88
Matsuda Mangalarga o cavalo de sela brasileiro em seu melhor andamento Tropel Mangalarga História estudo científico vira referência para a prática de cavalgada Conheça o nobre ancestral do cavalo Mangalarga Exposição Brasileira: todos os detalhes do evento que agitou a ExpoLondrina 2011 Copa

Revista Mangalarga

Embed Size (px)

DESCRIPTION

A Revista Mangalarga é uma publicação da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM), que tem o objetivo de divulgar os eventos, as principais informações e tudo oque acontece no mundo da raça. Para mais informações, acesse: www.cavalomangalarga.net.br

Citation preview

Page 1: Revista Mangalarga

MatsudaMangalargao cavalo de sela brasileiro em

seu melhor andamento

� � �Tropel Mangalarga História

estudo científico vira referência para a prática de cavalgada

Conheça o nobre ancestral do cavalo Mangalarga

Exposição Brasileira:todos os detalhes do evento que agitou a ExpoLondrina 2011

Copa

Page 2: Revista Mangalarga
Page 3: Revista Mangalarga

editorial

Sérgio PaivaPresidente da ABCCRM Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga

Foto

: Nor

berto

Când

ido

A temporada começou de forma bastante movi-mentada e promissora para a raça Mangalarga. Durante a ExpoLondrina, realizada no início de

abril, tivemos uma edição realmente diferenciada da exposição brasileira. O evento, além de merecer uma expressiva cobertura da mídia e de ter recebido a ilus-tre visita do governador do Paraná Beto Richa, teve grande adesão do público, que lotou as arquibancadas do Parque Ney Braga para acompanhar, com grande atenção, as atividades da raça, cujo ponto alto foi o tra-dicional desfile das bandeiras, realizado no decorrer da cerimônia de abertura da feira paranaense.

Vale destacar ainda que, no domingo 10 de abril, uma pesquisa realizada pela Sociedade Rural do Paraná com o público presente à ExpoLondrina indicou o evento do cavalo Mangalarga como principal atração do dia, mesmo enfrentando a concorrência da apresentação da Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira. Além disso, dentro da pista tivemos julgamentos e compe-tições bastante acirradas, envolvendo uma tropa real-mente excepcional.

A qualidade, aliás, também deu a tônica às demais etapas do Circuito de Exposições, que, apesar de ainda estarmos indo para o mês de maio, já passou pelas cin-co regiões brasileiras. Umuarama (PR), Tietê (SP), Vitória da Conquista (BA), Brasília (DF), Belém (PA), Bragança Paulista (SP) e Itapetininga (SP) promoveram mostras concorridas e com grande adesão da comunidade man-galarguista, comprovando o fortalecimento da raça em todo território nacional.

O mês de abril marcou ainda o início de uma nova edição da Copa de Andamento. A competição, que este ano conta com um importante reforço em sua estrutura, proporcionado graças ao apoio da Lei de Incentivo ao Esporte, já realizou com grande sucesso a etapa regional de Jaú (SP) e a prova aberta de Jundiaí (SP). Além disso, outras quinze provas, incluindo uma na capital pau-lista no mês de junho, estão previstas para acontecer até o final do ano, confirmando a Copa de Andamento como um dos grandes acontecimentos do calendário mangalarguista.

O mercado da raça, cuja temporada passada foi en-cerrada com grande êxito pelo Leilão 4 Ases, também se mostra bastante aquecido neste início de ano. Realizado no dia 21 de abril, o Leilão Prestígio Otnacer movimen-tou a expressiva receita de R$ 1,453 milhão. Por sua vez, os dois leilões realizados durante a ExpoLondrina

também tiveram bom desempenho, alcançando a cota-ção média de R$ 15 mil.

Por fim, é importante ressaltar que o trabalho de rees-truturação e aprimoramento da área técnica da ABCCRM vem tendo prosseguimento nesta temporada. O proje-to, que teve duas etapas realizadas com expressivo êxito em 2010, continua agora com a realização de seus dois módulos finais, um deles destinado à realização de clíni-cas individuais com os técnicos e o outro voltado para a implementação de um programa para a continuidade, renovação e formação de novos jurados.

Agora, entretanto, ainda temos boa parte do ano pela frente. Por isso, vamos trabalhar juntos para o engran-decimento daquela que é nossa grande paixão, a raça Mangalarga.

Grande abraço a todos,

Uma promissora temporada

Page 4: Revista Mangalarga

sumárioABCCRM

Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga

DiRetoRiA exeCutivA – tRiênio 2009/2011Presidente: Sérgio Luiz Dobarrio de Paiva1º Vice-Presidente executiVo: Nelson Antonio Braido2º Vice-Presidente executiVo: Fernando Raucci Neto1º Vice-Presidente oPeracional: João Pacheco Galvão de França2º Vice-Presidente oPeracional: João Carlos Matta

DiRetoRiA ADjuntAdiretoria de caValgadas: Paulo Pacheco Silveiradiretoria de comunicação: Gilberto Diniz Junqueiradiretoria de eVentos: Antonio Carlos Pestili Fonsecadiretoria de exPosição: Fábio Alvim Ferreiradiretoria Financeira:Vital Jorge Lopesdiretoria de Fomento: Eduardo Henrique Souza de Françadiretoria Jurídica: Fernando Tardioli Lúcio de Limadiretoria de marketing: Eduardo Rabinovich e João Luis Ribeiro Frugisdiretoria noVa geração: Leonardo Novaes Figueiredo Augustodiretoria de núcleos: Eduardo Faria Finco e Paulo Rob-erto de Oliveira Vilela Filhodiretoria de Pelagem: Marisa Iório Correa da Costadiretoria de tecnologia: Ricardo de Toledo Piza Ferraz

Conselho suPeRioR De ADMinistRAçãomembros eleitos

Adaldio José de Castilho Filho, Antônio Caetano Pinto, Fernando Ferrucio Rivaben, José Luiz Junqueira Barros e Luiz Cintra Sutherland.membros eFetiVos

Célio Ashcar, Celso Galletti Montalvão, Clodoaldo Antonângelo, Eduardo Diniz Junqueira, Élio Sacco, Felipe de Paula Cavalcanti de Albuquerque Lacerda Filho, Flávio Diniz Junqueira, Francisco Marcolino Diniz Junqueira, Geraldo Diniz Junqueira, Ivan Antônio Aidar, João Leite Sampaio Ferraz Júnior, Luiz Eduardo Batalha, Mário Alves Barbosa Neto - Presidente, Ottorino Marini, Reginaldo Bertholino e Renato Diniz Junqueira.

Conselho DeliBeRAtivo téCniCotécnicos

André Fernando Freire, André Fleury Azevedo Costa, Luciano Pacheco de Almeida Prado, Marcelo Leite Vasco de Toledo - Presidente, Marcos Sampaio de Almeida Prado e Paulo Lenzi Souza Leite.não técnicos

Adolpho Júlio Camargo de Carvalho, Nilton Bartoli, Paulo Francisco Gomes Della Torre, Roberto Antonio Trevisan e Sebastião de Assumpção Malheiro Neto.

seRviço De ReGistRo GeneAlóGiCo - stuD BooksuPerintendente do serViço de registro genealógico: Jayme Ignácio Rehder Neto

DePARtAMento De CoMuniCAção e MARketinGmarketing: Osvaldo V. [email protected]: Norberto Câ[email protected]ção: Pedro Camargo Rebouç[email protected]

ABCCRMAnGAlARGAAvenida Francisco Matarazzo, 455

Pavilhão 4 “Dr. Fausto Simões” - CEP: 05001-300Parque da Água Branca - São Paulo - SP

Fone: +55 (11) 3673-9400 • Fax: +55 (11) 3862-1864

editoração e imPressão: CGP Gráfica e Editora

ProJeto gráFico / diretor de arte: Thiago Frotscher

tratamento de imagem: Thiago Frotscher

reVisão: Alexandre Ferreira e Gabriel Rubinsteinn

caPa: Norbeto Cândido (foto) e Thiago Frotscher (montagem)

Rua Dom Vilares, 1.360 • Vl das Mercês • São Paulo/SP(11) 2351.4200 / 2351.4196 • www.cgpgrafica.com.br

5 | Notas

6 | Cavalgadas

8 | Haras em Destaque

10 | O encontra com o encantador de cavalos

12 | ABCCRM expande presença na internet

14 | Alter Real

18 | 4º Leilão Prestígio Otnacer supera expectativas

20 | Mangalarguista participará de evento interncaional de arquearia

22 | 1º Festival de Verão de Enduro Equestre

24 | Assembleia reune comunidade mangalarguista

26 | Um evento só para elas

28 | Aberta uma nova fronteira

30 | Exposição de Tietê segue crescendo

36 | Mangarlaga marchador e atleta

40 | 5ª Copa Jundiaí reúne 114 animais

44 | Copa Matsuda Mangalarga promete temporada movimentada

48 | O Corneteiro de Pirajá

50 | Projeto de aprimoramento da área técnica entra em nova fase

54 | Tropel mangalarga: uma referência para a equinocultura nacional

60 | Ferramentascientíficasparamelhorarnossoscavalos

64 | Leilão 4 ases registra crescimento de 49%

68 | Uma saborosa cavalgada

70 | Projeto Tropel Mangalarga 1400

74 | Exposição Brasileira: o ponto alto do semestre

82 | Social – ExpoLondrina

84 | Fidelidade Mangalarga

86 | Índice de Criadores

Ano 1 • Nº 01 • Maio 2011

Page 5: Revista Mangalarga

5 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

notas

A comunidade mangalarguista perdeu, no dia 11 de setem-bro do ano passado, um dos

mais tradicionais criadores da raça na região paulista de Jundiaí: José Eduardo Kutgen. Proprietário do Sítio Vila Inca, Kutgen participou in-tensamente das atividades do cavalo Mangalarga no período em que foi associado da ABCCRM, entre os anos de 1967 e 1999. Durante esses 32 anos, realizou um criterioso trabalho de seleção, responsável por consa-grar o sufixo JEK em todo Brasil.

Entre os destaques do plantel de-senvolvido por Kutgen estão duas grandes campeãs nacionais, Letícia do JEK (1983) e Ironia do JEK (1980), e um grande campeão nacional, Príncipe do JEK (1989). O criatório do Sítio Vila Inca selecionou ainda outros produtos cuja contribuição foi importante para a raça, como Precioso do JEK, garanhão con-dominiado que contribuiu para a evolução de muitos criatórios nas décadas de 80 e 90.

A Associação Brasileira de C r i a d o r e s d e C a v a l o s da Raça Mangalarga (ABC

CRM) perdeu, na noite de quarta--feira, 13 de abril, um dos seus mais atuantes colaboradores: o doutor Pedro Luiz Grasso. Nasci-do em dois de fevereiro de 1933, o renomado médico veterinário participou diretamente das ati-vidades da raça por mais de 50 anos. Nesse período, ocupou os cargos de Técnico de Registro, Gerente Administrativo e Supe-rintendente Substituto do Serviço de Registro Genealógico da Raça Mangalarga, função que exerceu em diversas ocasiões, sempre colaborando para a evolução do Cavalo de Sela Brasileiro.

O respeitado veterinário, que com certeza deixará muita sau-dade à comunidade mangalar-guista, foi sepultado no dia 14 no Cemitério São Paulo, localizado no bairro de Pinheiros, na capi-tal paulista. A ABCCRM expressa suas condolências à família e re-gistra o profundo agradecimento por todo empenho e dedicação à raça Mangalarga do doutor Pedro Luiz Grasso.

ErrataA Revista Mangalarga di-

vulgou equivocadamente que a foto de capa de sua edição anterior seria de autoria de Modesto Wielewicki. Na verda-de, a imagem em que aparece o Grande Campeão Nacional Cavalo 2010, Universal de NH, é de autoria do fotógrafo Márcio Mitsuichi.

Raça perde José Eduardo Kutgen

O adeus a um grande

mangalarguista

Foto

: Arq

uivo

O grande campeão, Príncipe do JEK, foi um dos destaques do plantel de Kutgen

Page 6: Revista Mangalarga

6 | Revista Mangal aRga

A comunidade mangalarguista co-locou a tropa na trilha no mês de abril. Afinal, depois de uma breve pausa no início do ano, estavam todos ansiosos para o reinício da temporada de gran-des cavalgadas. A programação in-cluiu, aliás, três dos mais tradicionais passeios equestres da região Sudeste: a Cavalgada da Aleluia, a Cuecada e o Raid da Amizade.

Cavalgada da Aleluia

A Cavalgada da Aleluia teve início às 10h da manhã do

dia 22 de abril, feriado da Sexta-feira Santa, nas dependências da Pousada Jacauna, no município paulista de Brotas. O grupo, forma-do por 120 conjuntos, seguiu por todo o dia pelas belas paisagens da região, cortada inclusive pelo rio Jacaré Pepira, conhecido por ser um dos destinos preferidos dos apaixonados por esportes de aven-tura. O primeiro dia de atividade foi encerrado às 18h no Parque do Lago, na vizinha cidade de Dourado. Na belíssima propriedade, comandada pelos mangalarguistas Sebastião Malheiro e Telma Somenzari e palco no ano passado de toda etapa de preparação dos animais do Projeto Tropel Mangalarga, os participantes foram recebidos com muita atenção.

A jornada prosseguiu na manhã do Sábado de Aleluia (23), quando

Por Pedro Camargo Rebouças

os 120 conjuntos percorreram as trilhas e estradas do Parque do Lago, sempre acompanhados por muito verde. Por volta das 14h, o grupo voltou à sede, construída à margem do belo lago que dá nome à propriedade, para uma agitada programação com o dife-renciado toque do interior pau-lista. As atividades incluíram uma missa, a brincadeira de busca e captura, a malhação de Judas e um gostoso churrasco fogo de chão

acompanhado por muita moda de viola.

21ª CuecadaT radicional reduto da

comunidade man-galarguista, a região de São João da Boa Vista (SP), localizada nas proximidades da divisa entre o ter-ritório paulista e o estado de Minas Gerais, recebeu no início de abril a 21ª edição da Cuecada. Essa tra-dicional cavalgada, organizada por Jairo Hamilton Domingues e sempre marcada pelo ambiente amistoso e descontraído, contou, novamente, com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM).

A temporadaestá aberta!

cavalgadas

Foto

s: Se

basti

ão M

alheir

o

O contato com a natureza foi o ponto forte tanto na Cavalgada de Aleluia como nos demais passeios de abril

Cavalgada da Aleluia, Cuecada e Raid da Amizade levaram a comunidade mangalarguista para a estrada no mês de abril

Page 7: Revista Mangalarga

7 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

O passeio este ano teve um roteiro diferente das edições anteriores. Na manhã do dia 1º, depois de um belo café da manhã na Fazenda Retiro do Alto e da benção aos viajantes, ministrada pelo padre Alexandre da Paróquia Santo Antônio, o grupo se-guiu em direção ao Pico do Gavião, passando pela Fazenda Cachoeira. De lá, a comitiva seguiu por belos caminhos até a Fonte Platina - local utilizado nos dois últimos anos como chegada -, onde a cozinha estava pronta e com um belo almoço aos cuidados de Chico Preto e compa-nhia. Após essa estratégica parada, o grupo seguiu rumo ao Recanto das Sete Cachoeiras, local de beleza exuberante, escolhido para encerrar o primeiro dia de jornada e também para servir de pouso para os animais. No sábado, dia 2, foi a vez de uma jornada de dia todo até a Fazenda Curral de Pedra. Na propriedade, os cavalos passaram mais uma noite enquanto os cavaleiros seguiram

Untitled-3 1 29/04/11 18:12

de caminhão boiadeiro, ou melhor, de ônibus, até o Hotel Nascentes da Serra, onde puderam desfrutar de uma merecida noite de descanso. Recuperados e bem dispostos, os participantes iniciaram na manhã do domingo, dia 3, a descida da serra com destino à cidade de São João da Boa Vista, ponto final do passeio.

Raid da AmizadeA comunidade mangalarguista

também se reuniu durante a Semana Santa para outro tradicional passeio. Com apoio do Núcleo Sul de Minas e Média Mogiana e organiza-do pela Horse Trail Eventos, empresa comandada pelo mangalarguista Eduardo Cintra, o Raid da Amizade, que este ano chegou à nona edição, percorreu cerca de cem quilômetros por uma trilha praticamente inédita, na região de divisa entre os esta-dos de São Paulo e Minas Gerais. O

trajeto do evento, que procura sem-pre unir a cultura e a história do País ao prazer de cavalgar, percorreu uma linda rota, que atravessava matas e fazendas centenárias, proporcionan-do a visão de belos horizontes.

O início da programação aconte-ceu na noite do dia 20 de abril, no Bar Baridade, em Guaxupé (MG), onde os participantes puderam colocar a con-versa em dia e conhecer os detalhes do passeio. A cavalgada, entretanto, partiu na manhã de quinta-feira (21) do município paulista de São José do Rio Pardo, mais precisamente do Haras Nova Roma, de propriedade do criador da raça João Batista Melo Paula Lima. Nos dias seguintes, o grupo percorreu estradas e trilhas dos municípios de Mococa (SP), Tapiratiba (SP) e Muzambinho (MG), até o destino final, a Fazenda Monte Alto, em Guaxupé (MG), onde todos foram recepcionados, na tarde do Sábado de Aleluia (23), por Marina e Carlinhos Ribeiro do Vale.

Page 8: Revista Mangalarga

8 | Revista Mangal aRga

Por Pedro Camargo Rebouçasharas em destaque

O Haras Leni está chegando aos dez anos de idade com muito a comemorar. Afinal, nesse

breve período, o criatório situado na cidade paulista de Piracaia conse-guiu atingir um elevado padrão zoo-técnico, consolidando assim o sufixo NLB no cenário mangalarguista.

O bom momento também é comprovado pelos expressivos re-sultados alcançados nas pistas de julgamento da raça. Presente a 11 exposições da temporada passada,

o plantel NLB conseguiu levar o criatório a uma posição de desta-que no Ranking Mangalarga 2010. Com 2811,36 pontos, o Haras Leni obteve a primeira colocação entre os 89 expositores com até dez anos de seleção da raça, repetindo o feito também na disputa entre os criadores com até dez anos, na qual somou 2342,29 pontos.

“O direcionamento que nós de-mos ao criatório parece ter dado certo, até porque utilizamos na

formação do plantel uma genética cuja seleção já vinha de anos. Nesse processo de evolução, tive a sorte e o privilégio de conhecer pessoas que vivenciam o cavalo e que estão dispostas a orientar. Mas, para mim, o mais importante é mesmo o bom momento do cavalo Mangalarga. Eu faço questão de frisar isso porque acho que todos esses êxitos giram em torno da raça”, explica Nilton Luiz Bartoli, que comanda o Haras Leni ao lado do filho Émerson Luiz Bartoli.

Haras LeniVestindo a camisa do Mangalarga

Foto

s: M

árcio

Mits

uishi

Ginga NLB e Ébano NLB estão entre os destaques do plantel

Perto de completar uma década de existência, criatório segue buscando tanto a qualidade genética como o cavalo de sela pronto para atender o mercado

Page 9: Revista Mangalarga

9 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

O Haras Leni também começou a nova temporada bastante animado. Tanto é que sagrou-se o melhor ex-positor e o segundo melhor criador em duas tradicionais e concorridas mostras do calendário mangalar-guista: Tietê (SP) e Bragança Paulista (SP). Entre os animais do criatório que vêm se destacando em pista es-tão nomes como Estela NLB (Quartzo JES em Conquista da Jauaperi), Faceira NLB (DL Uruguai da Alvorada em DL Ferrara da Alvorada), Ébano NLB (Cristal da Jauaperi em Itália DL), Ginga NLB (Derviche Dam em Onda da Jauaperi), recentemente eleita

1ª Reservada Campeã Égua Jovem em Bragança Paulista, e o caçula do grupo Imperador NLB (Fantástico da Janga em Conquista da Jauaperi), que iniciou o ano conquistando o Campeonato Potro Menor da Exposição de Tietê.

A tropa NLB, entretanto, não se destaca apenas com o Haras Leni. Outros mangalarguistas também têm apostado com sucesso nos animais provenientes do criatório. Exposta pelo mangalarguista Almiro Esteves Junior, a fêmea Graça NLB foi um dos destaques da mostra de Bragança Paulista, obtendo os

títulos de Campeã Égua e Campeã Égua de Andamento. Graça, aliás, é filha de Itália DL e DL Uruguai da Alvorada, reprodutor de grande importância na formação do plantel do Haras Leni.

“Quando iniciei, não compreen-dia direito o grau de importância da morfologia e sua ligação com bons andamentos. Hoje aprendi que as duas caminham juntas e considero o andamento como principal re-quisito no meu plantel. Aliás, isso é pertinente com a minha opção pela raça Mangalarga. Se o nome já diz ‘o Cavalo de Sela Brasileiro’, eu tenho que estar inserido nesta ideia”, ressalta Nilton.

O criador tem ainda o objetivo de conseguir produzir bons produtos, com planejamento genético, para obter reprodutores e, ao mesmo tempo, contribuir para a expansão do mercado de cavalos prontos para montar. “Sei que é difícil, porém é este desafio que torna a atividade prazerosa. Acredito que o fato de ir aperfeiçoando, tentando reunir tudo de melhor em um só animal, é a meta de todos os criadores. É também onde eu quero chegar. Dentro das características da raça, é preciso salientar as melhores e mais expressivas, como o seu diferenciado andamento. O Mangalarga nasceu e foi selecionado para isso ao longo dos anos, tem características morfo-lógicas para essas funções”, conclui o dedicado selecionador.

Vista da entrada propriedade localizada em Piracaia

Émerson Bartoli recebe premiação conquistada por Fama NLB na 31ª Nacional e, ao lado, Nilton Bartolli cavalga pela propriedade com Netto JMV

Page 10: Revista Mangalarga

10 | Revista Mangal aRga

aprimoramento

A raça Mangalarga marcou pre-sença no seminário interna-cional ministrado por um dos

principais nomes da equinocultura mundial, o norte-americano Monty Roberts, conhecido mundialmente como o “Encantador de Cavalos”. O evento, que aconteceu nos dias 25 e 26 de março, celebrou em grande estilo o aniversário de cem anos da Sociedade Hípica Paulista.

A participação mangalarguista foi encabeçada pelos criadores Gilberto Diniz Junqueira, Ruth Vilela de An-drade e Victor Arnaldo Torresan, que conseguiram viabilizar a inclusão de alguns exemplares da raça nas demonstrações feitas por Monty Roberts, cujo trabalho prima pela não--violência e pelo respeito aos cavalos. Primeiro exemplar do “Cavalo de Sela Brasileiro” a ser trabalhado no evento, a potranca Náutica Mangalarga (filha de Ventaneiro do Sheik) mereceu até elogios do mestre norte-americano: “good girl...intelligent Mangalarga!”

Ruth Vilela conta que o evento foi uma verdadeira escola de amor e compreensão, tanto ao cavalo como ao ser humano. “A participação dos potros foi um show a parte. Um deles, que tinha fobia de entrar em trailers, em poucos minutos já es-tava entrando ao simples chamado do Monty Roberts. Acho que foi um momento que vai ficar para a his-tória da nossa raça. Além disso, ele disse ter gostado muito do cavalo Mangalarga e declarou até ter vonta-de de possuir um exemplar da raça”, revela a criadora.

Monty RobertsHoje, aos 75 anos de idade, Monty

Roberts é considerado por muitos como o maior nome do mundo do cavalo. Um de seus livros esteve du-rante 58 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times, foi tra-duzido em mais de 15 idiomas e ven-deu cerca de seis milhões de cópias.

Amigo pessoal e responsável pela doma dos cavalos da rainha da Inglaterra, sua história inspirou o personagem principal do blockbus-ter “O Encantador de Cavalos”, com Robert Redford. Além disso, Monty inspirou e inspira, há décadas, aman-tes de cavalos ao redor do mundo.

Roberts foi ainda tema de cerca de 50 documentários e especiais de TV. Suas apresentações já foram vistas por mais de dois milhões de pessoas ao redor do mundo, com mais de sete mil cavalos já trabalhados com suas técnicas, diante de audiências de diversos países.

Monty foi ator de cinema, bicam-peão mundial de rodeio e treinou milhares de cavalos, dos quais vários tornaram-se campeões mundiais em suas categorias. Nunca um treinador de cavalos havia conseguido formar campeões mundiais em tantas ca-tegorias de competição diferentes, como turfe, salto, adestramento, ré-deas, pólo, entre outras.

Muito antes de se falar em res-peito aos animais, sustentabilidade e ecologia, Monty Roberts transfor-mou a doma do cavalo, processo que demorava meses e consistia no uso de muita violência, em um processo

que demora minutos sem o uso de nenhum ato violento.

Seus métodos hoje são objetos de estudo de sociólogos, pedagogos, antropólogos e cientistas ao redor do mundo, que veem neles uma in-finidade de aplicações.

Encantador

Foto

s: Ru

th Vi

lela

Mangalarga encontra o

de Cavalos

Ruth Vilela de Andrade com Monty Roberts durante o evento

Gilberto Junqueira também esteve no encontro com o mestre do join-up Monty

Pioneiro no trabalho baseado no respeito e na não-violência na relação com os cavalos, Monty Roberts realizou demonstrações utilizando

exemplares da raça. E gostou muito da experiência!

Page 11: Revista Mangalarga
Page 12: Revista Mangalarga

12 | Revista Mangal aRga

marketing

AAssociação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) vem

ampliando nos últimos meses sua participação nas principais redes so-ciais da internet. Hoje, a entidade par-ticipa de forma marcante de serviços como o Twitter e o Facebook, com-provando que está sempre atenta às inovações do universo tecnológico.

A participação da ABCCRM no Twitter teve início no mês de no-vembro. Por meio desta popular rede social, conhecida por utilizar um sistema de mensagens curtas e rápidas, com no máximo 140 carac-teres, a Associação estreitou os laços com centenas de seguidores, que ficam sabendo em primeira mão das novidades da raça. “O Twitter vem se mostrando uma eficaz ferramen-ta para divulgar as qualidades e as atividades do Mangalarga para um público com grande interesse por ca-valos, formado por pessoas dos mais diversos pontos do país e do mundo. Além disso, essa é uma rede social que proporciona uma interação constante com dezenas de veículos de comunicação voltados ao agro-negócio e ao setor equestre, pos-sibilitando assim uma repercussão extra ao noticiário da raça”, explica o jornalista Pedro Camargo Rebouças, assessor de imprensa da ABCCRM.

Rebouças explica ainda que a divul-gação do Projeto Tropel Mangalarga foi o ponto alto da presença manga-larguista no Twitter até o momento. “As novidades sobre essa diferenciada cavalgada, que percorreu cerca de 1400 quilômetros, eram divulgadas

em diversas mensagens diárias, que narravam o desenrolar da viagem, as aventuras e as conquistas obtidas pe-los participantes durante os 36 dias da jornada. Também por meio do Twitter, foi possível repercutir as inúmeras matérias sobre o Tropel Mangalarga publicadas por sites, revistas e jor-nais, além dos vídeos veiculados nas emissoras de TV das regiões percor-ridas pelo grupo”, ressalta o assessor, lembrando ainda que outros eventos tiveram ampla veiculação na rede so-cial, como a Copa de Andamento e o Circuito de Exposições.

O jornalista destaca também que a participação dos associados ainda é relativamente pequena no Twitter. “Num cálculo informal, creio que cer-ca de 15% dos seguidores do Twitter da ABCCRM são criadores da raça. Esse dado é positivo, pois mostra que há um grande público interessado na raça, do qual poderão surgir no-vos usuários e criadores. No entanto, acho que é importante que mais pessoas participem dessa rede para ampliarmos a troca de informações e tornar ainda maior a repercussão dos assuntos ligados à raça. Além disso, essa é uma ferramenta muito

simples, em pouco tempo de uso o internauta fica familiarizado.”

Iniciada no dia 28 de fevereiro, a participação da raça no Facebook é mais recente. Explorando muito as fotos e os vídeos sobre as atividades da raça nos mais variados pontos do País, a página da ABCCRM vem conseguindo receber um número expressivo de visitantes, responsáveis por uma rápida disseminação das no-vidades mangalarguistas nesta rede social cujo crescimento em território brasileiro é bastante acelerado.

No Facebook, o principal desta-que até agora foi a divulgação da Exposição Brasileira, realizada entre os dias 7 e 10 de abril, na cidade paranaense de Londrina. O evento, afinal, teve fotos e vídeos veiculados com sucesso na rede social. Entre eles estavam reportagens veiculadas por emissoras como a Rede Massa, afiliada do SBT, e o Canal Rural, do Grupo RBS. O Facebook, além disso, serve como uma vitrine permanen-te da raça na internet, em que é possível encontrar diversas curiosi-dades sobre a história, as aptidões e a programação do Cavalo de Sela Brasileiro.

internetMangalarga expande

presença naRedes sociais, como Twitter e Facebook, têm ajudado a ABCCRM a

ampliar sua divulgação e a atrair mais pessoas para o convívio com a raça

Page 13: Revista Mangalarga
Page 14: Revista Mangalarga

14 | Revista Mangal aRga

história

A s arquibancadas do Hipódro- mo do Campo Grande, na charmosa cidade de Lisboa,

capital portuguesa, estavam lotadas naquele fim de tarde. Os conjuntos, trajados e equipados à moda sete-centista, entravam, um a um, na pista central, sob o som de música barroca portuguesa, exibindo um belíssimo carrossel. O espetáculo, uma verda-deira viagem no tempo e na história, encantava a todos.

As coreografias iniciais, desenvol-vidas ao longo dos séculos por mes-tres cavaleiros obcecados pela per-feição, exibiam uma harmonia única, repleta de naturalidade. Em seguida, com grande destreza e sob o coman-do de experimentados ginetes, os cavalos iniciaram a demonstração dos mais exigentes movimentos da Alta Escola, a antiga arte equestre guerreira utilizada para a preparação dos cavalos das principais cortes eu-ropéias durante os séculos XVI, XVII e XVIII. Piaffers, capriolas, corvetas e passages encantavam a todos em um espetáculo único.

Após aquela surpreendente apre-sentação, que encerrava o evento que me levara a Lisboa, decidi incluir mais algumas reportagens na pauta daquela minha estada em terras de “além mar”. Afinal, o espetáculo, re-alizado pela Escola Portuguesa de Arte Equestre, exclusivamente com cavalos Alter Real, provenientes da Coudelaria de Alter do Chão, des-pertara em mim a vontade de co-nhecer melhor aquele fundamental

ancestral das raças equinas do Sudeste brasileiro, em especial a nos-sa querida Mangalarga.

Como ainda era domingo, decidi esperar até a quarta-feira seguinte para visitar a sede da Escola, localiza-da no magnífico Palácio de Queluz, na cativante cidade de Sintra, nos arredores de Lisboa. Aquele, afinal, era o dia da semana em que a Escola Portuguesa de Arte Equestre reali-zava sua tradicional apresentação nos jardins da antiga residência de verão da corte portuguesa, fundada pelo rei Dom Pedro III e mais tarde adotada como moradia permanente de seu filho mais novo, o príncipe--regente Dom João, que viria a se tornar o rei Dom João VI.

Escola PortuguesaDepois de um breve passeio pelas

dependências do Palácio, em que aproveitei para conhecer um pouco

mais sobre a história dos nossos colo-nizadores, segui para as cocheiras da Escola Portuguesa de Arte Equestre na companhia de meu amigo Carlos Calado, que mais uma vez me cice-roneava em terras lusitanas. Ali, tive a oportunidade de acompanhar de perto a preparação de cavalos e cavaleiros para o espetáculo. Com muito zelo, os animais eram escova-dos, arreados e trançados. Tive ainda a oportunidade de conhecer alguns dos ginetes que integram a equipe de apresentação, todos eles donos de uma sólida formação hípica, como Bento Castelhano, que pouco depois se sagraria campeão europeu de equitação de trabalho.

Faltava ainda algum tempo para as 11h, horário marcado para o co-meço da apresentação, mas eu já estava a postos com uma máquina fotográfica em mãos ao lado da pista onde o espetáculo aconteceria. Logo

Uma viagem ao mundo do nobre ancestral do Cavalo Mangalarga

RealAlterPor Pedro Camargo Rebouças

Escola Portuguesa de Arte Equestre utiliza exclusivamente o Alter Real

Imag

em: D

ivulga

ção

Page 15: Revista Mangalarga

15 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

depois, a apresentação teve início. Agora, com os jardins de Queluz como cenário, eu não tinha dúvida de que se tratava de uma real viagem no tempo. Os cavaleiros, que vestiam um traje de equitação branco com um enorme jaquetão cor de vinho com detalhes em dourado, traziam nas cabeças os pontiagudos e trian-gulares chapéus pretos típicos do século XVIII. O mesmo cuidado e refi-namento podia ser visto nos arreios e nas selas portuguesas exibidos pelos cavalos castanhos, todos provenien-tes da seleção da Coudelaria de Alter.

A pista com dimensões menores que a do Hipódromo do Campo Grande e as acolhedoras depen-dências do Palácio de Queluz tor-navam a nova apresentação ainda mais impressionante que a anterior. Terminado o espetáculo, fui recebi-do pelo principal dirigente e mais antigo cavaleiro da Escola, o mes-tre picador João Felipe Geraldis de Figueiredo, mais conhecido como Marquês de Graciosa.

Graciosa começou a conversa exal-tando o fato do cavalo Alter Real ser um dos pilares da formação de im-portantes raças equinas brasileiras.

Em seguida, recordou com carinho de sua experiência com a raça Mangalarga nas Nacionais de 1995 e 1996, quando atuou como jurado a convite da ABCCRM. Como naquela ocasião, Graciosa elogiou o caráter do nosso cavalo de sela brasileiro, ressaltando ainda que o Mangalarga é um equino capaz de fazer sucesso em qualquer parte do mundo e que a Associação estava no caminho cer-to ao valorizar a funcionalidade.

No entanto, como o nosso assun-to naquele dia era o Alter Real, o mestre picador logo ressaltou que os animais utilizados pela Escola mantinham as mesmas característi-cas da época áurea da Picaria Real, assim como continuavam a executar os mesmos exercícios praticados no século XVIII. “Em 1979, reunimos quatro cavaleiros e quatro cavalos e fundamos a escola com a intenção de resgatar o trabalho feito na anti-ga academia da corte portuguesa, fechada em 1807 em consequência das Guerras Napoleônicas. Aqui, utili-zamos apenas animais selecionados na Coudelaria de Alter, exatamente como acontecia nos séculos XVIII e XIX”, explica Graciosa.

A estrutura da Escola vem, aliás, evoluindo bastante nos últimos anos. Além do mestre picador prin-cipal, outros dois mestres dividem a responsabilidade de coordenar o trabalho da academia e orientar os cerca de 12 cavaleiros que comple-tam o grupo, ocupando os cargos de picadores, picadores ajudantes e aspirantes. Todos eles dedicam suas manhãs aos treinamentos e são empregados do Ministério da Agricultura de Portugal, órgão responsável pela administração da academia. Os salários desses pro-fissionais são de nível médio, mas a projeção profissional que conquis-tam na escola lhes garante muitos alunos particulares e diversos con-vites para cursos por toda Europa.

O sucesso da instituição depen-de ainda de outros profissionais. Tratadores e ferradores cuidam para que os cerca de 60 cavalos alojados em Queluz estejam sempre em boas condições. E há ainda o alfaiate, o chapeleiro, o seleiro e o sapateiro, que trabalham para que equipa-mentos e vestimentas utilizados nas apresentações estejam rigoro-samente de acordo com o figurino setecentista.

Coudelaria de AlterO êxito também depende muito

do trabalho feito na Coudelaria de Alter, que, além de preservar o patri-mônio genético do Alter Real, é res-ponsável por fornecer os animais que participarão da Escola. Localizada na região do Alto Alentejo, no municí-pio de Alter do Chão, a Coudelaria de Alter é um dos mais antigos criató-rios de cavalos do mundo. Segundo Graciosa, a eguada da Coudelaria de Alter foi comprada e iniciada em 1748 por Dom João V, sob a influ-ência de sua esposa Dona Mariana da Áustria, que desejava reproduzir na corte de Lisboa uma academia equestre nos moldes da que existia em Viena. Foram então compradas, especialmente na região de Jerez, cerca de 300 éguas utilizadas para fornecer os produtos necessários

O mestre picador Felipe Figueiredo comanda apresentação da Escola PortuguesaFo

to: P

edro

Rebo

uças

Page 16: Revista Mangalarga

16 | Revista Mangal aRga

para a nova academia, que logo se transformaria na Picaria Real.

A estruturação da Coudelaria veio, no entanto, no reinado seguinte, comandado pelo rei Dom José I, que, entre os anos de 1749 e 1770, estruturou esse importante centro de seleção, investindo na formação da manada, nas instalações hípicas, no alargamento do assento agrícola e na ampliação da área de pastoreio. O período considerado o apogeu de Alter está situado, entretanto, entre os anos de 1771 e 1807, fase que compreendeu a transição entre o rei-nado de Dom José e o de sua filha e sucessora Dona Maria. Durante essa época, além de alcançar um sólido nível na seleção e no padrão dos animais, a Coudelaria viu a equitação praticada na Picaria Real atingir a perfeição no rigor da técnica, na be-leza dos movimentos e na elegância das atitudes, tendo como mentor o quarto Marquês de Marialva, Dom Pedro de Meneses. Prova disso é a produção no ano de 1790 - pelo picador Manuel Carlos de Andrade, discípulo de Pedro de Meneses - do Tratado de Equitação Luz da Liberal

e Nobre Arte da Cavalaria. A obra, considerada uma das mais famosas da história do hipismo mundial, é até hoje uma importante referência para equitadores de todo mundo.

O início do século XIX reservava, no entanto, uma abrupta mudança de rumos na história da Picaria Real, da Coudelaria de Alter e de Portugal. O País, governado desde 1792 pelo Príncipe Regente Dom João, que ocupara o lugar da adoecida Dona Maria, via-se então acuado com a política expansionista de Napoleão e também pela grande antipatia que

o governante francês nutria pelos re-presentantes das antigas monarquias europeias. Até que, em novembro de 1807, Dom João viu-se obrigado a fugir para o Brasil para preservar a dinastia de Bragança e, principal-mente, para escapar do triste destino definido por Napoleão para inúmeros outros monarcas europeus: a prisão e a morte. Dessa forma, o Príncipe pre-cisou, em curtíssimo espaço de tem-po e sob a tutela do governo inglês, tomar a decisão de transferir toda a corte para o Brasil, a principal e mais rica colônia lusitana. Essa decisão implicou inevitavelmente no fim da Picaria Real e deixou a Coudelaria de Alter numa situação bastante com-plicada, considerada a mais crítica de sua trajetória, com casos de roubo de importantes cavalos, redução na área do pastoreio, vandalismo nas instala-ções e também as primeiras ameaças à integridade étnica da manada.

Felizmente, tanto para a preserva-ção do patrimônio genético da raça como para a posterior formação das raças equinas do sudeste brasileiro, Dom João resolveu incluir alguns exemplares do Alter Real, entre eles importantes reprodutores e matri-zes, na bagagem de sua enorme comitiva. Apesar das asperezas da viagem, que durou pouco menos de quatro meses e incluiu severas dificuldades com as condições in-salubres das embarcações que atra-vessaram o Atlântico, esses animais chegaram ao Rio de Janeiro.

Desde o século XVIII, a antiga arte equestre guerreira da Alta Escola é a principal aptidão do Alter Real

Foto

: Ped

ro Re

bouç

as

Matrizes e éguas na Coudelaria de Alter, fundada em 1748 por Dom Jão V

Foto

: Divu

lgaçã

o

Page 17: Revista Mangalarga

17 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Toque de nobrezaJá instalado em terras brasileiras

e provavelmente buscando fortale-cer os laços com a elite local, Dom João presenteou Gabriel Francisco Junqueira, que viria a se tornar Barão de Alfenas, com alguns dos reprodu-tores provenientes da Coudelaria de Alter. Junqueira instalou esses ani-mais na fazenda Campo Alegre, lo-calizada no município de Cruzília, na região limítrofe entre o sul de Minas Gerais e o Estado de São Paulo. Logo, esses cavalos - com altura entre 1,50 e 1,60m e pelagem predominante-mente castanha - passaram a atuar na reprodução do criatório mineiro.

Aqui, esses reprodutores foram utilizados para cobrir éguas nacio-nais - também de ascendência ibéri-ca, mas já bastante adaptadas -, que desde o início do século XVIII vinham sendo criadas por proprietários rurais mineiros, como o próprio Gabriel Francisco Junqueira. “Essas fêmeas

foram trazidas pelos colonizadores e, com o passar dos anos, viveram em condições selvagens, adquirindo características que permitiram a so-brevivência nas condições climáticas e de alimentação do interior do Brasil, em Minas Gerais, mais precisamente”, explica o professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo Alexandre Gobesso, no texto “Influência do PSL na formação das raças nacionais”.

O encontro entre esses dois plantéis, que viviam em condições tão distintas, proporcionou o sur-gimento dos indivíduos que se tornariam os formadores das raças equinas do Sudeste brasileiro, em especial a Mangalarga, dando o toque de qualidade que ainda fazia falta à seleção da região. Para Bjarke Rink, equitador atualmente radica-do no estado do Rio de Janeiro e autor do livro “O enigma do centau-ro”, a principal contribuição do Alter

Real foi proporcionada pelas suas notáveis qualidades: diagrama pró-ximo do Andaluz, cabeça refinada com olhos bem separados, pescoço levemente arqueado, espádua lon-ga, grande profundidade torácica, garupa musculosa e pernas particu-larmente fortes e de boa ossatura, além da inteligência e vivacidade características dos grandes cava-los de sela. Ainda segundo Rink, o Alter Real representou a melhora da conformação necessária para a transformação do cavalo mestiço em cavalo de raça, proporcionando ao Mangalarga moderno o toque de ‘nobreza’ para que a raça fosse digna do dignitário e abriu-lhe a porta para a corte Imperial do Rio de Janeiro.

* O jornalista Pedro Camargo Rebouças realizou, entre 2000 e 2003, uma série de quatro viagens a Portugal, durante as quais pôde conhecer inúmeros aspectos da cultura equestre daquele país europeu.

Page 18: Revista Mangalarga

18 | Revista Mangal aRga

4ºsucesso

M ais uma vez, o feriado de Ti-radentes, no último dia 21, teve um evento de sucesso

na agenda de leilões da raça Manga-larga. A 4ª edição do já consagrado leilão Prestígio Otnacer apresentou 35 lotes de 24 renomados criatórios convidados pelo promotorz Antonio Caetano Pinto, do Haras Otnacer.

Com faturamento de R$ 1,453 mi-lhão e média geral de R$ 41,5 mil, o leilão trouxe animais de qualidade ímpar e garantiu ótimos negócios para os compradores presentes no local e criadores que deram seus lan-ces por telefone, através da transmis-são ao vivo do canal Terraviva.

Para o leiloeiro Guillermo Sanchez, “o diferencial e o sucesso do Leilão Prestígio estão pautados na quali-dade dos animais apresentados. O Toninho (promotor do leilão) conse-gue convidar pessoas importantes

e retirar de seu criatório os melhores animais, trazendo produtos que formam um plantel de qualidade”.

Além do Haras Otnacer, outros criatórios fizeram negócios na ocasião: Haras Espinhaço, Haras Origem, Haras Cerávolo Paoliello, Fazenda Sabaúna, Haras EFI, Fazenda Santo Antô-nio, Haras Araxá, Haras AEJ, Haras JES, Haras Orgin, Sí-tio Jedi, Haras Jaó, Haras Corumbau, Haras Da Cos-ta, Fazenda Império, Ha-ras Alvorada, OJC Empre-endimentos e Participações, Haras F1, Haras NH, Haras Brumazi e Haras R.A.A. ofertaram seus melhores lo-tes aos convidados.

Como esperado, um dos desta-ques do leilão, a potra Samanta do

Otnacer, teve ótimos lances e foi o segundo lote mais valorizado do plantel. A surpresa ficou por conta da potra Sucata do Otnacer (Reservada Campeã Nacional Potranca 2010), que obteve a maior cotação do even-to, sendo arrematada por R$ 120 mil.

Nem o feriado prolongado e o congestionamento de mais de 30 quilômetros na Rodovia Castelo Branco atrapalharam as vendas, e o Leilão Prestígio cada vez mais se consolida na agenda da raça Mangalarga como uma excelente oportunidade para criadores que buscam qualidade e transparência. Aliás, a transparência é uma das marcas do leilão e, segundo seu pro-motor, o criador Antonio Caetano Pinto, é uma característica que deve se manter nas próximas edições.

Texto da assessoria de imprensa do 4º Leilão Prestígio Otnacer

4ºLeilão Prestígio Otnacer

supera expectativas

Nairana esteve entre as atrações do remate promovido por Antonio Caetano Pinto

Apesar do feriado prolongado o evento foi um sucesso, movimentando uma receita total de R$ 1,453 milhão

Foto

s: Di

vulga

ção

Samanta obteve a segunda melhor cotação do evento

Page 19: Revista Mangalarga
Page 20: Revista Mangalarga

20 | Revista Mangal aRga

esporte

A raça Mangalarga vem, aos poucos, expandindo sua participação no universo da

arquearia a cavalo. Depois da bem sucedidas apresentações em even-tos como a 32ª Exposição Nacional e o 8º Encontro Internacional de Horsemanship da Universidade do Cavalo, ambos realizados no final do ano passado no estado de São Paulo, o grupo de arquearia da Chácara do Rosário estará agora re-presentado na Al Faris International Horseback Archery Competition, a primeira competição internacional desse esporte realizada na Jordânia, no Oriente Médio.

O evento, promovido pelo rei Abdullah Ii Ibn Al Hussein, aconte-cerá nos dias 9 e 10 de junho, na capital jordaniana, Amã. Na ocasião, o Brasil será representado pelo mangalarguista Fernando Almeida Prado. O jovem cavaleiro, que vem se destacando no grupo da Chácara do Rosário, é filho de Raul Sampaio de

Fernando Almeida Prado representará a raça e o Brasil em competição organizada por Abdullah li Ibn Al Hussein, rei da Jordânia

internacionalMangalarguista participará de evento

dearquearia

Por Pedro Camargo Rebouças

Foto

s: Ra

ul Al

meid

a Pra

do

Fernando viajará ao Oriente Médio para representar

a comunidade mangalarguista

Page 21: Revista Mangalarga

21 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Almeida Prado, idealizador do pro-jeto de arquearia realizado no muni-cípio paulista de Itu e introdutor da modalidade na raça.

Além de representar bem o Brasil e a comunidade mangalarguista, Fernando tem o objetivo de adquirir experiência internacional e desfrutar da convivência com os melhores arqueiros do mundo para, posterior-mente, ajudar a modalidade em ter-ritório brasileiro. Na competição, em decorrência das dificuldades logís-ticas e sanitárias, e do alto custo do transporte de animais até o Oriente Médio, os concorrentes utilizarão cavalos cedidos pelos organizadores do evento, muitos deles integrantes do plantel pessoal do rei Hussein. Além disso, as provas serão divididas de acordo com os estilos mais prati-cados de arquearia a cavalo, como o turco (no qual o cavaleiro deve acer-tar um alvo a sete metros de altura durante um galope circular à sua volta), o coreano (que é dividido em três etapas com um, dois e cinco al-vos em cada uma delas) e o húngaro (em que os competidores precisam disparar em três alvos, um a cada

30 metros de corrida), além de uma demonstração à maneira jordaniana, durante a qual os participantes al-ternam o arco e flecha com o uso de outras armas, como a espada, para a derrubada de obstáculos.

Iniciado há cerca de um ano e meio, nas dependências da Chácara do Rosário, o projeto de arquearia a cavalo com o uso do Mangalarga começou de forma despretensiosa. O intuito era descobrir uma nova modalidade para a prática cotidia-na da raça e também unir amigos e familiares dos organizadores em um gostoso momento de confraterni-zação. Aos poucos, n o e n t a n t o , a iniciativa foi ga-nhando espaço e despertando o interesse de muitas pessoas.

A aptidão dos exemplares da r a ç a t a m b é m j á e s t á m a i s do que prova-da. Ágil, dócil e d o t a d o d e

equilíbrio psicológico, o Mangalarga tem demonstrado muita habilidade para a prática desse esporte, cuja ori-gem é milenar. Raul Almeida Prado conta, inclusive, que a raça já foi elo-giada por um dos principais nomes da arquearia, o tcheco radicado nos Estados Unidos Lukas Novotny que, em recente visita ao Brasil, pôde testar o Mangalarga na prática dessa exigente atividade.

Agora, é torcer pelo êxito do Fer-nando nas distantes terras árabes e ficar atento para saber quando será o próximo encontro para a prática da arquearia na Chácara do Rosário.

No detalhe, a aljava utilizada pelo arqueiro para guardar as setas

Convite enviado pelo rei da Jordânia

Page 22: Revista Mangalarga

22 | Revista Mangal aRga

O 1º Festival de Verão de En-duro Equestre, que aconte- ceu no Hotel da Fazenda

Dona Carolina, em Itatiba (SP), teve parte de sua programação direcio-nada especialmente para a comu-nidade mangalarguista: a Clínica de Enduro para Iniciantes.

Realizada nos dias 19 e 20 de feve-reiro, a clínica apresentou essa moda-lidade hípica internacional a criadores da raça Mangalarga e seus familiares. O curso foi ministrado pelo treinador da equipe brasileira de jovens cavalei-ros de enduro, Guilherme Ferreira da Rocha, e pelo cavaleiro internacional Fabríco Bagarolli, e os participantes puderam aprender sobre a prepara-ções técnica e prática para as provas desse diferenciado esporte equestre.

Os mangalarguistas inscritos no curso também puderam conhecer um pouco mais sobre a modalidade por meio da exposição da história, regras e categorias do esporte. Eles tiveram, ainda, a oportu-nidade de colocar o co-nhecimento adquirido em prática, com o acom-panhamento dos orga-nizadores, na prova de regularidade do Festival, realizada na manhã do dia 20 com um percurso de 26 quilômetros. Além disso, durante a prova, os participantes pude-ram vivenciar a impor-tância dos Vet Checks – os exames veterinários

realizados antes e depois da prova de enduro, com o intuito de conservar a saúde dos equinos concorrentes.

Segundo Fabrício Bagarolli, o grupo de mangalarguistas que compareceu ao evento foi composto por Nelson Antônio Braido, Nelson Antônio Braido Júnior, Maria Carolina Braido, Dirk Helge Kalitzki, Karin Caixeta Kalitzki, Stefanie Caixeta Kalitzki, Luísa Ópice, Sérgio Ópice, Maria Cândida Junqueira Melo e Luciana Ligeiro.

O Festival de Verão, que contou com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), foi uma rea- lização da Global Equi Consulting. A programação do evento contou também com um curso de ferra-geamento e podologia equina, ministrado pelos franceses Jacques Cardin e Jean Marc Gibert, e uma clínica preparatória para os inter-câmbios internacionais de enduro da temporada 2011.

Firmeza e regularidadeNos últimos anos, mesmo com

uma participação relativamente pequena, a raça Mangalarga ob-teve bons resultados nas disputas de regularidade. Nelas, o conjunto competidor deve completar um percurso que varia de 20 a 40 quilô-metros, tentando manter-se o mais fiel possível à média de velocidade previamente determinada pelos organizadores.

Segundo Vivian Feres José, deten-tora de dois títulos nacionais de regularidade com o Mangalarga Humaitá do Suelotto, a principal qualidade da raça para a moda-lidade está no andamento firme e regular. “Você coloca o animal numa velocidade e ele vai embo-ra. Essa regularidade é muito boa para o cavaleiro, pois dá pouco trabalho durante a prova”, destaca a amazona, cujo início no enduro ocorreu em 1994.

Além de aprimorar os conhecimentos sobre a modalidade, os mangalarguistas participaram de

uma prova de regularidade de 26 quilômetros

esporte

Fotos: Fabrício Bagarolli

1ºFestival de Verão de Enduro Equestre

Guilherme Ferreira recepcionou os mangalarguistas na Fazenda Dona Carolina

Page 23: Revista Mangalarga
Page 24: Revista Mangalarga

24 | Revista Mangal aRga

AAssociação Brasileira de Cria-dores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) pro-

moveu, na tarde de 31 de março, uma Assembleia Geral Ordinária para a apresentação dos relatórios referentes ao exercício fiscal en-cerrado no dia 31 de dezembro de 2010. A reunião, que contou com a participação de cerca de 30 pesso-as, aconteceu na sede da entidade, no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP).

Os trabalhos foram abertos pelo presidente da ABCCRM, Sergio Luiz Dobarrio de Paiva. Em seguida, o di-retor jurídico Fernando Tardioli Lúcio de Lima e o presidente do Conselho Superior de Administração Mário Alves Barbosa Neto deram prosse-guimento à assembleia, que contou também com a apresentação dos relatórios conduzida pelo diretor fi-nanceiro Vital Jorge Lopes.

AntidopingNo início de março, a Associação

decidiu, por meio de sua Diretoria Executiva, incrementar a utilização do exame antidoping durante a tempora-da 2011. Dessa forma, os testes não se limitarão mais apenas à Exposição Na-cional e à final da Copa de Andamen-to, como acontecia anteriormente.

Segundo o Regulamento Geral de Exposições Oficiais, está prevista a realização do exame antidoping em todas as mostras e copas de andamento, tanto regionais como abertas. Os associados devem ficar, portanto, cientes de que as análises poderão ser realizadas sem qualquer aviso prévio por parte da Associação ou dos organizadores dos even-tos que integram o calendário da ABCCRM. Assim, a partir de agora, ex-positores, apresentadores, médicos veterinários e todo o staff do cavalo apresentado deverão ficar atentos ao Regulamento de Antidoping.

Para obter uma cópia do Re-gulamento de Antidoping, basta acessar o site da ABCCRM – www.ca-valomangalarga.com.br – ou solicitá--lo, pelo telefone (11) 3673-9400, ao Carlos Alberto, do Departamento de Exposições.

Diretores e associados participaram da reunião realizada na sede da ABCCRM

associação

reúne a comunidadeAssembleia

mangalarguista

Foto

s: No

rber

to Câ

ndido

Sérgio Paiva abriu os trabalhos da assembleia

Assembleia aconteceu na sede da ABCCRM

Page 25: Revista Mangalarga
Page 26: Revista Mangalarga

26 | Revista Mangal aRga

A Cavalgadas Brasil e o Haras Lagoinha promoveram, nos dias 2 e 3 de abril, no Centro

de Eventos Lagoinha, em Jacareí (SP), a clínica internacional “Mulheres e Cavalos - Como os cavalos tocam a alma das mulheres”. O evento foi co-mandado pela amazona, instrutora, treinadora e escritora norte-america-na Mary Midkiff, que veio ao País ex-clusivamente para a realização deste inédito curso.

Durante a clínica, Mary falou sobre os sentimentos que unem as mulheres aos seus cavalos. O pro-grama, entretanto, apresentou mui-to mais do que isso: aela também ensinou às presentes como tratar, manejar, treinar e usar equipamen-tos que propiciam melhor desem-penho a amazonas.

Na ocasião, as participantes tam-bém ganharam um exemplar auto-grafado do livro “Voando sem Asas – Como os cavalos tocam a alma das mulheres”. Escrita por Mary, a obra, que agora chega ao Brasil, já foi lançada em diversos países e é de-tentora de vários prêmios. Diretor da Cavalgadas Brasil, Paulo Junqueira revelou interessantes dados sobre a presença feminina no universo equestre. “Cerca de 65% dos clientes que procuram nossos roteiros são mulheres. Por isso, a clínica repre-sentou uma oportunidade única para todas aprenderem a lidar com

a afinidade natural que existe entre elas, os cavalos e o ato de cavalgar”, ressaltou o empresário, responsável pela organização da clínica ao lado da mangalarguista Marisa Iório.

ProgramaSegundo os organizadores, o

evento foi estruturado de maneira a unir teoria e prática. As atividades da manhã do primeiro dia, que acon-teceram em sala de aula, incluíram uma apresentação destinada a mos-trar e explorar as conexões físicas, emocionais, mentais, espirituais e intuitivas entre mulheres e cavalos. Além disso, foi abordado o tema “entendendo a equitação sob a pers-pectiva feminina”.

No período da tarde, os partici-pantes seguiram para o picadeiro do Centro de Eventos Lagoinha, onde aconteceram duas diferenciadas

demonstrações. A primeira, “O cava-lo focado”, mostrou como criar uma conexão ente mulheres e cavalos para tratar, manejar, treinar e man-ter uma ligação profunda, usando métodos naturais e seguros para atingir a mente, o corpo e alma dos cavalos, incluindo neste processo a aromaterapia com óleo essencial. Já a segunda demonstração abordou “O cavalo equilibrado”, acupuntura e outras técnicas. Nela, Mary Midkiff envolveu a audiência ao percorrer todo o corpo do cavalo, ensinando sobre seu comportamento e lingua-gem corporal.

A manhã do segundo dia do evento foi reservada para uma re-visão do dia anterior. Nessa etapa, foram realizadas leituras de partes do livro “Voando Sem Asas” e deba-tes sobre demonstração da véspera, além de apresentações de exercícios

Clínica ministrada por amazona norte-americana procurou retratar a poderosa, e mágica, relação de cumplicidade entre mulheres e

cavalos, cuja origem remonta à antiguidade mais remota

aprimoramento

elas

Grupo de participantes da clínica

Um eventosó para

Fotos: Marisa Iorio

Page 27: Revista Mangalarga

27 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

de alongamento e resistência, ali-nhamento corporal e consciência de movimento. Depois, a amazona norte-americana demonstrou às mu-lheres como usar sua intuição, mente e corpo no trabalho com cavalos de maneira tranquila e segura.

Mary MidkiffConhecida como pioneira na

‘indústria do cavalo’, Mary Midkiff é presidente da Recursos Equestres (EQR), empresa de marketing e planejamento criada em 1991 para promover atividades relacionadas a cavalos. Em 1992, lançou o pro-grama “Women & Horses Fitness and Performance”. Especializou-se em uma abordagem holística para condicionamento e treinamento de cavalos, criando uma parceria de ligação profunda entre cavalos e humanos, oferecendo informações, técnicas e recursos para as mulheres que atuam na área equestre.

Premiada e reconhecida pelos 30 anos de trabalho com cavalos, Mary – pós-graduada em Publicidade e Comunicação na Universidade de Kentucky – procura transmitir às pessoas seu envolvimento originário na infância, sob inspiração do avô, Dan Midkiff, empresário, treinador e criador de cavalos Puro-sangue. Na área, Mary completou com honras o Programa de Equitação na mesma uni-versidade, e recebeu as certificações de Horsemaster do Departamento de

Educação do Estado de Maryland e da British Horse Society.

Ela também participa de diversas entidades e organizações relaciona-das à indústria do cavalo. Tem artigos publicados em diversos veículos de imprensa e é citada como especia-lista equestre em muitas ocasiões. “Minhas palestras são focadas em mulheres e em vê-las se aproximan-do de cavalos e equitação. Abordo o intuitivo e o relacionamento físico entre mulheres e cavalos, incluindo o porquê da afinidade natural, a paixão por cavalos e as técnicas de equitação e equipamentos especí-ficos para mulheres. Trato também da oportunidade de compreender as nossas diferenças e o que as mu-lheres precisam para se sentir mais seguras e confortáveis”, relata a ama-zona em um deles..

O livro“Voando sem Asas - Como os cava-

los tocam a alma das mulheres”, que está em sua primeira edição brasilei-ra, é organizado em doze capítulos que espelham o arco da vida da mulher – desde a descoberta, ainda jovem, de uma afinidade natural com o cavalo até o surgimento da consciência das mudanças da vida.

Um dos temas dominantes é que os cavalos constantemente testam os limites de aceitação entre o grupo, da mesma forma que os humanos. De maneira peculiar, eles estabelecem níveis de aceitação com seus cuida-dores humanos, e, naturalmente, procuram contenta-mento na vida diária, u m a s e r e n i d a d e só adquirida pela autoaceitação sob um largo espectro de circunstâncias. Mary Midkiff conta que a ideia do livro surgiu no programa “Women & Horses”, que oferece condi-cionamento e siste-ma de performance e s p e c i f i c a m e n t e

para as amazonas. “Montando toda a minha vida, eu havia descoberto que as técnicas para lidar com cavalos, ou mesmo montar, que funcionam para os homens, não necessariamente funcionam para as mulheres. Escrevi o livro para mostrar que os cavalos me ajudam no caminho da aceitação, além de ensinar e trazer liberdade.”

Para Mary, o relacionamento entre uma mulher e um cavalo é um encontro entre o intangível - o espiritual, mítico, etéreo - e o muito tangível – as realidades diárias físi-cas de montar e manter um cavalo e a vida em si. Tendo passado boa parte da vida em cima de um cava-lo, ela concluiu e procura transmitir a seguinte ideia: “cavalos fizeram toda a diferença em minha vida e me deram muito mais do que condicionamento. Conversando com grande número de mulheres, percebi que a conexão que sinto com os cavalos é algo que muitas sentem. Quando partilho esse sen-so de conexão, o que emerge é que nosso relacionamento com cavalos nos leva a novos níveis de confian-ça pessoal, força e compaixão. Eles fornecem verdadeiras dádivas espi-rituais, num mundo sagrado”.

Tanto o livro quanto a clínica, pro- curam retratar a poderosa, e mági-ca, relação de cumplicidade entre mulheres e cavalos, que vem desde a mitologia, a história e a literatura, passando pela experiência da própria autora e por numerosas entrevistas com outras mulheres.

Silvia Rossi, Sueli Linces, Mary Midkiff e Marisa Iorio

Marisa Iorio com Mary Midkiff

Page 28: Revista Mangalarga

28 | Revista Mangal aRga

A cidade baiana de Vitória da Conquista recebeu, no dia 2 de abril, a terceira etapa do

Circuito de Exposições do Cavalo Mangalarga 2011. A mostra, pro-movida pelo Núcleo do Sudoeste Baiano, com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), contou com a presença de 40 animais, que passaram pela análise do jurado Marcelo Leite Vasco de Toledo.

A coordenação do evento esteve a cargo dos criadores e fundado-res do Núcleo do Sudoeste Baiano Rafael Ladeira, engenheiro agrôno-mo e diretor-presidente da Mangalô Publicidades, de Vitória da Conquista, e Jivago Queiroz, médico oftalmolo-gista de Itapetinga (BA). A exposição, entrentanto, também contou com a presença de outros tradicionais sele-cionadores do estado: José Henrique

nova fronteiraRamos, Lizete e Maurício Pimentel, Kalu Tourinho de Abreu, Marcelo Cintra Zariff, Dorival Santana, Antonio José Seabra, Alberto Ramon, Henrique Brugni, José Marcos Costa, Nivaldo Batista Queiroz, Pedro Pitan-ga, Renato Passini, Roberto Fachinetti e Vitor Gama.

As categorias mais concorridas do evento baiano foram aquelas dedicadas às potrancas e às éguas se-niores. Criada por Joaquim Bento de Souza Neto e exposta por Tourinho de Abreu e Filhos, Suíça da Sabaúna (Quântico da Janga em Libéria da Sabaúna) sagrou-se Campeã Potranca da Exposição. Já entre as fêmeas mais experientes, se destacaram Lilica NJT (Hebreu JHR em Tradição Paulista), de Nivaldo Batista Queiroz, eleita Campeã Égua Sênior, e Utopia JHR (Patrício JHR em Fragata da Matta), exposta por José Henrique Ramos, que conquistou o Campeonato Égua Sênior de Andamento.

O ranking dedicado aos exposi-tores da mostra magalarguista de Vitória da Conquita, por sua vez, foi liderado foi liderado por Maurício Nelson Andrade Pimentel, que so-mou 295,60 pontos, seguido por Nivaldo Batista Queiroz (273,20) e Tourinho de Abreu e Filhos (239,80). A mesma classificação se repetiu, aliás, na listagem final envolvendo os criadores: Maurício Nelson Andrade Pimentel (162 pontos) em primeiro,

seguido por Nivaldo Batista Queiroz (76) e Tourinho de Abreu e Filhos (68).

Realizada nas dependências do Parque de Exposição Teopompo de Almeida, a mostra mangalarguis-ta aconteceu durante a Exposição Nacional do Agronegócio de Con-quista, a Expoconquista. O evento, que está entre os principais do agronegó-cio baiano e possui 81 anos de história, recebeu, na edição deste ano, repre-sentantes de mais de 80 municípios da Bahia e de 14 estados brasileiros.

Situada em eegião emergente, onde vivem 310 mil habitantes, Vi-tória da Conquista canaliza 67 mu-nicípios para sua estrutura cultural e de serviços, que inclui seis univer-sidades, centro médico regional e polo comercial. Além disso, a cida-de, situada a 900 metros de altitude, com influência forte na cafeicultura e circunvizinha de áreas nobres da pecuária baiana, como a região de Itapetinga, é a porta de entrada para o nordeste brasileiro.

Com o sucesso da exposição e o entusiasmo dos criadores da região, Conquista tem tudo para se tornar um grande polo de desenvolvimen-to para novos criatórios e adeptos do cavalo Mangalarga. O próximo evento do Núcleo Sudoeste será a Exposição Mangalarga de Itapetinga, cuja programação terá início em me-ados de maio e incluirá o 3º Leilão NJT e convidados.

eventos

Com o sucesso da mostra de Vitória da Conquista e o entusiasmo dos criadores, Sudoeste Baiano tem tudo para se tornar um importante polo da raça

Foto: Arquivo/Norberto CândidoAnimais de qualidade passaram pela pista de julgamento

Aberta uma

para o cavalo Mangalarga

Page 29: Revista Mangalarga
Page 30: Revista Mangalarga

30 | Revista Mangal aRga

Umuarama (PR), Bragança Paulista (SP) e Itapetininga também receberam importantes etapas do Circuito de Exposições 2011

eventosPor Pedro Camargo Rebouças | Fotos: Norberto Cândido

TietêExposição de

segue crescendoMostra de Tietê recebeu

97 exemplares da raça

Page 31: Revista Mangalarga

31 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

A 26ª Feira Agropecuária e Industrial de Tietê (SP) re-cebeu, nos dias 26 e 27 de

março, a segunda etapa do Circuito de Exposições 2011. O evento, organizado pelo mangalarguis-ta Paulo Lenzi, com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), contou com uma ampla programação, que incluiu disputas funcionais e julgamentos de mor-fologia e andamento. A mostra, além disso, foi prestigiada pelo pre-feito de Tietê, José Carlos Melare, e pelo presidente da ABCCRM, Sergio Luiz Dobarrio de Paiva.

Seguindo a tendência das tem-poradas anteriores, a Exposição Mangalarga de Tietê registrou uma expressiva evolução. Este ano, 97 exemplares da raça passaram pela pista de julgamento da Fait, número 8% superior ao registrado em 2010. Já a participação de expositores sal-tou de 32, no ano passado, para 42 na edição de 2011, comprovando o aumento de interesse da comunida-de mangalarguista pela mostra do interior paulista.

Para comandar os julgamentos, fo-ram convocados os jurados Marcelo Leite Vasco de Toledo, responsável pela análise morfológica dos concor-rentes, e Thomas Nogueira Negrão D’Angieri, a quem coube a avaliação

do andamento dos exemplares que passaram pela pista do Parque de Exposições de Tietê. Além da classe geral, o evento contou com julga-mentos dedicados às categorias de pelagens diferenciadas, das quais participaram animais pampas, ala-zões amarilhos, tordilhos, castanhos e pretos ou zainos.

Com dez concorrentes cada, as categorias destinadas às éguas jo-vens (fêmeas de 36 a 48 meses) e às éguas (além de 48 a 60 meses) foram as mais concorridas da programação. Exposta por João Pacheco Galvão de França, Dinamarca da Bica (Xingú da Bica em Camile DAM) sagrou--se Campeã Égua Jovem enquanto

Jubilee ACD (Helíaco DA em Itália DAM), originária da seleção de Antonio Carlos Pestili Fonseca, ob-teve o Campeonato Égua Jovem de Andamento. Por sua vez, a disputa entre as éguas teve como principais destaques Theresa da Araxá (Olimpo JMV em Atração FSI), exposta por Haigazun Sanazar e eleita Campeã Égua, e Energia JCMAF, proveniente da criação de José Carlos Moraes Abreu Filho e escolhida Campeã Égua de Andamento.

Entre os machos, a classe mais movimentada foi a destinada aos potros (mais de 24 a 30 meses), que teve como campeão Zenith do Fogo (T.E.), produto de Paulista MAB e Primeira Bel, criado e exposto por Rodrigo Cardoso Barbosa. Por sua vez, a disputa entre os expositores teve como principais destaques o Haras Leni (com 223,50 pontos), o Haras Cerávolo Paoliello (com 193,65 pontos) e José Eduardo de Souza (191,85 pontos). Além disso, o Haras Leni liderou também o ranking de expositores de andamento, soman-do 73,50 pontos e ficando à frente de Mário Alves Barbosa Neto (70 pontos) e Aníbal Baptista Teixeira Rodrigues (65 pontos).

UmuaramaA agenda de eventos da raça

Mangalarga foi aberta este ano com a Exposição Mangalarga de

Produtos de grande qualidade passaram pela pista do Parque de Exposições de Tietê

Paulo Lenzi na companhia do prefeito de Tietê José Carlos Melare, Thomas D’Angieri, Sérgio Paoliello e Marcelo Toledo

Page 32: Revista Mangalarga

32 | Revista Mangal aRga

Umuarama. A mostra, realizada na sexta-feira 11 de março, nas depen-dências da pista Orlando Mesquita da Silva, foi uma das principais atra-ções da ExpoUmuarama, considera-da uma das mais importantes feiras agropecuárias do Norte do Paraná e da região Sul do País.

Organizada pelo mangalarguis-ta João Quadros, com o apoio do Sindicato Rural de Umuarama e da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, a mos-tra foi conduzida pelo jurado Silas Eduardo Freire e contou com a partici-pação de selecionadores dos estados de São Paulo e Paraná. Na classe geral, os expositores que mais se destacaram foram Josiane Cardoso Matta Vidotti (419,40 pontos), ZCM Agropecuária Ltda. (326,85 pontos) e Vinicius João Curi (307,20 pontos). Já o julgamento de andamento teve como melhores expositores ZCM Agropecuária (172,50 pontos), Josiane Cardoso Matta Vidotti (132 pontos) e Vinicius João Curi (76,50 pontos).

As categorias mais movimentadas da mostra foram as destinadas às potrancas (fêmeas com 24 a 30 me-ses) – cuja primeira colocação ficou com Valentine da Araxá (Ouro F.S.I. em Romênia da Janga), exposta por Josiane Vidotti – e às éguas jovens – cujos destaques foram a campeã da classe geral Roma da Sabaúna (Jambo

d a S a b a ú n a em Catarata do Ingá), criada por Joaquim Bento de Souza Neto e exposta por Vi n i c i u s J o ã o Curi, e a campeã d e a n d a m e n -t o N e b r a s k a Z C ( Q u i t u t e da Janga em Ne-blina do Mamão), originária da sele-ção de José Lamartine Moreira Cintra e exposta pela ZCM Agropecuária.

Bragança PaulistaO Circuito de Exposições do Cavalo

Mangalarga promoveu, no sábado 16 de abril, a tradicional mostra manga-larguista de Bragança Paulista (SP). O evento, que contou com a presença dos jurados Thiago Nogueira Negrão D’Angieri e Eduardo Leite Cintra, levou à pista do Parque Fernando Costa, po-pularmente conhecido como Posto de Monta, 136 exemplares da raça, sendo que 77 desses animais partici-param do julgamento geral enquanto os outros 59 animais participaram da disputa nas classes dedicadas às pe-lagens diferenciadas, que incluíram pampas, alazões amarilhos, tordilhos, castanhos e pretos ou zainos.

O Haras Leni, com 415,20 pontos, ficou em primeiro lugar no ranking

dos 25 expositores que participaram da classe geral, seguido pelo Haras Precioso (383,70 pontos) e pela ZCM Agropecuária (265,50 pontos). Já no julgamento de andamento, a ZCM Agropecuária ficou com o primeiro lugar entre os expositores, registran-do 136,50 pontos, à frente do criador Paulo Pacheco da Silveira (100,50 pon-tos) e do Haras Leni (94,50 pontos).

O Campeonato Égua e o Cam-peonato Égua de Andamento, que tiveram como grande destaque Graça NLB (DL Uruguai da Alvorada em Época LHL), exposta por Almiro Esteves Junior e criada pelo Haras Leni, estiveram entre as categorias mais movimentadas da exposição. Também bastante concorrida foi a disputa entre as éguas seniores, cujos principais destaques foram Primeira Bel (Amigo JO em Prima Dona RN) e Xica do Mangabaia (Exótico TG em Implosão da Água Sumida). Originária da seleção de Antonio Martinez e exposta por Rodrigo Cardoso Barbosa, Primeira Bel sagrou-se Campeã Égua Sênior. Já a representante do criatório de Paulo Pacheco da Silveira, Xica do Mangabaia, que ficou famosa no final do ano passado por sua desta-cada participação no Projeto Tropel Mangalarga, conquistou o título de Campeã Égua Sênior de Andamento.

Entre os machos, a categoria mais movimentada foi novamente a dedicada aos potros (machos com 24 a trinta meses de idade). Criado e exposto por Rodrigo Cardoso Barbosa, o jovem Zenith do Fogo (T.E.), fruto do cruzamento entre Paulista MAB e Primeira Bel, foi o

eventos

Nivaldo Costa e Luiz Carlos Macedo estavam entre os 42 expositores que participaram da segunda mostra do ano

Número de concorrentes cresceu 8% na Fait

Page 33: Revista Mangalarga
Page 34: Revista Mangalarga

34 | Revista Mangal aRga

principal destaque entre os oito concorrentes dessa classe, sagran-do-se assim Campeão Potro.

Por sua vez, o julgamento dos animais pampas teve como desta-que os expositores Paulo Eduardo Correa da Costa, primeiro colocado com 792,60 pontos, Rodnei Pereira Leme (158,85 pontos) e a Corumbau Participações (96 pontos). Além disso, Paulo Eduar-do Correa da Costa tam-bém liderou o ranking dos exposito-res de andamento dos exemplares pampas, registrando 136,50 pontos, enquanto Corumbau Participações e Luis Fernando Toledo obtiveram res-pectivamente 42 e 30 pontos.

ItapetiningaContinuando seu giro pelo estado

de São Paulo, o Circuito de Exposições promoveu na cidade paulista de Ita-petininga a oitava mostra de 2011. A Exposição Mangalarga de Itapetininga aconteceu no dia 22 de abril, feriado da Sexta-feira Santa, com a participa-ção de 55 animais, expostos por 15 tradicionais criatórios da raça.

O Campeonato Potranca foi res-ponsável pela mais acirrada disputa na pista de julgamento de Itapetininga. Exposta por José Eduardo de Souza, Comédia JES (T.E.), filha de Xaréu JES

(T.E.) em Vítima JES (T.E.), sagrou-se campeã da categoria, superando outras cinco concorrentes. A exposi-ção consagrou também Bárbara JES (T.E.), produto de Regalo JO e Virada JES, também originária da seleção de José Eduardo de Souza, que obteve os títulos de Campeã Égua Jovem e Campeã Égua Jovem de Andamento, outra categoria bastante disputada durante o evento, cujo julgamento esteve a cargo da jurada Maria Aracy Tavares de Oliva.

Por sua vez, o ranking de exposi-tores da mostra de Itapetininga teve como principais destaques os man-galarguistas José Eduardo de Souza, cujos animais somaram 481,35 pon-tos, Luiz Aparecido de Andrade, que obteve 175,50 pontos, e Aníbal Baptista Teixeira Rodrigues, com 124,50

pontos. Souza também ficou em pri-meiro entre os expositores de animais de andamento, somando 211,50 pon-tos, resultado que o deixou à frente de Aníbal Rodrigues (57 pontos) e Natal Francisco Ribeiro (39 pontos).

Além de Tietê, Umuarama, Bra-gança Paulista e Itapetininga, a pro-gramação mangalarguista no ano de 2011 contou com exposições em outras quatro cidades: Belém (PA) e Brasília (DF), cujos resultados não es-tavam disponíveis até o fechamento da Revista Mangalarga, e Vitória da Conquista (BA) e Londrina (PR), cuja cobertura pode ser acompanhada em outras matérias desta edição.

Para ver os resultados das etapas do Circuito de Exposições, visite o site da ABCCRM (cavalomangalarga.net.br).

eventos

A pelagem pampa esteve em destaque nas primeiras mostras de 2011

Participação da raça já é tradicional na Fait

Page 35: Revista Mangalarga
Page 36: Revista Mangalarga

36 | Revista Mangal aRga

H á cerca de 15 anos, quando tive o primeiro contato com o Mangalarga, certa pecu-

liaridade da raça me chamou logo a atenção. Não conseguia compreen-der por que animais tão belos e fun-cionais experimentavam dificuldade em serem reconhecidos pelo mer-cado equestre na mesma medida de seus notáveis atributos e de suas incontestáveis qualificações.

Imaginava desde então que pos-suíamos um grande trunfo nas mãos, embora subutilizado: um animal ex-traordinário, de beleza exuberante e andamento primoroso, com aptidões para o lazer, trabalho e esporte, e que teimava em buscar um lugar ao sol mais por seus próprios méritos do que propriamente por força de nossa ação, na condição de administradores e gestores dos interesses da raça.

Concluí que o diagnóstico do problema pode ser obtido com rela-tiva precisão a partir da análise dos instrumentos de que fazem uso as demais raças de equinos no Brasil para expandir suas fronteiras, e do extraordinário nível de evolução zoo-técnica e genética alcançado pelo Mangalarga em descompasso com a evolução de seu mercado: faltaram historicamente estratégias eficientes de marketing que direcionassem as ações para a divulgação das qualida-des que o trabalho centenário e cri-terioso de selecionadores permitiu alcançar. Some-se a isso a carência,

Atletaao longo dos anos, da implementa-ção de trabalhos que extrapolassem as fronteiras de São Paulo e Minas, e que buscassem priorizar novos mer-cados potencialmente fortes, que representassem centros estratégicos e promissores de crescimento.

Entretanto, seria ingênua a inten-ção de atribuir eventuais dificuldades exclusivamente às ineficiências de antigos projetos de marketing, que contemplavam apenas os grandes centros, ou que, por omissão, deixa-vam de priorizar a divulgação ampla e ostensiva das principais qualidades de nosso animal. Estes projetos, por sinal, foram eficientemente contra-postos pelo recentes trabalhos de valorização da função, entretanto, algumas outras razões de uma acele-ração de demanda aquém de nossas expectativas sempre estiveram bem diante de nossos olhos.

Ao longo dos anos, pudemos ob-servar o crescimento no mercado de raças notoriamente atrasadas em seu processo de evolução zootéc-nica, mas que atingiram uma fatia de mercado considerável, portanto incompatível com a evolução ge-nética alcançada por sua tropa, fato este que motivou a utilização de sangue estranho para acelerar um processo de evolução que há tem-pos o Mangalarga já havia alcança-do. Como explicar então, no caso do Mangalarga, o fato das variáveis “par-ticipação no mercado” e “evolução

da raça” não serem diretamente pro-porcionais, ou não ascenderem no mesmo ritmo?

Fatores aparentemente de fácil reversão potencializaram este qua-dro adverso, se não contribuíram negativamente de forma determi-nante. Exemplos clássicos de mar- keting negativo (e me desculpem os mais conservadores) são os pró-prios nomes com que designamos a raça que criamos e seu andamento característico.

Levando-se em conta que a maioria absoluta daqueles que se iniciam na atividade não têm a me-nor ideia das características da raça que pretendem criar, muito menos são devidamente orientados por profissionais isentos e competentes, fica nítida a desvantagem da raça Mangalarga em relação a outras, por uma questão de nomenclatura asso-ciada a conceitos. Explico o porquê.

Os novos proprietários e futuros criadores adquirem seu primeiro animal quase invariavelmente por intuição ou por força do acaso. Sendo assim, imagine que fosse o cavalo pantaneiro, apenas a título de exem-plo, um animal de marcha, e houves-se uma dissidência nos quadros de sua associação que fundasse uma nova entidade de criadores, a do cavalo “pantaneiro marchador”. Seria previsível imaginar que a imensa maioria dos novos proprietários e usuários leigos seguramente optaria

marketing

Por que o mercado da raça não cresce na mesma proporção que a evolução zootécnica e genética de nossos animais

Mangalarga marcha e esporte:

Marchador

Page 37: Revista Mangalarga

37 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

se trata de mais um exemplo de mar- keting negativo, haja vista que as associações de criadores de animais de trote, estes por natureza ásperos, não fazem questão alguma de pro-palar a característica de andamento de seus animais, preferindo de forma estratégica enaltecer suas qualida-des e aptidões para o esporte.

O expediente de rebatizar o anda-mento próprio de nossos animais, em que pese o crescimento percentual de animais de marcha batida em nos-sas exposições, assim como o artifício de agregar um adjetivo ao nome de nossa raça, não se fariam talvez ne-cessários caso inexistisse uma raça homônima que tenha tomado como exclusividade sua, apenas aos olhos do mercado, uma qualidade que é compartilhada por ambas as raças.

O planejamento e implementação de medidas estratégicas de marketing se fazem urgentes, se considerarmos sobretudo a utilização indiscrimina-da e ilegítima de nosso patrimônio genético em processos de seleção de criadores de outras raças, visando minimizar diferenças inequívocas mas hoje menos exorbitantes, aliada ao fato de que o desenvolvimento do mercado de uma raça é tão mais rápido quanto maiores forem seus quadros de criadores e proprietários.

A solução estaria associada a um trabalho mercadológico amplo e audacioso, buscando permanen-temente grandes parceiros e em-presas, naturalmente interessados em agregar valor a seus produtos, associando-se a uma marca cuja força a maioria de nós ainda parece desconhecer. Este trabalho contri-buiria para a descentralização do mercado, com o fortalecimento efetivo dos núcleos regionais, im-prescindíveis para a consecução de qualquer projeto de expansão de fronteiras, e teria como foco precípuo

por criar o “pantaneiro marchador”, em detrimento do “pantaneiro”, a despeito das qualidades deste últi-mo, pelo simples fato de deduzirem, por intuição, que o primeiro tem uma qualificação que provavelmen-te o segundo não deva possuir, ou que o segundo é destituído de uma virtude inerente ao primeiro.

Ora, sabemos que nosso cavalo é um animal de andamento marchado e progressivo, bem como um exímio atleta para provas funcionais, endu-ros e trabalho com o gado, mas per-demos de início uma infinidade de novos criadores em potencial pela simples ausência de um adjetivo em seu nome que o qualificaria ou que melhor o descreveria, impedindo--lhe assim de competir em igualdade de condições com outra raça junto a conquista desses nichos de merca-do, raça esta que teve a felicidade de batizar seu animal com um atri-buto que também é característico de nossa tropa. Por consequência, abrimos mão de um número subs-tancial de novos proprietários e de animais registrados anualmente e, obviamente, de novos criadores de grande potencial, os quais seriam responsáveis por um giro comercial relevantemente maior, fator que multiplicaria as oportunidades de crescimento e aceleração da raça em ritmo progressivo, ampliando suas perspectivas no mercado.

Na mesma linha de raciocínio, a designação do andamento carac-terístico da raça, a “marcha trotada”, transmite subliminarmente a ideia de movimento mais áspero e menos confortável do que transmitiria, a título de exemplo, a denominação “marcha diagonal”, “marcha progres-siva” ou outra similar, depondo por consequência contra a característica natural de comodidade de nossos animais. Não tenha dúvidas de que

a divulgação das aptidões do cavalo “Mangalarga Marcha e Esporte”, ou do “Mangalarga Marchador Atleta”, ou outra denominação com adjeti-vo qualificante, que contivesse um ingrediente sedutor e persuasivo, interessante do ponto de vista de marketing, sem contudo abrir mão de se preservar nossa identidade e nossa história. Ainda que não agre-gados ao nome, a simples menção obrigatória dos referidos atributos na divulgação dos eventos oficiais auxiliaria o iniciante em sua escolha intuitiva, estimulando-o a reconhe-cer diferenças de fato, e não alimen-tadas por mera suposição.

Neste contexto, a intensificação de nossas consagradas copas de andamento, a promoção de grandes eventos em praças estratégicas e a distribuição de prêmios substanciais para as provas funcionais e esporti-vas consolidariam a adesão deste novo público, reduzindo também a idade média dos associados da raça. Tal fato multiplicaria, por consequên-cia, as perspectivas de aceleração do crescimento do mercado em um rit-mo proporcional à notável evolução de uma das mais importantes raças de cavalos de sela do mundo, o nos-so cavalo Mangalarga, marchador sim, e atleta também.

Rogério Cruz Dias Teixeira Presidente Núcleo Mangalarga de Goiás

Page 38: Revista Mangalarga
Page 39: Revista Mangalarga
Page 40: Revista Mangalarga

40 | Revista Mangal aRga

Proprietários da melhor égua e do melhor cavalo do evento foram agraciados, respectivamente, com os troféus “ Josué Rosa Zoé” e “Eduardo Figueiredo Lima Filho”

114A Copa de Andamento Mat-

suda Mangalarga promoveu, entre os dias 29 de abril e

1º de maio, a primeira etapa aberta da temporada. A prova aconteceu nas dependências da Fazenda Rio das Pedras, dentro da programa-ção da quinta edição da Copa de Andamento de Jundiaí (SP).

O evento, considerado um dos mais movimentados do calendário da Copa Matsuda Mangalarga, superou

5ª Copa Jundiaíanimaisreúne

eventosPor Pedro Camargo Rebouças

a edição do ano passado tanto na quantidade de animais inscritos, que subiu de 109 para 114, quanto no nú-mero de expositores, que passou de 50 para 57 na edição deste ano.

Promovida pelo Núcleo Manga-larga de Jundiaí e Região e presidido pelo mangalarguista Atílio D’Angieri, o Tióca, a Copa de Andamento de Jundiaí novamente contou com atra-entes premiações. Os proprietários da melhor égua e do melhor cavalo do

evento jundiaiense foram premiados com um carro zero quilômetro cada um. Além disso, foram agraciados, res-pectivamente, com os troféus “ Josué Rosa Zoé” e “Eduardo Figueiredo Lima Filho Dado”. A premiação do evento, que também contou com disputas voltadas à pelagem pampa, incluiu também três motos, cinco televisões de LCD, selas e prêmios em dinheiro para os expositores de animais pre-miados com medalha de ouro.

Foto

s: Th

iago D

’Angie

ri

Page 41: Revista Mangalarga

41 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

A Copa de Jundiaí, cujas disputas foram conduzidas pelos jurados Benedito Carlos da Silva, Marcelo Leite Vasco de Toledo e Paulo Francisco Gomes Della Torre, con-tou também com atrações como a Galeria de Celebridades, onde o público pôde conhecer garanhões e éguas de grande prestígio na raça, e o Espaço Mulher – que ofereceu às mulheres toda infraestrutura e con-forto para acompanhar as provas.

Considerada a principal compe-tição funcional da raça, a Copa de Andamento Matsuda Mangalarga promoverá este ano um total de oito provas abertas e oito etapas regionais, além da grande final – marcada para acontecer no mês de novembro. A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) conseguiu, ainda, o apoio da Lei de Incentivo ao Esporte, do Ministério do Esporte, para cinco dessas disputas: Uberaba (MG), Amparo (SP), Espírito Santo do Pinhal (SP), Mococa (SP) e também a finalíssima.

Confira na tabela ao lado, a rela-ção dos animais premiados com me-dalha de ouro na etapa de Jundiaí da Copa Matsuda Mangalarga.

Entrega do troféu transitório Eduardo Figueiredo Lima Filho para o melhor macho: Hino da Piratininga

PRêMiosexPositoR aniMal CategoRia PRêMio

João Pacheco Dinamarca da Bica

Égua Jovem

Ouro

Reginaldo Bertholino Badalada RB

Sérgio Paiva Tapera do Mont Serrat

Israel Iraides da Costa Firense do H.I.C

Haigazun Sanazar Theresa da Araxá

Égua

Ouro

José Carlos M. Abreu Filho Energia JCMAF

Luis A.C.Opice Gioia VAT

José Carlos M. Abreu Filho Málika JCMAF

Nelson Braido Porcelana da Braido I

Égua Sênior

Ouro

Fernando Rivaben Fada do Dado

Rodrigo C. Barbosa Primeira Bel

Almiro Esteves Jr. Escócia R.A.A.

Antonio Caetano Pinto Reino do OtnacerCavalo Jovem

Ouro

Luis A.C.Opice Fenômeno do H.I.C.

José Carlos M. Abreu Filho Hino da Piratininga Cavalo Ouro

Luiz Ap. de Andrade Gaio da Piratininga

Cavalo Sênior

Ouro

Antonio Caetano Pinto Protegido do Otnacer

Mário A. Barbosa Neto Zumbi da Bica

Luiz Ap. de Andrade Cenário da Piratininga

Fernando Rivaben Destino do H.I.C Castrado c/ + de 54 meses

Ouro

Paulo Pacheco Zorro do Mangabaia

Page 42: Revista Mangalarga
Page 43: Revista Mangalarga
Page 44: Revista Mangalarga

44 | Revista Mangal aRga

Premiações diferenciadas estão entre as atrações desta importante competição mangalarguista, que terá provas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Goiás

eventosPor Pedro Camargo Rebouças | Fotos: Norberto Cândido

promete temporadamovimentada

MatsudaMangalarga

Copa

Page 45: Revista Mangalarga

45 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

correspondente ao de uma TV LCD de 32 polegadas. Além disso, a pre-miação das etapas abertas incluirá duas motos zero quilômetro, cada uma correspondente a um cartão de R$ 2.500.

Entretanto, o ponto alto está pre--visto para a prova decisiva, que acon-tecerá nos dias 26 e 27 de novembro. Segundo a ABCCRM, os campeões das diversas categorias em disputa leva-rão para casa uma TV LCD de 32 po-legadas cada (cartão de R$ 1.200,00). Os primeiros reservados campeões serão premiados, por sua vez, com um

aparelho eletrônico no valor de R$750 – possivelmente um home theater. Já os segundos reservados campeões receberão, um aparelho eletrônico no valor de R$ 450, como, por exemplo, um micro system.

Os prêmios na etapa final, entre-tanto, não param por aí. Afinal, os grandes campeões da temporada serão premiados com carros zero quilômetro – cada um deles corres-pondendo a um cartão de R$ 25 mil. Além disso, os primeiros reservados grandes campeões levarão para casa uma moto (cartão de R$ 2.500),

A Copa de Andamento Matsuda Mangalarga promete ter uma temporada realmente

diferenciada neste ano. Afinal, além de um calendário bastante agitado, que incluirá um total de 17 provas, a edição 2011 oferecerá, novamente, premiações bastante atraentes.

Mantendo a tradição dos últimos anos, a premiação será dada em cartões equivalentes aos valores dos prêmios. Nas etapas abertas da Copa, por exemplo, cada ganhador de medalha de ouro será premiado com um cartão de R$ 1.200m – valor

Page 46: Revista Mangalarga

46 | Revista Mangal aRga

eventos

mesmo prêmio, aliás, que será con-cedido aos segundos reservados grandes campeões.

Para participar da prova decisiva, no entanto, os concorrentes pre-cisarão obter o índice exigido pela ABCCRM. Para isso, os animais terão que somar pontos nas etapas regio-nais e etapas abertas da competição. No total, a Copa de Andamento 2011 contará com 17 provas e passará por quatro estados: São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Goiás. Além da finalís-sima, acontecerão mais oito disputas abertas e outras oito regionais.

Copa de São PauloUma das principais novidades da

temporada será a volta da competi-ção à cidade de São Paulo. Marcada para os dias 11 e 12 de junho, a prova paulistana marcará também o retor-no dos eventos agropecuários ao Parque da Água Branca, que passou por um longo período de reforma entre o final do ano passado e o iní-cio de 2011.

Com sua localização privilegiada e o grande fluxo de pessoas que recebe nos finais de semana, o Parque dará uma visibilidade extra a essa etapa da mais importante disputa funcional da raça. Além disso, a antiga ligação des-se tradicional ponto de lazer da capi-tal paulista com a raça Mangalarga promete atrair um grande número de criadores, provenientes dos mais diferentes pontos do País.

Progressivo, macio e equilibrado

A principal característica do cavalo Mangalarga está no seu andamento progressivo, equilibrado e macio. As provas de andamento foram cria-das justamente para valorizar este marcante diferencial da raça. Nessas disputas, os animais concorrentes são avaliados em diversos quesitos, como: deslocamento (cobertura de rastro e progressão da passada), comodidade, sincronia e elegância da movimentação, ausência de mo-vimentos parasitas e regularidade e disposição. Apesar de separados em classes diferentes, tanto machos

como fêmeas participam da disputa, subdivididos em categorias confor-me a idade: 36 a 48 meses, mais de 48 a 60 meses, mais de 60 meses e, por fim, cavalos castrados com mais de 36 meses.

Iniciada no mês de abril, a Copa Matsuda Mangalarga realizou sua pri-meira etapa aberta na Fazenda Rio das Pedras, na cidade paulista de Jundiaí. A prova, que contou com 114 concor-rentes, expostos por 57 tradicionais criatórios da raça, foi novamente um grande sucesso de público.

Confira na tabela abaixo as datas e locais das próximas etapas da Copa de Andamento 2011.

19/05 Copa Regional de Goiânia GO 19-21/05 Copa Regional de Itapetinga BA 28-29/05 Copa Aberta de Guaxupé MG 28/05 Copa Regional de Jaú SP 11-12/06 Copa Aberta de São Paulo SP 18/06 Copa Regional de São Sebastião da Grama SP 25/06 Copa Regional de Itajú SP 09/07 Copa Regional de Bocaina SP 30-31/07 Copa Aberta de Uberaba MG 27 e 28/08 Copa Aberta de Amparo SP 03 e 04/09 Copa Aberta de Espírito Santo do Pinhal SP Outubro Copa Aberta de Jaú SP 08/10 Copa Regional de Atibaia SP 29 e 30/10 Copa Aberta de Mococa SP 26 e 27/11 Final da Copa de Andamento 2011

CALENDáRIO DE EVENTOS

Obs.: Este calendário poderá ser alterado no decorrer do ano. Todas as alterações, exclusões e substituições serão informadas aos criadores, usuários e interessados pela raça Mangalarga

por meio dos veículos de comunicação oficiais da ABCCRMangalarga. Mais informações no site www.cavalomangalarga.com.br ou pelo telefone (11) 3673-9400.

Tvs LCD, Home Theaters e até uma moto fazem parte das premiações para esta temporada

Imag

ens m

eram

ente

ilustr

ativa

s

Page 47: Revista Mangalarga
Page 48: Revista Mangalarga

48 | Revista Mangal aRga

Com a saída de Dom João do Brasil de volta a Portugal seu filho Pedro fica em terras brasileiras e com ele ficam as guarnições trazidas de Portugal por seu pai em 1808.

Uma delas, liderada pelo general português Madeira de Mello, proclama a independência na Bahia em 1822 e começa então um conflito com Portugal, que considera o gesto uma traição e trata o caso como uma insurreição contra a coroa.

Naquela época no Brasil, ainda não existia exército e estas guarnições compunham-se, basicamente, de camponeses e amadores civis que nunca haviam pegado em armas propriamente ou disputado uma batalha. Entre eles, estava Luis Lopes, um negro expe-riente tocador de corneta, instrumento imprescindível para coordenação das tropas naquela época. Ainda que em condições precárias, esse “exército” ofereceu

resistência e marchou para a batalha de Pirajá em ple-no recôncavo Baiano.

A batalha durava o dia inteiro e, já ciente de sua clara desvantagem, ao entardecer o general brasileiro orde-nou o toque de retirar ao corneteiro. Ciente de uma vantagem tática, visto que o sol encontrava-se atrás das linhas brasileiras, o corneteiro ao invés de dar o toque de retirada, deu o toque de avançar. Os portugueses, sem enxergar direito e confusos com o súbito ataque, supõem que os brasileiros haviam recebido reforços e batem em retirada, garantindo a vitória na Batalha de Pirajá aos brasileiros e a nossa independência.

É esse o espírito do criador de Mangalarga, per-severante e visionário. Um grande levante se inicia e, com certeza, aqueles que acreditaram na quali-dade do nosso cavalo colherão o fruto dessa visão. É assim que os grandes feitos são construídos!

Corneteirode Pirajá

crônica

O

espírito mangalarguistae o verdadeiro

Por Luiz Alberto Patriota

Sempre acreditei em ir contra o fluxo óbvio, sempre acreditei no princípio básico de investir na “baixa” e re-alizar resultados na “alta”, às vezes pode parecer sem sentido fazer algo quando ninguém mais acredita ou

investir em algo que poucos têm interesse, pois é, há quase duzentos anos um desconhecido herói brasileiro fez isso e mudou a história do nosso país. O corneteiro de Pirajá, um personagem realmente inspirador e que nos ensina muito sobre o verdadeiro espírito do criador e investidor do Mangalarga. Dedico essa pequena crônica a todos os criadores do cavalo Mangalarga. Leiam a história dele:

Page 49: Revista Mangalarga
Page 50: Revista Mangalarga

50 | Revista Mangal aRga

Expandir o quadro de jurados, implementar o programa de “trainees” e promover a atualização dos jurados efetivos

estão entre os principais objetivos da ABCCRM para 2011

AAssociação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM) dará

continuidade nesta temporada ao projeto de reestruturação e aprimo-ramento de seu setor técnico inicia-do no ano passado. O trabalho, que teve duas etapas realizadas com ex-pressivo êxito em 2010, continuará agora com a realização de seus dois módulos finais, um deles destinado à realização de clínicas individuais com os técnicos e o outro voltado para a implementação de um programa para a continuidade, renovação e formação de novos jurados.

Fase inicialA primeira fase do projeto de

reestruturação técnica da ABCCRM ocorreu, no início de maio do ano passado, no Parque de Exposições de Jaú (SP), com a participação de 52 mangalarguistas: 23 jurados efetivos, sete jurados auxiliares, 11 jurados aspirantes e 11 criadores. Durante três dias, todos participa-ram de uma intensa programação, que incluiu palestras e um intenso trabalho de campo, em que foram avaliadas a constância e a solidez

nova faseaprimoramento

Projeto de

emda área técnica entra

aperfeiçoamentoPor Pedro Camargo Rebouças

da subjetividade aplicada por cada um dos participantes nos julgamen-tos. Essa ação inicial, orientada pelo agropecuarista Nelson Pineda com o auxílio do professor e doutor em es-tatística rural José Aurélio Bergman (Universidade Federal de Minas Gerais), forneceu um claro diagnós-tico e possibilitou uma profunda reflexão sobre questões de grande importância para a raça, como o

atual estágio do corpo de jurados, os critérios de avaliação utilizados nos julgamentos e os conceitos adota-dos para estabelecer o cavalo ideal para a raça.

“Este trabalho, além de mostrar um sistema mais transparente e gerar confiança e credibilidade no corpo técnico, está possibilitando que transformemos o conhecimen-to dos participantes em informação

Foto

: Ped

ro Re

bouç

as

Primeira etapa reuniu 52 mangalarguistas em Jaú

Page 51: Revista Mangalarga

51 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

e posteriormente em uma impor-tante ferramenta de gestão para a ABCCRM. Além disso, esta é uma oportunidade única para promover-mos a padronização dos critérios que norteiam a raça e para refletirmos sobre onde estamos, quem somos e para onde queremos ir como raça e como associação”, destacou na oca-sião o coordenador Nelson Pineda.

No início de dezembro, já com um retrato do setor bem definido pelo dados coletados no módulo inicial, o projeto partiu para sua segunda etapa: a realização de clínicas téc-nicas para treinamento, atualização e aperfeiçoamento do quadro de jurados. Realizadas no Haras RB, as clínicas contaram com a participação de 20 jurados efetivos da ABCCRM. A programação do evento – cuja orga-nização esteve a cargo do Colégio de Jurados, composto por Marcos Sampaio de Almeida Prado, João Pacheco Galvão de França, Paulo Lenzi Souza Leite e Jayme Ignácio Rehder Neto – incluiu uma parte teó-rica, que contou com palestras sobre morfologia, aprumos e andamento, e uma parte prática, na qual os par-ticipantes puderam atualizar seus conhecimentos a cerca do que se deseja do andamento típico da raça.

As atividades do segundo mó-dulo incluíram ainda momentos de intercâmbio de ideias, nos quais os jurados puderam dar sugestões e debater temas pertinentes ao aprimoramento da área técnica da

Associação. Para coordenar esse in-tercâmbio, o curso contou com duas mediadoras, que também ajudaram a garantir uma melhor fluidez dos debates e deram um abrangente aproveitamento aos itens abordados pelos participantes. O evento foi prestigiado também pelo presiden-te da ABCCRM Sergio Luiz Dobarrio de Paiva. O dirigente ressaltou a relevância da iniciativa, destacando que ela representa uma importante oportunidade para valorizar e dar condições de aprimoramento para o corpo técnico da raça.

Próximas etapasO Módulo 3, que contará com

clínicas individuais para os jurados, dará prosseguimento ao projeto nes-te início de ano. Nestes encontros,

além de apresentar e debater os resultados obtidos com cada um dos participantes, o Colégio de Jurados fornecerá as diretrizes sobre os pro-cedimentos e o padrão de julgamen-to que serão adotados pela ABCCRM para a temporada 2011.

Por sua vez, o Módulo 4 pretende estabelecer um programa para reno-var e expandir o quadro de jurados da raça. Nesta fase, a ABCCRM irá realizar uma série de palestras e cur-sos voltados à formação de novos jurados técnicos. Além disso, tam-bém serão promovidas clínicas com o objetivo de orientar os associados sobre os procedimentos, os regula-mentos e o padrão de julgamento da raça, abrindo assim a possibilida-de para a atualização e treinamento de novos criadores para a participa-ção nos julgamentos das Copas de Andamento.

O quarto módulo pretende, por fim, promover um intercâmbio maior entre a ABCCRM e as principais entidades de ensino do País. Para atingir este objetivo, conseguindo ainda atrair novos talentos para o se-tor técnico da raça, a Associação irá promover um projeto de formação de “trainees” em conjunto com as universidades.

Mais informações podem ser obti-das pelo telefone (11)3673-9400.

Foto

s: Os

vald

o Ruf

fino

Benedito Carlos da Silva e Thomas D’Angieri estiveram entre os palestrantes

Apoio dos apresentadores tem sido fundamental na realização do projeto

Page 52: Revista Mangalarga
Page 53: Revista Mangalarga
Page 54: Revista Mangalarga

54 | Revista Mangal aRga

destaque

Tropeluma referência para a

equinocultura nacional

Mangalarga:

Por Pedro Camargo Rebouças

Page 55: Revista Mangalarga

55 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

O som das ferraduras tocando o asfalto ecoava pela impo-nente avenida da capital fe-

deral. Tomados por um sentimento de orgulho e satisfação, os cavalei-ros conduziam as oito heroínas pela via projetada com esmero por Oscar Niemeyer. Mesmo depois de 36 dias e 1400 quilômetros de viagem, com direito a todas as dificuldades típicas de uma longa jornada, as éguas percorriam aquele último e diferenciado trecho da cavalgada com a mesma desenvoltura, entre-ga e determinação do dia em que haviam partido de São Paulo.

Diante do Congresso Nacional, Dengosa RBV, Xica do Mangabaia, Xereta do Mangabaia, Serpentina RB, Araruta CJ, Q Linda MAB, Revista da Cravinhos e Honduras do Mont Serrat se perfilaram para a foto que as ins-creveria definitivamente na história da raça Mangalarga. Com elas estava o abnegado grupo de mangalarguis-tas que tomou, literalmente, as rédeas do projeto Tropel Mangalarga: Telma Somenzari, Adolpho de Carvalho, Sebastião Malheiro, Marcos Barboza e Pedro Aguiar.

No entanto, os lombos fortes, cômodos e confortáveis das oito éguas selecionadas para o projeto conduziam naquele domingo, 12 de dezembro, muito mais do que dedi-cados mangalarguistas. Afinal, sobre eles estavam depositados também audaciosos objetivos ligados à raça Mangalarga, à equinocultura, à his-tória do Brasil e ao meio ambiente. Além disso, eles também transpor-tavam a expectativa de apaixonados pela raça de todo Brasil, em especial os criadores Cícero Junqueira Franco, Luis Biagi, Luis Ópice, Paulo Silveira e Sergio Paiva, que cederam seus animais para a viagem assim como os próprios tropelistas Adolpho Carvalho e Sebastião Malheiro.

Momento históricoFaltava agora um pequeno trajeto

para o próximo destino, o Memorial JK. No museu criado para preservar a memória do fundador de Brasília,

Além de divulgar a raça e promover o resgate da história nacional, projeto

forneceu dados científicos de grande importância para a compreensão do desempenho dos equinos em

jornadas de longa distância

Foto

: Sér

gio Ro

nco

Page 56: Revista Mangalarga

56 | Revista Mangal aRga

os participantes da cavalgada foram recebidos por Cristina Kubitschek, neta do ex-presidente Juscelino Kubitschek. Ali, eles também atin-giram uma das principais metas do projeto: a entrega solene de uma placa histórica originalmente criada para celebrar a inauguração de um hotel construído por Juscelino na Ilha do Bananal (TO). Recuperada de um ferro-velho por um dos participantes da comitiva - o recordista mundial de cavalgada Pedroca Aguiar -, a placa representa um período pouco lem-brado da história brasileira.

“Creio que este é um importante ato de civismo, pois, além de cele-brar o cinquentenário de Brasília com um valioso resgate histórico, serve como exemplo de preserva-ção da memória do País para as pró-ximas gerações”, destaca o cavaleiro Sebastião Malheiro.

Idealizador do projeto, Malheiro conta que a viagem também con-seguiu atingir outros importantes objetivos, como incentivar o debate a respeito da questão ambiental e popularizar as cavalgadas de longa distância. “O Tropel Mangalarga de-monstrou que esse gênero de caval-gada, conhecido internacionalmen-te como raid, é uma atividade hípica acessível a todos, independente de idade ou sexo. Afinal, o nosso grupo era bastante heterogêneo, contan-do inclusive com a participação do

Pedroca, que já completou 78 anos mas continua com a mesma disposi-ção de quando conquistou o recorde mundial de cavalgada, e da Telma Somenzari, responsável por mostrar que as mulheres possuem uma gran-de aptidão para enfrentar desafios como esse, nos quais o conforto e a comodidade da vida moderna ficam bem distantes.”

O projeto promoveu ainda uma ampla divulgação da raça Mangalarga e serviu para realizar uma aprofunda-da análise da performance da atual geração da raça, representada no pro-jeto pelas já mencionadas Dengosa RBV, Xica do Mangabaia, Xereta do Mangabaia, Serpentina RB, Araruta CJ, Q Linda MAB, Revista da Cravinhos e Honduras do Mont Serrat. As oito éguas, aliás, chegaram ao Memorial JK, ponto final da viagem, em perfei-tas condições, tendo inclusive ganho massa muscular no decorrer da jor-nada, comprovando a rusticidade e resistência do Mangalarga.

“O projeto também deixou clara a aptidão da raça para as cavalgadas de longa distância. A rusticidade, a docilidade e o anda-mento cômodo e progressivo do Mangalarga são diferenciais muito importantes para a prática de raids equestres. Nossos animais real-mente gostam desse tipo de desa-fio”, destaca a amazona e tropelista Telma Somenzari Malheiro.

Trabalho de referênciaO estudo do desempenho das

éguas foi comandado pelo pro-fessor José Corrêa de Lacerda Neto, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp de Jaboticabal (SP). O trabalho contou ainda com a participação da profes-sora Roberta Ariboni Brandi, que in-tegra o corpo docente da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos do campus da USP de Pirassununga (SP), e da equipe de orientados do professor Lacerda, assim como dos alunos do Colégio Técnico Agrícola José Bonifácio.

Além de acompanhar a fase de treinamento - cuja duração foi de 135 dias e durante a qual os orga-nizadores trabalharam a adaptação dos animais, desenvolvendo a pre-paração psicológica, pulmonar e muscular necessária para enfrentar um longo trajeto -, a equipe de es-tudiosos monitorou o desempenho das éguas no decorrer da viagem. No oitavo dia, por exemplo, o grupo passou por uma primeira análise, realizada na cidade paulista de Dourado (SP), na qual se constatou que as participantes permaneciam bem, inclusive mantendo peso pró-ximo ao da largada. Depois, os testes voltaram a ser feitos no vigésimo dia de viagem, na mineira Uberaba, sob o comando da professora Fabiana Garcia, da Fazu.

Foto

: Mar

cos B

arbo

za/S

érgio

Ronc

o

Depois de 1400 quilômetros de viagem, o grupo faz uma pausa diante do Congresso Nacional

Page 57: Revista Mangalarga

57 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

A professora Roberta Brandi con-ta que o óleo vegetal foi, ao longo do projeto, uma importante fonte de energia na dieta das éguas. “Essa medida, além de proporcionar mais energia para que elas enfrentas-sem o exigente ritmo da viagem, possibilitou que elas ficassem mais calmas para enfrentar as situações estressantes que apareceram ao longo da jornada.”

O projeto, no entanto, não ter-minou em Brasília. Afinal, após a chegada à capital, as éguas foram transportadas para o campus da Unesp de Jaboticabal, onde seis de-las passaram por um último teste: um enduro de regularidade de 75 quilômetros de extensão, no qual os animais percorreram, em meio a tri-lhas e estradas rurais, três anéis com percurso de 25 quilômetros. Essa última fase foi bastante importante para encerrar a coleta de dados.

Segundo o professor Lacerda, “os dados obtidos no trabalho são de relevância para o entendimento dos eventos que ocorrem com o organis-mo do cavalo durante o esforço físico prolongado e podem nortear não apenas o treinamento, mas também fornecer informações importantes sobre os cuidados necessários du-rante a realização de cavalgadas. Desta forma, os dados estão sendo preparados para apresentação em congressos e publicação em revistas especializadas e periódicos científi-cos, assim como constituirão parte importante de trabalhos de disserta-ção e de pós-doutorado”.

O professor explica ainda que o trabalho promovido com o apoio da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga já pode ser considerado uma importante re-ferência para a prática da cavalgada. “É dever de um cavaleiro bem infor-mado e esclarecido a preservação de sua montaria e, neste aspecto, os conhecimentos agregados pelo pro-jeto Tropel Mangalarga 1400 foram fundamentais”, destaca Lacerda.

Roberta Brandi ressalta, por sua vez, que o projeto ofereceu uma rica e importante oportunidade de par-ceria entre o meio acadêmico e os proprietários de cavalos. “O Tropel Mangalarga mostrou para os cria-dores que é possível interagir com a Universidade. Além disso, possibi-litou que o conhecimento científico alcançasse mais pessoas, não fican-do restrito apenas ao meio acadê-mico. Isso é muito importante pois ajuda a disseminar a informação, o

que é bom para ambas as partes”, explica a professora.

Parcerias de sucessoO sucesso do projeto também

decorreu em grande parte da boa estrutura formada para a comitiva do Tropel Mangalarga. Um time bastante experimentado - formado por Telma Somenzari, Sebastião Malheiro e Pedroca Aguiar, que enri-queceu o grupo com sua vastíssima experiência em cavalgadas – assu-miu a responsabilidade de conduzir a tropa até Brasília, contando com o essencial respaldo de Marcos Barboza (cavaleiro e fotógrafo), Robson Banza (ferrador e motoris-ta de um dos veículos de apoio), Maria Barboza (cozinheira) e Alcides Miranda (motorista e tratador).

Essa estrutura, entretanto, só foi possível graças à confiança de um seleto grupo de entidades e empre-sas. O projeto, afinal, teve entre seus patrocinadores: Scania, Coca-Cola, Búfalo Dourado, Haras Mangabaia e Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM). Além disso, contou com o apoio de Guabi Equitage, Pre-mix, Unesp Jaboticabal e Parque do Lago. Isso sem falar nos já citados selecio-nadores (Cícero Junqueira Franco, Luis Biagi, Luis Ópice, Paulo Silveira, Sergio Paiva, Adolpho Carvalho e Sebastião Malheiro) que cede-ram animais de destaque em seus

A comunidade mangalarguista comemora o fim da jornada no Memorial JK

Foto

: Mar

cos B

arbo

za

Evento mereceu grande atenção da mídia

Foto

: Sér

gio Ro

nco

Page 58: Revista Mangalarga

58 | Revista Mangal aRga

criatórios para essa importante em-preitada da raça Mangalarga.

Vale destacar que a confiança de todos foi plenamente correspondi-da antes, durante e após a viagem. O retorno de mídia, por exemplo, foi muito expressivo tanto entre os veículos de comunicação dedicados ao agronegócio e ao meio equestre como na imprensa aberta dos três estados cruzados pelos viajantes.

Matérias foram publicadas em inúmeros jornais, revistas e sites. E emissoras de TV deram ampla co-bertura à jornada, especialmente a EPTV, afiliada da Globo no interior paulista, que fez questão de acom-panhar todas as etapas do projeto. Além disso, o Tropel Mangalarga foi divulgado de forma farta e fre-quente por meio de blogs, do site da Associação e especialmente do Twitter, rede social da internet que garantiu uma ampla repercussão ao noticiário da jornada.

Calorosa acolhidaOs viajantes tiveram ainda a opor-

tunidade de interagir com as comu-nidades dos diversos municípios pelos quais passaram durante os 36 dias de viagem. Segundo Malheiro, a acolhida ao grupo foi sempre bastan-te calorosa. “As pessoas procuravam sempre interagir conosco, pergun-tando sobre o cavalo Mangalarga e suas características. Além disso, recebemos uma grande atenção da mídia, que nos acompanhou duran-te todo o percurso”, ressalta o organi-zador da cavalgada.

Na cidade paulista de Araraquara, por exemplo, a comitiva mereceu

recepção especial na tarde do dia 16 de novembro, quando os mangalarguistas foram recepcionados pelo prefeito Marcelo Barbieri e pela primei-ra dama Zi Barbieri na Praça Pedro de Toledo, um dos prin-cipais pontos do município.

A viagem, entretanto, re-servou também algumas sur-presas aos participantes. Um dos momentos mais tensos aconteceu no trecho entre as cidade mineiras de Delta, na divisa com São Paulo, e Uberaba, devido à movi-mentada rodovia pela qual tiveram que viajar. “Após uma noite difícil, pegamos uma rodovia de pista dupla sem nenhum acostamento e forte tráfego de caminhões e carre-tas. A comitiva estava tensa quando as duas éguas puxadas por mim se assustaram e quase entraram na pista oposta. Por centímetros não fui

atropelado por uma carreta. O susto foi grande, pois a cena foi presenciada por todos. Paramos então na primeira brecha possível e agradecemos pela proteção recebida. Refeitos do susto, seguimos para Uberaba margeando a rodovia Broso”, relatou Malheiro ao Blog do Ronco.

Conheça as integrantes do Tropel Mangalarga

Dengosa RBv – Nascida em 21 de novembro de 2006, fruto do cruzamento entre Fraque OB e Baucide Matta, é originária da seleção de Luis Augusto de Camargo Ópice.

xica do Mangabaia – Nascida em 5 de março de 2005, fruto do cruzamento entre Exótico TG e Implosão da Água Sumida, essa alazã amarilha é originária da seleção de Paulo Pacheco Silveira.

xereta do Mangabaia – Nascida em 22 de outubro de 2004, fruto do cruzamento entre Exótico TG e Libra da Água Sumida, essa alazã amarilha foi cedida para o projeto por Sebastião Malheiro.

serpentina RB – Nascida em 24 de janeiro de 2004, fruto do cruzamento entre Galileo OJC e Acácia da Jauaperi, foi cedida para o evento por Adolpho Julio Camargo de Carvalho.

Araruta Cj – Nascida em 4 de dezembro de 2003, fruto do cru-zamento entre Licor CJ e Ópera CJ, foi cedida ao projeto por Cícero Junqueira Franco.

Revista da Cravinhos – Nascida em 25 de dezembro de 2000, fruto do cruzamento entre Nairobi Mangalarga e Betania da Cravinhos, foi cedida para o evento por Luiz Lacerda Biagi.

honduras do Mont serrat – Nascida em 1996, fruto do cruzamento entre Clarão JO e Caneta do Matão, essa tordilha foi cedida ao projeto pelo criador Sergio Paiva.

Q linda MAB – Alazã cedida para o projeto Tropel Mangalarga pelo criador Sebastião Assumpção Malheiro Neto.

Foto

: Mar

cos B

arbo

za

Muitos obstáculos precisaram ser vencidos no decorrer da aventura

O caminhão de apoio também não teve vida fácil

Page 59: Revista Mangalarga
Page 60: Revista Mangalarga

60 | Revista Mangal aRga

genética

E screveu em 1934, o gran-de João Francisco Diniz Junqueira: “O Melhoramento

de qualquer raça deve ser pela se-leção e não pelo cruzamento”. Em parte esta frase é verdadeira, porém em tempos mais modernos onde as ferramentas da engenharia genética estão mais amplamente difundidas e os conhecimentos sobre trans-missibilidades de caracteres mais desvendados, não faz muito sentido ignorá-los e partir simplesmente para a seleção massal. O cruzamento dirigido e bem estudado faz muita diferença na rapidez e no sucesso de uma boa criação de cavalos melho-rados. Além dos já tradicionais méto-dos de pontuação e análise visual dos animais, deve-se considerar muito bem a correlação de seus pedigrees. Não é nova a técnica, e muitos falam em consanguinidade controlada ou cruzamentos de parentes como be-néficos ao melhoramento a décadas. Na verdade o que se está fazendo inconscientemente não é só um cruzamento de parentes, mas um retro-cruzamento com indivíduos parentais de maior destaque ou su-cesso. O melhoramento genético de plantas já é conduzido assim a sécu-los e me parece incompreensível que alguns ainda apostem na loteria do “choque de sangue” para criar cavalos de primeira linha. Além deste, outro fator pouco é estudado ou levado em consideração na hora de se planejar

ferramentas científicasdos nossos Mangalargas e as

Sobre o

que dispomos para isso

melhoramento

os cruzamentos, a her-dabilidade ou heritabi-lidade dos caracteres envolvidos na seleção (Artigo:Melhoramento e Genética do Cavalo Campolina – UFMG/ 2006 - Leonardo Mene-guini dos Santos). Di-versos artigos mostram que certos caracteres morfológicos ou de de- sempenho são mais facilmente expressados na progênie do que outros. Por exem-plo: altura de cernelha ou altura de garupa. Já outros são de difícil “trans-missão” ou mensuração excetuando fatores ambientais. Exemplo: períme-tro de canela e aprumos.

Portanto é muito mais econômi-co investir-se em um garanhão que tenha boas características de alta herdabilidade do que em garanhões com problemas nessas partes e qua-lidades dificilmente transmissíveis. (veja na tabela nesta página).

Nas conduções de seleções de ca-valos coloridos, também abundante ainda a miscelânea de conceitos e teorias que se conta entre os criado-res. A genética das cores, se não to-talmente desvendada, já é bastante conhecida. Testes de homozigoze em cavalos pampas já são rotina entre grandes criadores e muitos são os artigos sobre as combinações gênicas relacionadas às diversas

pelagens dos cavalos. Mesmo assim ainda vejo criadores afirmando que esta ou aquela égua alazã é mais pro-pensa a dar esta ou aquela cor. Veja, alazã é uma cor homozigota e que implica em não expressão de nenhu-ma outra, portanto fica inteiramente a cargo do garanhão e do acaso im-primir qualquer pelagem diversa na cria. Além disso, falta planejamento na criação de cavalos pretos ou ama-rilhos que vão sendo cruzados quase ao acaso sem nenhuma preocupa-ção em fazer um teste estatístico de suas progênies. Enfim, é preciso mais planejamento e apoio técnico de um melhorador.

É isso aí, vamos estudar para nos aprimorar!

Tabela Característica/HerdabilidadeAltura no Dorso 0,67

Altura na Garupa 0,68

Comprimento da Cabeça 0,61

Comprimento do Dorso - Lombo 0,51

Comprimento da Espádua 0,54

Comprimento do Corpo 0,58Fonte: Melhoramento e Genética do Cavalo Campolina -

UFMG/2006 - Leonardo Meneguini dos Santos

Luiz ALberto Patriota Engenheiro Agrônomo

(ESALQ/USP)

Page 61: Revista Mangalarga
Page 62: Revista Mangalarga
Page 63: Revista Mangalarga
Page 64: Revista Mangalarga

64 | Revista Mangal aRga

Valor médio dos lotes negociados no evento, promovido por cinco tradicionais criatórios da raça, atingiu uma evolução ainda mais impresionante: 57%

O 7º Leilão 4 Ases & Cia., reali-zado na tarde de 11 de de-zembro, no Helvetia Riding

Center, em Indaiatuba (SP), deu mais uma mostra do bom momen-to vivido pelo mercado mangalar-guista. O remate, afinal, movimen-tou a expressiva receita de R$ 694 mil, alcançando a cotação média de R$ 19,8 mil.

49%registracrescimento de

Leilão 4 Asesnegócios

Por Pedro Camargo Rebouças | Fotos: Norberto Cândido

Esses números tornam-se ainda mais expressivos na comparação com a edição anterior do evento, realizada em setembro de 2009, na capital paulista. O faturamento total da 7ª edição foi, afinal, cerca de 49% superior aos R$ 466 mil obtidos pelo 6º Leilão 4 Ases. Além disso, o valor médio dos lotes negociados subiu de R$ 12,6 mil, em 2009, para R$ 19,8

mil, no evento de dezembro de 2010, um impressionante salto de 57% na cotação dos produtos.

Promovido por cinco tadicionais criatórios da raça - os haras Otnacer, Três Rios, Precioso, Braido e Leni -, o evento negociou 35 lotes de grande qualidade, que incluíam desde gara-nhões e matrizes até potros, potran-cas e barrigas.

A premiada Brisa França teve a barriga ofertada no Leilão 4 Ases

Page 65: Revista Mangalarga

65 Revista Mangal aRga |

O recorde da tarde, segundo a Djalma Leilões, empresa responsá-vel pela organização do evento, foi obtido pela matriz pampa de preto Ousadia da Braido I (TE), de seis anos de idade, ofertada pelo criador Nelson Antonio Braido. Produto do cruzamento entre Mesclado do Luar e Morena do Sapecado, Ousadia, que foi apresentada com potro ao pé do premiado reprodutor Quântico da Janga, mereceu um investimento de R$ 104 mil, realizado pelo seleciona-dor Othoniel Brandão Costa.

Já a segunda melhor cotação do remate coube ao lote composto pela potranca alazã Jaçanã NLB, uma filha de Arteiro VJC (TE) em Noruega da Sabaúna (TE), originária da seleção do Haras Leni. A jovem fêmea, que completou um ano de idade no dia 29 de dezembro, foi adquirida por Erivaldo Lui, que realizou na ocasião um investimento de R$ 39 mil.

O evento, cuja condução esteve a cargo do leiloeiro rural Marcelo

Junqueira, teve a assessoria técnica de João Quadros e foi transmitido pelo Agrocanal. Além disso, contou com a participação de outros três importantes selecionadores da raça: Israel Iraídes da Costa, José Carlos Moraes Abreu Filho e Eduardo Henrique Souza de França.

O 7º Leilão 4 Ases teve também uma programação social bastante movimentada. Na parte da manhã, os mangalarguistas presentes pude-ram desfrutar de um gostoso coque-tel enquanto realizavam a vistoria dos animais. Em seguida, os anfitri-ões serviram um gostoso almoço de confraternização, após o qual os negócios tiveram início.

Leilão EstaçõesOs negócios da raça foram abertos

no mês de fevereiro por dois eventos promovidos pela Mitsu Leilões. O 1º Leilão Virtual Estações realizou sua edição de verão na noite do dia 9, com transmissão ao vivo pelo Terra

Viva. Já a 1ª Venda de Barrigas DL aconteceu no sábado 19, durante Dia de Campo na Fazenda São Joaquim, em São José do Rio Preto (SP).

Com uma média real de R$ 18,3 mil, o Leilão Estações movimentou uma receita total de R$ 165 mil e teve como principal destaque a matriz Musa da Copi, adquirida por Paulo Eduardo Corrêa da Costa pela maior cotação da noite. Segundo a Mitsu Leilões, durante o remate foi surpre-endente o interesse, as consultas e os cadastros de novos criadores, o que comprova um aquecimento ge-ral no mercado da raça Mangalarga.

Por sua vez, a 1ª Venda de Barrigas DL - promovida pelo criador Francisco Carlos de Luccia, cujo criatório está celebrando 40 anos de atividade – obteve um faturamento geral de R$ 213,6 mil. No total, foram nego-ciados 14 ventres pelo valor médio de R$ 15,2 mil, com destaque para DL Lisboa da Alvorada, cuja barriga foi adquirida pelo Haras HIC e pelos criadores José Borges da Cruz Filho e Josiane Cardoso Matta Vidotti.

Quitanda do Otnacer também esteve entre as atrações do leilão

Nelson Braido, Fernando Raucci e Eduardo Rabinovich formam parte do grupo que promoveu o leilão

Um grande público acompanhou o remate no Helvetia Riding Center

Page 66: Revista Mangalarga

66 | Revista Mangal aRga

negócios Quem esteve lá...

Page 67: Revista Mangalarga
Page 68: Revista Mangalarga

68 | Revista Mangal aRga

Passeio realizado em Andradas uniu o prazer de cavalgar aos sabores da alta gastronomia

Q uando me pediram para es-crever sobre uma cavalgada que fizemos em Andradas

(MG), dias 26 e 27 de fevereiro p.p., organizada pela Fabiana Maroni da “Cavalgadas sob Medida” e pelos anfitriões do “Rancho da Bela Vista”, Nelita e Luis Augusto Ópice, o pri-meiro pensamento que me ocorreu foi o de que, como um novo cavalei-ro que sou, a missão seria espinhosa, mas não, logo percebi que, tal e qual quando se toma um bom vinho, se mira uma paisagem especial, várias imagens e sensações voltam à nossa

saborosaUma

cavalgada

cavalgadaPor Joel T. de Campos Mello

mente, reproduzindo uma boa parte do que foi uma experiência e um fi-nal de semana deliciosos.

A rigor, até poucos anos atrás, fa-zia tempo que não montava e, mo-tivado por minhas duas filhas, Maria Antonia, de onze anos, e Joana, de cinco, as duas literalmente apaixona-das por cavalos da raça Mangalarga, comecei a frequentar assiduamente a Fazenda Capoava e, com o incenti-vo de dois velhos amigos, o Paulo e o Raul Almeida Prado, fui aos poucos participando de passeios pela região de Itú, aumentando a duração das

cavalgadas, participando de outras fora da região enfim, até adquirir uma égua para minha filha, depois outra para mim, e daí por diante. Hoje esta atividade é uma parte muito importante de nossas vidas e além de proporcionar bons momen-tos em boas companhias nos leva a conhecer diferentes rincões de nosso Brasil e porque não de outros países, no futuro.

Em relação ao fim de semana que nos foi proporcionado no Rancho da Bela Vista, especificamente, tudo foi muito bem programado/organizado,

Foto

s: Di

vulga

ção

Participantes puderam desfrutar de toda beleza dos arredores do Pico do Gavião

Page 69: Revista Mangalarga

69 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

o que redundou em uma excelente cavalgada, a começar pela região que, desde o acesso, topografia e clima, é ótima até chegarmos ao RBV aonde, aí sim, vimos o resultado da somatória do conhecimento de ca-valos e da raça Mangalarga, com a dedicação intensa de anos do casal Ópice e que, de fato, fizeram a dife-rença na qualidade da tropa, pique-tes, pasto, arreios, selas, treinamento da equipe de apoio e, principalmen-te, o cuidado pessoal para que tudo desse certo e que fez com que todos se sentissem muito à vontade e se-guros para aproveitar ao máximo as trilhas, paisagem, as montarias, sem se falar, é óbvio, na qualidade das comidas, bebidas e boa companhia.

Éramos vinte e cinco cavaleiros, aproximadamente, pessoalmente tive o prazer de montar em uma égua de nome Imponência, com idade aproximada da minha – a Ópera – oito/nove anos, e que me

fez me sentir muito à vontade, va-lendo dizer que ao mínimo toque nas rédeas, ela entendia exatamen-te o que eu estava pedindo – que a Ópera não me ouça!

Outro aspecto muito importante e que contribuiu para o sucesso do final de semana como um todo foi a sinergia entre a “Cavalgadas sob Medida” da Fabiana e o “Rancho da Bela Vista” dos Ópice, que além de serem muito amigos e se conhe-cerem há anos, trabalharam muito e com muita antecedência na pre-paração do final de semana, com a escolha das trilhas, dos locais de paradas, água para os animais e até os mínimos detalhes como o cardá-pio, vinhos especialmente indicados para os pratos, música ao vivo e etc...

Enfim, um resumo que se pode fazer, é que por intermédio do cava-lo, no caso o Mangalarga, uma raça em franco crescimento e de pessoas, como disse, com conhecimento e

dedicação, tenho tido a oportunida-de de conhecer locais e pessoas es-pecialíssimos e sobretudo a cultura das regiões uma vez que, a cavalo, conhece-se metro a metro o local, os costumes, tradições enfim, a vida daquele povo, como ela é !

Hoje é dia 31 de março e amanhã já sairemos para mais uma cavalga-da, nos dias 1º e dois de abril, esta com os Mangalargas da tropa do Paulo Almeida Prado da Fazenda Capoava e também organizada pela Fabiana, o que já traz a certeza de co-lher os frutos desta mesma sinergia entre os criadores e organizadores, depois, espero que alguém lhes con-te como foi.

Por último, vale dizer que, além dos locais, amigos, família e etc., montar em um bom cavalo manga-larga vale muito mais do que uma terapia, é quase como um disjuntor, desconectando-nos do que, às ve-zes, precisa ser desconectado!

As mulheres marcaram presença no evento e, ao lado, pode-se perceber as belas paisagens da cavalgada

Os cavaleiros desfrutam de um bom almoço para revigorar as energias e para o jantar, bons vinhos para celebrar o sucesso do evento

Page 70: Revista Mangalarga

70 | Revista Mangal aRga

Em maio de 2010 fomos convidados por Sebastião Malheiro, homem do ca-

valo e apaixonado criador da raça Mangalarga, para participar do Projeto Tropel Mangalarga 1400 que propunha a realização de uma viagem a cavalo, indo de São Paulo a Brasília. Malheiro queria que efe-tuássemos uma análise científica da empreitada. Além de aceitar o con-vite propusemos a realização de um enduro de regularidade nas depen-dências da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, campus de Jaboticabal, SP.

Nossa participação nos eventos que descrevo não seria possível sem a Prof. Dra. Roberta Ariboni Brandi, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos/USP, Pirassununga e de minha equipe de orientados tanto da graduação como da pós-graduação, além de alunos do Colégio Técnico Agrícola “José Bonifácio”, os quais nos deram suporte para participar do projeto. Agradeço a todos a inestimável e prestimosa colaboração.

Sob a coordenação de Malheiro, estabeleceu-se um Plano de Traba-lho, no qual o desenvolvimento do projeto se deu em quatro fases se-quenciais, assim estabelecidas:

pesquisaPor José Corrêa de Lacerda Neto

TropelProjeto

Mangalarga 1400Fase I: Preparatória

O projeto contou com a partici-pação de oito éguas. Estas foram inspecionadas e sua condição cor-pórea classificada em escores. Em seguida, foram submetidas a exame físico geral, para avaliação da higidez, com ênfase aos sistemas locomotor e estomatognático. Somente foram uti-lizados os animais em boas condições sanitárias e nutricionais. Antes do iní-cio do treinamento, os animais foram desverminados e vacinados contra influenza, rinopneumonia, tétano e garrotilho e, adicionalmente, subme-tidos à ferrageamento para evitar o desgaste excessivo dos cascos.

O planejamento nutricional para as diferentes fases do projeto se ate-ve a dois aspectos principais, a saber, atendimento as exigências nutricio-nais de acordo com a intensidade do esforço físico realizado em cada etapa e prevenção de distúrbios associados a aumentos do plano nutricional. Na confecção do Programa Nutricional, considerou-se o peso das éguas e a intensidade do exercício que seria re-alizado em cada fase. No início de trei-namento, o exercício foi considerado moderado. Uma vez que a cavalgada constitui uma atividade de resistên-cia, optou-se por suplementar os animais com óleo de soja e produto

contendo sais minerais e fibras de fá-cil fermentação, além de feno e capim de ótima qualidade.

Em relação ao manejo, iniciou-se pela adaptação das éguas ao novo grupo, reunindo-as em um amplo espaço, evitando-se assim disputas por melhores áreas de pastejo ou sombra e proximidades da aguada. O arraçoamento passou a ser feito no sistema de lanchonete, no qual os animais têm acesso a cocho in-dividual. Arreamentos novos foram adquiridos e utilizados durante o treinamento dos animais.

Fase II: TreinamentoO reconhecimento das respostas

do organismo ao esforço físico pro-longado é fundamental ao entendi-mento dos distúrbios que acometem os equinos durante treinamentos, cavalgadas e enduros. A geração de energia necessária para a realização de exercícios duradouros produz muito calor, aquecendo o organismo e comprometendo sua higidez. Dessa forma, faz-se imprescindível atenção aos mecanismos termorregulatórios. A evaporação de suor constitui a prin-cipal forma de controle da tempera-tura interna, mas quando em excesso pode causar distúrbios de diferentes manifestações como na desidratação,

Page 71: Revista Mangalarga

71 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

além de quadros mais gra-ves como a exaustão.

A temperatura am-biente, umidade relativa do ar e a força dos ventos influenciam tanto a eva-poração do suor como a temperatura corpórea. O exercício e a realização de cavalgada em dias quen-tes e úmidos dificultam o funcionamento dos mecanismos de termorre-gulação dos equinos. Neste caso, a evaporação de suor não ocorre de forma satisfatória, embora o indiví-duo perca muita água e eletrólitos.

Outro aspecto a considerar quan-do os equinos executam exercícios prolongados é a alta intensidade e a repetibilidade do esforço. Este fato potencializa a ocorrência de lesões em estruturas do sistema músculo-esquelético.

O treinamento constitui a forma mais eficiente de preparar o organis-mo dos cavalos para os desafios me-tabólitos e estruturais enfrentados na realização de atividades físicas. O treinamento deve almejar os seguin-tes objetivos: aumentos da velocida-de e da força muscular, assim como da resistência, postergando o início da fadiga; melhoria das habilidades biomecânicas e da coordenação neuromuscular e redução dos ris-cos de ocorrência de traumatismos. Quando bem conduzido, o treina-mento mantém a disposição e o en-tusiasmo do cavalo para o exercício.

O período de treinamento dos animais teve a duração de 135 dias. A realização de três sessões sema-nais de exercícios em trilhas rurais foi estabelecida durante o período. Em média, cada sessão tinha a duração de 120 minutos, nas quais os animais intercalavam os andamentos passo, trote e galope. Ademais, dois outros

dias foram reservados para sessões de 60min de adestramento ou para adap-tações ao ambiente urbano, quando caminhavam por ruas e avenidas.

Durante o treinamento, aos 29, 64 e 114 dias, foram realizados testes de esforço físico em trilha, denominados exercícios testes (ET). Os ET consis-tiram na execução de um percurso de 52.000 m, dividido em seis anéis de 8.666 m, nos quais os equinos, alternadamente, foram montados ou puxados pelos cavaleiros/amazona, de forma que cada um deles percor-reu metade do percurso montados e outra metade puxados. Entre dois anéis, um intervalo de 20 minutos foi dado às éguas para exame, arraçoa-mento e dessedentação. A avaliação da capacidade física dos animais foi efetuada mediante determinação da frequência cardíaca (FC) antes do iní-cio do percurso, ao final de cada anel e 10 minutos depois. Adicionalmente, os animais passaram, ao término de cada anel, por avaliação clínica, com ênfase a locomoção. Os valores de frequência cardíaca, determinados em batimentos por minuto (bpm), dos animais em repouso (basal), ao fi-nal do último anel e 10min após estão apresentados na Tabela 1.

Observa-se nos resultados do segundo ET que os animais apresen-taram melhoria do condicionamento físico com valores mais baixos de FC

no período de recuperação do esfor-ço, 10min após o final do teste. No terceiro ET os valores obtidos para FC não diferiram dos encontrados no primeiro. Registra-se que, enquanto o primeiro ET foi realizado durante o inverno, quando a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar eram baixas, o terceiro ET foi efetuado no outono, momento no qual as mesmas estavam excepcio-nalmente altas o que possivelmente influenciou os resultados. De outro lado, o terceiro ET refletiu melhor as condições ambientais por que pas-sariam os animais durante a viagem. Durante os check-ups veterinários realizados ao final dos ETs, não foram encontradas alterações nas variáveis examinadas, com destaque para a higidez das estruturas músculo--esqueléticas e equilíbrio da loco-moção. Concluiu-se pelos resultados dos ETs que o treinamento preparou adequadamente os animais para a realização da viagem.

No segundo ET realizou-se tam-bém a determinação das concen-trações sanguíneas de lactato dos animais nos mesmos momentos utilizados para aferição da FC. Os valores médios de lactato sanguíneo (mmol/L) determinados em repouso, ao final de cada anel e 10 minutos após o término do teste estão rela-cionados na Tabela 2.

exeRCíCio teste (datas)

Condição de equitação no últiMo anel Basal Chegada do

últiMo anel 10 Min aPós

21/07Montadas 41,5 ± 2,2a 75,0 ± 2,5A,c 59,0 ± 3,4A,b

Puxadas 37,5 ± 0,8a 60,0 ± 2,1B,c 47,0 ± 1,5B,b

25/08Montadas 37,5 ± 1,5a 54,5 ± 1,9C,c 49,0 ± 1,7B,b

Puxadas 38,0 ± 1,4a 51,5 ± 1,9D,c 46,5 ± 2,5B,b

14/10Montadas 38,0 ± 1,2a 74,0 ± 1,5A,c 60,0 ± 0,0A,b

Puxadas 40,0 ± 0,0a 62,0 ± 5,0B,c 49,3 ± 1,3B,b

tabela 1. Média ± EPM da frequência cardíaca (bpm) de éguas da raça Mangalarga submetidas a exercício teste de 52 mil metros de extensão em repouso (basal), imediatamente após o término do percurso e 10 minutos após (Jaboticabal - 2010)

A Médias seguidas de letras maiúsculas diferentes diferem entre si na mesma coluna B Médias seguidas de letras minúsculas diferentes diferem entre si na mesma linha

Basal a1 a2 a3 a4 a5 a6 10’ aPós 30’ aPós

0,23 ± 0,09 0,16 ± 0,05 0,12 ± 0,04 0,12 ± 0,05 0,10 ± 0,06 0,11 ± 0,06 0,20 ± 0,09 0,23 ± 0,10 0,20 ± 0,09

tabela 2. Média ± DP das concentrações de lactato sanguíneo (mmol/L) determinadas em fêmeas equinas da raça Mangalarga durante a realização de exercício teste de 52.000 m de extensão, em repouso, ao final de cada um dos anéis (A) de 8.666 m e 10 e 30min após o término do teste (Dourado, SP - 2010)

Page 72: Revista Mangalarga

72 | Revista Mangal aRga

Os valores para lactato obtidos com os animais em repouso, após cada anel e 10 e 30min após o final do ET não diferiram entre si. Os resul-tados obtidos indicam que durante o teste os animais produziram energia por meio de metabolismo aeróbio.

Fase III: Cavalgada Ao final do treinamento os cavalos

realizaram, durante 36 dias, uma viagem de 1.400km, de São Paulo, capital de nosso estado, a Brasília, DF. Neste período o acompanhamento foi à distância.

Nesta fase, o arraçoamento dos animais, com ração concentrada de alto teor energético, acrescida de fibra e sal mineralizado, foi efetuado três vezes ao dia, a saber, antes do nascer do sol, no meio da cavalgada, quando era dado um período mais longo de repouso aos animais, e ao final do dia. O fornecimento de feno ocorria principalmente durante a noite. Quanto à ingestão de água, além de mantê-la ao alcance durante os períodos de repouso da marcha e nos pontos de parada, o encontro com uma aguada natural ou artificial nunca era desperdiçado.

Dois animais apresentaram lesões durante o trajeto. Uma égua manifes-tou inchaço do MPD, que posterior-mente mostrou ser uma leve lesão crônica da bainha tendínea, enquanto outra apresentou pisadura na região lombar que se agravou com o uso da sela durante a viagem. Ambas foram apartadas do restante da tropa para tratamento, recuperando-se em uma semana e retornando ao grupo.

Fase IV: EnduroNo dia seguinte ao final da caval-

gada, as oito éguas foram transpor-tados via terrestre para a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP, em Jaboticabal, SP. Os animais foram acomodados em piquetes de Tifton 85, recebendo 2,0 kg de ração três vezes ao dia. Exames físicos dos animais foram realizados para deter-minação da condição clínica. Também foram efetuadas avaliações clínicas

e ultrassonográficos das estruturas músculo-esqueléticas dos animais.

Uma semana após chegada a FCAV, seis éguas realizaram um enduro de regularidade de 75 km de extensão. Durante o teste de resistência, os ani-mais percorreram três vezes um per-curso de 25 quilômetros, por trilhas e estradas rurais. A oferta de água para bebida foi efetuada apenas no décimo segundo quilômetro e ao final de cada anel. Imediatamente ao final de cada percurso os animais tiveram suas ju-gulares puncionadas para colheita de sangue, sendo em seguida pesadas. Na sequência, passaram por dez minu-tos de refrigeração realizada por meio de aspersão de água, sendo, em segui-da, encaminhadas para exame veteri-nário. Os animais só foram liberados para o próximo anel após constatação de higidez no exame veterinário.

Antes, durante e após a realização do teste de resistência, foram colhidas amostras de sangue para análises laboratoriais a fim de avaliar possíveis alterações metabólicas decorrentes do esforço prolongado. Os resultados da pesagem e dos exames laborato-riais realizados durante e após o endu-ro estão apresentados na Tabela 3.

Observa-se que, as éguas perde-ram peso ao final do primeiro anel, o qual se manteve diminuído até o final do enduro. No dia seguinte ain-da não haviam recuperado o peso o que aconteceu apenas com 48 horas. Considerando a perda de peso, ob-serva-se que a intensidade do esforço durante o enduro foi significativa. Esta intensidade de esforço, acima da praticada na viagem, promove gasto excessivo das reservas energéticas, enfraquece os animais e diminui a disposição para prosseguir. Porém, os pesos registrados durante e após o teste demonstram a capacidade de re-cuperação, a qual, em animais destrei-nados pode se estender por mais de 72 horas. Ao confrontar estas informa-ções com o que foi realizado durante a cavalgada, não é demais recordar que, durante esta, em apenas três dos 36 dias a distância percorrida chegou a 75 km. Nestas ocasiões, dentro da

estratégia adotada de preservar os animais para a chegada, a intensidade do esforço imprimido a cada dia foi menor do que aquela realizada no enduro. Esta menor intensidade de esforço não se deu apenas por perfa-zer menores extensões do percurso, o que nem sempre foi possível, mas se caracterizou por três fatores: 1) menor velocidade de marcha, 2) intervalos de repouso mais longos e, fundamental-mente, 3) fornecimento de alimentos de alto teor energético durante o re-pouso (o que não ocorreu no enduro). Ademais, no desenrolar da cavalgada houve acréscimo diário no volume de ração concentrada fornecida aos equi-nos. A somatória destes fatores foi res-ponsável pela ótima condição física e manutenção do escore físico das éguas do início ao final da cavalgada.

Observa-se ainda, a ocorrência de hemoconcentração durante o endu-ro. Este achado indica leve indício de desidratação, um fato esperado dadas as grandes perdas de fluidos por meio da sudação. Esta condição foi responsável pelas elevações ob-servadas em proteínas plasmáticas totais (PPT) e hematócrito.

Relativamente ao sódio, este ele-trólito é o grande responsável pela manutenção da pressão osmótica e retenção de líquido nos vasos, se con-trapondo a desidratação. Nota-se que não se registraram alterações nesta variável, para a qual o organismo contempla inúmeras modalidades de regulação. Tal fato demonstra que o organismo dos animais respondeu ao treinamento e ao esforço da viagem, melhorando sua capacidade de regu-lar o volume intravascular.

Uma das formas de manter o sódio no organismo se dá pela troca deste com o potássio durante a formação da urina. Ou seja, conserva-se o sódio aumentando a excreção de potássio o que em alguns momentos pode ter contribuído para a diminuição deste eletrólito. Tal fenômeno não se deu durante o enduro, mas sim na recupe-ração, uma vez que para economizar líquidos, as éguas urinaram pouco durante a prova.

pesquisa

Page 73: Revista Mangalarga

73 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Outro aspecto interessante foi o comportamento do cloreto. Este ele-trólito é encontrado em grandes con-centrações no suor e volumes copio-sos são perdidos durante o trabalho prolongado. A diminuição de cloro estimula a reabsorção renal de bicar-bonato. Nota-se que o bicarbonato aumenta no decorrer do enduro. A associação destes fatos é a responsá-vel pelo discreto, mas significativo au-mento do pH. Ou seja, nos exercícios prolongados, os equinos podem de-senvolver alcalose metabólica, como demonstrado, ao invés de acidose como, erroneamente, acredita-se.

Nas condições da pesquisa, a in-fluência do lactato sobre o equilíbrio ácido-base do sangue foi mínima. Os valores obtidos constituem forte evidência de que o metabolismo res-ponsável pela produção de energia foi predominantemente aeróbio. Tal fato pode levar os menos avisados a classificar o exercício como sendo de baixa intensidade, porém não se pode esquecer que neste caso é a duração do esforço que eleva a condição para a categoria de alta intensidade. As demandas energéti-cas, embora aeróbias em curto pra-zo, podem, com o passar das horas de exercício constante, deprimir as reservas de energia e levar a morte celular e colapso do organismo.

O aumento da glicemia, observa-do ao final do primeiro anel, é forte indicativo da atuação endócrina no sentido de mobilizar glicose das re-servas hepáticas para o metabolismo muscular. No entanto, a manutenção deste estímulo por tempo prolonga-do esgota as reservas de glicogênio, e compromete o metabolismo ener-gético. Desta forma, à medida que o exercício se prolonga, são ativados mecanismos que estimulam o apro-veitamento de lipídeos na produção de energia. Os lipídeos constituem um reservatório quase inesgotável de energia, mas seu metabolismo re-quer a participação da glicose em um ponto da cadeia, razão suficiente para que o organismo atue preservando a glicemia. Aos 50 km nota-se o retorno da glicemia aos valores basais e sua manutenção até o final do enduro.

Relativamente a pCO2, esta é uma variável importante, à medida que o CO2 é um dos produtos finais do metabolismo aeróbio e participa do equilíbrio ácido-base do sangue. Espera-se, portanto, que seus valo-res aumentem durante o exercício quando a atividade metabólica está aumentada. Entretanto, a elevação da temperatura e da própria pCO2 estimulam o aumento da ventilação, excretando o CO2 a medida que a fre-quência respiratória aumenta.

Os dados obtidos neste trabalho são de relevância para o entendi-mento dos eventos que ocorrem com o organismo do cavalo du-rante o esforço físico prolongado e podem nortear não apenas o treinamento, mas também fornecer informações importantes sobre os cuidados necessários durante a rea-lização de cavalgadas. Desta forma, os dados estão sendo preparados para apresentação em congressos e publicação em revistas especiali-zadas e periódicos científicos, assim como constituirão parte importante de trabalhos de dissertação e de pós-doutorado. Ficou demonstra-do que mesmo animais muito bem treinados estão sujeitos a alterações de fatores responsáveis pelo equi-líbrio do sangue e, consequente-mente, do organismo. Se de um lado, o treinamento bem planejado e adequadamente conduzido não pode impedir, é, pelo menos, fator preponderante na diminuição da gravidade dos distúrbios a que os equinos estão sujeitos durante os esforços prolongados. Finalizando, é dever de um cavaleiro bem infor-mado e esclarecido a preservação de sua montaria e, neste aspecto, os conhecimentos agregados pelo projeto Tropel Mangalarga 1400 fo-ram fundamentais.

vaRiáveis BasalenduRo PeRíodo Pós enduRo

25 kM 50 kM 75 kM 15Min 30Min 60Min 24h 48h 72h

Peso 417±5,9A 400±5,9B 394,5 ± 6,0B 394,3±6,1B - - - 408±6B 418±6A 411±6AB

PPT 6,8±0,1C 7,1±0,1A 7,3±0,3AB 6,8±0,1BC 6,6±0,1C 6,8±0,1C 6,8±0,1C 6,7±0,1C 6,7±0,1C -

Hematócrito 33±0,6B 38±0,6A 37±0,7A 36,5±0,7A 34±1,0B 35±1,0C 35±1,0C 35,6±1,0C 34±1,0C -

Sódio 142±1,0 144±1,0 141±1,0 142±1,0 142±0,9 142±1,0 142±1,0 144±0,9 141±0,9 -

Potássio 3,1±0,2A 2,8±0,2A 3,0±0,2A 2,9±0,2A 2,5±0,1AB 2,2±0,1C 2,6±0,1BC 3,4±0,1A 3,4±0,1A -

Cloreto 103±0,2B 99±0,1A 98,5±0,1A 98±0,2A 98±0,2A 98±0,1A 97,5±0,2A 101±0,2B 102±0,2B -

Lactato 0,6±0,1B 0,5±0,0B 0,5±0,1B 0,9±0,0A 0,8±0,1BC 1,0±0,1AC 0,9±0,1BC 1,3±0,1D 1,0±0,1CD -

Glicose 102±3,2B 116±3,2A 102±3,2B 104±3,4B 104±4,8B 103±4B 116±4,8AB 98±4,4B 116±4,4A -

pH 7,40±0,0BD 7,44±0,0A 7,46±0,0A 7,45±0,0A 7,42±0,0BC 7,42±0,0BC 7,43±0,0C 7,39±0,0BD 7,40±0,0BD -

pCO2 44,2±1,0A 42,6±1,0A 42,3±1,1A 40,4±1,0A 46,5±1,0B 43,2±1,0AB 42,2±1,0AC 40,2±0,9C 41,4±0,5AC -

HCO3- 26,8±0,7C 28,9±0,7AB 29,6±0,8A 27,8±0,8BC 29,4±0,6A 27,6±0,6BC 27,1±0,6C 24,1±0,6D 25,1±0,4CD -

tabela 3. Média ± DP de variáveis clínicas e bioquímicas determinadas em equinos submetidos a enduro de 75 km, antes, a cada 25 km e 15, 30 e 60min após o enduro e nos dois ou três dias subsequentes (Jaboticabal, SP - 2010)

*Unidades: peso (kg), PPT (proteínas plasmáticas totais, em g/dL), hematócrito (%), sódio, potássio, cloro, e lactato (mmol/L); pCO2 (pressão parcial de gás carbônico, em mmHg), HCO3- (íon bicarbonato, em mmol/L) e glicose (mg/dL).

Page 74: Revista Mangalarga

74 | Revista Mangal aRga

eventosPor Pedro Camargo Rebouças* | Fotos: Imprensa SPR

Programação variada e grande adesão da comunidade mangalarguista colocaram a mostra promovida pela ABCCRM no centro das atenções da 51ª ExpoLondrina

Exposição Brasileira: o ponto alto do semestre

Page 75: Revista Mangalarga

75 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Raça esteve entre os destaques da ExpoLondrina 2011

Page 76: Revista Mangalarga

76 | Revista Mangal aRga

O cavalo Mangalarga foi um dos protagonistas da Expo Londrina 2011. Afinal, a realiza-

ção da Exposição Brasileira dentro do programa desse importante evento paranaense, considerado, aliás, uma das principais vitrines do agronegócio na América Latina, proporcionou uma visibilidade única, merecendo assim dezenas de matérias na mídia aberta e especializada, além de muita atenção do público e até uma visita do gover-nador do Paraná Beto Richa.

A participação da raça na feira pa-ranaense, que este ano chegou à 51ª edição, foi aberta com o tradicional desfile das bandeiras dos criatórios participantes. A exibição mangalar-guista, que foi escoltada pela cava-laria dos Dragões da Independência, robou a cena justamente duran-te a cerimônia de abertura da ExpoLondrina, realizada na manhã do dia 7 de abril, na pista central do Parque de Exposições Ney Braga.

Logo em seguida, a comunidade mangalarguista recebeu a visita do governador Beto Richa, moti-vada pela inauguração da Casa do Mangalarga. A solenidade foi acom-panhada por representantes de de-zenas de veículos de comunicação, que, no ímpeto de acompanhar a principal autoridade paranaense, puderam também conhecer melhor o Cavalo de Sela Brasileiro.

Recepcionado pelo presidente do Núcleo Mangalarga do Norte do

Paraná, Paulinho Vilela, e pelo presi-dente da Sociedade Rural do Paraná, Gustavo Lopes, o governante cortou a fita simbólica que envolvia a nova sede e em seguida descerrou a placa de inauguração da Casa do Mangalarga, que foi batizada justamente com o nome de “Governador Beto Richa”.

Segundo Paulinho Vilela, além de mostrar o prestígio da raça com o governo do Paraná, a visita compro-vou o bom momento vivido pelo cavalo Mangalarga nesse impor-tante estado brasileiro. “A partir de agora, além de ter um importante ponto de apoio na ExpoLondrina, a comunidade mangalarguista passa a ter uma sede permanente na re-gião, um local em que os criadores serão sempre recebidos com toda a atenção”, destaca Vilela, ressaltando ainda que no Norte do Paraná exis-tem atualmente 68 selecionadores e 500 usuários da raça.

Êxito de públicoA Exposição Brasileira 2011, cuja

programação se estendeu do dia 7 ao dia 10 de abril, levou à ExpoLondrina uma série de atrações, da qual fize-ram parte concorridos julgamentos de morfologia e andamento, provas funcionais e leilões. Promovida pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM), em parceria com o Núcleo Mangalarga do Norte do Paraná e com a Sociedade Rural Paranaense,

a mostra contou com a participação de 159 animais, provenientes de 33 tradicionais criatórios da raça.

Um dos principais momentos do evento aconteceu, aliás, na tarde do domingo que encerrou a mostra, quando aconteceram as aguar-dadas competições funcionais da raça. “Apesar da concorrência da Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira, que também se apresentava naquele momento, o público lotou as arquibancadas da exposição para acompanhar e vibrar com as nossas provas. Esse foi real-mente um momento muito especial”, destaca o presidente da ABCCRM Sergio Luiz Dobarrio de Paiva.

O evento contou ainda com outra grande atração, a premiação refor-çada que distribuiu quatro motos zero quilômetro. “Esse é sempre um incentivo muito importante, afinal valoriza o trabalho dos criadores e especialmente dos peões, que se dedicam muito para que os animais dos criatórios que representam se destaquem na pista de julgamento”, ressaltou, em entrevista ao Canal Rural, concedida durante a Brasileira, o criador Israel Iraídes da Costa.

Além disso, a organização reser-vou dois imponentes prêmios aos melhores criadores do evento: os troféus transitórios que levam res-pectivamente os nomes dos manga-larguistas Mário Alves Barbosa Neto e Norman Prochet.

O governador Beto Richa inaugura a Casa do Mangalarga na companhia de Gustavo Lopes e de Paulinho Vilela

Page 77: Revista Mangalarga

77 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Disputas concorridasA qualidade da tropa que passou

pela pista de julgamento foi outro destaque do evento. Os jurados André Fleury, a quem coube a res-ponsabilidade de avaliar o anda-mento dos concorrentes, e Benedito Carlos da Silva, cuja tarefa foi a de analisar a morfologia dos partici-pantes, tiveram muito trabalho para escolher os melhores entre os 159 exemplares da raça que estiveram em Londrina.

A categoria reservada às potran-cas (fêmeas com mais de 24 a 30 me-ses) foi a mais concorrida do evento. Criada e exposta por José Eduardo de Souza, Comédia JES (T.E.), uma filha de Xaréu JES (T.E.) em Vítima JES (T.E.), superou outras 20 concorren-tes para chegar ao título de Campeã Potranca. A classe reservada às éguas jovens (mais de 36 a 48 meses), que contou com a participação de 19 concorrentes, esteve também entre as mais disputadas da Exposição Brasileira. Originária da seleção de Sergio Paiva e exposta por Fernando Tardioli Lúcio de Lima, Tramela do

Mont Serrat (Regalo JO em Gasolina do Arceburgo) obteve uma du-pla premiação nesse julgamento, sagrando-se Campeã Égua Jovem e Campeã Égua Jovem de Andamento.

Entre os machos, as categorias mais disputadas foram as dedicadas aos potros (mais de 24 a 30 meses) e aos cavalos seniores (mais de 60 meses), com dez participantes cada. Proveniente da seleção de Israel Iraídes da Costa e produto do cruza-mento entre Colorado OJC e Represa do H.I.C., Gramado do H.I.C. (T.E.) sa-grou-se Campeão Potro. Já entre os machos mais experientes brilharam dois animais: Barcelos do Torquato e Porre Vargedo. Selecionado por Plínio Brotero Junqueira e expos-to por Fernando Ferrucio Rivaben, Barcelos do Torquato (Horizonte do Campo Alegre em Mangava do Torquato), que no ano passado con-quistou o Grande

Campeonato da Copa Matsuda Mangalarga, obteve mais uma im-portante premiação, sagrando-se desta vez Campeão Cavalo Sênior. Por sua vez, Porre Vargedo (Critério do Hab em Cereja F.R.L.), proveniente da seleção dos Herdeiros de Geraldo de Souza Ribeiro e exposto pelo Haras Cerávolo Paoliello, mostrou muita qualidade em pista para obter o título de Campeão Cavalo Sênior de Andamento.

A disputa entre os expositores também foi bastante acirrada. Com 1339,10 pontos, José Eduardo de Souza foi eleito o melhor expositor

O público acompanhou atentamente a disputa das provas funcionais

Os cobiçados troféus da Exposição Brasileira 2011

Foto

: Rut

h Vile

la de

Andr

ade

Page 78: Revista Mangalarga

78 | Revista Mangal aRga

geral do evento, sendo seguido por Sergio Paiva (637 pontos) e pela ZCM Agropecuária (619,15). Souza repetiu o feito na disputa entre criadores da classe geral. Somando 1279 pontos, ele garantiu o primeiro lugar, à frente dos selecionadores Sergio Paiva e Josiane Vidotti, que alcançaram res-pectivamente 1200 e 545,65 pontos.

No julgamento de andamento, novamente José Eduardo Souza e Sergio Paiva travaram uma acirrada disputa pelos primeiros lugares. No fim, o primeiro lugar entre os expositores de andamento ficou

com Souza, que somou 273 pontos, apenas 14 a mais que o segundo co-locado Sergio Paiva e 18 a mais que o terceiro colocado Fernando Rivaben. Já no ranking de criadores de an-damento, Paiva obteve a primeira colocação, totalizando 476 pontos e ficando à frente de José Eduardo de Souza (245) e Antônio Caetano Pinto (192,50).

Integrante da diretoria da ABCCRM, Fernando Tardioli desta-cou, também em entrevista ao Canal Rural, a importância dos bons resul-tados no evento para os criadores

envolvidos na disputa para entrar na lista dos melhores da temporada 2011. “Em função da qualidade dos animais que participam de seus jul-gamentos e da expressiva adesão de criadores, a pontuação da Exposição Brasileira possui um peso maior que as demais exposições. Isso a torna muito importante para os selecio-nadores que desejam obter boas colocações no ranking anual da raça Mangalarga, que é estabelecido a partir do desempenho dos partici-pantes em um circuito com cerca de 20 eventos realizados nos mais di-ferentes pontos do País. Além disso, um prêmio na Brasileira traz sempre muito prestígio aos animais concor-rentes e também aos expositores”, ressalta Tardioli.

Negócios em altaOs negócios também estiveram

em alta na Exposição Brasileira 2011. A agenda do evento contou, afinal, com dois leilões já tradicionais na raça: o 6º Mangalarga Londrina Show e o Raridades Mangalarga.

Realizado na noite da sexta-feira 8 de abril, no Recinto Horácio Sabino,

Uma tropa de grande qualidade passou pela pista do Parque Ney Braga

Leilão Raridades movimentou os negócios durante a Brasileira

Foto

: Rut

h Vile

la de

Andr

ade

Page 79: Revista Mangalarga

79 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

no Parque Ney Braga, o 6º Leilão Mangalarga Londrina Show ofertou 32 lotes, entre os quais estavam embriões, barrigas, potros, potras, matrizes e reprodutores originários de tradicionais criatórios da raça Mangalarga. Além disso, o evento, cuja organização esteve a cargo da Rural Business Leilões, ofertou jumentos da raça Pêga e muares de qualidade comprovada.

O Leilão Raridades, por sua vez, movimentou a programação man-galarguista no Parque Ney Braga na tarde do sábado 9 de abril. O remate, organizado pela Djalma Leilões com a coordenação do zootecnista João Quadros, ofertou 33 lotes com pro-dutos selecionados em 24 criatórios de destaque na raça. Além de barri-gas e embriões de matrizes de gran-de qualidade, a relação apresentou potrancas, potros, cavalos e éguas com futuro promissor tanto para as pistas de julgamento como para a reprodução.

Segundo a Sociedade Rural do Paraná, entidade responsável pela organização da ExpoLondrina, os leilões da raça Mangalarga atingiram uma liquidez de 90%, obtendo a co-tação média por animal negociado de R$ 15 mil, valor 30% superior ao registrado na edição anterior da fei-ra. Dessa forma, pode-se estimar que os remates movimentaram juntos uma receita total de R$ 742,5 mil.

Ainda de acordo com a Sociedade Rural, o maior lance registrado nos leilões mangalarguistas na

ExpoLondrina foi de um embrião comercializado por R$ 70 mil. A entidade revela também que, além dos participantes in loco, os eventos contaram com diversas aquisições feitas via internet e Canal do Boi, in-clusive com compradores da Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pará e São Paulo. Para Paulinho Vilela, presidente do Núcleo do Norte do Paraná, o bom desempenho leva à conclusão de que está faltando ani-mais para o número de interessados pelo Cavalo de Sela Brasileiro.

Redes sociaisA Exposição Brasileira foi um mar-

co também por sua grande exposi-ção nas novas mídias. Afinal, além da transmissão em tempo real dos julgamentos e provas funcionais, que foi acompanhada por mangalar-guistas dos mais diferentes pontos do País, a mostra deste ano teve grande repercussão nas redes sociais da internet. As novidades eram pos-tadas pelo Twitter para centenas de seguidores no Brasil e no mundo, ob-tendo uma repercussão extra para os acontecimentos da mostra. Também por meio desta inovadora rede de micro blogs, onde as mensagens não podem ter mais de 140 caracteres, dicas e links de reportagens e vídeos eram enviados com frequência aos internautas. O Facebook, por sua vez, foi utilizado de forma inovadora para divulgar álbuns de fotografias do evento e vídeos produzidos por redes de televisão como o Canal

Paulinho Vilela e Sergio Paiva apresentam o Troféu Transitório Norman Prochet

Page 80: Revista Mangalarga

80 | Revista Mangal aRga

Rural e o SBT do Paraná. Contando assim com o grande poder de dis-seminação de informações dessas novas mídias sociais, o cavalo Mangalarga pôde atingir e cativar um expressivo público durante a Exposição Brasileira, que é consi-derada a segunda mais importante mostra promovida pela ABCCRM.

Cavalgada da RuralA participação da raça na Expo

Londrina 2011 começou, entretan-to, bem antes da abertura oficial do evento. Na manhã do domingo 20 de março, o Núcleo Mangalarga do Norte do Paraná marcou presença na quarta edição da Cavalgada Paulo Ubiratan, promovida pela Sociedade Rural do Paraná para anunciar a principal feira do agronegócio paranaense e também para reforçar a tradição e o vínculo de Londrina com a área rural.

Apesar do grande nú-mero de participantes - 1745 conjuntos estive-ram presentes ao desfi-le -, os mangalarguistas

conseguiram se destacar, graças à tropa bem preparada e a toda apti-dão típica da raça para os passeios equestres. Concentradas na região do monumento Marco Zero, carava-nas de diversas cidades do Paraná e também de outros estados iniciaram o desfile pelas ruas de Londrina até o Parque de Exposições Ney Braga, anunciando a chegada da 51ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina.

“A cavalgada reúne tradição e ino-vação, duas qualidades que foram es-colhidas para o tema desta edição da ExpoLondrina. A tradição consolida a exposição como um dos eventos mais importantes deste país e a inovação representa a dinamicidade do setor”,

explicou o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Gustavo Lopes.

Segundo os organizadores, a ca-valgada lembrou também o vínculo de Londrina com o campo e com as raízes rurais. Afinal, o desenvolvi-mento e a riqueza da região foram desencadeados quando o norte do Paraná era um importante ponto de passagem para os tropeiros que conduziam o gado do Sul para São Paulo. Depois de percorrer a cidade, o desfile terminou no Parque de Exposições, onde os participantes puderam desfrutar de um gosto-so almoço com arroz tropeiro e

Premiação contou com quatro motos, entregues pelas princesas da ExpoLondrina

Mangalarguistas aguardam o início da Cavalgada da Rural

Participantes da cavalgada curtiram um bom almoço

Page 81: Revista Mangalarga

81 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

churrasco, ao som de muita música sertaneja.

Sucesso da ExpoLondrina

Com o tema “O Show de Quem Produz”, a 51ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina – a Expo Londrina 2011 – realizada de 7 a 17 de abril, terminou superando todas as expectativas traçadas. O cresci-mento geral da feira foi de 73,7%, im-pulsionado pelo bom momento que o setor agropecuário passa. Segundo dados apurados pela organização, a movimentação econômica nos 11 dias de evento foi de R$ 337 milhões, valor significativamente maior que o registrado em 2010: R$ 194 milhões.

O Banco do Brasil, por exem-plo, encerrou sua participação na

ExpoLondrina com R$ 100 milhões em propostas de financiamentos feitas pelos produtores rurais. Este volume equivale a um valor quase cinco vezes maior que o obtido no ano passado, quando R$ 22 mi-lhões foram solicitados à instituição financeira. Agora, a expectativa do banco é que no pós-feira o total de pedidos de financiamento ultrapas-se esse valor.

Segundo o superintendente re-gional do BB em Londrina, Flávio Mazzaro, o bom momento pelo qual passam a agricultura e a pecuária fez com que os produtores buscassem financiamentos não só para aquisi-ção de máquinas, implementos agrí-colas e animais, mas também para melhorias na infraestrutura da pro-priedade com objetivo de aumentar a produtividade.

Outro forte setor da ExpoLon-drina, a comercialização de animais em leilão, atingiu um total de R$ 20,5 milhões com a realização de 28 remates, que juntos venderam 8.181 animais. E o número de visitantes, que já era expressivo, também re-gistrou um aumento de 8,04% ante 2010, atingindo 500,8 mil pessoas. Só no sábado 16 de abril, o público presente no Parque de Exposições atingiu 80,6 mil pessoas, um núme-ro recorde.

Nos 11 dias da ExpoLondrina fo--ram realizados 11 espetáculos na Arena de Shows e Rodeios João Milanezs. Além disso, os três últimos dias do evento foram dedicados ao Rodeio Brahma Super Bull PBR. Este ano, uma das novidades realizadas foi o Rodeio Mirim, em que crianças com idade entre 4 e 12 anos monta-ram em ovelhas. Segundo os organi-zadores, os shows e rodeios atraíam um público de 123,8 mil pessoas.

Além disso, 38 raças bovinas, equinas, ovinas, caprinas, bubalinas, suínas e asininas passaram pelo evento, fazendo com que mais de três mil animais passassem pelas pistas de julgamento da feira norte--paranaense.

* com a colaboração da Assessoria de Imprensa da Sociedade Rural do Paraná.

Exposição mereceu grande atenção da mídia

Vista geral da pista de julgamento

Page 82: Revista Mangalarga

social – ExpoLondrina

82 | Revista Mangal aRga

Page 83: Revista Mangalarga

83 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Page 84: Revista Mangalarga

84 | Revista Mangal aRga

Fidelidade Mangalarga

(11) 9473-9911 - (11) 7863-7799 ID. NEXTEL 1037 82*1 - (19) 9776-0468

www.mangalargazcm.com.br

Faça-nos uma visita!Victor Torresan

Rodovia Anhanguera, km 20 - Santa Rita do Passa Quatro - SPFones: (16) 9241-5555 / (19) 7809-8044 / NEXTEL 120* 51584

www.mangalargavat.com.br

Haras Otnacer

Mangalarga Antônio Caetano Pinto

(15) 9613-2531 - Reginaldo • (15) 3815-2026 - Dr: Jad (11) - 4360-6150 - e-mail: [email protected]

www.otnacer.com.br

Geraldo Diniz Junqueira(16) 3859-9202 (faz.) / 3826-0211 (esc.)

[email protected]

Visite o nosso blogmangalargamangalargablogspot.com

Fazenda Boa Esperança

Page 85: Revista Mangalarga

85 Revista Mangal aRga |www.cavalomangalarga.net.br

Para anunciar aqui, ligue: (11) 3866-9866 / (11) 9449-4341 - Norberto

haras do ReinoCriação de Cavalos Mangalarga

Carlos Alberto Fernandes(14) 9116-8132 / 3731-2303

Avaré – São Paulo

mangalarga@agropecuariadoreino.com.brwww.agropecuariadoreino.com.br

Page 86: Revista Mangalarga

índice de criadores

86 | Revista Mangal aRga

7 | Centro de Treinamento Manama

19 | Fazenda Bela Vista

25 | Haras Alvorada

49 | Haras Araxá

87 | Haras Braido

38 | Haras Cadeado

42 | Haras Dom Rodrigo

13 | Haras HEF

47 | Haras Leni

29 | Haras Mangabaia

59 | Haras Mont Serrat

23 | Haras NJT

52 | Haras Origem

61 | Haras Otnacer

17 | Haras Patriota

11 | Haras Tarlim

88 | Haras Três Rios

35 | Haras VAT

33 | Leilão Esmeralda

67 | Malta Cleyton

79 | Sela Brasil

2 | ZCM Agropecuária

Page 87: Revista Mangalarga

Rod. Presidente Castelo Branco - Km 262

Cerqueira César - SP - Tel: 14.3714-6327

Escritório: R. São Jorge, 300 - Tel: 11.4227-9500

Cep: 09530-901 - São Caetano do Sul

Cristiano - Tel: 14. 9726-4289

Reprodutor comprovado

iiwww.harasbraido.com.br

Untitled-2 1 20/04/11 17:52

Page 88: Revista Mangalarga