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TISBE MACHADO NASCIMENTO

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Page 1: TISBE MACHADO NASCIMENTO

1

Page 2: TISBE MACHADO NASCIMENTO

2

TISBE MACHADO NASCIMENTO

PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO DA

PRAÇA HENRIQUE CARLONI

Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, no semestre de 2015.2 como requisito para

obtenção de título de arquiteto e urbanista.

Orientador: Prof. Francisco da Rocha Bezerra Junior

Natal, Novembro de 2015

Page 3: TISBE MACHADO NASCIMENTO

3

Catalogação da Publicação na Fonte. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte / Biblioteca Setorial de Arquitetura.

Nascimento, Tisbe Machado.

Proposta de requalificação da Praça Henrique Carloni / Tisbe Machado

Nascimento. – Natal, RN, 2015.

114f. : il.

Orientador: Francisco da Rocha Bezerra Junior.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura.

1. Praça – Monografia. 2. Requalificação urbana – Monografia. 3. Espaço

público – Monografia. 4. Arquitetura – Monografia. I. Bezerra Junior,

Francisco da Rocha. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.

Título.

RN/UF/BSE15 CDU 712.254

Page 4: TISBE MACHADO NASCIMENTO

4

TISBE MACHADO NASCIMENTO

PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO DA PRAÇA HENRIQUE CARLONI

Trabalho Final de Graduação apresentado à Banca examinadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, no semestre de 2015.2 como requisito para obtenção de título de arquiteto e urbanista.

__________________________________________________________________

Prof. Esp. Francisco da Rocha Bezerra Junior (orientador)

Departamento de Arquitetura/ UFRN

__________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Veronica Maria Fernandes de Lima (Convidada interna)

Departamento de Arquitetura/UFRN

____________________________________________________________

Arquiteta e Urbanista Rosa Pinheiro (Convidada externa)

Aprovada em: _______/________/_________

Page 5: TISBE MACHADO NASCIMENTO

5

"A educação é a arma mais poderosa que você pode

usar para mudar o mundo"

Nelson Mandela

Page 6: TISBE MACHADO NASCIMENTO

6

AGRADECIMENTOS

Agradecer às vezes pode ser difícil, expressar esse sentimento tão nobre em palavras

pode provar-se uma tarefa complicada, sensível. Não cheguei até aqui sozinha,

muitas pessoas deram sua contribuição e mesmo que eu não cite a todas, sei que

fizeram parte da minha caminhada, e mais importante, elas também sabem.

A meus pais, Solange Setta Machado e Amílcar José Nascimento, agradeço

imensamente todo o apoio incondicional, cada palavra de alento e abraço de

força. Vocês são e sempre serão meus guias, passos que tenho orgulho em seguir.

Também a minha madrasta, Nadja Cecim, por ser como uma mãe e me

acompanhar ao longo da vida.

Aos meus avós e em especial, ao avô Alberto Machado, por sempre me dar

conselhos, e permitir tomar minhas decisões e apoiá-las diariamente. Por se fazer

presente na distância, nos detalhes.

As minhas irmãs e irmão, por se interessarem sempre pela minha profissão, mesmo

não sendo a deles, pelas horas de descontração quando mais precisei, pelos abraços

depois de uma conquista, pelos exemplos que são em minha vida.

As minhas tias Regina e Rejane, por me receberem em sua casa, por me fazerem filha

e sobrinha. Obrigada por serem mais que tias, por serem mãe, irmãs, tias, conselheiras

e me ajudarem a passar por esses últimos anos de faculdade me sentindo amada.

Page 7: TISBE MACHADO NASCIMENTO

7

Aos Boêmios, que mais do que amigos, são minha família, especialmente nestes

últimos dois anos. Vocês fizeram a caminhada mais leve e certamente mais divertida.

As minhas queridas Alinne Alessandra, Ingrid Soares e Luiza de Melo, companheiras

desde sempre nas empreitadas dos muitos trabalhos, obrigada, pela amizade, pelo

carinho, pelo apoio. A Gabrielle Barros, Maria Evane, Rayanna Guesc, Babina,

Carolina Santos, Rhenyara Raissa, Filipe Almeida, Mateus Cândido, Mateus Medeiros,

Fernando Cortez, não poderiam existir amigos melhores, obrigada queridos.

A meu amigo de uma vida inteira, Johnson Cesário, obrigada pelos cafés nas

madrugadas, por me ouvir e me apoiar. Obrigada pela força, sem você este trabalho

não existiria.

Ao meu orientador Francisco Junior, agradeço a paciência e compreensão com

meus erros e por me guiar em meio a esta tarefa tão importante e desafiadora.

Page 8: TISBE MACHADO NASCIMENTO

8

RESUMO

O trabalho consiste em uma proposta de requalificação para a Praça Henrique

Carloni, localizada em Ponta Negra, bairro rico em espaços públicos, apesar de

estarem, em sua maioria, ociosos. Sendo assim, o objetivo central é proporcionar

um rearranjo morfológico na praça, de forma a atender aos moradores do bairro.

Para isso, foram estudados aspectos da morfologia urbana, projetos de praças em

geral e alguns estudos de referência. O trabalho está estruturado de maneira a

apresentar os referidos estudos primeiro – como referencial teórico, e a

sistematização de dados colhidos durante a pesquisa; em seguida, estão as

análises da área e então a proposta projetual.

Palavras-Chave: Requalificação urbana, espaço público, praça.

Page 9: TISBE MACHADO NASCIMENTO

9

RESÚMEN

Este trabajo consiste en una propuesta de recalificación para la Plaza Henrique

Carloni, localizada en Ponta Negra, barrio rico en espacios públicos, aunque, en su

mayoría, ociosos. Por lo tanto, el objetivo principal es proporcionar una

reorganización morfológica en la plaza, con el fin de atender a los moradores de

la zona. Para ello, se estudiaron los aspectos de la morfología urbana, proyectos de

plazas en general y algunos estudios de referencia. El trabajo está estructurado

para presentar los dichos estudios primero – como marco teórico y la

sistematización de los datos recogidos durante la encuesta; a continuación se

presenta el análisis de la zona y luego la propuesta de diseño arquitectónico.

Palabras llave: Recalificación urbana, espacio público, plaza.

Page 10: TISBE MACHADO NASCIMENTO

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação espaços públicos e privados .......................................................................................................... 22

Figura 2: Vista aérea de um trecho de Palmas - TO ................................................................................................................ 23

Figura 3: Qualidade do entorno vs. atividades ........................................................................................................................ 28

Figura 4: Peatonal Córdoba, Argentina. .................................................................................................................................. 29

Figura 5: Centro de Córdoba, Argentina. ................................................................................................................................. 29

Figura 6: Praça do Mercado Público de Porto Alegre – RS. ................................................................................................... 30

Figura 7: Passeio Público de Curitiba (A), Vale do Anhangabaú (B), Praça do Bom Jesus (Anápolis)(C) e Praia de

Ponta Negra (Manaus)(D). ........................................................................................................................................................... 37

Figura 8: Praça medieval - Sarlat ................................................................................................................................................ 40

Figura 9: Praça renascentista - Piazza del Popolo, Itália ......................................................................................................... 41

Figura 10: Implantação do projeto ............................................................................................................................................. 48

Figura 11: setorização do projeto ............................................................................................................................................... 49

Figura 12: Partido arquitetônico .................................................................................................................................................. 50

Figura 13: Fluxos e acessos ........................................................................................................................................................... 50

Figura 14: Implantação da Iluminação ..................................................................................................................................... 51

Figura 15: Permeabilidade do solo ............................................................................................................................................. 51

Figura 16: Implantação Praça da Balsa Vieja. ......................................................................................................................... 53

Figura 17: Praça da Balsa Vieja. .................................................................................................................................................. 53

Figura 18:Planta geral Praça da Balsa Vieja ............................................................................................................................. 54

Figura 19: Diagramas Praça da Balsa Vieja .............................................................................................................................. 55

Figura 20: Planta da Praça Levinson. ......................................................................................................................................... 57

Figura 21: Vista da Praça Levinson ............................................................................................................................................. 57

Figura 22: Zoneamento Praça Levinson ..................................................................................................................................... 58

Figura 23: Praça Levinson ............................................................................................................................................................. 59

Figura 24: Setores do bairro de Ponta Negra segundo classificação da UFRN. ................................................................. 64

Figura 25: Condicionantes legais no bairro de Ponta Negra ................................................................................................. 65

Figura 26: Áreas de operação urbana em Natal. .................................................................................................................. 66'

Page 11: TISBE MACHADO NASCIMENTO

11

Figura 27: Cobertura vegetal no bairro de Ponta Negra ....................................................................................................... 68

Figura 28: Primeira fase Conjunto Ponta Negra ....................................................................................................................... 72

Figura 29: Convênio Ponta Negra .............................................................................................................................................. 73

Figura 30: Equipamentos previstos .............................................................................................................................................. 74

Figura 31: Conjuntos habitacionais no bairro de Ponta Negra ............................................................................................. 75

Figura 32: Localização Praça Henrique Carloni. ...................................................................................................................... 76

Figura 33: Diagnóstico da praça, (A) quadra poliesportiva em péssimo estado; (B) pista de skate inadequada; (C)

resquícios comportamentais; (D) lixeira quebrada; (E) rampa mal implantada. .............................................................. 80

Figura 34: Hierarquia de vias Conjunto Ponta Negra .............................................................................................................. 81

Figura 35: Rotas dos ônibus. ......................................................................................................................................................... 82

Figura 36: Praças do Conjunto Ponta Negra. ........................................................................................................................... 83

Figura 37: Praça ecológica e Praça da Penha ........................................................................................................................ 89

Figura 38: Caixa d'agua e prédios atrás. ................................................................................................................................... 91

Figura 39: Mapa Nolli adensamento. ......................................................................................................................................... 91

Figura 40: Partido urbanístico....................................................................................................................................................... 99

Figura 41: Zoneamento da proposta ....................................................................................................................................... 100

Figura 42: Exemplo de piso tátil ................................................................................................................................................. 101

Figura 43: Piso da quadra poliesportiva ................................................................................................................................... 103

Figura 44: Modelo de sinalização ............................................................................................................................................. 103

Figura 45: Posto policial .............................................................................................................................................................. 104

Figura 46: Banheiros ..................................................................................................................................................................... 104

Figura 47: Bancos e lixeira .......................................................................................................................................................... 105

Figura 48: Bicicletário .................................................................................................................................................................. 105

Figura 49: Playground proposto ................................................................................................................................................ 106

Figura 50: Textura e cor do piso ................................................................................................................................................. 107

Figura 51: Sinalização de estacionamento ............................................................................................................................. 107

Page 12: TISBE MACHADO NASCIMENTO

12

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Faixa etária de Ponta Negra ..................................................................................................................................... 67

Gráfico 2: Faixa etária dos entrevistados .................................................................................................................................. 92

Gráfico 3: Frequência de uso. ..................................................................................................................................................... 92

Gráfico 4: Tipos de usos ................................................................................................................................................................ 93

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação dos estilos de praça ..................................................................................................................................... 43

Tabela 2: Resumo dos estudos de referência ........................................................................................................................... 61

LISTA DE MAPAS

Mapa 1: Raios de influência ......................................................................................................................................................... 86

Mapa 2: Uso de solo ...................................................................................................................................................................... 88

Mapa 3: Gabarito. ......................................................................................................................................................................... 90

Page 13: TISBE MACHADO NASCIMENTO

13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................................................... 15

ESPAÇOS LIVRES E PÚBLICOS ......................................................................................................................................................................... 20

MORFOLOGIA DO ESPAÇO PÚBLICO ....................................................................................................................................................... 24

USO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO ............................................................................................................................................... 26

A PRAÇA E O URBANO ................................................................................................................................................................................... 34

CONSIDERAÇÕES GERAIS ........................................................................................................................................................................... 35

EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA ..................................................................................................................................................................... 39

CONHECENDO PRAÇAS ................................................................................................................................................................................. 46

CONCURSO COLINAS DE ANHANGUERA ................................................................................................................................................ 48

PRAÇA DA BALSA VIEJA ............................................................................................................................................................................. 52

PRAÇA LEVINSON ........................................................................................................................................................................................ 56

CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIA ................................................................................................................................... 60

UNIVERSO DE ESTUDO: PONTA NEGRA ......................................................................................................................................................... 62

ÁREA DE PROJETO: PRAÇA HENRIQUE CARLONI ........................................................................................................................................ 69

BREVE HISTÓRICO – Ponta Negra .............................................................................................................................................................. 70

INFORMAÇÕES GERAIS – Praça Henrique Carloni. ................................................................................................................................. 76

ANÁLISE DA ÁREA DE PROJETO ................................................................................................................................................................. 85

PROPOSTA PROJETUAL ................................................................................................................................................................................... 95

ASPECTOS GERAIS ....................................................................................................................................................................................... 96

CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO .................................................................................................................................................. 98

ZONEAMENTO .............................................................................................................................................................................................. 99

Page 14: TISBE MACHADO NASCIMENTO

14

MEMORIAL DESCRITIVO ............................................................................................................................................................................ 100

CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................................................................................. 109

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................................................................................... 111

APÊNDICES ..................................................................................................................................................................................................... 115

APÊNDICE A: ............................................................................................................................................................................................... 115

APÊNDICE B: ............................................................................................................................................................................................... 115

Page 15: TISBE MACHADO NASCIMENTO

15

INTRODUÇÃO

uso de praças, no Brasil, é um traço

cultural antigo, que remete à

época em que as pessoas

colocavam suas cadeiras na calçada, se

encontravam com seus vizinhos e ali permaneciam,

como uma extensão de suas casas. Aos poucos as

pessoas sentiram necessidade de aumentar seus

espaços de convivência, e como suas casas não

permitiam, a vida passou a se desenrolar na rua, na

calçada, na praça.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Meio

Ambiente e Urbanismo - SEMURB (2009), existem em

Natal 246 (duzentas e quarenta e seis) praças, das

quais a maioria está localizada na região leste (74) e

sul (87) da cidade. Observa-se que, cruzando esta

informação com os dados referentes à renda, o maior

número de praças está nos bairros com maior poder

aquisitivo, assim como, os bairros com menor

quantidade de praças estão nas regiões

administrativas Norte e Oeste, totalizando 58 e 27

praças respectivamente.

Dessas praças, a grande maioria está em áreas

residenciais, internas aos bairros e com um raio de

interferência não maior que 200 metros de distância –

caracterizando-as como praças de alcance local,

mais voltadas aos usuários mais próximos e com pouca

relação com a cidade ao redor.

Como a maioria dos espaços públicos da

cidade, as praças também estão negligenciadas

pelos gestores. Ao percorrer algumas delas é possível

perceber que as condições atuais não são as mais

adequadas, os mobiliários estão quebrados,

enferrujados; a iluminação muitas vezes é precária, as

condições de acessibilidade são falhas e a falta de

segurança para o usuário é subliminar.

O

Page 16: TISBE MACHADO NASCIMENTO

16

Poderia ser argumentado que as praças não são

cuidadas pois a população já não as utiliza, no

entanto, a afirmação não pode ser feita para todos os

casos. De fato, existe uma deficiência no uso dos

espaços públicos na cidade, porém muitas das praças

urbanas são utilizadas como passagem, recanto para

repousos e permanências breves, sem contar aquelas

que são “adotadas” pelos moradores lindeiros e se

transformam em verdadeiras extensões de suas casas

e jardins.

Além disso, os usos nos entornos das praças são

os mais variados, em alguns casos, existem comércios,

serviços, igrejas e escolas; elementos que trazem vida

aos locais e fazem a população se locomover por

entre as praças.

A simples presença de atributos

positivos no entorno não é o único

fator determinante na valorização de

um espaço público, mas estes devem

ser considerados e incentivados

através de parcerias entre ações

públicas e privadas (SANTANA, 2003,

p.144).

Mais além da qualidade física desses espaços,

devemos lembrar que existe um fator cultural no uso

dos espaços públicos em geral. Mesmo se tratando de

algo com raiz cultural bastante forte em nossa

população, muitas pessoas argumentam que não vão

às praças por se sentirem pouco seguras nesses

ambientes. Fato que pode ser atribuído às

configurações morfológicas dos espaços, elementos

arquitetônicos, infraestrutura de apoio, conforme

observado por Trícia Santana.

A falta de segurança nos espaços

públicos pode ser associada às suas

características configuracionais e

morfológicas. Tais como barreiras

naturais e arquitetônicas, forma e

traçado do lugar, influindo na

presença de pessoas, na definição e

controle territorial, na acessibilidade,

nas possibilidades de refúgio e a

aparência dos espaços (SANTANA,

2003, p. 22).

Page 17: TISBE MACHADO NASCIMENTO

17

Em razão desse sentimento de insegurança

foram sendo criados novos tipos de espaço público,

com acesso restrito a um certo tipo de população, em

uma determinada hora – chamados espaços semi-

públicos. Com isso, as praças abertas foram

desvalorizadas, a população escolhe o conforto

térmico dos condicionadores de ar em detrimento da

ventilação natural, locais com seguranças armados e

um horário de funcionamento determinado, como os

Shoppings Centers.

Percebemos um certo “recuo da cidadania”,

como defende Marcos Antônio Gomes (2002), as

pessoas passam a estar fechadas em suas residências,

ou em locais encerrados, controlados.

Havendo uma multiplicação de

espaços que são comuns, mas não

públicos; há um confinamento dos

terrenos de sociabilidade e diversas

formas de nos extrairmos do espaço

público, os modelos de lugares se

redefiniram (GOMES, 2002, p174 apud

SANTANA, 2003, p.24-25).

Com isso, aqueles que estariam encarregados

de perpetuar o costume da rua, se afugentam em

locais em que as interações não são incentivadas e,

aos poucos, tanto a calçada quanto a rua vão

perdendo seu atrativo de espaço de lazer e convívio.

Nesse contexto, é importante voltar a atenção

novamente aos espaços originários de lazer e resgatar

essa cultura enfraquecida. Até pelo seu caráter

democrático; não é preciso pagar entrada, não é

preciso se enquadrar em nenhum padrão

predeterminado. Numa praça são todos iguais, todos

cidadãos são dignos de desfrutarem o espaço.

Dessa forma, o Trabalho Final de Graduação se

insere no tema de requalificação urbana, tendo como

objetivo principal desenvolver uma proposta projetual

de requalificação da Praça Henrique Carloni, visando

uma melhora na sua estrutura dentro dos aspectos de

Page 18: TISBE MACHADO NASCIMENTO

18

acessibilidade, iluminação, conforto termo acústico e

mobiliário urbano.

Nessa perspectiva, objetiva-se ainda, de

maneira mais específica:

1. Caracterizar as condições morfológicas atuais

da praça;

2. Inserir espaços/atividades na praça, com base

na dinâmica e necessidade dos usuários;

3. Contribuir para a reflexão dos espaços públicos,

em especial as praças;

A fim de atingir os objetivos determinados para

este trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica,

com leituras e fichamentos, a fim de compreender o

desenho de espaços públicos e como estes

influenciam a malha urbana. Em paralelo, foi feito um

estudo do entorno da Praça Henrique Carloni, a partir

da definição de uma Área de Influência Direta – com

um raio de 200m; e Indireta – com um raio de 400m;

dentro das quais foram analisados os aspectos

morfológicos no tocante ao uso e ocupação do solo,

gabaritos das edificações e outras características.

Além disso, foram aplicados questionários com

os usuários da praça em estudo, com a intenção de

definir parâmetros, como faixa etária, horário de uso,

frequência em que visitam a praça e quais as

demandas do espaço – em relação ao mobiliário,

equipamentos e usos.

A estruturação geral do trabalho se deu de

maneira tal que os dois primeiros capítulos tratam do

referencial teórico. O primeiro é dedicado a discussão

de espaços livres e públicos, o segundo, trata de

praças e sua relação com o espaço urbano e sua

evolução ao longo dos anos. Em seguida, está o

capítulo 3 que traz alguns estudos de referência

projetuais no contexto de praças urbanas.

Depois, está o capítulo 4, com o universo de

estudo, que traz um breve histórico do bairro de Ponta

Negra, identifica suas características morfológicas e

Page 19: TISBE MACHADO NASCIMENTO

19

informações gerais. Em seguida, o capitulo 5 apresenta

a área de estudo, considerando os padrões de

comportamento dos usuários e as condicionantes

projetuais. Ao fim, tem-se o capitulo 6, constituído da

proposta projetual propriamente dita, com um breve

memorial descritivo e as pranchas de desenho.

Page 20: TISBE MACHADO NASCIMENTO

20

ESPAÇOS LIVRES E PÚBLICOS

Page 21: TISBE MACHADO NASCIMENTO

21

Para tratar de espaços públicos é necessário

primeiro tratar sobre os espaços livres urbanos – os

quais, segundo Miranda Magnoli (1982), podem ser

considerados como “todo espaço não ocupado por

um volume edificado (espaço-solo, espaço-água,

espaço-luz) ao redor das edificações e que as pessoas

têm acesso”.

São espaços de vazios urbanos, sem edificações

públicas e/ou privadas e quando existem em conjunto

podem ser entendidos como um “Sistema de Espaços

Livres urbanos”, como defende Silvio Macedo (2013).

Dentro da Morfologia Urbana temos que a

cidade é determinada por seu traçado, este

constituído pelo sistema viário, parcelamento do solo,

edificações e espaços livres. Percebemos então, que

esses espaços são elementos fundamentais do tecido

urbano e podem ser representados tanto na esfera

privada – recuos, estacionamentos; quanto na pública

– praças, parques, ruas, entre outros; sendo produzidos

de maneira formal ou informal.

Os espaços livres privados adquirem especial

importância dentro da dinâmica da cidade a partir do

momento em que conferem às residências o fator

“intimidade”, a qual se dá a partir do distanciamento

entre uma e outra - recuos dentro das parcelas.

No âmbito do conforto ambiental, ambas

modalidades de espaços expressam significativas

melhoras na qualidade urbana quando têm

vegetação, isso porque proporcionam uma

atenuação de temperatura, contribuindo para a

manutenção do microclima local. Além disso,

contribuem como pequenas glebas de preservação,

uma vez que possuem elementos da flora local,

podendo também abrigar exemplares da fauna. Vale

ressaltar ainda a importância da permeabilidade do

solo e como essas áreas de vegetação podem atuar

como corredores de ventilação dentro dos espaços

construídos urbanos.

Page 22: TISBE MACHADO NASCIMENTO

22

A arborização de rua, assim como a

vegetação de porte, como matas,

bosques, etc. são elementos

estruturadores da forma e da

paisagem urbana do mesmo modo

que as construções e o suporte físico,

mas tal fato não é considerado

importante no cotidiano urbano

(MACEDO, 2013, p.08).

Como forma de ilustrar o disposto acima, vê-se

na figura 1 ao lado a diferenciação dos espaços livres

públicos e privados. A característica mais marcante é

a divergência de escala, uma vez que o espaço

privado é confinado ao lote, enquanto que o público

tem uma maior relação com o espaço urbano.

No entanto, pode-se perceber também que o

espaço privado nem sempre tem vegetação – por

escolha de seus proprietários; enquanto que o espaço

público em sua maioria é vegetado, o que atribui

maior qualidade a este espaço.

Figura 1: Representação espaços públicos e privados

Fonte: helenadegreas.wordpress, 2015

Trazendo a ilustração acima para a realidade

brasileira, podemos ver a diferença entre esses

espaços na figura 02, um registro aéreo de uma parte

da cidade de Palmas - TO. A partir dela, percebe-se,

pelo traçado urbano regular, a disposição das

quadras e lotes em volta de uma praça central circular

- espaço livre público, e dentro dos lotes incidências de

vegetação. No entanto, a parcela significativa está

Page 23: TISBE MACHADO NASCIMENTO

23

representada pelos espaços públicos ou terrenos não

edificados.

Figura 2: Vista aérea de um trecho de Palmas - TO

Fonte: Google maps, recorte pela aluna, 2015

Page 24: TISBE MACHADO NASCIMENTO

24

MORFOLOGIA DO ESPAÇO PÚBLICO

Os espaços livres públicos compreendem,

segundo Panerai (2006, p.79) - dentro de suas formas e

funções, “a totalidade das vias: ruas e vielas, bulevares

e avenidas, largos e praças, passeios e esplanadas [...].

Esse conjunto organiza-se em rede a fim de permitir a

distribuição e circulação”.

Dentro do urbanismo o conceito de espaço

público está diretamente ligado a apropriação pela

sociedade, são espaços abertos e de uso comum,

surgidos como resposta ao modo organizacional do

século XVIII, “cujo espaço fundamental era o espaço

privado, a habitação, ‘fechada sobre a intimidade

familiar’” como cita Leitão (2002). Nesse sentido,

Fátima Loureiro de Matos afirma:

O espaço público é por natureza mais

aberto e a primeira função que o

distingue do espaço privado é a

facilidade de acesso. O espaço

público é de todos e de ninguém em

particular, em princípio, todos o

podem usar com os mesmos direitos

(MATOS, 2010, p.20 apud REIS, 2014,

p.35).

Os espaços públicos funcionam como

elementos estruturantes da malha urbana e têm

função primordial na integração e continuidade

territorial, permitindo a circulação de pessoas e

automóveis. Nessa mesma direção aponta Macedo

et al quando afirma “a rua em especial, tem papel

estruturador na constituição da forma urbana, pois

reflete as formas de mobilidade, acessibilidade e

circulação, parcelamento e propriedade da terra

urbana” (MACEDO et al, 2013, p.09).

Dentre os elementos constituintes do tecido

urbano - rede de vias, parcelamento fundiário e

edificações, Panerai (2006); o primeiro é o

componente com maior permanência dentro das

cidades - sendo assim, o elemento de maior expressão

Page 25: TISBE MACHADO NASCIMENTO

25

e, de certa forma, com maior participação no

desenho do tecido urbano.

A rua, em particular, tem funções relacionadas

à conexão e continuidade territorial da cidade, tendo

fundamental importância na vida urbana a partir do

momento em que é a responsável pela interligação de

pontos dentro da cidade.

O espaço livre público, a rua em

especial, tem papel estruturador na

constituição da forma urbana, pois

reflete as formas de mobilidade,

acessibilidade e circulação,

parcelamento e propriedade da terra

urbana (MACEDO et al, 2013, p.09).

Conforme o exposto pode-se concluir então que

os espaços livres públicos têm a função de estruturar o

meio urbano e desempenham funções diversas, entre

elas a de conectividade e continuidade do território.

Dito isso, de maneira análoga a classificação de

Kevin Lynch, quando o autor, em seu livro “A imagem

da Cidade” (1960), definiu cinco aspectos como

elementos de apropriação da malha urbana

(caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos), os

autores Hartman e Strom também usam a ideia de

pontos nodais e caminhos, porém denominando-os

como nós e conexões.

Os nós são definidos espacialmente

por meio de porções do solo urbano

que podem servir como ponto focal,

ponto de atração e/ou destino para

usos recreativos. Dentre os principais

elementos constituintes dos nós estão

diferentes categorias de espaços

livres, como parques, praças, terras

devolutas de propriedade pública[...].

As conexões possibilitam as ligações

da paisagem e suas variadas florestas

através da conformação de

corredores e cinturões verdes. Ao

mesmo tempo em que preservam,

conservam e protegem os recursos da

paisagem, podem favorecer múltiplos

usos, principalmente para recreação

e transporte alternativo. Dentre os

elementos que atuam como

conexões, destacam-se os corredores

viários, as conectividades visuais, os

corredores verdes, os corredores azuis,

e os corredores amarelos (STROM,

Page 26: TISBE MACHADO NASCIMENTO

26

2007 apud PIPPI e TRINDADE, 2013,

P.84, destaque pela aluna).

Nesse sentido, os espaços livres públicos

exercem, além da função de conectividade -

incorporada pelas vias; função de conservação dos

exemplares florestais urbanos, contribuindo para a

regeneração ambiental e “mitigando as pressões e os

impactos futuros das ocupações urbanas” (PIPPI e

TRINDADE, 2013, p.85).

1 Segundo classificação do médico Humphry Osmond (1950), espaços

sócio fugidios são aqueles que tendem a afastar as pessoas, enquanto

USO E OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO

Como vimos acima, os espaços públicos têm

características morfológicas distintas, aspectos estes,

que influenciam na maneira como são ocupados. A

linearidade das vias impulsiona movimento, enquanto

que os bolsões das praças e largos pedem descanso,

tranquilidade.

No entanto, não apenas a forma é

influenciadora de tal comportamento, os fatores

sociais e psicológicos também têm papel nesta

equação. Os espaços têm uma capacidade

particular de poderem ser sócio fugidios1 ou sócio

petalados, características que variam a depender da

cultura e etnia do local.

Sobre a acessibilidade dos espaços públicos,

Stephen Carr (1995) afirma existir três modalidades de

que os denominados sócio petalados causam o efeito contrário,

aproximação.

Page 27: TISBE MACHADO NASCIMENTO

27

acesso: físico, visual e simbólico; os quais combinados

podem gerar um espaço mais convidativo ao uso.

Acesso físico refere-se à ausência de

barreiras espaciais ou arquitetônicas

[...]. No caso do espaço público,

devem-se considerar também a

localização das aberturas, as

condições de travessia das ruas e a

qualidade ambiental dos trajetos.

Acesso visual define a qualidade do

primeiro contato [...]. Perceber e

identificar ameaças potenciais é um

procedimento instintivo antes de

alguém adentrar qualquer espaço.

Acesso simbólico ou social refere-se à

presença de sinais, sutis ou ostensivos

que sugerem quem é e quem não é

bem-vindo ao lugar (CARR apud ALEX,

2008, p.25).

As condições de acesso influenciam

diretamente nas atividades que serão desenvolvidas

no espaço público, interferem na sensação de

segurança dos usuários ou se serão capazes de

acessar aquele espaço. No âmbito das atividades que

podem ser exercidas nos espaços públicos, Jan Gehl

(2006) defende que existem três tipos, atividades

necessárias, atividades opcionais e atividades sociais.

As necessárias são aquelas cotidianas, ir

trabalhar, ir para a escola, são atividades que

independem do entorno físico, as pessoas não têm

escolha senão fazê-las. As atividades opcionais, como

o nome sugere, são aquelas em que o participante

tem direito de escolha e, geralmente, dependem do

tempo e das condições físicas do entorno; nesta

categoria estão inclusos passeios para tomar ar,

caminhadas e tempo em ócio. Por fim, as atividades

ditas sócias, são aquelas que dependem da interação

direta entre pessoas – jogos infantis, conversas,

eventos.

O arquiteto defende ainda que quando o

espaço urbano público é de boa qualidade as

pessoas se sentem mais convidadas a usá-lo, dessa

forma, a proporção entre as diferentes atividades é

mais parecida. Ao contrário de quando o espaço

Page 28: TISBE MACHADO NASCIMENTO

28

público é ruim, e as pessoas se detém as atividades

necessárias em detrimento das outras duas.

Figura 3: Qualidade do entorno vs. atividades

Fonte: Gehl, 2006.

Além das atividades citadas pelo arquiteto, há

ainda aquelas de cunho cultural, manifestações

religiosas, feiras, eventos esportivos, manifestações

políticas, entre outras. Atividades que quando

colocadas lado a lado tecem a malha dos espaços

públicos e representam a identidade de cada local.

Page 29: TISBE MACHADO NASCIMENTO

29

Figura 4: Peatonal Córdoba, Argentina.

Fonte: Acervo da autora, 2013.

Figura 5: Centro de Córdoba, Argentina.

Fonte: acervo da autora, 2013.

Page 30: TISBE MACHADO NASCIMENTO

30

Figura 6: Praça do Mercado Público de Porto Alegre – RS.

Fonte: Acervo da autora, 2013.

Todas essas atividades referidas anteriormente

remetem à apropriação do espaço urbano,

característica capaz de transformar o local urbano em

espaço público propriamente dito, é a partir da

presença de pessoas que o espaço público ganha

sentido de lugar, ganha vida.

Um espaço urbano somente se

constitui em um espaço público

quando nele se conjugam certas

configurações espaciais e um

conjunto de ações. Quando as ações

atribuem sentidos de lugar e

pertencimento a certos espaços

urbanos, e, de outro modo, essas

espacialidades incidem igualmente

na construção de sentidos para as

ações, os espaços urbanos podem se

constituir como espaços públicos:

locais onde as diferenças se

publicizam e se confrontam

politicamente (LEITE, 2002, p.116).

Assim como defendido por Rogério Leite, Yu-Fu

Tuan (1983) aproxima o sentido de apropriar-se ao

sentido de lugar, envolvendo um investimento

temporal, afetivo e de valores. De acordo com Cintia

Liberalino (baseada em Enric Pol, 1996):

Apropriamo-nos da cidade quando

nos identificamos com ela, e a partir

desta relação de identidade com o

ambiente urbano, passamos a dar

sentido de lugar ao que antes era

apenas local, e assim, podemos atuar

neste ambiente atribuindo uma nova

imagem, ou seja, personalizando o

Page 31: TISBE MACHADO NASCIMENTO

31

espaço (LIBERALINO, 2007, p.42 apud

MEDEIROS, 2015, P.23).

Essa apropriação do espaço pode ser

entendida de várias maneiras, como apontado por

Silvio Macedo et al (2009) quando diz que:

[...] A apropriação se reveste de

variadas formas, tipos,

temporalidades, escalas, pode ser

lícita ou ilícita, positiva ou negativa,

intensa ou episódica, depende de

uma série de fatores que vão desde a

atuação do poder público até a

topofilia2 (MACEDO et al, 2009 apud

MEDEIROS, 2015, p. 24).

É importante também diferenciar as ocupações

de cunho temporário daquelas que ocorrem de forma

permanente, assim como ocupações passivas versus

ativas.

Segundo Stephen Carr (1992), as ocupações

passivas são aquelas que envolvem observações, ócio

2 Topofilia é definida por Tuan (1980, p.106) como “o elo afetivo entre a

pessoa e o lugar ou ambiente físico”.

e podem ser sazonais ou contínuas quando o espaço

físico oferece estrutura para tanto, um exemplo de

ocupação passiva pode ser a apreciação de

elementos artísticos. Já as ocupações ativas requerem

maior envolvimento por parte das pessoas, são

aquelas que trazem uma maior interação entre os

participantes, como a prática de esportes, jogos de

criança.

Vale salientar que ao longo dos anos os espaços

públicos sofreram mutações em relação a seus

significados e usos dentro da esfera urbana. Azevedo

(1997, apud BERTULEZA, 2014, p.21) cita que “deixaram

de ser uma referência como unidade espacial”,

passando a “distinguir-se em áreas específicas de

acordo com o grupo social que os integra”.

[...] no século XX, principalmente as

nações industrializadas, houve fortes

mudanças nas condições para os três

usos principais do espaço público.

Novos padrões de tráfego, comércio

Page 32: TISBE MACHADO NASCIMENTO

32

e comunicação surgem e mudam a

rotina antes existente. Bondes

elétricos, bicicletas, surgem na

paisagem urbana no fim do século

XIX, trazendo maior mobilidade -

permitem a cidade expandir-se

significativamente - e, quando no

século XX, os carros foram introduzidos

os padrões de transporte mudaram

dramaticamente. O tráfego de

veículos desenvolveu-se e o uso do

espaço público mudou em função

deste. Os usos então citados -

encontro, comércio e circulação – até

o então momento coexistiam em

equilíbrio, porém com o tráfego

intenso de veículos passam a viver

agora um conflito aberto (GEHL e

GEMZOE, 2002, p. 13 apud BERTULEZA,

2014, p. 21-22).

Segundo Lucia Leitão (2002), foi apenas com o

Urbanismo Culturalista que os espaços livres ganharam

destaque e passaram a fazer parte dos projetos

urbanos. Em seguida, veio o Urbanismo Modernista,

regido pelas funções básicas de Le Corbusier: o

habitar, o trabalhar, o lazer e o circular. “Nele, a

diferenciação entre cheios e vazios, espaço construído

e superfície livre, se realiza numa escala tal que, por

vezes, dificulta a convivência das pessoas num espaço

de uso comum” (LEITÃO, 2002, p.17).

Ainda segundo a autora, foi apenas nos anos

1960 que se iniciaram estudos mais aprofundados

sobre o papel do espaço público no urbanismo. Sobre

isso, Moreira afirma:

Por muitos anos, desde 1930 até 1980,

quando a então corrente modernista

se firmava na arquitetura, pouco

ocorreu no campo do urbanismo e da

arquitetura dos espaços públicos, em

parte pela rejeição dos modernistas à

cidade e consequentemente aos

espaços livres urbanos e sob outro

aspecto pelo rápido desenvolvimento

do tráfego de veículos e a

importância dada às rodovias e

transporte (MOREIRA, 2006, p.31apud

BERTULEZA, 2014, p.23).

Esta situação começa a se transformar por volta

da década de 1970, “quando questões como a

qualidade de vida, a poluição e a crescente invasão

Page 33: TISBE MACHADO NASCIMENTO

33

das ruas e praças pelo carro passam a ser levadas ao

debate público” (MOREIRA, 2006 apud BERTULEZA,

2014). Dessa forma, os espaços públicos ganharam

mais importância e passaram a ser alvo de renovações

e estudos.

Nos dias atuais os espaços públicos absorveram

muito mais a finalidade de local de lazer do que palco

para as manifestações sociais, dessa forma, pode-se

inferir que a praça urbana como conhecemos passa a

ter suas características mais parecidas aos parques,

com mais áreas abertas e uma amplitude visual maior.

Para Nelson Saldanha (2005) “a ideia de espaço

público remete a praça, com um determinado

desligamento em relação a moradia privada, sendo

ela um espaço maior que revela a cidade e tende a

se confundir com ela”. Além disso, Saldanha (2005)

tem “a praça como o espaço público palco da

vivência social e da extensão das relações que

completam este viver, e que desdobram em termos de

produção econômica, ordem política, criação

cultural” (SALDANHA, 2005 apud SILVA, 2014, p. 11).

Diante do exposto, no capítulo seguinte

será abordada a praça, entendida

como espaço público que apresenta

uma importância dentro da malha

urbana e que influencia a qualidade de

vida das pessoas.

Page 34: TISBE MACHADO NASCIMENTO

34

A PRAÇA E O URBANO

Page 35: TISBE MACHADO NASCIMENTO

35

CONSIDERAÇÕES GERAIS

De maneira geral, pode-se dizer que a praça é

local primordial do convívio social, é o local do

encontro das diferenças, o expoente dos espaços

públicos.

Segundo o arquiteto Sun Alex (2008),

“simultaneamente uma construção e um vazio, a

praça não é apenas um espaço físico aberto, mas

também um centro social integrado ao tecido

urbano”. Seguindo essa vertente, Carneiro e Mesquita

afirmam que praças “são espaços livres públicos, com

função de convívio social, inseridos na malha urbana

como elemento organizador da circulação”

(CARNEIRO E MESQUITA, 2000, p.29 apud SILVA, 2014,

p.11).

Lynch (1981) define a praça como “um espaço

vital, centro de atividades de uma área urbana, que

tem por objetivo a atração de diferentes grupos e dar

oportunidade de serem realizados encontros entre

indivíduos”. O autor diz ainda que:

The square ou plaza. Este é um modelo

diferente de espaço aberto urbano,

tomado fundamentalmente das

cidades históricas europeias. A plaza

pretende ser um foco de atividades

no coração de alguma área

“intensamente” urbana. Tipicamente,

ela será pavimentada e definida por

edificações de alta densidade e

circundada por ruas ou em contato

com elas. Ela contém elementos que

atraem grupos de pessoas e facilitam

encontros: fontes, bancos, abrigos e

coisas parecidas. A vegetação pode

ou não ser proeminente (LYNCH, 1981,

p.442 apud ALEX, 2008, p.23).

Segundo Zucker (1959, apud SILVA, 2014), a

praça é “responsável por gerar a trajetória da vida

pública em uma dimensão que ultrapassa seus limites

físicos, estendendo-se aos arredores onde as ruas se

misturam com seus limites”. Ainda de acordo com o

autor, “a praça quando avaliada como o elemento

Page 36: TISBE MACHADO NASCIMENTO

36

central do loteamento é a responsável pela

construção da comunidade”.

Dessa forma, percebe-se que o elemento praça

é foco do traçado urbano, as ruas levam a estes

espaços que por sua vez recebem os variados fluxos

(automóveis, ciclistas, pedestres) e usos.

Espacialmente, a praça pode ser definida pela

vegetação e pelos elementos construídos. Neste

sentido, de acordo com cada significado que a

palavra “praça” pode assumir, estes espaços podem

ser classificados em:

a. Praça Jardim: espaços nos quais a

contemplação das espécies vegetais,

o contato com a natureza e a

circulação são priorizados. Estes

podem ser fechados por grades ou

cercas, como o passeio público do Rio

de Janeiro e de Curitiba, ou ainda

podem ser abertos e rodeados de

imóveis (comerciais e residenciais).

b. Praça Seca: largos históricos ou

espaços que suportam intensa

circulação de pedestres. Em algumas

destas praças inexiste qualquer tipo

de árvores ou jardins e nelas o

importante é o espaço gerado pela

arquitetura e são relações entre

volumes do construído e do vazio que

dão ao conjunto a escala humana.

c. Praça Azul: praças na qual a água

possui papel de destaque. Alguns

belvederes e jardins de várzea

possuem esta característica.

d. Praça Amarela: as praias em geral

são consideradas praças amarelas.

(MACEDO e ROBBA, 2002 apud VIERO

e BARBOSA FILHO, 2009, p. 2).

Abaixo são apresentados exemplos da

classificação por Macedo e Robba.

Page 37: TISBE MACHADO NASCIMENTO

37

Figura 7: Passeio Público de

Curitiba (A), Vale do

Anhangabaú (B), Praça do

Bom Jesus (Anápolis)(C) e Praia

de Ponta Negra (Manaus)(D).

Fonte: Google imagens, 2015

Page 38: TISBE MACHADO NASCIMENTO

38

Em seu texto, Leitão (2002) também aborda o

conceito de praça, mostrando que estas são

“unidades urbanísticas fundamentais para a vida

urbana, tendo sua função diferenciada por sua

especificidade, variando de acordo com mudanças

sociais importantes e nas novas formas de

comportamento e necessidade da comunidade”

(LEITÃO, 2002, p.21).

Isto significa que cada espaço tem a utilidade

urbanística definida e usos específicos que indicam

como as pessoas se apropriam desses lugares. Assim,

as funções das praças devem ser entendidas através

de suas características morfológicas internas e

atreladas a morfologia urbana externa para oferecer

um retorno à população.

Para determinar as funções das praças, a autora

recorre a três indicadores de especialidade:

As características do entorno: O lugar onde a

praça está inserida, além de definir a paisagem,

expressa características que a tornam única.

Neste caso, praças com finalidade de encontro

estão inseridas num contexto de maior fluxo de

pessoas.

O nível sócio econômico da população: Os

aspectos econômicos e sociais interferem na

maneira como as praças são apropriadas. Nesse

sentido, uma praça em uma comunidade de

menor poder monetário, geralmente, supre a

necessidade de lazer e traz a possibilidade de

tirar os jovens da marginalidade pela oferta de

esportes. Em contraponto, uma praça inserida

em um bairro mais abastado, geralmente, é

usada como local de caminhada e não tanto

para prática de esportes gerais.

A importância simbólica: Nesses espaços o mais

importante é o caráter emocional da relação

pessoa/espaço. São praças com apelo à

memória coletiva da população.

Page 39: TISBE MACHADO NASCIMENTO

39

Por meio destas definições é possível observar

que a funcionalidade da praça está ligada a maneira

como o usuário apropria-se dela. Ainda de acordo

com Leitão (2002), é pelo “uso que a apropriação

acontece, ou seja, através da utilização do espaço

que as pessoas acabam fazendo com que a praça

torne-se um lugar importante para o convívio social”

(LEITÃO, 2002, p.25). Assim, a relação de

pertencimento com o lugar favorece a valorização da

praça, visto que os usuários tomam posse do ambiente

e reivindicam melhorias e manutenção.

Os benefícios trazidos pelas praças públicas

decorrem tanto da vegetação que pode ser abrigada

por elas, quanto de aspectos subjetivos relacionados à

sua existência, como a influência positiva no

psicológico da população, proporcionada pelo

contato com a área verde e/ou pelo uso do espaço

para o convívio social.

Nesse sentido, vale ressaltar as vantagens no

âmbito do conforto ambiental, levando em

consideração principalmente o clima

predominantemente tropical brasileiro. A melhoria

climática - relacionada à diminuição da radiação

solar, efeito sobre a umidade do ar; ação contra

poluição pela retenção de partículas nocivas; melhora

no conforto lumínico - proporcionam sombra e

funcionam como barreiras ao ofuscamento das luzes;

e dependendo da escala da praça, pode funcionar

como barreira acústica - quando a vegetação for

densa.

EVOLUÇÃO CRONOLÓGICA

Os espaços precursores da praça foram, tanto a

Ágora grega, “espaço aberto, normalmente

delimitado por um mercado, no qual se praticava a

democracia direta, visto ser este o local para discussão

e debate entre os cidadãos” (MACEDO e ROBBA, 2002

apud VIERO e FILHO, 2009); quanto o Fórum romano.

Page 40: TISBE MACHADO NASCIMENTO

40

Do símbolo de liberdade (a ágora

ateniense era o lugar onde, não só era

possível fazer reuniões, mas também

onde cada um podia dar sua opinião)

ao símbolo de poder - o fórum romano

era o local de comércio e de política

popular (DE ANGELIS et al 2005, p. 3

apud YOKOO e CHIES, 2009, p.3).

Em suas origens, a praça era o local do social e

também do comércio, segundo Spirn “lugares para ver

e ser visto, para comprar e fazer negócios, para

passear e fazer política”. (1995 apud YOKOO e CHIES,

2009, p.3).

Ao longo do tempo suas funções e morfologia

foram se transformando, primeiro como vazios, abertos

na malha urbana das cidades medievais – serviam

como um respiro da malha densa e estreita da época;

depois, adotando formatos mais regulares e

delimitados por edifícios lindeiros no Renascimento –

sendo abraçadas por prédios públicos e monumentos,

tinham como objetivo maior enaltecer o monumento

em seu interior.

Mesmo em conformações diferentes, a praça

nasce e cresce como local de convívio e trocas, sejam

sociais ou comerciais.

Figura 8: Praça medieval - Sarlat

Fonte: Google imagens.

Page 41: TISBE MACHADO NASCIMENTO

41

Figura 9: Praça renascentista - Piazza del Popolo, Itália

Fonte: Google imagens.

As primeiras cidades latino-americanas de

organização colonial tinham como centro –

geográfico e social, a praça, a qual estava envolvida

pelos prédios principais – igreja, prefeitura, escola e

cemitério.

A praça, em sua origem latina,

caracteriza-se como espaço de

encontro e convívio, urbano por

natureza. Espaço este que conforma

por várias aberturas no tecido urbano

que direcionam naturalmente os mais

diversos fluxos em busca dos, também,

mais diversos usos, que imprimem a

este espaço o caráter de lugar e

ponto central de manifestação da

vida pública. É, em sentido amplo, o

espaço para a troca. (VARGAS, 2008,

p.09 apud ALEX, 2008, p.09).

No Brasil, a origem das praças tem caráter

primordialmente religioso, sobre este tema o arquiteto

Murillo Marx afirma:

Logradouro público por excelência, a

praça deve sua existência sobretudo

aos adros de nossas igrejas. Se

Page 42: TISBE MACHADO NASCIMENTO

42

tradicionalmente essa dívida é válida,

mais recentemente a praça tem sido

confundida com jardim. A praça

como tal, para reunião de gente e

para exercício de um sem-número de

atividades diferentes, surgiu entre nós,

de maneira marcante e típica, diante

de capelas ou igrejas, de conventos

ou irmandades religiosas. [...]

Realçava os edifícios; acolhia os seus

frequentadores (MARX, 1980, p.50

apud ALEX, 2008, p.24, realce pela

aluna).

Ao longo dos séculos as praças foram sendo

modificadas, passaram pelo ecletismo, modernismo

até o contemporâneo, segundo aponta Robba e

Macedo (2003).

No eclético, a praça multifuncional colonial

deixa de existir e em seu lugar aparecem os jardins do

século XVIII, depois a praça ajardinada, para

contemplação e descanso construídas nos primeiros

anos do século XX.

Ainda dentro desse estilo, teve-se a linha clássica

– rígida em seus desenhos geométricos; e a romântica

– livre em curvas sinuosas e de vegetação exuberante.

Com o século XX chegam as transformações

sócio econômicas do crescimento urbano, exigindo

traçados mais racionais, modernos. De modo a

priorizar a funcionalidade, as praças agora estão

voltadas ao lazer ativo, com quadras, brinquedos,

área de jogos e afins.

No fim do século então, com o grande aumento

no número de veículos e pessoas, as cidades

enfrentam um problema de cunho social e espacial e

o desenho de praças passa a ser mais livre, busca

atender as necessidades socioculturais da atualidade.

Surge então a linha projetual contemporânea que

mescla aspectos dos períodos anteriores, adicionando

os usos comercial e de serviço aos espaços que antes

eram apenas contemplativos e de lazer.

Page 43: TISBE MACHADO NASCIMENTO

43

Ao lado é apresentada uma tabela com um

resumo das características dos estilos de praça. Sobre

essas características, Jorge Minda (2009) discorre:

As linhas ou tendências estéticas, a

eclética e a moderna, podem ser

interpretadas e identificadas

claramente pelas correntes do

pensamento da história da

arquitetura. A linha contemporânea,

marcada pelas transformações

sociais, culturais, tecnológicas, a

globalização e as amplas mudanças

nos conceitos que têm levado a um

momento que poderíamos chamar de

“pluralidade contemporânea”, onde

todo é possível, não tem permitido

uma claridade teórica que possa

defini-la; ainda é uma linguagem em

construção. (MINDA, 2009, p.47)

Tabela 1: Relação dos estilos de praça

Fonte: Adaptado de Miranda 2009, p.27.

Page 44: TISBE MACHADO NASCIMENTO

44

A partir do exposto pode-se concluir que hoje as

praças não seguem mais uma estrutura rígida de

desenho, se moldam a depender do local onde serão

implantadas de levando em consideração os desejos

da população que as usará.

Percebe-se também que, quando os projetos

são delegados unicamente ao poder público, as

questões arquitetônicas e estéticas perdem

qualidade, os profissionais são estimulados a

preocuparem-se mais com demandas financeiras –

em questões de custos e qualidade de materiais e

mão de obra – do que com os aspectos formais e

funcionais para o bem estar de quem irá usufruir desses

espaços e como estes irão comportar-se ao longos dos

anos, se irão sobreviver as intempéries.

Sobre esse tema, Robba e Macedo (2003)

defendem que em razão de sua grande visibilidade, os

espaços públicos transformam-se em produtos de

propagandas eleitorais uma vez que geram um

retorno bastante satisfatório na opinião da população

em geral.

Ainda nesse contexto, os autores supracitados,

afirmam:

Na atualidade, o maior investimento

se faz para reformar praças em bairros

nobres ou centrais. Algumas praças

são reformadas por decisões políticas,

que na grande maioria dos casos,

trazem melhorias urgentes e

necessárias para a cidade, mas

também, são frequentes os casos em

que o espaço, mesmo que antigo,

ainda funciona com pleno vigor e

validade, não necessitando de

reformas ou alterações, apenas um

programa de manutenção eficiente e

constante (ROBBA e MACEDO, 2003,

P.48 apud MINDA, 2009, P.50).

Segundo Sun (2008) as transformações das

praças dificultam a consolidação de uma identidade

autentica na paisagem urbana, além de afetar o

convívio social e a cidadania, assim como a

construção da democracia.

Page 45: TISBE MACHADO NASCIMENTO

45

Ao fim, é importante ressaltar que “a praça é, na

atualidade, o único lugar propício à permanência e

ao desenvolvimento de atividades sociais não

consumistas” (ROMERO, 2001, p.29 apud MINDA, 2009,

p. 50).

No capítulo seguinte serão apresentados alguns

projetos que serviram como referência projetual para

o desenvolvimento da proposta para a Praça

Henrique Carloni.

Page 46: TISBE MACHADO NASCIMENTO

46

CONHECENDO PRAÇAS

Page 47: TISBE MACHADO NASCIMENTO

47

Todo arquiteto no exercício de sua profissão está

em constante busca de referências, inspiração para

suas próprias criações. E nessa caminhada nos

utilizamos das mais variadas fontes, seja o projeto de

algum colega, alguma obra de arte ou elementos

simples do cotidiano.

Neste capítulo, serão apresentados as principais

referências projetuais, sejam elas formais e/ou

funcionais, como forma de auxiliar a proposta de

requalificação urbana. Destes projetos foi extraído o

que julguei necessário para minha concepção

projetual, em alguns casos apenas os aspectos

estéticos, em outros, as características funcionais.

Cada projeto aqui desvelado foi submetido a

uma análise crítica, a fim de detectar pontos positivos

e negativos e o que realmente poderia ser usado de

cada referência. Ao fim do capitulo será apresentado

um quadro resumo dos projetos, com as informações

mais importantes.

Page 48: TISBE MACHADO NASCIMENTO

48

CONCURSO COLINAS DE ANHANGUERA

Este projeto foi escolhido tanto pelo seu caráter

estético-formal quanto pela proximidade de uso. A

praça proposta pelo escritório HUS – Arquitetura é um

excelente exemplo de espaço público de qualidade.

O projeto está localizado na cidade de Santana

de Parnaíba – SP, em um bairro isolado e carente de

equipamentos de lazer e busca fazer com que uma

praça se torne um elemento de ligação física e social

do tecido urbano, reorganizando o seu traçado,

qualificando os espaços públicos e potencializando o

seu uso.

O espaço é fruto do remembramento de alguns

terrenos que hoje estão vazios e fazem a ligação entre

uma zona tipicamente residencial e outra de uso

comercial. Essas características determinaram a

setorização básica do projeto: ao norte, o local

destinado ao encontro, manifestações públicas, feiras

e shows, e ao sul, a área de caráter mais esportivo e

de passeio.

Figura 10: Implantação do projeto

Fonte: Archdaily, editado pela aluna.

Page 49: TISBE MACHADO NASCIMENTO

49

Após a setorização, foram definidos dois pontos focais localizados nas principais vias de acesso ao bairro,

como observado na figura acima, na qual é possível perceber que o desenho do entorno infiltra-se na praça,

proporcionando uma integração entre projeto e cidade.

É a partir dos pontos focais que são traçados os eixos que organizam a praça, delimitados pelo desenho do

piso e por elementos do paisagismo. Na porção norte será implantado um palco elevado que se abre para a

grande esplanada de eventos com área de jatos d’agua. Já na área sul, implanta-se o ponto de apoio à

administração, com sanitários, bicicletário, posto da guarda municipal e três salões de apoio que poderão abrigar

atividades comunitárias, programas culturais e esportivos. Conta ainda com duas quadras poliesportivas, pista de

skate, parque infantil para diferentes idades, mesas de jogos, ginástica, inclusive para a melhor idade e uma ciclovia

que abraça o setor.

Figura 11: setorização do projeto

Fonte: Archdaily.

Page 50: TISBE MACHADO NASCIMENTO

50

A praça é apresentada em diagramas que mostram as diferentes camadas do projeto. A primeira exemplifica

como será a circulação dentro da praça, depois é demonstrado o partido arquitetônico adotado (pontos focais)

e assim em diante. Abaixo alguns dos diagramas:

Figura 12: Partido arquitetônico

Figura 13: Fluxos e acessos

Fonte: Archdaily

Page 51: TISBE MACHADO NASCIMENTO

51

Figura 14: Implantação da Iluminação

Figura 15: Permeabilidade do solo

Fonte: Archdaily

Page 52: TISBE MACHADO NASCIMENTO

52

Este é um projeto que, apesar de ser

apresentado como fruto de um concurso e não ter sido

executado ainda, está bem representado e se faz

entender em todas as suas fases. Percebe-se que foi

pensado para implantar-se de maneira suave ao

bairro, como se estivesse ali desde o começo.

Além disso, proporciona à população uma

opção de espaço de lazer e convívio de excelente

urbanidade, qualidade estética e arquitetônica.

Trazendo-o à realidade de estudo referencial

para minha proposta, encontro concordância no que

se refere a sua organização espacial, aos usos que

emprega em sua praça e nos aspectos de

representação da proposta.

No entanto, é importante frisar que neste caso, a

praça desenhada pelo HUS tem uma escala que se

assemelha a um parque urbano, enquanto que o

trabalho ora apresentado tem como objeto de estudo

uma praça urbana, em escala bastante menor do que

a do projeto apresentado.

PRAÇA DA BALSA VIEJA

A praça está localizada em Totana, um

município da região de Múrcia na Espanha, e apesar

de já estar construída, o projeto aqui apresentado é

uma proposta de reforma desenvolvida pelo arquiteto

Enrique Mínguez Martínez.

Seu entorno é bastante denso e possui

primordialmente residências e pequenos comércios.

Um importante condicionante projetual é o fato de

existir um estacionamento subterrâneo sob a área da

praça, o que dificulta a implantação de vegetação e

estruturas que exijam fundações mais profundas.

Page 53: TISBE MACHADO NASCIMENTO

53

Figura 16: Implantação Praça da Balsa Vieja.

Fonte: Archdaily

O principal objetivo da proposta é revitalizar e

fortalecer o uso do espaço, conferindo-lhe caráter

próprio e sempre que possível acomodando usos

múltiplos. A área de uso público, de descanso e as

relações sociais, até os espaços mais íntimos onde

reunir-se para relaxar, ler ou conversar.

Para isso a praça foi zoneada em dois grandes

ambientes, um com vegetação e mobiliário de lazer e

outro mais amplo que favorece o uso dos edifícios

vizinhos. Devido a presença de desníveis dentro da

área de intervenção foi criado um sistema próprio de

pavimentação, além de mobiliários e equipamentos

diversos.

Figura 17: Praça da Balsa Vieja.

Fonte: Archdaily.

Page 54: TISBE MACHADO NASCIMENTO

54

Na planta ao lado pode-se ver o resultado geral

da proposta, com as área de vegetação e

sombreamento já definidas.

Em seguida, na figura 19, os diagramas das

diferentes camadas. No primeiro, a

representação dos diferentes pisos, no segundo,

as áreas de vegetação e sombra, o terceiro traz

a implantação dos mobiliários, o quarto as

modalidades de iluminação e o último explica

como se dão as diferentes circulações – de

pedestres em vermelho e automóveis em azul.

Figura 18:Planta geral Praça da Balsa Vieja

Fonte: Archdaily.

Page 55: TISBE MACHADO NASCIMENTO

55

Figura 19: Diagramas Praça da Balsa Vieja

Fonte: Archdaily.

Page 56: TISBE MACHADO NASCIMENTO

56

Ao observar este projeto, pude perceber que

seu desenho simples, de linhas claras e diretas trouxe

ao ambiente a sensação de novidade, mesmo

estando em uma área histórica da cidade. O projeto

conversa de forma concisa com o entorno e se

estabelece.

Além disso, os materiais usados (concreto, aço e

vidro) são bastante conhecidos e de fácil execução

apesar de estarem apresentados com um design

inovador – fato que favorece o projeto e leva-o a

atingir seu objetivo de revitalização do espaço.

Mais uma vez a representação gráfica limpa e

direta mostra-se favorável e desempenha seu papel

de explicar como se dá a organização da praça.

PRAÇA LEVINSON

A praça está localizada em Boston, Estados

Unidos e é projeto do arquiteto Mikyoung Kim. O

espaço está inserido num contexto tipicamente

residencial, servindo como pátio para dois edifícios.

Com isso, o projeto busca integrar tanto o

entorno construído quanto o natural e criar espaços

conectados e que possibilitem diversos usos – como

por exemplo, áreas para eventos culturais e para as

crianças brincarem.

Em razão dos invernos rígidos da região, o piso

escolhido é de concreto e foi desenhado com um

padrão geométrico para trazer movimento e vida ao

grande espaço – figuras 20 e 21. Também por causa

das condições climáticas específicas as espécies

vegetais propostas são todas adaptadas à região de

New England.

Page 57: TISBE MACHADO NASCIMENTO

57

Figura 20: Planta da Praça Levinson.

Fonte: Archdaily.

Figura 21: Vista da Praça Levinson

Fonte: Archdaily.

Page 58: TISBE MACHADO NASCIMENTO

58

Figura 22: Zoneamento Praça Levinson

Fonte: Landezine.

Page 59: TISBE MACHADO NASCIMENTO

59

Ao observar o zoneamento acima (figura 22),

percebe-se que de fato a praça integra diversos usos,

mas estão todos localizados lado a lado, convivendo

em harmonia, as pessoas podem praticar várias

atividades distintas entre si no mesmo espaço físico, o

que incentiva a convivência pacífica entre os

diferentes.

O mobiliário usado tem linhas simples e

acompanham o estilo do projeto como um todo.

Existem dois tipos de bancos, um com encosto e outro

sem, apenas como um volume saindo do chão (figura

23). A iluminação é voltada aos usuários, com postes

baixos e que não “lavam” a praça inteira, mas se

concentram em criar ambientes.

Outra característica marcante do projeto é a

preocupação em deixar várias áreas expostas ao sol,

uma vez que, na maior parte do ano, a temperatura é

baixa e a incidência de raios UV não é tão agressiva

quanto no Brasil.

Figura 23: Praça Levinson

Fonte: Archdaily.

Page 60: TISBE MACHADO NASCIMENTO

60

CONSIDERAÇÕES DOS ESTUDOS DE REFERÊNCIA

Os três projetos acima demonstrados trouxeram

inspiração e contribuições importantes para o

desenvolvimento de minha própria proposta de

projeto urbano. Foram elementos essenciais para

nortear minhas decisões no que diz respeito à relação

projeto/entorno e a importância em reconhecer os

usuários para a definição da programação

arquitetônica.

De maneira específica, posso relatar que do

primeiro projeto absorvi algumas ideias estéticas e de

zoneamento, além de ser o único localizado no Brasil,

o que ajuda bastante na consideração sobre os

fatores climáticos.

Além disso, o arquiteto preocupou-se em

integrar sua praça ao entorno e deu preferência à

circulação de pedestres em detrimento dos

automóveis, característica também presente nos

outros dois projetos estudados.

Já as praças “Balsa Vieja” e “Levinson”,

acercam-se mais no quesito da escala projetual, são

espaços mais próximos do convívio cotidiano e de fácil

entendimento estético-formal. Ambas foram

pensadas em contextos urbanos e dão a seus usuários

espaços multifuncionais, mesmo que em pequenas

dimensões.

De maneira geral, todos os projetos transmitem

seus objetivos através de uma representação gráfica

arrojada e simples e levam a seus interlocutores a

certeza de terem sido bem projetados.

Abaixo é apresentada uma tabela resumo, com

as características mais importantes de cada projeto

para fins de comparação sintética.

Page 61: TISBE MACHADO NASCIMENTO

61

Tabela 2: Resumo dos estudos de referência

No próximo capítulo será feita a

apresentação do universo de estudo,

abordando um pouco do bairro

Ponta Negra e o conjunto homônimo

– suas caraterísticas históricas, sociais

e morfológicas.

Page 62: TISBE MACHADO NASCIMENTO

62

UNIVERSO DE ESTUDO: PONTA NEGRA

Page 63: TISBE MACHADO NASCIMENTO

63

bairro está localizado na Zona

Administrativa Sul do Município de Natal,

caracterizado como Zona de

Adensamento Básico segundo o Plano Diretor (PD) do

município – Lei Complementar n° 82 de 21 de junho de

2007. Limita-se a norte com o bairro de Capim Macio e

Parque das Dunas, a sul com o município de

Parnamirim, a Leste com o Oceano Atlântico, e a

Oeste com o bairro de Neópolis.

Segundo Anuário da Prefeitura do Natal (2014),

o bairro de Ponta Negra possui uma área de 1382

hectares - sendo um dos maiores da cidade em

extensão territorial - onde residem aproximadamente

25 mil pessoas (com base no censo de 2010) resultando

em uma densidade habitacional de 18,12

habitantes/ha. Ainda de acordo com o Anuário 2014,

o bairro tem 70% de seu território com drenagem de

águas pluviais e 75% pavimentados.

Devido a multiplicidade de traçados urbanos,

em 2011, a Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, ao desenvolver um laudo pericial para a Zona

de Proteção Ambiental 6 (a qual abarca o Morro do

Careca e adjacências), subdividiu o bairro em 4

setores. O primeiro diz respeito à Vila, “com uma

configuração espacial marcadamente orgânica”; o

segundo, definido originalmente pela ocupação da

orla e consolidado nas décadas de 1950 e 1960, com

uso predominantemente residencial (casas de

veraneio) e uma população de média e alta renda; o

terceiro setor corresponde aos conjuntos Ponta Negra

e Alagamar; e por fim, o quarto setor é caracterizado

pelo aparecimento do padrão vertical que toma

impulso a partir do ano 2000 e está distribuído em

diferentes frações do bairro.

O

Page 64: TISBE MACHADO NASCIMENTO

64

Figura 24: Setores do bairro de Ponta Negra segundo

classificação da UFRN.

Fonte: UFRN, 2011.

Todas essas fases e formas de expansão urbana

correspondem a diferentes dinâmicas imobiliárias e

diferentes períodos de formação do bairro. No fim da

década de 1990 foi instituída a Política Nacional de

Turismo, plano que tinha como objetivo a melhoria da

infraestrutura em regiões potencialmente turísticas. No

bairro de Ponta Negra, especificamente, este plano

influenciou na construção da RN-063, também

conhecida como Rota do Sol, via estadual que liga o

bairro às praias dos municípios de Parnamirim e Nísia

Floresta na grande Natal.

O conjunto das ações estimulou o

aparecimento de maiores disputas

imobiliárias nas áreas adjacentes a RN

063, via que liga a praia de Ponta

Negra às praias do Município de Nísia

Floresta, concorrendo para que essa

região concentrasse, nos primeiros

sete anos dos anos 2000, a maioria dos

investimentos em equipamentos

turísticos e de segundas-residências

(UFRN, 2011, p. 15).

Além da construção da Rota do Sol, o bairro

recebeu melhorias na iluminação pública,

equipamentos urbanos, pavimentação e

Page 65: TISBE MACHADO NASCIMENTO

65

saneamento, ocasionando o que Catarina Neverovsky

(2005 apud Medeiros, 2015), chamou de

“refuncionalização” - a modalidade de uso deixou de

ser voltado a residências e segundas residências e

passou a ser voltado ao comércio e serviços;

acarretando também em um aumento no preço do

metro quadrado, que segundo Camila Furukava (2009,

apud Medeiros 2015), passou de uma variação entre

R$800,00 e R$1000,00 em 2003, para R$6000,00 em

2006.

Em relação aos condicionantes legais incidentes

no bairro, há a Zona Especial de Interesse Turístico 1 (Lei

n° 3.607/87), dentro da qual também existe uma faixa

de Área Non Aedificandi localizada à margem da

Avenida Roberto Freire que tem como objetivo a

preservação cênica-paisagística da praia de Ponta

Negra, mais especificamente do Morro do Careca. Há

ainda, as Zonas de Proteção Ambiental 5 e 6 - sendo

apenas a primeira regulamentada (Lei n° 5.565/2004) e

também referente a AEIS – Área Especial de Interesse

Social – da Vila de Ponta Negra, como demonstrado

na figura abaixo.

Figura 25: Condicionantes legais no bairro de Ponta Negra

Fonte: MEDEIROS, 2015.

Page 66: TISBE MACHADO NASCIMENTO

66

Além disso o bairro é demarcado como área

passível de sofrer operação urbana, segundo o Plano

Diretor Lei n° 82 de 21 de junho de 2007:

Conjunto integrado de intervenções e

medidas urbanísticas que definem um

projeto urbano para determinadas

áreas da cidade, indicadas pelo

Plano Diretor, coordenadas pelo

Poder Público e definidas, através de

lei municipal, em parceria com a

iniciativa privada, instituições

financeiras, agentes governamentais,

proprietários, moradores e usuários

permanentes, com a finalidade de

alcançar transformações urbanísticas

estruturais, melhorias sociais e

valorização ambiental, levando em

consideração a singularidade das

áreas envolvidas.

Figura 26: Áreas de operação urbana em Natal.

Fonte: Natal, 2007.

Page 67: TISBE MACHADO NASCIMENTO

67

De acordo com o Anuário de 2013, a população

do bairro de Ponta Negra, em 2010, era composta por

53,07% de mulheres e 46,93% de homens. À época a

parcela de faixa etária mais significativa era de 25 a 29

anos, com 11,21% do total, seguido por 20 a 24 anos,

com 10,39% do total, demonstrando o caráter jovem

do bairro.

Gráfico 1: Faixa etária de Ponta Negra

Fonte: Natal, 2013.

Em relação aos aspectos ambientais, o bairro

apresenta cobertura vegetal na maioria de sua

extensão - mais de 55% do total. Dentro dessa área

estão inclusas as duas ZPAs do bairro - que

representam a maioria da cobertura da zona, como

pode ser visto na figura 32.

Apesar das maiores áreas corresponderem às

zonas de proteção, quando observamos o bairro sem

contabilizá-las, a quantidade de áreas verdes

continua a ser bastante representativa, há muitas

machas de vegetação entre os elementos construídos,

a saber: entre espaços públicos e privados.

Este fato influencia muito na temperatura média

do bairro, que pode ser classificada como amena,

mesmo nas épocas mais quentes do ano, a cobertura

vegetal ajuda na dissipação de calor e na proteção

do solo.

Além disso, existem estudos que comprovam

que conviver perto de massas verdes influencia

Page 68: TISBE MACHADO NASCIMENTO

68

diretamente a qualidade de vida das pessoas, nesse

caso, os moradores do bairro estão em posição

privilegiada.

Com essa porcentagem Ponta Negra está entre

os três bairros com maior cobertura vegetal da cidade,

antecedido por Guarapes com 68,26% e Redinha com

63,47%.

Figura 27: Cobertura vegetal no bairro de Ponta Negra

Fonte: MEDEIROS 2015, modificado pela autora.

No capítulo seguinte será apresentada a área

de projeto, com uma explanação acerca da praça

escolhida, demonstrando suas características

morfológicas, históricas e suas condicionantes

projetuais.

Page 69: TISBE MACHADO NASCIMENTO

69

ÁREA DE PROJETO: PRAÇA HENRIQUE CARLONI

Page 70: TISBE MACHADO NASCIMENTO

70

BREVE HISTÓRICO – Ponta Negra

A ocupação da área de Ponta Negra tem

datações conflitantes, no entanto, existem registros de

atividades que remontam à época da invasão

holandesa no século XVII. Os primeiros moradores se

dedicavam quase que exclusivamente à pesca, com

alguma atividade agrícola voltada à subsistência.

Estima-se que, até o século passado, a

Vila de Ponta Negra era habitada por

indivíduos ligados à atividade

pesqueira. Havia, entretanto, roçados

para ajudar na economia doméstica,

além do trabalho de renda de

almofadas feito por mulheres. Após a

2ª Guerra Mundial, com a influência

norte-americana de banhos de mar,

foram iniciadas construções de casas

de veraneio (RIO GRANDE DO NORTE,

2007, p.6).

Até a década de 1940 a área não era muito

adensada, foi a partir da Segunda Guerra Mundial e

do hábito de banhos de mar que o bairro ganhou mais

moradores – com as casas de veraneio e a presença

dos militares na cidade.

O adensamento do bairro teve início a partir da

política de habitação social, instaurada, no Brasil,

entre as décadas de 1970 e 1984, financiada de

maneira geral, pelo BNH – Banco Nacional de

Habitação e executada, no RN, pelas cooperativas –

INOCOOP (Instituto de Orientação às Cooperativas

Nacionais) e COHAB (Cooperativa Habitacional do Rio

Grande do Norte).

O Conjunto Ponta Negra foi construído em 1978,

seguido pelo Conjunto Alagamar (1979) e Serrambi em

1989. O traçado regular dos conjuntos resultou em um

tipo de parcelamento diferente do restante do bairro.

Com um traçado ortogonal e regular,

os conjuntos habitacionais

simbolizavam a ascensão de Ponta

Negra como um bairro privilegiado[...]

contrastando completamente com a

tipologia da Vila” (NEGREIROS et al

2014, p.16 apud MEDEIROS, 2015,

p.55).

Page 71: TISBE MACHADO NASCIMENTO

71

O projeto do Conjunto Ponta Negra foi

considerado o mais sofisticado daquela época, era

voltado à classe média – trabalhadores liberais,

funcionários públicos e militares. “Em um terreno de 102

hectares foram construídas 1.837 unidades, com

capacidade de abrigar aproximadamente de 9.195

habitantes” (MEDEIROS, 2015, p. 155).

Segundo Cavalcante (2001) o Conjunto Ponta

Negra foi implantado em uma área de vegetação

nativa, típica de dunas, que foi completamente

retirada para dar espaço ao empreendimento.

Segundo Sara Raquel Medeiros, a construção se deu

em duas fazes. Na primeira, em 1978, foram entregues

1.002 unidades e na segunda, em 1979, mais 835

unidades habitacionais.

Quanto à tipologia das residências, constavam

casas classificadas como especiais – com 80m², 90m²

e 115m²; e normais – com 50m², 60m² e 70m².

Page 72: TISBE MACHADO NASCIMENTO

72

Fonte: RN Econômico

1978 apud MEDEIROS,

2015.

Figura 28: Primeira fase Conjunto Ponta Negra

Page 73: TISBE MACHADO NASCIMENTO

73

Figura 29: Convênio Ponta Negra

O gerenciamento financeiro ficou a cargo do

Banorte, com um investimento na casa dos Cr$ 321,8

milhões de cruzeiros, foi o maior convênio firmado pelo

BNH no nordeste.

Fonte: RN Econômico 1978, apud MEDEIROS, 2015.

Page 74: TISBE MACHADO NASCIMENTO

74

Dentro do planejamento urbano para o

conjunto, foram pensadas áreas destinadas ao uso

público – como praças e quadras, além de postos de

saúde, escolas, templos religiosos e as reservas de

água pela CAERN. Diferente dos empreendimentos

executados pela COHAB, não haviam áreas

destinadas a órgão externos no plano de Ponta Negra.

Figura 30: Equipamentos previstos

Fonte: Medeiros, 2015 com alterações próprias

Page 75: TISBE MACHADO NASCIMENTO

75

Na década de 1970 houve

um processo de adensamento

do bairro provocado pela

implantação dos conjuntos

habitacionais. O bairro é

composto por três conjuntos, o

Ponta Negra (1978) o Conjunto

Alagamar (1979) e o Conjunto

Serrambi (1989) – ver figura 28.

Segundo Medeiros devido a

construção desses conjuntos a

população do bairro passou de

2.600 habitantes em 1960 para

10.289 em 1980 e posteriormente

para 17.964 em 1991.

Fonte: Elaboração própria.

Figura 31: Conjuntos habitacionais no

bairro de Ponta Negra

Page 76: TISBE MACHADO NASCIMENTO

76

Além dos conjuntos citados, o bairro é composto

ainda por 35 loteamentos, segundo o Anuário de 2014

da Prefeitura do Natal, dos quais apenas 16 estão

registrados em cartório. Além disso, há o aglomerado

de Lagoinha, localizado na porção sul do bairro, já na

divisa com o município de Parnamirim.

INFORMAÇÕES GERAIS – Praça Henrique Carloni.

A Praça Henrique Carloni (com área

aproximada de 26.000m²), mais conhecida como a

Praça do Disco Voador – em referência à caixa

d’água ali presente, faz parte do Conjunto Ponta

Negra e tem como ruas limítrofes a Rua Praia de Rio

Doce, R. Praia de Camboinhas, R. Praia de Jacumã e

R. Praia de Tabatinga.

Figura 32: Localização Praça Henrique Carloni.

Fonte: Elaboração própria, com base em SEMURB, 2005

Page 77: TISBE MACHADO NASCIMENTO

77

A escolha da praça se deu levando em

consideração suas dimensões – o que facilita uma

intervenção geral, uma vez que a praça não possui

barreiras visuais além da caixa d’água. Além disso, os

usos dados ao espaço são bastante diversos, o que

indica uma heterogeneidade de usuários, fato que

agrega valor ao espaço enquanto polo de

convivência dos diferentes. Por fim, a proximidade da

aluna com a praça também interferiu para a escolha,

local de convivência constantemente utilizado, vezes

para a prática de esportes ou como marco de

passagem.

Como mostrado no capítulo anterior, a área

onde hoje está a praça nem sempre teve este uso. No

projeto original do Conjunto Ponta Negra, era

destinada à construção de uma escola, prédios

comerciais e uma área de playground. No entanto, à

época em que foi entregue, não havia nada

construído ali e assim permaneceu por vários anos, até

que foi feita uma praça que após alguns anos foi

chamada Henrique Carloni como homenagem a um

morador do bairro.

Segundo reportagem da Tribuna do Norte, em

2007, a praça passou por uma reforma naquele ano,

fruto das reivindicações dos moradores, e teve sua

estrutura física totalmente restaurada pela Secretaria

Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR).

Implantando um novo sistema de

iluminação com ornamentação

especial nas árvores, o que

proporciona mais segurança às

pessoas que frequentam a praça à

noite. A comunidade vai dispor,

ainda, de uma nova quadra de

esportes, com alambrado, parque

infantil e equipamentos para a prática

de exercícios físicos. Assim como da

mini quadra de basquete, totalmente

recuperada (TRIBUNA DO NORTE,

2007).

Apesar disso, o que se vê hoje é uma situação

bastante diferente. Passados oito anos desde a última

Page 78: TISBE MACHADO NASCIMENTO

78

reforma significativa e com uma manutenção pouco

frequente, a praça está em uma situação precária.

Os passeios estão com os ladrilhos se

deslocando, não existe mais grama, as árvores não são

podadas da maneira correta e nas zonas onde

deveria haver sombreamento, a cobertura vegetal

não é suficiente. Os equipamentos de esporte também

estão em condições precárias, sem as tabelas para o

basquete e sem rede de proteção (ver figura 34, A); a

pista de skate também está em mal estado, o piso não

é adequado para a prática do esporte e os

equipamentos encontram-se quebrados (ver figura 34,

B).

A partir de observações no local, foi percebido

que os padrões de comportamento de deslocamento

dos usuários não foram contemplados no traçado dos

passeios internos, o que ocasiona desvios de rotas

dentro da praça e se formam “trilhas” dentro dos

espaços de jardins – que podem ser caracterizados

como vestígios comportamentais, ver figura 34 (C).

Além disso, a praça não tem calçadas em todas

as suas bordas, obrigando os pedestres a percorrerem

uma maior distância para acessarem o espaço. Neste

quesito, destaco a ausência de calçadas nas esquinas

– pontos nodais de deslocamento e bastante utilizadas

como pontos de acesso, o que causa ainda mais

desgaste da vegetação nesses locais.

Em se tratando de acessibilidade, existem

algumas rampas de acesso, no entanto, não foram

implantadas corretamente - estão mal localizadas e

não existe rampa do outro lado da rua, nas calçadas

particulares, o que ocasiona uma falha na

acessibilidade – ver figura 33 (E). Ademais, a

sinalização tátil existente não atende aos requisitos da

atual norma de acessibilidade – NBR 9050.

A vegetação existente é predominantemente

de árvores de médio e grande porte. Na porção mais

ao norte estão as espécies casuarina, cajueiros,

mangueiras, alguns coqueiros e leucenas. Na zona

Page 79: TISBE MACHADO NASCIMENTO

79

mais próxima a quadra, estão as espécies sombreiro,

oiti, castanhola, algaroba e aleluia.

Abaixo seguem fotos da situação atual da

praça, destacando os problemas supracitados e as

condições dos mobiliários e equipamentos esportivos.

Ao fim deste trabalho, juntamente com as pranchas

projetuais estão duas pranchas de diagnóstico que

mapeiam e ilustram também o que é encontrado

atualmente na Praça Henrique Carloni.

Page 80: TISBE MACHADO NASCIMENTO

80

Figura 33: Diagnóstico da praça, (A) quadra poliesportiva em péssimo estado; (B) pista de skate inadequada; (C) resquícios

comportamentais; (D) lixeira quebrada; (E) rampa mal implantada.

Fonte: acervo da autora, 2015.

Page 81: TISBE MACHADO NASCIMENTO

81

Mesmo com os problemas de manutenção, a

praça tem sido usada, principalmente, pela

população que mora nos arredores, é comum

encontrar pessoas caminhando por ali e jovens

utilizando sua estrutura para a prática de esportes e

também como ponto de encontro.

Do ponto de vista do traçado urbano, está

inserida em vias locais e sofre influência das vias em seu

entorno pois está bem próxima a Avenida Roberto

Freire – via de importante ligação com o restante da

cidade e que é classificada como Via Arterial 13.

Também sofre influência do fluxo de veículos vindos da

Avenida Dinarte Mariz (Via Costeira), classificada

como Via Arterial 2 e em seu entorno mais imediato

estão vias coletoras 2 e também vias locais. Ao lado

um mapa ilustra a situação da praça em relação à

hierarquia das vias.

3 Segundo classificação do Código de Obras do Município de Natal:

ESTRUTURAL - Arterial I e II (articulação): Acessibilidade aos lotes lindeiros

e às vias secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre as regiões da

Figura 34: Hierarquia de vias Conjunto Ponta Negra

Fonte: Elaboração própria, 2015.

cidade; COLETORA II (distribui o fluxo estrutural e local): Aquela destinada

a coletar e distribuir o trânsito que tenha necessidade de entrar ou sair

das vias de trânsito rápido ou arteriais.

Page 82: TISBE MACHADO NASCIMENTO

82

O acesso à Praça Henrique Carloni é bastante

fácil, muitas linhas de ônibus passam pelo bairro e tem

suas rotas próximas a praça, passando pelas principais

ruas – Avenida Praia de Búzios, Avenida Praia de Tibau

e também pela Avenida Roberto Freire – em direção

ao centro de Natal e à região norte da cidade,

demonstrando um nível alto de acessibilidade à

praça, fato que fortalece o espaço público em

questão.

Ao lado, um mapa representa de maneira

simplificada as rotas dos ônibus que passam pelo

entorno da praça em estudo.

Figura 35: Rotas dos ônibus.

Fonte: elaboração própria, 2015.

Page 83: TISBE MACHADO NASCIMENTO

83

Essa é uma praça com um grande potencial

urbano-social e que está subutilizada por falta de

valorização e atenção por parte do Poder Público,

enquanto que a população luta por um espaço de

lazer e convívio que atenda às expectativas. Falta um

desenho que lhe dê mais qualidade estética, que a

integre melhor com sua vizinhança e até mesmo com

as outras praças do bairro, podendo funcionar como

um tipo de parque urbano fracionado, constituído por

um sistema de praças temáticas e que se interligam e

se comunicam.

Ao cruzar as informações apresentadas nos

mapas de linhas de ônibus e localização das praças

dentro do Conjunto (ver mapa ao lado), percebe-se

que o transporte público passa especificamente em

quatro praças do bairro e com uma distância

aproximada em mais duas, as que estão mais próximas

da Avenida Roberto Freire podem ser atendidas pelas

linhas que passam por ali e não especificamente

dentro do conjunto.

Figura 36: Praças do Conjunto Ponta Negra.

Fonte: elaboração própria, 2015.

Page 84: TISBE MACHADO NASCIMENTO

84

Já as duas praças localizadas mais a sul foram

negligenciadas no que se refere ao acesso pelo

transporte público e estão de certa maneira, isoladas

do restante do bairro. Quando comparadas às outras,

têm uma frequência de uso bem menor, pois não têm

manutenção adequada e as pessoas não se sentem

impulsionadas a utilizá-las. O fato de estarem em uma

porção do conjunto menos movimentada também

contribui para esta situação, pois menos pessoas têm

contato direto com essas praças.

A partir do demonstrado acima, pode-se

perceber que o conjunto Ponta Negra está bem

servido no que se refere ao número de praças e que a

proposta de um sistema de espaços livres é plausível

para o bairro. Nesse sentido, o primeiro passo é a

requalificação da praça em estudo, como uma

maneira de influenciar positivamente o planejamento

urbano da área.

Page 85: TISBE MACHADO NASCIMENTO

85

ANÁLISE DA ÁREA DE PROJETO

análise da área de projeto teve

como base a demarcação de raios

de influência direta e indireta, em

analogia às definições de Ferdinando Rodrigues

(1986), autor que aplica a seus estudos noções de

“área-de-estudo” e “área-de-projeto”. A primeira,

delimitada por um raio que pode variar de 300m a

500m “no centro de gravidade física e funcional da

área” de modo a possibilitar um melhor entendimento

sobre a área-de-projeto, “onde se concentram as

propostas de organização física”.

Para o caso da Praça Henrique Carloni, foram

demarcados raios de 400m e 200m, para a área de

influência indireta e direta, respectivamente. Como

área de projeto propriamente dita, está a praça em si.

A escolha dos raios de análise levou em

consideração a dimensão do Conjunto Ponta Negra e

a distância entre a praça, a Avenida Roberto Freire, a

Rodovia RN-063 e a praia de Ponta Negra

propriamente dita. Isso porque, apesar de ser um

importante eixo de circulação, a rodovia estadual não

está tão próxima a praça e não se relaciona

diretamente com a mesma. Sendo assim, foi excluída

dos raios de influência. O mesmo se pode considerar

para a praia, uma vez que um raio de 500m a

abarcaria, sem, no entanto, relacioná-la com a praça

em estudo. Já a Avenida Roberto Freire está próxima o

suficiente para ser considerada pelos raios de

influência.

Além disso, a classificação feita pela

Universidade Federal do Rio Grande do Norte leva em

consideração unidades de paisagem e nesta pesquisa

o Conjunto Ponta Negra é uma unidade isolada.

Sendo assim, não faria sentido definir um raio que

abarcasse algo fora da unidade de paisagem.

A

Page 86: TISBE MACHADO NASCIMENTO

86

Mapa 1: Raios de influência

Page 87: TISBE MACHADO NASCIMENTO

87

A partir dessa definição, foi feita a análise da

morfologia, em especial no que se refere ao uso e

ocupação do solo e gabarito, com observações in

loco e levantamento de dados foi possível mapear as

informações.

O Conjunto Ponta Negra tem como

característica predominante o uso residencial, ainda

como resquício de seu projeto original. Mas

atualmente houve uma mudança de residências

unifamiliares para multifamiliares, com os edifícios que

vêm sendo construídos no bairro.

Nas áreas que margeiam as principais vias (de

maior hierarquia ou mais movimentadas), foram

notadas algumas transformações, com a

consolidação de comércios e serviços e até mesmo

usos mistos – uma combinação de residência e algum

dos usos citados anteriormente.

Nas margens da Avenida Roberto Freire, a

maioria dos usos são de comércios e serviços,

representados principalmente por restaurantes e

hotéis. Além disso, há a Área non Aedificandi, a qual

não pode ser ocupada e é representada como

espaço livre.

Ainda dentro do raio de influência indireta

existem duas praças. Ao norte, a Praça Ecológica de

Ponta Negra, também conhecida como “praça do

gringos”; mais ao sul está a Praça da Penha, chamada

pelos moradores de “praça da caixa pequena”, ver

figura 37 após o mapa.

Page 88: TISBE MACHADO NASCIMENTO

88

Mapa 2: Uso de solo

Page 89: TISBE MACHADO NASCIMENTO

89

Figura 37: Praça ecológica e Praça da Penha

Fonte: Google imagens.

Sobre o gabarito da área, são predominantes as

construções com altura média de um ou dois

pavimentos, com alguns casos de três a cinco –

geralmente pequenos prédios residenciais. Os

gabaritos mais altos representam, em sua maioria, os

hotéis e flats da área ou edifícios residenciais de

padrão mais alto.

Ao observar o mapa abaixo, pode-se perceber

que os edifícios de gabarito mais alto formam um tipo

de barreira construída entre a praça e o mar, isso

ocasiona uma dificuldade na ventilação da porção

mais interna do Conjunto, pois os ventos

predominantes vêm do oceano e da direção sudeste.

Ainda assim, a praça é bastante ventilada, pois

recebe também ventos provenientes de toda a frente

da Avenida Praia de Ponta Negra.

Além disso, em razão da altura desses edifícios

não ser condizente com a escala das outras

construções a visualização da caixa d’agua a partir da

avenida Roberto Freire é impossível, o que a

enfraquece enquanto marco da paisagem do bairro.

E quando o observador se posiciona dentro da

praça, percebe que seu entorno está “se fechando”

em prédios, todos mais altos do que a média da área,

(ver figura 39 após o mapa).

Page 90: TISBE MACHADO NASCIMENTO

90

Page 91: TISBE MACHADO NASCIMENTO

91

Figura 38: Caixa d'agua e prédios atrás.

Fonte: acervo da autora, 2015.

É importante ressaltar também, que para o

melhor entendimento da área, foi feito um estudo de

adensamento. Como pode ser visto no mapa figura-

fundo ao lado, a área é bastante adensada, os vazios

percebidos são, em sua maioria, as vias e porções

maiores são glebas livres ou no caso deste vazio ao sul,

uma praça.

Figura 39: Mapa Nolli adensamento.

Fonte: elaboração própria.

Após a análise morfológica da área, passou-se à

fase de contato direto com os usuários da Praça. Foi

aplicado um questionário rápido, com o objetivo de

determinar o perfil dos frequentadores, os usos

empregados e quais as expectativas para o espaço

Page 92: TISBE MACHADO NASCIMENTO

92

de lazer. O questionário foi aplicado em dias diferentes

e horários variados, nos turnos da manhã, tarde e

começo da noite.

A faixa etária predominante dos entrevistados é

de jovens adultos entre 25 e 40 anos, que usam a praça

diariamente ou em fins de semana para atividades

diversas. Nesse sentido, confirmou-se que uso

predominante é a caminhada, seguido por passeio,

basquete e prática de skate. Em seguida, estão o

slackline, local de passagem e uso do playground.

Gráfico 2: Faixa etária dos entrevistados

Gráfico 3: Frequência de uso.

Fonte: elaboração própria.

Page 93: TISBE MACHADO NASCIMENTO

93

Gráfico 4: Tipos de usos

Fonte: elaboração própria.

Depois de traçado o perfil do entrevistado, foi

pedido que dessem notas dentro de uma escala de 1

a 5 aos elementos de infraestrutura da praça. O

playground e os bancos tiveram 51% de nota 2 (dois);

as lixeiras, 51% de nota 1 (um) e aqui vale salientar que,

a maioria dos entrevistados sequer sabiam da

existência de lixeiras dentro do espaço público. A

iluminação teve 50% de nota 4 (quatro), no entanto,

vários postes estão mais altos que as copas das

árvores, criando algumas zonas escuras. O piso teve

51% de nota 3 (três); a acessibilidade teve 63% de nota

2 (dois); a arborização teve 56% de nota 4 (quatro); a

quadra teve 76% de nota entre 2 e 3; e a pista de skate

teve 66% de nota entre 2 e 3.

Observando o resultado obtido, percebemos

que o nível de insatisfação com a praça é bastante

alto, as pessoas usam o espaço mas querem melhorias

urgentemente. Dos entrevistados, 83% gostariam que

houvesse banheiro público na praça, desde que este

tivesse alguém para cuidar, geralmente, a opinião é

seguida por um comentário expressando também o

desejo por um posto policial na praça.

Quando questionados sobre a movimentação

das ruas lindeiras, 73% responderam que não as

consideram como muito movimentadas, com a

ressalva para dias de eventos na praça vizinha – Praça

Ecológica de Natal.

Page 94: TISBE MACHADO NASCIMENTO

94

Sobre a sensação de segurança, 53%

responderam que se sentem seguros na praça,

independentemente de estar acompanhado ou não.

Sobre a maneira como chegam ao local, 63% se

deslocam a pé, demonstrando que o equipamento é

muito utilizado pela sua vizinhança imediata.

Com base nestes dados, foi elaborado o

programa de necessidades e outros elementos

fundamentais para a proposta de requalificação, a

qual será demonstrada no próximo capítulo.

Page 95: TISBE MACHADO NASCIMENTO

95

PROPOSTA PROJETUAL

Page 96: TISBE MACHADO NASCIMENTO

96

ASPECTOS GERAIS

A concepção desta proposta de requalificação

tem como base todos os estudos demonstrados

acima, o entendimento sobre espaços livres e

públicos, praças e principalmente o contexto em que

está inserida a área de estudo.

Dessa forma, definiu-se os elementos essenciais

para a proposta, aqui descritos em forma de diretrizes

projetuais.

Manter o máximo da vegetação

existente;

Estimular a utilização dos espaços pela

população em diferentes dias e horários

por meio de uma proposta que promova

multiplicidade de usos, a partir da

revitalização das áreas existentes,

tornando-as capazes de atender os

públicos de todas as idades;

Privilegiar o pedestre através do

tratamento dos passeios, em acordo com

a NBR 9050, e da adoção de soluções que

tornam o espaço do automóvel

secundário;

Proporcionar bastante área verde, a fim

de estimular o contato dos usuários com a

natureza e minimizar os efeitos da

insolação direta na área;

Potencializar as funções de lazer, esporte

e estar (espera e descanso) identificadas

na área.

A partir das diretrizes citadas e os desejos dos

usuários entrevistados, o programa de necessidades foi

definido, levando em conta, também, que os usos já

existentes (quadra poliesportiva, pista de skate e

playground) deveriam ser mantidos, mas sendo

melhorados significativamente.

Page 97: TISBE MACHADO NASCIMENTO

97

Um aspecto que foi determinante para a

definição da proposta é a presença da caixa d’agua

dentro da praça. Isso porque ela é cercada e ocupa

um espaço que poderia ser melhor utilizado. No

entanto, por questões de segurança, a cerca não

pode ser retirada, sendo assim, propõe-se um redenho

de seu perímetro, transformando-o em uma área

circular e que pode ser usada como banco.

Dessa forma, o programa de necessidades está

composto pelos seguintes elementos:

1. Quadra poliesportiva

2. Pista de skate

3. Playground

4. Pista de corrida/caminhada

5. Banheiros

6. Posto policial

7. Estacionamento

8. Revitalização do mobiliário (bancos e

lixeiras);

9. Redesenho do perímetro de segurança da

caixa d’agua

10. Redefinição da iluminação artificial.

Levando-se em consideração, as outras praças

existentes no Conjunto Ponta Negra, em específico, a

Praça Presidente Tancredo Neves, onde está

localizada a sede da AMPA – Associação de

Moradores de Ponta Negra, a qual possui uma

academia da terceira idade, foi decidido não

implantar este mobiliário no projeto em questão, visto

que as duas praças são bastante próximas e atendem

a um mesmo tipo de público.

Page 98: TISBE MACHADO NASCIMENTO

98

CONCEITO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

Esta proposta de intervenção tem como

objetivo principal integrar a requalificação urbana ao

seu potencial de marco simbólico da praça e sua

caixa d’água, aliando também o papel de agregar

pessoas.

Diante das características desejadas para a

porção estudada, foi necessário estabelecer os

delineamentos a respeito do conceito, que norteariam

a proposta dali em diante. Para isso, levou-se em

consideração a necessidade do uso comunitário, o

papel de polo atrativo de pessoas e a valorização do

espaço público.

Dessa forma, pensando na importância da caixa

d’agua para o Conjunto, na maneira como as pessoas

apropriam-se da praça e em seu potencial de ponto

focal do bairro, surgiu o conceito “ímã”.

Um objeto que tem o poder de atrair outros

elementos para seu raio de magnetismo, influencia os

objetos a orbitarem a sua volta. E é justamente isso que

um espaço público deve proporcionar, deve provocar

interesse, ser local de convergência de pessoas,

culturas e convivências.

A partir do conceito, o partido arquitetônico

tomou forma e fez uso da “centralidade” da caixa

d’agua, adotando-a como centro de gravidade da

praça, de onde saem raios e círculos concêntricos que

de certa maneira, alcançam as pessoas em suas

casas, a partir do momento em que, as direcionam

para o interior da praça.

Page 99: TISBE MACHADO NASCIMENTO

99

Figura 40: Partido urbanístico.

Fonte: elaboração própria.

ZONEAMENTO

O zoneamento da proposta teve como

motivação a reorganização dos usos. Atualmente, a

praça possui um arranjo espacial aleatório, os

equipamentos não conversam com o entorno. Sendo

assim, buscou-se compatibilizar os usos internos com os

externos.

Dessa maneira, a quadra e a pista de skate

passam a estar lado a lado, conjugando naquela

área, os esportes mais ativos. O playground é

deslocado para mais próximo à escola que é vizinha à

praça, até como incentivo para as crianças se

envolverem mais com o espaço público.

Os estacionamentos foram implantados

pensando-se nos usos externos que mais demandam

vagas de automóveis, perto dos estabelecimentos

comerciais e igrejas. Ademais, a praça tem como

objetivo ser um espaço multifuncional, então as

Page 100: TISBE MACHADO NASCIMENTO

100

pessoas estão livres para apropriarem-se da maneira

que mais lhes convier.

Figura 41: Zoneamento da proposta

Fonte: elaboração própria

MEMORIAL DESCRITIVO

A representação gráfica da proposta está

dividida em pranchas que acompanham este

trabalho ao fim deste volume. As primeiras pranchas

remetem ao diagnóstico feito previamente para então

registrarem a proposta em si.

A prancha de número 3 traz a planta geral da

proposta projetual, demonstrando como os diferentes

elementos se relacionam e se integram. A prancha de

número de 4, a desmembra em camadas, de modo a

possibilitar o entendimento de cada elemento em

separado.

Depois, nas pranchas 5 e 6, estão alguns

detalhamentos e imagens dos mobiliários e da praça

como um todo, com a proposta já implantada

totalmente.

De maneira geral, houve a preocupação de

adotar materiais de fácil execução e que sejam

Page 101: TISBE MACHADO NASCIMENTO

101

duráveis já que terão que suportar as intempéries e

longos períodos sem manutenção.

Com o intuito de criar uma imagem integradora

da proposta, os mobiliários projetados seguem uma

mesma linha estética e utilizam materiais que

conversam entre si.

Vale salientar, que toda a proposta tem como

elemento norteador seguir a NBR 9050, que trata da

acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades

especiais, uma vez que o espaço público deve ser

igualmente acessível a todos. Sendo assim, considera-

se que existirão as devidas sinalizações, tanto

horizontais quanto verticais.

Para isso, adotou-se como padrão o uso de piso

tátil metálico, tanto por seu apelo estético quando por

suas características de durabilidade. Nos locais onde

for pertinente, haverá o piso direcional demarcando

as rotas mais importantes; e nos locais de mudança de

nível e/ou direção, estarão os de sinalização de alerta.

Figura 42: Exemplo de piso tátil

Fonte: Mozaik.

A característica mais marcante da proposta é o

fato do traçado interno ter sido transformado de algo

rígido e que impedia a livre circulação para um

traçado amplo e que dá às pessoas a liberdade de

circularem livremente.

Este fato também interfere no acesso à praça,

que antes era restrito a alguns pontos com calçada.

Agora, todo o perímetro do terreno tem passeio e o

Page 102: TISBE MACHADO NASCIMENTO

102

usuário tem a opção de acessar a praça por onde

quiser.

As áreas verdes de maior dimensão nas bordas

da praça foram mantidas e as que têm menor

dimensão foram remanejadas para diferentes

recortes, trazendo para dentro da praça pequenos

jardins vegetados e que dão sombra aos usuários.

A pista de skate foi totalmente reformulada e

reimplantada ao lado da quadra. Agora, a pista é

composta por um “bowl” e mais três rampas,

equipadas com corrimão e outros elementos

necessários para a prática do esporte. Além disso,

deve-se citar que este elemento deve ser executado

em concreto armado, com acabamento liso e sem

desníveis em relação ao piso da praça como um todo.

A quadra poliesportiva foi levemente mudada

de local, foi rotacionada para acompanhar o desenho

geral da proposta e adequar-se melhor a questão do

percurso solar, no sentido de não atrapalhar os

usuários. Além disso, foi rebaixada em 0,40 metro, o

que possibilitou a criação de uma arquibancada a sua

volta.

Para acessá-la fez-se uma rampa com 8,33% de

inclinação, o que atende ao disposto na Norma

Brasileira de acessibilidade – NBR 9050 de 11 de

setembro de 2015. Há ainda, um espaço destinado

especialmente para cadeirantes na parte mais baixa

da arquibancada e logo ao lado da rampa, de modo

a facilitar o acesso.

O piso da quadra será em placas de

polipropileno de alto impacto, especial para quadras

externas. Com durabilidade estendida e com sistema

autodrenante, o que aumenta o tempo de vida útil,

mesmo em épocas de muita chuva.

Page 103: TISBE MACHADO NASCIMENTO

103

Figura 43: Piso da quadra poliesportiva

Fonte: flexquadra.

O posto policial e os banheiros seguem o mesmo

padrão estético, são blocos de alvenaria de tijolo à

vista com laje impermeabilizada e uma pérgola de

madeira para demarcar a entrada. Os dois estão

0,15m acima do piso geral da praça e para acessá-los

existe uma rampa com inclinação de 8,33%.

Os banheiros são divididos entre feminino e

masculino, com seus respectivos ambientes

adaptados com entradas independentes (ver planta

na prancha 5). O padrão se sinalização das portas

desses ambientes segue também a norma de

acessibilidade, segundo demonstrado abaixo:

Figura 44: Modelo de sinalização

Fonte: NBR 9050, p.44.

Assim como a sinalização, as peças sanitárias

dos ambientes adaptados deverão seguir o

posicionamento definido na norma, com as distâncias

mínimas e áreas de manobra e aproximação –

detalhes que estão representados na prancha 5.

Page 104: TISBE MACHADO NASCIMENTO

104

Figura 45: Posto policial

Fonte: Elaboração própria

Figura 46: Banheiros

Fonte: elaboração própria

A implantação desses elementos levou em

consideração o melhor posicionamento para atender

às necessidades dos usuários da praça. Dessa forma, o

posto policial está instalado em um local central, de

onde os policiais podem observar toda a extensão da

praça. Já os banheiros estão locados na porção norte

da praça, de modo a estar mais próximo à área

destinada a eventos múltiplos. Ainda assim, está em

um local de boa visibilidade o que favorece seu

acesso por todos.

Em relação ao mobiliário a ser implantado no

espaço público, foram pensados em dois tipos de

bancos, os que ficaram acoplados as áreas de

canteiros elevados e aqueles que estarão implantados

em separado, mas assim tomando em conta locais

com sombra. Juntamente aos bancos, estarão as

lixeiras, elemento muito requisitado pelos usuários, uma

vez que a situação atual desses mobiliários é bastante

precária – ver detalhamento na prancha 6.

Page 105: TISBE MACHADO NASCIMENTO

105

Figura 47: Bancos e lixeira

Fonte: elaboração própria

Para estes elementos foi escolhida a madeira

pelo seu apelo estético e simbólico – uma vez que os

mobiliários atuais são em madeira. Como visto na

figura acima, um dos bancos tem encosto e apoio

para braços e o outro é como uma esteira. Ainda

assim, o usuário pode sentar-se diretamente no

concreto da jardineira. A lixeira acompanha essa

estética e tem seu cesto metálico escondido por ripas

de madeira.

Ainda como parte do mobiliário, serão

implantados bicicletários (figura 48) em alguns pontos

estratégicos da praça – perto dos equipamentos de

esporte e dos estacionamentos. Este deverá ser de aço

galvanizado e fixado diretamente ao piso, como visto

na figura abaixo.

Figura 48: Bicicletário

Fonte: elaboração própria

Page 106: TISBE MACHADO NASCIMENTO

106

O playground usado nesta proposta foi

desenhado pensando em linhas fluidas e na energia

das crianças, se faz um objeto dinâmico e que

provoca curiosidade nos pequenos (figura 49). O

bloco principal é feito em aço pintado com tinta

eletrostática e com uma rede trançada, por onde as

crianças podem subir e explorar suas capacidades. Há

também, balanços, gira-gira e um bloco de escalada,

todos feitos em aço e pintados da mesma cor.

Figura 49: Playground proposto

Fonte: elaboração própria

É importante ressaltar que o playground será

implantado numa área de grama e sombra e com

bancos em volta, para que os pais e/ou responsáveis

possam acompanhar as crianças com conforto e

bem-estar.

Quanto a iluminação, foram usados dois tipos de

postes, o mais alto com 6,30m de altura, para fazer a

iluminação mais generalizada nas margens da praça

e em alguns pontos internos específicos – perto dos

equipamentos de esporte, banheiros e posto policial.

Já o poste menor, com 3,15m de altura é voltado a

uma iluminação próxima ao pedestre, mas de maneira

indireta para não causar ofuscamento. Este modelo

está distribuído por toda praça, próximo aos bancos e

destacando os raios do partido adotado – ver

disposição na prancha 4.

Para a pavimentação da praça, adotou-se um

padrão bicolor na porção interna, feito com placas de

concreto drenante, em cinza escuro e cinza claro. A

pista de corrida/caminhada utiliza este mesmo

Page 107: TISBE MACHADO NASCIMENTO

107

material, porém na cor vermelha. E a porção mais

externa do passeio será apenas com placas em cinza

escuro. As placas de concreto serão assentadas

diretamente sobre o solo, de modo a potencializar sua

capacidade de dreno.

Figura 50: Textura e cor do piso

Fonte: Rhinopisos

É importante ressaltar que nos estacionamentos,

as vagas destinadas a pessoas com deficiência e

idosos, devem ter sinalização vertical segundo padrão

definido na NBR 9050, na qual a borda inferior das

placas instaladas deve ficar a uma altura livre entre

2,10 metros de altura, demonstrado abaixo:

Figura 51: Sinalização de estacionamento

Fonte: NBR 9050, p. 52.

Em relação a vegetação, esta proposta se

detém a indicar que em um estágio mais avançado

de projeto executivo seria necessário determinar as

espécies que seriam implantadas e demarcar suas

posições exatas. No caso, este trabalho tem um

Page 108: TISBE MACHADO NASCIMENTO

108

caráter propositivo, e por isso, sugere a escolhe de

vegetação que acompanhe a escala daquelas que já

estão presentes na praça, espécies que produzem

sombra e que dependendo da época, têm floradas

bastante interessantes, o que traz uma estética

especifica e interessante ao espaço urbano.

Page 109: TISBE MACHADO NASCIMENTO

109

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como elemento

norteador o interesse pessoal pelos espaços públicos,

no sentido de provocar uma reflexão acerca das

mudanças em seus usos e apropriações e que estão

aqui representados pela Praça Henrique Carloni, local

com papel importante na dinâmica do bairro onde se

insere e que que ainda resiste as mudanças

socioculturais percebidas nos últimos anos.

É comum à maioria dos estudiosos do urbanismo,

definir o espaço público como o local do convívio, do

encontro das diferenças, onde todos são bem-vindos.

No entanto, é perceptível que esses locais têm

enfrentado uma grande desvalorização frente aos

novos espaços semi-públicos, e até mesmo, aos locais

privados que hoje ofertam segurança e bem-estar.

Nesse sentido, este estudo teve a intenção de

tomar o desafio de uma intervenção urbana, convidar

os moradores a darem suas opiniões e a retomar seu

espaço de direito.

É sabido que uma tarefa como essa traz várias

dificuldades, como a consideração de materiais a

serem usados, a possibilidade de apropriação

indevida do espaço, depredação ou até mesmo a

rejeição por parte dos usuários de uma mudança em

seu dia-a-dia. No entanto, é importante levar os

conhecimentos adquiridos ao longo dos cinco anos de

curso para a população em geral, lembrá-los que a

cidade é tão deles quanto de qualquer outro.

Dito isso, é importante destacar que durante

todo o processo deste trabalho, houve a

preocupação em manter a identidade do local,

mantendo seu marco principal em destaque e

considerando as características especificas do local.

À luz do disposto acima, pode-se dizer que este

trabalho que tem como resultado final uma proposta

de requalificação a nível de estudo preliminar, mostra-

Page 110: TISBE MACHADO NASCIMENTO

110

se como um elemento incentivador à melhora do

espaço público, uma vez que aponta uma

remodelação formal, trazendo uma estética nova e a

possibilidade de agregar vários usos em um só espaço.

Se faz necessário então, frisar o caráter

propositivo deste estudo, no sentindo em que não

chega ao nível de anteprojeto. Neste sentido,

recomenda-se como diretriz futura, a concepção de

projeto mais elaborado para a área, que contenha

detalhamentos construtivos e, por se tratar de praça,

também elementos paisagísticos.

Por fim, como fechamento de um ciclo

acadêmico, acredita-se que o presente trabalho

atingiu plenamente os objetivos a que se dispôs,

contribuindo para discussões importantes.

Page 111: TISBE MACHADO NASCIMENTO

111

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Page 115: TISBE MACHADO NASCIMENTO

115

APÊNDICES

APÊNDICE A:

Prancha 01 – Planta de diagnóstico

Prancha 02 – Camadas de diagnóstico

Prancha 03 – Planta geral da proposta

Prancha 04 – Camadas da proposta

Prancha 05 – Equipamentos e corte

Prancha 06 – Detalhes

APÊNDICE B:

Imagens renderizadas.