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ISSN 1678-2305 Revista Científica de Pesca, Aqüicultura e Limnologia Scientific Journal of Fisheries, Aquaculture and Limnology INSTITUTO DE PESCA São Paulo - SP - Brasil Série Ciência APTA Boletim do Instituto de Pesca Boletim do Instituto de Pesca volume 34 número 2 2008

Série Ciência APTA Boletim do Instituto de Pesca · Não publicado em 1997. Periodicidade: irregular A partir do v. 26, n. 1, 2000, faz parte da Série Ciência APTA, da SAA/APTA

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ISSN 1678-2305

Revista Científica de Pesca, Aqüicultura e LimnologiaScientific Journal of Fisheries, Aquaculture and Limnology

INSTITUTO DE PESCASão Paulo - SP - Brasil

Série Ciência APTA

Boletim doInstituto de Pesca

Boletim doInstituto de Pesca

volume 34 número 2 2008

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Governo do Estado de São PauloSecretaria de Agricultura e Abastecimento

Agência Paulista de Tecnologia dos AgronegóciosInstituto de Pesca

Governador do EstadoJosé Serra

Secretário de Agricultura e AbastecimentoJoão de Almeida Sampaio Filho

Secretário AdjuntoAntonio Júlio Junqueira de Queiróz

Chefe de GabineteAntonio Vagner Pereira

Coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos AgronegóciosJoão Paulo Feijão Teixeira

Diretor do Instituto de PescaEdison Kubo

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ISSN 1678-2305

Bole t im doIns t i tu to de Pesca

Revista Científica de Pesca, Aqüicultura e LimnologiaScientific Journal of Fisheries, Aquaculture and Limnology

INSTITUTO DE PESCASão Paulo - SP - Brasil

B. Inst. Pesca - SP - v. 34 - n. 2 - p. 181-335 - 2008

Série Ciência APTA

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OS ARTIGOS PUBLICADOS NO BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCASÃO INDEXADOS OU RESUMIDOS POR:

Aquatic Sciences and Fisheries Abstracts (ASFA)Zoological Record

Tiragem: 300 exemplares

Solicita-se permuta. / Exchange desired.

Instituto de PescaCentro de Comunicação e Transferência do Conhecimento

Av. Francisco Matarazzo, 455 Água Branca – CEP: 05001-900

São Paulo - SPFones: (11) 3871-7536; (11) 3871-7530

e-mail: [email protected]ágina: www.pesca.sp.gov.br

BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCA – v. 1 (1971) – São Paulo - SPInstituto de Pesca, 1971(Série Ciência APTA)

ISSN 0046-9939Não publicado em 1997.Periodicidade: irregularA partir do v. 26, n. 1, 2000, faz parte da Série Ciência APTA, da SAA/APTA

1. Pesca, Aqüicultura, Limnologia – Periódico. I. São Paulo.Secretaria de Agricultura e Abastecimento.Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.II. São Paulo. Instituto de Pesca. CDD 551.48

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Conselho Editorial da Agência Paulista de Tecnologia dos AgronegóciosCésar Roberto Leite da Silva (Instituto de Economia Agrícola)

Elaine Fender de Andrade Talmelli (Instituto de Pesca)Ivani Pozar Otsuk (Instituto de Zootecnia)

Márcia Maria Rebouças (Instituto Biológico)Nelson José Beraquet (Instituto de Tecnologia de Alimentos)

Oliveiro Guerreiro Filho (Instituto Agronômico)

Comitê Editorial do Instituto de Pesca

Revisores científicos para este númeroInstituto de Pesca

Acácio Ribeiro Gomes TomásElizabeth Romagosa

Evandro Severino RodriguesMaria José Tavares Ranzani de Paiva

Neuza Sumico TakahashiPatrícia de Paiva

Rose Meire VidottiOutras Instituições

Agnaldo Silva Martins (Universidade Federal do Espírito Santo - Vitória - ES)Ana Lucia Salaro (Universidade Federal de Viçosa - Viçosa - MG)

Carlos Prentice-Hernández (Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Rio Grande – RS)Colin Robert Beasley (Universidade Federal do Pará - Bragança-PA)

Dalcio Ricardo de Andrade (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - Macaé - RJ)Evanilde Benedito Cecílio (Universidade Estadual de Maringá - Maringá - PR)

Francisco Manoel de Souza Braga (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquista Filho”- Rio Claro - SP)Gilmar Baumgartner (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Toledo - PR)

Gonzalo Velasco Canziani (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Rio Claro - SP)Jaqueline Haddad Machado (Faculdades Adamantinenses Integradas - Adamantina - SP)

João Radünz Neto (Universidade Federal de Santa Maria - Santa Maria - RS) José Marcelino Oliveira Cavalheiro (Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa - PB)

Lídia Miyako Yoshii Oshiro (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ)Lincoln P. Ribeiro (Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - MG)

Luis Alejandro Vinatea Arana (Universidade Federal de Santa Catarina - Florianópolis - SC)Marcos Callisto de Faria Pereira (Universidade Federal de Minas Gerais - Minas Gerais - MG)Maria do Carmo Figueredo Soares (Universidade Federal Rural de Pernambuco - Recife - PE)

Marilia Oetterer (Universidade de São Paulo - São Paulo - SP)Milton Luiz Pinho Espírito Santo (Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Rio Grande - RS)

Osmar Ângelo Cantelmo (IBAMA - Pirassununga - SP)Paulo Ricardo Pezzuto (Universidade do Vale do Itajaí - Itajaí - SC)

Regina Celia Della Modesta (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Guaratiba - RJ)Ricardo M. Takemoto (Universidade Estadual de Maringá - Maringá - PR)

Roberto Goitein (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquista Filho” - Rio Claro - SP)Simone Damasceno Gomes (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Toledo - PR)

Teodoro Vske Jnior (Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquista Filho” - São Vicente - SP)Wilson Rogério Boscolo (Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Toledo - PR)

Gestão 2002-2007Coordenador: Elaine Fender de Andrade Talmelli

Membros: Antônio Olinto Ávila da SilvaMárcia Santos Nunes GalvãoMaria de los Angeles Gasalla

Gestão 2007-2009Coordenador: Marcus Henrique Carneiro

Membros: Claudia Maris FerreiraMaria Teresa Duarte Giamas

Paula Maria Gênova de Castro

Conselho Editorial da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios

César Roberto Leite da Silva (Instituto de Economia Agrícola)

Elaine Fender de Andrade Talmelli (Instituto de Pesca)Ivani Pozar Otsuk (Instituto de Zootecnia)

Gerenciamento de InformáticaRodrigo Monteiro Diniz Junqueira

Editoração EletrônicaMarcelo Ricardo de Souza

Distribuição e DivulgaçãoCentro de Comunicação e Transferência do Conhecimento

Núcleo de Informação e Documentação

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CONTEÚDO / CONTENTS

Biografia

O centenário de um grande ictiologista: Pedro de AzevedoHélio Ladislau Stempnievski

Artigos Científicos

Desempenho produtivo do pintado, Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz, 1829), submetidos a diferentes densidades de estocagem em dois sistemas de criação: intensivo e semi-intensivoProdutive performance of Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz, 1829) in two rearing systems: intensive and semi-intensiveJoão Donato Scorvo Filho; Elizabeth Romagosa; Luiz Marques da Silva Ayroza; Célia Maria Dória Frascá-Scorvo ..................................................................................................................................................................181-188

Hematological assessment in four brazilian teleost fish with parasitic infections, collected in feefishing from franca, São Paulo, BrazilAvaliação da hematologia de quatro peixes teleósteos brasileiros com infecções parasitárias, coletados em pesque-pagues de Franca, São Paulo, BrasilMarcos Tavares-Dias; Flávio R. Moraes; Maurício L. Martins .................................................................189-196

Índices de condição corporal em juvenis de Brycon amazonicus (Spix & Agassiz, 1829) e Colossomoma macropomum (Cuvier, 1818) na AmazôniaBody condition indices for Brycon amazonicus (Spix & Agassiz, 1829) e Colossomoma macropomum (Cuvier, 1818) in AmazonMarcos Tavares-Dias; Jaydione L. Marcon; Jefferson R. G. Lemos; Jorge D. I. Fim; Elizabeth G. Affonso; Eduardo A. Ono .................................................................................................................................................197-204

Influência do fotoperíodo natural na reprodução induzida do tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818).Effects of the natural daylight in the induced reprodution of tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)José Antônio Salgado de Moura Muniz; Maria Teresa Jansem de Almeida Catanho; Athiê Jorge Guerra dos Santos ...........................................................................................................................................................205-211

Avaliação de técnicas de defumação para mexilhão Perna perna: análise sensorial e rendimentoEvaluation of smoking techniques for Perna perna mussels: sensorial analysis and yieldMaurício Gustavo Coelho Emerenciano; Maria Luiza de R. de Souza; Nilson do Prado Franco ......213-219

Avaliação das características morfométricas corporais, do rendimento de cortes e composição centesimal da carne do armado (Pterodoras granulosus) Evaluation of body morphometric characteristics, cuts yielding and centesimal composition of armado’s meat (Pterodoras granulosus)Robie Allan Bombardelli, Eduardo Antônio Sanches ...............................................................................221-229

ISSN 1678-2305

BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCARevista Científica de Pesca, Aqüicultura e LimnologiaScientific Journal of Fisheries, Aquaculture and Limnology

V. 34 2008n. (2)

(Continua.)

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CONTEÚDO / CONTENTS

(continuação)

Canibalismo em larvas de matrinxã, Brycon cephalus, após imersão dos ovos à diferentes concentrações de triiodotironina (T3)Cannibalism of matrinxã, Brycon cephalus, larvae after immersion of eggs to different triiodothyronine (T3) concentrationAntônio Fernando Gervásio Leonardo, Marcio Aquio Hoshiba, José Augusto Senhorini, Elisabeth Criscuolo Urbinati ...............................................................................................................................................................231-239

Stomach contents of the caribbean pomfret Brama caribbea (Mead, 1972) from stomach contents of great pelagic predators from southwestern equatorial atlanticConteúdo estomacal da palombeta-do-caribe Brama caribbea (Mead, 1972), proveniente do conteúdo estomacal de grandes predadores pelágicos do atlântico sudoeste equatorialTeodoro Vaske Júnior, Rosângela Paula Lessa; Taciana Martins Barbosa; Mariana Travassos Tolotti; Aurelyanna Christine Bezerra Ribeiro .........................................................................................................241-249

Crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887) en diferentes sistemas de alimentaciónCompensatory growth of fingerlings of pacú (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887) in severals systems of feedingJulio César Ortiz, Sebastián Sánchez; Juan Pablo Roux; Alfredo Oscar González ..............................251-258

Ecologia populacional de Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) (Bivalvia, Veneridae) na Baía de Paranaguá, Paraná, BrasilPopulation ecology of Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) (Bivalvia, Veneridae) on Paranaguá bay, Paraná, BrazilGuisla Boehs; Theresinha Monteiro Absher; Andrea C. da Cruz-Kaled ...............................................259-270

A pesca de polvos no arquipélago de Fernando de Noronha, BrasilThe octopus fishery in the Fernando de Noronha archipelago, BrazilTatiana Silva Leite; Manuel Haimovici; Jorge Eduardo Lins ...................................................................271-280

Digestibilidade aparente de rações contendo levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular pela tilápia do niloApparent digestibility coefficient of diets supplemented with whole yeast, autolyzed yeast and yeast cell wall by nile tilapiaHamilton Hisano, Fernanda Garcia Sampaio; Margarida Maria Barros; Luiz Edivaldo Pezzato......281-287

Redução no consumo de efluente gerado em abatedouro de tilápia do nilo através da implantação de conceitos de produção mais limpa (P+L)Reduction in the consumption of effluent generated in nile tilapia slaughterhouse through the concepts implantation of cleaner production (CP)Milena Alves de Souza; Rose Meire Vidotti; Abílio Lopes de Oliveira Neto “in memorian” .........289-296

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BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCARevista Científica de Pesca, Aqüicultura e LimnologiaScientific Journal of Fisheries, Aquaculture and Limnology

V. 34 2008n. (2)

(Continua.)

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CONTEÚDO / CONTENTS

(continuação)

Nota Científica

A quantitative approach to subsidize the precautionary management of the small-scale fisheries in Itaipu Reservoir, BrazilAproximação quantitativa para subsidiar o manejo precaucionário das pescarias em pequena escala no Reservatório de Itaipu, BrasilSerguei Aily Franco de Camargo; Edson Kiyoshi Okada; Miguel Petrere Jr. .......................................297-302

Produção de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato no cultivo de Litopenaeus vannamei utilizando dietas com diferentes níveis de proteína vegetal e animalProduction of orthophosphate, ammonia, nitrite and nitrate in the cultivation from Litopenaeus vannamei culture using diet with different vegetal and animal protein levelsWaleska de Melo Costa; Alfredo Olivera Gálvez; Luis Otavio Brito; Elton Lima Santos...................303-310

Freqüência de alimentação diária para alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella, V.)Daily feeding frequency for grass carp fingerlingsNandeyara Ribeiro Marques ; Carmino Hayashi; Eliana Maria Galdioli; Telma Soares; Carlos Eduardo Bento Fernandes ............................................................................................................................................................311-317

Growth of juvenile fat snook Centropomus parallelus in cages at three stocking densitiesCrescimento de juvenis de robalo-peva Centropomus parallelus em tanques-rede em três densidades de estocagemMônica Yumi Tsuzuki ; Rafael Ferreira Cardoso; Vinícius Ronzani Cerqueira ...................................319-324

Observações preliminares sobre o desenvolvimento larval do caranguejo aranha Stenorhynchus seticornis (Herbst, 1788) (Decapoda: Brachyura: Majidae) em laboratórioPreliminary observations on the larval cycle of arrow crab Stenorhynchus seticornis (Herbst, 1788) (Decapoda: Brachyura: Majidae) in laboratoryGeorge Nilson Mendes e Anita Rademaker Valença ...............................................................................325-329

Relato de Caso

Observações a respeito da pescaria sazonal de dourado (Coryphaena hippurus) com espinhel-de-superfície no Sul do BrasilObservations concerning the seasonal dolphin-fish (Coryphaena hippurus) fishery with surface longline in the South of BrazilRodrigo Dallagnolo; Humber Agrelli Andrade ..........................................................................................331-335

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V. 34 2008n. (2)

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Pedro de Azevedo nasceu em Amparo, Estado de São Paulo, no dia 15 de abril de 1908. Realizou estudos secundários em Campinas e ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pela qual se formou em 1933. Iniciou sua carreira, ainda estudante, no Instituto Oswaldo Cruz, ingressando, em 1933, na recém-criada Comissão Técnica de Piscicultura do Nordeste, do antigo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, como assistente do grande cientista Rodolpho von Ihering, considerado o “Pai da Piscicultura Brasileira”. Fazendo parte da equipe de von Ihering, Azevedo passou a estudar a biologia e a fisiologia dos peixes brasileiros, com o objetivo de conseguir a reprodução em laboratório, com vista ao repovoamento dos açudes nordestinos, projeto considerado de grande importância pelo então Governo Brasileiro.

Em 1935, Rodolpho von Ihering, Pedro de Azevedo, Dorival Macedo Cardozo e J. Pereira Jr. tornaram-se conhecidos da comunidade científica mundial após a apresentação, no Congresso Internacional de Fisiologia realizado em Moscou, do trabalho “Hipophysis and fish reproduction”, publicado em The Sechenov 7. Phys of URSS, Moscou, 21(5/6): 211-212 (12).

O CENTENÁRIO DE UM GRANDE ICTIOLOGISTA: PEDRO DE AZEVEDO

O ano 2008, mais precisamente o dia 15 de abril de 2008,marca o centésimo aniversário de nascimento do

médico e ictiologista Pedro de Azevedo.

Dando continuidade às pesquisas, a equipe publicou, em 1937, o trabalho “A method for inducing fish to spawn” em The Prog. Fish Cult., Washington, 34: 15-16. A tecnologia criada pelos cientistas brasileiros foi intensamente utilizada na Europa e Estados Unidos, sendo conhecida no Brasil como “Hipofisação de Peixes”. Com a morte de Ihering, ocorrida em 1939, Azevedo passou a dirigir a Comissão Técnica de Piscicultura, com sede em Fortaleza. Posteriormente, comissionado no Ministério da Agricultura, passou a dirigir a Estação Experimental de Biologia e Piscicultura de Pirassununga. Em 1942, convidado pelo Governador Fernando Costa, tornou-se o primeiro diretor da recém-criada Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais Silvestres, vinculada ao então Departamento de Produção Animal, transformada, em 1969, no atual Instituto de Pesca.

Pedro de Azevedo publicou, em revistas nacionais e estrangeiras de repercussão, dezenas de trabalhos sobre peixes brasileiros, com vista a sua preservação e reprodução em cativeiro.

No que se refere a peixes exóticos, Azevedo introduziu no Estado de São Paulo, em 1953, a Tilapia melanopleura, vinda do Congo Belga, objetivando sua adaptação e criação em ambientes lênticos.

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Em 1959, Pedro de Azevedo e sua equipe foram pioneiros na aclimatação da truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) em rios de montanha do Estado de São Paulo e, posteriormente, seu desenvolvimento em cativeiro, visando à criação industrial. Para isso, Azevedo idealizou o “Laboratório de Salmoni-cultura”, localizado no Horto Florestal de Campos do Jordão, com vista ao desenvolvimento de pesquisas sobre fecundação artificial, como subsídio à criação industrial da espécie.

Azevedo aposentou-se em 1967 como chefe da Seção de Fauna Fluvial e Lacustre, passando a colaborar como Assessor Científico da presidência da Sudepe, permanecendo assim até sua morte, ocorrida em 23 de junho de 1973, na Cidade do Rio de Janeiro.

Pedro de Azevedo foi um grande incentivador de pesquisas que pudessem gerar informações seguras sobre o comportamento das nossas espécies ictíicas, com vista ao estabelecimento de uma exploração sustentável racional e alertar sobre os efeitos da pesca predatória e sua influência no desaparecimento de espécies de valor comercial.

Embora tenha publicado cerca de 60 trabalhos científicos, Pedro de Azevedo destacou-se como um grande divulgador, publicando centenas de artigos em jornais e revistas de todo o País.

Em reconhecimento ao trabalho realizado por Pedro de Azevedo, o Governo do Estado de São Paulo, através do Decreto no 25.663, de 1986, assinado pelo, então, Governador Franco Montoro, deu o nome do cientista ao Laboratório de Biologia de Peixes Fluviais do Instituto de Pesca, localizado em Pirassununga.

Pouco antes de sua morte, o Doutor Hitoshi Nomura, Professor de Zoologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, de Ribeirão Preto, escreveu excelente trabalho sobre a vida científica de Pedro de Azevedo, sob o título “Bio-Bibliografia do Dr. Pedro de Azevedo”. O trabalho foi publicado no Boletim Técnico do DNOCS, 30(1), Fortaleza, jan.-jun./1972. Neste trabalho, H. Nomura afirma: “A presença de Pedro de Azevedo é constante em todos os grandes e históricos acontecimentos que ocorreram na ictiologia, pesca e piscicultura do nosso País a partir de 1933.”

por Hélio Ladislau StempniewskiPesquisador Científico aposentado do Instituto de Pesca

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B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 181 - 188, 2008

DESEMPENHO PRODUTIVO DO PINTADO, Pseudoplatystoma corruscans (SPIx & AgASSIz, 1829), SUbMETIDOS A DIfERENTES DENSIDADES DE ESTOcAgEM

EM DOIS SISTEMAS DE cRIAÇÃO: INTENSIVO E SEMI-INTENSIVO

João Donato SCORVO FILHO 1; Elizabeth ROMAGOSA 1; Luiz Marques da Silva AYROZA 2; Célia Maria Dória FRASCÁ-SCORVO

Artigo Científico: Recebido em 04/09/2006; Aprovado em 22/05/20071 Instituto de Pesca, APTA, SAA, SP.2 Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Médio Paranapanema, APTA;3 Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Leste Paulista, APTA. Endereço/Address: Avenida Francisco Matarazzo, 455, 05031-000, São Paulo, SP. E-mail: [email protected]

RESUMO

O objetivo deste estudo foi o de analisar o desempenho zootécnico de juvenis de pintado, Pseudoplatystoma corruscans, criados em dois sistemas, intensivo (tanques-rede, TR) e semi-intensivo (viveiros escavados, VE), com três tratamentos e nove repetições, na região do Vale do Ribeira, SP, durante out./02 a jul./03: Tratamento 1 (T1) = 67 peixes/m3, {total de 450 peixes/VE – 03 TR dispostos em um VE}; Tratamento 2 (T2) = 133 peixes/m3, {total de 900 peixes/VE – 03TR dispostos em um VE}; Tratamento 3 (T3) = 0,75 peixes/m2, {total de 450 peixes/VE}. Cada TR, no caso dos tratamentos T1 e T2, e cada VE, no caso do tratamento T3, foi considerado uma repetição. Os peixes, com médias de peso e comprimento inicial de 73,82 g e 23,21 cm (T01); 72,96 g e 23,10 cm (T02) e 73,14 g e 22,99 cm (T03), foram alimentados com ração extrusada (40%proteína bruta). Na Fase I (60 dias) foram dadas 03 porções diárias com 4,0 mm de diâmetro, 5-10% do peso vivo e nas Fases II (120 dias, 6,0 mm) e III (93 dias, 8,0 mm), 02 porções variando de 5-3% e 3-1%, nas respectivas fases. As médias finais de peso e comprimento final foram de: 712,49 g e 45,10 cm (T1); 852,13 g e 46,33 cm (T2) e 1.179,17 g e 53,72 cm (T3); GPMD: 2,34 g (T1); 2,85 g (T2) e 4,05 g (T3); BTf: 223,01 g (T1); 541,10 g (T2) e 384,40 g (T3); CAA: 5,2:1,0 (T1); 5,0:1,0 (T2) e 4,6:1,0 (T3); sobrevivência: 69,55% (T1); 70,56% (T2) e 72,44% (T3). O T3 demonstrou diferença significativa dos demais (P<0,001). Os parâmetros físicos e químicos analisados estiveram dentro dos padrões aceitáveis. O resultado deste estudo, nas condições em que foi conduzido, mostra que o pintado apresentou um melhor desempenho produtivo, quando criado em viveiros escavados.Palavras-chave: Pseudoplatystoma corruscans; viveiros escavados; tanques-rede; densidade de estocagem

PRODUTIVE PERFORMANCE OF Pseudoplatystoma corruscans (SPIx & AGASSIZ, 1829) IN TWO REARING SYSTEMS: INTENSIVE AND SEMI-INTENSIVE

AbSTRAcT

The objective of this study was to analyze the zootechnical performance of Pseudoplatystoma corruscans juvenile, reared in intensive (2.25m³ net-cages – NC- with 20mm mesh) and semi-intensive (600m² earthen ponds - EP) systems with three treatments and nine repetitions, in the Vale do Ribeira, in the town of Pariquera-Açu, Sao Paulo, Brazil between October 2002 to July 2003: Treatment 1 (T1) = 67 fish/m³, a total of 451 fish/pond –three net-cages placed in a pond (EP); Treatment 2 (T2) = 133 fish/m³, a total of 900 fish/pond – three net-cages placed in a pond (EP); Treatment 3 (T3) = 0.75 fish/m², a total of 450 fish/pond. Each net-cage (treatments T1 and T2), and each pond (treatment T3) was regarded as a repetition. The fish, with initial mean weight

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SCORVO FILHO et al.

B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 181 - 188, 2008

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and length of 73.82g and 23.21cm for T1; 72.96g and 23.10cm for T2, and 73.14g and 22.99cm for T3 were fed daily extruded feed (40% crude protein). The fishes received three servings of the ration of 4.0mm of diameter in the Phase I (60 days), 5 to 10% of the live weight and in the Phases II (120 days, 6.0mm) and III (93 days, 8.0mm), the fish were fed in two servings, the quantity ranging from 5-3% and 3-1% in Phases II and III. At the end of the studied period, the fish presented the following mean values: final mean weight and length: 712.49g and 45.10cm for T1; 852.13g and 46.33cm for T2; 1,179.17g and 53.72cm for T3. Daily mean weight gain: 2.34g for T1; 2.85g for T2, and 4.05g for T3. Final total biomass: 223.01g for T1; 541.10g for T2, and 384.40g for T3. Apparent feed conversion: 5.2:1.0 for T01; 5.0:1.0 for T02; 4.6:1.0 for T03. Survival rate: 69.55% for T1; 70.56% for T2; 72.44% for T3. Relative condition factor: 1.01 for T1 and T2, and 1.00 for T3. The T3 were significantly different from the other treatments (P≥0.001). The physical and chemical parameters analyzed were within the acceptable standards for the species. The results of this study, under the conditions it has been carried out, indicate that the P. corruscans exhibited higher productivity when reared in earthen ponds.Key words: Pseudoplatystoma corruscans; earthen ponds; net-cages; stocking density

INTRODUÇÃODurante a década de 90, a criação de peixes carní-

voros no Brasil, como o pintado Pseudoplatystoma corruscans (ordem dos Siluriformes, família Pimelodidae) tem atraído a atenção de técnicos e piscicultores (KUBITZA, 1997; MIRANDA e RIBEIRO, 1997; KUBITZA et al., 1998;), por ser uma das espécies mais apreciadas como peixe de mesa (CYRINO, 2000) e muito procurada pelos praticantes da pesca esportiva (LOVSHIN e CYRINO, 1998). Entretanto, no atual estágio de desenvolvimento da piscicultura, a criação de bagres pimelodídeos é uma realidade devido aos conhecimentos gerados pela pesquisa e aos empreendimentos por parte da iniciativa privada (CAMPOS, 2003; SCORVO FILHO et al., 2004; PEZZATO et al., 2004; ANDRADE et al., 2005; LIRANÇO et al., prelo; COELHO e CYRINO, 2006).

Por outro lado, mesmo técnicos mais experientes enfrentam dificuldades na criação de peixes carnívoros, tendo como principais fatores limitantes, o acentuado canibalismo (BRAUM, 1978), a utilização de técnicas inadequadas de preparo e monitoramento do alimento a ser administrado (KUBITZA et al., 1998) e a inabilidade destes peixes em aceitar voluntariamente rações convencionais (CYRINO, 2000 e CAMPOS, 2005).

Mais recentemente, o surubim ou pintado como é conhecido na região sudeste, passou a merecer grande atenção dos piscicultores na região Centro-Oeste do Brasil, despertando o interesse em sua criação em sistema intensivo, impulsionado pelo domínio das técnicas de propagação artificial e condicionamento alimentar destas espécies, principalmente, por empreendimentos privados (CAMPOS, 2003 e 2005). O mesmo autor ainda demonstra o grande

potencial da espécie em que os alevinos de 15,0 g estocados em viveiros escavados e alimentados com ração extrusada com teor de 40 % de proteína bruta, atingiram 2,0 kg, em 12 meses com uma taxa média de crescimento de 5,5 g/dia.

Dentro deste contexto, devemos salientar que, nos sistemas de piscicultura em regime intensivo (tanques-rede) e semi-intensivo (viveiros escavados), a densidade de peixes por área ou por volume é muito alta exigindo o uso de rações completas, de alto valor nutricional que devem ser ajustadas as reais necessidades dos peixes estocados (SCHMITTOU et al., 1997). Estas informações permitem minimizar o impacto ambiental ou poluição causada por estes sistemas (COLT e MONTGOMERY, 1991).

Estudos realizados por ROMAGOSA et al., (2003) e LEONARDO et al., (2004), demonstram que, ainda, existem duas outras espécies do gênero Pseudoplatystoma (P. fasciatum e P. tigrinum), que permitem inferir a necessidade de pesquisas, visando a produção de espécies carnívoras autóctones, sob regime intensivo e semi-intensivo.

O estudo teve como objetivo comparar o desempenho de juvenis de pintado submetidos a três densidades de estocagem em dois sistemas de criação, tanques-rede e viveiros escavados, na região do Vale do Ribeira, SP., e analisar a proporção entre os sexos do pintado Pseudoplatystoma corruscans.

MATERIAL E MÉTODOSO presente estudo foi conduzido no Setor de

Piscicultura do Pólo Regional de Desenvolvimento Sustentável dos Agronegócios do Vale do Ribeira, APTA, localizado no município de Pariquera-Açu, SP, durante o período de outubro de 2002 a julho de

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2003, totalizando um ciclo de 273 dias.Foram utilizados juvenis de pintado, Pseudoplatystoma

corruscans, com peso médio e comprimento médio total de 72,82 ± 1,0g e 23,0 ± 0,9 cm, respectivamente. Os peixes já estavam condicionados a ingerir ração seca. Os peixes foram estocados em 05 viveiros escavados de terra de aproximadamente de 600 m2 de espelho d’água (12,0 m x 50,0 m), com profundidade média útil de 1,20 m e abastecimento e escoamento independentes. Foram instalados, na parte mais profunda (1,80 m), de 2 viveiros, três tanques-rede flutuantes de 2,25 m3, cada (1,5 x 1,5 x 1,0 m), com abertura de malha de 20,0 mm.

Três tratamentos que consistiam de três densi-dades de estocagem em dois sistemas de criação: tanques-rede (TR) e viveiros escavados (VE) foram estabelecidos:

• Tratamento 1, sistema intensivo: 67 peixes/m3 em 3 TR (150 peixes/TR, 450 peixes por viveiro);

• Tratamento 2, sistema intensivo: 133 peixes/m3

em 3 TR (300 peixes/TR, 900 peixes por viveiro);• Tratamento 3, sistema semi-intensivo: 0,75

peixes/m2 em 3 VE (450 peixes por viveiro).Cada tanque-rede, no caso dos tratamentos T1

e T2, e cada viveiro, no caso do tratamento T3, foi considerado uma repetição.

Todos os viveiros (VE), 15 dias antes do início do experimento, foram esvaziados, limpos e receberam um tratamento com 5 gramas de cloro/m2 (3 kg/viveiro) e 133 gramas de calcário dolomítico/m2

(80 kg/viveiro).Em cada viveiro foi instalado um aerador de pás

de 2HP de potência, que funcionou durante o período noturno (das 18h até as 6h).

Foi utilizada a benzocaina como anestésico (2g/150 mL álcool/20L água) para amenizar o estresse dos peixes, provocado pelo manejo de captura durante as biometrias.

As biometrias ocorreram a cada 28 dias, onde 10% dos exemplares de cada TR e VE foram capturados e seus comprimentos, (CT em cm) e pesos (PT em g), foram registrados. A cada 56 dias, em todos os TR e VE, foi realizada contagem total do número de indivíduos sobreviventes no período.

Neste experimento não foi fornecida alimentação noturna. Os peixes foram alimentados manualmente, sendo que na Fase I (durante 60 dias), receberam três refeições (05h 30min; 11h 30min: 19h 30min. – duas refeições em horário de baixa luminosidade), com ração comercial com teores mínimos de 40 % de proteína bruta, diâmetro de 4,0 mm. Nas Fases II (durante 120 dias) e III (durante 93 dias), os peixes receberam a mesma ração, porém variando o diâme-tro do peletes com 6,0 mm para a Fase II e 8,0 mm para a Fase III (Tabela 1), entretanto, os peixes foram habituados à se alimentarem durante o dia em horários de plena luz, onde a freqüência alimentar foi reduzida à 2 refeições diárias (7h e 18h). A quantidade de ração fornecida na Fase I variou de 10 a 5 % do peso vivo e, nas Fases II, 5 a 3 % e III, de 3 a 1 %, sendo ajustada periodicamente, nas biometrias.

Os viveiros escavados, sem tanques-rede, foram cobertos, parcialmente, com tela sombrite 40% (12,0 m x 20,0 m). Os tanques-rede tiveram suas tampas revestidas com a mesma tela.

Tabela 1. Fases, duração e diâmetro dos peletes e quantidade de ração na alimentação de P. corruscans.

fases (g) Duração (período) Diâmetro dos PELETES Peso vivo (%)

Fase I (70 - 250g) 60 dias (01 out. a 01 dez.) 4,0 mm 10 a 5

Fase II (250 - 900g) 120 dias (02 dez a /01 abr.) 6,0 mm 5 a 3

Fase III (900g – 2,3kg) 90 dias (02 abr. a 01/jul.) 8,0 mm 3 a 1

Foram calculados os valores médios iniciais e finais de comprimento e de peso total e dos respectivos coeficientes de variação.

A taxa de sobrevivência (S%); o ganho de peso médio diário (GPMD), a biomassa total final (BTf), o ganho de biomassa (GB) e o índice de conversão alimentar aparente (CAA), foram estimados, respectivamente, pelas seguintes expressões matemáticas:

• S (%) = (número final de peixes x 100) ÷ número inicial de peixes.• GPMD (g.dia-1) = (peso médio final – peso médio inicial) ÷ ciclo de produção em dias• BTf (kg) = peso médio final x número final de peixes.• GB (kg) = biomassa inicial – biomassa final.• CAA = ração fornecida(kg) ÷ GB (kg).

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A Curva de Crescimento (CC) para a análise da relação Pt /Ct foi obtida através de diagramas de dispersão, ajustada a expressão matemática Pt = a. Ctb, e os valores de a e b estimados pelo método dos mínimos quadrados, após a transformação logarítmica.

O Fator de Condição (K) foi calculado através da expressão K = a. Ptb x 1000 onde, b = coeficiente angular da relação Ct/Pt (PAULY, 1984). A análise da variação deste fator foi efetuada calculando-se o valor médio durante todos os períodos estudados, considerando-se os três tratamentos separadamente.

O delineamento experimental empregado foi inteiramente casualizado com três tratamentos e três repetições. Os dados foram submetidos à análise dos contrastes de médias testados através do método de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. E o teste de qui-quadrado (χ2) para analisar a proporção entre os sexos (ZAR, 1998).

Foram registrados, semanalmente, temperatura (termômetro de máxima e mínima), pH (peagometro DIGIMED), oxigênio dissolvido (oxímetro YSI) da água dos viveiros, estas foram medidas 3 vezes por semana, às 8h e às 16h 30min. Uma vez por semana, foram obtidos os valores da concentração do teor de fósforo total, amônia, nitrato, nitrito (APHA, 1989) e a transparência com a imersão do Disco de Secchi, da água de todos os viveiros e, mensalmente, os valores de alcalinidade (método titulométrico).

No final do experimento todos os animais foram sacrificados dos dois sistemas de criação para a estimativa da proporção entre os sexos.

RESULTADOS E DIScUSSÃOA temperatura da água, parâmetro físico que

influi diretamente no crescimento dos organismos aquáticos, mostrou valor médio máximo de 31,4 ºC, e média mínima de 19,5 ºC. Segundo determinada empresa citada por KUBITZA et al (1998), os pinta-dos toleram bem a queda de temperatura da água, durante o inverno, até valores ao redor de 14,0 °C, sem haver registro de mortalidade. Resultados divulgados por ROMAGOSA et al (2003), estudando o P. fasciatum, foram semelhantes aos da empresa, uma vez que, foram registrados casos de morte, somente quando os valores médios de temperatura da água foram inferiores a 17,0 ºC. Entretanto, BURKERT (2002) relata que os maiores índices de mortalidade (média 92,6%) foram encontrados com juvenis de pintado criados em tanques-rede,

com três rações comerciais, somente quando foram registrados valores de temperatura próximos de 8,5 ºC, durante o outono-inverno, no município de Inhaúma, MG.

Em relação ao pH, pôde-se verificar que os valores médios variaram de 6,0 (manhã) a 8,4 (tarde) nos três tratamentos. Nos valores médios de transparência da água observou-se um decréscimo significativo, de 0,70 m em setembro de 2002 para 0,20 m em fevereiro de 2003.

Os valores para oxigênio dissolvido variaram de 4,6 mg L-1 a 9,0 mg L-1, salientando que havia, no período das 18h até as 06h, um aerador ligado o que incrementava a concentração de oxigênio dissolvido na coluna d’água.

Os parâmetros físicos e químicos analisados esti-veram dentro dos padrões aceitáveis para a espécie (CAMPOS, 2005).

Os peixes neste estudo se apresentaram bastante calmos e tolerantes ao manejo nas despescas e nas transferências para outros viveiros. Entretanto, LIRANÇO et al (prelo) recomenda o cuidado durante a manipulação destes animais, pois, os mesmos possuem ferrões nas nadadeiras laterais e dorsais podendo causar ferimentos entre os peixes e no manipulador durante os momentos de concentração nas redes de pesca.

Os índices de desempenho dos pintados durante o experimento, correspondentes à média dos três tratamentos, estão apresentados na Tabela 2.

Os comprimentos e pesos médios iniciais dos juvenis mostraram-se uniformes, não apresentando diferenças entre os tratamentos (P≥ 0,05). Entretanto, observou-se que, ocorreu uma grande variação do peso, demonstrado pela amplitude do desvio-padrão, sugerindo a necessidade de triagens perió-dicas e seleção por tamanho, para esta espécie, quando mantida em confinamento, esta variação como mostra a Tabela 2, o peso médio final dos peixes em cada tratamento apresentou um desvio-padrão amplo, principalmente, para aqueles dos tratamentos sob sistema intensivo, tanques-rede, o que sugere uma influência deste sistema na heterogeneidade do lote.

Segundo OZORIO et al., (2004) e CAMPOS (2005) o segredo de uma terminação bem sucedida dos bagres está no sistema e eficiência de triagem durante o crescimento, ou seja, quanto mais homogêneos forem os lotes de peixes, maior a produção final. Entretanto, em experimentos de pesquisa torna-se

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impossível selecioná-los por tamanho devido ao número de indivíduos e ao número de repetições que devem ser mantidas (“n“ da amostra).

Neste estudo o índice de sobrevivência durante o ciclo de 273 dias, para os tratamentos T1, T2 e T3, foi de 69,55%; 70,56% e 72,44%, respectivamente, mostrando diferença significativa entre o T3 e os demais tratamentos em tanques-rede (P≤0,05) (Tabela 2). Estes valores foram inferiores àqueles obtidos por COELHO e CYRINO (2006), que trabalharam com o híbrido de pintado com cachara, tendo a sobrevivência variado de 88,40% a 91,09%. BURKERT (2002), trabalhando com surubins em tanques-rede de 13,5 m3, relatam que a sobrevivência variou de 65,4% a 49,8%, taxas estas menores que as

Tabela 2. Médias dos Resultados das Análises Biométricas e Estatísticas Aplicadas.

conseguidas neste estudo.O crescimento dos peixes em peso e comprimento,

foi significativamente diferente quando criados em viveiros escavados e em tanques-rede (P≤0,05) apresentando peso médio final para os tratamentos T1, T2 e T3 de 712,49 g, 852,13 g e 1.179,17 g, respectivamente, o comprimento médio final, para os tratamentos foram, na mesma seqüência, 45,10 cm, 46,33 cm e 53,72 cm, respectivamente (Tabela 2). Os resultados obtidos neste estudo são diferentes daqueles obtidos por COELHO e CYRINO (2006), na criação de surubim em tanques-rede, e aos relatados por KUBITZA et al., (1998) e CAMPOS (2003), estes com peixes criados em viveiros escavados.

(dp = desvio-padrão da média ) *para cada variável, letras diferentes diferem entre si (P≤0,05).

TRATAMENTOST1 T2 T3

Densidade Estocagem (peixes/m3) 67 133 0,75

Número inicial de peixes 450 900 450

Peso inicial (PTi, g) ± dp 73,82 ± 3,28a 72,96 ± 2,98a 73,14 ± 3,18a

Peso final (PTf, g) ± dp 712,49 ± 24,9a 852,13 ± 21,3a 1.179,17 ± 9,17 b

Comprimento inicial (CTi, cm) ± dp 23,21 ± 3,3a 23,10 ± 3,6a 22,99 ± 3,4a

Comprimento final (CTf, cm) ± dp 45,10 ± 4,8a 46,33 ± 2,6a 53,72 ± 3,9b

Ganho de peso médio diário (GPMD, g dia-1) 2,34a 2,85a 4,05b

Biomassa Total final (kg) 223,01a 541,10a 384,40a

Conversão alimentar aparente (CAA) 5,2:1,0a 5,0:1,0a 4,6:1,0b

Número final de peixes 313 635 326Sobrevivência (%) 69,55a 70,56a 72,44b

O ganho de peso médio diário (GPMD) também apresentou diferença significativa entre os trata-mentos (P≥ 0,05). Os peixes criados livres nos viveiros escavados obtiveram um ganho diário melhor que aqueles confinados nos tanques-rede (T1 = 2,34 g dia-1, T2 = 2,85 g dia- 1 e T3 = 4,05 g dia-1). Estes resultados são melhores que aqueles obtidos por COELHO e CYRINO (2006), na criação de surubim em tanques-rede, sendo inferiores aos relatados por KUBITZA et al., (1998) e CAMPOS (2005), estes com peixes criados em viveiros escavados.

Neste estudo, as médias de CAA dos peixes manti-dos em TR foram superiores quando comparada a conversão conseguida com os peixes criados nos viveiros escavados (P≥0,05). Os valores foram 5,2:1,

5,0:1 e 4,6:1 para os tratamentos T1, T2 e T3, respecti-vamente. Estes valores são maiores que os resultados divulgados por KUBITZA et al. (1998) que mostram variação dos valores de CAA em relação ao tamanho dos peixes com médias de 1,3:1 para indivíduos de 5,0 a 50g, 1,5:1 para os de 50,0 a 600g e de 2,0:1 de 600 a 3000g ou seja, índices tão bons ou mesmo superiores aos registrados para muitas outras espécies de peixes herbívoros/onívoros se considerado o peso final dos surubins ao redor 2,5 a 3,0 kg/animal. Entretanto, valores intermediários foram obtidos por BUCKERT (2002), em cultivos realizados em nove TR de 13,5 m3/cada, 230 juvenis de surubim, Pseudoplatystoma sp, utilizando-se três rações comerciais, na qual obtiveram médias de CAA ao redor de 3,0.

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As piores conversões registradas para os trata-mentos T1 (5,2:1,0) e T2 (5,0:1,0), no decorrer do período experimental, em comparação com o tratamento T3 (4,6:1,0) pode ser atribuída a fatores como, adaptação dos peixes ao ambiente mais confinado (TR), disputa no momento de capturar o alimento.

A expressão matemática e os valores do coeficiente “r” para a relação foram respectivamente:

• T1. → Pt = 0,0021Lt3,32 e 0,99;

• T2. → Pt = 0,0018Lt3,37 e 0,99;

• T3. → Pt = 0,0015Lt3,42 e 0,99, mostrando alta

correlação entre as variáveis.O teste “t” mostrou existir diferença significativa

entre os valores do coeficiente angular (b) estimado ao nível de 5% somente para o T3.

Neste estudo a relação Pt /ct mostrou que o coeficiente de correlação foi próximo a 1,0 mostrando uma estreita correlação entre as variáveis. A constante “b” apresentou um valor ligeiramente superior a 3,0, sugerindo que a espécie tende a um crescimento isométrico (LE CREN, 1951). Biologicamente, o mesmo autor cita que a relação Pt /ct pode ser analisada, através da medida de variação do peso esperado pelo ct de um peixe ou grupos de indivíduos, indicando sua condição, ou seja, o acúmulo de gordura, o bem-estar geral, o desenvolvimento gonadal. Em relação aos exemplares capturados na natureza, MIRANDA e RIBEIRO (1997) descreveram que o surubim do Rio São Francisco, MG, apresentou coeficientes de correlação mais elevados (3,52) quando comparados a todas linhagens de bagre-do-canal.

Sabe-se ainda, que na prática, o tamanho em que a espécie apresenta seu peso “ótimo” em relação ao comprimento, fornece elementos para o manejo em pesca ou piscicultura (REID, 1983). Do ponto de vista econômico, estes parâmetros podem auxiliar em programas de seleção, tendo como um dos componentes principais o estudo da forma do corpo, expressa por medidas ou índices morfométricos e/ou zootécnicos (HUANG e LIAO, 1990 e TAVARES, 1997).

Para o cálculo do fator de condição (K), utilizou-se o valor de b, da relação Pt / Ct, considerando-se os sexos agrupados, pois, não foi possível macroscopicamente identificar o dimorfismo entre os sexos. Os valores médios de K variaram, respectivamente, de 1,007 a 1,172 para os três tratamentos. Esta ligeira superioridade não refletiu

significativamente (Teste de KRUSKAL-WALLIS), pois, o K manteve-se relativamente constante, sem grandes variações entre os meses quentes e frios refletindo, possivelmente, o bom estado fisiológico e condições alimentares do peixe.

Segundo LOVELL (1989), as rações comerciais utilizadas em piscicultura podem ocasionar depósitos de gordura indesejáveis no filé. Para verificar se isto ocorria ou não, neste estudo, posteriormente FRASCÁ-SCORVO et al., (2004) realizaram análises quanto à influência dos sistemas de criação no rendimento de carcaça, sabor, odor e na composição centesimal da carne de pintado, criados em TR e VE. Os resultados desses autores revelaram que, nas condições em que foi realizado o experimento, os pintados criados em VE, apresentaram um melhor rendimento de filé, não demonstrando diferença em relação a sabor e odor nos diferentes sistemas de criação e composição centesimal.

A estimativa da proporção entre os sexos mostrou que a freqüência de ocorrência de machos e fêmeas, observados em P. corruscans, diferiu, significativa-mente, da esperada (1:1), com predominância de fêmeas (80,95%) em relação aos machos (19,05%). Considerando os resultados obtidos neste trabalho, poder-se-iam levantar algumas hipóteses para explicar a predominância de um sexo sobre outro, como a ocorrência de alterações comportamentais e fisiológicas dos pais decorrentes da aplicação hormonal ou de alterações climáticas bruscas, sofridas por estes peixes devido à mudança de habitat da região Centro-Oeste para a Sudeste do Brasil. Este mesmo fenômeno ocorreu com o estudo do Brycon cephalus (ROMAGOSA, 1998), onde exemplares oriundos da bacia Amazônica foram transferidos para a região do Vale do Ribeira, induzidos à reprodução, ocorrendo predominância de fêmeas (90,3%) em relação aos machos (9,7%), com exemplares de dois anos de idade, mantidos em confinamento. Entretanto, nossos resultados diferem dos encontrados por RESENDE et al., (1995) para a mesma espécie na natureza salientando a maior ocorrência de machos.

cONcLUSõESOs resultados deste trabalho permitem inferir

que, nas condições em que foram conduzidos os experimentos, os peixes criados em sistema intensivo (TR) apresentaram, quando comparados com aqueles criados em sistema semi-intensivo

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(TE) valores menores de crescimento, tanto em peso como em comprimento, conseqüentemente de ganho de peso médio diário e de biomassa total final. Também, o índice de conversão alimentar aparente e a taxa de sobrevivência foram menores para os peixes em tanques-rede quando comparados com os de viveiros escavados. No entanto, devem ser realizados mais estudos que tratem da alimentação do pintado, no sentido de melhorar a conversão alimentar, tanto em tanques-rede como em viveiros escavados, acompanhados de analises da viabilidade econômica da criação. Quanto à proporção entre os sexos foi verificada predominância das fêmeas sobre os machos.

AgRADEcIMENTOSÀ Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(EMBRAPA) que financiou parte deste projeto. Aos técnicos de apoio à pesquisa, Benedito Martins de Aguiar e Edilberto Rufino de Almeida do Pólo Regional do Vale do Ribeira, pelo apoio no manejo dos viveiros.

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B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 189 - 196, 2008

HEMATOLOGICAL ASSESSMENT IN FOUR BRAZILIAN TELEOST FISH WITH PARASITIC INFECTIONS, COLLECTED IN FEEFISHING FROM FRANCA,

SÃO PAULO, BRAZIL

Marcos TAVARES-DIAS 1, 4; Flávio R. MORAES 2; Maurício L. MARTINS 3

ABSTRACT

The effects of parasitic infections in condition factor, hematocrit, hemoglobin, mean corpuscular hemoglobin concentration (MCHC), and leucocytes and thrombocytes distribution in Piaractus mesopotamicus, Leporinus macrocephalus, hybrid tambacu (P. mesopotamicus x Colossoma macropomum and Brycon amazonicus collected in feefishing from Franca, São Paulo, Brazil were evaluated. Parasitized tambacu and L. macrocephalus had higher (p<0.05) condition factor than unparasitized fish. However, the contrary occurred in P. mesopotamicus and B. amazonicus. Changes in the hematocrit, hemoglobin and MCHC were not related to parasitism. Parasitic infections did not cause effect on leucocytes and thrombocytes percentage (p>0.05) of tambacu. In P. mesopotamicus parasitized by Monogenea Anacanthorus penilabiatus and dinoflagellate Piscinoodinium pillulare, increase in monocytes and decrease in thrombocytes percentage (p<0.05) were found. However, the same parasitic association in L. macrocephalus caused a decrease in lymphocytes percentage accompanied by increase in neutrophils percentage (p<0.05). In B. amazonicus, infection by Ichthyophthirius multifiliis, P. pillulare and monogeneans caused increase in neutrophils percentage.Key words: blood, condition factor, freshwater fish, leucocytes, hematology, parasites

AVALIAÇÃO DA HEMATOLOGIA DE QUATRO PEIXES TELEÓSTEOS BRASILEIROS COM INFECÇÕES PARASITÁRIAS, COLETADOS EM PESQUE-PAGUES DE FRANCA,

SÃO PAULO, BRASIL

RESUMO

O presente trabalho avaliou os efeitos de infecções parasitárias no fator de condição, na hemoglobina, no hematócrito, na concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM) e na distribuição de leucócitos e trombócitos em Piaractus mesopotamicus, Leporinus macrocephalus, híbrido tambacu (P. mesopotamicus x C. macropomum) e Brycon amazonicus coletados de pesque-pagues de Franca, São Paulo, Brasil. O fator de condição em tambacu e L. macrocephalus parasitados foi significativamente (p<0,05) maior que nos peixes controles. O inverso ocorreu em P. mesopotamicus e B. amazonicus. Em nenhuma das espécies houve alteração significativa (p>0,05) no hematócrito, hemoglobina e CHCM que pudesse ser atribuída ao parasitismo. As infecções parasitárias também não exerceram efeito significativo (p>0,05) sobre o percentual de leucócitos e trombócitos em tambacus. Entretanto, em P. mesopotamicus a associação de Monogenea Anacanthorus penilabiatus com o protozoário Piscinoodinium pillulare provocou significativo (p<0,05) aumento no percentual de monócitos e redu-ção no percentual de trombócitos nos peixes parasitados. Em L. macrocephalus parasitados ocorreu diminuição no percentual de linfócitos (p<0,05) e quando houve associação entre monogenea e P. pillulare a redução do percentual de linfócitos foi acompanhada por aumento do percentual de neutrófilos (p<0,05). Em B. amazonicus parasitados por Ichthyophthirius multifiliis, P. pillulare e monogenean ocorreu significativo (p<0,05) aumento no percentual de neutrófilos sangüíneos.Palavras chave: Fator de condição, Sangue, Parasitas, Peixes de água doce, Hematologia, Leucócitos

Artigo Científico: Recebido em 06/09/2006; Aprovado em 22/08/20071 Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB)-UFAM, Coari, AM, Brasil. 2 Centro de Aqüicultura da UNESP (CAUNESP), Jaboticabal, SP, Brasil.3 Departamento de Aqüicultura, CCA, UFSC, Florianópolis, SC, Brasil.4 Endereço/Adress: Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Saúde e Biotecnologia. Estrada Coari-Mamiá, 305. Espírito Santo, 69460-000, Coari, AM. E-mail: tavares-dias @ bol.com.br. ou [email protected]

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TAVARES-DIAS et al.

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INTRODUCTIONAquaculture in Brazil has attracted the attention

of producers and owners to the activities of rearing, fry production and sport fishing. Due to development of aquaculture, the infectious and parasitic diseases outbreaks have also increased (TAVARES-DIAS et al., 2001a,b; TAVARES-DIAS et al., 2002;MARTINS et al., 2004; AZEVEDO et al., 2006). Fish serve as hosts to a range of parasites that are taxonomically diverse and that exhibit a wide variety of life cycle strategies (BARBER et al., 2000). Some parasites not change to their host health when under stable existence, but if this existence is disturbed, the epizootic events can occur. Damages caused on the host depends on parasite species, type of injury in the host tissue, number of parasite and the health status of the host (TAVARES-DIAS et al., 1999a), as well as of the physiologic disturbances.

Blood parameters have been important tools to diagnosis and prognosis of fish diseases. In fish parasitized, several hematological studies have been reported anemia (RAUTHAN et al. 1995; TAVARES-DIAS et al., 2002; HORTON and O�AMURA, HORTON and O�AMURA, 2003; MARTINS et al., 2004; CHAVES et al., 2006)) and leukocyte counts changes (SOPINS�A, 1985; RAH�ONEN & PASTERNAC�, 1998; TAVARES-TAVARES-DIAS et al., 1999b; SILVA-SOUZA et al., 2000; HORTON and O�AMURA, 2003; MARTINS et al., 2004; CHAVES et al., 2006) due to a response of the) due to a response of the major hematopoietic organs (CHAVESCHAVES et al., 2006).). Therefore, the aim of this paper was to evaluate the effects of parasitic infections on the hematological parameters in Piaractus mesopotamicus, Brycon amazonicus (Characidae) (Characidae), Leporinus macrocephalus (Anostomidae) and hybrid tambacu (P. mesopotamicus x Colossoma macropomum).

MATERIAL AND METHODSIn feefishing from Franca, São Paulo State, Brazil

(20o 35’ 27”- 47o 26’ 33” and 20o 34’ 50” - 47o 21’ 29”) 92 specimens of Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887 (0.08-2.00 �g and 15.0 to 47.0 cm length), 111 Leporinus macrocephalus Garavello and Britsky, 1988 (0.011-1.36 �g and 21.5 to 46.0 cm length), 76 hybrid tambacu (0.01-2.27 �g and 17.0 to 50.0 cm length) and 26 Brycon amazonicus Spix & Agassiz, 1829 (0.61-1.98 Kg and 33.5 to 48.0 cm length) were collected. The fish of both feefishing were juveniles and young specimens, and has been acquired from a same fish farm. For the analyses, the fish were captured with hook as followed.

During the studied period (April of 1997 to March of 1999) the water temperature ranged 17.8 to 29.3 oC measured with a bulb termometer; pH 6.9 to 8.7 measured with an electronic “Corning” pHmeter; electric conductivity 27.0 to 119.4 µS/cm measured with a “Corning” conductivimeter and dissolved oxygen 5.2 to 7.0 mg/l measured with an “YSY-Mod.50” oxymeter.

Body mucous and pieces of gills, kidney, liver, spleen and heart were compressed between a glass and a coverslip with a drop of 0.65% saline solution for microscope observation. Intestines were also observed in Petri dish containing saline solution. The collection, fixation, quantification and identification of parasites were performed according to methods re-ported previously (TAVARES-DIAS et al., 2001a,b).

The blood was withdrawn from the caudal vessel into a syringe containing 0.01 mg/mL of EDTA (10%). This blood was utilized to determine the hematocrit by microhematocrit method and hemoglobin by cyanomethaemoglobin technique. From these primary indices resulted the secondary Wintrobe indices, mean corpuscular hemoglobin concentration (MCHC). For differential count of leukocytes and thrombocytes, blood smears were stained using a combination of May Grünwald-Giemsa-Wrigth (TAVARES-DIAS and MORAES, 2003) and two hundred cells were then counted for the establishment of each cell percentage.

After blood collection, body weight (g) and length (cm) of the fish were measured for the calculation of allometric condition factor using �a = W/Lb; where W= weight, L= total length and b= angular coefficient of weight/length relation.

For each species of fish, analysis of variance of the data from body weight and length was made with the aim of checking whether there was significant difference between the treatments of both biometric variables. When there was significant effect of body weight and/or length, the hematological variables and the factor of condition were studied for covariance as a function of body weight and/or length (in accordance with the significance as found). The percentage of thrombocytes and leukocytes were transformed in senus arch (square root of % + 0.5) and the averages were compared the by the Tukey test, at 5% probability (STEEL and TORREY, 1980).

RESULTSThe prevalence and mean intensity of parasites

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Hematological assessment in four brazilian teleost fish with parasitic infections... 191

in the fish from two feefishing are demonstrated in the Table 1. Ichthyophthirius multifiliis Fouquet, 1876; Piscinoodinium pillulare Schäperclaus, 1954, Lom, 1981; Trichodina sp.; Myxobolus colossomatis Molnar and Békési, 1993 and Henneguya piaractus Martins and Souza, 1997; copepodids and adults of Lernaea cyprinacea Linnaeus, 1758, Argulus sp. and monogeneans were the observed parasites. Monogeneans from the gills of P. mesopotamicus were identified as Anacanthorus penilabiatus Boeger, Husack and Martins, 1995. The larger prevalence of A. penilabiatus and intensity of Trichodina sp. was observed in

Hosts P. mesopotamicus L. macrocepahlus Hybrid tambacu B. amazonicus Parasites Mean

intensity P (%) Meanintensity P (%) Mean

intensity P (%) Meanintensity P (%)

I. multifiliis 8315.4±11287.011287.0 9.0 442100.3

±856446.5856446.5 6.0 11747.7±19847.919847.9 3.5 222.0

±0.00.0 6.2

Trichodina sp 105519.8±359374.9359374.9 13.0 598.4

±1450.41450.4 17.0 248.0±0.0±0.00.0 1.2 _ _

P. pillulare 4558959.0±1491097.31491097.3 24.0 5050224.0

±1198839.01198839.0 42.0 6658437.0±14062126.014062126.0 20.0 360.0

±0.00.0 6.2

Myxosporean _ 6.0 _ _ _ _ _ _

Monogenean 2287.6±6630.46630.4 76.0 251.5

±292.4292.4 58.0 433.8±6040.06040.0 11.7 1720.0

±125.4125.4 18.7

Copepodids* 9.6±8.68.6 7.0 8.5

±7.87.8 11.0 13.4±11.411.4 5.9 _ _

L. cyprinacea 2.0±0.00.0 2.1 _ _ 2.6

±2.42.4 15.3 _ _

Argulus sp 5.0±2.02.0 1.0 4.0±3.0±3.03.0 0.9 _ _ _ _

Table 1. Mean intensity and prevalence (P %) of parasites from 305 examined fish in feefishing from farm Franca, São Paulo, Brazil during April/1997 to March/1999. *Copepodids of L. cyprinacea

P. mesopotamicus, while B. amazonicus presented the smaller prevalence and intensity of parasites.

Parasitized P. mesopotamicus showed significant decrease (p<0.05) in the condition factor and thrombocytes percentage compared to unparasitized fish. Parasitized fish with A. penilabiatus and P. pillulare showed increase (p<0.05) in the monocytes percentage and decrease (p<0.05) in the thrombocytes percentage (Table 2). Under these conditions, the blood smears revealed the presence of vacuolated monocytes, generally accumulated and of different sizes (Figure 1).

ParametersUnparasitized

Control

ParasitizedGeneralValues A. penilabiatus A. penilabiatus

and P. pillulareCondition factor 13.9±0.27Aa±0.27Aa0.27Aa 10.6�0.12B�0.12B0.12B 10.6±0.17b±0.17b0.17b 10.5±0.10b±0.10b0.10bHemoglobin (g/dL) 10.3±3.4A,a 9.7±3.4A 10.5±3.5a 9.3±3.7aHematocrit (%) 37.0±10.2A,a 34.1±9.3A 35.8±10.1a 34.5±7.8aMCHC (g/dL) 28.0±4.6A,a 29.7±11.0A 31.3±10.5a±10.5a10.5a 27.7±9.3a±9.3a9.3aThrombocytes (%) 61.7±12.4A,a±12.4A,a12.4A,a 53.5�16.2B�16.2B16.2B 56.7±10.7b±10.7b10.7b 50.4±17.9b±17.9b17.9bLymphocytes (%) 17.4±7.6A,a 22.3±11.0A 21.5±9.5a±9.5a9.5a 20.7±10.6a±10.6a10.6aNeutrophils (%) 14.7±8.5A,a 13.5±11.5A 13.9±7.1a 17.2±18.0aMonocytes (%) 8.7±4.4A,b 14.5±15.2A 10.8±7.4b 12.2±9.7aPAS-LG (%) 3.9±3.3A,a 5.8±2.2A 4.9±1.5a±1.5a1.5a 6.0±3.4a±3.4a3.4aEosinophils (%) 1,4±0.6A,a 0.9±1.1A 1.0±1.4a±1.4a1.4a 0.6±0.3a±0.3a0.3a

Table 2. Mean values ± standard deviation of condition factor and hematological parameters of unparasitized (N=15) and parasitized P. mesopotamicus, independently of the parasite species (General values) (N=42), parasitized by A. penilabiatus (N=18), by A. penilabiatus and P. pillulare (N=15). In each line, values followed by the same letter are not significantly different (p>0.05) by Tukey test; PAS-GL= PAS-positive granular leukocytesPAS-GL= PAS-positive granular leukocytes

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Figure 1. Blood cells of P. mesopotamicus parasitized with A. penilabiatus and P. pillulare. Note monocytes (arrow) with agglomeration and vacuoles of different size, after staining with MayGrünwald-Giemsa-Wrigth. Bars= 8 µm

In parasitized L. macrocephalus there was a significant increase (p<0.05) in the condition factor and decrease of the lymphocytes percentage. Hematocrit, hemoglobin concentration and MCHC did not alter when compared to unparasitized fish. In this specie of fish, the association between monogenean and P. pillulare infection caused decrease in lymphocytes percentage accompanied by increase in neutrophils percentage (Table 3).

In parasitized hybrid tambacu was found high condition factor (p<0.05) than in controls. However,

the parasitism did not provoke significant changes (p>0.05) in the hematological variables and in the leukocytes and thrombocytes percentage (Table 4).

No difference (p>0.05) in the hematocrit, hemo-globin and MCHC was observed in parasitized B. amazonicus. However, parasitized fish showed significant decrease (p<0.05) in the condition factor and increase in neutrophils percentage compared to unparasitized fish. A reduced value in the lymphocytes percentage was observed in parasitized fish but without significant difference (Table 5).

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Hematological assessment in four brazilian teleost fish with parasitic infections... 193

Table 3 – Mean values ± standard deviation of condition factor and haematological parameters of unparasitized (N=17) and parasitized L. macrocephalus, independently of parasite species (General values) (N=38), parasitized by monogenean (N=21), by monogenean and P. pillulare (N=18). In each line, values followed by the same letter are not significantly different (p>0.05) by Tukey test

Parameters UnparasitizedControl

Parasitized

General values Monogenean Monogenean and P. pillulare

Condition factor 10.2�0.20B,b�0.20B,b0.20B,b 20.8±0.43A 20.6±0.50a 20.1± 0.24a Hemoglobin (g/dL) 9.5±2.6A,a 8.9±2.0A 10.1±1.4a 8.9±3.1aHematocrit (%) 34.6±6.6A,a 35.6±7.9A 35.6±1.1a 33.5±5.8aMCHC (g/dL) 27.7±6.6A,a 25.6±5.6A 27.5±4.8a 26.9±6.3aThrombocytes (%) 51.3±16.6A,a 53.0±15.6A 55.6±12.0a 50.2±18.9a±18.9a18.9aLymphocytes (%) 30.7±14.5A,a±14.5A,a14.5A,a 19.5�11.9B�11.9B11.9B 25.1±12.3a±12.3a12.3a 13.9±10.0b±10.0b10.0bNeutrophils (%) 14.6±5.3A,b 19.8±15.3A 17.0±7.5b 24.9±20.6aMonocytes (%) 8.7±3.8A,a 12.6±11.8A 9.0±4.3a 14.8±13.5a±13.5a13.5aBasophils (%) 4.2±1.6A,a±1.6A,a1.6A,a 5.4±2.4A 3.6±2.3a 6.3±2.8a

Table 4 – Mean values ± standard deviation of condition factor and haematological parameters in unparasitized (N=14) and parasitized hybrid tambacu, independently of the parasite species (general values) (N=18), parasitized by monogenean (N=09), by L. cyprinacea (N=08), by monogenean and P. pillulare (N=10). In each line, values followed by the same letter are not significantly different (p>0.05) by Tukey test; PAS-GL= PAS-positive granular leukocytes PAS-GL= PAS-positive granular leukocytes

Parameters UnparasitizedControl

Parasitized

General values Monogenean L. cyprinacea Monogenean and P. pillulare

Condition factor 10.1�0.16B,b�0.16B,b0.16B,b 13.4±1.30A 13.1±1.33a 13.4±2.16a 13.2±0.86aHemoglobin (g/dL) 13.1±2.9A,a 14.1±3.8A 16.9±1.3a 13.1±3.8a 14.9±3.0aHematocrit (%) 38.8±10.0A,a 39.9±9.5A 41.5±2.6a 39.8±11.9a 37.4±6.9aMCHC (g/dL) 35.4±11.1A,a 35.5±7.5A 33.0±6.9a 33.2±2.9a 40.4±7.2aThrombocytes (%) 52.8±17.5A,a 56.3±10.4A 62.4±12.2a 52.7±7.8a 57.1±9.7aLymphocytes (%) 26.0±19.1A,a 23.5±8.6A 22.1±7.6a 23.3±13.7a 22.8±6.8aNeutrophils (%) 15.1±6.0A,a±6.0A,a6.0A,a 15.5±7.9A 9.7±3.0a 17.1±13.9a 16.6±4.8aMonocytes (%) 11.1±6.8A,a 10.6±3.1A 7.8±2.5a 11.8±4.3a 12.0±2.5aPAS-LG (%) 4.3±1.7A,a 4.7±1.4A 4.3±1.3a 4.6±1.6a 2.4±0.5aEosinophils (%) 0.8±0.4A,a±0.4A,a0.4A,a 0.7±0.5A 0.9±0.4a 0.9±0.4a 0.7±0.6a±0.6a0.6a

Table 5 – Mean values ± standard deviation of condition factor and hematological parameters in unparasitized (N=21) and parasitized B. amazonicus by monogenean, I. multifiliis and P. pillulare. In each line, values followed by the same letter are not significantly different (p>0.05) by t test

Parameters Unparasitized Parasitized

Condition factor 11.7±0.02A±0.02A0.02A 9.8�0.4B�0.4B0.4BHemoglobin (g/dL) 11.4±1.4A 10.1±3.6AHematocrit (%) 42.7±8.0A 43.5±4.9AMCHC (g/dL) 27.7±7.7A±7.7A7.7A 25.2±9.9A±9.9A9.9AThrombocytes (%) 48.0±18.4A±18.4A18.4A 47.1±14.8A±14.8A14.8ALymphocytes (%) 19.4±14.4A±14.4A14.4A 9.8±9.6A±9.6A9.6ANeutrophils (%) 20.5�5.1B 31.3±5.2AMonocytes (%) 12.1±3.3A 11.8±6.2A

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DISCUSSIONParasites have been responsible for delay in fish

growth and gain of weight by affecting the food ingestion (BARBER et al., 2000; BARKER et al., 2005). The relationship between weight and length has been used as a tool to estimate body conditions of healthy fish (TAVARES-DIAS et al., 2000a) and parasitized fish (LAIDLEY et al., 1988; TAVARES-DIAS et al., 1999a; RANZANI-PAIVA et al., 1997; TAVARES-DIAS et al., 2002; LIZAMA et al., 2006).

In the present work, parasitized P. mesopotamicus and B. amazonicus had low condition factor. Similar finding has been reported for Onchorhynchus keta (URAWA, 1996) and for Heterrobranchus longifilis (EKANEM and OBIKEZIE, 1996). On the other hand, parasitized tambacu and L. macrocephalus had higher condition factor than unparasitized fish, corroborating the results described in trout experimentally infected with Cryptobia salmositica (LAIDLEY et al., 1988) and in Prochilodus lineatus parasitized by Monogenea, Digenea, Cestoda, Nematoda, Copepoda and Branchiura (LIZAMA et al, 2006). This increase in condition factor of tambacu and L. macrocephalus can be a consequence of liquid in the visceral cavity, which has also been reported in parasitized trout (LAIDLEY et al., 1988). However, in Prochilodus lineatus has been reported that largest fish with highest condition factor can tolerate higher levels of parasitic infection (LIZAMA et al., 2006).

In present study, a great number of parasites in hosts did vary; hence there was no change in the hematocrit, hemoglobin concentration and MCHC in parasitized P. mesopotamicus, tambacu, B. amazonicus and L. macrocephalus. Similar finding have been in Mugil platanus with parasites monogenean or copepod (RANZANI-PAIVA et al. 1997), in P. mesopotamicus with Argulus sp (TAVARES-DIAS et al., 1999b) and Oreochromis niloticus with monogenean, Trichodina sp. and Lamproglena sp. (AZEVEDO et al., 2006). Therefore, these results suggest that the parasite and host are adapted to survival in these conditions, without significant losses to the host health. On the other hand, decrease in primary red blood cell indices has been reported in O. niloticus parasitized by Ichthyophthirius multifiliis and Saprolegnia sp. (TAVARES-DIAS et al., 2002), in Dicentrarchus labrax parasitized by Ceratothoa oestroides (HORTON and O�AMURA, 2003), in L. macrocephalus parasitized by Goezia leporini (MARTINS et al., 2004) and in

Trachinotus marginatus parasitized by Bicotylophora trachinoti (CHAVES et al., 2006).

It is difficult to comment on changes in number of blood immune cells in parasitized fish, because the exact function of each cell is still little known. Moreover, these cells can confound the interpretation of results when attempting to make conclusions about the degree of stress experienced by parasitized fish. Nevertheless, when fish were parasitized by different parasites in unlike intensity levels, has been reported lymphocytosis accompanied by neutrophilia and monocytosis (TAVARES-DIAS et al., 2002), lymphocytopenia accompanied by monocytosis and neutrophilia (SOPINS�A, 1985; SILVA-SOUZA et al., 2000) and lymphocytopenia accompanied by neutrophilia and basophilia (Martins et al., 2004), as well as lymphocytosis and neutrophilia (RAH�ONEN and PASTERNAC�, 1998). Blood leukocytes, especially granulocytes Blood leukocytes, especially granulocytes and monocytes, could destroy pathogenic organism. In parasitized fish, increase in levels circulating of monocytes has been attributed to an improvement of cell defense system (SOPINS�A, 1985). Neutrophils possessing phagocytic capability are often the first leukocytes to migrate to the site of infecting parasite (RAH�ONEN and PASTERNAC�, 1998; SILVA-SOUZA et al., 2000), therefore increase or decrease of these granulocytes may be found, on the dependence of the infection stage.

In present study, L. macrocepalus and P. pillulare parasitized with monogenean, had decrease in lymphocytes percentage and increase in neutrophils percentage, while B. amazonicus parasitized with monogenean, I. multifiliis and P. pillulare had decrease neutrophils percentage. On the other hand, tambacu parasitized with monogenean, L. cyprinacea or P. pillulare did not showed alteration in the leukocytes percentage. Similarly, has been reported no changes in leukocytes distribution in M. platanus parasitized by monogenean, copepods, trypanosomes and Trichodina sp. (RANZANI-PAIVA et al., 1997) and in O. niloticus parasitized by monogenean, Trichodina sp. and Lamproglena sp. (AZEVEDO et al., 2006).

Mechanisms of specific immunity in fish are significantly less developed and play marked less important role than in birds or mammals (STOSI� et al., 2001). In contrast, fish have non-specific resistance system, which plays the basic role in defense of the organism against pathogenic (STOSI� et al., 2001; PASSANTINO et al., 2005). Then, piscine

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Hematological assessment in four brazilian teleost fish with parasitic infections... 195

thrombocytes represent a link between innate and adaptive immunity (PASSANTINO et al., 2005). In P. mesopotamicus, independently of parasite species, was found decrease in thrombocytes percentage. Similar change has been reported for P. mesopotamicus with Argulus sp. (TAVARES-DIAS et al., 1999b), for B. bendelisis with trypanossomiasis (RAUTHAN et al., 1995), Salmo trutta with Diphyllobotrium dentriticum (RAH�ONEN and PASTERNAC�, 1998) and for O. niloticus with I. multifiliis and Saprolegnia sp. (TAVARES-DIAS et al., 2002). Possibly, the thrombocytes were being mobilized to contribute in the organic defense mechanisms, because these cells together with the leukocytes seem to represent an important defense line in these hosts. However, other factors should be also considered. RAH�ONEN and PASTERNAC� (1998) suggested that this thrombocytopenic response might serve to release clotting factors in preparation for tissue damage.

To summary, the results demonstrated different leukocytes responses to the parasites, which may be due to different degree of susceptibility of each host. Fish were captured with hook and line, and had food in their stomach, then probably were not captured sick fish, because fish in an advanced disease stage have not appetite. Therefore, this fact was responsible for non-change in the hemoglobin concentration, hematocrit and MCHC of fish studied.

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ÍNDICES DE CONDIÇÃO CORPORAL EM JUVENIS DE Brycon amazonicus (SPIX & AGASSIZ, 1829) E Colossomoma macropomum (CUVIER, 1818) NA AMAZÔNIA

Marcos TAVARES-DIAS 1; 4; Jaydione L. MARCON 2; Jefferson R. G. LEMOS 2; Jorge D. I. FIM 3;

Elizabeth G. AFFONSO 3; Eduardo A. ONO 3

RESUMO

O fator de condição relativo (Kn), relação esplenosomática (RES) e relação hepatosomática (RHS) foram comparados em juvenis de Brycon amazonicus (matrinxã) e Colossomoma macropomum (tambaqui). Espécimes de B. amazonicus e C. macropomum pesando entre 18,0 e 38,0g e 14,0 e 79,0g, respectivamente, foram coletados de viveiros da Coordenação de Pesquisa em Aqüicultura, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Manaus, Brazil). O Kn em B. amazonicus variou de 0,90 a 1,10 e em C. macropomum de 0,79 a 1,25. Os valores médios da RES em C. macropomum foram significativamente maiores (P<0,05) que em B. amazonicus, enquanto os valores médios da RHS não apresentaram diferenças significativas (P>0,05) entre as duas espécies. Em C. macropomum o peso esplênico e o peso hepático estiveram positivamente correlacionados com a massa corporal. Porém, em B. amazonicus essa relação não ocorreu entre o peso esplênico e a massa corporal, indicando um padrão espécie-específico. A observância do Kn, RES e RHS em B. amazonicus e C. macropomum sugere que os indivíduos dessas espécies apresentaram boas condições de higidez. Portanto, recomenda-se a ampliação desses índices como indicadores de higidez para outras espécies ícticas de importância econômica ainda não estudadas neste contexto.Palavras-chave: Brycon amazonicus, Colossoma macropomum, fator de condição, relação esplenosomática, relação hepatosomática

BODY CONDITION INDICES FOR Brycon amazonicus (SPIX & AGASSIZ, 1829) E Colossomoma macropomum (CUVIER, 1818) IN AMAZON

ABSTRACT

A study comparing the relative condition factor (Kn), splenosomatic index (SSI) and hepatosomatic index (HSI) was carried out in juveniles of Brycon amazonicus (matrinxã) and Colossomoma macropomum (tambaqui). Individuals of both,Individuals of both, B. amazonicus e C. macropomum, ranging from 18.0 to 38.0g and 14.0 to 79.0g respectively, were provided by the Department of Aquaculture, National Research Institute of the Amazon (INPA, Manaus, Brazil). The Kn was very similar and varied from 0.90 to 1.10 for B. amazonicus and from 0.79 to 1.25 for C. macropomum. The splenosomatic index was higher (p<0.05) in C. macropomum than in B. amazonicus, while for the HSI no significant difference (p>0.05) was found between the two fish species. Positive relationship regarding spleen and liver weight to body mass was observed for C. macropomum. However, this relationship was not found for spleen weight to body mass of B. amazonicus, indicating a species-specific pattern. The Kn, SSI and HSI of C. macropomum and B. amazonicus suggest that both species presented good health condition. Therefore, we recommend using these indices as indicators of the health condition for other fish species that have not been studied.Key words: Brycon amazonicus, Colossoma macropomum, condition factor, hepatosomatic index, splenosomatic index

Artigo Científico: Recebido em 06/09/2006; Aprovação em 26/06/20071 Instituto de Saúde e Biotecnologia (ISB), UFAM, Coari, AM2 Instituto de Ciências Biológicas (ICB), UFAM, Manaus, AM 3 Coordenação de Pesquisa em Aqüicultura (CPAQ), INPA. Manaus, AM4 Endereço/Address: Universidade Federal do Amazonas, Instituto de Saúde e Biotecnologia. Estrada Coari-Mamiá, 305, 69460-000 - Coari, AM, Brasil. E-mails: [email protected] ou [email protected]

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INTRODUÇÃOO fator de condição é um indicador quantitativo

do grau de higidez ou do bem estar do peixe (LE CREN, 1951; TAVARES-DIAS et al., 2000a; LIZAMA e AMBRÓSIO, 2002; FROESE, 2006). Esse indicador pode ser usado para avaliar as diferentes condições de alimentação em espécies distintas e as interferências da densidade populacional, do clima e de outras condições ambientais (LE CREN, 1951; LIZAMA e AMBRÓSIO, 2002; GOMIERO e BRAGA, 2003; FROESE, 2006). Alterações nos valores do fator de condição têm sido relatadas em função das variações e características intrínsecas das espécies, além de diferenças nas condições ambientais e/ou relacionadas ao período reprodutivo dos peixes (ANDRADE-TALMELLI et al., 1998/1999; LIZAMA e AMBRÓSIO, 2002; FROESE, 2006). ANDRADE-TALMELLI et al.(1998/1999) utilizaram o fator de condição para selecionar fêmeas de Brycon insignis mais aptas a responderem à reprodução induzida. Em espécimes de Colossoma macropomum provenientes da região amazônica, foram demonstradas variações no fator de condição ao longo do ano, em função da oferta ou escassez de alimentos (VILLACORTA-CORREA e SAINT-PAUL, 1999). Portanto, todos estes estudos indicam que o fator de condição pode ser considerado um índice corporal que reflete as interações entre o peixe e os fatores bióticos e abióticos que o cercam.

Os peixes teleósteos são desprovidos de linfonodos e medula óssea e apresentam tecido hematopoiético localizado, principalmente nos rins e baço, importantes órgãos eritropoiéticos, trombopoiéticos e leucopoiéticos nesses vertebrados (DALMO et al., 1997; TAVARES-DIAS e MORAES, 2004). Além disso, o baço participa do sistema imunológico específico e inespecífico (DALMO et al., 1997). Já o fígado pode ser considerado um tecido hematopoiético (TAVARES-DIAS e MORAES, 2004) com menor papel no sistema de defesa, embora haja evidências de sua participação na eliminação de antígenos (DALMO et al., 1997), além da sua capacidade de armazenar grandes quantidades de lipídios e glicogênio como reserva energética (GERMAM e KOZLOVSKAYA, 2001).

O tamanho do baço e do fígado varia entre as diferentes espécies de peixes (TAVARES-DIAS et al., 2000a; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002; TAVARES-DIAS, 2004) e a melhor medida relativa estabelecida para avaliar o tamanho desses órgãos pode ser obtida pela relação esplenosomática

(RES) e hepatosomática (RHS), respectivamente. A determinação dos valores padrão da RHS e RES é de grande importância para compreensão dos distúrbios que podem ocorrer durante condições ambientais adversas (RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002; TAVARES-DIAS et al., 2000a, b; TAVARES-DIAS, 2004; TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004). Redução na RES em peixes pode ser interpretada como evidência de contração esplênica, pois os peixes tendem a deprimir os estoques esplênicos de eritrócitos quando em situação de estresse hipóxico ambiental (GALLAUGHER e FARREL, 1998). Por outro lado, o aumento da RES pode ser atribuído a ajustes bioquímicos e fisiológicos necessários para manter a homeostasia em resposta a agressores ambientais, como aquelas envolvidas nas repostas leucocitárias às infecções ou produção de eritrócitos para reposição sangüínea em processos anemiantes (RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002; TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004). Reduções na RHS também podem estar associadas à utilização de reservas energéticas, necessários para a manutenção da homeostasia (TAVARES-DIAS et al., 2000a; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002).

O presente estudo teve como objetivo comparar o fator de condição, RES e RHS em juvenis de B. amazonicus e C. macropomum, teleósteos amazônicos de importância econômica não apenas para esta região, mas também para outras regiões do Brasil.

MATERIAL E MÉTODOSJuvenis de matrinxã Brycon amazonicus e de

tambaqui Colossoma macropomum estavam sendo criados em dois viveiros (216 m3) distintos na Coordenação de Pesquisa em Aqüicultura (CPAQ) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA, Manaus, Brasil) e foram alimentados na alevinagem com ração farelada contendo 34% de proteína bruta e, posteriormente, com ração peletizada contendo 28% de proteína bruta. Quando os peixes tinham aproximadamente três meses de idade, 25 B. amazonicus e 40 C. macropomum foram coletados e submetidos aos exames biométrico e parasitológico. No momento da coleta dos espécimes de B. amazonicus, a temperatura da água do viveiro foi de 28 ºC, pH 6,2 e com uma concentração de oxigênio dissolvido de 4,7 mg/L, enquanto que no viveiro de C. macropomum a temperatura da água foi de 27,8 ºC, o pH em torno de 5,7 e a concentração de oxigênio dissolvido equivalente a 4,9 mg/L.

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Índices de condição corporal em juvenis de Brycon amazonicus e Colossomoma macropomum... 199

Os peixes foram sacrificados com a utilização de benzocaína (1 g/L de água), imediatamente medidos e pesados para a obtenção do comprimento total (Lt) e massa corpórea total (Wt). Em seguida, cada exemplar foi dissecado para a obtenção do baço e do fígado, que foram pesados em balança de precisão analítica. De posse desses dados biométricos, foi determinado o fator de condição relativo/Kn (LE CREN, 1951), a RES e a RHS (TAVARES-DIAS et al., 2000a) para os indivíduos de cada espécie.

A avaliação parasitológica também foi realizada, por meio da coleta de muco da superfície corporal, de fragmentos de brânquias, rins, fígado, baço e coração do peixe. Essas peças, banhadas em uma gota de solução salina, foram comprimidas entre lâmina e lamínula e a preparação examinada sob microscopia de luz comum. O intestino de cada peixe foi também examinado, com o auxílio de um estereomicroscópio. Somente os peixes isentos de parasitos ou de alterações estruturais macroscópicas foram incluídos no presente estudo.

A análise estatística dos dados incluiu a compara-ção das variáveis obtidas entre as duas espécies estudadas pelo emprego do teste t de Student. Além disso, para cada espécie, testou-se a presença de correlações entre o peso e o comprimento total dos peixes, bem como entre o peso dos órgãos estudados e a massa corpórea total dos mesmos, utilizou-se a regressão linear simples com números não logaritmizados. Em todas as análises realizadas, assumiu-se um intervalo de confiança de 95% (p< 0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃOBrycon amazonicus e C. macropomum são espécies

distintas quanto às características do tipo de cresci-mento. Assim, para compará-las, torna-se pertinente a utilização do Kn, um índice que permite comparações interespecíficas sem levar em conta uma possível interferência da forma corporal dos peixes (GOMIERO e BRAGA, 2003; FROESE, 2006). Os resultados aqui obtidos demonstram que, apesar de não haver diferença significativa do Kn entre as duas espécies (teste t de Student, p=0,576), os exemplares de C. macropomum exibiram maior amplitude de variação deste parâmetro, quando comparado aos exemplares de B. amazonicus (Tabela 1). Isso possivelmente se deve ao fato de alguns indivíduos de C. macropomum terem apresentado menor peso, quando comparados a outros de mesmo comprimento, indicando possivelmente uma alteração na atividade alimentar destes peixes, no viveiro. GOMIERO e BRAGA (2003) descreveram que o Kn também variou em duas espécies de tucunarés do gênero Cichla provenientes do Reservatório de Volta Grande, principalmente, em decorrência de alterações na atividade de alimentação. Em C. macropomum mantido experimentalmente com restrição alimentar por 28 dias, o Kn não foi alterado significativamente (ITUASSÚ et al., 2004). Por outro lado, exemplares de C. macropomum coletados em rios da Amazônia central apresentaram variações no fator de condição ao longo do ano, em função da maior oferta de alimento no período de cheia ou escassez do mesmo no período da seca (VILLACORTA-CORREA e SAINT-PAUL, 1999).

Tabela 1. Valores médios ± desvio padrão do peso total (Wt), comprimento total (Lt), fator de condição relativo (Kn), relação hepatosomática (RHS%) e relação esplenosomática (RES%) em B. amazonicus e C. macropomum. Os valores entre parênteses representam amplitudes de variação. Letras diferentes, em uma mesma linha, indicam diferenças significativas (p< 0,05) entre as duas espécies

Parâmetros B. amazonicus (n=25) C. macropomum (n=40)

Wt (g)28, 1 ± 6,5a 42,6 ± 13,8b

(18,0-38,0) (14,0-79,0)

Lt (cm)13, 1 ± 1,4a 13,7 ± 1,5a

(11,0-15,3) (10,0-17,0)

Kn 1,00 ± 0,04a 1,00 ± 0,87a

(0,90-1,10) (0,79-1,25)

RES (%)0,031 ± 0,017a 0,045 ± 0,017b

(0,008-0,076) (0,018-0,113)

RHS (%)1,31 ± 0,51a 1,19 ± 0,25a

(0,44-2,57) (0,65-1,75)

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O tamanho do baço pode variar entre as espécies (TAVARES-DIAS et al., 2000a; TAVARES-DIAS, 2004; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002). No presente estudo, o tamanho do baço em C. macropomum foi maior que em B. amazonicus (Tabela 1). Porém, o baço de C. macropomum foi maior que de Piaractus mesopotamicus provenientes de tanques do CAUNESP, Jaboticabal (SP), espécie ecologicamente próxima da primeira espécie (TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004). Por outro lado, o tamanho deste órgão foi menor que o de P. mesopotamicus e híbrido tambacu coletados em pesque-pagues de Franca, SP (TAVARES-DIAS et al., 2000a). Todavia, o tamanho do baço além desta especificidade pode variar com a idade e sexo (VAINIKKA et al., 2005), estado fisiológico do animal, ou ainda em resposta ao ambiente (TAVARES-DIAS et al., 2000a; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002; TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004). Interessantemente, os valores médios da RES registrados aqui para juvenis de B. amazonicus foram similares aos relatados para indivíduos maiores (jovens) dessa espécie e de B. orbignyanus, provenientes do nordeste de São Paulo (TAVARES-DIAS, 2004), indicando que a idade e o ambiente não tiveram influencia nessas espécies de briconíneos.

A correlação positiva observada entre o peso cor-poral e o peso esplênico nos juvenis de C. macropomum (Figura 1A) sugere que o baço cresce proporcionalmente ao aumento corporal, nessa espécie. Resultados similares foram demonstrados em outras espécies, como Oreochromis niloticus (YAMAMOTO e SHIMA, 1990) e Leporinus macrocephalus (TAVARES-DIAS et al., 2000a). Por outro lado, esse padrão não se aplica às outras espécies de peixes, como Mugil platanus (RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002), P. mesopotamicus e seu híbrido, o tambacu (TAVARES-DIAS et al., 2000a), bem como para os juvenis de B. amazonicus analisados no presente estudo (Figura 1B). Portanto, além do tamanho do baço variar entre as espécies de peixes, o seu peso pode ser proporcional à massa corporal somente em alguns peixes.

Os valores médios da RHS em juvenis de B. amazonicus da Amazônia foram similares aos de juvenis de C. macropomum (Tabela 1) e também em relação aos valores descritos para jovens de B. amazonicus e B. orbignyanus oriundos do nordeste de São Paulo (TAVARES-DIAS, 2004), bem como para jovens de P. mesopotamicus e híbrido tambacu

(TAVARES-DIAS et al., 2000a). Porém, os valores médios da RHS em C. macropomum foram menores que o de C. macropomum mantidos experimentalmente em restrição alimentar ou não, durante 28 dias (ITUASSÚ et al., 2004).

Variáveis como a idade, condição fisiológica do peixe e o próprio ambiente, podem contribuir para a ocorrência de variações no tamanho do fígado desses animais (TAVARES-DIAS et al., 2000a; TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004). Esse órgão estoca grande quantidade de gordura e glicogênio (GERMAM e KOZLOVSKAYA, 2001), ingredientes energéticos estratégicos para a manutenção da homeostasia (TAVARES-DIAS et al., 2000a; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002), principalmente durante condições adversas. VILLACORTA-CORREA e SAINT-PAUL (1999) demonstraram para tambaquis coletados em seu ambiente natural, que a RHS variou em função da taxa de utilização dessas reservas, necessárias para suprir suas demandas energéticas durante o período de escassez de alimentos, bem como para a produção de gametas na reprodução. Nos sistemas de cultivo, a oferta de alimento é contínua, independente da época do ano. Contudo, se essa oferta consistir em uma alimentação desbalanceada e inadequada para o peixe, aumentos (inclusive por acúmulo excessivo de gorduras) ou diminuições no tamanho do órgão podem ser também observados e, essa análise, pode ser importante para uma avaliação mais ampla e conclusiva sobre o grau de higidez e bem estar dos peixes em ambientes de cultivo.

Embora o fígado possa variar no formato e tamanho entre as espécies de peixes (TAVARES-DIAS et al., 2000a; TAVARES-DIAS, 2004; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002), nos juvenis de C. macropomum e B. amazonicus, o tamanho deste órgão foi proporcional ao peso corporal do animal (Figura 2A-B), corroborando o que foi anteriormente demonstrado para O. niloticus, P. mesopotamicus, L. macrocephalus e o híbrido tambacu (TAVARES-DIAS et al., 2000a). Por outro lado, essa proporcionalidade não foi observada para M. plantanus (RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002), sugerindo que essa relação pode ter comportamento espécie-específica e, que generalizações baseadas em um número reduzido de espécies devem ser tomadas com cautela, principalmente quando consideramos a ampla variedade de espécies de importância econômica pertencentes à ictiofauna amazônica ainda não investigadas nesse contexto.

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Índices de condição corporal em juvenis de Brycon amazonicus e Colossomoma macropomum... 201

Figura 1. Relações entre o peso esplênico e o peso corporal em (A) C. macropomum (n=40) e (B) B. amazonicus (n=25). Em C. macropomum essa vinculação é significativa (R2= 0,501; p<0,001) e pode ser explicada pela equação y = -0,00463 + (0,000571 x peso corpóreo). Na segunda espécie essa relação não foi observada (p>0,05)

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Figura 2. Relação entre o peso hepático e o peso corporal em (A) B. amazonicus (n=25, R2= 0,292; p=0,005) e (B) C. macropomum (n=40, R2 = 769; p<0,001). As equações y= -0,0143 + (0,000571 x peso corpóreo) e y= -0,0817 + (0,0141 x peso corpóreo) explicam essas relações para a primeira e segunda espécie, respectivamente

CONCLUSÕESDe posse dos valores do Kn para juvenis de B.

amazonicus e C. macropomum, foi possível inferir que ambas as espécies apresentaram bom grau de bem estar, na medida em que vinham sendo cultivadas em seus respectivos viveiros de criação.

As variações inter e intra-específicas observadas na RHS e RES de B. amazonicus e C. macropomum podem ser consideradas normais, uma vez que ambas as espécies apresentavam idade similar, estavam isentas de parasitos e de lesões estruturais internas e externas, além de serem mantidas em ambiente

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com condições similares. Apesar dos tamanhos do baço e fígado variarem entre as diferentes espécies de peixes, é possível obter estimativas relativas precisas do tamanho desses órgãos, com a utilização das relações espleno e hepatosomática, especialmente nas espécies em que o peso de seus órgãos tem vinculação direta com o peso corpóreo do animal. Assim, recomenda-se a ampliação desses índices de condição corporal como indicadores de higidez para outras espécies ícticas de importância econômica, ainda não investigadas.

AGRADECIMENTOSÀ Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas

(FAPEAM, Proc.: 2203/05 e 2204/05) e ao CNPq (Proc.: 35.0117/2005-5), pelo apoio financeiro.

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INFLUÊNCIA DO FOTOPERÍODO NATURAL NA REPRODUÇÃO INDUZIDA DO TAMBAQUI, Colossoma macropomum (CUVIER, 1818)

José Antônio Salgado de Moura MUNIZ 1; Maria Teresa Jansem de Almeida CATANHO ²; Athiê Jorge Guerra dos SANTOS ¹

Artigo Científico: Recebido em: 11/09/2006; Aprovado em: 06/08/20071 Departamento de Pesca, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N , Dois Irmãos, CEP 52171-900, Recife, PE2 Departamento de Biofísica, Av. Prof. Moraes Rego, nº 1235, Cidade Universitária, CEP 50670-901, Recife, PEE-mail. joanmuniz@ bol.com.br

RESUMO

Devido a características importantes como sabor, rusticidade, rápido crescimento entre outras qualidades, fazem do tambaqui, Colosoma macropomum, um dos peixes mais importantes da piscicultura brasileira. Por ser um peixe reofílico, não desova naturalmente em cativeiro, o que se faz necessária que a sua ovulação seja induzida artificialmente. No presente trabalho investigaram-se os efeitos do fotoperíodo natural na ovulação do referida espécie, quando induzida com o LHRH, decapeptídeo de uso veterinário. Níveis plasmáticos do hormônio 17α OH-P foram analisados antes e após as injeções hormonais. Utilizaram-se 17 fêmeas e 16 machos em maturação final, os quais foram induzidos com hormônio o LHRH (gonadorrelina) em dois protocolos fotoperiódicos naturais: no protocolo A, indução hormonal iniciou-se entre as 19-20 horas, enquanto no protocolo B a indução hormonal iniciou-se entre às 8-9 horas. Em ambos os grupos, as dosagens hormonais decisivas foram aplicadas entre 12-13 horas após a primeira injeção. As concentrações totais nas fêmeas variaram entre 500-1200 μgLHRH/peixe. Os machos receberam dosagem única de 50-100μgLHRH/peixe. Não houve ocorrência da ovulação no protocolo A, enquanto todas as fêmeas do protocolo B, ovularam. Os níveis do hormônio 17α OH-P plasmático foram estatisticamente diferentes entre os dois grupos durante o considerado período de latência do hormônio indutor. Os resultados apontam para a existência de um ‘gatilho fotoperiódico’ que favorece a ocorrência da ovulação em fêmeas de tambaqui, quando são induzidas com o LHRH (gonadorrelina) de uso veterinário.Palavras chave: LHRH, fotoperíodo, ovulação

EFFECTS OF THE NATURAL DAYLIGHT IN THE INDUCED REPRODUTION OF TAMBAQUI Colossoma macropomum (CUVIER, 1818)

ABSTRACT

Tambaqui Colossoma macropomum is one of the most important fishes in the Brazilian fish culture, due to its good flavor, rusticity and rapid growth. Since it is an amazonic migrating fish, its ovulation and spawning do not occur in captivity; therefore the induced reproduction in this fish is always needed. The present work investigated the effects of the natural daylight on the ovulation of tambaqui, when was induced with the common LHRH of veterinary use. Plasmatic levels of the hormone 17α OH-P was measured before and after hormonal injections. Seventeen mature females17α OH-P was measured before and after hormonal injections. Seventeen mature females was measured before and after hormonal injections. Seventeen mature females and sixteen males were used in the investigation. Females were induced to ovulate with the LHRH (gonadorrelin), under two different photoperiodic protocols: In protocol A, the first hormonal injection started in early evening, while in the protocol B it started at early morning time. In each group, the second hormonal injection was done 12-13 after first injection. The total concentration of the LHRH applied in the female fish varied from 500-1200 μg/fish. All male received a singleμg/fish. All male received a singleg/fish. All male received a single dose of 50-100 μgLHRH/fish. No ovulation occurred in the females of the photoperiod A, while allμgLHRH/fish. No ovulation occurred in the females of the photoperiod A, while allgLHRH/fish. No ovulation occurred in the females of the photoperiod A, while all females in the photoperiod B, ovulated. There was statistic difference in the levels of the 17α OH-Pα OH-P OH-P hormone between the two groups, during the considered period of latency of the inducer hormone. The results appoint to an existence of a photoperiodic cue, which can favor the occurrence of the ovulation in tambaqui, when is induced with the common LHRH of veterinary use.Key words: LHRH, photoperiod, ovulation

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INTRODUÇÃOO tambaqui, Colossoma macropomum (Cuvier, 1818)

é um dos peixes mais importantes da piscicultura brasileira, em especial nas regiões Norte e Nordeste. É nativo da bacia Amazônica e considerado o segundo maior peixe de escamas do rio Solimões e do Amazonas (GOULDING e CARVALHO, 1982). No ambiente natural, a sua ovulação e desova ocorrem no período das chuvas e tais eventos devem ser regu-lados por inputs fisiológicos, mediados por fatores externos, assim como acontece na maioria dos peixes teleósteos (VENTUERI e BERNARDINO, 1999).

No cativeiro, supressões fisiológicas no processo reprodutivo podem ocorrer, devido às restrições de fatores ambientais (áreas para deslocamento, fotoperíodo e temperatura) suprimindo, de alguma forma, a ação dos hormônios indutores da desova, pois, embora haja o desenvolvimento gonadal, o processo da maturação final (migração do núcleo e quebra da vesícula nuclear) não acontece, por causa dessas restrições (ZOAR e MYLONAS, 2001). Para superar tal problema, hormônios exógenos são comumente aplicados. Os mais utilizados são: extrato bruto de hipófise de carpas (EBHC), o LHRHa (análogo do LHRH, superativo, liberador do hormônio luteinizante, nonapeptídeo) e o LHRH comum (cópia sintética do LHRH natural, decapeptídeo).

Reporta-se que o fotoperíodo e a temperatura regulam as atividades fisiológicas, entre elas, a repro-dução. Em peixes teleósteos, a ovulação e a desova tendem a ocorrer em determinadas horas do dia, por causa da influência fotoperiódica (SHERWOOD, 1983). Assim, pode-se considerar essa variável ambiental, como um dos mais importantes no controle da reprodução induzida. Por outro lado, os picos da gonadatropina maturacional plasmática (GtHm) entre espécies de peixes variam de acordo com a hora do dia (ZANUY e CARRILLO, 1987). Sabe-se, também, que o GtH influencia a secreção e liberação dos hormônios esteróides sexuais gonadais, tais como a testosterona, o 17α hidroxiprogesterona (17α OH-P) e o 17α,20β-dihidroxiprogesterona (17α 20β diOH-P) (YOUNG et al, 1986), sendo este último um dos mais importantes hormônios na maturação final dos oócitos (MATSUYAMA et al, 1990).

Na maioria das piscigranjas e larviculturas do Brasil, o tambaqui é criado em regime de cati-veiro, o que leva a algumas restrições fisiológicas reprodutivas. Daí faz-se necessária a prática da

reprodução induzida por meio liberadores da gonadatropina e/ou de extratos gonadotrópicos exógenos para que ocorra a maturação final. Grande parte das larviculturas brasileiras, porém, utiliza-se de duas metodologias de indução à ovulação no tambaqui: na primeira, a injeção hormonal é normalmente aplicada entre 8-9 horas, enquanto na outra, a primeira injeção hormonal é aplicada entre 19-20 horas. Em ambos os casos, uma segunda injeção hormonal nas fêmeas é administrada entre 12-14 horas, após a primeira injeção. Isso sugere que uma dessas metodologias pode estar indo de encontro ao ciclo hormonal diário normal da espécie, prejudicando assim o processo da ovulação e a qualidade dos gametas. O presente trabalho, portanto, visou estudar a influência do fotoperíodo natural na ovulação do tambaqui Colossoma macropomum, quando induzido com o LHRH decapeptídeo (gonadorrelina) de uso veterinário. Investigou-se, também, a variação plasmática do hormônio 17α-hidroxiprogesterona.

MATERIAL E MÉTODOSA investigação foi realizada na Estação de

Aqüicultura Continental Prof. Johei Koike, do Departamento de Pesca e Aqüicultura/UFRPE, no período de setembro de 2004 a janeiro de 2005.

Um total de 17 fêmeas e 16 machos em maturação final de tambaqui, Colossoma macropomum, foram utilizados no presente trabalho. Os peixes foram selecionados, no viveiro estoque (50 x 20x 1,5 m2), de acordo com suas características morfológicas externas; para as fêmeas, ventre distendido e flácido e papila genital avermelhada e dilatada.

Nos machos observou-se a existência do sêmen sob uma ligeira pressão abdominal (YARON, 1995). Os tambaquis foram alimentados duas vezes ao dia (3% da biomassa total) com ração extrusada, contendo 28% de proteína bruta. A idade dos peixes variam entre 3-4 e 4-5 anos para machos e fêmeas, respectivamente.

Os peixes selecionados foram utilizados em seis testes de indução à reprodução, conforme os protocolos A e B:

Protocolo A: 10 fêmeas e 10 machos. Oito fêmeas foram induzidas à ovulação com o LHRH (gonadarrelina). A concentração total do hormônio para as fêmeas variou entre 700-1150 μgLHRH/peixe, divididas em duas aplicações num intervalo entre 12-13 horas, exceto para as duas fêmeas

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Influência do fotoperíodo natural na reprodução induzida do tambaqui... 207

controle, que receberam apenas soro fisiológico. O peso das fêmeas variou entre 9,5-14,0 kg (Tabela 1). As concentrações hormonais na primeira e segunda injeção variaram de acordo com a evolução gonadal de cada fêmea. Nesse protocolo, a primeira injeção hormonal foi aplicada entre as 19-20 horas (Figura 1). Cada macho recebeu dosagem hormonal única, variando entre 50-100 μgLHRH/peixe, de acordo com o estádio gonadal (i.e grau de fluidez de esperma sob ligeira pressão abdominal), no momento da segunda aplicação hormonal das fêmeas.

Protocolo B: 7 fêmeas e 6 machos. Cinco fêmeas foram induzidas à ovulação com o mesmo hormônio; as dosagens totais variaram entre 500-1200 μgLHRH/

Tabela 1. Dados de fêmeas obtido durante a ação do protocolo fotoperiódico A: peso (kg); dosagens hormonais e ocorrência de ovulação.

Protocolo fotoperiódico A

Testes Fêmeas Peso(kg)

Dosagemtotal (μgLHRH/peixe)

(μgLHRH/peixe)1o dose

(μgLHRH/peixe)2o dose Ovulação

A1 12,5

700 (56)* 700 (43)250 450 -

2 16,3 250 450 -

B1 12,7 750 (59) 250 500 -

2 9,5 750 (79) 250 500 -

C1 10,8 1150 (106) 450 700 -

2 11,5 1050 (91) 400 650 -

D1 12,5 950 (76) 350 600 -

2 13,5 850 (63) 350 500 -

Controle 14,0 --- --- --- -

Controle 15,5 --- --- --- -**O número em parênteses significa μgLHRH/kg.

Figura 1. Calendário das injeções hormonais nos tambaquis e estimativas dos momentos de ovulação nos protocolos A (início da indução hormonal entre19-20h) e B (início da indução hormonal entre19-20h). (*) significa momento do acasalamento

peixe, divididas em duas aplicações entre de 12-14 horas, ou em dose única, exceto as duas fêmeas controle que receberam apenas soro fisiológico (Tabela 2). O peso das fêmeas variou entre 10,6-15,5 kg. Diferentes do protocolo A, as primeiras injeções hormonais nesses últimos testes começaram entre 08-09 horas (Figura 1). Os machos também receberam dosagens única, variando entre 50-100 μgLHRH/peixe, de acordo com o seu estádio gonadal

As concentrações totais do LHRH (gonadorrelina), empregadas nas fêmeas e machos de ambos os protocolos fotoperiódicos, são consideradas eficazes à indução da ovulação e espermeação do tambaqui. (PEREZ, 2003 ; SANTOS et al, 1991).

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Tabela 2. Dados de fêmeas obtido durante a ação do protocolo fotoperiódico B: peso (kg); dosagens hormonais e ocorrência de ovulação.

Protocolo fotoperiódico B

Testes Fêmeas Peso(kg)

Dosagemtotal (μgLHRH/peixe)

(μgLHRH/peixe)1o dose

(μgLHRH/peixe)2o dose Ovulação

1** 14,7 500 - (34)* 500 --- -

E2** 12,5 500 - (40) --- 500 +

3 10,6 850 - (80) 320 330 +

F1 12,7 1000 - (80) 400 600 +

2 15,0 1200 - (80) 450 750 +

Controle 13,0 --- --- --- -

Controle 15,5 --- --- --- -* Número em parênteses significa μgLHRH/kg.**Dosagem única.

Grupos de fêmeas, pertencentes aos protocolos A e B, foram selecionadas para coleta de sangue e análise do 17α-hidroxiprogesterona e obedeceu o seguinte calendário amostral: ‘tempo 0’ (amostras coletadas antes da primeira dosagem hormonal), tempo 12’ (amostras coletadas 12 horas após a primeira indução) e ‘tempo 24’ ( amostras coletadas 24 horas após a primeira injeção)

Na coleta foram utilizadas seringas heparinizadas e agulhas (20G) de tamanho. Do pedúnculo caudal foram retirados 1mL de sangue, que logo em seguida foi centrifugado a 3.000 rpm por quinze minutos. Após a centrifugação, foram congelados o plasma sanguíneo à –15 oC, até a análise hormonal.

Os níveis do hormônio 17α -hidroxiprogesterona (17α OH-P) plasmático foram determinados por meio do método de radioimunoensaio (RIE) em fase sólida, com hormônio marcados com 125 I, utilizando-se kits comerciais Coat-A-Count, da Diagnostic Products Corporation (DPC).

Os dados obtidos foram analisados através dos métodos estatísticos descritivos e analíticos. Nas análises comparativas utilizou-se o Teste de Tukey (α=0,05).

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs pesos dos peixes, as dosagens hormonais

utilizadas e os efeitos do LHRH (gonadorrelina) sobre a ovulação do tambaqui nos protocolos A e B, estão indicados nas tabelas 1 e 2, respectivamente. Conforme mostram os resultados, nenhuma ocorrência de ovulação foi observada nas fêmeas do protocolo A, enquanto todas as fêmeas induzidas do

protocolo B, ovularam.Quanto à variação plasmática do 17α-hidroxi-

progestetrona nas fêmeas pertencentes ao protocolo A, o valor médio antes da primeira indução do LHRH que foi de 0,05 ng/mL do plasma, aumentou para 45,57 ng/mL após 12 horas e diminuiu para 20,75 ng/mL após 24 horas, dentro do considerado período de latência do hormônio indutor (Tabela 3).

No protocolo B, porém, o valor médio inicial foi de 0,31 ng/mL do plasma, aumentou para 38,66 ng/mL após 12 horas e continuou aumentando até o nível médio de 56,84 ng/mL, após 24 horas (Tabela 4). Houve diferença significativa entre os níveis hormonais antes e depois da primeira injeção hormonal nos protocolos A e B, assim como entre as fêmeas de ambos os protocolos, no tempo 24.

No sistema reprodutivo de peixes teleósteos, a hormônio l iberador da gonadatropina estimula a liberação do GTH armazenado na hipófise, que por sua vez induz a síntese e a liberação dos esteróides sexuais, dentre esses a testosterona, o 17α-hidroxiprogestetrona (17α-OH-p), sintetizado nas células espaciais da teca do folículo ovariano. Esse hormônio é transformado no 17α , 20β-dihidroprogesterona (17α, 20β diOH-p) nas granulosas sob a ação da enzima 20β-dihidroxiesteroideshidrogenase. Esse último hormônio constituiu-se em um dos MIS (maturational induced steroids) mais importantes no processo da ovulação em peixes teleósteos, pois também é co-responsável pela ocorrência de fase ‘GVBD’ (quebra da vesícula germinativa), que logo precede ação ovulatória.

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Influência do fotoperíodo natural na reprodução induzida do tambaqui... 209

Peixe 0 hs 12 hs 24 hs

♀ 0,08 33,69 25,49

♀ 0,06 55,11 23,61

♀ 0,05 51,06 21,19

♀ 0,03 45,57 12,72

Média 0,05a 45,57b 20,75c

Dp 0,02 8,06 4,88

Peixe 0 13 24

♀ 0,71 30,01 62,02

♀ 0,09 42,41 51,65

♀ 0,12 43,56 -------

Média 0,31a 38,66b 56,84c

dp 0,28 6,13 5,18

Tabela 3. Variação da progesterona (17α OH-P em ng/mL) de fêmeas pertencentes ao protocolo A, nos tempos 0, 12 e 24 horas após a primeira indução do LHRH.

Tabela 4. Variação da progesterona (17α OH-P em ng/mL) de fêmeas pertencentes ao protocolo B, nos tempos 0, 12 e 24 horas após a primeira indução do LHRH.

Obs. Nos dois peixes controles, não foi possível analisar a quantidade do hormônio ao longo do experimento, exceto no ‘tempo 0’, que foram 0,07a e 0,05a ng/mL. As letras mostram se existem diferenças estatísticas (α = 0,05).

Do experimento, exceto no ‘tempo 0’, que foram 0,05a e 0,07a ng/mL. As letras mostram se existem diferenças estatísticas (α = 0,05).

As Figuras 2 e 3 mostram a variação do hormônio 17α-hidroxiprogesterona plasmático nas fêmeas pertencentes aos protocolos A e B, linhas de tendência e os coeficientes de determinação (r2). Diferente do protocolo A, a variação do hormônio nas fêmeas do protocolo B foi sempre ascendente, o que provavelmente favoreceu o desencadeamento do processo ovulatório, após a inversão do fotoperíodo no momento da primeira injeção hormonal. Os resultados apontam para a existência de um “gatilho fotoperiódico” quando a ovulação o tambaqui é induzida com o decapeptídeo LHRH (gonadorrelina).

Nenhuma ovulação, portanto, foi observada nas fêmeas do protocolo fotoperiódico A. Como os testes nesse protocolo foram realizados logo no início do considerado período normal de desova do tambaqui na região, presume-se que, além do fotoperíodo, outros fatores, tais como, níveis basais de esteróides

Figura 2. Valores médios do 17α OH-progesterona plasmático nas fêmeas de tambaqui do protocolo A, antes e após a indução à ovulação com o LHRH (gonadorrelina).

Figura 3. Valores médios do 17α OH-progesterona plasmático nas fêmeas de tambaqui do protocolo B, antes e após a indução à ovulação com o LHRH (gonadorrelina).

sexuais antes da primeira indução hormonal tenham contribuído para esse resultado. Nota-se que no tempo ‘0’, os níveis do 17α OH-progesterona nas fêmeas do protocolo fotoperiódico A estavam mais baixos do que aqueles das fêmeas pertencentes ao protocolo B, no qual ocorreu a ovulação (Tabelas 3 e 4). Em carpa comum, Cyprinus carpio, existe um gatilho fotoperiódico que determinada o momento da ovulação (Santos et al, 1986) e assim como acontece em outros peixes teleósteos, a elevação dos níveis de GTH durante a ovulação parecer ser dependente dos níveis plasmáticos dos esteróides sexuais (Ainda et al, 1986). No tambaqui, pesquisas mais ampla são necessárias a fim de elucidar se a influência fotoperiódica está condicionada aos níveis plasmáticos de esteróides sexuais ou outro de fatores fisiológicos.

Variações de sGnRH (hormônio liberador da gonadatropina de salmão) foram temporariamente correlacionados com os níveis de GTH I (gonadatropina vitelogênica) e GTH II (gonadatropina maturacional)

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da pituitária e plasmática, seguidas por alterações fotoperiódicas da maturação gonadal (AMANO, 1994 e DAVIES et al, 1999). Estudos apontam para a influência da melatonina no processo da maturação gonadal de peixes teleósteos (BROMAGE, 2001). Similar às aves, a melatonina plasmática de peixes apresenta uma variação circadiana, pois é alta durante o dia e baixa durante a noite. Embora os recentes estudos apontem para uma influência da melatonina na maturação gonadal de peixes, a importante pergunta que ainda permanece é como os sistemas endógenos circadianos e circanual interagem com a função reprodutiva dos peixes, inclusive o tambaqui.

Vários relógios-biológicos genéticos têm sido identificados em muitos mamíferos. Contudo, o envolvimento desses genes no controle da função circadiana e circanual da melatonina ainda não é conhecido (BRIERLEY, et al. 1999 apud BROMAGE 2001).

CONCLUSÃOOs resultados obtidos apontam para uma

influência fotoperiódica no processo ovulatório do tambaqui, Colossoma macropomum quando induzido com o LHRH (gonadorrelina) e que o grau dessa influência pode estar condicionado a níveis plasmáticos de esteróides sexuais no inicio da indução hormonal.

AGRADECIMENTOSÀ Estação de Aqüicultura Continental ,

do Departamento de Pesca e Aqüicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco pelo apoio à realização do presente experimento e ao Departamento de Biofísica da Universidade Federal de Pernambuco, pelas análises hormonais.

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AVALIAÇÃO DE TÉCNICAS DE DEFUMAÇÃO PARA MEXILHÃO Perna perna: ANÁLISE SENSORIAL E RENDIMENTO

Maurício Gustavo Coelho EMERENCIANO 1, 2; Maria Luiza de Rodrigues de SOUZA 2;Nilson do Prado FRANCO 3

Artigo Científico: Recebido em: 11/09/2006; Aprovado em: 31/05/20071 Programa de Pós-graduação em Aqüicultura, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Centro de Aqüicultura - Via de Acesso

Prof. Paulo D. Castellane, s/n, CEP: 14884-900, Jaboticabal, SP, Brasil (Endereço atual) E-mail: [email protected] Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá, Av. Colombo, ��90, CEP: 8�020-900, Maringá, P�, BrasilColombo, ��90, CEP: 8�020-900, Maringá, P�, Brasil 3 Zootecnista

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar duas técnicas de defumação, a tradicional a quente e a que utiliza aroma natural de fumaça ou “fumaça líquida”, tendo como testemunha o cozimento a vapor de mexilhão Perna perna. Foram avaliadas as características sensoriais (aparência, cor, aroma, textura, sabor e teor de sal) e o rendimento do processamento. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três tratamentos (T1= defumado por fumaça líquida; T2 = defumação tradicional e T3 = controle, apenas cozido), com nove repetições. Para a análise sensorial foram utilizados 30 consumidores, onde cada um foi considerado um bloco. Houve diferença significativa para o rendimento do processamento entre os tratamentos (P<0,05), entretanto não houve diferença significativa independente da técnica de defumação aplicada. Contudo, a técnica de defumação utilizando aroma natural de fumaça se mostrou mais atrativa, apresentando melhores resultados quanto às características sensoriais e do produto final embalado para comercialização.Palavras-chave: mexilhões, defumação, fumaça líquida, rendimento, Perna perna, características sensoriais

EVALUATION OF SMOKING TECHNIQUES FOR Perna perna MUSSELS: SENSORIAL ANALYSIS AND YIELD

ABSTRACT

The objective of the present work was evaluate two techniques of smoking, the hot traditional and with use of smoke natural aroma or “liquid smoke”, having as control Perna perna mussels vapor cooked. Sensorial characteristics were appraised (appearance, color, aroma, texture, flavor and salt tenor) and yield processing. The experimental design was completely randomized with three treatments (T1 = smoked with liquid smoke; T2 = traditional smoked and T3 = just cooked, control), with nine repetitions. For sensorial analysis 30 people were used, where each one was considered a block. There was significant difference for processing performance among treatments (P<0.05), however there was not significant difference independent of smoked technique applied. Nevertheless, smoking technique using smoke natural aroma was more attractive, presenting better results with relationship to sensorial characteristics and final product packaged for commercialization. Key-words: mussels, smoking, liquid smoke, yield, Perna perna, sensorial characteristics

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INTRODUÇÃOA mitilicultura ou cultivo de mexilhões foi inicial-

mente proposta como uma opção complementar da renda das comunidades de pescadores artesanais. Hoje, tornou-se a principal fonte para a maioria desses produtores, os quais gradativamente passa-ram de pescadores a pequenos empresários, haja vista, a pesca extrativa artesanal, estar com sua produção estagnada há vários anos.

A capacidade de armazenagem e estocagem dos produtos da maricultura ainda é muito limitada, pois apenas uma parcela muito pequena da produção tem sido beneficiada. A tendência é de crescimento com o desenvolvimento de processos de beneficiamento eficientes que garantam a qualidade que o mercado exige.

Os pescados em geral, são produtos altamente perecíveis devido à elevada atividade de água, composição química, teores de gorduras instauradas facilmente oxidáveis e, principalmente ao pH próximo da neutralidade. Devido às características intrínsecas, os processos de conservação do pescado in natura e de transformações tecnológicas ganham importância especial (SOUZA, 2003).

No Brasil, a exploração e o uso dos recursos pesqueiros não alcançam os benefícios nutricionais e econômicos que deles se espera. Uma alternativa para melhorar os níveis nutricionais da população é propiciar o consumo de produtos curados, principalmente devido ao baixo custo de produção (GONÇALVES e PRENTICE-HERNÁNDEZ, 1998).

Segundo SOUZA (2003), a defumação do pescado é um método tradicional e têm como finalidade proporcionar ao produto características sensoriais desejáveis, como textura, aroma, entre outros. Com o processo ocorre a redução da atividade de água através da desidratação e alteração do pH, pela ação dos compostos da fumaça, evitando assim, a ação microbiológica com conseqüente aumento da vida útil do produto para consumo. Segundo este mesmo autor, quando realizada de maneira convencional, a defumação tem como finalidade estender a vida útil do produto, devido aos efeitos combinados da salga, cocção, secagem e deposição de substâncias químicas bactericidas presentes na fumaça, como fenóis, aldeídos e ácidos orgânicos.

Desta forma, a defumação aplicada a espécies de menor valor pode aumentar sua qualidade, contribuindo na dieta o consumidor, dando-lhe proteína de baixo custo e incentivando o consumo do

pescado, além de proporcionar uma nova alternativa de sabor, cor, aroma e textura agradável ao pescado (MÖHLER, 1980; WARD, 1995; WEINACKER e BITTNER, 1990). Para espécies de alto valor nutritivo ou comercial a importância seria principalmente quanto a agregar valor ao produto, sendo uma forma a mais de incrementar um sabor, aroma, cor e textura diferenciada em relação ao produto original, bem como o valor econômico.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar duas técnicas de apresentação de um produto defumado: a tradicional, a quente, e a que utiliza aroma natural de fumaça (denominada de “fumaça líquida”), tendo como testemunha o cozimento a vapor de mexilhões Perna perna.

MATERIAL E MÉTODOS

Animais experimentaisO experimento foi realizado na Estação Experi-

mental de Piscicultura, do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá.

Foram utilizados exemplares de mexilhões Perna perna com tamanho médio de concha de 9 cm, oriundos de uma fazenda marinha da cidade de Palhoça – SC.

Procedimento experimentalOs moluscos foram submetidos a uma lavagem

prévia para retirar impurezas, assegurando a qualidade dos mesmos. Os mexilhões foram pesados, embalados em sacos de tule (cinco exemplares por embalagem) e identificados com placas metálicas de inox, para posterior cozimento a vapor. O cozimento foi por 20 minutos (panelas e fogão industrial, aproximadamente 150º C) para os mesmos serem desconchados e pesados. A seguir os exemplares foram embalados novamente em sacos de tule, salmourados a 20% por 10 minutos e distribuídos aleatoriamente entre os tratamentos. Os mexilhões que foram testemunhas foram retirados dos sacos de tule, pesados e acondicionados com óleo de girassol em frascos de vidro (Figura 1).

O combustível utilizado para produzir a fumaça na defumação tradicional foi serragem de eucalipto rosa (Eucalyptus globulus Labill.) e, para manutenção da temperatura, o gás de cozinha comum (gás liquefeito de petróleo – GLP). Já o aroma natural de fumaça foi proveniente da empresa Duas Rodas Industrial S/A, Jaraguá do Sul – SC, adquirida na forma concentrada. Os moluscos foram defumados

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Avaliação de técnicas de defumação para mexilhão Perna perna... 215

em defumador artesanal de inox com geração de fumaça fora da câmara de defumação.

Para a defumação tradicional a quente, os mexi-lhões embalados em sacos de tule, após a salmouragem, foram dispostos nas bandejas de tela metálica dentro

Figura 1. Fluxograma do processo de defumação utilizado para processamento dos mexilhões

da câmara de defumação, para uma prévia drenagem e secagem por um período de 75 minutos a 60 ºC. Transcorridos esse período foram defumados com fumaça densa por 90 minutos com uma variação de temperatura de 60 a 80ºC (Figura 1).

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O produto defumado foi submetido a limpeza a seco, para remover fuligens aderidas à superfície, nova pesagem e acondicionados em vidros contendo óleo comestível de boa qualidade (girassol).

As amostras para análise sensorial foram estocadas sob refrigeração (5 ºC) até o momento da análise, realizada 24 horas após o término do processo de defumação.

Para a técnica de defumação com fumaça líquida os mexilhões após a salmouragem foram imersos em fumaça líquida (diluição 4:1, ou seja, para cada quatro partes de água, uma de fumaça líquida), por aproximadamente 10 segundos. Após, os moluscos foram dispostos em bandejas de tela metálica dentro do defumador de inox (sem uso de fumaça natural), para desidratação por um período de 75 minutos a 60ºC. Decorrido o período foram novamente pesados para avaliação de rendimento e acondicionados em óleo de girassol em frascos de vidro (200ml), para análise da forma de apresentação do produto para comercialização.

O rendimento foi calculado em relação ao peso inicial total da amostra in natura, pós-cozimento e pós-defumação e a partir deste, foram analisados as variáveis de rendimento através das perdas ocorridas no processo.

Amostras de mexilhões Perna perna foram avaliadas sensorialmente por uma equipe de 30 consumidores (não treinados), cerca de 24 horas após a defumação. As amostras pesando em média 5 gramas foram embaladas em papel alumínio e oferecidas aos consumidores.

Os consumidores receberam de maneira aleatória as amostras, já drenadas do óleo e recém retiradas do refrigerador (mantidas em caixas de isopor e gelo), em pratos codificados com números também aleatórios e uma ficha para análise sensorial. Os consumidores receberam o mínimo necessário de informações, a fim de evitar respostas induzidas no formulário. Além da degustação dos mexilhões, também foi realizada uma análise visual, em relação à apresentação na embalagem de vidro. Os mexilhões foram mantidos em frascos de vidro transparente. Foram avaliadas as características sensoriais (aparência, cor, aroma, textura, sabor e teor de sal, além da aceitação geral do produto. Para tanto, foi utilizada uma ficha com escala hedônica de 9 pontos com os extremos 1 (desgostei muitíssimo) e 9 (gostei muitíssimo) (MORAES, 1993; STONE e SIDEL, 1993; DUTCOSKY, 1996). Os dados dos resultados das características

sensoriais das amostras foram transformados de acordo com a fórmula : √ (x + 0,5), para tabulação no programa estatístico e normalização dos dados.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em três tratamentos (T1 = defumação com fumaça líquida; T2 = defumação tradicional a quente; T3 = controle, cozido no vapor), com nove repetições. A unidade experimental foi considerada a embalagem de tule contendo os cinco exemplares de mexilhões.

Para a análise sensorial foram utilizados 30 repetições, no delineamento em blocos casualizados, onde cada consumidor foi considerado um bloco.

Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA – uma via), levando em consideração as premissas e, se detectadas diferenças significativas (P<0,05), foi aplicado o teste de Tukey (BANZATTO e KRONKA, 1995).

RESULTADOS E DISCUSSÃONo presente trabalho não foram observado efeitos

(P>0,05) nos pesos das amostras depois de cozidas, depois de processadas, bem como nos rendimentos cozidos e entre as técnicas de defumação T1 e T2 (líquida e tradicional, respectivamente). No entanto, quando analisado o rendimento processado, as amostras que foram somente cozidas (T3), foram observadas diferenças significativas (P<0,05) conforme a Tabela 1, com rendimento bem maior que as demais.

Em relação ao peso das amostras in natura (incrustações + concha + parte comestível), as mesmas apresentaram diferenças entre si, sendo que T3 apresentou o menor peso. Apesar das amostras terem sido selecionadas aleatoriamente, esse fato ocorreu possivelmente devido às diferenças de peso, nível de incrustação das conchas (SEED, 1969), tamanho de conchas (PILAR, 1979), entre as amostras. No entanto, quando foram analisados os pesos das amostras cozidas e processadas, as mesmas não diferiram entre si.

A variação sazonal da taxa de crescimento de moluscos cultivados em países de clima temperado e sub-tropical têm sido observados por DARE e DAVIES (1975), PILAR (1979), HICKMAN (1979), entre outros. Segundo PEREZ e ROMAN (1979) e PILAR (1979), a influência da temperatura é um fator determinante e bem conhecido no crescimento desses animais, sendo esta influência um possível indício na variação dos pesos in natura.

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Tabela 1. Valores médios para peso e rendimento dos mariscos Perna perna nos diferentes parâmetros analisados

ParâmetrosT1 T2 T3

Teste F CV (%)1Defumação Líquida

Defumação Tradicional

Cozimento Controle

Peso in natura 285,05A (2) 257,60A 214,35B 9,71* 14,33

Peso Cozido e desconchado 56,95A 53,85A 46,40A 1,74NS 24,83

Peso Processado 39,10A 34,80A 46,40A 3,09NS 26,32

Rendimento Cozido 19,99A 20,78A 21,34A 0,47NS 15,11

Rendimento do Processamento 13,72B 13,40B 21,34A 32,35* 15,46

Rendimento do Defumado 13,72A 13,40A - 0,09NS 17,76(1) Coeficiente de Variação(2) Médias na mesma linha, com a mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05). NS – não significativo (P>0,05) * - significativo (P<0,05)

No Brasil, MAGALHÃES (1983) observou os parâmetros de crescimento, entretanto, os experi-mentos não representaram com fidelidade às condições efetivas de cultivos, pois as mesmas foram realizadas em estruturas alternativas. Assim, problemas na ordem da variação da taxa de cresci-mento persistem em países de clima tropical (MARQUES et al., 1998). Por outro lado, o rendimento desses moluscos desconchados é um parâmetro extremamente interessante para avaliar a viabilidade econômica em sistemas de cultivos (DARE e DAVIES, 1975).

Apesar do foco principal desse trabalho estar relacionado ao produto final que chegará ao consumidor e aos rendimentos das técnicas de defumação, torna-se difícil uma padronização da parte comestível, devido aos fatores citados acima.

Com o processo de defumação independente do método aplicado, observa-se na Tabela 1 que houve uma redução do peso dos mexilhões de 56,95g para 39,10g e 53,85g para 34,80g, respectivamente para os mexilhões submetidos à defumação líquida (T1) e tradicional (T2).

Houve diferença significativa para o rendimento do processamento dos três tipos de produtos (T1= defumado por fumaça líquida; T2 = Defumado por método tradicional e T3 = testemunha, apenas cozido). Não houve diferença significativa entre os mexilhões defumados independente da técnica aplicada (T1 = 13,72% e T2 = 13,40%), todavia, estes diferiram da testemunha (T3 = 21,34%), ou seja, dos submetidos ao cozimento. Os mexilhões defumados pelo método T1 e T2 perderam peso durante o processo de defumação, devido à desidratação ocorrida com a elevação da temperatura e tempo

de exposição às mesmas. Portanto, se for analisar o aspecto de rendimento do mexilhão processado pela técnica de defumação, independe a técnica aplicada. Portanto, torna-se importante, verificar a aceitação dos produtos quanto a defumar ou consumir pelo método mais convencional que é o cozimento ao vapor, ou qual o mais aceito dentre os defumados.

Em relação à análise sensorial, foi observada diferença significativa (P<0,05) entre os tratamentos para todos os aspectos visuais do produto envasado em frascos de vidro (aparência, cor e aceitação geral), bem como, o aspecto sensorial das amostras embaladas em papel alumínio fornecido aos consumidores (aroma, textura, sabor, teor de sal e aceitação geral) (Figuras 2 e 3).

Quanto ao produto embalado em vidro, que mostra uma forma em que poderiam ser comercializado esses mexilhões, houve diferença significativa para a aparência, cor e aceitação geral do produto. Os mexilhões defumados pela técnica T1 (defumação por fumaça líquida) apresentaram maiores notas para a aparência e cor. Entretanto, em relação à aceitação geral, os consumidores preferiram o mexilhão defumado independente da técnica de defumação aplicada, em relação ao controle onde os mexilhões foram somente cozidos (Figura 2).

Quando avaliadas as características sensoriais do produto relacionados ao aroma, textura, sabor, teor de sal e aceitação geral do produto, os mexilhões cozidos receberam as menores notas para todas as características analisadas. Dessa forma, observa-se na Figura 3 que os mexilhões defumados foram melhor aceitos em relação ao cozido. Todavia, comparando as duas técnicas de defumação, a que apresentou maiores notas para as características sensoriais foi à defumação líquida, exceto para a cor do produto, onde não se apresentou diferença significativa

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entre as duas técnicas aplicadas. Observando este resultado, pensa-se que se os mexilhões fossem submetidos à defumação, por um período superior, melhorasse a coloração do produto. No entanto, outros aspectos poderiam ser alterados como peso,

Figura 3. Valores médios das notas atribuídas pelos consumidores às características sensoriais dos mexilhões Perna perna processados. Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P> 0,05), sendo T1 = defumação com fumaça líquida; T2 = defumação tradicional a quente; T3 = testemunha, cozido no vapor.

rendimento, aroma, textura, sabor, e teor de sal. Não houve diferença (P>0,05) para o teor de sal entre o T2 (defumação tradicional) e T3 (cozidos, testemunha). Todavia, estes diferiram do T1 (defumação líquida).

Figura 2. Valores médios das notas atribuídas pelos consumidores às características sensoriais visuais dos mexilhões Perna perna processados. Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P> 0,05), sendo T1 = defumação com fumaça líquida; T2 = defumação tradicional a quente; T3 = testemunha, cozido no vapor.

CONCLUSÕESDe acordo com a metodologia aplicada, os mexi-

lhões aromatizados com fumaça líquida são produtos mais interessantes para a comercialização quando comparados à técnica de defumação tradicional a quente, não diferindo entre si no rendimento do processo, mas apresentando melhor aceitação no aspecto sensorial. Assim, através da defumação é possível agregar maior valor ao produto, além de

incrementar as suas qualidades sensoriais como apresentadas neste estudo.

AGRADECIMENTOSOs autores agradecem ao Departamento de

Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá e a Nonô Maricultura - Palhoça-SC, pelo forne-cimento dos animais e pelo apoio indiscutível à pesquisa.

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AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS CORPORAIS, DO RENDIMENTO DE CORTES E COMPOSIÇÃO CENTESIMAL DA CARNE DO

ARMADO (Pterodoras granulosus)

RESUMO

Foram avaliadas as características morfométricas corporais, o rendimento de cortes e a composição centesimal da carne do armado (Pterodoras granulosus), capturados no reservatório de Itaipú. Utilizou-se 81 exemplares, distribuídos em um delineamento experimental inteiramente casualizado, composto por três tratamentos e 27 repetições. Considerou-se como unidade experimental o peixe inteiro. Os tratamentos foram constituídos pelos animais apresentando-se dentro das classes de peso: menores que 550g, entre 551 e 1000g e acima de 1001g. Avaliaram-se as relações morfométricas de comprimento da cabeça/comprimento padrão (CC/CP), comprimento da cabeça/altura da cabeça (CC/AC), comprimento padrão/comprimento total (CP/CT), largura do tronco/comprimento do tronco (LTR/CTR), largura do tronco/altura do tronco (LTR/ATR) e altura do tronco/comprimento do tronco (ATR/CTR); e em seguida os rendimentos dos cortes da carne de tronco limpo (TL), filé (FL), musculatura abdominal (MA) e, dos resíduos como cabeça (CAB), vísceras (VISC), gordura visceral (GVISC) pele e nadadeiras (PENAD). Para a realização das analises da composição centesimal utilizaram-se 15 exemplares distribuídos de forma idêntica à anterior, contudo apresentando apenas cinco repetições. Foram avaliados os parâmetros de umidade (UM), resíduo mineral fixo (MM), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), dos cortes FL e MA. Os dados foram avaliados por análise de variância e teste de comparação de médias de Duncan. Verificou-se efeito (P<0,05) para as variáveis CP/CT, MA, VISC e PB do FL, com maiores resultados para a classe de peso acima de 1001g. Conclui-se que exemplares acima de 1001g apresentam maior rendimento relacionado com a parte comestível. Palavras-chave: Pterodoras granulosus, processamento do pescado, rendimento de carcaça, composição centesimal

EVALUATION OF BODY MORPHOMETRIC CHARACTERISTICS, CUTS YIELDING AND CENTESIMAL COMPOSITION OF ARMADO’S MEAT (Pterodoras granulosus)

ABSTRACT

Were evaluate the body morphometric characteristics, the meat cuts yielding and centesimal composition of armado’s meat (Pterodoras granulosus), catching in the Itaipú reservoir. One used 81 animals, distributed in a random experimental desing, composed for three treatments and 27 replication. One fish was considered itself as an experimental unit. The treatments had been constituted by the animals inside of tree body size classrooms: below of 550g, between 551 and 1000g and above of 1001g. Initially the morphometrics relationship of head length/standard length (HL/SL), head length/head height (HL/HH), standard length/total length (SL/TL), body width/body length (BW/BL), body width/body height (BW/BH) and body height/body length (BH/BL) were evaluated; and after that the meat cuts yielding of body clean (BC), fillet (FL),

Artigo Científico: Recebido em: 11/10/2006; Aprovado em: 16/08/20071 Engenheiro de Pesca. Professor Assistente do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: [email protected] - Rua da Faculdade, 645, Jardim La Salle, CEP 85903-000, Toledo – PR. 2 Acadêmico do Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. E-mail: [email protected] - Linha São Valentin, s/n, CEP 85900-000, Toledo-PR.

Robie Allan BOMBARDELLI`1 e Eduardo Antônio SANCHES 2

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abdominal muscle (AM) and the by-products as head (H), viscera (VISC), visceral fat (GVISC) and skin and fins (SKF). To the meat centesimal composition analyzes were used 15 animals distributed as the previous one, however presenting only five replications. The parameters analyzed were the humidity (UM), ash (MM), crude protein (CB) and fat (EE), from meat cuts FL and AM. The gotten data had been submitted to the ANOVA, and applied the Duncan’s mean test. Were verified effects (P<0,05) to CP/CT, AM, VISC and CB from FL, with greater result to animals with body size above 1001 g. One concludes that animal above 1001g presented greater portion of the edible part. Key words: Pterodoras granulosus, fish processing, carcass yielding, centesimal composition

INTRODUÇÃO O processamento do pescado é um procedimento

de fundamental importância para o setor produtivo quando se trata de uma espécie de significativa importância econômica, onde seu produto pode ser comercializado nas formas in natura ou industrializado (OGAWA e MAIA, 1999). Segundo estes autores, entende-se no primeiro caso, que o pescado seja recém capturado e adquirido pelo consumidor ainda em seu estado cru. No segundo caso, entende-se que o pescado sofre um processo mais elaborado de manuseio e preservação, tais como: (a) preparação de filé de peixe com ou sem pele, peixe em postas, peixe eviscerado, e outros, seguidos pelo congelamento à -18 oC e estocagem por longos períodos até a comercialização; (b) salga, defumação, embutido, enlatados, fermentados e farinhas.

A comercialização de peixes processados fica limitada às formas mais simples e menos elaboradas de transformação (OSTRENSKY et al., 2000) como peixes inteiros e/ou apenas eviscerados, quando se trata de espécie nativas (CARACIOLO et al., 2001), ou então na forma de filés frescos ou congelados, especialmente no caso da tilápia (KUBITZA, 2000).

A forma de apresentação dos peixes nativos brasileiros para a comercialização limita o consumo principalmente devido à falta de praticidade e de padronização do produto (BOMBARDELLI et al., 2005). Além disso, problemas sanitários e tecnológicos (GAGLEAZZI et al., 2002), podem justificar o cenário de reduzido consumo de pescado em nível nacional.

O setor produtivo pesqueiro poderá competir com outros segmentos industriais produtores de carne, a partir do momento em que sejam solucionados os diversos problemas relacionados com o processamento, comercialização (MARCHI, 1997) e gestão de qualidade de produtos de valor agregado (BORGHETTI et al., 2003).

Além disso, se o produto tiver boa apresentação (cortes adequados) e embalagem de qualidade,

facilmente são desenvolvidas estratégias de “marketing”, onde inquestionavelmente a procura por um alimento de qualidade e de fácil preparo torna-se uma das maiores estratégias para as indústrias de alimentos (SOUZA, 2002).

A pesca no Reservatório de Itaipú apresenta uma significativa importância para aproximadamente 1.850 pessoas da região que sobrevivem dela (SANTOS, 2005) e também para o setor extrativista, pois atua sobre 60 espécies de peixes desta região (MIRANDA et al., 2000). Dentre as espécies capturadas, o armado (Pterodoras granulosus) apresenta-se como uma das espécies com maior incidência de captura neste reservatório (GOMES et al., 2002). É uma espécie onívora com tendência a herbivoría, sendo, portanto, na maioria das vezes, capturada por espinhéis, utilizando como iscas vegetais e pequenos peixes (HAHN et al., 1992).

Apesar de seu potencial produtivo e econômico no Reservatório de Itaipu, o Pterodoras granulosus é comercializado unicamente na forma de cortes chamados de tronco limpo (animal eviscerado, descabeçado, sem pele e nadadeiras), o que limita a sua aceitação pelo mercado consumidor.

O desenvolvimento de métodos ou técnicas de processamento da carne de peixes dependem de fatores espécie-específicos tais como o tamanho e peso coporal, idade, sexo, a forma anatômica do corpo, tamanho da cabeça e peso das vísceras, pele e nadadeiras (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994). O conhecimento das relações morfométricas do corpo do peixe podem sugerir as formas de obtenção dos cortes da carne, quando estes apresentarem correlação (GOMIERO et al., 2003).

A composição química da carne do pescado também é um fator de importância no processamento, no que se refere à padronização dos produtos, pois tais informações fornecerão subsídios para tomadas de decisões de caráter dietário, e acompanhamento dos processos industriais e escolha de equipamentos (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994).

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Assim, o estabelecimento de categorias ideais de abate, os rendimentos e a composição centesimal da carne do pescado, sob suas diferentes formas de apresentação, são de grande importância para as unidades de beneficiamento do pescado (MACEDO-VIEGAS et al., 2002) e para os pescadores. Isto pode ser aplicado ao armado, visto que, a exemplo da tilápia, as classes de tamanho podem influenciar nos rendimentos e conformação dos cortes da carne, como comprimento, largura e área dos filés (SOUZA et al., 2005).

Este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar as características morfométricas corporais, o rendimento de diferentes cortes e a composição centesimal da carne do armado (Pterodoras granulosus) capturado no Reservatório de Itaipu.

MATERIAL E MÉTODOSO trabalho foi realizado inicialmente com a

captura de 81 exemplares de armado (Pterodoras granulosus) provenientes do Reservatório de Itaipu, no município de Pato Bragado-PR, os quais foram submetidos às análises das características morfo-métricas, de rendimento de carcaça e de cortes de sua carne, sem distinção de sexo. Em seguida realizou-se a determinação da composição centesimal dos cortes da carne destes peixes. As análises foram realizadas no laboratório de Tecnologia do Pescado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Toledo - Paraná.

Após a coleta, os 81 animais foram insensibiliza-dos a partir de choque térmico e mantidos imersos em gelo, durante o transporte até o local do processa-mento. Foi utilizado um delineamento experimental, inteiramente casualizado, com três tratamentos e 27 repetições cada, sendo considerado como uma uni-dade experimental um peixe inteiro. Os tratamentos foram constituídos pelos peixes apresentando-se dentro das classes de peso: inferiores ou equivalentes a 550g, entre 551 e 1000g e acima de 1001g.

Utilizando um ictiômetro, foram mensurados os parâmetros morfométricos para a determinação das relações: comprimento da cabeça/comprimento padrão (CC/CP), comprimento da cabeça/altura da cabeça (CC/AC), comprimento padrão/comprimento total (CP/CT), largura do tronco/comprimento do tronco (LTR/CTR), largura do tronco/altura do tronco (LTR/ATR) e altura do tronco/comprimento do tronco (ATR/CTR) segundo HURLBLT e CLAY (1998).

Em seguida os peixes foram pesados e eviscerados em função dos tratamentos. Este procedimento foi utilizado para a avaliação dos rendimentos percen-tuais de tronco limpo (TL – animal sem cabeça, pele, musculatura abdominal, vísceras e nadadeiras), de filé (FL), da musculatura abdominal (MA) e percen-tual de resíduos (BEUX et al., 2001; BOSCOLO et al., 2001; OLIVEIRA et al., 2001), os quais foram com-postos pela cabeça (CAB), vísceras (VISC), gordura visceral (GVISC) e pele e nadadeiras (PNAD).

Na determinação da composição centesimal, foram utilizados os cortes da carne filé e musculatura abdominal de 15 peixes, distribuídos em um delineamento idêntico ao anterior, contudo, composto por cinco repetições. Neste caso, foi considerado como uma unidade experimental músculos provenientes de cada corte específico.

Para estas análises, os dois filés de cada peixe e a musculatura abdominal foram triturados e homo-geneizados separadamente por corte e, congelados para a posterior realização das análises de umidade (UM), resíduo mineral fixo (MM), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) segundo SILVA e QUEIROZ ( 2002).

Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância a um nível de significância de 5 % e, em caso de evidência de diferença significativa, foi aplicado o teste de comparação múltipla de médias de Duncan. O Software utilizado para as análises estatísticas foi o SAEG (Sistemas de Análises Estatísticas e Genéticas) (UFV, 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃOOs resultados das relações morfométricas não

apresentaram diferença (P>0,05) significativa entre os tratamentos (Tabela 1), exceto para a relação CP/CT (P<0,05), onde os maiores resultados foram verificados para os tratamentos correspondentes às classes de peso acima de 1001g. Estes resultados mostram que os tratamentos influenciaram apenas na proporção da parte comestível dos peixes, indicando uma menor proporção de nadadeira caudal para animais maiores.

Importante ainda é ressaltar a inexistência de efeito (P>0,05) das classes de peso da espécie em estudo sobre as demais relações morfométricas (Tabela 1), em especial as relações LTR/CTR, LTR/ATR e ATR/CTR. Isto porque estas razões apresentam relação direta com a conformação dos cortes que utilizam a musculatura dorso lateral dos

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peixes, como o filé nas tilápias (BOSCOLO et al., 2001) ou no jundiá (CARNEIRO et al., 2003). Outra relação importante é CC/AC, a qual relaciona o tamanho da cabeça do peixe e, considerando que a cabeça não é aproveitada como porção comestível, elevadas proporções desta parte podem levar às

VariáveisClasses de peso (g)

P C.V. (%)<550 551-1000 >1001

CC/CP 0,37 0,36 0,35 0,06 ns 12,14

CC/AC 1,93 1,89 1,80 0,07 ns 17,27

CP/CT 0,82b 0,85ab 0,87a 0,02* 5,00

LTR/CTR 0,35 0,35 0,33 0,07 ns 16,24

LTR/ATR 0,90 0,89 0,88 0,06 ns 12,16

ATR/CTR 0,39 0,40 0,37 0,07 ns 16,99

Tabela 1. Relações morfométricas do armado (Pterodoras granulosus), capturado no Reservatório de Itaipu, em diferentes classes de peso

Tabela 2. Rendimento (%) dos cortes da carne e de resíduos do processamento do armado (Pterodoras granulosus) capturado no Reservatório de Itaipu, em diferentes classes de peso

Variáveis (%)Classes de peso (g)

P C.V. (%)<550 551-1000 >1001

Cortes da carneTronco limpo 33,51 33,16 32,01 0,08 11,84ns

Filé de peixe 29,30 28,64 28,48 0,08 8,98ns

Musculatura Abdominal 7,97b 8,53ab 9,29a 0,05 22,39*Resíduos

Cabeça 29,60 28,58 32,91 0,12 83,17ns

Vísceras 16,12b 17,74ab 19,03a 0,05 22,01*

Gordura Visceral 1,71 2,24 2,39 0,23 92,65ns

Pele e Nadadeiras 10,68 9,83 9,95 0,09 15,56ns

*Dados apresentando diferença significativa (P<0,05). nsDados não significativos (P>0,05). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Duncan

perdas de rendimento (OLIVEIRA et al., 2001; FARIA et al., 2003).

Os resultados de rendimento de TL e FL não apresentaram diferença entre os tratamentos (P>0,05), e os valores médios variaram de 32,01 a 33,51 % e 28,48 a 29,30% (Tabela 2), respectivamente.

*Dados apresentando diferença significativa (P<0,05). nsDados não significativos (P>0,05). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Duncan. CC/CP (comprimento da cabeça/comprimento padrão), CC/AC (comprimento da cabeça/altura da cabeça), CP/CT (comprimento padrão/comprimento total), LTR/CTR (largura do tronco/comprimento do tronco), LTR/ATR (largura do tronco/altura do tronco), ATR/CTR (altura do tronco/comprimento do tronco)

O rendimento de TL apresenta variações entre as espécies, principalmente devido à morfologia corporal dos animais. Isto pode ser verificado pelos rendimentos de TL em peixes fusiformes, que apresentam altos rendimentos (>54%) devido à massa muscular cilíndrica, enquanto que outras

espécies de peixes apresentam menores rendimentos (<42%) (CONTRARES-GUSMÁN, 1994).

Isto pode ser confirmado quando são comparados os resultados de rendimento de TL obtidos no presente trabalho com outros autores. OLIVEIRA et al. (2001) ao estudarem os rendimentos do piavuçú

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(Leporinus macrocephalus) e do curimbatá (Prochilodus lineatus) verificaram rendimentos de TL de 58,69 e 61,07%, respectivamente. Da mesma forma MATTOS et al. (2004) observaram rendimentos de TL entre 52,24 e 58,73% para o pacu (Piaractus mesopotamicus). Por outro lado, outros autores ao estudarem espécies de peixes como o jundiá (Rhamdia quelen) verificaram rendimentos de TL entre 45,61 a 50% (CARNEIRO et al., 2003).

O conhecimento do rendimento TL apresenta grande importância para o processamento do pescado, visto que este parâmetro permite comparar as espécies, avaliar fatores críticos e visualizar o seu potencial para a industrialização (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994). Além disso, segundo o mesmo autor, o elevado rendimento da parte comestivel do pescado (TL) como do pacu, piavuçú, curimbatá e outros peixes, é devido à reduzida proporção de cabeça. Esta afirmação justifica os reduzidos rendimentos de TL do armado em comparação com outras espécies, pois apresenta como característica a presença de grandes proporções de cabeça (28,58 a 32,91%) (Tabela 2) em comparação com outras espécies como a tilápia (13,13 a 14,29%) (SOUZA e MARANHÃO, 2001). Esta afirmação pode ser corroborada pelos resultados de FARIA et al. (2003), onde estudaram os rendimentos da tilápia do Nilo e do pacú e verificaram que o pacú, por apresentar menor cabeça, apresentou maior rendimento de carcaça e especialmente de filé.

O rendimento FL verificado no presente experimento está abaixo dos valores determinados para o pacú (Piaractus mesopotamicus) que variam de 51,60% para o filé com pele a 46,73% para o filé sem pele (FARIA et al., 2003), dependendo do método de filetagem. Isto também é verificado para os resultados normalmente determinados em outras espécies como a tilápia do Nilo (Oreohromis niloticus), que variam de 31, 98 a 37,34% (SOUZA et al., 1999) ou de 33,66 a 36,58% (SOUZA, 2002), dependendo do método de filetagem. Para os bagres como o bagre africano (Clarias gariepinus), os surubins (Pseudoplatistoma corruscans e Pseudoplatistoma fasciatus) e o jundiá cinza (Rhamdia quelen), estes valores podem variar de 38,90 a 46,70% (HOFFMAN et al., 1993), de 47,00 a 50,00% (KUBITZA et al., 1998) e de 29,22 a 34,74% (CARNEIRO et al., 2003), respectivamente. Esta variação interespecífica quanto ao rendimento de filé é comum e pode chegar a índices de variação entre 20,00 e 40,00% (CONTRERAS-GUZMÁN, 1994).

O corte MA apresentou efeito (P<0,05) entre as classes de peso quanto ao rendimento e seus resultados variaram de 7,97 a 9,29%, com melhor resultado para a classe de peso acima de 1001g (Tabela 2). Resultados de rendimento da musculatura abdominal semelhantes aos do presente trabalho foram determinados por CARNEIRO et al. (2003) em Jundiá (Rhamdia quelen). Os resultados destes autores apresentaram uma variação de 9,34 a 11,22%, contudo não sofreram influencia da classe de tamanho do animal.

A m u s c u l a t u r a , t a m b é m c h a m a d a d e “barriguinha”, vem sendo desperdiçada pela maioria das unidades de processamento de peixes. Apesar de seu reduzido valor comercial, em relação ao filé (CARNEIRO et al., 2003), o seu aproveitamento pode representar um aumento no rendimento total das porções comestíveis. Na tilápia, por exemplo, o rendimento desta porção pode variar de 1,23 a 2,02% (SOUZA, 2002) a até 3,51% (SOUZA e MARANHÃO, 2001), dependendo do método de filetagem.

O armado, por ser um peixe de couro, apresenta rendimentos superiores de MA que outros peixes como as tilápias. Isto pode justificar os reduzidos rendimentos de FL, uma vez que a proporção de MA no rendimento de carcaça do peixe pode influenciar de forma inversamente proporcional ao rendimento de FL (CARNEIRO et al., 2003).

As médias dos rendimentos das diferentes porções de resíduo estão expressas na Tabela 2. Os percentuais de resíduos não apresentaram efeito (P>0,05) entre os tratamentos, exceto para VISC (P<0,05), onde seus resultados variaram de 16,12 a 19,03%, com maiores resultados para a classe de peso acima de 1001g. O efeito dos tratamentos sobre VISC pode ser atribuído à presença das gônadas, em diferentes estágios de maturação (CARNEIRO et al., 2003) e o grau de repleção alimentar.

Os resultados de composição centesimal apre-sentaram efeito (P<0,05) entre os tratamentos apenas para a PB do FL, não sendo evidenciado efeito (P>0,05) para as demais variáveis estudadas (Tabela 3).

Os resultados de proteína bruta do filé de armado variaram de 13,75 a 15,50%, com maior percentual em peixes acima de 1001g. Valores de PB do FL semelhantes aos do presente trabalho foram determinados por DIETERICH (2003), ao analisar a polpa obtida da carne desta mesma espécie de peixe, apresentando 14,51%.

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Valores médios de PB superiores aos do presente trabalho, foram encontrados em filés de outras espécies de peixes, como para a matrinxã (Brycon cephalus) (MACEDO-VIEGAS et al., 2000), a traíra (Hoplias malabaricus) (SALES e SALES, 1990), a tilápia nilótica (Oreochoromis niloticus) (VISENTAINER et al., 2003), o jundiá (Rhamdia quelen) (LAZZARI et al., 2006) e a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) (MACEDO-VIEGAS et al., 2002), com valores percentuais de 18,70%; 21,50%; 18,40%; 17,40% e 19,05% de PB respectivamente. Considerando-se o teor de PB do filé, em comparação com outras espécies de peixe, o filé do armado apresenta-se com qualidade inferior, contudo, com valor nutricional adequado para alimentos protéicos de origem animal (PEREIRA, 2003), comparável aos níveis do ovo, de outras carnes e leite (GONÇALVEZ e PASSOS, 2003).

As demais variáveis da composição centesimal analisadas do FL, não apresentaram efeito (P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 3), contudo, seus valores estão dentro dos recomendados por OGAWA e MAIA (1999).

Os resultados de composição centesimal da MA não foram influenciados (P>0,05) pelos tratamentos (Tabela 3). Apesar de a MA apresentar elevados valores de EE, em comparação ao FL desta espécie de peixe, do ponto de vista nutricional a gordura pode apresentar-se benéfica, pois altos teores de ácidos graxos poliinsaturados presente na carne dos peixes asseguram melhor digestão e rápida

Tabela 3 – Composição centesimal de diferentes cortes da carne do armado (Pterodoras granulosus), capturado no Reservatório de Itaipu, em diferentes classes de peso

*Dados apresentando diferença significativa (P<0,05). nsDados não significativos (P>0,05). Letras diferentes na mesma linha indicam diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Duncan

Variáveis (%)Classes de peso (g)

P C.V.(%)< 550 551 - 1000 > 1001

FLUmidade 77,65 75,82 77,02 0,07 8,21ns

Resíduo mineral fixo 1,03 1,29 0,93 0,09 44,83ns

Proteína bruta 13,75b 14,23ab 15,50a 0,04 7,79*

Extrato etéreo 3,57 3,52 2,97 0,18 70,84ns

MAUmidade 66,86 65,68 65,58 0,14 13,88ns

Resíduo mineral fixo 0,72 0,93 0,77 0,10 55,22ns

Proteína bruta 11,83 12,51 11,98 0,09 14,42ns

Extrato etéreo 15,13 14,90 16,49 0,23 66,65ns

assimilação pelos tecidos dos organismos (MARCHI, 1997). Por outro lado, a presença de gordura pode se tornar prejudicial, visto que ela é um dos fatores influentes na vida útil do produto e na sua aceitação pelo consumidor, devido às reações de lipólise e autoxidação sofridas pelos lipídeos (PEREIRA e CAMPOS, 2000).

O processamento da musculatura abdominal é uma das formas de melhorar o aproveitamento deste peixe, pois é uma parte normalmente descartada pelos pescadores. Assim, o seu aproveitamento total ou parcial na elaboração de produtos processados pode permitir uma maior agregação do valor ao pescado (BOMBARDELLI et al., 2005), seja através do seu processamento, como a defumação (NUNES, 1999), ou a prática de embutidos (DIETERICH, 2003) ou outras formas de beneficiamento (OGAWA, 1999; BOMBARDELLI et al., 2005).

CONCLUSÃOO armado (Pterodoras granulosus) capturado no

Reservatório de Itaipu, não sofre influencia do peso corporal sobre o rendimento de filé. No entanto, pei-xes acima de 1001 g, possuem uma maior proporção da parte comestível, por apresentarem maiores resultados de rendimento do corte da carne “muscu-latura abdominal”. Além disso, os peixes dentro desta classe de peso corporal possuem uma melhor qualidade nutricional da carne por apresentarem maiores percentuais de proteína bruta no filé.

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CANIBALISMO EM LARVAS DE MATRINXÃ, Brycon cephalus, APÓS IMERSÃO DOS OVOS À DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE TRIIODOTIRONINA (T3)

Antônio Fernando Gervásio LEONARDO 1; Marcio Aquio HOSHIBA 2; José Augusto SENHORINI 3; Elisabeth Criscuolo URBINATI 4

CANNIBALISM OF MATRINXÃ, Brycon cephalus, LARVAE AFTER IMMERSION OF EGGS TO DIFFERENT TRIIODOTHYRONINE (T3) CONCENTRATION

RESUMO

O trabalho observou o canibalismo em larvas de matrinxã, Brycon cephalus, oriundas de ovos expostos a triiodotironina (T3), das 36 às 72 horas pós-eclosão. Foram avaliados: o peso e comprimento das larvas, conteúdo estomacal, ocorrência de canibalismo e tipos de ataques. O estudo foi realizado no Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais (CEPTA/IBAMA), Pirassununga - SP, em novembro de 2004. Três fêmeas foram induzidas hormonalmente à reprodução os ovócitos extrusados foram misturados, fertilizados e divididos em quatro alíquotas que constituíram os tratamentos: L1 (controle - água); L2 (0,01 ppm T3); L3 (0,05 ppm T3) e L4 (0,1 ppm T3). Os ovos foram hidratados por 15 minutos em água e nas soluções com diferentes concentrações de T3. Em seguida, foram distribuídos em 12 incubadoras cônicas de 60 L (três repetições por tratamento) (500 mL de ovos por incubadora) e as larvas foram contadas no momento da eclosão. Foram realizadas quatro coletas durante a ocorrência de canibalismo (36, 48, 60 e 72 horas pós-eclosão) sendo coletadas 30 larvas por tratamento, em cada coleta. O peso das larvas predadoras (com restos de larvas no estômago) foi 50% maior que o das não predadoras (sem restos de larvas no estômago) e o comprimento 9%, independente do tratamento hormonal. Os coeficientes de variação do peso e comprimento não diferiram entre tratamentos, indicando homogeneidade de tamanho. A análise do conteúdo estomacal revelou que o canibalismo ocorreu em cerca de 50-60 % das larvas, independente da exposição dos ovos à triiodotironina, e os ataques se caracterizaram por confrontos cabeça-cauda e cauda-cabeça.Palavras chave: Larvicultura, Brycon cephalus, hormônio tireoidiano, predação

ABSTRACT

The present work evaluated larvae cannibalism of matrinxã, Brycon cephalus, originated from eggs exposed to triiodothyronine, in the period of 36 to 72 hours after hatching. Observed parameters were: weight and length of larvae, stomach content, presence of cannibalism and type of attacks. This study was carried out at Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais (CEPTA/IBAMA), Pirassununga - SP, in November 2004. Three females were hormonally induced to spawn and pooled oocytes were fertilized and separated into four batches that constituted the treatments: L1 (control - water); L2 (0.01 ppm T3); L3 (0.05 ppm T3) and L4 (0.1 ppm T3). Eggs were exposed during 15 minutes to water or to solutions containing the different concentrations of T3. Eggs were distributed in 12 conic incubators (60 L), with three replicates per treatment. There was

Artigo Científico: Recebido em: 12/12/2006; Aprovado em: 02/10/20071 Pesquisador Cientifico do Pólo Regional do Vale do Ribeira – APTA/SAA, Rod. Régis Bittencourt, km 460 Cx.P. 122, Registro,

São Paulo, Brasil CEP: 11900-970; e-mail: [email protected] Mestrando da Produção Animal (Zootecnia) da FCAV - UNESP, Via de Acesso Paulo Donato Castellane, s/n., Jaboticabal,

São Paulo, Brasil CEP: 14884-900; e-mail: [email protected] Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais - CEPTA Rodovia Euberto Pereira de Godoy, km 6,5, C.P.

64, CEP: 13630-000, Pirassununga, São Paulo; e-mail: [email protected] CAUNESP/UNESP, Via de Acesso Paulo Donato Castellane, s/n., Jaboticabal, São Paulo, Brasil CEP: 14884-900;

e-mail: [email protected]

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stocked 500 mL of eggs per incubator and hatched larvae were counted. Samples of 30 larvae per treatment were colleted during occurrence of cannibalism (36, 48, 60 and 72 hours post hatching). Predator larvae (with rests of larvae in the stomach) were 50% of the total number of larvae and they presented weight 50% higher compared to that of non predator larvae (without rests of larvae in the stomach) and 9% higher regarding length. Coefficient of variation of weight and length did not differ among treatments, showing similarity in relation to the size. The stomach content revealed that cannibalism occurred in around 50-60 % of larvae, regardless the exposure to the triiodothyronine, and attacks were characterized as head-tail and tail-head attacks.Key words: Larviculture, Brycon cephalus, thyroid hormones, attacks

INTRODUÇÃOPeixes do gênero Brycon apresentam altas taxas

de canibalismo o que dificulta sua criação, sendo um fator limitante da produção pelo prejuízo econômico que causa à aqüicultura. WOYNAROVICH e SATO (1990), que realizaram reprodução induzida de Brycon lundii, alertaram para elevado canibalismo da espécie, chegando até 80% na fase inicial de crescimento. O Brycon cephalus, em que a eclosão das larvas ocorre 17 horas após a fertilização dos ovos, o canibalismo tem início a partir de 36 horas de vida livre, fase em que a bexiga natatória encontra-se com apenas 50% da capacidade de insuflação (BERNARDINO et al., 1993). SENHORINISENHORINI et al. (1998)(1998) também descreveram ocorrência de canibalismo em matrinxã 36 horas pós-eclosão, quando as larvas apresentavam natação horizontal, e consideraram essa fase como período crítico.

Em teleósteos, os hormônios tireoidianos, T4 e T3 (tiroxina e triiodotironina), estão envolvidos no controle da reprodução (DICKHOFF et al., 1989; MYLONAS et al., 1994) e no desenvolvimento inicial das espécies (LAM, 1994) e foram considerados fator de redução de canibalismo em Morone saxatilis (BROWN et al., 1988), embora tenha aumentado esse comportamento em Stizostedion vitreum (HEY et al., 1996).

Em espécies tropicais, há evidências de redução de canibalismo por ação da triiodotironina no matrinxã (URBINATI et al., 2003; VASQUES, 2003) e no Brycon orbigyanus (LANDINES, 2003). Nesses estudos, variaram a forma de administração do hormônio, por injeção da triiodotironina na fêmea durante a indução à desova (URBINATI et al., 2003) ou pela imersão dos ovos em soluções de hormônio (VASQUES, 2003; LANDINES, 2003).

Mediante os resultados encontrados na literatura este trabalho teve como objetivo descrever a fase de canibalismo que ocorre de 36 a 72 horas pós-eclosão, em larvas de matrinxã, Brycon cephalus,

após a imersão dos ovos a diferentes concentrações triiodotironina (T3), avaliando o peso e compri-mento corporal das larvas, o coeficiente de variação do peso e comprimento, o conteúdo estomacal, a ocorrência de canibalismo e os tipos de ataques e predação.

MATERIAL E MÉTODOSO estudo foi realizado no Centro de Pesquisa

e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais (CEPTA/IBAMA), Pirassununga-SP, em novembro

de 2004. As larvas foram produzidas por reprodução induzida (BERNARDINO et al., 1993). No momento da extrusão, os ovócitos de três fêmeas foram misturados, fertilizados e divididos em 4 alíquotas que constituíram os tratamentos: L1 (controle - água); L2 (0,01 ppm T3); L3 (0,05 ppm T3) e L4 (0,1 ppm T3). Os ovos foram hidratados por 15 minutos, passando por seis trocas de água (controle) e seis trocas de soluções de T3, nas concentrações de cada tratamento, sendo as trocas a cada 2’50’’, com volume de 500 mL.

Em seguida, os ovos foram distribuídos em 12 incubadoras cônicas de 60 L (3 repetições), sendo 500 mL de ovos por incubadora. O número de larvas foi calculado de acordo com LEONARDO et al. (2004). O peso e comprimento corporal foram determinados no momento da eclosão.

Baseando-se nas informações de SENHORINI et al., (1998) sobre a ocorrência de um período crítico para instalação de canibalismo, as coletas foram realizadas 36, 48, 60 e 72 horas pós-eclosão (hpe), para se observar esse comportamento. Trinta larvas de cada tratamento (10 por repetição), em cada coleta, foram fixadas em solução de formalina a 4%. Foram avaliados o peso corporal (mg), com balança analítica, e o comprimento total (mm), com paquímetro digital e estereomicroscópio. O coeficiente de variação, multiplicado por 100, corresponde à porcentagem da variação da população, de acordo com a seguinte fórmula: CV= S/X x 100 onde: Cv - coeficiente de

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variação do comprimento ou peso; S - desvio padrão; X - média do comprimento ou peso (JOBLING, 1994).

Para determinação do conteúdo estomacal, os tubos digestórios das 30 larvas de cada tratamento foram abertos examinando o conteúdo por microcirurgia em lupa (aumento de 4,5 vezes), com auxílio de agulhas. As larvas foram fotografadas em estereomicroscópio Olympus SZ51 para registro das formas dos ataques.

Os resultados foram submetidos ao teste F para análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey para comparação de médias ao nível de 5%.

RESULTADOS E DISCUSSÃOO número, peso e comprimento das larvas de

matrinxã, eclodidas são apresentados na Tabela 1.O maior número de larvas eclodidas foi encontrado

Número Peso (mg) Comprimento (mm)L1 (Controle) 290.600 ± 36,1a 0,70 ± 0,05b 3,32 ± 0,06b

L2 (0,01 ppm T3) 193.600 ± 23,5b 0,83 ± 0,07b 3,33 ± 0,04b

L3 (0,05 ppm T3) 257.000 ± 32,32ab 0,98 ± 0,06ab 3,53 ± 0,23b

L4 (0,1 ppm T3) 190.000 ± 17,32b 1,04 ± 0,01a 3,93 ± 0,15a

* Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05).

Tabela 1. Valores médios (± desvio padrão) do número, peso e comprimento das larvas eclodidas de matrinxã, Brycon cephalus, provenientes de ovos imersos à triiodotironina (T3).

Tratamento Peso (mg) Comprimento (mm)36 hpe 72 hpe 36 hpe 72 hpe

L1 (controle) 1,68 ± 0,12a* 2,00 ± 0,15b 6,25 ± 0,22a 6,53 ± 0,26± 0,26 0,26ab

L2 (0,01 ppm T3) 1,86 ± 0,08a 2,05 ± 0,06b 6,29 ± 0,08a 6,20 ± 0,05± 0,05 0,05b

L3 (0,05 ppm T3) 1,88 ± 0,08a 2,22 ± 0,05b 6,45 ± 0,05a 6,45 ± 0,05± 0,05 0,05ab

L4 (0,1 ppm T3) 1,88 ± 0,05a 2,56 ± 0,11a 6,51 ± 0,10a 6,57 ± 0,08a

Tabela 2. Valores médios (± desvio padrão) do peso e o comprimento corporal de larvas de Brycon cephalus, não predadoras, provenientes de ovos imerso a triiodotironina (T3) em diferentes tempos de cultivo (horas pós-eclosão - hpe).

*Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05)

Tabela 3. Valores médios (± desvio padrão) do peso e comprimento corporal de larvas predadoras de matrinxã, Brycon cephalus, provenientes de ovos imerso a triiodotironina (T3), 72 horas pós-eclosão (hpe).

Tratamentos Peso (mg) Comprimento (mm)

L1 (controle) 4,67 ± 0,37a* 6,99 ± 0,07a

L2 (0,01 ppm T3) 4,11 ± 0,51a 6,98 ± 0,08a

L3 (0,05 ppm T3) 4,44 ± 0,20a 7,04 ± 0,06a

L4 (0,1 ppm T3) 4,45 ± 1,07a 7,02 ± 0,05a

* Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05)

entre aquelas não imersas a triiodotironina (grupo controle), seguido por aquelas expostas à concentração média de T3 (0,05 ppm). Os resultados diferem dos encontrados em Brycon orbignyanus submetido aos mesmos tratamentos hormonais (LEONARDO, 2005). No estudo citado, observou-se o maior número de larvas eclodidas quando os ovos foram expostos a 0,01 e 0,05 ppm T3 e o valor mais baixo foi encontrado com o uso de 0,1 ppm T3.

Quando analisados o peso e comprimento no momento da eclosão, os valores mais altos foram encontrados no tratamento hormonal L4 (0,1 ppm T3) e esse perfil se mantém na última coleta (72hpe) nas larvas não predadoras (sem restos de larvas no estômago) (Tabela 2), mas não nas larvas predadoras (com restos de larvas no estômago), que, entretanto se destacaram por apresentar, às 72 hpe, peso 50% maior que das não predadoras embora o comprimento fosse numericamente semelhante (Tabela 3).

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LEONARDO et al.

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Isso ocorreu em todos os tratamentos, de modo que o crescimento elevado das larvas predadoras mascarou a resposta da triiodotironina verificada nas larvas não predadoras, às 72 hpe. O crescimento maior das larvas predadoras reflete a maior ingestão de proteína animal em comparação com as larvas que se alimentaram apenas da reserva vitelínica. Descarta-se a possibilidade desse crescimento ter sido favorecido por mais disponibilidade de espaço, pois as larvas predadoras e não predadoras encontravam-se na mesma incubadora.

Em teleósteos, a ocorrência do canibalismo foi descrita em 36 famílias (SMITH e REAY, 1991). Entre algumas condições que podem levar ao canibalismo, HECHT e APPELBAUM (1988) e KATAVIC et al. (1989) destacaram a alimentação inadequada, freqüência de alimentação e a densidade de estocagem. Neste experimento, as condições de alimentação foram semelhantes para larvas de todos os grupos, mas com relação à densidade o grupo controle foi o que tinha maior número de larvas seguido do grupo exposto a 0,05 ppm de T3.

Alguns autores relatam que o crescimento heterogêneo inicial é a chave para o canibalismo onde indivíduos maiores predam os menores (De ANGELIS et al., 1979; De ANGELIS et al., 1980; LOADMAN et al., 1986; HECHT e APPELBAUM, 1988; KATAVIC et al., 1989; BARAS, 1998; BARAS, 2000; KESTEMONT et al., 2003). Segundo HECHT e PIENNAR (1993), a forma de se controlar o canibalismo seria a classificação dos indivíduos por tamanho. Entretanto essa classificação só poderia ser feita durante a fase de juvenil, pois separar as larvas por tamanho é inviável, uma vez que, para isso, seria preciso pesá-las e medi-las.

Na Tabela 4, estão expressos os valores dos coeficientes de variação do peso e comprimento das larvas. O coeficiente de variação de peso e compri-mento é utilizado para expressar a variação de peso e comprimento nos grupos de larvas (JOBLING, 1994). Entretanto, neste experimento não houve diferença significativa entre os coeficientes de variação indican-do homogeneidade no tamanho das larvas em todos os tratamentos, tanto em peso como em comprimento.

Tabela 4. Valores médios (± desvio padrão) do coeficiente de variação de peso e comprimento de larvas de Brycon cephalus, proveniente de ovos imerso a triiodotironina (T3), em diferentes tempos pós-eclosão (hpe).

TratamentoCoeficiente de variação

Peso (mg)Coeficiente de variação

Comprimento (mm)36 hpe 72 hpe 36 hpe 72 hpe

L1 (controle) 12,0 ± 6,39a* 7,83 ± 2,66a 5,78 ± 0,88a 3,77 ± 0,60a

L2 (0,01 ppm T3) 10,4 ± 3,26a 6,61 ± 3,40a 5,69 ± 2,42a 2,74 ± 0,90a

L3 (0,05 ppm T3) 13,7 ± 3,22a 7,38 ± 1,50a 4,46 ± 0,56a 4,46 ± 0,60a

L4 (0,1 ppm T3) 10,5 ± 2,19a 3,89 ± 1,50a 3,45 ± 1,41a 6,57 ± 2,20a

*Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey (p>0,05).

Neste trabalho no momento da eclosão das larvas o tratamento L1 (controle) tinha em média 29.600,00 ± 3666 larvas seguido do tratamento L3 (0,05 ppm T3) com 26.000,00 ± 3412 os resultados mais baixos foram as concentrações com as maiores e menores doses de hormônio L4 (0,1 ppm T3) 19.000,00 ± 1732 e L2 (0,01 ppm T3) 19.600,00 ± 2771.

Entretanto, a diferença de densidade nas incuba-doras não foi associada a incidência de canibalismo, como mostra a Tabela 5. Esse comportamento ocorreu na mesma proporção em todos os grupos de larvas.

Com relação aos tipos de ataque não houve dife-renças entre larvas provenientes de ovos tratados com T3, ou não tratadas. Verificou-se independentemente do tratamento hormonal que larvas maiores predam

as menores conseguindo engolir a presa, mas isso não é regra, pois indivíduos do mesmo tamanho corporal também apresentam predação entre si (Figuras 1 A, B e C). A diferença é que acabam morrendo com a presa na boca não conseguindo engoli-las, enquanto larvas menores se aproveitam para predar larvas maiores que estão debilitadas, apresentando natação com dificuldade ou mesmo quando duas larvas do mesmo tamanho ficam presas umas às outras levando-as a morte (Figuras 2 E e F).

BARAS (2000) descreveu dois tipos de canibalismo durante a fase larval de Brycon moorei, ou seja, do tipo I, presente em torno de 26 hpe, quando as larvas ainda apresentavam saco vitelínico e pesavam 1,2 mg, e do tipo II, presente às 46 hpe, quando a reserva vitelínica tinha sido absorvida e as larvas pesavam 2,8 mg. A

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digestão completa das larvas ingeridas ocorreu às 96 hpe, quando as larvas pesavam 10mg.

Por meio das Figuras 1 e 2, pode-se identificar algumas formas de ataques, sendo o frontal o que ocorre quando uma larva de maior comprimento corporal ataca uma larva de menor comprimento, ingerindo-a no sentido cabeça-cauda (Figuras 1 A e B). Segundo a classificação de BARAS (2000), esse tipo de canibalismo seria do tipo II, pois na Figura 1 C, observa-se a larva na cavidade celomática da predadora. A diferença é que, em B. moorei, a digestão ocorreu às 96 hpe e a larva pesava em torno de 10 mg, enquanto no matrinxã a digestão ocorreu às 72 hpe e a larva pesava em torno de 4,5 mg. Os ataques ocorreram no sentido caudal (Figuras 1 D, E e F) e as Figuras 2 A e B mostram as larvas no estômago sendo digeridas 72 hpe. Observa-se nas Figuras 2 C e D que a região estomacal apresenta uma massa mais escura, provavelmente uma larva digerida, e a seta fina na Figura 2 D indica que a larva ainda tem parte da reserva vitelínica.

Observa-se que os ataques bem sucedidos partem de larvas maiores para as menores, mas isso não significa que larvas menores não possam predar. Esses ataques geralmente levam à morte de duas ou mais larvas envolvidas, pois as larvas que apresentam o mesmo comprimento corporal, e as menores, acabam morrendo com a outra na boca (Figuras 2 E e F). Esse comportamento foi descrito por BARAS (2000) como canibalismo tipo I, no qual os predadores atacam as presas debilitando-as e dificultando a natação, ou mesmo chegam a engolir a cauda e depois regurgitam. Isso faz com que a larva que foi atacada fique mais fraca.

Segundo LIAO et al. (2001), o canibalismo é uma(2001), o canibalismo é uma estratégia de alimentação que ocorre mais prova-velmente em períodos de recursos alimentares limitados, sendo comum em larvas e juvenis na fase

de desenvolvimento. Observa-se na Figura 2 D que as larvas de matrinxã apresentam a reserva vitelínica bem visível e já estão a predar.

Na criação de peixes, a ocorrência de canibalismo na fase larval é de 15% a 90%, segundo HECHT e PIENNAR (1993). BERNARDINOBERNARDINO et al. (1993) e(1993) e ROMAGOSA et al. (2001) relatam que o sucesso na obtenção inicial de larvas não garante a criação do gênero Brycon em cativeiro, pois a partir de 32 a 35 horas após a eclosão tornam-se canibais, resultando em até 99% de perda. Os valores de canibalismo obtidos neste estudo, por meio da análise do conteúdo estomacal das larvas de matrinxã, mostraram ocorrência de predação na fase de desenvolvimento inicial de 50-60 % (Tabela 5).

A análise do conteúdo estomacal mostrou predação semelhante nas larvas dos diferentes trata-mentos hormonais, indicando que a triiodotironina não afetou o comportamento de canibalismo nas larvas de matrinxã no presente experimento.

Esses resultados diferem tanto dos encontrados por HEY et al. (1996) em Stizostedion vitreum, que relataram aumento de canibalismo nas larvas tratadas com T3, quanto dos encontrados por URBINATI et al. (2003) que encontraram maior sobrevivência e redução de canibalismo em larvas de matrinxã, sob o efeito de T3 de origem materna. Entretanto neste último estudo, a forma de adminis-tração do hormônio diferiu, tendo sido injetado nas fêmeas antes da desova e não nos ovos durante a fertilização.

Diariamente, às 8:00 e 18:00 horas, registrou-se a temperatura da água (26,6 ± 1,3 ºC), a concentração de oxigênio dissolvido (6,6 ± 0,7 mg/L) e valores de pH (7,0 ± 0,2) e determinou-se a concentração de amônia total (0,01 ± 0,1 mg/L). Os valores encontrados estão dentro da faixa recomendada para cultivo de espécies tropicais (BOYD, 1990).

Tratamentos Ausência de Conteúdo Presença de Conteúdo Canibalismo (%)

36 hpe

L1 (controle) 15* 15 50L2 (0,01 ppm T3) 15* 15 50L3 (0,05 ppm T3) 12* 18 60L4 (0,1 ppm T3) 15* 15 50

72 hpe

L1 (controle) 12* 18 60L2 (0,01 ppm T3) 12* 18 60L3 (0,05 ppm T3) 12* 18 60L4 (0,1 ppm T3) 12* 18 60

Tabela 5. Conteúdo estomacal das larvas de matrinxã, Brycon cephalus, provenientes de ovos imersos a triiodotironina (T3), em diferentes tempos pós-eclosão (hpe).

(*) ausência de larvas no estomago.

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Figura 1. Fotomicrografia de larva de matrinxã, Brycon cephalus. A) Canibalismo no sentido cabeça – cauda. B) Detalhe mostrando a ingestão e evidenciando a pigmentação dos olhos. C) Larva já ingerida a posição dos olhos indicando o sentido da predação. D) Canibalismo no sentido cauda – cabeça, com predação lateral. E) Larva sendo parcialmente engolida. F) Presa sendo engolida pelo predador evidenciando o canibalismo.

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Canibalismo em larvas de matrinxã, Brycon cephalus, após imersão dos ovos... 237

Figura 2. Fotomicrografia de larva de matrinxã, Brycon cephalus. A) Larva ingerida indicando a direção da predação pela posição dos olhos no estomago. B) Detalhe mostrando a região da cabeça e estomago do predador. C) Larva já digerida. D) Seta indicando resquícios do saco vitelínico. E) Predador sendo predado. F) Aumento da fotomicrografia E.

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CONCLUSÃONas condições utilizadas neste experimento, a

triiodotironina não reduziu a fase de canibalismo intenso durante o desenvolvimento inicial das larvas de Brycon cephalus.

AGRADECIMENTOSAo Pesquisador Dr. Marcelo Borges Tesser pela

contribuição nas fotos e interpretação das mesmas.

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B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 241 - 249, 2008

Artigo Científico: Recebido em: 12/12/2006; Aprovado em: 08/10/20071 Laboratório de Dinâmica de Populações Marinhas - DIMAR/DEPAq/UFRPE, Recife – PE. Brasil CEP: 52.171-900. E-mail:

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Laboratório de Ecologia Marinha, LEMAR/DEPAq/UFRPE Recife, PE CEP: 52.171-900. E-mail: [email protected]

STOMACH CONTENTS OF THE CARIBBEAN POMFRET Brama caribbea (MEAD, 1972) FROM STOMACH CONTENTS OF GREAT PELAGIC PREDATORS

FROM SOUTHWESTERN EQUATORIAL ATLANTIC

Teodoro VASKE JÚNIOR 1; Rosângela Paula LESSA 1; Taciana Martins BARBOSA 1; Mariana Travassos TOLOTTI 2; Aurelyanna Christine Bezerra RIBEIRO 1

ABSTRACT

The Caribbean pomfret, Brama caribbea, is a common food item of pelagic predators in the Southwestern equatorial Atlantic. Stomach contents of 185 B. caribbea, obtained from stomach contents of great pelagic predators were analysed to know the food spectra, and determine which portion of the micronekton takes place in his feeding habits. The main food items were Euphausiacea, the hiperiids Brachyscelus crusculum and Phrosina semilunata, the fishes Myctophidae and Acanthurus sp., the cephalopods Enoploteuthidae, Cranchiidae and Ommastrephidae, and the heteropods. The diet composition of B. caribbea was 86.8% similar to the composition of the organisms found in the regional micronekton collected by midwater trawl. Key words: Caribbean pomfret, Brama caribbea, feeding

CONTEÚDO ESTOMACAL DA PALOMBETA-DO-CARIBE Brama caribbea (MEAD, 1972), PROVENIENTE DO CONTEÚDO ESTOMACAL DE GRANDES PREDADORES PELÁGICOS

DO ATLÂNTICO SUDOESTE EQUATORIAL

RESUMO

A palombeta-do-Caribe Brama caribbea, é um item alimentar comum de grandes predadores no Atlântico sudoeste equatorial. Conteúdos estomacais de 185 B. caribbea obtidos de conteúdos estomacais de grandes predadores foram analisados para se conhecer o espectro alimentar e para determinar qual porção do micronécton é parte dos seus hábitos alimentares. Os principais itens alimentares foram Euphausiacea, os hiperídeos Brachyscelus crusculum e Phrosina semilunata, os peixes Myctophidae e Acanthurus sp., os cefalópodes Enoploteuthidae, Cranchiidae e Ommastrephidae, e os heterópodes. A composição da dieta de B. caribbea foi 86,8% similar à composição de organismos encontrados no micronécton da região coletado por rede de meia água. Palavras-chave: Palombeta-do-Caribe, Brama caribbea, alimentação

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INTRODUCTIONBramids are oceanic pelagic fishes from Atlantic,

Indian and Pacific oceans (NELSON, 1996). Six species (Brama brama, B. dussumieri, B. caribbea, Taractichthys longipinnis, Pterycombus petersii and Pteraclis aesticola) are reported to Southeastern and Southern Brazil (TOMÁS et al. 1988). These same species are also reported to occur in the Northeastern Brazil with the exception of B. dussumieri and P. aesticola (VASKE JÚNIOR, 2000). Despite the commercial importance of B. brama in some locations of the North Atlantic (MEAD and HAEDRICH, 1965; ERZINI and LOBO, 2001), there is no commercial fishery targeting adults of B. brama in Brazil, where they are caught occasionally by pelagic longline in the Southeastern and Southern regions (ZAVALA-CAMIN, 1981; TOMÁS et al., 1988), and deep bottom longline (HAIMOVICI et al., 2004). B. brama is also reported to Argentinian waters (CASTELLO and VERA, 1973). Among adult bramids in the Southwestern equatorial Atlantic only T. longipinnis are reported in longline catches. Other bramid species were recorded as larvae or juveniles in the same area (ANDRADE, 2000; BEZERRA JÚNIOR, 1999; FIGUEIREDO et al., 2002; LESSA et al., 1999; MADUREIRA et al., 2005; VASKE JÚNIOR et al., 2005a). The pomfrets, B. brama and B. caribbea, are two of the most abundant prey of pelagic predators in the Southwestern equatorial Atlantic, most of them found as juveniles in stomach contents of great pelagic predators (MATTHEWS et al., 1977; VASKE JÚNIOR, 2000; VASKE JÚNIOR

and LESSA, 2004; VASKE JÚNIOR et al. 1998, 2004). Due to the importance of the bramids in the feeding habits of pelagic predators, and the lack of biological informations for these fishes, B. caribbea was chosen to study his feedings habits, and also to investigate the fraction of the micronekton that is used as prey by this species. For the first time, a length-weight relationship for the species was also provided

MATERIAL AND METHODSThe study area is located between 30oW and

40oW and 5oN and 20oS, where samples were carried out between October 2004 and November 2005 (Figure 1). The specimens of B. caribbea, in very good conditions, were obtained from frozen stomach contents of the blue marlin (Makaira nigricans), white marlin (Tetrapturus albidus), and bigeye tuna (Thunnus obesus) that are commonly caught by longliners in this region. The stomachs of B. caribbea were removed by opening the abdominal cavity and by severing them from the intestine and the esophagus, and than preserved in formalin at 5%. Food items in the stomach contents were identified to the lowest possible taxon. For each stomach data such as the number of individuals of each food item, total length for all organisms, and wet weight of each individual were recorded. Total length was registered in milimeters and weight in grams. The stomach fullness was recorded according to a five-point scale of estimated percentages of total fullness: empty, 25% full, 50 % full, 75% full, and full.

Figure 1. Sample area in the Southwestern equatorial Atlantic. RA- Rocas Atoll; FNA – Fernando de Noronha Archipelago; SPSPA – Saint Peter and Saint Paul Archipelago. Black squares are the hauls of the midwater trawl

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Stomach contents of the caribbean pomfret Brama caribbea (Mead, 1972) from stomach contents... 243

The importance of each food item in the diet of B. caribbea was obtained by the Index of Relative Importance (IRI) (PINKAS et al. 1971), modified to weight in the pooled samples of the species:

IRIi = %FOi x (%Ni + %Wi)where %FOi - relative frequency of occurrence of

each item; %Ni - proportion in prey number of each item in the total food; and %Wi - proportion in weight of each item in the total food content.

The proportions in number of the main groups of organisms found in the stomachs were compared to the proportions of organisms captured by midwater trawl (VASKE JÚNIOR et al. 2005b; MADUREIRA et al. 2005) to determine the similarity of the micronekton of the epipelagial, and the food spectra of B. caribbea. The niche overlap was calculated by the MacArthur and Levins’s measure with Pianka’s simetric modification (KREBS, 1989):

Ojk = Σ pij pik / √ (Σ pij Σ pik)Where:Ojk = MacArthur-Levin’s measure to the resources j and k;pij = Proportions resource i is of the total resources used by species j (B. caribbea);pik = Proportions resource i is of the total resources used by k (midwater trawl catch).

Data from the composition of the micronekton of epipelagic oceanic waters and adjacencies of the islands, were considered equivalent to the local where B. caribbea lives, and were obtained from midwater trawl samples from the research vessel “Atlântico Sul” during acoustic surveys in the Brazilian Northeastern Exclusive Economic Zone (MADUREIRA et al., 2005; VASKE JÚNIOR et al., 2005b). A SIMRAD EK500 echo-sounder operating at 38 kHz was used, with a SIMRAD FS 903 Sonar trawl operating inside a 268 m circumference midwater trawl (MADUREIRA et al., 2005). Twelve hauls were made between surface and 200 m depth in the adjacencies of islands and oceanic stations (Figure 1).

RESULTSFork length of 196 B. caribbea ranged between

10 and 320 mm (Figure 2). Most individuals were between 40 and 120 mm, and the maximum observed length of 320 mm far exceed the maximum total length of 218 mm considered by MEAD (1972).

The stabilization of the food items richness was obtained at 42 food items and 150 stomachs approximately, which means that the number of sampled individuals was enough to obtain the feeding spectra of food items (Figure 3). A total of 185 stomachs was analyzed, where 45 items were identified, being 17 fishes, 11 cephalopods, 10 crustaceans, 2 pteropod, 1 insect, 1 heteropod, 1 polychaet, 1 ostracod, and 1 tunicate (Table 1). According to the IRI ranking, with the exception of unidentified Teleostei, the main ten items in the diet were Euphausiacea, the hiperiids Brachyscelus crusculum and Phrosina semilunata, the fishes Myctophidae and Acanthurus sp., the cephalopods Enoploteuthidae, Cranchiidae and Ommastrephidae, and the heteropods. All organisms were represented by larvae or juveniles, with the exception of Phronima sedentaria, Calanoida, Cavolinia sp., Clio sp., and Halobates sp. Canibalism was observed in two stomachs.

Figure 2. Length distribution of Brama caribbea

Figure 3. Food items diversity curve of Brama caribbea in the Southwestern equatorial Atlantic. Arrow indicates the stabilization

Prey length ranged between 1 and 85 mm of body length, although most prey were situated between 1 and 20 mm (Figure 4). All prey larger than 60 mm were represented by juveniles of the mesopelagic

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VASKE JÚNIOR et al.

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fish Alepisaurus ferox and Gempylus serpens. Baits were present in 17.7% of the stomachs. The degrees of stomach fullness were 6.9% empty, 17.2% of 25% full, 30.1 % of 50% full, 23.6% of 75% full, and 22.0 %

of full stomachs, which means that B. caribbea have a constant amount of food in the stomachs, chiefly between 25% and 75%.

OrganismsBrama caribbea Mid. trawl

N %N W %W FO %FO IRI Ranking N %NAcanthurus sp. 50 5,91 5,29 3,12 10 5,81 47,40 8 73 0,94Alepisaurus ferox 1 0,12 0,35 0,21 1 0,58 0,18Aluterus monocerus 8 0,10Antigonia combatia 1 0,12 0,09 0,05 1 0,58 0,09 1 0,01Astronesthidae 17 0,22Auxis sp. 6 0,08Balistes sp. 4 0,47 0,58 0,34 4 2,33 1,73 73 0,94Bothus sp. 477 6,13Brama brama 3 0,35 0,73 0,10 5 0,58 0,23 25 0,32Brama caribbea 11 1,30 4,90 2,89 2 1,16 3,61 28 0,36Carangidae 49 0,63Cauliodus sloani 11 0,14Centropyge aurantonotum 23 0,30Chiasmodontidae 12 0,15Cubiceps sp. 1 0,12 2,50 1,48 1 0,58 0,92 183 2,35Dactylopterus volitans 5 0,59 1,64 0,96 4 2,33 3,43Decapterus tabl 397 5,10Diondontidae 1 0,12 0,04 0,02 1 0,58 0,07 1 0,01Diretmus argenteus 1 0,12 0,20 0,12 1 0,58 0,13Gempylus serpens 6 0,71 2,36 1,39 5 2,91 5,81 1 0,01Gephyroberix darwinii 1 0,01Gonostomatidae 6 0,08Holocentridae 3 0,35 3,00 1,78 2 1,16 2,42 12 0,15Leptocephalus 643 8,27Lestidiops jayakari 1 0,12 0,72 0,43 1 0,58 0,31 14 0,18Lestidium atlanticus 6 0,08Lestrolepsis intermedia 8 0,10Malacanthidae 5 0,06Monacathidae 3 0,04Myctophidae 29 3,43 10,13 6,00 17 9,88 88,07 6 2107 27,09Neolatus tripes 5 0,06Nomeidae 3 0,35 0,90 0,53 1 0,58 0,49 5 0,06Oxyporhamphus micropterus 3 0,35 1,40 0,83 1 0,58 0,66 10 0,13

Table 1. Prey species composition of Brama caribbea in number (N), weight (W), frequency of occurrence (FO), IRI ranking, and organisms composition of midwater trawl in the Southwestern equatorial Atlantic

Continue

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Stomach contents of the caribbean pomfret Brama caribbea (Mead, 1972) from stomach contents... 245

OrganismsBrama caribbea Mid. trawl

N %N W %W FO %FO IRI Ranking N %NPriacanthidae 2 0,03Pristipomoides freemaini 1 0,01Scombridae 6 0,71 17,00 10,07 1 0,58 6,20Selar crumenophtalmus 4 0,05Stemonosudis intermedia 1 0,01Sternoptyx pseudobscura 9 1,06 3,08 1,82 4 2,33 6,34 27 0,35Teleostei 102 12,06 27,24 16,13 43 25,00 659,34 1 17 0,22Vinciguerria nimbaria 1 0,12 0,80 0,47 1 0,58 0,33 33 0,42FISHES 241 28,49 82,95 48,76 4295 55,22Chiroteuthidae 2 0,24 0,12 0,07 2 1,16 0,32 22 0,28Cranchiidae 24 2,84 3,67 2,17 17 9,88 45,30 9 48 0,62Enoploteuthidae 43 5,08 20,08 11,89 30 17,44 282,72 4 113 1,45Enoploteuthis anapsis 152 1,95Enoploteuthis leptura 363 4,67Histioteuthidae 10 1,18 0,49 0,29 7 4,07 5,27Illex coindetti 1 0,01Leachia sp. 2 0,03Liocranchia reinhardti 6 0,71 2,88 1,71 4 2,33 5,37 3 0,04Octopodidae 1 0,12 0,30 0,18 1 0,58 0,16Ommastrephes bartramii 3 0,35 2,50 1,48 2 1,16 2,07 18 0,23Ommastrephidae 28 3,31 1,09 0,65 13 7,56 26,13 10 84 1,08Onychoteuthidae 3 0,35 6,20 3,67 2 1,16 4,62 1 0,01Onykia sp. 1 0,12 1,20 0,71 1 0,58 0,47Ornithoteuthis antillarum 4 0,47 10,62 6,29 3 1,74 11,67 7 0,09CEPHALOPODS 125 14,78 49,15 29,11 814 10,47Brachyscelus crusculum 145 17,14 6,29 3,73 32 18,60 340,16 3Brachyura Megalopae 12 1,42 1,32 0,78 9 5,23 10,39 58 0,75Calanoida 6 0,71 0,04 0,02 1 0,58 0,36Caridea 21 0,27Cranocephalus sp. 7 0,83 0,54 0,32 5 2,91 2,97Decapoda 1 0,12 0,01 0,01 1 0,58 0,06 29 0,37Euphausiacea 162 19,15 10,22 6,04 31 18,02 402,24 2 1088 13,99Penaeidae 4 0,05Phronima sedentaria 19 2,25 2,63 1,55 10 5,81 20,15 21 0,27Phrosina semilunata 28 3,31 4,15 2,45 17 9,88 51,09 7 12 0,15Scylariidae Phylossome 34 0,44Platyscelidae 10 1,18 0,61 0,36 9 5,23 7,14 2 0,03Sergestidae 16 1,89 3,89 2,29 5 2,91 11,37 799 10,27Stenopodidea 1 0,01

Table 1. Continuation

Continue

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VASKE JÚNIOR et al.

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OrganismsBrama caribbea Mid. trawl

N %N W %W FO %FO IRI Ranking N %NStomatopoda 493 6,34CRUSTACEANS 406 47,99 29,70 17,56 2562 32,94Clio sp. 8 0,95 0,18 0,11 1 0,58 0,53Cavolinia uncinata 7 0,83 0,17 0,10 5 2,91 2,34 24 0,31Cavolinia gigas 3 0,04PTEROPODS 15 1,77 0,35 0,21 27 0,35Halobates sp. 17 2,01 0,85 0,49 15 8,72 19,28INSECTS 17 2,01 0,85 0,49HETEROPODS 39 4,61 5,67 3,36 21 12,21 88,81 5 3 0,04POLYCHAETS 1 0,12 0,01 0,01 1 0,58 0,06OSTRACODS 1 0,12 0,01 0,01 1 0,58 0,06TUNICATES 1 0,12 0,02 0,01 1 0,58 0,07 52 0,67SIPHONOFORES 7 0,09TOTAL 846 100,00 169,56 100,00 7778 100,00

Table 1. Continuation

Figure 4. Lengths of all organisms found in the stomach contents of Brama caribbea

The proportions of the numeric micronekton composition, and the numeric food spectra of B. caribbea were 86.8% similar (Oij = 86.8) (Table 2). For fishes, 41 taxa occurred in total, being 4 taxa only for B. caribbea, 22 only for midwater trawl, and 15 for both. For cephalopods, 15 taxa occurred, being 3 only for B. caribbea, 4 only for midwater trawl, and 8 for both. For crustaceans, 15 taxa occurred, being 3 only for B. caribbea, 5 only for midwater trawl, and 7 for both. Three taxa of pteropods occurred, being two only for B. caribbea, one only for midwater trawl, and one for both. The insect Halobates sp., and the taxa Polychaet and Ostracod occurred only for B. caribbea. One taxa of Siphonophore occurred only

for midwater trawl, and one taxa of Heteropod and Tunicate occurred for both. A total of 86 taxa were recorded, where 16 taxa were preyed only by B. caribbea, 33 taxa occurred only in the midwater trawl, and 32 taxa occurred for both. All organisms caught in the midwater trawl were represented by young and larval stages, with the exceptions of some fishes and cephalopods.

Table 2 - Proportions of the main groups of organisms found in the stomach s of Brama caribbea, and proportions of main groups of organims collected by midwater trawl in the Southwestern equatorial Atlantic

Organisms% Brama caribbea

% Midwater trawl

Fishes 0,2849 0,5588Crustaceans 0,4799 0,3182Cephalopods 0,1478 0,1114Pteropods 0,0177 0,0036Tunicates 0,0012 0,0067Heteropods 0,0461 0,0004Siphonophores 0,0009Insects 0,0201Polychaets 0,0012Ostracods 0,0012TOTAL 1 1

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B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 241 - 249, 2008

Stomach contents of the caribbean pomfret Brama caribbea (Mead, 1972) from stomach contents... 247

DISCUSSIONAccording to ROGER and GRANDPERRIN

(1976), trophic webs in the tropical Pacific are mainly composed by phytoplankton, small zooplankton, euphausids, micronekton, tunas, and tuna like fishes. Of these, the micronekton is the most important, whereas it transfers energy to cephalopods and small pelagic fishes who will take place as food supply of great pelagic predators. If we consider that B. caribbea is an active eater of micronekton, and is frequently preyed by great pelagic fishes in the Southwestern equatorial Atlantic (VASKE JÚNIOR, 2001; VASKE JÚNIOR, et al., 2003), then, we can consider that the species is an important link between the micronekton and the pelagic predators, functioning as an energy transference step. For this reason, we can consider the stomach contents of B. caribbea as a good sampler of the local micronekton, once B. caribbea is considered a species that lives in the epi and mesopelagial (MEAD and HAEDRICH, 1965; MEAD, 1972). When the bramid species were described by MEAD (1972), most of them were recorded from stomach contents of tunas, and midwater trawls, between 0 and 660 m layers in the tropical Pacific. He considered B. caribbea as a pseudopelagic fish, once it is also found close to land masses and islands.

Most prey ranged between 1 and 40 mm, which means that this is the capacity of prey ingestion for B. caribbea until 320 mm FL. For this reason, larger organisms collected by midwater trawl were not present in the diet of B. caribbea, e.g. the fishes Aluterus monocerus (340 to 410 mm TL), Auxis sp. (185 to 205 mm TL), Cubiceps sp. (104 to 168 mm TL), Leptocephalus (50 to 295 mm TL), Decapterus tabl (135 to 195 mm TL), Paralepididae (Lestidiops jayakari, Lestrolepsis intermedia, Stemonosudis intermedia, Lestidium atlanticum) (20 to 200 mm TL), and Selar crumenophtalmus (150 to 200 mm TL), except for rare larval fish stages. Likewise, large squids like Enoploteuthis leptura (40 to 120 mm TL), Enoploteuthis anapsis (110 to 320 TL), Illex coindetti (140 mm TL), and Leachia sp. (180 mm TL), were not preyed by B. caribbea.

The frequency of B. caribbea in the stomachs of pelagic predators in the South equatorial Atlantic is high, being the main food item of bigeye tuna (Thunnus obesus) representing 50.85 % of total prey in frequency of occurrence (not published data), but represented only 0.36 % in number of the total catches of the midwater trawl, probably due to the capacity

to avoid the net haul. On the other side, B. caribbea can not avoid the efficiency of predation of the tunas and other pelagic predators.

LEGAND et al., (1972), also analyzed the composition of stomach contents of tunas, and the micronekton obtained by Isaacs-Kidd Midwater Trawl (IKMT) in the tropical Pacific. They concluded that stomach contents of tunas are different of the micronekton catches of IKMT due to the different migrant species, and the day-night feeding habits of predators. The bramids Taractes sp. and Pteraclis sp. were not captured in the IKMT, probably due to their capacity to avoid the net. As in the present study, euphausids and cephalopods were the main prey items of the bramids. WATANABE et al. (2003), also found a high diversity of prey species in the diet of Brama japonica in the central North Pacific, pointing out the importance of cephalopods, hiperiids, and the fishes Paralepididae in the diet of this species. In this study, it was observed a remarkable presence of the sea skater Halobates sp. in the stomachs of B. caribbea. These insects are abundant in the pleuston and epineuston of tropical oceans (ANDERSEN, 1991; CHENG, 1989), thus, they could not be expected to appear in the diet of an epimesopelagic fish like B. caribbea. Halobates sp. was not found in the stomachs of B. japonica in the Pacific, probably because the fishes have been captured between 37oN and 40oN, although Halobates sp. were also found in the stomachs of yellowfin tuna (Thunnus albacares) in Southern Brazil (30oS) (VASKE JÚNIOR and CASTELLO, 1998). If B. caribbea feeds on Halobates sp. with some frequency, it means that B. caribbea feeds very close the sea surface more frequently than expected, despite his epi and mesopelagic habit.

Some taxa that occurred in high number in the midwater trawl like Bothus sp. (477), Leptocephalus (643), Sergestidae (799), and Stomatopoda (493), were not present in stomachs of B. caribbea, probably due to the transparence of the larval stages that can avoid the predation by B. caribbea, but are easily caught by the midwater trawl. On the other hand, Euphausiacea (1088) and Myctophidae (2107) were the most numerous organisms captured by midwater trawl, being the second and the sixth food items in the diet of B. caribbea. Thus, these two taxa, Euphausiacea and Myctophidae, can be considered the most important organisms that are eaten by B. caribbea in the link of micronekton and pelagic predators in the food web of the Southwestern equatorial Atlantic.

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VASKE JÚNIOR et al.

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Artigo Científico: Recebido em: 15/12/2006; Aprovado em: 17/01/20081 Instituto de ictiología del Nordeste-Facultad de Ciencias Veterinarias-UNNE. Sargento Cabral 2139. (3400) Corrientes,

Argentina. E-mail: [email protected]

crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887) en diferentes

sistemas de alimentación

Julio César ORTIZ1, Sebastián SÁNCHEZ1, Juan Pablo ROUX1, Alfredo Oscar GONZÁLEZ1

resumen

Se evaluó el crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus) de pequeña talla a través de cuatro ciclos de “no alimentación/re-alimentación” (NA/RA). El ensayo experimental se realizó con tres lotes de peces que presentaron pesos medios iniciales de 0,19, 0,54 y 2,11 g, los que fueron considerados como bloques. Se compararon dos tratamientos experimentales contra un control con ciclos de: 2 días NA/3 días RA (tratamiento A), 3 días NA/2 días RA (tratamiento B) y alimentación continua (control). No se observaron diferencias para el peso medio a lo largo de todo el experimento. La Tasa de Crecimiento Específico general mostró diferencias significativas, donde el tratamiento B presentó un crecimiento menor que el control. El análisis por ciclos permitió detectar que el control presentó mayor crecimiento que ambos tratamientos experimentales en el segundo ciclo y respecto del tratamiento B en el cuarto ciclo; las diferencias entre bloques fueron evidentes solo en los dos primeros ciclos a favor de los peces de mayor tamaño. La Razón de Eficiencia Proteica no evidenció diferencias cuando se analizó en forma general; sin embargo, pudo observarse que en el segundo período el tratamiento B fue menor que el control. El efecto de bloques presentó un resultado similar al encontrado para la Tasa de Crecimiento Específico. Los resultados sugieren que existe respuesta compensatoria en juveniles de pacú de pequeña talla y que el tamaño de los peces afecta el desempeño de los mismos durante la etapa de compensación.Palabras clave: Piaractus mesopotamicus - restricción alimentaria/realimentación - crecimiento compensatorio

COMPENSATORY GROWTH OF FINGERLINGS OF PACÚ (Piaractus mesopotamicus HOLMBERG, 1887) IN SEvERALS SYSTEMS OF FEEdING

summary

Compensatory growth of young fishes of pacú (Piaractus mesopotamicus) was evaluated through four cycles of “nonfeeding/refeeding” (NA/RA). The experimental test was made with three groups of fishes having initial average weights of 0.19, 0.54 and 2.11 g, which were considered as blocks. Two experimental treatments versus a control were compared with cycles of: 2 days NA/3 days RA (treatment A), 3 days NA/2 days RA (treatment B) and Continuous feed (control). differences for the average weight throughout all the experiment were not observed. The General Specific Growth Rate showed significant differences, where treatment B produced a growth smaller than the control. The analysis by cycles allowed detecting that the control presented greater growth than both experimental treatments in the second cycle and respect to treatment B in the fourth cycle; differences between blocks were evident only in both first cycles in favour of the fish of greater size. The Protein Efficiency Rate did not show differences when it was analyzed in general form; nevertheless, it could be observed that in the second period treatment B was minor respect to the control. The effect of blocks showed a similar result to those obtained for the Specific Growth Rate. The results suggest the existence of compensatory response in young fishes of pacú and that the size of these fishes affect the performance during the compensation stage.Key words: Piaractus mesopotamicus - food restriction/refeeding - Compensatory growth

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ORTIZ et al.

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introducciónCuando se hace referencia a los costos de

producción en piscicultura, se observa como el más importante a la alimentación, que en la mayoría de los casos representa más del 50% de los egresos durante el ciclo productivo (HEPHER, 1993); considerando esta situación se han realizado, y se siguen realizando, numerosos estudios con la finalidad de optimizar el uso de alimentos en piscicultura e intentar disminuir el impacto que estos implican en el balance económico de las producciones.

Uno de los fenómenos más relevantes en el comportamiento de distintas especies de peces en producción es que por diversas circunstancias, fundamentalmente de índole ambiental y de manejo, pueden dejar de alimentarse durante importantes períodos de tiempo dentro del ciclo productivo, que de no ser considerados y aprovechados pueden acarrear importantes pérdidas de rentabilidad en la producción. Esta situación puede ser utilizada en favor de mejores rindes (SOUZA et al., 2003) si se considera que luego de períodos con escasa o nula alimentación los peces desarrollan el fenómeno de crecimiento compensatorio, mediante el cual los animales tienden a recuperar rápidamente el peso no ganado, e incluso perdido, en los momentos de restricción de la oferta alimentaria, llegando a igualar o incluso a superar en peso hacia el final del

CRESCIMENTO COMPENSATóRIO dE JUvENIS dE PACU (Piaractus mesopotamicus HOLMBERG, 1887) EM dIFERENTES SISTEMAS dE ALIMENTAçãO

resumo

Foi avaliado o crescimento compensatório de juvenis de pacú (Piaractus mesopotamicus) de tamanho pequeno através de quatro ciclos de “restrição alimentar/realimentação” (NA/RA). O teste experimental foi feito com três lotes de animais que apresentaram pesos médios iniciais de 0,19, 0,54 e 2,11 g, os que foram considerados como blocos. Compararam-se dois tratamentos experimentais versus um controle com ciclos de: 2 dias de NA/3 dias RA (tratamento A), 3 dias de NA/2 dias RA (tratamento B) e alimentação contínua (controle). Não foram observadas diferenças para o peso médio durante toda a experiência. A taxa de crescimento específico geral mostrou diferenças significativas, onde o tratamento B apresentou um crescimento menor do que o controle. A análise por ciclos permitiu detectar que o controle apresentou maior crescimento do que ambos tratamentos experimentais no segundo ciclo e respeito ao tratamento B no quarto ciclo; as diferenças entre blocos foram evidentes nos dois primeiros ciclos, favorecendo os peixes de maior tamanho. A razão da eficiência protéica não demonstrou diferenças quando foi analisada em forma geral; não obstante, observou-se que no segundo período o tratamento B foi menor que o controle. O efeito dos blocos apresentou um resultado similar ao encontrado para a taxa de crescimento específico. Os resultados sugerem que existe resposta compensatória em juvenis de pacú de tamanho pequeno e que o peso dos peixes afeta seu desempenho durante o estágio da compensação.Palavras-chave: Piaractus mesopotamicus - restrição alimentar/realimentação -crescimento compensatório

período de compensación a sujetos en condiciones de alimentación rutinarias (QUINTON y BLAKE, 1990; SEALEY et al., 1998; HAYWARd y WANG, 2001).

En la región nordeste de Argentina, se está desarrollando con especial interés la piscicultura en sistemas de producción semi-intensivos en estanques excavados en tierra, destacándose fundamentalmente el cultivo de pacú (Piaractus mesopotamicus) (LUCHINI, 2004). En esta región, se dan condiciones invernales desfavorables para el crecimiento de la especie, debido a que durante muchos días entre los meses de junio y agosto las temperaturas están por debajo del límite inferior en el que esta especie se alimenta (ROUX y BECHARA, 1998). Esto requiere que se observe el momento en que los peces recuperan el apetito y desencadenan el crecimiento compensatorio a expensas de un mayor consumo de alimento y mejor conversión alimentaria, fenómeno que se sucede hasta alcanzar las condiciones fisiológicas previas a la situación de estrés alimentario (JOBLING y JOHANSEN, 1999).

El crecimiento compensatorio puede estar influenciado por diversos factores como la severidad de la restricción alimentaria, el estado de maduración de los peces, composición de la dieta, etc. (JOBLING, 1994). Este fenómeno, está siendo ampliamente estudiado en muchas especies de agua fría, pero son menos los trabajos realizados en especies de agua

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Crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887)... 253

cálida (QIAN et al., 2000) y en particular en pacú, especie con la cual se realizaron experiencias en etapa de engorde (SOUZA et al., 2003), no así con animales de pequeña talla o en período de alevinaje.

La capacidad individual de acceso al alimento, cuando este escasea, probablemente favorezca la formación de rangos sociales, determinando la aparición de jerarquías en la alimentación, las cuales a lo largo del tiempo determinan diferencias de talla (SÆTHER y JOBLING, 1999). Bajo estas circunstancias los individuos dominantes, por talla o agresividad, se ven favorecidos en cuanto al control de los recursos (GRANT, 1997).

El objetivo del presente trabajo fue analizar el crecimiento compensatorio en juveniles de pacú de pequeña talla, a través de tres indicadores zootécnicos, a lo largo de cuatro ciclos de “no alimentación/re-alimentación” en comparación con un grupo alimentado en forma continua, considerando tres tamaños distintos de individuos.

materiales y métodosEl ensayo experimental se realizó durante el mes

de mayo de 2005 en las instalaciones del Instituto de Ictiología del Nordeste de la Facultad de Ciencias veterinarias, Universidad Nacional del Nordeste (INICNE-FCv-UNNE) (Corrientes, Argentina), donde se utilizaron como unidades experimentales 9 acuarios de vidrio de aproximadamente 25 litros de capacidad y aireación forzada, en cada uno de los cuales se introdujeron 5 juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus) de pequeña talla (peso promedio inicial: 0,98 g).

Los peces fueron adaptados a las condiciones experimentales durante un período previo de una semana; la asignación de los grupos experimentales se realizó según un diseño en bloques completamente aleatorizados, donde los individuos fueron agrupados en tres tamaños distintos cuyos pesos medios iniciales fueron: 0,19g (± 0,01), 0,54 g (± 0,02) y 2,11 g (± 0,11) para los peces pequeños, medianos y grandes, respectivamente, y luego distribuidos al azar en cada uno de tres acuarios, respetando el tamaño para completar las unidades experimentales; quedando de esta forma, un acuario de cada tamaño para cada uno de los tres grupos con tratamientos alimentarios diferentes.

La única oferta alimentaria durante el ensayo experimental fue una dieta balanceada pelletizada para engorde elaborada en la Estación Experimental

Agropecuaria “Las Breñas” del Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA) con 28% de proteína cruda en su composición.

En la experiencia se utilizaron dos tratamientos experimentales consistentes en distintas estrategias de alimentación y un tratamiento control, los que consistieron en:

• Tratamiento Control, se alimentaron los peces diariamente con el alimento mencionado a lo largo de toda la experiencia,

• Tratamiento A, se realizaron cuatro ciclos de “no alimentación/re-alimentación” cada uno de los cuales consistió en privar de todo alimento a los individuos durante 2 días y posterior reanudación de la alimentación los siguientes 3 días ( 2NA/3RA); y

• Tratamiento B, en el cual los ciclos de “no alimentación/re-alimentación” consistieron en la privación del alimento durante 3 días y posterior alimentación los siguientes 2 días (3NA/2RA).

Repitiéndose así cuatro ciclos de cinco días en los tratamientos experimentales. En todos los casos los peces fueron alimentados con una ración del 4% de la biomasa de cada acuario, las cuales se ofrecieron manualmente divididas en dos comidas diarias. Las raciones fueron corregidas al comienzo de cada ciclo.

Para evaluar la evolución de los peces a lo largo de cada ciclo los mismos fueron pesados al final de estos con una balanza electrónica con capacidad de 400 g, precisión de 0,01 g.

La temperatura ambiente del laboratorio se reguló con estufa eléctrica para su mantenimiento entre 22º y 24º C. La temperatura del agua y la saturación y concentración de oxígeno fueron medidas diariamente, el pH y la conductividad eléctrica medidos al momento de realizarse el control de peso. Los promedios de las variables físico-químicas estimados para los diferentes tratamientos se compararon utilizando el test de Tuckey (p> 0,05).

Los restos de alimentos y detritos se eliminaron de las unidades experimentales diariamente, aproximadamente una hora después de la segunda comida, mediante sifonaje, renovándose diariamente el 25% del volumen de cada acuario. Adicionalmente, se realizó el recambio completo de agua simultáneamente con el pesaje al final de cada ciclo experimental.

Los resultados obtenidos al final de cada ciclo,

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se analizaron mediante ANOvA a dos vías para un diseño experimental en Bloques Completos al Azar, utilizándose como bloques el tamaño de los peces, con 3 réplicas por tratamiento. Recurriéndose al mismo diseño se analizaron los promedios generales para todo el ensayo, donde solo se consideraron los guarismos obtenidos al inicio y al final del mismo. Observadas diferencias significativas entre trata-mientos, las medias se compararon utilizando el test de dunnet.

Los indicadores zootécnicos utilizados como variables dependientes fueron:

• peso medio,• Tasa de Crecimiento Específico (TCE)

(HEPHER, 1993): 100 x (h (peso b) - h (peso a))/(b - a)donde (b - a) es el período (en días) transcurrido

entre dos pesajes • Razón de Eficiencia Proteica (REP) (HEPHER,

1993):alimento consumido (g)/ganancia de peso (g)

resultados La calidad del agua se mantuvo en valores adecua-

dos para la cría de pacú (Tabla 1), presentando muy pocas oscilaciones en las variables físico-químicas.

variablestratamiento

control a BTemperatura (ºC) 23 23 23

O2 (%) 94,70 93,87 89,70O2 (mg l-1) 8,12 8,06 7,66

pH 6,62 6,62 6,62Conductividad (μS s-1) 97 97 97

tabla 1. valores medios de las variables físico-químicas del agua durante el ensayo de evaluación de crecimiento compensatorio de pacú

Control: Alimentados diariamente; A: 2NA/3RA; B: 3NA/2RA. No se observaron diferencias significativas entre los promedios estimados para las variables físico-químicas (p> 0,05, test de Tuckey).

En los indicadores zootécnicos no fueron obser-vadas diferencias significativas (p>0,05) para el peso medio (Figura 1) durante todo el ensayo.

La Tasa de Crecimiento Específico general mostró diferencias significativas (p<0,05), observándose que el tratamiento B produjo un crecimiento significativa-mente menor (Figura 2, Tabla 2) al control, el que no se diferenció del tratamiento A (p>0,05). El análisis

por ciclos permitió detectar diferencias significativas entre el control y ambos tratamientos experimentales en el segundo ciclo (p<0,05) , mientras que en el cuarto ciclo solo el tratamiento B resultó inferior al control (p<0,05), siendo que en los otros períodos experimentales no pudieron observarse diferencias (Figura 3); el efecto de bloques difirió a lo largo del ensayo, mostrando diferencias significativas entre los tamaños (p<0,05) únicamente en los dos primeros ci- clos, no así en la segunda mitad del ensayo (Figura 3).

figura 1. Evolución del peso medio de los tratamientos durante el ensayo de evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas respecto del control (p>0,05). Efecto de bloque significativo en todos los períodos

3NA/2RA2NA/3RAAlimentados diariamente

figura 2. Promedios estimados para la Tasa de Crecimiento Específico general en evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas respecto del control (p>0,05).*: diferencias significativas (p<0,05). Efecto de bloque significativo

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Crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887)... 255

La Razón de Eficiencia Proteica no evidenció diferencias entre los tratamientos (p>0,05) cuando se analizó en forma general (Figura 4, Tabla 3), con un efecto del tamaño de los peces significativo (p<0,05). Cuando se consideró cada uno de los

tabla 2. Promedios de Tasa de Crecimiento Específico e Intervalos de Confianza (95%) en evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas (p>0,05) respecto del control. *: diferencias significativas (p<0,05)

tratamiento promedio límite inferior del ic límite superior del ic

Control 1,501769 0,891764 2,111775

A 0,892445 ns 0,282440 1,502451

B -0,031634 * -0,641639 0,578371Control: Alimentados diariamente; A: 2NA/3RA; B: 3NA/2RA

figura 3. Promedios estimados para la Tasa de Crecimiento Específico por período en evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas respecto del control (p>0,05). *: diferencias significativas (p<0,05). Efecto de bloque significativo (p<0,05) en los dos primeros períodos de crecimiento

3NA/2RA2NA/3RAAlimentados diariamente

figura 4. Razón de Eficiencia Proteica General en evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas respecto del control (p>0,05). Efecto de bloque significativo (p<0,05)

tabla 3. Promedios de Razón de Eficiencia Proteica e Intervalos de Confianza (95%) en evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas respecto del control (>0,05)

tratamiento promedio límite inferior del ic límite superior de ic

Control 1,392148 0,34847 2,435825

A 1,236217 ns 0,19254 2,279894

B -0,013421 ns -1,05710 1,030256Control: Alimentados diariamente; A: 2NA/3RA; B: 3NA/2RA

ciclos experimentales (Figura 5) pudo observarse que en el segundo período el tratamiento B es significativamente distinto al control (p<0,05), sin observarse diferencias en los restantes períodos; el efecto de bloques para esta variable se comportó de manera similar al encontrado para la Tasa de Crecimiento Específico, mostrando diferencias significativas entre los tamaños (p<0,05) en los dos primeros ciclos, pero no en la segunda mitad de la experiencia.

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figura 5. Razón de Eficiencia Proteica por período en evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. Las barras indican el Intervalo de Confianza de 95%. ns: diferencias no significativas respecto del control (p>0,05). *: diferencias significativas (p<0,05). Efecto de bloque significativo (p<0,05) en los dos primeros períodos de crecimiento

3NA/2RA2NA/3RAAlimentados diariamente

discusión Las condiciones ambientales se mantuvieron en

parámetros adecuados para la cría del pacú, con muy escasa variabilidad de los parámetros considerados, por lo que puede descartarse la influencia del ambiente en los rendimientos zootécnicos observados en los tratamientos.

El hecho de no haberse encontrado diferencias en la evolución de los pesos medios demuestra que los individuos sometidos a los tratamientos experimen-tales presentaron crecimiento compensatorio, considerando que consumieron 40% y 60% menos alimento que el control para los tratamientos A y B, respectivamente.

Sin embargo, estos resultados no son favorables a los tratamientos experimentales cuando nos refe-rimos a la Tasa de Crecimiento Específico y a la Razón de Eficiencia Proteica, las cuales en función al crecimiento compensatorio mostrado, se supone, podrían implicar mejores resultados tanto en el tratamiento A como en el B. Por el contrario, este último presenta una Tasa de Crecimiento Específico negativa, demostrando que, si bien gana mucho peso en el primer período, esta ganancia es prácticamente nula en el tercer ciclo, resultando negativa en los dos restantes. Esta situación demuestra que la estrategia alimentaria propuesta en el tratamiento B puede

representar una restricción excesiva para los peces de pequeña talla, indicando que quizás la respuesta fisiológica no es suficiente para contrarrestar la escasa alimentación a través del crecimiento compensatorio (JOBLING, 1994). En cuanto al tratamiento A, los valores registrados en la Tasa de Crecimiento Específico a lo largo de la experiencia concuerdan con los resultados hallados por EGEA NICOLÁS et al. (2002) en Diplodus puntazzo tras un período de diecisiete días de ayuno; asimismo, HAYWARd y WANG (2001) encontraron tasas de crecimiento específico similares al control en lotes de Perca flavescens sometidas a distintos períodos de restricción alimentaria previa a la oferta ad libitum del alimento.

La Razón de Eficiencia Proteica se utilizó como indicador zootécnico sobre la base de lo expuesto por RUEdA et al. (1998), quienes encontraron que cuando se desata la respuesta compensatoria pueden distinguirse dos fases: una temprana con movilización mayormente de proteínas y una tardía con gran movilidad de lípidos. Por lo tanto, la Razón de Eficiencia Proteica representaría una herramienta válida para evaluar la utilización de ese nutriente por los peces en respuesta a cortos períodos de privación de alimentos. Sin embargo, los bajos valores registrados para esta variable en los tratamientos experimentales pueden deberse a que no se permite el desarrollo pleno de la respuesta hiperfágica debido a la limitación impuesta en la ración en las etapas de re-alimentación, la cual no permitiría una completa recomposición del tracto digestivo necesaria para lograr un más eficiente aprovechamiento de la proteína ofrecida, como fuera observado por QIAN et al. (2000) en Carassius auratus gibelio. Además, un deterioro del estado nutricional inducido por sucesivos ciclos de escasa alimentación pudo haber afectado la respuesta compensatoria como fuera observado en híbridos de Lepomis cyanellus x L. niacrochirus (HAYWARd et al., 1997).

Si bien las diferencias entre el tratamiento control y los tratamientos experimentales resultan apreciables, especialmente con el tratamiento B, estas no son estadísticamente significativas en varios ciclos experimentales debido, en parte, probablemente al aumento de la variabilidad, situación que fuera observada en varias especies cuando son sometidas a situaciones de disminución de oferta alimentaria (MC CARTHY et al., 1992; JOBLING y KOSKELA, 1996; JOBLING y BAARdvIK, 1994; CARTER et al., 1996; SÆTHER y JOBLING, 1999). Este aumento en

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Crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus Holmberg, 1887)... 257

la variabilidad se acentúa fuertemente hacia el final del ensayo, inclusive en el tratamiento control, lo que puede deberse a las jerarquías creadas dentro de las unidades experimentales, donde, debido a las limitadas dimensiones de éstas, pequeñas diferencias de talla de los individuos representan grandes diferencias en la efectividad para la captura del alimento, situación que puede exaltarse si la disposición de los recursos disminuye fuertemente (BOTERO, 2004).

El efecto del tamaño de los peces en la experiencia, mostró cambios a lo largo del ensayo, tanto para la Tasa de Crecimiento Específico como para la Razón de Eficiencia Proteica, observándose una merma en el rendimiento de todos los grupos hacia el final de la experiencia, aunque con una mejor respuesta de los individuos de talla pequeña en comparación a los demás. El aumento de la variabilidad de los indicadores a medida que avanzó el ensayo también se refleja cuando se consideró el efecto de tallas, demostrando una vez más que algunos peces podrían tener ventajas en la alimentación a pesar de la pequeña diferencia corporal existente, lo que podría relacionarse con que, cuando el alimento es escaso, la competencia jerárquica se aumenta y el individuo dominante consume una cantidad exagerada de alimento y crece más rápido (BOTERO, 2004); probablemente esta situación se exalta debido al reducido número de ejemplares en las unidades experimentales, siendo el tamaño del grupo un factor determinante al momento de analizar el comportamiento agonístico de los peces, como fuera señalado en estudios previos (GRANT, 1997).

conclusiones1- Existe respuesta compensatoria en juveniles de

pacú de pequeña talla.2- El tamaño de los peces afecta el desempeño de

los mismos durante la etapa de compensación.

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ECOLOGIA POPULACIONAL DE Anomalocardia brasiliana (GMELIN, 1791) (BIVALVIA, VENERIDAE) NA BAÍA DE PARANAGUÁ, PARANÁ, BRASIL

Guisla BOEHS 1; Theresinha Monteiro ABSHER 2; Andrea C. da CRUZ-KALED 2

RESUMO

O estudo analisou, entre abril de 1996 e dezembro de 1997, a distribuição espaço-temporal e alguns aspectos da estrutura populacional do berbigão, Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) em dois baixios entremarés da Baía de Paranaguá (PR, Brasil). A. brasiliana foi observada desde a entrada do estuário, com salinidade média superior a 30, até setores a montante com salinidade mínima de 17. Áreas preferenciais de assentamento das larvas foram observadas na faixa superior dos baixios, onde as densidades populacionais foram significativamente mais baixas. A redução na densidade das populações no verão deve-se, provavelmente, a incrementos nas taxas de predação e precipitação pluviométrica, e a fatores populacionais intrínsecos, que podem favorecer os assentamentos de A. brasiliana durante o outono. Palavras-chave: Anomalocardia brasiliana; ecologia populacional; planícies de maré; Baía de Paranaguá

POPULATION ECOLOGY OF Anomalocardia brasiliana (GMELIN, 1791) (BIVALVIA, VENERIDAE) ON PARANAGUÁ BAY, PARANÁ, BRAZIL

ABSTRACT

From April 1996 to December 1997, the spatial and temporal distribution and some aspects of the population structure of the pointed venus, Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791), was studied on two tidal flats of the Paranaguá Bay (PR, Brazil). A. brasiliana was observed from the entrance of the estuary, with mean salinity higher than 30, to the inner sectors with a minimum salinity 17. Larval settlement was observed to occur preferentially on the higher level of the tidal flats, where population densities were significantly lower. Summer reductions in population density, were probably due to an increase in predation and pluviosity during this period, and to intrinsic population factors, that may favour the settlement of A. brasiliana during autumn. Key words: Anomalocardia brasiliana; population ecology; tidal flats; Paranaguá Bay

Artigo Científico: Recebido em: 15/01/2007; Aprovado em: 29/10/20071 Universidade Estadual de Santa Cruz-UESC; Rodovia Ilhéus-Itabuna, km 16, 45.650-000, Ilhéus, Bahia, Brasil; E-mail: [email protected] Universidade Federal do Paraná/Centro de Estudos do Mar, C.P. 50002 , 83.255-000, Pontal do Sul, Pontal do Paraná, Paraná, Brasil

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BOEHS et al.

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INTRODUÇÃOAnomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) é um

molusco bivalve amplamente distribuído ao longo da costa brasileira, principalmente em enseadas, baías e estuários. Sua faixa de ocorrência abrange as Índias Ocidentais (nas Antilhas), o Brasil e o Uruguai (RIOS, 1994). No litoral brasileiro, é conhecida por vários nomes populares, dentre os quais por “berbigão”, “vôngole”, “maçunim” e “chumbinho”. É uma espécie dióica e sem dimorfismo macroscópico das gônadas. A fertilização dos gametas ocorre na água e as larvas, após um estágio planctônico, assentam-se sobre substratos inconsolidados, onde sofrem metamorfose. Conforme MOUËZA et al. (1999), esse processo ocorre quando os indivíduos atingem, aproximadamente, 300 micrômetros de comprimento.

Dentre os estudos já efetuados sobre a biologia e a ecologia dessa espécie, estão os realizados no litoral do Estado de São Paulo (NARCHI, 1966, 1972, 1974 e 1976; HIROKI, 1977; SCHAEFFER-NOVELLI, 1980; ARRUDA-SOARES et al., 1982; LEONEL et al., 1983), em Santa Catarina (PEZZUTO e ECHTERNACHT, 1999; BOEHS e MAGALHÃES, 2004), na Paraíba (GROTTA e LUNETTA, 1980), no Ceará (ARAÚJO e ROCHA-BARREIRA, 2004; BARREIRA e ARAÚJO, 2005) e nas Índias Ocidentais Francesas, Antilhas (MONTI et al., 1991; MOUËZA et al., 1999).

A. brasiliana tem importância sócio-econômica, sendo comercializada em diferentes escalas ao longo da costa brasileira, principalmente pelas comunidades litorâneas, que a utilizam também na alimentação familiar. Na Baía de Paranaguá, a espécie forma bancos em vários locais. BOEHS et al. (2004) registraram, em assembléias de moluscos desta região, composição proporcional deste bivalve de até 62%. A sua conspicuidade em locais protegidos (e.g., enseadas, baías, estuários) está relatada também para outros locais (SCHAEFFER-NOVELLI, 1980; ARRUDA-SOARES et al., 1982; PEZZUTO e ECHTERNACHT, 1999; BOEHS e MAGALHÃES, 2004). Até o presente, a espécie não é cultivada.

Neste estudo analisaram-se alguns atributos populacionais, como: distribuição espaço-temporal, abundância, proporção de sexos, índices de condição e estrutura de tamanhos de populações naturais de A. brasiliana da Baía de Paranaguá (Paraná, Brasil).

MATERIAL E MÉTODOSO complexo estuarino da Baía de Paranaguá

localiza-se no litoral norte do Estado do Paraná (25º 30’ S; 48º 30’ W), no sul do Brasil, compreendendo várias baías e enseadas, incluindo a Baía de Paranaguá propriamente dita. O clima da região é do tipo Cfa, isto é, subtropical úmido mesotérmico, com verão quente (BIGARELLA et al., 1978). Manguezais, formados por Rhizophora mangle L. (mangue vermelho), Laguncularia racemosa (L.) Gaertn. f. (mangue branco) e Avicennia schaueriana Stap. and Lechman (mangue amarelo ou siriúba) (MARTIN, 1993), marismas monoespecíficas de Spartina alterniflora Loisel., e baixios entremarés não vegetados ocupam a maior extensão das planícies de maré deste estuário.

O estudo foi conduzido em dois baixios entremarés da Baía de Paranaguá propriamente dita, um na entrada (na Ilha Rasa da Cotinga) e outro no setor mediano do sistema (na desembocadura do Rio Emboguaçu, proximidades da Cidade de Paranaguá) que foram denominados de Estação (Est.) I e de Est. II, respectivamente. Em cada local, foi estabelecida uma transecção de 400 m entre o término da faixa de S. alterniflora e o início do infralitoral, sobre a qual foram escolhidos três pontos (níveis) amostrais: o N1-superior, localizado próximo à faixa de S. alterniflora, o N2-intermediário, a 200 m deste, e o N3-inferior, a 200 m do N2 e localizado no limite do baixio com o infralitoral durante as baixamares. As coletas foram efetuadas com periodicidade mensal, entre abril de 1996 e dezembro de 1997, durante períodos de maré baixa de sizígia.

Os locais foram avaliados quanto a temperatura, salinidade, pH, oxigênio dissolvido, granulometria, matéria orgânica, umidade e carbonato. A temperatura foi medida com um termômetro de mercúrio padrão, a salinidade com um refratômetro óptico manual e o pH com um medidor digital de bancada. O oxigênio dissolvido foi determinado segundo o método de Winkler, descrito em STRICKLAND and PARSONS (1972). Os teores de matéria orgânica e de carbonato biodetrítico do sedimento foram estimados, respectivamente, pelo método de ignição e tratamento com HCl (0,1 N) (DEAN, 1974). O teor de umidade do sedimento foi calculado pela diferença entre os pesos úmido e seco das amostras, após a manutenção das mesmas em estufa (24 h, 70oC). As análises granulométricas foram feitas pelo método de peneiramento, e a porcentagem de finos (siltes e argilas) pelo processo de elutria-ção (SUGUIO, 1973). A classificação textural foi baseada em SHEPARD (1954) e os resultados foram

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expressos em escala φ (fi), logaritmo negativo de base 2 da granulometria em milímetro, cujos números inteiros são coincidentes com a escala de Wentworth (SUGUIO, 1973). As análises de sedimento foram realizadas no Laboratório de Oceanografia Geológica do Centro de Estudos do Mar/UFPR. Análises de variância unifatoriais (α = 0,05) foram utilizadas para comparar variações nos fatores físico-químicos entre locais, níveis amostrais e no período.

Para o estudo dos atributos populacionais de Anomalocardia brasiliana, foram utilizados dois lotes de animais. O lote A foi obtido por coleta manual, constou de 30 animais/mês com tamanho mínimo de 20 mm de comprimento, e destinou-se à verificação da proporção sexual e índices de condição. Este lote de animais foi coletado entre julho de 1996 e dezembro de 1997. O lote B foi coletado com o auxílio de um amostrador cilíndrico de PVC com 25 cm de diâmetro (área: 0,049 m2), enterrado a 10 cm no sedimento, com a tomada de cinco repetições aleatorizadas em cada nível amostral, e destinou-se à avaliação de atributos populacionais como: abundância, distribuição espaço-temporal e estrutura de tamanho. O período de coletas deste lote de animais compreendeu abril de 1996 a outubro de 1997.

As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos etiquetados e transportadas ao Centro de Estudos do Mar/UFPR (Pontal do Sul, PR), onde foram processadas. Os animais do lote B foram triados sobre peneira com 1 mm de abertura de malha, fixados em formaldeído a 4% e após 48 horas transferidos para álcool 70%. Foi tomada a medida de comprimento de concha (eixo ântero-posterior) de cada exemplar, com a utilização de um paquímetro com precisão de 0,01 mm. Os animais do lote A também foram medidos quanto ao comprimento e posteriormente, ainda frescos, foram abertos. Com o auxílio de um bisturi, uma pequena porção do tecido gonádico de cada exemplar foi retirada por punção, posta sobre lâmina e examinada ao microscópio óptico para a identificação dos sexos. Carne e concha deste lote foram pesadas sobre balança com precisão de 0,001 g, para a obtenção do peso úmido. Depois, ambas foram mantidas em estufa durante 24 horas a 80°C, e posteriormente pesadas para a obtenção do peso seco.

Os índices de condição incluíram o cálculo do Rendimento (R) = (Wb/Wt) x 100, onde Wb = peso úmido da carne (g) e Wt = peso úmido total (g), e o Índice de Condição (IC) (Ci-shell; RAINER and

MANN, 1992): IC = (Wb/Wsh) x 100, onde: Wb = peso seco da carne (g) e Wsh = peso seco da concha (g). Diferenças significativas entre o número de machos e fêmeas foram verificadas através do teste Qui-Quadrado. ANOVAs unifatoriais (α = 0,05) foram utilizadas para comparar a variação espacial e temporal dos índices de condição (lote A), assim como as densidades populacionais (lote B).

RESULTADOS

Fatores físico-químicosAmbos os baixios apresentaram sedimento areno-

lodoso, com aproximadamente 90% de areia, 5% de finos (siltes e argilas) e 3% de cascalho. De acordo com a classificação textural de SHEPARD (1954), houve o predomínio de areias muito finas (AMF; φ médio = 3,1) na Est. I e de areias finas (AF; φ médio = 2,8) na Est. II. Uma diminuição gradual no tamanho médio dos grãos ocorreu do nível entremarés mais baixo (N3) ao mais alto (N1), em ambos os locais. O teor de matéria orgânica no sedimento foi de aproximadamente 2%, a umidade esteve em torno de 25%, e ambos tiveram pequena variação entre locais (p>0,05). O carbonato biodetrítico foi mais alto (p<0,05) na entrada do estuário (Tabela 1) e mais baixo no N1.

A temperatura da água e do sedimento variou de 14,8°C a 30°C, com pouca variação entre locais (Tabela 1) e níveis, mas com diferença acentuada (p<0,05) entre o inverno (junho-agosto) e o verão (dezembro-fevereiro) (Figuras 1 e 2). A salinidade foi mais baixa durante o verão, período de chuvas na região, o que ficou mais evidente na Est. II, onde há um aporte próximo de água fluvial (Figuras 3 e 4). Na Est. I, localizada na entrada do estuário, as salinidades foram mais altas (p<0,05) do que na Est. II (Tabela 1; Figuras 3 e 4). Não houve diferença significativa deste fator entre níveis amostrais. O potencial hidrogeniônico (pH) foi mais baixo na Est. II (Tabela 1) e no nível superior (N1) de ambos os locais. Os valores de oxigênio dissolvido (OD) da água intersticial foram, em geral, expressivamente mais baixos do que os da água adjacente aos baixios (Tabela 1). Condições de hipoxia e de anoxia foram freqüentes na água intersticial, especialmente no N1. Não houve diferença acentuada desse fator entre locais, entretanto, a água intersticial da Est. I apresentou valores mais altos (p<0,05) durante o verão (dezembro-fevereiro).

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Est. I Est. IIMédia(± DP)

Valoresmín. - máx. N Média

(± DP)Valores

mín. - máx. N

Sedimento:Temperatura (°C) 22,6 (± 3,7) 15 - 30 54 22,4 (± 3,8) 14,8 - 29 54Diâmetro dos grãos (φ) 3,1 (± 0,1) 91 - -11 6 2,8 (± 0,2) 91 - -11 6Umidade (%) 25,8 (± 2,5) 19,2 - 30,9 54 25,1 (± 2,2) 21,1 - 34,4 54Matéria orgânica (%) 2,3 (± 0,8) 0,8 - 6 54 2,1 (± 0,5) 0,9 - 3,9 54Carbonato biodetrítico (%) 5,9 (± 2,6) 1,6 - 11,3 54 4,6 (± 2,2) 1,4 - 13,1 54Água intersticial:Salinidade 31,6 (± 1,7) 28 - 35 54 26,9 (± 3,7) 17 - 33 54Oxigênio dissolvido (%) 7,7 (± 7,3) 0 - 28,1 48 6,6 (± 6,2) 0 - 25,4 42Potencial hidrogeniônico 7,9 (± 0,3) 7,2 - 8,8 54 7,7 (± 0,3) 6,8 - 8,5 54Água adjacente:Temperatura (ºC) 21,4 (± 2,9) 16,5 - 27 18 21,4 (± 3,3) 14,8 - 27,4 18Salinidade 31,1 (± 1,9) 28,5 - 35 18 25,1 (± 4,1) 14 - 30 18Oxigênio dissolvido (%) 18,5 (± 2,7) 12,7 - 24,1 16 17 (± 5,1) 9,6 - 28,9 16Potencial hidrogeniônico 8,1 (± 0,3) 7,1 - 8,5 18 7,6 (± 0,3) 6,7 - 8,1 18

1 Intervalo de φ

Tabela 1. Caracterização físico-química do sedimento, água intersticial e água adjacente, de dois baixios entremarés da Baía de Paranaguá (Paraná, Brasil) (Est. I, entrada do estuário e Est. II, setor mediano), entre abril de 1996 e outubro de 1997.

Figuras 1-4. Variação da temperatura (oC) e da salinidade (S) na água e no sedimento da Baía de Paranaguá, entre abril de 1996 e outubro de 1997. AA = água adjacente aos locais; N1 = nível amostral-superior; N2 = nível amostral-intermediário; N3 = nível amostral-inferior

Est. I

Meses

S

27

28

29

30

31

32

33

34

35

36

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

SetOut

AAN1N2N3

3

Est. II

Meses

S

10

15

20

25

30

35

MaiJun

JulAgo

SetOut

NovDez

JanFev

MarAbr

MaiJun

JulAgo

SetOut

AAN1N2N3

4

Est. I

Meses

0C

12

15

18

21

24

27

30

AbrMai

JunJul

AgoSet

OutNov

DezJan

FevMar

AbrMai

JunJul

SetOut

AAN1N2N3

1

Est. II

Meses

0C

12

15

18

21

24

27

30

MaiJun

JulAgo

SetOut

NovDez

JanFev

MarAbr

MaiJun

JulAgo

SetOut

AAN1N2N3

2

o C o C

S S

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Atributos populacionais de Anomalocardia brasilianaMachos (M) representaram 53,5% do total de

indivíduos (n = 480) na Est. I e 61,7% (n = 510) na Est. II. A razão sexual F: M foi de 1: 1,15 e de 1: 1,61, respectivamente, com diferença significativa (p<0,05) na Est. II. Nas gônadas de berbigões de ambos os sexos foi observada a presença freqüente de larvas de trematódeos digenéticos da família Bucephalidae, porém, não foi realizada a quantificação da infestação. O Rendimento (R) médio dos berbigões foi de 15,5% (DP ± 2,2) na Est. I e de 21,1% (DP ± 2,2) na Est. II (p<0,05 entre locais) (Figura 5a). O Índice de

Figura 5. Comparação gráfica do Rendimento (R) (a) e do Índice de Condição (IC) (b) em berbigões Anomalocardia brasiliana maiores a 20 mm obtidos mensalmente em dois locais da Baía de Paranaguá (PR) entre julho de 1996 e dezembro de 1997. Total de indivíduos analisados: 1.050 (Est. I: 510; Est. II: 540). Nível de significância: 95%

Figuras 6-7. Densidades das diferentes classes de comprimento de Anomalocardia brasiliana nos níveis entremarés (N1-superior; N2-intermediário e N3-inferior) de dois baixios entremarés da Baía de Paranaguá (Paraná, Brasil) no período entre abril de 1996 e outubro de 1997 (Est. I: 1.950 animais; Est. II: 6.724)

Condição (IC) apresentou valor médio de 3,1% (DP ± 0,4) e de 4,7% (DP ± 0,6), respectivamente (Figura 5b), e ambos os índices diferiram significativamente entre locais. Não houve variação temporal significativa dos índices em ambas as populações.

As densidades de A. brasiliana apresentaram variações significativas nos locais, entre os locais e no período. As mais baixas densidades ocorreram na faixa superior dos baixios (N1), onde, entretanto, os animais de pequeno tamanho (menores a 5 mm) foram mais expressivos do que os demais, principal-mente em relação ao N3 (inferior) (Figuras 6 e 7).

± Desvio padrão± Erro padrãoMédia

(a)

Local

Rendim

ento (%)

12

14

16

18

20

22

24

26

Est. I Est. II

Rend

imen

to (%

)

± Desvio padrão± Erro padrãoMédia

(b)

Local

Índice de condição (%)

2,4

2,8

3,2

3,6

4,0

4,4

4,8

5,2

5,6

Est. I Est. II

Índi

ce d

e C

ondi

ção

(%)

Os valores médios de densidade foram de 95 inds.m-2 na Est. I e de 489 inds.m-2 na Est. II. Os valores máximos foram de 885 e 1.804 inds.m-2, respectivamente. Na Est. I, as densidades mais altas ocorreram durante o outono (março-maio), particularmente no segundo ano de amostragem, fato que foi fortemente influenciado pela presença

de indivíduos recém assentados no local, isto é, com comprimento inferior a 3 mm (Figura 8). Na Est. II houve diminuição de abundância do primeiro ao segundo ano de amostragem e o recrutamento do inverno/97 (junho-agosto) pouca influência teve sobre o tamanho da população (Figura 9).

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Figura 8. Histogramas mostrando as freqüências relativa e absoluta das classes de comprimento (mm) de Anomalocardia brasiliana na população da Est. I (N = 1.950), entre abril de 1996 e outubro de 1997

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Figura 9. Histogramas mostrando as freqüências relativa e absoluta das classes de comprimento (mm) de Anomalocardia brasiliana na população da Est. II (N = 6.724), entre maio de 1996 e outubro de 1997

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O comprimento máximo de A. brasiliana registrado para a região foi de 33 mm. Na Est. I, os animais com tamanho entre 23 e 28 mm, seguramente adultos, predominaram na primeira fase de coletas (abril-dezembro/96). No restante do período, de forma geral, os indivíduos recrutas e juvenis foram mais freqüentes em relação aos adultos. Nesse local, observou-se recrutamento praticamente contínuo, porém com maior expressividade no outono (março-maio), e no segundo ano de coletas, também no inverno e na primavera (junho-outubro) (Figura 8). Na Est. II, o recrutamento foi mais restrito em relação à Est. I e inexpressivo no primeiro ano de amostragem. Nesse local, apesar de ter ocorrido uma diminuição gradativa na proporção de animais nas classes maiores, os adultos foram predominantes durante todo o período. E, similarmente ao ocorrido na Est. I, uma expressiva fase de recrutamento foi observada no outono-inverno (março-setembro) do segundo ano de amostragens (Figura 9).

DISCUSSÃOConforme observado neste e em estudos anteriores

(GOFFERJÉ, 1950; NARCHI, 1974; SCHAEFFER-NOVELLI, 1980; MONTI et al., 1991), A. brasiliana habita locais com águas calmas, com sedimento arenoso e, principalmente, areno-lodoso, onde enterra-se superficialmente no sedimento, tanto no infralitoral raso quanto nas regiões entremarés, incluindo as marismas e os baixios não vegetados, sendo pouco freqüente nos manguezais. Nesses locais, pode ser numericamente dominante sobre outras espécies bênticas (SCHAEFFER-NOVELLI, 1980; BOEHS et al., 2004) formando, muitas vezes, os bancos de A. brasiliana. Nas assembléias de moluscos correspondentes às estações I e II do presente estudo, BOEHS et al. (2004) observaram proporções de A. brasiliana de 30% e de 62%, respectivamente. PEZZUTO e ECHTERNACHT (1999) observaram densidade média de até 2.135 inds./m2 desse molusco na Ilha de Santa Catarina (SC) em época de recrutamento, valor que supera os valores máximos encontrados no presente estudo.

A rusticidade de A. brasiliana provavelmente favorece o seu estabelecimento nas regiões entremarés, faixas de reconhecida variabilidade ambiental. HIROKI (1977) verificou, através de um estudo experimental, que essa espécie é bastante resistente, tanto à deficiência do oxigênio dissolvido quanto à presença do sulfeto de hidrogênio, condições freqüentemente observadas nesses locais. Condições

de hipoxia e até de anoxia foram registradas com certa freqüência em ambos os baixios deste estudo, principalmente no N1, uma faixa com granulação mais fina (o que dificulta a difusão do oxigênio do ar para dentro do sedimento) e maior quantidade de siltes e argilas, onde, embora em densidades mais baixas, A. brasiliana esteve presente. O aumento significativo do oxigênio dissolvido na água intersticial da Est. I durante o verão (dezembro-fevereiro) observado neste estudo, é provavelmente o resultado de aumentos nas taxas de produção microfitobêntica durante essa época do ano no setor do estuário em que se localiza este baixio, fato anteriormente observado por FONSECA (1998).

Mecanismos fisiológicos e comportamentais provavelmente auxiliam A. brasiliana na redução de estresses ambientais possíveis de ocorrerem, tanto durante as baixamares (e.g., resultantes de choque térmico e/ou dessecação) quanto nas preamares (e.g., em função de choque osmótico). Com relação à salinidade, LEONEL et al. (1983) classificaram essa espécie como eurihalina, com grande tolerância aos meios hiperosmóticos, o que provavelmente favorece a sua sobrevivência durante períodos de entrada da água oceânica durante as marés altas. Com relação aos períodos de exposição ao ar, NARCHI (1972) observou que estes animais enterram-se muito rapidamente no sedimento durante as marés baixas, o que diminui riscos de choque térmico e dessecação. Esse autor também relatou a retenção da capacidade de mobilidade horizontal nesta e em outras espécies de Veneracea, fato que potencialmente permite migrações nas faixas entremarés para áreas com menor adversidade ambiental.

Ao sucesso do estabelecimento de A. brasiliana no setor mediano da Baía de Paranaguá, isto é, na Est. II, BOEHS et al. (2004) levantaram a hipótese de menor competição interespecífica em relação à Est. I, local com maior riqueza de espécies. O setor mediano da Baía de Paranaguá sofre eutrofização em algumas épocas do ano e a principal causa seria a descarga doméstica da Cidade de Paranaguá (MACHADO et al., 1997). O esgoto resulta em matéria orgânica e a decomposição desta pelas bactérias do sedimento pode reduzir o teor de oxigênio dissolvido no substrato. Por possuir boa adaptação a condições de hipoxia, esse fato pode, supostamente, favorecer a presença de A. brasiliana em locais com essa condição, em relação a outras espécies. BORGES (1989) considerou também a importância dos detritos orgânicos em suspensão para os bivalves,

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como alimentos por si só e no favorecimento da proliferação do fitoplâncton, um dos principais itens alimentares desses moluscos. Ainda nesse contexto, SCHAEFFER-NOVELLI (1980) observou altas densidades de A. brasiliana em um local próximo ao despejo de uma pequena indústria de pescado, em Ubatuba (SP), levando em conta esse fato. Na Est. II, também o Rendimento e o Índice de Condição dos berbigões foram significativamente mais altos em relação à Est. I, o que reforça a hipótese de ser este um local particularmente propício ao desenvolvimento de A. brasiliana.

Características abióticas devem ser também consideradas no bom desenvolvimento de A. brasiliana no setor mediano da baía. LEONELLEONEL et al. (1983) demonstraram, experimentalmente, que esse molusco suporta variações salinas entre 17 e 42, com ótimo em torno de 22, valor próximo às médias encontradas na Est. II. Por outro lado, salinidades muito baixas parecem restringir a ocorrência dessa espécie, o que foi também observado na Baía de Paranaguá. A espécie esteve ausente em áreas com salinidades abaixo de 17. Os resultados do presente estudo também corroboram as observações feitas por MONTI et al. (1991), em Guadalupe, que verificaram a ocorrência de A. brasiliana em áreas com salinidade entre 17 e 38.

A ausência de A. brasiliana nas áreas mais internas da Baía de Paranaguá está, provavelmente, também relacionada a hidrodinâmica e a características texturais. Nesses setores, juntamente com materiais de aportes fluviais e detritos de manguezais, ocorrem altas proporções de siltes e argilas, presentes tanto no sedimento quanto em suspensão (BIGARELLA et al., 1978). NARCHI (1974) relatou que essa espécie habita locais com pouco material em suspensão, com sedimentos formados por areias finas e com teores de finos em torno de 2%, condições também verificadas nos baixios analisados. Conforme esse mesmo autor, a presença de sifões curtos e fundidos, com tentáculos simples, impede o estabelecimento dos berbigões em áreas com ressuspensão freqüente de sedimentos. Por esse motivo, A. brasiliana estaria também ausente em regiões de turbulência e alta energia ambiental, como em praias expostas e em áreas estuarinas com fortes correntes. PEZZUTO e ECHTERNACHT (1999) relataram mortalidade alta desses animais em um local que sofreu um forte impacto antrópico na Ilha de Santa Catarina, em função da deposição de lamas provenientes de um aterro. Segundo os autores, aparentemente os animais morreram em

decorrência de asfixia causada pela elevação da turbidez do local.

No que se refere a grande flutuação temporal das populações de A. brasiliana, observada neste e em estudos anteriores (MONTI et al., 1991; PEZZUTO e ECHTERNACHT, 1999), MONTI et al. (1991) concluíram que o tamanho das populações nessa espécie é regulado, em grande parte, pelas altas densidades populacionais e por uma forte competição intraespecífica. Uma auto-limitação natural seria imposta, principalmente pelas classes mais velhas da população, que, estando presentes em altas densidades, causariam diminuição de espaço e de alimento para os animais pequenos. Conseqüentemente, o sucesso dos recrutamentos estaria condicionado à redução dos estoques adultos. Os resultados do estudo em pauta convergem com as interpretações desses autores, já que a maior expressividade de recrutas e juvenis foi observada tanto em locais quanto em épocas com menor freqüência de adultos. O assentamento preferencial dos recrutas nos níveis superiores dos baixios pode estar relacionado às baixas freqüências de adultos nessas faixas entremarés, o que foi também observado nos mesmos locais para outras espécies de bivalves, como Lucina pectinata (Gmelin), Tagelus plebeius (Lightfoot) e T. divisus (Spengler) (BOEHS et al., 2004). Os resultados aqui obtidos também são coincidentes com as observações feitas por PEZZUTO e ECHTERNACHT (1999) na Ilha de Santa Catarina, no que se refere a intensas variações interanuais nos recrutamentos de A. brasiliana. Essas variações foram interpretadas por esses autores como ocasionadas por flutuações naturais na intensidade do recrutamento ou mesmo relacionadas a processos de regulação intrapopulacional, conforme já havia sido sugerido por MONTI et al. (1991).

Na Baía de Paranaguá, a redução das densidades de A. brasiliana durante o verão (dezembro-fevereiro) está provavelmente também relacionada a aumentos nas taxas de precipitação pluviométrica nessa época do ano na região. Em Guadalupe, MONTI et al. (1991) observaram alta mortalidade de berbigões após períodos de chuvas intensas. Além de ocasionarem reduções bruscas na salinidade (causando choques osmóticos), as chuvas podem causar ressuspensão de material do fundo, com conseqüente aumento da carga de sedimentos em suspensão, condição que parece ser inadequada para esses moluscos. Por sua vez, LANA and GUISS (1991) preconizaram uma diminuição nas densidades de invertebrados

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bênticos nas faixas entremarés da Baía de Paranaguá durante o verão em função de aumentos nas taxas de predação. Não obstante, considerando-se a influência conjunta de fatores intrínsecos e extrínsecos na regulação das populações de A. brasiliana, na Baía de Paranaguá, a diminuição dos estoques de berbigões adultos durante o verão, potencialmente favorece o estabelecimento dos juvenis no período subseqüente, isto é, a partir do outono. Nesse contexto, além de ocorrer a liberação de espaço para o assentamento dos recrutas, o crescimento das coortes recrutadas no final do verão e no início do outono, pode ainda ser favorecido, na região, tanto pela redução das chuvas quanto pela diminuição das taxas de predação durante o inverno.

Conforme também evidenciado por outras técnicas (BOEHS, 2000), A. brasiliana parece apresentar reprodução contínua no litoral paranaense, com dois picos reprodutivos, um na primavera (setembro-outubro) e outro no outono (março-maio). NARCHI (1976) verificou um resultado idêntico no litoral norte do Estado de São Paulo. O presente estudo mostrou que na Baía de Paranaguá, os assentamentos provenientes da eliminação de gametas na primavera, parecem se caracterizar pela baixa taxa de sobrevivência dos recrutas nos meses subseqüentes, isto é, durante o verão, fato talvez relacionado a choques osmóticos e à predação. ARRUDA-SOARES et al. (1982) observaram, no litoral sul do Estado de São Paulo, juvenis presentes em todas as estações do ano, com incrementos na primavera, o que talvez seja o reflexo dos assentamentos bem sucedidos do outono, naquela região. Também PEZZUTO e ECHTERNACHT (1999) observaram, em Santa Catarina, maior expressividade de juvenis na primavera, atribuída a uma emissão de gametas no outono.

A leve predominância de machos em A. brasiliana foi verificada também em outras regiões da costa brasileira (GROTTA e LUNETTA, 1980; ARRUDA-SOARES et al., 1982; BARREIRA e ARAÚJO, 2005). A presença de trematódeos digenéticos em A. brasiliana foi anteriormente observada por NARCHI (1966) (São Paulo), BOEHS e MAGALHÃES (2004) (Santa Catarina), e ARAÚJO e ROCHA-BARREIRA (2004) (Ceará).

Principalmente por se tratar de uma espécie de interesse comercial e com potencial para o cultivo, os dados sobre densidade e recrutamento são importantes para o manejo dos estoques e tentativas de cultivar A. brasiliana. Os bancos analisados

aparentemente não sofreram impactos significativos nos dez anos que transcorreram entre a coleta dos dados e a divulgação dos resultados, entretanto, sugere-se a realização de novos estudos nos locais, que possam corroborar ou não esse pressuposto.

AGRADECIMENTOSÀ CAPES, pela concessão de bolsa de estudos

ao primeiro autor. Ao Centro de Estudos do Mar da UFPR (CEM), pelo apoio logístico. À Márcia S. Bernini e Sirlei Ghisi, do Laboratório de Oceanografia Geológica do CEM, pelas análises granulométricas.

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A PESCA DE POLVOS NO ARQUIPÉLAGO DE FERNANDO DE NORONHA, BRASIL*

Tatiana Silva LEITE 1; Manuel HAIMOVICI 2; Jorge Eduardo LINS 3

Artigo Científico: Recebido em: 17/01/2007; Aprovada em: 25/09/20071 Pós-Graduação de Oceanografia Biológica, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Av. Itália, no8, carreiros - Rio Grande. CEP

96201900, RS – Brasil. Bolsista Doutorado - CNPq. E-mail: [email protected] Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Departamento de Oceanografia. Bolsista de produtividade - CNPq. E-mail: [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Oceanografia e Limnologia, Via Costeira s/n, Praia de Mãe Luiza. E-mail:

[email protected]*Financiamento da Fundação Boticário para Conservação da Natureza, processo: 0577/2003.1

RESUMO

Uma pescaria de polvo em pequena escala se desenvolve nas águas rasas da plataforma da Área de Preservação do Arquipélago de Fernando de Noronha, localizado a 350 km da costa nordeste do Brasil. A população local de 3000 habitantes, além de um máximo de 500 turistas, inclui 45 pescadores de polvo, sendo que a maior parte pesca apenas esporadicamente. Como parte de um estudo mais abrangente sobre polvos de águas rasas do Nordeste brasileiro, a pescaria do Arquipélago foi estudada entre os anos de 2003 e 2005. Pescadores e comerciantes foram entrevistados periodicamente para obtenção de informações a respeito de locais de pesca, esforço, capturas e quantificar o consumo. Os pescadores, a maioria nativos entre 18 e 42 anos, coletaram polvos através de mergulhos livres, em média duas vezes por semana, com uma captura média de 8 kg. Uma estimativa aproximada da captura total anual de polvo no arquipélago foi de 3 toneladas das quais uma é comercializada. Entrevistas em restaurantes e hotéis sugerem um consumo de em torno de 8,2 toneladas anuais, dos quais apenas 11% foram supridos pela pesca local. Considera-se que, devidamente regulamentada e mantida no nível atual, esta pescaria é sustentável. Palavras chaves: polvo, Octopus, pescaria, Arquipélago de Fernando de Noronha

THE OCTOPUS FISHERY IN THE FERNANDO DE NORONHA ARCHIPELAGO, BRAZIL

ABSTRACT

The Fernando de Noronha Archipelago, 350 km offshore northeastern Brazil, has a small scale fishery aiming octopus in the shallow waters of the Environmental Preservation Area. The resident population of 3000 habitants, besides up to a maximum of 500 tourists, includes 45 octopus fishers, most of them part-time. As part of a wider scope study of the shallow water octopods in northeastern Brazil, the octopus fishery was studied between 2003 and 2005. Fishers and buyers were interviewed periodically for information requests about the fishery sites, effort, catch and consumption. The fisherman, most native between 18 and 42 years old, collected octopus by diving (snorkeling), in mean two times a week, with a mean catch of 8 kg. A rough estimate of the total yearly catch is at least 3 tons, from which around 1 ton was commercialized. Interviewed restaurants and hotels suggest consumption around 8.2 tons annually, where the local fishery provide less than 11% of this demand. This small scale fishery can be sustainable if kept at its present level and adequately controlled. Key words: octopus, Octopus, fishery, Fernando de Noronha Archipelago

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INTRODUçãOO Arquipélago de Fernando de Noronha,

localizado a 360 Km do Estado do Rio Grande do Norte (Figura 1), vem sofrendo alterações na sua porção terrestre desde sua ocupação em 1737, como a derrubada da mata nativa, introdução de espécies exóticas, depósitos de lixo, entre outros (FERREIRA, et al. 1990 e IBAMA, 2005). Até recentemente, o ambiente marinho havia sido poupado de maiores impactos causados pelo homem, entretanto, rápidas mudanças sócio-econômicas provocadas pelo desenvolvimento turístico nos últimos anos estão alterando este quadro. A população residente no Arquipélago quase dobrou, passando de 1.342 em 1990 (FERREIRA et al., 1990) para 2.520 em 2003 (IBGE, 2003), e o número de pousadas aumentou de 3 em 1988, para 108 em 2005 (IBAMA, 2005). Este aumento de população e da carga turística levou a uma intensificação da exploração comercial de atividades relacionadas com o ambiente marinho como o mergulho recreativo (ALMEIDA, 2004) e os passeios de barco, além de uma elevação significativa da demanda interna de espécies marinhas de interesse gastronômico (LESSA et al., 1998), entre elas o polvo.

A espécie de polvo alvo da pescaria no Arquipélago de Fernando de Noronha pertence ao gênero Octopus, sendo brevemente descrita por LEITE (2002) e LEITE

e HAIMOVICI (2006). Atualmente está sendo descrita como uma nova espécie por LEITE et al. (submetido), entretanto ainda não recebeu um nome definitivo até o momento. Ela difere morfologicamente e geneticamente de Octopus vulgaris (LEITE, 2002) e é a espécie dominante em todas as ilhas oceânicas e nas águas rasas do NE brasileiro. O ciclo de vida dessa espécie é comum as espécies do gênero, a longevidade é inferior a dois anos, o crescimento é rápido, seguido da maturação sexual, cópula, desova, cuidado dos embriões por parte da mãe, e morte após a eclosão dos ovos e (BOYLE, 1987). No Arquipélago, os machos atingiram a maturação sexual a partir de 80 mm de comprimento do manto e as fêmeas a partir de 95 mm (LEITE, 2002). A fecundidade desta espécie é elevada. No ovário de uma fêmea madura foram contados 213 mil ovócitos com menos de 1,5 mm próximos a serem desovados. Nenhuma fêmea madura foi encontrada até 30 m de profundidades durante os 3 anos de pesquisa, o que leva a hipótese de que as desovas ocorrem em tocas localizadas a maior profundidade (LEITE, 2005). Outras espécies encontradas no Arquipélago são: Octopus hummelincki e Octopus macropus (LEITE, 2002; LEITE e HAIMOVICI, 2006), porém seus habitats ou comportamentos tornam raros sua à pesca em Fernando de Noronha.

Figura 1. Área de estudo: Arquipélago de Fernando de Noronha. Linha pontilhada delimitando os limites do Parque Nacional Marinho e da Área de Preservação Ambiental. Os polígonos delimitados correspondem às áreas onde são realizadas as pescarias de polvo com suas respectivas áreas

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O Arquipélago de Fernando de Noronha, nas últimas duas décadas, esta numa fase de consolidar uma política pesqueira/ambiental adequada para garantir a conservação do seu ambiente, fauna e recursos pesqueiros. Neste sentido, em 1988 foram criadas duas áreas de preservação, o Parque Nacional Marinho e a Área de Preservação Ambiental, e posteriormente elaboradas medidas de conservação para diversas espécies marinhas e terrestres locais (FERREIRA, et al. 1990). Apesar do polvo se enqua-drar dentro desta política, até o ano de 2005 não existia nenhuma regulamentação específica para este animal. A carência de conhecimento sobre a biologia, a importância ecológica, bem como da atividade pesqueira recreacional e comercial foram, até recentemente, empecilhos para a o estabelecimento de normas visando à conservação desse recurso.

Segundo relatos dos descendentes dos primeiros habitantes do Arquipélago de Fernando de Noronha, a pesca de polvos realizada para subsistência, ou de forma recreacional, ocorre desde a ocupação das ilhas. Apesar dessa pescaria nunca ter tido um papel de destaque na atividade econômica local (LESSA et al, 1998), sua atual intensificação para atender a demanda gerada pelo turismo, pode vir a acarretar efeitos negativos tanto para o meio ambiente marinho, como para o eco-turismo, visto que os polvos constituem parte da chamada megafauna carismática cujo valor simbólico e essencial para o ecoturismo (PRIMACK e RODRIGUES, 2001), como também desempenha um papel importante como predadores ativos da fauna bentônica (AMBROSE, 1986), e como presa de animais marinhos topos da cadeia alimentar (CLARKE, 1962).

Em ambientes frágeis como as ilhas oceânicas, o manejo da fauna marinha requer o estabelecimento de normas específicas para espécies chave, como o polvo, levando em consideração suas características biológicas, sua importância ecológica e seu valor econômico e cultural para a comunidade local (SALM, et al. 2000). Neste sentido, estudos sobre a biologia e ecologia da principal espécie de polvo presente nas ilhas oceânicas do NE brasileiro vêm sendo desenvolvidos desde 1999 (LEITE, 2002; LEITE e HAIMOVICI, 2006). Com o objetivo de suprir a falta de conhecimento sobre a única pescaria de polvo em ilha oceânica do Brasil, a pescaria do Arquipélago de Fernando de Noronha foi estudada a partir de dados obtidos em entrevistas e amostragens realizadas ao longo de dois anos entre 2003 e 2005, assim como os aspectos socioeconômicos e cadeias produtivas

relacionadas à utilização desse recurso nas ilhas. Entre os resultados alcançados apresentados neste trabalho estão: a determinação da espécie que comporta a totalidade das capturas, a identificação das áreas de pesca e suas importâncias relativas, a quantificação do numero de pescadores ativos, a descrição da cadeia produtiva, as estimativas do consumo de polvo pela indústria turística, e da contribuição da pesca local ao total e uma avaliação da importância econômica e social desta pescaria.

MATERIAL E METODOSCaracterísticas oceanográficas da área de estudo

O clima do Arquipélago de Fernando de Noronha é tropical oceânico com duas estações bem definidas: uma estação chuvosa de janeiro a junho e uma seca no restante do ano. Localizado na região denominada de Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Fernando de Noronha é caracterizado por baixa pressão atmosférica e constantes ventos alísios (TCHERNIA, 1980). Entre abril e outubro predominam ventos dos quadrantes leste a sudeste que atingem o lado sudeste do arquipélago conhecido como Mar de Fora, gerando ondas com forte arrebentação e condições de mar agitadas e, na fase nordeste do arquipélago chamada de Mar de Dentro, as condições do mar permanecem calmas. Entre novembro e março passam a predominar ventos dos quadrantes oeste a sudoeste que provocam fortes ondulações no Mar de Dentro e de calmaria no Mar de Fora. A temperatura média da água é de 270 C e a salinidade de 35.5%0 (TCHERNIA, 1980; LINSKER, 2003).

Coleta de dadosO estudo de diversos aspectos da pescaria de

polvo foi realizado a partir de amostragens das capturas e entrevista realizadas entre 2003 e 2005, além de um levantamento bibliográfico (FERREIRA et al., 1990; ADEFN, 2004; IBAMA, 2005). Nas amostragens da captura dos pescadores, de cada exemplar foi registrado o comprimento dorsal do manto (CM) até a linha que passa pelos olhos, o sexo e o peso dos exemplares. As áreas dos locais de pesca indicadas pelos pescadores foram calculadas a partir da determinação das posições dos pontos extremos com um G.P.S. de mão (Garmin Etrex).

A produção foi definida como o total de polvo capturado. A captura por unidade de esforço (CPUE) foi definida como a captura de cada pescador por hora de pesca. A produtividade foi calculada dividindo a CPUE pelas áreas dos diferentes locais.

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Para análise de produtividade das áreas de pesca algumas áreas foram consideradas conjuntamente (ex. Porto esquerdo + Biboca), visto que o pescador abrange toda a área em apenas uma pescaria.

As informações solicitadas aos diferentes participantes do “sistema pesqueiro” foram organizadas em questionários referentes à: (1) atividade de pesca nas quais foram registradas informações como áreas de pesca, número de pescarias por semana, duração das pescarias, quantidade de polvo capturado por hora e por semana, quantidade de polvo vendido e quantidade consumida por semana; (2) características sócio-econômicas dos pescadores; e (3) consumo e comercialização do produto da pesca com perguntas sobre as quantidades, em peso e valor, dos polvos comprados, consumidos e vendidos, provenientes do arquipélago e do continente.

RESULTADOSNo total foram realizadas 163 entrevistas: 31

entrevistas sobre a atividade pesqueira com 16 pescadores ativos, definidos como aqueles que tinham pescado pelo menos uma vez nos quinze dias anteriores a entrevista. Estes mesmos 16 pescadores responderam o questionário socioeconômico. Foram realizadas 99 entrevistas junto aos responsáveis por restaurantes e pousadas que oferecem polvo em seus cardápios. Adicionalmente 46 pessoas nativas ou moradoras a mais de 10 anos do Arquipélago foram entrevistadas para avaliar sua relação com a pesca recreativa de polvo.

Estima-se que no mínimo 45 pescadores, correspondendo a 1.8% da população residente de Fernando de Noronha, atuaram com freqüência ou esporadicamente na pesca de polvo. Este

número corresponde aos que aceitaram se cadastrar no IBAMA de março a agosto de 2005 para o recebimento da carteira do Plano de Manejo dos polvos de Fernando de Noronha. Apesar do baixo número de pescadores, o número total de pessoas envolvidas na pesca recreativa de polvo é elevado, visto que nas entrevistas realizadas com residentes que se dizem não-pescadores (n=46), 41,3 % já pescou polvo alguma vez na vida, sendo a proporção mais elevada entre os homens 68% (n=25) que entre as mulheres 9,5%. (n=21).

O polvo é capturado com ganchos chamados de “bicheiros” em percursos das áreas descobertas de arrecife ou através de mergulhos livres. Sobre os arrecifes descobertos e em profundidades inferiores a 1,5 m de profundidade, em geral, são capturados exemplares jovens. Os exemplares maiores são capturados através do mergulho livre em profundidades superiores a 2 m.

A pesca nas partes rasas dos arrecifes é uma atividade o do Molhes Porto Santo Antônio, até o Morro da Viuvinha, Biboca, Praia do Cachorro, Praia da Conceição, Laje do Boldró, Vinte Patacas e Laje da Cacimba (Figura 1). A pesca ocorre principalmente sob platôs e rochas, desde as áreas expostas durante a maré seca, até as profundidades atingidas em apnéia pelos pescadores.

Nos períodos de setembro e outubro de 2003, junho e julho de 2004 e abril de 2005 foram aplicados questionários a 30 pescadores que efetivamente estiveram pescando na semana anterior as entrevistas. Os pescadores realizaram entre uma a quatro pescarias por semana totalizando de uma a cinco horas de pesca, capturando de 4,4 até 26 kg semanais. A captura média por hora de pesca foi de 3,14 kg (Tabela 1).

Tabela 1. Dados referentes às atividades de pesca de polvos obtidos através de questionários semanais aplicados aos 16 pescadores mais ativos no Arquipélago de Fernando de Noronha (N=30) entre 2003 e 2005freqüentemente realizada por crianças, mulheres e homens que ocasionalmente saem à procura de polvo para consumo próprio ou isca. Já a pesca através do mergulho realizado em apnéia por pescadores experientes que, sozinhos ou em dupla, mergulham entre profundidades de 1 até 25 m. A pesca ocorre sempre durante o dia, uma vez que é totalmente visual. A visibilidade da água de Fernando de Noronha pode chegar a 50 m favorece este tipo de pescaria.

Dados Mínimo Médias Máximo D. P.Pescarias por semana 1 1,71 3,5 0,87Tempo de cada pescaria (min) 60 138 300 63,92Polvos capturados na semana (kg) 4,4 7,45 26 4,79Número de polvos capturados na semana 3 8,77 30 5,76Tempo total de pescaria na semana (min) 60 211,33 900 168,53CPUE (kg/hora) 0,87 3,14 5,17 2,61Quantidade vendida na semana (kg) 0 6,55 26 7,43Quantidade consumida na semana (Kg) 0 1,35 5 2,25

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Segundo pescadores e autoridades, até recente-mente era freqüente o uso água sanitária borrifada nas tocas para expulsar o animal. Esta prática impede que outros polvos ocupem as tocas afetadas pelo cloro por longo tempo, dificultando a pescaria e vem sendo abandonada. Um outro efeito do uso de água sanitária é a destruição dos recifes.

As mudanças sazonais do regime de ventos em torno do Arquipélago influenciam diretamente a pescaria de polvo na APA, única parte da ilha em que é permitida. A pesca de polvo no Mar de Dentro, onde se localiza a APA é possível a partir do mês de abril e estende-se até o início do mês de

dezembro quando ocorrem longos períodos de mar calmo ao sudeste e sul da ilha. As áreas em que foram registradas pescarias de polvo foram: o lado esquerdo e direito

As maiores capturas por pescador foram registradas em junho de 2004 com uma média de 10,4 kg de polvo pescados por semana, porém um teste de X2 não evidenciou uma diferença significativa em relação aos outros períodos de pesca (X2 = 4,88, gl = 4, p >0,05). Os rendimentos por hora de pesca variaram de 2 a 4,2 kg, também sem diferença significativa entre os pescadores (X2 = 13,00, gl = 12, p >0.05) (Tabela 2).

Tabela 2. Rendimentos semanais dos pescadores de polvo de Fernando de Noronha entrevistados entre 2003 e 2005 (N= no de entrevistas, D. P. Desvio Padrão)

Período de amostragem N

Média de captura

semanal (kg)D.P.

Média no

de polvos capturados na

semanaD.P.

CPUE média

(kg/hora)D.P.

Outubro/03 6 6,0 1,67 6,67 1,97 2,4 1,40Novembro/03 1 6,0 - 4 - 2 -Junho/04 10 10,4 6,11 9,8 8,62 4,2 3,70Julho/04 11 7,3 4,86 7,82 4,92 2,79 2,2Abril/05 2 6,0 1,41 7 1,41 2,4 0,11Total 30 7,95 4,87 8,07 5,85 2,76 2,66

Não existem estatísticas de desembarque de polvo e a produção pesqueira no AFN só pode ser estimada de forma aproximada, a partir das entrevistas realizadas, em 3 toneladas anuais. Este cálculo foi baseado na produção média semanal de 8 kg dos 12 pescadores mais ativos em 32 semanas anuais. No outro extremo, podemos contabilizar os 45 pescadores que se registraram no IBAMA, incluindo os que pescam para consumo próprio e comercialização eventual, com uma captura mínima de 4 kg por semana. Neste caso, a produção total de polvo atingiria 5,7 toneladas por ano. Existem também capturas ilegais dentro do Parque Nacional, as quais foram consideradas pouco expressivas. Portanto, estima-se que as capturas anuais de polvo no Arquipélago de Fernando de Noronha se situam entre 3 e 6 toneladas, para uma área de pesca em torno de 0,6 km2 (Figura 1).

O impacto da pesca sobre o estoque de polvo em torno das ilhas é difícil de avaliar. Este depende da área de distribuição da espécie alvo, e também da variação da densidade com a profundidade, informações que são desconhecidas até o momento.

Estudos preliminares sobre o habitat e distribuição desta espécie sugerem que a maior parte dos indi-víduos se encontra a profundidades inferiores a 20 m, entretanto, os mergulhos mais profundos realizados com este objetivo foram até 45 m, e mesmo assim com pouco tempo de fundo. Uma estimativa grosseira da área até 20 m de profundidade em torno das ilhas é de pelo menos 20 km2, ou mais de 30 vezes a soma das áreas de pesca. Considerando uma distribuição uniforme até essa isóbata, o impacto da pesca sobre a população seria muito pequeno e não colocaria em risco a abundância do estoque. No entanto, se a distribuição for agregada, com maiores densidades nas áreas procuradas pelos pescadores, o impacto da pesca sobre o estoque seria maior. Estudos adicionais sobre a distribuição e deslocamento reprodutivo do Octopus sp. são necessários para avaliar a abundância do polvo em torno das ilhas.

O lado direito do Porto foi apontado como área de pesca mais freqüentada pela maioria dos pescadores, seguida pela Laje do Boldró, Porto lado esquerdo - Biboca, Praia da Conceição e Laje da Cacimba (Tabela 3). O maior rendimento médio (CPUE) foi

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registrado na Praia da Conceição, 5,58 kg/hora, a qual também foi a área mais produtiva, com 0,415 kg/hora/km2. A área com menor produção, e também a menos produtiva, foi a Laje dos Dois Irmãos, na

Tabela 3. Principais áreas de pescaria, número de pescadores atuantes, área (km2), produção média por hora (CPUE) e produtividade (CPUE/área). (D.P. Desvio padrão)

Área de pescaNo de

pescadores atuantes

Área(m2)

CPUE(kg/hora) D.P.

Produtividademédia

(kg/hora/km2)Min. Méd. Máx.Laje do Boldró 5 136,16 0,8 2,6 6,7 2,88 0,019Porto lado direito 12 267,02 0,9 3,6 10 2,88 0,013Praia da Conceição 4 13,45 2,2 5,6 9 4,83 0,415Porto lado esquerdo 5 171,16 1,25 2,89 10 2,47 0,017Laje da Cacimba 2 79,02 - 0,50 - - 0,006

Praia da Cacimba do Padre (0,006 kg/hora/Km2) (Tabela 2). Apesar das diferenças entre as médias, estas não apresentaram variação estatisticamente significante (x2 = 3,757, df = 4, p >0,05).

Capturas e destino do pescadoForam amostrados 49 espécimes provenientes

das capturadas da pesca. Os CM variaram de 54 a 140 mm, com uma média de 92,3 mm. Os pesos variaram de 71 gramas a 1,5 kg, e média de 460 gramas. Todos foram identificados como Octopus sp,

Figura 2. Freqüência de comprimento (a) e de peso dos polvos (b) provenientes das capturas da pesca comercial de Fernando de Noronha

sendo que 23,8% eram juvenis, 50% de sub-adultos e 26,2% adultos. A distribuição de freqüência de comprimento do manto e pesos dos espécimes medidos mostrou que mais de 30 % dos indivíduos pertenciam à classe de CM de 80 a 90 mm e 35 % pesaram entre 200 e 400 gramas (Figura 2).

Comercialização de polvo (cadeias produtivas)Os polvos capturados são utilizados tanto na

alimentação familiar como para a comercialização. Dos 16 pescadores entrevistados, 7 pescavam exclusivamente para a comercialização, 6 para consumo próprio e 2 afirmaram consumir e vender. As capturas comercializadas foram vendidas a pousadas, restaurantes ou moradores locais. Em média os pescadores consumiram 1,35 Kg. e venderam 6,55 Kg de polvo por semana. O consumo das pousadas e restaurantes de Fernando de Noronha foi estimado através de 99 entrevistas em cinco períodos representando as diferentes épocas do ano

(setembro e outubro de 2003, janeiro de 2004, maio e junho de 2004, julho e agosto de 2004, março e abril de 2005). O consumo médio semanal foi estimado em 10,7 kg por estabelecimento. O maior consumo por estabelecimento ocorreu em setembro de 2003, média de 20,6 kg/semana, e o maior consumo médio pelo total de estabelecimentos ocorreu em março de 2005, média de 256,6 kg/semana (Figura 3).

O total anual comercializado foi de 8,2 toneladas, com um intervalo de 90% de confiança entre 7 e 9,3 toneladas. O consumo anual de polvos pescados no Arquipélago foi estimado 931 kg ou 11,4% do total consumido. O polvo comercializado anualmente

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Mes es am os trados

Polvo

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Média por es tabelec im ento Total todos os es tabelec im entos

Figura 3. Consumo médio de polvos por semana (kg) por restaurantes e/ou pousadas do Arquipélago de Fernando de Noronha, e consumo total por semana em todos os estabelecimentos durante os meses estudados

pelos 9 pescadores mais ativos foi em torno de 2,3 t, entretanto, parte dessa captura é adquirida por moradores, como sugerem as entrevistas informais realizados com moradores e pescadores.

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Figura 4. Quantidade média dos polvos (kg/semana), adquiridos por cada estabelecimento (restaurantes e pousadas) do Arquipélago de Fernando de Noronha nos meses estudados, de acordo com o local de proveniência (Arquipélago ou continente)

No período estudado, outubro de 2003 e agosto de 2004 foram os meses de maior aquisição de polvo local, com uma média de 5,4 e 5,0 kg/semana por estabelecimento nos respectivos meses. O mês com maior aquisição de polvo do continente foi setembro de 2003, com uma média de 24,5 kg/semana por estabelecimento. No mês de junho de 2004 houve a maior aquisição de polvo do arquipélago, média 4,1 kg/semana por estabelecimento, em relação ao polvo do continente, 3,9 kg/semana (Figura 4). Isto indica que apenas em época de baixo consumo, os restaurantes adquirem este recurso do próprio local em quantidade suficiente.

Nesta pescaria não existe a figura do atacadista ou atravessador, o pescador vende a captura diretamente ao restaurante, pousada ou pessoas da comunidade. O preço do polvo vendido pelos pescadores aos restaurantes na ilha variou entre R$12,00 e R$20,00 reais o quilo, com vísceras. O polvo vindo do continente chega à ilha ao custo de R$ 9,00 a R$15,00 por quilo, fora o preço do frete do barco ou do avião. Nos cardápios dos restaurantes ou pousadas os diversos pratos feitos à base de polvo tinham preços que variaram de R$35,00 a R$45,00. Considerando um consumo anual médio de 8.167 kg e que cada porção a base de polvo leva em torno de 400 g cru, o polvo das ilhas contribui para uma movimentação econômica da ordem dos R$ 816.700,00.

Caracterização socioeconômica dos pescadoresBaseado no total de 45 questionários aplicados aos

pescadores que foram se cadastrar para recebimento da carteira foi verificado que a maior parte nasceumaior parte nasceu ou se criou em Fernando de Noronha. O pescador de polvo do Arquipélago de Fernando de Noronha tem em média 32 anos, variando de 18 a 42 anos a exceção de um pescador de 55 anos e, em média, pescavam polvo há 14 anos. Mais de 80% aprenderam a pescar com os pais e têm envolvimento com a pesca de polvo desde a infância ou adolescência. A maioria maioria possui algum tipo de curso profissionalizante, sendo os mais freqüentes marinheiros e guia turístico. DosDos 16 pescadores entrevistados um pescador completou a alfabetização, três o ensino fundamental, sete o ensino médio incompleto e cinco o ensino médio completo.

Com base em questionários detalhados aplicados a 16 pescadores verificou-se que a maioria pesca maioria pesca duas vezes por semana, variando entre duas vezes por mês e seis vezes por semana. A renda mensal da pesca de polvo pode variar de R$ 100,00 a R$ 800,00 dependendo da freqüência com que se pesca. O lucro com a pesca é em geral utilizado como complementação da renda, visto que a maior parte dos pescadores tem outra fonte de renda: como mergulhador, marinheiro, funcionário de pousada, etc. Apenas dois pescadores afirmaram viver exclusivamente da pesca de polvo durante a época em que ocorre pescaria.

DISCUSSãOIlhas oceânicas como o Arquipélago de Fernando

de Noronha são pequenas massas de terras de

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origem vulcânica isoladas do continente por oceanos profundos, nunca tendo estado conectadas por terra com outros continentes. O isolamento e o tamanho reduzido dessas ilhas são responsáveis pela formação de um ambiente diferente daqueles encontrados no continente, limitando assim a variedade de espécies de plantas e animais nativos, aumentando a possibilidade de endemismo e acarretando uma maior vulnerabilidade em relação às atividades humanas, como a pesca e o turismo intenso. Em função da fragilidade de seu ecossistema muitas ilhas oceânicas do mundo são consideradas atualmente áreas de preservação ambiental de algum nível (SALM, et al. 2000).

O Arquipélago de Fernando de Noronha apesar de possuir duas áreas de preservação ambiental é um exemplo de ilha oceânica que vem aumentando significativamente sua população residente, bem como a exploração turística e pesqueira, sendo a única ilha oceânica do Brasil a suportar pescarias de polvo com caráter comercial e de subsistência.

A pescaria de polvo realizada caminhando sobre o recife descoberto ou durante o mergulho livre, utilizando o bicheiro como petrecho de captura é classificada como uma forma de pesca ativa, visto que envolve uma varredura de uma área por parte do pescador. Este tipo de pesca é também o mais utilizado em pescarias na costa nordeste do Brasil (JAMBEIRO, 2002; MENDES, 2002; CEPENE/IBAMA, 2002). O uso do bicheiro (gancho) como artefato principal de captura faz com que a pescaria em Fernando de Noronha tenha uma grande capacidade de seletividade, tanto de tamanho como de espécie, visto que o pescador pode escolher qual animal quer capturar. Este tipo de arte permite delimitar o tamanho mínimo de captura, visto que o pescador pode facilmente visualizar o tamanho do polvo a ser capturado.

Foi verificado que as áreas de pesca de polvo em Fernando de Noronha são restritas a regiões rasas dentro da Área de Preservação Ambiental, em função da proibição de pesca na área do Parque Nacional Marinho. Uma vez que estas áreas se encontram todas no “Mar de Dentro” da ilha, as mudanças oceanográficas que ocorrem no Arquipélago de Fernando de Noronha impedem a pescaria na APA entre os meses de dezembro a março, possibilitando assim o repovoamento dessa área.

A pesca nas águas mais rasas do arquipélago, entre 0 e 2 metros de profundidade, acarreta numa

maior captura de animais menores e imaturos (Figura 2), visto que os animais maiores foram encontrados na maior parte do ano entre 5 e 30 m de profundidade. Apenas durante o período de maior atividade reprodutiva, de junho a agosto, foram encontrados animais maiores em comportamento de formação de casais e cópulas em áreas rasas do Arquipélago (LEITE, 2005). Segundo GUERRA (1981) a ocorrência de polvos de tamanhos relativamente grandes nas regiões mais profundas pode estar relacionada ao fenômeno de migração dos recifes, de onde os animais se deslocam, para se desenvolver em águas mais profundas, retornando ao recife apenas para fins reprodutivos.

A produção de polvo no AFN é comparável a uma área recifal de 4,5 km2 na costa da Bahia, onde foi registrada uma captura anual de 4 t entre 2000 e 2001 (JAMBEIRO, 2002), como também com outros ambientes insulares oceânicos como as Ilhas Canárias no Atlântico Norte subtropical, onde foram capturadas anualmente de 7 a 25 t de polvo entre 1989 e 1994 (HERNÁNDEZ-GARCIA, et al, 1998), e o Havaí, cuja pesca artesanal atingiu uma produção anual em torno de 10 toneladas (DAR, 2002). Por outro lado, os rendimentos dos pescadores entrevistados no AFN, de 3,14 kg/hora/pescador, foram superiores aos registrados na Bahia, de 1,54 kg/pescador/hora (JAMBEIRO, 2002). Esta diferença pode ser atribuída à presença de uma área de exclusão de pesca, o Parque Nacional Marinho do Arquipélago de Fernando de Noronha, localizado próximo às áreas de pesca, o que não ocorre no litoral baiano.

Os rendimentos sem diferença significativa entre os meses de pescaria, e entre as áreas de pesca, indicam uma captura regular durante o período estudado, com um pequeno pico nos meses de junho e julho e na área de Praia da Conceição. As capturas regulares condizem com a situação de uma área tropi-cal sem grandes mudanças climáticas sazonais.

O valor de comercialização dos polvos em AFN é compatível com o preço por kg na Europa (U$S 7.00 a U$S 11.00) ou Japão (U$S 12.00) (www.globefish.org, junho/2006), porém é muito superior aos preços cobrados nas praias da costa do NE do Brasil que variam de R$ 6,00 a R$ 10,00 reais. O preço mais elevado do polvo no AFN é comum à maioria dos produtos comercializados na ilha, seja de origem local ou proveniente do continente. O caráter insular adiciona o custo do transporte, e a oferta reduzida aliada ao grande fluxo turístico de consumidores

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com forte poder de compra (ADEFN, 2004) tende a manter os preços mais elevados que no continente. O alto valor de venda dos polvos em Noronha, aliado a ausência de intermediários permite que mesmo com capturas reduzidas os pecadores consigam uma renda que justifica a atividade pesqueira.

Apesar de não ser uma atividade econômica muito rentável para os pescadores, a venda de polvos em pousadas e restaurantes gera uma movimentação econômica expressiva e deve ser levada em consideração. Como comprovado neste estudo, mesmo com o aumento da captura de polvo no Arquipélago nos últimos anos (comunicação pessoal, Marcos Aurélio, Chefe do Parque Nacional Marinho do Arquipélago de Fernando de Noronha), a quantidade de polvos capturados não é suficiente para suprir a alta demanda. A maior parte dos polvos consumidos pelos estabelecimentos foi proveniente de cidades da costa nordestina, especialmente Recife e Natal, onde também não existe nenhuma forma de manejo da pesca de polvo até o momento. Esta diferença entre produção e demanda mostra a constante necessidade dos estabelecimentos comerciais do Arquipélago em adquirir esse recurso para suprir seus estoques, incentivando cada vez mais a exploração comercial do polvo na área de preservação ambiental, além do aumento do preço deste recurso.

Caracterização socioeconômica dos pescadoresNo litoral de vários Estados do Nordeste a

pesca de polvo é a principal atividade para muitos dos pescadores envolvidos na mesma, como por exemplo, na Bahia (JAMBEIRO, 2002; MENDES, 2002). Já em Fernando de Noronha a pesca de polvo constitui uma complementação de renda, que pode chegar até R$ 800,0 reais mensais. A diferença deve-se as maiores oportunidades de renda em função do alto fluxo turístico e da falta de mão de obra especializada (FERREIRA, et al. 1990; IBAMA, 2005). A pesca de polvo em Fernando de Noronha também esta intimamente ligada com questões culturais. Ser um bom pescador de polvo reflete acima de tudo a condição de ser bom mergulhador, atividade bastante respeitada entre os ilhéus. A maior parte dos pescadores cadastrados afirmou que pesca apenas para comer, dar para os amigos, ou apenas para se divertir e testar suas habilidades como mergulhador. Normalmente quando um pescador cozinha polvo em sua casa, isto indica uma ocasião social importante, ou motivo de comemoração e

divertimento. Esta importância cultural na pesca de polvo pode ser verificada em ilhas oceânicas como o Havaí (CASCORBI, 2004), onde a pesca recreacional de polvo tem profundas implicações para o manejo.

CONCLUSãOEmbora os dados disponíveis sejam limitados,

a partir dos resultados apresentados parece que a pesca de polvo apesar de fazer parte dos costumes locais, a mesma não exerce pressão importante sobre o recurso polvo no Arquipélago nos limites em que se encontra. Considera-se que devidamente regulamentada e mantida no nível atual, esta pescaria pode ser sustentável.

AGRADECIMENTOSAgradecemos a Fundação Boticário e ao CNPq

pelo apoio financeiro, à administração de Fernando de Noronha e ao IBAMA pelo suporte logístico, aos pescadores de polvo de Fernando de Noronha pelas informações e amostras doadas, e aos estabelecimentos que colaboraram com informações de consumo. Agradecemos também aos voluntários e estagiários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Fundação Universidade Federal do Rio Grande pela ajuda nas coletas e análises do material.

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DIGESTIBILIDADE APARENTE DE RAÇÕES CONTENDO LEVEDURA ÍNTEGRA, LEVEDURA AUTOLISADA E PAREDE CELULAR PELA TILÁPIA DO NILO

Hamilton HISANO 1; Fernanda Garcia SAMPAIO 2; Margarida Maria BARROS 3; Luiz Edivaldo PEZZATO 3

RESUMO

Os coeficientes de digestibilidade aparente para matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, energia bruta de rações suplementadas com levedura íntegra (1,0; 2,0 e 3,0%), levedura autolisada (1,0; 2,0 e 3,0%) e parede celular (0,1; 0,2 e 0,3%), desidratadas por spray dried, além de um controle (isenta dos ingredientes teste) foram avaliadas para tilápia do Nilo. Foram utilizados um total de 80 peixes (83,0±8,5g), alojados em dez aquários de 250 L para alimentação e quatro de mesmo volume para a coleta de fezes, ambos dotados de sistema de recirculação contínua de água, com filtro físico-biológico e temperatura controlada. As rações que receberam levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular apresentaram, em média, coeficientes de digestibilidade aparente superiores ao controle. Conclui-se que a suplementação da levedura e derivados proporcionam melhora no coeficiente de digestibilidade aparente das rações experimentais, e que os níveis estimados de suplementação com 2,13 a 2,36% de levedura autolisada apresenta resultado de digestibilidade superior.Palavras-chave: Saccharomyces cerevisiae, Oreochromis niloticus, glucanos, mananos

APPARENT DIGESTIBILITY COEFFICIENT OF DIETS SUPPLEMENTED WITH WHOLE YEAST, AUTOLYZED YEAST AND YEAST CELL WALL BY NILE TILAPIA

ABSTRACT

Apparent digestibility coefficient of dry matter, crude protein, ether extract, gross energy, of diets supplemented with spray dried whole yeast (1.0; 2.0 e 3.0%), autolyzed (1.0; 2.0 e 3.0%), yeast cell wall (0.1; 0.2 e 0.3%) plus a additional diet with no yeast and yeast derivatives were evaluated to Nile tilapia. Eighty juveniles (83.0±8.5g) were placed in eight 250L aquaria for feeding and four aquaria of the same volume for collecting faecal samples. Both sets were equipped with flow-trough recirculation system provided with mechanical and biological filter. Diets supplemented with whole yeast, autolyzed yeast, and yeast cell wall presented, as mean, superior apparent coefficient digestibility than control. It can be concluded that supplementation of yeast and yeast derivatives improve apparent coefficient digestibility of experimental diets and diets supplemented with estimated level of 2.13-2.36% autolyzed yeast shows better digestibility.Key words: Saccharomyces cerevisiae, Oreochromis niloticus, glucans, mannans

Artigo Científico: Recebido em: 09/02/2007; Aprovado em: 26/10/20071 Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, BR 163, km 253,6, CEP 79804-970, Caixa Postal 661, Dourados, MS.

E-mail:[email protected] Aluna do Programa de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil.3 Professores do Departamento de Melhoramento e Nutrição Animal, UNESP-FMVZ, Botucatu, SP, Brasil.

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INTRODUÇÃOA utilização constante de antibióticos e quimiote-

rapicos em rações para organismos aquáticos têm provocado diversos problemas de resistência em determinadas cepas patogênicas. Alguns ingredientes, principalmente os de comprovada biossegurança se apresentam como potenciais substitutos ao uso destes compostos, dentre os quais se destacam a levedura íntegra e alguns derivados do seu processamento, tais como levedura autolisada, polissacarídeos da parede celular e nucleotídeos. A levedura e derivados do seu processamento estão sendo suplementados em rações para algumas espécies de peixes com respostas positivas sobre parâmetros de desempenho produtivo, sistema imunológico e aumento de resistência contra infecções bacterianas (SAKAI et al., 2001; ORTUÑO et al., 2002; LI e GATLIN, 2003, 2004). Além disso, a inclusão da levedura íntegra e principalmente a levedura autolisada, melhoram a taxa de eficiência alimentar e a digestibilidade das rações (HISANO et al. 2004; WATANABE, 2006).

O Brasil é um dos maiores produtores de levedura de cana do mundo e segundo MORENO (2002), a produção na safra de 2001/2002 foi de 45 mil toneladas, sendo aproximadamente metade da produção destinada ao mercado interno (alimentação de aves e suínos) e a outra metade destinada ao mercado externo, cujos principais compradores foram países do sudeste asiático, como Indonésia e Tailândia, que utilizam a levedura na alimentação de camarões e peixes. Segundo informações de BUTOLO (2002), para cada 1000L de álcool etílico produzidos, são gerados de 20 a 30kg de levedura seca, o que pode proporcionar um potencial de produção de 400-600 mil toneladas de levedura originária da fermentação da cana, de acordo com a estimativa da produção da safra de 2006/2007 de 20 bilhões de litros de álcool apresentando no AGRIANUAL (2006).

A levedura autolisada é obtida por indução de autodigestão ou rompimento mecânico (ASSIS, 1996) e consiste no conteúdo total da célula lisada, incluindo os componentes hidrossolúveis, as proteínas solúveis e a parede celular. Para obtenção do extrato de levedura é necessária a separação da parede celular por meio de centrifugação (SGARBIERI et al. 1999). Nas indústrias de alimentos destinados ao consumo humano, derivados do processamento da levedura, tais como a levedura autolisada e o extrato de levedura são amplamente utilizados, no entanto, são poucas as informações sobre os níveis de inclusão e a

melhora do aproveitamento dos nutrientes em rações para peixes suplementadas com estes produtos.

Com base nestas informações, o presente estudo teve por objetivo determinar o coeficiente de digestibilidade aparente de rações suplementadas com levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular para as frações matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, energia bruta e, aminoácidos essenciais e não essenciais, pela tilápia do Nilo.

MATERIAL E MÉTODOSEsta pesquisa foi realizada no Laboratório de

Nutrição de Organismos Aquáticos (AquaNutri), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Campus de Botucatu. Botucatu.

As rações experimentais foram formuladas de acordo com a exigência nutricional para a espécie apresentada no National Research Council (1993), sendo isoprotéicas (32,0% de PD), isocalóricas (3200 kcal ED/kg ração) e suplementadas com levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular (Saccharomyces cerevisiae) originários de usinas de álcool de cana de açúcar, posteriormente processados e desidratadas (spray dried). Estes produtos foram incluídos nos seguintes níveis: 1,0; 2,0 e 3,0% para as leveduras íntegra (LI) ou levedura autolisada (LA) e 0,1; 0,2 e 0,3% para a parede celular (PC). A ração controle foi caracterizada pela não utilização dos ingredientes em estudo. Dessa forma, foram obtidas dez rações (tratamentos) com quatro repetições. Todas as rações foram acrescidas de 0,1% de óxido de crômio III (Cr2O3), utilizado como marcador externo inerte (Tabela 1).

Todos os ingredientes utilizados nas rações experimentais foram moídos em moinho de facas, com diâmetro menor que 0,5mm. Os ingredientes foram homogeneizados em misturador automático (Ação Científica) e, posteriormente peletizadas, empregando-se matrizes para obtenção de grânulos com os diâmetros de 2,0 e 3,5 mm, os quais foram destinados às fases inicial e final do experimento, respectivamente.

Utilizou-se para determinar os CDA das rações, a metodologia proposta por PEZZATO et al. (2002). Assim, dez aquários circulares com volume de 250 L, de fibra de vidro, foram utilizados para alimentação dos peixes e cinco aquários de coleta de fezes com o mesmo volume, confeccionado em fibra de vidro de formato cilíndrico e fundo cônico para

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Igestibilidade aparente de rações contendo levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular pela tilápia... 283

favorecer decantação das fezes. Tanto os aquários de alimentação, como os aquários de coleta de fezes eram dotados de sistema de recirculação contínua

de água, composto por filtro físico e biológico e, sistema digital para manter constante a temperatura da água (27,0°C).

TratamentoLevedura íntegra Levedura autolisada Parede celular

Ingrediente (%) Controle 1,0% 2,0% 3,0% 1,0% 2,0% 3,0% 0,1% 0,2% 0,3%Farelo de soja 66,00 66,00 65,50 65,00 66,00 65,50 65,00 66,00 66,00 66,00Fubá de milho 17,00 16,00 15,50 15,00 16,00 15,50 15,00 16,90 16,80 16,70Farelo de trigo 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40Levedura íntegra - 1,00 2,00 3,00 - - - - - -Levedura autolisada - - - - 1,00 2,00 3,00 - - -Parede celular - - - - - - - 0,10 0,20 0,30DL–metionina 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36Fosfato bicálcico 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90Óleo de soja 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59Suplem. vit/min1 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50Vitamina C 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03NaCl 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10BHT 2 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02Cr2O3 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Composição (%)PD (%) (3) 32,43 32,89 33,08 33,05 32,75 32,89 33,01 31,60 31,74 31,77ED (kcal/kg) (4) 3212 3273 3360 3342 3393 3382 3391 3292 3362 3353FB (%) 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00EED (%) (5) 3,89 3,90 4,01 3,71 3,88 3,76 3,77 3,96 4,12 3,90Cálcio (%) 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20Pdisp. (%) (6) 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70Metionina (%) 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60Treonina (%) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00Lisina (%) 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70

Tabela 1. Composição percentual e químico bromatológica das rações experimentais (matéria original)

1 Suplemento vitamínico e mineral (Supre Mais): nível de garantia por kg do produto: Vit. A �� 1.200.000 UI; vit. D3 �� 200.000A �� 1.200.000 UI; vit. D3 �� 200.000 UI; Vit. E �� 12.000mg; Vit. K3 �� 2.400mg; Vit. B1 �� 4.800mg; vit, B2 �� 4,800mg; Vit. B6 �� 4.000mg; biotina �� 48mg; colina �� 65.000mg; niacina �� 24.000mg; Fe�� 10.000mg; Cu �� 600mg; Mn �� 4.000mg; Zn �� 6.000mg; I ��20mg; Co �� 2mg e Se �� 20mg; 8 Vitamina C : sal cálcica 2-monofosfato de ácido ascórbico - 42% de princípio ativo.2 BHT �� (antioxidante) �� Butil hidroxi tolueno.3 PD�� Proteína digestível, Valores determinados, por meio do coeficiente de digestibilidade aparente para proteína dasigestibilidade aparente para proteína das rações experimentais.4 ED�� energia digestível, Valores determinados, por meio do coeficiente de digestibilidade aparente para energia das rações experimentais.5 EED�� extrato etéreo digestível. Valores determinados, por meio do coeficiente de digestibilidade aparente para extrato etéreo das rações experimentais.6 Pdisp.�� Fósforo disponível. Cálculos realizados com base nos valores apresentados por Gonçalves (2003).

Os peixes foram alojados em dez gaiolas plásticas, uma para cada tratamento experimental. O período de adaptação prévio das rações experimentais foi de

uma semana. Durante o período da manhã, os peixes foram alimentados a cada duas horas e, no período da tarde, a alimentação foi intensificada a cada hora.

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Este manejo foi aplicado ao grupo (cinco aquários de alimentação) do qual seriam coletadas as fezes, diferindo do outro grupo por não se intensificar a alimentação. Foram efetuadas quarenta coletas, caracterizando quatro repetições por tratamento, durante período de 2 semanas.

As análises químico-bromatológicas das rações e das fezes foram realizadas pelo Laboratório da Mogiana Alimentos (Labtec-Alta Tecnologia), segundo padrões da Association of Official Analytical Chemists (1990). A concentração de cromo foi determinada no Laboratório de Química Analítica do Departamento de Química do Instituto de Biociências da UNESP – Campus de Botucatu, segundo metodologia proposta por BREMER NETO et al. (2003). O coeficiente de digestibilidade aparente foi calculado com base na seguinte fórmula:

Onde:Da(n) �� Digestibilidade aparente;Cr2O3r �� % de óxido de crômio na ração;Cr2O3f �� % de óxido de crômio nas fezes;N r �� Nutrientes na ração;N f �� Nutrientes nas fezes.

O estudo estatístico das variáveis de desempenho produtivo, coeficiente de digestibilidade aparente foram realizados a partir da técnica de análise de variância (STELL e TORRIE, 1984). A análise incluiu os contrastes ortogonais entre totais de tratamentos (levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular), bem como a análise de polinômio ortogonal para estimativa do nível ótimo de suplementação. Todas as análises foram realizadas utilizando-se o procedimento GLM do programa computacional SAS Institute (1985).

RESULTADOS E DISCUSSÃODurante o período experimental a temperatura

da água variou de 25,2 a 26,5ºC. Os níveis médios de oxigênio dissolvido oscilaram entre 7,4 a 8,2 mg/L, valores considerados satisfatórios para o desenvolvimento dos peixes (BOYD, 1990). Os valores de pH obtidos no presente estudo variaram de 6,5 a 7,3. Segundo ARANA (1997) as águas com

valores que compreendem a faixa de 6,5 a 9,0 de pH são as mais adequadas para a produção de peixes.

Na Tabela 2 encontram-se apresentados os coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) para matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta (EB) e extrato etéreo (EE) das rações experimentais contendo os diferentes níveis de suplementação de levedura íntegra (LI), levedura autolisada (LA) e parede celular (PC) para juvenis de tilápia do Nilo.

Os valores médios dos CDA da MS e EB quando submetidos à análise de variância revelaram diferenças significativas (P<0,01) para tratamentos (Tabela 2). Pode-se observar que o desdobramento dos graus de liberdade de tratamentos, constituído pelos contrastes ortogonais entre totais de tratamentos revelou que o CDA da MS e EB das rações contendo LA diferiram (P<0,01) daquelas rações contendo LI e PC. Por meio desse tipo de comparação, foi possível detectar que a suplementação de LA melhorou o CDA destas variáveis. Os valores digestíveis da MS e EB refletem quantitativamente a qualidade da ração, uma vez que seu CDA representa a soma da digestibilidade dos nutrientes que a constituiu. Em função do rompimento da parede celular durante o processo de autólise, alguns componentes intracelulares podem estar mais disponíveis, melhorando o aproveitamento de alguns nutrientes.

Os valores médios do CDA da PB foram significativos (P<0,01) para os totais de tratamentos. Por meio dos contrastes ortogonais foi possível verificar que o CDA da PB dos grupos contendo LI e LA diferiram (P<0,01) do grupo PC, no entanto, quando se comparou LI e LA, não foram detectadas diferenças significativas. Para o CDA do EE, não se observou diferença entre os totais dos grupos LI, LA e PC.

A suplementação dos diferentes níveis de LI revelou diferença significativa no CDA da MS, sendo encontrado efeito polinomial quadrático (P<0,01), o qual pode ser expresso pela equação Y �� 70,38+3,73x-0,97x2, com o melhor CDA apresentado pela inclusão de 1,91% de LI na ração.

Para a suplementação de LA, também houve diferença significativa entre os diferentes níveis estudados para CDA da MS, revelando efeito polinomial quadrático (P<0,01) expresso pela equação Y �� 69,99+4,78x–1,01x2, com o melhor CDA apresentado pela inclusão de 2,36% de LA na ração.

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Igestibilidade aparente de rações contendo levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular pela tilápia... 285

Variável MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)

Tratamento (p<0,01) (p<0,01) ns (p<0,01)LI (1) x LA (2) (p<0,01) ns ns (p<0,01)LI x PC (3) ns (p<0,01) ns nsLA x PC (p<0,01) (p<0,01) ns (p<0,01)Levedura Íntegra MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)ANOVA Tratamento (p<0,01) ns ns (p<0,01)Coeficiente de variação (%) 0,76 0,22 1,80 0,99Modelo quadrático (p<0,01) ns ns (p<0,01)Ponto de máxima 1,91 - - 2,19Coeficiente de correlação (%) 89,00 - - 86,00Controle 70,35 90,54 95,08 71,54LI 1,0% 73,24 90,08 94,91 74,95LI 2,0% 73,84 90,82 95,39 75,46LI 3,0% 72,83 90,77 95,41 75,21Levedura Autolisada MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)ANOVA Tratamento (p<0,01) ns ns (p<0,01)Coeficiente de variação (%) 0,82 0,57 2,00 1,33Modelo quadrático (p<0,01) - - (p<0,01)Ponto de máxima 2,36 - - 2,13Coeficiente de correlação (%) 85,00 - - 87,00Controle 70,35 90,54 95,08 71,54LA 1,0% 72,69 90,37 95,36 75,41LA 2,0% 76,58 91,38 95,81 78,84LA 3,0% 74,86 90,52 94,83 76,74Parede Celular MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)ANOVA Tratamento (p<0,01) ns ns (p<0,01)Coeficiente de variação (%) 0,87 0,90 2,66 1,36Modelo quadrático (p<0,01) ns ns (p<0,01)Ponto de máxima 0,30 - - 0,29Coeficiente de correlação (%) 70,00 - - 71,00Controle 70,35 90,54 95,08 71,54PC 0,1% 70,99 88,84 93,57 72,80PC 0,2% 75,31 89,14 93,97 76,01PC 0,3% 73,99 89,63 94,71 75,27

Tabela 2. Média dos coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) para matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta (EB), extrato etéreo (EE) das rações contendo levedura íntegra e seus derivados para tilápia do Nilo

1 LI = levedura íntegra; 2 LA = levedura autolisada;3 PC = parede celular;Coeficientes dos contrastes ortogonais: LAxLI (Co=0, LI 1%=1, LI 2%=1, LI 3%=1, LA 1%=-1, LA 2%=-1, LA 3%=-1, PC 0,1%=0, PC 0,2%=0, PC 0,3%=0); LIxPC (Co=0, LI 1%=1, LI 2%=1, LI 3%=1, LA 1%=0, LA 2%=0, LA 3%=0, PC 0,1%=-1, PC 0,2%=-2, PC 0,3%=-3); LAxPC (Co=0, LI 1%=0, LI 2%=0, LI 3%=0, LA 1%=1, LA 2%=1, LA 3%=1, PC 0,1%=-1, PC 0,2%=-1, PC 0,3%=-1);ns = não significativo.

O acréscimo de PC em rações para tilápia do Nilo melhorou o CDA da MS, demonstrando efeito polinomial quadrático (P<0,01), que pode ser

expresso pela equação Y��69,88+29,83x–48,91x2, com o melhor CDA apresentado pela inclusão de 0,3% de PC na ração.

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HISANO et al.

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A ação positiva da levedura sobre a digestibilidade da MS confirmou os resultados obtidos por HISANO et al. (2004), quando avaliaram o CDA de diferentes dietas contendo levedura e zinco. Estes autores observaram melhora e interação positiva entre os níveis de LI e do Zn sobre os a digestibilidade da MS, quando da utilização de 1,0% de LI e 300 mg de Zn/kg de ração.

Os diferentes níveis de suplementação não resultaram em efeito significativo em relação aos CDA da PB das rações do grupo LI, LA e PC. O mesmo foi encontrado para os CDA do EE das rações, demonstrando que os níveis de inclusão destes produtos (LI, LA e PC) não resultaram em diferenças dentro de cada grupo para a digestibilidade do EE das rações.

Assim como observado nesta pesquisa (Tabela 2), a melhora no CDA da PB foi constatada por MARTIN et al. (1993), quando trabalharam com a truta arco-íris e concluíram que a digestibilidade da fração protéica elevou-se com o acréscimo da biomassa de levedura de petróleo nas dietas. Confirmam, ainda, SOUZA e MATTOS (1989) que em pesquisa com o tambacu, destacaram o efeito interativo entre nutrientes e o elevado valor nutritivo da LI na dieta. SOUZA e MATTOS (1989) concluíram que a presença da LI melhorou significativamente a digestibilidade das dietas, possibilitando um índice médio de 82,86% de digestibilidade para a PB e DABROWSKI et al. (1980) que alimentaram alevinos de truta arco-íris com levedura de petróleo e constataram que o ácido nucléico da dieta reduziu a motilidade do intestino, aumentando desta forma o tempo disponível para a digestão e a absorção de proteínas e minerais.

O CDA da EB da ração contendo LI revelou efeito polinomial quadrático (P<0,01) expresso pela equação Y �� 71,65+3,89x-0,91x2, com o melhor CDA apresentado pela inclusão de 2,0% de LI na ração. Para a LA, pode-se observar efeito polinomial quadrático (P<0,05) com a equação Y �� 71,29+6,37x–1,49x2, sendo o nível ótimo estimado em 2,13% de LA. O mesmo efeito polinomial quadrático (P<0,01) foi observado para PC, representado pela equação Y �� 71,25+29,37x–50,0x2, com o melhor CDA estimado de 0,29% de PC na ração.

Todas as rações que receberam LI, LA e PC apresentaram, em média, CDAs superiores ao controle, especialmente as rações que continham LA. Durante o processo de autólise, o rompimento da espessa parede celular melhora a disponibilidade

do conteúdo celular. Segundo MACHADO (1997), entre o grupo de nutrientes presentes na levedura, existe várias vitaminas do complexo B, enzimas que melhoram a eficiência alimentar, como fitase e enzimas digestivas, ácidos graxos voláteis como ácido lático e isoácidos, minerais quelatados como o zinco e o magnésio, fatores de crescimento como estimulantes bacterianos e antiobióticos naturais, aminoácidos como glutamatos, nucleotídeos como isoniatos e guanilatos e peptídeos como hidrolisados de proteína, que proporcionam maior palatabilidade ao alimento, melhor desempenho, maior resistência e menor estresse ao animal alimentado com levedura. De acordo com essas informações, pode-se inferir que os melhores resultados apresentados pelas rações suplementadas com LA, possa ter ocorrido pela maior disponibilidade desses elementos acima citados, que proporcionaram melhor aproveitamento dos nutrientes.

Os resultados deste estudo permitem concluir que a suplementação da levedura e derivados proporcionam melhora no coef ic iente de digestibilidade aparente das rações experimentais, e que a levedura autolisada apresenta resultado de digestibilidade superior, quando nos níveis estimados entre 2,13 a 2,36%.

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Igestibilidade aparente de rações contendo levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular pela tilápia... 287

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REDUÇÃO NO CONSUMO DE EFLUENTE GERADO EM ABATEDOURO DE TILÁPIA DO NILO ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DE CONCEITOS DE

PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L)Milena Alves de SouzA 1; Rose Meire Vidotti 2; Abílio Lopes de oLiVeiRA Neto 3 “in memorian”

RESUMO

A indústria alimentícia é um segmento que dispõe de alto consumo de água devido à necessidade da higienização dos estabelecimentos e a manutenção da boa qualidade do alimento. entre as indústrias alimentícias com maior consumo de água temos a indústria de pescado, a qual gera efluente em torno de 5,4 m3. t-1 de peixe processado. este trabalho teve como objetivo a redução no consumo de água do processamento de tilápia do Nilo através da implantação de técnicas de P+L, para tanto foram realizadas alterações hidráulicas nas mesas filetadoras visando o mínimo consumo possível de água para dois métodos de filetagem, eviscerado e não eviscerado, assim como a observação das alterações na qualidade do efluente gerado. No presente estudo, a redução no consumo de água na filetagem correspondeu a 98,16% para o método EV considerando um tempo médio de processamento de 3 horas para 32,99 kg de peixe, e para o método NeV a redução foi de 97,97% com tempo médio de processamento de 2,1 horas para 34,96 kg de peixe, demonstrando assim que as técnicas de P+L são eficazes para a redução do consumo de água.Palavras-chave: P+L, Produção Mais Limpa, Processamento, tilápia do Nilo, Qualidade de Água

ReduCtioN iN tHe CoNSuMPtioN oF eFFLueNt GeNeRAted iN NiLe tiLAPiA SLAuGHteRHouSe tHRouGH tHe CoNCePtS iMPLANtAtioN oF CLeANeR

PRoduCtioN (CP)

ABSTRACT

the nourishing industry is a segment that makes use of high water consumption due to necessity of the hygienic cleaning of the establishments and the maintenance of the good quality of the food. It enters the nourishing industries with bigger water consumption we have the fishery industry which generates effluent around 5.4 m3. t-1 of processed fish. This work had as objective the reduction in the water consumption of the processing of Nile tilapia through the implantation of P+L techniques, for had been in such a way carried through hydraulical alterations in the filleting tables aiming at the minimum possible water consumption for two methods of filleting, eviscerated and not eviscerated, as well as the comment of the alterations in the generated quality of the effluent one. In the present study, the reduction in the water consumption in the filleting process corresponded 98.16% for method EV considering an average time of processing of 3 hours for 32.99 kg of fish, and for method NEV the reduction was of 97.97% with average time of processing of 2.1 hours for 34.96 kg of fish, thus demonstrating that the P+L techniques are efficient for the reduction of the water consumption.Key words: P+L, Cleaner Production, Processing, Nile tilapia, Water Quality

Artigo Científico: Recebido em: 22/02/2007 - Aprovado em: 19/03/20081 Doutoranda do Centro de Aqüicultura CAUNESP, Universidade Estadual Paulista UNESP/Jaboticabal. E-mail: [email protected] Pesquisador Científico I Instituto de Pesca, Divisão de Pesca do Interior, Seção de Aqüicultura e Controle. 3 Professor Adjunto Universidade de Santo Amaro, UNISA; Professor Pleno Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP.

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SouzA et al.

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INTRODUÇÃOA água está envolvida em muitas etapas de

processamento da indústria alimentícia e em suas unidades operacionais, sendo caracterizada pelo seu alto consumo por tonelada de alimento processado (CASANi et al., 2004), como é o caso da indústria de pescado a qual gera efluente em torno de 5,4 m3. t-1 de peixe processado (GueRReRo et al., 1998). Segundo ASPé et al. (1997) para processamento de peixe marinho utiliza-se uma quantidade de 5 a 10 m3 t-1, para uma planta com capacidade de processamento diário de 100 a 1.200 toneladas de peixe.

os despejos resultantes do processamento do peixe são comumente lançados nos cursos d’água adjacentes sem nenhum tratamento. isto era também freqüentemente verificado nos EUA, mas à medida que a legislação antipoluição entrou em vigor, essas indústrias tomaram providências para que seus despejos fossem recebidos nas estações de tratamento de esgotos (etes) mais próximas. As dificuldades encontradas no tratamento dos despejos do pescado são atribuídas, em grande parte, às características dos mesmos: volume relativamente elevado demanda Bioquímica de oxigênio (dBo) e Sólidos em Suspensão (SS) em alta concentração, e altos níveis de gorduras e proteínas. Outras dificuldades aparecem devido à variação das vazões em função das estações do ano, maior ou menor facilidade de se obter o pescado, e a rápida degradabilidade dos despejos (BRAiLe e CAVALCANTI, 1995).

CiVit et al. (2003) estudaram a recuperação de proteína e óleo do resíduo da água de armazenamento de pescado e verificaram que o aquecimento ideal para a recuperação destes componentes está acima de 65°C e abaixo de 75°-80°C, com um pH ótimo entre 5,6 a 5,9, tendo, nestas condições, a máxima redução na demanda Química de oxigênio (dQo), demonstrando assim que a recuperação de óleo e proteínas é uma alternativa viável para a redução da carga orgânica no efluente a ser tratado. No entanto, estudos demonstram que esta metodologia ocasiona uma alta desnaturação da proteína recuperada, inviabilizando esta tecnologia, ou seja, a obtenção de um subproduto de baixa qualidade impossibilita e desestimula a adoção desta técnica. em contrapartida, as características do despejo de indústrias de pescado permitem a recuperação de resíduos a partir da adoção de técnicas de ultrafiltragem e nanofiltragem, prevenindo assim impactos negativos causados por estas indústrias (AFoNSo e BÓRQuez, 2002b).

Ao contrário dos outros métodos descritos, a ultrafiltragem e nanofiltragem permitem a obtenção de um subproduto de alta qualidade, porém com baixa lucratividade quando comparada com o custo da implantação da tecnologia a ser adotada, sendo assim esta técnica passa a ser de difícil aceitabili-dade (ALMAS, 1985; AFONSO e BÓRQUEZ, 2002a; 2002b; AFoNSo et al., 2004 BELLEVILLE e QUÉMÉNEUR, 1984; GUERRERO et al . , 1998; JAoueN e QuéMéNeuR, 1992; PAuLSoN et al., 1984;).

Frente a estes fatores, uma alternativa viável para a redução de efluentes e a melhoria da qualidade do mesmo, encontra-se na adoção de tecnologias e procedimentos que reduzam a quantidade de água utilizada assim como o aumento no reuso da mesma no processo. Para tanto tais tecnologias já vem sendo adotadas, substituindo o conceito do tratamento de fim de tubo (“end of pipe treatment”) pelo conceito de Produção Mais Limpa (P+L), o qual baseia-se na redução da geração de resíduos visando a recuperação dos mesmos, a partir de tecnologias denominadas tecnologias Limpas.

A P+L é atualmente considerada como uma ferramenta pró-ativa para a adequação ambiental em processos produtivos, através da mudança de foco, dos resíduos para a produção ou produto, visando a não geração ou redução de resíduos e ou efluentes, emissões, e também perdas. Seu conceito consiste na prevenção da geração de resíduos e todos os seus desdobramentos quanto ao processo produtivo, produto, embalagens, descarte, destinação, manejo do lixo industrial, relacionamento com clientes e a política ambiental da empresa (FuRtAdo, 2000).

As práticas de P+L, ao contrário daquelas utilizadas normalmente pelas indústrias nacionais, não contemplam o tratamento e disposição de resíduos (tratamento fim de tubo – “end of pipe treatment”), mas sim a minimização dos mesmos, através do aumento de eficiência de uso dos insumos de produção (matérias-primas, água e energia). A não geração, minimização ou reciclagem dos resíduos gerados resulta em benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos.

No entanto, as políticas ambientais hoje vigentes, principalmente em países em desenvolvimento não contemplam uma visão preventiva do processo gerando assim discordâncias a respeito do conceito de P+L, sendo esta confundida com as tecnologias Ambientalmente Sustentáveis (tAS), as quais são contempladas nestas políticas.

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Redução no consumo de efluente gerado em abatedouro de tilápia do nilo... 291

Como descrito na Agenda 21 a tAS protege o meio ambiente, reduzindo a poluição, através do uso de recursos de forma mais sustentável, reciclando resíduos e o manejo dos mesmos de forma mais aceitável daquelas tecnologias que foram substituídas. em resposta a Agenda 21, muitas instituições estabeleceram programas para promover o uso de tAS e a adoção de conceitos e práticas de P+L em países em desenvolvimento dentre estas instituições cita-se uNido/uNeP National Cleaner Production, a qual tem como principal objetivo o aumento da capacidade nacional de promover e ajustar-se aos conceitos de P+L nas condições locais (LuKeN et al., 2004a).

A P+L e as tASs são distintas devido ao fato da tAS incluir a manipulação de matéria residual (tecnologias fim de tubo) assim como a reciclagem pós processo e não incluem algum gerenciamento e mudanças no processo produtivo, como a modificação do produto através da substituição de componentes que possam ser potencialmente prejudiciais ao meio ambiente (LuKeN et al., 2004a).

Conforme CiCozzi et al. (2003) a disseminação(2003) a disseminação do conceito da prevenção da poluição, culminando em atitudes pró-ativas, depende da conscientização ambiental nos países e da efetividade das agências reguladoras, as quais nos países em desenvolvimento nem sempre agem de forma ativa.

As regulamentações são um importante fator para a difusão da P+L, assim como foi para as tecnologias de fim de tubo especialmente no período de 1970 e início de 1980. o problema atualmente é que estas regulamentações permanecem como foram concebidas, os que dificulta a difusão do conceito de P+L (ReiJNdeRS, 2003).

Para que a excelência ambiental seja garantida, faz-se necessária a inclusão de conceitos de P+L nas políticas ambientais, principalmente no que diz respeito aos instrumentos de gestão ambiental, para isso o conceito de P+L deve ainda ser plenamente compreendido, para que este possa funcionar principalmente em países populosos (LuKeN et al., 2004a).

uma das formas de incentivo da P+L é através da adoção desta como critério para concessão de licença de operação, como já utilizada com sucesso pela união européia. A concessão de operação é basicamente fundamentada em exigências consideradas razoáveis e se baseiam em uma taxa de retorno financeiro esperada de 15% ou em um

simples tempo de retorno de 5 anos em eficiência energética. um exemplo disso é a negociação feita em 1999, entre o governo da Holanda e um número de indústrias para restringir a emissão de gases causadores do efeito estufa através da eficiência energética. As indústrias têm se dedicado à este acordo ambiental para atingir a taxa de 10%. Distante disso a prevenção de resíduos sólidos tem sido pouco exigida nas licenças consideradas (ReiJNdeRS, 2003).

outro fator importante para a implantação da P+L é a percepção de que a adoção da mesma não confere custos ao empreendedor, ao contrário, fornece redução de custos (diretos e indiretos) no processo através do gerenciamento do consumo de energia e matéria prima utilizada, aumentando a eficiência e a competitividade. Porém o baixo custo dos recursos utilizados, principalmente água e energia, desfavorecem a adoção da P+L mantendo o alto consumo e não havendo conscientização ambiental. Uma ferramenta eficaz para evitar tal postura seria a redução dos subsídios para tais recursos, aumentando o valor para o consumo dos mesmos, incentivando a racionalização do uso (ReiJNdeRS, 2003).

Porém com o aumento da pressão econômica, da competição global e as preocupações ambientais, a indústria deve constantemente inovar e melhorar seu processo de produção para torná-la mais sustentável. esforços são necessários para que a adoção de tecnologias limpas mantenha o nível de produção atual da indústria, melhorando o gerenciamento dos recursos naturais e minimizando o lançamento de poluentes (uttAMANGKABoVoRN et al., 2005).

Com relação à indústria alimentícia esta apresenta alto custo no que diz respeito à utilização de água, sendo este representado pelo fornecimento de água e sua disposição, adicionado às perdas no processo a qual é descartada como efluente da indústria e perdas com energia para a descarga e tratamento destes efluentes (HEBBLETHWAITE, 1980). Frente a estes fatores a indústria de processamento de alimentos deve considerar algumas estratégias para a redução do consumo de água e de geração de resíduos. uma das estratégias a se considerar é a adoção de unidades de processo que visem à redução no consumo de água, otimizando o sistema hidráulico da indústria, reduzindo processos onde não há o controle hidráulico para a minimização da utilização de água, assim como a adoção de sistemas

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e tecnologias as quais permitam o reuso da água na indústria para setores com menor exigência de qualidade hídrica (CASANi et al., 2004).

dRiVSHoLM e NieLSeN (1993) desenvolveram estudos juntamente com Autoridade Ambiental dinamarquesa e a Associação de Fabricantes de Farinha de peixe e Óleo de peixe da dinamarca, visando determinar a melhor tecnologia disponível para a redução de poluição. os estudos concluíram que há uma relação linear entre a qualidade do pescado e o conteúdo de compostos nitrogenados e matéria orgânica no efluente gerado, podendo assim haver a minimização da poluição gerada por estas indústrias a partir da combinação de tecnologias limpas com tecnologia de tratamento de efluentes (tecnologia fim de tubo). Com a adoção destas tecnologias, foi obtida melhoria na produção e redução da geração de resíduos, havendo assim redução de 30 e 10-20% de descarga e compostos nitrogenados, respectivamente, acarretando assim em uma redução de 80% de nitrogênio a partir da adoção de tratamento biológico do efluente gerado.

RoeCKeL et al., (1994) estudaram os efeitos ambientais de indústrias de processamento de pescado no Chile, objetivando a adoção de tecnologias limpas após a caracterização do processo. Como resultado da pesquisa, os autores indicam a introdução de uma nova etapa na produção, na qual envolve a recirculação de água utilizada na descarga dos peixes, para o reaproveitamento da matéria orgânica disponível (proteínas e óleos). Com a adoção desta nova etapa no processo foi possível obter a redução na concentração de DQO (cerca de 91,6%) por tonelada de peixe processado e aumento de 7% na produtividade da indústria. Para a matéria orgânica remanescente, os autores sugeriram o tratamento do resíduo por processo anaeróbico seguido de processo aeróbico, obtendo assim uma redução adicional nos valores de DQO em torno de 5,6%, demonstrando que do custo em tecnologias limpas, 52,89% são ressarcidos após um período de 5 anos.

A partir do conhecimento da necessidade da caracterização de resíduos gerados na indústria e em vista aos fatores ambientais o presente trabalho teve como objetivos a avaliação das características do efluente gerado no processamento de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus) em função da adoção de dois métodos de filetagem, eviscerado e não eviscerado, e a quantificação do efluente gerado, adotando-se técnicas de P+L para a redução do mesmo sem

prejuízos ao processo e qualidade do produto.

MATERIAIS E MÉTODOSo estudo foi realizado no Abatedouro escola da

Faculdade de zootecnia e engenharia de Alimentos da universidade de São Paulo (uSP) e no Laboratório de Piscicultura desta mesma instituição ambos localizados no município de Pirassununga/SP, a uma altitude de 634 m, a 21° 59’ de latitude Sul e 47° 26’ de longitude oeste.

Foram feitas alterações hidráulicas nas mesas filetadoras, incluindo registros independentes proporcionando o controle de vazão de água utilizada nos chuveiros para limpeza e filetagem do peixe e da vazão de água utilizada para limpeza interna das mesmas, passando esta a ser realizada somente após o término do processamento do peixe o que anteriormente era feito constantemente, ou seja, devido aos registros não serem independentes a abertura dos chuveiros mantinham uma vazão de água constante na base da mesa, ocasionando assim um alto consumo da mesma.

estas alterações foram realizadas após análise prévia das instalações onde foi detectada a ausência de instrumentos de controle de consumo de água, havendo a necessidade da adequação das mesas filetadoras objetivando a redução no consumo de água para a implantação de instrumentos de P+L.

Pelo fato da ausência de hidrômetro no Abatedouro escola da Faculdade de zootecnia e engenharia de Alimentos, não foi possível quantificar o consumo de água no processamento de pescado previamente à implantação dos registros. Sendo assim, realizou-se uma medição da vazão de água por minuto o que possibilitou a obtenção aproximada do consumo de água em função do tempo de processamento, permitindo, desse modo, a possibilidade de mensurar a redução de água utilizada no processo após a implantação dos registros anteriormente citados.

Foram abatidos, em média 33,98 kg de tilápias/dia por choque térmico em água e gelo fundiste. Para a determinação da quantidade de efluentes gerados nesta etapa o gelo foi pesado e a água utilizada foi medida em balde graduado de 20 litros.

Após o abate os peixes foram armazenados em caixa térmica em camadas alternadas de peixe e gelo e foram mantidos dessa forma até o final do processamento. o gelo utilizado nesta etapa do processo foi pesado para a determinação do consumo de água.

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Foram avaliados dois métodos de filetagem: eviscerado, filetagem com peixe inteiro eviscerado, e não eviscerado, filetagem com o peixe inteiro sem eviscerar, ambos os métodos foram realizados em água corrente durante dez dias cada.

A coleta do efluente foi realizada em cada etapa do processamento: abate, armazenagem, filetagem e efluente final.

No abate a coleta foi realizada após a transferência dos peixes para a caixa de armazenagem com gelo. Na armazenagem realizou-se a coleta após o término do processamento. Na filetagem, foi colocada uma caixa de aço inoxidável no escoamento da mesa filetadora para captação do efluente, este foi coletado após a homogeneização. A amostra de efluente final foi obtida a partir da mistura proporcional da geração de efluente determinada em cada etapa, esse procedimento foi necessário devido a ausência de uma caixa de captação do efluente final gerado no abatedouro de peixes. dessa forma, cada coleta de cada etapa compreendeu 3 amostras de 250 ml.

A concentração de matéria orgânica do efluente gerado no processamento foi determinada para cada etapa do processo (abate, armazenagem, filetagem e efluente final). Esta determinação ocorreu através da análise de dQo pelo método colorimétrico HACH, utilizando-se colorímetro HACH dR 890, por meio da nacionalização do reagente.

o delineamento estatístico utilizado foi inteiramente casualizado esquema fatorial 2 x 4 sendo dois métodos de filetagem (eviscerado e não eviscerado) e quatro etapas de processamento (abate, armazenagem, filetagem e efluente final), perfazendo oito tratamentos com 10 repetições, sendo as repetições correspondentes aos dias de processamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃOos resultados obtidos para dQo e número de

peixes abatidos para cada método de filetagem e etapas do processamento estão apresentados na tabela 1.

Para a dQo e número de peixes abatidos, observa-se que os métodos diferem entre si (P<0,05), tendo para o método não eviscerado maiores valores de dQo, sendo estes valores elevados quando comparados com outros trabalhos, isso devido à redução do consumo de água no processo, acarretando em maiores concentrações de matéria orgânica no efluente final. uttamangkabovorn;

Prasertsan e Hittikun (2005) e Afonso e Bórquez (2002a) estudaram metodologias de redução de consumo de água em indústria de pescado, e observaram que após a redução do consumo no processo a carga orgânica do efluente gerado, medida em dQo, é maior do que a carga orgânica em processos com alto consumo de água. AFoNSo e BÓRQuez (2002a) relatam ainda que a geração de efluente durante o processamento de pescado em indústrias chilenas apresenta uma baixa vazão (20 – 40 m3 h-1) para uma planta com capacidade de 100 toneladas de peixe por hora, em contrapartida este efluente apresenta altas concentrações de carga orgânica, havendo assim a necessidade de diluição deste efluente com a água de caldeira antes da descarga, obtendo-se assim uma vazão total de 1.000-1.200 m3 h-1 e dQo de 3-9 g o2 L-1.

Valores de F

Estatística DQO(mg L-1) Nº peixes (peixes dia-1)

PR 6,76(0,0114) 5,97(0,0171)tR 14,44(<0,0001) 0,00(1,000)PR x tR 0,76(0,5178) 0,00(1,000)CV (%) 40,62 10,44

Médias para PRNeV 600,46a 34,94a

eV 472,77b 32,99b

Médias para tRAbate 379,25b 33,98a

Armazenagem 451,63b 33,98a

Filetagem 801,41a 33,98a

Final 509,61b 33,88a

Tabela 1. Valores de F, com os respectivos níveis mínimos de significância, e as médias obtidas na análise estatística das variáveis de demanda Bioquímica de oxigênio (dBo), demanda Química de oxigênio (dQo), Nitrogênio total Kjeldahl (NtK) e Número de peixes processados.

Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

Para a etapa de filetagem, foi observada a maior concentração de matéria orgânica medida em dQo (média de 801,41 mg L-1), diferindo das demais etapas do processamento.

uttAMANGKABoVoRN e t a l . , (2005) observaram que as concentrações de dQo em diferentes etapas do processo, tendo valores de 4.364 mg L-1 de dQo na armazenagem pré-processamento

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e 16 mg L-1 na armazenagem pós-processamento (peixe limpo) apresentando uma carga final de 3.248 mg L-1, para um processamento diário de 18,094 toneladas dia-1, com geração de 6,948 toneladas de resíduos, diferindo assim dos resultados obtidos no presente estudo, onde a concentração de dQo foi menor na armazenagem do que no efluente final, porém tais valores não diferem estatisticamente entre si.

Para as variáveis consumo de água total e consu-mo de água por quilo de peixe processado os resul-tados podem ser observados na tabela 2, havendo interação significativa entre os fatores (P<0,01).

Variável Método de filetagem

Etapa do processamento (TR)MédiaAbate Armazenagem Filetagem Efluente

final

CAt NeV 55,61Cb 39,95da 149,91Bb 243,62Ab 119,16eV 58,52Ca 39,59Ca 193,17Ba 294,91Aa 142,74

MÉDIA 57,07 39,77 171,54 269,26

CA Kg-1 NeV 1,60Cb 1,15Ca 4,33Bb 7,05Ab 3,44eV 1,80Ca 1,21Ca 5,77Ba 8,81Aa 4,28

MÉDIA 1,70 1,18 5,05 7,93Médias seguidas de diferentes letras maiúsculas nas linhas e letras minúsculas nas colunas diferem estatisticamente pelo teste de Tukey (P<0,05). CAT: Consumo de água total (L); CA Kg-1: Consumo de água Kg-1 (L Kg-1); NEV: não eviscerado; EV: eviscerado.

Tabela 2. Desdobramento da interação entre método de filetagem e etapas do processamento para consumo de água por quilo de peixe (Ca Kg-1), consumo de água total (CAt).

Com relação ao consumo de água total para cada etapa do processo, esta diferiu estatisticamente (P<0,01) para o método NeV tendo os maiores consumos para a etapa de filetagem e efluente final. No caso do método eV este não apresentou diferença significativa entre as etapas de abate e armazenagem, sendo (P<0,05) entre as etapas de filetagem e efluente final. Analisando-se o consumo de água entre as etapas do processamento, observou-se significância estatística (P<0,05) entre os métodos exceto para a etapa de armazenagem, obtendo-se para o método eV os maiores valores de consumo de água quando comparado com o NeV.

o mesmo comportamento é observado para o consumo de água por quilo de peixe processado, tendo para todas as etapas maior volume utilizado para o método EV, sendo (P>0,05) entre os métodos para etapa de armazenagem, assim como observado para o consumo total de água. Para o método NeV não houve diferença significativa (P>0,05) entre as etapas de abate e armazenagem, entretanto para filetagem e efluente final obteve-se P<0,05, o mesmo foi observado para o método eV.

Avaliando-se o consumo de água em todo o processo para cada método e por quilo de peixe processado, observa-se que o método NeV confere menor consumo de água, sendo mais adequado para a indústria de filetagem de pescado, visando a redução de consumo e menor custo de processo.

Vale salientar que dos poucos trabalhos encontrados sobre a caracterização do consumo de água utilizado em processamento de peixes, Nair (1990) relatou para armazenagem do peixe processado um consumo de 0,36 L kg-1 , valor este menor ao obtido no presente trabalho, no entanto vale

ressaltar que o valor descrito pelo autor diz respeito somente ao consumo de água para armazenagem do peixe após este ter sido processado.

uttAMANGKABoVoRN et al., (2005) quantifi-caram o montante de água utilizada na armazenagem de atum e determinaram um consumo de 0,09 L kg-1 antes da implantação de instrumentos de P+L, tendo após a implantação destes, um consumo de 0,07 L kg-1, correspondendo a uma redução de 22,22% nesta etapa.

Para o trabalho desenvolvido foi obtido um consumo médio de 1,18 L kg-1 de peixe processado estando acima da quantidade obtida por estes autores, no entanto o trabalho desenvolvido por estes autores foi em escala industrial, conferindo assim, um rápido processamento da matéria-prima tendo a armazenagem em gelo somente quando ocorre algum atraso no processo.

A relação de peixe e gelo encontrada pelos autores citados acima foi de 3:2 de peixe e gelo na armazenagem pré-cozimento e uma relação de 2:1 para a armazenagem da matéria prima pós-

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cozimento, para o presente trabalho manteve-se uma relação de 1:1,18 para peixe (kg) e gelo, para ambos os métodos, havendo maior consumo de água, no entanto todos os peixes a serem processados eram armazenados, o que provavelmente confere maior consumo de água no processamento avaliado, quando comparado com os descritos pelos autores citados.

No presente estudo, a redução no consumo de água na filetagem correspondeu a 98,16% para o método eV considerando um tempo médio de processamento de 3 horas para 32,99 kg de peixe, e para o método NEV a redução foi de 97,97% com tempo médio de processamento de 2,1 horas para 34,96 kg de peixe.

Segundo MittAL (2005), após a implantação de programas de redução e reuso de água pode ocorrer a geração de efluentes mais concentrados em substâncias recuperáveis, ou seja, em abatedouros a redução no consumo de água além de conferir menor custo a produção, gera efluente com altas concentrações de proteínas configurando alto potencial de recuperação da mesma através de tecnologias de filtração por membrana.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos conclui-se que a implantação de conceitos de P+L confere uma redução significativa no consumo de água para ambos os métodos de filetagem, sendo esta redução maior para o método eviscerado, em contrapartida a redução no consumo de água proporciona o aumento nas concentrações de matéria orgânica efluente medida em dQo havendo assim a necessidade de tratamento do resíduo e/ou reaproveitamento do mesmo.

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A quAntitAtive ApproAch to subsidize the precAutionAry mAnAgement of the smAll-scAle fisheries in

itAipu reservoir, brAzil

Serguei Aily Franco de CAMARGO 1; Edson Kiyoshi OKADA 2; Miguel PETRERE Jr 3

Nota Científica: Recebida em: 14/08/2006; Aprovada em: 09/10/20071 Professor e pesquisador da Universidade do Estado do Amazonas - Programa de PG em Direito Ambiental Rua Leonardo Malcher, 1.728, 5º. Andar, Praça 14 – 69020-070 – Manaus (AM) - e-mail: [email protected] Pesquisador da UEM – NUPELIA - e-mail: [email protected] Professor e pesquisador da UNESP – Departamento de Ecologia - e-mail: [email protected]

AbstrAct

Professional inland fisheries are an important economic activity in the region of Itaipu reservoir. The dam was closed in 1982, and in 1998, 619 professional fishermen landed 1192t of fish, composing 10 commercial species. In the 1990s there were 509 fishermen month-1 on average working in the reservoir. This number falls to approximately 365 fishermen month-1 between 2000 and 2002 as a consequence of the fishing ban. The reservoir consists of 12 fishing areas, distributed in 3 zones: fluvial (influenced by Paraná River), transition (influenced by the tributaries) and lacustrine (near the dam). There were differences in fishermen densities in these zones: 42% work in the lacustrine, 41% in the fluvial and 17% in the transition. The main fishing gears employed is nets and hooks. The Itaipu royalties’ payment to the municipalities in the region may possibly incentive the reduction of the level of professional fisheries. Between 1991 and 2001, it has been observed that there is a strong negative relation between the amount of royalties paid and the level of fishing effort. In this context, it was proposed a preliminary bio-mathematical model to subsidize the formulation of guidelines, based on the statements of precautionary management, as the predominant orientation in the literature. It was elaborated a model via the software Vensim PLE to describe and predicting small-scale fisheries consequences upon the reservoir fish stock, and it was tested the relation between the decrease of fishing effort and Itaipu royalties’ payment to the municipalities via a regression model.

APRoxImAção quAnTITATIVA PARA suBsIdIAR o mAnEjo PREcAucIonáRIo dAs PEscARIAs Em PEquEnA EscALA no REsERVATóRIo dE ITAIPu, BRAsIL

resumo

A pesca profissional é uma importante atividade econômica na região do reservatório de Itaipu. A barragem foi fechada em 1982, e em 1998, 619 pescadores profissionais desembarcaram 1192t de pescado, composto por 10 espécies. Em 1990 havia 509 pescadores mês-1 em média trabalhando no reservatório. Este número caiu para aproximadamente 365 pescadores mês-1 entre 2000 e 2002 como conseqüência da proibição da pesca. o reservatório é composto por 12 áreas de pesca, distribuídas em 3 zonas: fluvial (influenciada pelo rio Paraná), transição (influenciada pelos tributários) e lacustrina (próxima da barragem). Há diferenças nas densidades de pescadores no reservatório, com 42% operando na zona lacustrina, 41% na zona fluvial e 17% na zona de transição. os principais aparelhos utilizados são redes e anzóis. o pagamento dos royalties de Itaipu para os municípios da região do reservatório possivelmente incentiva a redução das pescarias profissionais. Entre 1991 e 2001, foi observado que há uma forte e negativa relação entre o montante de royalties repassados para as Prefeituras e o nível de esforço pesqueiro. Assim, foi proposto um modelo bio-matemático preliminar para subsidiar a formulação de orientações setoriais, baseadas nos princípios do manejo precaucionário, conforme a orientação predominante na literatura. Elaborou-se também um modelo

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através do software Vensim PLE para descrever e prever as conseqüências da pesca profissional sobre o estoque, e testou-se a relação entre o decréscimo do esforço pesqueiro e o pagamento de royalties de Itaipu para as Prefeituras da região através de um modelo de regressão.palavras-chave: manejo Precaucionário; Pesca Interior; Reservatório de Itaipu

introductionProfessional inland fisheries are an important

economic activity in the region of Itaipu reservoir (135000 ha of inundated area, 12600 mW of nominal generation power), located on the Paraná River at the Brazil/Paraguay border (Paraná River is 4695 km long; Paraná/La Plata basin has a drainage area of 2800000 km2). The dam was closed in 1982, and before this landing data were scarce. In 1985 it an agreement was set between the uEm (universidade Estadual de maringá) and ITAIPuBInAcIonAL (the Brazilian/Paraguayan Agency that operates the dam) to collect landing data (FuEm, 2002). In 1998, 619 professional fishermen landed 1192t of fish, of 10 commercial species, captured by nets and hooks (PETRERE et al. 2002).

due to legal exigencies, after the dam closure, Itaipu was obligated to the royalties’ payment to the municipalities in the region of the reservoir. In practice, between 1991 and 2001, it was observed a strong negative relation between the amounts of royalties transferred to the municipalities and the fishing effort (of professional fisheries). Hypothetically, a fall in the fishing effort can occurred due to the increase of employment level of the population of these municipalities in other sectors of economy affected by the royalties (for example: agriculture and commerce).

In this context, the aim of this paper is to propose a preliminary bio-mathematical model to subsidize the formulation of guidelines, based on the statements of precautionary management, as the predominant orientation in the juridical literature. specifically, it is intended to elaborate a model via the software Vensim PLE (VEnsIm, 2005) to describe and predicting small-scale fisheries consequences upon the reservoir fish stock, and to test the relation between the decrease of fishing effort and Itaipu royalties’ payment to the municipalities in the region of the reservoir via a regression model.

methods1. Scenario

According to OKADA et al. (2005) the reservoir

consists of 12 fishing areas, distributed in 3 zones: fluvial (influenced by Paraná River), transition (influenced by the tributaries) and lacustrine (near the dam). The main fishing gears employed is nets and hooks. It is important to stress that the Paraguayan side was not considered in the model, due to the lack of information. An annual fishing ban during the reproduction period was started in 2000 continuing annually from november to February.

In the 1990 there were 509 fishermen month-1 on average working in the reservoir. This number fell to approximately 365 fishermen month-1 between 2000 and 2002, as a consequence of the fishing ban. There were also differences in fishermen densities in the zones of the reservoir. The lacustrine zone concentrates 42% of the fishermen, the fluvial zone 41% and the transition zone, 17% (FuEm, 2002). It is important to point out that the density of fishermen in the reservoir declined in the subsequent years, possibly due to the low fishery economic income (AgosTInHo et al., 1999).

2. The models2.1. Fishery modelFigure 1 presents the flowchart of the proposed

model to describe the fisheries in Itaipu reservoir. The baseline conditions of the model were established according FuEm (2002) for description of the scenario (Table 1).

2.2. Regression model: royalties and fishery landingsAiming to test the influence of the royalties

over the fishing effort (of professional fisheries), it was elaborated a regression model between the reservoir landings and the royalties transference to the municipalities. Equation 1 presents the model:

PAT = RAT + e

Equation 1, where:PAT = Total annual production (landings) of the reservoir;RAT = Amounts of annual transference of royalties.

The data used to test this model is in Table 2.

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A quantitative approach to subsidize the precautionary management of the small-scale fisheries... 299

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q2

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q1

Where: pri (proportion of net fisheries at the zone i); pai (proportion of hook fisheries at the zone i); qi (proportion of landings at the zone i); czi

(total landings at the zone i).figure 1. Flowchart of the considered model to describe the fisheries in Itaipu Reservoir

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CAMARGO et al.

B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 297 - 302, 2008

300

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A quantitative approach to subsidize the precautionary management of the small-scale fisheries... 301

results And discussionThe result of the simulation is presented in

Figure 2, considering the peculiarities of the three zones of the reservoir. The exploitable fish stock was considered at the same level of the maximum sustainable yield, estimated by OKADA et al. (1996) and FuEm (2002) as 1560t year-1. It was set as an initial value and simulated an increase of the fishing effort of 20% year, during 10 years. The results indicated that the disruption of the exploitable fish stock is immediate. The mathematical routines, allowed the insertion of economic sub-routines as shadow variables in the reservoir zones. It is important to point out that this scenario was simulated with an opposite tendency, in fact, FuEm (2002) mentions that fishing effort has been reduced from 1997 to 2001. during 2004 the total production was 632.4t, with, in average, 332 fishermen month-1 working in the reservoir (unpublished data). This scenario was developed according to the precautionary management statements (CAMARGO and PETRERE, 2004), allowing the fisheries officers to estimate different levels of fish stocks exploitation and its consequences.

According to figure 2 it is possible to conclude that the model, under the conditions described above, is stable. on the other hand, any increment on fishing effort (≥ 20%) will disrupt the exploitable fish stock in

yearProduction of

the reservoir (t) - pAt

royalties transference to

municipalities of State of Paraná

– rAt (us$)1991 1589 77401992 1663 112151993 1542 78421994 1297 426021995 1373 426351996 1411 575711997 1192 715181998 . 719061999 1182 734932000 1253 755622001 1051 741692002 . 805682003 . 618402004 . 31020

CurrentExploitable fish stock2,000

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10 2.5 5 7.5 10

Time (Year)

table 2. Landings and royalties data.

figure 2. Result of the simulation for exploitable fish stock=1560t year-1 with 20% of increment in the fishing effort

short period. This behavior enforces the necessity to adopt precautionary actions, as stated in the code of conduct for Responsible Fisheries (FAo), which was validated in Brazil by the decree 5.382/2005, aiming to promote social and environmental sustainability of the professional fisheries.

on the other hand, it was observed that the increment of fishing effort is closely related to Itaipu

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302

royalties’ payment to the municipalities in the region of the reservoir. This relation was tested in a linear regression model. The total annual production of the reservoir from 1991 to 2001 was set as the dependent variable and the total annual amount of royalties paid to 11 municipalities of the Brazilian side (the Paraguayan margin is poorly inhabited and with three conservation units), during the same period, was set as the independent variable. The total annual production (landings) of the reservoir (Y), in average, from 1991 to 2001 was 1355.3t (n=10; minimum=1051t; maximum=1663t), and the total annual royalties payment (x), during the same period, was in average us$4 8750.3, (n=11; minimum=us$7740.0; maximum=us$75562.0). This regression analysis presented a negative relationship (Y=1648.8-0.006*x; r2=0.838**; s2

YX = 7092.9; n = 10). It means that the local population prefers to work in other activities. In this case, small-scale fisheries are an alternative to unemployment in the urban zone. This fact indicates the importance of the royalties to these cities, enhancing the employment level of the population, contributing indirectly to the maintenance of the present levels of fishing effort.

conclusionsIn this moment, it is possible to present two main

conclusions: i) the model supports the inclusion of complementary routines, permiting the avaliation of the effects of the fishery effort over the stocks and; ii) the royalties payment to the municipalities influences the employment level in the commerce, indirectly affecting the fishery effort in the reservoir.

AcKnoWledgmentsWe thank uEA, FAPEAm for a PgcT grant for

sAFc, ITAIPuBInAcIonAL, uEm/nuPELIA for the fisheries data and field support, unEsP and cnPq, for partially supporting this research.

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Produção de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato no cultivo de Litopenaeus vannamei utilizando dietas com diferentes níveis de

Proteína vegetal e animal

Waleska de Melo COSTA 1, 5; Alfredo Olivera GÁLVEZ 2; Luis Otavio Brito 3; Elton Lima SANTOS 4

Nota Científica: Recebida em: 13/10/2006; Aprovada em: 13/08/20071 M.Sc. em Recursos Pesqueiros e Aqüicultura, R. Dom Manoel de Medeiros, s/n. Dois Irmãos, Departamento de Zootecnia – PPGZ, UFRPE, Recife-PE. CEP: 52171900. e-mail: [email protected]

2 Dr. em Aqüicultura, R. Dom Manoel de Medeiros, s/n. Dois Irmãos, UFRPE, Departamento de Pesca. Recife-PE. CEP: 521719003 IPA-Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, [email protected] 4 M.Sc. em Nutrição Animal – PPGZ/ UFRPE 5 Parte da Dissertação de Mestrado da primeira autora

resumo

O presente estudo avalia a influência da fonte protéica vegetal sobre a qualidade de água. Em 24 tanques foram distribuídos 432 juvenis de camarões Litopenaeus vannamei com peso médio de 2,86 ± 0,09g, onde foram submetidos ao arraçoamento quatro vezes ao dia, com quatro dietas em quatro repetições cada, com diferentes níveis de proteína animal e vegetal na ração, respectivamente: A) 75 e 25%; B) 50 e 50%; C) 25 e 75% e D) ração comercial, durante 60 dias. A quantidade de ração e a freqüência de alimentação, não diminuíram as concentrações de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato quando comparadas a ração controle (p<0,05).Palavras-chave: nutrição, qualidade de água, camarão, Litopenaeus vannamei, dieta, sustentabilidade

PROduCTiON Of ORThOPhOSPhATE, AMMONiA, NiTRiTE ANd NiTRATE iN ThE CuLTiVATiON fROM Litopenaeus vannamei CuLTuRE uSiNG diET WiTh diffERENT

VEGETAL ANd ANiMAL PROTEiN LEVELS

aBstract

This study evaluates the influence of vegetal protein sources in the water quality. 432 juveniles of L. vannamei shrimp average weight 2.86 ± 0.09g were stocked in 24 tanks, fed 4 times a day, with 4 different diets and 4 repetitions each. These diets had different animal and vegetal protein levels, respectively: A) 75 and 25%; B) 50 and 50%; C) 25 and 75% and D) commercial feed, during 60 days. The quantity of feed and feeding frequency, didn’t decrease orthophosphate, ammonia, nitrite and nitrate concentrations compared to the control treatment (p< 0.05). Key words: nutrition, quality water, shrimp, Litopenaeus vannamei, diet, sustainability

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COSTA et al.

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304

introduçãoA rápida expansão da carcinicultura propor-

cionou a geração de divisas substanciais para muitos países em desenvolvimento, assim como para países desenvolvidos, entretanto, essa expansão tem sido acompanhada por crescentes preocupações sobre impactos ambientais e sociais relacionados ao seu desenvolvimento. A sustentabilidade da carcinicul-tura é questionada por alguns em vista de sua auto-poluição em áreas de cultivo de camarão, combinada com a introdução de patógenos, resultando em grandes surtos de doenças, e por perdas econômicas significativas nos países produtores (FAO/NACA/UNEP/WB/WWF, 2006).

A Amônia entra em um sistema aquático por excreção, decomposição e mineralizalizção de produtos metabólicos de animais cultivados e da alimentação não consumida. Amônia que é um toxicante comum em sistemas de cultivos intensivos, deteriora qualidade de água e ameaça o crescimento dos camarões (ChEN e LiN, 1992).

A amônia é convertida a nitrato através do processo de nitrificação, nitrito é formado como um produto intermediário. Se a conversão para nitrato é impedida, concentrações significantes de nitrito podem acumular no ambiente (ThuRSTON, et al, 1978).

A composição da dieta é um importante aspecto não só para o sucesso da prática da aqüicultura, para assegurar altas taxas de peso e crescimento, mas também alimentar os animais, deixando-os preparados para enfrentar o stress dos níveis de amônia no ambiente de cultivo (SChMiTT e SANTOS, 1998). O camarão marinho Litopeneaus vannamei, é uma importante espécie cultivada no Nordeste do Brasil, e novas técnicas de manejo estão evoluindo para um cultivo mais sustentável.

O objetivo do presente trabalho foi avaliar os níveis dos compostos nitrogenados e do ortofosfato nos efluentes do cultivo de L. vannamei alimentados com rações com diferentes níveis de proteína vegetal e animal, na tentativa de diminuir a quantidade desses compostos nos efluentes de cultivo.

material e mÉtodosO experimento foi conduzido no Laboratório de

Nutrição e Alimentação em Aqüicultura – Campo de Produção e Comercialização de Ipojuca, pertencente à Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária – IPA, localizada em Porto de Galinhas – Ipojuca - PE.

Distribuiu-se aleatoriamente 432 juvenis de Litopenaeus vannamei (2,86 ± 0,09g) provenientes de duas fazendas de camarão marinho localizadas no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, em uma densidade de 27 juvenis/m2 em 16 tanques com área de 0,88m2 e volume de 500L, em um delineamento inteiramente casualizado com 4 tratamentos (níveis de proteína vegetal e animal mais o controle) e 4 repetições. A taxa de renovação diária de água nos 16 tanques era de aproximadamente 10%, e reabastecidos individualmente. A temperatura da água, o pH e o oxigênio dissolvido foram aferidos diariamente, e semanalmente amostras de água eram coletadas e congeladas até o final do ciclo de cultivo em garrafas plásticas, para determinação dos níveis de nitrito, nitrato, amônia e ortofosfato, totalizando 144 amostras.

Avaliaram-se 3 níveis de proteína vegetal (75%; 50% e 25%) respectivamente nas rações A, B e C e um controle (D – ausente de proteína vegetal). As rações foram formuladas de acordo com a exigência nutricional da espécie com base nas tabelas da EMBRAPA (1989) e NRC (1993) (Tabela 1).

tabela 1. Composição calculada das rações utilizadas pelos camarões

nutrientes raçõesA B C d*

Proteína bruta (%) 34,99 34,97 34,95 (mín) 35,00fibra bruta (%) 2,56 3,46 4,92 (máx) 6,00Cinzas (%) 13,83 10,98 8,90 (máx) 13,00Extrato Etéreo (%) 10,44 8,01 7,46 (mín) 8,00Cálcio (%) 3,50 2,44 1,52 (máx) 3,00Fósforo (%) 1,85 1,45 1,21 (mín) 0,70umidade (%) 10,72 11,52 11,78 (máx) 13,00Energia bruta (kcal/kg) 4.169 4.148 4.236 -Energia digestível (kcal/kg) 3.190 3.127 3.135 -

*Níveis de garantia do fabricante.

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Produção de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato no cultivo de Litopenaeus vannamei... 305

Os ingredientes utilizados nas rações foram moídos em moinho de facas, com peneira para se apresentarem com diâmetro máximo de 0,5mm. A farinha de peixe, farelo de soja, farelo de trigo, milho, óleo de soja, fosfato bicálcico, premix e sal comum foram homogenizados e peletizados e, posteriormente, secos em estufa.

Os juvenis foram alimentados quatro vezes ao dia, 08h; 12h; 16h e 22h, com ração contendo 35% de proteína, em uma proporção de 4% da biomassa nas 3 primeiras semanas, e 3% nas 4 semanas seguintes e finalmente 2% nas 3 últimas semanas, totalizando 60 dias de cultivo. Diariamente foi realizada limpeza dos aquários, por sifonagem, para retirada dos eventuais resíduos e fezes.

Todos os dados abióticos obtidos foram analisados no Laboratório de Física e Química do Solo e Água do Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco.

Os procedimentos das análises das amostras de nitrito, nitrato, ortofosfato e amônia seguiram os métodos estabelecidos no Standard Methods for the Examination of Wastewater (APHA, 1995).

A análise estatística de qualidade de água foi realizada a partir da técnica de análise de variância (ANOVA) no nível de 5% de significância. O teste de Tukey foi utilizado na comparação múltipla das médias.

resultados e discussãoDurante o período experimental, a temperatura

da água variou de 26,0 ºC a 28,0 ºC, os níveis médios de oxigênio dissolvido e a salinidade permaneceram constantes com valores acima de 5,6 mg/L e 35,80‰± 1,00, respectivamente e, os valores de ph variaram de 7,2 a 7,80, com média de 7,7. Os resultados estão condizentes com as concentrações indicadas por KUBITZA (2003), que sugere valores acima de 4 mg/L para o oxigênio nos cultivos.

VINATEA (2002) relata que as concentrações médias padrões observadas em aqüicultura, para pH e o oxigênio dissolvido, são 6,5-8,0 e 100% de saturação, respectivamente, para águas com 35‰. As águas dos viveiros de camarão devem ter, como padrão, um ph entre 7,5 a 8,5 (BOYd, 2001a), sendo assim, os valores encontrados no presente experimento são considerados satisfatórios.

JOhNSTON et al. (2002) obtiveram resultados de pH ácido (6,5) e baixo oxigênio dissolvido (3,7 mg/L) em seu experimento. Esses autores observaram que

em geral, a qualidade de água não se apresentava adequada para o cultivo de camarão na região meridional do Vietnã, nas 12 fazendas monitoradas. Em oito delas, o oxigênio dissolvido apresentava níveis letais de 1-2 mg/L.

Os valores da concentração oxigênio dissolvido recomendado pela Global Alliance Aquaculture são de uma concentração inicial mínima de oxigênio de 3 mg/L, podendo chegar até 4 mg/L (BOYD, 2002).

A temperatura da água nos tanques quase não apresentou variação durante o cultivo, tendo como menor média final 27,27 ± 0,78ºC no tratamento B e maior 27,65 ± 0,72ºC no C. Segundo BOYD (2001b), as espécies cultivadas em águas tropicais crescem melhor em temperaturas de 25 a 32ºC. Os dados de temperatura deste experimento estão, portanto, dentro da faixa sugerida.

Não houve diferença estatística (p>0,05) para as rações testadas. Os valores semanais da qualidade de água para as rações A, B, C e D, estão nas figuras 1, 2, 3 e 4.

A quantidade de ração e a freqüência de alimenta-ção 4 vezes/dia, não aumentou as concentrações de ortofosfato, amônia e nitrato ao final do cultivo, que se encontram de acordo com as normas iniciais da GAA que para o fósforo total nos efluentes da carcinicultura é que seja de no máximo 500µg/L.

Estudos realizados no México por PÁEZ-OSuNA et al. (1997, 1998, 1999) acompanharam em dois ciclos de cultivo, fazendas que utilizavam densidade médias de 17 camarões/m2, taxas de renovação de 3 a 20% e uso de alimento artificial. Nestes estudos foi demonstrado que os sistemas de produção semi-intensivos são responsáveis por incrementos consideráveis de sólidos totais suspensos, fósforo disponível, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal, entre outros. Apresentaram ainda que no caso do fósforo, 83,4% são provenientes dos alimentos artificiais, onde apenas 6,1% são incorporados à biomassa de camarão e 30,3% são perdidos para o ambiente através dos efluentes.

A taxa de renovação de água, em geral, não ocasionou uma retenção nos níveis de fósforo do presente experimento (Figura 1). Os valores permane-ceram abaixo do nível recomendado, apenas na 2ª e 6ª semanas do tratamento A chegou a alcançar 71,17µg/L e 59,31µg/L e na 4ª semana do tratamento C ultrapassou 70 µg/L onde os níveis se mostraram um pouco elevados em relação às outras semanas.

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COSTA et al.

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VELASCO et al., (1999), trabalhando com o L. vannamei, verificaram que o acúmulo de fósforo total é prejudicial ao crescimento do camarão. LAWRENCE et al. (2003) relatam que as rações têm sido identificadas como o poluente mais importante na composição dos efluentes. É importante ressaltar que o manejo alimentar é o maior fator causador de poluição dos efluentes e, conseqüentemente do meio ambiente.

OSTRENSkY (1991) sumarizou os mecanismos

figura 1. Teores de ortofosfato na água dos tanques dos camarões alimentados com as rações A, B, C e ração D, ao longo das semanas

de ação da amônia do seguinte modo: a presença excessiva de NH3 altera o metabolismo celular devido ao aumento da alcalinidade; o excesso de amônia nas mitocôndrias causa reversão da enzima glutamato desidrogenase alterando o metabolismo oxidativo do ácido tricarboxílico, resultando na diminuição das concentrações celulares de ATP e a amônia inibe o transporte ativo dos íons sódio, podendo afetar o transporte dos íons cloreto, bicarbonato e a reabsorção de água em epitélios transportadores.

Do início do experimento até a 5ª semana de cultivo, os níveis de amônia permaneceram eleva-dos para todos os tratamentos (Figura 2), onde só a partir da 6ª semana esses níveis decresceram e permaneceram abaixo do nível observado para a espécie, que segundo VINATEA (2002) as concentrações padrões observadas em aqüicultura para a amônia é de valores inferiores a 20 µg/L. Para a GAA a norma inicial é de no máximo 0,5mg/L de nitrogênio de amônia na água dos efluentes de cultivo, estando os resultados do trabalho, dentro dos níveis recomendados pela GAA.

RACOTTA e hERRERA (2000) estudando a

influência da concentração de amônia no cultivo do L. vannamei, encontraram maior consumo de oxigênio com o aumento da concentração de amônia na água, discordando com os resultados encontrados nesse experimento, onde não ocorreu maior consumo de oxigênio, mesmo durante as semanas com maior teor de amônia na água.

As altas porcentagens (4% biomassa) de forneci-mento da ração, para todas as rações testadas, nas 3as semanas iniciais do cultivo, talvez tenham ocasionado essas altas concentrações de amônia, onde só começa-ram a cair a partir da diminuição do fornecimento de ração (2% biomassa total dos camarões).

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Produção de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato no cultivo de Litopenaeus vannamei... 307

figura 2. Teores de amônia na água dos tanques dos camarões alimentados com as respectivas rações A, B, C e D, ao longo das semanas

As rações contendo as proteínas de origem vege-tal, não influenciaram na diminuição dos níveis de amônia na água, em relação à ração controle (p<0,05), reforçando os estudos realizados por PÁEZ-OSuNA (1997, 1998, 1999), onde encontraram que 76% da origem do nitrogênio são provenientes dos alimentos artificiais e cerca de 37% de nitrogênio são perdidos para o ambiente de através dos efluentes. A estima-tiva é que para cada tonelada de camarão produzida, perdem-se para o ambiente 28,6 kg de nitrogênio e 4,6 kg de fósforo.

O nitrito é considerado um produto intermediário da amônia dentro do processo de nitrificação bacteri-ana da amônia ou da desnitrificação do nitrato (LiN e ChEN, 2003). NuNES, et. al, (2005) recomenda níveis inferiores a 1 mg/L e para BOYd (2000), a concen-tração máxima de nitrito aceitável é de 0,3 mg/L, estando os resultados do experimento abaixo dos níveis aceitáveis.

Os valores de nitrito e nitrato deste experimento são apresentados nas Figuras 3 e 4 respectivamente. Para todas as rações testadas, após a 5ª semana houve um aumento dos níveis, com tendência a estabilizar após a 7ª semana quando o nível de fornecimento de ração foi menor em relação à biomassa. Entre a 7ª e a 10ª semanas, os valores permaneceram entre 97,0 µg/L e 118,0 µg/L, o que talvez tenha indicado melhor aproveitamento da ração pelos animais.

O acúmulo do nitrito na água pode deteriorar a

sua qualidade, reduzir o crescimento, aumentar o consumo de oxigênio e excreção da amônia, e até mesmo causar alta mortalidade dos camarões (LiN e ChEN, 2003).

Os valores encontrados no experimento de nitrato e amônia nem sempre estiveram na faixa de tolerân-cia. kuBiTZA (2003) relata que nem sempre todas as variáveis estão dentro dos limites adequados ao bem estar dos animais e ao suporte da produtividade desejada nos sistemas intensivos de produção.

Estudando o efeito de quatro freqüências de alimentação (3, 4, 5 e 6 alimentações/dia), como o P. monodon, SMiTh et al. (2001) encontraram que os níveis de amônia, nitrito/nitrato, fósforo total, oxigênio, pH, temperatura e salinidade, não apresen-taram diferença significativa entre os tratamentos.

Durante o experimento, ocorreram pequenas variações nos níveis de nitrato e apenas durante a 6ª semana de cultivo que os valores ultrapassaram os 98,52 µg/L de nitrato com o fornecimento da ração C (Figura 4), provavelmente ocasionado pela biomassa fornecida, bem superior as outras semanas, mas sempre abaixo dos níveis indicados para a carcinicultura. NuNES et. al, (2005) recomenda níveis inferiores ou iguais a 60mg/L e BOYd (2000) relata que a concentração máxima aceitável de nitrato pode variar de 0,2 a 10 mg/L, estando portanto, os valores do experimento inferiores aos níveis recomendados.

A B

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figura 3. Teores de nitrito na água dos tanques dos camarões alimentados com as respectivas rações A, B, C e D, ao longo das semanas de cultivo

Figura 4. Teores de nitrato na água dos tanques dos camarões alimentados com as respectivas rações A, B, C e D, ao longo das semanas de cultivo

A B

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Produção de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato no cultivo de Litopenaeus vannamei... 309

MuiR et al. (1991), demonstraram que as concentrações de 1,0 mg/L é letal para o protozoea Penaeus monodon, constituindo o mais baixo relato da toxidade aguda do nitrato para organismos marinhos.

CAVALLi et al. (1996), encontraram uma tolerância alta para nitrato nos reprodutores de P. paulensis. O nível seguro calculado foi de 217.2 mg/L, um valor não habitual em sistema de maturação para camarão, até mesmo quando água é recirculada.

Pelo fato de não ser um composto muito importante em matéria de toxidez, poucos trabalhos tem sido realizados para medir os efeitos do nitrato. Porém este composto pode tornar-se potencialmente tóxico em sistemas de recirculação de água, em que altos níveis podem ser alcançados como resultado da nitrificação da amônia (ViNATEA, 1996).

Os compostos nitrogenados nos tanques de cultivo podem ser diminuídos através de várias medidas básicas, como, evitar sobras de alimentos resultantes de uma alimentação superestimada, evitar altas densidades de estocagem, diminuindo assim o volume excretado e utilizar renovações periódicas de água. Diante disso, no presente experimento, as substituições dos diferentes níveis de proteína vegetal na ração para camarão não diminuíram a carga de nitrito, nitrato, amônia e ortofosfato do cultivo, sendo necessário buscar outros meios para que os valores da qualidade de água permaneçam abaixo dos níveis recomendados para a carcinicultura.

agradecimentosÀ Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecu-

ária (IPA), pela disponibilidade de suas instalações em Porto de Galinhas para execução do experimento e aos seus funcionários pelo apoio. À CAPES e ao CNPq, pela bolsa concedida aos alunos do Mestrado Waleska de Melo Costa e Luis Otavio Brito, respectivamente.

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FREQÜÊNCIA DE ALIMENTAÇÃO DIÁRIA PARA ALEVINOS DE CARPA-CAPIM (Ctenopharyngodon idella, V.)

Nandeyara Ribeiro MARQUES 1, 4; Carmino HAYASHI2, Eliana Maria GALDIOLI 1;Telma SOARES 3; Carlos Eduardo Bento FERNANDES 1

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho e a sobrevivência dos alevinos de carpa-capim submetidos a diferentes freqüências de alimentação. Foi realizado um experimento no Laboratório de Aqüicultura da Universidade Estadual de Maringá, utilizando-se oitenta alevinos com peso médio inicial de 0,76 ± 0,12 g e comprimento médio inicial de 4,32 ± 0,19 cm distribuídos em 16 tanques-rede (40x40x30 cm), com cinco peixes cada, nas freqüências de 2, 3, 4 e 5 alimentações/dia, em um delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições. Foi utilizada uma ração contendo 30% de proteína digestível e 3000 Kcal/Kg. As variáveis avaliadas foram peso final médio (PF), comprimento final médio (CF), ganho de peso (GP), fator de condição (FC), conversão alimentar aparente (CA), uniformidade do lote (UNI) e. sobrevivência (S). Os valores de PF e CA foram superiores com o fornecimento de quatro alimentações/dia (p<0,05) e os de GP e CF com o fornecimento de 4 a 5 alimentações (p<0,05). A UNI, o FC e a S não apresentaram diferenças significativas (p>0,05). Os parâmetros físico-químicos permaneceram dentro da faixa recomendada para a piscicultura. Concluiu-se que a freqüência de alimentação a ser utilizada para os alevinos de carpa-capim para um melhor desempenho e sobrevivência em uma temperatura média de 24ºC é a de quatro vezes ao dia. Palavras-chave: alimentação, Ctenopharyngodon idella, desempenho, nutrição

DAILY FEEDING FREQUENCY FOR GRASS CARP FINGERLINGS

AbSTRACT

The objective of this paper was evaluating the grass carp fingerlings performance and survival submitted to different feeding frequency. Was carried out an experiment in the Aquaculture’s Laboratory of the Maringá State University eighth fingerlings were used with initial medium weight of 0.76 ± 0.12 g and initial medium length of 4.32 ± 0.19 cm divided in 16 net cages (40x40x30 cm) with five fishes each at frequencies of two, three, four and five feedings/day in a completely randomized design with four treatments and four replications. Was use diet with 30% of digestible protein and 3000 Kcal/Kg. The evaluated variables were final mean length (FL), final mean weight (FW), weight gain (WG), condition factor (CF), feed conversion (FC), size variation weight (SW), survival (S). The FW and FC were higher in treatment with four feeding. FL and WG were higher in treatment with four and five feeding (p<0.05). The CF, SW and S didn’t present significative differences (p>0.05). Physical and chemical parameters remained within appropriate limits. Concluded that the feeding frequency to be used for grass carp fingerlings to better development, survival in temperature average 24ºC at four times during a day.Key words: Ctenopharyngodon idella, feeding, performance, nutrition

Nota Científica: Recebida em 16/10/2006; Aprovada em: 11/03/20081 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia, Laboratório de Aqüicultura. Av. Colombo, 5790,Bloco H-78,

sala 03, Maringá-Paraná, Brasil, 87020-900; 2 Pesquisador Científico, Instituto de Pesca - APTA - Secretaria da Agricultura / SP, Via Washington Luiz, Km 445 - São José

do Rio Preto/SP; 3 Bióloga. 4 E-mail: [email protected]

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MARQUES et al.

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INTRODUÇÃOA piscicultura é um dos setores da produção

animal que mais cresce atualmente no Brasil, com índice entre 10 e 30% (CASTAGNOLLI, 1997; OSTRENSKY e BOEGER, 1998). As carpas chinesas estão entre as espécies exóticas amplamente utilizadas pela piscicultura no Brasil, sendo que estas se caracterizam por sua extrema rusticidade e excelente desempenho (HAJRA, 1987). A carpa-capim por ter um hábito alimentar herbívoro (CASTAGNOLLI, 1992) tem sido também utilizada no controle de macrófitas nos corpos d’água (CHAPMAN et al., 1987).

Segundo HAYASHI et al.(2004), o manejo alimentar animal é de grande importância para o êxito da piscicultura, pois influencia o desempenho do animal, uma vez que está diretamente relacionada ao fornecimento da ração e à utilização da mesma pelos peixes. Soma-se a isto a necessidade do custo da mão-de-obra, ambos itens responsáveis por grande parcela do custo fixo da atividade estando, portanto, diretamente ligada à viabilidade econômica.

TABATA et al. (1998) e CASTAGNOLLI (1979)(1998) e CASTAGNOLLI (1979) afirmam que um manejo alimentar correto é indispensável para melhorar o crescimento dos peixes sem o comprometimento sanitário, pois o excesso de alimento além de provocar alterações metabólico-digestivas, implica na deterioração da qualidade da água, e uma alimentação deficiente resulta em um menor índice de crescimento e acentuada variação entre os indivíduos.

A freqüência de alimentação fornecida pode influenciar no aproveitamento desta alimentação, visto que a ração é aplicada diretamente na água e se não consumida se diluirá e lixiviará, causando um aumento nas taxas de conversão alimentar, além de poluir o ambiente (SANCHES e HAYASHI, 2001).

A freqüência de alimentação diária (número de alimentações) necessária para o bom desenvolvimento dos peixes varia principalmente conforme a espécie, idade e temperatura. Espécies carnívoras podem ter menos arraçoamentos diários em relação às onívoras e conforme aumenta a idade do peixe o maior número de arraçoamentos não traz benefícios significativos ao seu crescimento (KUBITZA, 1997). Uma adequada freqüência de arraçoamento poderá levar à menor variação no tamanho entre os peixes (WANG et al., 1998; THOMASSEN & FJAERA, 1996), o que facilitará o manejo e a comercialização.

JOBLING (1983), trabalhando com o “Artic

charr” Salvelinus alpinus, observou que um aumento na freqüência alimentar resultou em um melhor consumo, crescimento mais rápido e uma diminuição no coeficiente de variação entre os indivíduos. No caso de juvenis de esturjão branco Actpenser transmontanus, o melhor desempenho foi conseguido alimentando-os continuamente 24 horas/dia. No entanto, bons resultados foram também conseguidos com uma freqüência de seis alimentações ao dia (CUI et al.,1997).

Para a truta arco-íris, a alimentação contínua também resultou em melhores resultados (KINDISCHI, 1988). Na criação de enguia Anguilla anguilla, SEYMOUR (1989), observou que não houve um maior consumo que justifique a alimentação mais do que quatro vezes ao dia. Na larvicultura da tilápia, PHELPS et al. (1995) recomendam quatro vezes ao dia e LIM (1997) o mínimo de oito alimentações diárias. Trabalhando com alevinos de tambaqui Colossoma macropomum, MEER et al. (1997), estudaram os vários aspectos fisiológicos implicados na freqüência alimentar desta espécie e concluíram que à medida que se aumenta a freqüência de alimentações diminui-se a quantidade de ração ingerida por refeição, mas ocorre um aumento da quantidade ingerida por dia.

Outro efeito da freqüência de alimentação foi estudado por BORGHETTI et al. (1990) em larvas de dourado Salminus maxilosus, e foi observado que durante a noite quando não foi fornecida a alimentação às larvas por 12 horas, houve uma tendência ao canibalismo e altas taxas de mortalidade foram observadas no período das 12 horas sem o fornecimento de alimentação. O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho e a sobrevivência de alevinos de carpa-capim, submetidos a diferentes freqüências de arraçoamento.

MATERIAL E MÉTODOSO experimento foi conduzido nas instalações

do Laboratório de Aqüicultura, do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá por um período de 30 dias, durante os meses julho e agosto de 2002. Foram utilizados oitenta alevinos de carpa-capim com peso inicial médio de 0,76 ± 0,12 g e comprimento inicial médio de 4,32 ± 0,19 cm. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos (2, 3, 4 e 5 alimentações diárias) e quatro repetições. Foram utilizados 16 tanques-rede, distribuídos em quatro caixas de fibrocimento com capacidade

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Freqüência de alimentação diária para alevinos de carpa-capim (Ctenopharyngodon idella, V.)... 313

para 1000 litros. Cada tanque-rede (40x40x30 cm = 4,8 litros) com cinco alevinos (aproximadamente 1 alevino por litro) foi considerado como unidade experimental. Cada tanque possuía uma torneira para entrada de água e um sifão a 5 cm do fundo para a saída, de modo que houve uma troca diária de 10% do volume total.

Para a alimentação dos alevinos foi utilizado o manejo alimentar com o uso de uma ração contendo 30% de proteína digestível e 3000 Kcal.kg-1 de energia digestível (Tabela 1), formulada de acordo com as exigências nutricionais da tilápia do Nilo pelo NRC (1993), calculado com base em valores de digestibilidade dos alimentos para a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), determinados por BOSCOLO et al. (2002a) e MEURER (2002).

Os ingredientes utilizados na confecção da ração foram moídos individualmente em moinho tipo

faca com peneira 0,5 mm e, posteriormente pesados, misturados e umedecidos em água à 50ºC de acordo com HAYASHI et al. (1999). A ração foi peletizada em moinho de carne, seca em estufa de ventilação forçada a 55ºC, desintegrada e peneirada para que fosse fornecida no tamanho adequado à boca dos peixes (MEURER et al., 2000).

O arraçoamento foi à base de 10% da biomassa por tanque dos alevinos, sendo esta quantidade aferida a cada 7 dias, com a pesagem de todos os indivíduos de cada unidade experimental. A quantidade de ração foi acrescida em 5% diariamente, para adequação da quantidade de ração ao crescimento dos alevinos (BOSCOLO et al., 2002b).

Os parâmetros físico-químicos da água: pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido foram monitorados semanalmente, enquanto a temperatura da água duas vezes ao dia (manhã e tarde) durante o período experimental.

Tabela 1 - Composição em ingredientes e bromatológicas da ração fornecida aos alevinos de carpa-capim

Ingredientes (%) ComposiçãoFarelo de soja a 49,92 Proteína digestível (%) 30,00Milho moídoa 35,96 Energia digestível (kcal/kg) 3000Proteinoso milhob 9,06 Amido (%) 29,03Óleo de sojaa 0,63 Gordura (%) 4,00Fosfato bicálcicoc 2,41 Fibra bruta (%) 3,22Calcáreoc 0,89 Lisina (%) 1,60Sal 0,50 Metionina + Cistina (%) 0,90Premix vit-minerald 0,50 Fósforo Total (%) 0,80DL-metionina 99 0,10 Cálcio (%) 1,00BHT 0,02 Linoléico (%) 1,51

a De acordo com os dados de análise bromatológica e digestibilidade de acordo com BOSCOLO et al. (2002), b De acordo com os dados de análise bromatológica e digestibilidade de acordo com MEURER et al. (2000), c De acordo com os dados de ROSTAGNO et al. (1994). d Níveis de garantia por kg do produto: Vit. A - 2.000.000 UI; Vit. D3: 30.000; Vit. E: 5.000 mg; Vit. K 300,5�� mg; Vit. BK 300,5�� mg; Vit. B1: 1.199.52 mg; Vit B2: 2.000 mg; Vit B��: 1.000,31�� mg; Vit. B12: 5 mg; Vit. C: 15.999,4�; �cido �ólico: 199,99�4 mg; �cido nicotínico: 10.000 mg; Pantetonato de cálcio:C: 15.999,4�; �cido �ólico: 199,99�4 mg; �cido nicotínico: 10.000 mg; Pantetonato de cálcio: ��.550,2 mg; Biotina: 50 mg; Cloreto de colina: 339.99�� mg; Ferro: 4.000,2 mg; Cobre: 500 mg; Manganês: 4.99�.� mg; Cobalto: 101,1012 mg; Zinco: 3.599,3�� mg; Iodo: 199,��4 mg; Antioxidante: 20.000 mg.

Os parâmetros avaliados foram peso final médio, ganho de peso, fator de condição, conversão alimentar aparente, comprimento final médio, uniformidade do lote e sobrevivência. O fator de condição foi calculado com base na equação:

FC = (Peso x (Comp3) -1) x 100e a conversão alimentar: CA = Ração consumida

x Ganho de peso total-1. Para avaliar a uniformidade dos lotes de peixe em

cada unidade experimental, realizou-se a adaptação

de uma equação proposta por FURUYA et al. (1998), para determinar a uniformidade em peso de peixes. Utilizando-se as medidas de peso total dos peixes, com base nos dados de cada unidade experimental calculou-se a média, sendo então, quantificados o número de indivíduos que se apresentavam com peso dentro do intervalo correspondente a 20% acima e abaixo da média.

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em que:U = Uniformidade do lote: variação no peso total (%);Nt = número total de peixes em cada unidade experimental;N±20 = nº de animais com peso total ± 20% em torno da média da unidade experimentalAo início e término do experimento, os peixes

de cada unidade experimental foram pesados em balança analítica e medidos para avaliação das variáveis de ganho de peso, conversão alimentar, comprimento final, uniformidade do lote, fator de condição e sobrevivência. Para as análises estatísticas os dados referentes aos parâmetros físicos e químicos e aos parâmetros de desempenho produtivo foram submetidos a análise de variância (ANOVA) a nível de 5,00% de probabilidade, e em caso de diferenças

Variáveis Freqüência de Alimentação (vezes/dia) C.V.2 3 4 5Peso inicial médio 0,74a 0,72a 0,73a 0,74a 4,79Peso final médio 1,49b 1,51b 1,71a 1,68a 4,82Ganho de peso médio 0,75b 0,79b 0,98a 0,94a 8,80Conversão alimentar 2,48c 2,38c 2,04a 2,15b 8,21Comprimento final médio 5,02b 5,04b 5,25a 5,22a 2,23Fator de condição 1,14a 1,15a 1,16a 1,16a 4,54Uniformidade do lote(%) 90,00a 85,00a 90,00a 100,00a 13,79Sobrevivência (%) 100,00a 100,00a 100,00a 100,00a 0,00

Valores seguidos de mesma letra não di�erem significativamente (Teste de Tukey, p>0,05)

Tabela 2–Valores médios de desempenho dos alevinos de carpa-capim submetidos a diferentes freqüências de arraçoamento diários

significativas estes foram submetidos ao teste de Tukey, através do programa SAEG – Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (UFV, 1997).

RESULTADOS E DISCUSSÃOA temperatura média durante o período experi-

mental foi de 23,0 ± 2,22 ºC pela manhã e de 25,0 ± 2,09 ºC à tarde, permanecendo dentro da faixa recomendada para a piscicultura (KUBITZA, 1997). Os valores de pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido, foram de 7,55 ± 0,66; a 0,17 ± 0,016 µS.cm-1; 6,57 ± 0,46 mg.L-1, respectivamente. Estes também permaneceram dentro da faixa recomendada, segundo EGNA e BOYD (1997).

A Tabela 2 apresenta os valores médios de desempenho produtivo e sobrevivência dos alevinos de carpa-capim ao final do período experimental.

Foram observadas diferenças estatísticas para os valores de peso e comprimento médio finais, ganho de peso e conversão alimentar (p<0,05) em função das diferentes freqüências alimentares ao longo do período experimental.

Os valores de peso médio final foram superiores nos tratamentos em que foram utilizadas quatro e cinco freqüências alimentares diárias (p<0,05). TUNG e SHIAU (1991) encontraram melhores valores de peso final para alevinos de tilápia do Nilo quando estes eram alimentados seis vezes ao dia.

Com relação ao ganho de peso e comprimento final médio, os valores foram superiores utilizando-se de quatro a cinco alimentações diárias (p<0,05). TUNG e SHIAU (1991) com juvenis de tilápia nilótica encontraram um melhor ganho de peso realizando seis alimentações diárias. JOBLING (1983) relatou em seu trabalho com Artic charr Salvelinus alpinus,

que o aumento da freqüência de alimentação de uma para duas vezes ao dia ocasionou melhora no crescimento, entretanto níveis maiores não foram testados. Por outro lado, SANCHES e HAYASHI (2001) não observaram diferenças significativas para esta variável em função do aumento das freqüências alimentares (p>0,05).

Os valores de conversão alimentar aparente foram superiores no tratamento onde eram fornecidas quatro alimentações diárias. Em trabalho realizado com Colossoma macropomum, MEER et al. (1997) testaram de uma a cinco alimentações diárias e observaram melhor conversão alimentar nas freqüências de três a cinco vezes ao dia. Diferindo destes resultados, WANG et al. (1998), SANCHES e HAYASHI (2001)(1998), SANCHES e HAYASHI (2001) e HAYASHI et al. (2004) observaram que os dados(2004) observaram que os dados de conversão alimentar não revelaram diferenças significativas (p>0,05) em função dos diferentes

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tratamentos. JOBLING (1983) concluiu que para o “Artic charr”, a conversão alimentar não foi eficiente nas maiores freqüências.

O fator de condição, a uniformidade do lote e a sobrevivência não apresentaram diferenças estatísticas significativas (p>0,05). Os valores do fator de condição demonstraram que não houve um crescimento em peso diferenciado em detrimento do comprimento ou vice–versa, concordando com o que foi obtido por SANCHES e HAYASHI (2001) para a tilápia do Nilo. Com relação à uniformidade, esta reflete a variação entre os indivíduos e uma maior freqüência alimentar deve reduzir a concorrência, acarretando uma menor variação entre eles e, conseqüentemente uma maior uniformidade. No entanto, nas freqüências utilizadas este efeito não foi significativo (p>0,05), concordando com SANCHES e HAYASHI (2001) na larvicultura de tilápia do Nilo em fase de reversão sexual.

O efeito da freqüência de alimentação na sobrevi-vência não foi avaliado para o “Artic charr”(JOBLING, 1983) e nem para o esturjão branco (CUI et al., 1997). De acordo com MACINTOSHI e DE SILVA (1984), este parâmetro é mais afetado por outros fatores de manejo ou ainda por problemas genéticos. Relatos dos efeitos da freqüência alimentar nas taxas de sobrevivência foram realizados por SANCHES e HAYASHI (2001) e observaram resultado similar ao obtido neste experimento, diferindo apenas quanto à porcentagem de sobrevivência. Por outro lado,Por outro lado,outro lado, lado, HAYASHI et al. (2004) trabalhando o lambari do(2004) trabalhando o lambari do rabo amarelo (Astyanax bimaculatus), observaram que esta variável foi significativamente afetada pela freqüência de arraçoamento, apresentando redução em função do número de alimentações diárias.

A carpa-capim obteve um melhor desempenho com o fornecimento de quatro alimentações diárias, assim como o lambari do rabo amarelo (HAYASHI et al., 2004) enquanto que WANG et al. (1998), LEE(1998), LEE et al. (2000) e LAMBERT e DUTIL (2001) observaram(2000) e LAMBERT e DUTIL (2001) observaram resultados diferentes.

O melhor resultado obtido no tratamento onde foram fornecidas quatro alimentações diárias pode ser explicado pela melhor distribuição dos nutrientes essenciais ao metabolismo do animal. O arraçoamento realizado em um número menor de vezes pode restringir o consumo de toda a ração fornecida em função da capacidade do trato digestório do peixe e assim o alimento perderá os nutrientes para a água, afetando a qualidade desta.

CONCLUSÃOConsiderando os valores de desempenho e

sobrevivência, concluiu-se que se deve realizar o arraçoamento quatro vezes ao dia para os alevinos de carpa-capim.

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Nota Científica: Recebido em: 30/10/2006; Aprovado em: 29/10/20071 Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Aqüicultura.2 Endereço/Address: Laboratório de Piscicultura Marinha, Departamento de Aqüicultura, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal

de Santa Catarina (Federal University of Santa Catarina), C.P. 476, Cep: 88040-970, Florianópolis, SC, Brazil. Tel/Fax: +55 48 3232-7532; E-mail: [email protected]

RESUMO

Sobrevivência e parâmetros do crescimento foram avaliados em juvenis de robalo-peva Centropomus parallelus cultivados em diferentes densidades de estocagem em tanques-rede. Juvenis de 156 Dias Após a Eclosão (DAE) (5,7± 1,27 g peso úmido; 8,5 ± 0,69 cm comprimento total: média ± DP) estocados em 50, 100 e 200 peixes/m3, em tanques-rede de 1m3, não apresentaram diferenças na sobrevivência e crescimento como peso úmido, comprimento total e padrão, taxa de crescimento específico, e coeficiente de variação para peso e comprimento total após 59 dias de cultivo (P>0,05). Taxas de crescimento específico e conversão alimentar foram próximas a 0,9 %/dia, e 1,6, respectivamente, nas densidades testadas (P>0,05). O comportamento alimentar do robalo-peva foi diretamente relacionado à condição luminosa uma vez que o maior consumo de alimento ocorreu em horas de mais baixa exposição da luz solar nos tanques-rede. A partir dos resultados obtidos no presente estudo, o uso de densidades de estocagem ate 200 peixes/m3, não afetou a sobrevivência, o crescimento e a conversão alimentar de robalo-peva. Entretanto, a biomassa final e a produção por área foram significativamente diferentes, sendo maiores em 200 peixes/m3, densidade considerada mais adequada entre as densidades de estocagem testadas para a engorda de robalo-peva na fase de juvenil em tanques-rede.Palavras-chave: robalo-peva, Centropomus parallelus, crescimento, densidade de estocagem, tanques-rede

CRESCIMENTO DE JUVENIS DE ROBALO-PEVA CENTROPOMUS PARALLELUS EM TANQUES-REDE EM TRÊS DENSIDADES DE ESTOCAGEM

ABSTRACT

Survival and growth parameters were evaluated in juvenile fat snook Centropomus parallelus held at different stocking densities in floating cages. Juveniles of 156 Days After Hatching (DAH) (5.7± 1.27 g wet weight; 8.5 ± 0.69 cm total length: mean ± SD) stocked at 50, 100 and 200 fish/m3, in 1m3 cages, presented no difference in survival and growth as wet weight, total and standard length, specific growth rate, and coefficient of variation for weight and total length, after 59 days of experiment (P> 0.05). Specific growth rate and food conversion ratio were near 0.9 %/day, and 1.6, respectively, at the densities tested (P>0.05). Feeding behavior of fat snook was directly related to light condition as higher feed consumption occurred at hours of lower sunlight exposure on the fish cages. From the results obtained in the present study, the use of stocking densities up to 200 fish/m3 did not affect survival, growth performance and food conversion ratio of juveniles of fat snook. However, final biomass and production per area were significantly different, being higher at 200 fish/m3, density considered among the stocking densities tested, more adequate for growing fat snook at the juvenile phase in cages.Key words: fat snook, Centropomus parallelus, growth, stocking density, cages

Mônica Yumi TSUZUKI 1, 2; Rafael Ferreira CARDOSO 1; Vinícius Ronzani CERQUEIRA 1

GROWTH OF JUVENILE FAT SNOOK Centropomus parallelus IN CAGESAT THREE STOCKING DENSITIES

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INTRODUCTIONThe fat snook Centropomus parallelus is a

commercially important fish species naturally distributed from Florida, USA, to Florianópolis, South Brazil (FRASER, 1978). Fat snook has been recognized as a candidate species for aquaculture (TEMPLE et al., 2004) due to the quality of its flesh and high market price, being resistant to husbandry procedures and variations in water quality, and tolerant to a wide range of salinities (MACIEL, 2006; TSUZUKI et al. , 2007).

Several works have dealt with aspects of repro-duction and larviculture of fat snook (CERQUEIRA et al., 1995; ALVAREZ-LAJONCHÈRE et al., 2002a, b; FERRAZ et al., 2002; TEMPLE et al., 2004), and nowadays a massive production of juveniles is already obtained under laboratory conditions (ALVAREZ-LAJONCHÈRE et al., 2002b). So far, fat snook growth is done at a discontinuous and non quantified approach by small producers in earthen ponds, tanks and floating cages, in different regions of the country (CERQUEIRA and TSUZUKI, 2003).

In this context, there is an increasing interest in growing fat snook in cages in Brazil, using high quality water bodies available in coastal, estuarine and freshwater areas. As cages tend to utilize higher stocking densities to maximize productivity, and as stocking density is an important factor affecting fish welfare, a balance between the optimization of theoptimization of the of the use of cages and animal needs is essential.

Several authors have shown that stocking density may affect behavioral or social interactions, and intraspecific competition for food (BROWN et al., 1992; KAISER et al., 1995; PAPOUTSOGLOU et al., 1998; IRWIN et al., 1999; KRISTIANSEN et al., 2004), in some cases developing dominance hierarchies (BRETT, 1979; SCHRECK, 1981) and cannibalism (KATAVIC et al., 1989; MOORE and PRANGE, 1994; HATZIATHANASIOU et al., 2002), resulting in differential survival and growth rates of fish. As fat snook is a carnivorous fish with gregarious habit, the development of hierarchical classes may appear at inappropriate stocking densities, possibly affecting growth performance and animal health. Nevertheless, the effect of different stocking densities on fat snook growth and survival has never been evaluated. Furthermore, growout studies are still necessary in order to determine the viability of its production at a commercial level.

Therefore, the aim of the present work was to

identify optimum stocking densities for juvenile fat snook survival and growth in cages.

MATERIALS AND METHODSThe experiment was held at the Marine Fish

Culture Laboratory (LAPMAR), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brazil, from March to May, 2005.

Juveniles of the fat snook Centropomus parallelus, obtained by natural spawn of hormonally induced animals (FERRAZ et al., 2002), were kept until the start of the experiments at 25 oC, salinity of 35 g/L, natural photoperiod, fed a commercial diet with 40 % of Crude Protein (CP), 10 % fat.

Juveniles of 156 Days After Hatching (DAH) (5.75± 1.27 g wet weight; 8.5 ± 0.69 cm total length and 7.0 ± 0.57 cm standard length: mean ± SD) were stocked at 50, 100 and 200 fish/m3, in floating cages for 59 days.

Nine square shaped cages with submerged volume of 1m3 (1m x 1m x 1m), 2 mm mesh size, were uniformly distributed in one outdoor rectangular concrete tank (40,000 L) covered with a black shade cloth (Sombrite, 50% shade factor). Aeration was continuously provided by two perforated PVC tubes running parallel to the tanks, connected to a central air compressor. Every day, 70 % of the water was replaced (flow rate of approximately 20 L/s), and the bottom of the concrete tank was siphoned.

Water temperature and dissolved oxygen were daily measured with a YSI Model 51 oxygen meter (Yellow Springs Instrument Company, Yellow Springs, Ohio, USA). Total ammonia (TAN) and salinity were weekly monitored with a Tetratest® Kit (Tetra Werke, Melle, Germany), and a Bernauer Model F3000 optical refractometer (Bernauer Aquacultura, Blumenau, Brazil), respectively. Water temperature and salinity during the experimental period were 24.8 ± 1.15 oC (mean ± SD), and 35.0 ± 1.20 g/L, respectively. Dissolved oxygen was kept at 6.0 ± 1.50 mg/L, and total ammonia at 0.08 ± 0.14 mg/L. There was no variation in water quality parameters among the cages (P > 0.05), and water quality parameters were within acceptable ranges for fish cage culture (BEVERIDGE, 1996).

As previous work demonstrated that at this age, feeding fat snook one or two times per day did not affect fish growth parameters (P>0.05) (BERESTINAS, 2006), fish in the present study were fed to satiation once a day (between 15:00 and 18:00 h) (See Results

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Growth of juvenile fat snook Centropomus parallelus in cages at three stocking densities... 321

and Discussion Section) with a commercial extruded diet (40 % CP, 10 % fat; 2-2.5 mm diameter). Fish behavior was monitored at feeding. Every week, the amount of food consumed in each cage was recorded for food conversion ratio calculation (FCR = weight of feed in g/biomass gain in g).

Thirty fish were sampled at the beginning of the experiment, and all fish were measured and weighed at the end of the growth period. Animals were rapidly anesthetized with benzocaine (84 g of benzocaine per 1L alcohol 96 %), weighed to the nearest 0.1 g and measured (total and standard length) to the nearest 1 mm. Feeding was discontinued 24 h prior to measurements.

The following rates were determined: Specific-growth rate (SGR, %/day) = 100 X (ln final weight - ln initial weight)/ number of days; coefficient of individual body weight and total length variations as (CV weight, %) = 100 X (standard deviation/ mean body weight) and (CV length, %) = 100 X (standard deviation/ mean total length), respectively. Final biomass (kg) and production per area (fish/m3) were also calculated.

All treatments were run in triplicate. Differences between replicates and treatments were analyzed by one-way analysis of variance (ANOVA) with subsequent Tukey test. Statistical significance was assumed at P < 0.05.

RESULTS AND DISCUSSIONIn several species, growth rate is characterized

by an inverse correlation with stocking densities as observed in rainbow trout Onchorhynchus mykiss (PAPOUTSOGLOU et al., 1987), turbot Scophthalmus

maximus (IRWIN et al., 1999), European sea bass Dicentrarchus labrax (HATZIATHANASIOU et al., 2002; SAILLANT et al., 2003) and jundiá Rhamdia quelen (BARCELLOS et al., 2004), possibly due to social interactions leading to intraspecific size variation and feeding dominance (YAMAGISHI et al., 1974; JOBLING, 1985), competition (IRWIN et al., 1999), space limitation (EWING et al., 1998), insufficient food (ANDREW et al., 2004) and low dissolved oxygen (YI et al., 1996). On the other hand, higher growth occurred at higher densities in the Arctic charr Salvelinus alpinus (BROWN et al., 1992), and in the European sea bass (PAPOUTSOGLOU et al., 1998), result generally attributed to a decreased social interactions or lack of aggressive actions at the increased densities.

Juvenile fat snook, within the stocking densities tested in this study (50 to 200 fish/m3), does not belong to the fish category which is characterized by an inverse or positive correlation between stocking density and growth rate as previously cited, as no difference in survival and growth as wet weight, total and standard length, specific growth rate, and CV for weight and total length was observed after 59-days of cultivation in cages (P> 0.05) (Table 1). PASPATIS et al. (2003) found that a stocking density of up to 1,000 fish/m3 does not affect European sea bass juveniles (5.3 g) kept in tanks. ROWLAND et al. (2004) found that growth and condition were not affected by stocking density in silver perch Bidyanus bidyanus fry reared at 50, 100 or 200 fish/m3 in cages for 140 days. CAVERO (2003) showed that growth of pirarucu Arapaima gigas juveniles in floating cages was not affected by stocking densities or by intraspecific interactions.

Density(fish/m3)

Weight (g) Total length (cm)

Standard length (cm) SGR1

CV2

Weight (%)

CV Length

(%)FCR3

Final Biomass

(kg)Initial Final Initial Final Initial Final

505.8

±1.18(3.3-8.7)

10.1 ±0.47

(4.2-16.9)

8.6 ±0.66

(7.1-9.9)

9.9 ±0.97

(7.4-12.1)

7.0 ±0.56

(5.7-8.1)

8.2 ±0.99

(6.0-10.0)

0.9 ±0.05

27.4 ±3.93

9.9 ±1.87

1.7 ±0.09

0,50±0,31a

1005.7

±1.14(2.6-8.5)

9.8 ±0.59

(4.1-15.8)

8.6 ±0.66

(6.6-10.1)

9.9 ±0.87

(7.6-11.8)

7.0 ±0.55

(5.2-8.0)

8.1 ±1.49

(6.0-10.0)

0.9 ±0.04

24.8 ±0.42

8.08 ±0.48

1.5 ±0.06

0,97±0,50b

2005.8

±1.50(2.4-12.7)

9.8 ±0.72

(3.6-20.9)

8.5 ±0.76

(5.7-11.0)

9.9

±1.25(4.8-13.3)

6.9 ±0.61

(5.1-9.0)

8.3 ±1.81

(5.9-11.0)

0.9 ±0.14

27.6 ±3.80

12.1 ±2.41

1.5 ±0.12

1,68±0,93c

Table 1 – Growth of fat snook Centropomus parallelus held at different densities in floating cages during 59 days. Data shown as mean ± SD. Minimum and maximum values are presented in brackets. Different letters at the same column are statistically different (P<0.05).

1 SGR: Specific-Growth Rate; 2 CV: Coefficient of Variation; 3 FCR: Food Conversion Ratio

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TSUZUKI et al.

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322

In the present study, survival rates were excellent (100% for 50 fish/m3; 99% for 100 and 200 fish/m3) at the end of the growth period in all treatments. Mean specific growth rate was 0.9 %/day, and food conversion ratio was around 1.6 at the densities tested. Similar growth and food conversion rates have been obtained for younger fat snook juveniles fed with different commercial diets, non-specific for marine fish (BERESTINAS, 2006). The determination of the nutritional requirements and the development of a more appropriate diet may improve growth performance of fat snook.

When compared to a similar species, the common snook Centropomus undecimalis, fat snook presented lower growth and less efficient feed utilization. TUCKER (2000) reported for common snook a food conversion ratio of 0.7 and around 80 g weight gains at 5- month age. Although fat snook grows slower than common snook, it has been already produced at constant and stable levels in laboratory (ALVAREZ-LAJONCHÈRE et al., 2001, 2002b), and therefore, technology for massive production of juveniles has been already established. On the other hand, there is a need to increasing knowledge on common snook larvae and juvenile production (SANCHEZ et al., 2002, ALVAREZ-LAJONCHÈRE, 2004). Additionally, due to its sporting and culinary attributes, and a high market price, fat snook can be commercialized as a “plate size fish” (around 300 g, whole fish) and used for recreational fisheries purposes.

Although no difference in survival and growth performance was detected, final biomass was significantly higher at the highest stocking density (Table 1). As mortality rates were close to 100 %, production per area also showed a positive relation with stocking density (50.0 ± 0.0; 99.0 ± 1.3; 198.0 ± 3.4 fish/m3 at 50, 100 and 200 fish/m3, respectively) (P<0.05).

Feeding behavior of fat snook was directly related to light condition as higher feed consumption occurred at hours of lower sunlight exposure on the fish cages. Initially, fish were fed 2-times a day (morning and afternoon). However, in the cages with higher sunlight incidence in the morning period, fish tended not to eat. In the afternoon, as all the cages were in the shade, feed consumption increased and was uniform. Apparently, early morning and late afternoon are the best hours for fat snook feeding, suggesting that they are low-light feeders as reported for the common snook, that presents two feeding

peaks per day, one approximately 2 hours before sunrise, and the second 2-3 hours following sunset (ECKELBARGER et al., 1980).

From the results obtained in the present study, the use of stocking densities up to 200 fish/m3 did not affect survival, growth performance and food consumption of juveniles of fat snook Centropomus parallelus. However, final biomass and production per area were significantly different, being higher at the highest stocking density (200 fish/m3).

ACKNOWLEDGEMENTSWe would like to thank Davi Poluzzi Mezel for

technical support, and Alexander Camara Berestinas for helping in the statistical analysis.

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OBSERVAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O DESENVOLVIMENTO LARVAL DO CARANGUEJO ARANHA Stenorhynchus seticornis (HERBST, 1788)

(DECAPODA: BRACHYURA: MAJIDAE) EM LABORATÓRIO

George Nilson MENDES 1 e Anita Rademaker VALENÇA

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi fechar o ciclo larval de Stenorhynchus seticornis através de adaptação da tecnologia utilizada para o camarão Macrobrachium rosenbergii. As larvas foram provenientes da desova de uma fêmea em um dos aquários do Laboratório de Aqüicultura da Universidade Federal de Pernambuco. Cinqüenta larvas foram colocadas em um béquer com dois litros de água nas mesmas condições da desova. A média diária da temperatura foi 28,7 oC, oxigênio 6,7 mg/L, salinidade 35,1 ‰ , pH 8,4 e amônia 0,01 ml/L. A alimentação foi fornecida ad libitum três vezes ao dia e consistiu de peixe triturado e náuplios de Artemia sp. A primeira megalopa ocorreu após dez dias de cultivo e 50% dos sobreviventes passaram a este estágio após doze dias de cultivo. A sobrevivência final foi 30%. Os resultados demonstraram a possibilidade do cultivo de Stenorynchus seticornis para a aqüicultura ornamental utilizando a tecnologia de Macrobrachium rosenbergii.Palavras-chave: Stenorynchus seticornis, Majidae, cultivo larval, ornamentais marinhos

PRELIMINARY OBSERVATIONS ON THE LARVAL CYCLE OF ARROW CRAB Stenorhynchus seticornis (HERBST, 1788) (DECAPODA: BRACHYURA: MAJIDAE)

IN LABORATORY

ABSTRACT

The aim of this work was close the larval cycle of Stenorhyncus seticornis using techniques developed for commercial prawn Macrobrachium rosenbergii. The Stenorhyncus seticornis larvae came from a spawn in aquarium in Aquaculture Laboratory of the Federal University of Pernambuco. Fifty larvae were transferred to a circular vessel with two liters of water in the same conditions of spawn. Means value for water quality parameters were: 28.7oC for temperature, 6.7 ml/L oxygen, 35.1 ‰ salinity, 8.4 pH and 0.01ml/L ammonium. The larvae were fed ad libitum with chopped fish and nauplius of Artemia sp. three times a day. The first megalopa occurred after ten days and 50% of survivors passed to megalopa stage after twelve days. The final survival was 30%. The present findings demonstrate that this crab may be cultured using standard techniques developed for commercial prawn Macrobrachium rosenbergii industry and this species potential to ornamental aquaculture.Key words: Sternorynchus seticornis, Majidae, larvae culture, marine ornamental, aquarium

Nota Científica: Recebida em: 01/03/2007; Aprovada em: 26/10/20071 Professor adjunto do Departamento de Zoologia, Laboratório de Aqüicultura, Departamento de Zoologia – CCB – UFPE, Recife, PE. E-mail: [email protected]

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MENDES e VALENÇA

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INTRODUÇÃOO Stenorhynchus seticornis (HERBST, 1788),

conhecido como caranguejo aranha ou caranguejo flecha, ocorre no Atlântico Ocidental na costa dos Estados Unidos, Golfo do México, Antilhas, Colômbia, Venezuela, Guianas, Brasil (do Amapá ao Rio Grande do Sul), Uruguai e Argentina (MELO, 1996). No Atlântico Oriental, desde Madeira até Ilhas Canárias e Angola (RODRIGUES, 1980). Segundo VÉLEZ (1977) o S. seticornis é muito abundante na Baía de Pescador no sul de Curaçao, Colômbia.

Esta espécie pode ser encontrada em fundos duros, coralígenos ou de cascalho, e arenosos (SCHRIEVER, 1977). Em regiões de águas temperadas rasas, em profundidades entre 2 a 14 metros, ou regiões oceânicas em profundidades em torno de 200 metros (OLIVEIRA, 1987). Seus principais predadores são o asteróide da espécie Diplasterias brandtti e garoupas da espécie Epinephelus morio (HULINGS and HEMLAY, 1963).

COBO e OLIVEIRA (2002) estudaram a maturidade fisiológica do S. seticornis e observaram que o tamanho médio em que pelo menos 50% da população apresentou gônadas maduras foi de 7,2 mm de largura de carapaça (LC) para machos e 7,9 mm de LC para fêmeas, concluíram que 50% de seus indivíduos encontravam-se maduros dentro de um mesmo intervalo de tamanho, sugerindo a maturação gonadal sincrônica entre machos e fêmeas. Já ASSIS e COBO (2002) estudaram o crescimento relativo de S. seticornis e concluíram que as fêmeas obtiveram a maturação morfológica em um intervalo maior que os machos (5,5 mm a 10 mm para as fêmeas e 7 mm a 8,5 mm para os machos), ambos os trabalhos utilizaram caranguejos adultos capturados na região da ilha das Couves – Ubatuba – SP (23º25`25``S 44º52`03``W).

YANG (1976) cultivou larvas de S. seticornis em laboratório, originadas de adultos capturados em profunidades diferentes, com a finalidade de solucionar problemas de sistemática desta espécie. As larvas obtidas de adultos capturados em águas rasas (2 metros) possuíam características bem distintas das larvas obtidas de adultos capturados em águas profundas (216-234 metros). Tal constatação levou YANG (1976) a sugerir que há duas espécies descritas sob o nome Stenorynchus seticornis, e propõe a manutenção da nomenclatura S. seticornis para a espécie de águas rasas e Stenorynchus sp. para a espécie de águas profundas.

Além de estudar a sistemática, YANG (1976)

fechou o ciclo de vida de S. seticornis em laboratório cultivando as larvas desde a eclosão dos ovos até um jovem adulto, que denominou de “first crab”.

Segundo PINHEIRO et al. (1994) a família Majidae constitui-se num grupo peculiar, tanto pela diversidade que apresenta, quando comparada com as demais famílias de braquiúros, quanto pela presença de um número reduzido e fixo de estágios de zoea (dois).

A coleta extensiva e destrutiva de organismos marinhos para aquariofilia tem levado a uma preo-cupação cada vez maior dos conservacionistas e pesquisadores (ZHANG et al., 1997; BROWN et al., 2003). Uma das saídas apontadas é o cultivo artificial destes organismos para atender a demanda do mercado e diminuir a pressão sobre os ambientes naturais (CALADO and NARCISO, 2003; RHYNE et al., 2003).

RHYNE et al. (2003) e CALADO et al. (2003) cultivaram o caranguejo Mithraculus sculptus, também pertencente à família Majidae, no intuito de estabelecer apropriados métodos de cultivo devido à importância desta espécie para a aquariofilia. Estes autores confirmaram que, como todos da família Majidae, o M. sculptus possui três estágios larvais: duas zoea e uma megalopa, e concluem que devido à curta duração do seu estágio larval este caranguejo é um candidato promissor para a aqüicultura ornamental.

O caranguejo aranha é capturado no seu habitat natural e comercializado nas lojas de aquariofilia como ornamento para aquários marinhos no país e exterior. Em Recife está espécie é encontrada nas lojas especializadas em aquariofilia marinha, porém a maior parte capturada no litoral nordestino se destina às lojas do Rio de Janeiro e São Paulo.

O objetivo deste trabalho foi fechar o ciclo larval de Stenorhynchus seticornis em laboratório através de tecnologia de cultivo utilizada para o cultivo larval do camarão Macrobrachium rosenbergii, visando fornecer subsídios para sua produção para o comércio ornamental ou mesmo para um programa de repovoamento de ambientes naturais, pois devido ao seu valor no mercado aquarístico este crustáceo é coletado indiscriminadamente, o que pode levar a sua escassez em um futuro próximo.

MATERIAL E MÉTODOSEsta pesquisa foi realizada no Laboratório de

Aqüicultura do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE.

A desova ocorreu em um dos aquários marinhos

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Observações preliminares sobre o desenvolvimento larval do caranguejo aranha Stenorhynchus seticornis... 327

do laboratório, proveniente de uma fêmea ovada (8,20 mm LC) capturada a 2 metros de profundidade na praia de Porto de Galinhas, PE. Foram retiradas 50 larvas e transferidas para um becker de capacidade para 3 Litros (L).

A metodologia utilizada foi semelhante a do cultivo larval para Macrobrachium rosenbergii (MENDES, 1986). O béquer utilizado como ambiente de cultivo foi preenchido com 2L de água do aquário de eclosão das larvas (S =35 ‰, pH = 8,4, T = 28oC) e mantido com aeração moderada para não prejudicar as larvas tanto na captura do alimento quanto na muda dos estágios larvais.

Diariamente, no final da tarde, era renovado 50% do volume do béquer de cultivo com água proveniente de um aquário de 120 L, o qual era dotado de um sistema de filtro biológico composto por placas perfuradas cobertas por cascalho, ligadas a uma tubulação que acionava o filtro com fluxo contínuo de ar através de um soprador de 3 HP.

A alimentação, fornecida três vezes por dia, era composta de duas refeições (8 h e 14 h) de alimento inerte e uma (17 h) de náuplios de Artemia sp. recém eclodida. O alimento inerte utilizado foi filé de peixe passado através de uma peneira de 325 µm de abertura de malha. Os náuplios de Artemia sp. eram fornecidos após a troca d’água (50%). Isto se fazia necessário para que houvesse disponibilidade de alimento vivo durante o período noturno, além desse tipo de alimento não causar aumento nas taxas de compostos nitrogenados tóxicos na água do cultivo.

Todos os dias às 8 horas eram mensurados o oxigênio dissolvido e a temperatura, através de oxímetro digital YSI model 55; o pH e amônia através de métodos colorimétricos Fuga Mortal (1993) e a salinidade através de um refratômetro.

A sobrevivência foi observada no décimo segundo dia e no final do cultivo (décimo quinto dia), quando ocorreu a metamorfose em todas as larvas.

RESULTADOS E DISCUSSÃOAs larvas cultivadas neste trabalho eclodiram em

zoea e a primeira megalopa ocorreu com dez dias de cultivo. Estes resultados confirmam que Stenorynchus seticornis passa por três estágios larvais: dois zoea e um megalopa (PINHEIRO et al., 1994; RHYNE et al., 2003). A sobrevivência no décimo segundo dia de cultivo foi de 40% (20 sobreviventes dos 50 iniciais), quando 10 caranguejos (50% dos sobreviventes) passaram para megalopa. A sobrevivência final foi

de 30%, quando todas as larvas passaram ao estágio de megalopa após 15 dias de cultivo.

YANG (1976) cultivando S. seticornis obteve 41% de sobrevivência, das 54 larvas eclodidas no laboratório. A duração média dos estágios larvais foi de 12 dias de zoea até megalopa. RHYNE et al. (2003) e CALADO et al. (2003) levaram 6 dias para o desenvolvimento de zoea até megalopa de Mithraculus sculptus, um caranguejo também da família Majidae, com uma duração de três dias para cada estágio de zoea, porém a sobrevivência final foi de apenas 22%.

Os parâmetros hidrológicos médios neste estudo foram: temperatura com um mínimo de 27,50 C e um máximo de 29,20C, o pH 8,4, oxigênio dissolvido ficou entre 6,5 e 6,8 ml/L. O nitrito variou entre 0,00 e 0,03 ppm, e a amônia entre 0,00 e 0,02 ppm. A salinidade manteve-se em 35‰. No cultivo larval de S. seticornis feito por YANG (1976) a temperatura variou de 17 a 29oC e a salinidade entre 32 a 36‰, o autor não menciona os valores de pH, oxigênio, amônia e nitrito da água, apenas diz que a água do cultivo era trocada diariamente.

A temperatura é um dos principais fatores ambientais que afetam o desenvolvimento e crescimentos dos crustáceos.

YANG (1976) obteve sucesso no cultivo das larvas provenientes dos adultos coletados em águas rasas (2 m) da Flórida em temperaturas de 17 a 29oC, porém dos ovos provenientes de adultos coletados em águas profundas (200 m) apenas cinco eclodiram em prezoea em temperaturas de cultivo de 25oC.

ZHANG and LIN (1998) observaram diferenças no tempo de desenvolvimento larval de Lysmata wurdemanni em experimento onde variaram a temperatura do cultivo. Segundo estes autores a temperatura tem um importante papel no tempo de desenvolvimento larval e pode ser usada para encurtar a duração da larvicultura de crustáceos.

Nesta pesquisa, a temperatura não deve ter influenciado negativamente, visto que ficou entre 27,5 e 29,2oC, valores considerados adequados para espécies tropicais.

A nutrição é outro fator importante no desenvol-vimento larval e sobrevivência, o valor nutricional do alimento parece afetar a eficiência da assimilação em crustáceos (ZHANG et al., 1997). A alimentação inerte utilizada neste trabalho consistiu apenas de filé de peixe (Scianidae), o qual não deve ter atendido todos os requerimentos nutricionais das larvas, em

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MENDES e VALENÇA

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um futuro trabalho esta alimentação inerte poderia ser melhorada com o acréscimo de premix vitamínico e mineral, ou até mesmo serem testadas rações comerciais existentes para larvas de crustáceos.

Segundo PINHEIRO et al. (1994) devido a dificul-dades surgidas durante o cultivo larval causadas por inadequações nas técnicas de manuseio, manejo alimentar e contaminações poucos estudos abordam o desenvolvimento larval de forma completa. Portanto o estudo de tecnologias de cultivo adequadas para o cultivo larval é de suma importância para o desenvol-vimento tanto do estudo larval de crustáceos quanto da aqüicultura destes.

Os resultados alcançados nesta pesquisa são bastante promissores, visto que teve apenas a finali-dade de estudar a possibilidade de fechar o ciclo larval em ambiente controlado.

SILVA et al. (2002) realizaram trabalho sobre ocorrência de Majidae na costa norte brasileira e constataram que dentre os 155 indivíduos dessa família, o Stenorhynchus seticornis foi o menos representativo com apenas três exemplares. Este resultado já pode ser um alerta. SCHRIEVER (1977) já alertava sobre a necessidade de informações sobre a reprodução e ciclo larval deste crustáceo.

Atualmente, pesquisadores, comerciantes, coletores e aquariofilistas estão unindo-se em um esforço mundial para minimizar a crescente pressão sobre as populações de espécies marinhas ornamentais e para promover a sustentabilidade destes recursos (CORBIN, 2001). No entanto, este objetivo só estará perto de ser alcançado quando a coleta de organismos selvagens for significativamente substituída pelo cultivo destas espécies.

Por apresentar um ciclo larval de curta duração o caranguejo aranha S. seticornis é um candidato promissor para a aqüicultura ornamental. Um cultivo comercial desta espécie irá reduzir a demanda por espécimes selvagens e, conseqüentemente, a pressão sobre os ecossistemas marinhos costeiros onde habitam. Porém mais estudos sobre a nutrição e manejo larval são necessários visando aumentar a sobrevivência.

CONCLUSÃOA metodologia de cultivo utilizada para a

larvicultura do camarão Macrobrachium rosenbegii mostrou-se adequada para o cultivo larval de Stenorynchus seticornis.

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OBSERVAÇÕES A RESPEITO DA PESCARIA SAZONAL DE DOURADO (Coryphaena hippurus) COM ESPINHEL-DE-SUPERFÍCIE NO SUL DO BRASIL

Rodrigo DALLAGNOLO 1, 3; Humber Agrelli ANDRADE 2

RESUMO

No sul do Brasil a partir do ano de 2001 ocorreu um incremento significativo do volume de capturas de dourado durante os meses de verão motivado por uma demanda das empresas exportadoras de pescado sediadas em Itajaí, no estado de Santa Catarina. A maioria das capturas foram realizadas por barcos semi-industriais da frota de Itaipava (estado do Espírito Santo) que operam com anzóis e linhas. Este trabalho apresenta descrições das capturas, esforços de pesca e CPUEs e uma discussão sobre a estratégia adotada pelos pescadores. O pico de produção aconteceu em 2003 quando 711 t foram desembarcadas. A CPUE decaiu de 585 kg em 2001 para 184 kg a cada mil anzóis em 2005. A estratégia de pesca adotada pelos pescadores sugere um alto grau de especialização da frota. Palavras-chave: captura, esforço pesqueiro, espinhel de superfície

OBSERVATIONS CONCERNING THE SEASONAL DOLPHIN-FISH (Coryphaena hippurus) FISHERY WITH SURFACE LONGLINE IN THE SOUTH OF BRAZIL

ABSTRACT

The amount of dolphin-fish caught in south of Brazil during summer increased since 2001 due to demand of exportation companies based in Itajaí, in the state of Santa Catarina. Most of catches was landed by semi-industrial boats of Itaipava (Espírito Santo state) that fishes with hooks and lines. This work there are descriptions of catches, fishing effort and CPUEs and a discussion about the strategy adopted by the fishermen. Production peaked in 2003 when 711 t were landed. CPUE declined from 585 kg/1000 hooks in 2001 to 184 kg/1000 hooks in 2005. Fishing strategy adopted by fishermen suggests a high degree of specialization of the fleet.Key words: catch, fishing effort, surface longline

Relato de caso: Recebido em: 18/01/2007; Aprovado em: 04/12/20071 Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências Tecnológicas, da Terra e do Mar 2 Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Informática e Estatística 3 Endereço/Address: UNIVALI/CTTMar – C.P.: 360 – Itajaí, SC – CEP: 88302-202 e-mail: [email protected]

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DALLAGNOLO e ANDRADE

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INTRODUÇÃOO dourado (Coryphaena hippurus) é uma espécie

epipelágica e cosmopolita que sustenta importantes pescarias comerciais, artesanais e recreacionais em todo o mundo e é capturado, na maioria dos casos, com o uso de atratores flutuantes e petrechos como redes de espera, cerco e espinhéis de superfície. Essa espécie realiza grandes migrações alimentares e reprodutivas e picos de captura são comumente observados durante o verão (KRAUL, 1999; MAHON, 1999; ZAOUALI and MISSAOUI, 1999). Na costa central do Brasil, entre os estados da Bahia e Rio de Janeiro, a pesca do dourado está associada à atuação de uma frota semi-industrial, especializada no uso de anzóis e linhas, sediada em Itaipava no estado do Espírito Santo. A frota de Itaipava, estimada em cerca de 500 embarcações, sofreu no final dos anos 80 uma mudança em termos de áreas de pesca e recursos-alvo quando trocou a pescaria de grandes peixes demersais no talude pela de alto-mar direcionada a atuns e afins (MARTINS et al., 2005).

A partir do ano de 2001 a indústria de pescado para exportação, sediada em Itajaí no estado de Santa Catarina, passou a comprar capturas de dourado para suprir a demanda do mercado externo. Observou-se a partir daí um incremento significativo no volume desembarcado da espécie no porto pesqueiro de Itajaí e o estabelecimento de uma pescaria concentrada no sul do Brasil durante o verão, realizada por embarcações pertencentes à frota de Itaipava. O desenvolvimento inicial dessa pescaria é apresentado nesse trabalho de maneira descritiva com enfoque na estratégia de atuação das embarcações, na variação anual das capturas, na estimativa do esforço total e captura por unidade de esforço.

MATERIAL E MÉTODOSInformações sobre a frota de Itaipava que desem-

barcou entre 2001 e 2005 no porto pesqueiro de Itajaí, em Santa Catarina foram coletadas a partir de (i) entrevistas realizadas com os mestres dos barcos durante os desembarques e (ii) fichas de produção das empresas (Tabela 1). As fichas de produção contêm o total capturado em cada viagem enquanto que as entrevistas contêm informações detalhadas das viagens descritas pelos mestres, a saber: comprimento do barco, potência do motor, capacidade de carga dos porões, número de tripulantes, hora de lançamento e recolhimento do petrecho, a profundidade dos anzóis na coluna d’água, tamanho e tipo dos anzóis, as iscas utilizadas, comprimento e material de construção do

espinhel, número de anzóis utilizados por lance, dias de pesca e número de lances por dia.

Tabela 1. Número de desembarques, de entrevistas e de fichas de produção recolhidas nas empresas de pesca, referentes a desembarques na frota de Itaipava realizados no porto de Itajaí entre 2001 e 2005.

Ano Entrevista Fichas Total2001 6 11 172002 6 15 212003 22 87 1092004 17 24 412005 41 28 69Total 92 165 257

Para cada viagem de pesca descrita nas entrevistas foi calculado um esforço de pesca padronizado pelo tempo de imersão dos anzóis, pois este diferiu de acordo com o número de lances efetuados por dia de pesca.

p

iiii m

mdzf ××= (1)

onde fi é o esforço de pesca, zi é o número de anzóis, di é o número de dias de pesca e mi é o tempo médio de imersão na viagem i. mp é um tempo médio de imersão (9,4 horas) tomado como referência para a padronização do esforço (ver comentários mais adiante).

A captura por unidade de esforço (CPUE) em um ano s qualquer (Us), foi estabelecida em kg/1000 anzóis a partir da proporção entre o somatório das capturas e o somatório do esforço de pesca registrado nas entrevistas. O esforço de pesca total aplicado em cada ano foi estimado a partir das estimativas de CPUE baseadas nas entrevistas e na captura anual da espécie (Ct):

s

tt U

Cf = (3)

RESULTADOS E DISCUSSÃOEntre 2001 e 2005 foram registrados desembarques

de sessenta e nove diferentes embarcações de Itaipava nos portos de Itajaí. Para doze delas (17,4%) há informações sobre as características físicas. Os barcos construídos em madeira têm em média 14 m de comprimento, 19 t de arqueação bruta, potência do motor de 200 HP e operaram com uma tripulação média de 7 pescadores. Essas características vão de encontro àquelas reportadas para a frota de linheiros

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Observações a respeito da pescaria sazonal de dourado (Coryphaena hippurus)... 333

que opera na costa central do Brasil (COSTA et al., 2005; MARTINS et al., 2005; OLAVO et al., 2005).

O espinhel é composto por uma linha principal de nylon monofilamento de 3,6 mm de diâmetro, com comprimento médio de 5,2 milhas náuticas (10 km). As linhas secundárias possuem em média 3,2 m de comprimento e, segundo os mestres, são armadas para operarem a cerca de 2,5 m de profundidade. São utilizados dois anzóis em cada seção, delimitada por duas bóias. Normalmente há cerca de 500 bóias ou seções e são utilizados, em média, 955 anzóis por lance de pesca. Os anzóis têm forma de “J” com hastes de 5 cm de comprimento, curvatura de 5 cm, ponta com 1,5 cm, distância entre a ponta e a haste de 2,2 cm e garganta de 2,5 cm (para maiores detalhes sobre as partes básicas de um anzol recomenda-se BJORDAL and LOKKEBORG, 1996).

As iscas utilizadas foram pedaços de bonito-listrado (Katsuwonus pelamis) e sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis). Em muitos casos mais de um tipo de isca é utilizado na mesma viagem. As capturas foram compostas por 31 espécies sendo o dourado a mais importante com 95% do total capturado em peso ao longo dos anos analisados (Tabela 2).

As estratégias de pesca empregadas por esses barcos durante a safra de verão revelam um elevado grau de especialização da frota que resulta em uma pescaria praticamente monoespecífica. Por exemplo,

a pequena profundidade a que o anzol é lançado na coluna d’água, indica o direcionamento para a captura de uma espécie epipelágica que se distribui preferencialmente muito próxima da superfície durante o dia, como é o caso do dourado (CAMPOS et al., 1993).

Figura 1. Área de pesca utilizada pela frota de Itaipava para a captura do dourado (Coryphaena hippurus) nos períodos de verão entre os anos de 2001 e 2005. As linhas representam as isóbatas de 100 e 200 m

Espécie Captura (%)Coryphaena hippurus 94,71Xiphias gladius 0,78Thunnus spp. 0,61Carcharhinus spp. 0,49Sphyrna spp. 0,47Prionace glauca 0,38Trichiurus lepturus 0,29Isurus oxyrinchus 0,26Outros 2,01

Tabela 2. Composição das capturas da frota de Itaipava durante as temporadas de pesca de dourado (Coryphaena hippurus) em águas catarinenses

A frota de Itaipava atuou sobre a plataforma continental em profundidades que variaram entre 100 e 200 m desde o norte de Paranaguá até o sul da ilha de Florianópolis, entre 26ºS e 28ºS (Figura 1). As viagens duram em torno de onze dias, dos quais, oito são efetivamente empregados na pesca.

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DALLAGNOLO e ANDRADE

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Nas operações de pesca podem ser utilizadas duas estratégias quanto ao tempo de imersão dos anzóis na água e número de lances por dia. A mais utilizada consiste no lançamento do espinhel duas vezes ao dia, a primeira em torno das cinco horas da manhã. O tempo médio de imersão dos anzóis, do final do lançamento até o começo do recolhimento é de 9,4 horas (ou 9 h 25 min). O lançamento é uma tarefa relativamente rápida, no entanto o recolhimento é mais demorado e pode durar cinco horas ou mais, dependendo do sucesso na captura. O recolhimento do primeiro lance começa em torno do meio-dia e quase que simultaneamente o espinhel é novamente lançado ao mar. Após mais nove horas de imersão, o espinhel é recolhido novamente ao final do dia. Na segunda estratégia utilizada, o espinhel é lançado uma única vez ao dia e nesses casos o período de imersão dura em média 13 horas. O tempo de imersão nos casos em que a estratégia é lançar o espinhel duas vezes ao dia foi tomado como referência para a padronização do esforço de pesca por viagem, como indicado na equação 1 (Tabela 3).

Tabela 3. Período de imersão quando realizado um ou dois lances de pesca por dia

Número de

lancesNúmero de observações

Período de imersão médio

Desvio padrão

1 20 13h00min 1h54min2 72 9h25min 2h13min

A produção total de dourado descarregada no porto pesqueiro de Itajaí, capturada na costa sul do Brasil, atingiu um máximo de 711 t no ano de 2003, cerca de 10% da produção nacional, que nesse mesmo ano também atingiu o pico (IBAMA, 2004). Em 2004 as capturas retornaram a patamares comparáveis aos de 2001 e 2002 (< 400 t). Em nível nacional, entre 2001 e 2005, o estado do Espírito Santo liderou a produção dessa espécie com capturas, em torno de 2.000 t/ano, seguido pelo Rio de Janeiro (1.500 t/ano) e Bahia (1.000 t/ano). A produção de São Paulo e de Santa Catarina aparecem na seqüência, oscilando entre 200 e 700 t/ano (IBAMA, 2002; 2003; 2004; 2005 e 2007). Na região nordeste o Ceará e Rio Grande do Norte produzem juntos menos de 1.000t/ano a partir de capturas de uma frota artesanal de linha de mão.

Cerca de 70% da produção desembarcada em Itajaí proveio das capturas realizadas pela frota de Itaipava.

Aproximadamente 96% destas capturas acontecem em um curto período de cerca de três meses (outubro, novembro e dezembro), que caracteriza a “safra” da pescaria (Figura 2). A sazonalidade nas capturas de dourado observada no presente trabalho é similar àquela registrada por KLIPPEL et al. (2005) para os desembarques realizados na costa central do Brasil.

As estimativas do esforço de pesca total mostram que 4.223.286 anzóis foram utilizados pela frota de Itaipava em Itajaí entre 2001 e 2005. No ano de 2003, cerca de 1.670.988 anzóis foram lançados na água, o que corresponde a 39,5% de todo o esforço aplicado no período analisado (Figura 2).

A CPUE sofreu uma queda contínua passando de 585 kg, em 2001, para 184 kg a cada mil anzóis em 2005, uma redução de 30% em apenas cinco temporadas de pesca (Figura 2).

Figura 2: Captura (C) (toneladas), esforço de pesca (f) (milhares de anzóis) e CPUE (U) (kg/ 1000 anzóis) de dourado (Coryphaena hippurus) obtidos pela frota de Itaipava entre 2001 e 2005 em águas catarinenses

Na região Norte e Nordeste a pescaria do dourado é realizada pela frota artesanal e foi avaliada por LESSA et al. (2004) que apontou um estado de sobrepesca do estoque. Para a região Sudeste e Sul, apesar dos volumes de captura muito mais expressivos e da atuação direcionada de uma numerosa frota especializada, nenhum estudo conclusivo sobre o estado do estoque foi realizado até o momento. Para que isso possa ser feito de maneira eficiente, esforços devem ser dirigidos à

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B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 331 - 335, 2008

Observações a respeito da pescaria sazonal de dourado (Coryphaena hippurus)... 335

integração de dados de captura e esforço de pesca direcionado ao dourado nos diferentes estados na região sudeste e sul. As informações apresentadas por este relato de caso retratam a dinâmica de uma pescaria muito concentrada no espaço e no tempo e direcionada a uma importante parcela do estoque de dourado explorada no sudeste e sul do Brasil. Os autores sugerem a consideração dessas informações para uma avaliação mais completa desse importante recurso pesqueiro.

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES O BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCA tem por objetivo a divulgação de trabalhos científicos inéditos, relacionados a Pesca, Aqüicultura e Limnologia. É publicado 01 volume por ano, com o necessário número de tomos. Os trabalhos publicados no Boletim do Instituto de Pesca são: Artigo Científico, Nota Científica, Artigo de Revisão ou Relato de Caso. Podem ser redigidos em português, inglês ou espanhol e devem conter os seguintes itens: TÍTULO: Deve ser claro e conciso, redigido em português e inglês e, se for o caso, também em espanhol. Havendo necessidade de título longo, recorrer a subtítulo. Deve ser apresentado em letras maiúsculas, alinhamento centralizado. No caso de recebimento de auxílio para a execução do trabalho, informar como nota de rodapé, na primeira página, por meio de asterisco, também aposto ao final do título. NOME(s) DO(s) AUTOR(es): Deve(m) ser apresentado(s) por extenso, na ordem direta (prenome e sobrenome) e em letras maiúsculas apenas o sobrenome pelo qual o(s) autor(es) deve(m) ser identificado(s). A filiação do(s) autor(es), bem como o endereço completo para correspondência e o e-mail, deverão ser colocados como nota de rodapé na primeira página, sendo identificados por números arábicos separados por vírgula quando necessário. RESUMO + Palavras-chave: É obrigatório em qualquer tipo de trabalho. O Resumo deve conter concisamente o que foi feito, os resultados obtidos e a conclusão. Número máximo de palavras: no resumo - para Artigo Científico e Artigo de Revisão, 250 (duzentas e cinqüenta); para Nota Científica e Relato de Caso, 150 (cento e cinqüenta); em palavras-chave, no máximo de 6 (seis) palavras, incluindo nomes científicos, se necessário. Resumo + Palavras-chave em português e inglês (Abstract + Key words) são obrigatórios, independente do idioma em que o trabalho esteja redigido. INTRODUÇÃO: Contém revisão da literatura relativa ao tema do trabalho e objetivo do mesmo. MATERIAL E MÉTODOS : Descrição dos mesmos RESULTADOS: Podem ser apresentados sob a forma de tabelas e/ou figuras, quando necessário. Tabelas devem ser numeradas com algarismos arábicos e encabeçadas pela respectiva legenda; os dados apresentados nesta não devem ser repetidos em gráfico, a não ser quando absolutamente necessário. Gráficos, desenhos, mapas, fotografias etc., nunca ultrapassando as medidas 16x21 cm, devem ser encaixados no texto, citados como figura e numerados, consecutivamente, com algarismos arábicos, com título autoexplicativo abaixo. Desenhos, mapas e fotografias devem ser apresentados no original e em arquivos distintos, preferencialmente em formato digital “tiff”. Ex.: nome do arquivo.tif. Figuras coloridas poderão ser incluídas somente em casos estritamente necessários. DISCUSSÃO: Resultados e Discussão podem constituir um capítulo único. CONCLUSÃO(ões): Discussão e Conclusão também podem constituir capítulo único. AGRADECIMENTOS: É opcional. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1 - NO TEXTO - Usar o sistema Autor/Data, ou seja, o sobrenome do(s) autor(s) (em letras maiúsculas) seguido(s) do ano em que a obra foi publicada. Assim: Para um autor: MIGHELL (1975) observou...; Segundo AZEVEDO (1965), a piracema...; Estas afirmações foram confirmadas em trabalhos posteriores (WAKAMATSU, 1973). - Para dois autores: ROSA JÚNIOR e SCHUBART (1980), pesquisando... (Se o artigo do autor (s) que está submetendo o trabalho estiver redigido em português usar “e” ligando os sobrenomes dos autores. Se estiver redigido em inglês ou espanhol usar “and” ou “y”, respectivamente). - Para três ou mais autores: O sobrenome do primeiro autor deve ser seguido da expressão “et al.”. Assim: SOARES et al.

(1978) constataram... ou Tal fato foi constatado na África (SOARES et al., 1978). - Para o mesmo autor em anos diferentes respeitar a ordem cronológica, separada por vírgula.Ex : SILVA (1980, 1985). -Para citação de vários autores seqüencialmente, respeitar a ordem cronológica do ano de publicação e separá-los por “;”. Assim: ...........nos viveiros comerciais (SILVA, 1980; FERREIRA, 1999; GIAMAS e BARBIERI, 2002). - Ainda, quando for absolutamente necessário referenciar um autor citado em trabalho consultado, o nome desse autor será referido apenas no texto (em letras minúsculas), indicando-se, entre vírgulas e precedido da palavra latina apud, o nome do autor do trabalho consultado, o qual irá figurar na lista de referências. Ex.: “Segundo Gulland, apud SANTOS (1978), os coeficientes...”. 2 - NA LISTAGEM BIBLIOGRÁFICA 2.1. Documentos impressos – Para dois autores, relacionar os artigos referidos no texto, com os nomes de todos os autores do trabalho separados por “e”, “and” ou “y”, se o texto for redigido em português, inglês ou espanhol, respectivamente. Se mais de dois autores, separá-los por ponto e vírgula. As referências devem ser ordenadas alfabeticamente pelo último sobrenome do autor. Havendo mais de uma obra com a mesma entrada, considera-se a ordem cronológica e, em seguida, a alfabética do terceiro elemento da referência. Exemplos: a) Artigo de periódico BARBIERI, G. e SANTOS, E.P. dos 1980 Dinâmica da nutrição de Geophagus brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824), na represa do Lobo, Estado de São Paulo, Brasil. Ciência e Cultura, São Paulo, 32(1): 87-89. WOHLFARTH, G.W.; MOAY, R.; HULATA, G. 1983 A genotype-environment interaction for growth rate in the common carp, growing in intensively manured ponds. Aquaculture, Amsterdam, 33: 187-195. b) Dissertação, tese, trabalho apresentado para obtenção de Bacharelado, etc.

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GODINHO, H.M. 1972 Contribuições ao estudo do ciclo reprodutivo de Pimelodus maculatus Lacépède, 1803 (Pisces,

Siluroidei)associado a variações morfológicas do ovário e a fatores abióticos. São Paulo. 94p. (Tese de Doutoramento. Instituto de Ciências Biomédicas, USP). EIRAS, A.C. 1991 Células sanguíneas e contagem diferencial de leucócitos de 13 espécies de teleósteos do rio Paraná -

PR. São Paulo. 95p. (Trabalho para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Organização Santamarense de Educação e Cultura). c) Livro, folheto, etc. GOMES, F.P. 1978 Curso de estatística experimental. 8a ed. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. 430p. ENGLE, R.F. e GRANGER, C.W.J. 1991 Long-run economic relationship: readings in cointegration. New York: Oxford University Press. 301p. d) Capítulo de livro, publicação em obras coletivas, anais de congresso, reunião, seminário, etc. MACKINNON, J.G. 1991 Critical values for cointegration tests. In: ENGLE, R.F. e GRANGER, C.W.J. Long-run

economic relationship: readings in cointegration. New York: Oxford University Press. p.267-276. AMORIM, A.F. e ARFELLI, C.A. 1977 Contribuição ao conhecimento da biologia e pesca do espadarte e agulhões no litoral sulsudeste do Brasil. In: CONGRESSO PAULISTA DE AGRONOMIA, 1., São Paulo, 5-9/set./1977. Anais... São Paulo: Associação de Engenheiros Agrônomos. p.197-199. ÁVILA-DA-SILVA, A.O.; CARNEIRO, M.H.; FAGUNDES, L. 1999 Gerenciador de banco de dados de controle estatístico de produção pesqueira marítima - ProPesq.. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 11.; CONGRESSO LATINO AMERICANO DE ENGENHARIA DE PESCA, 1., Recife, 17-21/out./1999. Anais... v.2, p.824-832. 2.2. Informações eletrônicas (Documentos consultados online, em CD-ROM, etc.) - Utilizar as normas de referência de documentos impressos, acrescentando o endereço eletrônico em que o documento foi consultado. Exemplos: FLORES, S.A. y HIRT, L.M. 2002 Ciclo reproductivo y fecundidad de Pachyurus bonariensis (Steindachner, 1879), Pisces, Scianidae. B. Inst. Pesca, São Paulo, 28(1): 25-31. Disponível em: http://www.pesca.sp.gov.br/publicações.html. Acesso em: 26 ago. 2004. CASTRO, P.M.G. (sem data) A pesca de recursos demersais e suas transformações temporais. Disponível em: http:// www.pesca.sp.gov.br/textos.php. Acesso em: 3 set. 2004. SILVA, R.N. e OLIVEIRA, R. 1996 Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., Recife, 1996. Anais eletrônicos... Disponível em: http://www.propesq.ufpe.br/anais/anais.htm Acesso em: 21 jan. 1997. TOLEDO PIZA, A.R.; LOBÃO, V.L.; FAHL, W.O. 2003 Crescimento de Achatina fulica (gigante africano) (Mollusca: Gastropoda) em função da densidade de estocagem. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 55., Recife, 14-18 jul./2003. Anais... Recife: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. 1 CD-ROM. OBSERVAÇÕES: 1. Os manuscritos de trabalhos devem ser digitados em Word/Windows, fonte Book Antiqua, tamanho 11, espaçamento 1,5 entre linhas. Importante as linhas devem ser numeradas seqüencialmente da primeira a última página, e não ultrapassar 20 páginas em tamanho A4, incluindo figura(s) e/ou tabela(s). 2. O trabalho deve ser enviado em uma via impressa, e o(s) arquivo(s) do mesmo em CD-ROM com identificação. 3. O trabalho será analisado pelo Comitê Editorial do Instituto de Pesca (CEIP), segundo a ordem cronológica de recebimento, e por revisores científicos da área. Em seguida, caso necessário, retornará ao(s) autor(es) para modificações. O prazo de retorno do trabalho do(s) autor(es) ao CEIP será de 30 (trinta) dias, após o qual o trabalho será automaticamente cancelado. 4. Os originais de trabalho não aceito para publicação serão devolvidos ao(s) autor(es). 5. Os autores receberão, ao todo, 20 (vinte) separatas. Havendo interesse por maior número, as despesas correrão por conta do autor. 6. Os trabalhos não originários do Instituto de Pesca deverão ser encaminhados ao Comitê Editorial do Instituto de Pesca: Av. Francisco Matarazzo, 455 - CEP: 05001-900 - São Paulo-SP-Brasil / Fax: (0xx11) 3871-7568 ou 3871-7525. e-mail: [email protected] / página: www.pesca.sp.gov.br 7. Trabalho, cuja apresentação não seguir estritamente estas normas, será devolvido ao(s) autor(es).

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INSTRUCTIONS TO AUTHORS The BOLETIM DO INSTITUTO DE PESCA is a scientific journal that aims to publish original papers related to Fisheries, Aquaculture and Limnology. It is a yearly publication, with the necessary number of tomes. The articles issued by the Boletim do Instituto de Pesca may be categorized as follows: Research Article, Short Communication, Review Article or Case Report. They may be written in Portuguese, English or Spanish and should be composed of the following items: TITLE: Concise and informative, written in Portuguese and English (also in Spanish, if the article is written in that language) one below the other. Long titles may need subtitles. It must be typed in capital letters, alignment centralized. Sources of support in the accomplishment of the work should be informed as a footprint note in the first page, by using an asterisk at the end of the title. NAME OF THE AUTHOR(S): Full names should be presented in direct order (first name and surname). Only the surname under which the author(s) may be identified should be typed in capital letters. The author(s)’s affiliation, complete mailing address and e-mail should be placed at the bottom of the first page, identified by Arabic numbers separated by commas when necessary. ABSTRACT + KEY WORDS: Mandatory in any kind of paper. The abstract should state, concisely, the study’s purposes, basic procedures, results and conclusion. Is must be limited to 250 (two hundred and fifty) words for Research and Review Articles; 150 (one hundred and fifty) words for Short Communication and Case Report. The key words must be limited to 6 (six), including scientific names if necessary. Abstract + Key words in Portuguese and English are mandatory, independently of the language in which the paper is written. INTRODUCTION: Should explain the theme and objective of the study based on references from the literature. MATERIAL AND METHODS: Description RESULTS: May be presented as tables and/or figures when necessary. Tables should be numbered with Arabic numerals, and the respective title should be put at the top. Data should not be duplicated in graphs and tables, unless when absolutely necessary. Charts, drawings, maps, photographs, etc., no larger than 16X21 cm, should fit in the text, be mentioned as a figure and numbered consecutively in Arabic numerals, with a self-explanatory title below. Drawings, maps and photographs should be sent in their original forms and in separate file(s), preferably in “tiff” digital format. E.g.: name of the file.tif. The publication of colored figures is restricted to situations where the colors are essential. DISCUSSION: Results and Discussion may constitute a single chapter. CONCLUSIONS: Discussion and Conclusions may also constitute a single chapter. ACKNOWLEDGEMENTS: The acknowledgements are optional. REFERENCES: 1- IN THE TEXT - Use the system Author/Date: the author(s)’ last name in capital letters and the year in which the article was published. For example: One author: MIGHELL (1975) observed...; According to AZEVEDO (1965), the “piracema”...; These statements were confirmed by later studies (WAKAMATSU, 1973). Two authors: ROSA JÚNIOR and SCHUBART (1980), researching... (If the cited article has been written in Portuguese, use “e” linking the authors’ surnames; if it has been written in English, use “and”; if in Spanish, use “y”). Three or more authors: The first author’s surname should be followed by “et al”. Thus, SOARES et al. (1978) verified... or Such fact was verified in Africa (SOARES et al., 1978). - For the same author published in different years, the chronological order should be followed, separated by comma. Ex : SILVA (1980, 1985) To quote several authors sequentially, respect the chronological order of the year of publication and separate them by ";" Example: ..... in commercial nurseries (SILVA, 1980; FERREIRA, 1999; GIAMAS and BARBIERI, 2002). When it is absolutely necessary to refer an author cited in a consulted paper, the name of that author should be inserted only in the text (lower case). The name of the consulted paper’s author, which will be included in the reference list, should be written between commas, and preceded by the latin word apud. Example: “According to Gulland, apud SANTOS (1978), the coefficients...”. 2- ON THE REFERENCE LIST 2.1. Printed documents

- For two authors, list the papers referred in the text with last names and initials of all authors separated by e, and or y, when the text is written in Portuguese, English or Spanish, respectively. If more than two authors, they should be separated by a semicolon. In case of more than one article with the same entry, the chronological order should be considered. After that, use the alphabetical order of the third element of the reference. Examples: a) Periodical article BARBIERI, G. e SANTOS, E.P. dos 1980 Dinâmica da nutrição de Geophagus brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824), na represa do Lobo, Estado de São Paulo, Brasil. Ciência e Cultura, São Paulo, 32(1): 87-89.

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WOHLFARTH, G.W.; MOAY, R.; HULATA, G. 1983 A genotype-environment interaction for growth rate in the common carp, growing in intensively manured ponds. Aquaculture, Amsterdam, 33: 187-195. b) Dissertation, thesis, paper presented in order to take Bachelor’s degree, etc. GODINHO, H.M. 1972 Contribuições ao estudo do ciclo reprodutivo de Pimelodus maculatus Lacépède, 1803 (Pisces,

Siluroidei) associado a variações morfológicas do ovário e a fatores abióticos. São Paulo. 94p. (Tese de Doutoramento. Instituto de Ciências Biomédicas, USP). EIRAS, A.C. 1991 Células sanguíneas e contagem diferencial de leucócitos de 13 espécies de teleósteos do rio Paraná -

PR. São Paulo. 95p. (Trabalho para obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas. Organização Santamarense de Educação e Cultura). c) Book, leaflet, etc. GOMES, F.P. 1978 Curso de estatística experimental. 8ªed. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. 430p. ENGLE, R.F. and GRANGER, C.W.J. 1991 Long-run economic relationship: readings in cointegration. New York: Oxford University Press. 301p. d) Book chapter, publication in collective work, congress, meeting or seminar annals, etc. MACKINNON, J.G. 1991 Critical values for cointegration tests. In: ENGLE, R.F. and GRANGER, C.W.J. Long-run

economic relationship: readings in cointegration. New York: Oxford University Press. p.267-276. AMORIM, A.F. e ARFELLI, C.A. 1977 Contribuição ao conhecimento da biologia e pesca do espadarte e agulhões no litoral sul sudeste do Brasil. In: CONGRESSO PAULISTA DE AGRONOMIA, 1., São Paulo, 5-9/set./1977. Anais... São Paulo: Associação de Engenheiros Agrônomos. p.197-199. ÁVILA-DA-SILVA, A.O.; CARNEIRO, M.H.; FAGUNDES, L. 1999 Gerenciador de banco de dados de controle estatístico de produção pesqueira marítima - ProPesq. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 11.; CONGRESSO LATINO AMERICANO DE ENGENHARIA DE PESCA, 1., Recife, 17-21/out./1999. Anais... v.2, p.824-832. 2.2. Electronic references (documents consulted online, CD-ROM, etc.) - The rules for printed documents should be followed, adding the electronic address at which the document has been consulted. Examples: FLORES, S.A. y HIRT, L.M. 2002 Ciclo reproductivo y fecundidad de Pachyurus bonariensis (Steindachner, 1879), Pisces, Scianidae. B. Inst Pesca, São Paulo, 28(1): 25-31. Available at: http://www.pesca.sp.gov.br/publicações.shtml. Access on: 26 August 2004. CASTRO, P.M.G. (no date) A pesca de recursos demersais e suas transformações temporais. Available at: http:// www.pesca.sp.gov.br/textos.php. Access on: 3 September 2004. SILVA, R.N. e OLIVEIRA, R. 1996 Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFPE, 4., Recife, 1996. Anais eletrônicos... Available at: http://www.propesq.ufpe.br/anais/ anais.htm. Access on: 21 January 1997. TOLEDO PIZA, A.R.; LOBÃO, V.L.; FAHL, W.O. 2003 Crescimento de Achatina fulica (gigante africano) (Mollusca: Gastropoda) em função da densidade de estocagem. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA, 55., Recife, 14-18/jul./2003. Anais... Recife: Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. 1 CD-ROM. OBSERVATIONS: 1. The manuscripts should be typed in Word for Windows, font Book Antiqua, size 11, 1.5 spacing between the lines. Important: the lines should be numbered sequentially from first to last page and not more than 20 pages in A4 paper size, including figure(s) and/or table(s). 2. The paper should be submitted in one printed copy and identified CD-ROM with the file(s). 3. The papers will be analysed by the Comitê Editorial do Instituto de Pesca-CEIP (Fishery Institute Editorial Board-FIEB) and by scientific referees following chronological order. They may be sent back to the author(s) for modifications. The authors have a deadline of 30 (thirty) days to return the paper to the CEIP (FIEB), after which it will be automatically cancelled. 4. The papers not accepted for publication will be sent back to the author(s). 5. The author(s) will receive, in total, 20 (twenty) offprints of the paper. In case there is need of a larger number of offprints, they may be sent at the author(s)’ expense. 6. The papers not originated from the Instituto de Pesca will be sent to the Comitê Editorial do Instituto de Pesca-CEIP at: Av. Francisco Matarazzo, 455 – CEP: 05001-900 - São Paulo - SP - Brazil Fax number: (0xx11) 3871-7568 or 3871-7525 e-mail: [email protected] / home page: www.pesca.sp.gov.br 7. Only the papers prepared in strict accordance with these rules will be analysed by the Comitê Editorial do Instituto de Pesca-CEIP (FIEB). Otherwise, they will be sent back to the author(s).