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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE RODRIGO HERMES ZANDONAI ANÁLISE DA ATIVIDADE LINFOPROLIFERATIVA DE CÉLULAS ESPLÊNICAS MURINAS FRENTE A EXTRATO DE SEIS PLANTAS MEDICINAIS DA FLORA CATARINENSE Itajaí - 2007

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE ...¡lise da atividade...Rodrigo Hermes Zandonai ‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

RODRIGO HERMES ZANDONAI

ANÁLISE DA ATIVIDADE LINFOPROLIFERATIVA DE CÉLULAS ESPLÊNICAS MURINAS FRENTE A EXTRATO DE SEIS PLANTAS

MEDICINAIS DA FLORA CATARINENSE

Itajaí - 2007

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

RODRIGO HERMES ZANDONAI

ANÁLISE DA ATIVIDADE LINFOPROLIFERATIVA DE CÉLULAS ESPLÊNICAS MURINAS FRENTE A EXTRATO DE SEIS PLANTAS

MEDICINAIS DA FLORA CATARINENSE

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. Ednéia Casagranda

Bueno

Itajaí, Outubro de 2007.

ANÁLISE DA ATIVIDADE LINFOPROLIFERATIVA DE CÉLULAS ESPLÊNICAS MURINAS FRENTE A EXTRATO DE SEIS PLANTAS

MEDICINAIS DA FLORA CATARINENSE

Rodrigo Hermes Zandonai

‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração Produtos Naturais e Substâncias Bioativas e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’

____________________________________ Ednéia Casagranda Bueno, Dra. Orientador

__________________________________________________________ Tânia Mari Bellé Bresolin, Dra.

Coordenador do Programa Mestrado em Ciências Farmacêuticas Apresentado perante a Banca Examinadora composta pelos Professores:

______________________________________

Dra. Ednéia Casagranda Bueno (UNIVALI) Presidente

______________________________________

Dra. Darlene Camati Persuhn Rolin de Moura (UNIVALI) Membro

______________________________________

Dra. Elaine Maria de Souza Fagundes (UFMG) Membro

Itajaí (SC), 05, outubro, de 2007.

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Dedico este trabalho a todos que confiaram e me deram apoio

a Deus e aos meus Pais as pessoas que ficaram ao meu lado

e aos que duvidaram pois deles veio a força de provar que sou capaz.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer primeiramente a quem mais merece, a Professora Doutora Ednéia Casagranda Bueno, pois ela me ensinou o verdadeiro significado da palavra orientação, pois não basta apenas corrigir, deve-se guiar. Sabemos todos que grandes generais não são aqueles que se apóiam nas estrelas de em seus ombros, mais sim na confiança que seus soldados têm em seguir suas ordens, sabendo que ali está sua segurança da vitória, agradeço muito a ela por não só ter me guiado na pesquisa, mais ter me ensinado mais uma profissão e me ter proporcionado a grande chance de sentir no estágio de docência o quanto é maravilhoso participar da formação do conhecimento, tornando-me um apaixonado por essa profissão. Agradeço a ela pela confiança depositada, pela força nos momentos mais difíceis dessa jornada, enfim agradeço por tudo, pois sem ela nada disso teria sido feito, muito obrigada Professora, por ser nossa luz nos momentos mais escuros e nosso guia nas horas em que tudo pareceu perdido.

Agradeço ao Doutor Rilton pelo apoio e confiança depositados na nossa equipe

ao ceder espaço para realizarmos nosso trabalho, sempre lembrando-nos da importância e do cuidado ao manipularmos nossas culturas. A ele meu muito obrigado, pois sem sua ajuda nada teria feito.

Agradeço a Doutora Tânia pela confiança, de que conseguiria cumprir meus

prazos e o apoio de coordenadora desse ilustre Curso. Agradeço ao Doutor Rivaldo Niero, ao Doutor Cechinel Filho, a Doutora Maique,

pelo apoio e por cederem os extratos para este estudo. Agradeço a Rosélia e a Vânia por sempre estarem dispostas a me ajudar e por

serem muitas vezes amigas, parceiras e sempre me receberem bem. Agradeço a minha grande amiga Marina Elisa Felippe, minha ex-chefe,

companheira de pesquisa, colega que sempre esteve ao meu lado desde o início e foi quem me incentivou a fazer o mestrado. Ao meu grande amigo Luiz Fischer, pelas risadas, pela ajuda nas aulas e tudo. Ao Mário, pelo mesmo motivo, a Tereza , a Roseni, ao Humberto, e enfim a todos meus maravilhosos colegas que juntos enfrentamos essa jornada.

Aos meus pais pelo apoio financeiro, e por terem confiado na minha capacidade. Agradeço a Deus por ter estado comigo sempre, por ter me carregado no colo,

por estar ao meu lado mesmo quando toda esperança tinha ido embora e por ter mantido minha cabeça no lugar nas horas de desespero.

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"Nós buscamos muito por algo que vá mudar por completo nossa existência,

quando o verdadeiro milagre é estarmos aqui e agora, aceitando-nos, os altos

e baixos, as fraquezas e os momentos fortes.

O futuro acaba prejudicado pela ansiedade em encontrá-lo. Os dias, minutos e segundos passam e muitas vezes passam até as

pessoas que amamos sem que percebamos. E não esqueçamos: se tentarmos escurecer os outros, jamais seremos iluminados."

(Ludovic W. M. Wind)

ANÁLISE DA ATIVIDADE CITOTÓXICA E LINFOPROLIFERATIVA DOS EXTRATOS METANÓLICOS DE PLANTAS MEDICINAI EM

CÉLULAS ESPLÊNICAS MURINAS Rodrigo Hermes Zandonai

Outubro/2007 Orientador: Ednéia Casagranda Bueno, Dra. Área de Concentração: Produtos naturais e substâncias bioativas Número de páginas: 68 Vários compostos têm sido utilizados como agentes imunomoduladores, permitindo modificar a função do sistema imune, estimulando ou suprimindo a mesma. O estudo de atividades terapêuticas de extratos de plantas tem mostrado aumento crescente nestes últimos anos, inclusive quanto à atividade imunomodulatória. O presente trabalho objetivou identificar e avaliar a ação de extratos das plantas medicinais Calophyllum brasiliensis, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robusta, Rubus imperialis e Vernonia scorpioides sobre a proliferação de células esplênicas de camundongos empregando o ensaio de proliferação celular in vitro. O ensaio foi realizado em microplacas de 96 cavidades utilizando-se meio Eagle Modificado por Dulbecco (D’MEM) suplementado com soro bovino fetal, L-glutamina, HEPES e piruvato de sódio. As células esplênicas murinas foram obtidas por ruptura mecânica do baço (5x103 células/cavidade). Os extratos metanólicos das plantas foram testados nas concentrações de 1, 5, 10 e 20 mg/cavidade, enquanto que a fitohemaglutinina (PHA) e o pokeweed mitogen (PWM) foram utilizados a 0,5mg/cavidade. A proliferação celular foi investigada incubando a suspensão celular com o extrato da planta, isolada ou simultaneamente à PHA e PWM. O controle negativo de proliferação foi constituído de células e D´MEM, enquanto que os controles positivos foram células e PHA e PWM, isoladamente. O cultivo celular foi mantido a 37 oC com 5% de CO2 durante 72 horas e a quantificação da proliferação celular foi realizada pelo ensaio de redução do azul de tetrazolium (MTT). Os resultados, expressos em percentagem de crescimento e analisados pelos testes de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney, identificaram diferentes efeitos dependendo da planta estudada. O extrato de Calophyllum brasiliensis mostrou indução da proliferação celular de maneira dose-dependente, com aumento significativo na proliferação quando incubado isoladamente e em conjunto com a PHA (p<0,029), potencializando o efeito da PHA e sugerindo estímulo de linfócitos T. O extrato de Ipomoea pes-caprae induziu a proliferação dose-dependente das células esplênicas, com aumento significante da mesma quando incubado isoladamente e em conjunto com o PWM (p<0,043), indicando, em conjunto com outros dados, que tanto os linfócitos T quanto os linfócitos B são ativados. O extrato de Matayba elaegnoides mostrou indução dose-dependente na proliferação celular, tanto isolado quanto em conjunto com o PWM (p<0,030) sugerindo que o extrato tem ação estimuladora sobre a ativação e proliferação de linfócitos T e B. O extrato de Maytenus robusta mostrou não interferir na proliferação celular quando incubado isolado e simultâneo ao PWM (p>0,083), mas com efeito supressor quando incubado simultaneamente com PHA, apresentando assim uma diversidade de resultados que não permitiram fazer inferências quanto à atividade do extrato. Os extratos de Rubus imperialis e de Vernonia scorpioides apresentaram inibição comprovada da proliferação celular incubado isolado e simultaneamente ao PWM (p<0,043). Desta forma, este trabalho apresenta plantas imunomoduladoras e que merecem destaque e continuidade nos estudos, seja devido ao efeito estimulador, Calophyllum brasiliensis e Ipomoea pes-caprae, bem como pelo efeito inibidor, Rubus imperialis e Vernonia scorpioides. Palavras-chave: Calophyllum brasiliensis, imunomodulação, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robusta, resposta imune, Rubus imperialis, Vernonia scorpioides.

ANALYSIS OF THE CITOTOXIC AND LYMPHOPROLIFERATIVE ACTIVITY OF METHANOLIC EXCTRACTS OF MEDICINAL PLANTS

ON MURINE SPLEEN CELLS Rodrigo Hermes Zandonai

October/2007 Supervisor: Ednéia Casagranda Bueno, Dr. Area of Concentration: Natural Products and Bioactive Substances Number of Pages: 68 Some compounds have been used as immunomodulatory agents, enabling the function of the immune system to be modified, stimulating or suppressing it. There has been increasing interest in the study of therapeutic activities of plant extracts in recent years, including their immunomodulatory activity. The aim of the present work is to identify and evaluate the action of extracts of the medicinal plants Calophyllum brasiliensis, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robust, Rubus imperialis and Vernonia scorpioides on the development of spleen cells from mice using the in vitro cellular proliferation assay. The assay was carried out in 96-well microplates using Eagle Dulbecco’s Modified Medium (D’MEM) supplemented with fetal bovine serum, L-glutamin, HEPES and sodium pyruvate. The murine spleen cells were obtained by mechanical rupture of the spleen (5x103 cells/well). The methanol extracts were used at 1, 5, 10 and 20 mg/well, while the phytohemagglutinin (PHA) and pokeweed mitogen (PWM) were both used at 0.5 mg/well. The cell proliferation was performed by incubating the cellular suspension with the plant extract, isolated or simultaneously with PHA and PWM. The negative proliferation control consisted of cells and DMEM, while the positive controls consisted of cells and PHA and PWM in isolation. The cell culture was kept at 37 oC with 5% of CO2 for 72 hours, and the cell proliferation was quantified by means of the blue tetrazolium reduction assay (MTT assay). The results were expressed as percentage growth, and were analyzed by the Kruskal-Wallis and Mann-Whitney tests. The Calophyllum brasiliensis extract showed dose-dependent induction of the cell proliferation, with a significant increase in cell proliferation when incubated in isolation and together with the PHA (p<0.029), increasing the PHA effect and suggesting stimulation of the T lymphocytes. The Ipomoea pes-caprae extract induced dose-dependent cell proliferation, with a significant increase in proliferation when incubated in isolation and together with PWM (p<0.043), indicating, with other data, that T and B lymphocytes are activated. The Matayba elaegnoides extract showed dose-dependent induction of cell proliferation with significant induction of growth, both in isolation and with PWM (p<0.030), suggesting that the extract has a stimulatory effect on T and B lymphocyte activation and proliferation. The Maytenus robust extract showed no interference on cell proliferation when incubated in isolation and simultaneously with PWM (p>0.083), but showed a suppressant response when incubated simultaneously with PHA. The diversity of the results obtained did not allow us to make any inferences concerning the activity of this extract. The Rubus imperialis and Vernonia scorpioides extracts presented inhibition of the cellular proliferation both when incubated in isolation and simultaneously with PWM (p<0.043). As a result, this work presents plants with immunomodulatory activities that deserve to be highlighted and studied in further depth, due to their stimulatory effect, e.g. Calophyllum brasiliensis and Ipomoea pes-caprae, as well as their inhibitory effect, Rubus imperialis and Vernonia scorpioides. Key words: Keywords: Calophyllum brasiliensis, immune response, immunomodulation, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robusta, Rubus imperialis, Vernonia scorpioides

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LISTA DE TABELAS E FIGURAS

Tabela 1. Mitógenos: características e células alvo............................................. 27

Figura 1 Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, obtida no ensaio de proliferação de células esplênicas murinas em incubação de 72 horas a 37 oC com 5% de CO2 frente ao pokeweed mitogen (5 µg/mL)................................................................................. 37

Figura 2 Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, na ausência de estímulo mitogênico, incubação de 72 horas a 37 ºC e 5% de CO2 frente a extrato metanólico de diferentes plantas medicinais............................................................................................. 43

Figura 3 Curva dose-resposta do efeito dos extratos no ensaio de proliferação com células esplênicas murinas e extrato metanólico de diferentes plantas medicinais durante 72 horas a 37 ºC e 5% CO2...................... 44

Figura 4 Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, frente ao extrato metanólico de diferentes plantas medicinais na presença de estímulo mitogênico com fitohemaglutinina (PHA), em incubação de 72 horas a 37 ºC e 5% de CO2....................................... 48

Figura 5 Curva dose-resposta do efeito dos extratos no ensaio de proliferação com células esplênicas murinas e extrato metanólico de diferentes plantas medicinais e fitohemaglutinina, incubados simultaneamente no cultivo celular durante 72 horas a 37 ºC e 5% CO2......................... 49

Figura 6 Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, frente ao extrato metanólico de diferentes plantas medicinais na presença de estímulo mitogênico com pokeweed mitogen (PWM), em incubação de 72 horas a 37 ºC e 5% de CO2................................. 54

Figura 7 Curva dose-resposta do efeito dos extratos no ensaio de proliferação com células esplênicas murinas e extrato metanólico de diferentes plantas medicinais e pokeweed mitogen, incubados simultaneamente no cultivo celular durante 72 horas a 37 ºC e 5% CO2....................................................................................................... 55

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 12

2 OBJETIVOS…………………………………………………………...……….............14

2.1 Objetivo Geral...................................................................................................14

2.2 Objetivos Específicos......................................................................................14

3 REVISÃO DA LITERATURA……………..………………………………….............15

3.1 Plantas medicinais de uso popular de interesse neste estudo ................. 18

3.1.1 Calophyllum brasiliensis............................................................................ 18

3.1.2 Ipomoea pes-caprae……………………………………….............................. 19

3.1.3 Matayba elaeagnoides................................................................................. 20

3.1.4 Maytenus robusta........................................................................................ 21

3.1.5 Rubus imperialis.......................................................................................... 22

3.1.6 Vernonia scorpioides .................................................................................. 23

3.2 O Sistema Imune..............................................................................................24

4 MATERIAL E MÉTODOS……………………………………………..................... 31

4.1 Material..............................................................................................................31

4.1.1 Reagentes.......................................................................................................31

4.1.2 Equipamentos.................................................................................................31

4.2 Métodos............................................................................................................32

4.2.1 Tipo de estudo................................................................................................32

4.2.2 Local de estudo...............................................................................................32

4.2.3 População/amostra.........................................................................................32

4.2.4 Obtenção material botânico............................................................................32

4.2.5 Obtenção das células esplênicas....................................................................33

4.2.6 Proliferação celular in vitro..............................................................................34

4.3 Análise e discussão dos dados......................................................................36

4.4 Procedimentos éticos......................................................................................36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................37

6 CONCLUSÕES.....................................................................................................56

7 PERSPECTIVAS..................................................................................................59

REFERÊNCIAS.......................................................................................................60

12

1 INTRODUÇÃO

O uso de plantas medicinais tem se mostrado adequado para atender as

necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, baixo custo e

compatibilidade com as tradições populares. O estudo de atividades terapêuticas de

extratos oriundos de plantas, gerado a partir de avanços científicos envolvendo

estudos químicos, farmacológicos e toxicológicos, tem mostrado aumento crescente

nestes últimos. Isso é refletido no grande número de medicamentos oriundos de

plantas já disponíveis comercialmente (WAGNER, 2007).

Os fármacos que manipulam o sistema imune eram conhecidos até

recentemente como imunossupressores. Estes fármacos tiveram o uso e o

desenvolvimento ampliado devido aos alo e xenotransplantes e ao avanço no

conhecimento da Imunologia Clínica, que tem revelado a fisiopatologia de doenças

causadas por exacerbação da resposta imune e por imunodeficiências em diversas

áreas da medicina (LIMA, 2007). O sistema imune constitui múltiplos mecanismos de

defesa que objetivam a proteção do organismo contra ação dos agentes infecciosos

e a manutenção da homeostase interna. A pele e as superfícies mucosas funcionam

como barreira à entrada de microorganismos, constituindo uma primeira linha de

defesa. Quando estas barreiras são rompidas, as etapas seqüenciais na defesa do

organismo são ativadas, incluindo neste eficiente processo as células do sistema

imune (HENRY, 2003).

A imunomodulação é o processo de regulação da função do sistema imune,

compreendendo resposta de estímulo à resposta de defesa e auxiliando no combate

aos agentes infecciosos ou, contrariamente, suprimindo esta resposta. Vários

compostos têm sido utilizados como agentes imunomoduladores, como adjuvantes

naturais, agentes sintéticos e anticorpos reagentes, mas existem limitações no uso

desses compostos devido ao risco de infecções e efeito generalizado através do

sistema imunológico (MAKARE; BODHANKAR; RANGARI, 2001).

A análise da atividade imunomodulatória de compostos naturais tem sido

determinada por diferentes metodologias e em diferentes modelos, tanto in vivo

quanto in vitro. O ensaio de proliferação de linfócitos é um dos modelos utilizados

para avaliar atividade imunomodulatória de compostos naturais (PANDIMA DEVI et

al., 2003). No ensaio são utilizados mitógenos como controle de positivo de

13

proliferação celular, como a fitohemaglutinina (PHA), que estimula linfócitos T, e o

pokeweed mitogen (PWM), que estimula linfócitos B dependentes de linfócitos T

(ROCHA; GORESCU; BELTRAME, 2007). Desta forma, o emprego destes

mitógenos permite avaliar comparativamente o efeito causado pelos extratos de

plantas na linfoproliferação, determinando a presença de indução ou inibição da

mesma e identificando o tipo celular da resposta imune adquirida envolvido no

processo.

O estudo aqui relatado apresenta dados da atividade biológica relacionada à

resposta imune adquirida, por meio do ensaio de proliferação de células esplênicas

de camundongos in vitro frente aos extratos metanólicos de seis plantas medicinais

já estudo quanto à caracterização fitoquímica e de atividade biológica em projetos

desenvolvidos pelos pesquisadores do Núcleo de Investigações Químico-

Farmacêuticas (NIQFAR). As plantas selecionadas encontradas em solo

Catarinense têm uso medicinal popular e apresentaram, anteriormente, resultados

promissores sob ponto de vista químico medicinal: a Calophyllum brasiliensis é

utilizada contra bronquites, distúrbios hepáticos e gástricos, dor, inflamação,

diabetes, varicoses, diarréia, herpes, reumatismo, hemorróidas e úlceras crônicas

(SILVA et al.,2001); a Ipomea pes-caprae é utilizada no tratamento de dermatite

causada por água-viva, cólicas, desordem diuréticas, gonorréia, inflamação e

processos dolorosos (PONGPRAYOON et al., 1989; SOUZA et al., 1998); a Matayba

eleagnoides é utilizada popularmente contra inflamações, dor e no combate ao

câncer de fígado (LORENZI, 2000; RIBEIRO, 2004), assim como a Maytenus

robusta (ANDRADE et al., 2007); a Rubus imperialis apresenta uso popular no

tratamento de úlcera péptica, diabetes e enfermidades relacionadas à dor

(CECHINEL FILHO, 2000); por fim, a Vernonia escorpioides apresenta uso popular

no tratamento de afecções cutâneas (MONTEIRO et al., 2001).

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar o efeito in vitro de seis extratos metanólicos obtidos a partir de

plantas medicinais de uso popular sobre a proliferação de células esplênicas de

camundongos, in vitro, com o objetivo de identificar extratos com potencial

imunomodulador.

2.2 Objetivos Específicos

· Avaliar os efeitos dos extratos metanólicos de Calophyllum brasiliensis, Matayba

elaegnoides e Maytenus robusta na proliferação de células esplênicas, in vitro,

na presença de PHA;

· Verificar o efeito dos extratos metanólicos de Calophyllum brasiliensis, Ipomoea

pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robusta, Rubus imperialis e

Vernonia scorpioides na proliferação de células esplênicas, in vitro, na presença

de PWM;

· Avaliar o efeito imunomodulador dos extratos metanólicos de Calophyllum

brasiliensis, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robusta,

Rubus imperialis e Vernonia scorpioides em células esplênicas na ausência de

estímulo exógeno;

· Investigar o impacto dos extratos na proliferação celular.

15

3 REVISÃO DA LITERATURA

O uso de plantas para tratar enfermidades e doenças do ser humano é mais

antigo do que a história escrita, o que tem sido comprovado pelas descobertas de

restos de plantas medicinais utilizadas em sítios arqueológicos habitados por

civilizações pré-históricas. O estudo das drogas vegetais, seguramente uma das

ciências mais antigas, provavelmente surgiu como uma necessidade do homem em

separar as plantas comestíveis das tóxicas. Posteriormente, este estudo empírico

passou ao objetivo de proteção e cura contra enfermidades, formando um arsenal de

informações conhecido como conhecimento popular e que se transmitiu entre as

gerações (ALVES, 2001).

Através da história, diversas civilizações procuraram organizar esses

conhecimentos de forma útil e documentada. A obra escrita com descrição

adequada de plantas medicinais é conhecida como Herbário, e o mais antigo de que

se tem relato é o el Pen´t, escrito no tempo do imperador Shen Nung em 2700 a.C.,

contendo 365 plantas. Em 1700 a.C. foi escrito o famoso papiro de Ebers, no Egito

Antigo, com a descrição de vários compostos de plantas medicinais. Outras

descrições se encontram na literatura védica oriunda da Índia, entre 4000 a 1000

a.C com descrições da planta e suas ações, e ainda os babilônios e assírios, com

registros similares em 600 a.C. (ALVES, 2001).

As plantas representaram, durante séculos, a única fonte de agentes

terapêuticos para o homem. O desenvolvimento da Química Farmacêutica no início

do século XIX também estabeleceu o uso de plantas como fonte de escolha para a

obtenção de princípios ativos e para o desenvolvimento de medicamentos. Estas

plantas, cujas propriedades terapêuticas são amplamente utilizadas na medicina

popular contra diversas patologias, receberam a denominação de plantas

medicinais. Vários são os fatores que proporcionaram o crescimento gradativo do

uso de plantas medicinais ao longo dos últimos anos, como baixo custo e baixo

poder aquisitivo da população (WAGNER, 2007).

Até meados do século XX, a terapêutica medicamentosa tinha como base o

uso de produtos obtidos de espécies vegetais. A síntese de medicamentos teve

início no final do século XIX, grandemente impulsionada a partir da década de trinta,

16

com o desenvolvimento de drogas muito eficazes que acabaram por substituir o uso

de fitoterápicos em diversos ramos da medicina. Entretanto, na década de 70,

diversas empresas farmacêuticas passaram a desenvolver pesquisas na área da

fitoterapia. Com isso, já na década de 90, metade das 250 grandes empresas do

ramo farmacêutico mundial introduziu programas de pesquisa na área de produtos

naturais (CARVALHO, 2001).

O reino vegetal, maior reservatório de moléculas farmacologicamente ativas a

serem descobertas, tem sido alvo de investimentos de grandes companhias

farmacêuticas que visam à pesquisa de novas substâncias ativas em extratos de

plantas. Na Terra existem aproximadamente 350.000 espécies de plantas, mas

apenas uma pequena percentagem foi investigada fitoquímicamente, com um

número ainda menor analisado farmacologicamente. Considerando ainda que uma

planta possa conter milhares de diferentes metabólitos secundários, os estudos

fitoquímicos possibilitam apenas uma pequena fração de conhecimento acerca desta

complexidade (HOSTETTMANN; QUEIROZ; VIEIRA, 2003).

Atualmente, apesar do grande desenvolvimento da síntese orgânica e de

novos processos biotecnológicos, 25% dos medicamentos prescritos nos países

industrializados são originários de plantas. A terapia moderna utiliza

aproximadamente 120 compostos de origem natural e que são obtidos a partir de

cerca de 90 espécies de plantas (HOSTETTMANN; QUEIROZ; VIEIRA, 2003). Além

disso, 10 dentre os 20 medicamentos mais vendidos mundialmente no ano de 1998

também foram desenvolvidos a partir de produtos naturais. Ainda é necessário

considerar que muitas moléculas desenvolvidas a partir de produtos naturais estão

atualmente em fase de estudo clínico (CALIXTO, 2001).

As plantas respondem a estímulos ambientais bastante variáveis, de

natureza, física, química ou biológica. Fatores como fertilidade, tipo de solo,

umidade, radiação solar, vento, temperatura e poluição atmosférica, dentre outros,

podem influenciar e alterar a composição química dos vegetais. Além desses fatores

há interações e adaptações co-evolutivas complexas, que se produzem entre

diferentes plantas, plantas e animais, plantas e microrganismos e também entre

plantas e insetos de um dado ecossistema. Um exemplo clássico desta interação é a

que acontece entre planta e inseto, que depende da presença, tempo certo e

quantidade apropriada de determinados compostos voláteis para a formação de

aromas característicos. Essas substâncias voláteis se difundem com facilidade a

17

partir da evaporação e constituem uma importante comunicação entre fonte

produtora e o meio ambiente, implicando diretamente na atração ou repulsão destes

insetos (MARGIS et al., 1999)

Outros fatores intrínsecos referem-se ao metabolismo da planta. O

metabolismo primário é responsável pela produção de celulose, lignina, proteínas,

lipídeos, açúcares e outras substâncias que realizam as principais funções vitais,

enquanto que do metabolismo secundário resultam substâncias de baixo peso

moleculares, às vezes produzidas em pequenas quantidades. Os metabólitos

secundários produzidos pelas plantas são formados por vários caminhos

biossíntéticos e produzem moléculas dotadas de grande diversidade de esqueletos e

grupamentos funcionais, como ácidos graxos e seus ésteres, hidrocarbonetos,

álcoois, aldeídos e cetonas, compostos acetilênicos, alcalóides, terpenóides,

derivados de fenilpropanóides, compostos fenólicos e cumarinas. Estas substâncias

funcionam como agentes defensivos na luta contra predadores, a exemplo de

microrganismos patogênicos, insetos e animais herbívoros (ALVES, 2001).

Esse conhecimento etnofarmacológico culminou com desenvolvimento

substâncias com grande importância na terapêutica atual, tais como ácido salicílico,

a atropina, a pilocarpina, o quinino, a artemisina, o taxol, a digoxina e a morfina. Nos

anos 80, o desenvolvimento da pesquisa científica resultou na identificação de 120

compostos de origem vegetal provenientes de 95 espécies de plantas. No período

de 1983 a 1994, 6% dos medicamentos aprovados pelo Food and Drug

Administration (FDA) foram extraídos diretamente de espécies vegetais, outros 24%

são produtos derivados destas e 9% foram desenvolvidos através de modelagem

molecular, onde as estruturas moleculares dos compostos serviram como

precursores de processos de sínteses químicas (VEROTTA, et. al., 2000).

Somado à relevância do estudo de plantas com objetivo medicinal, é

indispensável considerar a existência de uma imensa biodiversidade no Brasil, muito

pouco conhecida e investigada quanto aos estudos químicos e farmacológicos. O

Brasil é o país com a maior diversidade genética tanto na fauna quanto na flora,

contando com mais de 55.000 espécies catalogadas em sua flora, de um total

estimado entre 350.000 e 550.000 espécies diferentes. Esta diversidade genética,

acrescida da diversidade química oferecida pelo grande número de espécies,

permite a utilização de plantas como fonte inestimável de compostos bioativos úteis

no desenvolvimento de novos fármacos. O desenvolvimento do conhecimento dessa

18

flora, bem como de novas tecnologias para obtenção de fitoterápicos com maior

eficácia, requer o estudo prévio relativo aos aspectos botânicos, agronômicos,

fitoquímicos, farmacológicos, de atividade biológica, toxicológica e finalmente o

desenvolvimento de tecnologia analítica e metodológica (OTTO; KAPLAN;

BORIN,1996).

A escolha das plantas a serem avaliadas em um estudo deve ser criteriosa,

observando o uso e forma de administração na medicina popular, bem como os

possíveis efeitos tóxicos observados. Aliado a isto, é necessário o conhecimento e

experiência da população e da cultural local, bem como informações sobre

composição química da planta em estudo (CHECINEL; YUNES, 1998). Neste

contexto, algumas espécies de uso popular tem sido objeto de estudos de vários

grupos de pesquisadores.

3.1 Plantas medicinais de uso popular de interesse neste estudo

3.1.1 Calophyllum brasiliensis

O gênero Calophyllum (da família Clusiaceae e Gutiiferae) é composto de 180

a 200 diferentes espécies confinadas no ambiente tropical úmido. A Calophyllum

brasiliensis está muito bem distribuída na América Latina, desde o Brasil até o

México, apresentando diferentes nomes populares, como Jacareuba, Guanandi e

Bari. No Brasil, a Calophyllum brasiliensis cresce principalmente em regiões de Mata

Atlântica (SILVA et al., 2001). A espécie apresenta folhas glabras e coriáciceas,

perenifólia, característica das florestas pluviais localizadas sobre os solos úmidos e

brejosos, vindo a florescer nos meses de setembro a novembro (LORENZI, 1998).

Esta planta medicinal é utilizada popularmente em bronquites, distúrbios

hepáticos e gástricos, dor, inflamação, diabetes, hipertensão, diarréia, herpes,

reumatismo, varicose, hemorróidas e úlceras crônicas (SILVA et al., 2001). O infuso

e banho preparados com as cascas da arvore é o uso mais popular empregado no

tratamento destas patologias (SARTORI et al., 1999).

Uma extensa investigação do gênero Calophyllum resultou no isolamento de

uma grande variedade de compostos, incluindo xantonas, cumarinas, biflavonoídes,

chalconas, benzofenonas e triterpenos (ISAIAS, et al., 2004). Os extratos e óleos de

várias espécies desse gênero mostraram comprovada atividade antibacteriana

(DHARMARATNE, WANIGASEKERA, 1996). Os flavonóides e xantonas isolados de

19

Calophyllum paciflorum demonstraram atividade preventiva anticancer (ITO et al.,

1999). Alguns compostos isolados da Calophyllum inophyllum, oriundos da casca,

foram testados em modelos antitumorais in vitro, destacando derivados 4-fenil-

cumarinas, aos quais são atribuídos atividades inibitórias para enzima transcriptase

reversa do HIV-1 (ITOGAWA et al., 2001).

As frações hexano e acetato de etila, bem como compostos isolados a partir

desta, quercitina, ácido gálico, ácido protocatético, hiperosideo (quercetin-3-O-

galactosideo) e amantoflavona, obtidos a partir da folha da Calophyllum brasiliensis,

apresentaram efeito analgésico similar aos fármacos de referência (SILVA et al.,

2001). Estudos fitoquímicos do caule e da resina desta espécie revelaram a

presença de diversas substâncias químicas, e algumas cumarinas isoladas

apresentaram atividade antimicrobiana (GASPAROTTO et al., 2005). Um estudo

recente revelou que o extrato hexano das folhas desta espécie não tem ação

relevante no desenvolvimento do tumor ascítico de Ehrlich, porém estimula a

produção de células pela medula óssea, mostrando ser um estimulador da

hematopoiese (BREHMER, 2005).

3.1.2 Ipomoea pes-caprae

As plantas pertencentes ao gênero Ipomoea, da família Convolvulaceae,

consistem em mais de 200 espécies amplamente distribuídas nos países tropicais e

subtropicais, sendo frequente na maioria das praias dos Oceanos Índico, Atlântico e

Pacífico (SOUZA et al., 1998). O gênero é oriundo das dunas costeiras, encontrado

com hábitos herbáceos em grande quantidade margeando o litoral brasileiro, desde

o litoral do Estado do Pará até o Estado do Rio Grande do Sul (SOUZA et al., 2000).

Uma pesquisa da flora litorânea específica de dunas menciona que algumas

plantas formam raízes adventícias em caules rastejantes e que são conhecidas

como formação pes-caprae. O representante mais importante é conhecido

popularmente como salsa da praia, a Ipomoea pes-caprae, formação essa que

permite retirar nutrientes em solo pobre e arenoso, em manter a mobilidade da

planta de acordo com a mudança da estrutura física do solo em que a mesma se

encontra (MARTINES; MORENO-CASASOLA, 1996).

A Ipomoea pes-caprae é uma espécie perene de vida longa, apresenta

sistema de estolões longos de 10 a 15 metros e ramos curtos de 25 a 30

centímetros, tanto estolões e ramos curtos podem apresentar inflorescência. Em

20

Santa Catarina, a floração e frutificação da Ipomoea pes-caprae ocorre no verão e

no outono (SANTOS; ARRUDA, 1995). Esta espécie tem sido utilizada em muitos

países como planta medicinal em casos de inflamação, cólica, desordens diuréticas,

gonorréia, processos dolorosos, entre outros (PONGPRAYOON et al., 1989; SOUZA

et al., 1998).

O extrato obtido de todas as partes desta espécie inibiu a ação proteolítica e

hemolítica da água-viva, fundamentando o uso popular da planta no tratamento

desta dermatite (PONGPRAYOON; BOHLIN; WASUWAT, 1991). Os estudos

realizados com esta espécie apresentam efeito analgésico em modelos

experimentais de dor, tanto na fase neurogênica quanto na fase inflamatória. A

presença de esteróides, terpenóides, alcalóides e flavonóides, entre outros

compostos identificados na análise fitoquímica, parecem justificar esses efeitos,

provavelmente pela inibição na síntese de prostaglandinas (SOUZA et al., 2000).

A inibição das contrações da musculatura lisa do intestino, em modelos

experimentais, atividade antiespasmódica de potência semelhante à papaverina e

propiciada por componentes isoprenóides isolados do extrato bruto da planta, é

outra comprovação de outro uso popular da planta (KROGH et al., 1999). O extrato

bruto desta espécie mostrou ainda aumento no desenvolvimento do tumor ascítico

de Ehrlich em camundongos, embora tenha apresentado estimulo na proliferação de

leucócitos na medula óssea dos animais (BREHMER, 2005).

3.1.3 Matayba elaeagnoides

A Matayba elaeagnoides é encontrada desde o Estado de Minas Gerais e São

Paulo até o Rio Grande do Sul, em matas de altitude do tipo semidecídua e mata

dos Pinhais. A planta, popularmente conhecida como camboatá ou cuvatã, é uma

árvore mediana 6 a14 metros de altura, com tronco tortuoso de 30 a 50 cm de

diâmetro, folhas compostas do tipo pinada de 10 a 20 cm e folíolos em número de 4

a 13, casca áspera cor cinza-claro ou mais escuro e com leve escamação. As flores

surgem em forma de inflorescência menores que as folhas e de cor branca,

florescendo durante os meses de setembro e novembro, enquanto que os frutos

amadurecem entre os meses de dezembro e janeiro. A planta produz sementes

viáveis anualmente com ciclo de reprodução ligados às aves. Ainda, a madeira desta

espécie tem sido amplamente empregada na construção civil (LORENZI, 2000).

21

Embora a espécie seja popularmente utilizada no tratamento de inflamações,

analgesia e combate ao câncer de fígado, são escassos os estudos científicos que

sugiram a comprovação destas atividades farmacológicas usadas na medicina

popular (LORENZI, 2000; RIBEIRO, 2004). Estudos realizados com extratos

oriundos das cascas de Matayba elaeagnoides demonstraram a presença de vários

compostos químicos, como amarinas, lupeol, sitosterol, escopoletina, umbeliferona e

betulina. Todos os extratos e frações avaliados pelo autor apresentaram atividade

antinociceptiva e antimicrobiana, somado ainda à atividade antifúngica da fração

clorofórmio e à ação antiparisitária da fração hexano. Ainda de acordo com este

estudo, a betulina mostrou-se 7 vezes mais potente do que o paracetamol e a

aspirina em testes de dor induzidos pelo ácido acético e pela formalina (SOUZA,

2006).

3.1.4 Maytenus robusta

A Maytenus robusta é popularmente conhecida como cafezinho, coração-

de-bugre e seca-ligeiro. A espécie é semidecídua, heliófita, seletiva hidrófita,

secundaria característica, e exclusiva da vegetação das restingas litorâneas e das

matas semidecídua de altitude possuindo, por tanto, de grande amplitude ecológica.

A planta produz sementes viáveis anualmente, em quantidade abundante e

amplamente disseminada pela avifauna. A florescência ocorre durante os meses de

setembro a novembro, e os frutos amadurecem a partir do mês de maio. A semente

de M. robusta é liberada do fruto após a abertura deste, que é do tipo cápsula

deiscente bivalvar (LORENZI, 1998).

Estudos fitoquímicos demonstraram que Maytenus robusta apresenta os

mesmos componentes da Maytenus ilicifolia, como terpenoides, flavonóides e

principalmente a classe de triterpenos fridelin, responsável pela atividade anti-

ulcerogênica. Considerando estes dois fatores, muitos fitoterápicos apresentam essa

composição em ambas as espécies (NIERO et al., 2001), e demonstram também a

importância dos estudos fitoquímicos e de atividade biológica com esta espécie

alternativa.

Conhecida pelos índios há muitos anos, a Maytenus ilicifolia, ou espinheira

santa, ganhou esse nome justamente pela aparência das folhas, que contém

espinhos nas margens. A maior ocorrência desta planta é em regiões de clima

ameno, de Minas Gerais ao Rio Grande de Sul, sendo mais abundante nas matas do

22

Sul. O clima preferido é o subtropical e temperado, com solos argilosos, bem

drenados e com alto teor de matéria orgânica (ROSE, 1997).

Na medicina popular a espinheira santa é famosa no combate a úlcera,

dado este já confirmado em modelo experimental de lesão estomacal em

camundongos (ANDRADE et al., 2007). A composição química da Maytenus ilicifolia

revelou a presença de triterpenos e compostos fenólicos com importantes

propriedades biológicas, como atividade citotóxica, antibaceriana e anti-ulcerogênica

(OLIVEIRA et al., 1991; CARLINI, 1988; SOUZA-FORMIGONI et al., 1991; ZHU,

1998).

Considerando que a população nativa de Maytenus ilicifolia quase foi extinta

devido à crescente exploração para uso medicinal e que a Maytenus robusta tem

sido referenciada como fonte alternativa para substituição da mesma devido à

grande incidência na Região Sul e à presença dos mesmos compostos em abas as

espécies (NIERO et al., 2001), no presente estudo foi utilizada a espécie Maytenus

robusta na identificação da presença de efeito imunomodulador.

3.1.5 Rubus imperialis

A família das Rosáceas é representada por um variável e complexo grupo de

plantas que crescem em todas as partes do mundo, especialmente em regiões

temperadas, compreendendo cerca de 100 gêneros e mais de 700 espécies.

Algumas espécies do gênero Rubus são cultivadas há décadas e conhecidas pela

variedade de frutos requintados, utilizados na fabricação de vários tipos de doces e

geléias (PATEL; ROJAS-VERA; DACKE, 2004).

A planta possui ramos longos, angulosos e com acúleos que se estendem de

4 a 5 metros, sustentados em outros vegetais. As folhas são compostas, palmadas e

dentadas, enquanto que as flores apresentam pétalas brancas, florescendo de

outubro a novembro e com frutos compostos por inúmeras drupas (SILVA; SANTOS;

CECHINEL FILHO, 1999). A Rubus imperialis, conhecida como amora-branca,

amora-do-mato ou amora-brava, bem como outras espécies, tem sido empregada

em comunidades rurais para diabetes e outras enfermidades, algumas delas

relacionadas à dor (CECHINEL FILHO, 2000).

A Rubus imperialis apresenta perspectivas terapêuticas desde que Niga-

ichigoside F1, um composto triterpeno isolado com acetato de etila, exibiu atividade

analgésica em ratos (LOCHER et al., 1996). Outros autores demonstraram que a

23

atividade analgésica da Rubus imperialis foi aproximadamente trinta vezes mais

potente no teste de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético em

camundongos que duas drogas de referência, a aspirina e o paracetamol. No

mesmo estudo, o teste da formalina mostrou que esta espécie previne tanto a dor de

origem neurogênica quanto a de origem inflamatória (NIERO et al., 2002). Os relatos

da literatura incluem ainda estudos químicos e farmacológicos que confirmaram que

algumas espécies de Rubus sp possuem efeito hipoglicemiante, atividades anti-

alérgicas e antibacterianas (SWANSTON-FLATT et al., 1990).

A fração acetato de etila das raízes da planta apresentou atividade no

bioensaio de citotoxicidade frente Artemia salina, enquanto que o Niga-ichigosídeo

F1 desta fração não teve ação sobre o microcrustáceo, indicando que devem existir

outros compostos responsáveis pela atividade citotóxica ou ainda ocorrer um

sinergismo entre mais de um princípio ativo (KANEGUSUKU, 2001). Estudo

realizado sobre o mecanismo de ação desta substância mostrou resultados

importantes e sugerem que estão envolvidas tanto no sistema adrenérgico quanto

no serotoninérgico (ARDENGHI et al., 2006). A análise dos constituintes químicos

encontrados na fração acetato de etila de partes aéreas de Rubus imperialis mostrou

presença de triterpenos niga-ichigosídeo, ácido tormêntico e ácido 23-hidroxi-

tormentico (NIERO et al., 2002).

3.1.6 Vernonia scorpioides

Existem cerca de 200 espécies de Vernonia no Brasil, sendo muito comum

em todo Brasil e crescendo em solos pobres e desflorestados. A V. scorpioides é

conhecida popularmente como piracá, enxuga ou erva-de-São-Simão (CABRERA;

KLEIN, 1980). A planta apresenta característica de arbusto com ramos numerosos e

lanuginosos, com folhas pecoladas, ovaladas, agudas no ápice e atenuadas na

base, inteira ou creanada. As flores são do tipo corola purpúreas reunidas em

caítulo numerosos, síniles, unilaterais, dispostas em panículos alongados

escorpióides, com fruto aquênico piloso turbinado com papo brancacento (CORREA,

1978; REITZ, 1980).

Algumas das espécies do gênero Vernonia são tradicionalmente usadas para

tratar desordens gastrointestinais, como as folhas frescas maceradas de V.

condensata conhecida como fel-de-bugre, fel-de-índio ou alumã. O uso tópico do

24

extrato hidroalcoólico das folhas frescas é amplamente empregado pela população

para tratar uma variedade de afecções cutâneas, incluindo úlceras crônicas

(MONTEIRO et al., 2001). A literatura apresenta estudos focalizando atividades

antiinflamatórias (MAZUMDER et al., 2003; IWALEWA; IWALEWA; ADEBOYE,

2003), antipirética (GUPTA et al., 2003), anticâncer (IZEVBIGIE; BRYANT;

WALKER, 2004; LAMBERTINI et al., 2004; HOWARD et al., 2003) e antimalárica

(ABOSI; RASEROKA, 2003) de várias espécies de Vernonia.

O gênero Vernonia produz lactonas sesquiterpênicas, metabólitos típicos da

família Asteraceae com várias atividades biológicas descritas, como fungistáticas

(KRISHNA KUMARI et al., 2003), relaxantes do músculo liso (CAMPOS et al., 2003)

e citotóxicas (KUO; KUO, YU, 2003). Outras substâncias isoladas de Vernonia são

flavonóides (HUANG; DING; LIU, 2003), esteróides (TCHINDA et al., 2003) e

polissacarídeos (NERGARD; DIALLO ; MICHAELSEN, 2004).

A Vernonia scorpioides teve comprovada atividade fungicida (FREIRE et al.,

1996) e leve atividade cicatrizante (LEITE et al., 2002). Ainda, a fração

diclorometano desta espécie administrada via intra-venosa apresentou efeito

citotóxico sobre o tumor ascítico e sólido de Ehrlich em camundongos, devido

principalmente às lactonas sesquiterpenica e outras lactonas bioativas, enquanto

que o tratamento por via oral ou intraperitoneal não interferiu no volume do tumor

sólido, sugerindo ações enzimáticas que desativem a via sistêmica (BREHMER,

2005). Outra propriedade que pode exacerbar esta ação citotóxica é o aumento do

influxo de neutrófilos para a cavidade peritoneal a capacidade promovida pela

fração, ao contrário do convencional perfil de imunossupressão da terapia

convencional (PAGNO et al., 2006). Recentemente foi relatada a atividade citotóxica

das lactonas sesquiterpênicas e do poliacetileno obtido desta espécie sobre células

tumorais Hela, com indução de apoptose e aumento na expressão de caspase 3 por

este último composto (BUSKÜHL, 2007).

3.2 O Sistema Imune

O sistema imunológico tem por função proteger o organismo contra o

constante ataque de agentes infecciosos, como vírus, bactérias, fungos e

25

protozoários. O desenvolvimento fisiológico do sistema imune tem início ainda na

vida intra-uterina com a hematopoiese no saco vitelino, seguido do fígado fetal como

tecido hematopoiético e, finalmente, com a medula óssea assumindo a produção

das células. A divisão celular em precursores linfóides e mielóides constituem o

primeiro passo na diferenciação das células do sistema imune. Os precursores

linfóides originam os linfócitos T e B e as células natural killers, enquanto os

precursores mielóides originam os eritrócitos, plaquetas, monócitos, macrófagos,

células dendríticas, neutrófilos, basófilos e eosinófilos. Os linfócitos T e B são as

células relacionadas à resposta imune adquirida (específica), enquanto que as

demais populações celulares representam a resposta imune inata (inespecífica)

(WEISSMAN, 1994).

Os organismos extracelulares, como bactérias e protozoários, são combatidos

pela resposta imune inespecífica via ativação de células apresentadoras de

antígeno, que fagocitam os organismos extracelulares e os digerem pela ação de

mieloperoxidase, lizosimas, defensinas, lactoferrina e a produção dos reativos

intermediários de oxigênio e nitrogênio. Os microorganismos, por sua vez, ativam a

via alternativa do sistema complemento, que é capaz de estimular a fagocitose,

quimiotaxia das células imunes, produção e liberação de mediadores farmacológicos

dos mastócitos e lise direta do organismo invasor. Na imunidade específica, os

organismos extracelulares se defrontam com anticorpos produzidos pelos linfócitos

B, e esta ligação ativa a via clássica do sistema complemento, neutralizando o

organismo ou facilitando a fagocitose (HOWARD; GARRA; ISHIDA, 1992).

Os microorganismos intracelulares, como bactérias ou vírus, são destruídos

por inúmeros mecanismos. Na imunidade inespecífica, a infecção viral de uma célula

induz à produção de interferon, tornando as células vizinhas resistentes a infecção.

As células natural killer reconhecem uma célula infectada com vírus e liberam

perforinas, granzinas e linfotoxinas, destruindo a célula infectada. A imunidade

mediada por células neste caso é realizada pelos linfócitos T CD8, os linfócitos T

citotóxicos, cujos receptores reconhecem especificamente as proteínas virais

produzidas na célula infectada e em associação com moléculas de MHC de classe I

do hospedeiro. Este reconhecimento das proteínas vírais através do MHC de classe

I desencadeia a destruição da célula infectada (HOWARD; GARRA; ISHIDA, 1992).

Os microrganismos intracelulares, quando no interior de células apresentadoras de

antígeno como os macrófagos, também podem ser destruídos por linfócitos T CD4,

26

os linfócitos T auxiliares, cujos receptores reconhecem antígenos estranhos

apresentados pelas moléculas MHC de classe II das células de defesa do

hospedeiro. O reconhecimento estas proteínas estranhas através do MHC de classe

II induz a liberação de citocinas, incluindo o interferon, que ativam os macrófagos e

funções antimicrobianas (WEISSMAN, 1994).

A ativação dos linfócitos decore da interação entre um antígeno e o respectivo

receptor presente na superfície celular, o receptor de célula T (TCR). Nos linfócitos T

CD4, por exemplo, a proteína de membrana responsável por esta ligação da célula

ao antígeno é o receptor de célula T (TcR), e esta interação, culmina com a

proliferação, diferenciação e produção de citocinas que medeiam às funções

específicas de células T efetoras. Eventos subseqüentes que ocorrem em segundos

ou minutos após a interação entre ligante e receptor incluem mudanças no fluxo de

sódio e potássio, ativação de metiltransferases e síntese e utilização de fosfolipídios.

O influxo de cálcio é ponto central na ativação de linfócitos e ocorre em menos de

cinco minutos após a interação do antígeno com os receptores presentes na

superfície dos linfócitos. Após algumas horas dessa interação ocorre aumento na

síntese de várias proteínas (COOPER, 1972). O conteúdo de RNA mensageiro em

linfócitos dobra em cerca de 48 horas e reflete as alterações morfológicas distintas

da célula. Por fim, o aumento da síntese de DNA, ação inerente na proliferação

celular, tem inicio por volta de 36 horas após o contato, alcançando níveis elevados

entre 48 e 72 horas quando ocorre a mitose (GREAVES; JANOSSY, 1972).

Na replicação dos linfócitos T também deve ser considerada a importante

função da IL-2. A interação em níveis significativos de IL-2 com o respectivo receptor

(IL-2-R) presente na membrana das células T desencadeia a replicação do DNA. A

intensa expressão deste receptor na membrana celular ocorre somente após receber

estímulo por antígenos. Entretanto, anticorpos monoclonais específicos para células

T, lectinas mitogênicas ou forbol éster também exacerbam a expressão deste

receptor (SMITH; CANTRELL, 1985). Assim, estas substâncias possuem a

habilidade de ativar e, conseqüentemente, induzir a proliferação in vitro de linfócitos

T ou linfócitos B, ou ainda ambos, sendo genericamente denominados mitógenos

(GREAVES; JANOSSY, 1972). A Tabela 1 mostra uma seleção dessas substâncias

com a respectiva especificidade com referência ao tipo de célula que os mesmos

estimulam.

27

Tabela 1. Mitógenos: características e células alvo.

Fonte: Adptado de Myers (1995) e Rocha, Gorescu e Beltrame (2007).

Os mitógenos PHA, PWM e concanavalina A (ConA) são lectinas extraídas e

purificadas de plantas que estimulam sub populações de linfócitos T e/ou B,

apresentam ampla capacidade de utilização em estudos de proliferação dessas

populações in vitro e a resposta resultante pode ser utilizada para qualificar e

quantificar a imunocompetência dessas células (MYERS, 1995).

A ativação de um linfócito, in vivo, reside na interação entre o agente estranho e o

receptor de superfície das células T, iniciando eventos que envolvem o recrutamento

de cálcio e a ativação simultânea das enzimas tirosina quinases citossólicas

fosfolipases, proteína C quinase, proteína quinase ativada por mitógeno e

calcineurina. Estas enzimas, a partir da via de cascatas metabólicas específicas,

produzem sinais direcionados ao núcleo da célula, promovendo a transcrição de

fatores pré-mitóticos e conduzindo os eventos da proliferação e da síntese de IL-2,

sendo a mesma o principal mediador químico da amplificação da resposta

imunológica (RAO; CHANRABARTI, 2005).

As deficiências do sistema imunológico podem ser causadas por defeitos

enzimáticos, agentes infecciosos, drogas, entre outros. Em geral, os sintomas e

achados físicos da imunodeficiência estão relacionados com grau de deficiência e o

sistema particular cuja função está deficiente. No tratamento destas

imunodeficiências, além dos agentes antimicrobianos utilizados no tratamento das

Mitógeno Fonte Tamanho

molecular (kDa) Células Alvo Espécie(s)

Concanavalina A (Con A)

Canavalia einsformis 55.000 Linfócitos T

Humana e camundongo

Fitohemaglutinina (PHA)

Phaseolus vulgaris

140.000 Linfócitos T Humana e

camundongo

Lipopolissacarídeo (LPS)

Bactérias gram Negativas

1-24x106 Linfócitos B

Roedores

Pokeweed mitógeno (PWM)

Phytolacca americana 32.000

Linfócitos T e B

Humana e camundongo

Dextran sulfato 500.000 Linfócitos B

28

infecções oportunistas, também há novas formas de imunoterapia que visam auxiliar

ou controlar a deficiência através do estímulo da resposta imune. Esta abordagem

prevê o desenvolvimento de substâncias capazes de ativar as células do sistema

imune diretamente e sem dependência de células apresentadoras de antígeno

(STITES; TERR; PARSOLW, 2000).

Em contrapartida, a capacidade técnica de efetuar transplantes bem

sucedidos de muitos órgãos criou, em particular, um forte ímpeto pelo

desenvolvimento de esquemas imunossupressores eficazes e que permitam evitar a

rejeição ao enxerto. Além disso, mais de 40 doenças consideradas como

decorrentes de respostas imunológicas aberrantes são passíveis de tratamento com

agentes capazes de inibir a resposta imunológica. Estes progressos efetuados pela

Imunologia Clínica têm estimulado a pesquisa de fármacos capazes de inibir a

resposta imune (STITES; TERR; PARSOLW, 2000).

A modulação da resposta imune na eliminação e controle de doenças tem

sido área de grande interesse e de estudo. A imunomodulação é um mecanismo

fisiológico de regulação da resposta imunológica via mecanismos supressores e

estimuladores, que suprimem ou potencializam uma resposta imunológica. A

exacerbação das reações imunes é definida como imunoestimulação e implica

diretamente na estimulação do sistema imune e potencialização da resposta de

defesa. Ao contrário, a imunossupressão implica principalmente no decréscimo da

atividade do sistema imune, ocorrendo devido a uma gama de fatores genéticos,

ambientais e terapêuticos, favorecendo o estabelecimento de infecções

(PATWARDHAN et al., 1990; MAKARE; BODHANKAR; RANGARI, 2001).

Considerando a necessidade de controle e equilíbrio entre as duas atividades

para o funcionamento imunológico normal, desde a década de 80 a identificação e

caracterização de compostos naturais com atividade imunomodulatória tem se

apresentado como área de interesse científico (PHILLIPSON, 2003). Vários

compostos têm sido utilizados como agentes imunomodulatórios, incluindo

adjuvantes naturais, agentes sintéticos e anticorpos reagentes. Contudo, grande

parte destes compostos apresenta limitações quanto ao uso devido ao risco de

infecções e desenvolvimento de auto-imunidade (MAKARE; BODHANKAR;

RANGARI, 2001).

A análise da atividade imunomodulatória de compostos naturais tem sido

determinada por diferentes metodologias e em diferentes modelos, tanto in vivo

29

quanto in vitro. A linfoblastogênese, ou ensaio de proliferação de linfócios, é um dos

modelos in vitro empregados para avaliar o efeito destes compostos sobre a

proliferação celular. Este sistema permite medir a função normal de células B e T em

resposta a uma estimulação mitogênica, é um dos modelos empregados para avaliar

o efeito destes compostos sobre a proliferação celular. Neste modelo, o estudo do

efeito de compostos naturais pode ser avaliado in vitro na presença ou ausência de

estimuladores como PHA, PWM, lipopolissacáride, ConA, ou ainda antígenos

específicos obtidos de diferentes agentes agressores. Também são empregadas

outras populações celulares neste ensaio, como linfócitos murinos e humanos e

células mononucleares humanas (PANDIMA DEVI et al., 2003).

A identificação e caracterização de compostos naturais com atividade

imunomodulatória abrem uma possibilidade de uso para medicina moderna. Estudos

realizados quanto ao efeito imunomodulatório do extrato da Premma tomentosa,

planta da região sul da Índia popularmente utilizada como medicinal, mostraram que

o extrato da planta adicionado na cultura de linfócitos esplênicos promove

diminuição na citotoxicidade e da apoptose em comparação à indução tóxica do

cromo (Cr VI), apresentando característica de citoproteção (PANDIMA DEVI et al.,

2003).

Outro exemplo é a Acorus calamus, amplamente utilizada pela medicina

tradicional indiana no tratamento de insônia, melancolia, neuroses, epilepsia,

histeria, perda de memória e febre recorrente, onde a comprovação da atividade do

extrato etanólico do rizoma compreende a ação antiproliferativa e imunossupressora

em células humanas e de camundongos e células tumorais, estimuladas com

mitógenos PHA e LPS em cultura celular enriquecida com soro bovino fetal

(MEHROTA, 2003).

Em modelo de estudo semelhante, outros autores descreveram a propriedade

imunoestimulante dos polissacarídeos purificados de sementes de Phellodendri

cortex sobre os linfócitos B, espécie esta de uso popular na medicina oriental

chinesa e coreana (PARK et al.,1999). Ainda, a partir de atividade popularmente

conhecida na medicina tradicional indiana, o extrato alcoólico da casca da Mangifera

indica Linn, popularmente conhecida no Brasil como mangueira, mostrou atividade

imunomodulatória com estimulação dose dependente em linfócitos esplênicos de

camundongos (MAKARE; BODHANKAR; RANGARI, 2001).

30

O trabalho aqui apresentado mostra um estudo pioneiro acerca da atividade

biológica relacionada à resposta imune adquirida após estimulação in vitro com

extratos metanólicos de seis plantas medicinais presentes na flora do Estado de

Santa Catarina. A escolha das plantas Calophyllum brasiliensis, Ipomoea pes-

caprae, Matayba elaegnoidesMaytenus robusta, Rubus imperialis e Vernonia

scorpioides foi realizada de acordo com a disponibilidade dos extratos, tendo como

fator determinante os estudos a cerca da fitoquímica e atividade biológica realizadas

anteriormente, cujos resultados foram descritos na descrição de cada planta.

31

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

4.1.1 Reagentes

· Ácido clorídrico - HCl (VETEC Química Fina LTDA, Duque de Caxias, RJ);

· Azul de tetrazolium - MTT - Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazolio

(Amreco, catálago no 0793, Solon, Ohio, USA);

· Azul de tripan - C34H24Na4O16S4 (VETEC Química Fina LTDA, Duque de Caxias,

RJ);

· Bicarbonato de sódio P.A. - NaHCO3 (Dinâmica, São Paulo, SP);

· Dimetilsulfoxido P.A. - DMSO - (CH3)2SO (VETEC Química Fina LTDA, Duque de

Caxias, RJ);

· Dodecil sulfato de sódio - SDS, 99% de pureza (Amreco, catálago no 0227/00G,

Solon, Ohio, USA);

· Fitohemaglutinina - PHA (Sigma, catálogo no L9132, St. Louis, MO, USA);

· Hepes - Isento de Ácido (Sigma Aldrich, catálogo no H4034, St. Louis, MO, USA);

· L-glutamina (Sigma Aldrich, catálogo nº AB185, St. Louis, MO, USA);

· Meio de cultura Dulbelccos’s Modified Eagles Médium - DMEM (Sigma Inc.,

catálogo no D7777, St. Louis, MO, USA);

· Mesilato de pefloxacino (Peflacin, Aventis Pharma LTDA, São Paulo, SP);

· Piruvato de sódio - C3H3NaO (VETEC Quimica fina LTDA, Duque de Caxias, RJ);

· Pokeweed mitogen - PWM, lectina obtida de Phytolacca Americana (Sigma Aldrich,

catálogo nº L 9379, St. Louis, MO, USA);

· Soro bovino fetal estéril (Cultilab, catálago no 000072, Campinas, SP);

· Sulfato de Gentamicina (Gentamil, Green Pharma LTDA, Anápolis, GO).

4.1.2 Equipamentos

· Fluxo laminar (Veco, modelo VLFS-12, Campinas, SP);

· Centrifuga (Fanem, modelo, 206-R Exelsa Baby II, São Paulo, SP);

· Estufa de CO2 (Jouan, modelo IG150, Saint Herbain, França);

32

· Leitor de microlacas (Quick ELISA, Drake, São Paulo, SP).

4.2 Métodos

4.2.1 Tipo de estudo

Análise experimental laboratorial de amostras biológicas.

4.2.2 Local de estudo

Laboratórios 310 e 311 do Curso de Farmácia e Laboratório de Cultivo Celular

do Centro de Ciências da Saúde, Laboratório de Cultivo Vegetal do Centro de

Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar.

4.2.3 População/amostra

Foram utilizados 60 camundongos Swiss machos com peso entre 20 e 30

gramas, obtidos junto ao Biotério da UNIVALI.

4.2.4 Obtenção do material botânico

Os extratos metanólicos foram fornecidos pelos colaboradores do presente

projeto, Prof. Dr. Valdir Cechinel Filho, Prof. Dr. Rivaldo Niero e Profa. Dra. Maique

Weber Biavatti. As raízes de Calophyllum brasiliensis foram coletadas nos jardins da

UFSC, em Florianópolis, em abril de 2001. O material foi identificado pelo Dr Ademir

Reis (Departamento de Botânica da UFSC) e uma exsicata foi depositada no

Herbário Barbosa Rodrigues em Itajaí-SC sob número VC Filho 007. A planta inteira

de Ipomoea pes-caprae foi coletada na Praia da Esplanada, em Jaguaruna-SC e

uma exsicata foi depositada no mesmo Herbário sob número V.C. Filho 012. As

cascas de Matayba elaegnoides foram coletadas no município de Caçador - SC no

mês de maio 2004 identificado pelo Dr Ademir Reis (Departamento de Botânica da

UFSC) e uma exsicata foi depositada no mesmo Herbário sob número MTS 001. As

partes aéreas de Maytenus robusta foram coletadas em outubro de 1997 no Parque

Ecológico do Morro do Baú, município de Ilhota, Santa Catarina, identificada pelo Dr

Ademir Reis (Departamento de Botânica da UFSC) e uma exsicata foi depositada no

mesmo Herbário sob número V.C. Filho 016. As partes aéreas de Rubus imperialis

foram coletadas em São Sebastião, Treze de Maio-SC e uma exsicata foi depositada

33

no mesmo Herbário sob número V.C. Filho 012. As folhas e inflorescências de

Vernonia scorpioides foram coletadas em Navegantes (SC) em local previamente

determinado, e identificadas pela Dra. Ana Claudia Araújo, sendo comparada a

exsicatas tombadas no Herbário Barbosa Rodrigues sob número HBR, M. Biavatti

11.

O extrato alcoólico das plantas citadas acima foi preparado a partir do

material vegetal seco e triturado, utilizando o metanol como líquido extrator mediante

maceração durante 10 dias em recipiente fechado à temperatura ambiente. Os

extratos metanólicos das plantas utilizados nos experimentos de proliferação celular

foram obtidos pela filtração e concentração do material por evaporação à pressão

negativa. Métodos espectroscópicos como infravermelho, ressonância magnética

nuclear de próton e carbono 13 e técnicas bidimensionais foram utilizadas em

estudos prévios na elucidação estrutural em estudos prévios de caracterização

fitoquímica de compostos isolados destes extratos (KROGH et al., 1999; NIERO et

al., 1999; NIERO et al., 2001; SILVA et al., 2000; SOUZA, 2006; BUSKÜHL, 2007).

Os extratos metanólicos foram conservados em dessecador com sílica para

retirada de umidade e solubilizados no momento do uso em 2% de DMSO

constituindo junto com meio de cultura os extratos concentrados (1 mg/mL). O

extrato concentrado foi submetido a processo de filtração em filtro com poro de 22 m

para garantia da esterilidade do mesmo, evitando assim a contaminação do cultivo

celular.

4.2.5 Obtenção das células esplênicas

Os animais foram sacrificados por deslocamento cervical, seguido da

retirada cirúrgica do baço. As células esplênicas foram obtidas assepticamente por

rompimento mecânico da cápsula do baço em solução salina tamponada estéril.

Após centrifugação 10 minutos a 1000 r.p.m. a suspensão celular foi submetida a

choque hipotônico. As hemácias presentes no sedimento foram lisadas com água

destilada estéril durante 30 segundos, seguidos da reconstituição da isotonicidade

para 0,9%. Após nova centrifugação, a concentração celular foi determinada pela

contagem em câmara de Neubauer, simultaneamente à verificação da viabilidade

celular pela exclusão com azul de Tripan (BOYUM, 1968), sendo utilizadas somente

suspensões celulares com viabilidade superior a 90%. Para a obtenção do número

34

suficiente de células para a realização dos procedimentos foram utilizadas células

obtidas de baço de diferentes animais.

4.2.6 Proliferação celular

O procedimento foi realizado em câmara de fluxo laminar, evitando assim a

contaminação com bactérias e fungos e a interferência nos resultados. A avaliação

da proliferação celular, previamente padronizado em nossa Instituição (KRUEGER et

al. 2005; PETTRES et al., 2006), foi adequado às condições dos laboratórios onde a

pesquisa foi desenvolvida (COELHO et al., 2007). Foi empregado no cultivo celular o

meio de cultura DMEM suplementado com 10% de soro bovino fetal, 2% de

bicarbonato de sódio a 10%, 1% de L-glutamina a 200 mM, 1% de HEPES a 10mM e

110 mg/mL de piruvato de sódio.

O ensaio foi realizado em microplacas de 96 poços, de fundo chato, estéreis e

com tampa (TTP - Techno Plastic Products, Trasadingen, Suíça). As células

esplênicas foram empregadas na concentração de 50.000 células/mL (5.000

células/cavidade) e o mitógeno PHA foi utilizado na concentração de 5 mg/mL (0,5

mg/cavidade) (COELHO et al., 2007). O ensaio de diferentes concentrações de

células (2.000 a 250.000 células/mL, respectivamente 200 a 25.000

células/cavidade) frente ao mitógeno PWM na concentração de 5 mg/mL (0,5

mg/cavidade) definiu, por meio da maior percentagem de crescimento encontrada, a

concentração celular ideal para a proliferação celular com o PWM como controle

positivo de crescimento. Os extratos metanólicos das plantas foram ensaiados nas

concentrações de 10 mg/mL, 50 mg/mL, 100 mg/mL e 200 mg/mL (respectivamente 1,

5, 10 e 20 mg/cavidade).

Somente foram utilizados os resultados dos experimentos cujos controles

internos mostraram não interferir no ensaio de proliferação celular, a saber: a)

controle do meio de cultura, com plaqueamento de meio de cultura apenas; b)

controle dos mitógenos, com incubação de PHA e PWM, separadamente, com meio

de cultura; c) controle do extrato, com incubação do extrato com meio de cultura; d)

controle das células esplênicas, com incubação de células e meio de cultura.

O ensaio de proliferação celular com os extratos das plantas foi realizado na

presença e na ausência dos mitógenos: a) ensaio de proliferação celular na

ausência dos mitógenos, com incubação de células e extrato com meio de cultura; b)

35

ensaio de proliferação celular na presença dos mitógenos, com incubação de células

e extrato com PHA ou PWM, isoladamente, em meio de cultura. Para avaliação do

ensaio de proliferação foram empregados os seguintes controles internos: a)

controle negativo de proliferação, com incubação de células e meio de cultura; b)

controle positivo de proliferação para PHA, com incubação de células e PHA com

meio de cultura; c) controle positivo de proliferação para PWM, com incubação de

células e PWM com meio de cultura.

Todos os ensaios, realizados em triplicata, foram incubados a 37 oC em

atmosfera com 5% de CO2 durante 72 horas, período este determinado de acordo

com a literatura para estudo em modelo murino (YASNI et al., 1993; ROSEGHINI et

al., 2006). A quantificação da proliferação celular foi realizada pelo ensaio de

redução MTT, que forma cristais de coloração azulada quando convertido em sal de

formazan pela atividade da desidrogenase mitocondrial das células vivas

(MOSMANN, 1983). Para este procedimento foram adicionados a cada poço da

microplaca, três horas antes do término do período de incubação, 10 mL de MTT a 5

mg/mL em NaCl 0,9%. Após o término do período de incubação foram adicionados a

cada poço 100 mL de SDS a 10% em HCl 0,001 N e deixados over night para a

dissolução dos cristais formados pela redução do MTT pelas células. A densidade

óptica de cada poço foi determinada em espectrofotômetro de microplacas a 540 nm

(DENIZOT; LANG, 1986).

Os resultados do ensaio de proliferação celular foram apresentados em

percentagem de crescimento, que elimina a proliferação residual de células ativadas

previamente in vivo, bem como as variações inter-testes. Este indicador foi obtido

pela seguinte fórmula:

% crescimento = 100 x [(DOt - DOc) / DOc]

onde DOt corresponde à densidade óptica do ensaio de proliferação e DOc refere-se

à densidade óptica do controle negativo de proliferação. A percentagem de

crescimento obtida no ensaio será proporcional à viabilidade celular e ao número de

células viáveis. Assim, um resultado de percentagem de crescimento positivo indica

proliferação celular induzida pelo composto adicionado ao cultivo celular

(MANOSROI; SARAPHANCHOTIWITTHAYA; MANOSROI, 2003; RISCO et al.,

2003). Todos os extratos avaliados mostraram, quando incubados com meio de

36

cultura apenas, densidade óptica semelhante àquela obtida com no controle

negativo, ou seja, sem background.

4.3 Análise e discussão dos dados

Para representação das observações encontradas foram utilizados gráficos,

enquanto que os dados encontrados foram avaliados estatisticamente pelos testes

de Kruskal-Wallis e Mann-Whitnhey. A correlação entre a concentração do extrato e

efeito sobre a proliferação celular foi avaliado pelo coeficiente de determinação,

obtido a partir da linha de tendência polinomial na ordem 3, com valor R2=1,0. A

determinação da concentração que promove 50% de crescimento celular foi

estimada pela estatística de Probitos (MicrocalTM OriginTM, Microcal Software Inc.,

Northampton, MA, EUA).

4.4 Procedimentos éticos

Este estudo foi realizado de acordo com as normas éticas para pesquisa e

conta com parecer favorável da Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI

(parecer número 131/2006).

37

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os ensaios preliminares objetivaram identificar a concentração celular ótima

para uso junto ao mitógeno PWM, uma vez que o ensaio de proliferação celular com

PHA havia sido previamente estabelecido (COELHO et al., 2007). A definição da

concentração celular ótima para uso junto ao mitógeno PWM a 5 mg/mL (5

mg/cavidade) foi realizada por meio de seis experimentos em triplicatas com

concentrações de 2.000 a 250.000 células/mL, respectivamente 200 a 25.000

células/cavidade. Os resultados em percentagem média de crescimento destes

experimentos estão apresentados na Figura 1.

Figura 1. Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, obtida no

ensaio de proliferação de células esplênicas murinas em incubação de 72 horas a 37 oC

com 5% de CO2 frente ao pokeweed mitogen (5 µg/mL). Resultados apresentados como

média e desvio-padrão de seis experimentos realizados em triplicata.

A maior percentagem de crescimento foi obtida com a suspensão celular na

concentração de 50.000 células/mL (5.000 células/cavidade). O uso de

concentração celular superior a esta não mostrou acréscimo na atividade

38

mitocondrial de células vivas, sugerindo maior consumo de nutrientes e que

provavelmente inviabilizaram o crescimento celular. Desta forma, todos os demais

experimentos foram realizados com esta concentração celular.

A Figura 2 apresenta os resultados obtidos com os extratos metanólicos de

Calophyllum brasiliensis, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus

robusta, Rubus imperialis e Vernonia scorpioides incubados isoladamente no ensaio

de proliferação celular, com controles positivos PHA e PWM. Os resultados foram

apresentados como média e desvio padrão de quatro experimentos realizados em

triplicata.

Estudos com o objetivo de descrever novos agentes terapêuticos têm

revelado diferentes grupos de metabólitos secundários de natureza química variada,

como alcalóides, flavonóides, saponinas, taninos e lectinas como agentes

protagonistas de relevantes atividades biológicas (BALUNAS; KINGHOM, 2005;

BUSS; WAIGH, 1995). Baseado nesse conceito, o extrato metanólico de

Calophyllum brasiliensis, que possui em sua composição compostos como

flavonoídes, amentoflavonas, ácido gálico e outros, mostrou indução da proliferação

celular de maneira dose-dependente quando incubado isoladamente nas

concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL (R2=1,0) (Figura 2A e Figura 3A). A

percentagem média de crescimento do extrato variou de 5,8 a 88,2%, enquanto que

as dos controles positivos foram de 12,2% para PHA e de 14% para PWM. As

concentrações mais elevadas do extrato, de 100 e 200 µg/mL, mostraram indução

significativamente maior na proliferação celular em comparação com os controles

positivos PHA (p=0,021) e PWM (p<0,029). A concentração de 23,2 µg/mL foi

estimada como necessária para a indução de 50% do crescimento celular.

Um estudo anterior com extrato hexânico das folhas de Calophyllum

brasiliensis demonstrou atividade sobre a produção de células da medula óssea de

camundongos tratados por gavagem com o extrato, estimulando a hematopoiese

(BREHMER, 2005). O estímulo promovido pelo extrato metanólico de Calophyllum

brasiliensis na proliferação celular também pode estar relacionado a presença do

ácido gálico, que tem atividade antioxidante protetora nas células contra ação dos

reativos de oxigênios produzidos durante a fagocitose ou quando estimulados por

diferentes agentes (FORMAN; TORRES, 2002).

Os resultados obtidos com o extrato metanólico de Ipomoea pes-caprae, nas

concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL, isoladamente no cultivo celular estão

39

apresentados na Figura 2B. O extrato avaliado induziu a proliferação das células

esplênicas de maneira dose-dependente (R2=1,0) (Figura 3B), em concordância com

estudo realizado anteriormente (COELHO et al., 2007). A percentagem média de

crescimento observada com o extrato variou de 13,4 a 73,1%, com maior

crescimento na concentração de 200 µg/mL. Considerando as percentagens médias

de crescimento obtido nos controles positivos com PHA (12,2%) e com PWM

(10,1%), apenas o extrato a 200 µg/mL mostrou indução significativa da proliferação

celular (p=0,021). A indução de 50% do crescimento celular foi estimada com a

concentração de 40,7 µg/mL.

Um estudo realizado recentemente demonstrou que o extrato bruto de

Ipomoea pes-caprae, induziu aumento significativo no número total de células da

medula óssea dos camundongos a 200 mg/Kg, propondo que a planta tem efeito

estimulador sobre a hematopoiese (BREHMER, 2005). A presença de flavonóides

nesta espécie, como a quercitina, podem estar relacionados, com a indução no

aumento da proliferação celular devido à diminuição da peroxidação de lipídios em

nível de membrana celular. Os flavonóides também são conhecidos por atuarem

contra espécies reativas de oxigênio que tem como alvo biológico as proteínas

celulares. A oxidação destas proteínas por estas espécies reativas conduz à perda

de função, degradação prematura pelos proteossomas, alteração das propriedades

físicas da membrana celular e do DNA, tendo como conseqüência a morte celular

(CAI; RANHN; ZANG, 2004). Ainda, a presença de alcalóides em extrato de Uncaria

tomentosa (SHENG; BRYNGELSSON; PERO, 2000) apresentou potente efeito

imunoestimulante, alcalóides estes também encontrados na composição do extrato

de Ipomea pes-caprae.

Semelhantemente aos extratos metanólicos de Calophyllum brasiliensis e

Ipomoea pes-caprae, o extrato metanólico de Matayba elaegnoides também mostrou

indução dose-dependente da proliferação de células esplênicas nas concentrações

de 10, 50, 100 e 200 µg/mL (R2=1,0) (Figura 2C e Figura 3C). O extrato mostrou

percentagem média de crescimento de 3,4 a 52,7% sendo o maior crescimento

observado na concentração de 200 µg/mL. A concentração de 33,6 µg/mL foi

estimada como necessária para a indução de 50% do crescimento celular. O

crescimento celular com 10 µg/mL de extrato foi significativamente inferior ao

controle positivo PHA (12,5%, p=0,021), enquanto que a 200 µg/mL o crescimento

40

celular foi superior ao controle com PHA e com PWM (7,5%) (p<0,021). Estes dados

sugerem que ocorre ativação celular em concentrações maiores do extrato.

A variedade de compostos encontrados no extrato de Matayba elaegnoides,

como o lupeol, pode ter ação imunossupressora e também de inibição de migração

de células inflamatórias, reduzindo os fatores quimiotáticos pró-inflamatórios (PATO

KA, 2003). Este composto mostrou ainda efetividade na redução da produção de

prostaglandinas em tecidos inflamados (REYES et al., 2006). A betiluna, outro

composto isolado desta planta, além de indutor mitogênico, possui a habilidade de

induzir e modular a produção de citocinas em culturas de células humanas, com

produção de fator de necrose tumoral (ZDZSI et al., 2003). Entretanto, em

concentrações menores do extrato os compostos como o lupeol podem apresentar

maior atividade e, consequentemente, reduzir a característica estimulatória de outros

compostos.

Os resultados obtidos com o extrato metanólico de Maytenus robusta nas

concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL mostraram efeito dose-dependente

(R2=1,0) (Figura 3D) e com percentagem média de crescimento de -5,8 a 7,0%,

sendo o menor e o maior valor a 100 e 200 µg/mL, respectivamente (Figura 2D).Os

controles positivos de crescimento celular foram de 12,5% para PHA e de 7,5% para

PWM, sem diferença significativa com as quatro concentrações do extrato, sejam

elas com valores positivos ou negativos de percentagem de crescimento (p>0,075

para PHA e p>0,149 para PWM).

A presença de diferentes compostos no extrato pode ter promovido o estímulo

da proliferação celular e a supressão da mesma. Um dos compostos, a quercitina, é

um flavonóide que possui a capacidade de induzir aumento do crescimento celular

pela diminuição da peroxidação de lipídeos ao nível de membrana celular (LUNA et

al., 1996). Outros compostos, como os triterpenos, possuem atividade citotóxica em

linhagens de células tumorais sensíveis e resistentes a múltiplas drogas, atividade

esta promovida pela perda do potencial de membrana mitocondrial similar àquele

encontrada na apoptose celular (ROCHA et al., 2007).

Os resultados do crescimento celular apresentados no presente estudo foram

obtidos a partir dos valores do cultivo de células e extrato com meio de cultura frente

aos valores de células mantidas em cultivo apenas com meio de cultura, expresso

em percentagem (MANOSROI; SARAPHANCHOTIWITTHAYA; MANOSROI, 2003;

RISCO et al., 2003). Considerando esta premissa, um resultado negativo é inibidor

41

da proliferação celular, atividade esta que pode ser evidenciada pela supressão da

atividade proliferativa do mitógeno quando incubado simultaneamente ao extrato e

que, molecularmente, pode ser confirmada na imunocitoquímica pela ausência de

marcadores sinalizadores da ativação celular e proliferação, como CD69 (MAINO;

SUNI; RUITENBERG, 1995; CRASTON et al., 1997) e KI67 (STARBORG et al.,

1996; SCHOLZEN; GERDES, 2000; KAUSCH et al., 2003).

Outra hipótese a ser considerada é a lise celular promovida pelo composto

adicionado à cultura, ou seja, o efeito citotóxico do extrato sobre as células e cuja

avaliação emprega metodologias específicas para a identificação de necrose e

apoptose, como dosagem de LDH no sobrenadante do cultivo celular (CRUZ-

CHAMORRO et al., 2006) e de detecção de caspase 3 por imunocitoquímica

(KRAJEWSKA et al., 1997) ou pela liberação de p-nitroalinina (POSMANTUR;

WANG; GILBERTSEN, 1998).

O extrato metanólico de Rubus imperialis inibiu a proliferação celular nas

quatro concentrações testadas, sendo significativo nas concentrações de 10, 100 e

200 mg/mL frente aos controles positivos com PHA (15,9%) e com PWM (13,8%)

(p<0,030) (Figura 2E), com correlação com a dose (R2=1,0) (Figura 3E). A

percentagem média de crescimento observada com esta planta foi de -11,8% a -

4,4%, sendo a primeira correspondente à concentração de 10 mg/mL. A

concentração de extrato necessária para a indução de 50% do crescimento celular

não pôde ser determinada devido ao efeito supressor do mesmo. Existe uma grande

semelhança quanto às características fitoquímicas entre as várias espécies do

gênero Rubus, principalmente no que se refere à presença de triterpenos (TANAKA

et al., 1993). O mesmo extrato testado nesse estudo já apresentou atividade

citotóxica comprovada frente Artemia salina (KANEGUSUKU, 2001).

O extrato metanólico de Vernonia scorpioides apresentou percentagem média

de crescimento de -4,1 a 6,7%, estas correspondendo à concentração de 10 e 200

mg/mL, respectivamente (Figura 2F). A atividade, embora extremamente discreta, foi

dose-dependente (R2= 1,0) (Figura 3F) e com resultado significantemente inferior ao

controle positivo (15,9%, p=0,043) para o extrato na concentração de 100 mg/mL. A

concentração de 11,3 µg/mL foi estimada como necessária para a indução de 50%

do crescimento celular. Embora não seja possível avaliar a atividade citotóxica do

42

extrato no presente estudo, a literatura tem relatado esta atividade em diferentes

modelos de estudo (BREHMER, 2005; PAGNO et al., 2006; BUSKÜHL, 2007).

43

A

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

A10 A50 A100 A200 C+ PHA

C+PWM

%C

resc

imen

to

***

*B

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

B10 B50 B100 B200 C+ PHA

C+ PWM

*

C

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

C10 C50 C100 C200 C+ PHA

C+ PWM

%cr

esci

men

to *

*

D

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

D10 D50 D100 D200 C+ PHA

C+ PWM

E

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

E10

E50 E100 E200 C+ PHA

C+ PWM

Concentração de extrato metanólico

%cr

esci

men

to

* **

F

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

F10 F50 F100 F200 C+ PHA

C+ PWM

Concentração extrato metanólico

Figura 2. Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, na ausência de

estímulo mitogênico, incubação de 72 horas a 37 ºC e 5% de CO2 frente a extrato metanólico de

diferentes plantas medicinais. A: Calophyllum brasiliensis; B: Ipomea pes-caprae; C: Matayba

elaegnoides; D: Maytenus robusta; E: Rubus imperialis; F: Vernônia scorpioides; C+ PHA: controle

positivo com fitohemaglutinina (PHA); C+ PWM: controle positivo com pokeweed mitogen (PWM);

*p<0,05 em comparação ao C+ PHA; **p<0,05 em comparação ao C+ PWM. Resultados

apresentados como média e desvio-padrão de quatro experimentos realizados em triplicata.

44

Figura 3. Curva dose-resposta do efeito dos extratos no ensaio de proliferação com células

esplênicas murinas e extrato metanólico de diferentes plantas medicinais durante 72 horas a 37 ºC e

5% CO2. A: Calophyllum brasiliensis; B: Ipomea pes-caprae; C: Matayba elaegnoides; D: Maytenus

robusta; E: Rubus imperialis; F: Vernônia scorpioides; R2: coeficiente de determinação. Resultados

apresentados como média e desvio-padrão de quatro experimentos realizados em triplicata.

45

A Figura 4 apresenta os resultados obtidos com os extratos metanólicos de

Calophyllum brasiliensis, Matayba elaegnoides e Maytenus robusta incubados na

presença de PHA no ensaio de proliferação celular, tendo como controle positivo o

próprio mitógeno incubado isoladamente no cultivo celular. Os resultados foram

apresentados como média e desvio padrão de quatro experimentos realizados em

triplicata.

O perfil na indução do crescimento celular com extrato metanólico de

Calophyllum brasiliensis incubado simultaneamente à PHA foi semelhante ao

observado quando o ensaio realizado com esse extrato sem estímulo mitogênico no

cultivo celular (Figura 4A), apresentando inclusive efeito dose-dependente (R2=1,0)

(Figura 5A). A percentagem média de crescimento foi discretamente superior que na

incubação do extrato isoladamente no cultivo celular, de 15,3% a 96,3%, e

igualmente o extrato a 100 e 200 µg/mL mostrou maior indução da proliferação

celular, ambas significativamente superiores ao controle positivo PHA (12,2%)

(p=0,021). A concentração de 23,9 µg/mL foi estimada como necessária para a

indução de 50% do crescimento celular.

Algumas lectinas extraídas de plantas possuem a capacidade de se ligar

especificamente a certos resíduos de açúcares nas glicoproteínas da superfície do

linfócito T, no complexo TcR : CD3, sem interagir diretamente com o sítio de ligação

ao antígeno do receptor. Esta ligação suscita um sinal semelhante ao que é dado

pelo antígeno estranho ao sistema de defesa, que é interpretado pela célula como

iniciador de saída do estado de repouso e entrada no ciclo celular a fim de realizar

mitose (PAUL, 2003). A PHA, uma proteína vegetal polimérica, é a lectina mais

extensamente estudada e aplicada na ativação dos linfócitos T in vitro, ou seja, na

avaliação da resposta imune mediada por este tipo celular (PAUL, 2003; ROCHA;

GORESCU; BELTRAME, 2007).

Analisando os resultados do extrato metanólico de Calophyllum brasiliensis

descritos acima a partir desta informação, é possível sugerir que o mesmo estimula

a proliferação de linfócitos T, provavelmente potencializando a resposta imune

celular. Além disso, a presença de ácido gálico isolado a partir de espécies de

Calophyllum tem demonstrado evitar a oxidação do DNA , impedindo assim a morte

celular pelo acúmulo de reativos como óxido nítrico no meio de cultura no qual se

encontram as células (KUHLMAN; HORSCH; BURKAARDT, 2005).

46

O extrato metanólico de Matayba elaegnoides incubado simultaneamente à

PHA também apresenta perfil de ativação celular dose-dependente como observado

quando o extrato foi incubado isoladamente (R2=1,0) (Figura 5B). A percentagem

média de crescimento foi de -7,0% a 48,8%, sendo a primeira a 10 µg/mL e com

diferença significativa frente ao controle positivo (12,2%, p=0,021) (Figura 4B). A

concentração de 19,3 µg/mL foi estimada como necessária para a indução de 50%

do crescimento celular. Embora 10 µg/mL tenha sido a única concentração com

relevância estatística, e cuja percentagem média de crescimento foi negativa, os

resultados mostram uma tendência à ativação celular induzida pelo extrato junto à

PHA, e que não foi comprovada estatisticamente devido à variabilidade encontrada

nos experimentos.

Novamente a variabilidade de compostos presentes na planta, com atividades

diversas, pode explicar a variabilidade de resultados obtidos com o extrato de

Matayba elaegnoides. Cabe aqui ressaltar que o composto 3b-O-D-glicopiranosil–

sitosterol, identificado por Souza (2006) no extrato das cascas de Matayba

elaegnoides, apresentou potente atividade citotóxica com dose letal média em 67

µg/mL quando testado frente à Artemia salina (GALOTTA ; BOAVENTURA 2005).

A percentagem média de crescimento obtida com o extrato metanólico de

Maytenus robusta nas concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL incubados

simultaneamente com PHA foi de -10,2% a 0,6%, sendo os valores das

concentrações de 10 e 100 µg/mL significativamente inferiores à do controle positivo

(12,5%, p=0,878) (Figura 4C) e com correlação com a concentração do extrato

(R2=1,0) (Figura 5C). Os resultados obtidos com o extrato incubado isoladamente

comparado a estes sugerem inibição da proliferação celular, ou ainda lise celular

promovida pelo composto adicionado à cultura. Outra espécie deste gênero, a

Maytenus ilicifolia revelou propriedades biológicas, como atividade citotóxica,

antibaceriana e anti-ulcerogênica, devido à presença de triterpenos e compostos

fenólicos (OLIVEIRA et al., 1991; CARLINI, 1988; SOUZA-FORMIGONI et al., 1991;

ZHU, 1998).

O estudo realizado anteriormente (COELHO et al., 2007) avaliou o efeito do

extrato metanólico de Ipomoea pes-caprae e de Rubus imperialis simultaneamente à

PHA no cultivo de células esplênicas murinas, demonstrando que o primeiro induz à

proliferação celular a 200 µg/mL, enquanto que o segundo extrato apresentou efeito

inibitório na proliferação celular a 10 e 100 µg/mL. Este mesmo efeito inibitório foi

47

observado com o extrato metanólico de Vernonia scorpioides a 10 e 100 µg/mL em

outro estudo recente de proliferação de células esplênicas (MENDES et al., 2007). O

efeito citotóxico da Vernonia scorpioides tem sido descrito na literatura e relacionado

às lactonas sesquiterpênicas (BREHMER, 2005; PAGNO et al., 2006; BUSKÜHL,

2007), bem como a um recente composto isolado da planta, o poliacetilieno

(BUSKÜHL, 2007).

48

A

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

A10 c/PHA

A50 c/PHA

A100 c/PHA

A200 c/PHA

C+ PHA

% c

resc

imen

to

B

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

B10 c/PHA

B50 c/PHA

B100 c/PHA

B200 c/PHA

C+ PHA

%cr

esci

men

to

Figura 4. Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, frente ao

extrato metanólico de diferentes plantas medicinais na presença de estímulo mitogênico

com fitohemaglutinina (PHA), em incubação de 72 horas a 37 ºC e 5% de CO2. A:

Calophyllum brasiliensis; B: Matayba elaegnoides; C: Maytenus robusta; C+ PHA: controle

positivo com fitohemaglutinina (PHA); *p<0,05 em comparação ao C+ PHA. Resultados

apresentados como média e desvio-padrão de quatro experimentos realizados em triplicata.

C

-40-20

020406080

100120140160

C10 c/PHA

C50 c/PHA

C100 c/PHA

C200 c/PHA

C+ PHA

concentração do extrato metanólico mg/ml

% c

resc

imen

to

49

Figura 5. Curva dose-resposta do efeito dos extratos no ensaio de proliferação com células

esplênicas murinas e extrato metanólico de diferentes plantas medicinais e

fitohemaglutinina, incubados simultaneamente no cultivo celular durante 72 horas a 37 ºC e

5% CO2. A: Calophyllum brasiliensis; B: Matayba elaegnoides; C: Maytenus robusta; R2:

coeficiente de determinação. Resultados apresentados como média e desvio-padrão de

quatro experimentos realizados em triplicata.

50

Os resultados obtidos com os extratos metanólicos de Calophyllum

brasiliensis, Ipomoea pes-caprae, Matayba elaegnoides, Maytenus robusta, Rubus

imperialis e Vernonia scorpioides simultaneamente ao PWM no ensaio de

proliferação celular, tendo como controle positivo o próprio mitógeno incubado

isoladamente no cultivo celular, estão representados na Figura 6. Os resultados

foram apresentados como média e desvio padrões de quatro experimentos

realizados em triplicata.

Assim como observado nas Figuras 3 e 5, o extrato metanólico de

Calophyllum brasiliensis nas concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL incubado

simultaneamente com PWM mostrou indução do crescimento celular (Figura 6A)

com padrão dose-dependente (R2=1,0) (Figura 7A). A concentração de 73,5 µg/mL

foi estimada como necessária para a indução de 50% do crescimento celular. A

percentagem média de crescimento foi de 21,6% a 55,9%, sendo o menor e o maior

valor respectivamente para 10 e 200 µg/mL. Entretanto, as quatro concentrações

testadas não mostraram diferença significativa quando comparadas ao controle

positivo com PWM (10,1%) (p>0,149).

Este achado coincide com o indicativo de que o extrato induz a ativação e

proliferação de linfócitos T e que, mesmo não havendo diferença significativa nos

resultados em relação ao controle, pode-se notar um aumento na proliferação

celular. Este sutil estímulo à proliferação celular pode estar relacionado à presença

de composto da classe das xantonas, que mostrou atividade imunoestimulante tanto

in vivo quanto in vitro e um aumento significativo no título de anticorpos humorais

relacionados a ativação de linfócitos T e B em estudo realizado com extrato de

cascas da Mangífera indica (MAKARE; BODHANKAR; RANGARI, 2001).

O extrato metanólico de Ipomoea pes-caprae mostrou estímulo à proliferação

celular quando incubado junto ao PWM (Figura 6B), com correlação com a

concentração utilizada (R2=1,0) (Figura 7B). A proliferação celular foi mais intensa

nas concentrações de 100 e 200 µg/mL, diferindo significativamente do controle

positivo de PWM (10,1%) (p<0,043). A percentagem média de crescimento obtida

com o extrato variou de 20,7% a 78,2%, dependendo da concentração empregada.

A indução de 50% do crescimento celular foi estimada na concentração do extrato a

31,7 µg/mL. Estes dados, somados aos reportados no estudo com PHA (COELHO et

al., 2007), sugerem que tanto os linfócitos T quanto os linfócitos B são ativados pelo

extrato da planta. A literatura sugere que este efeito é encontrado em plantas que

51

apresentam alcalóides e flavonoides em sua composição, como no extrato aquoso

da Clausena excavata. Esta espécie apresenta atividade imumodulatória em

concentrações elevadas do extrato com estímulo dose-dependente na proliferação

de células esplênicas murinas estimuladas com PWM (MANOSROI;

SARAPHACHOTIWITTHAYA; MANOSROI, 2003).

O efeito promovido pelo extrato metanólico de Matayba elaegnoides, nas

concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL e incubado simultaneamente ao PWM na

proliferação celular (Figura 6C) foi semelhante ao observado quando o extrato foi

incubado isolado e simultaneamente à PHA no cultivo ou celular, ou seja, induziu à

proliferação celular de forma dose-dependente (R2=1,0) (Figura 7C). A percentagem

média de crescimento foi de -4,6% a 47,1%, esta última a 200 µg/mL e

significativamente superior ao controle positivo com PWM (7,5%) (p=0,021). A

concentração de 27,4 µg/mL foi estimada como necessária para a indução de 50%

do crescimento celular.

A proliferação celular significativa observada quando o extrato de Matayba

elaegnoides foi incubado isolado no cultivo celular, bem como simultâneo à PHA e

ao PWM, sugerem que o mesmo tem ação estimuladora sobre a ativação e

proliferação tanto de linfócitos T quanto de linfócitos B. Assim como a Clauseana

excavata, a Matayba elaegnoides apresenta na sua composição umbeliferona, que

tem sido relacionada com capacidade de estimular a proliferação celular quando

incubados simultaneamente ao PWM em cultura celular (MANOSROI:

SARAPHANCHOTIWITHAYA;MANOSROI, 2003).

O extrato metanólico de Maytenus robusta incubado simultaneamente ao

PWM, assim como o ensaio com o extrato isolado no cultivo celular, mostrou não

interferir no cultivo celular, seja com indução da proliferação, seja com inibição da

mesma (Figura 6D) (R2=1,0) (Figura 7D). A percentagem média de crescimento

obtida com o extrato nas concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL incubados

simultaneamente com PWM foi de 4,1% a 8,3%, tendo o controle positivo com PWM

percentagem média de crescimento de 7,5%. A concentração necessária para a

indução de 50% do crescimento celular com PWM foi estimada em 36,2 µg/mL. A

compilação dos resultados obtidos com o extrato isolado no cultivo celular, e

simultâneo à PHA e ao PWM, não permite uma conclusão acerca da atividade sobre

a proliferação de células esplênicas murinas.

52

Contudo, é possível sugerir que a presença de triterpenos e compostos com

atividade antioxidantes podem estar relacionados com os resultados encontrados co

o extrato de Maytenus robusta incubado como PHA. Nesta condição o extrato

mostrou que em doses menores ocorre inibição da proliferação celular, enquanto

que em doses maiores há diminuição deste efeito. A Clauseana excavata originária

da Índia apresenta compostos como terpenóides e flavonódes, tendo sido revelado

efeito estimulador dose-dependente sobre a proliferação celular (MANOSROI:

SARAPHANCHOTIWITHAYA;MANOSROI, 2003). Considerado que estas mesmas

classes de compostos estão presentes no extrato de Maytenus robusta, a ausência

de efeito inibidor na proliferação celular mesmo quando extrato foi incubado

simultaneamente com PWM parece ser justificada.

A inibição da proliferação celular induzida pelo extrato metanólico de Rubus

imperialis, novamente observado quando o mesmo foi incubado junto ao PWM no

cultivo celular (Figura 6E), com correlação dose-dependente (R2=1,0) (Figura 7E).A

percentagem média de crescimento para o extrato nesta condição e nas

concentrações de 10, 50, 100 e 200 µg/mL foi de -17,3% a 11,2%, sendo o efeito

observado nas concentrações de 10, 100 significantemente inferior ao controle

positivo de PWM (13,8%) (p=0,021), embora a concentração de 200 µg/mL tenha

sido superior ao mesmo controle (p=0,021). Esta variabilidade nos resultados não

permitiu a determinação da concentração necessária para o crescimento em 50% da

população celular. Esta inibição parece envolver os dois tipos de linfócitos e um

estudo mais aprofundado poderá avaliar a imunossupressão induzida pelas

substâncias presentes no extrato da planta.

O extrato metanólico de Vernonia scorpioides apresentou valores positivos na

percentagem média de proliferação para as concentrações de 10, 50, 100 e 200

µg/mL do extrato incubado simultaneamente com o mitógeno PWM (Figura 6F), com

correlação dose-dependente (R2=1,0) (Figura 7F). Contudo, os resultados não

mostraram significância estatística frente ao frente ao controle positivo realizado com

PWM (13,8%) (p>0,387). A percentagem média de crescimento foi de 3,5% a 20,8%.

A concentração de 59,5 µg/mL foi estimada como necessária para a indução de 50%

do crescimento celular. Como estes dados frente ao controle positivo de PWM não

apresentaram relevância estatística, é possível manter a indicação do efeito inibitório

observado quando o extrato foi colocado isoladamente junto às células na

concentração de 100 µg/mL, permanecendo em concordância com outros autores no

53

mesmo modelo de estudo (MENDES et al., 2007) e em estudos específicos de

citotoxicidade (BREHMER, 2005; PAGNO et al., 2006; BUSKÜHL, 2007).

54

A

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

A10 c/PWM

A50 c/PWM

A100 c/PWM

A200 c/PWM

C+ PWM

%cr

esci

men

to

B

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

B10 c/PWM

B50 c/PWM

B100 c/PWM

B200 c/PWM

C+ PWM

**

C

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

C10 c/PWM

C50 c/PWM

C100 c/PWM

C200 c/PWM

C+ PWM

%cr

esci

men

to *

D

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

D10 c/PWM

D50 c/PWM

D100c/PWM

D200 c/PWM

C+ PWM

E

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

E10 c/PWM

E50 c/PWM

E100 c/PWM

E200 c/PWM

C+ PWM

Concentração de extrato metanólico mg/ml

% c

resc

imen

to

* **

F

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

140

160

F10 c/PWM

F50 c/PWM

F100 c/PWM

F200 c/PWM

C+ PWM

Concentração extrato metanólico µg/mL

Figura 6. Avaliação da proliferação celular, em percentagem de crescimento, frente ao

extrato metanólico de diferentes plantas medicinais na presença de estímulo mitogênico

com pokeweed mitogen (PWM), em incubação de 72 horas a 37 ºC e 5% de CO2. A:

Calophyllum brasiliensis; B: Ipomea pes-caprae; C: Matayba elaegnoides; D: Maytenus

robusta; E: Rubus imperialis; F: Vernônia scorpioides; C+ PWM: controle positivo com

pokeweed mitogen (PWM); *p<0,05 em comparação ao C+ PWM. Resultados apresentados

como média e desvio-padrão de quatro experimentos realizados em triplicata.

55

Figura 7. Curva dose-resposta do efeito dos extratos no ensaio de proliferação com células

esplênicas murinas e extrato metanólico de diferentes plantas medicinais e pokeweed

mitogen, incubados simultaneamente no cultivo celular durante 72 horas a 37 ºC e 5% CO2.

A: Calophyllum brasiliensis; B: Ipomea pes-caprae; C: Matayba elaegnoides; D: Maytenus

robusta; E: Rubus imperialis; F: Vernônia scorpioides; R2: coeficiente de determinação.

Resultados apresentados como média e desvio-padrão de quatro experimentos realizados

em triplicata.

56

6 CONCLUSÕES

1. O extrato metanólico de Calophyllum brasiliensis mostrou indução da

proliferação celular dose-dependente quando incubado isoladamente e

simultaneamente à PHA e ao PWM no cultivo celular. As concentrações de 23,2 a

73,5 µg/mL foram estimadas como necessárias para a indução de 50% do

crescimento celular. As concentrações mais elevadas do extrato, de 100 e 200

µg/mL, mostraram maior indução na proliferação celular em comparação com os

controles positivos PHA e PWM, tanto incubado isoladamente quanto em conjunto

com a PHA (p<0,029). Contudo, este efeito não foi observado quando o extrato foi

incubado simultaneamente ao PWM (p>0,149). Estes dados sugerem que o extrato

metanólico de Calophyllum brasiliensis estimula a proliferação de linfócitos T e

possibilita potencializar a resposta imune celular.

2. O extrato metanólico de Ipomoea pes-caprae incubado isolado no cultivo

celular induziu a proliferação celular de forma dose-dependente das células

esplênicas e significativamente superior aos controles positivos PHA e PWM na

concentração de 200 µg/mL (p=0,021). As concentrações de 31,7 a 40,7 µg/mL

foram estimadas como necessárias para a indução de 50% do crescimento celular.

Quando incubado simultaneamente ao PWM houve incremento da proliferação

celular com correlação com a concentração utilizada e significante. O estudo anterior

realizado pela equipe demonstrou que o extrato metanólico de Ipomoea pes-caprae

incubado simultaneamente à PHA no cultivo de células esplênicas murinas induz à

proliferação celular a 200 µg/mL (COELHO et al., 2007). Assim, a partir destes

dados é possível propor que tanto os linfócitos T quanto os linfócitos B são ativados

pelo extrato da planta.

3. O extrato metanólico de Matayba elaegnoides mostrou indução dose-

dependente da proliferação das células esplênicas quando incubado isolado e

simultâneo à PHA e ao PWM. As concentrações de 19,3 a 33,6 µg/mL foram

estimadas como necessárias para a indução de 50% do crescimento celular. O

57

extrato isolado mostrou inibição da proliferação celular a 10 µg/mL (p=0,030) e

indução do crescimento celular a 200 µg/mL frente ao controle positivo com PHA e

com PWM (p=0,021). Para o extrato incubado junto à PHA, a concentração de 10

µg/mL foi inferior ao controle positivo PHA (p=0,021), mas com tendência à indução

da proliferação celular em concentrações maiores. Quando incubado com PWM, o

extrato na concentração de 200 µg/mL mostrou indução do crescimento celular

superior ao controle positivo com PWM (p=,0,021). Desta forma, é sugestivo que o

extrato tem ação estimuladora sobre a ativação e proliferação tanto de linfócitos T

quanto de linfócitos B em concentrações maiores, enquanto que em baixas

concentrações o efeito é supressor.

4. O extrato metanólico de Maytenus robusta mostrou não interferir

significativamente no cultivo celular quando incubado isolado e simultâneo ao PWM

(p>0,083), embora o discreto efeito observado quando isolado no cultivo celular

tenha sido dose-dependente. Contudo, quando o extrato foi incubado nas

concentrações de 10 e 100 µg/mL junto à PHA houve inibição total do efeito

estimulador da mesma sobre os linfócitos T (p=0,021). Esta diversidade de

resultados não permite fazer inferências quanto à atividade do extrato sobre a

proliferação de células esplênicas murinas. Somado a estes achados, a

concentração de 36,2 foi estimada como necessária para a indução de 50% do

crescimento celular frente aos linfócitos B.

5. O extrato metanólico de Rubus imperialis apresentou inibição comprovada da

proliferação celular nas concentrações de 10 e 100 mg/mL frente aos controles

positivos com PHA e PWM (p<0,030), incubado isolado e simultaneamente ao PWM,

em concordância com estudos anteriores no mesmo modelo de avaliação

empregando PHA como mitógeno (COELHO et al., 2007). Ainda, o extrato

apresentou efeito dose-dependente quando incubado junto ao PWM no cultivo

ceular. A concentração necessária para a indução de 50% do crescimento celular

não foi possível de ser estimada devido à supressão promovida pelo extrato. A

inibição parece envolver linfócitos T e B, e um estudo mais aprofundado é indicado

para determinar se este efeito é citotóxico ou supressor, podendo então ser avaliada

a imunossupressão induzida pelas substâncias presentes no extrato da planta.

58

6. O extrato metanólico de Vernonia scorpioides teve comprovado efeito inibitório

apenas quando incubado a 100 µg/mL isoladamente no cultivo celular (p=0,043),

mas que é concordante com outros autores no mesmo modelo de estudo

empregando o mitógeno PHA (MENDES et al., 2007) e em estudos específicos de

citotoxicidade (BREHMER, 2005; PAGNO et al., 2006; BUSKÜHL, 2007). O efeito

inibidor na proliferação celular foi dose-dependente tanto quando o extrato foi

incubado isolado quanto quando incubado simultâneo ao PWM no ensaio de

proliferação celular. As concentrações de 11,3 a 59,5 µg/mL foram estimadas como

necessárias para a indução de 50% do crescimento celular com este extrato.

59

7. PERSPECTIVAS

Este estudo pioneiro sobre a atividade dos extratos de plantas medicinais

estudadas pelo grupo de pesquisadores do NIQFAR na proliferação de células

esplênicas de camundongos possibilitou identificar efeitos diversos dependendo da

planta estudada. Esta variação certamente é determinada pela composição química

apresentada pelos diferentes extratos utilizados, associação de moléculas esta que

beneficia a proliferação celular ou, contrariamente, tem efeito tóxico para as células.

A composição de substâncias presentes no extrato pode ainda atuar

potencializando ou apenas bloqueando os diferentes mecanismos envolvidos na

ativação das células do sistema imune. Estudos complementares de frações desses

extratos que apresentaram potencial, tanto no aumento da proliferação celular

quanto na atividade de inibir tal proliferação, devem ser ter seqüência, afim

identificar a(s) substância(s) resposável(is) pela atividade. O desenvolvimento de

estudos de Imunologia Celular e Molecular possibilitarão caracterizar o mecanismo

envolvido na ativação ou inibição celular, bem como no efeito citotóxico.

Por fim, a comprovação e caracterização de substância(s) capaz(es) de atuar

e modular as atividades do sistema imune possibilitarão, uma vez comprovada a

mesma atividade em modelo humano, ampliar as ferramentas utilizadas no combater

as desordens que acometem esse sistema. As plantas contêm centenas de

metabólitos secundários, mas geralmente, apenas os compostos presentes em

maior concentração são isolados e estudados pela fitoquímica clássica, já que a

obtenção destes é bastante complexa. Por isso, é indispensável análise biológica

das frações e das substâncias puras em relação à sua concentração, a fim de

predizer se o principal componente químico responsável pela atividade biológica foi

realmente determinado, ou se a ação biológica deve-se ao efeito sinérgico da vários

compostos.

60

REFERÊNCIAS

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