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Student book / PTdanserver.comapp.nl/manuals/PBLSD_64eabd4b/DAN Basic Life...1.1 Via aérea – Respiração - Circulação O ar contém cerca de 21% de oxigénio e 79% de azoto. O

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  • Sezione VIII | Lesioni legate alla temperatura

    DAN Basic Life Support i

    Student book / PT

  • DAN Basic Life Support 1

    DAN BASIC LIFE SUPPORT

    Editor: Guy ThomasAutor Principal: Guy Thomas

    Contribuições: Orr, M.S., John Lippmann, Yoshiro Mano M.D., Frans Cronjé M.D., Alessandro Marroni M.D.Fotos: Guy Thomas, Marjo Maebe ( "Fig. 5" -page 10 )

    © 2011 Divers Alert Network

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida, de qualquer forma ou por qualquer meio, electrónico, mecânico, fotocópia, gravação ou outro, sem autori-

    zação prévia escrita da Divers Alert Network, P.O. Box DAN, 64026 Roseto, Italy.

    Primeira edição publicada Agosto 2006Segunda Edição publicada Fevereiro 2011

    Contactos da Divers Alert Network

    DAN Europe, P.O. Box DAN, 64026 Roseto, Italy Tel: +39-085-8930333Fax +39-085-8930050

    E-mail (geral): [email protected] E-mail (formação): [email protected]

    www.daneurope.org

  • DAN Basic Life Support2

    Índice

    DAN Basic Life Support 3

    Secção 1. Compreender Anatomia e Fisiologia básica 6

    Questões de revisão 8

    Secção 2. Cadeia de Sobrevivência 9

    Questões de revisão 11

    Secção 3. Suporte Básico de Vida 13

    Questões de revisão 19

    Secção 4. Avaliação da segurança de um cenário 21

    Técnica de SBV: Avaliação de Segurança do Cenário - Segurança em primeiro lugar 24Questões de revisão 25

    Secção 5. Reanimação - RCP 26

    Técnica de SBV:Reanimação - RCP 36Técnica opcional:Uso da máscara de reanimação 40Técnica opcional:Providenciar auxílio com DAE 41Questões de revisão 42

    Secção 6. Posição lateral de segurança 43

    Técnica de SBV:Posição lateral de segurança 44QUESTÕES DE REVISÃO 45

    Secção 7. Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE) 47

    Técnica de SBV: Obstrução da via aérea por corpo estranho 50Questões de revisão 52

    Secção 8. Controlo de hemorragias externas 53

    Técnica de SBV:Hemorragia externa (grave) 55Questões de revisão 56

    Secção 9. Controlo do choque 57

    Técnica de SBV:Controlo do choque 61QUESTÕES DE REVISÃO 62

    Secção 10. Informação adicional 63

    Divers Alert Network DAN Europe 68

    Questões de SBV: Respostas 70

    Avaliação do curso de Suporte Básico de Vida 72

    Plano de Emergência Doméstico 73

  • DAN Basic Life Support 3

    DAN Basic Life Support

    Visão Geral do CursoO programa de socorrista DAN em Su-porte Básico de Vida (Socorrista DAN SBV) está desenhado para ensinar-lhe as competências e os conhecimentos necessários para prestar Suporte Básico de Vida.

    Desenvolvimento de Conhecimentos (1,5 horas)A parte de Desenvolvimento de Conhe-cimentos deste curso está desenhada para transmitir informações que lhe permitirão a:

    1) Compreender Anatomia e Fisiologia básica

    2) Enumerar os 4 elos da “cadeia de sobrevivência”

    3) Proteger-se do risco de transmissão de doenças e outros perigos

    4) Avaliar o estado de consciência 5) Avaliar a respiração normal 6) Realizar compressões torácicas e

    insuflações - RCP7) Prestar cuidados no

    “engasgamento”8) Colocar uma pessoa inconsciente

    na posição lateral de segurança9) Prestar cuidados numa hemorragia

    externa10) Prestar cuidados a indivíduos em

    estado de choque

    Assistirá a uma palestra realizada pelo seu Instrutor DAN SBV. Esta palestra ba-seia-se na informação contida neste livro de bolso de uma forma simples e fácil de

    compreender. No final de cada secção são colocadas questões de revisão que o ajudarão a avaliar a sua compreensão da matéria previamente abordada.

    Desenvolvimento de Competências (2.5 to 3 horas)A secção de Desenvolvimento de Com-petências deste curso dar-lhe-á uma oportunidade de praticar as técnicas de SBV sob a orientação de um Instru-tor DAN SBV. Esta parte prática do cur-so está desenhada para aplicar o que aprendeu na parte de desenvolvimento de conhecimentos do curso.

    Avaliação e CertificaçãoApós completar o curso DAN SBV, rece-berá um cartão com a certificação de so-corrista DAN SBV indicando que você foi treinado em Suporte Básico de Vida.

    Pré-requisitosNão existem pré-requisitos para este curso. No entanto, o SBV é um pré-re-quisito para outros cursos de Primeiros Socorros ou de Salvamento.

    DAN Basic Life Support

  • DAN Basic Life Support4

    DAN Basic Life Support

    Objectivos de AprendizagemNo final deste programa será capaz de realizar SBV:1. Realizar a avaliação da segurança de um cenário.2. Realizar RCP com 1 socorrista a uma vítima que não respira.3. Colocar uma vítima inconsciente na posição lateral de segurança.4. Prestar assistência a um adulto “engasgado.5. Prestar cuidados a uma hemorragia externa.6. Prestar cuidados no estado de choque.

    Nota:Apesar deste livro influenciar positivamente o processo de aprendizagem antes e durante o curso de SBV, o livro por si só não o treina como socorrista de SBV.

    Para poder ser capaz de realizar as técnicas descritas neste livro deve participar num curso de SBV, organizado por um instrutor de SBV activo e qualificado.

    Este livro é também um recurso valioso após um curso de SBV.

    Este manual está construído segundo as recomendações de 2010 do ERC Guidelines for Basic Life Support.

  • Visita o website da DAN onde poderás descobrir o que é a DAN Europe e o que ela pode fazer por ti!

    O website contém toda a informação sobre a filiação na DAN e as suas vantagens, Medicina Subaquática, Segurança no mergulho, Investigação, programas dos cursos, e muito mais…

    O catalogo online dá-te a possibilidade de encomendares o materiais da DAN Europe com descontos especiais para os membros DAN Europe

  • DAN Basic Life Support66

    Secção 1 | Basic Anatomy and Physiology

    1.1

    Via aérea – Respiração - Circulação

    O ar contém cerca de 21% de oxigénio e 79% de azoto.

    O nosso corpo (células, órgãos, etc) ne-cessitam de um fornecimento constan-te de oxigénio de forma a produzirem energia para sobreviverem. Isto pode ser comparado com a função do com-bustível de um carro.

    Sem este fornecimento constante (e transporte) de oxigénio ao corpo, as cé-lulas deterioram-se e morrem.

    A- Via Aérea:Uma via aérea aberta (nariz, boca e tra-queia) assegura que o ar chegue aos pulmões (Fig. 1).

    Nota:Toda a informação apresentada nas secções seguintes é baseada na literatura medica su-baquática mais recente. As referências estão disponíveis através do seu instrutor DAN ou no Departamento de Formação da DAN na sua região.

    Compreender Anatomia e Fisiologia básica

    Fig. 1: Uma via aérea aberta garante que o ar chegue aos pulmões

    1

    Nota: O esófago, que é o tubo que transporta os ali-mentos da boca até ao estômago, está mes-mo atrás da traqueia e da laringe. As abertu-ras do esófago e da laringe localizam-se muito próximas e juntas uma da outra na garganta. Quando engolimos, uma membrana chama-da epiglote move-se para baixo tapando a abertura da laringe evitando que os alimentos e os líquidos desloquem-se para a traqueia.

  • DAN Basic Life Support 77

    Secção 1 | Basic Anatomy and Physiology

    1.3

    1.2 B-RespiraçãoCada vez que inspiramos (introduzimos ar no peito) o ar entra pelo nariz ou pela boca, atravessa a laringe e desce para a traqueia.

    A traqueia divide-se em dois tubos, o brônquio direito e o brônquio esquer-do e o ar entra para estes brônquios respectivamente para o pulmão direito ou para o pulmão esquerdo. Estes brôn-quios são como ramos que se dividem em ramos cada vez mais pequenos cha-mados bronquíolos. No fim destes bron-quíolos o ar chega a pequenos sacos de ar muito finos chamados alvéolos.

    Existem cerca de 300 milhões de alvéo-los nos pulmões envolvidos por capila-res (minúsculos vasos sanguíneos com paredes muito finas).

    O oxigénio (do ar) desloca-se dos alvéolos através destas paredes finas para os capi-lares. Este processo chama-se difusão.

    Nestes capilares também encontramos a dióxido de carbono. Este gás é um produto residual do metabolismo cor-poral (o oxigénio utilizado regressa aos pulmões sob a forma de CO2).

    Este dióxido de carbono difunde-se dos capilares para os alvéolos.

    A difusão do oxigénio para o sangue só é possível quando a concentração de oxi-génio nos pulmões é mais alta do que a concentração do oxigénio nos capilares.

    Ao inspirarmos asseguramos que a con-centração do oxigénio nos pulmões mantém-se mais alta.

    Quando expiramos (deitamos o ar fora), o ar (com uma concentração de CO2

    aumentada) desloca-se para fora dos pulmões e é transportado através dos brônquios e da traqueia para a boca ou nariz saindo assim para fora do corpo.

    C-CirculaçãoO coração bombeia o sangue oxigena-do (dos capilares) e transporta-o para todas as partes do corpo.

    Isto é realizado pela circulação pulmo-nar (para os e dos pulmões) e pela circu-lação sistémica (restante corpo).

    O sangue desoxigenado que regressa da circulação sistémica (contem CO2) entra na aurícula direita, vai para o ventrículo direito e é bombeado para os pulmões onde se realiza as trocas gasosas a nível alveolar (circulação pulmonar).

    O sangue que regressa dos pulmões entra na auricular esquerda, é transpor-tado para o ventrículo esquerdo e daí é bombeado par o restante corpo (via cir-culação sistémica).

    Este sangue transporta o oxigénio para as células do corpo e dai regressa para a auricular direita.

    Terminologia médica.

    Aurícula — Câmara do coração que dá acesso a outra câmara chamada ventrículo.

    Laringe — O orgão onde se produz a voz; também conhecida como a caixa vocal.

    Faringe — Parte da via aérea que co-necta a cavidade nasal à laringe.

  • DAN Basic Life Support88

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Secção 1 | Questões de revisão

    1. O corpo necessita de um fornecimento contante de oxigénio para sobreviver.a. Verdadeirob. Falso

    2. De forma a assegurar que o ar chegue aos pulmões a ________ deve estar aberta.a. Via aéreab. Boca apenas

    3. A epiglote previne que os alimentos e os líquidos entrem na ___________a. estômagob. coraçãoc. traqueiad. esófago

    4. As trocas gasosas apenas ocorrem nos _________.a. arteríolasb. aortac. alvéolosd. aurículas

    5. O ______ bombeia o sangue oxigenado transportando-o a todas as partes do corpo.a. estômagob. coraçãoc. músculosd. fígado

    Secção 1QUESTÕES DE REVISÃO

  • DAN Basic Life Support 99

    Secção 2 | Cadeia de Sobrevivência

    2.2

    2.1

    Existem 4 passos que influenciam positiva-mente a probabilidade de sobrevivência.Estes 4 passos são referidos habitualmen-te como os 4 elos da cadeia de sobrevi-vência.

    Acesso precoce ao SEM (Serviços de Emergência Médica)Telefonar para os serviços de emergên-cia (numero nacional de socorro - 112) para chamar uma ambulância ou profis-sionais de emergência mais diferencia-dos é essencial para aumentar as proba-bilidades de sobrevivência (Fig. 2).É por isso importante reconhecer a si-tuação o mais precocemente possível para evitar perder tempo.É importante que a pessoa que dá o alerta e telefona para os serviços de emergência esteja calma e seja o mais concisa possível.Diga ao operador dos serviços de emer-gência:

    - A localização exacta dos serviços de emergência

    - O que aconteceu- Quantas vitimas estão envolvidas- O estado da(s) vitima(s) envolvida(s).- Os cuidados que já foram prestadosDe forma a assegurar que a pessoa a quem foi pedido que telefonasse a pedir ajuda ativou os serviços de emergência, deve-se-lhe dizer que regresse imediata-mente após o telefonema.É também recomendado que se peça á pessoa que vai realizar a chamada de emergência que repita a informação da situação antes de ir chamar a ajuda. Desta forma pode corrigi-la e garantir que a men-sagem que vai ser transmitida está correta.Lembre-se que quanto mais cedo reali-zar o telefonema mais cedo chegará o Suporte Avançado de Vida.

    SBV PrecoceSBV precoce melhora significativamen-te a probabilidade de sobrevivência (Fig. 3).

    Durante o SBV ou a RCP tenta evitar-se a lesão dos órgãos vitais fazendo circular sangue oxigenado.

    Cadeia de Sobrevivência

    Fig. 3: Inicie o SBV logo que possível

    3Fig. 2: Chamar ajuda é essencial para aumentar as hipóteses de sobrevivência

    2

  • DAN Basic Life Support1010

    Secção 2 | Cadeia de Sobrevivência

    2.4

    2.3

    As compressões torácicas substituem temporariamente a função do coração bombeando manualmente o sangue ao longo do corpo.

    As ventilações levam o ar (oxigénio) aos pulmões e asseguram que se realize as trocas gasosas nos alvéolos.

    Desfibrilhação PrecoceNa maioria das situações o motivo pelo qual uma pessoa deixa de respirar é uma paragem cardíaca. A paragem car-díaca é habitualmente causada pela “Fi-brilhação Ventricular – FV”.

    Isto é um distúrbio elétrico do cora-ção que faz o músculo cardíaco tremer criando um ritmo caótico anormal.

    Devido à ausência do impulso elétrico normal o coração já não bombeia efi-cazmente.

    Nestes casos a RCP não reinicia o cora-ção. Enquanto a RCP atrasa a lesão (cé-rebro ou outra) devido á falta de oxigé-nio, somente um desfibrilhador conse-gue reverter o ritmo e fazer com que o coração volte a funcionar (Fig. 4).

    Por isto é crucial desfibrilhar uma pes-soa com Paragem Cardíaca Súbita o mais precocemente possível.

    Após 7-10 minutos a probabilidade de sobrevivência é mínima.

    Suporte Avançado de Vida PrecoceO SBV e a desfibrilhação podem não reiniciar o coração. Nestes casos inter-venções médicas como manuseio avan-çado da via aérea e a administração de medicamentos podem aumentar o su-cesso da reanimação (Fig. 5).

    Se o SBV e/ou a desfibrilhação tiverem sucesso o Suporte Avançado de Vida estabiliza o mergulhador lesado prepa-rando-o para ser transportado para o hospital

    Lembre-se: O Suporte Avançado de Vida não chega quando a ambulância não é chamada!

    Fig. 5: O manuseio avançado da via aérea aumenta o sucesso da reanimação

    5Fig. 4: Se tiver formação para tal, use o DAE

    4

  • DAN Basic Life Support 1111

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Section 2 | Questões de revisão

    1. Quais são os 4 elos da cadeia de sobrevivência (pela ordem correta)?

    2. Durante o SBV precoce, ________ temporariamente substituem a função do coração, enquanto __________ levam oxigénio aos pulmões.

    Secção 2QUESTÕES DE REVISÃO

  • Automated External Defibrillation course (AED)

    Paragem cardíaca súbita é responsável por milhares de mortes todos os anos.Administrando RCP atrasa o inevitável, ajudando o oxigenar o sangue e mantendo a circulação. RCP não repõe o ritmo cardíaco.

    Só a desfibrilhação o pode fazer.Cada minuto de atraso na desfibrilhação, reduz a sobrevivência entre 7 e 10 por cento.

    O curso DAN AED. Ensina-te a utilizar um DAE, de modo que o teu papel como socorrista seja crucial na cadeia de sobrevivência.Este curso de 4 horas pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

    Pergunta ao teu instrutor como podes tornar-te um DAN AED Provider, ou visita o nosso sitewww.daneurope.org

  • DAN Basic Life Support 1313

    Secção 3 | Suporte Básico de Vida

    3.2

    3.1 O que é o SBV?O SBV é um conjunto de técnicas de pri-meiros socorros utilizadas para suportar (ou restaurar) a vida e incluem:

    • Proteger-se a si próprio • Ativação da ambulância• Providenciar cuidados a lesões

    ameaçadoras da vida• Estabelecer ou manter os ABCs

    (realizando RCP - Fig. 6)

    Para ser capaz de providenciar cuidados a lesões ameaçadoras da vida é crucial aprender estas técnicas básicas de Pri-meiros Socorros:

    • Avaliação da segurança do local (e proteção pessoal)

    • RCP (Ressuscitação Cardio-Pulmonar)

    • Posição Lateral de Segurança• Obstrução das Vias Aéreas por

    Corpos Estranhos / Engasgamento• Hemorragia Externa (Severa)• Manusear o Choque

    De forma a garantir os melhores cuida-dos possíveis a uma pessoa lesionada é importante manter actualizados os co-nhecimentos e as técnicas de SBV.

    Treinos regulares de reciclagem ou par-ticipar em mais cursos avançados de primeiros socorros, como a DAE ou o curso de administração de oxigénio, é recomendado e encorajado.

    Porquê SBV?É importante que o fornecimento de oxi-génio aos nossos órgãos seja mantido.

    O fornecimento de oxigénio aos nossos órgãos é mantido quando:

    1) Temos uma via Aérea aberta e permeável. A obstrução da via aérea (ou via aérea encerrada) bloqueia o fornecimento de ar aos nossos pulmões.

    2) Mantemos a Respiração para que o ar inalado se desloque das vias aéreas até aos pulmões e o oxigénio possa difundir-se para a circulação sanguínea.

    3) O oxigénio nos vasos sanguíneos é transportado dos pulmões até aos tecidos do corpo. Isto é realizado pelo coração que se encarrega de manter a Circulação do sangue através do nosso corpo.

    Suporte Básico de Vida

    Fig. 6: As compressões torácicas fazem circular o sangue por todo o corpo

    6

  • DAN Basic Life Support1414

    Secção 3 | Suporte Básico de Vida

    Quando este fornecimento é interrompido os nossos órgãos entram em sofrimento e eventualmente morrem. O tecido cerebral, por exemplo, começa a morrer após cerca de 3-6 minutos sem receber oxigénio. A necessidade de acção imediata (Su-porte Básico de Vida - Ressuscitação) é por este motivo crucial.Durante o Suporte Básico de Vida o socor-rista encarrega-se de estabelecer ou man-ter, como antes mencionado, a Via Aérea, Respiração e Circulação, normalmente chamados de ABC ou funções vitais.Quando realizamos RCP ou ressuscita-ção (parte principal do SBV) nós:

    1. Avaliamos a resposta2. Abrimos a via aérea (ou mantemos

    a via aérea aberta) e avaliamos se a respiração é normal

    3. Realizamos compressões torácicas de forma a temporariamente subs-tituir a função do coração e bom-bear o sangue assim que se confir-ma que a vitima não está a respirar normalmente

    4. Realizamos ventilações de forma a fornecer ar (oxigénio) aos pulmões.

    O objectivo da ressuscitação não é reini-ciar o coração mas sim providenciar um pequeno fluxo critico de sangue ao coração e cérebro de forma a manter o sangue oxigenado a circular.

    De facto, na maioria dos casos, a RCP não reinicia o coração mas atrasa a lesão dos órgãos vitais e compra tempo.

    Também aumenta a probabilidade de sucesso da desfibrilhação (compressões torácicas são de especial importância se o choque não pode ser administrado nos 4-5 minutes após o colapso).

    O objective do SBV é:

    • Preservar a Vida• Prevenir mais lesões• Providenciar primeiros socorros e

    estabilização básica da vítima até á chegada da ambulância. Isto pode ter uma influência positiva no pro-cesso de recuperação da vitima.

    O SBV não se limita á RCP, outras técnicas de primeiros socorros abordadas no cur-so DAN SBV podem prevenir uma pessoa de ter uma paragem circulatória (e/ou respiratória) e salvar vidas. Um curso de SBV não só treina um socorrista a ressus-citar uma pessoa em paragem cardíaca, mas também previne que uma pessoa evolua para essa situação. Hemorragia externa e estado de choque por exemplo podem levar a severos problemas respi-ratórios e circulatórios.

    Nota:O ar que nós utilizamos durante as ventila-ções é o nosso ar expirado e já não contem 21% de oxigénio, mas sim apenas 16-17%.

    Para uma melhor oxigenação do sangue é recomendado utilizar oxigénio suplementar durante a ressuscitação (se treinado para tal).

    As técnicas para administrar oxigénio a vi-timas que não respiram são abordadas nos cursos de DAN Administração de Oxigénio e DAN Administração Avançada de Oxigénio.

  • DAN Basic Life Support 1515

    Secção 3 | Suporte Básico de Vida

    3.3 O Alerta dos Serviços Médicos de Emergência (SEM)Muitas vezes subestimado mas não de menor importância é telefonar (activar) o SEM.

    O SEM deve ser activado a partir do mo-mento que se tenha avaliado se a vítima respira ou não. Se está sozinho tem de ser você a activar o SEM antes de iniciar a RCP. Se não está sozinho pode man-dar alguém pedir ajuda e iniciar de ime-diato a RCP.

    Uma exceção a esta regra é quando a vitima é:• uma criança ou • uma vitima de afogamento.

    Neste caso, o socorrista sozinho deve realizar um minuto de RCP antes de chamar a ajuda.

    Em muitos países o SEM pode ser ac-tivado ligando para o 1-1-2 (depen-dendo do país) ou para um numero nacional de emergência semelhante. Pode ser possível que seja interrogado sobre o tipo de serviço de emergência que pretende contactar (policia, bom-beiros, SEM).

    Quando ligar para o SEM deve estar calmo e de forma clara dizer:

    • O seu nome• O que aconteceu: qual é a emergên-

    cia e a situação da vitima• Quantas vitimas estão envolvidas• Os primeiros socorros providenciados• A localização da emergência

    Se é o socorrista num cenário de aci-dente é recomendado que preste ins-

    truções claras a uma das testemunhas presentes para chamar ajuda telefonan-do (activando) o SEM e que depois re-gresse ao local.

    Desta forma poderá ter uma ideia de quanto tempo demorará a ambulância a chegar e assegurar-se de que o SEM foi activado. Pode ser uma boa ideia pedir á testemunha que telefonou que repita as informações que prestou ao SEM e assim assegurar-se de que essas informações prestadas estão correctas.

  • DAN Basic Life Support1616

    Secção 3 | Suporte Básico de Vida

    3.4 Stress emocional e o medo de fazer algo mal...Ajudar os outros em dificuldades dá-lhe uma sensação boa, mas pode também criar stress emocional antes, durante e após o socorro. Quando uma pessoa é vítima de um aci-dente ou de uma paragem cardíaca não é assim tão incomum que as testemu-nhas aguardem até que alguém provi-dencie primeiros socorros.A hesitação em avançar e iniciar o SBV é frequentemente causado por:• Medo de não conseguir prestar os

    melhores cuidados possíveis, fazer algo de mal, magoar ou não ser ca-paz de recuperar a vida à vítima

    • Medo de ser legalmente processado • Medo de infeção (no próximo ca-

    pitulo irá aprender como evitar o risco de infeção)

    Ansiedade é normal quando providen-cia primeiros socorros. O socorrista e a vítima estão ambos numa situação de stress e o socorrista pode considerar não providenciar cuidados e assim não correr o risco de realizar erros ou de não ser capaz de providenciar os cuidados.

    É no entanto OK não providenciar cui-dados “perfeitos”. Um pequeno erro raramente resulta numa lesão ou num agravamento da situação da vítima. Um pequeno erro enquanto presta cuidados é muito melhor do que nenhum erro porque não prestou cuidados nenhuns.

    Lembre-se de que quando um socorris-ta não reage, de certeza que a situação da vitima continua na mesma ou irá

    piorar. Uma pessoa em paragem car-diorrespiratória (sem sinais de vida) é a pior condição possível. O medo de ma-goar é por este motivo irrelevante ou sobrestimado.

    Após ser certificado como socorrista DAN SBV pode ficar confiante de que está capaz de providenciar SBV de for-ma correta e eficaz e, quando avançar para prestar cuidados, ficará surpreen-dido as manobras de primeiros socor-ros regressarão à sua mente de modo claro e simples. Para manter este nível de competência é necessário que atua-lize os seus conhecimentos pelo menos uma vez de dois em dois anos, através de um curso de atualização de SBV.

    O socorrista também poderá ter com um ritmo cardíaco acelerado e estar um pouco abalado ao providenciar primei-ros socorros. Esta é uma reação natu-ral do corpo humano (adrenalina) e na realidade ajuda-nos a avançar e a provi-denciar primeiros socorros. Após provi-denciar auxílio, e enquanto o socorrista relaxa (por exemplo, andando um bo-cado), ele sentirá o seu ritmo cardíaco a regressar ao normal e a acalmar.

    Porém, é importante que o socorrista não demonstre estar ansioso, uma vez que só fará a vítima ficar mais nervosa e ansiosa. Pessoas lesionadas podem reagir de forma anormal, passando da raiva à violência. O socorrista deve procurar manter-se tão calmo quanto possível e falar com a pessoa lesiona-da, explicando-lhe o que está a fazer e acalmando-o.

    Ações de socorro mal sucedidas podem também criar um stress emocional pro-fundo ao socorrista.

  • DAN Basic Life Support 1717

    Secção 3 | Suporte Básico de Vida

    3.5Este poderá culpar-se por não ter conse-guido "salvar" (ressuscitar) uma vida e/ou assumir que fez algo errado. Poderá ser necessário falar com o socorrista, após o salvamento, de forma a prestar-lhe apoio moral e assegurar-lhe de que fez tudo o que era possível. Socorristas que ficam com problemas emocionais após provi-denciar primeiros socorros, poderão ter que procurar ajuda profissional.

    Um socorro sem sucesso significa que uma pessoa morta (sem sinais vitais) per-maneceu nessa condição e não significa que o socorrista tenha feito algo errado e, com tal, tenha a morte como resultado.

    Está para além do controlo do socorrista recuperar a vida.

    Dizer que a RCP salva vidas ou, que quando a RCP é realizada corretamen-te se consegue salvar uma vida, dá na realidade uma ideia errada e não total-mente correta. Isto apenas faz com que um socorrista se sinta pior após um sal-vamento sem sucesso.

    Lembre-se que na maior parte dos ca-sos, quando se realiza CPR, o coração não reinicia, mesmo que este tenha sido realizado perfeitamente. A RCP aumen-ta, mas não garante, as hipóteses de so-brevivência.

    A RCP, como componente do SBV pre-coce, é apenas um dos elos da cadeia de sobrevivência.

    Aspetos jurídicosDever de cuidar

    O dever de auxiliar existe quando al-guém tem alguma responsabilidade perante outra pessoa.

    Por exemplo, é uma obrigação os centros desportivos (como os centros de mergu-lho) fornecerem o dever de cuidar e zelar pelos seus clientes (por exemplo, mergu-lhadores) que pagam por um serviço (ou por mergulhar). O centro deverá estar preparado para providenciar primeiros socorros (auxílio) relacionados com as atividades facultadas.

    O mesmo se aplica a instrutores (como instrutores desportivos) de quem se espera que sejam capazes de fornecer auxílio aos seus alunos.

    Na maioria dos países não existe uma lei que obrigue um socorrista, sem de-ver de auxiliar, a prestar primeiros so-corros. Porém, a lei poderá requerer que um cidadão preste assistência.

    Quando um socorrista, sem dever de cuidar, providencia primeiros socorros, o mesmo não deverá tentar fazê-lo para além do seu nível de competência. Caso o faça, poderá ser responsabilizado por causar danos adicionais à vítima.

    Para evitar problemas do foro jurídico é recomendável que peça autorização à parte lesada para lhe prestar primei-ros socorros. Isto pode ser feito dizen-do-lhe: "O meu nome é...eu presto pri-meiros socorros. Posso ajudá-lo?"

    Se a vítima estiver consciente, deverá dar autorização antes que o auxílio seja

  • DAN Basic Life Support1818

    Secção 3 | Suporte Básico de Vida

    3.6

    prestado. Na ausência de autorização ou quando os cuidados são forçados contra vontade da vítima, a mesma poderá entrar com uma ação judicial contra si por as-sistência involuntária ou agressão. Se a vítima estiver inconsciente, a lei presume que a autorização tenha sido concedida.

    Diretrizes para o SBVAs diretrizes para o SBV são estabelecidas por um comité médico-científico inter-nacional chamado "The International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR)".

    Este comité depende de organizações internacionais especializadas como o Aus-tralian Resuscitation Committee (ARC), American Heart Association (AHA) e o Euro-pean Resuscitation Council (ERC).

    Apesar do ILCOR publicar diretrizes internacionais de SBV, são as organizações lo-cais as responsáveis pela elaboração das suas próprias diretrizes de reanimação regionais.

    Desta forma é possível que existam ligeiras diferenças a nível regional. Este manual refere-se às diretrizes de 2010 do ERC.

    As diretrizes também podem variar ao longo do tempo e é possível que manuais mais antigos usem normas diferentes ou mais antigas.

    Poderá contactar a DAN no sentido de obter informação sobre as mais recentes Diretrizes Europeias de Reanimação. Ações de formação de atualização contínuas asseguram que possa receber uma nova formação usando as normas mais atuais.

  • DAN Basic Life Support 1919

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Secção 3 | Questões de revisão

    1. Durante o Suporte Básico de Vida, o socorrista estabelece e mantém _________.

    2. O ar inalado contém ____% de oxigénio O ar expirado contém apenas _____% de oxigénio. Para uma melhor oxigenação do sangue é recomendado o uso suplementar de ________________, se tiver formação para tal.

    3. O objetivo da reanimação não é reiniciar o __________ mas sim, providenciar um pequeno fluxo crítico _________ ao coração e cérebro. Isto mantém sangue _________ a circular, evitando lesões nos orgãos _________.

    4. O objetivo do SBV é _________ a vida, ________ mais lesões e _________ primeiros socorros.

    5. Ao chamar o SEM, você deverá:a. Informá-los acerca do que aconteceu e qual a situação da vítimab. Dizer-lhes a localização da emergênciac. Dizer-lhes quantas vítimas estão envolvidasd. Dizer o seu nome e explicar quais os primeiros socorros providenciadose. Todas as respostas estão corretas

    6. Na maioria dos casos o coração reinicia após a execução de RCPa. Verdadeirob. Falso

    7. Para evitar problemas do foro jurídico é recomendável que peça ao acidentado a sua _________ antes de prestar primeiros socorros. Isto pode ser feito dizendo________.

    Secção 3QUESTÕES DE REVISÃO

  • Continental Europe Office

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  • DAN Basic Life Support 2121

    Secção 4 | Avaliação da segurança de um cenário

    4.24.1 Perigos e transmissão de infeçõesUm socorrista não será capaz de provi-denciar primeiros socorros se também ele estiver lesionado. Desta forma, a se-gurança do socorrista está em primeiro lugar.

    Antes de providenciar SBV é importan-te realizar uma avaliação do cenário do

    acidente e eliminar ou remover quais-quer perigos que possam estar presen-tes (Fig. 7).

    Estes perigos podem ser:• Fogo• Eletricidade ou gás• Trânsito• Produtos químicos• Animais (até mesmo os tentáculos

    de uma alforreca, por exemplo)

    Transmissão de infeçõesApesar do risco de contágio ser mínimo durante os primeiros socorros, ele está sempre presente e deverá ser minimiza-do o risco de transmissão dos seguintes vírus: hepatite, tuberculose e o vírus da imunodeficiência humana (VIH), normal-mente conhecido como vírus da SIDA.

    Por esta razão, a segurança do socorrista também significa proteção contra san-gue, vómitos e outros fluídos corporais.

    Para se proteger contra a transmissão destas infeções você deverá:• usar luvas descartáveis (evite o con-

    tacto com objetos pontiagudos)• usar barreiras de reanimação como

    a máscara oronasal ou escudos fa-ciais (Fig. 8)

    • usar proteção ocular• evitar o contacto com seringas • lavar as mãos após providenciar pri-

    meiros socorros (e mais que uma sim-ples lavagem)

    Avaliação da segurança de um cenário

    Fig. 7: Assegurar a segurança do cenário

    7

    Fig. 8: Máscara de ressuscitação oronasal

    8

  • DAN Basic Life Support2222

    Secção 4 | Avaliação da segurança de um cenário

    O socorrista deverá ser examinado por um médico, caso tenha contactado com os fluídos corporais da vítima.

    A decisão de usar estes cuidados uni-versais depende do socorrista e poderá variar conforme a pessoa a quem os pri-meiros socorros são administrados (por exemplo, uma criança da própria família ou um total desconhecido) e a disponi-bilidade dos dispositivos barreira.

    É recomendado ter estes dispositivos de proteção no kit de primeiros socorros ou até no compartimento das luvas do seu carro.

    Uma máscara facial pode ser tão peque-na quanto um porta-chaves mas pode ser da maior importância durante a RCP (Fig. 9).

    Não se precipite quando fizer a aproxi-mação ao cenário de um acidente. Tome algum tempo para pensar e avaliar o cenário e assegurar-se que a sua segu-rança como socorrista está garantida.

    Se não tiver luvas nem qualquer outro dispositivo de proteção imediatamente disponíveis, é recomendado ir buscar o kit de primeiros socorros antes de pres-

    tar assistência. Isto é especialmente im-portante quando se espera algum con-tacto com fluídos corporais.

    CONSELHO:

    Antes de colocar as luvas, sopre nelas e feche a abertura do pulso, fazendo as-sim um balão.

    Verifique se a luva se mantém cheia de ar para ter a certeza de que está intacta, podendo ser usada sem receio de con-tacto com o sangue ou os fluídos corpo-rais (Fig. 10).

    Fig. 10: Verifique se as luvas não estão danificadas

    10

    Fig. 9: Porta-chaves com máscara facial

    9

  • DAN Basic Life Support 2323

    Secção 4 | Avaliação da segurança de um cenário

    E depois de ter administrado primeiros socorros?

    Após cada utilização, todos os materiais de primeiros socor-ros reutilizáveis devem ser lavados e desinfetados.

    As luvas protegem o socorrista durante os primeiros socorros mas, após a sua administração, poderão estar presentes ne-las quer sangue, quer fluídos corporais. É importante evitar o contacto com o sangue ao remover as luvas.

    Quando remover as luvas, retire a primeira pegando pela parte de fora do pulso (Fig.11) e puxando-a em direção aos dedos dessa mão (Fig.12). A luva ficará virada do avesso. Re-tire a luva e use a mão protegida (Fig.13) para a enrolar numa bola, fechando sobre ela o punho da mão ainda com a luva.

    Quando a luva retirada estiver na palma da mão ainda pro-tegida (punho), coloque um dos dedos sem proteção dentro da segunda luva (entre o pulso e a luva - Fig.14) e puxe a luva em direção aos dedos, como feito anteriormente (Fig. 15).

    Esta luva também será virada do avesso, ficando a primei-ra luva dentro da segunda e evitando assim todo o possível contacto com o sangue e fluídos corporais nelas presentes.

    Coloque as luvas num saco para "resíduos perigosos" de modo a evitar que outras pessoas tenham contacto com elas. Este saco também pode ser usado para todo o restante material infectado que tenha que ser descartado após uti-lização (Fig.16).

    Barreiras de ventilação

    O uso de barreiras de ventilação será abordado na próxima secção deste manual. Porém, é importante também ter esses dispositivos durante a Avaliação de Segurança do Cenário.

    11

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  • DAN Basic Life Support2424

    LEMBRE-SE de “P.A.R.E.” (Parar, Avaliar, Recursos e Exposição)

    P Parar

    • Parar• Pensar• Agir

    A Avaliar o cenário (Fig. 17-18)

    • O local é seguro?• A aproximação à pessoa lesionada é segura?• Há algum perigo presente?• Existe mais alguma coisa que possa constituir um risco

    para o socorrista?

    R Recursos: encontrar o kit de primeiros socorros, o kit de oxigénio e o DAE (Fig. 19)

    • Os kits de primeiros socorros contêm materiais essen-ciais como as barreiras (Fig.20).

    E Exposição (proteção à)

    • Use proteções tal como luvas e dispositivos barreira boca-máscara.

    • Colocação das luvas: Faça a verificação de danos nas luvas• Remoção das luvas:

    • Retire a primeira luva pela parte de fora do pulso e puxe-a em direção aos dedos dessa mão, virando-a do avesso.

    • Use a mão ainda protegida para fazer uma bola com a luva retirada.

    • Coloque um dos dedos "desprotegidos" dentro da segunda luva e puxe-a em direção aos dedos, como feito anteriormente, mantendo a primeira luva dentro da segunda.

    • Ponha ambas as luvas num saco de "resíduos perigosos".

    Técnica de SBV: Avaliação de Segurança do Cenário - Segurança em primeiro lugar

    17

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    Secção 4 | Avaliação da segurança de um cenário

  • DAN Basic Life Support 2525

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Secção 4 | Questões de revisão

    1. Que perigos podem estar presentes no local de um um acidente?

    2. A proteção dos socorristas também significa proteção em relação a ____________, _________ ou outros ___________.

    3. Que equipamentos poderá você usar para se proteger contra a transmissão de infeções?

    4. Após providenciar primeiros socorros, os materiais reutilizáveis devem ser __________ e ___________.

    5. Evite contacto com a parte exterior das suas _______ ao removê-las após a administração de primeiros socorros.

    Secção 4QUESTÕES DE REVISÃO

  • DAN Basic Life Support2626

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.2

    5.1 Reanimação Cardio-Pulmonar (RCP)Como foi visto anteriormente na secção geral de SBV, é da maior importância iniciar a RCP o mais cedo possível de for-ma a evitar danos nos tecidos cerebrais e órgãos do corpo.

    A razão mais comum de uma vítima adulta não respirar é a Paragem Cardía-ca Súbita (PCS). O coração pára de bater inesperadamente e ainda há uma quan-tidade relativamente alta de oxigénio nos vasos sanguíneos, coração e cérebro.

    Portanto, a ventilação é inicialmente menos importante que as compressões torácicas.

    No caso de paragem cardíaca em asfixia (paragem cardíaca após sufocação - por exemplo, num afogamento) o nível de oxigénio reduz-se drasticamente (hipó-xia), tornando as ventilações mais impor-tantes.

    Quando a vítima é uma criança, os pro-blemas cardíacos são bastante menos comuns mas poderemos ter um nível mais baixo de oxigénios no organismo da criança.

    Por esta razão, o protocolo de SBV em crianças e em afogamentos é ligeira-mente diferente.

    A Reanimação Cardio-Pulmonar (cora-ção e pulmões) é uma técnica que con-siste em compressões torácicas e venti-lações (respiração de emergência):

    • As compressões torácicas geram um fluxo sanguíneo pequeno mas crítico para o cérebro e miocárdio (coração) e aumentam a probabilidade de sucesso da desfibrilhação.

    • As ventilações de socorro levarão ar aos pulmões, aumentando a concentração de oxigénio nos alvéolos, o qual será depois levado por difusão até aos capilares.

    Razão Compressões -VentilaçõesUm modelo matemático sugere que uma proporção de 30:2 deverá proporcionar fornecer o melhor compromisso entre o fluxo de sangue e o fornecimento de oxi-génio, devendo porém as interrupções nas compressões torácicas serem manti-das no mínimo.

    A reanimação deverá continuar até• Chegar ajuda habilitada • A vítima recuperar a consciência:

    mexer-se, abrir os olhos e respirar normalmente

    • O socorrista ficar exausto

    Reanimação - RCP

  • DAN Basic Life Support 2727

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.3 Distensão gástrica - RegurgitaçãoA distensão gástrica ou regurgitação é a expulsão de conteúdos estoma-cais e é causada pela entrada de ar no estômago durante as ventilações de resgate.

    É muito semelhante a um vómito. Du-rante um vómito, o conteúdo estoma-cal é expulso do estômago por contra-ções musculares. No caso da distensão gástrica, não há atividade muscular mas o aumento da pressão dentro do esto-mago força o seu conteúdo a sair. Este conteúdo escorrerá do estômago para a boca (não em esguicho ou com força como no vómito).

    Se houver regurgitação, a reação do socorrista deverá ser colocar a vítima de lado e limpar a via aérea.

    Porém, após a desobstrução da via aé-rea ainda existe o risco de, ao serem ad-ministradas ventilações, parte do con-teúdo do estômago ser lançado para a traqueia e pulmões.

    Desta forma, a distensão gástrica deve ser sempre evitada.

    De modo a evitar a regurgitação, o vo-lume da ventilação deve ser mantido aproximadamente entre 500-600 ml (6-7 ml por kg de peso corporal).

    Ventilações rápidas e violentas podem também provocar distensão. Isto acon-tece porque o músculo que separa o esófago do estômago (esfíncter esofá-gico) abre-se com a pressão da via aérea a 15-20cm H2O. Esta pressão poderá ser atingida ao soprar ar de forma muito for-çada durante as ventilações. O esfíncter

    poderá também não funcionar mais em vítimas com paragem cardíaca.No sentido de evitar a distenção gástri-ca, você deverá:• Administrar ventilações de socorro

    com cerca de 1 segundo de duração com um volume suficiente para causar a elevação do tórax da vítima (Fig. 21)

    • Evite ventilações de socorro rápidas e violentas

    • Abra completamente a via aérea• Permita que o tórax volte à posição

    normal antes de iniciar a segunda ventilação de socorro

    • Evite exercer pressão sobre o estômago

    • Procure sinais de sobre expansão no estômago

    Fig. 21: Ventilações de socorro

    21

  • DAN Basic Life Support2828

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.5

    5.4 Sequência de Reanimação no Adulto - Explicação das manobras do socorrista

    A reanimação pode ser dividida em 3 partes principais:• Abordagem, avaliação do estado de

    consciência• Avaliar a respiração • Iniciar RCP se necessário.

    Aproximação - Avaliação do estado de consciência - Abertura da via aéreaUma vez garantida a segurança do local pelo socorrista, este deverá avaliar o es-tado de consciência.

    Se a vítima responde, deverá ser manti-da na posição em que foi encontrada e o SEM (Serviço de Emergência Médica) deverá ser ativado.

    O socorrista deverá tranquilizar a pes-soa lesionada e tentar perceber o que aconteceu.

    Ele deverá apresentar-se dizendo o seu nome, que tem formação para admi-nistrar primeiros socorros e deverá ex-pressar a sua vontade de ajudar. Deverá tranquilizar a pessoa lesionada mostran-

    do uma atitude atenciosa, informando a vítima sobre o que está acontecendo e sobre o facto de estar tomar conta dela.

    O socorrista deverá também tentar manter os curiosos à distância de modo a evitar criar mais stress à vítima.

    Muito provavelmente a pessoa lesionada estará preocupada ou assustada com o seu estado e sobre o que está a acontecer. Se o socorrista a tranquilizar, a vítima sen-tir-se-á mais segura e permanecerá calma.

    Se a pessoa lesionada não responder, deverá ser colocada em decúbito dorsal e a via aérea deverá ser aberta imedia-tamente.

    Se a via aérea ficar fechada, não será im-possível verificar a respiração mas, por outro lado, a vítima poderá também não conseguir respirar.

    Mais adiante, neste manual, irá apren-der sobre obstrução por corpos estra-nhos, porém a via aérea pode também estar obstruída pela língua. Quando a vítima tem um nível baixo de consciên-cia, é possível que a língua se desloque para trás e bloqueie a passagem do ar.

    A abertura da via é feita usando a técni-ca da extensão da cabeça - elevação da mandíbula (Fig. 22). Esta é uma técnica

    Observação: As manobras exatas de reanimação en-contram-se descritas nas páginas de téc-nicas desta secção.

    Fig. 22: Extensão da cabeça - elevação da mandíbula

    22

  • DAN Basic Life Support 2929

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.7

    5.6

    fácil de aprender e que será descrita nas próximas páginas.

    Em alguns casos poderá ser suficiente abrir a via aérea e mantê-la aberta até à chegada da ambulância (quando a res-piração se mantém).

    Avaliação da respiraçãoUma vez a via aérea aberta, o socorrista deverá pesquisar sinais de respiração tentando ver movimentos do tórax, ou-vir sons de respiração pela boca (Fig. 23) e procurando sentir os movimentos do ar na sua própria face ou ouvidos.

    Isto é feito mantendo a via aérea aberta e por não mais de 10 segundos.

    Se a respiração for normal, a vítima deverá ser colocada na posição late-ral de segurança, de forma a garantir sempre a abertura da via aérea, e uma ambulância deverá ser imediatamen-te chamada.

    O socorrista deverá verificar continua-mente a respiração e agir em conformi-dade.

    Iniciando a RCP -Auxiliando a circulaçãoQuando não há respiração ou não há uma respiração normal, então o SEM deve ser imediatamente ativado (in-forme caso não exista uma respiração normal) e o socorrista deverá começar as compressões torácicas, colocando as mãos com os dedos interlaçados sobre o centro do peito.

    As diretrizes atuais da RCP requerem 30 compressões a um ritmo de, pelo menos, 100 por minuto (mas sem exceder 120).

    Isto significa que a um ritmo de 100 por minuto, devem ser dadas 30 compressões em 18 segundos (um pouco menos que 2 compressões por segundo). A um ritmo de 100 - sem exceder 120, tal represen-ta 15-18 segundos. A profundidade da compressão deve ser de pelo menos 5 cm (mas sem exceder 6 cm) e é importante aliviar a pressão sobre o tórax entre com-pressões, mas sem perder contacto entre o tórax e as suas mãos (a nível do esterno). A posição exata das mãos está descrita em pormenor na página das técnicas.

    A cada compressão, o sangue é expulso do lado esquerdo do coração, e daí flui

    Importante:Durante os primeiros minutos de uma para-gem cardíaca, uma pessoa lesionada pode-rá mal estar a respirar ou, poderá apresen-tar arquejo ruidoso e irregular (respiração agónica). Não confunda isto com respiração normal. Se tiver dúvidas sobre a respiração, aja como se a respiração fosse anormal.

    Fig. 23: Avaliar a respiração

    23

  • DAN Basic Life Support3030

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    para todo o corpo (Fig. 24). Ao mesmo tempo, o sangue desoxigenado é com-primido do lado direito do coração para os pulmões, onde irá captar oxigénio nos alvéolos. Ao aliviar a pressão sobre o tórax, o sangue reflui de novo para o lado direito do coração e o sangue oxi-genado regressa aos pulmões a partir do lado esquerdo do coração.

    Ao comprimir muito rapidamente, o coração não terá tempo para se encher com sangue e portanto, as compressões não irão movimentar sangue suficiente, sendo por isso ineficazes. Ao comprimir muito devagar, o sangue irá movimen-tar-se muito lentamente e a pressão ar-terial ficará demasiado baixa, impedin-do assim uma circulação eficaz.

    Quando as compressões não forem su-ficientemente profundas, a quantidade de sangue expulso para fora do coração será mínima e insuficiente para manter a circulação.

    Imediatamente após as 30 compres-sões, o socorrista deve administrar 2 ventilações eficazes.

    Isto é feito abrindo novamente a via aérea, cobrindo com a sua boca a boca da vítima e tapando o nariz da vítima. O socorrista deverá então soprar ar dos seus pulmões para a boca da vítima. Caso o nariz da vítima não esteja blo-queado, o ar exalado pelo socorrista irá escapar.

    É importante soprar de forma regular para a boca da vítima, ao mesmo tempo que observa a elevação do tórax.

    Isto deve demorar cerca de 1 segundo (Fig.25). Quando o tórax regressar à sua posição inicial, pode então ser dada a segunda ventilação. As 2 ventilações não deverão demorar no total mais do que 5 segundos.

    Ao providenciar ventilação de socorro, o ar exalado dos pulmões do socorrista (16% de oxigénio) é levado para os pul-mões da vítima.

    Se a concentração de oxigénio nos pul-mões (alvéolos) for suficientemente alta, o oxigénio irá difundir-se para os capilares e o sangue ficará oxigenado.

    Obviamente que, durante este processo e pelo facto de a vítima não respirar, a

    Fig. 24: Compressões torácicas

    24

    Fig. 25: Cada ventilação deverá demorar cerca de 1 segundo

    25

  • DAN Basic Life Support 3131

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.8concentração de oxigénio nos pulmões vai diminuindo. Se a concentração de oxigénio cair demasiado, o processo de difusão irá interromper-se.

    Para evitar esta situação, termos que fornecer novas ventilações. Porém, em condições normais, a respiração faz-se a um ritmo de 12-20 vezes por minuto (dependendo da idade e da atividade) mas durante a reanimação cai para va-lores de cerca de 5 por minuto.

    A menor quantidade de oxigénio no ar inspirado (16% em vez de 21%) e de ventilações mantém o oxigénio no san-gue a níveis relativamente baixos. Ao aumentar a concentração de oxigénio durante as ventilações, mais oxigénio irá ser difundido pelos capilares e a oxi-genação irá melhorar. A concentração de oxigénio pode ser aumentada usan-do oxigénio adicional.

    E em relação às crianças?Em muitas crianças não se administra reanimação por os potenciais socorris-tas recearem causar danos. Este medo é infundado: é melhor aplicar a sequên-cia de reanimação de um adulto a uma criança do que não fazer nada.

    No entanto, algumas modificações de-vem ser levadas em consideração:

    • caso não respire normalmente, dê 5 ventilações de socorro iniciais (com 1-1,5 segundos de duração, o suficiente para o tórax subir)

    • depois procure sinais vitais por não mais de 10 segundos

    • havendo sinais vitais, continue com as ventilações de socorro

    • não havendo sinais vitais, inicie as compressões torácicas:• comprima o tórax cerca de um

    terço da sua profundidade; no caso de bebés com menos de 1 ano, use as pontas de dois dedos; em crianças com mais de 1 ano, use uma ou duas mãos conforme necessário para obter a adequada profundidade de compressão (4cm para bebés - 5cm para crianças com mais de 1 ano)

    • havendo apenas um socorrista, este deverá executar RCP durante aproximadamente 1 minuto antes de chamar ajuda, a não ser que se trate de um colapso súbito e presenciado (nesta situação deverá chamar ajuda imediatamente).

    Observação:• Remova as dentaduras caso não as con-

    siga manter na sua posição. Nas restan-tes situações, mantenha-as na boca da vítima uma vez que ajudarão a manter a vedação.

    • Caso o ritmo cardíaco tenha sido restau-rado, o facto de administrar compressões torácicas não aumenta as probabilida-des de repetição da paragem cardíaca.

    • Podem ser usadas apenas compressões torácicas a um ritmo de 100 por minuto (sem exceder 120) caso o socorrista não tenha formação ou tenha receio (risco de transmissão de doenças) de administrar ventilações de socorro

  • DAN Basic Life Support3232

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.9 O uso da máscara facial e máscaras de reanimação

    Quando administrar ventilações de so-corro, é recomendado que use como proteção uma máscara de reanimação ou uma máscara facial (Fig. 26).

    As máscaras faciais são fáceis de usar e estão disponíveis em formato de porta-chaves. A técnica de ventilação de so-corro com a máscara facial é a mesma técnica usada para as ventilações boca-a-boca normais.

    As máscaras faciais estão disponíveis com ou sem filtro protetor. Mesmo que os dois tipos forneçam uma proteção básica, é melhor usar o dispositivo com filtro.

    Quando usar uma máscara de reanima-ção, deverá usar outra técnica (Fig. 27 - descrita mais adiante).

    A máscara de reanimação constitui uma melhor proteção do que a máscara fa-cial mas é maior e menos cómoda para transportar dentro dum bolso.

    Porém, pode ser guardada num kit de primeiros socorros, mochila ou no com-partimento de luvas do carro.

    A máscara de reanimação também é co-nhecida por Máscara de Bolso (Pocket Mask - nome de marca), embora seja um pouco grande demais para levar no bolso das calças.

    Fig. 27: Reanimação usando a máscara de reanimação oronasal

    27

    Fig. 26: É recomendado usar barreiras durante a ventilação de socorro

    26

  • DAN Basic Life Support 3333

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.10Uso de oxigénio durante a reanimaçãoCaso tenha formação para tal, e quando disponível, é recomendado que forne-ça oxigénio durante a reanimação. Tal pode ser feito usando a máscara de rea-nimação com entrada para oxigénio ou recorrendo a equipamentos mais avan-çados, como a máscara com válvula e insuflador (BVM) ou regulador de reani-mação com oxigénio. Quando ligado a uma fonte de oxigénio, a concentração de oxigénio inspirado pode aumentar de 16% a 50%, usando a máscara oro-nasal de reanimação ou até mesmo até 97-100%, usando a máscara de válvula e insuflador ou regulador de reanimação com oxigénio (Fig. 28).

    A máscara de reanimação precisa ter um tubo para fazer a ligação do oxigé-nio. Este tubo possui uma válvula uni-direcional ou pode ser selada por uma pequena tampa, ligada ao tubo para o caso da máscara ser utilizada sem oxigé-

    nio adicional. A máscara é então ligada à saída de fluxo constante do regulador de oxigénio, através de uma mangueira de plástico transparente.

    O uso de oxigénio é muito importante no caso de vítimas de afogamento e de acidentes de mergulho, onde a hipóxia é um grande problema. Desta forma, o oxi-génio deverá estar presente em todas as piscinas e locais de mergulho. Os admi-nistradores de oxigénio são encorajados a seguir um ou mais Cursos de Oxigénio da DAN, de forma a poderem fornecer oxigénio ou usá-lo para reanimar.

    A DAN possui programas de formação especializados para providenciar oxi-génio a mergulhadores ou vítimas de afogamento, assim como um curso para treinar alunos quanto ao uso de técni-cas avançadas de reanimação com oxi-génio.

    Fig. 28: Uso da máscara de válvula e insuflador

    28

  • DAN Basic Life Support3434

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    5.11Desfibrilhação precoce - A necessidade do DAEO seu corpo e coração têm um siste-ma elétrico que faz os músculos do coração contraírem-se. À medida que estes impulsos elétricos se produzem, os músculos contraem e o sangue flui através das veias e artérias.

    Uma paragem cardíaca súbita acontece quando algo perturba estes impulsos elétricos e quebra o ritmo do coração. O ritmo mais comum que surge duran-te uma PCS é chamado de fibrilhação ventricular (FV). Essencialmente, as ca-vidades do coração deixam de bater ao ritmo necessário para manter o sangue em circulação. Começam a contrair-se erraticamente - o músculo cardíaco parece tremer - e o sangue não circula pelo corpo.

    Independentemente da causa, quando o coração deixa de bater, se não con-seguir repor o ritmo cardíaco, a pessoa irá falecer. A única forma de reiniciar um coração em fibrilhação ventricular é com a desfibrilhação.

    Embora a RCP adie o inevitável, ajudan-do a oxigenar o sangue e a fazê-lo cir-cular por todo o corpo, não é por si só suficiente para repôr o ritmo cardíaco e reiniciar o coração. Apenas a desfibri-lhação o pode fazer.

    A desfibrilhação envia uma descarga elétrica através do coração e basica-mente acciona um "botão de reinício". A descarga elétrica não indica ao cora-

    ção como deve pulsar ou contrair-se. O que faz é desligar todos os sinais erráticos e parar toda a atividade elé-trica. O coração pára por um instante e o pacemaker natural do corpo ativa-se novamente, restaurando o ritmo nor-mal.

    Quando é administrada desfibrilhação poucos minutos depois da FV começar, a pessoa tem uma alta probabilidade de sobreviver.

    Até muito recentemente era necessá-rio um treino considerável para operar um desfibrilhador. O socorrista precisa-va conhecer os ritmos cardíacos (leitu-ra do ECG) do monitor antes de poder administrar o choque. Se a pessoa não estivesse já em fibrilhação ventricular, acabará por ficar ao ser dada a descar-ga. Assim, a formação requerida colo-cou os desfibrilhadores na esfera dos profissionais da saúde. Os médicos e enfermeiros podiam usá-los nos hos-pitais e os paramédicos também, nos cenários de emergências. Infelizmente, as taxas de sobrevivência caem cerca de 7 a 10 porcento por cada minuto que uma pessoa permanece em fibri-lhação ventricular. Os longos períodos de espera, por parte dos profissionais dos serviços de emergência médica, di-minuem a eficácia dos desfibrilhadores nesta área.

    Porém, a tecnologia da desfibrilhação evoluiu na forma dos Desfibrilhado-res Automáticos Externos (DAE's), que simplificaram a operação de desfibri-

  • DAN Basic Life Support 3535

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    lhação e reduziram bastante a formação necessária para usar um desfibrilhador (Fig.29).

    A interpretação do ECG (análise do ritmo cardíaco) é feita pelo software interno do desfibrilhador, que foi já testado em milhares de casos simulados em labora-tório e testados no âmbito clínico.

    Os DAEs estão feitos para avisar o ope-rador caso seja detetado um ritmo que requeira desfibrilhação. Se tal não for detetado, o aparelho dará ao operador a mensagem de não ser necessário admi-nistrar o choque.

    Ao realizar os cursos de DAE, poderá aumentar o seu tempo de resposta por alguns minutos e poderá aumentar as probabilidades de alguém sobreviver cerca de 30 a 40 porcento!

    Fig. 29: O uso do DAE é altamente recomendado e pode ser de importância vital

    29

  • DAN Basic Life Support3636

    1. Assegure-se de que você, a pessoa lesionada e os curiosos estão seguros

    2. Avalie a pessoa lesionada em busca de uma reação • Diga o seu nome, treino e vontade de ajudar.• Peça permissão para ajudar.• Abane suavemente a pessoa lesionada pelos ombros e pergunte em voz

    alta: "Sente-se bem?" (Fig. 30)

    3a. Se ela responder:• Deixe-a na posição na qual o encontrou partindo do princípio de que já

    não corre mais perigo.• Procure perceber o que se passa de errado com ele e vá pedir ajuda, se

    necessário• Reavalie-a com regularidade

    3b. Se ela não responder:• Chame ajuda• Coloque a pessoa lesionada de costas e abra a via aérea usando a extensão

    da cabeça e elevação da mandíbula:• Coloque as suas mãos na testa da vítima e suavemente incline a cabeça

    para trás (Fig. 31) • Coloque a pontas dos dedos por baixo do queixo da vítima e levante o

    queixo de forma a abrir a via aérea (Fig. 32)

    4. Mantendo a via aérea aberta, procure ver, ouvir e sentir a respiração• Veja se há movimentos do tórax.• Ouça os sons de respiração na boca da pessoa lesionada.• Sinta o ar na sua bochecha.• Decida se a respiração é normal, anormal ou ausente.

    Durante os primeiros minutos de uma paragem cardíaca, uma pessoa lesionada poderá mal estar a respirar ou apresentar arquejo ruidoso e irregular. Não confunda isto com respiração normal. Veja, ouça e sinta por não mais de 10 segundos para avaliar se a pessoa está a respirar normalmente (Fig. 33). Se tiver dúvidas sobre res-piração, aja como se a respiração fosse anormal.

    Técnica de SBV:Reanimação - RCP

    30 31 32 33

    Secção 5 | Reanimação - RCP

  • DAN Basic Life Support 3737

    5a. Se a pessoa estiver respirando com normalidade:• Coloque-a na posição lateral de segurança• Peça ou vá procurar ajuda /chamar uma

    ambulância (Fig. 34)• Continue a monitorizar se a respiração se

    mantém normal

    5b. Se a pessoa não estiver respirando ou não respirar com normalidade:• Peça a alguém para chamar ajuda e para

    encontrar e trazer-lhe o DAE se disponível; ou, caso esteja sozinho, use o seu telemóvel para alertar o serviço de ambulância - deixe a pessoa lesionada quando não tiver outra opção

    • Inicie as compressões torácicas como se segue:• Ajoelhe-se ao lado da pessoa lesionada;• Coloque a base de um pulso no meio do

    tórax (metade inferior do esterno da pessoa)• Coloque a base do pulso da outra mão por

    cima da primeira mão:• Interlace os dedos das mãos e assegure-se

    de que a pressão não esteja a ser aplicada sobre a grade costal da pessoa. Mantenha os braços bem direitos, não aplique pressão sobre a zona superior do abdómen ou na extremidade inferior do esterno (Fig. 35);

    • Posicione-se verticalmente sobre o peito da vítima e comprima o esterno pelo menos 5cm (mas sem exceder 6cm) (Fig. 36);

    • Após cada compressão, alivie a pressão sobre o tórax sem perder o contacto entre as suas mãos e o esterno; repita a um ritmo de 100/minuto (sem exceder 120/minuto)

    • A fase de compressão e recuperação deverá ter a mesma duração.

    34

    35

    36

    Secção 5 | Reanimação - RCP

  • DAN Basic Life Support3838

    6a. Combinar compressões torácicas com ventilações de socorro.• Após 30 compressões, abra a via aérea outra vez usando a extensão da

    cabeça e elevação da mandíbula.• Use uma máscara oronasal de reanimação ou aperte o nariz pela ponta

    macia, usando os dedos polegar e indicador da mão que está sobre a testa (Fig. 37).

    • Abra a boca mas mantenha a elevação da mandíbula.• Inspire normalmente e coloque os seus lábios no bocal da máscara

    oronasal de reanimação e em volta da boca da vítima, assegurando-se de que obtém uma boa selagem (Fig. 38).

    • Sopre cuidadosamente para a boca / máscara, durante cerca de 1 segundo, como numa expiração normal, ao mesmo tempo que observa a elevação do tórax; é assim que se faz uma ventilação de socorro eficaz.

    • Mantendo a inclinação da cabeça/elevação do queixo, afaste o seu rosto da pessoa lesionada e observe o tórax a descer à medida que o ar sai.

    • Inspire novamente e expire para a boca (ou máscara) da pessoa, de forma a fornecer 2 ventilações de socorro eficazes. As 2 ventilações não deverão demorar mais do que 5 segundos no total. Sem demora, volte a colocar as suas mãos na posição correta sobre o esterno e forneça mais 30 compressões (Fig. 39)

    • Continue a RCP a um ritmo de 30:2• Só pare para reavaliar o estado da vítima se esta recuperar a consciência:

    começar a mexer-se, abrir os olhos e respirar normalmente. Caso contrário, não interrompa a reanimação.

    • Se a ventilação de socorro não fizer o torax elevar-se, como numa inspiração normal, então, antes de voltar a tentar:

    • Verifique a boca da vítima e remova qualquer obstrução que possa existir• Verifique se a extensão da cabeça / elevação da mandíbula é adequada

    37 38 39

    Secção 5 | Reanimação - RCP

  • DAN Basic Life Support 3939

    Observação:Para vítimas de afogamento: dê 5 ventilações iniciais antes de começar as compressões e execute 1 minuto de RCP antes de chamar ajuda

    • Não forneça mais do que 2 ventilações de cada vez antes de voltar às compressões

    • Se houver mais que um socorrista presente, o segundo deverá assumir a administração da RCP de 2 em 2 minutos, de forma a evitar fadiga. Garanta que a interrupção das compressões torácicas seja mínima durante a troca de socorristas.

    6b. Para reanimar só com compressões, proceda da seguinte forma:• Caso não tenha formação para administrar ventilações ou receio de o

    fazer, administre apenas compressões torácicas• Neste caso, as compressões devem ser contínuas e a um ritmo de pelo

    menos 100/minuto (mas sem exceder 120/minuto)

    7. Não interrompa a reanimação até que:• Chegue ajuda profissional que assuma o processo• A vítima comece a recuperar a consciência: mexendo-se, abrindo os olhos

    e respirando normalmente• O socorrista fique exausto

    Secção 5 | Reanimação - RCP

  • DAN Basic Life Support4040

    Técnica opcional:Uso da máscara de reanimação

    • Retire a máscara da caixa de plástico (Fig.40).• Posicione-se ao lado da cabeça da vítima de modo a poder administrar ventila-

    ções e compressões.• Aplique a máscara sobre o rosto da vítima, usando a cana do nariz como refe-

    rência para encontrar a posição correta.• Pode utilizar o elástico de forma a manter a máscara no lugar (Fig.41).• Vede a máscara colocando o dedo polegar e indicador duma mão (a mais pró-

    xima do topo da cabeça da vítima) sobre a orla da máscara; coloque o polegar da outra mão (ou ao mesmo tempo o polegar e o dedo indicador) ao longo da orla inferior da máscara (Fig.42).

    • Coloque os outros dedos da mão (mais próxima dos pés da vítima) ao longo do bordo do maxilar e eleve-o ao mesmo tempo que executa a manobra de inclinação da cabeça - elevação da mandíbula (Fig.43)

    • Comprima firme e completamente em volta da orla exterior da máscara de modo a obter uma boa vedação.

    • Administre ventilações de socorro lentas e eficazes ao mesmo tempo que ob-serva a elevação do tórax (Fig. 44).

    40 41 42 43 44

    Secção 5 | Reanimação - RCP

  • DAN Basic Life Support 4141

    Técnica opcional:Providenciar auxílio com DAE

    Observação:Apesar dos DAEs puderem ser usados em ambiente aquático, você tem que secar o pei-to do lesionado antes da colocação das placas. As placas do DAE devem ser colocadas sobre o peito do lesionado de acordo com o esquema nelas inscrito. Depois o socorris-ta deverá seguir as indicações da unidade.

    LEMBRE-SE DE “P.A.R.E.”

    Não responde.• Chame ajuda

    Não respira normalmente.• Peça ou vá buscar um DAE e chame o SEM (Fig. 45)• RCP 30:2 até o DAE ser ligado• Aplique as placas do desfibrilhador ao paciente e ligue-as ao DAE (Fig. 46).• Aguarde que o DAE analise o ritmo cardíaco.• Não toque no paciente.

    Se o choque for necessário: Siga as indicações da unidade de DAE.• Observe e assegure-se que ninguém toca no paciente.• Diga "Estou pronto. Está pronto. Tudo pronto".• Administre o choque.• Retome a RCP 30:2 durante 2 minutos• Continue seguindo as indicações visuais e de voz

    Se o choque não for necessário:• Continue a RCP até que a vítima começe a recuperar a consciência: a mexer-se, a abrir os olhos e a respirar normalmente• Continue seguindo as indicações visuais e de voz

    Secção 5 | Reanimação - RCP

    45

    46

  • DAN Basic Life Support4242

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Secção 5 | Questões de revisão

    1. A proporção atual de compressões/ventilações (diretrizes do ERC 2010) é:a. 30:2b. 15:2c. 5:1d. 50:2

    2. De que forma podemos evitar que o ar entre no estômago, causando distensão gástrica?

    3. O que deverá você fazer quando a vítima regurgita?

    4. O socorrista deverá ____________ a pessoa lesionada mostrando uma atitude compreensiva, informando ________ sobre o que está acontecendo, mostrando que está a cuidar dela e a manter os curiosos _________.

    5. As compressões torácicas devem ser dadas a um ritmo de ____ por minuto, mas sem exceder ____ por minuto ou ____ compressões em cerca de _____segundos.a. 100, 120 , 30, 15-18b. 120, 140, 30, 12-15c. 100, 120, 30, 12-15d. 100, 140, 15, 15-18

    6. Cada ventilação deverá ter cerca de ____ segundos de duração.

    7. O uso de oxigénio suplementar ou de DAE é ________ e podem _________ as probabilidades de sobrevivência.a. proibido, diminuirb. recomendado, aumentar

    Secção 5QUESTÕES DE REVISÃO

  • DAN Basic Life Support 4343

    Secção 6 | Posição lateral de segurança

    Colocar uma pessoa inconsciente, mas que respira, na posição lateral de segu-rança (Fig. 47) é importante para manter a abertura da via aérea e para evitar que sangue e vómitos a obstruam ou fluam para os pulmões.

    A posição em que a vítima precisa ser colocada deverá ser estável, numa posi-ção praticamente lateral, com a cabeça apoiada e a via aérea aberta. Não deverá existir nenhuma pressão sobre o tórax de forma a evitar dificuldades respiratórias.

    Se existir vómito ou houver presença de sangue na boca, a gravidade encarregar-se-á de que os mesmos saiam do corpo e que não sejam inalados. Isto também fa-cilitará ao socorrista verificar a presença de sangue ou vómito na boca.

    Há algumas pequenas variantes da po-sição lateral de segurança. A posição descrita neste manual é a recomendada pelo ERC, mas não é a única posição ade-quada possível.

    Porém, em regra geral, os seguintes pon-tos devem ser respeitados:• Pessoas com lesões na zona cervical

    ou nas costas não deverão ser colo-cadas na posição lateral de seguran-ça. A movimentação poderá agravar os danos.

    • Uma pessoa com uma lesão torácica deverá ser virada sobre o lado lesio-nado. Isto assegurará que a presen-ça de sangue dentro da cavidade to-rácica apenas irá afectar um pulmão em vez dos dois.

    • Uma pessoa com uma lesão pulmo-nar deverá ser virada sobre o pulmão lesionado para facilitar a respiração.

    Posição lateral de segurança

    Observações:• Se a posição lateral de segurança

    for usada, deverá inspecionar com regularidade a circulação periférica do antebraço e assegurar que a du-ração da pressão neste ponto seja mantida no mínimo.

    • Se a pessoa lesionada tiver que ser mantida na posição lateral de se-gurança por mais que 30 minutos deverá então ser virada para o lado oposto.

    Fig. 47: Posição lateral de segurança

    47

  • DAN Basic Life Support4444

    • Retire óculos.• Ajoelhe-se ao lado da pessoa lesionada e as-

    segure-se que as suas pernas estão esticadas (Fig.48).

    • Coloque o braço mais próximo do si formando um ângulo reto em relação ao corpo e dobre o cotovelo com a palma da mão virada para cima (Fig.49).

    • Cruze o outro braço por cima do peito e coloque as costas dessa mão na bochecha do lesionado que esteja mais perto de si (Fig.50).

    • Com outra mão, agarre a perna mais afastada de si, mesmo acima do joelho, e puxe-a, mantendo o pé no chão (Fig.51).

    • Mantendo a mão virada contra a bochecha, puxe a perna mais afastada de forma a colocar a pessoa lesionada de lado e virada para si.

    • Ajuste a perna que está em cima, de forma a co-locar o joelho e a anca em ângulo reto (Fig.52).

    • Incline a cabeça para trás de forma a que a via aérea fique aberta (Fig.53).

    • Se necessário, ajuste a mão colocada por baixo da face para manter a cabeça inclinada (Fig.54).

    • Monitore a respiração com regularidade.

    Técnica de SBV:Posição lateral de segurança

    Secção 6 | Posição lateral de segurança

    48 49

    50 51

    52

    53 54

  • DAN Basic Life Support 4545

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Secção 6 | Questões de revisão

    1. Colocar uma pessoa inconsciente, mas que respira, na posição lateral de segurança é importante para manter a via aérea aberta e para evitar que sangue e vómitos a obstruam ou fluam para os pulmões.a. Verdadeirob. Falso

    2. Pessoas com lesões na zona cervical ou nas costas não deverão ser colocadas em posição lateral de segurança.a. Verdadeirob. Falso

    3. Uma pessoa com uma lesão torácica deverá ser virada sobre o lado __________.

    4. Uma pessoa com uma lesão pulmonar deverá ser virada para o lado do pulmão não lesionado para facilitar a respiração.a. Verdadeirob. Falso

    Secção 6QUESTÕES DE REVISÃO

  • Imagine que está de férias, a mergulhar... No decorrer de um mergulho é picado por um animal marinho...

    O que fazer? Está preparado para administrar primeiros socorros?

    O Curso DAN First Aid for Hazardous Marine Life Injuries (HMLI) está pensado o ensinar a atuar quando uma espécie marinha, potencialmente perigosa, se aproximar mais do que o desejável.

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  • DAN Basic Life Support 4747

    Secção 7 | Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE)

    Numa pessoa inconsciente, a obstrução da via aérea poderá ser causada pela queda da língua para a parte posterior da boca devido à diminuição da tensão muscular. Também neste caso, a técnica da inclinação da cabeça - elevação da mandíbula abrirá a via aérea.

    Em pessoas conscientes, a presença de corpos estranhos é a principal razão de bloqueio e obstrução da via aérea.

    A causa mais comum de engasgamento em adultos é a obstrução causada por comida.

    Com bebés e crianças, a obstrução é mais frequentemente causada por co-mida (como rebuçados), brinquedos e moedas.

    Este bloqueio impede o fluxo normal de ar na traqueia e pode resultar em para-gem respiratória.

    Uma vez que na sua maioria o engas-gamento ocorre durante a refeição, o problema pode ser reconhecido rapi-damente e é possível prestar assistência numa fase inicial enquanto a vítima ain-da está consciente.

    Os corpos estranhos podem causar obs-truções da via aérea ligeiras ou graves.

    Em geral, a vítima poderá agarrar o pes-coço e levantar-se (Fig. 55).

    É importante perguntar à vítima "Estás engasgado?" de forma a diferenciar en-tre uma obstrução da ligeira da via aérea de uma grave.

    Em caso de uma obstrução ligeira da via aérea, a vítima será capaz de res-ponder à pergunta, tossirá (com eficá-cia) e estará a respirar.

    Com uma obstrução grave, a vítima será incapaz de falar, mas poderá res-ponder à pergunta acenando com a cabeça. Não conseguirá respirar ou terá uma respiração sibilante, fazendo tenta-tivas silenciosas (e ineficazes) para respi-rar. Desta forma, poderá perder a cons-ciência rapidamente.

    Os primeiros socorros dependerão da gravidade da obstrução da via aérea.

    No caso de uma obstrução ligeira, o socorrista deverá apenas limitar-se a in-centivar a vítima a tossir.

    Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE)

    Fig. 55: Agarrar o pescoço permanecendo de pé, é um sinal comum de obstrução da via aérea

    55

  • DAN Basic Life Support4848

    Secção 7 | Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE)

    7.1Se a vítima apresentar sinais de uma obstrução grave e estiver consciente, o socorrista deverá administrar 5 panca-das interescapulares (Fig.  56) (pancadas secas entre as omoplatas), seguidas de 5 compressões abdominais (manobra de Heimlich), caso as pancadas não resol-vam a obstrução.

    Estas manobras devem ser repetidas até a obstrução ser aliviada.

    Se em qualquer momento a vítima ficar inconsciente, o socorrista deverá iniciar a RCP.

    Remoção de corpos estranhos da boca

    Pesquisa com os dedos:Quando materiais sólidos podem ser vistos dentro da via aérea, o socorrista pode também usar os seus dedos para os remover.

    Neste caso, no entanto, a vítima deverá estar insconsciente e preferencialmente deitada de lado.

    Ao mesmo tempo que se usa uma mão para manter o maxilar aberto, o socor-rista, com o dedo indicador da outra mão, fará uma verificação desde a face até à parte posterior da boca. O indi-cador deverá ser colocado em gancho por trás do material estranho, puxando-o para fora.

    Remoção de líquidos na via aérea O sangue e o vómito (regurgitação de conteúdos gástricos) podem também causar obstrução da via aérea. Na maioria dos casos, e graças à gra-vidade, a colocação da vítima de lado enquanto se garante a permeabilidade da via aérea é suficiente para remover estes fluídos da boca (pode executar o rolamento lateral, como descrito na sec-ção final deste manual).Também poderá usar um dispositivo de sucção para remover os líquidos da via aérea superior.No entanto, esta técnica não será des-crita neste livro.

    Fig. 56: Uso das pancadas interescapulares

    56

    7.1.1

    7.1.2

  • DAN Basic Life Support 4949

    Secção 7 | Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE)

    Vítimas de afogamento: inalação de águaA inalação de água deve ser considerada em vítimas de afogamento. Porém, na maior parte dos casos, estas vítimas aspiram apenas uma porção insignificante de água que é rapidamente absorvida pela circulação geral.

    Desta forma não é necessário limpar a água inalada da via aérea antes de iniciar a RCP.

    A regurgitação, porém, é comum após reanimação em ambiente aquático e pode dificultar a que a via aérea se mantenha limpa e desobstruída.

    Sempre que houver vómito, o socorrista deverá virar a vítima de lado e limpar a via aérea removendo os materiais regurgitados.

    As técnicas de pesquisa com o dedo ou de sucção podem ser usadas para executar esta operação.

    7.1.3

  • DAN Basic Life Support5050

    No caso de uma obstrução ligeira, você deverá apenas limitar-se a incentivar a vítima a tossir.

    Se a vítima apresentar sinais de uma obstrução grave da via aérea mas estiver consciente, você deverá:

    • Administrar até 5 pancadas interescapulares:• Fique em pé, de lado e ligeiramente atrás da vítima. • Com uma mão apoie o tórax e incline a vítima bem para a frente, de forma

    a permitir que o objeto em causa, ao ser desalojado, possa ser expulso pela boca em vez de descer ainda mais pela via aérea (Fig.57).

    • Administre até 5 pancadas secas entre as omoplatas com a base do punho da outra mão (Fig.58).

    • Verifique a cada pancada se a obstrução foi eliminada. O objetivo deverá ser: aliviar a obstrução a cada palmada, em vez de ter que administrar as cinco.

    Técnica de SBV: Obstrução da via aérea por corpo estranho

    57 58

    Secção 7 | Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE)

  • DAN Basic Life Support 5151

    59 60 61

    • Se as pancadas nas costas falharem, administre as 5 compressões abdominais:• Fique de pé atrás da vítima e coloque ambos os seus braços à volta da re-

    gião superior do abdómen da vítima.• Incline a vítima para a frente para que, quando o objeto for desalojado,

    seja expluso da boca.• Feche o seu punho em cunha e coloque-o entre o umbigo e a extremidade

    inferior do esterno (Fig.59).• Agarre-o com a outra mão e puxe vigorosamente para dentro e para cima;

    o objeto obstruidor deverá ser desalojado (Fig. 60-61).• Repita até 5 vezes.

    62• Se a obstrução não for aliviada, continue alter-nando cinco pancadas interescapulares com cinco compressões abdominais (Fig. 62).

    Se em qualquer momento a vítima perder a consciência:

    • Apoie a vítima e deite-a cuidadosamente no chão• Ative o SME• Inicie a RCP (compressões torácicas seguidas de ven-

    tilações de socorro)

    Secção 7 | Obstrução da via aérea por corpo estranho (OVACE)

  • DAN Basic Life Support5252

    ?

    As respostas das Questões de Revisão estão na página 70

    Secção 7 | Questões de revisão

    1. A razão mais comum de engasgamento em adultos é a obstrução causada por ______. Nos bebés e nas crianças, o engasgamento também pode ser provocado por _________.

    2. Um sinal comum que surge durante o engasgamento é o da vítima poder agarrar o seu próprio pescoço.a. Verdadeirob. Falso

    3. Para distinguir entre obstrução ligeira e grave, você deverá:a. inspecionar a boca da vítimab. verificar o estado de consciência c. perguntar "está engasgado?"d. perguntar a um médico

    4. Com uma obstrução grave, a vítima será incapaz de _____, mas poderá responder à pergunta acenando com a cabeça. Não conseguirá ________ ou terá uma respiração sibilante, fazendo tentativas silenciosas para ________. Também poderá perder a ___________ rapidamente.

    5. No caso de uma obstrução ligeira, o socorrista deverá incentivar a vítima de engasgamento a tossir, mas não deverá fazer mais nada.a. Verdadeirob. Falso

    6. Se a vítima apresentar sinais de uma obstrução grave da via aérea e estiver consciente, o socorrista deverá administrar até _____________, seguidas de ___________, caso a obstrução não seja removida.

    7. Se em qualquer momento a vítima ficar inconsciente, o socorrista deverá _____________.

    Secção 7QUESTÕES DE REVISÃO

  • DAN Basic Life Support 5353

    Secção 8 | Controlo de hemorragias externas

    A função primordial do sangue é forne-cer nutrientes e oxigénio aos tecidos do corpo e remover os produtos residuais (como o dióxido de carbono).

    O sangue é composto por 55% de plas-ma (líquido) e 45% por células ou partí-culas sólidas (44% glóbulos vermelhos, 1% glóbulos brancos e plaquetas).

    O plasma, um líquido translúcido ligeira-mente amarelado, transporta as células sanguíneas e as plaquetas. Sem o plas-ma, o sangue não conseguiria circular.

    Os glóbulos vermelhos contêm hemo-globina, a qual dá ao sangue a sua cor vermelha. A hemoglobina é o principal transportador de oxigénio do sangue, es-tando saturada a 97% de oxigénio quan-do o sangue deixa os pulmões. Cerca de 98,5% de oxigénio do sangue está combi-nado quimicamente com a hemoglobina. O restante está dissolvido no plasma.

    Os glóbulos vermelhos também trans-portam dióxido de carbono de volta para os pulmões, onde pode então abando-nar o corpo.

    Os glóbulos brancos são células incolo-res e protegem o corpo contra vírus e bac-térias (alguns glóbulos brancos podem formar anticorpos que podem destruir microorganismos). Também ajudam a re-mover as células mortas do corpo.

    As plaquetas são as células mais pe-quenas de todas e desempenham um importante papel nos processos natu-rais de coagulação. Durante uma he-

    morragia, as plaquetas formam uma barreira artificial, diminuindo ou paran-do a perda de sangue.

    Conforme o peso corporal, um humano adulto tem cerca de 5,5 litros de sangue.

    Se perder cerca de 1 litro de sangue, um adulto poderá entrar em choque hipovo-lémico devido à diminuição do volume de sangue (conhecido por hipovolemia).

    Esta é uma situação que representa ris-co de vida e será mencionada na próxi-ma secção deste livro.

    As hemorragias graves devem ser estan-cadas de modo a evitar a hipovolemia. Numa criança, até mesmo pequenas perdas de sangue podem causar hipo-volemia, por as mesmas possuírem uma menor quantidade total de sangue.

    Quando se dá uma hemorragia, os va-sos sanguíneos contraem-se para redu-zir as perdas de sangue, e as plaquetas iniciam a formação da barreira artificial, na tentativa de parar a hemorragia e de evitar a entrada de bactérias do exterior para a corrente sanguínea.

    Em pequenos sangramentos este pro-cesso funciona extremamente bem, mas em casos graves é necessária ajuda.

    Um hemorragia pode ser interna ou ex-terna. Nesta secção apenas abordare-mos as hemorragias externas.

    Existem 3 categorias de hemorragias:

    Hemorragias capilares: trata-se de um sangramento fácil de controlar que ocor-

    Controlo de hemorragias externas

  • DAN Basic Life Support5454

    Secção 8 | Controlo de hemorragias externas

    8.1re quando os vasos capilares ficam dani-ficados. Os capilares são os mais peque-nos vasos sanguíneos do corpo. As he-morragias capilares tendem a ser lentas, e a escorrer em vez de fluir. Na maioria dos casos, este tipo de hemorragia pára sem qualquer intervenção do exterior. Repare, porém, que mesmo quando há hemorragias menores, existe um risco de infeção e a ferida deve ser desinfetada e coberta com compressas esterilizadas.

    Hemorragias venosas: Apesar de tam-bém poder ser controlada com alguma facilidade, é porém mais grave. Aconte-ce quando as veias ficam danificadas. As veias são vasos que transportam o sangue de volta ao coração. As hemor-ragias venosas têm uma cor vermelha escura, saindo da ferida num fluxo cons-tante. A maior parte destas hemorragias pára após aplicação de pressão direta e compressas.

    Hemorragia arterial: As hemorragias arteriais são sempre hemorragias graves que requerem atenção imediata. Uma hemorragia arterial acontece quando uma artéria fica danificada. As artérias transportam sangue oxigenado do cora-ção para o corpo inteiro. Devido ao facto de vir diretamente do coração, o sangue jorra destas feridas com uma pressão re-lativamente elevada (com o pulsar do coração) e tem uma cor vermelha viva. Esta hemorragia é difícil de controlar.

    O socorrista não deve perder tempo ne-nhum a diferenciar entre a hemorragia arterial e a venosa. Ambos os tipos de hemorragias (graves) exigem os mesmos primeiros socorros.

    Uso de pontos de pressãoPode ser necessário recorrer aos pontos de pressão caso a pressão direta não es-tanque a hemorragia. Os pontos de pres-são do braço localizam-se na parte interna do braço, logo por cima do cotovelo e por baixo da axila (Fig.63). Os pontos de pres-são da perna situam-se por trás do joelho e na virilha. Comprima a artéria principal destas zonas contra o osso, enquanto continua a aplicar pressão sobre a ferida com a outra mão.

    Se a hemorragia não parar, reposicione a mão e tente outra vez.

    Fig. 63: Uso de pontos de pressão

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  • DAN Basic Life Support 5555

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    Técnica de SBV:Hemorragia externa (grave)

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    • Avalie o cenário e prossiga com os ABCs (use luvas).• Chame uma ambulância se necessário.• C