Tabloid 2015 Final

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  • DirioVI Prmio

    de Fotografia

    contem

    porneoAO

    EDUCATIVA

    OFICINAS PALESTRAS

    MOSTRA DOS PREMIADOS, SELECIONADOS E

    PARTICIPAES ESPECIAIS

    ARTISTA CONVIDADAJORANE CASTRO

    TempoMovimento

    Elaine Pessoa Tempo Arenoso

  • FICHA TCNICA

    JORNAL DIRIO DO PAR REDE BRASIL AMAZNIA

    DE COMUNICAO

    Jader Barbalho FilhoDiretor PresiDente Do

    Dirio Do Par

    Camilo CentenoDiretor Geral Da rBa

    Francisco MeloDiretor Financeiro

    RBA Marketing

    Daniella BarionGerente De MarketinG

    Marcelle Maruskaanalista De MarketinG

    RBA Desenvolvimento

    Luis FolhaGerente De DesenvolviMento

    Oscar AlencarsuPervisor De DesenvolviMento

    PROJETO PRMIO DIRIO CONTEMPORNEO DE FOTOGRAFIA

    Mariano Klautau FilhocuraDor e coorDenaDor Geral

    Lana MachadocoorDenaDora De ProDuo

    Irene AlmeidacuraDora assistente

    Luis LagunaProDutor

    Vitria Gantussassistente De ProDuo

    Andrea KellermannDesiGner GrFico

    Luana MachadocoorDenaDora Da

    ao eDucativa

    Debb Cabralassessora De iMPrensa

    ESPAO CULTURAL CASA DAS ONZE JANELAS

    Armando QueirozDiretor

    Mariana SampaioDiretora Do sisteMa

    inteGraDo De Museu e MeMrias - siM/secult

    Mrcia PontescoorDenaDora Da

    ao eDucativa

    MUSEU DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    Jussara DerenjiDiretora

    Sthefane SagicacoorDenaDora Da

    ao eDucativa

    Tempo MovimentoO corte no tempo e no espao efetuado pelo ato fotogrfico iniciou uma era de profundas mudanas na produo de imagens e na construo de novos modos de representao. Entre as diversas experincias possibilitadas por meio da fotografia esto a suspenso do tempo e a fixao do instante.Diante de um acontecimento, no frescor do fluxo da vida, o ato fotogrfico reage congelando o momento e eternizando o instante como fomos acos-tumados a pensar. Tais constataes embrionrias foram, em certo sentido, naturalizadas e ainda permanecem vivas em nossa experincia cotidiana. No entanto, o campo da arte contribuiu para que essas primeiras percep-es fossem desdobradas em camadas e construdas em procedimentos cada vez mais distintos.O surgimento do cinema fotografia fixa em movimento veio expandir o sentido de tempo j potencializado pela fotografia e instaurou na imagem tcnica suas capacidades narrativas. Na medida em que o cinema avana, a fotografia vai buscar no exerccio da srie um alimento necessrio, utili-zando-se desse aspecto para narrar acontecimentos e ampliar a noo de realidade.Atualmente, j no contexto dos processos digitais no qual a mistura entre ci-nema, vdeo e fotografia trabalha a favor das narrativas pessoais, das peque-nas histrias e ainda da reconfigurao descritiva da vivncia social, os artis-tas da imagem utilizam a fotografia como experincia de um tempo que dura. Os fotgrafos trabalham o vdeo como um processo desdobrado da experi-ncia fotogrfica cujo tempo no foi cortado somente uma vez; foi fatiado em sries, planos-sequncia, polpticos. O movimento no percebido so-mente no cinema ou no vdeo; est na aparente fixidez de imagens fotogr-ficas montadas em blocos, conjuntos, sequncias ou inseridas em instala-es.A sexta edio do Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia convoca os artistas a apresentarem trabalhos que estabeleam essas dinmicas de mo-bilidade da imagem, seja ela fixa ou em movimento, seja congelando ou expandindo a ideia de tempo.

    Mariano Klautau FilhoCurador do Projeto

    Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

    Sumrio

    Tempo Movimento 2

    Editorial 3

    Talento que se repete 4

    Artistas Selecionados 7

    O olhar do turista 13

    Hibrido de linguagens 14

    Coleo Dirio Contemporneo de Fotografia 17

    Arte para a compreenso do mundo 18

    ProgramaoExposiesVI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia - Tempo MovimentoArtistas selecionados, premiados e participaes especiaisEspao Cultural Casa das Onze Janelas23/04 a 28/06

    Diante das cidades, sob o signo do tempoJorane Castro - artista convidadaMuseu da UFPA - 24/04 a 28/06

    PalestrasEnunciados de um mundo-imagem [ou o que poderia ser um selfie de todos ns] Lvia AquinoCentro Cultural Brasil-Estados Unidos - CCBEU 26/02 19h

    En-De et au-del de laphotographiePhilippe Dubois06/05 as 19h, no Cine-teatro do CCBEU

    Fotografia, cinema e o tempo - Uma conversa com Jorane CastroMediao: Mariano Klautau FilhoMuseu da UFPA 10/06 19h

    Exibio de Curtas Metragens dee Jorane CastroMuseu da UFPA 23/04 a 28/06 de tera a sexta-feira, das 10 s 18h e sbados e domingos, das 10 s 14h

    OficinaEscavar, recordar: narrativas fotogrficas a partir de reapropriaes e laboratrio de CianotipiaIonaldo RodriguesMuseu da UFPA7,8,9,14,15,16/5 15 s 17he aos sbados 10 s 14h

    ServioEspao Cultural Casa das Onze Janelas (Praa Frei Caetano Brando s/n - Cidade Velha). Museu da UFPA (Av. Governador Jos Malcher (esquina com Generalssimo Deodoro). Entrada franca.Informaes: Rua Aristides Lobo, 1055 (en-tre Tv. Benjamin Constant e Tv. Rui Barbosa) Reduto.www.diariocontemporaneo.com.br.Contatos: (91) 3355-0002; 98367-2468;[email protected] [email protected]

    2 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • EditorialA sexta edio inaugura uma nova fase do Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia. J consolidado entre os editais de grande competio no pas, o projeto alcanou reconhecimento como lugar de incentivo a cultura, a arte e a linguagem fotogrfica em toda a sua diversidade. E foi justamente nessa diversidade que ele veio buscar inspirao em 2015, ao reforar o dilogo e interesse da imagem fotogrfica com as outras linguagens, abrindo espao para propostas em vdeo, instalaes, projees e trabalhos que misturavam suportes.Deu certo. Os trs premiados apresentam, cada um, uma linguagem diferente: vdeo, fotografia e instalao. Assim tambm aconteceu com os projetos sele-cionados, a fotografia est presente em todos, muitas vezes no na superfcie, mas na essncia da proposta, como reflexo e referncia.Uma cineasta a artista convidada. Jorane Castro, que tem longa formao em fotografia, se tornou referncia na linguagem audiovisual na Amaznia. Pra mim, a fotografia o espao da minha brincadeira, da minha experimen-tao, ela disse, e com a ideia de pensar alm dos suportes e mostrar como o alcance dentro da arte infinito, ser apresentado um recorte do seu trabalho que nem mesmo a prpria artista pensou em exibir.Explorar potencialidades. Isso tambm ser visto nas participaes especiais desse ano, onde artistas mostraro recortes de suas mais recentes produes.Focar na formao tambm o objetivo do projeto. A ao educativa desse ano trabalhar a arte como ferramenta de compreenso do mundo. Um olhar educado visualmente mais crtico e entende a arte e seu papel na sociedade. A diversidade a chave. O Prmio quer que o pblico consiga captar o que cada artista quis transmitir atravs de seu trabalho e possa estabelecer dilo-gos com ele.O Dirio Contemporneo d incio a mais essa etapa e convida todos a o acompanharem, a compartilhar uma histria que muitos artistas j dividem, e abrir portas para novas possibilidades.

    Debb Cabral

    Gui Mohallem Espelho Manchado

    Karina Zen Unidade Composta

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 3

  • Talento que se repetetr ajetr ia Dos PreMiaDos acoMPanha a histria Do Projeto

    Este ano, o Prmio Dirio Co n t e m p o r n e o d e Fotografia mais uma vez consagra talentos e, com muitos deles, at divide uma histria, como no caso dos premiados desta edio.

    MARISE MAUSEm 2012, Marise Maus esteve presente entre os selecionados do projeto, como membro do Coletivo CsBixo, que apresentou a obra Chippandale. Em 2014 ela retornou como convidada da Mostra Especial "Pequenascarto-grafias(e duas performan-ces), uma coletiva que trouxe um recorte do que de novo est se produzindo na fotografia paraense. Na oca-sio ela apresentou o vdeo Nstos, que teve como local de produo a ilha ribeirinha de Maracapucu Miri, localizada o municpio de Abaetetuba.Agora, nessa 6 edio Marise, faturou o Prmio Dirio Contemporneo com o vdeo Loess, que um desdobramento da pesquisa que ela vem re-alizando h algum tempo.

    O processo de criao da obra se deu quando recebi uma reprimenda de um afe-to por ter sido rspida com algum. Mesmo achando que era merecida minha ati-tude, senti um desconforto, pois me julgava at ento algum polida. A partir de

    ento me pus a refletir so-bre esse corpo que carrego comigo. Relembrei de seus

    vrios estgios no decorrer desses cinquenta e tantos anos, explicou.

    O corpo, a ao, as mar-cas. Dentro de uma relao com a geologia, Marise fala

    Marise Maus Loess

    Marise Maus Loess

    4 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • de fragmentos e camadas que se depositam com a existncia.

    DIRCEU MAUSTambm paraense, Dirceu Maus levou com a insta-laoHorizonte Reverso, o Prmio Dirio do Par. Na obra a imagem da ca-deira, e tudo a sua volta, projetado sobre o papel vegetal contido no interior das caixas, revelando um mundo de ponta cabea. Vrias caixas: vrios mun-dos em mosaico. Efmeras imagens em tempo real que nos transportam para um horizonte reverso: o tem-po de Nipce e Daguerre, de Hercule Florence, de Fox Talbot, de todos os precursores da fotografia

    que juntos ardiam em desejos, usando uma ex-presso de Daguerre, pela fixao da mgica imagem que se projetava no interior da cmera escura. Aqui a experincia da imagem per-faz um caminho de volta, em direo imaterialida-de, ao desejo que precedia a imagem fotogrfica como a conhecemos ou a co-nhecamos alguns anos atrs, refletiu.Desde 2003 o artista de-senvolve trabalho autoral nas reas da fotografia, ci-nema e vdeo, o qual tm como base pesquisas com a construo de cmeras ar-tesanais e utilizao de apa-relhos precrios. Em 2010, ano de estreia do Prmio Dirio Contemporneo de

    Fotografia ele foi, ao lado de Cludia Leo, o artista convidado.

    MARCO ANTNIO FILHOAno passado, o gacho Marco Antnio Filho em parceria com Eduardo Veras teve o trabalho Viagem pela linha invi-svel selecionado pelo Dirio Contemporneo. Nesta edio ele ga-nhou o Prmio Tempo Movimento, com That Crazy Feeling In America, uma instalao composta de doze fotos e um vdeo.Na obra, a aproximao com o cinema evidente, pois ela prope uma res-significao das aproxima-es, ao fazer da produo cinematogrfica matria

    passvel de ser fotografada.Possibilidades reconfigu-ram o movimento flmico

    em imagens e textos, que descolados de seus con-textos originais, ganham tempo e significados dis-tintos. Segundo ele a ideia do projeto ser uma espcie de roadtrip imagi-nria pelos EUA, a partir de filmes hollywoodianos realizados por diretores de outros pases. tambm uma reviso (e, porque no, homenagem) do livro The Americans, do fot-grafo suo Robert Frank. Fotografei as imagens di-retamente da tela da tele-viso, e com elas constru um polptico.So imagens que remetem ao imaginrio norte-ameri-cano, que um imaginrio muito presente na cultura popular, concluiu.

    Dirceu Maus Horizonte reverso

    Dirceu Maus Horizonte reverso

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 5

  • Marco A. F. That Crazy Feeling In America

    Marco A. F. That Crazy Feeling In America

    PREMIADOS

    Prmio Dirio do Par Dirceu Maus (PA)

    Prmio Dirio Contemporneo Marise Maus (PA)

    Prmio Tempo Movimento Marco A. F. (RS)

    SELECIONADOS

    Andrea DAmato (SP) Carolina Krieger (SP) Daniela de Moraes (SP) Edu Monteiro (RJ) Elaine Pessoa (SP) Felipe Ferreira (RJ) Pio Figueiroa (SP) Gui Mohallem (SP) Guy Veloso (PA) Isis Gasparini (SP) Jos Diniz (RJ) Solon Ribeiro (CE) Jlia Milward (RJ) Karina Zen (SC) Lara Ovdio (RN) Marcelo Costa (SP) Marclio Costa (PA) Pedro Cunha (PA) Pedro Veneroso (MG) Sergio Carvalho de Santana (CE) Tiago Coelho e Rgis Duarte (RS) Tom Lisboa (PR) Tuca Vieira (SP) Victor Saverio (RJ)

    Participaes especiais do Par

    Rafael Bandeira (PA) Ramon Reis (PA) Veronique Isabelle (Qubec, Canad)

    6 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • Artistas SelecionadosAndrea DAmato (SP)Coleo de Incertezas formada por uma srie de cinco objetos, com dimenses variveis e tcnicas distintas, criados a partir da apropria-o de fotografias do acervo familiar da artista. As interferncias realizadas em cada uma das peas desejam contaminar as imagens e susci-tar a dvida. O desgnio da coleo nutrir in-quietaes e insuflar pensamentos acerca das imprecises e paradoxos da memria, assim como das ambiguidades prprias da fotogra-fia. As incertezas desta coleo residem nas fo-tografias com uma temporalidade ampliada na qual pretrito e devir parecem entremeados.

    Carolina Krieger (SP)O desejo de cair com os olhos abertos um ensaio que trata da percepo de realidades mais sutis. A pesquisa que gerou o ensaio surgiu de uma

    experincia de inadequao. Quando subitamente se rompe a ordem do mundo, a realidade objetiva, as refe-rncias da superfcie. E uma sensao de estranheza, de no pertencimento, ocupa todo o campo de viso.

    Daniela de Moraes (SP)Arquitetura do Esquecimento So pequenos fragmentos que nos fa-zem imaginar a trajetria desse ob-jeto. Trata-se de um velho lbum de fotografias aparentemente vazio, sem fotografias, uma imagem que se faz sem imagens. O trabalho fala da falibilidade humana. a imagem do obsoleto, da no memria, uma ten-tativa de detectar como se constri o esquecimento.

    Edu Monteiro (RJ)Saturno A associao simblica en-tre o planeta Saturno e a melancolia, foi o tornou ponto de partida para uma cartografia de runas e solides que o fotgrafo fez em viagens soli-trias. Nessas mltiplas viagens o fotgrafo no confirma seu lugar no mundo, mas afirma-se fora de si: em determinados recortes do mundo. Em algumas fotografias, Edu realiza autorretratos utilizando um comple-xo dispositivo concebido por ele mes-mo. Graas a esse aparato, o artista se duplica e divide entre aquele que v e aquele que olhado pela cmera.

    Elaine Pessoa (SP)Tempo Arenoso Retrata a vivencia de uma atmosfera e de uma tempo-ralidade que envolve pessoas, um rio, uma cidade e a relao existente

    Andrea DAmato Coleo de Incertezas

    Carolina Krieger O desejo de cair com os olhos abertos

    Edu Monteiro SaturnoDaniela de Moraes Arquitetura do Esquecimento

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 7

  • entre elas. Atravs de uma narrativa fotogrfi-ca referenciada em Bergson e Mario Benedet-ti, Tempo Arenoso conta como as pessoas se relacionam com o Rio da Prata. Um rio que quase no corre, que parece mar e que talvez quisesse ser um lago. Um rio que deixa de ser rio pelo sabor e pelo acumulo de vivencias da-queles que nele desaguam.

    Felipe Ferreira (RJ)"Sem ttulo (flores e borrifador)" e "Sem ttulo (vela e fsforo)" Nessas obras o artista tenta trabalhar a destruio da imagem como uma ao potica, sugerindo uma frico entre a representao presente na imagem e a mate-rial idade de sua superfcie. Atravs do ten-sionamento do cdigo fotogrfico os vdeos buscam trazer uma dimenso contemplativa ao que seriam, inicialmente, gestos banais e efmeros.

    Pio Figueiroa (SP)Valparaso: paisagem histrica viva em fotogra-fias Valparaso, importante porto de circu-lao mundial de mercadorias at o sculo XIX, foi desmobilizada de sua importncia cultural por fatores e prioridades econmicas estrangeiras. O lugar de Valparaso, o lugar de uma imagem histrica. Essa analogia ima-gtica permite falar sobre a fotografia em um vis pelo qual os limites e o uso dessa lin-guagem sero expostos em sua relao com outra, a do filme, mantendo-se em seu tra-dicional papel de documento, adornado por uma fico potica que sugere tal desencon-tro de tempos na histria de um lugar no sul do mundo.

    Gui Mohallem (SP)Espelho manchado O artista vi-sitou Coney Island vrias vezes, sempre sozinho, e embora nunca encontrasse as mesmas pesso-as, foi encontrando o sentimento que permeia o lugar. Os brinque-dos parados no parque parecem esperar que a vida volte a eles no instante seguinte. O vento frio le-vantando a areia grossa, o pier com seus pescadores em silncio, as pessoas sozinhas vagando pela praia, tudo constri um clima de abandono e introspeco. como se por um momento estivssemos suspensos fora do mundo.

    Guy Veloso (PA)O Teatro do Tempo Destino, mor-te, passagem dos anos, envelheci-mento, infncia e solido so ideias evocadas. Um tempo em que inti-mamente se fantasia dominar mas invariavelmente tragado por

    Elaine Pessoa Tempo Arenoso

    Isis Gasparini Olhar Outro

    Pio Figueiroa - Valparaso Paisagem histrica viva em fotografias

    Felipe Ferreira Sem ttulo - Flores e Borrifador

    8 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • ele. Um tempo que ficou (tanto pela dor ou mes-mo amorosamente) retido na memria e l se vai diluindo as cores, misturando os matizes, desfocando o fio de nylon entre o real e o sonho, rumo ao esquecimento.

    Isis Gasparini (SP)Olhar Outro O trabalho integra uma pesquisa que a artista desenvolve acerca das possveis relaes entre espectadores e obras de arte. Esta videoinstalao parte de um extenso con-junto de fotografias produzidas em diferentes espaos expositivos para pensar o olhar como algo essencialmente dinmico. Esse interesse a levou a atravessar os limites tradicionais da fotografia, conduzindo o trabalho a uma lin-guagem hbrida, na fronteira entre a fotografia, o vdeo e a instalao.

    Jos Diniz (RJ)Movement O trabalho uma instalao apre-sentando um fotolivro de artista. As imagens so stills de vdeo produzido pelo prprio fot-

    grafo imerso no mar da Praia de Camboinhas, em Niteri, local onde trabalha constantemen-te suas sries. A ilha uma referncia onde o autor sugere ao espectador uma terra firme, uma terra distante e perto ao mesmo tempo.

    Solon Ribeiro (CE)TecnicPopPhotograph Atualmente o artista desenvolve projetos de instalaes e vdeos a partir de uma coleo de fotogramas de ci-nema. Nestes projetos os fotogramas sofrem uma espcie de ressignificao, desprovidos dos limites de um quadro narrativo prprio aos filmes de origem. Os fotogramas so nova-mente ativados para a vida, lanados ao caos cotidiano, so imbricados em outro significa-do. Neste sentido o artista se apropria do espa-o social, do seu corpo, como receptculo para estas imagens.

    Jlia Milward (RJ)Still Life A srie foi concebida a partir da re-flexo associada relao do instante com o tiro. Considerando que, ambos, ao romperem

    o tempo, encerram as atividades de uma forma e a perpetuam em imagem, estabeleceu-se, as-sim, os pontos de investigao. Das imagens--movimento foram retirados fotogramas, mais precisamente o frame anterior ao encontro do projtil com o alvo. O ponto de no retorno, quando a bala j saiu da arma mas ainda no encontrou o corpo, o instante final preservado em imagem.

    Karina Zen (SC)Unidade Composta Uma tripla projeo de di-ferentes imagens de cu, ilha e mar que se so-brepem parcialmente para formar uma quar-ta imagem, a de uma paisagem. A ilha tem um tempo de projeo mais longo que as imagens de cu que trocam com maior velocidade e as imagens de gua tem um tempo intermedi-rio entre estas duas, fazendo com que as com-binaes que formam a paisagem se alterem continuamente. Dentro do que seria a repre-sentao concreta e esttica de uma paisagem, aqui se dinamiza e se alterna enquanto se refaz a partir de imagens separadas.

    Lara Ovdio (RN)Territrios Perecveis Um registro da busca da artista pelos dias que passam, ora uma cole-o de vestgios de um pequeno pedao de uma vida. Fragmentos de um existir mundano, que mais que a entendimentos, nos convidam

    Jlia Milward Still Life

    Solon Ribeiro TecnicPopPhotographJos Diniz Movement

    Guy Veloso O Teatro do Tempo

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 9

  • a narrativas. Um trabalho que tenta encon-trar no dilogo entre fotografia, poesia, objeto e performance as formas prprias do tempo. Imagens que se recusam a uma disposio li-near, que escolhem o movimento e pedem que sejam montadas em constelao, numa parede que se abra a caminhos infinitos, a fices ml-tiplas e a sentidos mveis.

    Marcelo Costa (SP)Janelas Imagens dos mesmos lugares, fotografa-dos em tempos distintos, e que quando reunidos e reconstrudos, tornam-se algo diferente do que j foram, e assim, transformam-se tambm seus sig-nificados. Em cada janela um pequeno universo de histrias reais, que ao serem reunidas, tornam-se ficcionais. Lugares que no pertencem a espao e a tempo algum alm da prpria imaginao. Luga-res sem lugar. Espaos outros inventados.

    Marclio Costa (PA)Empalamento um registro daquilo que, mui-tas vezes, passa despercebido no cotidiano de uma cidade em vias de transformaes como Belm: sua verticalizao. Uma transformao no decorrer do tempo que violenta a cidade,

    a empala. Como referncia brutal tortura do empalamento (ou empalao) que atravessa o corpo da cidade e sua memria. Uma cidade que so duas em conflito. Uma, outrora, ainda horizontal e com sua carga de memria e iden-tidade; outra que atravessa e ascende para o "futuro", mas que parece no saber conviver e/ou respeitar seu passado, sua memria.

    Pedro Cunha (PA)...continua na minha memria Annimos fo-tografados, observados e analisados por um curto perodo de tempo. Tempo este suficiente para invadi-los e imagin-los protagonistas de uma histria somente do artista, revelia deles. Trata-se de um exerccio de observao no uni-verso humano e solitrio em grandes centros urbanos.

    Pedro Veneroso (MG)Que cor agora? um relgio cromtico que traduz a hora atual em uma cor RGB utilizando um conjunto de funes seno. Um computa-dor roda o software responsvel por traduzir as horas em cores e por projetar a imagem resul-

    tante do processamento. Desta forma, durante a exposio sero exibidas as cores, em tempo real, que representam as horas no fuso horrio da cidade de Belm.

    Sergio Carvalho de Santana (CE)O tempo amarrado no poste O fotografo tem retornado a sua cidade no serto do Piau, onde viveu at os 12 anos de idade, em bus-ca de imagens do presente, parte do tempo passado que permanece em sua memria vi-sual. Nesse exerccio do olhar tem revisitado espaos e personagens, na tentativa de (re)construo e re(significao) do passado e do presente. Velhas camionetas de cores fortes que ainda circulam pelas ruas e becos dessa cidade fazem parte desse ensaio em constru-o sobre o real e o imaginrio que se mistu-ram na memria do fotografo e no dia-a-dia da cidade atual.

    Marcelo Costa . Janelas

    Marclio Costa EmpalamentoLara Ovdio Territrios Perecveis

    Pedro Cunha continua na minha memria

    Sergio Carvalho de Santana O tempo amarrado no poste

    Pedro Veneroso Que cor agora?

    10 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • Tiago Coelho e Rgis Duarte (RS)Parcialmente Nublado O Brasil vem passan-do por transformaes importantes nos lti-mos 10 anos, quando uma grande parcela da populao emerge de classes alcanando um novo patamar. As praias, antes com arquitetu-ra mais horizontal, devido a suas largas exten-ses, comeam a verticalizar suas edificaes, sem qualquer planejamento arquitetnico pr-vio. A srie reflete sobre a Copacabanizao do litoral sul do Brasil, que no est somente na similaridade vertical da arquitetura, mas na pluralidade de classes, na mescla de estilos e no caos urbano, pretensamente organizado do famoso bairro cariosa.

    Tom Lisboa (PR)Palimpsestos - protestos em srie O trabalho traz tona uma relao to conflituosa quan-to inevitvel no fotojornalismo: a imagem que recria o texto ou o texto que redefine a imagem? Cada obra de Palimpsestos com-posta por uma sobreposio de textos verbais

    e no-verbais: o vdeo, a fotografia do fundo, o texto que apagado, a ao do pincel. Nes-tes vdeos, as aes de ler e ver sobre deter-minado acontecimento encontram-se sobre-postas.

    Tuca Vieira (SP)Estrada de Ferro Carajs A Estrada de Fer-ro Carajs leva o minrio de ferro da mina de Carajs, em Parauapebas (PA) para o terminal Ponta da Madeira no Maranho. Aps 892 km, ele carregado nos maiores navios do mundo com destino China e outros pases. Os trens utilizados esto entre as maiores composies do mundo, chegando a 330 vages, puxados por at quatro locomotivas. Este o primeiro e nico trabalho do artista em vdeo. Foi a pri-

    meira vez em que ele viu esgotadas as possibi-lidades da fotografia tradicional diante do que ele queria mostrar.

    Tiago Coelho & Rgis Duarte Parcialmente Nublado

    Tom Lisboa Palimpsestos - protestos em srie

    Tuca Vieira Estrada de Ferro Carajs

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 11

  • Victor Saverio (RJ)Projeto Particularidades Construdas a partir de uma estrutura nica, as casas geminadas so compostas por uma fachada dupla e idnti-ca; cada domicilio dividido por uma parede e abriga diferentes famlias em cada uma de suas composies. Apesar de Niteri, cidade natal do artista, ter passado pela verticalizao da paisagem urbana, algumas casas geminadas resistem as negociaes e ao tempo, e ainda

    permanecem em p. Entretanto, a grande maioria passou por alteraes muito curiosas. Ao longo do tempo, essas casas receberam modificaes de acordo com as necessidades de cada proprietrio, sem que houvesse qual-quer preocupao com o projeto original. Tais necessidades extrapolam os usos do espao e alcanam o ideal esttico, cultural e socioeco-nmico dessas famlias.

    PARTICIPAES ESPECIAIS DO PAR

    Ramon Reis Cosmografias Um trabalho ainda em proces-so, nesse sentido um esboo de atravessa-mentos e vnculos das relaes do artista com a Natureza. Em um arranjo de fotografias sobre vivencias, viagens, pessoas, paisagens, breves acontecimentos e fenmenos naturais que tem perseguido, que o atormentam pelos seus sons, imagens, mitos...Desenhado em noes cosmogrficas, de interfaces entre fenmenos terrestres, celestes e ns.

    Vronique IsabelleJEGUATA MBYA YVYJUPE / A caminhada do povo Guarani Mbya um livro de artista, re-alizado por Parai Lopes Guarani e Vronique Isabelle, em colaborao com Almires Macha-do Martins, e conta a histria do povo Guarani Mbya de Nova Jacund na sua longa caminha-da em busca da Terra sem Males, um lugar sagrado aonde se vive em paz e harmonia. H mais de um sculo, o Nheranderu desse grupo recebeu num sonho as orientaes para alcan-ar a Terra sem Males. O grupo atravessou o pas desde a Argentina, passando pelo Pa-raguai e pelo Mato Grosso at o Par, na sua busca do lugar sonhado.

    Rafael BandeiraAlice Uma menina inquieta, que cai em um abismo e se v em um universo do avesso. Questiona-se ao observar o pavor de um coe-lho que corre sem parar e observa atentamente as horas ( tempo de perder a cabea?). Ela pa-

    rece buscar o caminho de volta para casa, mas na realidade, tenta encontrar-se no universo confuso em que est inserida. Caractersticas suficientes para tecer de forma crtica um para-lelo com a realidade brasileira. Reflexos de nos-sos tempos atuais, de nossas memrias confli-tuosas de terceiro mundo ps colonizado.

    Vronique Isabelle (Participao especial) JEGUATA MBYA YVYJUPE / A caminhada do povo Guarani Mbya

    Victor Saverio Projeto Particularidades

    Ramon Reis (Participao especial) Cosmografias

    Rafael Bandeira (Participao especial) Alice

    12 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • O olhar do turista lvia aquino inauGura ProGraMao De Palestras

    A fotografia nos d a ideia de que o mundo todo acessvel e est ao alcance dos nossos olhos.E se algo merece a ateno, merece uma foto-grafia? Aparentemente para o turista que registra obsessivamente, sim. O turismo conferiu carter de acontecimento ao mundo e o viajante, foto-grafo incansvel, o colecionador de fragmentos desse mundo. Para ele sua experincia s ser confirmada atravs das fotos. Essas e outras observaes foram debatidas em Enunciados de um mundo-imagem [ou o que poderia ser um selfie de todos ns], primeira palestra da programao da 6 edio do Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia, que ficou por conta da fotgrafa e pesquisadora no campo da imagem, Lvia Aquino. No evento o pblico lotou no auditrio do Centro Cultural Brasil-Estados Unidos (CCBEU), para ouvir as palavras de Lvia

    sobre sua pesquisa e experincia pessoal en-quanto fotgrafa-turista. Na palestra, ela resumiu os principais aspec-tos da sua tese de doutorado, apresentada em maro de 2014, na Unicamp. Na pesqui-sa, ela se apoiou em trabalhos como o da su-a Corinne Vionnet, que para a srie Photo Opportunities, recolhe na internet centenas de fotografias produzidas por turistas e rene tudo em uma nica imagem; e da americana Penelope Umbrico que em 2006 apresentou o mural Suns From Flickr, com quase seiscen-tas mil imagens do pr do sol feitas por fo-tgrafos amadores e coletadas de um site de compartilhamento. Segundo ela, a partir dos anos 1980, alguns artistas comeam a problematizar o turismo nessa relao com a fotografia, apontando

    questes sobre o contedo e as formas de ver, a serializao, o esgotamento, a posse e a pose. Nota-se nessa perspectiva um processo de re-conhecimento e registro de tenses entre os dois campos, bem como um exerccio critico acerca das imagens ao desloc-las no tempo e no espao de seus usos, restituindo enunciados dos modos de operao da fotografia, principal-mente aquela feita por amadores, e produzindo nova percepo e subjetivao da experincia da viagem. Mas o que chamou mesmo a ateno do pblico foi o trabalho da prpria Lvia. Ela contou que logo aps a defesa da tese viajou para a China e se viu na posio dos seus objetos de estudo, os turistas. Estar em um lugar to distinto foi para mim uma espcie de embate interno, j que eu estava saindo de uma imerso nesse universo da fotografia e do turismo. Tudo o que eu via aparentava ser uma enorme construo, algo feito para fotografar, disse.Como que o deslumbramento com o novo no poderia afetar o trabalho pessoal da artista? Eu ali, naquela viagem, tambm me via numa situ-ao de turista-fotografa. Num dado momento parece que todos ns vivemos essa busca pela imagem, lembrou.Dessa reflexo interna surgiu a srie Recontro. Muitos dos lugares que passei, muitas vezes estavam to poludos, literalmente, que forma-va uma nvoa nas cidades e nos templos. Essa carga de opacidade passou a ser matria para constituir esse ensaio, finalizou.A experincia resultou em imagens delicadas e que guardam camadas de histrias.

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 13

    Livia Aquino Recontro 2014

    Penelope Umbrico Suns from Flickr

  • Hibrido de linguagenscineasta jorane castro a artista conviDaDa Desta eDio

    Nessa sexta edio, com o tema Tempo Movimento, o Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia teve como objetivo abrir espao para propostas em fotografia, vdeo, instala-es, projees e trabalhos que misturavam suportes, pois na contemporaneidade as fron-teiras entre as linguagens se tornam mais fi-nas e o resultado uma produo hibrida. Pensando nisso, o projeto tem como artista convidada desse ano a diretora, roteirista, pro-dutora e professora do Curso de Bacharelado em Cinema e Audiovisual da UFPA, Jorane Castro.Mestre em Ethnometodologia pela Universit de Paris VII Universit Denis Diderot, U.P. VII, Frana, com nfase em Sociologia apli-cada ao Cinema, Jorane coordena a Cabocla Produes, produziu e dirigiu o premiado Ribeirinhos do Asfalto e desenvolve pes-quisas na rea da linguagem audiovisual, pri-vilegiando a Amaznia.Desde muito nova ela est envolvida com a

    fotografia, participou de aes da Associao Fotoativa e reconhece que sua referncia est-tica passa muito pela conexo com a fotografia de Belm.

    Como que se deu a sua relao com a fotografia?A fotografia foi o meu primeiro trabalho. Pra mim ela muito importante, foi nela que eu me baseei para fazer o trabalho que eu fao hoje em cinema. Ento, quando eu deixei de ser fotografa, para fazer cinema, a fotografia tem pra mim outra funo, ela passa a ter uma funo mais de pesquisa para o trabalho no cinema. Eu continuo fotografando, e continuo olhando de uma maneira especifica porque eu tenho uma educao esttica e visual que vem da fotografia, dessa formao que eu tive e que foi muito solida.

    E como essa relao se d hoje?Eu ainda tenho uma relao muito forte com a

    fotografia, mas a minha relao no mais com o espao expositivo. Eu no fao um trabalho para colocar na exposio, eu no inscrevo um trabalho de fotografia. Hoje eu penso em filme, em cinema, roteiro, filmagem, imagem em movimento. Esse o meu foco hoje, mas a fotografia me serve para experimentar uma srie de coisas. Ento, pra mim, a fotografia o espao da minha brincadeira, da minha experimentao.

    Como se deu o dilogo entre a fotografia e o cinema?Quando eu fazia as fotografias, eu j tinha uma linguagem fotografia, eu construa sequncias, e j tinha essa influncia porque eu sempre quis fazer cinema. Eu vim da fotografia, estou no cinema e continuo flertando com os dois.

    Voc no usa a fotografia s como um recurso esttico, como uma imagem bem elaborada. Ela acrescida de significado para voc, no ?

    Jorane Castro Artista convidada Jorane Castro Artista convidada Jorane Castro Artista convidada

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  • Pra mim muito difcil fazer um filme sem pensar no filme visualmente. Tem aquela questo de que as pessoas dividem e dizem que forma uma coisa e contedo outra, eu no acredito nisso, eu acredito que os dois tem que estar entrelaados. Como realizadora, como diretora, eu penso tudo junto. um processo longo, mas muito instigante tambm.

    H muitos registros da Amaznia em documentrios, mas o teu traba-lho se diferencia muito por usar a fico e trabalhar de uma maneira mais potica. Como se d isso?Eu fao filme na Amaznia porque eu moro na Amaznia, o lugar que eu gosto, o lugar que a minha referncia cultural e meu universo visual tambm. Na Amaznia, a gente convive com grandes dispara-tes, no meio do rio no estranho para voc ver um cara segurando no motor de rabeta com uma mo e na outra o celular, consultando o Whatsapp. E isso tudo pra gente muito normal. Ns somos assim, o caboclo da Amaznia super pop e tecnolgico, ento quando eu fao um filme eu no posso fugir disso. O filme Invisveis Prazeres Cotidianos no qual eu falo sobre blogs mostra isso, como que a gente interage com a tecnologia.

    Como que essa relao com as outras linguagens?Eu no discrimino nenhuma linguagem, at porque tem elementos

    de cada uma que me serve. difcil at delimitar um trabalho porque ele se torna um hibrido. A questo que eu sempre procuro o que eu preciso na essncia do tema que eu estou trabalhando e dali que vai surgir a forma.

    O que ser visto na exposio desse ano?So grandes situaes, so trabalhos que eu fiz e que o Mariano (Mariano Klautau Filho, curador do projeto) resgatou, pois ele se de-bruou sobre todo o meu trabalho, desde fotografias em preto e branco at fotos do Instagram. Tem imagens que eu nunca pensei em exibir e que ficou numa montagem diferente.

    Como foi para voc incorporar essa fotografia rpida como a do Instagram?Eu acho incrvel. Eu trabalhei com laboratrio fotogrfico, eu revelava negativo, uma pratica que pra mim foi muito didtica e ajudou na minha concepo de imagem e de construo da imagem. Eu nunca me prendi muito na questo do equipamento, ento quando chegou o digital e a possibilidade de postar na hora e ter uma galeria visual na sua mo foi timo. Pra mim pesquisa, eu estou fotografando coisas que eu estou olhando, coisas do meu universo. O meu Instagram o meu bloco de notas, a minha coleo de referncias visuais e tem

    Jorane Castro Artista convidadaJorane Castro Artista convidada

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 15

  • coisa que eu nem posto, mas que eu guardo para usar, para mostrar para a minha equipe no filme como anotaes visuais.

    Como um trabalho relacionado Amaznia recebido l fora?Geralmente as pessoas conhecem muito pouco da Amaznia, a re-gio mais secreta. Muitos filmes j foram feitos sobre o serto, ns sentimos como se j conhecs-semos ele, sem nunca ter estado l, o mesmo acontece com as ou-tras regies, mas as pessoas no veem muito a Amaznia. Quando a gente chega com um filme as pessoas ficam surpresas diante do objeto cinematogrfico e da

    geografia. uma cultura que to rica que a gente ainda no conse-gue desvend-la. Quando chega-mos em um festival a gente tem uma funo meio que de desbra-vador, pois mostramos imagens que ainda no foram vistas. Mas eu no quero que seja s isso, um filme filmado na Amaznia, que se sustente s pela sua pai-sagem, tem que ser um bom filme. A Amaznia mais outra camada de informao que tem estar dentro de uma histria bem contada. A gente j tem uma qua-lidade artstica na Amaznia que tem capacidade de se sustentar. Temos uma consistncia cultural que faz com que as produes se realizem mesmo com todas as si-tuaes e adversidades.

    Como professora da universidade, como a tua relao com muitos jovens que esto se interessando em produzir e pensar com a lin-guagem audiovisual?Eu queria mais dialogo de troca. Eu tenho uma trajetria, j tenho um tempo de trabalho e quero di-vidir esse conhecimento, mas eu acho que a gente ainda est pro-duzindo pouco, e que no temos onde exibir nossos filmes. Ainda falta ousadia e a gente tem que ter um festival consistente, por-que sem um festival no se tem os eixos de formao, produo e difuso funcionado corretamente. Porque quando voc tem um fes-tival voc tem um incentivo e pra essa galera nova vai ser a primeira confrontao deles com o gran-de pblico, no pra ser aclama-do, mas para ter o retorno do que se fez. muito importante isso, faz os cineastas e os realizadores crescerem.Jorane Castro Artista convidada

    Jorane Castro Artista convidada

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  • Coleo Dirio Contemporneo de Fotografia

    A fotografia possui grande importncia no cenrio cultural brasileiro, desde os meios de comunicao at as exposies de arte ela est presente. Diante disso, os museus que desempenham papel fundamental com a preservao e a difuso da arte, tem incor-porado cada vez mais as imagens fotogrfi-cas aos seus acervos. Isso contribui para os debates sobre o campo sociocultural da arte e a constituio de uma memria visual no pas.Os anos de parceria entre o Prmio Dirio Con-temporneo de Fotografia, o Espao Cultural Casa das 11 Janelas e o Museu da Universidade Federal do Par resultaram em uma coleo de

    fotografias que foi incorporada aos acervos das instituies. O MUFPA recebendo os artistas paraenses convidados e a Casa das 11 Janelas recebendo os premiados.A Coleo Dirio Contemporneode Fotogra-fia uma maneira das obras permanecerem mais significativamente. Todo ano, um traba-lho do artista convidado integrado ao acer-vodo MUFPA e a fora da ao foi tanta que outros artistas contemplados pelo projeto pas-saram a oferecer obras tambm, favorecendo muito mais o intercmbio das artes.No lanamento da sexta edio, Jussara De-renji, diretora do Museu da UFPA, ressaltou que em 2015 o espao completar 30 anos

    de atividades. Segundo ela, os registros que esto sendo feitos pelo Prmio, so muito importantes pra ns, porque tem uma conti-nuidade dentro da nossa histria.O MUFPA, no tinha uma vocao para foto-grafia e a parceria com o Dirio Contempor-neo contribuiu para a mudana necessria. Ns recebemos a memria fotogrfica da universidade, mas ainda era um registro ins-titucional. Quando comeamos a trabalhar com o Prmio, a sim, ns comeamos a for-mar uma tradio na fotografia, e agora ns temos a formao especifica da Coleo Di-rio Contemporneo de Fotografia, finalizou.

    Pblico vendo os trabalhos de Janduari Simes, artista convidado em 2014 - Foto - Irene Almeida

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  • ARTE PARA A COMPREENSO DO MUNDOPor Luana MachadoCoordenadora da Ao Educativa

    Prezado (a) Educador (a),O objetivo desse material oferecer apoio ao desenvolvimento em sala de aula, atravs de exerccios que promovam a aprendizagem de conte-dos sobre arte com recorte em fotografia contempornea, tendo como ponto de partida as obras selecionadas da mostra do IV Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia.

    O contato direto com obras artsticas originais

    No resta dvida que a experincia com a obra original importante na for-mao do professor e do estudante, pois estimula a vontade de frequentar espaos expositivos alm de permitir uma experincia sensorial, como o

    contato com o artista, sua obra e outras situaes que a reproduo no alcana. Dessa forma, as imagens utilizadas como mdia pedaggica em sala de aula so indicadas, porm, recomenda-se que os educadores tam-bm visitem exposies com seus alunos, pois isso favorece o ensino de Artes e possibilita o contato com artistas, crticos, curadores e educadores das instituies culturais. Essa experincia torna possvel o desenvolvi-mento do gosto pela arte e do discernimento sobre a qualidade da obra.Os exerccios propostos so referncias para que voc, professor (a), faa as transposies didticas conforme a realidade do seu grupo e de sua escola. Neste sentido, a curadoria educacional traou dois eixos para elaborar as propostas educativas: Paisagem intimamente ligada fotografia Memria

    Ento, mos obra!!!!

    PROPOSTA 1 - A representao da paisagem na arte: reflexes a partir das obras dos artistas

    O que Paisagem?

    A esfera de paisagem, a mescla dos territrios e a ausncia de fronteiras entre os domnios no contemporneo oferecem um panorama vasto. As novas tecnologias audiovisuais propem verses ligadas percepo, especialmente a que est relacionada com a experincia senso-rial imediata de paisagens outras.A paisagem fruto de um longo e paciente aprendizado.

    MEIO AMBIENTE

    ECOLOGIA

    PAISAGEM

    Meio ambiente fsico: Desolado, degradado, poludo. Essas caractersticas se apresen-tam sob a forma de paisagens igualmente desoladas.

    Ecologia: Organismos da Terra no vivem isolados, interagem uns com os outros e com o meio ambiente. Todas as inquietudes face s poluies transformaram a harmo-nia natural, a qual antigamente se definia como bela paisagem.

    Ecologia, ar puro e sade se entrelaam com a natureza salvaguardada e animais protegidos. Por outro lado, as prticas urbanas com o lixo avanam e deixam marcas.O artista articula os setores da paisagem: eco-logia, economia, degradao e poltica com as decises da vida, por meio das pesquisas.O land art um tipo de arte que se compe a partir do prprio ambiente, utilizando recursos da arte na paisagem.Nesse sentido, a obra um conjunto de espao e tempo, nela os artistas adentram na tica de devolver terra ao seu estado primeiro, na ten-tativa de diminuir as devastaes.

    VEJA A DIVERSIFICADA PAISAGEM DOS ARTISTAS

    Edu Monteiro (Pgina 07)

    Elaine Pessoa (Pgina 07)

    Gui Mohallem (Pgina 08)

    Jos Diniz (Pgina 09)

    Karina Zen (Pgina 09)

    Marclio Costa (Pgina 10)

    Marcelo Costa (Pgina 10)

    Pedro Cunha (Pgina 10)

    Thiago Pereira Coelho (Pgina 11)

    18 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • A potica dos artistas acima dialoga com a pai-sagem na Proposta 1, na qual argumentam: o espao, o tempo, o crescimento das cidades, a mudana de uma mesma paisagem que se alte-ra conforme o horrio, o abandono dos lugares, a deteriorao do ambiente, o transeunte anni-mo na grande cidade e paisagens imaginrias.

    Percurso didtico na exposio

    1 Antes de fazer o percurso na exposio do IV Prmio Dirio Contemporneo de Foto-grafia, explique o roteiro didtico com o re-corte das obras dos artistas que trazem os questionamentos acerca da paisagem;

    2 No decorrer da aventura no espao exposi-tivo e das paisagens dos artistas, provoque e discuta a experincia de interao de seus alunos com a arte e as diferentes maneiras de produzir fotografia contempornea;

    3 Provoque relaes entre cotidiano e a pai-sagem no sentido de estimular um engaja-mento criativo do estudante com o seu pr-prio ambiente, cidade e cultura, inspirados nas proposies dos artistas em questo.

    Percurso didtico em sala de aula

    Oficina: Exerccio de imaginao produtiva para desenhar paisagens com tesouras

    Faixa etria: a partir de 12 anos

    Materiais de campo: bloco de anotao, celular, lpis de desenho, papel A4 branco (bloquinho)

    Materiais de sala de aula: Lpis, cola, tesoura, pedao menor de papel colorido carmim (cor-tado em quadrado) e uma folha de papel em branco.

    Voc deve solicitar aos alunos envolvidos que registrem imagens com o celular de situaes identificadas com o tema da paisagem no bairro

    onde eles vivem. Cada registro poder ser trans-formado em objeto de investigao sobre arte.

    Perguntas podero ser dirigidas, como: Qual o tema dos registros? Qual a relao entre cada registro realizado

    e a rea sua volta? Como os seus registros podem ser relacio-

    nados com os trabalhos dos artistas envol-vidos?

    Na aula seguinte, solicite que os alunos apre-sentem suas pesquisas de campo realizadas no entorno de onde vivem. Cada aluno dever escolher uma imagem de seus registros e de-senh-la com o lpis no papel carmim colorido no formato quadrado.

    A imagem desenhada dever ser recortada do papel e o aluno dever colar o restante do pa-pel quadrado em cima do papel branco. Poste-riormente dever virar a forma cortada e colar perto dos espaos vazios para criar o efeito ne-gativo/positivo com a forma cortada.

    Veja o exemplo!

    importante que os alunos percebem como o negativo (papel em branco) to importante quanto as formas coloridas (positivo).

    Ao final, voc dever reunir todos os recortes das paisagens desenhadas e recortadas pelos alunos e propor que o grupo faa uma grande colagem reunindo todos os trabalhos num pa-pel maior.

    Discuta com seus alunos como as diversas paisagens esto juntas e relacione com os tra-balhos dos artistas da exposio visitada.

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  • Dirceu Maus Horizonte reverso

    20 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • PROPOSTA 2 - Construo da cmara escura de orifcio: reflexes a partir da srie do artista Dirceu Maus

    Essa atividade muito rica em contedo e muito simples de realizar em sala de aula. Ela desperta o interesse em ver o que tem dentro da caixa e motiva o aluno a entender como acontece a formao da imagem invertida. Voc deve estimular cada aluno a explicar por-que viu a imagem na forma invertida.

    Faixa etria: a partir dos 11 anos

    Materiais necessrios:

    1 Caixa de papelo grande que voc pode encontrar em supermercados. Na escolha quanto ao tamanho, considere que ser pre-ciso colocar a cabea toda dentro da caixa e que ela tenha uma certa distncia dos olhos at o orifcio que ser feito na outra extre-midade.

    2 Papel sulfite

    3 Cola

    4 Fita crepe

    5 Papel camura preto para cobrir a caixa

    6 Pano preto (para envolver o pescoo para evitar a entrada de luz)

    7 Vela

    8 Fsforo

    9 Material pontiagudo (para fazer um peque-no orifcio na caixa)

    Construo:

    Depois de todos os cuidados para encontrar o tamanho adequado da caixa, voc deve colar papel sulfite em uma das faces menores da cai-xa do lado de dentro (veja a Imagem 1.).

    VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia 21

  • Faa um orifcio na face oposta, numa posio que fique acima da cabe-a (veja a Imagem 2).

    Mea o dimetro do pescoo e faa um buraco com essa medida que vai servir para encaixar impedir a passagem de luz (veja a Imagem 3).

    interessante realizar essa atividade onde tenha muita luz. Num dia de sol o resultado do experimento muito mais satisfatrio.

    Experimentao da caixa

    Para fazer uma discusso sobre o trabalho do artista Dirceu Maus co-mece com as seguintes perguntas aos alunos:

    As fotos da srie Horizonte Reverso, de Dirceu Maus, perfazem um caminho de volta, em direo imaterialidade, ao desejo que prece-dia a imagem fotogrfica como a conhecemos ou a conhecamos alguns anos atrs. Uma invertida paisagem, um mundo dentro de uma caixa: o mundo de ponta cabea. O artista, constantemente faz fotografia com cmara pinhole ou buraco de agulha, uma tecnologia simples e barata. Como voc imagina que este procedimento influi nas imagens que foram escolhidas para serem fotografadas?

    O lugar onde estes personagens esto modifica suas impresses so-bre a imagem?

    Para voc, o ttulo compe ou a at nega a imagem? Por qu? E como isso acontece na fotografia da srie Horizonte Reverso do artista?

    A partir dessas questes norteadoras, voc pode desenvolver a seguinte oficina:

    Deixe os alunos olharem a caixa com cuidado e convide um aluno para participar da atividade

    Coloque o aluno sentado numa cadeira de costas para a janela. Co-loque a cabea do aluno dentro da caixa com cuidado, feche as abas com o recorte do pescoo (veja a Imagem 4)

    Image 1

    Imagem 2

    Imagem 3

    22 VI Prmio Dirio Contemporneo de Fotografia

  • O orifcio deve ficar do lado de trs e acima da cabea

    Faa uso do pano preto para impedir a passagem de luz pelo pescoo

    Coloque os dedos ou algum objeto bem iluminado prximo do orif-cio para o aluno enxergar a imagem formada dentro da caixa

    interessante que voc utilize tambm uma vela acessa no experi-mento. Esta dever ser posicionada atrs da cabea do aluno (veja a Imagem 4)

    Solicite que os alunos observem atentamente o espao a sua volta de uma maneira diferente como prope Dirceu Maus: o mundo de ponta cabea.

    Imagem 4

    Faa as seguintes perguntas:

    O que voc est enxergando?

    Pode descrever para ns o que est enxergando?

    Porque voc acha que conseguiu enxergar dentro dessa caixa fecha-da?

    Porque voc enxergou a figura invertida dentro da caixa?

    Assista ao filme Moa com brinco de prolas, de Peter We-bber, com Scarlett Johansson e Colin Firth.

    Ao terminar a sesso do filme, rena o grupo, retome os contedos sugeridos e desdobre a ao, fazendo anlise comparativa com a srie Horizonte Reverso, de Dirceu Maus e o filme, em relao a tcnica que foi utilizada para sua construo.

    interessante solicitar um relatrio experimental da cmara escura.

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  • patrocniorealizao

    colaborao

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