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Swivel-Up Lipstick (James Bruce Mason 1922) O batom como símbolo da emancipação feminina

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trabalho teorico. historia e critca do design

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Swivel-Up Lipstick (James Bruce Mason 1922)

O batom como símbolo da emancipação feminina

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Docente: Frederico Duarte História e Crítica do Design II Ano lectivo 2011/ 2012Discente: Sofia Mendes de Carvalho nº5869 Dezembro de 2011 Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

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Swivel-Up Lipstick (James Bruce Mason 1922)

O batom como símbolo da emancipação feminina

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Entre 1914 e 1918, com a Primeira Guerra Mundial, viveu-se uma época de horror e destruição, com a mobi-lização dos homens para a guerra, a ruína da economia e a crise de valores. Porém, terminada a guerra, a econo-mia mundial conheceu uma fase de recuperação e pros-peridade: A crise deixada pela guerra foi ultrapassada com o aumento da procura de bens de consumo que re-sultou num grande desenvolvimento da indústria.

Com a alegria de viver e de consumir característica dos anos, a sociedade transforma-se numa sociedade de consumo para a qual a noção de acompanhar a moda nunca esteve tão presente: comprar roupas novas, au-tomóveis, mobiliário e acessórios era considerado um sinal de prosperidade e um importante marco social. O ato de estar na moda, quer fosse pelo uso de uma de-terminada cor de batom, estilo de chapéu, modelo de automóvel ou acessório, era procurado a todo o custo. Existia um enorme pressão social para estar na moda: o tamanho da roupa diminuiu mas a sua importância aumenta.

Em suma, aquilo que estudamos aplicado ao design grá-fico na europa (o ensino da Bauhaus, o movimento De Stijl, a nova tipografia) nos anos 20 pode ser também aplicado à criação de objectos em massa: assiste-se ao movimento da procura do moderno e da funcionalida-de. Rompendo com a tradição histórica e suprimindo o ornamento, desenvolve-se uma estética nova, mais geo-métrica e racionalista. Pretende-se encontrar o objecto tipo, a forma perfeita e ideal que assume uma validade universal. Foi neste período, com a procura do útil, do consumível e do funcional, que surgiram alguns dos ob-jectos que ainda hoje utilizamos.

O pós-guerra e o design da funcionalidade

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Protótipo de tipo de letra universalHerbert Bayer 1925

Cadeira Barcelona Mies Van der Rohe 1929

Schröder House Gerrit Rietveld 1924

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Antes da primeira guerra mundial, uma mulher que usasse maquilhagem era vista de forma depreciativa, considerada de virtude fácil; no entanto, na década de 20 este ato passou a ser respeitado e aceite como na moda. Já no início do século o batom começava a atingir o estatuto simbólico e económico que ainda hoje detém, com um número cada vez maior de mulheres a utilizá-lo. Mas foi nos anos 20, com o grande fascínio pela moda, que o seu uso, bem como a indústria dos cosméticos1 , sofreu um boom: por um lado, uma grande demanda por parte da população feminina desta época, por outro, as indústria multiplicavam os seus esforços para responder a esta demanda, produzindo e criando novos produtos, inovando os já existentes.

Se hoje estamos habituados a ver batons ainda que de várias marcas, com uma embalagem semelhante, nem sempre foi assim: antigamente este nem sequer era comercializado em tubos como hoje é comum, mas era aplicado como um rouge com um pincel. Em 1910, a companhia francesa Frances Guerlain cria o primeiro batom em tubo. A partir daí era comum os batons se-rem comercializados desta forma. Não demorou muito até que estes fossem adequados aos processos indus-trias da época: em 1915, Maurice Levy conclui que te-ria mais facilidade em produzir e distribuir em grandes quantidades se estes fossem produzidos numa emba-lagem de metal. Não demorou muito até que surgisse aquela prevalece a mais popular 100 anos depois, o swivel-up tube, patenteado pelo americano James Bru-ce Mason em 1923 (a invenção está contudo datada do ano anterior).

Como objecto surgido nos anos 20, este objecto pro-curava acima de tudo a funcionalidade e a universalida-de. Como o próprio inventor descreve no relatório da patente, o objectivo da invenção era facilitar a aplicação do mesmo em qualquer lugar e a proteção deste quando

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1 A indústria dos cosméticos era nesta época a quarta indústria mais lucrativa a seguir aos carros, filmes e venda ilegal de bebidas alcoólicas.

2 “An object of my invention is to pro-vide a devide of the character described which affords facilities for removably holding a lipstick so the the latter is avaibale for apllication when desired and when not being used is protected by an encasing body.” James Bruce Mason, 1923

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não estava ser utilizado com uma tampa2. Esta questão da portabilidade está também muito ligada à época em causa – antes desta altura a maquilhagem era somente aplicada em casa – nesta altura surge a democratiza-ção do convívio fora de casa, das bolsas de mulher e da maquilhagem portátil.

A utilização do processo é ainda descrita

no mesmo: “após retirar a tampa, a utiliza-dora devia girar uma peça na parte de baixo de forma a que batom suba e voltar a girar para que este se retraia rapidamente.” São ainda referidas as vantagens sanitárias da invenção uma vez que assim não existiria qualquer tipo de contacto entre a mão e o tubo de batom.

Desenhos descritivos que acompanham o relatório da patente. 1923

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Assim, faz sentido que este (ainda que com algumas modernizações) seja ainda o modelo utilizado nos dias de hoje. Apesar de ter sido a melhor sucedida foi apenas o início de uma série de embalagens criadas no período entre guerras: tampas deslizan-tes, a embalagem octogonal, embalagem na qual o batom saltava fora como se fosse um espécie de torradeira.

Ao longo dos tempos o batom sempre foi o cosmético mais utilizado, mas as razões para o aumento desta popularidade nos anos 20 divergem: era usado por feminis-tas como forma de protesto, como rebeldia, com o intuito de chocar os mais velhos, ou-tras acreditavam que serviria como prote-tor contra os germes ou então pretendiam simplesmente imitar as suas estrelas de ci-nema preferidas.

Outro fator curioso que parece estar as-sociado a esta popularidade é a relação en-tre os períodos de recessão económica e as vendas de batom. Em geral, em tempos de crise as vendas de bens de consumo tendem a decair. No entanto, o batom apresenta um desempenho oposto. Nesta teoria, que ficou conhecida como índice batom, constata-se o facto de que numa economia de crise os primeiros bens a serem cortados sãos os desnecessários, mas ao menos tempo são substituídos por pequenos prazeres mais acessíveis, como é o caso do batom. Um exemplo disto é o 11 de setembro; após esta data as vendas deste cresceram 11%.

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No sentido dos ponteiros do relógio: capa da publicação PHOTOPLAY, publicação dos anos 20; reclames publicitários a perfumes que utilizam o sistema inventado por Mason, pertecem por ordem cronológica aos anos 60, 80 e a 2011

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Em geral considera-se um facto como histórico quan-do este é de grande importância e/ou afecta um grande número de pessoas. Este objecto, apesar de não ser um objecto de grande impacto afectou (e afecta ainda) um grande numero de mulheres que utilizam batom diara-mente. Esta e outras revoluções aparentemente peque-nas na moda feminina nos anos 20 representam uma liberdade feminil que não existia antes3; podiam agora trabalhar, divertir-se ou simplesmente usar maquilha-gem sem serem julgadas.

A peça escolhida não representa um marco ou viragem no design no entanto as mudanças que a acompanha-ram mudaram significantemente a vida diária da mu-lher do anos 20, das mentalidades, de costumes, e é ain-da hoje utilizado por milhões de mulheres no dia-a-dia

O que é certo é que, directa ou indirectamente, para as cerca de 50 milhões de mulheres que usavam batom na década de 1920’s este significava, para além de um sím-bolo de beleza e feminilidade (como era já visto há cerca de 4000 anos4) representava agora também a emanci-pação feminina5.

No entanto, alguns cépticos dizem que na verdade as mulheres só tiveram acessoa a esta democratização por-que os homens assim o permitiram, segundo esta teo-ria, estes acharam que seria uma forma de as distrair esperando que o fascínio pela maquilhagem as dissuadi--se de outras dias vistas como mais ameaçadores, como a pratica desportiva ou laboral.

O batom como símbolo de emancipação feminina

5 “Probably the lip-stick has aroused sharper critical rage than any other whimsicality of women. It can appear to have seized the feminine imagination more violently than any other specific de-vice of fashion.” – Alexander Black, 1923Fonte: SHAFFER (2006)

3 Esta foi uma época de importantes desenvolvimentos para a mulher: em 1921 calculava-se que cerca de 8 milhões de mulheres trabalhavam fora de casa. Foi também nesta década que adquiriram o direito ao voto nos E.U.A. (em 1920) – em portugal isto só aconteceu cerca de 10 anos depois, 1m 1931, e apenas para mulheres diplomadas com cursos supe-riores ou secundários enquanto que aos homens continua a exigir-se apenas que saibam ler e escrever.

4 “Lipstick’s appropriately colorful his-tory began with Queen Schub-ad of an-cient Ur. Circa 3500 B.C., this Sumerian queen used lip colorant made with a base of white lead and crushed red rocks.”SHAFFER (2006)

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Um polícia “do fato de banho” media a distância entre o joelho e o fato de banho. Washington D.C., 1922

Quatro finalistas de um concurso de beleza. Washington D.C., 1922

Membros da Women’s International League for Peace and Freedom, em Washington D.C., 1922.

Campo de aviação da Amadora, 1920

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Referências

LivrosLEWIS A. , Frederick (2000), Only yesterday: an informal history of the 1920’s BOARD, Niir (2004), Modern Techonology of CosmeticsDROWNE, Kathleen Morgan, MUBE, Patrick (2004) The 1920’s MARCH, Madeleine (2009) Compacts and Cosmetics : Beauty from Victorian times to

present daysSHAFFER, Sarah (2006), Reading our lips: The history of lipstick Regulation in Western

Seats of PowerFilmesWALSH, Raoul (1939), Roaring Twenties WebgrafiaA Brief History of Lipstick[Consult. 2011-11-12]. Disponível na www: <URL: http://www.enjoy-your-style.com/

history-of-lipstick.html>.Hard Times, but Your Lips Look Great[Consult. 2011-1-12]. Disponível na www: <URL: http://www.nytimes.

com/2008/05/01/fashion/01SKIN.html>.A mulher e o voto [Consult. 2011-11-30]. Disponível na www: URL: http://www.al.sp.gov.br/web/eleicao/

mulher_voto.htmAS MULHERES EM PORTUGAL [Consult. 2011-12-11]. Disponível na www: <URL . http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/

Hist_mulheres_em_portugal.htm>Dos Loucos Anos 20 à Crise de 1929-1933. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora,

2003-2011.[Consult. 2011-1-12]. Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$dos-loucos-

anos-20-a-crise-de-1929-1933>.

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Swivel-Up Lipstick O batom como símbolo da emancipação feminina

Docente: Frederico DuarteHistória e Crítica do Design II

Ano lectivo 2011/ 2012Sofia Mendes de Carvalho