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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM
Curso de Administração - CAD
Francisco Rozinaldo de Araújo
RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO RURAL:
Um estudo de caso no Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN
PAU DOS FERROS - RN
2013
Francisco Rozinaldo de Araújo
PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO RURAL:
Um estudo de caso no Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN
Relatório Final de Curso apresentado ao Curso de Administração/CAMEAM/UERN, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.
Professor Orientador: Alexandre Wállace Ramos Pereira
Área: Agronegócio
PAU DOS FERROS – RN
2013
COMISSÃO DE ESTÁGIO
Membros:
_____________________________________________________________________ Francisco Rozinaldo de Araujo
Aluno
_____________________________________________________________________ Alexandre Wállace Ramos Pereira
Professor Orientador
_____________________________________________________________________ José Edmar Monteiro e Silva
Supervisor de Estágio
_____________________________________________________________________ Edivaldo Rabelo de Menezes
Coordenador de Estágio Supervisionado
Francisco Rozinaldo de Araujo
PRÁTICAS DE GERENCIAMENTO RURAL:
Um estudo de caso no Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN
Este Relatório Final de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de
BACHAREL EM ADMINISTRAÇÃO
e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora designada pelo Curso Administração/CAMEAM/UERN, Área: Agronegócio.
Pau dos Ferros/RN, em _____ de __________________ de __________.
BANCA EXAMINADORA
Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________ Mndo. Alexandre Wállace Ramos Pereira Orientador – UERN
Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________ Mndo. Welington Ferreira de Melo Examinador – UERN
Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________ Ms. Francisca Joseanny Maia e Oliveira Examinadora – UERN
Dedico este trabalho aos meus pais, minha esposa
Keziane e, em especial, a minha querida mãe
Maria Rita (in memorian).
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado discernimento, sabedoria e superação
durante esta difícil caminhada.
A minha esposa e companheira de sempre, Keziane, pelo constante apoio e incentivo nessa
árdua caminhada.
Aos meus pais biológicos, Antonio Júlio e Maria Rita (in memoriam) pelo o amor, preocupação
e confiança em mim depositadas. E sei que onde minha querida mãe (in memoriam) estiver estará me
aplaudindo por essa vitória que tanto ela almejava.
Aos meus irmãos Reginaldo, Carlinhos e Roseana Araujo, que sempre estiveram ao meu lado
me apoiando e torcendo por essa conquista.
A minha mãe adotiva, Maria Uélita, por tudo que fez por mim, pelo amor, dedicação e por
sempre ter investido em minha educação.
Aos meus amigos de sala Rogério Júnior, Allan John, Airton Medeiros, Caio Vinícius, Sérgio
Tony entre outros pelo companheirismo e amizade sincera durante toda essa caminhada. Aos meus
brilhantes amigos Edmilson Araujo e Jobson Almeida, pela imensa ajuda prestada na realização deste
estudo.
A todos os professores e colaboradores do Curso de administração do Campus Avançado
“Profa. Maria Elisa de Albuquerque Maia” da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, pelo
conhecimento transmitido ao longo dessa jornada acadêmica e por ter me proporcionado enxergar o
mundo de outra forma.
Ao meu Professor Orientador, Alexandre Wállace, pelo apoio e pela relevante contribuição para
a concretização deste trabalho.
Ao Presidente e aos Irrigantes da Associação dos Colonos de Pau dos Ferros – RN, por
viabilizarem e colaborarem de forma muito participativa para fazer esse estudo acontecer.
Aos integrantes da Banca Examinadora, Joseanny Maia e Welington Melo, pela participação e
pelos comentários e sugestões elencadas com o desígnio de valorizar o presente estudo.
Enfim, agradeço a todos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização deste
trabalho.
A todos supracitados, meu cordial e sincero: muito obrigado!
“A maior habilidade de um líder é desenvolver
habilidades extraordinárias em pessoas comuns.”
(Abraham Lincoln)
RESUMO
O presente estudo traz contribuições relevantes para o desenvolvimento e implantação de melhores técnicas administrativas nas Unidades de Produção Rural. Teve como objetivo caracterizar as práticas gerenciais adotadas pelos Irrigantes da Associação dos Colonos de Pau dos Ferros/RN, buscando-se descrever o perfil socioeconômico dos colonos e de suas famílias; levantar as práticas gerenciais adotadas; identificar os fatores influentes na utilização ou não de práticas gerenciais e propor intervenções, a partir da Associação dos Colonos de Pau dos Ferros (ACOPAF), para a gestão administrativa das unidades de produção rural. Com isso, pretendeu-se contribuir para o desenvolvimento de melhores práticas gerenciais nas unidades de produção rural. O estudo enquadra-se como de natureza qualitativa, tratando-se de uma pesquisa descritiva e de campo. O universo do estudo foi formado por 75 irrigantes vinculados à referida associação e uma amostra probabilística do tipo aleatória simples composta por 29 sujeitos. A técnica ou instrumento de coleta de dados utilizada na pesquisa foi a entrevista estruturada, composta de 4 variáveis, quais sejam: Perfil dos irrigantes; Dados socioeconômicos, Unidade de produção e infraestrutura e Práticas gerenciais. Os dados receberam tratamento qualitativo e foram dispostos em gráficos. O método específico de análise dos dados foi realizado por meio de registro de evidências objetivas, as quais se configuram em dados que comprovam um fato. Assim, para cada elemento do processo administrativo foi registrado o maior número de evidências objetivas (informações relevantes) que contribuam para a compreensão do estágio de utilização de práticas gerenciais. Como resultados constatou-se que os irrigantes administram suas unidades de produção de forma elementar, fato este intrinsecamente ligado ao baixo nível de escolaridade. Foi relatado por metade dos entrevistados que os mesmos fazem planejamento das suas atividades, contudo, ficou comprovado através de evidências objetivas que a prática é outra. No tocante ao gerenciamento da unidade produtiva, identificou-se que os próprios irrigantes gerenciam a área de produção. Cabe salientar, que esse papel é executado de forma bem rudimentar, sendo que há a necessidade eminente de uma assistência técnica, para que haja, de fato, uma melhor gestão das unidades de produção. Constatou-se que a grande maioria não realiza a divisão de tarefas na produção, pois os mesmos acham que não há a necessidade de dividirem serviços, podendo executar sozinho as atividades. Observou-se também que muitos não fazem uso de anotações para efetuar controles, fato este intimamente ligado à baixa escolaridade dos colonos, dos quais boa parte são analfabetos ou apenas alfabetizados. Sobre o controle de gastos durante todo o período da produção, observamos que os irrigantes não fazem controle do que gastam, nem do que lucram. Os agricultores expuseram que não possuem o hábito de anotar o que gastam nem o que ganham, que esse costume foi seguido desde o tempo dos seus pais e hoje não veem mais essa necessidade e, também, não possuem estudo que possibilite a execução dessa tarefa. Por fim, visando melhorias que possam mitigar as dificuldades enfrentadas pelos agricultores irrigantes do Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN, são expostas sugestões para a ACOPAF. Palavras-chave: Agronegócio; Práticas de gerenciamento; Perímetro Irrigado; Pau dos Ferros.
ABSTRACT
This study provides contributions important to the development and implementation of best management techniques in Rural Production Units. The objective is characterize the management practices adopted by irrigators in Associação dos Colonos de Pau dos Ferros/RN, seeking to describe the settlers and their families socioeconomic profile, to discover the adopted management practices, to identify the factors influencing the use or non-usage of management practices and propose interventions on the administration of rural production units at Associação dos Colonos de Pau dos Ferros (ACOPAF). Our goal is contribute for the development of best management practices in rural production units. The study is classified as qualitative, being this work a descriptive and field research. The universe of study consisted of 75 irrigators related to that association and a random sample of 29 members was selected. The technique or instrument of data collection used in the research was a structured interview composed of four variables, namely: Profile of the irrigators; Socioeconomic data, infrastructure and production unit and management practices. The obtained data had a qualitative treatment and they were presented in graphs. The specific method of data analysis was performed by using the record of objective evidences, which is an information that proves a fact. Thus, for each element of the administrative process, the highest number of objective evidences (relevant information) that contribute for the understanding of the stage of use of management practices was recorded. As a result, it was found that irrigators manage their production units in a basic way, a fact intrinsically linked to the low level of education. Half of the respondents reported that they plan their activities, however, it was proved by objective evidence that the reality is different. Regarding the management of the production unity, it was identified that the irrigators manage their production themselves. It should be noted that this role is performed in a very rudimentary way, being realized that technical assistance is needed, in order of getting a better management of production units. It was found that the vast majority of the members do not perform work division in production because they think they can perform the whole activity themselves. It was also observed that most of the settlers do not use records to perform controlling, being this situation closely linked to the settlers low education, most of whom are illiterate or barely literate. On cost control throughout the production period, we observed that the irrigators do not control what they spend or profit. Farmers exposed that they do not have the habit of recording what they spend or what they earn, and that this habit is being held from the time of their parents and today they do not see any need of doing so and they also do not have any study that enables the execution of this task. Finally, aiming at improvements that could mitigate the difficulties faced by irrigators in Pau dos Ferros/RN Irrigation Area, suggestions for ACOPAF are presented. Keywords: Agribusiness; Management Practices; Irrigated Area; Pau dos Ferros.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABAGIRP – Associação Brasileira de Agronegócio de Ribeirão Preto
ACOPAF – Associação dos Colonos de Pau dos Ferros
APO – Administração por Objetivos
CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte
EMPARN – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
PIB – Produto Interno Bruto
PMPDF – Prefeitura Municipal de Pau dos Ferros
PODC – Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
TGS – Teoria Geral de Sistemas
UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
UFERSA – Universidade Federal Rural do Semi-Árido
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figuras
Figura 1 – Área irrigada, por método de irrigação utilizado ........................................................................ 28
Figura 2 – O processo administrativo ......................................................................................................... 32
Quadros
Quadro 1 – Fatores que afetam a seleção do método de irrigação ........................................................... 25
Quadro 2 – Princípios da administração .................................................................................................... 33
Quadro 3 – A classificação da pesquisa quanto aos fins ........................................................................... 36
Quadro 4 – A classificação da pesquisa quanto aos meios ....................................................................... 37
Tabelas
Tabela 1 – Participação da agricultura familiar na produção agrícola brasileira no ano de 2006, por
produtos ...................................................................................................................................................... 24
Tabela 2 – Amostra do estudo.................................................................................................................... 39
Gráficos
Gráfico 1 – Gênero dos colonos ................................................................................................................ 42
Gráfico 2 – Faixa etária dos colonos .......................................................................................................... 43
Gráfico 3 – Nível de escolaridade .............................................................................................................. 43
Gráfico 4 – Estado civil .............................................................................................................................. 44
Gráfico 5 – Números de pessoas que integram a família .......................................................................... 44
Gráfico 6 – Há quantos anos mora no assentamento ................................................................................ 45
Gráfico 7 – Como tomou conhecimento do assentamento ........................................................................ 45
Gráfico 8 – Por que veio para o assentamento .......................................................................................... 46
Gráfico 09 – Conseguiu realizar seus sonhos ............................................................................................ 46
Gráfico 10 – O que fazia antes de vir para o assentamento ...................................................................... 47
Gráfico 11 – Continua fazendo ainda ......................................................................................................... 48
Gráfico 12 – Participa de alguma outra associação ou cooperativa .......................................................... 48
Gráfico 13 – O senhor(a) vê vantagens em ser associado á ACOPAF ..................................................... 49
Gráfico 14 – E se tem algumas desvantagens, quais são ......................................................................... 49
Gráfico 15 – Tem alguma coisa que a associação deveria fazer e até hoje não fez ................................. 50
Gráfico 16 – O senhor(a) participa frequentemente das reuniões da associação ...................................... 51
Gráfico 17 – Como o senhor(a) avalia o trabalho da associação ............................................................... 51
Gráfico 18 – Sobre a renda proporcionada pelas as atividades desenvolvidas até o momento, você
considera .................................................................................................................................................... 52
Gráfico 19 – Além do trabalho no lote, algum membro da família precisa trabalhar fora para
complementar à renda familiar.................................................................................................................... 52
Gráfico 20 – Poderia melhorar essa renda. Como ..................................................................................... 53
Gráfico 21 – O senhor(a) tem que desenvolver alguma outra atividade para complementar a renda. ...... 53
Gráfico 22 – Qual o item que mais pesa no orçamento ............................................................................. 54
Gráfico 23 – Qual a renda total da família por mês .................................................................................... 54
Gráfico 24 – Há existência de rendimentos de aposentadoria e pensões ................................................. 55
Gráfico 25 – Recebe algum auxílio ajuda do governo Federal .................................................................. 55
Gráfico 26 – Acesso a crédito .................................................................................................................... 56
Gráfico 27 – Estrutura fundiária da unidade de produção .......................................................................... 56
Gráfico 28 – Tipo de cultura produzida na unidade de produção ............................................................... 57
Gráfico 29 – A lavoura produzida é somente para consumo ou para venda .............................................. 57
Gráfico 30 – Onde vende ........................................................................................................................... 58
Gráfico 31 – Contrata alguém durante a produção. Em que período do ano ............................................. 58
Gráfico 32 – Qual o efetivo de animais existentes no estabelecimento ..................................................... 59
Gráfico 33 – Qual o sistema de irrigação utilizado na unidade de produção ............................................. 59
Gráfico 34 – O senhor (a) considera que o sistema de irrigação utilizado na sua unidade de produção
desperdiça muita água. Por quê ................................................................................................................. 60
Gráfico 35 – O senhor(a) identifica em sua unidade de produção se há algum problema ambiental ........ 60
Gráfico 36 – Utiliza algum tipo de planejamento ........................................................................................ 61
Gráfico 37 – Como são tomadas as decisões na unidade de produção .................................................... 62
Gráfico 38 – Tem planos para desenvolver novas atividades na unidade de produção ............................ 62
Gráfico 39 – Faz uso da divisão de tarefas na produção ........................................................................... 63
Gráfico 40 – Faz uso de anotações para efetuar controles........................................................................ 63
Gráfico 41 – Quem faz anotações ............................................................................................................. 64
Gráfico 42 – Você faz o controle do que gasta e o que lucra em cada produção ...................................... 64
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 15
1.1 Caracterização da organização ........................................................................................................ 16
1.2 Situação problemática ...................................................................................................................... 17
1.3 Objetivos ............................................................................................................................................ 18
1.3.1 Geral .................................................................................................................................................. 18
1.3.2 Específicos......................................................................................................................................... 18
1.4 Justificativa ......................................................................................................................................... 19
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................................... 20
2.1 Agronegócio ........................................................................................................................................ 20
2.1.1 Um breve histórico do agronegócio brasileiro .................................................................................... 21
2.1.2 Perspectivas do agronegócio brasileiro ............................................................................................. 21
2.1.3 Agronegócio cooperativo ................................................................................................................... 22
2.2 Agricultura familiar ............................................................................................................................. 23
2.2.1 A agricultura familiar brasileira ........................................................................................................... 23
2.3. Agricultura irrigada ............................................................................................................................ 24
2.3.1 Irrigação ............................................................................................................................................. 24
2.3.2 Agricultura irrigada no Brasil .............................................................................................................. 27
2.3.3 Os perímetros irrigados...................................................................................................................... 28
2.3.4 O perímetro irrigado de Pau dos Ferros............................................................................................. 29
2.4 Administração rural e gestão da produção ...................................................................................... 30
2.5 Teoria Neoclássica e suas decorrências .......................................................................................... 31
2.5.1 Processo administrativo ..................................................................................................................... 32
2.5.2 Princípios da administração ............................................................................................................... 33
2.5.3 Administração por Objetivos (APO) ................................................................................................... 34
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................... 36
3.1 Tipo de pesquisa ................................................................................................................................. 36
3.2 Universo e amostra ............................................................................................................................. 38
3.3 Coleta de dados .................................................................................................................................. 40
3.4 Tratamento dos dados........................................................................................................................ 40
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................................... 42
4.1 Perfil dos irrigantes ............................................................................................................................ 42
4.2 Dados socioeconômicos .................................................................................................................... 51
4.3 Unidade de produção e infraestrutura. ............................................................................................. 56
4.4 Práticas gerenciais ............................................................................................................................. 61
5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 65
5.1 Conclusões.......................................................................................................................................... 65
5.2 Sugestões ............................................................................................................................................ 67
5.3 Recomendações ................................................................................................................................. 67
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 70
APÊNDICES ............................................................................................................................................... 72
Apêndice A: Instrumento de coleta de dados ........................................................................................ 73
Apêndice B: Lista de acompanhamento das atividades de estágio ..................................................... 78
ANEXO ....................................................................................................................................................... 79
15
1. INTRODUÇÃO
O agronegócio é fundamental para a economia do país. De acordo com matéria veiculada pelo
Portal do Agronegócio (2013), o setor representa cerca de um terço do nosso PIB e tem dado grande
contribuição às exportações de commodities e produtos agroindustriais.
O Brasil caminha para se tornar uma liderança mundial no agronegócio e para consolidar
nessa atividade é preciso ampliar sua competência para atuar de modo eficiente no controle das
cadeias de produção agropecuária de modo a garantir qualidade e segurança dos produtos e das
cadeias de produção.
Dentro desse contexto, surge a agricultura irrigada, atividade de grande valia para a produção
agrícola do país. A agricultura irrigada se constitui como um processo que possibilita a execução da
agricultura sem que haja o risco de falta d’água e é utilizada na sua grande maioria em Perímetros
Irrigados, que são áreas que tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento local por meio da
policultura irrigada.
Os agentes que compõem esses perímetros são, principalmente, produtores rurais que
precisam de capacitação, através de uma assistência técnica ativa, para que alcancem uma maior
eficiência, gerenciando com competência suas atividades, aplicando corretamente os processos
administrativos, em busca de uma produção quantitativa e, sobretudo, qualitativamente rentável.
O presente trabalho teve como intuito caracterizar as práticas gerenciais adotadas pelos
irrigantes da Associação dos Colonos de Pau dos Ferros/RN. Buscou-se através do mesmo conhecer
como os irrigantes da presente associação gerenciam suas unidades de produção. Dentre outros
aspectos, objetivou-se visualizar presumíveis obstáculos e, por conseguinte, recomendar medidas que
viabilizem o aprimoramento das atividades praticadas.
No primeiro capítulo será abordada a caracterização da organização em estudo, a problemática
que guiou a pesquisa, os objetivos geral e específicos e, em seguida a justificativa do referido trabalho.
No segundo capítulo é exposto o referencial teórico, pelo qual o trabalho se baseia, iniciando por um
sucinto conceito de agronegócio, sendo relatadas posteriormente as perspectivas do agronegócio
brasileiro e por fim tópicos no que tange aos processos administrativos. No terceiro capítulo, serão
apresentados os procedimentos metodológicos utilizados no transcorrer da pesquisa, enfatizando o tipo
de pesquisa, universo e amostra, coleta e tratamento dos dados obtidos. No quarto capítulo, é
abordada a discussão dos resultados referentes aos dados coletados. No quinto e último capítulo, são
apresentadas as conclusões, bem como sugestões e recomendações propostas para o
desenvolvimento e fortalecimento da entidade em estudo.
16
1.1 Caracterização da organização
O Assentamento Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN é uma área de natureza rural,
localizado na região do Alto Oeste Potiguar, a 9 km da sede do município. Segundo o Departamento de
Obras Contra as Secas (DNOCS) a estação chuvosa nessa localidade ocorre entre janeiro a maio, com
a temperatura média anual de 27,8º C e com evaporação média anual de 3.280 mm.
O Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN teve sua implantação no ano de 1979, com o
objetivo de alavancar o desenvolvimento da produção local, por meio da prática de diversas culturas,
através da agricultura irrigada. De 1980 a 1986 o assentamento teve como principais culturas o plantio
da banana, algodão, feijão e tabaco. Atualmente as culturas mais praticadas são o plantio do feijão,
milho, sorgo, criação bovina e produção de leite.
Com o objetivo de prestar melhores serviços no que se refere à administração, organização,
operação e manutenção do Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN, foi criada uma associação de
produtores, através da qual pudessem tomar responsabilidades pelo uso comum dos bens, juntamente
com toda a comunidade e melhores condições de vida nos campos da educação, saúde, agricultura e
economia. Deste modo foi criada em 09 de agosto de 1987, a Associação dos Colonos de Pau dos
Ferros (ACOPAF).
A ACOPAF – CNPJ: 10.699.817-53, têm sede no Perímetro Irrigado, e foro no Município de
Pau dos Ferros/RN. É uma organização civil, de direito privado, com personalidade jurídica, de caráter
sócio – produtivo, sem fins lucrativos, com prazo de duração indeterminado, regida por um Estatuto
Social. Segundo o Estatuto Social (2002), art. 8 capítulo II, será considerado sócio:
a) A pessoa devidamente qualificada na Ata da Assembleia Geral da Constituição da ACOPAF; b) A pessoa que vier e herdar ou representar legalmente os herdeiros do patrimônio de algum sócio, devidamente aceita pele Assembleia Geral da ACOPAF; c) A pessoa que, cumprindo os requisitos regimentares, tenha admissão aprovada pelo Conselho Diretor.
Quanto aos órgãos de administração, em seu estatuto, a associação distingue como segue:
a) Assembleia Geral
b) Conselho Diretor
c) Conselho Fiscal
d) Diretoria de Irrigação (ACOPAF, 2002, art. 21 do capítulo VI).
17
Atualmente a ACOPAF é composta por 75 colonos associados. Cada colono possui uma
propriedade denominada de lote, o qual é usado para a prática de diversas culturas e uma área
sequeira, onde é usada para a alimentação do rebanho bovino.
1.2 Situação problemática
A agricultura é uma prática utilizada desde o surgimento das primeiras civilizações, onde os
homens utilizavam técnicas agrícolas com a finalidade de produzirem alimentos para sua sobrevivência
e de seus familiares.
Essa atividade permite a existência de aglomerados humanos com muito maior densidade
populacional que os que podem ser suportados pela caça e a coleta. A prática da agricultura na história
do homem é tanto elogiada como criticada: enquanto alguns consideram que foi o passo decisivo para
o desenvolvimento humano, críticos afirmam que foi o maior erro na história da raça humana; erro este
em virtude do aparecimento da nova sociedade agrícola que se formou, desmatando vegetações
nativas para implantação da monocultura, visando produzir com maior quantidade e com menor
variedade, além do uso de pesticidas e outros tipos de agrotóxicos, causando graves impactos no solo,
na água, na flora e fauna da região.
Neste sentido, com a chegada da nova sociedade agrícola, trouxe o surgimento notório de
inúmeros danos à população e ao meio ambiente principalmente na região nordeste do país.
Em meio a estes problemas que afetam a natureza e a população, não podemos negar que o
agronegócio tem objetivos relevantes para a sociedade rural, é através do mesmo que o produtor do
campo se fixa na zona rural gerando emprego e renda para o setor. Vale salientar que para a execução
de tal atividade não cause danos nem a natureza nem a população precisa-se antes de tudo trabalhar
de forma sustentável visando maior qualidade e produtividade.
Com essas iniciativas foram criados os perímetros irrigados em todo o Brasil, que segundo
Diniz (2012), esses perímetros tem como principais objetivos implantar a modernização da produção
agrícola, através de novas formas e técnicas de ocupação do solo, inserir a atividade capitalista no
campo, aumentar a produtividade no meio rural, reduzir a pobreza e amenizar os problemas
relacionados à seca, esse ultimo principalmente na região nordeste do país.
Nesta ótica, no ano de 1979, na região do Alto Oeste Potiguar, no Município de Pau dos
Ferros, foi implantado um Perímetro Irrigado, com a finalidade proporcionar o desenvolvimento local,
por meio de práticas de inúmeras culturas, através da agricultura irrigada. No início de suas atividades
entre os anos de 1980 e 1986, quando o DNOCS exercia controle na produção e tinha apoio técnico de
18
órgãos como o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte (EMATER), o
Perímetro Irrigado produzia diversas culturas como: feijão, algodão, bananeira e tabaco; gerando
através da mesma riqueza e desenvolvimento para a região local.
Mas com a quebra do sistema de bombeamento em 1986 e com a chegada da emancipação
de todo o processo produtivo, o cenário mudou completamente no Perímetro Irrigado, começando a
enfrentar diversas dificuldades que perduram até os dias atuais, como o precário funcionamento das
estações de bombeamento, a falta de assistência técnica e falta de capacitação gerencial no processo
produtivo. Desta forma o presente trabalho tem como finalidade observar estes problemas e responder
mais precisamente a seguinte pergunta: Como ocorre a gestão administrativa nas unidades de
produção rural localizadas no Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN?
1.3 Objetivos
Abaixo, estão descritos os objetivos que nortearam este estudo.
1.3.1 Geral
Caracterizar as práticas gerenciais adotadas pelos Irrigantes da Associação dos colonos de
Pau dos Ferros/RN.
1.3.2 Específicos
Descrever o perfil socioeconômico dos colonos e de suas famílias;
Levantar as práticas gerenciais adotadas;
Identificar os fatores que influenciam na utilização ou não de práticas gerenciais;
Propor intervenções, a partir da Associação dos Colonos de Pau dos Ferros (ACOPAF), para a
gestão administrativa das unidades de produção rural, visando contribuir para a formulação de
ações adequadas a partir da realidade da comunidade em estudo.
19
1.4 Justificativa
Atualmente é visível constatar que os colonos do Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN,
atravessam diversas dificuldades como: a falta de assistência técnica, capacitação profissional, e
gerencial dentre outras. Ainda é perceptível que a maioria dos colonos apresenta baixo nível de
escolaridade e não implanta nenhum tipo de processo ligado a administração em suas propriedades.
Através de um trabalho científico se vê agora uma oportunidade de contribuir com a
comunidade buscando desenvolver soluções apresentar aos produtores desta localidade as melhores
práticas gerenciais a serem adotadas em suas propriedades rurais, conhecendo o modelo de gestão
atual de cada um e propondo intervenções a partir da Associação dos Colonos de Pau dos Ferros
(ACOPAF), para um melhor gerenciamento de cada unidade de produção rural.
Considera-se este estudo de suma importância para a organização analisada, haja vista que os
agentes dessa instituição têm pouco conhecimento sobre os princípios da administração a serem
adotados em suas atividades produtivas. No âmbito pessoal será um orgulho para mim enquanto filho
de colono e habitante a muito tempo dessa localidade trazer a partir do presente estudo contribuições
relevantes para a o desenvolvimento e implantação de melhores técnicas administrativas em suas
unidades de produção.
É importante também ressaltar a relevância deste trabalho para a Associação dos Colonos de
Pau dos Ferros que, através da concretização do mesmo, poderá propor parcerias com órgãos como:
Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte – EMATER/RN, Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural – SENAR, dentre outros, implantando capacitações e dando uma melhor atenção a
administração rural, visando diferenciais competitivos e a inserção dos produtores em novos mercados.
No tangente à viabilidade, a organização se prontificou em fornecer informações e documentos
para a realização do presente estudo, demonstrando assim enorme interesse em adotar procedimentos
que sejam em prol do fortalecimento da mesma.
20
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção são expostas as bases de sustentação da pesquisa em estudo. Inicialmente,
apresenta-se uma revisão teórica do agronegócio baseados nos autores Callado (2006), Davis e
Goldberg (1957), onde são mencionadas as principais considerações do termo, assim como um breve
histórico do agronegócio brasileiro e suas perspectivas e, em seguida, fala-se um pouco do
agronegócio cooperativo.
Por conseguinte, a pesquisa retratou designadamente, o tópico agricultura familiar apresentando
um breve conceito e logo após é enfatizando a agricultura familiar brasileira mostrando sua importância
para geração de emprego e renda para o Brasil. Posteriormente são trabalhados tópicos sobre a
agricultura irrigada, onde se fala de irrigação e seus respectivos sistemas segundo Almeida e Mello
(2006). Em seguida, é enfatizado o Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros, onde se fez um pequeno
relato da sua fundação e o objetivo de sua criação.
Para concluir o capítulo, são expostos aspectos conceituais sobre administração rural, um
preciso conceito de propriedade rural e um breve relato no tocante a gestão da produção rural. E por
fim são retratados assuntos que permeiam a importância maior do estudo como a teoria neoclássica,
os princípios administrativos e administração por objetivos, conhecida também como administração por
resultados.
2.1 Agronegócio
Entende–se por agronegócio o conjunto de atividades produtivas que estão diretamente ligadas
à agricultura e a pecuária. A definição correta do termo agronegócio é muito antiga e mais abrangente
do que se imagina. Para Callado (2006), o agronegócio é um conjunto de empresas que produzem
insumos agrícolas, as propriedades rurais, as empresas de processamento e toda a distribuição.
Davis e Goldberg (1957), caracterizam o agronegócio como a soma total das operações de
produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda; do
armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles.
A partir dos conceitos mencionados pode – se chegar à conclusão que o agronegócio é toda relação
comercial envolvendo produtos de natureza agrícola.
Atualmente o presente setor ocupa um lugar de destaque na economia nacional, tornando se
responsável por ¼ do Produto Interno Bruto (PIB), 36% da pauta de exportações e 37% dos postos de
21
trabalho (ABAG/RP, 2012). Desta forma, é bastante relevante estudar esse universo rentável verde e
mostrar alguns aspectos importantes de sua história.
2.1.1 Um breve histórico do agronegócio brasileiro
A história da economia do Brasil tem fortes raízes junto ao agronegócio. Foi através da
extração da madeira pau-brasil que teve inicio o processo de atividade econômica no país.
No início, a preocupação não foi produzir para abastecer o mercado interno. Zuin e Queiroz et
al. (2006), relatam que o Brasil começou servindo como entreposto comercial de base extrativa, cujas
atividades principais envolviam a troca de alimentos e produtos manufaturados europeus por recursos
naturais, além da tentativa de adaptação de sementes e animais europeus no território brasileiro.
Com o início da colonização e a extinção do pau-brasil surgem os ciclos agroindustriais no
país, como a cana de açúcar no Nordeste, a borracha na região amazônica e o café no sul e sudeste,
configurando-se como uma rentável fonte de financiamento do processo de industrialização.
Nos anos 50, a agricultura brasileira passou por um processo de intensa mecanização,
principalmente com uso de tratores. Costa (2007, p. 41) aponta que:
Essa primeira fase da mecanização não era muito sofisticada, mas, assim mesmo, causou uma grande mudança no campo. Foi essa a época do ‘êxodo rural’. De um momento para outro, surgiu uma sobra de mão-de-obra, pois essas máquinas e seus implementos substituíam um número elevado de trabalhadores. Os custos de produção caíram, e quem não usasse tratores nas plantações de grãos não poderiam sobreviver nesse novo mercado de preços menores. Ao mesmo tempo, a legislação trabalhista se estendia ao campo, assombrando os retrógrados empregadores rurais, que se apressavam em comprar tratores para dispensar mão-de-obra.
A partir de então, a produção agropecuária vivenciou um processo de desenvolvimento e de
crescimento, no sentido de aliar a prática industrial às suas atividades.
2.1.2 Perspectivas do agronegócio brasileiro
O agronegócio mantém ainda hoje uma elevada participação na constituição do Produto
Interno Bruto (PIB) brasileiro, sendo um elemento importante na geração de renda e riqueza no país.
22
Segundo Contini (2001), enquanto a participação da agricultura na economia diminuiu ao longo
da história recente do Brasil, o agronegócio mantém uma considerada participação, estimada entre 35
e 40% (1997/98), o que significa cerca de US$ 300 bilhões, para um PIB total de US$ 800 bilhões.
De acordo com pesquisa divulgada recentemente pela Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNA), feita em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada
(Cepea), o PIB do agronegócio encerrou o ano de 2011 em alta de 5,73%.
Desta forma podemos dizer que o agronegócio é um dos negócios que mais cresce no Brasil.
Apesar de vivenciarmos uma crise cambial, a presente atividade foi um elemento importante para a
diminuição dos desequilíbrios dos débitos externos do país.
2.1.3 Agronegócio cooperativo
A lógica do associativismo pressupõe que a atividade realizada isoladamente se torna mais
difícil. Por isso, unidades econômicas se unem e formam uma organização administrativa com tarefas e
responsabilidades de modo coletivo.
Na definição de Batalha (2008, p. 711), “cooperativas são organizações entre as economias
particulares dos cooperados, de um lado, e o mercado, de outro, aparecendo como estruturas
intermediárias, formadas em comum”. Entende-se, portanto, que a finalidade da economia cooperativa
é ser intermediária entre as economias dos cooperados e o mercado, promovendo seu incremento.
O que define o modelo organizacional da associação cooperativista é o documento de sua
constituição social – estatuto – e sua característica principal é a prestação de serviços aos seus
associados. Quanto ao seu regime jurídico, segundo Batalha (2008, p. 713-714):
O Brasil, como outros países, possui uma legislação específica para o cooperativismo, a Lei n° 5.764, de 16 de dezembro de 1971, que em seus arts. 32 e 42 expõem os princípios doutrinários da ACI, caracterizam esta sociedade como uma atividade econômica de proveito comum sem o objetivo de lucro, tendo como características a adesão voluntária, a variabilidade do capital social representando pelas quotas-partes, a inacessibilidade destas quotas-partes, a singularidade de voto, o retorno das sobras líquidas do exercício, a neutralidade político-religiosa, entre outras; o art. 5º assegura o direito do uso da nomeação cooperativa, e o art. 38 enfatiza o principio democrático que afirma a assembleia geral como órgão máximo de decisões da cooperativa.
Percebe-se, portanto, o papel de gestão democrática e participativa, possibilitando o
desenvolvimento da educação para a cooperação entre os associados.
23
2.2 Agricultura familiar
O conceito de agricultura familiar compreende a relação existente entre os aspectos do
trabalho da família na terra e o seu meio ambiente. Na literatura são encontradas divergências
conceituais quanto ao termo. De acordo com Altafin (2007), abriga grande número de situações, em
contraposição à agricultura patronal, tendo como ponto focal da polarização o tipo de mão-de-obra e de
gestão empregadas.
Em estudo realizado por meio de um convênio de cooperação técnica entre a Organização das
Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (INCRA), a agricultura familiar é definida a partir de três características centrais:
a) a gestão da unidade produtiva e os investimentos nela realizados são feitos por indivíduos que mantém entre si laços de sangue ou casamento; b) a maior parte do trabalho é igualmente fornecida pelos membros da família; c) a propriedade dos meios de produção (embora nem sempre da terra) pertence à família e é em seu interior que se realiza sua transmissão em caso de falecimento ou aposentadoria dos responsáveis pela unidade produtiva” (INCRA/FAO, 1996 apud ALTAFIN, 2007).
Esse estudo permitiu uma compreensão mais detalhada da diversidade da agricultura familiar
no Brasil, nos aspectos referentes à infraestrutura, tipo de organização, o perfil dos produtores, a
produtividade das terras entre outros, o que indicou a necessidade de conhecimentos mais
aprofundados da realidade agrária brasileira para subsidiar a construção de políticas públicas rurais
mais efetivas.
A agricultura familiar, entendida como uma estrutura familiar produtiva, que associa além da
produção de mercadorias, o auto-consumo e a segurança alimentar do núcleo social da família, possui
ainda hoje grande relevância no desenvolvimento rural brasileiro.
2.2.1. A agricultura familiar brasileira
O Censo Agropecuário 2006, publicado em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) possibilitou a interpretação da agricultura familiar no Brasil nas dimensões social,
econômica e política como categoria produtiva de grande relevância.
Foram identificados um total de 4.367.902 estabelecimentos de agricultura familiar,
correspondendo a uma área de 80,25 milhões de hectares e representando 84,4% do número desses
estabelecimentos e 24,3% da área dos estabelecimentos rurais brasileiros (IBGE, 2006), o que
demonstra uma estrutura agrária concentrada no país.
24
A participação da produção agrícola desses estabelecimentos na economia brasileira, com
relação à produção agrícola total, pode ser visualizada na tabela a seguir:
Tabela 1 - Participação da agricultura familiar na produção agrícola brasileira no ano de 2006, por produtos
Produtos Participação
Mandioca 87%
Feijão 70%
Leite de cabra 67%
Carne suína 59%
Leite de vaca 58%
Carne de aves 50%
Milho 46%
Café 38%
Arroz 34%
Carne bovina 30%
Fonte - elaborada com base em dados do Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009)
Desta forma, percebe-se a importância e a representatividade da agricultura familiar no
crescimento econômico do país, por meio do cultivo de culturas de grande valor para o contexto
familiar.
Segundo o mesmo estudo, essa categoria tem também importância relevante na geração de
emprego e renda, possuindo 12,3 milhões, das 16,5 milhões de pessoas empregadas no campo, o que
equivale a 74,4%.
2.3. Agricultura irrigada
A irrigação constitui-se uma ferramenta de grande valor para a agricultura, sendo usada
principalmente em regiões com períodos irregulares de chuvas, objetivando uma produtividade
satisfatória.
2.3.1 Irrigação
Uma das primeiras interferências do homem no meio ambiente foi à criação de alternativas
para trabalhar o manejo da água. No início, as técnicas eram primitivas e limitadas, mas contribuíram
de forma expressiva para o desenvolvimento de muitas civilizações que tiveram a base agrícola com
sustentação do seu progresso.
25
Com o passar dos tempos a inovação tecnológica proporcionou o aperfeiçoamento das
técnicas de irrigação com utilização de equipamentos, máquinas modernas, desenvolvimento de
pesquisas e outras ferramentas que tornaram a agricultura irrigada uma alternativa viável para regiões
que possuem períodos chuvosos irregulares.
Conforme relatam Silva e Mello (2006, p. 9):
A irrigação no Brasil depende de fatores climáticos. No semi-árido do Nordeste, é uma técnica absolutamente necessária para a realização de uma agricultura racional, pois os níveis de chuva são insuficientes para suprir a demanda hídrica das culturas. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, pode ser considerada como técnica complementar de compensação da irregularidade das chuvas. A irrigação supre as irregularidades pluviométricas, chegando a possibilitar até três safras anuais.
Entende-se, portanto, que a irrigação é um fator de suma importância para o desenvolvimento
de culturas nas regiões que apresentam irregularidades climáticas.
Os principais métodos de irrigação utilizados no Brasil são: superfície (inundação e sulcos),
aspersão (convencional, canhão, carretel), pivô central e localizada (gotejamento, microaspersão)
(PIRES et. al, 2008). A técnica de irrigação a ser utilizada depende de características do meio ambiente
local como: solo, clima, relevo, disponibilidade de água, entre outros.
Andrade e Brito (2006), apresentam sumariamente os fatores relacionados com a escolha do
método adequado, conforme o Quadro 1:
Quadro 1 - Fatores que afetam a seleção do método de irrigação.
Método Sistemas
Fatores
Declividade Taxa de Infiltração Sensibilidade da Cultura ao Molhamento
Efeito do Vento
Superfície Inundação
Sulcos
Área deve ser plana ou nivelada artificialmente
a um limite de 1%. Maiores declividades
podem ser empregadas tomando-se cuidados no dimensionamento.
Não recomendado para solos com taxa de infiltração acima de 60 mm/h ou com taxa de infiltração
muito baixa
Adaptável à cultura do
milho, especialmente o sistema de
sulcos.
Não é problema para o sistema de
sulcos.
Aspersão
Convencional
Autopropelido (canhão)
Carretel
Pivô central
Adaptável a diversas condições
Adaptável às mais diversas condições
Pode propiciar o
desenvolvimento de
doenças foliares
Pode afetar a uniformidade de distribuição e a
eficiência
Localizada
Gotejamento
Subsuperficial (Microaspersão)
Adaptável às mais diversas condições.
Todo tipo. Pode ser usado em casos extremos, como
solos muito
Menor efeito de doenças
que a aspersão.
Nenhum efeito no caso de
gotejamento
26
arenosos ou muito pesados.
Permite umedecimento de apenas
parte da área.
Subirrigação Área deve ser plana ou
nivelada.
O solo deve ter uma camada
impermeável abaixo da zona das raízes,
ou lençol freático alto que possa ser
controlado.
Adaptável à cultura do
milho desde que o solo não fique
encharcado o tempo todo.
Pode prejudicar a germinação.
Não tem efeito.
Fonte - Almeida e Mello (2006), Adaptado de Turner (1971) e Gurovich (1985)
Portanto, vale salientar que é bastante importante escolher o método de irrigação mais
eficiente para determinada situação.
A seguir serão descritos, de forma detalhada, cada um desses métodos e seus respectivos
sistemas.
De acordo com Almeida e Mello (2006), a irrigação por superfície divide-se em duas formas:
Inundação e Sulcos. A primeira ocorrida através da aplicação de água em bacias ou tabuleiros
intermitente ou permanentemente.
Na irrigação por inundação permanente a água é mantida sobre a superfície do solo
praticamente durante todo o ciclo da cultura, sendo muito utilizada no mundo e quase que
especificamente no cultivo do arroz.
A segunda forma, Irrigação por Sulcos, a distribuição da água se dá por gravidade através da
superfície do solo. Tem menor custo fixo e operacional e consome menos energia que os métodos por
aspersão. É o método ideal para cultivos em fileiras. Nesse processo, o relevo deve apresentar certa
declividade para que a água atinja a toda plantação.
Outro processo existente na agricultura irrigada é o por Aspersão. Ainda conforme Almeida e
Mello (2006), a Irrigação por Aspersão subdivide-se em: Convencional, a qual pode ser fixos, semifixos
ou portáteis.
Nos sistemas fixos, tanto as linhas principais quanto as laterais permanecem na mesma
posição durante a irrigação de toda a área. Em alguns sistemas fixos, as tubulações são
permanentemente enterradas.
Já os sistemas semifixos, as linhas principais são fixas (geralmente enterradas) e as linhas
laterais são movidas, de posição em posição, ao longo das linhas principais. Nos sistemas portáteis,
tanto as linhas principais quanto as laterais são móveis, canhão: Um único canhão ou minicanhão é
montado num carrinho, que se desloca longitudinalmente ao longo da área a ser irrigada. A conexão do
27
carrinho aos hidrantes da linha principal é feita por mangueira flexível. A propulsão do carrinho é
proporcionada pela própria pressão da água, e, por fim, pivô Central: Consiste de uma única lateral,
que gira em torno do centro de um círculo (pivô). Segmentos da linha lateral metálica são suportados
por torres em formato de "A" e conectados entre si por juntas flexíveis. Um pequeno motor elétrico,
colocado em cada torre, permite o acionamento independente dessas. O suprimento de água é feito
através do ponto pivô, requerendo que a água seja conduzida até o centro por adutora enterrada ou
que a fonte de água esteja no centro da área.
Visualiza-se, também, a irrigação Localizada, composta pelo método por Gotejamento. Nesse
sistema, a água é aplicada de forma pontual na superfície do solo. Os gotejadores podem ser
instalados sobre a linha, na linha, numa extensão da linha, ou ser manufaturados junto com o tubo da
linha lateral, formando o que popularmente denomina-se "tripa". A vazão dos gotejadores é inferior a 12
l/h e, também, tem-se o sistema por Microaspersão.
A Microaspersão é composto por tubulações fixas distribuídas na área de acordo com as
características locais de topografia e plantio, onde, emissores de água fixos ou rotativos de baixa
vazão, microaspersores fixados em tubos ao longo das ruas de plantio, distribuem a água diretamente
na zona de maior absorção pela planta, resultando um melhor aproveitamento e uso dos recursos
hídricos e energéticos. (Almeida e Mello, 2006).
Por fim, como frisa Almeida e Mello (2006), há o sistema de Subirrigação. Nesse processo, o
lençol freático é mantido a certa profundidade, capaz de permitir um fluxo de água adequado à zona
radicular da cultura. Geralmente, está associado a um sistema de drenagem subsuperficial.
2.3.2 Agricultura irrigada no Brasil
De acordo com o Censo Agropecuário 2006 (IBGE 2009), a área irrigada no país abrange 4,45
milhões de hectares, correspondendo a 7,4% da área total de lavouras temporárias e permanentes,
revelando um aumento de 42% no total da área irrigada no país em comparação com os dois últimos
Censos.
Ainda de acordo com o Censo 2006, 6,3% dos estabelecimentos agrícolas usam técnicas de
irrigação nas suas atividades. A Figura 1, a seguir, mostra a distribuição dos métodos de irrigação
utilizados no Brasil:
28
Figura 1 - Área irrigada, por método de irrigação utilizado – Brasil 2006
Fonte - Censo Agropecuário 2006 (IBGE, 2009)
A proporção dos métodos na área irrigada corresponde a 24,0% no método de inundação;
5,7% por sulcos; 18,0% sob pivô central; 35,0% em outros métodos de aspersão; 7,3% com métodos
localizados e 8,3% com outros métodos ou molhação.
2.3.3 Os perímetros irrigados
Segundo Heinze (2002), as primeiras tentativas de introduzir o sistema da irrigação ao
semiárido nordestino ocorreram na década de 40, pelo hoje Departamento Nacional de Obras Contra
as secas (DNOCS), com a construção de grandes açudes e canais de irrigação.
A partir daí começou no sertão nordestino investimentos por meio da agricultura irrigada, como
estratégias prioritárias de combate aos efeitos da seca. As ações de irrigação faziam parte de uma
política que visava, por um lado, a criação de projetos de produção agrícola de tamanho familiar (sob-
responsabilidade do DNOCS) e, por outro lado, a expropriação do Vale do São Francisco, conforme
aponta Diniz (2002).
A expropriação de terras aconteceu por meio de ações intervencionistas do Governo Federal,
que tomou posse dos territórios de áreas irrigadas, fazendo em seguida a seleção das pessoas que
receberiam os lotes de terra para produzir. Os lotes são áreas menores de que outras propriedades da
região, planejadas para que ficassem interligadas a toda infraestrutura do perímetro e proporcionasse
uma melhor execução da agricultura irrigada.
29
2.3.4 O perímetro irrigado de Pau dos Ferros
Segundo caracterização do DNOCS (2012), a implantação do Perímetro Irrigado Pau dos
Ferros foi iniciada no ano de 1973 e concluída em 1977. Os serviços de administração, operação e
manutenção da infraestrutura de uso comum foram iniciados em 1980.
O Perímetro Irrigado encontra-se a 6º 07’ de latitude Sul e 38º 13’ de longitude Oeste e está a
uma altitude de 190 m acima do nível do mar, ficando localizado na região do alto Oeste Potiguar, mais
precisamente a 02 km da margem esquerda do Açude Público Pau dos Ferros e a 09 km da sede do
Município indo pela BR-226, que liga Pau dos Ferros ao Município de Antônio Martins.
O acesso ao Perímetro é feito pelas rodovias BR-4227 e BR-226, e fica distante da capital, 406
km.
A criação do Perímetro teve como objetivo impulsionar o desenvolvimento local por meio da
policultura de agricultura irrigada. Conforme relatam Nascimento Neto e Souza (2011) inicialmente
foram inseridos 44 colonos com suas famílias, que passaram a cultivar feijão, algodão, bananeiras e
tabaco, com o DNOCS exercendo certo controle sob a produção.
Esse sistema produtivo compreendeu o período de 1980 a 1986. A partir de então, um
problema no sistema de bombeamento ocasionou um grande prejuízo para os agricultores irrigantes,
que passaram a se responsabilizar pelo destino da sua produção.
Ainda conforme o relato de Nascimento Neto e Souza (2011), o perfil dos colonos irrigantes era
de pessoas com mais de 30 anos, casados e sem propriedade rural, aptos às atividades de irrigação,
utilizando inicialmente o processo de irrigação por sulcos e depois por aspersão.
Com a ampliação do sistema de irrigação por meio do método de aspersão, o DNOCS inseriu
mais 31 famílias, totalizando 75 famílias. Isso possibilitou o aumento da mão de obra, a geração de
empregos e o aumento da produção, passando o Perímetro a contar com dois sistemas técnicos
agrícolas, ainda utilizados até hoje.
A produção agrícola do Perímetro Irrigado atualmente baseia-se no cultivo do feijão, milho,
sorgo e produção do leite bovino.
Os colonos se deparam agora com problemas relativos à estrutura precária das estações de
bombeamento, a falta de assistência técnica e a baixa capacitação dos irrigantes, sendo que a maioria
é analfabeta ou semialfabetizados.
30
2.4 Administração rural e gestão da produção
O termo administração rural teve sua origem no inicio do século XX aliado às universidades de
ciências agrárias, de países desenvolvidos como Inglaterra e Estados Unidos com o intuito de avaliar a
credibilidade econômica e as técnicas agrícolas.
A administração rural é de suma importância para as propriedades rurais, uma vez que auxilia
na execução correta dos recursos, reduzindo custos e aumentado a produtividade agrícola. Nesse
sentido vejamos o que diz Hoffmann (1987), sobre o conceito científico da atividade em questão, “a
Administração Rural é o estudo que considera a organização e operação agrícola, visando ao uso mais
eficiente dos recursos para obter resultados compensadores contínuos”.
No Brasil a gestão rural necessita de maior atenção, através da modernização de mercado e
implantação de sistemas de informações que possibilitem ajudar o produtor rural na tomada de decisão
correta de sua empresa. Nesta mesma linha de pensamento, Tres apud Noronha e Peres (2009, p. 17
e 18) já atenta que:
a administração rural no Brasil necessita se modernizar ajustando-se à nova realidade do setor rural e suas tendências. Nesse contexto, os autores consideraram as seguintes perspectivas: maior integração das empresas rurais com os mercados de fatores e de produtos, exigindo maiores conhecimentos em comercialização, marketing e finanças; maior competitividade interna e externa, com consequentes impactos sobre preços agrícolas e as margens de lucro dos produtores rurais; menor ajuda governamental ao setor, com consequente crescimento da participação do setor privado na solução de seus próprios problemas; maior pressão social para a demanda do setor rural por sistemas de informação; modernização do mercado de prestação de serviços ao setor rural; maior demanda por treinamentos em administração; e maior pressão da legislação trabalhista no campo.
Deste modo compreende-se que a maioria das tendências citadas está de fato ocorrendo.
Acredita se que a solução mais viável para os produtores seria com o aumento da produtividade por
meio de especialização e maior uso de tecnologia e escala.
A propriedade rural é uma área constituída numa zona rural de domínio privado e, entre suas
diversas utilizações, a agricultura e a pecuária são as principais, além da indústria agrícola e o
agronegócio.
As atividades rurais em sua grande maioria apresentam naturalmente irregularidades quanto
ao fluxo de trabalho. Marion e Segatti (2002, apud CALLADO, 2011, p. 23) apontam que “o principal
papel do administrador rural é planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados, visando à
maximização dos lucros, a permanente motivação e ao bem-estar de seus empregados”. Isso mostra a
importância da aplicação de processos administrativos para a gestão dos negócios rurais.
31
A gestão administrativa na empresa rural abrange uma complexidade de atividades como em
qualquer outra empresa e, principalmente, compreende elementos principais: o processo produtivo e as
atividades comerciais. Conforme definição de Callado (2011), o processo produtivo se desenvolve no
âmbito da empresa e as atividades comerciais se desenvolvem entre as empresas, no ambiente
externo.
Além da preocupação com os processos internos da empresa o administrador rural precisa dar
atenção também aos aspectos relativos à comercialização dos produtos, à questão logística e ao
marketing estratégico do negócio.
A gestão da unidade Rural requer um esforço coletivo para atingir as metas preestabelecidas,
ponderando o potencial de produtividade, o investimento necessário, a valorização do patrimônio e o
resultado econômico das atividades envolvidas.
Os produtores rurais, em virtude das dificuldades encontradas, unem-se em organizações
(cooperativas ou associações) em prol de um objetivo comum. De acordo com Sylvia Saes (2000, apud
NEVES et. al 2005) as ações organizadas em uma associação de produtores podem ser de três tipos:
(a) ações tipo I, que beneficiam todos os participantes; (b) ações tipo II, que beneficiam parte do grupo
sem prejuízos dos demais; e (c) ações tipo III, que beneficiam parte do grupo em detrimento de outros.
Apesar de causar conflitos algumas vezes, as ações do tipo III são necessárias em certas
situações para adequação do sistema associativista. No entanto, as grandes maiorias das ações
desenvolvidas são tipo I e II priorizando a coletividade e favorecendo todos os associados.
2.5 Teoria Neoclássica e suas decorrências
A Teoria Neoclássica surgiu na década de 1950 diante de um novo contexto de crescimento
exacerbado das organizações e problemas administrativos decorrentes da época. Enfatiza a
preocupação dos administradores (empresários, diretores e, principalmente, gerentes) em dar
organização a uma série de modelos e técnicas administrativas (CHIAVENATO, 1999).
Essa Teoria foi uma revisão da Teoria Clássica em decorrência da Teoria Geral de Sistemas
(TGS). Esta, desenvolvida no início dos anos 50 pelo economista Kennet Boulding e pelo biólogo
Ludwig Von Bertalanffy, procurava sintetizar e esquematizar diversas disciplinas em uma só teoria
abrangente.
A partir da TGS as organizações passaram a ser estudadas como um sistema estruturado e
valorizou-se, além dos subsistemas individuais, a interdependência das relações existentes entre eles.
Na definição de CARAVANTES (2005, p.155):
32
A teoria dos sistemas, ao mesmo tempo que nos proporciona uma compreensão mais realista da complexidade do fenômeno organizacional, faz-nos tomar consciência, em primeiro lugar, de que os princípios e as regras ditados pelas várias escolas e pelos praticantes de administração são de alcance extremamente limitado, incapazes de equacionar, satisfatoriamente, os problemas mais significativos enfrentados pelas organizações; e, em segundo lugar, de que carecemos não apenas de táticas administrativas, mas, principalmente, de macroestratégia, de uma teoria administrativa que articule e interligue, com clareza, os pontos cruciais integrantes da teoria e onde cada passo tenha sua razão de ser em função dos objetivos a serem alcançados.
O que a TGS propunha, portanto, era uma abordagem de sistema aberto para as organizações
que considerasse, além das relações internas do sistema, a interrelação com o sistema externo,
existindo em um ambiente complexo, influenciando e sendo por ele influenciadas.
2.5.1 Processo administrativo
Uma das características da Teoria Neoclássica foi a ênfase dada aos Princípios Gerais da
Administração, o clássico PODC - planejar, organizar, dirigir e controlar. Nesta abordagem, no entanto,
tais princípios são reavaliados e usados pelo pragmatismo, objetivando a prática aplicação da
Administração.
Caravantes (2005), apresenta conforme a Figura 2 de forma clara e completa o processo
administrativo e seus elementos integrantes:
Figura 2 - O processo administrativo.
Fonte – Caravantes (2005).
33
Este esquema representa a interdependência do Processo Administrativo, considerada
fundamental para o alcance dos objetivos. Para que isso seja possível, todas as variáveis
(planejamento, organização, direção e controle) precisam funcionar e contribuir entre si.
O planejamento está relacionado às formas pelas quais a organização atingirá seus objetivos.
Conforme definição de Lacombe (2008, p. 162), é “decidir antecipadamente o que fazer, de que
maneira fazer, quando fazer e quem deve fazer”. Constitui-se, portanto, na determinação de uma
direção dos esforços para a obtenção de resultados.
A organização decorre do planejamento e, enquanto função do processo administrativo, implica
a distribuição de tarefas, seu agrupamento em departamentos e a alocação de recursos a eles
(CARAVANTES, 2005). É função essencial para que o processo administrativo tenha regularidade e
resultados.
A função direção corresponde à ação aplicada ao planejamento e à organização realizados.
“Definido o planejamento e estabelecida a organização, resta fazer as coisas acontecerem. Esse é o
papel da direção: acionar e dinamizar a empresa” (CHIAVENATO, 2001, p. 271).
Controle, apesar de ser delimitada como uma das funções do Processo Administrativo, está
presente em todas as outras. É a atividade que consiste em medir e corrigir o desempenho para
assegurar o cumprimento de metas predeterminadas (LACOMBE, 2008). Controlar compreende,
portanto, a comparação do que foi planejado e organizado com o que está sendo executado sob uma
direção, bem como análise da eficiência.
2.5.2 Princípios da administração
A retomada aos princípios gerais como base para o trabalho do administrador acabou por fazer
surgir outros princípios mais específicos. A seguir é descrito cada princípio individualmente, baseado
em Chiavenato (2001).
Quadro 2 - Princípios da administração.
Princípio da Definição do Objetivo
Em primeiro plano, deve-se estabelecer, de forma clara, os objetivos que se pretende alcançar.
Princípio da Flexibilidade do Planejamento
O planejamento é permanente e deve ter flexibilidade para corrigir problemas ou defeitos que apareçam durante a sua execução.
Princípio da Especialização A concentração dos esforços em campos limitados permite incrementar a qualidade e a quantidade de produção.
Princípio da Definição Funcional
O conteúdo de cada cargo e as relações formais entre seus ocupantes devem ser claramente definidos por escrito.
Princípio da Paridade da Responsabilidade e Autoridade
A autoridade atribuída a uma posição ou pessoa deve corresponder à sua responsabilidade.
34
Princípio das Funções de Staff e de Linha
É preciso definir, da forma mais clara possível, não só a quantidade de autoridade delegada, mas igualmente a qualidade dessa autoridade. O critério de distinção é o relacionamento direto ou indireto com os objetivos globais.
Princípio Escalar Cada subordinado deve saber exatamente quem lhe delega autoridade e a quem deve dirigir-se quando surgirem assuntos que fujam de sua alçada de autoridade.
Princípio da Unidade de Comando
Cada subordinado deve prestar conta a um superior e somente a um superior.
Princípio da Delegação Compreende a designação de tarefas, a delegação de autoridade para a execução dessas tarefas e a exigência de responsabilidade para sua execução.
Princípio da Amplitude de Controle
Há um limite quanto ao número de pessoas ou posições que podem ser eficientemente supervisionadas por um único indivíduo.
Princípio da Coordenação ou das Relações Funcionais
A coordenação fundamenta-se nas comunicações, nas informações e orientações que devem ser transmitidas, em todas as direções e em todos os níveis e setores.
Princípio da Garantia do Objetivo
O controle deve contribuir para o alcance dos objetivos, pela verificação das discordâncias com os planos, em tempo suficiente para permitir a ação corretiva.
Princípio da Definição dos Padrões
O controle deve basear-se em padrões objetivos, precisos e convenientemente estabelecidos.
Princípio da Exceção O administrador deve preocupar-se mais com os desvios importantes do que com as situações relativamente normais.
Princípio da Ação O controle é uma atuação eminentemente utilitarista e pragmática: somente deve ser feito quando vale a pena.
Fonte - Chiavenato (2001).
Cada um desses princípios está relacionado diretamente a uma (ou mais de uma) função do
Processo Administrativo.
2.5.3 Administração por Objetivos (APO)
Também conhecida como Administração por resultados, esse novo modelo administrativo se
constituiu a partir da APO e seu aparecimento aconteceu em 1954, quando da publicação do livro
Administração por Objetivos, por Peter Drucker (CHIAVENATO, 2001).
A essência da APO está na descentralização das decisões e fixação de objetivos para cada
área-chave da organização. Conforme conceituação de Chiavenato (2011, p. 348),
“[...] é um processo pelo qual os gerentes e subordinados identificam objetivos comuns, definem áreas de responsabilidade de cada um em termos de resultados esperados e utilizam esses objetivos como guias para a operação dos negócios”.
Como características, podem ser citadas (CHIAVENATO, 2011, p. 349):
1. Estabelecimento conjunto de objetivos entre o gerente e o seu superior. 2. Estabelecimento de objetivos para cada departamento ou cargo. 3. Interligação entre os vários objetivos táticos ou departamentais. 4. Ênfase na mensuração e no controle dos resultados.
35
5. Contínua avaliação, reavaliação, revisão e reciclagem dos planos. 6. Participação atuante das gerências.
Sendo assim, os benefícios da APO consistem no esclarecimento dos objetivos para todos na
organização, a melhoria do planejamento, a definição de padrões claros para a execução do controle, o
aumento da motivação pessoal em função do cumprimento de metas, a avaliação mais objetiva e
consequente melhoria da moral, pelo alcance dos objetivos preestabelecidos no processo
administrativo.
36
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente capítulo tem como finalidade expor os procedimentos utilizados no estudo efetuado
no Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros – RN, tendo o intento de conseguir informações para análise e
comparação dos dados inerentes ao artefato de estudo.
Nesta acepção, apresentam-se descritos os tipos de pesquisa adotados pelo estudo; o
universo e a amostra usados como referência para a investigação; os métodos envolvidos na coleta de
dados, bem como as técnicas empregadas para o tratamento dos próprios.
3.1 Tipo de pesquisa
Pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que são propostos (GIL, 2002, p. 42).
A presente proposta de pesquisa enquadra-se como de natureza qualitativa, uma vez que se
preocupa com a percepção e interpretação da realidade social, bem como em apreender os fatos e
fenômenos, e não meramente registrá-los ou descrevê-los.
Para Vergara (2007) existem dois critérios básicos de pesquisa: quantos aos meios e quanto
aos fins.
Quanto aos fins, pode ser definida conforme o quadro abaixo:
Quadro 3 – A classificação da pesquisa quanto aos fins.
Exploratória Descritiva Explicativa
Metodológica Aplicada
Intervencionista
Fonte – Adaptado de Vergara (2007).
De acordo com a autora supracitada:
A investigação exploratória, que não deve ser confundida com leitura exploratória, é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipótese que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa. A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno.
37
A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível justifica-lhes os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno. Pesquisa metodológica é o estudo que refere a instrumentos de captação ou de manipulação da realidade. A pesquisa aplicada [...] tem finalidade prática, ao contrário da pesquisa pura, motivada basicamente pela curiosidade intelectual do pesquisador e situada sobretudo no nível da especulação. A investigação intervencionista tem como principal objetivo interpor-se interferir na realidade estudada, para modificá-la, não se satisfaz, portanto, em apenas explicar (VERGARA, 2007, p. 47).
Quanto aos meios de investigação, pode ser definida conforme quadro a seguir:
Quadro 4 – A classificação da pesquisa quanto aos meios.
Pesquisa de Campo Pesquisa de Laboratório
Documental Bibliográfica Experimental Ex post facto Participante
Pesquisa - ação Estudo de caso
Fonte – Adaptado de Vergara (2007).
A autora ainda especifica:
Pesquisa de campo é investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Pesquisa de laboratório é experiência realizada em local circunscrito, já que no campo seria praticamente impossível realizá-la. Investigação documental é a realizada em documentos conservados no interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registros, anais regulamentos, circulares, ofícios, memorandos e outros. Pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral.
Ainda, segundo a mesma autora, existem estes outros tipos:
Pesquisa experimental é investigação empírica na qual o pesquisador manipula e controla variáveis independentes e observa as variações que tais manipulação e controle produzem em variáveis dependentes. Investigação ex post facto refere-se a um fato já ocorrido. Aplica-se quando o pesquisador não pode controlar ou manipular variáveis, seja porque suas manifestações já ocorreram, seja porque as variáveis não são controláveis. A Pesquisa participante não se esgota na figura do pesquisador, dela tomam parte pessoas implicadas no problema sob investigação, fazendo com que a fronteira pesquisador /pesquisado, ao contrário do que ocorre na pesquisa tradicional, seja tênue.
38
Pesquisa-ação é um tipo de particular de pesquisa participante e de pesquisa aplicada que supõe intervenção participativa na realidade social. Estudo de caso é o circunscrito a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade ou mesmo país (VERGARA, 2007, p. 47 a 49).
Conforme critérios de classificação quanto aos tipos de pesquisa apresentados acima e sendo
o objetivo deste estudo caracterizar as práticas gerenciais adotadas pelos Irrigantes da Associação dos
colonos de Pau dos Ferros/RN, a pesquisa apresenta as seguintes características:
Quanto aos fins: trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que o seu objeto de
investigação já é parcialmente conhecido e tem por objetivo a descrição, com base em dados que
serão suficientemente constatados, das características de um determinado fenômeno e população
(situação real existente).
Desta forma, a pesquisa preocupa-se, essencialmente, com a observação de um fenômeno de
caráter prático, sem exercer nenhum tipo de intervenção ou manipulação.
Em virtude de o estudo ser descritivo, os dados necessários à obtenção dos resultados por ele
pretendidos ocorrerão através da utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, neste caso a
entrevista estruturada.
Quanto aos meios: trata-se de uma pesquisa de campo. De campo porque os dados primários
acerca do fenômeno serão coletados, via aplicação de entrevistas estruturadas e observação junto aos
atores especificados na seção seguinte.
Conforme Vergara (2007), a pesquisa de campo é uma investigação empírica realizada no
local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo.
3.2 Universo e amostra
O universo ou população é o conjunto de elementos com determinadas características em
comum, refere-se a um grupo de pessoas que se faz interessante pesquisar dentro dos objetivos
propostos no estudo.
As pesquisas em geral são compostas de um universo de elementos muito grande para ser
estudada e/ou investigada em sua totalidade, por esse motivo é muito frequente se trabalhar com uma
amostra, ou seja, uma pequena parte dos elementos que compõem este universo. (Gil, 2008).
Segundo Vergara (2007, p. 50) “O universo de uma pesquisa é o conjunto de elementos que
possuem características que serão o objeto de estudo, e a amostra é uma parte do universo escolhido
segundo algum critério de representatividade.”
39
Ainda de acordo com a mesma autora, “sujeitos da pesquisa são as pessoas que forneceram
os dados de que você necessita”.
Senso assim, o universo do estudo é formado por 75 (setenta e cinco) irrigantes vinculados à
Associação dos colonos de Pau dos Ferros/RN.
Segundo Marconi e Lakatos (1990):
Quando se deseja colher informações sobre um ou mais aspectos de um grupo grande ou numeroso, verifica-se, muitas vezes, ser praticamente impossível fazer um levantamento do todo. Daí a necessidade de investigar apenas uma parte desta população ou universo.
Quanto à utilização de amostras, foi utilizada a probabilística do tipo aleatória simples, a qual
utiliza procedimentos estatísticos para defini-la. Para a definição do cálculo da amostra foi utilizada
como referência:
Tabela 2 – Amostra do estudo.
Universo a ser pesquisado Nível de confiança
Erro amostral Split
Amostra
75 95% 10% 80/20
29
Fonte – Gomes (2005).
Conforme especifica a metodologia adotada pelo SEBRAE-MG, a qual serve de determinante
para a definição do tamanho da amostra, qual seja uma parcela da população com a qual se fará a
pesquisa a partir do universo previamente definido. (GOMES, 2005).
Ainda, segundo a mesma metodologia, o split demonstra o nível de variação das respostas na
pesquisa, isto é, o grau de homogeneidade da população. Desta forma, uma população mais
homogênea corresponde a uma população que possua características semelhantes como mesmo nível
de renda, idade, sexo, etc. como é o caso deste estudo.
A margem de erro identifica a variação dos resultados de uma pesquisa. Um erro amostral de
5% indica que os percentuais de respostas obtidas podem variar para mais 5% ou menos 5%. Já o
nível de confiança é uma medida estatística que indica a probabilidade de repetição dos resultados
obtidos caso a mesma pesquisa seja realizada novamente.
40
3.3 Coleta de dados
Esta etapa caracteriza-se pela definição dos métodos e técnicas utilizados para a obtenção das
informações necessárias ao esclarecimento do problema da pesquisa.
Segundo Roesch (2006), “as principais técnicas de coleta de dados são a entrevista, o
questionário, os testes e a observação. Também é possível trabalhar com dados existentes na forma
de arquivos, banco de dados, índices e relatórios”.
Baseada nesta classificação definiu-se que a técnica ou instrumento de coleta de dados
utilizada na pesquisa, seria a entrevista estruturada.
Um pré-teste do instrumento de coleta de dados, caracterizando-se como caráter experimental,
foi aplicado a uma pequena amostra de 03 (três) participantes. O objetivo do teste foi avaliar aspectos
funcionais, tais como:
Pertinência, organização, clareza das questões, de modo a corrigir e/ou melhorar eventuais
problemas, antes da aplicação definitiva.
Assim, o pré-teste permitiu observar se a redação das questões estava clara a todos os
questionados, bem como se as questões tinham o mesmo sentido para todos.
Segundo Vergara (2007), “a entrevista é um procedimento no qual você faz perguntas a
alguém que, oralmente lhe responde”. E de acordo com Gil (2002), a entrevista é uma forma de diálogo
assimétrico, em que uma das partes busca obter, coletar dados e a outra se apresenta como fonte de
informação, fornece tais dados.
Esse procedimento de coleta de dados por meio de entrevista foi realizado no período de
15/04/2013 a 15/05/2013.
3.4 Tratamento dos dados
Esta é a etapa em que constitui o objetivo central da pesquisa, uma vez manipulados os dados
e obtidos os resultados, chega-se o momento de definir os métodos utilizados para análise e
interpretação dos mesmos com intuito de verificar se os objetivos propostos e a problemática em
estudo foram alcançados. De acordo com Gil (2002, p. 156):
A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das
41
respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos.
Os dados e informações coletadas receberam tratamento qualitativo e dispostos em gráficos,
sendo o desenvolvimento do método específico de análise dos dados realizado por meio de registro de
evidências objetivas, as quais se configuram em dados que comprovam um fato, sendo importante
nesta pesquisa, especificar para as práticas gerenciais realizadas, a sua frequência e, principalmente o
seu nível de eficiência.
Assim, teve-se como principal objetivo, identificar os pontos fortes e fracos e as oportunidades
de melhoria. Deste modo, para cada elemento do processo administrativo foi registrado o maior número
de evidências objetivas (informações relevantes) que contribuam para a compreensão do estágio de
utilização de práticas gerenciais.
42
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Esta etapa apresenta a análise e discussão dos resultados alcançados com base nas
respostas das entrevistas estruturadas aplicadas com 29 sócios e presidência da ACOPAF, no período
de 15 de maio a 15 de abril de 2013.
Desta maneira, o modelo de entrevista estruturada foi pautado por categorias de análise, onde
inicialmente apresenta-se o perfil do irrigante, depois são levantadas questões sobre os dados
socioeconômicos dos mesmos; por conseguinte buscaram-se conhecimentos sobre a unidade de
produção e infraestrutura. Por fim, foram feitas questões referente às práticas gerenciais, buscando
conhecer quais as práticas de gerenciamento utilizadas pelos irrigantes nas suas unidades de
produção.
4.1 Perfil dos irrigantes
Os dados a seguir referem-se ao perfil dos Irrigantes da ACOPAF, buscando-se conhecer
algumas informações relevantes no tocante a caracterização de cada um dos entrevistados e de suas
famílias.
Diante dos dados abaixo podemos visualizar que a grande maioria dos colonos do Perímetro
Irrigado de Pau dos Ferros/RN é do sexo masculino, enquanto a representatividade da classe feminina
corresponde a apenas 12% (Gráfico 1). Esse fato pode ser explicado pelo fato da atividade agricultura
exigir muito esforço físico, e ser mais bem desenvolvido por pessoas do gênero masculino, por
apresentarem um porte físico mais resistente.
Gráfico 1 - Gênero dos colonos.
Fonte - Pesquisa de Campo, 2013.
88%
12%
Masculino
Feminino
43
Pode-se constatar que há uma baixa concentração de colonos jovens no Perímetro Irrigado de
Pau dos Ferros/RN, uma vez que a maioria já possui mais de 50 anos, sendo que esses jovens
buscam outros vínculos empregatícios, principalmente na área urbana do município, buscando
especialmente na área comercial. Esse fato é maior visualizado quando se toma nota do filho dos
agricultores irrigantes, onde a maior parte dos mesmos busca esse tipo de trabalho.
Gráfico 2 – Faixa etária dos colonos.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
Quanto ao nível de escolaridade pode ser visualizado que há predominância do nível mais
baixo da educação, onde se excetuando os 3,84% que possuem o Ensino Médio Completo, os demais
96.46% correspondem a um grau de estudo igual ou inferior ao Ensino Fundamental, isso denota o
déficit de conhecimento dos colonos, o que reflete na execução da prática, implicando em uma
assistência técnica.
Gráfico 3 – Nível de escolaridade.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
7,69% 11,53%
34,61% 30,76%
11,53%
3,84%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
31 a 40 anos
41 a 50 anos
51 a 60 anos
61 a 70 anos
71 a 80 anos
81 a 90 anos
3,84%
58%
38,46%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
44
Ao analisar o estado civil dos agricultores irrigantes, conclui-se que a grande maioria
pesquisada, mais precisamente 88,46%, é casada ou possui uma união estável. Do restante, quase 8%
dos colonos são viúvos e apenas 3,84% são solteiros.
Gráfico 4 – Estado civil.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Com relação à família dos agricultores, foi verificado que metade das mesmas possuem 4
pessoas que residem no domicílio; em 26,92% dos casos, 3 pessoas integram a família e 7,69% são
compostas por 2 ou 6 membros. Sendo que, ainda, em 3,84% das famílias há 1 ou 5 pessoas. Esse
dado é bastante atípico, visto que, geralmente nesses casos as famílias são relativamente maiores,
pois em boa parte, os chefes das famílias apresentam uma idade avançada, o que denotaria em uma
família mais numerosa.
Gráfico 5 – Números de pessoas que integram a família.
Fonte - pesquisa de campo, 2013.
88,46%
7,69% 0% 3,84%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%
100%
Casado ou Conjulgal
Viúvo (a) Divorciado (a), Desquitado (a) ou Separado
(a)
Solteiro (a) Outros
3,84% 7,69%
26,92%
50%
3,84% 7,69%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
1 Pessoas 2 Pessoas 3 Pessoas 4 Pessoas 5 Pessoas 6 Pessoas
45
Ao serem questionados há quanto tempo residem no assentamento, 73% afirmaram que
moram na unidade de produção após a fundação, sendo que 27% estão inseridos no território desde a
sua implantação. Isso comprova o fato de que a grande maioria se alocou no perímetro nos anos
seguintes da sua fundação, sendo que muitos deles foram indicados por familiares e impulsionados
pela doação das residências.
Gráfico 6 – Há quantos anos mora no Assentamento.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Sobre questionados como tomaram conhecimento do assentamento, 61,53% relatou que foi
através de indicação de parentes, familiares e/ou amigos. 30,76% disseram que residiam na região ou
comunidades vizinhas e 7,69% foi indicado pelo DNOCS. Nota-se, assim, que boa parte dos colonos foi
indicada por familiares.
Gráfico 7 – Como tomou conhecimento do assentamento.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
27%
73%
Desde a Fundação
Após a Fundação
7,69%
61,53%
30,76%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Indicado pelo DNOCS Indicação de Parentes, Familiares e/ou Amigos
Morava na Região ou Comunidade Vizinhas
46
Quando perguntados por que veio para o assentamento 46,15% dos entrevistados
responderam que visualizaram um lugar produtivo e/ou tranquilo. Outros 26,92% relataram que vieram
por vontade de possuir uma terra própria. Já 15,38% disseram que vieram pela doação da
infraestrutura. Ainda, 7,69% alegaram que vieram pela facilidade dos serviços públicos e, por fim,
3,84% declarou que gostou do lugar. Assim, é visto que os maiores motivos foram a produção,
desenvolver a agricultura sem que falte água, possibilitando uma produtividade maior, lugar tranquilo,
por ser em uma área rural, possuir uma propriedade e o fato de ser doada a infraestrutura.
Gráfico 8 – Por que veio para o assentamento.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
De forma quase unânime (92%), os colonos asseguraram que atingiram seus objetivos, sendo
que esses disseram: “consegui uma casa própria, tive melhor acesso a escola para meus filhos, passei
a morar mais próximo das cidades...”. Apenas 8% alegaram que não atingiram seus objetivos. Esse
fato mostra que os agricultores inseridos não tinham finalidades ousadas, queriam apenas simples
objetivos, visto que boa parte era meeira, não possuíam uma propriedade própria para realizar suas
atividades.
Gráfico 9 – Conseguiu realizar seus objetivos.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
26,92%
46,15%
3,84% 7,69%
15,38%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Possuir uma terra própria
Lugar Produtivo e/ou
tranquilo
Gostei do Lugar
Facilidade dos Serviços Públicos
Pela doação da infra estrutura
92%
8%
Sim
Não
47
Relacionado se estão arrependidos de ter vindo para o assentamento pode se averiguar que
nenhum colono arrependeu-se de ter vindo para o território, esse dado está intrinsecamente ligado com a
realização dos objetivos elencados anteriormente.
Quando indagados sobre sua permanência no perímetro, todos demonstraram a sua vontade
de continuar na unidade de produção, sendo que o principal motivo é não ter outro lugar pra ir.
Em relação o que fazia antes de vir para o assentamento, 88,46% dos entrevistados disseram
que trabalhavam na agricultura como meeiro. Outros 7,69% relataram que desenvolviam outras
atividades e 3,84% responderam que trabalhavam como funcionário público. Assim, a maioria
esmagadora garantiu que desenvolvia a prática na terra de terceiros.
Gráfico 10 – O que fazia antes de vir para o assentamento.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
Quando indagados se continua fazendo ainda as atividades que desenvolviam antes de vir para
o assentamento, 77% dos entrevistados responderam que sim, que trabalham ainda hoje com a prática
da agricultura, só que não mais como meeiro, mas com acesso a terra própria. E por fim 23%
afirmaram que não continuam mais fazendo as atividades que desempenhavam antes de chegar ao
território.
88%
3,85% 7,69%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Trabalhava na Agricultura como meeiro
Funconário Público (a) Outras Atividades
48
Gráfico 11 – Continua fazendo ainda.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Quando questionados se é associado a ACOPAF, os entrevistados responderam de forma
unânime que sim. Isso pode ser explicado pelo fato de que todos os colonos da comunidade terem
vínculo com a associação.
Por conseguinte, ao serem perguntados se participam de alguma outra associação ou
cooperativa, 85% responderam que não participam e 15% afirmaram que sim, da ACAFPA (Associação
Comunitária dos Agricultores Familiares do Perímetro Irrigado e Adjacências).
Gráfico 12 – Participa de alguma outra associação ou cooperativa.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Quando questionados se observa vantagens em ser associado á ACOPAF, 58% dos
entrevistados afirmaram que sim. Uma das vantagens mais citadas pelos mesmos foi à hora de trator
77%
23%
Sim
Não
15%
85%
Sim
Não
49
mais barata que particulares. E 42% responderam não observam nenhuma vantagem em ser
associado á ACOPAF.
Gráfico 13 – O senhor (a) vê vantagens em ser associado á ACOPAF.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Por conseguinte foram indagados se a ACOPAF apresenta algumas desvantagens, onde
96,15% dos entrevistados alegaram que há desvantagens na prática, sendo que 50% dos agricultores
que disseram haver desvantagens indicaram a falta de união dos sócios, 26,92% proferiram a falta de
recursos financeiros e/ou assistência técnica e 19,23% expuseram a desorganização, apenas 3,84%
afirmaram não haver desvantagens. Esse fato denota as enormes dificuldades enfrentadas pelos
agricultores irrigantes visualizadas na unidade de produção, onde há carências em diversos pontos.
Gráfico 14 – E se tem algumas desvantagens, quais são.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
58%
42% Sim
Não
19,23%
50%
26,92%
3,84%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Desorganização Falta de União dos sócios
Falta de recuros financeiros e/ou
Assit. técnica
Não há desvantagens
50
Quando pesquisados sobre os serviços que por ventura são oferecidos pela associação do
perímetro irrigado, de forma unânime os colonos proferiram que com exceção do menor custo com o
corte de terra, não é fornecido nenhum tipo de serviço, o que se configura como um ponto bastante
negativo.
Com relação aos serviços já beneficiados, os entrevistados relataram que foi apenas com o
corte de terra, ou seja, exclusivamente na retira da vegetação da terra para o plantio.
Já relacionado a adoção de possíveis medidas que podem aprimorar a prática agrícola local,
38,46% expuseram que poderiam ser oferecidos recursos e assistência no geral, 26,92% alegaram
procurar manter a união dos sócios, 19,23% afirmaram que poderia haver o pagamento de uma taxa
mensal em benefício da associação, 11,54% disseram que deveria ser mais organizada e, ainda,
apenas 3,85% exibiram que não necessita ser arranjado nada.
Gráfico 15 – Tem alguma coisa que a associação deveria fazer e até hoje não fez.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Quando perguntados se participa com frequência das reuniões da associação, 85% dos
entrevistados relataram que sim e 15% responderam que não. Onde, dos que disseram sim, relataram
que é importante participar das reuniões porque podem buscar objetivos comuns a todos de forma
conjunta.
26,92%
11,54%
19,23%
38,46%
3,85%
0% 5%
10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
Procurar manter a únião dos
sócios
Deveria ser mais organizada
Pagamento de uma taxa mensal em benefício da
associação
Oferecer recursos e
assistência no geral
Nada
51
Gráfico 16 – O senhor (a) participa frequentemente das reuniões da associação.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Todos os agricultores irrigantes alegaram que acham importante participar das reuniões,
porque através da sociedade há uma maior tendência em conseguir êxito nas empreitadas.
Questionados sobre como avalia o trabalho da associação, 69,23% falaram que considera
regular, 15,38% consideram bom e 15,38% acham péssimo. Assim, grande parte dos agricultores
reprova o trabalho desenvolvido pela associação, afirmando que deveria ter mais união dos sócios e
apoio dos órgãos públicos.
Gráfico 17 - Como o senhor (a) avalia o trabalho da associação.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
4.2 Dados socioeconômicos
Abaixo são apresentadas algumas informações no que diz respeito aos dados
socioeconômicos dos irrigantes pesquisados.
85%
15%
Sim
Não
15,38%
69,23%
15,38%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
Bom Regular Péssimo
52
Com relação à renda obtida pelas atividades na unidade produção até o momento, 38% dos
entrevistados indagaram que considera suficiente, pelo fato de dar para sobreviver com os recursos
provindos dessa renda; enquanto 62% mencionaram que considera insuficiente. Esse fato pode ser
explicado quando se toma nota que não há como sustentar toda a família com a renda provinda,
exclusivamente, da prática agrícola, como também pelas dificuldades e/ou desvantagens já citadas no
gráfico 14.
Gráfico 18 – Sobre a renda proporcionada pelas atividades desenvolvidas até o momento, você considera.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Interrogados sobre a necessidade da execução de outra atividade por parte de algum membro
da família, 65% dos colonos entrevistados informaram que não e 35% cientificaram que há a carência
de outra renda para complementar os gastos básicos da família.
Gráfico 19 – Além do trabalho no lote, algum membro da família precisa trabalhar fora para complementar à
renda familiar.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
38%
62%
Suficiente
Insuficiente
35%
65%
Sim
Não
53
Já relacionado à indagação de como aprimorar essa renda provinda da prática agrícola,
57,69% responderam que há essa possibilidade, através de uma assistência técnica intensiva, que no
momento se encontra ausente e 42,30% externaram que seria possível com a substituição dos
métodos de irrigação, onde poderia usar a água de maneira eficiente, com íntima relação com o custo,
objetivando um melhor aproveitamento da água e maior rentabilidade.
Gráfico 20 - Poderia melhorar essa renda. Como.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Quando questionados acerca de como recuperar a prática desenvolvida no perímetro irrigado,
todos os agricultores irrigantes afirmaram que a responsabilidade é intrinsecamente dos órgãos
públicos, onde os mesmos se eximem desse encargo de revitalização da sua área de produção.
Por conseguinte, foram perguntados se para complementar a renda familiar desenvolve alguma
atividade extra, 65% dos entrevistados indagaram que sim e 35% relataram que não. Dos que
responderam sim, externaram, no geral, que trabalham no ramo do comércio na zona urbana da
cidade, como também na área educacional e outras pequenas atividades remuneradas.
Gráfico 21 - O senhor (a) tem que desenvolver alguma outra atividade para complementar á renda.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
57,69%
42,30%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
Sim, com uma maior assistência técnica
Sim, com um melhor sistema de irrigação
35%
65%
Sim
Não
54
Já relacionado aos itens do orçamento familiar, 92,3% relataram que o que mais pesa no custo
mensal é a alimentação, em virtude de muitos membros da família se alimentarem no domicílio do
colono, 7,69% relataram que o que mais pesa no orçamento da família é a saúde, por apresentar
pessoas idosas e necessitarem de um maior número de medicamentos.
Gráfico 22 – Qual o item que mais pesa no orçamento.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Acerca da renda familiar mensal, como pode ser visualizado no gráfico abaixo, 76,92%
relataram que ganham de 2 a 4 salários mínimos mensais, e 23,07% indagaram que recebem 1 salário
mínimo.Esse último fato denota a pequena renda mensal determinada por diversos fatores, sendo o
principal deles o baixo grau de escola. Relacionado as pessoas que ganham de 2 a 4 salários mínimos,
nota-se que alguns membros da família exercem outros tipos de atividades e/ou há aposentados e/ou
pensionistas.
Gráfico 23 – Qual a renda total da família por mês.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
7,69%
92,30%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Saúde Alimentação Educação Outras
23,07%
76,92%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
1 Salário Mínimo 2 a 4 Salários Mínimos Acima de 4 Salários Mínimos
55
Quando indagados se tinha alguém no domicílio familiar que recebia rendimentos provindos de
aposentadoria e pensões, 62% dos entrevistados disseram que sim, enquanto 38% relataram que não.
O percentual que responderam sim pode ser explicado, conforme gráfico 2 pelo fato da maioria dos
colonos e de suas esposas já terem mais de 50 anos de idade.
Gráfico 24 – Há existência de rendimentos de aposentadoria e pensões.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
Em seguida foi perguntado aos colonos se recebia algum auxílio ajuda – do Governo Federal,
50% dos entrevistados responderam que sim e 50% responderam que não.
Gráfico 25 – Recebe algum auxílio ajuda - do Governo Federal.
Fonte – Pesquisa de campo, 2013.
Quando interrogados se tinha direito a crédito, como fazer o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) ou outros tipos de empréstimos, 77% dos
entrevistados responderam que sim e que a grande maioria aplicam na compra de ração para os
62%
38% Sim
Não
50% 50% Sim
Não
56
animais. E por fim 23% dos entrevistados externaram que não tem acesso a crédito, em virtude de
estarem inadimplentes com o banco e/ou por que a esposa é funcionária pública e o banco não
concede esse direito.
Gráfico 26 - Acesso a crédito.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
4.3 Unidade de produção e infraestrutura
A seguir são apresentados os resultados referentes à estrutura das unidades de produção.
Questionados sobre como é a sua relação com a unidade de produção, todos responderam
que é própria, ou seja, cada um tem o direito de posse da sua propriedade.
Com relação ao tamanho da estrutura fundiária dos colonos, observou-se que houve um
equilíbrio, onde 50% dos mesmos afirmaram que a sua unidade de produção é composta de 11 a 20
hectares e, ainda, o mesmo número de agricultores irrigantes alegaram uma área de 21 a 50 hectares.
Gráfico 27 – Estrutura fundiária da unidade de produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
77%
23%
Sim
Não
50% 50%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
0 a 10 hectares
11 a 20 hectares
21 a 50 hectares
51 a 100 hectares
Acima de 100 hectares
57
Com relação às culturas desenvolvidas no perímetro irrigado, 96% dos colonos afirmaram
produzir feijão no seu lote, 85% dos agricultores relataram executar a plantação de milho e 85%
cultivam o sorgo, esse último utilizado para a alimentação do gado. Esse dado mostra que a produção
atual do perímetro irrigado se fundamenta apenas na cultura feijoeiro, milho e sorgo.
Gráfico 28 – Tipo de cultura produzida na unidade de produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Conforme podemos visualizar no gráfico abaixo, 88% dos entrevistados responderam que a
lavoura produzida na sua unidade de produção é para subsistência da família e para venda, enquanto
12% afirmaram que o que produz é exclusivamente para venda. Isso significa que apesar da baixa
porcentagem relacionada à alternativa venda, todos os agricultores expuseram que comerciam pelo
menos parte da sua produção.
Gráfico 29 – A lavoura produzida é somente para consumo. Ou para venda.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
85% 96%
77%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
Produção de milho
Produção de feijão
Produção de sorgo
88%
12%
Consumo e Venda
Venda
58
Indagados onde vende a lavoura que produz na sua unidade de produção, 69% dos
entrevistados relataram que vendem para comerciantes de Pau dos Ferros/RN, e 31% responderam
que vendem para Pau dos Ferros e Mossoró/RN. Essa informação mostra o destino da cultura
produzida na área, onde o mercado consumidor da cidade não é suficiente. Dessa forma, os colonos
buscam outros lugares, sendo muitas vezes vítimas do barateamento do produto, como também
necessitam de atravessadores, ou seja, pessoas que possuem um transporte apropriado utilizado para
conduzir essa produção para locais distantes, cobrando por isso.
Gráfico 30 – Onde vende.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
No que se refere a contratação de pessoal durante a produção, 88% dos entrevistados
indagaram que sim, onde os agricultores disseram que há a necessidade de contratar mão de obra,
muitas vezes desde a plantação até a colheita, e 12% alegaram que não, conseguem desenvolver a
atividade sem a necessidade de contratar mão de obra.
Gráfico 31 – Contrata alguém durante a produção. Em que período do ano.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
69%
31% Pau dos Ferros
Pau dos Ferros-Mossoró
88%
12%
Sim
Não
59
Relacionado aos tipos de animais existentes, 44,44% dos colonos afirmaram criar bovinos,
33,56% proferiram que criam aves e 15,90% citaram a criação de ovinos. Ainda foram citadas a caprina
cultura e suinocultura. Esse dado mostra a preferência dos colonos pela execução da pecuária.
Gráfico 32 – Qual o efetivo de animais existentes no estabelecimento.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Já quando indagados sobre o processo de irrigação empregado, 54% articularam que usam o
método por aspersão e 46% expuseram que utilizam o método por sulcos ou gravidade.
Gráfico 33 – Qual o sistema de irrigação utilizado na unidade de produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Quando perguntados se efetuam pagamento pela água utilizada nos lotes, todos os
agricultores irrigantes expuseram que pagam uma taxa ao órgão responsável, e ainda dialogaram que
essa tarifa é exagerada e que a renda obtida após a execução da prática fica extremamente
comprometida, e muitos têm até prejuízos devido a esta alta taxa da energia.
44,44%
5,14%
15,90%
33,56%
0,93% 0% 5%
10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%
46%
54%
Sulcos
Aspersão
60
No que diz respeito aos possíveis impactos ambientais presentes na técnica, mais
precisamente ao desperdício de água, 69% dos irrigantes relataram que considera que os métodos de
irrigação existentes gastam água de forma errônea desordenada, 31% discordam desse fato,
externando que os sistemas não desperdiçam água.
Gráfico 34 – O senhor (a) considera que o sistema de irrigação utilizado na sua unidade de produção
desperdiça água.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Ainda relacionado aos possíveis impactos ambientais carreados pela técnica, 88% dos
colonos alegaram que identificam algum problema no meio ambiente durante a execução da prática,
sendo citados principalmente o desperdício de água e a salinização do solo, 12% afirmaram que não
visualizam nenhum tipo de problema a natureza.
Gráfico 35 - O senhor (a) identifica em sua unidade de produção se há algum problema ambiental.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
69%
31%
Sim
Não
88%
12%
Sim
Não
61
4.4 Práticas gerenciais
A seguir são apresentados dados referentes ao processo administrativo, objetivando avaliar se
os irrigantes fazem ou não o uso do conjunto de funções: planejamento, organização, direção e
controle, que o gestor deve exercer em todas as áreas da empresa.
Quando indagados se utilizam algum tipo de planejamento na execução da prática, 50% dos
entrevistados alegaram que sim. No entanto é visível que esse planejamento é bastante rudimentar,
visto que há a presença de evidências objetivas, onde os irrigantes informam um fato, contudo, na
prática é visualizado outro. Essa questão está intrinsecamente ligada à baixa escolaridade dos
agricultores.
Gráfico 36 – Utiliza algum tipo de planejamento.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Relacionado a como são tomadas as decisões na área produtiva, 53,84% dos colonos
expuseram que toda a família participa nas decisões do processo de execução da prática. Já 46,15%
dos trabalhadores alegaram que tomam todas as decisões sozinhos. Como o gerenciamento da prática
é bastante rudimentar, não há um profissional especializado que forneça auxílio, onde o mesmo acaba
tomando as providências sozinho ou com o subsídio de membros da família.
Gráfico 37 – Como são tomadas as decisões na unidade de produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
50% 50% Sim
Não
46,15% 53,84%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Decido sozinho Toda família participa
Conversa com os vizinhos antes de
decidir
Busca conversar técnicos ou
especialistas no assunto
62
Sobre a possibilidade de desenvolver novas atividades na área de produção, como revitalizar a
produção frutífera, implantar a cultivo de hortaliças, entre outras, 81% afirmaram que não tem o
interesse. Já 19% alegaram que vê com bons olhos essa possibilidade e, portanto, a alternativa é sim.
Os agricultores na sua maioria, afirmaram que desenvolveria essas atividades se fossem modificados
os sistemas de irrigação existentes, onde poderia diminuir o uso da água e, consequentemente, os
gastos com a energia, constituída como a grande vilã do processo.
Gráfico 38 – Tem planos para desenvolver novas atividades na unidade de produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Quando indagados se possuem conhecimento sobre as tarefas executadas na área produtiva,
de forma unânime os irrigantes afirmaram que sim. Nesse quesito, os colonos listaram as tarefas que
realizam durante todo o dia, sendo ocupações ligadas a irrigação, pecuária, entre outras.
Quando perguntados sobre o gerenciamento da unidade produtiva, todos os agricultores
irrigantes indagaram que eles mesmos gerenciam a área de produção. Cabe salientar, que esse
gerenciamento é executado de forma bem elementar, simples, sendo que há a necessidade eminente
de uma assistência técnica, para que haja de fato um gerenciamento.
Relacionado ao questionamento sobre se realiza a divisão de tarefas na produção, 69% dos
entrevistados relataram que não, já 31% alegaram que dividem as tarefas. Os mesmo acham que não
há a necessidade de dividirem serviços, podendo executar sozinho as atividades.
19%
81%
Sim
Não
63
Gráfico 39 – Faz uso da divisão de tarefas na produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
No que diz respeito ao uso de anotações a fim de efetuar controles, 69% dos agricultores
irrigantes exibiram que não há a precisão de assinalar e 31% que anotam, pois é importante para que
se saiba a quão anda os custos da produção. Esse fato, também está intimamente ligado a baixa
escolaridade dos colonos, onde boa parte são analfabetos ou apenas alfabetizados.
Gráfico 40 – Faz uso de anotações para efetuar controles.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Dos agricultores que realizam as anotações, 75% disseram que essa tarefa é executada por
eles mesmos, logo, 25% falaram que as anotações são feitas por algum outro membro da família.
Visualizaram-se, ainda evidências objetivas, sendo que quando foram solicitados os registros
das anotações, não houve resposta positiva, ou seja, não foi apresentado pelos irrigantes.
31%
69%
Sim
Não
31%
69%
Sim
Não
64
Gráfico 41 – Quem faz anotações.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
Sobre o controle de gastos durante todo o processo de produção, a grande maioria dos
trabalhadores (77%) relatou que não faz o controle do que gasta e o que lucra, ou seja, das receitas e
das despesas, a fim de fazer um levantamento geral da produção. Já 23% asseguraram que faz uso
desse controle. Os agricultores, em sua maior parte, expuseram que não possuem esse hábito de
anotar o que gasta e o que ganha, que esse costume foi seguido desde o tempo dos seus pais e hoje
veem mais essa necessidade e, também, não possuem estudo que possibilite à execução dessa tarefa,
constituindo mais um fato atrelado a baixa escolaridade.
Gráfico 42 – Você faz o controle do que gasta e o que lucra em cada produção.
Fonte - Pesquisa de campo, 2013.
75%
25%
O colono
Algum outro membro da família
23%
77%
Sim
Não
65
5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
Nesta seção são expostas as conclusões alcançadas com base no estudo em questão, bem
como as sugestões e recomendações sugeridas à instituição em que sucedeu a pesquisa.
5.1 Conclusões
A partir do levantamento de dados, partindo-se da situação problema denominado por: “Como
ocorre a gestão administrativa nas unidades de produção rural localizadas no Perímetro Irrigado
de Pau dos Ferros/RN?”, podemos ultimar que a mesma foi respondida. A certificação baseia-se na
observação e detalhamento dos objetivos específicos instituídos, que interligados ao objetivo geral:
“Caracterizar as práticas gerenciais adotadas pelos irrigantes da Associação dos Colonos de Pau dos
Ferros/RN”, foram alcançados acolhendo positivamente a problemática referenciada no presente
estudo.
Para tanto, foram encontradas respostas e algumas limitações no que concerne aos objetivos
específicos. Sendo assim, é importante fazer um preciso resgate dos fundamentais pontos
corroborados em cada um:
Descrição do perfil socioeconômico dos colonos e de suas famílias:
Visualizou-se neste contexto, que existe predominância masculina entre os irrigantes do
Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros – RN. A maioria possui mais de 50 anos de idade e apresentam
grau de escolaridade igual ou inferior ao ensino fundamental básico e mais da metade das famílias
possuem 4 pessoas que residem no domicílio, sendo que a grande maioria se instalou no território
após a fundação do perímetro.
Em relação à renda obtida pelas atividades executadas na unidade de produção, a maioria
afirmou que esta é insuficiente para sobreviver. Deste modo, ressalta-se que não há como sustentar
toda a família com a renda provinda exclusivamente da prática agrícola, necessitando assim, da
complementação de outra renda para amortizar os gastos básicos da família. Todos responderam que
essa renda poderia melhorar com uma maior assistência técnica e com um melhor sistema de irrigação
e que a responsabilidade dessa melhoria depende exclusivamente dos órgãos públicos.
Todavia, nota-se que estes não buscam parcerias e/ou ações para o desenvolvimento das
suas respectivas unidades de produção atribuindo, assim, a responsabilidade de revitalização da área
produtiva toda para os órgãos públicos.
66
Levantamento das práticas gerenciais adotadas:
No que diz respeito às práticas de gerenciamento, constatou-se que os irrigantes administram
suas unidades de produção de forma muito elementar, fato este intrinsecamente ligado ao baixo nível
de escolaridade.
Metade dos entrevistados relatou que faz planejamento das suas atividades, mas percebeu-se
que há presença de evidências objetivas, onde os irrigantes informam um fato, contudo, na prática é
visualizado outro.
No tocante ao gerenciamento da unidade produtiva, identificou-se que os próprios irrigantes
gerenciam a área de produção. Cabe salientar, que esse papel é executado de forma bem rudimentar,
sendo que há a necessidade eminente de uma assistência técnica, para que haja, de fato, uma melhor
gestão das unidades de produção. Constatou-se que a grande maioria não realiza a divisão de tarefas
na produção, os mesmos acham que não há a necessidade de dividirem serviços, podendo executar
sozinho as atividades.
Observou-se também que muitos não fazem uso de anotações para efetuar controles fato este
intimamente ligado a baixa escolaridade dos colonos, onde boa parte são analfabetos ou apenas
alfabetizados.
Sobre o controle de gastos durante todo o período da produção, observamos que a grande
parte dos irrigantes não faz o controle do que gasta, nem tampouco do que lucra, ou seja, das receitas
e das despesas, a fim de fazer um levantamento geral dos custos da técnica. Os agricultores, em sua
maior parte, expuseram que não possuem esse hábito de anotar o que gasta e o que ganha, que esse
costume foi seguido desde o tempo dos seus pais e hoje não veem mais essa necessidade e, também,
não possuem estudo que possibilite à execução dessa tarefa.
Identificação dos fatores influentes na utilização ou não de práticas gerencias:
Nesse quesito, pode-se afirmar conforme obtenção de dados que os irrigantes não aplicam o
conjunto de funções que o administrador deve exercer em todas as áreas da empresa. Observou-se
que os fatores influentes estão no baixo nível de escolaridade, uma vez que a maioria dos irrigantes se
enquadra nesse grau educacional e o não reconhecimento da necessidade de utilizar o processo
administrativo em suas unidades de produção.
67
5.2 Sugestões
Visando melhorias que possam mitigar as dificuldades enfrentadas pelos agricultores irrigantes
do Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros/RN, sugere-se:
Profissionalizar os membros que compõe a gestão da ACOPAF, uma vez que estes tem déficit
de escolaridade e conhece muito pouco de associativismo.
Melhorar a estrutura física da sede da ACOPAF e aperfeiçoar a organização no que tange aos
documentos da própria associação.
Estreitar os laços com outras associações, como ACAFPA, visando vincular força e procura
por melhorias e prestígio das suas respectivas atividades.
Buscar ações que possibilite uma melhoria da imagem institucional da ACOPAF, uma vez que
a associação tem hoje uma imagem de descrédito para os irrigantes da comunidade do
Perímetro Irrigado.
Propor parcerias com agentes diversos como: DNOCS, UERN, UFERSA, IFRN, PMPDF,
EMATER, SEBRAE/RN, SENAR, EMPARN, visando a inserção de capacitações e estudos
voltados para o desenvolvimento local.
Construir ações voltadas para mudança do sistema de Irrigação, uma vez que os sistemas
atuais são ultrapassados e necessitam de serem inovados, principalmente no que diz respeito
ao uso da água, visto que é um ponto intimamente ligado ao âmbito econômico e
administrativo.
5.3 Recomendações
Diante dos anseios ressaltados mediante a execução da pesquisa junto aos diversos agentes
que compõe o Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros – RN recomenda-se:
Estudos sobre transferência de gestão, onde o órgão federal incide a responsabilidade para os
próprios agricultores irrigantes, ou seja, os colonos devem buscar melhorias para a execução
de sua prática, reconhecendo que o encargo de futuros avanços na sua área de produção
passa diretamente pelos mesmos. Dessa forma, os produtores agrícolas devem ser
conscientizados que a missão de promover progressos para o Perímetro Irrigado não é
exclusivamente dos órgãos públicos, isto é, os mesmos são os principais agentes de
transformação da sua área de produção.
68
Outra recomendação bastante viável seria a compra direta, aonde os produtos colhidos na
área produtiva do Perímetro Irrigado poderiam ser comercializados com aparelhos
governamentais como escolas, creches, entre outras, seja em âmbito municipal, estadual ou
federal. Esse acontecimento se torna bastante positivo, também, no sentido de que não
necessitaria de atravessadores, atenuando os custos relacionados ao mercado consumidor,
visto que os colonos encontram muitas dificuldades relacionadas a essa questão, como
também não haveria o risco do barateamento dos seus produtos, constituído como um dos
casos mais temidos pelos produtores agrícolas.
Mais um ponto abundantemente positivo seria o incentivo ao desenvolvimento agrícola, através
da recuperação da infraestrutura presente no Perímetro Irrigado (canais de irrigação, utilizado
para transportar a água do reservatório para os lotes, reservatório, usado para a acumulação
da água, troca dos sistemas de irrigação existentes por métodos mais eficientes que
privilegiasse a economia de água, entre outras), essas e outras transformações poderiam ser
atingidas mediante ao incentivo da presença dos órgãos públicos. Dessa forma, indica-se a
implantação de uma assistência técnica e maior empenho por parte dos diversos agentes que
compões o Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros – RN.
Recomenda-se, ainda, a implantação de ações de habilitação no ramo da administração rural,
através de programas de conscientização de como aplicar os processos de administração na
área de produção, utilizando, de forma eficiente, os fatores de produção, como terras,
máquinas, equipamentos, enfim, diversas benfeitorias. Esse processo poderia e deveria ser
aplicados por instituições de ensino, por meio de extensões.
Recomenda-se aos produtores irrigantes buscarem cursos de aperfeiçoamento na área do
empreendedorismo nos mais diversos órgãos públicos que tratam do assunto, com o intuito de
colocar em prática um espírito inovador e arrojado, esse hábito seria de essencial importância
na execução da prática agrícola e, principalmente, na administração da área produtiva.
Outra recomendação indicada, diz respeito ao ponto que os colonos procurem obter o
conhecimento da verdadeira função de uma associação e a enorme importância do
associativismo. Pois, através da união proporcionada pela associação, há uma maior
69
possibilidade da obtenção de projetos, que proporcionaria melhorias nos diversos segmentos
que compõe o Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros - RN.
E por fim, diante da baixa escolaridade visualizada na pesquisa, recomenda-se a implantação
de programas de alfabetização direcionada aos agricultores irrigantes da comunidade. Esse
evento pode ser exercido pelos mais distintos instrumentos governamentais, como pela própria
UERN, através do curso de pedagogia e/ou letras, por meio de atividades de extensão. Sendo
assim, evidencia-se a necessidade da ampliação de parcerias entre os agentes locais e demais
instituições de ensino.
70
REFERÊNCIAS
ABAG/RP. Associação Brasileira de Agronegócio de Ribeirão Preto. O que é agronegócio. Disponível em: <http://www.abagrp.org.br/agronegocioConceito.php> Acesso em: 07 mar. 2013. ALTAFIN, Iara. Reflexões sobre o conceito de agricultura familiar. Portal Rede Agroecologia, 2007. Disponível em: <http://redeagroecologia.cnptia.embrapa.br/biblioteca/agricultura-familiar/CONCEITO% 20DE%20AGRICULTURA%20FAM.pdf/view> Acesso em: 07 mar. 2013. ANDRADE, Camilo de Lelis Teixeira de; BRITO, Ricardo A. L. Cultivo do milho. Embrapa Milho e Sorgo Versão Eletrônica 2ª Edição Dez./2006. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Milho/CultivodoMilho_2ed/index.htm> Acesso em: 08 mar. 2013. BATALHA, Mário Otávio. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. CALLADO, Antonio A. Cunha. Agronegócio. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CARAVANTES, Geraldo R.; PANNO, Cláudia C.; KLOECKNER, Mônica M. Administração: teorias e processos. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração - vol. 1. 6. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2001. CONTINI, Elisio. Dinamismo do agronegócio brasileiro. Portal Agroline, 2001. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/dinamismo-agronegocio-brasileiro>. Acesso em: 07 mar. 2013. COSTA, Antonio José de Oliveira. O poder da agricultura empresarial. São Paulo: Saraiva, 2007. DAVIS, J. H; Goldberg, R. A. A concept of agribusiness. Boston: Harvard University. 1957. 135 p. DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Perímetro Irrigado de Pau dos Ferros. 2012. Disponível em: < http://www.dnocs.gov.br/~dnocs/doc/canais/perimetros_irrigados/rn/pau_dos_ ferros.htm> Acesso em: 08 mar. 2013. GOMES, Isabela Motta. Manual Como Elaborar uma Pesquisa de Mercado. Belo Horizonte: SEBRAE/MG, 2005. HEINZE, Braulio Cezar L. Britto. A importância da agricultura irrigada para o desenvolvimento da região nordeste do Brasil. Monografia (Curso MBA) – Gestão Sustentável da Agricultura Irrigada. Brasília: Ecobusiness School/FGV, 2002. Disponível em: <http://www.iica.org.br/Docs/Publicacoes/ PublicacoesIICA/BraulioHeinze.pdf> Acesso em: 08 mar. 2013. IBGE. Censo agropecuário 2006. Rio de Janeiro, 2009. LACOMBE, Francisco José Masset; HEILBORN, Gilberto Luiz José. Administração: princípios e tendências. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.
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72
APÊNDICES
73
APÊNDICE A: Instrumento de Coleta de Dados
FORMULÁRIO DE ENTREVISTA
Data da coleta:______/_____2013. Antes de iniciar a entrevista devem ser explicados os objetivos da pesquisa e a sua importância,
bem como garantida a confidencialidade dos dados.
Perfil do Colono:
1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Idade:__________
3. Escolaridade: ( ) Superior Completo ( ) Superior Incompleto ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Fundamental Incompleto ( ) Analfabeto
4. Estado civil: ( ) Casado ou conjugal ( ) Viúvo ( ) Divorciado, Desquitado ou Separado ( ) Solteiro ( ) Outros
5. Quantas pessoas integram a família? ___________
6. Há quantos anos mora no assentamento? ( ) Desde a fundação ( ) Após a fundação. Quantos anos? _____________ Como tomou conhecimento do assentamento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ 7. Por que veio? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Conseguiu realizar seus objetivos? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Arrependeu-se de ter vindo para o assentamento? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. Pretende ficar? ( ) Sim. Justifique: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ( ) Não. Justifique: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O que fazia antes de vir para o assentamento? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Continua fazendo ainda? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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11. O senhor é associado à ACOPAF? ( ) Sim ( ) Não Participa de alguma outra associação ou cooperativa? ( ) Sim ( ) Não Se sim Qual: _______________________________________________________________________________________ O senhor vê vantagens em ser associado á ACOPAF? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ E se tem algumas desvantagens quais são? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Quais os serviços que a Associação oferece? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Quais os serviços que o senhor já foi beneficiado? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tem alguma coisa que a ACOPAF deveria fazer e até hoje não fez? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O senhor participa frequentemente das reuniões da Associação? ( ) Sim ( ) Não Justifique: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Acha importante participar da Associação? Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Como o senhor avalia o trabalho da Associação? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________
Dados Socioeconômicos:
12. Sobre a renda proporcionada pelas atividades desenvolvidas até o momento, você considera: ( ) Suficiente ( ) Insuficiente Além do trabalho no lote, algum membro da família precisa trabalhar fora para complementar à renda familiar? ( )Sim ( ) Não Se sim, em que trabalha? ______________________________________________________________________________
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Poderia melhorar essa renda?Como? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Depende de Quem? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O senhor tem que desenvolver alguma outra atividade para complementar à renda? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 13. Qual o item que mais pesa no orçamento: ( ) Saúde ( ) Alimentação ( ) Educação ( ) Outras. Qual?_______________________________ Justifique por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 14. Qual a renda total da família por mês: ( ) 1 Salário Mínimo ( ) 2 a 4 Salários Mínimos ( ) Acima de 4 Salários Mínimos 15. Há existência de rendimentos de aposentadoria e pensões? ( ) Sim. Valor R$________________(mensal) ( ) Não
16. Recebe algum auxílio-ajuda do Governo? ( ) Sim. Qual? ___________________________________________________________________________________________________ ( ) Não 18. Acesso a crédito? Empréstimos em banco? ( ) Sim. Aplicação? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ( ) Não. Por quê?
Unidade de produção e Infraestrutura:
19. Forma de acesso à terra: ( ) Próprio ( ) Parceiro ( ) Arrendatário ( ) Ocupante ( ) Outra. Especifique: ________________________________________________________________________________ 20. Estrutura fundiária da unidade de produção: (em ha) ( ) 0 a 10 ha ( ) 11 a 20 ha ( ) 21 a 50 ha ( ) 51 a 100 ha ( ) Acima de 100 ha
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22. Tipo de cultura produzida na unidade de produção: ( ) Produção de algodão ( ) Produção de milho ( ) Produção de feijão ( ) Produção de arroz ( ) Produção de Sorgo ( ) Outra:_____________________________________ A lavoura produzida é somente para consumo? Ou para venda? ___________________________________________________________________________________________________ Onde vende? ___________________________________________________________________________________________________ Contrata alguém durante a produção? Em que período do ano? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 23. Qual o efetivo de animais existentes no estabelecimento? (números de cabeça). Bovinocultura: _____________ Caprinocultura: ____________ Ovinocultura: ______________ Aviculturas: _______________ Suinocultura: _______________ Outros. Especificar:________________________ 24. Qual o sistema de irrigação utilizado na unidade de produção? ( ) Sulcos ( ) Aspersão ( ) Gotejamento ( ) Outros. Especifique: _________________________ 25. O senhor paga alguma taxa de serviço à associação pela água que utiliza na unidade de produção? Acha caro? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O senhor considera que o sistema de irrigação utilizado na sua unidade de produção desperdiça muita água? Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O senhor detecta em sua unidade de produção se há algum problema ambiental? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Práticas gerenciais:
26. Planejamento? Utiliza algum tipo de planejamento? ( ) Sim. Para que? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Como é feito? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ( ) Não. Por quê? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Como são tomadas as decisões na unidade de produção? ( ) Decido sozinho ( ) Toda a família participa ( ) Conversa com os vizinhos antes de decidir ( ) Busca conversar com técnicos ou especialistas no assunto Têm planos para desenvolver novas atividades na unidade de produção? ( ) Sim. Quais? _____________________________________________________________________________________ ( ) Não 26. Organização? Sabe quais as tarefas que são executadas na unidade de produção? ( ) Sim. Quais são? Manhã:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Tarde: _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ( ) Não. O que dificulta saber? _________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ 27. Direção? Quem gerencia a unidade de produção? ( ) O colono ( ) Algum outro membro da família. Qual? ___________ Faz uso da divisão de tarefas na produção? (0bs): Alguém da família faz outras tarefas! Sim. Quais? _________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ ( ) Não. Por quê? ____________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________ 28. Controle? Faz uso de anotações para efetuar controles? ( ) Sim. Quais? _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ( ) Não. Por quê? ___________________________________________________________________________________ Se não, pular a questão seguinte... Quem faz as anotações? ( ) O colono ( ) Algum outro membro da família. Qual? ________________________________________________________________ Você faz o controle do que gasta e o que lucra em cada produção? ( ) Sim ( ) Não Se sim, como registra? ________________________________________________________________________________ Se não, Por que não faz? ______________________________________________________________________________
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ANEXO
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