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Estudos técnicos do Behavior
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Unidade: Behaviorismo
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Unidade: Behaviorismo
O termo Behaviorismo foi inaugurado por John Broadus Watson (1878-
1958) em seu artigo intitulado Psicologia: como os behavioristas a veem.
Behavior termo do idioma ingls, que traduzido para a Lngua Portuguesa
significa comportamento. Assim sendo, no Brasil, outras denominaes do
Behaviorismo so: Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Anlise
Experimental do Comportamento, Anlise do Comportamento e Psicologia
Experimental: embora o termo Behaviorismo seja o mais utilizado (BOCK,
FURTADO e TEIXEIRA, 2005).
Ao tratar de Behaviorismo, dois pensadores merecem destaque: Watson
e Skinner. O primeiro, Watson, considerado o porta-voz da abordagem
Behaviorista. J Skinner considerado o principal autor dessa abordagem. A
distino do pensamento desses dois estudiosos se assemelha a distino da
abordagem entre o chamado Behavorismo Metodolgico e o Behaviorismo
Radical, sobre as quais trataremos adiante.
Antes de abordamos a distino entre Behaviorismo Metodolgico e
Behaviorismo Radical, importante compreendermos um pouco mais dos
propsitos dessa escola da psicologia.
O Behaviorismo surge na tentativa de conferir Psicologia status de
cincia, postulando para a mesma um objeto de estudo observvel,
mensurvel, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes
condies e sujeitos (BOCK, FURTADO e TEXEIRA, 2005, p. 45). Tal
tentativa se d como reao abordagem mentalista que vigorava na poca, a
qual estudava o homem com base em estados e eventos mentais, utilizando
especialmente a introspeco como mtodo de anlise.
Skinner define o Behaviorismo como uma filosofia e no como uma
cincia:
O Behaviorismo no a cincia do comportamento humano, mas, sim, a
filosofia dessa cincia. Algumas das questes que ele (o Behaviorismo)
prope so: possvel tal cincia? Pode ela explicar cada aspecto do
comportamento humano? Que mtodos pode empregar? So suas leis
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to vlidas quanto as da Fsica e da Biologia? Proporcionar ela uma
tecnologia e, em caso positivo, que papel desempenhar nos assuntos
humanos?... (SKINNER, 1982, p. 7).
A posio de Skinner ao definir o Behaviorismo como uma filosofia da
cincia e no como uma cincia importante medida que evidncia os
questionamentos que a abordagem faz, bem como que a busca pelo
conhecimento acerca do comportamento humano, no como algo pronto e
acabado, mas um conhecimento em transformao.
Para compreendermos mais desse questionamento e da evoluo dessa
filosofia da cincia, vale agora retomarmos a diferenciao entre Behaviorismo
Metodolgico e Behaviorismo Radical.
Behaviorismo Metodolgico
Como j dito, Watson foi o porta-voz do Behaviorismo, rogando ao
comportamento a posio de objeto de estudo da Psicologia e reagindo
abordagem mentalista que vigorava na poca, mas o que isso quer dizer mais
especificamente?
Inicialmente, vamos analisar afirmao de Staats:
... antes do aparecimento do Behaviorismo, o mtodo fundamental para a
Psicologia era o da introspeco. Por algum tempo os psiclogos
pensaram que a tarefa da psicologia era investigar os contedos, a
estrutura e o funcionamento da mente, realizando o sujeito um auto-
exame e relatando a sua experincia (...) o comportamento animal era
igualmente interpretado adotando-se o conceito de conscincia humana.
(STAATS, 1980, p. 97).
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A teoria Behaviorista surge numa poca em que as investigaes na
rea da Psicologia eram feitas por meio da introspeco, porm, os
Behavioristas Metodolgicos acreditavam que o auto-exame no era mtodo
suficiente para conferir Psicologia o carter de cincia. Ento, propem que
a Psicologia deve se ater apenas ao mundo objetivo, ao mundo real. Ou seja,
a cincia Psicologia deveria estudar o mundo fora do sujeito. Watson, assim
como os behavioristas da poca, no ignorava os sentimentos, a emoo e
nem a subjetividade, mas acreditava que esses aspectos no poderiam ser
concebidos como unidades de estudo da Psicologia.
Para os Behavioristas Metodolgicos, e da a origem do nome,
importava a metodologia de estudo. S era objeto de estudo da Psicologia o
que fosse possvel de ser investigado a partir de um mtodo fidedigno, rigoroso
e controlado, o restante no deveria ser envolvido nessa cincia. Por isso,
postulam que o objeto de estudo da psicologia era somente o comportamento
observvel.
O Behaviorismo Metodolgico ficou conhecido como Teoria S-R, o S
representando estmulo do ambiente (stimuli em ingls) e R a resposta do
organismo.
O Behaviorismo Metodolgico fundamenta-se nos experimentos de Ivan
Petrovich Pavlov (1849-1936), um fisiologista russo, que a partir de
experimentos com ces, teorizou um importante processo para a Psicologia: o
Condicionamento Clssico.
Ao estudar a saliva de ces, Pavlov percebeu que esses salivavam tanto
diante de estmulos, denominados por ele incondicionados, como por
estmulos, aos quais ele denominou condicionados. Analisemos um exemplo
de experimento de Pavlov.
Os ces salivavam quando lhes era apresentado o alimento, o que era
uma resposta esperada. Assim, dizemos que o alimento (estmulo) elicia, ou
provoca, a resposta salivar. Esse estmulo (comida) considerado um
estmulo incondicionado.
comida salivar
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(S) (R)
Pavlov associou o estmulo comida ao estmulo som de uma campainha,
ou seja, apresentava ao co o alimento e ao mesmo tempo o toque de uma
campainha. A resposta do co era de salivar. Essa associao, ou
pareamento, era repetida vrias vezes at que o toque da campainha, sem o
alimento, passava a eliciar a resposta de salivar.
som da campainha
(S)
salivar
(R)
O som da campainha, que era um estmulo neutro para a resposta de
salivar, passou a ser um estmulo condicionado.
Para ficar mais claro como esse processo se d, segue um exemplo
bastante comum: a fragrncia de um perfume. No raro ao sentirmos a
fragrncia de um perfume nos lembrar de uma pessoa, de uma poca ou de
um lugar. O perfume, que a princpio seria um estmulo neutro, ao ser
associado com uma pessoa, por exemplo, passa a ser um estmulo
condicionado e elicia a reposta de pensarmos nessa pessoa.
A esse processo se d o nome de Condicionamento Clssico ou
Respondente. Os Behavioristas Metodolgicos, especialmente Watson,
adaptaram esses conceitos ao estudo do comportamento humano,
reproduzindo experimentos principalmente com crianas.
Skinner iniciou seus estudos na Psicologia seguindo os caminhos de
Watson. Todavia, suas pesquisas o levaram a questionar o Behaviorismo
Metodolgico, propondo avanos para essa escola da Psicologia. Por esses
avanos, Skinner considerado, como j foi dito, o mais importante terico do
Behaviorismo.
Behaviorismo Radical
Como visto os defensores do Behaviorismo Metodolgico estavam
preocupados com o mtodo de estudo. Era considerado objeto de estudo da
Psicologia apenas o comportamento observvel.
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Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), defensor do Behaviorismo
Radical, prope que o objeto de estudo deve sim ser o comportamento dos
seres vivos, especialmente o homem. Todavia, ao usar o termo
comportamento, Skinner no se refere apenas aos comportamentos
observveis, mas tambm a eventos ditos encobertos, tais como: o
pensamento e a emoo; sentimentos acessveis ao prprio sujeito (MATOS e
TOMARANI, 2002).
O foco de Skinner no era a metodologia de estudo acerca do
comportamento, mas quais aspectos eram importantes para explicar o
comportamento humano.
Nas palavras do prprio Skinner vemos as distines entre as duas
abordagens e entre o prprio mentalismo:
O mentalismo, ao fornecer uma aparente explicao alternativa, mantinha
a ateno afastada dos acontecimentos externos antecedentes que
poderiam explicar o comportamento. O behaviorismo metodolgico fez
exatamente o contrrio: com haver-se exclusivamente com os
acontecimentos externos antecedentes, desviou a ateno da auto-
observao e do autoconhecimento. O behaviorista radical restabelece
um certo tipo de equilbrio. No insiste na verdade por consenso e pode,
por isso, considerar os acontecimentos ocorridos no mundo privado dentro
da pele. No considera tais acontecimentos inobservveis e no os
descarta como subjetivos. Simplesmente questiona a natureza do objeto
observado e a fidedignidade das observaes. (SKINNER, 1982, p. 19).
Para Skinner todos os eventos so passiveis de serem estudados, tanto
eventos observveis, como eventos encobertos. Todavia, Skinner ressalta a
necessidade de avaliar o controle do ambiente sobre nosso autoconhecimento,
ou seja, a maneira como reagimos e como explicamos nossos comportamentos
encobertos no est livre de influncia do ambiente em que somos criados.
Podemos dizer que sentimos medo, fome ou alegria; mas essas respostas nos
foram ensinadas; talvez o sentimento denominado alegria em um pas ocidental
seja diferente do sentimento com a mesma denominao em um pas oriental.
Skinner propem que o comportamento humano seja analisado
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considerando-se que o homem sofre influncias de contingncias filogenticas
(influncias do banco gentico das espcies), de contingncias ontogenticas
(influncia do repertrio comportamental do prprio indivduo) e de
contingncias culturais (influncias das prticas grupais de uma cultura ou
sociedade). A integrao destes trs nveis de influncia trouxe aos analistas
do comportamento a ferramenta para avaliar o sujeito como um todo, incluindo
os seus aspectos subjetivos como a conscincia e o autoconhecimento, por
exemplo (MATOS E TOMANARI, 2002).
Uma importante contribuio do trabalho de Skinner foi a teorizao do
comportamento, ao qual denominou: Operante.
Comportamento Respondente e Comportamento Operante
Assim como Watson, Skinner estudava o chamado Comportamento
Respondente, do qual tratamos inicialmente. Descascamos uma cebola e
choramos, somos expostos a uma luz muito forte e nossas pupilas contraem;
todos esses so exemplos de comportamentos respondentes ou reflexos. O
comportamento respondente um comportamento involuntrio, provocado pelo
ambiente.
A partir de seus estudos Skinner teoriza sobre o que chamou de
Comportamento Operante. O comportamento operante o comportamento
voluntrio. Comportamento operante inclui todas as reaes do organismo
que so voluntrias. Ler esse texto um comportamento operante. Ao ouvir a
ordem: - Levante o brao., voc pode decidir se ir ou no levantar o brao:
essa resposta no involuntria.
Uma das contribuies da incluso da noo de comportamento operante
no estudo acerca do comportamento humano a mudana na compreenso da
relao homem-ambiente.
Antes a relao do homem com o ambiente era tratada como uma relao
S-R. Um estmulo do ambiente elicia um comportamento do organismo. O
homem era visto como resultado do ambiente.
A partir da teorizao do comportamento operante a relao do homem
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com o ambiente passa a ser vista como uma interao. Skinner sintetiza a
relao do homem com o ambiente na seguinte frase: "Os homens agem sobre
o mundo e o modificam e, por sua vez, so modificados pelas consequncias
de sua ao." (Skinner, 1957, p.1)
Aqui vale uma ressalva: Skinner e, por consequncia o Behaviorismo,
ainda hoje recebe muitas crticas que no so pertinentes ao seu trabalho.
Muitos pensadores acreditam que Skinner no considerava o comportamento
encoberto como objeto de estudo do Behaviorismo e nem via o homem como
capaz de agir e reagir ao ambiente, considerando-o apenas como produto
desse ambiente. Tal equvoco se d muitas vezes pela m compreenso de
seu trabalho. Um dos motivos, at bem simples, que se lermos textos
produzidos por Skinner no incio de suas pesquisas, nos depararemos com um
modo de pensar, mas ao longo de sua carreira, Skinner foi desenvolvendo
novas formas de compreender o homem. Skinner no estava se
contradizendo, mas mostrando o progresso de seus estudos. No livro Sobre
o Behaviorismo, escrito em 1982, Skinner comenta um pouco sobre as crticas
ao Behaviorismo.
Mas retomemos ao Comportamento Operante.
Para Skinner o homem produto e produtor do ambiente. A relao do
homem com o ambiente representada do seguinte modo: R-S, sendo R
(Resposta) e S (Estmulo). O comportamento do organismo resulta num novo
estmulo.
Assim como existem dois tipos de comportamento: Respondente e
Operante; existem tambm dois tipos de condicionamento: Condicionamento
Clssico e Condicionamento Operante.
Do primeiro, Condicionamento Clssico, tratamos no tpico intitulado
Behaviorismo Metodolgico. Descoberto por Pavlov, o condicionamento
clssico, ou respondente, trata de um estmulo neutro que se torna estmulo
condicionado, provocando determinada resposta.
O Condicionamento Operante a base do trabalho de Skinner. o
processo pelo qual a resposta de um indivduo seguida por uma
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conseqncia (positiva ou negativa), e essa conseqncia nos ensina a repetir
a resposta ou diminuir sua consequncia. (BOLTON e WARWINK, 2005, p.
115).
Dentre os experimentos desenvolvidos por Skinner, alguns feitos com
ratinhos de laboratrio so muito comentados e repetidos at hoje nos cursos
de Psicologia.
Para a realizao de seus experimentos, Skinner desenvolveu diversos
equipamentos, dentre esses criou a Caixa de Skinner. Como pode ser visto na
Figura 1, a Caixa de Skinner uma caixa fechada, com uma porta em vidro na
frente. Na caixa h uma barra, a qual ao ser pressionada, inicia um
mecanismo que libera uma gota de gua ou uma pelota de alimento.
Figura 1 A Caixa de Skinner
(Fonte: http://www.insightltda.com.br/images/produtos/caixa_skinner_2.jpg)
Ao colocar um ratinho, com sede1, na Caixa de Skinner, espera-se que
esse pressione a barra e receba uma gotinha de gua. O procedimento inicial
a modelagem da resposta. Essa modelagem consiste em reforar
comportamentos que sejam prximos ao esperado. Assim, quando o ratinho
chegar prximo da barra, libera-se uma gotinha de gua, depois quando ele
cheirar a barra e assim sucessivamente at que ele pressione a barra.
De acordo com Whaley e Malott atravs do processo gradual, as
respostas que se assemelham cada vez mais ao comportamento terminal so,
sucessivamente, condicionada at que o prprio comportamento terminal seja
condicionado (1980, p. 96). 1 Antes de ser colocado na Caixa, os ratinhos ficam um perodo sem ingerir gua.
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Quando instaurada a resposta de pressionar a barra, o ratinho a
pressiona repetidas vezes em busca da gota de gua. Mas importante
ressaltar que o ratinho pressiona a barra porque recebe a gota de gua, que
lhe reforadora, uma vez que ele est com sede. Caso ao pressionar a barra
o ratinho fosse surpreendido com um leve choque, esse deixaria de pressionar
a barra.
Esse processo comum no nosso cotidiano. A todo instante
aprendemos novas formas de nos comportar. Mas aprendemos esses
comportamentos por meio de reforos que recebemos, sendo que esses
reforos podem ser positivos ou negativos.
Reforamento
Reforamento uma das formas de selecionar as consequncias de um
determinado comportamento. O reforamento pode ser por meio de um
reforo positivo ou de um reforo negativo.
O reforo positivo todo evento que aumenta a probabilidade futura de
uma resposta. O reforo negativo todo evento que aumenta a probabilidade
futura da resposta que o remove ou atenua.
Um exemplo de reforo positivo o que citamos anteriormente, o ratinho
na Caixa de Skinner. Quando o ratinho pressiona a barra na Caixa de Skinner
e recebe uma gota de gua, a gota de gua um reforo positivo ao ratinho e,
por isso, a probabilidade da resposta pressionar a barra aumenta.
Um exemplo de reforo negativo, pensando no ratinho, pode ser o
seguinte: imagine que o assoalho da Caixa de Skinner est liberando um leve
choque, ao pressionar a barra, o choque cessa. Pressionar a barra passa a
ser seguido por um reforo negativo, o qual elimina ou atenua o choque.
Reforo negativo no deve ser confundido com punio. A punio
um evento que diminui a probabilidade futura da resposta. Pensando
novamente no ratinho: ao pressionar a barra ele recebe um leve choque. Com
o tempo ele deixar de pressionar a barra, diminuindo esse comportamento.
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Esses conceitos so comumente usados na modificao do
comportamento humano. Quando queremos ensinar algo a uma criana,
usamos reforo positivo, negativo ou mesmo a punio. Mas no s com
crianas que o reforamento utilizado. Para evitar atrasos ou faltas, muitas
empresas estabelecem descontos nos salrios: esse no um exemplo de
punio? Ou ainda, comum o pagamento de bnus para aqueles
funcionrios que atingem determinada meta: isso no reforo positivo? Na
educao o reforamento tambm bastante utilizado, quer por meio de notas,
elogios ou castigos.
Usamos reforamento nos relacionamentos familiares, profissionais e
amorosos. Enfim, a todo o momento estamos reforando positiva ou
negativamente aqueles que nos cercam.
Todavia, o prprio Skinner enfatiza a eficcia do reforo positivo sobre a
punio. Aprendemos mais e mais rapidamente quando somos reforados
positivamente, do que quando recebemos algum tipo de castigo.
Outro conceito importante a ser abordado sobre reforamento o tipo de
reforo. Nem tudo o que pode ser reforador para uma pessoa, ser para
outra. A teoria behaviorista estabelece trs tipos de reforadores: reforo
primrio, reforo secundrio e reforo generalizado.
Reforo primrio, secundrio e generalizado
Os reforos primrios so eventos reforadores para toda a espcie,
dentre eles esto: alimento, gua e afeto. Os reforos secundrios adquiriram
a funo quando foram pareados com reforadores primrios. Um exemplo:
receber flores e se sentir querido. Nesse caso, as flores, que eram um evento
neutro para a resposta de afeto, ao serem pareadas com esse reforador
primrio, passam a ser um reforador secundrio para afeto tambm.
O terceiro tipo de reforo o generalizado. O reforo generalizado
aquele que foi pareado com muitos outros reforadores. O dinheiro um bom
exemplo de reforador generalizado, pois em nossa sociedade, ele pareado
com vrios reforadores primrios ou secundrios. Algo interessante sobre o
dinheiro que pouco provvel que haja saciao desse reforador.
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Podemos ficar empanturrados de tanto comer e no querer nem ver comida
pela frente. Nesse caso, a comida deixar, pelo menos por um perodo, de ser
reforadora. Mas, dificilmente voc encontrar algum empanturrado de
dinheiro que nem queira mais receb-lo.
Ainda sobre reforamento outros conceitos merecem destaque, so eles:
a esquiva e a fuga - que so dois processos decorrentes do reforo negativo - e
a extino.
Esquiva, Fuga e Extino
A esquiva o processo no qual um estmulo aversivo condicionado ou
incondicionado est separado por um intervalo de tempo aprecivel,
possibilitando ao individuo se comportar de modo a reduzir ou evitar esse
estmulo. Bock, Furtado e Teixeira (2005) do alguns exemplos: o raio
(primeiro estmulo) precede a trovoada (segundo estmulo); o som do
motorzinho usado pelo dentista precede a dor no dente (segundo estmulo);
assim, o primeiro estmulo permite ao indivduo evitar ou reduzir a magnitude
do segundo. Tapamos o ouvido para evitar o estouro dos troves ou
desviamos o rosto para evitar a broca do dentista.
Outro exemplo, bastante comum, quando temos que pedir algum favor
para uma pessoa. Quando percebemos que o semblante dela no est para
conversa (primeiro estmulo), tendemos a evitar fazer o pedido naquele
momento, nos poupando assim de uma resposta negativa (estmulo aversivo).
Na fuga o comportamento reforado o que termina com o estmulo
negativo. A diferena que na esquiva o estmulo negativo ainda no se
iniciou, temos um estmulo primeiro que sinaliza o estmulo aversivo, mas na
fuga no h esse estmulo que antecede o estmulo aversivo, ao contrrio, o
estmulo aversivo j est em andamento e fugimos dele.
Imaginemos que no percebemos o raio e quando nos demos conta a
trovoada j havia comeado e ai sim tapamos o ouvido. No percebemos que
aquela pessoa, a quem iramos pedir um favor, no estava boa para conversa,
e quando j estamos pedindo o favor, recebemos a resposta negativa e
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tentamos marcar outra data para falarmos sobre o assunto, fugindo assim da
situao.
Por fim, a extino o processo no qual a resposta deixa de ser
reforada abruptamente. Como conseqncia, tal resposta, com o tempo,
deixar de ser emitida. Um bom exemplo, citado por Bock, Furtado e Teixeira
(2005) quando algum a quem se est paquerando deixa de demonstrar
ateno, as investidas tendero a desaparecer.
evidente que o processo de extino ir variar de comportamento para
comportamento, isso a depender do reforador utilizado. Caso o reforador
no seja to poderoso, a extino do comportamento poder ser mais fcil,
mas se o reforador for importante para o indivduo ele continuar se
comportando durante um perodo maior de tempo, mesmo sem o reforo, at
que a extino se concretize.
Pensamos novamente no exemplo da paquera. Quanto maior for o
interesse do paquerador, mesmo que o alvo de sua paquera no lhe d
ateno, esse ir insistir por um longo perodo antes de desistir. O mesmo
acontece com uma criana que quer a ateno dos pais ou um doce em um
supermercado: a depender do valor desse reforador ela poder desistir
rapidamente ou insistir por um longo perodo antes que a resposta seja extinta.
Dois ltimos conceitos merecem ser tratados nesse texto sobre o
Behaviorismo, so conceitos que tratam do Controle de Estmulos.
Controle de Estmulos
Dois importantes processos merecem ser tratados, quando se aborda a
questo do controle dos estmulos que o ambiente exerce sobre ns, so eles:
a Discriminao e a Generalizao.
A discriminao acontece quando agimos de forma diferente perante um
estmulo que percebemos como diferente. O semforo um bom exemplo,
pois nos comportamos de forma diferente perante os trs estmulos que ele
emite, as cores: vermelha, amarela e verde. Aprendemos como nos comportar
perante cada um desses estmulos.
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Mas, nosso comportamento controlado por vrios outros estmulos.
Agimos de modo diferente quando estamos diante de um superior; quando
comparado ao modo como agimos com um colega de trabalho.
Comportamos-nos tambm de forma diferente quando estamos em nossa
casa, ou no trabalho, ou mesmo na escola, pois discriminamos que cada um
desses lugares requer um comportamento diferente.
Na generalizao, ao contrrio da discriminao, agimos de forma
parecida perante estmulos que percebemos como parecidos. Ou seja, agimos
de forma igual perante todos os superiores da empresa, mesmo que esses no
sejam meu chefe, pois generalizamos que so estmulos semelhantes: todos
superiores hierarquicamente a mim.
Conforme ressalta Bock, Teixeira e Furtado (2005) o principio da
generalizao fundamental para a aprendizagem.
Podemos transferir conhecimentos para as diferentes situaes. E isso
acontece no trabalho, na escola e nas relaes sociais.
Enfim, o Behaviorismo uma importante escola da Psicologia e seus
conhecimentos so empregados no nosso cotidiano, nos possibilitando
analisar, reforar e mesmo modificar nossos comportamentos.
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Esquema - Behaviorismo
Ivan P. Pavlov
(http://data.psych.ude
l.edu/psychologyclub/
Influential%20People/
Pavlov.jpg)
Demonstra como so criadas
respostas condicionada,
desenvolvendo o que chamou
de Condicionamento Clssico
ou Respondente
John B. Watson
(http://www.klicked
ucacao.com.br/Kli
ck_Portal/Enciclop
edia/images/Ps/11
532/4072.jpg)
Defensor do Behaviorismo Metodolgico.
Fez adaptao dos conceitos do Condicionamento
Clssico ao estudo do comportamento humano,
estudando o Comportamento Respondente.
B. F. Skinner
(http://antigo.revist
aescola.abril.com.
br/img/especial-
022/gdepens_101.
jpg)
Inicia seus estudos a partir do conceito de
Comportamento Respondente, mas tem como maior
contribuio a teorizao do Comportamento
Operante. Defende, posteriormente, o
Behaviorismo Radical.
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Referncias
BOCK, Ana Mercs Bahia; FURTADO, Odair; e TEIXEIRA, Maria de Lourdes
Trassi. Psicologias: uma introduo ao estudo de psicologia. 13 Ed. So
Paulo: Saraiva, 2005.
BOLTON, Lesley e WARWICK, Lynda L. O livro completo da Psicologia:
explore a psique humana e entenda o porque fazemos as coisas que
fazemos. So Paulo: Madras, 2005.
MATOS, M. A. e TOMANARI, G. Y. A anlise do comportamento no
laboratrio didtico. So Paulo: Manole, 2002.
SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. Traduo Maria da Penha Villalobos.
So Paulo: Cultrix, 1982.
____. Comportamento Verbal. So Paulo: Cultrix, 1957.
STAATS, A. W. Behaviorismo social: uma cincia do homem com liberdade e
dignidade. In: Arquivos brasileiros de psicologia 32(4): 97-116. 1980.
WHALEY, Donald. L. e MALOTT, Richard W. Princpios elementares do
comportamento. So Paulo: EPU, 1980.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Mais informaes acerca do tema Behaviorismo podem ser encontradas nos
textos abaixo.
BOCK, Ana Mercs Bahia; FURTADO, Odair; e TEIXEIRA, Maria de Lourdes
Trassi. Psicologias: uma introduo ao estudo de psicologia. 13 Ed. So
Paulo: Saraiva, 2005, captulo 3.
SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. Traduo Maria da Penha Villalobos.
So Paulo: Cultrix, 1982.
MORAIS, Mcio. Aprendendo a aprender. Disponvel on-line em:
http://www.webartigos.com/articles/2396/1//pagina1.html
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Alm dos textos, voc tambm pode complementar seus conhecimentos,
assistindo alguns vdeos sobre o assunto:
BEHAVIORISMO Aplicaes. Disponvel on-line em:
http://www.youtube.com/watch?v=JOQG9T_eNd8
DAVIDSON FILMS. B. F. Skinner. Disponvel on-line em:
http://www.youtube.com/watch?v=pUeLzfP8tCA&feature=related
O CO de Pavlov. Disponvel on-line em:
http://www.youtube.com/watch?v=YhYZJL-Ni7U
MOREIRA, Mrcio Borges. Condicionamento de um rato (pressionar a
barra). Disponvel on-line em: http://www.youtube.com/watch?v=--VoFnc7z-
Y&feature=related
18
Responsvel pelo Contedo:
Prof Ms Gisele Fernandes
Reviso Textual:
Prof. Esp. Sandra Regina Fonseca Moreira
www.cruzeirodosul.edu.br
Campus Liberdade
Rua Galvo Bueno, 868
01506-000
So Paulo SP Brasil
Tel: (55 11) 3385-3000