The 39 Clues vol. 10 - O ultimo desafio.pdf

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Captulo 1

Amy e Dan Cahill esqueceram de procurar grampos emLondres.

Eles conheciam o esquema. Ao chegar a um hotel novo,sempre precisavam vasculhar o quarto em busca de aparelhos de

escuta ou outros equipamentos secretos de espionagem que seusinimigos pudessem ter plantado. Alm disso, sempre conferiamtodas as rotas de sada possveis e tudo o que pudesse servir dearma. Amy e Dan s tinham 14 e 11 anos. Mas seus instintoseram como de veteranos da CIA.

Ao chegarem em Londres, no entanto, Amy entrou no quartodo hotel, deu trs passos e desabou na cama. Dan passou

cambaleando por ela e foi se esparramar no sof. Sentou e caiupara trs, puxado pelo peso da mochila. Parecia ter sidoesmagado.

Ele foi esmagado, pensou Amy. Ns dois fomos. Agora quesabemos a verdade. Agora que sabemos quantas mentiras noscontaram esse tempo todo, quantos segredos foram escondidos,tudo o que esperam de ns...

S a descabelada au pairdas crianas, Nellie Gomez, pareciater energia sobrando, pois continuava de p. Tinha energia atpara se balanar de leve ao som de uma msica bizarra qualquerque ouvia no iPod, enquanto arrastava a sacola de viagem e agaiolinha do gato para dentro do quarto. Amy pensou que ela ouDan deveriam lhe oferecer ajuda. Porm, naquele momento, atcarregar uma sacola de viagem parecia estar alm das suascapacidades.

Nellie se virou para fechar a porta. Depois tambm pareceudesmoronar.

Ela desmaiou?, Amy se perguntou.Antes que Amy tivesse tempo de fazer qualquer coisa, Nellie

estava de p outra vez. Ela no tinha desmaiado, apenas seabaixou para recolher uma coisa que Amy e Dan no tinham vistono cho quando entraram no quarto: um envelope simples de

papel pardo.Nellie ergueu o envelope no ar, como se fosse um prmio.


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O que vocs acham, crianas? ela perguntou. Querem apostar que esta a prxima dica?

Eles tinham sido avisados de que deveriam esperar uma dica.Em cdigo, claro, para o caso de algum dos inimigos tentarintercept-la. Normalmente, os dois irmos teriam corrido para

pegar e abrir o envelope, depois comeariam a tentar decifrar omais recente cdigo. No mnimo, teriam dito a Nellie que, comidade que tinhame com o destino do mundo dependendo deles

eram velhos demais para serem chamados de crianas.Mas Amy s deu de ombros.Dan inclinou a cabea para trs e olhou para o teto.Crianas? Nellie os chamou com uma voz perplexa. Ela

tirou os fones de ouvido. Vocs escutaram o que eu disse?Nellie virou o envelope.Pois , endereado a Amy e Dan Cahill ela disse. E

Nellie Gomez. Nossa. Agora me sinto oficialmente na disputa.Algum deve ter enfiado isso por baixo da porta, estava aqui,esperando a gente.

Ela estendeu o envelope na direo dos irmos.Quem quer fazer as honras da casa?Nenhum deles se mexeu.Nellie sacudiu o envelope na cara dos dois.Vamos l, galera ela insistiu. uma dica.Ela os tratou como se fossem o gato Saladin, que sempre se

distraa facilmente com um pedao de salmo. Vocs no querem ver o que est escrito aqui? Algum

est tentando nos ajudar!

Se algum quisesse no ajudar retrucou Amy teriasimplesmente nos dado todas as respostas na Jamaica.

Ela sabia por que isso no havia acontecido, mas agora notinha foras para pensar a respeito.

Ou l no comecinho acrescentou Dan no funeral.H pouco mais de um ms, Amy e Dan tiveram uma enorme

surpresa depois da morte de sua querida av Grace. Eles faziam

parte de um seleto grupo de parentes que receberam uma ofertaindita no testamento de Grace: cada um podia ganhar 1 milhode dlares ou uma nica pista.


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Amy e Dan tinham escolhido a pista.Desde ento, os dois percorriam o mundo fazendo o possvel

para superar, ultrapassar ou simplesmente evitar alguns de seusparentes menos agradveis na corrida at o prmio final. Elestinham perdido a conta das vezes que tentaram mat-los.

Quando no estava completamente apavorada, Amy adoravaa situao. Descobrir que era corajosa o bastante para pulardaquele telhado em Viena... Fazer parte da nica equipe adesvendar a pista no Cairo... voar at o topo do monte Everest...

Mas s no dia anterior, na Jamaica, Amy, Dan e Nellie haviamdescoberto a verdade sobre a busca pelas pistas. Depois sederam conta da crueldade daquilo durante o longo voo sobre o

Atlntico. At ontem, acreditavam que no eram diferentes dasoutras equipescom exceo do fato de serem mais novos, maispobres, rfos e menos informados. Eles achavam que pelomenos o objetivo era o mesmo: vencer, chegar ao prmio finalantes de todo mundo.

No, pensou Amy com amargura. Somos mais novos, maispobres e mais ignorantes, e chegar ao prmio antes dos outrosno o suficiente. Para vencermos, tambm precisamos fazertodo mundo esquecer e perdoar quinhentos anos de punhaladasnas costas, brigas, traies, e... assassinatos.

Como algum seria capaz de perdoar ou esquecer tudo isso? impossvel Amy murmurou.A dica? disse Nellie, com um olhar confuso. Vocs

ainda nem viram qual .Toda a busca pelas pistas corrigiu Dan. intil. No

podemos vencer. No do jeito que eles querem que a gentevena. Por que nos demos ao trabalho de vir at aqui?

Ele fez um gesto na direo da janela. Estavam no 12 andar,por isso s conseguiam ver um trecho do cu cinzento.

Odeio Londres. Nunca para de chover?Amy se lembrou do entusiasmo insano de Dan ao fazer

o check-inem outro hotel, semanas atrs, no Egito. Ele tinha

corrido pelo quarto, achando graa em anunciar o nome de cadanovo objeto que descobria: um bloco de papel!, um guarda-chuva!, uma Bblia!. Ela se sentiu culpada ao pensar o que a


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busca pelas pistas tinha feito com aquele menino entusiasmado.Era como se ele tivesse se transformado num velho rabugentouns setenta anos mais cedo.

Bom... Nellie franziu a testa, num gesto de incerteza.Por um instante, Amy achou que ela fosse dizer: vocs tm

razo, crianas. Nunca para de chover em Londres e esta buscapelas pistas insana. S tenho 20 anos e vocs nem so minhafamlia de verdade. Vou para casa. Agora.

Ento Nellie balanou a cabea, sacudindo seus cabelostingidos de preto e loiro.

Olha, crianas. Eu prometi pra sua av... Ela est morta disse Dan, no mesmo tom de velhice

precoce. Ela est morta, o Lester est morto, a Irina estmorta...Mame e papai esto mortos, Amy completou em sua mente.

Na Jamaica, os irmos levaram em considerao todas aquelasmortes como motivo para vencer a busca pelas pistas. Lester foium espectador inocente, arrastado para dentro daquilo s porquese disps a ajudar. Irina era uma ex-inimiga que sacrificou suavida para salvar Amy e Dan. E os pais das crianas tinhamdeparado com a morte ao tentar evitar que uma nica pista casseem mos erradas.

Qual o sentido de todas aquelas mortes se Amy e Dan nocontinuassem tentando?

Mas como podiam continuar tentando quando tudo o mais eraimpossvel?

Nellie alternou o olhar entre Amy e Dan, como se pudesse ler

suas mentes.Vamos dar um passo de cada vez, certo? ela disse em

voz baixa. Apenas ouam.Abriu o envelope e comeou a ler em voz alta: Para que suas esperanas no desapaream no ar

impalpvel do fim do mundo, vocs devem seguir o anseio dofundo do seu corao. Vocs no veem com os olhos da alma

como tudo pode fechar um ciclo? Nellie olhou para cima. Isso faz sentido para vocs? Algumas das palavras estogrifadas... isso talvez signifique alguma coisa.


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Ela mostrou o bilhete primeiro para Amy e depois para Dan:

Alguma coisa cutucou a mente de Amy, mas ela ignorou.No importa, ela pensou. No podemos vencer.Isso no faz nenhum sentido para mim respondeu Dan,

amargo.Prrr, reclamou Saladin em sua gaiolinha. Ele parecia to

ranzinza quando Dan. Nellie se agachou para empurrar aalavanca que libertava o bicho.

Pelo menos o gato eu consigo agradar murmurou Nellie.Mas Saladin no se esfregou na perna dela para agradecer.

Enrijeceu o corpo e soltou um grunhido baixo e gutural. E depoispulou na direo da janela.

Saladin! gritou Amy.

Ela olhou rapidamente para ver se a janela estava aberta.Estava, porm havia uma tela. No... ele chiava para algumacoisa atrs da tela, um bicho empoleirado l fora, no parapeito.

Um macaco.Amy piscou. E, apesar de tudo, sorriu. O macaco a fez lembrar

de um de seus livros favoritos, cuja histria se passava emLondres:A princesinha, no qual um macaco com saudades da

ndia escalava os telhados para visitar uma menina solitria quetambm tinha saudades da ndia. Ento o macaco fazia com queela encontrasse uma famlia nova, embora seus pais estivessemmortos...


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O sorriso de Amy desapareceu.Fico, ela disse a si mesma. Outra coisa que no verdade.De qualquer modo, aquele macaco no trazia presentes.

Arreganhava os dentes para Saladin e batia na tela com a mo. Obicho devia segurar algum objeto afiado (eram s suas garras?

Ou uma faca?), pois rasgou a tela. O macaco pulou em cima deSaladin e caiu no cho. Depois, com trs saltos velozes, foi pararao lado de Nellie. Pulou para cima dela e arrancou o papel desuas mos.

No! Isso nosso! berrou Nellie.Ela correu em direo ao macaco, tentando agarrar o papel de

volta. Mas o animal fugiu em disparada.

Eu pego! gritou Dan.Ele pulou do sof. Mas devia ter esquecido que ainda estavacom a mochila nas costas, pois apenas caiu para a frente e nopassou nem perto do macaco. O bicho correu para o lado, nadireo de Amy.

Vou tentar! Amy gritou.Ela ficou de p e disparou para a direita. O macaco disparou

para a esquerda.Saladin pulou do parapeito da janela, como se achasse que

ele e Amy juntos pudessem encurralar o macaco. Porm o bichofacilmente passou correndo entre eles.

Ele virou de costas ao alcanar outra vez o parapeito dajanela. Sorriu e mexeu a cabea para cima e para baixo,fazendo quiii-quiii-quiii.

Esse macaco est rindo de ns? perguntou Nellie,

indignada. Ento correu para o parapeito da janela.O macaco apenas riu mais alto. Depois, no exato momento

em que Nellie ia agarr-lo, jogou dentro do quarto um objeto queparecia uma moeda e pulou pela janela.

O bicho havia sumido.Com a nica dica que eles tinham.

Captulo 2Dan recolheu a moeda. Era feita de algum tipo de metalgrosso, com um K rebuscado gravado em cada um dos lados.


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Um K. claro.Os Kabra concluiu Dan num tom sombrio.Os Kabra haviam se tornado os piores inimigos de Dan e Amy

na busca pelas pistas. Eram podres de rico e a maldade empessoa.

claro que eles tm at um macaco treinado para cumprirsuas ordens disse Amy, desanimada.

Provavelmente tm um zoolgico particular murmurouDan.

Ele correu para a janela e chegou l apenas uns poucospassos antes de Amy. O macaco agora j estava vrios andaresabaixo deles. Levava o papel enrolado entre os dentes e desciapor uma corda presa ao telhado. Sob os olhares de Dan, Amy eNellie, o macaco atingiu o cho e atravessou a calada. Ento umpar de mos saiu de uma limusine estacionada e recolheu obicho. A porta se fechou e a limusine preta partiu em alta

velocidade. Eram as mos de Isabel Kabra afirmou Amy. Ela

pronunciou o nome com cuidado, como se cada slabamachucasse.

Machuca mesmo, pensou Dan.Ele no perguntou como Amy podia reconhecer as mos de

Isabel a 12 andares de distncia. Isabel tinha assassinado os pais

de Amy e Dan. Tinha tentado matar os prprios Amy e Dan naIndonsia e os havia ameaado de morte na Austrlia e na fricado Sul. Alm disso, tinha mandado seus filhos nojentos, Ian eNatalie, atac-los vrias vezes. Na Coreia, os irmos Kabra


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deixaram Amy e Dan para morrer no desabamento de umacaverna.

Quando algum sofre tanta crueldade e truculncia nas mosde uma pessoa, acaba desenvolvendo um sexto sentido. Sabequando ela est por perto.

Dan tinha tanta certeza quanto Amy de que aquelas moseram as de Isabel.Ele se afastou da irm, no suportava ver a agonia em seu

rosto. Queria poder correr atrs de Isabel, dar uma surra nela,jog-la na cadeia, pegar de volta tudo o que ela havia tirado deles.Mas ele era um menino de 11 anos. No tinha como agir. Omelhor que podia fazer era juntar uma enorme bola de catarro e

cuspi-la pela janela. Ele mirou com preciso na limusine quepartia em alta velocidade.Dan! exclamou Nellie.Que foi? perguntou Dan, inocente. Ela do mal.Um

cuspe na limusine o mnimo que essa mulher merece.Dan percebeu que Nellie estava tentando no dar risada. A

vantagem de ter uma au pairde apenas 20 anos era que s vezesela mesma pensava e agia como uma criana. Mas depois ela fezuma cara sria.

S no acho que sua mira seja to boa assim disseNellie. No desse distncia.

Ah, ? desafiou Dan. Ele estava feliz por ter algo paradistra-lo. Enfiou a moeda com o K na mo de Nellie. Jogueisso pela janela, para onde quiser. Prometo que eu acerto deprimeira.

Antes que Dan tivesse a chance de realmente provar a perciade seu cuspe, sentiu que algum o puxava por trs. O que eradessa vez? Algum tentando roubar sua mochila bem das costasdele?

Dan se virou. Era apenas Amy.O que voc est fazendo? ele perguntou. Precisamos olhar uma coisa na internet ela disse.

Imediatamente.Os olhos de Dan e da irm se encontraram. s vezes ele se

perguntava como os dois podiam ser parentes. Ela era tmida, ele


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no parava de falar. Ela gostava de livros e bibliotecas tranquilas,ele, de videogames barulhentos e qualquer tipo de piada queenvolvesse arrotos ou peidos. Ainda assim, houve ocasies principalmente durante a busca pelas pistas em que Dan sentiucomo se ele e Amy fossem praticamente a mesma pessoa,

pensando a mesma coisa na mesma hora.Agora era um desses momentos.Certo Dan concordou.Ele baixou a mochila para que Amy pudesse tirar o laptop

mais depressa. Ela lhe entregou o cabo. Ele o plugou na tomadae ela ligou a outra ponta no computador. Enquanto esperavam ocomputador iniciar, ela entregou ao irmo uma caneta e um bloco

de papel timbrado que estavam na escrivaninha. O que vocs dois esto fazendo? Nellie perguntouenquanto Dan comeava a escrever no papel.

Estamos decifrando a dica Amy respondeu. Tenhoum palpite, mas quero conferir na internet.

Achei que vocs fossem desistir disse Nellie. Acheique vocs tinham dito que no poderiam vencer.

Dan olhou para Amy e voltou a escrever. Deixou que a irmexplicasse.

Ainda no acho que possamos vencer Amy explicou. No como os Madrigal querem.

Antes, ela teria dito a palavra Madrigal com a mesma espciede medo e repulsa que sentia por Isabel Kabra. Mas, na Jamaica,Dan e Amy descobriram que os Madrigal eram na verdade osmocinhos da histria.

Mocinhos bons demais, pensou Dan. Os que acham quepodemos terminar tudo isso de mos dadas e cantando umamsica alegre em volta da fogueira. Eles so doidos!

Na Jamaica, voc concordou com tudo o que os Madrigalpediram disse Nellie. Eu tambm concordei.

Verdade Amy respondeu. Ela parecia distrada. Ocomputador agora j tinha ligado e ela estava online. S que

no parece possvel. Mas se no pudermos vencer como osMadrigal querem, o mnimo a fazer garantir que os Kabra novenam.


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Dan ergueu os olhos do papel.Voc consegue imaginar a gente deixando a Isabel Kabra

dominar o mundo? ele perguntou.As palavras ficaram pairando no silencioso quarto do hotel.

Aquilo, finalmente, era algo em que Dan podia se apoiar. Tudo o

que os Madrigal queriam era grande incerto demais: paz, amor,perdo... Dan no conseguiu lembrar esses objetivos nem mesmodurante uma viagem de avio sem contratempos.Ele nuncaconseguiria olhar Isabel Kabra nos olhos e dizer: Eu teperdoo. Mas impedir que ela vencesse a busca pelas pistas, queadquirisse o maior poder de todos, que causasse mais mortesimperdoveis... Isso j seria o suficiente, no seria?

Teria que ser. Aquela era a melhor esperana que Danconseguia alimentar.A chuva continuava a cair l fora, agora mais forte. O quarto

continuava cinza. Nellie balanava a cabea com uma expressofnebre.

Ento Nellie, irreverente como sempre, sorriu. Levou a moedacom o K, que Dan havia lhe dado, at a boca.

E agora temos outra reviravolta que muda todo o jogo ela disse, como se fosse uma comentarista esportiva e a moedaseu microfone. Pra vocs de casa que esto acompanhando oplacar, os malignos Kabra podem achar que acabam de tomar adianteira, mas seu truque do macaquinho saiu pela culatra. Elesparecem ter dado uma nova injeo de nimo nos valente irmosCahill, que esto a poucos segundos de decifrar sua mais recentedica, graas memria fotogrfica de Dan e

s incrveishabilidades de pesquisa de Amy.Dan terminou de fazer uma rplica exata do bilhete que o

macaco tinha roubado. (Quer dizer, exata a no ser pela letra feiade Dan.) Ele de fato tinha memria fotogrfica, o que j os haviasalvo diversas vezes durante a busca pelas pistas. Ele tinhacerteza de ter lembrado de tudo, inclusive das palavras grifadas.Entregou o papel para Amy e virou-se para Nellie.

Nellie ele parecia dar uma bronca nela isso no brincadeira.


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* * *

Nellie ficou assistindo Dan e Amy se debruarem sobre ocomputador. Ela no tinha dvida de que em alguns instantes elesfariam alguma deduo brilhante. E depois anunciariam que

precisavam partir imediatamente para algum lugar dramtico.Pessoalmente, Nellie torcia para que fosse Stonehenge. Elasempre quis ver aquilo. Mas talvez no nesta viagem... Nellie noqueria ter de explicar para alguma autoridade britnica por que asduas crianas sob sua tutela faziam rapel num monumento toimportante. Muitas vezes, era o que acabava acontecendo nessasaventuras em busca de pistas.

Tinha sido surpreendentee um pouco assustadorobservara transformao de Amy e Dan ao longo do ltimo ms. Nellietentou lembrar de como ela prpria era aos 11 ou aos 14 anos deidade. Aos 11, tinha passado o vero de bobeira na piscina,certo? No ano em que completou 14 anos, tinha colocado opiercing no nariz.

E... foi nesse ano em que a av de Dan e Amy entrou na vidade Nellie. No diretamente, pois Nellie s viria a conhecer Gracedepois. Porm oportunidades comearam a surgir de mo beijadapara Nellie no ano em que ela entrou no ensino mdio.Oportunidade de ganhar uma bolsa de estudos de kung fu. Parafazer um curso de aviao. Para ter aulas mais avanadas que asda escola, com novos professores exigentes que pareciam seimportar demais com uma certa menina de piercing no nariz ecabelo colorido sentada no fundo da sala.

Nellie levou muito tempo para descobrir de onde vinham todasaquelas oportunidades. Mas agora percebia que Grace tinhamudado sua vida completamente.

E a Grace era uma Cahill do bem, pensou Nellie. O quealgum como Isabel Kabra poderia fazer com pessoas como eu,se estivesse no comando?

Nellie passou os dedos pela moeda com o K. antes, parecia

que Grace havia escolhido Nellie para ser au pairde Amy e Danno cara ou coroa. Pura sorte. Mas Nellie descobriu que suafamlia estava ligada aos Cahill h vrias geraes. De certo


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modo, Nellie tambm estava to predestinada a participar dabusca pelas pistas quanto Amy e Dan.

E, na Jamaica, Nellie havia aceitado esse destino.Ela continuou passando os dedos pela moeda com o K. Agora

no estava pensando em famlias nem no destino. Estava

pensando na moeda, que no parecia mais uma moeda. Tinhauma linha fina que percorria toda a borda. Uma rachadura, talvez?Nellie enfiou a unha dentro da rachadura. Com a presso, a

moeda se abriu, revelando uma rede eletrnica em miniaturadentro dela.

Neste exato instante, Amy girou na cadeira.Descobri! ela exclamou. A resposta ...

Nellie mergulhou na direo de Amy e tapou a boca damenina com a mo.No fale! ordenou Nellie. Ns fomos... com a mo

que no estava na boca de Amy, ela arrancou minsculos fioseltricos da moeda falsa ... grampeados!

* * *

Na limusine, a um quarteiro de distncia, Isabel Kabra seinclinou para a frente, prestando muita ateno na voz fina deuma menina estpida que soava em seus fones de ouvidos.

Ns fomos...Esttica. Nada alm de esttica. A conexo de udio tinha

cado.Ento eles descobriram o aparelho de escuta. E da? Tinha

sido um excesso de precauo, de qualquer modo. Isabel estavacom a dica dos irmos Cahill e tinha muito mais recursos paradecifr-la. Tinha muito mais de tudo o que importava, mais do queeles jamais teriam.

Aquilo era apenas... irritante.Isabel quase franziu a testa. No, no faa isso. Lembre-se

das rugas. Botox no resolve tudo. No vale a pena criar rugas

por causa desses pirralhos.Eles realmente no mereciam ateno, mas, s para garantir,

ela repassou na mente tudo o que tinha ouvido, procurando


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alguma coisa relevante na conversa pattica daquelas crianaspatticas.

Na Jamaica, vocs concordou com tudo o que os Madrigalpediram... Mas se no pudermos vencer como os Madrigalquerem...Isso significava que eles tinham juntado foras com os

Madrigal, os cretinos sombrios que eram a pedra no sapato dafamlia h sculos. Bom, enfim. Na experincia de Isabel, alealdade nada mais era que uma oportunidade para a traio.

Ela acelerou a conversa mentalmente at uma coisa que omenino havia dito: Voc consegue imaginar a gente deixandoIsabel Kabra dominar o mundo?.

Isabel se permitiu um sorriso, embora sorrir fosse to propcio

para o surgimento de rugas quanto franzir a testa.Sim, ela conseguia imaginar aquilo. Conseguia imaginarperfeitamente: o poder, a glria, ajustiadaquilo. Isabel Kabra erasuperior a todas as outras pessoas do mundo. Quando vencessea busca pelas pistas, finalmente enxergariam isso. Ela seriasoberana e todos os habitantes do planeta lhe obedeceriam.

Era obedecer... ou ento morrer. Exatamente o que mereciam.E Amy e Dan Cahill mereciam morrer.O sorriso de Isabel se abriu. Ela era quase grata queles

pirralhos por conseguirem continuar vivos por tanto tempo. Assim,ela podia pensar em maneiras ainda mais cruis de mat-los.

Mame? resmungou Natalie, a filha de 11 anos deIsabel, sentada no banco em frente a ela na limusine. Vocest com uma cara meio assustadora agora.

Isabel percebeu que ainda segurava aquele macaco nojento.

Toma disse Isabel, jogando o animal no colo da filha. Voc e Ian tirem o papel da boca dele e descubram o quesignifica. Pelo menos uma vez na vida, faam valer as habilidadese a educao superior que tm.

Isabel havia treinado os filhos muito bem: a menina se afastoudo macaco, instintivamente sabendo que os pelos ficariamhorrveis em seu vestido preto de grife. E Ian, aos 14 anos,

pareceu anojado com a ideia de se expor saliva do animal.Aqueles instintos serviriam bem a Ian e Natalie algum dia, caso setornassem lderes do imprio dos Kabra aps longas dcadas


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do reinado brilhante de Isabel, claro. Mas, por enquanto, seusfilhos eram meros serviais e ela no podia tolerar quedesobedecessem uma ordem direta.

O que aconteceu com o Sim, mame, Voc quemmanda, mame? perguntou Isabel. Quando vocs pararam

de me obedecer imediatamente?Ian murmurou algo que Isabel no conseguiu entender muitobem.

O que voc disse? perguntou Isabel. Fale direito! N-ns... Ian estava gaguejando? Justo o Ian, que ela

havia treinado para ser preciso e elegante, que sabia comoenvergar um bom fraque desde os 3 anos de idade? Ele limpou a

garganta e conseguiu pronunciar as palavras: ... no paramosde obedecer. S que agora pensamos antes.Isabel deu uma bofetada no menino.

Captulo 3

Amy enfileirou os aparelhos de escuta na escrivaninha. Depoisque Nellie tinha destrudo o microfone dos Kabra, os irmos Cahillvasculharam todo o quarto de hotel, como deveriam ter feito

desde o comeo. Encontraram trs outros grampos: um aparelhominsculo, engenhosamente instalado dentro de um abajur; umaparelho elegante sobre a moldura de um quadro, que Amy aprincpio tinha achado que era parte da obra; e, embaixo da cama,um aparelho um tanto rstico que parecia ter sido construdo porum jogador de futebol americano com dedos grossos.

Ekat disse Amy, apontando para o aparelho engenhoso.

Janus disse Dan, apontando para o aparelho elegante.Tomas disse Nellie, apontando para o aparelho rstico erevirando os olhos.

E o dos Kabra era Lucian, assim esto todos presentes resumiu Amy.

Eles nomeavam os cls da famlia Cahill que tambm estavamatrs das pistas. Cada cl descendia de um dos quatro filhos

briguentos de Gideon e Olivia Cahill: Katherine, Jane, Thomas eLuke. Apenas os Madrigal, o cl de Amy e Dan, sabiam que umaquinta criana nascera depois que a famlia tinha se desintegrado:Madeleine.


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Minha antepassada,pensou Amy.Era gostoso saber em qual parte da histria ela se encaixava.

Ela queria saber isso desde o comeo da busca pelas pistas.Mas ser que eu realmente me encaixo se no tentar fazer o

que os Madrigal querem?, ela se perguntou.

Dan empurrou os trs aparelhos mais para perto uns dosoutros sobre a escrivaninha. Ergueu o punho sobre eles, prontopara esmagar os trs num s golpe.

Trs, dois, um... ele disse, numa dramtica contagemregressiva.

No ltimo instante antes de sua mo atingir os aparelhos, Amyagarrou seu pulso.

O que voc est fazendo? ele perguntou, tentando selibertar dela. Voc est maluca?Preciso falar com vocdisse Amy.Ela fez um gesto na direo do banheiro e puxou o pulso do

irmo. Dan franziu a testa, porm foi atrs. Nellie apontou para simesma e ergueu as sobrancelhas como se perguntasse Eutambm?.

Amy fez que sim com a cabea.Dentro do banheiro, Amy abriu totalmente as torneiras da pia e

da banheira. Juntas, elas produziram um som parecido ao de umacachoeira. Nellie e Dan precisaram se aproximar para ouvir o que

Amy dizia. No havia perigo de que suas palavras fossemcaptadas por algum aparelho de escuta.

Se ns s estamos tentando garantir que os Kabra novenam, ser que no deveramos dar uma ajuda para as outras

equipes? Contar nossa dica para eles? ela perguntou. E...isso no combina com o que os Madrigal querem que a gentefaa?

Voc est de brincadeira? Dan se espantou. Querque a gente entregue nosso trabalho numa bandeja?

E se vocs compartilharem suas respostas e depois, sei l,os pssimos Holt acabarem dominando o mundo? Nellie

questionou.Os Holt eram os representantes dos Tomas: Eisenhower e

Mary-Todd Holt e seus trs filhos, Hamilton, Reagan e Madison.


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O Hamilton no to ruim retrucou Dan.Certo, mas e o Eisenhower? perguntou Nellie.Eisenhower Holt era um palerma musculoso e cabea-dura.E ele estava l quando a mame e o papai morreram,pensou

Amy. Ela cerrou os punhos, como se com isso pudesse esmagar

o tosco aparelho de escuta dos Holt.O tio Alistair s vezes legal observou Dan. Ele notraiu a gente... nos ltimos tempos.

Alistair Oh, um Ekat, tinha se aliado aos irmos mais do quequalquer outra pessoa. Mas tambm havia passado a perna nelesdiversas vezes. Ento, durante um terrvel incndio numa ilha daIndonsia, garantira que Amy e Dan se salvassem antes dele.

Mas isso bastava para redimi-lo?Ele mentiu para ns na China depois disso, pensou Amy. Etambm estava l quando a mame e o papai morreram. No foiele quem armou o incndio que matou os dois, mas... ele tambmno os salvou.

Como voc sabe que o grampo dos Ekat do Alistair e nodo Bae Oh? perguntou Nellie, fazendo uma careta.

Tio de Alistair, Bae Oh era um velho altamente desagradvel.Ele teria deixado Dan e Amy morrerem no Egito se Nellie notivesse resgatado os dois.

Amy cerrou os punhos com mais fora. O grampo dos Ekatteria que ser destrudo tambm.

Com isso sobram os Janus disse Nellie. Vocsquerem dar uma dica para Jonah Wizard? Querem deixar que eleacrescente senhor do mundo a todos os seus outros ttulos?

Jonah Wizard j era um astro internacional do hip-hop, autorde um livro pop-up campeo de vendas e modelo de porta-pirulitos. A nica coisa maior que sua fama era seu ego.

Amy esperou que Dan defendesse Jonah, para podercontrariar seus argumentos. Dan havia ficado meio amigo deJonah na China. Mas agora tinha apenas uma expressoatordoada no rosto.

Opa! ele exclamou. Tem certeza de que o Jonahainda est na competio? Quando foi a ltima vez em que ovimos procurando uma pista?


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Ele no estava no Tibete. Nem nas Bahamas. Nem naJamaica especulou Nellie. Ser que o grande Jonah Wizardpode mesmo ter desistido?

Tem um aparelho aqui que s falta ter o nome Janusescrito numa etiqueta comentou Amy.

Talvez Cora Wizard esteja cuidando pessoalmente dotrabalho sujo sugeriu Nellie.Cora Wizard. Me de Jonah. Amy no conseguia lembrar se

havia conhecido a mulher. No, espere. Ela lembrava.Aquela noite, pensou Amy. Tambm vi Cora l, na noite em

que nossos pais morreram.Amy teve que se segurar na pia. Sentiu o sangue se esvaindo

de seu rosto.No podemos deixar Cora Wizard vencer ela sussurrou.Nellie e Dan olharam para ela. Ambos pareceram entender na

mesma hora.Ento isso. Vocs no podem confiar em nenhuma das

outras equipes disse Nellie. No mesmo. No todas juntas.D o menino fez pouco caso. A gente j sabia disso

um ms atrs.Amy piscou para conter algo que talvez fossem lgrimas.

Torceu para que Nellie e Dan pensassem que era apenas vapordas torneiras da pia e da banheira totalmente abertas.

Ento como que os Madrigal podem achar que somoscapazes de... ela comeou a falar.

Temos que vencer interrompeu Dan. E ento... entoquem sabe vamos ter poder suficiente para pr todo mundo na

linha.Por um instante, ele pareceu um pequeno leo, planejando a

dominao mundial. Depois era Dan outra vez, correndoempolgado para fora do banheiro.

Vamos pisotear os grampos ele gritou por cima doombro. Vamos l, um por vez. Primeiro eu!

Amy e Nellie se entreolharam e deram de ombros. Ento

correram atrs dele. Juntos, os trs derrubaram os grampos daescrivaninha e comearam a pular em cima deles, esmagando osaparelhos eletrnicos sob seus ps.


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* * *

Dois homens estavam sentados numa sala escura. Um tinhaum nariz aquilino e uma expresso fnebre. O outro estava

vestido todo de cinza e tinha fones nos ouvidos. O primeirohomem, William McIntyre, no parava de olhar para o outro cheiode expectativa e de perguntar:

Voc consegue ouvi-los agora? E agora?Finalmente o homem de cinza, Fiske Cahill, empurrou os

fones para trs. Eles esto decifrando a dica ele informou. Esto

dando prosseguimento busca. Mas... destruram todos os outrosgrampos.O senhor McIntyre ficou em silncio por um instante.Exceto o nosso ele disse por fim.Tivemos a vantagem de mandar embutir nosso aparelho de

escuta na parede explicou Fiske. Eles esto hospedadosnum quarto dos Madrigal. Um que ns providenciamos para eles.

O homem contraiu o rosto. Voc no acha correto espion-los opinou o senhor

McIntyre, interpretando a expresso do outro homem. Tem tanta coisa que no acho certa nessa busca pelas

pistas retrucou Fiske. Estamos jogando com crianas.Estamos jogando com a vida delas.

Cada gerao no joga com a seguinte? perguntou osenhor McIntyre.

Fiske emitiu uma espcie de grunhido, amargo demais paraser uma risada.

Falou o homem que escolheu nunca ter filhos Fiskecomentou. Mas... eu fiz a mesma escolha. Ele lanou umolhar vazio para a parede e murmurou: Mais umarrependimento.

O senhor McIntyre comeou a levantar a mo, como se talvez

fosse coloc-la no ombro de Fiske. Mas Willian McIntyre no era otipo de homem que tenta consolar os outros com gestos. Baixou amo.


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Achei que voc tinha ficado mais otimista disse McIntyre.Agora veste cinza em vez de apenas preto.

cinza escuro respondeu Fiske. Permite apenas umpouco de esperana... Ele tamborilou na mesa com os dedos. Gostaria de saber o que eles esto pensando. Por que

decidiram destruir os grampos mas continuar a busca? Elesdevem ter discutido isso de algum modo.Ele imaginou bilhetes sendo passados de mo em mo ou

uma conversa sussurrada dentro de um closet enquanto a guacorria no banheiro, mascarando os sons para os microfones.Conhecendo Amy, Dan e Nellie, ele suspeitava que os trstivessem feito aquilo de um jeito divertido. Fiske no tinha muita

familiaridade com nenhuma espcie de diverso.Eles sabem que o destino do mundo depende de reunir afamlia Cahill disse McIntyre.

Isso suficiente? questionou Fiske. Ser quedeveramos ter dado os detalhes exatos, descrito asconsequncias precisas... contado tudoa eles?

O senhor McIntyre se afastou da mesa: Quanto peso duas crianas conseguem suportar? ele

questionou. Ficou sentado num silncio funesto por um instante edepois acrescentou: Voc podia simplesmenteperguntara eleso que esto pensando. Afinal, eles nos contaram suas pistas. Nscontamos as nossas. Eles sabem que estamos do lado deles.

Sim, mas... voc no v como esta busca pelas pistas osensinou a mentir? perguntou Fiske. Ensinou os dois asuspeitar de todo mundo?

O senhor McIntyre franziu a testa: Eles sabem que estamos juntos nesta empreitada

argumentou.E por isso que estamos sentados numa sala escura em

segurana, enquanto eles esto prestes a enfrentar o perigo? Fiske perguntou. Um perigo que ns vamos tornar ainda pior?

* * *


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E a resposta ... Amy fez uma pausa dramtica Willian Shakespeare.

Dan piscou.Certo, Amy. Eu sei que voc leu, tipo, todos os livros que j

foram escritos at hoje. E que voc sabe muito mais sobre

palavras e escritores do que eu ele disse. Mas como foi quevoc chegou de no ar impalpvel, fim do mundo, fundo do seucorao e todas aquelas outras coisas aWillian Shakespeare?

Porque foi ele que inventou essas expresses em ingls disse Amy. Olhe.

Ela empurrou para o lado os restos de aparelhos de escutadestrudos e puxou a cadeira para se sentar ao computador.

Ento apertou uma tecla e a proteo de tela sumiu, substitudapelo site que Amy estava olhando antes de descobrirem oprimeiro grampo.

Esta uma lista de todas as palavras e expresses queShakespeare cunhou em ingls. No ar impalpvel, fim domundo, fundo do corao, olhos da alma, fechar um ciclo...Todas as expresses grifadas so itens desta lista.

Dan observou enquanto Amy olhava a lista de palavras eexpresses. Havia centenas delas.

Nossa, a lngua inglesa j existia antes do Shakespeare? perguntou Nellie. Bated breath,gossip, leap-frog,mimic...Prender a respirao, fofoca, pula-sela, mmica...

Ah, espera a! Ningum mais usa a maioria dessas frasesdele Dan replicou enquanto olhava para o computador.

Realmente algumas expresses soam estranhas hoje em

dia Amy admitiu. Mas tem uma palavra aqui que voc adoraDan.

Ela apontou na lista do computador:puke, ou seja, vmito.Shakespeare inventou a palavrapuke? Dan perguntou.Sim Amy confirmou. Bem... tenho que admitir que ele meio que sabia o que

estava fazendo... ele falou.

Dan no iria confessar para Amy, mas sempre achouquepukeera uma palavra em ingls perfeita. O som delalembrava muito o barulho de algum vomitando.


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E que tal... Amy continuou, destacando outras palavraslegais da lista.

Dan no estava no clima para uma aula de lnguas. Elepreferia quando a corrida pelas pistas tinha a ver comespadachins e mestres de kung fu.

Certo, certo, vou confiar na sua palavra. Ele queria dizerdesencana, mas tinha receio de que Shakespeare tivesseinventado essa expresso tambm. Mas agora que sabemosque nossa prxima pista tem a ver com Willian Shakespeare, oque vamos fazer?

Nesse exato instante, o telefone do hotel tocou.Os trs pularam de susto, depois Nellie estendeu o brao e

atendeu. Ficou escutando por um instante, ento cobriu o bocalcom a mo. o servio de conciergedo hotel informou. Esto

perguntando se queremos ingressos para alguma atrao. Ou... ela ergueu as sobrancelhas, num gesto expressivo ...alguma produo teatral.

Amy abriu um sorriso.Oh, no resmungou Dan. No! O que est passando no Globe? perguntou Amy,

ansiosa. No vou a nenhuma pea do Shakespeare! protestou

Dan.Nellie o ignorou.Sim, eu gostaria de trs ingressos... disse ao telefone.

Ela terminou de combinar com a pessoa e desligou, com uma

expresso sonhadora nos olhos. Romeu e Julieta ela contou a Amy. Romeu e

Julieta, em Londres, onde Shakespeare escreveu a peaencenada no Globe, assim como a produo original...

Amy ficou com a expresso to atnita e sonhadora quanto ade Nellie.

Que maravilha ela sussurrou.

Que tortura resmungou Dan. Que castigo cruel ehorrvel. Pior que aquelas cobras e aranhas venenosas na


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Austrlia. Pior que quase ser transformado em pirulito na China.Ela s pode ser a pior coisa que ns tivemos que fazer at agora!

Mas ningum estava ouvindo.Pelo menos, no que ele soubesse.

Captulo 4

Ian Kabra atravessou o cho frio de mrmore nas pontas dosps. Quase todos os espies notveis dos ltimos quinhentosanos eram seus familiares. Ele mesmo tinha sido treinado emespionagem praticamente desde que nasceu. Mas Ian jamaispensou que precisaria empregar seu treinamento em movimentosfurtivos em sua prpria casa.

Uma viga rangeu em algum lugar l em cima no terceiro ou

talvez no quarto andar da manso dos Kabra. Ian congelou ondeestava.

uma casa velha, ele disse a si mesmo. Faz sons como esseo tempo todo. No faz?

Normalmente, Ian nem teria prestado ateno. Masnormalmente ele no estaria invadindo a nica ala da casa quesempre fora proibida para ele e Natalie. A ala onde estavam

guardados todos os segredos da famlia Kabra.Os olhos do rapaz iam de um lado para o outro, atentos ao

menor sinal de qualquer luz que denunciassse onde ele estava.Ensaiou desculpas na cabea: Ora, no, mame, papai, comovocs podem sequer pensar que eu sairia da cama no meio danoite para fazer algo errado? Ou s escondidas e de maneiradesonesta? S estou... pegando um copo dgua. Sim, isso. Eu

estava com sede e achei que a gua ia ser mais gostosa aqui doque perto do meu quarto. Vocs no me ensinaram que eumereo sempre o melhor? Como podem pensar que eu estou aqui

porque... porque no confio mais em vocs?Nenhuma luz se acendeu. Nenhuma me ou pai acusador, ou

empregado desconfiado, lanou um olhar de censura contra ele.Respirou fundo, em silncio, e tornou a avanar, um centmetro

por vez. Por mais cuidado que tomasse, ouvia um tssc-tsscbaixotoda vez que seus ps com meias roavam o piso.O que vai acontecer se eles me pegarem? Ser que vale o

risco?


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Eu s quero saber a verdade sussurrou Ian, todesesperado que seus lbios chegaram a formar as palavras esuas cordas vocais chegaram a emitir pequenos traos de som.Ele congelou de novo, mas nada aconteceu.

A verdade...

Sempre haviam lhe ensinado que a verdade era muito flexvel.Sua me era capaz de abrir um belo sorriso para outra mulher edizer numa voz encantadora: Oh, esse vestido perfeito paravoc. Onde o comprou?. E depois, nas costas da mulher,passava horas dizendo que uma bruxa velha to horrenda edisforme no podia ter escolhido um modelito mais repulsivo doque aquele. Ou... Ian tinha ouvido os pais ao telefone, em

ocasies diferentes, falando com scios e garantindo a eles: Sim, claro que seus interesses so muito importantes para ns..., edepois de desligar, dizendo para um subordinado: Feche essafbrica. No vale nada. Ou Venda as aes. No deixe sobrarnenhuma.

Mas assim que eles tratam os perdedores. Pessoas de fora.Pessoas que no so Lucian como ns.

Ele lembrou de como sua me havia tratado Irina Spasky, quetinha sido fiel quase at os ltimos momentos de sua vida.

Ela no era da famlia Kabra. Meus pais tm um cdigo deconduta: os Kabra so os nicos que importam. Esse s o jeitodeles. Sim, talvez eles sejam inescrupulosos com todos os outros,mas na verdade esto fazendo isso pela famlia deles. Por Nataliee por mim.

Ento por que sua me tinha dado um tapa nele mais cedo?

Por que ela parecia no se importar mais com o fato de Ian ouNatalie estarem vivos ou mortos, desde que ela vencesse a buscapelas pistas? Por que estava deixando Natalie beira daslgrimas durante semanas? Ian sempre tinha achado a irmmenor um pouco irritante, mas nos ltimos tempos chegava asentir pena dela, vendo-a se esforar tanto para agradar a me,que, por sua vez, havia se tornado completamente impossvel de

agradar.O que mudou?Ian se perguntou. O que aconteceu? Ser que

s porque estamos... perdendo?


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lan agora encostava em uma maaneta. Obrigando as mos apararem de tremer, tirou do bolso de seu pijama de seda umachave mestra moda antiga e inseriu na fechadura. Seus paishaviam providenciado para que ele recebesse treinamento emcomo arrombar fechaduras para roubar informaes de rivais nos

negcios, inimigos da famlia ou espies internacionais, casofosse necessrio. Ele nunca tinha imaginado ficar to confuso,sem saber quem eram seus verdadeiros inimigos.

hora de descobrir, Ian disse a si mesmo, friamente.Nesse exato instante a fechadura deu um estalo. Ian girou o

pulso e abriu a porta.Ainda olhando por cima do ombro, entrou na ala secreta e

fechou a porta atrs de si.* * *

Jonah Wizard deu um ltimo aceno para os fs amontoadosem volta de sua limusine e escorregou no banco do carro. Seumotorista fechou a porta com fora e abriu caminho entre dezenasde meninas pela frente do veculo para voltar ao seu lugar.

Voc to lindo, Jonah! berrou uma delas, beijando ajanela enquanto o carro partia. Ela deixou um borro de batom novidro.

Jonah olhou para a mancha de batom. Tinha pedido ao paipara marcar aquele show em Londres no ltimo minuto. Haviacantado e danado com toda dedicao durante as ltimas trshoras. Tinha at acrescentado um bis surpresa no final. A

multido, os gritos e o entusiasmo eram sua recompensa,exatamente aquilo de que precisava agora: uma prova de queseus fs o amavam. Uma prova de que ele merecia esse amor.Ento por que ele continuava achando que a mancha de batomparecia sangue?

Por causa da busca pelas pistas, Jonah disse a simesmo. Porque se meus fs soubessem o que eu quase fiz... Se

soubessem o que minha me espera que eu faa... se eu fizesseisso...


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Frases incompletas. Era assim que Jonah estava pensandodesde a China. No conseguia concluir um pensamento porqueisso significaria tomar uma deciso impossvel. Uma decisoirreversvel, com a qual seria obrigado a conviver pelo resto davida.

Belo show disse Broderick, o pai de Jonah, sentado nocanto oposto do banco da limusine. Ele fazia contas em seuinseparvel celular. Noventa mil pessoas a 75 libras porcabea, menos despesas, isso d um faturamento de...

Jonah empurrou o celular, quase o derrubando das mos dopai.

Oh, dinheiro disse Jonah numa voz vacilante. E se

lembrou de pelo menos tentar parecer normal. A, voc spensa nas verdinhas? Vermelhinhas, no caso. Ou azuis... Na verdade tem de

vrias cores respondeu Broderick. Jonah olhou para ele semexpresso no rosto. Estou falando do dinheiro ingls explicou Broderick. As libras esterlinas.

Ah disse Jonah. . Mas...Outra frase incompleta.O que meu pai acha que eu deveria fazer? Quanto ele sabe,

afinal?, Jonah se perguntou. O que ele quer para mim? S maisdinheiro? Ou...

Jonah no conseguia sequer pensar na pergunta. Tudosempre tinha sido to fcil para ele. Logo da primeira vez em quetinha pego um instrumento musicalum violo de crianahaviaconseguido tocar Brilha, brilha, estrelinha s de ouvido. (Ele

tinha escrito sobre isso em seu livro pop-up chamado Brilha brilha,gangsterzinho.) Mesmo nos primeiros estgios da busca pelaspistas, as coisas tinham simplesmente vindo de mo beijada. Eleera um Janus, por isso no era um grande desafio cantar, fazerturn, gravar, blogar, tuitar, se promover e de quebra aindaprocurar pistas. Ele havia precisado fazer algumas manobrasarriscadas forar um pouco a barra mas, enfim, as coisas

tinham dado certo. Ele j dominava o mundo da msica. Vencer abusca pelas pistas e conquistar o resto do mundo pareciamapenas o prximo passo.


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At a China.Na China, Jonah tinha ficado cara a cara com o mal.O mal dentro de si mesmo.Ele quase permitira que Dan Cahill fosse sacrificado pelas

pistas. Por muito pouco no tinha deixado Dan morrer.

Horrorizado, Jonah havia desistido da misso. Lembrou do alvioque sentira naquele momento, ao contar para a me que noaguentava mais procurar pistas, ameaar parentes, mentir eguardar segredos. Naquele momento, ele havia imaginado o restoda sua vida como um longo e feliz show, uma grandeapresentao depois da outra fama e fortuna sem qualquercomplicao.

Mas sua me tinha dito que no, ele no podia desistir. Tinhadito...O celular de Broderick apitou, anunciando uma nova

mensagem de texto. Ele a leu e depois estendeu o celular paraJonah ver.

Isso o que sua me quer que voc faa amanh tardeinformou Broderick.

Jonah se segurou no encosto do banco. Apertou os olhos atvirarem fendas to estreitas que ele mal conseguia ler. Ele estavaevitando a me fazia dias. Tinha ignorado as mensagens dela,deixando-a pensar o que quisesse. Mas ser que havia chegado ahora? O momento em que ele precisaria escolher?

Ele tinha se esforado tanto para que a me se orgulhassedele. Ele era Jonah Wizard, o astro internacional. Seria amanh odia em que ela o veria se tornar Jonah Wizard, o assassino?

* * *

Hora do momento entre pai e filho! Eisenhower Holtgritou a plenos pulmes.

O soco no estmago que deu em seu filho teria derrubado amaioria dos homens adultos. Porm Hamilton vivia em

treinamento olmpico desde os 2 anos. Ele apenas sorriu para opai.


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Eisenhower olhava em volta, observando o espetculo que sedesenrolava diante deles. L embaixo no campo, homens deuniforme vermelho e branco perseguiam uma bola que rolavadepressa. No estdio ao redor deles, milhares de pessoas selevantaram e comemoraram, movendo-se quase como se fossem

uma nica criatura.Ingleses! berrou Eisenhower. Os melhores torcedoresde soccerdo universo!

Aqui isso se chama football, palhao uma voz rosnouatrs deles.

Eisenhower e Hamilton viraram para trs. Eisenhower Holttinha 1,90 metro de altura e Hamilton era quase do seu tamanho.

Mas o homem atrs deles era bem mais alto que os dois. Estavasem camisa, revelando msculos que provavelmente teriamparecido rochas se, assim como seu rosto de pedra, noestivessem pintados de tinta vermelha e branca.

Eisenhower sorriu para o homem.Falou e disse! concordou. Ele bateu o peito contra o do

homem. Seu trax musculoso se chocou contra o dodesconhecido feito o embate de dois rochedos gigantes. Vai,Manchester United!

Demorou um minuto, pois pedras se mexem devagar, mas ohomem sorriu de volta para ele.

Esse o meu pai, pensou Hamilton, orgulhoso. Ele sabe comolidar com qualquer situao que tenha a ver com esportes.

Eisenhower e Hamilton se viraram para assistir ao jogo denovo.

Pai disse Hamilton aps alguns minutos. Voc noest muito preocupado, est? Que ns... h, tipo... perdemos orastro? Quer dizer, na busca pelas pistas?

Vamos recuperar o rumo Eisenhower respondeu comconfiana. Ns Holt somos especialistas em vitrias-surpresa.

Hamilton concordou com a cabea, como fazia sempre queseu pai lhe transmitia a sabedoria da famlia Holt. Mesmo quando

ele no acreditava muito.Ultimamente, aquilo acontecia cada vez mais.


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Alm disso continuou Eisenhower sua me precisavade tempo para comprar agasalhos novos paro Reagan e Madison.Do jeito que essas meninas esto crescendo, talvez acabemficando mais altas que eu! Ele abriu um sorriso orgulhoso. Ecomo eu poderia vir pra Inglaterra e no ir a um jogo de futebol

com o meu filho?Seria impossvel concordou Hamilton.Os dois assistiram s geis manobras dos jogadores no

campo em silncio por um instante. Antes da busca pelas pistas,Hamilton teria apreciado passar um tempo a ss com o pai desse

jeito. Mas hoje algo o incomodava.A busca pelas pistas... Claro, quero vencer tanto quanto meu

pai. Mas a maneira como estamos tentando vencer...Desde a frica do Sul, toda vez que Hamilton fechava osolhos, a mesma imagem vinha sua mente: um homem dechapu-coco, Alistair Oh, suando. Suando porque o pai deHamilton ameaava mat-lo.

s vezes, quando Hamilton via isso, se imaginavaconfrontando o pai, berrando: Pai,no! Voc no pode matar o

Alistair!.s vezes ele imaginava Alistair morrendo.O que realmente tinha acontecido na frica do Sul era que

Hamilton havia intercedido secretamente, sem o pai saber.Hamilton e Dan Cahill, juntos, tinham salvado a vida de Alistair.

Eu tive de fazer isso!, pensou Hamilton. Essa era minha nicaescolha! Isso no quer dizer que eu tra minha famlia! Minha mee Reagan tambm no queriam que Alistair morresse!

Mas essa no tinha sido a nica vez em que Hamilton virara acasaca. Seu pai no sabia exatamente quantas vezes Hamiltonhavia colaborado com Dan e Amy, quanto o filho tinha tentadoajud-los em vez de ajudar os outros Holt.

Eu sou um traidor?, Hamilton se perguntou. Ou s estou...fazendo a coisa certa?

Antes da busca pelas pistas, o certo e o errado pareciam

muito simples para Hamilton. Certo era fazer o que seu pai queriaque ele fizesse. Errado era todo o resto. Complexidade era paraestratgia de futebol, no para decises ticas.


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Mas e se, no que dizia respeito busca pelas pistas, o pai deHamilton estivesse errado desde o comeo?

Hamilton olhou de relance para o pai outra vez.Papai ele comeou a falar voc s vezes no pensa... No respondeu Eisenhower depressa. Tento fazer

isso o mnimo possvel. Atrapalha o desenvolvimento muscular. E riu de sua prpria piada. srio... Hamilton tentou de novo. srio? Eisenhower baixou a voz. Olhou em volta, como

se quisesse garantir que ningum mais pudesse ouvir. Se srio, vou te contar uma coisa que ningum sabe sobre mim. Nosou muito bom de pensar. Nunca fui. Mas quero coisas melhores

para voc e para as meninas. por isso que vencer a buscapelas pistas to importante.Hamilton engoliu em seco. Agora, como ele podia dizer o que

ia dizer?O celular de Eisenhower tocou nesse exato instante,

interrompendo a conversa.Ele levou o telefone ao ouvido:Al, pudinzinho?Vrios torcedores em volta se viraram para olhar, dando

risadinhas. Porm Hamilton enfrentou todos com uma cara feia.No tinha problema nenhum os pais usarem apelidos melosos umcom o outro. Problema nenhum.

As outras pessoas rapidamente desviaram o olhar. mesmo? Eisenhower disse ao telefone. Depois

comemorou: Uhu! Ele tapou o aparelho e disse para

Hamilton: No te falei? Os Holt esto de volta na rea! Suame e as meninas acharam uma dica!

Ele fez uma dancinha da vitria, ali mesmo.Evidentemente, a me de Hamilton ainda falava do outro lado. Certo, certo, voc recebeu um telefonema e... disse

Eisenhower. Ento ele quase largou o telefone. Temos que iraonde?

* * *


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Ian Kabra estava sentado em meio a dezenas de pastas depapel pardo. Achava que tudo seria computadorizado na alasecreta dos Kabra. Assim, ele s precisaria decodificar umasenha secreta, baixar tudo num pen drive e depois examinar asinformaes na privacidade de seu prprio quarto. Tinha

esquecido como seus pais eram paranoicos com hackers. Ter deprocurar em arquivos de papel significava que ele estavacompletamente vulnervel a ser descoberto.

Ian deu um suspiro e, resoluto, pegou a pasta seguinte.Autorizaes de massacres, aprovaes de traies... Milhares emilhares de pessoas executadas sem misericrdia, gerao apsgerao de sua famlia.

Ian supunha que a maioria das pessoas ficaria horrorizada aoler aqueles arquivos. Supunha que, quando seus pais lhemostrassem aqueles arquivos em seu aniversrio de 18 anos,talvez? esperariam que Ian ficasse orgulhoso. Os papis suavolta registravam fantsticas histrias de poder. O poder cru,latejante, manejado com brilhantismo, sculo aps sculo.

Mas Ian no sentia horror nem espanto. Tambm no sentiasurpresa. Ele sempre soube que sua famlia era poderosa e notinha escrpulos. Aquele era o estilo dos Lucian. E esperavamque Ian agisse como seus antepassados. Ele j tinhademonstrado no playground da pr-escola, naquelas ridculasreunies da famlia Cahill na Nova Inglaterra. na busca pelaspistas como emissrio dos paisque era perfeitamente capaz defazer jus a seu sangue Lucian.

O que ele estava questionando agora?

Ian se deu conta de que a pasta que havia acabado de pegartinha uma etiqueta mais nova: O CASO HOPE CAHILL E

ARTHUR TRENT.O corao de Ian acelerou. Ele reconhecia aqueles nomes.

Eram os pais de Amy e Dan Cahill, casal que tinha morrido numincndio acidental anos atrs. Ou talvez no to acidental. Ianpassou rapidamente os olhos nos papis do arquivo. A maioria

eram cartas. Ele notou com que percia seus pais haviammobilizado os outros cls da famlia Cahill um Janus, CoraWizard; um Ekat, Alistair Oh; e dois Tomas, Eisenhower e Mary-


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Todd Holt para confrontar Hope Cahill e Arthur Trent sobre aspistas que eles tinham coletado, as vantagens que tinhamadquirido. Era brilhante o modo como Isabel e Vikram Kabrahaviam juntado grandes inimigos em prol de um objetivo comum.

Porm a confrontao em si tinha ido mal. Isabel Kabra havia

acendido um fsforo com a inteno de forar Hope e Arthur ajogar de acordo com as regras dela.E... Hope Cahill e Arthur Trent morreram em vez de dar a

Isabel Kabra o poder que ela queria.Ian sentiu os papis escorregarem de suas mos.Minha me causou a morte dos pais de Amy e Dan, ele

pensou, quando o horror finalmente o atingiu. Outra onda de

horror o acertou em seu pensamento seguinte:A Amy e o Dansabem disso?lan pensou no jeito como Amy havia sorrido para ele na

Coreia, como tinha deixado ele flertar com ela, como tinha coradoe gaguejado com as cantadas dele. Naquele momento, eraimpossvel que ela soubesse a verdade.

E depois?Amy e Dan estavam sendo um pouco frios com ele desde a

Coreia, mas Ian tinha achado que era mais porque ele prprio oshavia trado, fazendo parecer que ia abandon-los para morrer.No que eles jamais tivessem estado em perigo de fato. (Serque estavam? Ele teria se importado se estivessem? Ser que eleera diferente da me?)

claro que eles sabem que a busca pelas pistas assim...Espontaneamente, outra lembrana voltou sua mente, uma

que o atormentava fazia semanas. Uma memria do topo domonte Everest. Ian estava caindo, mergulhando rumo mortecerta. Embora tivesse contratado um grupo inteiro de xerpas paraajud-lo a subir e descer da montanha em segurana, Amy tinhasido a nica prxima o bastante para alcan-lo. Mas ela haviaenfrentado uma escolha: salvar o procurado tubo de ensaio com ovalioso soro dos Janus ou salvar Ian.

Ian soube, na frao de segundo em que tinha precisadopensar, que a opo lgica, racional,provvelteria sido Amyescolher o soro. Era o que Ian teria feito no lugar dela. O soro era


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preciosssimo, talvez at insubstituvel. E Ian s era algum que,mais de uma vez, tinha feito elogios falsos a ela para logo depoistra-la.

Mas Amy tinha salvo Ian e deixado o soro cair. Ian ainda noconseguia entender por que ela tinha feito aquilo. Era to

estranho para um Lucian... para um Cahill.Todos estavam to agasalhados naquele dia, com cadacentmetro de pele coberto contra o frio brutal do Everest. Por issoIan no tinha conseguido ver a expresso no rosto de Amynaquele instante, no tinha conseguido decifrar o que elapensava. Mas tinha olhado nos olhos dela. E ela tinha um olhar dequem... sabia.

Ela sabia, naquele momento, que minha me causou a mortedos pais dela. E mesmo assim me salvou.Aquilo tornava tudo ainda mais incompreensvel.Ian pegou o arquivo Hope Cahill/Arthur Trent outra vez. Talvez

tivesse deixado passar alguma coisa. Talvez sua me tivessetentado compensar a morte dos pais de Amy e Dan.

O arquivo continha tanto os documentos a respeito doincndio como uma enxurrada de cartas enviadas depois. No foidifcil ligar os pontos. Assim que as labaredas saram de controle,os no Lucian entraram em pnico. Nenhum deles parecia terentendido que Isabel queria que Hope e Arthur morressem.

Alistair Oh, Cora Wizard e Mary-Todd tinham todos, em algummomento, ligado para os bombeiros. Eisenhower Holt havia pegoa mangueira do jardim vizinho e mirado na casa em chamas.

E Vikram e Isabel Kabra tinham arquitetado um plano para

encobrir o fato, tentando esconder todas as evidncias de seuenvolvimento.

Eles se sentiram culpados Ian sussurrou para si mesmo.Se no, por que pareceriam to defensivos?

No o consolava muito, mas ele se agarrava a detalhes parase convencer de que os pais no eram to maus assim. Ian virouo penltimo papel do arquivo e ficou surpreso ao descobrir que a

ltima folha no tinha nada a ver com a morte de Hope Cahill eArthur Trent. Em vez disso, era um relatrio que sua me tinhaescrito sobre a morte de Irina Spasky.


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Ela nos traiu completamente, escreveu sua me.Desobedeceu uma ordem direta minha e foi resgatar Alistair Oh e

Amy e Dan Cahill quando eu lhe disse que eles precisavam sereliminados...

Eliminados. Umas poucas semanas atrs, sua me tinha

tentado, a sangue frio, assassinar Alistair, Amy e Dan. No porengano, no como um mal necessrio, mas deliberadamente. Ianpercorreu com os olhos o documento inteiro. A tentativa dehomicdio no era sequer um instrumento de negociao, umaameaa feita em troca de um objetivo. Tinha sido planejada comcuidado, era um objetivo em si.

E Irina tinha morrido no lugar dos outros.

Quando vi o que Irina estava fazendo, eu poderia ter voltadopara resgat-la, Isabel tinha escrito. Mas por que me dar otrabalho?

To fria. A vida de uma mulher descartada em poucaspalavras.

No que Ian tivesse algum grande apego emocional por IrinaSpasky. Ela tinha ameaado usar suas unhas envenenadastantas vezes que dificilmente seria amiga ntima de algum.Porm houve momentos, quando Ian era pequeno, em que Irinalhe disse com uma certa melancolia: Por acaso voc poderia mechamar de titia Irina? Voc agora tem a mesma idade de outromenininho que eu conheci....

Ela tinha coberto a boca imediatamente com as mos, comose na verdade no pretendesse dizer aquilo. E Ian com certezanunca tinha chamado Irina de titia. Com o incentivo dos pais, ele a

havia tratado como uma servial, pouco abaixo de sua esfera deateno. Mas ela servira a famlia dele com lealdade duranteanos. Nem mesmo Irina Spasky merecia ser abandonada paramorrer com as palavras Por que me dar o trabalho?

Franzindo a testa, Ian folheou os papis que descreviam astrs mortes. Alguma coisa estavadiferente. A vaga ponta deremorso que transparecia nos documentos mais antigos sumia

completamente no que dizia respeito a Irina Spasky. Era como sesua me no fosse nem mais capaz de sentir remorso nem


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arrependimento, culpa, dvida ou lealdade a ningum alm de simesma.

Por que no?, Ian se perguntou.Alguma coisa chacoalhou do outro lado da sala e Ian gelou.

Rapidamente, apagou a pequena luz de leitura que estava

usando. Na escurido repentina, ele se sentiu cego. No sabia sedevia pular e se esconder ou se era mais sensato no se mexer,fazer o mximo de silncio possvel.

s um barulho l fora, no zoolgico da famlia Kabra, Iandisse a si mesmo. Deve ser aquele maldito macaco que minhame insistiu em usar hoje.

A coisa chacoalhou de novo e Ian no conseguiu mais fingir

que no era a maaneta da ala secreta. Antes que ele tivessechance de se mexer, a porta se abriu e de repente o facho deuma lanterna atingiu seu rosto.

Algum fez oh. Foi um ohque Ian reconheceu.Natalie? ele perguntou.Ian? sussurrou a irm.Ela soltou a lanterna e o facho de luz descontrolado rolou pela

sala. Ian a recolheu e a apontou direto para o cho, confinando aluz a um espao restrito.

No... no... no deixe a luz aparecer na janela eledisse, desesperado.

Natalie engoliu em seco.O que voc est fazendo aqui, Ian? ela perguntou numa

voz fraca.Ian pensou rpido.

A mame e o papai queriam que eu pegasse uns arquivospara eles explicou Ian. Eles confiam em mim, me deixamentrar aqui. Porque eu sou mais velho que voc.

Voc est mentindo retrucou Natalie, quase secamente.Se mame eu papai sabem que voc est aqui dentro, por quevoc est to preocupado em no deixar a luz aparecer?

Ian se esquecera de que Natalie havia tido todas as mesmas

aulas de lgica e pensamento analtico que ele. Esperou que eladissesse Vou contar para eles, para que ele pudesse dizer Vou


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contar primeiro. E ento Ian poderia pensar num jeito de negociaro silncio dela.

Mas Natalie no disse coisa alguma. Apenas deu umafungada. Era engraado... Aquela simples fungada fez Ian tomaruma deciso: Natalie nunca saberia o que ele tinha acabado de

descobrir sobre os pais. Ele no queria que ela lesse sobre comoIrina Spasky havia morrido. Volte para cama Ian mandou. No tem nada para

olhar aqui. Tem segredos aqui insistiu Natalie, teimosa.

Explicaes. Ela ergueu os olhos para o irmo: Voctambm no confia neles, no ? por isso que ns dois estamos

aqui.Ian deu um suspiro. s vezes Natalie era esperta demais parao seu prprio bem.

Ns se preocupe com isso ele respondeu s pensena prxima bolsa Prada que a mame vai comprar para voc.

No disse Natalie. Preciso saber... O que aconteceucom ela? Por que ela est sendo to cruel? Cruel o tempo todo,at com a gente?

Ian deu de ombros, sem resposta. Mantendo baixo o facho dalanterna, ele recuou um pouco para que Natalie no visse abaguna de arquivos no cho. Sem querer, esbarrou numa mesa,perdendo o equilbrio. Esticou os braos e agarrou a borda damesa, porm seus dedos roaram em alguma outra coisa. Um...tubo de ensaio?

Ian se virou e o segurou contra a luz.

Era um tubo de ensaio que Ian j tinha visto antes, compalavras estranhas escritas nele. Ian sabia que as palavras em si


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no importavam mais. Eram anagramas de instrues que AmyCahill havia seguido semanas atrs em Paris. Ela tinha arriscadoa vida para seguir aquelas instrues, pouco antes de Ian entrarem cena e roubar o tubo de ensaio de suas mos.

Ento aquique a me e o pai guardam o soro dos Lucian

disse Natalie, espiando por cima do ombro dele. No era dese imaginar que eles o colocassem em algum lugar mais seguro?Ian sacudiu o tubo de ensaio, que supostamente continha um

dos lquidos mais valiosos da face da Terra. Talvez o lquido maisvalioso, ponto final, j que o soro dos Janus tinha sido perdido eningum sabia o que havia acontecido com o soro dos Tomas, odos Ekat, ou o soro mestre original criado pelo prprio Gideon

Cahill mais de quinhentos anos atrs. Ian tinha quase certeza deque o soro mestre seria o prmio final na busca pelas pistas,lembrava de como fora em Paris, quando ele havia sentido tantoorgulho de ter finalmente se apoderado do soro dos Lucian.

Ele tinha sido to ignorante naquele momento.No importa o que vai acontecer com o tubo de ensaio

ele disse irm, virando o recipiente de cabea para baixo est vendo? Est vazio.

Natalie olhou para ele, perturbada.Ento eles beberam o soro ela sussurrou. Voc acha

que foi s a mame? Ou a mame e o papai?Quem se importa? Ian perguntou, rspido. Seja como

for, no guardaram nem um pouquinho pra gente. Isso no justo Natalie resmungou como de costume.

Mas deste vez era um resmungo em nome de lan. Foi voc

que achou o soro. Eles deviam pelo menos ter compartilhado comvoc.

Somos apenas empregados para eles respondeu lan. Serviais. Como... ele engoliu em seco ... como a Irina.

Captulo 5

Dan se sentiu enganado. Nellie e Amy o haviam convencido

de que ele tinha que ver Romeu e Julietaporque seria um bomlugar para procurar uma pista. sobre famlias em conflito Nellie tinha dito. Voc

no acha que isso tem a ver?


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Alm disso, as duas haviam garantido que a pea seriaemocionante.

Na poca de Shakespeare, o teatro no era visto comoalgo de alta classe, literrio ou coisa desse tipo Amycomentara, praticamente lendo as palavras direto da tela do

computador. Era feito para as pessoas comuns. Do mesmojeito que o outro grande tipo de entretenimento da Londreselisabetana: a briga de urso.

Como assim, briga de urso? Dan tinha perguntado.Amy havia tapado os ouvidos de Saladin com as mos antes

de responder. Oh, era horrvel ela tinha explicado. Eles

acorrentavam um urso e depois deixavam vrios outros bichos,geralmente cachorros, atacarem. Todo mundo ficava assistindopara ver se o urso matava os cachorros ou se os cachorrosmatavam o urso.

Parece aquele reality show de sobrevivncia na selva Nellie havia dito. Seu rosto tinha ficado sombrio. Ou esta buscapelas pistas.

Bom, enfim Amy havia continuado depressa. Temlutas de espada em Romeu e Julieta. Duas ou trs. Voc vaiadorar.

Ento agora Dan estava no Teatro Globe por uma eternidade,enlouquecendo de tdio. Tinha acontecido uma luta de espadas, verdade. Uma s. Mas Das tinha perdido a maior parte porqueestava se debruando sobre Amy para perguntar:

Pera... Eles esto brigando por qu? S porque um dos

caras virou pro outro e mordeu o polegar? O que isso tem deerrado?

Era um insulto terrvel na poca do Shakespeare Amytinha explicado.

Bom, ento... posso morder o polegar pra Isabel Kabra daprxima vez em que encontrar com ela?

Nesse instante a luta de espadas terminara. Desde ento, a

pea era praticamente s pessoas falando coisas melosas sobreo amor. Agora a menina, Julieta, estava de p num balco queficava suspenso acima do palco.


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Romeu, Romeu ela suspirou. Ah, por que s tuRomeu?

Dan cutucou Amy com o cotovelo:Qual o problema dessa menina? Como assim, por que

s tu Romeu? Ela no gosta do nome dele, isso?

Ela no pode ficar com Romeu porque ele da famlia rival. por isso que ela est sofrendo.Mas... Dan comeou a falar.Xiu censurou Amy. Quero ouvir isso.Ela se recostou na cadeira, com um olhar sonhador. Do lado

dela, Nellie parecia to absorta quanto Amy.Dan olhou em volta. Parecia que todas as outras pessoas no

teatro olhavam para Julieta com aquela mesma expresso patetaque Amy e Nellie tinham no rosto. Inclusive as pessoas queestavam de p no meio do teatro, onde no havia telhado,fazendo com que a chuva casse direto em suas cabeas.

Amy tinha dito que aquelas pessoas eram chamadasde groundlingse que no havia um telhado sobre a cabea delasporque o teatro pretendia ser historicamente preciso, o maisparecido possvel com os teatros da poca de Shakespeare.

Dan pensou que, se estivesse de p na chuva vendo umapea imbecil sobre o amor, no teria se incomodado com umapequena impreciso histrica para manter a cabea seca.

A ateno dele se desviou para ainda mais longe. Dan olhoupara o telhado do teatro, trs andares acima. Ele, Amy e Nellieestavam em assentos laterais, perto do palco, por isso ele tinhauma boa viso do telhado circular de palha que protegia todo

mundo que no era groundling. Amy lhe dissera que aquele era onico telhado de palha em Londres, s permitido porque elesusavam uma palha especial, resistente a chamas. O Teatro Globeoriginal tinha sido totalmente destrudo por um incndio.

Outro incndio, pensou Dan. Provavelmente iniciado porbrigas entre os Cahill, mesmo no sculo XVII.

O estmago de Dan revirou. Aquilo estava acontecendo com

ele desde a Jamaica, quando tinha assistido morte de umhomem inocente. Dan havia entrado em choque logo depois, mas


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desde ento fazia muito esforo para convencer Nellie e Amy deque tinha voltado ao normal.

Eu voltei, ele disse a si mesmo.A no ser quando pensava demais sobre Lester ou quando

lembrava de como a busca pelas pistas era perigosa. Ento seu

estmago revirava, sua viso ficava embaada, sua menteapagava, e ele no sabia direito se ia vomitar, desmaiar ouapenas comear a gritar, gritar, gritar...

Dan se forou para concentrar toda a ateno no telhado depalha. Talvez houvesse uma pista escondida l em cima e ele averia enquanto Nellie e Amy assistiam pea.

Uma mo apareceu no trecho do telhado para onde Dan

olhava.Ele pulou para trs e piscou com fora.Aquilo era uma alucinao? Estava imaginando Lester

estender a mo outra vez para fora da areia movedia?Ele se obrigou a olhar de novo. No era uma alucinao.

Havia uma mo agarrando o telhado de palha. Diante dos olhosde Dan, uma silhueta escura surgiu atrs da mo: algum estavase segurando e espiando por cima do topo daquela parte dotelhado, diretamente em frente ao palco.

Outras duas cabeas vestidas de preto apareceram ao lado daprimeira.

Dan puxou o brao de Amy. Lembrou-se de no agir como setivesse acabado de achar que estava delirando e vendo a mo deum defunto.

Voc no me avisou que ia ter ninjas! ele disse,

empolgado. Do que voc esta falando? No tem ninjas em Romeu e

Julieta! afirmou Amy.Claro que tem Dan insistiu. Olhe! Ele apontou para

a parte de trs do telhado. Quanto vai demorar at elesdescerem de rapel pro palco?

Amy tambm olhou para o telhado.

Oh, no ela gemeu.No breve instante em que Dan havia desviado o olhar, os trs

ninjas tinham comeado a vestir outras roupas por cima de seus


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trajes escuros. Era o mesmo tipo de roupa que as pessoas nopalco estavam usando: vestidos moda antiga para dois deles, ecalo e tnica para o terceiro. Depois os ninjas comearam acontornar o telhado seguindo o trecho mais alto, em direo parte que ficava sobre o palco.

O que eles esto procurando? Amy murmurou, pois elesandavam um pouco e enfiavam uma espcie de basto de testena palha do telhado.

Os ninjas em trajes elisabetanos passaram para um trecho dotelhado que Amy e Dan no conseguiam ver porque ficavapraticamente sobre a cabea deles. Amy surpreendeu Dan,mergulhando por cirna das pessoas sentadas na sua frente.

Com licena, licena, desculpa incomodar ela disse aodescer, enquanto as pessoas se assustavam resmungavam. SAmy era capaz de pedir desculpas no meio de um mergulhodaquele. Chegando ao cho, ela fez algo parecido com umacambalhota e caiu de p na seo dos groundlings.

Eles esto enfiando alguma coisa dentro da calha! elasussurrou de volta para Dan.

Dan olhou para Nellie que incrivelmente ainda olhava absortapara Romeu e Julieta no palco. Ento ele imitou o mergulho de

Amy e caiu no meio dos groundlings.Que calha? ele perguntou irm.Ela apontou. Um tubo descia do telhado pela lateral do palco,

pintado para se confundir com os diversos enfeites cnicosrebuscados. Dan pensou em dizer a Amy que aquele cano nofuncionaria de verdade como uma calha, porque era tampado no

topo. Porm os pseudoninjas tinham retirado a tampa e estavamenfiando uma espcie de corrente pelo tubo.

um desentupidor de canos Dan disse a Amy. Aquela coisa que voc usa pra desentupir...

Um papel enrolado caiu da sada do tubo.Amy se jogou para peg-lo.Isso nosso! o ninja de calo gritou para ela.

Azar seu! Dan gritou de volta. Agora nosso!As pessoas em volta dele viraram, olharam feio e fizeramxiu,

mas Dan no se importou. Ele rinha certeza de que o papel era


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outra dica. Era s nisso que conseguia pensar. Nem queria saberde que equipe eram os cinjas. Eles ainda estavam trs andaresacima, no telhado. Dan e Amy tinham todo o tempo do mundopara escapar.

Ento o ninja de calo puxou uma corda. Prendeu uma das

pontas no telhado e desceu escorregando, bem na direo deAmy e Dan. Dan olhou em volta, aflito. Nos assentos deles, Nellietinha parado de prestar ateno na pea e observava os dois. Seurosto estava plido e ela parecia preocupada, pois gesticulavafreneticamente.

Vo! Corram! ela gritou, apontando para a sada. Encontro vocs l fora.

Mas os espectadores ao redor de Amy e Dan avanaram nadireo do ninja na corda, furiosos, resmungando coisas comoNo pra acontecer isso na cena do balco!. Dan ficou presoentre a enorme barriga de um homem e o casaco encharcado deuma mulher. No conseguia nem mesmo enxergar Nellie. Amyagarrou o brao dele e puxou.

Por aqui! ela gritou.S havia um jeito de escapar: subir.Subir no palco.

* * *

Jonah tinha um assento ruim no Globe.Antes de a pea comear, para evitar pensar nos planos de

sua me, ele tinha mandado uma mensagem de celular para o

pai:

Ae Quase naum da pra ver palco pq tem 1 coluna no meioNunca deixe isso acontecer c/ fans no meu show

Mas sua me devia estar interceptando as mensagens do pai,pois foi ela quem respondeu:

vc no est a pra ver a pea


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O assento de Jonah ficava na seo acima da de Amy e Dan.Eles no podiam v-lo, mas ele conseguiria observar todos osseus movimentos quando os dois deixassem o lugar. E ento eleconseguiria...

No pense nisso, Jonah disse a si mesmo.

A pea comeou. Os atores cantaram, riram, brigaram. Jonahparou de pensar neles como atores. Quase conseguia acreditarque o que estava vendo era real. O prncipe da cidade apareceu edisse que qualquer um que comeasse outra briga seriacondenado morte.

Jonah comeou a suar.E ento no conseguiu ouvir mais nada, pois as palavras do

prncipe ecoavam em seus ouvidos: Se outra vez perturbardesnossas ruas,/ Pela paz rompida vs dareis as vidas./ Sob pena demorte, ide todos embora.

Dareis as vidas... Dareis as vidas... Sob pena de morte, ideembora...

Jonah no foi embora. Ficou ali sentado, inerte, at ver Amy eDan descerem pulando da seo deles e pegarem alguma coisado cho do teatro.

Ser que eu no posso simplesmente falar para minha meque eles estavam longe demais para eu atacar?, ele seperguntou.

A me dele no gostava de desculpas.Havia uma corda pendurada um pouco mais para o lado, perto

do lugar de Jonah. Ele no saberia dizer se a corda tinha estadoali o tempo todo ou no. Mas fechou os olhos com fora e pulou,

agarrando-a. Seu plano era apenas descer depressa, antes quealgum o visse. Porm a corda balanou para a frente. Empnico, ele a soltou.

E aterrissou no palco.Antes que tivesse tempo de decidir o que fazer, outra pessoa

caiu bem em cima dele algum que vestia uma tnica e calosobre uma roupa de ninja. Jonah nem se deu o trabalho de tentar

entender o que aquilo significava. Empurrou a pessoa e ficou dep.


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Parecendo confuso, o ninja agarrou a corda de novo ecomeou a correr na direo da escada que levava ao balco deJulieta. Jonah se virou e viu que Amy e Dan estavam subindo nopalco pela lateral. Eles congelaram quando viram Jonah.

Minha me achou que eles iam confiar em mim de novo, mas

no confiam, pensou Jonah com amargura. E agora estou nopalco, bem vista de todo mundo...Jonah olhou para a plateia. Em toda a sua vida, ele jamais

tinha sentido medo de aparecer em pblico: as plateias oacalmavam. Sentia que precisava de uma plateia naquelemomento, de seus fs, seus milhes e milhes de parceiros. Osaficionados por Romeu e Julieta no eram seu pblico habitual,

mas serviriam numa hora de aperto. Porm aquela plateia estavaagitada e nervosa, gritando: Sai do palco! e Para de estragarShakespeare!.

Aquela plateia tambm era muito menor comparada s queJonah estava acostumado. Ele conseguia distinguir as pessoas.Viu Alistair Oh avanando em direo ao centro do palco,derrubando pessoas com sua bengala. Notou Isabel, Ian e NatalieKabra os inescrupulosos Lucian, que sua me queria que eleimitassevindo da esquerda, abrindo caminho na multido. E eraclaro que os Holt tinham estado na mesma seo que Jonah, masem lugares mais altos. Eles desciam pelas vigas de madeira.

Todo mundo est aqui, pensou Jonah debilmente.Atrs dele, Julieta gritou.Jonah se virou. Ele gostou daquela distrao, achou bom ter

um pouco mais de tempo antes de precisar decidir qualquer coisa.

Viu Julieta pulando de cima do balco; ela tinha se jogado paraescapar do ninja que parecia confuso.

Me segura, seu tonto! Julieta gritou para Romeu.Romeu estendeu os braos e a apanhou meio sem jeito, mas

depois improvisou:Oh, cus! Quem sois, rapariga que irrompeis pela janela?

A plateia inteira exceto os buscadores de pistas, que

avanavam comeou a aplaudir e ovacionar. Jonah queriaaquele tipo de aclamao. Sempre quis aplausos: dos fs, dospais, at de seus parentes obcecados pela busca das pistas. Ele


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alternou o olhar entre Amy, Dan e a plateia, com todas as suasopes muito claras diante de si.

Por que tenho de escolher quem me ama?, ele pensou, aflito.E naquele momento, de uma hora para a outra, Jonah soube o

que precisava fazer.

Deu um passo frenteEssa pra voc, me ele sussurrou.

* * *

Amy! Por aqui! gritou Dan.Amy se libertou da paralisia que a dominava desde o instante

em que vira Jonah aterrissar no palco. Ela partiu em disparadaatrs de Dan, correndo at a parte frontal do palco, para onde ovento havia soprado a chuva. Ela escorregou na madeiramolhada.

Amy! Aqui embaixo! Eu te ajudo!Amy viu Alistair no meio da multido, acenando para ela. Ser

que podia confiar nele? Joga o papel pra mim! Eu guardo! Alistair gritou.

Depois voc pode segurar na minha mo... eu te ajudo a descer.Acho que no, Amy disse a si mesma. Se Alistair se importava

tanto com a segurana dela, por que tinha pedido o papelprimeiro?

Ela se afastou da frente do palco, virando a cabea para todosos lados, de olho em Alistar, em Jonah e nos pseudoninjas.

Alistair se aproximava cada vez mais do palco. O ninja tinha

amarrado a corda no balco para que as outras duas figurasfantasiadas pudessem descer atrs dele. Agora os trs ninjasestavam correndo na direo de Dan e Amy.

Amy correu ainda mais rpido.Se conseguirmos pelo menos chegar do outro lado do palco...Dan deve ter pensado a mesma coisa, pois tambm acelerou.

Estava bem na frente dela. Eles estavam quase chegando, quase

em segurana...Dan parou de repente.Que foi? Amy perguntou.


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O rosto de Dan agora tinha um tom doentio de verde. Ele psa mo na barriga. Cambaleou para trs e quase no conseguiuficar de p.

So os...? Amy comeou. Ento percebeu para ondeDan estava olhando. Para quemele estava olhando.

Os Kabra sussurrou Dan.Bem na beira do palco, justo onde Dan e Amy acharam queseria um lugar seguro, Isabel Kabra se erguia acima da multido.

Amy estava perto o bastante para ver que a mulher no estavaflutuando no ar. Usava as costas de seus prprios filhos, Ian eNatalie, como apoio.

Isabel estava de salto alto.

Isso deve doer, pensou Amy.Era mais fcil pensar em sapatos do que pensar em IsabelKabra e tudo o que ela tinha feito. Mas Amy no conseguiu contero horror.

Da ltima vez em que vimos Isabel cara a cara, o Lestermorreu, lembrou.

Isabel no tinha segurado a cabea dele embaixo da gua.Seus capangas que o haviam perseguido...

Amy olhou rapidamente por cima do ombro. De repente ficouainda mais preocupada com os ninjas em trajes exticos.

D esse papel pra ns! rosnou o ninja de calo a unspoucos passos de distncia.

Do outro lado de Amy, Isabel desceu das costas dos filhos episou no palco.

Ah, no. Acredito que estas sejam minhasvtimas

ronronou Isabel.Ento os ninjas no trabalhavam pura Isabel. Isso fez Amy se

sentir um pouquinho melhor. Agora ela conseguia pensar commais clareza. Amy enfiou o papel na mo de Dan e sussurrou noseu ouvido:

Vamos ter que nos separar para distra-los. Corra! Eu voupro outro lado. Eles vo me perseguir, e no a voc.

Mas Amy vislumbrou a expresso de sarcasmo de Isabel. Elapercebeu o que Amy tinha feito. E agora Amy e Dan estavam


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presos entre Isabel e os ninjas, com Alistair subindo no palco pelolado direito.

Se corrermos para a esquerda, se corrermos para osbastidores...

Nesse instante Jonah surgiu esquerda deles, acabando com

qualquer chance que tinham de escapar naquela direo.A disse Jonah.Estranhamente, ele parecia estar se dirigindo plateia inteira,

no s a Amy e Dan. Jonah passou um brao pelos ombros deDan.

Que jeito estranho de roubar o papel, pensou Amy. Ou... eleno tentaria estrangular Dan, tentaria? Aqui, na frente de todo

mundo?Havia um certo desespero no modo como Jonah se agarravaa Dan. At Isabel olhava para Jonah como se no entendessedireito o que ele estava prestes a fazer.

Amy agarrou o brao do irmo e o puxou para longe.A reclamou Jonah, virando-se na direo de Amy.

No. No isso. Eu estava pensando...O ninja de calo empurrou o peito de Jonah, que perdeu o

equilbrio. Ele agitou os braos, desesperado, derrubando umbarril, que rolou para cima de Isabel, derrubando-a do palco. Obarril continuou rolando, atingiu o cho e explodiu.

A plateia gritou e se dispersou, tentando se esquivar dosdestroos que voavam.

A, no isso... Jonah comeou a dizer, enquantotentava recuperar o equilbrio.

Os ninjas o empurraram de novo, derrubando-o para trs.Girando os braos, Jonah atingiu Alistair tambm. Os dois caramem cima da plateia enfurecida.

Amy agarrou abrao de Dan, pronta para fugir, porm osninjas misteriosos os cercaram.

Mas eles acabaram de ajudar a gente!, ela disse a simesma. Ser que so aliados?

Amy queria acreditar naquilo. H, obrigada por se livrar do Jonah e da Isabel, h...

Hamilton? ela chutou.


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Trajes elisabetanos de ninja no eram o estilo dos Holt e oninja de calo no era, nem de longe, grande o bastante para serHamilton. A voz tambm no parecia com a dele. Mas os Holteram os nicos na busca pelas pistas com duas meninas e ummenino.

No somos os idiotas dos Holt! o ninja rosnou. Elesesto ali!Amy olhou e viu todos os Holt vindo pelo lado oposto,

atravessando o palco. As meninas e Mary-Todd vestiamagasalhos cor-de-rosa brilhantes, que pareciam novos. Hamilton eseu pai usavam camisas do Manchester United. Com certezaeram eles os verdadeiros Holt.

Quem so eles? Hamilton gritou do outro lado do palco.Pra quem esto trabalhando?Amy pensou que talvez fosse melhor escapar do que ficar ali e

descobrir. Mas, nesse exato instante, o ninja de calo agarrouseu brao, puxando-a para longe do irmo. Os dois outros ninjasseguraram Dan.

Ento l estava Hamilton, agarrando o ninja de cala epuxando seu capuz.

Vou descobrir! gritou Hamilton.Ele segurou com fora, mesmo enquanto o ninja gritava No!

Pare! e tentava se soltar.Longos cabelos castanho-avermelhados se soltaram do capuz

do ninja. Amy ficou boquiaberta. J tinha lido a expresso seusolhos saltaram do rosto diversas vezes, mas nunca havia sentidoaquilo de forma to completa.

Sinead Starling? ela perguntou.

Captulo 6

Hamilton Holt soltou o menino (ops, menina) que tinhaacabado de desmascarar. Ele no era lerdo. Era s pr uma bolade rgbi ou um basto de hquei nas suas mos e as pessoascomeavam a usar palavras como gil e ligeiro para descrev-lo.

Na busca pelas pistas, ele havia descoberto que, sob presso,seu crebro tambm conseguia ser bastante gil e ligeiro.Esta no era uma dessas ocasies.


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Naquele instante, seus olhos e ouvidos lhe afirmavam que eletinha acabado de largar Sinead Starling, sua prima distante.Porm seu crebro no conseguia processar a informao.

No! ele protestou. Vocs, Starling... vocs esto forada corrida desde a Filadlfia. Desde o segundo dia. Aquela

exploso no Instituto Franklin... Era para vocs ficarem no hospitaldurante anos!Hamilton sentiu uma pontada de culpa. Os Holt haviam

deflagrado a exploso no Instituto Franklin. A famlia de Hamiltontinha causado os ferimentos nos trigmeos Starling. Mas s poracidente.

Porque na verdade estvamos tentando ferir Amy e Dan,

pensou Hamilton, amargurado. Ele balanou a cabea numatentativa de clarear a mente. Ningum sabe, ele disse a simesmo. Ningum sabe que fomos ns.

Sinead deu um sorrisinho arrogante para ele. Somos gnios, lembra? ela disse. Ted, Ned e eu,

deitados em nossos leitos de hospital, desenvolvemos novosprocedimentos mdicos para acelerar a cura. E... ela sorriu ns lemos sobre as pistas e recuperamos totalmente o tempoperdido. Eu diria at que provavelmente estamos na frente. Vocno diria, Ted?

Hamilton ainda tinha problemas para assimilar o fato deSinead ser a ninja de cala. Apertou os olhos para ver os outrosdois ninjas, que ainda vestiam mscaras escuras.

O Ted e o Ned so os caras de vestido? ele perguntou.No entendo.

Seu crebro de neandertal respondeu Sinead, revirandoos olhos. Hello?! um disfarce e uma homenagem.Obviamente voc no conhece Shakespeare.

Hamilton no conhecia. Mas a busca pelas pistas havia lheensinado muita coisa sobre perigo e agora podia senti-lo ao seuredor. Se ficasse ali ouvindo Sinead falar, Jonah subiria de voltaao palco e atacaria outra vez. Ou Isabel comearia a executar

algum plano diablico. Ou...Ou Dan seria levado embora.


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E isso j estava acontecendo. Enquanto falava, Sinead haviadado algum sinal para os irmos e eles estavam carregando Danpara o balco.

Socorro! gritou Dan. Amy! Hamilton! Algum! Deixa comigo! Hamilton berrou, correndo atrs deles.

Amy vinha logo ern seguida.Romeu bloqueou o caminho deles. Afastai-vos! exigiu o ator. Descei de nosso palco!

Deixai-nos concluir a

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