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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Centro de Ciências Humanas e Sociais – CCH Licenciatura em História - EAD Disciplina: História da América I Discente: Cláudia Moraes Teixeira Resenha – AD2 Formação Cultural do povo brasileiro A versão espanhola do texto de Klein – Comunidades esclavas y cultura afroamericana nos descreve africanos sendo escravizados na América. Esses novos moradores foram inseridos em comunidade independente dos costumes de suas tribos na África, e agora baseadas nas imposições europeias. Segundo o texto, a maioria dos escravos africanos analfabetos oriundos de várias regiões da África criaram uma só cultura e uma só comunidade nas novas terras, ou melhor, no Novo Mundo. A dominação europeia em conquistar terras fez com que certas tribos e até mesmo tribos inimigas vivessem juntos tendo como consequência alguns problemas como conflitos culturais, políticos e religiosos. Outros agravantes foram os novos idioma e cultura que surgiram. Devido à diversidade, alguns elementos africanos foram incorporados no Novo Mundo na tentativa de sobrevivência. Com isso, neste primeiro momento os escravos tentavam desempenhar seus trabalhos nas lavouras tendo em vista que qualquer outro lugar sua mão de obra era desnecessária. Isto os enfraqueceu diante das circunstâncias, logo a

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Universidade Federal do Estado do Rio de JaneiroCentro de Ciências Humanas e Sociais – CCHLicenciatura em História - EADDisciplina: História da América IDiscente: Cláudia Moraes Teixeira

Resenha – AD2

Formação Cultural do povo brasileiro

A versão espanhola do texto de Klein – Comunidades esclavas y cultura afroamericana

nos descreve africanos sendo escravizados na América. Esses novos moradores foram

inseridos em comunidade independente dos costumes de suas tribos na África, e agora

baseadas nas imposições europeias. Segundo o texto, a maioria dos escravos africanos

analfabetos oriundos de várias regiões da África criaram uma só cultura e uma só

comunidade nas novas terras, ou melhor, no Novo Mundo. A dominação europeia em

conquistar terras fez com que certas tribos e até mesmo tribos inimigas vivessem juntos

tendo como consequência alguns problemas como conflitos culturais, políticos e

religiosos. Outros agravantes foram os novos idioma e cultura que surgiram.

Devido à diversidade, alguns elementos africanos foram incorporados no Novo Mundo

na tentativa de sobrevivência. Com isso, neste primeiro momento os escravos tentavam

desempenhar seus trabalhos nas lavouras tendo em vista que qualquer outro lugar sua

mão de obra era desnecessária. Isto os enfraqueceu diante das circunstâncias, logo a

organização existente em suas tribos foi menosprezada, dispensadas.

Dentre a visão do autor sobre os africanos há destaque para os costumes europeus que

influenciaram toda conjuntura na América como o cristianismo, religião predominante

dos dominadores e associada e/ou assemelhada às crenças africanas pelos africanos.

Esses hábitos criados deram condições aos africanos e seus descendentes no Novo

Mundo, assim como algumas de suas características culturais tornou-se comum.

Acostumamos a ver ou nos parece que os africanos não tinham cultura, não eram

organizados, porém as linhas seguintes do texto mostram ao contrário. Os escravos

africanos eram organizados socialmente, cada tribo se organizava de maneira distinta

onde para os homens brancos isso não era tão evidente. Por isso, que nestas terras os

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africanos em sua maioria trabalhavam no campo e a minoria se ocupava dos trabalhos

manuais. Algumas habilidades praticadas pelos africanos escravizados os possibilitaram

desenvolvê-la, a fim de conquistar a liberdade ou assumir postos de mais confiança, este

aspecto também diferenciava no preço dos escravos.

Este capítulo tem a pretensão de descrever a cultura e a comunidade escrava na

América, detalhando a subserviência dos africanos aos europeus, e das principais

modificações para a dominação do homem branco. Outro ponto observado por autores

como Klein foi à diferenciação entre os escravos canavieiros e os escravos cafeeiros.

Em regiões como Saint- Domingues e Brasil nos séculos XVIII e XIX respectivamente,

terras cafeeiras e seus escravos tinham mais valor, assim como os que sabiam ler e

escrever. A exemplificação do autor é mostrar determinados postos de trabalhos de

confiança ocupados por escravos, e outro exemplo estar na novela Liberdade,

Liberdade1 o escravo (Omar) espião da Coroa infiltrado no Brasil para localizar

conspiradores.

A configuração da população deste período (séc. XIX) passa a ser em sua maioria de

escravos africanos, de negros que mesmo com todos os problemas, sua cultura e seus

costumes tornam-se conhecido e se funde com as culturas europeia e indígena. Isto

também se tornou uma questão fundamental para os senhores na hora de escolher os

escravos para mão de obra e na organização familiar dos escravos. Como os senhores

tinham os escravos apenas como valor comercial, homens e mulheres eram

constantemente separados para que a cultura europeia se fortalecesse e a estabilidade

social no Novo Mundo se fortalecesse.

A todo o momento o autor mostra no texto a relação dominante do colonizador, dos

europeus em controlar o Novo Mundo em toda a sua conjuntura. Isto se comprova

também na distribuição dos escravos, em que o número de mulheres e homens era

equilibrado, assim como reprodução familiar. Os criollos, por exemplo, mantinham a

continuação da família pelo equilíbrio entre homens e mulheres, já os livres estabelecia

sua família de maneira não ordenada, ilegítima. Neste segmento tinha os europeus que

1 Novela das 23h na Rede Globo – 2016. http://gshow.globo.com/Bastidores/noticia/2016/04/elenco-de-liberdade-liberdade-veja-atores-da-nova-novela-das-11.html

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instituía famílias da mesma forma, ilegítimas. Assim seguiu a organização familiar na

América, sem restrições e modelo religioso.

Contudo, neste período alguns escravos se converteram aos dogmas cristãos (registros,

sacramentos, etc.), mas isso não garantia a união desses escravos, a qualquer instante

eles podiam ser vendidos e separados. E em decorrência proibiam uniões entre

familiares como primos, por exemplo, inexistente entre os brancos. Sobre o grau de

intimidade/ parentesco como o autor revela, o apadrinhamento desempenhou a função

de reforçar os laços de amizade e da comunidade, já que não havia muitos vínculos de

parentesco. Esta aproximação fortalecia o sentimento de comunidade e a organização de

moradias semelhantes aos modelos africanos. A visão do autor para este tempo (XVIII -

XIX) foi além da escravidão e abolição, se estendeu aos feitos dos africanos, sua

cultura, seus costumes, seus conhecimentos sobre agricultura, construções etc.

Outra parte destacada por Klein era a distribuição de lotes para os escravos que

cultivavam nas terras e comercializavam alguns destes produtos (dependendo da região

e do tipo do produto plantado). Essa prática se dava antes da abolição no Caribe e no

Brasil, e após a abolição a reivindicação por terra foi maior, já que famílias se

constituíam. Mas, esta organização gerou conflitos entre eles (negros), devido à

adversidade da sexualidade, da personalidade, das práticas religiosas, e este último mais

ainda por que a religião africana não fazia sentido em determinadas regiões onde os

escravos possuíam terras, ao contrário dos escravos que não tinham terras. As atividades

religiosas oriundas da África tornaram- se habitual, pois a disputa por poder, dominação

entre os próprios africanos ficou evidente e em alguns casos resultou no sincretismo

religioso.

Comentário

O autor neste trecho compara e detalha a vida social no Novo Mundo entre os europeus,

africanos e indígenas reconstruindo as condições de vida e as influências destes povos.

O olhar voltado para o Caribe e a América Latina, a produção de açúcar e café, a

organização e melhorias na produção e o trabalho escravo fez Klein enfatizar suas

observações também no processo tecnológico, na crescente população escrava, nas

regiões, nos sistemas de trabalho. A análise comparativa da economia, da comunidade

escravista na América permitiu definir outros modelos de sociedade, isso nos mostra

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uma requalificação dos fatos, às vezes despercebido nos estudos. A abordagem de Klein

sobre a escravidão latinoamericano trouxe além da diversidade, novas interpretações

dos mesmos fatos históricos de como os dominadores europeus articulou/ explorou e

regulamentou a sociedade local. Pactuo das análises feitas por este autor em descrever a

sociedade latina sob outro ponto de vista em que o cotidiano dos escravos, as

adaptações no campo e demais contribuições foram relatadas.

Bibliografia 

KLEIN, Herbert. “Comunidades esclavas y cultura afroamericana”. In: ________. La

esclavitud africana en America Latina y el Caribe. Madrid: Alianza Editorial, 1986.