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Sempre nossa, onde for. FORTISSIMO agosto Nº 7 / 2014

Temporada 2014 | Agosto

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BEETHOVEN | As Ruínas de Atenas, op. 113: Abertura MOZART | Concerto para violino nº 3 em Sol maior, K. 216 TIPPETT | Sinfonia nº 2 MENDELSSOHN | A gruta de Fingal, op. 26 SAINT-SAËNS | Concerto para violoncelo nº 1 em lá menor, op. 33 RESPIGHI | Adagio com variações para violoncelo e orquestra BRITTEN | Peter Grimes: Quatro Interlúdios Marítimos, op. 33a RACHMANINOFF | A Ilha dos Mortos, op. 29 MARGUTTI | Identidades CHOPIN | Concerto para piano nº 2 em fá menor, op. 21 SHOSTAKOVICH | Sinfonia nº 15 em Lá maior, op. 141

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Celso Antunes, regente convidadoLuíz Filíp, violino

BEETHOVEN As Ruínas de Atenas, op. 113: Abertura

MOZART Concerto para violino nº 3 em Sol maior, K. 216

TIPPETT Sinfonia nº 2

Mei-Ann Chen, regente convidadaUmberto Clerici, violoncelo

MENDELSSOHN A gruta de Fingal, op. 26

SAINT-SAËNS Concerto para violoncelo nº 1 em lá menor, op. 33

RESPIGHI Adagio com variações para violoncelo e orquestra BRITTEN Peter Grimes: Quatro Interlúdios Marítimos, op. 33a RACHMANINOFF A Ilha dos Mortos, op. 29

Fabio Mechetti, regenteNelson Freire, piano

MARGUTTI Identidades

CHOPIN Concerto para piano nº 2 em fá menor, op. 21 SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 15 em Lá maior, op. 141

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SUMÁRIO

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Depois de intenso mês em que celebramos os 150 anos de Richard Strauss, voltamos nossa atenção a uma série de grandes convidados que dividirão seus talentos com nossa Orquestra nos próximos concertos.

Primeiramente, teremos o retorno do violinista brasileiro Luíz Filíp, membro da Filarmônica de Berlim, que executará um dos mais belos concertos de Mozart escritos para o instrumento. Outro músico brasileiro importante que faz sua estreia com a Filarmônica participa deste programa. Trata-se do regente Celso Antunes, que trará a BH a primeira apresentação da Sinfonia nº 2 de Michael Tippett.

Já no segundo programa do mês receberemos a visita da maestrina Mei-Ann Chen, dirigindo um programa diversificado com obras que vão desde a simplicidade lírica de Mendelssohn à dramaticidade de Britten e Rachmaninoff. O violoncelista italiano Umberto Clerici será o solista deste programa, apresentando o famoso concerto de Saint-Saëns e o belo Adagio com variações de Respighi.

No último programa do mês seremos agraciados mais uma vez com a presença de Nelson Freire, compartindo com nosso público um de seus compositores favoritos, Chopin, através de seu Concerto nº 2 para piano e orquestra. Nesta mesma oportunidade a Filarmônica estreia obra do mineiro Leonardo Margutti, produto do Festival Tinta Fresca, encomendada para esta temporada de concertos.

Como podem ver, as atividades continuam, trazendo ao nosso público o que há de melhor no mundo da música sinfônica internacional.

Agradeço a presença de todos e desejo um excelente concerto.

CAROS AMIGOS E AMIGAS,

D I R E T O R A R T Í S T I C O E R E G E N T E T I T U L A R

Fabio Mechetti

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FABIO MECHETTIDiretor Art íst ico e Regente Titular

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho, recebeu o XII Prêmio Carlos Gomes/2009 na categoria Melhor Regente brasileiro. Muito recentemente, foi convidado a levar ao Oriente o seu talento e capacidade de solidificar orquestras, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Syracuse, Orquestra Sinfônica de Spokane e da Orquestra Sinfônica de Jacksonville, sendo, agora, Regente Emérito destas últimas duas.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da Orquestra Sinfônica de San Diego foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester, Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais de verão nos Estados Unidos, entre eles os de Grant Park em Chicago e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México, Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu as Orquestras Sinfônicas de Tóquio, Sapporo e Hiroshima. Regeu também a Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia, a Filarmônica de Auckland, Nova Zelândia, a Orquestra Sinfônica de Quebec, Canadá, e a Filarmônica de Tampere, na Finlândia.

Vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko, na Dinamarca, Mechetti dirige regularmente na Escandinávia,

particularmente a Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a de Helsingborg, Suécia. Recentemente, estreou na Itália conduzindo a Orquestra Sinfônica de Roma. Em 2014 voltará ao Peru, desta vez regendo a Orquestra Nacional do Peru, e à Espanha, onde se apresenta pela primeira vez com a Orquestra da RTV Espanhola.

No Brasil foi convidado a dirigir a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia de Larrocha, Thomas Hampson,

Frederica von Stade, Arnaldo Cohen, Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil Shaham, Midori, Evelyn Glennie, Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente de ópera, estreou nos Estados Unidos dirigindo a Ópera de Washington. No seu repertório destacam-se produções de Tosca, Turandot, Carmen, Don Giovanni, Cosi fan Tutte, Bohème, Butterfly, Barbeiro de Sevilha, La Traviata e As Alegres Comadres de Windsor.

Fabio Mechetti recebeu títulos de Mestrado em Regência e em Composição pela prestigiosa Juilliard School de Nova York.

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Ludwig van BETHOVEN As Ruínas de Atenas, op. 113: Abertura [6 min]

Wolfgang Amadeus MOZART Concerto para violino nº 3 em Sol maior, K. 216 [24 min] Allegro

Adagio

Rondeau: Allegro

luíz filíp, violino

— i n t erva lo —

Michael TIPPETT Sinfonia nº 2 [36 min] Allegro vigoroso

Adagio molto e tranquillo

Presto veloce

Allegro moderato

primeira audição em belo horizonte.

Celso Antunes, regente convidadoLuíz Filíp, violino

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Grande Teatro do Palácio das Artes

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terça, 20h30

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CELSOANTUNES

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Energia, carisma, atenção aos detalhes e interpretação estilisticamente atualizada são alguns dos atributos de Celso Antunes como regente. A Osesp o nomeou maestro associado por cinco anos, a partir de 2012. A cada temporada, ele realiza pelo menos dois programas diferentes com a orquestra e um programa com o coral. Antunes também é maestro principal da Camerata Fukuda e professor de Regência Coral na Haute École de Musique de Genebra, Suíça.

Nascido em 1959, em São Paulo, Celso Antunes estudou regência na Musikhochschule Köln, na Alemanha. Foi maestro principal da Neues Rheinisches Kammerorchester em Colônia e do conjunto belga de música contemporânea Champ d’Action. Como diretor artístico e maestro principal do National Chamber

Choir of Ireland, teve forte influência sobre o desenvolvimento do grupo. O Irish Times lamentou sua saída dizendo: “(...) este período terá que ser visto no futuro como uma era de ouro para o canto de coral profissional na Irlanda”. Antunes foi também maestro principal do Coro da Rádio da Holanda Groot Omroepkoor.

Flexibilidade é a chave para a sua expertise em condução, que abrange um vasto repertório contemplando a música coral a partir do Renascimento, por meio de obras orquestrais dos séculos XVIII e XIX, à música contemporânea, da qual é um defensor dedicado. Essa defesa levou-o à direção de vários grupos de música contemporânea de renome, como o Nieuw Ensemble, o Ensemble Modern e o Tippett Ensemble (do qual é diretor musical). Antunes conduziu muitas estreias mundiais, incluindo obras

de Michael Tippett, Wolfgang Rihm, Jonathan Harvey, Hans Zender, Brice Pauset, Unsuk Chin e Lera Auerbach.

Celso Antunes atua regularmente como regente convidado de importantes orquestras, como a Netherlands Radio Orkest Filharmonisch e Netherlands Radio Kamer Filharmonie, a NDR Radiophilharmonie, Deutsche Staatsphilharmonie Rheinland Pfalz, RSO Stuttgart, Manchester Camerata, Filarmônica de Bruxelas, Orquestra de Ulster e Sinfônica Nacional da Irlanda. Por muitos anos tem sido ativo no cenário europeu de concertos, com presença nos mais importantes festivais. Também trabalha com alguns dos principais coros da Europa.

Em 2010, Antunes gravou um CD com a NDR Radiophilharmonie, contendo obras de Joaquin

Turina (Hänssler Classic), álbum nomeado para o Grammy Award de 2010. Também gravou Sun Dogs por James MacMillan com o Coro da Rádio Holandesa (BIS Records), trabalho pré-selecionado para o Prêmio Gramophone de Música Clássica em 2012. Outras gravações foram feitas com as orquestras NDR Radiophilharmonie Netherlands, Radio Filharmonisch Orkest e Netherlands Radio Kamer Filharmonie.

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LUÍZ FILÍP

Luíz Filíp, natural de São Paulo, reside na Alemanha desde 2001 e apresenta-se regularmente em cidades como Berlim, Roma, Tóquio, Tel Aviv e Paris, onde fez seu début na série de concertos do Auditorium do Museu do Louvre.

Filíp é membro da Orquestra Filarmônica de Berlim e do Berlin Ensemble, grupo de câmara da Filarmônica de Berlim.

Entre seus parceiros de música de câmara figuram Guy Braunstein, Dashin Kashimoto, François Leleux, Gilbert Audin, Amihai Grosz e Wilfried Strehle. Participou de vários festivais de música de câmara, entre os quais o Festival Rolandseck e o Festival Aix-en-Provence. Foi membro da Academia da Filarmônica de Berlim, ocasião em que trabalhou

sob a batuta dos mais importantes regentes da atualidade. Em reconhecimento ao seu trabalho, foi convidado pelo governo alemão, em 2009, a se apresentar no Palácio Bellevue, no encerramento da visita oficial do presidente do Brasil, Luiz Ignácio Lula da Silva, à Alemanha.

Em CD dedicado à música de J. S. Bach, gravado ao vivo na Philharmonie, com a Academia da Filarmônica de Berlim, Luíz Filíp atuou como solista do concerto BWV 1043, sob a direção do regente de música antiga Reinhard Goebel. Gravou um DVD com os três concertos para violino e orquestra do compositor Camargo Guarnieri com a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo, sob a regência de Lutero Rodrigues, projeto patrocinado pela Petrobras. Gravou ainda, na

Alemanha, um CD com obras do compositor Edmundo Villani Cortes com o pianista Paul Rivinius.

No Brasil, Luíz Filíp recebeu diversos prêmios em concursos nacionais. Na Europa, foi premiado no 37º Concurso Internacional Tibor Varga, na Suíça, no I Concurso Internacional Henry Marteau, na Alemanha, e recebeu o primeiro prêmio no Concurso Gerhard Taschner, em Berlim.

Luíz Filíp iniciou seus estudos de violino aos quatro anos de idade na Escola Fukuda de São Paulo, tendo aulas com a violinista Elisa Fukuda até os dezesseis anos. Nessa ocasião, transferiu-se para a Alemanha com bolsa de estudos oferecida pelo 32º Festival de Inverno de Campos do Jordão e, mais tarde, com bolsa de estudos

oferecida pela Fundação Vitae. Estudou na Hochschule Hanns Eisler e na UdK-Berlin, com Guy Braunstein, concluindo a sua pós-graduação com distinção. Aperfeiçoou-se ainda na Universidade de Música Pitea, Suécia, com Zakhar Bron.

Luíz Filíp toca num violino Lorenzo Storioni de 1774 pertencente ao governo alemão e oferecido pela Deutsche Stiftung Musikleben de Hamburgo.

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A música de cena escrita por Beethoven se distribui em quatro estilos: ópera; música para balé; música incidental – feita para peças teatrais, análoga ao conceito cinematográfico de trilha sonora; e música de circunstância – composta para determinados eventos, como coroações e aniversários. As Ruínas de Atenas não é uma ópera, pois seus diálogos são falados, como no singspiel alemão, e suas dimensões são pequenas para o gênero. No entanto, pode ser considerada tanto música incidental – por ter sido composta especialmente para uma peça teatral – quanto música de circunstância – pois serviu para a inauguração do novo Teatro Imperial Húngaro de Pest, hoje Budapeste. Preocupado com a

derrota nas Guerras Napoleônicas e visando conter movimentos nacionalistas na Hungria, o imperador Francisco I da Áustria encomendou a construção de um teatro. Em 1811, contratou o dramaturgo alemão August von Kotzebue e o compositor Ludwig van Beethoven para planejarem o festival solene da inauguração, que ocorreu em 1812. Duas importantes obras foram escritas: um prólogo, Rei Estêvão – baseado na vida do primeiro rei daquele país – e um epílogo, As Ruínas de Atenas – da qual faz parte a famosa Marcha alla Turca. Compostas de aberturas, marchas, árias, narrações e coros, ambas abordam temas históricos sobre as lutas de um povo por sua independência, além de servirem claramente a um exaltado panegírico do imperador.

A peça As Ruínas de Atenas, construída sobre uma ficta mitologia grega, glorifica Pest a expensas de Atenas. O libreto conta a história da deusa Minerva, que, condenada por Júpiter a dormir um sono de dois mil anos, é acordada por Mercúrio. Ao despertar, a deusa das artes encontra o Parthenon destruído e ocupado pelos turcos. Escutando a conversa de um casal grego, que lamenta a miséria de seu povo e a perda de sua capital, Minerva, desolada, busca refúgio em Pest, sabendo que lá estão as musas Tália e Melpômene – conhecidas por formarem o dualismo alegórico das máscaras alegre/triste, ícones das artes dramáticas. Em Pest, a humanidade celebrava a arte, por servir ao enobrecimento dos mortais, abrindo-lhes a mente e sensibilizando os corações. Lá, desfilando num cortejo triunfal, as musas são enaltecidas e, entre elas, por vontade de Júpiter, é colocado o busto do imperador.

Beethoven, que havia escrito a música para o drama trágico Egmont, de Goethe, em 1810,

reforçou com As Ruínas de Atenas seu gosto por literatura: seu interesse raramente era voltado a algo que não fosse música. Ele apreciava os grandes poetas, dramaturgos e filósofos de seu tempo e admirava profundamente Goethe, Schiller e Schelling. Em carta para Kotzebue, confessou “desejar ardentemente” que o escritor lhe escrevesse um libreto de ópera: “prefiro um grande tema emprestado da história e especialmente das eras mais obscuras”. A Abertura de As Ruínas de Atenas foi publicada em 1823, em Viena, porém, a versão completa foi impressa somente após a morte de Beethoven, em 1846.

Para ouvir CD Beethoven – Obras para orquestra: música de cena – Orquestra Filarmônica de Berlim – Bernhard Klee, regente – Deutsche Grammophon, Alemanha – 1997 (3º volume da edição completa de Beethoven)

Para ler Jean e Brigitte Massin – Ludwig van Beethoven: história das suas obras – Editorial Estampa – 1972

marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

LUDWIG VAN BEETHOVEN (Alemanha , 1770 – Áustria , 1827)

As Ruínas de Atenas, op. 113: Abertura (1811)

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Se há compositores que foram decisivos para mudar o curso da História da Música, este não é o caso de Wolfgang Amadeus Mozart. Coloquemo-lo ao lado de seus contemporâneos da Primeira Escola de Viena: Joseph Haydn foi fundamental para sedimentar e cristalizar certos procedimentos formais, certas sonoridades e certas linguagens instrumentais que, vindas de uma herança rococó, assumem, com ele, feições definitivamente clássicas. Beethoven foi o grande questionador desses paradigmas e, com isso, o grande inaugurador, ao menos ideologicamente, do Romantismo na música. Mozart, por sua vez, contentou-se com dominar e empregar (magistralmente, em ambos os casos) as técnicas e linguagens já estabelecidas. Se em certo sentido vê-se uma espécie de

engajamento ideológico em Haydn e em Beethoven, isso em absoluto poderia ser percebido na música de Mozart, cuja ambição maior é estar justamente isenta de qualquer ideologia: ela quer puramente significar a si própria.

Nesse aspecto poder-se-ia dizer, sem maiores reservas, que, na música, Mozart é a encarnação do século XVIII e é por sua abstração que incita às reflexões mais elevadas. No entanto, parece não haver paradoxo maior do que entre a música de Mozart e a figura humana que a produziu. Sua personagem histórica revela uma mente pouco erudita, nada especulativa, e uma personalidade completamente submetida, até o fim, à figura do pai. Que se deixe à Psicanálise a tarefa de resolver esse paradoxo. Sua

música, mais que qualquer outra, fala por si só. Se nos é permitida a audácia, diríamos que ela se explica pelo segundo nome com que o compositor foi batizado: Theophilus.

A obra de Mozart é prodigiosamente pródiga, se considerarmos os seus apenas trinta e cinco anos de vida! O principal de sua obra são sem dúvida suas óperas e suas missas. Sua obra instrumental sabe o mais das vezes à música vocal a que sempre se dedicou. Esse modelo transparece nos cinco concertos para violino de Mozart, de 1775, quando o compositor residia ainda em Salzburgo, onde ocupava o posto de mestre de concertos da Corte Arquiepiscopal, a cujos eventos dedicavam-se provavelmente essas obras. Mozart não se mostra, no entanto, alheio às possibilidades do violino e, sem grandes arroubos de virtuosidade, sabe explorar, nesses concertos, a sua linguagem.

O luminoso Concerto em Sol maior, terceiro dos cinco, não traz maiores

novidades formais ou melódicas. Trata-se de um concerto bem ao gosto do modelo clássico, com três movimentos bastante distintos: o primeiro em forma sonata; o segundo, um adágio de modelo nitidamente vocal; e o terceiro, um rondó final. É de se notar o diálogo que o violino trava com o oboé no primeiro movimento. E igualmente notável é o final do último movimento, que, ao invés de brilhante, opta por ser, por assim dizer, delicado, o que lhe reforça o caráter de dança. Impossível comentar mais o que uma música tão sólida já diz por conta própria, como tudo em Mozart...

Para ouvir CD Mozart – The violin concertos – Orquestra Sinfônica de Londres – Sir Colin Davis, regente – Arthur Grumiaux, violino – Philips – s/d

Para assistir Orquestra Filarmônica de Berlim Bernard Haitink, regente – Frank Peter Zimmermann, violino | Acesse: fil.mg/mviolino3a (movimento 1)fil.mg/mviolino3b (movimentos 2 e 3)

Para ler Cliff Eisen (org.) – Wolfgang Amadeus Mozart: a life in letters – Versão inglesa de Stewart Spencer – Penguin Classics – 2007

moacyr laterza filho | Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 trompas, cordas.

WOLFGANG AMADEUS MOZART (Áustria , 1756 – 1791)

Concerto para violino nº 3 em Sol maior, K. 216 (1775)

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Após um longo hiato de duzentos e cinquenta anos, a Inglaterra conheceu dois artistas nacionais dispostos a escreverem óperas e sinfonias: Benjamim Britten e Michael Tippett. Desde a ópera Dido e Eneias, do compositor barroco Henry Purcell, quase nenhum outro compositor inglês se atrevera a invadir o palco dominado pelas produções operísticas italianas, francesas e alemãs. De maneira geral, a música sinfônica inglesa ganhou fôlego somente na primeira metade do século XX – com Edward Elgar e seus seguidores Gustav Holst e Vaughan Williams – e se consagrou nos gênios rebeldes de Benjamin Britten e Michael Tippett.

Curiosamente, Britten e Tippett compartilham de muitas

semelhanças históricas: ambos passaram a infância no condado rural de Suffolk, impregnando-se de uma paisagem de horizontes verdes e ondulados, e, durante a juventude, estudaram no Royal College of Music, em Londres. Outra característica, mais íntima, porém marcante em suas carreiras, foi a homossexualidade. Se Britten compôs várias obras vocais para seu parceiro Peter Pears, Tippett, em 1939, após uma crise amorosa, deu início a uma intensa análise junguiana que refletiu em suas obras. Logo, as teorias psicológicas de Jung uniram-se às suas crenças espiritualistas – no entanto agnósticas – e às suas inclinações socialistas, criando um universo de ideias refletidas na expressão individual de sua linguagem musical. Tippett considerava a

vida como um processo infinito de desvelamentos dos aspectos claros e escuros da personalidade. Para tornar-se inteiro, deveria tomar consciência da natureza dividida de sua psique e reconciliá-la com o todo. Essa visão de mundo ecoa em sua primeira ópera, The Midsummer Marriage, uma espécie de A Flauta Mágica moderna, baseada na história de um casal de noivos e sua jornada para o autoconhecimento.

Quando terminava The Midsummer Marriage, em 1952, Tippett teve o insight para a concepção de sua Sinfonia nº 2, a qual concluiria somente cinco anos depois, em novembro de 1957. Escutando a gravação de um concerto de Vivaldi, viu-se mergulhado nos sons de um dó grave sendo obstinadamente repetido pelos violoncelos e contrabaixos: “aquela nota dó, martelada ao ouvido, assumiu um tipo de qualidade arquetípica que se pronunciava, e eu pensei: daqui devo começar”. A esse característico acompanhamento barroco Tippett fundiu seu próprio mundo, ampliando a textura sonora com a utilização do piano, da percussão e dos metais. Ele também buscou dilatar a estrutura

harmônica, montando acordes a partir do empilhamento de intervalos de quinta.

Tippett, enquanto compunha outras obras, preparou sistematicamente a estrutura de sua Sinfonia nº 2 e iniciou a obra somente quando estava certo das formas de cada movimento. Para cada um deles esquematizou também quatro diferentes ambientes emocionais: “alegria, ternura, travessura e fantasia”. O enérgico Allegro vigoroso foi projetado nos moldes de um allegro di sonata, ou seja, uma usual forma sinfônica, caracterizada pelo desenvolvimento e reexposição do material inicial. O lirismo meditativo do Adagio molto e tranquillo, construído sobre a forma canção, e o bem-humorado scherzo sinfônico, Presto veloce, dão à obra uma relativa aproximação com a linguagem tradicional. O último movimento, Allegro moderato, é uma

Para ouvir CD Michael Tippett – Sinfonias nº 2 e nº 4 – Orquestra Sinfônica da BBC – Michael Tippett, regente – Selo NMC – Série Archive – 1995

Para ler John Burrows (org.) – Música Clássica – Tradução de André Telles – 3ª ed. – Jorge Zahar Editor – 2008

Instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, piano, celesta e cordas.

MICHAEL TIPPETT (Inglaterra , 1905 – 1998)

Sinfonia nº 2 (1956/1957)

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complexa fantasia em quatro partes interligadas, mas sem relação temática entre si. No final da última parte, o obstinado dó grave do primeiro movimento retorna e dá à obra o sentido de continuidade cíclica. Segundo Tippett, “quando o dó grave reaparece no final da sinfonia, temos a sensação de satisfação, de trabalho concluído”. Na partitura, anotou a seguinte indicação para o último acorde: “deixar vibrar no ar”.

A Sinfonia nº 2 foi estreada em fevereiro de 1958 pela Orquestra Sinfônica da Rádio da BBC de Londres, sob a batuta de Sir Adrian Boult. Era o concerto em comemoração aos dez anos do 3º Programa – programa radiofônico da BBC destinado à difusão da música sinfônica –, para o qual a obra fora encomendada. Tippett, que sempre trabalhava meditativamente, entregou a obra com um ano de atraso. Sir Adrian

Boult, um maestro experiente, era, porém, conservador e inadequado para o trabalho. A estreia foi, notoriamente, um desastre: após alguns minutos, a flauta entrou um compasso antes, e as madeiras, um compasso depois. O maestro interrompeu a execução, ao vivo, e, reiniciando a obra, se desculpou: “o erro foi totalmente meu, senhoras e senhores”.

Michael Tippett foi um artista dotado de uma rara profundidade intelectual e consciência social, “um rebelde” – como gostava de dizer. Os três meses no quais esteve preso por recusar-se a se alistar durante a Segunda Guerra Mundial foram os momentos de maior orgulho em sua vida. “Se na música que escrevo posso criar um mundo sonoro que trará alívio para a vida interior, então estou fazendo meu trabalho corretamente”, disse Tippett. “Não posso perder a fé na humanidade.”

marcelo corrêa | Pianista, Mestre em Piano pela Universidade Federal de Minas Gerais, professor na Universidade do Estado de Minas Gerais.

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Felix MENDELSSOHN A gruta de Fingal, op. 26 [10 min]

Camille SAINT-SAËNS Concerto para violoncelo nº 1 em lá menor, op. 33 [19 min] Allegro non troppo

Allegretto con moto

Allegro non troppo

umberto clerici, violoncelo

Ottorino RESPIGHI Adagio com variações para violoncelo e orquestra [11 min]umberto clerici, violoncelo

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Benjamin BRITTEN Peter Grimes: Quatro Interlúdios Marítimos, op. 33a [16 min] Aurora Domingo de manhã Luar Tempestade

Sergei RACHMANINOFF A Ilha dos Mortos, op. 29 [20 min]

Mei-Ann Chen, regente convidadaUmberto Clerici, violoncelo

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P R O G R A M Aquinta, 20h30

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MEI-ANNCHEN

Mei-Ann Chen figura entre os jovens maestros mais dinâmicos da América. Como diretora musical da Memphis Symphony e da Chicago Sinfonietta, infundiu nas duas orquestras energia, entusiasmo e musicalidade de alto nível, avivando seus públicos e comunidades. Em reconhecimento a essas realizações, a Liga Americana de Orquestras lhe concedeu o prestigioso Helen M. Thompson Award 2012.

Em temporadas recentes, estreou com as sinfônicas de Chicago, San Francisco, Houston e Cincinnati. Apresentou-se também com as sinfônicas da Carolina do Norte, San Diego, Jacksonville e Aspen Philharmoni, nos Estados Unidos; Orquestra Sinfônica de São Paulo, Brasil, Filarmônica de Tampere, Finlândia, Filarmônica da Holanda no Concertgebouw, Sinfônica Nacional de Taiwan e Filarmônica de Nápoles.

Chen também dirigiu a Filarmônica de Rochester, a Sinfônica Nacional dos Estados Unidos e as sinfônicas de Atlanta, Baltimore, Seattle, Toronto, Alabama, Colorado, Columbus, Edmonton, Florida, Fort Worth, Nashville, Oregon, Pacífico, Pasadena e Phoenix. Internacionalmente, ela tem conduzido as principais orquestras dinamarquesas, a Sinfônica da BBC Escocesa e as sinfônicas de Bournemouth, Graz e Trondheim, bem como a Norrlands Opera Orchestra, Sinfônica Nacional do México e a Orquestra da Rádio Norueguesa. Conduziu concertos em vários festivais de música de verão dos Estados Unidos.

Primeira mulher a ganhar o Concurso Malko, realizado em Copenhague, Chen foi maestrina assistente da Atlanta Symphony e das sinfônicas de Baltimore e do

Oregon. Detentora do prêmio Taki Concordia Fellowship 2007, atuou em conjunto com Marin Alsop e Stefan Sanderling em aclamados concertos com as sinfônicas do Colorado e de Baltimore e com a Florida Orchestra.

Em 2002, Chen foi escolhida por unanimidade diretora musical da Filarmônica Jovem de Portland, no Oregon, a mais antiga e referência para muitas orquestras jovens do país. Durante o seu mandato, conduziu sua estreia com ingressos esgotados no Carnegie Hall e recebeu um Ascap Award pela programação inovadora. Ela também foi vencedora do prêmio Sunburst do Público Jovem por sua contribuição para a educação musical.

Nascida em Taiwan, Mei-Ann Chen vive nos Estados Unidos desde 1989. Foi a primeira aluna

da história do New England Conservatory a receber diplomas de mestrado, simultaneamente, em violino e regência. Mais tarde, foi aluna de Kenneth Kiesler na Universidade de Michigan e obteve grau de Doutora em Artes Musicais em regência. A maestrina também participou do Instituto Nacional de Regência, em Washington, e da Academia Americana de Regência, em Aspen.

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UMBERTOCLERICI

Umberto Clerici nasceu em Turim, em 1981. Começou o estudo do violoncelo aos cinco anos na escola Suzuki da sua cidade e continuou sua formação no Conservatório de Turim, como aluno de Antonio Mosca. Frequentou os cursos de Mario Brunello na Fundação Romano Romanini, em Brescia, e de David Geringas em Fiesole. Obteve o Diploma de Solista na Augsburg e Nurnberg University, Alemanha, com Julius Berger.

Premiado em várias competições internacionais, incluindo a Janigro Competition, Zagreb, e o Concurso Rostropovich, Paris, Clerici foi também laureado pelo famoso Concurso Tchaikovsky em 2011, em Moscou. Em cinquenta anos, ele e Mario Brunello foram os únicos violoncelistas italianos a receberem esse prêmio.

Estreou como solista no Japão com o Concerto para violoncelo em

Ré maior de Haydn. Apresentou-se com diversas orquestras, incluindo a San Petersburg Philarmonic Academic Orchestra, a State Symphony Orchestra of Russia, Philarmonia Wien, I Pomeriggi Musicali em Milão, Orquestra de Roma, Filarmônica de Brighton, Zagreb Soloist, Orquestra de Câmara de Mantova, Orquestra Haydn de Bolzano e Trento, sinfônicas de Istambul e Ancara e a Filarmônica de Zagreb. Colaborou com maestros como Alexander Dmitriev, Aldo Ceccato, Christoph Poppen, Lu Jia, Dimitri Sitkovetzki, Barry Wordsworth, Ola Rudner e Lukas-Peter Graf. Por quatro anos, foi solista residente da Filarmônica de Turim.

Clerici gravou um CD com o Concerto para violoncelo nº 1 de Saint-Saëns (selo RS) e, em conjunto com a Amadeus – a mais importante revista italiana de música sinfônica –, gravou as obras

para violoncelo e orquestra de Tchaikovsky e o Primeiro Concerto de Shostakovich.

O músico se apresentou em renomadas salas de concerto, como o Weill Recital Hall do Carnegie Hall, Nova York, o Big Hall do Musik Verein, Viena, e o Auditorium Parco della Musica, em Roma. Esteve no Festival de Salzburgo e estreou com Valery Gergiev interpretando as Variações Rococó de Tchaikovsky.

Clerici é o principal violoncelista solo no Teatro Regio de Turim e colabora com a Orquestra Filarmônica della Scala, em Milão, também como violoncelo solo. É professor na Academia de Música de Pinerolo e na Mozarteum Salzburg University.

Em grupos de câmara, Clerici trabalhou com Luis Lortie, Itamar Golan, Pavel Vernikov, Enrico

Pace, Anthony Pay, Sergej Krilov, Massimo Quarta, Marco Rizzi, Mario Brunello, Enrico Dindo, Sofia Gubaidulina e Viktor Suslin. Desde 2001 ele toca com o Trio di Torino.

Umberto Clerici se apresenta com um violoncelo Giovanni Grancino (Milão, 1712) gentilmente concedido pela Fundação Pro Canale de Milão.

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Aos vinte anos e já com uma sólida carreira musical em Berlim, Mendelssohn decide empreender uma turnê pela Itália, França e Inglaterra, a fim de ampliar suas experiências musicais e sua formação cultural. A convite do escritor Karl Klingemann, chega a Londres no dia 21 de abril de 1829. Durante o primeiro mês, busca entrosar-se com a sociedade musical local através de apresentações em recepções privadas nas quais é introduzido pelo pianista Ignaz Moscheles. Aproxima-se de outras personalidades musicais, entre as quais o pianista J. B. Cramer e Fétis, eminente crítico musical. Dedica-se à análise dos manuscritos de Haendel e acompanha produções de textos de Shakespeare, autor que inspirara,

anos antes, sua primeira abertura, Sonho de uma noite de verão.

Em 25 de maio, Mendelssohn sobe aos palcos ingleses pela primeira vez para reger sua Sinfonia em dó menor, op. 11. Logo se segue uma reapresentação, preparando o campo para a première inglesa, em 24 de junho, de Sonho de uma noite de verão. As elogiosas críticas levam à reapresentação da obra em 13 de julho. Nesse período, apresenta-se também como concertista, solando o concerto “o Imperador” de Beethoven, o Konzertstück op. 79 de Carl Maria von Weber e seu próprio Concerto para dois pianos em Mi maior, juntamente com Moscheles. No final de julho Mendelssohn deixa Londres e parte com Klingemann para a Escócia. Chega a Edimburgo

em 26 de julho e, em 7 de agosto, aporta no arquipélago de Hébridas, na costa oeste. Visita, na inabitada ilha de Staffa, logo no dia seguinte de sua chegada, a gruta de Fingal. Com seus aproximados 11 metros de altura e 69 metros de comprimento, e famosa por suas coloridas colunas de basalto avançando no mar – que ele define como “o mais refinado objeto na natureza” –, Fingal provoca em Mendelssohn tamanha urgência de expressão musical que endereça uma carta à irmã Fanny com o esboço dos 21 primeiros compassos de sua abertura As Hébridas, ou A gruta de Fingal, após os dizeres: “para fazer você entender quão extraordinariamente as Hébridas me afetaram, o trecho seguinte veio em minha mente por lá”.

Contudo, a Abertura só foi finalizada no dia 16 de dezembro de 1830, em Roma (coincidentemente, trata-se do único dia no ano em que a incidência de luz solar alcança a angulação necessária para a completa iluminação da gruta). Porém, em janeiro de 1832, antes mesmo que a primeira versão

fosse ouvida, Mendelssohn realiza uma primeira revisão da obra que, finalmente, é estreada em 14 de maio de 1832 em concerto em Londres, regido pelo próprio compositor. A obra sofre alterações e mais edições até 1835, quando finalmente é publicada. Seu título, que inicialmente oscilou entre “A ilha solitária” e “As Hébridas”, acabou fixado na publicação como “A gruta de Fingal”, embora nas partes orquestrais leia-se impresso “As Hébridas”.

Em As Hébridas, Mendelssohn alia “musicalidade imagética” e primazia técnica, estabelecendo definitivamente o gênero abertura tal como o conhecemos hoje.

Para ouvir CD Bruno Walter – The New York Concert of 15 February 1948 – Philharmonic Symphony Orchestra – Bruno Walter, regente – Music and Arts Programs of America – CD-4714

Para assistirL’Age d’Or – Luis Buñuel – 1930

Para lerCharles Rosen – A Geração Romântica – Edusp – 2000

Para visitarAcesse: www.mendelssohn-stiftung.de

igor reyner | Pianista, Mestre em música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

FELIXMENDELSSOHN (Alemanha , 1809 – 1847)

A gruta de Fingal, op. 26 (1830/1832)

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Saint-Saëns começou a estudar piano aos três anos e, aos onze, apresentou-se na Sala Pleyel, em Paris. Em sua longa carreira (tinha 81 anos quando realizou sua última turnê aos Estados Unidos) conheceu os principais compositores franceses, de Berlioz a Debussy. Foi aluno de C. Gounod e professor de G. Fauré.

Além de exercer múltiplas atividades musicais – pianista, organista, professor, maestro, influente crítico musical e revisor –, Saint-Saëns foi ainda poeta, dramaturgo, geólogo e astrônomo amador. Viajante incansável, empreendeu longas turnês pela Europa (sobretudo à Rússia e à Inglaterra), pela África e pelas Américas (em 1899 esteve no Brasil).

O prestígio internacional impôs a escolha de sua cantata Le feu céleste para abrir a Exposição Universal de Paris (1900) e sucederam-se outras grandes honrarias, principalmente nos países de língua inglesa.

Mas todo esse brilho não impediu o eclipse parcial de sua música face às inúmeras correntes vanguardistas do século XX. A erudição musical de Saint-Saëns muitas vezes sufocou a espontaneidade de sua música. Por outro lado, o longevo compositor, ainda em plena atividade, manteve-se distante de qualquer novidade. Sua forte identidade musical revelou-se cedo e permaneceu caracterizada desde então. Produto e artífice de uma época, Saint-Saëns manteve-se fiel à estética

que ajudou a consolidar e que lhe pareceu suficiente aos seus propósitos expressivos.

Inquestionável é seu papel histórico na renascença da música instrumental francesa. Em 1871, Saint-Saëns, apoiado pelos principais músicos da época, fundou a Sociedade Nacional da Música, voltada exclusivamente para a interpretação de obras de compositores franceses vivos.

Da vastíssima produção de Saint-Saëns, algumas peças mais significativas permanecem no repertório atual, assegurando-lhe a glória – a Terceira Sinfonia, a ópera Sansão e Dalila, sua música de câmara e alguns dos concertos.

Entre os concertos, o primeiro dedicado ao violoncelo, op. 33, impõe-se pelo equilíbrio formal e o uso idiomático do instrumento solista. O violoncelo é explorado em todo seu potencial, com maestria e propriedade, sobretudo pela valorização da riqueza de seu registro grave médio. Quanto à forma, a grande particularidade da

obra consiste no encadeamento de seus três movimentos em um só, para, juntos, se estruturarem como um allegro de sonata. O Allegro non troppo (correspondente à exposição e ao desenvolvimento) apresenta dois temas que se desenvolvem de maneira bastante expressiva. O Allegretto con moto (formalmente, um intermezzo) adota o ritmo de minueto e tem um caráter introspectivo, muito apropriado ao instrumento solista. O Molto allegro (reexposição/recapitulação) acrescenta novo material temático e conclui a obra com elegância e beleza.

Para ouvir CD Dvorák – Cello Concerto; Saint-Saëns – Cello Concerto No. 1 – Orquestra Filarmônica de Londres – Carlo Maria Giulini, regente – Mstislav Rostropovich, violoncelo – EMI Classics – 2001

Para assistirOrquestra Filarmônica de Londres – Carlo Maria Giulini, regente – Mstislav Rostropovich, violonceloAcesse: fil.mg/ssvioloncelo1

Para lerFrançois-René Tranchefort – Guia da Música Sinfônica – Ed. Nova Fronteira – 1990

paulo sérgio malheiros dos santos | Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado.

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpanos, cordas.

CAMILLESAINT-SAËNS (França , 1835 – Argélia , 1921)

Concerto para violoncelo nº 1 em lá menor, op. 33 (1872)

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Embora considerado um dos compositores da vanguarda italiana do início do século XX, Ottorino Respighi nunca se filiou rigidamente a nenhuma corrente musical. Teve, no entanto, um papel fundamental na renovação da música de concerto italiana do começo do século, até então fortemente dominada pela ópera. Puccini, um dos últimos representantes da velha guarda, o considerava como o mais talentoso dos jovens compositores italianos. Durante sua carreira de instrumentista, musicólogo, pedagogo e compositor, Respighi soube manter uma rica curiosidade cultural, incomum em qualquer época, percorrendo uma estrada nem sempre fácil, com seus intensos estudos da música italiana dos séculos XVI, XVII e XVIII, e sua

predileção por culturas “exóticas”, tais como a brasileira, russa, escocesa e norueguesa. A incrível maestria no tratamento orquestral, a inusitada paleta de timbres, o refinamento melódico e o admirável senso formal são algumas das características que garantiram a Respighi um lugar permanente nas salas de concerto.

O Adagio com variações para violoncelo e orquestra originou-se do movimento lento de um Concerto para violoncelo composto em 1902 e nunca publicado. Respighi modificou a obra e a orquestrou por volta de 1920/1921, quando a obra foi estreada em Roma. Embora a data e o local sejam incertos, algumas testemunhas afirmam que o violoncelista da estreia foi Antonio Certani, velho

amigo do compositor, a quem a obra foi dedicada.

A curta obra possui uma orquestração extremamente delicada. Inicia-se com o tema no violoncelo solista (Adagio), um tema leve acompanhado pelos violoncelos e contrabaixos em pizzicato e pelos clarinetes, fagotes e primeira trompa. Trata-se de um tema lírico, cantabile, de características populares, como as melodias de sabor antigo tão caras a Respighi. Na primeira variação (Poco meno adagio) ouvimos o tema nas violas, violoncelos e contrabaixos, enquanto o longo floreio do solista é ouvido como contracanto ao tema principal. Na segunda variação (Tempo primo) o tema é, novamente, trabalhado no texto do solista, com o vigor dos ataques em cordas duplas, triplas e quádruplas. Na terceira variação (Più mosso), flauta e oboé cuidam do tema, enquanto o solista o embeleza com arpejos extremamente rápidos. Na quarta (Lentamente) ouvimos um belíssimo diálogo, em quasi recitativo, entre o corne inglês e o violoncelo

solista. Na quinta (Lento a fantasia) o solista retoma os floreios à moda da primeira variação, porém um pouco mais delirante. Um pequeno interlúdio (Calmo), onde o fragmento inicial do tema, acompanhado pelos floreios do solista, é ouvido em imitação na orquestra, nos conduz à próxima variação. Na sexta variação (Tempo primo) o solista deixa de tocar, enquanto o tema é ouvido em toda a orquestra. O solista volta a executar o tema na sétima variação, entre notas longas da orquestra e uma brilhante movimentação da harpa. Uma breve e bela coda fecha a obra.

Para ouvir CD Adagio – Ottorino Respighi – Orchestre de Paris – Semyon Bychkov, regente – Mischa Maisky, violoncelo – Deutsche Grammophon – 1992

Para assistirOrquestra Filarmônica de São Petesburgo – Yuri Temirkanov, regente – Mischa Maisky, violonceloAcesse: fil.mg/radagio

Para lerDaniele Gambaro – Ottorino Respighi: un’idea di modernità del Novecento – Ed. Zecchini – 2011

Riccardo Viagrande – La generazione dell’Ottanta – Ed. Casa Musicale Eco – 2007

guilherme nascimento | Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, harpa, cordas.

OTTORINO RESPIGHI (Itália , 1879 – 1936)

Adagio com variações para violoncelo e orquestra (1921)

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Línguas bem maliciosas dizem que a Inglaterra jamais produziu outro grande compositor depois de Henry Purcell (1659-1695). De fato, as grandes escolas musicais europeias acabaram por eclipsar a produção musical das Ilhas Britânicas num lapso cronológico que vai do século XVIII ao século XX. Nomes relevantes, cujas obras têm um inegável valor artístico, assumem uma posição secundária, se colocados lado a lado com seus contemporâneos do continente: James Hook, Edgard William Elgar, Gustav Holst, Frederick Delius, dentre outros. No entanto, os grandes movimentos musicais do século XX trouxeram um novo sopro de criatividade à Grã-Bretanha e possibilitaram despontar nomes hoje elencados entre os mais importantes da

história da música mais recente. Estão entre eles Ralph Vaughan-Williams e principalmente Benjamin Britten.

A música de Britten usa das conquistas do século XX sem rigores escolásticos e, ao mesmo tempo, sem desprezo ou descaso pela tradição musical, seja britânica, seja universal. Nesse sentido, não é equivocado aproximá-lo de atitudes estéticas que, guardadas as especificidades, são semelhantes, como a de um Poulenc, de um Prokofieff ou mesmo de um Villa-Lobos: todos esses são artistas criadores que se afastam de qualquer academismo homogeneizante e que se voltam, em maior ou menor grau, com maior ou menor ironia, às tradições musicais regionais ou universais.

Instrumentação: 2 piccolos, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, requinta, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trombones, 3 trompetes, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

BENJAMINBRITTEN (Inglaterra , 1913 – 1976)

Peter Grimes: Quatro Interlúdios Marítimos, op. 33a (1945)

Disso resulta, em Britten, uma linguagem ao mesmo tempo moderna e acessível, sem o hermetismo intelectual de certas correntes que lhe são contemporâneas e sem tampouco a responsabilidade de desconstruir ou reconstruir quaisquer sistemas. De sua obra, em nada pequena, mais da metade é dedicada à música vocal (apesar de ele mesmo ter sido um grande pianista). Nela somam-se nada menos do que quinze óperas. A primeira delas é Peter Grimes.

Britten residia nos Estados Unidos quando leu pela primeira vez The Borough, do poeta inglês George Crabbe (1754-1832), ambientada na costa da região inglesa de Suffolk (onde nascera Britten). Nessa obra se encontra Peter Grimes, poema narrativo que conta a história de um pescador acusado de ter matado seu aprendiz. De volta à Inglaterra em 1942, Britten dedica-se à composição da ópera, baseada nesse poema. Estreada em Londres, em 1945, Peter Grimes foi um sucesso de crítica e de público, e o primeiro grande triunfo de sua

carreira. No ano seguinte é estreada nos Estados Unidos, sob a regência de Leonard Bernstein; nesse mesmo ano Britten funda o British Opera Group, companhia itinerante de pequenas proporções, à qual iria dedicar a maioria de suas óperas.

De Peter Grimes, a Passacaglia, op. 33b, e Os Quatro Interlúdios Marítimos (Four Sea Interludes), op. 33a, foram publicados à parte, o que mostra o valor que lhes conferia o compositor. Frequentemente executados como uma suíte orquestral (às vezes junto à Passacaglia), esses Interlúdios são uma bela amostragem da música de Britten, que ainda hoje soa fresca e atual.

Para ouvir CD Benjamin Britten – Four Sea Interludes – Orquestra Sinfônica de Boston – Leonard Bernstein, regente – Deutsche Grammophon – 1992

Para assistirOrquestra Sinfônica da BBC – Sakari Oramo, regente | Acesse: fil.mg/bpetergrimes

Para lerPaul Kildea – Benjamin Britten: a life in the twentieth century – Penguin – 2013

moacyr laterza filho | Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.

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Em 1906, fugindo da densa atmosfera política de Moscou e buscando refúgio onde pudesse compor com tranquilidade, Rachmaninoff deixou a Rússia e mudou-se, com a família, para a Alemanha. Na pacata cidade de Dresden, onde escolheu morar, ele conheceu o editor Nikolai Gustavovich Struve, que lhe sugeriu a composição de um poema sinfônico sobre o quadro A Ilha dos Mortos, de Böcklin. Ele sabia que Rachmaninoff, quando compunha, tinha sempre em mente um livro, um poema ou um quadro.

O pintor suíço Arnold Böcklin (1827-1901), um dos maiores expoentes da pintura germânica do século XIX, encontrava alegria apenas nas paisagens ensolaradas da Itália. Sua vida, marcada por

perdas familiares, depressão e pobreza, contaminou sua arte consideravelmente. Sua pintura foi sombria e cheia de alusões a mundos estranhos, onde a morte costumava ocupar um lugar de destaque. Em 1880, em Florença, a jovem viúva Marie Berna encomendou-lhe um quadro que possuísse uma atmosfera de sonho. Böcklin pintou-lhe sua obra mais famosa, A Ilha dos Mortos, uma cena onde vemos um grande bloco rochoso desolado, com alguns cipestres apontando ao céu, cercado por águas escuras e profundas, e um barco a remo que se aproxima, contendo uma figura em pé, vestida de branco, e um objeto que parece ser um caixão. Nos anos seguintes Böcklin pintaria mais quatro versões da cena.

Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, contrafagote, 6 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

SERGEIRACHMANINOFF (Rúss ia , 1873 – Estados Unidos, 1943)

A Ilha dos Mortos, op. 29 (1909)

Rachmaninoff ficou extremamente impressionado quando viu, pela primeira vez, uma reprodução do quadro, em preto e branco, em Paris, no verão de 1907. Quando, no início de 1909, Struve sugeriu-lhe uma composição inspirada em A Ilha dos Mortos, Rachmaninoff logo aceitou, pois aquela imagem o perseguia por um ano e meio. Ao saber que uma das versões do quadro encontrava-se em Leipzig, a cem quilômetros de Dresden, ele correu para conhecê-la. Mas ver o original de perto não foi o bastante para superar o impacto da primeira visão em Paris: “Eu não me senti movido pela cor da pintura. Se eu tivesse, primeiramente, visto o original, talvez não tivesse composto a minha Ilha dos Mortos. Eu prefiro o quadro em preto e branco”.

Algumas características da música chamam logo a atenção: a incrível unidade estilística e formal, a orquestração densa e meticulosa e o uso de sonoridades particularmente escuras que asseguram uma permanente atmosfera de devoção e mistério. Aqueles familiarizados com o antigo missal romano conseguirão perceber uma clara

referência à morte, nos fragmentos do tema gregoriano do Dies irae, que por séculos foi utilizado na Missa de Réquiem. Embora contenha momentos relativamente agitados, a música desenvolve-se, de maneira geral, suavemente.

Os primeiros esboços de A Ilha dos Mortos datam de janeiro de 1909. Embora o processo composicional de Rachmaninoff fosse lento, a composição fluiu com incrível facilidade e, em abril, a obra estava finalizada. A estreia aconteceu em Moscou, no dia 18 de abril (1º de maio no calendário gregoriano) de 1909, com a Sociedade Filarmônica de Moscou, sob a regência do compositor.

Para ouvir CD Rachmaninoff – Symphonic dances; The isle of the dead – Royal Concertgebouw Orchestra – Vladimir Ashkenazy, regente – Decca – 1991

Para assistirOrquestra Nacional da Rússia –Mikhail Pletnev, regente | Acesse: fil.mg/rilhadosmortos

Para lerSergei e Leyla Jay – Sergei Rachmaninoff: a lifetime in music – Indiana University Press – 2009

Rachmaninoff’s recollections told to Oskar von Riesemann – Macmillan – 1934

guilherme nascimento | Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

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Grande Teatro do Palácio das Artes

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terça, 20h30

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Fabio Mechetti, regenteNelson Freire, piano

Leonardo MARGUTTI Identidades [14 min]estreia mundial. obra comissionada pela orquestra filarmônica de minas gerais.

Frédéric CHOPIN Concerto para piano nº 2 em fá menor, op. 21 [30 min] Maestoso

Larghetto

Allegro vivace

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— i n t erva lo —

Dmitri SHOSTAKOVICH Sinfonia nº 15 em Lá maior, op. 141 [45 min] Allegretto

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NELSONFREIRE

A arte de Nelson Freire atingiu hoje um raro consenso entre os ouvintes de música clássica: é transcendental. O que motiva tal julgamento? Uma vida passada a pensar e tocar o grande repertório pianístico culmina nesse fenômeno singular: todas as obras que interpreta o pianista mineiro parecem receber de suas mãos a versão mais poética, mais perfeita, mais comovedora.

Nelson Freire é hoje um artista universalmente consagrado, convidado a tocar nas melhores salas de concerto, com as orquestras mais prestigiosas e os regentes mais em evidência. Suas gravações se sucedem, cada uma indo mais longe na exploração interpretativa.

As pompas do mundo, contudo, não alteraram o caráter do menino nativo de Boa Esperança, transplantado para o Rio de Janeiro com cinco anos de idade. Sua família, impressionada com o

talento do caçula, mudou-se em busca das melhores condições de ensino musical, encontradas na orientação de duas mestras de nível superlativo, a gaúcha Nise Obino e a paulista Lúcia Branco.

Finalista no I Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro (no júri, Guiomar Novaes) aos doze anos, recebeu do então presidente Juscelino Kubitschek uma bolsa de estudos que o levou a Viena, onde estudou sob a direção do mestre Bruno Seidlhofer. Aos dezenove anos conquistou o primeiro prêmio no Concurso Internacional Vianna da Motta, em Lisboa.

Seu grande début se deu aos 23 anos, numa apresentação em Londres considerada sensacional pela crítica. O Times chama-o então “o jovem leão do teclado”. Um ano mais tarde, estreia em Nova York com a Filarmônica, concerto que lhe valeu o comentário da revista Time:

“um dos maiores pianistas desta ou de qualquer outra geração”.

A partir de então, ao longo de cinco décadas e com atuações em cerca de setenta países, Nelson Freire se tornou uma estrela de máxima grandeza no cenário internacional. Gravou para a Sony/CBS, Teldec, Philips e Deutsche Grammophon. Desde 2003, tem contrato de exclusividade com a Decca. Seus discos obtiveram os prêmios Diapason d’Or, Grand Prix du Disque, Victoire d´Honneur, Edison Award, Gramophone Award e o Grammy Latino por Nelson Freire Brasileiro.

Apresentou-se com os regentes de maior prestígio, como Valery Gergiev, Rudolf Kempe, Rafael Kubelik, Yuri Temirkanov, Seiji Ozawa, Riccardo Chailly, Charles Dutoit, Andre Previn, Pierre Boulez, Lorin Maazel, Kurt Masur e Sir Colin Davis. Apresentou-se com as orquestras filarmônicas de Berlim, Londres, Nova York e Israel, a Concertgebouw de Amsterdam, a Gewandhaus de Leipzig, as sinfônicas de Paris, Nacional da França, Munique, Tóquio, São Petersburgo, Boston, Chicago e Viena.

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— Gilda Oswaldo Cruz

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Leonardo Margutti cursou Composição na UFMG, onde explorou a música de tradição europeia, especialmente as vanguardas pós-seriais. No mesmo período, Margutti descobriu o jazz. Após a graduação, e sob orientação de Cláudio Dauelsberg, dedicou-se ao improviso, à prática da linguagem harmônica do jazz e, principalmente, ao extensivo estudo de ritmos brasileiros ao piano, que o levaram a novos paradigmas estéticos, comprometidos com uma linguagem conciliatória entre identidades musicais distintas. Em 2007 muda-se para Londres onde, com bolsa do projeto Alban do CNPQ, cursa mestrado e doutorado em composição no King’s College London. Esse período favorece um retorno à tradição europeia, com ênfase nas

vanguardas dos séculos XX e XXI, potencializado pela oportunidade de lecionar análise musical do século XX sob orientação do professor Arnold Whittall, eminente musicólogo britânico.

Margutti explora divergências e contradições entre música de concerto, as vanguardas do século XX e as tradições populares brasileira e do jazz. Acreditando que tais contradições são “geradoras de imprevisibilidade e de tensões musicais”, resolve-as pela subversão ou questionamento de toda regra, em busca de continuidade, espontaneidade ou imprevisibilidade, impulsionando assim um discurso musical sempre novo. Em março de 2014 estreou em Londres a obra Of Instance and Memory, resultado da subversão de

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, clarone, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 2 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

LEONARDO MARGUTTI (Brasil , 1978)

Identidades (2014)

preceitos acadêmicos a favor de uma miscigenação musical.

Diversificado em seus modelos, encontra em György Ligeti uma resposta ao “mainstream do pós-guerra europeu”, em especial pelo tratamento da música, por parte de Ligeti, como fenômeno sonoro e não apenas como resultado de “controladores externos musicalmente estéreis”. Dutilleux contribui para a orquestração de Margutti; César Camargo Mariano, para seu tratamento minucioso de ritmos brasileiros; Bach, para seu contraponto e Chopin, para sua concepção melódica. Tanto a literatura como recentes pesquisas sobre memória e epigenética, a exemplo do trabalho de Eric Kandel, o ajudam a definir sua poética.

Identidades sintetiza um percurso marcado por interesses diversos. Pensada a partir de um longo tema melódico do qual se extraem variantes livres e independentes, a obra reserva a cada variante uma identidade própria, segundo afinidades e interesses do compositor. Desse modo, emergem

elementos fugais, uma pequena passacaglia e até mesmo um quase samba, articulados não por tema e variação, ou exposição e desenvolvimento, mas a partir de um mecanismo literário inspirado em Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. No romance, os diálogos de Riobaldo com o leitor formam a linha articulatória entre momentos de narrativa não linear; em Identidades, a textura orquestral inicial de caráter “suspenso, atemático e misterioso” conduz o ouvinte de uma identidade a outra, até a revelação final: a longa linha melódica. Uma obra sobre estilos, afinidades e construção da identidade composicional.

igor reyner | Pianista, Mestre em música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

Para ouvir CD London New Voices – Chamber Works – Lontano Ensemble – Odaline de la Martinez, regente – Lorelt – B00AVWC6MC – 2013

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Convidado a participar de um congresso presidido por Alexander von Humboldt, o professor Feliks Jarocki partiu para Berlim acompanhado por Frédéric François, filho de seu amigo Nicolas Chopin, em 9 de setembro de 1828. A viagem acendeu no jovem compositor o desejo de ganhar o mundo: “Que me importam os elogios locais! É preciso saber o que diria o público de Viena e Paris”. Nesse estado de ânimo, ele concluiu seus estudos com Joseph Elsner e partiu para Viena com quatro amigos, em julho de 1829.

Na capital austríaca, Chopin foi recebido pelo editor Haslinger, que o estimulou a exibir-se. O mesmo fizeram o Conde Gallenberg, intendente dos teatros imperiais, o jornalista Blahetka, o regente Wuerfel e os fabricantes de pianos

Stein e Graff, que colocaram seus instrumentos à disposição. O concerto no Teatro Imperial, em 11 de agosto de 1829, obteve tal sucesso que exigiu uma segunda apresentação, dia 18. Blahetka declarou-se espantado ao descobrir que o compositor fizera todo o seu aprendizado em Varsóvia. “Com os senhores Zywny e Elsner, o maior asno teria aprendido”, respondeu o jovem. Em 17 de setembro, Frédéric estava de volta ao apartamento dos pais em Varsóvia. Na imprensa vienense, ainda se falava dele em 18 de novembro.

O Concerto para piano em fá menor marca seu retorno à Polônia após os primeiros sucessos internacionais. Há muito ele sonhava com um recital público em Varsóvia, e tratou de preparar-se com uma execução do Concerto em sua residência,

Instrumentação: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, trombone, tímpanos, cordas.

FRÉDÉRIC CHOPIN (Polônia , 1810 – França , 1849)

Concerto para piano nº 2 em fá menor, op. 21 (1829/1830)

para convidados, dia 7 de fevereiro de 1830. A apresentação pública aconteceu no Teatro Nacional em 17 de março, seguida por uma segunda récita, dia 22. Seis meses depois, em 22 de setembro, o outro concerto para piano em que Chopin estava trabalhando, em mi menor, era executado, com orquestra, no apartamento da família, antes da estreia no Teatro Nacional, em 11 de outubro.

No dia 2 de novembro ele tomaria o rumo de Viena, via Dresden e Praga. Zelazowa Wola, vila de seu nascimento, a 54 quilômetros de Varsóvia, era a primeira parada em seu caminho, e os colegas da Escola de Música o esperavam ali com a cantata que Elsner compusera para a ocasião.

Chopin instalou-se em Paris em 11 de setembro de 1831. Seu recital de estreia na capital francesa aconteceu na Sala Pleyel, em 26 de fevereiro de 1832, e incluiu o Concerto em fá menor.

O Concerto em mi menor, concluído em setembro de 1830, foi publicado

Para ouvir CD Chopin Piano Concertos Nos. 1 & 2 – Anna Malikova, piano – Torino Philharmony Orchestra – Julian Kovatchev, regente – Classical Records – CR 046

Para assistirOrquestra Sinfônica da BBC – Lionel Bringuier, regente – Nelson Freire, piano | Acesse: fil.mg/cpiano2a (parte 1)fil.mg/cpiano2b (parte 2)fil.mg/cpiano2c (parte 3)

Para ler Jeremy Nicholas – Chopin: vida e obra – Bizâncio/Naxos Books – 2007 (inclui CDs e acesso a página na internet)

em 1833 como Primeiro Concerto, op. 11; o Concerto em fá menor, concluído no inverno de 1929/1930, foi publicado em 1836 como Segundo Concerto, op. 21. Ambos resultam da necessidade em que o pianista se encontrava – para lançar-se em carreira internacional – de um repertório que valorizasse suas habilidades individuais, mais ambicioso que as fantasias brilhantes, improvisos e variações que executara até então. Após sua estreia em Paris, ele contará com uma clientela de princesas e duquesas como alunas, o que lhe permitirá escapar dos palcos e dedicar-se à composição.

carlos palombini | Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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As quinze sinfonias de Shostakovitch, definitivamente incorporadas ao repertório das grandes orquestras, representam para o grande público a feição moderna desse gênero essencialmente clássico. Entretanto, tal reconhecimento não transformou o compositor russo em um músico internacional, no sentido em que o são seus conterrâneos Stravinsky e Prokofieff. Shostakovitch continua sendo considerado o compositor “oficial” da URSS. De fato, sua obra liga-se diretamente ao movimento político-cultural da União Soviética – de Lênin até a política de “degelo” de Kruschev, passando pelos longos anos da implacável censura stalinista. Com um ciclo heroico de grandes

obras patrióticas, Shostakovitch consagrou-se como o sinfonista russo por excelência. Ao longo de sua carreira, recebeu altas condecorações governamentais e ocupou cargos de destaque. Mas também teve muitos trabalhos censurados, foi levado a tribunais populares e sofreu severas punições. Shostakovitch estabeleceu relações contraditórias com o Regime, dubiedade que se manifesta em suas quinze sinfonias com a estratificação de dois discursos distintos – há uma voz grandiloquente, exterior e heroica; ao lado de outra, íntima, meditativa e austera.

Desde o início de sua trajetória, Shostakovitch quis dar continuidade à tradição musical

DMITRI SHOSTAKOVICH (Rúss ia , 1906 – 1975)

Sinfonia nº 15 em Lá maior, op. 141 (1971)

russa que admirava no realismo de Mussorgsky e nas orquestrações de Tchaikovsky. Mas buscava um novo idioma. Nos anos de 1920, a política de abertura cultural do governo de Lênin permitia a circulação das novidades ocidentais, e Shostakovitch filiou-se à Associação para a Música Contemporânea, fascinado pelo atonalismo livre, pelo serialismo, pelo jazz, pelo uso sistemático de dissonâncias e pelos ritmos complexos das danças camponesas. Suas quatro primeiras sinfonias refletem o desenvolvimento desse experimentalismo vanguardista.

O advento do stalinismo sinalizaria outros rumos para o compositor que, em 1936, foi declarado “inimigo do povo” e forçado a se retratar publicamente. As sinfonias seguintes traduzem seu inevitável propósito – sincero ou simulado – de se submeter aos ideais de inteligibilidade e simplicidade neoclássicas preconizados pelo Comitê Central. Por outro lado, registram a consolidação de uma linguagem extremamente pessoal, pois Shostakovitch procura um idioma especificamente russo, facilmente compreensível,

mas com ousadas aquisições contemporâneas. Atinge assim os limites extremos de um expressionismo ultrarromântico, de caráter frequentemente heroico e de grande apelo socializante.

Shostakovitch começou a escrever sua última sinfonia gravemente enfermo, em tratamento médico na cidade de Kourgane e, nessas circunstâncias, idealizou uma obra cujo plano geral representasse (sem intenções descritivas ou programa literário) uma reflexão sobre as diferentes fases da vida de um homem – o Ciclo da Vida. Sob esse aspecto, essa sinfonia forma um díptico com sua antecessora, a Sinfonia nº 14, cujo tema é a Morte, vista como o aniquilamento total, conforme os textos selecionados dos poetas Lorca, Apollinaire, Küchellbecker e Rilke.

Para ouvir CD Shostakovich – Symphonies Vol. 7 (Nos. 2 & 15) – Royal Liverpool Philharmonic Orchestra – Vasily Petrenko, regente – Naxos, UK – 2012

Para assistirOrquestra Nacional Russa – Mikhail Pletnev, regente | Acesse: fil.mg/ssinf15

Para ler Lauro Machado Coelho – Shostakovitch, vida, música, tempo – Editora Perspectiva – Coleção Signus – 2006

Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, celesta, cordas.

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Na Sinfonia nº 15, Shostakovitch relembra, sem mágoa ou rancor, seu passado e sua obra. São frequentes, ao longo da peça, reminiscências e citações de outros compositores e do próprio Shostakovitch. Apesar do caráter meditativo ou francamente irônico de certos trechos, a sinfonia mantém o clima geral de sábia serenidade. No plano formal, ao lado do emprego de técnicas vanguardistas ocidentais, Shostakovitch retoma o contorno clássico de quatro movimentos, alternando dois alegretos e dois adágios.

O primeiro Allegretto inicia-se evocando a Infância, segundo a proposta temática da sinfonia. O solo saltitante da flauta abre as portas do mundo dos brinquedos, e o fascínio das estórias bem contadas surge com a citação do Guilherme Tell, de Rossini, em recorrentes e alegres fanfarras. O Adagio introduz sombrio coral nos metais e seu desenvolvimento apresenta vários solos: o do violoncelo possui tema dodecafônico e

caráter meditativo; segue-se uma breve resposta do violino; depois, o trombone intervém com seu discurso recitativo acompanhado pela tuba. No final do movimento, após acordes de metais marcados pelos tímpanos, os fagotes introduzem, sem interrupção, o próximo Allegretto. Trata-se de um irônico scherzo, com a melodia dodecafônica do clarinete sobreposta ao fundo das obsessivas quintas dos fagotes. O movimento é todo em staccati e a economia da orquestração parece reduzir a música a seu esqueleto. No último Adagio, a escolha do andamento lento para finalizar a sinfonia inevitavelmente referencia a Patética de Tchaikovsky. Outras citações rememoram Wagner (Tristão e Isolda, O Crepúsculo dos Deuses) e obras do próprio compositor. Fechando o Ciclo da Vida, a Coda reencontra o mesmo tema do primeiro movimento, agora delicadamente apresentado nos arabescos da celesta. Assim, as recordações da infância concluem, serenamente, a última sinfonia de Shostakovitch.

paulo sérgio malheiros dos santos | Pianista, Doutor em Letras, professor na UEMG, autor dos livros Músico, doce músico e O grão perfumado – Mário de Andrade e a arte do inacabado.

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uma temporada muito especial. Mas 2015 terá uma novidade.

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ACOMPANHE A FILARMÔNICA EM

OUTRAS SÉRIES DE CONCERTOS

Concertos para a Juventude Realizados em manhãs de domingo, são concertos dedicados aos jovens e às famílias, buscando ampliar e formar público para a música clássica. As apresentações têm ingressos a preços populares e contam com a participação de jovens solistas.

Clássicos na Praça Realizados em praças da Região Metropolitana de Belo Horizonte, os concertos proporcionam momentos de descontração e entretenimento, buscando democratizar o acesso da população em geral à música clássica.

Concertos Didáticos Concertos destinados exclusivamente a grupos de crianças e jovens da rede escolar, bem como a instituições sociais, mediante inscrição prévia. Seu formato busca apoiar o público em seus primeiros passos na música clássica.

Festival Tinta Fresca Com o objetivo de fomentar a criação musical entre compositores brasileiros e gerar oportunidade para que suas obras sejam programadas e executadas em concerto, este Festival é sempre uma aventura musical inédita. Como prêmio, o vencedor recebe a encomenda de outra obra sinfônica a ser estreada pela Filarmônica no ano seguinte, realimentando o ciclo da produção musical nos dias de hoje.

Laboratório de Regência Atividade inédita no Brasil, este laboratório é uma oportunidade para que jovens regentes brasileiros possam praticar com uma orquestra profissional. A cada ano, quinze maestros, quatro efetivos e onze ouvintes, têm aulas técnicas, teóricas e ensaios com o regente Fabio Mechetti. O concerto final é aberto ao público.

Concertos de Câmara Realizados para estimular músicos e público na apreciação da música erudita para pequenos grupos. A Filarmônica conta com grupos de Metais, Cordas, Sopros e Percussão.

Turnês Estaduais As turnês estaduais levam a música de concerto a diferentes cidades e regiões de Minas Gerais, possibilitando que o público do interior do Estado tenha contato direto com música sinfônica de excelência.

Turnês Nacionais e Internacionais Com essas turnês, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais busca colocar o Estado de Minas dentro do circuito nacional e internacional da música clássica. Em 2014, a Orquestra volta a se apresentar no Festival de Campos do Jordão.

JULHO

Dia 10 Clássicos na Praçadomingo, 11h, Praça Floriano Peixoto Marcos Arakaki, regenteGUERRA-PEIXE / RIMSKY-KORSAKOV / BINICKI / STRAVINSKY / BARTÓK / SHOSTAKOVICH

Dia 14 Série Allegroquinta, 20h30, Palácio das Artes Mei-Ann Chen, regente convidadaUmberto Clerici, violonceloMENDELSSOHN / SAINT-SAËNS / RESPIGHI / BRITTEN / RACHMANINOFF

Dia 26 Série Vivaceterça, 20h30, Palácio das Artes Fabio Mechetti, regenteNelson Freire, pianoMARGUTTI / CHOPIN / SHOSTAKOVICH

Dia 27 Nelson Freire 70 anosquarta, 20h30, Palácio das ArtesFabio Mechetti, regenteNelson Freire, pianoMARGUTTI / CHOPIN / SHOSTAKOVICH

Dia 28 Concertos de Câmara Grupo de Percussãoquinta, 19h e 20h30,Memorial Minas Gerais ValeGARLAND / LEVITAN / FRIEDMAN & SAMUELS / GOROSITO / BECKER / BOONE / PASCOAL

PRÓXIMOS CONCERTOS

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ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS / AGOSTO 2014

Primeiros Violinos Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna ZivkovicArthur Vieira TertoBaptiste RodriguesBojana PantovicDante BertolinoEliseu Martins de BarrosHyu-Kyung Jung Marcio CecconelloMegumi TokosumiRodrigo BustamanteRodrigo de OliveiraRodrigo Monteiro Braga

Segundos ViolinosFrank Haemmer *Leonidas Cáceres **Jovana TrifunovicLeonardo OttoniLuka MilanovicMarija MihajlovicMartha de Moura PacíficoMateus Freire Radmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch ViolasJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ** Flávia Motta

Gerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna Druzd Marcelo NébiasNathan Medina

VioloncelosElise Pittenger ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEneko Aizpurua PabloLina Radovanovic Robson Fonseca Francisca Garcia ****

ContrabaixosColin Chatfield *Nilson Bellotto ** Brian Fountain Hector Manuel EspinosaMarcelo CunhaPablo Guiñez William Brichetto

FlautasCássia Lima *Renata Xavier **Alexandre BragaElena Suchkova OboésAlexandre Barros *Ravi Shankar **Israel MunizMoisés Pena

ClarinetesMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ** Ney Campos FrancoAlexandre Silva

FagotesCatherine Carignan * Andrew HuntrissCláudio de Freitas

TrompasAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov **Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata

TrompetesMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal

TrombonesMark John Mulley *Wagner Mayer **Renato Lisboa

TubaEleilton Cruz *

TímpanosPatricio Hernández Pradenas *

PercussãoRafael Alberto *Daniel Lemos **Werner SilveiraSérgio Aluotto

HarpaGiselle Boeters *

TecladosAyumi Shigeta *

gerente Jussan FernandesinspetoraKarolina Limaassistente administrativo Débora VieiraarquivistaSergio AlmeidaassistentesAna Lúcia KobayashiClaudio StarlinoJônatas Reissupervisor de montagemRodrigo CastromontadoresJussan MeirelesRisbleiz Aguiar

* principal ** principal assistente *** principal / assistente substituto **** músico convidado

Diretor Artístico e Regente Titular

Fabio Mechetti

Regente Associado

Marcos Arakaki

Conselho Administrativopresidente emérito Jacques Schwartzmanpresidente Roberto Mário Soares conselheiros Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de Almeida Ítalo GaetaniMarco Antônio Drumond Marco Antônio PepinoMarcus Vinícius Salum Mauricio FreireOctávio ElísioPaulo PaivaPaulo BrantSérgio Pena

Diretoria Executivadiretor presidente Diomar Silveira diretor administrativo-financeiro Estevão Fiuzadiretora de comunicaçãoJacqueline Guimarães Ferreiradiretora de marketing e projetos Zilka Caribédiretor de operações Ivar Siewers diretor de produção musical Marcos Souza

Equipe Técnicagerente de comunicação Merrina Godinho Delgadogerente de produção musicalClaudia da Silva Guimarãesassessora de programação musical Carolina Debrot produtores Geisa AndradeLuis Otávio RezendeNarren Felipe analistas de comunicação Andréa Mendes –ImprensaMarciana Toledo –PublicidadeMariana Garcia –MultimídiaRenata Romeiro – Design gráficoanalista de marketing de relacionamento Mônica Moreiraanalista de marketing e projetos Mariana Theodoricaassistente de comunicação Renata Gibsonassistente de marketing de relacionamento André Rozenbaum

Equipe Administrativa analista administrativo Paulo Baraldianalista contábil Graziela Coelhoanalista financeiro Thais Boaventura analista de recursos humanos Quézia Macedo Silvasecretária executiva Flaviana Mendesassistentes administrativos Cristiane ReisJoão Paulo de Oliveiraauxiliar administrativoVivian Figueiredorecepcionista Lizonete Prates Siqueiraauxiliares de serviços gerais Ailda ConceiçãoClaudia Reginamensageiros Jeferson SilvaPablo Faria menor aprendiz Pedro Almeida

INSTITUTO CULTURAL FILARMÔNICA / AGOSTO 2014

FORTISSIMOagostoNº 7 / 2014

ISSN 2357-7258

editoraMerrina Godinho Delgado

edição de textoBerenice Menegale

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A G O S T O 2 0 1 4

PontualidadeUma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

Aparelhos celularesConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro. E também evite usar o celular durante o concerto, pois a luz atrapalha quem está perto de você.

Fotos e gravações em áudio e vídeoNão são permitidas na sala de concertos.

ConversaA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.

CUIDE DO SEU PROGRAMA DE CONCERTOSO programa mensal é elaborado com a participação de diversos especialistas e oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música, compositores e intérpretes. Desfrute da leitura e estudo. Em 2014, ele ganha o nome Fortissimo e o registro do ISSN, um código que o identifica, permite a citação de seus textos como referência intelectual e acadêmica e sua indexação nos sistemas nacional e internacional de pesquisa. Para evitar o desperdício, traga sempre o seu programa. Caso o esqueça, use o exemplar entregue pelas recepcionistas e, ao final, deposite-o em uma das caixas colocadas à saída do Grande Teatro. Programa disponível no site: www.filarmonica.art.br//index.php/blog/programas

PARA APRECIAR UM CONCERTO

AplausosAplauda apenas no final das obras, que, muitas vezes, se compõem de dois ou mais movimentos. Veja no programa o número de movimentos e fique de olho na atitude e gestos

do regente.

TossePerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

CriançasCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

Comidas e bebidasSeu consumo não é permitido no interior da

sala de concerto.

A Vale sempre investiu na produção e democratização da cultura. Por isso, patrocinamos a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, uma instituição reconhecida pela excelência artística e talento musical. Temos orgulho de contribuir para levar grandes obras a cada vez mais pessoas. Para nós, apoiar a cultura é valorizar a maior riqueza de um povo.

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A G O S T O 2 0 1 4— em s e t em b r o vo c ê t em u m en co n t r o es p ec i a l —

Sinfonia nº 9 em Ré maior

Concerto para orquestra

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BARTÓK

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DESAFIOS

ORQUESTRAFabio Mechetti, regente

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