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Rochas & Equipamentos | 2º Trimestre 2012 | Nº 104 | Preço: € 8.00

Rochas & Equipamentos N. 104

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Revista da Indústria da Pedra Natural

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Global StoneCongress 2012

Residencial Vila Vilarinho

Pedreira Protege História da Vida Na Terra

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CAPA:Capa - Trilobite de CanelasFoto por Nuno Esteves Henriques

EDITOR EXECUTIVO:NUNO ESTEVES HENRIQUES

DESIGN E PRODUÇÃO:JOÃO MORAIS

DIR. ADMINISTRATIVA:M. JOSÉ SOROMENHO

REDACÇÃO:MANUELA MARTINS

DEP. COMUNICAÇÃO E ASSINATURAS:M. JOSÉ SOROMENHO

IMPRESSÃO:ETIGRAFE - Artes Gráficas, Lda.

PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA:COMÉDIL, LDA.

ASSINATURA ANUAL:PORTUGAL: 32 Euros

TIRAGEM:3000 Ex.

COLABORADORES A. Casal MouraOctávio Rabaçal MartinsVictor LambertoHélder MartinsTiago Silva

CORRESPONDENTES:Brian Robert Gurteen - Alemanha Cid Chiodi Filho - BrasilManuel Santos Guedes - PortugalPaulo Flório Giafarov - BrasilSérgio Pimenta - Bélgica

ROCHAS & EQUIPAMENTOS

REVISTA DA INDÚSTRIA DA PEDRA NATURAL

NATURAL STONE INDUSTRY MAGAZINE

PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL

Nº 104 - 26º ANO

2º TRIMESTRE 2012

DIRECTORNUNO HENRIQUESC.I.P. Nº [email protected]

PROPRIEDADECOMEDIL - COMUNICAÇÃO E EDIÇÃO, LDA.NIPC - Nº 502 102 152

EDITORES:COMEDIL - COMUNICAÇÃO E EDIÇÃO, LDA.Empresa Jornalística Registada no Instituto de Comunicação Social nº 223679

ADMINISTRAÇÃO, REDACÇÃO E PUBLICIDADE:Rua das Enfermeiras da Grande Guerra, 14-A1170 - 119 LISBOA - PORTUGALTelef.: + 351 21 812 37 53 | Fax: + 351 21 814 19 00E-mail: [email protected]

ROCHAS&EQUIPAMENTOS E A SUA DIRECÇÃO EDITORIAL PODERÃO NÃO CONCORDARNECESSARIAMENTE COM TODAS AS OPINIÕES EXPRESSAS PELOS AUTORES DOS ARTIGOS PUBLICADOS OU POR AFIRMAÇÕES EXPRESSAS EM ENTREVISTAS, COMO NÃO SE RESPONSABILIZA POR POSSÍVEIS ERROS, OMISSÕES E INEXACTIDÕES QUE POSSAM EVENTUALMENTE EXISTIR.

ROCHAS&EQUIPAMENTOS NÃO É PROPRIEDADE DE NENHUMA ASSOCIAÇÃO SECTORIAL.

DISTRIBUIÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL:EMPRESAS EXTRACTORAS E TRANSFORMADORAS DO SECTOR DA PEDRA NATURAL, FABRICANTES E REPRESENTANTES DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS, ABRASIVOS, FERRAMENTAS DIAMANTADAS, ACESSÓRIOS, ARQUITECTOS, CONSTRUTORES, DESIGNERS, ENGENHEIROS, GEÓLOGOS, EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO E SERVIÇOS, ENTIDADES OFICIAIS, ENTIDADES BANCÁRIAS, UNIVERSIDADES, INSTITUTOS E FEIRAS SECTORIAIS.

PREÇO: 8,00 €DEP. LEGAL Nº 40622/90REGISTADO NO I.C.S. Nº 108 066

ROCHAS & EQUIPAMENTOS É MEMBRO DAS ASSOCIAÇÕES JORNALÍSTICAS:

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Residencial Vila Vilarinho

Pedreira Protege História da Vida Na Terra

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Sumário

Summary

EditorialEditorial 4

EmpresasCompanies 6

CONDOMÍNIO DE LUXO USA PEDRA NATURAL

PREFIRO OS MATERIAISAUTÊNTICOS

A PEDRA REDUZ A NECESSIDADEDE MANUTENÇÃO

GRAÇA VITERBO

PEDREIRA PROTEGE HISTÓRIADA VIDA NA TERRA

EQUIPAMENTO INOVADORREVOLUCIONA CORTE NA PEDREIRA

ENTREVISTAEnterview 22

PORTUGAL TEM UM ATIVOHISTÓRICO PARA RENTABILIZAR

EstudosStudies 30

O CONTRIBUTO DO DESIGNÀS EMPRESAS DO SECTORDA TRANSFORMAÇÃO DE PEDRANATURAL, NO PROCESSO DECRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTODE PRODUTOS COMPETITIVOS

Feiras & CongressosFairs & Congresses 40

GLOBAL STONE CONGRESS 2012

EXPERIÊNCIA ENRIQUECEDORAPARA A ACADEMIA E PARA A INDÚSTRIA

VITÓRIA STONE FAIR 2012

MISSÃO EMPRESARIAL LUSO-BRASILEIRA

XIAMEN STONE FAIR 2012

MercadosMarkets 54

PROMOVA A SUA EMPRESA, REALIZE UM EVENTO!

NotíciasNews 62

SOUTO DE MOURA RECEBE PRÉMIO PERSONALIDADE DO ANO DA ASSOCIAÇÃO DA IMPRENSA ESTRANGEIRANOVA ROCHA ATRAI ARQUITETOS E DESIGNERS

EUROGRANIPEX LANÇA PRODUTO INOVADOR

SETOR EXTRATIVO EXPORTA MIL MILHÕES DE EUROS

EXPORTAÇÕES 2012

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Caros leitores,

 

Que 2012 não ia ser uma pera doce, todos nós sabíamos.  De fato, 2012 que para alguns seguidores do calendário Maia, é o último ano de uma era, não tem sido nada fácil para quem vive e trabalha neste paraíso à beira mar plantado.  Subjuga-do pelos mercados e seus intervenientes, Portugal assiste a uma parada demagógi-ca e irresponsável dos seus governantes. Letárgico, o país suspira por D. Sebastião. Mas o nevoeiro, não vai trazer nenhum D. Sebastião, mas sim, chineses, angolanos e brasileiros.  Criando um novo paradigma nacional e um novo processo de gestão.  Contudo podemos esperar que o produto final seja do agrado geral. Bem gerido chegamos lá... Eu sei, a parte do bem gerido, é complicada.

Mas se o país não tem uma estratégia para os próximos 20 anos, o setor da pedra natural tem. Não a estratégia oficial, que continuamos à espera, mas a que o mer-cado ditou e a grande parte dos operadores compreendeu: Profissionalizar, Inovar, Qualificar e Internacionalizar. É neste contexto, que um grande número de pessoas e entidades resolvem andar para a frente. E é destes, caros leitores, que eu gosto!

A Rochas & Equipamentos na sua gestão GALO* de 26 anos; acompanha, promo-ve, relata e informa o que de melhor se faz. E neste número não seremos diferentes. Por isso, continuamos a olhar para Timor, pois será sem dúvida, um mercado de in-teresse. Gostaríamos, assim como eles, de ter parcerias Luso-Timorenses no futuro. Nesse sentido, podemos contar com o apoio do Professor Luís Lopes, que tem sido um verdadeiro embaixador do setor e um dos organizadores do maior congresso de recursos geológicos em Timor.

O Global Stone Congress é um dos mais importantes congressos mundiais de pe-dra natural. E este ano será organizado em Portugal, por portugueses.  Para explicar melhor a importância deste congresso, fomos falar com dois dos mais prestigiados académicos ligados ao setor.

A Residencial Vila Vilarinha é um exemplo de topo em habitação residencial onde a pedra natural é um elemento de destaque. Seja ela no gosto purista e experiente do arquiteto Pedro Guimarães, ou na inquestionável classe da designer Graça Vi-terbo.

Fomos ainda a Canelas ver uma exploração de ardósia. Uma pedra que está pre-sente nas lojas da Cartier em todo o globo e contém as maiores Trilobites do mundo, preservadas e catalogadas por António Valério. Que durante um dia, nos levou a um passado com mais de 200 milhões de anos.

Boa leitura,

Nuno Esteves Henriques

* GALO: Gestão Andando de um lado para o Outro (Expressão usada por Leonardo Jardim sobre o seu tratamento direto com os intervenientes)

Editorial

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Obras

-Residencial Vila Vilarinha-

Condomínio de Luxo Usa Pedra Natural

O empreendimento residencial Vila Vilarinha, perto do Parque da Cidade, no Porto, é constituído por 35 moradias. Todas as casas têm 5 suites e duas salas de estar/jantar, independentes. O revestimento de interiores e acabamentos da maior parte das mora-dias (1ª fase) esteve a cargo da designer de interio-res Graça Viterbo que escolheu pedra natural para o revestimento dos WC. Nalgumas situações houve uma harmoniosa conjugação entre a pedra natural e a cerâmica.A pedra para as casas de banho foi toda fornecida e transformada pelo Grupo Galrão. O mármore bran-co, Trigrashes, é proveniente da pedreira da empresa, em Estremoz. O travertino, foi adquirido em Itália e

transformado pela empresa, o mesmo acontecendo com a ardósia de Valongo que foi adquirida pelo Grupo, em bloco, e transformada nas instalações da empresa em Pero Pinheiro.As fachadas exteriores estão todas revestidas a granito.O projeto é do arquiteto Pedro Torres Guimarães. O empreendimento habitacional, localizado na Rua da Vilarinha, representa um investimento global de 15 milhões de euros, com as casas a apresentarem valores de venda a partir dos 600 mil euros, ou 1500 euros/m2. As moradias receberam a classificação de A+, a mais elevada classificação prevista no Sistema Nacional de Certificação Energética de Edifícios.

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A pedra e a madeira são os materiais que há mais tempo são utilizados na construção. A durabilidade da pedra, a sua resistência às intempéries e os efeitos estéticos que a mesma pode proporcionar colocam este material natural entre os que têm mais capa-cidades para continu-ar a desempenhar um papel milenar. Tanto mais, que as técnicas e as ferramentas para a trabalhar tiveram uma evolução significativa nas últimas décadas, o que ajuda à sua atual maior utilização.

Outra das vantagens da pedra é a evolução ao longo da sua vida, que normalmente re-siste muito bem ao tempo, e envelhece ainda melhor, o que muitas das vezes até origina polémicas acerca da conveniên-cia, ou não, de limpe-za.

Embora se fale generi-camente de pedra, nem todos os tipos de pedra são os mais indicados para revestimento exterior, ou por uma maior porosidade, ou por ser demasiado macia, sendo o granito talvez a pedra que mais é utilizada em revestimentos exteriores.

Como arquiteto, gosto pouco de imitações, daí o dar preferência a materiais autênticos. Por outro lado, e

embora já tenha utilizado materiais inovadores nou-tros projetos, tenho por norma e por experiência que a qualidade do material só se vê com o tempo. E a utilização dum material novo e inovador, por mais garantias que sejam dadas não me oferece a con-

fiança dum granito milenário.

Assim, na Vila Vila-rinha a escolha para as fachadas recaiu no granito amarelo de Alpendurada, aplica-do em placagem com 6 cms de espessura e em peças de 60 cms x 40 cms, colocadas na horizontal. Panos de granito que con-trastam com grandes envidraçados onde se utilizou perfis Shucco, compatíveis com a no-breza da fachada.

Os restantes mate-riais utilizados nas fachadas estão ao nível da qualidade do granito (alucobond e

aço inox). E obviamente que os materiais interiores, onde também foram utilizados outros revestimen-tos de pedras ornamentais, acompanham a qualida-de do exterior, o que ajudou a tornar este empreen-dimento num case study comercial numa fase tão difícil da vida nacional.

Pedro Guimarães, arq.

Prefiro Os Materiais Autênticos

Obras

Pedro Guimarães Arquiteto do Condomínio Vila Vilarinha, no Porto

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Paulo Martins é sócio gerente da Lagoazende,a empresa promotora do condomínio Vila Vilarinha no Porto.

O que distingue este condomínio de tantos outros no Porto?

A sua localização privilegiada, dada a sua proximi-dade ao centro da cidade, praia, hospitais, escolas, parque da cidade, aliada à qualidade dos acabamen-tos. Falamos de moradias individuais, de tipologia T5, com elevador e piscina, dotadas de equipamentos únicos, como o sistema de renovação de ar, o piso radiante para aquecimento e arrefecimento, a bom-ba de calor, painéis solares, a domótica, etc, resul-tando numa casa funcional e económica.

Como têm decorrido as vendas? Qual é a percenta-gem já vendida?

A Lagoazende, promotora deste empreendimento, dividiu-o em duas fases distintas. Uma primeira fase, que ficou a cargo do Atelier Graça Viterbo, que desenvolveu um projecto conceção/execução com o ajuste do layout de arquitetura e definição de todos os materiais de revestimento, interiores e exteriores. Cada espaço foi trabalhado a pensar no utilizador final. Das 19 moradias deste fase já construídas, 17 encontram-se vendidas, estando 2 em comercializa-ção. Numa segunda fase, com 10 moradias, desen-volvida nos mesmos moldes, agora pelo designer de interiores Paulo Lobo, com 4 moradias em cons-trução, três já comercializadas, estando previsto o início de construção das restantes seis, para o mês de Junho de 2012.

Qual é o perfil do comprador?

Dadas as caraterísticas morfológicas das moradias, moradias t5, o cliente alvo acaba por ser o agregado familiar de 5 a 6 pessoas, que privilegia a localização e o conforto, enquadrando-se num segmento médio/alto.

É uma construção cuja fachada está revestida a pe-dra natural tendo também alguma pedra no inte-rior, designadamente nas casas de banho e no hall de entrada. Na sua opinião qual é a mais-valia que a pedra natural aporta à decoração de interiores e à qualidade da construção?

A pedra sempre foi a base da construção, mas com o evoluir dos tempos, deixou a sua função estrutural, e passou a ser mais um elemento decorativo. Aqui, a aplicação no exterior deveu-se à necessidade de tornar estas casas confortáveis e eficientes a nível energético, sem perder a sua identidade, e claro de manutenção reduzida. Optou-se pela fachada ven-tilada, constituída por placas de granito amarelo, grampeadas. No interior a aplicação de pedra na-tural, acabou por dar qualidade aos espaços, quer ao nível do design, quer ao nível da manutenção. O padrão da pedra natural nunca se repete, e isso torna cada espaço onde é aplicado, único .

As casas da Boavista do arquiteto Siza Vieira tam-bém têm pedra natural? Em que fase está este proje-to, que é também promovido pela Lagoazende?

Neste projeto o arquiteto Siza Vieira também optou por dar relevância à aplicação de pedra natural. To-das as zonas de circulação exteriores, revestimento da piscina e sua envolvente possuem pedra, cinza alpalhâo. Este projeto, que é único, é constituído por quatro moradias individualizadas T5, e encontra-se na fase final de construção, estando duas já ven-didas.

A Pedra Reduz a Necessidade de Manutenção

Obras

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Graça Viterbo fez a decoração de interiores da moradia modelo e escolheu os materiais de revestimento interior da 1ª fase do condomínio Vila Vilarinha

Graça Viterbo à Revista Rochas e Equipamentos:

“A mais valia que traz a pedra natural num espaço interior é sobretudo a qualidade que

dá ao ambiente e o que a nobreza desse material pode valorizá-lo.

Desde o xisto rustico ao mármore sofisticado, usado tanto como revestimento mural como

em pavimento com esteriotomia mais ou menos trabalhada, a pedra, alem de valorizar,

personaliza e torna única a decoração de interiores onde está inserida”.

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Empresas

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-Ardósias Valério e Figueiredo-

Pedreira ProtegeHistória da Vida na Terra

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Empresas

Companies

É um caso exemplar de promoção cívica da ciência, da investigação, do turismo e do desenvolvimento regional, feito por uma empresa da indústria extra-tiva. Foi graças às escavações realizadas na “pedrei-ra do Valério” e à cooperação da empresa conces-sionária da mesma, a Ardósias Valério e Figueiredo Ld.ª, que saíram e estão a ser preservados os maiores exemplares de fósseis referenciados de trilobites do mundo: animais marinhos fossilizados, anteriores aos dinossauros, com mais de 460 milhões de anos, que habitavam e dominavam os mares, numa altu-ra em que a Terra era estéril e ainda não existiam plantas. Este valioso património paleontológico tem já projeção internacional e o seu estudo permite ob-ter informações de grande relevância respeitantes à evolução da vida na Terra o que contribuiu para a classificação, pela Unesco, do concelho de Arouca, na categoria de geoparque. O Centro de Interpreta-ção Geológica de Canelas (CIG), onde está integrado o museu que alberga os fósseis, figura também entre os exemplos do programa “Leader +”. Este guia de boas práticas de iniciativa comunitária, recentemen-te publicado, elege exemplos de quinze países euro-peus, destacando projetos de índole cultural e social, orientados para o desenvolvimento sustentável dos territórios e para a melhoria da qualidade de vida das populações. O CIG foi inaugurado em Julho de 2006 e é reconhecido publicamente como a concretização de um sonho do sócio gerente da empresa, Manuel Valério de Figueiredo que avançou para a construção da infraestrutura contando com o apoio da própria empresa e da associação de Desenvolvimento Rural Integrado das serras do Montemuro, Arada e Gra-lheira (ADRIMAG). Quase cinco anos volvidos desde a inauguração o espaço já recebeu a visita de quaren-ta mil estudantes, várias excursões científicas, con-gressos nacionais e internacionais e proporcionou a realização de várias publicações, artigos científicos, teses de mestrado e doutoramento. Além de ser o melhor cartão-de-visita da empresa louseira o CIG é, também, a montra que coloca o concelho de Arouca no mapa turístico. Ao Centro, já foi atribuído, pela Rota da Luz, o Prémio “Mérito Turístico “ (2007) que visa reconhecer e dar visibilidade aos equipamentos, instituições e ao sector empresarial dinamizador de ações empreendedoras na ótica do desenvolvimento turístico regional. Este é um exemplo, inequívoco,

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da responsabilidade social de uma empresa que, vo-luntariamente, protege património histórico-natural excecional, de interesse universal. “Foi afastada qualquer ideia que pudesse inviabilizar um projeto meramente familiar, tendo-nos mobilizado o objeti-vo de que era mais útil fazer algo, ainda que modes-to, do que permanecer à espera de promessas sempre adiadas, apostando numa obra construída por eta-pas, sendo esta a primeira” afirma Manuel Valério, referindo-se à construção do CIG.

O projeto, da autoria de Óscar Valério, compreende três edifícios- receção, sala de exposição e auditó-rio – evidenciando, simbolicamente, a anatomia tri-partida das trilobites, o primeiro animal na Terra a individualizar três partes no corpo: cabeça, tronco e cauda.

Não é por acaso que as trilobites aparecem numa pedreira de lousas. A ardósia, xisto negro e fino, teve a sua origem em sedimentos que se acumu-laram em camadas no fundo do mar, tendo, assim, ficado resguardado no seu interior os vestígios da fauna que nele habitava há cerca de 465 milhões de anos. Acresce que os xistos explorados nas lousei-ras de Canelas pertencem à denominada Formação Valongo, uma das regiões consagradas em Portugal pela riqueza geológica que ostenta. Manuel Valério considera que a riqueza científica da “descoberta” destes fósseis não se esgota no tamanho: “As nu-merosas concentrações de animais que têm sido encontradas num espaço restrito permitem aferir novos dados comportamentais sobre estes animais, ou seja, a confirmação de que teriam já comporta-mentos gregários, abrindo assim amplos horizontes à investigação”, afirma.

Os primeiros fósseis de Canelas terão sido encontra-dos quando se extraíram as primeiras lousas neste local, há quase 200 anos (em 1820).Ainda no século XIX há registos de recolha de fósseis efetuada pelo paleontólogo português Nery Delgado, posterior-mente observados por Décio Thadeu que se deslocou a Canelas em 1953, publicando um pioneiro estudo paleontológico sobre os fósseis da Canelas (1956). Nessa época a louseira de Canelas era já explorada pelo avô do atual empresário. Entre várias vicissi-tudes a exploração esteve encerrada durante duas

O Que São TrilobitesAs trilobites foram um dos mais bem-sucedidos gru-pos de organismos desde o início da vida na Terra. A sua evolução foi marcada por numerosos avanços e recuos durante os cerca de 300 milhões de anos do seu registo na história do planeta. Apareceram abruptamente na parte inferior do Período Câmbrico (com início há cerca de 550 milhões de anos), tendo--se extinguido no final do Período Pérmico (há cerca de 230 milhões de anos), o último período da Era Pa-leozoica. As trilobites marcaram o início e o fim desta importante e longa era, em que todos os animais e plantas viviam no mar. Estão classificadas como ar-trópodes (invertebrados que possuem um exoesque-leto rígido e vários pares de apêndices articulados, cujo número varia de acordo com as classes) e o seu corpo divide-se em 3 partes: um cefalão (cabeça), um tórax (tronco) e um pigídio (cauda). Cada uma des-tas partes era composta por 3 lobos, um central e 2 laterais, daí o nome de trilobites. Pensa-se que a respiração se fizesse por guelras, localizadas num dos 2 ramos de cada uma das patas. O tórax era forma-do por segmentos articulados em número variável, o que permite o enrolamento da carapaça numa reação instintiva de defesa, similar à dos bichos-de-conta atuais. O sistema visual das trilobites era muito de-senvolvido. Os seus olhos fossilizavam com facilidade pois eram compostos por inúmeras lentes de calcite cristalina. Durante o crescimento, as trilobites, tal como outros artrópodes, levavam a cabo várias mu-das periódicas das carapaças, deixando no fundo do mar os exoesqueletos antigos e segregando novos em sua substituição. Por isso, na atualidade, a maioria dos fósseis de trilobites representam carapaças aban-donadas e não trilobites completas.

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décadas, até 1988, ano em que os pais de Manuel Valério decidiram retomar a exploração, em conjun-to com os dois filhos.”Com o recomeço dos trabalhos foi impressionante rever os fósseis, iguais aos que levávamos para a escola, nos finais dos anos setenta, para presentear os professores”, relembra. “Recordo perfeitamente os exemplares perfilados no canto da casa do guarda, em várias camadas, porque já os nossos pais e avós os encaravam como algo enig-mático, um tesouro por identificar. Não resistiam à tentação de os guardar, facilmente os oferecendo a qualquer forasteiro como presente ocasional”.

Com a mecanização da extração e o aumento da produtividade começaram a aparecer com mais fre-quência vestígios fósseis. “O aparecimento em gran-de quantidade de peças únicas levou-nos a fazer exposições com os fósseis encontrados e tivemos o apoio e esclarecimento de geólogos que nos incen-tivaram a preservá-los como mais-valia científica e para a região, culminando com a criação do centro interpretativo”.

Até 1995 a empresa cresceu lentamente, em con-sonância com o ritmo de procura típico de um mer-cado essencialmente regional. As primeiras expor-tações para a Alemanha e outros países europeus iniciaram o ciclo de internacionalização, que culmi-nou em 1997 com a adjudicação de fornecimentos regulares à multinacional Cartier, conhecida marca de joias e de relojoaria, que durante 4 anos remo-delou as fachadas das suas lojas espalhadas por todo o mundo com ardósia de Canelas. Atualmente a empresa emprega 26 funcionários, 4 na pedrei-ra e os restantes na unidade de transformação e exporta cerca de 40% do material produzido, com

destaque para diversos países da União Europeia e o Japão. O ano 2008 foi o segundo melhor em fatu-ração. E se no século passado as lousas eram quase exclusivamente usadas em telhados atualmente as lousas para pavimentos constituem a maior parte da produção, logo seguida dos revestimentos de fachadas. Uma das obras mais recentes fornecidas pela louseira de Canelas foi o Hospital privado de Alfena recentemente inaugurado (em Janeiro). Ma-nuel Valério reconhece que houve uma quebra na produção provocada pela crise que se vive no setor da construção. Com 100 hectares de área as esti-mativas apontam para se poder continuar a extrair lousa durante mais 50 anos. “ O maior problema da produção desta pedra, além da fracturação, são os desperdícios, que representam 90% do material extraído. Apenas 10% vão para a transformação e desses apenas aproveitamos 5%. A maior parte dos resíduos vai para a escombreira”, considera o empresário.“O buraco da pedreira é hoje uma das principais atracões dos visitantes. Todos o apreciam e não o encaram como prejudicial ao ambiente, pois além de ser o viveiro das trilobites está muito camuflado na paisagem”.

A importância dos fósseis desta jazida foi oficial-mente reconhecida em 1999 com a inclusão de uma trilobite no brasão da freguesia de Canelas o que constitui uma das raras representações de fósseis em heráldicas, em todo o mundo.

Com tantos atributos e com o reconhecimento mu-nicipal desta empresa “é absurdo que o regulamento de construção da região limite o uso de ardósia. Ou seja, para poder colocar um telhado em ardósia é necessário que haja outro num raio de 50 metros!”

Empresas

Companies

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19ROCHAS & EQUIPAMENTOS

A Trilobite Mais Preciosa de CanelasPOR MANUEL VALÉRIO DE FIGUEIREDO*

Dia 27 de Janeiro de 2011, oito horas da manhã. Mal o barulho ensurdecedor das máquinas industriais irrompe, um novo dia de trabalho arranca nas Louseiras de Canelas. Assim recomeça a sinfonia diária que caracteriza a rotina de transformar rochas brutas em lâminas finas que resol-vem eficazmente algumas das necessidades básicas do ser humano um pouco por todo o mundo. Rapidamente recebi o recado dos maquinistas, os escavadores da louseira, para me deslocar ao seu interior pois novos achados fósseis de-veriam ser vistos e recolhidos com urgência. O meu coração num instante acelerou de forma descontrolada, saltei ener-gicamente para o trator nesta manhã fustigada por um frio polar, segui em marcha acelerada na direção da cratera, na minha mente fértil surgindo imagens coloridas de fósseis sonhados, desejados. O trajeto parecia interminável, o ven-to norte gelado vergava os pinheiros da berma do caminho, parecendo anunciar tempestade. No momento da chegada, já no local de destino, irromperam também uns míseros flocos de neve como que anunciando um acontecimento que se revelaria extraordinário.

Observada de relance a parte exposta do fóssil, logo adi-vinhámos um momento “único”, um exemplar gigante, ao que tudo indica semi-completo da espécie mítica de Cane-las, Hungioides bohemicus arouquensis. Carregando o trator como se de um tesouro se tratasse, lentamente retomámos a marcha de regresso á unidade de transformação, onde ire-mos executar a melindrosa operação de descobrir a parte ainda coberta. Condicionava esta operação delicada o fato de a rocha de suporte estar visivelmente fracturada.

Era meio-dia quando, acompanhado de ferramentas apro-priadas, enceno de forma singular o golpe final, parti-lhando como sempre com a minha máquina fotográfica o momento de um novo renascimento. Mais uma vez um acontecimento épico, diria sublime, acontece com o surgir do interior destas camadas de rocha, afirmativo como nun-ca, de um perfeito representante da fauna mais genuína da Louseira de Canelas. Como que fulminado o meu pen-samento recua mais de cinquenta anos e evoco com toda a emoção um senhor, que não tive o privilégio de conhecer em vida, o professor Décio Thadeu, o pai da paleontologia em Canelas. Quando visitou pela primeira vez a louseira na companhia de Carlos Teixeira (outro senhor da geologia portuguesa), também terá sido fulminado pelo cenário e pelos fósseis que pôde observar, alguns nunca antes des-critos em Portugal, outros inéditos em todo o Sudoeste da Europa. Também por ser português o seu trabalho paleon-tológico publicado em 1956 sobre os fósseis de Canelas foi e será sempre uma referência no estudo das rochas paleo-zoicas a sul do Douro. Em Canelas, referiu de forma óbvia o gigantismo de algumas espécies, entre essas uma seria uma nova subespécie regional, que batizou de forma des-pretensiosa de Hungioides bhoemicus arouquensis, como forma de homenagear a região de Arouca. (….)

Esta será para mim a mais importante trilobite de Cane-las, sendo também o símbolo do Centro de Interpretação Geológica, a única trilobite até ao momento apelidada de “Arouquensis”.

Admiro sempre a vertente regionalista. Sabendo todos nós que os cientistas podem batizar novas espécies, não deixa de ser caricato quando lhe dão por vezes o nome da esposa ou do marido, dos filhos ou dos netos. Outros, submissos, apelidam-nas com o nome pessoal de superiores hierár-quicos a quem devem favores, esquecendo a importância primordial e patriótica de referenciar a região ou o país de origem. Caro Professor Décio Thadeu, um dia terá em Arouca uma verdadeira homenagem, talvez escrita de for-ma singular, mesmo ao lado deste precioso exemplar de trilobite que ousaste apelidar com o nome da terra que viu nascer os arouquenses.

* In Trilobites de Canelas – Duas Décadas de vivências por entre ardósias e trilobites gigantes.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS20

É uma motoserra que tem a versatilidade de andar sobre rodas, pois está fixada num tractor (modelo JCB). É operado por uma única pessoa, move-se com rapidez, não precisa de pessoal auxiliar e trabalha sem água, o que torna muito mais prático e limpo o trabalho na pedreira.

Falamos do sistema de corte com a patente Fantini, que já é comercializado em Portugal pela GPA, Lda.

A inovação do equipamento reside no fato de a uni-dade de corte estar acopulada a um trator o que lhe confere mais agilidade e rapidez no corte da pedra na parede ou em qualquer outra zona de trabalho da pedreira.

O equipamento tem capacidade para proceder a cor-tes frontais verticais em pedras duras e/ou abrasivas, exceto no granito.

Este sistema de corte reduz os tempos mortos subja-centes aos métodos de trabalho tradicionais que im-plicam o transporte do bloco para a zona da pedreira onde está a lâmina de corte ou o equipamento de fio diamantado. O trator equipado com a motosserra consegue alcançar blocos que estão a ser extraídos da bancada da pedreira sem necessidade de grandes movimentos.

Uma vez posicionado em frente ao bloco de pedra o equipamento Fantini consegue executar cortes ver-ticais frontais até 3 metros de profundidade.

Uma guia horizontal (de 2 metros) permite colocar rápidamente a lâmina na posição de corte escolhida.

A grande versatilidade deste sistema permite reali-zar os cortes verticais diretamente nas bancadas da pedreira (com uma altura máxima de 3,5m) evitan-do intercetar as fraturas expostas e comprometer os bons blocos e otimizar os tempos de trabalho.

O equipamento tem ainda a vantagem de ser de fácil manuseamento e aprendizagem acessível a qualquer trabalhador.

-Fantini Em Portugal-

Equipamento Inovador Revoluciona Corte na Pedreira

Empresas

Companies

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21ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Agente em Portugal:

IC2, Km 98 | Ataíja de Cima | 2460-713 Alcobaça | Portugal  

t: +351 262 582 143f: +351 262 582 146e: [email protected]

Comércio e Manutenção Industrial, Lda.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS22

Entrevista

-Timor Leste-

Portugal Tem um Ativo Histórico Para Rentabilizar

Luís Lopes foi um dos organizadores do

1º Congresso Internacional de Geologia de Timor

Leste que se realizou no início deste ano, de 16

a 20 de Janeiro em Dili. Considera que Portugal deveria colaborar mais ativamente com Timor,

através do know-how dos serviços governamentais

portugueses, na exploração dos recursos geológicos

deste país.Fez doutoramento em

Geologia na Universidade de Évora, onde leciona,

entre várias cadeiras, a disciplina de Rochas

Industriais e Ornamentais. Orienta várias teses de

mestrado na Universidade de Timor.

É vogal do Comité Científico da 4ª edição do

Global Stone Congress.

Universidade de Évora, desig-nadamente o Departamento de Geociências, foi coorganizador do 1º Congresso Internacional de Geologia de Timor Leste que se realizou em Dili. Que balanço faz deste congresso? De que forma é que se concretizou a participação portuguesa?

Efectivamente o 1º COGETIL foi organizado por nós (DGUE- De-partamento de Geologia da Universidade de Évora), pela Se-cretaria de Estado dos Recursos Naturais de Timor Leste (SERN) e pela Universidade Nacional de Timor Leste (UNTL). A equi-pa portuguesa era constituída por mim e pelos professores Pe-dro Nogueira (coordenador), Rui Dias, Alexandre Araújo e Domin-gos Rodrigues, este da Univer-sidade da Madeira, e ainda pela Dr.ª Dália Cristóvão responsável

pela composição e design gráfi-co do livro de actas do congres-so. Também e desde a primeira hora as companhias de petróleo Conoco-Philips, Woodside, Shell e Osaka Gas Group, se associa-ram. As duas primeiras respon-sabilizaram-se inclusivamente por toda a logística, almoços e coffee-breaks, etc. Coube-nos essencialmente a coordenação científica do evento, a realização da exposição sobre a Geologia de Timor Leste e muito apoio na lo-gística. Enfim, no final, ficámos com uma sensação de dever bem cumprido.

O resultado não poderia ter sido melhor! A vários níveis. Por exem-plo, antes do congresso já tínha-mos 80 interessados na licencia-tura em Geologia e Petróleo que o DGUE está a coordenar na UNTL. Depois do congresso o número

Parte do grupo participante na visita de campo. (Prof. Luís Lopes, primeiro da esquerda).

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS24

de interessados aumentou para 250… o que nos obrigou a uma seleção mais difícil e morosa, mas tudo correu bem e a licenciatura já está em funcionamento.

Só por si o número total de parti-cipantes, 1200, é impressionante. Destes cerca de 200 eram estran-geiros, estando representadas uma dezena de nacionalidades com destaque para os portugue-ses, australianos, sul coreanos e ingleses. Os 1200 participantes devem-se ao facto da SERN ter aberto o congresso à população em geral. Vários chefes de Suco e de aldeia estiveram presentes mas foram essencialmente os estudantes finalistas do ensino secundário que marcaram pre-sença. Um aspecto deveras posi-tivo que quero realçar, num país marcadamente patriarca em que a mulher ainda é relegada para segundo plano, foi a participação feminina, ao nível da masculina, tanto em número como nas in-tervenções nos períodos de de-bate de todo o congresso. Este é outro aspecto que nos surpreen-deu positivamente, os timorenses realmente interessam-se pela sua terra e gostam de estar es-clarecidos e saber o que se passa. Algo exuberantes em fazer ver o seu ponto de vista, questionaram praticamente todos os oradores de forma entusiasta além de que na sua grande maioria assistiram estoicamente a todas as comu-nicações. A disposição em “T” da sala de conferências e os ade-quados sistemas de som e ima-gem também contribuíram para o sucesso do congresso com tão elevado número de participantes.

Entrevista

Ramos Horta, Aurélio Guterres e Alfredo Pires

Carlos Brauman, Aurélio Guterres, Alfredo Pires e Ramos Horta

Uma ala

Uma das fotos de grupo no final do congresso

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25ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Uma questão importante rela-cionava-se com a comunicação, o congresso tinha quatro línguas oficiais (português, inglês, tetun e bash (indonésio); a maior parte das comunicações foram apresen-tadas em inglês e português com tradução simultânea em tetun. Outras, proferidas em português ou tetun, eram acompanhadas por powerpoints em inglês. Pelo elevado índice de participação já referido, podemos concluir que as mensagens passaram e que não houve graves problemas de falta de comunicação.

Resta-me referir que constituíram a mesa da sessão inaugural o Pre-sidente da República Democrática de Timor Leste e Prémio Nobel da Paz, Ramos Horta, assim como os magníficos reitores das univer-sidades de Évora e Nacional de Timor Leste, Professores Carlos Braumann e Aurélio Guterres, res-pectivamente, e o Secretário de Estado do Recursos Naturais, Dr. Alfredo Pires, principal impulsio-nador do evento, geólogo e pro-fundo conhecedor tanto da geolo-gia timorense como do seu Povo.

Das comunicações apresentadas quer destacar alguma (s) prin-cipalmente no sector das rochas ornamentais?

Efetivamente, nos cinco dias do congresso, foram apresentados 39 trabalhos, entre os quais 13 con-ferências por convite que permi-tiram fazer uma retrospectiva do conhecimento geológico atual do Pais. De modo geral as conferên-cias foram muito boas, destacaria, pela lucidez e atualidade, a apre-sentada pelo Professor Michael

Audley-Charles que, apesar de não estar presencialmente presente, por questões de saúde, enviou--nos a comunicação gravada que foi apresentada na abertura dos trabalhos. Este investigador de 77 anos fez a cartografia geológica de Timor na escala 1:250.000 nos anos 60 e 70 do século passado e desde então publicou vários trabalhos sobre o tema, o último dos quais data de 2011. Apesar da pequena escala , este trabalho tem sido uma referência para os estudos posteriores.

O nosso trabalho em Timor Leste também contemplou a discus-são de dez teses do Mestrado em Ciências da Terra e Atmosfera da Universidade de Évora. Todas elas previam a cartografia à es-cala 1:25.000 de uma área, para além disso duas tiveram também como objectivo fazer uma avalia-ção de alguma rochas para fins ornamentais. Estes dois trabalhos foram apresentados e demons-tram que há potencialidades que merecem ser exploradas com mais detalhe.

A questão das Rochas Ornamen-tais em Timor Leste foi aborda-da por mim em dois momentos. Na apresentação que fiz sobre o

CEVALOR, e aqui quero destacar que para além das duas compa-nhias de petróleo (Conoco-Phi-lips e Woodside), entre os priva-dos, apenas o CEVALOR marcou presença, e na conferencia “Re-cursos Geológicos e Desenvol-vimento Sustentável: Rochas Industriais e Ornamentais”. Apro-veitei ambas as ocasiões também para promover o Cluster da Pe-dra Natural e a Associação Valor Pedra que a par do CEVALOR, por via dos seus sócios, serão os parceiros privilegiados quer para o estudo quer para a posterior pesquisa, prospeção e extração destes recursos.

O programa do Congresso incluía trabalho de campo. Que rochas ornamentais é que foram obser-vadas? Pode fazer-nos uma bre-ve análise das principais rochas ornamentais que há em Timor e principais características?

A 21 de Janeiro realizou-se a vi-sita de estudo do congresso, foi essencialmente dedicada a ques-tões estratigráficas e estruturais relacionadas com a cartografia elaborada pelos nossos dez alunos e apresentada no congresso. As rochas com potencial ornamen-tal não foram visitadas. As rochas

Aspecto geral do espaço exterior com amostras da geologia de Timor

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS26

Entrevista

mais interessantes e com maior potencial para fins ornamen-tais são os calcários pérmicos da Formação de Maubisse. De modo geral estão pouco fraturados e algumas variedades rosadas com fósseis (crinóides e amonites) são realmente únicas. No imediato os mármores, de várias cores, pa-drões e tonalidades, apresentam--se com caraterísticas modestas e apenas devem ser considerados para consumo interno. Como re-alcei no Congresso, as várias fase da prospecção geológica são fun-damentais para a planificação da extração de um recurso. É preci-so conhecer o que existe, como está, quanto existe e qual a sua qualidade. Estas fases não estão concluídas e aguardamos a che-gada de amostras que colhemos para, no Laboratório de Ensaios Mecânicos do CEVALOR e no De-partamento de Geociências da Universidade de Évora, realizar-mos os testes de caracterização de alguns calcários e mármores. Se for possível é nossa intenção apresentar estes resultados no Global Stone Congress 2012.

Como está o mercado da extra-ção, transformação e negócio das rochas ornamentais em Timor?

Essa pergunta tem uma resposta muito simples: praticamente não existe!

Há margem para o estabeleci-mento de parcerias entre empre-sários portugueses e timorenses?

Há boa vontade e alguma abertu-ra da SERN mas ainda há muitas questões administrativas e de di-reito do território, para resolver. A propriedade privada exclusiva-mente estrangeira não tem en-quadramento jurídico, a proprie-dade da Terra é do Estado e, em última instância, quem a governa é o poder local eleito (Chefe de Suco, mais ou menos equivalente aos nossos concelhos, lá existem 442; cada suco tem um número variável de aldeias -existem 2149- onde quem manda é precisamente o Chefe de Aldeia e é com ele que devemos falar quando exploramos o território que governa). Assim qualquer indústria que se preten-da instalar terá que cativar estes parceiros e envolvê-los ativamente

no negócio, de outro modo, arris-caríamos a dizer que, atualmente, é impossível.

Há apoios do Estado português à extração de rochas ornamentais em Timor Leste? Seria desejável esse apoio?

Desconheço esse apoio. Sem dú-vida que o apoio governamental seria bem acolhido, desde logo há questões logísticas muito im-portantes a considerar. A come-çar pela distância que implica tempo de deslocação demorado desde Portugal e em Timor onde os acessos locais, na maioria dos casos, são maus. Acresce ainda a necessidade do estabelecimento de condições de conforto e segu-rança nos locais de trabalho.

Portugal está a aproveitar as re-lações históricas que tem com Ti-mor para se envolver mais, como parceiro, na exploração dos recur-sos geológicos daquele país?

R. Portugal tem um ativo histórico invejável! É impressionante cons-tatar como uma simples bandeira portuguesa na lapela serve para quebrar o gelo e esboçar sorrisos. Normalmente os portugueses são muito bem recebidos em qualquer lugar do território, é claro que é preciso conhecer os usos e costu-mes e, acima de tudo respeitá-los. A partir daí o relacionamento é fácil e amistoso, mesmo quanto a língua se torna uma barreira. Em Timor Leste, entre línguas e dia-letos locais, falam-se quase três dezenas de idiomas num territó-rio de 15 000 Km2, por isso um guia poliglota é requerido para o explorar.

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Em relação à pergunta, o envolvi-mento português deveria ser muito mais ativo, por exemplo no Con-gresso, a Direção Geral de Energia e Geologia fez-se representar pelo Dr. Luís Martins que reuniu com o Dr. Alfredo Pires. Para além das Rochas Ornamentais e Industriais e talvez mesmo com maior po-tencialidades, há recursos ener-géticos, petróleo mas também energia geotérmica, por exemplo, e indícios de vários metais que vale a pena investigar. Atualmen-te são necessários trabalhos de cartografia geológica detalhada, idealmente à escala 1:25.000 e de prospecção sistemática para vá-rios metais onde a geologia, mes-mo que definida a escalas peque-nas, já dá alguma orientação do potencial mineiro. Conhecendo a experiência portuguesa e o know--how existente nas universidades e serviços do estado, bem gerido e organizado poderia desenvolver--se um programa conjunto mais abrangente. Dentro da suas possi-bilidades a Universidade de Évora está a desenvolver este trabalho, mas há muito por fazer e uma

ação concertada a nível governa-mental seria mais frutuosa. Tam-bém seria uma oportunidade de vender serviços e assim criar uma auto-sustentabilidade dos mes-mos. Não sou político mas quando se fala tanto em crise e quando o próprio Presidente Ramos Hor-ta se oferece para comprar dívida soberana portuguesa, vejo aqui uma oportunidade de troca que mais nos prestigia e valoriza.

A intervenção da Universidade de

Évora em Timor Leste e em con-creto na UNTL não se limita à co-ordenação do Curso de Petróleo e Geologia, mas também a Saúde Animal, a Engenharia Informáti-ca e outros, contam com a nossa colaboração. Por outro lado, em Évora também temos alunos a fre-quentar Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos. Para além do en-sino, os docentes que se dirigem a Timor para leccionar também são estimulados, é aliás uma condição, a fazer investigação e a orientar alunos e investigadores locais.

A distância entre Portugal e Timor, sendo uma dificuldade não é um impedimento, Timor Leste está em crescimento acentuado e tem condições para, em poucas déca-das, se tornar um caso sério na economia dos sudoeste asiático e se a muito curto prazo, Portugal não se declarar assertivamen-te como um parceiro interessa-do, outros o farão, isso podemos constatar pelas apresentações no congresso.

ROCHAS & EQUIPAMENTOS28

Entrevista

Imagem da visita de campo

De camisa azul Alfredo Pires com a equipa da SERN

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Estudos

Companies

Resumo

As empresas do sector da transformação da Pedra Natural vivem atualmente um momento de impas-se, pois, por um lado, têm o conhecimento técnico e científico adquirido durante anos na exploração e transformação do material mas, por outro, com a entrada de produtos oriundos de mercados extra Eu-ropeus com políticas comerciais agressivas e elevada produtividade, perdem competitividade. Para afron-tar, com êxito, esta realidade, as empresas devem apostar em estratégias de diferenciação, de inovação e Design no sentido de acrescentar valor ao produto.

Este estudo, de carácter quantitativo, mostra a re-alidade das empresas Portuguesas e Espanholas en-trevistadas em duas feiras nacionais, em diferentes aspectos do Design, em que os objetivos são: iden-tificar a importância dada ao Design pelas empresas e contrastar as diferentes opiniões com os diferentes tipos de empresas.

Os resultados mostram que poucas empresas têm departamento interno de I+D+i; quem decide e cria os novos produtos são departamentos internos que desenvolvem ao mesmo tempo, outro tipo de ativi-dades na empresa. Com perguntas de valoração po-demos classificar, através de um cálculo de médias, a opinião das empresas quanto ao papel do Design e sua contribuição; e por outro lado, através de um

ANOVA, relacionar essa opinião entre os diferentes tipos de empresas. A maioria dos conceitos foram considerados positivos (m>3), e são as empresas que têm departamento interno de I+D+i as que melhor os valorizam. O conceito de que o Design ‘Melhora a comodidade no uso do produto’ foi o mais aprecia-do pelas empresas que têm departamento interno de I+D+i, mas ao mesmo tempo, o menos valorizado a nível geral.

Podemos concluir que a maioria das empresas reco-nhece a importância do Design e seus efeitos para a competitividade nos mercados, mesmo que não o considere no momento da sua contratação a nível interno. As empresas que subcontratam serviços ex-ternos de Design são as que menos importância dão a todos os conceitos apresentados.

1. Introdução

As empresas do sector da Pedra Natural em Portugal e em Espanha, perdem competitividade no mercado mundial. Contudo, destacam-se pelo conhecimento técnico e tecnológico acumulado. Para avançar, ne-cessitam de uma estratégia promocional mais sóli-da, bem fundamentada, inovadora, única e incisiva (Paixão-Barradas S. , 2008).

O design oferece um valor considerável ao crescimen-to das empresas, contribuindo para a harmonização

O Contributo Do Design Às Empresas Do Sector Da Transformação De Pedra Natural,No Processo De Criação E DesenvolvimentoDe Produtos CompetitivosSUSANA PAIXÃO-BARRADAS

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31ROCHAS & EQUIPAMENTOS

dos seus produtos e serviços com as necessidades e expectativas dos clientes. Gerido corretamente, o design constitui uma fonte de vantagens competi-tivas, uma eficaz metodologia para a inovação dos produtos e dos processos, e um factor de rentabilida-de económica em qualquer sector (Callejón, 2005).

Baseado numa entrevista aos diretores, gerentes e comerciais de empresas que estiveram presentes nas feiras Portuguesas e Espanholas mais relevantes do sector – PEDRA e CEVISAMA - damos a conhecer as opiniões mais significativas no que diz respeito aos valores que o Design oferece às empresas do sector da transformação da Pedra Natural.

Com respeito a estes aspetos, os objetivos gerais deste estudo são:

• Identificar os valores do design mais apreciados pelas empresas;

• Contrastar as diferentes opiniões com os tipos de empresas existentes na amostra.

2. O setor da Pedra Natural

Uma análise ao mercado mundial da Pedra Natu-ral, permite-nos identificar a existência de quatro grandes produtores, com uma produção superior a 10 milhões de toneladas: China, Índia, Irão e Itália (AIDICO - Instituto Tecnológico de la Construcción, 2008), assim como a existência de grandes mercados de consumo, onde 8 países apresentam um consumo superior a 1,75 milhões de toneladas que incluem a China, a Índia e os Estados Unidos (CEVALOR – Cen-tro Tecnológico para o Aproveitamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais, 2004).

Os dados indicam que o setor pétreo decorati-vo mundial prossegue em crescimento, embora na União Europeia prevaleça a estagnação, relacionada em grande parte com a forte e imbatível concorrên-cia dos custos praticados na China.

As expectativas para a produção, consumo e exporta-ção mundial indicam uma tendência de crescimento de mercado, projetando-se para 2025 um aumento na ordem de cinco vezes superior ao consumo mun-dial atual, assim como de transações internacionais de 2,1 biliões de m2 equivalentes/ano (Peiter, 2001).

Para que as empresas europeias sejam mais compe-titivas, é importante que a dinamização do sector passe a apostar na diversidade de produtos coloca-dos no mercado, no design, na informatização, nos processos CAD-CAM, na automatização... Afrontar com êxito os objetivos do futuro, utilizando como ferramentas para inovar e manter suas posições de liderança (Martins, 2008).

3. O Design como um factor de competitividade nas empresas

Utilizando o Design de forma estratégica significa gerir um projeto, encarando-o como um processo de convergência prévio à tarefa de Design de um pro-duto. Através deste processo considera-se toda a ca-deia do produto, desde a extração da matéria prima à sua distribuição, e propõe-se projetar em função de um planeamento estratégico e global dentro da empresa. A estratégia permite-nos incorporar valor agregado e distinguir o produto face à concorrên-cia. Num processo de Design estratégico todas as variáveis do sistema são analisadas, enfatizadas ou valorizadas segundo uma intenção comum (Becerra & Cervini, 2005).

Nalguns países, como na Dinamarca, em que o Design está enraizado na cultura do país, verifica-se a sua influência no desenvolvimento económico. Explora--se este recurso tanto no sector publico como nas pequenas, médias e grandes empresas privadas. Os estudos estatísticos mostram que o Design melhorou o rendimento bruto das empresas em 22%; que os investimentos em Design, por parte das empresas, contribuem entre 18% a 34% para o aumento das exportações; nas empresas que possuíam estratégias baseadas no Design, o emprego foi notavelmente mais sólido (Walton, 2004).

Trabalhar a Pedra Natural como matéria prima requer uma atenção especial, que considere diferentes aspetos em todo o seu processo, desde a extração, transporte, corte e acabamentos… Sobressaem o peso e a dureza do material que dificultam a manipulação e versatilida-de formal. Podemos encontrar diferentes exemplos de todo o tipo na história da arte que elevam o material a uma simplicidade extrema, fazendo-nos esquecer a complexidade técnica e tecnológica utilizada no pro-

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS32

Origem Tamanho Idade Certificados

cesso de transformação da matéria prima (Paixão-Bar-radas, Hernandis, & Maciel Mazarelo, 2012).

Atualmente existem algumas empresas no setor, que integram o design como uma ferramenta estra-tégica na promoção e diferenciação do produto. É comum, por parte das empresas, convidar designers de reconhecido prestígio para colaborar em projetos específicos, promovendo as novas linhas de produto das empresas, como é o caso da empresa italiana MARZOTTO EDIZIONE (Keh, 2011); ou a adoção de conceitos inovadores que pretendem estimular a curiosidade e as sensações do consumidor, propon-do soluções originais com diferentes acabamentos e formatos, trabalhando com diferentes tipos de pe-dra e combinando-a com outros materiais, como é o caso das empresas SCALEA, L’ANTIC COLONIAL, LE-VANTINA, MÁRMOLES SERRAT, S.L., etc (Federación Española de la Piedra, 2009).

4. Material e Método

Este estudo, de carácter quantitativo, utilizou a en-trevista como método para a obtenção de dados me-diante um questionário desenhado com perguntas fechadas, de resposta única, múltipla ou de valora-ção unipolar, estabelecidas e distribuídas de acordo com uma determinada sequência (Briones, 1996). A realização das entrevistas processou-se em dois mo-mentos: numa primeira fase, pessoalmente entrevis-taram-se os diretores ou comerciais das empresas presentes na feira CEVISAMA, de 8 a 11 de fevereiro de 2011 em Valência (Espanha); e, numa segunda fase, foram enviadas por mail e realizadas através de uma plataforma online entre julho e agosto, às em-presas que participaram na feira PEDRA, na Batalha (Portugal) em abril do mesmo ano.

A feira CEVISAMA - Salón Internacional de Cerámica para Arquitectura, Equipamiento de Baño y Cocina, Piedra Natural, Materias Primas, Fritas y Esmaltes – realiza-se anualmente em Valência (Espanha), de âmbito internacional, dirigida a um público profissio-nal, oferece produtos industriais centrados em I+D+i, orientados para a Arquitetura e o Design. A feira PEDRA – Feira nacional da pedra, é uma mostra de blocos, chapa serrada e produto acabado, máquinas, equipamentos, acessórios e ferramentas que se realiza na Batalha (Portugal) bianualmente, dedicando-se so-bretudo ao produto nacional e dirigida a todo o sector.

Num total obtivemos 31 respostas: 16 empresas responderam na primeira fase, em Espanha; e 15 na segunda. Considerando que esta amostra tem um comportamento normal, representa um nível de confiança na ordem dos 90%.

5. Resultados

Em primeiro apresentaremos as empresas que parti-ciparam no estudo, quanto à sua origem, tamanho, idade e certificação assim como, no que diz respeito à sua atividade, tipo de pedra e tipologia de produ-to. Em seguida veremos como estão organizadas as empresas para a criação de novos produtos, depois analisaremos a opinião destas quanto ao contributo do Design, e por ultimo, contrastaremos essas opini-ões entre as diferentes empresas que participaram no estudo.

5.1. Identificação da amostra

Através de perguntas de resposta única, podemos classificar as empresas, quanto à sua origem, tama-nho, idade e certificação – Tabela 1.

Tabela 1. Classificação da amostra

Fonte: Elaboração própria

Estudos

Companies

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33ROCHAS & EQUIPAMENTOS

A maioria das empresas entrevistadas são Portugue-sas (54%) e Espanholas (44%), têm menos de 50 empregados, consideradas, por isso, Pequenas Em-presas (45%). Mais de metade da amostra (53%), foi fundada entre 16 e 20 anos – empresas de idade Adulta. Algumas destas estão certificadas com o selo de Gestão da Qualidade, ISO 9001 (35%), embora a maioria não tenha nenhum tipo de certificação (58%).

Com perguntas de resposta fechada, mas com a pos-sibilidade de escolher varias opções (perguntas de resposta múltipla), estudamos a amostra quanto ao tipo de atividade que mantêm, o tipo de pedra com que trabalham e o tipo de produto que transformam – Tabela 2.

Tabela 2. Caracterização das empresas

Todas as empresas entrevistadas trabalham com Produto Elaborado (100%); quase metade da amos-tra tem as suas próprias pedreiras e participa na ex-tração do material (45,2%); algumas trabalham com grandes armazéns para a distribuição e venda dos seus produtos e outras com distribuidores de peque-na dimensão. O tipo de pedra mais explorado é o Mármore (67,7%), seguido do Calcário (61,3%) e do Granito (35,5%); sendo o Xisto ou Ardósia o tipo de pedra menos explorado pelas empresas da amostra. Todas as empresas fazem produto de Revestimen-to para Interior (100%) embora grande parte delas também se dedique à criação de Pavimento (93,3%) e Revestimento para Exterior (80%).

Paraainvestigação,criaçãoedesenvolvimentodenovos

produtosn.ºempresas

percentagem

(%)

DepartamentointernodeI+D+i 3 9,7

Outrodepartamentointerno 16 51,6

Empresaexterna 1 3,2

Contrataçãodefreelancer 1 3,2

Cliente 8 25,8

Outro 2 6,5

TOTAL 31 100,0

Tabela 3. Tipos de empresas

Fonte: Elaboração própria

Fonte: Elaboração própria

Atividade TipodePedra TipologiadeProduto

Extração 45,2% Granito 35,5% Rev.Exterior 80,0%

P.Semi‐Elaborado 51,6% Basalto 25,8% Rev.Interior 100%

P.Elaborado 100,0% Arenito 25,8% Pavimento 93,3%

Dist.Grande 58,1% Calcário 61,3% Estrutura 66,7%

Dist.Pequenos 41,9% Travertinos 35,5% MobiliárioUrbano 46,7%

Mármore 67,7% ArteFunerário 33,3%

Xisto/Ardósia 25,8% Artesanato 33,3%

Outros 19,4%

Page 36: Rochas & Equipamentos N. 104

ROCHAS & EQUIPAMENTOS34

5.1. Posicionamento do I+D+i nas empresas entrevistadas

Na seguinte tabela – Tabela 3 – podemos verificar como trabalham as empresas no que se refere à in-vestigação, criação e desenvolvimento de novos pro-dutos.

Os resultados mostram que poucas empresas têm um departamento interno que se dedique especifi-camente à investigação, criação e desenvolvimento de novos produtos, apenas 9,7% da amostra. Exis-tem algumas empresas (25,8%) que trabalham dire-tamente com o cliente na criação de novos produtos, mas na maioria das empresas (51,6%) quem se dedi-ca a criar novos produtos são outros departamentos internos que ao mesmo tempo realizam outro tipo de atividades na empresa (produção, marketing, vendas, gerência ou direção).

5.2. Valorização da contribuição do Design nas empresas

Utilizando perguntas de graduação unipolar do um ao quatro – onde o um se considera ‘nada importan-te’ e o quatro ‘muito importante’ podemos classifi-car, através de um cálculo de medias, a opinião das empresas enquanto à contribuição do Design. Quase todos os aspectos foram considerados como ‘impor-tante’ (m>3) – Tabela 4.

Tabela 4. Valorização do aporte do Design às empresas

Os contributos do Design às empresas, considerados por estas como ‘mais importantes’, foram: ‘Melhora as vendas e a projeção da empresa’, ‘Melhora a es-tética do produto’ e ‘Garante a satisfação do cliente’. Em contrapartida, os valores do Design considerados como ‘menos importantes’ foram: ‘Melhora a relação qualidade/preço do produto’, ‘Melhora a sustentabi-lidade no processo produtivo’ e ‘Melhora a comodi-dade no uso do produto’.

5.3.1. Contribuição do Design em relação ao tipo de empresas.

Através de uma Tabela Básica, que relaciona as va-riáveis obtidas de uma pergunta de valores graduais com outra de resposta única, podemos calcular os da-dos estatísticos dentro de um subgrupo – o aporte do design com o tipo de empresas existentes na amos-tra, segundo o seu processo para a criação de novos produtos. Realizou-se um ANOVA, para identificar as variáveis com maior dependência na amostra.

Neste estudo as variáveis mostram, na sua maioria, uma significância inferior a 0,5 apenas a variável ‘Melhora a comodidade no uso de produto’ apresen-ta um nível de confiança maior, na ordem dos 90% (sig.<0,1). A maioria dos conceitos foram considera-dos positivos (m>3); são as empresas que têm de-partamento interno de I+D+i, as que atribuem maior importância aos conceitos apresentados – Tabela 5.

Fonte: Elaboração própria

Estudos

Companies

ValoresdoDesignTOTAL

(media)

Garanteasatisfaçãodocliente 3,23

Garanteafidelidadedocliente 3,19

Melhoraaestéticadoproduto 3,32

Melhoraarelaçãoqualidade/preçodoproduto 3,06

Melhoraacomodidadenousodoproduto 2,94

Melhoraoaproveitamentodomaterialesuascaracterísticas

particulares/naturais3,13

Melhoraasustentabilidadenoprocessoprodutivo 3,06

Melhoraasvendaseaprojeçãodaempresa 3,42

Criasegurançadentrodaempresa 3,13

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35ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Page 38: Rochas & Equipamentos N. 104

ROCHAS & EQUIPAMENTOS36

Tabela 5. Contributo do Design em empresas com departamento interno de I+D+i

Paraainvestigação,criaçãoedesenvolvimento

denovosprodutos

Dep.

i+D+I

Outro

Dep.

Emp

.Ext.

Free

LancerCliente Outro

TOTAL ANOVA

ValoresdoDesign

M m m m m m m Sig.

Garanteasatisfaçãodo

cliente3,67 3,38 2,00 3,00 3,00 3,00 3,23 0,244

Garanteafidelidadedo

cliente3,67 3,31 3,00 3,00 2,88 3,00 3,19 0,617

Melhoraaestéticado

produto3,67 3,50 3,00 3,00 3,00 3,00 3,32 0,331

Melhoraarelação

qualidade/preçodo

produto

3,33 3,25 2,00 3,00 2,75 3,00 3,06 0,423

Melhoraacomodidadeno

usodoproduto4,00 3,06 2,00 2,00 2,50 3,00 2,94 0,045

Melhoraoaproveitamento

domaterialesuas

característicasparticulares

/naturais

4,00 3,19 3,00 3,00 2,75 3,00 3,13 0,379

Melhoraasustentabilidade

noprocessoprodutivo4,00 3,13 2,00 3,00 2,75 3,00 3,06 0,221

Melhoraasvendasea

projeçãodaempresa3,67 3,50 3,00 4,00 3,13 3,50 3,42 0,317

Criasegurançadentroda

empresa3,67 3,25 3,00 2,00 2,75 3,50 3,13 0,260

TOTAL 3,74 3,29 2,56 2,89 2,83 3,11 3,16

Fonte: Elaboração própria

As empresas que dão mais importância aos concei-tos apresentados são as que têm um departamento interno de I+D+i, seguidas das que desenvolvem os novos produtos a partir de outros departamentos internos, e das que seguem outros sistemas de tra-balho. As que criam os produtos a partir da opinião do cliente e as que subcontratam estes serviços a empresas externas são as que menos valor atribuem ao contributo do Design nas empresas.

Os conceitos valorizados como ‘Muito Importantes’ (m=4), pelas empresas com Departamento Interno de I+D+i são: ‘Melhora a comodidade no uso do pro-duto’, ‘Melhora o aproveitamento do material e suas

características particulares/naturais’ assim como ‘Melhora a sustentabilidade do processo produtivo’. Os restantes aspectos foram valorizados, por este grupo de empresas, como ‘Importantes’ (3<m>4). ‘Melhora a relação qualidade/preço do produto’ foi o conceito menos valorizado por estas (m=3,33).

As empresas que criam e desenvolvem novos produ-tos desde departamentos internos que se dedicam simultaneamente à gestão de outras atividades da empresa, valorizam com maior importância a estéti-ca e a projeção que o Design oferece, e como menos importante o papel do Design na sustentabilidade do processo produtivo.

Estudos

Companies

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37ROCHAS & EQUIPAMENTOS

6. Conclusões

O sector pétreo Espanhol e Português bastante desen-volvido do ponto de vista tecnológico e com equipa-mento moderno, não dispõe contudo das ferramentas de design managment adequadas que lhe permita resolver os problemas e responder às necessidades atuais de diversificação dos produtos, devido à forte concorrência mundial a que as empresas do sector estão sujeitas. A situação atual do mercado obriga as empresas a oferecer mais produtos, diferentes, e a melhorar o serviço ao cliente, assim como a adaptar--se às mudanças de gosto dos consumidores.

Neste trabalho apresentámos e analisámos os dados de uma sondagem realizada às empresas do sector da transformação da Pedra Natural em Espanha e Portugal, com a finalidade de identificar sua postura quanto à inovação, criação e desenvolvimento de novos produtos e contrastar as diferentes empresas com as suas opiniões.

Concluímos que a maioria das empresas estudadas reconhece a importância do Design e seu contributo, mesmo que não possuam um departamento especí-fico. Para as empresas que trabalham com o Design a nível externo, através da subcontratação desses serviços a empresas externas ou a free lancers, estes conceitos são muito menos importantes.

O conceito considerado mais importante para as em-presas que têm departamento interno de I+D+i é que

o Design ‘Melhora a comodidade no uso do produto’, sendo o conceito menos valorizado pelas empresas que desenvolvem produtos a partir de outros depar-tamentos internos não especializados em I+D+i.

O estudo oferece uma contribuição relevante ao setor, uma vez que considera, através de uma amostra re-presentativa das empresas presentes em feiras nacio-nais de cada país, a opinião e o tratamento estatístico, quantificável, de dados compilados. É um trabalho, na área do Design e para o sector, considerado inovador. Através do estudo destes dados podem traçar-se per-fis de empresas mais favoráveis e desenvolver proje-tos piloto de implementação de planos estratégicos de Design para a criação de novos produtos.

Como trabalho futuro apontamos para a recolha de informação sobre o estudo de um novo conceito a introduzir no setor, comparando a opinião dos em-presários e do consumidor para verificar a possibili-dade de desenvolver novas linhas de produto mais competitivas no sector.

7. Referencias

(s.d.).

AIDICO - Instituto Tecnológico de la Construcción. (2008). Informe sectorial de la Piedra Natural 2007. Ámbito Nacional. Valencia: Observatorio del Merca-do de la Piedra Natural.

Page 40: Rochas & Equipamentos N. 104

ROCHAS & EQUIPAMENTOS38

AIDICO - Instituto Tecnológico de la Construcción. (2010). Informe sectorial de la Piedra Natural en Es-paña 2009. Ambito Nacional. Observatorio del mer-cado de la Piedra Natural.

AIDICO - InstitutoTecnológico de la Construcción. (2011). Informe sectorial de la Piedra Natural en Es-paña 2010. Observatorio del mercado de la Piedra Natural. Valencia: AIDICO.

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CEVALOR – Centro Tecnológico para o Aproveita-mento e Valorização das Rochas Ornamentais e In-dustriais. (2004). Estudo de mercado de exportação da Pedra Natural Portuguesa para a Alemanha e principais países do alargamento. Analise e diag-nostico.

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Keh, P.-R. (February de 2011). Best Finishing Touch. Wallpaper , 62.

Martins, O. (2008). Mercados de Rochas Ornamen-tais Itália, Estados Unidos Da América, Brasil E Índia. Rochas & Equipamentos .

Paixão-Barradas, S. (2008). PICNIC: A Paisagem e a Pedra. Lisboa: Edições Colibri.

Paixão-Barradas, S., Hernandis, B. O., & Maciel Ma-zarelo, K. P. (2012). La piedra natural como materia fundamental en el diseño de equipamiento urbano – Estudio de un caso. Iconofacto - Revista de la Es-cuela de Arquitectura y Diseño , 9 (11).

Peiter. (2001). Rochas Ornamentais No século XXI: Bases para uma Política de Desenvolvimento Sus-tentado das Exportações Brasileiras. Rio de Janeiro, Brasil: CETEM/Abirochas - Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais.

Walton, T. (2004). Design as Economic Strategy. De-sign Management Review , 15 (4), 6-9.

Susana Paixão-Barradas. Designer de Produto, Docente e Investigadora na Universidade Politécnica de Valência (UPV/Espanha). Com formação em Design Industrial pelo Instituto de Artes & Design (IADE/Portugal), mestrado em Desenho, Gestão e Desenvolvimento de Novos Produtos (UPV) e doutoranda em Desenho, Fabricação e Gestão de Projetos Industriais (UPV).

Estudos

Companies

Page 41: Rochas & Equipamentos N. 104

Venda e Assistência Técnica:

Zona Industrial l Lote 1 e 2 l Apartado 50 7160-999 Vila Viçosa l PortugalTelf.: +351 268 889 380 l Fax: +351 268 889 389

Email: [email protected]://www.poeiras-mf.pt

l l l l l l l l lll l l l l l l ll l l

excelência’ 11

25 Anos

1985 - 2010

PROJECTO, FABRICAÇÃO E INOVAÇÃO

Máquinas e Ferramentaspara

Extracção e Transformação

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS40

Feiras & Congressos

Investigadores e empresários da pedra natural, pro-venientes de vários países, vão encontrar-se em Ju-lho, no Alentejo, onde vai realizar-se a 4ª edição do Global Stone Congress, um evento que se realiza há 6 anos e onde os empresários poderão ficar a par de novas tecnologias e técnicas, entre outros temas com interesse para a indústria.A sessão inaugural vai ser no Cevalor, em Borba. To-dos os dias haverá “visitas técnicas”, com desloca-ções dos participantes a pedreiras e a unidades de transformação.

Em contagem decrescente para o encontro o Presi-dente do Comité Científico, Luís Guerra Rosa, Pro-fessor no Instituto Superior Técnico*, respondeu à revista Rochas e Equipamentos que a organização do congresso já recebeu 118 “abstracts” (resumos de candidaturas a apresentação de trabalhos).O Comité Científico aceitou 117, excluindo apenas um que não se enquadrava nos objetivos do congresso.

Quais foram os países com mais candidaturas de “papers” (comunicações)?

Recebemos “abstracts” (resumos) oriundos de 13 pa-íses. Os países com mais comunicações são: Portugal (39), Brasil (31), Espanha (20) e Turquia (12).

Em Portugal qual é a universidade que vai apresentar mais “papers” (comunicações)?

As comunicações portuguesas (39) são oriundas não só das universidades mas também de outros centros de investigação e de empresas. Estamos muito satis-feitos com a adesão dos técnicos portugueses. Temos comunicações vindas de vários pontos, de norte a sul de Portugal continental. Não me parece que deva salientar quem enviou mais, uma vez que a distribui-ção é bastante equilibrada e cobre as atividades que têm sido desenvolvidas e as competências próprias de cada um.

Luís Guerra Rosa,

Professor no Instituto Superior Técnico

é o presidente do Comité Cientifico

do Global Stone Congress 2012

-Global Stone Congress 2012-

O Acontecimento da Pedra Natural É Em Portugal

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41ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Como analisa a adesão/participação que está a ve-rificar-se? Acima das suas expectativas ou em linha com as mesmas?

Há dois anos, no Global Stone Congress 2010 que se realizou em Alicante (Espanha) o número total de comunicações foi de 79 (sendo 54 orais e 25 em forma de poster). Em 2008, no congresso que teve lugar em Carrara (Itália) o número total de comu-nicações foi de 92 (64 orais e 28 em poster). Parece que vamos exceder claramente estes números e isso significa que, apesar da crise económica, o sector está bem vivo, quer participar ativamente, dar-se a conhecer melhor, discutir temas que lhe interessam.

O que espera deste congresso?

R- Na linha das edições anteriores, esp ero que seja uma grande manifestação de pujança de um sector dito tradicional em que o progresso técnico - cien-tífico se tem afirmado de um modo muito significa-tivo, mas que é pouco valorado pela generalidade dos decisores. Estes eventos servem para mostrar a panóplia de estudos e tecnologias que se aplicam ao setor. O setor da pedra natural emprega hoje algu-mas das tecnologias mais avançadas. Tem, também, preocupações ambientais e de sustentabilidade em geral. A investigação e os estudos de carácter cien-tífico que se debruçam sobre os vários temas que envolvem o sector da pedra natural merecem ter um fórum como este: um congresso técnico-científico internacional que lhes é especialmente dedicado, or-ganizado nos moldes habituais, internacionalmente aceites, tal como acontece com outros setores.

Que mais-valias destaca em relação às edições an-teriores?

Em relação às três edições anteriores destaco que, pela primeira vez, os autores dos artigos apresen-tados no congresso podem submetê-los, posterior-mente, a um processo de revisão por pares (peer--review) para que possam ser publicados numa revista científica internacional (a “Key Engineering Materials”, cujos textos completos estão disponíveis na Web através da plataforma www.scientific.net). Isto reforçará, certamente, a qualidade dos trabalhos apresentados e aumentará o prestígio internacional destes congressos.

O Global Stone Congress, cuja primeira edição foi no Brasil, em 2005, foi um acontecimento pioneiro no sector, pelas características técnico-científicas do evento?

As duas primeiras edições, a primeira em Guarapari, no Brasil (2005), a segunda em 2008,em Carrara, Itália, tiveram outra denominação – International Congress on Dimension Stones. Só em 2010, em Alicante, é que surgiu o atual nome, que deverá manter-se. As raízes do Global Stone Congress, se assim se podem chamar, estão também ligadas à EUROTHEN e à OSNET. A EU-ROTHEN (European Thematich Network on Extractive Industries) foi uma rede temática, criada no fim dos anos 90 pela União Europeia que funcionou agregan-do muitas instituições ligadas à investigação na área das indústrias extrativas e que tinha um sub - grupo só para rochas ornamentais. Houve reuniões em vários países europeus. Posteriormente foi criada a OSNET -Ornamental and Dimensional Stones Network, cujo site ainda está ativo e que era uma rede temática fi-nanciada pela União Europeia que editou vários livros e pôs várias instituições a trabalhar em rede. Há pessoas e organizações que participaram nestes encontros que vão também estar presentes no GSC 2012. Nada se faz sem alicerces e sem boas parcerias…Daí a presença da ABIROCHAS, a associação brasileira, na comissão orga-nizadora da 4ª edição do GSC, assim como do CETEM, centro de tecnologia mineral do Brasil.

Vai apresentar alguma comunicação?

O nosso grupo de investigação trabalha nas áreas da caracterização e do processamento das rochas ornamentais.

No Congresso de Alicante fui um dos keynotespe-akers, com o tema “Novas tendências e desafios da indústria de transformação de pedra”. Nesta edição o grupo de investigação que coordeno vai apresentar 5 comunicações de que sou coautor. O grupo tem elementos mais jovens que irão apresentar as co-municações. Se algum deles não puder, eu estou dis-ponível para o/a substituir, mas em princípio serão outros a apresentar.

*Luís Guerra Rosa é Professor Associado no Instituto Superior Técnico. Licenciado em Engenharia Metalúrgica (IST 1977), com Doutoramento em Engenharia Mecânica (IST 1986) e Agregação em Engenharia de Materiais (IST 2004).

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS42

CONTEÚDOS DO GLOBAL STONE CONGRESS 2012

► PEDREIRAS - PROSPEÇÃO E EXPLORAÇÃO

(geologia e dimensionamento de depósitos; geotecnia; geofísica; caracterização de blocos, etc)

► FABRICAÇÃO - FERRAMENTAS E OTIMIZAÇÃO

(corte; polimento; novos equipamentos, ferramentas e processos de fabricação, análise de superfície e métodos de classificação; etc)

► MEIO AMBIENTE

(reabilitação de áreas de exploração, reciclagem e valorização de resíduos; ordenamento do território, etc)

► CARACTERIZAÇÃO E NOVOS PRODUTOS

(avaliação de propriedades físico-mecânicas, desenvolvimento de metodologias de ensaio; esforços de padronização; aplicações inovadoras para a Pedra Natural; etc)

► PEDRAS NATURAIS NA ARQUITECTURA E DESIGN

(exemplos de aplicação; modelação virtual; conservação, alteração, durabilidade, etc)

COMITÉ ORGANIZADOR

► PRESIDÊNCIA

VALOR PEDRA - Entidade Promotora/Organizadora

► MEMBROS

ANIET - Associação Nacional da Industria Extractiva e Transformadora

ABIRochas - Associação Brasileira da Industria das Rochas Ornamentais

ASSIMAGRA – Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins

CÂMARA MUNICIPAL DE BORBA

CÂMARA MUNICIPAL DE ESTREMOZ

CÂMARA MUNICIPAL DE VILA VIÇOSA

CETEM – Centro de Tecnologia Mineral do Brasil

CEVALOR – Centro Tecnológico para o Aproveita-mento e Valorização das Rochas Ornamentais e In-dustriais

DGEG – Direcção Geral de Energia e Geologia

IST – Instituto Superior Técnico

UE - Universidade de Évora

UNL - Universidade Nova de Lisboa

COMITÉ CIENTIFICO

► PRESIDENTE

Luís Guerra Rosa – Instituto Superior Técnico

► VOGAIS

Luís Lopes – Universidade de Évora

Zenaide Silva – Universidade Nova de Lisboa

Programa e mais informações em http://globalstone2012.com/pt/

Feiras & Congressos

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43ROCHAS & EQUIPAMENTOS

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS44

Feiras & Congressos

Zenaide Carvalho Silva participou em todos as edi-ções do GSC (Global Stone Congress) com exceção da que se realizou em Alicante, por incompatibilidade de agenda. Lembra-se que tanto no Brasil como em Ali-cante estes encontros decorreram paralelos a feiras do sector, que os congressistas visitaram. Em todos, apre-sentou comunicações, como vai, aliás, fazer este ano, no Alentejo, todas relacionadas com um dos seus te-mas de estudo preferidos, “a alteração de rochas, com acabamentos diversos, quando expostas a ambientes agressivos”. Considera que estes encontros são “ ex-periências enriquecedoras e fontes de conhecimento tanto para quem está no terreno e na indústria como para quem investiga na universidade. São excelentes momentos de intercâmbio de saberes”.

Afirma ter um contacto estreito e regular com vários empresários portugueses que estão sempre genero-samente disponíveis para lhe facultar amostras de pedras naturais para as suas experiências. Os seus estudos têm-se desenvolvido em áreas como a pe-trologia e geoquímica de rochas ígneas e metamórfi-cas, rochas ornamentais, património cultural em pe-dra, degradação da pedra em monumentos e efeito dos poluentes atmosféricos.

Tem várias obras publicadas nestas áreas, mas a mais recente data de 2007 e intitula-se “O lioz português” (edições Afrontamento, Porto).

Considera, com humor, que o estudo das rochas se torna uma doença contagiosa “que nunca mais nos larga”.

Licenciada em Geologia fez o doutoramento na es-pecialidade de Petrologia e Geoquímica, disciplinas que, juntamente com a Minerologia, coordenou na Universidade Nova de Lisboa.

Organizou já duas reuniões científicas internacionais sobre pedra e arquitetura, no departamento de Ciên-cias da Terra da UNL, que contaram com a participa-ção de vários arquitetos e considera que pode dar-se mais qualidade e sensibilidade ao ensino de rochas ornamentais, nas faculdades de arquitetura.

Classifica como experiencias profissionais extrema-mente enriquecedoras a elaboração, em coautoria, da obra “O Perfil Analítico dos Mármores e Granitos do Brasil” e o ter trabalhado como geóloga nos ser-viços geológicos do Brasil e de Angola.

Zenaide Carvalho Silva,

Professora jubilada

na Universidade Nova de Lisboa,

é vogal do Comité Científico

do Global Stone Congress 2012

Experiência Enriquecedorapara a Academia e para a Indústria

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS46

Feiras & Congressos

O gigante do hemisfério sul canalizou 1,79 milhões de euros para promover, nos próxi-mos 12 meses, as suas rochas ornamentais. O anúncio foi feito, com pompa e circuns-tância, debaixo dos holofotes da inauguração do maior certame de pedra natural e equipa-mentos de toda a América Latina, a 33ª edição da Vitória Stone Fair, que se realizou, como sempre, no Espírito Santo, de 7 a 10 de Fe-vereiro.

O protocolo foi assinado entre a Apex, Agência Brasileira para a Promoção de Ex-portações e Investimentos e a Abirochas, Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais e vai financiar várias ações de promoção nos mercados externos. O objetivo é definir uma estratégia de branding, com vista a fortalecer um posicionamento mais agressivo do Brasil, promovendo-o como o principal fornecedor mundial de pedra natu-ral, em qualidade e em variedade.

O financiamento vai beneficiar 205 empre-sas, 80% localizadas no Estado do Espírito Santo. O acordo determina a participação destas empresas em pelo menos 3 feiras in-ternacionais: Xiamen, na China, Coverings, nos Estados Unidos e Marmomacc, em Itá-lia. Abrange, também, o aconselhamento de ações de marketing; inserção de publicidade; consultoria técnica e de negócios; criação e lançamento de um website para divulgar o mercado e os produtos brasileiros; o convite a jornalistas estrangeiros para visitarem o Brasil e fazerem a cobertura de novidades a lançar pelo sector.

-Vitória Stone Fair 2012-

Rampa de Lançamento para Branding das Rochas Ornamentais Brasileiras

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47ROCHAS & EQUIPAMENTOS

-Vitória Stone Fair 2012-

Rampa de Lançamento para Branding das Rochas Ornamentais Brasileiras

Na mira estão alvos já definidos, através de um estudo desenvolvido pela Apex em parce-ria com a Abirochas –pretende-se consolidar os bons clientes, como a China e os E.U.A , entrar em novos mercados, como os Emira-dos Árabes Unidos e França e fazer prospe-ção de oportunidades de negócio na Polónia, no Reino Unido, no Chile, no Japão, no Cana-dá e no México.

Durante a Feira a Abrirochas e a Apex or-ganizaram também um seminário intitulado “Exportar é Inovar” que suscitou o interesse e a participação de muitos empresários.

Foi também no palco da inauguração da Vi-tória Stone Fair que foi assinado um proto-colo entre o governo do Estado do Espírito Santo e o Sindirochas (Sindicato das Indus-trias de Rochas Ornamentais, Cal e Calcário do Estado do Espírito Santo) que contempla significativas reduções do ICMS- imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços de transporte interestadual – na circulação de produtos acabados e semiacabados, como as chapas polidas.

As vendas das rochas ornamentais produ-zidas no Espírito Santo representaram 70% das exportações brasileiras do sector, em 2011, e a feira Internacional de Mármore e Granito do Espírito Santo está entre os 4 maiores eventos do género no Mundo, pelo que é natural que a Feira tenha sido esco-lhida para o anúncio de medidas que visam aumentar a competitividade das exportações das rochas ornamentais brasileiras.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS48

É quase supérfluo dizer que, segundo números di-vulgados pela organização, a Vitória Stone Fair 2012 contou com 25 mil visitantes, oriundos de 65 países e 420 expositores sendo 110 internacionais, prove-nientes de 18 países (Itália, Espanha, França, Portu-gal, Índia, Argentina, Grécia e Turquia, entre outros). Quem visitou a feira sentiu um país e um setor dinâ-mico e repleto de projetos.

A crise que se vive na Europa e o lento retomar dos EUA abrem ao Brasil perspetivas de afirmação no co-mércio internacional que o país está, como se cons-tata, a aproveitar.

Em 2011 as exportações aumentaram globalmente, 4,22% (em faturação). Os números de Janeiro do

corrente ano, já disponíveis, revelam um acréscimo de 24,63% (também em faturação) face ao período homólogo.

Os principais clientes continuam a ser a China, para os blocos, representando este país 14,16% do vo-lume de faturação e os EUA, cujas vendas, princi-palmente de chapas de granito polido, representam 50,68% da faturação das exportações.

As pedras translúcidas foram um produto comerciali-zado em 2011, com muito sucesso, no mercado norte--americano e estiveram também expostas na Vitória Stone Fair: são peças de granito, com luminárias la-terais, que lhes conferem o aspeto de transparência.

Na feira podia também encontrar-se uma pedra (már-more) rara no Brasil, extraída em Minas Gerais, deno-minada Matrix. O resultado da combinação das tonali-dades chumbo e prata – semelhante a rocha vulcânica – conquistou os arquitetos alemães responsáveis por um centro comercial de 10 andares, em construção na Alemanha. Quando a viram exposta na feira, em 2009, decidiram que seria esse o revestimento da fa-chada. Foram necessários 15 mil metros quadrados de pedra para forrar o edifício que será inaugurado no fim do ano. O tamanho solicitado (3,80 metros cada pedra) foi um desafio, nas palavras do empresário que comercializa a Matrix. Mas o mais arrojado ainda, foi o acabamento - as peças foram escovadas, a pedido dos arquitetos, num acabamento que forma um ligeiro alto-relevo e que lhe dá um ar ultra moderno.

Também proveniente de Minas Gerais saltava à vis-ta, pela cor e pela ausência de nome comercial uma pedra de um amarelo forte, gritante. Foi descoberta recentemente (há 7 meses) e o nome definitivo será selecionado numa lista elaborada com as propostas de vários clientes.

Page 51: Rochas & Equipamentos N. 104

49ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Empresários disponíveis para a inovação e a criativi-dade: os principais ingredientes para a afirmação e a diferença, num mercado cada vez mais competitivo.Missão Empresarial Luso-BrasileiraOrganizada pelo departamento de Geociências da Universidade de Évora decorreu, paralelo à Vitória Stone Fair, um encontro entre empresários portugueses e brasileiros. Ruben Martins e Luís Lopes, docentes na Universidade de Évora, foram os organizadores da Missão.

Não é muito frequente uma universidade ter esta preocupação de organizar ações integradas de promoção comercial internacional. Porque o fize-ram?

Ruben Martins Bom, eu não tenho conhecimento que alguma universidade se tenha envolvido di-retamente numa missão empresarial, mas admito que já possa ter acontecido. O Departamento de Geociências da Universidade de Évora fê-lo por-que temos uma grande proximidade ao tecido empresarial do sector da pedra natural. É assim que a Universidade deve funcionar, deve estar aberta à sociedade e às forças vivas do país. Uma universidade ao fechar-se sobre si mesma tem os dias contados. Por outro lado as empresas têm um papel fundamental na formação dos nossos enge-nheiros pois recebem os nossos alunos em estágios curriculares, no âmbito de algumas disciplinas.

Mas há que dizer que a Universidade de Évora não esteve sozinha nesta organização. Também colabora-ram nesta missão a Assimagra, o Cevalor, a Associa-ção Valor Pedra e a Rochas e Equipamentos, parceiros

fundamentais para se ter conseguido um grupo mui-to significativo de empresas.

Um dos pontos da nossa agenda foi divulgar o Glo-bal Stone Congress 2012 que irá decorrer no Alentejo entre 16 e 20 de Julho. Acho que nesse aspeto fomos muito eficientes, pois vamos ter uma enorme comi-tiva brasileira.

Qual foi e como analisa a adesão e participação dos empresários portugueses e brasileiros?

Relativamente à participação das entidades portuguesas foi excelente. Conseguimos reunir quatro instituições não-governamentais, duas câmaras municipais da Zona dos Mármores e dezasseis empresas. Do lado brasileiro tivemos a preciosa colaboração da ANPO, Associação do Noroeste de Pedras Ornamentais e em particu-lar do Dr. Mário Imbroisi que foi a pessoa que preparou todo o programa.

A ANPO ficou com o registo das empresas por-tuguesas e do seu perfil e divulgou-o junto de todos os seus associados, daí que eu acredite que futuramente poderá haver mais contactos.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS50

Feiras & Congressos

Neste momento posso avançar que já há negocia-ções com duas empresas que integraram a comitiva e no próximo mês de Abril vamos ter a visita do Dr. Mário Imbroisi e do Dr. Domingo Sávio Otaviani que é presidente da ANPO e também um importante in-dustrial brasileiro. Sei que fazem questão de visitar alguns dos participantes da comitiva. Tenho alguma expectativa no que possa surgir desta visita.

Sei que o Cevalor rentabilizou muito bem a ida ao Brasil, pois assinou ou vai assinar protocolos de coo-peração com centros homólogos, particularmente o CETEM, para o intercâmbio de técnicos para traba-lhos específicos, facto que, penso que já se vai con-cretizar dentro de pouco tempo.

Sente que Portugal é encarado, de facto, pelo Brasil, como uma plataforma entre continentes e merca-dos, e uma porta de entrada para o mercado europeu e de língua portuguesa?

Isso foi o que os brasileiros nos transmitiram e varia-díssimas vezes. Eles querem encarar Portugal como uma porta de entrada das suas pedras para a Europa e nós temos que nos assumir como tal. Se nós não o fizermos, os brasileiros arranjarão outras portas na Europa que, aliás já as têm e até no Magrebe. Se não assumirmos isso vamos ficar literalmente a ver os navios, a passar ao largo e ficamos de fora de um fluxo comercial cada vez mais importante.

Sendo o Brasil tão rico em pedra natural que pedra portuguesa é que poderá interessar aos brasileiros importar a Portugal?

De facto, os nossos granitos terão, por certo mais dificuldade em entrarem no mercado brasileiro, tal a diversidade de rochas ígneas que eles têm; a não

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51ROCHAS & EQUIPAMENTOS

ser que algum industrial português tenha algum pro-duto verdadeiramente inovador, como o caso de um industrial do norte do país que nos acompanhou e que desenvolveu uma aplicação muito interessante para o seu granito.

Quer os calcários sedimentares, quer os mármores poderão ter mais possibilidade de sucesso no mer-cado brasileiro, mas penso que haverá ainda muita “pedra para partir”.

Durante a nossa estadia no Brasil aconteceu um epi-sódio surreal… Numa visita a uma fábrica, na Barra de São Francisco a pessoa que me mostrava chapas de pedras exóticas brasileiras, a certa altura diz-me que quer mostrar uma pedra da China. Qual foi a mi-nha surpresa quando percebi que se tratava de um calcário do Maciço Calcário Estremenho. Na altura chamei prontamente um industrial da zona que in-tegrava a comitiva e claro, ficou tão surpreso quanto eu, afirmando que ele tinha uma pedreira com aquela pedra e era especificamente calcário do Codaçal. Fi-quei ainda mais admirado quando o senhor que nos fazia a visita me disse que as pedras exóticas brasi-leiras (e diga-se em abono da verdade que são ab-solutamente espetaculares) custavam cerca de 120, 130 e 140 dólares o metro quadrado e o tal calcário “chinês” custava 150 dólares o metro quadrado. En-tão eu disse-lhe – agora você começa a comprar esta pedra na origem que é em Portugal e está aqui o in-dustrial que a explora. Acho que o industrial brasilei-ro acabou por ficar tão surpreendido como eu. Penso que os dois industriais acabaram a trocar cartões.

Afinal o Brasil até importa pedra portuguesa, por certo, não será muita, mas fá-lo, não pela via mais vantajosa para nós e isso é que não pode ser…

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS52

Feiras & Congressos

Edição

46ªMarmomacc

(Set.2011)

12ªXiamen

(Mar.2012)

Área(m2) 76000 115000

Visitantes 56000 127486

Expositores 1518 1500

NºPaísesExpositores 61 52

NºPaísesVisitantes 130 148

Edição

46ªMarmomacc

(Set.2011)

12ªXiamen

(Mar.2012)

Área(m2) 76000 115000

Visitantes 56000 127486

Expositores 1518 1500

NºPaísesExpositores 61 52

NºPaísesVisitantes 130 148

-Xiamen Stone Fair 2012-

O Ano Do DragãoFoi na edição deste ano, a 12ª, que a Xiamen Stone Fair destronou a histórica Marmomacc….

Os empresários que participaram, coincidiram numa afirmação - o volume de negócios realizados na feira de Xiamen deste ano (2012) foi superior ao de qual-quer outra feira.

No espaço de 12 anos a consolidação da feira de Xiamen como evento incontornável para fazer negó-cios e contactos, no sector da pedra natural, fez-se a pulso e consumou-se. Já alcançou a tradicional feira de Verona, na sua 46ª edição (Setembro 2011), tanto no número de visitantes, como no número de expo-sitores e está quase a atingir, também, a diversidade de países expositores presentes.

Fizemos o exercício dos números analisando as esta-tísticas divulgadas pelas organizações dos dois cer-tames. Veja as diferenças!

Há, no entanto, uma falha que a feira de Xiamen tem em relação à feira de Verona que é a presença

de poucos expositores de equipamentos e tecnolo-gia para a indústria da pedra. Em contrapartida, em Marmomacc encontram-se sempre as últimas novi-dades, num setor onde os italianos dão cartas…

Como fator negativo assinala-se, também, a cada vez mais abundante presença de expositores de aglomerados, um dos principais concorrentes das ro-chas ornamentais….

Em relação à edição anterior (2011) houve mais 130 expositores; afluíram mais 7008 visitantes; houve mais 8 países visitantes e mais 2 países expositores Estes são os países expositores que podem contabi-lizar-se através das inscrições feitas no site da feira de Xiamen:

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53ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Edição 2006 2007 2008 2009 2010 2011 20122013

Expectativas

Espaço

(m2)42000 60000 75000 90000 95000 105000 115000 158000

Expositores550 850 1000 1211 1300 1370 1500 2000

Visitantes42500 50000 70981 86713 101526 120478 127486

Visitantes

deoutros

continentes

5500 8000 11782 13896 20168 22185 23221

NºPaíses

Expositores20 30 35 42 45 50 52

NºPaíses

Visitantes67 85 115 125 130 140 148

Xiamen Stone Fair/Retrospetiva

Fonte: Organização da Xiamen Stone Fair

Arábia Saudita, Austrália, Alemanha, Arménia, Brasil, Canadá, China, Espanha, Egipto, EUA, França, Fin-lândia, Filipinas, Federação Russa, Grécia, Itália, Irão, Índia, Indonésia, Japão, Líbano, Macedónia, México, Noruega, Omã, Portugal, Polónia, Palestina, Paquistão, Reino Unido, Suíça, Singapura, Síria, Suécia, Taiwan, Turquia, Tunísia, Vietname.

Os países expositores na feira de Marmomacc, divul-gados pela organização, foram os seguintes:

Afeganistão, Algéria, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Áustria, Alemanha, África do Sul, Bélgi-ca, Brasil, Bulgária, Canadá, China, Coreia, Chipre, Croácia, Egipto, Espanha, Estónia, Eslovénia, Emira-dos Árabes Unidos, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Grécia, Hungria, Holanda, Índia, Irão, Israel, Japão, Jordânia, Líbano, Luxemburgo, Macedónia, México, Marrocos, Montenegro, Nigéria, Noruega, Omã, Pa-quistão, Palestina, Polónia, Portugal, República Che-ca, República Dominicana, Rússia, Roménia, Sérvia, Suécia, Suíça, Síria, Taiwan, Tunísia, Turquia, Ucrâ-nia, Vietnam, Zimbabwe.

Em 2013 a organização da feira já anunciou que será inaugurado um novo pavilhão para o evento, de for-ma a permitir a participação de um maior número de empresas, bem como proporcionar áreas individuais maiores. Depois dos ciclos históricos recentes de maior representatividade das feiras de Carrara, Nu-remberg, Coverings e Verona, a vez agora é da China, com o evento de Xiamen.

Prevê-se que o ciclo positivo da Feira de Xiamen perdure pelo menos nos próximos 3 ou 4 anos em função da evolução da economia chinesa e do seu mercado imobiliário. A China continua a ser o maior cliente da pedra portuguesa, absorvendo 17% das exportações nacionais. Em 2011 o crescimento das exportações para a China foi 9,27%.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS54

II. Eventos de Natureza Institucional e Promocional

Assembleia-Geral

Nas organizações de tipo associativo, a Assembleia Geral é o órgão supremo que decide sobre as políti-cas a seguir. Normalmente é composta pelo conjunto dos sócios com direito a voto. As funções essenciais da Assembleia-Geral são examinar o exercício anual da actividade, discutir questões fundamentais para a organização e fazer recomendações.

Atribuição de Prémios (a jornalistas, alunos finalistas, etc.)

Pecuniários ou meramente simbólicos, os prémios têm como objectivo distinguir os melhores trabalhos de jornalistas, alunos finalistas, etc. Destinam-se so-bretudo a projectar a imagem de prestígio da orga-nização através dos meios de comunicação social, meios académicos, etc.

Briefing

Consiste numa exposição oral de um profissional de renome para participantes que possuem conheci-mento prévio do assunto a ser debatido. É um pro-

duto informativo mais focado que, normalmente, acompanha uma conferência. Existem dois tipos de briefing: introdutório e avançado. O primeiro procu-ra oferecer aos participantes a informação neces-sária para acompanhar as discussões desenvolvidas numa conferência relacionada. Já o segundo dá um aprofundamento sobre determinado assunto que foi objeto de discussão numa conferência.

Comemoração

É um evento que pretende assinalar uma data fun-damental para a organização junto dos seus públicos internos e externos, de uma forma prestigiante.

Concurso (de ideias, de trabalhos, etc.)

É uma iniciativa para premiar a criatividade e a qua-lidade de trabalhos oriundos de públicos ligados à organização.

Conferência de Imprensa

Continua a ser uma forma eficaz de estabelecer a ligação entre a organização e o público destinatário, acrescentando-lhe ainda a mais-valia da difusão de imagem junto do público em geral.

Congresso

É uma reunião promovida por entidades associati-vas, visando o debate de assuntos que interessem a um determinado segmento. Pode ser composto por várias atividades, tais como mesas-redondas, con-ferências, palestras, comissões, painéis, entre outras. Vários oradores de diferentes setores discutem um

Mercados

Promova A Sua Empresa, Realize Um Evento!(Continuação do número anterior)

Hélder MartinsLic. em Gestão de MarketingMBA em Negociação e Finanças InternacionaisLisboa, Nov. 2011

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55ROCHAS & EQUIPAMENTOS

mesmo tema abrangendo todos os seus aspectos. Propõe-se o debate aberto com os participantes e a obtenção de conclusões, registadas num documento final com as resoluções.

Os congressos podem ser regionais, nacionais e in-ternacionais. É um produto bastante abrangente, porém não muito focado. É interessante para con-tatos e para se manter informado sobre o que está a acontecer no setor que ele representa.

Convenção

É promovida por entidades empresariais ou políticas. Em todas as convenções procura-se a integração das pessoas pertencentes a uma determinada organização, para a defesa dos interesses da instituição promotora. Há uma maior abrangência de assuntos, um maior nú-mero de intervenientes e a presença de um director ou coordenador. A dinâmica é escolhida pelo organizador e a duração pode ser de vários dias. Como as conven-ções são reuniões fechadas, que têm por objetivo obter conclusões, as informações são muito específicas e di-recionadas ao grupo que participa no evento.

Convénio

Convénios são acordos firmados entre órgãos públicos ou entre órgãos públicos e privados para realização de atividades de interesse comum dos participantes. Convénio é acordo, mas não é contrato. No contrato, as

partes têm interesses diversos e opostos; no convênio, os participantes têm interesses comuns e coincidentes.

Debate

É um tipo de reunião derivado da mesa-redonda. A diferença é que no debate os oradores debatem entre si os assuntos da agenda e apresentam diferentes pontos de vista, cabendo ao público assistente fun-cionar somente como espectador. Outra distinção: no debate, os oradores são profissionais altamente credenciados, o que não acontece necessariamen-te na mesa-redonda. Além do presidente, o painel poderá ter um coordenador e um moderador que estabelece regras como o tempo de exposição dos oradores. O público pode ou não participar e, muitas vezes, o debate pode ser transmitido pela comunica-ção social como acontece com os debates políticos.

Pode assumir as formas de almoço-debate, jantar--debate ou mesmo painel de debates.

Delegação

É um evento que busca sobretudo o conhecimento e a aproximação de dirigentes e altos representantes de diferentes entidades e o estabelecimento de com-promissos e parceiras formais ou informais. Pode realizar-se a assinatura de um acordo ou protocolo, o registo no Livro de Honra da organização, e servir--se um cocktail.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS56

Demonstração, Prova e Degustação

No quadro de feiras , congressos e outros eventos com elevado número de participantes, estas inicia-tivas são muito eficazes pelo contacto estreito que proporcionam entre a oferta e a procura.

Dia (da empresa, do empresário, da poupança, da formação, do exportador, do visitante,

do associado, etc.)

Constitui sobretudo um pretexto para motivar vários tipos de público a reflectir e debater um determina-do tema de interesse geral.

Dia da Porta Aberta, Biblioteca aberta, etc.

É uma excelente forma de – a custo zero - criar uma boa imagem da organização e proporcionar o con-tacto directo com os seus destinatários actuais ou potenciais.

Elaboração/Divulgação de Estudo, Análise, Inquérito e Relatório

Tem um carácter académico e de serviço público, pelo que transmite uma imagem muito favorável do seu promotor.

Fórum

Tipo de reunião menos formal que tem como objetivo conseguir a efetiva participação de um público nume-roso, que deve ser motivado para uma livre manifes-tação de idéias e interação com os oradores. Bastante comuns, são usualmente eventos mais abrangentes que tratam de assuntos gerais de setores económicos ou temas de interesse social ou político.

Homenagem e distinção

Pode tratar-se da entrega de um diploma (de cliente de honra, sócio-honorário, por ex.) a uma personali-dade nacional ou estrangeira de grande prestigio, de uma medalha de ouro ou prata, de troféus como “Em-presário do ano”, “Empresa exportadora do ano”, etc.

Mercados

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57ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Inauguração

Permite chamar a atenção para determinado evento e pôr em contacto os seus principais protagonistas.

Jornada

Tem a duração de pelo menos seis horas e destina-se a membros de um sector ou organização que pre-tendem expressar as suas opiniões e ideias, debater, analisar e encontrar respostas para determinadas questões essenciais da sua actividade.

Lançamento de livro, de primeira pedra, etc

É um momento de grande intensidade e eficácia uma vez que fica perpetuado por uma marca física que o assinalará para o futuro. “Guia do Investidor”, “Ma-nual de Negócios em África”, são exemplos de títulos de grande utilidade.

Mecenato

É uma iniciativa que transmite o carácter altruísta

duma organização e a associa ao objectivo da enti-dade beneficiária.

Mesa-redonda

É uma reunião do tipo clássico, preparada e condu-zida por um coordenador, que funciona como ele-mento moderador, orientando a discussão para que ela se mantenha sempre em torno do tema principal. Os intervenientes têm um tempo limitado para apre-sentar as suas ideias e para o debate posterior. Nor-malmente, a mesa-redonda está inserida em eventos mais abrangentes. É utilizada quando o assunto ain-da não está consolidado e suscita discussões. Ideal para quem quer ter várias visões diferentes sobre um determinado tema.

Mostra

Também podendo ser designada “Exposição”, a Mos-tra é, basicamente, uma Feira sem objectivos comer-ciais imediatos.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS58

Parceria

Trata-se de um acordo estabelecido, formal ou infor-malmente, entre duas ou mais entidades com inte-resses numa mesma iniciativa. Quando duas ou mais organizações reúnem esforços para atingir deter-minado efeito, conseguem normalmente resultados mais positivos com menos custos.

Palestra

É sempre protagonizada por um orador de elevada craveira, que é convidado a falar sobre um tema de grande profundidade e importância para o promotor.

Pequeno-almoço (brunch, almoço ou jantar) de trabalho

Assume um carácter muito prático e procura tratar de questões profissionais através da convivialidade e da informalidade.

Protocolo, Acordo e Parceria

É uma forma de estabelecer regras de aproximação e actuação conjunta e coordenada em determinadas situações, retirando daí benefícios “de escala” para os signatários.

Roadshow / Exposição Itinerante

É uma mostra itinerante para a promoção de um pro-jecto ou produto em diferentes localizações do país ou do estrangeiro. O Roadshow tem também como objectivo levar às comunidades locais exemplos do que de melhor está a ser feito pelo promotor, através de conferências, workshops e exposições. É também uma oportunidade para as organizações locais pode-rem apresentar as suas realizações e projectos.

O Roadshow pretende ser um agente de mudança de atitudes e comportamentos, contribuindo para sen-sibilizar, alertar e consciencializar a sociedade civil sobre a importância dos temas apresentados.

Semana Temática

Trata-se de um evento em torno de um tema abran-gente, como os transportes e a mobilidade, a pou-pança de energia, o financiamento, etc. Pode incluir

uma campanha de publicidade, um curso, conferên-cias, e tem o objectivo de chamar a atenção e sensi-bilizar um elevado número de pessoas para questões de grande interesse público.

A “Market Week” é uma forma particular desta ini-ciativa, usada em feiras internacionais, e que pode incluir encontros de negócios, apresentação de pro-dutos, workshops, degustações, etc.

Sessão Pública

É um encontro que procura a máxima divulgação de uma posição ou de um trabalho desenvolvido pelo promotor.

Simpósio

É um derivado da mesa-redonda, possuindo como característica o facto de ser de alto nível, para o le-vantamento de aspectos diferentes de determinados assuntos - e sempre com a presença de um coor-denador. A diferença fundamental entre o simpósio e a mesa-redonda é que no primeiro os expositores não debatem entre si os temas apresentados. O tema geralmente é científico. O seu objetivo principal é realizar um intercâmbio de informações. As pergun-tas, e pedidos de esclarecimento por parte da plateia são reservados para o final do evento.

Tele-Conferência

Trata-se sobretudo de uma forma de comunicação interna para empresas e organizações, permitindo encurtar distâncias e tempos e reduzir despesas.

Tomada de Posse

É um acto público que a organização aproveita para promover a sua identidade e imagem junto do pú-blico em geral.

III. Eventos de Natureza Convivial

Cocktail e Porto de Honra

Habitualmente usado para fechar ou abrir um en-contro importante ou um evento de grandes dimen-sões, esta iniciativa proprociona bons momentos de aproximação e troca de experiências.

Mercados

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59ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Centro de trabalho para mármore e granito

Working center to marble and granit

MÁQUINAS CNC DE CORTE E FRESAGEMCNC MACHINES TO CUT AND MILLING

www.cfm-maquinas.pt

Avenida da Aviação Portuguesa, Nº 5 - Apartado 14

Fação - 2715 901 Pêro Pinheiro - Portugal

Tel. +351 219 678 280 Fax. +351 219 678 289

email: [email protected]

Máquina CNC de 5 eixos - Destinada ao corte e fresagem de mármore e granito.

CNC model with 3 axes - For cutting and milling marble and granite.

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS60

Prova desportiva (Escalada, corrida, karting, rally paper, etc)

É uma iniciativa que permite momentos de grande convivialidade e de interacção na busca de objecti-vos lúdicos.

Reunião Outdoor

É um encontro de quadros de empresa ou organiza-ção, longe do seu local tradicional de trabalho. Tem como objectivo desenvolver o sentimento de perten-ça, realizar brainstormings sobre a actividade da em-presa ou ganhar a adesão para a política adoptada. Destina-se exclusivamente a elementos da empresa.

Torneio (golf, ténis, bridge, etc.)

Termo com origem nobre, pois designava os jogos pú-blicos de cavalaria na Idade Média, aplica-se hoje mui-to a modalidades como o golf, o ténis, o bridge, que são desportos de eleição dos executivos de topo. Muitas empresas organizam estes torneios para reunirem os seus públicos externos, reforçarem o networking em-presarial e transmitirem uma imagem de prestigio.

Visita a entidades (Câmaras, Institutos, Universidades, etc.)

Trata-se de uma deslocação organizada para permi-tir um melhor conhecimento do tecido empresarial e

do meio envolvente. São muito importantes para es-treitar os contactos com actuais e potenciais clien-tes, fornecedores e investidores).

IV. A concluir

Com o aprofundamento das tecnologias de informa-ção e comunicação, muitos outros instrumentos e iniciativas começaram a ser usados pelas organiza-ções e pelas empresas no sentido de aproximarem os seus públicos internos e externos, difundirem a imagem corporativa, desenvolverem a comunicação e enriquecerem o networking.

Site, portal, twitter, facebook, tv online, são expres-sões com uso crescente no jargão diário do universo das empresas e outras entidades, a somar às formas de comunicação interna e externa acima referidas e a outras, como média training, brainstorming, caixa de sugestões, e outros, a que aludiremos em futuro artigo.

Mercados

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61ROCHAS & EQUIPAMENTOS

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS62

Notícias

O Prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal, da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), foi entregue no dia 10 de Abril no Casino Es-toril ao arquiteto Eduardo Souto de Moura. A AIEP considerou o arquiteto portuense a “pessoa ou insti-tuição portuguesa que mais fez pela imagem do país no exterior” no ano passado. O galardão da AIEP foi atribu-ído ao arquiteto no mesmo ano em que o autor do Está-dio Municipal de Braga rece-beu o Prémio Pritzker, o mais importante reconhecimento mundial na área da arquite-tura. A AIEP considera Souto de Moura, juntamente com Siza Vieira, “um dos mais relevantes arquitetos de sua geração”.

“Mesmo sem recorrer à mo-numentalidade, as constru-ções que planeia deixam uma marca no seu entorno”, numa linguagem “clara, simples e pragmática”, característica de alguém “que considera a arquitetura como trans-formação e metamorfose da realidade”, salienta o co-municado. Entre as obras mais conhecidas de Eduardo Souto de Moura, destacam-se o Estádio Municipal e o Mercado de Braga, a Casa das Histórias, em Cascais, a Casa das Artes e a Estação de Metro da Trindade, no

Porto, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança, o Hotel do Bom Sucesso, em Óbidos, a Marginal de Matosinhos-Sul, o Crematório de Kortrijk, na Bélgica, o Pavilhão de Portugal na XI Bienal de Arquitetura de Veneza e a Casa Llabia, em Espanha.

Souto de Moura foi conside-rado, também no ano passa-do, pelo jornal espanhol El País, uma das 100 persona-lidades que marcaram 2011, tendo sido a única persona-lidade portuguesa entre as escolhas ibero-americanas. O Prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal distin-guiu, em edições anteriores, entre outros, a Fundação Champalimaud, Carlos Pa-redes, os Capitães de Abril, José Saramago, Mariza, An-tónio Guterres, Durão Bar-roso, Rosa Mota, Álvaro Siza Vieira, Luís Figo, Joaquim de Almeida, Vanessa Fernan-des e a Fundação Calouste Gulbenkian. Fundada há 32

anos, a Associação da Imprensa Estrangeira em Por-tugal distingue anualmente uma pessoa ou institui-ção portuguesa. A escolha é feita por cerca de 50 jornalistas estrangeiros, baseados em Portugal, e que representam atualmente meios de comunicação de mais de 20 países. (Lusa)

Souto de Moura recebe Prémio Personalidade do Ano da Associação da Imprensa Estrangeira

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS64 ROCHAS & EQUIPAMENTOS64

Nova Rocha Atrai Arquitetos e DesignersFoi descoberta na Turquia, com 6 toneladas, a maior Obsidiana do mundo, propriedade do grupo empresarial Garipoglu, que adquiriu re-centemente vários engenhos com o objetivo de começar com a produção de chapas des-te material. Esta rocha é de origem vulcâni-ca, e embora disseminada um pouco por todo o mundo é do Vale Rift, em África, que são provenientes os maiores exemplares até hoje conhecidos. O uso ornamental é cada vez mais procurado por designers e arquitetos de topo, sendo claramente um material a acompanhar nas novas tendências mundiais.

Notícias

Page 67: Rochas & Equipamentos N. 104

65ROCHAS & EQUIPAMENTOS 65ROCHAS & EQUIPAMENTOSROCHAS & EQUIPAMENTOS65

Notícias

Há 2 anos em Portugal a Eurogranipex mudou as suas instalações de Venda do Pinheiro para Ne-grais. O objetivo “é ficarmos mais centrais na rota da pedra natural e assim mais próximos dos nossos clientes”, afirma Gisella Tortoriello, arquiteta, ge-rente da empresa em Portugal que faz um balanço muito positivo destes 2 anos. O fato de as ardósias terem preços mais baixos, em relação a outras pe-dras naturais, “tem ajudado a desenvolver o negócio mesmo num contexto de crise”. Os preços, a paleta de cores diversificada e a textura homogénea têm contribuído para uma boa aceitação e penetração da ardósia brasileira no mercado português. Em Portu-gal a empresa funciona, também, como plataforma de distribuição das ardósias brasileiras em toda a Europa, designadamente para França, Itália, Espanha e Alemanha. Portugal é, aliás, a única filial do grupo fora do Brasil.

Segundo a arquiteta, metade do volume de negócios é

proveniente da venda de pedra portuguesa, particular-mente para o Brasil e para toda a América Latina, na sequência de várias parcerias que a Eurogranipex

já estabeleceu com pedreiras portuguesas de mármores e de calcários. Para 2012 o grande projeto é a comer-cialização, a muito curto prazo, de um produto iné-dito – chapas de ardósia de grandes dimensões- com 280 – 340 x 135 – 150cm, que respondem à carência existente no mercado de bancadas de cozinha tipo ilha, numa peça única.

Números recentes divulgados pelo INE revelam um au-mento de 17,82%, em 2011, nas exportações globais dos minérios metálicos não ferrosos. Em 2011 as ex-portações do sector registaram 469 milhões de euros, face aos 398 milhões de euros assinalados em 2010.

As exportações dos minérios de tungsténio (volfrâmio) foram as que registaram uma maior subida - + 74%.

As exportações de estanho aumentaram 48,23%.

O cobre continua também a destacar-se com um valor global de vendas de 238 milhões de euros o que signi-fica um acréscimo de 26% em relação a 2010.

As exportações de zinco cresceram 14,28%

Estes números fazem sobressair o relevante potencial

geológico de Portugal no contexto mundial, designa-damente no sector dos minérios metálicos, destacan-do-se na produção de cobre na mina de Neves Corvo (Alentejo), uma das mais ricas da Europa, e na produ-ção de volfrâmio na mina da Panasqueira (Beira Alta), onde ocupa a posição de líder como produtor europeu.

Os principais países de destino das “saídas” destes mi-nérios são a Suécia, a Alemanha, a Finlândia, a Espa-nha e o Brasil.

Numa análise que abrange as outras indústrias extra-tivas (rochas ornamentais e rochas industriais) o sec-tor exporta globalmente quase mil milhões de euros, o que representa 2,3% do valor total das exportações do país.

A equipa do Grupo Granipex em Portugal.Da esquerda para a direita Gisella Tortoriello,arquiteta,gerente, José Gouveia, comercial (mercado nacional e Palop’s) e Marisa Lourenço, comercial (mercado externo)

Eurogranipex Lança Produto Inovador

Setor Extrativo Exporta Mil Milhões de Euros

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ROCHAS & EQUIPAMENTOS66 66ROCHAS & EQUIPAMENTOS

Faleceu no passado dia 8 de Abril, Fran-cisco do Rosário Frazão, uma das mais importantes figuras do nosso sector. Fundador do Grupo Frazão, foi junta-mente com os seus filhos, o respon-sável pela introdução de rocha orna-mental portuguesa em obras de relevo nos quatro cantos do globo. Sendo que hoje, a marca Frazão, está associada ao que de melhor se faz em transforma-ção e aplicação em obra. Missão que certamente terá a melhor continuação por parte dos seus descendentes.

Francisco Frazão e os seus filhos, Joaquim e Abel Frazão.

Voto de Pesar

As exportações de rochas ornamentais subiram nos dois primeiros meses deste ano em relação ao perí-odo homólogo.

A revista Rochas e Equipamentos solicitou ao INE

os números referentes a Janeiro e Fevereiro de 2012 que aqui publicamos.

As estatísticas referentes às exportações do primeiro trimestre serão disponibilizadas pelo INE em Maio.

Fonte:ComércioInternacional

Fluxo:ExportaçãoPeríodo:Janeiroefevereirode2011e2012(dadospreliminares)

Unidade:Euros

2011 2012

6.434.897.973 7.288.500.509

Unidade:Euros

COD. NC DESIG. NC 2011 2012

2514 Ardósia,mesmodesbastadaousimplesmentecortadaàserraouporoutromeio,emblocosouplacasdeformaquadradaourectangular;pósedesperdíciosdeardósia275.619 438.430

2515 Mármores,traverOnos,granitosbelgaseoutraspedrascalcáriasdecantariaoudeconstrução,dedensidadeaparente=>2,5,ealabastro,mesmodesbastadosousimplesmentecortadosàserraouporoutromeio,emblocosouplacasdeformaquadradaourec10.024.110 11.101.826

2516 Granito,pórfiro,basalto,arenitoeoutraspedrasdecantariaoudeconstrução,mesmodesbastadasousimplesmentecortadasàserraouporoutromeio,emblocosouplacasdeformaquadradaourectangular(exceptoemgrânulos,lascasepós,ouqueaprese4.524.576 6.032.259

6801 Pedrasparacalcetar,meios‐fioseplacas(lajes)parapavimentação,depedranatural(exceptoardósia)2.953.038 5.372.769

6802 Pedrasnaturaisdecantariaoudeconstrução(exceptodeardósia)trabalhadaseobrasdestaspedras;cubos,pasOlhasearOgossemelhantesparamosaicos,depedranatural,incluídaaardósia,mesmocomsuporte;grânulos,fragmentosepós,depedranatu24.101.397 24.838.158

680221 Mármore,traverOnoealabastroesuasobras,simplesmentetalhadasouserradas,desuper^cieplanaoulisa(exceptodesuper^cietotalouparcialmenteaplainada,areada,grosseiraoufinamentedesbastadaoupolida;ladrilhos,cubos,pasOlhasearOg4.562.927 4.666.548

680223 Granitoesuasobras,simplesmentetalhadasouserradas,desuper^cieplanaoulisa(exceptodesuper^cietotalouparcialmenteaplainada,areada,grosseiraoufinamentedesbastadaoupolida;ladrilhos,cubos,pasOlhasearOgossemelhantesdasubpos1.876.979 1.666.991

680291 Mármore,traverOnoealabastrodequalquerforma,polidos,decoradosoutrabalhadosdeoutromodo(exceptoladrilhos,cubos,pasOlhasearOgossemelhantesdasubposição6802.10;bijutarias,arOgosderelojoaria,aparelhosdeiluminaçãoesuaspartes8.023.137 6.284.222

680292 Pedrascalcárias(exceptodemármore,traverOnoealabastro),dequalquerforma,polidas,decoradasoutrabalhadasdeoutromodo(exceptoladrilhos,cubos,pasOlhasearOgossemelhantesdasubposição6802.10;bijutarias,arOgosderelojoaria,aparel4.515.358 5.233.678

680293 Granitodequalquerforma,polido,decoradooutrabalhadodeoutromodo(exceptoladrilhos,cubos,pasOlhasearOgossemelhantesdasubposição6802.10;bijutarias,arOgosderelojoaria,aparelhosdeiluminaçãoesuaspartes;botões;produçõesorigina2.548.110 4.103.641

9610 Lousasequadrosparaescreveroudesenhar,mesmoemoldurados 237.993 5.240.646

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Notícias

Page 69: Rochas & Equipamentos N. 104
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