27
40 IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa RÄSÄNEN, M. E., LINNA, A. M., SANTOS, J. C. R. & NEGRI, F. R. Late Miocene tidal deposits in the Amazonian foreland basin. Science, 269:386-390, 1995. SALO, J., KALLIOLA, R., HÄKKINEN, I., MÄKINEN,Y., NIEMELÄ, P., PUHAKKA, M. & COLEY, P. D. River dynamics and the diversity of Amazon lowland forest. Nature, 322:254-258, 1986. SILVEIRA, M. Ecological aspects of bamboo-dominated forest in southwestern Amazonia: an ethnoscience perspective. Ecotropica, 5:213-216, 1999. SILVEIRA, M. A Floresta Aberta com Bambu no Sudoeste da Amazônia: Padrões e Proces- sos em Múltiplas Escalas. Editora da UFAC, Rio Branco. 2005. VEBLEN, T. T. Growth pattern of Chusquea bamboos in the understory of Chilean Noth- ophagus forests and their influences in forest dynamics. Bull. Torrey Bot. Club, 109: 474- 487, 1982. VELOSO, H. P., RANGEL-FILHO, A. L. R. & LIMA, J. C. A. Classificação da Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, Rio de Janeiro. 1991. WESSELINGH, F. P., RÄSÄNEN, M. E., IRION, G.,VONHOF, H. B., KAANDORP, R., RENEMA, W., PITTMAN, L. R. & GINGRAS, M. Lake-Pebas: A palaeocological recon- struction of a Miocene long-lived lake complex in Western Amazonia. Cenoz. Res., 1(1– 2):35-81, 2002. WESTAWAY, R. Late Cenozoic sedimentary sequences inAcre state, southwesternAmazo- nia: Fluvial or tidal? Deductions from IGCP 449 fieldtrip. Journal of South American Earth Science, 21:120-134, 2006. SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES Eufran Ferreira do Amaral 1 , Edson Alves de Araújo 2 , João Luiz Lani 3 , Tarcísio Ewerton Rodrigues 4 , Henrique de Oliveira 4 , Antonio Willian Flores de Melo 5 , Emanuel Ferreira do Amaral 6 , José Ribamar Torres da Silva 7 , Manuel Alves Ribeiro 8 1. Agrônomo. D.Sc. Pesquisador Embrapa-Acre. Atualmente a serviço da Secretaria Estadu- al de Meio Ambiente – SEMA. Rua Benjamin Constant, 856 – Centro. CEP. 69900-160 - Rio Branco – Acre – Brasil. E-mail: [email protected]; 2. Agrônomo. D.Sc. Secretaria de Estado de Agropecuária. Atualmente a serviço da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA. Rua Benjamin Constant, 856 – Centro. CEP. 69900-160 - Rio Branco –Acre – Brasil. E-mail: [email protected]; 3. Agrônomo. D.Sc. Universidade Federal de Viçosa, Cen- tro de CiênciasAgrárias, Departamento de Solos. Av. P.H. Rolfs s/n, Campus UFV, 36571- 000 - Vicosa, MG – Brasil. E-mail: [email protected]; 4. In Memorian; 5. Agrônomo. Msc. Universidade Federal do Acre. Centro de Ciências Biológicas e da Natureza - CCBN Laboratório de Fertilidade do Solo Rodovia BR 364, Km 4, n. 6637, Distrito Industrial Rio Branco, Acre, Brasil, 69915-900. E-mail: willianfl[email protected]; 6. Agrônomo. Especialista em Gestão Ambiental. Vectra Engenharia e Tecnologia da Informação. Rua Antônio Pinheiro Sobrinho, 471, Bairro, Santa Quitéria. CEP 69.914-610 – Rio Branco – Acre. Email: ama- [email protected]; 7. Agrônomo. Dsc. Universidade Federal do Acre Centro de Ciências Biológicas e da Natureza - CCBN Laboratório de Fertilidade do Solo Rodovia BR 364, Km 4, n. 6637, Distrito Industrial Rio Branco, Acre, Brasil, 69915-900. E-mail: jribamar51@ gmail.com; 8. Agrônomo. Msc.Universidade Federal do Acre, Departamento de Ciências Agrárias. BR 364, km 5. Distrito Industrial. 69915-900 - Rio Branco, AC – Brasil. E-mail: [email protected]

Solos da Formação Solimões

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Artigo descreve aspectos de morfologia, gênese e classificação dos solos do Acre

Citation preview

40IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

RÄSÄNEN,M.E.,LINNA,A.M.,SANTOS,J.C.R.&NEGRI,F.R.LateMiocenetidaldepositsintheAmazonianforelandbasin.Science,269:386-390,1995.SALO,J.,KALLIOLA,R.,HÄKKINEN,I.,MÄKINEN,Y.,NIEMELÄ,P.,PUHAKKA,M.&COLEY,P.D.RiverdynamicsandthediversityofAmazonlowlandforest.Nature,322:254-258,1986.SILVEIRA,M.Ecologicalaspectsofbamboo-dominatedforestinsouthwesternAmazonia:anethnoscienceperspective.Ecotropica,5:213-216,1999.SILVEIRA,M.AFlorestaAbertacomBambunoSudoestedaAmazônia:PadrõeseProces-sosemMúltiplasEscalas.EditoradaUFAC,RioBranco.2005.VEBLEN,T.T.GrowthpatternofChusqueabamboosintheunderstoryofChileanNoth-ophagusforestsandtheirinfluencesinforestdynamics.Bull.TorreyBot.Club,109:474-487,1982.VELOSO,H.P.,RANGEL-FILHO,A.L.R.&LIMA,J.C.A.ClassificaçãodaVegetaçãoBrasileira,AdaptadaaumSistemaUniversal.InstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística-IBGE,RiodeJaneiro.1991.WESSELINGH,F.P.,RÄSÄNEN,M.E.,IRION,G.,VONHOF,H.B.,KAANDORP,R.,RENEMA,W.,PITTMAN,L.R.&GINGRAS,M.Lake-Pebas:Apalaeocologicalrecon-structionofaMiocenelong-livedlakecomplexinWesternAmazonia.Cenoz.Res.,1(1–2):35-81,2002.WESTAWAY,R.LateCenozoicsedimentarysequencesinAcrestate,southwesternAmazo-nia:Fluvialortidal?DeductionsfromIGCP449fieldtrip.JournalofSouthAmericanEarthScience,21:120-134,2006.

SOLOS DA FORMAÇÃO SOLIMÕES

Eufran Ferreira do Amaral1, Edson Alves de Araújo2, João Luiz Lani3, Tarcísio Ewerton Rodrigues4, Henrique de Oliveira4, Antonio Willian Flores de Melo5, Emanuel

Ferreira do Amaral6, José Ribamar Torres da Silva7, Manuel Alves Ribeiro8

1.Agrônomo.D.Sc.PesquisadorEmbrapa-Acre.AtualmenteaserviçodaSecretariaEstadu-aldeMeioAmbiente–SEMA.RuaBenjaminConstant,856–Centro.CEP.69900-160-RioBranco–Acre–Brasil.E-mail:[email protected];2.Agrônomo.D.Sc.SecretariadeEstadodeAgropecuária.AtualmenteaserviçodaSecretariaEstadualdeMeioAmbiente–SEMA.RuaBenjaminConstant,856–Centro.CEP.69900-160-RioBranco–Acre–Brasil.E-mail:[email protected];3.Agrônomo.D.Sc.UniversidadeFederaldeViçosa,Cen-trodeCiênciasAgrárias,DepartamentodeSolos.Av.P.H.Rolfss/n,CampusUFV,36571-000 -Vicosa,MG–Brasil.E-mail: [email protected];4. InMemorian;5.Agrônomo.Msc.UniversidadeFederaldoAcre.CentrodeCiênciasBiológicasedaNatureza-CCBNLaboratóriodeFertilidadedoSoloRodoviaBR364,Km4,n.6637,DistritoIndustrialRioBranco,Acre,Brasil,69915-900.E-mail:[email protected];6.Agrônomo.EspecialistaemGestãoAmbiental.VectraEngenhariaeTecnologiadaInformação.RuaAntônioPinheiroSobrinho,471,Bairro,SantaQuitéria.CEP69.914-610–RioBranco–Acre.Email:[email protected];7.Agrônomo.Dsc.UniversidadeFederaldoAcreCentrodeCiênciasBiológicasedaNatureza-CCBNLaboratóriodeFertilidadedoSoloRodoviaBR364,Km4,n.6637,DistritoIndustrialRioBranco,Acre,Brasil,69915-900.E-mail:[email protected];8.Agrônomo.Msc.UniversidadeFederaldoAcre,DepartamentodeCiênciasAgrárias.BR364,km5.DistritoIndustrial.69915-900-RioBranco,AC–Brasil.E-mail:[email protected]

Usuario
Text Box
Como citar este artigo: AMARAL, E. F. ; ARAÚJO, E. A. ; LANI, J. L. ; RODRIGUES, T. E. ; OLIVEIRA, H ; MELO, A. W. F. ; AMARAL, E. F.; SILVA, J. R. T. ; RIBEIRO NETO, M. Solos da Formação Solimões. In: Lucielio Manoel da Silva ; Paulo Guilherme Salvador Wadt. (Org.). IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa (Guia de Campo). Rio Branco: Embrapa/Governo do Acre/UFRRJ, 2010, v. 1, p. 40-66.

41SBCS

1. GÊNESE DOS SOLOS DO ACRE

A formaçãogeológicademaiorexpressãonoAcre,presenteemmaisde80%doEstado,éaformaçãoSolimões,deidadecenozoica,queocupaquasetodososinterflúvios,exceçãofeitaapenasàregiãodaSerradoDivisoreSerradoMoa,nafronteiracomoPeru(ACRE,2000),extremooestedoEstado,ondepredominamrochasmaisantigas(paleozo-icasemesozoicas).Estaformaçãoapresentaváriaslitologias,nasuamaiorparteargilitoscomconcreçõescarbonáticasegipsíferas,ocasionalmentecommaterialcarbonizado(turfoelinhito),concentraçõesesparsasdepiritaegrandequantidadedefósseisdevertebradoseinvertebrados.Subordinadamenteocorremsiltitos,calcáriossilticos-argilosos,arenitosfer-ruginosos,conglomeradosplomíticoseáreascompredominânciadesedimentosarenosos.Estagrandevariedadelitológica,combinadacomaaçãodoclima,condiciona,porsuavez,umagrandediversidadedesoloserelevoassociados. Os solos do Acre são, na maior parte, originados de materiais pelíticos muito ricos emsilte,daíagrandepresençadestapartículaemsuagranulometria.Diferençasentresolosocorrememfunçãodomaioroumenorgraudeintemperismoedanaturezaeintensidadedosprocessospedogenéticos.Nasvárzeas,emfunçãodacapacidadedetransportedacor-rente,estabelece-seumadistribuiçãodepartículassegundoumgradienteenergético,ouseja,háumatendênciadeseprocessarumdepósitoseletivodepartículasmaisgrosseirasmaispertodocanaldorioepartículasmaisfinas,inclusiveosilte,emzonasmaisafastadas.Maispróximodoscanaisdosriosossolossão,portanto,menossiltosos. AscondiçõesclimáticasdoAcresãofrancamentefavoráveisaoestabelecimentodeumaflorestadensa.Odomíniodeflorestaabertacompalmáceasecombambuindicamenordisponibilidadedeágua,oquetalvezestejarelacionadocomalimitadacapacidadedosso-losemabsorver,reterecederáguaoquepoderiasercondicionadopelapequenaespessuraefetiva,pelopredomíniodeargiladeatividadealtaepelabaixapermeabilidade.Aatividadeantrópicatendeafavoreceraexpansãodaspalmáceas. NoAcreosCambissolossãomaiscomunsnointerflúvioentreosriosIacoeTarauacá.Essessãosolosrasos,ricosemnutrientesecomargiladeatividadealta.EssascaracterísticassãoanômalasparaascondiçõesbioclimáticasdoAcre.Narealidadeopedoclimaémaissecodoqueoprevistopelomacroclima.Hámuitaperdadeáguaedesedimentospelasenxurradas.Ataxadepedogêneseatépodeserrelativamentealta,masadaerosãotambémé. Emprincipio,pelasuaposiçãoreceptadoranapaisagemossolosdevárzeasdade-pressãocentraldeveriamsermaisricosdoqueosoutros,masossolosdevárzeaspodemterseussedimentosvindosdemuitodistante.EsseéocasodossolosdevárzeasdorioAmazo-nas,influenciadosporsedimentosvindosdosAndes. ApresençadeVertissolossobcondiçõesacrianasédopontodevistapedogenético,umtantoquantoinesperada,umavezqueabissialitização,ouseja,agênesedasargilasderetículo2:1, quepredominamnestes solos, está condicionada aos locaisdemaiordéficithídricoeaumsistemamaisfechadoparaondeocorrammigraçãoeacumulaçãodebasesesílica.UmadashipótesesparaaocorrênciadestefatoéadequeospelitosdaformaçãoSolimões,alémdericosembasesedeliberaremmuitasílica,originamsoloscomdrenagemdeficiente,emqueébaixaataxadelixiviação,jáquegrandepartedaáguaprecipitadaes-correpelasuperfícieresultandoemumabaixainfiltraçãooubaixaprecipitaçãoefetivalocal.Seaprecipitaçãoefetivaqueéaquemaisinteressaemtermosdepedogênese,dependedanatureza do solo, não se pode prever, necessariamente, as características do solo pelos fa-toresdeformaçãodosolo. NocasodoAcreasrelaçõesdegêneseforampercebidasapartirdossolos,enãode-duzidasapartirdecorrelaçõescomseusfatoresdeformação.Conclui-se,portanto,quepara

42IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

ascondiçõesdoAcrenãoépossívelsubstituirolevantamentodiretodasinformaçõespe-dológicasdiretaspormodelosquesebaseiamapenasnaintegraçãodeinformaçõestemáti-cascomovegetação,morfologiadesuperfície,substratogeológicoetc.

2. PRINCIPAIS CLASSES DE SOLOS

As principais classes de solos do Acre, tendo como referência o primeiro compo-nentedasunidadesdemapeamentosãoemtermosde1ºnívelcategórico(ordem)eemor-demdecrescentedeexpressãoterritorial:Argissolos,Cambissolos,Luvissolos,Gleissolos,Latossolos, Vertissolos, Plintossolos, Neossolos Flúvicos e Neossolos Quartzarênicos (Ta-bela1).Emtermosde2ºnívelcategórico(subordem),predominamosCambissolosHápli-cos,abrangendocercade32%daáreaestadualeArgissolosVermelho-Amarelos,ocupandocercade23%(Tabela2). EmfunçãodaevoluçãodoSistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos(SiBCS),comapublicaçãodenovaversãoem2006,aosecompararas informaçõesdomapape-dológicoatualdoAcrecomosanteriormenteapresentados(ACRE,2000eMELO,2003),algumasdiferençassãoevidentesemerecemumbrevecomentário.OsLuvissolos,atual-mente aqui considerados, estavam, em sua maioria, incluídos na classe dos Argissolos Eutró-ficos.AordemAlissolofoiextinta,sendoossolosalianteriormenteincluídos,distribuídosemoutrasordens.PlintossolosjáhaviamsidoidentificadosedescritosnoEstado,porém,em virtude da pequena escala do mapa então disponível, ainda não haviam sido mapeados comocomponentesdominantesdeunidadesdemapeamento.Nomapaatualobserva-seumincrementodaáreadeLatossolosemrelaçãoaostrabalhosanteriores,oquesedeveaomaiordetalhamentocartográfico. Combasenomapa1:250.000(Figura1)pode-sedividiroEstadoemtrêsgrandespe-doambientes:umsituadoaolestedoEstado,outronaregiãomaiscentraldoEstadoeoutronoextremooeste. No pedoambiente do leste encontra-se a maioria dos Latossolos e Argissolos com característicasintermediáriasparaLatossolos.Avegetaçãonativadominanteédotipoflo-restadensacomsub-bosquedemusácease,porvezes,bambu.Orelevoémenosmovimenta-do,emsuamaioria,planoasuaveondulado.Nessaregião,próximoacidadedeRioBranco,ocorretambémáreasdePlintossoloseoutrossoloscomcaráterplíntico. O pedoambiente da região central compreendida entre os municípios de Sena Madu-reiraeTarauacá,correspondeaumaáreaabaciada,compredomíniodesolosmais rasos,de argila de atividade alta, originados de sedimentos argilosos que imprimem a estes solos sériasrestriçõesdedrenagem.NessaáreapredominamCambissoloseVertissolos,sendoavegetaçãodominantedotipoflorestaabertacombambu.

43SBCS

Fonte:ZEE, ACRE, 2006, Fase II. 1Desconsiderando área referente à água. Fonte: Amaral et al. (2006)

Tabela 1. Expressão geográfica e distribuição relativa de classes de solos no nível de ordem no Estado do Acre, de acordo com o mapa de solos na escala de 1:250.000 do ZEE Fase II.

Tabela 2. Expressão geográfica e distribuição relativa de classes de solos no nível de subordem no Estado do Acre, de acordo com o mapa de solos na escala de 1:250.000 do ZEE Fase II.

Fonte: ZEE Acre, 2006, Fase II.1Desconsiderando a área referente à água. Fonte: Amaral et al. (2006)

44IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

Figura 1. Mapa de solos em nível de ordem do Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

O pedoambiente do extremo oeste é constituído por solos desenvolvidos a partir de sedimentos,relacionadosàbaciadorioJuruácujatexturamaisgrosseiraconfereaosmes-mos,boascondiçõesdedrenagemapesardecontribuirparasuaevidentepobrezaquímica.PredominamnessaregiãoArgissolos,Gleissolos,LuvissolosepequenasáreasdeLatossolo.A seguir são apresentadas as principais classes de solos do Estado, suas características físi-casequímicas,potencialprodutivo,principaislimitaçõesaousoeáreadeocorrência.

ARGISSOLOS

São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural ime-diatamenteabaixodoAouE,comargiladeatividadebaixaoualtaconjugadacomsaturaçãoporbasesbaixae/oucaráteralíticonamaiorpartedohorizonteB,podendoapresentarhori-zonteplínticoouhorizonteglei,desdequenãosatisfaçaosrequisitosparaPlintossolosouGleissolos(EMBRAPA,2006). OsArgissolos - emalgumas regiões - apresentamdrenagem internanaturalmentedeficienteebaixaoumédiafertilidadenatural.Porocorremmuitasvezesemcondiçõesderelevomaismovimentado,sãotambémbastantesuscetíveisàerosão.Apresençadecaráterplínticoempartedestessolosevidenciaproblemaspordeficiênciadedrenagem.Ascoresdohorizonte Bt variam de acinzentadas a avermelhadas e as do horizonte A, são sempre mais escurecidas.Aprofundidadedossolosévariável,masemgeralsãopoucoprofundosepro-fundos(IBGE,2005). NoAcreosArgissolosocupammaisde6milhõesdehectares,cercade38%daáreadoEstado(AMARALetal.,2006),constituindo,noníveldeordem,aclassequeocupaamaiorextensãoterritorial(Tabela1). Quanto ao nível de subordem, o Argissolo Vermelho-Amarelo é segunda classe

45SBCS

emtermosdeextensãoocupandomaisde3milhõesdehectares,ouseja,23%daáreadoEstado(Tabela2). Encontra-se distribuída em todas regionais do Estado, principalmente no Alto Acre (89%),Juruá(65,9%)eBaixoAcre(60,5%),e,emmenorárea,naszonasdoPurus(33%)eTarauacá/Envira(2,7%)(Figura2).

Figura 2. Perfil modal de Argissolos no estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisa-

gem de ocorrência. (D) Localização no estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

Estes solos apresentam seqüência de horizontes A, Bt, C ou A, E, Bt, C , com hori-zonteAsubdivididoemA/BouA/E,ehorizonteBemBA,B1,B2....ouBtf1,Btf2,Btf3.Em nível categórico mais baixo têm-se os Argissolos Vermelho-Amarelos (maior ocorrên-cia),ArgissolosAmarelos(segundoemocorrêncianoEstado)eArgissolosVermelhos.Emníveis logoabaixo(3ºe4°níveis)ocorremnoestado,ArgissolosVermelho-AmarelosTaDistrófico,ArgissolosVermelho-AmarelosAlíticoDistróficotípico,ArgissolosVermelho-AmarelosAlumínicotípicos,ArgissolosVermelhosDistróficostípicos,ArgissoloVermelhoAlítico(típico?),ArgissoloVermelhoDistróficoplíntico,ArgissoloAmareloTaalumínico,Argissolo(Amarelo)Alíticotípico(MARTINS,1993;AMARAL&ARAÚJONETO,1998;SILVA,1999;AMARAL,2000;ARAÚJO,2000;AMARAL,etal.,2001a;ARAÚJO,etal.,2004;BARDALES,2005). Em termos de Argissolos Vermelho-Amarelos, morfologicamente apresentam hori-zontesA,AB,BA,B1t,B2t,ouA,AE,BE,B1t,B2t,B3t....(GAMA,1986;GAMA,1992;MARTINS,1993;AMARAL&NETO,1998;SILVA,1999;AMARAL,2000;ARAÚJO,2000;AMARAL,etal.,2001a;MELO2003;BARDALES,2005). Os Argissolos Vermelho-Amarelos (PVA) são solos que apresentam cores em matiz-es5YRoumaisvermelhoemaisamarelosque2,5YRnamaiorpartedosprimeiros100cmdohorizonteB,inclusiveBA.Sãosolosbemamoderadamentedesenvolvidos,quepodemapresentar deficiênciadedrenagem interna em razãodo acúmulode argila emprofundi-dade.Regionalmente,ohorizonteAdestessolosémoderado,podendoocorrertambémAfraco.Sãocaracterizadospelapresençadehorizontesuperficialdetexturamédiaehorizontesub-superficialdetexturamaisargilosa(MARTINS,1993;ARAÚJOetal.,2004).Acolo-

46IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

raçãovariadebruno-escuroabruno-forteemsuperfícieebruno-forte,vermelho-amareloavermelhoemsubsuperfície,apresentandoàsvezes,mosqueados.Aestruturapredominanteno horizonte B, de grau moderado a forte, é do tipo blocos angulares e sub-angulares, que podemounãocomporprismasemfunçãodaatividadedaargila. Os Argissolos Amarelos (PA) diferem dos PVA basicamente pelas cores mais amare-ladas,commatiz7,5YRoumaisamarelonamaiorpartedosprimeiros100cm(EMBRAPA,2006),enquantoosArgissolosVermelhos(PV)apresentamcoresnomatiz2,5YRoumaisvermelho. Os PA e os PV apresentam diversas características morfológicas comuns, como pro-fundidade (são solos profundos), relevo suave ondulado a ondulado, estrutura em blocos angularesesub-angulares,moderadaaforte.Atexturaéargilosa,oqueevidenciaoprocessodetranslocação(AMARAL,2003).Podeounãoapresentarcerosidade,geralmentesãobemdrenadosedistróficoscomaltosteoresdealumínio,podemapresentardeficiênciaemdre-nagem,quandoocorrerhorizonteplíntico.Ascoresvermelhasnemsempreindicamsoloseutróficos.OhorizonteBtexturaldoArgissoloVermelhoseassemelhaemalgunsaspectosao horizonte B latossólico, deste se diferindo, porém, ante ao expressivo aumento do teor de argilaemrelaçãoaohorizonteA. OsArgissolos,deatividadedeargilaaltaoubaixa,podemserdistróficos(V<50%),alíticos,oualumínicos,àsvezesepieutróficos Tanto os PVA quanto os PA apresentam valores de soma de bases elevados principal-menteemsuperfície(Tabela3),comvaloresmáximosde94,8cmolc.dm-3e28,0cmolc.dm-3respectivamente.Emsubsuperfícieosteoressãomaisbaixos,comteoresmáximos6,2cmolc.dm-3paraosPVAe41,9cmolc.dm-3paraosPA.Osvaloresmaiselevadosconstata-dosparaosArgissolosAmareloscorrespondemàmaiorriquezaemcálcioemagnésio. Osteoresdecálcioemagnésiotrocáveissãoelevadosemambasàsclasses(Tabela3),principalmenteemsuperfície.Observa-seumdecréscimodosteoresdestescátionsemprofundidade,oquedenotaumacombinaçãodaperdadestes cátionspor lixiviaçãoe/ouerosão com a reciclagem biológica, em que parte dos nutrientes extraídos das camadas mais profundas do solo pelas raízes das plantas é adicionada à superfície na forma de resíduos vegetais,que,apósdecomposiçãobiológica,sãoincorporadosàcamadasuperficialdosolo.Os teoresdeAl3+ trocáveisnosPVAePAvariaramde0a12,1cmolc.dm-3e0,2a4,8cmolc.dm-3respectivamenteemsuperfícieeemsubsuperfície0,6a14,1cmolc.dm-3e4,2a15,0cmolc.dm-3. Osteoresdealumíniotrocávelaumentamcomumentecomaprofundidade,apesardapresençadeteoressignificativosdecálcioemagnésio,oque,entretanto,aparentementenão se traduz em toxidade para as plantas, não devendo, por isso, ser utilizado como índice deacideznossolosacrianos.Casooutrascondiçõesnãoforemlimitantes,épossívelqueacorreçãodosolonãosejanecessária(WADT,2002). Areaçãodestessolosvariade4,1a5,2nosPVAe3,3a4,8nosPA,aumentandoemprofundidade,caracterizandoumaacidezextremamenteacidaamédia.EstesvaloresdepHestão coerentes com os teores de alumínio, que tendem a aumentar em profundidade, e com abaixadisponibilidadedenutrientes(ARAÚJO,2000). Osteoresdematériaorgânicanoshorizontessuperficiaisvariamentre0,6e11,7dag.kg-1nosPVAeentre3,3e7,0dag.kg-1nosPA,enquantonoshorizontessub-superficiaisvariamentre0,2e6,2dag.kg-1eentre0,0e6,9dag.kg-1paraosPVAePA,respectivamente(Tabela5).Estesteores,médiosemsuperfícieebaixosemsub-superfície,contribuemparaumamenorcapacidadedetrocadecátionstotal(CTC),oquesugere,porsuavez,umaaltapossibilidadedelixiviaçãodebasestrocáveis. A capacidade de troca catiônica (CTC)dosArgissolos estudados (Tabela 3) é nogeralmuitobaixa,jáqueaCTCestáintimamenteligadaafertilidadedeumsolo,umavez

47SBCS

queindicaacapacidadedesteparaabsorvercátionsemformatrocável,osquais,emgeralirãoservirdenutrientesàsplantas. Face à grande diversidade de características que apresentam no que se refere à satu-raçãoporbaseseporalumínio, textura,profundidade,atividadedeargilaevariedadederelevo,osArgissolossãotambémmuitovariáveisquantoaoseupotencialdeusoagrícola. Comrelaçãoàfertilidade,osArgissolosálicosoudistróficos,apresentamumbaixopotencial nutricional, normalmente mais acentuado no horizonte B (ocorre nos solos acria-nos),requerendo,paraseuusoagrícola,práticasdecorreçãodeacidezeadubação. AdeficiênciadeáguaésignificativaprincipalmentequandoatexturadohorizonteAforarenosa,melhorandoumpoucoquandoformédia.Poroutrolado,oaumentodoteordeargilaelevaapossibilidadedecompactaçãodosoloquandosobusointensivo. Demaneirageral,osArgissolossãosolosbastantesusceptíveisàerosão,sobretudoquandohácombinaçãodegrandediferençadetexturadohorizonteAparaohorizonteBerelevoacidentado,nestecasonãoé recomendávelparaagricultura,sendomais indicadosparapastagensbemmanejadas,reflorestamentooupreservaçãodafaunaeflora. Comopotencialidadespodemserfavoráveisaodesenvolvimentoradiculardealgu-masculturas,entretanto,deveserfeitaumacorreçãodaacidezeumaadubação,jáqueestessãosolosdistróficos.

Tabela 3. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Argissolos Amarelos (PA) e ArgissolosVermelho-Amarelos (PVA), do Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

48IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

CAMBISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquertipodehorizontesuperficial,excetohísticocom40cmoumaisdeespessura,ouhorizonte A chernozêmico quando o B incipiente apresentar argila de atividade alta e satu-raçãoporbasesalta.Plintitaepetroplintita,horizontegleiehorizontevértico,sepresentes,não satisfazem os requisitos para Plintossolos, Gleissolos e Vertissolos, respectivamente (EMBRAPA,2006). OsCambissolosdoEstadosãoemsuamaioriaháplicoseeutróficoseapresentamargila de atividade alta (Ta), característica esta que resulta na alternância de expansão econtraçãosignificativasdamassadosoloemfunçãodavariaçãodeumidade.Noperíodoseco estes solos tornam-se muito duros e cheios de fendas sendo, por outro lado, difíceis detrafegarduranteaestaçãochuvosaporsetornaremaderenteseescorregadios.Sãosolosnormalmenterasosoupoucoprofundosapresentandorestriçãodedrenagemprincipalmenteem razãodapresençademineraisde argila expansíveis (argilas2:1).QuandoEutróficosapresentamaltosteoresdecálcio(Ca),magnésio(Mg)esurpreendentementealumínio(Al).Quandodistróficosapresentambaixosteoresdecálcioemagnésio,situaçãoemqueasatu-raçãoporalumínio,muitasdasvezesésuperiora50%,ouseja,apresentamrestriçõesnotocanteafitotoxidezporalumínio(AMARALetal.,2006). OsCambissolosocupammaisde5milhõesdehectares,ou31,56%das terrasdoAcre,condicionandosituaçõesdistintasdemanejo(AMARALetal.,2006).Emnívelcat-egórico mais baixo (subordem) os Cambissolos até o momento, descritos no Acre, se en-quadramcomoHáplicos,apresentandoos3ºe4ºníveis,argiladeatividadealta(Ta)oubaixa(Tb),eutróficos,distróficosedecarátervértico(GAMA,1986;AMARAL,2003;MELO,2003;BARDALES,2005). OsCambissolossãoencontradosemmaiorproporçãonopedoambienteda regiãocentraldoEstado(Figura3)sobcondiçõesderelevosuaveonduladoeondulado.Grandeparte apresenta argila de atividade alta (Ta), sendo desenvolvidos de sedimentos pelíticos de origemandina.Estessolossãosubmetidosàintensapluviosidadeequasetodaaáguaqueseperdeofazforçosamenteporfluxosuperficial.Constituem,portanto,umsistemaquetendeaexportarmuitopelaerosão(RESENDEetal.,1988). Sãosolospoucoespessos (30a50cm),queoenquadracomosolo raso,ouseja,poucaprofundidadeefetiva.Comoherançadomaterialdeorigem,sedimentospsamíticos,apresentamcommaisfreqüênciaclasses texturaisfrancasiltosaouarenosa.Aestruturaéem geral granular com grau fraco de desenvolvimento quando de argila de atividade baixa (AMARAL,2003).Atexturanoshorizontessuperficiaisémédia,nossubsuperficiaisfrancoargilosaemédia(Tabela4). OsCambissolosHáplicosTaeutróficos,típicosnaregiãocentraldoEstado,apresen-tamnohorizontesuperficialumaestruturaforte,detamanhomédioagrande,emblocosan-gularesesub-angulares.Aconsistênciaémuitoduraaextremamenteduradesdeasuperfícieatéascamadasmaisprofundasdosolo,quandosecoe,plásticoepegajosoamuitopegajosoquandoúmidos(BARDALES,2005). AdrenageminternadosCambissolosHáplicoscomTaéemgeralrestrita,correspon-denteàsclassesmaldrenadoeimperfeitamentedrenado.JánosCambissolosHáplicosTb,adrenagem é moderada a bem drenada, prevalecendo na massa do solo cores acinzentadas e brunadasnosmatizes7,5YR,10YRe5YR,comvaloresde3a5ecromasde2a6paraosoloúmido(GAMA,1986;AMARAL,2003eBARDALES,2005). OsCambissolosvérticosdasregiõesdeSenaMadureiraeManoelUrbano,sãomalou imperfeitamente drenados, com elevada saturação de bases, devido principalmente àpresençadeelevados teoresdeCa2+eMg2+(Tabela4),com teoresnulosoubaixosde

49SBCS

alumíniotrocável.ApresentafendasnoperfileseqüênciadehorizontesA,Biv,C.Amin-eralogiadominantedessessoloségeralmenteconstituídapormineraisprimáriossilicatadoscomestrutura2:1oquelhesconfereacaracterísticadiagnósticadeargiladeatividadealta(CTCsemcorreçãoparacarbono>27cmolc.kgdeargila(EMBRAPA,2006). NossolosestudadososvaloresdepHemáguavariaramentre3,5a6,9noshorizon-tessuperficiaiseentre4,2a6,8nossub-superficiais(Tabela4),caracterizandoemambososcasosumaacidezentreelevada(<5,0)emédia(<7,0).Namaioriadosperfisestudadossempreaacidezelevadaocorreunoshorizontessuperficiais,provavelmentedevidoaoestá-giodeevoluçãodosCambissolos,jáquesãosolospoucosdesenvolvidos. Apesar dos Cambissolos do Acre apresentar em geral boa fertilidade natural (eu-trofismo)emtodooperfil,comvaloresaltosdesaturaçãoporbases(Tabela4),noentanto,existemsolosdistróficos,cujosvaloresdesaturaçãoporbases(SB)variamentre9,6cmolc.dm-3e94,4cmolc.dm-3noshorizontessuperficiaiseentre1,7cmolc.dm-3e97,6cmolc.dm-3nossub-superficiais, sendoqueosvaloresmédiosdosperfisestudadososcilamemtornode61,3cmolc.dm-3emsuperfíciee50,6cmolc.dm-3emsubsuperfície OsteoresdeCa2+variaramentre0,5a20cmolc.dm-3eentre0,1a40cmolc.dm-3, respectivamente nos horizontes superficiais e sub-superficiais enquanto os de Mg2+variaramentre0,2a4,3cmolc.dm-3ede0a10,4cmolc.dm-3.Estesaltosvaloresdecálcioe magnésio estão, possivelmente, relacionados com a maior riqueza do material de origem e aclimasecopretéritoquecondicionaramaprecipitaçãodesais. Osteoresdealumíniotrocávelvariaramde0,0a8,6cmolc.dm-3noshorizontessu-perficiaisede0,0a13,4cmolc.dm-3nossub-superficiais,oquedevepossivelmenteàmenorinterferênciadematériaorgânicaemprofundidade,complexandomenosalumíniotrocávelemantendoassimosaltosteoresnoshorizontessub-superficiais.MesmocomaltosteoresdeAl3+nocomplexodetroca,espera-sequeosmesmosnãointerfiramdeformaacentuadano desenvolvimento mineral das plantas, uma vez que se constataram altos teores de bases trocáveisnosperfisestudados.Issodevedecertaformalimitaraatividadedoalumínionocomplexodetroca,diminuindoasuafitotoxidez. ACTC,namaiorpartedasvezesémuitoalta,superiora10cmolc.dm-3,tendendoaaumentaraindamaisemprofundidade,podendoatingirvaloresmédiosde23,9cmolc.dm-3,refletindoosaltosteoresdesomadebaseseH+Al(Tabela4). Osteoresdematériaorgânica(MO)variaramde0,8a19,1dagkg-1nasuperfícieede0,1a0,7dagkg-1emprofundidade.Essesvaloresmuitobaixosnoshorizontessub-super-ficiaisjáeramesperados.Principalmentepelascondiçõesdosoloemreteráguaecoberturavegetal,propiciandooacúmulodematériaorgânicaemsuperfície,alémdaaltacapacidadedeexpansãoquandoseco)econtração(quandoúmida)daargila(BARDALES,2005). Emfunçãodavariabilidadedomaterialdeorigemedorelevo,principalmente,aspossibilidadesdeusoagrícola tambémsãobastantevariáveis.Aalta fertilidadedamaiorparte destes solos no Acre potencializa seu uso, enquanto a profundidade exígua do solo e sua ocorrência em relevo movimentado, condicionam grande risco à erosão, exigem, sobre-tudo,napartecentraldoEstado,aadoçãodepráticasintensivasdeconservaçãodesolos.Adrenageminternadeficiente-nocasodesoloscomargiladeatividadealta–constituifatorlimitanteadicionalparaoseuaproveitamentoagrícola. NocasodosCambissolosVérticosasprincipais limitaçõesdecorremdas físicasextremasqueconferemaestessolosbaixaspermeabilidadeecondutividadehidráulicaeelevadasplasticidadeepegajosidadequandoúmidos,oquedificultasobremaneiraoseumanejo, sobretudo no que tange à utilização de implementos agrícolas. Quando secostornam-se extremamente duros e fendilhados, o que prejudica sensivelmente o sistema radiculardasplantas.

50IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

Tabela 4. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Cambissolos do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) e Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

Figura 3. Perfil modal de Cambissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C)

Paisagem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

PLINTOSSOLOS

São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte plíntico, lito-plínticoouconcrecionário,emumadasseguintescondições:começandodentrode40cmdasuperfície;oucomeçandodentrode200cmdasuperfíciequandoprecedidodehorizontegleioudehorizonteA,ouE,oudeoutrohorizontequeapresentecorespálidas,variegadasoucommosqueadosemquantidadeabundante.Quandoprecedidosdehorizonteoucamadadecoloraçãopálida(acinzentadas,pálidasouamareladoclaras),estasdeverãotermatizesecromasdeconformeositensaebdefinidosabaixo,podendoocorrerounãomosqueadosdecoloraçãodesdeavermelhadasatéamareladas.Quandoprecedidosdehorizontesoucama-

51SBCS

dasdecoloraçãovariegada,pelomenosumadascoresdevesatisfazerascondiçõesdositensaebdefinidosabaixo.a-matiz5Y;oub-matizes7,5YR,10YRou2,5Ycomcromamenorouiguala4(EMBRAPA,2006).

Aplintita,cujaocorrênciaemquantidadesignificativacaracterizaohorizonteplín-tico, submetida a diversos ciclos de umedecimento e secagem e após o rebaixamento do lençolfreático,desidratairreversivelmentetornando-seextremamentedura. OsPlintossolosnoEstadoocupamcercade361milhectares,ou2,3%detodaárea,dentreosquais2,02%,ou330milhacorrespondemaPlintossolosHáplicose0,18%,ou30milha,aPlintossolosArgilúvicos(AMARALetal.,2006).Emníveiscategóricosmaisbaixos(3ºe4ºníveis)ocorremPlintossolosHáplicosDistróficostípicos,PlintossolosHá-plicosEutróficostípicosePlintossolosArgilúvicosDistróficosabrúpticos.Ocorremprinci-palmente na região leste do Estado, no município de Rio Branco, e no extremo oeste (Figura 4).Sãosolossujeitosaexcessodeágua(encharcamento)temporário,apresentandoclassededrenagemimperfeitamenteoumaldrenado.Issoresultanumavariabilidademorfológicaeanalítica,oquedificultasuacaracterização.Tendohorizonteplínticodecoloraçãovariegadacomcoresacinzentadas,alternadascomcoresavermelhadaseintermediáriasentreelas. OsPlintossoloslocalizadosemterraçosdesedimentaçãorecente(ambientesconser-vadores),têmopredomíniodecoresmaisclarasnohorizonteplíntico(2,5Y),ovalorvariade6a7eocromaentre1e2. Emambientesdemenorsedimentação,ouseja,emníveismaiselevadosnapaisa-gem,estessolosapresentamcoresmaisavermelhadascommatizes5YRe2,5YR,oqueindicaumambientedemaioroxidaçãoemenorflutuaçãodolençolfreático.

Figura 4. Perfil modal de Plintossolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C)

Paisagem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

52IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

EstessolosapresentamnoEstadograndediversificaçãodetextura,tendosidocon-statados solos desde arenosos até argilosos, sendo uma característica marcante dos Plintos-solosArgilúvicosagrandediferençadetexturadohorizontesuperficialAouEparaosub-superficialBàsvezes,configurandomudançatexturalabrupta. A estrutura, em blocos angulares e sub-angulares, apresenta grau de desenvolvim-entofracoamoderado,enquantoaconsistênciaasecovariadeduraamuitodura.Nogeralapresentamboaprofundidadeefetiva. Quanto às características químicas, solos normalmente são de argila de atividade baixae,menosfrequentemente,deargiladeatividadealta.OpHvariade4,6a4,9noshori-zontessuperficiaisede4,7a5,2nossub-superficiais(Tabela5),evidenciandoadominânciadesolosácidos. OsteoresdeAl3+oscilamde3,0a6,0cmolc.dm-3emsuperfícieede3,2a30,0cmolc.dm-3,ouseja,estessolosexibemcaráteralíticooualumínicodependendodaativi-dadedaargila.São,portanto,emconsonânciacomasobservaçõesdeOliveiraeAlvarenga(1985),solosácidosedistróficoscujasaturaçãoporbasesvariaemtornode41,3cmolc.dm-3noshorizontessuperficiaisede19,6cmolc.dm-3emprofundidade. Emrazãodarestriçãodedrenagemtípicadessessolos,seuusocomcultivodeplan-tassuscetíveisaoencharcamentoéproblemático.Nessecaso,deve-sepriorizarocultivodeplantascomsistemaradicularpoucoprofundoequeseadaptemàscondiçõesdeexcessodeáguacomo,porexemplo,oAçaí.Emcondiçõesatuaissãomaisutilizadoscompastagemnatural, devendo ser, o seu manejo, entretanto, direcionado no sentido de evitar o processo dedegradaçãodossolosedaspastagens,alémprocuraresclareceresanaroproblemare-centementeidentificadocomrelaçãoamortedaspastagensemPlintossolos.

Tabela 5. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e subsuperficiais de Plintossolos do Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

LATOSSOLOS

Solosmineraisnãohidromórficos,queapresentamhorizonteBlatossólicoimediata-menteabaixodequalquertipodehorizonteA,dentrode200cmdasuperfíciedosolooudentrode300cm,seohorizonteAapresentamaisque150cmdeespessura(EMBRAPA,2006). NoAcresãoencontradosprincipalmentenaregiãolesteeemalgumasáreasdoex-tremooeste(Figura5),ondeocorrememáreasderelevoplanoasuaveonduladoecorre-spondendoaossolosmaisvelhosdapaisagem.Apresentamuniformidadedecoretexturaao

53SBCS

longodoperfil,sendoemgeralpobresquimicamente,profundosebemdrenados.Possuemacidezelevadaebaixosteoresdecálcio,magnésioepotássio. OsLatossolos recobrem515,489milhectares, ou3,15%da área total do estado(Tabela1),sendo1,65%correspondentesaLatossolosVermelhos(LV);1,29%aLatossolosVermelho-Amarelos(LVA)e0,20%aLatossolosAmarelos(LA)(Tabela2).Sãoprofundos,bemdrenadoscomtexturaargilosa,muitoargilosaoumédia.Ossolosdetexturaargilosaoumuitoargilosadeconstituiçãomaisoxídica,possuemdensidadedosolobaixa(0,86a1,21g/cm3)eporosidadetotalaltaamuitoalta(56a68%).Ossolosdetexturamédianormalmentepossuemdensidadeaparentepoucomaioreporosidadetotalmédia.Emtermosdecaracterísticasquímicas,sãosolosácidos,comsaturaçãodebasesbaixa(dis-tróficos)porvezesalíticos.

Figura 5. Perfil modal de Latossolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisa-

gem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

Os LV apresentam cores vermelho escuras, vermelhas ou bruno-avermelhado escu-ras,emmatiz2,5YRoumaisvermelhonamaiorpartedosprimeiros100cmdohorizonteB(inclusiveBA).Aatraçãomagnéticaé fracaou inexistente.Sãomuitoprofundos,bemdrenados,friáveisoumuitofriáveis,detexturaargilosaemédia.Ossolosmaisoxídicosdetexturaargilosaoumuitoargilosasãobastanteporosos,indicandoboascondiçõesfísicas. OsLAtêmcoresamareladasdematizmaisamareloque5YRnamaiorpartedosprimei-ros100cmdohorizonteB(inclusiveBA).ApresentambaixosteoresdeFe2O3,geralmenteinferioresa7%.Afraçãoargilaéconstituídaessencialmentedecaulinitaeumaporcentagempequenadegoethita.Sãobemdrenados,profundosamuitoprofundos,compredominânciadetexturamédia,baixarelaçãotexturalepoucadiferenciaçãoentreoshorizontes. Soboaspectoquímico,apresentambaixosteoresdesaturaçãoporbases,paraoquecontribuemtambémosbaixosteoresdecálcioemagnésiotrocável(Tabela6).SãoácidoscomvaloresdepHemáguaentre3,8e5,0nohorizontesuperficialeentre4,2a4,9nohori-

54IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

zonteB.EstesbaixosvaloresdepHinfluenciamodesenvolvimentodasplantas,interfer-indo negativamente na disponibilidade de bases e alguns micronutrientes, além de induzir amaiordisponibilidadedealumínio,cujaconcentraçãonãoraroatingeníveistóxicos.OsteoresdeAl3+sãoumpoucomaiselevadosemsuperfíciedoqueemsubsuperfície(Tabela6).Esteaspectopodeserfavorecidopelalixiviaçãodesílicaebasesnoperfil. Como os Latossolos têm uma baixa CTC, têm-se valores mais baixos de matéria orgânica,principalmenteemsub-superfície.Osteoresdematériaorgânica(MO)sãomaio-resemsuperfície,comojáeradeseesperarnossolostropicaisemgeral(Tabela6).AsboascondiçõesfísicasinerentesdosLatossolosfazemcomqueestaclassedesolosapre-sentebompotencialagrícola.Noentanto,emvirtudedesuascondiçõesquímicasdeficientestorna-senecessáriaaadoçãodepráticasdecalagemeadubaçãosistemáticasparaaobtençãodeboasprodutividadesdasculturas. AsprincipaislimitaçõesdosLVAdecorremdaacidezelevadaedafertilidadebaixa,maispronunciadasnossolosdetexturamédia,naturalmentemaispobres.Adeficiênciademicronutrientes pode ocorrer, sobretudo, nos solos de texturamédia. Requerem, portan-to,ummanejoadequado,comcorreçãodaacidezefertilizaçãocombaseemresultadodeanálisesdossolos.Práticasdecontroledeerosãosãonecessárias,sobretudo,nossolosdetexturamédiaquesãosusceptíveisàerosão. OsLVapresentamótimascondiçõesfísicasasquais,aliadasaorelevoplanoousuaveonduladoondeocorrem,favorecemsuautilizaçãocomasmaisdiversasculturasadaptadasàregião.Porseremácidosedistróficos,ouseja,combaixasaturaçãodebases,estessolosrequeremcorreçãodeacidezefertilizaçãobaseadaemanálisesdesolos. Os solos argilosos e muito argilosos possuem melhor aptidão agrícola que os de tex-tura média tendo em vista que estes são mais pobres e mais susceptíveis à erosão, porém, em contraposição,osargilososestãomaissujeitosàcompactaçãopeloempregoinadequadodeequipamentosagrícolas. AsprincipaislimitaçõesdosLAsolosdecorremdaforteacidez,altasaturaçãocomalumínio extraível (caso dos alumínicos), e a pobreza generalizada em nutrientes, o que in-evitavelmenteimplicaránousointensivodeadubaçãoepráticadecalagem,objetivandoaneutralizaçãodoefeitotóxicodoalumínioparaasplantas.

Tabela 6. Atributos físicos e químicos dos horizontes superficiais e sub-superficiais de Latossolos do Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

55SBCS

LUVISSOLOS

Sãosolosmineraisdeargiladeatividadealta,altasaturaçãoporbasesehorizonteBtextural imediatamente abaixo de horizonte A fraco, moderado ou proeminente ou horizonte E,equesatisfazemosseguintesrequisitos:

•horizontesplíntico,gleieplânico, sepresentes,nãosatisfazemoscritériosparaPlintossolos,GleissolosePlanossolos,respectivamente;nãoécoincidentecomapartesu-perficialdohorizonteBtextural; •horizonteglei, seocorrer inicia-seapós50cmdeprofundidade,nãocoincidindocomapartesuperficialdohorizonteBtextural(EMBRAPA,2006).

OsLuvissolos,normalmenteassociadosasolospoucoprofundos,ocorrememáreasde relevo mais movimentado, o que lhes confere certo grau de susceptibilidade à erosão, o que,aliadoaofatodeapresentaremdrenagemdeficiente,restringeseuusoagrícola,apesardaelevadafertilidadenatural(AMARALetal.,2006). OsLuvissoloseramanteriormenteclassificadoscomoBrunoNãoCálcico,PodzólicoVermelho-Amareloeutróficocomargiladeatividadealta(Ta)ePodzólicoVermelho-Escuroeutróficocomargiladeatividadealta(LuvissoloCrômico).PodzólicoAcinzentadoeutróficocomargiladeatividadealta,partedoPodzólicoVermelho-AmareloeutróficocomargiladeatividadealtaePodzólicoBruno-Acinzentadoeutróficocomargiladeatividadealta(Luvis-soloHáplico). Ocorrem preferencialmente na parte oeste e central do Estado, podendo ser con-statadas também algumas ocorrências esparsas nos municípios de Rio Branco, Porto Acre eMâncioLima(Figura6).OsLuvissolosocupammaisde2milhõesdehectares,ouseja,cercade14,6%doEstado,sendoque14,5%correspondemaLuvissolosHipocrômicose0,1%aLuvissolosCrômicos(tabela4)(AMARALetal.,2006).

Figura 6. Perfil modal de Luvissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisa-

gem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

56IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

Os Luvissolos no Acre apresentam horizonte B textural ou B nítico, com argila de atividadealtaesaturaçãodebasesalta,imediatamenteabaixodohorizonteAfracooumod-erado,ouhorizonteE. Os Luvissolos no Acre variam de bem a imperfeitamente drenados, normalmente, poucoprofundos(60a120cm),comseqüênciadehorizontesA,BteC,enítidadiferen-ciaçãoentreoshorizontesAeBt,devidoaocontrastedetextura,core/ouestruturaentreosmesmos.AtransiçãodohorizonteAparaoBtexturaléclaraouabrupta,sendoquegrandepartedossolosdestaclasseapresentamudançatexturalabrupta,conformedefinidoemEM-BRAPA(2006). Sãosolosmoderadamenteácidosaligeiramentealcalinos,comteoresdealumínioextraível baixos ou nulos e com valores elevados de Ki no horizonte Bt, normalmente entre 2,4e4,0,denotandopresençadeargilomineraisdotipo2:1(AMARALetal.,2001). OsvaloresdepHvariamde4,5a6,6noshorizontessuperficiaisede4,6a7,5evi-denciandooquefoiacimacomentadocomrelaçãoàacidezdestessolosdoAcre.OsteoresdeAl3+sãomuitobaixosemsuperfíciescomvalormáximode0,6cmolc.dm-3eemsubsu-perfícieapresentateoresmaiselevados,comvaloresmédiosde4,3cmolc.dm-3. Estes solos apresentamaltaCTC, comvaloresmáximosde67,1 cmolc.dm-3noshorizontessuperficiaise60,6cmolc.dm-3noshorizontessub-superficiais,evidenciandoariquezaemnutrientes,principalmentecálcioemagnésio(Tabela7). Em termos de fertilidade natural estes solos são os que apresentam maior potencial agrícoladoEstado.Porém,devemserconsideradas,noentanto,suaslimitaçõesfísicasquan-to à profundidade, exígua, e o predomínio de argila expansiva, aspectos estes que elevam oriscodeerosão.Ofendilhamentoocasionadopelosfenômenosdecontração-expansãodamassadosolopodecomprometerosistemaradiculardasculturas.Partedestessolosapre-sentamudançatexturalabruptadohorizonteAparaohorizonteBoqueocasionaproblemasdeinfiltraçãodeáguanosolo.

Tabela 7. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e sub-superficiais de Luvissolos, no Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

57SBCS

GLEISSOLOS

Sãosolosmineraiscomhorizontegleiiniciando-sedentrode150cmdasuperfície,imediatamenteabaixodehorizontesAouE,oudehorizontehísticocommenosde40cmdeespessuraenãoapresentandohorizontevérticoouhorizonteB texturalcommudançatextural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei, tampouco qualquer outro tipo de horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei, ou textura exclusivamente areia ou areia francaemtodososhorizontesatéaprofundidadede150cmdasuperfíciedosoloouatéumcontatolítico.Horizonteplínticosepresentedeveestaràprofundidadesuperiora200cmdasuperfíciedosolo(EMBRAPA,2006). Sãocaracterísticosdeáreasalagadasou sujeitasa alagamento temporário (mar-gensderios,ilhas,grandesplanícies,etc.).Apresentamcoresacinzentadas,azuladasouesverdeadas,dentrode50cmdasuperfície.Podemserdealtaoubaixafertilidadenaturaletêmnascondiçõesdemádrenagemasuamaiorlimitaçãodeuso.Ocorremempratica-mentetodasasregiõesbrasileiras,ocupandoprincipalmenteasplaníciesdeinundaçãoderiosecórregos(IBGE,2005). NoAcreocorremàsmargensdosprincipaisrioseigarapésquecompõeabaciahi-drográficadoEstado(Figura7),ondeestãopermanentementeouperiodicamentesaturadosporágua.Caracterizam-sepelafortegleização(coresacinzentadas),emdecorrênciadoregimedeumidadequefavoreceascondiçõesredutorasdosolo.Geralmenteapresentamargilasdealtaatividadee,emboracaracterizadosporelevadosteoresdealumíniotrocável,nãoapresentamgrandesproblemasdefertilidade(AMARALetal.,2001;AMARALetal.,2006). OcupanoAcreumaáreademaisdenovecentosmilhectares,ouseja,cercade5,98%doEstado(AMARALetal.,2006).Emtermosdesub-ordem,foramdescritoseclassificadosatéomomentoGleissolosMelânicoseGleissolosHáplicos,comdestaqueparaoprimeiro,querepresentatodaáreadeGleissolosmapeadasatéomomento.Emníveiscategóricosmaisbaixosdestacam-senoEstado,GleissolosMelânicosTaouTbEutróficostípicos,GleissolosMelânicosTaAlítico(típicos?),GleissolosMelânicosTbAlumínicostípicoseGleissolosHáplicos(TbdistróficosouTadistróficosouTbeutróficosouTaeutróficos?)típicos. SãosolosmaloumuitomaldrenadoseapresentamseqüênciadehorizontesA/Cg,A/Big/Cg,A/Btg/Cg,A/E/Btg/Cg,A/Eg/Btg/Cg,Ag/Cg,H/Cg,tendooAcoresdesdecinzen-tasatépretas,espessuranormalmenteentre10e50cmeteoresmédiosaaltosdecarbonoorgânico.Apresentamocasionalmentetexturaarenosanoshorizontessuperficiais,aosquaisseseguemumhorizontegleidetexturafrancoarenosaoumaisfina. GrandepartedaáreamapeadacomodeGleissolospeloProjetoRadambrasil(BRA-SIL,1976e1977),incluinaverdadeoutrasclassesdesolo,comoosNeossolosFlúvicoseVertissolos.Provadissoéareduçãoemcercade1,4%daáreadeGleissoloseincrementode1,1%daáreadeNeossolosFlúvicosnomapeamentorealizadoemACRE(2000),emrelaçãoaotrabalhodoRADAM. AocorrênciadeGleissolos emáreasde aluviões, pode ser explicadapela grandeoscilaçãodascotasfluviométricasdosrioseigarapésentreoperíododechuvaseestiagem(RESENDEePEREIRA,1988),oquefazcomquegrandepartedessessolospermaneçaemcondiçõesdeanaerobioseportempoprolongado.oEsteprocessofavoreceagênesedePlintossolos,NeossolosFlúvicoseoutros.

58IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

Figura 7. Perfil modal de Gleissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisa-

gem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

Em termos de características químicas destaca-se a convivência de altos teores de cálcioemagnésiotrocávelcomaltosteoresdeAl3+noshorizontessuperficiais.Emprofun-didadeosteoresdeCa2+eMg2+diminuemsubstancialmenteenquantooAl3+mantémeaumentaseuteor(Tabela8). Aacidezpraticamentenãosealteraaolongodoperfil,comopHvariandode4,0a4,3emsuperfícieede4,5a5,0nohorizonteCg.Asaturaçãoporbases(V)ébastanteelevadanosperfisestudados,comvaloresacimade80%,demonstrandoaestreitarelaçãodosolocomomaterialdeorigem. Osteoresdematériaorgânicavariamentre6,2e7,8dagkg-1nohorizonteAeentre0,2e0,6dagkg-1(tabela8)nohorizonteCg.Ascondiçõesdeencharcamentofreqüentepropiciamoacúmulodematériaorgânicaporlimitaraatividadedosorganismosdecompositores. ACTCapH7,0apresentouvaloresentre52,7e72,0cmolc.dm-3noshorizontessu-perficiaiseentre19,3e73,4cmolc.dm-3nossub-superficiais(tabela10).Estesvaloresaltosdevem-seprincipalmenteaosteoresdecálcio,magnésioeaalumíniotrocável. Asprincipaislimitaçõesaousoagrícoladestessolosdecorremdamádrenagemnatu-ralemfunçãodapresençadelençolfreáticopróximoàsuperfícieedosriscosdeinundação,quesãofreqüentes.Aadoçãodepráticasdedrenageméimprescindívelparatorná-losaptosàutilizaçãocomummaiornúmerodeculturas.Hálimitaçõestambémaoempregodemá-quinasagrícolas,sobretudonossoloscomargiladeatividadealta. Apósdrenagemecorreçãodasdeficiênciasquímicas,sobretudonossolosalíticosedistróficos,estessolosprestam-separapastagens,capineirasediversasculturas,principal-mentecana-de-açúcar,bananaeolericultura.Emáreaspróximasaosgrandescentroscon-sumidores,estessolospodemserusadosintensivamentecomolericultura.

59SBCS

Tabela 8. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e sub-superficiais de Gleissolos do Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

NEOSSOLOS

SolospoucoevoluídosesemqualquertipodehorizonteBdiagnóstico.Horizontesglei,plínticoevértico,quandopresentes,nãoocorrememcondiçãodiagnóstica(EMBRA-PA,2006).

Apresentam como principais características:

•Ausênciadehorizonteglei,excetonocasodesoloscomtexturaareiaouareiafran-ca,dentrode50cmdasuperfíciedosolo,ouentre50cme120cmdeprofundidade,seoshorizontessobrejacentesapresentaremmosqueadosdereduçãoemquantidadeabundante; •AusênciadehorizontevérticoimediatamenteabaixodehorizonteA; •Ausênciadehorizonteplínticodentrode40cm,oudentrode200cmdasuperfícieseimediatamenteabaixodehorizontesA,Eouprecedidosdehorizontesdecoloraçãopálida,var-iegadaoucommosqueadosemquantidadeabundante,comumaoumaisdasseguintescores: •Matiz2,5You5Y;ou •Matizes10YRa7,5YRcomcromasbaixos,normalmenteiguaisouinferioresa4,podendoatingir6,nocasodematiz10YR; •AusênciadehorizonteAchernozêmicoconjugadoahorizontecálcicoouCcarbon-ático(IBGE,2005).

Congregamsolosrasos,NeossolosLitólicos(antigosSolosLitólicos);ouprofundosearenososNeossolosQuartzarênicos(antigasAreiasQuartzosas);oucompresençaconsid-eráveldemineraisprimáriosdefácilintemperização,NeossolosRegolíticos(antigosRegos-solos); ou ainda, solos constituídospor sucessãode camadasdenatureza aluvionar, semrelaçãopedogenéticaentresi,NeossolosFlúvicos(antigosSolosAluviais)(IBGE,2005). Assim como os Gleissolos, geralmente ocorre nas margens dos rios e igarapés, sendoquesuafertilidadeestádiretamenterelacionadacomaqualidadedosedimentode-positado(Figura8).

60IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

Figura 8. Perfil modal de Neossolo Flúvico no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C)

Paisagem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

No Acre os Neossolos ocupam uma extensão territorial de aproximadamente 189 mil hectares,ou1,16%daáreatotaldoEstado.Emtermosdesubordem,destacam-seosNeosso-losFlúvicoscomumaextensãoterritorialdemais180milhectares(1,12%)eosNeossolosQuartzarênicoscomumaáreadepoucomaisde4milhectares(AMARALetal.,2006).Emseus3ºe4ºníveiscategóricosdestacam-seosNeossolosFlúvicosTbEutróficotípico,Neos-solosFlúvicosTbEutróficos(?),NeossolosQuartzarênicosHidromórficosespódico. Apresentam horizonte A sobre um pacote sedimentar subdividido em horizontes C, comcoresbrunadasemtodoperfil,commatiz10YR,valoresde4a5,eocromade3a6.A textura dos horizontes é em geral franca arenosa e a estrutura em blocos e granular com graufracodedesenvolvimento. No Neossolo Flúvico e no Neossolo Quartzarênico, o pH apresenta valores desde inferioresa5até6,4,configurando,portantoumaacidezentreelevadaafraca(Tabela9).SegundoAmaral(2003),osmaioresvaloresdepHnoAcreestãoassociadosasolosmenosdesenvolvidos. Osteoresdecálcioemagnésiosãobastantealtosnoshorizontessuperficiais,tendosidoencontradovaloresmaiselevadosnosNeossolosFlúvicos(34,3comolc.dm-3e11,0cmolc.dm-3respectivamente,decrescendobruscamenteemprofundidade(Tabela9),princi-palmentenoNeossoloQuartzarênico. Osteoresdesaturaçãoporbasessãotambémbastantealtoscomvalormáximode96,0cmolc.dm-3,noshorizontessuperficiaisede90,9cmolc.dm-3noshorizontessub-su-perficiais,oqueestárelacionadoàriquezadossedimentosandinos.OsteoresdeAl3+sãobaixos,comvalormáximode0,5cmolc.dm-3noshorizontessuperfi-ciaisede2,3noshorizontessub-superficiais. Asprincipaislimitaçõesdestessolosdecorremdosriscosdeinundaçãoporcheiasperiódicasoudeacumulaçãodeáguadechuvasnaépocadeintensapluviosidade.Deumamaneira geral, em quase todo mundo, os solos aluviais são considerados de grande poten-cialidadeagrícola,mesmoosdebaixasaturaçãodebases.Asáreasdevárzeasondeocorrem

61SBCS

sãoderelevoplano,semriscosdeerosão,favorecendoapráticademecanizaçãoagrícolaintensiva.Pelaprópriaorigemestessolossãoheterogêneosnoquedizrespeitoàscaracter-ísticasfísicasequímicas,oquecertamentevaiinfluenciarseuuso.Ossoloseutróficosdetexturamédiasãoosmaisapropriadosparadiversasculturas. AsvárzeasdorioAcreapresentamemgeralgrandepotencialagrícola,emborasujei-tasáinundaçõessazonais,sendoqueoplanejamentodeusofeitodeformacriteriosapode,entretanto,permitiramanutençãoadequadadascomunidadesribeirinhas.

Tabela 9. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e sub-superficiais de Neossolos Flúvicos e Quartzarênicos do Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

VERTISSOLOS

São solos minerais com horizonte vértico, cores desde escuras a amareladas, acinzen-tadasouavermelhadas,profundosapoucoprofundos,geralmentecompresençadefendasnoperfil,comoconseqüênciadaexpansãoecontraçãodomaterialargiloso,superfíciesdefricção(slickensides)eestruturafortementedesenvolvidadotipoprismática(IBGE,2005). Os Vertissolos, que não foram registrados no Estado pelo levantamento de recursos naturaisdoProjetoRADAMBRASIL(BRASIL,1976),ocorrem,emgeral,emáreascomaltitudesmédiasde170m,estandorestritosaregiãoentreosmunicípiosdeSenaMadureirae Manuel Urbano, às cabeceiras do rio Iaco e ao extremo oeste do Estado, nos municípios deRodriguesAlveseMâncioLima(Figura9),ocupandocolinassuavescombaixograudedissecação.Ocorremsobflorestasabertascombambuecompalmeiras(ACRE,2000),con-stituindoáreaspoucoalteradas,devidoàdificuldadedeacesso. OsVertissolosocupamumaextensãoterritorialdeaproximadamente500milhect-ares,ouseja,3,04%daáreadoEstado.DentreestesosVertissolosHáplicos,descritosan-teriormentecomoVertissoloCromadoporAmaraletal.(2006),ocupamcercade3,04%daárea,OutraclassenoníveldesubordemdescritanoEstadofoioVertissoloHidromórficoregistradanomunicípiodeSenaMadureira(BARDALES,2005). Emníveiscategóricosmaisbaixosdestacam-se,osVertissolosHáplicosÓrticostípi-cos,VertissolosHáplicosCarbonáticoseVertissolosHidromórficosCarbonáticostípicos.

62IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

Figura 9. Perfil modal de Vertissolo no Estado do Acre. (A) Prisma pedológico, em escala e com a indicação dos horizontes. (B) Padrão fisiográfico na imagem de satélite LANDSAT TM 5. (C) Paisa-

gem de ocorrência. (D) Localização no Estado do Acre. Fonte: ZEE, 2006, Fase II

Sãosolosrasos,imperfeitamentedrenados,comhorizonteAmoderado.AscoresnohorizonteAtêmmatiz7,5YR,valor5ecroma2.OhorizonteCapresentacoresdemesmomatizporémcomvaloresecromasmaisaltos,conferindo-lhecoloraçõesmaisacinzentadas.Oescurecimentosuperficialédevidoaosmaioresteoresdematériaorgânica.Aconsistênciaa seco é extremamente dura e a textura do horizonte A é, geralmente, argilo-siltosa (Tabela 10).Aestruturamaciçasedesfazemfortepequenaemédia,blocosangularesesub-angula-rescomoresultadodosprocessosdeexpansãoecontração. Apresentaelevadarestriçãodeuso,oqueéinclusivesugeridopelapredominânciaatualdepastagensextensivas,mesmonosprojetosdeassentamento. BARDALES (2005) estudou estes solos detalhadamente através de um levanta-mentodesolosnumaescalade1:100.000nosarredoresdeSenaMadureira,oquepermitiuentenderasrelaçõesespaciaiscomoutrasclassesaelesassociadas. OsVertissolosatéentãoestudadosnoestadoapresentamvaloresdepH(3,5)queindicamextremaacidificaçãoemsuperfície,atéalcalinidadeemsubsuperfíciecomvaloresmáximosde8,3(BARDALES,2005).Comampladominânciadecálcionocomplexodetroca(Tabela10).Combaixosteoresdealumínioemsuperfície,maspodendoapresentarva-loresmuitoaltosemsubsuperfície,comonossolosdoentornodacidadedeSenaMadureira.ComojácomentadoacimaedeacordocomWadt(2002),estesaltosteoresdealumínioemprofundidadeaparentementenãocausamefeitofitotóxicoparaasplantas. Aelevadaacidezsuperficial,observadanãosónosVertissoloscomotambémemgrandepartedossolosmenosdesenvolvidosdoEstado,reforçaaidéiadequeointemper-ismonoAcreéumfenômenodefracoaprofundamento,possivelmentepelocaráterhori-zontalizadoealgoimpermeáveldosestratossedimentaresdaformaçãoSolimões(BAR-DALES,2005). OsVertissolosapresentamaltosvaloresdesomadecátionstrocáveisealtacapacid-adedetrocacatiônicaassociadosàpresençadequantidadesrazoáveisdemineraisprimárioscomo o quartzo e até mesmo sulfatos, como a gipsita, esta provavelmente herdada do mate-

63SBCS

rialoriginárioeformadaemcondiçõespaleoclimáticasessencialmentediferentesdasatuais.Suascaracterísticasdeconsistência,muitoduraquandosecos,firmequandoúmidoseplásti-coepegajosoquandomolhados,fazemcomqueointervalodeumidadeemqueascondiçõessejamadequadasparaopreparodosolosejamuitoestreito.Abaixapermeabilidadefazcomque os Vertissolos, assim como os Luvissolos, sejam muito susceptíveis a erosão, principal-mentelaminar.

Tabela 10. Atributos físicos e químicos de horizontes superficiais e sub-superficiais de Vertissolos Háplicos e Hidromórficos, do Estado do Acre.

Fontes: Gama (1986); Martins (1993); Silva (1999); Araújo (2000); Amaral (2003); Melo (2003) & Bardales (2005). Obs.: Os valores estatísticos foram retirados a partir de vários perfis estudados pelos autores acima citados.

64IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

ApartirdosesforçosdospesquisadoresquetrabalhamcomossolosdoAcre,houveumgrandeincrementodeinformaçõessobreascaracterísticasmorfológicas,químicas,físi-casemineralógicas.Entretanto,permaneceanecessidadedeestudosmaislocalizados,prin-cipalmentenapartecentraldoEstado,queaindacarecedeinformaçõesmaisdetalhadasemtermos pedológicos, visto que esta região apresenta muitas peculiaridades pedológicas, que requeremcertoscuidados,sobretudo,comrelaçãoaousodaterra. Deacordocomosestudosdisponíveis,oAcreéconstituído,predominantementeporsolosdotipoArgissoloseCambissolose,emmenoresproporções,Luvissolos. Quantoàfertilidade,alimitaçãoparaautilizaçãoracionaldossolosdoAcrerelacio-na-sebasicamenteaobaixoníveldefósforodisponíveleaoelevadoteordealumínio,jáqueoníveldepotássioéaltoeosteoresdecálcioemagnésiosãoordinariamentesuficientes. Por serem originados de sedimentos oriundos dos Andes, os solos acrianos apresen-tam características bastante peculiares, entre elas a ocorrência de características vérticas e eutrofismoacentuado, incomunsnaAmazônia.Baseadonos trabalhosde levantamentoeclassificaçãodesolosrealizadosprincipalmenteapartirde2001comointuitodesubsidiaraelaboraçãodomapadesolosdoEstadonaescalade1:250.000,foipossívelummaiorde-talhamentodossolosquecompõemoambientepedológicodoEstado. AcaracterizaçãodosVertissolos(solosdealtafertilidadenaturalecomsériosprob-lemas físicos relacionados ao elevado conteúdode argilas 2:1 expansivas) foi de grandeimportânciadevidoaoseuelevadopotencialagrícolaenecessidadedeadoçãodeummanejobastanteespecíficoparaoseuaproveitamento. Outra ordem caracterizada também em estudos recentes foi a dos Luvissolos (solos que apresentamgrandepotencial agrícola e/ou agroflorestal para oEstado) devido a suariquezaquímicanaturalconjugadacommelhorescondiçõesfísicasqueadosVertissolos.Ressalta-se que, apesar de todos os trabalhos realizados até o momento e do ganho em con-hecimentopedológicoobtidocomostrabalhosmaisrecentes,énecessáriaamanutençãodeumesforçonosentidodarealizaçãodelevantamentosmaisdetalhados,emescalasmenores,de modo a permitir orientar o melhor uso da terra em nível de propriedades rurais e projetos deassentamentosvisando,emúltimaanálise,apromoçãodeummaiordesenvolvimentoregionalconsonantecomproteçãoambientale,consequentemente,amelhoriadascondiçõesdevidaparaapopulaçãodoEstado.

4. REFERÊNCIAS

ACRE.GovernodoEstadodoAcre.ProgramaEstadualdeZoneamentoEcológico-Econômi-codoEstadodoAcre.ZoneamentoEcológico-Econômico:recursosnaturaisemeioambi-ente–1ºfase.RioBranco:SECTMA,2000.V.1.ACRE.GovernodoEstadodoAcre.ProgramaEstadualdeZoneamentoEcológico-Econômi-co do Estado doAcre. Zoneamento Ecológico-Econômico: documento Síntese – Escala1:250.000.RioBranco:SEMA,20006.356p.AMARAL,E.F.;VALENTIM,J.F.;LANI,J.L.;BARDALES,N.G.;ARAÚJO,E.A..Áreas de risco de morte de pastagens de Brachiaria brizantha cultivar Marandu, com o uso dabasededadospedológicosdozoneamentoecológico-econômiconoEstadodoAcre.In:RodrigoAmorimBarbosa. (Org.).Morte de pastos deBraquiárias.CampoGrande,MS:EmbrapaGadodeCorte,2006.p.151-174.AMARAL,E.F.do;LANI,J.L.;ARAÚJO,E.A.de;PINHEIRO,C.L..daS.;BARDALES,N.G.;AMARAL,E.F.do,OLIVEIRA,M.V.de,BEZERRA,D.C.F..Ambientescomên-

65SBCS

fasenosolo:RioBrancoaMâncioLima,Acre.RioBranco/AC:EmbrapaAcre.2001.187p.AMARAL,E.F.&ARAÚJONETO,S.E.Levantamentode reconhecimentodossoloseavaliaçãodaaptidãoagrícoladasterrasdoprojetodeassentamentoFavodeMel,SenaMad-ureira-AC.RioBranco:EmbrapaAcre,1998.75p.Documentos,36).AMARAL,E.F.;LANI,J.L.;ARAÚJO,E.A.;PINHEIRO,C.L.S.;BARDALES,N.G.;AMARAL,E.F.;OLIVEIRA,M.V.&BEZERRA,D.C.F.Ambientescomênfasenosolo:RioBrancoaMâncioLima.RioBranco:Acre,2001a.CDRom.AMARAL,E.F.Ambientes,comênfasenossoloseindicadoresaousoagroflorestaldasba-ciasdosriosIacoeAcre,Brasil.Viçosa,2003.129p.Dissertação(Mestrado)-UniversidadeFederaldeViçosa.AMARAL,E.F.do.CaracterizaçãopedológicadasunidadesregionaisdoEstadodoAcre.RioBranco:Embrapa-Acre,2000.15p.(Embrapa-Acre.CircularTécnica,29).AMARAL,E.F.do;ARAÚJONETO,S.E.de.Levantamentodereconhecimentodossoloseavaliaçãodaaptidãoagrícoladas terrasdoprojetodeassentamentoFavodeMel,SenaMadureira-AC.RioBranco:Embrapa-CPAF/AC,1998.75p.(EMBRAPA-CPAF/AC.Doc-umentos,36).AMARAL,EufranFerreirado,etal.RelatóriosobreSolosdoEstadodoAcre. SolosdoAcre.RioBranco:SEMA/IMAC.(textointegrantedoeixorecursosnaturaisdoZEEFaseII).2006.ARAÚJO,E.A.Caracterizaçãodesolosemodificaçãoprovocadapelousoagrícolanoas-sentamentoFavodeMel,naregiãodoPurus-Acre.Viçosa,2000.122p.Dissertação(Mes-tradoemSoloseNutriçãodePlantas)-UniversidadeFederaldeViçosa.ARAÚJO,E.A.;LANI,J.L.;AMARAL,E.F.&GUERRA,A.Usodaterraepropriedadesfísicas e químicas de umArgissoloAmarelo distrófico naAmazônia Ocidental. RevistaBrasileiradeCiênciadoSolo,v.28,n.2,p.307-315,2004.BARDALES,N.G.Gênese,morfologiaeclassificaçãodesolosdoBaixoValedorioIaco,Acre,Brasil.Viçosa,2005.132p.Dissertação(Mestrado)–UniversidadeFederaldeViçosa.BRASIL.MinistériodasMinaseEnergia.DepartamentoNacionaldeProduçãoMineral.ProjetoRADAMBRASIL.FolhaSC.19RioBranco;geologia,geomorfologia,pedologia,vegetação,usopotencialdaterra.RiodeJaneiro:1976.458p.(LevantamentodeRecursosNaturais,12).BRASIL.MinistériodasMinaseEnergia.DepartamentoNacionaldeProduçãoMineral.ProjetoRADAMBRASIL.FolhaSC.18Javari/Contamana;geologia,geomorfologia,pe-dologia,vegetaçãoeusopotencialdaterra.RiodeJaneiro:1977.420p.(LevantamentodeRecursosNaturais,13).EMBRAPA.CentroNacionaldePesquisasdeSolos.SistemaBrasileirodeClassificaçãodeSolos.RiodeJaneiro:EmbrapaSolos.2006.306p.GAMA,J.R.N.F.Caracterizaçãoeformaçãodesoloscomargiladeatividadealtadoes-tadodoAcre.Itaguaí,RJ:UFRRJ,1986.150p.Dissertação(MestradoemCiênciadoSolo),UniversidadeFederalRuraldoRiodeJaneiro,1986.GAMA,J.R.N.F.;KUSABA,T.;OTA,T.;AMANO,Y.InfluênciadematerialvulcânicoemalgunssolosdoEstadodoAcre.Rev.bras.Ci.Solo,Campinas,16:103-106,1992.IBGE.Coordenaçãoderecursosnaturaiseestudosambientais:Manuaistécnicosemgeo-ciências.n4.Manualtécnicodepedologia,RiodeJaneiro–RJ.2ªedição,200p.2005.MARTINS,J.S.PedogênesedePodzólicosVermelho-AmarelosdoEstadodoAcre,Brasil.Belém:FaculdadedeCiênciasAgráriasdoPará.1993.101p.Dissertação (MestradoemAgropecuáriaTropical)–FaculdadedeCiênciasAgráriasdoPará,1993.MELO,W.F.AvaliaçãodoestoqueecomposiçãoisotópicadocarbonodosolonoAcre.Pi-racicaba:ESALQ,2003.118p.Dissertação(MestradoemEcologiadeAgroecossistemas),EscolaSuperiordeAgricultura“LuizdeQueiroz”,2003.

66IX Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos: Sistemas Amazônicos – Solos Sedimentares em Potencialidade e Demanda de Pesquisa

OLIVEIRA,V.Hde,ALVARENGA,M.I.N.PrincipaisSolosdoAcre.RioBranco,EM-BRAPA-UEPAEdeRioBranco,1985.40p.ilust.RESENDE,M.&PEREIRA,R.CotasfluviométricasdorioAcre,suascausaseimplicaçõesnapolíticadacolonização.ActaAmazônica,v.18,n.3/4,p.85-92,1988.SILVA,J.R.T.SolosdoAcre:caracterizaçãofísica,químicaemineralógicaeadsorçãodefosfato.Viçosa,MG:UFV,1999.117p.(TesedeDoutorado).WADT,P.G.S.ManejodesolosácidosdoestadodoAcre.RioBranco:EmbrapaAcre,2002.30p.(EmbrapaAcre.Documentos,79).