Reflexões sobre as invasões do Máli

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  • 7/29/2019 Reflexes sobre as invases do Mli

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    A Repblica do Mli reflexes sobre as reinvasesem curso

    Ailton Benedito de Sousa,

    Do Cebela

    Nota preliminar

    Perguntamos: o fato de no haver, numa determinada ordem jurdica, cominao paraum ato reconhecvel como criminoso em todos os campos da respectiva viso de mundoou ordem moral (dimenso dos valores), tornaria esse ato legtimo, lcito, virtuoso,assim derrogando toda viso de mundo, toda a ordem moral? o caso daextralegalidade dos hegemnicos. Eis a questo de que trata este artigo, de modoindireto. O artigo pretende levar concluso de que no que se refere frica, comoobjeto de estudo, deglutio cognitiva, especialmente no que se refere subsunototal do Continente pelo saber e fora europeus nos ltimos sculos, ns, ahumanidade, neste sculo 21 nos aproximamos de um corte epistemolgico, aquelemomento limite que prefigura um novo quadro de conscincia, consoante ao qual tudoque se disse e se fez no passado perde legitimidade e sentido de modo irrevogvel,

    desaparecendo das sedes do intelecto humano como Logus, objeto de conhecimento,saber e valor positivo, a exemplo dos sacrifcios humanos com fins propiciatrios ou daantropofagia sistemtica, prticas hoje horrendas que nos inibem at o ato de sobre elas

    pensar (prevalncia do dado moral). ausncia desse momento e sua ultrapassagem, aBarbrie mesmo, condio em que j vivemos h alguns milnios.

    Introduo

    S h um meio de o projeto euro-etnocntrico supremacia planetria degrupo seleto de pretensas etnias eugnicas de cor branca, recuperarmpeto em nvel mundial, e ter concretizao plena em frica ainda nestesculo XXI: a partir do arremate final do processo de subsuno totaldeste Continente e ilhas iniciado no sculo XV.

    Defino subsuno, ao de subsumir, como a total coisificao,sujeio, classificao e controle do outro, na condio de objeto singularsem quaisquer atributos prprios, seno os deferidos, a comear porapagamento de registros e memria coletiva, rebatismo e mapeamento,

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    agora cartogrfico-digital, da sua massa continental, mares e ilhas, inclusossolo e subsolo e seus constituintes, populaes humanas, animais evegetais, nas primeiras implcitos o escalonamento negativo das culturas,sua desvalorizao, destruio, substituio e homogeneizao das

    mesmas, a escravizao desses povos, a estigmatizao de seus traosfsicos, a depleo de sua biodiversidade ambiental para fins de lazer,

    passando pela sujeio, por dcadas, da populao nativa condio decobaia (inventar o remdio antes de fazer grassar as doenas, ou ocontrrio), cortejo de prticas diablicas to bizarras e complexas, que

    para serem referidas cumpre lanar mo de neologismos como geobio-subsuno ou ecobiogenocdio. Repete-se, num acrescido e crescentegrau de sofisticao tecnolgica e eficincia, o massacre fsico e cultural

    que esses mesmos povos e governos europeus realizaram nas trsAmricas, partes da sia e Oceania (destaque para a Tasmnia)(http://unitedblackamerica.com/black-war-destruction-tasmanian-aborigines/) a partir do sculo XVI, epopeia s avessas ainda hoje cultuadacomo os Descobrimentos, o seu grande contexto, chamado, de quebra, deRenascimento.

    Se o objetivo principal dessas seis vezes centenria fieira de eventos no

    a supremacia racial de seus promotores, estes no mnimo so mentecaptos,idiotas, loucos, na medida em que agem sem ateno aos fins. Se odesiderato no for racismo, o qu? A questo africana vem a assumirfeio tal diante desse novo quadro de compreenso da realidade africana

    pelos prprios africanos, que no h argumento que justifique essa geobio-subsuno. A ausncia, no universo de entes morais de uma cultura, determos, conceitos, argumentos para justificar um especfico modusoperandi de seus agentes nos pareceria, falta de outro critrio, tambm,

    uma questo epistemolgica, no fosse a presena sorrateira, neste caso,do dado religioso subjacente.

    Como justificar e legitimar o permanente contexto de guerras derapina em pleno sculo XXI?

    Aqui no vale o argumento de que a ao do homem contra o homem, dohomem como lobo do homem etc., pois nessa hiptese h um termocomum homem. Tambm no se poderia dizer tratar-se de acertos de

    guerra, de conflito milenar entre o homem branco e o homem negro. Comono caso americano, os primeiros contatos foram amistosos e as agresses

    http://unitedblackamerica.com/black-war-destruction-tasmanian-aborigines/http://unitedblackamerica.com/black-war-destruction-tasmanian-aborigines/http://unitedblackamerica.com/black-war-destruction-tasmanian-aborigines/http://unitedblackamerica.com/black-war-destruction-tasmanian-aborigines/
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    tiveram foco unilateral. E h tambm a depleo perversa de toda abiodiversidade continental, tudo isso diante de geral e multissecularsilncio e complacncia. Por exemplo, o perodo dantesco do uso das

    populaes africanas como cobaias para a produo de vacinas atingiu

    clmax entre o fim do sculo XIX e primeira metade do sculo XX,decrescendo desde ento, em funo das independncias, mas vindo at ofim do Apartheid. No entanto, ningum jamais o denunciousistematicamente. como se a prtica no tivesse jamais existido. Omesmo para o extermnio, a fuzil e prmio por cabea, de toda a populaoda Tasmnia, sob a desculpa cientfica de que eram animais, j que noacendiam o fogo, apenas preservavam-no de modo eterno.

    Se, nesse suposto quadro de valores laicos de onde se faz a avaliao dofazer social de uma poca no h peso, medida, padro, argumentos pelosquais sopesar tais aes, sobra, ento, os argumentos de natureza mtico-religiosa... E se nela, na tradio religiosa da cultura europeia que vamosencontrar sementes de argumentos que legitimem a geobio-subsuno dafrica por exemplo, a bizarrice da sodomizao de um ente lendrio, o

    problema passa a ser o prprio universo de entes morais da cultura queesses homens porfiam por defender, preservar e impor aos demais.

    O fato da obnubilao, aos olhos da humanidade vitimizada, quanto claraviso das macabras e marciais aes de dominao levadas a cabo at hoje

    pelo conquistador, se deve fora dos atributos que, pelo exerccio denossa atividade simblica, nos confirmam a todos como humanos: maiscrer que duvidar, mais ver, que olhar e enxergar, principalmente quando setrata das coisas humanas relativas massa do povo. Crer gera esperana eafasta aquilo que forou nossa fuga do mundo animal: o Medo. Crer numCu e num Inferno justifica a vida sob jugo vil e afasta a Morte que, no

    caso da infmia da escravido, redentora. Crer nos faz ouvir Sherazadee, reverentes, seguir a narrativa desconexa do Poder, seu Discursolegitimador. Superemos o discurso do algoz dominante e vejamos nossarealidade nua, eis a senha para o Renascimento Africano e da Dispora.

    A ser plenamente realizado em frica este projeto de subsuno geobio-ecolgica, TODO O MUNDO ter cado sob o jugo do auto-assumidohomem-alfa eurocaucasoide, uma vez que com povos e etnias adrede

    fabricados por suas cincias sociais, e numericamente insignificantes,passam a ter no Planeta base territorial, cientfica, tecnolgica e moral

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    (em funo da deformao, homogeneizao e domnio dos imaginrios,principalmente o religioso) suficientes para eternamente legitimarem seudomnio a partir de dentro do prprio dominado, a partir do cerne da noosingular e ntima de cada um de ns quanto nossa prpria unidade,

    pertinncia a si, ou seja, a partir do Ego de cada um de ns. nessesentido que essa experincia macabra adquirir especficos foros morais,axiolgicos negativos, ressalte-se. Cumpre tambm dizer que osconceitos-iscas humanismo-humanidade, de matiz renascentista-iluminista, engodo que jamais existiu, dada, por um lado, a origemunilateral da proposio e, por outro, a ao de fato, em contradio,levada a efeito pelos pretensos demiurgos, continuaro sendo engodo,iscas, a confirmar trapaa, logro. Fao estas afirmaes baseado na

    evidncia de que qualquer escalada multissecular de dominao,legitimada pela aprovao, complacncia ou indiferena gerais, s podedistinguir como objetivo final, como alvo ela mesma, a prpriadominao. Provem-me em erro, o coletivo planetrio de seres humanos(para no dizer a humanidade) agradeceria.

    E a multissecular escalada de dominao assumida por esses sereshumanos que se distinguem como caucasoides da Europa a partir de

    superficiais caractersticas biolgicas e ambientais, no foge regra. Nose busca Poder por displicncia. No se busca a extino do outro pornegligncia. No se busca eugenia sem que se cultive, a priori, a noo daimundcie gentica do outro. E isso o racismo. H uma trgica eintencional marcha cujos traos, impressos no tecido histrico nomanipulado do que seria a Alma do Homem, insistem em no se deixaremapagar: marcha cujo percurso isso que est a, civilizao greco-romana-

    judaico-crist sobre o rescaldo posterior destruio das civilizaes

    africanas e americanas. O problema que a compreenso dessa obviedadeexige a superao, por parte desses seres, do atual universo de entes morais,imposto a vencidos e vencedores, um novo quadro epistemolgico, nosentido em que j rascunhamos.

    Afirmo tambm que nesta fase de desnudamento da essncia desse tipoda Espcie, melhor dizendo desse tipo de Homo Sapiens, nos quadros deum universo de entes morais de uma Antiguidade construda mais porlendas que por fatos, essncia comprovvel: a) pelos produtos do trabalho

    desse Homo Sapiens; b) pela afirmao de sua cultura; c) pelo seu

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    protagonismo trapaceiro, civilizao domnio, um domnio que,paradoxalmente, no do reino animal, pois devia ser. Nessa rea relativaa valores, nada mudou da Pedra Polida para c. Civilizao domnio.

    O dado religioso, se universal, no racial, particular, aqui e ali como noEgito dos faras, pde sublimar aspectos irracionais do Poder nalegitimao das civilizaes. No mbito da cultura dominante de queestamos tratando, porm, o dado religioso no universal, particular atmesmo pela procedncia das respectivas lendas inaugurais. Nessa cultura,o campo da prxis estratgica, ligada aos fins ltimos, laico, ateu,

    particular, apangio de uma grei mobilizada pelo brilho do metal!, portantobrbara. Nessa cultura, a percepo do divino no se pe como opo do

    indivduo frente ao universo, no est institucionalizada, como naAntiguidade egpcia, a partir dos cultos chamados cultos de mistrios.Aqui, isso tarefa atribuda religio oficial. E religio oficial, pblica,empresarial, estatal, jamais levou ou leva ao Divino. Nessa cultura, insista-se, no h acesso ao Divino por meio do saber, mas por meio da moeda.Suas prticas religiosas so padronizadas e homogeneizadas para darfuno consumista a seis bilhes de seres. Nesse contexto, aqui oconceito civilizao passa a ser expresso de domnio atroz, sem qualquer

    outro fim seno domnio atroz em si mesmo, e destruio.Seramos racistas se afirmssemos que o fenmeno que diante de ns serevela tem origem e vetor nos ditos brancos eurocaucasoides, termo que, aser crido, deve incluir impondervel nmero de genes culturais e deconstantes genticas; no, a busca do poder pelo poder, hiperbolizada noexemplo de geobio-subsuno da frica, pode ter como vetor qualquertipo da Espcie, j que impulso da rea instintiva. No entanto, pode ser,esse impulso, essa busca, exacerbada ou controlada, coibida, anulada e

    sublimada pela cultura. Mas a cultura dessa grei de asiticos ditoseuropeus, racista. Racismo fenmeno cultural. No caso da cultura em

    pauta, at quando ela sublima essa busca, esse impulso, por meio desse oudaquele ente cultural, por exemplo, a msica, imediatamente essa mesmacultura estabelece fronteiras sociais e raciais: a msica clssica, e a msicaem si?, eu, Ocidente, Europa, as inventei.

    Assim, o racismo transuda de qualquer palavra emitida por quaisquer de

    seus santos ou sbios, at mesmo porque s falam de si como se falassemdo Homem, ou do que chamam Humanidade, quando, se so um, no so

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    a outra. Dado seu excesso de vanguardismo, protagonismo, exibicionismo,a seus prprios olhos seu trabalho cultural, sua experincia existencial notem expresso seno como a mais alta, a mais elevada de toda a Espcie,mesmo que para tal tenha, pelas armas e trapaas, reduzido a nveis

    desprezveis as experincias e potencialidades das demais etnias, logo daEspcie. Se o leitor tem duvida, ento veja e analise como tratam o acervo-

    butim dos seus museus, franceses, ingleses ou alemes, o do Vaticano, porexemplo, herdeiro de Roma, experincia civilizatria em que a exao, o

    butim, a escravizao eram... virtudes. No veem o museu como abiblioteca de livros escritos pela humanidade, mas a estante de suas obrasoriundas de saques. O acervo desses museus, em si exao, butim, roubo, contabilizado como riqueza etnico-nacional. Ainda como exemplo, no

    campo da msica, essa cultura, por meio de suas academias, no tem omenor pejo em impor, crena do povo, o logro de que os estreitos padresde composio, harmonia e fruio de sons que chama de ocidentaissejam ocidentais mesmo, e representem o mais elevado estgio darelao entre o homem e os sons. So ridculos os nomes gregos dados ameia dzia de escalas de sete notas: Jnia, Elica, Drica etc. At nessecampo por eles chamado chulo, o campo da msica popular, o Rithm andBlues se embranquece, vira Rock and Roll, a escala pentatnica, do Jazz e

    do Blues, veio da China, segundo um stio da Internet de ensino de msica.

    Voltando dimenso cultural como espao para a reverso do instintobruto, construamos um exemplo: o senso de pertinncia, que animal,estaria na raiz de nossa noo de posse exclusiva, de propriedade emtermos absolutos, a qual pode ser pela cultura exacerbada, controlada,atenuada, sublimada ou tornada funcional a seus prprios fins: a

    propriedade pela propriedade: todo o ouro do Planeta em Fort Knox, todo o

    petrleo, sob controle da Potncia. Mas para isso, cumpre dominar oPlaneta? argumenta algum: J est dominado, responde Mister Sam.Diante do exemplo, ento, pergunta-se: frente morte, frente impondervel relao entre a fora humana e a do Planeta, pode haverfruio de senso de propriedade absoluta das coisas que encontramos nessePlaneta? Agora, mais sria que a noo de propriedade do Planeta por partede seis famlias, a noo por parte de seis bilhes de seres de que essasseis famlias tm direito posse desse Planeta...

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    O que se v na histria desses povos orientais que, estacionados nasextremidades ocidentais da sia, se disseram e se dizem europeus, aexaltao, hiperbolicamente exacerbada pela respectiva cultura, do cultoao impulso instintivo da posse, da pertinncia e propriedade exclusivas do

    Planeta, de Deus e da Vida, enfim, exaltao do culto ao protagonismoabsoluto nos jogos das narrativas inaugurais de povos e civilizaesnecessariamente mais antigos que esses prprios europeus, povos antigosque h menos de um milnio esses europeus, sem pejo de expressar seusinstintos, vm retirando do palco da histria e tomando-lhes o lugar, portrapaa, tendo em vista que o princpio da causalidade histria no podereconhecer demiurgo na origem de fenmeno complexo como umacivilizao.

    A doura e poesia que deveria envolver o termo civilizao

    No nvel dos ideais (se formulamos ideais, em princpio nada impede queos levemos prtica), o termo Civilizao, agora que temos acesso

    produo do essencial, deveria alegoricamente ilustrar um grandiosodesfile carnavalesco de dimenso planetria, eminentemente espontneo (avida deveria ser Dom e Graa) no qual as culturas singulares, como alas ecarros alegricos num desfile atual, em performances coreogrficas totais,

    dionisiacamente se interpenetrariam, permutariam seus produtos e dons ese transmitiriam sem soluo de continuidade (seno na aparncia),gerao aps gerao, sculo aps sculos, desse modo o transcorrer dessedesfile deixando claro que a Vida, performances coreogrfica de Culturas eCivilizaes, o caos harmonioso, no podia nem pode ter Demiurgo, Painico, determinado. Mas o que temos uma civilizao, filha de paismonstruosos, em que a Vida, para a maioria, tornada maldio.

    A ser atribuda a esse ou quele Pai ou Demiurgo, isso que temos chamadode civilizao passa a ser o que : rescaldo de guerra. A anlise dessefenmeno, civilizao, exige, como j sublinhamos, sua submisso ao

    princpio da causalidade histrica, caso se tente atribu-la, a paternidadecivilizacional, a uma ou a apenas algumas culturas segmentadas, insuladasa determinadas conformaes histricas e geo-ambientais. O princpio dacausalidade histrica exige que se determine: a) quem concebeu ofenmeno enquanto projeto, plano, hiptese?; b) quem financiou a

    execuo?; c) quem se encarregou da logstica?; quem operou como mo

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    de obra bruta?; quem foi a tropa de assalto e segurana?; em benefcio dequem e de quem?

    Que os demiurgos da chamada civilizao greco-romana-judaico-crist

    venham a campo apresentar um a um os itens inerentes ao princpio dacausalidade histrica do que dizem ser criadores. Especificamente, comoapagaram a memria dos predecessores, quem eram esses, onde esto? A

    propsito, so perguntas como essas que esto fazendo historiadores comoJean Charles Goovy Gomez com vista a bem determinar a causalidadehistrica de um importantssimo fenmeno pouco estudado pelos europeus:o Trfico Negreiro como sistema de comrcio internacional, e a Disporanegro-africana. O que se est condenando nessa pretensa civilizao greco-

    romana etc. seu ostensivo carter de trapaa, na medida em que inumana,brbara, cruel, faz-se passar como produto de um homem por Deusredimido...

    ridculo ver e ouvir, na televiso a cabo, as baboseiras que intelectuaisvelhos, geralmente de procedncia judaico-sionista, patrocinados porfundos acadmicos iluminatistas via BBC, despejam em sries dedocumentrios do tipo a origem da agricultura no mundo a partir doCrescente Frtil e equivalentes sandices. Aqui no a histria que

    escrutina a Lenda, isto , a Bblia, mas esta que quer criar aquela...Documentrios destinados aos jovens das naes do Norte, para legitimar-lhes o fel do racismo vil pelo outro, e orgulho exacerbado por si mesmos.Est a a escola onde aprendeu histria o soldado genocida noruegus, 96mortes em ao de terrorismo contra a humanidade, mas apena... 21 nos de

    priso, com direito a apresentar-se s cmaras com uniforme real de gala.Aos jovens das naes subjugadas econmica e culturalmente, por outrolado, a narrativa visa a lhes legitimar, tambm, a noo de baixa estima,

    essencial a que se assumam como filhos de chocadeira, parasitas da culturados brancos.

    O Mli reinvadido e nosso universo de entes morais

    No universo de conceitos para a compreenso do mundo e da vida em quevive o ncola da cultura greco-romana-judaico-crist no h termo para arelao nmade-Planeta. H um vazio entre o conceito de nmade e a suaambincia, suas rotas de sobrevivncia e subsistncia e noo de

    pertinncia s mesmas, sua histria e cultura. A propriedade do mundo

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    exige o sedentarismo, diz o demiurgo. Em curtas palavras: nmade notem direito vida, uma prtica de vida quebra-galho, so biscateiros noPlaneta, devem morrer, principalmente se negro.

    O Mli invadido pode-se dizer ter sido bero de um nomadismo estruturals formas de produo e comrcio dos seres humanos durante milnios. Hmilnios mesmo esses tuaregues negros, morenos e brancos, sentinelas decaravanas nas rotas comerciais transaarianas, circuito do sal, do ouro, de

    pedras preciosas essenciais ao desbaste das demais (usada na arquitetura eestaturia egpcia e grega), coisa que at h pouco se desconhecia, nacrena de que tecnologia fosse saber privativo do demiurgo: Como foi feitaa esttua de Jlio Cesar em granito, como eram feitas as estelas e obeliscos

    inteirios de mais de cem metros de altura e dois metros de dimetro nabase? Seres extraterrestres, respondem os racistas. Antes das rotasmartimas de comrcio, era pelas sendas do deserto que passavam os bens

    produzidos na Arbia, ndia, China ou mesmo Japo e Coria, via portos eentrepostos ligados a nomes como Madagascar, Mombaa, Gao, Tombuctu,Alexandria, Siclia, Npoles e Gnova.

    A frica dos nmades tambm

    Tm eles pleno direito propriedade exclusiva do solo em que pisam hmilnios, at porque at ontem, antes da descoberta das inesgotveisjazidas de petrleo, gs e minerais raros e totalmente desconhecidos,ningum jamais quis saber dessas terras. Dos seus habitantes,positivamente, s se dizia e ainda se diz a toda hora (consultem aquantidade de stios especficos na Internet), que os tuaregues so brancoscomo o so os berberes em geral... os negros a encontrados so escravosou seus descendentes. A propsito, procurem saber o porqu dessa fixao

    na exclusiva cor branca dos berberes (?).Exemplo da psicossocipatia racialdos europeus (continuemos com os neologismos).

    A reinvaso do Mli numa espria aliana entre o ex-colonizador, namedida do apoio logstico de todas as naes signatrias e/ou beneficiriasdo Congresso de Berlim (1894/95), juntamente com uma dezena de ex-colnias e failed-states (estados prt--porter, governos ditatoriais que

    pensam viabilizar a prpria legitimidade cobatendo o que lhes disseram sero terrorismo), essa reintegrao de posse a partir do sculo XIX, inscreve-

    se num contexto de reatualizao da geobio-subsuno, agora tambm por

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    meios digitais: dos drones s fortalezas voadoras munidas de armasinteligentes guiadas por satlites. E, pasmem, os poderosssimos inimigosdesse exrcito de guerra nas estrelas so os tuaregues. A palma seja dadaaos companheiros do Partido Socialista francs. Pela terceira ou quarta

    vez (Segunda Guerra Mundial, Indochina, Arglia etc.., vocs a merecem.

    Elucubraes sobre uma hipottica Eurfrica

    Em vias de concretizao, mesmo na hiptese da sada do Inglaterra, aUnio Europeia j se v centro de poder. Nela, os elementos essenciais deconstituio so, como se sabe, de natureza imprecisa, ambgua, miditica,diramos: a) continente que no continente; b) o mesmo no que se referea fronteiras tnico-culturais, fixveis em ateno vontade do vencedor

    turco ou eslavo; c) legitimidade discutvel, j que a exigncia deconstituio vem de cima para baixo.

    Como centro de poder, cumpriu-lhe primeiramente eliminar, a partir deguerra preemptiva, aquela que podia com ela concorrer ou colidir: aFederao Iugoslava. fato documentado que cado o Muro de Berlim,as potncia europeias avisaram diretamente s quintas-colunasestacionadas nas diversas repblicas daquela federao: Iniciem o

    processo revolucionrio de secesso que ns garantimos. (Strippingbare the body: politics violence war, de Mark Danner, incomunicao&politica, v.28, jan-abril,20 ). E lembre-se que muitos povosque pertenciam ex-Iugoslvia, agora sob novos senhores, porfiam por

    pertencer UE.

    neste momento que a jovem Unio Europeia j teria meios de divisar oshipotticos contornos de uma eventual concorrente: Os Estados Unidos dafrica. E mais uma guerra preemptiva, essa maravilhosa inveno romana.

    Tendo em vista a importncia da base territorial na constituio objetiva darelao de domnio, conclua-se que, territorialmente reconquistada africa, uma relao direta de pertinncia e continuidade territorial podeser estabelecida entre esses asiticos ditos europeus e os demais a elesassemelhados nos continentes restantes, com destaque para o que ainda chamado africano, o qual, sob nova denominao Eurfrica, passaria aser o mais importante bloco continental do Planeta, pois depsito de

    minrios. Em sequncia, uma vez que jamais existiu Europa comocontinente, Unio Europeia no restaria opo seno a de redefinir-se

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    como bicontinental, localizada na Eursia e na Eurfrica,desaparecendo para o francs ou espanhol simples, o apodo de simpleseuropeu, sofisma para a afirmao de uma questionvel pertinnciasingular. Passariam a ser euro-asiticos e euro-africanos. Na dita Oceania,

    os grupos Austrlia e Nova Zelndia remanescem como a eterna retaguardado lado anglo-saxo. Do lado francs, a miualha restante. Nas Amricas,vrios vages e uma s locomotiva. Redefinida como Eursia, a UE teriaou ter que definir nova identidade diante de povos eventualmente mais

    brancos as imensas greis das Plancies asiticas, at aqui pela Europadiscriminadas, terras por onde andou Alexandre Federao Russa, ndiae China, estas realmente continentais. Redefinida como Eurfrica, impe-seum multiculturalismo forado, a extinguir-se por si mesmo a longo prazo.

    A importncia da base territorial para a exibio do Poder se explica aosermos lembrados de que quando nos encontramos num aeroporto ousupermercado, somos sditos virtuais dos titulares desses espaos, relaode poder-sujeio que no por ns plenamente percebida dada a ausnciattica, no local, ou melhor, no territrio, dos titulares desses espaos. Emcerto sentido, o mesmo ocorre quando assinamos eletronicamente nossaanuncia aos termos de um protocolo, como o de uso desse ou daquele

    produto da web. A ausncia, no local, no territrio, da parte contratantehegemnica torna imprecisa, ambgua, a relao contratado-contratante, oumelhor, torna imperceptvel a natureza assimtrica dessa relao, por isso

    para ns atraente, aparentemente vantajosa ou incua. Cumpre torn-laprecisa para que seu carter de isca a uma vinculao assimtricaimediatamente seja percebido como tal.

    nesse quadro que a ressurgncia da Franfrica, parideira de uma aindahipottica futura Eurfrica, em cujos termos se inscreveria a recente

    reinvaso do Mli, uma questo de presena efetiva do mandante noterritrio em que se encontra ou se encontrou o subjugado (a formaaspeada indicando que evitamos o genitivo territrio do subjugado paramais enfatizar os aspectos trgicos do drama africano, aqui e ali promovidoe patrocinado por suas prprias elites, cumpre denunciar). Quer-se insistirque diante da ausncia, no intervalo das ltimas cinco dcadas, doostensivo poder francs no s no Sahel, mas em toda a antiga fricaOcidental Francesa, poderia caber dvida quanto dominncia francesa

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    sobre a rea, principalmente a olhos indianos, russos ou chineses, dvidaque no mais pode caber, em funo mesmo da reinvaso em curso.

    Necessidade de redefinio de mtodo, termos e conceitos na anlisedas questes africanas

    Se no existe, no imaginrio de uma pessoa ou de um povo, por exemplo, oconceito de Diabo, personagem e gesta, cumpre, a priori, constru-los edo construdo fazer exposio e apresentao didticas, caso se queira queesse Diabo diga, faa ou pea alguma coisa a esse povo ou pessoa. Noimaginrio das populaes africanas, seguramente, no existia a noo deestado-nao como a que se desenvolveu nos pases da Reforma do Norte(o norte ocidental asitico, dito Europa), especificamente a noo de umlcus a trs dimenses, acima e abaixo da superfcie, espao de definioda noo de pertinncia e/ou de propriedade exclusiva de um povo, querno sentido animal (instintivo) quer no no-animal como origem oumarco das narrativas ou mitos inaugurais, esse espao implicando esferasseparadas de bens pblicos e privados (bens dos vivos, enfatize-se, pois a

    herana greco-romana-judaico-crist apaga a noo de posse para osmortos, to cara a vrias culturas hoje ditas tradicionais). Caracteriza aindao perfil desse estado-nao territorial a organizao e ordenamento dossegmentos sociais em condio exclusiva (ou seja, ele o titular nico,oficial, desse ordenamento), indisputvel titular da gesto, do controle erealimentao dos imaginrios (propaganda, ensino pblico gratuito [bemque virou maldio] com disciplinas definidas pelo Poder) tudo issoamparado, do lado material, em instituies como exrcitos e corpos de

    funcionrios especficos etc., e, pelo lado simblico, ideolgico, em basetecnolgica sofisticada, a partir mesmo da universalizao da literalidade

    primado das leis e seus cdigos, constituies, acervos reverenciados ecridos porque escritos, tudo isso implicando a folclorizao da oralidade,conjunto de elementos que na sociedade moderna do funo primordial

    propaganda, publicidade, a arte de mentir como atividade legtima,criadora de produtos transientes, com o aparecimento e desaparecimentofugazes de dolos, santos, sbios ou heris especficos, que jamais seriam

    tidos como tais em outras experincias sociais, de que so exemplos coisas

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    ambguas e imprecisas como a democracia, o valor das grifes, os SteveJobs, uma das mais perigosas sendo mesmo a tecnologia, termo, significadoe produtos.

    A Feira e o Mercado na frica

    A frica h milnios conhece a Feira, o Mercado plataforma de encontroe interao entre o profano e o sagrado, o individual e o social, os vivos eos mortos, fronteira entre o Il Aiy e o Il Orum. Nesse sentido, a fricater dificuldade em conhecer, reconhecer e reconhecer-se numa formaosocial o estado-nao territorial dito ps-Reforma, penduricalho de umacoisa chamada sociedade de mercado, que aos africanos sero impostos

    pela aparente descolonizao dos anos 50 e 60, criao eminentementelaica, plataforma da laicizao e coisificao da vida, produto direto dageobio-subsuno que j conceituamos. Dado os paroxismos do absurdo,na cabea dos africanos, toda essa inovao tecnolgica da convivncia ditacivilizada, toda essa parafernlia dos gringos vai ter por modelo a velhaFeira e Mercado africanos, ambos ao mesmo tempo profanos e sagrados.

    como se o africano visse, nos termos da subsuno que lhe impe oinvasor, sua viso de mundo confirmada s avessas. Na realidade, porm,as caractersticas marcantes deste estado-nacional territorial contrapem-se,contrastam com a compreenso africana, no que este :

    a) Espao para a produo e distribuio de bens e servios estranhos,elaborados, circulados e consumidos a partir de tecnologias desconhecidasem frica (para o homem simples da frica, aceitar esse estado territorial e

    modo de produo aceitar sua indigncia intelectual, tornar-se filho dechocadeira). desconhecido em frica esse modo de produo, em queum setor financeiro externo domina todos os aspectos do processo

    produtivo, e que hoje se pe a cavaleiro de todas as instituies sociais,como ensina Karl Polanyi, sistema solidamente vinculado a congnerestambm a cavaleiro das instituies sociais em suas sociedades. issodesconhecido no s em frica, mas em todo o mundo.

    b) Espao para venerao de uma mgica moeda hegemnica como meiouniversal de trocas, credo aceito pelas massas em razo do poder de

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    fascinao da mercadoria ou das armas do branco (esto a aliteralidade, a propaganda, a publicidade e, de quebra, o celular, o PC, aInternet, os bloqueios totais [Cuba, Ir, Iraque]): faa o que quiser, paraviver voc s ter minha moeda na venda de seus produtos e na compra do

    que lhe oferto sem alternativa (pases rabes, Japo etc.).

    C) Espao para a submisso da moeda e economias locais ao escrutniocontbil das agncias de um nico mercado financeiro internacional,observando a relao de cada economia particular frente a um todo queno pode ser contabilizado accountability para todos, diz a Secretria deEstado, exceo aberta para o emissor hegemnico cuja moeda necessariamente hegemnica e tem emisso sem limites (lorota falar-se em

    dficit oramentrio norte-americano ou em sua dvida pblica).D) Controle e gesto absolutos dos imaginrios dos indivduos (at pelaInternet) para que em ltima anlise o convencionado padro internacionalde riqueza, de valor [a implcitos at e necessariamente o Bem, a Virtude,a Felicidade e a Governabilidade] continue como tal criao ocidental,acumulando cada vez mais valor.

    Desafios ao Renascimento africano

    Conhecer o mundo-tempo sua volta e reconhecer-se como partcipe,como agente, na condio de conjunto de estados-naes territoriais adrededemarcados pelos colonizadores com o perverso intuito de fazer com que

    jamais gozem de estabilidade, num Planeta de economia mundializada ouglobalizada, cujas potncias j lhe definiram funo ancilar de fornecedorade bens minerais, eis o desafio, com etapas escalonadas, que se imps e setem imposto aos povos da frica desde o sculo XVI. Observe-se que asindependncias, com o afastamento da presena ostensiva do colonizador

    no perodo entre 1945 1989, deve ser visto como ddiva derevolucionrios que hoje seriam chamados terroristas, amparados porarmas e ideologia fornecidas pelo sistema socialista mundial comdestaque para a URSS e, pesquisem, para Cuba. Se numa sntese dassnteses nos pedissem a descrio da unicidade, singularidade,especificidade do drama africano, seria este: senhora esbulhada da heranamaterial e cultural de seu passado, seus reinos e imprios, de seu milenaracervo cultural, artstico, cientfico e tecnolgico, hoje ter que viver

    segundo as imposies de outrem a partir do fato de que lhe cortaram ,

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    apagaram ou sabotaram todos testemunhos documentais de seu passado, acomear pelo sistema internacional de sequestro para escravizao de nadamenos que duzentos milhes de seres num perodo de quatro sculos, e afinalizar pela disperso de epidemias, todas de etiologias misteriosas,

    principalmente a Aids. o significado do termo geobio-subsuno.

    Afere-se tambm o drama e desafio africanos pela compreenso de umpossvel encaminhamento estratgico desse processo multissecular degeobio-subsuno: primeira fase) desqualificar sua populao para

    justificar o butim;segunda fase) subqualificar sua populao para justificara apropriao exclusiva do territrio num esquema aparentementemultitnico. a Eurfrica.

    Nesse sentido, a referncia a mtodo se faz necessria, tendo em vista queno se pode analisar a frica com os mtodos e instrumentos conceptuaisofertados pelo saber hegemnico, seus conceitos e representaessociais, quadros de referncia, axiomas ou concluses implcitas. A fricano pertence ao mundo atrasado ou subdesenvolvido ou o que valha, poisqualquer que seja o nome do mundo a ela atribudo, esse ter sido a eladeferido no processo de geobio-subsuno j referido, este, sim, crimede definio em processo, pois dependente de um quadro de valores ainda

    ausente da mente no s dos hegemnicos, mas da maioria das vtimas,crime de genocdio ecossistemtico, denominao que quer legitimar-sediante de fatos objetivos como a singularidade da Vida no Planeta, aunicidade da Espcie Homo Sapiens, seu processo vrias vezes milenar deacumulao cultural, tudo isso negado pela brutalidade do processo degeobio-subsuno que povo e a biosfera africanos sofrem desde o chamadoRenascimento.

    A propsito, quem no se lembra dos safris da classe mdia norte-americano nos anos 50?, simples desejo de imitar os ingleses de um ou doissculos anteriores, os grandes desbravadores adrede feitos para vender

    jornais em Londres ou Paris, no decorrer dos sculos XVIII , XIX e XX?...Como estudar a frica a partir dos mtodos e materiais coletados nessasexpedies, por esses exploradores ou mesmo por Napoleo ou o reiLeopoldo II da Blgica? A frica s pode ser estudada a partir delamesma. O estudo da frica, a mais simples avaliao de um pormenor em

    sua paisagem, requer nova tela, novos pincis, tintas e traos. Requer aredefinio, mesmo a reconstruo de novos significados e desconstruo

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    dos antigos, requer remanipulao ao corpo de signos com que operamos acomunicao; requer tambm permanente reexame de conceitos ditoscientficos verdadeiras representaes sociais, ou verdades prt--porter,de graa ofertadas pelo sistema de saber hegemnico, armadilhas

    conceituais que nos fazem cultuar a mentira como se verdade fosse,apangio das disciplinas ideolgicas do dominador suas cincias sociais.

    O estado-feira em que vivemos

    Contextualizemos mais algumas das funes do Estado-nao-territorial-feira-livre em que vivemos, tendo em vista que ausncia de uma

    compreenso funcional desse instrumentos de nossa organizao social,resta imbatvel a noo de que somos superiores, da no poder essaevoluda instituio ser transferida atrasada frica seno a partir de suasubmisso total ou mesmo destruio. Por outro lado, sob o nome desociedade de mercado essa experincia hoje hegemnica no Planeta,

    portanto semente para a repetio de experincias semelhantes numhipottico futuro, caso no as critiquemos e transformemos.

    O recurso alegoria da Feira justifica-se, tambm, na medida em que para

    este autor no existe no universo dos entes morais da atual civilizaoconceitos, instrumentos com que se possa avaliar a prxis racista dessamesma civilizao, um de cujos instrumentos de dominao seu arsenalde prticas e teorias econmicas legitimadas pelas armas. Antes dequalquer considerao, cumpre que se tenha em mente que essa GrandeFeira ou Mercado Mundial se constituiu e estruturou, principalmentequanto s suas atuais feies, nos ltimos quinhentos anos, atravs daexcluso do homem africano como ser ativo, atravs da atribuio, frica

    e a seu povo, da funo de fornecedor, pela violncia, de trabalho essenciale gratuito s unidades produtivas dessa mesma Feira, vista como umTesouro pretensamente constitudo por cotas-partes de todos os estados-naes territoriais poca existentes.

    O estudo desse Tesouro como objeto de conhecimento faz ressaltar seusparadoxos. algo concreto, mas s referido em abstrato, como aeconomia mundial, agora tambm, para efeito de justificar guerras de

    rapina como Comunidade Internacional. Por um lado esse Tesouroimpe respeito propriedade privada, por outro, cresce a partir do roubo,

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    da exao. Subsume toda a realidade como mercadoria, e lhe d um valorque restringe e limita a uma minoria a fruio daquilo que na realidade temvalor. A configurao que apresenta em tempos de paz muda em temposde guerra, quando passa a ter donos singulares, especficos, que na paz se

    escondem atrs da denominao de empresas, famlias, proprietrios,cotistas, rentistas, acionistas, coletividades concretas cujos constituintes

    jamais recebem um nome que os singularize como donos do Tesouro, ano ser o de ricos, bilionrios, da tambm mais absurdos lgicos.

    Nesse sentido, fato que a chamada economia mundial constitui-se de umimenso e variado conjunto de mercados ou feiras. Aqui e ali, ou sempreentre si concorrentes, a interligao eventual dessas feiras d-se mais pelos

    pactos que seus titulares mantm entre si num quadro de completaassimetria econmica e militar, quanto a questes pontuais como, pelaordem: a) aderncia e/ou obedincia a um mercado internacional de ttulos,de papis, signos suposta ou acreditadamente resgatveis do referidoTesouro , que de alguns, mas que se faz passar por de todos e deningum. Esse mercado de cauo, valorizao e compensao de ttulostem toda sua estruturao baseada na f, oriunda dos acordos e normas

    pelos quais esses papeis tero que agregar valor monetrio a si prprios

    at mesmo para dar perenidade ao Tesouro , e ao fluxo produtivo agoramundial. Exemplifica a mentira crida como verdade, porque ningumpode apostar no caos, como dizem entre si. Nesse mercado de ttulosestaria a cave do Santo dos Santos, onde tem lugar o ritual da permanentemorte do trabalho vivo do trabalhador e ressurreio do trabalho morto naseara dos bilionrios.

    Roma foi senhora do mundo antigo, mas sua economia constituda pelariqueza do estado imperial (determinada pela receita(butim)-despesa do

    aparelho estatal, principalmente os exrcitos); pelo patrimnio dos patrciose ricos plebeus, e pelos tesouros dos templos, no tinha, essa economia,intercomunicao, cmara de cauo e compensao e refinanciamento.

    No lhe restava sada para um oramento estatal em dficit a no ser cortarsuas prprias carnes ou a de terceiros. Suas provncias, cada qual com suamoeda e modo de produo, nada mais eram que reas preferenciais desaque. Na poca do declnio, do disband das legies, quando o oramentofechava em dficit crnico, virou moda a prtica de mandar matar alguns

    patrcios e plebeus de grande fortuna para lhes confiscar os bens. Fcil

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    fica imaginar que ento ningum quisesse demonstrar riqueza. Para Romano existia um mercado de ttulos, por via do qual ela pudesse emitirttulos a 10% de juros ao ms ou ano, plenamente confiante de que essesttulos seriam comprados (tornando o oramento superavitrio), vendidos,

    transformados em moeda de curso e eventualmente jamais cobrados aoemissor, enquanto este fosse potncia, caso dos EUA e outros atuais. Namodernidade, se o ancestral dos Gulbenkian recebeu tal papel dizendoser devida a ele, possuidor do papel, 5% do valor do contrato deexplorao ou da produo dos poos de petrleo em determinado lugar nomundo, a disposio documental careceria de qualquer significado ou valorno fosse a existncia, de fato, de um sistema mundial que at hojecauciona o valor eterno dessa declarao, garante e transmite seus

    efeitos de gerao a gerao enquanto perdure a ordem econmico-jurdica e militar no mundo. Temos nesse exemplo ilustrado o princpio dacausalidade histrica.

    Fato a ser observado e guardado como base para a eventual compreensodas graves questes sociais em curso no mundo o de que, do sculo XV

    para c, no processo de sua evoluo, instituies ou reas institucionaisinteiras dessa Feira ou Mercado Mundial foram apropriadas por grupos

    tnicos ou grupos religiosos, desse modo h sculos concentrando riqueza,poder e funes hereditrias inerentes operacionalizao das respectivasinstituies do mercado. Assim, aquela rea da Feira que seresponsabilizava pela troca e equivalncia das moedas, ou seja, cmbio,guarda de ttulos, emprstimos e contagem de juros, por ter sempreobservando um padro organizacional de famlia , casta ou de grupo,continua em nossos dias praticamente nas mos dos primeiros banqueiros e

    prestamistas, intacta em sua linhagem. O fato adquire importncia capital

    quando se constata que hoje o sistema capitalista mundial tem o setorfinanceiro lato sensu, na condio de setor hegemnico em sua estrutura.Observe-se tambm que sem medo nenhum de errar ou exagerar,afirmamos que em termos de funes no sistema produtivo mundial frica coube e tem cabido s e exclusivamente a de fornecertrabalhadores e matria-prima. Para as Amricas saram do Continente,num perodo de quatrocentos anos, um total na ordem de 200 milhes deseres homens, mulheres e crianas, permanente fora de trabalho

    plenamente apta para atividades como agricultura, minerao, serviosbraais ou especializados, contingente que nos quatro sculos de vigncia

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    do trabalho escravo nada fez seno produzir riqueza nova. E assim continuana medida em que recebe salrio degradado insuficiente manuteno davida como pria.

    Quer-se enfatizar que o Tesouro aumenta pela agregao a ele deriquezas por parte daqueles que produzem riqueza. Do ponto de vista daproduo de riquezas, da acumulao de bens ao Tesouro e aos tesourosparticulares, no pode haver tergiversao: este s aumenta seu volume,variedade de itens e valor, atravs do processo de acumulao, pelo

    permanente acrscimo de riqueza nova. E s o trabalho, na sua mais nuae crua expresso pode produzir aquele bem concreto e novo,caracterizador da riqueza nova, principalmente o que substitui aquilo que se

    esvai todo dia, a toda hora, em funo do processo natural denutrio/agregao e decaimento da matria orgnica: contrariando ostericos do neoliberalismo, ningum vive de celular.

    Como diz em suas conferncias no Youtube o professor Jean CharlesCoovy Gomez, Voltaire, Newton, Rousseau citados aleatoriamente comoexemplos, s puderam dedicar-se produo intelectual que lhes marca onome, porque o Sistema Internacional do Trfico Negreiro remunerava emat mais de 1000% as poupanas particulares nele aplicadas. E que se saiba

    e se divulgue tambm que este sistema era propriedade dos mesmossegmentos sociais, tnicos e religiosos, que dominavam e ainda dominamessa mesma Feira ou mercado financeiro mundial.

    A propsito, vlida mais uma bifurcao neste ponto, para fazer meno crise financeira de 2008 ainda em curso no mundo, dado que tem causa e

    ponto de origem nesse nvel institucional da Feira, genericamente referidocomo mercado financeiro. O evento se deve gesto fraudulenta de ttulos

    especialmente os do setor imobilirio norte-americano, cujo TesouroFederal concede juros subvencionados e outras garantias, as sub-prime, apapeis do setor imobilirio, considerando a funo social da aquisio dacasa prpria. Bancos e Fundos cujos patrimnios se constituam dessesttulos, para atrarem investidores apressados em faturar lucros, pagavam

    juros mais altos a particulares e empresas, como os fundos deaposentadoria dos trabalhadores norte-americanos e europeus em geral,alm de todo e qualquer banco aulado pela perspectiva de ganhos fceis,

    inclusive mesmo estados, como o da Finlndia, que os donos do Tesouro

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    correram a salvar (por questo racial?), no dando aos finlandeses omesmo tratamento dado Grcia.

    Pacto notvel a unir as clulas do Mercado Mundial o que diz respeito

    ao que fazer com o dinheiro ganho no mbito de suas atividades. Estepacto especialmente vlido para os ditos estados rabes produtores depetrleo e, tambm, para os titulares dos pases africanos detentores derecursos minerais estratgicos. De modo geral, a estabilidade geopoltica noPlaneta num momento dado depende dos termos desse Pacto. O desrespeitoa ele, hoje, depois de 1989 e da independncia sistmica da Otan, implica aimediata perda do mandato por parte do transgressor, guerra de rapina sriquezas nacionais e morte indigna dos responsveis. Expliquemos:

    carentes de petrleo ou de qualquer outro recurso raro, a Potncia e suascongneres at mesmo para dar fluxo internacional moeda, assimafastando-se do modelo do Imprio Romano, troca a termos assimtricos,sua moeda pelo produto essencial desejado. O contrato, de livrecomrcio, como se diz, no acabou a, porm. De posse do dinheiro, ovendedor do recurso energtico pode muito bem entesourar suas receitasou comprar (principalmente armas) apenas nas mos dos inimigos ouconcorrentes da Potncia, ou pior ainda, reservar parte dos ganhos para

    adquirir infraestrutura cientfico-tecnolgica militar, industrial etc.visando a livrar-se da relao assimtrica que o mantm dependente de seucomprador Saddam Hussein e Muammar al-Gaddafi da ex-Lbia , LaurentGbagbo, da Costa do Marfim, incluindo-se todo o governo srio de BacharAl-Assad, h um ano e meio sob ataque total, como ldimos exemplosrecentes.

    Concluindo com mais algumas pinceladas o perfil desse nvel institucionalda Feira, o das finanas, repitamos com Karl Polanyi que este setor duranteo sculo XX se constituiu na mais importante subestrutura do sistemacapitalista, perodo em que, com as tecnologias da informao e dacomunicao assume o controle e a direo de todas as instncias sociais,

    praticamente pondo-se acima da sociedade, na medida em que esta produzdo jeito que ele quiser, a custos que s ele cabe fixar.

    Sua elevao ocorre na fase de rescaldo consequente s duas ltimas

    guerras mundiais, de ascenso dos Estados Unidos, em que a Inglaterra,

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    feirante destituda de um imprio, reconhece no mais ter meios poltico-militares para continuar se referenciando como a dona exclusiva doTesouro mundial. Hegemnico na estrutura do modo de produo comoo maior cotista e gestor do Tesouro, ao setor financeiro mundial cabe em

    ltima instncia a tarefa de dar curso produo planetria, no s a detecnologia de ponta , dos reatores nucleares e trens de alta velocidade a

    peas do vesturio, passando pelo arroz, o dend ou a mandioca, que vo boca de seis bilhes de seres humanos. A assuno dessaresponsabilidade em tese no deveria admitir a hiptese de que nas diversaseconomias nacionais vinculadas, os escales estruturais diretamente ligados produo e distribuio, ao reincio de novo ciclo produtivo noencontrem capitais a custo sustentvel, em outras palavras a crise

    econmica deveria estar proscrita do cenrio da produo mundial. Dadasas questes relativas s ausncias inerentes ao universo de entes morais dacivilizao que est a, a partir da prpria crise que pretende neg-lo queo setor hegemnico do sistema retira legitimao e energias para seeternizar.

    Relao entre os Estados Unidos da frica, a Lbia de al-Gaddafi, asaristocracias africanas e as reinvases em curso no Mli

    Se nossos modelos, mtodo, conceitos e definio ou redefinio de termostm consistncia no processo de percusso ou determinao das causasexplicativas do drama africano hoje, julgamos como dados os elementos

    bsicos para a compreenso do subttulo.

    Os Estados Unidos da frica, eis a Federao que teria justificativalegtima para, como mediadora entre o Continente e o resto, superpor-se atoda e qualquer formao social subjacente, tribo, reino ou nao africanos,

    desde que essa federao estivesse nas mos de africanos afinados com asteses do Renascimento Africano. Como um paradoxo aparente, observe-se,a proposta dessa federao considerada vivel, tambm, pela ao degeobio-subsuno em curso, hiptese em que a liderana da novelfederao, do lado africano, necessariamente estaria nas mos de lderessados da atual safra neoliberal empreendedorista, como Alassane Uattara,Paul Kagame, Alpha Kond, homens cuja viso no ultrapassa os limitesdos negcios escusos em que esto atualmente envolvidos. So incapazes

    de ver e entender que o Continente sofre processo de geobio-subsunomultissecular por parte de uma Europa-Mundo, que no tem nem pode

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    ter outro objetivo seno a ocupao e dominao continental para efeito deredefinio de pertinncia (no sentido de a quem pertence a frica), algonos moldes do que ocorreu e ocorre nas trs Amricas. Dadas as diferenasde tempo e contexto, na frica pode-se chegar a admitir consrcios entre

    governos e sociedades civis caucasoides, chinesas e indianas, por um lado,e lideranas neoliberais negro-africanas, por outro, tudo sob o disfarce deum nome que fira o multiculturalismo assimilacionista como FederaoEurafricana.

    Considerada a profundidade e abrangncia do projeto de geobio-subsuno, difcil alimentar iluses que se afastem do previsvel. Ainvaso em curso pretende corrigir o projeto barbaramente iniciado na fase

    do imperialismo marcial cujo paradigma o fatdico Congresso de Berlimde 1894-1895, primeiro lance da legitimao internacional doesquartejamento da frica, ou melhor, da sua geobio-subsuno. Com amorte do coronel Gaddafi e destruio da Lbia, de par com adesarticulao e enfraquecimento das foras polticas identificadas com omovimento de renascimento africano, tem mos livres o grupo que

    propugna por uma federalizao formal paulatina, a comear pelatransformao da OUA num parlamento de coonestao de medidas

    supranacionais tomadas por um condomnio anglo-europeu. Acresce quenum contexto em que as Potncias definem e estigmatizam o terrorismo aseu bel-prazer e interesse, qualquer governo carente de legitimao internae externa apangio permanente do ambiente poltico africano, tudo far

    para enviar destacamentos de combate ao Mli. o caso do Tchad. Demodo que a lio se repete: assim como a soluo final para o povo judeuacabou sendo financiada por capitais judaicos cedidos ao Reich, a geobio-subsuno da frica em qualquer de suas etapas contou e conta com o

    apoio das aristocracias africanas.A Lbia do coronel Gaddafi

    Com relao Lbia do coronel Gaddafi, j demos elementos para acompreenso das justificativas, da parte do Tesouro, para a invaso daLbia numa srie de operaes marciais muitas vezes superiores capacidade de defesa de qualquer pas da regio. No poder desde 1969, ocoronel no conseguiu institucionalizar seu governo e movimento poltico

    para efeito de apoio e reconhecimento externo. Do ponto de vista interno esegundo o olhar da maioria das populaes urbanas, fez bom governo, nos

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    limites de uma ditadura de heranas e prticas de mando marciais. Teve aviso de conceber e dirigir a realizao do Great Man-Made River, que aseguir transcrevemos a partir de texto que elaboramos no final dos anos 90do sculo passado, em funo de pormenores esclarecedores sobre a

    invaso da Lbia:

    Em setembro de 1996, a matria de uma revista tcnica inglesa muito nosmobilizou. Water&Environment (v.5, n.43) deu destaque reportagem de AlanGeorge, Golden mines of sand, que se referia a um gigantescoempreendimento na Lbia, considerado pelo governo do Coronel Kadhafi como omaior projeto de engenharia jamais empreendido em qualquer parte do mundo.Era o GMR Great Man-Made River, um sistema de dutos de 4 metros dedimetro estendendo-se dos extremos do deserto lbio at o litoral, distncia de

    mais de 4.000 quilmetros, com uma vazo por dia de 6 milhes de metros cbicosde gua fssil, recuperada a partir de mais de seiscentos poos profundos. O custototal do projeto foi orado em 25 bilhes de dlares.

    Essa vazo, visualizada, corresponde a um cubo de gua de um metro quadradode rea e quase setenta metros de altura, caindo a cada segundo num reservatrio.O consumo mdio dirio na cidade do Rio de Janeiro de 400 litros por habitante,ou 0,4m3, que multiplicados por 6 milhes de habitantes nos d um total em tornode 2.400.000 metros cbicos por dia, ou seja, um cubo de mesma rea e quase 28metros de altura a cada segundo. Grosso modo, com o GMR lbio tem-se uma

    estrutura de oferta de gua bem superior atual populao do pas, em torno de6 milhes de habitantes. J quanto ao custo, 25 bilhes de dlares, basta dizer queem 94 o total das exportaes da Coria do Sul somou 96 bilhes.

    H milnios explorando os aqferos litorneos, o povo lbio a partir da elevaodos seus ndices de concentrao demogrfica na faixa praial, num pas em que90% do territrio so desertos, tem provocado o esgotamento das guas dessesaqferos, causa da atual mistura com as do mar, problema cuja soluo aonerosssima dessalinizao. Assim, o empreendimento essencial para asobrevivncia do pas, alm de apontar alternativa para problemas semelhantes

    em outros pases do Maghreb e do mundo. .

    A concorrncia para a realizao das principais obras da primeira fase do MGRfoi ganha em 84 por uma empresa sul-coreana, a Dong Ah Construction &Industrial Company, envolvendo a fabricao e a colocao de dutos em linhadupla numa extenso de mais de 1.900 quilmetros, a um valor de 3,6 bilhes dedlares. Em 1996 essa primeira fase estava praticamente pronta, no obstante osatrasos provocados por acidentes nos poos perfurados por uma empresabrasileira, a Braspetro.

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    Em 90, a mesma Dong Ah ganhou o contrato de 3,5 bilhes de dlares paraexecutar o GMR 2, nada sendo dito sobre a Braspetro ou sobre a ao

    judicial em que esteve envolvida. Em sntese, o GMR uma joint venturemeio a meio entre o governo lbio e grupos ingleses representados pelaempresa Brown & Root Overseas and Waterworks Ltd. Pelo que se v, o

    governo de Sua Majestade mandou s favas as interdies do embargo do TioSam.

    poca da publicao do artigo (set. de1996), 60% do projeto j estavamconcludos. O texto da revista finalizava levantando alguns problemastrazidos ao governo lbio pelo GMR. O projeto previra o aproveitamento de80% dessas guas em irrigao, ampliando em muito a rea de terras aptasao cultivo na pequena nao norte-africana. O desafio, ento, seria arranjaragricultores para ocupar essas terras, uma vez que tambm l o brilho dascidades nas ltimas dcadas atrara a populao rural, com as conseqnciasscio-culturais que esse deslocamento sempre provoca. A soluo visualizada

    a atrao de camponeses pobres de vizinhos como o Egito antecipavaoutros problemas.

    Bem, infere-se hoje que a situao, ou melhor, a imagem internacional do coronelKhadafi melhorou. O embargo j foi ou est sendo suspenso. O povo lbio deveestar entrando no ano 2000 do calendrio rumani com o sentimento de haverrealizado algo de duradouro, que responder pela sobrevivncia de sua culturanum futuro bem distante.

    Neste novo sculo, beneficiado pelo crescente preo do petrleo eaparentemente vitorioso no arremate de aes visando a fazer reconhecerseu governo externamente, o coronel Gaddafi, julgando-se redimido erespeitado, assumiu de peito aberto o patrocnio do projeto EstadosUnidos da frica. Revigorou a Unio Africana, pagando cotas em atrasode pases membros em dbito crnico, alm de competir com os chinesesna realizao de projetos de infraestrutura em muitos pases da regio. Semmedo de errar, a nova viso da frica cuja paternidade j est sendo portrapaas transferida s potencias da geobio-subsuno, deve-seessencialmente aos investimentos chineses e lbios em todo o continente(http://www.dw.de/africa-fears-loss-of-libyan-investment/a-14940564-1),

    principalmente em pases que formam a coligao que invade o Mli hoje,sob a justificativa de que entraram na guerra para combater soldadostuaregues lbios que defendiam Gaddafi. Imaginando que o leitor tem uitosobre que refletir, fiquemos por aqui.

    Bibliografia consultada

    Drimmer, Melvin, editor, Black history a reappraisal, N. York, Doubleday &

    Company, Inc.1967.

    http://www.dw.de/africa-fears-loss-of-libyan-investment/a-14940564-1http://www.dw.de/africa-fears-loss-of-libyan-investment/a-14940564-1
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    Foucault, Michel, Histria da loucura, So Paulo, Editora Perspectiva, 1972

    Grimm, Harold J. The reformation era 1500 1650, N.York , The Macmillan

    Company, 1954-6

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