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UNIVALI - UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CCS - CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE VIDA: PERSPECTIVA LOGOTERAPÊUTICA MANOELA MARIA HEIL SANTOS ITAJAÍ 2009

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UNIVALI - UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CCS - CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE PSICOLOGIA

ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE VIDA:

PERSPECTIVA LOGOTERAPÊUTICA

MANOELA MARIA HEIL SANTOS

ITAJAÍ

2009

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MANOELA MARIA HEIL SANTOS

ESPIRITUALIDADE E SENTIDO DE VIDA:

PERSPECTIVA LOGOTERAPÊUTICA

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia da UNIVALI – Universidade do Vale de Itajaí. Orientador: Prof. MS Aurino Ramos Filho

ITAJAÍ

2009

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´´(...) sombras precisam ser iluminadas em nós e através de nós. Mas não podemos

achar que a sombra é mais concreta que a luz. A sobra é só a ausência de luz

plena. Precisamos tirar obstáculos que estão impedindo as luzes, maiores e mais

amplas, de iluminar e aquecer essas sombras que machucam, ferem e acabam

mofando os grandes ideais do ser humano. ``

Padre Léo Tarcísio Gonçalves Pereira (1961-2007)

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3 DEDICATÓRIA

À minha família, maior luz iluminadora e incentivadora no meu caminho à instigante

procura de sentidos.

À Deus, “Não te buscaria se já não te tivesse encontrado” (Pascal).

Ao Mestre Professor e Orientador Aurino Ramos Filho, iluminando e orientando

caminhos a serem seguidos, auxiliando no manejo baseado na gota inicial do

oceano, e não encobrindo a imensidão. Meu profundo agradecimento pelas palavras

que não se pode medir e tampouco conceituar.

À Doutora e Professora Maria Glória Dittrich, com luz e sabedoria em meio estações,

há detalhes de encantamento que à luz reflete com perfeição.

À Professora Maria Isabel do Nascimento André, nos momentos mais intrigantes

sempre haverá algo a florescer.

Aos meus Professores, “É preciso saborear o que tem de melhor em cada fase.”

(PEREIRA)

Ao meu namorado, Paulo Roberto Dallago, ”Como fica forte uma pessoa quando

está segura de ser amada!” (Sigmund Freud)

Ao meu amigo Jean Carlo Nasgueweitz, “Aqueles que passam por nós, não vão sós,

não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." (Antoine de

Saint’Exupéry)

Aos amigos, “Ninguém nunca crescerá tanto que não precisará mais de uma mão

amiga a afagar seu coração.” (PEREIRA, 2005).

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4 SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................5

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................6

2 ESPIRITUALIDADE...............................................................................................9

2.1 Espiritualidade: Apontamentos históricos .....................................................15

2.2 Espiritualidade e religiosidade.......................................................................18

2.3 Espiritualidade e sensibilidade filosófica........................................................20

3 ESPIRITUALIDADE E LOGOTERAPIA NA DESCOBERTA DE UM SENTIDO

PARA A VIDA............................................................................................................23

3.1 Logoterapia.....................................................................................................23

3.2 Logoterapia na descoberta de um sentido para a vida...................................27

4 A RELEVÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA PSICOTERAPIA............................31

5 METODOLOGIA UTILIZADA.................................................................................37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................40

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................42

8 LEITURAS COMPLEMENTARES...........................................................................45

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5 Espiritualidade e sentido de vida: perspectiva logo terapêutica

Orientador: Prof°. Msc. Aurino Ramos Filho

Defesa: março de 2009

Resumo: A presente pesquisa, por meio da metodologia bibliográfica, fundamentou-se principalmente na Espiritualidade sustentada nesse trabalho pela Logoterapia de Viktor Emil Frankl, fundador da Terceira Escola Vienense de Psicoterapia. A Logoterapia possui como princípio o sentido de vida, bem como a busca do ser humano por esse sentido. Com essa sustentação, aprofundei na minha pergunta de pesquisa, referindo-me à Espiritualidade, segundo a Logoterapia, se é relevante à descoberta de um sentido na vida. A Espiritualidade é a manifestação da pessoa profunda que está na dimensão noética, sendo a presença ignorada de Deus, sustenta a pessoa espiritual, na qual não se trata de viver a qualquer custo, mas da possibilidade de auto-transcender, estar em direção ao próximo. A existência do homem sempre se refere a alguma coisa que não ela mesma. Entretanto, investigou-se e analisou-se a relevância da espiritualidade, na descoberta de um sentido na vida. Dentre motivos, têm-se como objetivos específicos definir o que é espiritualidade, relacionar a espiritualidade e a Logoterapia na descoberta de um sentido para a vida, e analisar a relevância da espiritualidade na psicoterapia. Desse modo, contribuiu-se com a Psicologia, na compreensão da dimensão noética enquanto fundamental à descoberta de um sentido para a vida. Palavras-chaves : espiritualidade; psicoterapia; sentido de vida Sub-Área de concentração (CNPq): 7.07.02.04-7 Estados Subjetivos e Emoção. Membros da Banca

__________Maria Glória Dittrich__________

Professora convidada

_ Maria Isabel do Nascimento André____

Professora convidada

__________Aurino Ramos Filho__________ Professor Orientador

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6 1 INTRODUÇÃO

Depara-se, analisando o ser humano no mundo, investigar a compreensão do

seu sentido de vida enquanto processo de qualificação da sua própria existência.

Espiritualidade e Logoterapia são os referenciais próprios àquela investigação. A

Espiritualidade, manifestação humana por excelência, será apreendida à luz da

abordagem logoterapêutica nessa presente monografia.

Para a escolha desse tema, remete-se a investigadora basear-se em sua

realidade e subjetividade.

Objetiva-se buscar na literatura logoterapêutica, respostas à importância da

espiritualidade para a descoberta de um sentido para a vida, assumindo uma

perspectiva de que o ser humano é sempre um ser auto-transcendente, se auto

transferindo para o outro, estar na direção ao próximo, a próxima pessoa, que pode

estar ou não próxima de si, “se jogando” para o seu futuro próximo. A existência do

homem sempre se refere a alguma coisa que não ela mesma. Portanto, o ser torna-

se completo quando ele esquece-se de si no serviço a algo, ou amor a outra pessoa

(FRANKL, 1991).

Na busca e anseio pelo viver, as pessoas intuem que a vida tem sentido, e que

é necessário descobri-lo, no seu cotidiano, ao longo de sua existência. O seu

sentido é único e singular; a cada instante ele muda. A cada momento na vida ele se

apresenta para cada pessoa como uma oportunidade de sentido.

Encontrar-se seria um segredo, a idealidade, situando-se assim no “seu Eu”, no

que esse ser quer para si, qual a sua busca, a sua procura diante da sua vida,

mediante as situações que lhe são apresentadas no decorrer da vida. Essa reflexão

exige muito uma compreensão mais abrangente do ser pensante, ou seja, do ser.

Nesse trabalho pesquisar-se-á além da Psicologia. A Logoterapia, como a

Psicanálise, não se reduz à Psicologia. A Logoterapia, criada por Viktor Emil Frankl

(1905-1997), é a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, possibilitando ao ser

humano à descoberta de um sentido na vida. Nessa, o indivíduo precisa ouvir (assim

estabelecendo alguma mudança em seu Ser), e não apenas escutar (como se fosse

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7 algo inutilizável, desse modo não havendo interesse), certas coisas que por

combater sua realidade, não é agradável ouví-lo. A Psicanálise é a abordagem dos

impulsos sexuais, do princípio do prazer, sendo a primeira Escola Vienense de

Psicoterapia, tendo como seu criador Sigmund Freud (1856-1939) psiquiatra, médico

neurologista austríaco, pai e criador da Psicanálise, não sendo uma prática, e sim

um modo de entender a cultura do ser humano. A Psicologia Individual de Alfred

Adler (1870-1937), psiquiatra austríaco, tem como seu objetivo maior a busca pela

superioridade, sendo essa a segunda Escola Vienense de Psicoterapia.

Nessa pesquisa serão apresentados apontamentos históricos, resgatando

momentos mais importantes à minha concepção e interesse nesse trabalho, na

história do Ocidente, que são parte da gota inicial dessa presente pesquisa,

resgatando e refletindo sob diferentes visões focado na espiritualidade e sentido de

vida das pessoas.

A relevância da Espiritualidade para a descoberta de um sentido na vida é a

pergunta de pesquisa norteadora dessa investigação. Para tanto, utilizar-se-á,

empregar-se-á a pesquisa bibliográfica dessa enquanto fundamento metodológico

para a elucidação dessa pergunta.

Comparando a Logoterapia com a Psicanálise, a Logoterapia é menos

retrospectiva em combate com o mundo interior e seus mecanismos de defesa,

como retrata a Psicanálise. Estes mecanismos de defesa são utilizados pelo ser

quando há algum princípio em combate a sua respectiva e subjetiva realidade.

Dentre esses mecanismos de defesa podem ser citados: negação, sublimação,

fantasia, repressão, deslocamento, projeção, racionalização, dentre outros.

A Logoterapia reúne fundamentos necessários para essa pesquisa, e como

Frankl (1991) afirma, a Logoterapia concentra-se no sentido da existência humana,

observado pelo sentido de vida (NASGUEWEITZ, 2007). A busca por sentido na

vida é a maior busca que o ser humano tem por si como principal força que motiva o

ser ao seu sentido único e próprio.

Dentre os temas abordados nesse, serão apresentados especificando-se

alguns conceitos primordiais para o bom resultado desse, como a Logoterapia, a

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8 Espiritualidade, a Religiosidade, o Sentido de vida, dentre outros e não menos

importantes conceitos.

Aqui ao dirigir-se ao tema Logoterapia, tem-se o objetivo de definir o significado

dessa, desse significado.

Nesse, também será diferenciado a Espiritualidade da Religiosidade.

Primeiramente, a Espiritualidade é algo que tem haver com a experiência do ser e

não com a crença ou vivência de uma religião. Viver a espiritualidade é ser capaz de

captar a essência dos acontecimentos, de acordo com as características da

dimensão espiritual, onde estão situados no ser os valores e significados a todo o

momento em abertura para o outro (AMATUZZI, 2005) 1.

Segundo Frankl (1992) a religiosidade, a teologia, tem de ser reservada e

compreendida separadamente da Logoterapia, com o terapeuta sendo algo como

instrumento neutro na psicoterapia, não influenciando o paciente com essa

transferência. Lembrando que Logoterapia é uma ciência de suma importância,

porém é tratada diferentemente do religioso, como também será nesse, como já

citado.

Para tanto, elaborar-se-á este presente trabalho baseado à metodologia

bibliográfica contribuindo assim para a Psicologia enquanto ciência e profissão, na

compreensão da relevância da espiritualidade para a descoberta de um sentido na

vida. Essa espiritualidade sendo baseada em princípios do ser humano, e não

apenas no sentido religioso, havendo desse modo uma diferenciação entre ambas.

Pretendo assim não abordar o oceano e sim a simples gota, baseado na gota

inicial desse, à luz de sentido, desmascarando as sombras ao longo dessa

caminhada.

1 Mauro Martins Amatuzzi, filósofo, teólogo e psicólogo, atualmente professor da PUC - Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

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9 2 ESPIRITUALIDADE

A Psicologia objetiva compreender o ser humano em suas dimensões

psíquicas. Essas dimensões são os mecanismos vitais do ser, como memória,

pensamento, consciência, emoções, fala, atenção, dentre outros, que através

desses o ser age. Nessas dimensões há envolvido sob cada um seus respectivos

conceitos e mecanismos de ação que são definidos e explicitados pela mesma

ciência, em centenas de abordagens que permeiam a Psicologia enquanto Ciência.

O ser humano é dotado de dimensões psíquicas, sendo um ser bio-psico-

sócio-noético, ou seja, o ser é biológico, psíquico, social e noético, sendo assim um

ser quaternário se aceito a espiritualidade como instância psíquica. Essa última

dimensão, adotada pela perspectiva logoterapêutica, é a dimensão espiritual do ser,

onde a espiritualidade está implicada, sendo essencialmente humano. Essa é a

dimensão noética na perspectiva logoterapêutica, que tem como o conceito de auto-

transcendência, do ser auto-projetar-se para o “seu logo”, em uma fantasia

presentificada, em um futuro presentificado. Essas dimensões são essenciais para o

ser humano.

A espiritualidade é uma instância psíquica do ser, é o auto-olhar-se e

experienciar e visar à realidade como um todo. Desse modo ela se diferencia da

religiosidade. O ser pode ser espiritual e não ser religioso, como também pode ser

religioso e não ser espiritual ou ser espiritual e também ser religioso

simultaneamente. Se vincular-se apenas a religiosidade, inviabilizará a compreensão

da espiritualidade, haja vista não contemplar aquele que não crê.

Quando o ser humano diz que crê em algo maior, em algo supremo que irá

ser salvo por este, diz que faz o bem, porém não ajuda seu próximo, portanto não é

um ser espiritual, não o transformou interiormente, seriam como palavras ditas, mas

não refletidas para si, em seus atos, como em um sentido ritualístico e não

transformador. Como outro exemplo, seria uma pessoa passar ao lado de outra com

necessidades precárias e não ajudá-la, justificando que esse dinheiro poderia ser

desviado a outros fins e não para o bem dessa como seria a intenção da ajuda. “A

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10 compreensão, corretamente manifesta, é um excelente instrumento de cura e

restauração.” (PEREIRA, 2006, p. 84) 2. Ao fazer essa benevolência ao menos a

pessoa fez sua parte, ajudando o seu próximo, não sendo inocente, porém tendo

consciência de que de algum modo o auxiliou, o afagou com sua necessidade, sem

mesmo saber para quais fins.

Espiritualidade é algo muito importante para a vida de cada pessoa, com

ela e sobre ela ocorrem mudanças no ser diante das situações, mudanças interiores.

Ela tem relação com as experiências do ser, suas vivências. Espiritualidade não

pertence a dogmas, a alguma imposição de crenças, celebração, as crenças das

religiões (que seu tripé seria fé, amor e caridade, que com isso o ser se sentiria

bom), mas sim na natureza do ser humano. A dimensão religiosa, portanto ajuda o

ser a se sentir bom, são caminhos que levam a essa finalidade, porém não é a

espiritualidade. Os dogmas nasceram da espiritualidade, mas como já citado

anteriormente, não são a espiritualidade. “São a água canalizada, não a fonte da

água cristalina.” (BOFF, 2006, p. 43) 3.

Essa definição, Espiritualidade, tem-se haver com as mudanças do ser

humano, como uma necessidade de si, uma busca, algo que o transforme e faça-o

querer a cada instante que ela possa ser modificada, porém não excluindo a sua

essência, a natureza do ser humano. É algo básico e essencial para o ser, “(...) ela

consiste essencialmente em uma busca essencial de sentido para o próprio existir e

agir.” (BOFF, 2006, p. 104) Essa busca quando encontrado o objetivo, somente é

espiritualidade se modificado algo interiormente, desse modo tendo refletido,

buscando o sentido último de vida, com todas as indagações para que se possa

construir e fortalecer sempre o seu interior, a espiritualidade particular do ser.

“A espiritualidade vem sendo descoberta como dimensão profunda do

humano (...)” (BOFF, 2006, p.14). Espiritualidade é algo vindo do interior do ser, de

sua natureza, naturalidade, é uma dimensão que instiga curiosidade realçando e

2 Pe. Léo Tarcísio Gonçalves Pereira (1961-2007), nascido em Minas Gerais, sacerdote da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. 3 Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff (1938-) teólogo brasileiro, escritor e professor universitário.

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11 buscando a essência das experiências, pois em cada ser ela é diferenciada, de

acordo com a vivência e experiências de cada pessoa e não com uma vivência

religiosa. Porém, não é condição. O que antes era espiritualidade agora já pode ser

diferenciado, ela sofre modificações a todo instante. O ser tem que ser tratado em

sua singularidade, e com isso a sua passividade em meio às desavenças nasceria e

ter-se-ia conforto, se seguido.

A vida é imprevisível, e caso não o fosse, cada pessoa não teria muitos

objetivos, talvez nem os tivesse e seria algo monótono saber o que está para

acontecer, assim poderia não haver uma busca pelo sentido de vida e sua

espiritualidade.

A vida sofre alterações com tudo o que está envolvido em seu entorno a cada

instante, tanto em pensamentos quanto nos projetos. Apesar de acontecerem coisas

que não se deseja, ou como não foi o planejado, é preciso agir pelo modo correto,

com esse estando implicado na maneira como se reage. O que pode adoecer o Ser

com isso seriam seus pensamentos, havendo um sofrimento humano, um vazio

existencial, esse sendo uma expressão da abordagem logoterapêutica de Emil

Frankl vinda do existencialismo, referindo-se a algo que a pessoa não consegue

expressar seus sentimentos, sentindo um vazio interior bastante grande, e diante do

sofrimento humano têm duas alternativas: entender o seu sofrimento e superá-lo ou

se infiltrar cada vez mais e adoecer, sendo o mistério do sofrimento, sendo o “por

quê” e o ”para quê” sofrer.

O ser humano, em palavras de Saint’Exupéry (1948) 4, se faz a cada instante.

Vivendo intensamente toda a vida, e a sua realização não é apenas o resultado de

uma vivência, e que o mundo externo nunca fará de alguém. Acredita o mundo

externo nunca satisfará o ser em sua vida, não tendo uma realização, se houver

uma interrupção da expressão do seu interior, envolvendo, assim, uma chamada

espiritualidade, pois nunca se reduz àquilo que se vê. Que para viver é preciso ir a

luta, viver cada dia uma busca maior de si, de maneira que essa se alegrará e

4 Antoine de Saint’Exupéry (1900-1944), escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial.

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12 satisfará o ser. A sua construção de dentro para fora, ao contrário da afirmação de

Frankl (1992), em que o sentido nunca está em mim, e sim no outro, partindo assim

de fora para dentro, buscando fora algo que satisfaça a si próprio. Que para

Amatuzzi (2005, p.101), “a espiritualidade expressa o sentido profundo do que se é e

se vive de fato.” Sendo assim, a sua essencialidade.

Como afirma Dostoiewski (1959) 5, “O mistério da existência humana não

consiste apenas em viver; é preciso saber para que se vive”, ou seja, em qual

sentido se caminha a vida sob qual rumo, como a espiritualidade ou algo maior que

si próprio pode acompanhar para a vida, havendo mudanças em si, e descobrindo

as respostas para as específicas indagações, e não apenas experienciando a vida

como algo sem sentido e sem objetivos a serem alcançados.

A espiritualidade é a busca por algo não vivenciado. Está em constante

busca por algo novo, tendo a esperança de buscar o bom, o bem. A auto-

transcendência do ser humano vem a ser esse contexto e situação do ser humano

em direção a essa procura. Se projetando num futuro próximo, se projetando, se

jogando para o infinito. O ser se projeta a todo instante, em cada plano que é

pensado, ação, já é o seu futuro, portanto se ele se projeta ele também é um ser

pensante, ou seja, um ser a procura do novo e vivendo o seu presente-futuro.

É necessário e de suma importância que cada pessoa faça a si mesma

certas indagações sobre como está sua realidade, o que ela pode trazer de

benefícios e em que pode se prejudicar e o que ou em que se pode modificar ou

aprimorar algo que se possa crescer. Desse modo, há um amadurecimento espiritual

e vivencial sobre suas experiências e reflexões, podendo haver assim mudanças

interiores, espirituais, uma busca última do ser saudável. Esse ser saudável,

portanto, seria o sujeito pensante, a pessoa que está refletindo sob os seus atos e

pensamentos, com o objetivo de auto-ajudar-se.

Espiritualidade em si, refletindo sobre seu significado e definição, está

relacionada com o espiritual do ser, envolvendo nesse: o amor, por si e pelas

5 Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (1821-1881), importante literário russo, fundador do Realismo.

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13 pessoas a sua volta, e pelas coisas que faz; paciência, para que se possa realizar

as tarefas e escutar com calma e serenidade; harmonia, para que haja sutileza sob

as ações e pensamentos; generosidade, agindo assim como se fosse algo especial

e único sempre, tratando o ser em sua singularidade; fé, no sentido de acreditar

profundamente em que algo irá acontecer ou dar certo não sendo somente no

sentido religioso; humor, como um equilíbrio do ser, projetando-se assim de

situações e momentos para algo fantasioso; caridade, necessariamente

fundamental, sendo como uma relação de perfeição; disposição, ajudando e estando

em prontidão caso haja necessidade; compaixão, que se possa ter escuta e

disponibilidade com o próximo; esperança, sendo no sentido de busca última e

essencial do ser, no sentido de que sempre algo poderá melhorar, havendo

perseverança e não desistências; perdão, ter esta capacidade é o ato de não

guardar rancor de alguém, pois só perdoando é que se consegue se libertar de algo

ou alguém, pois este acaba se tornando o objeto persecutor (algo que o machucou,

mas ao mesmo tempo não consegue se separar), perdoar é assumir o seu presente,

podendo vir a ser um processo árduo, porém necessário acontecer;

responsabilidade, sabendo do que tem que ser feito e cumpri-lo, e que o ser é livre

para as suas escolhas, lançado as suas possibilidades e experiências; benevolência,

fazendo o bem sem olhar a quem; dentre outros, que logo habilita o ser a se sentir

bem e feliz, para a sua felicidade e paz consigo e com o próximo, sem realizar algo

pensando em receber algo em troca por isto, mas caso haja a reciprocidade também

se sentirá como algo cumprido, e também como um estado de integração, buscando

assim anuidade interior.

É essencial que haja necessidade no ser de ter-se uma visão sobre si como

um ser responsável, paciente, generoso, engrandecendo sua serenidade, instigando

ainda mais sua espiritualidade.

Ter uma visão sobre o sofrimento, de modo aprendendo com ele como algo

inevitável se relevando não somente com coisas boas é essencial. Mesmo

realizando algo bom, mas mesmo assim pode haver um sofrimento ou culpa, é

inevitável. Ter uma visão do seu próximo como alguém único e sem preconceitos

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14 (que são pré-conceitos de alguma coisa já determinada), tratar cada pessoa em

sua singularidade.

É necessário que haja enternecimento em seu meio para seu melhor

desenvolvimento a cada dia, como algo que deve-se ser construído e reconstruído

as poucos em todos os dias e situações experienciadas. Ter uma visão de que há

um limite pessoal em cada ser humano, e este está em constante busca de seu

melhor. Saber ter a visão da caridade e generosidade como também com

reciprocidade, mas não apenas.

Saber correlacionar sentimentos é a gota inicial e fundamental para a

espiritualidade. É a luz que iluminará o seu caminho, para onde precisa direcionar-se

mais adequadamente.

É necessariamente preciso que haja objetivos a serem alcançados no

sentido de desafios que instiguem a um convite ao pleno desenvolvimento e a busca

pela espiritualidade a cada instante, estabelecendo o espaço, plano, adequado para

tais processos. Olhar com fé, acreditando com coragem, perseverança, serenidade

cuja esperança é a certeza de pleno desenvolvimento e significação do que não se

pode tocar e sim apenas sentir.

Ter empatia, isso é, se comparar ao outro, é algo essencial, se colocar na

situação do próximo. Ter essa capacidade é ter a capacidade de sensibilizar-se com

o seu próximo e sua situação. Essa é uma capacidade singular e essencial para a

espiritualidade, diante da realidade de cada ser, quebrando estereótipos de níveis de

relações desse modo, estabelecendo assim uma relação igualitária com as pessoas,

sem haver níveis de poder e soberania. Ter a escuta, a paciência, emplica em

valores essenciais ao meio no qual se está inserido.

“O essencial é invisível aos olhos” (SAINT’EXUPÉRY, 2006, p.72) Com

esta frase de Saint’ Exupéry, pode-se pensar que a espiritualidade é algo essencial,

porém não pode ser vista, e sim sentida, e sentida profundamente pelo ser espiritual,

em sua dimensão noética. Seria como uma criação de vínculo com o espiritual e o

ser, havendo relações consigo bastante interessantes. Isso faz com que os dias

sejam diferentes, com buscas do novo.

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15 O ser humano não tem obrigação de ser espiritual, mas tem a

necessidade de ser espiritual, sendo ele assim único, diferente, inovador e

essencial.

É necessário que o ser se perceba, percebendo seus atos, pensamentos, e

refletir sobre tudo, como está sendo sua vida, o que esse tem usufruído dessa e de

que maneira, traz benefícios para si sem prejudicar alguém, dentre outras

preocupações e não menos importantes. Sem esse tipo de reflexão seria como se a

vida realmente não houvesse sentido, apenas uma vivência que não foi aproveitada

como poderia ser (PEREIRA, 2000).

Para haver a espiritualidade é necessário indagar-se a si próprio e refletir

sob suas ações e pensamento em como a realidade está sendo para si, em que a

realidade traz benefícios para si, como se auto-ajudar, como se relaxar, em que

buscar para se sentir bem, o que pode auxiliar para o crescimento próprio, dentre

outras perguntas no sentido de sempre buscar o próprio bem, mas sem prejudicar o

próximo e a si. Desse modo, há o amadurecimento de pensamentos e atos em

vários sentidos e dimensões, como na vida, interiormente, espiritualmente,

auxiliando sempre para a sua busca de vida, de viver intensamente bem, e não para

a morte, para coisas desnecessárias ou que irão se prejudicar (ANGERAMI-

CAMON, 2004) 6.

2.1 ESPIRITUALIDADE: APONTAMENTOS HISTÓRICOS

“Há uma entidade chamada ser humano, que possui uma mente, um conjunto de emoções e

um aparelho de respostas.” (CAMON, 2004, p.6)

A busca pelo saber sobre espiritualidade e religiosidade (neste trabalho

sendo diferenciadas) sempre houve na história humana, embasado no ser humano,

6 Valdemar Augusto Angerami-Camon, psicoterapeuta existencial. Professor de pós-graduação em Psicologia da Saúde na PUC – SP. Professor do Curso de Psicoterapia Fenomenológico-Existencial na PUC-MG. Coordenador do Centro de Psicoterapia Existencial e Professor de Psicologia da saúde da UFRN. Grande publicador de livros em Psicologia no Brasil, e em livros também adotados em universidades em Portugal, Canadá e México.

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16 indiferente em crenças, culturas e países. Porém, somente nos dias de hoje,

ambas estão sendo, cientificamente pesquisadas e conceituadas.

Na história Ocidental, esforço para que por meio do método científico, o

pesquisador expresse para mim o que eu experimento, o que está em mim.

Por volta da década de 1960 surgem publicações sobre espiritualidade. Os

estudos, em sua maioria, caminhavam em direção a saúde mental do ser humano e

seus devidos transtornos, implicados em sua qualidade de vida (PERES, et al, 2008) 7. Essa qualidade de vida sendo a essência de Si.

Atualmente na ciência psicológica há uma preocupação crescente com a

espiritualidade nos tratamentos clínicos. Com o início dessas pesquisas, começou-

se a observar que a espiritualidade e a religiosidade têm presença importante na

psicoterapia (PERES, et al, 2008). Há grande interesse em espiritualidade como

citado anteriormente em psicoterapia e psiquiatria em relação à saúde mental do ser

humano, essa se deve a dimensão do ser humano, em sua grandiosidade. Nesse há

a busca pela significação sobre o que está em seu meio, o que implica em sua

realidade.

A auto-transcendência, o ato de se projetar, é a essência para a vida e

experiências do ser humano. Transcendendo assim o ser busca seu significado de

vida, sua direção, a procura de um sentido para a sua vida. Quando é questionado

ao paciente sobre como ele está se sentindo, está sendo relacionado seus controles

de sintomas. (PERES, et al, 2008) 8. Com isso, a espiritualidade apresenta-se, pois,

com grande significado.

A Psicologia inicialmente teve o objetivo de estudar e compreender a psiquê

do ser humano e suas manifestações.

7Julio Peres, Doutor em Neurociências e Comportamento pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e membro do Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (NEPER)

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17 No século XIX com as psicoterapias no Ocidente há o objetivo de tratar e

modificar os sintomas explicitados pela dimensão emocional do ser, assim havendo

crescimento em seu desenvolvimento. Com isso, há uma variação de resultados e

conceitos de acordo com a abordagem utilizada e seus respectivos métodos de

orientação, assim potencializando (PERES et al, 2008). Investigando também assim

a eficácia da espiritualidade e religiosidade sobre seus aspectos e processos, e não

se baseando somente e restringindo-se a manual de diagnóstico.

A inclusão da categoria “problemas religiosos ou espirituais” como uma categoria diagnóstica inserida no DSM-IV (American Psychiatric Association, 1994) reconhece que os temas religiosos e espirituais podem ser o foco da consulta e do tratamento psiquiátrico/psicológico (PERES et al, 2008).

O ser humano não pode ser reduzido a testes ou códigos padronizados

mesmo baseado em análises e estudos, esses apenas podem auxiliar o caminho em

como tratar o Ser, mas não especificá-lo. O ser humano é muito importante e

essencial à vida para ser reduzido a códigos, excluindo a sua dimensão espiritual.

Com a evolução do ser humano e seu desenvolvimento é necessário que haja

uma maior compreensão sobre suas dimensões, incluindo nessa a espiritualidade e

religiosidade. Os assuntos que são abordados em sua maioria nas consultas são

emocionais, envolvendo sua dimensão noética, e não apenas alguns mecanismos e

suas dimensões (PERES, et al, 2008).

No envolvimento da terapia há envolvido certo tipo de energia, sendo

modificada e transformada a cada momento, de acordo com a busca do sentido de

vida do ser, com o que esse traz a psicoterapia. A prece também envolve esse tipo

de magnetismo, como a meditação também, sendo no sentido religioso ou não,

porém é universal e envolve o espiritual do ser, e assim aceito pela Logoterapia se

lhe faz bem ao ser.

8 Mario Peres, Professor de Neurologia da Faculdade de Medicina do ABC e pesquisador pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, Instituto do Cérebro.

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18 2.2 ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE

Torna-se importante distinguir e especificar a espiritualidade (como

explicitada anteriormente) da religiosidade, porém não separando-as.

A primeira definição sobre Psicologia da Religião foi denominada pela

Escola de Nijmegen, na Holanda, definindo e analisando o estudo do

comportamento humano a procura de um sentido último. Mas não se restringindo a

elas, analisando também como o faz essa busca e o que lhe traz de benefícios

(AMATUZZI, 2005).

Deparando-se com a vida humana, cuja riqueza transcende a tudo que se

encontra no mundo físico, as religiões trabalham com a dimensão espiritual do ser

humano, com algo divino, além do que se pode ver, acreditar e crer.

Cada religião trata o ser de modo diferenciado, e o ser que a segue é a que

escolheu como a mais adequada para a sua vida, sentindo-se desse modo mais

humano, mais fortalecido em algo. Ela trabalha com o espiritual de cada ser

humano, mas a religião e a religiosidade não são o espiritual de cada ser. A análise

do espiritual e da experiência espiritual não pode ser esquecida que, junto com essa

experiência, têm-se junto as relações com outras pessoas, havendo um vínculo e

uma identificação com essa, ao longo da vida (AMATUZZI, 2005).

Como afirma Boff (2006) há “uma relação mística entre Eu-Tu”, ou seja,

sempre haverá encontros e desentendimentos em Si no Ser humano, mesmo com

as buscas espirituais, mas elas não serão as respostas, haverá sempre algo

misterioso envolto sobre essas questões espirituais no ser. Seria como se dentro do

ser houvesse um centro, como um ponto de encontro no seu interior, mas que parte

desse fosse encoberto por muitas razões e motivos, e ao seu redor há um mistério

envolto na vida do indivíduo. Seria como uma conversa consigo, saindo de si,

trancendendo-se desse modo.

Com isso, pode-se referir a expressão presença ignorada de Deus, que

nessa dimensão o ser auto-transcende, como se houvesse um Deus consigo, uma

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19 dimensão particularizada de cada ser humano, um Deus, uma benevolência

consigo, implicado em sua dimensão noética (FRANKL, 1992).

Segundo Pargament (apud Amatuzzi, 2005), religião “é uma busca de

significância por vias relacionadas com o sagrado” e espiritualidade “é uma busca do

sagrado”. Sobre essa citação, reflete-se a religião como algo amplo, uma ritualística,

que há vários significados que está envolto em um mistério intrigante de cada ser, e

espiritualidade é a busca pela transformação baseado sobre algo. Isso teria uma

definição de como cada ser tivesse sempre uma busca espiritual, mas não

necessariamente religiosa, mas que para haver religião, necessita-se da

espiritualidade, dessa busca inerente do ser humano.

Todas as experiências humanas realmente criativas e profundas podem chegar a propiciar ao ser humano um des-velamento (tirar o véu que encobre) de sua espiritualidade (AMATUZZI, 2005, p. 102).

Na dimensão da espiritualidade e na religiosidade, há a bondade, o valor e o

respeito pelo próximo sobre a ampliação do eu, do seu eu interior. A espiritualidade

com isso há um não conformismo, pois o ser estará sempre em busca do novo e do

melhor, que para ele faz sentido esse ser melhor, que para outras pessoas essa

razão pode estar implicada fora da realidade.

Se referindo diretamente à religiosidade “(...) toda religião promete ao ser

humano salvação, defende a vida e nos abre à eternidade.” (BOFF, 2006, p.17).

Nessa citação, depara-se com o divino como sendo algo para ser seguido

corretamente, e que esse seria o caminho certo a ser tomado, que se escolhido

esse, o ser não teria mais problemas, e se os tivesse, teria em que ter uma base,

onde ficar fortalecido, como se esse fosse um mandamento da vida. Quem seguisse

esse caminho de bondade e generosidade, seria sem dúvidas levado aos céus, no

qual na religião se trata como algo maravilhoso, como um paraíso, que esse

tranqüilize o ser em sua plenitude, além da vida.

As religiões (nesse trabalho focado mais especificamente no cristianismo)

há o cuidado com a vida, o cuidado com o que o ser pensa e o faz agir, a procura de

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20 uma salvação, de ser eterno, ser justo a todos os intermédios, como se fosse uma

busca no seu sentido último de vida e que há uma continuidade após sua vida, isso

faz o ser humano crer que existe algo a mais além de si e de onde se vive não

havendo certamente um fim, e sim sua perpetuação.

A religiosidade, entretanto, são as experiências singularizadas do ser e a

religião seria o ponto central dessas, como forma de ritualística.

2.3 ESPIRITUALIDADE E SENSIBILIDADE FILOSÓFICA

Pretendendo sobre a sabedoria, sob uma proposta se tratando e citando

aqui o ser humano como Ser e seu Tempo, coloca-se a questão da procura de

sentido, do sentido de ser alguém, do seu ser, seu modo e projeção de ser. A

questão do aqui - agora, ou seja, o ser nesse instante e pensante inclui-se também

nesse à filosofia. Sendo a filosofia referenciada nesse com importância ontológica,

de um estudo e análise do ser humano, do seu sentido de ser (KOVÁCS, 1992) 9.

Como Heidegger 10 (apud Werle, 2003)11, trata-se nesse uma filosofia da

existência, do sentido do ser existir. Porém, há uma negação de que o ser existe.

Acredita-se que a essência é a sua existência, indo além de sua vitalidade, de

sua realidade. A essencialidade do humano, sua significação tem que ser analisada

e raciocinada como algo além de seus princípios, não se reduzindo apenas ao ser

humano de espécie, e sim se ampliando a Ser, como se fosse um “alguém único” e

não “mais um alguém”, no sentido ontológico (se referindo “ao Ser” e não apenas “a

ser algo”), e como se transpõe a sua realidade e subjetividade. Pois só o ser sabe

que se é e como o tornar-se Ser.

9 Maria Júlia Kovács, psicóloga, professora de instituto de psicologia da USP – Universidade de São Paulo. 10 Martin Heidegger (1889- 1976) filósofo alemão, um dos principais representantes do Existencialismo. 11 Marco Aurélio Werle, professor do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP).

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21 Somente o próprio ser humano pode questionar-se sobre sua interioridade,

compreendendo-se. Desse modo, Heidegger coloca essa posição de homem como

Dasein, significando “ser-aí”, como o ser enquanto ele é enquanto ser pensante

existente e indo além do seu existir, trancendendo-se, em seu dia-a-dia e suas

ações, lançado a suas potencialidades e possibilidades. Seu destino é lançar-se. O

ser é o que se constitui. Está sujeito a movimentos, que por fim podem ser fatais ou

não, dependendo da sua percepção (KOVÁCS, 1992).

Sendo assim, a morte é algo indisprezável da essência e existência humana,

assim sendo, todo ser-aí é um ser premeditado a morte, ao fim, ao inesperado, ao

desconhecido, com relação a si próprio, ao seu próximo e ao outro. Nisso é

implicado a angústia no ser, experiência da questão de “não-ser”, como se estivesse

engolido pelo nada, por algo indescritível inicialmente, assim havendo em certas

partes o vazio existencial. Desse modo ocorre a neurose noogênica, ou seja, essa

tem origem no problema existencial, como a frustração de sentido de vida, da

vontade para a busca desse sentido (FRANKL, 1991).

Analisar o ser humano é analisá-lo filosoficamente como o ser-aí, esse ser

fornecendo sentido a sua espiritualidade e talvez a sua religiosidade.

O ponto de partida, portanto, é duplo: tanto o ser-aí quanto a compreensão imediata que ele mesmo tem do ser em sua existência, a qual precede toda a atividade científica e de saber. (...) o conceito de ser-no-mundo é uma estrutura ontológica fundamental do ser-aí, que indica a inseparabilidade do homem e do mundo e igualmente do mundo em relação ao homem. (Heidegger apud Werle, 2003)

O ser diante dessa perspectiva filosófica tem como primórdio ser tratado

como único em sua natureza e essencialidade, antes mesmo do que qualquer teoria

que se propunha em analisá-lo e orientá-lo. Assim sendo, em seu próprio mundo,

implicado assim em sua realidade e subjetividade (ou seja, seu envolto em sua vida,

todo o seu meio e suas influências sobre si e concepções). O ser humano é o tempo

em si, e não a questão do viver esse tempo, assim lançado as suas experiências e

possibilidades de ser.

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22 Essa concepção ter-se-ia ao seu redor apenas a existência do homem, do

ser humano, e as outras coisas que o permeiam “são”, porém “não existem”. Como

exemplo, a madeira é, mas não existe ou mesmo os anjos são, mas não existem.

Esses não têm certas capacidades que o ser enquanto humano há. Desse modo há

a insistência do existir, o “desvelamento do ser a partir do ser e no ser” (WERLE,

apud HEIDEGGER, 1986).

Quem nos procura pressupõe que esse irá ajudá-lo, juntamente com nossa

teoria depositando assim a confiança de que seremos capazes de explicar aquilo

que acontece com o outro (como a Psicanálise, desvelar as razões que desconheço

e trazer algo do que está nebuloso em mim). Com isso o psicanalista irá ajudar,

nesse caso. A transferência é condição. Eu sou a representação da subjetividade ou

não (RAMOS FILHO, 2008) 12.

12 Aurino Ramos Filho, Professor e Msc. de Psicologia, na UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí.

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23

3 ESPIRITUALIDADE E LOGOTERAPIA NA DESCOBERTA DE UM SENTIDO

PARA A VIDA

“Quem tem um ‘para quê’ viver, quase sempre encontra um ‘como’ viver” (NIETZCHE, apud

GOMES, p. 21, 1992).

3.1 LOGOTERAPIA

A Logoterapia, fundada por Viktor Emil Frankl (1905-1997), “Terceira escola

Vienense”, escola de caráter fenomenológico, existencial e humanista, possibilita ao

ser humano à descoberta de um sentido na vida, como já citado anteriormente.

Inclui-se, pois, a Espiritualidade enquanto experiência a essa descoberta.

É de origem grega o termo logos tendo o significado de sentido de vida, um

sentido da existência do ser humano, tendo assim uma resolução prática (FRANKL,

1991).

De acordo com a Logoterapia, o ser humano é um ser quaternário, ou seja, um

ser bio-psico-sócio-noético. A dimensão noética, ou espiritual, é a única dimensão

especificamente humana, sendo essa a capacidade do ser transcender-se, de se

jogar em seu futuro próximo, tendo uma perspectiva de logo melhorar algo

(FRANKL, 1991).

A vontade de sentido do ser é uma motivação primária de sua vida. Assim

sendo, não são impulsos, e sim procuras que são almejadas a serem encontradas.

Para isso, o ser humano é capaz de correr inúmeros riscos em sua vida a procura de

um sentido para si, vivendo até morrer por esse, por sua idealização, pelo seu

propósito. Isso seria algo, e é, algo genuinamente humano do ser (FRANKL, 1991).

O ser humano quer encontrar em sua condição, no seu cotidiano, no seu

mundo, um “para quê” viver, e quando ele não encontra se angustia, ele procura

desesperadamente um “para quê existir”. Algo que se faz todo o instante, sendo

necessário que saiba a importância dessa análise para conosco, assim

transcendendo, “indo para fora”, pois o ser, segundo a Logoterapia é um ser que age

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24 de fora para dentro, pois o sentido nunca está em Si, e sim no outro, está fora de

mim, sendo esse no que eu busco que me faz sentido.

A vontade de sentido, a compreensão apropriada da visão de homem, a busca

de sentido de vida na Logoterapia de Viktor Emil Frankl, confronta-se com o princípio

do prazer da Psicanálise de Sigmund Freud, que é confrontado ainda com a busca

de superioridade da Psicologia Individual de Alfred Adler (FRANKL, 1991).

Para Frankl, a Psicologia Individual e a Psicanálise oferecem um ponto de vista

análogo ao do funcionamento homeostático da redução de tensões em favor da

restauração de um equilíbrio interno, ignorando-se desse modo o fato antropológico

fundamental da auto-transcendência. Sendo assim, a Logoterapia vai mais além do

que essas escolas de psicoterapia, afirmando a essência e a existência humana

como algo prioritário (FRANKL, 1992).

A Logoterapia se refere mais aos anseios e desejos de sentido, de busca de

sentido do ser, desconstruindo a noção de uma auto-realização solipsista do centro

das motivações primárias do ser humano, ou seja, acreditar que o conhecimento

deve estar fundado em estados de experiência interiores e pessoais, se referindo ao

ser humano como uma pessoa livre e responsável com consciência disso (FRANKL,

1991).

Frankl (1992) ao se referir a Logoterapia evidencia a necessidade do sentido

de vida o que é altamente humano e relevante, buscando, desejando, tendo vontade

de sentido, em outro sentido, e por vezes concordando com a Psicanálise (de Freud)

e a Psicologia Individual (de Adler), fazendo uma diferenciação e junção das teorias

com foco na Espiritualidade e Sentido de vida.

A busca de sentido de vida, que segundo Frankl (1991), varia de pessoa para

pessoa, com o sentido de vida assumindo um papel relevante e único em cada

pessoa, sendo esse o responsável pela sua busca, havendo assim uma auto-

transcendência (o ser sendo para fora, se auto-transferindo para o seu futuro, se

projetando a cada momento), sendo essa projeção algo essencial na vida do ser, ir

além de Si.

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25 Com isso, Frankl (1992) completa que “o sentido não pode ser dado, mas

sim encontrado”. Cada pessoa precisa se encontrar fora para se viver. Com as

experiências de vida, esse dando valor e significado para essa, com fins de

relacionar e estabelecer contatos, com a condução da consciência do homem em

foco a um sentido, no momento não estando explícito em seus conceitos. É

fundamental ter-se um ideal, um motivo para o qual a vida ser concentrada.

Não é verdade que o homem, propriamente e originalmente, aspira a ser feliz? Não foi o próprio Kant quem reconheceu tal fato, apenas acrescentando que o homem deve desejar ser digno da felicidade? Diria eu que o homem realmente quer, em derradeira instância, não é a felicidade em si mesma, mas, antes, um motivo para ser feliz. (FRANKL, 1990, p. 11).

Frankl (1988), afirma que o ser no qual busca a “felicidade” em si parece

desejá-la de modo absoluto, incondicional e individual, sem que nessa esteja

implicada uma idéia de “razão” para ser feliz. Essa “razão”, no entanto, não seria

algo alcançável por si só, sendo assim, a vontade de sentido orienta-se para uma

realização de sentido, ao qual acaba por promover uma razão para tornar-se feliz.

Com uma razão para tornar-se feliz, a felicidade surge automaticamente, pois é algo

desejado e não imposto por algo ou alguém.

A Logoterapia nega-se a aceitação das noções de auto-realização, de prazer

ou de poder como objetos da busca última do ser humano, e sim a busca pelo

sentido de vida, em direção de descobrir sentido.

A auto-realização não constitui essa busca, como foi frisada anteriormente.

Também não é uma intenção primária. A auto-realização, se transformada em um

fim em si mesmo. Assim como a felicidade, a auto-realização aparece como efeito,

isso é, o efeito da realização de um sentido, ou seja, na medida em que o homem

preenche um sentido fora de si, no mundo, é que ele se realizará (FRANKL, 1988).

Desse modo, pode-se pensar a avaliação da existência, a idéia de que a

orientação primária do homem está implementada em uma busca última pelo prazer,

ou pelo poder. O sujeito só se singulariza na medida em que cumpre sua condição

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26 para a vida ter um significado próprio. A busca desse sentido na Logoterapia tem

como o fim último de toda a atividade que envolve a existência humana.

A esperança encontra-se com isso, ao encontro de pacientes e psicoterapia e

sua relação. Por isso a importância da busca pelo sentido de vida, como algo com

significação que cada ação realizada e pensamentos há uma significação, que

desse modo na teoria psicanalítica de Sigmund Freud se identifica como uma

negação mágica, algo que você não quer perceber e acaba fantasiando certas

coisas em cima desse, com esses aspectos. Essa condição em muitas pessoas

ajuda a se reerguer, para que o sofrimento não seja tamanho, como se fosse uma

forma de conforto em meio as desavenças. Desse modo é enfrentado seus lutos, no

sentido de perdas, que essas podem haver implicados ganhos secundários em tais

situações, pois mesmo quando há perdas há ganhos conjuntamente(KÜBLER-

ROSS, 1996) 13.

O ser que busca a psicoterapia é um ser angustiado, pois pela falta de

almejar algo ele se angustia, e assim há um vazio existencial, expressão da

Logoterapia e condição do ser, sendo uma não busca por algo, uma “fala de” em

contraste de “encontrar um”.

Na teoria Psicanalítica e Junguiniana, abordagem sobre a personalidade

proposta por Carl G.Jung (1875-1961), o inconsciente é considerado algo que

determina o ser.

Já na Logoterapia há uma concepção diferente, com esse significado que toda

religiosidade inconsciente há um ser pensante que determina tais ações e

pensamentos ditos religiosos, sendo um inconsciente espiritual, ou seja, não é algo

determinado por religiões, mas sempre há um ser que irá se direcionar ou agir de

acordo com seus princípios sobre essa, pois seria como se houvesse nele o poder

da decisão, e não o inconsciente, pois ele age sobre esse, desse modo sendo

genuinamente decidido pelo ser sendo existencial. “A religiosidade verdadeira, para

13 Elisabeth Kübler – Ross, (1926-2004), psiquiatra suíça, trabalhava em cima do tratamento baseado na morte, lidando com a perda, luto e morte.

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27 que seja existencial, deve ser dado o tempo necessário para que possa brotar

espontaneamente” (FRANKL, p. 55, 1992).

3.2 LOGOTERAPIA NA DESCOBERTA DE UM SENTIDO PARA A VIDA

“O sentido da vida difere de pessoa para pessoa, de um dia para o outro, de uma hora para

outra” (FRANKL,1991)

Deve-se tratar o ser humano sempre em singularidade, como um ser único, e

não mais um ser humano no mundo, e sim em seu mundo, diferenciado de todos

existentes, assim sendo, tratando-se de sua essência. Assim sendo, abordando o

sentido de vida se referindo a um significado de vida do ser humano.

Com a afirmação de May (2005) 14 o homem (tratando-se por ser humano)

vive uma confusão mental tamanha que por sua conseqüência é causada a

ansiedade, havendo assim um deslocamento e desorientação de relações, sobre o

que também seria correto de se fazer ou não. Com isso, há um conflito existencial,

como o próprio Rollo May traz em sua teoria sobre o ser humano e seu

comportamento diante da vida.

Esse deslocamento e desorientação é um dilema humano, diante de tantas

coisas. Com isso, o ser humano pode se perguntar, o que fazer diferenciando de se

orientar, envolvendo seus valores nesse aspecto, direcionando assim a sua

existência. Ele reorienta-se a valores, e não apenas a valores morais, éticos, valores

por vezes pequenos, e sim se aprofundando e abrangendo o significado do valor, os

seus próprios valores.

É fundamental que o ser pense na forma de buscar seus valores, assim

mediante a um dilema, fornecendo uma busca instigadora por um significado a sua

vida, e que havendo essa orientação, esse caminho para si, conseguirá superar ou

não a realidade, a sua própria realidade, podendo assim julgá-la e concertá-la de

modo que achar mais propício e próprio.

14 Rollo May (1909-1994), psicólogo americano existencialista.

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28 A vontade é a força construtiva que guia intuição, impulso, emoção, sensação, imaginação e pensamento em direção de objetivos imediatos ou transcendentes. É pela função da vontade que o Self pode coordenar, integrar e direcionar nossas metas e propósitos. (BOCCALANDRO, in ANGERAMI-CAMON, 2004, p. 137).

Com essa busca instigante por seus valores, o ser passa a ter uma insistência

pela vida, por fazer gostar dessa mesma, protegendo e cuidando-a, ou mesmo

adoecendo. Havendo a falta ou dessensibilização de sentido o ser humano depara-

se com o vazio existencial, ou seja, um nada, vivenciando a não procura de ser.

Pode-se ter, por exemplo, uma pessoa não deprimida, mas sim depressiva,

com sua particular depressão, essa pessoa adoece de tal modo que ainda precisa

do outro para dar sentido ao seu adoecimento, pois é pelo não suportar “estar com”

que há um “estar em si”, havendo particularidades extremadas, a ponto de adoecer

e definhar, porém precisa e necessita do outro para que a cuide também, mesmo

com essa não querendo, porém necessitando, pois não há forças e caminhos que a

revelem para uma busca instigante de ser melhor. Pois eu busco o que há de bom

em mim fora, busco no outro, pois o sentido nunca está em mim, e sim no outro, no

meu próximo.

O ser humano não se reduz obstantemente em testes ou revisões que sejam

explícitas no ser humano, em seu comportamento. Para se avaliar e analisar o ser

humano em sua singularidade é necessário que haja uma compreensão quaternária

de si, incluindo assim a parte noética do ser humano, que é de suma importância

para a sua descoberta de sentido de vida. Nesse conceito de análise está implicado

o vínculo e a condição de estabelecer a realidade no ser humano, juntamente com

os seus valores, como citado anteriormente.

O ser se analisando e auto-percebendo-se, consegue que esse tenha sua

subjetividade em equilíbrio com suas experiências, variando o tempo de pessoa para

pessoa, sendo esse, portanto singular a alguém.

Essa busca pelo sentido de vida, como se fosse o seu sentido último de vida

está também relacionado com a fé do ser humano pensante. Essa fé não seria no

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29 significado religioso e suas respectivas crenças, mas sim em suas necessidades

de busca e apreensão de algo que lhe traz o bem, ligando-se a suas forças

grandiosas.

Fé é citada nesse como seria no sentido de haver responsabilidade consigo,

do ser humano ser livre a decidir suas ações, maior do que o seu sentido, como se

fosse uma missão a cumprir a cada instante, sendo sempre no instante, pois o

sentido de vida é sempre mutável.

Essa responsabilidade que há no ser humano, é que o faz ser capaz de

realizar essas suas missões ou objetivos de sua vida, a serem alcançados com sua

alegria e busca particularizada, assim transcendendo-se, estabelecendo relações e

vínculos com algo maior que seu ser. Isso é o próprio sentido. Portanto, o sentido

não está em mim, e sim no outro. Com isso, percebe-se que a consciência é intuitiva

e a Logoterapia se refere o ser humano como uma pessoa dotada de consciência

dessa sua responsabilidade, e nisso há um inconsciente intuitivo, que seria o Deus,

a presença ignorada de Deus, sendo algo incondicional na busca de um sentido

para a vida.

Na Logoterapia, a vida e o sentido de vida são amplificados interiormente, e

tem de ser referida como tal, de tal maneira que não se pode ser referenciada como

algo superficial do ser humano (AMATUZZI, 2005). Desse modo, é clarificado que o

ser humano é um ser livre, que tem autonomia por suas escolhas, sendo essas

escolhidas por si, sendo baseadas em seus pensamentos, princípios, vontades e

valores pessoais mediante a seus momentos vividos em busca de seu sentido de

vida. O ser humano é responsável. Portanto, somente esse é responsável pela sua

busca, pelo seu desejo dessa busca de sentido de vida.

O ser humano pode, assim, ser ´verdadeiramente ele próprio` também nos seus aspectos inconscientes. Por outro lado, ele é ´verdadeiramente ele próprio` somente quando não é impulsionado, mas responsável. O ser humano propriamente dito começa, onde deixa de ser impelido e cessa, quando cessa de ser responsável. O homem propriamente dito se manifesta onde não houver um id a impulsioná-lo, mas onde houver um eu que decide. (FRANKL, 1992, p.19)

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30

É importante relembrar que a dimensão noética tem que ser tratada

diferentemente da religião. Esse Deus inconsciente que há constituído no ser

humano é uma religiosidade inconsciente, como algo encoberto interiormente. Nisso,

é implicado sua fé, esperança, benevolência, perdão, dentre outros aspectos

(FRANKL, 1992). É a natureza humana do ser, ele próprio se impulsiona a auto-

transcender.

Quando o ser humano tem um sentido em sua vida, esse ser é dotado da

capacidade de suportar sofrimentos intensos, tendo suporte de sua responsabilidade

(FRANKL, 1992). Com isso, o ser humano tem um motivo para viver fornecendo

sentido à descoberta de sentido de sua vida, buscando algo fora de si, esse sendo

um modo psicoterapêutico tratado na Logoterapia como “derreflexão”,

transcendendo-se, se jogando para um futuro próximo, se projetando havendo assim

seu sentido para a vida.

Para a Logoterapia, quem tem um sentido implicado em si tem esperança, e

juntamente com essa é confrontada a vida. Entretanto, o sentido da vida do ser

humano está implicado em cada pessoa, em sua interioridade, possuindo assim sua

vitalidade.

A dimensão noética, ou seja, a dimensão espiritual do ser humano, é uma

dimensão de vivenciar a liberdade e a responsabilidade que é implicado somente ao

ser, em seu inconsciente, sendo essa uma tomada transcendente, em direção ao

outro, que o orienta em si. Essa responsabilidade não é algo social intuitivo agindo

de acordo por regras, mas sim pela capacidade de liberdade de respostas do ser

mediante as suas próprias decisões, havendo assim implicado a sua liberdade para

algo (FRANKL, 1991).

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31 4 A RELEVÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA PSICOTERAPIA

“Todo organismo possui uma e apenas uma necessidade central na vida: realizar as suas

potencialidades ( MAY, 2005).”

Na literatura sobre espiritualidade e práticas clínicas é de suma importância à

mesma para o tratamento de pacientes.

A espiritualidade oferece objetivo e sentido à vida do ser humano. Com isso

ela auxilia para a melhoria da saúde juntamente com a qualidade de vida do ser,

independente de crenças e culturas (PERES , et al, 2008). A espiritualidade na

psicoterapia auxilia em como o ser pode agir, com naturalidade e não como uma

evitação de algo.

A Logoterapia como ampla proposta de tratamento, abrange o significado que

a pessoa lhe traz em sessão sob orientações sobre a busca de seu sentido de vida,

as direções nas quais esse ser angustiante, por sua procura de viver, está em

conflito.

A psicoterapia, portanto, deve agregar como ponto central de tratamento o

sentido de vida do ser, de sua essência de vida, lhe orientando e fornecendo suporte

para realizar esse processo de busca. Desse modo é fornecida ao paciente a

indagação “para onde”, que é intrigante a tal ponto para o ser possuir uma

relevância em seu ato de liberdade com relação a sua busca de sentido baseado

assim a sua essência. “(...) o ser humano realmente só o é quando não permite que

a história da sua vida lhe seja ditada (...) escrita, mas a escreve ele mesmo”

(LUKAS, 2002, p.115) 15.

A Logoterapia (...) quer preparar uma vida plena de sentido (...) caracteriza-se melhor como o elo faltante entre todas essas peças do quebra-cabeças das ciências humanas, como uma síntese verdadeiramente integradora do homem e da sua missão no mundo. (LUKAS, 2002, p.8)

15 Elisabeth Lukas, psicóloga clínica vienense especialista em Logoterapia, discípula de Emil Frankl.

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32 Tudo no ser é humano, é de natureza humana, é sua essência

particularizada, experimentado como um Ser, ser humano. A religiosidade nesse

critério é uma experiência humana profunda.

A promoção sobre a vida e não morte, ou seja, a promoção baseada em

benevolências ao ser é essencial ao ser humano, em sua busca última de finitude de

vida, em seu sentido último, sendo um objetivo essencial na psicoterapia. É

importante que haja a junção e integração da espiritualidade, religiosidade, fé (no

sentido de acreditar profundamente e não no sentido de dogmas) à psicoterapia,

tendo uma visão ampliada sobre as quatro dimensões do ser humano, sendo assim

um ser completo. Essa prática é muito utilizada em pacientes com dor crônica

(PERES, et al, 2008).

Nos dias atuais, as “iniciativas que convergem a religiosidade e a

espiritualidade à psicoterapia têm avançado nos últimos 25 anos.” (PERES, et al,

2008) Com isso, pode-se analisar a importância da dimensão noética, do ser auto-

projetar-se como sua essencialidade vital nos dias de hoje, para o seu melhor

desenvolvimento, e nas psicoterapias com suas expressões, diminuindo assim as

complicações sob a saúde mental, com a espiritualidade e religiosidade sendo

processos importantes à vida humana.

Mesmo com a importância da espiritualidade e religiosidade para a

psicoterapia, em SCHULTZ-ROSS e GUTHEIL apud PERES (2008), há uma

assembléia de discussão sobre a dificuldade da inserção da psicoterapia em certas

integrações, como a orientação em localidades especializadas em educação sobre a

mesma e a falta de programas de intervenção sobre a mesma, contudo com as

abordagens e escolas que usufruem a mesma, é de bastante eficácia nos

programas e intervenções.

A prática do aconselhamento pastoral, embora não incorporada às atividades dos profissionais de saúde, vem atraindo um crescente interesse por parte dos psicólogos (Young e Griffth, 1989 apud PERES, Julio F. P. et al, 2008).

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33 O aconselhamento psicológico é uma prática da psicologia da religião e

da espiritualidade, não sendo um conselho, e sim orientação, porém mais no sentido

emergencial do que contínuo de tratamento.

A insistência do ser humano em existir, em tornar-se ser, é fundamental

desde a sua essência de vida. Está entrelaçada com essa: a fé, a esperança e o

amor. Essas três instâncias são de suma importância na vida do ser. São

manifestações de insistência que permeiam e permitem o ser em existir, a modo de

sua insistência.

O ser, mesmo adoecido, ele pensa, pois tem medo ou angústia do que pode

acontecer. Por isso, muitas vezes, há pessoas que preferem não ficar sozinhas, pois

assim perderia essa sensibilidade diante da vida, essa sua insistência, pois nada

faria sentido se caso estivera só.

Esse ser estando só seria como uma forma de isolamento, sem relações ao

seu redor haveria um vazio em si, assim adoecendo, perdendo desse modo a sua

insistência em existir.

Juntamente com a psicoterapia, o ser humano angustiante pelo “querer ser”

ou “melhor ser” apega-se com suas forças muitas vezes em algo superior a ele,

sendo que a psicoterapia não pode negar-lhe essa sua beneficência, até porque

com essa prática de busca é um dos outros métodos práticos que o ser busca a

procura de seu sentido. (ANGERAMI-CAMON, 2004)

Na psicoterapia, o psicoterapeuta não pode interferir ou infringir que o ser

humano impeça em chegar as suas mais encobertas dimensões psíquicas. Somente

esse ser buscando em seu interior, em sua dimensão espiritual que esse irá se

descobrir aos poucos.

Nada pode ser explicado separadamente. Não podemos mais nos ver como partes separadas do todo, porque simplesmente somos um todo e um com o todo. (ANGERAMI-CAMON, 2004, p.12)

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34 Com a reflexão e análise atenciosamente a essa frase, a mediação e a

integração do ser humano com as suas dimensões são partes interconectadas entre

si, não se pode separá-las apenas por seus conceitos diferenciados, pois cada

pessoa é diferente e tem que ser tratada em sua singularidade, tendo noção dessa

junção, que o ser ele é completo, e não partes de comportamento sendo

identificados e ligeiramente separadamente pré-julgados.

Para a pessoa auto-ajudar-se através da espiritualidade, tem-se que tomar

cuidado, pois existem dois tipos de espiritualidade nesse sentido, a boa e a má,

podendo trazer benefícios para si e para o outro, havendo mudanças interiores, ou

pelo contrário, seria como uma forma de generalização social “porque o outro faz eu

irei também fazer”, mas isso não lhe causa o bem. (ANGERAMI-CAMON, 2004)

Os psicólogos devem, portanto, aceitar a dimensão espiritual do ser

humano, pois para muitos a espiritualidade é primordial, servindo como conforto

para si, relacionado com a sua vida e experiências, estabelecendo assim relações.

Desse modo, a pessoa será tratada com dignidade e em sua totalidade, e não

apenas como parte de uma doença, estando estigmatizada em um livro codificado.

Não, a pessoa, o ser, é muito mais do que somente um código, ele não se reduz a

isso.

A espiritualidade se traz na dimensão afetiva do ser, buscando assim os

seus respectivos valores, e esses valores muitas vezes sendo a religião, que

também o auxiliará em suas respostas na psicoterapia, mesmo a pessoa sendo

cética, mas essa crê em algo, ou pelo menos tem sua crítica com algo (ANGERAMI-

CAMON, 2004).

Essa dimensão afetiva espiritual é, entretanto essencial ao ser vivente,

pensante e experienciador, pois é o ponto central do sentido como sua força de vida

e de instinto próprio e único. Aqui especificado o ser humano como ser: vivente,

pensante e experienciador, pois muitas vezes esse não experiência, ou não reflete

sobre algo, ou não vive o momento instigador. Então, ele vivenciando,

experienciando, e pensando sobre esse será o seu ponto central em sua busca de

vida sempre.

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35

A vida tem sentido, e nunca pára de existir, somente altera-se em devidos

momentos. Na vontade pelo seu sentido com sua espiritualidade há o desejo de

renovar-se a cada instante, como também há implicado a sua liberdade de vontade

de ser e ter, sua esperança, o poder de auto-escolher o que almeja para si por meio

de uma experiência humana. Mesmo assim não podendo deixar de lado a culpa e o

sentimento, pois mesmo com a busca inevitável por si, é inevitável que em algum

instante isso ocorra. Para a pessoa isso é uma resposta. A psicoterapia mesmo

assim não responderá tudo ao seu paciente, pois é por meio da busca do paciente

que encontrará algo em seu entorno, assim aceitando o ser como um ser

quaternário, que é biológico, psíquico, social e noético.

Somente o ser humano é capaz de indagar-se sobre o sentido de vida,

implicado em sua responsabilidade para tal pensamento e ação. Porém, esse

mesmo ser pode não encontrar um “como viver”, mesmo assim é experienciador do

que lhe é confrontado com sua realidade. Há desse modo constantes mudanças no

ser. “(...) só encontramos um sentido mais profundo da vida, se abrirmos nossa vida

a uma dimensão profunda.” (LUKAS, 2002).

Incluindo o amor e a felicidade, quando o ser busca por meio do sentido

último de vida, esse busca algo para si, como forma de apego inevitável em algo,

implicando assim a vontade de sentido. A teoria que retrata amplamente sobre isso

é a Tanatologia, do grego Thanatos = morte e logos = estudo, é a ciência que estuda

a morte, como estuda Elisabeth Kübler-Ross, explicitando assim os comportamentos

e apegos da pessoa na etapa de sua preparação para a morte. Essas fases seriam:

negação, raiva, barganham depressão, aceitação, não necessariamente seguido

respectivamente, mas como um processo natural da vida, e que é obrigatória a sua

consolidação. Desse modo, está implicado a harmonia de vida, com o ser humano

reconhecendo a si e ao outro como pessoa e que o ser humano é finito, terminável

(KÜBLER-ROSS, 1996).

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36 Com essa concepção de que o ser é um “alguém terminável”, pode-se

conceber que “a sede é a prova da existência da água, o olho prova da existência do

sol, a ‘vontade de sentido’ a prova da existência do sentido” (LUKAS, 2002, p.43-44).

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37 5 METODOLOGIA UTILIZADA

“Quem não pesquisa apenas reproduz ou apenas escuta (DEMO, 2005).”

A metodologia utilizada para realizar este presente trabalho foi bibliográfica.

Como há na afirmação em Demo (2005), a relação do pesquisador e sua pesquisa,

o ato de pesquisar é sempre uma produção tanto para o pesquisador quanto a

pessoa cuja qual a está lendo, querendo ir sempre além, mais aprofundadamente.

Os dados da presente pesquisa, seguida por uma metodologia bibliográfica,

foram levantados a partir da formulação de um problema social freqüente mais

realçado atualmente que se desejou investigar. “O pesquisador, desde a escolha do

problema, recebe influência do seu meio cultural, social e econômico”. (GIL, 1999).

Este é relevante em termos científicos à medida que conduzir à obtenção de novos

conhecimentos.

Para a formulação deste passou-se então as formulações sucessivas, através

de uma leitura hipotética-dedutiva, com levantamento de fontes primárias e

secundárias, baseado em livros, palestras presenciais, orientações, publicações de

teses e artigos. Deste modo, foi cumprido e concluído a proposta do projeto. O plano

foi dividido e desenvolvido nos seguintes procedimentos cumpridos (IBID, 1999):

Primeira etapa: Identificação das Fontes: o assunto do tema foi reconhecido

como sendo pertinente. Selecionando-se então artigos, catálogos e bancos de

dados; em seguida uma leitura de reconhecimento através de sumários ou resumos

a fim de fornecer as respostas adequadas à solução do problema proposto. A partir

desta leitura também analisou-se outros documentos a disposição sobre o tema. A

partir deste momento iniciou-se a elaboração de fichamentos, a fim de identificar as

obras, conhecer conteúdos, fazer citações, analisar o material e elaborar críticas.

As seguintes abordagens foram utilizadas:

- A Logoterapia, Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, através de obras

do seu fundador Viktor Emil Frankl; a Logoterapia, analisada na visão de

psicoterapeutas existencialistas tais como: Elisabeth Kübler-Ross, Elisabeth Lukas,

Izar Aparecida de Moraes Xausa, José Carlos Vitor Gomes, Rollo May e alguns de

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38 seus termos que já eram abordados por filósofos existencialistas como Martin

Heidegger.

- O sentido de vida e dimensão noética do ser humano refletido sob a ótica da

Logoterapia e seus seguidores, como também desde teólogos existencialistas como

Rollo May até filósofos como Martin Heidegger que se entrelaçaram ao longo dos

temas abordados.

- A Espiritualidade com seus respectivos fenômenos envolvendo a

transcendência, sofrimento humano, Ser, baseados na reflexão tanto logoterapêutica

e dos seus seguidores como também nas afirmações de Leonardo Boff, Padre Léo

Tarcísio Gonçalves Pereira, Martin Heidegger, Mauro Martins Amatuzzi, Antonie

Saint´Exupery, Valdemar Augusto Angerami-Camon, Mário Peres, Julio Peres,

dentre outros pesquisadores e não menos importantes.

Segunda etapa: Localização e Compilação: a obtenção do material foi obtida

através de empréstimo na Biblioteca Setorial do CCS e Central Comunitária (BCC)

da UNIVALI, empréstimo de livro com amigos, artigos via internet, como também na

aquisição de livros diversos. Houve desta forma uma sistematização do material

localizado e analisado através de leituras exploratórias.

Terceira etapa: Leitura Seletiva do Material: através desta, realizou-se uma

seleção das informações fundamentais através de leituras mais aprofundadas as

quais geraram a construção de fichamentos, análise e elaboração das críticas

juntamente com as informações que eram analisadas e de acordo com o objetivo

delineados a ser alcançado nesta pesquisa. Foram de suma importância para a

realização deste trabalho: a presença na palestra da XVIII Semana da Psicologia: A

diversidade na Psicologia – UNIVALI/ 2008, no mini-curso fornecido pela mesma,

sobre “Psicologia e Espiritualidade” tendo como palestrante da mesma o Profº Mcs.

Aurino Ramos Filho, e no Encontro Catarinense de Espiritualidade e Qualidade de

Vida -2005, na UNIVALI/Itajaí.

Quarta etapa: Análise e Interpretação: nesta etapa situou-se a construção

lógica do trabalho através da leitura informativa crítica, organizando as idéias de

acordo com os objetivos, testando as hipóteses e reformulando as idéias até então

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39 extraídas. Embora crítica, a leitura do pesquisador manteve-se respeitosa

avaliando os dados e sua respectiva fidedignidade. Sendo assim, foi relevado,

analisado e aplicável às afirmações verdadeiras nas quais houve relevância à

problemática proposta assumida. Para análise crítica e qualitativa usou-se o método

hipotético-dedutivo. Os dados, portanto, foram interpretados e cuidadosamente

analisados em discussões e diálogos semanais com o orientador deste,

proporcionando assim um aprofundamento maior sobre o fenômeno pesquisado.

Quinta etapa: Redação do Trabalho: com base no plano definitivo e mediante

o confronto das fichas de documentação realizou-se a redação do trabalho.

Através da literatura exploratória nesta presente pesquisa, percebeu-se que

em meio a sombras, há uma luz de sentido que torna o ser humano cada dia mais

em sua essência, se este assim descoberto e buscado.

Não há negação sobre a dimensão biológica, psicológica e sociológica do ser

humano, porém deve-se ser explicitado que há uma integração entre estes,

juntamente com a dimensão noética, a dimensão espiritual do ser humano, para

então este Ser realmente em sua essência. Sendo assim, não há como não

considerar a relevância da espiritualidade diante do Ser, e implicada neste.

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40 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi e é de grande importância para mim, para a minha formação

enquanto profissional Psicóloga e enquanto desenvolvimento de minha vida.

Com essa pesquisa pude aprofundar-me dentre as teorias propostas de minha

curiosidade, que me instigava a produção desse presente trabalho, cujas são: a

Logoterapia, Espiritualidade, Filosofia, Religiosidade e Psicanálise. Essas sendo

pouco explicitadas na faculdade, porém de suma importância na vida e formação

acadêmica, por minha visão.

A força de sentido e vontade pela busca de vida, do sentido de viver, como

explicitada na Logoterapia (Escola Vienense de Psicoterapia de Viktor Emil Frankl),

é algo extremamente enfatizante e modificador na vida do ser humano, indo além de

poder pessoal e certos mecanismos, indo além das psicoterapias citadas nesse

trabalho. Até porque, esse criador foi o primeiro experienciador dessa ciência, tendo

com grande respeito o Ser e ao ser humano em sua essência.

Atualmente enquanto acadêmica aspirante, me identifico nessa teoria e

ciência em sentido de vida espiritual. Tratando-se sempre em não abordar o oceano

e sim a simples gota, baseado na gota inicial desse, à luz de sentido,

desmascarando as sombras ao longo dessa caminhada.

A Logoterapia com a dimensão noética do ser humano, tem como grande

influência na vida do ser, completando desse modo o ser em suas dimensões, sendo

um Ser espiritual, grandioso, tratando-o assim em sua singularidade.

A dimensão espiritual do Ser é amplamente grandiosa e significadora para a

sua vitalidade, em sua busca última de sentido. Sobre essa, o ser humano é capaz

de superar desafios em sua vida, trancendendo-se para um futuro próximo

vivenciado de tal maneira que amenize seu sofrimento e angústia, encontrando um

sentido para si, assim existindo, realmente em sua essência, não havendo medo de

sua realidade, havendo assim esperança do seu “logo”.

Pesquisando mais aprofundadamente sobre Espiritualidade, pude perceber

sua dimensão, antes desconhecida por mim, mas havia sempre curiosidade em

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41 investigá-la, já como na faculdade ela não era abordada, e para mim fazendo

sentido de que era importante, porém não estava sendo explicitada e desvelada,

desconhecendo assim sua dimensão ampla e significante para o Ser, que pude por

meio dessa presente pesquisa aprofundar-me e compará-la a teorias aqui já citadas

e propostas.

Pude perceber também com essa, a importância da Espiritualidade e

religiosidade na psicoterapia, ampliando o ser humano e não o reduzindo a seus

comportamentos. Baseado em sua vida e pela ciência logoterapêutica pode-se

analisar que essa é uma prática de grande auto-reflexão, olhar-se para dentro, para

seu interior, mantendo sua integralidade sobre o seu Ser, tendo sua liberdade

trancendendo-se ao seu sentido de vida, sua busca pelo seu Ser espiritual e único,

como se fosse algo buscado com grande esperança, esperança de si, amando-se

verdadeiramente, sendo responsável assim, doando-se a Si, ao seu Ser.

Assim sendo, pode-se perceber a grande importância da espiritualidade na

ciência Logoterapia, para se fazer melhor sentido a sua vida e silenciosamente

fornecendo luzes as sombras impostas sob sua realidade, à realidade do Ser.

Não precisam ser homens com asas. Os anjos andam silenciosamente. Muitas vezes são velhos e feios, não tem espada, nem túnica branca (...) Pura espiritualidade que cura e alivia a existência. (MAFRA, 2007) 16.

16 Janaina Mafra, psicóloga formada em 2008 na UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí.

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BOFF, Leonardo. Espiritualidade: um caminho de transformação . Rio de Janeiro:

Sextante, 2006.

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São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.

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DOSTOIEVSKI, F., Os irmãos Karamazov. , Porto, Progredir, 1959.

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_______. A psicoterapia na prática . Campinas, SP: Papirus, 1991.

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GOMES, J.C.V. Logoterapia: a psicoterapia existencial humanista d e Viktor

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KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e morrer . São Paulo: Martins Fontes, 1996.

LUKAS, E. Psicologia Espiritual: fontes de uma vida plena de sentido. São

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MAFRA, Janaina. Vazo vazio: sofrimento humano, espiritualidade e pó s

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2007. Psicóloga graduada em Psicologia, UNIVALI, Itajaí.

MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. Tradução de Áurea Brito

Weissenberg. 31.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

NASGUEWEITZ, Jean Carlo. Logoterapia e suicídio: perspectiva histórica e

implicações psicoterapêuticas . 2007. 39 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso,

defesa: novembro de 2007. Psicólogo graduado em Psicologia, UNIVALI, Itajaí.

PEREIRA, Padre Léo Tarcísio Gonçalves. Seja feliz todos os dias. 4ª ed. São

Paulo: Loyola, 2000.

________. Saborear a vida. 5ªed. São Paulo: Loyola, 2005.

________. Gotas de cura interior. 5ªed. São Paulo: Editora Canção Nova, 2006.

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45 8 LEITURAS COMPLEMENTARES

DSM-IV – Critérios Diagnósticos do DSM-IV: referência rápida, 4ª edição, Porto

Alegre, Artes Médicas, 1995.

KOENING, HAROLD G. Religião, espiritualidade e psiquiatria: uma nova e ra na

atenção à saúde mental. Rev. Psiq. Clín. 2007.

LUKAS, E. Logoterapia: a força desafiadora do espírito. São Paulo: Edições

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