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SETEMBRO ’ 12 Pastoreio de regresso à serra Prémio GAZETA do Tâmega e Sousa ao Nordeste repór ter do marão Nº 1267 | setembro ' 12 | Ano 29 | Mensal | Assinatura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. OFERECEMOS LEITURA. Medicina veterinária ensaia sincronização do cio para modificar a reprodução de cabritos Rebanho com 600 cabras no Marão enche a vida de três irmãos da aldeia de Murgido António Mota candidato a prémio ibero-americano Trabalhamos cada vez mais por menos dinheiro , avisa Manuel Jorge Marmelo Requalificação do centro urbano promete melhorar mobilidade em Marco de Canaveses

Reporter do Marao

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa, Trás-os-Montes

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Medicina veterinária ensaia sincronização do ciopara modificar a reprodução de cabritos

Rebanho com 600 cabras no Marãoenche a vida de três irmãos da aldeia de Murgido

António Mota candidato a prémio ibero-americano

Trabalhamos cada vez mais por menos dinheiro , avisa Manuel Jorge Marmelo

Requalificação do centro urbano promete melhorar mobilidade em Marco de Canaveses

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O cabrito assado no forno é uma das iguarias que, por alturas da Páscoa, não pode faltar à mesa dos transmontanos e durienses. E se, por obra da ciência, fosse possível introduzir este prato na ementa do Natal? É bem provável que tal venha a acontecer graças a uma técnica que está a ser ensaiada numa exploração de caprinos, encravada na serra do Marão.

“A ideia principal é ter uma mais--valia económica e rentabilizar a ex-ploração, uma vez que os pequenos ruminantes, como as cabras e as ove-lhas, não estão em cio o ano todo”, re-sume o veterinário Domingos Amaro, 30 anos, responsável por implementar o método da sincronização dos cios.

Com esta técnica, os criadores de gado vão poder ter cabritos ou cordei-ros nas épocas em que são mais valo-rizados a nível do mercado. “Para isso é preciso induzir os cios nas cabras na altura em que nos interessa, de forma a que os cabritos estejam prontos a ir para o mercado quando queremos”, reforça o médico veterinário.

Com um ciclo reprodutivo concen-trado nos dias de curta duração, as ca-bras são induzidas em cio, através da introdução de hormonas. “Estamos a utilizar produtos que o organismo já produz naturalmente, mas em alturas

que não está a produzir por causa da duração da luz do dia. É tudo uma si-mulação.” Podem ser colocadas, du-rante alguns dias, esponjas vaginais impregnadas de progestagénio. “Pos-teriormente, é administrado outro produto para ovularem. As cabras en-tram em cio nas 48h seguintes e todas ao mesmo tempo. Isso permite-nos in-troduzir os machos para garantir que são cobertas.”

Controlo reprodutivoDomingos Amaro refere ainda que

esta técnica facilita “a nível de maneio”, pois as cabras vão passar menos tem-po com os machos e os partos vão es-tar mais concentrados no tempo. Em alternativa, são colocados implantes de melatonina a nível cutâneo (junto à orelha do animal) e, depois, o processo desenrola-se nos mesmos parâmetros.

As cabras, tal como as ovelhas, são animais que só entram em cio em dias curtos. “Portanto, à medida que os dias vão decrescendo, vão começando a entrar em cio, cuja duração é de cerca de 48 horas”, revela Domingos Amaro.

Como o efetivo o permite, as ca-bras são divididas em lotes ao longo do ano, em função do número de ca-britos que os criadores pretendem para uma determinada época. “Para a Páscoa, em que há maior procura de cabrito, vamos ter de sincronizar um número maior de cabras.”

Para se proceder à sincronização, são selecionadas as fêmeas que apre-sentam melhor condição corporal e que já tenham parido há mais de 100 dias. “Se queremos 120 cabras, vamos fazer três lotes de 40. São sincroniza-das em três semanas, porque os ma-chos têm de ter capacidade para co-brir as cabras todas e não podem ficar esgotados”, explica o veterinário. Na sincronização dos cios recorre-se ao sistema de monta natural, pelo que esta gestão do tempo se torna crucial.

Se as cabras não são cobertas, vol-tam a entrar em cio decorridos 14 a 19 dias. Se ficarem gestantes, ocorre o parto cinco meses depois. “O objetivo é obtermos um parto e meio em cada dois anos, ou seja, três partos em cada dois anos. É a média ideal para rentabi-

lizar”, avança.Como se trata de uma raça autóc-

tone, a cabra bravia necessita apenas de um reforço alimentar (grão ou mi-lho) durante a gestação e no pós-par-to, o que lhe vai permitir “ter reservas para aguentar o parto e poder alimen-tar a cria”. “De resto, é uma raça rústica que não requer grandes cuidados a ní-vel alimentar, porque vive daquilo que há na serra e está adaptada às condi-ções que aqui existem.”

Procedimento que exige rigor

Domingos Amaro alerta para a ne-cessidade de rigor e fiabilidade no re-gisto e no acompanhamento de todo o processo de sincronização de cios. “É preciso que quem está responsá-vel pela exploração tenha consciên-cia que só havendo um bom registo e cumprindo as regras, é que isto vai re-sultar. Se não, é desperdício de dinhei-ro, recursos e tempo.”

No registo podem encontrar-se in-formações tão diversas como o núme-ro de identificação do animal, a data em que foi introduzida e retirada a es-ponja ou ainda os dados do diagnósti-co de gestação. “Passados 45 dias é fei-ta uma ecografia para saber se a cabra ficou gestante. Se não ficou, já nos dá

Técnica vai permitir que uma cabra tenha três partos em cada dois anos

Sincronização dos cios ajuda criação de cabritos

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | J.S.

Fernando e Joaquim Esteves preparam o dia na serra

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a indicação se temos de ajustar a dose de algum produto ou intervir a outro nível. As que não ficarem gestantes são separadas para entrarem no lote seguinte”, afirma. Às cabras paridas são colocadas coleiras pretas, enquanto as coleiras de diferentes cores revelam o tempo de gestação.

As primeiras sincronizações datam de março, mas os resultados acontece-rão em meados de 2013. “Este ano, já vai haver alguns cabritos para o Natal, mas ainda não é um número significa-tivo”, revela o veterinário. Feito o ba-lanço da experiência, “se os resultados não corresponderem à expectativa, te-mos de investigar para saber o que se passou”.

A sincronização dos cios requer “al-gum investimento na aquisição dos produtos, que não são baratos, e o ser-viço do veterinário para acompanha-mento”, podendo a despesa oscilar en-tre os 5 e os 10 euros por cada cabra.

Segundo Domingos Amaro, a sincronização dos cios ainda não é comummente aplicada em Trás--os-Montes “talvez pelo tipo de pro-dução não ser em grande escala” e pela pouca abertura de espírito para apostar neste método. “O investi-mento ainda é grande e não é com 50 cabras que vamos rentabilizar esta técnica”, salienta.

Técnica vai permitir que uma cabra tenha três partos em cada dois anos

Sincronização dos cios ajuda criação de cabritos

Domingos Amaro

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Em 2010, os três irmãos candidataram o pro-jeto ao Proder – Programa de Desenvolvimen-to Rural, num total de 300 mil euros de investi-mento (105 mil do montante foi cofinanciado). Hoje, são donos de 600 cabeças de gado e 20 vacas, dando trabalho a mais duas pessoas.

Além da dimensão, a sua exploração tornou--se pioneira na região por ensaiar a sincroniza-ção dos cios. Fernando fez algumas pesquisas na Internet e decidiu investir para ter cabritos ao longo do ano (oito meses) e dar resposta ao mercado da restauração. “Perante o escoamen-to que tenho e a falta de produto, veio esta ideia de fazer a sincronização para que possamos ter cabritos quando nós queremos.”

Se a experiência correr pelo melhor, Fernan-do não tem dúvidas de que é “muito positiva e lucrativa”, porque obtém “mais animais e 70 a 80% das cabras trazem dois cabritos”. “A parte negativa é o investimento que isto representa, mas eu faço as contas no fim. Se as coisas corre-rem bem, o investimento será recuperado” .

A meta é chegar a uma média de 600 a 700 cabritos por ano, contando com “10% que mor-rem e ainda 20% dos cabritos que nascem ficam para aumentar o efetivo”. Para já, foram sincroni-zadas à volta de 250 cabras. “Sem subsídios não consigo sobreviver só disto. Com a sincroniza-ção em 600 cabeças e a atingir o pleno, será pos-sível”, afirma Fernando, esperançado.

“Não é pastor quem quer, mas quem sabe”

Esteja um frio de rachar ou um sol escaldan-te, António Esteves, 51 anos, percorre as encos-tas da serra do Marão, dia após dia, atrás de um rebanho de cerca de 600 cabeças. “Gosto mui-to disto. É um trabalho agradável e muito airo-so”, frisa.

Natural de Murgido, António é um dos três pastores da serra do Marão, sendo que os cole-gas têm rebanhos na ordem das 150 a 200 ca-beças. “Não é pastor quem quer, mas quem sabe. Quando há pouco pasto, é preciso saber pastorear. Não é qualquer um.”

Apelo do monte mais forte que a vida em França

Antes de se tornar pastor, António abraçou outras profissões, inclusivamente além-frontei-ras. “Em 1978, trabalhei na plantação de floresta na serra do Marão. Depois fui trabalhar na cons-trução civil para Coimbra, Lisboa, Algarve e, mais tarde, França.” Em 1998, regressou ao País

Pastoreio regressa à serra do MarãoFoi a paixão pelos caprinos, coadjuvada pelos tempos conturbados que se vivem, que levou António, Joaquim e Fernando Esteves a avançar com um projeto de exploração agropecuária na aldeia serrana de Murgido (concelho de Amarante). “Tenho colegas de 20 a 30 anos que estão a pensar meter projetos para se dedicar à criação de gado, mas pelo facto de atravessarmos esta crise e não verem alternativa”, sublinha Fernando, 36 anos.

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | J.S.

Fernando Esteves conta ao RM como gere o dia-a-dia do maior rebanho de cabras da serra do Marão

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com a família e dedicou-se à pintura. “Há dois anos decidi vir para pastor. Os meus pais já ti-nham gado e é por isso que gosto disto. Já fiz vários trabalhos, mas o que mais gosto é este.”

No entanto, pastorear as cabras é “um boca-dinho cansativo também”, porque calcorreia 12 a 18 quilómetros por dia. “Oriento-as bem, elas obedecem e, depois, os cães também ajudam, embora não virem o rebanho”, assegura.

Quando as cabras se perdem...

Além de protegerem o rebanho de preda-dores, os quatro cães são companheiros incon-dicionais das cabras que se perdem pela serra. “Não contamos o rebanho todos os dias e, às ve-zes, falta uma ou duas. Quando fica um grupo grande, não há problema porque elas juntam--se e, no dia seguinte, aparecem.” António conta ainda que “houve uma altura em que desapare-ceram uma dúzia de cabras”, mas que aparece-ram uma semana depois. “Às vezes não regres-sam porque podem cair nas minas do Teixo ou ficarem presas no meio do mato.”

De cajado na mão, o pastor garante que nun-ca viu nenhum lobo no Marão, pelo que a lista

dos predadores fica limitada: “só se for alguma raposa que ataque um cabritinho e as águias também aparecem de vez em quando”.

Por volta das 07:00, António ruma à ser-ra, juntamente com outro colega que o ajuda a pastorear as 570 cabeças (os bodes ficam no estábulo). Durante o verão, até sai mais cedo. “Hoje, pastores há poucos e deviam dar valor a isto. O mais novo que encontrei (e não foi no Marão) tinha entre 30 a 40 anos.”

António sabe de cor o ciclo comportamen-tal das cabras bravias, que “comem oito horas, remoem outras oito e dormem mais oito”. “Elas procuram o pasto para o alimento e, ao final do dia, quando já estão satisfeitas, deitam-se na serra ou no estábulo e ruminam.” Além de serem muito seletivas naquilo que comem, as cabras bravias ingerem diariamente entre três a quatro litros de água. “Temos acolá uma ribeira [rio Tei-xeira] e elas vão nessa direção, porque na serra há pouca água.”

Nevoeiro é o maior inimigo

De inverno, o maior inimigo do pastor é mes-mo o nevoeiro cerrado. “Há dias e dias seguidos.

Às vezes, uma semana ou duas. Aí, é mais compli-cado orientar as cabras, porque a gente não con-segue vê-las a uma distância superior a 20 metros, se tanto.” É por isso que se torna fundamental co-locar chocalhos ao pescoço de algumas cabras: “tenho uma média de 90 cabeças com chocalho para orientar o pastor e o rebanho”.

Chocalho não é adorno...O som emitido pelo chocalho ganha ainda

uma outra relevância após o parto, pois influen-cia o reconhecimento da mãe por parte do ca-brito. “Quando a cabra chega ao estábulo e o fi-lho ouve o chocalho, berra logo. As que não têm chocalho já têm mais dificuldade, vão mais pelo cheiro”, explica. Quando é necessário, António auxilia as cabras no momento do parto. “São uma a duas horas em trabalho de parto, mas o cabritinho nasce em 10 minutos.”

De chapéu na cabeça e mochila às costas, com o farnel, António comunica com os irmãos ou o colega através do walkie talkie, permitindo perceber se há cabras que se dispersam ou dar conta da sua localização. Se desce o Marão para ir até à cidade mais próxima, António confessa--se “sempre ansioso por voltar para a serra”.

Pastoreio regressa à serra do Marão

António Esteves

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É no Grande Circo Ro-mani, onde um dia mor-

re o burro cantor Pava-rotti, que se passa a mais

recente obra do jornalis-ta e escritor Manuel Jorge

Marmelo: “Somos todos um bocado ciganos”. Aos 41 anos,

o autor do Porto conta com mais de duas dezenas de obras publica-

das, tendo já sito editado em Fran-ça, Itália, Brasil e Espanha. Mas se por

um lado defende que a “literatura vive muito bem em Portugal”, bastando olhar

para a quantidade de “escritores de quali-dade” que surgiram nos últimos anos, o mes-

mo já não pode ser dito do jornalismo que, diz, “vive um bocadinho pior”.

Liliana Leandro | [email protected] | Fotos D.R.

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Em 1989 era constituída a empresa que daria origem ao jornal diário Público. Também em 1989 Jorge Marmelo era um “rapaz com sonhos e que gostava de escrever” que terminava o 12.º ano e esperava para fazer as provas específicas para entrar na universidade. “Respondi nessa al-tura a um anúncio de jornal e, algo inacreditavelmente, consegui ser se-lecionado para fazer parte da equipa que pôs o jornal Público na rua”, recorda em entrevista ao Repórter do Marão. O seu primeiro livro, “O homem que julgou morrer de amor” sairia para as bancas apenas em 1996, depois de ter frequentado dois anos do curso de Filosofia. Segui-ram-se romances, crónicas, contos infantis, teatro em simultâneo com as entrevistas, notícias e reportagens que ia escrevendo para o jornal.

A vontade de escrever, essa talvez “nasça com a leitura, com os mer-gulhos nos universos paralelos que os grandes escritores conseguem criar e, de algum modo, com a tentativa de imitar, de querer fazer par-te da grande máquina de realidades possíveis que a escrita (também) é”, conta. O ânimo para a literatura nem sempre lá está, especialmente de-pois de um “dia inteiro a trabalhar como jornalista”, mas Jorge Marme-lo assegura que “é possível fazer uma coisa e a outra, desde que se con-siga estabelecer uma fronteira qualquer”.

O Manuel escritor

“Por exemplo, assino os meus livros com o meu primeiro nome, Manuel, o que não acontece nas notícias, reportagens ou crónicas. É uma espécie de barreira psicológica, apenas, mas foi a forma que encontrei de separar, na medida do possível, as duas atividades que mantenho”. Do outro lado da pena, o lado do Jorge sem o Manuel, o jornalismo vive tempos difíceis com um desinvestimento evidente, tra-balhando-se “cada vez mais por menos dinheiro, em piores condições e tendo expectativas menos ambiciosas, na medida em que o potencial leitor também não faz muita questão de ser informado, ou não age em conformidade com a informação que tem ao seu dispor”.

Contudo, o Manuel escritor não desiste e procura, nos seus livros, alertar para temas como o preconceito, seja racial, cultural, político ou económico, como é o caso do recente “Somos todos um bocado ciga-nos” que conta a história de um “rapazinho pré-adolescente, artista de um pequeno circo, que se vai descobrindo enquanto parte de um mun-do preconceituoso e malvado”, conta. O autor procurou que esse ra-paz tivesse as mesmas referências "culturais" que ele próprio tinha com aquela idade, “um pouco para reforçar a ideia de que somos todos, os nascidos na década de 1970, pessoas parecidas com alguém que, por ser um bocado cigano, filho de uma cigana, é objeto de um conjunto de

preconceitos particularmente estúpidos num país que é o resultado de um enorme cruzamento de etnias e de heranças culturais”.

E se todos somos um bocado ciganos, também Jorge Marmelo é um bocado transmontano e alentejano e até um bocado judeu, árabe, ro-mano, ou visigodo que encontra o seu escape em casa, nos seus livros, nos dois filhos e naquela “parte do cérebro que não está à venda e que se mantém como um reduto de liberdade absoluta”. Já ganhou o gran-de prémio do conto Camilo Castelo Branco da Associação Portugue-sa de Escritores e é o mais novo Biografado no Dicionário de Persona-lidades Portuenses do século XX. Muitas páginas de jornal escritas, e vinte e três livros depois, “logo se verá se há ou não” mais obras “con-forme as histórias forem reclamando ser contadas”.

“ Trabalha-se cada vez mais por menos dinheiro ”

EntREvistA | Escritor/Jornalista Manuel Jorge Marmelo

Nome: Manuel Jorge de Jesus da Cunha MarmeloData de nascimento: 1971Local de Nascimento: PortoHabilitações: 2º ano Filosofia (inc.)

Livro: “Cem anos de solidão”, de Gabriel García MárquezFilme: “One from the heart”, de Francis Ford CoppolaMúsica: “Desafinado”, de Tom Jobim

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O escritor António Mota, autor de mais de 70 obras literárias, é candidato ao Prémio Ibero--Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil, no valor de 24.000 euros, informou a Direcção--geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB).

Este prémio literário, criado em 2005 pela Fundación SM, destina-se a promover «o traba-lho de escritores vivos com obra de reconheci-da relevância literária dedicada a jovens e crian-ças», refere a organização.

A DGLAB candidatou ao prémio o nome de António Mota, escritor com mais de trinta anos de carreira literária e longa experiência no ensi-no e promoção da leitura junto dos mais novos.

Em edições anteriores, a DGLAB tinha pro-posto ao prémio os autores António Torrado, Alice Vieira e Luísa Ducla Soares.

Os finalistas serão conhecidos em outubro e o prémio será entregue durante a Feira do Livro

de Guadalajara, no México.António Mota nasceu em 1957 em Vilarelho,

Ovil, Baião. Começou a dar aulas aos 18 anos e teve a estreia literária aos 22 anos, com "A al-deia das flores" (1979).

O escritor «transpõe para os seus livros me-mórias da infância, passada numa pequena al-deia da região do Douro, e constrói, com par-ticular sensibilidade e humor, histórias com problemas atuais que cativa crianças, jovens e adultos», aos quais se juntam recriações de con-tos populares e tradicionais, refere a DGLAB.

Em 1983 recebeu o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores com o livro "O rapaz de Louredo" e em 1990 o Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças com "Pedro Alecrim" (atualmente na 14ª edição).

A Fundação Calouste Gulbenkian voltou a distingui-lo com o mesmo prémio em 2004, na

modalidade 'Livro Ilustrado', com "Se eu fosse muito magrinho", com ilustração de André Le-tria.

Tem mais de 50 livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura.

"A casa das bengalas", "Grilo verde", "Pardi-nhas", "Andarilhos em Baião", "Ninguém per-guntou por mim", "Os heróis do 6º F", "O prínci-pe com cabeça de cavalo" e "Pedro Malasartes" são algumas das obras editadas por António Mota.

O escritor também está ligado aos quase 30 anos desta publicação. Colaborou no arranque do projeto, que nasceu precisamente na sua ter-ra natal e ao longo de três décadas foi autor de diversos trabalhos, nomeadamente as muito apreciadas crónicas. Desde 2009, assina men-salmente no Repórter do Marão a coluna "Sem eira nem beira" [ver pg. 23].

António Mota é candidatoa prémio ibero-americano

CULtURA | Escritor de Baião já publicou mais de 70 livros infantis e juvenis

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MARCO DE CANAVESES: DOLMEN - Alameda Dr. Miranda da Rocha, 266 | T. 255 521 004

Novos projetos turísticos de excelênciaarrancam no território Douro VerdeNo segundo concurso do Subprograma 3 do PRODER no Território Douro Verde a Dolmen aprovou 60 projetos, que atingem o montante global de cerca de 5 milhões de euros. Os novos investimentos devem gerar mais de uma centena de postos de trabalho.Nesta edição, damos conta da situação de alguns deles – Casa do Outeiro, Quinta da Ventozela, Douro Suites e Casa da Lavandeira, localizados res-petivamente em Resende, Cinfães e Baião (2). O alojamento turístico em espaço rural é comum a todos eles, mas sobressai também a valorização do património, nomeadamente no caso de Resende, em que está a ser recuperado um imóvel do fim do século XVII e início do XVIII.Estes novos investimentos enquadram-se “na dinamização das economias locais e na promoção das potencialidades do território”. Todos estes pro-jetos representam ações de valorização do território “Douro Verde”, tornando-o mais atrativo, além da importância que representa no atual qua-dro económico a criação de mais uma centena de postos de trabalho.

Casa Do outeiro, em anreade (resende)A Quinta do Outeiro, em Anreade, Resende, é o projeto em construção de maior envergadura no seg-

mento de turismo rural. Trata-se da recuperação e requalificação de uma quinta com 6 hectares, que tam-bém produz vinho e diversos tipos de fruta. Tem uma casa de arquitetura senhorial, jardins de grande be-leza e muito bem conservados e ainda uma capela, cuja origem remontará ao final do século XVII. O imóvel está classificado como Interesse Municipal do Concelho de Resende.

Uma empresa de um cidadão inglês radicado no nosso país adquiriu a quinta em junho de 2006 e avançou com o projeto de recuperação. O investimento de Resende é da responsabilidade da Jonathan Tooley Associados, Lda. e ultrapassará 1,2 milhões de euros, se contabilizar-se a aquisição da quinta. O va-lor elegível apresentado ao PRODER é de aproximadamente 300 mil euros, beneficiando de uma compar-ticipação comunitária de 125 mil euros.

No projeto aprovado serão criadas 6 novas unidades de alojamento, localizando-se 4 na casa senho-

rial e 2 na casa rural anexa. A propriedade dispõe ainda de mais três casas, algumas delas já recuperadas, que poderão ser agregadas futuramente ao alojamento a oferecer aos visitantes, no total de 13 suites. A conclusão do empreendimento deverá ocorrer em setembro de 2013.

"Com a necessidade de salvaguardar, conservar e recuperar um vasto património arquitetónico e pai-sagístico, pretende esta operação a reabilitação do património construído em comunhão com a sua histó-ria, onde funcionará um empreendimento turístico na modalidade de agro-turismo. Oferece-se um pro-duto completo, com participação nas actividades agrícolas rurais, onde a tradição e a animação cultural de cariz vernacular e rural aliam-se com modernidade e contemporaneidade", justifica o promotor.

Localizada a cerca de dois quilómetros da estância termal de Caldas de Aregos, o promotor da Quinta do Outeiro propõe-se também "organizar eventos temáticos anuais, no domínio da viticultura, da gastro-nomia, da enologia e do turismo de natureza".

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BAIÃO: DOLMEN - Centro de Promoção Produtos Locais | Rua de Camões, 296 | T. 255 542 154

Produção editorial da responsabilidade da DOLMEN

Douro suites, em ribadouro (Baião)Douro Suites é um novo projeto de investimento turístico a realizar na albufeira da Pala (margem direita

do rio Douro), em Ribadouro, Baião. Foi aprovado no segundo concurso do Subprograma 3 do PRODER e terá um apoio comunitário de cerca de 123 mil euros. O investimento global apresentado pelo promotor é de 300 mil euros, tendo sido elegível o montante de 204.711,53.

A operação consiste "na remodelação de um empreendimento de elevado valor arquitetónico para turis-mo rural" e serão construídas 6 unidades de alojamento (suite).

Segundo o promotor, trata-se de "uma oferta distinta da tradicional oferta de turismo rural, na medida em que a qualidade do alojamento e serviço deverá ser qualificada como de 5 estrelas", um nível ainda ine-xistente na região.

O investimento vai criar 6 postos de trabalho para jovens qualificados da região, promovendo a fixação de mão de obra especializada.

Além da criação das seis suites (unidades de alojamento), o promotor propõe no investimento a execu-ção de um conjunto de valências:

- Celebração de protocolos institucionais (operadores turísticos, agências) com várias entidades de forma a maximizar a valorização dos recursos endógenos da região, tendo como base estratégica a valo-rização do Douro, como uma das principais atrações turísticas da região;

- Realização de atividades culturais e ambientais, com finalidade de fidelização do cliente alvo à re-gião e seus produtos, seduzindo-o perante as magníficas características que temos para o presentear;

- Realização de atividades associadas à água e ao Douro como passeios de barco, passeios de vela e aulas de vela, aluguer de motos de água, disponibilização de guias turísticos, visitas guiadas a pontos de referência da região, etc.;

É ainda proposta a realização de alguns eventos e festas privadas aproveitando o espaço envolvente do imóvel a recuperar (conhecido por Casa do Rio), bem como a realização de uma forte campanha de divulga-ção/publicitação da nova unidade hoteleira, "potenciando as suas características únicas e sua intimidade com a região".

QuiNta De VeNtoZeLa, em Casal (Cinfães)

A Quinta da Ventozela, em Cinfães, apresentou um projeto para reforçar o alojamento, passando dos oito quartos disponíveis para 12 unidades. O investimento a re-alizar tem o valor global de 235 mil euros, o montante ele-gível é de 157 mil euros e apoio financeiro atingirá 79 mil euros. Será criado mais um posto de trabalho.

Além do alojamento existente e a gerar, a Quinta da

Ventozela pretende criar um SPA, uma Loja de Artesana-to e produtos Locais e condições para a prática equestre.

"Estamos a preparar-nos para estar num conceito mais ligado à natureza e ao ambiente, pois o Bestança Carbono Zero e toda a envolvente assim o exige", refere o investidor.

O objetivo é criar um espaço para o Turismo Equestre, com 4 box's para cavalos (próprios e de clientes).

Casa Da LaVaNDeira, em ancede (Baião)

A Casa da Lavandeira, em Penalva, Ancede, Baião, que iniciou recentemen-te a exploração de um empreendimento turístico de nível superior, prepara um novo projeto que visa complementar a oferta que pretende disponibilizar aos clientes que visitam a quinta – a recuperação de um conjunto de moinhos situ-ados na margem esquerda do rio Ovil.

São moinhos a água, que outrora produziram farinha de diversos tipos.A recuperação dos sete moinhos (um deles na foto) enquadra-se na valori-

zação do património agro-turístico e pretende ainda recriar uma atividade que outrora teve alguma notoriedade no território Douro Verde.

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Primeira fase da requalificação urbanaarrancou na cidade do Marco de Canaveses

A tão aguardada requalificação urbana na cidade do Marco de Canaveses já arrancou. Sendo uma bandeira do atual presidente da câ-mara, Manuel Moreira, coube-lhe a condução da máquina que, de forma simbólica, deu iní-cio às obras da Requalificação Urbana da Cida-de (fotos), numa cerimónia que juntou autar-cas, empresários e alguns cidadãos.

A primeira fase decorrerá entre a rua Dr. Fran-cisco Sá Carneiro, junto ao posto de abastecimen-to da Galp e rotunda do BES, o que obriga ao des-vio de trânsito. Segundo a autarquia, os veículos estão a ser encaminhados para as artérias alterna-tivas, de acordo com a respetiva sinalização.

O autarca aproveitou a ocasião para pedir «pa-ciência e compreensão aos moradores e comer-ciantes afetados pelo corte de trânsito. São cons-trangimentos inevitáveis, mas que vão melhorar e

valorizar a qualidade do espaço urbano da nossa sala de visitas».

A Requalificação Urbana da Cidade, um inves-timento de cerca de cinco milhões de euros, vai permitir, disse Manuel Moreira, «melhor fluidez de trânsito, reorganização de estacionamento, no-vas pavimentações, passeios mais largos e melho-res condições de acessibilidade e mobilidade, mais passadeiras, novas paragens de autocarro, coloca-ção de reguladores de fluxos de iluminação públi-ca para uma maior eficiência energética, mobiliá-rio urbano e áreas verdes".

O projeto contempla ainda a requalificação da antiga Casa do Povo de Fornos, que dará lugar ao Marco Fórum XXI, com a instalação de vários servi-ços públicos.

O tráfego de veículos pesados na cidade está proibido, com excepção para cargas e descargas, a passagem de transportes públicos, veículos de

bombeiros e limpeza urbana.As praças de táxis em vigor manter-se-ão du-

rante a primeira fase das obras mas algumas para-gens/abrigos das carreiras de transportes públicos mudarão de local.

"A Requalificação do Centro Urbano da Cida-de do Marco de Canaveses vai trazer nova vida e diferentes experiências, permitindo uma maior dinamização do comércio tradicional e das acti-vidades culturais, sociais e desportivas. Pretende-mos, pois, dar mais qualidade de vida aos nossos concidadãos, sem exceção, e a todos os que nos visitam", assinala ainda uma nota da autarquia marcuense.

O prazo previsto de execução do investimento da Requalificação Urbana da Cidade é de um ano.

A empreitada da primeira fase de intervenção foi adjudicada à empresa Construtora Huíla - Ir-mãos Neves Lda., uma empresa do município.

Melhoria da mobilidade, novos pavimentos e moderno mobiliário urbano

Page 13: Reporter do Marao

O LIVROSabemos que na sociedade contemporânea, o cancro continua a ser uma das doenças mais assustadoras, essencialmente porque aparece ligada ao que é incurável, à mutila-ção, ao sofrimento e à morte…apesar de todos os progressos científicos e tecnológicos…

Numa sociedade em crise, cada vez mais questionável…a forma como cada um vê a sua própria vida…vai interferir na capacidade de enfrentar os acontecimentos e dessa forma optar por ser ou não FELIZ.

«FORÇA DE VIVER – Vivência da Imagem Corporal na Mulher Mastectomizada», atribui significados, não só à doença oncológica, mas também à Mulher, ao seu corpo e aos sentimentos vividos…por alguém e com alguém muito próximo…cuja tenacidade, dedicação a ideais e pessoas…lutar…sobreviver e vencer, tocou-me como Enfermeira, como Mãe e como Mulher…ao ponto de sentir necessidade de partilhar esta Força de Viver, com os leitores…e, quiçá, promover um outro olhar à nossa própria Vida!

A AUTORAMaria Cerqueira nasceu em Amarante em 1964, onde reside. Filha única, passou grande parte da sua infância separada dos seus pais por estes estarem emigrados na Alemanha, apesar disso, teve uma infância feliz sempre rodeada de primos, familiares e amigos.

Frequentou os estudos básicos em Amarante, no Colégio de São Gonçalo, optando por seguir a carreira de Enfermagem, frequentando a Escola de Enfermagem Ana Guedes no Porto e concluiu a Licenciatura em Enfermagem em 2004.

Iniciou a sua actividade profissional no Hospital de São Gonçalo em Amarante entre 1986 e 1992, com um interregno de dois anos, quando iniciou funções no Hospital Senhora da Oliveira em Guimarães, regressando em finais de 1993 ao seu hospital de origem, até meados de 2007. Nesta altura, passou a exercer a sua actividade no Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, Unidade Padre Américo.

Tem um filho de 18 anos e o apoio incondicional dos pais. Apesar de doentes e idosos, o esforço e a dedicação tem sempre um lugar preponderante nas suas vidas…um sorri-so…uma palavra amiga…um mimo…uma ajuda.

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Page 14: Reporter do Marao

Esperadas centenas de pessoas pararever motonáutica na albufeira da Pala

Federação Portuguesa de Motonáutica - UPD Membro da Union Internationale Motonautique Pessoa Colectiva de Utilidade Pública – D.R. nº 139 – II série de 26/06/78 Utilidade Pública Desportiva – D.R. nº 209 – II série de 09/09/94 Contribuinte nº 501132546

Av. Infante D. Henrique, Muralha Nova S/N 1900 – 264 Lisboa e-mail: [email protected] Tel: 218 871 990 Fax: 218 872 000 Site: www.fpmotonautica.org

EXEMPLO

CAMPEONATO NACIONAL DE MOTONÁUTICA

GP de Baião 2012

Domingo, 30 de Setembro

09.00 Abertura do parque 09.30 Reunião de pilotos T 850/F4 10.30/11.15 Treinos livres e cronometrados T 850 11:30/12.15 Treinos livres e cronometrados F4 14:30 1ª Manga T 850 15.15 1ª Manga F 4 16:00 2ª. Manga T 850 16.45 2ª. Manga F 4 17:30 Cerimónia de Entrega de Prémios

Federação Portuguesa de Motonáutica - UPD Membro da Union Internationale Motonautique Pessoa Colectiva de Utilidade Pública – D.R. nº 139 – II série de 26/06/78 Utilidade Pública Desportiva – D.R. nº 209 – II série de 09/09/94 Contribuinte nº 501132546

Av. Infante D. Henrique, Muralha Nova S/N 1900 – 264 Lisboa e-mail: [email protected] Tel: 218 871 990 Fax: 218 872 000 Site: www.fpmotonautica.org

EXEMPLO

CAMPEONATO NACIONAL DE

MOTONÁUTICA

GP de Baião 2012

Programa / Horário

Sábado, 29 de Setembro 10.00 Inscrições Fórmula Futuro 10.30 Reunião de pilotos FF 11:00/13.00 Treinos FF

14.30/16.30 Prova FF 14.30/16.00 Inscrições e verificações técnicas T 850/F4 16.00 Reunião de pilotos T 850/F4 17:00 Cerimónia de Entrega de Prémios FF 17:00/17:30 Treinos livres T 850 18:00/18:30 Treinos livres F4

A albufeira da Pala, em Baião, na margem direita do rio Douro, será palco no último fim de semana do mês – 29 e 30 de setembro – de mais uma jornada de motonáutica, que faz parte do calendário nacional da modalidade. O evento, patrocinado pela Cooperativa Dolmen e pela Câmara Municipal de Baião, mar-ca o regresso deste desporto à margem ribeirinha de Baião, de onde tem estado afastado há uma década.

A organização técnica da prova é da responsabilidade da Federação Portu-guesa de Motonáutica (FPM), que tem a colaboração do Clube Náutico de Ri-badouro.

As entidades organizadoras esperam a presença de algumas centenas de pes-soas nas margens do Douro, sobretudo na zona de Ribadouro/Pala, onde a pro-va será montada.

As últimas provas de motonáutica na albufeira da Pala, um espelho de água formado pela barragen do Carrapatelo, decorreram em 2002 (tinham começado em 1990) mas durante este interregno realizaram-se diversos evento deste des-porto motorizado no Rio Douro, nomeadamente em municípios vizinhos – Ré-gua, Resende e Cinfães.

Aliás, no campeonato deste ano, a prova de Baião é já a quarta do "Nacional" da modalidade a ter lugar nas águas do rio Douro.

Page 15: Reporter do Marao

Esperadas centenas de pessoas pararever motonáutica na albufeira da Pala

Residencial BorgesResidencial BorgesR E S T A U R A N T E

A CATEDRAL DO ANHO ASSADO EM BAIÃO

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4640-147 BAiÃO

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O programa de competição – que destacamos na coluna à esquerda – engloba provas para o campeonato nacional (T850, em monocasco e Fórmula 4, tipo catamaran) e ainda a “Fórmula Futuro”, prova disputada no primeiro dia (sábado) com barcos “semi-rígidos” e na qual podem participar jovens dos 8 aos 16 anos de idade.

Os treinos livres e cronometrados para T850 e F4 decorre-rão na manhã de domingo, enquanto a largada para a primei-ra manga ocorrerá às 14:30.

Na luta pela vitória na prova e no campeonato estão em-penhados os principais pilotos de cada uma das categorias: Luís Miguel Ribeiro, Pedro Fortuna, Diogo Gonzaga Ribeiro, Luís Vila Verde e Paulo Raposo, na F4, enquanto na catego-ria T850 estão no topo da classificação os pilotos Tiago Évo-ra (na foto à esquerda, com o barco nº 51), Luís Carlos Guer-ra, Andreia Pereira, António Gonzaga Ribeiro e Luís Correia.

Nas provas do campeonato deste ano têm alinhado à par-tida cerca de uma dezena de embarcações em cada uma das categorias.

Page 16: Reporter do Marao

No primeiro dia de aulas, os olhos enchiam-se de curiosidade mas também de lágrimas. A mãe parecia-lhe muito longe, os amigos e as brinca-deiras do verão, ficavam do outro lado do re-creio. “Não quero ir para a escola. Não sei nada, o que vou lá fazer?”, perguntava com o medo co-lado aos dedos. A mãe explicava-lhe que ia para

a escola aprender. “O quê?”. Ler, escrever. “Lês tu por mim!”. As-sim, sem mais. Argumentos que ela tecia ao correr dos dias, im-paráveis, quase a chegarem à porta da escola. “Vais aprender muito para teres um futuro!”, dizia-lhe a mãe com o avental pre-so à cintura enquanto acabava de arrumar a cozinha. “Um futuro que seja melhor do que o meu…”. Sonhava a mãe com um sorriso de ternura. E a menina, encantada com esse sorriso que lhe mos-trava um caminho, pegou no saco e fez-se à escola. Contou-me ela esta história, a menina agora mulher de outras es-colas. Aprendeu a ler e a escrever, a fazer das letras e dos núme-ros arte. Agora, olha o filho pequeno no primeiro dia de escola. “O que vai ele lá fazer?”. Eu não sei. “E depois? E depois da esco-la?”. Não sei. “Sabes, fecharam o futuro numa caixa e perderam a chave. O que vai ser deles?”. O menino brinca na rua enquan-to o olhamos da varanda. Calções pelo joelho, os cabelos suados e a cara vermelha de brincadeiras. “O futuro foi empacotado. E com papel grosso e feio. Não há forma de o futuro virar presen-te, acredita!”. Acredito. O menino não quer acreditar. Brinca aos aviões. Lança ao ar gestos que rompem o azul do céu, mesmo por cima do muro. “Aliás, a única coisa que nos pode salvar é rasgar o papel. Mas e a força? Quando não comes, não tens força para

nada. É como quando não sonhas”. À memória surgiu-me Cuba. Uma sala de aula para gente grande, o sonho do cinema por per-to, e o poeta que era também professor a dizer: “É tudo muito bonito, mas quando não tens comida no prato, não tens liberda-de, não consegues pensar, sonhar. Não consegues fazer mexer”. O menino, este menino, tem comida no prato, mas quem lhe serve os sonhos? “Sabes, tenho medo. Tenho tanto medo, como mãe, de falhar, de não lhe dar luz, vontade, garra”. Acredito. “Roubaram--me tudo. Roubaram-me a vontade de querer!”. O menino corre para casa, ofegante, bebe um copo de água, senta-se nas minhas pernas. “Sabes que já vou para a escola? Já sou grande, não sou?”. Não queiras ser demasiado grande, demasiado cedo. A mãe deixa cair uma lágrima que só eu vejo. O menino vai buscar os livros de matemática, português e estudo do meio. “Quando for grande, grande a sério como o pai, quero ser muitas coisas. Ainda não sei quais, mas quero ser muitas muitíssimas coisas!”. A mãe grita por dentro. “Eu consigo, não consigo? Se comer sempre tudo…”. Con-segues. Se sonhares sempre tudo. O menino voa no avião de ges-tos para o mundo do jardim. “Vês? E o que lhe digo? Que o futuro das coisas que ele quer está fechado? Que nos roubaram a máqui-na dos sonhos? Que estamos amorfos? O que lhe digo? Que dize-mos sim, porque temos medo do não? Que aceitamos restos por-que temos medo de ter direito a uma refeição completa? O que lhe digo? Que esperneamos sem sair de casa?”. O que lhe digo. O que me dizes. A tarde cai sobre a varanda. A mãe vai fazer o jan-tar com os olhos rasos, o menino ajeita-se nas brincadeiras. Eu deixo-me ficar na cadeira com vistas para a noite que se aproxi-ma. Estamos todos. Só falta o futuro.

Eduarda Freitas

O futuro não vai à escola

N

Foto: http://vi.sualize.us

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18 setembro '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão regiões

A Câmara de Penafiel lançou 20 medidas de combate à crise para ajudar os cidadãos e as em-presas, diminuindo os impostos municipais, ofe-recendo refeições aos mais carenciados e apoian-do juridicamente situações de insolvência pessoal, anunciou fonte da autarquia.

Segundo o presidente da câmara penafidelen-se, Alberto Santos, o Programa Municipal Solidário (PMS) vai obrigar a autarquia a cortar nos investi-mentos em 2013, uma vez que implica a afetação de importantes recursos financeiros.

“Vamos trocar obras e outras iniciativas por aju-dar as famílias, procurando estar solidários neste momento difícil”, afirmou o autarca.

“Procuraremos fazer as nossas poupanças inter-nas para podermos pedir aos penafidelenses ape-nas o mínimo legal”, acrescentou Alberto Santos, anunciando ainda que neste pacote de medidas se inclui a criação de um gabinete para apoio à emi-gração e outros mecanismos para incentivo à agri-cultura e às pequenas e médias empresas.

O desemprego no concelho de Penafiel atingiu em julho 5330 pessoas, segundo dados do Institu-to de Emprego e Formação Profissional, represen-tando um aumento de quase 40% desde janeiro de 2011. "É um momento dramático”, sublinha Alber-to Santos, que considera ser dever da autarquia “en-contrar, dentro das suas competências, a solução possível”.

A propósito da Cantina Social, o presidente da autarquia explicou que se pretende criar, com as instituições sociais, “uma rede municipal que possa

acudir a esta necessidade da alimentação para ca-sos extremos”.

Relativamente ao gabinete de apoio à emigra-ção, o autarca recordou que “muitos cidadãos que procuram encontrar uma vida melhor noutros pa-íses precisam de alguma ajuda nas questões buro-cráticas e formação mínima em termos de línguas estrangeiras”.

Quanto ao encaminhamento de situações de insolvência pessoal, Alberto Santos sublinhou que, “com alguma ajuda jurídica, as pessoas em dificul-dades poderão ser bem encaminhadas no sentido de resolverem a situação sem tantos dramas”.

O programa de 20 medidas envolve a autarquia, o Governo, instituições sociais e uma empresa de

transporte de passageiros e divide-se em cinco ei-xos: fiscalidade, social, emprego, habitação e educa-ção. Algumas das medidas, como o apoio à compra de livros e material escolar, já estavam em execução, mas outras são novas, sobretudo no plano fiscal.

As taxas de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) sobre prédios urbanos foram reduzidas para o mínimo legal (0,55%) e no caso dos prédios avalia-dos foi fixada a taxa mínima de 0,3%.

Também a derrama sobre os lucros das empre-sas com volume de negócios inferior a 150.000 eu-ros diminui de 1,5 para 0,75%. O PMS prevê tam-bém a disponibilização de algumas dezenas de imóveis com rendas inferiores a 30% em relação ao preço de mercado.

Penafiel anuncia plano contra a crise Medidas de apoio fiscal e social implicam cortes no investimento

A Câmara de Fafe já financiou, desde 1998, a recuperação de mais de meio milhar de habita-ções de famílias carenciadas do concelho, num investimento su-perior a quatro milhões de euros, informou fonte municipal.

A medida mais recente da au-tarquia foi a atribuição de 38 mil euros, verba distribuída por nove agregados familiares.

Segundo a fonte autárquica, seis dos cheques reportam-se ao primeiro pagamento e referem--se a habitações nas freguesias de Revelhe, Vila Cova, Aboim, Morei-ra do Rei, Fafe e Estorãos. Os res-tantes dizem respeito ao último pagamento para conclusão das obras numa habitação de S. Gens e em duas de Silvares S. Martinho.

O Programa Municipal para a Melhoria de Habitação de Agre-gados Familiares Carenciados

"surgiu como uma política total-mente inovadora, uma vez que depende unicamente do finan-ciamento do município".

O programa tem permitido re-vitalizar espaços físicos e sociais caracterizados até há pouco tem-po por lógicas de envelhecimen-to populacional e de desertifica-ção económica e social.

A fonte sublinha que "esta é uma das medidas mais emble-máticas" dos vários mandatos do atual presidente do município.

"Nunca fiz nada na minha já longa vida pública que me desse tanto prazer como este progra-ma de recuperar a habitação das pessoas, a maioria idosas, doen-tes, de poucos ou nenhuns re-cursos e dotar as suas casas com condições", refere o presiden-te da Câmara Municipal de Fafe, José Ribeiro.

Câmara de Fafe ajudoua recuperar casas defamílias carenciadas

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19setembro '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoregiões

O socialista Júlio Meirinhos, antigo presi-dente da Câmara de Miranda do Douro e ex--governador civil do Distrito de Bragança, con-firmou à Lusa ter sido abordado para ser o candidato do PS à Câmara de Bragança lide-rada há 15 anos pelo social-democrata Jorge Nunes, que atingiu o limite de mandatos.

"Fui abordado, foi-me colocado um desafio, mas o processo ainda se desenrola, ainda não há decisões", afirmou.

"Senti o conforto de todas as estruturas: concelhias, distritais e nacionais. É uma boa plataforma de entendimento", acrescentou, ressalvando que só pode "aceitar o desafio se for pacífico e se não for uma candidatura con-tra ninguém".

Júlio Meirinhos é natural de Miranda do Douro e dirigiu, durante quatro mandatos, o município local, tornando-se no presidente de Câmara mais novo do país ao ser eleito com 23 anos, em 1979.

Interrompeu a presidência da autarquia para ser juiz presidente do Tribunal de Contas e Administrativo de Macau, onde foi também secretário-geral do Real Senado de Macau.

No primeiro Governo socialista de António Guterres foi nomeado coordenador do Pro-côa, o programa para o desenvolvimento do Vale do Côa, logo a seguir ao processo de sus-pensão da barragem para preservar as gravu-ras rupestres que se tornaram Património da Humanidade.

Foi presidente do Conselho da Região Nor-te e deputado do PS na Assembleia da Repú-

blica, eleito por Bragança, tendo sido o autor da proposta de lei que aprovou o mirandês como a segunda língua oficial de Portugal.

Meirinhos foi também governador civil do Distrito de Bragança e presidente da Comissão Regional de Turismo do Nordeste Transmon-tano, entretanto extinta.

O turismo é, todavia a área a que se tem de-dicado nos últimos sete anos, ocupando atu-almente o cargo de vice-presidente da Região de Turismo do Porto e Norte de Portugal.

O desafio do próximo candidato do PS à Câ-mara de Bragança é recuperar para os socialis-tas a autarquia da capital de distrito que per-deram, em 1997.

PS aponta Meirinhos paracandidato à Câmara de Bragança

O Festival Internacional Douro Jazz, que decorre até 13 de outubro, vai per-correr a região duriense na edição deste ano, anunciou a organização.

A iniciativa "Douro Jazz Sobre Rodas" é a novidade da nona edição do festival or-ganizado pelos teatros de Vila Real, Bra-gança e Ribeiro Conceição, de Lamego.

A ideia é fazer circular a música jazz pela região demarcada mais antiga do mundo, que se encontra em plena vin-dima.

A edição 2012 do Douro Jazz con-ta com as atuações das cantoras Marta Hugon e Elisa Rodrigues e dos pianistas

João Paulo Esteves da Silva, Júlio Resen-de e Mário Laginha, que encerrará o fes-tival.

O cantor luso-americano Kiko apre-sentará, com os Jazz Refugees, o seu pri-meiro álbum de originais em português.

O programa inclui ainda músicos como Filipe Melo, André Fernandes, Nel-son Cascais, Bernardo Moreira ou Alexan-dre Frazão.

Na sua vertente internacional, o festi-val apresenta o guitarrista, compositor e produtor espanhol Angel Unzu, compa-nhia habitual de Kepa Junquera, e a can-tora e pianista francesa Fanny Roz.

Festival Douro Jazzaté 13 de outubro

A relocalização do helicóptero do INEM de Macedo de Cavaleiros para Vila Real, previs-ta para o final deste mês, está a provocar protestos no Nordeste Transmontano, tendo há dias ocorrido uma manifestação de protesto na localidade onde o aparelho está estacio-nado há alguns anos.

A população, apoiada no testemunho de um piloto da região, teme que o aparelho do INEM demore o "triplo do tempo" a socorrer a população do distrito de Bragança.

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tem previsto para 01 de outubro uma relocalização da frota aérea nacional de emergência médica que acaba com a base de Macedo de Cavaleiros e desloca para Vila Real o meio de socorro.

João Rodrigues, piloto amador e presidente do aeroclube de Bragança, citado pela Lusa, adiantou que basta observar as distâncias terrestres e facilmente se conclui que o helicóptero ficará mais distante e demorará mais tempo a socorrer Bragança.

As mais afetadas serão as populações mais afastadas dos hospitais de referência, as que vivem na zona de fronteira.

A experiência que teve leva-o a concluir que, embora Vila Real tenha a urgência mais bem apetrechada de Trás-os-Montes, a aeronave deve estar mais próxima de quem ne-cessita de socorro e não do destino da evacuação.

“Helicóptero chegará a todo o distrito em até 30 minutos” Entretanto, o presidente do INEM garante que o reajustamento dos helicópteros do

INEM tem por base uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Administra-ção Interna (MAI), para uma melhor gestão dos recursos. Dois helicópteros do MAI e três do INEM ficam afetos à emergência médica durante oito meses do ano. Nos restantes qua-tro meses, em que tradicionalmente ocorrem mais incêndios, as aeronaves do MAI servi-rão para o combate aos fogos, mas o INEM contratará nesse período o quarto helicóptero para dar resposta às situações de emergência médica.

O dirigente reafirma que torna-se necessário relocalizar os helicópteros do INEM em lo-cais onde complementem a localização dos helicópteros do MAI, para que possam abran-ger o maior número possível de portugueses. "É neste ponto que a relocalização do meio que atualmente tem a sua base em Macedo de Cavaleiros ganha especial importância", enfatiza o responsável do INEM.

Miguel Oliveira garante que o helicóptero chegará às localidades do distrito de Bragan-ça num período máximo de 30 minutos de voo, mas realça, sobretudo, que a mudança para Vila Real vai permitir duplicar a população assistida.

"Com a atual base situada em Macedo de Cavaleiros, o número de população situada num raio de 10 minutos de voo é de 45 mil habitantes. Com a relocalização do helicóptero em Vila Real, este número é mais do dobro: 100 mil pessoas", conclui o presidente do INEM.

Relocalização do heli do INEMgera protestos no Nordeste

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20 setembro '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão opinião

[A seu pedido, alguns colaboradores escrevem de acordo com a antiga ortografia]

O valor e o significado das palavras tem sofrido significativas modifi-cações nos últimos tempos. A evolução é um dado adquirido em tudo o que nos rodeia e interfere nas nossas vidas. É na forma como nos dizem que nos “sacam a massa” (ajustamento), no tratamento igualitário que acentua as diferenças, na redistribuição da riqueza onde há canais entu-pidos, na mão que diz que dá e nas duas que realmente tiram, nas esta-tísticas que realçam os números e esquecem as pessoas, nas políticas de criação de emprego que aumentam os despedimentos, no que se faz e disse não se fazer, na capitalização popular de via única com os trabalha-dores a aumentarem em 8% do salário no capital da empresa sem qual-quer retorno, etc. etc. etc...

Mantém-se ainda, mas mais frequentemente evocada e invocada, a comparação dos portugueses e dos seus índices com os dos “Cidadãos Europeus”. Dizem que estamos nos patamares inferiores naquilo que pa-gamos, sejam impostos, escalões, produtos ou outros, mas nunca nem ninguém fala do que ganhamos, e cada vez menos - só num ano foram mais de três vencimentos a seco - sem falar nos outros impostos que su-biram, e por aí fora...

Mas há uma coisa que ganhou a liderança nas transformações so-ciais: a “multiplicação” dos pobres.

Fazem-nos muita falta... Além de serem coisa barata e de fácil produ-ção, vejam-se os ganhos da recente produtividade governamental, ex-portam-se a baixo custo ou até nenhum se for a salto ou clandestino, re-duzindo assim a despesa inerente. São além disso mão de obra fácil e dócil, e até trabalham de borla se almejarem o jackpot do RSI.

E já são tantos que, os que os tinham por abençoados, cla-mam pela sua redução pois não têm mãos a medir com a tarefa de os conduzir ao reino da felici-dade, e já não conseguem apla-car-lhes o pecado da gula na sopa e no pão. Não há também mais almas que, na prática soli-dária da caridade, atingem a san-tidade ou o “reino dos céus”.

Tiram o dinheiro dos gastos e as compras descem assustado-ramente. A receita fiscal, aumentando o rácio diminui no arrecadar. In-siste-se no mesmo à espera do milagre que não acontece pois se temos menos ainda será menos o que se gasta, e tudo a descer. Exportar mais? Mas o quê se até o investimento nos «clusters» desapareceu? Já terão dado conta que o povo só gasta do que tem e não tem o dom do Alves dos Reis nem as oportunidades dos banqueiros falidos?

Onde estudaram estes senhores, se é que estudaram e o quê, para fa-zerem do país o laboratório das ideias que, sendo inócuas quando se de-leitam nos areópagos juvenis dos partidos, começam a tornar irreversí-vel a recuperação da Economia. E mesmo os que, tendo cátedra e fama aparentemente verdadeiras, têm a experiência das aulas que o «magis-ter dixet» não deixa contestar, e melhores se consideram se forem novi-dade e inovação sem qualquer possibilidade de prova, pois talvez nun-ca tenham comprado um molho de grelos, e a coisa não passa para lá da sala de aula.

E se da minha parte procuro ver as coisas sem as perturbações ide-ológicas na doutrina e nas múltiplas visões e abordagens, escrutinan-do quem o disse para não aderir, duvidar ou refrear por simpatia ou re-pulsa, agora nem sequer de tal preciso. As análises, críticas e sugestões mais profundas, contundentes e ferozes, principalmente depois dos úl-timos suplícios, vêm dos sectores mais cotados e conotados aos parti-dos do governo.

E não me venham com a história de que são vinganças ou raivinhas pessoais, invejas mútuas por ausências de “convites” para mais ou outras mordomias, temor de lembranças de iguais modos, passa culpas antes que lhas apontem, ameaças de quebra de silêncio, segredos que sabem e que sabem que ele(a)s sabem, e que também ele(a)s sabem.

A grande culpa que os que que agora repontam e refilam realmen-te têm, é terem deixado os putos a brincar à política, a fazerem de con-ta que já eram grandes, a aprenderem como se faz falta sem o árbitro dar conta e, afinal de tudo, a convencerem-se que, sendo jovens talentosos e inovadores, também eles poderiam ser governo, mesmo sem saberem realmente o que isso é...

À espera das esquerdas? Quais e como?Do presidente? Vou ali e já venho. Por bem menos o Santana Lopes

foi à vida...

POR BEM MENOSO SANTANA FOI À VIDA...

Armando MiroJornalista

O título prende à atenção, ninguém põe em dúvida que há benefícios em receber afeto e mui-ta dedicação dos avós, eles são sempre um porto de abrigo e acompanham-nos, mesmo na sauda-de, pela vida fora. Mas qual o retrato dos avós de hoje? E aí a leitura de “Avós precisam-se – A impor-tância dos laços entre avós e netos” (por Gabriela Oliveira, Arte Plural Edições, 2012) revela-se esti-mulante e muito útil.

É um livro confecionado para ouvir depoimen-tos de avós e netos que têm notoriedade públi-ca, como Lídia Jorge, Alice Vieira ou Júlio Machado Vaz, e os mais novos como Bárbara Guimarães, Mafalda Veiga ou Nuno Markl. Os primeiros exultam com a experi-ência, sentem-se marcados pelos ancestrais, sentem-se maravilha-dos, contadores de histórias, cúm-plices e têm a lucidez em reconhe-cer que quem forma os filhos são os pais, não os avós. Os netos não regateiam adjetivos, é largo e far-to o património de bênçãos re-cebidas, há lições para a vida que nunca se esquecem.

Em que é que mudaram os avós? Mudaram em função da estrutura do trabalho, da família, do valor do tempo, até pelo facto de que o envelhe-cimento permite o diálogo de 4 gerações. Temos avós cuidadores, avós envolvidos e avós distan-tes, fenómeno que não é novo, assumem novos contornos. Os avós cuidadores responsabilizam--se pelo acompanhamento da criança, são um efe-tivo prolongamento dos pais; os avós envolvidos são um apoio complementar aos pais, é uma pre-sença sempre caracterizada pelo lúdico e em fun-

ção das disponibilidades que são negociadas com os filhos; os avós distantes vivem longe ou marcam distância porque não querem mexer no menu da sua existência ou porque houve desavenças.

O número de netos está a diminuir e dos avós a aumentar, há divórcios e novos casamentos, convi-ve-se com diferentes progenitores, pela banda do pai e da mãe e também dos avós. E depois há de tudo, como na botica: o marido da avó que acaba por se revelar um verdadeiro avô; temos a casa só habitada por mulheres porque o avô já morreu e

os pais estão separados, neste domicílio estabele-cem-se relações primorosas que parcialmente su-prem as ausências dos homens.

Há avós que são uma alternativa à creche, há pais que não têm escolha, têm que deixar os filhos em porto seguro, os especialistas da infância defen-dem o adiamento da entrada para a creche e o pe-diatra Mário Cordeiro diz mesmo que “os 2 anos, 2½ anos, é a idade adequada para a criança começar a frequentar o infantário”, mas lembra que “com a si-tuação atual de a larguíssima maioria das mães tra-

balhar fora de casa, os pais têm de deixar o bebé com alguém, pelo que é preciso encontrar uma pes-soa que inspire a suficiente con-fiança”, e mais diz: “os avós têm uma grande vantagem: são dedi-cados e fazem tudo por amor. Des-de os purés de legumes às brinca-deiras, o seu único interesse é o melhor interesse da criança”.

Devendo ser adiada a entra-da para a creche, sempre que pos-sível há que contar com os cuida-dos dos avós. Crescer com os avós

pode representar uma experiência maravilho-sa para esses bebés que querem explorar o mun-do, precisam de ser estimulados e ao contrário do que muita gente pensa as crianças com pouca ida-de não aproveitam o facto de estarem com o gru-po durante tantas horas por dia. A autora desta-ca depoimentos nessa direção, favoráveis a que a criança permaneça pelo menos até aos 3 anos re-cebendo ternura dos avós, sempre que possível, e aponta as vantagens para a criança: recebe aten-ção individualizada; está menos exposta a doen-ças e situações de stresse; desenvolve vínculos afetivos perduráveis; fortalece laços familiares; ad-quire um vocabulário mais rico e diversificado; e é mais económico. A ternura e a atenção são funda-mentais, tal como a disciplina: não ter a televisão sempre ligada com o pretexto de entreter e distrair a criança; há que saber lidar com desentendimen-tos, o mesmo é dizer comunicar bem com os filhos para não se substituírem os papéis.

E vêm depois aspetos práticos a ter em conta: como programar a rotina e até estar atento à evo-lução da criança e perceber quais são as brincadei-ras apropriadas, a autora estabelece uma cronolo-gia em que os avós e os pais devem estar bastante atentos.

Há avós de serviço, há avós discretos, há avós que podem ter um papel determinante quando há uma rotura entre os pais, os avós são o espelho da sociedade, o sal da terra é as conversas que esta-belecem com os netos, ninguém substitui os avós a contar histórias, a construir as memórias da famí-lia. Mas há também os avós que são a locomoti-va familiar (agora mais do que nunca), superam as agruras do desemprego, da redução do salário, são a âncora de todos, emitem uma influência tranqui-lizadora. E na hora da despedida, escreve um psi-cólogo social, o neto vê que o avô morreu, não se pode negar à criança esta imagem da morte, tra-ta-se de uma ligação afetiva que não se extingue, é uma das mais amoráveis recordações que recor-damos. E para finalizar, a autora adiciona o que ela chama o dicionário “avoziano”, constituído pelas palavras, expressões e ditados que falam do tem-po antes da sociedade de consumo, são vocábulos reinventados que vale a pena conhecer.

Lês este livro tocado pela magia, pelo senti-do prático e pela libertação que é própria dos avós que se entregam pelo netos, até sentirmos o halo maravilhoso em querer perceber aquele tempo em que os avós eram netos.

AVÓS PRECISAM-SE

Beja santos Assessor D. G. Consumidor

Page 21: Reporter do Marao

A Sonae abriu a 31 de agosto, em Lamego, mais uma loja da insígnia Continente Modelo, investimento que inclui uma loja alimentar e uma zona de galeria comercial com seis lojas.

Foram criados 174 novos postos de trabalho diretos nas seis lojas, a maioria de residentes em Lamego.

O Continente Modelo de Lamego está localizado no Lugar de Nazes – Quinta do Rabola, Freguesia de Almacave.

Com esta inauguração, o grupo Sonae contraria a crise ge-neralizada no comércio em Portugal, apesar de a loja de La-mego representar um reforço da marca no Douro Sul. O Conti-nente já dispõe de uma loja na cidade da Régua.

"Esta abertura é mais um passo na estratégia de crescimen-to da Sonae, que aposta na expansão da sua atividade em Por-tugal e que procura proporcionar ao cliente a melhor propos-ta de valor do mercado, aliando qualidade e preço", refere a informação do grupo económico de Belmiro de Azevedo.

As seis insígnias presentes na nova Galeria Comercial Con-tinente Modelo de Lamego – Continente Modelo, Worten, Sport Zone, Modalfa, Well's e Bom Bocado - representam uma área total de venda de 3.700 m2 e são responsáveis pela cria-ção de 174 novos postos de trabalho diretos para a região. Esta estrutura comercial conta ainda com outras áreas comerciais – caso de uma loja da rede de sapatarias SEASIDE –, bem como com 220 lugares de estacionamento gratuito.

Segundo o grupo "o Continente Modelo de Lamego apre-senta-se como a última geração de lojas e será uma referên-cia no setor, também na vertente ambiental. Alguns exemplos das características desta loja são as preocupações com os con-sumos de energia, materializadas na dotação de portas em to-dos os móveis de frios, a construção da mais moderna e efi-ciente central de produção de frio, a adoção de equipamentos que evitam trocas de calor com o exterior, bem como a utiliza-ção de iluminação e lâmpadas de baixo consumo".

A loja contará com áreas dedicadas aos resíduos sólidos ur-banos, aos resíduos recicláveis e uma Área Verde, para arma-zenagem temporária de resíduos perigosos como as pilhas usadas, os consumíveis informáticos ou outro tipo de resíduos como as rolhas de cortiça e óleos alimentares usados.

Os clientes poderão ainda entregar no balção de infor-mações, baterias usadas (recebendo um talão de desconto) aquando da aquisição de baterias novas, bem como todo o tipo de lâmpadas usadas às quais queiram dar um destino adequado (reciclagem). [Editado com informação do Grupo Sonae]

Continente contraria a crisee abre nova loja em Lamego

21setembro '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãoempresas

Criados 174 postos de trabalho Investimento de 10 milhões

A Sonae mantém a sua aposta estratégica na produção nacional, tendo reforçado o peso das compras a fornecedores nacionais na área de pe-recíveis, que ultrapassaram os 86% nos primeiros seis meses do ano.

O resultado alcançado foi impulsionado pela atividade do Clube de Produtores Continente, uma aposta da Sonae que tem permitido apoiar os produtores nacionais do setor agroalimentar a desenvolverem os seus negócios e processos de inovação. O Clube de Produtores Continente foi responsável por um volume de compras de 66 mil toneladas, no 1º semestre.

Luís Moutinho, CEO da Sonae MC, afirma que “a Sonae e o Continente têm vindo a reforçar a percentagem de compras aos produtores portu-

gueses, com o objetivo de dinamizar a produção na-cional e con-tribuir para o desenvol-vimento de uma indús-tria agroali-mentar com-petitiva e geradora de valor para o País. O peso

atual é já muito elevado e próximo do seu má-ximo potencial, dada a inexistência de produção de vários produtos em Portugal e a sazonalidade das colheitas”.

Apesar dos resultados já obtidos, a Sonae e o Continente continuam a trabalhar ativamente com os produtores, nomeadamente através do Clube de Produtores Continente, promovendo a eficiência e estimulando a inovação em Portu-gal. “Só com parcerias duradoras é possível gerar mais valor para todos no longo prazo, incluindo para os nossos clientes, que assim beneficiam sempre nas nossas lojas dos melhores produtos aos melhores preços”, conclui Luís Moutinho.

O Clube de Produtores foi criado em 1998 com o objetivo de aproximar a Sonae e o Continente dos produtores nacionais. A sua missão é promo-ver os produtos nacionais de acordo com eleva-dos padrões de qualidade e segurança, apoiando os seus associados, de forma consistente e estru-turada. Os produtores têm, assim, garantida uma via para o escoamento da sua produção, fican-do a Sonae com a certeza de estar a oferecer aos seus clientes produtos nacionais de origem e de qualidade comprovados.

Continentereforça compras à produção nacional

Jorge Manuel Costa Pinheiro

Comércio de todo o tipo de material de escritórioRua Frei José Amarante - S. Gonçalo - Amarante

Telef. 255 424 864 * Telem. 917 349 473Luís Moutinho, CEO da Sonae MC, bispo de Lamego, D. António Couto, e o pre-sidente da Câmara de Lamego, Francisco Lopes, na inauguração da nova loja.

[Editado com informação do Grupo Sonae]

Page 22: Reporter do Marao

Fundado em 1984 | Jornal/Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

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Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota, Eduarda Freitas.Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas Permanentes e Ocasionais: José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Beja Santos, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, Armando Miro, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.

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Assinaturas | Anual: Embalamento e pagamento dos portes CTT – Continente: 40,00 | Europa: 70,00 | Resto do Mundo: 100,00 (IVA incluído)

A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

22 setembro '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão crónica & artes

S/ Título 1Serra do Marão

Anos 60

FECHOU A ESCOLAEM GRIJÓ

A.M.PiREs CABRAL

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

O OLHAR DE... Eduardo Pinto

1933-2009

Cartoons de Santiagu [Pseudónimo de António Santos]

JEAN-PAUL SARTRE2012

PUBLICIDADE 910 536 [email protected]

Dantes ouviam-se as crianças a caminho da escolae eram como pássaros de som nas manhãs de Grijó.Não eram muitas, mas as vozes joviais davam sinal de que a aldeia resistia,continha à distância o deserto que a ronda.

Agora as crianças, todas as manhãs,são acondicionadas como mercadoriasnuma viatura com vocação de furgoneta.Lembram judeus em vagões jota a caminho de Auschwitz.Vão aprender em terra estranha o que os seus paise os pais dos seus pais aprenderam em Grijó.

Só se voltam a ouvir ao fim da tardequando a viatura as despeja no largo da aldeiacomo artigos que ficaram por vender.Mas ouvem-se pouco, porque vêm cansadas.Ouvem-se pouco e triste porque o seu dia— que devia ser dia de Grijó —foi deportado para outra terra ondenão se lhe firmam as raízes.

O senhor ministro das Finanças está contente, porque poupa meia dúzia de euros com a violenta trasfega da infância.

Mas está triste Grijó, porque já não ouveas suas aves da manhã a caminho da escola— e por isso pode dizer-se que a aldeia encolheu,ficaram uns metros mais perto as areias de amanhã.

Caladas as vozes tagarelas das crianças, nos dias de Grijó poucas mais se ouvem do que as de alguns velhos que antecipam em palavras raras, conformadas, o dia em que o silêncio cobrirá com estrondoo (des)povoado definitivamente.

O senhor ministro das Finanças terá poupado mais alguns euros com a instauração deste opressivo silêncio final, e ficará contente. Grijó não.

Nota: – Às vezes apetece-me variar. Variety is the spice of life, ou, à latina, varietas delectat. Pois é em nome desse apetite de ocasião que hoje a minha crónica vai em ver-so. E também a título de satisfação dada àqueles que, generosamente, me catalogam entre o número dos poetas.

(Fim da Série)

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Page 23: Reporter do Marao

MARIA DOLORES e ABEL

Custou-me tanto dar este passo, estou tão envergonha-da, mas eu já não aguento mais.

Custa-me tanto estar aqui a falar da minha vida e de quem andou dentro de mim, sangue do meu sangue. Mas eu já não posso mais, tenho medo, tenho muito medo.

A princípio ainda pensei que fosse o álcool e os nervos, por-que ele coitadinho, foi sempre muito nervoso, saiu ao pai. Ele não tem tido muita sorte na vida, em tudo o que se meteu, tudo saiu furado. Ele já teve muitos negócios, já esteve no Luxemburgo e na Bélgica, mas deu-se lá mal, e voltou sem nada. Eu tive de o ajudar, às es-condidas das duas irmãs, que estão no Luxemburgo há mui-tos anos, e estão muito bem, graças de Deus. Ele também não queria que o pai soubesse que lhe dava dinheiro, e muito menos a mulher com quem vi-via naquela altura.

Uma vez, ele me disse: mãe, se fala disto a alguém, faço uma asneira. E como ele tem aque-les nervos todos, e não fosse o diabo tentá-lo, eu disse-lhe: é um segredo nosso, mas pagas quando puderes, que eu não quero prejudicar as tuas irmãs.

Até hoje nunca me pagou. Ele não sabe, mas está tudo es-crito num papel que tenho lá em casa num sítio que só eu sei.

Depois morreu o meu ho-mem de repente. Levantou-se muito bem-disposto e, quan-do estava a cortar a barba, mor-reu sem dizer um ai. Custou--me tanto vê-lo caído no chão da casa de banho com metade da cara cheia de espuma.

O senhor desculpe, mas não era isto que eu queria dizer. Es-tou muito nervosa, é a primei-ra vez que venho a este sítio, nem sabe como foi difícil che-gar até aqui. Mas sabe, com a idade, nós os velhos, falamos de tudo ao mesmo tempo, mis-turamos o hoje com ontem, e a gente precisa de falar, precisa de desabafar, a solidão é muito má conselheira, aleija mais que uma faca afiada.

O que eu queria era que o meu Abel mudasse, mas ele já não me ouve, e perdeu-me o respeito. Até me custa a crer que estou a dizer isto dum filho que gerei, mas eu não aguen-to mais.

Da primeira vez que lhe fa-lei do dinheiro que me devia, deu-me uma punhada no pei-to com tanta força, que eu caí desamparada. E eu, sem querer acreditar que ele tinha batido na mãe, perguntei: Achas que eu mereço as tuas pancadas, meu filho? Achas bem bater no peito de quem te deu a vida?

E sabe o que ele me respon-deu?: Se abres a boca, nem sa-bes o que te acontece.

Foi o que ele me respondeu. E eu fiquei com medo, e calei--me, fiz de conta que tinha caí-do. Eu queria acreditar que era o álcool que falava por ele. E rezo tanto por ele, peço à Vir-gem Maria que o meu Abel vol-te a ser atinado, que volte a dar--se bem com a mulher, que o deixou, e levou com ela o meu netinho, luz dos meus olhos, nem sei para onde, e que já não vejo há mais de meio ano. E que arranje trabalho, porque assim, sem fazer nada, a beber e a fumar tanto, que fim será o dele?

Calei-me tantas vezes. E di-zia a todos que tinha tonturas e que caía desamparada. Era por isso que tinha nódoas na cara. Esta roupa preta esconde as outras.

Fui com ele ao banco, ele deu-me o braço, e já gastou todo o dinheiro que eu tinha a pensar no meu futuro. Depois começou a aparecer em casa nos dias em que o carteiro me entrega a reforma; eu assino o papel, mas ele é que recebe.

Há bocadinho, já eu esta-va a deitar-me para ver teleno-vela, entrou em casa com uma mulher que eu nunca vi, e disse que vinham viver comigo. E eu respondi : não, meu filho, nesta casa, que tanto suor me custou, mando eu.

E agora, aqui estou, senhor guarda, com esta vizinha, que teve a caridade de vir comigo, sem poder entrar em minha casa, com o braço direito parti-do, e a sentir névoas nos olhos. Quero ir para minha casa, mas não quero que façam mal ao meu Abel. Pode ser?

O meu nome? Chamo-me Maria Dolores,

nasci no dia vinte e quatro de junho de mil novecentos e trin-ta e oito.

António Mota

23setembro '12

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarãocultura | crónica

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A quarta edição do Douro Film Harvest (DFH), que decorre de 26 a 29 de setembro, tem um orçamento de 200 mil euros, metade do esforço financeiro da anterior, anunciou a organização.

A atriz norte americana Bo Derek é a convi-dada especial da quarta edição do Douro Film Harvest (DFH), evento que combina as "melho-res colheitas" de vinhos produzidos na Região Demarcada do Douro com o cinema. O DFH é organizado pela Expanding World, em parce-ria com a Entidade Regional Turismo do Douro.

"Esta edição tem um corte de cerca de 50 por cento. Estamos a rondar os 200 mil euros de orçamento", afirmou Manuel Vaz, no decor-rer da apresentação do festival de cinema, que teve lugar em Favaios, concelho de Alijó.

O responsável fez questão de explicar que se trata de um "evento privado", que, este ano, tem um "pequeno e mínimo apoio" da Turis-mo do Douro. No fundo, "é financiado quase exclusivamente por patrocinadores privados", salientou.

Este esclarecimento vem na sequência da anunciada extinção da Turismo do Douro, in-serida no pacote de entidades regionais anun-ciado pelo Governo. Segundo o Governo, o Douro vai ser integrado na entidade regional Turismo do Porto e Norte de Portugal.

A mostra de cinema conta ainda com a par-ceria do Museu do Douro, Porto Lazer e Núcleo

Museológico do Pão e Vinho de Favaios.Esta edição tem a direção executiva da

brasileira Paula Bessone. Como curadores do evento foram anunciados Eduardo Filipe, Lui-sa Sequeira e Rui Reininho.

Diana Chaves e Marcantonio Del Carlo se-rão os anfitriões do Douro Film Harvest.

O festival conta com a realização de 30 eventos, que vão decorrer em Favaios, Porto, Peso da Régua e Folgosa do Douro (Armamar).

A antiga atriz Bo Derek, como Manuel Vaz referiu, ficou conhecida pelos filmes "10, Uma Mulher de Sonho" ou "Bolero" e vai ser home-nageada numa cerimónia a decorrer no dia 29, no Teatro Rivoli, no Porto.

A organização vai também convidar a atriz a passar pelo Douro e a participar numa vindi-ma. Bo Derek nasceu em 1956 e, ao longo da sua vida, dedicou-se a ações humanitárias, en-volvendo-se com diversas organizações ligadas à vida selvagem ou aos veteranos de guerra.

Esta edição vai ainda homenagear o es-critor brasileiro Jorge Amado, autor de livros como "Gabriela, Cravo e Canela" ou "Tieta do Agreste", através de uma tertúlia e da projeção de filmes.

A abertura do DFH, no dia 26, decorrerá no restaurante DOC, em Armamar, com a estreia nacional de "Eli Bulli: Cooking in Progress", um filme sobre Ferran Adrià, considerado por mui-tos como um "génio" na cozinha.

Exposição fotográfica sobre o Douro mostra-se em ZamoraA cidade de Zamora pode ver até ao final de setembro a exposição fotográfica “Douro Natural”, no âmbito da promoção do desti-

no Douro. O evento foi possível através da colaboração da luso-espanhola Fundação Rei Afonso Henriques.A mostra fotográfica está patente na “Sala de la Encarnación” da Diputación de Zamora.A Exposição ”Douro Natural” já percorreu as linhas de Metro portuguesas. É composta por fotografias a preto e branco e sépia de

várias vertentes do Rio Douro, suas margens e paisagem envolvente. A Exposição extravasa as fronteiras nacionais e mostra-se com todo o seu esplendor na vizinha Castilla y Leon, exibe também aos nuestros hermanos três réplicas em tamanho natural de Marcos da Demarcação Pombalina.

Com o objetivo de intensificar o intercâmbio cultural e turístico entre as duas regiões ibéricas, esta ação foi direcionada para a pro-moção do produto turístico estratégico “Turismo de Natureza” - um dos pilares da afirmação turística do Vale do Douro.

Crise reduz para metade orçamento do Douro Film Harvest

Page 24: Reporter do Marao