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opinião O Brasil acerta ao investir em infraestrutura de Eurimilson João Daniel, vice-presidente da Sobratema. ESPECIAL RETROSPECTIVA 2009 O ano em que superamos a crise Ano XI • nov/dez 2009 • Número 69 • www.tnpetroleo.com.br Entrevista exclusiva Paulo Mendonça, diretor geral da OGX O x do Oil & Gas Nesta edição: Canadá e Brasil Canadá: cada dia mais próximo Os bons ventos da energia CNaval: de olho no futuro Unicamp: polo inovador de tecnologia para exploração do pré-sal Tempo de descobertas Eventos refletem expansão do setor Independentes se articulam 2009? Brasil: País do Futuro!, por Marilda Rosado ‘Vaga’ de investimentos, por Heller Redo Barroso Prominp, PNQP e formação de mão de obra especializada, por Joaquim Passos Maia Pré-sal e ‘áreas estratégicas’, por Alexandre R. Chequer e Bruno Triani Belchior Geração eólica: contornos jurídico-regulatórios devem ser aprimorados, por Ana Karina Esteves de Souza e Hilton Silva Alonso Junior Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis Cobertura

TN Petroleo 69

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Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis

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O Brasil acerta ao investir em infraestrutura de Eurimilson João Daniel, vice-presidente da Sobratema.

ESPECIAL RETROSPECTIVA 2009ESPECIAL RETROSPECTIVA 2009ESPECIAL RETROSPECTIVA 2009

O ano em que superamos a crise

Ano XI • nov/dez 2009 • Número 69 • www.tnpetroleo.com.br

Entrevista exclusiva

Paulo Mendonça, diretor geral da OGX

O x do Oil & Gas

Nesta edição: Canadá e Brasil

Canadá: cada dia mais próximo

Os bons ventos da energia

CNaval: de olho no futuro

Unicamp: polo inovador de tecnologia para exploração do pré-sal

Tempo de descobertasEventos refletem expansão do setorIndependentes se articulam

2009? Brasil: País do Futuro!, por Marilda Rosado

‘Vaga’ de investimentos, por Heller Redo Barroso

Prominp, PNQP e formação de mão de obra especializada, por Joaquim Passos Maia

Pré-sal e ‘áreas estratégicas’, por Alexandre R. Chequer e Bruno Triani Belchior

Geração eólica: contornos jurídico-regulatórios devem ser aprimorados, por Ana Karina Esteves de Souza e Hilton Silva Alonso Junior

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nº 69

Cobertura

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sumário edição nº 69 nov/dez 2009

entrevista exclusiva

Brasil e Canadá

especial: retrospectiva 2009

28 Tempo de descobertas30 eventos refletem expansão do setor34 Linha do Tempo40 2009? Brasil: País do Futuro!,

por Marilda Rosado41 independentes se articulam

18 entrevista com Reinaldo Belotti, diretor de desenvolvimento de Produção da ogX

48 Brasil é segundo maior mercado50 entrevista com Julio Moreira,

presidente da gran Tierra energy, APROXIMAÇÃO CONTíNUA

59 sol e água: energia em dois tempos64 a retomada nuclear

com Paulo Mendonça, diretor geral da ogX

O x do Oil & Gas

Antecipação com TLd

O ano em que superamos a crise

Canadá: cada dia mais próximo

Os bons ventos da energia

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52

20

42

Liderança em Classificação e Certificação Offshoree-mail: [email protected] Tel: + 55 21 2276-3535

CONSELHO EdITORIAL

affonso Vianna Junior

alexandre Castanhola gurgel

andré gustavo garcia goulart

antonio ricardo Pimentel de oliveira

Bruno musso

Colin Foster

david zylbersztajn

eduardo mezzalira

eraldo montenegro

Flávio Franceschetti

Francisco sedeño

gary a. Logsdon

geor Thomas erhart

gilberto israel

ivan Leão

Jean-Paul Terra Prates

João Carlos s. Pacheco

João Luiz de deus Fernandes

José Fantine

Josué rocha

Luiz B. rêgo

Luiz eduardo Braga Xavier

marcelo Costa

márcio giannini

márcio rocha melo

marcius Ferrari

marco aurélio Latgé

maria das graças silva

mário Jorge C. dos santos

maurício B. Figueiredo

Nathan medeiros

roberto alfradique V. de macedo

roberto Fainstein

ronaldo J. alves

ronaldo schubert sampaio

rubens Langer

samuel Barbosa

78 sTX Brasil lança Skandi Ipanema

79 geração pré-sal

82 Conferência internacional de geologia

Oportunidades em ambiente de risco84 Brazil automation isa 2009: Sem-fio em alto-mar

108 ‘Vaga’ de investimentos, por Heller Redo Barroso

111 Prominp, PNQP e formação de mão de obra especializada, por Joaquim Passos Maia

112 Pré-sal e ‘áreas estratégicas’, por Alexandre R. Chequer e Bruno Triani Belchior

114 Geração eólica: contornos jurídico-regulatórios devem ser aprimorados, por Ana karina Esteves de Souza e Hilton Silva Alonso

05 editorial 06 hot news 10 indicadores tn 73 eventos 86 perfil profissional 91 caderno de sustentabilidade

98 produtos e serviços 104 pessoas 117 feiras e congressos 118 fino gosto 120 coffee break 123 opinião

Niterói Fenashore 2009

Coffee Break

Indústria naval e offshore buscam a sustentabilidade

Vergara: a dimensão gráfica

artigos

Ano XI • Número 69 • nov/dez 2009Fotos: Agência Petrobras e TN Petróleo

seções

de olho no futuro

Polo inovador de tecnologia para exploração do pré-sal

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78 sTX Brasil lança

79 geração pré-sal

Vergara:

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TN Petróleo 69 7

Rua do Rosário, 99/7º andarCentro – CEP 20041-004

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a opinião dos editores.TN Petróleo é dirigida a empresários,

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e compradores do setor de petróleo.

ENVIO dE RELEASESsugestões de temas ou envio de matérias devem ser feitos via fax: 55 21 3221-7511

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entre balanços e retrospecti-vas do ano que se encerrou e projeções para 2010, o otimismo sai na frente. é o que

indicam duas pesquisas realizadas por empresas internacionais de consultoria e auditoria, a grant Thornton interna-tional e a deloitte: segundo as duas respeitáveis instituições, os empresá-rios brasileiros nunca estiveram tão otimistas quanto agora.

Na pesquisa da grant Thornton, que se realizou em diversos países, 71% do empresa-riado brasileiro acreditam que a economia do país está bem e ainda vai melhorar. Já o estudo da deloitte, que identificou o setor de petróleo e gás como uma das três atividades com maior potencial de crescimento no Brasil, registra que 95% das empresas entrevistadas acre-ditam em crescimento no ano de 2010.

Nas duas pesquisas, boa parte das empresas espera um faturamento maior este ano, em relação a 2008: 69% das empresas estimam que che-garão ao final de 2009 com uma receita maior. Na pesquisa da grant Thornton, o país mais pessimista do mundo é o Japão, que obteve o índice de -72%.

Ficamos com o otimismo brasilei-ro. mas sem tirar os pés do chão, nem mesmo diante da euforia da Copa do mundo de 2014 e das olimpíadas de 2016. afinal, ainda há muita coisa por fazer e acontecer. a começar pelo novo marco regulatório do setor petrolífero – ou me-lhor, do pré-sal –, que depende ainda da aprovação final do Congresso Nacional.

a indústria do petróleo e gás do Brasil vai muito bem, obrigado. mas ainda queremos ver acontecer os projetos que vão mais do que dobrar a produção nacional até 2020 – assim como os Us$ 111,4 bilhões que devem ser investidos no pré-sal até o final dessa segunda década deste século.

No curto prazo, a grande massa de fornecedores de bens e serviços – de pequeno, médio e grande porte – de toda essa cadeia produtiva, incluindo

a indústria naval, também querem ver a efetivação dos Us$ 174,4 bilhões de investimentos previstos pela Petro-bras até 2013 – valores que devem ser reajustados na revisão do Plano de Negócios da estatal, adiado para o primeiro trimestre deste ano.

afinal, a concretização desses investimentos representa, mais além da expansão dessa indústria, a conso-lidação da economia brasileira rumo ao desenvolvimento sustentável. ou seja: com mais renda, mais empregos, mais saúde e, se possível, mais justiça social, como salientou o presidente do Banco interamericano de desenvolvi-mento (Bid), Luís alberto moreno, no relatório de fim de ano. “Não podemos esquecer que cerca de 200 milhões de pessoas ainda vivem na pobreza na américa Latina e Caribe”, destacou ele, ao anunciar os níveis recordes de apro-vações e desembolsos de empréstimos em 2009. Nada menos que 165 opera-ções aprovadas, somando um total de Us$ 15,9 bilhões este ano, enquanto os desembolsos saltaram de Us$ 7,6 bilhões para quase Us$ 12 bilhões. segundo ele, o fato de as economias latinas “ainda estarem em pé depois dessa crise faz com que não tenhamos mais desculpas”.

de fato, não temos mais desculpas: o Brasil mostrou que tem uma econo-mia sólida, uma democracia estável, a despeito da corrupção e dos escândalos – o que não é primazia nossa, como já mostraram os estados Unidos e outras potências europeias. e a nossa indús-tria, nos mais diversos segmentos, já deu sinais inequívocos de sua capacida-de e competitividade internacional.

o presidente do Bid afirmou que a américa Latina e o Caribe podem “moldar o seu próprio destino”. mais do que moldar, é preciso têmpera para forjar – no sentido de criar, trabalhar, inventar – um futuro melhor, no curto e médio prazo. Precisamos apenas manter os pés no chão e ter a vontade de fazer acontecer.

Com os pés no chão

Filiada à

editorial

Benício Bizdiretor executivo da TN Petróleo

8 TN Petróleo 69

O EAS, controlado por Camar-go Corrêa e Queiroz Galvão, e o Eisa, do Synergy Group, de German Efromovich, entregaram as propostas para construir os navios no último dia do prazo (15 de dezembro).

A mineradora deve analisar as propostas para decidir sobre a construção dos navios no Brasil. Fontes da indústria naval dis-seram que os dois estaleiros só devem ter condições de atender a encomenda a partir de 2014.

O Eisa, que tem um estaleiro no Rio, trabalha para construir um novo empreendimento no município de Coruripe, ao sul de Maceió, investimento estimado

em R$ 1,5 bilhão. O Eisa conta com o projeto para fazer os na-vios da Vale. O investimento po-derá ser financiado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM). No caso do EAS, a construção dos navios da Vale a partir de 2014 é considerada razoável por fontes do setor já que o esta-leiro tem em carteira 22 navios da Transpetro, para entrega até 2013, além do casco da platafor-ma P-55 da Petrobras.

Inicialmente a Vale indicou aos estaleiros que precisaria dos navios para 2012-2013 dentro de uma estratégia de montar uma frota para transportar minério de ferro a baixo custo para a

China. Como os estaleiros não conseguiriam atender o prazo pedido, a Vale aceitou analisar propostas para entrega além de 2013. A mineradora também estendeu por dois meses – de 15 de outubro para 15 de dezembro – o prazo para recebimento das ofertas.

Os quatro navios têm capa-cidade individual de 400 mil to-neladas. É o mesmo porte dos 12 navios contratados pela Vale na China em uma encomenda ava-liada em US$ 1,6 bilhão – que motivou protestos da indústria naval brasileira e levou à rea-bertura de negociações. Fontes da indústria naval dizem que se a Vale contratar as embarcações no mercado brasileiro, pagará mais caro por unidade em um primeiro momento.

hot news

B5 é obrigatório

Atlântico Sul e Eisa disputam encomenda da Vale

PARA OS ATUAIS dAdOS de mer-cado, a nova mistura deverá ge-rar economia de divisas da ordem de US$ 1,4 bilhão/ano devido à redução das importações de óleo diesel.

Segundo estudo realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), cada litro da nova mistura diminui em 3% a emissão de CO2, além de reduzir também a emissão de ma-terial particulado. Em novembro foi realizado o primeiro leilão para atender à mistura de B5, quando foram adquiridos 575 milhões de litros de biodiesel.

O biodiesel é considerado ex-celente ‘aditivo verde’ para o óleo diesel com baixos teores de enxo-fre, como o diesel S50, já utilizado

nas regiões metropolitanas de Be-lém, Fortaleza e Recife e nas frotas cativas de ônibus dos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro. da-dos dos fabricantes de autopeças atestam que 2% de biodiesel adi-cionados ao diesel seriam suficien-tes para aumentar em cerca de 50% a lubricidade do combustível.

desde que a mistura B2 come-çou a ser utilizada, em janeiro de 2007, a ANP realizou 16 leilões para venda de biodiesel pelas unidades produtoras. Em 2009, a produção de biodiesel chegou a

1.291.800 bilhão de litros. O Brasil já se destaca como um dos maiores produtores e consumidores dessa fonte alternativa no mundo, o que reforça a vocação brasileira para a produção de combustíveis limpos e renováveis.

Total de plantas autorizadas para operação ..............................................................63

Total de plantas autorizadas para comercialização de B100 .................................. 46

Total de plantas em processo de autorização (novas plantas) ................................ 19

Total de plantas em processo de autorização para ampliação ................................. 13

Capacidade total autorizada ............................................................... 12.848,30 m³/dia

Desde o dia 1º de janeiro tornou-se obrigatória a mistura de 5% de biodiesel em todo óleo diesel consumido no Brasil, exceto óleo diesel marítimo.

Os estaleiros atlântico Sul (eaS), de Pernambuco, e o eisa, com projeto para alagoas, vão disputar a encomenda da vale para construção de quatro navios para o transporte de minério de ferro.

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Uma das maiores embarcações da dockwise shipping, a Blue Marlin, volta ao Brasil rebocando até angra dos reis (rJ) a semissubmersível de perfuração ssV Victoria, da Petroserv. embarcação utilizada em operações de Heavy Lift Transport (transporte pesado), modalidade em que navios, embarcações e estruturas pesadas são transportados a bordo de grandes navios ou barcaças semissubmersí-veis, o Blue Marlin pode carregar uni-dades de até 73 mil toneladas. o barco já transportou, em 2001, a P-40, de 42 toneladas, de Cingapura para o rio de Janeiro e o casco da P-52.

ERRAMOS – Na edição 68, na matéria especial Brasil-França: conexões tecno-lógicas, no box sobre o instituto Francês do Petróleo (iFP), informamos que o mesmo fora criado em 1994, quando o ano correto de sua criação é 1944.

CNI e Apex-Brasil abrem escritório na União Europeia

Petrobras iniciará perfuração na Turquia

Nova sonda chega ao Brasil

APOIAR ExPORTAdORES bra-sileiros junto ao bloco econômico que mais realiza negócios com o Brasil é o principal objetivo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI), ao firmarem convênio para a abertura de um escritório para negócios, em Bruxelas (Bélgica).

Com inauguração prevista para março de 2010, o escritório para negócios, em um dos cen-tros políticos da União Europeia, auxiliará o comércio exterior do Brasil no bloco. “O escritório terá um perfil diferente. Um de seus principais objetivos será realizar um lobby técnico, que evite que as exportações brasileiras enfrentem problemas na Europa”, afirma o presidente da Apex-Brasil, Ales-sandro Teixeira.

Entre os blocos de países, a União Europeia é o maior parceiro comercial do Brasil. Em 2009, até novembro, as exportações bra-

sileiras para a UE atingiram US$ 31 bilhões e a corrente de comércio foi de US$ 57,4 bilhões, repre-sentando um saldo na balança

comercial brasileira de US$ 4,78 bilhões.

O escritório em Bruxelas terá um perfil diferente dos Centros de Negócio (CNs) que a Apex-Brasil mantém no exterior. Os CNs são centros de apoio baseados no ex-terior, como plataformas de acesso do exportador aos principais mer-cados globais, contribuindo para a internacionalização de empresas brasileiras e facilitando a geração de negócios.

Atualmente, a Apex-Brasil mantém cinco Centros de Negó-cios, localizados em Miami, Pe-quim, dubai, Havana e Varsóvia. Em 2010, também serão instalados centros em Moscou e Luanda.

A SUBSIdIáRIA Petrobras Oil & Gas B.V. Turquia e a estatal turca Turkish Petroleum Corporation (TPAO) receberam, no dia 31 de dezembro de 2009, a sonda Leiv Eiriksson, que será utilizada no poço Sinop 1, localizado a cerca de 145 km da cidade de Sinop, no Mar Negro, considerada uma das últimas fronteiras petrolíferas do mundo. Será a primeira atividade de perfuração em águas ultrapro-fundas da Petrobras no Mar Negro.

A sonda Leiv Eiriksson foi construída em 2001 e é capaz

de realizar operações de perfu-ração em profundidade de água de até 2.300 m de profundidade, tendo capacidade total de perfu-ração de mais de 9.000 metros. O equipamento possui 119 m de comprimento, 85 m de largura e tem capacidade para acomodar até 140 pessoas. As atividades de perfuração no poço Sinop 1 serão iniciadas no primeiro trimestre de 2010.

A Petrobras, operadora, e a TPAO têm participações iguais, de 50%, na área de licença de Sinop.

Blue Marlin, da Dockwise traz SSv Victoria para angra dos Reis

CARACTERíSTICAS dO Blue Marlin

Comprimento: 224,80 mLargura: 63 mCalado: 13,30 mCalado máximo submerso: 28,40 mÁrea do convés: 63 m x 178,2 m (11.226,6 m²)

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hot news

SSP Offshore apresenta plataforma híbrida

OTC 2010: mais espaço para o Brasil

A SSP OFFSHORE apresentou, no dia 19 de novembro, no LabOce-ano (RJ), o projeto da plataforma Satellite Services Platforms SSP 320 e SSP+Plus, unidades híbridas FdPSO (plataformas flutuantes de perfuração, produção, estocagem e transferência, em inglês: Floating, drilling, Production, Storage and Offloading).

Representada no Brasil pela InterOil, a SSP tem como parcei-ras os laboratórios Marin Institute

(Holanda), LabOceano, e a Oceâ-nica Offshore, empresa brasileira de engenharia e consultoria es-pecializada em engenharia naval e oceânica.

A plataforma de casco cilíndri-co tem capacidade de perfuração, excelente flutuação, foi projetada para ter uma vida útil de 20 a 25 anos e já foi certificada pela ABS, dNV e pela Marpol (Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios). A unidade tem capacidade de arma-zenar até 1,6 milhão de barris de óleo e de acomodar em seu topside entre 20 e 60 mil toneladas de mó-dulos de processamento.

ORGANIzAdO TRAdICIONAL-MENTE pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), com o apoio da Agência de Pro-moção de Exportações do Brasil (Apex), o Pavilhão Brasil na Offsho-re Technology Conference (OTC) ganhou mais espaço em 2010.

Além da nova localização – o número 1.117, bem no início da exposição, ainda ao lado do estan-de da Petrobras –, para esta edição o Pavilhão cresceu 40% (490 m²), foram disponibilizados 48 módulos para as empresas. Em 2009, foram 350 m² e 35 empresas.

O evento – principal fórum mundial de debates sobre os desa-fios tecnológicos e tendências da indústria de óleo e gás e a maior vitrine do planeta para as empre-

sas que participam da cadeia pro-dutiva deste setor – será realizado nos dias 3 a 6 de maio em Houston (EUA) no Reliant Center. Já estão confirmadas a participação das empresas WBS, Protubo, Metroval, NdT, Vescon, Kromav, Petrolab, Flexomarine, Nuclep, Chemtech, Stemac, Tomé, Orteng, Keppel, Lupatech, Vanasa, Coester, MCS Engenharia, Poland, Subsin, Mul-tialloy e a revista TN Petróleo.

Em 2009, a despeito das expec-tativas negativas em decorrência da crise e da gripe suína, a OTC confirmou sua primazia como o maior evento de tecnologia offshore do planeta. Foram mais de 66 mil visitantes de 120 países e 2.500 empresas expositoras. O que evidencia, mais uma vez, a importância da presença brasilei-ra no evento.

o adVogado e CoNsULTor espe-cializado petróleo e gás, navegação e indústria naval e offshore Heller Redo

Barroso inaugurou escritório especia-lizado para atender o setor. o advogado, com forte experiên-cia na negociação e desenvolvimento/financiamento de projetos de seus

clientes estrangeiros junto à Petro-bras, aposta no crescimento da em-presa com o pré-sal para um aumento ainda maior no número de consultas e novos clientes.

acostumado a trabalhar predomi-nantemente com empresas na área de indústria naval e offshore sediadas no circuito Houston-Londres-oslo, Hel-ler redo Barroso se diz surpreendido com o número de consultas e novos clientes oriundos de países como Chi-na, Coreia, emirados Árabes, Árabia saudita, Cingapura, indonésia, Índia, oman, Bahrein, Qatar, angola, e não tinham presença significativa no Brasil até o momento.

Localizado na av. rio Branco, 89, 28º andar (Tel.: 5521 3554-7860), o escritório já atende clientela predomi-nantemente estrangeira como National oilwell Varco (NoV), golar LNg, Fars-tad shipping, Baosteel e BW offshore, dentre outros.

Novo escritório

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os emPresÁrios BrasiLeiros estão oti-mistas com relação ao desempenho de seus negócios em 2010 e têm planos de ampliar seus investimentos, especialmente no lança-mento de produtos e serviços. estas são as principais conclusões da pesquisa realizada pela deloitte, “Panorama empresarial 2010 – Negócios nos novos tempos da economia”, que identificou três atividades com maior potencial de crescimento para o próximo ano: petróleo e gás, construção e turismo, hotelaria e lazer.

das empresas entrevistadas, 95% acredi-tam em crescimento no ano de 2010. apesar de 2009 ter sido um período conturbado – pelo menos, no primeiro semestre –, a receita total das empresas que revelaram suas ex-pectativas de faturamento para este ano deve crescer, em média, 8% em relação a 2008. Na comparação com os resultados de 2008, 69% das empresas estimam que chegarão ao final de 2009 com uma receita maior.

No item ‘investimentos’, 71% das empre-sas devem encerrar 2009 com um montante de aportes superior a 2008. os projetos de maior aposta são a modernização (conside-rando a aquisição de bens de capital), com 93%, e a implantação de novos produtos e serviços, com 91% dos apontamentos.

em 2009, 13% das empresas entrevista-das afirmam ter realizado investimentos em aquisições de outras organizações. entre os projetos de investimentos a serem implan-tados a partir de 2010, 41% dos empresá-rios utilizarão recursos para a aquisição de empresas, uma intenção manifestada prin-cipalmente por médias organizações. “os resultados da pesquisa mostram que 2009 foi um ano de recuperação para muitas em-presas frente à crise mundial. Já 2010 tende a ser um ano de crescimento e retomada dos investimentos por parte das organizações”, analisa José Paulo Rocha, sócio-líder da área de Corporate Finance da deloitte.

Para 2010, 64% dos entrevistados desta-caram que darão prioridade, do ponto de vista estratégico, ao desenvolvimento e forneci-mento de novos produtos e serviços.

Já sobre desafios, os principais fatores enfrentados pelas empresas em 2009 e que tendem a se manter em 2010, por ordem de importância, são: gerenciar os custos sem comprometimento da qualidade; administrar a

concorrência domés-tica por competidores locais e manter a taxa de retorno do capital investido.

o estudo foi re-alizado com empre-sas dos setores de serviços e indústria,

que somam um total de 911 mil funcionários. o levantamento – realizado em outubro e novembro – teve como principal objetivo re-velar a visão dos empresários sobre desafios, oportunidades e perspectivas para a econo-mia brasileira e o ambiente de negócios.

as empresas consultadas estão dis-tribuídas por todo o país: 68% no sudeste, 19% no sul, 7% no Nordeste, 4% no Centro oeste e 2% no Norte. No sudeste, a amostra da pesquisa apresenta abertura para são Paulo (capital e interior), minas gerais, rio de Janeiro e espírito santo. a idade média das empresas da amostra, das quais 34% realizam exportações, é de 30 anos.

Com uma rede global de firmas-membro em 140 países, a deloitte atua no Brasil desde 1911, com escritórios em são Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, For-taleza, Joinville, Porto alegre, rio de Janeiro, recife e salvador.

Petrobras: produção de petróleo aumentou 4,6% em novembro a ProdUção média de petróleo da Petro-bras no Brasil foi de 1.844.940 barris diários em novembro, indicando um aumento de 4,6% em relação ao mesmo mês do ano passado e um pequeno decréscimo de 1,5% sobre o volume produzido em outubro de 2008. a produção de gás natural, também dos campos nacionais, atingiu a média diária de 51, 241 milhões de m³, 16,7% superior à produção de novembro de 2007 e 4,8% menor que o volume de outubro de 2008. a redução da produção em novembro foi consequência de paradas programadas em plataformas do Polo Nordeste da Bacia de Campos, que já voltaram a operar normalmente.

somados os volumes de petróleo e gás natural, a produção média dos campos nacio-nais em novembro alcançou 2.167.236 barris de óleo equivalente (boe) por dia, volume 6,4% acima da produção de novembro de

2007 e 1,9% abaixo do volume extraído em outubro de 2008, em função das paradas de plataformas.

a produção total da Petrobras (petróleo e gás no Brasil e no exterior) foi de 2.403.403 boe/dia, com um aumento de 6,5% sobre o mesmo mês de 2007 e uma redução de 1,5% em comparação com outubro de 2008.

o volume de petróleo e gás natural pro-duzido pela Petrobras nos oito países nos quais exerce suas atividades de e&P, em boe, atingiu em novembro 236.167 barris/dia, com aumentos de 2,9% sobre outubro deste ano e de 7% em relação à produção do mesmo mês de 2007. a produção de gás natural no exterior passou de 16,7 milhões de m³/d, em novembro de 2007, para 17,6 milhões de m³/d no mês passado. em outubro do corrente ano a produção de gás natural no exterior foi de 16,9 milhões de m³/d.

Produção industrial cresce o iNdiCador de ProdUção industrial men-sal (Pim), documento produzido pela diretoria de estudos e Políticas macroeconômicas (dimac) do instituto de Pesquisa econômi-ca aplicada (ipea) estimou crescimento de 4,7% da produção industrial de novembro em relação ao mesmo mês de 2008.

informe apresentado pelo ipea nas vés-peras de Natal, destaca que todos os indica-dores setoriais de novembro, utilizados no Pim, apresentaram crescimento. a produção industrial de outubro de 2009 registrou que-da de 3,2% na comparação com o mesmo mês de 2008. Já na variação em relação a

Empresariado está otimistaPanorama empresarial da Deloitte revela a opinião de representantes de 573 empresas, que representam 17,3% do PIB nacional

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TN Petróleo 69 13

No iNÍCio de dezemBro, o preço do barril do Brent subiu 1,12% na Bolsa intercontinental de Futuros (iCe Futures) de Londres, e fechou a Us$ 79,35. o barril do Brent, de referência na europa, para entrega em janeiro, fechou em Londres com uma alta de Us$ 0,88 a respeito do pregão anterior, quando fechou a Us$ 78,47, quase a metade do recorde atingido em meados do ano passado, pouco abaixo de 150 dólares.

segundo os avalistas, o preço do petróleo subiu graças à diminuição da inquietação dos operadores diante da crise econômica de dubai – cujos riscos de falência alimentam as preocupações sobre a saúde financeira de alguns países, sobretudo do leste da eu-ropa, esmagados pelo endividamento e pela recessão mundial – e devido ao aumento da atividade manufatureira nos estados Unidos, que cresceu em novembro pelo quarto mês consecutivo, aumentando a esperança dos investidores sobre a recuperação da econo-mia do país americano, principal consumidor energético do mundo.

“as reservas estão caindo, o preço (do barril de petróleo) está perfeito, todo o mundo – investidores, consu-midores, produtores – está satisfeito”, de-clarou em novembro o ministro saudita de Petróleo, Ali al Naimi, cujo país é o principal produtor da organiza-ção de Países expor-tadores de Petróleo (opep). “Tudo está bem, não temos que refletir demais”, disse.

Para a opep – responsável por 40% da produção mundial de petróleo – os preços do

petróleo estão perfeitos, motivo pelo qual a organização não deve modificar suas cotas de produção. “Nenhum aumento da produção” está sendo contemplado, e “todos estão de acordo com isto”, afirmou o ministro kuwai-tiano de Petróleo, xeque ahmad abdalah al-sabah, presidente da opep

em novembro, o ministro dos Petróleos de angola, José María Botelho de Vasconce-los, afirmou que um barril de petróleo entre Us$ 75 e Us$ 80 é satisfatório.

Também no início de dezembro, a agên-cia internacional de energia (aie) elevou em 130 mil barris por dia sua previsão para a demanda mundial de petróleo no ano que vem, em comparação com seu relatório de novembro, para 86,3 milhões de barris por dia em média. em comparação com 2008, a previsão para 2010 representa um aumento de 1,5 milhão de barris por dia.

a revisão resulta sobretudo da atividade econômica firme na China, que é o segundo

maior consumidor mundial da commodity, res-pondendo por 9,7% do total. em separado, a aie revisou sua previsão para a demanda mundial de petróleo no período de 2009 a 2014 em 1,9 milhão de barris por dia, após fazer diversas mudanças em seus pressupostos. agora, a aie projeta que o consumo mundial irá atingir quase 91 milhões de barris por dia até 2014.

a aie afirmou ainda que as condições do setor de refino continuam se deteriorando na medida que as margens caem. os países que formam a organização para a Cooperação e o desenvolvimento econômico (oCde) foram os mais afetados, com suas margens de re-fino caindo no quarto trimestre deste ano de maneira generalizada, já que os aumentos de preços do petróleo bruto foram superiores aos aumentos de preços dos produtos.

o crescimento dos estoques de deriva-dos para níveis recordes no último trimestre deste ano e a expansão da atividade de refino na China também pesaram. a aie estima que a atividade de refino global no quarto trimestre de 2009 fique em 72,3 milhões de barris por dia, 600 mil barris a menos que a estimativa do relatório de novembro. as informações são da dow Jones.

Produção de países-membros da Opep e não-membros – dez/07 a nov/09Preços confortáveis

setembro, na série com ajuste sazonal, o re-sultado voltou a ser positivo, com a produção avançando 2,2%.

o setor de autoveículos recuou 4,0% ante o mês de outubro. o documento produ-zido pelo ipea prevê também que a indústria avance 4,7% na comparação interanual, com pequena retração de 0,1% na margem. dentre os indicadores setoriais, o principal destaque ficou por conta da demanda por energia, que avançou 5,4% na passagem de outubro para novembro.

Compõem a Pim quatro indicadores coincidentes usados no modelo de previsão da produção física da Pesquisa industrial

mensal do instituto Brasileiro de geografia e estatística (iBge): fluxo de veículos pesa-dos em rodovias concedidas; produção de autoveículos; produção de papelão; e carga de energia.

os eUa também sinalizam expansão da atividade industrial. o instituto para gestão de oferta (ism, na sigla em inglês) apurou que o índice dos gerentes de compra (Pmi) sobre a atividade industrial nos eUa subiu de 53,6 em novembro para 55,9 em dezembro, superando a previsão de economistas de alta para 54,0. Trata-se da maior leitura desde abril de 2006. Um dado acima de 50 indica expansão da atividade.

o componente de preços saltou para 61,5 em dezembro, de 55,0 em novembro, enquanto o indicador de emprego foi para 52,0, de 50,8. o subíndice de novas encomen-das avançou a 65,5, de 60,3 em novembro. o componente de produção subiu para 61,8, de 59,9, enquanto o de estoques avançou a 43,4, de 41,3.

Revisão do Plano de Negócios da Petrobras é adiada a PeTroBras Não CoNsegUiU concluir a revisão de seu Plano de Negócios para o período 2009 - 2013, frente às incertezas e volatilidades dos diversos mercados, deci-

14 TN Petróleo 69

indicadores tn

dindo retomar a pauta apenas em janeiro ou fevereiro. o Conselho de administração reco-mendou que as análises dos projetos fossem reavaliadas com base em novas premissas de custos frente aos cenários apresentados. e reiterou que a política de investimentos da Petrobras está mantida, e que as avaliações existentes sobre os investimentos no pré-sal indicam a viabilidade dos projetos.

Aço: produção em queda a ProdUção BrasiLeira de aço bruto em novembro de 2009 foi de 2,7 milhões de toneladas, representando queda de 4,3% em relação a outubro e crescimento de 15,1% quando comparada com o mesmo mês em 2008. em relação aos laminados, a produção de novembro, de 2,0 milhões de toneladas, representou queda de 7,6% na comparação com o mês anterior e elevação de 15,4% quando comparada com novembro do ano passado.

os números divulgados em meados de dezembro pelo instituto aço Brasil contabi-lizam uma produção acumulada de janeiro a novembro de 23,9 milhões de toneladas de aço bruto e 18,2 milhões de toneladas de laminados, o que significou queda de 25,4% e 23,4%, respectivamente, sobre o mesmo período de 2008.

Quanto às vendas internas, o resultado de novembro de 2009 foi de 1,6 milhão de toneladas de produtos, queda de 4,2% em relação ao mês anterior. Quando compara-do, entretanto, com igual período de 2008 registra-se acréscimo de 16,4%. as vendas de janeiro a novembro, de 14,8 milhões de toneladas, mostram queda de 29,1% com relação ao mesmo período do ano anterior. analisando-se a distribuição setorial das vendas de produtos planos, observou-se que as maiores altas se deram nos setores auto-motivo, de utilidades domésticas e comerciais e de embalagens e recipientes.

as exportações de produtos siderúrgicos em novembro de 2009 atingiram 666,4 mil toneladas, no valor de 389 milhões de dólares. o volume exportado foi 36% inferior a outu-bro, enquanto a receita caiu 27,8%. as expor-tações de janeiro a novembro totalizaram 8,1 milhões de toneladas e 4,4 bilhões de dólares, representando queda de 8,1% em volume e de 42,6% em valor quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

No que se refere às importações, regis-trou-se em novembro volume de 234,1 mil toneladas (Us$ 252,6 milhões) totalizando, desse modo, 2,1 milhão de toneladas de pro-dutos siderúrgicos de janeiro a novembro deste ano, 14,2% abaixo do mesmo período do ano anterior.

“Nós já tínhamos colocado R$ 100 bilhões (no BNDES), estamos colo-cando mais R$ 80 bilhões e, se for necessário, colocaremos mais R$ 20 bilhões para que o BNDES possa financiar a Petrobras na exploração do pré-sal”.Luís Inácio Lula da Silva – 15/12/2009 – O Globo

“Os discursos de Obama e Lula foram mais do que discursos sobre os grandes desafios que nossos líderes deveriam discutir em Copenhague. Marcaram a longa e tortuosa história do declínio do império americano”. Anabella Rosemberg, na matéria “exit Usa, boa tarde Brasil!”, publicada no blog do Libération, sobre a degringolada das negociações do clima – 18/12/2009

“A confiança encerra 2009 em alta... acima da média dos últimos 10 anos (100,4 pontos) e com um desempenho bem diferente do observado no início do ano, quando alcançou 75,1 pontos, o segundo menor nível da série histórica desde abril de 1995”. Pesquisa da Fundação getulio Vargas – 30/12/2009

“Não temos uma política robusta. Ela inclui tanto aumentar a taxa de juros que pagamos sobre as reservas quanto um número de medidas que temos testado e que nos permitirão drenar reservas do sistema”. Ben Bernanke, presidente do Federal reserve (Fed), na reunião anual da asso-ciação americana de economia, em atlanta – 03/01/2010 – Agência O Globo

Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) (junho a novembro/2009)

Jun Jul Ago Set Out NovBrasil+Exterior 2.505,3 2.498,1 2.530,6 2.572,2 2.573,0 2.556,9

Frases

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil (junho a novembro/2009) Jun Jul Ago Set Out NovBacia de Campos 1.657,4 1.676,3 1.716,2 1.728,1 1.718,0 1.695,3Outras (offshore) 52,7 42,9 46,7 63,7 66,6 77,0Total offshore 1.710,1 1.719,1 1.762,9 1.791,9 1.784,6 1.772,2Total onshore 216,6 218,5 217,3 212,1 216,1 218,6Total Brasil 1.926,3 1.937,6 1.980,2 2.003,9 2.000,7 1.990,9

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Brasil (junho a novembro/2009)

Jun Jul Ago Set Out NovBacia de Campos 27.249,8 27.684,6 28.869,7 28.693,9 26.937,1 27.105,6Outras (offshore) 9.222,0 6.968,9 5.685,6 7.371,9 8.350,3 8.192,8Total offshore 36.471,8 34.653,6 34.555,3 36.065,8 35.287,4 35.298,5Total onshore 15.480,3 15.717,1 15.690,9 15.291,9 15.573,2 15.369,3Total Brasil 51.952,0 50.370,7 50.246,2 51.357,6 50.860,6 50.667,7

Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Internacional (junho a novembro/2009)

Jun Jul Ago Set Out NovExterior 146,3 142,5 146,9 149,3 153,4 150,9

Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional (junho a novembro/2009)

Jun Jul Ago Set Out NovExterior 17.955,3 17.200,2 14.845,6 16.311,4 16.828,8 16.374,0

Produção da Petrobras de óleo, LGN e gás natural

Sobre a produção de novembro no Brasil: a produção média de óleo e LgN em novembro de 2009 foi de 1.991 mil bpd, cerca de 9,8 mil bpd abaixo da produção de outubro (2.001 mil bpd). esta diferença deveu-se principalmente ao encerramento da produção do FPso Seillean em Cachalote. a produção média de gás natural, excluindo o volume liquefeito, no mês de novembro de 2009 foi de 50,7 milhões de m³/d, apenas 200 mil m³/d abaixo do realizado no mês de outubro 2009 (50,9 milhões de m³/d). Fonte: Petrobras

TN Petróleo 69 15

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16 TN Petróleo 69

entrevista exclusivaPaulo Mendonça, diretor geral da OGX

O x do Oil & GasNa matemática, o x é uma variável que pode assumir

qualquer valor cabível em uma equação ou inequação;

é a grande incógnita da equação. No mundo real, a OGX, do

empresário eike Batista, indica que na equação de sucesso

que vem formulando, a empresa que surgiu como um x da

indústria de óleo e gás no Brasil, pode fazer esta incógnita

alcançar valores grandiosos. por Beatriz Cardoso

em meNos de QUaTro meses de perfurações, fez oito descobertas, sendo uma na Bacia de santos e sete na madura Bacia de Campos, onde duas delas já têm reservas estimadas em 900 mil a 2 bilhões de barris de petróleo.

e para obter tais resultados, a ogX conta com uma equipe de peso, comandada pelo geólogo Paulo men-donça, uma das estrelas da Petrobras, da qual a ogX já ‘extraiu’ mais de uma centena de quadros altamente qua-lificados, incluindo o seu diretor de desenvolvimento de Produção, rei-naldo Belotti.

Nessa dupla entrevista à TN Pe-tróleo, os dois executivos, ambos com mais de 30 anos na Petrobras, falam das expectativas e dos preparos para a mais jovem companhia de óleo e gás do país iniciar a produção até o final de 2011, quando estará comple-tando quatro anos. “isso é a meta, mas o compromisso, aqui, é sempre se adiantar, se antecipar”, pontua mendonça.

TN Petróleo – Nos cinco anos em que você esteve à frente da exploração, na Petrobras, há uma curva ascendente de descobertas e reservas incorpo-radas, incluindo o pré-sal, em torno do qual gira a maior parte dos inves-timentos e expectativas. No entanto, na OGX, vocês investiram pesado na Bacia de Campos, onde já fizeram sete descobertas – e uma oitava, na Bacia de Santos. Isso mostra que a bacia ainda tem um grande potencial a se explorar?

Paulo Mendonça – sem dúvida. a Bacia de Campos tem uma história muito interessante, principalmente a partir do momento em que se voltou para as águas profundas, com um grande índice de sucesso – mais baixo, de 1998 até 2002, é verdade, devido ao fato de as atividades exploratórias estarem mais no centro da Bacia de Campos. Quando se decidiu ir para o norte, tentando outros modelos, como o de roncador (descoberto em 1996), chegamos ao parque das Baleias. a descoberta de Jubarte (2001) mos-

trou que o negócio é furar, descobrir e ‘amarrar’ as pontas, porque ficou claro que havia ainda muito mais do que esperávamos, inclusive o pré-sal. a grande verdade é o que diziam os antigos exploracionistas: ‘o petróleo está onde ele se encontra’.e onde você o acha, é lá que você deve procurar, é onde vai ter mais.

É isso o que a OGX tem mostrado, com sua estratégia de intensificar as ativi-dades exploratórias e investir pesado na sísmica. Os resultados obtidos em tão pouco tempo será fruto de uma equipe altamente qualificada – só você tem 35 anos de Petrobras – ou existe um modelo de gestão arrojado?

Vários fatores pesam. Primeiro, é importante lembrar que estamos escrevendo um pouco a história de uma companhia que se levantou em dois anos e meio. Começamos em julho de 2007, quando eu saí da Pe-trobras (final de junho), montamos a empresa, fomos ao mercado, fizemos uma colocação privada, depois fo-

TN Petróleo 69 17

mos para a nova rodada de licitação, quando adquirimos os primeiros 21 blocos exploratórios (nas bacias de santos, Campos, Pará-maranhão e espírito santo), pagando um total de r$ 1.479.723.282,00 de bônus de assinatura. Fizemos o iPo (sigla em inglês para oferta pública inicial), que foi o maior da história da bol-sa brasileira (com captação de 6,7 bilhões de reais). Conseguimos as licenças ambientais e fizemos toda a sísmica, contratando equipes de sondas no momento em que se dizia que era impossível: temos hoje cinco sondas contratadas. Começamos a

perfurar, descobrimos petróleo e estamos ainda com Us$ 4,5 bilhões em caixa.

Ou seja: continuam com recursos para manter este ritmo acelerado...

isso é fantástico, sem dúvida. mas se não houvesse um cidadão chamado eike Batista, eu diria que nada disto tinha acontecido. a Petrobras é uma companhia de respeito absoluto, que fez grandes conquistas, teve gestores, principalmente na área de exploração, de altíssima qualificação, o que lhe permitiu consolidar uma base tecno-lógica de alto nível e descobrir gran-

des reservas, chegando até o pré-sal. Trabalhei 35 anos lá, motivo de grande orgulho. a questão de velocidade é que é diferente quando se trata de uma empresa privada. o eike não só é o acionista principal: ele é o dono que zela, que cuida, que conhece de tudo. Primeiro, bancou a companhia no início com recursos próprios. Colocou Us$ 400 milhões e, depois, mais Us$ 400 milhões, até chegar a Us$ 1 bilhão. Quem no Brasil faz isso? Ninguém. segundo, ele conversou comigo, fran-camente, acreditou em mim, em toda a equipe que trouxemos para cá. enfim, isso é um grande diferencial.

é imPorTaNTe LemBrar

QUe esTamos esCre-

VeNdo Um PoUCo a

HisTória de Uma Com-

PaNHia QUe se LeVaN-

ToU em dois aNos e

meio. Começamos em

JULHo de 2007, moNTa-

mos a emPresa, Fomos

ao merCado, Fizemos

Uma CoLoCação Pri-

Vada, dePois Fomos

Para a NoVa rodada

de LiCiTação, QUaNdo

adQUirimos os Primei-

ros 21 BLoCos eXPLo-

raTórios.

18 TN Petróleo 69

entrevista exclusiva

E vale também para o mercado, para os investidores, certo?

Quando chegamos, não havia nada. o eike Batista bancou tudo. e não só financeiramente. eu me lembro quando fomos ao Canadá e aos estados Uni-dos, eu e o marcelo (Marcelo Faber Torres, diretor de Relações com Inves-tidores), fazer uma primeira rodada: se tivéssemos ido sozinhos, ninguém teria nos recebido. Com o eike, as pes-soas nos receberam e ouviram o que tínhamos a dizer sobre este projeto. ou seja: ele deu credibilidade, não apenas o dinheiro; desfruta de gran-de credibilidade junto aos acionistas do mundo todo. Um negócio que eu nunca vi. sem ele, a ogX não existiria. Parece que foi fácil, mas não foi. Ficou fácil com ele. agora, é um empresário arrojado e exigente: prazo, com ele, tem de ser cumprido. de preferência, ser antecipado. Todos estes fatores nos possibilitaram fazer o que fizemos em dois anos e meio.

Qual é o próximo passo? Produzir! esse é o momento em

que estamos. Tivemos sorte? Não! Fizemos boas escolhas. Pagamos caro: fizemos uma sísmica 3d, de al-tíssima qualidade, temos os melhores especialistas do mundo analisando os dados, utilizamos a mais alta tec-nologia. Foi a soma de conhecimento

e tecnologia. Não tenho dúvidas de que apenas iniciamos as descobertas na Bacia de Campos. e não adianta dizer que fizemos descobertas por estarmos em áreas próximas à da Petrobras, pois fomos mais além. Há quatro meses eu disse que to-dos os elementos que constatamos no centro da Bacia de Campos es-tavam no sul e em água rasa. as descobertas comprovaram isso: as reservas de óleo estão a 2.000 m, 2.100 m de profundidade, mas em águas rasas, de 130 m, a menos de 80 km da costa. o óleo é pesado, mas com viscosidade muito baixa, que permite altíssimas vazões.

A primeira descoberta, feita pelo poço OGX-1 (prospecto Vesúvio), no bloco BM-C-43 (Bacia de Campos), está estimada entre 500 milhões e 1,5 bilhão de barris de óleo equivalente (boe). Já o poço OGX-2A (prospecto Pipeline), no bloco BM-C-41 (Bacia de Campos) fez cinco descobertas em diferentes seções, uma delas com volume estimado de 400 milhões e 500 milhões de boe. Ou seja, até ago-

ra, vocês têm algo em torno de 900 a 2 bilhões.

estes números da primeira des-coberta (ogX-1) são conservadores, pois essa é a nossa cultura. mas temos reservatório se estendendo por 14 km e colunas de óleo de 500 metros. então, não podemos esperar nada menos que um bilhão em um campo deste porte. Com relação à segunda descoberta, repare que nós, primeiro, anunciamos indícios. até nisso temos cautela. Quando anunciamos a desco-berta é porque já vimos o óleo, a vazão deste o óleo. Por isso continuamos a perfuração, indo mais além, pois a expectativa é muito grande.

Você falou em óleo pesado. de quan-tos graus API?

algo entre 17 e 18º aPi, com rgo (razão-gás-óleo) na faixa de 50, e uma viscosidade, fantástica, entre 5 e 30 centipoise – os óleos pesados, normal-mente, têm entre 400, 300 centipoise. e uma permeabilidade altíssima – de 1 a 3 darcy. Podemos esperar um ne-gócio fantástico.

A ideia é começar a produção em 2011 ou dá para acelerar?

o cronograma é final de 2011. se pudermos antecipar, melhor.

Vocês ampliaram a campanha explora-tória de 51 para 79 poços. Por quê?

Temos r$ 7,8 bilhões em caixa para financiar todo o Capex de exploração, a produção inicial, novos farm-in ou oportunidades de aquisições. a sísmi-ca ajudou a melhorar muito os nossos números: passamos de 4,8 bilhões de boe de recursos potenciais riscados para 6,7 bilhões de boe (e 212 milhões de boe de recursos contingentes), de acordo com os dois últimos relatórios da degolyer & macNaughton (empresa americana de consultoria em certifica-ção de reservas no setor de petróleo e gás natural, que considerou uma probabilidade média de sucesso de 34,5% nas operações da ogX). Com

Com o eike BaTisTa, as Pessoas Nos reCeBe-ram e oUViram o QUe TÍNHamos a dizer so-Bre esTe ProJeTo. oU seJa: eLe deU CrediBi-Lidade, Não aPeNas o diNHeiro; desFrUTa de graNde CrediBiLidade JUNTo aos aCioNisTas

do mUNdo Todo.

TN Petróleo 69 19

o x do oil & gas

os novos números torna-se necessária uma campanha exploratória diferente, porque se vai ter também uma curva de produção diferente. Certamente é preciso contratar mais sondas, mais sísmicas. as cinco sondas contrata-das estavam adequadas ao projeto que tínhamos antes. agora, estamos avaliando quantas delas serão neces-sárias. isto vai estar no nosso plano de negócios a ser fechado neste final de ano. Uma coisa é certa: vamos precisar de sonda para a Bacia Pará-maranhão, onshore e offshore.

A sísmica 3d é o grande diferencial? Quanto vocês já gastaram nela?

Cem milhões de dólares.

desde que foi formada a OGX, em 2007, até hoje, quanto foi gasto, em termos de investimentos totais, tanto na aquisição de áreas como na exploração?

os números são expressivos: entre Us$ 1,1 a 1,6 bilhão. e aí entra a genialidade das pessoas. Quando saímos do iPo tínhamos Us$ 4,6, a 4,7 bilhões. o dólar disparou e houve aquela confusão, com todo mundo que-rendo fazer hedge. o eike falou que íamos esperar, que devíamos acreditar em nossa moeda. isso foi feito e hoje temos ainda Us$ 4,5 bilhões em caixa, apesar de todos os gastos já efetua-dos, principalmente em sísmica. Foi uma aposta correta. Quem decidiu, no ano passado, não investir no real e investir em dólar perdeu 40% do dinheiro. Claro que estamos atentos a eventuais mudanças. em se tratando de petróleo não se pode brincar.

Fazer novas aquisições faz parte da estratégia de vocês? Há gente ven-dendo ativos?

sem dúvida, mas tem uma coisa: na hora que a gente comprar uma companhia, ou um bloco, tenha cer-teza de que estaremos vendo alguma coisa. Não agregamos quantidade, só qualidade. estamos analisando tudo o que acontece no mercado.

Vocês analisam também oportunida-des lá fora?

é um assunto que internamente se discute muito. Primeiro, há os fa-tores políticos. No Brasil temos uma estabilidade política e econômica. Na hora de avaliar qualquer investimento lá fora, isso será analisado: a estabilidade política e econômica, o potencial explo-ratório, olhando cada possibilidade com outros olhos. estou há 37 anos nesta lida e sei que é fundamental ver sob outra ótica, diferente de quem já está atuando naquele local. o importante é que não temos medo. e temos recursos disponíveis para fazer negócios. mas não esperem que a ogX vá atrás de um campo de 500 mil barris, 1 milhão de barris. Não é essa nossa esfera de atuação. Queremos coisas maiores. se aparece um bloco em terra, onde entendemos que o risco é palatável e há possibilidades de descobrir coisas grandes, pode esperar que vamos estar lá. em terra ou no mar.

Com toda esta experiência, você con-corda que as bacias brasileiras estão sendo mal exploradas?

Não tenho dúvida. Não é que sejam mal exploradas. elas até que foram bem exploradas. ocorre que, durante décadas, somente a Petrobras atuou nesta área. e mesmo recentemente, as companhias que vieram para o Brasil acabavam, na

maioria das vezes, se associando a ela. era só uma ‘cabeça’ pensando. Tem que ter umas cinco ‘cabeças’ pensando na exploração das bacias brasileiras. a ogX tem o mérito de ter colocado uma nova ‘cabeça’, com outro modelo de gestão, pensando no assunto. o Brasil ganhou muito com isso. e não há dúvidas de que vai se descobrir muito mais nestas bacias. Precisava de mais umas quatro empresas com esta cabeça para passar a limpo todas estas bacias.

O marco regulatório, preocupa, cria instabilidade?

o importante é descobrir as oportunidades e cumprir as regras. a empresa que está mais preocupada com toda esta mudança é a Petrobras. eu, como Petrobras, não gostaria de ser obrigado a ter 30% de todos os blocos do pré-sal e ser a operadora. se nos fosse oferecido isso, íamos chegar para o acionista majoritário e dizer: não dá. Quero ter o direito de escolher para onde vou, seja para ganhar ou perder. as cabeças que acharam que estavam defendendo a Petrobras, não estão beneficiando a empresa. isso pode causar mais danos que benefícios, pois a obriga a se concentrar no pré-sal, a deixar de lado áreas que ela considerava, pelo menos no ponto de vista filosó-fico, prioritária. ela vai ter que focar no pré-sal. Vamos analisar o que vai ser aprovado e, à luz desta decisão, chegar a algumas conclusões, se interessa ir para o pré-sal ou não. Não existe apenas o pré-sal. existe água rasa, água profunda, margem equatorial. infelizmente poucos são os empresários como o eike, que não têm medo de risco.

É muito cedo para a empresa en-trar em outros segmentos da cadeia produtiva do petróleo e gás, como o refino?

No caso da ogX, não tenha dúvida: ela vai ser uma companhia de explo-ração e produção (e&P).

o imPorTaNTe é des-CoBrir as oPorTUNi-dades e CUmPrir as regras. a emPresa

QUe esTÁ mais PreoCUPada Com

Toda esTa mUdaNça é a PeTroBras.

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entrevista exclusiva

“o eike BaTisTa Tem um senso de ur-gência que contagia todo mundo”, revela o executivo que já ocupou diversos car-gos executivos em mais de 30 anos de Petrobras, incluindo a gerência executiva de serviços de e&P e ainda de Produção da Bacia de Campos, além da presidência da Petrobras america inc. e a direto-ria da rede de Postos de serviços da Petrobras distribuidora. Perseguindo a meta da antecipação, ele revela que todos os projetos de desenvolvimento dos campos descobertos até agora serão feitos com completação seca, evitando a dependência de sondas dedicadas. e antecipa que poderá utilizar Teste de Longa duração (TLd) e completação molhada para testar reservas, se isso agilizar o início da produção.

TN Petróleo – Vocês ampliaram a cam-panha exploratória, aumentando de 51 para 79 o número de poços a perfurar até 2013. O que isso representa?

Reinaldo Belotti – representa, em primeiro lugar, a possibilidade de ter muito mais óleo e gás nos nossos blocos do que antes. só vamos fazer isso por-que as reservas e indícios encontrados revelam que temos mais chances de fazer novas descobertas. essa é a parte produtiva do negócio. reflete também o senso de urgência do nosso Ceo, eike Batista, de fato, contagiante.

Vocês já têm cinco sondas contratadas: pretendem contratar quantas mais?

Na realidade, precisávamos apenas de quatro sondas para os 51 poços pre-

vistos no início. a contratação da quinta sonda já foi uma antecipação, pois co-meçamos a perceber a necessidade de poços adicionais. Temos uma série de possibilidades. Podemos, simplesmente, usar as sondas contratadas para furar mais poços e nos anteciparmos mais uma vez, trazendo mais equipamentos. ainda está em aberto. estamos analisan-do todas as possibilidades. as principais empresas prestadoras deste tipo de ser-viço têm nos procurado, impressionadas com a velocidade extraordinária com que passamos pelas diversas etapas, sem problemas. em pouco mais de dois anos a empresa foi criada, contratamos sondas, fizemos a primeira campanha exploratória, perfuramos e descobrimos petróleo. eles percebem que há uma grande oportunidade de negócio e tam-bém o senso de urgência da direção.

As oito descobertas – duas com reser-vas estimadas e seis indícios – mostram que vocês fizeram a escolha certa, tanto na aquisição de ativos como nas deci-sões operacionais e tecnológicas?

sim... e não poderia ser de outra maneira. Temos uma equipe que co-nhece essas bacias como a palma da mão; são os melhores profissionais do setor na área de e&P. e escolhemos os melhores parceiros: dentre os 15 princi-pais fornecedores de bens e serviços da ogX, todos são ponta de linha no mundo. estamos utilizando o que há de melhor em recursos humanos e tecnologia, pois deixamos de ter a limitação do menor preço, e trabalhamos basicamente em

águas rasas, com tecnologia conhecida, desenvolvida. então, não tinha por que não dar certo.

Nesse ritmo acelerado, você já definiu o modelo que vai utilizar no desenvol-vimento destes campos? Há alguma novidade ou inovação?

os modelos que vamos utilizar já foram desenvolvidos, testados e bem su-cedidos. Vamos usar poços horizontais, pois temos os melhores engenheiros de perfuração e toda a expertise e tecnologia necessária para isso. sabemos exata-mente como fazer. e nosso sistema de produção vai se basear em completação seca. Vamos fugir da completação sub-marina, que poderá ser usada em caso de antecipação da produção, para testar algum reservatório. No geral, o desen-volvimento da produção final vai ser com a completação seca, com alto conteúdo nacional, pois temos fornecedores alta-mente qualificados para isso no Brasil. mesmo quando formos para águas mais profundas, vamos tentar trabalhar com este modelo, para fugir da dependência de sondas dedicadas, necessárias para a manutenção das operações.

Você falou em antecipação da produ-ção. Os TLds, largamente utilizados pela Petrobras, também podem vir a ser usados pela OGX?

Vamos analisar esta possibilidade.

A meta é produzir o primeiro óleo até final de 2011. Mas, se der, vocês vão antecipar?

Antecipação com TLdNo comando da diretoria de Desenvolvimento de Produção da OGX, o engenheiro elétrico Reinaldo Belotti tem tudo planejado para a OGX começar a produzir até o final de 2011. Ou antes, se as coisas continuarem no mesmo ritmo na empresa.

Reinaldo Belotti, diretor de Desenvolvimento de Produção da OGX

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sim. e o TLd é uma das possibili-dades. Claro que precisaremos de auto-rização da aNP, além de equipamentos e embarcações disponíveis etc. o TLd é uma maneira de conhecer melhor o reservatório e fazer um desenvol-vimento final da produção, com mais segurança.

Com toda a experiência acumulada, vocês não pensaram em testar algo novo ou uma solução diferenciada?

em termos de tecnologia, não vamos utilizar nada inovador. o mais impor-tante é o modelo de gestão: a escolha de pessoal, parceiros, a terceirização controlada e o senso de urgência. Uma característica dessa empresa é a ve-locidade que consegue imprimir aos seus negócios. Não queremos inovar, mas fazer com rapidez e segurança. se você olhar todas as fases pelas quais essa empresa já passou e comparar com qualquer outra do mundo, do mesmo porte e que atue na área offshore, verá que, de fato, estamos usando vários atalhos, mas com segurança.

Você tem enfatizado o fator tempo... Em quantos dias vocês perfuraram o primeiro poço?

Quarenta e poucos dias. e com todos os testes que precisavam ser feitos! e lembre-se que contratamos quatro sondas em apenas dois meses, assim como todos os parceiros, para fazer a cabeça do poço, revestimento etc.

Os resultados obtidos indicam que a Bacia de Campos pode ser redesco-berta?

o que aconteceu foi que, com o passar do tempo e a experiência acu-mulada nesta bacia, o conhecimento foi se ampliando. Na sísmica que fizemos na área mais ao sul da Bacia de Cam-pos, de difícil visualização devido aos vulcões submarinos, reinterpretamos os dados. e pelos resultados obtidos com os primeiros poços que estamos furando, vemos que o nosso pessoal de exploração estava coberto de ra-zão. Por isso temos ali uma campanha exploratória maciça: dos 71 poços que serão perfurados pela ogX até 2013, 40 são nessa bacia.

Campos é estratégica?é uma bacia mais conhecida, por

isso o risco é bem menor. até porque precisamos testar nossa equipe, nosso procedimento. mas logo iremos fazer a mesma coisa na Bacia de santos e do maranhão.

Óleo ou gás: qual é prioridade para a OGX?

o que vem primeiro é a oferta. a partir daí são criados os grandes negó-cios. o principal é o óleo, mas o gás vai ser muito bem vindo, pois temos uma sinergia muito grande com a mPX, na geração de energia.

Vocês estão em Parnaíba porque existe uma térmica lá?

a mPX é nossa parceira lá. e te-mos em nossa equipe uma das pessoas que mais entende de gás no país – o José Brito de oliveira, o engenheiro que estava embarcado no primeiro óleo da Bacia de Campos, na plataforma de enchova.

Se descobrirem gás, qual será o mode-lo de escoamento: gasoduto marítimo, liquefação?

estamos estudando todas as possi-bilidades. e há várias. acreditamos que a probabilidade maior de gás está nas bacias de santos e do espírito santo,

onde há outros aspectos como licença ambiental, distância de costa etc. enfim, há uma série de parâmetros que preci-sam ser analisados.

Quais são os maiores desafios? A li-citação, o licenciamento ambiental, a contratação de equipamentos? Onde vocês estão avançando e ampliando suas operações?

eu diria que, hoje, o maior desafio é o marco regulatório. mas não é um desafio nosso. Precisamos apenas saber o que virá pela frente. Quanto à licitação, depois da Nona rodada, não houve mais leilão. o que é sempre uma dificuldade. mas conseguimos resolver isso com a aquisição de áreas já licitadas, como a de Parnaíba.

Não há dificuldade de contratação de equipamento?

isso é mais fácil. a dificuldade está no conteúdo local. é algo que todos estão trabalhando para compreender melhor. mas o grupo está se preparando para isso. Criou a osX, com um estaleiro em santa Catarina, que tem como principal objetivo garantir o conteúdo local que ofertamos na Nona rodada, na constru-ção das unidades offshore. estamos nos preparando para ir ao mercado fazer as licitações necessárias. Quem fará tudo isso é a osX, agora em 2010.

Com quantas plataformas a OGX pre-tende chegar a 2015?

isto não foi discutido.

Quando vocês vão intensificar a campanha exploratória da Bacia de Santos, que deve-rá ter 18 poços perfurados até 2013?

Já estamos com tudo pronto. No começo do ano vamos para santos. e até 2013 está prevista a perfuração dos poços nas bacias do espírito santo (sete poços), Pará-maranhão (sete) e Parnaíba (sete).

Vocês pretendem chegar a cenários mais profundos? Até o pré-sal?

Pretendemos explorar nossos blo-cos em sua totalidade. o que houver na nossa área, vamos explorar. Temos uma equipe que já perfurou o pré-sal e conhece muita coisa.

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de meLHor em re-CUrsos HUmaNos e TeCNoLogia, Pois deiXamos de Ter a LimiTação do meNor Preço.

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retrospectiva 2009

2009, sem dúvida, será lembrado como aquele em que vivenciamos a primeira crise econômica mundial do século XXI. Mesmo levando em consideração o estado de dúvidas e incertezas, segundo uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento econômico (OCDe), o Brasil foi um dos países menos impactados pela instabilidade econômica.

o ano em que superamos a

CRISe

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por Cassiano Viana

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De acordo com o do-cumento, a econo-mia brasileira teve um recuo mínimo, recebendo a clas-sificação de “ati-

vidade em declínio” e não a de “forte desaceleração” experimen-tada pela União Europeia, ásia, Estados Unidos e outras grandes economias emergentes.

Mesmo com o cenário de retra-ção de investimentos, a Petrobras anunciou um generoso Plano de Negócios 2009-2013, com inves-timentos previstos de US$ 174,4 bilhões, deu início a produção em Tupi e em outros projetos como Frade (Chevron) e Parque das Conchas (Shell). Foram anuncia-das também por operadoras como Repsol, BG Group, ExxonMobil e OGx, várias descobertas em nossa costa e, pela Starfish, no onshore brasileiro.

de se lamentar o encerramento e retirada de blocos que não che-garam a receber ofertas da Oita-va Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom-bustíveis (ANP) e o fato de que, pela primeira vez em mais de dez anos, desde a Lei do Petróleo, não tenha-mos tido, em 2009 – penúltimo ano da primeira década do século –, um novo leilão.

Sinal dos tempos?

Investimentos da Petrobras No início de janeiro, após poster-

gar duas vezes a divulgação do Plano de Negócios da Petrobras para o pe-ríodo 2009/2013 – realizado em geral em agosto – em função do cenário mundial, a estatal anunciou que man-teria o ritmo de investimento em 2009, contratando, construindo, e colocan-do em produção 20 plataformas nos próximos anos.

dentre elas, a P-51 (em opera-ção na Bacia de Campos), a P-56

(prevista para entrar em funciona-mento no final de 2010), a PMxL-1 (prevista para 2010, será a mais alta plataforma fixa no país, com-pondo o Projeto Mexilhão, na Bacia de Santos), a P-55 (também do tipo semi-submersível, tem o início de suas operações previsto para 2013, no campo de Roncador, na Bacia de Campos), a P-57 (com entrada em operação em 2012, no campo de Jubarte), a P-59, a P-60, a P-61 (primeira do tipo TLWP (Tension Leg Wellhead Platform) construída no Brasil), e a P-63.

As nove unidades, quando ope-rando jubtas em plena carga, acres-centarão à produção nacional mais de 790 mil barris de petróleo por dia e mais de 35 milhões de metros cúbicos diários de gás natural.

Um ano e meio após a maior descoberta de reservas de óleo e gás no país, o primeiro plano de negócios abrangendo o pré-sal con-tou com um valor recorde de US$ 174,4 bilhões em investimentos, relacionados a nada menos que 531 projetos, entre novos, já pre-vistos em planos anteriores ou em andamento.

Os novos projetos – majoritaria-mente os de exploração e produção do pré-sal – receberão US$ 47,9 bilhões, recursos que representam quase um terço do total – 27,5%. Quase o quádruplo do volume pre-visto no plano anterior para novos empreendimentos (US$ 13,3 bi-lhões no PN 2008-2012) e duas vezes e meia o do PN 2007-2011, que foi de 17,7 bilhões, e conside-rado, até então, um dos maiores investimentos da estatal, represen-tando 20% do orçamento daquele quinquênio.

O PN 2009-2013 veio a público sem um importante ‘capítulo’ – ou anexo –, pré-anunciado em setem-bro de 2008: o Plano de desenvol-vimento Integrado do Polo Pré-sal da Bacia de Santos (Plansal), a ser

implementado pela Gerência Exe-cutiva de Exploração e Produção do Pré-Sal, criada exclusivamente para este fim.

Na estratégia pró-sal, a nova fronteira deverá consumir investi-mentos totais da ordem de US$ 111,4 bilhões (a parte da Petrobras) até 2020 – sendo US$ 28,6 bilhões até 2013. Somente a Bacia de Santos vai consumir mais de US$ 98 bilhões do total programado até 2020.

Ao anunciar tal volume de in-vestimentos em seu plano de negó-cios – considerado exagerado por alguns analistas – a estatal deixou claro que é estratégico desenvolver os mega reservatórios abaixo da camada de sal e manter a curva de aprendizagem neste novo cenário exploratório.

Na ocasião, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, lembrou que a estatal levou 45 anos para atingir o pri-meiro milhão de bpd de produção, outros nove anos para chegar a 1,8 milhão de bpd. “Na Bacia de Campos, levamos 27 anos para atingir o primeiro milhão de bar-ris, considerando como momento zero a descoberta de Garoupa, em 1974. E um total de 22 anos para al-cançar o primeiro milhão de barris nos campos gigantes desta bacia, considerando a descoberta de Alba-cora, em 1984”, disse, reafirmando que a estatal pretende atingir o primeiro milhão do pré-sal até 2016 e 1,8 bilhão de bpd em 2020 – ou seja, em 12 anos, quer produzir o equivalente ao que a companhia gera no país.

Enfim, a Lei do GásEm meio às discussões de alte-

ração – e primeira ‘crise existencial’ após 12 anos – da Lei 9.478/97, a Lei do Petróleo –, foi sancionado, no dia 4 de março, o decreto de criação da Lei 11.909, a Lei do Gás. Aprovada em dezembro pela

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retrospectiva 2009

Câmara dos deputados, institui normas para a exploração das ati-vidades econômicas de transporte de gás natural por meio de condu-tos e da importação e exportação de gás natural, bem como para a exploração das atividades de trata-mento, processamento, estocagem, liquefação, regaseificação e comer-cialização de gás natural.

Em debate acentuado desde 2005, a partir do acirramento da crise com a Bolívia, seu projeto já havia sido aprovado no ano passa-do no Senado, após amplo acordo com agentes do setor. “Esse lapso temporal entre os dois instrumen-

tos legais (Lei do Petróleo e Lei do Gás) tem uma razão de ordem econômica: há 12 anos a demanda por energia (gás natural) era infe-rior à atual, a participação do gás na matriz energética também não era expressiva”, explicava Marilda Rosado, sócia do escritório do-ria, Jacobina, Rosado e Gondinho Advogados Associados, em entre-vistava exclusiva à TN Petróleo. “Foi uma lei difícil de sair, mas que conseguiu o que, a princípio, parecia algo inconciliável: chegar a um consenso e preservar o inte-resse de todos os stakeholders, em-presas, Petrobras etc.”, comentou,

na ocasião, o secretário executivo do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), ál-varo Teixeira.

Tupi: o primeiro óleoEm clima de festa, no dia do

Trabalhador (1° de maio), a Pe-trobras e as parceiras Galp e BG deram a partida no Teste de Longa duração (TLd) de Tupi, na Bacia de Santos, iniciando a produção antecipada da maior jazida de pe-tróleo descoberta no país – 5 a 8 bilhões de barris de óleo equiva-lente (boe, a soma do petróleo e do gás natural).

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O óleo de 28º API começou a ser extraído pelo FPSO BW Cida-de de São Vicente, que durante 15 meses vai processar diariamente até 30 mil barris de petróleo e um milhão de m³/dia de gás na-tural, ficará ancorado em águas ultraprofundas (2.140 m de pro-fundidade).

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quase foi à plataforma, situada a 290 km da costa do Rio de Janeiro, para dar início ao TLd. Mas, devido a previsões de fortes ventos, acabou participando da solenidade reali-zada para comemorar o feito, na Marina da Glória, espaço nobre do Aterro do Flamengo. Assim, o primeiro óleo de Tupi foi retirado na presença do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, do pre-sidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, de toda a diretoria da companhia, e de representantes dos sócios no bloco exploratório, BG e Galp Energia.

O FPSO instalado para o TLd estará ligado a dois poços, um de cada vez, por cerca de seis me-ses cada. O tempo restante será para remanejamento das linhas de produção e análises comple-mentares.

No final de 2010, concluído o TLd, entrará em operação o Pro-jeto-Piloto de Tupi, que terá capa-cidade para produzir e processar 100 mil barris de óleo e 4 milhões de metros cúbicos de gás por dia. O primeiro módulo definitivo do projeto de desenvolvimento da área poderá ser uma extensão do projeto-piloto.

Tempos de bonançaO ano foi marcado, também,

pela aposta das empresas em novos tempos de bonança. Em junho, o grupo alemão Schulz anunciou a construção da quarta fábrica do grupo no Rio de Janeiro. O em-

preendimento será instalado no distrito Industrial da Codin, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, onde estão localizadas as outras três unidades do grupo. Os investimentos serão da ordem de R$ 20 milhões e o início de ope-ração está previsto para dezembro de 2010.

No final do mês de julho, foram iniciadas as obras para construção de um novo prédio na base da Aker Solutions em Rio das Ostras (RJ). As novas instalações servirão de base para toda a equipe da MH (unidade de negócio responsável por serviços de perfuração) e para o novo Centro de Treinamento de operações de perfuração. O Centro de Treinamento irá abrigar dois simuladores de perfuração, que reproduzem em 3d toda a estrutura de uma plataforma de perfuração e as centenas de operações que ela realiza.

Em agosto, a Protubo inaugurou sua nova máquina para curvamen-to por indução de tubos de 4” a 10” de diâmetro. O equipamento vem

em resposta ao natural aumento de demanda gerado pelo início da exploração das reservas de petró-leo do pré-sal e da renovação da frota naval brasileira. Em outubro, foi a vez da Açotubo anunciar a expansão de seus negócios com aumento das demandas produtivas do pré-sal.

Em novembro, a consultora e prestadora de serviços High Re-solution Technology & Petroleum (HRT) anunciou a captação de U$S 275 milhões junto a investi-dores das mais importantes praças financeiras internacionais para a criação da HRT Oil & Gas, empre-sa de exploração e produção de petróleo e gás inicialmente com foco na Amazônia. No mesmo mês, a Rolls-Royce inaugurou nova uni-dade em Niterói (RJ), amplian-do sua capacidade de suporte ao cliente na América do Sul com um novo Centro de Serviços Ma-rítimos. A empresa investiu R$ 15 milhões na nova instalação para servir ao crescimento de sua base de equipamentos na região.

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Marco regulatórioApresentados no apagar das

luzes do mês de agosto, os projetos de lei que estabelecem um novo modelo regulatório para explora-ção e produção de petróleo e gás no pré-sal parecem estar envoltos nas brumas dos interesses políticos existentes em torno destas rique-zas. “Além de não ter regras claras em diversos pontos, há questiona-mentos quanto à constitucionalida-de destas propostas”, afirmava, em entrevista exclusiva à TN Petróleo a advogada Marilda Rosado de Sá Ribeiro. doutora em direito e Ne-gócios do Petróleo, Gás e Energia e membro das principais entidades mundiais de direito, Marilda fala-va sobre a proposta elaborada pela comissão interministerial criada pelo Governo Federal, depois de mais um ano de discussão a portas fechadas. “Não houve um debate democrático”, disse a advogada, que atua há quase três décadas no setor de petróleo.

No final de novembro, a ANP informou a retirada de blocos que não chegaram a receber ofertas da Oitava Rodada de Licitações, dando por encerrado o leilão. Segundo comunicado, a decisão foi tomada em virtude do tempo prolongado que a questão jurídica relativa a

esta rodada tem demandado e por ser vantajosa para o país a possibili-dade de inclusão das áreas que não foram objeto de oferta em futuras

rodadas. “Por mais que tenhamos já garantido o volume a ser produ-zido nos próximos dois ou três, ou quatro anos, é preciso pensar mais a

segUNda maior petrolífera dos es-tados Unidos, a Chevron anunciou em junho o início da produção de óleo cru no campo de Frade, na Bacia de Campos (rJ), o primeiro projeto de desenvolvimento em águas profundas operado pela empresa no Brasil.

estimado em Us$ 3 bilhões, o pro-jeto, que começou a produzir no dia 20 de junho, deverá atingir o pico de pro-dução de 90 mil barris diários de óleo cru e gás natural líquido em 2011.

a Chevron detém 51,74% de parti-cipação na operação do campo – com reservatório estimado em 200 a 300 milhões de barris de óleo recuperá-vel. são parceiros da companhia nes-se projeto a Petrobras, com 30%, e a Frade Japão Petróleo Limitada (FJPL), com 18,26%. “Frade é um marco para a Chevron e estabelece uma base signi-ficativa para o crescimento da compa-nhia no Brasil”, afirmou o presidente da Chevron no Brasil, george Buck.

descoberto pela Petrobras em 1986, o campo está situado na Bacia de Campos, numa lâmina d’água de cer-ca de 3.700 pés (1.128 m), a cerca de 230 milhas (370 km) a nordeste do rio

de Janeiro. o óleo no campo é do tipo pesado, com quase 18º aPi. segundo o executivo, enquanto busca outras oportunidades no mercado para conti-nuar seu crescimento no país, a com-panhia planeja investir durante os pró-ximos dez anos Us$ 5 bilhões na área de exploração e produção no Brasil. estes recursos serão distribuídos en-tre os cinco empreendimentos offshore da empresa no país, em parceria com a Petrobras e a shell: além de Frade, a companhia norte-americana participa dos campos Papaterra e maromba, na Bacia de Campos, associada à estatal; e atlanta e oliva, na Bacia de santos, em consórcio que inclui Petrobras e shell. “estamos estudando também uma es-trutura de pré-sal na área de concessão de Frade”, comentou Buck.

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longo prazo”, afirmou, na ocasião, o diretor-geral da ANP, Haroldo Lima. “A economia petrolífera do país está condenada, se não houver nova li-citação”, disse. Assim, não tivemos, em 2009, o leilão anual. A primeira vez desde a Lei do Petróleo.

Refinaria Abreu e LimaNo início de novembro a Pe-

trobras e a PdVSA (Petroleos de Venezuela S/A) concluíram as ne-gociações para a constituição da empresa que vai construir e operar a Refinaria Abreu e Lima, localiza-da em Pernambuco. A participação acionária na empresa será de 60% para Petrobras e 40% para PdV-SA. A refinaria terá capacidade de processamento de 230 mil barris de petróleo pesado por dia, a ser fornecido em partes iguais pela Petrobras e PdVSA, e terá como principal produto óleo diesel com baixo teor de enxofre.

A previsão era de que a uni-dade fosse concluída em 2011. O empreendimento vinha sendo construído pela Petrobras sozinha, que informou já ter feito 15% da obra com custo já aplicado de US$ 1 bilhão e que irá cobrar US$ 400

milhões da Venezuela pelas etapas já realizadas. O valor da refinaria era estimado de início em US$ 4,5 bilhões, mas o preço está sendo revisto – o custo poderá chegar a mais de US$ 10 bilhões.

UN-BS: quatro anos de sucessoO gerente geral da Unida-

de de Negócios de Exploração e Produção da Bacia de Santos da Petrobras (UN-BS), José Luiz Marcusso, falou em dezembro, no Instituto Brasileiro de Petró-leo, Gás e Biocombustíveis (IBP), sobre a situação dos projetos em implantação na Bacia de Santos. Na ocasião, o executivo lembrou os quatro anos da criação da Uni-dade responsável pelo desenvol-vimento dos projetos na região. “Foi uma decisão acertada. Sem a UN-BS, é provável que estivés-semos atrasados no cronograma dos projetos”, avaliou. “Na época, a previsão de investimentos era da US$ 18 bilhões em dez anos. Hoje, temos US$ 39,9 bilhões em cinco anos somente da Petrobras”, enumerou. “Houve uma grande mudança de lá pra cá.”

Segundo Marcusso, em 2006, apenas dois campos estavam em operação: Merluza e Coral, na época já em declínio e desativa-do, devido ao esgotamento de suas reservas em dezembro de 2008. “A partir de abril de 2010 novos projetos entrarão em operação. Até outubro do próximo ano tere-mos seis novos projetos”, afirmou, acrescentando que a Petrobras pre-tende instalar, até 2016, no pré-sal da Bacia de Santos, pelo menos 11 navios-plataforma do tipo FPSO.

Marcusso falou sobre os proje-tos de Lagosta, Tupi (hoje, segundo o executivo, com situação estável de produção), Tiro e Sídon (locali-zados ao sul da Bacia de Santos, a Petrobras planeja instalar um FPSO no bloco BM-S-40 em 2012) e Me-

xilhão (com previsão de entrada em produção em junho de 2010).

A Petrobras irá iniciar os Testes de Longa duração (TLd) na área de Guará (BM-S-9) em maio de 2010. A expectativa da estatal é obter os mesmos resultados al-cançados em Tupi. Está prevista para a região do pré-sal da Bacia de Santos um total de 18 TLds até 2013, em áreas ainda a serem definidas. “Estes projetos estão criando a estrutura para o desen-volvimento, em escala comercial, do pré-sal”, destacou.

Combustíveis: sonegação chega a R$ 1 bilhão/ano

Segundo o vice-presidente exe-cutivo do Sindicato das Empresas distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, as vendas de combustíveis das associadas ao sindicato no Brasil devem bater recorde, atingindo um volume de 76,5 bilhões de litros. O mercado total de venda de combus-tíveis fechará 2009 com vendas de 98,1 bilhões de litros.

O resultado corresponde a um crescimento de 2% na comparação com o ano passado e crescimento de 0,2% entre as dez empresas as-sociadas à entidade (Air BP, Che-vron, Petronas, Castro, Repsol, Ale, Petrobras distribuidora, Cosan, Ipi-ranga, e Shell). As associadas ao Sindicom distribuem cerca de 80% do consumo nacional de combustí-veis em 19 mil postos no país. “O número supera 2008, que já havia sido um recorde para o mercado brasileiro”, comemorou, durante uma coletiva de imprensa destina-da a fazer um balanço do ano.

Segundo o executivo, o grande desafio das distribuidoras é com-bater a fraude e sonegação de ICMS, que chega a cerca de R$ 1 bilhão/ano. “O álcool é de longe o combustível mais afetado pela sonegação de tributos”, comen-

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tou. “Infelizmente, há, no Brasil, uma cultura de tolerância com a sonegação”, disse. “Em 2010, o desafio de combater a sonegação continuará uma prioridade.”

Em setembro, o Sindicom assi-nou um convênio com o governo do estado de São Paulo para viabilizar a aplicação da Lei do Perdimento. A Lei estabelece uma série de regras punitivas às empresas que vende-rem combustíveis adulterados, como multa e interdição, além da apreen-são e perdimento do produto.

“Este foi um ano de virada. Começamos a perceber sinais positivos de retorno dos inves-timentos. Entramos em um ciclo virtuoso no qual podemos enxer-gar mais dinamismo e, sobretu-do, otimismo no setor”, avaliou Leonardo Gadotti, presidente do Sindicom. “Nosso ideal é termos um mercado cada vez mais ético e equilibrado”, disse.

BOSCH REXROTH

em JULHo Foi a Vez da shell dar início à produção em seu projeto em Parque das Conchas (antigo BC-10), tornando-se assim a primeira empre-sa privada a produzir petróleo na Ba-cia de Campos. Localizados a 110 km da costa do espírito santo, os reser-vatórios de óleo pesado estão a quase 2.000 m de profundidade ao norte da Bacia de Campos, já na costa do es-pírito santo.

“isso representa um importante marco na extração de óleo de águas profundas no Brasil e demonstra a capacidade da shell de desenvolver projetos dentro do cronograma pre-visto e do orçamento planejado em um ambiente complexo”, afirmou, na oca-sião, o diretor de Upstream da shell nas américas, marvin odum.

o projeto do Parque das Conchas tem duas fases e a produção inicial

é traçada a partir de três campos: abalone, ostra e argonauta B-West. a primeira etapa, em operação ago-ra, envolve nove poços produtores e um poço injetor de gás. a segunda fase terá como foco o campo ar-gonauta o-North. a shell executou uma série de novas e avançadas tecnologias para fazer frente aos diversos desafios do projeto, entre eles a profundidade da água e a vis-cosidade do óleo.

o projeto Parque das Conchas é operado pela shell Brasil Ltda (50%), que tem como associadas no empre-endimento a Petrobras (35%) e a oNgC Campos Ltda. (15%).

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No dia 7 de abril, Repsol e a Petrobras confirmam a via-bilidade econômica do poço

de barris. Alguns dias depois, no dia 15 do mesmo mês, a Repsol anunciou uma descoberta num poço em Iguaçu no bloco BM-S-9, a 340 km da costa de São Paulo e com uma profundidade de 2,140 metros.

No dia 9 de setembro, os testes de produção em Guará indicaram que o volume recuperável seria entre 1,1 e 2 bilhões de barris de petróleo e gás. Mais uma vez, pou-cos dias depois, a Repsol e seus sócios – Petrobras e British Gas (BG Group) – fizeram nova descoberta de petróleo e gás no bloco BM-S-9, nas águas profundas da Bacia de Santos, no Brasil. A descoberta

teve lugar no poço 4-SPS-66C, de-nominado Abaré Oeste, localizado na área de avaliação Carioca, a 290 km da costa paulista, a 2.163 m de profundidade da água.

A ExxonMobil anunciou no dia 22 de janeiro a descoberta de petró-leo na camada pré-sal da Bacia de Santos. Com isso, a companhia se tornou a primeira empresa privada a encontrar petróleo no pré-sal. A descoberta ocorreu no bloco BM-S 22, única área da nova fronteira na qual a Petrobras não é operadora – ou seja, não está encarregada de todo o processo de prospecção, ex-ploração e produção de óleo.

Batizado de ‘Azulão’, o blo-co onde ocorreu a descoberta está localizado na altura do lito-ral norte do estado de São Paulo.

O petróleo foi encontrado a uma pro-fundidade de 2.223 m da superfície marítima, segundo relatou a Exxon à ANP. Em março, a companhia anun-ciou uma segunda descoberta no BM-S-22. Para especialistas, Azulão pode conter reservas iguais ou maiores que as de Tupi, que já teve reservas esti-madas pela Petrobras em 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo.

Também na Bacia de Santos, a BG Group descobriu, em abril, a existência de indícios de hidro-carbonetos no poço exploratório 6-BG-6P-SPS, conhecido como ‘Corcovado-1’, localizado em águas profundas em reservatórios do pré-sal, na área de concessão BM-S-52, na Bacia de Santos. A descoberta está localizada em local com 800 m de profundidade e a aproxima-damente 130 km de distância da costa do estado de São Paulo.

A BG é operadora da fase explo-ratória do BM-S-52, mas a Petrobras é majoritária no projeto, com 60%. A concessão fica próxima ao campo de Mexilhão, maior descoberta recente de gás no país e que deve entrar em operação até o início de 2010.

Em agosto, o grupo informou que o ‘Corcovado-2’ não mostrou sinais da presença de hidrocar-bonetos. Em junho, a operadora avisou que poderia perfurar um novo poço na região.

Nova descoberta foi anunciada em abril: a do consórcio BT-POT-55, formado pela Starfish, operadora, em parceria com a Petrobras, no bloco POT-T-748, na parte sudeste da Ba-

descobertasO ano começou com grandes descobertas. a primeira delas anunciada pela Repsol no dia 15 de janeiro, na área BM-S-48 (poço Panoramix, S-M-674), a 180 km da costa de São Paulo com uma profundidade na água de 170 m na Bacia de Santos.

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Nesta edição.

cia Potiguar, no bloco baixo da Falha de Carnaubais.

A perfuração do poço 1-Star-10-RN (Carnaúba-1-RN) encontrou dois re-servatórios 430 a 445 m de profun-didade, com boas características petrofísicas e saturados de petró-leo. Testes de formação efetuados no poço apresentaram vazões de 72 e 66 barris por dia de óleo de 27º API em cada um dos reser-vatórios.

Em maio, o consórcio confirmou a descoberta de gás no Bloco POT-T-794, no poço 1-Star-8-RN, entre 313 a 382 m de profundidade, com boas características permoporosas e saturados de gás, apresentando vazões de 33.000 m³ de gás/dia com abertura de 1/2 polegadas.

Em novembro, foi divulgado que a Sociedade Nacional de Combus-tíveis de Angola (Sonangol) estaria prestes a assumir o controle da Star-fish (uma das primeiras companhias

independentes brasileiras de petró-leo e gás, criada em 1999) em um investimento de US$ 180 milhões. A negociação, iniciada em agosto, incluiria a aquisição do controle da Starfish, na qual a Sonangol já detém uma participação de 18%, transformando a empresa angolana numa operadora de blocos no litoral brasileiro. “Nossos objetivos são cla-ros: escolhemos o Brasil, queremos ampliar a presença aqui e mostrar que viemos para ficar”, afirmou, na ocasião, o diretor da Sonangol no Brasil, Candido Cardoso.

Em novembro, a OGx anunciou a descoberta de óleo nos reservató-

rios do Cretácio Superior no poço 1-OGx-2A-RJS, localizado no bloco BM-C-41, em águas rasas da parte sul da Bacia de Campos. A OGx detém 100% de participação nesse bloco. O volume estimado de óleo recuperável nesses reservatórios é de 400 a 500 milhões de barris.

“Como esperávamos, identifica-mos novos níveis com óleo no poço OGx-2A, confirmando o grande potencial da área. A perfuração segue em andamento, uma vez que existem outros objetivos im-portantes e mais profundos a serem atingidos além dos já anunciados”, comentou Paulo Mendonça, diretor geral da OGx.

O poço OGx-2A se situa a cerca de 77 km da costa do estado do Rio de Janeiro, onde a lâmina d’água é de quase 130 metros. A sonda Oce-an Ambassador iniciou as ativida-des de perfuração no poço OGx-2A no dia 22 de outubro de 2009.

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Eventos refletemexpansão do setor

oTc 2009 – A despeito das expec-tativas negativas em decorrência da crise financeira e da gripe suí-na, a Offshore Technology Confe-rence 2009 (OTC 2009), realizada em maio, confirmou sua primazia como o maior evento de tecnologia offshore do planeta.

A ‘baixa’ mais significativa, entre as empresas com tradição de participar do evento, foi a Pe-trobras, que alguns dias antes ha-via dado a partida na produção do pré-sal no campo de Tupi, na Bacia de Santos. depois de consultar a Organização Mundial de Saúde (OMS), a diretoria da Petrobras de-cidiu não enviar sua tradicional – e numerosa – comitiva de executivos e técnicos.

Segundo a organização do evento, a edição deste ano re-cebeu 66.820 pessoas, de mais de 120 países – o que representa menos de 10% do número de vi-sitantes no ano passado. Mesmo assim, superou as expectativas

dos organizadores e dos partici-pantes, que temiam uma baixa maior: na realidade, a exposição deste ano foi a segunda maior em quatro décadas de evento, com mais de 57 mil m² de área, na qual se apresentaram 2.500 companhias de 38 países.

Integraram o Pavilhão Brasil, organizado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e a Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), um total de 35 empresas, dentre elas a TN Petróleo, pelo décimo ano consecutivo, WBS, Nuclep, Rio Engenharia, IFM, Subsin, Flexo-marine, Lupatech, Orteng, MCS Engenharia,

Multialloy, Petrolab, Energy Chemicals, Vescon, Oceânica, Chemtech, Keppel Fels, IVC, Weg, Kromav, Stemac, Coester, Asel-Te-ch, Pipeway, Usiminas Mecânica, NdT, Scantech, Metroval, Tomé Engenharia e Protubo, além da ANP e da Petrobras.

BrASIl oFFShorE – A quinta edição da Brasil Offshore, realizada em junho, consagrou a posição de destaque do Brasil no cenário inter-nacional de petróleo. Mais do que isso, inseriu o evento na agenda internacional da indústria de óleo e gás, que tem no Brasil o foro de nada menos que dois dos três maio-res eventos (feiras e congressos) do setor em todo o mundo.

A participação de mais de 650 expositores – dos quais 138 estran-geiros (não computando as multi-nacionais que têm subsidiárias no país) – e o público de quase 50 mil visitantes reforçaram o papel da indústria nacional neste mercado global, que vem aprendendo a es-crever com S o made in Brasil.

EXPoMAN – A Associação Brasilei-ra de Manutenção (Abraman) pro-moveu, durante os dias 31 de agosto a 3 de setembro, no Centro de Con-venções, em Recife (PE), o 24º Con-gresso Brasileiro de Manutenção. O

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evento contou com o patrocínio do Governo Federal, Petrobras, Chesf, IBM, ManServ, NSK, SKF, e apoio da Federação Ibero-americana de Manutenção, ABTCP e ABM.

A programação técnica abran-geu três conferências internacio-nais, um painel principal, em que o tema do evento – ‘Manutenção: estratégias e oportunidades no cenário atual’ – foi abordado por especialistas de diversas áreas, 11 mesas-redondas, 16 palestras de inovações tecnológicas e apre-sentação de mais de 50 trabalhos técnicos.

Além das conferências, mesas-redondas e palestras, os partici-pantes puderam também conferir a 23ª Expoman, feira de exposição de produtos, serviços e equipa-mentos de manutenção. A edição deste ano já entrou para a histó-ria da Abraman como a maior em número de empresas expositoras, contabilizando 112, dentre elas a Mills, Rust, data Engenharia, CPLF Energia, SH, Emerson, Ele-trobrás e a Rede Petro Bahia.

IBM FóruM 2009 – Também em setembro foi realizado, em São Paulo, o IBM Fórum 2009. O evento, sob o tema ‘Vamos construir um planeta mais inte-ligente’, reuniu mais de dois mil

participantes, entre executivos e profissionais da IBM Brasil e IBM Corp, especialistas e profissionais do mercado de TI, convidados externos e jornalistas.

Com diversas palestras, sessões paralelas e rodadas com a impren-sa, o evento teve, ainda, a partici-pação de cerca de 30 parceiros da IBM no Brasil, entre desenvolvedo-res de tecnologia e distribuidores. O principal objetivo do fórum foi aprofundar a reflexão e mostrar de que forma é possível inserir inteligência nos nossos sistemas para resolver questões críticas da sociedade e diminuir a ineficiência em diversos setores.

ENErgy SuMMIT – O Energy Summit, evento promovido pela IBC, completou dez anos e contou com a presença de representantes do governo e das principais empre-sas de energia, que apresentaram os números atuais do setor e as projeções para o futuro. As discus-sões giraram em torno dos investi-mentos que estavam sendo e que vão ser feitos no Brasil, para que o país se torne referência em energia elétrica na América Latina.

rIo PIPElINE – A Rio Pipeline teve este ano sua sétima – e maior – edição. O evento terminou com

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recorde de público e de trabalhos apresentados. Nesta sétima edi-ção, foram 1.300 conferencistas, um crescimento de 10% em rela-ção ao evento de 2007. Aumentou também a internacionalização: 25% dos conferencistas eram es-trangeiros. Na feira, que acon-tece paralelamente, foram 120 expositores e três mil visitantes nos três dias.

NITEróI FENAShorE – A ter-ceira edição da Niterói Fenashore teve mais de cem expositores e deverá gerar negócios na ordem de R$ 96,5 milhões nos próximos 12 meses. Realizado entre 9 e 12 de novembro, o evento recebeu cerca de sete mil visitantes e mais de cem expositores. Os painéis de discussão com especialistas mobi-lizaram uma média de 300 pessoas por dia. “Estamos certos de que os representantes da indústria, do governo, da universidade e dos diversos segmentos ligados às ati-vidades naval e offshore saem da-qui com uma visão mais alinhada dos desafios que o setor tem pela frente”, afirmou álvaro Teixeira, secretário-executivo do IBP.

A rodada de negócios, organiza-da pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se-brae) e pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), teve 322 reuniões e uma previsão de ne-gócios de R$ 96,5 milhões para os próximos 12 meses, valor 13% su-perior ao da edição passada.

As 14 empresas-âncoras tiveram grande aproveitamento nas nego-ciações com pequenos e médios fornecedores, que se mostraram mais diversificados e competitivos. A análise delas é de que o mercado já observa melhor a demanda, que tem sido mais bem atendida, em qualidade e quantidade.

Além disso, quase 1,2 mil pes-soas passaram pela Arena de Res-

ponsabilidade Socioambiental, coordenada pelo Estaleiro Mauá, durante os quatro dias da Niterói Fenashore 2009. Nesta edição, além de palestras, debates e rodadas de negócios, um grande espaço foi re-servado para temas voltados para o meio ambiente e a responsabilidade social. Montada em um espaço de 700 m², a arena contou com micro e pequenas empresas e instituições que atuam na região de Niterói.

PErNAMBuco BuSINESS – Pro-movido pelo IBP e realizado nos dias 27 e 28 de outubro, em Recife (PE), o Business 2009/Oil & Gas, Offshore, Shipbuilding foi o pri-meiro evento local voltado para dois setores considerados cruciais na economia brasileira e reuniu mais de 300 pessoas, entre empresários, investidores, representantes de ins-tituições financeiras e autoridades internacionais, entre os quais o ministro dos Petróleos de Angola e CEO da estatal petrolífera Sonan-

gol, José Maria Botelho de Vascon-celos, o embaixador da Holanda, Kees Rade, e um dirigente do porto de Roterdã, Marc Evertse.

ANo dA FrANçA No BrASIl – Lançado oficialmente em de-zembro de 2008, durante a visita do presidente francês Nicolas Sa-rkozy ao país, o Ano da França no Brasil realizou mais de 30 eventos econômicos que acontecerão nos setores de bens de capital, infra-estrutura, transporte, logística e construção, aeronáutico-espacial, bens de consumo, agroindustrial e produtos alimentícios, energia e meio ambiente, jurídico, tecno-logia da informação, saúde, bio-tecnologia e turismo e petróleo, gás e construção naval. “Essa é uma mobilização sem preceden-tes para as relações comerciais franco-brasileiras”, comentou o cônsul geral da França no Rio de Janeiro, Hugues Goisbault.

durante a Brazil Offshore, em Macaé (RJ), o Espaço França con-tou com a participação de 35 em-presas francesas, que mostraram novas tecnologias para um setor estratégico para o desenvolvimento da economia dos dois países. Além disso, em maio, Petrobras e o IFP (Instituto Francês de Petróleo) re-alizaram um concorrido seminário sobre tecnologia que contou com a presença de executivos da Petro-bras e representantes de empresas francesas ligadas ao IFP.

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JANEIRO 20095 – Petrobras construirá 20 platafor-

mas até 2013. 5 – Usinas de biodiesel da Petrobras

ultrapassam metas de produção. 6 – exportações de aço do Japão

caem 17% em novembro.7 – Novos indícios de petróleo e gás

no Nordeste.9 – estrangeiras vão investir r$ 100

milhões em Parque Tecnológico da UFrJ.

14 – Petrobras bate recorde de expor-tação em dezembro.

14 – galp encontra indícios de petró-leo em terra na Bacia de mucuri.

16 – Fabricantes de aço elevam inves-timentos em 2009.

19 – Produção de petróleo e gás natural no Brasil cresceu 5,4% em 2008.

19 – Venezuela suspende envio de petróleo para os eUa.

21 – exxon faz descoberta em mega-campo da Bacia de santos.

26 – Petrobras anuncia investimento de Us$ 174,4 bilhões no Plano de Negócios para o período de 2009 a 2013.

30 – Ranking do Boston Consulting group traz Petrobras, odebrecht, Vale, Votorantim e Weg.

FEVEREIRO4 – Petrobras executará todos os

projetos previstos no Plano de Negócios, afirma gabrielli.

5 – PaC amplia participação de projetos de petróleo em r$ 263 bi.

5 – galp iniciará produção de até 2 mil barris por dia em Tupi.

10 – apesar da crise, distribuição de aço fecha 2008 em alta.

12 – ogX vai dar a partida em sua campanha exploratória.

13 – Concluída emissão de Us$ 1,5 bilhão em títulos no mercado internacional de capitais para a Petrobras.

18 – Produção de petróleo e gás da estatal no Brasil aumentou 4,8% em janeiro.

19 – Petrobras e schlumberger firmam acordo de cooperação tecnológica.

27 – FPso Cidade de Niterói começa a operar no campo de marlim Leste.

MARÇO2 – refinaria da PdVsa fecha por

dois meses para aumentar capa-cidade de produção.

3 – segundo operador Nacional do sistema elétrico (oNs), a alta do consumo de energia em fevereiro indica reação à crise externa.

4 – segundo o governo Federal, Brasil tem biodiesel garantido até o final do ano.

4 – Petrobras começa a produzir gasolina com 3% de etanol no Japão.

5 – Lei que regulamenta exploração de gás natural está no Diário Oficial.

6 – inaugurada segunda fase da uni-dade de gás de Cacimbas (es).

6 – Navio que realizará o TLd de Tupi já navega para o Brasil.

9 – Lula afirma que tornar o país inde-pendente na produção de gás é prioridade.

9 – Petrobras tem lucro recorde em 2008, mas endividamento tam-bém cresce.

11 – Transpetro Programa de Logística para exportação de etanol, incor-porado ao Programa de acelera-ção do Crescimento (PaC).

13 – Petrobras e PdVsa prorrogam prazo para negociação sobre refinaria abreu e Lima (Pe).

16 – Petrobras e empresa japonesa estudam Projeto da refinaria Premium ii para o maranhão.

16 – Navio-plataforma que vai pro-duzir primeiro óleo do pré-sal já está a caminho do Brasil.

18 – Brasil está livre de novo apagão energético como ocorrido em 2001, diz presidente.

31 – Brasil vai enviar 2,1 mil mega-watts de energia para suprir demanda do inverno argentino.

ABRIL2 – gabrielli afirma que “não há

risco para a saúde financeira” da Petrobras.

2 – é apresentada a Programação do ano da França no Brasil.

3 – indústria do rio de Janeiro tem a maior queda desde 2003, segun-do Federação das indústrias do estado do rio de Janeiro (Firjan).

6 – Lula inaugura Usina de Biodiesel darcy ribeiro, em montes Claros (mg).

6 – Brasil recebe novo navio para pesquisas na antártida e na amé-rica do sul.

7 – o consórcio formado pela Petro-bras (63% – operadora) e repsol (37%) informam a descoberta de petróleo leve e gás no bloco Bm-s-7, na Bacia de santos.

9 – Bg anuncia a existência de indícios de hidrocarbonetos no poço exploratório 6-Bg-6P-sPs, conhecido como ‘Corcovado-1’, localizado em águas profundas em reservatórios do pré-sal, na área de concessão Bm-s-52, na Bacia de santos.

15 – Produção de aço bruto volta a crescer e mercado interno mostra recuperação, segundo o instituto Brasileiro de siderurgia (iBs).

15 – organização dos Países expor-tadores de Petróleo (opep) revê baixa demanda por petróleo para 2009.

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17 – indústria de transformação de plásticos teve saldo positivo no volume de empregos em 2008, segundo a abiplast (associa-ção Brasileira da indústria do Plástico).

17 – exploração de Tupi será iniciada sem o novo marco regulató-rio, afirma ministro de minas e energia.

22 – FPso São Vicente, navio-plata-forma que vai operar na Bacia de santos já está no Brasil.

24 – Produção da Petrobras no Brasil aumenta 9,5%, alcançando em março 2.315.276 barris equivalen-tes por dia (boed).

28 – Petrobras inicia produção de gás em Lagosta, na Bacia de santos.

30 – Petrobras e UFrJ inauguram laboratório para pesquisas do pré-sal. o laboratório recebeu até o momento investimentos de r$ 26 milhões por parte da Petrobras.

30 – starfish anuncia descoberta de petróleo no rio grande do Norte.

MAIO4 – Petrobras produz primeiro óleo

de Tupi. 4 – Lula e gabrielli inauguram, na

Coppe/UFrJ, Laboratório de Corrosão e ensaios não destru-tivos (LNdC) para pesquisa do pré-sal.

5 – ogX passa a integrar carteira do ibrX e ibrX-50, índices ampla-mente utilizados como benchmark por gestores de recursos e inves-tidores institucionais.

5 – Pré-sal é tema de sessão técnica no primeiro dia da offshore Te-chnology Conference (oTC), em Houston, Texas.

12 – Petrobras inaugura unidade de separação de propeno da refinaria de Paulínia (replan), em são Paulo.

12 – repsol anuncia nova descoberta de hidrocarbonetos na Bacia de santos. o poço da descoberta, denominado Panoramix, está situado na área Bm-s-48, a 180 km da costa do estado de são Paulo, em lâmina d´água de 170 m na Bacia de santos.

13 – Lula diz que Brasil não tem inte-resse em entrar para a opep.

14 – diretor-geral da aNP, Haroldo Lima, diz que país deve acres-centar 50 bilhões de barris às reservas nacionais com pré-sal e que marco regulatório só sai após estabilização internacional do preço do barril.

19 – a Petrobras adquire da Chariot, grupo independente de explora-ção de petróleo e gás, 50% de participação na exploração do bloco 2714a, localizado no mar do sul da Namíbia.

20 – Produção de petróleo da Petro-bras no Brasil aumenta 7,2% em abril.

25 – starfish confirma descoberta de gás no Bloco PoT-T-794, no bloco baixo da Falha de Carnaubais, na parte sudeste da Bacia Potiguar.

29 – opep afirma que especulação no petróleo está voltando.

JUNHO2 – Na abertura da ethanol summit

2009, Lula destaca o etanol brasi-leiro como combustível limpo.

3 – Brasil é o maior mercado de energia renovável, representando mais de 90% dos novos investi-mentos neste setor na américa Latina, assegura um relatório do Programa das Nações Unidas para o ambiente.

5 – Novo poço confirma potencial de petróleo leve em Tupi. Petrobras informa que a perfuração de mais um poço na área de Tupi reforça as estimativas do potencial de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural recuperável.

9 – Petrobras não terá problema para financiar suas atividades nos próximos anos, afirma, em entre-vista, o presidente da Petrobras, José sérgio gabrielli.

9 – Para atingir a expectativa de produzir 1,8 milhão de barris de petróleo por dia até 2020, na região do pré-sal, a Petrobras terá que investir no período Us$ 111 bilhões, diz gabrielli em entrevista.

17 – schulz anuncia construção da quarta fábrica do grupo no rio de Janeiro.

22 – País deve manter exploração de petróleo por concessão, diz pre-sidente do instituto Brasileiro de Petróleo, gás e Biocombustíveis (iBP), João Carlos de Luca.

22 – Poço mLL-54HP da Petrobras torna-se o recordista brasileiro em produção diária de petróleo ao atingir, em maio, o volume de 43.588 barris de petróleo.

22 – Produção de petróleo e gás da Petrobras no Brasil aumenta 6,7% em maio, chegando a 2.310.012 barris de boed.

24 – Petrobras inaugura unidade de geração de energia elétrica na argentina.

26 – galp retira primeiros barris de petróleo do campo de Tupi.

30 – Farstad shipping realiza, no rio de Janeiro, cerimônia de batismo da embarcação Far Sabre, modelo aHTs UT 712 L, construída pelo estaleiro norueguês sTX Brevik, e que dará apoio às atividades exploratórias do pré-sal no bloco Bm-s-52, localizado no campo de Corcovado, na Bacia de santos, através da empresa Bg e&P Bra-sil, que pretende investir perto de Us$ 5 bilhões no Brasil.

JULHO2 – Petrobras e Baker Hughes fazem

acordo para tecnologia no pré-sal. a carteira de projetos, definida pelo acordo, resultará na implan-tação, em 2010, do Centro de Tecnologias do rio (rTC), a ser instalado no Parque Tecnológico da UFrJ, na ilha do Fundão.

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2 – Petrobras participa de ronda Uruguay 2009, licitação promo-vida pelo governo do Uruguai e apresenta as melhores propos-tas para blocos localizados em bacias sedimentares de Punta del este, áreas consideradas novas fronteiras.

3 – Petrobras começa a refinar, na Recap (refinaria de Capuava), petróleo de Tupi.

3 – grupo britânico aveva inaugura escritório no Brasil.

6 – Petrobras informa problema de fabricação nos parafusos de fi-xação da árvore de natal molhada (equipamento submarino de con-trole da produção), utilizada no poço 3-rJs-646 para realização do teste de longa duração (TLd) da área de Tupi, no Polo pré-sal da Bacia de santos.

9 – instituto de Pesquisas Tecnológi-cas (iPT) inaugura novas instala-ções do Laboratório de Corrosão e Proteção (LCP).

10 – Petrobras sobe de 63º para o 34º lugar entre as 500 maiores empresas do mundo, segundo o ranking global publicado pela revista norte-americana Fortu-ne, com base no faturamento de 2008.

10 – super guindaste goliath chega ao estaleiro atlântico sul, em Pernambuco.

13 – shell inicia produção no Parque das Conchas (antigo BC-10), lo-calizado a 110 km da costa do es-

pírito santo e onde se encontram reservatórios de óleo pesado a quase 2 km de profundidade na Bacia de Campos.

17 – Lobão diz que projeto com regras para o pré-sal vai para o Con-gresso em agosto.

21 – Transocean e Petrobras assinam contrato de perfuração para mais uma plataforma semi-submersível de perfuração para operar na Ba-cia de santos nos blocos Bm-s-9 e Bm-s-1, a Cajun express.

23 – aker solutions constrói novo centro de treinamento em rio das ostras (rJ).

24 – “Crise levará consumo de ener-gia no país a fechar negativo em 2009”, diz presidente da empresa de Pesquisa energética (ePe), maurício Tolmasquim.

29 – Petrobras e PdVsa dão pros-seguimento à negociação sobre refinaria.

29 – Petrobras é a única brasileira entre as dez primeiras no ranking

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o ano em que superamos a crise

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das 300 maiores empresas glo-bais da ernst & Young.

29 – repsol anuncia nova descoberta de hidrocarbonetos na Bacia de santos, no poço Vampira, situado no bloco Bm-s-789.

AGOSTO3 – em reunião em Brasília, presi-

dente da Nigéria, Umaru musa Yar’adua, demonstra interesse em que a Petrobras amplie sua presença naquele país.

3 – Petrobras investirá mais de r$ 1 bi até 2011 para equipar o parque tecnológico brasileiro.

3 – governo deve enviar ao Congres-so Nacional, em 20 dias, o projeto que define o marco regulatório para a exploração do pré-sal.

4 – Nexans fornecerá umbilicais para os campos de Tambaú e Uruguá.

5 – aker fornece projeto de enge-nharia básica e detalhada para Petroquímica suape.

5 – Petrobras inaugura seu primeiro posto de combustível no Chile.

6 – Petrobras e Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe) inauguram novas instalações do Centro de estudos e ensaios em risco e modelagem ambiental (Ceerma).

7 – Francesa JLmd estuda a pos-sibilidade de equipar FPsos com sistema de recuperação de poluentes.

11 – Projeto final sobre pré-sal será apresentado a ministros no próxi-mo dia 18.

11 – etanol já é o principal combustível da matriz energética brasileira para carros leves. Consumo na-cional cresce 17,7% no primeiro semestre deste ano, atingido 10,7 bilhões de litros, contra 9,1 bilhões de litros dos primeiros seis meses de 2008.

18 – ogX inicia perfuração no bloco Bm-s-29.

19 – Transpetro abre licitação para oito gaseiros do Programa de mo-dernização e expansão da Frota (Promef).

19 – Petrobras distribuidora bate recorde na produção e venda de lubrificantes.

19 – Produção da Petrobras no Brasil aumentou 3,8% em julho, alcan-çando 2.254.409 de boed.

21 – Petrobras anuncia nova desco-berta de petróleo leve no pós-sal na Bacia de Campos, com a perfuração do poço 1-Brsa-713-rJs (1-rJs-661), informalmente denominado ‘aruanã’, na Conces-são exploratória Bm-C-36 (bloco C-m-401).

24 – Brasil dá início à rede nacional de pesquisa em biogás.

24 – aker solutions conclui a primeira entrega de risers de perfuração fabricados no Brasil.

27 – aNP realiza 15º leilão de bio-diesel para garantir mistura de biodiesel e diesel.

27 – Protubo inaugura nova máquina para curvamento por indução de tubos de 4” a 10” de diâmetro.

31 – Lula anuncia regras para explora-ção do petróleo do pré-sal.

SETEMBRO2 – Presidente da galp energia, ma-

nuel Ferreira de oliveira, defende Petrobras como única operadora do pré-sal.

2 – Lula diz que não vai interferir na tramitação do projeto do pré-sal.

2 – exploração do pré-sal exigirá mais Us$ 10 bilhões de investimentos nos próximos cinco anos, diz diretor financeiro da Petrobras, almir Barbassa.

2 – Petrobras faz descoberta de petróleo no golfo do méxico, no poço Tiber-1, situado a cerca de 400 km a sudeste de Houston.

4 – Consumo de energia cresce 0,9% em agosto, segundo sistema interligado Nacional (siN).

8 – repsol é eleita, pelo quarto ano consecutivo, líder em transparên-cia segundo o índice dow Jones.

8 – Tupi volta a produzir antes do previsto. Petrobras retoma a produção de petróleo e gás natural do TLd da área de Tupi, no pré-sal da Bacia de santos. o poço 3-rJs-646 foi fechado no início de julho de 2009 para a troca da árvore de natal molhada (equipamento submarino de con-trole de fluxo de poços) e voltou a produzir normalmente.

9 – Teste de formação no poço co-nhecido como guará, do bloco Bm-s-9, em águas ultraprofun-das da Bacia de santos, é con-cluído, estimando um volume de óleo recuperável na faixa de 1,1 a 2 bilhões de barris de petróleo leve e gás natural, com densidade em torno de 30º aPi.

10 – schlumberger e UFrJ assinam construção do primeiro centro internacional de pesquisa do pré-sal.

11 – Lula participa de batimento de quilha do primeiro navio do Pro-mef, no estaleiro atlântico sul, em ipojuca (Pe).

14 – diretoria executiva da Petrobras aprova a estratégia para contra-tação de até 28 novas sondas de perfuração a serem construídas no Brasil. a entrega dessas sondas está prevista para ocorrer entre 2013 e 2018.

14 – Transpetro escolhe estaleiros atlântico sul e superpesa para a construção de mais dez navios da segunda fase do Promef ii.

14 – Petrobras descobre mais petróleo e gás no Bm-s-9, em águas ultra-profundas da Bacia de santos.

15 – Produção da Petrobras no Brasil aumenta 5% em agosto com a entrada em produção de novos poços em plataformas da Bacia de Campos.

16 – Petrobras inaugura Centro de Produção e Formação em Bioe-nergia no rio grande do sul.

17 – Petrobras e repsol encon-tram mais petróleo no Bm-s-7, em águas rasas da Bacia de santos.

18 – ogX inicia perfuração no bloco Bm-C-43 na Bacia de Campos.

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25 – Presidente da Petrobras, José sérgio gabrielli, afirma que o Brasil vai produzir 28 sondas até 2013 para extração de petróleo da camada do pré-sal. segundo ele, o país paga entre Us$ 500 mil e Us$ 600 mil por dia apenas para alugar esse tipo de sonda.

28 – Lula diz que contrato entre Pe-trobras e PdVsa será assinado em outubro.

30 – rolls-royce comemora 50 anos no Brasil.

30 – Lobão defende sistema de parti-lha para o pré-sal com bônus de assinatura nos leilões.

OUTUBRO1 – Petrobras e instituto de Pesqui-

sas espaciais (inpe) inauguram laboratórios em são Paulo.

2 – ogX anuncia indício de óleo e gás no bloco Bm-s-29, nas águas rasas da Bacia de santos. o bloco faz parte da concessão em que a ogX detém 65% de participação e a operadora maersk oil detém 35%.

5 – Petrobras completa 56 anos.5 – CTdUT e Transpetro assinam

acordo para construção de uni-dade para estudos em proteção catódica, pesquisa e avaliação de revestimentos anticorrosivos.

6 – Petrobras confirma acordo com PdVsa para construção da refi-naria abreu e Lima.

6 – açotubo planeja expansão de seus negócios com aumento das demandas produtivas do pré-sal.

7 – Petrobras é uma das 40 melhores empresas do mundo, segundo aT kearney.

7 – Petrobras inaugura Centro de estudos sedimentológicos e estratigráficos em santos.

7 – ogX anuncia presença de óleo no bloco Bm-C-43, em águas rasas da parte sul da Bacia de Campos. a ogX detém 100% de participa-ção neste bloco.

7 – Petrobras ficará com oito dos 28 navios-sondas que devem ser construídos no país.

9 – “o Brasil será dependente de gás por muito tempo”, afirma gabrielli.

14 – ogX finaliza perfuração do primeiro poço no bloco Bm-C-43, em águas rasas da parte sul da Bacia de Campos.

15 – Petrobras e governo do mara-nhão assinam termo de compro-misso para refinaria Premium 1.

15 – aNP vai começar perfurações para mapear área ainda não con-cedida para pré-sal.

19 – Produção média de petróleo da Petrobras no Brasil bate recorde mensal, alcançando 2.003.940 barris diários.

20 – de acordo com o diretor Financeiro e de relações com investidores da Petrobras, almir guilherme Barbassa, o aumento de capital da Petrobras deverá ser o maior na história.

23 – Jaqueta da PMXL-1 já está po-sicionada em balsa guindaste no estaleiro mauá.

28 – Petrobras leva navio-plataforma pioneiro ao golfo do méxico. estatal é a primeira companhia a operar uma plataforma do tipo FPso no golfo do méxico (eUa) nos campos de Cascade e Chinook.

29 – aNP retira blocos que não chegaram a receber ofertas da oitava rodada de Licitações.

NOVEMBRO3 – Petrobras e PdVsa concluem

negociações para construção e operação da refinaria abreu e Lima (Pe).

5 – Comissão especial da Câmara dos deputados aprova relatório para criação da Petro-sal.

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5 – Petrobras avalia oportunidades de investimento na arábia saudita.

5 – Petrobras assina acordo para ad-quirir ativos da Chevron Chile.

5 – HrT anuncia criação de empresa de e&P.

5 – Bg group pretende investir Us$ 20 bi no Brasil, informa o presi-dente do conselho de adminis-tração do grupo, robert Wilson, durante seminário ‘investing in Brazil summit’ organizado pelo Financial Times em Londres.

6 – Petrobras e instituto de Pesquisas Tecnológicas (iPT) inauguram, em são Paulo, laboratório dedicado à área de engenharia naval.

6 – rolls-royce inaugura nova unida-de em Niterói (rJ).

10 – Petrobras é, segundo estudo da economática, terceira maior empresa das américas.

11 – ogX divulga nova estimativa de volumes, certificando recursos potenciais riscados líquidos de 6,7 bilhões de barris de óleo equivalente (boe).

12 – Petrobras e UFrJ inauguram laboratórios de Petrofísica e de sedimentologia.

12 – ogX anuncia presença de hidro-carbonetos no bloco Bm-C-41.

13 – Petrobras concluiu perfuração do quarto poço e confirma potencial de Tupi.

16 – Petrobras tem lucro líquido de Us$ 7,3 bilhões no terceiro trimestre.

16 – Petrobras tem superávit co-mercial de Us$ 1,795 bilhão até setembro.

16 – repsol pode investir Us$ 20 bilhões no Brasil até 2020.

17 – ogX anuncia descoberta de óleo no bloco Bm-C-41.

18 – Petrobras é eleita sexta maior empresa de energia pela Platts.

19 – Jaqueta da plataforma de mexi-lhão (PmXL-1) segue para a Bacia de santos.

23 – Petrobras anuncia exploração em águas profundas no Ceará.

24 – Jaqueta da Plataforma de mexi-lhão é lançada ao mar.

25 – estaleiro mauá conclui embarque dos módulos de mexilhão.

25 – Blue marlin traz ssV Victoria para angra dos reis.

25 – Sevan Driller está em direção ao Brasil.

26 – governo inaugura gasoduto no amazonas.

27 – Transpetro aprova propostas técnicas para construção de ga-seiros e inicia análise financeira.

30 – Transpetro aprova propostas técnicas para construção de oito navios.

30 – ogX anuncia presença de hidro-carbonetos na seção do albiano no poço ogX-2a

dEZEMBRO2 – Petrobras e UsP inauguram

laboratório que simula sistemas de produção de petróleo e gás no mar.

3 – segundo o instituto aço Brasil, serão retomados em 2010 os projetos de expansão.

3 – Petrobras recebe autorização para nova perfuração na região do pré-sal.

3 – Petrobras assina cinco grandes contratos para refinaria abreu e Lima.

4 – Prefeitos fluminenses se reúnem para planejar reação contra per-das de royalties do pré-sal.

7 – Petrobras contrata 12 dos 19 navios previstos no programa eBN (empresas Brasileiras de Navegação).

7 – Quattor inicia operações interna-cionais.

7 – segundo Prominp, 78 mil profis-sionais serão qualificados até março de 2010.

8 – Petrobras inaugura, em Curitiba, laboratório para análise de emis-sões veiculares.

9 – Testes de formação comprovam potencial de iara.

9 – Presidente da Petrobras destaca bom desempenho em 2009.

10 – segundo sindicom, sonegação de iCms das clandestinas chega a r$ 1 bilhão/ano.

17 – relatório da CPi da Petrobras é aprovado sem punições.

18 – Petrobras pagará adicional por componentes associados ao gás boliviano.

18 – Produção da Petrobras no Brasil aumentou 7,9% em novembro.

18 – Petroquímica suape recebe financiamento do BNdes.

18 – Petrobras firma contratos para projeto de unidade de liquefação de gás.

18 – segundo abpip, 2009 foi um ano de inflexão para o segmento independente.

18 – ogX encontra mais indícios de petróleo na seção albiana do poço ogX-3 (1-ogX-3-rJs), localiza-do no bloco Bm-C-41, em águas rasas da parte sul da Bacia de Campos.

18 – anadarko descobre óleo leve no pré-sal em bloco operado pela devon. o poço foi batizado provi-soriamente de itaipu.

22 – ogX estima entre 1 e 2 bi de boe a reserva em Pipeline (Bacia de Campos).

23 – Petrobras vai estudar com China viabilidade de exportação de etanol.

28 – ogX anuncia mais indícios de petróleo em poço de Campos.

28 – Bovespa sobe 0,46%, com ogX liderando negócios.

29 – Petrobras afreta os nove primei-ros navios de bandeira brasileira para cabotagem.

30 – LLX, ogX, mrV e Pdg realty integrarão a ibovespa a partir de janeiro.

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Marilda Rosado é sócia do escritório dória, Jacobina, rosado e

gondinho advogados associados, doutora em

direito internacional pela UsP, professora adjunta de direito

internacional privado na Uerj. Colaborou na elaboração deste artigo a advogada Juliana

Lima do mesmo escritório, mestranda em direito internacional (Uerj).

2009? Brasil: País do Futuro!

Todo ano, no mês de dezembro, lemos numerosas matérias que reproduzem e revivem os principais fatos ocorridos no ano. Em 2009, por exemplo, podemos citar a gênese da Lei do Gás, a apresentação dos projetos de lei que tratam do novo marco regulatório do petróleo, a prorrogação pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de prazos exploratórios de alguns contratos de concessão e outros temas relevantes. No entanto, a visão retrospectiva dos fatos não deve simplesmente reproduzir o que já foi noticiado. A retrospectiva tem um sentido muito mais amplo, é preciso um olhar crítico a fim de que possamos traçar perspectivas para o ano de 2010, analisando erros e acertos, fazendo projeções para o próximo decênio e indagando sobre o futuro da indústria do petróleo no Brasil.

Em um primeiro momento, pareceria cabível um tom otimista, de comemo-rações pelas notícias envolvendo a dimensão estimada das reservas do pré-sal da Bacia de Santos e proposições governamentais para nova alavancagem do desenvolvimento em torno da proposta de um fundo social para o país! Entre-tanto, a discussão sobre o marco regulatório deixou questões em aberto.

O novo marco regulatório pós-descoberta do pré-sal se concretizou com a apre-sentação dos Projetos de Lei que tratam: da criação da Petro-sal e do fundo social, da instituição do regime de partilha de produção e da cessão onerosa para a Petro-bras realizar as atividades de pesquisa e lavra. Não cabem nessas notas comen-tários mais aprofundados sobre o desenrolar dos debates – exceto a constatação que de alguma maneira o foco sobre a realocação dos royalties obliterou um sem número de pontos igualmente essenciais para conhecimento pela opinião pública. Por exemplo, retirou-se de pauta outra questão prioritária para a autossuficiência brasileira – a periodicidade da realização das rodadas de licitações. desde 2006, com a suspensão da Oitava Rodada, a retirada de dezenas blocos da Nona Rodada, a realização da décima Rodada apenas com blocos onshore e a indefinição sobre a décima Primeira Rodada, chegamos a um ponto crítico de interrupção de um ciclo de conquistas e estabilidade do setor com a edição da Lei do Petróleo.

O surgimento das empresas independentes no Brasil parecia uma conquista irreversível. Havia dificuldades a serem enfrentadas. No entanto, o dilema das empresas independentes persiste. As dificuldades na venda da produção – com a presença de um único comprador, a complexidade do sistema de certificação do conteúdo local, a ausência de um cronograma de rodadas de licitação para garantir o aumento das reservas das empresas... Esperamos que o novo marco regulatório seja compatível com a continuidade desse novo segmento da indús-tria, que possibilita a geração de emprego e renda em regiões inóspitas do Brasil desde a realização da Primeira Rodada de acumulações marginais em 2005.

A Lei do Gás (n. 11.909) finalmente sancionada, em 04 de março, sinalizou um avanço na atração de investimentos para o setor. Todavia, até o presente mo-mento aguarda a regulamentação referida no texto da lei mais de uma dezena de vezes, postergando a aplicação efetiva desse novo instrumento legal.

Por fim, um sinal de que o desenho institucional regulatório está em mutação, no início de dezembro, a diretoria da ANP autorizou a Petrobras a perfurar poço no pré-sal para coleta de informações, em área não concedida, com fundamento na Lei do Petróleo e na Portaria 188/1998 (que estabelece as definições para a aquisição de dados aplicados à prospecção de petróleo). Ainda é cedo para ava-liar o impacto desta ‘criativa’ medida, que poderia, em alguma medida, ser consi-derada uma antecipação da ambiência a ser inaugurada do novo marco legal.

O ano de 2009 certamente ficará associado ao bordão ‘Brasil: um país do futuro!’, pois pouco foi decidido, ficando ainda muito para 2010.

retrospectiva 2009

Com as discussões sobre o marco regulatório, o ano de 2009, para a Associa-

ção Brasileira dos Produtores In-dependentes de Petróleo e Gás (Abpip), marcou a busca de uma solução para o segmento indepen-dente, tão impactado após a crise econômica e sem alternativas de curto prazo para alcançar uma escala de produção que dê sus-tentabilidade ao desenvolvimento do segmento.

“A produção em terra vem cain-do de maneira acentuada, não ape-nas para os independentes. Além disso, os custos elevados dos ser-viços e a crise financeira prejudi-

caram os inves-timentos”, avalia o secretario exe-cutivo da Abpip, Paulo Buarque. “As descobertas das últimas roda-das não foram significativas e se observa uma redução do estoque de áreas atrativas para os produ-tores independentes.”

Por outro lado, a entidade, juntamente com a Agência Na-cional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que coordenou o processo junto aos governos estaduais, a Petrobras e a Associação das Empresas de Petróleo e Gás Natural Extraídos

de Campos Marginais do Brasil (Appom), conseguiu encaminhar uma solução para evitar a inci-dência de ICMS na comerciali-zação de óleo no Espírito Santo e Rio Grande do Norte.

“Isso demonstra, que os proble-mas do setor, desde a desoneração de investimentos até a adoção de medidas de estímulo ao seu desen-volvimento, podem ser resolvidos com a colaboração dos diversos atores”, afirma.

Outro fato importante, para o executivo, foi a criação, no âm-bito do Prominp, de um projeto para harmonizar o licenciamento ambiental nos estados. Esta ini-ciativa trouxe para o mesmo foro o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os órgãos ambientais estaduais, tendo sido homologa-do durante a última reunião do Programa, realizada no início de dezembro, em Recife (PE).

se articulamIndependentes

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Canadá: cada dia mais

apesar da distância geográfica entre os dois países – mais de 11 mil km –, Brasil e Canadá têm relações cada dia mais próximas, sobretudo no setor de óleo e gás. De acordo com o Consulado Geral do Canadá no Rio de Janeiro, existem hoje 49 empresas canadenses do setor de petróleo e gás ativas no Brasil e outras 25 estão interessadas em ingressar neste mercado. Um número que tende a crescer nos próximos anos.

por Cassiano Viana

PRóXIMO

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O Brasil é o maior parceiro comer-cial do Canadá na América do Sul”, destaca, charles larabie, cônsul

geral do Canadá no Rio de Janei-ro desde outubro do ano passado.

“Com uma economia estável e crescente, o Brasil não só é visto como um parceiro comercial importante, mas, sobretudo, como um mercado promis-sor e sustentável para

o Canadá”, afirma ele – que já ocu-pou o cargo de cônsul em São Paulo (entre 1991 e 1994).

de acordo com Larabie, já há alguns anos, o governo do Cana-dá listou os países prioritários nas suas relações comerciais bilaterais. O Brasil é um deles. E os setores de petróleo e gás, energia elétrica, telecomunicações, cultura e infra-estrutura são aqueles que receberão maior atenção da missão comercial do Canadá no Brasil, que tem como tarefa promover o desenvolvimento de novos negócios.

Embora o volume comercial entre Brasil e Canadá seja ainda tímido, há um incremento das rela-ções entre Brasil e Canadá bastante significativo ao longo dos últimos anos.

O número de visitas de altos oficiais do governo bem como de ministros de Estado canadenses ao Brasil cresceu de modo expo-nencial nos dois últimos anos. E em novembro de 2008, os governos do Brasil e Canadá assinaram um acordo de cooperação na área de ciência e tecnologia.

Movido a óleo e gásNo setor petrolífero, as áreas

mais atrativas para os canadenses e que oferecem mais oportunidades de negócios são a exploração e pro-

dução em terra, sondagem terrestre e construção de dutos.

Em outubro, a Petrobras esteve em uma missão comercial sem pre-cedentes no Canadá para divulgar seu plano de negócios e atrair forne-cedores dispostos a investir no país. Halifax, uma das cidades visitadas pela delegação da Petrobras (a outra foi Calgary), representa a robusta e altamente desenvolvida indústria offshore canadense na costa leste daquele país, na região chamada de Atlantic Canadá.

Como resultado imediato, duas missões comerciais ao Brasil, de duas províncias (estados) distintas do Canadá, estão sendo planejadas

para o primeiro semestre de 2010. “Após esta missão ao Canadá que foi tão bem sucedida, o mercado offshore brasileiro deve entrar na lista de prioridades para a indústria canadense”, avalia o cônsul.

O diplomata canadense enfatiza que há anos vem sendo feito um trabalho para divulgar a excelência da indústria canadense. “Embora sejamos mais reconhecidos pela gigantesca indústria onshore de Alberta e pela nossa excelência na área de dutos, o Canadá tem mui-to a contribuir na área offshore. A recente missão da Petrobras ao Canadá veio para preencher esta lacuna”, comemora Larabie.

especial: brasil–canadá

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Aproximação estratégicaSegundo a Oficial de desenvol-

vimento de Negócios do Consulado Geral do Canadá, Nadine lopes, as relações comerciais entre Brasil Canadá na área de petróleo e gás vêm sendo cons-truídas ao longo dá última década, com o advento da Lei do Petróleo.

Coinciden-temente, foi no mesmo ano da quebra do monopólio do petróleo (1997) que o Consulado abriu o setor de óleo e gás e contratou um especialista para desenvolver este mercado no país. desde então, o Canadá tem participado e trazido delegações de empresas para im-portantes eventos do setor como a Rio Oil & Gas, a Brazil Offshore e a Rio Pipeline. “Também participa-mos das duas primeiras edições da Brazil Onshore e temos o orgulho de ter apostado nesta iniciativa”, comenta Nadine, lembrando que Canadá foi a única delegação es-trangeira a participar da feira, em 2006 e 2008.

O consulado canadense vem trabalhando para que o país se

ideNTiFiCar ForNeCedores canadenses dispostos a estabelecer parcerias e/ou fazer investimentos diretos no Brasil na área de petró-leo e gás – de forma sustentável e atendendo as exigências de conteúdo local – foi um dos objetivos da missão pioneira de executivos da Petrobras ao Canadá, entre os dias 26 e 29 de outubro de 2009.

o tamanho e o peso dos parti-cipantes fizeram dessa uma missão sem precedentes. a delegação brasi-leira foi composta por 33 executivos entre os quais oito da Petrobras – liderados pelo diretor Financeiro e de relações com investidores, almir Bar-bassa – e representantes de diversos segmentos da cadeia produtiva.

reforçando o time, havia técnicos do Banco Nacional de desenvolvimen-to econômico e social (BNdes), do Programa de mobilização da indústria Nacional de Petróleo e gás Natural (Prominp) e do sindicato Nacional da indústria da Construção e reparação Naval e offshore (sinaval). Também integraram a missão representantes da rede Petro Bahia e redePetro amazonas e do serviço Brasileiro de apoio às micro e Pequenas empresas (sebrae).

a missão visitou as cidades de Halifax (na costa leste) e Calgary (na província de alberta, no noroeste do país), onde foram realizadas rodadas

de Negócios com representantes da indústria local, atraindo um total de 269 representantes da indústria cana-dense de petróleo e gás.

Halifax é a capital de Nova scotia, província na qual existe a região mais conhecida como atlantic Canadá, berço da indústria offshore canaden-se, que tem uma produção média de cerca de 350 mil barris/dia (280 mil em Newfoundland & Labrador e 80 mil em Nova scotia). operam nesta região algumas das mais importantes petroleiras ativas no país, como exxon mobil, Chevron, statoilHydro, suncor e Husky energy.

“Para o primeiro semestre de 2010, já estamos planejando duas missões comerciais do Canadá ao Brasil, fruto dos desdobramentos da recente missão da Petrobras”, avisa a oficial de desenvolvimento de Negó-cios do Consulado geral do Canadá.

segundo, Nadine Lopes, no Cana-dá haverá dois grandes eventos em 2010: o global Petroleum show, entre 8 e 10 de junho, que deverá receber cerca de 15 empresas brasileiras no alberta international House, pavilhão do governo de alberta. “e em outubro de 2010, teremos mais uma edição do iPC, em Calgary”, lembra ela, frisando que o Canadá vai participar da rio oil & gas e da Brasil onshore. “Vai ser um ano de muita atividade para o Consulado.”

Missão sem precedentes

dAdOS BRASIL CANAdáÁrea total (km²) 8.514.876 9.984.670 População 190 milhões 34 milhõesPIB (2008) US$ 1,6 trilhão US$ 1,3 trilhãoveículos 32 milhões 12 milhõesPETRÓLEOProdução (bpd) 2,3 milhões 3,2 milhõesConsumo (bpd) 2,3 milhões 2,3 milhõesImportação (bpd) 650 mil 700 milexportação (bpd) 481,100 mil 2 milhõesReservas provadas (bilhões de barris) 15 28GáS NATURALProdução (m³/d) 51 milhões 48 milhõesConsumo (m³/d) 70 milhões 28 milhõesImportação (m³/d) 30 milhões 0,4 milhãoexportação (m³/d) 0 28 milhõesReservas provadas (m³) 347,7 bilhões 1,3 trilhão

canadá: cada dia mais próximo

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torne referência no setor onshore brasileiro, a exemplo da Noruega e Reino Unido na área offshore. “Es-tamos certos de que nossa indús-tria tem muito a contribuir para o desenvolvimento desse mercado”, afirma ela.

Para Nadine, as empresas estão cientes da necessidade de entrar no mercado de maneira sustentá-vel, seja por meio de parcerias ou de investimentos diretos. Tanto que há um forte relacionamento entre a RedePetro e representantes da indústria onshore canadense. “A RedePetro Bahia, por exemplo, tem priorizado o mercado cana-dense de forma consistente nos últimos anos, tendo participado

de importantes eventos do setor no Canadá e estabelecendo par-cerias”, revela. E recentemente, uma delegação da RedePetro da Bahia e do Amazonas participou da missão da Petrobras no Cana-dá, consolidando ainda mais este relacionamento.

Interesse crescente

Nos últimos anos, o interesse de investidores canadenses aumentou, sobretudo em relação ao setor de pe-tróleo e gás. Há nichos com maior interação e potencial (inspeção e in-tegridade de dutos, sondas terrestres, dentre outras), e empresas dos mais diversos perfis e subsetores consultan-do o consulado sobre o mercado.

desde fabricantes de compres-sores, vasos de pressão e siste-mas de segurança de guindastes offshore a prestadores de bens e serviços nas áreas de remedia-ção de solo, fornecedores de con-trapeso para dutos, sistemas de automação, estaleiros, grandes firmas de engenharia e empre-sas de petróleo. “A procura tem aumentado. E temos procurado informá-las sobre a questão do conteúdo local e as aconselhamos a buscar parcerias com empresas locais como forma de entrada no mercado de forma sustentável. daí a grande procura por parceiros e nossa interface com a cadeia produtiva no Brasil.”

“O fato é que o Canadá vê o Brasil como um mercado poten-cial vastíssimo”, afirma Nadine. “Percebemos, claramente, uma procura pelo mercado brasileiro não apenas na área de petróleo, mas em todos os setores cobertos pela missão comercial do Canadá no Brasil”, acentua. “Esta é uma tendência do mercado global de enxergar o Brasil como um parceiro sustentável e promissor.”

FaVoreCido PeLa proximidade com os estados Unidos, com gran-des reservas naturais e uma força de trabalho altamente instruída, o Canadá possui uma das maiores e mais desenvolvidas economias do mundo. seu produto interno bruto é de cerca de 1,077 trilhão de dólares – o 11° maior do mundo – e a renda per capita nacional é de 34.273 dólares (a sétima maior).

Logo após a segunda guerra mundial, grandes reservas de petróleo foram descobertas na província de alberta, motivando o seu rápido crescimento econômico, sobretudo após a crise do petróleo de 1973. Com reservas provadas de 178,8 bilhões de barris (dados de 2008), os dois recur-

sos minerais mais importantes do país são o petróleo e o gás natural.

Terceiro maior produtor mundial de gás natural e oitavo maior produtor de petróleo, o Canadá extrai a maior parte destas riquezas de campos onshore. a experiência canadense em diversas regiões do mundo possibilitou um aperfeiçoamento dos seus equipamen-tos e recursos tecnológicos.

a indústria canadense é fornece-dora global de diversos equipamentos, tecnologia, e serviços em terra, entre os quais sondas e tecnologia de perfura-ção, maquinário de campo, instalações de mineração e produção, equipamen-tos de prospecção geofísica, equipa-mentos de comunicação, engenharia e gestão de projetos e dutovias.

a província de alberta (onde está localizada Calgary e edmonton), com grandes reservas destes recursos naturais, é a líder nacional na extração de petróleo e gás, respondendo por mais de 70% da produção do país.

Nesta região também estão imen-sas reservas de betume, que pode ser processado e transformado em pe-tróleo: de 1,6 trilhão a 2,5 trilhões de barris de betume (também chamado “areias de petróleo” ou “areias de al-catrão”). No entanto, o processo ainda é economicamente inviável, por ser caro demais. No futuro, porém, com a evolução desta tecnologia, o Canadá poderá se tornar um dos maiores for-necedores de petróleo do mundo.

o Canadá abriu seu primeiro es-critório comercial no Brasil em 1866. a embaixada do Canadá no Brasil foi aberta em 1944.

Canadá: economia forte

Presença brasileira no iPC 2008, em Calgary, província de alberta

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Brasil é segundo maior

Com volumes de negócios da ordem de 3,4 bilhões de dólares canadenses em 2008, o Brasil foi o segundo maior mercado global da export Development Canada (eDC), agência oficial de crédito à exportação, ficando atrás apenas dos estados Unidos.

esse apoio ao comércio ex-terior de companhias cana-denses no Brasil vem sendo

feito pela EdC desde 1962, ten-do se acentuado a partir da década de 1990. “Nossa primeira transa-ção na indústria de gás foi adqui-rir equipamentos de processamento

de gás”, recorda Fernanda cus-tódio, gerente regional no Brasil da EdC.

desde então, as atividades da EdC no setor de petróleo e gás no Brasil tem aumentado constante e significativamente. “Em especial nos últimos sete anos, refletindo a crescente atividade de empresas do Canadá no Brasil neste segmen-to, sobretudo junto à Petrobras”, explica.

A gerente da EdC estima que, hoje, mais de 60 empresas do Ca-nadá façam parte da cadeia de abastecimento da Petrobras, no Brasil e no exterior. No início da década eram apenas dez. “Além da Petrobras, os fornecedores têm

atuado também junto a outras operadoras de petróleo e ainda a grandes prestadores de serviços para o setor”, conta.

A Petrobras é a maior cliente da EdC no Brasil e uma das maiores, em escala global. “Além da indústria de petróleo e gás, muitas fornecedores de bens e serviços do Canadá, assim como clientes e parceiros brasileiros, têm procurado utilizar os vários ins-

trumentos financeiros da EdC para expandir seus negócios e investimen-tos no Brasil em várias indústrias”, destaca.

Prospecção à distânciaA Hyduke Energy Services, a

Saxon Energy e a CRI, fornecedo-ras de equipamentos, serviços e sistemas de perfuração, a GenTex Oilfield Manufacturing, fabricante

Presença de empresários canadenses na Brasil onshore 2008, em salvador, Bahia

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de vaporizadores (que tem 50% de seus equipamento vendidos para fora do Canadá) e a Pason, especia-lizada em análise de lama e perfu-ração direcional são algumas das empresas de Alberta (Canadá) em atividade ou em fase de prospecção de negócios no Brasil.

O diretor de Comércio para Amé-rica Latina do Governo de Alberta, Fabrício lima, afirma que o Brasil é um mercado importante. “Vemos muitas oportuni-dades, sobretudo pela expertise da indústria de Alber-ta em desenvolver tecnologias e ser-viços para peque-nas e médias em-presas do setor.”

Outras empresas canadenses já tem sólida atuação no país, como a Tesco, fornecedora de equipamentos, ferramentas e soluções para perfura-

ção (top drive systems, tubular ser-vices, casing drive systems, casing drilling services, etc.), presente no Brasil há dez anos; a Filtermaster, que comercializa filtros magnéticos para clientes como a Transpetro, Chevron e Shell; a UT Quality (serviços de ultrassom), Threetek Soluções em Geomática e Telvent, que vêm disponibilizando solu-ções de TI, e a Conestoga-Rovers e Associados, empresa de enge-nharia especializada em projetos ambientais (auditoria, diagnósti-cos de remediações e estudos de licenciamentos).

Também já deu sinais inequívo-cos de que deseja participar mais ativamente no mercado brasileiro a PipeSak (sistema de contrapeso de dutos), a Big Country Energy Services (engenharia), a Ezeflow (fabricante de conexões de dutos), a Rayco-Wylie (sistema de segu-rança para guindastes), a Trow

(uma das maiores empresas de engenharia e consultoria daquele país), a BGC Engineering (enge-nharia especializada em geotéc-nica – geologia do local), a Entec/Engineering Technology (enge-nharia de perfuração), a NHC (Northwest Hydraulic Consultants, especializada em engenharia hi-drotécnica) e a Ipac Services Cor-poration (construção, manutenção e serviço de logística).

Pavilhão do Canadá, rio oil&gas, 2008

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especial: brasil–canadáentrevista com Julio Moreira, presidente da Gran Tierra energy

AproximaçãocontínuaCriada em 2005, com sede em Calgary, a Gran Tierra abriu seu escritório

no Brasil em setembro passado, sob a presidência de Julio Moreira,

ex-diretor da IBv Petróleo e ex-country manager da enCana no Brasil.

em entrevista exclusiva à TN Petróleo, ele conta como a Gran Tierra

pretende tornar-se uma grande operadora canadense no país.

TN Petróleo – A maior parte dos ati-vos da Gran Tierra está na América do Sul: a empresa pretende manter este foco na região? E no Brasil?

Julio Moreira – o foco de atuação da nossa empresa é a américa do sul. Temos participação em 24 ativos distri-buídos pela Colômbia, argentina e Peru, que somam reservas de 43,5 milhões de barris de petróleo, sendo que hoje nossa produção total é de aproximadamente 13 mil barris de petróleo/dia. Possuímos ativos de exploração e produção na Co-lômbia e argentina. No Peru, temos dois blocos onshore em fase exploratória. em 2010, a gran Tierra irá implementar um programa exploratório perfurando um total de 14 poços, sendo dez na Colômbia e quatro no Peru. mas ainda não temos nenhum ativo no Brasil.

Como a empresa vem se estruturan-do para ampliar suas atividades na região, inclusive no Brasil?

estamos estruturando uma equipe de profissionais de geologia, geofísica, engenharia de reservató-rio, entre outros, em Calgary. são profissionais que atuaram comigo na enCana Brasil e ajudaram na construção do portfólio exploratório da companhia, que fez descober-tas importantes, como Peregrino e Wahoo, ambos na Bacia de Campos. em breve, estaremos iniciando a contratação de técnicos brasileiros que ficarão baseados no escritório da empresa, no rio de Janeiro. mas já estamos avaliando oportunidades de negócios nos setores onshore e offshore (águas rasas).

Como você, que já foi country manager da EnCana, vê a atuação das empresas canadenses no Brasil? Quais lições o país pode aprender com esta exper-tise?

o mercado brasileiro de petróleo e gás natural está em franca expansão, e isso vem chamando a atenção de várias empresas do Canadá. Principal-mente as prestadoras de serviço, que têm expertise e vêm trabalhando junto a outras petroleiras canadenses nas atividades de exploração e produção de reservatórios complexos, tanto para gás natural como para óleos pesados. a gran Tierra irá buscar aproximar esses dois mercados e esperamos crescer no país introduzindo novas técnicas e tecnologias que possam ser aplicadas também aqui no Brasil.

a CamiNHo de sUa oiTaVa edição, a inter-national Pipeline Conference (iPC), que será realizada durante os dias 27 de setembro a 1º de outubro de 2010, em Calgary, já se tornou um evento tradicional para os brasileiros. realizada a cada dois anos, a iPC tem tido uma participação brasileira crescente: em 2006, dos 315 trabalhos apresentados, 31 eram procedentes do Brasil.

No ano passado, a iPC superou as expec-tativas dos organizadores, com mais de três mil visitantes, cerca de 1.350 congressistas e a apresentação de mais de 300 papers – sendo que o Brasil foi a terceira maior representação, com cerca de 90 inscritos, ficando atrás ape-nas do Canadá – com a primeira colocação, e os eUa, em segundo.

o Pavilhão Brasil reuniu desde a Petrobras e o Centro de Tecnologia em dutos (CTdUT) à Liderroll, aselTech, Pipeway, Brenco, azevedo Travassos, Construtora Norberto odebrecht, ge-oradar, imC saste e graw Caldeiraria, além da revista TN Petróleo. integraram ainda a comitiva brasileira representantes do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e de empresas internacio-nais como TenarisConfab e Techint.

assim como nas outras edições da iPC, tradicionalmente o Consulado do Canadá, junto com o governo de alberta e a edC, recepciona a delegação brasileira no país. “Há uma grande integração da delegação canadense na rio Pi-peline e da delegação brasileira na iPC”, observa a gerente de desenvolvimento de negócios da área de petróleo e gás do Consulado geral do Canadá no rio de Janeiro, Nadine Lopes.

maior prova disso é que na última iPC foi rea-lizado, no Clube do Petróleo de Calgary, um café da manhã com representantes da Transpetro,

Cenpes e Petrobras, que apresentaram projetos e oportunidades no setor de dutos no Brasil.

organizado pelo governo de alberta e pela edC, o evento contou com a presença do presidente da Transpetro, sergio ma-chado; do gerente de implementação de empreendimentos para dutos Terrestres da engenharia da Petrobras, Celso araripe; do coordenador do Programa de desenvolvi-mento de Tecnologias para a Área dutoviária e Naval (Protran), do Cenpes, Pedro altoé; do gerente geral de Novos Projetos da Trans-petro, Charles Labrunie e do coordenador de Contratos estratégicos de Longo Prazo, roberto octaviani.

IPC 2010 em Calgary Brasil presente

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energia

O primeiro leilão de comercialização de energia eólica rea-lizado no país, no dia 14 de dezem-bro, que resultou

na contratação de 1.805,7 MW, indica que há uma oferta reprimi-da de geração eólica no mercado. E ainda: agrega um ‘combustível’ a mais ao motor do desenvolvi-mento sustentável, ampliando a diversidade da matriz energética brasileira, na qual o petróleo e a hidreletricidade predominavam há duas décadas.

de acordo com a Associa-ção Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o resultado do leilão coloca o Brasil definitivamente no mapa mundial de geração de energia elétrica a partir da for-ça dos ventos. A estimativa da entidade é que, a partir de julho de 2012, prazo inicial dos con-tratos de fornecimento por 20 anos comercializados no leilão, o parque eólico brasileiro gere 3,2 mil MW – somando os 1.805 MW contratados agora aos 1.423 MW de 54 empreendimentos no Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas (Proinfa). Ou seja: o quíntuplo da participação atual da energia eólica na matriz elé-trica brasileira – que é de 0,6% e pode chegar a cerca de 3% em 2012, se efetivados os R$ 8 bi-lhões de investimentos estimados para esse período.

“Sem dúvida, a sensação dei-xada pelo leilão foi a de muito oti-mismo em relação à definitiva in-serção da energia eólica na matriz brasileira em diferentes estados, o que também é muito salutar para o país”, afirmou o presidente da ABEEólica, Lauro Fiuza Jr.

energiaOs bons ventos da

A diversidade da matriz energética coloca o Brasil em posição privilegiada no cenário mundial, frente ao aumento da população e ao aquecimento da economia – fatores que demandarão ainda mais energia.

por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

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O fato é que o Brasil tem de-monstrado aptidão para a diver-sidade energética. O que é alta-mente positivo em um cenário de aumento da população mundial nos próximos anos, acelerando a demanda de energia. O que se dará também, no caso do Brasil, pelo aquecimento da economia e o aumento do poder aquisitivo da população.

Fontes renováveisUma vez que o planeta não

para de aquecer, os países estão tendo que repensar a maneira de

administrar suas matrizes ener-géticas, utilizando, mais e mais, fontes de energia menos, ou nada, poluidoras, sem que as indústrias percam sua capacidade de pro-dução ou a geração elétrica seja comprometida.

A despeito do forte impacto ambiental de grandes projetos de hidrelétricas no final do sé-culo passado, sobretudo na Ama-zônia, o histórico energético do Brasil é favorável: as fontes re-nováveis correspondem a 45,8% da matriz brasileira, que hoje é composta por fontes hidráulica, eólica, nuclear, térmica, solar, de biomassa, geração dedicada e cogeração.

Uma iniciativa do governo para estimular mais investimentos em fontes alternativas de energia foi o Proinfa, criado em 2002 e geren-ciado pela Eletrobrás. O programa do governo prevê a instalação de 144 usinas (já contratadas), que totalizariam 3.299,40 MW de ca-pacidade instalada.

deste total, 1.191,24 MW se referem a 63 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) – sendo que, até agosto deste ano, estavam em operação comercial 46 unidades (78% das plantas programadas) e outras 15 estão em construção (duas ainda não iniciadas). das 27 usinas à base de biomassa (que somarão 685,24 MW), 20 já estão operando comercialmente (75% das programadas), uma está em construção e outras seis não foram iniciadas.

Também estão em operação 23 das 54 usinas eólicas (27%), que terão uma capacidade instalada de 1.422,92 MW. das 31 restan-tes, apenas 14 encontram-se em construção. Na ponta do lápis, das 144 usinas contratadas pelo Proinfa, 119 estão operando ou em construção, enquanto que 18 não saíram do papel e sete estão sub

judice ou em processo de rescisão contratual.

Quando as metas do Proinfa forem alcançadas – e já estão en-trando no terceiro ano de atraso – estas usinas irão gerar perto de 12.000 GWh/ano, o suficien-te para abastecer cerca de 6,9 milhões de residências e equi-valente a 3,2% do consumo total anual do país.

Matriz limpaJorge Samek, diretor-geral brasi-

leiro da Itaipu Binacional, afirma que a principal alter-nativa para alcan-çar o desenvolvi-mento dos países sem prejudicar o meio ambiente é investir em ener-gias renováveis. “O Brasil tem uma matriz energética bastante limpa”, disse ele, ressaltan-do que o país explora apenas 30% de seu potencial hidráulico.

Samek lembrou ainda que em 2010 o setor elétrico brasileiro ini-ciará um novo ciclo, com a conclu-são das primeiras usinas hidrelé-tricas que fazem parte do Plano decenal de Expansão de Energia (PdE), produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para orientar as ações e decisões rela-cionadas à expansão da produção de energia nos próximos anos.

O setor elétrico conta hoje com 103.033 MW instalados, dos quais 75,2% correspondem a usinas hi-drelétricas, 22,3% a térmicas, 2% a nucleares e 0,4% a eólicas. “O aumento do aproveitamento hidre-létrico deve ser feito com base em muitos estudos, para minimizar os impactos ambientais”, ressalvou o diretor-geral de Itaipu.

Ele observou que o Brasil está em uma situação mais privilegiada que a Espanha, país que mais inves-te em energias sustentáveis. “Esta

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é a nossa realidade: somos um país com muitos recursos hídricos. Mas a Espanha, como não tem a água como principal fonte, busca outros caminhos em direção à sustentabi-lidade, investindo, por exemplo, na energia solar.”

O gerente de projetos da Chemtech, laurinei Martins, con-

corda que a grande vantagem do Brasil em relação a outros países é a diversifi-cação da sua matriz, com grande foco em renováveis. “O que traz uma segurança

maior, diminuindo o risco de fal-ta de energia, como ocorreu em 2001”, afirma, sem mencionar o recente apagão.

Segundo ele, para atender a demanda crescente de energia é preciso investimento por parte das produtoras de insumos e ainda de esforços do governo para atrair essas empresas para um mercado também mais diversificado.

Ocorre que o Governo Federal, durante anos, focou seus esforços

e recursos na construção de usi-nas hidrelétricas, sua principal matriz energética – o que é per-feitamente compreensível, uma vez que o Brasil tem a maior bacia hidrográfica do mundo. Mas, na opinião do gerente de projetos da Chemtech, os governos anteriores deixaram de lado outras fontes. “Se esses investimentos tivessem sido feitos, o Brasil poderia estar mais seguro ainda com relação à sua capacidade de fornecimento de energia”, afirma Laurinei.

Tanto que os países mais desen-volvidos estão bem mais à frente do Brasil quando se trata de uso de outras fontes, como, por exem-plo, a energia eólica. A Alemanha é o principal país produtor dessa energia no mundo, com 17.743MW por ano, seguido da Espanha com 9.653 MW e dos Estados Unidos, que produzem 8.500MW anual-mente.

Para se ter uma ideia da dife-rença, enquanto a energia vinda das turbinas de vento representa apenas 0,6% do total no Brasil, essa participação é de 7% na Alema-

nha, onde há nada menos que 19 mil turbinas espalhadas por todo

o território.O presidente

da Associação Nacional dos C o n s u m i d o -res de Energia (Anace), carlos Faria, confirma

que o país vai precisar cada vez mais de energia, destacando que o grande desafio é ampliar a oferta a partir das renováveis. A eólica é uma das alternativas viáveis. “O desafio será a regulamentação e a criação de incentivos à geração eólica”, complementa.

Na onda eólicaMas esse cenário está come-

çando a mudar, principalmente depois do mencionado primeiro leilão específico de energia eóli-ca, realizado no apagar das luzes de 2010. A contratação de 1.805,7 MW, foi feita a um preço médio de R$ 148,39/MWh – um deságio de 21,49% em relação ao preço inicial, que era de R$ 189/MWh. Indícios

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claros de que há empreendimentos bem localizados e próximos da rede de distribuição de energia.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mau-rício Tolmasquim, comemorou o resultado. “Este leilão mostra que a diferença de preço da energia eólica para a térmica é pequena. Além disso, a energia gerada pelos ventos é uma alternativa interes-sante do ponto de vista econômico e ambiental, como complementa-ção às hidrelétricas.”

durante todo o processo, hou-ve grande interesse dos investido-res do setor. dos cerca de 13 mil MW cadastrados, mais de 10 mil MW foram habilitados e, desse total, mais de 5,5 mil MW colo-cados à venda no leilão – projetos que depositaram garantias físicas e de fato participaram do certame. destaca-se ainda a participação expressiva dos empreendedores

privados, que r e p r e s e n t a m mais de 60% do total comerciali-zado. A presen-ça no mercado n a c i o n a l d e oito fabricantes

de aerogeradores também con-tribuiu para a competitividade do evento.

“O resultado do leilão dá con-dições para fomentar a parceria entre fabricantes e desenvolvedo-res”, assegura o diretor executivo da ABEEólica, Pedro Perrelli. Os números do leilão e o entusiasmo demonstrado se devem aos ótimos ventos que varrem o Brasil – sem maiores devastações –, principal-mente na imensa costa do país, com mais de 8 mil km.

dos 71 empreendimentos contra-tados, boa parte está no Nordeste. O Rio Grande do Sul desponta como

o estado da segunda região mais atraente pelos fortes ventos que ali circulam. Conhecido por ser uma região predominantemente turística por suas belas praias, o Nordeste vive um momento especial também no setor elétrico.

O Rio Grande do Norte teve o maior número de parques e volume contratado: um total de 23 projetos com geração de 657 MW. Em segundo lugar, com 21 projetos e 542 MW, ficou o Ceará, maior produtor de energia eólica do país, com 237 MW. Um volu-me ínfimo, perto do seu potencial energético eólico, estimado em 25 mil MW. A Bahia teve 18 projetos (390 MW) e Sergipe, um projeto de 30 MW. Outros oito projetos, que somam186 MW, serão insta-lados no Rio Grande do Sul.

Com contratos de 20 anos, com início a partir de 1º de julho de 2012, os cinco estados receberão

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R$ 19,59 bilhões em investimentos. A contratação foi feita na modali-dade de reserva, o que significa que se contratou mais energia do que o necessário para atender a demanda do país.

Oportunidades Segundo estudos do setor, o

Nordeste pode suprir em até dois terços a demanda nacional de eletricidade apenas com a força de seus ventos. O que significaria um ganho para o país, que deseja diminuir a emissão de CO2 na at-mosfera – com uma indústria eólica mais robusta e consistente, o uso de fontes poluentes, como as usinas térmicas, seria reduzido.

Essa característica especial está atraindo para a região em-presas de grande porte e gerando empregos, renda e tributos para as cidades nas quais estão sendo instalados os parques. Pioneira no mercado eólico nacional, a Siff Énergies do Brasil chegou ao país em 1991, quando se falava muito pouco sobre o uso desta fonte de energia. No início, ela sofreu com a falta de peças e equipamentos no mercado nacional, pois prati-camente não existiam empresas

neste ramo, e também com a au-sência de uma regulamentação para o setor.

Hoje, porém, em tempos de sustentabilidade, a iniciativa de 18 anos deu resultado: é a principal empresa do segmento no país. So-mente em 2009 a Siif ativou quatro usinas eólicas, com capacidade de 207 MW, com investimentos de R$ 1 bilhão, provenientes de finan-ciamentos do Banco do Nordeste (BNB) e da Superintendência de desenvolvimento do Nordeste (Sudene), através do Fundo de desenvolvimento do Nordeste (FdNE).

Com estas obras, a empresa gerou 1.900 postos de trabalho, mostrando a capacidade de ge-ração de empregos do setor de energia eólica no Nordeste. Para o diretor-presidente da Siff Éner-gies do Brasil, Marcelo Picchi, os investimentos que estão sendo direcionados para esta região do Brasil vão promover uma mudan-ça permanente na economia e na geração de empregos. “A energia eólica poderá se tornar o projeto do futuro do Nordeste”, afirmou o diretor da empresa, que também está desenvolvendo o empreen-

dimento Quintanilha Machado, na cidade de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, que irá gerar 135 MW.

de acordo com ele, a falta de uma indústria de peças ainda é o principal entrave para o cres-cimento do setor, que depende da importação de equipamentos. Várias empresas querem se insta-lar no país, mas, segundo Picchi, querem ter uma posição clara e informações mais detalhadas do Governo Federal, que tem o plano de instalar 1.000 MW por ano nos próximos dez anos.

Outra empresa brasileira de geração de energia elétrica que está investindo no setor eólico é a Multiner, responsável pelas usi-nas de Alegria I e II em Guamaré (RN). Em dezembro, a empresa desembarcou no porto de Suape (PE), 31 aerogeradores para se-rem instalados em Alegria I, e 61 para a outra usina. Elas integrarão um dos maiores parques eólicos do país, com capacidade total de geração de 151,8 MW, suficiente para abastecer cerca de 200 mil residências – evitando a emissão de cerca de 120 mil toneladas por ano de CO2 na atmosfera.

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O diretor de RI da empresa, José Marcos Treiger, ressalta que é um dos mais importantes projetos da empresa na região e no país. “As usinas de energia eólica de Alegria I e II são extremamente relevantes entre os empreendi-mentos da companhia. Os bons resultados no segmento de gera-ção de energia elétrica no país, especialmente para a região Nor-deste, são resultantes de parceria eficiente entre os setores público e privado.”

Financiamento

O setor energético requer um volume grande de recursos para sua implantação: além de alta tec-nologia em equipamentos, há os gastos com terreno para constru-ção de usinas, custos com rema-nejamento de famílias (em alguns casos) contratação e treinamento de profissionais.

Por isso, as linhas de crédito dos bancos são muito importantes nessa área que só tende a crescer nos próximos anos. O Banco do Nordeste (BNB), através do Fun-do Constitucional do Nordeste (FNE), tem um orçamento para o próximo ano de R$ 8 bilhões, que serão destinados a projetos de geração eólica e também de infraestrutura.

O setor eólico tem um espaço muito importante na instituição financeira, que nos últimos qua-tro anos contratou oito projetos de usinas, com capacidade de 298,43 MW, com investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão, pro-venientes do FNE e do Fundo de desenvolvimento do Nordes-te (FdNE), ligado à Sudene. E existem outros quatro projetos, com capacidade instalada de 164 MW, aguardando a liberação de R$ 843 milhões.

de acordo com o superinten-dente de negócios corporate do

BNB, Jorge Bagdeve, com a pro-ximidade do leilão de dezembro, a

procura ao banco por financiamen-to cresceu. Além da energia eólica, a instituição tem apoiado projetos de biomassa e PCHs, com in-

vestimentos em torno de R$ 400 milhões – parte dessa verba finan-ciada pelo FNE. “Os recursos para o setor energético, com foco em renováveis, faz parte do contexto mundial em torno do tema clima. O que coloca o Nordeste em uma posição estratégica devido a seus recursos naturais, como o vento”, afirma o executivo.

dentre as empresas que conse-guiram esses recursos do BNB está a New Energy Options, subsidiá-ria da Multiner, que assinou um financiamento de R$ 250 milhões para a Usina Eólica de Alegria I. O valor total do investimento deste

empreendimento é superior a R$ 293 milhões. O financiamento de R$ 398 milhões para a Usina de Alegria II já se encontra em está-gio avançado de negociação com a instituição bancária.

Uma instituição de peso que dispõe de linhas de financiamen-to para o setor de energia é o Banco Nacional de desenvolvimen-to Econômico e Social (BNdES), que desde 2003 já liberou R$ 99 bilhões em projetos de geração, transmissão e distribuição de energia. Para 2009, os recursos disponibilizados somam R$ 14,3 bilhões, 70% a mais que em 2008. de acordo com Ricardo Cunha da Costa, assessor da área de in-fraestrutura do banco, de 2007 a 2009 a instituição forneceu R$ 21 bilhões para 11 usinas hidrelétri-cas, como Jirau e Santo Antônio, que totalizam 10.000 MW.

Sempre energiaA companhia alemã Siemens,

forte na área energética, pretende destinar boa parte de seus inves-timentos a projetos de fontes re-nováveis, como a eólica e a solar. Líder mundial do setor, a empresa está chegando ao Brasil para brigar por um lugar no topo deste merca-do que só cresce, principalmente depois do leilão, que foi visto com bons olhos pela companhia.

“O leilão é o pontapé inicial para a indústria nacional desse

Leilão de energia de reserva (eólica)*

os bons ventos da energia

EstadoProjetos Potência (MW)

Quantidade % Quantidade %

Ba 18 25,4 390 21,6

Ce 21 29,5 542,7 30

rN 23 32,4 657 36,4

rs 8 11,3 186 10,3

se 1 1,4 30 1,7

Total Brasil 71 100 1.805,7 100

* resultado do leilão em 14 de dezembro de 2009Fo

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setor, que por muitos anos viveu com o estigma de ser um produto caro. Mas com a sustentabilidade na ordem do dia, cada vez mais empresas estão surgindo para dar suporte na área de serviços e de equipamentos para a implanta-ção dos parques eólicos”, afir-mou Alan Rodriguez, diretor de Energias Renováveis da Siemens no Brasil.

Outro tradicional player do setor energético, a General Electric (GE) concluiu, em ou-tubro, as obras de sua fábrica de Campinas (SP), na qual investiu R$ 145 milhões para adaptar suas linhas de montagem e deve começar a atender as encomen-das em janeiro. de acordo com a empresa, os aerogeradores deverão ser 60% nacionais, mas em função dos resultados do leilão, esse percentual pode chegar a 100%.

As perspectivas da multina-cional sobre o mercado são muito boas. “A energia eólica cresceu a uma taxa anual de 27% no mun-do, entre 2000 e 2008. No Brasil, temos um poten-cial inexplorado de quase 140 GW, ou seja, ainda há muito para crescer”, afirmou Marcelo Prado, diretor de Marke-ting da GE Energy para a América Latina.

A consultora Ecom Energia lan-çou, em julho de 2009, um plano para atender empresas com projetos de geração eólica. de acordo com o gerente Paulo Toledo, a empresa está conversando com diversos inte-

ressados e assessorando diretamente um grupo investidor. Segundo ele, a questão é que os projetos eólicos ainda não se viabilizaram por cau-sa da redução do preço de energia no mercado livre, o que atrasou um pouco os projetos que estavam sendo estudados.

Para a Ecom, a energia eólica será um negócio a médio prazo para o mercado livre. No curto prazo, essa fonte de energia somente será viá-vel se for subsidiada pelo Governo Federal, devido ao alto custo de geração eólica no Brasil, se com-parado a outras fontes renováveis, como a geração por PCH e usinas de biomassa.

“Acreditamos na viabilidade da energia eólica no Brasil, mas vai levar um tempo para que ela seja uma matriz competitiva. devemos considerá-la, neste momento, como um investimento em sustentabilida-de que tem que ser feito”, diz.

Para QUe as emPresas que estão no Brasil – e aquelas que têm interesse em se instalar aqui – dis-ponham de números do setor, o Cen-tro de Pesquisas de energia elétrica (Cepel) está elaborando o novo atlas eólico Brasileiro, que ficará dispo-nível na internet. ele demonstrará que os números dobraram, inclusive os dos tamanhos das torres eólicas (hoje elas chegam a 100 m ou 150 m para conseguir melhor desempenho e maior geração de energia).

o atlas é o grande desafio do Cepel no momento, e será muito importante para o mercado, que terá um meio de informação importante e confiável na hora de planejar seus investimentos de forma mais segu-ra, inclusive quanto à capacidade geradora dos nossos ventos.

de acordo com o pesquisador do departamento de Tecnologias

especiais (dTe) do Cepel, Antônio Leite, o Ceará é o principal polo da energia eólica no país, devido aos fortes ventos na região, a despeito

da costa brasilei-ra ser ainda muito mal aproveita-da. “Temos um potencial enorme, não só na costa como em algumas cidades do inte-

rior. enfim, o Brasil ainda tem muito a explorar nesta área”, afirmou.

antônio Leite lembra que a não implementação de outras fontes de energias renováveis se deve à predominância da energia hidráu-lica, porém, ele ressalta que é necessário conservar a água para outros fins, como irrigação e con-sumo. dados do centro de pesquisa mostram que quando há falta de

vento no Nordeste, chove no sul e vice-versa, “portanto, é possível manter a água nos reservatórios e um equilíbrio no sistema de geração de energia. a energia eólica é uma grande parceira da energia hidráuli-ca”, completou.

Atlas eólico

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Sol e água energia

energia em dois temposa energia solar vem se expandindo no país, que investe também na expansão da capacidade hidrelétrica.

Com cerca de 200 empre-sas fabricantes de produtos para Sistemas de Aqueci-

mento Solar (SAS) – e 670 mil m² instalados –, a indústria nacional tem hoje uma capacidade produ-tiva de míseros 2 milhões de m². Ou seja, está ociosa. Vale lembrar que a tecnologia utilizada nos SAS é 100% nacional, com cer-tificação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e com qualidade comparável aos equipamentos europeus. Mas isto tende a mudar.

Hoje, a aplicação de aqueci-mento solar não se limita apenas a casas, estendendo-se a indús-trias e prédios, principalmente os novos, que estão sendo cons-truídos já com esta tecnologia. Os estados com maior número de aquecedores solares são São Paulo e Minas Gerais.

“Graças à mudança dos con-ceitos, o investimento em energia solar é mais forte na construção civil. Arquitetos, engenheiros, projetistas e fabricantes começam a entender que não existe forma mais racional de aquecer a água do que utilizar o que nos é ofereci-do pela natureza”, afirma Marcelo Mesquita, gestor do departamento

de aquecimento solar da Associa-ção Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aque-cimento (Abrava).

Os estudos sobre energia solar também estão entre os analisados no Cepel. Ainda pouco utilizada no Brasil, esta fonte pode ser uma solução viável para a economia de energia nas grandes cidades. Por isso, o centro de pesquisa tem na Casa Solar seu grande laborató-rio, onde são realizados testes em equipamentos do cotidiano como micro-ondas ou chuveiro elétri-co, para detectar desperdícios de energia e apresentar soluções para que esses produtos sejam mais eficientes.

O equipamento para forneci-mento de energia solar térmica (aproveitamento do calor do sol

para o aquecimento da água) em uma residência com quatro pes-soas tem custo de instalação em torno de R$ 2 mil. Este valor pode ser considerado elevado, mas a economia gerada com a substi-tuição do chuveiro elétrico vale o investimento.

Segundo Marco Gaudino, pes-quisador do Cepel, a energia so-lar térmica tem grande potencial de crescimento no Brasil, maior inclusive que a fotovoltaica (con-versão direta da energia luminosa em elétrica).

A instituição está envolvida em projetos de energia fotovoltaica, como o Programa Luz para Todos, do Governo Federal, que está levan-do eletricidade a regiões de difícil acesso, principalmente no Norte. Neste caso, a opção pela fotovoltai-

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ca se dá porque essas residências estão muito distantes, então com-pensa o investimento no sistema isolado. Em países da Europa e nos Estados Unidos, a maioria das casas com energia fotovoltaica é ligada à rede.

de acordo com o gestor da Abrava, Marcelo Mesquita, o custo, a necessidade de reorga-nização do setor e a formação de profissionais especializados na instalação dos equipamentos estão entre os entraves para um crescimento dessa indústria. É preciso também informar melhor a população sobre os benefícios da energia solar, como meio eficiente e ecológico de aquecimento de água, além de ‘leis verdes’ para incentivar o uso dessa tecnologia. “Em São Paulo existe uma lei, des-de 2008, que obriga a instalação de aquecedores solares em novas construções comerciais ou indus-triais”, lembrou Marcelo.

Uma das empresas que estão investindo nessa fonte de ener-gia é a Chemtech, que entrou na área de renováveis, quando venceu uma licitação da Petrobras para a implementação de 23 iniciativas envolvendo eficiência energética. Uma dessas soluções foi a substi-tuição da energia elétrica, no aque-cimento de tanques de petróleo, por energia solar.

A implantação de um sistema com essa tecnologia é caro em re-lação a outras fontes de energia. Mas, segundo Laurinei Martins, da Chemtech, a vantagem é a redução do gasto com energia. Esse, aliás, é um dos pontos que a empresa deve avaliar: o nível de economia que essa matriz pro-porciona.

O menor impacto ambiental é outro argumento para o investi-mento na energia solar. “Acredito que mais vai crescer cada vez a preocupação com o meio ambien-

te. Os países mais desenvolvi-dos já estão com esse posicio-namento bem claro, mas nos em crescimento, como o Brasil, isso ainda está sendo encaminhado”, afirmou Laurinei.

domínio hidráulicoCom cerca de 75% de partici-

pação na matriz energética nacio-nal, as hidrelétricas são uma das principais fontes de energia desde sempre, e continuarão sendo, mes-mo com outras fontes aumentando sua participação na matriz energé-tica brasileira, como as térmicas e a eólica.

Mas a importância das hidre-létricas não se resume somente ao Brasil, já que o Canadá, China, Es-tados Unidos e Rússia estão entre os maiores produtores de energia proveniente da água no mundo. Em 2006, esses países foram res-ponsáveis por quase 52,4% de toda a produção mundial de energia hi-dráulica.

A história das usinas hidre-létricas no Brasil começa de fato com força nos governos de Getúlio Vargas e de Juscelino Kubitschek, quando as primeiras grandes obras foram realizadas, dando origem, anos depois, às usinas de Tucuruí, Balbina, Furnas, Paulo Afonso, Funil e tantas outras.

Hoje, a maior parte dessa energia vem da bacia do Para-ná, onde está instalada a usina de Itaipu, maior hidrelétrica do mundo em geração de energia. A obra grandiosa, que durou nove anos para ser concluída, foi fundamental para acompa-nhar o crescimento populacional e industrial do país.

Itaipu apresenta números gran-diosos: 14 mil megawatts de capa-cidade instalada, 20 unidades gera-doras com capacidade de 700 MW cada, produção recorde de quase 95 milhões de megawatts-hora (MWh).

A companhia tem importância para o Brasil e muito mais para o Para-guai, para o qual fornece quase 90% da energia ali consumida – e 20% da demanda brasileira.

Para se ter uma ideia do que representa o potencial gerador da usina, ela, sozinha, poderia suprir todo o consumo mundial por dois dias. Esse predomínio de Itaipu na geração mundial de energia será mantido, de acordo com alguns técnicos, apesar de a China estar construindo a usina de Três Gar-gantas, que será a maior hidrelé-trica do mundo em tamanho e em capacidade instalada também (22 mil MW). Ocorre que ela depen-de do rio Yang-Tsé, que não tem condições tão favoráveis quanto o Paraná, que abastece Itaipu e tem grande volume de água durante todo o ano. Esse diferencial poderá manter o status da usina brasileira como a maior produtora de energia mundial.

Para o diretor da Ecom Ener-gia, Paulo Toledo, o Brasil tem um potencial hidráulico muito grande ainda não explorado. Segundo ele, muitas pessoas esquecem que a geração de energia hidráulica, mes-mo para projetos maiores, ainda é considerada uma energia renovável. “Infelizmente, existe muita falácia em torno do tema ‘energia renová-vel’, destacando-se mais a biomassa ou a eólica. E ninguém lembra que a energia hidráulica, com os atuais projetos com menor impacto devido à redução das áreas de alagamento, além de renovável pode ser susten-tável”, afirma o executivo.

Apesar de gerarem grande quan-tidade de energia, as hidrelétricas, em geral, são obras gigantescas que precisam de espaço para seus reser-vatórios e para a própria usina. Por isso, quase sempre é preciso alagar grandes áreas, muitas vezes habita-das, o que leva o Governo Federal a ter que negociar indenizações e

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transferência da população local. Esse foi sempre o grande impasse nos projetos hidrelétricos, princi-palmente na Amazônia.

Hoje, já existe uma opção que agride menos o meio ambiente, como o Complexo Tapajós, no Pará, que será a primeira usina-platafor-ma do país – formato inspirado nas plataformas de petróleo. O projeto consiste em construir a usina, ocu-par o espaço para os trabalhadores e depois reflorestar em volta, recu-perando e agregando a natureza à área do empreendimento. Neste modelo, os trabalhadores não ficam morando permanentemente ao lado da usina e sim são transportados de helicóptero, exatamente como acontece em alto-mar.

O Complexo Tapajós será for-mado por cinco Aproveitamentos Hidrelétricos (AHE); São Luís do Tapajós, Jatobá, Cachoeira do Caí, Jamanxim e Cachoeira dos Patos, que irão gerar um total de 10.682 MW.

de acordo com Maurício Tol-masquim, presidente da EPE, a região Norte é onde o país tem grande potencial de crescimento nas hidrelétricas. Os estudos de viabilidade já mostraram que po-dem entrar no sistema 46.473 MW, desde que a localidade dos projetos seja liberada. “O grande entrave para as hidrelétricas no Norte do país é a legislação ambiental, uma das mais duras do mundo”, afirmou Tolmasquim.

A solução PCHsOs fatos mostram que a legisla-

ção ambiental não é um entrave e até mesmo contribui para a geração de outras soluções. Apesar de pro-duzir pouca quantidade de energia, as PCHs têm hoje grande impor-tância no sistema elétrico, como mais um elemento complementar. No racionamento de energia de 2001, elas foram acionadas para

ajudar no sistema e, em 2008, cerca de 12% do consumo de energia no país foram provenientes das PCHs em operação.

A capacidade instalada dessas centrais vai de 1 a 30 MW e uma das vantagens é não necessitar de um grande rio girar suas turbinas, já que seu reservatório deve ter até 3 km². Além de produzir pouca energia, as PCHs têm um custo de geração muito alto. Mesmo assim, juntamente com a eólica e biomas-sa, ela desponta como uma solução de fonte de energia renovável que tende a crescer nos próximos anos.

“As PCHs são uma alternati-va à expansão do mercado ener-gético”, disse o superintendente de Concessões e Autorizações de Geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Hélvio Neves Guerra. Outra vantagem é que elas possuem isenção do uso de bem público, que é uma compensa-ção financeira que as hidrelétricas devem pagar pelo uso dos recursos hídricos e pela inundação das áreas do reservatório.

Esses recursos arrecadados, que chegam a R$ 1,6 bilhão por ano, são distribuídos entre os municí-pios afetados e os estados, além do Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do Meio Am-biente (MMA), Agência Nacional de águas (ANA). Atualmente es-tão em operação 353 PCHs, que geram 2.973 MW, além disso, 72

encontram-se em construção e 155 estão outorgadas, mas sem obras iniciadas. Isso mostra que o cenário para esta fonte energética é bastan-te favorável.

Termelétricas: o problema do gás As usinas termelétricas (UTEs)

são importantes atores no sistema elétrico brasileiro, dando mais se-gurança: quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos, elas são acionadas, não permitin-do, assim, que haja problemas no fornecimento de energia. Porém, são apontadas como as grandes vilãs da energia no Brasil, já que liberam gases na atmosfera devi-do as matérias-primas utilizadas como fonte – o gás natural, o car-vão mineral ou óleo. Mesmo assim, os investimentos em termelétricas continuam a todo vapor e, ao que tudo indica, mais empreendimentos surgirão nos próximos anos.

A Companhia de Geração Térmi-ca de Energia Elétrica (CGTEE) está construindo uma grande usina no Rio Grande do Sul, região estraté-gica para esta fonte de energia por ter carvão mineral em abundância. A usina de Candiota III faz parte do PAC e está com boa parte de suas instalações concluídas. A previsão de início das operações é junho de 2010.

Com investimento de R$ 1,3 bilhão, Candiota III, que terá ca-pacidade de geração de 350 MW,

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está sendo implantada com alguns cuidados para reduzir os impactos ambientais. de acordo com Sere-no Chaise, presidente da CGTEE, que faz parte do grupo Eletrobrás, o projeto prevê a instalação de tecnologias modernas, com fil-tros eletrostáticos, de redução de material particulado integrado ao sistema de dessulfurização. Além disso, serão usados queimado-res de baixa emissão de óxidos de nitrogênio. “As vantagens do processo de dessulfurização, inte-grado ao sistema de coleta de pó, são a alta eficiência de redução de 80% das emissões de dióxido de Enxofre, 99% de abatimento de material particulado (fly ash), baixo consumo de água e, ainda, não geram efluentes líquidos”, afirmou Sereno.

A empresa também está im-plantando o projeto Microalgas, referente ao cultivo das algas para serem usadas mais tarde como fi-xadoras de CO2, um dos maiores causadores do efeito estufa, e que são liberados pelas usinas no mo-mento da queima do carvão. Pro-posto pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), o projeto foi totalmente apoiado pela CG-TEE e ganhou financiamento de R$ 399 mil do CNPq, para o estudo de viabilidade da utilização dos subprodutos das microalgas em biodiesel e alimentos.

A MPx, empresa do grupo EBx, do empresário Eike Batista, está pre-sente em importantes empreendi-mentos no setor térmico, como as UTEs Porto de Pecém I e II, no Porto de Pecém, no Ceará, e a UTE Porto de Itaqui, no Maranhão, entre outras. Somente com essas três usinas a em-presa possui capacidade instalada de 1.440 MW.

Para se ter uma ideia do volume de recursos que a empresa está aportando apenas em Pecém I, o BNdES fez um contrato de finan-ciamento com a MPx de R$ 1,4 bilhão e o Banco Interamericano de desenvolvimento (BId) liberou a primeira parte dos US$ 260 mi-lhões aprovados para o empreen-dimento. A companhia possui um

projeto para a construção da UTE no Maranhão, onde possui 70% do gás localizado na bacia do Par-naíba. de acordo com os estudos, essa termelétrica terá capacidade inicial de 1.000 MW.

Já a Multiner gerencia e opera a UTE Cristiano Rocha, em Manaus, pertencente à Raesa (Rio Amazonas Energia S/A). Esta térmica possui capacidade de geração de 85 MW e um plano de expansão para 135 MW. Em operação desde novembro de 2006, ela gera energia de forma continuada para a distribuidora de energia local: a Amazonas Energia S/A, que distribui energia elétrica para mais de 200 mil habitantes da região.

Atualmente, o portfólio com-pleto de energia já contratada sob gestão da Multiner – representado por usinas em funcionamento ou com contratos de venda de energia elétrica (PPAs) já conquistados e garantidos – atinge a capacidade total de 1,5 GW, dos quais 1,2 GW pertencem integralmente à com-panhia.

Soluções energéticasA sustentabilidade e a biomas-

sa estão vinculadas quando fala-mos de geração de energia limpa e soluções energéticas. Com o crescimento da venda dos carros

a UsiNa HidreLéTriCa de Belo mon-te, no rio Xingu (Pa), tem sido alvo de muita polêmica, principalmente no que diz respeito à concessão da licença ambiental para a sua construção, vista como uma das mais importantes obras do Programa de aceleração do Cresci-mento (PaC). a demora se deve a fato-res será serem avaliados pelo instituto Brasileiro do meio ambiente e recur-sos Naturais renováveis (ibama), para dimensionar o impacto que a usina irá causar na região.

Com um reservatório de 516 km² (maior que a área total de capitais como Belo Horizonte, que tem 330 km²), Belo monte irá acrescentar 11.233 mW ao sistema de energia do Brasil, ficando em segundo lugar no ranking das maio-res UHes do país, atrás apenas da gi-gante itaipu.

o leilão de energia para forneci-mento a partir de 2014, que inclui a construção da usina, que estava mar-cado para o dia 21 de dezembro, foi cancelado por decisão do governo,

devido aos atrasos na liberação de licenças prévias, principalmente as ambientais. de acordo com a empresa de Pesquisa energética (ePe) o leilão ainda não tem data definida. Belo mon-te terá uma inovação, pois será feita em três etapas, em locais distantes entre si – Pimental, Bela Vista e Belo monte –, interligados por canais. as-sim, praticamente toda a obra poderá ser realizada a seco. a casa de força principal ficará no sítio Belo monte e irá produzir 11 mil mW, já o vertedou-ro principal e a casa de força comple-mentar, que terá potência instalada de 233 mW, ficarão no sítio Pimental.

Belo Monte: a exceção da regra

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movidos a álcool, a produção de cana-de-açúcar no país só subiu e, com isso, as usinas começaram a produzir além do combustível, a eletricidade a partir do bagaço e da palha da cana.

A bioeletricidade vem ganhan-do importância crescente no mer-cado energético. Em 2008, cerca de 30 usinas negociaram 544 MW médios para a venda anual por 15 anos, gerando um faturamen-to anual de US$ 389,6 milhões. O diretor-presi-dente da União dos Produtores de Bioenergia (Udop), Antonio cesar Salibe , destaca que a bioeletricidade é considerada a segunda grande re-volução da cana-de-açúcar, depois do etanol.

“O potencial bioenergético do setor é extremamente promissor, s o b r e t u d o s e considerarmos que o desafio nos próx imos anos será levar para as caldeiras de alta pressão não apenas o bagaço da cana, mas também a palha e ponta”, concluiu.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), cada 1.000 MW provenientes de bio-eletricidade, a partir do bagaço, inseridos no sistema elétrico en-tre maio e novembro, representa uma economia de quase 4% nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste. Essa ‘ajuda’ que a bioe-nergia dá ao sistema ocorre prin-cipalmente nos períodos secos, época da safra da cana. Porém, a participação da bioenergia como um todo ainda é pequena, de 5% quando poderia ser de até 12% da matriz em 2020.

O setor de biomassa vem atraindo projetos e também gran-des empresas como a finlandesa Pöyry, especializada em consul-toria e engenharia e que possui destaque no atendimento à área de papel e celulose no Brasil. den-tre os projetos nos quais ela está envolvida, há o de produção de energia térmica a partir do lixo doméstico, adaptando soluções de outros países para adequá-los à realidade brasileira. O projeto maximiza o uso de equipamentos nacionais e minimiza o valor do investimento.

A Pöyry realizou também o pro-jeto de energia da recém-inaugu-rada planta da Votorantim Celu-lose e Papel (VCP), localizada no município de Três Lagoas (MS), que utiliza biomassa a partir dos resíduos provenientes da produção de celulose e de resíduos florestais, como cascas de árvores e galhos. Trata-se de um projeto de cogera-ção com possibilidade de venda de energia excedente de 40 a 50 MW instalados.

Para lúcia coraça, respon-sável pela área de negócios de energia da Pöyry, o Brasil é o local ideal para oportunidades nos mercados de biomassa. “Es-timamos que o Brasil tenha ca-pacidade para instalar 1.000 MW de energia a partir de biomassa e quase 300 MW de energia a partir do lixo no prazo de cinco anos”, afirmou.

Para Jayme Buarque de Hollan-da, diretor geral do Instituto Na-cional de Eficiência Energética (INEE), um dos principais setores da economia em que há desperdício de energia é no de cana, no qual dois terços da energia está no baga-ço e o que sobra vai para a produção do etanol. “Hoje, já há usinas que geram energia elétrica, mas a maio-ria ainda tem uma eficiência muito baixa, porém, nos próximos 15 anos,

aproximadamente 20% da nossa energia serão provenientes desses resíduos”, comentou Jayme.

Atuando desde o ano passa-do no mercado sucroalcooleiro, a Ecom Energia estruturou uma nova representação na cidade de Catan-duva, localizada no Noroeste do estado de São Paulo. O diretor da companhia, Paulo Toledo, aponta como meta para 2010 ter mais de 20 usinas na carteira de gestão com um volume de energia superior a 150 MW médios.

“Isto coloca a Ecom como uma das comercializadoras mais atu-antes de energia de biomassa no estado de São Paulo. Além disso, nossa mesa de operações comer-cializa energia com outras usinas (das quais não fazemos a gestão dos contratos), o que fortalece nossa posição no mercado livre”, afirma. Toledo considera a ener-gia de biomassa uma importante complementação da energia de fonte hidráulica, e a estratégia da empresa é continuar a crescer a participação neste segmento em 2010.

Com relação ao crescimento da comercialização da biomassa pela empresa, o executivo diz que foi pro-porcional ao aumento da comerciali-zação de energia da Ecom como um todo. Com isso, a empresa tornou-se a segunda maior comercializadora independente do Brasil.

A função de complementar o setor elétrico brasileiro faz das energias renováveis uma solução para os períodos secos, quando os reservatórios ficam com a sua capacidade baixa. “Hoje a bio-eletricidade já ilumina milhões de residências em centenas de municípios vizinhos a usinas, com um detalhe importante: ela gera energia limpa, renovável, no período seco dos reservatórios”, afirmou Antonio Cesar Salibe, da Udop.

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em meio à onda da sustentabilidade e as discussões sobre mudanças climáticas,

decorrentes da emissão de gases que provocam o efeito estufa, a energia nuclear ressurge como a grande alternativa energética frente aos combustíveis fósseis.

nuclearA retomada

Por cerca de 30 anos o desen-volvimento de novas usinas nucleares no mundo esteve

estagnado. Contudo, recentemente, o interesse por esta fonte de gera-ção de energia tem crescido, ain-da mais quando se leva em conta o volume que se pode gerar sem maiores emissões de poluentes, e num espaço físico reduzido.

Utilizando a tecnologia atual, uma tonelada de urânio produz a mesma energia que 10 mil a 16 mil toneladas de óleo. Com o avanço tecnológico da energia nuclear, espera-se que esse desempenho seja ainda mais aprimorado.

diante deste cenário, o Brasil retoma o seu programa nuclear, que deu os primeiros passos há quase quatro décadas, durante o regime militar. O país conta com o terceiro maior potencial do mundo de geração de energia hidrelétrica – mais ou menos 260 mil mega-watts – desse total, porém, cerca de 80 mil megawatts só poderiam ser produzidos em locais conside-rados ‘impróprios’, como reservas florestais e indígenas.

Nesse novo contexto, concluiu-se que há necessidade de diversificação das fontes de produção de energia elé-trica no país, mas, de fato, a energia nuclear pode vir a desempenhar um papel importante. Essa energia será fundamental para garantir a segu-rança energética da matriz brasileira na próxima década.

“Trata-se de uma energia com-petitiva, cuja fonte é abundante,

pois existe bastante urânio no planeta”, afirmou o secretário de Planejamento e desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho. “Ela tem uma vantagem ambiental significativa, quando se considera a emissão de CO2 – mais baixa que a proveniente de energia solar, de biomassa ou mesmo hidrelétrica”, enfatizou ele durante audiência pública conjunta das Comissões de Meio Ambiente, defesa do Con-sumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Infor-mática (CCT), realizada em ou-tubro.

O Plano Nacional de Energia (PNE) mostra que, a partir de 2025, aumentará a participação das térmicas na matriz energética brasileira, em virtude da redução da expansão hidráulica. A energia nuclear certamente terá espaço para crescer nesse contexto. A con-

clusão de Angra 3 e a previsão de mais usinas é uma demonstração disso. A energia nuclear responde por cerca de 4% da matriz gerada no país e cerca de 50% do consumo no estado do Rio de Janeiro. Esse valor aumentará para 80% com o início da operação de Angra 3.

Política mais claraAlém disso, o nível de aceitação

pública alcançado atualmente pelas usinas nucleares é bem superior se comparado com a situação no iní-

cio da década de 1990. Segundo o diretor da Asso-ciação Brasileira de Energia Nucle-ar (Aben), Edson Kuramoto, essa t ransformação

pode ser creditada à maior transpa-rência do setor nuclear e à demons-tração de eficiência e segurança de Angra 1 e 2. “O medo irracional da

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energia nuclear dá lugar cada vez mais a um reconhecimento de sua segurança e de seus benefícios am-bientais, energéticos e econômicos”, afirma.

A Aben é uma organização sem f ins lucrat ivos, formada por técnicos que atuam no setor nuclear. A entidade desenvolve atividades, como realização de encontros, seminários e confe-rências técnico-científicas, com o objetivo de estimular o desen-volvimento da energia nuclear no Brasil e divulgar informações sobre a energia nuclear para a sociedade brasileira.

“Buscamos mostrar aos atores do mercado de energia a capacida-de tecnológica do país, a seguran-ça operacional das usinas nuclea-res e a importância estratégica da energia nuclear para o desenvolvi-mento socioeconômico do Brasil”, indica o diretor da Aben.

Ele acredita que não existem entraves para se investir no setor nuclear, mas sim metas a serem atingidas, que dependem ainda de uma política de Estado para garantir a consolidação da indús-tria nuclear no Brasil. “Essa polí-tica poderia definir, por exemplo, como deveria ser a participação do capital privado na construção de novas usinas nucleares e em outras atividades do setor, visto que hoje estas atividades são mo-nopólio da União”, observa. Para ele, esta política deveria englobar ainda um programa de formação de recursos humanos contínuo para todo o setor nuclear.

Os aspectos ambientais da indústria nuclear como um todo, incluindo a produção de energia elétrica e a indústria do ciclo de combustível associada, comparam-se, favoravelmente, com as alterna-tivas existentes para a produção de energia elétrica em grandes quantidades. Além disso, a energia

nuclear tem primado por sofistica-dos métodos operacionais, que ga-rantem a completa preservação do meio ambiente e a total segurança da população.

Segundo leonam dos Santos guimarães, assistente da pre-sidência da Eletronuclear, em apenas 30 anos a participação da energia nuclear na produção de energia elétrica chegou a 17%, tornando-se a tercei ra fonte mais utilizada do mundo. Ele afirma que a energia nuclear é a forma de geração que melhor monitora e controla seus proces-sos em todas as fases, sem libe-rar produtos que afetem o meio ambiente.

“O fato de a geração de ener-gia nuclear não contribuir para o efeito estufa tem levado organi-zações e líderes de movimentos ambientalistas – antes ferrenhos críticos à construção de usinas nucleares – a reverem suas po-sições, hoje as defendendo”, rei-tera Leonam.

No Brasil, como também em outros países, as hidrelétricas já tiveram esgotada grande parte do seu potencial economicamente aproveitável. Segundo o assistente da presidência da Eletronuclear, a construção de novas usinas ocasio-naria inundação de grandes áreas, destruindo-as e destituindo o local da flora e da fauna originais, o que causaria a perda da biodiversidade e de terras cultiváveis, provocando danos ambientais irreparáveis e influenciando diretamente o clima da região.

Leonam salienta que no caso das usinas térmicas convencionais, como o carvão, o óleo (petróleo) e o gás, a emissão de muitas tonela-das de gases tóxicos na atmosfera

altera o clima do globo terrestre, causando o efeito estufa e as chu-vas ácidas.

Energia barataEle endossa os demais defen-

sores do programa nuclear, afir-mando que se trata de uma energia barata, já que requer uma pequena área para sua construção, podendo ser instalada próximo aos grandes centros, com água em abundância para sua refrigeração, além de ser capaz de extrair enorme quanti-dade de energia de um volume pequeno de combustível.

Entre as principais vantagens, aponta: não emite gases que contri-buem para a chuva ácida (óxidos de enxofre e nitrogênio) ou para o efeito estufa (CO2, metano etc.); não emite metais cancerígenos, mutagênicos e teratogênicos (arsênio, mercúrio, chumbo, cádmio etc.); não emite material particulado poluente e não produz cinzas; não produz escória e gesso (rejeitos sólidos produzidos em usinas a carvão mineral). Mas não fala sobre o risco de contaminação no caso de um vazamento, o terror de toda a população que reside em áreas de usinas nucleares.

O diretor da Aben lembra ainda a preocupante questão de forma-ção de mão de obra. Para ele, esta é uma questão central para o setor nuclear no momento. “A idade mé-dia dos trabalhadores nucleares supera os 50 anos. Se pretendemos ter uma expansão do setor, como prevê o PNE 2030, é importante que haja renovação. Se isso não acontecer em breve, corremos o risco de perder um conhecimento técnico acumulado nos últimos 30 anos”, revela.

Apesar disso, Edson está com boas expectativas, afirmando que os investimentos anunciados pelo Go-verno Federal em energia nuclear devem servir de incentivo para que os jovens vejam a área nuclear com

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novos olhos. “Acho muito positivo o início, em 2010, do primeiro curso de graduação em engenharia nuclear do Brasil, criado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sem falar na grande quantidade de estudantes que compareceu ao Inac 2009 (Internacional Nuclear Atlantic Conference). Tudo isso me deixa bastante otimista. Mas é pre-ciso que o Governo Federal invista na formação e qualificação de pro-fissionais no setor nuclear de forma contínua”, diz.

Peso na matrizEm 2008, a produção de ener-

gia elétrica de Angra 1 e Angra 2 juntas foi de 14.003.775 MWh, o que representa 3,12% do mercado de energia elétrica nacional. Se-gundo dados divulgados pelo Ope-rador Nacional do Sistema (ONS) e pela Aneel, a energia nuclear foi a terceira maior fonte de gera-ção elétrica, só ficando atrás das hidrelétricas e do gás, conforme mostrado no gráfico acima. Vale destacar que nos anos de 2006 e 2007, a produção nuclear foi a segunda maior fonte, liderando a geração térmica no Brasil.

Leonam dos Santos indicou que o papel da fonte nuclear na matriz energética brasileira deve ser de complementaridade. A ge-ração de eletricidade no Brasil

através de centrais térmicas, no médio prazo, não é motivada pelo esgotamento do potencial hídrico, mas para fazer frente aos riscos hidrológicos.

“A vazão dos rios varia nas esta-ções do ano, e anos secos ocorrem em ciclos de cinco a dez anos. As usinas hidrelétricas que deverão entrar em operação, de agora em diante, tenderão a apresentar uma razão entre a capacidade de arma-zenamento de água e a produção de energia elétrica da ordem de dois meses. Há uma tendência que essa razão continue a diminuir. Grandes reservatórios na Amazônia, região onde se encontra a maior parte do potencial hidrelétrico disponível para aproveitamento, são inviáveis do ponto de vista social e ambien-tal”, aponta. Nesse contexto, o re-presentante da Eletronuclear diz que as usinas termelétricas passam a ser provenientes da necessidade de regulação do sistema.

O executivo comenta que o país está passando por um divisor de águas, pois haverá uma evolu-ção na situação atual de virtual ‘monopólio’ da hidreletricidade no sistema integrado nacional. As hidrelétricas continuarão a pre-dominar, porém terão as térmi-cas como importante componente para garantir o funcionamento seguro do sistema.

diante disso, o Brasil dispõe de uma situação privilegiada, pois possui, em seu território, diversas alternativas de geração térmicas: urânio, carvão, biomas-sa, gás natural e petróleo – cada uma com suas especificidades de uso.

Fator de utilização, abundância em território nacional, seguran-ça de abastecimento, logística de aprovisionamento, volatilidade de preço, impacto ambiental e outros usos (transporte, indústria) deter-minarão a contribuição relativa de cada uma para essa complemen-tação térmica.

Retomadadepois de determinar, em 2007,

o reinício das obras de Angra 3, em Angra dos Reis (RJ), paradas por duas décadas, o governo brasileiro anunciou que deverá ampliar ainda mais o parque de usinas nucleares do país. A crise financeira interna-cional, com forte reflexo nos preços e na demanda de petróleo e gás natural, recursos não renováveis de grande peso na matriz energé-tica de vários países – inclusive do Brasil –, deverão impactar os investimentos no setor energético, alimentando assim as expectativas em torno da ampliação do parque nuclear brasileiro.

O PNE 2030, que subsidia o go-verno na formulação de sua estra-tégia para a expansão da oferta de energia até 2030, no seu cenário de referência, aponta a necessidade da implantação de 4.000 MW nucleares adicionais no período após a implan-tação de Angra 3 (2015-2030), sendo 2.000 MW no Nordeste e 2.000 MW no Sudeste.

Outros cenários analisados con-sideram necessidades de 6.000 MW e 8.000 MW para o mesmo período. Em julho de 2008, o Governo Federal criou o Comitê de desenvolvimen-to do Programa Nuclear Brasileiro

Ministério da defesa

Institutos de pesquisaMarinha ............. CMTSPAeronáutica ... CTA/IEAVExército..........CTEx IEA

Ministério de Ciência e Tecnologia

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM)

Ministério de Minas e Energia

Eletrobrás (holding)

Eletronuclear Indústrias Nucleares do Brasil – INB

Outras geradorasFurnas, Chesf

Nuclebrás equipamen-tos pesados – Nuclep

Autoridade de segurança nuclear

Institutos de pesquisaIpen, CdTN, IEN, IRd, CRCN

Organização do setor

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(CdPNB), cuja função é fixar dire-trizes e metas para o desenvolvi-mento do Programa e supervisionar sua execução.

A ministra-chefe da Casa Civil, dilma Roussef, coordena as ativi-dades do comitê, e os ministérios de Minas e Energia, da Ciência e Tecnologia, do Meio Ambiente, da defesa e da Fazenda também estão representados. Na ocasião de sua criação, foi apresentado o planejamento de 4.000 MW adicionais até 2025, guardando a possibilidade, a ser confirmada por estudos futuros, de expansão até 6.000 MW adicionais, tendo essa proposta sido aprovada.

Anunciada em outubro deste ano pela Eletronuclear, a segunda central nuclear brasileira (depois de Angra dos Reis) será construída até 2019. A central nordestina terá uma dimensão ainda maior do que a de Angra e deverá contar inicial-mente com duas usinas, podendo mais tarde expandir-se até o total de seis usinas.

A Eletronuclear prevê também no longo prazo a instalação de uma nova central no Sudeste do país. Segundo o assistente da presidên-cia da Eletronuclear, cada central nuclear (Nordeste e Sudeste) equi-valerá a meia Itaipu. “A nova cen-tral no litoral irá situar-se numa

cidade entre Salvador e Recife – ainda estamos estudando sua localização”, afirmou Leonam.

Similar à Angra 2, a maior parte do projeto de engenharia a ser adotado para a usina de An-gra 3 já está disponível. Esta será a terceira usina da Central Nu-clear Almirante álvaro Alberto (CNAAA), localizada na praia de Itaorna, em Angra. Quando entrar em operação, a nova unidade terá uma potência elétrica de 1.405 MW (térmica de 3.782 MW), e poderá gerar mais de 10 milhões de MWh por ano – carga equivalente a um terço do consumo total do estado do Rio de Janeiro.

Para dimiNUir o consumo e o des-perdício de energia elétrica foi criado, em 1985, o Programa Nacional de Con-servação de energia elétrica (Procel), o qual, a partir de 1991, virou progra-ma federal tendo suas abrangências e responsabilidades ampliadas. o Procel estabelece metas de redução de des-perdícios, que depois são levados em consideração no planejamento do se-tor elétrico.

dentre as metas estipuladas estão a redução das perdas das concessio-nárias, racionalização do uso da ener-gia elétrica e a eficiência energética dos aparelhos. esta última meta é fun-damental para o consumo mais cons-ciente e eficiente da energia, e tem no selo Procel o seu maior aliado.

o selo foi criado em 1993 para orientar o consumidor, na hora da compra do produto, quanto a qual gas-ta menor energia. o selo Procel é con-cedido anualmente aos aparelhos elé-tricos que possuem melhores níveis de eficiência de energia dentro das suas categorias – eletrodomésticos, lâmpadas, coletores solares, motores e reatores.

desde a sua criação foram econo-mizados 3,7 milhões kWh, e os números são mais expressivos ainda quando se

analisa o período da criação do Procel até 2007, quando foi gerada uma eco-nomia de 29 bilhões de kWh. somente em 2007, economizou-se o equivalente a 1% do consumo total de energia do país, o que significa deixar de construir uma usina hidrelétrica de 940 mW.

“o racionamento de 2001 deixou a cultura da economia de energia no in-consciente das pessoas, que hoje, se preocupam em comprar equipamen-tos que consomem menos eletricida-de”, afirmou Hamilton Pollis, chefe da divisão de eficiência energética em equipamentos da eletrobrás. ele disse ainda que as metas têm sido atingidas: “a cada ano temos conseguido valores maiores de economia de energia em re-lação aos anos anteriores”, concluiu.

outro órgão que luta pelo melhor uso da energia no Brasil é o institu-to Nacional de eficiência energética (inee). Fundado em 1994, o inee foi criado para melhorar a forma como era utilizada a energia no Brasil, para um modo mais eficiente, pois os fun-dadores da entidade achavam que a eficiência energética não era bem compreendida pelas instâncias gover-namentais. Na visão do instituto, o gás natural deveria ser preferencialmente utilizado apenas para a cogeração de

energia, quando se tem o aproveita-mento do calor, com sistemas até 80% eficientes. Para o inee, um dos erros do país no uso do gás natural está na utilização em veículos leves, nos quais sua eficiência é de apenas 13%.

Para Jayme Buarque de Hollanda, diretor geral do inee, o setor de trans-portes é o grande vilão em termos de mal uso de energia. segundo ele, a energia gerada pelo motor a gasolina é de no máximo 17%, o que é muito pouco. a melhor solução seria o motor elétrico, pois pelas suas característi-cas, ele é o mais eficiente. “Há qua-se dez anos abordamos esse assunto, que no início era tratado como piada, mas hoje já é visto com outros olhos no mundo, inclusive pelas montadoras de veículos”, afirmou Jayme.

Eficiência Energética

os bons ventos da energia

70 TN Petróleo 69

iNdúsTrias, sUPermerCados, shopping centers e aeroportos são grandes empreendimentos que têm em comum o consumo elevado de energia e a necessidade de arranjar soluções para o estabelecimento deste insumo. a geração dedicada e a cogeração têm se apresentado com alternativas eficazes.

Na geração dedicada são construídas usinas térmicas para o atendimento ao consumidor final, en-quanto que a cogeração é a produção de mais de uma forma de energia, como a eletricidade, a partir de um único combustível – podendo-se alcançar um aproveitamento supe-rior a 90% da energia contida no combustível. esta energia pode ser transformada em vapor, eletricida-de, força motriz, água gelada, água quente ou calor, sendo ainda possível a produção de gás carbônico (Co2) a partir da descarga dos gases de combustão.

Para Ricardo Mello, gerente de marketing de Negócios de energia da Br distribuidora, é necessário que a empre-sa que deseje ter uma instalação desse porte verifique a viabilidade econômica e a disponibilização do espaço onde vai

ficar. mas, segundo ele, vale a pena. “a geração de energia no próprio site possi-bilita maior confiabilidade, pois eventuais perturbações na rede externa não afetam a produção das unidades”, afirmou.

as usinas de geração dedicada que estão ligadas ao sistema interli-gado Nacional, são movidas a biogás produzido em aterros sanitários. essa seria uma boa alternativa para a geração de energia, porém, o alto preço dos equipamentos, que são importados, é o maior entrave para o aumento da comercialização desta fonte. mesmo assim, o mercado tem um grande potencial.

“o mercado de geração dedicada abrange todo o país, compreenden-do, sobretudo, grandes canteiros de obras e empreendimentos de minera-

ção que neces-sitam de entrega de energia no ponto onde estão instalados. esta solução se aplica tanto a sistemas isolados, como os da região Norte,

quanto ao próprio sistema interligado nacional”, afirmou ricardo.

a grande vantagem da geração de-dicada é a certeza da estabilidade do fornecimento em processos produti-vos em que a energia seja um insumo crítico, pela localização do ponto de consumo ou pelo alto valor agregado do produto fabricado.

Geração dedicada e cogeração

“A principal diferença entre An-gra 2 e Angra 3 é que esta última terá um sistema de instrumenta-ção e sala de controle digitais, em substituição à analógica do contrato existente. Além disso, será erguida sobre rochas, enquanto sua irmã gêmea foi construída sobre estacas escavadas”, conta Leonam. Com investimentos na ordem de R$ 8,4 bilhões, a usina de Angra 3 tem a previsão do início das operações em maio de 2015.

Lixo atômicoUm dos grandes problemas

da energia nuclear continua sen-do onde depositar os rejeitos, ou lixo atômico. Entretanto segundo

Leonam dos Santos, atualmente existem tecnologias seguras para o gerenciamento de rejeitos de média e baixa atividades, desde sua coleta até o armazenamento nos depósitos iniciais, e os depósitos do Brasil fo-ram projetados e construídos dentro da mais atual tecnologia existente para esse tipo de instalação.

“Toda indústria nuclear brasilei-ra age de modo coerente com o resto da indústria nuclear mundial, como não poderia deixar de ser, já que o país é signatário da Convenção Internacional para Gerenciamento Seguro de Rejeitos Radioativos e Combustíveis Usados”, afirma.

Leonam explica que os rejei-tos sólidos de baixa e média ati-

vidades são acondicionados em embalagens metálicas, testadas e qualificadas pela Comissão Na-cional de Energia Nuclear (Cnen) e transferidos para o depósito ini-cial, construído no próprio sítio da Central Nuclear, em Angra dos Reis. “Esse depósito é permanen-temente controlado e fiscalizado por técnicos em proteção radioló-gica e especialistas em segurança da Eletronuclear. Já os elementos combustíveis de alta atividade são colocados dentro de uma piscina no interior das usinas, um depósi-to intermediário de longa duração, cercado de todos os requisitos de segurança exigidos internacio-nalmente”, conclui.

Tabela de BioenergiaCombustível Potência (MW)

Bagaço de cana

391,15

Biomassa 82,75

Biomassa e bagaço de cana

4

Biomassa e óleo combustível

8,8

Lenha picada 5,31

Licor negro 310,18

Licor negro e biomassa

142,9

Lixo urbano 26,3

Lixo urbano e gás natural

600

óleo diesel e biomassa

70,2

Total 1.633,59

Fonte: aneel

energia

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indústria naval

engenharia naval brasileira ganha laboratório de última geração

Com a promessa de ser o mais moderno de toda a América Latina, o Centro de Engenharia Naval e Oceânica (CNaval),

instalado no Instituto de Pesqui-sas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, foi inaugurado no dia 6 de dezembro.

O investimento de R$ 9,5 mi-lhões é fruto de um convênio entre Transpetro, Petrobras/Cenpes e o Ministério de Ciência e Tecno-logia, e está formalizado dentro da Rede Temática de Navios da Petrobras.

Principal indutora do renasci-mento da indústria naval brasileira através do seu Programa de Mo-dernização e Expansão da Frota (Promef), a Transpetro identificou a inovação tecnológica como um dos pilares para que o setor pudesse voltar a competir globalmente. “Não queríamos que o Brasil construís-se navios a qualquer preço e sim uma indústria naval competitiva. Para isso, sabíamos que um dos caminhos era investir fortemente em qualificação de mão de obra e tecnologia”, afirma o presidente Sergio Machado.

dona da maior frota de navios da América Latina, a Transpetro será uma das principais deman-dadoras dos novos laboratórios do IPT. O know-how gerado será futuramente aplicado pelos es-taleiros brasileiros, implicando em ganhos de produtividade e eficiência. O programa de en-comendas da empresa prevê a construção de 49 navios no Brasil,

dos quais seis serão lançados ao mar já em 2010.

Na área naval, a Petrobras apoia oito convênios de capacitação tec-nológica, com investimentos de R$ 32 milhões. Estes incluem outros centros de pesquisa, como a Esco-la Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ). Além da Rede Temática de Navios, o Sistema Petrobras criou outras 49 redes temáticas. Elas envolvem cerca de 80 instituições e hoje respondem por um investi-mento anual de R$ 400 milhões,

o que coloca a Petrobras entre as cinco empresas no mundo que mais investem em P&d.

Participaram da solenidade de inauguração dos novos laborató-rios do IPT, além do presidente Sergio Machado, o governador em exercício de São Paulo, Alberto Goldman, o secretário de desen-volvimento, Geraldo Alckmin, o diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom-bustíveis (ANP), Allan Kardec du-ailibe Filho, e o gerente executivo do Cenpes/Petrobras, Carlos Tadeu da Costa Fraga.

de olho nofuturo

Carlos daher Padovezi, diretor do CNaVaL; Carlos Tadeu da Costa Fraga, gerente executivo do Cenpes/Petrobras; Sergio Machado, presidente da Transpetro; Allan kardec duailibe Filho, diretor da aNP; João Fernandes de Oliveira, diretor presidente do instituto de Pesquisas Tecnológicas do estado de são Paulo e Geraldo Alckmin, secretário de desenvolvimento de são Paulo

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unicamp

Polo inovador de tecnologia para

exploraçãodo pré-sal

Com o apoio da Petrobras desde sua criação, pelo menos sete linhas

de pesquisa voltadas exclusivamente para a exploração de óleo na

camada pré-sal já começam a ser desenvolvidas dentro da Unicamp.

Dessa forma, a estatal pretende tornar o Centro de estudos do Petróleo

(Cepetro) da Unicamp o polo inovador em tecnologias para exploração

e produção na camada pré-sal. por Maria Fernanda Romero

Os estudos são vin-culados ao Centro de Estudos do Pe-tróleo (Cepetro), da Faculdade de En-genharia Mecâni-

ca, da Unicamp (Universidade Es-tadual de Campinas) e que conta com o apoio da Petrobras, abran-gendo áreas diversas referentes a alguns dos principais desafios que vão surgir nos próximos anos. Os trabalhos ainda estão sendo pro-postos ou em fase inicial, e devem

começar a apresentar resultados dentro de dois anos.

Assim, é de interesse da Petrobras que o Cepetro se torne um polo inovador em tecnologias visando à produção na camada pré-sal e com características bastante peculiares. “Teremos que produzir óleo em carbonatos, a grandes profundidades e em reservatórios bastante hetero-gêneos. A Petrobras não encon-traria tecnologias para essas condições mesmo no exterior.

Ao invés de esperar que outros países o façam para depois nos

vender, vamos desenvolver a tecnologia em nosso país. A pesquisa nessa área vive um momento muito interessante”,

afirma o professor osvair Vidal Trevisan, diretor do Cepetro.

A parceria da Petrobras teve início em 1987, desde a sua

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criação, e a partir daí a estatal é uma das principais mantenedo-ras da instituição que a elegeu a parceira preferencial no âmbito acadêmico. Esse fator favorece o desenvolvimento de conheci-mento e tecnologia já focado nas necessidades apresentadas pela empresa. “Trata-se de um centro multidisciplinar cuja missão é promover a interface da Universi-dade com a indústria da área do petróleo. Atualmente, temos cerca de 70 contratos em vigência com a indústria, envolvendo recursos da ordem de R$ 37 milhões. Par-ticipam dos projetos perto de 50 professores de diversas faculda-des e institutos da Unicamp, além de 78 pesquisadores contrata-dos”, informa Trevisan.

Segundo o diretor, as sete linhas de pesquisa em andamento destina-das à exploração na camada pré-sal relacionam-se, sobretudo, com a reti-rada do petróleo a 8.000 m da super-fície da água e com a caracterização das rochas (carbonatos). “Há muito a pensar em termos de estratégias de produção, como a quantidade e as características dos poços a perfurar. Serão poços de altíssima produção, mas que apresentam certas dificuldades em relação a es-coamento, como o elevado contato com a rocha. Estudar alternativas é uma questão crucial, que já estamos pesquisando.”

Osvair Trevisan adianta que o trabalho de simulação das condições dos reservatórios deve permitir, por exemplo, o apro-veitamento da grande proporção de dióxido de carbono (CO2) neles contida em benefício da produção. “Quando produzido e descartado, o CO2 vira problema ambiental. Entretanto, depois de separado na superfície, ele pode ser reinjetado no reserva-tório para aumentar a pressão e facilitar o escoamento, graças a

certas propriedades do gás, como a admissibilidade com o óleo.”

O processo parece simples em tese, mas exigirá muita engenha-ria, a começar pela separação, recondicionamento e pressuri-zação do gás para enviá-lo até o reservatório, como observa o pro-fessor da Unicamp. “Lá dentro, o CO2 vai interagir com o carbo-nato (que é sal) e com o óleo. Também teremos que estudar esse comportamento termodinâ-mico, havendo ainda a reação do próprio óleo com a água natural. Tudo isso pode levar à formação de ácidos capazes de corroer tubulações e válvulas.”

O diretor do Cepetro explica que a exploração pede ainda co-nhecimentos da geofísica, visto que a camada de sal funciona como um espelho contra a penetração de ondas acústicas, o que dificulta o estudo preciso da sua espessura e das condições encontradas abaixo dela. “Outra questão é a deposição de parafinas presentes do óleo. A 8.000 m, a temperatura do óleo é de 60° ou 70°, mas ao escoar pelas tubulações ele sofre um resfria-mento brutal (com a água a 4°) e a parafina se solidifica. Entre as soluções possíveis estão o aque-cimento das tubulações, o reforço do isolamento térmico e o uso de compostos químicos que solubili-zem a parafina.”

demanda por pesquisasAs crescentes demandas por

pesquisas a respeito do petróleo provocaram um significativo cres-cimento não só na quantidade de projetos mas também um aumento substancial no orçamento do Ce-petro. A verba anual está na casa de R$ 17 milhões, valor que cres-ceu seis vezes nos últimos anos.

de acordo com Trevisan, as pesquisas na área de petróleo que começam a ser realizadas

agora, certamente, continuarão pelas próximas décadas. “No momento, a Petrobras está tes-tando os poços do pré-sal, com início da produção previsto para 2014 ou 2015, atingindo o pico por volta de 2025. Problemas es-tarão presentes até esse pico, na procura de poços, instalação de linhas e montagem de platafor-mas – é a típica fase de implanta-ção de novas tecnologias.”

O professor atenta que as pesquisas não irão parar mesmo depois de 2025, quando a produ-ção dos poços passará a declinar, como manda a lei da natureza em relação aos recursos não re-nováveis. “Aí vem todo o esforço para manter a curva de produção no alto. Genericamente, temos três fases de recuperação: a primária, quando o reservatório ainda está pressurizado, com o uso de técnicas para aproveitar aquela energia e trazer óleo até a superfície; a secundária, inje-tando fluidos como gás ou água para repressurizar o reservatório; e a terciária, injetando vapor, polímero ou produtos químicos para separar o óleo da rocha e da água, facilitando sua saída.”

Osvair observa, ainda, que os técnicos já não utilizam tanto esta nomenclatura para as fases de recuperação dos poços devido à associação com o período cronológico. “dependendo das circunstâncias, é possível inver-ter a ordem. Para o pré-sal, já se fala em antecipar a recuperação terciária, injetando CO2 ao invés de água, a fim de solubilizar o óleo; como a água não possui boa interação com o óleo, seria perda de tempo, de energia e de recursos. O fato é que, como um poço possui vida útil de 30 ou 40 anos, estaremos produzindo óleo no pré-sal pelo menos até 2050,” garante o mestre.

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eventos

Niterói Fenashore 2009

Indústria naval e offshore buscam a por Cassiano Viana, Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez

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Ser mais sustentável para enfrentar os novos desafios e se tornar mais competitiva são alguns dos aspectos discutidos na terceira edição da Niterói Fenashore, que recebeu cerca de sete mil visitantes, mais de cem expositores e deverá gerar negócios em torno de R$ 96,5 milhões nos próximos 12 meses.

SUSTeNTaBILIDaDe

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Com uma demanda bem aquecida e a perspectiva de no-vos projetos e muitas licitações em 2010, a indústria naval e

offshore começou a discutir uma estratégia que assegure a sua sus-tentabilidade durante a Niterói Fe-nashore 2009, entre os dias 9 a 12 de novembro.

‘Sustentabilidade na indús-tria naval e offshore’ foi o tema da terceira edição do evento re-alizado em Niterói, região que concentra boa parte dos estaleiros brasileiros e um parque industrial consolidado. Novas tecnologias, os desafios do pré-sal, qualifica-ção, inovação e sustentabilidade foram alguns dos assuntos abor-dados nos painéis técnicos que mobilizaram uma média de 300 pessoas por dia.

Os organizadores mostraram-se otimistas com esta feira que já se consolidou no calendário do setor. “Certamente avançamos muito em relação à primeira edi-ção, além de termos uma indústria em expansão e um mercado aque-cido, apesar da crise mundial”, observou o presidente do Institu-

to Brasileiro de Petróleo, Óleo, Gás e Biocom-bustíveis (IBP), João carlos de luca.

“ E s t a m o s certos de que os

representantes da indústria, do governo, das universidades e dos diversos segmentos ligados às atividades naval e offshore saem daqui com uma visão mais ali-nhada dos desafios que o setor tem pela frente”, acredita álvaro Teixeira, secretário-executivo do Instituto.

O presidente do Comitê Téc-nico da Niterói Fenashore, Al-

ceu Mariano , ressal tou que um dos objetivos da feira era jus-tamente promo-ver uma reflexão sobre este setor em crescimento

depois de décadas de estagna-ção. “Hoje, temos novos esta-leiros em instalação no país e é fundamental que o setor reflita sobre a sustentabilidade desta indústria”, afirmou.

O prefeito de Niterói, Jorge ro-berto Silveira, comemorou o suces-

so do evento em um momento de crise. Para ele, a Niterói Fenashore deixou de ser um evento municipal e passou a ter âm-bito nacional. “A

feira reflete a capacidade técnica e de investimentos desta indústria que vem tendo um crescimento ex-ponencial: somente na região de Niterói foram gerados mais de 12 mil empregos nestes últimos anos”, afiançou.

Plano de sustentabilidadeNa abertura do evento, o minis-

tro do Trabalho, carlos lupi, rei-terou o compromisso do governo

com o aumento do conteúdo na-cional e afirmou que o pré-sal vai dobrar o número de empregos ge-rados pelo setor. “Hoje, são cerca

de 200 mil empregos indiretos. Mas com as demandas do pré-sal este número vai chegar a quase 500 mil”, aposta o ministro, fri-sando: “As empresas brasileiras precisam investir em inovação e tecnologia para aproveitar esta oportunidade.”

O secretário de Ciência e Tecnologia de Niterói, José ray-

mundo romeo, c o m p l e m e n t a que há compe-tência instala-da e disponível, tanto em Niterói como no resto do país, para atender

a demanda crescente. “A indústria naval local não se dedicou apenas à construção de navios: manteve o foco no mercado de petróleo, para

eventos

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o qual vem construindo petroleiros, plataformas de produção e navios de apoio, além de realizar os servi-ços de reparos destas embarcações”, destacou.

O secretário lembrou a parceria da Prefeitura de Niterói com a UFF (Universidade Federal Fluminen-se), o Exército brasileiro e empresas para a instalação de um parque tec-nológico em Niterói. “Esta parceria é fundamental para alavancar o se-tor e fazer de Niterói um lugar em que as empresas se desenvolvem, inovam e criam tecnologias, e não apenas se instalam”, destacou. E defendeu a criação de um plano de sustentabilidade com objetivo de direcionar o setor. Romeo garante que é preciso criar salvaguardas para evitar que a indústria passe por uma nova crise como a vivida nas décadas de 1980 e 90.

Para o secretário, a Fenashore sempre se renova. “Nessa tercei-ra edição houve a participação mais forte das universidades en-volvidas com o setor”, observou. “Além disso, também estiveram presentes importantes instituições e órgãos financeiros que têm pa-pel importante para alavancar esta indústria: o Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social (BNdES), agências fi-nanciadoras federais e estaduais, além do ministério da Ciência e Tecnologia.”

Ele pontuou que, mais do que um encontro de negócios, a Fe-nashore é um foro de discussão para a indústria naval debater os novos projetos offshore, as demandas, as políticas públicas etc. “Talvez seja esse o evento mais importante da indústria naval e offshore, uma vez que abre espaço para as discussões sobre as políticas públicas para o setor. Os negócios são importantes, mas podem ser feitos a qualquer momento – não precisam de uma feira para se concretizar.”

Mais vigor O secretário estadual de desen-

volvimento Econômico, Energia, In-dústria e Serviços do Rio de Janeiro, Julio Bueno, afirmou que a indús-

tria naval é vital para a economia do estado e que a retomada do se-tor é uma grande oportunidade. No entanto, destacou que a indústria

ainda sofre as consequências da crise vivida na década de 90. Para ele, falta vigor a alguns estaleiros, mas o governo está atuando junto com a indústria na solução deste problema.

João Carlos de Luca, do IBP, concorda que o setor tem vivido um momento de grandes oportu-nidades para pequenas, médias ou grandes empresas. Mas lembrou que são enormes também os desa-fios, entre os quais se destacam o aprimoramento das tecnologias e a formação de mão de obra necessá-ria para atender às demandas. “O maior desafio de todos é encontrar um caminho que garanta a sus-tentabilidade para além do ciclo virtuoso capitaneado pela indús-tria de petróleo e gás – o que passa necessariamente pela inserção no mercado internacional”, avaliou de Luca.

O executivo ressaltou que a indústria se desenvolveu tecnolo-gicamente, conquistou competitivi-dade, produtividade e atraiu novos agentes. Tanto que hoje movimenta R$ 5 bilhões por ano e dispõe de uma carteira consistente de proje-tos e de perspectivas extremamente promissoras, por conta do cenário econômico e, especialmente, pela descoberta do pré-sal na costa bra-sileira. E reforçou: “Ao final dos debates, esperamos ter um plano diretor que sirva como roteiro do caminho a ser seguido para garan-

indústria naval e offshore buscam a sustentabilidade

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tir a sustentabilidade da indústria nacional.”

Na opinião de Sérgio Barbosa, diretor da Stratus, especializada em soluções de estruturas de fibra de vidro, o setor naval precisa se expandir para se consolidar como um mercado sustentável. “É preciso focar mais na exportação: a indús-tria naval é muito dependente das necessidades do Brasil, sobretudo dos pedidos da Petrobras. Cingapu-ra tem uma indústria consolidada graças ao fato de manter o foco nos dois mercados, interno e externo”, destacou o executivo.

Também participaram da ceri-mônia de abertura o secretário de Transportes do Estado do Rio, Julio Lopes; os dirigentes da Transpe-tro, Sergio Machado, da Federa-ção das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)/Regional Leste Fluminense, Sérgio Caetano e do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) Ariovaldo Rocha; o superintendente da Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip), Caio Pimenta; e o vice-reitor da UFF, Emmanuel de Andrade.

Mercado em expansãoO lançamento, em 2010, de

seis petroleiros, dois deles produ-

zidos no Rio de Janeiro e quatro em Pernambuco, foi destacado pelo

presidente da Pe-trobras Transpor-te (Transpetro), Sérgio Macha-do, que apontou a crescente de-manda e a dis-ponibilidade de

recursos para investimento como os grandes ‘propulsores’ da indús-tria naval brasileira.

Machado observou que a in-dústria naval viveu durante anos uma crise que afetou a economia do setor e fez com que muita gen-te desacreditasse de um possível ressurgimento. Em 2005, segundo ele, sob muitas críticas, foi lançado o edital que deu o pontapé inicial para a sua retomada.

“Na época, a descrença foi grande: o Brasil era considerado o ‘país do futuro’ (ou seja, que tudo fica para o futuro e não acontece). Hoje estamos vivendo este futuro e todos estão mais otimistas”, afirmou Machado.

Segundo ele, a descoberta do pré-sal, que trouxe grande expec-tativa na indústria, em especial para as empresas fornecedoras de equipamentos, impõe novos inves-timentos em logística: “Não pode-

mos deixar de fora o planejamento logístico, fundamental ao sucesso dos investimentos. Com 7,5 km de costa, o transporte marítimo é fun-damental, além de ser um dos mais baratos”, afirmou.

No encerramento do evento, o coordenador geral das Indústrias de Transporte Aéreo, Aeroespacial e Naval da Secretaria de desenvol-vimento de Produção do Ministério do Ministério do desenvolvimen-to, Indústria e Comércio Exterior, carlos Eduardo Macedo, apresen-

tou os planos do governo federal para impulsio-nar o setor. “Não queremos vende-dores, queremos parceiros, mas sem abrir mão do

conteúdo local”, disse. Segundo Macedo, a meta é en-

contrar um caminho nacional sus-tentado para a indústria naval. “Há demanda e há oferta. Precisamos facilitar a comunicação entre os dois pontos”, avaliou. “Hoje, é mais fácil um empresário contratar o serviço de um estaleiro coreano ou japonês pelo catálogo na internet do que procurar um fornecedor brasileiro.”

Prestadora de serviços na área ambiental, principalmente de con-

eventos

Com 322 reUNiões e uma previsão de negócios de r$ 96,5 milhões para os próximos 12 meses, valor 13% superior ao da edição passada, a tradicional rodada de negócios, organizada pelo sebrae e pela onip, contribui para o sucesso da Fenashore.

as 14 empresas-âncoras, que se reuniram com pequenos e médios fornecedores, fazem uma avaliação positiva do setor: as empresas estão mais diversifica-das e competitivas, atendem melhor à demanda, tanto em qualidade como em quantidade.

Fernando Quintas, representante da americana el Paso, vê um movimento interessante na área: “a indústria força dos dois lados. Pequenos e médios for-

necedores estão se capacitando, preocupando-se com aspectos como segurança e obtenção de certificados de qualidade para vender seus produtos”, avaliou.

Houve boas surpresas. algumas áreas que enfren-tam gargalo na oferta de serviços tiveram a demanda atendida: “as reuniões estão sendo mais bem apro-veitadas. o mercado está comprometido em aumentar em quantidade, a diversidade e a oferta de produtos”, avaliou o gerente do departamento de compras do atlântico sul, Wolney Teixeira de souza. “a Niterói Fenashore nos ajudou a encontrar parceiros de pequeno e médio porte, o que costuma ser mais complicado no dia a dia. Tivemos contato com possíveis parceiros de áreas de atendimento e alimentos e até equipamentos específicos para nossos navios”, assegura o gerente do estaleiro pernambucano.

Rodada de surpresas

TN Petróleo 69 79

tenção de óleo e outros produtos químicos que possam contaminar o meio ambiente, a Hidroclean, cria-da em 2000, está sendo beneficiada por esta onda de sustentabilidade nas empresas.

Principalmente no ramo de petróleo, onde o risco ambiental é inerente. “Estamos sendo mais procurados do que de costume”, afirmou renata Borges, assistente de marketing da empresa.

Impasse da mão de obraA engenharia naval e offshore

brasileira foi tema de um dos pai-néis da Niterói Fenashore, que teve como foco principal a falta de mão de obra especializada para o setor. Foi consenso entre os palestrantes a necessidade urgente de incre-mentar as parcerias entre empresas, governos e universidades, que têm papéis fundamentais na formação e qualificação de profissionais à altura das demandas.

de acordo com o diretor da Construtora Queiroz Galvão, Oto-niel Silva Reis, o Brasil ficou durante 15 anos sem formar profissionais na área da engenharia e hoje sofre com isso. “Só para se ter uma ideia, com os projetos já contratados ou em contratação, a indústria naval neces-sita de 110 mil novos e qualificados profissionais.”

Ângelo Bellelis, presidente do Estaleiro Atlântico Sul, que deta-lhou toda a política de desenvolvi-mento da engenharia do estaleiro, revelou que precisou buscar profis-sionais em diversas partes do país para compor seu ‘time’. “Temos 194 pessoas entre engenheiros, proje-tistas e desenhistas”, contabiliza o empresário.

Um panorama das tendências internacionais e principais desafios para o setor foi feito pelo gerente ge-ral do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal

do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Segen Estefen. O acadêmico tam-bém deu exemplos de projetos que

refletem a contri-buição das uni-versidades, com o suporte inclusi-ve de empresas, para a inovação e modernização da indústria naval,

tanto na área de engenharia como de tecnologias.

Inovação e competitividade

Investimento em tecnologia e inovação, custos competitivos e treinamento e qualificação também foram assuntos destacados por al-guns palestrantes, como pontos pri-mordiais para que o Brasil obtenha sucesso e consiga desenvolver seu potencial naval e offshore.

O debate reuniu representantes de todos os players do mercado: a Transpetro, como principal com-pradora; a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equi-pamentos (Abimaq), representando os fabricantes de equipamentos; a STx Brasil Offshore S/A, um dos

mais novos estaleiros no mercado, e ainda dirigentes da Associação Bra-sileira das Empresas de Apoio Marí-timo (Abeam), da área de prestação de serviços de apoio offshore.

Rubens Langer, assistente di-retor de transporte marítimo da Transpetro, apresentou o Programa de Modernização e Expansão da Frota de Navios, o Promef, que já possibilitou a encomenda de 26 embarcações apenas na pri-meira fase. “Fabricar os navios aqui vai nos possibilitar atingir um dos principais objetivos do programa, que é alcançar o índice mínimo de 65% de nacionaliza-ção”, destacou Langer. Ele falou também sobre os altos custos de produção de na-vios no Brasil e comparou a pro-dutividade local com a de países como Coreia e Japão.

Para Alberto Machado Neto, diretor executivo da Abimaq, o grande problema do Brasil não está na falta de competitividade

CerCa de 1,2 miL Pessoas passa-ram pela arena de responsabilidade socioambiental, coordenada pelo estaleiro mauá, durante os quatro dias da Niterói Fenashore 2009. Nesta edição, além de palestras, debates e rodadas de negócios, um espaço foi reservado para atividades que reforçam a questão ambiental e de responsabilidade social.

montada em um espaço de 700 m², a arena contou com micro e pequenas empresas e instituições que atuam na região de Niterói. se-gundo milena soares, representante do estaleiro mauá e coordenadora do espaço, a meta era reforçar o comprometimento dos principais

agentes da indústria naval – uma das maiores empregadoras do mu-nicípio – em relação às demandas sociais da região, uma das mais be-neficiadas pela recuperação desta indústria: hoje, o setor emprega 40 mil pessoas em todo o país, sendo que 11 mil estão em Niterói.

Arena socioambiental

indústria naval e offshore buscam a sustentabilidade

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de sua indústria, mas na ausên-cia de políticas voltadas para o gerenciamento de ações que pos-sibilitem esse desenvolvimento. “Os navios que estão sendo cons-truídos hoje no país estão mui-to aquém da sua capacidade de produção. É preciso envolvimento de todos os setores”, declarou ele, citando exemplos de produ-tos que podem ser fabricados por empresas brasileiras, gerando empregos e impostos.

Machado Neto pontuou ainda outros obstáculos que emperram o crescimento do setor naval e offshore, como a alta tributação, a legislação trabalhista, o câmbio e os custos fi-nanceiros. Um exemplo claro disso, segundo ele, é que a Petrobras, quan-do contrata a fabricação de um navio, já começa a pagar impostos, sendo que este só entrará em operação três anos depois.

O tema ‘política e legislação’ também foi destaque na palestra

do vice-presidente da STx Brazil Offshore S/A,Paulo de Tarso Rolim de Freitas. “A lei de navegação, as legislações tributárias, cambiais e trabalhistas deveriam estar alinha-das com as decisões políticas. Mui-tas oportunidades são geradas por conta destas decisões”, observou Freitas. Ele lembrou ainda a Coreia e a China como exemplos de países que contam com políticas voltadas para as necessidades específicas do segmento.

eventos

dUraNTe a FeNasHore, os es-taleiros receberam visitas e fizeram lançamentos. Foi o caso do sTX, o braço naval do grupo comanda-do pelo empresário eike Batista, que lançou a embarcação de apoio Skandi Ipanema em solenidade que contou com a presença da ministra-chefe da Casa Civil, dilma rouseff, e do governador do rio, sérgio Cabral.

o barco de apoio, que servirá à empresa ogX nas suas ativida-des exploratórias, é fruto de uma parceria com a Norskan offshore. “o Brasil é o mercado que mais cresce no mundo, por isso resolvemos investir aqui”, afirmou Hans elling-

sen, presidente da Norskan. segundo ele, a companhia, que ainda tem mais dois navios para lançar, está inves-

tindo um total de Us$ 1 bilhão, sendo que Us$ 700 milhões já foram utilizados. a Norskan está com os navios Skandi Niterói,

Skandi Iguaçu e Skandi Amazonas em construção. Waldemiro Arantes, pre-sidente do estaleiro sTX, declarou que tem 1.500 trabalhadores e que, em função da demanda do setor, há empregos assegurados até 2012.

STX Brasil lança Skandi ipanema É o primeiro navio deste tipo construído no estaleiro STX, do empresário eike Batista, em parceria com a norueguesa Norskan Offshore.

TN Petróleo 69 81

Segundo o assessor de E&P do IBP, Getúlio Leite, o Brasil vai precisar investir nos pró-

ximos 20 anos cerca de US$ 170 bi-lhões para desenvolver a produção das áreas já licitadas no pré-sal, que correspondem a 14 bilhões de barris – soma das reservas estimadas dos campos de Tupi, Iara e Guará.

O especialista, que participou do painel ‘Os desafios do conteúdo lo-cal no novo ciclo de investimentos’, afirmou que as novas reservas do pré-sal trazem boas perspectivas para o aumento da participação do conteúdo nacional na indústria naval e offshore.

Na opinião dele, o Brasil deverá se tornar um dos maiores produto-res mundiais de petróleo, o que vai abrir grande espaço para o desen-volvimento da indústria de peças, equipamentos e componentes.

Leite ressaltou que o país preci-sa estabelecer uma política indus-trial estratégica que dê suporte à indústria nacional e garanta sus-tentabilidade aos fornecedores de bens e serviços. “A indústria naval e offshore precisa adotar mecanis-mos que fortaleçam as empresas nacionais com objetivo de tornar o parque industrial brasileiro compe-titivo globalmente, para atender a uma demanda de conteúdo tecno-lógico elevado.”

Ele lembrou que a abertura do mercado em 1997 e a realização das Rodadas de Licitações nos últimos dez anos levaram a uma expan-

são de investimentos no setor de petróleo e gás natural, revelando que as exigências de conteúdo local atuaram como um forte indutor da maior participação da indústria lo-cal fornecedora de bens e serviços. O especialista observou que apenas na Sétima Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2005, houve a inclusão da car-tilha e certificação do Conteúdo Local.

OportunidadesObservando que o pré-sal deverá

gerar cerca de 200 mil empregos até 2020, o vice-presidente do Sistema Firjan, raul Sanson, afirmou que o caminho para a expansão do setor naval e offshore passa pelo forta-lecimento do con-teúdo nacional. “Se as empresas do setor não valo-rizarem a participação do conteúdo local em toda a cadeia produtiva, não há possibilidade de aumentar o próprio consumo interno e mo-vimentar o mercado nacional. As empresas perdem força e param de produzir e consumir petróleo e diesel”, explicou.

Ele frisou ainda que quem mais gera emprego na indústria naval e offshore são os fabricantes de peças e equipamentos. Segundo ele, estas empresas geram até dez

vezes mais empregos do que os es-taleiros, mas não têm visibilidade dentro da cadeia produtiva. “Um dos motivos que explicam por que a participação do conteúdo nacional ainda não está nos níveis desejados é que não há uma visão de toda a cadeia produtiva. Precisamos dar mais destaque para estas empresas que estão embaixo”, ressaltou.

O superintendente do Estaleiro Mauá, Ismael Brandão, afirmou que a empresa está se modernizando para ganhar competitividade no mercado internacional, implantan-do melhorias por meio da aquisição de novos equipamentos. Segundo ele, isso abre espaço para fornece-dores nacionais. “O nosso objetivo é alavancar o índice de naciona-lização na produção do estaleiro. Estamos trabalhando em pesquisas para mostrar de forma transparente os gargalos que impedem a maior participação do conteúdo nacional na indústria”, informou.

O fato é que o mercado vem abrindo oportunidades até mesmo para quem quer se diversificar. Cria-da inicialmente para fornecer equi-pamentos para as usinas nucleares brasileiras, a Nuclebrás Equipa-mentos Pesados (Nuclep), ligado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje também atua nos mercados offshore e naval, produzindo mo-tores. A entrada neste segmento se deu em 2005, após acordo firmado com a empresa Wärtsilä, para que a Nuclep fabricasse, em suas insta-

Geração pré-salÉ consenso que as novas descobertas da camada pré-sal irão abrir espaço para o desenvolvimento das empresas brasileiras.

eventos

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lações em Itaguaí, motores de dois tempos de última geração para pro-

pulsão naval, des-tinados a navios de grande porte do tipo Suezmax, Aframax, Pana-max e de produ-tos. “O cenário do pré-sal abre

espaço para atuarmos em projetos de plataformas”, disse o engenheiro Manuel Ferreira, da Nuclep, que já participou da construção dos módulos estruturais do casco da plataforma P-51 da Petrobras.

Apoio financeiroNa esteira do crescimento do se-

tor naval e de petróleo em Pernam-buco, impulsionado pelo Complexo Industrial de Suape, o Serviço Bra-sileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae) anunciou um convênio com a Petrobras que prevê recursos de R$ 2 milhões em três anos para o desenvolvimento de fornecedores do segmento de óleo e gás naquele estado.

de acordo com a gestora do Projeto Petróleo e Gás do Sebrae, Valéria Augusta, o plano de incre-mento de 330% de capital para investimentos vai ajudar a de-senvolver as micro e pequenas empresas do setor de serviços da região. Atualmente, 25 empresas

de Pernambuco já trabalham em parceria com o Sebrae. “Ainda faltam formalidades para a assi-natura do acordo. Através dele, conseguiremos reforçar as ideias de empreendedorismo, aumentar a quantidade de cursos de capa-citação, rodadas de negócios e de crédito e o acesso ao mercado para as pequenas empresas”, in-formou.

A parceria com a estatal já vem se desenhando em outros estados. A maior dificuldade para as empre-sas de pequeno porte é conseguir se inserir, de forma sustentada, no mercado. Com esse apoio, o Sebrae acredita que poderá ajudar na es-truturação de empresas e na oferta de serviços. “Nós as incentivamos a ter uma cultura de cooperação e complementaridade de serviços. Assim, elas podem se tornar forne-cedoras mais competitivas”, observa Valéria. E acrescenta que, muitas vezes, uma empresa nova não tem, ainda, como competir, mas pode se associar a outras, aproveitar a capacidade instalada da parceira para ser mais competitiva quando disputar uma concorrência.

Também há linhas de financia-mento criadas especialmente para as empresas que precisam de re-cursos para dar um passo adiante em um mercado aquecido. Este foi o principal objetivo do Governo do

Estado do Rio ao criar a agência de fomento Investe Rio, em 2002: in-centivar o crescimento da economia do estado, por meio de linhas de financiamento para a indústria.

Ligado à Secretaria Estadual de desenvolvimento Econômico, Ener-gia, Indústria, e Serviços do Estado do Rio de Janeiro (Sedeis), o órgão disponibiliza recursos próprios e de fundos de fomento estaduais, além de fazer uma ponte com o Banco Nacional de desenvolvimento Eco-nômico e Social (BNdES).

Anna Bella Blyth, do Sedeis, adiantou que uma das linhas de fi-nanciamento do Investe Rio é o Pró-Fornecedores, voltado para as micro, pequenas e médias empresas, de forma a promover a expansão e modernização da capacidade produ-tiva do estado. Para ela, a edição da Fenashore serviu para apresentar o Investe Rio para os empresários. “A vantagem de estar presente a um evento como esse é a proximidade do atendimento com o empresário”, afirmou ela.

Brasil Amarras: capacidade ampliada

A Brasil Amarras anunciou, du-rante a Fenashore 2009, a instalação

eventos

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de uma nova unidade para fabrica-ção de amarras. “Com este inves-timento estamos proporcionando um aumento considerável em nossa capacidade de fabricação”, comen-tou Jair Matos, da Brasil Amarras.

A reboque do projeto, a unidade localizada na Ilha da Conceição passará por uma reformulação de leiaute, permitindo maior agilidade em movimentação interna e minimi-zando consideravelmente o tempo com manuseio e posicionamento.

Com isso, a empresa passará a dis-por de três instalações para fabricação de amarras de até 120 mm R4. “O que significa que teremos a capacidade ampliada, inclusive para a recupera-ção de amarras, pois temos em anda-mento um contrato de três anos com a Petrobras e que está em fase de ser aditado”, destacou Jair Matos.

Grupo Cassinú está otimista Com uma área total de cerca de

60 mil m², com um dique seco, mais de 420 m linear de cais e capacida-

de para processar seis mil toneladas de aço por ano, o grupo Cassinú está preparado para construir, re-parar e modernizar navios de apoio marítimo, rebocadores, empurrado-res, barcaças e chatas, seguindo a Norma ISO 9001/2000.

“Entregamos, em outubro, o primeiro dos quatro rebocadores contratados para a Wilson, Sons. Outro rebocador será entregue ago-ra em dezembro, e finalizamos o reparo de uma monoboia de sub-

superficie (boia de sustentação de risers, BSR), além de estarmos rea-tivando a nossa base de Arraial do Cabo”, infor-mou o presidente

do estaleiro Cassinú, Antonio de Santana.

“Estamos otimistas com o futuro do grupo”, comentou o dirigente da empresa, que tem instalações nas cidades de São Gonçalo e Niterói.

O estaleiro negocia com a Petrobras a preparação de uma base fixa uti-lizando uma plataforma jack up em local abrigado em Macaé, para tro-ca de turma, manutenção e forneci-mento de água, materiais e rancho. A base será dotada de acomodação e restaurante para 150 pessoas e três áreas para atracar embarca-ções de apoio, possibilitando assim a execução de pequenos reparos, desafogando o terminal de Embe-tiba da Petrobras.

o esTaLeiro aTLâNTiCo sul (eas) será o único do setor no país a atin-gir, em cinco anos, o mesmo nível de produtividade e competitividade dos estaleiros asiáticos. a afirmação é de Ângelo Belle-lis, presidente da empresa, ao falar dos investimentos que estão sendo feitos: o valor in-jetado até agora no estaleiro per-nambucano é da ordem de r$ 1,4 bi-lhão. e boa parte dos recursos está sendo aplicado em diferenciais tec-nológicos e novos equipamentos.

os empregos gerados na unidade chegam a cinco mil diretos e 25 mil indiretos. o estaleiro fica em ipoju-ca, na região metropolitana de re-

cife, dentro do Complexo de suape. o eas, que está em fase de finali-zação, fica em uma área total de 162 hectares e tem capacidade de fazer navios de até 500 mil toneladas de porte bruto. “Nossa meta é que, em cinco anos, estejamos no mesmo ní-vel dos estaleiros considerados mais desenvolvidos do mundo”, afirmou Bellelis, ao ressaltar que o atlântico sul deverá se tornar o único brasilei-ro de quarta geração.

atualmente, o eas tem em car-teira 22 navios encomendados pela Transpetro. Na primeira fase do Pro-grama de modernização e expansão da Frota (Promef), o eas assinou contrato para a construção de 15 petroleiros (dez suezmax e cinco aframax) e, agora, com o Promef ii, foram encomendados mais sete.

o atlântico sul foi criado em 2005 e produz todos os tipos de na-vios cargueiros, plataformas offshore dos tipos semi-submersível, FPso (sistemas Flutuantes de Produção de Produção, armazenamento e Transferência de Petróleo), TLP (Pla-taformas de Pernas atirantadas) e sPar. a empresa oferece também um leque de serviços de reparo de embarcações e unidades de explora-ção de petróleo.

Atlântico Sul em contagem regressiva

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indústria naval e offshore buscam a sustentabilidade

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a parte mais invisível, porém vital para a indústria mundial de petróleo e gás, também tem sua vitrine: a Internatio-

nal Conference & Exhibition, prin-cipal evento de geologia de todo o mundo. Este ano, pela segunda vez (a primeira foi em 1998), o Rio de Janeiro sediou essa conferência anual, promovida pela Associação Americana de Geólogos do Petróleo (AAPG, em inglês) em parceria com a Associação Brasileira de Geólo-gos do Petróleo (ABGP).

Tendo como palco o Riocentro, o evento realizou-se nos dias 15 a 18 de novembro, com mais de 1.700 participantes, entre geólogos, geofísicos, engenheiros, técnicos, executivos, fornecedores e repre-

sentantes da indústria de petróleo e gás de diversos países.

Participaram o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Na-tural e Biocombustíveis (ANP), haroldo lima; a gerente executiva de Engenha-

ria de Produção da área de Explo-ração e Produção da Petrobras, So-lange guedes; o vice-presidente para as Américas da ExxonMobil Exploration Com-pany, Kim Bates; a diretora da ANP, Magda Cham-briard; e o CEO da HRT e presidente da ABGP, Marcio Rocha Mello.

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Almeida, represen-tou a ministra dilma Rousseff, da Casa Civil, na conferência.

Geologia do pré-salO impacto das recentes desco-

bertas no pré-sal da Bacia de San-tos para o setor energético mun-

dial foi o tema predominante dos debates. A sessão plenária foi aberta pelo presidente da Petrobras, José Sergio gabrielli,

que falou sobre “Oportunidades em um ambiente de alto risco”. Participaram ainda da plenária

eventos

OportunidadesPela segunda vez o Brasil é sede da Conferência Internacional de Geologia, maior evento mundial deste segmento. por Cassiano Viana

Conferência Internacional de Geologia

em ambiente de risco

executivos da Exxon Mobil, Saudi Aramco e Total.

Na programação técnica da Conferência, Gabrielli fez uma pa-lestra sobre as oportunidades de crescimento e os planos de investi-mentos da Petrobras, destacando a grande fronteira exploratória que é o Brasil, tanto em produção offshore, quanto onshore.

“O país tem atualmente 265 blocos em operação. A taxa de sucesso em descobertas da Petro-bras é de cerca de 40%, número alto em comparação com índices mundiais”, disse, e acrescentou: “Nosso crescimento depende de nossas descobertas.”

Segundo o executivo, na área do pré-sal, a taxa é ainda maior, chegando a 100% de sucesso no cluster da Bacia de Santos. Ga-brielli destacou a alta especiali-zação da Petrobras como principal responsável pelo índice de sucesso exploratório. “Não achamos que teremos nenhum grande problema tecnológico na extração abaixo do mar”, afiançou o executivo da es-tatal brasileira.

Parcerias são cruciaisParticiparam também da con-

ferência de abertura o vice-presi-dente da Exxon Mobil, Mark W.

Albers, o vice-presidente de E&P da Saudi Aramco, Amir Nasser, o presidente de E&P da Total, Yves-Louis darricarrere, e o presidente da Schlumberger, Andrew Gould.

Nasser, da Saudi Aramco, afirmou que o Brasil será um dos maiores países em exploração e produção de petróleo. “Os avanços tecnológicos desenvolvidos pela Petrobras viabilizaram as descober-tas na nova fronteira exploratória do pré-sal.”

“As parcerias entre empresas nacionais e internacionais são cruciais para o desenvolvimento tecnológico e investimentos ne-cessários para atender a demanda futura”, reforçou o vice-presidente da Exxon, Mark Albers.

Outro destaque da programa-ção foi a sessão oral de Geofísica

e a sessão painel ‘Campos gigan-tes da década. desafios em E&P’, que contou com a participação de executivos da Petrobras, Exxon, BP, Total, Chevron, BG, Shell, StatoilHydro e Schlumberger.

Em 2010, a conferência inter-nacional da AAPG será realizada em Calgary, Canadá, durante os dias 12 a 15 de setembro.

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Dentre as tecnolo-gias de automação industrial uma das que mais tem cres-cido é a de redes sem fio, as chama-

das aplicações wireless. A auto-mação em plataformas de petróleo possui características próprias que demandam soluções às vezes não usuais.

O uso desta tecnologia na P-53, no campo de Marlim Leste, na Ba-cia de Campos, foi um dos desta-ques da 13ª edição da Exposição Brazil Automation ISA 2009, rea-lizada entre 10 e 12 de novembro de 2009, em São Paulo. O interesse

por inovação e tecnologia levou 11 mil pessoas a participar do maior evento de instrumentação, sistemas e automação da América Latina.

Principal vitrine de soluções tec-nológicas e inovações para a auto-mação da indústria, o evento é uma iniciativa da ISA distrito 4, coligada à ISA (International Society of Au-tomation), organização mundial do setor de automação industrial, que reúne cerca de 30 mil membros em mais de 50 países.

“Nos próximos anos, o setor de automação como um todo se prepara para receber muitos in-vestimentos, e deve crescer bem acima da média recente”, des-

tacou o engenheiro José Otávio Mattiazzo, presidente da ISA dis-trito 4, que coordena as atividades nos países da América do Sul e Trinidad & Tobago. Segundo ele, além dos pesados investimentos previstos para a exploração do pré-sal e infraestrutura, devem também merecer maior atenção a questão do meio ambiente, em áreas como monitoração e con-trole, e a segurança física das plantas fabris.

Condições especiaisA busca de soluções dentre

as tecnologias disponíveis no mercado levou à escolha do sis-

aplicação de rede wireless na plataforma P-53 da Petrobras foi um dos cases apresentados no Brazil automation ISa 2009.

eventos

Brazil Automation ISA 2009

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tema baseado no padrão Wi-Fi (IEEE 802,11 g) para a P-53, que iniciou operação em no-vembro de 2008 – uma unidade do tipo FPU (Floating Produc-tion Unit), um super petroleiro convertido em unidade de pro-dução de óleo e gás.

A plataforma utiliza uma es-trutura para sua conexão ao fundo do mar denominada turret, que permite ao navio maior flexibili-dade de movimento, de forma a se acomodar às mudanças de cor-rente e vento, enquanto mantém a amarração e as tubulações conec-tadas ao fundo dos oceanos.

Com capacidade de produzir até 180 mil barris de óleo do tipo pesado e enviar para terra seis mi-lhões de m³ de gás natural, a P-53, que está ancorada a uma profun-didade de 1.080 m, a 120 km da costa do Rio de Janeiro, atingirá o seu pico de produção no primeiro semestre de 2010.

dentro destas condições espe-cialíssimas, a unidade de produção necessita trocar dados de controle e intertravamento entre os equi-pamentos de automação do navio e os do turret. Para realizar esta comunicação de dados, que tam-bém poderia ser por meio de fibra ótica, no caso da plataforma P-53, foi escolhido o uso da tecnologia de radio-enlace.

de acordo com as premissas de projeto, a solução deve permitir a conexão dos CLPs redundantes do turret com os do navio. Em para-lelo, o sistema radio-enlace deve interligar estes CLPs aos servidores de dados do sistema de operação

e supervisão da unidade de pro-dução, por meio de rede padrão Ethernet TCP/IP.

Além de apresentar as tendên-cias tecnológicas (no Congres-so Internacional de Automação, Sistemas e Instrumentação) e os mais expressivos lançamentos do mercado mundial (na Expo-sição), o Brazil Automation ISA 2009 proporciona capacitação técnica e ampla integração entre usuários, fabricantes, distribuido-res, pesquisadores, estudantes, prestadores de serviços e demais profissionais do setor.

Qualificação de mão de obraO Congresso Técnico, que ocor-

re paralelamente à exposição, re-fletiu esta expectativa e cresceu de forma expressiva em relação ao ano anterior, somando cerca de 500 par-ticipantes. “Estamos constatando junto às empresas uma necessida-de da retomada de investimentos com relação à capacitação técnica de seus profissionais e também de estarem com equipes preparadas

para a expansão esperada”, obser-vou Mattiazzo.

Ele destacou que a expectativa é de nova corrida a contratação de pessoal qualificado. “Capaci-tar e disponibilizar esta mão de obra, nos diversos segmentos e locais, é um dos grandes desa-fios que teremos pela frente em nosso país”, enfatizou. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o setor de automação industrial no Brasil deve encerrar 2009 movimentando valores da ordem de R$ 3 bilhões.

Para a próxima edição do even-to o tema da sustentabilidade, da necessidade de aliar crescimen-to a qualidade e meio ambiente, deve direcionar os trabalhos. Mat-tiazzo também anunciou que, em 2010, o principal evento mundial da ISA será a Brazil Automation, o que reforça a importância cres-cente do distrito 4 na entidade internacional. “Hoje o Brasil possui quatro representantes no executive board da ISA.”

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perfil profissionalRosângela Nucara

Simplicidaderima com sucesso

Com mais de 20 anos de experiência no mercado de petróleo, com

algumas passagens curtas por empresas de outros segmentos,

Rosângela Nucara, gerente de Comunicação e Marketing para a américa

Latina da Global Industries, é uma profissional do mundo. Não à toa o seu

batismo no setor do petróleo aconteceu durante a décima sétima edição

do World Petroleum Congress no Brasil, em 2002. por Cassiano Viana

“NASCI NO RIO dE JANEIRO, e como a maior parte dos imigrantes italianos, no bairro de Santa Teresa. Tenho dupla nacionalidade, mas muito orgulho de ser brasileira e não é porque o Brasil está na moda”, conta a carioca da gema que passou pela Tijuca e hoje mora no Le-blon. “Sempre morei no Rio, embora já tenha viajado muito a trabalho e para estudar.”

Rosângela é a mais velha de três irmãos: Rosanna, a caçula, é ana-lista de sistemas, e Francesco é gerente da Baker. “Entrou no mercado de petróleo por minha causa e não se arrepende”, diz a irmã coruja.

Sua primeira formação foi em Letras. Estudou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). “Sempre fui apaixonada por línguas e falo cinco delas, incluindo o português. O fascínio por conhecer outras culturas sempre me atraiu para estudar línguas.”

Em 1998 fez MBA em Marketing pela FGV. Ao longo dos anos, trabalhando com comunicação, participou de diversos cursos de especialização. “Embora não seja jornalista, tenho verdadeiro fascínio pelo nosso idioma. Adoro escrever e admiro a profissão de jornalista”, comenta. “A comunicação é algo tão abrangente e poderoso que pode transformar diversas situações se bem utilizada. Infelizmente, nem todos reconhecem e sabem fazer uso deste recurso.”

Rosângela observa que quase toda sua vida profissional foi no mercado de petróleo. Sua primeira experiência foi na norueguesa Unitor Ships Services, na qual passou três anos na área comercial. “depois fui para uma holding que envolvia as empresas delba Marí-tima, delba Baiana e Aeróleo e passei por várias áreas, fiquei muitos anos, até ter meu primeiro filho, quando resolvi dar um tempo e reali-zar uns projetos pessoais.”

TN Petróleo 69 89

dois anos depois já estava no mercado de novo, em uma empresa do grupo Telecom Itália. Três anos mais tarde, surgiu a oportunidade de trabalhar na organização do World Petroleum Congress (WPC, Congresso Mundial do Petróleo) no Brasil e largou um emprego fixo por um projeto de dois anos.

Escola do petróleo“O WPC foi minha maior es-

cola”, destaca. A décima sétima edição do Congresso Mundial do Petróleo foi o maior evento do setor já realizado no Brasil. O Rio de Janeiro ganhou a candidatura para sediar o evento em 2002, coordenado pelo Instituto Brasi-leiro de Petróleo, Gás e Biocom-bustíveis (IBP). “Assim, no início de 2000 formou-se um grupo para gerenciar o projeto por dois anos, para o qual fui convidada a ocupar o cargo de gerente de Comunicação e Marketing.”

Rosângela lembra que o diretor do projeto era Milton Costa Filho, hoje na Petrobras, no México. “Lembro quando ele me entrevistou e perguntou se eu estava disposta a me dedicar completamente durante dois anos”, recorda. “Na época, meus amigos disseram que eu estava louca em trocar um emprego fixo numa empresa de telecomunica-ções por um projeto de dois anos, em que o ritmo seria violento. Mas eu fui movida pelas possibi-lidades de aprendizado que isso me traria.”

Segundo Rosângela, para o projeto WPC no Brasil foram de-senvolvidas todas as ferramen-tas de comunicação e marketing que se possa imaginar, desde assessoria de imprensa, até gerenciamento de crise, media trainings, recursos de comunica-ção digital, publicidade e muitas

viagens e organização de even-tos no exterior. “Onde existisse uma feira de petróleo no mundo, lá estávamos nós para divulgar nosso evento, buscar patroci-nadores, fazer alianças”, conta. “Estarmos sob o guarda-chuva do IBP foi fundamental, pois o congresso aconteceu paralela-mente a Rio Oil & Gas”, avalia. “Nossa equipe de fato estava bem ajustada, o que foi funda-

mental para o sucesso do even-to. Fomos desmobilizados após a conclusão do projeto, mas até hoje nos falamos e fiz grandes amigos naquela equipe.”

“depois do WPC, participei de outro projeto muito interes-sante do Ministério de Ciências e Tecnologia, através da PUC – Incubadora Gênesis”, recorda. O Ministério, através de fundos de incentivos, tinha uma parceria com a PUC para apoiar a entrada de novas empresas no mercado de petróleo e gás, oriundas de projetos nascidos na faculdade. O Instituto Gênesis dava supor-te, através de seus consultores, à abertura da pessoa jurídica, estu-do de mercado, posicionamento, divulgação, planejamento do ne-gócio, aspectos legais, etc. “Tra-balhei por quase três anos neste projeto, dando suporte sobretudo à Pipeway para seu lançamento no mercado. Hoje fico feliz em ver que a empresa já tem clientes até fora do Brasil.”

Novos vôosdepois disso, veio a Gaia, que

não tinha a área de comunicação e sua principal necessidade na época era desenvolver e im-plementar um Customer Rela-tionship Management (CRM). “Mas na verdade tudo teve que ser desenvolvido: website, comu-nicação institucional, etc. Aí de novo passei pela área comercial e resolvi alçar novos vôos. Foi quando a Global me convidou“, lembra.

desde junho de 2009 como gerente de Comunicação e Ma-rketing da Global Industries para a América Latina significa, além de cuidar dos escritórios do Bra-sil, gerenciar a área no México, onde a Global possui uma base operacional e dois escritórios, um na Cidade do México, o outro em Carmen. “Como a divisão da América Latina também é nova no grupo, e existe uma estratégia de integração da região, há mui-to trabalho pela frente”, explica. “As equipes são muito boas e o vice-presidente de Marketing é bem ativo neste sentido e cheio de ideias, mas ainda assim é um desafio. São dois povos distin-tos, duas culturas diferentes, o mercado de petróleo funciona de forma distinta também.”

Segundo Rosângela, é fundamental em seu trabalho planejar desde o início, integrar a comunicação interna e exter-na, mantendo as características peculiares a cada país. “Além disso, embora ainda não tenha-mos escritórios em outros países da América Latina, temos toda a infraestrutura e capacidade para realizar projetos em qualquer um deles e, portanto, monitoramos e pesquisamos os mercados, o que também envolve trabalho da área de marketing”, destaca. “Só isso já é bastante trabalho, pois

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abarca muito de planejamento, análise. Não está tudo pronto.”

E por falar nisso, o escritó-rio no Brasil também é novo. A Global Industries está presente no mercado brasileiro há ape-nas dois anos, apesar de atuar internacionalmente há mais de 35. “Quando fui convidada para desenvolver a área de comuni-cação da empresa no país fiquei bastante motivada, pois já conhe-cia a empresa e sabia que terí-amos um grande trabalho a ser desenvolvido – geralmente não me interesso quando as coisas já chegam prontas, só para dar andamento”, admite.

depois de quase dois anos à frente da área, já é possível começar a colher alguns bons frutos. “A empresa começa a ser reconhecida no mercado e, mais do que por ações publicitárias, por nossa dedicação ao cliente e à sua satisfação”, diz. “Isso realmente é valorizado dentro da companhia. E para funcionar, vá-rias áreas trabalham juntas, RH, Qualidade e a própria Comuni-cação, com o suporte também da alta direção”, observa. “Tenta-mos ser agentes transformadores para que o pessoal operacional, cada vez mais, consiga levar esse valor para o seu cotidiano: ‘Todo dia dou o melhor de mim.’ Esse é um de nossos valores”.

Valores intangíveisPara a executiva, na verda-

de, o que diferencia hoje uma empresa da outra já não são seus valores tangíveis. “Muitas podem ter embarcações, tecno-

logia, mas acredito que aqueles que têm o diferencial das pes-soas, são as que mais chances terão de se destacar no mercado. Asseguro, com muita tranqui-lidade, que os profissionais da Global estão sempre empenha-dos em dar o melhor de si, mas ainda temos que trabalhar a organização do tempo, porque projeto é a maior loucura, é sempre tudo tão de repente.”

Seu dia a dia tem sido um fu-racão. Além de todas essas atri-buições, Rosângela ainda dedica um cuidado especial às tarefas inerentes à área: relações institu-cionais, assessoria de imprensa, desenvolvimento de ações de marketing, comunicação inter-na, organização de eventos, etc. “Sou a representante institucio-nal da Global Industries junto às instituições do mercado, tais como IBP e da Organização Na-cional da Indústria do Petróleo (Onip). Além disso, faço parte do conselho consultivo do Rio Voluntário.”

A dica para quem quer entrar no setor? “Quando você está começando sua carreira, tem que estudar mesmo, especializar-se,

ser bom naquilo que faz. Mas dado esse primeiro passo, creio que o que é mais importante é ser humilde, amigo e sincero. Ser sempre a mesma pessoa, tratar a todos de igual forma, indepen-dente do seu cargo. O mundo dá voltas e um dia você está em cima, no outro embaixo”, preconiza. “Talvez por isso eu tenha grandes amigos do mercado, de todas as faixas etárias, de todos os cargos. Trato a todos com o mesmo cari-nho, pena que com pouco tempo para nos encontrarmos, pois a vida é sempre uma correria. Tive alguns exemplos nos quais me inspirei, grandes executivos da área de petróleo que são pessoas simples e de sucesso. Acho que este é o grande segredo.”

No mais, o que se aprende em cursos de curta duração, mas com experts, pode ter mais valor do que diversos MBAs, facul-dades, etc. “O que se aprende com os mais velhos também. O mercado de petróleo está cada dia ficando mais cheio de pro-fissionais jovens, com mestrado, doutorado, mas nada se compara à experiência de quem iniciou esse mercado no Brasil e no mundo. Eu aprendi muito com estas pessoas.”

Tempo livre? “Em meu tempo livre o que mais gosto de fazer é estar com minha família, em casa, ‘viajando’ em programas que envolvam a natureza. E caminhar na praia, subir a pedra do Arpoador... Também adoro ler, ver filmes e estar com os amigos, embora eu os veja menos do que eu gostaria.”

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Ano 1 • nº 7 • janeiro de 2010 • www.tnsustentavel.com.br

CheGaMOS à úLTIMa eDIçãO da primeira série do Caderno de Sustentabilidade TN Petróleo.

Foram muitos os desafios para levar aos nossos leitores as mais relevantes informações do universo da sustentabilidade.

Contudo, acreditamos que nosso esforço tenha contribuído para a divulgação e disseminação desse tema, fundamental para consolidar, nos setores de petróleo, gás e biocombustíveis, o entendimento de que este é o caminho natural de todas as empresas que almejam uma longevidade saudável.

em 2010, iremos focar cada vez mais nas novas tecnologias que estão revo-lucionando estes setores e que contribuem decisivamente para a melhoria dos processos nas organizações. a inteligência que alavanca e faz os negócios acon-tecerem com mais rapidez continuará a ser contemplada com destaque em nossas páginas.

O tema, ainda novo para o mercado, proporciona um trabalho gratificante e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Ou seja: é preciso gerar conteúdo que irá ajudar as empresas a exercer seu papel e a aprender, como diria Leonardo Boff, “a ter cuidado, a viver com mais solidariedade na fábrica, na produção, nas relações com os outros; a ser mais responsável na palavra que pronuncia, no gesto, nas medidas que toma, no processo produtivo”.

Lia MedeirosDiretora do Núcleo de Sustentabilidade TN

Sumário

92 94 965º Seminário Nacional de Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor

Petrobras COP 15 – 15ª Conferência das Partes, Copenhague

Valores imprescindíveis

Ambientalmente correta

Fracasso global

Editorial

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suplemento especial

Ética e transparência foram as ferramentas apontadas como imprescindíveis para elaboração e gerenciamento de projetos sociais durante o 5º Seminário Nacional de Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor, que contou com o apoio do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo.

Durante o evento, realizado no dia 19 de novembro, no Rio de Janei-ro , pelo Grupo PMI-Rio (Project

Management Institute-Rio) no Terceiro Setor, grupo estratégico do chapter Rio de Janeiro, foram abordados temas relacionados a conceitos e práticas utilizados para melhorar o desempenho dos projetos e a eficiência da gestão nas organizações deste segmento da economia.

O presidente do Chapter Rio de Janeiro, do PMI, Walther Krause, indicou que o trabalho do terceiro setor é fundamental para este momento de cresci-mento econômico que o Brasil está vivendo.

Krause revelou ainda que o Grupo PMI-Rio já capacitou 23 tur-mas para gerenciamentos de proje-tos. “O gerenciamento de projetos não tem uma técnica específica e a troca de experiências, nesse caso, é importantíssima. Eventos como este são palco para importantes discussões”, complementou.

Segundo ele, atualmente mui-tas organizações já usam as me-todologias de gerenciamento de

projetos propostas pelo PMI-Rio. “Até a Petrobras exige hoje, como pré-requisito para ser sua parceira, a utilização da nossa metodologia. Ficamos muito felizes com isso”, aponta.

Com seis anos de atuação, ao promover este seminário, o PMI-Rio no Terceiro Setor reforça seu compromisso de disseminar conhe-cimentos que possam contribuir para melhorar o gerenciamento de projetos nesta área.

Também participaram do encon-tro a gerente de responsabilidade social da TBG (Transportadora Bra-

sileira Gasoduto Bolívia-Brasil), Marcia cauduro, e a pesquisadora e coordenadora do balanço social do Instituto Brasi-leiro de Análises

Sociais e Econômicas (Ibase), Clau-dia Mansur.

5º Seminário Nacional de Gerenciamento de Projetos no Terceiro Setor

por Maria Fernanda Romero

valoresimprescindíveis

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Ambas participaram do painel ‘Prestação de contas do terceiro setor ’, no qual Marcia apontou a responsabilidade social como questão importante e estratégica nos negócios: “A empresa que não prevê isso em seu planejamen-to, em sua missão e seus valores, poderá ter dificuldades no futuro para atrair profissionais, além de ficar sujeita a altas taxas de juros para captação de dinheiro no exte-rior. Poderá até impactar negativa-mente os resultados financeiros na bolsa de valores, além de ver sua imagem corporativa manchada pela omissão da empresa em sua missão social.”

Ela afirma que a TBG desti-na 400 mil dólares por ano para investimento em projetos sociais, entre os quais o Somos - Amigos do zippy, projeto de saúde emo-cional que capacita professores e educadores da rede pública para o desenvolvimento emocional das crianças, em São Paulo e Santa Catarina. “Já foram beneficiados 3.250 crianças, 200 professores, nove municípios e 65 escolas”, re-vela a gerente da TBG, que apoia ainda mais dois outros projetos so-ciais desenvolvidos em áreas de atuação da empresa.

Cauduro ainda salientou que a transparência tem de se dar mesmo

diante de processos mal sucedidos e que é preciso haver transparên-cia não só com relação ao público beneficiado, mas à sociedade e aos parceiros também. de acordo com ela, a empresa ganha muito ao ser sustentável. “Ganha em desempenho financeiro, melhora relacionamento com os investidores, colabora para a gestão de riscos e recursos humanos da empresa”, afiança. Além disso, o retorno do investimento social deve refletir além do valor das questões e atividades de responsabilidade cor-porativa. “Tem de gerar valor e ser benéfico para todos”, finaliza.

Claudia Mansur falou sobre o modelo de balanço social criado

pelo Ibase, uma das ferramentas utilizadas para avaliação de trans-parência das empresas, afirmando que esta ferramenta vem sendo cada vez mais utilizada. “Houve um crescimento significativo nos últimos anos: 500 empresas já uti-lizam a metodologia do balanço do Ibase e 1.500 balanços já foram gerados”, indica.

A instituição atua como fo-mentadora do tema responsa-bilidade social desde 1981 e é conhecida pela mobilização que um de seus fundadores mais co-nhecidos, o Betinho (Herbert de Souza), já falecido, promovia em todo país.

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É permitido preservar.www.tnsustentavel.com.br

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96 TN Petróleo 69

suplemento especial

corretaPetrobras é a segunda do setor de óleo e gás em desempenho ambiental no mundo, superada apenas pela inglesa BP.

a Management & Excellen-ce (M&E), consultoria líder em estudos e ratings de sus-

tentabilidade, aponta a BP como a mais sustentável em desempenho ambiental, entre as dez maiores em-presas de gás e petróleo do mundo. A Petrobras ficou em segundo lugar no ranking, mas posicionou-se à frente das demais em produção de etanol e empatou com a Chevron em primeiro lugar no quesito Pro-teção Ambiental.

O estudo da M&E analisa o de-sempenho das dez maiores empre-sas de petróleo e gás do mundo, através de 198 itens ambientais, em sete áreas que vão de economia de

Ambientalmente

As 10 empresas mais ambientalmente sustentáveis de Petróleo/Gás 2009

Ranking Empresa Pontuação Desempenho (%)

1° BP 153 77%

2° Petrobras 149 75%

3° Total 146 74%

4° Chevron 144 73%

5° eNi 143 72%

6° exxonmobil 122 62%

Média 117 59%

7° shell 101 51%

8° sinopec 80 40%

9° gazprom 72 36%

10° Petrochina 60 30%

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energia e redução de desperdício a fontes alternativas de energia e segurança.

O item Proteção Ambiental, no qual a Petrobras se destaca, vem ganhando cada vez mais força nas pesquisas, graças às pressões re-alizadas há décadas por grupos ambientalistas, reguladores e do setor público. A Petrobras investiu US$ 1,9 bilhão em 2008 em ‘mo-dernização ambiental’. Apenas na cooperação de longo prazo com universidades, no quesito que ana-lisa pesquisa, desenvolvimento e inovação em relação a fontes al-ternativas e economia de energia, a empresa brasileira gastou US$ 235 milhões.

A BP aparece em primeiro lu-gar no quesito Fontes de energia alternativas e Transparência am-biental e em segundo no que diz respeito à Segurança, passando por um processo de recuperação de imagem depois de uma explosão em sua refinaria na cidade de Texas (EUA), em 2005.

A BP certificou todas as suas instalações de acordo com a ISO 14001, com exceção de duas, e vem obtendo sucesso ao reduzir as emissões de CO2 a cada ano. desde 2004, reduziu as emissões de 76,8 milhões de toneladas para 75 milhões em 2009, assim como da

comercialização de combustíveis refinados de 3.872 barris/dia em 2006 para 3.711 em 2008.

Negócios sustentáveisFundada em 2000, em Madri,

na Espanha, por William Cox e pelo Instituto de Empresas (uma das dez maiores escolas de negócios da Europa), a Management & Excel-lence (M&E) é referência na Amé-rica Latina na avaliação dos níveis de sustentabilidade das empresas, através da elaboração de ratings de sustentabilidade, estudos setoriais e consultoria.

Especializada no setor finan-ceiro e de óleo e gás, atua desde 2007 em São Paulo. É responsável

pelos dois rankings anuais de sus-tentabilidade de bancos – grandes e médios – da América Latina, em parceria com a revista Latin Finan-ce, e pelo “Estudo anual de trans-parência e sustentabilidade nas empresas do Ibovespa” – em par-ceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (IBRI) e a revista Razão Contábil.

A sustentabilidade, que norteia as avaliações, rankings e ratings da M&E, tem como base a ética, trans-parência, responsabilidade socioam-biental e governança corporativa. Em quase dez anos de atuação, já auditou e avaliou cerca de cem empresas, incluindo as maiores instituições da América Latina.

Proteção AmbientalRanking Empresa desempenho (%)

1°Chevron 22 96

Petrobras 22 96

3°eNi 18 78

shell 18 78

5°exxonmobil 17 74

Total 17 74

Média 17 73%

7° BP 15 65

8° sinopec 14 61

9° Petrochina 13 57

10° gazprom 12 52

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98 TN Petróleo 69

suplemento especial

FracassoglobalEncontro do clima termina sem acordo entre os países e frusta o mundo

a 15ª Conferência das Partes da Conven-ção Marco das Na-ções Unidas sobre Mudança Climáti-ca (COP 15) ficará

marcada como um dos maiores fracassos da história da humani-dade. Organizado para discutir soluções pontuais e emergenciais para combater o aquecimento glo-bal, com a redução da emissão de CO2 na atmosfera, uso de fontes renováveis e limpas de energia, entre outras propostas, o encontro terminou com uma modesta carta de intenções, sem obrigatoriedade nenhuma para os países.

O que ficou colocado no docu-mento é que a meta dos países fica-rá em torno de 20% das emissões até 2020, quando os especialistas dizem ser necessários 25%, ajuda a nações pobres e manutenção do aumento da temperatura global em 2ºC.

A escolha da dinamarca como país-sede da COP 15 poderia ter sido usada como influência aos gover-

nantes dos países mais poluidores do mundo como China e Estados Unidos. O país europeu é exemplo para o mundo no quesito sustentabi-lidade – grande parte dos moradores vai ao trabalho de bicicleta ou utili-zando o transporte público, a energia é gerada por fontes renováveis como a energia eólica e solar e é a própria população que separa e leva o lixo para reciclagem.

Porém, o que se viu foi um evento desorganizado, com o centro de con-venções da cidade superlotado, muitos políticos (até demais) e pouca ação. Na maioria das muitas reuniões realizadas, os chefes de Estado acusavam-se uns aos outros – qual deles devia ceder nesse papel de relevância global? du-rante a conferência, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse que os países ricos e pobres precisam parar de apontar os dedos uns contra os outros e elevar suas metas climáticas para a redução do aquecimento global.

Maiores poluidores mundiais, China e Estados Unidos recusaram-

se a assinar qualquer termo mais ousado de redução das emissões de gases. O governo de Barack Obama acenou com uma redução vergo-nhosa de 4% dos gases emitidos entre 1990 e 2020.

Já a China, que ocupa agora a liderança do ranking dos que mais poluem o planeta, não quis nem ouvir as propostas. Principalmente com relação à fiscalização por ór-gãos mundiais do cumprimento das metas de redução do clima.

O Brasil, que é responsável por 2% das emissões de CO2 na atmosfe-ra, teve uma participação aquém do esperado, mas mesmo assim, mostrou ações e intenções de redução impor-tantes em relação aos outros países em desenvolvimento e os ricos.

No dia 10, o Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social (BNdES) anunciou a apro-vação dos cinco primeiros projetos que receberão recursos do Fundo Amazônia, no qual serão desem-bolsados R$ 70,3 milhões para a prevenção e contenção do desma-

COP 15 – 15ª Conferência das Partes, Copenhague

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tamento, levantamento de dados ambientais e fundiários de pro-priedades rurais e restauração de áreas degradadas. O banco também apoiará com R$ 20 milhões desta mesma rubrica o Fundo Brasileiro de Biodiversidade (Funbio). Os re-cursos serão aplicados na segunda fase do Programa áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), de combate ao desmatamento. A ação ocorrerá a partir da criação e consolidação de Unidades de Conservação.

Antes de ir para Copenhage, o presidente Lula sancionou uma lei que cria o Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas, que ficará ligado ao Ministério do Meio Am-biente (MMA) e terá a função de assegurar recursos para projetos e ações que contribuam para a di-minuição e adaptação do país aos efeitos do aquecimento global.

Segundo o MMA, dos 10% des-tinados ao ministério pela Lei 9.478, que regula a cadeia produtiva do petróleo, 6% irão para este novo fundo, que será formado ainda por fontes como o BNdES, orçamento da União, doações e empréstimos de entidades nacionais e interna-cionais, públicas e privadas.

A criação de um fundo global para ajudar os países pobres com as mudanças no clima foi, aliás, o item em que houve grande divergência de opiniões, principalmente com relação ao volume de recursos que cada país deveria depositar.

A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em tom mais duro, dis-se que o Brasil deveria colocar US$ 1 bilhão no fundo, lembrando que o governo brasileiro já emprestou recur-

sos inclusive para o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para ela, esse ges-to forçaria os outros países, como os Estados Unidos, a contribuírem com valores ainda maiores. No último dia do evento, os americanos avançaram um pouco e ofereceram US$100 bilhões para o fundo para ajudar os países pobres a se adaptarem às mudanças climáticas que estão por vir.

Para a ministra-chefe da Casa Civil, dilma Roussef, é inaceitável que os países em desenvolvimento se equiparem aos em desenvolvi-mento em relação às suas responsa-bilidades para conter o aquecimento global. “É um absurdo que os países ricos não tenham metas de redução maiores do que os países pobres e em

desenvolvimento, já que eles são in-dustrializados há muito mais tempo, emitindo, assim, maior quantidade de carbono”, afirmou a ministra.

O depoimento da ministra dil-ma Roussef simboliza o que foi essa semana que reuniu as principais autoridades mundiais, quando so-brou discussão mas faltou ação. Já está marcada para 2010, no Méxi-co, a COP 16, uma nova tentativa que o mundo terá de se salvar.

do lado de fora do Bella Center, o centro de convenções da capital dinamarquesa, as faixas carregadas pelos manifestantes traduziam bem o sentimento que ficou desse triste desfecho da COP 15, “Vergonha Climática!”

COP 15 em números7 a 18 de dezembro de 2009

Copenhague, dinamarca

Países participantes .............192

delegação brasileira ............700

delegados .......................... 12 mil

Jornalistas ...........................5 mil

manifestantes ................. 100 mil

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CRIAdO Há POUCO mais de dois anos, em agosto de 2007, e com sede em Niterói (RJ), o Grupo Brissoneau projeta, constrói e opera, com capital 100% brasileiro, embarcações utiliza-das para a despoluição, intervenção, contingenciamento e o monitoramen-to ambiental, além de desenvolver plataformas ambientais para projetos de pesquisas e educação ambiental, reflorestamento, entretenimento e infraestrutura ecoturística.

Hoje estão entre os principais clientes o Governo de São Paulo, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o ICM-Bio/Instituto Chico Mendes, Marinha do Brasil e Consórcio Terraplanagem Comperj.

O Grupo Brissoneau construiu as primeiras embarcações movidas a gás natural no país, com baixos índices de emissão de CO2 e riscos nulos de poluição hídrica,. Hoje, elas integram o bem sucedido Projeto em defesa das águas, fruto de uma parceria com a Sabesp e o Governo de São Paulo, atuando no recolhimento de resíduos sólidos e macrófitas na Represa do Guarapiranga (SP).

A empresa projetou e fundou, na área de Proteção do Guapimirim, o maior complexo privado de educação ambiental, pesquisas científicas e eco-turismo do estado do Rio de Janeiro, tendo recebido, depois do Comperj – que está localizado na mesma região –, a primeira Licença de Instalação (LI) na área de Proteção Federal de Manguezais.

“O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, instalado próximo ao Manguezal Fluminense, traduz-se em risco potencial de poluição ambiental. É fundamental realizar o monitoramen-to e controle de possíveis alterações

nesse sensível ecossistema”, observa Francisco Vivas, presidente do Grupo Brissoneau.

“Um projeto futuro da companhia é o monitoramento ambiental nessa região, criar aí um ponto de concentra-

ção de informações que sirva de sinal amarelo para o Complexo (asso-reamento pelas obras, vazamento de produtos quími-cos e alterações na qualidade ambien-tal da água, fauna

e flora)”, complementa o executivo.O Grupo Brissoneau tem ainda

como plano de investimento para 2010 a captação de recursos público-priva-dos, visando a finalização do catamarã Ambiance, cujo casco e superestrutura

em alumínio já estão integralmente construídos.

Medindo 24 m de comprimento e 7,5 m de boca, o Ambiance contará com quatro gabinetes de pesquisas, salas de projeção para 20 pessoas, quatro suítes para a tripulação e os pesquisadores e um working deck, equipado com embarcações de intervenção, skimers, barreiras e outros equipamentos para contingenciamento de derramamento de óleo e acidentes químicos.

Quando finalizada, será a primeira base logística para pesquisas científi-cas de universidades, monitoramento ambiental e intervenção em acidentes ambientais especificamente para a Baía da Guanabara. O projeto conta com a participação de pesquisadores da Uni-versidade de São Carlos (SP), dentre outros, especializados em monitora-mento ambiental em tempo real.

Nova base logística“Com a decisão de dedicar 3% dos royalties do pré-sal para mitigar os impactos ambientais, o país dedica atenção a ações que serão certamente necessárias, mesmo que as atividades estejam localizadas longe da costa”, avalia Francisco vivas, presidente do Grupo Brissoneau.

Grupo Brissoneau

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LídER EUROPEIA na área de Tecnologia da Informação, principalmente de compu-tadores de alta performance HPS (High Performance Computing), a francesa Bull foi a grande vencedora de edital promo-vido pela Petrobras para o fornecimento de um Supercomputador Bullx ao Centro de Pesquisas e desenvolvimento Leopoldo Miguez (Cenpes).

Com tecnologia GPGPU, da Linha Ex-treme Computing da Bull, o equipamento será dedicado à realização de simulações geofísicas orientadas para aprimorar a visualização das camadas geológi-cas do subsolo para suportar a explora-ção e produção de petróleo. “O super-computador Bullx representa o estado da arte desta tecno-logia no mundo e será o maior computador da América La-tina por ocasião de sua instalação”, afirma Matthew Foxton, diretor de Comunicação da Bull. O equipamento possui cerca de 1.100 cores Intel Nehalen e mais de 120 mil cores de tecnologia NVIdIA Tesla.

“O sistema é uma joia da tecnologia de processamento paralelo e possui capaci-dade superior a 268 TeraFlops”, explica o executivo, afiançando que o supercompu-tador atenderá plenamente às demandas tecnológicas da Petrobras por este tipo de equipamento. O novo supercomputa-dor estará entre as primeiras máquinas a serem instaladas no novo dataCenter do Cenpes, em fase final de construção, no Rio de Janeiro.

O executivo lembra que a Bull já é fornecedor da Petrobras há mais de cinco anos, tendo implantado o Sistema de Ges-tão de distribuição de Gás e servidores da Transpetro, além de sistemas de Workflow, centrais de softwares em unidades da Pe-trobras, e servidores departamentais, na BR distribuidora. “As relações entre a Bull e a Petrobras estão sendo construídas na direção de uma parceria estratégica que transcende a simples relação comercial”, destaca o executivo.

Segundo Matthew Foxton, no mercado brasileiro a Bull tem se posicionado como integrado-ra de sistemas e fornecedora de soluções complexas de TI e de alto valor agregado para clientes nos mercados de telecomunica-ções, setor público, setor finan-ceiro e, mais recentemente, no setor de energia. “Nestes mercados espe-cializados a Bull tem se destacado como um dos líderes do mercado. Esperamos alcançar o mesmo sucesso no mercado de soluções de TI aplicada a Energia”, complementa.

O executivo afirma que as perspec-tivas de negócios no setor de petróleo e gás são as melhores possíveis, tendo sido ampliadas com as recentes descobertas brasileiras no pré-sal. “Entendemos que existe uma lacuna quanto a soluções de TI baseadas em um enfoque alternativo. A Bull, com suas raízes europeias, aborda os problemas de TI por uma ótica diferente, que entendemos serem mais adequadas ao mercado brasileiro e mais alinhadas com os interesses do governo brasileiro”, diz o diretor de Comunicação da empresa fran-cesa. “A abordagem da Bull de priorizar soluções de TI Abertas e não proprietárias vem ao encontro dos anseios brasileiros de vanguarda e soberania no setor.”

Entre as principais vantagens do su-percomputador Bull em relação às outras máquinas, ele destaca que a empresa dis-põe hoje da melhor tecnologia mundial a preços competitivos. “A difícil concorrên-cia a que fomos submetidos nos permitiu demonstrar todo este potencial. Os testes elaborados confirmaram toda esta van-guarda tecnológica”, observa.

Outro aspecto muito importante des-tacado por ele foi a escalabilidade da arquitetura desenvolvida pela Bull, que permitirá ao Cenpes aumentar a potência do sistema em até 1.500 vezes, o que supe-raria largamente o maior sistema mundial atualmente instalado. “Esta possibilidade dará ao Cenpes a agilidade necessária para as pesquisas e para a ampliação da capacidade brasileira no campo do petró-leo e gás. Além disso, esta escalabilidade

permitirá expansões a custos efetivos mui-to mais baixos.”

de acordo com Matthew Foxton, a Bull considera este primeiro fornecimento de supercomputadores a Petrobras um desafio extraordinário, que merecerá o melhor da engenharia da Bull. “da mesma forma, a Petrobras, através deste fornecimento, pas-sará a ter acesso a pesquisa de vanguarda no setor em curso nos laboratórios da Bull na Europa. Esta cooperação deverá alavan-car os trabalhos da companhia brasileira e acelerar o desenvolvimento da Bull no setor”, conclui.

Architect of an open World™ – A Bull está fortemente presente nos segmentos de setor público, energia, telecomunicações e setor financeiro, como já foi dito, asse-gurando o suporte tecnológico de gran-des organizações, por meio de sua rede de parceiros de negócios com operações de distribuição estabelecidas em mais de cem países.

Na América Latina, a empresa opera a partir de sua base no Brasil, dando su-porte a clientes em toda a região, princi-palmente, no Brasil, Argentina, Uruguai, Peru e México.

Capitalizando seu amplo conhecimen-to em mainframes e soluções complexas, a Bull cria e produz soluções e serviços de alto desempenho, inovadoras, abertas e com base na utilização de tecnologias líderes e padrões de mercado. Com suas alianças com grandes fornecedores de soluções e software e de seu estreito re-lacionamento com as comunidades de software livre e de código aberto, a Bull cria e implementa infraestruturas de apli-cações flexíveis e interoperacionais, que permitem às empresas evoluírem de forma sustentada.

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Tecnologia de ponta a serviço da P&dNovo supercomputador do Cenpes é da francesa Bull

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produtos e serviços

Aker Solutions

Conexão submarina para P-55 além de ser a fornecedora exclusiva dos equipamentos e serviços de conexão da P-55, a empresa norueguesa também vai fabricar mais oito módulos de bombeio para a Petrobras, desta vez para o FPSO Juscelino Kubitschek.

A AKER SOLUTIONS FECHOU três con-tratos para fornecimento de equipamentos e serviços para a Petrobras, em dois im-portantes projetos: Roncador e Jubarte. A empresa norueguesa será a responsável pelos dois sistemas de conexão submarina para a P-55, no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Os contratos com a Pe-trobras e a Subsea 7 (a epecista contratada para a realização deste empreendimento) foram assinados no dia 30 de novembro, poucos dias depois da Aker ter anunciado um novo contrato com a estatal, desta vez para sistemas de bombeio.

O contrato da Aker Solutions com a Petrobras refere-se ao fornecimento de três Plets (Pipeline end Termination, equipamento provido de válvula de bloqueio, utilizado quando se deseja interligar uma linha flexível a um duto rígido), dois Jumpers rígidos, ferramen-tas e acessórios. Já a Subsea 7 contratou dois conjuntos de Plet 12”, um conjunto de ILT (t-shaped pipeline) de 12”, ferra-mentas e acessórios.

Estes equipamentos serão utilizados na interligação dos gasodutos e oleodutos do módulo 3 do campo de Roncador, onde a P-55 iniciará suas atividades em 2013. Com estes contratos, a Aker Solutions será a única fornecedora de sistemas de conexão para a P-55 no campo de Ronca-dor, pois os dois lados da linha vão usar soluções da empresa norueguesa. “Nossa experiência no fornecimento de sistema de conexão do tipo PT, com mais de 30 unidades instaladas no Brasil, foi um fa-tor crucial para firmar estas parcerias”, comenta delio Lopes, gerente de Vendas da Aker Solutions no Brasil.

Sistema de bombeio para Jubarte – Simi-lar a um projeto desenvolvido em maio de 2007, a Aker Solutions assinou um contrato com a Petrobras para fornecer oito módu-los de bombeio (Bab Mobo) e um ESdV (válvula de bloqueio de emergência) para o campo de Jubarte, localizado na Bacia de

Campos, onde está em operação o FPSO Juscelino Kubitschek.

Em maio de 2007, a companhia havia recebido encomenda similar da Petrobras, também para oito módulos de bombeio. Em relação ao contrato anterior, também de oito módulos de bombeio, houve várias melhorias para otimizar a produção de petróleo, como modificações nas linhas de fluxo de forma a reduzir perda de carga. A pressão da cápsula passou de 3.600 para 5.000 PSI e foram feitas mudanças nas válvulas, tubulações e estruturas; foram incluídas nove novas ferramentas que darão apoio à instalação.

“Além da inerente inovação tecnoló-gica, este equipamento proporciona uma considerável redução nos custos de inter-venção, quando comparado às tecnologias existentes no mercado”, ressalta Marcelo Taulois, presidente da Aker Solutions na América Latina. Ele observa que de todos os Bab Mobos comprados pela Petrobras no Brasil, a Aker Solutions foi responsá-vel pelo fornecimento de 16 unidades,

que representam 76% do total fornecido até agora.

Os módulos de bombeio submerso (Mobo) e bases adaptadoras de bombeio (Bab), assim como ESdV, serão produzi-dos na fábrica de Curitiba, matriz da Aker Solutions no Brasil. A entidade contratual é a Aker Solutions do Brasil Ltda.

Em setembro deste ano, a Aker Solu-tions concluiu com sucesso a instalação do primeiro Bab Mobo fabricado no Brasil, dentro de um contrato de oito unidades, com tecnologia desenvolvida pela subsi-diária da empresa no país. A unidade foi instalada a 1.590 m de profundidade no campo de Golfinho, na Bacia do Espírito Santo, onde a produção de petróleo é feita por meio do FPSO Capixaba.

A partir do fim de 2010, a Aker passa a fornecer também para áreas do pré-sal, quando deve entregar nove conjuntos de válvulas submarinas para o projeto pilo-to do campo de Tupi, como parte de um contrato de 45 milhões de euros (cerca de R$ 115 milhões).

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aNTes de ser LaNçado No merCado, cada lubrificante Petronas é testado nos dois mais avançados centros de pesquisa e desenvolvimento de lubrificantes da empresa – um na europa e outro na Ásia –, que utilizam tecnologia de última geração.

Nos testes de motores em funcionamento verifica-se o com-portamento do lubrificante, registrando os dados dos quais resulta em estudos estatísticos. o ciclo de prova é repetido automatica-mente para posterior comparação com as condições padronizadas ou de acordo com as exigências de cada montadora.

a meta da Petronas para assegurar competitividade é ante-cipar-se às exigências e às demandas dos setores automotivos a partir de seu relacionamento direto com as montadoras, desen-

volvendo em comakership (parceria entre fornecedor e cliente), produtos estudados sob medida para as exigências específicas dos clientes, para determinadas máquinas ou motores.

Frequentemente, a empresa submete seus produtos a provas especiais em equipamentos mecânicos de tecnologia mais avançada, garantindo assim sua constante evolução e atualização, antecipando as exigências dos futuros equipamentos e obtendo re-sultados que superam sempre as especificações internacionais.

Petronas

Um nova marca de lubrificantes no país

Grid de testes

a estatal malasiana Petroliam Nasional Berhad, uma das maiores empresas do setor de petróleo no mundo, lança no Brasil novos produtos com sua marca Petronas, dentro de uma estratégica agressiva para conquistar mercados da américa Latina .

ATENTA à ExPANSãO da indústria bra-sileira de óleo e gás e ao aquecimento da economia do país, a estatal malasiana Petroliam Nasional Berhad (Petronas), uma das maiores sociedades integradas de derivados de petróleo do mundo e um dos principais protagonistas no mercado mundial de gás natural liquefeito (LNG), que completou 35 anos, está investindo firme para marcar posição no mercado verde-amarelo.

Com um faturamento de US$ 77 bi-lhões e a 80ª posição noranking mundial da Fortune Global 500 (e a oitava mais lucrativa do mundo), a Petronas ainda não tem ativos na área de exploração e produção nas bacias brasileiras. Mas já começou a acelerar na sua investida no Brasil, onde pretende atingir novos seg-mentos com produtos de alta tecnologia em lubrificantes, testados e aprovados nos circuitos de Formula 1 e no Mundial de Motovelocidade.

Ela lançou na América Latina, com forte marketing no Brasil, as novas linhas de lubrificantes Petronas, desenvolvidas a partir da aquisição do grupo FL Selè-nia (Fiat Lubrificanti). O carro-chefe é o lubrificante sintético Syntium, marca consagrada mundialmente por ser utili-zada pela equipe BMW Sauber F1 Team, na Fórmula 1. “Resultado de uma fórmula que se renova em cada ciclo produtivo, os produtos são desenvolvidos através de uma escolha rigorosa das matérias-

primas, pesquisas de vanguarda, além de testes severos e profundos”, destaca Adilson Capanema, diretor executivo da Petronas para o mercado nacional.

Fabricante de peso – A divisão Petronas Lubricants International, uma das dez maiores fabricantes de lubrificantes do mundo, é líder em alguns importantes

países, sendo a fornecedora exclusiva de lubrificantes para o Grupo Fiat em todo o mundo. A divisão da estatal da Malásia continuará a comercializar normalmente a linha de produtos recomendados pela montadora italiana, com marcas consagra-das como a citada Selènia, Tutela, Paraflu, Urania, Ambra e Akcela.

No Brasil, onde é a quarta maior no segmento de lubrificantes para motores leves, com market share de 11%, a Petronas obteve faturamento de R$ 643 milhões, em 2008 – 34% maior do que o apurado em 2007. Com a sua gama completa de fluidos, lubrificantes automotivos, lubrifi-cantes para aplicação na indústria, graxas, e produtos car care – Linha Arexons, pro-dutos fabricados pela própria companhia líder deste segmento na Itália – a empresa está presente nos setores mais importantes do país.

A linha Syntium é composta de nove lubrificantes sintéticos de elevada tec-nologia, satisfazendo todas as exigên-cias requeridas pelos motores de nova geração. Graças à presença reduzida de substâncias danosas para os sistemas de pós-tratamentos dos gases de escapamen-to, os lubrificantes desta linha permitem satisfazer todas as normas antipoluentes requeridas pelos novos motores. Além dis-so, a tecnologia Syntium permite economia de combustível e reduz o consumo de óleo lubrificante, contribuindo para a redução de emissões na atmosfera.

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HRT Oil & Gas

Uma nova petroleira em campoa mais nova companhia de petróleo do país aposta no potencial da Bacia do Solimões para dar seus primeiros passos.

A CONSULTORA E PRESTAdORA de serviços High Resolution Technology & Petroleum (HRT) quer ir mais longe – e mais fundo – em suas atividades. Em outras palavras, ao invés de prestar serviços para petroleiras, que vão usar suas informações para ter sucesso em atividades exploratórias, a HRT decidiu sair em busca de seu próprio petróleo.

No dia 4 de novembro, ela anunciou a captação de U$S 275 milhões junto a investidores das mais importantes praças financeiras internacionais para a criação da HRT Oil & Gas, empresa de exploração e produção de petróleo e gás. O foco inicial é a Amazônia – mais precisamente, a Bacia do Solimões.

Mas quem conhece o presidente do grupo, Márcio Rocha Mello, dirigente da Associação Brasileira de Geólogos de Petróleo (ABGP), sabe que isto pode ser apenas o começo.

Par dar o novo passo o geólogo com anos de carreira na Petrobras reuniu um seleto grupo. No conselho da nova empresa estão o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Nuclebrás, John Forman, como vice-presidente executivo, o ex-presidente da Petrobras e ex-ministro de Infraestrutura, Eduardo Teixeira, como diretor Financeiro, o ex-diretor de exploração e produção da Petrobras, Antônio Agostini, como diretor de Operações, e Mike Vitton, ex-captador para América do Norte do Banco de Montreal.

A HRT Oil & Gas começa operando em 21 blocos na Bacia do Solimões, na Amazônia, em parceria com a Petra Energia e a M&S Brasil, em uma área de cerca de 50 mil km² – superior à de diversos países, como, por exemplo, a Bélgica. O potencial petrolífero estima-do da área, segundo Márcio Mello, é algo entre 4 a 6 bilhões de barris de óleo leve e de 10 a 20 TCF (trilhão de pés cúbicos) de gás.

de acordo com o presidente do grupo HRT, a Bacia do Solimões tem

grande potencial e pode ser uma das maiores provedoras de gás e óleo leve do país. “O gás é a energia do futuro, uma energia limpa com praticamente zero de emissão de poluentes. Impor-tamos hoje 60% do nosso gás”, avaliou. “A Amazônia será a maior fronteira de gás do Brasil, maior até do que o pré-sal. É uma oportunidade de utilizar uma energia limpa para o desenvolvi-mento de uma região extremamente sensível”, disse.

O executivo já anunciou que a companhia vai participar da próxi-ma Rodada de Licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e buscar oportu-nidade em poços nas bacias de Santos, Campos, Espírito Santo, Recôncavo e Barreirinhas. “Criar uma companhia de E&P é o sonho de qualquer geólogo, mas os riscos são grandes e é preciso levantar capital”, observa Márcio Mello. “Montamos uma diretoria com os me-lhores profissionais: temos 29 geólogos com Phd”, acrescenta.

de acordo com o presidente da HRT Oil & Gas, mesmo com os negócios de exploração e produção, o grupo continuará na área de serviços. “Em um primeiro momento daremos atenção aos blocos em terra, onde a produção ocorre com mais rapidez”, afirma ele,

comentando que, por conta do pré-sal, a atividade onshore acabou de certa forma, colocada de lado.

Segundo Mello, a companhia já contratou quatro sondas na China, Estados Unidos e Canadá para fazer a perfuração de poços da região: duas já estão construídas e outras duas estão em construção. “A previsão é que em junho ou julho de 2010 os equipa-mentos já estejam operando”, avalia o executivo.

A ideia é que cada sonda fure quatro poços por ano. Assim, ao final de dois anos a nova petroleira terá perfura-do 32 poços na área. “Iremos contratar mais outras duas sondas, totalizando seis equipamentos de perfuração na área até o final de 2010, quando espe-ramos estar produzindo nosso primeiro óleo”, concluiu Márcio Mello.

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Vector Engenharia

Maior segurança a oleodutos vector engenharia desenvolve sistemas de telessupervisão e telemetria para tornar ainda mais segura a operação de dutos da Transpetro no Sul do país, que atravessam milhares de quilômetros passando por três estados brasileiros.

O CENTRO dE CONTROLE Opera-cional (CCO) do sistema Sul de distri-buição de combustíveis da Transpetro, responsável pelo transporte dos produtos petroquímicos da Petrobras, acaba de ganhar um novo e sofisticado apare-lhamento para monitorar e controlar à distância a segurança de milhares de quilômetros de oleodutos espalhados pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O projeto foi integralmente desenvol-vido e implantado pela Vector Engenharia, empresa com mais de 20 anos de expertise em automação de processos. E é tão gran-de quanto o seu nome completo: Sistema de Telessupervisão para Monitoramento de Retificadores e Válvulas de drenagem de Sistemas de Proteção Catódica de Ole-odutos, Terminais e Piers.

A megaestrutura deste CCO, localizado em São Francisco do Sul (SC), destina-se a evitar acidentes e a manter em perfeito funcionamento cada metro da tubulação que carrega subprodutos de petróleo. Os engenheiros da Vector criaram, instalaram e colocaram em operação 50 Unidades Terminais Remotas, cada qual dotada de Controladores Lógicos Programáveis para assistir centenas de sensores e transdutores conectados a 26 equipamentos de proteção catódica dos dutos.

Foram também desenvolvidas pela empresa 17 pequenas centrais concentra-doras, que recebem informações das UTR e as transmitem ao CCO via radiofrequência. Além da montagem de equipamentos em sua fábrica de Americana, no interior de São Paulo, a Vector cuidou do desenvolvi-mento de parte do software especializado e das obras de engenharia civil necessárias para abrigo da aparelhagem eletrônica em campo.

coadjuvante de peso – Os oleodutos, em-bora feitos de material resistente e tratados quimicamente para minimizar a corro-são, estão instalados ao tempo e sofrem

agressão natural contínua ao longo das grandes dis-tâncias que percorrem, muitas vezes sob a terra. Esses fatores inviabilizam a checagem local contínua dos dutos.

“A automação é um co-adjuvante de peso no siste-ma de manutenção preven-tiva e de ação pontual em quaisquer pontos dos dutos que apresentem possibilida-de de problemas futuros”, explica o enge-nheiro André Araújo, diretor Comercial e de Marketing da Vector. “Estamos falando em dispositivos pelos quais transitam bi-lhões de litros de produtos químicos, nos quais qualquer falha pode ser catastrófica para o meio ambiente ou mesmo para as populações próximas. Neles, a segurança nunca é demais.”

O principal ponto dos sistemas de-senvolvidos pela Vector é dar apoio auto-matizado à Proteção Catódica dos dutos e terminais a eles conectados. A Proteção Catódica, na verdade é basicamente um sistema que injeta ou drena correntes elé-tricas controladas nos dutos, deixando-os eletrizados (orientação dos elétrons).

O que se observa ao longo de grandes tubulações metálicas (ferrosas) é que, mes-mo enterradas, elas acabam gerando cargas elétricas, e ficam eletricamente carregadas em relação à terra. O efeito natural, quando isso ocorre, é que a estrutura carregada perca elétrons livres ou ‘desorientados’, puxados pela terra – isto é, perca massa. Ao longo do tempo, o duto vai se tornando mais e mais fino. É o que todos conhecem como ‘ferrugem’.

Tempo real – As informações obtidas pela malha de sensores são enviadas em tempo real ao CCO, ficando disponível tanto nos computadores dos operadores locais quan-to na intranet da empresa. Na central, a Vector instalou um sistema de supervisão

que monitora à dis-tância uma série de variáveis, incluin-do a diferença de tensão entre duto e solo, funcionamen-to de retificadores e até invasões de cons t r uções re -motas onde estão

os equipamentos. No total, há 1,4 mil pontos de controle e de coleta de dados nas unidades remotas.

Também foi implantado um sistema de telessupervisão, composto por unidades terminais remotas, unidades de comunica-ção e centralização e software de interface com o sistema supervisório da Transpetro, além de dispositivo para enviar as infor-mações à intranet da empresa. Segundo André Araújo, o sistema tem capacidade instalada para telessupervisionar até 500 unidades remotas.

No CCO, os usuários podem visuali-zar cada retificador, navegando por me-dições históricas ou solicitando gráficos de tendências. Criado em páginas web, para tornar o processo de controle mais simples, o módulo de telessupervisão mostra localização de dutos e terminais em um mapa com a visão geral do siste-ma, além de tabelas com resultados das medições em tempo real ou histórico e alarmes de mau funcionamento, entre vários outros.

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produtos e serviços

Pessoas

o novo presidente das operações da duke energy no Brasil é Armando de Azevedo Henriques, que vem do grupo Bg, com-panhia multinacional de energia, na qual presidiu operações na itália e espanha. ele substituirá mickey Peters, que retor-nará aos estados Unidos no final do ano.

segundo andrea Bertone, presidente da duke energy international (dei), “sob a liderança de mickey, a dei construiu uma sólida plataforma de negócios no Brasil. a experiência de armando será valiosa para a continuidade e fortalecimento da posição da duke energy na região”.

desde o dia 1º de dezembro no comando da empresa, azevedo Henri-

ques é formado em engenharia química pelo instituto militar de engenharia, no rio de Janeiro, e possui mBa pela Coppead/UFrJ. ele também completou o Programa avança-

do de administração na Wharton school, Universidade da Pensilvânia ( eUa).

e traz na bagagem, ainda, sua ex-periência em entidades representativas do setor: foi vice-presidente do Comitê de exploração e Produção do instituto Brasileiro do Petróleo, gás e Biocombustí-veis (iBP) e vice-presidente da associação Brasileira da infraestrutura e de indústrias

de Base (abdib). em 27 anos de atuação na indústria internacional de energia, Henriques morou fora do Brasil por 15 anos, assumindo posições de liderança e desenvolvendo negócios em âmbito global, incluindo África, europa e américas.

No Brasil, a duke energy internatio-nal possui e opera ativos de geração de energia num total de 2.237 mW, compos-tos de oito usinas hidrelétricas situadas ao longo do rio Paranapanema, na divisa entre os estados de são Paulo e Paraná. adquiridas em 1999, as usinas Jurumirim, Chavantes, salto grande, Canoas i e ii, Capivara, Taquaruçu e rosana, juntas, são responsáveis por cerca de 2,3% da energia produzida no país. a companhia também investe na construção de duas pequenas

duke Energy sob novo comando no Brasil

MELHOR USABILIdAdE por parte dos operadores e, assim, ganho de produtivi-dade nos projetos são os principais atri-butos das novas soluções apresentadas pela Emerson Process Management, no dia 3 de dezembro, em evento realizado em São Paulo.

A principal novidade foi a nova pla-taforma delta V série-S com a plataforma I/O on demand e rearranjo eletrônico. Segundo a empresa, trata-se de um novo patamar de eficiência em proje-tos de automação, pois agora a tela dos operadores ficará mais fácil de usar, a complexidade do projeto será reduzida, eliminará o trabalho desnecessário e vai acelerar o comissionamento do sistema. Com o I/O demand, a maneira de colocar os cartões de entrada nos gabinetes ficou bem mais flexível.

Outras vantagens do Rearranjo Ele-trônico é a simplificação do desenho e da instalação para os usuários. Esse modelo elimina dois terços da fiação e das conexões dos atuais gabinetes de rearranjo convencionais. Em plataformas de petróleo foi constatado que ele gera uma eliminação de 40% dos fios e de me-tade dos painéis. Isso é possível graças à tecnologia Charms (Characterization

Modules), que repassa informações de I/O para qualquer controlador delta V via backbone Ethernet.

A tecnologia Wireless para a redução no uso dos fios vem sendo amplamente utilizada em monitora-ção, nos mais diversos segmentos, pois nos últimos três anos ela já se provou robusta em ambientes de processo, por isso a empresa está investindo neste modelo, que obtém o mesmo tempo de resposta do que o controle com fios.

O grande benefício constata-do com o uso dessa tecnologia é que reduz falsos alarmes, o que mostra a segurança e eficiência desse sistema que a Petrobras está utilizando na monitoração de tem-peratura para óleo e gás.

A Emerson também destacou seu conceito de Human Centered design (HCd), criado para garantir que as prá-ticas de trabalho do usuário e a con-clusão das tarefas estejam inseridas em cada novo produto lançado pela empresa. Para o vice-presidente de Tecnologia e Estratégias da Emerson, Peter zornio, o HCd é fundamental para os novos produtos de automação.

“Estamos focando no treinamento de pessoas e na contratação de especia-listas em HCd”. de acordo com ele, os produtos com HCd são fáceis de usar, sem a necessidade de manuais.

A Emerson, que tem hoje mais de mil funcionários, está decidia a ter maior participação no mercado subsea no Bra-sil. Para isso está construindo uma nova fábrica em Sorocaba (SP), com investi-mentos em torno de R$ 60 milhões.

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Automação à serviço da indústria ‘Conquistando a complexidade’ foi o tema do evento realizado pela emerson Process Management para apresentar novos produtos na área da automação.

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centrais hidrelétricas, situadas em guará e são Joaquim da Barra, em são Paulo, que perfazem, juntas, 32 mW de capacidade instalada.

Marcelo Oliveira Mello foi nomeado mem-bro da recém-criada Comissão especial de matrizes energéticas da ordem dos advo-gados do Brasil. sócio do escritório mello martins e associados, marcelo mello foi gerente jurídico internacional da Petrobras e chefe da assessoria jurídica da Braspe-tro (que deu origem à área internacional da Petrobras) por cerca de 17 anos. Nestas funções, foi responsável por coordenar todos os assuntos jurídicos relacionados a projetos de exploração e produção de óleo e gás (upstream), de refino, transporte

e comercialização de petróleo, gás natural e derivados (midstream) e de distribuição e re-venda de derivados (downstream) em quase 30 países.

em 2004, associou-se à opera-

ção brasileira do Thompson & knight LLP, escritório sediado no Texas (eUa). No ano passado, tornou-se sócio do mello martins, escritório sediado no rio de Janeiro e que atua com foco nos mercados de petró-leo, gás, energia e infraestrutura, com destacada presença no direito Tributário, regulatório, empresarial, ambiental e Trabalhista, e no contencioso e arbitragem nacionais e internacionais.

acaba de assumir a diretoria geral da rockwell automa-tion do Brasil o engenheiro gaúcho Ronaldo Antonello Carneiro, 50 anos. ele chega ao comando da companhia no Brasil após 15 anos na empresa, ao longo dos quais comandou a filial da rockwell automation na região sul do Brasil por seis anos e, nos últimos três gerenciou a região Nordeste do méxico a partir de monterrey. ronaldo Carnei-ro chega com a missão de dar sustentação ao crescimento dos negócios no país da gigante norte-americana de automação, dentro da estratégia global da companhia de aumentar sua presença nos países emergentes.

Gaúcho assume Rockwell Automation

Comissão Especial de Matrizes Energéticas

AS REdES INTELIGENTES oferecem melhor qualidade de energia nos vários níveis de tensão, ganhos de estabilida-de para o sistema, culminando na re-dução nos custos com energia e melhor desempenho para as concessionárias de transmissão e distribuição. Além desses diferenciais, existe a possibilidade de redução das emissões de CO2 relativas à geração de energia e ampliação da matriz energética, com acesso às grandes cen-trais de energia eólica e solar combinadas à hidrelétrica.

Estas questões foram destacadas pela Siemens no xx Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elé-trica (SNPTEE), realizado de 22 a 25 de novembro, em Recife (PE). Promovido pelo Cigré-Brasil, o encontro acontece a cada dois anos e é considerado um dos mais importantes eventos do setor elétrico da América Latina.

O Setor Energy da Siemens é o forne-cedor líder mundial de uma gama com-pleta de produtos, serviços e soluções para a geração, transmissão e distribuição de energia e para a extração, conversão e transporte de petróleo e gás. Todas as ci-fras representam a soma dos números não consolidados para os grupos de geração

de energia e transmissão e distribuição de energia e para a divisão de soluções de petróleo, gás, marítimas e serviços industriais.

No Brasil, este setor tem uma par-ticipação de 60% da base instalada de usinas de cogeração industrial, 40% de termelétricas, 50% de hidrelétricas e 100% de nuclear. Além disso, 30% das linhas de transmissão e distribuição do país contêm tecnologias e produtos Siemens.

durante o evento, a empresa apre-sentou diferentes soluções e tecnologias de ponta para o mercado de redes inteli-gentes, de forma a reforçar sua posição como uma das principais fornecedoras mundiais de soluções smart grids para

toda a cadeia energética. A Siemens é hoje a única empresa mundial de grande porte que atua tanto na área de energia como na de tecnologia da informação.

‘Transmissão de energia em extra alta tensão em corrente contínua: Um caminho para o transporte de grandes quantidades de energia’, ‘Protegendo uma subestação utilizando protocolo IEC 61850’, ‘Aplicação da norma IEC 61850 em sistemas de oscilografia’, ‘Gerencia-mento de ativos com foco em confiabili-dade para instalações elétricas – da teoria para a prática’ e a ‘A importância vital dos sistemas I&C para as novas Smart Grids’, foram alguns dos temas de pales-tras feitas por diferentes profissionais da Siemens, ao demonstrarem as aplicações de soluções da empresa voltadas para este setor.

No exercício de 2007 (encerrado em 30 de setembro de 2007, e preparado de acordo com o IFRS/International Finan-cial Reporting Standard), a empresa re-gistrou receitas de cerca de €20 bilhões e novos pedidos totalizando cerca de € 28 bilhões, tendo contabilizado um lucro de €1,8 bilhão. No início do exercício de 2008, o setor de energia contava com 73.500 colaboradores.

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Soluções inteligentesSiemens apresenta as últimas novidades de Smart Grids para a indústria de energia.

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O FUNdO BRASIL Energia (cons-tituído por recursos dos fundos de pensão Petros, Funcef, Fapes, Real Grandeza, Infraprev, Banesprev, além do BNdESPar, BB-BI e o BTG Pactual) é o mais novo sócio da Ersa, uma das maiores empresas brasileiras no seg-mento de geração de energia elétrica de fontes renováveis.

O fundo gerido pelo BTG Pactual subscreverá novas ações emitidas pela Ersa, injetando R$ 300 milhões na companhia. Com esse aumento de capital a empresa passará a ter a seguinte composição acionária: Eton Park (28%), Pátria Investimentos (24%), Fundo Brasil Energia (23%), GMR (10%), dEG – banco de de-senvolvimento integrante do grupo financeiro alemão KfW (8%), e BBI FIP – administrado pelo Banco Bradesco de Investimento (7%).

Os novos recursos permitirão a aceleração do plano de investimentos da empresa, que se dedica exclusiva-mente ao desenvolvimento, construção e operação de unidades de geração elétrica de fontes renováveis por meio principalmente de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e parques eólicos.

“O novo aumento de capital será direcionado para a expansão da companhia. Nossa meta é atingir uma

capacidade de geração superior a 1.000 megawatts nos próximos cinco a sete anos”, afirma otavio castello

Branco, presidente do Conselho de Administração da companhia.

“Julgamos que a Ersa é a melhor e a mais bem es-truturada empresa brasileira de ge-ração de energia

a partir de fontes renováveis. Esse investimento é compatível com a nossa estratégia e com a de nossos cotistas ao conciliar a geração de caixa estável

– característica deste tipo de atividade – com adequados níveis de rentabili-dade”, afirma Oderval duarte, gestor do Fundo Brasil Energia.

A Ersa tem atualmente três PCHs em operação – Plano Alto e Alto Irani, em Santa Catarina, e Cocais Grande, em Minas Gerais – e oito em constru-ção, as quais entrarão em operação no decorrer de 2010. Possui ainda mais de 1.000 MW em projetos em seus mais diversos estágios de desenvolvimento, desde a fase de inventário até a prepa-ração para construção. Com o aumento de capital, a empresa pretende iniciar, já no próximo ano, as obras de um novo conjunto de PCHs nos estados de Minas Gerais e Santa Catarina, e tam-bém dos projetos eólicos Macacos e Gameleira, localizados no Rio Grande do Norte, os quais estão sendo habi-litados para o leilão federal marcado para novembro próximo.

Criado em 2005, o Fundo de Inves-timento em Participações Brasil Energia (Fundo Brasil Energia) possui patrimô-nio superior a R$ 1 bilhão e tem como foco investimentos nos setores de gera-ção e transmissão de energia elétrica. O Fundo Brasil Energia possui participa-ções em ativos nos estados do Amazonas, Maranhão, Tocantins, Goiás, Espírito Santo, Ceará e Rio de Janeiro.

adeQUar as iNsTaLações da empresa às suas necessidades de expansão é a principal razão da mudança da sede da areva T&d Bra-sil, na capital paulista, de acordo com ruben Lazo, presidente da subsidiária brasileira e vice-presidente Comercial para as américas. “aumentamos a área de automação e também a de sistemas, para atender o crescimento

de demanda por grandes projetos ligados principalmente a HVdC (High Voltage direct Current)”, afirmou o executivo.

“essa mudança faz parte do nosso pla-no de continuar investindo e crescendo no Brasil”, acrescentou Lazo, explicando que a nova sede dispõe de espaço amplo e adequado para todos os colaboradores,

seguindo o conceito de open space, que propicia integração e sinergia ainda maio-res para a empresa. “as novas instalações têm tecnologia de ponta em comunicação, permitindo que a areva T&d empreenda seus planos de crescimento e moderniza-ção, e continue sempre preparada para o presente e futuro.”

além da sede em são Paulo, a areva T&d Brasil tem ainda unidades fabris em Blumenau (sC), Canoas (rs) e itajubá (mg). o novo endereço da areva T&d em são Paulo é rua Virgílio Wey n. 150, são Paulo, sP, CeP 05036-050. o telefone permanece o mesmo: (11) 3491-7000.

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Ersa recebe R$ 300 milhões

Nova sede no Brasil

Com aporte do novo sócio, o Fundo Brasil energia, gerido pelo BTG Pactual, empresa acelera seu plano de investimentos em energias limpas.

empresa muda para instalações amplas e modernas como parte de seus planos de investimento e expansão no Brasil.

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AS PERSPECTIVAS dE AUMENTO pro-dutivo em função da camada de pré-sal localizada no litoral brasileiro têm im-pulsionado um movimento positivo nos setores industrial e petroquímico, o que representa grandes oportunidades para as empresas nacionais. Esse cenário é incentivado pela proposta da Petrobras em estabelecer condições de igualdade para a competição entre companhias brasileiras e estrangeiras na pesquisa e exploração do petróleo.

“Estamos estruturados para suportar um crescimento superior a 30%, pois in-vestimos em produtos, equipamentos e tecnologia para atender a essa demanda”, afiança o engenheiro Ivo Hoffmann Jr, ge-rente de Projetos da Açotubo, empresa lí-der no segmento de tubos de condução.

“Nossa meta é continuarmos como o principal distribuidor desse mercado”, destaca o engenheiro, afirmando que a empresa está plenamente estruturada para atender a essa demanda, tanto por tubos como também com barras de aço carbono, ligados laminados, forjados ou trefilados. “A Açotubo exerce a liderança também no mercado de distribuição de tubos mecâni-cos sem costura, que se caracterizam por uma maior resistência mecânica e grandes espessuras de paredes”, complementa.

Ele observa que a empresa está se con-solidando no mercado como fornecedora de produtos e de soluções ao cliente. Pio-neira no fornecimento de tubos cortados com precisão em equipamento de plasma, o grupo conta hoje com a Incotep, capaz de fornecer tubos e peças trefiladas e com a Artex, especializada no fornecimento de aço inoxidável.

“A Petrobras é, sem dúvida, o maior cliente do segmento de petróleo e gás no Brasil. Precisamos estar atentos e entender a necessidade deste cliente, de forma a dispor do produto solicitado, na qualidade e quantidade requerida, dentro do prazo desejado e a preços competitivos”, frisa o gerente de Projetos, lembrando que o papel do distribuidor é fundamental nesse

contexto. “Petrobras e Açotubo possuem objetivos comuns e a aproximação entre ambas as empresas está se tornando uma realidade. O fortalecimento das relações certamente contribuiu para a manutenção dos volumes de encomendas.”

Ivo Hoffmann pontua que a Petro-bras é referência mundial na extração de petróleo e necessita de produtos de qua-lidade assegurada para que continue na vanguarda do mercado. “Entendemos que a redução de preços é muito importante e deve acontecer sempre que possível, desde que não apresente riscos à qualidade do produto, aos seres humanos e ao meio ambiente”, contemporiza. “A Açotubo tem um importante papel nesse cenário, uma vez que trabalha com os melhores forne-cedores nacionais, reconhecidos pelo alto padrão de qualidade e grau de confiabili-dade, oferecendo esses produtos a preços compatíveis com sua performance.”

A empresa prefere não destacar contra-tos de fornecimento ou projetos específicos nos quais está participando ou pretende se inserir, informando apenas que tem vários contratos de tubos consultores API sem costura, de tubulões API com costura e de tubos para a troca térmica entre outros, nas mais diversas unidades da federação. “Não destacaríamos um contrato especí-fico, pois estamos festejando justamente o fato de termos conquistado amplitude nesse cliente.”

Ele assegura que a presença da Aço-tubo é forte, pois a empresa está partici-pando de numerosos projetos com reais chances de consolidação. “Todos possuem requisitos específicos e estamos traba-

lhando no sentido de oferecer a melhor proposta técnica e comercial. O sigilo é nosso aliado e pode se transformar em diferencial competitivo, razão pela qual nos reservamos o direito de divulgá-los somente após o resultado da licitação”, salienta Ivo Hoffmann.

A empresa possui, hoje, um dos maio-res estoques da América Latina, distribuído em suas seis plantas, com sede em Guaru-lhos (SP) e mais cinco filiais nos estados da Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia. A empresa também conta com profissionais especializados em atender exclusivamente clientes como a Petrobras (na qual as compras são reali-zadas por meio de licitação).

Para ser ainda mais competitiva, frente a concorrentes nacionais e estrangeiros, a Açotubo oferece financiamento próprio com taxas muito competitivas, além do diferencial de agilidade de entrega propor-cionada pelo grande volume de estoque do grupo. “Sabemos que a utilização de tubos de aço é condição básica para a exploração dessas reservas recém descobertas. Com isso, o mercado do aço tem muito a ganhar. Porém, esta reserva encontrada representa muito mais do que o volume de petróleo em si, está diretamente ligada ao cresci-mento do país, à abertura de indústrias, geração de empregos, entre outros fatores que certamente podem fazer do pré-sal um marco para o Brasil no setor industrial de petróleo e energia”, conclui.

Brasileira de têmpera – Fundada em 1974, a Açotubo completou 35 anos de atividades, sempre mantendo sua posi-ção como a empresa de melhor estrutura técnica e operacional do setor. O compro-misso com a qualidade dos produtos é cer-tificado pela dNV – det Norske Veritas, com selo do Inmetro na Isso 9001:2000 e o compromisso de responsabilidade social também é certificado pela dNV com o selo SA8000:2001, tendo sido a primeira empresa do segmento de produtos side-rúrgicos a obter estas certificações.

Açotubo

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Expansão à vistaalto nível de estoque, linha de crédito própria, logística diferenciada, tecnolo-gia de ponta e corpo técnico qualificado são os trunfos da maior distribuido-ra de aços longos carbono e tubos de aço carbono da américa Latina para ampliar sua participação no mercado aquecido pelas demandas do pré-sal.

110 TN Petróleo 69

Heller Redo Barroso é advogado e consul-tor especializado nas

indústrias de petróleo e gás, energia, navegação

e apoio offshore.

estimulado pelo crescimento do PIB de mais de 3% por ano desde 2004, o Brasil vem construindo com frenesi novas infraestruturas, tendo em vista o desenvolvimento das suas vastas reservas de

recursos naturais. Em particular, destaca-se o chamado cluster do pré-sal, situado no oceano Atlântico, que faz parte de uma região que se estende por cerca de 800 km ao longo do litoral brasileiro, e vai desde o estado do Espírito Santo até Santa Catarina chegando a ter em al-guns pontos 200 km de largura.

Para atingir as jazidas de petróleo e gás aí encontradas, entre 3.000 m e 7.000 m de profundidade, é preciso perfurar até 2.000 m de sal, sob uma lâmina d’água entre 1.000 m e 3.000 m de profundidade. A área inteira ocupa cerca de 112.000 m², dos quais 41.000 m² ainda não foram licita-dos. Trata-se da “descoberta de petróleo mais significativa dos últimos 20 anos”, segundo os consultores da Wood Mackenzie.

O ‘maestro’ escolhido para reger esta ‘orquestra’ será a estatal Petro-bras, juntamente com uma nova empresa a ser criada, a Petro-sal, que será muito semelhante à norueguesa Petoro. A maneira como se irá lidar com estas duas empresas será a chave para o sucesso tanto das empresas já presentes no mercado do petróleo e gás brasileiro, como para os novos players.

A Petrobras irá investir 174 bilhões de dólares até 2013 e 23 projetos de desenvolvimento e produção estão previstos para estar operando nessa data. Até 2020 serão investidos 111 bilhões de dólares somente nos reser-vatórios do pré-sal.

A companhia brasileira está prestes a iniciar o programa de compra de 550 geradores, 550 guindastes, 350 turbinas, 700 mil toneladas de aço estrutural para cascos de plataformas, 550 árvores de natal molhadas, 500 cabeças de poço, 80 mil bombas, 18 mil tanques de armazenamento e 4.000 km de linhas flexíveis.

Outros 55 mil itens estão ainda em uma “lista de compras preli-minar”, da qual os drilling packages e FPSO packages, equipamento subaquático e compressores merecem destaque. A frota de petroleiros da estatal irá também ser renovada com 26 navios já contratados e outros 23 que ainda serão licitados.

‘vaga’de investimentosMercado brasileiro de petróleo e gás natural e energia elétrica oferecem múltiplas oportunidades para os investidores.

investimento

TN Petróleo 69 111

Todas estas licitações terão requisitos mínimos de conteúdo local que poderão atingir os 95% em 2017, o que significa que as empresas interessadas devem imediatamente começar a se mexer, procurando par-cerias locais, áreas para estabelecer novas instalações, bases operacionais, providenciar a inscrição como fornecedor da Petrobras (CRCC), etc.

Em termos financeiros, para atingir estes objetivos audaciosos a Petrobras contará com uma grande capi-talização por parte dos seus acionistas, especialmente do acionista que detém o controle da empresa, que é o governo brasileiro. O financiamento mais barato e abundante não só do BNdES mas também de outros bancos estatais será também fundamental.

A fim de reduzir o preço dos equipamentos e ao mesmo tempo permitir o aumento gradual dos re-quisitos de conteúdo local em seus projetos, a Petro-bras está transformando grandes contratos de EPC, Serviços e Fornecimento em pacotes menores, dando ênfase a um maior grau de detalhe e à estandariza-ção de encomendas, começando desde logo com um ambicioso programa de oito FPSOs a serem cons-truídos localmente, em uma doca seca alugada pela própria Petrobras numa cidade chamada Rio Grande, no sul do Brasil. No mesmo sentido, uma revisão dos contratos-tipo está também sendo planejada, visando reduzir o risco para o fornecedor. A meta é produzir 3,3 milhões de barris de petróleo por dia em 2013 e 4 milhões de barris em 2020.

Mas não é apenas a Petrobras que está investindo pesado. As empresas privadas também estão fazendo investimentos gigantescos: somando os investimentos da devon, Shell, Chevron e StatoilHydro – até 2013, chegaremos à cifra de 25 bilhões de dólares.

A todo gásPara além de tudo isto, uma nova lei abriu as

concessões de gasodutos, sendo que entre os projetos já autorizados para licitação está o Gasoduto Meio Norte, orçado em 1,6 bilhão de dólares. No downstre-am (refino), a Petrobras também está conduzindo um plano ambicioso de adaptação das refinarias que já existem e de construção de outras novas.

Por seu turno, no setor do gás natural serão gastos 3 bilhões de dólares no desenvolvimento de infraes-truturas de GNL. O objetivo é construir uma planta de liquefação para entrar em operação em 2013, com uma capacidade para liquefazer 10 milhões de m³ por dia. A Petrobras também pretende construir um terminal para receber navios-tanque para ser capaz de expor-tar GNL. Atualmente existem dois terminais de GNL (Pecém e Guanabara), sendo que um terceiro com capacidade para 14 milhões de m³/dia provavelmente será construído em Rio Grande no curto prazo, e um quarto está sendo estudado. Em estudo está também a ampliação do terminal de GNL da Baía de Guanaba-ra, cuja capacidade passaria de 14 milhões de m³/dia para 20 milhões. Com todos estes projetos a Petrobras

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prevê uma capacidade de 166 milhões de m³/dia de gás natural em 2017.

A demanda sazonal de gás natural é uma carac-terística do sistema de energia elétrica no Brasil, baseado em usinas hidrelétricas e salvaguardado pela energia gerada por usinas termelétricas alimentadas predominantemente por gás natural. Considerando não só as usinas que estão sendo construídas, mas também novas licitações de termelétricas – que é um nicho que vale a pena ser explorado por investidores estrangeiros – e tendo em conta as taxas de cresci-mento do PIB esperadas para os próximos cinco anos, o Brasil precisa de uma usina adicional por ano, com capacidade de 3 a 4 GW.

A Petrobras é o sexto maior gerador de energia elétrica do país, com 5.461 MW de capacidade instalada, e vai investir 2,4 bilhões de dólares no setor até 2013. A estimativa é que a capacidade instalada aumente de 99.747 MW para 154.797 MW até 2017, o que represen-ta um aumento de 55% na capacidade de geração atual. Além destes investimentos da Petrobras, 80 bilhões de dólares serão investidos no setor elétrico até 2017 – 63 bilhões em geração e 39.1 bilhões em transmissão.

A energia eólica é também um setor promissor no mercado brasileiro. Ainda este ano será realizada a primeira licitação focada exclusivamente em projetos de energia eólica, tendo sido já registrados para licita-ção na Aneel projetos que totalizam uma capacidade de geração de 1,2 GW.

Novos portos e estaleiros também já estão em construção. É provável que todos os principais estalei-ros do mundo venham a ter uma presença significati-va no Brasil (em parceria com os principais empreitei-ros locais) nos próximos dois anos.

Não esqueçamos ainda que a ANP não reali-za nenhuma licitação para novas áreas offshore de exploração de petróleo e gás natural desde 2007. A indústria está pressionando o governo para licitar rapidamente as áreas fora da região do pré-sal, pois não pode haver uma paralisação tão longa. O gover-no congelou todas as licitações até que o novo marco regulatório para o pré-sal seja aprovado. Este, por sua

vez, estabelece por um lado a adoção de acordos de partilha de produção para as novas áreas e por outro a manutenção do regime de concessão para as áreas já licitadas. O modelo é muito parecido com o modelo russo, com a diferença de que os acordos de partilha de produção serão obrigatórios para as novas áreas, não havendo qualquer margem de discricionariedade neste aspecto. Esperam-se assim novas licitações para áreas promissoras que se situem fora do pré-sal.

No que concerne às licitações das áreas do pré-sal, a realidade é diferente. O Governo Federal acabou de enviar para o Congresso, sob a forma de quatro projetos de lei, a sua proposta de novo marco regula-tório para a exploração e produção de petróleo e gás natural nestas áreas.

O Governo já veio também esclarecer que os respectivos requisitos de conteúdo local se situarão entre os 85% e 95%, o que significa que quem qui-ser uma fatia do bolo do pré-sal terá que estabelecer uma presença local significativa – especialmente os fornecedores de equipamentos (topsides, tubulações, risers, umbilicais, pacotes de perfuração, pacotes de energia para unidades offshore, etc.). Provavelmente terão também que ser construídas novas unidades de produção no Brasil.

Os recém-chegados ao mercado brasileiro de petróleo e gás em geral desanimam com o que parece ser um sistema excessivamente complexo, fortemente regulamentado e muito burocrático. Entre as preocu-pações das empresas costumam estar não só a corrup-ção, mas também a tomada de precauções para pro-tegerem os seus ativos contra uma eventual onda de nacionalizações. Estas são preocupações de alguma maneira exageradas no Brasil de hoje, mas compre-ensíveis se olharmos para o país de não muitos anos atrás e para os nossos vizinhos da América Latina.

O fato é que: 1) o Brasil tem uma economia em claro crescimento e que foi muito pouco afetada pela crise financeira internacional; 2) o Brasil é um país investment grade; 3) o Brasil floresce entre os Brics; e 4) o Brasil está bem posicionado para se tornar o próximo grande porto seguro para o smart money mundial.

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TN Petróleo 69 113

mão de obra

Joaquim Passos Maia é diretor executivo do Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP) pela abemi (associação Brasileira de engenharia industrial).

Prominp, PNQP e formação de mão de obra especializada

Para preencher essa lacuna, foi criado o Plano Nacional de Qualificação Profissional (PNQP), em 2006. O plano faz parte do Programa de Mo-bilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp),

criado pelo Governo Federal em 2003 com o objetivo de tornar a indústria nacional de bens e serviços mais competitiva na implantação de projetos de petróleo e gás no Brasil e no exterior.

O PNQP realiza cursos gratuitos em 80 entidades de ensino, distribuídas em 17 estados do país, e já beneficiou cerca de 45 mil pessoas. Estão contem-pladas 175 categorias profissionais, do nível básico ao superior.

Uma empreitada dessa magnitude não poderia sair do papel sem o com-prometimento das grandes representantes do setor. O PNQP conta com a participação de nove entidades: Associação Brasileira de Engenharia In-dustrial (Abemi); Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip); Associação Brasileira de Consultoras de Engenharia (ABCE); Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib); Associação Bra-sileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq); Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee); Associação Brasilei-ra da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam); Sindicato Nacio-nal da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).

A Abemi foi escolhida para representar essas entidades na gestão do PNQP. Entre nossas atribuições estão a verificação de turmas, acompanhamento de frequência, notas, pagamento de bolsa-auxílio, produção e envio de material didático, vestuário e material escolar e a emissão de certificados, entre outros.

Mas talvez sua mais importante atribuição seja mediar a relação entre em-presa e escola, adequando o conteúdo programático dos cursos às necessida-des do mercado, para permitir que os profissionais formados saiam dos bancos escolares prontos para começar a trabalhar. Tal esforço mostra-se eficaz: em pesquisa recente realizada junto ao Cadastro Geral de Empregados e desem-pregados do Ministério do Trabalho e Emprego (Caged), constatou-se que 81% dos profissionais treinados estão empregados.

A meta da primeira fase do plano é capacitar 112 mil profissionais até março de 2010 para os segmentos de construção e montagem, operação e manuten-ção, engenharia e construção civil. Com isso, acreditamos que os profissionais e, consequentemente, as empresas que os empregam, poderão acompanhar as exigências e prioridades nos parâmetros das transformações das forças do mercado, que hoje está vendo simultaneamente a saída gradual do Estado dos vários setores e a abertura do país às tendências globalizantes.

O setor de óleo e gás é o que mais cresce na economia brasileira. Livre da crise e com promessas de investimentos públicos e privados que devem passar dos 200 bilhões de dólares – principalmente devido à descoberta da camada pré-sal – já há alguns anos a área demanda mais profissionais especializados do que o mercado oferece, trazendo à tona a necessidade urgente de formação de mão de obra. De acordo com consultores de recrutamento na área, a falta de talentos é percebida em todo o mundo, e o aquecimento do mercado deve continuar até 2020.

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Alexandre R. Chequer é socio da Thompson

& knight LLP, atua nas áreas empresarial

securitizações, energia internacional, Finanças, Projetos internacionais

de infraestrutura e américa Latina. Tem experiência consolidada no desenvolvi-

mento de projetos; contratos de ePC para a construção, operação e manutenção de hi-droelétricas, termoelétricas a gás, projetos

de gNL, refinarias, petroquímicas; análise de risco político e regulatório; investimen-tos e estruturação de financiamentos nas

áreas de energia e infraestrutura.

Bruno Triani Belchior é advogado do do

Thompson & knight LLP, especializado atuando nas áreas de Petróleo

e gás Natural, energia, empresarial e societário

e américa Latina. Presta assessoria a companhias nacionais e estrangeiras de e&P no Brasil e no oeste da África na elaboração, análise, revisão e negociação de contratos de upstream e downstream, licitações públicas,

questões societárias, fusões/aquisições e desenvolvimento de projetos.

‘áreas estratégicas’Pré-sal e

pré-sal

No dia 1º de setembro deste ano, o Governo brasileiro submeteu ao Congresso Nacional as suas propostas para a criação de um novo marco regulatório para a exploração e produção de petróleo e gás na-

tural nas áreas do pré-sal e em outras áreas consideradas pelo mesmo como ‘áreas estratégicas’. Ao todo são quatro projetos de lei, que têm como objeti-vo principal permitir ao Governo: 1) aumentar seu controle sobre as ativida-des de exploração e 2) obter maiores lucros sobre a produção de petróleo e gás natural na região do pré-sal.

As propostas submetidas pelo Governo estão divididas em quatro projetos, sendo: a) um projeto de lei para a criação de um novo regime contratual para exploração e produção de petróleo e gás natural no pré-sal e em áreas estraté-gicas, ou seja, o regime de partilha de produção (Projeto de E&P); b) um pro-jeto de lei para a criação de uma nova companhia estatal (Projeto Petro-sal); c) um projeto de lei para a implementação de um fundo para desenvolvimento econômico e social no Brasil (Projeto Fundo Social); e d) um projeto de lei so-bre a capitalização da Petrobras (Projeto de Capitalização da Petrobras).

Vale a pena ressaltar que o interesse do Governo em estabelecer novas regras para o pré-sal já tinha sido manifestado durante a Nona Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Na época, através da Resolução n. 6 do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), o Governo determinou à agência que excluísse da rodada 41 blocos situados nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo.

A referida Resolução do CNPE justificava-se pelos resultados de teste de pro-dução obtidos pela Petrobras, que apontavam para a existência de uma nova e significativa província petrolífera no Brasil (denominada Pré-sal), entre 5 e 7 mil metros de profundidade, e com grandes volumes recuperáveis de óleo e gás.

Na data de sua publicação, esta Resolução já determinava ao Ministério de Minas e Energia que avaliasse, no prazo mais curto possível, as mu-danças necessárias no marco regulatório que pudessem contemplar o novo paradigma de exploração e produção de petróleo e gás natural, aberto pela descoberta da nova província petrolífera. Assim, considerando que se passa-ram quase dois anos desde a publicação da referida Resolução (8 de novem-bro de 2007), foi inoportuno o Governo solicitar ao Congresso Nacional o regime de urgência de tramitação. Os Projetos de Lei submetidos à aprecia-ção da Câmara e do Senado são considerados estratégicos para o país e, por esta razão, devem ser objeto de debate intenso entre Governo, especialistas e membros da sociedade.

O Projeto de E&P é o mais abrangente e propõe regras gerais para a exploração e produção de petróleo e gás natural nas áreas do pré-sal e em

O novo marco regulatório para o setor de e&P no Brasil.

TN Petróleo 69 115

outras áreas consideradas estratégicas pelo Governo, além de trazer algumas mudanças à Lei 9.478/97 (Lei do Petróleo). Caso o Projeto de E&P seja aprovado, o Brasil passará a contar com dois diplomas relativos às ativida-des de exploração e produção no país, sendo a Lei do Petróleo aplicável somente para as áreas onshore e para as áreas offshore que não estiverem situadas no pré-sal e que, ao mesmo tempo, não sejam consideradas estra-tégicas para o Governo.

Para tais áreas (pré-sal e áreas estratégicas), o Proje-to de E&P estabelece a criação de um regime contratual de partilha de produção,1 no qual a Petrobras será a ope-radora obrigatória em todos os blocos, com uma partici-pação mínima de 30% em qualquer consórcio formado como resultado de licitação.

Vale mencionar que, de acordo com o Projeto de E&P, a União, por intermédio do Ministério de Minas e Ener-gia, poderá celebrar contratos de partilha de produção: 1) diretamente com a Petrobras, dispensada a licitação; ou 2) mediante licitação, na modalidade de leilão. No caso de licitação, a Petrobras poderá participar, buscan-do aumentar sua participação mínima de 30% no blo-co oferecido. Como resultado, todos os vencedores da licitação deverão constituir consórcio com a Petrobras e com a Petro-sal (empresa pública vinculada ao Minis-tério de Minas e Energia, cuja criação está prevista no Projeto Petro-sal).

Ressalvados os argumentos relativos à inconstitucio-nalidade da contratação direta da Petrobras e sua partici-pação mínima obrigatória de 30% em todos os consórcios – que será analisada oportunamente pela Comissão de Constituição e Justiça – destaca-se o papel de controle e ingerência que exercerá a Petro-sal nos consórcios for-mados diretamente com Petrobras ou com a Petrobras e outras companhias petrolíferas. Conforme dispõe o Proje-to de E&P, a Petro-sal indicará a metade dos integrantes do comitê operacional de cada consórcio, inclusive o seu presidente, que terá poder de veto e voto de qualidade.

Muito embora a Petro-sal não tenha qualquer res-ponsabilidade relativa à operação, custos e riscos das atividades de exploração, desenvolvimento e produção, ou comercialização de petróleo e gás natural, o fato de a estatal exercer controle nos comitês operacionais tem sido alvo de críticas e, ao mesmo tempo, traz preocupa-ção para a estabilidade regulatória do setor de explora-ção e produção no Brasil.

É perfeitamente aceitável que à estatal sejam atribuí-das competências relativas ao monitoramento e auditoria (fiscalização) dos custos e investimentos necessários às ati-vidades de exploração, avaliação, desenvolvimento e pro-dução de petróleo e gás natural ou até mesmo da avaliação técnica e econômica dos seus planos. Contudo, controlar o dia a dia das operações não agrada a indústria.

Ressalvados mais uma vez os aspectos inconstitucio-nais, é claro que a participação obrigatória da Petrobras como operadora nos consórcios também suscita enorme grau de desconforto para as companhias estrangeiras que operam no Brasil, principalmente pelo fator tecno-lógico envolvido nas operações petrolíferas, que ficam integralmente concentrados na Petrobras.

Ademais, este modelo de participação obrigatória com mínimo de 30% nos consórcios pode ser prejudicial para a própria Petrobras, que poderá não ter muito controle sobre o que será ofertado pelas outras companhias que participarão dos leilões e, eventualmente, terá que arcar com custos altíssimos de operação e pouco lucro em óleo. Por este motivo, o Governo deve estar atento às regras que serão criadas para os leilões, sobretudo no que se re-fere às parcelas de cost oil (custo em óleo) e de profit oil (excedente em óleo) que será destinado à União.

O que se percebe no cenário internacional é que o modelo de participação obrigatória da Petrobras como operadora tende a afastar as super majors, tornando-se bastante atrativo para as companhias petrolíferas asiáti-cas, em especial, as estatais (denominadas national oil companies ou NOCs). Tais companhias adotam parâme-tros de viabilidade econômica diferenciados e, para elas, o importante não é a parcela do cost oil ou profit oil, mas sim a garantia de recursos energéticos para suprimento próprio e futuro. Mais uma razão para o Governo ficar atento ao modelo de participação obrigatória da Petro-bras nos consórcios.

Atualmente, a expectativa do Governo é que o marco regulatório do pré-sal seja aprovado até março de 2010, o que permitiria que novas licitações ocorressem já no pri-meiro semestre desse ano. Enquanto isso, a indústria in-ternacional aguarda ansiosamente a definição das regras para o pré-sal e espera que elas sejam claras e justas e, acima de tudo, que tragam estabilidade jurídica.

1 o Projeto de e&P define partilha de produção como: “regime de exploração e produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos no qual o contratado exerce, por sua conta e risco, as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento e produção e, em caso de descoberta comercial, adquire o direito à restituição do custo em óleo, bem como a parcela de excedente em óleo, na proporção, condições e prazos estabelecidos em contrato”.

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Ana karina Esteves de Souza é sócia da Área

de infraestrutura do ma-chado, meyer, sendacz e

opice advogados.

Hilton Silva Alonso Junior é advogado da

Área de infraestrutura do machado, meyer,

sendacz e opice advogados.

contornos jurídico-regulatórios devem ser aprimorados

Geração eólicaenergia renovável

Com efeito, de acordo com dados publicados pela EPE, há 441 empreen-dimentos já cadastrados para participar do certame, os quais totalizam a capacidade instalada de 13.342 MW, abrangendo 11 estados da

Federação. Trata-se de uma quantidade considerável de empreendimentos, que, se implantados e ativos, aumentarão substancialmente a presença da energia eólica na matriz energética brasileira.

O Brasil tem mais e mais adotado medidas com vistas a consolidar a presença das energias “limpas” do ponto de vista ambiental no cenário brasileiro, razão pela qual têm sido promovidos leilões públicos específicos para a comercialização de energia proveniente de fontes alternativas – caso do Leilão de Energia Alternativa de 2007. Nesse certame em especial, não houve negociação de energia proveniente de centrais geradoras eolielétri-cas porque, em comparação com as demais fontes (biomassa e pequenas centrais hidrelétricas), o preço ofertado era considerado demasiadamente elevado, retirando a competitividade das usinas eólicas.

daí porque, desde então, o Poder Público tem buscado promover leilões específicos para cada modalidade de geração de energia elétrica, respeitan-do, assim, as especificidades técnicas e econômicas das diferentes fontes energéticas, a exemplo do leilão de energia de reserva exclusivo para terme-létrica a biomassa, realizado em 2008.

Nesse contexto é que o Ministério de Minas e Energia (MME), por meio da edição das Portarias MME n. 147/2009, n. 211/2009, n. 336/2009, confor-me alteradas, determinou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que promova o leilão para a contratação de energia de reserva, agendado para 14 de dezembro de 2009, definindo, ainda, as diretrizes e a sistemática que nortearão o referido leilão.

Para além de buscar a consolidação da geração eolielétrica na matriz bra-sileira, o leilão tem por objeto, também, a contratação de energia adicional para todo o sistema elétrico, visando a aumentar a garantia de suprimento e reduzir os custos operacionais do Sistema Interligado Nacional (SIN), já que, nos termos da Portaria n. 147/2009, está prevista a possibilidade de os empreendedores requererem o cadastramento de seus projetos perante a

O primeiro leilão público para a contratação de energia elétrica proveniente

exclusivamente de fonte eólica, previsto para dezembro de 2009, tem sido responsável

por uma intensa movimentação do setor elétrico brasileiro. Principalmente entre os

investidores interessados em expandir seu portfólio de geração no âmbito das energias

renováveis, o que se concretizou no número de empreendimentos cadastrados perante

a empresa de Pesquisa energética (ePe) para participação nesse leilão.

TN Petróleo 69 117

EPE especificamente para compartilhar Instalações de Transmissão de Interesse Exclusivo de Centrais de Gera-ção para Conexão Compartilhada (ICG), diminuindo os custos de conexão de tais centrais.

Em conformidade com essas diretrizes e a sistemá-tica estabelecidas pelo Poder Concedente, a Aneel dis-ponibilizou, para a realização da audiência pública no período de 10 de setembro de 2009 a 25 de setembro de 2009, as minutas do edital e do contrato de energia de reserva (CER), que deverá ser celebrado entre o agente de geração e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), este na qualidade de representante dos agentes de consumo, na modalidade de quantidade de energia, pelo prazo de 20 anos, com início de suprimen-to de energia em 1º de julho de 2012.

Tendo em vista os riscos típicos dos contratos de co-mercialização de energia celebrados na modalidade de quantidade de energia* e a própria natureza de intermi-tência do regime de ventos, o CER prevê a existência de períodos quadrienais de reconciliação contratual (revi-são do montante contratado). Permitiu ainda desvios da produção média anual efetiva de até 10% a menor e de até 30% a maior em relação à obrigação contratual anual de suprimento das centrais geradoras.

Ainda no âmbito dos instrumentos utilizados pelo MME e pela Aneel com vistas a adaptar a modelagem jurídico-regulatória desse leilão de energia de reserva às especificidades da produção eólica, vale salientar que os desvios a maior ou a menor compreendidos nas margens de tolerância supramencionadas serão compensados a cada quadriênio, ou seja, a cada período de quatro anos, o que, em princípio, permitirá ao empreendedor regula-rizar a produção energética das suas centrais geradoras que apresentem alguma variação (a maior ou a menor) em desconformidade com o montante contratado.

de outra sorte, os desvios verificados a maior ou a menor não compreendidos nas margens de tolerância serão apurados anualmente e liquidados no ano con-tratual (entendido como o período compreendido entre 1º de julho e 30 de junho) seguinte, sendo que desvios positivos acima de 30% da energia contratada serão reembolsados ao agente gerador pelo valor 70% do preço do contrato em 12 parcelas mensais uniformes a partir do ano contratual do ano seguinte. Já os desvios anuais negativos que ultrapassem o limite da margem inferior (10%) serão valorados pelo preço acrescido da penalida-de de 15% e ressarcidos à Conta de Energia de Reserva (Coner), gerida pela CCEE.

Adicionalmente, também como forma de acomodar as características do certame à realidade da geração eolielétrica, a Portaria n. 221/2009 estatuiu que a Aneel contemplasse, quando da elaboração do edital do leilão e do respectivo CER, um mecanismo que permitisse ao vendedor de energia elétrica de reserva, ao início de

cada quadriênio e a partir do segundo, dispor do desvio residual positivo acumulado: 1) repassando-o como cré-dito de energia para o quadriênio seguinte; 2) cedendo-o para outros empreendimentos de geração de energia elétrica de reserva a partir de fonte eólica, com saldo acumulado negativo, desde que contratados no mesmo leilão; ou 3) reembolsando-o em 24 parcelas mensais nos dois primeiros anos contratuais do quadriênio em curso ao preço vigente do CER nesses anos.

da mesma maneira, no início de cada quadriênio e a partir do segundo, a critério do gerador de energia elétrica de reserva a partir de uma usina eólica, o desvio residual negativo acumulado ao longo de um quadriênio poderá: 1) ser cedido para outros empreendimentos de

* em que os riscos financeiros associados à eventual diferença experimentada entre a energia contratada e aquela efetivamente produzida são atribuídos ao gerador

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geração de energia de reserva a partir de fonte eólica contratados no mesmo leilão, os quais tenham saldo positivo; ou 2) ser ressarcido à Coner em 12 parcelas mensais no primeiro ano contratual do quadriênio em curso, valorado ao preço vigente do CER.

A propósito desse mecanismo de reconcialização da produção de energia, a minuta do edital do leilão já prevê, tal como determinado pelo MME, que a partir do segundo quadriênio a energia contratada poderá, adi-cionalmente, ser revisada para o valor médio anual do montante de energia efetivamente produzido pela usina eolielétrica desde o início do primeiro quadriênio até o final do quadriênio anterior, tendo como limite máximo a energia contratada no leilão.

No tocante à remuneração do agente de geração no âmbito do CER, a receita de venda corresponde à soma da receita fixa e da receita variável, sendo esta devi-da nas hipóteses de desvios a maior dentro ou fora da faixa de tolerância e no caso de antecipação da data de entrada em operação comercial da central geradora. Já a receita fixa, devida do início de suprimento e a partir do início da operação comercial do empreendimento, corresponderá à multiplicação da energia contratada mensal pelo preço de venda vigente no período.

Em relação à entrada em operação comercial das usi-nas eolielétricas participantes do leilão, questão de rele-vo a ser considerada pelo investidor refere-se à possibili-dade de rescisão do CER por parte da CCEE, no caso de a central eólica do vendedor não iniciar suas operações comerciais até 30 de junho de 2013. Trata-se de uma penalidade de índole contratual, diversa daquela que cumulativamente poderá ser aplicada pelo regulador, de

natureza regulatória. Com efeito, nessa seara, a Aneel poderá cominar ao agente de geração que descum-prir o respectivo cronograma de implantação da usina penalidade de 1) multa, 2) suspensão temporária do direito de contratar e participar de licitações promovidas pela Aneel por até dois anos ou, excepcionalmente, 3) a revogação da respectiva autorização, tudo nos termos da Resolução Normativa Aneel n. 63/2004, sem prejuízo de eventual penalidade própria da Lei n. 8666/1993 (Lei de Licitações).

de toda a maneira, convém lembrar que caso a entrada em operação comercial da usina seja antecipada em relação à data limite de 1º de julho de 2012, toda a energia gerada no período compreendido entre essa data e 30 de julho de 2012 será contabilizada no âmbito do CER, ficando o vendedor, desde logo, impedido de negociar essa energia em qualquer ambiente de comer-cialização.

à luz de tudo o que foi exposto, é de se concluir que a configuração do leilão em epígrafe contempla toda a sorte de mecanismos que objetivam amoldar o certame e o CER às peculiares características da produção eolie-létrica, o que vem ao encontro dos anseios do mercado, notavelmente dos interessados em investir na produção de energia eólica.

Não obstante, afigura-se essencial que os contor-nos jurídico-regulatórios da geração de energia eólica continuem sendo objeto de sérias e detidas reflexões, de modo a aprimorar o marco regulatório no tocante à produção de energia a partir de empreendimentos eolie-létricos, consolidando, assim, a presença dessa fonte na matriz energética brasileira.

energia renovável

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feiras e congressos

Janeiro10 a 13 – Emirados árabesPlant Maintenance in the Middle East & Annual MeetingLocal: Abu dhabiTel.: +44 0 1242 529 090Fax: +44 0 1242 529 060www.wraconferences.com [email protected]

18 a 20 - BahreinConnecting with Solutions 2010Local: ManamaTel.: +44 (0) 1992 656 651Fax: +44 (0) 1992 656 [email protected]

18 a 21 – Emirados árabesWorld Future Energy SummitLocal: Abu dhabiTel.: +971 2 4090 445Fax: +971 2 444 [email protected]

19 a 20 – EUAIPAA OGIS FloridaLocal: Hollywood, FLTel.: 202 857 4722Fax: 202 857 4799www.ipaa.org/meetings/index.php?mid=154

20 a 21 – Reino UnidoGlobal Floating LNG SummitLocal: LondresTel.: +44 0 207 368 [email protected]

20 a 22 – índiaOGIC – Oil and Gas India ConferenceLocal: MumbaiTel.: 972 952 9393Fax: 972 952 9435www.spe.org/events/ogic/[email protected]

24 a 27 – BahreindGAS – deep Gas ConferenceLocal: ManamaTel.: 972 952 9393Fax: 972 952 9435www.spe.org/events/[email protected]

25 a 29 – EUAAPI Exploration and Production Winter Standards MeetingLocal: Nova OrleansTel.: 202 682 8000Fax: 202 682 8222www.api.org/meetings/topics/explorate/exploration.cfm

Fevereiro2 a 4 – EUAdOT – deep Offshore TechnologyLocal: Houston, TexasTel.: +1 918 832 [email protected]

Março2 a 4 – EUASubsea Tieback Forum and ExhibitionLocal: Galveston, TexasTel.: +1 918 831 9701Fax: +1 918 831 [email protected]

16 a 18 – MalásiaOffshore AsiaLocal: kuala LumpurTel.: +1 713 963-6256Fax: +1 713 [email protected]

23 a 25 – Holandadeepwater development 2010Local: AmsterdãTel.: (281) 491-5900Fax: (281) 491-5902www.dd2010.com

23 a 25 – AngolaOffshore West AfricaLocal: LuandaTel.: +1 713 [email protected]

27 a 29 – Paquistão6th Oil & Gas Asia InternationalLocal: karachiTel: 0092 21 111 222 444Fax: 0092 21 453 6330www.ogpoasia.com [email protected]

29 a 31 – EAUOffshore Arabia 2010Local: dubaiTel: 009714 3624717 Fax: 009714 [email protected]

Abril7 a 9 – BrasilPlastShow 2010Local: São PauloTel.: (11) 3824-5300 • Fax: (11) 3826-5599www.arandanet.com.br/eventos2010/plastshow/[email protected]

11 a 13 – OmãOil and Gas West Asia OGWALocal: OmãTel.: +968-24660124Fax: [email protected]

12 a 14 – Brasil10º SPE International Conference on HSE in Oil and Gas E&PLocal: Rio de JaneiroTel.: (21) 2112-9000Fax: (21) 2220-1596www.spe.org/events/hse/[email protected]

Maio3 a 6 – EUAOTC 2010Local: HoustonTel.: +1 972 952 9494Fax: +1 972 952 9435www.otc.net • [email protected]

23 a 66 – BhareinPetrotech 2010Local: ManamaTel.: +973 17 550033Fax: +973 17 [email protected] www.mepetrotech.com

Junho8 a 10 – CanadáGlobal Petroleum ShowLocal: CalgaryTel.: (888) 799-2545Fax: (403) 245-8649www.globalpetroleumshow.com

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fino gosto

20 anos de

A Saga de Andrea Tinoco por Orlando Santos

RANCHO INN

lém de ser uma das ruas mais tradicionais da cidade, a Rosário, no Centro do Rio, oferece um rico e variado tour gastronômico, com uma culinária variada e saborosa produzida por mais de 15 restaurantes, que aliam decoração esmerada a pratos de chefs competentes.

Sem dúvida, o mais conhecido de todos eles, prestes a completar 20 anos em 2010, é o Rancho Inn, da chef Andréa Tinoco, citada e reconhecida pelo seu inigualável talento, o badalado serviço de bufê e participações em festivais gastronômicos em várias partes do país. A chef começou trabalhando na área de gastronomia com José Hugo Celidônio e com ele, a quem chama de mestre, perma-neceu por cerca de dez anos.

Há duas décadas o objetivo do Rancho Inn tem sido proporcionar um ambiente mais esmerado no coração da cidade e uma comida leve e saudável. E tem conseguido, como comprova a fila de espera que se forma diariamente na porta do belo sobrado, onde funcionou o escritório do jurista baiano Rui Barbosa.

Mesmo agora, quando o restaurante teve seu espaço ampliado após recente reforma do andar térreo com, praticamente, a duplicação do número de lugares. O Rancho Inn dispõe, no momento, do térreo, do mezanino e do segundo piso, para oferecer mais conforto aos seus clientes.

Fórmulas de saborA comida com toques contemporâneos é a mesma que orienta o bufê

no térreo, enquanto que no segundo piso o serviço é à la carte.O sistema no Rancho Inn funciona à base de fórmulas – 1, 2, 3 e 4 –, que

embora tenham o mesmo preço (R$ 19,90) e três acompanhamento do bufê a escolher, variam na composição do item principal: o cliente opta por carne, frango ou massa na (fórmula 1), ou peixe (na fórmula 2). Quem quer apenas saborear um quiche, com as três opções do bufê, basta pedir a fórmula 3. Já a fórmula 4 inclui rosbife e os três acompanhamentos. Quem não quer ficar com nenhuma fórmula pode servir-se à vontade, ao preço de R$ 23,90.

O cardápio muda diariamente, ou seja, são mais de 20 opções de pratos a cada mês. No menu, além das saladas fresquinhas, há algumas opções de pratos quentes. Frango ao molho de laranja e mel, abobrinha torneada na manteiga com hortelã, vagem crocante com palha de poró, caneloni de ricota com espinafre, berinjela confit com mel são algumas das delícias encontradas.

Além de ser uma das ruas mais tradicionais da cidade, a Rosário, no Centro Além de ser uma das ruas mais tradicionais da cidade, a Rosário, no Centro do Rio, oferece um rico e variado tour gastronômico, com uma culinária Ado Rio, oferece um rico e variado tour gastronômico, com uma culinária variada e saborosa produzida por mais de 15 restaurantes, que aliam Avariada e saborosa produzida por mais de 15 restaurantes, que aliam

RANCHO INN

rua do rosário, 74 – Centro

Telefones: (21) 2233-6446 e 2263-5197

172 lugares

de segunda a sexta, das 11:30h às 15:30h

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Para encerrar com chave de ouro uma refeição, a chef esbanja na quantidade de opções. Há di-versos sabores de verrines (R$ 3,90 cada) e tortas (R$ 7,50 a fatia) para escolher. O doce de banana com crema catalana chega à mesa em taça de Martini (R$ 10,60).

Para os fãs de chocolate, cre-pe de brigadeiro com sorvete (R$ 12,20), profiterólis (R$ 6,20, o pequeno), torta mousse (R$ 8,90) e brownie com sorvete de creme (R$ 10,60). Quem está de olho na balança também pode contar com muitas opções, como a salada de frutas (R$ 8,70, a grande) ou frutas da estação (R$ 5,50 a porção).

Uma chef 100% carioca“Mesmo tendo vivido em al-

guns países, meu coração e minha cabeça sempre moraram aqui no Rio, cidade onde nasci e tudo de bom e importante na minha vida aconteceu”, garante Andréa Ti-noco.

A chef, que chegou a cursar direito na PUC-Rio, inaugurou seu primeiro restaurante, o Ran-cho Inn, em 1990 no local onde se encontra hoje. diante do sucesso da empreitada, acabou criando o Buffet Andréa Tinoco, uma mistu-ra de bufê, serviço de catering e consultoria gastronômica presta-da a várias empresas e clientes do próprio restaurante – resultado de um trabalho inovador desenvolvido por Andréa e sua equipe há mais de 20 anos.

Além de ser a dona do Rancho Inn, Andréa está ligada a dois res-taurantes na zona Sul do Rio, e traz em seu currículo, com a su-pervisão de sua irmã Márcia Tino-co, eventos do porte dos 90 anos da artista plástica Tomie Ohtake, realizado no início de 2004, no Museu Nacional de Belas Artes; os 30 anos da Maison Chandon no

Brasil; e os 50 anos do Banco Cru-zeiro do Sul. Sem falar nos eventos de grande porte da Petrobras, para até quatro mil pessoas.

Ainda na área de consultoria, trabalhou em diversos restaurantes, implantando ou reformulando car-dápios, como os do grupo Porcão e a Plataforma de Nova Iorque.

Andréa Tinoco é testemunha e participante ativa das grandes inovações e mudanças no hábito de comer do carioca ao longo de mais de três décadas. Por isso, ela endossa a mesma opinião de outros profissionais do setor: a gastrono-mia do Rio anda muito bem e com o fluxo turístico em permanente ebulição, em especial com os me-gaeventos previstos para a cidade

(Olimpíadas, Copa do Mundo), essa tendência promete ficar cada vez melhor.

Andréa tem acompanhado com pesar o tratamento que os governantes municipais têm dado a algumas ruas do Centro, em especial à rua do Rosário: elas primam pela má conserva-ção, estão sempre esburacadas e sujas, além de outros problemas urbanos. Por essas e outras, ela vê com bons olhos o anuncia-do fechamento da avenida Rio Branco para os carros e a inter-dição se estendendo para as ruas transversais, que se transforma-riam em ‘ruas de pedestres’. “Aí, teremos uma calle Florida cario-ca”, diz ela, esperançosa.

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coffee break

dIANTE dE UMA INTENSA e rica programação, é fácil destacar aqueles locais que acolheram grandes mostras – e algumas retrospec-tivas –, como os 60 anos de carreira do pintor/escultor Abelardo da Hora, no Centro Cultural Banco do Brasil, e a impactante exposição de Bandeira de Mello, na Caixa Cultural.

Já o Museu Nacional de Belas Artes apresentou Marc Chagall, com algumas composições até então nunca exibidas no Brasil, e o Centro Cultural dos Correios, depois de um calendário diversificado, terminou o ano exibindo quatro exposições dentro do 2° Festival Internacional de Humor – uma delas dedicada a Fortuna, o Cartunista dos Cartunistas.

Para encerrar um ano tão rico, o Museu de Arte Moderna exibe, até março de 2010, a mostra Carlos Vergara: A dimensão gráfica –

a dimensão gráfica

Um balanço do que foi 2009 no setor de exposição e

eventos de artes revela que o ano apresentou mostras

de grande importância para a vida cultural da cidade.

em especial no circuito do Centro do Rio. por Orlando Santos

Sem título; série: 5 problemas 5 estampas; 1967; serigrafia sobre papel;

tiragem: 200; 46,5 x 31,3 cm;coleção Mônica e George Kornis

No alto: Sem título; série: anotações sobre o carnaval; 1980; serigrafia sobre papel;

tiragem: 15; 23,5 x 30 cm

TN Petróleo 69 123

uma outra energia silenciosa, que registra os quase 50 anos de carreira do artista.

São mais de 200 trabalhos realizados por Vergara, dos anos 1960 até hoje, nos quais a linguagem gráfica é o fio condutor. No segundo andar do MAM, duas obras se destacam: a enorme instalação de 1992, feita para a Capela do Morumbi, em São Paulo, e o painel dese-nhado, de 20 metros de compri-mento, apresentado na Bienal de Veneza de 1980. Nenhum dos dois havia sido apresentado até hoje no Rio.

Embora causem grande impacto em quem chega, os crí-ticos são unânimes em afirmar que a riqueza da obra gráfica de Vergara revela-se mesmo é na variedade de suportes e no diálogo sugerido entre ima-gens em 3d, gravuras, fotos e desenhos, expostos também no segundo andar.

MultilinguagemA exposição tem curadoria

do colecionador George Kornis, que por mais de um ano pes-quisou os arquivos do ateliê do artista, com intuito de reunir os trabalhos produzidos por Carlos Vergara que tornassem visível ao público a linguagem gráfica que perpassa sua produção há quase 50 anos.

Kornis destaca que a produ-ção de Vergara se expressa por diversas linguagens e que esta exposição no MAM pretende dar visibilidade à linguagem gráfica, presente em toda a sua trajetória, de diversas maneiras: monotipias, gravuras, desenhos, 3d, fotogra-fias, filmes.

“Vergara não é somente um pintor, como ele costuma ser apresentado”, diz Kornis. “Sempre me incomodou que, na boa e vasta

bibliografia sobre ele, haja uma fixa-ção em torno de sua obra pictórica.”

Ele observa ainda que é comum, na trajetória de Vergara, que um trabalho migre para vários outros suportes: “uma fotografia pode se desenvolver em uma seri-grafia, que por sua vez poderá mais tarde se tornar pintura. Esta é uma grande alquimia dele”, afirma.

Energia silenciosaO curador conta que o título

da mostra surgiu da lembran-ça da exposição Silent Energy, realizada em 1993 no Museu de Arte Moderna de Oxford, na Inglaterra, que revelou ao mundo a arte contemporânea chinesa. “Ao estarmos diante de uma obra de arte, há uma

Para contornar a disparidade de escalas entre pequenos desenhos dos anos 1960, “como era comum naquela época”, das obras monu-mentais dos anos 1980 até agora, o curador reuniu em “vitrines ver-ticais” os trabalhos menores, para “criar um campo visual” e permitir que os trabalhos de pequeno forma-to possam enfrentar os de grandes dimensões. “é preciso que o público se detenha diante das pequenas obras, que dê um pouco de tempo a elas”, afirma kornis.

a exposição não tem um critério cronológico, mas para organizar o espaço, a curadoria optou por delinear quatro grandes núcleos de observação, organizados em torno de temas presentes na produção de Vegara – indivíduo e coletividade; espaço e tempo; cor e forma –, além dos diversos materiais, suportes e processos utilizados pelo artista.

entretanto, george kornis avisa que esse critério não será explícito por módulos ou outras marcações. “Foi, na verdade, uma forma de organizar o pensamento.”

iNdiVÍdUo e CoLeTiVidade – dentro deste núcleo de observa-ção, estão, entre outras, obras das séries dedicadas ao carnaval, “um tema caro ao Vergara”. Para kornis, tão importante quanto os desenhos e gravuras já consagrados são as camisetas e fantasias desenhadas

pelo artista para os blocos de car-naval Cacique de ramos e simpatia é Quase amor. o grande painel de desenhos para a Bienal de Veneza e um amplo conjunto de máscaras estão dentro dessa ideia.

esPaço e TemPo – dentre essas obras estão desenhos, como en-saios, nunca mostrados, de autorre-tratos do artista. “desenho é muito simples: você experimenta muito. a ideia de croquis, sua leveza, perma-nece no trabalho até o final, ainda que você mude de suporte. guarda o frescor da anotação”, diz Carlos Vergara.

Cor e Forma – dentro deste núcleo de observação estão um conjunto de litografias, serigrafias, monotipias e desenhos estruturados em torno de questões cromáticas e formais.

maTeriais, sUPorTes e ProCes-so – este grupo de trabalhos apre-senta algumas pesquisas de Vergara com diversos materiais, suportes e processos de produção visual.

Campo visual

Sem título; série: Carnaval; sem data; serigrafia s/ papel; 49 x 60 cm

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percepção, uma energia transfor-madora, que opera em silêncio”, observa. “Esses trabalhos não são tonitruantes como os demais, são silenciosos”. George Kornis ressalta que não se trata de uma retrospectiva, embora haja “um olhar que atravessa toda a sua produção.”

Segundo Vergara, a exposição se reveste de um caráter particu-larmente interessante: a cura-doria de um colecionador que o acompanha desde sempre. “Para o artista, e também para o público, é especial acompanhar esse olhar, que reflete o método sistemático e obsessivo de um colecionador de-dicado que me acompanha desde o começo”, diz ele.

Kornis concorda que usou o “critério exato” que aplicou em sua coleção: “o de elos, ligações entre os trabalhos”. Ele compa-ra essa ligação entre as obras à escolha de um roteiro musical de um show ou a sequência de músicas que, espontaneamente, surgem em uma roda de instru-mentistas.

As cerca de 200 obras são provenientes do ateliê do artista e de coleções privadas, como a de Gilberto Chateaubriand e do próprio George Kornis, além de outros acervos. Para se chegar a esse universo, o curador pesqui-

sou por mais de um ano o Acervo Carlos Vergara. “O acervo está muito bem organizado. Então foi possível visualizar, em toda sua extensão, as múltiplas lingua-gens e os interesses que atraves-sam sua trajetória.”

Poucos dias depois de ver sua exposição no MAM aparecer encabeçando a lista de reco-mendações de jornais e revistas semanais, o gaúcho Vergara, em

depoimento no Museu da Ima-gem e do Som (MIS), na série depoimentos para a Posteridade, lembrou que desde pequeno gos-tava de desenhar, mas até os 20 e poucos anos sua atividade prin-cipal era a de jogador profissio-nal de vôlei. Isso foi o suficiente para alguém afirmar que o vôlei tinha perdido um grande artista. Melhor assim. As artes plásticas brasileira agradecem.

Carlos Vergara: A dimensão gráfica – uma outra energia silenciosamuseu de arte moderna, rio de Janeiro13 de novembro de 2009 a 14 de março de 2010de terça a sexta, das 12h às 18hsábado, domingo e feriado, das 12 às 19hamigos do mam e crianças até 12 anos: entrada gratuitaendereço: avenida infante dom Henrique, 85 Parque do FlamengoTelefone: (21) 2240 4944www.mamrio.com.br

coffee break

No alto: Sem título; série: Carnaval; Dez 1970/2009; mon-tagem de fotos em metacrilato; 60 x 180 cm

Ao lado: muro mole; 1994; monotipia sobre tecido de poliéster; 240 x 210 cmColeção do artista, rio de Janeiro

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Os resultados do “Estudo Sobratema do mercado brasileiro de equipa-mentos para construção – 2009”, di-vulgado recentemente e que mostra um comparativo entre os reflexos da crise que atingiu a economia mun-

dial em 2008 e os prognósticos do setor até 2014, sustentam perspectivas positivas para o país. Nossa pesquisa inclui todas as grandes categorias de equipamentos de construção (escavadeiras hidráu-licas, tratores de esteira, retroescavadeiras, guin-dastes, gruas e plataformas aéreas) e não importa se o equipamento é adquirido pelo setor de cons-trução (obviamente o comprador maior), ou por outros, como mineração, agricultura e indústria.

O estudo mede o mercado interno, ou seja, a demanda para equipamentos novos, sejam eles de fabricação nacional ou importados. Finalmente, estima a demanda pelo setor de construção para caminhões rodoviários (principalmente basculan-tes) e tratores pesados. A pesquisa da Sobratema (Associação Brasileira de Tecnologia para Equi-pamentos e Manutenção) é importante porque contém estatísticas confiáveis, necessárias para o desenvolvimento de um setor moderno e eficiente. É uma ferramenta adicional para ajudar as empre-sas no seu planejamento interno. demonstra ainda o tamanho e potencial do setor para o governo, po-tenciais investidores nacionais e estrangeiros, além de potenciais fornecedores de insumos e serviços.

destacamos na pesquisa que, além de ter su-perado rapidamente a crise mundial, o Brasil está

entrando em uma fase que se caracteriza por pla-nejamento e empreendimentos já compromissados e com agenda fixa: o PAC (Programa de Acelera-ção do Crescimento), a exploração dos campos de Petróleo do Pré-sal, a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Vem daí o ineditismo do qual falamos no início. O mercado, sobretudo no que diz respeito à venda e compra de equipa-mentos para construção, não vai viver ao sabor das intem-péries políticas. Não haverá incertezas nas mudanças de governo, com obras, por exemplo, sendo adiadas por conta disso. Nossas empresas voltadas para a construção poderão comprar seus maquinários e contratar empregados com mais segurança, promovendo desenvolvimento. Para se ter uma ideia, só no mês de setembro, nosso setor criou 160 mil empregos segundo o dieese (departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), três vezes mais que a área de serviços.

Ao contrário dos EUA e Europa, fizemos a lição de casa. Nosso estudo mostra que o Brasil venceu a crise, em especial no setor da construção – enquan-to o mundo registrou uma queda de 46% na venda de equipamentos da linha amarela nos últimos dois anos, o Brasil obteve a marca positiva de 10%. Estados Unidos e Europa tiveram decréscimo igual

O Brasil acerta ao investir em

de Eurimilson João daniel, vice-presidente da Sobratema (associação Brasileira de Tecnologia e Manutenção de equipamentos).

infraestruturaestamos saindo de um longo período de incertezas para outro que se mostra promissor e melhor, com aspectos inéditos para o mercado da construção no Brasil. Nosso otimismo não é em vão.

opinião

126 TN Petróleo 69

a 60%. Pagaram o preço de não investir em infraes-trutura, opção feita corretamente pelo Brasil. Como consequência, esses dois mercados, que já repre-sentaram 49% da demanda mundial do setor, hoje são apenas 29%, segundo a OHR (OFF-Highway Research).

Nossa recuperação foi rápida. O Brasil teve uma queda de 24% nas vendas em 2009 (EUA e Europa registraram 60%), mas a perspectiva de cresci-mento para 2010, de cerca de 24%, já demonstra nossa grande capacidade de reação. Nosso mer-cado está aquecido. Em 2007, ano anterior ao da crise, foram vendidas 34 mil máquinas. Em 2009, o índice aproxima-se da marca de 40 mil. Os núme-ros atestam que o Brasil está em franca evolução, superou a crise, que, com planejamento e obras já comprometidas, apresenta ao mundo uma fórmula de desenvolvimento e crescimento.

As expectativas a médio prazo são ainda melho-res. Com investimentos já compromissados, estima-se que, em 2014, a venda total de equipamentos para construção no Brasil, incluindo caminhões rodoviários, tratores pesados de pneus, guindastes

e gruas, atinja a marca de 82 mil unidades. O setor que vai puxar esta alta é justamente o de infraestru-tura, com 45 mil unidades, seguido da construção civil (24 mil), mineração (10 mil) e agricultura (3 mil). Esse crescimento previsto para o Brasil tem um índice comparado apenas à índia, que tem a perspectiva positiva de 27%. A média mundial será de 6% e os outros mercados apresentam as seguintes expectativas: Europa (0%), EUA (7%) e China (7%).

O Brasil, enfim, está no caminho certo. O investimento em infraestrutura e a segurança da realização dos empreendimentos estão promoven-do o crescimento do mercado, a geração de em-pregos e o desenvolvimento social. Cabe a todos nós manter tudo isso nos trilhos. O país pode ter certeza de que a Sobratema, entidade que congre-ga empresas como Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Queiróz Galvão, OAS, Galvão Engenharia, a mineradora Vale, os fabri-cantes Caterpillar, Komatsu, Volvo, Case, New Holland, JCB, Liebherr, Atlas Copco, Haulotte, Metso Minerals, dynapac, Ciber, Terex, Hyundai estará junto nesta caminhada.

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informaçãoque repercute

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segura é buscar o maior

número de informações e

certezas.

Em um mundo de intensas e

rápidas mudanças, na tomada

de decisões empresariais, a

informação é matéria-prima,

recurso estratégico, vantagem

competitiva.

Atualizados constantemente,

os Relatórios TN trazem dados

sobre os principais setores da

economia no Brasil,

sintetizados a partir do

trabalho diário dos diversos

colaboradores da TN Petróleo,

fonte de notícias

especializadas, reconhecida e

abalizada por 10 anos de

cobertura jornalística do setor.

Petróleo no BrasilInvestimentos, Desafiose Oportunidades

Conteúdo:

1 – Histórico: O Petróleo no mundo

2 Petrobras

3 Evolução dos resultadosfinanceiros e operacionais

1996-2006

4 Rodadas de Licitações – ANP

5 Plano Estratégico 2020

6 Plano de Negócios 2008-2012

7 Mão-de-obra especializada

8 O campo de Tupi

9 Novas descobertas

10 A participação estrangeira

11 Conclusão

12 Clipping

13 Glossário

Valor do relatório:(hum mil e duzentos reais)

Formato fechado: impresso(21 cm x 28 cm) + CD com arquivoem pdf

R$ 1.200,00

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M EN O S R I S C O.

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Com o desempenho da Petrobras, o Brasil comemorou, em 2007, o recorde de

2 milhões de barris produzidos – feito superado por apenas oito operadoras no

mundo – além do aumento significativo das reservas provadas, da produção de

óleo e da presença cada vez maior de empresas nacionais e estrangeiras

atuando em exploração e produção. Tudo isso, fora o anúncio de descobertas

como�os megacampos�de�Tupi�e�Júpiter,�que�podem�facilmente�tornar�o�país

um�dos dez�maiores�produtores�mundiais.

Vivendo um período de estabilidade política, econômica e regulatória, o Brasil é

também�a�principal�porta�de�entrada�para�o�Mercosul,�o�que�nos�transforma no

principal destino dos investimentos mundiais no setor de óleo e gás.

A Nova IndústriaNaval e osPortos Brasileiros

Conteúdo:

1 – Sobre o Brasil

2 – A indústria naval no mundo

3 – A indústria naval no Brasil

4 – O renascimentoda indústria naval

5 – A licitação da Transpetro

6 – Formação profissional

7 – Novos estaleiros elevampotencial da indústria

8 – Indústria fornecedorada construção naval

9 – Portos: infra-estrutura avança,mas ainda é falha

10 – Afretamento: os mercadosmundial e nacional

11 Conclusão

Anexo – Portos Brasileiros

Clipping

Glossário

Valor do relatório:(hum mil e duzentos reais)

Formato fechado: impresso(21 cm x 28 cm) + CD com arquivoem pdf

R$ 1.200,00

Mais informações

Tel.: 21 3221-7500

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