134
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO THAIS ANGELA CAVALHEIRO DE AZEVEDO O “lugar” da Geografia nos cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo Ribeirão Preto SP 2016

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

THAIS ANGELA CAVALHEIRO DE AZEVEDO

O “lugar” da Geografia nos cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo

Ribeirão Preto – SP

2016

Page 2: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

THAIS ANGELA CAVALHEIRO DE AZEVEDO

O “lugar” da Geografia nos cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo

Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade

de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em

Educação.

Área de Concentração:

Educação

Orientadora: Profª. Drª. Andrea Coelho Lastória

Versão corrigida.

Ribeirão Preto – SP

2016

Page 3: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Catalogação da Publicação

Serviço de Documentação

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo

Azevedo, Thais Angela Cavalheiro de.

O “lugar” da Geografia nos cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo.

Ribeirão Preto-SP, 2016.

133 p: il. ; 30cm

Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

de Ribeirão Preto. Área de concentração: Educação.

Orientadora: Lastória, Andrea Coelho

1. Curso de Pedagogia – 2. Currículo – 3. Formação de professores – 4. Ensino

de Geografia – 5. Educação Geográfica.

Page 4: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

Nome: Thais Angela Cavalheiro de Azevedo

Título: O “lugar” da Geografia os cursos de Pedagogia do Estado de São Paulo

Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,

Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade

de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em

Educação.

Data da defesa: 9 de dezembro de 2016

Banca Examinadora:

Profª. Drª. Andrea Coelho Lastória Instituição USP

Julgamento_____________________________________Assinatura____________________

Profª. Drª. Filomena Elaine Paiva Assolini Instituição USP

Julgamento_____________________________________Assinatura____________________

Profª. Drª. Silvia Aparecida de Sousa Fernandes Instituição UNESP - Marília

Julgamento_____________________________________Assinatura____________________

Page 5: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

Com muito carinho, dedico este trabalho à minha mãe, Rosemeire

Cavalheiro de Azevedo, amiga e grande exemplo de força. Obrigada

por possibilitar meu desenvolvimento intelectual e a realização de

mais um dos meus objetivos de vida.

À memória do meu pai, Sebastião Faustino de Azevedo Neto, meu

exemplo para a vida.

Ao Octávio Sandoval Morandini, por seu incentivo, paciência e amor.

Page 6: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

AGRADECIMENTOS

À Profª. Drª Andrea Coelho Lastória, orientadora deste trabalho, minha referência na

academia, mestre e amiga desde a graduação. Registro minha admiração e gratidão.

Às Profª. Drª Filomena Elaine Paiva Assolini e Profª. Drª Silvia Aparecida de Sousa

Fernandes, participantes da banca de qualificação, pelas ricas contribuições formuladas

durante o referido exame e pela dedicação na correção.

Ao Grupo de Estudos da Localidade – ELO, por me acolher e proporcionar inúmeros

momentos de aprendizagem na docência e por aproximar o contato com outros pesquisadores

das áreas de História, Geografia e Educação. Colegas que hoje são grandes amigos.

Aos os meus professores do curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

de Ribeirão Preto – USP e aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação, do

DEDIC.

Aos funcionários da FFCLRP-USP. Um abraço especial à Idalina, Vitor e Sandra.

Ao Danival Samuel da Silva, pesquisador e amigo, por dividir experiências, angústias e

conquistas no caminho da Pós-Graduação.

Às amigas pedagogas do Centro Infantil Boldrini, Luciana, Paula e Cibelli, pelo apoio,

companheirismo e carinho.

Às amigas da Republica Gina, família ribeirãopretana, pela amizade, aprendizado e alegria.

Ao Octávio, por sempre me apoiar, com seu incentivo e carinho.

À minha família, carinhosamente à minha mãe, tio Aristides e tia Francisca e meus muitos

primos.

Page 7: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

Recria tua vida, sempre, sempre.

Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.

Cora Coralina

Page 8: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

AZEVEDO, T. A. C. O “lugar” da Geografia nos cursos de Pedagogia do Estado de São

Paulo. 2016. 130 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto 2016.

RESUMO

Os profissionais brasileiros que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental devem ser,

prioritariamente, Licenciados em Pedagogia. Os currículos de tais cursos de graduação

precisam contemplar diversas áreas do conhecimento, dentre elas, a Geografia. Esta possui

um papel fundamental na formação inicial do professor, uma vez que possibilita o ensino-

aprendizagem do raciocínio espacial, da leitura de mundo, da linguagem cartográfica, dentre

outros. Consideramos estes elementos como essenciais para a plena formação dos estudantes

dos anos iniciais, em prol da cidadania no Brasil. Diante do exposto, nossa investigação

objetiva identificar como os componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia

são propostos nos currículos formais dos Cursos de Pedagogia, de universidades públicas.

Realizamos um trabalho com contornos qualitativos, por meio de análise documental

envolvendo nove cursos de Licenciatura Plena em Pedagogia, na modalidade presencial e em

Instituições de Ensino Superior públicas, localizadas no Estado de São Paulo, no Brasil. O

cenário de legitimação teórico é composto por autores que discutem formação de professores,

currículo e ensino de Geografia, além das bases legais que sustentam as diretrizes nacionais

voltadas à formação docente no Brasil. As análises revelam que as cargas horárias dos

componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia apresentam considerável

variedade entre os cursos estudados. A Geografia está presente nos cursos de Pedagogia

quando são propostos os estágios supervisionados, as linhas de pesquisa, os laboratórios de

estudo e pesquisa, a interdisciplinaridade e os conteúdos a serem trabalhados no Ensino

Fundamental. Destacamos que a Cartografia é mencionada nos documentos curriculares como

uma importante linguagem para o ensino-aprendizagem em todas as instituições investigadas.

Nossa investigação aponta que os cursos de Licenciatura Plena em Pedagogia, no âmbito do

currículo formal, contemplam o ensino de Geografia, de diferentes maneiras, em diversos

momentos e com variadas denominações, portanto, seu “lugar” é garantido, mesmo que

minimante, no currículo formal da formação docente.

PALAVRAS-CHAVE: Curso de Pedagogia. Currículo. Formação de professores. Ensino

de Geografia. Educação Geográfica.

Page 9: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

AZEVEDO, T. A. C. The Geography “place” in Pedagogy courses of the São Paulo

State. 2016. 130 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de

Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto 2016.

ABSTRACT

Brazilian professionals that work in the early years of primary education must be licensed

teachers in pedagogy as a priority. The curricula of these undergraduate courses need to

contemplate various areas of knowledge, among them geography. It has a key role in the

initial teacher training, once it enables the teaching and learning of spatial reasoning, the

world of reading, cartographic language, among others. We consider these elements as

essential to full training of students in the early years, in favor of citizenship in Brazil.

Considering the above, our research aims to identify how the curriculum components

orientated to Geography teaching are proposed in the formal curriculum of Pedagogy courses

in public universities. We completed a job with qualitative contours, through documental

analysis involving nine Full Degree courses in pedagogy, in classroom mode in public higher

education institutions located in São Paulo state, Brazil. The theoretical legitimization

scenario consists of authors who discuss teacher-training, curriculum and teaching

Geography, beyond the legal bases that support national guidelines aimed at teacher training

in Brazil. The analyzes reveal that the hourly loads of the curriculum components related to

Geography teaching presents considerable variety between the courses studied. The same

applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching

strategies, bibliographic references, among others. We emphasize that the cartography is

mentioned in the curriculum documents as an important language for teaching and learning in

all investigated institutions. Our research points out that the Full Degree courses in pedagogy,

in the formal curriculum, include the teaching of geography in different ways, at different

times and with different denominations, thereby its "place" is assured, even minimally, in

formal curriculum of teacher education.

KEYWORDS: Pedagogy Course. Curriculum. Teacher training. Geography Teaching.

Geographical Education.

Page 10: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – Matriz Curricular Básica Para o Ensino Fundamental - Ciclo I – 1º ao 5º

ano/SEE/SP/2011 .................................................................................................................... 40

QUADRO 2 – Matriz Curricular – A - SEE/SP/2014 ............................................................ 42

QUADRO 3 – Matriz Curricular – B – SEE/SP/2014 ............................................................ 43

QUADRO 4 – Matriz Curricular para as Escolas de Tempo Integral – SEE/SP/2016........... 45

QUADRO 5 – Indicações sobre as expectativas para a formação do pedagogo ................. ...99

QUADRO 6 – Componentes curriculares obrigatórios que envolvem o ensino de Geografia:

denominações e cargas horárias ............................................................................................ 101

QUADRO 7 – Componentes curriculares optativos que envolvem o ensino de Geografia:

denominações e cargas horárias ............................................................................................ 103

QUADRO 8 – Componentes curriculares que envolvem estágios e práticas no Ensino

Fundamental .......................................................................................................................... 104

QUADRO 9 – Componentes curriculares que envolvem estágios na Educação Infantil ..... .106

QUADRO 10 – Ementas dos componentes curriculares que envolvem os conteúdos de

Geografia ............................................................................................................................... 108

QUADRO 11 – Conteúdos programáticos dos componentes curriculares que envolvem os

conteúdos de Geografia ......................................................................................................... 112

QUADRO 12 – Características do processo de avaliação dos componentes curriculares que

envolvem os conteúdos de Geografia .................................................................................... 118

Page 11: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

QUADRO 13 – Estratégias de ensino presentes nos componentes curriculares que envolvem

os conteúdos de Geografia ..................................................................................................... 121

QUADRO 14 – Objetivos dos componentes curriculares que envolvem os conteúdos de

Geografia ............................................................................................................................... 124

QUADRO 15 – Referências bibliográficas apresentadas em mais de um programa de ensino

dos componentes curriculares investigados ........................................................................... 131

Page 12: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

LISTA DE SIGLAS

AGB Associação dos Geógrafos do Brasil

ANPUH Associação Nacional de História

API Ação Pedagógica Integrada

CEE Conselho Estadual de Educação

CEFAMS Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento de Magistério

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

EAD Ensino a Distância

ELO Grupo de Estudos da Localidade

EMC Educação Moral e Cívica

EPB Estudos de Problemas Brasileiros

ETI Escolas de Tempo Integral

FFCLRP Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto

IES Instituições de Ensino Superior

LAIFE Interdisciplinar de formação do Educador

LDB Lei de Diretrizes e Bases para a Educação

MEC Ministério da Educação

OSPB Organização Social e Política Brasileira

PCN Parâmetros Curriculares Nacionais

PPP Projeto Político Pedagógico

SEE/SP Secretaria de Educação do Estado de São Paulo

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

USP Universidade de São Paulo

Page 13: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14

1 OS CURSOS DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA ............................................ 19

1.1 MARCOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL ....................................................... 19 1.2 OS SABERES PEDAGÓGICOS: DISCIPLINARES, CURRICULARES E EXPERIENCIAIS .................. 24 1.3 AS DIMENSÕES DO CURRÍCULO: FORMAL, REAL E OCULTO ................................................. 28

2 O ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL ................................................................................................................... 32

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA GEOGRAFIA ESCOLAR NO BRASIL .............................................. 32 2.2 A PRESENÇA DA GEOGRAFIA NO CURRÍCULO EDUCACIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO . 38 2.3 O DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS QUE ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA ....................................................................................................................................... 46

3 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA .................................. 53

3.1 A ORIGEM DAS QUESTÕES DE PESQUISA .............................................................................. 56 3.2 DELIMITAÇÃO DO ESPAÇO DE INVESTIGAÇÃO ..................................................................... 57 3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................................ 58 3.4 PROCEDIMENTOS DESENVOLVIDOS NA ORGANIZAÇÃO DOS DADOS .................................. 59

4 O “LUGAR” DA GEOGRAFIA NOS CURSOS DE PEDAGOGIA DO ESTADO

DE SÃO PAULO .................................................................................................................... 61

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 85

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 88

APÊNDICES ......................................................................................................................... 100

APENDICE A - QUADRO 5 – INDICAÇÕES SOBRE AS EXPECTATIVAS PARA A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO ...................................................................................................................................... 100 APENDICE B - QUADRO 6 – COMPONENTES CURRICULARES OBRIGATÓRIOS QUE ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA: DENOMINAÇÕES E CARGAS HORÁRIAS .................................................. 102 APENDICE C - QUADRO 7 – COMPONENTES CURRICULARES OPTATIVOS QUE ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA: DENOMINAÇÕES E CARGAS HORÁRIAS ................................................................ 104 APÊNDICE D - QUADRO 8 – COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS NO ENSINO FUNDAMENTAL............................................................................ 105 APÊNDICE E - QUADRO 9 – COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM ESTÁGIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................................................................................................... 107 APÊNDICE F - QUADRO 10 – EMENTAS DOS COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA ........................................................................................................... 109 APÊNDICE G - QUADRO 11 – CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA ......................................................................... 113 APÊNDICE H - QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA. ............................................... 119 APÊNDICE I - QUADRO 13 – ESTRATÉGIAS DE ENSINO PRESENTES NOS COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA ................................................ 122

Page 14: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

APÊNDICE J - QUADRO 14 – OBJETIVOS DOS COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA. .......................................................................................................... 125 APÊNDICES K - QUADRO 15 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APRESENTADAS EM MAIS DE UM PROGRAMA DE ENSINO DOS COMPONENTES CURRICULARES INVESTIGADOS ............................. 132

Page 15: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

14

INTRODUÇÃO

Na maioria das instituições de ensino brasileiras, o profissional que atua como

professor nas salas do Ensino Fundamental deve ser, prioritariamente, Licenciado em

Pedagogia. Isto porque, a legislação do Brasil coloca que, preferencialmente, tal profissional

deve ser formado no Ensino Superior1.

Entendemos ser necessário que o pedagogo articule a teoria e a prática, de modo a

promover um trabalho pleno na esfera dos anos iniciais. Libanêo (2001, p.25) valoriza a

atuação desse profissional afirmando que:

Um pedagogo pode tornar a organização escolar um ambiente de

aprendizagem, um espaço de formação contínua, no qual os professores

refletem, pensam, analisam, criam novas práticas, como pensadores e não

como meros executores de decisões burocráticas

O principal objetivo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em relação à aquisição

do conhecimento, é construir conceitos estruturantes de todas as áreas do conhecimento,

sendo a Geografia uma delas. Nessa etapa do ensino, o professor não é especialista em um

componente curricular específico, é um pedagogo. Trata-se de um docente que deve conhecer

e desenvolver as diferentes áreas do conhecimento, dentre elas Artes, Ciências, Geografia,

História, Língua Portuguesa e Matemática. Nesse contexto, consideramos que, a variedade de

componentes curriculares, provenientes das distintas áreas do conhecimento, impõe ao

pedagogo um complexo trabalho educativo.

Ressaltamos, portanto, a complexidade existente nos cursos de Licenciatura Plena em

Pedagogia, pois tal curso envolve o estudante em uma ampla gama de noções e conceitos

oriundos de áreas específicas e educacional. A referida licenciatura, na maioria dos casos,

1 A Lei n.º 12.796, de 4 (quatro) de abril de 2013, em seu Artigo 62, estabelece que é admitida, no

Brasil, a formação em nível médio na modalidade normal: “A formação de docentes para atuar na

educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em

universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício

do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida

em nível médio na modalidade normal.”

Page 16: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

15

também reflete com os futuros professores a respeito dos mais variados repertórios e

contextos educativos, dentre outros.

Salientamos que o pedagogo, em sua vida profissional, vai se deparar com desafios

relacionados às políticas públicas de ensino. Tais políticas, de forma recorrente, alteram,

dentre outros, os currículos, as rotinas, os materiais didáticos, nas diversas instituições de

ensino. As exigências em relação às modificações nas práticas educativas também impõem

constantes reflexões sobre as práticas formativas e investigativas dos próprios docentes.

Convivemos com políticas curriculares educacionais, no Estado de São Paulo, que priorizam

os processos de alfabetização e de compreensão dos conhecimentos matemáticos, em

detrimento aos demais processos de ensino-aprendizagem, que envolvem outras áreas do

conhecimento escolar, que deveriam ser constantes e igualmente valorizados nos anos iniciais

do Ensino Fundamental.

Neste cenário, a Geografia Escolar, assim como a História, as Ciências, as Artes e a

Educação Física acabam relegadas a um segundo plano nos currículos dos anos iniciais. No

mesmo Estado o ensino de Geografia, de História e de Ciências foi abolido dos três primeiros

anos de ensino fundamental pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP),

na Resolução n.º 81, de 16/12/2011. Em 2014, na Resolução de n.°3, expedida pela mesma

secretaria, os referidos componentes curriculares, retornaram aos três primeiros anos do

Ensino Fundamental, do currículo paulista. A carga horária, entretanto, continua reduzida em

relação à Língua Portuguesa e Matemática. Consideramos que o ensino de Geografia vem

sendo desvalorizado pelos currículos educacionais paulistas. Ao longo do nosso trabalho

refletimos, com mais profundidade, a respeito dessas estruturas curriculares. Esses são alguns

indicativos que nos mostram a necessidade de compreender os processos formativos dos

docentes que vão atuar nesse segmento de ensino.

O contexto exposto motivou-nos, portanto, a estudar o ensino de Geografia nos anos

iniciais do Ensino Fundamental e os aspectos relacionados à formação inicial de professores

por meio do currículo prescrito.

Entendemos que o ensino de Geografia é (ou deveria ser) imprescindível para a

formação de um aluno autor, autônomo e reflexivo, assim como afirmam Pontuschka,

Paganelli e Cacete (2009, p.38):

A Geografia, como disciplina escolar, oferece sua contribuição para que

alunos e professores enriqueçam suas representações sociais e seu

Page 17: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

16

conhecimento sobre as múltiplas dimensões da realidade social, natural e

histórica, entendendo melhor o mundo em seu processo ininterrupto de

transformação, o momento atual da chamada mundialização da economia.

Nosso interesse pelo ensino de Geografia iniciou-se no período em que cursamos a

Licenciatura em Pedagogia, na Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto

(FFCLRP), na Universidade de São Paulo (USP). Na ocasião, vivenciamos, por meio dos

estágios supervisionados, a problemática presente nas escolas públicas da rede estadual e

municipal de ensino. Era evidente que a Geografia Escolar, nos anos iniciais do Ensino

Fundamental, estava reduzida (ou mesmo tinha sido abolida) das salas de aula, de algumas

escolas onde estagiamos.

Desenvolvemos dois projetos de iniciação científica durante a Licenciatura em

Pedagogia. O primeiro deles foi intitulado "Educação Ambiental na Escola: O que se pode

dizer a partir da prática de uma professora de Geografia?"2

no ano de 2012. O segundo,

denominado “Atlas Escolar na sala de aula de Ribeirão Preto: ficção ou realidade?”3 foi

realizado em 2013. Esse último desbrodou-se, e tornou-se nossa monografia “Atlas Escolar e

Práticas Pedagógicas nos Anos Iniciais”4 que foi defendida no ano de 2013.

Com o desenvolvimento desses trabalhos e investigações ampliamos nosso repertório

teórico, na área específica da Geografia Escolar. Entretanto, muitos questionamentos e

indagações permaneciam. Tendo em vista esses questionamentos e indagações, construímos

nosso projeto de pesquisa e submetemos ao Programa de Pós Graduação em Educação

(Mestrado) da FFCLRP / USP. O referido projeto foi submetido, no ano de 2014, e

desdobrou-se na presente investigação.

Salientamos que nossa participação no Grupo de Estudos da Localidade (ELO)5, que é

vinculado ao Laboratório Interdisciplinar de Formação do Educador (LAIFE) -

FFCLRP/USP, possibilitou a realização dessa trajetória formativa e investigativa. O referido

grupo possibilitou a construção de reflexões que envolviam tanto o ensino de Geografia

2 Essa investigação contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq) e foi orientada pela Profa. Dra. Fernanda Keila Marinho da Silva. 3 A investigação foi realizada sob orientação da Profa. Dra. Andrea Coelho Lastória e contou com

apoio financeiro do Programa “Ensinar com Pesquisa” da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de

São Paulo. 4 A monografia foi apresentada como Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, componente optativo

do curso de Pedagogia, sob orientação da Profa. Dra. Andrea Coelho Lastória. 5 Grupo de estudos da localidade – ELO, cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico – CNPq. Endereço para acesso:

dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/8397381803222653.

Page 18: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

17

quanto o de História. O ELO proporcionou, também, a construção de concepções e conceitos

a respeito de práticas pedagógicas e da Cartografia Escolar. Refletimos de forma coletiva,

sobre a problemática do atual currículo do Estado de São Paulo e, ainda, a respeito da

formação inicial e continuada de professores.

Na presente investigação temos como foco estudar o “lugar” do ensino de Geografia

nos cursos de Licenciatura em Pedagogia. Desenvolvemos uma pesquisa cujo objetivo

central é identificar como os componentes curriculares, voltados para o ensino de

Geografia, vêm sendo propostos no currículo formal, dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia (presenciais) das universidades públicas estaduais paulistas.

Pelo exposto, entendemos que se faz necessário compreender melhor como a

Geografia é tratada nos processos de formação inicial de professores, que irão atuar nos anos

iniciais. Nossas questões de pesquisa são: Será que o “lugar” da Geografia está

“assegurado” nos currículos, dos cursos de Pedagogia, das IES públicas estaduais

paulistas? Se sim qual é esse lugar? Nossa investigação pretende elucidar como a Geografia

está presente nos currículos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, na modalidade

presencial de ensino.

Em nossa investigação, além do objetivo principal, que já foi exposto, definimos três

objetivos específicos que são:

1- Analisar os Projetos Político Pedagógicos – PPP dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia das universidades selecionadas, considerando os aspectos referentes ao ensino

de Geografia;

2- Identificar como as metodologias de ensino são tratadas nas propostas curriculares e

identificar o “lugar” da Geografia nesse contexto;

3- Analisar as ementas dos componentes curriculares que envolvem o ensino de

Geografia, reconhecendo as variações de suas nomenclaturas, cargas horárias, os temas

mais abordados, dentre outros.

Realizamos um estudo de abordagem qualitativa referenciado pelos trabalhos de

Bodgan e Biklen (1994). Definimos nossa pesquisa como uma análise documental, pois para

realizarmos nossa investigação utilizamos os Projetos Político Pedagógicos – PPPs e os

programas de ensino, dos componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia, dos

cursos de Pedagogia das IES estaduais paulistas.

Page 19: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

18

Nosso trabalho é estruturado em quatro seções, que compõem os eixos centrais da

pesquisa. Na primeira seção, apresentamos aspectos relacionados aos cursos de Licenciatura

em Pedagogia, um breve histórico da formação de professores no Brasil, apontamos, também,

concepções de currículo, passando pelas definições de currículo real, formal e oculto.

Na segunda seção apresentamos reflexões em torno da Geografia Escolar. Destacamos

os principais marcos históricos do ensino de Geografia no Brasil. Analisamos o currículo

educacional, para anos iniciais do Ensino Fundamental, tendo em vista o ensino de Geografia,

no Estado de São Paulo, além de refletirmos a respeito da construção de práticas educativas

que envolvem a referida área do conhecimento.

Na terceira seção explicitamos nossos procedimentos metodológicos. Apresentamos

reflexões em torno da abordagem qualitativa utilizada e, também, sobre a análise documental

realizada. Apontamos a origem das questões de pesquisa, a delimitação do espaço investigado

e, também, os procedimentos para a coleta e organização dos dados.

A quarta seção contempla a análise dos dados à luz do nosso referencial teórico. Com

a construção de tais análises respondemos nossas questões de pesquisa e levantamos outras

indagações. Em seguida estão as considerações finais, as referências bibliográficas e os

apêndices.

Page 20: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

19

1 OS CURSOS DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

Dedicamos-nos, nesta seção, a refletir a respeito dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia no Brasil. Abordamos os principais aspectos históricos, legais e teóricos dos

referidos cursos.

Tendo em vista a formação inicial de professores, destacamos alguns saberes

docentes, que consideramos centrais para tal formação. Apresentamos, então, os “saberes

docentes” que são definidos como um “saber plural, formado de diversos saberes provenientes

das instituições de formação, da formação profissional, dos currículos e da prática cotidiana”

(TARDIF, 2002, p.54).

Refletimos a respeito de tais saberes que são apresentados como, os saberes

disciplinares, os saberes curriculares e os saberes experienciais. Tardif (2002, p.33) afirma

que: “o saber docente se compõe, na verdade, de vários saberes provenientes de diferentes

fontes. Esses saberes são os saberes disciplinares, curriculares, profissionais (incluindo os das

ciências da educação e da pedagogia) e experiências.”.

Iniciamos por, de forma breve, apontar os marcos históricos da formação docente no

Brasil. Valorizamos a contextualização histórica, pois as profissões vinculam-se ao resultado

de um marco sócio-histórico que pode influenciar a prática do trabalho já que as profissões

(incluindo o magistério) são legitimadas pelo contexto social em que se desenvolvem

(VAILLANT, 2009).

1.1 MARCOS DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL

A formação de professores no Brasil, historicamente, apresenta fragilidades e

entraves. Alguns dos desafios enfrentados na formação de professores vêm se desdobrando

ao longo dos anos. Como afirma Marin (1995, p.156) “A temática das dificuldades

Page 21: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

20

enfrentadas por professores e problemas detectados nos cursos de formação básica não é

recente.”.

Destacamos como um dos primeiros marcos históricos, da formação de professores

no Brasil, o surgimento das denominadas Escolas de Primeiras Letras. Tais instituições foram

desenvolvidas entre os anos de 1827 à 1890. Com a implantação das mesmas, surgiu a

necessidade do professorado “instruir-se”. Segundo Saviani (2009, p.144), “as Escolas de

Primeiras Letras, obrigava os professores a se instruir no método do ensino mútuo.”.

O Decreto das Escolas de Primeiras Letras é de 15 de outubro de 1827. Tal

documento é reconhecido como a primeira lei sobre a instrução pública nacional do Império

do Brasil. Tal legislação institui que:

[...] os professores ensinarão a ler, escrever, as quatro operações de

aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, as noções mais

gerais de geometria prática, a gramática da língua nacional, os princípios de

moral cristã e de doutrina da religião católica, apostólica romana,

proporcionadas à compreensão dos meninos; preferindo para o ensino da

leitura a Constituição do Império e história do Brasil. (BRASIL, 1827).

A implantação deste Decreto esbarrou em uma série de obstáculos, dentre eles, a

falta de prédios escolares adequados e material necessário para o ensino efetivo. Além do

descontentamento dos professores pela falta de preparação e pela baixa remuneração

(BASTOS,1998). Visando sanar, em parte, o problema da formação de professores no Brasil,

é criada a primeira Escola Normal do Brasil (1835-1851). A Lei n.º 10 de abril de 1835,

explicita que:

Haverá na capital da província do Rio de Janeiro uma escola normal para

nela se habilitarem as pessoas que se destinarem ao magistério da instrução

primária, e os professores que atualmente existentes que não tiverem

adquirido a necessária instrução nas escolas de ensino mútuo, na

conformidade da Lei de quinze de outubro de mil oitocentos e vinte e sete,

artigo quinto. (BRASIL, 1835).

Apontamos como um marco educacional, nessa breve trajetória, as reformas da

“Escola Normal”. Estas reformas baseavam-se nas escolas-modelo e na organização dos

Institutos de Educação (1932-1939). Saviani (2009) ressalta a atuação de Fernando de

Azevedo, em São Paulo, em 1933, e a de Anísio Teixeira no Distrito Federal.

Page 22: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

21

Em 1932, foi publicado o documento “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova:

A reconstrução educacional no Brasil”. Tal obra foi escrita por Fernando de Azevedo e

assinada por vários intelectuais da época, como Carneiro Leão, Hermes Lima e Anísio

Teixeira. Neste documento, foram propostas e definidas várias soluções que, a partir de então,

foram sendo aplicadas à educação brasileira (SAVIANI, 2009).

Tal documento apontou vários princípios e metas, como por exemplo, o de que todos

os professores, incluindo os de ensino primário, deviam ter formação universitária.

(ROMANELLI, 1991).

O período de organização e implantação dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e

a consolidação do modelo das Escolas Normais (1939-1971) são considerados marcos

históricos e ocorreram de forma simultânea e relacionada. Gatti e Barreto (2009, p. 1356)

afirmam que “os cursos específicos para a formação de professores foram inaugurados no

Brasil no final do século XIX com as Escolas Normais”. Segundo as autoras, em 1939,

institui-se o curso de Pedagogia no Brasil, que era destinado:

A formar bacharéis especialistas em educação e complementarmente formar

professores para as Escolas Normais, os quais tinham também, por extensão

e portaria ministerial, a possibilidade de lecionar algumas disciplinas no

ensino secundário. A diferenciação entre o professor polivalente, para as

primeiras séries do ensino, e o professor especialista, para as demais séries,

fica assim, histórica e socialmente instaurada, sendo vigente até nossos dias,

tanto nos cursos, como na carreira e salários e sobretudo representações da

comunidade social, acadêmica e dos políticos, mesmo com atual exigência

de formação em nível superior dos professores dos anos iniciais da educação

básica. (GATTI E BARRETO, 2009, p. 37-38).

Acrescentamos que, em 1930, começaram a ser adicionadas as disciplinas

pedagógicas na formação dos bacharéis para a aquisição de licenciaturas. Tal formato de

licenciatura ficou conhecido no Brasil como modelo 3+1. (LASTÓRIA, 2009; ARAUJO,

2013). Neste modelo o graduando cursava, nos três primeiros anos do curso, os componentes

curriculares destinados aos conteúdos da área especifica e apenas no último ano, eram

acrescentados componentes pedagógicos. Por exemplo, no curso de Licenciatura em

Geografia, onde o estudante, nos primeiros anos, dedicava-se a conteúdos como,

Climatologia, Geologia, Geomorfologia, entre outros. Posteriormente, no último ano do curso,

o licenciando, cursava os componentes curriculares voltados para os saberes educacionais,

como por exemplo, Didática e Estágios Supervisionados. Muitas vezes, os saberes

Page 23: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

22

pedagógicos, eram apresentados de forma isolada e sem conexão com os conteúdos da área

específica.

Outro marco educacional, importante, foi a sanção da primeira Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (Lei n. 4.024/61), em 1961. A respeito de tal legislação, Santos,

Prestes e Vale (2006, p.45), afirmam que:

Em 20 de dezembro, o projeto foi transformado em Lei, Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional – n°. 4024 –, pelo Presidente João Goulart, com

veto a 25 dispositivos, que foram posteriormente aprovados pelo Congresso

Nacional. A partir de 1961, com base na ‘velha’ Lei, assim chamada por ter

permanecido em discussão tão longo tempo, as escolas brasileiras passaram

a ter maior liberdade na elaboração de programas e no desenvolvimento de

conteúdos de ensino. Foi propiciada a criação de setores especializados nas

escolas para coordenar suas atividades.

Ressaltamos, então, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(LDB) (Lei n.º 4.024/61), como um importante marco na Educação brasileira. Tal documento

apontava diretrizes para a formação docente, o Capítulo IV era denominado “Da Formação do

Magistério para o Ensino Primário e Médio”:

Art. 52. O ensino normal tem por fim a formação de professôres,

orientadores, supervisores e administradores escolares destinados ao ensino

primário, e o desenvolvimento dos conhecimentos técnicos relativos à

educação da infância.

Art. 53. A formação de docentes para o ensino primário far-se-á:

a) em escola normal de grau ginasial no mínimo de quatro séries anuais onde

além das disciplinas obrigatórias do curso secundário ginasial será

ministrada preparação pedagógica;

b) em escola normal de grau colegial, de três séries anuais, no mínimo, em

prosseguimento ao vetado grau ginasial.

Art. 54. As escolas normais, de grau ginasial expedirão o diploma de regente

de ensino primário, e, as de grau colegial, o de professor primário.

Art. 55. Os institutos de educação além dos cursos de grau médio referidos

no artigo 53, ministrarão cursos de especialização, de administradores

escolares e de aperfeiçoamento, abertos aos graduados em escolas normais

de grau colegial.

Art. 56. Os sistemas de ensino estabelecerão os limites dentro dos quais os

regentes poderão exercer o magistério primário.

Após a instituição da primeira LDB inicia-se uma substituição da Escola Normal

pela Habilitação Específica de Segundo Grau para o Magistério (1971-1996). Araújo (2013,

Page 24: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

23

p.64), sobre tal período, afirma que, a formação dos professores da educação básica era

“realizada por meio de uma habilitação no ensino médio, denominada magistério.”.

Em 1982 surgiram os Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento de

Magistério (CEFAMS). Nesses centros os cursos eram integrais, realizados em três anos. Tais

cursos eram considerados como sendo de alto grau de qualidade (ARAUJO, 2013). Os

CEFAMS deixaram de ser prioridade, pois com a segunda Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional - LDB (n° 9394/96), sancionada em 1996, passou-se a priorizar a

formação superior para os professores brasileiros.

O advento dos Institutos Superiores de Educação, Escolas Normais Superiores e o

novo perfil do Curso de Pedagogia ocorreram no período de 1996 ao ano de 2006 (SAVIANI,

2009). A LDB de 1996, em seu artigo 62, define que a formação de professores para a

Educação Básica deveria ser realizada em curso superior de licenciatura plena em

universidades ou institutos de Educação.

Salientamos que, atualmente no Brasil, ainda admiti-se a formação em nível médio

na modalidade normal. A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013 estabelece que “A formação de

docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura,

de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como

formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco)

primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.”.

Recentemente, em julho de 2015, foram instauradas as “Diretrizes Curriculares

Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de

formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação

continuada”. Tal documento indica princípios para a formação docente. Destacamos a

indicação de articulação entre os entes federados para a viabilização da formação docente e a

permanência da admissão de formação em nível médio, quando o documento retoma o que é

estabelecido na LDB e na Lei n. º 12.796, de 2013. Segue o trecho do Capítulo I:

§ 3º A formação docente inicial e continuada para a educação básica

constitui processo dinâmico e complexo, direcionado à melhoria permanente

da qualidade social da educação e à valorização profissional, devendo ser

assumida em regime de colaboração pelos entes federados nos respectivos

sistemas de ensino e desenvolvida pelas instituições de educação

credenciadas. § 4º Os profissionais do magistério da educação básica compreendem

aqueles que exercem atividades de docência e demais atividades

Page 25: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

24

pedagógicas, incluindo a gestão educacional dos sistemas de ensino e das

unidades escolares de educação básica, nas diversas etapas e modalidades de

educação (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de

jovens e adultos, educação especial, educação profissional e técnica de nível

médio, educação escolar indígena, educação do campo, educação escolar

quilombola e educação a distância), e possuem a formação mínima exigida

pela legislação federal das Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Pelo exposto fica evidente que, os marcos históricos, relevantes, da formação de

professores no Brasil, indicam constantes mudanças e permanências. Mudanças, por exemplo,

como o surgimento de novas estruturas, como o caso dos cursos de Pedagogia em Institutos

de Ensino Superior. E, por outro lado, outros aspectos permaneceram, como a admissão de

formação em nível médio, para os professores da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental.

Defendemos uma formação de professores no âmbito do ensino superior, pois

entendemos que, tal formação, poderá envolver o docente com os conhecimentos teóricos e

práticos. Possibilitando reflexões mais aprofundadas e críticas e ampliando o trabalho docente

nos anos iniciais do Ensino Fundamental e na Educação Infantil.

É na esfera do ensino superior que a formação permitirá que o futuro professor

reconheça a importância dos saberes pedagógicos. Tais saberes poderão ser contemplados em

seus aspectos disciplinares, curriculares e experiências.

1.2 OS SABERES PEDAGÓGICOS: DISCIPLINARES, CURRICULARES E

EXPERIÊNCIAIS

Nesta subseção, refletimos sobre os diferentes saberes pedagógicos que são

envolvidos na formação docente. Para isso, elencamos os saberes disciplinares, curriculares e

os experienciais (TARDIF, 2002). Pretendemos refletir sobre tais saberes e a respeito da

formação inicial dos professores, tendo em vista discutir a relevância dos mesmos para o

processo formativo e investigativo de professores.

Os saberes docentes são definidos, pelo referido autor, como pilares para a formação

de professores. Iniciamos nossa reflexão, pelos denominados “saberes disciplinares”, tais

Page 26: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

25

saberes envolvem os conteúdos específicos de cada área do conhecimento. Eles são

desenvolvidos no âmbito da universidade. A respeito destes saberes Tardif (2002, p.38)

afirma que:

Os saberes disciplinares (por exemplo, matemática, história, literatura, etc)

são transmitidos nos cursos e departamentos universitários

independentemente das faculdades de educação e dos cursos de formação de

professores. Os saberes das disciplinas emergem da tradição cultural e dos

grupos sociais produtores de saberes.

Consideramos a universidade como uma importante possibilidade para a formação

docente, por envolver o ensino, a pesquisa e a extensão. Em nossa investigação, nos

dedicamos à estudar os cursos de Licenciatura em Pedagogia, das universidades públicas do

Estado de São Paulo, em tal âmbito os saberes disciplinares são imprescindíveis.

Além de um ensino de qualidade, a universidade pode oportunizar, ao professor em

formação inicial, o envolvimento com investigações educacionais. Tal envolvimento pode

contribuir de maneira intensa para a formação docente. Assim como afirma Perrounoud

(1993, p.133), diante da seguinte questão: a participação na investigação educacional

contribui para a formação?

A resposta é sim, na condição de: - saber bem o que se está a fazer, não se contentar com palavras, renunciar

aos simulacros; - privilegiar a lógica didática, ‘fazendo batota’, se for necessário, com a

lógica ‘cientifica’; - não esperar efeitos maciços e miraculosos de uma iniciação condenada a

um papel marginal no plano de estudos; - recorrer paralelamente (e talvez prioritariamente) a outras modalidades

ativas de formação, melhor adaptadas a certos objetivos; - não dar a essa iniciação mais importância do que a que merece.

Tendo em vista as reflexões e os saberes docentes, adquiridos nas universidades,

acrescentamos as contribuições de Saviani (2009). Tal autor aponta dois possíveis modelos,

para a formação universitária docente, o primeiro modelo destacado é o modelo dos

“conteúdos culturais - cognitivos” e o segundo é o “pedagógico - didático”, ambos são

apresentados pelo autor no seguinte trecho:

Page 27: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

26

a) modelo dos conteúdos culturais-cognitivos: para este modelo, a formação do

professor se esgota na cultura geral e no domínio específico dos conteúdos da área

de conhecimento correspondente à disciplina que irá lecionar. b) modelo pedagógico-didático: contrapondo-se ao anterior, este modelo considera

que a formação do professor propriamente dita só se completa com o efetivo

preparo pedagógico-didático. (SAVIANI, 2009, p. 147-148).

Estes dois modelos divergem. O primeiro centra-se em, durante a formação inicial

docente, desenvolver, apenas, o domínio dos conteúdos específicos de cada área do

conhecimento. Já o segundo modelo inclui as reflexões a respeito das estratégias pedagógicas

e, também, os saberes experienciais. Consideramos que, o segundo modelo, poderá

contemplar uma formação mais ampla, pois com os saberes experienciais, os professores em

formação, poderão conhecer os diversos contextos educativos e aprofundar suas reflexões

educacionais.

Após apresentarmos a definição dos “saberes disciplinares”, que ocorrem no âmbito

da universidade e refletirmos sobre as possibilidades de formação universitária docente,

explicitadas por Saviani (2009), continuamos a refletir sobre os saberes docentes definidos

por Tardif (2002).

Tardif (2002) propõe, também, o “saber curricular”. Este saber está diretamente

relacionado às estratégias de ensino. Tal saber envolve os objetivos, os conteúdos e os

métodos de ensino. Sobre tal âmbito formativo o referido autor aponta que:

Ao longo de suas carreiras, os professores devem também apropriar-se de

saberes que podemos chamar de curriculares. Estes saberes correspondem

aos discursos, objetivos conteúdos e métodos [...] Apresentam-se

concretamente sob a forma de programas escolares (objetivos, conteúdos,

métodos) que os professores aprendem a aplicar. (TARDIF, 2002, p. 38).

Entendemos que, a apropriação de tal saber, está diretamente ligada ao planejamento

das práticas educativas. Julgamos imprescindível que o docente, em formação inicial,

construa reflexões a respeito deste aspecto. A construção do planejamento pode proporcionar

reflexões sobre a intencionalidade da ação educativa e a respeito dos conteúdos que serão

contemplados.

O terceiro saber é o denominado saber experiencial (TARDIF, 2002). Tal saber

poderá envolver o docente em diversos contextos educacionais, ou seja, em diferentes

culturas, relações sociais e condições de trabalho. Os “saberes experienciais” são definidos

pelo autor como:

Page 28: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

27

[...] os próprios professores, no exercício de suas funções e na prática de sua

profissão, desenvolvem os saberes específicos, baseados em seu trabalho

cotidiano e no conhecimento de seu meio. Esses saberes brotam da

experiência e são por ela validados. Eles incorporam-se à experiência

individual e coletiva sob a forma de hábitos e de habilidades de saber-fazer e

saber-ser. (TARDIF, 2002, p. 38-39).

O saber experiencial poderá ser contemplado, desde o momento da formação inicial

docente, ao serem desenvolvidos os estágios supervisionados. A respeito dos estágios

supervisionados, Pimenta e Lima (2011, p.16), afirmam que, tal atividade “pode permitir a

compreensão e problematização das situações educacionais observadas”.

Acrescentamos, ainda, que a investigação educacional e os estágios supervisionados,

podem estar unidos. A atividade de estágio pode desenvolver a postura e as habilidades de

pesquisador, através da elaboração de projetos, que lhe permitam refletir sobre as situações

que observam (PIMENTA; LIMA, 2011).

Silva e Lastória (2013, p.93) valorizam a possibilidade do desenvolvimento de

pesquisas, durante a experiência de estágio, e acrescentam que:

Particularmente, essa compreensão acerca do estágio pode conduzir o

estudante-estagiário a reconhecer que toda e qualquer situação vivenciada,

quando devidamente refletida e problematizada, representa (ou pode

representar) novo conhecimento a ser construído em sala de aula. Isso

porque as experiências são regularmente únicas e genuínas e sempre postas à

prova pela revisitação da teoria e da reflexão para embasá-la.

Segundo Tardif (2002, p.93), os saberes docentes, disciplinares, curriculares e

experienciais, são o alicerce da formação docente. O referido autor aponta que o “professor

ideal” é o profissional que “conhece sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de

possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver

um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos”.

Há uma complexidade presente nas reflexões sobre a formação e prática docente. Tal

reflexão, não envolve, apenas, as ações pedagógicas, pois envolve os campos da organização

escolar, da carreira docente, da autonomia para o desenvolvimento das práticas, dentre outros.

Segundo Perrenoud (1993, p.200),

Pensar a prática não é somente pensar a ação pedagógica na sala de aula,

nem mesmo a colaboração didática com os colegas. É pensar a profissão, a

carreira, as relações de trabalho e de poder nas organizações escolares, a

Page 29: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

28

parte de autonomia e de responsabilidade conferida aos professores,

individual ou coletivamente.

Outro aspecto que deve ser considerado, ao refletirmos a respeito da formação

docente é o currículo. Entendemos que, durante a formação docente, é necessário

contemplarmos, os importantes saberes docentes (TARDIF, 2002), os estágios

supervisionados, além do envolvimento nas investigações educacionais. Para que tais pontos

sejam contemplados e as diversas áreas do conhecimento estejam presentes, entendemos que

as reflexões sobre currículo são imprescindíveis. Passamos então, a secção que irá refletir

diretamente sobre currículo educacional.

1.3 AS DIMENSÕES DO CURRÍCULO: FORMAL, REAL E OCULTO

Estudamos, em nossa investigação, o “lugar” da Geografia nos cursos de Pedagogia,

das IES públicas estaduais paulistas. Este estudo está diretamente ligado ao currículo

educacional. Para respondermos nossas questões de pesquisa, analisamos os componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia, as cargas horárias, as ementas, dentre outros

aspectos relacionados à ocupação curricular da Geografia nos cursos de Pedagogia

investigados.

Destinamos, então, esta seção, aos apontamentos e concepções relacionados ao

currículo educacional. Entendemos que as reflexões que envolvem a construção curricular são

centrais para Educação, pois assim como afirma Perrenoud (1993, p.26) “cada reforma do

currículo, cada debate sobre as estruturas ou sobre a democratização, aviva os confrontos

sobre o que deveria ser a definição institucional do sucesso escolar”.

Apresentamos alguns apontamentos e concepções de currículo. Iniciamos por

Sacristán (1995) que afirma que o currículo pode ser compreendido como cultura real e que

surge a partir de diversos processos educacionais. Ressalta, ainda, que os currículos vão além

de “um objeto delimitado e estático que se pode planejar e depois implantar” (p.16). O

mesmo autor afirma, também, que “o currículo expressa também o equilíbrio de interesses e

forças que gravitam sobre o sistema educativo em determinada circunstância/ocasião e, por

Page 30: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

29

meio dele, realizam-se os fins da educação no ensino escolarizado” (SACRISTÁN, 1998,

p.16).

O autor explicita que as escolhas realizadas em torno do currículo estão relacionadas

às relações de poder presentes no contexto educacional. Sacristán (1998, p.108) afirma que “a

prescrição curricular é uma forma de controlar um sistema que é grandemente complexo,

tendo por finalidade promover a manutenção da educação como sistema ideológico. Este

processo se dá pela tecnificação do currículo pela administração.”.

Tendo em vista esta primeira concepção apresentada, salientamos a afirmação a

respeito da possibilidade do currículo estar em constante transformação. Entendemos que as

transformações curriculares estão relacionadas às mudanças do contexto escolar-educativo e

tais transformações são contínuas e inerentes ao processo educativo. Caminhando nesta

mesma concepção Sacristán (2000, p.15-16), aponta que:

O currículo é uma práxis antes que um objeto estático emanado de um

modelo coerente de pensar a educação ou as aprendizagens necessárias das

crianças e dos jovens, que tampouco se esgota na parte explicita do projeto

de socialização cultural nas escolas. É uma prática, expressão, da função

socializadora e cultural que determinada instituição tem, que reagrupa em

torno dele uma série de subsistemas ou práticas diversas, entre as quais se

encontra a prática pedagógica desenvolvida em instituições escolares que

comumente chamamos de ensino. O currículo é uma prática na qual se

estabelece diálogo, por assim dizer, entre agentes sociais, elementos

técnicos, alunos que reagem frente a ele, professores que o modelam.

Na concepção apresentada por Sacristán (2002), os professores tem um papel central

na elaboração e desenvolvimento dos currículos. Os autores Moreira e Candau (2007, p.19)

também destacam este papel do professor quando afirmam que “o currículo é o coração da

escola, visto que o professor tem papel fundamental para sua concretização. Faz-se necessária

às discussões sobre currículo escolar, pois o professor é um grande artífice que se materializa

na prática da sala de aula.”.

Destacamos, também, a concepção de Cavalcanti (2011, p.26), que afirma que o

currículo educacional envolve aspectos de ordem teórica e prática que se referem à Educação

formal e estão relacionados ao “processo de ensino-aprendizagem, ao conhecimento escolar e

a vivência da escolarização”.

Outro autor que realiza apontamentos e apresenta concepções em torno do currículo

educacional é Pacheco (2002, p.57) que afirma que o currículo é: “um projeto, cujo processo

Page 31: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

30

de construção e desenvolvimento é interativo, que implica unidade, continuidade e

interdependência entre o que se decide ao nível do plano normativo e o processo de ensino e

aprendizagem”.

Ao abordarmos os apontamentos e concepções de currículo não temos a intenção de

julgar ou opinar a respeito, pois como aponta Hypolito (2012, p. 534):

Na história recente da educação, séculos XIX e XX, até os dias de hoje,

muitos sentidos foram dados a palavra currículo, sempre associada a uma

teoria educacional e curricular, a uma compreensão de escola e a um modo

de ensinar, o que invariavelmente esteve relacionado com políticas

educativas em torno do que deveria ser ensinado e de como deveria ser

ensinado. De forma mais precisa, os conceitos de currículo variam de acordo

com a forma e organização escolar dos conteúdos e da formação docente.

As duas últimas concepções apresentadas, Cavalvanti (2011) e Pacheco (2002),

ressaltam o caráter oficial do currículo educacional. Entendemos que, a construção curricular

está inserida no processo de Educação formal, porém não podemos desvincular tal processo

de um contexto sócio-cultural mais amplo, assim como afirma Apple (2006, p. 105) “é preciso

considerar, assim, todo um contexto externo à escola que interfere em suas atividades,

decisões, e, consequentemente, no currículo.”.

O âmbito formal é um dos níveis do currículo. Segundo Libâneo (2001, p. 99) “O

currículo formal ou oficial é aquele conjunto de diretrizes normativas prescritas

institucionalmente.”. Porém, este não é o único âmbito, outros dois níveis estão presentes na

construção curricular educacional.

Libâneo, Oliveira e Tochi (2003, p.363) conceituam os três níveis de currículo:

O currículo formal, ou oficial é aquele estabelecido pelos sistemas de ensino,

expresso em diretrizes curriculares, nos objetivos e nos conteúdos das áreas

ou disciplinas de estudo. […] O currículo real é aquele que, de fato, acontece

na sala de aula, em decorrência de um projeto pedagógico e dos planos de

ensino. É tanto o que sai das ideias e da prática dos professores, da

percepção e do uso que eles fazem do currículo formal, como o que fica na

percepção dos alunos. […] O currículo oculto refere-se àquelas influências

que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores e são

provenientes da experiência cultural, dos valores e dos significados trazidos

de seu meio social de origem e vivenciados no ambiente escolar – ou seja,

das práticas e das e experiências compartilhadas em sala e aula. É chamado

de oculto porque não se manifesta claramente, não é prescrito, não aparece

no planejamento, embora constitua importante fator de aprendizagem.

Page 32: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

31

Com a definição de Libâneo, Oliveira e Tochi (2003), discutimos os três níveis de

currículo, que sob nossa ótica, caminham unidos.

O currículo real envolve a autonomia do professor. Valorizamos tal autonomia, por

acreditarmos que o professor compreende, com profundidade, as necessidades e

especificidades dos seus alunos, e com isso, pode desenvolver conhecimentos

contextualizados e pertinentes ao grupo de alunos.

O currículo oculto não consta no planejamento educacional ou em qualquer

documento formal que irá nortear o desenvolvimento das aulas. Esta esfera do currículo

envolve aspectos relacionados à cultura dos alunos e professores, ao meio social em que

convivem, às tradições do ambiente escolar, dentre outros. Ele não se manifesta claramente,

mas tem grande influencia no aprendizado e significação dos conteúdos trabalhados.

Entendemos que os professores poderão observar aspectos relacionados ao currículo

oculto, durante o desenvolvimento de suas práticas educativas. Tais observações podem

envolver os apontamentos dos alunos, questionamentos realizados por eles e até as reações

faciais. Entendemos que, estas percepções poderão subsidiar futuros planejamentos

educacionais.

Em nossa investigação, realizamos uma análise documental, onde analisamos os

PPPs das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas paulistas e os programas de ensino

dos componentes voltados para o ensino de Geografia, de tais instituições. Entendemos que

ao realizarmos tal análise, estamos nos envolvendo com currículo em seu âmbito formal.

Para abordarmos o currículo real e o oculto, em nossa investigação, outros

procedimentos metodológicos teriam que ser utilizados, como entrevistas com os alunos e

professores do ensino superior, além e observações nas salas de aula.

Valorizamos os estudos sobre currículo, nos seus diversos âmbitos. Segundo

Perrenoud (2003, p. 20) “o sucesso escolar se fundamenta numa avaliação equitativa do

conjunto das dimensões do currículo. Só o currículo e nada mais que o currículo.”. Com este

apontamento, finalizamos esta seção, e ressaltamos que, entendemos que, os estudos e

reflexões a respeito do currículo, podem colaborar com a construção de uma educação mais

ampla e contextualizada.

Page 33: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

32

2 O ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

Nesta seção iremos estudar aspectos relacionados ao ensino de Geografia nos anos

iniciais do Ensino Fundamental que contribuem para que o estudante realize uma ampla

leitura e compreensão do mundo.

Refletimos, também, a respeito dos aspectos históricos da Geografia Escolar, nos anos

iniciais do Ensino Fundamental no Brasil. Ademais, abordamos as propostas curriculares

educacionais paulistas que envolvem o ensino de Geografia nos anos iniciais e discorremos

sobre as concepções e estratégias deste ensino.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA GEOGRAFIA ESCOLAR NO BRASIL

Para estudarmos o caminho do ensino de Geografia, apontamos aspectos da trajetória

histórica dos anos iniciais do Ensino Fundamental no Brasil. O estudo de tal trajetória

colabora com a contextualização do cenário educacional brasileiro. Este envolve a própria

construção da Geografia Escolar. A respeito das reflexões em torno desta temática, Novaes

(2006, p.80) afirma que:

É de fundamental importância conhecer a trajetória do ensino nas Séries

Iniciais do Ensino Fundamental, em diferentes tempos históricos [...] esses

momentos marcaram profundamente a organização política e educacional do

país, com características que se refletiram diretamente na Geografia escolar.

Neste mesmo sentido, Lastória (2009, p, 302) afirma que as legislações e concepções

geográficas se transformaram ao longo dos anos, a autora aponta que:

A história da Geografia Escolar mostra-nos que sua finalidade e concepção

variaram muito desde sua introdução no currículo escolar brasileiro. O que

pode ser compreendido se olharmos para os diversos objetivos educacionais,

os diferentes programas curriculares, os livros didáticos, os periódicos, as

reformas curriculares, os decretos e legislações que nortearam o seu

desenvolvimento no Brasil.

Page 34: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

33

Na presente pesquisa. os anos iniciais configuram-se como um recorte central, pois

esta é a principal etapa de ensino em que os pedagogos atuam. Esta etapa do ensino assumiu

diversas denominações ao longo dos anos. Novaes (2006, p.74) cita períodos e denominações

que se referem a tal etapa. “No Período Colonial, a escola de ler e escrever; no Período

Imperial, a escola de primeiras letras; na Primeira e na Segunda Repúblicas, a escola primária,

no período da Ditadura Militar, a denominação de 1ª a 4ª séries do 1º grau.”. Na atualidade,

tal etapa do ensino é composta por cinco anos, denominados como 1°, 2°, 3°, 4° e 5° anos do

Ensino Fundamental.

Assim como as denominações, outros aspectos educacionais dessa etapa do ensino,

também se transformaram, ao longo dos anos no Brasil. As concepções, as configurações, os

referenciais teóricos e metodológicos foram modificados com o passar do tempo. Diante de

tais alterações, a Geografia Escolar também foi sendo (re) construída.

Durante o período do Império no Brasil, o formato educacional em vigor era o da

“Escola de Primeiras Letras”. Neste período, priorizava-se a leitura, a escrita, os

conhecimentos da Matemática básica e a doutrina católica religiosa. No entanto, existem

historiadores que afirmam que a Geografia já se fazia presente, por meio de textos que eram

selecionados pelos professores. Esta inserção, dos elementos da Geografia, ocorria por meio

da leitura de textos, que envolviam descrições da natureza e da dimensão do território

brasileiro. Segundo Vlach (2004, p.189):

[...] o ensino de Geografia não integrava diretamente os conteúdos das

escolas de primeiras letras. Isso não impediu, porém, que se fizesse presente

de maneira indireta, nessas escolas. Sua presença ocorria por meio da

história do Brasil e da Língua Nacional, cujos textos enfatizavam a descrição

do território sua dimensão, suas belezas naturais. (p.189).

Dessa forma a Geografia Escolar esteve presente nas Escolas de Primeiras Letras,

durante a Educação Imperial no Brasil. Ressaltamos, mais uma vez, que essa presença ocorreu

de maneira indireta, pois a Geografia não fazia parte do currículo oficial, neste período.

Em 1890, surgiu o Ministério de Instrução, Correios e Telégrafos. Em seguida

ocorreu a reforma educacional “Benjamim Constant” que instaurou a divisão do ensino

primário em 1° e 2° graus (ARAUJO, 2013). Tal reforma propunha a adição do componente

curricular “Ciência Geográfica” ao 1° grau do ensino.

Page 35: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

34

No século XX, com o crescimento do setor industrial, ocorreram muitas mudanças

no contexto econômico brasileiro. Com tais modificações, apareceram novas demandas

educacionais que influenciaram na Educação brasileira.

A classe operária iniciava movimentações que reivindicavam uma Educação para

todos. Neste momento, a Educação primária era central para a construção e consolidação do

Estado e, com isso, se tornava uma preocupação social. (SAVIANI, 2009). Diante deste novo

contexto, surgiu o movimento da Escola Nova, que tinha como seus idealizadores Anísio

Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho, Delgado de Carvalho, dentre outros.

Delgado de Carvalho, em 1926, planejou e implementou o Curso Livre Superior em

Geografia, destinado aos professores primários. O curso tinha, como objetivo principal,

ofertar uma formação atualizada e moderna de ensino de Geografia. O curso tinha a intenção

de que a Geografia científica fosse implantada nos currículos escolares brasileiros. As

reflexões presentes nesse curso também solicitavam a inclusão desse componente curricular

na etapa do ensino primário. Segundo Lastória (2009, p.302) o referido pioneiro, em 1913:

[...] publicou “Geographia do Brasil” que serviu para consolidar a moderna

Geografia Escolar, ingressou em 1920 no Colégio Pedro II e lutou pela

renovação conceitual da Geografia, publicando a “Revista de Geographia

Didáctica” e atuando na publicação de livros escolares de Geografia,

programas e métodos didáticos, entre outros.

Em 1930, Anísio Teixeira, baseado nos modelos curriculares educacionais

americanos, propôs a união da História e da Geografia para a educação brasileira. Não

podemos ignorar que:

O ano de 1930 foi um divisor de águas na história do país. A partir dessa

data, houve uma aceleração das mudanças sociais e políticas, a história

começou a andar mais rápido [...] a mudança mais espetacular verificou-se

no avanço dos direitos sociais [dentre eles o direito à educação] [...]

(CARVALHO, 2001, p. 87).

Ao iniciar-se a ditadura do governo Vargas, em 1937, o governo voltava suas

intenções educacionais para uma “consolidação do Estado - Nação”. Nesse contexto, a

Geografia surge como um discurso “político-educacional”, na medida em que a sua presença

no meio escolar contribuiu para inculcar a ideologia do nacionalismo patriótico. (VLACH,

2004).

Page 36: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

35

Nas décadas seguintes, de 1940, de 1950, de 1960, a Geografia Escolar direcionou

suas preocupações para a construção da identidade nacional. Priorizavam-se conteúdos como

o território do Brasil, os Estados, as capitais, os nomes dos rios, etc. Esses conteúdos eram

desenvolvidos, principalmente, com estratégias tradicionais de ensino. Tinham como foco

central consolidar o pensamento patriótico. Conforme afirma Buitoni (2010, p.10):

[...] a Geografia reforçava a ideologia nacionalista e patriótica, apresentando

textos que ressaltavam a grandeza da extensão territorial do País, a presença

e a variedade de seus minérios e belezas naturais, naturalizando a concepção

basicamente social e política do Estado- Nação.

Ressaltamos a importância da promulgação da Lei Orgânica do Ensino Primário de

1942, alcunhada Reforma de Capanema. Nesse momento a Geografia foi incluída no currículo

oficial do ensino primário no Brasil (ISSLER, 1973; NOVAES, 2006; ARAÚJO, 2013).

Com isso, intensificou-se a preocupação com a formação dos professores, que

caminhava em direção ao reconhecimento da necessidade da formação superior, assim como

afirma Araújo (2013, p. 74), “As escolas normais começaram a se desenvolver no período

republicano e já no século XX iniciaram discussões no sentido de reconhecer a necessidade da

formação superior para esses professores. Exemplo disso foi a criação do Curso de Pedagogia

em 1939.”.

Em 1961, foi sancionada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

n.º 4024. A primeira LDB não apresentou mudanças expressivas, nas concepções

educacionais, se comparada a Lei Orgânica do Ensino Primário, que até então era a legislação

educacional vigente no Brasil. Entretanto a LDB, de 1961, previa certa flexibilidade no

currículo educacional. Tal flexibilidade pode ser considerada um passo em direção à

construção da autonomia pedagógica das instituições de ensino.

Em 1964, o Brasil sofreu um golpe, que nos impôs o Regime Militar. Neste momento

a disciplina denominada “Moral e Cívica”, foi instalada e enfatizada. Com o surgimento da

“Moral e Cívica”, a Geografia e a História perderam espaço.

Em 1970, surgiu o curso de Licenciatura Curta, Novaes (2006, p. 93) ressalta que:

Essa política educacional provocou profundas discrepâncias no ensino de

Geografia no final do século XX, formando professores com uma grande

carência epistemológica, teórica e metodológica, que imprimiu a

desvalorização da Geografia nos currículos escolares.

Page 37: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

36

As licenciaturas curtas eram ofertadas como opção para a formação dos professores

de História e Geografia, que neste modelo de formação, seriam formados em “Estudos

Sociais”. Os “Estudos Sociais” era uma disciplina que reunia alguns conteúdos de forma

distorcida e descontextualizada, sem criticidade. Os “Estudos Sociais” causaram prejuízos

significativos para o ensino de Geografia e História. Segundo Araujo (2013, p.74-75),

Os Estudos Sociais não tinham identidade própria, ora eram tratados como

disciplina, ora como área de estudo. Em seu currículo havia referências

difusas em relação aos objetos de estudos da Geografia e da História. Em

linhas gerais, houve um grande prejuízo na especificidade desse ensino.

Nesse mesmo período outras disciplinas também foram incluídas no currículo escolar

pelo Regime Militar. Conforme já citamos, foi incluída a Educação Moral e Cívica - EMC,

além da Organização Social e Política Brasileira - OSPB e Estudos de Problemas Brasileiros -

EPB. Essas disciplinas eram pautadas pelos ideais da ditadura militar e desempenhavam um

papel central de alienação e silenciamento da população. Sobre tais componentes curriculares

Lastória e Fernandes (2014, p. 99-100) afirmam que compreendem “os “Estudos Sociais”

como uma ‘disciplina escolar’ que buscava trabalhar genericamente conteúdos de Geografia e

de História e, ainda Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política do Brasil.”.

Em 1980, após muita luta iniciava-se no Brasil o processo de redemocratização.

Muitos estudiosos e professores, que estavam exilados começaram a retornar ao Brasil e

retomar sérias reflexões educacionais. As discussões no campo da Geografia Escolar se

mostraram persistentes e demonstravam anseios por mudanças. Trazia-se a tona a necessidade

de ampliar a Geografia Escolar para além do discurso tradicional e superar o estigma de ser

uma disciplina “decorativa” e descontextualizada. Castellar (2005, p. 212) aponta que:

Com a renovação da geografia, na década de 1980, a crítica que se fazia era

dirigida para a despolitização ideológica no discurso geográfico, inclusive no

da geografia escolar. O desejo maior era fazer com que a disciplina perdesse

o rótulo de matéria decorativa, herança deixada pela Geografia Tradicional.

Mas, se por um lado essas críticas existem, por outro parece que não foram

incorporadas ao cotidiano escolar, porque concretamente as mudanças foram

pouco significativas.

A respeito do período de redemocratização brasileira, Lastória (2010, p.157) nos

esclarece que a Geografia Escolar, com o viés crítico, necessitou de um tempo mais longo,

para fazer parte do cotidiano escolar brasileiro. Segundo tal autora:

Page 38: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

37

A Geografia crítica nasce em um período de redemocratização do país. No

entanto percebemos que ela não conseguiu romper “rapidamente” as

geografias instituídas até então. Essa nova Geografia, busca redefinir o

próprio objeto da ciência geográfica, renovando seus métodos e técnicas.

Outro importante marco histórico é a publicação, pelo Ministério da Educação

(MEC), dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1997. Tal documento consolidou a

presença da Geografia no currículo dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em nosso país.

Destacamos a atuação dos movimentos impulsionados pela Associação dos

Geógrafos do Brasil (AGB), pela Associação Nacional de História (ANPUH) e, também,

pelos movimentos sociais dos professores, que garantiram que a concepção das disciplinas

Geografia e História acontecessem separadamente, no documento do MEC.

Compreendemos que tais componentes curriculares se relacionam constantemente e

podem envolver-se de maneira interdisciplinar, tornando o conhecimento mais

contextualizado. A publicação consiste em um mesmo volume, no qual a primeira parte ficou

destinada para História e a segunda para a Geografia. Segundo Novaes (2006, p.128):

A Geografia Escolar conseguiu [com a publicação dos PCNs.] um

significativo avanço, tornando-se, reconhecida no currículo oficial das Séries

Iniciais do Ensino Fundamental. Contudo a, preocupação, na atualidade,

perpassa a sua valorização, que acreditamos estar relacionada à prática dos

professores que trabalham nessas séries.

Concordamos com a autora acima, que nos explicita como são notáveis os avanços

para a Geografia Escolar, proporcionados pelos PCN, porém as preocupações com o ensino de

Geografia continuaram presentes nas discussões dos professores.

Outro desafio enfrentado pela Geografia Escolar está nos currículos educacionais

vigentes. No Estado de São Paulo, por exemplo, no ano de 2011, a Geografia foi abolida do

currículo dos três primeiros anos do Ensino Fundamental. Tal área do conhecimento, retornou

ao currículo, porém com carga reduzida. Tal situação nos motiva a continuar estudando o

ensino de Geografia nos anos iniciais. Em nossa próxima subseção refletimos em torno da

problemática curricular presente nas políticas educacionais do Estado de São Paulo.

Page 39: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

38

2.2 A PRESENÇA DA GEOGRAFIA NO CURRÍCULO EDUCACIONAL DO

ESTADO DE SÃO PAULO

Conforme já apontamos, anteriormente, em nosso trabalho, entendemos que o

currículo educacional é composto por três níveis, o real, o formal e o oculto (LIBÂNEO;

OLIVEIRA; TOCHI, 2003). Nesta subseção, iremos tratar do currículo formal de ensino do

Estado de São Paulo, mais especificamente, para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

Ressaltamos que a construção do currículo não ocorre de forma neutra. Entendemos

que o cenário social, histórico e econômico podem influenciar as escolhas para essa

organização. Além disso, destacamos que os sujeitos autores dos currículos podem envolver

suas subjetividades, seus ideais e os seus interesses pessoais, em tal construção. Diante de tal

pressuposto Sacristan (2013, p.1) aponta que:

[...] o currículo é algo evidente que está aí, não importa como o

denominamos. É aquilo que um aluno estuda. Por outro lado, quando

começamos a desvelar suas origens, suas implicações, e os agentes

envolvidos, os aspectos que o currículo condiciona e aqueles que por ele são

condicionados, damo-nos conta de que nesse conceito se cruzam muitas

dimensões que envolvem dilemas e situações perante os quais somos

obrigados a nos posicionar.

O currículo do Estado de São Paulo é desenvolvido, obrigatoriamente, nas escolas

estaduais paulistas. Destacamos tal fato, para esclarecer, que as demais escolas, presentes no

Estado, não tem obrigatoriedade de realizar tal currículo. Por exemplo, as instituições de

ensino municipais e a rede privada de ensino, tem autonomia para desenvolver seus próprios

currículos educacionais. A autonomia municipal é estabelecida pela Lei de Diretrizes e Bases

da Educação de 1996, em seu artigo 11 e 12.

Art. 11º. Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus

sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da

União e dos Estados;

II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;

III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;

IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema

de ensino;

V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade,

o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino

Page 40: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

39

somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área

de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados

pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. Art. 12º. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as

do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica.

Conforme é exposto em tal legislação, os municípios “terão a incumbência de:

Elaborar e executar sua proposta pedagógica”, ou seja, os municípios têm a autonomia para

regimentar e conduzir as instituições de ensino municipais. Estas não utilizarão,

necessariamente, o currículo e a proposta pedagógica das escolas estaduais.

Para realizarmos nossa reflexão sobre o currículo e a organização educacional

paulista, utilizaremos a Resolução da SEE/SP de n.° 81, que foi editada no ano de 2011 e

também suas alterações publicadas na Resolução da SEE/SP de n.° 3 de 16/01/2014. Além

das Resoluções que dispõem sobre a organização curricular do ensino fundamental, nas

Escolas de Tempo Integral (ETI). São elas, Resolução n.° 85, de 19/12/2013 e as alterações

contidas na Resolução da SEE/SP de n.° 6 de 2016, todas sancionadas pela Secretaria de

Educação do Estado de São Paulo.

Salientamos que, neste trabalho, optamos por apresentar e refletir a respeito do

currículo educacional paulista, pois tal currículo está mais diretamente vinculado às IES do

Estado de São Paulo, que são por nós investigadas. Por exemplo, os estágios curriculares dos

cursos de Pedagogia das IES estudadas são, principalmente, desenvolvidos em instituições

escolares da rede estadual, assim como, vários projetos de pesquisa e extensão.

A formação dos profissionais que irão atuar nos anos iniciais do Ensino Fundamental,

é portanto, parte de nossos interesses nessa investigação. Os documentos curriculares,

estudados nesta seção, incluem, também, os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino

Médio, apesar dos referidos segmentos não serem contemplados em nossa análise.

Nossa opção tem como foco a principal atuação do pedagogo, que se dá nos anos

iniciais do Ensino Fundamental. Na Resolução da SEE/SP de n.° 81 de 2011 os anos iniciais

do Ensino Fundamental são definidos com os seguintes dizeres: “O ensino fundamental terá

sua organização curricular desenvolvida em regime de progressão continuada, estruturada

em 9 (nove) anos, constituída por dois segmentos de ensino (ciclos): I - anos iniciais,

correspondendo ao ensino do 1º ao 5º ano.”. Tal documento definiu a carga horária

obrigatória para essa etapa do ensino, da seguinte maneira: “carga horária de 25 (vinte e

Page 41: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

40

cinco) aulas semanais, com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, totalizando 1.000 (mil)

aulas anuais”.

Iremos, portanto, refletir sobre o currículo educacional do Estado de São Paulo, para

os anos iniciais do Ensino Fundamental, com o foco na disciplina de Geografia. Entendemos

que, ao estudarmos a presença da Geografia no currículo desta etapa do ensino, estamos

apresentando o contexto de atuação dos pedagogos, tendo em vista tal área do conhecimento.

Apresentamos, então, a matriz curricular que está inserida na Resolução n.° 81 de

2011. Tal organização apresenta os componentes curriculares, dentre eles a Geografia, as

respectivas cargas horárias e porcentagens, de acordo com os cinco anos do Ensino

Fundamental.

Disciplinas Ano/aula (%)

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano/4ª série

Base Nacional

Comum

Língua Portuguesa 60% 60% 45% 30% 30%

História/Geografia - - - 10% 10%

Matemática 25% 25% 40% 35% 35%

Ciências Físicas e Biológicas - - - 10% 10%

Educação Física/Arte 15% 15% 15% 15% 15%

Total Geral 100% 100% 100% 100% 100%

QUADRO 1- Matriz Curricular Básica Para o Ensino Fundamental - Ciclo I - 1º ao 5º

ano/SEE/SP/2011. Fonte: Resolução n.° 81 de 2011 - Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

Como podemos visualizar no quadro 1, no ano de 2011, o ensino de Geografia não

está prevista nos três primeiros anos do Ensino Fundamental. E, nos 4°s e 5°s anos, o ensino

de tal componente curricular, tem sua carga horária reduzida, para apenas 10% do total de

horas aula.

Page 42: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

41

A retirada, desse componente curricular, dos anos iniciais do Ensino Fundamental do

currículo paulista, marca a marginalização da Geografia Escolar, que é atribuída pela política

pública de ensino paulista. A abolição e a redução dos conhecimentos geográficos, nesta etapa

do ensino, demonstra um descaso com o seu papel formativo. Consideramos que tal fato é um

sério prejuízo e um retrocesso para a referida área do conhecimento, afetando diretamente

alunos e professores.

Entendemos que a Geografia é essencial para a formação do estudante, desde os anos

iniciais do Ensino Fundamental. Nesta etapa do ensino, os conhecimentos geográficos,

poderão contribuir para a construção da leitura e compreensão do mundo. Além de ser um

elemento fundamental para a construção de práticas voltadas para a cidadania. Segundo Callai

(2005, p.37), é:

Por meio da geografia, nas aulas dos anos iniciais do ensino fundamental,

que podemos encontrar uma maneira interessante de conhecer o mundo, de

nos reconhecermos como cidadãos e de sermos agentes atuantes na

construção do espaço em que vivemos. E os nossos alunos precisam

aprender a fazer as análises geográficas. E conhecer o seu mundo, o lugar em

que vivem, para poder compreender o que são os processos de exclusão

social e a seletividade dos espaços.

Acrescentamos que embora a Geografia não tenha sido privilegiada no currículo

prescrito, a referida área do conhecimento poderá ser contemplada, tendo em vista a

autonomia investida no professor, para o desenvolvimento de práticas educativas.

Seguimos, então, com a análise curricular educacional, do Estado de São Paulo. A Resolução

n.° 81 de 2011, expedida pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, foi substituída,

em 2014, pela Resolução de n.° 3.

Na Resolução de 2014 são apresentadas duas possibilidades para a organização

curricular educacional nos anos iniciais, são elas a “Matriz Curricular A” e a “Matriz

Curricular – B”. Salientamos que na opção denominada “Matriz Curricular A” a Geografia

continua não sendo contemplada, nos três primeiros anos do Ensino Fundamental, e na

“Matriz Curricular – B” a referida área do conhecimento retorna ao currículo, com carga

reduzida.

As instituições de ensino desenvolverão a matriz curricular A ou B, tendo em vista a

determinação exposta no artigo 1°, da referida Resolução:

Page 43: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

42

I - a Matriz Curricular – A, a ser implementada nas unidades escolares que

darão continuidade, e nas unidades escolares inscritas em 2014, às aulas de

Língua Inglesa – Early Bird6, no 1º, 2º, 3º, 4º e 5º anos do ensino

fundamental; II – no Subanexo 2: a Matriz Curricular – B, a ser implementada nas

unidades escolares que não oferecerão, em 2014, aulas de Língua Inglesa.

A seguir, apresentamos o quadro 2, com a Matriz Curricular – A, expedida pela

SEE/SP, em 2014 e que continua não contemplando a Geografia nos anos iniciais do Ensino

Fundamental.

QUADRO 2 – MATRIZ CURRICULAR – A – SEE/SP/2014

Fonte: Resolução n.° 3 de 2014 (Alterações na Resolução n°81 de 2011) - Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo.

A Resolução n.°3 de 2014 apresenta o quadro 3, com outra organização curricular

educacional para os anos iniciais. Essa outra organização é intitulada “Matriz Curricular – B”

e contempla a Geografia, mesmo que com carga horária reduzida.

6 A Resolução de n.° 28 de 2014, expedida pela SEE/SP, institui o programa “Early Bird” em seu

Artigo 1º que afirma que: “Fica instituído, a partir do ano letivo de 2014, o Projeto Early Bird que tem

por objetivo introduzir o ensino da Língua Inglesa no currículo dos anos iniciais do Ensino

Fundamental, mediante a aplicação de metodologia específica, que propiciará ao aluno a utilização

de várias estratégias para avançar na aprendizagem do referido idioma, apropriando-se de conteúdos

básicos e adquirindo condições de continuar aperfeiçoando esse aprendizado nos anos finais do

Ensino Fundamental.” (2014, p.1).

Page 44: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

43

QUADRO 3: MATRIZ CURRICULAR – B – SEE/SP/2014

Fonte: Resolução n.° 3 de 2014 (Alterações na Resolução n.°81 de 2011) - Secretaria da

Educação do Estado de São Paulo.

Os diferentes currículos impostos, em 2014, na mesma rede de ensino, e a velocidade

das modificações, impactam de forma negativa nos alunos e professores. Tal organização

indica um sério descaso com a gestão do currículo educacional dos anos iniciais, por parte da

Secretaria de Educação do Estado de São Paulo - SEE/SP. Essas ações, realizadas pela

SEE/SP, demonstram um descompromisso com os anos iniciais do Ensino Fundamental e

com o ensino de Geografia.

O termo “Base Nacional Comum”, citado na legislação paulista relaciona-se à

LDB/96, pois tal legislação aponta, em seu Artigo 46 que:

Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do

ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em

cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte

diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da

cultura, da economia e dos educandos.

Page 45: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

44

A LDB/96 é alterada pela Medida Provisória N°. 746, de 22 de setembro de 2016,

que expõe que, para o ensino fundamental “Os currículos devem abranger, obrigatoriamente,

o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e

da realidade social e política, especialmente da República Federativa do Brasil.”.

Ressaltamos que no presente momento o MEC coloca em consulta pública a

organização curricular intitulada “Base Nacional Comum Curricular”. Tal documento, em sua

terceira versão, pretende estabelecer um currículo único nacional. A legislação paulista de

2014, não faz menção a tal documento, que ainda está em construção.

As instituições de ensino estaduais do Estado de São Paulo podem funcionar em

tempo parcial ou serem contempladas com a modalidade integral do ensino. A legislação que

institui a organização curricular na modalidade integral é a N.° 85 de 2013 e suas últimas

modificações são expedidas na Resolução n.°6 de 2016, ambas expedidas pela Secretaria

Estadual da Educação do Estado de São Paulo. Tais possibilidades são apontadas pela

Resolução 85 de 2013, em seu 1° artigo.

Artigo 1º - As unidades escolares que funcionarem com o ensino

fundamental nos anos iniciais e finais, em tempo integral, terão suas matrizes

curriculares constituídas na seguinte conformidade I - pelos componentes curriculares e respectivas cargas horárias

estabelecidos na matriz curricular do ensino fundamental das escolas de

tempo parcial, nos termos da legislação pertinente; II – pelas oficinas curriculares, definidas para a parte diversificada, a serem

desenvolvidas com metodologias, estratégias e recursos didático-

pedagógicos específicos.

Entendemos que as Escolas de Tempo Integral poderiam ser uma possibilidade para o

desenvolvimento de práticas educativas que envolvessem a Geografia nos anos iniciais do

Ensino Fundamental. Ao observarmos a referida organização podemos perceber que a

Geografia não foi apresentada como prioridade.

Apresentamos a seguir, o quadro 4, com a matriz curricular das Escolas de Tempo

Integral.

Page 46: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

45

QUADRO 4: MATRIZ CURRICULAR PARA AS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL –

SEE/SP/2016.

Fonte: Resolução n.°6 de 2016 - Secretaria da Educação do estado de São Paulo.

O quadro 4 apresenta “Base Nacional Comum”, e posteriormente a “Parte

Diversificada”. A Geografia está entre os componentes curriculares apresentados. A referida

área do conhecimento divide sua carga de aulas com a História e com as Ciências Físicas e

Biológicas. A esses três componentes curriculares foram atribuídas apenas 3 aulas.

No espaço denominado como “Parte Diversificada” a Geografia não está citada.

Ao analisarmos as Resoluções expedidas pela Secretaria de Educação do Estado de

São Paulo, tanto no currículo voltado para as escolas parciais, quanto o voltado para as

Page 47: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

46

Escolas de Tempo Integral, percebemos que a Geografia Escolar está sendo constantemente

desvalorizada. Os conhecimentos geográficos não vêm sendo priorizados e as cargas horárias

destinadas à tal área do conhecimento é reduzida. Esta situação não está de acordo com a

formação que consideramos ideal para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Assim como

afirma Callai (2005, p.246) “a geografia, nos anos iniciais da escolarização, pode, e muito,

contribuir com o aprendizado [...] uma vez que encaminha para aprender a ler o mundo.”.

Encerramos esta subseção, nos posicionando em defesa da Geografia Escolar, desde

os anos iniciais do Ensino Fundamental. Consideramos que os conhecimentos geográficos

colaboram na construção de uma leitura autônoma do mundo. Tais conhecimentos, também,

são fundamentais para o desenvolvimento de práticas educativas voltadas para a cidadania.

2.3 O DESENVOLVIMENTO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS QUE ENVOLVEM

O ENSINO DE GEOGRAFIA

Araújo (2013) defende a Geografia Escolar, nos anos iniciais quando afirma que “é

fundamental o papel do ensino de Geografia em todos os níveis de ensino, especialmente nos

anos iniciais.” (p.91). Nesta subseção pretendemos realizar apontamentos a respeito do

desenvolvimento da Geografia Escolar, nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Iniciamos por salientar a relevância da construção de práticas educativas, voltadas

para o ensino de Geografia, que envolvam a localidade e o cotidiano do estudante.

Entendemos que as práticas educativas, que envolvem a localidade do educando, podem

colaborar com o desenvolvimento de um ensino de Geografia mais significativo e

contextualizado. A presença da localidade no ensino de Geografia é valorizada por Oliveira

(2009, p.174), quando afirma que

no processo de ensino e formação é importante considerar a localidade e a

cidade como objetos de ensino que podem se tornar propostas concretas e ao

mesmo tempo singulares, pois permitem operar com a complexidade que é o

lugar e o cotidiano, temas centrais de caráter geográfico, histórico e social que

são reais, concretos e tangíveis.

Page 48: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

47

A produção de práticas educativas singulares e voltadas para a localidade do

educando colabora com a construção da leitura de mundo e com a reflexão sobre a realidade

que o cerca, pois assim como afirma Almeida (1991, p.34) “o aluno deve partir da

identificação dos elementos observados, assim poderá, depois, questionar a ocorrência desses

elementos em sua localidade.”.

Entendemos que, ao observar, questionar e refletir a respeito dos elementos, presentes

em sua realidade, o estudante estará construindo sua leitura de mundo. Kaercher (1998, p.14)

aponta que “é preciso exercitar nossos alunos a escreverem, lerem e dizerem as suas palavras

em sala de aula e nas aulas de Geografia. [...] Falo de ler o mundo, a partir de suas

realidades”. Ao trabalharmos com a Geografia Escolar, de maneira contextualizada, podemos

instrumentar os estudantes para a compreensão da realidade que os cerca.

Consideramos que as práticas que envolvem a localidade proporcionam subsídios para

o desenvolvimento da leitura do mundo e para o desenvolvimento de práticas voltadas para a

cidadania. Segundo Callai (2005, p.228) “a leitura do mundo é fundamental para que todos

nós, que vivemos em sociedade, possamos exercitar nossa cidadania”.

Entendemos que ler o mundo “significa compreender aquelas informações que estão

no cotidiano das pessoas, entendendo o significado das formas que desenham as paisagens.”

(CALLAI, 2013, p.14). As práticas educativas, que contemplam o ensino de Geografia, e que

envolvem a localidade do educando, podem colaborar, ainda, para que o estudante

compreenda a realidade que o cerca, Straforini (2004, p.29) acrescenta que “compreender a

realidade significa pensar criticamente sobre ela.”.

Segundo Callai (2005, p.228) a construção da leitura do mundo, pode ser considerada

como o papel central da Geografia na escola.

Ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens

que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na

busca da sua sobrevivência e da satisfação das suas necessidades. Em

linhas gerais, esse é o papel da geografia na escola. Refletir sobre as

possibilidades que representa, no processo de alfabetização, o ensino

de geografia, passa a ser importante para quem quer pensar, entender

e propor a geografia como um componente curricular significativo.

Para a construção e o desenvolvimento de práticas educativas que contemplem as

noções e os conceitos geográficos, diversas estratégias de ensino podem ser utilizadas. Assim

como já apontamos, o ensino da Geografia caminhou, no Brasil, na maioria das vezes, sendo

Page 49: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

48

desenvolvido por meio de estratégias de ensino tradicionais. Tais estratégias consistiam em

decorar nomes de Estados, rios e capitais, depositando nessas ações a intenção de construção

de uma identidade nacional.

Algumas dessas estratégias de ensino, que já deveriam ter sido superadas, caminham

com o ensino de Geografia, no Brasil, até os dias atuais. A Geografia Tradicional prioriza

decorar, pintar e repetir conceitos. Entendemos como ideal que o estudante, com a mediação

do professor, construa os conceitos geográficos. Segundo Callai (2005, p.211) “pensar a

geografia como uma disciplina que ensina a memorizar informações soltas é uma ideia

equivocada. Por isso construir a ideia de espaço na sua dimensão cultural, econômica,

ambiental e social é um grande desafio da geografia, e da geografia escolar.”.

A autora Cavalcanti (1998, p.132) expõe a problemática envolvida na manutenção da

estratégia educacional tradicional do seguinte modo:

A memorização induzida na geografia não é uma memorização

desejada pelo aluno, pode-se dizer mesmo que é uma memorização

forçada. O aluno, em geral, não quer decorar fatos, nomes da

geografia, não porque ele não quer decorar nenhuma informação, mas

porque ele não é mobilizado para as informações da geografia.

Para que a Geografia Escolar supere os processos educacionais mecanizados e de

memorização, precisamos transformar as concepções teórico-metodológicas. Tais

transformações devem se voltar para a construção coletiva do conhecimento e para a leitura

de mundo. A respeito de tal superação Callai (2005, p.231) explicita que

Para romper com a prática tradicional da sala de aula, não adianta

apenas a vontade do professor. É preciso que haja concepções teórico-

metodológicas capazes de permitir o reconhecimento do saber do

outro, a capacidade de ler o mundo da vida e reconhecer a sua

dinamicidade, superando o que está posto como verdade absoluta. É

preciso trabalhar com a possibilidade de encontrar formas de

compreender o mundo, produzindo um conhecimento que é legítimo.

Entendemos que por meio da Educação Geográfica podemos construir uma forma

geográfica de pensar. Tal concepção de ensino pode ser considerada mais ampla, complexa e

significativa para os educandos. As estratégias e procedimentos educacionais podem se voltar

para a reconstrução dos conteúdos, de forma inovadora. A respeito desta perspectiva

metodológica, que supera a tradicional, a autora Castellar (2005, p.220) aponta que:

Page 50: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

49

Pensar pedagogicamente os saberes geográficos numa perspectiva

metodológica e significativa para os alunos implica desenvolver ações

que reestruturem os conteúdos, inovem os procedimentos e

estabeleçam com clareza os objetivos. Desse modo, considera-se que

a prática educativa da construção de conceitos, atitudes e

procedimentos, socialmente, no grupo familiar ou na escola, se faz

considerando o conhecimento prévio do aluno, participando do

processo de aprendizagem.

Para construir com os estudantes os conhecimentos geográficos o professor poderá

desenvolver diversas estratégias de ensino. Com o desenvolvimento de práticas educativas

inovadoras e criativas, o professor poderá construir reflexões que irão contribuir para uma

formação ampla, assim, como afirma Guimarães (2009, p.327), é

por meio de uma prática criativa com as diferentes linguagens, o

professor pode contribuir para que o aluno se aproprie de bens

culturais essenciais para a sua formação. Esse é um dever da escola e

particularmente, dos professores de Geografia.

A utilização de diferentes linguagens, no desenvolvimento das práticas educativas,

voltadas para o ensino de Geografia, também é valorizada pela autora Castelar (2011, p.123),

quando afirma que “a possibilidade de utilizar diferentes linguagens proporciona aos alunos

meios para compreender os fenômenos do espaço geográfico.”.

A respeito das diferentes linguagens, podemos destacar a linguagem cartográfica.

Entendemos que a Cartografia Escolar, entendida como linguagem, poderá estar presente nas

práticas, que denominamos inovadoras e criativas. A Cartografia Escolar poderá voltar-se

para a localidade do estudante, por exemplo, em uma proposta de oficina de mapas do bairro.

Com o desenvolvimento desta oficina diversas reflexões poderão ser construídas, como as que

envolvem o tema da coleta seletiva, da arborização, dos rios que perpassam o bairro, dentre

outras. Segundo Almeida e Passini (1999, p.14) o processo de aquisição da linguagem

cartográfica é um “meio de se instrumentalizar o sujeito para desvendar o mundo.”.

Consideramos a Cartografia Escolar como uma linguagem, não apenas como uma

técnica ou conteúdo específico. Cavalcanti (2010, p.9) aponta que “No processo de

alfabetização cartográfica, a cartografia aparece não apenas como técnica ou tópico de

conteúdo, mas como linguagem, com códigos, símbolos e signos. Essa linguagem precisa ser

aprendida pelo aluno para que ele possa se inserir no processo de comunicação.”.

Page 51: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

50

A Cartografia Escolar, também, enfrenta desafios, como o de ter que superar as

concepções educacionais voltadas para a mecanização e memorização. Pois, assim como

afirma Oliveira (2011, p.14) “o ensino da linguagem cartográfica na escola limita-se muitas

vezes em atividades de pintar, colorir, copiar, decalcar mapas, muito distante da possibilidade

de transformar os mapas escolares num instrumento para a construção de conhecimentos.”.

Ressaltamos que, o desenvolvimento da linguagem cartográfica, pode ser fundamental

para a superação das práticas educativas, mecânicas e descontextualizadas. Tais práticas

podem colaborar para que o estudante compreenda a realidade de maneira ampla e em suas

múltiplas dimensões, como a ambiental, política e socioeconômica. Sobre esta superação e a

respeito das possibilidades inovadoras no ensino de Geografia, Castellar (2005, p.221) afirma

que

O mais difícil da prática docente é provocar a dialética entre o

conhecimento cotidiano e o conhecimento acadêmico,

potencializando-se assim novos conhecimentos, em um processo no

qual os objetivos conjuguem conceitos, esquemas e experiências para

garantir uma aprendizagem sólida e significativa, sem diminuir ou

aligeirar conteúdos. Por isso pensar uma Educação Geográfica

significa superar as aprendizagens repetitivas e arbitrárias e passar a

adotar práticas de ensino que invistam nas habilidades: análises,

interpretações e aplicações em situações práticas; trabalhar a

cartografia como metodologia para a construção do conhecimento

geográfico, a partir da linguagem cartográfica; analisar os fenômenos

em diferentes escalas; compreender a dimensão ambiental, política e

socioeconômica dos territórios.

Temos como objetivo formar estudantes capazes compreender a realidade que os

cerca, em suas múltiplas dimensões. Entendemos que tal compreensão está intimamente

ligada à uma formação crítica. O estudante deve ser capaz de refletir criticamente a respeito

do seu entorno, das relações ali presentes, enfim, realizar uma leitura plena do mundo.

Concomitante com este propósito Straforini (2004, p.151) aponta que “A Geografia

necessariamente, deve proporcionar a construção de conceitos que possibilitem ao aluno

compreender o seu presente e pensar o futuro com responsabilidade, ou ainda, preocupar-se

com o futuro através do inconformismo com o presente.”.

Entendemos que as práticas educativas, voltadas para o ensino de Geografia, podem

subsidiar o sujeito na construção da leitura do mundo e na construção da sua compreensão

plena da realidade que o cerca. Consideramos que o professor tem um papel central para o

Page 52: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

51

desenvolvimento de tais práticas. Para que o professor planeje e desenvolva a Geografia

Escolar, a partir dos ideais apresentados, é necessário que ele possa contar com uma formação

que contemple tais aspectos.

Em nossa investigação nos voltamos para formação inicial de professor. Estudamos

qual o “lugar” do ensino de Geografia, nos cursos de Pedagogia, nas universidades estaduais

paulistas. O autor Oliveira (2011, p.17) valoriza tal campo de pesquisa, quando aponta que

“As leituras sobre formação e pensamento de professores destacam que os saberes docentes

constituem um campo novo para a pesquisa, pouco explorado nas áreas específicas do

currículo escolar.”. O mesmo autor aponta a formação de professores como um caminho

promissor para a superação dos desafios da Geografia Escolar.

Acreditamos que uma adequada formação docente tanto

nos cursos de Pedagogia – que formam professores para

os anos iniciais, quando nas Licenciaturas de Geografia

[...] é um caminho promissor para o desenvolvimento de

uma “revolução cartográfica”. (OLIVEIRA, 2011, p.

170).

Lastória (2009, p. 309) aponta a formação de professores como um elemento

fundamental para o desenvolvimento das práticas educativas voltadas para o ensino de

Geografia. Tal autora afirma que

[...] os processos de formação inicial e continuado de professores

devem ser pensados tendo em vista [...] tanto conceitos específicos

das diversas áreas do conhecimento (entre elas a Geografia) como os

pedagógicos (referente ao campo da Didática) e os pedagógicos do

conteúdo (referente aos campos das Didáticas Específicas) para

poderem relacioná-los e interpretá-los perante os desafios das práticas

escolares.

Nesta seção nos dedicamos a apontar aspectos da Geografia Escolar, discutimos a

respeito dos marcos históricos relacionados ao ensino de Geografia, apresentamos o panorama

curricular educacional para os anos iniciais do Ensino Fundamental no Estado de São Paulo, e

nesta última subseção, construímos reflexões em torno das práticas educativas e da formação

de professores.

Page 53: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

52

Refletimos a respeito de aspectos da Geografia Escolar, por considerarmos que tal

componente curricular é fundamental para a formação dos estudantes. O que nos motivou,

também, a investigar como seu ensino está sendo tratado nos cursos de Licenciatura em

Pedagogia das IES públicas estaduais paulistas.

Page 54: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

53

3 DESENVOLVIMENTO METODOLÓGICO DA PESQUISA

Nossa investigação desenvolveu-se tendo em vista os princípios da pesquisa

qualitativa. Segundo as autoras Lüdke e André (1986), o que vai determinar a escolha da

metodologia é a natureza das indagações. Retomamos, então, nossas questões e indagações:

Será que o “lugar” da Geografia está “assegurado” nos currículos, dos cursos de Pedagogia,

das IES públicas estaduais paulistas? Se sim qual é esse lugar?

Para investigar o currículo dos cursos de Pedagogia, optamos por realizar uma

investigação qualitativa de caráter documental. Dessa forma iremos contemplar o nível formal

do currículo, das IES públicas estaduais paulistas.

Iniciamos por apresentar concepções de “pesquisa qualitativa”. O autor Moreira

(2002) aponta as características dessa metodologia, apresentando um sumário com seis itens,

não pretendendo esgotá-las. Para o referido autor, a pesquisa qualitativa inclui: 1) A

interpretação como foco. Nesse sentido, há um interesse em interpretar a situação em estudo

sob o olhar dos próprios participantes; 2) A subjetividade é enfatizada. Assim, o foco de

interesse é a perspectiva dos informantes; 3) A flexibilidade na conduta do estudo. Não há

uma definição a priori das situações; 4) O interesse é no processo e não no resultado. Segue-se

uma orientação que objetiva entender a situação em análise; 5) O contexto como intimamente

ligado ao comportamento das pessoas na formação da experiência; e 6) O reconhecimento de

que há uma influência da pesquisa sobre a situação, admitindo-se que o pesquisador também

sofre influência da situação de pesquisa.

Acrescentamos a concepção de pesquisa qualitativa apresentada por Bogdan e Biklen

(1994). Os autores fazem as seguintes considerações: 1) A fonte direta de dados é o ambiente

natural e o investigador é o instrumento principal, pois o entendimento que este tem dos dados

recolhidos é o instrumento-chave de análise. 2) A investigação qualitativa é descritiva. A

palavra escrita assume importância particular tanto no recolhimento dos dados como na

disseminação dos resultados. Nada é desconsiderado pelo investigador e tudo que ocorre no

ambiente de estudo pode ser um caminho para entender melhor o objeto de estudo. 3) O

processo é mais valorizado que os resultados. 4) Os investigadores utilizam métodos de

Page 55: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

54

análise indutiva. Utilizam o estudo para perceber quais são as questões mais significativas e

somente após a coleta de dados e passar determinado tempo com os sujeitos, estes dados vão

se agrupando e se construindo. São elencados em categorias principais e subcategorias para

permitir ao pesquisador uma sequência lógica e detalhamento dos dados encontrados. 5) O

significado é de vital importância e precisa ser apreendido pelos pesquisadores.

Consideramos que a abordagem qualitativa é a escolha mais adequada para a nossa

investigação.

Sobre a análise documental as autoras Sá-Silva et al. (2009, p.8) afirmam que se trata

de “um procedimento que se utiliza de métodos/técnicas para a apreensão, compreensão e

análise de documentos dos mais variados tipo”. Para as autoras é fundamental “usar de cautela

e avaliar adequadamente, com um olhar crítico, a documentação que se pretende fazer

análise.”.

A análise documental pode ser uma fonte rica para a leitura da realidade, pois os dados

obtidos surgem de forma contextualizada e podem fornecer informações relevantes. Ludke e

André (1986, p.39) caracterizam os “documentos” no contexto da pesquisa educacional como

[...] uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que

fundamentam afirmações e declarações do pesquisador. Representam ainda

uma fonte “natural” de informação. Não são apenas uma fonte de

informação contextualizada, mas surgem num determinado contexto e

fornecem informações sobre esse mesmo contexto.

Em nossa investigação estudamos os Projetos Políticos Pedagógicos – PPPs das IES

públicas estaduais paulistas e os programas de ensino dos componentes voltados para o ensino

de Geografia, das mesmas instituições.

Consideramos os PPPs documentos fundamentais para a compreensão dos cursos de

graduação. Eles explicitam os princípios e propósitos das licenciaturas. Esses documentos

expõem como é planejada a prática pedagógica para os referidos cursos. O ideal é que o PPP

seja produto de um trabalho reflexivo e investigativo, que deve envolver toda a equipe

institucional. Caso seja elaborado de forma participativa, consciente e reflexiva, o PPP poderá

ser um facilitador do desenvolvimento e da organização do curso, possibilitando avanços no

trabalho educativo (VASCONCELOS, 2008). Está assegurado por lei o acesso a tais

documentos, pois segundo a LDB 9394/96 em seu artigo 53, as Instituições de Ensino

Page 56: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

55

Superior devem “fixar os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes

gerais pertinentes”. (1996).

Coletamos e organizamos os PPP´s das universidades públicas estaduais paulistas, são

ao total nove (9) cursos de Licenciatura em Pedagogia das seguintes instituições (e as

respectivas datas de sua elaboração).

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Instituto de Biociências,

Letras e Ciências Exatas - São José do Rio Preto - 2001 (atualizado em 2008).

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências -de

Bauru - 2006.

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e

Letras - Araraquara - 2007 (contém um termo de adequação datado de 2015).

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Filosofia e

Ciências - Marília – 2007.

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Instituto de Biociências -

Rio Claro – 2011.

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e

Tecnologia - Presidente Prudente - 2011.

Universidade de São Paulo – Faculdade de Educação – São Paulo - 2012.

Universidade de São Paulo – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão

Preto – Ribeirão Preto - 2013.

Universidade Estadual de Campinas – Faculdade de Educação - Campinas - 2015.

Entendemos que o PPP está diretamente relacionado ao currículo oficial de uma

Instituição de Ensino Superior. As reflexões sobre currículo envolvem fatores políticos,

econômicos, sociais, culturais e educacionais, pois assim como afirma Sacristán (1998, p.61),

o currículo: “É expressão do equilíbrio de interesses e forças que gravitam sobre o sistema

educativo num dado momento, enquanto que através dele se realizam os fins da educação no

ensino escolarizado.”. Neste sentido, os apontamentos sobre os diversos contextos que podem

estar presentes na construção dos documentos. As circunstâncias históricas e sociais são

elementos importantes na construção dos PPPs. Os autores Bodgan e Biklen (1994, p.48)

apontam que: “Quando os dados em causa são produzidos por sujeitos, como no caso de

registros oficiais, os investigadores querem saber como e em que circunstâncias é que eles

foram elaborados. Quais circunstâncias históricas e movimentos de que fazem parte?”.

Page 57: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

56

Para finalizar, apontamos que em uma investigação científica o processo metodológico

é “artesanal” e varia de acordo com o objeto de pesquisa e seu contexto (AZANHA, 1992).

3.1 A ORIGEM DAS QUESTÕES DE PESQUISA

O surgimento das nossas questões de pesquisa está relacionado com as reflexões que

foram, e continuam sendo construídas, nos encontros do grupo ELO. Nossa participação no

referido grupo percorreu o seguinte caminho: durante a graduação do curso de Licenciatura

em Pedagogia frequentávamos os encontros do grupo, concomitantemente realizávamos

investigações de iniciação científica com temas relacionados ao ensino de Geografia.

Concluímos o curso de graduação e continuamos nossa participação no grupo. Atuando,

também, como professora dos anos iniciais, pesquisadora e estudante de pós-graduação

(mestrado em Educação.).

Ddurante a Licenciatura em Pedagogia, realizávamos estágios supervisionados, em

diferentes disciplinas da graduação, como por exemplo, Didática I e II, Ação Pedagógica

Integrada (API) - I e II, Educação Infantil e Gestão Escolar. Nesses primeiros contatos com a

escola pública, tanto na rede municipal de ensino quanto na rede estadual paulista, nos

deparamos com uma situação que nos chamou muito a atenção. Nas observações realizadas

pudemos detectar uma redução ou até mesmo ausência da disciplina de Geografia, nos anos

iniciais do Ensino Fundamental. Nossa observação foi partilhada com o Grupo ELO. Nas

reuniões levantamos hipóteses para a ocorrência dessa situação. Tais hipóteses envolviam as

atuais políticas públicas de ensino, a organização curricular paulista e, também, aspectos

relacionados à formação inicial de professores para os anos iniciais.

O grupo levantou, ainda, questionamentos em torno das avaliações externas de larga

escala, por exemplo, o SARESP. Tais avaliações são pautadas pelas áreas de Língua

Portuguesa e Matemática. Levantamos a possibilidade dos conteúdos dessas avaliações

estarem influenciando as práticas educativas desenvolvidas, e por esses conteúdos não

contemplarem diretamente a Geografia, a referida área do conhecimento ficava prejudicada.

Nossas questões de pesquisa surgiram a partir desses contextos, por nós vivenciados.

Envolveram, portanto, a compreensão de como a Geografia é tratada nos currículos oficiais

Page 58: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

57

para a formação inicial de professores dos anos iniciais. Será que o “lugar” do ensino de

Geografia está “assegurado” nos currículos das Instituições de Ensino Superior - IES

públicas estaduais paulistas? Se sim qual é esse lugar? Nossa investigação buscou elucidar

“como” a Geografia está presente nos currículos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, na

modalidade presencial de ensino.

Nosso trabalho investiga como a Geografia, na condição de componente curricular, é

proposta nos currículos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia. Diante do exposto,

apontamos que o nosso objetivo principal é: identificar como os componentes

curriculares, voltados para o ensino de Geografia estão propostos no currículo formal,

dos cursos de Licenciatura em Pedagogia (presenciais) das universidades públicas

estaduais paulistas.

Nossos três objetivos específicos são: analisar os Projetos Políticos Pedagógicos –

PPPS dos cursos de Licenciatura em Pedagogia das universidades selecionadas,

considerando os aspectos relacionados ao ensino de Geografia; Identificar como as

metodologias de ensino são tratadas nas propostas curriculares e identificar o “lugar”

da Geografia nesse contexto; analisar as ementas das disciplinas que envolvem o ensino

de Geografia, reconhecendo as variações de suas nomenclaturas, os temas mais

abordados, dentre outros.

3.2 DELIMITAÇÃO DO ESPAÇO DE INVESTIGAÇÃO

Nossa investigação optou por estudar as universidades públicas estaduais do Estado de

São Paulo. Optamos pelas universidades do referido Estado, pois nele estamos situadas,

conhecemos e convivemos com suas problemáticas educacionais.

Salientamos que a escolha por investigar Instituições de Ensino Superior - IES

públicas está relacionada ao fato de pertencermos à tal formato de IES. Estudamos durante a

graduação e, também, na Pós-Graduação (Mestrado em Educação) em uma universidade

pública do Estado de São Paulo. Evidenciamos tal fato para explicitar que nossa escolha está

relacionada com um compromisso estabelecido durante nossa formação, que consiste em,

Page 59: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

58

colaborar para o crescimento das investigações que visam contribuir com a formação de

professores nas universidades públicas paulistas.

A nossa opção pela modalidade de ensino presencial dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia justifica-se pela impossibilidade da pesquisa envolver, também, os cursos na

modalidade de Ensino a Distância (EAD). Entendemos que ao focalizarmos nos cursos

presenciais, um segmento importante e representativo está assegurado. Trata-se de uma

modalidade de ensino, tradicionalmente, reconhecida no Brasil e que carece desse tipo de

estudo.

3.3 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Em nossa investigação contemplamos 9 (nove) instituições de ensino, em 8 delas

encontramos o PPP disponível para download no site da universidade. Na instituição em que

o documento não se encontrava no site enviamos uma mensagem, via correio eletrônico,

solicitando o documento. Obtivemos a resposta rapidamente e nela estava em anexo o

documento que foi solicitado.

Realizamos, também, o contato, via correio eletrônico, com os demais coordenadores

dos cursos das instituições estudadas, com o intuito de confirmar se o documento disponível

no site da universidade era de fato a versão mais recente, atualizada e vigente do Projeto

Político Pedagógico. Tendo em vista as 9 (nove) instituições, obtivemos resposta de 7 (sete).

Em apenas 1 (uma) das respostas, nos foi encaminhado um outro documento. Neste caso o

que estava disponível no site não era o documento vigente. Em 2 (duas) das instituições

investigadas, obtivemos a informação de que, no presente momento, a gestão do curso estava

aguardando a aprovação do Conselho Estadual de Educação (CEE), para que um novo PPP

fosse estabelecido.

Em tais documentos foram encontradas as seguintes informações: denominações das

disciplinas obrigatórias que envolvem diretamente o ensino de Geografia; as respectivas

cargas horárias; denominações e cargas horárias das disciplinas optativas que envolvem o

ensino de Geografia, dentre outros, elencamos, também, as denominações e cargas horárias

Page 60: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

59

das disciplinas que envolvem práticas e estágios no Ensino Fundamental e na Educação

Infantil. Além do ano do documento e das indicações sobre a expectativa para a formação do

pedagogo.

Em apenas 3 (três) dos cursos estudados encontramos as ementas dos componentes

curriculares, voltados para o ensino de Geografia, nos presentes dos PPPs. Consideramos que

as ementas são uma informação relevante para nossa investigação, buscamos então, o

documento denominado “programa de ensino” dos referidos componentes curriculares.

Realizamos essa busca via correio eletrônico. Enviamos uma mensagem aos

coordenadores dos cursos estudados, solicitando o programa de ensino da referida disciplina

obrigatória. Os coordenadores, algumas vezes, encaminharam nossa solicitação aos

professores responsáveis pelas disciplinas ou à secretaria do curso. Recebemos a resposta de

todas as instituições estudadas, assim como os documentos solicitados.

Realizamos a leitura e análise dos PPPs e dos programas de ensino, dos componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia. Com as informações obtidas, produzimos 1

(um) gráfico e 11 (onze) quadros, para organizar os dados e proporcionar melhor visualização.

O gráfico e os quadros são analisados na seção “O “lugar” da Geografia nos cursos de

Pedagogia do Estado de São Paulo”.

3.4 PROCEDIMENTOS DESENVOLVIDOS NA ORGANIZAÇÃO DOS DADOS

Pimentel (2001, p.184) afirma que a organização dos dados obtidos deve priorizar “a

leitura segundo critérios da análise do conteúdo, comportando algumas técnicas, tais como

fichamento, levantamento quantitativo e qualitativo de termos e assuntos recorrentes, criação

de códigos para facilitar o controle e manuseio do material em análise”. Tendo em vista tal

proposição construímos 1 (um) gráfico e 11 (onze) quadros.

O gráfico é denominado “Cargas horárias dos componentes curriculares voltados para

o ensino de Geografia”. Ele está localizado em nossa seção de análises.

Os 11 (onze) quadros foram produzidos com as informações obtidas nos PPPs, das

IES públicas do Estado de São Paulo e com os programas de ensino dos componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia são:

Page 61: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

60

QUADRO 5: Indicações sobre as expectativas para a formação do pedagogo

QUADRO 6: Componentes curriculares obrigatórios que envolvem o ensino de Geografia:

denominações e cargas horárias.

QUADRO 7: Componentes curriculares optativos que envolvem o ensino de Geografia:

denominações e cargas horárias.

QUADRO 8: Componentes curriculares que envolvem estágios e práticas no Ensino

Fundamental

QUADRO 9: componentes curriculares que envolvem estágios na Educação Infantil.

QUADRO 10: Ementas dos componentes curriculares que envolvem os conteúdos de

Geografia.

QUADRO 11: Conteúdos programáticos dos componentes curriculares que envolvem os

conteúdos de Geografia.

QUADRO 12: Características do processo de avaliação dos componentes curriculares que

envolvem os conteúdos de Geografia.

QUADRO 13: Estratégias de ensino presentes nos componentes curriculares que envolvem os

conteúdos de Geografia.

QUADRO 14: Objetivos dos componentes curriculares que envolvem os conteúdos de

Geografia.

QUADRO 15: Referenciais bibliográficos recorrentes nos componentes curriculares que

envolvem os conteúdos de Geografia.

Esses quadros estão nos apêndices do nosso trabalho. As informações contidas nos

referidos quadros são analisadas em nossa seção a seguir.

Pelo exposto, na presente seção, destinada à apresentação do percurso metodológico,

apresentamos a nossa escolha pela abordagem qualitativa e pela análise documental.

Destacamos a origem das nossas questões de pesquisa, além, de delimitarmos nosso espaço

investigativo. Explicitamos, também, nossos procedimentos para a coleta e para a organização

dos dados. Retomamos a informação de que o gráfico encontra-se na seção destinada à análise

dos dados e os quadros estão nos apêndices.

Page 62: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

61

4 O “LUGAR” DA GEOGRAFIA NOS CURSOS DE PEDAGOGIA DO ESTADO

DE SÃO PAULO

À luz do referencial teórico estudado realizamos uma análise tendo como base o

levantamento das nomenclaturas, ementas, bibliografias sugeridas, cargas horárias, objetivos,

conteúdos programáticos e as características das avaliações dos componentes curriculares

voltados ao ensino de Geografia das IES investigadas. Esses dados geraram 11 quadros, que

estão nos apêndices desse trabalho.

Construímos análises e reflexões sobre a discrepância encontrada nas cargas horárias,

tanto dos componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia, quanto daqueles

voltados para os estágios supervisionados dos currículos dos cursos de Licenciatura Plena em

Pedagogia.

Refletimos a respeito da importância dos estágios supervisionados na formação do

educador, além de discutirmos sobre os estudos em torno das noções e conceitos geográficos e

da linguagem cartográfica. Nos dedicamos, ainda, a refletir sobre a presença dos principais

documentos do currículo oficial em tais componentes curriculares. Construímos reflexões

sobre a importância das práticas educativas envolverem a localidade e o cotidiano do

estudante. Buscamos, então, saber se tais aspectos têm sido contemplados nos referidos

componentes curriculares. A relação da Geografia com as outras áreas do conhecimento,

também, foi investigada, tendo em vista a importância da interdisciplinaridade nos anos

iniciais e, consequentemente, na formação de professores. Pretendemos, com as análises,

encontrar indícios e respostas para as questões centrais da nossa pesquisa.

Acreditamos que o PPP é uma referência basilar para o planejamento,

desenvolvimento e avaliação dos cursos de Pedagogia, por isso o reputamos como uma

importante fonte nesta investigação documental. Assim, coletamos e analisamos nove PPPs,

documentos pertencentes às IES que são públicas e estaduais paulistas. Os documentos

estudados são os vigentes no ano de 2016, nos cursos de Licenciatura Plena em Pedagogia,

das instituições explicitadas no quadro 5 (Apêndice A).

Dos PPPs estudados, o projeto da Unesp de São José do Rio Preto foi criado em 2001

e atualizado em 2008. O da Unesp de Bauru foi instituído em 2006. Dois documentos são do

Page 63: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

62

ano de 2007, são eles o da Unesp de Araraquara que contém um termo de adequação datado

de 2015 e o da Unesp de Marília. São datados em 2011, o documento da Unesp de Rio Claro

e o da Unesp de Presidente Prudente. O PPP da FEUSP/USP/SP é de 2012. Já o da

FFCLRP/USP de Ribeirão Preto é de 2013. Por fim, contemplamos, também, o documento da

UNICAMP, que é datado em 2015.

Os trechos selecionados no referido quadro (apêndice A) citam aspectos que foram por

diversas vezes mencionados nos PPPs, em seu texto na integra. Tais pontos indicam algumas

das principais expectativas em relação à formação e a futura atuação do pedagogo. No que se

refere a esta última, podemos citar a docência nos anos iniciais do Ensino Fundamental, na

Educação Infantil e as atividades de gestão educacional. Para formar o profissional que irá

atuar nesses âmbitos da Educação, os projetos pedagógicos expõem que pretendem

proporcionar formação teórica e, também, iniciações à prática docente.

Todos os documentos, em algum trecho, reforçam a premissa de que teoria e

prática devem estar presentes na formação do pedagogo. Um exemplo é o da UNESP de

Rio Claro, que em seu PPP, menciona que pretende priorizar “uma sólida formação teórica,

articulando teoria e prática.” (2011, p. 45). Sobre este aspecto Lastória e Assolini (2010, p.

20) salientam que:

“[...] grande parte dos pesquisadores educacionais atuais tem valorizado a

importância da aprendizagem docente estar relacionada à prática

profissional, ou seja, o aprender a ser professor está diretamente relacionado

à aprendizagem pela experiência. Esta aprendizagem se dá em todas as

facetas do contexto escolar, isto é, na sala de aula, nas interações com os

alunos, com os pares e comunidade em geral, dentre outros.”.

Outro ponto que é destacado em todos os PPPs estudados é a intenção de

proporcionar um curso de Licenciatura em Pedagogia que caminhe em direção à

formação de um professor reflexivo. Tal aspecto é apontado, por exemplo, no PPP da

Universidade de São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,

quando explicita no trecho: “A formação inicial [...] do pedagogo possibilita o

desenvolvimento do disciplinamento necessário à reflexão individual e coletiva essencial para

uma prática reflexiva e transformadora.”. (p.18). Tendo em vista a construção dessas

reflexões pelos docentes, Libâneo (2001, p.124) nos afirma que “O desenvolvimento da

ciência pedagógica e a reflexão teórica sobre a problemática educativa na sua

multidimensionalidade, [...] seria o pressuposto para a reconfiguração da identidade

profissional dos professores.”.

Page 64: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

63

Explicitadas quais são as IES investigadas, a data de instituição dos PPPs e as

indicações de expectativas para a formação do pedagogo, contidas nestes documentos,

passemos agora a uma análise mais detida sobre o “lugar” ocupado pela Geografia nos cursos

pesquisados.

Esclarecemos que, em todos os documentos investigados, encontramos, nos

fluxogramas, componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia. Adiantamos

que estes serão analisados em momento posterior, mas, para já, verificaremos se há referência,

nos PPPs, ao ensino de Geografia, fora do fluxograma dos componentes curriculares, ou seja,

no texto integral dos documentos.

Encontramos a inserção da Geografia nos PPPs de diversas maneiras e abordando

diferentes aspectos da formação docente. Em nenhuma das instituições investigadas a

Geografia é encontrada apenas no fluxograma dos componentes curriculares.

Em duas das IES investigadas, sendo elas a USP de Ribeirão Preto e a UNESP de

Presidente Prudente, a Geografia é destacada no planejamento de práticas de estágios. Como

descreve o trecho do PPP do curso de Pedagogia da USP de Ribeirão Preto (2013, p. 21):

Os componentes curriculares da disciplina-estágio Ação Pedagógica

Integrada – Ensino Fundamental II referem-se ao ensino de História,

Geografia e Ciências. Também nesta disciplina atuam dois docentes e uma

educadora responsável. A proposta de estágio tem também cunho

investigativo e propositivo, culminando com a produção de relatórios finais.

Na Unesp de Presidente Prudente, as práticas de estágio que envolvem a Geografia são

destacadas no seguinte trecho:

[...] quanto ao Ensino Fundamental observamos que as oito disciplinas

metodológicas que sustentam essa formação iniciavam no 1° Semestre do 2°

ano (Metodologia de Artes) e a realização do seu respectivo estágio estava

prevista apenas para o 4° ano. De forma semelhante ocorre com outras

quatro metodologias, ou seja, as disciplinas: Conteúdos, Metodologia e

Prática de Ensino de Geografia I e II; Conteúdos, Metodologia e Prática de

Ensino de Ciências I e II; Conteúdos, Metodologia e Prática de Ensino de

História I e II; e, Conteúdos, Metodologia e Prática de Ensino de Educação

Física I e II que são cursadas no 3° Ano (5° e 6° termos) e seu respectivo

estágio realizado somente no ano seguinte (4° ano). (2011, p.4).

Sobre este aspecto, concordamos com as autoras Silva e Lastória (2013, p.88) que

defendem a ideia de que “[...] para aprender a ensinar é preciso desenvolver a prática

Page 65: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

64

pedagógica, ou melhor, é fundamental aprender pela experiência que o estágio pode propiciar

nos processos de formação inicial.”.

Compartilhamos da ideia de que os estágios supervisionados na formação do

pedagogo não são apenas uma mera apropriação do caráter prático, mas sim, um momento de

reflexão crítica e intervenção na realidade. Assim como afirmam Pimenta e Lima (2011, p.45)

sobre a atividade de estágio “[...] instrumentalizadora da práxis docente, entendida esta

atividade de transformação da realidade. Nesse sentido, o estágio curricular é atividade teórica

de conhecimento, fundamentação, diálogo e intervenção na realidade [...].”.

Abordemos agora uma das questões levantada pelas autoras Silva e Lastória (2013,

p.45) “é possível passar pela experiência do estágio através da pesquisa?”, para responder tal

questão as autoras compartilham da ideia de Pimenta e Lima (2011) quando dizem que “A

pesquisa no estágio é um estratégia, um método, uma possibilidade de formação do estagiário

como futuro professor. Ela pode ser também uma possibilidade de formação e

desenvolvimento dos professores da escola na relação com os estagiários.” (p.46).

Concordamos com as autoras e, também, entendemos a pesquisa como um valioso momento

de formação para os professores.

Os pedagogos em formação podem se envolver com a pesquisa por diversos meios

durante o curso de graduação em Pedagogia. Ao buscarmos a inserção da Geografia nos PPPs,

encontramos também possibilidades para a pesquisa na referida área do conhecimento. O

documento da UNESP de Presidente Prudente explicita suas linhas de pesquisa, e uma das

citadas é “O ensino de conhecimentos específicos: literatura, geografia, matemática,

alfabetização.” (2011, p.22). No documento da FEUSP encontramos referência aos

laboratórios de pesquisa e extensão presentes na universidade e que se relacionam com o

curso de Licenciatura em Pedagogia, um dos citados envolve a Geografia, é o “Laboratório de

Ciências Humanas e Meios de Condução de Trabalhos Práticos e Similares”, ele é

caracterizado como um espaço que:

Desenvolve projetos com alunos de graduação e pós-graduação no sentido

de introduzi-los na pesquisa sobre ensino e aprendizagem das disciplinas.

Nos últimos anos, os principais projetos desenvolvidos estiveram

relacionados à produção de materiais didáticos para o ensino de História e de

Geografia, a interdisciplinaridade em educação ambiental. (p.37).

O envolvimento e a colaboração com o desenvolvimento de pesquisas, durante a

formação inicial, pode proporcionar ao graduando uma bagagem teórica e reflexiva muito

Page 66: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

65

valiosa. Essa experiência investigativa e reflexiva poderá influenciá-lo como docente, além de

colaborar para um olhar crítico para as ações educacionais desenvolvidas. Nesse sentido a

autora André (1996, p.104), ao refletir sobre seu papel como formadora de professores afirma

que:

[...] um aspecto fundamental é tomar a pesquisa como um ponto de partida

para empreender o que chamo de ‘garimpo teórico’, ou seja, um esforço de

reflexão e de análise dos aspectos críticos da realidade, e a partir daí

garimpar a literatura educacional para fundamentar as leituras desses

aspectos críticos. [...] Acredito que ao desenvolver junto aos alunos essa

atividade de reanálise da prática escolar e de reflexão sobre o processo de

pesquisa, eu os estou preparando para se tornarem leitores críticos da própria

prática.

A leitura crítica a respeito da própria prática educacional é um procedimento que pode

ser elaborado durante a graduação. O estudante poderá refletir sobre as intervenções

realizadas no momento do estágio. Muitas das IES estudadas citam que ao final dos estágios

tem, como estratégia de avaliação, a solicitação de relatórios. Ao produzirem relatórios, sobre

as práticas de estágios, os estudantes estão tendo a oportunidade de revisitar os momentos em

sala de aula, com um olhar crítico e reflexivo. Esta pode ser uma maneira de demonstrar ao

estudante que a leitura reflexiva sobre a própria prática é fundamental para o trabalho docente.

Nos PPPs estudados, ao buscarmos a presença da Geografia, encontramos três

importantes espaços que a asseguram no currículo formativo. A saber: identificamos sua

presença em linhas de pesquisa que envolvem o seu ensino, nas práticas de estágio

supervisionado e nas citações que explicitam os referenciais teóricos que embasam o

currículo e a atuação docente nos anos iniciais e na Educação Infantil. Como exemplo das

citações, o documento do curso de Pedagogia da Unesp de São José do Rio Preto cita que “As

atribuições inerentes ao exercício profissional : aplicar modos de ensinar diferentes

linguagens: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia, Artes, Educação

Física, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes fases do desenvolvimento humano;”.

Tal trecho está diretamente explicitado nas Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia,

quando expõe sobre o papel do pedagogo.

A interdisciplinaridade presente no trecho citado no parágrafo anterior, é também,

valorizada por Pontuscka et al (2009, p.145), que afirmam que “A interdisciplinaridade pode

criar novos saberes e favorecer uma aproximação maior com a realidade social mediante

leituras diversificadas do espaço geográfico e de temas de grande interesse e necessidade para

o Brasil e para o mundo.”.

Page 67: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

66

A interdisciplinaridade é novamente contemplada quando aparece como uma das

propostas da ementa do componente curricular “Conteúdos e Metodologia do Ensino de

Geografia” do curso de Licenciatura em Pedagogia, da Unesp de Bauru (2006, p.2). A saber:

A disciplina pretende, ainda, subsidiar o futuro professor no que diz respeito

ao planejamento, execução e avaliação das atividades de ensino e

aprendizagem de Geografia. As atividades didáticas da disciplina estarão

relacionadas interdisciplinarmente com os demais Eixos e com a Prática

Pedagógica, Eixo Articulador do Curso.

Identificamos que, a Geografia aparece nos PPPs estudados, para além do

fluxograma dos componentes curriculares, quando são propostos os estágios

supervisionados, as linhas de pesquisa, os laboratórios de estudos e pesquisa, os

conteúdos a serem trabalhados no ensino fundamental e a interdisciplinaridade.

Esclarecemos que, para compor as fontes de análise documental desta pesquisa,

visando auxiliar na compreensão das questões levantadas por esta investigação, incluímos

também os documentos denominados “programas de ensino” dos componentes curriculares

voltados para o ensino da Geografia das IES estudadas. Os “programas de ensino” foram

documentos fornecidos pela coordenação dos cursos, que contém informações específicas

sobre os referidos componentes curriculares. As informações encontradas nestes programas

referem-se ao planejamento, carga horária, ementa, objetivos, conteúdos programáticos,

estratégias de ensino, procedimentos de avaliação e referencial bibliográfico.

Dedicamo-nos à leitura destes documentos, e um dos aspectos analisados foi a carga

horária dos componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia. Consideramos que

o tempo destinado pelos cursos de Pedagogia para o trabalho com as noções e conceitos

geográficos é uma informação relevante e que colabora para o conhecimento e compreensão

do “lugar” ocupado pela Geografia nos cursos de Licenciatura em Pedagogia.

Levantamos e analisamos as cargas horárias voltadas para o ensino de Geografia, Com

tais informações elaboramos o gráfico 1, cujo título é “Cargas horárias dos componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia”. A ideia é proporcionar uma melhor

visualização da diversidade de cargas horárias nos cursos de Pedagogia selecionados.

Page 68: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

67

Fonte: Thais A. C. de Azevedo (2016)

Ao analisarmos as cargas horárias dos componentes curriculares voltados para o

ensino de Geografia nos deparamos com uma variedade considerável entre os cursos

estudados. A menor carga apresentada é de 60 horas (divididas entre História e Geografia),

FFCLRP/USP e FE/UNICAMP. A maior é de 105 horas na UNESP de Presidente Prudente,

destinadas exclusivamente para Geografia.

Destacamos que as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em

Pedagogia apontam que a Geografia deverá ser trabalhada durante a referida licenciatura. Tal

obrigatoriedade é exposta em seu Art 5º, quando explicita que: “O egresso do curso de

Pedagogia deverá estar apto a: [...] VI - ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências,

História, Geografia, Artes, Educação Física, de forma interdisciplinar e adequada às diferentes

fases do desenvolvimento humano.” (BRASIL, 2006, p. 2.).

Page 69: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

68

Em alguns dos componentes curriculares estudados detectamos que as áreas de

História e Geografia encontram-se reunidas. Dentre os nove cursos de Pedagogia

investigados, quatro apresentam componentes curriculares que reúnem as áreas de História e

Geografia. São eles: Escola e Conhecimento de História e Geografia/UNICAMP,

Metodologia do Ensino de História e Geografia/FFCLRP/USP, Conteúdo, Metodologia e

Prática de Ensino de História e Geografia/UNESP/ARARAQUARA e Conteúdos,

Metodologias e Práticas de Ensino: História e Geografia/UNESP/MARÍLIA. Portanto, as IES

que possuem componente curricular exclusivo para o ensino da Geografia são: Metodologia

do Ensino de Geografia/FEUSP, Conteúdos e Metodologia do Ensino de Geografia/

UNESP/BAURU, Conteúdos e Metodologia de Geografia/UNESP/SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO, Conteúdo, Metodologia do Ensino de Geografia/UNESP/RIO CLARO e Conteúdo,

Metodologia e Prática de Ensino de Geografia I e II/ UNESP/PRESIDENTE PRUDENTE.

Partilhamos da ideia que, o ensino da Geografia e o da História, estão intimamente

ligados. Relacionar os conhecimentos geográficos aos históricos pode enriquecer a prática

educativa e torná-la mais contextualizada. Entendemos tal ação como interdisciplinar, e

iniciamos nossa reflexão sobre tal aspecto, apontando a definição de Garruti e Santos (2004,

p.66), que conceituam interdisciplinaridade como: “[...] a integração de dois ou mais

componentes curriculares na construção do conhecimento, [...] como uma forma de superar a

visão fragmentada da produção de conhecimento e de articular as inúmeras partes que

compõem os conhecimentos da humanidade.”.

Concordamos que, devemos buscar a superação da forma fragmentada de ensino,

construindo práticas educativas que caminhem para a leitura e compreensão do mundo. Para

tal desenvolvimento, devemos contemplar os conhecimentos de modo contextualizado e

amplo, o que nos faz esbarrar na interdisciplinaridade, pois assim como afirma Pontuschka,

Paganelli e Cacete (2009, p. 145) “A interdisciplinaridade pode criar novos saberes e

favorecer uma aproximação maior com a realidade social mediante leituras diversificadas do

espaço geográfico e de temas de grande interesse e necessidade para o Brasil e para o

mundo.”.

No caso, dos componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia, estudados

nessa investigação, em cindo deles, estamos diante de uma união de duas grandes áreas do

conhecimento, são elas: o ensino da História e da Geografia. Entendemos que, para que essa

Page 70: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

69

união possa contribuir como uma sólida formação de professores é importante pensar

interdisciplinarmente. Sobre esse ponto Andrade (1998, p.97) ressalta que:

Se quisermos avançar para um currículo interdisciplinar, temos que começar

a pensar interdisciplinarmente, isto é, ver o todo, não pela simples somatória

das partes que o compõem, mas pela percepção de que tudo está em tudo,

tudo repercute em tudo, permitindo que o pensamento ocorra com base no

diálogo entre as diversas áreas do saber.

O diálogo, entre as áreas do conhecimento, é um aspecto central para a construção da

interdisciplinaridade. Esta concepção, de interdisciplinaridade, onde o diálogo entre áreas do

conhecimento tem papel de destaque, pretende desenvolver o conhecimento de maneira mais

ampla e menos fragmentada. Tal concepção se contrapõe à proposta que apenas divide o

tempo das aulas entre os conteúdos específicos.

Não temos como afirmar quais são as concepções de interdisciplinaridade presentes

nos componentes curriculares estudados. Ou seja, em nossa investigação, temos cinco dos

componentes curriculares voltados para a Geografia, que também são voltados para a História

e por desenvolvermos uma investigação documental não temos como realizar afirmativas a

respeito do trato dado para essa união.

Entendemos que, o diálogo da Geografia com as outras áreas do conhecimento,

inclusive com a História, é perfeitamente possível, e pode viabilizar melhorias para as práticas

educativas. Assim como afirma Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009, p. 143):

A Geografia, no desenvolvimento de seus conceitos e na maneira de

produzir, ensinar e relacionar-se ou não com seus próprios ramos e com

outras ciências ou disciplinas escolares, é um movimento histórico que se

encontra em constante transformação. O professor necessita manter o

diálogo permanente com o passado, o presente e o futuro para conhecer

melhor sua própria ciência e saber como constituir projetos disciplinares e

interdisciplinares na escola.

Diante dessa perspectiva, entendemos que o diálogo da História com a Geografia,

poderá enriquecer as práticas e torná-las mais historicamente contextualizadas.

Entendemos que tais uniões, se forem desenvolvidas no formato de áreas do

conhecimento que apenas dividem o tempo de aprendizagem, podem não colaborar para uma

formação ampla.

Defendemos que o professor, em processo de formação inicial, seja envolvido com os

conhecimentos geográficos, no âmbito teórico e prático, para possibilitar reflexões sobre

Page 71: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

70

como desenvolver um trabalho docente nos anos iniciais, que colabore com o processo de

desenvolvimento dos estudantes. Santos (2013, p.256) afirma que “É imprescindível que os

cursos de formação inicial discutam a importância da teoria na formação docente, assim como

na prática e vice-versa.”. Refletindo sobre esse aspecto, em nossa investigação, analisamos as

cargas horárias destinadas para as práticas de estágios na Educação Infantil e nos anos iniciais

do Ensino Fundamental, tendo em vista detectar se tais cargas horárias estão presentes nos

currículos de todas as IES investigadas. Essas informações geraram os quadros 8 e 9

(apêndice D e E). Esclarecemos que os componentes curriculares presentes nos respectivos

quadros não são exclusivamente voltados para os conhecimentos geográficos.

Nos cursos de Licenciatura em Pedagogia tais estágios e práticas educativas podem ser

planejados e desenvolvidos nas diversas áreas do conhecimento, inclusive podendo abranger

as noções e conhecimentos geográficos, porém não podemos verificar em qual medida isso

ocorre em cada uma dessas IES, por tratarmos aqui, de uma investigação documental. Pelo

exposto, não é possível compararmos as cargas horárias, pois poderemos cometer equívocos

de interpretação. O que é possível afirmar, além da presença deste importante aspecto

formativo que é o estágio supervisionado na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino

Fundamental, é que há uma variação de cargas horárias entre os cursos. A autora Callai (2013,

p.257) no trecho a seguir, reforça a importância da dimensão prática durante o processo de

formação inicial do educador:

O estágio, assim como as demais disciplinas da formação inicial docente,

deve ser ao mesmo tempo teórico e prático, possibilitando que os alunos em

formação compreendam a complexidade das práticas institucionais no

preparo para sua inserção profissional.

Entendemos que a presença e a qualidade dos componentes curriculares voltados para

as práticas educativas e para os estágios supervisionados são determinantes na construção dos

cursos de formação inicial de professores, pois os estágios podem colaborar para diminuir as

distancias entre a teoria e a prática docente. Destacamos que no momento do estágio, o

licenciando poderá dispor do apoio da universidade para a construção de novas ações

educativas, e com isso, o professor em formação poderá compreender com mais profundidade

como se dá a relação entre o professor e o aluno e como a Geografia Escolar é produzida no

cotidiano.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Pedagogia (2006, p.2)

explicitam que:

Page 72: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

71

Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: [...] IV – estágio

curricular a ser realizado, ao longo do curso, de modo a assegurar aos

graduandos experiência de exercício profissional, em ambientes escolares e

não – escolares que ampliem e fortaleçam atitudes éticas, conhecimentos e

competência.

Diante desse aspecto, reafirmamos que os processos de estágio supervisionado tem

um papel de destaque na formação do pedagogo, pois ao envolver-se nesses processos o

licenciando poderá ter uma oportunidade de articular a teoria e a prática. A importância desta

articulação é destacada no PPP do curso de Licenciatura em Pedagogia da Unesp de Rio Claro

(2011, p. 25) no seguinte trecho:

[...] Objetiva-se a formação de profissionais que atuem na docência da

educação infantil e das séries iniciais do ensino fundamental, na produção e

difusão de conhecimentos no campo da Educação, bem como na organização

e gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais, por meio de uma

sólida formação teórica articulando teoria e prática.

Tal articulação é destacada por Mizukami (1996, p.63), que ao refletir sobre a

formação de professores nos explica que: “uma mediação entre teoria e prática revela de um

lado, novos significados da teoria e, de outro, novas estratégias para a prática.”.

As possibilidades que são proporcionadas pelas práticas educativas nos estágios

supervisionados são de grande importância para os cursos de formação inicial de professores.

O estágio poderá colaborar para que o licenciando compreenda a complexidade presente nos

contextos educacionais. Especialmente para as práticas que envolvem as noções e conceitos

geográficos este contato é essencial, pois ele poderá possibilitar a construção de práticas

educativas voltadas para a leitura autônoma do mundo.

Além dos estágios supervisionados, segundo os programas de ensino dos componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia, das IES investigadas, o graduando poderá

contar com diversas estratégias de ensino durante o seu curso de Pedagogia. Reunimos as

estratégias de ensino, dos componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia, que

foram mencionadas em tais documentos, e construímos o quadro 13 (apêndice I) para

organizar os dados. Refletimos sobre tais estratégias buscando compreender aspectos do

planejamento destes componentes curriculares. Segundo Anastasiou e Alves (2004, p. 71) “as

estratégias visam à consecução de objetivos, portanto, há que ter clareza sobre aonde se

Page 73: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

72

pretende chegar naquele momento com o processo de ensinagem. Por isso, os objetivos que

norteiam devem estar claros para os sujeitos envolvidos – professores e alunos.”.

Ao estudarmos os documentos selecionados, encontramos diversas estratégias de

ensino, dentre elas podemos citar: leituras, discussões, oficinas, aulas expositivas teóricas e/ou

dialogadas, atividades práticas, seminários, apresentação e elaboração de filmes, atividades

escritas, construção de mapas, orientação para o planejamento de práticas, excursões

didáticas, pesquisas sistematizadas, trabalhos em grupo e a confecção e exposição de

materiais didáticos.

As estratégias de ensino denominadas “leitura” e “discussão de textos” foram

apontadas em todas as IES estudadas. Estas ações aproximam-se de propósitos teóricos e

reflexivos. Franco (2002, p. 178) ressalta que os cursos de Pedagogia devem contemplar “[...]

leituras e reflexões sobre as diversas formas e meios de ação educativa na sociedade”.

Dentre as estratégias de ensino mencionadas, nos programas dos componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia, encontramos atividades que são

desenvolvidas em outros contextos, que não o da sala de aula. Tais atividades foram

encontradas com diferentes denominações, por exemplo, excursões didáticas, aulas passeio e

estudos do meio. Tendo em vista as nove IES estudadas, cinco delas citam estas ações em

seus programas de ensino, são elas: a USP de Ribeirão Preto que aponta “excursão didática”

como uma de suas estratégias de ensino. A Unesp de Bauru que expõe que irá desenvolver

“aula-passeio”. A Unesp de Marília explicita que pretende trabalhar com “atividades extra-

classe”. Outra instituição, que inclui em suas estratégias atividades em outros contextos, é a

Unesp de Rio Claro, que menciona “aulas práticas em laboratório”. E por fim, temos a Unesp

de Presidente Prudente que cita, como uma de suas estratégias, a atividade de “estudos do

meio”.

O estudo do meio pode ser uma possibilidade para a construção de reflexões, a

respeito das relações que envolvem a natureza e a sociedade, de forma contextualizada e

dinâmica. Nesta perspectiva, Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009, p.173) aponta que o

estudo do meio: “Constitui uma metodologia de ensino interdisciplinar que pretende

desvendar a complexidade de um espaço determinado extremamente dinâmico e em constante

transformação.”.

Outra estratégia de ensino, que tem grande importância na formação dos pedagogos, é

a construção de mapas. Esta ação foi citada no programa de ensino, da disciplina voltada para

Page 74: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

73

o ensino de Geografia, da USP de Ribeirão Preto. Destacamos que tal atividade é um indício

do trabalho com a linguagem cartográfica. Acreditamos que o trabalho com a linguagem

cartográfica é fundamental nos cursos de Pedagogia, pois defendemos o trabalho com a

Cartografia Escolar desde os primeiros anos da escolarização. Nesse sentido Kaercher (2009,

p.228) faz a seguinte afirmação:

Pode parecer paradoxal, mas se usa pouco o mapa nas aulas de Geografia. E,

curiosamente, para a maioria das pessoas Geografia faz lembrar... mapas. Os

motivos podem, inclusive, escapar ao nosso controle, as escolas nem sempre

estão bem equipadas. E outra característica: trabalha-se mais projeções

cartográficas do que significado, interpretação e/ou construção de mapas.

Mapa vira um “conteúdo” cristalizado, um produto pronto.

A oficina de construção de mapas, como a citada no curso de Pedagogia da USP de

Ribeirão Preto, é uma estratégia que visa colaborar com a superação do problema apontado

por Kaercher (2009). Ao realizar tal ação, o curso valoriza essa construção, além de apontar

possibilidades para as práticas educativas, que serão desenvolvidas pelos pedagogos, no

ensino básico.

Destacamos a estratégia de ensino, encontrada no programa da Unesp de Presidente

Prudente, que propõe oportunidades para a construção de materiais didáticos. Esta ação é

citada, quando o programa explicita que trabalhará com: “Elaboração e confecção de material

didático.” Concordamos com a IES, quando justifica que, tal confecção poderá “contribuir

com subsídios teóricos e práticos para o processo de ensino e aprendizagem de Geografia.”.

(2011, p.2)

Consideramos que a variedade de estratégias de ensino encontradas, nos componentes

curriculares voltados para o ensino da Geografia, é um ponto positivo para a formação dos

pedagogos. De acordo com Moura e Mesquita (2010, p.3) “Com variedade nas estratégias de

ensino-aprendizagem, o professor assume a coordenação do trabalho docente, demonstrando

interesse pela participação do aluno sugerindo uma postura anti-autoritária, ou seja, fora de

padrões em que o aluno seja subordinado ao professor.”.

Durante o desenvolvimento das aulas, de tais componentes curriculares, os estudantes

terão oportunidade de envolver-se com diversas estratégias de ensino, com isso, caso este

estudante encontre desafios para atingir os objetivos do curso, por meio de uma estratégia de

ensino especifica, o currículo destes componentes curriculares, oferece outras estratégias,

ampliando as possibilidades para se alcançarem as metas propostas. Corroborando com esta

Page 75: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

74

ideia, Stacciarini e Esperidião (1999, p.65) afirmam que “o uso de estratégias de ensino

variadas, […] propiciam a melhor assimilação do conteúdo programático.”.

Analisadas as estratégias de ensino, passemos agora a levantar noções e conceitos

geográficos importantes presentes nos componentes curriculares voltados ao ensino de

Geografia. Dentre eles estão os que se relacionam ao raciocínio espacial e ampliação da

leitura e compreensão do mundo. O programa de ensino do componente curricular

“Conteúdos e Metodologias do Ensino de Geografia” da UNESP de Bauru (2006, p.2) afirma

que irá estudar:

[...] A definição de conteúdos procedimentais e valorativos para a orientação

das ações, atitudes e comportamentos sócio-espaciais; Os conceitos

geográficos como instrumentos básicos para a leitura do mundo do ponto de

vista geográfico.

Fica evidente que o componente curricular pretende trabalhar com os conceitos

geográficos e os coloca como “instrumentos para a leitura do mundo”. Tal aspecto possibilita-

nos entender que o intuito de formar professores que possam desenvolver práticas votadas à

leitura e compreensão do mundo está presente nessa instituição de ensino. Sobre o referido

processo de leitura e compreensão do mundo, Lampert (2013, p.133) explicita que:

Compreender o mundo vai além de memorizar os nomes de seus Estados -

nações ou onde ocorrem grandes concentrações de recursos naturais.

Compreender o mundo significa entender nosso cotidiano e enxergar a si

próprio como agente de transformação das paisagens e do espaço geográfico.

Caminhando nesse mesmo sentido, e também reconhecendo os conceitos geográficos

como um dos alicerces para uma formação de professores consistente e que possa

proporcionar subsídios para a construção de práticas educativas voltadas para a interpretação

e transformação do espaço, temos o componente curricular “Metodologia do Ensino de

História e Geografia” da FFCLRP/USP (2013, p.1), que expõe que alguns de seus objetivos é

fazer com que os estudantes sejam capazes de:

Compreender o Ensino de História e Geografia como essenciais para o

processo de Educação para a Cidadania. [...]

Reconhecer as principais categorias teóricas da Geografia e da História

Escolar; Conhecer, inter-relacionar e compreender a organização do espaço

geográfico e o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, de

modo a compreender o papel da sociedade em sua construção e na produção

do território, da paisagem e do lugar.

Page 76: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

75

Assim como no trecho destacado da FFCLRP/USP, encontramos também, no

componente curricular “Metodologia do Ensino de Geografia” da FEUSP, a intencionalidade

de realizar estudos que envolvam os conceitos geográficos, por exemplo, no ponto em que

diz: “O curso promove o estudo dos autores que descreveram e interpretaram os conceitos

geográficos relacionando-os com o cotidiano e o processo de aprendizagem.” (p.1).

Nesses trechos, observamos que os componentes curriculares, pretendem construir

junto ao estudante de Licenciatura em Pedagogia a noção de que os conhecimentos

geográficos podem colaborar para a leitura crítica do mundo e para a construção de práticas

educativas voltadas para uma formação cidadã.

Voltar-se para a construção de uma educação cidadã deve ser uma das intenções

principais das práticas desenvolvidas no ensino fundamental. Assim como afirmam as

Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia (2006, p.2) no trecho: “Para a formação do

licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa

que tem a função de promover a educação para e na cidadania.”.

Outro exemplo de IES que contempla tal aspecto é a Unesp de Presidente Prudente

(2012, p.1) que explicita que: “O ensino de Geografia é de relevância social ao contribuir para

compreensão dos elementos fundamentais para a leitura da complexidade do espaço

geográfico privilegiando a formação do indivíduo para o exercício da cidadania.” .

É fundamental que o estudante de Licenciatura em Pedagogia, ao cursar os

componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia, compreenda as principais

noções e conceitos geográficos, os reconheça como instrumentos para a leitura e compreensão

do mundo, para contempla-los em práticas voltadas para a cidadania, objeto central do ensino

de Geografia nos anos iniciais, segundo o PCN de Geografia para os anos iniciais. Segundo os

PCN (1998, p.26):

A Geografia é uma área de conhecimento comprometida em tornar o mundo

compreensível para os alunos, explicável e passível de transformações. Neste

sentido, assume grande relevância dentro do contexto dos Parâmetros

Curriculares Nacionais, em sua meta de buscar um ensino para a conquista

da cidadania brasileira.

Entendemos que, além da compreensão dos conceitos geográficos, o pedagogo deverá

compreender as variadas concepções de Geografia presentes nas práticas dos professores ao

longo das últimas décadas. Essa premissa é apresentada pela ementa do componente

Page 77: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

76

curricular “Conteúdos, Metodologias e Práticas de Ensino de História e Geografia” da

UNESP de Marília (2015, p.1) no seguinte trecho “O curso visa à: análise das várias

concepções de História e Geografia e suas articulações com a metodologia de ensino;

discussão sobre as principais noções para o ensino dessa disciplina: tempo, espaço, relações

sociais e trabalho.”.

O estudo e reflexão das variadas concepções de Geografia, e consequentemente, do

ensino da referida área do conhecimento, é essencial para que os professores compreendam e

valorizem seu papel no ensino básico. Cavalcanti (1998, p.66) aponta algumas questões

importantes a serem levantas pelos professores:

O que é a Geografia escolar na atualidade? Como ela se realiza? Como o

professor a constrói? Quais os desafios da prática do ensino da Geografia?

Quem são os alunos da Geografia? Como são esses alunos? Como praticam

a Geografia do dia-a-dia? Como aprendem Geografia na escola? Que

significados têm para os alunos aprender Geografia? Que dificuldades eles

têm para aprender os conteúdos trabalhados nessa disciplina?

As questões propostas pela autora envolvem as reflexões em torno das concepções da

Geografia, e do seu ensino. Entendemos que, é essencial, que os professores em formação

inicial compreendam que, as práticas educativas, que envolvem os conhecimentos

geográficos, podem ser significativas e contextualizadas, colaborando, para a leitura de

mundo. Superando, então, a concepção de um ensino de Geografia pautado em “decorar” ou

“pintar mapas”. Tais práticas podem ir além, propondo ao estudante, a interpretação da sua

realidade e levantando possibilidades de transformação do espaço.

Entendemos que o trabalho com a linguagem cartográfica é fundamental desde os anos

iniciais da escolarização, constituindo-se como um instrumento para a compreensão do

mundo pelos estudantes. Neste estudo, nos voltamos mais precisamente para a Cartografia

Escolar, que compreendemos como fundamental para a compreensão da espacialidade a partir

de uma lógica ligada à coordenação, direção e localização espacial. Entendemos que a

Cartografia Escolar é constituída como área de ensino e pesquisa e que está em constante

construção social e se estabelece nas interfaces entre Cartografia, Educação e Geografia. Para

a autora Castellar (2005, p.216)

A Cartografia é considerada uma linguagem, um sistema-código de

comunicação imprescindível em todas as esferas da aprendizagem em

Page 78: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

77

Geografia, articulando fatos, conceitos e sistemas conceituais que permitem

ler e escrever as características do território.

Entendemos que a Cartografia Escolar e a linguagem cartográfica podem ser

desenvolvidas desde a Educação Infantil. Para que a linguagem cartográfica seja contemplada,

na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, é necessário que os docentes

que irão atuar nessa etapa da escolarização a conheçam e saibam a relevância de contemplá-la

nas práticas educativas. Verificamos, então, se ela está presente nos componentes curriculares

voltados para o ensino de Geografia, dos cursos de Licenciatura em Pedagogia estudados e

analisamos de qual maneira ela aparece.

Em todos os cursos de Licenciatura em Pedagogia investigados encontramos a

presença de noções e conceitos relacionados o Cartografia Escolar. No currículo do curso

de Licenciatura em Pedagogia da FFCLRP-USP, além de encontrarmos tal presença no

componente curricular voltado para o ensino de História e Geografia, que tem caráter

obrigatório, encontramos também um componente curricular optativo dedicado

exclusivamente para a Cartografia Escolar. O autor Silva (2013, p.194) salienta a importância

da Cartografia Escolar nos cursos de formação de professores, no trecho:

Para nós, neste momento, entendemos que a escola parece ser o tecido no

qual se constitui os movimentos da construção do conhecimento

cartográfico, daí ser de responsabilidade do professor de Geografia essa

construção. Neste processo de vir-a-ser, parece ser necessário implantar nos

currículos dos cursos que formam professores de Geografia, História e

Pedagogia a disciplina Cartografia Escolar, pois para reconhecer é preciso já

conhecer.

Corroborando com a afirmação de Silva (2013), trazemos a ementa do componente

curricular “Metodologia do Ensino de Geografia” da FEUSP (2012, p.1), pois há valorização

do trabalho com a Cartografia Escolar como linguagem:

Do ponto de vista da relação entre a Cartografia e a Geografia, entendemos

a Cartografia como linguagem no desenvolvimento das habilidades

operatórias no processo de formação dos conceitos geográficos. A disciplina

propõe um conjunto de conhecimentos teórico-práticos, observando a

aprendizagem do desenho e da cartografia, abordando as orientações

didáticas e os projetos curriculares adequados à sua promoção disciplinar e

interdisciplinar.

Page 79: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

78

Tendo em vista o desenvolvimento de práticas educativas que contemplem a

Cartografia Escolar, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia para os anos iniciais

(1998), explicitam que a alfabetização cartográfica compreende uma série de aprendizagens

que podem ser desenvolvidas desde os anos iniciais da Educação Básica. Segundo o

documento, tais aprendizagens devem conduzir para o trabalho com as representações

cartográficas e sua linguagem específica. Para tal desenvolvimento é recomendado nos anos

inicias, o uso de imagens e fotografias que tenham significado e despertem o interesse da

criança e que, de preferência, façam parte do seu cotidiano.

As indicações de trabalho com a Cartografia Escolar expostas nos PCNs de Geografia

para os anos iniciais nos levam a refletir, novamente, sobre a necessidade de contemplarmos

tal área do conhecimento nos cursos de formação de professores, destinados aos profissionais

que irão atuar nos anos iniciais da escolarização e também, na Educação Infantil. Tais

profissionais deverão desenvolver práticas educativas significativas e contextualizadas, para

isso a Cartografia Escolar deve estar presente de forma consistente nos cursos de formação de

professores. Com o intuito de compreender a maneira com que a Cartografia Escolar aparece

nos cursos de Licenciatura em Pedagogia aqui investigados, buscamos conhecer em quais

pontos dos programas de ensino dos componentes curriculares voltados para o ensino da

Geografia, a Cartografia Escolar está presente Organizamos o quadro 11 (apêndice G) com o

intuito de sistematizar todos os conteúdos programáticos citados nos programas de ensino

estudados. Consideramos fundamental a presença da Cartografia Escolar nos conteúdos

programáticos dos cursos de formação de professores, pois, os professores, assim como

afirma Silva (2013) tem sob sua responsabilidade construir o conhecimento cartográfico no

Ensino Fundamental.

O quadro 11 (apêndice G) sobre os conteúdos programáticos dos componentes

curriculares voltados para o ensino de Geografia, evidencia que no curso de Pedagogia da

UNICAMP a linguagem cartográfica será trabalhada no módulo II sobre o ensino de

Geografia, eixo Trabalho e Mapa. No curso de Pedagogia da FEUSP a alfabetização e/ou

letramento cartográfico está explicitado dentre os pontos chaves a serem trabalhados. O curso

de Pedagogia da UNESP de Bauru apresenta propostas atuais de trabalho com a Cartografia

(noções de orientação, localização, representação cartográfica e leitura de mapas). Já nos

cursos de Pedagogia da UNESP de Rio Preto e Araraquara a alfabetização cartográfica está

exposta como conteúdo básico. Apesar de não estar explicito, no curso da UNESP de Rio

Page 80: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

79

Caro, consta a leitura, produção e interpretação de textos gráficos e de outras linguagens. O

curso da UNESP de Marília também não deixa explicito, porém cita que irá estudar as

diferentes linguagens no ensino da Geografia. Salientamos que apesar do curso da

FFCLRP/USP/RP não explicitar o trabalho com Cartografia Escolar, nesse quadro,

encontramos nos objetivos do referido componente curricular e em sua ementa a presença da

Cartografia Escolar, mais especificamente uma oficina de construção de mapas. No curso da

UNESP de Presidente Prudente encontramos que dentre os objetivos do componente

curricular está compreender o processo de construção das noções de espaço pela criança e a

linguagem cartográfica.

É através do contato com essa linguagem que o estudante passa a construir sua

habilidade de decodificar e estabelecer as relações de significação com mundo, portanto,

entendemos como muito relevante a presença da Cartografia Escolar na formação inicial de

professores para os anos iniciais. Almeida e Passini (1999, p.129) fazem o seguinte convite a

esses professores:

Quero convidar professores do ensino fundamental, principalmente das

classes iniciais e até de classes infantis a analisar o processo de aquisição da

linguagem escrita de forma paralela à aquisição da linguagem dos mapas. A

História da Cartografia mostra que o homem mapeou antes de inventar a

escrita. Ao considerar o contexto alfabetizador devemos incluir a expressão

da espacialidade que também correm paralelas entre a oralidade e a gráfica.

Por que não considerarmos a alfabetização com um processo de aquisição de

habilidade para a possibilidade de ler: o espaço, relações espaciais e o

mundo? Incluindo entre o instrumental para essa leitura: a língua falada,

escrita e gráfica?

Consideramos que, a reflexão proposta pela autora, é muito pertinente, por valorizar o

trabalho com a Cartografia Escolar, desde os anos iniciais. Salientamos, novamente, que, para

que tal linguagem seja desenvolvida nas salas de aulas dos anos iniciais, a formação em

Pedagogia deve contempla-la. Reafirmamos que, em todas as IES investigadas, a Cartografia

Escolar é contemplada, nos programas de ensino dos componentes curriculares voltados para

o ensino de Geografia.

Buscamos, também, em tais programas de ensino, menções ao trabalho com a

localidade e cotidiano do aluno. Valorizamos o desenvolvimento de práticas que contemplem

a localidade do aluno, por acreditarmos que com isso, os estudantes poderão construir

identidade e pertencimento, com seu local de vivência. Corroborando com essa premissa

Lampert (2013, p.136) ressalta que:

Page 81: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

80

A partir do estudo dos elementos do lugar onde se localiza a escola é

possível que os alunos tenham elementos para construir sua identidade e

pertencimento. No entanto, deve-se atentar ao fato de que o lugar não é

apenas um conceito a ser trabalhado em sala de aula: o lugar é na verdade a

referência, o Sul para um ensino de Geografia que considere os alunos como

sujeitos atuantes na construção do espaço geográfico e de uma Geografia

escolar que reconheça as histórias de vida destes alunos.

O professor poderá, ao trabalhar com o cotidiano do aluno, em sala de aula, construir

práticas educativas voltadas para a cidadania e contextualizadas, assim como afirmam

Lastória e Mello (2008, p.5), no trecho:

O cotidiano deve ser percebido como uma ferramenta poderosa a ser

utilizada pelo professor, uma dentre tantas que detêm qualidades específicas.

No dia-a- dia da sala de aula, ele se revela uma peça fundamental para a

construção do cidadão que estuda História e Geografia [...] Tornando-se um

cidadão consciente de seus atos e suas escolhas.

Considerando a relevância do trabalho com a localidade e cotidiano do estudante,

observarmos os programas de ensino, dos componentes curriculares voltados para o ensino de

Geografia e selecionamos alguns trechos. A FEUSP (2012, p.1) explicita em sua ementa que

“O curso promove o estudo dos autores que descreveram e interpretaram os conceitos

geográficos relacionando-os com o cotidiano e o processo de aprendizagem.” Na Unesp de

São José do Rio Preto, este aspecto aparece relacionado à utilização de uma metodologia

inovadora, pois o componente curricular diz que pretende trabalhar “por meio da produção de

curtas metragens associados ao local, ao presente e ao cotidiano do aluno”. (p.1). Entendemos

que ao incluirmos estudos sobre a localidade, a respeito do cotidiano e as suas relações,

estamos colaborando para uma formação voltada para a leitura de mundo, pois, como aponta

Callai (2011, p.37) “ler o mundo significa compreender e estabelecer relações entre o espaço

local, o lugar, o território e o espaço global.”.

Nos conteúdos programáticos de muitos componentes curriculares encontramos

referências ao estudo do local e do cotidiano, como na FFCLRP-USP que propõe como um

dos seus eixos o estudos do “cotidiano e a localidade no ensino de Geografia e História;”

(p.1). E também nos conteúdos trabalhados na UNESP de Rio Claro, que tem como um dos

seus itens o trabalho com o “Cotidiano e conhecimento geográfico.” (p.1). A presença desses

aspectos nos conteúdos programáticos dos componentes curriculares voltados para o ensino

Page 82: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

81

da Geografia é por nós valorizado, pois acreditamos que se o professor em formação constrói

reflexões em torno dos estudos da localidade e do cotidiano, poderá contemplar em suas ações

educativas tais itens. Com isso, as práticas educativas podem se tornar mais contextualizadas,

afinal, concordando com Oliveira (2011, p.16) “Além do conhecimento e aspectos

profissionais da docência, acreditamos que no processo de ensino e formação docente é

importante considerar a localidade”.

Acreditamos que, para a formação do pedagogo, o estudo a respeito das propostas

curriculares oficiais é fundamental, para que tal profissional possa atuar de forma plena e

crítica, no cenário educacional atual. Pois, ao conhecer tais documentos, com o aporte da

universidade, tendo em vista a realização de uma leitura crítica, o professor poderá lidar com

eles de forma mais autônoma e segura.

Ao abordarmos em nossas reflexões, a presença dos documentos oficiais educacionais

brasileiros, nas disciplinas voltadas para o ensino de Geografia nas IES estudadas, destacamos

os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN. Tal documento é um referencial de qualidade

para os Ensinos Fundamental e Médio em todo Brasil. A respeito dos PCN, Morais (2014,

p.61) explicita que:

O objetivo dos PCN é garantir a todas as crianças e jovens brasileiros,

mesmo em locais com condições socioeconômicas desfavoráveis, o direito

de usufruir do conjunto de conhecimentos reconhecidos como necessários

para o exercício da cidadania. Não possuem caráter de obrigatoriedade e,

portanto, pressupõe-se que serão adaptados às peculiaridades locais.

Os PCNs são postos como referência bibliográfica básica em todos os

componentes curriculares estudados. A FEUSP, o destaca, também, em seu plano de ensino

quando expõe que, em seus conteúdos programáticos, pretende estudar o “Currículo de

Geografia: análise das propostas curriculares de Geografia – PCN”. A respeito dos PCN,

concordamos com Lastória e Fernandes (2013, p.53-54) que ressaltam que, apesar das

inúmeras críticas aos PCN de História e Geografia, tal documento merece ser tomado com

referência para o ensino, principalmente, nos anos iniciais. Segundo as autoras:

[...] este documento talvez seja o de maior abrangência escolar tendo em

vista que se trata de uma política pública implementada pelo próprio governo

federal para todo o país. Trata-se, portanto, de um documento importante,

um divisor de águas se considerarmos a trajetória do ensino História e

Geografia no Brasil. Ele serve de pauta para a definição de Projetos Políticos

Pedagógicos de várias unidades escolares brasileiras, utilizado como

Page 83: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

82

referência para a elaboração de coleções didáticas que largamente usadas

pelas escolas, tanto na rede pública quanto privada um documento que foi (e

ainda é) bibliografia básica em inúmeras publicações (acadêmicas,

científicas e em outras revistas com circulação nacional), em concursos

públicos para provimento de cargos docentes em projetos de cursos de

formação inicial e continuada de professores.

Entendemos que o estudo deste documento é de grande importância para a formação

do pedagogo. A possibilidade de reflexão sobre os PCN, durante a licenciatura em Pedagogia,

é essencial para uma formação ampla.

Para o estudo do currículo voltado para os anos iniciais, temos outros documentos

oficiais importantes no Estado de São Paulo. Conforme já citamos neste trabalho, as

Resoluções expedidas pela Secretária de Educação do Estado de São Paulo são de grande

impacto nas instituições de ensino públicas paulistas. Nesses documentos são indicadas as

cargas horárias que devem ser destinadas a cada componente curricular. Tais resoluções são

carregadas de intencionalidades políticas e sofrem mudanças constantes, pois o currículo não

é um mero conjunto de conhecimentos neutros, mas constitui uma seleção de alguém ou de

um grupo de pessoas que, num determinado contexto, os produziu (APPLE, 2006).

Consideramos que os estudos desses documentos são primordiais para a formação do

pedagogo. Corroborando com este pressuposto, a FFCLRP/USP, aponta que pretende estudar

“Políticas públicas para o ensino de História e Geografia nos anos iniciais do Ensino

Fundamental”. (p.2).

Os currículos educacionais oficiais, muitas vezes, são impostos por meio de apostilas e

cartilhas, que são distribuídas nas escolas da rede estadual. O trabalho com tais materiais, por

exemplo com o “Ler e Escrever”, é posto para o professor como obrigatório e seu

desenvolvimento é cobrado pela equipe de gestão educacional. Sabemos que estes programas,

de forma recorrente, desprivilegiam as noções e conteúdos geográficos, nos primeiros anos da

escolarização. Diante deste panorama, acreditamos ser essencial que os cursos de formação de

professores discutam esses documentos e realizem com seus licenciandos uma leitura crítica

dos mesmos.

Destacamos que atualmente, está sendo construído, pelo governo federal, um

documento denominado “Base Nacional Comum”, que pretende indicar os conteúdos a serem

desenvolvidos, nos diferentes componentes curriculares, em todo território brasileiro. Até o

presente momento, tal documento está passando por consulta pública. Muitas lacunas foram

apontadas, por organizações educacionais, esperamos que transformações, nos âmbitos

Page 84: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

83

teórico-metodologicos, ocorram, antes de tal documento ser posto como vigente para toda a

extensão territorial brasileira.

Com este cenário emergente, consideramos que para o professor em formação inicial,

é essencial construir reflexões em torno das políticas públicas curriculares e educacionais.

Neste sentido, valorizando o estudo das propostas curriculares, temos a UNICAMP, que se

dispõe a estudar a trajetória histórica, como cita em sua ementa “A trajetória proposta

permitirá focalizar – histórica e educacionalmente – as propostas curriculares do Estado de

São Paulo (CENP- SEE-SP, de 1986, de 1992 e da atualidade) e os parâmetros curriculares

nacionais (MEC-DF, década de 1990, ainda hoje em vigor) para o ensino de História e de

Geografia (nível fundamental).” (p.1).

Os documentos, decretos e parâmetros curriculares educacionais, explicitados

nos componentes curriculares dos cursos investigados estão demonstrando uma

preocupação com a consciência política dos futuros professores. Croce (2003, p.4), propõe

que a formação seja “voltada para o desenvolvimento da consciência política, além da

formação técnica e profissional, a todos os estudantes dos cursos de Pedagogia”.

Retomamos que, em nossa investigação, realizamos uma análise documental. Nesta

pesquisa estudamos, os PPPs dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, das IES públicas

paulistas, e também, os programas de ensino dos componentes curriculares voltados para o

ensino de Geografia, de tais instituições. Ao analisarmos tais documentos, obtivemos os

dados que foram analisados, nesta seção. Dessa forma, entendemos que os dados e as análises

do nosso trabalho, referem-se ao âmbito formal do currículo, das IES estudadas.

O âmbito formal, do currículo educacional, refere-se, segundo Libâneo (2003, p.363)

“aquele estabelecido pelos sistemas de ensino, expresso em diretrizes curriculares, nos

objetivos e nos conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo.”. O referido autor, também

aponta outros dois âmbitos do currículo, o real e o oculto.

O currículo real e o currículo oculto não são contemplados em nosso estudo, por

tratarmos de uma investigação documental. Para que tais âmbitos também fossem analisados,

outros procedimentos metodológicos teriam de ser utilizados, como entrevistas com os

estudantes e professores, além de observações nas salas de aula do ensino superior.

Dessa forma, nos deparamos então, com novos questionamentos, que envolvem o

estudo do “lugar” da Geografia, nos outros âmbitos do currículo educacional. O estudo do

currículo real, por exemplo, poderia revelar mais informações a respeito das concepções de

Page 85: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

84

interdisciplinaridade, presentes nos componentes curriculares, que unem o estudo do ensino

da Geografia e da História. Já estudos a respeito do currículo oculto, poderiam contribuir para

as análises, com informações sobre as indagações dos estudantes e possíveis conexões com a

localidade, que poderiam ser estabelecidas.

Os dados obtidos e as análises realizadas colaboraram para a compreensão do “lugar”

da Geografia, nos cursos de Pedagogia, das IES públicas paulistas. Salientamos, porém, que

abordamos neste trabalho, o âmbito formal do currículo, das instituições estudadas. E por

valorizarmos, também, os demais níveis curriculares, acreditamos que, em próximas

investigações, poderemos ampliar nossas perspectivas, buscando respostas a respeito do

“lugar” da Geografia, nos cursos de Licenciatura em Pedagogia, também nos currículos real e

oculto, das universidades públicas do Estado de São Paulo.

Page 86: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

85

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nosso trabalho buscou compreender como os componentes curriculares, voltados para

o ensino de Geografia, vêm sendo propostos no currículo formal dos cursos de Pedagogia, das

IES públicas estaduais paulistas.

Iniciamos nossa investigação nos perguntando, o “lugar” da Geografia está

“assegurado” nos currículos, dos cursos de Pedagogia, das IES públicas estaduais paulistas?

Se sim qual é esse lugar? Nossa pesquisa buscou elucidar como a Geografia está presente nos

currículos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia, na modalidade presencial de ensino.

Tendo em vista tais questões, desenvolvemos uma investigação com contornos

qualitativos, por meio da análise documental. Analisamos os PPPs das Instituições de Ensino

Superior - IES públicas estaduais paulistas. Estudamos, também, os programas de ensino dos

componentes curriculares, voltados para o ensino de Geografia, das referidas IES,

Para analisarmos os dados obtidos, construímos reflexões teóricas sobre os cursos de

pedagogia, para isso apresentamos os saberes pedagógicos, disciplinares, curriculares e

experienciais (TARDIF, 2002). Apontamos tais saberes, e a partir deles buscamos refletir a

respeito da formação inicial docente, tendo em vista ressaltar a relevância do processo

formativo e investigativo de professores. Refletimos, também, a respeito de currículo, suas

concepções e seus níveis, formal, real e oculto (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOCHI, 2003).

Contemplamos reflexões teóricas que envolvem a Geografia Escolar. Apresentamos

aspectos históricos referentes à construção do componente curricular da Geografia.

Destacamos, também, a importância de trabalharmos com a Geografia desde os anos iniciais

da escolarização (CALLAI, 2005; LASTÓRIA, 2009; ARAÚJO, 2013). Além de refletirmos

sobre o currículo, para os anos iniciais do Ensino Fundamental, proposto pela Secretaria de

Educação do Estado de São Paulo - SEE/SP. Ressaltamos que tal currículo impacta de forma

negativa nos alunos e professores. A referida organização indica um sério descaso com a

gestão do currículo educacional dos anos iniciais do Ensino Fundamental e com o ensino de

Geografia.

Após realizarmos nossas reflexões teóricas, coletamos e organizamos as informações

obtidas com a análise documental. A partir de tais informações, realizamos a nossa análise

Page 87: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

86

dos dados, tendo em vista construir reflexões que indicassem o “lugar” do ensino de

Geografia nos cursos de Licenciatura em Pedagogia das IES públicas estaduais paulistas.

Destacamos, então, algumas das análises realizadas. Ao observamos as cargas horárias

destinadas aos componentes curriculares, voltados para o ensino de Geografia, nas IES

públicas estaduais paulistas, nos deparamos com uma variedade considerável entre os cursos

estudados. A menor carga apresentada é de 60 horas (divididas entre História e Geografia),

FFCLRP/USP e FE/UNICAMP. A maior é de 105 horas na UNESP de Presidente Prudente,

destinadas exclusivamente para Geografia. Em alguns dos componentes curriculares

estudados detectamos que as áreas de História e Geografia encontram-se reunidas.

As cargas horárias, dos componentes curriculares voltados para o ensino de Geografia,

foram obtidas nos PPPs dos cursos de Pedagogia. Em todos os documentos investigados,

encontramos, nos fluxogramas, componentes curriculares voltados para o ensino de

Geografia.

Verificamos a presença do ensino de Geografia, fora do fluxograma dos componentes

curriculares, ou seja, no texto integral dos documentos. A referida área do conhecimento

aparece quando são propostos os estágios supervisionados, as linhas de pesquisa, os

laboratórios de estudos e pesquisa, os conteúdos a serem trabalhados no Ensino Fundamental

e a interdisciplinaridade.

Ainda, nos PPPs, encontramos componentes curriculares voltados para o

desenvolvimento de estágios supervisionados, em todas as IES investigadas. Entendemos que

tais componentes podem ser uma possibilidade para o desenvolvimento de práticas educativas

que envolvem o ensino de Geografia, porém, por tratarmos de uma investigação documental,

não temos informações suficientes para refletirmos a respeito de como se dá a presença da

Geografia nas referidas práticas de estágio.

Nos documentos denominados “programas de ensino” encontramos diversas

informações relacionadas à presença da Geografia, nos cursos estudados. A partir dos desses

documentos construímos quadros, que contam com dados relacionados aos objetivos da

disciplina, às ementas, aos conteúdos programáticos, aos procedimentos de avaliação, às

estratégias de ensino e aos referenciais bibiográficos indicados.

A partir dos dados obtidos pudemos aprofundar nossas reflexões sobre o “lugar” da

Geografia nos cursos de Pedagogia das IES públicas estaduais paulistas. Destacamos a

presença da Cartografia Escolar, que foi mencionada em todas as instituições investigadas.

Page 88: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

87

Ressaltamos que, o desenvolvimento da linguagem cartográfica, pode ser fundamental para a

superação das práticas educativas, mecânicas e descontextualizadas. Tais práticas podem

colaborar para que o estudante compreenda a realidade de maneira ampla.

Destacamos que em todos os cursos estudados os PCNs são postos como referência

bibliográfica básica. Consideramos que ao trabalhar com os documentos, decretos e

parâmetros curriculares, oficiais educacionais, os componentes curriculares voltados para o

ensino de Geografia, dos cursos de licenciatura em Pedagogia investigados, estão

demonstrando uma preocupação com a consciência política dos futuros professores.

Consideramos que com os dados obtidos pudemos identificar que o ensino de

Geografia está presente, nos currículos dos cursos de Licenciatura em Pedagogia das IES

públicas estaduais paulistas. Destacamos a presença dos trabalhos de campo, das estratégias

de ensino inovadoras e do estudo de documentos educacionais. As reflexões em torno das

práticas educativas que envolvem a localidade se destacam.

O nosso trabalho investigou o currículo em seu âmbito formal. Para abordarmos o

currículo real e o oculto, em nossa investigação, outros procedimentos metodológicos teriam

que ser utilizados, como entrevistas com os alunos e professores do ensino superior, além e

observações nas salas de aula. Como os âmbitos real e o oculto do currículo não foram

contemplados, outras questões surgiram. Nos perguntamos, existem desafios no âmbito real,

para que o currículo formal seja desenvolvido? Quais são esses desafios? Os estudantes dos

cursos de Pedagogia podem participar do planejamento do currículo formal? A Geografia está

contemplada nas práticas educativas desenvolvidas nos estágios supervisionados?

Apontamos que os cursos de Licenciatura em Pedagogia estudados, no âmbito do

currículo formal, vêm contemplando o ensino de Geografia. Tais cursos formam os

pedagogos, que poderão atuar nos anos iniciais do Ensino Fundamental, consideramos que

nesta etapa de ensino é imprescindível que os conhecimentos geográficos sejam

desenvolvidos, pois tais conhecimentos são fundamentais para que o estudante construa uma

ampla leitura e compreensão de mundo.

Page 89: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, R. D. de. A propósito da questão teórica metodológica sobre o ensino de

geografia. In: RIBEIRO, W. C. (org.). Prática de ensino em Geografia. São Paulo: Ed.

Marco Zero / AGB, 1991.

ALMEIDA, R. D. de, PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. 7. ed.

São Paulo: Contexto, 1999.

ALVES, N. E LEITE GARCIA, R. O sentido da escola. Rio de Janeiro: DR&A. 2002.

ANASTASIOU, L. G. C.; ALVES, L. P. Processos de ensinagem na universidade:

pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 3. Ed. Joinville: UNIVILLE, 2004.

ANDRADE, R. C. de. Interdisciplinaridade: um novo paradigma curricular. In: GOULART,

Í. B. (Org.) A Educação na Perspectiva Construtivista: reflexões de uma equipe

interdisciplinar. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1998. p. 93-104.

ANDRÉ, M. E. D. A.; LÜDKE, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São

Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986.

ANDRÉ, M. E. D.A, O papel da Pesquisa na Formação do Professor, In: REALI, A. M.;

MIZUKAMI, M. G. N. (Orgs.) Formação de Professores: Tendências Atuais. São Carlos:

EDUFSCar, 1996.

APPLE, M. W. Ideologia e poder. Tradução: Vinicius Figueira. 3.ed. Porto Alegre: Artmed,

2006.

ARAÚJO, S. M. O lugar do ensino de Geografia nos cursos de Pedagogia na modalidade

a distância: possibilidades e desafios. 2013. 145 f. Dissertação (Mestrado em Educação)

Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2013.

ARROYO, M. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes: 2011

AZANHA, J. M. P.; Uma ideia de pesquisa educacional. São Paulo: Edusp, 1992.

Page 90: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

89

BARREIRO, I. M.; GEBRAN, R. A.. Prática de ensino: elemento articulador da formação do

professor. In: BARREIRO, I. M.; GEBRAN, R. A. Prática de ensino e estágio

supervisionado na formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006.

BASTOS, M. H. C. A formação de professores para o ensino mú- tuo no Brasil: o “curso

normal para professores de primeiras letras do Barão de Gérando (l839)”. História da

educação. Pelotas, no 3, v. 2, 1998, p. 95-119

BODGAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em Educação: uma introdução à

teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1994.

BRANDÃO, Z. A dialética micro/macro na sociologia da educação. Cadernos de Pesquisa,

n. 113, p.153-165, Julho, 2001.

BRANDÃO, Z. Entre questionários e entrevistas. In: NOGUEIRA, M. A. et al (org.) Família

& Escola: Trajetórias de escolarização em camadas médias e populares, Petrópolis:

Vozes, 2007.

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96.

Brasília: 1996.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:

História e Geografia 1º e 2º Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais:

Geografia 3º e 4º Ciclos do Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827.

BRASIL. Lei nº 12.796 de 2013.

BRASIL. Lei nº 4.024 de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional.

BRASIL. Lei Orgânica do Ensino Normal: Decreto-Lei nº 8.530, de 2 de janeiro de 1946.

Page 91: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

90

BRASIL. Decreto n° 5.622 de 19 de dezembro de 2005.

BUITONI, M. M. S. (Orgs) Geografia: ensino fundamental. Brasília: Ministério da

Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010.

CALLAI, H. C., A Geografia no Ensino Médio. Terra Livre, AGB, São Paulo, n. 14, pp.56 a

89. jan/jul, 1999.

CALLAI, H. C., Aprendendo a ler o mundo: a Geografia nos anos iniciais do Ensino

Fundamental. Cadernos Cedes. vol 25, n. 66, maio /ago. Campinas: 2005.

CALLAI, Helena Copetti (Org.). Educação Geográfica Reflexão e Prática. Ijuí: Ed. Unijuí,

2011.

CALLAI, H. C. A formação do profissional da geografia: o professor. Ijuí: Ed. Unijuí,

2013.

CASTELLAR, S. M. V. (Org.). Educação geográfica, teorias e práticas docentes. São

Paulo: Contexto, 2005.

CASTELLAR, S. M. VANZELLA. Educação Geográfica: a psicogenética e o conhecimento

escolar. In: Cadernos Cedes. (Org.). Educação Geográfica e as teorias de Aprendizagens.

66 ed. Campinas: 2005, v. 25, p. 129-272

CASTELLAR, S. V. A. A cartografia e a construção do conhecimento escolar. In: ALMEIDA

R.. D. de (Org.) Novos rumos da cartografia escolar. São Paulo: Contexto, 2011. p. 121-

136.

CASTROGIOVANNI, A. (org) Ensino de Geografia: práticas e textualizações no

cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 6ª ed., 2008.

CAVALCANTI, L. S. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas-SP:

Papirus, 1998.

CAVALCANTI, L. S. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

Page 92: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

91

CAVALCANTI, L. S. de Geografia, escola e construção de conhecimentos. 6. ed.

Campinas, São Paulo: Papirus, 2004.

CAVALCANTI, A. S. Currículo e diversidade cultural: uma abordagem a partir do ensino

religioso nas escolas publicas. Fundamento – Revista de Pesquisa em Filosofia. Vol. 1, nº

3, 172-186, 2011.

CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 2001.

CROCE, Marta Lucia. O ensino com pesquisa no Curso de Pedagogia e a formação de

gestores para a educação. Curitiba: PUCPR, 2003.

DESLAURIES, J. P.; KÉRISIT, M. O delineamento da pesquisa qualitativa In: POUPART, J.

et al. A pesquisa Qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos: Petrópolis, RJ,

Editora Vozes, 2008.

FONSECA C. Quando cada caso Não é um caso: pesquisa etnográfica e educação. In:

Revista Brasileira de Educação. 1999; n.10: p.58-78.

FONSECA, S. G. O trabalho do professor na sala de aula: relações entre sujeitos, saberes e

práticas. In: Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v. 91, n. 228, p. 390-407,

maio/ago, 2010.

FRANCO, M. A. S. Indicativos para um currículo de formação de pedagogos. In: ROSA, D.

E. G.; SOUZA, V. C. (Orgs.). Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e

formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

GARRUTI, E, A.; SANTOS, S, R. A interdisciplinaridade como forma de superar a

fragmentação do conhecimento. Revista de Iniciação Científica, FFC – Campus de Marília –

São Paulo, v.4, n.2, p.1-11, 2004.

GATTI, B. A; BARRETTO, E. S. de S. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília:

UNESCO, 2009.

GATTI, B. Formação de professores no Brasil: características e problemas. In: Revista

Educação e Sociedade. Campinas, v. 31, n. 113, p. 1355-1379, out.-dez. 2010

Page 93: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

92

GUIMARÃES, I. Possibilidades criativas no ensino de Geografia: diferentes registros e

linguagens na sala de aula. In: FONSECA, S. G. Ensino fundamental conteúdos,

metodologias e práticas. Campinas, SP: ed. Alínea, 2009, p. 313-334.

ISSLER, B. A Geografia e os Estudos Sociais Tese (Doutorado em Geografia). Presidente

Prudente: FFCL/UNESP, 1973.

JACINTHO, S. M. C. Considerações sobre o ensino da Geografia. In: GIOMETTI, A. B. R.

dos; BRAGA, R. (Org.). Cadernos de Formação: Ensino de Geografia. São Paulo: UNESP,

p. 77-83, 2004.

KAERCHER, N. A. Ler e escrever a geografia para dizer a sua palavra e construir o seu

espaço. In: SCHÄFFER, N. O. et al. Ensinar e Aprender Geografia. Porto Alegre:

AGB/Seção Porto Alegre, 1998.

KAERCHER, N. A. Ser docente, ser discente: modelos e identidades. Conhece e revela-te

estudando a cidade. In: ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DA AMÉRICA LATINA.

Montevidéu. 2009.

LAMPERT, R. A. O estudo do lugar como formação do conhecimento e a prática docente em

Geografia. In: TONINI, I. M.; KAERCHER, N. A.; HOLGADO, F. L. (Org.). Ensino da

Geografia e da História: saberes e fazeres na contemporaneidade. Ed 1. Porto Alegre:

Evangraf, 2013, p. 133-148.

LASTÓRIA, A. C. et. al. (Org.). Atlas escolar histórico, geográfico e ambiental de

Ribeirão Preto-SP. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo, 2008.

LASTORIA, A.C.; MELLO, R.C. “Cotidiano” e “Lugar”: categorias teóricas da história e da

geografia escolar. Universitas: Fernandópolis, v.4, nº 1, 2008, p. 27-34.

LASTÓRIA, A. C. Didática da Geografia e Geografia Escolar. In: FONSECA. S. G., (Org.).

Ensino Fundamental: conteúdos, metodologias e práticas. 1 ed. Campinas: Alínea, v. 1,

2009.

LASTÓRIA, A. C. O Grupo de estudo da localidade: elo que une a formação docente,

a prática e os professores de geografia e de história. Boletim Paulista de Geografia. v. 1,

pp.49-89, 2010.

Page 94: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

93

LASTÓRIA, A.C.; ASSOLINI, E. F. A aprendizagem, a formação e a experiência como

elementos centrais dos processos educativos de professores. In: ASSOLINI, F. E. P.;

LASTÓRIA, A.C. (Orgs.) Formação continuada de professores: processos formativos e

investigativos. Ribeirão Preto: Compacta Editora, 2010.

LASTÓRIA, A. C.; FERNANDES, S.A.S. de. A Geografia e a linguagem cartográfica: e

nada adianta saber ler um mapa se não se sabe aonde quer chegar. Ensino em Revista (UFU.

Impresso), v. 19, p. 323-334, 2012.

LASTÓRIA, A. C.; FERNANDES, S.A.S. de. Cartografia escolar na formação inicial de

professores dos anos iniciais do ensino fundamental: ficção ou realidade? In: OLIVEIRA, P.

(Org.). (Geo)grafias e linguagens: concepções, pesquisas e experiências formativas. 1 ed.

Curitiba- PR: CRV, 2013, v. 1, p. 53-68.

LASTORIA, A. C.; FERNANDES, S.A.S. de. Avanços e desafios do ensino de geografia no

Brasil: formação de professores e práticas escolares. In: FERNÁNDEZ C.; RAQUEL G.

(Org.). Didáctica de la geografía: prácticas escolares y formación de profesores.. 1 ed.

Buenos Aires / Argentina: Biblos, 2014, v. 1, p. 97-108.

LIBÂNEO, J. Didática. São Paulo: Cortex, 1994.

LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos... Revista Educar, n.17, Curitiba: Editora da UFPR

2001.

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas,

estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003.

LIBÂNEO, J. C. Reflexividade e formação de professores: outra oscilação do pensamento

pedagógico brasileiro? In: PIMENTA, S. G.; GHEDIN (Orgs). Professor reflexivo no

Brasil: gênese e crítica de um conceito. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

HYPOLITO, Á. M. Trabalho docente na educação básica no Brasil: as condições de trabalho.

In: OLIVEIRA, D. A.; VIEIRA, L. F. Trabalho na Educação Básica: a condição docente

em sete estados Brasileiros. Belo Horizonte, MG: Fino Traço, 2012, p. 211-229.

MARTINELLI, M. A. Cartografia dos Atlas geográficos para escolares. Anais: VI Colóquio

de Cartografia para crianças e escolares; II Fórum Latino americano de Cartografia para

Escolares. Instituto de Ciências Humanas, Juiz de Fora, Minas Gerais – Brasil, 17, 18 e 19

de junho de 2009.

Page 95: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

94

MARIN, A. J. Educação Continuada: Introdução a uma Análise de Termos e

Concepções. Cadernos Cedes. Campinas (SP): Papirus, n° 36, 1995.

MARTINS, H. H. T. S. Metodologia qualitativa de Pesquisa, Educação e Pesquisa. v. 30,

n.2, p. 289-300, maio/ago. 2004.

MARTINS, R. E. M. W. Reflexões sobre o processo formativo do professor de Geografia. In:

CASTROGIOVANNI., A. C. et al (Orgs.) Movimentos no Ensinar Geografia – Porto

Alegre: Imprensa Livre: Compasso Lugar-Cultura, 2013.

MAZZOTTI, A. J.A. Relevância e Aplicabilidade da Pesquisa em Educação. Cadernos de

Pesquisa n. 113. FCC/Autores Associados, nº 113, 2001.

MAZZOTTI, A.J. Impacto da pesquisa educacional sobre as práticas escolares. In ZAGO,

Nadir et al (org.) Itinerários de pesquisa: perspectivas em sociologia da educação, Rio de

Janeiro: Lamparina, 2011

MIZUKAMI, M. G. N. et al Escola e aprendizagem da docência: processos de investigação e

formação. São Carlos: EDUFSCAR, 2002. OLIVEIRA, A. R., Construir uma didática da

Geografia e Cartografia. In: CALLAI, H. C. Educação geográfica: reflexão e prática – Ijuí:

Ed. Unijuí, 2011.

MIZUKAMI, M. G. N. ; REALI, A. M. M. R. ; REYES, C.R. ; MARTUCCI, E. M. ;

LIMA, E. F. ; TANCREDI, R. M. S. P. ; MELLO, R. R. . Escola e aprendizagem da

docência: processos de investigação e formação. 1. ed. São Carlos: EDUFSCar -

INEP/COMPED. v. 1. p. 203, 2002.

MORAIS, C.C. Cartografia Escolar nos anos iniciais: o letramento cartográfico nas

práticas das professoras. 2014. 183 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia

Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

MOREIRA, A. F. B. Currículos e programas no Brasil. Campinas: Papirus, 1990.

MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. (Org.). Currículo, cultura e sociedade. 2. ed. São Paulo:

Cortez, 1997.

Page 96: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

95

MOREIRA, A. F. B.; CANDAU, V. M. Currículo, conhecimento e cultura. In: BRASIL,

Ministério da Educação (MEC). Indagações sobre o currículo do ensino fundamental.

2007.

MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira

Thomson, 2002.

MOROZ, M. e GIANFALDONI, M. H. T. A. (orgs.). O processo de pesquisa Iniciação.

Brasília: Líber Livro Editora, 2006.

MOURA, E. C. C.; MESQUITA, L. F. C. Estratégias de ensino-aprendizagem na percepção

de graduandos de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 63, n. 5, p.

793-798, 2010.

NOVAES, Í. F. A geografia nas séries iniciais do ensino fundamental: desafios da e para

a formação docente. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia.

Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2006.

OLIVEIRA, A. R., Construir uma Didática da Geografia e Cartografia: entre linguagem

cartográfica, cultura, saberes e práticas docentes. In: CALLAI, H. C, Educação Geográfica:

reflexão e práticas – Ijuí: Ed. Unijuí, 2011.

OLIVEIRA, A. R., Pensar a didática da Geografia e Cartografia escolar como área de ensino e

pesquisa. In: MAIA, D. C.(Org.). Ensino de Geografia em Debate. Salvador: EDUFBA:

2014

OLIVEIRA, T. M. L. Ensino de Geografia na contemporaneidade: O Uso de recursos

didáticos na sua abordagem. URCA. Porto Alegre. 2009.

PACHECO, J. A. Políticas curriculares. Porto: Porto Editora, 2002.

PACHECO, M. M. D. R. Currículo, interdisciplinaridade e organização dos processos de

ensino. Araras: Fundação Hermínio Ometto / Uniararas, 2007.

PASSINI, E. Y.; PASSINI, R.; MALYSZ, S. T. (Orgs.). Prática de Ensino de Geografia e

Estágio Supervisionado. São Paulo: Contexto, 2007.

Page 97: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

96

PEREIRA, M. G. Conhecer e Aprender o espaço: Considerações prévias a um processo de

intervenção pedagógica. In: CAVALCANTI, L. S. (Org.). Temas da geografia na escola

básica – 1°ed – Campinas: Papirus, 2013.

PERRENOUD, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas

sociológicas. Lisboa. Dom Quixote, 1993

PERRENOUD, P. Ofício de aluno e sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora.

Paris: ESF,1995.

PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre, Artmed, 1999.

PERRENOUD, P. Sucesso na escola: só currículo, nada mais que o currículo!. Tradução:

Neide Luzia de Rezende. Cadernos de Pesquisa, n. 119, p. 9-27, julho/ 2003.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíses

– Volume 3. Número 3 e 4, PP. 5-24, 2005/2006.

PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. 6° Ed. São Paulo: Cortez, 2011.

PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica. In:

Cadernos de Pesquisa, n. 114, p. 179-195, novembro/2001.

PONTUSCHKA, N. N.; TOMOKO, I. P.; CACETE, N.H. Para ensinar e aprender

Geografia – 3º ed. – São Paulo: Cortez, 2009.

ROMANELLI, O. História da educação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1991.

SACRISTÁN G. J. O currículo: os conteúdos do ensino ou uma análise prática. In: PÉREZ S.

N. Saber escolar, currículo e didáctica: problemas de unidade conteúdo/método no

ensino. Autores Associados, 1994.

SACRISTÁN, J. G. Currículo e diversidade cultural. In: SILVA, T. T.; MOREIRA, F. (Orgs.)

Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis:

Vozes, p.82-113, 1995.

SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3 ed. Tradução de Ernani F.

da Fonseca. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Page 98: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

97

SACRISTÁN, J. G. Poderes instáveis em educação. Tradução de Beatriz Affonso Neves.

Porto Alegre: Artmed, 1999.

SACRISTÁN, J. G. O currículo uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: Artmed, 2000.

SACRISTÁN, J. G. Saberes e incertezas sobre o currículo. Tradução: Alexandre Salvaterra.

Porto Alegre: Penso, 2013.

SÁ-SILVA, J. R.; ALMEIDA, C. D. ; GUINDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas

e metodológicas. In: Revista Brasileira de História e Ciências Sociais. Ano I – Número I –

Julho de 2009.

SANTOS, I. S. F.; PRESTES, R. I.; VALE, A. M. Brasil, 1930 - 1961: Escola Nova, LDB e

Disputa entre escola pública e escola privada. Revista HISTEDBR. Campinas, n.22, p.131 –

149, jun. 2006.

SANTOS, B. S. de. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e

emancipatória da universidade – 3 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

SANTOS, F. K. S. dos. Estágio curricular supervisionado na formação do professor de

Geografia: reflexões sobre o papel da prática de ensino para a produção e mobilização

de saberes docentes. 12° Encontro Nacional de Prática de Ensino de Geografia: João Pessoa,

UFPB, 2013.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Resolução nº 03, de 16 de janeiro de 2014

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Resolução nº 06, de 19 de janeiro de 2016

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Resolução nº 81, de 16 de dezembro de 2011

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Resolução nº 85, de 19 de dezembro de 2013

Page 99: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

98

SAVIANI, D. O legado educacional do regime militar. Caderno Cedes. Campinas, Vol. 28,

nº. 76, p. 291-312, 2008.

SAVIANI, D. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no

contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação, v. 14 n. 40 jan./abr. 2009. 143- 155.

SILVA, T. T. Identidades terminais: as transformações na política da pedagogia e na

pedagogia da política. Petrópolis: Vozes, 1996.

SILVA, F. K. M.; LASTÓRIA, A. C., O estágio supervisionado em Ciências, Geografia e

História nos anos iniciais: entre o ideal e o real, In: PACÍFICO S. M. R.; ARAÚJO, E. S.

(Orgs) O estágio e a produção do conhecimento docente. São Carlos: Pedro &João

Editores, 2013.

STACCIARINI, J.M.R.; ESPERIDIÃO, E. Repensando estratégias de ensino no processo de

aprendizagem. Revista latino americana de enfermagem. Ribeirão Preto, v. 7, n. 5, p. 59-

66, dezembro 1999.

STRAFORINI, R. Ensinar geografia: o desafio da totalidade-mundo nas séries iniciais.

São Paulo: Annablume, 2004.

STRAFORINI, R., “Mapas Históricos”: usos e possibilidades no ensino de Geografia. In:

CALLAI, H. C. Educação geográfica: reflexão e prática – Ijuí: Ed. Unijuí, 2011.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional . Petrópolis: Vozes, 2002. 325p.

VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto

Político - Pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização. 18ª Ed..

São Paulo: Libertad Editora, 2008.

VLACH, V. R. F. Sociedade moderna, educação e ensino de Geografia. In: VEIGA, I. P. A.;

CARDOSO, M. H. F. (org.). Escola fundamental: currículo e ensino. Campinas: Papirus.

1991.

VLACH, V. R. F. O ensino de Geografia no Brasil: uma perspectiva histórica. In:

VESENTINI, J. W. (org.). O ensino de Geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2004.

Page 100: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

99

VAILLANT, D. Políticas para un desarrollo profesional docente efectivo. In: MEDRANO, C.

V. de; VAILLANT, D. Aprendizaje y desarrollo profesional docente. Madrid: Santillana,

2009. p. 29-37

ZABALA, A. La práctica educativa. Barcelona: Graó: 1995.

Page 101: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

100

APÊNDICES

APENDICE A - QUADRO 5 – INDICAÇÕES SOBRE AS EXPECTATIVAS PARA A

FORMAÇÃO DO PEDAGOGO

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS -

UNICAMP

2015

“O percurso de formação do licenciado em

Pedagogia objetiva qualificação para o trabalho

em instituições educativas para atuar no

magistério na Educação Infantil, Anos Iniciais

do Ensino Fundamental [...]. Faz parte dessa

formação profissional a experiência

investigativa, bem como de reflexão acerca de

aspectos políticos e culturais da ação

educativa.” (p.23).

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FEUSP

– SÃO PAULO

2012

“O curso de Licenciatura Plena em Pedagogia é

voltado para a formação de profissionais de

educação por meio de uma sólida formação

teórica e pela iniciação à prática docente, aptos

a trabalharem na produção do conhecimento

científico-tecnológico do campo educacional.”

(p.7).

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FFCLRP

– RIBEIRÃO PRETO

2013

“A formação inicial [...] do pedagogo possibilita

o desenvolvimento do disciplinamento necessário

à reflexão individual e coletiva essencial para

uma prática reflexiva e transformadora.”. (p.18)

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

2006

“A formação do professor para a atuação na

Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino

Fundamental compreende a articulação entre os

conteúdos pedagógicos [...] e conteúdos

específicos. Dentre os conteúdos específicos

necessários à formação qualitativa do docente.”

(p.150).

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IBILCE –

SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO

2001

(atualização

em 2008)

“[...] o pedagogo é o profissional capacitado a

atuar na docência, na organização e na gestão

de sistemas, unidades e projetos educacionais,

na produção e na difusão do conhecimento em

diversas áreas de educação, tendo o ensino como

continua

Page 102: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

101

base de sua formação e identidade profissional”.

(p. 27).

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL -

ARARAQUARA

2007 (com

termo de

adequação

2015).

“pretende realizar uma formação de alto nível

qualitativo do pedagogo, entendido aqui, como

um profissional capaz de desempenhar a função

básica da docência. [...] Entende-se que esta

formação profissional deva estar vinculada às

demandas próprias do ensino escolarizado com

todas as suas características e dificuldades.”

(p.8).

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC -

MARÍLIA

2007

“o curso deverá preservar a boa qualidade da

formação no âmbito dos fundamentos, os

relevantes conhecimentos presentes nas

habilitações e melhor articular os componentes

disciplinares [...]” (p.10).

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB – RIO

CLARO

2011

“[...] Objetiva-se a formação de profissionais que

atuem na docência da educação infantil e das

séries iniciais do ensino fundamental, na

produção e difusão de conhecimentos no campo

da Educação, bem como na organização e

gestão de sistemas, unidades e projetos

educacionais, por meio de uma sólida formação

teórica articulando teoria e prática.” (p. 25).

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT –

PRESIDENTE

PRUDENTE

2011

“O perfil do pedagogo que vem sendo formado:

Professor polivalente com domínio do processo

de ensino-aprendizagem para as séries iniciais

do ensino fundamental, na Educação Infantil e

em atividades de Gestão.” (p.13).

QUADRO 5: INDICAÇÕES SOBRE AS EXPECTATIVAS PARA A FORMAÇÃO DO

PEDAGOGO

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

Page 103: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

102

APENDICE B - QUADRO 6 – COMPONENTES CURRICULARES OBRIGATÓRIOS

QUE ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA: DENOMINAÇÕES E CARGAS

HORÁRIAS

INSTITUIÇÕES DE

ENSINO SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

NÚMERO DE

DISCIPLINAS

OBRIGATÓRIAS

CARGAS

HORÁRIAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS –

UNICAMP

ESCOLA E

CONHECIMENTO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

1 - OBRIGATÓRIA

60 HORAS

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FEUSP

– SÃO PAULO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

1- OBRIGATÓRIA

90 HORAS

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO –

FFCLRP – RIBEIRÃO

PRETO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE HISTÓRIA

E GEOGRAFIA e

CARTOGRAFIA

ESCOLAR

1- OBRIGATÓRIA

60 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

CONTEÚDOS E

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

1 - OBRIGATÓRIA

68 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IBILCE

– SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO

CONTEÚDO E

METODOLOGIA DE

GEOGRAFIA

1 - OBRIGATÓRIA

60 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL –

ARARAQUARA

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO

DE HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

1 - OBRIGATÓRIA

120 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC –

MARÍLIA

CONTEÚDOS,

METODOLOGIAS E

PRÁTICA DE ENSINO:

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

1 - OBRIGATÓRIA

75 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB – RIO

CLARO

CONTEÚDO,

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

1 - OBRIGATÓRIA

75 HORAS

continua

Page 104: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

103

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT –

PRESIDENTE

PRUDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO

DE GEOGRAFIA I E II

2 - OBRIGATÓRIAS

105 HORAS

APENDICE B - QUADRO 6 – COMPONENTES CURRICULARES OBRIGATÓRIOS QUE

ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA: DENOMINAÇÕES E CARGAS HORÁRIAS

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

Page 105: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

104

APENDICE C - QUADRO 7 – COMPONENTES CURRICULARES OPTATIVOS

QUE ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA: DENOMINAÇÕES E CARGAS

HORÁRIAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR (IES).

DENOMINAÇÕES

CARGAS

HORÁRIAS

UNIVERSIDADE ESTADUAL

DE CAMPINAS - UNICAMP

FUNDAMENTOS DO ENSINO

DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA /

O SABER HISTÓRICO E

GEOGRÁFICO E SUAS

DIMENSÕES EDUCACIONAIS

_________________

UNIVERSIDADE DE SÃO

PAULO – FEUSP – SÃO

PAULO

_________________ _________________

UNIVERSIDADE DE SÃO

PAULO – FFCLRP –

RIBEIRÃO PRETO

CARTOGRAFIA ESCOLAR

30 HORAS

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA – FC- BAURU

_________________ _________________

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA – IBILCE – SÃO

JOSÉ DO RIO PRETO

________________

_________________

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA – FCL –

ARARAQUARA

_________________

_________________

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA – FFC - MARÍLIA

_________________ _________________

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA – IB – RIO CLARO

_________________ _________________

UNIVERSIDADE ESTADUAL

PAULISTA – FCT –

PRESIDENTE PRUDENTE

_________________

_________________

APENDICE C - QUADRO 7 – COMPONENTES CURRICULARES OPTATIVOS QUE

ENVOLVEM O ENSINO DE GEOGRAFIA: DENOMINAÇÕES E CARGAS HORÁRIAS

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

Page 106: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

105

APÊNDICE D - QUADRO 8 – COMPONENTES CURRICULARES QUE

ENVOLVEM ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

INSTITUIÇÕES DE

ENSINO SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

CARGAS

HORÁRIAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS –

UNICAMP

PRÁTICA DE ENSINO E ESTÁGIO

SUPERVISIONADO NOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL I e II

120 HORAS

NIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FEUSP

– SÃO PAULO

ATIVIDADES PRÁTICAS – ESTÁGIOS

E PROJETOS I, II, III, IV e V

_________________

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO –

FFCLRP – RIBEIRÃO

PRETO

AÇÃO PEDAGÓGICA INTEGRADA:

ENSINO FUNDAMENTAL II

150 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

ESTÁGIO CURRICULAR DE PRÁTICA

DE ENSINO NOS ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL

102 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IBILCE –

SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO

ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO: TRABALHO

PEDAGÓGICO NOS ANOS INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL I e II

60 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL –

ARARAQUARA

ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO: ANOS INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL I e II

100 HORAS

continua

Page 107: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

106

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC -

MARÍLIA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE

PRÁTICA DE ENSINO NOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

135 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB – RIO

CLARO

PLANEJAMENTO,

ACOMPANHAMENTO E NOÇÕES

TEÓRICAS DA PRÁTICA ESCOLAR E

DOCÊNCIA DOS ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL E ESTÁGIO

SUPERVISIONADO I

150 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT –

PRESIDENTE

PRUDENTE

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE

PRÁTICA DE ENSINO NOS ANOS

INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL I e II

105 HORAS

APÊNDICE D - QUADRO 8 – COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM

ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS NO ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

Page 108: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

107

APÊNDICE E - QUADRO 9 – COMPONENTES CURRICULARES QUE

ENVOLVEM ESTÁGIOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

INSTITUIÇÕES DE

ENSINO SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

CARGAS

HORÁRIAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS –

UNICAMP

ESTÁGIO SUPERVISIONADO III e IV

– EDUCAÇÃO INFANTIL

180 HORAS

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FEUSP –

SÃO PAULO

ATIVIDADES PRÁTICAS –

ESTÁGIOS E PROJETOS I, II, III, IV e

V

_________________

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FFCLRP

– RIBEIRÃO PRETO

AÇÃO PEDAGÓGICA INTEGRADA:

EDUCAÇÃO INFANTIL I e II

300 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA

– FC- BAURU

ESTÁGIO CURRICULAR DE

PRÁTICA DE ENSINO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

102 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA

– IBILCE – SÃO JOSÉ

DO RIO PRETO

ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO: TRABALHO

PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO

INFANTIL I e II

60 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA

– FCL –

ARARAQUARA

ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM EDUCAÇÃO

INFANTIL

100 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA

– FFC - MARÍLIA

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE

PRÁTICA DE ENSINO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

135 HORAS

continua

Page 109: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

108

UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA

– IB – RIO CLARO

PLANEJAMENTO,

ACOMPANHAMENTO E NOÇÕES

TEÓRICAS DA PRÁTICA ESCOLAR E

DOCÊNCIA DA EDUCAÇÃO

INFANTIL E ESTÁGIO

SUPERVISIONADO III

150 HORAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL PAULISTA

– FCT – PRESIDENTE

PRUDENTE

ESTÁGIO SUPERVISIONADO DE

PRÁTICA DE ENSINO DE

EDUCAÇÃO INFANTIL I e II

105 HORAS

APÊNDICE E - QUADRO 9 – COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM ESTÁGIOS

NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

Page 110: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

109

APÊNDICE F - QUADRO 10 – EMENTAS DOS COMPONENTES CURRICULARES

QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

INSTITUIÇÕES DE

ENSINO SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

EMENTAS DAS DISCIPLINAS

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS -

UNICAMP

ESCOLA E

CONHECIMENTO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

Ensino de História e de Geografia nos

primeiros anos de escolaridade. Esse é o

tema que pretendemos discutir neste

semestre letivo. O nosso olhar, quanto ao

ensino de História e de Geografia,

pressupõe a relação íntima entre estes dois

campos de conhecimento, a imbricação

entre teoria e prática, entre ensino e

pesquisa, além de uma cuidadosa

investigação relativa à questão de como

trabalhar com as noções de tempo e de

espaço nos primeiros anos de

escolaridade.

A trajetória proposta permitirá focalizar –

histórica e educacionalmente – as

propostas curriculares do Estado de São

Paulo (CENP- SEE-SP, de 1986, de 1992

e da atualidade) e os parâmetros

curriculares nacionais (MEC-DF, década

de 1990, ainda hoje em vigor) para o

ensino de História e de Geografia (nível

fundamental). Ao mesmo tempo, nos

dedicaremos à busca de “novas”

perspectivas teórico-metodológicas, de

“novas” linguagens e de “novos” temas

para o ensino. Para tal, percorreremos

reflexivamente os campos conceituais

historiográficos e geográficos em que se

circunscrevem as produções educacionais,

acima referidas.

O que se objetiva é propiciar aos discentes

condições efetivas de buscar uma

autonomia consciente para produzir

saberes docentes na área de ensino de

História/Geografia nesta importante etapa

dos primeiros anos de escolaridade.

continua

Page 111: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

110

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO – FEUSP

– SÃO PAULO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

A disciplina trata das questões relativas ao

desenvolvimento do conhecimento

geográfico nas séries iniciais do ensino

fundamental. O curso promove o estudo

dos autores que descreveram e

interpretaram os conceitos geográficos

relacionando-os com o cotidiano e o

processo de aprendizagem.

Para além das determinações do

desenvolvimento da criança e do jovem a

influenciar a construção das noções em

geografia, a disciplina aborda as

oportunidades educativas e a mediação

cultural, propiciadas por educadores,

como fontes de promoção da

aprendizagem em ensino de geografia. Do

ponto de vista da relação entre a

Cartografia e a Geografia, entendemos a

Cartografia como linguagem no

desenvolvimento das habilidades

operatórias no processo de formação dos

conceitos geográficos. A disciplina propõe

um conjunto de conhecimentos teórico-

práticos, observando a aprendizagem do

desenho e da cartografia, abordando as

orientações didáticas e os projetos

curriculares adequados à sua promoção

disciplinar e interdisciplinar,

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO –

FFCLRP – RIBEIRÃO

PRETO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE HISTÓRIA

E GEOGRAFIA

Fundamentos teórico-metodológicos do

ensino de História e Geografia para os

anos iniciais do ensino fundamental.

Didática da História e Geografia:

concepções, categorias teóricas e

conceitos fundamentais. Políticas públicas

e propostas curriculares para o ensino de

História e Geografia nos anos inicias.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

CONTEÚDOS E

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

A disciplina pretende oferecer aos

docentes das Séries Iniciais do Ensino

Fundamental os conceitos e

conhecimentos sobre o espaço geográfico

entendido sempre como espaço social,

síntese da relação dinâmica do ser humano

em contato diuturno com a natureza. O

conhecimento da natureza do espaço

continuação

Page 112: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

111

geográfico permitirá [...] A disciplina

pretende, ainda, subsidiar o futuro

professor no que diz respeito ao

planejamento, execução e avaliação das

atividades de ensino e aprendizagem de

Geografia. As atividades didáticas da

disciplina estarão relacionadas

interdisciplinarmente com os demais

Eixos e com a Prática Pedagógica, Eixo

Articulador do Curso.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IBILCE –

SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO

CONTEÚDO E

METODOLOGIA DE

GEOGRAFIA

Geografia: concepções teóricas,

metodológicas e pedagógicas; Prática

pedagógica do ensino de geografia na

educação infantil e nos anos iniciais do

ensino fundamental; O ensino de

geografia e a linguagem cinematográfica.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL –

ARARAQUARA

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO

DE HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

Espaço e tempo. Espaço Social. Espaço

Geográfico. Espaço e Cultura. História e

vida. Campo e cidade. Pluralidade

cultural. Território e territorialidade.

Memória. Educação e etnia.

Procedimentos Didáticos. Projetos para

ensino. UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC –

MARÍLIA

CONTEÚDOS,

METODOLOGIAS E

PRÁTICA DE ENSINO:

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

O curso visa à: análise das várias

concepções de História e Geografia e suas

articulações com a metodologia de ensino;

discussão sobre as principais noções para

o ensino dessa disciplina: tempo, espaço,

relações sociais e trabalho; análise crítica

de relatos de experiências desenvolvidas

em classes da educação infantil e das

primeiras séries do ensino fundamental.

Esta análise possibilitará uma reflexão

sobre os procedimentos metodológicos

mais adequados e vinculados a uma

concepção de História que permita ao

aluno a compreensão da realidade social e

da sua própria situação histórica enquanto

sujeito.

O curso discutirá a concepção do espaço

geográfico como espaço histórico e social.

Nesta perspectiva, as relações sociais e o

trabalho são noções fundamentais para

que se possa entender como as sociedades

produzem o espaço e se apropriam da

natureza. Refletirá sobre questões

continuação

Page 113: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

112

metodológicas do ensino da Geografia que

possibilitem ao aluno compreender o

espaço produzido pela nossa sociedade e a

apropriação da natureza levada a efeito

pelo processo de trabalho.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB –

RIO CLARO

CONTEÚDO,

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

1. Geografia e Ensino. 2. Geografia

conceitos e categorias. 3. A Geografia no

Ensino Fundamental. 4. As práticas

pedagógicas no ensino de Geografia. 5.

Intervenção Humana e o espaço físico.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT –

PRESIDENTE

PRUDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

GEOGRAFIA I E II

Essa disciplina deverá contribuir para a

formação docente acerca do ensino de

Geografia na educação infantil e nas séries

iniciais do ensino fundamental. Serão

realizados estudos sobre a construção do

pensamento geográfico, o objeto da

Geografia e as suas diferentes concepções

teórico-metodológicas. O espaço

geográfico é construído pelos homens, a

partir das relações estabelecidas entre si e

a natureza em diferentes escalas espaciais

e temporais. O ensino de Geografia é de

relevância social ao contribuir para

compreensão dos elementos fundamentais

para a leitura da complexidade do espaço

geográfico privilegiando a formação do

indivíduo para o exercício da cidadania

APÊNDICE F - QUADRO 10: EMENTAS DOS COMPONENTES CURRICULARES QUE

ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

conclusão

Page 114: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

113

APÊNDICE G - QUADRO 11 – CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS

COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE

GEOGRAFIA

INSTITUIÇÕES

DE ENSINO

SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS

COMPONENTES CURRICULARES QUE

ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE

GEOGRAFIA

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS –

UNICAMP

ESCOLA E

CONHECIMENTO

DE HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

Módulo 1 – Ensino de História:

- As Propostas Curriculares de História para os

primeiros anos do Ensino Fundamental,

elaboradas pela equipe da CENP-SEE-SP em

1986, em 1992 e na atualidade e os Parâmetros

Curriculares Nacionais de História apresentados

pelo MEC em 1997:

- A tradição marxista-cultural inglesa e as

contribuições para a produção de saberes

docentes, na relação com os saberes discentes.

- Reflexões sobre a História Nova e o ensino de

História e a busca de ruptura do ritmo maquínico

em sala de aula.

Módulo 2 – Ensino de Geografia:

- Apresentação e discussão da Proposta

PROESF e do Eixo Identidades Sociais.

- Eixos Trabalho e Mapa - linguagem

cartográfica

- Eixos Raciocínio por escala e Lugar –

linguagem fotográfica

- Imagens, Geografias e Educação – linguagem

audiovisual.

Módulo 3 – ensino de História e Geografia e

outras linguagens/avaliações:

- Anos de escolaridade.

- Oficina – os contos de fadas franceses e o

ensino de História das mentalidades nos

primeiros anos de escolaridade.

- Oficina - Construindo as representações de

tempo e espaço nos primeiros anos de

escolaridade.

continua

Page 115: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

114

UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO

– FEUSP – SÃO

PAULO

METODOLOGIA

DO ENSINO DE

GEOGRAFIA

- A Geografia como disciplina escolar;

- Concepções de Aprendizagem e a construção

de conceitos científicos;

- Currículo de Geografia: análise das propostas

curriculares de Geografia – PCNs;

- Alfabetização e/ou letramento cartográfico;

- A interdisciplinaridade e os métodos de ensino:

projeto de ensino, estudo do meio e trabalho

de campo;

- Diferentes linguagens: utilização de vídeo

na sala de aula, textos literários e jornalísticos;

- Preparação de aulas, planejamento de aulas

apresentação para o grupo;

UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO

– FFCLRP –

RIBEIRÃO

PRETO

METODOLOGIA

DO ENSINO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

- O saber histórico e geográfico e suas relações

com o conhecimento escolar nos anos iniciais do

Ensino Fundamental;

- Os objetivos pedagógicos do ensino de

História e Geografia para os anos iniciais do

Ensino Fundamental;

- Políticas públicas para o ensino de História e

Geografia nos anos iniciais do Ensino

Fundamental;

- Os materiais didáticos e a relação com o saber

nas áreas de conhecimento histórico e

geográfico;

- Fundamentos teórico-metodológicos do ensino

de Geografia e História para os anos iniciais do

ensino Fundamental;

- O cotidiano e a localidade no ensino de

Geografia e História;

- Espaços de aprendizagem para o ensino de

História e Geografia;

- Espaço e tempo como categorias teóricas da

Geografia e da História Escolar;

- Constituição do povo brasileiro na perspectiva

do ensino de História e Geografia para Educação

Infantil e Ensino Fundamental;

- Relação Sociedade-Natureza na abordagem do

ensino histórico e geográfico no Ensino

Fundamental e na Educação Infantil.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

CONTEÚDOS E

METODOLOGIA

DO ENSINO DE

- As propostas pedagógicas para o Ensino de

Geografia – ênfase para as propostas de cunho

sócio-construtivistas;

- A definição de conteúdos procedimentais e

continuação

Page 116: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

115

PAULISTA – FC-

BAURU

GEOGRAFIA valorativos para a orientação das ações, atitudes

e comportamentos sócio-espaciais;

- Os conceitos geográficos como instrumentos

básicos para a leitura do mundo do ponto de

vista geográfico;

- O conceito de paisagem rural e urbana;

- O conceito de cultura – paisagem e modo de

vida, diferentes formas de produção cultural,

produção individual e coletiva, produção de

riqueza no campo e na cidade, paisagens

naturais e culturais, o trabalho e a transformação

da paisagem;

- As propostas atuais de trabalho com a

cartografia – orientação, localização,

representação cartográfica e leitura de mapas;

- O espaço urbano – as diferentes imagens de

cidade – as cotidianas e as científicas;

- Questão Ambiental – os aspectos naturais,

culturais, econômicos e políticos.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA –

IBILCE – SÃO

JOSÉ DO RIO

PRETO

CONTEÚDO E

METODOLOGIA

DE GEOGRAFIA

1) Geografia: concepções teóricas,

metodológicas e pedagógicas

- Concepções de geografia;

-Aspectos envolvendo a produção do

conhecimento geográfico;

- Fundamentos teórico-metodológicos do ensino

de geografia na educação infantil e nos anos

iniciais do ensino fundamental: debates e

propostas atuais.

2) A prática pedagógica do ensino de geografia

na educação infantil e nos anos iniciais do

ensino fundamental

- Procedimentos metodológicos no ensino de

geografia na educação infantil e nos anos

iniciais do ensino fundamental;

- As propostas curriculares oficiais para o ensino

de geografia na educação infantil e nos anos

iniciais do ensino fundamental;

- Os materiais didáticos no ensino de geografia

na educação infantil e nos anos iniciais do

ensino fundamental;

- Alfabetização cartográfica.

3)O ensino de geografia e a linguagem

cinematográfica.- Ensino de geografia por meio

da produção de curtas metragens associados ao

local, ao presente e ao cotidiano do aluno.

continuação

Page 117: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

116

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL

– ARARAQUARA

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

- Conceitos de História e Geografia: o tempo e o

espaço;

- O mundo globalizado e o surgimento de novos

paradigmas culturais;

- Conhecimento Histórico/Geográfico: sua

importância social;

- Linguagens, recursos tecnológicos e as

metodologias para o ensino de história e

Geografia;

- Parâmetros curriculares Nacionais e o ensino

de História e Geografia;

- Ensino de história e as leis 10.639/03 e

11.645/08: sobre a História da África, da Cultura

afro-brasileira e indígena;

- Alfabetização geográfica;

- Material didático: análise, produção e

avaliação.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC

– MARÍLIA

CONTEÚDOS,

METODOLOGIAS E

PRÁTICA DE

ENSINO: HISTÓRIA

E GEOGRAFIA

I – Pressupostos teóricos e metodológicos do

ensino de História e Geografia na educação

infantil e nas séries iniciais do ensino

fundamental.

- A importância do ensino de História e de

Geografia na educação infantil e nas séries

iniciais do ensino fundamental.

- Diferentes concepções de História e de

Geografia orientando diferentes metodologias de

ensino.

-A importância dos conteúdos na definição de

uma metodologia de ensino em História e

Geografia.

II – Estrutura conceitual básica do Ensino de

História e de Geografia na educação infantil e

nas séries iniciais do ensino fundamental:

mudanças, perspectivas e implicações

metodológicas.

- A formação dos conceitos de tempo e espaço e

sua trajetória: dos conceitos espontâneos aos

conceitos científicos.

- Conceitos de tempo e espaço: formação,

desenvolvimento e representação.

- Os principais conceitos de História: fato

histórico, sujeito histórico e tempo histórico.

- Os principais conceitos de Geografia:

território, paisagem e lugar.

III – Análise de propostas curriculares oficiais e

livro didático de História e Geografia.

- Parâmetros Curriculares Nacionais.

continuação

Page 118: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

117

- Proposta Curricular Municipal.

- Livro didático.

IV – Fundamentos para uma proposta alternativa

de ensino

- Inovações curriculares/metodológicas no

ensino de História e Geografia

-As diferentes linguagens no ensino de História

e de Geografia.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB –

RIO CLARO

CONTEÚDO,

METODOLOGIA

DO ENSINO DE

GEOGRAFIA

- A construção do conhecimento da Geografia

escolar e suas relações com os aspectos

históricos do pensamento geográfico.

- Geografia: conceitos, categorias, objetos e

pressupostos.

- Geografia escolar no contexto da educação

brasileira: Estudos Sociais e Geografia.

- Geografia: saber científico, saber escolar, saber

cotidiano.

- Conhecimento, pesquisa e prática social, como

construção da realidade.

- As ciências sociais e naturais.

- Cotidiano e conhecimento geográfico.

- Produção e análise de procedimentos e

instrumentos de ensino no campo da Geografia.

- Análise das implicações dos livros didáticos e

paradidáticos na prescrição para as séries iniciais

do ensino fundamental.

- Programática dos conteúdos e no

desenvolvimento de metodologia de ensino.

- Leitura, produção e interpretação de textos,

gráficos e de outras linguagens.

- Elaboração e análise de instrumentos de coleta

de dados no campo da Educação Infantil e do

Ensino Fundamental: pesquisa bibliográfica

estudo de textos, entrevistas, estudos do meio e

trabalho com mídias.

- Trabalho de campo enfocando o aspecto

prático da Geografia para o Ensino

Fundamental.

continuação

Page 119: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

118

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT

– PRESIDENTE

PRUDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

GEOGRAFIA I E II

CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA

DE ENSINO DE GEOGRAFIA I

1) Geografia: concepções teóricas,

metodológicas e pedagógicas

1.1 A construção do pensamento geográfico;

1.2 Concepções de geografia: o debate

contemporâneo;

1.3 Ensino de geografia: debates e propostas

atuais;

2) A prática pedagógica do ensino de Geografia;

2.1) Transposição didática e contextualização;

2.2) Conteúdos, Objetivos e Métodos de Ensino

e Avaliação: propostas curriculares, livros

didáticos, experiências docentes;

2.3) Enfoque Globalizador: possibilidades de

integração entre as disciplinas;

3) Produção do espaço e as categorias da

Geografia:paisagem, lugar, região, território;

4) A construção das noções de espaço e o ensino

da cartografia nas séries iniciais;

5) Temas transversais;

5.1) Preconceito: livro didático de Geografia,

mídia e cotidiano;

5.2) Educação Ambiental: resíduo/lixo e água

CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA

DE ENSINO DE GEOGRAFIA II

1) Geografia: concepções teóricas,

metodológicas e pedagógicas;

2) A prática pedagógica do ensino de Geografia;

2.1) Transposição didática e contextualização;

2.2) Conteúdos, Objetivos e Métodos de Ensino

e Avaliação: propostas curriculares, livros

didáticos, experiências docentes;

3) Produção do espaço e as categorias da

Geografia:paisagem, lugar, região, território;

4) A construção das noções de espaço e o ensino

da cartografia nas séries iniciais;

5) Livros didáticos de Geografia;

5.2) Educação Ambiental: resíduo/lixo e água.

APÊNDICE G - QUADRO 11 - CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS COMPONENTES

CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

conclusão

Page 120: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

119

APÊNDICE H - QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE

AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA.

INSTITUIÇÕES

DE ENSINO

SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE

AVALIAÇÃO DOS COMPONENTES

CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS

CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS –

UNICAMP

ESCOLA E

CONHECIMENTO

DE HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

A avaliação será contínua, referindo-se ao

desenvolvimento global dos alunos na sala de

aula. Portanto, a presença dos alunos nas aulas é

considerada fator fundamental neste processo

avaliativo. Serão propostos trabalhos, articulados

aos temas desenvolvidos ao longo do curso.

UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO

– FEUSP – SÃO

PAULO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

Aulas expositivas;

Atividades práticas: individuais e em grupo;

Seminários.

Apresentação dos projetos ou planos de aulas;

Atividades em aula e relatório

de estágio no final do

semestre;

Avaliações individuais;

Frequência, pontualidade e participação.

Normas de Recuperação:

Reelaboração das atividades práticas e avaliação

individual.

As provas serão realizadas no mês seguinte

ao término da disciplina.

continuação

Page 121: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

120

UNIVERSIDADE

DE SÃO

PAULO/FFCLRP

– RIBEIRÃO

PRETO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

Avaliação escrita e / ou atividades avaliativas em

grupo e individual, relatório sobre a excursão

didática, elaboração de material pedagógico e/ou

plano de aula e construção de mapa.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

CONTEÚDOS E

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

Critérios de avaliação da aprendizagem

Instrumentos:

- Participação nas atividades citadas na

metodologia de ensino,

- Atividades desenvolvidas e apresentadas na

Semana Pedagógica,

- Avaliação individual

Critérios:

Na avaliação será considerada a observação dos

conteúdos, a metodologia de apresentação, a

capacidade de articular os conhecimentos teóricos

aos práticos, sendo a formação do conceito final

resultado da soma dos conceitos obtidos nas

atividades referentes aos vários conteúdos e o

conceito obtido na atividade da Semana

Pedagógica.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA –

IBILCE – SÃO

JOSÉ DO RIO

PRETO

CONTEÚDO E

METODOLOGIA DE

GEOGRAFIA

- Presença e participação (valor 1,0);

- Entrega de fichamentos (valor 1,5);

- Apresentação de Seminário (valor 2,5);

- Elaboração e apresentação de curtas (valor 5,0).

- Participação em reuniões (até 1,0);

- Entrega de questionários (total de 1,5, se todos

forem entregues);

- Mérito do curta metragem (2,5). Recuperação:

será realizada de acordo com as normas vigentes.

Estão previstas uma ou mais das seguintes

continua

Page 122: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

121

atividades: reunião com os alunos para revisão de

temas abordados e avaliação de desempenho na

forma de prova(s) teórica(s), seminário(s) e/ou

estudos de casos.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL

– ARARAQUARA

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

A avaliação será processual considerando-se:

A participação nas discussões dos textos e

trabalhos produzidos individual e coletivamente

pelos alunos, no decorrer do processo de

aprendizagem;

Atividades de Recuperação: realização de

trabalhos de pesquisas e resenhas críticas.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC

– MARÍLIA

METODOLOGIAS E

PRÁTICA DE

ENSINO: HISTÓRIA

E GEOGRAFIA

A avaliação será processual e contínua e

envolverá:

-Realização das atividades individuais/grupais

- Prova escrita (dissertativa e individual)

- Elaboração de projeto/plano de ensino sobre

História ou Geografia

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB –

RIO CLARO

METODOLOGIA DO

ENSINO

GEOGRAFIA

O processo de avaliação será realizado através de

provas, desenvolvimento de oficinas.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT

– PRESIDENTE

PRUDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

GEOGRAFIA I E II

Avaliação concomitante e processual através da

observação e discussão com os alunos de seus

desempenhos nas suas atividades de ensino-

aprendizagem anteriormente mencionadas

(seminários, pesquisas, produção de textos,

trabalhos em grupo etc.).

APÊNDICE H - QUADRO 12: CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO DOS

COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA.

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

conclusão

Page 123: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

122

APÊNDICE I - QUADRO 13 – ESTRATÉGIAS DE ENSINO PRESENTES NOS

COMPONENTES CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE

GEOGRAFIA

QUADRO 13: ESTRATÉGIAS DE ENSINO PRESENTES NOS COMPONENTES

CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

INSTITUIÇÕES

DE ENSINO

SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

ESTRATÉGIAS DE ENSINO PRESENTES

NOS COMPONENTES CURRICULARES

QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE

GEOGRAFIA

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS –

UNICAMP

ESCOLA E

CONHECIMENTO

DE HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

- Leituras

- Discussões

- Oficinas

UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO

– FEUSP – SÃO

PAULO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

- Aulas expositivas;

- Atividades práticas: individual e em grupo;

- Seminários.

UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO

– FFCLRP –

RIBEIRÃO

PRETO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

- Aulas expositivas;

- Discussões coletivas;

- Discussões de textos e filmes;

- Atividades individuais escritas, atividades em

grupo;

- Construção de mapas;

- Orientações de planejamento de aulas e

- Excursões didáticas.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

CONTEÚDOS E

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

- Exposições dialogadas, ilustradas com: esquema

síntese, fragmentos de textos referentes ao tema,

charges, desenhos, fotos, ilustrações elaboradas

pelos alunos, análise de textos, produção de

textos, análise de citações, entrevistas, relatos,

análise de letra de músicas, textos jornalísticos,

poéticos,

- Realização dos trabalhos nos ateliês – através de

recursos didáticos variados

- Visitas ("aula-passeio") às Escolas de Educação

Infantil e Ensino Fundamental.

continua

Page 124: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

123

- Pesquisas bibliográficas e de campo, com

produção de textos individual e/ou coletivos.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA –

IBILCE – SÃO

JOSÉ DO RIO

PRETO

CONTEÚDO E

METODOLOGIA DE

GEOGRAFIA

- Leitura, análise e produção de textos;

- Aulas expositivas;

- Seminários; - Oficinas;

- Reuniões focais;

- Pesquisas sistematizadas;

- Elaboração de curtas metragens.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL

– ARARAQUARA

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

- Aulas expositivas e dialogadas

- Leitura, interpretação e discussão de textos

específicos

- Seminários, pesquisas e projetos

- Oficinas pedagógicas

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FFC

– MARÍLIA

CONTEÚDOS,

METODOLOGIAS E

PRÁTICA DE

ENSINO: HISTÓRIA

E GEOGRAFIA

- Aulas expositivas e dialogadas

- Leituras e debates de textos previamente

selecionados.

- Exibição e debate sobre filmes e/ou

documentários.

- Atividades intraclasse

- Atividade extraclasse: elaboração de

projeto/plano de ensino referente ao ensino de

História ou Geografia

- Núcleo de Estudos Integradores: 15 horas

práticas destinadas às atividades integradoras a

serem programadas em conjunto com a classe e

os demais docentes do semestre.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB –

RIO CLARO

CONTEÚDO,

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

- Aulas teóricas;

- Leituras de textos;

- Realização de oficinas;

- Aulas práticas em laboratório.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT

– PRESIDENTE

PRUDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

GEOGRAFIA I

CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA

DE ENSINO DE GEOGRAFIA I - Aulas expositivas dialogadas;

- Seminários;

- Trabalhos em grupo;

- Oficinas;

- Leitura, análise e produção de textos;

- Pesquisas;

- Exibição de filmes e debate;

continuação

Page 125: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

124

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT

– PRESIDENTE

PRUDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE

ENSINO DE

GEOGRAFIA II

- Apresentação de fotografias, músicas, poesias e

maquetes;

- Estudos do meio.

CONTEÚDO, METODOLOGIA E PRÁTICA

DE ENSINO DE GEOGRAFIA II

- Aulas expositivas dialogadas;

- Trabalhos em grupo;

- Leitura, análise e produção de textos; Análise de

livros didáticos;

- Elaboração de proposta (justificativa, objetivos,

conteúdos, metodologia e bibliografia) e

confecção de material didático que contribuam

com subsídios teóricos e práticos para o processo

de ensino e aprendizagem de Geografia;

- Debates

- Exposição dos materiais didáticos produzidos. APÊNDICE I - QUADRO 13: ESTRATÉGIAS DE ENSINO PRESENTES NOS COMPONENTES

CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

conclusão

Page 126: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

125

APÊNDICE J - QUADRO 14 – OBJETIVOS DOS COMPONENTES

CURRICULARES QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA.

INSTITUIÇÕES DE

ENSINO SUPERIOR

(IES).

DENOMINAÇÕES

OBJETIVOS DOS COMPONENTES

CURRICULARES QUE

ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE

GEOGRAFIA

UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE

CAMPINAS -

UNICAMP

ESCOLA E

CONHECIMENTO DE

HISTÓRIA E

GEOGRADIA

Propiciar aos discentes condições

efetivas de buscar uma autonomia

consciente para produzir saberes

docentes na área de ensino de

História/Geografia nesta importante

etapa dos primeiros anos de

escolaridade.

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO –

FEUSP – SÃO

PAULO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

- Analisar o processo de construção de

conceitos científicos e o conhecimento

geográfico escolar.

- Utilização de diferentes linguagens e

documentos na apreensão e

compreensão dos principais conceitos da

área, voltados para as séries iniciais,

como espaço, tempo, lugar, identidade,

cultura, natureza entre outros.

- Perspectivas e possibilidades do ensino

de Geografia: a alfabetização

cartográfica.

- Análise a métodos convencionais e

inovadores no Ensino de Geografia.

continua

Page 127: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

126

- Novas concepções curriculares

(proposta curricular e PCNs) e recursos

didáticos existentes no mercado: livros

didáticos, paradidáticos e atlas.

UNIVERSIDADE DE

SÃO PAULO –

FFCLRP –

RIBEIRÃO PRETO

METODOLOGIA DO

ENSINO DE HISTÓRIA

E GEOGRAFIA

- Contribuir com a formação do

pedagogo por meio da reflexão de

aspectos teóricos e metodológicos da

Geografia Escolar e do Ensino de

História nos Anos Iniciais.

Específicos:

- Compreender o Ensino de História e

Geografia como essenciais para o

processo de Educação para a Cidadania.

- Compreender que as histórias

individuais são partes integrantes de

histórias coletivas;

- Estudar as diferentes concepções de

História e de Geografia presentes nas

práticas escolares, nos materiais

didáticos, nos livros didáticos e em

diversos programas curriculares dos

anos iniciais;

- Reconhecer as principais categorias

teóricas da Geografia e da História

Escolar; - Conhecer, inter-relacionar e

compreender a organização do espaço

geográfico e o funcionamento da

natureza em suas múltiplas relações, de

modo a compreender o papel da

sociedade em sua construção e na

produção do território, da paisagem e do

lugar.

continua

Page 128: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

127

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FC-

BAURU

CONTEÚDOS E

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

. Objetivos: O trabalho de educação

geográfica na escola consiste em levar

os alunos a uma consciência da

espacialidade das coisas, dos fenômenos

que elas vivenciam, diretamente ou não,

como parte da história social.

Objetivos Específicos:

- Contextualizar e conceituar a

Geografia e o Ensino de Geografia.

- Formar modos de pensar geográficos

nos alunos,

- Levar a uma consciência da

espacialidade das coisas, dos fenômenos

que elas vivenciam como parte da

história social,

- Permitir que o aluno se perceba como

participante do espaço que estuda,

- Propiciar a formação de raciocínios

geográficos – entender as determinações

e implicações das localizações,

- Desenvolver as habilidades de mapear

a realidade e ler mapas,

- Propiciar as possibilidades de

confronto entre as diferentes imagens de

cidade; refletir sobre os valores,

comportamentos e convicções que têm

orientado ou que podem orientar práticas

ambientais.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

CONTEÚDO E

METODOLOGIA DE

- Analisar as concepções e tendências

geográficas contemporâneas;

continuação

Page 129: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

128

PAULISTA – IBILCE

– SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO

GEOGRAFIA - Problematizar e analisar as

perspectivas de intervenção e

desenvolvimento da prática pedagógica

no ensino de geografia na educação

infantil e nos anos iniciais do ensino

fundamental;

- Conhecer e refletir sobre a linguagem

cinematográfica, especialmente dos

curtas-metragens, para empregá-la na

construção de propostas curriculares,

conteúdos e metodologias de ensino na

área de geografia para a educação

infantil e para os anos iniciais do ensino

fundamental.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCL –

ARARAQUARA

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO

DE HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

- Compreender o espaço histórico e

geográfico enquanto produção humana e

suas organizações econômicas, sociais e

culturais.

- Desenvolver uma visão crítica sobre o

ensino de história e geografia nos anos

iniciais do Ensino Fundamental

compreendendo sua importância, suas

transformações e propostas.

- Conhecer e Analisar os recursos

didáticos disponíveis para o ensino de

História e Geografia. - Refletir sobre as

orientações e ações para a Educação das

relações étnico raciais no âmbito escolar.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

CONTEÚDOS,

METODOLOGIAS E

- Analisar propostas de ensino

enfatizando a relação forma/conteúdo e

continuação

Page 130: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

129

PAULISTA – FFC –

MARÍLIA

PRÁTICA DE ENSINO:

HISTÓRIA E

GEOGRAFIA

elaborar diretrizes que possibilitem a

proposição de formas alternativas de

ensinar considerando as reais funções

da escola na sociedade brasileira e

reconhecendo o homem enquanto

sujeito da História.

- Priorizar a análise das várias

concepções de História e de Geografia

relacionando-as com o momento

histórico em que foram produzidas.

- Elaborar novas metodologias que

possibilitem um ensino de História e de

Geografia com qualidade.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – IB –

RIO CLARO

CONTEÚDO,

METODOLOGIA DO

ENSINO DE

GEOGRAFIA

1) Discutir questões metodológicas

referentes ao campo de conhecimento da

Geografia, suas bases conceituais,

métodos e linguagens.

2) Compreender a Geografia escolar em

uma dimensão de conhecimento de

caráter teórico-prático, comportando

investigação, interpretação, intervenção

e reflexão da realidade.

3) Compreender a ação docente como

prática social que expressa concepções,

entre outras, de Geografia, ciência,

conhecimento, currículo e de ensino.

UNIVERSIDADE

ESTADUAL

PAULISTA – FCT –

PRESIDENTE

CONTEÚDO,

METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO

DE GEOGRAFIA I E II

CONTEÚDO, METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO DE

GEOGRAFIA I

1. Refletir sobre as possibilidades de

continuação

Page 131: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

130

PRUDENTE construção do conhecimento geográfico,

na educação infantil e nas séries iniciais,

através da análise dos objetivos,

conteúdos e métodos de ensino

expressos na produção bibliográfica, nas

propostas curriculares e em experiências

de observação e participação em

atividades de ensino;

2. Analisar as concepções e tendências

geográficas contemporâneas, assim

como os debates atuais relativos ao

ensino desta disciplina; 3. Identificar a

avaliar na prática educativa as diferentes

concepções de Geografia, educação,

ensino, aprendizagem que fundamentam

as ações em sala de aula.

4. Compreender a dinâmica do espaço

geográfico e as principais categorias da

Geografia (paisagem, lugar, região,

território). 5. Identificar as relações

estabelecidas entre os homens e a

natureza em diferentes escalas espaciais

(global, nacional, regional e local) e

temporais. 6. Compreender o processo

de construção das noções de espaço pela

criança e a linguagem cartográfica. 7.

Discutir a educação ambiental e questões

teórico-metodológicas para o

desenvolvimento de trabalhos com

alunos da educação infantil e séries

iniciais do ensino fundamental.

continuação

Page 132: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

131

CONTEÚDO, METODOLOGIA E

PRÁTICA DE ENSINO DE

GEOGRAFIA II

1. Refletir sobre as possibilidades de

construção do conhecimento geográfico,

na educação infantil e nas séries iniciais,

através da análise dos objetivos,

conteúdos e métodos de ensino

expressos na produção bibliográfica, nas

propostas curriculares e em experiências

de observação e participação em

atividades de ensino;

2. Identificar a avaliar conteúdos

específicos da Geografia propostos em

livros didáticos.

3. Elaborar uma proposta de trabalho e

produzir materiais didáticos em

adequação as concepções atuais de

ensino e aprendizagem da Geografia.

4. Propiciar momentos de debate e

socialização das análises, propostas e

materiais didáticos produzidos.

APÊNDICE J - QUADRO 14: OBJETIVOS DOS COMPONENTES CURRICULARES

QUE ENVOLVEM OS CONTEÚDOS DE GEOGRAFIA.

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).

conclusão

Page 133: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

132

APÊNDICES K - QUADRO 15 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APRESENTADAS EM MAIS DE UM PROGRAMA DE ENSINO DOS

COMPONENTES CURRICULARES INVESTIGADOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS QUE SE REPETEM NAS

BIBLIOGRAFIAS BÁSICAS E COMPLEMENTARES

NÚMERO DE

VEZES QUE

APARECEM

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação

Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia.

Brasília, MEC/SEF, 1997.

9

CASTELLAR, S. (org.) Educação geográfica: teorias e práticas

docentes. São Paulo: Contexto, 2005.

3

CAVALCANTI, L.S de. Geografia, escola e construção de

conhecimentos. Campinas/SP, Editora Papirus, 1998, 192p.

3

GALZERANI, M. C. B. Políticas públicas e ensino de história. In:

Dez anos de pesquisa em Ensino de História.VI Encontro Nacional

dos Pesquisadores do Ensino de História, Londrina, PR: AtritoArt,

2005, p. 157-167.

3

PIAGET, J. A construção do real na criança. SP: Ática, 1996.

3

ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, E. Y. O espaço Geográfico: ensino e

representação. São Paulo: Contexto, 1992.

2

CALLAI, H. C. Educação geográfica: reflexão e prática /

organizadora. Ijuí : Ed. da UNIJUÍ, 2011.

2

CASTROGIOVANNI, A. C. et. al. (org.). Geografia em sala de aula:

práticas e reflexões. Porto Alegre: AGB, 1998.

2

CASTROGIOVANNI, A.C. (org.) Ensino de Geografia: práticas e

textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2000.

2

FONSECA, S. G. Caminhos da história ensinada. São Paulo: Papirus,

1993.

2

LACOSTE, Y. A. A Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para

fazer a guerra. Campinas, Papirus, 1988.

2

continua

Page 134: UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, … · applies to the objectives of the syllabus, program content, the assessment procedures, teaching strategies, bibliographic

133

MONTEIRO, A. M. F. da C. Professores: entre saberes e práticas. In:

Revista Educação & Sociedade. Campinas, SP: CEDES, 74, ano XXII

– abril 2001, p. 121-142.

2

OLIVEIRA, A. U. de. Para onde vai o ensino de geografia? São

Paulo: Contexto, 1989.

2

PONTUSCHKA, N.N; PAGANELLI, T. L; CACETE, N. H. Para

ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez, 2009.

2

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo. Razão e

emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.

2

SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. São Paulo: Edusp, 2007.

2

APÊNDICES K - QUADRO 15: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APRESENTADAS EM MAIS

DE UM PROGRAMA DE ENSINO DOS COMPONENTES CURRICULARES INVESTIGADOS

Fonte: documentos estudados (PPPs dos cursos de Pedagogia e programas de ensino).

Org. Thais A. C. de Azevedo (2016).