de um integrador de área foliar LI-COR

modelo LI-3010. A, a desfolha foi avaliada visualmente atribuindo-se uma nota de 0

a 100% para a quantidade de folhas caídas.

A colheita foi realizada manualmente no dia 27/02/2016, 103 dias após a

emergência quando os grãos estavam por volta de 180 g kg-1 de umidade. Após a

colheita realizou-se a trilha mecânica das plantas em uma trilhadeira estacionária.

Os grãos passaram por uma pré-limpeza manual com auxílio de peneiras e foram

acondicionados em sacolas de papel. A umidade dos grãos foi corrigida de para 130

g kg-1 em estufa de circulação forçada de ar, a 60 ºC .

A produtividade de grãos foi obtida com auxílio de uma balança digital, em kg

de grãos parcela-1 e transformada para kg ha-1. A massa de 1000 grãos foi

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determinada de acordo com a metodologia descrita nas Regras para Análises de

Sementes (BRASIL, 2009). Os dados obtidos, foram submetidos à análise de

variância a 5% de probabilidade pelo teste F, para as variáveis qualitativas aplicou-

se o teste de Scott-Knott, sendo utilizado o programa estatístico SISVAR® (Ferreira,

2011).

3. Resultados e Discussão

Os pontos de máxima severidade do míldio e da mancha alvos ocorreram no

dia 01 de fevereiro, como pode ser observado na Figura 2. Este período foi

caracterizado por temperaturas médias amenas e alta umidade relativa (Figura 2),

favorecendo assim a sobrevivência e disseminação do patógeno, pois segundo

WRATHER e KOENNING (2009) regiões que apresentam elevada precipitação e

altas temperaturas, fazem com que ocorram com maior frequência as doenças

causadas por fungos.

Figura 2. Curva de severidade do Míldio, Mancha Alvo e Antracnose, nas

testemunhas durante período de cultivo (dez. 2015 a fev. 2016).

Segundo Wrather e Koenning (2009), as doenças nas plantas desenvolvem-

se principalmente sob condições de alta umidade e em temperaturas amenas, alta

umidade relativa é necessária durante toda a fase de germinação do conídio e

esporulação. Isto demostra que o Míldio e a Mancha Alvo ocorrem primeiro que a

Antracnose, demostrando assim que a mesma se apresenta como uma doença de

final de ciclo (Figura 3).

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Figura 3. Curva de severidade Míldio, Mancha Alvo e Antracnose (C) em folhas de

soja submetidas a diferentes tratamentos com fungicidas e EEP aplicados via foliar,

onde T1-Testemunha; T2-Fluxapiroxade+ Piraclostrobina; T3-Trifloxistrobina+

Protioconazol; T4-Picoxystrobina+ Ciproconazole; T5-Azoxistrobina +

Benzovindiflupir; T6-Mancozebe; T7-Azoxistrobina + Ciproconazol; T8-Mancozebe +

Azoxistrobina + Ciproconazol; T9-Mancozebe + Picoxystrobina+ Ciproconazole e

T10-Extrato Etanólico de Própolis. Sinop-MT, 2015/2016.

Como pode ser observado o maior índice de severidade da antracnose

ocorreu na ultima avaliação realizada no dia 11/02 (Figura 3), período esse que

antecedeu a colheita que foi realizada dia 27/02/2016. Também é possível notar que

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a ocorrência dela foi verificada a partir da avaliação do dia 16/01, período esse onde

ocorreu um grande acumulo de precipitações chegando a 160,25 mm acumulados.

Com isso pode-se verificar, que a antracnose está associada a altas

precipitações e ambiente úmido assim como alta umidade relativa do ar. O fato de

esta doença ocorrer tardiamente segundo Forcelini et al. (2002), pode estar ligada

ao fato da antecipação da aplicação para estádios anteriores ao R4 potencializa o

controle da antracnose e as aplicações no presente trabalho se iniciaram ainda no

estádio R1, prevenindo assim, por um bom tempo a taxa de progresso da doença

em campo.

Adami et al. (2006), verificaram efeito de 13 fungicidas a base de triazol,

triazol + estrobilurina e carbendazim no controle de Colletotrichum truncatum, sobre

a severidade e incidência da doença. Porém no presente trabalho os fungicidas

aplicados não demostraram a mesma eficiência sobre a severidade das doenças.

Souza (2009) sugere a utilização preventiva de fungicidas a base de

carbendazim, no manejo da antracnose, que segundo o autor protege a soja por até

oito dias, enquanto o efeito das associações de triazóis + estrobilurinas, possuem

residual de até 12 dias após a aplicação. Porém, curativamente, os dois fungicidas

podem controlar a antracnose da soja sendo o efeito limitado a poucos dias após a

infecção do patógeno na planta e pode variar em função da suscetibilidade de

cultivares. Podemos notar que nos primeiro dias, os fungicidas utilizados no

presente trabalho, foram eficientes na proteção da cultura, porem posteriormente

não diferiram da testemunha no controle da antracnose.

O míldio é considerado em muitas regiões uma doença secundária na cultura

da soja e vem ocorrendo com maior frequência em lavouras do sul do Brasil, porém

no ano de realização do trabalho ocorreram precipitações e mudanças de clima bem

atípicas para a região, o que pode ter favorecido então a ocorrência da mesma na

região.

Observa-se pela Tabela 2, que o tratamento a base de Trifloxistrobina+

Protioconazol não diferiu estatisticamente da testemunha na AACPD do mildio. Os

demais tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha, mostrando assim um

melhor controle sobre a doença, sendo o tratamento com o fungicida

Picoxystrobina+ Ciproconazole o mais eficiente, apresentando uma redução

percentual de 13,58% da doença quando comparado à testemunha.

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Tabela 2. Área abaixo da curva de progresso de Míldio, Mancha Alvo e Antracnose

em folhas de soja, submetidas a diferentes tratamentos com fungicidas e Extrato

Etanólico de Própolis (EEP) aplicados via foliar.

Tratamentos AACPD

Míldio

Mancha

alvo Antracnose

Testemunha 60,48 a 53,48 a 646,25 a

Fluxapiroxade+Piraclotobina 52,72 b 45,68 b 585,94 a

Trifloxistrobina+Protioconazol 58,38 a 49,39 a 650,78 a

Picoxystrobina+Ciproconazole 52,27 b 41,69 b 631,25 a

Azoxistrobina+Benzovindiflupir 54,60 b 45,69 b 641,56 a

Mancozebe 55,72 b 49,35 a 645,63 a

Azoxistrobina+Ciproconazol 53,61 b 43,40 b 628,44 a

Mancozebe+ Azoxistrobina+Ciproconazol 55,34 b 43,27 b 598,75 a

Mancozebe+

Picoxystrobina+Ciproconazole 52,60 b 42,23 b 637,50 a

EEP 55,51 b 47,98 b 598,59 a

C.V. 6,34 8,71 7,07

Médias seguidas com as mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott ao

nível de 5% de probabilidade. Sinop-MT, 2015/2016.

Verificou-se que o EEP controlou o míldio proporcionando uma redução na

AACPD de 8,24% quando comparado à testemunha, não diferindo estatisticamente

do tratamento mais eficiente no controle da doença (Picoxystrobina+ Ciproconazole)

que apresentou uma redução percentual de 13,58% em relação à testemunha.

Segundo Kowata et al. (2008), os produtos usualmente utilizado pelos

produtores e empresas para o controle da ferrugem na soja apresentam o mesmo

controle sobre o Míldio, apesar de não serem registrados para a doença,

necessitando assim de uma maior atenção para o uso dos mesmo no controle desta

Os primeiros relatos da eficiência da aplicação do extrato de própolis, no

controle de fungos fitopatogênicos, em lavouras, foram realizados por Pereira et al.

(2001), os autores verificaram efeito da própolis na concentração de 2 mL, com

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16% de própolis bruta/L de água, com redução de até 100% na germinação de

uredinósporos de Hemileia vastatrix Berk & Br., causador da ferrugem do cafeeiro.

Pereira et al. (2008), verificaram reduções de 66 e de 46%, na incidência da

ferrugem e da cercosporiose em cafeeiro, respectivamente, com a aplicação de até

4% de EEP, com 16% de própolis bruta no extrato. Porém os valores de reduções

percentuais no presente trabalho foram diferentes aos encontrados por Pereira et al.

(2008), isso pode estar ligado ao fato da cultura utilizada ser outra e também a

fatores climáticos e as doenças avaliadas serem outras e se comportarem de

maneira diferente na cultura.

Verificou-se ao menos uma diferença significativa nos valores de área abaixo

da curva de progresso de Mancha Alvo. Os tratamentos com maiores valores de

AACPD, além da testemunha, foram o tratamento com Trifloxistrobina+

Protioconazol e Mancozebe. Os demais tratamentos apresentaram menores valores

de AACPD, com maior eficiência no controle de mancha alvo o tratamento que

apresentou menor valor de AACPD, sendo ele o tratamento onde se realizou três

aplicações de Picoxystrobina+ Ciproconazole com AACPD de 42 enquanto a

testemunha apresentou um valor de AACPD de 54 aproximadamente (Tabela 2).

O EEP teve AACPD para Míldio de 48, enquanto a testemunha apresentou

um valor de 54, este resultado demostra uma possível eficiência do mesmo sobre o

controle da mancha alvo, pois o mesmo apresentou valor de AACPD menor do que

os tratamentos onde ocorreu três aplicações de Trifloxistrobina+ Protioconazol e

também o tratamento que foi realizada três aplicações de Mancozebe que

apresentaram valor de AACPD de 49,39 e 49,35 respectivamente.

Resultados com valores diferentes ao encontrados no presente trabalho foram

encontrados em um trabalho realizado pela Embrapa (2012), sobre eficiência de

fungicidas para o controle da mancha alvo (Corynespora cassiicola), na safra de

2012/2013 o fungicida Fox (Trifloxistrobina+ Protioconazol) apresentou controle da

doença em 32%.

Valores constratantes de severidade também foram encontrados pela

Embrapa (2016) em trabalho realizado em diferentes regiões do Brasil sobre a

eficiência de fungicidas para o controle da mancha alvo. No mesmo, foram utilizados

os fungicidas Fox (Trifloxistrobina+ Protioconazol), Orkestra (Fluxapiroxade+

Piraclostrobina) e Unizeb Gold (Mancozeb), semelhante ao presente trabalho, porém

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os mesmo apresentaram valores de severidade maiores do que os encontrados no

presente trabalho, com o uso do fungicida Fox foi identificado uma sevedidade de

20% da doença, já com o uso do fungicida Orkestra apresentou uma severidade de

14,4% e de Unizeb Gold de 21,4%.

Além do fato de que a doença é favorecida por condições de alta umidade

relativa e temperaturas amenas, e como dito anteriormente, as precipitações e as

mudanças de clima foram extremamente atípicas na realização do presente

trabalho.

O EEP apesar de diferir estatisticamente da testemunha, apresentou uma

redução percentual de 10,28% quando comparada á mesma. Já o tratamento com

Picoxystrobina+ Ciproconazole que apresentou um melhor resultado no controle da

mancha alvo, obteve uma redução percentual de 22,04% quando comparado à

testemunha. Esses baixos valores de controle podem estar ligados ao fato que no

ano do presente trabalho ocorreu baixa severidade da doença em campo.

Apesar não apresentar diferença estatística quando comparado à

testemunha, o EEP foi o mais eficiente que dois fungicidas comerciais, o

Trifloxistrobina+ Protioconazol e Mancozebe, que tiveram redução de 7,64% e

7,72%, respectivamente, quando comparados á testemunha. Podendo assim então

ser notado que para mais uma doença além do míldio na cultura da soja o EEP

apresentou uma boa eficiência.

A área abaixo da curva de progresso da Antracnose não apresentou

diferenças significativas, isto pode ter ocorrido pela baixa incidência da doença no

experimento analisado, provavelmente havia na área uma baixa concentração do

inóculo.

Apesar de não haver diferença significativa entre os tratamentos utilizados, o

tratamento onde foi realizada três aplicações de Azoxistrobina + Ciproconazol

apresentou uma redução percentual de 7,43% em relação à testemunha, se

sobressaindo sobre os demais tratamentos.

O EEP foi mais eficiente do que dois fungicidas comumente utilizados no

controle de antracnose na soja, o mesmo apresentou redução de apenas 1,13%

quando comparado à testemunha, porém não diferiu estatisticamente dos demais

tratamentos que usualmente são utilizados nas lavouras comerciais. Por a

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antracnose ser favorecida por chuvas frequentes e temperaturas amenas entre 25 e

35°C, isso pode ter contribuído para maior incidência da doença.

Com relação às características vegetativas, os tratamentos com fungicidas e

EEPs aplicados via foliar, não possibilitaram efeitos significativos para a

característica diâmetro de caule, número de vagens, inserção de primeira vagem,

altura de planta e Índice de área foliar (Tabela 3).

Tabela 3. Diâmetro de caule (DC), número de vagens por planta (NVP), altura de

inserção de 1° vagem (AIPV), altura de planta (AP), índice de área foliar (IAF) e

porcentagem de desfolha (PD) de soja submetida a diferentes tratamentos com

fungicidas e EEP.

Tratamentos DC

(mm) NVP

AIPV

(cm)

AP

(cm) IAF

PD

(%)

Testemunha 8,19ª 63,0a 27,25a 0,96a 0,34a 67a

Fluxapiroxade+Piraclotobina 7,89ª 48,5a 26,00a 0,93a 0,32a 45a

Trifloxistrobina+Protioconazol 8,03ª 52,0a 24,00a 0,99a 0,24a 27b

Picoxystrobina+Ciproconazole 8,14ª 50,5a 25,00a 100 a 0,31a 24b

Azoxistrobina+Benzovindiflupir 7,95ª 51,3a 27,00a 0,96a 0,31a 55a

Mancozebe 9,25ª 63,8a 24,25a 0,97a 0,26a 30b

Azoxistrobina+Ciproconazol 8,24ª 60,0a 25,00a 0,98a 0,33a 35b

Mancozebe+

Azoxistrobina+Ciproconazol 8,79ª 70,3a 24,50a 0,99a 0,36a 53a

Mancozebe+

Picoxystrobina+Ciproconazole 8,5ª 57,5a 24,75a 0,92a 0,33a 22b

EEP 8,31ª 55,5a 24,00a 0,93a 0,31a 60a

C.V. 13,77 28,69 15,87 7,44 30,72 12,24

Médias seguidas com as mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott ao

nível de 5% de probabilidade.

Para a variável diâmetro de caule, não observou-se diferença significativa

entre os tratamentos. O diâmetro de caule pode ser afetado por diversos fatores

como patógenos, densidade de plantas, pragas, desbalanço nutricional, a estrutura

do caule dentre outros fatores. No presente experimento não foi constatado nenhum

desses fatores que pudessem causar injúria ao caule das plantas.

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Os valores de diâmetro de caule variaram entre 7,89 e 9,25 mm, com esses

valores é possível notar que as plantas estavam com uma população e densidade

adequadas, com isso conseguem expressar todo o seu potencial, uma vez que há

uma menor competição com outras plantas por água, nutrientes e luz.

Quanto ao número de vagens por planta não foram observadas diferenças

significativas entre os tratamentos, mas observou-se que as plantas dos tratamentos

com Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazol e somente com Mancozebe

apresentaram médias superiores aos demais tratamentos de 70,25 e 63,75 vagens,

respectivamente, porém a testemunha apresentou média de 63 vagens, podendo

então esta ser uma característica da cultivar utilizada, portanto o uso dos fungicidas

e do extrato etanólico de própolis não interferiram positivamente nesta variável.

Por outro lado, alguns tratamentos atingiram uma baixa média na produção

de vagens, o tratamento com Fluxapiroxade+ Piraclostrobina e o tratamento com

Picoxystrobina+ Ciproconazole, apresentaram uma produção de 48,50 e 50,50

vagens respectivamente. Porém o tratamento Picoxystrobina+ Ciproconazole foi o

que apresentou uma maior massa de mil grãos e a maior produtividade do

experimento. Isso pode ter ocorrido devido ao fato de apesar de produzir poucas

vagens o enchimento de grãos foi o mais eficiente, pois este tratamento apresentou

também a menor incidência de doenças, fazendo com que a produção de

fotoassimilados seja mais eficiente nas plantas que receberam este tratamento.

A altura de inserção da primeira vagem de soja é uma característica

agronômica importante na operação de colheita mecânica. Essa variável deve ter

altura mínima de 10 à 12 cm para terreno plano e 15 cm para terreno inclinado

(QUEIROZ et al., 1981). Assim, com relação às médias de valores encontrados

neste experimento, independente dos tratamentos, constata-se que não houve

limitações a colheita mecânica da soja.

Porém como dito anteriormente, todos os resultados para esta variável no

presente trabalho foram satisfatórias, pois os tratamentos apresentaram valores

variando de 24 a 27,25 cm.

Para a variável altura de planta não houve diferença significativa, pois as

plantas apresentaram crescimento harmônico e não necessitaram alongar seu caule

em busca de luz. De acordo com Sediyma (2009), para altura de planta é desejável

que a cultura tenha no mínimo 70 cm para uma colheita mecânica mais eficiente,

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constata-se então, que nenhum dos tratamentos apresentou limitações para colheita

mecanizada.

A altura da planta de soja é considerada um parâmetro importante pela sua

relação com a produção, controle de plantas daninhas, acamamento e eficiência na

colheita mecânica. Os valores de altura de plantas no presente trabalho variaram de

0,92 a 1,01 m, sendo o tratamento Picoxystrobina+ Ciproconazole o que apresentou

um melhor e maior crescimento.

A variável Índice de Área Foliar também não apresentou diferenças

significativas, isso pode estar ligados ao fato que este índice foi medido nas plantas

ainda em estádio vegetativo, apresentando assim então valores baixos neste índice.

SHIBLES e WEBER (1965) referenciaram o auge do IAF por ocasião do fim da

frutificação e início da granação da soja.

Observa-se que houve diferença significativa para a variável porcentagem de

desfolha, onde os tratamentos com Azoxistrobina + Benzovindiflupir, com

Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazol e com Fluxapiroxade+ Piraclostrobina

não diferiram estatisticamente da testemunha que apresentou um valor de desfolha

de 67%, e os mesmos apresentaram valor de 60%, 55%, 53% e 45% de desfolha

respectivamente. Os demais tratamentos apresentaram um valor bem menor de

desfolha, sendo o tratamento onde foram realizadas três aplicações de Mancozebe +

Picoxystrobina+ Ciproconazole o mais eficiente para esta variavel, apresentando um

valor de desfolha de apenas 22%.

A desfolha pode prejudicar a produção devido à diminuição do número total

de plantas por hectare, ou seja, a redução de estande, o que é prejudicial à cultura

conforme relatado por Parcianello et al. (2004), pois a desfolha pode ser suficiente

para causar morte de plantas, e consequentemente redução do estande final na

colheita, o que também reduzirá significativamente a produção.

Na Tabela 4 são apresentados os valores de produtividade (kg ha-1) e massa

de mil grãos.

39

Tabela 4. Produtividade (kg ha-1) e massa de mil grãos (g), média da soja

submetida a diferentes tratamentos com fungicidas e EEP.

Tratamentos Produtividade kg há Massa de mil grãos

(g)

Testemunha 2334,60 b 136,14 b

Fluxapiroxade+Piraclotobina 2028,00 b 137,51 b

Trifloxistrobina+Protioconazol 2191,80 b 137,23 b

Picoxystrobina+Ciproconazole 3184,80 a 146,29 a

Azoxistrobina+Benzovindiflupir 2234,40 b 136,14 b

Mancozebe 2706,60 a 142,53 a

Azoxistrobina+Ciproconazol 2595,60 b 142,32 a

Mancozebe+

Azoxistrobina+Ciproconazol 2290,20 b 137,26 b

Mancozebe+

Picoxystrobina+Ciproconazole 2319,60 b 138,54 b

EEP 2412,00 b 138,12 b

C.V. 14,53 2,35

Médias seguidas com as mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott ao

nível de 5% de probabilidade.

Para a variável massa de mil grãos os tratamentos que obtiveram o maior

incremento foram os tratamentos com Picoxystrobina+ Ciproconazole Azoxistrobina

+ Ciproconazol e Mancozebe com valores superiores de 146,29 g, 142,32 g e

142,53g, respectivamente, se mostrando bem superiores a testemunha que

apresentou o valor de 136,14 g, porém este valor não é satisfatório, pois a cultivar

apresenta elevado potencial produtivo.

De acordo com Nomelini et al. (2010), a massa de 1000 grãos é uma

informação que pode ser utilizada na comparação da qualidade dos grãos, apesar

de ser comumente realizada em ensaios, como componente de rendimento de

diversos cultivos. Além de ser um parâmetro utilizado para cálculo de densidade de

semeadura também pode ser utilizada como fator de comparativo de qualidade de

sementes.

40

Verificou-se diferença significativa entre os tratamentos para produtividade.

Observa-se que o tratamento com Picoxystrobina+ Ciproconazole, apresentou uma

superioridade de 850,2 kg ha-¹, 36,42% a mais em relação à testemunha e uma

superioridade de 57,04% em relação ao tratamento que obteve a menor média de

produção (Fluxapiroxade+ Piraclostrobina). Os demais tratamentos não

apresentaram diferença significativa de produtividade quando comparados à

testemunha, apenas o tratamento com Mancozebe não apresentou diferença

significativa em relação ao tratamento que obteve a melhor média de produção.

Os tratamentos onde foi realizada a aplicação de Mancozebe + Azoxistrobina

+ Ciproconazol, Azoxistrobina + Benzovindiflupir, Trifloxistrobina+ Protioconazol e

Fluxapiroxade+ Piraclostrobina obtiveram média de produção de 2290,20; 2234,40;

2191,80 e 2028,00 kg ha-¹, respectivamente, sendo assim inferiores a média da

testemunha.

O tratamento onde ocorreu a aplicação de EEP apresentou uma produtividade

de 2412 kg ha-¹, se mostrando assim então superior a produção obtida pelo

tratamento testemunha que foi de 2334,60 kg ha-¹. O mesmo valor também foi

superior aos tratamento citados anteriormente, onde foi realizada a aplicação de

fungicidas comerciais utilizados constantemente por produtores da região.

Diante deste fato, podemos notar que o EEP além de apresentar uma

possível eficiência no controle de algumas doenças presentes nas lavouras do norte

de Mato Grosso, o uso mesmo demostra um incremento na produção quando

comparado ao uso de outras moléculas que são utilizadas com frequência nas

lavouras comerciais para o controle de doenças.

No trabalho de Klingelfuss (2001) de época de aplicação de fungicidas para o

controle de doenças de final de ciclo em soja, o parâmetro produtividade não

apresentou diferença significativa pelo baixo nível de inoculo.

41

4. Conclusões

1. A mistura Picoxystrobina+ Ciproconazole é a mais eficiente no controle de

míldio e mancha alvo, e apesar de não haver diferença significativa, a mistura

também foi a mais eficiente no controle da antracnose.

2. O uso de EEP se mostrou eficiente no controle de míldio e mancha alvo,

apresentando superioridade sobre alguns fungicidas comerciais, contribuindo

também para um incremento na produtividade de grãos.

3. As misturas de fungicidas e o EEP não alteram a altura de plantas, altura da

inserção da 1ª vagem , diâmetro de caule e número de vagens por planta.

4. O tratamento com Picoxystrobina+ Ciproconazole, foi superior aos demais em

relação a produtividade e massa de mil grãos.

42

5. Agradecimentos

Os autores agradecem a Agropel® Sementes, a Universidade Federal de

Mato Grosso (UFMT) por meio do programa de pós-graduação em Agronomia

(Campus de Sinop), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato

Grosso (FAPEMAT).

43

6. Referências

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YORINORI, J.T.; COSTAMILAN. L.M.; PAIVA, W.M., PAIVA, W.M., BERTAGNOLLI, P. F. Ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizi): identificação e controle. Londrina: EMBRAPA/SOJA, 2003. 25p. (Documentos 204).

47

CAPÍTULO 3- Avaliação pós-colheita de grãos de soja após controle de doenças fúngicas foliares RESUMO - O sucesso de uma lavoura de soja é dependente de diversos fatores, dentre eles a rápida emergência, uniformidade na população de plantas e ausência de doenças transmitidas pela semente. Com isso o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade pós-colheita de grãos de soja após controle de doenças fúngicas foliares com diferentes produtos químicos e extrato etanólico de própolis (EEP). Foi implantado, na safra 15/16 um experimento em área comercial localizada em Sinop/MT. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 4 repetições. Aplicou-se 10 tratamentos: Testemunha; Fluxapiroxade+ Piraclostrobina; Trifloxistrobina+ Protioconazole; Picoxystrobina+ Ciproconazole; Azoxistrobina + Benzovindiflupir; Mancozebe; Azoxistrobina + Ciproconazol; Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazole; Mancozebe + Picoxystrobina+ Ciproconazole e EEP, quinzenalmente em três épocas: R1, R3 e R5. A cultivar utilizada foi a Monsoy 8372 IPRO. As avaliações pós-colheita foram realizadas por meio das seguintes análises: determinação da umidade dos grãos, massa de 1.000 grãos, massa específica aparente, massa específica real, germinação e sanidade de grãos. A aplicação dos tratamentos Picoxystrobina + Ciproconazole, Azoxistrobina + Ciproconazol + Mancozebe obtiveram valores superiores de massa de mil de grãos. Os valores de massa específica aparente e real obtidas neste estudo foram superiores ao valor de referência para a cultura para todos os tratamentos. Na avaliação de plântulas normais germinadas (GN), o tratamento onde foi realizada a aplicação de Azoxistrobina + Ciproconazol foi o que obteve o melhor valor de germinação. O tratamento com uso de Mancozebe associado com Azoxistrobina + Ciproconazol, foi o tratamento que apresentou menor incidência do fungo C. truncatum (58%). Palavras-chave: soja, grãos, doenças, pós-colheita.

Post-harvest evaluation of soybean grains after control of foliar fungal diseases

ABSTRACT - The success of a soybean crop is dependent on a number of factors, including rapid emergence, uniformity of plant population, and absence of seed-borne diseases. The objective of this work was to evaluate the post-harvest quality of soybean grains after controlling for foliar fungal diseases with different chemical products and ethanolic extract of propolis (EEP). In the 15/16 crop, a study was implanted in a commercial area localized in Sinop/MT. The experiment was perfomed in randomized block design, with 4 allocations. Ten treatments were applied: Control; Fluxapiroxad + Piraclostrobin; Trifloxistrobin + Prothioconazole; Picoxystrobin + Cyproconazole; Azoxystrobin + Benzovindiflupyr; Mancozeb; Azoxystrobin + Cyproconazole; Mancozeb + Azoxystrobin + Cyproconazole; Mancozeb + Picoxystrobin + Cyproconazole and EEP, fortnightly in three growth stages: R1, R3 and R5. The cultivar utilized was Monsoy 8372 IPRO. The post-harvest evaluations were performed through the following analyzes: grain moisture determination, 1,000 grain mass, apparent specific mass, actual specific mass, germination and grain

48

sanity. The application of the treatments Picoxystrobin + Ciproconazole, Azoxystrobin + Ciproconazole + Mancozebe obtained higher values of mass of thousand of grains. The apparent and actual specific mass values obtained in this study were higher than the reference value for the culture for all treatments. In the evaluation of normal germinated (NG) seedlings, the treatment where Azoxystrobin + Ciproconazole was applied was the one that obtained the best germination value. Treatment with Mancozeb associated with Azoxystrobin + Ciproconazole was the treatment with the lowest incidence of C. truncatum (58%). keywords: soybean, grains, diseases, post-harvest.

1. Introdução

A cultura da soja (Glycine max (L.) Merrill) é considerada uma das principais

commodity agrícola e possuí grande importância comercial para o país. Seu grão é

uma excelente fonte de proteínas e óleo, além disso, a cultura pode ser cultivada em

quase todas as regiões do mundo, justificando investimentos em tecnologias que

visem o aumento da produtividade e a redução dos fatores adversos (GEHLEN,

2001).

Um dos principais fatores que fazem com que a soja não obtenha o seu

máximo potencial produtivo são as doenças causadas por fungos, bactérias,

nematóides e vírus (SINCLAIR e HARTMAN, 2008). O fungo Colletotrichum

truncatum (Schw.) Andrus & Moore é um dos mais principais patógenos transmitidos

via semente de soja (SINCLAIR e BACKMAN, 1989) e a antracnose cada dia mais

se torna uma das principais doenças da soja, especialmente nas regiões dos

Cerrados (ALMEIDA et al., 1997).

Autores demonstraram que os fungos patogênicos à soja, como C. truncatum,

estão associados com a parte aérea da planta muito antes do aparecimento dos

sintomas (KLINGELFUSS e YORINORI, 2001), desta forma se torna necessário o

controle destas doenças de forma preventiva para que não ocorra a contaminação

dos grãos colhidos.

A qualidade fisiológica de sementes é o principal objetivo no processo de

produção de sementes de qualquer espécie, uma vez que dela depende a

germinação adequada e a emergência de plântulas (MARCOS FILHO, 2013). O

sucesso de uma lavoura de soja é dependente de diversos fatores, dentre eles a

rápida emergência, uniformidade na população de plantas, ausência de doenças

49

transmitidas pela semente e maior capacidade competitiva, que só é possível com o

uso de sementes de alta qualidade (MARCOS FILHO, 2015).

Com isso o objetivo do trabalho foi avaliar a qualidade pós-colheita de grãos

de soja após controle de doenças fúngicas foliares com diferentes produtos químicos

e extrato etanólico de própolis (EEP).

2. Material e Métodos

O experimento foi conduzido de novembro de 2015 a fevereiro de 2016 numa

área comercial da empresa Agropel® Sementes localizada na região de Sinop-MT.

As coordenadas geográficas são: Latitude Sul 11°55’ e Longitude Oeste 55°29’, de

solo tipo Latossolo Vermelho distrófico, textura argilosa.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso (DBC), com 4 repetições

e 10 tratamentos: 1- Testemunha; 2- Fluxapiroxade+ Piraclostrobina (116,55+58,45

g de i.a ha-1); 3-Trifloxistrobina+ Protioconazol (60+70 g de i.a ha-1); 4-

Picoxystrobina+ Ciproconazole (60+24 g i.a ha-1); 5- Azoxistrobina + Benzovindiflupir

(60+30 g de i.a ha-1); 6- Mancozebe (1500 g de i.a ha-1); 7- Azoxistrobina +

Ciproconazol (50+100g de i.a ha-1); 8- Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazol

(1500+50+100g de i.a ha-1); 9- Mancozebe + Picoxystrobina+ Ciproconazole

(1500+60+24g de i.a ha-1) e 10: 3 Aplicações: Extrato Etanólico de Própolis (500 mL.

ha-1).

Foram consideradas unidades experimentais, 6 linhas espaçadas de 0,45m

(3,0m de largura) e 5 m de comprimento, perfazendo uma área total de 15 m2. A

área útil da parcela experimental foi considerada descartando-se uma linha de cada

lateral e 0,5m de cada extremidade para fins de avaliação. As aplicações dos

tratamentos ocorreram no estádio R1 (Início da floração: 50% das plantas com

estruturas florais), a segunda aplicação ocorreu 15 dias após a primeira no estádio

R3 (Inicio da formação de vagem: canivete) e a terceira, 15 dias após a segunda no

estádio R5 (Enchimento de grãos).

As doses seguiram a recomendação dos fabricantes de cada fungicida, além

disso, foram utilizados na calda de aplicação os Adjuvantes Nimbus ®, Assist® e

Áureo® conforme o recomendado para cada fungicida.

50

A cultivar utilizada foi a Monsoy 8372 IPRO, que possui alto potencial

produtivo, com seu crescimento indeterminado chegando a medir 0,85 metros,

possuindo, também, uma moderada resistência a acamamento. A cultivar é

moderadamente susceptível a Mancha alvo (Corynespora cassiicola) e susceptível a

antracnose (Colletotrichum truncantum), com ciclo de 120 dias no médio norte de

Mato Grosso (SeedCorp, 2015) .

Os tratos culturais foram realizados tratamentos utilizados no manejo de

pragas, plantas invasoras e adubação, foram os mesmos padrões da fazenda.

A colheita foi realizada manualmente no dia 27/02/2016, 103 dias após a

emergência quando os grãos estavam por volta de 180 g kg-1 de umidade. Após a

colheita realizou-se a trilha mecânica das plantas em uma trilhadeira estacionária.

Os grãos passaram por uma pré-limpeza manual com auxílio de peneiras e foram

acondicionados em sacolas de papel. A umidade dos grãos foi corrigida de para 130

g kg-1 em estufa de circulação forçada de ar, a 60 ºC.

As avaliações pós-colheita foram realizadas por meio das seguintes análises:

a) Determinação da umidade dos grãos (%) – a determinação foi realizada

pelo método direto em estufa com circulação forçada de ar, à temperatura de 105

ºC, por 24 horas. O cálculo da umidade foi realizado através da massa perdida após

a secagem. Foram realizadas três repetições por amostra, conforme recomendações

descritas nas Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 2009).

b) Massa de 1.000 grãos (g): determinada de acordo com metodologia

descrita nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL 2009), sendo 8 (oito)

repetições de 100 (cem) grãos coletados aleatoriamente e pesados em balança de

precisão. Em seguida foi calculada a média, multiplicando-a por 10 (dez).

c) Massa específica aparente (kg m-3): a massa de um determinado volume

de grãosfoi determinada utilizando-se uma balança de peso hectolítrico de

capacidade de ¼ L, com amostras isentas de impurezas e quebrados, sendo

avaliadas 3 (três) repetições por amostra. O volume coletado no cilindro da balança

foi pesado em balança de precisão

d) Massa específica real (kg m-3): Para obtenção desta variável primeiramente

foi obtido o valor do volume do grão, foram coletados 20 grãos ao acaso das

51

amostras , posteriormente esses mesmo grãos foram pesados em balança semi-

analítica com precisão de 0,001 g. Na sequencia foi realizada a relação massa por

volume de grão, obtendo-se então o valor de massa especifica real, devidamente

calculada em kg m-3.

e) Germinação (%): As sementes foram acondicionadas em papel germibox

para germinar em laboratório sob condições controladas, seguindo a metodologia

descrita nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL 2009). Foram avaliados

200 (duzentos) grãos distribuídos em 4 (quatro) repetições de 50 (cinquenta) grãos

dispostos em papel germitest umedecidos com água destilada e postos para

germinar em câmara de germinação sem luz e com temperatura de 25 oC,

efetuando-se a contagem de grãos germinados normais após 7 (sete) dias (BRASIL

2009).

f) Sanidade de grãos: a identificação de fungos presentes nas amostras foi

realizada através do método de incubação em substrato de papel ou método do

papel de filtro (“blotter test”); onde 400 sementes foram dispostas individualmente

em placas de Petri sobre camada de papel de filtro umedecido (3 discos

sobrepostos), mantendo se distanciadas 1-2 cm uma das outras, permitindo a

passagem integral de luz incidente. As placas de Petri com as sementes foram

incubados em estufa do tipo B.O.D., com fotoperíodo de 12 horas pelo período de 7

dias a temperatura de 20 ± 2ºC. Após este período os grãos foram examinados

individualmente com auxílio de um estereomicroscópio a resolução de 30-80X, para

observação de frutificações típicas do crescimento de fungos. Foram realizadas

observações de lâminas ao microscópio óptico para confirmação da identidade dos

fungos em nível de espécie e os resultados foram expressos em porcentagem de

grãos infectados com cada microrganismo.

Os dados obtidos, foram submetidos à análise de variância a 5% de

probabilidade pelo teste F, para as variáveis qualitativas aplicou-se o teste de Scott-

Knott, sendo utilizado o programa estatístico SISVAR® (Ferreira, 2011).

3. Resultados e Discussão

Os dados obtidos no presente trabalho foram divididos em duas partes, sendo a

qualidade fisiológica e qualidade sanitária (incidência de patógenos) de sementes de

52

soja, distribuídos em tabelas e quantificados de acordo com a metodologia aplicada.

Na Tabela 1, são apresentados os resultados fisiológicos, onde é possível observar

que para a variável umidade não houve diferença significativa, já as demais

variáveis todas apresentaram diferença quando comparadas pelo teste de

comparação de médias.

Tabela 1: Porcentagem de umidade (UM), massa de mil grãos (M1000), massa

especifica aparente (MEA), massa especifica real (MER) e porcentagem de plântulas

normais no teste de germinação (GN) em grãos de soja submetidos a diferentes

tratamentos com fungicidas e EEP via foliar. Sinop- MT, 2015/16.

Tratamentos UM (%)

M1000

(g)

MEA

(kg m-3)

MER

(kg m-3)

GN

(%)

Testemunha 15,48 a 136,13 b 785,97 b 1001,11 b 36 c

Fluxapiroxade+Piraclotobina 15,67 a 137,50 b 754,05 b 982,05 b 49 b

Trifloxistrobina+Protioconazol 15,48 a 137,23 b 786,12 b 1001,34 b 53 b

Picoxystrobina+Ciproconazole 15,41 a 146,28 a 797,23 b 1008,34 b 35,5 c

Azoxistrobina+Benzovindiflupir 15,59 a 136,13 b 799,13 b 1010,84 b 26,5 c

Mancozebe 15,29 a 142,53 a 812,34 a 1019,15 a 38,5 b

Azoxistrobina+Ciproconazol 15,77 a 142,32 a 791,21 b 1003,97 b 87,5 a

Mancozebe+

Azoxistrobina+Ciproconazol 15,76 a 137,26 b 806,14 a 1017,53 a 26 b

Mancozebe+

Picoxystrobina+Ciproconazole 15,75 a 138,53 b 786,06 b 1001,24 b 28,5 c

EPP 15,48 a 138,12 b 799,96 b 1011,94 b 49 b

C.V. 3,18 2,35 6,85 5,44 17,25

Médias seguidas com as mesmas letras não diferem significativamente pelo teste de Scott-Knott ao

nível de 5% de probabilidade.

Para a variável massa de mil grãos o maior incremento ocorreu nos

tratamentos sob a aplicação de Picoxystrobina+ Ciproconazole, Azoxistrobina +

Ciproconazol e Mancozebe com valores superiores de 146,28 g, 142,32 g e 142,53g,

respectivamente, mostrando-se 7,45% 4,55% e 4,7% superiores a testemunha que

apresentou o valor de 136,13 g, porém este valor não é satisfatório, pois a cultivar

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apresenta elevado potencial produtivo, e a massa de mil grãos influencia na

produtividade da cultura.

De acordo com Nomelini et al. (2010), a massa de 1000 grãos é uma

informação que pode ser utilizada na comparação da qualidade dos grãos, apesar

de ser comumente realizada em ensaios, como componente de rendimento de

diversos cultivos. Porém no presente trabalho os valores encontrados não

influenciaram diretamente na sanidade de grãos, ou seja, o tratamento que

apresentou o maior incremento na massa de mil grãos (Picoxystrobina+

Ciproconazole) apresentou elevada incidência de fungos (Tabela 2).

Os valores de massa específica aparente variaram de 754,05 á 812,34 kg m-3

e de massa especifica real de 982,05 á 1019,15 kg m-3 (Tabela 1), sendo superiores

ao valor de referência para a cultura, em trabalho realizado por Silva (2008) o

mesmo encontrou um valor de 772 kg m-3 para massa especifica aparente.

Entretanto, tem-se observado em estudos realizados com a soja produzida na região

médio-norte de Mato Grosso valores de massa específica aparente entre 650 a 700

kg m-3. .

Para as plântulas normais germinadas (GN), verificou-se que o tratamento

Azoxistrobina+Ciproconazol foi o que apresentou maior valor de germinação 87,5 %,

enquanto a testemunha obteve o valor de 36% de germinação e o tratamento onde

foi realizada a aplicação de Mancozebe + Azoxistrobina + Ciproconazol obteve

apenas 26% de plântulas normais germinadas. Já o tratamento onde foi realizada a

aplicação foliar de EPP apresentou valor de germinação de 49%, mostrando assim

mais uma vez superior a 5 tratamentos onde foram realizadas aplicações de

fungicidas comerciais.

Por se tratar de grãos e não sementes, o potencial germinativo obtido no

tratamento onde foi realizada a aplicação de Azoxistrobina + Ciproconazol, se

mostrou relativamente bom. Segundo Dunleavy (1976), as sementes de soja antes

da colheita são infectadas por vários tipos de microrganismos, cuja ocorrência tem

sido associada a decréscimos na germinação, isso pode ter levado a valores tão

baixos de germinação para os demais tratamentos do presente trabalho.

Em todos os tratamentos aplicados via foliar constatou-se a incidência do

fungo Colletotrichum truncatum, Penicillium ssp., Fusarium ssp. e Rizophus ssp.

(Tabela 2).

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Tabela 2: Incidência dos fungos Colletotrichum truncatum (CT), Penicillium ssp.

(PN), Fusarium ssp. (FS), Rizophus ssp. (RZ) e grãos livres de fungos (GL) em

grãos de soja submetidos a diferentes tratamentos com fungicidas e EEP via foliar.

Sinop- MT, 2015/16.

TRATAMENTOS INCIDÊNCIA (%)

CT PN FS RZ GL

Testemunha 98 4 2 1,5 1,5

Fluxapiroxade+Piraclotobina 92 11 - 0,25 5

Trifloxistrobina+Protioconazol 87 6 0,5 0,75 8

Picoxystrobina+Ciproconazole 70 12 - - 23

Azoxistrobina+Benzovindiflupir 83 10,5 - - 10,75

Mancozebe 70 6,5 2,5 1,5 23,5

Azoxistrobina+Ciproconazol 82 2,25 0,25 0,25 16,75

Mancozebe+

Azoxistrobina+Ciproconazol 58 13,25 5 7,75 24

Mancozebe+

Picoxystrobina+Ciproconazole 80

- - 19,75

EPP 96 1,5 0,75 1,75 -

O uso de Mancozebe associado com Azoxistrobina + Ciproconazol, foi o

tratamento que com menor incidência do fungo C. truncatum, apresentando 58% das

sementes infectadas, enquanto os demais tratamentos apresentaram valores

superiores a 70% de suas sementes infectadas pelo fungo.

Em um trabalho realizado no Mato Grosso do Sul no ano de 2011/12 por

Pesqueira et al., (2016) os autores constataram que somente o fungicida

Epoxiconazol + Piraclostrobina não controlou a incidência de Colletotrichum sp. em

sementes, já no presente trabalho o mesmo apresentou 70% das sementes

infectadas pelo fungo, isso pode estar ligado ao fato que a mesma no presente

trabalho se apresentou bem tardiamente no experimento, podendo então ter

infectado as sementes na pós-colheita. Além disso ocorreu a incidência deste fungo

em todos os tratamentos avaliados, sendo o tratamento onde foi realizada a

55

aplicação foliar de Mancozebe+ Azoxistrobina + Ciproconazol o que apresentou

menor incidência do patógeno (58%).

O Penicillium ssp ,ocorreu em 90% dos tratamentos no presente trabalho,

Goulart (2005), considera o fungo de baixa importância econômica em grãos, . Este

fungo como contaminante dificulta a detecção de outros patógenos, por possuir

rápido crescimento, sendo necessária muitas vezes a desinfecção superficial do

material com o objetivo de facilitar a leitura do teste.

O fungo Rizophus ssp. apresentou menor incidência no trabalho do que os

demais, incidência de 70% dos tratamentos avaliados. Severo et al. 2010

verificaram que, grande incidência deste fungo, pode causar mucormicose que é

uma infecção fúngica, depois da aspergilose e da candidose, sendo a terceira

infecção fúngica invasiva mais comum.

O EPP apesar de apresentar uma elevada incidência de Colletotrichum

truncatum nas sementes avaliadas (96%), o mesmo apresentou uma baixa

incidências dos demais fungos encontrados.

A cada dia surgem novas cultivares de soja no mercado, porém existem poucas

informações quanto ao nível aceitável de incidência de patógenos associados às

sementes destinadas à comercialização. Assim, para que haja um melhor controle

da disseminação destas doenças via sementes, se torna necessário que sejam

realizados estudos e estabelecidos novos padrões sanitários. Desta forma, a cada

dia são necessárias novas medidas de controle de antracnose na parte aérea, para

que ocorra a redução de danos à produção, e também seja possível a produção de

sementes de soja de melhor qualidade sanitária.

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4. Conclusões

1. A aplicação dos tratamentos Picoxystrobina + Ciproconazole, Azoxistrobina +

Ciproconazol + Mancozebe obtiveram valores superiores de massa de mil de

grãos.

2. Os valores de massa específica aparente e real obtidas neste estudo foram

superiores ao valor de referência para a cultura para todos os tratamentos.

3. Na avaliação de plântulas normais germinadas (GN), o tratamento onde foi

realizada a aplicação de Azoxistrobina + Ciproconazol foi o que obteve o

melhor valor de germinação.

4. O tratamento com uso de Mancozebe associado com Azoxistrobina +

Ciproconazol, foi o tratamento que apresentou menor incidência do fungo C.

truncatum (58%).

5. O EEP apresentou valor de germinação de 49%, mostrando-se assim mais

uma vez superior a 5 tratamentos onde foram realizadas aplicações de

fungicidas comerciais, já na sanidade de grãos o mesmo não obteve uma

valor tão favorável para o controle de C. truncatum.

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5. Agradecimentos

Os autores agradecem a Agropel® Sementes, a Universidade Federal de

Mato Grosso (UFMT) por meio do programa de pós-graduação em Agronomia

(Campus de Sinop), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) e a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato

Grosso (FAPEMAT).

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6. Referências

ALMEIDA, A.M.R.; FERREIRA, L.P.; YORINORI, J.T.; SILVA, HENNING; A.A. Doenças da soja. In: KIMATI, H. AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; REZENDE, J.A.M. (Eds.) Manual de Fitopatologia, v. 2. Doenças de plantas cultivadas. São Paulo: Agronômica Ceres, p. 642-664. 1997. BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Produção Vegetal. Regras para análise de sementes. Brasília, 2009. DUNLEAVY, J. M. 1976. Pathological factors affecting seed germination In: Hill, L. D. World soybean research. Dauville. p. 462-469. GEHLEN, I. Pesquisa, tecnologia e competitividade na agropecuária brasileira. Sociologias, v. 3, n. 6, p. 70-93, 2001. GOULART, A.C.P. Fungos em sementes de soja: detecção, importância e controle. In: FERREIRA, E.N.do. Dourados: EMBRAPA Agropecuária Oeste, 2005. KLINGELFUSS, L.H.; YORINORI, J.T. Infecção latente de Colletotrichum truncatum e Cercospora kikuchii em soja. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 26, n. 2, p. 158-164, 2001. MARCOS-FILHO, J. Importância do potencial fisiológico da semente de soja. Informativo Abrates, v.23, p.21-24, 2013. MARCOS-FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas. 2.ed. Londrina: ABRATES, 2015. 660p. MAUAD, M.; et al.. Influência da densidade de semeadura sobre características agronômicas na cultura da soja. Revista Agrarian, Dourados, v. 3, n. 9, p. 175-181, 2010. NOMELINI, Q.S.S.; COSTA, D.A.; SILVA, L.F.; FERREIRA, A.S.; PEREIRA, J.M.; BIASE, N.G. Validação do método de dimensionamento do número médio ideal de sementes por saca. 2010. PESQUEIRA, A. S.; BACCHI, L. M. A.; GAVASSONI, W. L. Associação de fungicidas no controle da antracnose da soja no Mato Grosso do Sul. Revista Ciência Agronômica v. 47, n. 1, p. 203-212, jan-mar, 2016.

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SEVERO, B. C.; GUAZZELLI, S. L.; SEVERO, C. L.; Curso de Atualização – Micoses – Zigomicose, 2010. SILVA, J.S.; Secagem e Armazenagem de produtos agrícolas. UFV – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Ed. Aprenda Fácil. 2008. p.560. SINCLAIR, J.B.; BACKMAN, P.A. Compendium of soybean diseases, 3 ed.. St Paul, MN, USA: American Phytopathological Society, 1989. 104p. SINCLAIR, J.B.; HARTMAN, G.L. Soybean diseases. In: HARTMAN, G.L.; SINCLAIR, J.B.; RUPE, J.C. (Eds.) Compendium of soybean diseases. 4 ed., Minnesota: APS, p. 3-4, 2008.