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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS GENÉTICA TOXICOLÓGICA DA CHALCONA SULFONAMIDA (CPN): EVIDÊNCIAS DE GENOTOXICIDADE E ANTIMUTAGENICIDADE EM DIFERENTES SISTEMAS-TESTE IN VIVO E IN VITRO CAROLINA RIBEIRO E SILVA GOIÂNIA-GO 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE CIÊNCIAS ... · atividade antimutagênica para todas as doses testadas na cepa TA98 (p < 0,05). Na cepa TA100, CPN mostrou atividade antimutagênica

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GENÉTICA TOXICOLÓGICA DA CHALCONA SULFONAMIDA (CPN):

EVIDÊNCIAS DE GENOTOXICIDADE E ANTIMUTAGENICIDADE EM

DIFERENTES SISTEMAS-TESTE IN VIVO E IN VITRO

CAROLINA RIBEIRO E SILVA

GOIÂNIA-GO

2015

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CAROLINA RIBEIRO E SILVA

GENÉTICA TOXICOLÓGICA DA CHALCONA SULFONAMIDA (CPN):

EVIDÊNCIAS DE GENOTOXICIDADE E ANTIMUTAGENICIDADE EM

DIFERENTES SISTEMAS-TESTE IN VIVO E IN VITRO

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Biológicas do

Instituto de Ciências Biológicas da

Universidade Federal de Goiás, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Doutor em Ciências Biológicas.

Área de Concentração: Bioquímica e Genética Orientadora Profa. Dra. Lee Chen Chen

GOIÂNIA-GO

2015

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Dedicatória

Dedico esta Tese ao meu marido Bruno,

meu companheiro de vida! Com você ao

meu lado, tudo fica mais leve.

Aos meus amados pais, Fátima e

Celso, sempre com o coração cheio

de orgulho, me apoiando e

incentivando em todos os meus

sonhos, na minha vida profissional e

pessoal.

Às minhas irmãs, Graciély e

Andressa, e à minha sobrinha,

Gabrielly, pelo eterno laço de amor e

amizade.

À professora Dra. Lee Chen Chen, pela

dedicação, amizade e por me oferecer

muito mais do que uma orientação

acadêmica.

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IV

Agradecimentos

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, pela

oportunidade oferecida.

À CAPES, pela concessão da bolsa de doutorado.

À FAPEG, pelo suporte financeiro e por acreditar no potencial desse estudo.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências

Biológicas, que contribuíram com seus conhecimentos para minha formação

acadêmica.

À Banca Examinadora, que gentilmente aceitaram o convite para avaliarem

esta tese de Doutorado.

À profa. Caridad Noda Pérez, pela parceira e pelas valiosas contribuições no

artigo e na tese.

Ao prof. Aparecido Divino da Cruz, por ter disponibilizado o laboratório e

equipamentos para a realização de experimentos.

À profa. Daniela de Melo e Silva, pelo apoio e parceria.

À profa. Elisângela de Paula Silveira Lacerda, por ter disponibilizado o

laboratório e equipamentos para a realização de experimentos.

À minha amiga Nilza Nascimento Guimarães, pelo apoio, solidariedade e

amizade.

À Aline Bernardes, pela parceria interlaboratorial e conhecimentos químicos.

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V

À Joice Vinhal Costa Orsine, Cínthia Aparecida Silva, Flávia de Castro

Pereira e Flávio Fernandes Veloso Borges, pela parceria laboratorial e amizade.

Ao Jefferson Hollanda Véras, pela troca de conhecimentos e pela ajuda

sempre presente.

Aos amigos do Laboratório de Radiobiologia, prof. Salvador de Carvalho,

Cristiene Costa Carneiro, Camila Regina do Vale, Débora Cristina da Silva

Lima, Aroldo Vieira de M. Filho, Cláudia de Jesus Silva, Alex Lucas Hanusch,

Rangel Moreira e Silva, Luana Santos Silva, Priscila Zei Melo, Jefté Barbosa

Silva, Brenda R. L. Góes, Eliane Blanco Nunes, pela amizade, colaboração e

momentos compartilhados.

Aos amigos do Laboratório de Citogenética, pelo acolhimento e pronta

disponibilidade na condução dos experimentos.

À família do meu marido, tão minha também, Éber e Marilda, Múcio e

Raquel, Diego e Jaqueline, pelo apoio, incentivo e orações.

Aos meus queridos sobrinhos, Enzo, Pedro e Bento, pela alegria

despreocupada que emitem.

Às minhas eternas amigas, Karla, Paula e Valdirene, pelo apoio, incentivo e

amizade.

À Deus, força maior, sempre abençoando os meus passos.

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VI

SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas e Siglas............................................................................... VIII

Lista de Figuras..................................................................................................... IX

Lista de Tabelas.................................................................................................... XI

Resumo................................................................................................................. XII

Abstract................................................................................................................. XIV

1. Introdução......................................................................................................... 1

1.1. Chalconas e Sulfonamidas............................................................................. 1

1.2. Mutação e Antimutagenicidade...................................................................... 6

1.3. Ciclo Celular e Morte Celular......................................................................... 9

1.4. Ensaios de Genética Toxicológica................................................................. 18

1.4.1. Teste de Mutagenicidade de Ames............................................................. 18

1.4.2. Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos........................ 21

1.4.3. Ensaio Cometa............................................................................................ 25

1.5. Ensaios Biológicos para o Ciclo Celular e Morte Celular............................... 27

1.5.1. Análise da Cinética do Ciclo Celular........................................................... 28

1.5.2. Detecção de Apoptose e Necrose por coloração com Anexina V/Iodeto

de Propídeo (IP)....................................................................................................

29

2. Objetivos........................................................................................................... 31

2.1. Objetivo Geral................................................................................................ 31

2.2. Objetivos Específicos..................................................................................... 31

3. Material de Métodos.......................................................................................... 32

3.1. Material........................................................................................................... 32

3.1.1. Síntese da chalcona sulfonamida, N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-

benzenosulfonamida (CPN) .................................................................................

32

3.1.1.1. Síntese da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.................................... 33

3.1.1.2. Síntese da chalcona sulfonamida (1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-

nitrofenil-2E-propen-1-ona) ..................................................................................

33

3.1.2. Cepas Bacterianas...................................................................................... 34

3.1.3. Camundongos............................................................................................. 34

3.1.4. Cultura de sangue periférico humano......................................................... 35

3.1.5. Cultura de células mononucleares humanas.............................................. 35

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VII

3.2. Metodologias.................................................................................................. 36

3.2.1. Teste de Mutagenicidade de Ames em cepas de Salmonella typhimurium 36

3.2.1.1. Procedimento Experimental..................................................................... 36

3.2.1.2. Análise dos resultados............................................................................. 36

3.2.2. Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos........................ 37

3.2.2.1. Procedimento Experimental..................................................................... 37

3.2.2.2. Análise citogenética................................................................................. 38

3.2.2.3. Análise estatística.................................................................................... 38

3.2.3. Ensaio Cometa............................................................................................ 39

3.2.3.1. Procedimento Experimental..................................................................... 39

3.2.3.2. Análise citogenética................................................................................. 40

3.2.3.3. Análise estatística.................................................................................... 40

3.2.4. Ensaio de MTT (Metiltiazoltetrazólio [3-4,5-dimetiltialzol-2il)-2,5-

difenilbrometo de tetrazolina])...............................................................................

40

3.2.5. Análise da Cinética do Ciclo Celular........................................................... 41

3.2.6. Avaliação de Apoptose e Necrose por coloração com Anexina V/Iodeto

de Propídeo (IP)....................................................................................................

41

4. Resultados........................................................................................................ 43

4.1. Teste de Mutagenicidade de Ames em cepas de Salmonella typhimurium... 43

4.2. Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos........................... 46

4.3. Ensaio Cometa............................................................................................... 50

4.4. Ensaio de MTT............................................................................................... 50

4.5. Análise da Cinética do Ciclo Celular.............................................................. 51

4.6. Avaliação de Apoptose e Necrose por Coloração com Anexina V/Iodeto de

Propídeo (IP).........................................................................................................

52

5. Discussão.......................................................................................................... 55

6. Conclusões........................................................................................................ 58

Referências Bibliográficas..................................................................................... 60

Anexos.................................................................................................................. 80

Anexo A – Artigo publicado na revista Plos One................................................... 80

Anexo B – Espectros de ressonância magnética nuclear (RMN 1H),

infravermelho (IV-TF) e massa (EM) da chalcona sulfonamida CPN...................

81

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VIII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

4NQO 4-nitroquinolina 1-óxido

BACE1 β-secretase

COBEA Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

CPN Chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-

benzenosulfonamida

DMSO Dimetilsulfóxido

EDTA Ácido etilenodiaminotetracético

ENC Eritrócitos normocromáticos

EPC Eritrócitos policromáticos

EPCMN Eritrócitos policromáticos micronucleados

ERO Espécies reativas de oxigênio

FDA Food and Drug Administration

GSH Glutationa

IC50 Concentração que inibe 50% das células

i.p. Intraperitoneal

IP Iodeto de Propídeo

MMC Mitomicina C

MN Micronúcleo

MTT Metiltiazoltetrazólio [3-(4,5-dimetiltiazol-2il)-2,5-difenilbrometo de

tetrazolina]

NCCD Nomenclature Committee on Cell Death

PABA Ácido p-aminobenzóico

PBMC Células mononucleares do sangue periférico

PBS Tampão salina fosfato

p.c. Peso corpóreo

PI Porcentagem de inibição da mutagenicidade

RM Razão de mutagenicidade

SCGE Single Cell Gel Electrophoresis

SDS Dodecil sulfato de sódio

SFB Soro fetal bovino

VAC-α Proteína vascular anticoagulante-α

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IX

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Estereoisômero trans que ilustra o núcleo fundamental das

chalconas.............................................................................................................

2

Figura 2: Fórmulas estruturais do Prontosil® e de seu subproduto 4-amino-

fenil-sulfonamida..................................................................................................

4

Figura 3: Representação esquemática das fases do ciclo celular e dos pontos

de verificação existentes na transição entre as diferentes fases ........................

10

Figura 4: Representação esquemática das fases da mitose............................... 11

Figura 5: Representação esquemática das vias de ativação de caspases

durante a apoptose..............................................................................................

14

Figura 6: Esquema do teste de mutagenicidade de Ames.................................. 19

Figura 7: Resumo do processo de maturação das células da linhagem

eritrocitária............................................................................................................

24

Figura 8: Formação de micronúcleos em eritrócitos de medula óssea .............. 24

Figura 9: Esquema do procedimento experimental do Ensaio Cometa………… 26

Figura 10: Imagens de cometas de células do fígado após tratamento com

mutágenos............................................................................................................

27

Figura 11: Média e desvio padrão da porcentagem de DNA na cauda nos

diferentes tratamentos de CPN............................................................................

50

Figura 12: Valores médios de porcentagem de células em sub-G1, G0/G1, S,

G2/M após o tratamento com o controle negativo (CN) e as doses de 128, 256

e 512 μmol/L de CPN, respectivamente, em PBMC……………………………….

51

Figura 13: Histogramas com o perfil do ciclo celular de PBMC tratadas com

diferentes doses de CPN.....................................................................................

52

Figura 14: Valores médios de porcentagem de células viáveis, células em

apoptose inicial, células em apoptose tardia e células em necrose após o

tratamento com o controle negativo e as doses de 128, 256 e 512 μmol/L de

CPN, respectivamente em PBMC........................................................................

53

Figura 15: Citogramas dos efeitos de CPN na indução de morte celular

através do teste de dupla marcação: Anexina V/IP em 24 h de

tratamento……………..........................................................................................

54

Figura 16: Espectro de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-d6) da 4-

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X

N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3..................................................................... 81

Figura 17: Espectro ampliado de 7,1 a 7,9 ppm de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-

d6) da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3. ......................................................

82

Figura 18: Espectro IV-TF da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.................. 83

Figura 19: Espectro de EM da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3................ 84

Figura 20: Espectro de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-d6) da 1[4’-N-fenil-

sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-2E-propen-1-ona 5..........................................

85

Figura 21: Espectro ampliado de 7,1 a 8,3 ppm de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-

d6) da 1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-2E-propen-1-ona 5.............

86

Figura 22: Espectro IV-TF da 1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-

2E-propen-1-ona 5...............................................................................................

87

Figura 23: Espectro de EM da 1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-

2E-propen-1-ona 5...............................................................................................

88

Esquema 1: Síntese da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3........................... 33

Esquema 2: Síntese da chalcona sulfonamida (1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-

3-(4-nitrofenil)-2E-propen-1-ona).........................................................................

34

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XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Mutações de ponto………………………………………………………… 7

Tabela 2 – Rearranjos………………………………………………………………….. 7

Tabela 3 - Nomenclatura atual para os diferentes tipos de morte celular……….. 17

Tabela 4 - Média () e desvio padrão (S) de revertentes histidina, razão de

mutagenicidade (RM) e porcentagem de inibição de mutagenicidade (PI) para

duas cepas de S. typhimurium, TA98 e TA100, tratadas com diferentes doses

de CPN....................................................................................................................

45

Tabela 5 - Avaliação das atividades genotóxica e citotóxica em camundongos:

frequência de EPCMNs e EPCs/ENCs em medula óssea de camundongos

tratados com chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-

benzenosulfonamida (CPN)....................................................................................

48

Tabela 6 - Avaliação das atividades antigenotóxica e anticitotóxica em

camundongos: frequência de EPCMNs e EPCs/ENCs em medula óssea de

camundongos tratados com chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-

enoil]fenil-benzenosulfonamida (CPN) mais mitomicina C (MMC)........................

49

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XII

RESUMO

Derivados de chalcona sulfonamida tem apresentado importantes atividades

biológicas, incluindo atividade antitumoral. No presente estudo, investigou-se os

efeitos biológicos da chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-

benzenosulfonamida (CPN) mediante a análise de bioindicadores de danos

genéticos em sistemas-teste bacteriano, animal e humano. No Teste de

Mutagenicidade de Ames, CPN não aumentou significativamente o número de

revertentes prototróficas de Salmonella typhimurium, em nenhuma das cepas

testadas, TA98 e TA100, em nenhuma das doses (p > 0,05). Entretanto, CPN

apresentou um perfil moderado de um composto mutagênico e tóxico, devido à

relação dose-resposta observada em todas as doses testadas, para as cepas TA98

e TA100. Na avaliação antimutagênica do Teste de Ames, CPN apresentou

atividade antimutagênica para todas as doses testadas na cepa TA98 (p < 0,05). Na

cepa TA100, CPN mostrou atividade antimutagênica nas doses acima de 50

μg/placa (p < 0,05). Os resultados do Teste do Micronúcleo demonstraram que CPN

aumentou a frequência de eritrócitos policromáticos micronucleados (EPCMN) no

tempo de 24 e 48 h, em todas as doses testadas, demonstrando efeito mutagênico

deste composto. Uma diminuição na razão de eritrócitos

policromáticos/normocromáticos (EPC/ENC) foi observada no tempo de 24 e 48 h,

indicando ação citotóxica de CPN. CPN co-administrado com mitomicina C (MMC)

diminuiu significativamente a freqüência de EPCMN em todas as doses testadas no

tempo de 24 h, demonstrando ação antimutagênica (p < 0,05). Houve também uma

diminuição na frequência de EPCMN em todas as doses testadas, no tempo de 48 h,

mas a diminuição não foi significativa (p > 0,05). Além disso, CPN co-administrado

com MMC aumentou a razão de EPC/ENC em todas as doses testadas, nos tempos

de 24 e 48 h, demonstrando efeito anticitotóxico. No Ensaio Cometa, CPN aumentou

significativamente a porcentagem de danos no DNA em todas as doses testadas (p

< 0,05), demonstrando atividade genotóxica. Na análise da Cinética do Ciclo Celular,

CPN não induziu alteração significativa nas fases G0/G1, S e G2/M do ciclo celular

de células mononucleares do sangue periférico (PBMC) (p > 0,05). Entretanto, as

doses de 256 e 512 μmol/L de CPN apresentaram um aumento significativo na

porcentagem de células em sub-G1 (p < 0,05), o qual é um indicativo de apoptose,

demonstrando ação citotóxica. Na detecção de apoptose e necrose por coloração

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XIII

com Anexina V/Iodeto de Propídeo, CPN mostrou um efeito citotóxico, pela indução

de apoptose tardia e necrose. Assim, de acordo com os ensaios realizados CPN

apresentou atividades genotóxica, citotóxica, antigenotóxica e anticitotóxica.

Palavras-chave: Teste de Mutagenicidade de Ames. Teste do Micronúcleo. Ensaio

Cometa. Ciclo celular. Citotoxicidade.

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XIV

ABSTRACT

Sulfonamide chalcone derivatives have shown important biological applications,

including antitumor activity. In the present study, we investigated the biological

effects of the sulfonamide chalcone N-4-[3-(4-nitrophenyl)prop-2-enoyl]phenyl

benzenesulfonamide (CPN) through bioindicators of genetic damage in bacteria,

animal and human. In the Ames Mutagenicity Test, CPN did not significantly increase

the number of His+ revertants in Salmonella typhimurium tester strains TA98 and

TA100 at all doses tested (p > 0.05). However, CPN presented a moderate

mutagenic and toxic profile, due to dose-response relationship observed at all doses

tested for TA98 and TA100 strains. In the antimutagenic evaluation of Ames Test,

CPN presented antimutagenic activity at all doses tested in TA98 strain (p < 0.05). In

the TA100 strain, CPN showed antimutagenic activity in doses over 50 μg/plate. In

the Micronucleus Test, the results demonstrated that CPN increased the frequency of

micronucleated polychromatic erythrocytes (MNPCE) at 24 h and 48 h, at all doses

tested, demonstrating mutagenic effect of this compound. A decrease in

polychromatic/normochromatic erythrocyte ratio (PCE/NCE) was observed at 24 h

and 48 h, indicating the cytotoxic action of CPN. CPN co-administered with

mitomycin C (MMC) significantly decreased the frequency of MNPCE at all doses

tested in 24 h, demonstrating antimutagenic action (p < 0.05). Also, there was a

decrease in the frequency of MNPCE at all tested doses in 48 h, but this decrease

was not significant (p > 0.05). Additionally, CPN co-administered with MMC

increased PCE/NCE ratio at all doses tested, in both times, demonstrating its

anticytotoxic effect. In the Comet Assay, CPN significantly increased the percentage

of DNA damages at all doses tested (p < 0.05), demonstrating genotoxic activity. In

the analysis of cell cycle kinetics, CPN did not induce significant changes in the cell

cycle phases G0/G1, S and G2/M of peripheral blood mononuclear cells (PBMC) (p >

0.05). However, doses of 256 and 512 μmol/L of the CPN presented a significant

increase in the percentage of cells in sub-G1 (p < 0.05), which is indicative of

apoptosis, indicating cytotoxic action. For apoptosis and necrosis detection using

Annexin V/Propidium Iodide stain, CPN showed a cytotoxic effect by inducing late

apoptosis and necrosis. Thus, according to tests performed CPN presented

genotoxic, cytotoxic, antigenotoxic, and anticytotoxic activities.

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XV

Keywords: Ames mutagenicity test. Micronucleus test. Comet assay. Cell cycle.

Citotoxicity.

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1

1. Introdução

1.1. Chalconas e Sulfonamidas

Inúmeros fármacos disponíveis no mercado farmacêutico foram obtidos

sinteticamente baseados em estruturas de fontes naturais. A utilização de produtos

naturais ativos como modelo ou molécula-protótipo para a síntese de análogos mais

potentes e seletivos, têm contribuído significativamente para a obtenção de novos

agentes terapêuticos (Chiaradia, 2006).

Por milhares de anos, os produtos naturais têm desempenhado um papel

importante em todo o mundo no tratamento e prevenção de doenças humanas.

Cerca de 50% dos fármacos aprovados pela FDA (Food and Drug Administration)

(Gu et al. 2013) e aproximadamente 50% dos medicamentos sujeitos às prescrições

médicas são derivados de produtos naturais (Jones et al. 2006).

Fármacos de produtos naturais podem apresentar origens diferentes,

incluindo as plantas, micro-organismos, vertebrados e invertebrados terrestres, e

organismos marinhos (Raja et al. 2010). Mas a busca por alívio e cura de doenças

pela ingestão de ervas e folhas talvez tenha sido uma das primeiras formas de

utilização dos produtos naturais (Viegas Jr. et al. 2006). As plantas possuem vias

secundárias que lhes permitem sintetizar várias substâncias químicas, muitas vezes

em resposta a estímulos ambientais específicos, incluindo danos induzidos por

herbívoros, ataques de patógenos ou a privação de nutrientes (Jones et al. 2006; Gu

et al. 2013).

Estes produtos químicos, chamados de metabólitos secundários, são

compostos de baixo peso molecular e são produzidos a partir de metabólitos

primários, tais como hidratos de carbono, aminoácidos e lipídeos (Pinho et al. 2013).

Os metabólitos secundários das plantas apresentam grande potencial para encontrar

vários tipos diferentes de moléculas bioativas por possuírem grande diversidade

química, podendo desempenhar múltiplas funções em alvos celulares. Além disso,

os metabólitos secundários por serem produzidos em sistemas vivos apresentam

características ideais para difusão e transporte dentro e entre as células e tecidos

(Jones et al. 2006; Gu et al. 2013).

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2

Dentre os promissores produtos naturais como fonte para o desenvolvimento

de fármacos podem-se inserir as chalconas e seus derivados. As chalconas (1,3-

difenil-2-propen-1-ona) são um grupo de compostos polifenólicos precursores da

biossíntese de flavonóides e isoflavonóides (Dyrager et al. 2011). Elas são

consideradas uma das principais classes de produtos naturais, encontradas

largamente nos vegetais, frutas, folhas e nas pétalas das flores. Nas pétalas das

flores, as chalconas tem um importante papel na polinização das plantas, pois sua

cor amarela atrai insetos e pássaros que assim, polinizam outras plantas (Zuanazzi,

2001; Nowakowska, 2007).

Quimicamente, as chalconas podem ser definidas como cetonas aromáticas

α-β-insaturadas com dois anéis aromáticos, um ligado diretamente à função cetona

(anel A) e outro à dupla ligação (anel B), conectados por uma cadeia aberta de três

átomos de carbono, ficando conjugados uma porção olefínica e um grupamento

carbonílico (Nowakowska, 2007). A conjugação entre o anel B e o sistema

carbonílico insaturado confere a chalcona sua coloração amarelada característica

(Santos, 2008) (Figura 1).

Figura 1: Estereoisômero trans que ilustra o núcleo fundamental das

chalconas.

As chalconas podem ser obtidas de fontes naturais ou sintetizadas. Diversos

métodos de síntese de chalconas são descritos na literatura. Porém, a metodologia

mais utilizada é a condensação de Claisen-Schmidt, um tipo de reação de

condensação aldólica, baseada na condensação entre cetonas e aldeídos

aromáticos na presença de catalisadores básicos ou ácidos (Mai et al. 2014).

As chalconas e seus derivados têm recebido grande atenção devido à sua

facilidade de obtenção, à sua estrutura relativamente simples e, principalmente, à

diversidade de atividades biológicas que apresentam (Nowakowska, 2007).

O

A B

β

α

12

3

45

6

1'2'

3'

4'

5'

6'

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3

Derivados de chalconas apresentaram atividade citotóxica e antimitótica.

Estes compostos, em diferentes linhagens de células tumorais, foram capazes de se

ligar ao sítio da colchicina na β-tubulina, inibindo assim sua polimerização.

Consequentemente, os microtúbulos, elementos celulares essenciais ao processo

de mitose, não são formados (Lawrence e McGrown, 2005; Dyrager et al. 2011;

Ruan et al. 2011).

Relatos na literatura têm mostrado que muitas chalconas apresentam

atividade citotóxica e propriedade anticâncer devido à sua reatividade com grupos

tióis intracelulares. A inibição do crescimento tumoral envolve a adição nucleofílica

de cetonas α-β-insaturadas com reagentes nucleofílicos bio-orgânicos, como a

glutationa (GSH) através de uma adição conjugada ao carbono β do aceptor. Tal

característica da reação tem demonstrado que a presença da dupla ligação nas

chalconas é essencial para a sua atividade antitumoral (Nam et al. 2004; Jha et al.

2007; Via et al. 2009).

As chalconas também apresentam atividades antimutagênica (Torigge et al.

1983; Edenharder et al. 1993), hipoglicemiante (Alberton et al. 2008), anti-

inflamatória (Reddy et al. 2011), antifibrótica (Lee et al. 2011), antibacteriana

(Nielsen et al. 2004; Chiaradia et al. 2006; Mascarello et al. 2010), antifúngica

(Boeck et al. 2005), antiprotozoária (Aponte et al. 2010), antimalárica (Chen et al.

1997) e antiviral (Dimmock et al. 1999).

Outra classe de compostos bioativos são as sulfonamidas. As sulfonamidas

são fármacos sintéticos derivados de cloreto de benzenossulfonila substituídos e

aminas (Aragão, 2011). As sulfonamidas são caracterizadas pela presença de

grupos R-SO2-NR’R”-, a variação dos grupos R produz compostos com

propriedades físicas, químicas e farmacológicas diferentes (Rang et al. 1997). São

ácidos orgânicos fracos, pouco solúveis em meios aquosos e mais solúveis em

meios alcalinos (Alaburda et al. 2007).

A fração sulfonamida está presente em uma grande variedade de fármacos

para o tratamento de diversas doenças, para uso humano e animal (Martinez et al.

2013). O desenvolvimento das sulfonamidas como medicamentos iniciou-se por

volta de 1930, quando o Prontosil® (Figura 2A) foi utilizado no tratamento de

infecções causadas pela bactéria Streptococcus. Pesquisas posteriores com

Prontosil® identificaram seu mecanismo de ação no organismo humano. Também foi

constatado que o Prontosil® é convertido na 4-amino-fenil-sulfonamida (Figura 2B)

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no organismo e que esse subproduto é o agente responsável pela ação bactericida

contra o Streptococcus (Solomons e Fryhle, 2009).

Figura 2: Fórmulas estruturais do Prontosil® e de seu subproduto 4-amino-

fenil-sulfonamida.

As sulfonamidas possuem estruturas análogas às do ácido p-aminobenzóico

(PABA) o qual é precursor da biossíntese do ácido fólico. O ácido fólico, por sua vez,

é precursor da síntese de ácidos nucléicos. Assim, as sulfonamidas impedem a

incorporação do PABA na molécula do ácido fólico por competição pelo centro ativo

da enzima diidropteroato-sintetase. Em conseqüência, formam-se análogos não

funcionais do ácido fólico, impedindo o crescimento da célula bacteriana (Goodman,

1996; Pelczar Jr. 1996; Jawetz et al. 1998). Como as células humanas obtêm o

ácido fólico via alimentação e não possuem a enzima, os efeitos colaterais são

menores. Por isso, somente são sensíveis às sulfonamidas os micro-organismos

que não conseguem utilizar o ácido fólico pré-formado, essencial para síntese do

DNA (Alaburda et al. 2007).

As sulfonamidas apresentam outras atividades biológicas importantes.

Derivados de sulfonamidas têm mostrado excelente atividade antitumoral em

linhagens de células de tumor de roedores e humano in vitro e in vivo. A atividade

antitumoral das sulfonamidas tem sido atribuída à sua ação inibidora da anidrase

carbônica (Vullo et al. 2004; Supuran et al. 2007) e à sua ação antimitótica (Owa et

al. 2002). Inibidores de anidrase carbônica são isoenzimas associadas ao câncer,

que possuem propriedades inibitórias no crescimento de tumores, sendo usados na

medicina clínica (Ozawa et al. 2002; Casey et al. 2004). A atividade antimitótica está

relacionada à inibição da polimerização das tubulinas que impede a formação do

fuso mitótico (Luo et al. 2011), como os herbicidas antimitóticos trifluralina e

NN

NH2

NH2

SNH2

O

O

NH2

SNH2

O

O

17 18A B

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orizalina, que possuem atividade seletiva contra tubulina de leishmania

(Bhattacharya et al. 2004).

Relatos na literatura também têm mostrado outras atividades biológicas das

sulfonamidas, como antiviral (Betz et al. 2002), analgésica (Walter et al. 2004),

hipoglicemiante (Maren, 1976; Drew, 2000), antitireoidiana (Maren, 1976) e anti-

inflamatória (Li et al. 1995). Além disso, as sulfonamidas têm sido usadas

clinicamente para o tratamento de doenças como o glaucoma, o edema macular,

diversos distúrbios neuromusculares e infecções fúngicas (Maren, 1976; Barnish et

al.1980; Innocenti et al. 2004; Martinez et al. 2013).

Uma combinação de dois ou mais grupos farmacofóricos pode aumentar a

probabilidade de descoberta de novos compostos com importantes atividades

biológicas, especialmente se tais atividades são estreitamente relacionadas.

Isoladamente, chalcona e sulfonamida são grupos farmacofóricos bem conhecidos e

apresentam várias aplicações farmacêuticas para uma variedade de doenças

(Andrighetti-Frohner et al. 2007). Assim, vários estudos têm apresentado

importantes atividades biológicas de chalconas sulfonamidas (Domínguez et al.

2005; Seo et al. 2005; Bharatham et al. 2008; Lee et al. 2009; Kang et al. 2013).

Derivados de chalconas sulfonamidas apresentaram atividade antimalárica,

inibindo a formação de β-hematina e atividade antiparasitária contra o Plasmodium

falciparum em cultura (Domínguez et al. 2005). Bharatham et al. (2008) e Seo et al.

(2005) mostraram que alguns compostos de chalconas sulfonamidas inibem

enzimas α-glucosidases, as quais desempenham papel essencial no metabolismo de

carboidratos. As enzimas α-glucosidases são os principais alvos para o tratamento

de diabetes tipo 2 e contra o vírus HIV. Estudos realizados por Kang et al. (2013)

mostraram que compostos derivados de chalconas sulfonamidas foram capazes de

inibir a enzima β-secretase (BACE1). Esta enzima está relacionada ao

desenvolvimento da doença de Alzheimer. Além disso, chalconas sulfonamidas

apresentaram também atividades antitumorais em hepatócitos (Lee et al. 2009).

Devido ao potencial biológico de chalconas e sulfonamidas, é de grande

relevância o estudo dos efeitos biológicos destes compostos por meio da análise de

bioindicadores de danos genéticos.

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1.2. Mutação e Antimutagenicidade

O genoma é continuamente agredido por vários agentes, endógenos ou

exógenos. Os agentes endógenos incluem os produtos do metabolismo celular,

como as espécies reativas de oxigênio, os produtos da peroxidação lipídica, agentes

alquilantes, estrógenos, espécies reativas de nitrogênio, agentes clorinantes e certos

intermediários de algumas vias metabólicas (Burcham, 1999). Os agentes exógenos

inevitáveis, incluem a radiação UV, radiação ionizante, radioisótopos de ocorrência

natural e numerosas substâncias químicas presentes naturalmente ou como

contaminantes na dieta e no ar (Otteneder e Lutz, 1999). Tanto os agentes

endógenos ou exógenos podem induzir lesões no DNA.

O reconhecimento das lesões, ou os seus efeitos inibitórios nos processos de

transcrição ou replicação, desencadeia respostas celulares que podem parar o ciclo

celular, induzir morte celular, e/ou regular a expressão de enzimas de reparo do

DNA para reparar danos no DNA (Wyrobek et al. 2007). Caso essas lesões sejam

fixadas, provocando alterações hereditárias que se perpetuam nas células filhas

durante o processo de replicação, temos, então, a formação de uma mutação

(Rekha et al. 2006; Abhilash e Singh, 2009).

As mutações podem ser agrupadas por critérios diferentes que variam a partir

das descrições das consequências fisiológicas de uma mutação (ou seja, alterações

no fenótipo) até descrições moleculares sistemáticas. De maneira geral, as

mutações podem ser classificadas em dois grandes grupos: (1) mutações de ponto,

as quais envolvem uma ou poucas alterações nos nucleotídeos e (2) rearranjos, que

são alterações que envolvem segmentos cromossômicos de centenas ou milhões de

nucleotídeos (Ennis, 2001).

As mutações de ponto consistem em substituições de bases e são agrupadas

em duas categorias: transições e transversões. As transições são a forma mais

simples de mutação, envolvendo a substituição de uma purina em um filamento do

DNA por outra purina e a substituição de uma pirimidina no filamento complementar

por outra pirimidina. As transversões também são relativamente simples e envolvem

a substituição de uma purina por uma pirimidina e vice-versa (Tabela 1) (Ennis,

2001).

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Tabela 1 – Mutações de ponto

Substituições de bases

Transições Pirimidina Pirimidina (T C ou C T)

Purina Purina (A G ou G A)

Transversões Pirimidina Purina (exemplo: T A)

Purina Pirimidina (exemplo: G T)

FONTE: Adaptado (Ennis, 2001).

Os rearranjos, por sua vez, podem envolver apenas algumas bases (≈10) ou

grandes segmentos de cromossomos, envolvendo milhões de pares de bases. Estes

rearranjos são classificados em quatro subclasses gerais: deleções, inversões,

translocações e duplicações (Tabela 2) (Ennis, 2001).

As deleções consistem na falta de um segmento cromossômico, que podem

incluir um ou vários genes. As inversões resultam da "inversão" da ordem de um

segmento cromossômico e, como resultado, todos os genes do referido segmento

são colocados em orientação oposta em relação ao resto do cromossomo. As

translocações são mutações em que um segmento de um cromossomo muda para

outra parte do mesmo cromossomo ou para um cromossomo diferente. As

duplicações são definidas como a formação de cópias adicionais de segmentos

cromossômicos (Tabela 2). Uma classe especial de rearranjos são causadas por

elementos genéticos transponíveis, ou transposons (Ennis, 2001). Os transposons

são segmentos de DNA que podem mover-se de uma posição em uma molécula de

DNA para outra (Snustad e Simmons, 2008).

Tabela 2 – Rearranjos

Classes de rearranjos Mudança

Deleção abcdefg ab-fg

Inversão abcdefg ab-edc-fg

Translocação abcdefg ab-WXYZ-cdefg

Duplicação abcdefg abcdefg-abcdefg

FONTE: Adaptado (Ennis, 2001).

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As mutações podem ser decorrentes de processos celulares normais,

chamadas de mutações espontâneas, as quais são resultantes de um nível baixo de

erros metabólicos inerentes, ou podem ser mutações induzidas quando resultantes

da exposição do organismo a agentes físicos, químicos e biológicos que causam um

maior nível de mudanças no DNA (Snustad e Simmons, 2008).

Os agentes químicos, físicos ou biológicos, que induzem mutações são

chamados de mutágenos. Os mutágenos estão envolvidos na genotoxicidade,

carcinogênese e na patogênese de diversas doenças crônico-degenerativas

incluindo desordens hepáticas e neurodegenerativas, doenças cardiovasculares,

diabetes, artrites, inflamação crônica e nos processos de envelhecimento

(Bhattacharya, 2011).

Os agentes mutagênicos podem ser classificados como: a) aqueles que

atuam diretamente sobre a molécula de DNA; b) agentes indiretos, que precisam ser

metabolizados para que seus metabólitos causem danos; c) os que promovem a

produção de espécies reativas de oxigênio, e d) aqueles que causam inibição no

reparo e na síntese do DNA (Watson et al. 2006).

Por outro lado, os antimutágenos são agentes que podem proteger os

organismos contra danos no DNA e suas consequências. Os antimutágenos são

definidos como agentes que inativam o mutágeno ou previnem a reação do

mutágeno com o DNA. Outro tipo de antimutágeno pode induzir, reparar ou inativar

diretamente ou indiretamente enzimas de reparo do DNA em processos de

replicação e recombinação (Bhattacharya, 2011).

O termo “antimutagênico” foi usado originalmente por Novick e Szilard em

1952 para descrever compostos que reduzem a freqüência de mutação espontânea

ou induzida, independente dos mecanismos envolvidos (Von Borstel et al. 1996).

Sendo assim, substâncias naturais ou sintéticas que são capazes de modular a ação

de diversos agentes potencialmente mutagênicos, são genericamente denominadas

antimutagênicas.

Os mecanismos de ação da maioria dos compostos antimutagênicos estão

relacionados à inativação enzimática ou química; à prevenção da formação de

espécies químicas reativas; ao sequestro de radicais livres e/ou à ação antioxidante

(DeFlora et al. 1992). Assim, os mecanismos de ação dos compostos

antimutagênicos foram classificados em dois processos maiores, denominados

desmutagênese e bioantimutagênese. Na desmutagênese, os agentes

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antimutagênicos atuam como protetores, sendo capazes de inativar um agente

mutagênico por ação direta, podendo ser química ou enzimaticamente, após o

processo de metabolismo, ou até mesmo, pelo sequestro ou adsorção de agentes

mutagênicos e radicais livres, impedindo sua ligação ao DNA (Ferguson, 1994;

Waters et al. 1996). Na bioantimutagênese, os antimutagênicos atuam como

moduladores do reparo e replicação do DNA, agindo em nível celular. Assim, eles

podem inibir possíveis erros decorrentes da falha dos sistemas de reparo da célula

(Mitscher et al. 1996).

Entretanto, já se sabe que um grupo de compostos antimutagênicos têm

também apresentado atividade mutagênica. Estes compostos são também

conhecidos como mutágenos e carcinógenos Janus, nome dado em referência ao

deus romano Janus por ser descrito como tendo uma cabeça com duas faces. Um

número razoável de compostos possuem tanto efeitos antimutagênicos como

mutagênicos. Por exemplo, o β-caroteno foi o primeiro anticarcinogênico presumível

a ser usado em larga escala, até que os ensaios clínicos revelaram que o tratamento

com o composto estava associado a um aumento de incidência de câncer de pulmão

em vez da esperada redução. Outros exemplos incluem a quercetina, testosterona,

β-estradiol, dietilestilbestrol, vanilina, etc (Paolini et al. 2003; Zeiger, 2003;

Mazumdar et al. 2011; Bhattacharya, 2011).

A identificação de compostos naturais ou sintéticos com propriedades

mutagênicas e antimutagênicas tem enorme aplicabilidade como medida preventiva

ou de remediação. A partir do aumento da exposição a agentes antimutagênicos e

limitando a influência de agentes mutagênicos, pode-se reduzir a taxa de mutações,

diminuindo assim a incidência de câncer e outras doenças genéticas (Eventi et al.

2009).

1.3. Ciclo Celular e Morte Celular

Nas últimas décadas, os estudos sobre a regulação do ciclo celular e da

morte celular mostram que a desregulação destes eventos estão associados à

patogênese de várias doenças, incluindo o câncer, a aterosclerose, infecção,

inflamação e distúrbios neurodegenerativos. Ambos os processos são também

essenciais para a prevenção da auto-imunidade. Assim, do ponto de vista clínico, a

percepção de que as células seguem uma série de passos geneticamente

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regulamentados para sua própria destruição e a compreensão de que a maquinaria

suicida desta célula é freqüentemente desabilitada em patologias humanas sugerem

que o processo de morte celular pode ser passível de intervenção terapêutica.

O ciclo celular e a morte celular são dois processos fisiológicos

predominantes no controle da homeostase tecidual em organismos adultos. A

integridade do genoma, a proliferação celular e a sobrevivência são reguladas por

uma rede intricada de vias que incluem os pontos de verificação do ciclo celular,

reparo e recombinação do DNA e morte celular programada (Zhivotovsky e Orrenius,

2010).

Nos eucariotos, o ciclo celular é realizado em quatro fases principais: G1, S,

G2 e M e a transição entre elas é altamente regulada. As células que estão

quiescentes se mantêm em um estado especial denominado G0. Quando a célula

em G0 recebe estímulo para se dividir, progride até G1. Nessa fase, há síntese de

proteínas necessárias para a fase S, durante a qual há duplicação do DNA. A célula

prossegue, então, para a fase G2 e, em seguida, para a mitose (fase M) (Figura 3)

(Alberts et al, 2004, p. 983).

Figura 3: Representação esquemática das fases do ciclo celular e dos pontos

de verificação existentes na transição entre as diferentes fases (traços vermelhos)

(Houtgraaf et al.2006).

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Apesar de ser considerada como uma fase da divisão celular, a mitose pode

ser dividida em vários estágios. Na prófase os cromossomos, cada um composto por

duas cromátides irmãs, sofrem intensa condensação em conjunto com proteínas

cromossômicas e histonas. Durante a metáfase, feixes de proteínas do citoesqueleto

promovem o alinhamento dos cromossomos em um plano central da célula para que

as cromátides irmãs sejam separadas de forma organizada durante a anáfase. Em

seguida, na telófase, observa-se a presença de cromossomos descondensados e o

envelope nuclear é reconstruído antes do início da citocinese, etapa na qual o

citoplasma é dividido e duas células filhas são formadas (Figura 4) (Lodish et al.

2008, p. 847).

Figura 4: Representação esquemática das fases da mitose. Modificado de

http://www.biology.iupui.edu/biocourses/N100/images/8mitosiscropped.jpg

O controle do ciclo celular garante que as células filhas sejam cópias exatas

da célula inicial através de uma série de eventos bioquímicos interconectados. Os

componentes centrais do sistema de controle do ciclo celular são as quinases

dependentes de ciclinas. A atividade dessas enzimas varia durante as diferentes

fases do ciclo graças à ação das proteínas reguladoras ciclinas, cuja síntese e

degradação estabelecem o caráter cíclico do ciclo celular (Coudreuse e Paul Nurse,

2010). Esse sistema inclui, também, três pontos principais de verificação: o primeiro

ao final da fase G1, o segundo entre as fases G2 e M e o terceiro na transição entre

a metáfase e a anáfase (Houtgraaf et al. 2006).

A progressão entre as fases G2 e M só pode ocorrer após o término da

replicação do DNA. E a célula só poderá progredir da metáfase para a anáfase

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quando os cromossomos estiverem aderidos ao fuso mitótico. Além disso, mesmo

que esses requisitos sejam atendidos, a ocorrência de lesões no DNA bloqueará a

progressão do ciclo celular (Lazzaro et al. 2009). Nesses casos, o bloqueio ocorre,

frequentemente, na transição entre as fases G1 e S ou entre G2 e M e permite a

remoção das lesões (Kao et al. 2001). Quando não é possível reparar o DNA, o

bloqueio permanente do ciclo é seguido da ativação de mecanismos de morte

celular (Zhivotovsky e Orrenius, 2010).

A morte celular pode ocorrer por diferentes vias. Uma das primeiras

classificações para diferenciar os tipos de morte celular foi proposta por Schweichel

e Merker (1973), que separou em três classes: tipo I (ou heterofagia), tipo II

(autofagia) e tipo III (morte celular sem digestão), mortes celulares atualmente

nomeadas como apoptose, autofagia e necrose, respectivamente.

A apoptose é um tipo de morte celular que tem papel fundamental no

desenvolvimento e na manutenção dos organismos. Esse processo também está

envolvido na formação de tecidos, no desenvolvimento do sistema imune e na

manutenção da homeostase uma vez que permite a eliminação de células e tecidos

lesados. A apoptose é caracterizada pela ativação de caspases que medeiam a

clivagem de proteínas celulares vitais, a condensação da cromatina, a fragmentação

do núcleo e a formação de vesículas na membrana (Kerr et al. 1972). Esse tipo de

morte pode ser induzida por duas vias, a intrínseca e a extrínseca, que diferem pela

natureza e origem dos estímulos, bem como por vias de sinalização subsequentes,

incluindo as caspases iniciadoras. Eventualmente, as duas vias convergem para o

nível das caspases executoras (caspases-3, -6 e -7), que, quando ativadas,

desencadeiam uma série de eventos bioquímicos que iniciam a degradação dos

componentes celulares culminando na morte celular (Radogna et al. 2015).

A via intrínseca de apoptose, é ativada por sinais intracelulares de morte, tais

como danos no DNA, fatores de crescimento e estresse oxidativo. A via intrínseca é

estreitamente regulada por membros da família Bcl-2, que medeiam a liberação de

proteínas, tais como o citocromo c, através do processo de permeabilização da

membrana mitocondrial externa (mitochondrial-outer-membrane permeabilization

(MOMP). MOMP ativa uma cascata de caspases, que culminam na ativação de

caspase-3 que, eventualmente, conduz a características morfológicas e bioquímicas

da apoptose. MOMP é regulada pelo permeability transition pore complex (PTPC) e

pela interação dinâmica entre os membros da família Bcl-2. Os membros pró-

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apoptóticos (Bak, Bax e Bok) induzem diretamente MOMP enquanto que os

membros anti-apoptóticos (Bcl-2, Bcl-xL, Bcl-w, Mcl-1 e A1), através da sua

homologia com os domínios de Bcl-2, liga e inibe a formação do complexo de

Bak/Bax. Apenas as proteínas BH-3 (Bid, Bad, Bim, Bik, BNIP3, BMF, HRK, Noxa e

Puma) induzem MOMP por duas vias diferentes: a primeira, neutralizando o efeito

inibidor dos membros anti-apoptóticos da família Bcl-2 em multimerização de

Bak/Bax e a segunda via, pela ativação direta de Bak e Bax (Figura 5) (Radogna et

al. 2015).

A via extrínseca de apoptose, também chamada via receptores de morte, é

mediada por receptores de morte na superfície celular, como FAS, TNFR (receptor

do fator de necrose tumoral) ou receptores TRAIL. O estímulo do ligante de morte

resulta na oligomerização dos receptores e recrutamento da proteína adaptadora

Domínio de Morte FAS-associada (FADD) e pro-caspase-8, formando o complexo de

sinalização de indução de morte (DISC), resultando na clivagem e ativação da

caspase-8. A auto-ativação da caspase-8 no DISC é seguida pela ativação de

caspases efetoras, incluindo as caspases-3, -6, e -7, que atuam como efetoras do

programa de morte celular e uma vez ativado induz a fragmentação do DNA e

apoptose (Figura 5) (Radogna et al. 2015).

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Figura 5: Representação esquemática das vias de ativação de caspases

durante a apoptose (Taylor et al. 2008).

A autofagia, é um outro mecanismo de morte celular, que pode ser descrito

como uma espécie de auto-canibalismo no qual os lisossomos degradam estruturas

celulares como organelas e membranas. A autofagia é um processo envolvido na

manutenção da função celular ao destruir estruturas desgastadas ou mal-formadas

(Hotchkiss et al. 2009; Peter, 2011). Porém, também pode ser desencadeada por

inúmeros tipos de estresse metabólico ou terapêutico como o bloqueio de vias de

sinalização de fatores de crescimento, a supressão do crescimento de tumor, a

eliminação de substâncias tóxicas, eliminação intracelular de micro-organismos

(Hotchkiss et al. 2009), o acúmulo de cálcio intracelular (Hoyer-Hansen et al. 2007) e

de espécies reativas de oxigênio (Scherz-Shouval et al. 2007).

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A necrose é, geralmente, considerada um tipo de morte celular não

programada que ocorre em resposta à hipóxia ou lesão isquêmica aguda, como no

infarto do miocárdio e no acidente vascular cerebral. Ela ocorre espontaneamente

em neoplasias quando a proliferação celular supera a angiogênese (Hotchkiss et al.

2009). Na necrose ocorre um aumento do volume celular, hidrólise do DNA e perda

da integridade de membranas, inclusive de lisossomos. Com a lise da célula, o

conteúdo intracelular é liberado e induz resposta inflamatória e imune no tecido

adjacente (Kumar et al. 2005, p.3). Apesar de ser normalmente tida como um

processo desordenado, estudos demonstram que a necrose é controlada pela

interação de diferentes vias de sinalização (Peter, 2011; Wolpaw et al. 2011). A

proteína que interage com receptor de morte (RIP), bem como o fator 2 associado

ao receptor de TNF, são importantes reguladores da necrose celular induzida por

receptores de morte (Holler et al. 2000; Lin et al. 2004). Quando RIP é ativada, é

translocada para a mitocôndria e promove o acúmulo de espécies reativas de

oxigênio e depleção de ATP (Temkin et al. 2006).

Outra via que reduz a produção de ATP em células com DNA danificado

envolve a ativação da poli-ADP-ribose polimerase a qual depleta o cofator da

glicólise NAD+ (Zong et al. 2004). O subsequente aumento do conteúdo intracelular

de cálcio e de espécies reativas de oxigênio promove a ativação de calpaínas,

proteases citoplasmáticas, e de fosfolipase A2. A proteólise e a peroxidação das

membranas que resultam da atividade dessas enzimas levam à permeabilização da

célula e à morte por necrose (Amaravadi e Thompson, 2007).

A senescência celular e a catástrofe mitótica também são consideradas

outras diferentes vias de morte celular. A senescência celular foi descrita em 1961

por Hayflick e Moorhead. Nesse processo, a divisão celular é bloqueada de forma

irreversível, mas as células permanecem metabolicamente ativas. Do ponto de vista

bioquímico, a célula em senescência apresenta alterações metabólicas típicas, como

a indução de β-galactosidase (Dimri et al. 1995). A senescência pode ser iniciada

pelo encurtamento dos telômeros, uma propriedade bastante conhecida de células

de mamíferos, ou por algum tipo de estresse (Singh et al. 2010).

A catástrofe mitótica é um tipo de morte celular que resulta da tentativa de

divisão de células com DNA danificado (De Bruin e Medema, 2008). Sabe-se que a

presença de danos no DNA promove bloqueio do ciclo celular. Quando esse

bloqueio não é eficiente e células com DNA danificado entram em mitose, ocorre

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morte por catástrofe mitótica (Roninson et al. 2001). Do ponto de vista morfológico,

as células apresentam alterações características durante a catástrofe mitótica. É

comum observar-se a presença de células gigantes, multinucleadas e com

cromossomos descondensados (Singh et al. 2010). Além disso, pode ocorrer divisão

em mais de duas células filhas com distribuição desigual de citoplasma, DNA e

cromossomos (Castedo et al. 2004b).

A catástrofe mitótica pode ocorrer após exposição a fármacos que induzem

hiperpolimerização de microtúbulos, como os taxanos, ou que causam

despolimerização, como os alcalóides vincristina e vimblastina (Castedo et al.

2004a). Os mecanismos moleculares responsáveis pela morte das células por

catástrofe mitótica não foram completamente esclarecidos. Entretanto, sabe-se que

diferentes tipos celulares entram em apoptose em consequência da catástrofe

mitótica (Roninson et al. 2001). Além disso, a catástrofe mitótica pode resultar em

morte celular por necrose (Mansilla et al. 2006; Vakifahmetoglu et al. 2008).

Contudo, com o aparecimento de métodos bioquímicos que permitiram

quantificar a expressão, atividade e localização celular de proteínas envolvidas nos

processos de morte celular, tornou-se possível a diferenciação destes eventos, até

então similares, quando levado em conta apenas os aspectos morfológicos. Assim,

novas nomenclaturas para os eventos de morte celular surgiram. De acordo com o

NCCD (Nomenclature Committee on Cell Death), modificações na nomenclatura dos

diferentes tipos de morte celular foram atualizados em 2012 (Tabela 3) (Galluzzi et

al. 2012).

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Tabela 3 - Nomenclatura atual para os diferentes tipos de morte celular

Nomenclatura Fenômenos bioquímicos envolvidos Envolvimento de caspases

Anoikis de EGFR, inibição da sinalização de

ERK1, não envolvimento de 1-integrina,

de BIM e ativação de caspase-3,-6, -7

Sim

Autofagia Lipidação de MAP1LC3, degradação de SQSTM1

Não

Apoptose intrínseca caspase

dependente

Dissipação irreversível do , liberação de proteínas no espaço intramembrana,

inibição da cadeia respiratória

Sim

Apoptose intrínseca caspase

independente

Não

Apoptose extrínseca por receptor de

morte

Sinalização por receptor de morte, ativação de caspases-8, -10, clivagem de BID e MOMP (em células tipo II), ativação

de caspases-3, -6, -7

Sim

Apoptose extrínseca depedente de

receptor

Sinalização dependente de receptores, ativação de PP2A e DAPK1, ativação de

caspase-9, -3, -6 e -7

Sim

Cornification Ativação de transglutaminases, ativação de caspase-14

Sim

Entosis Ativação de RHO e ROCK1 Não

Catástrofe mitótica Ativação de caspase-2, TP53 ou TP73 (em alguns casos), bloqueio de mitose

Não

Necroptose Sinalização via receptor de morte, inibição de caspase, ativação de RIP1 e/ou RIP3

Não

Netosis Inibição de caspase, ativação de NADPH oxidase, liberação de NET (em alguns

casos)

Não

Parthanatos Acúmulo de PAR mediado por PARP1.

Dissipação inrreversível do , depleção de ATP e NADH, ligação de PAR com AIF

Não

Pyroptosis Ativação de caspase-1 (-7), secreção de

IL-1 e IL-18

Sim

FONTE: Adaptado (Galluzzi et al. 2012).

NOTA: EGFR, receptor do fator de crescimento epidérmico; ERK1, quinase regulada por sinal

extracelular 1; BIM, agonista de morte com domínio de interação BH3; MAP1LC3, cadeia leve 3 da

proteína 1 associada aos microtúbulos; SQSTM1, sequestosomo 1; MOMP, permeabilização da

membrana mitocondrial externa; PP2A, proteína fosfatase 2A; DAPK1, proteína quinase 1 associada

à morte; ROCK1, proteína quinase associada a Rho; TP53, supressor tumoral; TP73, supressor

tumoral da família de TP53; RIP1, proteína 1 de interação com receptor; RIP3. Homólogo de RIP1;

NET, armadilhas extracelulares neutrofílicas; PAR, poli(ADP-ribose); PARP1, polimerase poli (ADP-

ribose); AIF, fator indutor de apoptose; IL-1β, interleucina-1β; IL-18, interleucina-18.

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1.4. Ensaios de Genética Toxicológica

No estudo do potencial genotóxico e/ou antigenotóxico de compostos

químicos, físicos e biológicos, podem ser utilizadas várias técnicas em diferentes

sistemas biológicos, in vitro e/ou in vivo (Hovhannisyan, 2010; Escobar et al. 2013).

As características gerais de uma bateria de testes padrão para a avaliação da

genotoxicidade de compostos, recomendada pela FDA (2012), são as seguintes: (1)

avaliação de mutação reversa em bactérias, que pode ser realizada utilizando o

teste de mutagenicidade com Salmonella typhimurium (Teste de Ames). Os agentes

mutagênicos detectados primeiramente no Teste de Ames são apresentados

posteriormente como agentes carcinogênicos em testes que utilizam animais. (2) A

genotoxicidade também deve ser avaliada em células de mamíferos in vitro e/ou in

vivo, como pode ser realizada no Teste do Micronúcleo e no Ensaio Cometa (FDA,

2012).

1.4.1. Teste de Mutagenicidade de Ames

O teste de mutagenicidade com Salmonella typhimurium (Teste de Ames) é

utilizado para detectar a ação mutagênica e antimutagênica de agentes indutores

que atuam ao nível do DNA bacteriano (Maron e Ames, 1983).

O ensaio foi desenvolvido por Bruce N. Ames e colaboradores na década de

70 (Ames, 1971; Ames et al. 1973) e foi posteriormente revisado ao longo dos anos

para melhorar a sensibilidade para muitos tipos de agentes mutagênicos (Maron e

Ames, 1983; Wilcox et al., 1990; OECD, 1997). O teste de Ames é utilizado em todo

o mundo e reconhecido pela comunidade científica e agências governamentais

como um ensaio inicial para determinar o potencial mutagênico de novos produtos

químicos e medicamentos. Diversos agentes mutagênicos detectados primeiramente

pelo teste de Ames são apresentados posteriormente como agentes carcinogênicos

em testes que utilizam animais (Mortelmans e Zeiger, 2000).

O teste de Ames emprega linhagens de S. typhimurium derivadas da

linhagem parental LT2, auxotróficas para histidina (his-), apresentando diferentes

mutações no operon deste aminoácido. Essas linhagens são incapazes de crescer

em meio de cultura mínimo, sem histidina, a menos que ocorram mutações que

restaurem a sua capacidade de síntese (Umbuzeiro e Vargas, 2003). Por esse

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motivo, o ensaio é frequentemente referido como um "ensaio de reversão"

(Mortelmans e Zeiger, 2000).

No teste de Ames, as cepas bacterianas são cultivadas em placas de Petri,

contendo meio ágar mínimo, sem histidina, juntamente com o composto em estudo.

Os compostos que são mutagênicos induzem à reversão da mutação, restaurando a

capacidade de síntese do aminoácido histidina. O número de revertentes é

quantificado, pela contagem de colônias que crescem em meio mínimo, após um

período de incubação de 48-72 h (Ames et al. 1973). O composto-teste é

considerado mutagênico, se o aumento no número de colônias revertentes excede

tipicamente de 2 a 3 vezes em relação ao número de colônias revertentes do

controle negativo, ou se o aumento é estatisticamente significativo (Figura 6)

(Escobar et al. 2013).

Figura 6: Esquema do teste de mutagenicidade de Ames. Colônias

revertentes são contadas após a exposição a substâncias tratadas (Zanoni, 2010).

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Cada cepa de S. typhimurium utilizada no teste de Ames, apresenta uma taxa

de reversão espontânea específica. A frequência de reversão é facilmente medida

pela contagem do número de colônias prototróficas para a histidina, provenientes de

mutações espontâneas, ou de mutações induzidas por agentes mutagênicos. O co-

tratamento com agentes antimutagênicos atenua o aparecimento de lesões no DNA,

ou seja, há diminuição na formação de colônias revertentes (Neves, 2007).

Alguns compostos químicos requerem ativação metabólica para exercer a

atividade mutagênica (Escobar et al. 2013). Para identificar compostos químicos

convertidos em mutagênicos no fígado, o teste de Ames trata potenciais agentes

mutagênicos com uma mistura de enzimas hepáticas, conhecida como mistura S9

(Watson et al. 2006). Apesar disso, o teste de Ames não apresenta informação

direta sobre o potencial mutagênico em mamíferos, todavia, existe alta concordância

dos resultados obtidos pelo teste de Ames e ensaios de carcinogenicidade em

roedores (Neves, 2007; Escobar et al. 2013).

As cepas bacterianas utilizadas no teste de Ames, são modificadas para

serem altamente sensíveis para a identificação de diferentes classes de compostos

químicos mutagênicos (Maron e Ames, 1983; Escobar et al. 2013). Além da

incapacidade de sintetizar histidina, as cepas apresentam redução da capacidade de

reparo de DNA e permeabilidade aumentada da parede celular (McCarren et al.

2011). As cepas utilizadas foram especialmente construídas para detectar

compostos que induzem mutações gênicas por deslocamento do quadro de leitura

do DNA (frameshift) ou por substituição de pares de bases nitrogenadas (Escobar et

al., 2013).

A maioria das cepas apresentam uma deleção do gene uvrB, o que causa a

perda da capacidade de reparo por excisão de nucleotídeos, permitindo que mais

lesões no DNA sejam reparadas por mecanismos sujeitos a erros, elevando a

sensibilidade do teste na detecção do mutágeno. A deleção do gene uvrB é

estendida até o gene responsável pela síntese da biotina, tornando as linhagens

dependentes desta vitamina (Tejs, 2008). Todas as cepas apresentam uma mutação

denominada rfa que causa perda parcial da barreira de lipopolissacarídeos da

parede bacteriana, facilitando a difusão de moléculas grandes para a célula, como

as aminas aromáticas, hidrocarbonetos e aflatoxinas (Tejs, 2008).

Algumas cepas contém o plasmídeo pKM101, que além de conferir

resistência à ampicilina, possui o gene muc, cuja expressão causa um estímulo no

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sistema de reparo suscetível ao erro, aumentando tanto a mutagênese espontânea

como a induzida, pois o produto desse gene interfere na fidelidade da DNA

polimerase (Maron e Ames, 1983; Valent, 1990).

As linhagens TA98 e TA100, selecionadas para o presente estudo, são

comumente utilizadas para estudos de triagem, mostrando eficiência na detecção de

grande número de agentes mutagênicos (Umbuzeiro e Vargas, 2003). A mutação

existente na cepa TA100, denominada hisG46, resulta da substituição de uma

leucina (GAG/CTC) por uma prolina (GGG/CCC), e pode ser revertida para o estado

selvagem por um composto mutagênico que cause uma substituição de pares de

bases num dos pares GC. A mutação que ocorre na cepa TA98, denominada

hisD3052, é consequência de um frameshift, que afeta a leitura correta de uma

sequência próxima, constituída de oito resíduos GC – C-G-C- G-C-G-C-G-

repetitivos e portanto é um hot spot. Estes mutágenos geralmente atuam em

unidades repetitivas do DNA fazendo com que haja uma restauração do quadro

correto da leitura envolvida na síntese de histidina. Nesta cepa, a reversão para o

fenótipo his+ ocorre pela deleção de um ou dois pares de bases da seqüência do hot

spot ou, pela adição de um par (Maron e Ames, 1983). Essa mutação é revertida por

agentes mutagênicos como 2-nitrofluoreno e derivado nitro aromáticos. Além disso,

as linhagens TA98 e TA100 apresentam outras mutações que aumentam suas

capacidades de detectar substâncias mutagênicas: mutação rfa, a deleção do gene

uvrB e o plasmídio pKM101 (Maron e Ames, 1983). Assim, a aplicação das duas

cepas acima mencionadas permite a identificação de mutágenos ou antimutágenos

com diferentes mecanismos de ação.

1.4.2. Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos

O Teste do Micronúcleo em medula óssea de roedores in vivo é um teste

amplamente utilizado para a detecção de agentes clastogênicos (que quebram

cromossomos), e de agentes aneugênicos (que induzem aneuploidia ou segregação

cromossômica anormal) (Elhajouji et al. 2011; FDA, 2012). Este teste é

internacionalmente aceito como parte da bateria de testes recomendada para a

avaliação do potencial mutagênico e para o registro de novos produtos químicos que

entram no mercado mundial (Ribeiro, 2003).

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O procedimento original para o Teste do Micronúcleo foi desenvolvido por

Schmid e colaboradores (Matter e Schmid, 1971; Schmid et al. 1971; Nichols et al.

1972; Schmid, 1973) e, subsequentemente, modificado por Heddle e colaboradores

(Heddle, 1973; Salamone et al. 1980; Heddle e Salamone, 1981), que também

estabeleceram a origem do micronúcleo (MN) (Carrano e Heddle, 1973; Heddle e

Carrano, 1977). O ensaio foi desenvolvido primeiramente em sistema-teste in vivo,

em células de medula óssea de camundongos, e posteriormente teve a versão in

vitro introduzida por Heddle, em 1976.

Este teste pode ser executado praticamente em qualquer população de

células que estejam constantemente em divisão, sendo a medula óssea de

mamíferos uma das regiões mais adequadas, visto que suas células levam de 22 a

24 horas para completar um ciclo de divisão (Heddle, 1973). Os eritroblastos, na

medula óssea, sofrem duplicação e se diferenciam em eritrócitos policromáticos

(Figura 7) (Ribeiro, 2003).

O MN, também conhecido como corpos de Howell-Jolly, foi originalmente

identificado e descrito nos eritrócitos pelos hematologistas, William Howell e Justin

Jolly e foram associados com deficiências em vitaminas tais como folato e vitamina

B12 (Fenech et al. 2011). A indução de MN por um produto químico foi

primeiramente relatada por Klein e Klein (1952) em células de tumor ascítico de

Ehrlich tratadas com colchicina e a associação entre a formação de MN e a

exposição a agentes ambientais foi primeiramente descrita em células da raiz de

Vicia faba expostas à radiação ionizante (Evans et al. 1959).

O MN constitui-se de uma pequena massa nuclear delimitada por membrana

e separada do núcleo principal. Os MN aparecem nas células filhas, em decorrência

de danos induzidos nas células parentais (Ribeiro, 2003). A formação de MN ocorre

a partir de fragmentos de cromossomos acêntricos ou o cromossomo inteiro que não

foram incorporados nos núcleos das células filhas após a mitose. Esses

cromossomos inteiros deslocados ou fragmentos de cromossomos são envolvidos

por uma membrana nuclear e, com exceção de seu tamanho menor, são

morfologicamente semelhantes aos núcleos das células, após coloração nuclear

convencional (Figura 8) (Fenech et al. 2011).

Os eventos que levam à formação de MN podem ser atribuídos por uma

variedade de fatores que provocam danos ao material genético, os quais podem ser

classificados como fatores exógenos e endógenos. Os fatores exógenos incluem a

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radiação, agentes químicos, invasão de micro-organismos, etc. Os fatores

endógenos incluem defeitos genéticos nos genes de reparo e/ou de controle do ciclo

celular, mudanças patológicas, deficiência de nutrientes requeridos como cofatores

no metabolismo do DNA, tais como o ácido fólico e injúrias induzidas por produtos

metabólicos deletérios, tais como as espécies reativas de oxigênio (Huang et al.

2011). Assim, a presença de MN pode ser considerada um possível indicador de

susceptibilidade para a carcinogênese (Bonassi et al. 2011), doenças

neurodegenerativas (Migliore et al. 2011), diabetes, doenças cardiovasculares

(Andreassi et al. 2011) e infertilidade (Fenech, 2011).

Quando os eritroblastos expelem seu núcleo, ao se transformarem em

eritrócitos, os MN permanecem no citoplasma onde são facilmente reconhecidos

(Figura 8) (Rabelo-Gay, 1991). Os MN são analisados em eritrócitos policromáticos

(EPC, eritrócitos jovens) de medula óssea de camundongos ou ratos (Figura 8)

(Ribeiro, 2003). Durante um período de 10 a 24 horas, os eritrócitos jovens são

policromáticos (RNA-positivos), isto é coram‐ se em azul e não em vermelho, pela

coloração com solução de Giemsa convencional. Se contarmos os MN apenas

nesse tipo de célula, é possível concluir que eles se formaram na mitose anterior, na

presença do agente mutagênico. Como o período entre a última divisão e a

formação do EPC é de 8 a 12 horas, é possível encontrar os micronúcleos induzidos

pelo agente cerca de 10 horas após o tratamento. Além disso, o intervalo mínimo

dentro do qual os micronúcleos podem ser detectados corresponde à duração do

estágio policromático, que varia de 10 a 24 horas (Figura 7) (Rabelo‐ Gay, 1991).

No Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos, ainda é

possível avaliar a citotoxicidade de compostos pela análise da proporção de EPC

sobre eritrócitos normocromáticos (ENC) (FDA, 2012).

Os resultados positivos obtidos com o Teste do Micronúcleo fornecem fortes

evidências de genotoxicidade sistêmica da substância química avaliada. Os

resultados negativos podem indicar que a substância teste não é genotóxica in vivo

(Ribeiro, 2003).

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Figura 7: Resumo do processo de maturação das células da linhagem

eritrocitária (Ribeiro, 2003).

Figura 8: Formação de micronúcleos em eritrócitos de medula óssea (Ribeiro,

2003).

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1.4.3. Ensaio Cometa

O Ensaio Cometa, também chamado Single Cell Gel Electrophoresis (SCGE)

é amplamente aceito como um método padrão para avaliar danos no DNA

(McKenna et al. 2008). Esta técnica consiste num estudo genotoxicológico sensível

que detecta quebras de filamentos de DNA em sítios álcali-lábeis através da

mensuração da migração do DNA a partir do DNA nuclear imobilizado de células

individuais (Lee e Steinert, 2003). Esta técnica não é utilizada para detectar

mutações, mas sim lesões genômicas, que após serem processadas, podem resultar

em mutação. Diferente das mutações, as lesões detectadas com o Ensaio Cometa

são passíveis de correção (Gontijo e Tice, 2003), constituindo, portanto, lesões pré-

mutagênicas (Kammann et al. 2001).

O Ensaio Cometa foi primeiramente descrito por Ostling e Johanson (1984) e

foi denominado como “estudo microeletroforético” de danos no DNA em células

individuais. Esta técnica tem sido modificada e extensivamente validada ao longo

dos anos, e é agora comumente referida como Ensaio Cometa (Wong et al. 2005). O

Ensaio Cometa pode ser aplicado em qualquer tecido in vivo, desde que uma

suspensão de células individuais nucleadas possam ser obtidas (Hartmann et al.

2003).

As células submetidas ao Ensaio Cometa são incluídas em gel de agarose e

dispostas em fina camada de gel sobre lâminas histológicas. Mediante o tratamento

com soluções apropriadas, as membranas das células, núcleos e organelas são

rompidas. Consequentemente, os componentes citoplasmáticos e as proteínas

nucleares são removidas e o material genético restante é submetido à eletroforese.

A partir do núcleo, fragmentos de DNA migram no sentido do ânodo. Quanto mais

intensa for a indução de quebras, menores serão os fragmentos e maior a extensão

de migração (Figura 9). Após coloração específica, o DNA da célula que não

apresentar dano migrará de forma homogênea formando um círculo. Em

contrapartida, o DNA danificado forma fragmentos de diversos tamanhos, originando

uma forma similar a de um cometa, com a cauda correspondendo aos fragmentos

que migraram. O dano pode ser quantificado em células individuais, permitindo

avaliar o potencial genotóxico de amostras ou de condições ambientais alteradas.

Para a interpretação dos resultados, o cometa é dividido entre cabeça e cauda.

Assim células sem ou com pouco dano no DNA, não apresentam cauda, enquanto

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células com mais danos apresentam caudas maiores (Figura 10) (Perez-Cerezales

et al. 2009).

O Ensaio Cometa apresenta vantagens como a detecção de baixos níveis de

danos no DNA, aplicabilidade em vários tipos de tecidos e/ou tipos de células

eucarióticas, a necessidade de pequena quantidade de células (< 10.000),

habilidade de conduzir estudos utilizando pequena quantidade de substância-teste, e

baixo custo associado a um curto período para a realização dos experimentos (Speit

et al. 2009). Outra vantagem do Ensaio Cometa é a sua flexibilidade, pois com a

combinação de diferentes condições de lise, eletroforese e uso de enzimas

específicas, é possível detectar diferentes tipos e níveis de danos no DNA (Wong et

al. 2005).

Devido às numerosas vantagens do Ensaio Cometa, esta técnica tem sido

amplamente utilizada nos estudos de genotoxicidade de substâncias farmacêuticas,

aditivos alimentares, agroquímicos, em sistemas in vitro e/ou in vivo; estudos de

reparo do DNA, estudos de ecotoxicologia, biomonitoramento humano e ambiental

(Wong et al. 2005; Piperakis, 2009; Liao et al. 2009).

Figura 9: Esquema do procedimento experimental do Ensaio Cometa.

Preparação de lâminasDNA

Detecção de quebras

de fitas de DNA

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Figura 10: Imagens de cometas de células do fígado após tratamento com

mutágenos. Três tipos de danos: 0 (A), 1 (B), 2 (C) 3 (D) e 4 (E) (400 x) (Barbisan et

al. 2003).

1.5. Ensaios Biológicos para o Ciclo Celular e Morte Celular

Nos estudos da cinética do Ciclo Celular e dos eventos de Morte Celular,

podem ser utilizadas as técnicas para a análise da Cinética do Ciclo Celular com

Iodeto de Propídeo (IP) e de detecção de apoptose e necrose por coloração com

Anexina V/IP, respectivamente. Para a realização destas técnicas, utiliza-se o

citômetro de fluxo. O citômetro de fluxo pode medir simultaneamente múltiplos

parâmetros em cada célula individualmente, em um número elevado de células de

uma população celular pura ou até, de uma subpopulação componente de uma

população celular heterogênea. A grande maioria das medições citométricas

implicam na ligação específica de fluorocromos aos componentes celulares de

interesse (Jahan-Tigh et al. 2012).

Para a realização destas técnicas, determinou-se a IC50 do composto em

estudo, utilizando o Ensaio de MTT. O Ensaio de MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2il)-2,5-

difenilbrometo de tetrazolina) é um método usado para avaliar a viabilidade celular

(Peres et al. 2008). Este método foi descrito por Mosmann (1983), o qual consiste

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num ensaio colorimétrico baseado na formação de um composto púrpura em células

com atividade metabólica intacta (Nedel et al. 2011; Wang et al. 2012). O Ensaio de

MTT é um teste rápido, preciso, simples e com boa reprodutibilidade para detectar

células vivas em culturas de células de mamíferos (Ho et al. 2012; Mao et al. 2013).

O MTT é um sal de tetrazólio solúvel em água, de cor amarela, o qual é

convertido para formazan insolúvel, de cor púrpura, pela clivagem do anel de

tetrazólio pela enzima succinato desidrogenase no interior da mitocôndria de células

saudáveis (Mosmann, 1983; Mao et al. 2013). Assim, a concentração dos cristais de

formazan produzidos pode ser quantificada espectrofotometricamente e é

diretamente proporcional ao número de células metabolicamente ativas (Wang et al.

2012). A intensidade da atividade metabólica indica o grau de viabilidade das

células, quanto maior a citotoxicidade promovida pelas substâncias menor será a

intensidade metabólica e consequentemente menor será a absorbância da solução

(Berridge et al. 2005).

1.5.1. Análise da Cinética do Ciclo Celular

A análise da Cinética do Ciclo Celular permite quantificar e caracterizar as

fases do ciclo celular das células expostas a compostos químicos. Este ensaio

consiste na marcação do conteúdo do DNA das células utilizando iodeto de propídeo

(IP). O IP é um agente intercalante fluorescente que se liga ao DNA corando-o de

vermelho. A interação entre o IP e o DNA segue uma relação estequiométrica (uma

molécula de IP a cada 4 a 5 pares de bases) (Nicoletti et al. 1991).

O conteúdo de DNA de cada célula pode ser medido, podendo ser utilizado

para estimar a distribuição celular no ciclo celular. O conteúdo de distribuição de

DNA numa população celular típica em crescimento celular caracteriza-se por dois

picos em G0/G1 e G2/M e um vale na fase S. As células na fase G2/M apresentam o

dobro da quantidade de DNA que a fase G0/G1, sendo que a fase S apresenta

variações da quantidade de DNA entre as fases G1 e G2. A monitorização do ciclo

celular, bem como a sua regulação, é fundamental para compreensão dos efeitos de

compostos em estudo na célula (Tavares e Tavares, 2009).

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1.5.2. Detecção de Apoptose e Necrose por coloração com Anexina V/Iodeto de

Propídeo (IP)

A detecção de Apoptose e Necrose por coloração com Anexina V/IP identifica

e quantifica células viáveis e células que estão no início ou no final do processo

apoptótico, através de citometria de fluxo. O corante Anexina V é um ligante a

fosfolipídeos e o IP é um corante vital que se liga ao núcleo celular.

No final de 1970, a anexina V foi isolada da placenta humana. Poucos anos

depois, esta proteína foi descoberta independentemente em vasos sangüíneos e

nomeada como proteína vascular anticoagulante-α (VAC-α) com propriedade de

inibir a coagulação sangüínea. O mecanismo anticoagulante é baseado na alta

afinidade de ligação a fosfolipídeos de membrana, especialmente de fosfatidilserina

(Boersma et al. 2005; Brumatti et al. 2008). Assim, a anexina V tem a capacidade de

se ligar fortemente aos fosfolipídeos de membrana plasmática, através de suas

cargas negativas na presença de íons cálcio. Todas as anexinas apresentam um

domínio central com quatro repetições em α-hélice, que permite a ligação do cálcio

(Moss e Morgan, 2004). Assim, na presença de íons cálcio, várias moléculas de

anexina V se associam fortemente aos fosfolipídeos de membrana, como por

exemplo, fosfatidilcolina e esfingomielina, ligando-se avidamente as cargas

negativas presentes especialmente nas fosfatidilserinas externalizadas. A

associação entre si das anexinas leva à formação de ligação proteína-proteína

estável, porém reversível, quando os níveis de cálcio intracelular são depletados

(Van Heerde et al. 2000). As taxas de associação e dissociação sugerem que

anexina V não penetra na membrana e comporta-se como uma proteína extrínseca

de membrana plasmática. Assim, a translocação da fosfatidilserina presente na face

interna para a face externa da membrana celular e a ligação de anexina V é uma

evidência forte da apoptose (Mochizuki et al. 2003).

Dessa forma, na fase precoce da apoptose, as células translocam moléculas

de fosfatidilserina, para a membrana plasmática externa, ficando exposta a

marcadores celulares como a anexina V (Watanabe et al. 2002). Ao utilizar-se

anexina V para detecção de apoptose é possível avaliar os níveis de fosfatidilserina

expostas na membrana celular externa que se associaram à anexina V, indicando

fase inicial de apoptose (apoptose precoce). Associando IP pode-se mensurar

células com permeabiliddade de membrana, o que poderia indicar fase tardia de

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apoptose ou necrose (Pec et al. 2003). Assim, as células em necrose ou em

apoptose tardia exibem os mesmos padrões característicos, especialmente quanto à

permeabilidade de membrana. Tanto no processo de apoptose tardia, quanto na

necrose, a anexina V pode atravessar a membrana permeabilizada ao mesmo

tempo em que o IP entra no citosol (Pec et al. 2003).

Assim, as células serão classificadas como células viáveis quando forem

negativas tanto para Anexina V como para IP; células em início de apoptose quando

apresentarem positivas para Anexina V e negativas para IP, células em final de

apoptose quando forem positivas tanto para Anexina V quanto para IP e células em

necrose quando forem negativas para Anexina V e positivas para IP.

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2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Investigar os efeitos biológicos da chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-

nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-benzenosulfonamida (CPN) por meio da análise de

bioindicadores de danos genéticos em sistemas-teste bacteriano, animal e humano.

2.2. Objetivos Específicos

Avaliar o potencial mutagênico e antimutagênico de CPN pelo teste de

mutagenicidade com Salmonella typhimurium (Teste de Ames).

Avaliar a possível atividade mutagênica e antimutagênica de CPN pelo teste

do micronúcleo em medula óssea de camundongos in vivo.

Avaliar o potencial genotóxico de CPN pelo Ensaio Cometa em sangue

periférico humano.

Determinar a IC50 de CPN utilizando o teste do MTT em células

mononucleares humanas.

Avaliar o efeito de CPN sobre a Cinética do Ciclo Celular com marcação com

Iodeto de Propídeo, em células mononucleares humanas.

Avaliar o perfil apoptótico de células mononucleares humanas tratadas com

CPN utilizando o método de coloração com Anexina V/Iodeto de Propídeo.

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3. Material e Métodos

3.1. Material

3.1.1. Síntese da chalcona sulfonamida, N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-

bezenosulfonamida (CPN)

A chalcona sulfonamida, N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-

bezenosulfonamida (CPN) foi sintetizada no Laboratório de Síntese e Estudos

Cristalográficos do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás.

No presente trabalho, sintetizou-se primeiramente a cetona sulfonamida e

posteriormente condensou-a ao p-nitrobenzaldeído via reação de Claisen Schmidt

para obter a chalcona sulfonamida.

Como reagentes, foram usados cloreto de benzenosulfonila, p-

aminoacetofenona e p-nitrobenzaldeído, com purezas de 99%. Como catalisador foi

utilizado hidróxido de sódio com pureza de 85%. Os solventes utilizados foram

diclorometano, acetonitrila, etanol, n-hexano, acetona e acetato de etila. O ácido

clorídrico utilizado foi PA (37%).

Os espectros de absorção na região do infravermelho foram registrados no

equipamento BOMEM modelo M102 com transformada de Fourier e calibração

interna e no Spectrum 100 da Perkin Elmer. As amostras foram incorporadas em

pastilhas de KBr e as absorções estão expressas em número de ondas (cm-1).

Os espectros de ressonância magnética nuclear de prótons foram obtidos no

aparelho BRUKER AVANCE III – 500 MHz de 11,75 Tesla (pertencente à UFG). Os

deslocamentos químicos (δ) estão expressos em parte por milhão (ppm) e as

constantes de acoplamento (J) em Hertz (Hz) em relação a um padrão interno de

TMS ou o próprio solvente. Utilizou-se DMSO-d6 como solvente.

Os espectros de massa foram obtidos num equipamento GCMS-QP 2000 da

Shimadzu (da COPPE/UFRJ), no modo scann e com temperatura da fonte de íons e

da interfase em 250°C. Em relação à técnica de injeção, foi usada introdução direta

de amostras no espectrômetro de massas. A programação do DI de 50-200°C a

10°C/min, de 200-350°C a 20°C/min e permaneceu a 350°C por 5 min. Os

fragmentos foram expressos pela razão entre unidades de massa e carga (m/z) e a

abundância relativa dos picos em porcentagem (%).

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O ponto de fusão foi determinado em um aparelho KARL KOLB Scientific-

Technical-supplies FrankFurt/M Germany e estão expressos em graus Celsius (°C).

3.1.1.1. Síntese da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3

Foram utilizados cloreto de benzenosulfonila 1 (1,0 mmol; 0,135 mL) e p-

aminoacetofenona 2 (1mmol; 140 mg) em 5 mL de diclorometano. A reação foi

mantida sob agitação magnética e em refluxo (303K) durante 6 horas.

Posteriormente, evaporou-se o diclorometano e o precipitado obtido foi lavado com

n-hexano e recristalizado em uma mistura de acetona e água (2:1).

Esquema 1: Síntese da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.

DADOS ESPECTROSCÓPICOS PARA O COMPOSTO 3:

IV (cm-1): 3219 (N-H), 1674 (C=O), 1593 (N-H), 1513 (C=O), 1337 (S=O), 1277 (C-N)

e 1155 (S=O).

RMN ¹H (Hz – DMSO-d6): δ 2,46 (s; 3H; Hα), δ 7,21 (ddd; 2H; J = 8,7, J = 9,2; H3 e

H5), δ 7,57 (t; 2H; J = 7,9; H9 e H11), δ 7,63 (t; 1H; J = 7,9; H10) e δ 7,81-7,84 (m;

4H; H2, H6, H8 e H12).

EM (m/z): 275, 260, 167, 141, 119, 106, 93, 77, 43 e 27.

3.1.1.2. Síntese da chalcona sulfonamida (1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-

nitrofenil)-2E-propen-1-ona)

Em 30 mL de solução etanólica de NaOH 50% (m/m), adicionou-se a cetona 3

(1 mmol; 275 mg) e posteriormente a sua solubilização, adicionou-se o p-

nitrobenzaldeído 4 (1 mmol; 151 mg). A reação foi mantida em agitação à

temperatura ambiente por 24 horas. Finalizada a reação, adicionou-se 20 mL de

Rendimento: 54%

P. f.: 133-115 °C

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água destilada gelada e o meio foi neutralizado com HCl 10% (m/v). O precipitado

(amarelo-laranja) obtido foi extraído com diclorometano e recristalizado em uma

mistura de acetonitrila e acetato de etila (1:2).

Esquema 2: Síntese da chalcona sulfonamida (1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-

3-(4-nitrofenil)-2E-propen-1-ona).

DADOS ESPECTROSCÓPICOS PARA O COMPOSTO 5:

IV (cm-1): 3211 (N-H), 1658 (C=O), 1607 (Ar-CO-C=C-Ar), 1516 (N-H), 1342 (S=O),

1281, 1223 (C-N), 1155 (S=O).

RMN ¹H (Hz – DMSO-d6): δ 7,22 (ddd; 2H; J = 8,9, J = 9,3; H3’ e H5’), δ 7,42 (dt;

2H;, J = 7,4 e J = 1,2; H9’ e H11’), δ 7,55-7,60 (d e dt; 2H; J = 15,8, J = 7,4 e J = 1,2;

Hα e H10’), δ 7,77 (ddd; 2H; J = 8,8, J = 9,2; H2 e H6), δ 7,80 (d; 1H; J = 15,8; Hβ), δ

7,86 (dt; 2H; J = 8,1, J = 2,1 e J = 1,2; H8’ e H12’), δ 7,96 (ddd; 2H; J = 8,9, J = 9,3;

H2’ e H6’), δ 8,28 (ddd; 2H; J = 8,8, J = 9,2; H3 e H5).

3.1.2. Cepas Bacterianas

Foram utilizadas cepas bacterianas mutantes de Salmonella typhimurium

TA98 e TA100, deficientes na síntese do aminoácido histidina. Na ausência desse

aminoácido, essas cepas são incapazes de sobreviver.

3.1.3. Camundongos

Os experimentos foram realizados após a aprovação pela Comissão de Ética

no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Goiás (UFG) (Protocolo N°

017/11). Foram utilizados 75 camundongos Mus musculus (Swiss Webster) outbred,

machos, pesando entre 30 e 40g, com idade de 7 a 12 semanas, procedentes do

Biotério Central da UFG. Antes da realização do experimento, os animais

Rendimento: 55%

P.f.: 178 - 181°C

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permaneceram por sete dias no laboratório, onde foram mantidos em gaiolas de

polipropileno de dimensão de 40 cm x 30 cm x 16 cm com 5 animais por gaiola,

forradas com maravalha, trocadas diariamente, alimentados com ração comercial

(marca “Presence-ratos e camundongos”) e água filtrada, ambos oferecidos ad

libitum. Os animais foram mantidos à temperatura ambiente de 25°C ± 2°C, umidade

50% ± 20% e um ciclo de luz 12 h claro/12 h escuro.

3.1.4. Cultura de sangue periférico humano

Os experimentos foram realizados após a aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da UFG (CAAE N° 39321514.9.0000.5083). Foram coletados 5 mL

de sangue de voluntários utilizando seringas estéreis descartáveis de 5 mL contendo

heparina. Imediatamente após a coleta, o sangue foi diluído em meio RPMI-1640.

Em seguida, esta cultura celular foi tratada com diferentes doses de CPN para o

Ensaio Cometa.

3.1.5. Cultura de células mononucleares humanas

Os experimentos foram realizados após a aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa (CEP) da UFG (CAAE N° 39321514.9.0000.5083). As células

mononucleares do sangue periférico (PBMC) foram coletadas de voluntários. Para a

obtenção da cultura de PBMC, 20 mL de sangue foram coletados utilizando seringas

estéreis descartáveis de 20 mL contendo heparina. O sangue foi diluído em 20 mL

de meio RPMI-1640 e transferido para tubos cônicos contendo Histopaque, na

proporção 2:1. Após centrifugação, a 200 X g, por 50 minutos a 6°C, a camada de

PBMC obtida entre a mistura Histopaque e o plasma sanguíneo foi removida,

depositada em novos tubos cônicos e lavada com meio de cultura RPMI-1640

suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB). Depois de nova centrifugação a

300 X g, por 10 minutos a 6ºC, o sobrenadante foi descartado e o sedimento foi

ressuspendido em 10 mL de meio RPMI-1640 suplementado com 10% de SFB e

novamente centrifugado a 300 X g, durante o mesmo tempo e mesma temperatura.

Depois do descarte do sobrenadante, o sedimento composto de PBMC foi

ressuspendido em 2 mL de meio de RPMI-1640 suplementado com 10% de SFB.

Numa microplaca de 12 poços foi adicionado 200 μL da suspensão celular, 100 μL

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de fitohemaglutinina (estimulador mitogênico) e 3 mL de meio RPMI-1640

suplementado com 10% de SFB. A cultura de PBMC foi incubada a 37°C, numa

atmosfera com 5% de CO2, por 24 h.

3.2. Metodologias

3.2.1. Teste de Mutagenicidade de Ames em cepas de Salmonella typhimurium

3.2.1.1. Procedimento Experimental

As cepas de Salmonella typhimurium TA98 e TA100 foram incubadas em

caldo nutriente, a 37°C, com agitação e aeração constantes, até atingir a fase

estacionária de crescimento. Para a avaliação da atividade mutagênica, alíquotas de

culturas das cepas bacterianas foram incubadas em diferentes doses de CPN (1, 10,

20, 50, 100, 200, 500, 1000, 2000 e 5000 μg/placa), durante 25 min, em tubos em

triplicata com agitação e aeração constantes. Na avaliação da atividade

antimutagênica, os controles positivos (0,5 μg de 4-nitroquinolina 1-óxido para a

cepa TA98 e 1,5 μg de azida sódica para a cepa TA100) foram co-adminstrados com

as diferentes doses de CPN. Após a incubação, foi adicionado ágar glicosado

liquefeito (top-ágar) à temperatura de 45°C, contendo solução de histidina/biotina

(0,5 mM). O conteúdo foi vertido em placas de Petri, de 9 cm de diâmetro, em

triplicata, contendo meio MEVB sólido (meio mínimo glicosado), que foram

incubadas a 37°C, durante 48 h em estufa de demanda bioquímica de oxigênio

(BOD). Decorrido este período, foram contados os números de colônias revertentes

prototróficas para histidina, considerando-se a média aritmética dos resultados entre

as placas (Maron e Ames, 1983). Os resultados foram expressos pela média do

número de revertentes prototróficas obtidas de experimentos independentes

realizados em triplicata.

3.2.1.2. Análise dos resultados

Na avaliação da mutagenicidade, após a contagem do número de revertentes

foi calculada a razão de mutagenicidade (RM) para cada dose utilizada. A RM é

dada pela seguinte equação:

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𝑅𝑀 = 𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑛. 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 (𝑒𝑠𝑝𝑜𝑛𝑡â𝑛𝑒𝑜𝑠 + 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜𝑠)

𝑚é𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑛. 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 𝑛𝑒𝑔𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 (𝑒𝑠𝑝𝑜𝑛𝑡â𝑛𝑒𝑜𝑠)

Considera-se como resultado positivo para a mutagenicidade, quando o

número de colônias revertentes nas placas teste for igual ou superior ao dobro do

número de colônias revertentes espontâneas do controle negativo (Maron e Ames,

1983). Os resultados também foram avaliados pelo teste estatístico ANOVA e post

hoc Tukey e a normalidade dos dados foi avaliada pelo teste estatístico Kolmogorov-

Smirnov. Para determinar a relação dose-resposta foi utilizado o teste estatístico de

Regressão Linear. Valores de p < 0,05 foram considerados significativos.

Para a avaliação da antimutagenicidade, a normalidade dos dados foi

avaliada pelo teste estatístico Kolmogorov-Smirnov e a diferença entre as doses em

relação aos respectivos controles positivos foi avaliada pelo teste estatístico ANOVA

e post hoc Tukey. O valor de p < 0,05 foi considerado significativo. A análise

estatística foi realizada utilizando o software Statistical Package for the Social

Sciences, versão 20 (SPSS, Chicago, IL). A porcentagem de inibição da

mutagenicidade (%) foi calculada utilizando-se a seguinte equação:

𝑃𝐼(%) = [1 − (𝑛. 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒 − 𝑅𝐸

𝑛. 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑣𝑒𝑟𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑛𝑎 𝑝𝑙𝑎𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 − 𝑅𝐸)] × 100

placa teste: placas incubadas com mutágeno e composto.

placa do controle positivo: placa incubada somente com o mutágeno.

RE: revertentes espontâneos (cepas testes incubadas na ausência de composto e

mutágeno).

3.2.2. Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos

3.2.2.1. Procedimento Experimental

Os camundongos foram divididos em grupos de 5 animais. Para a avaliação

da mutagenicidade os animais foram tratados, via intraperitoneal (i.p.), com as doses

de 25, 50, 100 e 150 mg/kg de CPN em diferentes tempos (24 h e 48 h). Para a

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avaliação da antimutagenicidade, as mesmas dosagens foram co-administradas com

uma dose única de 4mg/kg de mitomicina C (MMC) i.p. O grupo controle negativo foi

tratado com DMSO [0,1 mL/10 g peso corporal (p.c.)], enquanto o grupo controle

positivo recebeu uma dose padrão de MMC [4 mg/kg p.c. (80% DL50)]. Após os

tratamentos de 24 h e 48 h, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical

conforme descrito pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) como

procedimento mais rápido e conciso. Depois de sacrificados, os animais tiveram

seus fêmures retirados e dissecados. As epífises dos fêmures foram cortadas e a

medula óssea lavada com 1 mL de soro fetal bovino. Após homogeneização da

medula no soro, esta foi centrifugada a 1000 rpm durante 5 min. O sobrenadante foi

parcialmente descartado e o precipitado de células foi homogeneizado com pipeta

Pasteur. Uma gota de suspensão celular foi transferida para a lâmina histológica,

onde realizou-se o esfregaço celular. Após a secagem das lâminas, estas foram

fixadas em metanol absoluto durante 5 min e coradas em solução de Giemsa

tamponada com pH 6,8 por um período de 15 min. Após este período, as lâminas

foram lavadas em água corrente e deixadas secar à temperatura ambiente (Heddle,

1973).

3.2.2.2. Análise citogenética

A análise das lâminas foi realizada em microscópio óptico de luz branca com

a finalidade de se detectar micronúcleos nos eritrócitos da medula óssea dos

animais submetidos aos diferentes tratamentos. As células foram visualizadas

utilizando objetiva de imersão (100x). Foram contados 2000 eritrócitos

policromáticos (EPC) em duas lâminas para cada animal. Para a avaliação da

citotoxicidade, foram contados 2000 EPC e também computada a freqüência de

eritrócitos normocromáticos (ENC) presentes nos mesmos campos. A razão

EPC/ENC foi determinada conforme Schmid (1975).

3.2.2.3. Análise estatística

As frequências de eritrócitos policromáticos micronucleados (EPCMN) em

2000 EPC de cada grupo foram comparadas em relação ao grupo controle negativo

ou positivo pelo teste ANOVA e post hoc Tukey e foram considerados significativos

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valores de p < 0,05. A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste estatístico

Kolmogorov-Smirnov. Para determinar a relação dose-resposta foi utilizado o teste

estatístico de Regressão Linear.

As frequências de EPC e ENC de cada grupo tratado com CPN foram

comparadas com o grupo controle negativo ou positivo pelo teste qui-quadrado e

foram considerados significativos valores de p < 0,05.

A análise estatística foi realizada utilizando o software Statistical Package for

the Social Sciences, versão 20 (SPSS, Chicago, IL).

3.2.3. Ensaio Cometa

3.2.3.1. Procedimento experimental

A versão alcalina do Ensaio Cometa (Single Cell Gel Eletrocforesis) foi

realizada conforme descrito por Singh e colaboradores (1988) com pequenas

modificações. Na avaliação do potencial genotóxico de CPN, 100 μL de sangue

periférico humano foi adicionado em 1 mL de meio RPMI-1640. Em seguida, as

células foram tratadas com as doses 187,5; 375; 562,5 e 750 μg/mL de CPN e

incubadas a 37°C, numa atmosfera de 5% CO2, por quatro horas. Após este período,

15 μL da cultura de células foram misturadas e homogeneizadas em 120 μL de

agarose de baixo ponto de fusão e imediatamente a suspensão foi distribuída em

uma lâmina. A suspensão celular em agarose foi coberta com uma camada de

agarose de ponto de fusão normal a 1,5%. As lâminas foram cobertas com lamínulas

e mantidas a 4°C por 5 minutos. Após este período, as lâminas foram colocadas em

uma solução de lise (0,25 mol/L NaOH, 2,5 mol/L NaCl, 10 mmol/L Tris, 100 mmol/L

EDTA, 1% Triton X-100 e 10% DMSO, pH10,0) e incubadas a 4°C overnight para

remover proteínas e membranas. Posteriormente, as lâminas foram colocadas em

uma cuba para eletroforese com tampão alcalino (300 mmol/L NaOH, 1mM EDTA,

pH > 13,0) por 25 min para a desnaturação do DNA. A corrida eletroforética foi

realizada a 1V/cm, 300 mA, a 4°C, por 25 min. Após a eletroforese, as lâminas foram

mergulhadas em solução de neutralização (0,4M Tris, pH 7,5) durante 5 min por 3

vezes. Em seguida, as lâminas foram lavadas com água destilada e deixadas secar

à temperatura ambiente. Após a secagem, as lâminas foram fixadas em etanol

absoluto por 15 min. Todo o procedimento foi realizado no escuro ou sob luz

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amarela para prevenir danos no DNA. As lâminas foram coradas com 20 μL de

solução de brometo de etídio (0,02 mg/mL). Foram realizados três ensaios

independentes.

3.2.3.2. Análise citogenética

A análise das lâminas foi realizada em microscópio de epifluorescência

Axioplan-Imaging®, utilizando o software Isis® com filtro de excitação de 510-560

nm e um filtro barreira de 590 nm, num aumento de 200X. Foram analisados 100

nucleóides para cada dose de CPN.

Para a avaliação dos danos genômicos, foi usado o programa TriTek Comet

Score®, versão 1.5. O parâmetro adotado no presente estudo foi a porcentagem de

DNA na cauda para a quantificação de danos no DNA.

3.2.3.3. Análise estatística

A média e o desvio padrão da porcentagem de DNA na cauda foi obtida para

cada tratamento. As diferentes doses de CPN foram comparadas em relação ao

controle negativo pelo teste ANOVA post hoc Tukey e foram considerados

significativos valores de p < 0,05. A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste

estatístico Kolmogorov-Smirnov.

A análise estatística foi realizada utilizando o software Statistical Package for

the Social Sciences, versão 20 (SPSS, Chicago, IL).

3.2.4. Ensaio de MTT (Metiltiazoltetrazólio [3-(4,5-dimetiltiazol-2il)-2,5-

difenilbrometo de tetrazolina])

Para o Ensaio de MTT, alíquotas de 1 x 105 de PBMC foram tratadas com as

doses de 2, 20, 50, 100, 250 e 500 μmol/L de CPN, em triplicata, utilizando

microplacas de 96 poços por 24 h em estufa a 37ºC com atmosfera contendo 5% de

CO2. Após este período, foi adicionado aos poços de cultivo celular, 10 μL de MTT

na concentração de 5mg/mL e incubados por 3 h em estufa a 37°C com atmosfera

contendo 5% de CO2. Em seguida, foram adicionados 50 μL de SDS a 10% diluído

em HCl/0,01N e incubados por 12 h à temperatura ambiente. A quantificação da

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densidade óptica (DO) foi medida em espectrofotômetro (AWARENESS

TECHNOLOGY INE/ STAT FAX 2100). Os resultados de absorbância para as

diferentes doses de CPN e para o controle negativo foram analisadas no software

GraphPad Prism para determinação da citotoxicidade e da IC50.

3.2.5. Análise da Cinética do Ciclo Celular

Para a análise da Cinética do Ciclo Celular, alíquotas de 5 x 105 de PBMC

foram incubadas com as doses de 128, 256 e 512 μmol/L de CPN, em triplicata,

utilizando microplacas de 12 poços, em estufa a 37°C com atmosfera contendo 5%

de CO2 por 24 h. Foram realizados três experimentos, em triplicata. Após este

período, as células foram centrifugadas e em seguida lavadas com PBS. Ao final da

lavagem o sobrenadante foi desprezado e o pellet celular foi incubado com 1 mL de

álcool etílico gelado (70%) por 24 h a -20°C. Ao final do período de incubação as

células foram lavadas novamente com PBS e em seguida estas foram incubadas por

15 min em uma solução contendo ribonuclease A (RNAse A) 0,05% e iodeto de

propídeo (50 µg/mL). A análise da porcentagem de células em sub-G1, G0/G1, S,

G2/M foi realizada em citômetro de fluxo (FACSCalibur, BD Biosciences), por meio

do software ModFit.

3.2.6. Avaliação de Apoptose e Necrose por coloração com Anexina V/Iodeto

de Propídeo (IP)

Para a detecção de Apoptose e Necrose foi utilizado o kit de detecção de

apoptose Anexina V/IP (Sigma-Aldrich, St. Louis, Mo) de acordo com as instruções

do próprio fabricante. Para este ensaio alíquotas de 5 x 105 de PBMC foram tratadas

com as doses de 128, 256 e 512 μmol/L de CPN, utilizando microplacas de 12 poços

incubadas em estufa a 37°C com atmosfera contendo 5% de CO2 por 24 h. Também

foram incubadas apenas células, sem tratamento, para o controle negativo. Foram

realizados três experimentos, em triplicata. Após o período de tratamento com CPN

as células foram centrifugadas e posteriormente lavadas com PBS. O sobrenadante

foi descartado. Em seguida, foi adicionado 400 µL de tampão de ligação ao pellet

celular e em seguida acrescentados 5 µL de Anexina V e 1 µL de IP. As células

foram então incubadas em temperatura ambiente por 15 min e posteriormente foi

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42

realizado a análise das células em citômetro de fluxo (FACSCallibur, BD

Biosciences). Para a análise dos dados foi utilizado o software Cell Quest. Foram

classificadas como células em apoptose inicial aquelas com marcação somente para

Anexina V (AN+)/(IP-) e como células em apoptose tardia aquelas com dupla

marcação de Anexina V e IP (AN+)/(IP+), células em necrose somente com

marcação para IP (AN-)/(IP+) e células viáveis não apresentam nenhuma marcação.

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4. Resultados

4.1. Teste de Mutagenicidade de Ames em cepas de Salmonella typhimurium

A Tabela 4 mostra os resultados da avaliação mutagênica e antimutagênica

de CPN no teste de Ames. Os resultados foram obtidos a partir de três experimentos

independentes realizados em triplicata. Os dados obtidos para os grupos controle

negativo e positivo indicaram que as cepas estão de acordo com o protocolo

estabelecido por Maron e Ames (1983) e Mortelmans e Zeiger (2000).

Na avaliação da mutagenicidade, as doses de CPN (1, 10, 20, 50, 100, 200,

500 e 1000 μg/placa) apresentaram um aumento no número de revertentes

prototróficas para as cepas testadas, TA98 e TA100. No entanto, estes resultados

não indicaram uma diferença significativa entre o controle negativo e as diferentes

doses de CPN, pelo teste ANOVA e post hoc Tukey (p > 0,05). Para as doses de

2000 e 5000 μg/placa foi observada uma pequena diminuição no número de

revertentes prototróficas em ambas as cepas testadas. Os resultados mostraram

uma relação dose-resposta utilizando a análise de regressão, para ambas as cepas

testadas (p < 0,05). No entanto, nenhuma das cepas utilizadas apresentou razão de

mutagenicidade (RM) ≥ 2. O maior valor de RM foi obtido na dose de 1000 μg/placa,

na qual observou um RM = 1,59 para a cepa TA98 e um RM = 1,56 para a cepa

TA100. Assim, podemos inferir que CPN apresentou um perfil moderado de um

composto mutagênico com base na relação dose-resposta observada para as doses

testadas. Nas doses mais elevadas, 2000 e 5000 μg/placa, CPN mostrou um efeito

tóxico, que foi observado pela diminuição do número de revertentes prototróficas.

A avaliação antimutagênica de CPN mostrou que todas as doses de CPN (1,

10, 20, 50, 100, 200, 500, 1000, 2000 e 5000 μg/placa) co-tratadas com [4-

nitroquinolina 1-óxido (4-NQO)] na cepa TA98 causou uma diminuição significativa

no número de revertentes prototróficas em comparação com o controle positivo (4-

NQO) (p < 0,05). Além disso, na cepa TA100 foi observada uma diminuição no

número de revertentes prototróficas em todas as doses de CPN. No entanto, apenas

nas doses superiores à 50 μg/placa esta diminuição foi significativa (p < 0,05) em

comparação com o controle positivo (azida sódica). A maior porcentagem de inibição

de mutagenicidade (PI) foi observada na dose de 5000 μg/placa de CPN em ambas

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as cepas, que atingiram uma PI = 61% para a cepa TA98 e uma PI = 41% para a

cepa TA100. Os resultados da antimutagenicidade sugerem que a diminuição do

número de revertentes prototróficas nas doses mais elevadas de CPN pode ser

parcialmente atribuída ao efeito tóxico de CPN, que já foi apresentado na avaliação

mutagênica.

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Tabela 4 - Médias () e desvio padrão (S) de revertentes histidina, razão de mutagenicidade (RM) e porcentagem de inibição de

mutagenicidade (PI) para duas cepas de S. typhimurium, TA98 e TA100, tratadas com diferentes doses de CPN.

Tratamento Mutagenicidade3 Antimutagenicidade3

TA98 TA100 TA98 TA100

± 𝑆 RM ± 𝑆 RM ± 𝑆 PI (%) ± 𝑆 PI (%)

Controle negativo1 24,8 ± 6,0a,b 1,00 202,0 ± 61,0a 1,00 25,9 ± 7,4a - 174,0 ± 38,0a -

Controle positivo2 377,4 ± 27,0c 15,22 1822,3 ± 353,1b 9,02 383,4 ± 63,5b - 2086,8 ± 196,5b -

CPN 1 μg/placa 29,0 ± 7,0a 1,17 201,7 ± 57,6a 0,99 213,7 ± 31,8c 47 1890,5 ± 241,6b 10

CPN 10 μg/placa 30,8 ± 7,7a 1,24 214,0 ± 65,5a 1,06 201,9 ± 49,3c 51 1830,0 ± 123,0b 13

CPN 20 μg/placa 38,4 ± 8,8a 1,55 238,0 ± 41,0a 1,18 203,9 ± 47,9c 50 1834,0 ± 29,9b 13

CPN 50 μg/placa 28,3 ± 6,1a 1,14 235,3 ± 54,6a 1,16 207,8 ± 27,7c 49 1704,3 ± 157,8b,d 20

CPN 100 μg/placa 30,7 ± 7,2a 1,24 254,7 ± 49,2a 1,26 208,7 ± 44,1c 49 1610,0 ± 136,3,c,d 25

CPN 200 μg/placa 32,5 ± 6,2a 1,31 235,7 ± 16,2a 1,17 203,3 ± 22,9c 50 1556,3 ± 137,1c,d 28

CPN 500 μg/placa 35,2 ± 5,5a 1,42 260,9 ± 35,2a 1,29 198,2 ± 20,8c 52 1525,0 ± 104,6c,d 29

CPN 1000 μg/placa 39,4 ± 3,9a 1,59 316,0 ± 69,0a 1,56 189,4 ± 17,1c 54 1428,3 ± 110,1c,d 34

CPN 2000 μg/placa 23,2 ± 3,7a,b 0,94 212,7 ± 33,1a 1,05 173,5 ± 29,1c 59 1497,7 ± 170,7c,d 31

CPN 5000 μg/placa 10,2 ± 2,5b 0,41 112,7 ± 32,3a 0,56 166,6 ± 20,9c 61 1306,0 ± 174,0d 41

1Controle negativo: 20 μL de dimetilsulfóxido (DMSO). 2Controle positivo: 0,5 μg/placa de 4-nitroquinolina 1-óxido (4NQO) para TA98 e 1,5 μg/placa de azida sódica para TA100.

Todos os valores são média ± desvio padrão de três experimentos independentes. 3Análise estatística: teste de ANOVA post hoc Tukey.

Valores seguidos por pelo menos uma mesma letra na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05). Valores com letras diferentes na

mesma coluna apresentam diferença significativa (p < 0,05).

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46

4.2. Teste do Micronúcleo em medula óssea de camundongos

Nas Tabelas 5 e 6, estão apresentados os resultados da avaliação das

atividades mutagênica, citotóxica, antimutagênica e anticitotóxica de CPN.

No presente estudo, o grupo controle negativo (dimetilsulfóxido - DMSO)

mostrou baixa frequência de eritrócitos policromáticos micronucleados (EPCMN),

como esperado, e o grupo controle positivo (mitomicina C - MMC) mostrou um

aumento significativo em EPCMN comparado com o grupo controle negativo (p <

0,05), confirmando a sensibilidade do teste.

Na análise da mutagenicidade de CPN (Tabela 5), observou-se nas doses de

25, 50, 100 e 150 mg/kg uma frequência média de EPCMN de 11,2, 18,2, 20,8, e

22,4 [em 2000 eritrócitos policromáticos (EPC)] no tempo de 24 h, e 7,0, 8,6, 9,2, e

10,2 no tempo de 48 h, respectivamente, enquanto que o grupo controle negativo

apresentou uma média de 4,2 EPCMN. Para todas as doses testadas, CPN

aumentou a freqüência de EPCMN no tempo de 24 h e 48 h comparado com o grupo

controle negativo (p < 0,05). Apenas na dose de 25 mg/kg de CPN, no tempo de 48

h, a frequência EPCMN não foi significativa (p > 0,05). Em ambos os tempos de

tratamento foi observado um efeito dose-resposta. Assim, os resultados indicaram

que CPN mostrou um efeito mutagênico.

A razão de eritrócitos policromáticos sobre eritrócitos normocromáticos

(EPC/ENC) pode ser usada como um indicador de citotoxicidade (Tabela 5). Nos

grupos tratados com 25, 50, 100, e 150 mg/kg de CPN, a razão EPC/ENC foi de

1,05, 0,83, 0,80, e 0,71 no tempo de 24 h, e 0,97, 0,63, 0,59, e 0,56 no tempo de 48

h, respectivamente, enquanto que o grupo controle negativo foi de 1,04. Estes

resultados demonstraram que nos tempos de 24 h e 48 h, a dose de 25 mg/kg de

CPN não causou uma diminuição significativa na razão EPC/ENC comparada com o

grupo controle negativo (p > 0,05). No entanto, nas doses de 50, 100 e 150 mg/kg

nos tempos de 24 h e 48 h, observou-se uma diminuição significativa na razão

EPC/ENC comparada com o grupo controle negativo (p < 0,05), sugerindo um efeito

citotóxico nestas doses. Observou-se que a razão EPC/ENC foi menor no tempo de

48 h, em comparação com os resultados obtidos no tempo de 24 h, indicando que

CPN mostrou ação citotóxica maior neste tempo.

Na avaliação da atividade antimutagênica (Tabela 6), os valores médios de

EPCMN (por 2000 EPC) dos grupos tratados com 25, 50, 100, e 150 mg/kg de CPN

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47

co-administrados com MMC, foram 20,2, 16,0, 17,8, e 19,6 no tempo de 24 h, e 8,0,

7,0, 7,4, e 8,2 no tempo de 48 h, respectivamente, enquanto que o grupo controle

positivo foi 35,4 no tempo de 24 h e 11,0 no tempo de 48 h. Para todas as doses

testadas no tempo de 24 h, CPN diminuiu significativamente a freqüência de

EPCMN (p < 0,05), comparado com o respectivo grupo controle positivo. Estes

resultados indicaram que CPN modulou a atividade mutagênica de MMC,

demonstrando um efeito antimutagênico. Para todas as doses de CPN no tempo 48

h, observou-se uma atenuação menor contra o efeito mutagênico de MMC e a

redução da frequência de EPCMN em relação ao respectivo grupo controle positivo

não foi significativa (p > 0,05).

Em relação à atividade anticitotóxica de CPN (Tabela 6), a razão EPC/ENC

obtida nas doses de 25, 50, 100 e 150 mg/kg de CPN co-tratadas com MMC foram

0,67, 0,71, 0,80, e 0,88 no tempo de 24 h, e 0,55, 0,54, 0,58 e 0,63 no tempo de 48

h, respectivamente, enquanto que para o grupo controle positivo foi de 0,64 no

tempo de 24 h e 0,47 no tempo de 48 h. Um aumento significativo na razão

EPC/ENC foi observado em relação com o respectivo grupo controle positivo para

todas as doses de CPN em ambos os tempos (p < 0,05), com exceção da dose de

25 mg/kg no tempo de 24 h (p > 0,05). Os resultados indicaram que o tratamento

simultâneo atenuou a citotoxicidade de MMC.

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48

Tabela 5 - Avaliação das atividades genotóxica e citotóxica em camundongos: frequência de EPCMNs e EPCs/ENCs em medula óssea de

camundongos tratados com chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-benzenosulfonamida (CPN).

Tratamento (mg/kg p.c.) Tempo de 24 h Tempo de 48 h

3EPCMNs/2000EPCs 4EPCs/ENCs 3EPCMNs/2000EPCs 4EPCs/ENCs

Controle negativo1 4,2±1,48a 1,04±0,09a 4,2±1,48a 1,04±0,09a

Controle positivo2 35,4±4,04d 0,64± 0,06d 11,0±2,92c 0,47± 0,04d

25 mg/kg CPN 11,2±3,19b 1,05±0,09a 7,0±2,35a,c 0,97±0,13a

50 mg/kg CPN 18,2±3,27c 0,83±0,08b 8,6±1,14b,c 0,63±0,04b

100 mg/kg CPN 20,8±2,77c 0,80±0,06b 9,2±2,28b,c 0,59±0,04b,c

150 mg/kg CPN 22,4±3,29c 0,71±0,07c 10,2±2,59b,c 0,56±0,08c

1 Controle negativo: Dimetilsulfóxido (DMSO) 0,1 mL/10 g peso corporal (p.c.). 2 Controle positivo: Mitomicina C (MMC) 4 mg/kg (80% DL50).

Todos os valores são média ± desvio padrão a partir de cinco animais. 3 Análise estatística: ANOVA e post hoc Tukey. 4 Análise estatística: teste do qui-quadrado.

Os valores médios seguidos pela mesma letra na coluna não apresentam diferença significativa com 5% de probabilidade.

Valores seguidos por pelo menos uma mesma letra na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05). Valores com letras diferentes na

mesma coluna apresentam diferença significativa (p < 0,05).

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Tabela 6 - Avaliação das atividades antigenotóxica e anticitotóxica em camundongos: frequência de EPCMNs e EPCs/ENCs em medula óssea

de camundongos tratados com chalcona sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-benzenosulfonamida (CPN) mais mitomicina C

(MMC).

Tratamento (mg/kg p.c.) Tempo de 24 h Tempo de 48 h

3EPCMNs/2000EPCs 4EPCs/ENCs 3EPCMNs/2000EPCs 4EPCs/ENCs

Controle negativo1 4,2±1,48c 1,04±0,09e 4,2±1,48a 1,04±0,09d

Controle positivo2 35,4±4,04a 0,64± 0,06a 11,0±2,92b 0,47±0,04a

25 mg/kg CPN + MMC 20,2±3,11b 0,67±0,06a,b 8,0±2,65a,b 0,55±0,10b

50 mg/kg CPN + MMC 16,0±2,55b 0,71±0,08b 7,0±1,58a,b 0,54±0,06b

100 mg/kg CPN + MMC 17,8±2,59b 0,80±0,06c 7,4±1,52a,b 0,58±0,11b

150 mg/kg CPN + MMC 19,6±3,51b 0,88±0,06d 8,2±1,92a,b 0,63±0,10c

1 Controle negativo: Dimetilsulfóxido (DMSO) 0,1 mL/10 g peso corporal (p.c.) 2 Controle positivo: Mitomicina C (MMC) 4 mg/kg (80% DL50).

Todos os valores são média ± desvio padrão a partir de cinco animais. 3Análise estatística: ANOVA e post hoc Tukey. 4 Análise estatística: teste do qui-quadrado.

Os valores médios seguidos pela mesma letra na coluna não apresentam diferença significativa com 5% de probabilidade.

Valores seguidos por pelo menos uma mesma letra na mesma coluna não apresentam diferença significativa (p > 0,05). Valores com letras diferentes na

mesma coluna apresentam diferença significativa (p < 0,05).

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50

4.3. Ensaio Cometa

Os resultados obtidos na avaliação de danos no DNA pelo Ensaio Cometa

estão representados na Figura 11.

As células expostas às doses de 187,5, 375, 562,5 e 750 μg de CPN

mostraram 32, 31, 37 e 45% de danos no DNA, respectivamente, enquanto que o

controle negativo apresentou 11%. Para todas as doses testadas, CPN apresentou

um aumento significativo na porcentagem de danos no DNA (p < 0,05) quando

comparado com o controle negativo. A maior porcentagem de danos no DNA foi

observada na dose de 750 μg. Assim, os resultados no Ensaio Cometa

demonstraram que CPN apresentou efeito genotóxico.

Figura 11: Média e desvio padrão da porcentagem de DNA na cauda nos

diferentes tratamentos de CPN. CN: Controle Negativo [Dimetilsulfóxido (DMSO)].

4.4. Ensaio de MTT

No Ensaio de MTT, a cultura de PBMC foi tratada com as doses de 2, 20, 50,

100, 250 e 500 μmol/L de CPN por 24 h. A partir dos resultados da viabilidade

celular, foi calculada a IC50 (concentração que inibe 50% das células) de CPN. O

valor de IC50 de CPN obtido foi de 256 μmol/L. Esta concentração de CPN foi

utilizada como referência para a seleção de doses utilizadas na análise da cinética

0

10

20

30

40

50

60

CN 187,5μg 375μg 562,5μg 750μg

% D

NA

na c

au

da

Tratamentos

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51

do ciclo celular e na avaliação de apoptose e necrose por coloração com Anexina

V/IP.

4.5. Análise da Cinética do Ciclo Celular

Os resultados da análise da cinética do ciclo celular após o tratamento com

as doses de 128, 256 e 512 μmol/L de CPN em PBMC, por 24h, estão apresentados

nas figuras 12 e 13.

A análise da cinética do ciclo celular mostrou que todas as doses de CPN

testadas não induziram alteração significatva nas fases G0/G1, S e G2/M do ciclo

celular de PBMC em relação ao controle negativo (p > 0,05). Entretanto, as doses de

256 e 512 μmol/L de CPN aumentaram significativamente a porcentagem de células

em sub-G1 comparada com o controle negativo (p < 0,05). Estes resultados

indicaram que CPN não interfere na progressão do ciclo celular, mas sugere um

efeito citotóxico de CPN devido ao aumento da porcentagem de células em sub-G1,

que é um indicativo de apoptose.

Sub G1 G0/G1 S G2/M0

20

40

60

80

100CN

128 µmol/L

256 µmol/L

512 µmol/L

*****

(% d

e c

élu

las)

Figura 12: Valores médios de porcentagem de células em sub-G1, G0/G1, S,

G2/M após o tratamento com o controle negativo (CN) e as doses de 128, 256 e 512

μmol/L de CPN, respectivamente, em PBMC. **Diferença significativa em relação ao

controle negativo considerando p < 0,01. ***Diferença significativa em relação ao

controle negativo considerando p < 0,001.

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52

Figura 13: Histogramas com o perfil do ciclo celular de PBMC tratadas com

diferentes doses de CPN.

4.6. Avaliação de Apoptose e Necrose por coloração com Anexina V/Iodeto de

Propídeo (IP)

Os resultados da avaliação de apoptose e necrose por coloração com

Anexina V/IP estão apresentados nas figuras 14 e 15.

Na avaliação de apoptose e necrose por coloração com Anexina V/IP de

CPN, a cultura de PBMC foi tratada com as doses de 128, 256 e 512 μmol/L por 24

h. Na figura 14, pode-se observar que a porcentagem de células viáveis diminuiu

significativamente nas três doses avaliadas de CPN em relação ao controle negativo

(p < 0,05). A menor porcentagem de células viáveis foi observada na dose de 256

μmol/L de CPN, que mostrou 28% de células viáveis, enquanto que o controle

negativo apresentou 71% de células viáveis. Observou-se também uma diminuição

na porcentagem de células em apoptose inicial nas três doses de CPN testadas em

relação ao controle negativo, mas esta diminuição não foi significativa (p > 0,05). A

menor porcentagem de células em apoptose inicial foi observada na dose de 512

μmol/L, que apresentou 8% de células em apoptose inicial enquanto que o controle

negativo apresentou 15% de células em apoptose inicial. Entretanto, a porcentagem

de células em apoptose tardia e necrose aumentou significativamente em relação ao

controle negativo para todas as doses de CPN testadas (p < 0,05). A maior

porcentagem de células em apoptose tardia foi observada na dose de 256 μmol/L

Controle Negativo Sub-G1: 0% G0/G1: 94% S: 2% G2/M: 4%

G1

S G2

G2 S

G1 128 μmol/L de CPN Sub-G1: 2% G0/G1: 93% S: 4% G2/M: 3%

G2 S

G1 256 μmol/L de CPN Sub-G1: 5% G0/G1: 92% S: 4% G2/M: 4%

512 μmol/L de CPN Sub-G1: 12% G0/G1: 94% S: 3% G2/M: 3%

S G2

G1

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53

(34%) e a maior porcentagem de células em necrose foi observada na dose de 512

μmol/L (30%), enquanto que o controle negativo apresentou 8% de células em

apoptose tardia e 6% de células em necrose. Assim, pode-se afirmar que CPN é um

composto citotóxico, pela indução de apoptose tardia e necrose.

A figura 15 mostra os citogramas para o controle negativo e para as doses de

128, 256 e 512 μmol/L de CPN. O quadrante inferior esquerdo indica a população de

células que não foram marcadas por anexina V ou IP. Nas doses de 128, 256 e 512

μmol/L de CPN, foi observado deslocamento da população de células para os

quadrantes superiores direito e esquerdo. O deslocamento para o quadrante

superior direito está relacionado ao aumento da marcação dessas células com IP e

anexina V, indicando a apoptose tardia. O deslocamento das células para o

quadrante superior esquerdo está relacionado ao aumento da marcação das células

apenas com IP, indicando células que estão em necrose.

Figura 14: Valores médios de porcentagem de células viáveis, células em

apoptose inicial, células em apoptose tardia e células em necrose após o tratamento

com o controle negativo e as doses de 128, 256 e 512 μmol/L de CPN,

respectivamente em PBMC. **Diferença significativa em relação ao controle negativo

considerando p < 0,01. ***Diferença significativa em relação ao controle negativo

considerando p < 0,001.

0

20

40

60

80

100ViabilidadeApoptose InicialApoptose TardiaNecrose

********

*** ***

*

********

***

Concentração em µMol/L

(% d

e cé

lula

s)

CN 128 μmol/L 256 μmol/L 512 μmol/L

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54

Figura 15: Citogramas dos efeitos de CPN na indução de morte celular

através do teste de dupla marcação: Anexina V/IP em 24 h de tratamento.

512 μ

mol/L d

e C

PN

128 μ

mol/L d

e C

PN

256 μ

mol/L d

e C

PN

Contr

ole

Nega

tivo

71% 15%

6% 8%

30%

35%

25%

9% 10% 28%

34% 29%

8% 30%

32% 30%

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55

5. Discussão

Chalconas e sulfonamidas são grupos químicos bem conhecidos devido às

suas diversas aplicações farmacêuticas no tratamento de uma variedade de

doenças. Estudos recentes têm demonstrado que chalconas com substituintes

sulfonamidas apresentam importantes atividades biológicas (Andrighetti-Frohner et

al. 2007). Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar os efeitos biológicos

de CPN por meio da análise de bioindicadores de danos genéticos em sistemas-

teste bacteriano, animal e humano.

Os resultados do Teste de Ames demonstraram que CPN apresentou um

perfil moderado de um composto mutagênico e tóxico. O efeito tóxico deste

composto, observado pela redução do número de revertentes prototróficas nas

doses mais elevadas de CPN, pode ser relacionado com o efeito antibacteriano de

compostos sulfonamidas. De acordo com Pelczar (1996) e Jawetz (1998), as

sulfonamidas são estruturalmente similares ao ácido p-aminobenzóico (PABA), o

qual é precursor da via de biossíntese do ácido fólico. O ácido fólico, por sua vez, é

precursor da síntese de ácidos nucléicos. Assim, as sulfonamidas impedem a

incorporação do PABA na molécula do ácido fólico por competição pelo centro ativo

da enzima diidropteroato-sintetase. Em conseqüência, formam-se análogos não

funcionais do ácido fólico, impedindo o crescimento da célula bacteriana. Esta

possível propriedade bactericida de CPN pode apresentar resultados falsos

negativos com uma mutagenicidade subestimada no teste de Ames, que é

justificado pelos baixos valores da RM observados após o tratamento com as doses

mais elevadas de CPN.

No Teste do Micronúcleo, o tratamento com CPN induziu um aumento

significativo na frequência de EPCMN, no tempo de 24 h e 48 h (p < 0,05),

demonstrando ação mutagênica. Uma diminuição significativa na razão EPC/ENC,

foi observada nas maiores doses de CPN no tempo de 24 h e 48 h (p < 0,05)

comparado com o controle negativo, na qual sugere que CPN apresentou efeito

citotóxico.

No Ensaio Cometa, também observou-se atividade genotóxica de CPN,

devido ao aumento significativo da porcentagem de danos no DNA para as

diferentes doses testadas em relação ao controle negativo (p < 0,05).

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Na análise da Cinética do Ciclo Celular, CPN apresentou um aumento da

porcentagem de células em sub-G1, o qual é um indicativo de apoptose,

demonstrando ação citotóxica.

Na detecção de apoptose e necrose por coloração com Anexina V/IP, CPN

mostrou um efeito citotóxico, pela indução de apoptose tardia e necrose. A indução

de apoptose tardia e necrose pode ser um indicativo de indução de morte por uma

via chamada de necroptose. A necroptose apresenta tanto características

apoptóticas quanto necróticas. Tal como na apoptose, a necroptose envolve a

formação de complexos multi-protéicos que resultam em morte celular. E tal como

na necrose, a necroptose é caracterizada por perda da integridade da membrana

plasmática, organelas e inchaço celular e por consequência, a lise da célula

(Radogna et al. 2015). Em contraste com a apoptose, a necroptose é independente

da atividade das caspases (Radogna et al. 2015) e na maioria dos casos a sua

ativação envolve a proteína sinalizadora RIP1 e/ou seu homólogo RIP3 (Galluzzi et

al. 2012) e membros da família TNF (Radogna et al. 2015). A necroptose pode ser

induzida por diferentes maneiras, como danos ao DNA e moléculas que se ligam aos

receptores de morte. Estudos sobre necroptose tem mostrado que este tipo de morte

celular, garante a morte das células quando a apoptose falha (Shiraishi et al. 2010;

Zhang et al. 2011; Wu et al. 2011).

Assim, nos sistemas-teste, bacteriano, animal e humano, utilizados no

presente estudo, mostraram que CPN apresentou atividades genotóxica e citotóxica.

Estas atividades, possivelmente podem ser atribuídas ao grupo nitro como

substituinte. Chalconas com grupo nitro apresentam maior potencial mutagênico e

carcinogênico comparado com chalconas não substituídas. Substituintes no C (4) do

anel B, como no caso do grupo nitro na chalcona sulfonamida CPN, são essenciais

para tais atividades (Ramalho et al. 2013).

As atividades genotóxica e citotóxica de compostos que tem um grupo nitro

podem estar associadas com a redução enzimática, gerando metabólitos

intermediários nitrosos e N-hidroxilados (Poirier & Weisburger, 1974). Intermediários

N-hidroxilados são muito reativos com grupos tióis presentes em proteínas e

também podem ser acetilados tornando-se promotores de reações relacionadas com

a formação de adutos no DNA, alterando-o e podendo gerar instabilidade

cromossômica (Guengerich, 1992).

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Estudos na literatura, como os realizados por Cheng e colaboradores (2008) e

por Luo e colaboradores (2011), relatam que tanto chalconas, quanto sulfonamidas

apresentam atividade antimitótica devido à inibição da polimerização das tubulinas

impedindo a formação do fuso mitótico. Os resultados obtidos na análise da Cinética

do Ciclo Celular, mostraram que CPN não alterou a progressão do ciclo celular.

Assim, os dados obtidos podem indicar que as atividades genotóxica e citotóxica de

CPN não estão relacionadas à inibição da formação de tubulinas ou à atividade

antimitótica.

De acordo com os resultados da avaliação da atividade antimutagênica, CPN

indicou considerável atividade antimutagênica no Teste de Ames e no Teste do

Micronúcleo. No Teste do Micronúcleo, CPN ainda mostrou um aumento na razão

EPC/ENC comparada com o respectivo controle positivo, indicando um efeito

protetor contra a ação citotóxica de MMC em medula óssea de camundongos.

A ação antimutagênica de CPN no Teste de Ames pode ser parcialmente

atribuída ao efeito antibacteriano obtido nas doses mais altas observadas nos

resultados da avaliação mutagênica neste teste. Estudos anteriores mostraram que

derivados de chalcona que possuem cetonas α,β-insaturadas apresentam efeito

antimutagênico contra o promutágeno benzo(a)-pireno (Torigge et al. 1983). Assim,

o efeito quimioprotetor de CPN em ambos os testes, possivelmente pode ser

atribuído, parcialmente pela presença da porção α,β-insaturada neste composto.

Os resultados do presente estudo mostraram que CPN apresentou atividades

genotóxica e antigenotóxica. Muitas substâncias antimutagênicas também

apresentam atividade mutagênica, tal como a quercetina, que é convertido em um

produto potencialmente tóxico, enquanto oferece proteção pela eliminação de

espécies reativas de oxigênio (ERO) na célula (BOOTS et al., 2008).

Adicionalmente, uma série de substâncias que apresentam ação antimutagênica

e/ou anticarcinogênica contra aminas heterocíclicas também apresentaram efeitos

mutagênicos ou carcinogênicos (Dashwood, 2002). A maioria destas substâncias

moduladoras são produtos biossintetizados por plantas, assim como as chalconas.

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6. Conclusões

O presente trabalho avaliou os possíveis efeitos biológicos da chalcona

sulfonamida N-4-[3-(4-nitrofenil)prop-2-enoil]fenil-benzenosulfonamida (CPN) por

meio da análise de bioindicadores de danos genéticos em sistemas-teste bacteriano,

animal e humano.

Os resultados obtidos permitiram-nos concluir que:

• Na avaliação da atividade mutagênica pelo Teste de Ames em cepas de S.

typhimurium TA98 e TA100, CPN não apresentou um aumento significativo no

número de revertentes prototróficas para as cepas testadas. Entretanto, CPN

apresentou perfil moderado de um composto mutagênico e tóxico, devido à

relação dose-resposta observada para as doses testadas. Nas doses mais

elevadas, 2000 e 5000 μg/placa de CPN, foi observado uma diminuição do

número de revertentes prototróficas.

• No Teste de Ames, CPN apresentou ação antimutagênica para todas as

doses testadas na cepa TA98. Na cepa TA100, CPN apresentou ação

antimutagênica significativa nas doses superiores à 50 μg/placa.

• No Teste do Micronúcleo, CPN apresentou efeito mutagênico em todas as

doses testadas de CPN, no tempo de 24 h e 48 h. CPN também mostrou

efeito citotóxico no Teste do Micronúcleo, observado pela diminuição na razão

de EPC/ENC em todas as doses testadas, no tempo de 24 h e 48 h.

• Na avaliação da atividade antimutagênica, no Teste do Micronúcleo, CPN

diminuiu significativamente a freqüência de EPCMN (p < 0,05), no tempo de

24 h, demonstrando efeito antimutagênico. No tempo de 48 h, observou-se

também uma diminuição na freqüência de EPCMN, mas esta não foi

significativa (p > 0,05). Em relação à atividade anticitotóxica de CPN, no Teste

de Micronúcleo, observou-se um aumento na razão EPC/ENC para todas as

doses testadas. Assim, os resultados indicaram ação anticitotóxica de CPN.

• No Ensaio Cometa, observou-se atividade genotóxica de CPN, devido ao

aumento significativo da porcentagem de danos no DNA para todas as doses

testadas.

• Na análise da Cinética do Ciclo Celular, CPN não induziu alteração

significativa nas fases G0/G1, S e G2/M do ciclo celular de PBMC, para todas

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as doses testadas (p > 0,05). Entretanto, as doses de 256 e 512 μmol/L de

CPN apresentaram um aumento significativo na porcentagem de células em

sub-G1 (p < 0,05), o qual é um indicativo de apoptose, demonstrando ação

citotóxica.

• Na detecção de apoptose e necrose por coloração com Anexina V/IP, CPN

mostrou um efeito citotóxico, pela indução de apoptose tardia e necrose.

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Anexos

Anexo A – Artigo publicado na revista Plos One

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Anexo B – Espectros de ressonância magnética nuclear (RMN ¹H),

infravermelho (IV-TF) e massa (EM) da chalcona sulfonamida CPN.

Figura 16: Espectro de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-d6) da 4-

N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.

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Figura 17: Espectro ampliado de 7,1 a 7,9 ppm de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-

d6) da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.

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Figura 18: Espectro IV-TF da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.

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Figura 19: Espectro de EM da 4-N[fenilsulfonilamida] acetofenona 3.

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Figura 20: Espectro de RMN ¹H (500 MHz, DMSO-d6) da 1[4’-N-fenil-

sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-2E-propen-1-ona 5.

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Figura 21: Espectro ampliado de 7,1 a 8,3 ppm de RMN ¹H (500 MHz,

DMSO-d6) da 1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-2E-propen-1-ona 5.

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Figura 22: Espectro IV-TF da 1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-

2E-propen-1-ona 5.

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Figura 23: Espectro de EM da 1[4’-N-fenil-sulfonilamidafenil]-3-(4-nitrofenil)-

2E-propen-1-ona 5.