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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia Análise do Grau de Artificialização da Orla Noroeste do Município de Florianópolis - Santa Catarina. Ac: Vanessa Partala Orientador: Prof. Dr. Marcus Polette Itajaí, novembro/2011

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U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O I T A J A ÍCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia

Análise do Grau de Artificialização da Orla Noroeste do Município de Florianópolis - Santa Catarina.

Ac: Vanessa Partala

Orientador: Prof. Dr. Marcus Polette

Itajaí, novembro/2011

U N I V E R S I D A D E D O V A L E D O I T A J A ÍCENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Análise do Grau de Artificialização da Orla Noroeste do Município de Florianópolis - Santa Catarina.

Vanessa Partala

Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Oceanografia como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Oceanógrafo.

Itajaí, novembro/2011

1

DEDICATÓRIA

“Aos meus pais, que me ensinaram a amar, sonhar e ter fé na vida.”

2

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela confiança depositada, suportando a distância e me mostrando

sempre a necessidade de acreditar e realizar os sonhos com muito esforço e coragem.

Agradeço a educação que vocês me deram, os princípios e valores aos quais me ensinaram

para me preparar para a vida. Vocês são meu ponto de equilíbrio, obrigada por tudo.

Ao meu irmão Guilherme Partala, amor da minha vida, por morar comigo todos esses

anos, ser meu companheiro, meu ajudante, meu protetor. Espero que nós dois possamos

trabalhar juntos em pouco tempo, eu como oceanógrafa e ele como engenheiro ambiental.

Ao meu orientador Marcus Polette pela oportunidade concedida e confiança

depositada nessa importante fase da minha vida.

Aos todos os professores da UNIVALI, cada passo desta caminhada não seria

possível sem a presença, paciência e dedicação deles. A todos vocês, muito obrigada!

A minha banca Fabrício Reis, o qual sempre esteve disposto a me ajudar e

compartilhar seus conhecimentos. A Rosemeri Carvalho Marenzi pelas informações

concedidas e contribuição com dados de Unidades de Paisagem.

Ao Jean (Jimmy) Berná Paim que se dispôs a me ajudar em muitos momentos do

trabalho.

Aos meus amigos de festas e de vida: Paulinha, Glauco, Isa, Leka, Claudi, Gika,

Tami, Carlos, Tati, Touche, entre tantos outros os quais respeitaram (ou não) meus

momentos de dedicação a esse trabalho.

Aos meus companheiros de futebol Marquinhos, Daniel, Ale, Evelyn, Pará. Obrigada

por tudo.

E principalmente aos meus colegas e amigos de faculdade, os quais irei sentir

saudades todos os dias: Marina Ghedin, Carlos Eduardo, Regis, Patrícia, Gaúcho, Renata

Maria, Sara Sandini, Débora, Jaque, Mônica, Damiane, Otávio entre outros que fizeram

parte da história, obrigada!

3

RESUMO

A artificialização ocorre sempre que o homem modifica a paisagem natural de acordo com

as suas necessidades e disponibilidade de recursos, tornando-a diferente do seu estado

original. O acelerado crescimento populacional e adensamento nas zonas costeiras estão

tornando essa unidade territorial uma das mais urbanizadas em todo o mundo, levando um

complexo processo de artificialização. A orla marítima por sua vez, é uma pequena faixa da

zona costeira e apresenta uma rica biodiversidade, paisagens únicas e se torna um elo entre

a vida terrestre e marinha. Por possuir características peculiares é muito atraente e

importante ao ser humano. Portanto, faz necessário um planejamento e ordenamento desse

ambiente, para garantir um desenvolvimento sustentável, visto que é também uma das

áreas mais frágeis em termos ambientais. O objetivo principal deste estudo foi analisar o

grau de artificialização na orla Noroeste do município de Florianópolis, de maneira

quantitativa através da análise do uso e ocupação do solo utilizando o Sistema de

Informações Geográficas (SIG). Para isso, a área de estudo foi dividida em setores e

subdividida em trechos e depois foram classificados em quatro níveis de artificialização:

Artificial, Semi-Artificial, Semi-Natural e Natural. O estudo revelou que a porção Noroeste de

Florianópolis apresenta três setores classificados como artificiais e dois como semi-naturais.

O estudo mostra resultados coerentes com a situação de artificialização da área de estudo e

pode complementar as análises que serão propostas pelo Projeto Orla de Florianópolis.

Palavras-chaves: Artificialização, ordenamento do litoral, orla marítima.

4

SUMÁRIO

Análise do Grau de Artificialização da Orla Noroeste do Município de Florianópolis -

Santa Catarina. ................................................................................................................. 1 

Análise do Grau de Artificialização da Orla Noroeste do Município de Florianópolis -

Santa Catarina. ................................................................................................................. 2 

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ 1 

Sumário ................................................................................................................................... 4 

Lista de Tabelas .................................................................................................................... 10 

Lista de Abreviaturas ............................................................................................................. 11 

1  Introdução ....................................................................................................................... 13 

1.1  Objetivos ................................................................................................................. 15 

1.1.1  Geral ................................................................................................................ 15 

1.1.2  Específicos ....................................................................................................... 15 

2  Revisão Bibliográfica ...................................................................................................... 16 

2.1  Zona Costeira .......................................................................................................... 16 

2.1.1  Orla Marítima ................................................................................................... 16 

2.1.2  Artificialização .................................................................................................. 17 

2.1.2.1  Artificialização em Zonas Costeiras .......................................................... 18 

2.1.3  Gerenciamento Costeiro .................................................................................. 20 

2.1.3.1  Gerenciamento Costeiro Integrado – GCI ................................................ 20 

2.1.3.2  O Processo de Gerenciamento Costeiro Integrado .................................. 22 

2.1.4  Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC ...................................... 24 

2.1.4.1  Objetivos do PNGC ................................................................................... 25 

5

2.1.4.2  Área de abrangência ................................................................................. 26 

2.1.4.3  Instrumentos de Gestão ............................................................................ 26 

2.1.5  Projeto Orla ...................................................................................................... 27 

2.1.6  Geoprocessamento e Sistemas de Informações Geográficas – SIG ............... 29 

2.1.7  Sensoriamento Remoto de Uso e Ocupação do Solo ..................................... 30 

2.1.8  Cartografia Temática ........................................................................................ 31 

2.1.9  Estudos de Caso .............................................................................................. 32 

2.1.9.1  CORINE Land Cover - CLC ...................................................................... 32 

3  Metodologia .................................................................................................................... 34 

3.1  Área de estudo ........................................................................................................ 34 

3.1.1  Características de Florianópolis ....................................................................... 34 

3.1.2  História ............................................................................................................. 35 

3.1.3  Economia ......................................................................................................... 36 

3.1.4  Crescimento populacional ................................................................................ 37 

3.1.5  ICMBio Florianópolis ........................................................................................ 38 

3.1.5.1  ESEC – Carijós ......................................................................................... 39 

3.2  METODOLOGIA ...................................................................................................... 40 

3.2.1  Interpretação e mapeamento do solo marítimo ............................................... 41 

3.2.2  Determinação das especificações técnicas ..................................................... 41 

3.2.3  Delimitação da área de estudo ........................................................................ 41 

3.2.3.1  Orla marítima ............................................................................................ 41 

3.2.3.2  Setores de paisagem ................................................................................ 41 

3.2.4  Escala .............................................................................................................. 41 

6

3.2.5  Unidade Mínima ............................................................................................... 43 

3.2.6  Classificação Hierárquica ................................................................................. 43 

3.2.7  Classe de Uso e Nomenclaturas Utilizadas ..................................................... 44 

3.2.8  Determinação do Grau de Artificialização ........................................................ 46 

3.2.8.1  Determinação do Nível de Artificialização por tipo de Classe .................. 46 

3.2.8.2  Determinação do Nível de Artificialização por Unidade de Paisagem ...... 48 

3.2.9  Elaboração de mapas ...................................................................................... 49 

3.2.9.1  Imagens de Satélite .................................................................................. 49 

3.2.9.2  Geração de dados utilizando o software Arcgis 10. .................................. 49 

3.2.9.3  Mapas dos diferentes graus de artificialização ......................................... 49 

4  Resultados e Discussões ............................................................................................... 50 

4.1  Classes de Uso e Ocupação do Solo ...................................................................... 50 

4.1.1  Setor 1 .............................................................................................................. 54 

4.1.2  Setor 2 .............................................................................................................. 56 

4.1.3  Setor 3 .............................................................................................................. 61 

4.1.4  Setor 4 .............................................................................................................. 63 

4.1.5  Setor 5 .............................................................................................................. 65 

4.2  Nível do Grau de Artificialização da Porção Noroeste de Florianópolis .................. 68 

4.2.1  O inicio do processo de artificialização em Florianópolis e a artificialização

atual. 75 

4.3  Considerações Finais .............................................................................................. 77 

4.3.1  Delimitação da Área de Estudo ........................................................................ 77 

4.3.2  CLASSES DE USO .......................................................................................... 77 

7

5  CONCLUSÃO ................................................................................................................. 78 

6  Referências .................................................................................................................... 80 

7  Anexos ............................................................................................................................ 83 

ANEXO 1 ............................................................................................................................ 83 

ANEXO 2 ............................................................................................................................ 84 

ANEXO 3 ............................................................................................................................ 87 

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Beira mar Noroeste Florianópolis ........................................................................... 17 

Figura 2: Estágios de desenvolvimento de um programa de GCI. ........................................ 22 

Figura 3 - Área de abrangência do Projeto Orla .................................................................... 29 

Figura 4 - Mapa da área de estudo ....................................................................................... 34 

Figura 5 - Ponte Hercílio Luz com pista de madeira, em meados de 1935. .......................... 36 

Figura 6 - Vista geral beira mar Noroeste Florianópolis. ....................................................... 37 

Figura 7 - Crescimento Populacional de Florianópolis. ......................................................... 38 

Figura 8 - Escala 1:2000 para classificação dos objetos ...................................................... 42 

Figura 9 - Escala 1:25000 para tomada de decisão .............................................................. 42 

Figura 10 - Escala 1:80000 de compreensão ........................................................................ 43 

Figura 11 - Classes da porção Noroeste do município de Florianópolis ............................... 52 

Figura 12 - orla marítima Canasvieiras .................................................................................. 54 

Figura 13 - residências da orla de Canasvieiras ................................................................... 55 

Figura 14 - Valores encontrados para cada categorias do Setor 1 ....................................... 56 

Figura 15 - orla marítima Jurerê Tradicional .......................................................................... 56 

Figura 16 - marina Jurerê Tradicional .................................................................................... 57 

Figura 17 - Jurerê Internacional ............................................................................................. 58 

Figura 18 - Jurerê Internacional ............................................................................................. 58 

Figura 19 - Vegetação protegida de restinga, Jurerê Internacional ....................................... 59 

Figura 20 - Praia Jurerê Internacional ................................................................................... 60 

Figura 21 - Distribuição por categoria dos trechos do Setor 2 .............................................. 60 

Figura 22- Vista da orla marítima da praia do Forte .............................................................. 61 

Figura 23 - Pesca artesanal na orla marítima do Forte ......................................................... 62 

Figura 24 - Praia do Forte ...................................................................................................... 62 

Figura 25 - Distribuição por categoria do Setor 3 .................................................................. 63 

Figura 26 - Residências na orla de Daniela ........................................................................... 63 

Figura 27 - Praia de Daniela .................................................................................................. 64 

9

Figura 28 - APA Daniela ........................................................................................................ 64 

Figura 29 - Distribuição por categorias do Setor 4 ................................................................ 65 

Figura 30 - Estação Ecologica de Carijós .............................................................................. 67 

Figura 31 - Distribuição por categorias dos Trechos do Setor 5 ........................................... 68 

Figura 32 - Mapa temático do Nível de Artificialização do Noroeste de Florianópolis ........... 69 

Figura 33 - Nível de Artificialização dos Trechos e Setores do Noroeste de Florianópolis ... 70 

Figura 34 - Mapa temático do grau de artificialização dos Trechos e Setores da área de

estudo .................................................................................................................................... 72 

Figura 35 - Nível de Artificialização dos Setores da porção Noroeste de Florianópolis ........ 73 

Figura 36 - Mapa temático do Nível de Artificialização dos Setores do Noroeste de

Florianópolis .......................................................................................................................... 74 

Figura 37 - Nomenclatura Corine Land Cover ....................................................................... 83 

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fases do Gerenciamento Costeiro Integrado ....................................................... 24

Tabela 2 - gestão costeira simplificada no Brasil. ................................................................. 25

Tabela 3 - Classificação dos 5 grandes grupos ..................................................................... 44

Tabela 4 - Classes de uso e ocupação do solo ..................................................................... 45

Tabela 5 - nomenclaturas utilizadas para a classificação das imagens da porção Noroeste

do município de Florianópolis. ............................................................................................... 46

Tabela 6 - Valores dos Níveis de Artificialização ................................................................... 47

Tabela 7 - Valores das classes determinadas pelos especialistas ........................................ 48

Tabela 8 - Limites das porcentagens de cada Nível de Artificialização. ................................ 48

Tabela 9 - Visualização das porcentagens de cada nível de artificialização.Erro! Indicador não definido.

Tabela 10 - Valores obtidos para todas as classes da porção Noroeste do município de

Florianópolis. ......................................................................................................................... 51

Tabela 11 - Limite das porcentagens de cada Nível de Artificialização ................................ 70

Tabela 12 - Porcentagem do nível de artificialização para cada Trecho e Setor .................. 71

Tabela 13 - Porcentagens do Nível de Artificialização para cada Setor ................................ 73

11

LISTA DE ABREVIATURAS

CIRM - Comissão Interministerial para os Recursos do Mar

CNMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento

CLC - CORINE Land Cover

CLC2000 - CORINE Land Cover 2000

CLC2006 - CORINE Land Cover 2006

ESEC - Estação Ecológica de Carijós

GERCO - Programa de Gerenciamento Costeiro

GIZC – Gestão Integrada para a Zona Costeira

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

ICMBio - Instituto Chico Menezes de Conservação de Biodiversidade

MMA – Ministério do Meio Ambiente

PAF - Plano de Ação Federal da Zona Costeira

PEGC - Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro

PNGC - Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro

PNGCII – Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro II

PNMA - Política Nacional do Meio Ambiente

PNRM - Política Nacional de Recursos do Mar

PMGC - Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro

RQA-ZC - Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira

SIGERCO - Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro

SMA - Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona

SMCQA – Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental

12

UC – Unidade de Conservação

ZEEC - Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro

13

1 INTRODUÇÃO

Analisar o grau de artificialização da orla Noroeste do município de Florianópolis,

estado de Santa Catarina, é o objetivo deste trabalho que implica o estudo de um fenômeno

particular de adensamento populacional, modificação e verticalização do solo o qual está

transformando os ambientes naturais em ambientes artificiais. Tal característica aliada

ao propósito de conhecer e interpretar a realidade em profundidade faz com que ele se

configure como um Estudo de Caso.

Existem alguns estudos anteriores os quais monstram que a Zona Costeira

apresenta um grande índice de intensificação populacional, cerca de um terço da população

brasileira habita a beira-mar e quase metade reside a menos de 200 quilômetros da costa,

onde também estão localizadas as mais importantes instalações industriais do país.

Inclusa na zona costeira se localiza a orla marítima, delimitada pela faixa de interface

entre a terra firme e o mar. Na orla marítima encontra-se um frágil e importante ecossistema,

que é o elo entre o ambiente terrestre e marinho. É nela que ocorrem importantes tomadas

de decisões, pois a qualidade de paisagem aliada com o setor imobiliário ocasiona o

adensamento populacional. Esse intenso crescimento desordenado junto com a

verticalização do solo está produzindo um problemático quadro urbano social e ambiental,

agravado pela vulnerabilidade dos ecossistemas ali presentes, desfigurando a paisagem

natural tornando esse ambiente altamente artificial.

A artificialização é um dos processos mais intensos nessa área e acontece quando a

ocupação do espaço pelo homem modifica o meio ambiente de acordo com as suas

necessidades e disponibilidade de recursos. Tal mudança é impulsionada principalmente

pela amplificação das indústrias, a construção civil, o setor imobiliário e o turismo.

Segundo Ferreira, Silva e Polette (2005) a matriz sócio-cultural, a capacidade

tecnológica e econômica da sociedade em que o homem está inserido, determinam a

capacidade de transformação do espaço e utilização de recursos naturais de acordo com o

grau de exigência e de satisfação das suas necessidades.

Tendo em vista estes conceitos de artificialização, observa-se que o fenômeno

também se dá no litoral de Santa Catarina.

A cidade de Florianópolis é uma cidade onde rapidamente houve a transformação

nas paisagens naturais da orla devido ao crescimento acelerado, ao adensamento

populacional e a falta de planejamento ordenado para tal situação.

Um dos maiores desafios da atualidade é reduzir tais conflitos gerados pela falta de

um gerenciamento costeiro satisfatório. Considera-se essencial papel dos governos na

definição e implantação de políticas públicas, de forma a garantir o cumprimento de “regras

de convivência” entre a sociedade humana e a natureza.

14

Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo geral dimensionar a área

afetada pelo processo de artificialização trazendo uma análise realista da situação atual,

identificando os setores e trechos em que o processo de artificialização é mais evidente na

orla Noroeste do município de Florianópolis.

Cabe ressaltar que a metodologia utilizada nesse estudo foi a mesma de Lacasa

(2009) na Península de Porto Belo e Piatto (2009) em Balneário Camboriú e Itapema,

ambos obtiveram dados satisfatórios e condizentes com a realidade das áreas de estudo.

Desta forma, o presente trabalho analisou a ocupação do solo através da vetorização de

imagens de alta definição. A partir das informações obtidas foram encontrados quatro níveis

de artificialização (Natural, Semi-Natural, Semi-Artificial, Artificial) e gerado diversos mapas

temáticos da área de estudo, separados por área total, setores e trechos, os quais

permitiram a visualização de cada etapa do projeto ilustrando as classes utilizadas, as

análises quantitativas e qualitativas para categorizar os diferentes níveis de artificialização.

Após a análise quantitativa, a metodologia presente pode complementar as análises

que serão feitas pelo Projeto Orla Florianópolis, a fim de facilitar os programas de Gestão

Costeira Integrada nas tomadas de decisões e na elaboração de planos de manejo mais

realistas com a situação atual do município.

15

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

- Analisar o uso e ocupação do solo da orla Noroeste da Ilha de Florianópolis;

1.1.2 Específicos

- Identificar os diferentes graus de artificialização na orla Noroeste do município de

Florianópolis;

- Analisar o grau de artificialização da orla Noroeste do município de Florianópolis -

Santa Catarina.

16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ZONA COSTEIRA

Conforme o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro II (PNGCII) a zona costeira é

o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos

ambientais e abrange a faixa marítima (que se estende mar afora distando 12 milhas

marítimas das Linhas de Base, compreendendo a totalidade do Mar Territorial) e terrestre

(faixa do continente formada pelos municípios que sofrem influência direta dos fenômenos

ocorrentes na zona costeira).

A zona costeira pode ter várias definições podendo ser descrita sob um ângulo

administrativo/político em que o governo estabelece os limites geográficos e administra

através de uma legislação específica ou biofísico/natural onde as características

geomorfológicas e ecossistemas associados criam uma barreira física. (MARRONI e

ASMUS, 2005).

A extensão da zona costeira brasileira compreende uma faixa de 8.698 km de

extensão e largura variável, onde se concentra mais de um quarto da população brasileira e

contemplando um conjunto de ecossistemas contíguos sobre uma área de

aproximadamente 388.000 km².

A maior parte da população mundial vive em Zonas Costeiras e há uma tendência

permanente ao aumento da concentração demográfica nessas regiões, que correspondem a

menos de 2% do território terrestre e abriga uma população de mais de 4 bilhões de

pessoas. (PROJETO ORLA, 2004)

Por abrigar um mosaico de ecossistemas de alta relevância ambiental cuja

diversidade é marcada pela transição de ambientes terrestres e marinhos, com interações

que lhe conferem um caráter de fragilidade requerem uma atenção especial do poder

público, conforme demonstra sua inserção na Constituição brasileira como área de

patrimônio nacional.

2.1.1 Orla Marítima

De acordo com o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro II, a orla marítima pode

ser definida como unidade geográfica inclusa na zona costeira, delimitada pela faixa de

interface entre a terra firme e do mar.

17

Esse ambiente é caracterizado por seu equilíbrio morfodinâmico, no qual interagem

fenômenos terrestres e marinhos, sendo os processos geológicos e oceanográficos os

elementos básicos de conformação dos principais tipos de orla (PROJETO ORLA b, 2002).

Figura 1: Beira mar Noroeste Florianópolis Fonte: Google imagens, 2011

O espaço da orla é formado por porções aquática (compreendendo uma isóbata de

10 metros e uma profundidade na qual passam a sofrer influencia do fundo marinho) e

terrestre (50 metros em áreas urbanizadas ou duzentos em áreas não urbanizadas),

juntamente com uma faixa de contato e sobreposição entre esses meios.

Para o Projeto Orla (2002) a orla marítima também está associada a outros

condicionantes geográficos como o clima, a orografia ou a hidrografia que compõe os

ambientes naturais litorâneos (estuários, restingas, campos de dunas etc) e servem de

suporte para ecossistemas de grande importância, principalmente para a vida marinha.

Mesmo sendo uma pequena porção da zona costeira a orla maritíma é o elo entre a terra e

o mar, possuindo um ecossistema único. Sendo assim, a orla deve ser regulamentada e

organizada para a garantia de um desenvolvimento sustentável.

2.1.2 Artificialização

A palavra artificialização surgiu para conceituar a rápida alteração das condições

naturais do meio ambiente mediante a ação humana. No processo de uso e ocupação do

solo se enquadra no contexto econômico, social e ambiental colocando em questão a

sustentabilidade e preservação do meio alterado (PIATTO, 2009).

18

Segundo Milton Santos (1985) a artificialização pode ser entendida como cada

momento da evolução da sociedade, pois o Homem encontra um meio de trabalho já

constituído sobre o qual ele opera e a distinção entre o que se chama de natural e não-

natural resulta no artificial.

Para Lacasa (2009) “a artificialização é um processo pelo qual as condições

originais do ambiente são alteradas pela incorporação ou extração de elementos, o qual

não aparece naturalmente no processo evolutivo, sem a intervenção dos seres humanos.”

Silva (2007) diz que o processo de artificialização do meio natural ocorre sempre que

o homem transforma o espaço de acordo com as suas necessidades e disponibilidade de

recursos. A dimensão e a intensidade do processo está relacionada a matriz sócio - cultural

juntamente com a capacidade econômica e tecnológica da sociedade, que determina a

transformação do espaço e utiliza dos recursos oferecidos para satisfazer suas

necessidades. A urbanização é um dos processos de artificialização mais intensos e com

impactos mais significativos sobre o território e recursos litorais.

A alteração do solo tem como conseqüência a perda se suas funções ecológicas ou

produtivas, então quanto mais elevado o grau de artificialização mais difícil se torna a

recuperação do ambiente. É um fenômeno irreversível, altamente impactante e insustentável

(ZÚJAR E LAMA, 2006).

Portanto, para qualquer ocupação artificial, há uma modificação do ambiente natural

que na maioria das vezes não é devidamente planejada, o qual pode ocasionar a perda da

biodiversidade, contaminação de recursos hídricos e empobrecimento do solo. Em aspectos

sócio-culturais não pode se descartar a perda de patrimônios históricos, sítios

arqueológicos, entre outros (PIATTO, 2009).

Essa alteração de ambientes naturais para artificiais aumenta a vulnerabilidade do

local tornando-se um desafio para a gestão alcançar a sustentabilidade e restabelecer o

funcionamento natural do sistema (TEJADA, MALVAREZ et al. 2007).

2.1.2.1 Artificialização em Zonas Costeiras

Os litorais mundiais estão sujeitos a uma pressão de ocupação crescente, os quais

em vários casos a capacidade de carga dos sistemas naturais já foi excedida. Formam

agora sistemas artificiais, embora funcionem em maior ou menor grau de acordo com os

processos naturais, dependendo da capacidade interventiva do Homem. (DIAS, POLETTE,

CARMOS 2008).

19

A Zona Costeira é um exemplo claro do crescente processo de artificialização.

Existem diversos fatores que atuam em conjunto ocasionando a ocupação e transformação

dessa área, porém o fator mais relevante é o adensamento populacional juntamente com a

ocupação desordenada do solo a qual é impulsionada pela expansão de diversos setores da

economia como o turismo, construções de infra-estruturas e habitação (LACASA, 2009).

Segundo UN-HABITAT (2009) as áreas costeiras tem sido o local de assentamento

preferido pelos humanos, pois as cidades possuem um acesso as rotas marinhas e ligam-se

ao mundo, 65% da população dos habitantes dessa região vivem em áreas urbanas. Na

Europa, America do Noroeste, Oceania e America Latina esse índice sobe para 80%.

No relatório divulgado em 2006 pelo EEA – European Environment Agency (Agência

Européia do Ambiente) as tendências registradas para as zonas costeiras é crítica, o

crescimento das áreas artificiais ao longo das costas européias tende a aumentar a um terço

do ritmo superior ao das zonas de interior, aliado a densidade populacional que segundo os

registros é em média 10% maior que no interior e em alguns países chega a 50%.

Porém, o mais preocupante é o fato da conversão de áreas costeiras naturais para

áreas artificiais estar acontecendo em um ritmo superior ao de aumento da densidade da

população. Essas mudanças são irreversíveis e são vistas como principais ameaças a

sustentabilidade do local. Os principais fatores que contribuem além da habitação são as

áreas de serviço e atividade recreativa que correspondem a 61% do total da ocupação do

solo das costas para superfícies artificiais. As planícies costeiras registram uma taxa de

aumento de zonas artificiais de 1.900 km² entre 1900 e 2000 (EEA, 2006).

A sociedade sempre foi atraída pelas zonas costeiras por possuir diversos pontos

turísticos, paisagens únicas e alta qualidade de vida. Para Polette (2004) os municípios

costeiros comercializaram seu patrimônio paisagístico na forma de loteamentos o que

acarretou uma ocupação desordenada da paisagem colocando em risco o patrimônio que

gera seu atrativo turístico. Descaracterizando o ambiente, tornando-o precariamente

urbanizado e artificial, as praias estão cada vez mais movimentadas e poluídas

principalmente no veraneio.

Como já foi citado anteriormente a artificialização possui um caráter irreversível, pois

as zonas costeiras sofrem uma “compressão”. As áreas estão cada vez mais perto da linha

de costa em contato com sistemas naturais que funcionam como uma barreira de proteção

entre a terra e o mar. Essa compressão aumenta a vulnerabilidade das zonas costeiras em

relação às mudanças climáticas, a regressão marinha e eventos extremos como

tempestades (PIATTO, 2009).

20

Portanto, faz-se cada vez mais necessário um ordenamento do uso e ocupação do

solo e uma melhoria na gestão das zonas costeiras para controlar o processo de

artificialização dentro dos padrões da capacidade de suporte ambiental.

2.1.3 Gerenciamento Costeiro

O gerenciamento costeiro teve seu inicio nos Estados Unidos com o programa "The

Coastal Zone Management Act" em 1972, por meio do Congresso Americano e tornou-se

um importante instrumento para as atividades de planejamento e gerenciamento em zonas

costeiras. Posteriormente foi reconhecido por outros países como uma eficiente forma para

atingir o desenvolvimento ordenado dos recursos costeiros e marítimos. Como proposta do

programa, o gerenciamento costeiro leva em consideração todas as atividades que afetam a

zona costeira e seus recursos, lidando com aspectos que geram conflitos sociais,

econômicos, ambientais e ecológicos objetivando a harmonia do desenvolvimento com a

zona costeira (THE WORLD BANK NOORDWIJK GUIDELINES, 1993 apud POLETTE E

SILVA, 2003).

Considerando que o Brasil possui uma Zona Costeira extensa e complexa com

características distintas especiais onde ocorrem diversos processos e tendo como objetivo

principal compatibilizar a utilização e ocupação do ambiente de forma organizada de acordo

com os interesses políticos, sociais, econômicos e ambientais fez-se necessária a criação

da Política pública do Gerenciamento Costeiro, que foi introduzida pelo CIRM - Comissão

Interministerial para os Recursos do Mar, em 1974, através de um planejamento de gestão

integrada, descentralizada e participativa dos recursos naturais e dos ecossistemas

costeiros (BRASIL, Lei 7.661/88).

Para Polette e Silva (2003) o gerenciamento costeiro refere-se a um conjunto de

atividades setoriais e procedimentos que por meio de instrumentos permitem a gestão de

recursos costeiros para melhor utilização e conservação dos ambientes específicos que se

localizam na zona costeira. Utilizado de uma forma mais ampla, inclui todos os tipos de

instituições, como as governamentais, sociedades civis e privadas.

2.1.3.1 Gerenciamento Costeiro Integrado – GCI

Com a finalidade de reduzir os problemas na gestão costeira e visando a

preservação dos recursos naturais juntamente com os interesses políticos, sociais e

econômicos no começo da década de 1980, com as dificuldades de apenas um

gerenciamento costeiro, tornou-se mais aparente que a Zona Costeira era mais complexa do

que parecia e o conceito de Gerenciamento Costeiro Integrado ficou mais compreensivo

(POLETTE, 2004).

21

O gerenciamento costeiro integrado é uma proposta para as questões das zonas

costeiras, pode ser definido como um processo contínuo e dinâmico pelo qual são feitas

decisões e ações para o uso sustentável, desenvolvimento e proteção das áreas costeiras e

recursos marítimos (ASMUS et al. 2006 apud Polette). É baseado em métodos de

investigação e integração dos recursos costeiros sobre diferentes aspectos de abordagem

de elementos físicos, bióticos e socioeconômicos (Polette e Silva, 2003). Seu objetivo é o

planejamento e gestão dos sistemas e recursos, considerando aspectos históricos, culturais

e tradicionais, e busca a compreensão da origem dos conflitos de interesse e dos usos da

região costeira. Para CICIN-SAIN, 1998:

“Gerenciamento costeiro integrado é um processo, pois o mesmo caracteriza-se por ser participativo, contínuo, interativo e adaptativo, e que inclui uma série de deveres associados, e que devem alcançar metas e objetivos pré-determinados.”

.Em 1992 no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento - CNMAD concluiu que o GCI era o enfoque mais promissor

para o planejamento e tomada de decisões nas zonas costeiras. Uma década depois, na

Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável de Johanesburgo o Gerenciamento

Costeiro destacou-se novamente na declaração com o intuito de “promover, em âmbito

nacional, a gestão costeira e oceânica integrada, multidisciplinar e multissetorial bem como

estimular e ajudar os estados costeiros a desenvolver políticas e meceanismos oceânicos

para a gestão integrada”. Novamente a necessidade de enfoques holísticos que considerem

os impactos das atividades humanas nos ecossistemas desde as bacias até o mar.

A principal meta do Gerenciamento Costeiro Integrado - GCI é melhorar a qualidade

de vida das comunidades humanas que dependem dos recursos costeiros levando em

consideração a manutenção da diversidade biológica e a produtividade dos ecossistemas

costeiros (GESAMP, 1996 apud Polette e Silva 2003). No entanto, isto não deve ser

encarado de forma tão simplista, pois as costas têm uma grande diversidade de uso e são

altamente dinâmicas e densamente povoadas. Para se alcançar tal meta o GCI deve ter um

amplo processo de articulação política, inclusive a política partidária existente, o que

demanda cada vez mais um processo de integração e de envolvimento institucionais nos

mais diversos níveis e também ser capaz de aprender a se adaptar aos desafios impostos

pelas constantes mudanças da paisagem e melhorar cada vez mais seu ciclo de

planejamento e implementação.

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23

• Selecionar os assuntos sobre os quais se enfocarão os esforços de iniciativa e

gerenciamento; e

• Definir as metas do gerenciamento costeiro integrado.

2ª Fase – Preparação do programa

• Realizar as pesquisas identificadas como prioritárias;

• Preparar o plano de gerenciamento costeiro e a estrutura institucional sobre as

quais será implementada;

• Iniciar o desenvolvimento da capacidade técnica local;

• Planejar a sustentação financeira;

• Desenvolver ações de implementação em escala piloto (atividade demonstrativa em

temas ou áreas relativamente novas de um programa, que se executa para

desenvolver a experiência, criar interesse e capacidade para esforços de

gerenciamento de maior escala, bem como com visão de futuro); e

• Realizar programas de educação pública e conscientização.

3ª Fase – Adoção Formal e Financiamento

• Obter a aprovação governamental da proposta;

• Implementar o marco institucional básico do processo de Gerenciamento Costeiro

Integrado e obter o respaldo governamental para os diversos arranjos institucionais;

e

• Prover os fundos requeridos para a implementação do programa.

4ª Fase – Implementação

• Modificar as estratégias do programa conforme seja necessário;

• Promover o cumprimento das políticas e estratégias do programa;

• Fortalecer o marco institucional e o marco legal do programa;

• Fortalecer o compromisso da administração do processo e dos atores de acordo

com as estratégias e os resultados a serem obtidos;

• Fortalecer a capacidade gerencial, técnica e de gerenciamento financeiro do

programa;

• Assegurar a construção e manutenção da infra-estrutura física;

• Alimentar a participação aberta de quem respalda o programa;

• Implementar os procedimentos da resolução dos conflitos;

• Alimentar o apoio político e a presença do programa na agenda de grandes temas

em nível local, estadual e nacional; e

• Monitorar o desempenho do programa e as tendências do ecossistema.

24

5ª Fase – Avaliação

• Adaptar o programa a sua própria experiência, bem como às novas condições

ambientais, políticas e sociais; e

• Determinar os propósitos e impactos da avaliação.

Tabela 1 - Fases do Gerenciamento Costeiro Integrado Fonte: Polette (2008b) e Silva (2003), adaptado pela autora .

2.1.4 Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC

A primeira tentativa para estabelecer um plano de gestão da zona costeira partiu da

Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM, que em 1980 instituiu a Política

Nacional de Recursos do Mar – PNRM, que visava legalizar a integração entre as diversas

políticas nacionais setoriais relacionadas ao ambiente oceânico e costeiro. Mais tarde, em

1988, foi instituído o marco legal da gestão costeira, como parte integrante da PNRM e da

Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA com a promulgação da lei nº 7.661/88 que

institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro - PNGC, regulamentada pelo Decreto

nº 5.300/04. O PNGC visa dar atenção especial a orientação e utilização sustentável dos

recursos da Zona Costeira, tendo em vista elevar a qualidade de vida da população, e a

proteção do seu patrimônio natural, histórico, étnico e cultural. E em 1997 o PNGC foi

atualizado pelo PNGC II, o qual foca mais em planos e estratégias de ação englobando

além da União, os estados e municípios. (MARRONI e ASMUS, 2005). Por fim em 2004 sai

a publicação do Decreto 5.300 que regulamentou a lei 7.661/88.

O PNGC é operacionalizado pelo Programa de Gerenciamento Costeiro – GERCO e

tem como coodernador o Ministério do Meio Ambiente – MMA juntamente com executores

estaduais de 17 estados costeiros os quais buscam planejar de forma integrada,

descentralizada e participativa as atividades socioeconômicas dos municípios costeiros. A

tabela 2 simplifica a gestão costeira no Brasil:

25

PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO

SUPERVISÃO - Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM)

COORDENAÇÃO - MMA / SMCQA / PGT / GERCOM

ARTICULAÇÃO E APOIO NO ÂMBITO FEDERAL - Grupo de Integração do

Gerenciamento Costeiro GI-GERCO

ARTICULAÇÃO E APOIO NO ÂMBITO ESTADUAL E MUNICIPAL - Colegiados Costeiros

EXECUÇÃO - MMA e GERCOs Estaduais

Tabela 2 - gestão costeira simplificada no Brasil. Fonte: Polette (2008b), adaptado pela autora.

2.1.4.1 Objetivos do PNGC

PNGC tem como finalidade estabelecer de normas visando a gestão ambiental da

Zona Costeira lançando instrumentos para as políticas públicas, planos e programas

estaduais e municipais. Portanto, busca os seguintes objetivos:

1. Promoção do ordenamento do uso dos recursos naturais e da ocupação dos

espaços costeiros;

2. Estabelecimento do processo de gestão, de forma integrada, descentralizada e

participativa;

3. O desenvolvimento sistemático do diagnostico de qualidade de ambiental da Zona

Costeira, identificando suas potencialidades, vulnerabilidades e tendências predominantes,

como elemento essencial para o processo de gestão;

4. Incorporação da dimensão ambiental nas políticas setoriais voltadas à gestão

integrada dos ambientes costeiros e marinhos, compatibilizando-as com o PNGC;

5. Efetivo controle sobre os agentes causadores de poluição ou degradação

ambiental;

26

6. Produção e difusão do conhecimento necessário ao desenvolvimento e

aprimoramento das ações de Gerenciamento Costeiro.

2.1.4.2 Área de abrangência

1. Zona Costeira : espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus

recursos ambientais, abrangendo a Faixa Marítima e Faixa Terrestre:

1.1 Faixa Marítima: é a faixa que se estende mar afora distando 12 milhas marítimas (22,2

Km) das Linhas de Base estabelecidas de acordo com a Convenção das Nações Unidas

sobre o Direito do Mar, compreendendo a totalidade do Mar Territorial.

1.2 Faixa Terrestre: definida como a faixa do continente formada pelos municípios que

sofrem influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira, a saber:

• os municípios defrontantes com o mar, assim considerados em listagem desta

classe, estabelecida pelo Instituto Brasileiros de Geografia Estatística (IBGE);

• os municípios não defrontantes com o mar que se localizem nas regiões

metropolitanas litorâneas;

• os municípios contíguos às grandes cidades e às capitais estaduais litorâneas, que

apresentem processo de conurbação (conjunto urbano formado por uma cidade

grande e suas tributárias limítrofes ou agrupamentos das cidades vizinhas de

importância paralela);

• os municípios próximos ao litoral, até 50 km da linha de costa, que aloquem, em seu

território,

• atividades ou infra-estruturas de grande impacto ambiental sobre a zona costeira, ou

ecossistemas costeiros de alta relevância;

• os municípios estuarinos-lagunares, mesmo que não diretamente defrontantes com o

mar, dada a relevância destes ambientes para a dinâmica marítimo-litorânea;

• os municípios que, mesmo não defrontantes com o mar, tenham todos seus limites

estabelecidos com os municípios referidos nas alíneas anteriores. (PEREZ, 2007)

2.1.4.3 Instrumentos de Gestão

1. Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC: conjunto de diretrizes

gerais que se aplicam em diferentes esferas de governo e escalas de atuação,

orientando a implementação de políticas, planos e programas voltados ao

desenvolvimento sustentável da zona costeira;

2. Plano de Ação Federal da Zona Costeira – PAF: planeja de ações estratégicas

para a integração de políticas públicas na zona costeira.

27

3. Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC: implementa a Política

Estadual de Gerenciamento Costeiro define responsabilidades e procedimentos

institucionais para a sua execução, tendo como principal base o PNGC;

4. Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro - PMGC: implementa a Política

Municipal de Gerenciamento Costeiro, definindo as responsabilidades e

procedimentos institucionais para a sua execução, tendo como base o PNGC e o

PEGC, juntamente com os demais planos de uso e ocupação territorial e outros

instrumentos de planejamento municipal.

5. Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro - SIGERCO: componente

do Sistema Nacional de Informações sobre Meio Ambiente - SINIMA, que integra

informações georreferenciadas sobre a zona costeira. Atualmente Sistema de

Informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho (SIGERCOM);

6. Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira - SMA: estrutura

operacional de coleta contínua de dados e informações, que acompanha a dinâmica

de uso e ocupação da zona costeira e avalia as metas de qualidade socioambiental;

7. Relatório de Qualidade Ambiental da Zona Costeira – RQA-ZC: consolida, os

resultados produzidos pelo monitoramento ambiental e avalia a eficiência e eficácia

das ações da gestão;

8. Zoneamento Ecológico-Econômico Costeiro - ZEEC: orienta o processo de

ordenamento territorial, necessário para a obtenção das condições de

sustentabilidade do desenvolvimento da zona costeira .Mecanismo de apoio às

ações de monitoramento, licenciamento, fiscalização e gestão;

9. Macrodiagnóstico da zona costeira: reúne informações, em escala nacional,

sobre as características físico-naturais e socioeconômicas da zona costeira, com a

finalidade de orientar ações de preservação, conservação, regulamentação e

fiscalização dos patrimônios naturais e culturais (PEREZ, 2007).

Esse procedimento faz com que a comunidade se comprometa no processo de

desenvolvimento regional e social, preservando assim, os recursos da Zona Costeira.

2.1.5 Projeto Orla

Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima, ou Projeto Orla é uma ação inovadora

do Governo Federal coordenado em conjunto com o MMA sob a supervisão do Grupo de

Interação do Gerenciamento Costeiro – GI-GERCO. Coordenado pela Secretaria de

Qualidade Ambiental (MMA/SQZ) e Secretaria do Patrimônio da União do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão (MP/SPU) (PROJETO ORLA, 2002).

28

O Projeto Orla busca implementar uma política nacional de harmonização e

articulação de práticas patrimoniais e ambientais compartilhada com entes federados e a

sociedade civil, buscando o planejando de uso e ocupação da Zona Costeira para a

sustentação e a proteção dos seus recursos naturais e econômicos envolvendo atores de

cada localidade.

O seu maior desafio é lidar com a diversidade e dinâmica da Zona Costeira, que

possui uma extensão de aproximadamente 8500 km e 400 municípios litorâneos no Brasil,

sendo que 141 deles já aderiram ao projeto. Juntamente com seus peculiares aspectos de

territorialidade, encontra-se uma crescente geração de conflitos quanto à destinação de

terrenos e demais bens de domínio da União, com reflexos nos espaços de convivência e

lazer, visto que as praias são de uso comum do povo (PROJETO ORLA, 2006).

São objetivos estratégicos do projeto Orla:

• Fortalecer a capacidade de atuação e a articulação de diferentes atores do setor

público e privado na gestão integrada da orla, aperfeiçoando o arcabouço normativo

para o ordenamento de uso e ocupação desse espaço;

• Desenvolver mecanismos institucionais de mobilização social para sua gestão

integrada;

• Estimular atividades socioeconômicas compatíveis com o desenvolvimento

sustentável da orla.

A fim de obter uma melhor compreensão sobre a área de abrangência do projeto,

foram estabelecidos limites genéricos para a orla marítima:

• Na zona marinha, a isóbata de 10 metros (assinalada em todas cartas náuticas),

profundidade na qual a ação das ondas passa a sofrer influência da variabilidade

topográfica do fundo marinho, promovendo o transporte de sedimentos. Essa

referência poderá ser alterada desde que, no caso da redução da cota, haja um

estudo comprovando a localização do limite de fechamento do perfil em

profundidades inferiores;

• Na área terrestre, 50 (cinqüenta) metros em áreas urbanizadas ou 200 (duzentos)

metros em áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da

linha de preamar ou do limite final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por

feições de praias, dunas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos,

restingas,manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar,

quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos.

(PROJETO ORLA, 2002)

A Figura 3 mostra a área de abragência do Projeto orla:

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30

• Capacidade de coletar e processar dados espaciais obtidos a partir de

diversas fontes como levantamento de campo, mapas existentes,

fotogrametria, sensoriamento remoto, entre outros.

• Capacidade de armazenar, recuperar, atualizar e corrigir dados processados

de forma eficiente e dinâmica.

• Permitir manipulações para a realização de procedimentos de análises de

dados armazenados, com a possibilidade de executar diversas tarefas.

Porém para que um SIG cumpra sua função é necessário um banco de dados que deve

estar relacionado ao tipo de projeto a ser implementado. Deve-se verificar a existência

destes em órgãos apropriados (IBGE, DSG, Prefeituras, concessionárias, entre outros).

2.1.7 Sensoriamento Remoto de Uso e Ocupação do Solo

Sensoriamento remoto é uma tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de

dados da superfície terrestre por meio de captação e do registro da energia refletida ou

emitida pela superfície. O termo sensoriamento refere-se à obtenção de dados, e remoto

(que significa distante) porque a obtenção é feita à distância através de sensores instalados

em satélite artificiais o qual registra os dados e apresenta-os de forma adequada para

extração de informações (FLORENZANO, 2007).

A partir da análise e interpretação de imagens de sensores remotos, os conceitos

geográficos de lugar, localização, interação do homem com o meio, região e movimento

podem ser articulados. Pois as imagens obtidas permitem determinar diversas

configurações que vão da visão da Terra à visão de um Estado, região ou localidade

utilizando as características que retratam o revestimento do solo. Pode-se observar a

repartição entre terras e oceanos, a distribuição de unidades estruturais, localização de

cursos d’água, relevos continentais (escarpas, morros, cristas) e litorâneos (falésias, dunas,

praias, etc.), a evolução da cobertura vegetal e a configuração, organização e expansão das

grandes cidades bem como os fenômenos de conurbações e evoluções das áreas agrícolas

(NOVO, 2001).

Uma das principais aplicações do Sensoriamento Remoto concentra-se na utilização

de informações para o monitoramento do uso da terra (rural/urbana). O termo refere-se a

utilização “cultura’’ da terra, enquanto que o termo “cobertura da terra” ou “land cover”

refere-se ao seu revestimento (NOVO, 2001).

Geralmente o revestimento do solo está relacionado com as atividades exercidas

pelo homem (comercial, florestal, agrícola, residencial ou industrial). Os dados fornecidos

31

pelo sensoriamento remoto como fotografias aéreas e imagens de satélites, podem ser

usadas para relacionar e mapear o tema. No entanto o sensoriamento remoto não registra a

atividade diretamente e sim as características da terra as quais mostram o revestimento.

Sendo assim, as atividades de uso e ocupação do solo devem ser correlacionadas a

cobertura e interpretadas a partir dos modelos, formas, arranjos espaciais das atividades e

localização do terreno (MANUAL TÉCNICO DE USO DA TERRA, 2006).

As imagens de satélite, quando devidamente processadas podem ser usadas como

um mapa ou atributo de uma feição de um mapa, armazenando esses produtos derivados

de imagens em base de dados de SIG e sua interação com dados vetoriais da mesma área.

2.1.8 Cartografia Temática

De acordo com Martinelli (2003) no século XVIII, com instituição de academias

cientificas teve o inicio da cartografia.

“Cartografia é a ciência de representação e do

estudo da distribuição espacial dos fenômenos

naturais e sociais, suas relações e suas

transformações ao longo do tempo, por meio de

representações cartográficas - modelos icônicos –

que reproduzem este ou aquele aspecto da

realidade de forma gráfica e generalizada.”

(Salichtchev, 1973 apud Martinelli, 2003)

Com o crescimento de diversos ramos científicos e as mudanças na sociedade, foi

necessário desenvolver outro tipo de cartografia, a Cartografia Temática, a qual se somou a

Cartografia Topográfica. O espaço geográfico se tornou cada vez mais complexo, não

bastando somente localizar um fenômeno e sim explicar o que, onde e como ocorria

determinado fenômeno, o qual a Cartografia Temática se encarrega criando mapas

temáticos (MELERA, 2009). Assim são apresentadas informações de espacialização

qualitativas e quantitativas, sociais, naturais, econômicas e políticas, e suas relações r

transformações através da utilização de representações gráficas.

Para Francisco (2003) apud Melera (2009) a Cartografia Temática além de ser um meio

de registro de informações, é também um instrumento de pesquisa e divulgação de

resultados, os quais são necessários analisar e interpretar para representar as informações

obtidas através de mapas temáticos.

32

Mapas Temáticos são documentos elaborados em variadas escalas, o qual se destina

à representação gráfica de variáveis temáticas. Abrangem desde mapas físicos, como é o

caso de mapas geológicos, até mapas socioeconômicos, como mapas de distribuição

populacional (CARVALHO, PINA e SANTOS 2000).

2.1.9 Estudos de Caso

2.1.9.1 CORINE Land Cover - CLC

O Programa CORINE (Co-ordination of Information on the Environment) foi criado em

1985 pela Comunidade Européia com o objetivo de desenvolver um sistema de informação

sobre o estado do ambiente a nível europeu. Uma das principais componentes deste

programa foi o projeto CORINE Land Cover (CLC), que teve como objetivo principal a

produção de mapas de ocupação e uso do solo para os países da União Européia. Esta

base de dados ficou conhecida como CORINE Land Cover 1990 (CLC90). Em 1999 a

agência Européia do Ambiente (EEA) e o Centro Comum de Investigação (JRC) da

Comissão Européia, lançaram o Projeto I&CLC2000 com o objetivo principal de atualizar

para 2000 (CLC2000), o mapa CLC90 já existente. A versão mais recente do projeto é a

CLC2006 que é uma continuação atual do programa já existente para produzir mapas mais

atualizados para a classificação de uso e ocupação do solo o qual envolve atualmente 38

países (PERDIGÃO E ANNONI, 1997; EEA, 2002 apud CAETANO et all, 2006).

O Sistema de Classificação Land Cover (CLC) foi criado para ser desenvolvido em todo

o Globo (LACASA, 2009), e por ser o mais reconhecido e respeitado foi adaptado para este

trabalho a fim de padronizar internacionalmente as nomenclaturas. A classificação original

possui 44 classes (Anexo 1) e seus mapas de uso e ocupação do solo estão na escala de

1:100 000, por dados vetoriais, na sua maioria feitas por raster e fotografias aéreas.

2.12.2 Lacasa (2009)

LACASA (2009) realizou um estudo na Península de Porto Belo – SC visando a

identificação, localização e quantificação das superfícies artificiais da zona costeira e

classificou a península em quatro níveis de artificialização. O estudo foi realizado com o

auxílio do Sistema de Informações Geográficas (SIG) e imagens de satélite de alta

resolução, logo depois os classificou os trechos com o software ArcGis com as mesmas

escalas e nomenclaturas do presente trabalho. Aplicada a metodologia, o autor analisou o

grau de artificialização de cada mapa gerado, para depois unir os resultados e comparar

com a metodologia proposta pelo Projeto Orla. Vale salientar que será a principal referência

33

desse trabalho juntamente com Piatto (2009), pois os objetivos são semelhantes e a

metodologia aplicada é a mesma.

2.12.4 Piatto (2009)

Piatto (2009) analisou o grau de artificialização na orla dos municípios de Balneário

Camboriú e Itapema. Foi utilizada uma metodologia semelhante a de Lacasa (2009) e a

mesma presente nesse trabalho. A autora utilizou imagens de satélite de alta resolução,

dividiu a orla em unidades e trechos, fez uma análise da paisagem com as mesmas

nomenclaturas também presentes nesse trabalho e mediu o grau de artificialização dos

municípios de Itapema e Balneário Camboriú. Foram gerados diversos mapas temáticos

para melhor visualização dos resultados encontrados que condizem com a realidade dos

municípios. Depois de feita a análise comparou com a metodologia proposta pelo Projeto

Orla.

2.12.3 Camargo, Pellerin, Panitz (2001)

Os autores estabeleceram a classificação da vegetação do manguezal de Ratones e

Itacorubi, identificaram os estressores antrópicos dos manguezais e elaboraram um mapa

temático, através de técnicas de Sensoriamento Remoto e SIG, fornecendo dados básicos

para propostas de zoneamentos a fim de viabilizar futuros projetos interdisciplinares de

proteção ambiental, de uso e ocupação racional e elementos para uma estratégia da

conservação e desenvolvimento sustentável dos locais.

2.12.3 Oliveira (2000)

O objetivo da autora foi discutir a urbanização existente na ilha de Santa Catarina, a

apropriação, gestão de suas praias e terrenos de marinha. A pesquisa desenvolvida apóia-

se na regulamentação de áreas costeiras – praias, áreas de marinha e parcelas urbanas. O

trabalho estuda os novos loteamentos que está tornando a estrutura física da ilha dispersa,

fragmentada e descontinua colocando em risco a orla marítima e sua paisagem natural,

tornando-a cada vez mais artificializada.

34

3 METODOLOGIA

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo desse trabalho compreende a porção Noroeste do município de

Florianópolis – SC, situado no litoral Central de Santa Catarina.

Figura 4 - Mapa da área de estudo Fonte: Autora

3.1.1 Características de Florianópolis

O município de Florianópolis possui uma configuração urbana dividida entre o Continente

e a Ilha de Santa Catarina. Florianópolis possui uma área territorial de 671.578 km², sendo

que 399km² área total são a ilha. Segundo o último Censo realizado pelo IBGE (2010) sua

população total é de 421.240 habitantes. A ilha de Santa Catarina situa-se no litoral Central

do Estado de Santa Catarina, entre os paralelos de 27°22’45 “e 27°50’10" de latitude sul e

os meridianos de 48°21’37 “e 48°34’49" de longitude e possui uma costa de 174,3 km.

É caracterizada por um relevo irregular e por uma costa bastante recortada bordejada

inteiramente por águas do Atlântico Sul. O município apresenta uma imensa biodiversidade

de ecossistemas costeiros e possui 117 praias arenosas, o que tornou a cidade

35

internacionalmente conhecida. É uma das capitais brasileiras que oferece melhor

qualidade de vida e um dos municípios brasileiros mais visitados por turistas estrangeiros. Nas últimas décadas a ilha de Santa Catarina vem sofrendo grande pressão sobre seus

ecossistemas em virtude de ser um centro convergente de pessoas e empreendimentos.

Este aspecto se reflete sobre seu meio ambiente, causado muitos danos, alguns deles

irreversíveis. Entre os principais focos de degradação ambiental encontrados nestes

ecossistemas foram constatados: efluentes de esgoto em várias praias, ocupação irregular,

principalmente para especulação imobiliária, processos erosivos associados a causas

antrópicas, descaracterização de ecossistemas, ocupação de dunas, extração de fauna e

flora e ocupação habitacional dos manguezais (HORN, 2004).

O processo de ocupação da ilha de Santa Catarina vem-se acelerando nos últimos

tempos impulsionado pelo crescimento das atividades turísticas, o veraneio, lazer aquático,

terrestre e navegação juntamente com as conseqüências decorrentes do mau uso dos

ambientes descaracterizando e tornando a paisagem artificial o que torna esse processo

preocupante e muitas vezes irreversível.

3.1.2 História

Após a descoberta do Brasil a ilha era chamada de Jurerê-Mirim, logo depois ilha dos

Patos quando em 1526 Sebastião Caboto denominou-a de Santa Catarina. Primitivamente

era habitada pelos guaranis e nessa época já havia grandes migrações pelo litoral.

Em 1687, os moradores abandonaram a cidade devido a ataques piratas. Por volta de

1726 a cidade se reorganizou, sendo denominada como vila Nossa Senhora do Desterro,

com a chegada dos primeiros casais de açorianos destinados a vida agrícola. No ano de

1977 a ilha foi tomada por espanhóis e um ano depois se restituiu a Coroa Portuguesa. Em

1823 Desterro foi elevado categoria de cidade e tornou-se capital da província de Santa

Catarina.

Recebeu o nome de Florianópolis no governo de Hercílio Luz, em homenagem a Floriano

Peixoto em 1º de outubro de 1894. (PREFEITURA MUNICIPAL DE FLORIANÓPOLIS e

IBGE, 2011)

36

Figura 5 - Ponte Hercílio Luz com pista de madeira, em meados de 1935. Fonte: Prefeitura Municipal de Florianópolis, 2011

Florianópolis, ao entrar no século XX, passou por diversas transformações, sendo que a

construção civil foi um dos seus principais suportes econômicos. A implantação de redes de

energia elétrica sistemas de fornecimento de água e captação de esgotos somaram-se à

construção da Ponte Governador Hercílio Luz, como marcos do processo da urbanização.

3.1.3 Economia

Segundo a Prefeitura Municipal de Florianópolis a economia principal se concentra no

setor público. Comércio e serviços, além do turismo que através de estabelecimentos como

hotéis, agências de viagens, bares e restaurantes dominam 83% da economia local. Na alta

temporada com a chegada de aproximadamente 500 mil turistas, a cidade fatura cerca de

US$ 170 milhões.

A cidade explora o turismo, tanto no que tange à arrecadação de impostos no comércio

varejista e à oferta de empregos. O turismo gera lucros não só através de estabelecimentos

como hotéis, agências de viagens, restaurantes, bares, campings e outros, mas também

estimula uma economia informal com aluguéis de casas pelos próprios proprietários, sem

intermédio de imobiliárias, o surgimento de vendedores ambulantes nas praias e passeios

de barcos organizados pelos pescadores.

37

Figura 6 - Vista geral beira mar Noroeste Florianópolis. Fonte: Florianópolis mais perto, 2011.

Em seguida aparecem as indústrias de transformação com 12%, em destaque o parque

tecnológico de Florianópolis, formado por cerca de 300 empresas de ponta, muitas delas

fornecedoras para o mercado internacional. Juntas, geram mais 3 mil empregos diretos e

outros 14 mil indiretos, com faturamento de R$ 500 milhões por ano.

Outra importante atividade econômica, com 5% da economia local é a Maricultura.

Florianópolis é o maior produtor de ostras do país, com 70% do mercado (2,5 milhões de

dúzias por ano). A atividade gera 600 empregos diretos, 2,6 mil indiretos e resulta em um

faturamento anual de R$ 7 milhões.

3.1.4 Crescimento populacional

Segundo o censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010 dos 20 municípios com

maior índice de crescimento populacional 12 pertence à região litorânea. Florianópolis é a 2ª

cidade no ranking populacional, e possui o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)

do Estado.

A figura 7 mostra o crescimento populacional entre os anos de 1940 e 2010 para o

município de Florianópolis.

38

Figura 7 - Crescimento Populacional de Florianópolis. Fonte: IBGE, adaptado pela autora.

De acordo com o Censo 2010, Florianópolis cresceu o dobro da média nacional. A

população passou de 342.315 para 421.240 habitantes, o que representa um aumento de

18,08%, enquanto o crescimento médio do país foi de 9,4%. Em época de veraneio o

número de habitantes chega a triplicar, acidade também foi a que mais aumentou a

população na Região Sul (LOURENÇO, 2010).

3.1.5 ICMBio Florianópolis

Atendendo os pareceres estabelecidos PNGC (Lei Federal nº 7.661/1988), no Decreto

Federal nº 5.300/2004, no PEGC (Lei Estadual nº 13.553/2005) e no Decreto Estadual nº

5.010/2006, o poder executivo do Estado de Santa Catarina vem coordenando o processo

de elaboração do Programa Estadual de Gerenciamento Costeiro – GERCO/SC.

Considerando que o litoral catarinense possui cinco unidades de conservação federais

marinho-costeiras foi criado, por meio da Ordem de Serviço nº 14/2010 CR9/ICMBio, um

grupo de trabalho que visa “proceder a análise do Zoneamento Ecológico Econômico

Costeiro ZEEC/GERCO de Santa Catarina quanto à influência deste instrumento de

planejamento de ordenamento territorial e marítimo costeiro no que tange às atribuições

desta Autarquia”.

Criado em 2007, o Instituto Chico Menezes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio)

é um órgão ambiental vinculado ao MMA. Seu principal objetivo é monitorar, fiscalizar e

gerenciar as Unidades de Conservação (UCs) Federais protegendo o patrimônio natural e

25.01448.264

72.889

115.547153.547

254.944271.281

396.723421.240

1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2007 2010

Número de Habitantes

39

promovendo o desenvolvimento socioambiental. A ICMBio está responsável hoje por 310

unidades de conservação federais, totalizando aproximadamente 78 milhões de hectares,

além de 11 centros de pesquisa e conservação.

Em Santa Catarina, existem cinco bases regionais e 14 unidades de conservação

federais, sendo que cinco delas são marinho-costeiras: Área de Proteção Ambiental da

Baleia Franca, Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim, Estação Ecológica de Carijós,

Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Reserva Extrativista Marinha de Pirajubaé. Todas

elas com relação direta com o GERCO-SC.

Florianópolis engloba quatro UCs, são elas: APA Baleia Franca, a ESEC Carijós, a

Reserva do Arvoredo e a RESEX de Pirajubaé. (MMA, ICMBio, 2010)

3.1.5.1 ESEC – Carijós

A idéia de criar uma estação ecológica para conservar os manguezais ameaçados pela

rápida expansão urbana da capital de Santa Catarina (Florianópolis), e pela especulação

imobiliária, surgiu em 1977. Em 1981, através de um convênio entre a extinta Secretaria

Especial do Meio Ambiente (SEMA), o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis

(IPUF) e a Fatma, foram iniciados o cadastramento das propriedades e o levantamento

topográfico para a delimitação da área.

A Estação Ecológica Carijós foi criada em 20 de julho de 1987 pelo Decreto Federal n°

94.656, sendo inicialmente administrada pela Fundação Estadual do Meio Ambiente

(FATMA), em 1989 foi assumida pelo Ibama e agora é administrada pela ICMBio (IBAMA,

2003).

A instituição tem como principal objetivo promover a gestão participativa por meio da

realização de atividades e projetos em educação ambiental, mobilização social e pesquisa

científica.

A ESEC Carijós localiza-se a noroeste da Ilha de Santa Catarina, ocupando uma área de

aproximadamente 720ha e parte da área analisada nesse trabalho, é dividida em duas

glebas cerca de 5 km entre si, e se caracteriza por uma interação terra-mar. A Unidade é

composta com vegetação de manguezal, que é predominante, e de restinga. Uma delas é o

Manguezal do Rio Ratones, com 6,25 km² e a outra é o Manguezal de Saco Grande, que

possui 0,93 km² (INSTITUTO CARIJÓS, 2011).

A conservação dessas duas áreas é extremamente importante porque ambas

encontram-se sob forte pressão de urbanização, estudos mostram que entre 1991 e 2000, o

40

crescimento da população entorno da ESEC foi de 164,30%. Assim, a Unidade não só

protege um ecossistema bastante ameaçado, como também evita que a expansão urbana

aconteça de forma contínua e sem planejamento (IBAMA, 2003).

3.2 METODOLOGIA

O presente trabalho analisou os diferentes graus de artificialização da orla marítima da

porção Noroeste do município de Florianópolis e foi desenvolvido no Laboratório de

Gerenciamento Costeiro Integrado na UNIVALI. Para essa análise foi reaplicada a

metodologia de LACASA (2009) e PIATTO (2009), baseada na ocupação do solo da orla

marítima.

Para a visualização do desenvolvimento da metodologia do trabalho proposto foi feito um

fluxograma:

Fluxograma resumido da metodologia proposta desse trabalho

Geração e levantamento de dados. (Arcgis10)

Mapas temáticos de artificialização.

Interpretação das imagens.

Determinação das técnicas

especificas.

Identificação da área de estudo

(Arcgis 10 online).

- Escalas

-Nomenclatura

41

3.2.1 Interpretação e mapeamento do solo marítimo

Para essa análise foi utilizado as imagens disponíveis na base de dados do ArcGis

online e estabelecido o trecho de 300 metros de distância a partir do maior espraiamento. As

imagens apresentam diferentes tipos de urbanização, a ocupação do solo e o estado o qual

se encontra as paisagens naturais. Dessa forma, foi possível identificar os processos que

estão ocorrendo na região e como se dá o uso e ocupação da orla marítima.

3.2.2 Determinação das especificações técnicas

Durante a construção do projeto foram feitas discussões no Laboratório de

Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto juntamente com o Laboratório de

Gerenciamento Costeiro entre alunos e professores. Onde anteriormente realizaram-se

trabalhos similares, os quais seguiam a mesma linha de classificação e ocupação do solo e

tiveram sua metodologia padronizada, baseada no estudo de Lacasa (2009) e Piatto (2009).

Foram realizadas também saídas de campo para o reconhecimento da área de estudo.

3.2.3 Delimitação da área de estudo

3.2.3.1 Orla marítima

Para delimitar a área de estudo foi utilizada a metodologia do Projeto Orla (2002b) que

considera a orla marítima uma faixa de 50 metros em áreas urbanizadas e 200 metros em

áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha preamar ou

do limite final do ecossistema onde estão situados os terrenos da marinha e seus

acrescidos. A resolução do CONAMA n 303/2002 delimita as áreas de preservação

permanente uma faixa mínima de 300 metros medidos a partir da linha de preamar máxima

a fim de proteger a restinga.

Visando abranger as duas metodologias o trabalho proposto foi realizado com uma área

de estudo de 300 m a partir da linha preamar máxima.

3.2.3.2 Setores de paisagem

Baseando-se na configuração das praias, suas diferentes paisagens (estruturas de

suportes físicos como morros, falésias e/ou cobertura tanto de vegetação assim como de

urbanização) a área de estudo foi dividida em setores e depois subdividida em trechos para

a melhor classificação e delineamento para as futuras gestões.

3.2.4 Escala

Três diferentes escalas foram utilizadas para cumprir os objetivos do trabalho, de acordo

com cada etapa do projeto:

42

• 1: 2.000: Escala de trabalho. A partir dela foram feitas as interpretações,

classificações e representações da área de estudo utilizando a nomenclatura para

obtenção do tipo de ocupação.

Figura 8 - Escala 1:2000 para classificação dos objetos Fonte: Autora

• 1: 25.000: Escala para tomada de decisão. Nessa escala é possível analisar cada

trecho das unidades de paisagem para tomar a decisão quanto ao planejamento e

gestão.

Figura 9 - Escala 1:25000 para tomada de decisão Fonte: Autora

• 1: 70.000: Escala Regional. Essa escala visa facilitar a visualização da área total do

estudo e ilustra o grau de artificialização de todos os trechos.

43

Figura 10 - Escala 1:70000 de compreensão Fonte: Autora

3.2.5 Unidade Mínima

Entende-se por unidade mínima o tamanho a ser representado dependente da escala e

da resolução da imagem. Nesse estudo, a unidade mínima é referida quando a superfície

onde a interferência humana não pode ser determinada. Como por exemplo, alguns tipos de

degradação (erosão, poluição) ou quando a qualidade da imagem é alterada devido a

presença de nuvens acima do solo estudado, dificultando a visualização.

Durante a classificação dos objetos em uma escala de 1:2000 (em alguns casos escala

menor ou maior dependo da qualidade da imagem) sofreram homogeneização, e foram

incluídas em um parâmetro mais próximo.

3.2.6 Classificação Hierárquica

Foi realizada a classificação hierárquica a partir de cinco grupos de diferentes

detalhamentos descritos na tabela:

Espaços Naturais e Semi- Naturais

Utilizada para espaços naturais os quais não

sofrem intervenções humanas e áreas naturais

que sofreram alguma interferência imperceptível.

Áreas Residenciais Áreas ocupadas por diferentes tipos de

residência.

44

Infra Estrutura, Equipamentos e Áreas Comerciais.

Espaços artificiais cobertos por industrias,

comércio, infra estrutura de transporte (porto,

rodoviária, aeroporto), instalações publicas entre

outras estruturas.

Minas, Depósitos de Lixo e Áreas em construção.

Áreas de extração mineral, depósitos de lixo,

áreas em construção entre outras associadas.

Áreas de Agricultura e Silvicultura Áreas de extração natural, agrícola e florestal.

Tabela 3 - Classificação dos 5 grandes grupos Fonte: Piatto (2009) e Lacasa (2009)

3.2.7 Classe de Uso e Nomenclaturas Utilizadas

O método mais utilizado e reconhecido por vários autores do mundo para a análise de

uso e ocupação do solo é o de Corine Land Cover, portanto, a elaboração das classes e

suas legendas foram adaptadas do mesmo.

1. Espaços Naturais 4.Infra-Estrutura, Equipamentos e Áreas Comerciais

1.1 Duna 4.1 Áreas portuárias

1.2 Praia 4.2 Unidade industrial ou comercial

1.3 Costão 4.3 Estrada e Terreno Associado

1.4 Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) 4.4 Rodovia e Terreno Associado

1.5 Restingas (Formação Pioneira de Influência

Marinha)

4.5 Caminho ou estrada sem Asfaltar

1.6 Mangue (Formação Pioneira de Influência

Flúvio Marinha)

4.6 Instalações Públicas

1.7 Comunidades Aluviais (Formação Pioneira de

Influência Flúvio Lacruste)

4.7 Áreas urbanas Verdes

1.8 Cursos D’água 5. Minas, Depósitos de Lixo e Áreas em Construção

1.9 Lagoa 5.1 Áreas em construção

2. Espaços Semi-Naturais 5.2 Área de Extração Mineira

45

2.1 Espaços Naturais Alterados 5.3 Depósito de Lixo

2.2 Espaços Naturais muito Alterados 6. Áreas de Agricultura e Silvicultura

3. Áreas Residenciais 6.1 Agricultura não intensiva

3.1 Tecido Urbano Contínuo 6.2 Agricultura intensiva

3.2 Área Residencial Multifamiliar 6.3 Áreas Agro-Florestais

3.3 Área Residencial Unifamiliar 6.4 Áreas de Pastos e Pecuária

3.4 Tecido Urbano Descontínuo 6.5 Silvicultura

Tabela 4 - Classes de uso e ocupação do solo Fonte: Lacasa (2009) e Piatto (2009), adaptado pela autora

Contudo, ao ser realizado o estudo do grau de artificialização da orla Noroeste de

Florianópolis foram utilizadas apenas algumas dessas classes, visto que as nomenclaturas

criadas foram baseadas em todo o litoral Centro-Noroeste de Santa Catarina. As classes e

as legendas utilizadas estão representadas na tabela 5:

46

Tabela 5 - nomenclaturas utilizadas para a classificação das imagens da porção Noroeste do município de Florianópolis. Fonte: Autora

3.2.8 Determinação do Grau de Artificialização

Para definir o Grau de Artificialização da orla Noroeste de Florianópolis foi utilizado duas

etapas:

- Determinação do Nível de Artificialização por tipo de Classe.

- Determinação do Grau de Artificialização por unidade de paisagem.

3.2.8.1 Determinação do Nível de Artificialização por tipo de Classe

Para produzir uma classificação válida foi aplicado o Método Delphi, onde um grupo de

especialistas selecionados pela sua experiência responde a um questionário em um ou mais

47

ciclos. Esta ferramenta foi utilizada para diminuir as incertezas e subjetividades do

processo de quantificação do nível de artificialização.

Neste caso, cinco diferentes profissionais responderam a um questionário individual e

atribuíram valores para 21 classes de uso diferentes com pesos que variam de 0 (menor) a

4 (maior) conforme os níveis de artificialização.Como os espaços naturais não sofrem com

os traços artificiais, as classes que pertencem a esse grupo não foram inclusas. A tabela

seguinte mostra o valor médio de cada classe para possível classificação do grau de

artificialização por tipo de ocupação.

• 0 = Sem presença de traços artificiais.

• 0 < X <1,5 = Baixo nível de artificialização.

• 1,5 < X ≤ 3,0 = Médio nível de artificialização.

• 3,0 < X ≤ 4,0 = Alto nível de artificialização.

Tabela 6 - Valores dos Níveis de Artificialização Fonte: Lacasa (2009), adaptado pela autora

A tabela seguinte mostra o valor das classes segundo os especialistas.

Classes Nível de

Artificialização1. Espaços Naturais e Semi-Naturais 1 2 3 4 5 PESO 1.12 Classe: Espaços Naturais Alterados (recuperáveis) 1 1 1 1 2 1,2 BAIXO 1.13 Classe: Espaços Naturais muito Alterados (irrecuperáveis) 4 4 2 2 4 3,2 ALTO 2. Áreas Residenciais 2.1 Classe: Tecido Urbano Contínuo 4 4 4 4 4 4 ALTO 2.2 Classe: Área Residencial Multi-familiar 4 4 3 4 3 3,6 ALTO 2.3 Classe: Área Residencial Uni-familiar 4 2 2 3 3 2,8 MÉDIO 2.4 Classe: Tecido Urbano Descontínuo 3 2 1 2 3 2,2 MÉDIO 3. Infra-Estrutura, Equipamentos e Áreas Comerciais 3.1 Classe: Áreas portuárias 4 4 4 4 4 4 ALTO 3.2 Classe: Unidade industrial ou comercial 4 4 3 4 4 3,8 ALTO 3.3 Classe: Estrada e Terreno Associado 3 3 2 3 3 2,8 MÉDIO 3.4 Classe: Rodovia e Terreno Associado 4 4 3 4 3 3,6 ALTO 3.4 Classe: Caminho ou estrada sem Asfaltar 3 2 1 2 2 2 MÉDIO 3.5 Classe: Instalações Públicas 4 4 1 3 4 3,2 ALTO 3.6 Classe: Áreas urbanas Verdes 2 2 1 2 1 1,6 MÉDIO 4. Minas, Depósitos de Lixo e Áreas em Construção 4.1 Classe: Áreas em construção 4 4 2 4 2 3,2 ALTO 4.2 Classe: Área de Extração Mineira 4 4 3 4 4 3,8 ALTO 4.3 Classe: Depósito de Lixo 4 4 3 4 4 3,8 ALTO

48

5. Áreas de Agricultura e Silvicultura 5.1 Classe: Agricultura não intensiva 2 2 1 2 3 2 MÉDIO 5.2 Classe: Agricultura intensiva 4 3 3 3 4 3,4 ALTO 5.3 Classe: Áreas Agro-Florestais 3 3 3 2 2 2,4 MÉDIO 5.5 Classe: Áreas de Pastos e Pecuária 2 2 3 3 3 2,6 MÉDIO 5.6 Classe: Silvicultura 4 4 1 2 3 2,8 MÉDIO Tabela 7 - Valores das classes determinadas pelos especialistas Fonte: Piatto (2009)

3.2.8.2 Determinação do Nível de Artificialização por Unidade de Paisagem

O nível do grau de artificialização desse trabalho é obtido através de dois valores:

• Porcentagem de áreas naturais e artificiais;

• Porcentagem de ocupação por classes com alto nível de artificialização.

Nesta classificação foram propostos quatro diferentes graus de artificialização para cada

unidade de paisagem:

NATURAL/SEMI NATURAL/SEMI-ARTIFICIAL/ARTIFICIAL

O método Delphi foi novamente utilizado e chegou-se a um consenso entre os especialistas,

mais dessa vez para atribuir os quatros níveis de classificação final. O limite final está

definido na tabela.

A partir da tabela 8 é possível visualizar as porcentagens e entender a classificação de um

segmento:

%OCUP NAT/ART

% ALTO NÍVEL ART CLASSIFICAÇÃO

> 91 < 5 Natural

91 ≥ X > 67 5 ≤ X <12 Semi - Natural

67 ≥ X > 30 12 ≤ X < 25 Semi - Artificial

≤ 30 ≥ 25 Artificial Tabela 8 - Limites das porcentagens de cada Nível de Artificialização. Fonte: Lacasa (2009) e Piatto (2009), adaptado pela autora

Por exemplo, uma determinada área com seu território coberto com 40,77% de espaços

naturais é considerado um espaço Semi-Artificial, porém tendo 25,01% com Alto Nível de

corresponde a um espaço Artificial. Portanto para classificar cada trecho e posteriormente

cada setor é necessário observar a % de ocupação natural e a % do alto nível de

artificialização, pois dependendo do caso uma porcentagem pode se sobrepor a outra e a

classificação é feita a partir do nível menos favorável.

49

3.2.9 Elaboração de mapas

3.2.9.1 Imagens de Satélite

Foram utilizadas imagens de alta resolução obtidas através da base digital on line do

software Arcgis 10, fornecidas pelo satélite QUICKBIRD.

3.2.9.2 Geração de dados utilizando o software Arcgis 10.

Para o mapeamento da área foi utilizada a ferramenta ArcMap 10 do softwere ArcGis 10.

3.2.9.3 Mapas dos diferentes graus de artificialização

A partir da metodologia foram gerados mapas temáticos o qual permitiram a visualização

e análise dos diferentes graus de artificialização de cada setor e seus respectivos trechos.

Com isso, foi possível quantificar o Nivel do Grau de Artificialização de cada trecho do

Noroeste da ilha de Florianópolis, fornecendo indicadores que refletem diretamente na

condição da orla e na dinâmica do processo de artificialização que vem ocorrendo.

50

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesse capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos através da proposta

da metodologia a fim de analisar do Grau de Artificialização da porção Noroeste da Orla do

município de Florianópolis.

Primeiramente são analisados os valores obtidos de cada categoria de uso e ocupação

do solo juntamente com suas classes. Depois, cada setor e trecho são estudados

particularmente e recebem um valor segundo o quadro de especialistas, para determinar o

nível de artificialização de cada um. Após feita a análise de cada setor e trecho é obtido um

resultado geral para toda a porção Noroeste de Florianópolis. Para facilitar a visualização da

magnitude do processo de artificialização que está ocorrendo na orla marítima de

Florianópolis foram gerados mapas temáticos, gráficos e tabelas.

4.1 CLASSES DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

A tabela 10 apresenta os valores encontrados para cada classe:

51

CLASSES ÁREA (m²) (%) Espaços Naturais 2896159,4 42,79076%Praia 217047,76 3,206881%Costão Rochoso 37416,187 0,552824%Floresta Ombrófila Densa 920558,5 13,60125%Formação Pioneira de Influência Marinha 250886,28 3,706846%Formação Pioneira de Influência Flúvio Marinha 1415301,5 20,91108%Cursos D’água 32053,132 0,473585%Lagoas 22896,077 0,33829%Espaços Semi-Naturais 190051,12 2,808006%Espaços Naturais Alterados 178366,32 2,635363%Espaços Naturais muito Alterados 11684,794 0,172643%Áreas Residenciais 2956070,9 43,67596%Tecido Urbano Contínuo 499563,39 7,381051%Área Residencial Multifamiliar 863256,09 12,75461%Área Residencial Unifamiliar 742536,12 10,97097%Tecido Urbano Descontínuo 850715,29 12,56932%Infra-Estrutura, Equipamentos e Áreas Comerciais 655506,79 9,685115%Áreas portuárias 9023,803 0,133327%Estrada asfaltada e Terreno Associado 327108,92 4,833035%Caminho ou estrada sem Asfaltar 167250,63 2,471129%Áreas urbanas Verdes 152123,44 2,247624%Áreas de Agricultura e Silvicultura 70399,825 1,040158%Agricultura não intensiva 70399,825 1,040158%ÁREA TOTAL 6 768 188 100%

Tabela 9 - Valores obtidos para todas as classes da porção Noroeste do município de Florianópolis. Fonte: Autora

52

A figura 11 demonstra a distribuição das classes de uso e ocupação do solo da área

estuda.

Figura 11 - Classes da porção Noroeste do município de Florianópolis/Fonte: Autora

53

A porção Noroeste do município de Florianópolis tem como base os 300 m de faixa de

orla e apresentou como área de estudo total 6.768.188 m².

Esta porção de orla marítima apresentou 57,20% de sua área territorial com alterações

da paisagem ou efeitos antrópicos. Os espaços naturais somam 42,80% da cobertura total.

Dos 42,80 %, 20,91% são formadas por manguezais (Formação Pioneira de Influência

Flúvio Marinha), 13,60% são de Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa), 3,71%

corresponde a restiga (Formação Pioneira de Influência Marinha) e 3,21% a praias. As

demais classes encontradas somam 1,36% que são costão rochoso (0,55%), cursos d’água

(0,47%) e lagoas (0,34%).

Esses resultados surpreendentes estão ligados a presença de um manguezal situado no

Noroeste da Ilha sobre a Baia Noroeste, o qual ocupa a parte estuarina do Rio Ratones, e

faz parte da Estação Ecológica de Carijós. Segundo Camargo (2001) a formação do

manguezal inicia-se desde a ponta de Daniela e se estende a Enseada de Ratones

apresentando diversos tipos de formações como Mangue alto, mangue baixo, mangues em

transição, marismas, spartinas e apicum. Essas áreas também são recortadas e de difícil

acesso, o que torna a ocupação restrita.

A categoria semi-natural representa 2,80%, visto que 2,63% são os espaços naturais

alterados, podendo ser reversíveis. Logo, os muito alterados possuem um valor muito baixo

de 0,17%, os quais necessitam da interferência do homem para serem reconstruídos.

As áreas residenciais é a categoria que representa o maior índice de cobertura na orla,

totalizando 43,68% de ocupação humana. Dentro dessa categoria destacam-se as áreas

residenciais multi familiares (12,75%), seguida das áreas residenciais uni familiares

(10,97%), tecido urbano descontínuo (12,57%) e tecido urbano contínuo (7,38%) que

representa uma elevada densidade demográfica (acima de 80% do território coberto). As

áreas residenciais são mais presentes nas praias de Canasvieiras, Jurerê e Daniela, as

quais apresentam um maior índice populacional.

A categoria de Infra-Estrutura, Equipamentos e Áreas Comerciais somam 9,68%,

representam as estradas afastadas (4,83%), Caminho ou estrada sem Asfaltar (2,47), Áreas

urbanas Verdes (2,25%) e Áreas portuárias (0,13%).

A categoria de Agricultura não intensiva participa com uma porcentagem muito pequena

de 1,04.

54

A orla Noroeste do município de Florianópolis foi dividida em 5 setores, dois deles

foram subdivididos em 5 trechos. Desta forma possibilita uma melhor visualização das

particularidades de cada unidade de paisagem para a determinação do grau de

artificialização.

4.1.1 Setor 1

O setor 1 é representado pelo Balneário de Canasvierias, situa-se na porção Noroeste

da Ilha de Florianópolis, a 27 km do centro e possui uma área de 938.046,76 m².

.

Figura 12 - orla marítima Canasvieiras Fonte: Autora

55

Figura 13 - residências da orla de Canasvieiras Fonte: Autora

Balneário de Canasvieiras é uma das praias mais importantes do Noroeste, pois funciona

como um centro intenso de comércio e turismo, principais núcleos de desenvolvimento de

Florianópolis. Apresenta uma orla exposta, com uma ocupação consolidada devido à

facilidade de acesso propiciada pela rodovia SC 401.

Com uma intensa urbanização, foi a orla que apresentou a maior taxa de cobertura de

solo com 91,5 % de ocupação, sendo que 70,72% são áreas residenciais, as quais 34,92 %

são residências multi familiares e 33,60% são residências uni familiares.

Em seguida destaca-se a Infra-Estrutura, equipamentos e áreas comercias (20,76%) os

quais representam as áreas comerciais e estradas que acompanham a crescente

urbanização.

Com uma pequena porcentagem aparecem os Espaços Semi-Naturais e Naturais,

somando 8,53%. Apresentam a vegetação de restinga alterada e suprimida, localizada no

leste de Canasvieiras. Devido ao crescimento turístico acelerado e ocupação urbana

desordenada torna essa uma região artificializada e carente de paisagens naturais.

Na figura 14, estão distribuídas as categorias do Setor 1.

56

Figura 14 - Valores encontrados para cada categorias do Setor 1 Fonte: Autora

4.1.2 Setor 2

O Setor 2 está localizado no Noroeste da Ilha de Florianópolis, possui uma área de

1.568.896 m² e foi subdividido em três trechos (2.1 ; 2.2; 2.3) representa os Balneários de

Jurerê e Jurerê Internacional.

Figura 15 - orla marítima Jurerê Tradicional Fonte: Autora

2,35% 6,18%

70,72%

20,76%

Setor 1Espaços Naturais

Espaços Semi‐Naturais

Áreas Residenciais

Infra‐Estrutura,Equipamentos e ÁreasComerciais

57

Figura 16 - marina Jurerê Tradicional Fonte: Autora

O trecho 2.1 localizado ao leste de Jurerê Tradicional possui a maior porcentagem de

ocupação de áreas residenciais (71,4%) de toda a orla Noroeste de Florianópolis, nesse

trecho se encontram os moradores mais antigos do bairro (CECCA, 2002). Destaca-se por

seus espaços naturais, 13,64% de cobertura. Desses 13,64%, 9,57% são de Floresta

Ombrófila Densa distribuídas nas encostas dos morros. Esse trecho também apresenta o

Iate Clube de Santa Catarina (área portuária 1,83%).

O trecho 2.2 , Jurerê Tradicional, possui o maior indice de cobertura de solo do Setor 2,

totalizando 84,54% de ocupação. Desse, 69,24% são áreas residenciais, e 53,53 % dessas

são residencias multifamiliares. A ocupação de Jurerê vem ocorrendo em função de

iniciativas particulares, por meio de loteamentos.

O trecho 2.3 representa o empreendimento de Jurerê Internacional, um espaço

diferenciado situado no noroste da Ilha de Florianópolis à aproximadamente 25 km do

centro. Seu acesso se dá pela Rodovia SC 401, ligada à Avenida Beira Mar Noroeste.

58

Figura 17 - Jurerê Internacional Fonte: Autora

Figura 18 - Jurerê Internacional Fonte: Autora

O empreendimento de Jurerê Internacional teve inicio em 1980 pela empresa Habitasul

que elaborou um projeto de urbanização e conservação das praias, destinado a um grupo

de alta renda, concebido de acordo com a expectativa turística e do mercado imobiliário.

A organização espacial do ambiente tem um modelo de gestão particular para seus

empreendimentos, chamada de Plano de Qualidade de Vida. São serviços de jardinagem e

59

paisagismo, coleta seletiva de lixo, elaboração de normas de conduta e serviços ligados à

vigilância. Este modelo de gestão tem como objetivo construir um loteamento bem

estruturado, com ruas asfaltadas e fornecimento de infra-estrutura básica completa,

promover a qualidade de vida, construindo praças de lazer e esporte, bosques e outros

(HABITASUL, 2011).

Segundo a Habitasul, Jurerê Internacional é, hoje, referência em urbanização orgânica e

sustentabilidade para todo o País. Teve a sua ocupação planejada desde o início, das ruas

e construções até a segurança, comércio e serviços. Nasceu com plano diretor próprio,

garantindo a preservação do meio ambiente, a densidade demográfica é de 50% a 70%

menor do que o autorizado pelo plano diretor de Florianópolis.

Através do estudo realizado, Jurerê Internacional apresenta 72,26% de ocupação do

solo, sendo que 50,1 % são áreas residenciais e 22,16 % é de infra-estrutura, destacando

as estradas (14,83%) e áreas urbanas verdes (7,34%).

Os Espaços Naturais somam 13,91%, e a cobertura da vegetação de restinga (8,48%) é

protegida por cercas e passarelas de acesso a praia.

Figura 19 - Vegetação protegida de restinga, Jurerê Internacional Fonte: Autora

60

Figura 20 - Praia Jurerê Internacional Fonte: Autora

Espaços Semi Naturais e Agricultura não intensiva têm uma porcentagem 13,83%, pois

antes de ser adquirida pelo grupo a região apresentava áreas de pastos devido à atividade

anteriormente exercida no local.

A Figura 21 apresenta a distribuição por categoria dos Trechos do Setor 2:

Figura 21 - Distribuição por categoria dos trechos do Setor 2

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00

trecho 2.1

trecho 2.2

trecho 2.3

Distribuição por categoria dos trechos do Setor 2

Espaços Naturais

Espaços Semi‐Naturais

Áreas Residenciais

Infra‐Estrutura, Equipamentos eÁreas Comerciais

Áreas de Agricultura eSilvicultura

61

Fonte: Autora

Jurerê Internacional sofre um processo de artificialização evidente, porém com o

planejamento urbano adotado permitiu uma maior organização urbana e o controle do

processo de artificialização, o que originou um problema de menor escala em relação as

outras praias.

4.1.3 Setor 3

O Setor 3 se localiza no noroeste da ilha, é conhecida como praia do Forte. Possui uma

área de 469.130,12 m² com uma orla recortada com relevos, montanhas e planícies menos

extensas, o que dificulta a urbanização e garante uma melhor conservação da vegetação.

Figura 22- Vista da orla marítima da praia do Forte Fonte: Autora

Esse setor possui 80,68% de espaços naturais, 70,68% são de Floresta Ombrófila

Densa que está situada ao redor dos relevos e costões. As áreas residenciais apresentam

15,53% possuindo apenas a classe de tecido urbano descontinuo, a qual é caracterizada

por casas e/ou vilarejos isolados, a população que reside no local são em sua grande

maioria pescadores artesanais.

62

Figura 23 - Pesca artesanal na orla marítima do Forte Fonte: Autora

Figura 24 - Praia do Forte Fonte: Autora

A figura 25 apresenta a distribuição por categorias do Setor 3:

63

Figura 25 - Distribuição por categoria do Setor 3 Fonte: Autora

4.1.4 Setor 4

O Setor 4 localiza-se no noroeste da Ilha de Florianópolis e representa a praia de

Daniela, com uma área de estudo de 1.125.817 m².

Figura 26 - Residências na orla de Daniela Fonte: Autora

80,68%

2,66% 15,53%

1,13%

Setor 3Espaços Naturais

Espaços Semi‐Naturais

Áreas Residenciais

Infra‐Estrutura,Equipamentos e ÁreasComerciais

64

Figura 27 - Praia de Daniela Fonte: Autora

Neste Setor a maior porcentagem de cobertura é de Áreas Residenciais (47,43%), pois o

balneário encontra-se em crescente urbanização atraindo turistas por possuir diversas casas

de veraneio e uma praia com águas calmas.

Em seguida aparece a classe Espaços Naturais (40,77%), dentro dessa categoria a

classe dos manguezais apresenta 29,26% de cobertura, pois a porção sul da região fica ao

entorno da gleba do rio Ratones e faz parte da Estação Ecológica de Carijós.

Figura 28 – Estação Ecológica Daniela

65

Fonte: Autora

Segundo análise de dados do IBGE, a população do entorno da ESEC Carijós cresceu

164% entre 1991 e 2000, taxa muito mais elevada do que o município de Florianópolis, que

apresentou um crescimento de 33,8%. As atividades comerciais apresentaram um

crescimento proporcional destacando-se aquelas relacionadas com a construção civil

(AMIGOS DE CARIJÓS et al., 2002 apud SILVA, 2005).

A figura 29 apresenta a distribuição por categorias do Setor 4:

Figura 29 - Distribuição por categorias do Setor 4 Fonte: Autora

4.1.5 Setor 5

O Setor 5 está localizado a Noroeste do municipio de Florianópolis e possui uma área de

2.070.288,6 m² e foi subdividido em dois trechos (5.1;5.2). Nesse Setor, os Espaços

Naturais ocupam um maior espaço que as demais categorias, com 84,47%.

O trecho 5.1 apresentou uma cobertura surpreendente de 98,873% de Espaços

Naturais, sendo que 94,96% são de Formação Pioneira Flúvio-Marinha. Nele está

localizada o Manguezal de Ratones e a Estação Ecológica de Carijós.

A unidade protege a área de Manguezal do Rio Ratones, que possui uma área de 6,25

Km². A conservação desse local é extremamente importante, de acordo com estudo feito a

partir de fotos aéreas e levantamentos topográficos, restam apenas 37,7% de sua área

original devido a expansão urbana de forma desordenada (INSTITUTO DOS CARIJÓS E

IBAMA, 2011).

40,77 %

47,43 %

11,80%

Setor 4

Espaços Naturais

Áreas Residenciais

Infra‐Estrutura,Equipamentos e ÁreasComerciais

66

Apesar de a Lei Federal 4.771/65 considerar o manguezal como área de Preservação

Permanente, existem títulos registrados em cartório de terrenos localizados dentro das duas

glebas da ESEC Carijós. Na época de criação da Unidade, a orientação foi incluir somente

áreas com vegetação típica de manguezal, mas a delimitação da ESEC abrangeu também

porções de restinga e encosta.

No final da década de 1980, ocorriam usos incompatíveis com os objetivos da UC, como

acessos públicos e particulares cortando áreas de manguezal, ranchos de canoa de

pescadores tradicionais nas margens dos rios e áreas tituladas por particulares. Após a

criação da ESEC, a falta de monitoramento e de fiscalização durante mais de 10 anos

agravaram a situação do local, com novas invasões e construções irregulares. (IBAMA,

2011)

Cabe ressaltar também que em 1949, iniciou-se uma obra de drenagem através de

canalizações de cursos d’água e construção de comportas para evitar a entrada de água do

mar, com objetivo de recuperar 6 mil hectares de terras para agricultura, o que diminui muito

sua área original. Este mangue ainda sofre com aterros clandestinos na região do pontal de

Daniela e com a pesca indiscriminada, apesar de ser uma estação ecologia (CECCA, 2002).

Com o declínio das diversas atividades, a vegetação começou a se regenerar em vários

pontos, mas a pressão urbana sobre essas áreas ainda é muito intensa. Em função disso,

foram criadas 23 novas áreas naturais além das áreas de preservação permanente das

encostas, topos de morros e margens de rios, entre outras, definidas pelo Código Florestal e

Plano Diretor do Município. Essas áreas, porém, não possuem instrumentos efetivos de

planejamento e gestão, inclusive Planos de Manejo, que garantam a efetiva preservação

dos ambientes pelos quais são formadas (IBAMA, 2003).

67

Figura 30 - Estação Ecologica de Carijós Fonte: Autora

O trecho 5.2 possui uma cobertura de 70,18% de Espaços Naturais e representa

Sambaqui. Por ser uma encosta apresenta uma elevada formação de Floresta Ombrófila

Densa (51,7%) seguida pela Formação Pioneira Flúvio-Marinha (10,26%).

A classe de Tecido Urbano Descontínuo aparece com 23,91%, pois a região é recortada

com relevos, o que torna o local de difícil acesso, habitada na sua maioria por pescadores

artesanais e possuindo algumas casas e/ou vilas isoladas.

A figura 31 apresenta a distribuição por categorias dos Trechos 5.1 e 5.2

68

Figura 31 - Distribuição por categorias dos Trechos do Setor 5 Fonte: Autora

4.2 NÍVEL DO GRAU DE ARTIFICIALIZAÇÃO DA PORÇÃO NOROESTE DE

FLORIANÓPOLIS

Após a classificação de uso e ocupação do solo foi determinado o Nível de

Artificialização de cada classe, através do painel dos especialistas.

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00

TRECHO 5.1

TRECHO 5.2

Trechos 5.1 e 5.2

Espaços Naturais

Espaços Semi‐Naturais

Áreas Residenciais

Infra‐Estrutura, Equipamentose Áreas Comerciais

Áreas de Agricultura eSilvicultura

69

Figura 32 - Mapa temático do Nível de Artificialização do Noroeste de Florianópolis Fonte: Autora

A predominância do Alto e Médio Nível de Artificialização ocorre nos Setores 1, 2 e 4 que

correspondem as praias de Canasvieiras, Jurerê e Daniela, respectivamente e são as

localidades mais populosas. Os demais setores a porcentagem de Espaços Naturais são

mais representativos com valores acima de 50%.

70

Figura 33 - Nível de Artificialização dos Trechos e Setores do Noroeste de Florianópolis Fonte: Autora

A partir da distribuição dos Níveis de Artificialização Natural, Semi-Natural, Semi-Artificial

e Artificial foi possível classificar cada trecho e setor de acordo com seu Grau de

Artificialização. Para isso foi comparada a porcentagem de cobertura Natural com a

porcentagem de cobertura de Alto Nível Artificial de cada trecho e setor de acordo os

resultados fornecidos pelos especialistas.

%OCUP NAT/ART

% ALTO NÍVEL ART CLASSIFICAÇÃO

> 91 < 5 Natural

91 ≥ X > 67 5 ≤ X <12 Semi - Natural

67 ≥ X > 30 12 ≤ X < 25 Semi - Artificial

≤ 30 ≥ 25 Artificial Tabela 10 - Limite das porcentagens de cada Nível de Artificialização Fonte: Lacasa (2009) e Piatto (2009), adaptado pela autora

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Setor 1Trecho 2.1Trecho 2.2Trecho 2.3

Setor 3Setor 4

Trecho 5.1Trecho 5.2

Nível de Artificialização dos Trechos e Setores  ‐ Florianópolis

Natural Baixo Médio Artificial

71

%OCUP. NAT % ALTO NÍVEL ART CLASSIFICAÇÃO

SETOR 1 2,35% 37,84% Artificial TRECHO

2.1 13,64% 9,62% Artificial

TRECHO 2.2 6,06% 53,66% Artificial

TRECHO 2.3 13,91% 20,84% Artificial

SETOR 3 80,68% 0% Semi-Natural SETOR 4 40,77% 25,01% Artificial TRECHO

5.1 98,87% 0% Natural

TRECHO 5.2 70,18% 0% Semi-Natural

Tabela 11 - Porcentagem do nível de artificialização para cada Trecho e Setor Fonte: Autora

É possível observar a presença do Alto Nível de artificialização em dois Setores (Setor 1

e Setor 4) e em três Trechos (Trecho 2.1; 2.2; 2.3). Os Setores 1 e 4 correspondem a

Canasvieiras e Daniela, e os Trechos a Jurerê Tradicional e Internacional. Esses balneários

são os que apresentam maior índice de cobertura do solo e ocupação por áreas residências.

Como Semi-Naturais foram classificados o Trecho 5.2 (Sambaqui) e Setor 3 (Praia do

Forte).

Apenas o Trecho 5.1 foi considerado Natural, onde se localiza o Manguezal de Ratones

e a Estação Ecológica dos Carijós.Portanto, é possíveol considerar que a implantação da

ESEC tem contribuído para a conservação das paisagens naturais existentes na Ilha.

A Figura 34 ilustra o Grau de Artificialização total dos Setores e Trechos da porção de

orla Noroeste de Florianópolis:

72

Figura 34 - Mapa temático do grau de artificialização dos Trechos e Setores da área de estudo Fonte: Autora

Com as porcentagens do Nível de Artificialização é possível generalizar o Grau de

Artificialização de todos os setores do Noroeste de Florianópolis.

73

Analisando o gráfico verifica-se que o maior alto nível de artificialização encontra-se

no Setor 1, seguido pelos Setores 2 e 4 sobressaindo novamente em relação aos demais

Setores.

Figura 35 - Nível de Artificialização dos Setores da porção Noroeste de Florianópolis Fonte: Autora

O Setor 4 apresenta valores parecidos para três níveis de artificialização, porém usando

as porcentagens de ocupação natural e % do Alto Nível de Artificialização a segunda se

sobrepõe consideravelmente sobre a primeira classificando o Setor como altamente artificial.

O Setor 5 reafirma sua posição de maior índice de cobertura vegetal em relação as

outras unidades seguido pelo Setor 3. Mesmo com uma alta porcentagem de Espaços

Naturais os Setores foram classificados como Semi-Naturais, devido a presença de áreas

com pequenos traços artificiais.

Usando as porcentagens de ocupação Natural e Alto Nível de Artificialização os Setores

1, 2 e 4 foram classificados como Artificial e os Setores 3 e 5 Semi-Naturais.

%OCUP. NAT % ALTO NÍVEL ART CLASSIFICAÇÃO

SETOR 1 2,35 37,84 Artificial SETOR 2 12,47 23,01 Artificial SETOR 3 80,68 0 Semi-Natural SETOR 4 40,77 25,01 Artificial SETOR 5 84,47 0,00 Semi-Natural

Tabela 12 - Porcentagens do Nível de Artificialização para cada Setor Fonte: Autora

Fica evidente a predominância da cor vermelha sendo que dos 5 setores que

Florianópolis foi divida 3 deles apresentaram alto índice de artificialização.

2,35

12,47

80,68

40,77

84,47

54,74

59,49

16,66

34,21

13,62

37,84

23,01

25,01

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Setor 1

Setor 2

Setor 3

Setor 4

Setor 5

Nível de Artificialização dos Setores  ‐Florianópolis

Natural

Baixo

Médio

Artificial

74

O mapa temático demostra o Grau de Artificialização total dos trechos da porção

Noroeste de Florianópolis.

Figura 36 - Mapa temático do Nível de Artificialização dos Setores do Noroeste de Florianópolis Fonte: Autora

75

4.2.1 O inicio do processo de artificialização em Florianópolis e a artificialização atual.

Segundo o relatório da CECCA (2002), até 1748 quando chegaram os primeiros

açorianos, a cobertura vegetal da Ilha de Santa Catarina não havia sofrido nenhum dano

significativo. A partir de então, o interior da ilha e suas áreas periféricas foram sendo

gradativamente ocupadas e apresentaram seus primeiros traços artificiais.

A ocupação e desenvolvimento da Ilha foram se intensificando ao decorrer do século

XIX, juntamente com o crescimento urbano-portuário o qual atraia famílias para se dedicar

ao dinâmico comércio devido ao crescimento da atividade portuária.

A partir dos anos 50 o processo de urbanização, acompanhado do êxodo rural afetou

diversas capitais brasileiras. Desde então, Florianópolis começou a se apresentar uma

cidade burocrática e voltada a novos interesses.

Segundo Reis (2008) apud Piatto (2009), foi em 1950 que deu-se inicio ao turismo em

Santa Catarina, o qual de intensificou nos anos 70 a partir da construção da BR-101. Logo,

Florianópolis com suas dezenas de balneários, atendeu a nova demanda e pavimentou a

SC-401 em direção as praias da barra Noroeste, a SC-404 que leva à Lagoa da Conceição,

a SC-406 que segue ao rio Tavares e finalmente a SC-405 que passa pelo Campeche e

segue em direção à Armação e ao Pântano do Sul (CECCA, 2002).

Com o acesso facilitado a pavimentação das rodovias levou a integração do município

com as cidades vizinhas e com a economia do país. Com aumento dessa comunicação nos

anos de 60 e 70, foi implementada a Universidade Federal de Santa Catarina, a qual atrai

um grande número de estudantes e professores, além de abrir diversas vagas de empregos

e funções econômicas juntamente com novas oportunidades na vida governamental,

dinamizadas pelas construções e atuações de empresas estatais e federais (CECCA, 2002).

A partir dessas mudanças, podemos entender o processo da acentuada urbanização do

município, pois as conseqüências foram imediatas e devastadoras ao patrimônio natural e

cultural. A Ilha passou a ser recortada por estradas e loteamentos, as comunidades

agrícolas e pesqueiras transformaram-se em balneários. A verticalização substituiu as

construções de estilos e épocas diversas. As encostas e periferias urbanas foram

densamente ocupadas pela população menos favorecida.

Sendo a capital do Estado, Florianópolis está inserida em um aglomerado urbano

composto por mais quatro municípios: Biguaçu, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e São

José. Segundo o IBGE, é uma microregião que se aproxima de uma região metropolitana.

76

Logo, sofre mais ainda com o crescimento urbano acelerado, pois concentra serviços e

poderes representativos de decisão e demanda de mais empregos nos setores secundários

e terciários devido ao turismo intenso.

A expansão das atividades turísticas, as oportunidades de emprego e a paisagem

atraem muitos migrantes como profissionais liberais, pequenos empresários, funcionários

públicos, professores, artistas e mão-de-obra para dar suporte a construção civil. O que leva

o município a um rápido crescimento urbano e a artificialização da paisagem em um curto

espaço de tempo. Esse crescimento gera problemas de infra-estrutura e planejamento

urbano, além de um acelerado processo de verticalização desordenada.

77

4.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa etapa são descritos alguns fatores que influenciaram nos resultados obtidos pelo

estudo como a delimitação da área e as nomenclaturas utilizadas.

4.3.1 Delimitação da Área de Estudo

A delimitação da linha de costa pode variar conforme o período da medição e a

ocorrência de fenômenos meteorológicos extremos e elevação do nível do mar. Isso

demostra como é difícil estabelecer com precisão a localização da linha de costa que pode

variar com o tempo e espaço (PIATTO, 2009).

A largura da faixa de 300 metros é relativa, pois em determinados casos pode ser

suficiente para manter o equilíbrio em ambientes lindeiros à linha oceânica e interna, porém

em alguns casos não é suficiente. Portanto, essa largura é aleatória, sendo que para a

vegetação de mangue quanto para a ocupação em diversos casos essa área pode não ser

suficiente para analisar o perfil da cobertura do solo.

4.3.2 CLASSES DE USO

As classes de uso como Unidade Industrial, Áreas em Construção e Instalações Públicas

não foram utilizadas devido a difícil visualização e reconhecimento. As imagens fornecidas

não apresentam um ângulo favorável para tal identificação e nem resolução suficiente para

o detalhamento. Então sofreram homogeneização para áreas resisdenciais.

Outras classes como Agricultura Intensiva, Áreas de Mineração, Depósitos de Lixo,

Áreas de Pastos ou Pecuária, Silvicultura, Áreas de Agro-Florestais não foram encontradas.

Em relação à vegetação a classe de Formação Pioneira com Influência Flúvio-Marinha

engloba toda a vegetação de mangue, e Formação Pioneira com Influencia Marinha engloba

toda a vegetação de restinga. Em alguns casos ouve dificuldade para distinguir o mangue

da restinga, pois esses dois ambientes podem se encontrar em transição e a visão aérea

dificulta o reconhecimento. Porém, as duas classes encontram-se na mesma categoria

(Espaços Naturais) e são classificadas com o mesmo Grau de Artificialização, o Natural.

78

5 CONCLUSÃO

O objetivo principal do trabalho foi analisar o Grau de Artificialização da porção Noroeste

do Município de Florianópolis. A metodologia utilizada permitiu gerar um banco de dados

com as diferentes classes de uso e ocupação do solo e quantificar o Grau de Artificialização

juntamente com a sua distribuição na orla Noroeste de Florianópolis.

Os mapas temáticos e os gráficos obtidos permitiram a visualização das diferentes

etapas da metodologia adotada, e a magnitude do processo de artificialização que vêem

ocorrendo na porção estudada da ilha de Florianópolis.

Pode-se observar que o mapa gerado com os trechos e alguns setores fornecem uma

análise mais profunda e fiel a realidade o que facilita a aplicação de futuras gestões. Logo, o

mapa gerado contendo apenas os setores homogenizam algumas áreas dificultando a

análise, visto que cada trecho pode apresentar características distintas. Essa questão pode

ser vista no Trecho 5.1 a qual se encontra a ESEC, classificada com Natural e quando

analisado o setor inteiro possui uma classificação Semi-Natural.

O Noroeste da orla marítima de Florianópolis apresentou valores críticos, visto que 3 dos

seus setores e 3 dos seus trechos foram classificados como artificiais. Os balneários

representados por esses setores se encontram em seu nível máximo de ocupação visto que

são os mais populosos e apresentam a maior cobertura por áreas residenciais. Isso pode

comprometer o futuro dos outros dois setores, classificados como Semi-Naturais. Os quais

poderão sofrer com a supressão da vegetação devido a intensa urbanização que a ilha está

sofrendo e serão alvos da construção civil e do setor imobiliário.

Este resultado é reflexo do adensamento populacional, verticalização do solo e da

expansão turística que está ocorrendo na cidade. Principalmente na porção Noroeste da Ilha

devido ao fácil acesso com a rodovia SC 401 e as famosas praias localizadas nessa área.

As principais causas que levaram a região se tornar uma das áreas mais artificializadas

do estado é o intenso processo de urbanização da região costeira o qual foi intensificado em

1970 com construção da BR-101. O que levou a cidade a pavimentar suas rodovias SC 401,

SC 404, SC 405 e SC 406, a partir desse período a integração com as cidades adjacentes e

a economia do país aumentou.

Considerando que a cidade é capital do estado de Santa Catarina, recebe inúmeros

turistas, estudantes e migrantes devido a alta demanda de empregos, concentração de

79

serviços e poderes representativos de decisão e a Universidade Federal de Santa

Catarina a qual possui sua sede na Ilha.

Outro motivo da intensa ocupação é a expansão das atividades turísticas, a cidade

possui projetos turísticos de padrão internacional (Jurerê Internacional, Praia Brava, Costão

do Santinho, marinas na Beira-Mar Noroeste, diversos hotéis na Ponta do Coral e na Ponte

Hercílio Luz) e atrai um turismo diferenciado que visa atender uma camada de classe média-

alta. A pressão dos empresários e do setor imobiliário sobre os recursos públicos

transforma o turismo na principal alternativa de desenvolvimento econômico do local o que

acarreta um crescimento acelerado na infra estrutura, um processo acelerado de

verticalização e uma ocupação desordenada esgotando a capacidade suporte da orla

marítima, saturando seus centros urbanos e elevando o grau de artificialização das regiões

periféricas.

O método de análise visual com imagens de alta resolução demonstrou ser uma ótima

ferramenta para a classificação de uso e ocupação do solo. Assim foi possível desenvolver

uma metodologia barata, a qual pode ser utilizada em diversos projetos litorâneos que

envolvem a identificação e ocupação do solo, planejamento urbano, entre outros.

A metodologia desenvolvida pelo estudo visa complementar os as analises que serão

feitas pelo Projeto Orla, o qual poderá facilitar a identificação do problema e

consequentemente gerar um diagnostico mais coerente com a realidade do município.

.

80

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7 A

ANE

Figur

ANEXOS

EXO 1

ra 37 - Nomeenclatura Corine Land Cover

833

84

ANEXO 2

Nomenclatura das Classes de Cobertura de Solo. (Lacasa, 2009) e (Piatto 2009)

ESPAÇOS NATURAIS

• Dunas: dunas móveis ou fixas, com ou sem vegeação.

• Praia: Inclui praias dissipativas, reflectivas, intermediárias, arenosas ou rochosas.

Estende-se da linha de costa até outra barreira natural humana.

• Costão: Rochas e corais lisos situados acima da mancha de maré de alta sizígia.

• Mata Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) : este tipo de vegetação é caracterizado

por fanerófitos, além de lianas e epífitas. A característica ombrotérmica da Floresta

Ombrófila Densa está presa a fatores climáticos tropicais de elevadas temperaturas

(médias de 25º C) e de alta precipitação bem distribuída durante o ano.

• Restinga (Formação Pioneira de Influência Marinha): a vegetação de restinga

compreende formações originalmente herbáceas, subarbustivas, arbustivas ou

arbóreas, que podem ocorrer em mosaicos. A vegetação de ambientes rochosos

associados à restinga, tais como costões e afloramentos, quando compostas por

espécies citadas anteriormente, será considerada como vegetação de restinga. A

vegetação encontrada nas áreas de transição entre restingas e as áreas de floresta

ombrófila densa também será considerada restinga.

• Mangue (Formação Pioneira com Influência Flúvio-Marinha): ecossistema costeiro

de transição entre os ambientes terrestre e marinho. Característico de regiões tropicais

e subtropicais está sujeito ao regime de marés, dominado por espécies vegetais

típicas, às quais se associam a outros componentes vegetais e animais. Constituído

pelas principais espécies de mangue: Rhizophoras magle ( mangue vermelho),

Laguncularia racemosa (mangue branco), Avicennia sp (mangue preto) e Canocarpus

erectus (mangue de botão).

• Cursos d’água: curso natural da água que drenam para canais. Os estuários estão

inclusos.

• Lagoas: porção de água cercada por terra.

ESPAÇOS SEMI – NATURAIS

• Espaços naturais alterados: espaços naturais que apresentam degradação pela

ação antrópica. Isso inclui todas as classes naturais citadas anteriormente, afetadas

85

por qualquer tipo de alteração como erosão, deteorização da vegetação ou de cursos

d’água. Essas podem se reconstituir naturalmente ao longo do tempo, sem a

intervenção humana.

• Espaços naturais muito alterados: espaços naturais degradados que necessitam da

intervenção humana para serem reconstituídos.

ÁREAS RESIDENCIAIS

• Tecido Urbano Contínuo: a maioria do terreno é impermeável, pois é ocupado por

um conjunto de áreas residenciais como prédios, casas, hotéis e suas calçadas.

Possuem uma alta densidade populacional e suas áreas superficiais cobrem mais de

80% da superfície total. Áreas de vegetação e solo descoberto são excepcionais.

Estão inclusos nessa classe centros urbanos e áreas periféricas onde prédios formam

um tecido contínuo homogêneo.

• Área residencial multi familiar: áreas formadas por uma combinação de casas multi

familiares ou casas individuais. As áreas artificiais cobrem de 60 a 80% do território e

o restante possui solos descobertos, jardins públicos ou privados e pequenas praças.

• Área residencial uni familiar: áreas residenciais com baixa população. Cobertura

formada em sua maioria por casas uni familiares ou pequenas construções, parte

significante da área coberta por espaços verdes e solo permeável. As áreas artificiais

cobrem de 30 a 60% do território. Pequenas vilas e urbanizações isoladas estão

incluídas nessas classes.

• Tecido Urbano Descontínuo: a quantidade de casas é o principal critério pois as

áreas superficiais cobrem até 30% do total. Essa classe compõe áreas residenciais

com baixa densidade populacional e as casas conectadas ou não, por áreas urbanas.

INFRA ESTRUTURAS, EQUIPAMENTOS E UNIDADES COMERCIAIS

• Áreas portuárias: infra-estrutura de áreas portuárias incluindo cais e marinas.

• Unidade comercial ou industrial: áreas com superfície impermeáveis, sem

vegetação, que contem prédios e infra estruturas, estas áreas são formadas por

estruturas industriais e comerciais, como shopping centers.

• Estrada e terreno associado: ruas asfaltadas e suas áreas associadas, como

acostamentos e pontes.

• Rodovia e terreno associado: rodovias federais e estaduais, incluindo ferrovias e

instalações associadas (estações e plataforma).

• Caminho ou estrada sem asfaltar: caminhos, trilhas e pequenas ruas e estradas de

terra ou outro substrato permeável.

86

• Instalações públicas: todas as construções e instalações que sejam acessíveis para

o público, como instalações esportivas cobertas, centros de lazer, hospitais, estações

de tratamento de efluentes, redes de telecomunicações e transformadores, etc.

• Áreas urbanas verdes: áreas com vegetação, incluindo campos, parques, cemitérios

com vegetação, áreas de campings, campos de futebol, etc. Comportam todas as

áreas que estejam situadas dentro ou em contato com tecidos urbanos.

MINAS, DEPÓSITOS DE LIXO E ÁREAS EM CONSTRUÇÃO

• Áreas em construção: espaços com construção em andamento, escavações de solos

ou rochas (fundação).

• Área de extração mineira: extração ao ar livre de materiais para construção (areias,

rochas) ou outros materiais.

• Depósito de Lixo: lixões e aterros públicos ou industriais.

ÁREAS DE AGRICULTURA E SILVICULTURA

• Agricultura não intensiva: pequenas parcelas de diferentes tipos de cultivos

(vegetais, cereais, etc), terras e/ou pequenos cultivos permanentes (árvores frutíferas).

• Agricultura intensiva: território ocupado por cultivos e suas instalações

(cooperativas, estufas, armazéns) dentro do espaço de cultivo. Canais de irrigações e

drenagem também estão incluídos.

• Áreas agro-florestais: sistema de uso de terra utilizado agricultura e técnicas

florestais.

• Áreas de pastos e pecuária: coberturas vegetais usadas intensivamente para

pastagem, dominadas por gramíneas, onde não se aplicam sistemas rotativos.

• Silvicultura: plantações arbóreas, relacionada à cultura madeireira.

87

ANEXO 3

GRUPO DE ESPECIALISTAS

Dr. Marcus Polette, em Ecologia e recursos Naturais e Pós Doutorado em Ciências

Políticas. Professor e pesquisador do Laboratório de Gerenciamento Costeiro da

Universidade do Vale do Itajaí.

Suzana Guedes, graduação em Oceanografia e cursando mestrado em Tecnologia

Ambiental. Especialista em GIS.

Dr. Rosimeri Carvalho Marenzi, em Ciênciais Florestais/Conservação da Natureza.

Professora e pesquisado do Laboratório de Gerenciamento Costeiro da Universidade do

Vale do Itajaí.

Dr. Francisco Mesquita, professor e pesquisador no Departamento de Ecologia e

Microbiologia da Universidade de Valencia.

Oscar Garcia-Aguilar, PhD pesquisador do Instituto Hidraulico Ambiental “IH Cantabria”.