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Sementes tratadas elevam rendimento da cultur o tratamento de sementes do milho convencional e Bt com inseticidas sistêmicos é a alternativa de menor custo para o controle das pragas iniciais da lavoura 16 CORREIO o agronegócio brasileiro vem passando, nos últimos anos, por inúmeras modificações visando ao aumento da sua competitividade tanto no âmbito do mercado interno como no internacional. É visível o ganho de pro- dutividade de várias commodities. Fato- res ambientais favoráveis aliados a uma genética avançada são elementos fundamen- tais associados ao aumento de produtivi- dade. No entanto, igualmente importante está o manejo da lavoura, expressão que sig- nifica o uso adequado das tecnologias exis- tentes que permitam a expressão máxima do potencial produtivo da planta, dentro de uma condição favorável do ambiente. Significa também, na atualidade, redução no custo da produção, seja esta financeira ou ambienta!. O milho é um dos componentes importantes do agronegócio brasileiro. A cada ano, novos recordes de produtividade são obtidos em diferentes regiões produtoras. No en- tanto, ainda podem ser verificadas dife- renças significativas na produtividade em função dos fatores climáticos e do uso de tecnologias (quantidade, qualidade e oportunidade). A presença de espécies de insetos fitófagos é um fator importante a ser considerado como possívellimitador da produtividade do milho. Sem a presença de seus inimigos na- turais, a população de tais espécies de inse- tos geralmente atinge o chamado nível de dano econômico (NDE). Ou seja, os insetos presentes na planta, se não controlados, irão ocasionar prejuízos superiores ao valor mo- netário do custo do controle. Portanto, é fun- damental conhecer, além das espécies fitófagas, o seu nível populacional, para então, se necessário, utilizar a medida apro- priada de controle. @ Bayer CropScience

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Sementes tratadaselevam rendimento da culturo tratamento desementes do milhoconvencional e Btcom inseticidassistêmicos é aalternativa de menorcusto para o controledas pragas iniciaisda lavoura

16 CORREIO

o agronegócio brasileiro vem passando, nosúltimos anos, por inúmeras modificaçõesvisando ao aumento da sua competitividadetanto no âmbito do mercado interno comono internacional. É visível o ganho de pro-dutividade de várias commodities. Fato-res ambientais favoráveis aliados a umagenética avançada são elementos fundamen-tais associados ao aumento de produtivi-dade. No entanto, igualmente importanteestá o manejo da lavoura, expressão que sig-nifica o uso adequado das tecnologias exis-tentes que permitam a expressão máxima dopotencial produtivo da planta, dentro de umacondição favorável do ambiente. Significatambém, na atualidade, redução no custo daprodução, seja esta financeira ou ambienta!.O milho é um dos componentes importantesdo agronegócio brasileiro. A cada ano,novos recordes de produtividade são obtidos

em diferentes regiões produtoras. No en-tanto, ainda podem ser verificadas dife-renças significativas na produtividade emfunção dos fatores climáticos e do usode tecnologias (quantidade, qualidade eoportunidade).A presença de espécies de insetos fitófagosé um fator importante a ser consideradocomo possívellimitador da produtividade domilho. Sem a presença de seus inimigos na-turais, a população de tais espécies de inse-tos geralmente atinge o chamado nível dedano econômico (NDE). Ou seja, os insetospresentes na planta, se não controlados, irãoocasionar prejuízos superiores ao valor mo-netário do custo do controle. Portanto, é fun-damental conhecer, além das espéciesfitófagas, o seu nível populacional, paraentão, se necessário, utilizar a medida apro-priada de controle.

@ Bayer CropScience

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Adulto de lagarta-do-cartuchoSpodoptera frugiperda

Larva de lagarta-do-cartuchoSpodoptera frugiperda

Larva-angoráAstilus variegatus

Percevejo barriga-verdeDichelops sp

Larva de coró(bicho-bolo ou pão-de-galinha)

18 CORREIO

Pragas que atacam a culturaDentro do agroecossistema do milho, muitojá se sabe sobre a dinâmica populacional dasespécies de insetos. Sabe-se também quealgumas das pragas são de dificil controle,particularmente pela dificuldade de moni-toramento. Por exemplo, há as pragas subter-râneas que se alimentam das sementes eraízes como, por exemplo, as larvas de al-guns besouros (bicho-bolo ou coró, larva-arame, larva-angorá, larva-alfinete), cupins,percevejos (percevejo-castanho e percevejo-preto) e, mais recentemente, cochonilhas daraiz.A decisão sobre o manejo de tais pragas deveser tomada antes do plantio. Pragas que ocor-rem logo após a emergência da planta sãotambém importantes devido ao fato de aplanta, no início de seu desenvolvimento, sermuito sensível ao dano. Monitoramentosconstantes devem ser realizados para quesejam tomadas as medidas de controle emtempo hábil para evitar os danos. Lagarta-elasmo, cigarrinha da pastagem, cigarrinhaverde transmissora de doenças, percevejos,tripes e lagarta-do-cartucho são espéciesgeralmente associadas a plantas de milho eminício de desenvolvimento vegetativo. Aação dessas pragas, sozinhas ou em conjuntocom as pragas de hábito subterrâneo, semsombra de dúvida, é responsável pela re-dução no número de plantas em condições deproduzir e, portanto, reduzem a produtivi-dade e rentabilidade do agronegócio.

Lagarta-da-cartuchoA lagarta-do-cartucho (Spodoptera jrugiperda)é a espécie de praga mais importante domilho. Está presente em praticamente emtodas as fases de desenvolvimento da planta.Ocorre todos os anos e em todas as áreas deprodução. Inicialmente causa um sintoma dedano muito característico, pelo fato de as la-gartas rasparem a folha. Também caracterís-tico é o sintoma de dano e da presença delagartas mais desenvolvidas no cartucho daplanta. Além da grande desfolha, especial-mente na região do cartucho da planta, apraga deixa visível grande quantidade defezes, que secas se assemelham a serragem.A presença marcante da praga e a visibili-dade dos danos são condições que geral-mente podem levar o agricultor com menorconhecimento a tomar medidas de controleda praga. O problema é que, quando tais sin-tomas de danos são visíveis, a lagarta geral-mente já está bem desenvolvida e a planta játeve seu potencial produtivo reduzido. Por-tanto, além da queda na produtividade, há oaumento do custo de produção por meio dosgastos financeiros com o produto químico ecom a mão-de-obra da aplicação. Comocomplicador, o uso continuado de um pro-duto químico nessa situação, por não con-siderar ao estádio de desenvolvimento dalagarta, fatalmente leva ao desenvolvimento

de populações resistentes aos inseticidas,como já bem documentado no Brasil e no ex-terior. Atualmente, o manejo da lagarta-do-cartucho tem sido realizado com sucessocom a utilização, como ferramenta de de-cisão sobre a época de adotar medidas decontrole, de armadilhas contendo ferornôniosexual sintético para monitorar a presença dapraga numa fase em que há tempo hábil parao seu controle sem que cause prejuízos.O desenvolvimento de tecnologias maisavançadas visando a reduzir os danos espe-cialmente da lagarta-do-cartucho, como a domilho geneticamente modificado, conhecidocomo milho Bt, além de reduzir a populaçãoda praga, traz como grande valor agregadoa diminuição na quantidade de produtosquímicos no ambiente. A melhoria do ambi-ente traz também, como consequência, apossibilidade de reequilíbrio no agroecossis-tema, dando oportunidade para algumas es-pécies de insetos benéficos (agentes decontrole biológico natural) fazerem parte doprocesso de supressão das espécies fitófagas.Obviamente, o uso da tecnologia do milhotransgênico tem o seu custo. O valor pago

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para se usar a semente ainda é bem superiorao de uma semente convencional. A compen-sação para o agricultor, logicamente vai de-pender de seu dispêndio histórico para ocontrole da lagarta-do-cartucho.O milho Bt é de uso comercial recente noBrasil. Com o passar do tempo será possívelter uma informação mais adequada sobre oseu valor para o agronegócio, considerando-se em particular o controle da lagarta-do-cartucho. Além disso, deve ser considerado ofato de que outras pragas já mencionadas nãosão eficazmente controladas pelo milho Bt,o que poderá resultar em perdas significati-vas para o agronegócio do milho.

Tratamento de sementesO controle de pragas iniciais do milho pormeio do tratamento de sementes com in-seticidas sistêmicos tem sido utilizadono Brasil com grande benefício para oagronegócio. Consiste na escolha correta deum inseticida para o controle das pragas dehábito subterrâneo e controle daquelas es-

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pécies que atacam a parte aérea da plantalogo após a emergência.Apesar de ser utilizado aparentemente demaneira preventiva, seu uso deve-se ao riscopotencial das pragas mencionadas e tambémao custo alto e método muitas vezes impre-ciso envolvidos na amostragem. O customédio do tratamento de semente (inseticidae mão-de-obra) também é inferior a qual-quer outro método utilizado para a mesmafinalidade. Neste caso, além do preço doproduto ainda há o custo da aplicação e olongo tempo despendido na pulverização.Adicionalmente há inegavelmente umgrande diferencial relativo à seletividade dométodo. A presença de um inseticida uti-lizado via tratamento de sementes é confi-nada em uma área ao redor de 55 m? emrelação a um hectare (10 mil m-), ou seja,ocupa apenas 0,55% da área. A pulveriza-ção no sulco de plantio como alternativa

ocupa 5% da área. Obviamente, se a opçãofor a pulverização, o inseticida estará dis-tribuído em toda a área. Portanto, o uso dotratamento de sementes visa a controlar aspragas iniciais do milho, garantindo uni-formidade de plantio e preservação do vigorda planta, reduzindo os riscos na implan-tação da lavoura. Também propicia a re-dução no número de pulverizações iniciais.

Considerações finaisO tratamento de sementes com inseticidassistêmicos é hoje um dos componentes domanejo de pragas na cultura do milho.Devido ao potencial destrutivo das pragasiniciais, da complexidade de espécies en-volvidas, da dificuldade de controle comoutros métodos (necessidade maior no usode equipamentos de segurança, necessidadede pulverizadores e/ou tratores e maiortempo gasto nas operações) e a relativaeficácia do método, o tratamento de se-mente é apropriado para áreas produtivasindependentemente do seu tamanho. Paraáreas de produção com milho transgê-nico, onde há um grande investimento eminsumos e tecnologias, o tratamento desementes também é fundamental, con-siderando-se o valor econômico da pro-dução.

Autor: Ivan CruzPesquisador - Embrapa Milho e Sorgo

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