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Revista do Meio Ambiente 14

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Edição 14 da Revista do Meio Ambiente

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 1

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2 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

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VILMAR Sidnei Demamam BERNA

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Redação: Trav. Gonçalo Ferreira,777

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 3

Editorial

Por Vilmar SidneiDemamam Berna*[email protected]

O meio ambiente nãovota. Vote você por ele.

Este ano teremos eleiçõespara vereador e prefeito.Não jogue seu voto no lixo!

Cada eleição municipal éuma boa hora para co-laborar com o meioambiente de sua cidade

por que muitos dos problemas só-cio-ambientais que conhecemostêm origem em legislações e açõesdo poder público, ou podem sersolucionados por eles. Os mauspolíticos e os corruptos não caí-ram de pára-quedas no poder, masforam colocados lá pelo voto e pelovoto podem ser trocados por ou-tras pessoas, mais honestas e tam-bém mais competentes e compro-metidas com o interesse público.

Algumas dicas para votarmelhor

1. Só vote em quem você co-nhece. Se não conhece, procureconhecer antes, e não apenas nodia da eleição.

2. Só vote em quem tem idéiasiguais ou melhores que as suas. Façauma relação de perguntas e enviena forma de e-mail ou de carta àcoordenação de campanha de seuspotenciais candidatos. Na sua men-

sagem, fale de suas preocupaçõessócio-ambientais com a cidade ouseu bairro e faça perguntas sobretemas, idéias e problemas específi-cos que considera relevantes paraa decisão do seu voto. Se não hou-ver resposta, é melhor excluir estenome de sua lista de potenciaiscandidatos ao seu voto. Quem quermanter o distanciamento dos elei-tores agora, quando está em cam-panha, imagine depois de eleito!

3. Convide seus potenciais can-didatos para uma reunião em suacasa ou outro local apropriado afim de debater as questões do in-teresse da comunidade e da cida-de e convide alguns familiares, ami-gos e vizinhos de sua confiança erelacionamento para ajudarem nasabatina ao candidato, lembrandoao político que isso não significanenhum compromisso eleitoralnem seu nem de seus convidados.Este contato direto irá mostrar queexistem candidatos bons, mas hámuitos que são completamentevazios. Só fala bonita. Às vezes, nemisso. Nesses, você não deve votar.

4. Só vote em quem tem forçapara lutar pelas idéias que tem.Nenhum político, por melhor queseja, faz nada sozinho. O prefeitoprecisa de maioria na Câmara. Osvereadores precisam de maioria paraaprovar seus projetos. Maioria éuma conquista que depende de

capacidade de convencimento, ar-ticulação e diálogo com quem pen-sa e tem interesses diferentes dosnossos. Seu candidato deve de-monstrar esta habilidade, caso con-trário, ficará isolado e pouco po-derá fazer, entretanto, deverá de-monstrar também seus compromis-sos éticos, até onde estará dispos-to a ir para conseguir adesões.

5. Não vote em candidato quesó faz propaganda. Ou que fazmuita propaganda. Pode estar fa-zendo qualquer negócio para ga-nhar a eleição, comprometendo-se com interesses privados que oafastarão depois de eleito do inte-resse público. Como fazer propa-ganda custa caro, é importantequestionar a origem dos recursosque estão financiando a campa-nha do candidato.

6. Não vote só pelo partido docandidato. Você pode ter preferên-cia por algum partido, mas não seesqueça de que o mais importan-te são as idéias e a cabeça do pró-prio candidato.

7. Seja autêntico. Vote em can-didato de oposição, se você acharque as coisas estão erradas e queos que estão hoje no poder nãosão ou não foram capazes de pro-mover as mudanças necessárias.Vote num candidato da base deapoio ao governo, se você acharque o poder deve continuar nas

mesmas mãos. O importante évocê votar por sua cabeça e nãopela cabeça dos outros.

8. Se o candidato já é vereadornão vote nele só pelos projetos queapresentou. Há os que apresentambons projetos, mas que não sabemou não se interessam em lutar paratirá-los do papel. Verifique o his-tórico dos votos e apoios do can-didato e compare como votou emvotações estratégicas para o meioambiente de sua cidade, que emen-das apresentou ao orçamento. Du-rante essas votações, seu candidatoesteve presente ou ausente, seomitiu ou votou em favor de bonsprojetos e contra os maus?

Vilmar é escritor com 15 livros pu-blicados. Na Paulus, publicou “ComoFazer Educação Ambiental”, “O Desafiodo Mar”, “O Tribunal dos Bichos”, en-tre outros, e nas Paulinas, “PensamentoEcológico” e “A Administração comConsciência Ambiental”, transformadosem curso à distância pela UFF – Uni-versidade Federal Fluminense. Em 1999,recebeu no Japão o Prêmio Global 500da ONU Para o Meio Ambiente. É fun-dador da REBIA – Rede Brasileira deInformação Ambiental (www.rebia.org.br ) e editor do Portal (www. portal-dmeioam biente.org.br ) e da Revistado Meio Ambiente. Mais informaçõessobre o autor: (http://www.rebia.org.br/VilmarBerna/ ). Contatos: [email protected]

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4 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

Amazônia

Contra o "boi pirata"Por Leonel Rocha

Embrapa revelacrescimento “assustador”da pecuária na Amazônia. Ministério do MeioAmbiente diz que parte dorebanho ocupa áreas dederrubadas ilegais e estudaduro pacote de medidaspara criadores

“O que está acontecendo é uma rapina. Mais de 70% dos desmatamentosforam para a formação de pastos para a pecuária” - Marina Silva,ministra do Meio Ambiente.

m dia depois de o pre-sidente Luiz InácioLula da Silva ter afir-mado que não se po-

deria “culpar ninguém” pelo cres-cimento do desmatamento naAmazônia no último semestre doano passado, a ministra do MeioAmbiente, Marina Silva, e os prin-cipais assessores da área aponta-ram a pecuária extensiva como agrande vilã das derrubadas. Téc-nicos do Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (Ibama), ór-gão responsável pela fiscalização

das florestas, estudam a ado-ção de medi-

U

das duras pelo governo para im-pedir a comercialização do queeles chamam de “boi pirata”, oanimal criado nas fazendas forma-das em áreas de desmate ilegal. “O que está acontecendo é umarapina. Mais de 70% dos desma-tamentos foram para a formaçãode pastos para a pecuária”, disseMarina.

Dados da Empresa Brasileira dePesquisa Agropecuária (Embrapa)utilizados pelos assessores do Mi-nistério do Meio Ambiente mos-tram que a criação de gado naAmazônia registrou um crescimen-to muito acima das demais regi-ões do país nos últimos anos (leiaarte). Entre 1995 e 2005 o per-centual do rebanho bovino cria-do na Amazônia cresceu de pou-co mais de 20% para cerca de 37%do total de cabeças do país. Asmaiores taxas foram registradas noMato Grosso, no Pará e em Ron-dônia, onde ocorreram as maisextensas derrubadas de florestas.

No Centro-Oeste, região ondedesde 1990 pasta o maior reba-nho brasileiro, o número de ca-

b e ç a stambémcresceu

e hojee s t á

em se-gundo lu-gar emexempla-res, per-dendo ape-

nas para aAmazônia Legal.

Nas regiões Sudeste,Sul e Nordeste, o rebanho

encolheu.Idéias polêmicas Para ten-

tar manter sob controle as ta-xas de desmatamento, os asses-sores de Marina Silva já suge-riram à ministra a suspensão definanciamentos de bancos ofi-ciais à pecuária. Os créditospara custeio e investimento dosetor passariam a ser exceções. Além disso, estuda-se a ado-ção de embargos de fazendaslocalizadas em áreas de cor-te ilegal da floresta e blo-queio na comercializaçãode carnes produzidas em

regiões de derrubada clandestina. Segundo os técnicos, os frigorífi-cos que colaborarem com a fisca-lização não serão responsabiliza-dos pela carne sem origem iden-tificada. Outra idéia em estudo éinformar aos maiores exportado-res brasileiros uma lista de pecua-ristas instalados ilegalmente emáreas embargadas.

Além disso, os técnicos do Iba-ma estão sugerindo o monitora-mento da origem das carnes com-pradas pelos maiores supermerca-dos. “Vamos responsabilizar todosos envolvidos na cadeia de pro-dução ilegal de carne”, avisou odiretor-geral do Serviço FlorestalBrasileiro, Tasso Azevedo. A in-tenção é fechar uma parceria comas maiores redes de supermerca-dos para que elas também exijamdo fornecedor uma espécie decertificado de origem da carnebovina que revendem. Azevedotambém sugere que o governoexija de todos os pecuaristas aimplantação de plano de manejonas fazendas.

Crise anunciada Além das me-didas repressivas de curto prazo,o Ministério do Meio Ambientetambém estuda mudanças na leique cria os critérios para o cál-culo do índice de produtividadedas fazendas de gado. Pela legis-

lação atual, fazenda produtiva é aque tem um boi por hectare, emmédia. A idéia é aumentar o nú-mero de cabeças para três porhectare. Segundo Tasso Azevedo,essa mudança reduziria a um ter-ço a necessidade de área para aprodução de carne, acabando coma pressão por novos pastos. Asmedidas para reprimir o desmateilegal e o controle da produçãode carne bovina podem ser to-madas tendo como base o decre-to assinado pelo presidente LuizInácio Lula da Silva para conter adevastação da Floresta Amazôni-ca, acreditam os ambientalistas.

O maior problema será conse-guir dobrar o Ministério da Agri-cultura e a bancada ruralista noCongresso sobre a necessidadedessas medidas, quase todas forada alçada do Ministério do MeioAmbiente — principalmente de-pois que o próprio presidente daRepública deu declarações ame-nizando as primeiras acusações daárea ambiental do governo contraprodutores de soja e pecuaristas. O ministro da Agricultura, Rei-nhold Stephanes, não quis se pro-nunciar sobre as informações di-vulgadas por Marina.

Fontes: Amazônia.org.br /Correio Braziliense

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OPINIÃO

É hora de acusaralguém

Por Maurício Thuswohl(jornalista da CartaMaior)

É hora de exigir que oagronegócio, que jamaisdeixou de exercerpressão sobre a florestasempre que isso lhe foivantajoso, assumaresponsabilidades públicaspara evitar a destruição domaior patrimônioambiental do país.

Ao presenciar o embateverbal entre os ministrosMar ina Silva (MeioAmbiente) e Reinhold

Stephanes (Agricultura) durante areunião de cúpula que analisou nasemana passada o aumento do des-matamento na Amazônia, o presi-dente Luiz Inácio Lula da Silvaavisou: “Não é hora de acusar nin-guém”. O mais provável é que aintenção presidencial tenha sidosimplesmente a de acalmar os âni-mos da discussão, mas parte

da mídia já se apropriou daspalavras de Lula, dando a elas sig-nificado de severa advertência àMarina. O pecado da ministra foiapontar a expansão da pecuáriae da soja como o principal fatorde aumento do desmatamento nosegundo semestre do ano passa-do, além de exigir um compro-misso dos grandes produtoresrurais para reverter essa expansão.

Não sei qual teor quis dar asua advertência o presidente, maspeço licença para apresentar aquiminha discordância. Acho que, seo governo federal não quiser per-der as rédeas da luta contra o des-matamento na Amazônia, é hora,sim, de “acusar” alguém. É horade exigir que um setor da socie-dade brasileira, o chamado agro-negócio, que jamais deixou deexercer pressão sobre a florestasempre que isso lhe foi vantajo-so, assuma responsabilidades pú-blicas junto à sociedade brasilei-ra para evitar a destruição do

maior patrimônio ambiental denosso país.

No dia 15 de janeiro, o minis-tro Stephanes anunciou exultan-te que a balança comercial doagronegócio fechou o ano de2007 com o saldo recorde de US$49,7 bilhões (resultado da dife-rença entre US$ 58,4 bilhões emexportações e US$ 8,7 bilhões emimportações). O aumento do pre-ço internacional de algumascommodities agrícolas, destacouo ministro, foi fundamental paraesse brilhante desempenho. Emprimeiro lugar, a soja, que con-tribuiu com US$ 11,4 bilhões nasvendas externas. Logo atrás, ascarnes, sobretudo a bovina, comUS$ 11,3 bilhões em vendas.

Em meio ao clima de euforiacausado no governo pelos trêsanos consecutivos de redução dodesmatamento, algumas organiza-ções ambientalistas alertavam queo aumento do preço da soja e dacarne ainda em 2006 fatalmentese traduziria em novo ciclo dedevastação em 2007. Dito e feito.Nesse sentido, os números dasexportações

apresentados pelo Ministérioda Agricultura e os dados da des-truição da floresta captados peloInstituto Nacional de PesquisasEspaciais (Inpe) são desgraçada-mente complementares.

O ministro disse à imprensaque a área plantada com soja nopaís foi reduzida nos últimos doisanos e garantiu que não é esta acultura que ameaça o bioma ama-zônico. Parafraseando Elio Gas-pari, eu diria que o ministro estásubestimando a inteligência dapatuléia. Até o mais singelo uira-puru da floresta já sabe que a sojanunca é a primeira a entrar emcena neste ciclo de destruição.Primeiro, vem a exploração

da madeira em si, depois ogado, em seguida uma outra cul-

tura para “acertar o terreno” e, aísim, a soja com suas máquinas. Pormais que se fechem os olhos, nãohá como negar que as grandesempresas do agronegócio estãopor trás de todo esse processo dedevastação.

Reinhold Stephanes é doPMDB, mas ocupa um ministé-rio que, desde a nomeação deRoberto Rodr igues (PP) em2003, sempre pertenceu politica-mente à bancada ruralista doCongresso Nacional. O rei da sojano Brasil também é aliado dogoverno. Trata-se de Blairo Mag-gi, governador do Mato Grossoe dono do império industr ialMaggi, não necessariamente nessaordem. Segundo os dados doInpe, o PR, partido do qual Ma-ggi é presidente de honra, go-verna um quarto das 36 cidadesapontadas pelos satélites do Inpecomo campeãs do desmatamen-to da Amazônia.

São esses aliados que Lula devechamar agora ao compromissopúblico com toda a Nação, comtoda a sociedade brasileira, pelapreservação da Amazônia!

Nas mãos de pouquíssimas fa-mílias, o agronegócio sempre foium dos setores que mais se be-neficiou do poder público. Ex-porta quase tudo o que produz.Quando obtém lucros, fica comeles. Quando tem perdas, sem-pre as empurra para os cofrespúblicos. Os financiamentos desafras são infinitos e, quando al-guma coisa não sai como o dese-jado, lá estão os caminhões fe-chando as rodovias e os tratoresinvadindo a Esplanada dos Mi-nistérios. Pelo que se sabe nosrincões desse país, poucos bene-fícios ao povo trouxeram os se-nhores do agronegócio. Sem fa-lar naqueles “patrões” que sãochegados a “contratar” um traba-lho escravo.

Será que os 98% restantes dopovo brasileiro são favoráveis aque esses senhores do agronegó-cio destruam a Amazônia paramanter seus lucros?

O governo voltou a falar ago-ra em cortar os financiamentosque Banco do Brasil, BNDES,Caixa Econômica Federal e ou-tras instituições públicas conce-dem aos proprietários que des-matam. Mas, ora bolas, isso já nãodeveria ter sido feito há muitotempo? Essa discussão existe des-de o primeiro dia do governoLula, mas parece não ter avança-do muito. O governo deveriaabrir essa discussão e revelar quaissão os interesses que impedem oandamento dessas soluções.

Outro problema que seguesem solução política é a linha deação do Banco da Amazônia quecontinua concedendo créditopara plantio de soja e até mesmopara a construção de frigoríficosna região! Como evitar o desma-tamento se o que se faz é incen-tivar com dinheiro público asprincipais atividades que ameaçama floresta?

O agronegócio é um dos pila-res da economia brasileira, e nadaindica que Lula vá tirá-lo do tro-no que ocupa em nossa estruturasocial desde que o Brasil “se mo-dernizou”. Ainda assim, nessestempos em que se discute o aque-cimento global e suas conseqü-ências, seria interessante para o go-verno e didático para o povo ex-por as coisas como elas realmentesão no que se refere ao desmata-mento da Amazônia.

Fazer isso é apontar claramen-te os setores da sociedade brasi-leira responsáveis pela derrubadaincessante de árvores em nossamaior floresta, nosso maior patri-mônio natural. É hora de acusar al-guém, como o fez de forma muitooportuna a ministra Marina Silva.

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Consumo Responsável

Uma receita insustentável:como destruir a Amazôniasem sair de casa

Por João MeirellesFilho*

O que efetivamente causadesmatamento? NaAmazônia a resposta émuito clara: a pecuáriabovina extensiva, queresponde por mais de 3/4do estrago, e bem depois,muito depois, vem asoutras causas, a soja (quecresce rapidamente), aretirada de madeira (quefinancia as novasderrubadas e pastagens), emuitas outras que, claro,juntas, são terrivelmentedevastadoras.

e você acha que a cul-pa do desmatamento édo governo, você temrazão. Claro que é cul-

pa da inoperância dos órgãos pú-blicos, que não conseguem con-trolar desmatamentos, queimadas,e nem a lenha que garante o seupãozinho de cada dia nas padariasda região e de boa parte do Brasil.Será que a culpa é só daqueles aquem você emprestou seu voto esua confiança, daqueles a quemvocê passou procuração para de-cidir, em seu nome, o que vocêconsome nos super-mercados? Ouserá este um problema da Nação aque você e eu pertencemos, oufingimos pertencer?

Como você se sente diante docirco anual quando o chefe daNação esbraveja ao ver as taxas dedesmatamento fora de controle esolta decretos a torto e a direito,esperando que sejam cumpridos?Você acha que seus chefes realmentelevam a sério este assunto? O queeles pensam quando servem seuGeorge (o Bush) um churrasco paraele na Granja do Torto?

Até quando você vai acreditarnesta novela? Nesta conversa de quemedir desmatamento e queimadasserve para alguma coisa? Só servepara dizer o que você já sabe muitobem: a coisa vai muito mal, cada vezpior. Afinal, medir desmatamento equeimada é medir conseqüência enão causa. É como medir a febredo doente, certificar-se que ele temmesmo febre e, ir dormir, ir fazerchurrasco, nada fazer, esperando,que, se tudo der certo, um dia, o

doente, se sobreviver, irá melhorar.É assim que age o governo que

você elegeu, porque, você, cidadãobrasileiro, não liga a mínima para ascausas que provocam desmatamen-to e queimada. Ou melhor, não estámuito interessado em saber quequem causa a destruição da Ama-zônia é você mesmo, ao comer oseu bifinho de cada dia, o seu chur-rasquinho de fim de semana, o seupãozinho de cada dia.

O que efetivamente causa des-matamento? Na Amazônia a respos-ta é muito clara: a pecuária bovinaextensiva, que responde por maisde 3/4 do estrago, e bem depois,muito depois, vem as outras causas,a soja (que cresce rapidamente), aretirada de madeira (que financia asnovas derrubadas e pastagens), emuitas outras que, claro, juntas, sãoterrivelmente devastadoras. Aliás,esta é a história do Brasil. A históriada pata do boi. Assim, seus tataravôsengoliram a Mata Atlântica e a Ca-atinga, e seus pais e você devoramo Cerrado e a Amazônia.

Só se cria boi porque há consu-midor de carne. O pecuarista sóexiste porque ganha mais dinheirocom o boi. Se outra coisa (legal)fosse mais lucrativa, mudaria deramo. E o pecuarista só cria boiporque há cada vez mais consumi-dor querendo comer carne, carnebarata.

Quem consome a carne daAmazônia é tanto quem mora naregião (menos de 10% da produ-ção), como os brasileiros das outrasregiões (mais de 80%). A participa-ção das exportações ainda é peque-na, inferior a 10%, mesmo se consi-derar os 600 mil bois vivos que des-pachamos, sem pagar impostos, paraa desabastecida Venezuela e o vio-lento Líbano em guerra.

Hoje, na Amazônia, é possívelproduzir carne muito barata por-que o alto preço social e ambientalnão são considerados. O pecuaristaraciocina: por que se preocupar emconservar as matas, as águas, as po-pulações tradicionais e as milenaresculturas? Por que seguir a lei traba-lhista, pagar impostos, legalizar asterras, se não há fiscalização?

O Brasil decidiu (e você partici-pa desta decisão como eleitor econsumidor) transferir 1/3 de seu

rebanho para a Amazônia. Na dé-cada de 1.960 eram 1 milhão de boisna região, hoje, menos de meio sé-culo depois, são 75 milhões. Maisque em toda a Europa! Há muitagente envolvida, não são apenasaqueles 21 mil médios e grandespecuaristas (com propriedades aci-ma de 500 hectares). Há também400 mil pequenos pecuaristas, emsua maior parte economicamenteinviáveis.

Resultado: em menos de 40 anos,somente com a pecuária, destruí-mos mais de 70 milhões de hecta-res do mais complexo e desconhe-cido conjunto de florestas tropicaisdo Planeta. É pouco, você dirá,menos de 20% da região, ou, se pre-ferir, meros 8% do território doBrasil.

No entanto, esta superfície ésuperior à soma das áreas do estadodo Rio Grande do Sul, Santa Cata-rina, Paraná, São Paulo e Rio deJaneiro somados. Destruídos. Paraque? Para você comer picanha, pi-cadinho e croquete mais baratos.Será que alguém realmente se be-neficiou com isto? Será que os fi-lhos dos pecuaristas realmente te-rão uma vida melhor porque estãona Amazônia desmatada? Dificil-mente. A pecuária não conseguegarantir nem a rentabilidade de umaaplicação trivial em um banco,como a poupança ou um CDB. Éo pior negócio que existe, só so-brevive porque é ilegal.

De cada três bifinhos que vocêcome, um vem da Amazônia. Vocênão pergunta para o seu Zé açou-gueiro nem para o seu Diniz do Pãode Açúcar ou para o presidente doCarrefour, ou para outro dono desupermercado de onde vem a car-ne. Você também não pergunta deonde vem a soja, o arroz, e tantosoutros produtos. Enfim, como con-sumidor você sabe muito poucosobre o que você consome, qual oseu impacto no planeta, quantosquilos de carbono, de água, de suorforam gastos para produzir o seuluxo do momento. Seu fornecedortambém não se interessa por edu-cá-lo, informá-lo, orientá-lo. Para eleresponsabilidade social é comprarmeia dúzia de cestinhas e docinhosde comunidades “em alto risco so-cial” e ganhar comenda e prêmio

de associações empresariais.E se você efetivamente pergun-

tasse ao dono do estabelecimento?E se você fosse às últimas conseqü-ências, abandonasse o produto naprateleira? E se, de agora em dian-te, você fosse 100% coerente emrelação a sua responsabilidade comocidadão, cidadão comedor das Ama-zônias? Das Matas Atlânticas? Vocêdeixaria de comprar a carne quevem com gosto de Amazônia quei-mada, devastada e escravizada? Acarne que saiu do norte de MatoGrosso, do sul do Pará, do Marajó,do centro de Rondônia, do sul doAcre e do Amazonas? Você deixa-ria de comer a Amazônia? Você se-ria capaz de abandonar seu antigofornecedor de alimentos se ele nãolevasse a sério a sua pergunta: deonde vem esta carne? Ou melhor,esta carne vem da Amazônia?

Se sua resposta é: tanto faz, en-tão sugiro que desligue a televisão,vá curtir o seu quente verão deaquecimento global e tome tudoisto como conversa para boi dor-mir. Se, entretanto, achar que vale apena seguir adiante, então, tomeuma atitude. Pilote com mais aten-ção o seu carrinho de compras. Acada passo que você dá no super-mercado, é você quem decide ofuturo do planeta (e não o donodo reluzente estabelecimento, ou odiretor de marketing da empresa,ou o gênio da agência de propa-ganda que ainda insiste em usar cri-anças ou em desrespeitar as mulhe-res para vender mais).

Se você quer entregar algo daAmazônia a você mesmo, ou a seusdescendentes, deixe este olhar bo-vino de lado, abandone seu com-portamento de consumidor pas-sivo. O mundo todo já percebeuque o Brasil está transformando aAmazônia em um imenso curral.É isto que você quer? Você achaque o mundo vai mesmo ficar debraços cruzados vendo o Brasilfazer churrasquinho da Amazônia?Pois então, vamos agir, enquantoé tempo, antes que sejamos obri-gados, envergonhados, a sofrer san-ções internacionais hoje inimagi-náveis. Vamos enviar o boi de vol-ta para o zoológico e para o pre-sépio, de onde jamais deveria tersaído.

S

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 7

Ao nível individual:• Se você come carne, pergun-

te a quem lhe vende, de onde vema carne para saber se você está co-mendo ou não a Amazônia?

• Se você mora fora do Brasil –pergunte se é mesmo imprescin-dível vir carne da Amazônia e dasoutras florestas tropicais (muitasvezes você come a Amazônia naforma de soja, que ao invés de ali-mentar pessoas é dado a porcos,galinhas e vacas).

Que medidas o poder públi-co pode tomar agora por meiode decreto:

• Aumentar a taxa do impostoterritorial rural das áreas de pasta-gens;

• Modificar a fórmula de cál-culo do imposto de renda dos fa-zendeiros;

• Fiscalizar com seriedade asquestões ambientais, trabalhistas e

Você pode mudar a Amazônia a partir de agora. A sua decisão deconsumo afetará profundamente o que se produz na Amazônia

tributárias da cadeia produtiva dacarne na Amazônia.

Ao nível coletivo nacional:• Não seria oportuno discutir

uma moratória de alguns anos, di-gamos, quatro anos, onde nenhu-ma autorização de desmatamentofosse concedida. Não seria este umtipo de compromisso que um novopresidente da República deveriaassumir?

• Não seria oportuno organizarum amplo programa de re-educa-ção para fazendeiros e suas famíli-as, permitindo que fossem capaci-tados em técnicas sustentáveis deconvivência com a floresta? Afinal,eles são pessoas como nós, que sóquerem ter uma vida digna para sie seus familiares. A pecuária é ape-nas o meio de vida que se lhescoube e que sabem trabalhar.

Ao nível coletivo internacio-nal:

• Não está na hora de efetiva-mente discutir a relação entre adestruição das florestas tropicais doglobo e a pecuária e o consumode madeiras tropicais?

Teremos que olhar a Amazôniade outra forma, não através dosolhos bovinos que esmagaram ofuturo nos últimos cinco séculos.É preciso que aceitemos que nãosomos bois-de-presépio nem bois-de-piranha. Somos seres capazes dedecidir o que queremos. E quere-mos justiça social, ambiente sau-dável, emprego e renda com eqüi-dade. Queremos entregar às futu-ras gerações a Amazônia com a et-nodiversidade, a biodiversidade e a

diversidade cultural melhor ouigual àquela que recebemos.

* João Meirelles Filho vive em

Belém, Pará, na região do estuáriodo rio Amazonas. Trabalha numaentidade sem fins lucrativos, o Ins-tituto Peabiru – www.peabiru.org.br - e se dedica ao forta-lecimento institucional de organi-zações sem fins lucrativos da Ama-zônia. É autor do Livro de Ouroda Amazônia (3a edição, Ediouro,Rio de Janeiro, 2004). Décima ge-ração de pecuaristas que abriramas fronteiras pioneiras do Brasil,deixou de comer carne bovina em2.000. (Fontes: Blog - JornalistaAltino Machado (Acre) e http://www.consciencia.net/2006/0128-meirelles-filho-amazonia.html

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8 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

DIA MUNDIAL DA ÁGUA

Falta de água é tãocrítica quanto amudança climática

s crises globais geradaspela crescente deman-da de água doce com-binada com a falta de

oferta são tão urgentes quanto ostrabalhos para enfrentar as mudan-ças climáticas – embora mais pro-blemáticas e complicadas –, comomostrado na Reunião Anual 2008do World Economic Forum.

Um painel que contou com apresença do Secretário Geral dasNações Unidas Ban Ki-moon, in-formou aos CEOs e líderes da so-ciedade civil em Davos que o es-tresse causado pela falta de águarepresenta um risco para o cres-cimento econômico, para os di-reitos humanos, para a saúde e paraa segurança nacional.

“O desafio é assegurar águapotável e em quantidades sufici-entes para todos”, afirma o Secre-tário Geral, “é um dos maioresdesafios que o mundo terá de en-frentar”.

“A solução para falta de água émais complexa que a discutidapara as mudanças climáticas”, des-taca Peter Brabeck-Letmathe, Pre-

Asidente e CEO, Nestlé, Suíça.

Os membros do painel concor-daram que o desafio pode ser so-lucionado por meio de aborda-gens cooperativas, vontade políti-ca, estratégias de marketing e tec-nologias inovadoras como algumasdas encontradas para diminuir oaquecimento global.

As forças de mercado podemfuncionar bem dentro de um sis-tema de limites e comércio, se-melhante ao utilizado para o dió-xido de carbono, sugeriu comFred Krupp, Presidente, Environ-mental Defense, EUA. “A tragé-dia começou com a remoção deuma grande quantidade de águados r ios. Se não cuidarmos doaquecimento global e continuar-mos a jogar gases poluentes naatmosfera sem filtrá-los, vamosenfrentar uma gigantesca falta deágua.”

Os membros do painel concor-daram que nenhum indivíduo,empresa ou nação consegue es-capar das conseqüências da faltade água. Enquanto isso, os esfor-ços para extrair mais fontes de

energia alternativa, como petró-leo de xisto ou biocombustíveis,aceleram as necessidades de abas-tecimento. Este recurso tambémé desperdiçado, porque não pos-sui valor econômico, apesar de sero mais escasso e precioso de to-dos, destaca Brabeck-Letmathe.“Se permitirmos que o mercadodefina um valor comercial para aágua, podemos dar um grande pas-so”, afirma.

O painel concluiu que um vo-lume determinado de água potá-vel para todos os indivíduos deveser visto como parte dos direitoshumanos. A África do Sul e oOmã demonstraram algumas ma-neiras originais e antigos de ga-rantir a disponibilidade de água.Os palestrantes também discuti-ram que a água utilizada por fa-zendeiros, indústrias, piscinas oujardins deve ser comprada paraevitar desperdício e o uso inade-quado.

Ban Ki-Moon apontou comoexemplo a luta armada em Darfur,no Sudão, que resultou em faltade água. “As lutas começaram en-

tre fazendeiros e agropecuaristasdepois da falta de chuva, e, então,a água se tornou escassa.” Aproxi-madamente 200 mil pessoas mor-reram. Alguns milhões fugiram desuas casas. “Porém quase sempreesquecemos do evento que deuinício a tudo – a seca. Falta dorecurso mais precioso do mundo.”

Mais informações:http://www.weforum.org/an-

nualmeeting/webcastsES

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Bono Vox - Vocalista da banda U2

Líderes mundias em busca da paz

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 9

OPINIÃO

Democratizaçãoda água

Por Leonardo AguiarMorelli (*)

água desconhece fron-teiras, corta territórios,une e divide nações. Éo principal elo entre as

civilizações desde o princípio dahumanidade. Símbolo de fertilida-de e prosperidade, deu lugar noséculo 20 ao petróleo como prin-cipal indicador de riqueza de umanação. No início do século 21, eco-nomistas, empresas, políticos e li-deranças comunitárias voltam a le-var em conta a água como deter-minante para o progresso de umpaís.

Patrimônio natural e essencial atodas as formas de vida, a águatransformou-se em um recursoeconômico, fonte de lucro e razãopara conflitos. Sua escassez atingemais de 2 bilhões de pessoas e, senão forem adotadas medidas pararacionalizar sua exploração, em al-gumas décadas 4 bilhões de pes-

Asoas não terão água para as neces-sidades básicas.

Na América Latina, onde seconcentram as principais reservasestratégicas de água e biodiversi-dade, a soberania dos povos estáno centro da geopolítica mundial,exigindo um plano urgente parasua preservação. As águas da Ama-zônia integram nove países e têm amaior riqueza de biodiversidade doplaneta. As águas do Prata interli-gam outros quatro, cruzando asregiões mais industrializadas docontinente, que contaminam aságuas marinhas.

O Aqüífero Guarani é a maior reserva subterrânea do mundo,com capacidade para abastecer maisde 700 milhões de habitantes. Lo-calizado entre Brasil, Argentina,Paraguai e Uruguai, vem sendo ví-tima de um ciclo de cobiça e co-lonização de suas terras, a partir doinvestimento de grandes gruposeconômicos estrangeiros no local.

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Para seu controle, inclusive militar,os EUA planejam uma base noParaguai e propagandeiam o riscoterrorista na Tríplice Fronteira,onde está Foz do Iguaçu, a mais importante área de recarga do ma-nancial.

Nesse contexto, é bandeira es-tratégica para a sobrevivência doplaneta a criação de uma Organi-zação Latino-Americana da Água,sob a liderança de Venezuela, Bo-lívia, Cuba, Equador, Nicarágua egovernos populares, a partir doFórum Social Mundial de 2009. Aentidade teria a missão de promo-ver a defesa da água como direitoinalienável dos povos, como con-traponto às políticas neoliberaispreconizadas pelo Fórum Econô-mico Mundial e materializadas pelaOMC (Organização Mundial doComércio).

Sua interface com as lutas soci-ais no campo da saúde pública (apartir do tratamento de esgoto, lixoe drenagem) e da economia (apartir de seu uso na geração deenergia), cujos conflitos causados

pelo modelo dominante se agra-vam a cada dia, a colocará em po-sição decisiva para que a socieda-de vença o caos do sistema e aslideranças humanistas e popularesassumam seu papel na redefiniçãodo modelo de desenvolvimento,em prol do futuro da humanida-de.

É nessa direção que o Movi-mento Grito das Águas lança acampanha pela água como direitofundamental e dever do Estado, noRio de Janeiro, no dia 22 de mar-ço (Dia Mundial da Água), visan-do uma emenda constitucional que garanta fornecimento gratui-to de 45 litros de água-dia por ha-bitante, como estratégia de mobi-lização para o Fórum Social Mun-dial da Água, em janeiro de 2009,em Belém do Pará.

*Leonardo Aguiar Morelli é

ambientalista, coordenador doMovimento Grito das Águas e se-cretário-geral do Instituto para Defesa da Vida. E-mail:[email protected] / Site:www.defesadavida.org.br

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10 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

Transposição do São Francisco: uma opinião

Debate sobre a transposiçãodo Rio São Francisco

Fonte: O Globo (20/12/2007)Artigo de Ciro Gomes

Atriz Letícia Sabatella, integrante da organização Humanos Direitos, fala à imprensa sobre greve de fomede dom Luiz Flávio Cappio, que pede a suspensão das obras de transposição do Rio São Francisco. A atrizLetícia Sabatella foi visitar Dom Cappio e ver de perto as razões que o levaram a fazer mais uma greve defome em protesto contra a transposição das águas do São Francisco. E depois de conversar muito com obispo, passou a fazer parte das manifestações de apoio a sua causa e contra o projeto do governo Lula.(Foto: José Cruz/Abr)

Letícia, ando meio quieto porestes tempos, mas, ao ver você visi-tando o bispo em greve de fomeno interior da Bahia, pensei quevocê deveria considerar algumasinformações e reflexões. Poderiacomeçar lhe falando de Repúbli-ca, democracia, personalismo, mes-sianismo... Mas, sendo você a pes-soa especial que é, desnecessário.O projeto de integração de baciasdo Rio São Francisco aos rios se-cos do Nordeste setentrional atin-giu, depois de muitos debates ealguns aperfeiçoamentos, uma for-ma em que é possível afirmar que,ao beneficiar 12 milhões de pes-soas da região mais pobre do país,não prejudicará rigorosamente ne-nhuma pessoa, qualquer que sejao ponto de vista que se queiraconsiderar.

Séria e bem intencionada comovocê é, Letícia, além de grande ar-tista, peço-lhe paciência para ler osseguintes números: o Rio São Fran-cisco tem uma vazão média de3.850 metros cúbicos por SE-GUNDO (!) e sua vazão mínima éde 1.850 metros cúbicos por SE-GUNDO (!). Isto mesmo, a cadasegundo de relógio, o Rio despeja

Carta de Ciro Gomes a Letícia Sabatella

no mar este imenso volume deágua.

O projeto de integração de ba-cia, equivocadamente chamado detransposição, pretende retirar doRio no máximo 63 metros cúbi-cos por segundo. Na verdade, sóse retirará este volume se o rio es-tiver botando uma cheia, o queacontece numa média de cada cin-co anos. Este pequeno volume ésuficiente para garantia do abaste-cimento humano de 12 milhões depessoas.

O rio tem sido agredido há 500anos. Só agora começou o progra-ma de sua revitalização, e é o úni-co rio brasileiro com um progra-ma como este graças ao pacto po-lítico necessário para viabilizar oprojeto de integração.

No semi-árido do Nordestesetentrional, onde fui criado, a dis-ponibilidade segura de água hojeé de apenas cerca de 550 metroscúbicos por pessoa, por ANO (!).E a sustentabilidade da vida hu-mana pelos padrões da ONU é deque cada ser humano precisa de,no mínimo, 1.500 metros cúbicosde água por ano.

Nosso povo lá, portanto, dispõe

de apenas um terço da quantida-de de água mínima necessária parasobreviver.

Não por acaso, creia, Letícia, énesta região o endereço de ori-gem de milhões de famílias parti-das pela migração. Converse comos garçons, serventes de pedrei-ros ou com a maioria dos favela-dos do Rio e de São Paulo. Eleslhe darão testemunhos muitomais comoventes que o meu.

Tudo que estou lhe dizendofoi apurado em 4 anos de deba-tes populares e discussões técni-cas. Só na CNBB fui duas vezesdebater o projeto. Apesar de con-vidado especialmente, o bispoCappio não foi. Noutro debatepor ele solicitado, depois da pri-meira greve de fome, no paláciodo Planalto, ele também não foi.E, numa audiência com o presi-dente Lula, ele foi, mas disse aopresidente, depois de eu ter apre-sentado o projeto por mais deuma hora (ele calado o tempointeiro), que não estava interes-sado em discutir o projeto, mas“um plano completo para o semi-árido”.

As coisas em relação a este as-

sunto estão assim: muitos milhõesde pessoas no semi-árido (vá láver agora o auge da estiagem) de-sejam ardorosamente este proje-to, esperam por ele há séculos.Alguns poucos milhões concen-trados nos estados ribeirinhos aoRio não o querem. A maioria demuitos milhões de brasileiros forada região está entre a perplexi-dade e a desinformação pura esimples. Como se deve procedernuma democracia republicananum caso como este?

O conflito de interesses é ine-rente a uma sociedade tão bru-talmente desigual

quanto a nossa. Só o amor aosritos democráticos, a compaixãogenuína para entender e respei-tar as demandas de todos e pro-curar equacioná-las com inteli-gência, respeito, tolerância, diá-logo e respeito às instituiçõescoletivas nos salvarão da selvage-ria que já é grande demais entrenós.

Por mais nobres que sejam seusmotivos - e são, no mínimo, equi-vocados -, o bispo Cappio nãotem direito de fazer a Nação derefém de sua ameaça de suicídio.Qualquer vida é preciosa demaispara ser usada como termo auto-ritário, personalista e messiânico deconstrangimento à República e àssuas legítimas instituições.

Proponho a você, se posso, Le-tícia: vá ao bispo Cappio, rogue aele que suspenda seu ato unila-teral e que venha, ou mandeaquele que lhe aconselha no as-sunto, fazer um debate num lo-cal público do Rio ou de SãoPaulo. Imagine se um bispo a fa-vor do projeto resolver entrar emgreve de fome exigindo a prontarealização do projeto. Quem nósescolheríamos para morrer?

Isto evidencia a necessidadeurgente deste debate fraterno erespeitoso. Manda um abraço paraos extraordinários e queridos Os-mar Prado e Wagner Moura e, porfavor, partilhe com eles esta carti-nha. Patrícia tem meus telefones.Um beijo fraterno do

Ciro Gomes

* CIRO GOMES é deputadofederal (PSB-CE) e foi ministro daIntegração.

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 11

Caro deputado Ciro Gomes,

antes de visitar frei Luiz Cappioem Sobradinho, tinha conheci-mento desse projeto da transposi-ção de águas do Rio São Francis-co, através da imprensa, e de duasconferências sobre o meio ambi-ente, das quais participei a convitede minha querida amiga, a minis-tra Marina Silva. Há alguns anos,quieta também, venho escutandopontos de vista diversos de ambi-entalistas, dos movimentos sociais,de nossa ministra do Meio Ambi-ente e refletindo junto com oMovimento Humanos Direitos(MHuD), do

qual faço parte. Acompanho aluta de povos indígenas e ribeiri-nhos, sempre tão ameaçados porprojetos de grande porte, que vi-sam a destinar grande poder paraum pequeno grupo em troca detanto prejuízo para esses povos, aonosso patrimônio social, ambien-tal e cultural.

Acredito que devam existir be-nefícios com a transposição, maspergunto, deputado, quem realmentese beneficiará com esta obra: o povonecessitado do semi-árido ou asgrandes irrigações agrícolas e indús-trias siderúrgicas? Afinal, a maior parteda água (bem comum do povo bra-sileiro) servirá para a produção agrí-cola e industrial de exportação e ape-nas 4% dessa água serão destinadosao consumo humano.

Sabendo do desgaste que his-toricamente vem sofrendo o rio,necessitado de efetiva revitalização,sabendo do custo elevado de umaobra que atravessará alguns decê-nios até ser concluída e em se tra-tando de interferir tão bruscamenteno patrimônio ambiental, utilizan-do recursos públicos, por que ra-zão, em sendo sua excelência de-putado federal, este projeto não foiampla e especificamente discuti-do e votado no Congresso? Porqual motivo essa obra tão “demo-crática” foi imposta como a únicasolução para resolver a questão daseca no semi-árido quando pro-postas alternativas, que descentra-lizam o poder sobre as águas, nãoforam levadas em consideração?No dia 19 de dezembro de 2007,o que presenciei na Praça dos TrêsPoderes, em Brasília, foi a insensi-

Transposição do São Francisco: Outra opinião

Debate sobre a transposiçãodo Rio São Francisco

Fonte: O Globo (21/12/2007)

Resposta de Letícia Sabatella a Ciro Gomesbilidade do Poder Judiciário, a in-transigência do Poder Executivo, ea omissão do Congresso Nacional.Será que não precisamos mesmofalar mais sobre democracia repu-blicana, representativa? Ou melhor,praticar mais? Quanto ao gesto defrei Luiz, sinto que o senhor nãoage com justiça, quando não re-conhece na ação do frei uma pro-funda nobreza. Sinto muito que osenhor ainda insista em desqualifi-cá-lo. Por tê-lo conhecido e comele conversado, participado de suamissa na Capela de São Franciscojunto aos pobres, pude testemu-nhar sua alma amorosa e plena decompaixão humana,

pastor de uma Igreja que mo-biliza e não anestesia, que ajuda aconscientizar e formar cidadãos.Ele vive há mais de trinta anos entreribeirinhos, indígenas, trabalhado-res rurais, quilombolas e é por elesquerido e respeitado.

Conhece profundamente as al-ternativas propostas pelos movi-mentos sociais, compostos por téc-nicos e estudiosos que há muitosanos pesquisam o semi-árido. Umadessas alternativas foi proposta pelaAgência Nacional de Águas, como Atlas do Nordeste, que foi ob-jeto de seu debate com RobertoMalvezzi, da Comissão Pastoral daTerra, cuja honestidade intelectu-al o senhor publicamente enalte-ceu em seminário realizado na UFF.Ele mostrou que o projeto daANA custaria R$ 3,3 bilhões, me-tade do custo da transposição, be-neficiando com água potável 34milhões de pessoas, abarcando noveestados: então, por que o governonão levou em consideração estaopção mais barata e mais abrangen-te? Infelizmente, caro deputado,Dom Cappio não exagerou quan-do decidiu fazer seu jejum e for-talecer suas orações para chamar aatenção de todos à realidade dopovo nordestino. O governo dopresidente Lula optou por ummodelo de desenvolvimento neo-colonial que, dando continuidadeà tradição de realizar grandes obraspara marcar seus mandatos, sacrifi-ca o povo com o custo de seusempreendimentos, enquanto oque esperávamos deste governo eraa prática de uma verdadeira demo-cracia.

NOTA OFICIAL DO MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

Em atenção a sua preocupa-ção com o tema da integração dabacia do rio São Francisco às ba-cias do Nordeste Setentrional,projeto também conhecido como“transposição do Rio São Fran-cisco”, esclarecemos que váriasações estão em andamento, todasem favor da população e com ascautelas necessárias à preservaçãodo meio ambiente.

Primeiramente, cabe salientarque este projeto segue em para-lelo com outro igualmente impor-tante que trata da revitalização dorio, da preservação das áreas ribei-rinhas e do amparo à populaçãodas áreas de abrangência dos pro-jetos.

Esses projetos vêm sendo dis-cutidos exaustivamente ao longodos anos em seminários, congres-sos e simpósios, tanto em nívelfederal e estadual, como munici-pal, e, ainda, nos últimos cincoanos foram intensificadas as dis-cussões referentes à preservaçãoambiental em toda extensão docurso do rio.

Este Ministério, responsávelpela obra, teve o cuidado de, an-tes de colocar em prática qualqueração, ouvir a população e especi-almente as coordenadas do Co-mitê da Bacia do São Franciscoque, após discussões com os inte-ressados e os especialistas da ma-téria promoveram ajustes no pro-jeto.

Assim, toda a revitalização dorio está se desenvolvendo confor-me as diretrizes estabelecidas peloComitê e é uma obra duradourae continuada. O assoreamento dorio é fruto, em parte, da ação hu-mana ao longo da história. A re-cuperação das águas e das margensdo rio é um processo de longoprazo, que vai demandar atençãodo governo por muitos anos.

Antes do início dos trabalhos,foram realizadas consultas a todosos organismos competentes e oresultado foi a licença concedidapelo IBAMA e pela Agência Na-cional de Águas – ANA, que, nacondição de agência reguladora douso das águas de domínio daUnião, concedeu ao empreende-

dor, o Ministério da IntegraçãoNacional, o Certificado de Sus-tentabilidade Hídrica (Certoh) ea respectiva outorga de direito deuso das águas do Rio São Fran-cisco para o propósito dos proje-tos que vem desenvolvendo. AANA assegura, ainda, que a con-cessão desses dois diplomas le-gais foi cercado de “extremo zelotécnico, após detalhada análise edepois do cumprimento de exi-gências feitas ao empreendedor,seguindo processo decisório in-dependente e transparente”.

As obras só foram iniciadasapós observar todos esses requisi-tos e ainda, rigorosamente, todasas recomendações e orientaçõesdo Tribunal de Contas da União– TCU e compreendem:

• recuperação da mata ciliar,inclusive com a instalação de vi-veiros de plantas específicas pararecuperar a vegetação nativa;

• reflorestamento de nascen-tes, margens e áreas degradadas;

• monitoramento da qualida-de da água, coletando amostras epromovendo análise de sedimen-tos e, também, recuperação dobarco escola;

• construção de sistemas sim-plificados de cisternas, poços ar-tesianos e outras alternativas deengenharia, para atender a popu-lação ribeirinha nos quinze qui-lômetros ao largo, tanto da mar-gem esquerda como direita do rio;

• esgotamento sanitário das ci-dades que se desenvolvem ao lon-go do rio e seus afluentes, visan-do controlar essa fonte de polui-ção. A título de exemplo, pode-mos citar alguns municípios quejá estão sendo beneficiados comesse programa : Santa Maria daVitória - BA; Santa Maria da BoaVista - PE; Jaramataia - AL; Piu-mhi - MG, etc ;

Mais informações: OUVI-DORIA-GERAL - Ministério daIntegração Nacional 0800 61 0021- e-mail: [email protected]

Nota do Editor: o texto inte-gral da nota foi veiculado nowww.portaldomeioambiente.org.br

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12 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

Hotel Fazenda GaloVermelho, em Vassouras(RJ) oferece às escolasprogramas especiais para

que os alunos e professores pos-sam entrar em contato direto coma natureza, num ambiente de con-forto e segurança para as crianças.

Educação ambiental se faz tam-bém na prática. Pensando nisso, ohotel fazenda Galo Vermelho ofe-rece diversas possibilidades das cri-anças conviverem com a naturezapreservada do lugar e também coma natureza transformada cultural-mente. Na programação estão in-cluídas visitas à horta orgânica paraque as próprias crianças colhamcenouras e verduras que darão emseguida aos coelhos e outros ani-mais domésticos do lugar.

O hotel fazenda fica localizadoa apenas oito quilômetros a partirdo centro de Vassouras, cidade his-tórica do Vale do Rio Paraíba doSul, fundada em 1833. Vassouras foiuma das cidades que mais produ-ziu café, e sustentou o Impériodesde seu nascedouro até a Guer-ra do Paraguai e a Proclamação daRepública. A riqueza proporcio-nada pela economia do café resul-tou na construção de casarões dasfazendas remanescentes desse pe-ríodo, incluída entre as mais belasdo país. O nome da cidade é atri-buído à existência abundante emseu solo de um arbusto muito uti-lizado, na época, para confecçãode vassouras – tupeiçava.

Especial

Crianças vivem experiênciaspráticas de educaçãoambiental no Galo Vermelho

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O livro "O Tribunal dos Bi-chos", do escritor Vilmar Berna, éusado no Teatro de Fantoches tra-zendo às crianças as diversas ques-tões que envolvem nossa relaçãocom os animais e a natureza.

Tanto nos dias de sol quantode chuva, o Hotel Fazenda dispõede estrutura para abrigar com se-gurança e conforto as crianças, seuspais e professores, que viverão umaseqüência de experiências, jogos eatividades promovidos pela equi-pe de competentes recreadores.

O hotel dispõe de uma com-pleta estrutura de lazer que incluibicicletas para uso livre, canoagem,passeio a cavalo ou em charretes,entre outros atrativos, e uma pisci-na de água natural de minas nasci-das na própria propriedade quepossui 140 hectares.

Baseada na tradicional cozinharegional, com influência da culi-nária mineira, o Hotel FazendaGalo Vermelho oferece um cardá-pio diversificado e com o incon-fundível sabor de fazenda. As hor-taliças e legumes são produzidas naprópria fazenda sem agrotóxicos.

As crianças visitam o estábulo e podem tirar leite da vaca.

Além de passeio em carro de boi, as crianças também passeiam decharrete e de jardineira.

O Café Imperial é um momento imperdível de reviver a história docafé no Brasil, ouvir um pouco da música que tocava na época e aindadegustar as delícias da culinária do Brasil Colônia.

2º Encontro Sul Fluminense deImprensa e Meio Ambiente

O Sindicato dos Jornalis-tas Profissionais da RegiãoSul Fluminense do Estadodo Rio de Janeiro, em par-ceria com a REBIA – RedeBrasileira de InformaçãoAmbiental e a OSCIP Asso-ciação Ecológica Piratingaú-na realizarão em 10 de se-tembro, Dia da Imprensa, o2º Encontro Sul Fluminen-se de Imprensa e Meio

Ambiente, aproveitando aampla estrutura para eventosproporcionada pelo HotelFazenda Galo Vermelho.

O Hotel Fazenda GaloVer melho pos su i umacompleta estrutura para re-alização de eventos em-pre sa r i a i s , workshop econvenções com mui t atranqüilidade e exclusivi-dade para os congressistas.

Mais informações e reservas: (024) 2491-9501 / 9502www.hotelfazenda galovermelho.com.brgv@hotelfazenda galovermelho.com.brJC Moreira

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 13

Gestão Ambiental

Os dez erros mais comunsda ResponsabilidadeSocioambiental

Por Ricardo Voltolini*

os próximos cinco anos,muitas empresas serãoforçadas a reconhecerque seus programas de

responsabilidade social impactarammenos do que deveriam nos ne-gócios e não construíram o valorque deles se esperava. Esta é a opi-nião de especialistas da Anders &Winst Company, importante escri-tório internacional de consultoriaem sustentabilidade. Um modo deevitar frustrações futuras –segun-do os analistas – pode ser conser-tar hoje dez equívocos normal-mente cometidos na gestão doconceito.

Didático, e ao mesmo tempoprovocativo, o roteiro “O que Nãofazer” sintetiza várias reflexões apre-sentadas nessa coluna ao longo de2007. Vamos a ele:

1) Falta de visão – Poucas sãoas companhias que estabelecemuma visão de futuro para a RSE,projetando o que desejam ser numhorizonte de 10 anos. A maioria seconcentra em respostas para mu-danças no presente. Esta visãoauto-centrada e de curto prazo,apesar de conveniente, prejudica aconstrução de um parâmetro maisamplo. Prega a velha sabedoria quequem não sabe aonde chegar aca-bará mesmo não chegando a lugarnenhum.

2) Resistências às mudanças– As empresas costumam realizar,sem receios, as modificações empráticas e as iniciativas simples de-mandadas pela RSE de RSE. Fa-zem bem, portanto, a mudança depequena escala. O problema estáem implantar as de grande escala,que exigem revoluções organiza-cionais e novas abordagens de ges-tão. É da essência da RSE buscarnovas formas de gerar riqueza. Asempresas, no entanto, preferem nãodeixar a zona de conforto mental,por entenderem que o risco decurto prazo da mudança pode nãocompensar o ganho negocial delongo prazo gerado por ela.

3) Sub-estratégia – Nas cor-porações e que o conceito não foiadotado como valor pela princi-pal liderança, a RSE acaba sendo

função de departamentos especí-ficos, sem nenhuma conexão coma estratégia do negócio e a gestãoda companhia. Se o conceito nãose encontra no cerne do negócio,as tomadas de decisão focadas emsustentabilidade tendem a ser su-perficiais, frágeis e com pequenoalcance. Minimizam os efeitos masnão dão conta das causas das pres-sões sociais e ambientais que asempresas enfrentam hoje .

4) Visão pouco sofisticada doconceito – Muitas empresas co-nhecem o conceito até o capítulodois. Na falta de uma compreen-são mais aprofundada, não conse-guem distinguir entre duas funçõesda responsabilidade social: prote-ger os ativos mediante a adoção deatitudes socioambientalmente res-ponsáveis e criar valor por meiode inovação em produtos e servi-ços. Acabam preferindo a primei-ra, mais simples, menos desafiado-ra. Esquecem-se de desenvolvercapacidade instalada para superaro desafio da segunda.

5) Inabilidade para ouvirstakeholders – Embora o relacio-namento com as partes interessa-das seja elemento comum nos dis-cursos de RSE nem todas as em-presas estão preparadas para fazê-lo com a intensidade que a tarefaexige. Faltam, sobretudo, políticasmais claras, canais apropriados einstrumentos capazes de escutar,compreender e incorporar na ges-tão do negócio o que pensam equerem os stakeholders.

6)Velhas competências geren-ciais – Sustentabilidade significaconstruir o futuro no presente. Asmudanças necessárias para a im-

plantação do conceito no negó-cio exigem novas competênciasgerenciais, como, por exemplo, es-tabelecer interação produtiva comas partes interessadas. E elas andamem falta. Não é possível atender ásdemandas do futuro usando habi-lidades, ferramentas e modelos depensamento do passado.

7) Abordagem globalizada –No caso das empresas globais, amaioria dos programas obedece áagenda da matriz. A uniformizaçãoé um equívoco, tanto porque apos-ta na falsa idéia de que existe umareceita quanto porque atropela umdos conceitos inerentes à RSE: adiversidade. Sem respeito ás dife-renças de cada país ou comunida-de, os programas tendem a soardescolados da realidade na qualdeveriam se inspirar.

8) Abordagem desigual – Emmuitas companhias, as práticas deRSE funcionam bem para uma áreae não para outras. É o caso, porexemplo, da empresa que faz con-trole de emissão de carbono mascontinua lançando resíduos nosrios de uma comunidade ou fa-zendo vistas grossas para o traba-lho infantil. Essas contradições sus-tentam uma percepção da socie-dade de que as ações sustentáveisocorrem por conveniência e nãopor convicção.

9) Orientação top-down – Asempresas impõem seus programas

Nde cima para baixo, sem o envolvi-mento de funcionários e colabo-radores no processo. Um dos efei-tos mais ruins da gestão não-parti-cipativa é que ela afasta o com-promisso, desperdiça a potencialenergia de colaboração e desesti-mula a circulação de idéias neces-sárias para criar cultura interna desustentabilidade.

10) Incapacidade de focar ainovação – A falta de visão defuturo, a abordagem sub-estratégi-ca e a persistência de competên-cias gerenciais empoeiradas acabamcolocando a RSE muito mais nocampo do risco (proteção de ati-vos) do que no da oportunidade(criação de valor). As empresas fa-lham ao deixar de ver a sustentabi-lidade como processo contínuo deinovação de modelos de gestão eestratégias de negócio. Este é umequívoco presente que pode cus-tar caro no futuro.

* Ricardo Voltolini é publisherda revista Idéia Socioambiental ediretor de Idéia Sustentável. e-mail:[email protected]

Fonte: Envolverde/ #RevistaIdéia Socioambiental.

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14 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

conteceu em 11 demarço, no hotel MaceióAtlantic, na orla de Ja-tiúca, em Maceió, Ala-

goas, o lançamento da 5ª Ediçãodo Prêmio Octávio Brandão deJornalismo Ambiental. O Prêmioé promovido pela ABES de Ala-goas (Associação Brasileira de En-genharia Sanitária e Ambiental) emparceria com o Sindicato dos Jor-nalistas de Alagoas (Sindjornal) e oNúcleo dos Ecojornalistas de Ala-goas, com o patrocínio da Braskem.

A 5ª Edição do prêmio temuma novidade; esse ano o veícu-lo que tiver mais trabalhos naárea de jornalismo ambiental con-correndo, também receberá umapremiação.

Para essa edição poderão con-correr trabalhos jornalísticos quetenham sido veiculados, nas maisvariadas vertentes midiáticas ala-goanas dentre o período de 1°de Abri l de 2007 até 31 deMarço desse ano.

A partir de agora, quem es-tiver interessado em concor-rer aos prêmios pode se ins-crever entrando em contatocom o Sindjornal, até o finaldesse mês.

Além do café da manhã ofe-recido à imprensa local, a soleni-dade de lançamento do prêmioainda contou com um dos “pa-pas” do jornalismo ambiental, Vil-mar Berna. Berna é presidente daOrganização Não Governamental(ONG) Rede Brasileira de Infor-mação Ambiental (Rebia).

Nela são discutidas maneiras de

A Rede Brasileira de In-formação Ambiental estábuscando patrocinadores eapoios para lançar em 2009o Prêmio REBIA de Co-municação Ambiental, ins-pirado no Prêmio OctávioBrandão de JornalismoAmbiental. O Prêmio daREBIA terá por objetivoprincipal estimular a de-mocratização da informa-ção ambiental em âmbito

Prêmio I

Sindjornal e Braskem lançam a 5ªEdição do Prêmio OctávioBrandão de Jornalismo Ambiental

Por Renato Buarque,repórter

preservar o meio ambiente, es-colhendo um modelo de desen-volvimento sustentável mais ade-quado à sociedade brasileira.

Para Berna, o jornalista temcomo principal objetivo, nesseprêmio, fazer com que a socie-dade descubra a verdadeira im-portância em entender o que éo meio ambiente e tudo o queestá relacionado a ele.

Ainda segundo o presidente daRebia, é mais importante andadesmistificar na sociedade, a idéiade que o meio-ambiente deveser destruído em detrimento do

progresso capitalista.‘Os jornalistas devem mostrar

à sociedade que o desenvolvi-mento e o meio ambiente podesim caminhar juntos e assim aca-bar com a idéia de que o pro-gresso tem de superá-lo. Nemsempre a destruição da nature-za está intimamente ligada aoavanço do desenvolvimento”,afirmou.

O prêmio Octávio Brandãoainda conta com o apoio da As-sociação Brasileira de Engenha-ria Sanitária e Ambiental Sessãode Alagoas (Abes), do Sindicato

A

Iº Prêmio Brasileiro de Comunicação Ambiental / REBIAnacional e incluirá, além dacategoria Jornalismo Ambi-ental, também as categoriasPublicidade Ambiental e Re-lação Pública Ambiental.

Serão premiados, em di-nheiro e troféu, os melhorestrabalhos individuais e, emtroféu e diploma, os veículos,agências e instituições gover-namentais e a iniciativa pri-vada que apresentarem o mai-or número de inscr ições.

Também será concedido umPrêmio Especial Individual, acada ano, na categoria “horsconcours”, a uma pessoa es-pecial que não tenha solici-tado inscrição, mas cuja tra-jetória seja considerada pelaComissão Julgadora como ex-cepcional. A Comissão Julga-dora será constituída por pes-soas de expressão e notorie-dade na sociedade brasileira,ligados à causa da democrati-

zação da informação ambi-ental.

Mais informações eadesões: Vilmar Berna –vilmar@rebia. org.brTel.: (21) 2610-2272

dos Jornalistas Profissionais doEstado de Alagoas e do Núcleode Ecojornalistas de Alagoas.

A Abes ainda pretende lançarno dia 31 de maio, quando acon-tece a solenidade do prêmio, umlivro contando um pouco doambientalista Octávio Brandão. Aobra está sendo confeccionadapela Editora da Universidade Fe-deral de Alagoas (Edufal).

Fonte: http://www.fontenoticias.com.br/lernoticia.php?area=10&id=44685

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 15

elas muitas ações desen-volvidas em Barra Mansana área do meio Ambi-ente, a Prefeitura de

Barra Mansa conquistou dois im-portantes prêmios. O primeiro foio VI Prêmio Furnas Ouro Azul, peloprojeto de recuperação da mata ci-liar do Rio Barra Mansa, e o II Prê-mio Brasil de Meio Ambiente pelasvárias ações de proteção ambiental.

Ao todo Barra Mansa possui 25programas e projetos ambientais.Entre eles estão o de Recolhimen-to de Pneus Inservíveis – Ecopneu,que também já foi premiado emanos anteriores, Programa de Dra-gagem de Corpos Hídricos, Progra-ma de Recomposição de Mata Ci-liar na Bacia do Rio Paraíba do Sul,Programa de Monitoramento daQualidade do Ar, Programa de Lim-peza de Córregos e Rios e Progra-ma de Coleta Seletiva.

- Barra Mansa constantementeé destaque na área ambiental. Jáganhamos vários prêmios pelo tra-balho desenvolvido no município.É muito gratificante saber que nossapreocupação com o meio ambien-te está sendo reconhecida nacio-nalmente – declarou o prefeitoRoosevelt Brasil.

COORDENADORIA DECOMUNICAÇÃO SOCIAL

Assessoria de Imprensa(24) 3325-3325 e [email protected]://www.barramansa.rj.gov.br

Prêmio II

Barra Mansa é destaquenacional no Meio Ambiente

P• Programa de Monitoramento da Qualida-de do Ar• Projeto-Piloto de Controle de Erosão daBacia do Rio Barra Mansa• Programa de Dragagem de Corpos Hídri-cos• Monitoramento Ambiental de Indústrias• Programa de Prevenção de Queimadas• Programa de Recomposição de Mata Cili-ar na Bacia do Rio Paraíba do Sul• Programa de Arborização de Vias Públicas• Programa de Reflorestamento de Cocuru-tos de Morros do Entorno do Centro Urba-no• Programa de Preservação de Fragmentosde Matas e Florestas• Programa de Criação Unidades de Con-servação• Projeto Amigos dos Carnívoros• Projeto de Recuperação Ambiental de Áre-as Públicas Urbanas Degradadas• Programa de Recolhimento de Pneus In-servíveis - Ecopneu• Fiscalização Ambiental• Monitoramento de Areais• Programa de Monitoramento de Ruídos• Agenda 21• Programa de Educação Ambiental nas Escolas e Comunidade• Projeto Piloto de Proteção, Recomposição e Monitoramento por Geo-Referenciamentode Nascentes da Bacia Hidrográfica do Rio Barra Mansa• Horto Municipal de Barra Mansa• Programa de Limpeza de Córregos e Rios• Programa de Preservação e Manutenção do Parque Centenário• Programa de Coleta Seletiva• PAPATRECO

Projetos Ambientais de Barra Mansa:

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De acordo com aOrganização das NaçõesUnidas, cada pessoanecessita de 3,3 m³/mês(cerca de 110 litros de águapor dia para atender asnecessidades de consumo ehigiene).No entanto, no Brasil, oconsumo por pessoa podechegar a mais de 200 litros/dia.

Informativo Ecolméia

Adote estes simples hábitose colabore para preservaçãodos nossos recursos naturais!

Amigos da Ecolméiawww.ecolmeia.com

Gastar mais de 120 litros deágua por dia é jogardinheiro fora e desperdiçarnossos recursos naturais.Veja algumas dicas de comoeconomizar água - edinheiro - sem prejudicar asaúde e a limpeza da casa edas pessoas.O consumo exageradodeve-se aos constantesdesperdícios e descuido na

utilização da água. Devido àpressão da água, oconsumo é maior emedifícios e apartamentos.Saiba como utilizá-la deforma inteligente parapreservar os recursoshídricos e economizar naconta d’água.

No banheiroBanho de 15 minutos? Olha o

Nível! O banho deve ser rápido.Cinco minutos são suficientes paraa higienizar o corpo. A economiaé ainda maior se ao se ensaboar fe-cha-se o registro. A água que caido chuveiro também pode ser re-aproveitada para lavar a roupa ouqualquer outra atividade da casa.Para isso, deve-se colocar um bal-de ou bacia embaixo para armaze-nar aquela água que não esquenta.

Lavar o rostoAo lavar o rosto em um minu-

to, com a torneira meio aberta, umapessoa gasta 16 litros de água. Adica é não demorar. O mesmo valepara o barbear. Em 5 minutos gas-tam-se 80 litros de água. Com eco-nomia o consumo cai para 2 a 3litros.

Na cozinhaAo lavar a louça, primeiro lim-

pe os restos de comida dos pratose panelas com esponja e sabão e,só aí, abra a torneira para molhá-los. Ensaboe tudo que tem que serlavado e, então, abra a torneiranovamente para novo enxágüe. Sóligue a máquina de lavar louçaquando ela estiver cheia. Lavar lou-ça num apartamento, com a tor-neira meio aberta em 15 minutos,são utilizados 243 litros de água.Com economia o consumo podechegar a 20 litros. Na higienizaçãode frutas e verduras utilize cloroou água sanitária de uso geral (umacolher de sopa para um litro deágua, por 15 minutos). Depois, co-loque duas colheres de sopa devinagre em um litro de água e dei-

xe por mais 10 minutos, economi-zando o máximo de água possível.Você sabia que ao se utilizar umcopo de água, são necessários pelomenos outros 2 copos de água paralavá-lo. Por isso, combata o desper-dício em qualquer circunstância.Não jogue óleo de frituras ou res-tos de comida em pias ou na pri-vada pois pode causar entupimen-tos e dificulta o tratamento do es-goto. A Sabesp orienta para colo-car o óleo em um recipiente bemfechado para não vazar (garrafa) edepositar no lixo comum (orgâni-co). Outros especialistas afirmamque o ideal é procurar um postode coleta próximo.

Hora do banhoBanho de ducha por 15 minu-

tos, com o registro meio aberto,consome 243 litros de água. Se fe-chamos o registro, ao se ensaboar,e reduzimos o tempo para 5 mi-nutos, o consumo cai para 81 li-tros.

Ao escovar os dentesSe uma pessoa escova os dentes

em cinco minutos com a torneiranão muito aberta, gasta 80 litros deágua. No entanto, se molhar a es-cova e fechar a torneira enquantoensaboa os dentes e, ainda, enxa-guar a boca com um copo de água,consegue economizar mais de 79litros de água.

Área de serviçoJunte bastante roupa suja antes

de ligar a máquina ou usar o tan-que. Não lave uma peça por vez.Caso use lavadora de roupa, pro-cure utilizá-la cheia e ligá-la no

máximo três vezes por semana. Sena sua casa as roupas são lavadasno tanque, deixe as roupas demolho e use a mesma água paraesfregar e ensaboar. Use água novaapenas no enxágüe. E aproveite estaúltima água para lavar o quintal oua área de serviço. Ao lavar a roupa,aproveite a água do tanque oumáquina de lavar e lave o quintalou a calçada, pois a água já temsabão.

Descarga e vaso sanitárioNão use a privada como lixeira

ou cinzeiro e nunca acione a des-carga à toa, pois ela gasta muita água.Uma bacia sanitária com válvula como tempo de acionamento de 6 se-gundos gasta de 10 a 14 litros. Baci-as sanitárias de 6 litros por aciona-mento (fabricadas a partir de 2001)necessitam um tempo de aciona-mento 50% menor para efetuar alimpeza, neste caso pode-se chegara volumes de 6 litros por descarga.Quando a válvula está defeituosa,pode chegar a gastar até 30 litros.Mantenha a válvula da descarga sem-pre regulada e conserte os vazamen-tos assim que eles forem notados.Lugar de lixo é no lixo. Jogando novaso sanitário você pode entupir oencanamento. E o pior é que o lixopode voltar pra sua casa.

Jardim e quintalAo lavar o carro use o balde

com pano em vez de mangueira.Procure lavar menos o carro, prin-cipalmente na época de falta dechuvas. Não regue as plantas emexcesso ou com mangueira. Useum balde ou um regador. Não re-gue nas horas mais quentes do dia

ou quando estiver ventando mui-to para evitar a perda de água pelarápida evaporação. Molhe a basedas plantas e não as folhas. Nãouse mangueira para limpar a calça-da e sim uma vassoura. Quandonecessário, use um balde no finalda limpeza. Procure aproveitar aágua das chuvas. Capte-a na saídadas calhas. Use para regar o jardimou limpar a casa. Em vez de ci-mentar todo o quintal, deixe umespaço para jardim e ajude a águada chuva a infiltrar-se na terra.Mantenha a caixa d‘água limpa. Eladeve ser lavada pelo menos a cada6 meses.

Verifique os vazamentosTorneira pingando desperdiça

muita água. Sempre que necessá-rio troque o “courinho”. Verifiqueo vaso sanitário jogando cinzas nofundo da privada. Se houver mo-vimentação é porque há vazamen-to na válvula ou na caixa de des-carga. Para detectar vazamentoscomo canos furados, mantenha osregistros abertos e feche todas astorneiras e saídas de água do imó-vel, não use o sanitário e observese o relógio de água (hidrômetro)se altera depois de uma hora semuso de água. Observe se não hámanchas de umidade nas paredes.Conserte os vazamentos de ime-diato, assim que forem notados.

Adote estes simples hábitose colabore parapreservação dos nossosrecursos naturais!Amigos da Ecolméiawww.ecolmeia.com

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Legislação Ambiental

Projeto de Lei ameaçalicenciamento ambiental

stá para ser votado noplenário do CongressoNacional um projetoque representa um

grande retrocesso na legislaçãoambiental. É o Projeto de Lei N°3057, conhecido como PL do Par-celamento do Solo. A proposta _já aprovada pela Comissão Especi-al em dezembro de 2007 _ possi-bilita a perda da independência dosórgãos ambientais municipais naavaliação e na decisão sobre os pro-cessos de parcelamento do solo eregularização fundiária.

O alerta foi feito por palestran-tes dos painéis: “RegularizaçãoUrbana como Ferramenta para oDesenvolvimento das Cidades” e“Zoneamento e Licença Ambien-tal – Instrumentos Garantidores doDesenvolvimento Sustentável nasCidades” do Congresso Mundialpara Desenvolvimento das Cidades,que encerrou nesse sábado, dia 16de fevereiro em Porto Alegre.

O presidente da AssociaçãoNacional de Órgãos Municipais deMeio Ambiente (Anamma), Claris-mino Luiz Pereira Júnior, acreditaque o PL ameaça o licenciamentoambiental no país. “O PL 3507/2000 revogará a lei vigente de par-celamento do solo (6766/79) e trazuma exceção de licenciamentoambiental aos loteamentos”. Cla-rismino, que é presidente da Agên-cia Municipal de Meio Ambientede Goiânia, explica que a propos-ta diz que o órgão público deveráemitir uma Licença Urbanística eAmbiental Integrada, isto é, um li-cenciamento único: urbanístico eambiental. “Isso arranhará todo or-

Edenamento jurídico ambiental”,opina. Além disso, o PL não definequem dará a licença, o que indicaque o interesse pela execução pre-pondera sob a proteção ambientale interesse público.

“O licenciamento ambiental jáé um rito processual consolidado,que avançou sob duras penas”,avalia. Clarismino lembra que coma aprovação do projeto acabarãotambém as compensações ambien-tais. E informou que o ConselhoNacional de Meio Ambiente (Co-nama) aprovou uma moção de re-púdio ao PL 3507 na reunião de14 de janeiro desse ano, por pro-posição da Anamma.

O secretário de meio ambientede Bauru (SP), Rodrigo Agostinho,que é ambientalista, fundador doInstituto Vidágua, também estápreocupado com o projeto. Poiso PL prevê a regularização deocupações em áreas de risco, aredução de Áreas de Preserva-ção Permanente (APPs), comomargens de rios, topos de mor-ros, mangues e dunas. Ele dizque muitos condomínios, lotea-mentos fechados em área deMata Atlântica seriam benefici-ados. A Explicação da Ementa doPL diz que para o registro de lo-teamento suburbano de peque-no valor, implantado irregular-mente até 31 de dezembro de1999 e regularizado por lei mu-nicipal, não há necessidade deaprovação da documentação, poroutro órgão.

E o pior é que o movimento

ambientalista não está articuladopara enfrentar o lobby de diversossegmentos. Ele acha fundamentala sociedade acompanhar o proces-so. Agostinho sugere que se acom-panhe o andamento do projeto(http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=19039), quese envie cartas, mensagens eletrô-nicas etc. para os deputados nãoaprovarem essa matéria.

O ex-secretário executivo doMinistério do Meio Ambiente econsultor da Anamma e da Asso-ciação de Entidades Estaduais deMeio Ambiente (Abema), Clau-dio Langone, que participou dopainel Zoneamento e LicençaAmbiental – Instrumentos garan-tidores do desenvolvimento sus-tentável nas cidades, a aprovação

da matéria também seria um re-trocesso. Ele lembra que no pró-prio Congresso Nacional está tra-mitando outro projeto que con-tradiz o que pretende o PL deParcelamento: a regulamentaçãodo Artigo 23 da Constituição Fe-deral - que determinará que acompetência para licenciar osempreendimentos de impacto lo-cal, como condomínios, prédiose shoppings, é do município.

* Silvia Franz Marcuzzo, é jor-

nalista (especial para EcoagenciaSolidária de Notícias Ambientais)

Por Sílvia FranzMarcuzzo

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 21

2008 - Ano Internacionaldo Planeta Terra

O

Evento

Diversos eventos estãoprogramados no Brasil esteano que foi dedicado aoPlaneta Terra pelaOrganização das NaçõesUnidas para a Educação, aCiência e a Cultura(Unesco), com apoio de 191países.

objetivo é chamar aten-ção do mundo para aimportância da difusão edas práticas das Ciências

da Terra, visando à sobrevivência doplaneta e das populações que o ha-bitam. Essas ciências envolvem co-nhecimentos desde o núcleo da Ter-ra até a alta atmosfera”, conformeexplica o representante do Brasil paraas comemorações, Carlos Oiti, co-ordenador-geral das unidades de pes-quisa do Ministério de Ciências eTecnologia (MCT).

O Ano Internacional do PlanetaTerra é um programa científico gran-dioso e seu lançamento congregoudezenas de organizações científicasimportantes em mais de 44 países,com os objetivos de reduzir os ris-cos ambientais para a Sociedade;melhorar a sanidade do Habitat; de-terminar o grau de intervenção hu-mana nas mudanças do Clima; com-preender as condições da degrada-ção dos Oceanos, extremamente re-levantes para a evolução da vida; es-timular nas sociedades, em especialnos jovens, o interesse pelas ciências,através da difusão dos conhecimen-tos atuais e do investimento nas pes-quisas aplicadas.

No Brasil, este Programa já gerouimportantes iniciativas, recebendo asadesões imediatas do Ministério daCiência e Tecnologia, da AcademiaBrasileira de Ciências, da SociedadeBrasileira pelo Progresso da Ciênciae da Petrobrás. Na iniciativa privada,por exemplo, o Banco Bradesco, emcampanha publicitária recente, lan-çou o “Banco do Planeta” já dis-pensando 70 milhões para a criaçãoda Fundação da Amazônia Susten-tável, aliada ao Governo de Estadodo Amazonas. O Congresso Nacio-nal realizará uma Sessão Solene emabril, para destacar o apoio legislati-vo nacional ao Programa.

Fazem parte dos estudos a Geos-fera, que é o solo onde pisamos; a

Hidrosfera, onde estão as águas ter-ritoriais e oceânicas; a Biosfera, quecompreende a vida que existe naterra e a Atmosfera, com o ar e acamada de ozônio. As atividades so-bre os quatro grandes ambientes doPlaneta já começaram em janeirodeste ano e vão continuar até de-zembro de 2009, com maior con-cretação no próximo ano. O eventovai ser lançado oficialmente em fe-vereiro, em data a ser definida, na sededa Unesco em Paris, com a presen-ça de chefes de Estado de todo omundo e de outras autoridades.

Os países que vão participar rea-lizaram concurso público sobre oassunto escolhendo trabalhos de 350estudantes entre 18 e 22 anos. Sãotextos, edições de CDs, vídeos, po-emas, músicas, pinturas, e desenhosrelacionados a dez temas que envol-vem as Ciências da Terra. Do Brasil,foram selecionados trabalhos de trêsestudantes: Igor Kestemberg Ma-rino, estudante de Geofísica daUniversidade Federal Fluminense(UFF), apresentou um vídeo sobreoceanos; Francisco Ferreira deCampos, do curso de Ciências daTerra na Unicamp, foi o segundoescolhido, com desenho sobre re-cursos subterrâneos, principalmen-te água; e Thamirez Nogueira Ma-galhães, também da UFF, teve foivencedor com um desenho sobremega-cidades. Alguns dos 350 tra-balhos escolhidos vão ter apresenta-ção oral que será transmitida para omundo inteiro durante o lançamentodo Ano Internacional do PlanetaTerra. Os trabalhos premiados doBrasil foram escolhidos entre cinco,acatados em concurso ocorrido emnovembro organizado pelo ComitêNacional para o AIPT, tendo sidopresidido pelo professor DiógenesCampos, da Academia Brasileira deCiência. (Agência Brasil)

Relatório da ONU sobremudança climática,elaborado por 2.500especialistas ao longo decinco anos indica que atemperatura média daTerra elevou-se em 1 graunos últimos 120 anos eque a concentração de gáscarbônico na atmosferacresceu 30 % nos últimos150 anos. Algumasconseqüências doaquecimento global sobreo Planeta:

• O Ártico está derretendo– A cobertura de gelo da regiãono verão diminui ao ritmo cons-tante de 8% ao ano há três déca-das. No ano passado, a camada degelo foi 20% menor em relação àde 1979, uma redução de 1,3 mi-lhão de quilômetros quadrados,o equivalente à soma dos terri-tórios da França, da Alemanha edo Reino Unido.

• Os furacões estão maisfortes – Devido ao aquecimentodas águas, a ocorrência de fura-cões das categorias 4 e 5 – os maisintensos da escala – dobrou nosúltimos 35 anos. O furacão Ka-trina, que destruiu Nova Orle-ans, é uma amostra dessa novarealidade.

• O Brasil na rota dos ci-clones – Até então a salvo dessetipo de tormenta, o litoral sul do

O Estado do PlanetaBrasil foi varrido por um forteciclone em 2004. De lá para cá, achegada à costa de outras tem-pestades similares, ainda que demenor intensidade, mostra que oproblema veio para ficar.

• O nível do mar subiu – Aelevação desde o início do sécu-lo passado está entre 8 e 20 cen-tímetros. Em certas áreas litorâ-neas, como algumas ilhas do Pa-cífico, isso significou um avançode 100 metros na maré alta. Umestudo da ONU estima que onível das águas subirá 1 metro atéo fim deste século. Cidades à bei-ra-mar, como o Recife, precisa-rão ser protegidas por diques.

• Os desertos avançam – Ototal de áreas atingidas por secasdobrou em trinta anos. Umaquarto da superfície do planeta éagora de desertos. Só na China,as áreas desérticas avançam 10.000quilômetros quadrados por ano,o equivalente ao território do Lí-bano.

• Já se contam os mortos –A Organização das Nações Uni-das estima que 150.000 pessoasmorrem anualmente por causa desecas, inundações e outros fato-res relacionados diretamente aoaquecimento global. Em 2030, onúmero dobrará.

Fonte : Revista veja Edição1961 . 21 de junho de 2006 e edi-ção 1926, 12 de outubro de 2005

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DOCUMENTÁRIO ESPECIAL

Na trilha doParaíba do Sul

Por André Pinto

Q

Quem conhece bem o riosabe que ainda é possívelsalvá-lo, apesar de todas asagressões que otransformaram em umgrande depósito de esgoto eameaçam a sobrevivência de15 milhões de pessoas.

uem olha de frente aimensa boca de 600metros que o rio Paraí-ba do Sul abre ao en-

contro do mar no delta de São Joãoda Barra, na região Norte Flumi-nense, não pode imaginar que aque-le colosso de águas venha de umfiozinho gelado que brota, com onome de Paraitinga, num tufo devegetação da Fazenda da Lagoa, a1.280 metros de altitude, na Serrada Bocaina, divisa dos municípiosde Silveiras e Areias, Estado de SãoPaulo.

Na serra em que nasce, próxi-mo ao Pico da Boa Vista, o rio jáenfrenta um cenário devastado. Dasgrandes florestas da mata atlântica,restam alguns vestígios aqui e ali,entremeados por plantações deeucalipto, proibidas por legislaçãoambiental, mas que florescem di-ante de quase absoluta ausência defiscalização. Até o final de seu cur-so, 1.150 quilômetros abaixo, tam-bém não se fiscalizam as muitasagressões que ameaçam condenaro rio à morte: desmatamento, mi-neração de areia, pesca predatória,esgotos sem tratamento, lixo, aciden-tes ambientais.

O rio é límpido da nascente atéParaibuna, 200 quilômetros abaixo,

onde foi represado na década de70. A partir daí passa a chamar-seParaíba do Sul. Ao entrar na zonaindustrial mais rica do País, logoabaixo da represa da CompanhiaEnergética de São Paulo (CESP) –a primeira de uma série de cinco -, o rio muda de cara, de cor, deconteúdo. Depois do chamado co-tovelo de Guararema, quando o rioencontra os contrafortes da Serrada Mantiqueira e faz uma curva de180 graus, tomando a direção dorio de Janeiro, desaparecem os pei-xes – principalmente a piabanha eo dourado, espécies em extinção –sobrevivem apenas algumas espéci-es de quase nenhum valor comer-cial, como o mandi.

Sem peixes, estão sumindo tam-bém os pescadores. Grandes espé-cimes, só quando o rio se aproximada foz, depois de uma seqüênciasaudável de encachoeiramentos, res-ponsáveis por intensa oxigenação de

suas águas. A degradação consenti-da está bebendo lentamente aságuas do Paraíba, que ainda assimpermite a vida de 15 milhões depessoas em três estados, e abasteceo País com energia elétrica extraídade represamentos que roubam suasaúde, criam barreiras intransponí-veis para os peixes de piracema, fa-cilitam o acúmulo de sedimentos ea proliferação de algas danosas.

Mas o rio tem salvação, concor-dam ambientalistas, biólogos, enge-nheiros sanitaristas e pescadores.Desde que haja vontade dos gover-nos de controlar principalmente oesgoto doméstico, responsável por90% da carga poluente despejadasem tratamento em milhares depontos ao longo de seu curso. Cer-ca de um bilhão de litros de esgotosão lançados diariamente na baciado rio Paraíba do Sul, mas o trata-mento é feito em apenas 10 % dos180 municípios. A cobrança pelo

uso de suas águas, promessa de re-cursos para redimí-lo, começou háquatro anos, depois de discutidadurante 40. O total arrecadado até2006, acrescido de contrapartidasdos projetos e injeção de recursosfederais, alcança aproximadamenteR$68 milhões, segundo dados daAgência Nacional de Águas (ANA).Estima-se que seja necessário investirR$3 bilhões para vencer os proble-mas somados em quatro séculos.

Esgoto – O grande vilão

Pindamonhangaba, na regiãocentral do Vale do Paraíba paulista,tem 140 mil habitantes, trata 100%de seu esgoto. Quarenta quilôme-tros abaixo, Aparecida do Norte(SP), meca de peregrinos, 36 milhabitantes (aos quais se somam 170mil nos fins de semana), não trataum só litro de esgoto. E o que épior, o lançamento se faz numaimensa boca fétida 20 metros aci-ma do ponto de captação de águaque se bebe na cidade.

- Mas a água é boa – garante,reservadamente, um engenheiro doserviço municipal de água e esgoto,que admite custos elevados no tra-tamento químico para permitirtransformar a água cheia de dejetosque sobe para a estação de trata-mento.

O rio ali está tão assoreado que,por ocasião das festas da cidade, emoutubro, os organizadores têm depedir à Cesp que abra as compor-tas da represa de Paraibuna para ele-var o nível das águas e permitir apassagem da procissão dos pesca-dores.

Espécime de robalo capturado em rede de “minjuada” em ilhasanjoanense durante o Carnaval 2008

Ana Celina Tibúrcio com planta da bacia em alto relevo

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DOCUMENTÁRIO ESPECIAL

Existem projetos para a constru-ção de quatro estações de tratamen-to de esgoto, a um custo de R$8milhões. Por enquanto, a agênciaque administra a Bacia do Paraíba(Agevap) adiantou cerca de R$200mil.

-Dá no máximo para compararo terreno e fazer o projeto – diz oengenheiro sanitarista Nathan Ba-rile Neves, diretor do LaboratórioAmbiental de Resende, que estu-da o Paraíba há mais de 30 anos.No Geral – diz ele - as cidades ser-vidas pela Sabesp (a CompanhiaEstadual Paulista de Saneamento,caso de Pindamonhangaba) chegama tratar até 80% do esgoto. Mas osserviços municipais, que têm me-nos recursos, tratam em torno de5%.

Em Campos, surge outro com-ponente ainda mais danoso queesgoto, o vinhoto, subproduto doprocessamento da cana-de-açúcar.Nos fundos da Usina Santa Cruz, a15 quilômetros do centro da cida-de, duas imensas bocas entornam ocaldo pardacento que é venenomortal para os peixes.

É crítico o assoreamento nestetrecho. E as águas rasas dificultam asubida dos peixes de mar para de-sova. Tainhas e robalos têm grandedificuldade de chegar até a Cacho-eira do Salto, em São Fidelis, ondese reproduzem. Joaci Gonçalves,pescador há mais de 50 anos, dizque os pescadores de São João daBarra estão cercando a boca do rioe impedindo a subida dos peixes.Os pescadores da foz do rio con-firmam: ! Se não tem peixe no rio,temos de pegar no mar”, diz o pes-cador Francisco Rodrigues Filho,de Atafona.

-Não, o Paraíba tem salvação. Ésó pedir desculpa pelo estrago emudar de atitude – diz o engenheirosanitarista Nathan Neves.

-Temos de montar uma comis-são multidisciplinar de técnicos paraesboçar uma série de ações comprazo determinado – afirma.

Há bons exemplos de mudança,como o de Resende, região doMédio Paraíba, que hoje trata ape-nas 8% de seus esgotos, mas estáconstruindo, com recursos da co-brança de água, uma estação de tra-tamento que elevará o volume tra-tado para 58%.

Enquanto no Estado de São Pau-lo a média de esgoto tratado antesdo lançamento está em 40%, noEstado do Rio de Janeiro tratamen-to é igual a zero. O que salva aságuas do Paraíba, alerta o ambienta-lista Guilherme de Souza, da ONGProjeto Piabanha, de Itaocara (No-roeste Fluminense), é a longa se-qüência de corredeiras e encacho-eiramentos, responsáveis por inten-sa oxigenação da água, além de bai-xa densidade populacional, que li-mita o volume de esgoto. O quenão salva o trecho do Paraíba quecruza Cambuci, 20 quilômetrosabaixo, onde o esgoto do hospitalda cidade é despejado um poucoantes do ponto de captação da águaque bebe a população de 15 milhabitantes.

-É esgoto que está matando orio - diz Joaci Ferreira Gonçalves,50 anos, Presidente da Colônia dePesca de São Fidelis (Noroeste Flu-minense).

- O esgoto representa 90% dosproblemas de poluição do Paraíba– garante Ana Celina Tibúrcio, mo-nitora de educação ambiental daONG Vale Verde, de São José dosCampos (SP).

O trecho de Itaocara a São Fi-delis, de 90 quilômetros , é um pa-raíso piscoso em relação ao cursointeiro do rio. Situado abaixo dotrecho rochoso e encachoeiradoque começa em Além Paraíba tem

um conjunto de ilhas com muitavegetação de mata ciliar, responsá-vel por boa parte da alimentaçãoda fauna.

Embora tenha recebido em2003, através do afluente Pomba,grande descarga tóxica de sodacáustica em acidente ambientalocorrido na Cataguases Celulose,em Minas Gerais, o rio salvou-sepouco tempo depois porque oagente causador não tem caracte-rísticas de remanescência diluindo-se ao encontro do mar. Mas o es-trago foi grande.

- Eu vi as lagostas e os caxim-baus (cascudos) tentando fugir de-sesperados pela beira do rio – con-ta o pescador Luiz Carlos Damas-ceno, de São Fidelis, onde a lagostalocal, uma espécie de pitu de gran-des dimensões, desapareceu das gai-olas dos pescadores durante doisanos. Quando reapareceu, tinha al-gumas gramas a menos.

Mas a pesca foi proibida em 2004e a proibição vigora até 2009. Pordesinformação ou má-fé, muitospescadores com suas gaiolas foramvistos ao longo do rio pescandolagostas. Não Há fiscalização.

- O Ibama apreendeu 200 gai-olas de lagosta recentemente, masnão é sempre que isso acontece -conta Lulu Assunção, guia de tu-rismo que promove passeios debarco entre São Fidelis e São Joãoda Barra.

Biólogo: hidrelétricas divi-dem o rio em compartimen-tos

O biólogo Guilherme de Sou-za é Presidente da mais importan-te das ONGs que atuam em de-fesa do Rio Paraíba do Sul, o Pro-jeto Piabanha. Desde 1991, ele estáa frente do maior programa de re-peixamento do rio, em parceria

com a Pesagro, a empresa estadualde pesquisas agrícolas. É um dosmuitos conhecedores que atribu-em às hidrelétricas (cinco em ope-ração, duas em projeto, uma emobra) a responsabilidade pela re-dução das espécies de peixes.

- O represamento está trans-formando o Paraíba em uma se-qüência de grandes tanques, emvários compartimentos que isolama comunicação da fauna e impe-dem a troca de material gené-tico- garante Guilherme. Elediz que a eutrofização, proces-so de multiplicação de micro-organismos nos lagos das bar-ragens, alimentaas algas nocivas,especialmente a capituva, queestá tomando o trecho médiosuper ior do r io. Guilhermeteme também o que considerauma ameaça ainda maior, queestaria nos dois projetos de hi-drelétr icas logo abaixo de Ita-ocara, na barra do r io Pomba eem Cambuci, 20 quilômetrosabaixo. O primeiro irá inundaro maior conjunto de ilhas dabacia, de exuberante vegetação,o chamado Ninhal das Garças,berçár io de aves e local degrande piscosidade. E nem mes-mo a garantia de que serão feitasescadas para os peixes de pirace-ma tranqüiliza o presidente doProjeto Piabanha.

- Aqui bem perto mesmo, emalém Paraíba, só as espécies exóti-cas conseguem subir a escada –afirma Guilherme.

Fonte: Revista da Alerj – Ano I,n.º 01 – Dezembro de 2007

Colaboração enviada por AndréPinto ( http://andreambiental.blogspot.com ) tels: (22) 99346379cel./ (22) 2741-1893 - res. / (22)2741-7878 r: 313 Trab.

São João da Barra dá exemplo de repeixamento do Paraíba:A Prefeita Carla Machado,de São João da Barra,juntamente com asSecretarias de Pesca, MeioAmbiente e IBAMA /Campos realizou em 2007soltura no rio Paraíba dealevinos e espécies adultasde diversos peixes queestavam prestes a morrerem alagadiços formadospelas enchentes de janeiroe fevereiro de 2007 e queforam resgatados em umamega operação desalvamento.

Prefeita Carla Machado no Píerdo Pescador em Atafona realizan-do a soltura de alevinos em 2007.

Funcionários da Sec. Mun. de Meio Ambiente, fazendo a soltura dealevinos no rio Paraíba do Sul, por detrás do CIEP 265.

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Transgênico I

Brasil aprova plantio deduas variedades de milhotransgênico

SÃO PAULO (Reuters)- O Conselho Nacio-nal de Biossegurança(CNBS) aprovou em

12/02 o plantio e a comercia-lização de duas variedades demilho transgênico no Brasil.As variedades aprovadas sãoda Bayer CropScience e daMonsanto. O milho trans-gênico é o terceiro pro-duto agrícola alterado ge-neticamente a receberautorização de plantiono Brasil, depois da sojae do algodão, ambos compatente da Monsanto.

“Do ponto de vista daciência e tecnologia, oque se considera é queas sementes liberadas sãoseguras para o consumohumano, para o consumoanimal e para o meio am-biente”, afirmou o minis-tro da Ciência e Tecno-logia, Sérgio Rezende, ajornalistas.

A aprovação se deu emmeio a manifestações emfrente ao Palácio do Pla-nalto, de acordo com aAgência Brasil. Alguns mo-vimentos, como a Via Cam-

pesina, protestaram contra ostransgênicos, afirmando que

não há estudos completos quegarantam que as variedades de

milho são seguras à saúde e aomeio ambiente.

O conselho, formado por 11ministros, analisa questões de bi-

ossegurança sob o ponto de vistasócio-econômico. As duas varieda-des receberam sete votos favorá-veis no órgão. Representantes dequatro ministérios votaram contra.

A ministra do Meio Ambiente,Marina Silva, que se opõe aos trans-gênicos, está em viagem à GuianaFrancesa, acompanhando o presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda assim, o Ministério doMeio Ambiente esteve represen-tado no conselho, mas o ministroda Ciência e Tecnologia avaliouque a decisão do CNBS não teriasido diferente se Marina estivessepresente no encontro.

A CTNBio, o órgão científicodo governo para transgênicos, jáhavia autorizado essas variedadesno ano passado e a liberação de-pendia ainda da decisão do CNBS.

O milho da Bayer, denominadoLiberty Link, é resistente ao her-bicida glufosinato de amônio. Já oda Monsanto, o MON 810, é re-sistente a insetos.

Essa variedade da Monsanto,aprovada nos EUA e na UniãoEuropéia, é alvo de críticas da Fran-ça, que quer proibi-la no país. Se-gundo fontes do setor produtivoque defendem o uso de grãos ge-neticamente modificados, os trans-gênicos poderiam elevar a produ-tividade ao mesmo tempo em quereduziriam custos de produção. Omilho MON 810, segundo comu-nicado da Monsanto, proporcionauma redução do uso de insetici-das e consequente diminuição dacontaminação do solo e de len-

çóis freáticos por resíduos quími-cos. Outra vantagem, afirmou aempresa, tem relação com o con-trole seletivo a insetos, pois a “tec-nologia só é eficaz a pragas queatacam a lavoura, sem que as de-mais comunidades do bioma se-jam afetadas, como pássaros, joani-nhas ou outros insetos não-alvo”.

Com a aprovação do CNBS,caberá agora ao Ministério da Agri-cultura registrar essas variedadestransgênicas, um procedimentoburocrático que não deve se pro-longar por muito tempo, até por-que o ministro Reinhold Stepha-nes, o relator do processo noCNBS, foi favorável à aprovação domilho geneticamente modificado.

Se nenhuma decisão judicialbarrar o processo, o que já acon-teceu durante o trâmite para a apro-vação do milho transgênico, have-ria sementes disponíveis para plan-tar o cereal geneticamente modi-ficado na segunda safra do ano quevem (2008/09), segundo uma fon-te do governo.

Com a autorização, as empresasdetentoras das patentes dos pro-dutos fariam a multiplicação dassementes na safra de verão 08/09 edepois poderiam oferecê-las emum volume maior para a safrinha.

Ficou para uma próxima reuniãoa aprovação de uma variedade demilho da Syngenta, que já foi apro-vada pela CTNBio.

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Mesmo com oposição daANVISA e IBAMA Conselhode Ministros aprovaliberação de milhotransgênico

oje, 12/02, o ConselhoNacional de Biossegu-rança votou pela pri-meira vez recursos apre-

sentados pela ANVISA e IBAMAquestionando liberações comerci-ais aprovadas pela CTNBio. A reu-nião decidiu, por 7 votos a 4, pelaliberação do milho Liberty Link eMON 810, cujas liberações foramsolicitadas por Bayer e Monsanto,respectivamente. As duas varieda-des foram recentemente proibidasem países da Europa, como Fran-ça (2008), Austria (2007) e Hun-gria (2006).

A ANVISA e o IBAMA basea-ram seus recursos em questões fun-damentais da análise de risco deorganismos transgênicos: os estu-dos apresentados pelas empresasquanto à toxicidade e alergenici-dade foram completamente inade-quados e insuficientes para garan-tir a segurança destes produtos paraa saúde humana; não estão garan-tidas as condições para impedir acontaminação das variedades tra-dicionais ou crioulas de milho, nãoforam realizados estudos de impac-to ambiental no Brasil.

A posição destes dois órgãosgovernamentais demonstra o cum-primento de dever legal de cadaum. No entanto, lamentavelmen-te, a decisão política do governoLula, de colocar o agronegócio

Transgênico II

Liberação do milhotransgênico deixa clarairresponsabilidade do Governo

H

acima da saúde da população, domeio ambiente e da agrobiodiver-sidade, é uma grande irresponsa-bilidade que marcará seu mandato.

A sociedade civil seguirá mobi-lizada contra os transgênicos e asirresponsabilidades do governo.Ainda pende de julgamento a li-beração dos referidos milhos noPoder Judiciário e certamente pre-valecerá o respeito à Lei.

“A decisão do Conselho éaburda. As duas autoridades com-petentes para avaliar os impactos àsaúde humana e ao meio ambien-te se posicionaram contra as libe-rações comerciais. É muito con-traditório que os outros ministros,que não têm competência sobre asaúde e o meio ambiente tenhampassado por cima desta decisão.Essa decisão atenta contra o direi-to dos agricultores que perderãosuas variedades tradicionais e cri-oulas e dos consumidores que nãoterão opção de uma alimentaçãosaudável e não transgênica já quenão haverá controle da contami-nação”, declara Isidoro Revers, daVia Campesina e membro da Co-missão Pastoral da Terra (CPT).

Rosângela Cordeiro, também daVia Campesina e membro doMovimento de Mulheres Campo-nesas (MMC), acrescenta: “A libe-ração comercial do milho transgê-nico coloca em risco as varieda-des crioulas de milho, que são pa-trimônio dos agricultores brasilei-ros. O Governo não tem o direitode colocar em risco nossa agrobi-odiversidade. Vamos continuar lu-tando contra em campo contra as

liberações de milho”, afirma.Sobre os riscos ao consumidor,

Andrea Salazar, coordenadora doInstituto de Defesa do Consumi-dor (IDEC) considerou um “ab-surdo que as empresas de biotec-nologia continuem negando-se arealizar os estudos exigidos pelasautoridades da área de saúde”.“Vamos continuar alertando osconsumidores brasileiros sobre osriscos do milho transgênico. AANVISA deixou bem claro queestas variedades não são seguras àsaúde humana”, disse.

HistóricoNo último dia 29 de janeiro, a

Comissão Nacional de Biossegu-rança adiou a decisão sobre a libe-ração das variedades da Monsantoe da Bayer para hoje, dia 12/02. Nomesmo dia, o bispo emérito deGoías e membro da CPT, DomTomás Balduíno entregou umacesta de alimentos agroecológicosaos ministros em protesto contra aliberação do milho trasngênicomesmo sob as ressalvas da AgênciaNacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) e do Instituto Brasileirode Meio Ambiente (Ibama).

“A ANVISA apresentou ques-tões muito sérias que comprovamque o milho transgênico pode cau-sar danos à saúde e que não foramconsideradas pela CTNBio”, dizIsidoro Revers, membro da CPT.No caso do milho MON 810, daMonsanto, a Anvisa pediu aoCNBS a suspensão imediata da li-beração por avaliar que os dadosapresentados pela empresa “não

permitem concluir sobre a segu-rança de uso para consumo hu-mano do milho MON 810”.

Para o Ibama, a liberação domilho Liberty Link da empresaBayer deve ser anulada “em razãodos inúmeros vícios de que pade-ce o processo”, entre eles, “a ine-xistência de estudos ambientais”.Assim como a soja transgênicaRoundup Ready, este milho tam-bém é resistente a um herbicida eda mesma forma criam problemasambientais e agronômicos. Provadisso, diz o Ibama, que seus dados“indicam que para cada quilo deprincípio ativo [de herbicida] re-duzido no RS, houve um aumen-to de 7,5 kg de glifosato no perío-do de 2000 a 2004, época de ex-pansão da área da soja RR” resis-tente ao glifosato. O Ibama tam-bém aponta que, caso a liberaçãocomercial do milho transgênicoocorra, a contaminação das varie-dades crioulas, orgânicas e ecoló-gicas ocorrerá inevitavelmente.

Mais informações:Mayra Silva (ASSESSORIA DE

IMPRENSA) - 61 9966 4842Maria Rita Reis (Terra de Di-

reitos) - 41 9916 4189Rosângela Cordeiro (Via Cam-

pesina) - 61 9105 3980Maria José (Via Campesina) -

61 8153 5794Andrea Salazar (IDEC) - 11 8298

3322Gabriel Fernandes (AS-PTA)

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COMUNICAÇÃO AMBIENTAL

TV GLOBO: Comoalienar o povo sobreecologia e economia

C

Por Rodrigo de LoyolaDias

omo o Paulo HenriqueAmorim gosta de en-fatizar em seu blogConversa Afiada: “Em

nenhuma democracia séria domundo, jornais conservadores, debaixa qualidade técnica e até sen-sacionalistas, e uma única rede detelevisão têm a importância quetêm no Brasil”. A Rede Globomantém o trono não só pela qua-lidade técnica de sua produçõesde entretenimento, como pela li-gação que mantém com os donosdo poder ao não informar o povodas discussões e polêmicas por trásdas notícias, ou ao informar, fazen-do-o quase sempre de maneirasuperficial e tendenciosa.

A TV Cultura, por exemplo,apresenta o programa Roda Viva,que abriga discussões entre inte-lectuais e jornalistas a respeito dequestões que faríamos bem emdebater ao menos de vez em quan-do, se não fôssemos uma socieda-de de analfabetos funcionais quenão lêem livros por falta de tem-po, já que não dá para perder ocapítulo de hoje da novela.

Infelizmente, o alcance da Cul-tura não chega perto da vasta mai-oria do eleitorado alcançado pelaGlobo e filiais. Ao contrário, a lí-der incontestável de audiênciamantém no ar, durante o chamadohorário nobre, um telejornal quedivulga as notícias com o mesmodescompromisso com que um fun-cionário do rei afixaria uma notí-cia de aumento de impostos dolado de fora do castelo e voltariaandando para o interior dos altosmuros, rodeados de guardas, im-pune e em silêncio. Ou, quem sabe,talvez até assobiasse, indiferente aosgritos de indignação.

“Crescimento robusto e

sustentável” A edição de 12 de dezembro

do Jornal Nacional trouxe ao ar,logo no primeiro bloco, uma se-guida da outra, duas notícias típi-cas da falta de reflexão daquilo aque a Globo se habituou chamarde informação – uma notícia su-postamente positiva, sobre o altocrescimento da economia, e outraclaramente negativa, sobre a pre-visão do derretimento da calotapolar para logo agora, em 2012.

Na primeira notícia, o cresci-mento da economia é, como sem-pre, recebido com otimismo, aomenos até certo ponto. As pessoasestão consumindo mais, as indús-trias estão se expandindo, produ-zindo e vendendo mais. Na lógicaglobal do capitalismo, poucas no-tícias poderiam ser melhores. Masao mesmo tempo, para que se man-tenha um crescimento sustentado(ou seria sustentável? A reportagemnão deixa claro), o país precisa seequipar com infra-estrutura (leia-se Angra 3 e novas hidrelétricas)para evitar um apagão como o de2001.

Talvez o mais interessante na re-portagem nem seja a forma comoa Globo é incapaz de estimularuma discussão sobre os limites quedeveríamos nos impor quando fa-lamos sobre crescimento. Que astaxas atuais de crescimento são in-sustentáveis a longo e médio pra-zo (e até a curto prazo, como mos-tra a segunda reportagem), disso jáestamos conscientes. .. não esta-mos? Mas a fala da repórter, expli-cando como um maior crescimen-to da economia permitiria um cres-cimento sem inflação para o país,“sem sobressaltos, de maneira sus-tentada, como dizem os economis-tas” , apenas nos confunde sobreo que a economista Zeina Latif tema dizer logo a seguir: “Para que agente não tenha surpresas lá adi-ante, de ter problemas do tipo de2001, que foi um apagão de ener-gia, é muito importante a agendado governo estar focada para evi-tar esses gargalos de infra-estrutu-ra, que é para que a gente real-mente tenha um crescimento ro-busto e sustentável.”

“Amazônia será destruída”Das duas, uma: ou a economista

em questão, como aliás a própriaGlobo, não entendeu ainda o con-ceito de sustentabilidade (que, apropósito, significa vivermos demaneira tal que os recursos reno-váveis do planeta, como a água, ossolos e as florestas, não se esgo-tem), ou estão fazendo de propó-sito para confundir o telespecta-dor a respeito de um termo que jádevia estar claro há muito tempo.

Na segunda notícia, cientistas daNasa afirmam que as previsões de

derretimento da calota polar, noPólo Norte, estavam equivocadas.A previsão anterior colocava o de-gelo total entre os anos 2040 e2100, longe demais dos olhos ecorações dos capitalistas de hoje.Agora, os cientistas chegaram àconclusão de que a calota inteiradeverá desaparecer ainda no verãode 2012, ou seja, em meros quatroanos e meio.

Contudo, talvez não haja razãopara pânico, já que o Brasil redu-ziu em 60% o desmatamento nosúltimos três anos, o que equivale ameio bilhão de toneladas de CO2,ou 14% de tudo que teria que serreduzido pelos países “desenvolvi-dos” até 2012. (Alguma vez a mídiabrasileira questionou o conceito dedesenvolvimento? Ou citou o No-bel da Paz Amartya Sen, para quemo desenvolvimento deve ser a am-pliação das liberdades, e não dasindústrias?) A boa notícia parecedar esperanças aos telespectadores,mas a emoção dura pouco.

Em seguida a repórter esclare-ce que o Brasil ainda derruba oequivalente ao estado de Sergipea cada dois anos, e que salvar a flo-resta e o planeta depende não sódo Brasil, mas também dos paísesricos. Não é mentira, mas tambémé verdade que a nossa imprensamajoritária adora depreciar o mé-rito de países que tentam uma re-alidade mais independente daque-la ditada pela elite financeira mun-dial. E se ficarmos esperando queeles dêem o exemplo, talvez sejamelhor mesmo abrir mão de qual-quer tentativa.

No final da reportagem, um en-trevistado, gaguejando, afirma quenão adianta salvarmos a floresta sepaíses como Estados Unidos, Ja-pão e Arábia Saudita não aderiremao protocolo de Kyoto. Segundoele, “se o aquecimento global con-tinuar, a Amazônia será destruída”.

Afirmação temeráriaO crescimento da nossa eco-

nomia deve, pelos parâmetros glo-bais, ser recebido com festas, mascom um alerta: para continuar, pre-cisamos não economizar nossos re-cursos (a WWF previu que pode-ríamos economizar até 40% deenergia, caso a utilizássemos racio-nalmente) , mas melhorar nossa

infra-estru-tura, cons-truir mais hi-drelétricas, con-sumir mais, de pre-ferência jogando fora etrocando toda a mobília eutensílios domésticos o mais rápi-do que pudermos, já que é assimque os norte-americanos fazem.Pensando bem, é isso mesmo quenossas indústrias também fazem, aoproduzir produtos cada vez maisdescartáveis. E, de fato, o desper-dício aquece mesmo a economia,e não apenas as calotas polares.

O Pólo Norte está derretendo,os países ricos não dão a mínima,de forma que o aquecimento glo-bal sozinho destruirá o que tiversobrado da floresta Amazônica.Como ouvi o jornal pelo rádio (te-nho a felicidade de não possuir umaparelho de TV), não pude saberquem foi o “especialista” que che-gou a tão fantástica conclusão e,ainda que ela não possa ser des-cartada de antemão, não creio quesaibamos o bastante para manter-mos uma afirmação tão temerária.

A verdade está lá fora e é dolo-rosa, seja pelo bem ou pelo mal.Ou continuaremos a trilhar o ca-minho do capitalismo consumistae irresponsável, de recordes suces-sivos na economia e da conversãodas riquezas naturais em númerosimediatos para apresentar nas boasnotícias dos telejornais, ou reduzi-remos imediatamente nossa neces-sidade desse tipo de notícia. Emoutras palavras, ou paramos de cres-cer além do estritamente necessá-rio, dado o aumento populacional(e começamos logo a desestimularaté este), ou pagaremos pelas conse-qüências cedo ou tarde. Segundoos cientistas da Nasa, cedo.

Passou da hora de economistase ecologistas começarem a se en-tender. E que a mídia, políticos eprofissionais façam seus mais per-sistentes esforços nesse sentido. Serátão difícil assim?

Fonte: http://observatorio.u l t imosegundo. ig .com.br/artigos.asp?cod=466FDS004

Nota do Editor: o texto inte-gral foi veiculado no www.portaldomeioambiente.org.br

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Energia

Energia do Pau ouda Pedra?

D

Da Redação

e forma inovadora, aABIDES, com apoio daEletronuclear S.A., Ins-tituto Marcionila Cri-

sóstomo e do Antigo Museu doÍndio, realizou o evento “Impac-tos Energéticos Sobre o Aque-cimento Global no Brasil”, ver-sando sobre os aspectos ambien-tais das diversas formas de geraçãode energia.

A inovação teve seu ponto altona escolha do cenário, no salãoprincipal do antigo Museu do Ín-dio onde a decoração principal foiuma Oca Indígena, simbolizandoa presença de diversas lideranças daspopulações tradicionais de origemindígena, afro-brasileiras (Quilom-bolas) e comunitárias, além de téc-nicos e empresários.

De acordo com o EngenheiroEverton Carvalho, Presidente daABIDES, o Brasil carece do apro-fundamento do debate sobre asnossas condições energéticas demodo que possamos ter nossa pró-pria referência das melhores op-ções face ao grave problema doaquecimento global. O Presiden-te da ABIDES afirmou que a ini-ciativa visa envolver a base da soci-edade nesta discussão de modoque as decisões tomadas no setorenergético possam estar sintoniza-das com as aspirações das comuni-dades afetadas pelos empreendi-mentos, de forma a minimizar osimpactos negativos e potencializaros aspectos positivos das diversasopções energéticas.

Falando para um público aten-to, Everton comparou simbolica-mente as gerações de energia “doPau ou da Pedra”, na qual, numextremo estão as energias geradasa partir dos recursos naturais nãorenováveis e no outro a extraçãode energia do urânio, a geraçãonucleoelétrica. Nesta comparaçãoficou claro para a platéia que, em-bora mal compreendida, a nucleo-eletricidade apresenta vantagenssignificativas em relação a outrasformas de geração quanto à emis-são de gases causadores do aque-cimento global, fenômeno que tan-to vem preocupando a comuni-dade internacional.

O Dr. Eduardo Schwartz daEletronuclear, respondendo a ques-tionamentos de lideranças indíge-

nas, apontou que a questão do re-jeito radioativo é um ponto cen-tral desta discussão e destacou queeste tipo de rejeito (comumentechamado de Lixo Atômico) vemsendo tratado de forma satisfató-ria e que mesmo passado mais de500 anos, a indústria nuclear veiopara ficar, o que garante que ospadrões de identificação controlee deposição adequada dos rejeitosestão garantidos. Eduardo apontouque, por ser uma forma de energiaque dispõe de abundantes reser-vas minerais como fonte de com-bustível, a energia nuclear, diferentedos combustíveis fósseis, não irásubsistir por apenas mais 30 ou 40anos, mas sim por mais de 500 anos,sem agravar o problema do aque-cimento global. Ele apontou queo planeta precisa resolver hoje ograve problema representado pe-las emissões dos gases causadoresdeste fenômeno, pois este podelevar a graves problemas ambien-tais e a verdadeiras catástrofes, con-forme o IPCC.

O evento contou também coma participação de debatedores queabordaram outras formas de gera-ção de energia, como a biomassa,eólica, solar, pequenas centrais hi-drelétricas e resíduos sólidos ur-banos.

O Dr. Felipe Gori da BBTenergia anunciou uma revolução

na geração hidrelétrica, apresen-tando as pequenas turbinas pro-duzidas pela empresa de baixíssi-mo impacto ambiental, pois neces-sitam de baixas quedas e não cau-sam o alagamento de grandes áre-as, pois utiliza a energia das cor-rentes, a hidrocinética, evitandocom isto as grandes barragens. Feli-pe apontou que a China já gera55.000 MW por pequenas centraishidrelétricas, ou seja, metade detudo que se gera de energia elétri-ca no Brasil por todas das fontes.Para ele o Brasil tem o potencial degeral mais 25.000 MW em PCHs, oque equivale a duas Itaipu’s.

Roberto Carvalho, da MundoLimpo S.A. apresentou tecnologiagenuinamente nacional capaz deeliminar os chamados “lixões”, pro-cesso inteligente e socialmenteamigável de tratamento do “lixourbano”, no qual se reduz 80% dovolume do lixo, sem emitir gasespara a atmosfera, gerando empre-go e renda e biomassa com múlti-plas aplicações.

Na avaliação das lideranças co-munitárias presentes, a harmoniaentre as diversas formas de gera-ção é a principal meta energéticaa ser buscada pelo Brasil, revelan-do extrema sensibilidade quanto aoproblema dos impactos ambientais.Os saberes tradicionais que estascomunidades aplicam no seu co-

tidiano também podem contribuirde forma construtiva com a pre-servação da natureza, principal-mente com a revitalização e pre-servação dos recursos hídricos, es-senciais para todas as formas degeração de energia.

O evento contou com a parti-cipação do Prêmio Global daONU para o Meio Ambiente, Jor-nalista Vilmar Berna que abordouos aspectos éticos da geração deenergia, destacando as desigualda-des sóciais existentes, denuncian-do os extremos do consumismoem alguns países que alimentam acadeia da degradação ambiental.Para Vilmar, a natureza irá sempresobreviver, pois ela própria encon-trará as soluções para os impactosque a humanidade vêm promoven-do, e o que está de fato sob riscoé a sobrevivência desta própriahumanidade.

Com este evento, a ABIDES dácontinuidade a sua missão de in-tegrar a sociedade brasileira na bus-ca do verdadeiro desenvolvimentosustentável.

Linha direta: Engº. Everton

Carvalho - Presidente da ABIDESe diretor de Tecnologias Ambien-tais da ASA ( www.abides.org.br /www.asaambiental.org.br ) 02194931005

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28 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

Projeto Agenda 21

Niterói sedia encontro internacional e cria aACTA 21, uma agência de cooperaçãointermunicipal que estabelecerá uma redepermanente de intercâmbio de serviçose comércio ambientalmente sustentável

No dia Mundial do Vo-luntariado, em 5 de de-zembro, em Niterói, noMuseu de Arte Con-

temporânea (MAC), teve início oprocesso de formalização da ACTA21-Agência de Cooperação Terri-tórios e Agenda 21. A agência estáaberta à participação de cidadãose organizações interessados em seunirem a este processo para a in-tegração de fato dos povos daAmérica Latina. O evento foi umainiciativa do SIMAAS (Sistema deIntegração Municipal América ÁreaSul) em parceria com diversas or-ganizações e reuniu prefeitos eparlamentares de diversas cidadeslatino-americanas, além de repre-sentantes de universidades, empre-sas, organizações governamentais enão-governamentais. O dia Mun-dial do Meio Ambiente, em 5 dejunho de 2008, foi escolhido comoa data para a instalação oficial dasede da nova agência na Universi-dade Federal Fluminense - UFF.

A criação da ACTA 21 é umaidéia amadurecida há quase 20 anospelo SIMAAS (Sistema de Integra-ção Municipal América Área Sul)para que as cidades passem a parti-cipar com mais intensidade e pos-sam aproveitar melhor os benefíci-os dos diversos indutores de de-senvolvimento que ocorrem jun-to ou próximo de seus territórios,buscando e promovendo o entro-samento entre as cidades e as dife-rentes realidades. Oinstrumento proposto, moderno eeficiente, porém pouco utilizado,é a Agenda 21. Entre as metas pri-oritár ias estará a implantaçãode uma Agenda 21 Local específi-ca para cada região, com base nospreceitos da Carta da Terra e dosObjetivos do Milênio (ONU) paraque se assegure o caráter de sus-tentabilidade do processo.

A proximidade do bicentená-rio da emancipação americana pro-põe um marco excepcional de “en-contro” entre nossos Povos Irmãose a oportunidade para se recuperaro verdadeiro espírito daquelesacontecimentos históricos quecomoveram o mundo ocidental háduzentos anos. Esta perspectiva nospermite repensar nosso Continen-te desde suas entranhas e orientar

Entre os participantes, destacaram-se, a partir da esquerda, o gaúchoJúlio Braga - Presidente de Honra da OSCIP PRIMA; Eduardo Vischi -Prefeito de Paso de Los Libres, Argentina; Alejandro Ratti - Diretor daUnidade de Gestão Contínua - UGC SIMAAS; Luis Levin - DiretorExecutivo da Rede Argentina de Cooperação para a EducaçãoTecnológica e Formação Profissional; Adriana Mofacto, membro doPRIMA; Silvina Campisi - Assessora do Instituto de TecnologiaIndustrial da Argentina; Geraldo Majela - Presidente da ONG GBV -Grupo Brasil Verde, Minas Gerais; Fernando Guida - Secretário deRelações Institucionais da Prefeitura de Niterói; Ricardo Harduim –Diretor da FESP – Fundação Escola de Serviço Público, ladeado pordois biólogos da ONG GBV, Anderson Rezende Pedrosa, diretorfinanceiro e Wanderlei Jorge Silveira Junior, secretário executivo.

a construção de um verdadeiroparadigma civilizatório, da mesmaforma como o fizeram, desde es-tas mesmas latitudes, os pais danossa história contemporânea.

Ricardo Harduim - CoordenadorGeral da Unidade de GestãoContínua - UGC SIMAAS ePrudenciana Rangel - Represen-tante do Prof. Cídio Werdes -Pró-Reitor de Extensão daUniversidade Federal Fluminense– UFF assinam a ata de fundaçãoda ACTA 21.

Paralelo 20 – Trópico deCapricórnio

As cidades que irão compor aACTA 21 localizam-se ao longo dotrópico de Capricórnio, o que pro-põe uma metáfora do Século XXIpara nossa região. A linha do para-lelo 20 faz um corte histórico-ge-ográfico no Brasil, Chile e Bolívia,passando por uma pontinha doParaguai. Partindo-se do Chile, jána Bolívia, está Potosi, de onde foiretirada a prata para financiar a re-volução industrial na Europa. Pelolado brasileiro, em distância equi-valente, está Ouro Preto, de ondesaiu muito ouro para o mesmo pro-pósito. Santa Cruz de la Sierra,Cochabamba e Oruro, na Bolívia,são outras grandes cidades do cor-redor. As cidades de Iquique e Ari-ca ficam ali pelo paralelo 20, ondetambém, no Brasil, está Vitória - pouco mais abaixo, Rio de Janei-ro e Santos - fortes áreas portuári-as, portais para o Atlântico, leia-seÁfrica e Europa. O Trópico atra-vessa literalmente o coração donosso Continente e indica as mai-ores reservas subterrâneas de águadoce do Mundo, a oriente o Aquí-fero Guarani e a oeste os lagos quese escondem sob o Deserto de

Atacama. Já sobre a terra, divide asregiões hidrográficas mais impor-tantes do hemisfério e assinala asjazidas de gás e petróleo do AltoBermejo e de lítio do Salar deUyuni.

No Brasil, a rota direta passa porBelo Horizonte e Campo Grande,cidades de importância política eeconômica relativamente equivalen-tes às bolivianas citadas. Interessesem comum entre elas e muitas ou-tras poderão ser complementadoscom operações intermunicipais, in-ternacionais ou não, de todos ostipos. Trata-se de um complexorodo-ferroviário-fluvial que incluios diversos corredores transversaisque se complementam e não deuma estrada em linha reta. O Tró-pico de Capricórnio enriqueceeste imaginário de integração físi-ca ao identificar em seus extremosos portos mais emblemáticos de cadacosta. No Atlântico, Sepetiba se si-tua no sudeste do Estado do Riode Janeiro, por onde circulam maisde 70% do PIB do Brasil. Pelo po-ente, o futuro mega-porto chilenode Mejillones promete ser um cen-tro vital de exportações regionaisaté importantes países banhadospelo Pacífico. Entre ambos se instala

um grande desafio que vai muitoalém de se construir um eixo arti-culador dos dois grandes blocoseconômicos regionais: integrar umsistema de cooperação entre aseconomias regionais do Mercosul,criando uma imensa cadeia de ser-viços e comércio intermunicipal.As cidades-porto do litoralchileno e peruano são as portasnaturais que se abrem no OceanoPacífico - o caminho mais curtoaté a Austrália, China e Índia, paracitar apenas três gigantes - para aBolívia e o Brasil, mas também parao Paraguai e a Argentina, pela po-sição física no mapa, e deverão as-sociar-se em um “complexo por-tuário” que facilite uma estratégiaexportadora adequada.

Linha direta e mais informações:[email protected]

* Fernando Guida - Presiden-te da Assembléia Constituinte daACTA21

* Alejandro Ratti - Diretor daUnidade de Gestão Contínua-UGC, do SIMAAS

* Jonas Rabinovitch - ONU-Conselheiro de Governança Eco-nômico-Social

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 29

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30 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - EDIÇÃO 014 - MARÇO - 2008

Áreas Úmidas I

Dia Mundial ressaltaimportância das Áreas Úmidas

ODia Mundial das ÁreasÚmidas 2008 (DMAU)comemorado no dia 2de fevereiro tem impor-

tância fundamental já que as ne-cessidades em matéria de saúde semultiplicam enquanto permanecemexistindo altos níveis de pobreza nospaíses em desenvolvimento, os maisafetados pelos impactos das mudan-ças climáticas globais. E são preci-samente as áreas úmidas que cum-prem funções insubstituíveis tantopara enfrentar doenças como paraencontrar soluções sanitárias queassegurem bens essenciais comoágua doce, pescado ou plantas me-dicinais”, disse Julieta Peteán, daFundação Proteger, com sede naArgentina, em comunicado da ins-tituição alusivo ao DMAU.

Para assinalar a data a Conven-ção Ramsar (acordo mundial paraconservação e preservação dessesecosssistemas) vem destacando, atra-vés de casos concretos, os benefí-cios diretos e positivos para a saúdehumana de manter áreas úmidaspreservadas - como provisão de ali-mentos, água limpa, produtos far-macêuticos, etc., e os efeitos nega-tivos diretos de um mau manejodestas áreas, o que se traduz na de-terioração da saúde e inclusive emperda de vidas, devido a enfermi-dades relacionadas com a água, in-cêndios, inundações ou contami-nação da água.

Um dos objetivos do DIAMUNDIAL DAS ÁREAS ÚMI-DAS 2008 é ressaltar a forte relaçãoque existe entre estes ecossistemasquando funcionam de forma ade-quada e a saúde humana, assimcomo alertar para a importância decontar com estratégias de manejoque apóiem tanto a saúde dos ecos-sistemas como a saúde das pessoas.

As estimativas indicam que acada ano mais de 3 milhões de pes-soas morrem devido a problemasde má conservação ou perda deáreas úmidas em todo o mundo.Poristo o lema deste ano é Áreas Úmi-das Preservadas (sãs) Pessoas Sadias.

A questão dos AlimentosUm requisito essencial para que

as pessoas tenham boa saúde é con-tar com alimentos adequados e dequalidade, e nesse sentido a con-tribuição das áreas úmidas é funda-mental, pois proporcionam pesca-do (incluindo mariscos), frutas eplantas comestíveis. Um bilhão depessoas dependem da pesca comosua principal ou única fonte deproteínas. Em termos de plantascultiváveis das áreas úmidas, o arrozé a mais importante globalmente,proporcionando 20% do suprimen-to mundial de alimentos energéti-cos. O cultivo de vegetais nas áreasúmidas é uma importante fonte dealimentos para uso local e para osmercados internacionais. De formaindireta, as plantas das áreas úmidasdesempenham um papel essencialcomo alimento para o gado do qualdepende a saúde de outras bilhõesde pessoas.

Uma boa gestão destes ecossis-temas garante alimentos que ajudama manter a saúde. Mas há muitasatividades humanas que afetam ne-gativamente a capacidade das áreasúmidas para seguir proporcionan-do bem-estar. A contaminação, aextração excessiva de água, o sane-amento deficiente, a super-explo-ração de seus recursos e a destrui-ção de áreas úmidas são fatores quereduzem ou destróem a capacida-de delas de oferecer alimentos parao consumo humano.

Água limpaAs áreas úmidas continentais

(rios, arroios, lagos, mangues, banha-dos, pântanos, etc) cumprem umafunção vital ao filtrar e purificar aágua doce, devolvendo-a em boascondições para ser potabilizada parao consumo humano. Este serviçojamais havia sido tão valioso para aspopulações humanas como hoje,quando mais de 1 bilhão de pesso-as carecem de acesso à água segura.Mas quando elas são deterioradasou aterradas perde-se essa fonte deágua limpa e segura bem como to-dos os demais serviços dos ecossis-temas que elas oferecem.

Contaminação da águaMesmo que as áreas úmidas de

água doce tenham capacidade parapurificar a água, esta é limitada. Sópodem tratar uma certa quantida-de de resíduos agrícolas e despejosdomésticos e industriais. E a espé-cie humana é capaz de acrescentarmuito mais: produtos químicos tó-xicos (como bifenilos policloradoscomo PCB, DDT ou dioxinas), re-

síduos de antibióticos procedentesdo gado, águas residuais humanasnão tratadas e praguicidas que atu-am como disruptores endócrinos.Em todo o mundo essa capacidadede purificação das áreas úmidas temsido ultrapassada de forma que es-sas fontes de água doce e os ali-mentos que proporcionam se tor-nam inapropriados para o consu-mo e se convertem em um perigopara a saúde humana.

Particularmente preocupante éo fato de que ainda existam 2,6 bi-lhões de pessoas que carecem deacesso a um saneamento adequa-do; e quando ele é deficiente seacrescenta a contaminação micro-biana da água proporcionada pelasáreas úmidas, resultando em doen-ças e às vezes, perdas de vidas.

O poder medicinal das áre-as úmidas

Muitas plantas de áreas úmidas eespécies de animais vêm sendo uti-lizadas há milhares de anos comoremédios tradicionais. Também for-necem princípios ativos largamen-te utilizados na farmacologia mo-derna. A superexploração, as técni-cas de coleta destrutivas e a perdae alteração de habitats ameaçam acapacidade das espécies de áreasúmidas de continuar cumprindoessas funções.

Mais informações: www.ramsar.org.

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2008 - MARÇO - EDIÇÃO 014 - REVISTA DO MEIO AMBIENTE - 31

Os danos econômi-cos e ambientais causa-dos pela alarmante per-da de manguezais em

muitos países são questões quedevem ser abordadas com urgên-cia, advirtiu hoje a FAO em umchamado em prol de uma melhorproteção e programas de gestãopara os manguezais.

O planeta já perdeu cerca de3,6 milhões de hectares de man-gues desde 1980, o que equivale auma perda alarmante de 20 porcento de sua área total pré-exis-tente, segundo um recente estu-do de avaliação de manguezais daFAO titulado como “Los mangla-res del mundo 1980-2005”.

Segundo o informe, a área totalde manguezais diminuiu de 18,8milhões de hectares em 1980 para15,2 milhões de hectares em 2005.Entretanto, ocorreu uma diminui-ção no ritmo de perda de man-gues: de uns 187.000 hectares des-truídos anualmente nos anos 80 à102.000 hectares anuais entre 2000e 2005, reflexo de uma maior con-cientização do valor destes ecos-sistemas.

“Os manguezais são importan-tes zonas de bosques húmidos e amaioría dos países proibiram seuuso para aquacultura e avaliam oimpacto ambiental antes de utili-zar estas áreas para outros fins”, afir-mou Wulf Killmann, Diretor daDivisão dos Produtos e EconomíaFlorestal da FAO, devido ao DíaMundial das áreas Húmidas (2 defevereiro de 2008).

“Eles vêem conduzindo umamelhor proteção e gestão de man-guezais em alguns países. Mas emconjunto, a perda destes bosquescosteiros continua sendo alarman-te. A taxa de desmatamento dosmanguezais é significativamentemais alta que a perda de qualqueroutro tipo de ecossistema. Se con-tinuar assim, sua destruição poderágerar graves perdas na subsistênciada biodiversidade, além da intru-são salina nas áreas costeiras e aacumulação de sedimentos nosrecifes de coral, portos e rotas denavegação. O turismo também so-frerá muitas consequências. Ospaíses devem comprometer-se auma conservação mais eficaz, a ges-tão sustentável dos manguezais e

Áreas Úmidas II

Desaparecimento de manguezaisatinge nível alarmante

O

outros ecossistemas húmidos”,acrescentou Killmann.

A destruição contínuaA Ásia sofreu a maior diminui-

ção dos manguezais desde 1980,com mais de 1.9 milhões de hec-tares destruídos, fundamentalmen-te devido à mudanção no uso daterra. A América do Norte, Amé-rica Central e África também con-tribuiram significativamente paraesta diminuição dos mangues, comperdas de aproximadamente690.000 e 510.000 hectares respec-tivamente nos últimos 25 anos.

A nível nacional, Indonesia,México, Pakistão, Nova Guiné ePanamá registraram as maiores per-das de manguezais durantes os anos80. Neste grupo de países desapa-receram cerca de um milhão dehectares destas áreas: uma exten-são comparável a da Jamaica. Nosanos 90, Pakistão e Panamá conse-guiram reduzir sua taxa de perda,porém, Vietnan, Malásia e Mada-gascar sofreram uma maior devas-tação e passaram a formar parte doscinco países com maiores perdasde manguezais da década de 90 eno período entre 2000-2005.

A FAO citou a alta pressão de-mográfica, a transformação emgrandes escalas das regiões de man-guezais para a criação de peixes e

camarões, a agricultura, a indústriacivil e o turismo, além da poluiçãoe dos desastres naturais, como asprincipais causas da destruição dosmanguezais.

Bem protegidos“Positivamente, uma serie de

países vem experimentado um au-mento das regiões de manguezalcom o passar do tempo, incluindoBangladesh”, disse Mette Wilkie,Oficial Superior Florestal. “Parte damaior área de mangues do mundo– acrescentou -, a reserva florestalde Sundarbans em Bangladesh, estábem protegida, e não vem sofren-do grandes alterações em sua ex-tensão nas últimas décadas, mes-mo que tenha se registrado algunsdanos nos mangues decorrido aociclone ocorrido em 2007. NoEquador, o abandono dos tanquese as estruturas destinadas a críaçãode camarões e a produção de salconduziu a reconstrução de váriasáreas de manguezais”, relatou.

Os manguezais são bosques pe-renes resistentes ao sal que se ex-tendem ao longo dos litorais, la-goas, rios e desembocadura de riosem cerca de 124 regiões e paísestropicais e subtropicais, protegen-do a área costeira da erosão, dosciclones e dos ventos. Os mangue-zais são ecossistemas importantes

que fornecem água, comida, for-rajeio, medicina e mel. Também sãohabitats para muitos animais comocrocodilos e serpentes, tigres, cer-vos, lontras, golfinhos, pássaros, alémde uma ampla variedade de pei-xes e mariscos que dependem des-tes bosques para a reprodução. Osmanguezais também ajudam a pro-teger os recifes de coral dos sedi-mentos das terras altas. Indonesia,Austrália, Brasil, Nigéria e Méxicorepresentam conjuntamente 50 porcento da área total de manuezaisde todo o planeta.

A avaliação sobre os mangue-zais do mundo realizada entre 1980- 2005 foi preparada em colabora-ção com especialistas de todo omundo e foi financiada pela Or-ganização Internacional das Madei-ras Tropicais (OIMT). A FAO e aOIMT estão trabalhando atual-mente com a Sociedade Interna-cional de Ecossistemas de Man-guezais e outras organizações asso-ciadas para produzir um Atlas Mun-dial dos Manguezais que se publi-cará neste mesmo ano.

Fonte: http://www.onu-brasil.org.br

Tradução: colaboração de Ka-ren Dutra, da KM Traducciones [email protected]

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Coleta seletivana praia

Por Ricardo Voltolini*

De olho na preservaçãoambiental, a concessio-nária Orla Rio imple-mentou um projeto de

coleta seletiva nos novos quios-ques localizados nas praias deCopacabana e do Leme que estáatraindo cada vez mais a participaçãodos quiosqueiros. Desde outubro doano passado, já foram recolhidos 3toneladas de lixo reciclável. Se, noinício do projeto, em 2005, eram re-colhidos cerca de dois quilos de lati-nha por mês, hoje, esse número al-cançou a marca de 700 quilos.

Os detritos são separados pe-los quiosqueiros em quatro reci-pientes, de acordo com o tipo:papel, plástico, metal e vidro. Osmateriais mais recolhidos são va-silhames pet, latinhas, papelão dasembalagens e vidro. Entre os me-ses de dezembro e fevereiro, acoleta foi realizada pela Associa-ção de Seleção e Comercializaçãode Materiais Recicláveis dos Ca-tadores da Rocinha, que recolheu2.200 quilos de resíduos nos qui-osques.

Agora, a responsável pela cole-ta é a empresa Copama, que per-corre os quiosques recolhendo olixo toda terça-feira. “Os quios-ques antigos ainda não têm oscontêineres apropriados para rea-lizar a coleta, mas alguns quios-queiros demonstraram interesse ejá estamos providenciando paraque eles possam fazer parte do

projeto e ter seus materiais reco-lhidos para reciclagem”, garante ovice-presidente da Orla Rio, JoãoMarcello Barreto.

João Marcello ressalta que osucesso da coleta seletiva está di-retamente associado à sensibiliza-ção e conscientização da popula-ção e, no caso dos quiosques, dosoperadores do empreendimento“Quanto maior a participação vo-luntária em programas de coleta se-

letiva, maior a quantidade de ma-terial arrecadado e mais ampla apreservação ambiental”, afirma.

Desde 1999, quando foi reali-zada a concorrência pública paraexploração comercial dos 309 qui-osques da orla durante 20 anos, aOrla Rio é a responsável pela ad-ministração dos quiosques locali-zados entre o Leme e a Prainha -com exceção da Eco Orla (Reser-va) e Macumba.

Mais informações:http://www.orlario.com.br/Contatos: orlar io@orlar io.

com.brEnviado por Carol Oliveira -

Assessora de Imprensa Monte Cas-telo Idéias

(21) 3239-4600 [email protected]

Foto:Clarice Castro

Educação Ambiental

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SIM, quero contribuir para o auto-sustento da democratização da informação ambiental no Brasil através de:( ) R$ 70,00 pela pela assinatura da Revista do Meio Ambiente impressa (12 edições) e do sitewww.portaldomeioambiente.org.br (12 meses).( ) outras formas de colaboração e/ou patrocínio que informarei por e-mail ou fax.Forma de pagamento: depósito bancário ou transferência eletrônica para a Associação Ecológica Piratingaúna -Banco Itaú - Agencia 6105 c/c 12.983-4. A comprovação do pagamento deve ser enviada pelo telfax (021) 2610-2272ou pelo e-mail [email protected] com os dados do cupom para inclusão na mala direta da Revista.MEUS DADOS PARA O RECEBIMENTO DA REVISTA IMPRESSA (enviar cupom pelo fax: (21) 2610-2272):

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