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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA: California has one year of water left Plagued by prolonged drought, California now has only enough water to get it through the next year, according to NASA. In an op-ed published Thursday by the Los Angeles Times, Jay Famiglietti, a senior water scientist at the NASA Jet Propulsion Laboratory in California, painted a dire picture of the state’s water crisis. California, he writes, has lost around 12 million acre-feet of stored water every year since 2011. In the Sacramento and San Joaquin river basins, the combined water sources of snow, rivers, reservoirs, soil water and groundwater amounted to a volume that was 34 million acre-feet below normal levels in 2014. And there is no relief in sight. “As our ‘wet’ season draws to a close, it is clear that the paltry rain and snowfall have done almost nothing to alleviate epic drought conditions. January was the driest in California since record-keeping began in 1895. Groundwater and snowpack levels are at all-time lows” Famiglietti writes. “We’re not just up a creek without a paddle in California, we’re losing the creek too.” SCHLANGER, Z. Disponível em: <http://www.newsweek.com>. Acesso em: 04 out. 2017. [Fragmento] O texto aborda a crise hídrica na Califórnia, que é um dos maiores desafios enfrentados na atualidade por esse estado. Um dos fatores mencionados no texto que contribuíram para que se chegasse a essa situação é A o desperdício decorrente da degradação do sistema de distribuição. B a quantidade rarefeita de chuva nos meses de janeiro desde 1895. C o nível baixo de precipitação em forma de neve na região do estado. D a conclusão antecipada do período chuvoso nessa região dos EUA. E o consumo desregrado pela população e indústria californianas. Alternativa C Resolução: A) INCORRETA – O texto aponta que os reservatórios californianos perderam cerca de 12 milhões de acre-pés de água (14,8 bilhões de metros cúbicos, aproximadamente) todos os anos desde 2011. Contudo, essa perda não é atribuída à degradação dos sistemas de distribuição, visto que eles não são sequer mencionados. B) INCORRETA – O artigo aponta que, no ano de sua publicação, o mês de janeiro havia sido o mais seco desde que as precipitações no estado começaram a ser aferidas, em 1895. Conclui-se, portanto, que a afirmativa da letra B é uma deturpação do que se diz no texto. IMOH C) CORRETA – O pesquisador da NASA, James Famiglietti, atribui, entre outras coisas, à baixa precipitação em forma de chuva e de neve o estado de extrema seca em que se encontra a Califórnia. D) INCORRETA – Não se menciona uma combinação dos reservatórios que abastecem a Califórnia como motivo da seca. O que se aponta no texto é que, nas bacias dos rios Sacramento e San Joaquin, toda a água da neve, de rios, de reservatórios, do solo e de lençóis freáticos combinada correspondeu a um total que estava 34 milhões de acre-pés abaixo do nível normal de 2014. E) INCORRETA – Embora o consumo desregrado possa ser inferido como um dos fatores da crise hídrica californiana, o texto não o menciona, motivo pelo qual essa alternativa não pode ser escolhida como resposta. QUESTÃO 02 The mighty Amazon might be sunk by the demand for instant gratification Hegemony never lasts in technology. The day the first pundit calls a tech superpower a dangerous monopoly, start looking for whatever is coming to overthrow it. This seems to be where we are with mighty Amazon.com. Amazon is still growing like crazy, about 20 percent year-over-year. But it’s not growing the way it used to. The company this month missed earnings and said its fourth-quarter revenue will be lower than expected. Plus, it seems to be suffering occasional brain farts, like its overly hasty 60 Minutes drone reveal and the introduction of its Fire phone. The Fire was a colossal misreading of consumers, as if McDonald’s launched a haggis sandwich and was puzzled when nobody bought it. Disponível em: <http://www.newsweek.com/business>. Acesso em: 21 mar. 2017. [Fragmento] A gigante de vendas Amazon.com destaca-se no comércio via Internet há muitos anos. Contudo, a empresa enfrentou questões problemáticas em 2014. Entre essas questões, o texto cita A a consideração supervalorizada das demandas dos consumidores finais. B a crítica à sua hegemonia feita por especialistas da área de tecnologia. C a queda no faturamento da empresa no quarto trimestre do ano. D o surgimento de práticas de venda mais eficazes que as da Amazon. E o crescimento nas vendas de apenas 20% nos quatro anos anteriores. ARUC ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 1 BERNOULLI SISTEMA DE ENSINO

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

Questões de 01 a 45

Questões de 01 a 05 (opção inglês)

QUESTÃO 01

NASA: California has one year of water left Plagued by prolonged drought, California now has only

enough water to get it through the next year, according to NASA. In an op-ed published Thursday by the Los Angeles Times,

Jay Famiglietti, a senior water scientist at the NASA Jet Propulsion Laboratory in California, painted a dire picture of the state’s water crisis. California, he writes, has lost around 12 million acre-feet of stored water every year since 2011. In the Sacramento and San Joaquin river basins, the combined water sources of snow, rivers, reservoirs, soil water and groundwater amounted to a volume that was 34 million acre-feet below normal levels in 2014. And there is no relief in sight.

“As our ‘wet’ season draws to a close, it is clear that the paltry rain and snowfall have done almost nothing to alleviate epic drought conditions. January was the driest in California since record-keeping began in 1895. Groundwater and snowpack levels are at all-time lows” Famiglietti writes. “We’re not just up a creek without a paddle in California, we’re losing the creek too.”

SCHLANGER, Z. Disponível em: <http://www.newsweek.com>. Acesso em: 04 out. 2017. [Fragmento]

O texto aborda a crise hídrica na Califórnia, que é um dos maiores desafios enfrentados na atualidade por esse estado. Um dos fatores mencionados no texto que contribuíram para que se chegasse a essa situação éA. o desperdício decorrente da degradação do sistema de

distribuição. B. a quantidade rarefeita de chuva nos meses de janeiro

desde 1895.C. o nível baixo de precipitação em forma de neve na

região do estado.D. a conclusão antecipada do período chuvoso nessa

região dos EUA. E. o consumo desregrado pela população e indústria

californianas.

Alternativa CResolução:

A) INCORRETA – O texto aponta que os reservatórios californianos perderam cerca de 12 milhões de acre-pés de água (14,8 bilhões de metros cúbicos, aproximadamente) todos os anos desde 2011. Contudo, essa perda não é atribuída à degradação dos sistemas de distribuição, visto que eles não são sequer mencionados.

B) INCORRETA – O artigo aponta que, no ano de sua publicação, o mês de janeiro havia sido o mais seco desde que as precipitações no estado começaram a ser aferidas, em 1895. Conclui-se, portanto, que a afirmativa da letra B é uma deturpação do que se diz no texto.

IMOH

C) CORRETA – O pesquisador da NASA, James Famiglietti, atribui, entre outras coisas, à baixa precipitação em forma de chuva e de neve o estado de extrema seca em que se encontra a Califórnia.

D) INCORRETA – Não se menciona uma combinação dos reservatórios que abastecem a Califórnia como motivo da seca. O que se aponta no texto é que, nas bacias dos rios Sacramento e San Joaquin, toda a água da neve, de rios, de reservatórios, do solo e de lençóis freáticos combinada correspondeu a um total que estava 34 milhões de acre-pés abaixo do nível normal de 2014.

E) INCORRETA – Embora o consumo desregrado possa ser inferido como um dos fatores da crise hídrica californiana, o texto não o menciona, motivo pelo qual essa alternativa não pode ser escolhida como resposta.

QUESTÃO 02

The mighty Amazon might be sunk by the demand for instant gratification

Hegemony never lasts in technology. The day the first pundit calls a tech superpower a dangerous monopoly, start looking for whatever is coming to overthrow it.

This seems to be where we are with mighty Amazon.com.

Amazon is still growing like crazy, about 20 percent year-over-year. But it’s not growing the way it used to. The company this month missed earnings and said its fourth-quarter revenue will be lower than expected. Plus, it seems to be suffering occasional brain farts, like its overly hasty 60 Minutes drone reveal and the introduction of its Fire phone. The Fire was a colossal misreading of consumers, as if McDonald’s launched a haggis sandwich and was puzzled when nobody bought it.

Disponível em: <http://www.newsweek.com/business>. Acesso em: 21 mar. 2017. [Fragmento]

A gigante de vendas Amazon.com destaca-se no comércio via Internet há muitos anos. Contudo, a empresa enfrentou questões problemáticas em 2014. Entre essas questões, o texto cita

A. a consideração supervalorizada das demandas dos consumidores finais.

B. a crítica à sua hegemonia feita por especialistas da área de tecnologia.

C. a queda no faturamento da empresa no quarto trimestre do ano.

D. o surgimento de práticas de venda mais eficazes que as da Amazon.

E. o crescimento nas vendas de apenas 20% nos quatro anos anteriores.

ARUC

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Alternativa C

Resolução:

A) INCORRETA – O texto não fala de uma consideração supervalorizada das demandas dos consumidores, mas, sim, de uma leitura equivocada – misreading –, o que levou a empresa a lançar o smartphone Fire, fracasso de vendas.

B) INCORRETA – Essa alternativa distorce o que diz o primeiro parágrafo do texto. Nele, o autor afirma que um indicador de que uma grande empresa tecnológica vai começar a ruir é o fato de ela ser considerada um monopólio por especialistas. Isso não quer dizer, contudo, que foram as críticas que impediram o crescimento da Amazon em 2014.

C) CORRETA – Um quarto de ano corresponde a três meses, isto é, um trimestre. Portanto, fourth-quarter pode ser traduzido como “do quarto trimestre”. Assim, a alternativa está de acordo com a seguinte passagem do texto: The company this month missed earnings and said its fourth-quarter revenue will be lower than expected.

D) INCORRETA – O artigo não cita o surgimento de nenhuma prática de venda melhor que as da Amazon, logo a alternativa não se sustenta no texto.

E) INCORRETA – O texto afirma que a Amazon teve um crescimento de 20% ano após ano, o que é algo positivo, e não uma questão problemática (a expressão growing like crazy – crescendo feito doida – deixa isso claro).

QUESTÃO 03

Disponível em: <https://i.pinimg.com>. Acesso em: 09 out. 2017.

Nesse cartum, a quebra de expectativa leva a um efeito de humor. Essa quebra ocorre porqueA. a entrevistada atribui aos congressistas as

características citadas pelo entrevistador. B. a entrevistada responde com impaciência às perguntas

feitas pelo entrevistador.C. as personagens têm opiniões parecidas sobre o

recebimento de ajudas financeiras.D. o entrevistador induz a entrevistada a criticar os

membros do Poder Legislativo.E. o entrevistador emite um juízo de valor sobre os

beneficiários de programas sociais.

2VØ7

Alternativa AResolução:A) CORRETA – Ao questionar o que se deve fazer com

“pessoas que recebem ajuda financeira do governo, mas são preguiçosas demais para trabalhar”, o entrevistador está se referindo aos beneficiários de programas sociais. Contudo, a mulher atribui essas características aos congressistas, dizendo que essas pessoas devem ser expulsas do Congresso. Isso gera uma quebra de expectativa, que, por sua vez, contribui para o efeito de humor irônico e crítico do cartum.

B) INCORRETA – A mulher entrevistada está com os braços cruzados e dá uma resposta inesperada, o que, de fato, demonstra certa impaciência, mas isso em si não gera uma quebra de expectativa.

C) INCORRETA – Nota-se que as personagens têm opiniões marcadamente divergentes sobre os benefícios financeiros distribuídos pelo governo, visto que o entrevistador os considera um problema quando são recebidos pela população, e a mulher os vê como problema quando recebidos por políticos.

D) INCORRETA – Não existem elementos textuais suficientes para afirmar que o entrevistador tenha buscado induzir a entrevistada a criticar os membros do Poder Legislativo. Além disso, o elemento textual que gera a quebra de expectativa não é esse, mas, sim, a resposta da entrevistada.

E) INCORRETA – Embora o entrevistador de fato emita um juízo de valor sobre os beneficiários de programas sociais, não é isso que causa a quebra de expectativa no cartum, levando ao efeito de humor, mas, sim, o fato de a mulher atribuir esse juízo de valor aos congressistas.

QUESTÃO 04

PARKER, J. Disponível em: <http://www.cagle.com/>. Acesso em: 22 dez. 2014.

O cartum é um desenho humorístico de caráter crítico, retratando, de uma forma bastante sintetizada, algo que envolve o dia a dia de uma sociedade. O texto anterior provoca no leitor uma reflexão acerca da(o)

A. atitude irresponsável e preguiçosa da juventude.

B. desemprego de pessoas na faixa dos 30 anos.

C. custo alto da formação universitária.

D. postura altamente repressora dos pais.

E. preferência dos jovens por viver na casa dos pais.

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Alternativa CResolução: Como explica o enunciado da questão, os cartuns geralmente satirizam e / ou problematizam um aspecto de uma determinada sociedade. O cartum em questão, produzido por Jeff Parker, retrata um problema atual dos EUA, que é o endividamento dos jovens devido aos altos custos da formação superior e aos financiamentos estudantis. O texto também aborda o conflito de gerações que esse fato socioeconômico produz, pois os americanos mais velhos – que não tiveram, no passado, o mesmo problema com débitos estudantis que os jovens de 20 a 30 anos têm hoje – tacham as novas gerações de preguiçosas e irresponsáveis. Portanto, tendo em vista o que foi exposto anteriormente, pode-se afirmar que a alternativa A está incorreta, pois não descreve uma reflexão suscitada no leitor pelo texto, mas, sim, um preconceito geralmente nutrido pelos americanos mais velhos em relação aos mais jovens. A alternativa B também está incorreta, pois o tema do cartum não é o desemprego nos EUA, mas, sim, como dito anteriormente, os altos custos da educação superior naquele país e o consequente endividamento dos jovens na faixa etária dos 20 aos 30 anos. A alternativa C, por sua vez, está correta, pois a reflexão suscitada pelo cartum é justamente sobre o alto custo da formação universitária nos EUA.A alternativa D está incorreta, pois, embora os pais do jovem retratado no cartum o chamem de preguiçoso e irresponsável, a reflexão que o texto suscita não é exatamente sobre a postura repressora deles, mas, sim, sobre o conflito de gerações que, como explicamos anteriormente, decorre da atual conjuntura do ensino superior nos EUA.Por fim, a alternativa E está incorreta, pois os jovens americanos não preferem morar com os pais; eles simplesmente não têm opção, visto que estão endividados.

QUESTÃO 05

Disponível em: <https://kingsjester.wordpress.com>. Acesso em: 05 out. 2017.

Esse cartum aborda um aspecto sociopolítico dos Estados Unidos. Por meio dele, busca-se fazer uma crítica à falta deA. preocupação da população estadunidense com o aquecimento global. B. critério para o estabelecimento de prioridades pelo governo dos EUA.C. funcionários públicos para atender à população carente estadunidense.D. acesso a um serviço de saúde barato e de qualidade nos Estados Unidos.E. comprometimento do governo estadunidense com os problemas da população.Alternativa BResolução:A) INCORRETA – O cartum não busca criticar a falta de preocupação da população dos EUA com o aquecimento global, mas,

sim, apontar que, enquanto o governo se ocupa com esse problema, várias pessoas estão sem emprego e sem assistência.B) CORRETA – No cartum, vê-se uma fila de pessoas aguardando atendimento à porta de um “unemployment office”

(agência responsável por ajudar os cidadãos a encontrar emprego). Afixadas na porta dessa agência, há duas placas indicando que o lugar estará fechado até que se resolvam os problemas do aquecimento global e da saúde. Com isso, faz-se uma crítica implícita à incapacidade da administração pública estadunidense de estabelecer prioridades para conseguir resolver o problema do desemprego, que também é urgente.

C) INCORRETA – A crítica feita no cartum não é à falta de funcionários públicos para atender à população carente, mas, sim, ao empenho do governo estadunidense em resolver problemas que podem não ser tão urgentes quanto o do desemprego.

D) INCORRETA – O cartum, na verdade, critica o esforço do governo estadunidense em resolver o problema do acesso à saúde em detrimento da busca por resolver o problema do desemprego. Portanto, a crítica não é à falta de acesso à saúde em si.

E) INCORRETA – O aquecimento global e a saúde podem ser considerados problemas da população, e, tendo em vista que o cartum sugere que o governo do país está empenhado em resolvê-los, não se pode dizer que haja falta de comprometimento. A crítica que se faz no cartum, na verdade, é à falta de capacidade desse governo de fazer isso sem deixar de lado outro problema tão ou mais urgente, que é o desemprego.

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LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIASQuestões de 01 a 45

Questões de 01 a 05 (opção espanhol)

QUESTÃO 01

Disponível em: <http://i.blogs.es/b243a6/650_1000_captura-20de-20pantalla-202012-12-11-20a-20las-2014.34.53/1366_2000.jpg>. Acesso em: 30 ago. 2016.

A propaganda institucional divulga mensagens de cunho social, cultural ou cívico com a intenção de promover uma determinada ação em seu público-alvo. Essa propaganda institucional da Unicef tem por objetivo

A. agradecer as doações realizadas às crianças em situação de desnutrição.

B. noticiar as informações coletadas sobre a desnutrição infantil no mundo.

C. incentivar o aumento das doações para o combate à desnutrição infantil.

D. chocar seus interlocutores com os dados divulgados sobre a desnutrição.

E. destacar a baixa expectativa de vida das crianças que sofrem de desnutrição.

Alternativa CResolução: A alternativa correta é a C, pois a propaganda da Unicef tem por objetivo estimular o leitor a contribuir com a causa, aumentando, assim, o número de doações para o combate à fome no mundo. As demais alternativas estão incorretas porque elas referem-se aos recursos utilizados na campanha para atingir o objetivo de captar doações.

QUESTÃO 02 Las barras bravas representan un cáncer para el fútbol profesional de Argentina, el deporte nacional por excelencia.

Ya cargan sobre sus espaldas nada menos que 301 asesinatos en batallas campales en los estadios y emboscadas por ajustes de cuentas.

Pese a ello la sociedad no reacciona como sería necesario ante esa enfermedad colectiva. Ya se han probado varios antídotos y ninguno ha surtido efecto, desde el veto personalizado de ingreso a las gradas o la suspensión del estadio, hasta proscribir del partido a toda una afición.

El último intento por frenar a las barras bravas ha sido un proyecto que propuso modificar el código penal e incluir la tipificación de los delitos y el monto de los castigos para los violentos.

En principio parecía que el proyecto iba a pasar sin sobresaltos por la comisión de legislación penal del congreso de los diputados y luego sería debatido en el hemiciclo. El gobierno de la provincia de Buenos Aires mandó a su secretario de Deportes, Alejandro Rodríguez, en señal de respaldo a la medida.

Sin embargo, en la reunión de comisión la diputada oficialista Diana Conti, ha salido con una reacción inesperada y ha planteado objeciones que pusieron todo marcha atrás.

“El Frente para la Victoria (de la Presidenta Cristina Fernández) no está de acuerdo con estos proyectos” pues producen “una estigmatización del barrabrava”, ha argumentado. Y ha opinado que “el derecho penal no es una solución mágica” y se debe “ser cuidadosos con los aumentos de pena o una tipificación de los barrabravas”.

Disponível em: <http://www.elmundo.es/internacional/2015/03/11/5500bf0422601d0d4 98b4575.html>. Acesso em: 10 maio 2015.

O argumento que sustenta as objeções a tornar mais severa a punição de membros de torcidas organizadas na Argentina se baseia na premissa de queA. a sociedade rejeita a existência dessa doença coletiva. B. as medidas propostas para diminuir a violência se mostraram ineficazes.C. os membros de torcidas organizadas apresentam comportamentos diferenciados. D. o direito penal oferece soluções que parecem mágicas de maneira cuidadosa. E. a última tentativa para frear a violência nos estádios apontou novos caminhos para o êxito.

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LCT – PROVA I – PÁGINA 4 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa CResolução: Segundo o texto, a deputada Diana Conti apresentou objeções ao projeto de modificação ao código penal com o argumento de que ele produzirá uma estigmatização dos membros de torcidas organizadas, e que alterar o direito penal não será uma solução mágica para a situação, razão pela qual deve-se ter cuidado com o aumento das penas e a tipificação dos barrabravas. Com base na argumentação da deputada, percebe-se que a lógica subjacente à sua posição é a de que uma tipificação levaria ao estigma de que todo membro de torcida organizada pratica atos de violência, o que não necessariamente é verdade. Portanto, a alternativa correta é a C.

QUESTÃO 03

El Diccionario de la Lengua Española ya no es de la RAE, es de las 22 academias

Al presentar la edición XXIII del Diccionario de la Lengua Española, Jaime Labastida señaló que hasta hace poco este libro era conocido popularmente como RAE (Real Academia Española), porque era en efecto el diccionario de esta institución. Hoy ya no lo es, pertenece a todas las academias y debemos llamarlo de otra manera, con otra sigla. Él lo llamó “DILE”.

La lengua española es universal y no tiene centro, es policéntrica, en la que no se reconoce como correcta solo una de las normas lingüísticas. Cada una de las naciones posee la forma del habla que le es propia, su léxico y giros distintos. Y esto revela la actual edición del diccionario, precisó Jaime Labastida. […]

Sin embargo, explicó que esta edición aún contiene algunos defectos como el no señalar los españolismos. Por ejemplo, dijo, la palabra “grifo”, en España describe a un animal y en México es la acepción de una persona que se intoxica con drogas, como la mariguana. Otro, añadió, es la palabra “bañador”, de que define a una persona que baña, pero el españolismo dice que es una prenda de una pieza usada para bañarse en playas. “En el diccionario estas dos palabras no tienen la marca de españolismo.”

Estos defectos podrán subsanarse en próximas ediciones, “porque este diccionario, pese a todo, es el diccionario canónico de nuestra lengua, más ahora por la amplia colaboración de las 22 academias”.

Disponível em: <http://www.cronica.com.mx/notas/2014/870345.html>. Acesso em: 10 dez. 2014 (Adaptação).

Jaime Labastida aponta uma falha na última edição do Dicionário da Língua Espanhola, elaborado pelas 22 academias da língua. O erro fundamental a que se refere o membro da Academia Mexicana decorre da

A. ausência da marca de espanholismos no dicionário.

B. falta de participação das academias da língua.

C. marcação de americanismos no dicionário.

D. presença da sigla DILE no título do dicionário.

E. prevalência do sentido ambíguo de algumas palavras.

RQTG

Alternativa A

Resolução: No texto, Labastida apresenta a nova edição

do dicionário da RAE, feita em colaboração entre as

22 academias de Língua Espanhola, porém, sinaliza que o

dicionário possui defeitos, a saber, a falta de espanholismos

– variações no uso e significado de algumas palavras entre

os países hispanofalantes –, problema que pode ser corrigido

nas próximas edições do dicionário colaborativo. Portanto,

a alternativa correta é a A.

QUESTÃO 04

Reloj biológico y horario de verano

Todos tenemos un reloj interno llamado reloj biológico, biorritmo o reloj circadiano, que regula entre otros aspectos de nuestra vida el sueño y el hambre.

El biorritmo está basado en las influencias del ritmo circadiano. Es decir que el ser humano y al parecer la mayoría de los seres vivos, están regulados por “un reloj biológico” que interactúa con la naturaleza y sus ciclos, como el día y noche y las estaciones, y repercute en los ciclos de sueño e insomnio, de apetito, de actividad hormonal, entre otros.

Fisiológicamente lo más adecuado para la salud y el rendimiento del ser humano es acoplar de la mejor forma posible sus actividades más importantes al ciclo natural luz / obscuridad. El regulador de este reloj es la luz ya que cuando la retina capta el primer rayo de sol, manda la información al cerebro y éste envía docenas de órdenes al cuerpo.

Para activarnos en el día el sistema endocrino segrega, entre otras, la hormona del estrés cortisol y por la noche, la melatonina para dormir. Por eso, cuando en verano amanece más temprano, lo lógico es recorrer el horario una hora antes,

porque el cuerpo de forma natural se activará por la luz.

Disponível em: <http://www.cronica.com.mx/notas/2015/892063.html>. Acesso em: 10 mar. 2016. [Fragmento]

O texto informativo, veiculado no jornal Crónica, apresenta ao leitor explicações sobre o relógio biológico, além de orientá-lo a como proceder diante do efeito do horário de verão nesse mecanismo. A partir da leitura do texto, depreende-se o “relógio biológico” como:

A. Informação de luz captada pela retina e enviada ao cérebro, que ativará o organismo.

B. Sistema biológico exclusivo dos seres humanos, capaz de regular as atividades diárias.

C. Mecanismo orgânico capaz de gerar uma ordem temporal nas atividades do indivíduo.

D. Reconhecimento orgânico automático do melhor horário para realizar as atividades diárias.

E. Adaptação humana das atividades mais importantes do dia ao ciclo natural de luz e escuridão.

66SW

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 5BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa C

Resolução: De acordo com o texto, o ser humano e a maioria dos seres vivos possuem um relógio biológico interatuante

com a natureza e seus ciclos. Esse mecanismo é regulado pela luz, que manda a informação ao cérebro, o qual, por sua

vez, envia dezenas de ordens ao corpo, fazendo com que os indivíduos tenham uma ordem temporal em suas atividades

obedecendo aos ciclos de luz e escuridão. Portanto, a alternativa correta é a C. A alternativa A é incorreta porque a luz é o

regulador do relógio biológico, não o próprio relógio. A alternativa B é incorreta porque quase todos os seres vivos possuem

relógio biológico. A alternativa D é incorreta porque o relógio biológico regula o sono e a fome, entre outros mecanismos,

e não atua como um sistema de reconhecimento automático do melhor horário para realizar as atividades diárias.

Por fim, a alternativa E é incorreta porque o relógio biológico não é uma adaptação humana para a realização de atividades

importantes de acordo com os ciclos de luz e escuridão, e sim um mecanismo fisiológico inerente a quase todos os seres

vivos que regula alguns processos no organismo.

QUESTÃO 05

Un mercado de colores

Poco más hay que decir del mercado de artesanías de Otavalo que se pone cada sábado por toda la ciudad,

TIENES QUE VERLO. Es uno de los mercados de artesanías al aire libre más grandes de Latinoamérica.

El colorido y originalidad de las piezas que se pueden encontrar es único, claro está que ahora abundan también los

puestos con marroquinería china por doquier, pero teniendo en cuenta que Otavalo sigue siendo referente de fabricación de

artesanía indígena para todo el mundo, aquí puedes encontrar casi de todo. Si llegas otro día que no sea el sábado, siempre

encontraras en la plaza de los ponchos una exposición fija de los comerciantes locales.

Si tienes algo que comprar de recuerdo, no dejes de pasear por este mercado, seguro que algo picas. Ojo con los niños

el sábado es fácil de perderse por la cantidad ingente de personas que se mueven ese día, y por supuesto bolsas y mochilas

de mano bien cerradas y en la parte delantera pues los carteristas hacen su agosto durante los sábados.

Disponível em: <http://www.minube.com/rincon/mercado-de-otavalo-a1602#modal-78602>. Acesso em: 15 mar. 2016.

O texto apresentado descreve um típico mercado artesanal indígena na cidade de Otavalo, no Equador. Além de elogiar o

artesanato, o autor faz algumas recomendações e alertas aos leitores que pretendam visitar o mercado. O fragmento “[...] los

carteristas hacen su agosto durante los sábados” sugere que, no mercado, os visitantes

A. encontram uma exposição de carteiras.

B. devem ficar atentos ao grande perigo de furtos.

C. podem facilmente perder as crianças na multidão.

D. encontram opções de lembranças para comprar.

E. preferem comprar aos sábados do mês de agosto.

Alternativa B

Resolução: A expressão “hacen su agosto” significa lucrar aproveitando-se de uma situação, e “carteristas” refere-se a ladrões de

carteiras. A última frase do texto alerta os leitores que pretendem visitar o mercado sobre o grande perigo de furtos aos sábados

e orienta-os a deixarem suas bolsas e mochilas bem fechadas e posicionadas na dianteira do corpo, a fim de evitar furtos,

de modo que a alternativa correta é a B. A alternativa A é incorreta porque o texto não diz que há exposições de carteiras no

mercado. A palavra “carteirista” é usada para referir-se aos ladrões. A alternativa C é incorreta porque o fragmento indicado

no enunciado está relacionado à frase “y por supuesto bolsas y mochilas de mano bien cerradas y en la parte delantera […] ”,

e não à facilidade das crianças de se perderem, o que é indicado pela conjunção “pues”, que conecta a orientação à sua

explicação. A alternativa D é incorreta porque faz referência a uma informação presente no texto, mas não tem nenhuma

relação com o fragmento apresentado. A alternativa E é incorreta porque, como exposto anteriormente, o trecho destacado

diz que os ladrões cometem muitos furtos aos sábados.

GZ9J

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QUESTÃO 06

TEXTO I

PORTINARI, C. Retrato de Carlos Drummond de Andrade. 1936. Óleo sobre tela. 72 × 58 cm.

TEXTO II

Confidência do Itabirano

Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e

[ comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e

[ sem horizontes.E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança

[ itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!

ANDRADE, C. D. Confidência do Itabirano. In: Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

83FE Os dois textos representam o mesmo objeto: o primeiro é um retrato de Carlos Drummond de Andrade pintado por Candido Portinari, e o segundo é um texto poético em que o próprio poeta define a si mesmo. A respeito da abordagem, a diferença entre ambos, respectivamente, é que

A. um esclarece quem é o retratado, e o outro busca mistificá-lo.

B. um privilegia a objetividade, e o outro privilegia a expressividade.

C. um expressa opiniões, e o outro distorce a realidade pelas palavras.

D. um expõe uma visão social, e o outro traz uma justificativa à sociedade.

E. um é composto por simbologias, e o outro é marcado por fatos históricos.

Alternativa BResolução: Ambos os textos retratam a mesma pessoa, o poeta Carlos Drummond de Andrade. A principal diferença entre ambos, à parte a linguagem artística empregada – pintura e literatura –, é que a obra de Candido Portinari apresenta uma abordagem que privilegia uma representação objetiva, próxima da realidade, enquanto em seu poema Drummond define a si mesmo de maneira subjetiva, com o foco em suas atitudes e características psicológicas. Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o eu lírico de Drummond não busca mistificar sua figura, no sentido de envolvê-la em aspectos ocultos e espirituosos; além disso, em ambos os textos, está claro quem é o ser retratado. A alternativa C está incorreta porque, ainda que o quadro de Portinari possa ser encarado como sua interpretação do poeta, o poema de Drummond não distorce a realidade, mas expressa o ponto de vista da voz poética. A alternativa D está incorreta porque a representação de Drummond no quadro não tem engajamento social de qualquer tipo, nem o poema funciona como uma justificativa do poeta para agir de uma maneira ou de outra. Por fim, a alternativa E está incorreta porque, ainda que possam ser encontradas simbologias no quadro de Portinari, o texto de Drummond não se baseia em eventos da História, mas em acontecimentos da vida do poeta, sobre os quais ele reflete.

QUESTÃO 07

[...] Presumi que estavam muito contentes de ganhar o repouso de horas, pois tinham navegado na sela a noite toda. Um falou mais alto, aquilo era bonito e sem tino: – “Siruiz, cadê a moça virgem?”. Largamos a estrada, no capim molhado meus pés se lavavam. Algum, aquele Siruiz, cantou, palavras diversas, para mim a toada toda estranha:

Urubu é vila alta, mais idosa do sertão: padroeira, minha vida – vim de lá, volto mais não... Vim de lá, volto mais não?...

NIFU

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 7BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Corro os dias nesses verdes, meu boi mocho baetão: buriti – água azulada, carnaúba – sal do chão...

Remanso de rio largo, viola da solidão: quando vou pr’a dar batalha, convido meu coração...

ROSA, G. Grande sertão: veredas. 19. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

A presença de versos dentro do texto em prosa consiste numa característica da escrita de Guimarães Rosa, que, por meio dessa estratégia, no fragmento anterior, representa a mescla deA. oralidade da canção com narrativa escrita.B. informalidade da toada com língua padrão.C. descrição nos versos com narração em prosa.D. abordagem em primeira e em terceira pessoas.

E. subjetividade da canção com objetividade da prosa.

Alternativa AResolução: Por meio da estratégia de representar os versos da canção dentro do texto, o autor apresenta uma mescla entre a cultura oral, percebida no ritmo da canção e nas construções típicas da oralidade, como “pra” e “volto mais não”, e a narrativa escrita. A alternativa correta é, portanto, a A. A alternativa B está incorreta porque tanto a narrativa quanto os versos apresentam elementos de linguagem informal; ainda assim, qualquer contraposição entre língua formal e informal não se dá pela mescla de gêneros literários, mas pelas escolhas linguísticas do autor. A descrição sugerida na alternativa C não está presente nos versos, pois eles são carregados de lirismo. A mescla, portanto, não é de tipo descritivo e narrativo, e sim de lírico e épico. A alternativa D está incorreta porque também não é possível contrapor abordagem em primeira e em terceira pessoa, pois tanto a narrativa em prosa como os versos empregam essas pessoas do discurso, não sendo a mescla dos gêneros literários a ferramenta usada para tal. Por fim, a alternativa E também está incorreta porque sugere que haja objetividade na prosa, mas tanto os versos como a prosa são subjetivos.

QUESTÃO 08

TEXTO I

Nos sertões americanos, anda um povo desgrenhado: gritam pássaros em fuga sobre fugitivos riachos; desenrolam-se os novelos das cobras, sarapintados; espreitam, de olhos luzentes, os satíricos macacos. Súbito, brilha um chão de ouro: corre-se – é luz sobre um charco.

XCWH

A zoeira dos insetos cresce, nos valos fechados, com o perfume das resinas e desse mel delicado que se acumula nas flores em grãos de veludo e orvalho.

MEIRELES, C. Romance I ou Da revelação do ouro. In: Romanceiro da Inconfidência. Porto Alegre: L&PM, 2011.

TEXTO IIO século XVII mal havia terminado, as finanças de

Portugal estavam comprometidas com o elevado custo da administração do Império, e a agroindústria canavieira começava a sentir o peso da concorrência da cana plantada nas Antilhas e levada pelos holandeses expulsos do Brasil, a qual atingia duramente os engenhos de açúcar do Nordeste. Mas, em Salvador, o governador-geral do país, João de Lencastro, ainda se perguntava se a descoberta de lavras de ouro no sertão dos “Cataguás” era de fato um bom negócio para Coroa portuguesa.

SCHWARCZ, L. M.; STARLING, H. M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. [Fragmento]

A descoberta do ouro na América portuguesa é o tema dos textos anteriores, os quais variam em forma e conteúdo, pois

A. demonstram objetivos comunicativos diferentes.

B. exigem a mobilização de diferentes conhecimentos.

C. registram duas interpretações sobre um fato histórico.

D. representam posicionamentos contrários sobre o evento.

E. expõem, respectivamente, uma alegoria e um registro do fato.

Alternativa AResolução: Ainda que a temática dos textos seja a mesma, a descoberta do ouro na América Portuguesa, eles foram compostos com diferentes objetivos, o que fica claro na escolha, por parte dos autores, do gênero textual. O texto I, de Cecília Meireles, é um fragmento de um romance integrante de um romanceiro, coleção de obras narrativas em prosa ou em verso, muito populares na Península Ibérica por volta do século XV. Já o texto II é um fragmento de um texto acadêmico da disciplina História. Assim, percebe-se que a intenção de cada um dos textos é única, já que o primeiro tem o foco na forma da mensagem, ou seja, a língua é usada com criatividade pela autora, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer, o que justifica a linguagem figurada predominante; e o segundo privilegia o relato fidedigno da realidade, com linguagem denotativa. Dessa forma, bem como são diferentes os objetivos comunicativos, são diferentes o público-alvo e a função social desses textos. Está correta, então, a alternativa A. As alternativas B, C e D estão incorretas porque os diferentes conhecimentos mobilizados pelos leitores e os posicionamentos dos autores não pressupõem distinção em forma ou conteúdo, já que poderiam ser coincidentes mesmo em gêneros diferentes. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque o texto de Cecília Meireles não é uma alegoria da descoberta do ouro, mas uma versão poética do fato.

LCT – PROVA I – PÁGINA 8 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 09

TODO MUNDO TEM UM CONHECIDO QUE FALA ASSIM. Seja o tio com pouca experiência online ou a vovó que acha que as letras grandes facilitam a leitura, em algum momento alguém vai tentar explicar para eles que, no mundo da Internet, o Caps Lock virou sinônimo de gritaria.

Foi mais ou menos contra o uso indiscriminado do Caps Lock que um usuário do Twitter chamado Derek Arnold lançou o Dia Internacional do Caps Lock. Mais ou menos porque, como outras pseudocausas do Twitter, o objetivo era menos militante e mais para dar umas risadas. A regra era que todos passassem o dia todo escrevendo só em Caps Lock, independente da situação.

Com o aumento das discussões acaloradas e do discurso de ódio na Internet, muitas caixas de comentários começaram a bloquear os que eram digitados todos em caixa alta. Nos jogos virtuais, quem escreve em maiúscula pode ser punido. Outras soluções tentaram ser mais criativas, como um projeto de plug-in que transforma frases raivosas digitadas em Caps em outras estranhas e aleatórias como “Eu gosto de pinguins roxos”.

Se parece tudo besteira, saiba que o ódio ao Caps Lock não é apenas parte do folclore zueiro da Internet. Existem pelo menos duas campanhas oficiais, criadas por engenheiros de software, para fazer lobby pela extinção dele nos teclados, a CAPSoff e a antiCAPSLOCK, que consideram que o Caps Lock representa um saudosismo inútil e é uma falha fundamental na experiência do usuário.

LEONARDI, A. C. Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 24 out. 2017. [Fragmento adaptado]

Ao discorrer sobre o uso do Caps Lock, o texto tem como objetivo

A. divulgar o Dia Internacional do Caps Lock para provocar humor em usuários do Twitter.

B. explicar por que essa ferramenta pode ser um indício de falta de educação virtual.

C. discutir estratégias para cessar o uso desse recurso em jogos, fóruns e softwares.

D. partir de uma premissa local até chegar a uma discussão de mobilização global.

E. servir de suporte para difundir os resultados das campanhas oficiais online.

Alternativa BResolução: O texto tem como introdução uma breve contextualização sobre o que é usar caixa alta no ambiente virtual, em que se afirma que essa prática se tornou “sinônimo de gritaria”, portanto, um comportamento mal-educado. Ao longo do texto, a autora explica que a caixa alta incomoda tantos usuários que campanhas descontraídas, ou mesmo oficiais, foram criadas para bani-la, já que na linguagem virtual denota raiva ou exaltação, sentimentos manifestos, normalmente, em discussões.

CRWX Assim, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque o texto menciona a existência do Dia Internacional do Caps Lock, data criada ironicamente para combater a caixa alta, com o objetivo de provar que essa ferramenta incomoda muitos usuários; portanto, divulgar a data não é seu objetivo. A alternativa C está incorreta porque o texto não promove um debate acerca de como se evitar a caixa alta em jogos, fóruns online e softwares, mas mostra que o incômodo gerado é tanto que os próprios usuários têm recorrido a estratégias; portanto, o texto apenas as expõe. A alternativa D está incorreta porque partir de uma premissa local (uso de caixa alta por familiares) para uma global (uso de caixa alta por internautas em todos os ambientes virtuais) não é o objetivo do texto, mas uma estratégia argumentativa que cativa e contextualiza os leitores. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o texto não é um informe dos resultados obtidos pelas campanhas, as quais são mencionadas somente para corroborar o ponto de vista defendido:

o incômodo causado pelo uso exacerbado da caixa alta em

ambientes virtuais.

QUESTÃO 10

Tentarei recrear meu espírito e recriar teu vício.

Desatarei o laço da saudade que de lasso adoeceu.

BANTIM, E. Disponível em: <http://www.gostodeler.com.br>. Acesso em: 26 out. 2017.

Sobre as relações entre forma e significado nos vocábulos,

considerando o texto anterior, identifica-se que

A. “recrear” e “recriar” são diferentes em sentido e iguais

em pronúncia.

B. “recrear” e “recriar” são iguais na pronúncia e diferentes

na grafia.

C. “recrear” e “recriar” são diferentes em grafia e iguais

em sentido.

D. “laço” e “lasso” são iguais na pronúncia e diferentes

na grafia.

E. “laço” e “lasso” são iguais em sentido e em pronúncia.

Alternativa D

Resolução: As palavras “laço” e “lasso” são homófonas

heterográficas, portanto, são iguais na pronúncia e diferentes

na escrita, apresentando, ainda, sentidos diferentes: de acordo

com o dicionário Michaelis online, “laço” é “um nó que se

desata com facilidade, com uma ou mais alças”; e “lasso” é

“aquele que está fatigado ou cansado”, que está acometido

por lassidão. Portanto, está correta a alternativa D.

HK87

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QUESTÃO 11

Solitário

Como um fantasma que se refugia Na solidão da natureza morta, Por trás dos ermos túmulos, um dia, Eu fui refugiar-me à tua porta! Fazia frio e o frio que fazia Não era esse que a carne nos conforta... Cortava assim como em carniçaria O aço das facas incisivas corta! Mas tu não vieste ver minha Desgraça! E eu saí, como quem tudo repele, – Velho caixão a carregar destroços – Levando apenas na tumbal carcaça O pergaminho singular da pele E o chocalho fatídico dos ossos!

ANJOS, A. Eu e outras poesias. 3. ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora, 2011.

O soneto de Augusto dos Anjos pertence ao gênero lírico porque a voz poética

A. canta a tristeza dos poetas que morreram por amor.

B. verbaliza figurativamente o amor e a rejeição sentida.

C. homenageia a amada com atitudes de devoção doentia.

D. invoca uma figura fantasmagórica para relatar a própria tragédia.

E. simboliza com uma alegoria a abstração de amar e ser amado.

Alternativa B

Resolução: O gênero lírico é caracterizado por suas temáticas intimistas, em que a voz poética expõe seus sentimentos num texto permeado, normalmente, de linguagem conotativa, isto é, figurada. No soneto de Augusto dos Anjos, o eu lírico emprega comparações e metáforas para expor à sua amada seus sentimentos, revelando um amor desesperado, que não é retribuído e o faz se sentir como um corpo sem vida que perambula pela cidade nas noites frias. Está correta, portanto, a alternativa B. As outras alternativas estão incorretas porque não apontam características do gênero lírico ou porque interpretam incorretamente o texto. A alternativa A está incorreta porque a tristeza retratada é somente a do eu lírico, não a de outros poetas que também sofrem por um amor não correspondido. A alternativa C está incorreta porque o eu lírico não apresenta atitudes que homenageiam sua amada, mas que representam o desespero por encontrá-la ou chamar sua atenção. A alternativa D está incorreta porque a figura do fantasma não é invocada como numa epopeia, mas usada como comparação para representar os sentimentos do eu lírico. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o amor do eu lírico não é correspondido.

RDPU QUESTÃO 12

Cadê teu suin-?

Cadê teu repi- Quem é teu padri- Onde é que tu to- Cadê teu suin- Guitarra não po- Desista mole- Quem é que te indi- Cadê teu suin-

CAMELO, M. Cadê teu suin-?. In: Bloco do eu sozinho. Los Hermanos. CD. Abril Music, 2001. [Fragmento]

Para estruturar o texto da canção, o autor considerou, em todos os versos,

A. a sílaba tônica da última palavra.

B. o ditongo crescente na última palavra.

C. o hiato na primeira e na última palavra.

D. a posição da sílaba tônica em cada palavra.

E. a ocorrência de semivogais na última palavra.

Alternativa A

Resolução: A última palavra de cada verso tem sua última sílaba suprimida, no entanto, a primeira palavra do verso seguinte inicia-se com a sílaba que completa a palavra anterior. A sonoridade do texto não é afetada porque a última palavra dos versos é paroxítona, acomodando a sílaba da palavra que inicia os versos, já que as primeiras palavras não têm sua primeira sílaba pronunciada de forma enfática. Assim, está correta a alternativa A. A alternativa B está incorreta porque não há ditongo nas últimas palavras. A alternativa C está incorreta porque não há hiato em todas as palavras que terminam os versos, somente em “suingue”. A alternativa D está incorreta porque somente a sílaba tônica das palavras que iniciam e terminam os versos são levadas em consideração, já que os versos não apresentam mesmo número de sílabas gramaticais nem poéticas. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há semivogais nas últimas palavras; em “suingue”, na sílaba “gue” há, na verdade, um dígrafo, já que “gu” denota um fonema somente.

QUESTÃO 13

Segundo quadro

(Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, “viva o prefeito” etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, Vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa.)

ODORICO

Povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de prefeito, aqui estou para receber a confirmação, ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu.

(Aplausos vêm de fora.)

6SPA

YXV5

LCT – PROVA I – PÁGINA 10 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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ODORICO

Eu prometi que o meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério.

(Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena.)

GOMES, D. O bem-amado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014.

Rubricas, ou didascálias, são instruções cênicas que orientam a interpretação do texto dramático e situam a leitura. No fragmento de Dias Gomes, as rubricas são empregadas para

A. justificar as ações de cada uma das personagens.

B. descrever o ambiente e as ações de personagens.

C. interromper a leitura para esclarecimentos do autor.

D. narrar os acontecimentos paralelos à cena retratada.

E. preencher lacunas discursivas deixadas pelo narrador.

Alternativa B

Resolução: As rubricas no texto de Dias Gomes vêm entre parênteses e são usadas para situar o lugar em que as cenas acontecem: “Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto.” Além disso, também mostram aos leitores quais personagens aparecem e o que estão fazendo em cena: “Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, Vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa.” Portanto, está correta a alternativa B. A alternativa A está incorreta porque as rubricas não explicam o porquê de cada personagem desempenhar uma ou outra ação, já que a motivação de cada uma delas é explicada pelo próprio universo narrativo do texto. A alternativa C está incorreta porque, ainda que as rubricas possam ser entendidas como interrupções do autor do texto dramático, elas não apresentam qualquer tipo de esclarecimento, já que não há interlocução entre autor e leitores. A alternativa D está incorreta porque as rubricas devem ser consideradas como se estivessem fora do universo da trama; ainda, no texto de O bem-amado, elas não narram acontecimentos paralelos, mas se limitam a descrever o que acontece fora do ambiente em que a cena ocorre, sempre do ponto de vista dos personagens: “ouve-se um dobrado e vivas a Odorico”, “Aplausos vêm de fora”. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há narrador em textos dramáticos; assim, qualquer lacuna da narrativa não será preenchida pelas rubricas, cujo objetivo é descrever ou situar o ambiente e indicar a ação das personagens, uma vez que o texto principal consiste apenas em falas.

QUESTÃO 14

Tenho uma tendência à prolixidade, uso mais palavras e frases do que o necessário e acabo me tornando enfadonho. Não existe nada pior do que ler um texto fastidioso. Por isso tentarei ser o mais conciso possível ao narrar esta história.

FONSECA, R. Segredo e mentiras. In: Amálgama. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.

Q11Ø

No fragmento de Rubem Fonseca, os adjetivos “enfadonho” e “fastidioso” colaboram para

A. marcar a atitude do narrador com relação à história, que é anunciada como desinteressante.

B. quebrar a expectativa dos leitores, que iniciam a leitura esperando não apreciá-la.

C. alertar os leitores sobre o conto, que carece de elementos literários rebuscados.

D. demonstrar a falta de empatia do narrador pelo relato, que é feito por obrigação.

E. comprovar a prolixidade do narrador, que anuncia e estende o início do relato.

Alternativa EResolução: Os adjetivos “enfadonho” e “fastidioso” caracterizam, nessa ordem, o narrador e seus textos. Assim, ao mesmo tempo que usa palavras de valoração negativa para definir a si mesmo e a seus escritos, ele repete o comportamento que critica, alongando desnecessariamente seu relato e atravancando a leitura. Portanto, esses vocábulos comprovam o que o narrador diz no fragmento. Da mesma forma, eles também têm sua aplicação comprovada pelo contexto em que se inserem. Está correta, então, a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque a atitude demonstrada pelo narrador é de se estender muito em seus relatos, e não de os considerar desinteressantes. A alternativa B está incorreta porque, ao anunciar seu relato como prolixo, o narrador, na verdade, seduz seus leitores a continuarem a leitura e chegarem ao ponto em que se inicia a história, portanto não há quebra de expectativa. A alternativa C está incorreta porque nada no trecho comprova que o conto em análise dispensa elementos literários rebuscados; a própria técnica de alongar o início da história, aliás, pode ser considerada um aspecto trabalhado com o objetivo de descolar o texto de narrativas tradicionais. A alternativa D, por sua vez, está incorreta porque o narrador não é apático em relação a seu relato, o qual também não é feito por obrigação; o narrador expõe um julgamento negativo, na verdade, sobre a maneira como relata suas histórias.

QUESTÃO 15 A trabalhadora doméstica Maria Sales passa a maior parte

da semana morando na casa onde trabalha. Se precisasse sair de casa todos dias para ir ao trabalho, teria que percorrer diariamente cerca de 34 quilômetros para se deslocar.

A baixa oferta de transporte público, o alto custo das passagens, a falta de infraestrutura – como sinalização e calçadas inexistentes – e a insegurança são fatores que tornam o sistema de mobilidade urbana ineficiente. Isso tudo resulta em problemas como maior tempo de deslocamento nos centros urbanos, excesso de veículos nas vias e consequentemente maior número de mortes no trânsito e mais poluição.

SINIMBÚ, F. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento]

ØUIN

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 11BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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A argumentação presente no texto permite a identificação da tese defendida pela autora, que corresponde àA. exploração das trabalhadoras domésticas que moram

no trabalho.B. insegurança vivenciada pelos trabalhadores nos

grandes centros.C. ausência de fiscalização do trabalho informal pela

Justiça.D. precariedade das condições de vida urbana na

atualidade.E. ineficiência do sistema de mobilidade urbana nas

cidades.

Alternativa EResolução: A argumentação enumera diversos problemas como fatores que tornam o sistema de mobilidade urbana ineficiente – como baixa oferta de transporte público, o alto custo das passagens, a falta de infraestrutura e a insegurança – e exemplifica com o caso do deslocamento de uma trabalhadora doméstica. A tese do texto é, portanto, acerca da ineficiência do sistema de mobilidade urbana nas cidades, conforme aponta a alternativa E. A exploração sobre os trabalhadores e a falta de fiscalização do trabalho informal são questões sociais que não se aplicam ao texto, pois o caso da trabalhadora doméstica é citado apenas como exemplo das dificuldades enfrentadas para se chegar até o trabalho. Ficam invalidadas, assim, as alternativas A e C. A insegurança nos grandes centros urbanos, sugerida na B, é abordada no texto como um dos fatores que tornam precária a mobilidade urbana, e não como a tese do texto, o que invalida a alternativa. Por sua vez, a precariedade das condições de vida nos grandes centros, sugerida na D, não se aplica ao texto porque este trata de uma questão muito específica, a qual contribui para a precariedade das condições de vida, mas não é tão ampla.

QUESTÃO 16

Oração ao tempoÉs um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido Tempo, tempo, tempo, tempo Compositor de destinos Tambor de todos os ritmos Tempo, tempo, tempo, tempo Entro num acordo contigo Tempo, tempo, tempo, tempo

VELOSO, C. Oração ao tempo. In: Cinema transcendental. Caetano Veloso. LP. Verve, 1979. [Fragmento]

A construção dos versos da canção se baseia na utilização da figura de linguagem que cumpre o papel deA. comparar as belezas para exaltar a figura do filho.B. representar um ser divino sem mencionar o seu nome.C. atenuar o sentido do pedido para torná-lo mais aceitável.D. exagerar as características do ser invocado para agradá-lo.E. personificar o elemento inanimado para simular uma

proximidade.

MD6P

Alternativa EResolução: Os versos da canção apresentam uma prece feita pelo eu lírico à figura do tempo, à qual ele se dirige com elogios e anuncia que fará um pedido. A figura de linguagem utilizada pelo eu lírico na construção de seus versos pode ser identificada, portanto, como a personificação do ser inanimado “tempo”, para que seja feito o pedido e criada certa intimidade. A alternativa correta é, portanto, a E. A comparação, proposta em A, é uma figura de linguagem que não se associa às características da personificação, o que a invalida. A omissão do nome proposta em B se refere à figura elipse, o que a torna incorreta. A atenuação de sentido proposta em C, por sua vez, se refere ao eufemismo, o que também a torna incorreta. Por fim, o exagero proposto na alternativa D não se refere à personificação, e sim à hipérbole, o que também a invalida.

QUESTÃO 17

Aula inauguralÉ verdade que na Ilíada não havia tantos heróis como na

[ guerra do Paraguai... Mas eram bem falantes E todos os seus gestos eram ritmados como num balé Pela cadência dos metros homéricos. Fora do ritmo, só há danação. Fora da poesia não há salvação. A poesia é dança e a dança é alegria. Dança, pois, teu desespero, dança Tua miséria, teus arrebatamentos, Teus júbilos E, Mesmo que temas imensamente a Deus, Dança como David diante da Arca da Aliança; Mesmo que temas imensamente a morte Dança diante da tua cova.

QUINTANA, M. Apontamentos de história sobrenatural. São Paulo: Globo Editora, 2005. [Fragmento]

O título do poema de Mario Quintana sugere a apresentação de um conjunto de instruções a serem seguidas. A apresentação dessas instruções se caracteriza por

A. ritmo e subjetividade.

B. dramaticidade e encenação.

C. grandiosidade e saudosismo.

D. objetividade e menção a heróis.

E. historicidade e referências mitológicas.

Alternativa AResolução: A divisão do texto em versos constrói um ritmo de leitura, uma musicalidade cuja importância é reiterada pelo conteúdo do verso “Fora do ritmo, só há danação”. Há também emotividade nos versos, que apresentam as instruções de maneira subjetiva, presumindo misérias e temores e sugerindo ao ministrante da aula que dance.

EHCK

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A alternativa correta é, portanto, a A. A encenação sugerida na alternativa B é característica do gênero dramático, o que a invalida. No mesmo sentido, grandiosidade, conforme sugerido em C, referência objetiva a heróis, como proposto em D, e referências mitológicas, como presente em E são características do gênero épico, e não do lírico.

QUESTÃO 18 Em maio de 2012, uma das quatro versões do quadro

O grito, de Edvard Munch, foi leiloada em Nova York por 120 milhões de dólares. O recorde de preço de uma obra de arte, no entanto, não foi esse. Em fevereiro do mesmo ano, um Cézanne foi adquirido pela família real do Catar por 250 milhões de dólares. O quadro – Os jogadores de carta – tornou-se assim, até aquele momento, a mais cara obra de arte do mundo.

Disponível em: <http://veja.abril.com.br>. Acesso em: 25 fev. 2014.

No fragmento da notícia anterior, para se referir a uma obra de arte de Cézanne, usou-se a figura de linguagem chamada

A metáfora. B hipérbole. C metonímia. D personificação E sinédoque.

Alternativa CResolução: Numa prática recorrente em textos sobre obras de arte, o autor decide por chamar a tela do pintor Paul Cézanne por apenas “um Cézanne”. A figura de linguagem que possibilita esse recurso é a metonímia, que consiste na utilização de um termo por outro, em que o sentido do termo original é estendido ao novo termo. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque não há uma comparação implícita entre “quadro de Paul Cézanne” e “um Cézanne”. A alternativa B está incorreta porque não há exagero intencional em “um Cézanne”. A alternativa D está incorreta porque também não há a atribuição de características ou ações humanas ao quadro de Paul Cézanne. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque a sinédoque, embora possa ser considerada um tipo de metonímia, toma o todo pela parte ou a parte pelo todo. Já a metonímia designa uma realidade por meio de outra realidade que tenha relação com a primeira, o que é observado no texto em análise.

QUESTÃO 19

Atitude sustentávelSe você e sua família mudarem pequenas atitudes, e as

tiverem como hábito, o mundo pode ser bem melhor.• Economize água e energia elétrica.• Recicle embalagens.• Separe o lixo e o deixe na coleta seletiva.• Plante árvores.• Recicle o papel e o utilize como rascunho.

UWCØ

MØIV

• Não queime o lixo.• Quando for fazer compras, leve a sacola sustentável

para o supermercado. Assim você evita de trazer inúmeras sacolas plásticas para casa.

Disponível em: <http://www.atitudessustentaveis.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017.

O texto anterior pode ser caracterizado como exemplar da tipologia injuntiva porque

A. descreve o conceito de sustentabilidade e as ações relacionadas.

B. informa as pessoas sobre a possibilidade de um mundo melhor.

C. explica as causas e consequências das atitudes sustentáveis.

D. convence o leitor das vantagens de mudar atitudes e hábitos.

E. apresenta um método para concretizar ações sustentáveis.

Alternativa E

Resolução: Textos injuntivos se caracterizam por apresentarem uma metodologia para a concretização de uma ação, no caso, para realizar atitudes sustentáveis. Assim, torna-se correta a alternativa E. A descrição proposta em A está incorreta por se adequar ao tipo descritivo. A informação sobre a possibilidade de um mundo melhor, proposta em B, e a explicação sugerida em C também não se aplicam por serem características do tipo expositivo. Por fim, o convencimento proposto em D é característica do tipo argumentativo, e não injuntivo.

QUESTÃO 20

A humanidade demorou milhões de anos para inventar a linguagem escrita e vêm agora as portas das toaletes e a desinventam. Por que não escrever “homens” e “mulheres”, reunião de letras que proporciona a segurança da clareza e do entendimento imediato? Não. Algumas portas exibem silhuetas de calças e saias. Outras, desenhos de cartolas, luvas, bolsas, gravatas, cachimbos e outros adereços de uso supostamente exclusivos de um sexo ou outro. Milhões de anos de progresso da humanidade, até a invenção da comunicação escrita, são jogados fora, à porta das toaletes.

E no entanto a palavra, a palavra escrita especialmente, continua sendo um estupendo meio de comunicação. Deixa-se um bilhete para um colega de trabalho dizendo “Fui para casa”, e vazado nesses termos, com o uso dessas três singelas palavrinhas, será sem dúvida de entendimento mais fácil e unívoco do que se desenhar uma casinha de um lado, um hominho de outro, e uma flecha indicando o movimento de um para a outra. Vivemos um tempo de culto da imagem. Esquece-se o valor inestimável da palavra.

VTZI

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 13BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Lorde Thomson of Monifieth, um inglês que já presidiu a Independent Broadcasting Authority, órgão de supervisão do sistema de rádio e televisão na Grã-Bretanha, disse certa vez numa conferência que lamenta não ter surgido na história da humanidade primeiro a televisão, e depois os tipos móveis de Gutenberg. “Penso que imprimir e ler representam formas mais avançadas de comunicação civilizada do que a transmissão de TV”, afirmou. Esse lúcido inglês confessou que, em seus momentos sombrios, se sente incomodado com o pensamento de que a humanidade caminhou milhões de anos para voltar ao ponto de partida. Começou magnetizada pelos desenhos nas paredes das cavernas e terminou magnetizada diante da figura de alta definição nas paredes onde se embutem os aparelhos de televisão.

TOLEDO, R. P. Disponível em: <https://oepilogo.wordpress.com>. Acesso em: 30 maio 2017.

Partindo de uma afirmação genérica, o autor constrói uma linha de raciocínio que

A. menciona Lorde Thomson of Monifieth de modo a expor e criticar atitudes conservadoras.

B. pondera a crítica aos meios de comunicação modernos devido à importância que adquiriram.

C. demonstra contrariedade e conformação com as mudanças na comunicação humana.

D. questiona a representação de homens e mulheres por adereços e vestimentas ditos exclusivos.

E. relaciona a preferência pelos recursos audiovisuais e pictográficos ao retrocesso da humanidade.

Alternativa EResolução: O autor, logo na primeira frase, afirma que a linguagem escrita vem sendo preterida em detrimento da visual, mesmo após milhões de anos para atingir a complexidade que apresenta hoje. Ele cita ainda portas de banheiros em estabelecimentos que usam imagens em vez de palavras para indicar o gênero dos usuários. Mais adiante, cita o exemplo de um bilhete, que é mais facilmente compreendido quando se privilegia o texto escrito, e não o imagético. Por fim, menciona Lorde Thomson of Monifieth, elogiando seu posicionamento sobre preferir a linguagem escrita à audiovisual. O objetivo do autor, assim, é mostrar que, ao se optar por imagens, a comunicação passa por um processo retroativo, já que, segundo ele, a linguagem verbal é mais sofisticada, conforme aponta a alternativa E. A alternativa A está incorreta porque o autor recorre a Lorde Thomson of Monifieth como discurso de autoridade. A alternativa B está incorreta porque o autor não condena os meios de comunicação modernos, mas, na verdade, mostra-se contrário ao fato de se sobreporem à comunicação por linguagem escrita. A alternativa C está incorreta porque o autor demonstra somente contrariedade às mudanças na comunicação humana, não se conformando com elas, portanto. Por sua vez, a alternativa D está incorreta porque, quando o autor cita a representação de homens e mulheres por ícones supostamente exclusivos dos gêneros, ele está apenas exemplificando uma das situações que o fazem refletir sobre o que, na sua opinião, é um retrocesso da comunicação humana; seu raciocínio, portanto, vai muito além desse questionamento.

QUESTÃO 21

Disponível em: <http://sustentabilidadevida.blogspot.com.br>. Acesso em: 04 set. 2017.

No texto publicitário anterior, são utilizados recursos verbais e não verbais para a construção de sentido, cujo tom é de

A. ameaça, para o leitor sentir medo e abandonar hábitos egoístas.

B. advertência, para mostrar ao leitor a vantagem de se mudar de atitude.

C. desesperança, para conscientizar o leitor das consequências de seus atos.

D. melancolia, para atingir a emoção do leitor e comovê-lo para a mudança.

E. euforia, para incitar o leitor a adotar instantaneamente ações efetivas.

Alternativa B

Resolução: Os recursos verbais e não verbais presentes no texto consistem em imagens de árvores que mimetizam a forma dos pulmões humanos, associando natureza e respiração para a construção de seu sentido. O conteúdo verbal que acompanha a imagem reitera essa associação ao sugerir “Comece a preservar”, estabelecendo uma relação de causa e consequência entre a preservação da natureza e a continuidade da vida humana. A publicidade mostra, portanto, que existe uma vantagem em se mudar de atitude ao fazer uma advertência ao seu público-alvo, o que torna correta a alternativa B. Ao contrário do que propõe a alternativa A, o texto publicitário não visa acuar os leitores por meio de uma ameaça, pois não pretende causar medo nem afirma que seus hábitos são egoístas. A alternativa C também está incorreta porque não existe um tom de desesperança, já que a proposta de mudança de atitude mostra que há esperança de se reverter uma situação prejudicial à humanidade. No mesmo sentido, a alternativa D está incorreta por não haver indícios de melancolia no texto, pois essa publicidade não se dirige à emoção, e sim à razão dos leitores, promovendo a reflexão. Tampouco há euforia no texto, como sugerido na alternativa E, pois o tom utilizado é direto e objetivo.

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LCT – PROVA I – PÁGINA 14 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 22

O dinossauroQuando acordou, o dinossauro ainda estava lá.

MONTERROSO, A. O dinossauro. In: A orelha negra e outras fábulas. São Paulo: Cosac Naify, 2017.

A objetividade do gênero conto é percebida em “O dinossauro”, do autor guatemalteco Augusto Monterroso, por meio do(a)A. ausência de finalização no clímax, decorrente do

enfraquecimento de uma combinação de elementos.B. brevidade na abordagem dos tempos, pois, embora

seja uma narrativa curta, há passado, presente e futuro. C. densidade no estudo psicológico da personagem, que

aparece condensada para se adequar à extensão do texto.D. encadeamento de episódios autônomos, que condensa

diversas ações individuais e as relaciona para compor o enredo.

E. unidade de ação, pois a narrativa contém apenas uma célula dramática com um conflito que converge para um só ponto.

Alternativa EResolução: Analisando as afirmações feitas em cada uma das alternativas, vê-se que, em A, é sugerido que a finalização do conto não acontece no clímax, o que está incorreto e consiste em uma característica do romance. A alternativa B está incorreta porque afirma ser a brevidade na abordagem de passado, presente e futuro, o que não procede, visto que no conto há apenas uma cena no tempo presente. A alternativa C está incorreta porque o texto não se aprofunda na análise psicológica da personagem que acorda, e muito menos na do dinossauro. A alternativa D, por sua vez, sugere o encadeamento de episódios autônomos para compor o enredo como manifestação da objetividade do gênero, o que está incorreto, pois essa característica também se associa à complexidade do romance. Por fim, a alternativa E afirma corretamente que a objetividade se manifesta na unidade de ação, pois a narrativa contém apenas uma célula dramática com um conflito que converge para um só ponto, no caso, a personagem acordando e constatando que o dinossauro ainda estava no mesmo local de antes.

QUESTÃO 23 [...] Meneses trazia amores com uma senhora, separada

do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.

Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo de que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.

ASSIS, M. A missa do galo. In: Contos consagrados. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. [Fragmento]

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VHBO

No trecho do conto de Machado de Assis, predomina uma tipologia no primeiro parágrafo e outra no segundo, já que estes trazem, respectivamente,A. explicação de fatos e instrução sobre o temperamento

de uma santa.B. recapitulação do enredo e explicação para as atitudes

de Conceição.C. exposição da situação e argumentação para justificar

o título “santa”.D. informação a respeito do enredo e elucidação da

história da personagem.E. progressão de acontecimentos e caracterização da

personagem.

Alternativa EResolução: O primeiro parágrafo consiste no encadeamento de acontecimentos que oferece um panorama da situação vivenciada pela personagem Conceição; já o segundo parágrafo apresenta uma descrição da personagem, elencando suas características. Assim, as tipologias predominantes são a narração e a descrição. A alternativa correta é, nesse sentido, a E. A explicação e a instrução sugeridas em A são características das tipologias expositiva e injuntiva, o que a invalida. A recapitulação e a explicação são características que não definem as tipologias em questão, o que torna a alternativa B incorreta. A exposição e a argumentação propostas em C são adequadas às tipologias expositiva e argumentativa, o que a torna incorreta. Por fim, a informação e a elucidação presentes em D se referem ambas ao tipo expositivo, o que também a invalida.

QUESTÃO 24 Um leão ficou com raiva de um mosquito que não parava

de zumbir ao redor de sua cabeça, mas o mosquito não deu a mínima.

– Você está achando que vou ficar com medo de você só porque você pensa que é rei? – disse ele altivo, e em seguida voou para o leão e deu uma picada ardida no seu focinho.

Indignado, o leão deu uma patada no mosquito, mas a única coisa que conseguiu foi arranhar-se com as próprias garras. O mosquito continuou picando o leão, que começou a urrar como um louco. No fim, exausto, enfurecido e coberto de feridas provocadas por seus próprios dentes e garras, o leão se rendeu. O mosquito foi embora zumbindo para contar a todo mundo que tinha vencido o leão, mas entrou direto numa teia de aranha. Ali o vencedor do rei dos animais encontrou seu triste fim, comido por uma aranha minúscula.

ESOPO. Fábulas. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

A fábula é uma narrativa curta, geralmente com animais personificados, que carrega um ensinamento moral. Sobre o texto anterior, infere-se que a moral defende que oA. oponente maior e mais forte pode ser vencido pelo

cansaço.B. ato de persistência leva à vitória, mas deve ser mantida

no futuro.C. vencedor deve ser humilde e guardar segredo de suas

conquistas.D. sentimento da raiva leva à derrota, ainda que o inimigo

seja menor. E. adversário de aparente menor importância pode ser o

mais temido.

4ASB

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 15BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa EResolução: Na fábula, o mosquito enfrenta o leão e o pica até que este se renda, exausto e dolorido, pois não consegue acertá-lo com uma patada, ferindo a si mesmo. O mosquito, então, vai embora para contar a todos sua vitória sobre o grande animal, mas cai em uma teia e é comido por uma pequena aranha. Apresenta-se, portanto, o pequeno mosquito como vencedor do grande leão e, depois, a pequena aranha como vencedora do mosquito, transmitindo-se o ensinamento de que o inimigo supostamente menos importante pode ser o mais perigoso, o que torna correta a alternativa E. Vencer o oponente pelo cansaço não se aplica ao caso do mosquito, que foi vencido de surpresa, o que torna incorreta a alternativa A. No mesmo sentido, a atitude persistente sugerida em B também está incorreta, porque a aranha não precisou insistir para vencer o mosquito, mas apenas ser paciente e esperar por ele. A sugestão de humildade para o vencedor, presente em C, está incorreta porque não foi o fato de o mosquito querer falar de sua vitória que o levou à derrota, e sim a pouca atenção dada às pequenas ameaças. Por fim, o sentimento de raiva que leva à derrota não se aplica, pois os animais derrotados não sentiram raiva, mas orgulho, o que invalida a alternativa D.

QUESTÃO 25 Terça-feira, 29 de agosto

Por que todo o mundo gosta de reprovar as coisas más que a gente faz e não elogia as boas? Eu e minha irmã nem parecemos filhas dos mesmos pais. Eu sou impaciente, rebelde, respondona, passeadeira, incapaz de obedecer e tudo o que quiserem que eu seja. Luisinha é um anjo de bondade. Não sei como se pode ser como ela, tão sossegada. Nunca sai de casa sem ir empencada no braço de mamãe. Não reclama nada. Se eu disser que já a vi reclamando um vestido novo, minto. E se ganha um vestido e eu quiser lhe tomar, ela não se importa. Pois todos me chamam de menina rebelde e ninguém elogia Luisinha.

Vou escrever aqui o que eu fiz com ela e não tenho vergonha, porque é só o papel que vai saber.

MORLEY, H. Minha vida de menina. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

Entre as características do texto que permitem identificá-lo como pertencente ao gênero diário, está o fato de ter sido escrito para ser

A. esquecido pela própria autora.

B. publicado em tempos posteriores.

C. mantido como um registro privado.

D. exposto a interlocutores específicos.

E. descartado para preservar segredos.

Alternativa C

Resolução: Ao relatar que não tem vergonha de escrever o que fez “porque é só o papel que vai saber”, a autora mostra que escreveu o diário para ser lido apenas por si mesma, ou seja, para mantê-lo privado, distante das outras pessoas.

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Está correta, portanto, a alternativa C. As alternativas A e E estão incorretas porque textos desse gênero são escritos justamente para que a autora possa se lembrar dos fatos relatados; ainda, diários costumam ser guardados em segredo, para garantir sua confidencialidade. Também estão invalidadas as alternativas B e D, já que textos do gênero diário não são escritos com o intuito de serem publicados ou expostos a outros leitores.

QUESTÃO 26 Direciono este texto não aos meus pares – aqueles

apaixonados por livros, que devoram as páginas para mergulhar em um novo mundo –, mas, sim, àqueles que não gostam de ler; que acham chato, monótono ou perda de tempo.

Antes de tudo, é importante dizer que eu o entendo. Mais do que isso, até meus 13 anos, eu era como você: havia lido apenas alguns livros obrigatórios do colégio e não extraía qualquer prazer daqueles clássicos. Mas, apenas para retomar o conceito, acredito que os principais erros estão no momento e na abordagem das leituras escolares.

A meu ver, o correto é que aquele que não gosta de ler comece por um texto mais simples, mais divertido, e, aos poucos, chegue a autores mais complexos e ricos na linguagem e no tema.

MONTES, R. Disponível em: <https://oglobo.globo.com>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento adaptado]

Considerando a intenção argumentativa do texto, percebe-se que seu autor se dirige aos leitores que não gostam de ler com o objetivo de

A. compará-los às pessoas que gostam de ler e, por isso, adquirem mais conhecimento.

B. persuadi-los da importância da leitura dos autores clássicos para sua formação.

C. acolhê-los por meio da identificação consigo mesmo e com seu desgosto pela leitura.

D. convencê-los de que sua resistência à leitura decorre de erros na abordagem escolar.

E. aconselhá-los a realizar ao menos as leituras obrigatórias para as disciplinas do colégio.

Alternativa DResolução: Na argumentação construída, o autor identifica o leitor consigo mesmo, descrevendo seu ponto de vista sobre a leitura na época em que estava na escola e também não gostava ler. Assim, ele apresenta sua visão de que os principais erros estão no momento e na abordagem das leituras escolares, o que resulta em pessoas que creem não gostar de ler, já que, ainda muito jovens, são expostas a obras literárias muitas vezes densas e difíceis de ler, o que torna correta a alternativa D. Não há no texto uma comparação entre as pessoas que não gostam de ler e aquelas que gostam, e sim uma aproximação entre o leitor e o autor em sua adolescência, o que invalida a alternativa A.

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LCT – PROVA I – PÁGINA 16 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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O autor também não busca persuadir sobre a importância da leitura dos autores clássicos, mas os cita para explicitar que, em sua adolescência, não extraía prazer algum dessas leituras, tornando incorreta a alternativa B. A intenção de acolher os leitores por meio da identificação consigo mesmo, como sugere a alternativa C, também está incorreta, pois essa identificação não tem o objetivo de acolher, mas de ser uma estratégia argumentativa para mostrar que é comum o desgosto pela leitura na época da escola devido a um equívoco na abordagem da disciplina Literatura. Por fim, não há no texto um aconselhamento para que os alunos realizem ao menos as leituras obrigatórias para as disciplinas do colégio, o que invalida a alternativa E.

QUESTÃO 27

Um foguete, uma varinha mágica, um trem ou qualquer tipo de animal estão entre as muitas formas que um simples graveto pode tomar pela criatividade e imaginação (principalmente) das crianças. O exercício é importante para o desenvolvimento e para a construção autoral dos pequenos, e ter esta consciência ajuda os adultos a garantir que haja momentos livres de brinquedos prontos.

“É preciso não planejar tantas atividades e não deixar tantas opções de brinquedos com uma função específica disponível”, afirma Tatiana Weberman, responsável pelo SlowKids, movimento que propõe a desaceleração para a infância. “Deixar menos opções, muitas vezes, é abrir uma porta para a criatividade e uma vastidão de possibilidades.”

RODRIGUES, C. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento]

De acordo com a argumentação desenvolvida no texto, o ponto de vista defendido diz respeito ao

A. planejamento de atividades monitoradas e objetivas que desenvolvem a criatividade.

B. sistema educativo que propõe às crianças brincarem com brinquedos específicos.

C. método que atende à demanda dinâmica e acelerada das crianças em brincadeiras.

D. movimento que solicita aos pais suprimirem brinquedos como modo de educar as crianças.

E. exercício que incentiva crianças a brincarem sem brinquedos com usos predeterminados.

Alternativa EResolução: A argumentação apresenta a declaração da responsável por um movimento que propõe a desaceleração da infância, segundo a qual “É preciso não planejar tantas atividades e não deixar tantas opções de brinquedos com uma função específica disponível”. Nesse sentido, o ponto de vista defendido no texto diz respeito ao incentivo às crianças a brincarem sem brinquedos com funções predeterminadas, como visto no primeiro parágrafo, em que às autora afirma ser importante as crianças exercitarem sua criatividade.

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Está correta, dessa forma, a alternativa E. Não há referências no texto ao planejamento de atividades monitoradas, como sugerido em A, o que a invalida. O texto não propõe a construção de brinquedos pelas crianças, conforme sugerido em B, e sim que brinquem com qualquer objeto. Como a autora sugere a desaceleração da infância, fica invalidada também a alternativa C, que propõe uma metodologia acelerada como a infância atual. Tampouco é solicitado aos pais que suprimam os brinquedos das crianças, como sugerido em D, e sim que apresentem brinquedos e objetos sem função predefinida, para estimular a criatividade.

QUESTÃO 28

Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério

Melhor negócio que Judas fazes tu, Joaquim Silvério: que ele traiu Jesus Cristo, tu trais um simples Alferes. Recebeu trinta dinheiros... – e tu muitas coisas pedes: pensão para toda a vida, perdão para quanto deves, comenda para o pescoço, honras, glórias, privilégios. E andas tão bem na cobrança que quase tudo recebes! Melhor negócio que Judas fazes tu, Joaquim Silvério! Pois ele encontra remorso, coisa que não te acomete. Ele topa uma figueira, tu calmamente envelheces, orgulhoso e impenitente, com teus sombrios mistérios. (Pelos caminhos do mundo, nenhum destino se perde: Há os grandes sonhos dos homens, e a surda força dos vermes.)

MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Porto Alegre: L&PM, 2011.

O poema de Cecília Meireles aborda a traição de Joaquim Silvério, que delatou Tiradentes no episódio histórico da Inconfidência Mineira. Nesse sentido, o texto, mesmo carregado de lirismo, apresenta a característica épica de

A. retomar a mitologia greco-latina.

B. retratar acontecimentos grandiosos.

C. apresentar verbos no tempo pretérito.

D. abordar os fatos de maneira subjetiva.

E. representar emotivamente as personagens.

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ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 17BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa BResolução: Considerando que o trecho trata do momento em que o movimento da Inconfidência Mineira foi traído e, portanto, descoberto pelas autoridades, infere-se que o poema apresenta a abordagem de acontecimentos grandiosos como característica épica, o que torna correta a alternativa B. O texto não retoma a mitologia greco-latina, mas apresenta referências bíblicas, o que torna incorreta a alternativa A. A alternativa C está incorreta porque o tempo pretérito não é uma característica fixa dos textos épicos, que podem apresentar verbos no tempo presente ou futuro também. Abordar os fatos de maneira subjetiva, conforme proposto em D, ou emotivamente, como sugerido em E, são características líricas, e não épicas, o que as invalida.

QUESTÃO 29 Lisboa, 14 de março de 1916.

Meu querido Sá-Carneiro:

Escrevo-lhe hoje por uma necessidade sentimental – uma ânsia aflita de falar consigo. Como de aqui se depreende, eu nada tenho a dizer-lhe. Só isto – que estou hoje no fundo de uma depressão sem fundo. O absurdo da frase falará por mim.

[...] Pode ser que se não deitar hoje esta carta no correio amanhã, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e esgares dela no «Livro do Desassossego». Mas isso nada roubará à sinceridade com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto.

[...]

De que cor será sentir?

Milhares de abraços do seu, sempre muito seu

Fernando Pessoa.PESSOA, F. Carta a Mário de Sá-Carneiro, 14 mar. 1915.

In: SIMÕES, J. G. Vida e Obra de Fernando Pessoa: História de uma Geração. Amadora: Dom Quixote, 2017. [Fragmento]

Na carta, o poeta Fernando Pessoa escreve ao também poeta Mário de Sá-Carneiro. Depreende-se que a motivação para a escrita do texto é o(a)

A. sentimento de tristeza e solidão que faz o autor ansiar por se comunicar com o amigo.

B. reflexão sobre a importância de escrever, reler o conteúdo e transcrevê-lo para enviar.

C. informação sobre o livro que o remetente está escrevendo simultaneamente à carta.

D. questionamento sobre o ato de sentir, cuja resposta será esperada pelo remetente.

E. descrição objetiva das intenções e ocupações do remetente para o dia seguinte.

Alternativa AResolução: Tendo em vista que o remetente declara que nada tem a dizer, mas escreve ao amigo por uma necessidade sentimental, já que se sentia depressivo e ansiava por falar com ele, infere-se que a motivação para a escrita da carta seja o sentimento de tristeza e solidão do seu autor, o que torna correta a alternativa A.

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Não há indícios que permitam identificar a motivação do autor como decorrente da reflexão sobre a importância de escrever, o que invalida a alternativa B. A informação sobre o livro sugerida em C é transmitida na carta, mas não é a motivação para sua escrita, como se percebe nas declarações do escritor. Tampouco há um questionamento para o qual o remetente aguarde resposta, mas apenas a pergunta retórica “De que cor será sentir?”, o que invalida a alternativa D. Por fim, a descrição objetiva das intenções e ocupações do remetente para o dia seguinte proposta em E também está incorreta, pois é feita de maneira subjetiva e, além disso, não é motivadora da escrita da carta.

QUESTÃO 30

Denúncias mostram desvio de verba em cidades devastadas por enchente

Em 2010, uma enchente terrível devastou muitas cidades do interior de Alagoas e de Pernambuco. Uma situação dramática, que o Fantástico mostrou para todo o país. Milhões em dinheiro público foram enviados para reconstruir esses lugares.

Quatro anos depois, o Fantástico voltou lá, e sabe o que encontramos? Postos de saúde que não atendem ninguém, escolas caindo aos pedaços e verbas que saíam da prefeitura, para pagar serviços que jamais foram feitos.

Junho de 2010, Pernambuco. “O que chama a atenção aqui é que estamos no segundo andar do prédio do hospital e olha só a quantidade de lama”, disse o repórter na época.

Pernambuco, hoje, quatro anos depois. “Um buraco enorme no teto. Chove dentro do prédio”, mostra o repórter.

Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 23 out. 2017. [Fragmento]

O texto anterior cumpre a função social do gênero reportagem ao apresentar à sociedade

A. convocações à população para agir contra desvios de verbas da prefeitura.

B. argumentos para justificar a importância de se debater sobre a corrupção.

C. adversidades locais para divulgar as diferenças socioeconômicas do país.

D. informações objetivas e imparciais para eximir o veículo de questões legais.

E. resultados de investigação feita pela equipe para denunciar os problemas.

Alternativa EResolução: As principais funções sociais atribuídas ao gênero reportagem consistem na investigação e na denúncia de situações. Na reportagem em questão, a equipe empreende uma investigação sobre postos de saúde, escolas e hospitais que se encontram sucateados em virtude de dinheiro público desviado, o que possibilita identificar como correta a alternativa E. A convocação para uma ação é característica de um texto publicitário, o que torna incorreta a alternativa A.

SDF1

LCT – PROVA I – PÁGINA 18 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 19: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Já a alternativa B está incorreta porque o texto não argumenta sobre a suposta necessidade de se debaterem causas e consequências da corrupção, e sim denuncia um problema social. A alternativa C está incorreta porque o objetivo do texto ao apresentar as adversidades de uma região não é divulgar as diferenças socioeconômicas do Brasil, mas denunciar os problemas desse lugar em específico. Por fim, a alternativa D também está incorreta porque a função da reportagem não é meramente a transmissão de informações objetivas, sem qualquer traço da opinião do repórter ou do veículo; sua função é denunciar o caso investigado, com traços da indignação dos repórteres com a situação encontrada. Uma das intenções da reportagem é sensibilizar os telespectadores, por isso usam-se recursos subjetivos e parciais.

QUESTÃO 31

Disponível em: <https://www.facebook.com>. Acesso em: 15 nov. 2014.

Com a popularização das redes sociais, diversificam-se as postagens feitas no ambiente digital. O post anterior, extraído da página do Facebook “Artes depressão”, efetua uma montagem sobre a tela São Miguel Arcanjo, do renascentista italiano Rafael Sanzio, com o auxílio de uma letra de funk carioca atual.

O humor produzido por essa postagem deve-se, de forma global, à

A expressão facial e corporal das personagens retratadas na tela.

B incoerência da junção entre a letra de funk e a peça artística.

C irreverência na mescla de elementos clássicos e contemporâneos.

D oposição entre a seriedade do quadro e o tom inapropriado da música.

E presença de termos e expressões giriáticas na parte não verbal.

KILW

Alternativa CResolução: O humor do meme em análise decorre da mistura inesperada de obras de arte tão diferentes, produzidas em lugares e épocas distintas. A pintura de Rafael Sanzio data do início do século XVI e está associada ao período renascentista. Nela, está retratada a passagem bíblica em que o Arcanjo Miguel combate demônios do inferno. Já a parte verbal do meme consiste num trecho de uma letra de “Quem nasceu piriga”, da cantora de funk carioca Camila Uckers. Assim, a associação irreverente de uma obra clássica a uma obra contemporânea, cujos conteúdos não se relacionam, mas, no contexto do meme, dialogam, é o que gera o humor, como descrito na alternativa C. A alternativa A está incorreta porque a expressão das personagens no quadro não deve causar humor, já que esse não é o propósito do pintor. Considerando o texto um meme, seu humor recai na união irreverente dos recursos verbais e não verbais. A alternativa B está incorreta porque a junção da letra com o quadro não é incoerente, já que, no contexto de publicação do meme, é compreensível e, até mesmo, engraçada. A alternativa D está incorreta porque, mesmo que o humor se deva ao contraste na produção das obras, não se pode afirmar que o tom da letra é inapropriado considerando-se seu objetivo comunicativo. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o humor decorre de quão inusitada é a mescla dos elementos no texto, e não da linguagem informal na qual se apoia a autora para a composição da letra.

QUESTÃO 32

Aquífero Guarani: uma reserva de água para o futuro?

O acordo que regula a utilização das águas do Aquífero Guarani, assinado entre Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, “é o primeiro tratado do mundo sobre águas transfronteiriças assinado sem que um conflito bélico ou diplomático estivesse em curso” e “se destina, sobretudo, a determinar a titularidade do Aquífero Guarani, ou seja, dizer quem são os únicos donos dessa reserva”, informa Cinthia Leone dos Santos.

“O Aquífero Guarani é visto como uma reserva de água para o ‘futuro’, mas ele já é intensamente usado no Brasil há muitos anos, e o pior, de maneira irresponsável, com pouca fiscalização de poços clandestinos, poluição e exploração acima da capacidade de recarga das regiões”, afirma a jornalista, membro do Grupo de Pesquisa Laboratório de Geografia Política – GEOPO.

Disponível em: <https://www.ecodebate.com.br>. Acesso em: 31 out. 2017. [Fragmento]

O questionamento presente no título, posteriormente respondido na fala da jornalista entrevistada, revela o objetivo argumentativo do texto deA. denunciar o fato de diversos países estarem utilizando

as águas da reserva.B. apresentar ao leitor leigo uma importante reserva de

água em território brasileiro.C. sugerir que o acordo distribuirá melhor a água para o

consumo das gerações futuras.D. alertar para o fato de a reserva de água já estar sendo

utilizada de modo irresponsável.E. prevenir o leitor para a possibilidade de um conflito

entre os países envolvidos no acordo.

ØXKC

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 19BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 20: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Alternativa DResolução: O questionamento presente no título do texto, “uma reserva de água para o futuro?”, é respondido, por meio da fala da jornalista. Segundo Cinthia Leone dos Santos, o Aquífero Guarani é uma reserva de água para o “futuro”, mas ele já é usado de maneira irresponsável no Brasil há anos. A resposta ao questionamento do título é, portanto, negativa, e revela o objetivo argumentativo do texto, que é alertar para o fato de a reserva de água já estar sendo utilizada de modo irresponsável, tornando correta a alternativa D. Não há no texto denúncia ao fato de diversos países estarem utilizando as águas da reserva, pois cita-se apenas a utilização indevida feita pelo Brasil, invalidando-se, assim, a alternativa A. Tampouco é o objetivo do texto apresentar ao leitor leigo o Aquífero Guarani, pois ele é abordado como uma reserva já conhecida e tida como garantia para o futuro, o que invalida a alternativa B. A alternativa C está incorreta porque no texto há a informação de que o objetivo do tratado é “determinar a titularidade do Aquífero Guarani, ou seja, dizer quem são os únicos donos dessa reserva”, portanto não é discutido se no futuro a água será melhor distribuída entre as comunidades que a utilizam. Por fim, não há qualquer menção no texto sobre a possibilidade de um conflito envolvendo os países do acordo, o que torna incorreta a alternativa E.

QUESTÃO 33

Cientistas brasileiros pesquisam geração de energia a partir do açúcar

A experiência brasileira desvenda um mistério. Há mais de 50 anos, pesquisadores do mundo inteiro tentavam descobrir de que forma a proteína agia quando entrava em contato com o álcool. Pela primeira vez, os cientistas da USP de São Carlos conseguiram comprovar como é essa reação química, que transforma o açúcar em energia elétrica.

A pesquisa é capa de uma das mais respeitadas revistas científicas do mundo na área química. E a ação da enzima para produzir energia não é a única descoberta.

“A outra novidade foi que no mesmo sistema nós conseguimos realizar duas reações ao mesmo tempo, ou seja, tanto o fungo quanto a proteína atuavam ao mesmo tempo para gerar o etanol e gerar a eletricidade, o que nunca tinha sido comprovado anteriormente”, disse o professor Frank Crespilho.

Disponível em: <http://g1.globo.com>. Acesso em: 23 out. 2017. [Fragmento]

Considerando o gênero a que pertence o texto, seu primeiro parágrafo tem a função deA. apresentar opinião cientificamente embasada sobre

o tema.B. justificar a evidência dada ao tema pela publicação.C. detalhar a reação química que gera etanol e eletricidade.D. argumentar a favor da importância da pesquisa noticiada.E. sintetizar os principais aspectos do fato noticiado.

Alternativa EResolução: Na estrutura do gênero notícia, o primeiro parágrafo é conhecido como “lide” e corresponde à introdução do texto, em que constam todas as informações de forma sintetizada: o que aconteceu, como, quando, onde e por quê.

9Q1Z

Nesse sentido, o primeiro parágrafo sintetiza os principais aspectos sobre o fato noticiado, ao afirmar que os cientistas da USP de São Carlos conseguiram comprovar como é a reação química que transforma o açúcar em energia elétrica, a qual era pesquisada há mais de 50 anos. A alternativa correta é, portanto, a E. Considerando que sua função é sintetizar o fato que será apresentado no desenvolvimento, o primeiro parágrafo não busca expor um posicionamento cientificamente comprovado, justificar o tema do texto ou argumentar sobre a importância da pesquisa, como sugerem as alternativas A, B e D, respectivamente, visto que não se trata de um texto argumentativo. Por fim, sua função também não é detalhar a reação química que gera etanol e eletricidade, como sugerido na alternativa C, e sim apresentá-la como o fato que será abordado no decorrer do texto.

QUESTÃO 34 Um sonho

Na messe, que enlourece, estremece a quermesse... O Sol, o celestial girassol, esmorece... E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos... As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros... Cornamusas e crótalos, Cítolas, cítaras, sistros, Soam suaves, sonolentos, Sonolentos e suaves, Em suaves, Suaves, lentos lamentos De acentos Graves, Suaves... Flor! enquanto na messe estremece a quermesse E o Sol, o celestial girassol, esmorece, Deixemos estes sons tão serenos e amenos, Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...

CASTRO, E. Poesias escolhidas. Paris: Livraria Aillaud & Cia., 1902. [Fragmento]

O estrato sonoro é um importante elemento para a construção de significado de um poema. Nesse sentido, são vários os recursos utilizados para se explorar a sonoridade poética. Em “Um sonho”, de Eugênio de Castro, esses elementos auxiliam na construção de uma ambientação misteriosa, abstrata. No fragmento, verifica-se o uso de

A. anáfora em “Na messe, que enlourece, estremece a quermesse / O Sol, o celestial girassol, esmorece”.

B. aliteração em “Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos”.

C. rima emparelhada em “As estrelas em seus halos / Brilham com brilhos sinistros... / Cornamusas e crótalos, / Cítolas, cítaras, sistros”.

D. rima intercalada em “Deixemos estes sons tão serenos e amenos, / Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos”.

E. onomatopeia em “Suaves, lentos lamentos / De acentos / Graves, / Suaves”.

W9P1

LCT – PROVA I – PÁGINA 20 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 21: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Alternativa B

Resolução: Analisando as afirmações feitas nas alternativas, constata-se que a B está correta porque no verso “Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...” há a repetição do fonema consonantal /f/, identificando-se, portanto, a figura sonora da aliteração. A alternativa A está incorreta porque nos versos citados não há anáfora, com a repetição de uma palavra ou expressão, mas aliteração, com a repetição do fonema consonantal /s/. A alternativa C está incorreta porque apresenta um exemplo de rima intercalada, no esquema ABAB. Já a alternativa D está incorreta porque a rima exposta se organiza por emparelhamento; a estrofe está organizada no esquema AABB. Por fim, a alternativa E está incorreta porque não há nos versos citados uma expressão que reproduza algum tipo de som.

QUESTÃO 35

Disponível em: <http://www.casaronald.org.br/>. Acesso em: 04 abr. 2017.

A propaganda anterior foi criada para uma campanha de doação a uma instituição de combate ao câncer infantil. Com base nessa finalidade, identifica-se a informação implícita de que

A. as estratégias nacionais para tratar a doença mudaram.

B. o câncer é a principal causa do sofrimento infantojuvenil.

C. as despesas para o combate ao câncer ainda são altas.

D. o número de doentes entre os jovens aumentou no país.

E. o perfil das pessoas com a doença mudou recentemente.

Alternativa C

Resolução: A peça publicitária carrega uma mensagem da Casa Ronald McDonald-RJ, instituição sem fins lucrativos que dá atenção a crianças portadoras de câncer e a suas famílias. Na propaganda, textos verbais e não verbais se unem por um único propósito: sensibilizar os leitores para arrecadar doações para a manutenção dos projetos desenvolvidos pela instituição. Assim, com base na frase “Sua doação é importante na cura do câncer infantojuvenil”, infere-se que as despesas para o combate ao câncer são altas, motivo pelo qual o órgão pede doações aos clientes do McDonald’s. Portanto, está correta a alternativa C. A alternativa A está incorreta porque não se fala no texto sobre estratégias empregadas pelo Brasil para tratar o câncer. A alternativa B está incorreta porque também não há no texto informação sobre o número de crianças e jovens portadores de câncer, muito menos se essa doença seria o que mais causa sofrimento a eles. A alternativa D está incorreta porque não há uma comparação entre o número de jovens doentes no presente e no passado. Finalmente, a alternativa E está incorreta porque o texto não tece comentários sobre mudança alguma do perfil das pessoas com câncer.

CEWØ

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 21BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 36

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 15 nov. 2014.

Os quadrinhos compõem gêneros textuais usualmente verbo-imagéticos que se valem de estratégias diversas para gerar humor.

Nesse sentido, o cumprimento do objetivo da tirinha de Fernando Gonsales exige do leitor, principalmente,

A atenção às expressões faciais das personagens envolvidas.

B avaliação da gravidade da ameaça contida na resposta do menino.

C conhecimento de dados extratextuais do universo ficcional.

D entendimento do tom irônico na escrita da carta do garoto.

E percepção da simultaneidade temporal existente entre os quadros.

Alternativa C

Resolução: Como é natural ao gênero tirinha, a compreensão do texto exige do leitor a mobilização de diferentes conhecimentos prévios. No texto em pauta, é indispensável conhecer a mitologia por trás da figura do Papai Noel, que, na noite de Natal, leva presentes às crianças que se comportaram bem, e os Corleone, família de mafiosos dos livros e filmes O poderoso chefão, muito famosos e representativos da cultura pop do século XX. Assim, está correta a alternativa C. As alternativas A e B estão incorretas porque, embora complementem o sentido do texto, não são elas as responsáveis pela geração do humor, mas a intertextualidade com dados externos à tirinha. A alternativa D está incorreta porque o entendimento do tom da carta do garoto só se efetiva se os leitores tiverem os conhecimentos prévios específicos exigidos. Por último, a alternativa E está incorreta porque o terceiro quadro não acontece simultaneamente aos dois primeiros; ainda assim, não é a percepção da simultaneidade, ou da falta dela, que faz o quadrinho ser compreendido.

QUESTÃO 37

TEXTO I

Assum preto

Tudo em vorta é só belezaSol de abril e a mata em frôMas assum preto, cego dos óioNum vendo a luz, ai, canta de dor

Tarvez por ignorançaOu mardade das pióFuraro os óio do assum pretoPra ele assim, ai, cantá mió

Assum preto veve sortoMas num pode avuáMil vez a sina de uma gaiolaDesde que o céu, ai, pudesse oiá

TEIXEIRA, H.; GONZAGA, L. Assum preto. In: Luiz Gonzaga. Um novo espaço para a música. LP. RCA, 1978. [Fragmento]

4J2V

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LCT – PROVA I – PÁGINA 22 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 23: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

TEXTO IIAssum preto, pobre pássaro!

Trata-se de um belo pássaro de cor negra, que vive nas caatingas do Nordeste e canta apenas à noite, quando já bastante escuro. O sertanejo, que leva uma vidinha apertada, passando necessidade muitas vezes, caça-o e prende numa gaiola.

Para vender aos turistas que por lá trafegam, visando alguns trocados para seu sustento, furam seus dois olhinhos com espinho de laranjeira, para que, na escuridão eterna de sua cegueira, cante sem parar, dia e noite, encantando o incauto comprador.

Ao levá-lo para casa, nota que a pobre ave vai ficando jururu e emitindo apenas uns melancólicos assobios – prenúncio de uma morte próxima. Seu frágil corpo vai se definhando a cada dia e em breve estará morto de tristeza e de fome.

PICCININ, O. Disponível em: <https://www.noticiasagricolas.com.br>. Acesso em: 24 maio 2017. [Fragmento]

Os hábitos de tratamento ao assum preto são descritos nos textos. Em ambos, os autores evidenciam um contexto em que a

A. obediência do animal ao ser humano leva a um convívio disparatado.

B. renúncia dos jovens à tradição acaba por gerar o sofrimento do pássaro.

C. estratégia escolhida para fazer o pássaro cantar melhor é cruel e dolorosa.

D. ave se mostra mais amigável quando cega e solta num ambiente natural.

E. ignorância do ser humano metaforiza a vida de um pássaro livre e sofrido.

Alternativa CResolução: Os assuns pretos são conhecidos pelo canto, que acontece somente à noite. Muitos deles, depois de capturados, têm seus olhos furados para que possam cantar com mais frequência e beleza, por viverem em escuridão permanente, conforme descrito em ambos os textos. Essa prática, no entanto, é condenada pelos autores, que a têm como cruel e dolorosa, como visto em “Num vendo a luz, ai, canta de dor / Tarvez por ignorança / Ou mardade das pió”, na canção, e “a pobre ave vai ficando jururu e emitindo apenas uns melancólicos assobios” e “breve estará morto de tristeza e de fome”, no artigo. Portanto, C é a alternativa correta. A alternativa A está incorreta porque não se fala, nos textos, de obediência do pássaro ao ser humano; o assum preto é maltratado e enganado, sendo, assim, coagido a cantar. A alternativa B está incorreta porque também não há no texto informação a respeito de abandono nem de manutenção das tradições por parte de gerações mais novas. A alternativa D está incorreta porque, de acordo com os textos, a ave mostra-se dócil somente quando enxerga e vive, preferencialmente, solta na natureza. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque não há metáforas que associem a ignorância humana à liberdade do assum preto.

QUESTÃO 38

O zum-zum chegava ao seu apogeu. A fábrica de massas italianas, ali mesmo da vizinhança, começou a trabalhar, engrossando o barulho com o seu arfar monótono de máquina a vapor. As corridas até à venda reproduziam-se, transformando-se num verminar constante de formigueiro assanhado. Agora, no lugar das bicas apinhavam-se la tas de todos os fe i t ios , sobressaindo as de querosene com um braço de madeira em cima; sentia-se o trapejar da água caindo na folha. Algumas lavadeiras enchiam já as suas tinas; outras estendiam nos coradouros a roupa que ficara de molho. Principiava o trabalho. Rompiam das gargantas os fados portugueses e as modinhas brasileiras. Um carroção de lixo entrou com grande barulho de rodas na pedra, seguido de uma algazarra medonha algaraviada pelo carroceiro contra o burro.

AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Ática, 1997.

O trecho de Aluísio Azevedo apresenta as atividades dos moradores do cortiço no início do dia por meio, predominantemente, da tipologia textual que

A. narra uma história que envolve personagens e acontecimentos em um enredo.

B. descreve detalhadamente o ambiente e as atividades para formar uma imagem.

C. expõe uma situação criticamente com o objetivo de defender um ponto de vista.

D. explica um modo de vida sobre o qual reflete objetivamente para informar o leitor.

E. orienta o modo de executar as atividades e suas sequências diárias no ambiente.

Alternativa B

Resolução: No trecho do romance O cortiço, as atividades dos moradores são apresentadas por meio da descrição detalhada da cena, com seus sons característicos e movimentações. É construída, então, uma cena impessoal, em que a rotina das pessoas que se deslocam ou principiam seus trabalhos é descrita coletivamente. A alternativa correta é, portanto, a B. A alternativa A sugere erroneamente que haja no trecho uma narração, mas não há enredo que caracterize esse tipo textual. A alternativa C propõe incorretamente que a situação seja exposta de forma crítica, pois a descrição da cena é impessoal e não há, portanto, a defesa de um ponto de vista. A alternativa D está também incorreta porque sugere que o texto visa informar o leitor por meio de explicação e reflexão, o que não ocorre no trecho, caracterizado pela impessoalidade. Por fim, a alternativa E está incorreta por sugerir que o texto se caracterize pela tipologia injuntiva, orientando o modo de executar as atividades.

J5WS

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 23BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 24: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 39 Durante muitos anos, mantive viva uma lembrança

específica de um momento com meu pai: um olhar de reprovação e um breve discurso de repreensão. Era uma memória marcante que voltava (ainda volta) em momentos específicos e segue me influenciando enormemente. No entanto, há algum tempo, me dei conta de que havia algo errado: como ela envolvia um incidente escolar e meu pai morreu quando eu tinha cinco anos de idade, não há como aquilo ser real – ao menos, não da forma como reside em minha mente. Apesar disso, ela ainda me move e forma elementos da minha visão de mundo. Assim, a pergunta é: faz diferença o fato de ela ser real ou não? De certo modo, todas as nossas memórias não são edições subjetivas e mutáveis de acontecimentos reais – e, consequentemente, nossas personalidades não são fruto de fatores de natureza fluida?VILLAÇA, P. Disponível em: <http://cinemaemcena.cartacapital.com.br>.

Acesso em: 25 out. 2017. [Fragmento]

No universo de um texto, o valor semântico das palavras pode oscilar conforme as intenções do autor. Com base nisso, no texto anterior, apresenta valoração positiva a palavraA. “memória” (. 4).B. “incidente” (. 8).C. “visão” (. 12).D. “acontecimentos” (. 15).E. “personalidades” (. 16).

Alternativa AResolução: Entre os vocábulos expostos nas alternativas, “memória” tem valoração positiva, uma vez que o autor fala justamente que a lembrança do olhar de seu pai é marcante e o “influencia enormemente”, sendo, ainda, algo que o sensibiliza e molda sua visão de mundo. Está correta, portanto, a alternativa A. As demais alternativas estão incorretas porque apresentam vocábulos que, no texto, são neutros quanto à sua associação a algo positivo ou negativo. “Incidente” denota um evento ocorrido na escola, o qual não é caracterizado como bom ou ruim. “Visão” é associado à maneira como o autor vê o mundo, a qual também não recebe valoração. “Acontecimentos” e “personalidades”, por sua vez, também não recebem juízo de valor, já que não são o objeto de análise do fragmento.

QUESTÃO 40 18:39

Gostaria de desdobrar-me na maldição da ressaca, ou no desequilíbrio de uma paixão pós-botequim, mas não, o que me consome é uma franqueza sem fetiche... febre estúpida não sexy, um cansaço justo, porém, desnecessário. Me acalenta lembrar de noites mal dormidas e bem-amadas.

Esqueci o remédio, está tudo fora do horário, dói escrever, respirar tá um saco, parece saudade. Então fico no breu da cama... uma música triste... Sinto-me cansada, fecho as cortinas, não gosto de sol desenho luas estranhas na parede rock and roll.

Fragmento.VIEIRA, M. Um conto sobre a gripe. Disponível em:

<http://oacidodatarde.blogspot.com.br>. Acesso em: 31 ago. 2017. [Fragmento]

5

10

15

YKW8

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Um senso de incomunicabilidade e fragmentação permeia o texto de Mia Vieira. Para além dessas características, vê-se uma narradora marcado por uma sensação de

A. insatisfação, causada pela lembrança de um passado feliz que se contrapõe a um presente de ruína.

B. tristeza, derivada da incompletude do sentimento amoroso e do sofrimento por se reconhecer sozinha.

C. suspeita, relacionada à velocidade com que os próprios desejos e ambições foram realizados com sucesso.

D. apatia, vinculada a um sofrimento físico e à incapacidade de controlar e compreender o mundo a sua volta.

E. inadequação, provocada pela ausência de lógica na experiência do eu com a paisagem que a rodeia.

Alternativa DResolução: No fragmento do conto, a narradora relata sua condição de enferma, expondo como se sente desestimulada a seguir com sua rotina. Por causa disso, começa a alimentar vontades que, na situação em que se encontra, são impossíveis de realizar. Em seguida, ela relata que não está tomando seu remédio, do qual se esqueceu provavelmente por causa da dor que sente. A consequência disso é uma estagnação, a qual a impede de escrever, obriga-a a ficar na cama – cansada e entediada –, e a induz a tomar atitudes aparentemente sem sentido, como rabiscar a parede, numa prova contundente de sua falta de controle ou mesmo de compreensão do que lhe acontece. Dessa forma, a sensação que descreve o estado da narradora é a apatia, como indica a alternativa D. A alternativa A está incorreta porque a narradora não se recorda de um passado feliz, mas pensa no que gostaria de estar fazendo se não estivesse doente. A alternativa B está incorreta porque o estado de espírito da narradora não provém de um amor incompleto ou da solidão, mas dos infortúnios da doença. A alternativa C está incorreta porque os desejos e ambições da narradora não se realizaram com sucesso, portanto não há motivos para suspeita. Por sua vez, a alternativa E está incorreta porque a narradora não se sente inadequada, mas incomodada e entediada com a situação. Além disso, a paisagem que a rodeia, seu quarto, não oferece uma experiência incoerente; na verdade, o tédio e a languidez da doença a levam a fazer coisas inusitadas para passar o tempo.

QUESTÃO 41

Escola invisível

Cerca de 80% dos estudantes brasileiros que frequentam a escola básica estão em escolas públicas! Poucas vezes nos damos conta dessa proporção, já que vivemos em bolhas, em redes de relacionamento em geral homogêneas. [...] É por isso que para nós, da classe média, os alunos da escola pública são invisíveis.

Mas eles se tornaram visíveis e ganharam nossa simpatia, principalmente nas redes sociais virtuais, com seu movimento de ocupação de escolas, para que muitas delas não fossem fechadas.

ØIJQ

LCT – PROVA I – PÁGINA 24 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 25: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Provavelmente, caro leitor, seus filhos estudam ou estudaram em escolas particulares, cujos alunos estão seguros, cujos professores são bons e assíduos, e cujos prédios são bonitos, bem conservados e equipados. [...]

Nada disso faz parte da realidade de nossas escolas públicas. Visitei a E.E. Pequeno Cotolengo de Don Oriani, localizada em Cotia, SP, na última sexta-feira (4), a convite da mãe de um aluno que participa da ocupação da escola, que iria – ou irá – ser fechada. Conversei com alunos e visitei a parte acessível da escola. Apesar das peculiaridades dessa unidade escolar, creio que ela representa a maioria das outras escolas, ocupadas ou não. [...]

Os alunos estavam cuidando bem da escola: ela estava limpa, organizada. Tiveram aulas e oficinas com voluntários, o que os deixou muito entusiasmados. A frase dita por uma aluna martela minha cabeça desde então: “Nunca senti que fazia parte desta escola; agora, com a ocupação, eu sinto”.

SAYÃO, R. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 08 dez. 2015. [Fragmento]

Os textos argumentativos mesclam dados da realidade e opiniões por meio de diferentes recursos linguísticos, mais ou menos subjetivos, a fim de tentar persuadir seu público-alvo. No texto anterior, prevalecem as marcas de objetividade em:

A. “É por isso que para nós, da classe média, os alunos da escola pública são invisíveis.”

B. “Provavelmente, caro leitor, seus filhos estudam ou estudaram em escolas particulares, cujos alunos estão seguros [...].”

C. “Apesar das peculiaridades dessa unidade escolar, creio que ela representa a maioria das outras escolas, ocupadas ou não.”

D. “Tiveram aulas e oficinas com voluntários, o que os deixou muito entusiasmados.”

E. “A frase dita por uma aluna martela minha cabeça desde então [...].”

Alternativa DResolução: O enunciado exige a identificação do trecho em que prevalece a objetividade da autora, ou seja, em que ela não expressa sua opinião e se limita a expor um fato. No trecho da alternativa D, “Tiveram aulas e oficinas com voluntários, o que os deixou muito entusiasmados.”, a autora relata o que está acontecendo na escola que visitou. Ela não faz juízo do que viu, apenas informa que as aulas e oficinas causaram empolgação nos alunos. Essa caracterização dos alunos, porém, não é sua opinião sobre eles, mas a descrição de como estavam, por isso o trecho não é subjetivo, mas objetivo. As alternativas A, B, C e E estão incorretas porque são altamente subjetivas, apresentando marcas linguísticas que sinalizam a opinião da autora: “para nós [...] são invisíveis”, “provavelmente”, “creio” e “martela minha cabeça” (sinônimo de “me incomoda”).

QUESTÃO 42

Profundamente

Quando ontem adormeci

Na noite de São João

Havia alegria e rumor

[...]

No meio da noite despertei

Não ouvi mais vozes nem risos

[...]

Onde estavam os que há pouco

Dançavam

Cantavam

E riam

Ao pé das fogueiras acesas?

– Estavam todos dormindo

Estavam todos deitados

Dormindo

Profundamente.

[...]

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo

Minha avó

Meu avô

Totônio Rodrigues

Tomásia

Rosa

Onde estão todos eles?

– Estão todos dormindo

Estão todos deitados

Dormindo

Profundamente.

BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. 8. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1980.

Para construir o diálogo entre seu passado e seu presente, o poeta cria um jogo de sentidos com os verbos “dormir” e “adormecer”. A lembrança do acontecimento da infância, quando não viu o fim da festa de São João, é marcada pelo uso literal do verbo “adormecer”, que significa “cair no sono”. Já o momento presente, evocado pelo advérbio “hoje”, cria um sentido figurado para o verbo “dormir”, que remete à ideia de que os familiares estão

A cansados, profundamente desinteressados da vida.

B desaparecidos, como evidenciam as interrogações do eu lírico.

C introspectivos, tentando aceitar o momento de solidão.

D mortos, envolvidos no sono eterno.

E saudosos, sonhando com a festa popular do passado.

SMPL

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 25BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa D

Resolução: Na primeira parte do texto, o uso do verbo “dormir” é literal, indicando que os parentes do eu lírico estavam adormecidos depois de terminada a festa, que aconteceu tempos atrás e é rememorada. Já na segunda parte, quando eu lírico trata de seu presente, provavelmente muitos anos depois da noite de São João mencionada, o emprego de “dormir” é figurado e tem o mesmo sentido de “morrer”, o que pode ser inferido do fato de a voz poética não ouvir mais “as vozes daquele tempo”. Assim, a alternativa correta é a D. A alternativa A está incorreta porque o emprego conotativo de “dormir”, no texto, não sugere cansaço nem desinteresse. A alternativa B está incorreta porque o questionamento do eu lírico na segunda parte do poema é retórico, já que ele sabe que seus parentes morreram; assim, o verbo “dormir” não remete a desaparecimento. Já as alternativas C e E estão incorretas porque os familiares do eu lírico estão mortos, portanto não demonstram introspecção nem saudade.

QUESTÃO 43

Desterro

Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados, com a tristeza torpe dos que partiram tendo despedidas, tão preso aos lugares de onde o trem já me afastara estradas arrastadas, que talvez eu não estivesse todo inteiro presente no horror dessa viagem. Mas a minha tristeza pesava mais que todos os pesos, e era por causa de mim, da minha fadiga desolada, que a locomotiva, lá adiante, ridícula e honesta, bracejava, puxando com esforço vagões quase vazios, com almas cheias de distância, a penetrar no longe. A tarde subiu do chão para a paisagem sem casas, e o comboio seguia, cada vez mais longe, mais fundo, a terra mais vermelha, o esforço maior, as montanhas mais duras, como sabem ser duros os caminhos, pelos quais a gente vai, só pensando na volta… Coagulada em preto, a noite isolou as cousas dentro da tarde, e o barulho do trem foi um rumor de soçobro no fundo de um mar sem tona. Nem mesmo foi a noite: foi a ausência brusca e absurda do dia. Tão definitiva e estranha, que eu me alegrei, esperando o não continuar da vida, o não regresso da luz, o não-andar-mais do trem…

ROSA, J. G. Desterro. Magma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. p. 69-70.

1F69

Em “Desterro”, de Guimarães Rosa, o eu lírico evoca a sensação dolorosa experimentada pela viagem malquista. Melancólico e intranquilo, associa características humanas a elementos da paisagem sombria que o cerca. A figura de linguagem que permite tal “humanização” da matéria bruta é conhecida por prosopopeia ou personificação e pode ser encontrada no trecho:

A. “Eu ia triste, triste, com a tristeza discreta dos fatigados”.

B. “que talvez eu não estivesse todo inteiro presente”.

C. “que a locomotiva, lá adiante, ridícula e honesta, / bracejava”.

D. “pelos quais a gente vai, só pensando na volta…”.

E. “e o barulho do trem foi um rumor de soçobro”.

Alternativa C

Resolução: Personificação é a figura de linguagem na qual são atribuídas características ou ações a um ser inanimado. Nesse sentido, o trecho do poema exposto na alternativa C apresenta uma locomotiva – ser inanimado – bracejando, ação de seres vivos que têm braços. Portanto, essa é a alternativa correta, ainda que as características “ridícula” e “honesta” possam ser atribuídas a seres animados ou inanimados. As alternativas A, B e D estão incorretas porque são atribuídas a seres vivos características e ações de seres vivos, logo não há personificação. A alternativa E, por sua vez, está incorreta porque há, na verdade, uma metáfora na definição do barulho do trem.

QUESTÃO 44

MORDILLO, G. Disponível em: <https://www.pinterest.com>. Acesso em: 30 mar. 2015.

Na charge de Mordillo, cartunista argentino, percebe-se que não se lançou mão dos recursos da linguagem verbal, mas alcançou-se o objetivo de comunicar uma crítica ao(à)

UJC3

LCT – PROVA I – PÁGINA 26 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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A ausência de comunicação entre as pessoas.

B caráter selvagem dos seres humanos.

C desejo de evasão que caracteriza os habitantes das metrópoles.

D falta de cuidados com o meio ambiente.

E isolamento humano característico do século XXI.

Alternativa D

Resolução: Na charge, vê-se uma personagem com trajes de quem vive na selva, numa alusão à personagem Tarzan, de Edgar

Rice Burroughs. No entanto, enquanto usa um cipó para se transportar pela floresta, ela olha as árvores cortadas, e seu olhar

revela questionamento pelo aparente desmatamento inesperado. Assim, a crítica do autor direciona-se à falta de cuidados com

o meio ambiente, como indica a alternativa D. Por causa da expressão da personagem, não se pode afirmar que a crítica do

texto está voltada para a ausência de comunicação entre as pessoas, seja ela por algum desejo de solidão ou pela conjuntura

das sociedades do século XXI, o que invalida as alternativas A, C e E. Já a alternativa B está incorreta porque não se critica as

similaridades entre as pessoas e os animais selvagens, mas o comportamento destrutivo dos seres humanos com a natureza.

QUESTÃO 45

A presença dos índios gamela na região de Viana é antiga. Segundo o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a etnia

vive na região desde 1750 e, na época, parte das terras foram doadas pelo Governo Imperial. No período da Ditadura,

os índios foram novamente expulsos das suas terras e passaram a viver como camponeses, escondendo suas identidades

para evitar possíveis ataques.

A partir de 2010, os índios voltam a se organizar, assumem sua identidade étnica e passam a exigir reconhecimento

em relação ao território. Desde 2014, segundo informações do CIMI, a etnia vem encaminhando documentos aos órgãos

responsáveis, como a Funai e o Ministério da Justiça.

No entanto, a ausência e conveniência dos aparatos do Estado brasileiro com relação à demarcação de terras vêm

dificultando a vida dos gamelas. Os índios já sofreram ataques anteriores em 2015 e 2016 devido à morosidade das instituições

competentes ante a demarcação de terras.

RAMOS, B. D. Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: 21 out. 2017. [Fragmento]

De acordo com a argumentação empreendida no texto, seu objetivo é

A. propor uma divisão das terras entre indígenas e camponeses.

B. defender que o território pertence originalmente aos indígenas.

C. comprovar que os indígenas desocuparam as terras há tempos.

D. alertar que os camponeses exigem terras juntamente com a etnia.

E. sugerir que foram os indígenas que invadiram as terras de outrem.

Alternativa B

Resolução: O texto trata da questão dos conflitos por território, nos quais os índios gamela sofreram ataques.

A argumentação do autor mostra que a etnia vive na região desde 1750, o que comprova que o território pertence originalmente

aos indígenas, sendo correta, portanto, a alternativa B. Não é proposta uma divisão das terras entre indígenas e camponeses,

como sugerido em A, pois no texto é explicitado que os próprios indígenas começaram a viver como camponeses. Considerando

que a argumentação informa que os indígenas habitam as terras há muito tempo, o objetivo não é comprovar que eles

desocuparam o território, o que invalida a alternativa C. Não há o alerta de que os camponeses exigem terras juntamente

com a etnia, pois os camponeses citados no texto seriam os próprios indígenas, o que invalida a alternativa D. Por fim, não

há a sugestão de que os indígenas tenham invadido as terras de outrem, mas sim de que invasores estão atacando esses

povos, o que torna incorreta a alternativa E.

MOIY

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 27BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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TEXTO ICenário Nacional

No Brasil, 9 552 pessoas, de 82 nacionalidades distintas, já tiveram sua condição de refugiadas reconhecida. Dessas, 713 chegaram ao Brasil por meio de reassentamento e a 317 foram estendidos os efeitos da condição de refugiado de algum familiar.

Desde o início do conflito na Síria, 3 772 nacionais desse país solicitaram refúgio no Brasil.

Aumento da solicitação de refúgio por cidadãos venezuelanos: Apenas em 2016, 3 375 venezuelanos solicitaram refúgio no Brasil, cerca de 33 % das solicitações registradas no país naquele ano.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento]

TEXTO II

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Disponível em: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento]

TEXTO IIICAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS E DAS GARANTIAS

Art. 3º A política migratória brasileira rege-se pelos seguintes princípios e diretrizes: [...]

II – repúdio e prevenção à xenofobia, ao racismo e a quaisquer formas de discriminação;

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

• O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.

• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:• desrespeitar os direitos humanos.

• tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”.

• fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.

• apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.

TEXTOS MOTIVADORES

9T7U

III – não criminalização da migração;

IV – não discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional;

V – promoção de entrada regular e de regularização documental;

VI – acolhida humanitária;

VII – desenvolvimento econômico, turístico, social, cultural, esportivo, científico e tecnológico do Brasil;

VIII – garantia do direito à reunião familiar;

IX – igualdade de tratamento e de oportunidade ao migrante e a seus familiares;

X – inclusão social, laboral e produtiva do migrante por meio de políticas públicas; [...]

BRASIL. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017. [Fragmento]

TEXTO IV

A lei brasileira sobre refugiados decorreu do Programa Nacional de Direitos Humanos de 1996, o qual demonstrou claramente o desejo do governo brasileiro de se inserir na ordem internacional no que concerne à proteção da pessoa humana.

Essa inserção é necessária no que se refere à questão dos refugiados, uma vez que este fenômeno é típico da ordem internacional; dado que o que se pretende é garantir os direitos fundamentais a indivíduos que tenham perdido a proteção de seus Estados de origem e / ou de residência; o que somente pode ser feito por meio da asseguração desses direitos no território de um outro Estado. Isto porque a proteção às liberdades e garantias individuais exige uma esfera na qual ela possa existir concretamente, campo este que vem a ser concretizado por meio do Estado.

JUBILUT, L. L. O procedimento de concessão de refúgio no Brasil. Disponível em: <http://www.justica.gov.br>. Acesso em: 07 nov. 2017.

[Fragmento adaptado]

PROPOSTA DE REDAÇÃOA partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua

formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua Portuguesa sobre o tema “Desafios para a inserção social dos refugiados no Brasil”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

LCT – PROVA I – PÁGINA 28 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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A proposta de redação orienta-se por uma temática geral:

DESAFIOS PARA A INSERÇÃO SOCIAL DOS REFUGIADOS NO BRASIL

Toda a coletânea apresenta informações referentes a esse tema e, de modo geral, também oferece elementos para que os alunos consigam problematizar seu enfoque. A proposição de um título não é obrigatória na redação do Enem, no entanto, caso os alunos decidam assim, a correção deve penalizar apenas aqueles que colocarem o tema como título.

Itens de correção de acordo com a grade Enem:

I. Item destinado à avaliação da composição linguística do texto (uso da norma-padrão). São considerados os aspectos de domínio gramatical explorados na estruturação do raciocínio: concordância verbo-nominal, acentuação gráfica, ortografia, variedade vocabular, pontuação, entre outros recursos que, caso sejam mal utilizados, devem ser penalizados. O aspecto linguístico deve ser considerado em função do conteúdo do texto. Desse modo, se a redação for clara, mas apresentar algumas falhas gramaticais que não prejudiquem o conjunto textual, elas devem ser penalizadas de forma moderada ou mesmo não ser penalizadas.

• Número máximo de erros linguísticos para a obtenção de nota total nessa competência: dois erros (acima disso, penalizar na correção). Este item é avaliado em consonância com o item IV.

II. Na compreensão do tema, os alunos devem discutir e problematizar a questão dos refugiados no Brasil. Analisando os textos motivadores, veem-se, no texto I e no texto II, dados do Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre os refugiados no país. Esses dados revelam o número de refugiados e seu perfil, expondo que, nos últimos anos, o Brasil tem recebido cidadãos principalmente da Venezuela, país vizinho e que vive grave crise sociopolítica, e da Síria, que desde 2011 atravessa uma guerra entre tropas leais ao governo e forças de oposição. O texto III, por sua vez, é um fragmento da Lei 13 445, a Lei de Migração, que apresenta as disposições gerais sobre migrantes e visitantes no país. Por meio desse texto, ficam conhecidos alguns dos direitos dos cidadãos estrangeiros que desejarem solicitar ao governo brasileiro a condição de refugiado, como a proteção do Estado e a inclusão social. Já o texto IV é o trecho de um texto opinativo que defende a inserção social dos refugiados a fim de lhes garantir os direitos que lhes foram suprimidos em seus estados de origem. Com relação ao cumprimento do objetivo, os alunos devem perceber a necessidade de criar um enfoque problematizador do tema (desafios e perspectivas), já que é solicitada a criação de uma proposta de intervenção. Desse modo, pode-se propor uma tese de raciocínio relacionada, por exemplo, ao aspecto humanista do refúgio, já que o estado tem o dever de zelar por seus cidadãos, sejam eles nascidos em território brasileiro ou não. Também pode-se argumentar a favor das contribuições econômicas e culturais dos refugiados, que, uma vez inseridos na comunidade, desempenharão o mesmo papel social que os cidadãos nascidos no Brasil.

• Sinalizar, na correção, existência ou ausência da tese de raciocínio. Caso não haja tese na redação dos alunos, este item deve ser penalizado com maior rigor (nota mínima ou zero). Penalizar também a presença de trechos mais longos que escapem às tipologias argumentativa e expositiva (como os de cunho narrativo). Este item é avaliado em consonância com o item III.

III. Com relação à terceira habilidade avaliada, domínio da estrutura textual argumentativa, os alunos devem confirmar ou discutir sua tese por meio de estratégias argumentativas diversificadas, com certo grau de ineditismo e autoria, procurando fugir, ao menos parcialmente, de uma abordagem atrelada ao senso comum. No caso dessa proposta, pode-se apontar algumas situações a que refugiados estariam expostos no Brasil: muitos não falam português, por isso enfrentam dificuldades na busca por emprego, por exemplo; além disso, por serem estrangeiros, constantemente enfrentam xenofobia. Partindo daí, deve-se defender a necessidade de se acolher essas pessoas e de inseri-las na sociedade, já que, uma vez no Brasil, tornam-se cidadãos brasileiros, que devem ser tratados com igualdade de direitos e deveres. Ainda, com base na Lei de Migração, é importante argumentar que atitudes discriminatórias contra migrantes, visitantes ou refugiados são consideradas crime. Considerando uma argumentação a favor das contribuições dos refugiados para a sociedade brasileira, pode-se falar de como suas habilidades profissionais, talentos artísticos e mesmo seu conhecimento de mundo podem agregar para as comunidades em que serão inseridos. Num país plural como o Brasil, povos recém-chegados de outros países devem ser bem acolhidos, combatendo-se o lugar-comum de que tomarão os empregos e oportunidades dos brasileiros. Essa ideia vem sendo sistematicamente rebatida por estudos os mais diversos, os quais comprovam, na verdade, que os imigrantes trazem benefícios econômicos, já que movimentam a economia local.

• A ausência de problematização do enfoque deve ser penalizada com nota igual ou inferior a 50%. Este item deve ser avaliado em conexão com o item II, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas.

IV. Na quarta habilidade, domínio da estrutura linguístico-semântica, os alunos devem demonstrar uso coerente de sequências discursivas, especialmente no que diz respeito às cadeias coesivas construídas no texto, com o auxílio de determinadas ferramentas da norma-padrão (pontuação, conectores etc.). As relações coesivas devem ser avaliadas entre as sentenças e entre os parágrafos.

ENEM – VOL. 1 – 2018 LCT – PROVA I – PÁGINA 29BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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• Este item deve ser avaliado em conexão com o item I, para que não haja penalização dupla dos mesmos problemas. V. Naquintahabilidadeavaliada,proposta de intervenção,osalunosdevemproporestratégiasparasolucionarassituações-

problemaapresentadasao longoda redação.Nesse sentido, devehaver detalhamentoe variedadenaspropostasapresentadas.Emrelaçãoaotemaemquestão,devemserapontadasmedidasquesuperemosdesafiosdeseinserirosrefugiadosnasociedadebrasileira,portantodevemserapresentadaspropostasquegarantamocumprimentodosseusdireitosedeverescomocidadãosbrasileiros.Comojáexisteumaleiqueprevêaproteçãoaomigrante,visitanteerefugiadonoBrasil,deve-seexigirumafiscalizaçãomaiorporpartedosórgãosresponsáveis,garantindoquetenhamacessoaosseusdireitosbásicosecoibindoatosdiscriminatórios.Tambémpodesersugeridoquehajaumauxíliomaiorporpartedogovernopara receberessaspessoas,queprecisamestudaraLínguaPortuguesaeadquirircondiçõespara ingressonomercadode trabalho formal. Finalmente, tambémpode sermencionado quehaja campanhas deconscientização,produzidaspelogoverno,quemostremàpopulaçãoosmotivosqueobrigaramessescidadãosaserefugiaremnoBrasil, sensibilizandoaspessoasamelhor receberem-nos.Essas campanhas, ainda,mostrariamosbenefíciosculturaiseeconômicosqueosrefugiadospodemtrazeraopaís,incentivandoacontrataçãodessaspessoasereduzindoaincidênciadeatosdepreconceitocontraelas.

• A intervenção proposta pelos alunos deve estar em conformidade com a tese e a argumentação desenvolvidas ao longo da redação. Do contrário, deve haver penalização.

LCT – PROVA I – PÁGINA 30 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

Questões de 46 a 90

QUESTÃO 46 Enfim, no estado positivo, o espírito humano,

reconhecendo a impossibilidade de obter noções absolutas, renuncia a procurar a origem e o destino do universo, a conhecer as causas íntimas dos fenômenos, para preocupar-se unicamente em descobrir, graças ao uso bem combinado do raciocínio e da observação, suas leis efetivas, a saber, suas relações invariáveis de sucessão e de similitude. A explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume de agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais, cujo número o progresso da ciência tende cada vez mais a diminuir.

COMTE, A. Curso de filosofia positiva. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

No estado positivo, para Comte, o espírito humano

A. averigua a sociedade se baseando em conhecimentos metafísicos.

B. analisa a possibilidade de explicação dos fatos sem o auxílio da ciência.

C. procura desvendar a origem do universo com base em generalizações abstratas.

D. examina o mundo com o intuito de perceber as noções absolutas que o regem.

E. busca leis invariáveis que substituem a procura abstrata pela essência das coisas.

Alternativa EResolução: O positivismo pode ser entendido como um conjunto de teorias científicas, sociais e políticas, fortemente influenciado pelo otimismo característico do século XIX em relação à ciência, devido ao sentimento de prosperidade que existia em torno da industrialização e do imperialismo europeu. Em uma dessas teorias, de acordo com Comte, a humanidade se desenvolveria em três estágios sucessivos, correspondentes ao nível do progresso do espírito humano. No estado positivo, a etapa final desse processo, “não se busca mais o ‘porquê’ das coisas, mas sim o ‘como’, por meio da descoberta e do estudo das leis naturais e das relações de causa e efeito. O estudo do particular substitui a busca abstrata pela essência. A ciência toma o lugar da religião e da Filosofia” (DELAZARI, F. Positivismo e Revolução Industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 9.). Com base nas informações anteriores, constata-se que a alternativa correta é a E.

Vamos analisar as demais alternativas:A) O conhecimento metafísico, para Comte, corresponde

à segunda etapa da lei dos três estados, isto é, ao estado metafísico.

B) O conhecimento científico é imprescindível para Comte, uma vez que é por intermédio da ciência que se pode descobrir as leis, ou seja, as relações de causa e efeito, universais e imutáveis, que estariam na base de todos os fenômenos.

VHZM

C) Como dito anteriormente, no estado posit ivo, as generalizações são abandonadas e substituídas pelo estudo do particular, pela busca das leis invariáveis.

D) A busca pelas noções absolutas, pela essência das coisas, é, de acordo com Comte, parte da caracterização dos estados teológico e metafísico, não do estado positivo.

QUESTÃO 47

A superioridade dos gregos em combates a curta distância tornou-se dolorosamente evidente para os persas nas batalhas de Maratona e Plateia. Os soldados de infantaria gregos, chamados hoplitas, dispunham de armaduras e escudos mais resistentes do que os dos persas, além de lanças mais longas.

A ELEVAÇÃO DO ESPÍRITO 600-400 A.C. Rio de Janeiro: Abril Livros, 1991. (História em Revista) (Adaptação).

O texto anterior ressalta os conflitos designados como Guerras Médicas. Ao utilizar o termo “gregos”, o autor busca representar

A. a estrutura imperial de Alexandre, o Grande, responsável pela difusão dos valores helenísticos aos povos distantes.

B. o agrupamento humano que nasceu na região da Grécia, primeira região governada por um modelo político democrático.

C. o Estado grego fundado em torno da cidade de Atenas, berço da cultura clássica da Antiguidade.

D. o monopólio intelectual e filosófico de um povo diferenciado perante a selvageria dos povos do passado.

E. os povos de cultura comum, desenvolvida em torno do Mar Egeu, apesar de viverem em cidades autônomas.

Alternativa E

Resolução: As Guerras Médicas ou Greco-Pérsicas foram uma série de batalhas, durante o século V a.C., em que as cidades gregas enfrentaram seguidas tentativas de invasão dos reis persas, Dário I e, posteriormente, Xerxes. As cidades-Estado gregas, autônomas politicamente, mas que compartilhavam, em grande medida, de uma mesma cultura, se associaram militarmente para fazer frente aos fortes exércitos persas. Portanto, ao utilizar o termo “gregos”, o autor buscava representar esses povos de cultura comum, desenvolvida em torno do Mar Egeu, que viviam em cidades autônomas, o que torna correta a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o período helenístico é posterior à ocorrência das Guerras Médicas. A alternativa B também está incorreta, pois havia, entre as cidades gregas envolvidas nas Guerras Greco-Pérsicas, aquelas que não possuíam um modelo político democrático, como Esparta. Não havia um Estado grego naquele período, mas, sim, um conjunto de cidades-Estado autônomas politicamente, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois os gregos não possuíam o monopólio intelectual.

OL6G

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 31BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 48

O Brasil foi o primeiro país sul-americano a ter um movimento eugenista organizado, a partir da criação da Sociedade Eugênica de São Paulo (1918). O movimento eugênico brasileiro é bastante heterogêneo, mas vale destacar sua atuação junto à saúde pública e ao saneamento, bem como à psiquiatria e à “higiene mental” ao longo das décadas de 1920 e 1930, o que permite verificar algumas das principais questões nas quais a questão urbana se relaciona ao pensamento eugênico. Parte do sucesso do eugenismo nesse período parece devido à sua formulação suprapolítica. Podendo ser utilizada por qualquer tendência político-ideológica, a eugenia “oferecia mecanismos de contenção dos conflitos sociais provenientes das reivindicações trabalhistas e justificavam o fortalecimento do Estado”. Nesse contexto, a ideologia do branqueamento se consolidou.

SILVA, Marcos Virgílio. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br>. Acesso em: 12 nov. 2014.

A ideologia do branqueamento a que o texto se refere está diretamente associada à perspectiva do(a)

A. darwinismo social, que julgava a herança africana benéfica para a genética europeia, contribuindo para seu desenvolvimento físico.

B. democracia racial, que defendia a existência de um estado igualitário entre brancos e negros no Brasil.

C. higienismo racial, que pregava a necessidade de exterminar, em curto prazo, negros e indígenas do território brasileiro.

D. miscigenação racial, que se associava ao sincretismo religioso herdado das relações interculturais durante o período colonial.

E. racismo científico, que explicava o atraso brasileiro pela presença de grupos raciais inferiores.

Alternativa EResolução: O darwinismo social faz parte do que, poster iormente, f icou conhecido como rac ismo científico. Esse conjunto de teorias é demarcado pelo determinismo biológico e propunha a raça como fator determinante para o estabelecimento de hierarquias e diferenças entre os humanos. A eugenia, assim como a craniometria e a frenologia, faz parte desse quadro. Para Francis Galton, pai da eugenia, essa “ciência” buscava contribuir para o aprimoramento da herança genética, a partir de uma seleção artificial. Assim, a eugenia tinha como objetivo acelerar o processo de seleção natural, favorecendo as raças consideradas “mais fortes” em detrimento daquelas “mais fracas”.

XFN4 Dito de outra maneira, “significava favorecer os aspectos genéticos identificados com o dominador branco e suprimir as características consideradas inferiores das demais raças, principalmente da raça negra”. (DELAZARI, F. Positivismo e revolução industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 7.). Dessa maneira, com base em tais informações e na leitura do texto-base, percebe-se que a eugenia era sustentada pela ideia de supremacia da raça branca sobre as demais, fato que torna a alternativa E a correta.

QUESTÃO 49

O crescimento da população brasileira vivencia um decréscimo em seu ritmo nas últimas décadas, reflexo de vários fatores, como o processo de urbanização e a expansão do planejamento familiar. Algumas implicações desse fenômeno são esperadas para meados do século XXI, como as de natureza econômica e etária, exemplificadas, respectivamente, pelo(a)

A. queda da mão de obra e aumento da população idosa.

B. recuo da população absoluta e ampliação da força de trabalho.

C. aumento da quantidade de jovens e declínio da proporção de idosos.

D. crescimento da população em idade ativa e aumento da expectativa de vida.

E. diminuição do número de jovens e comprometimento do setor previdenciário.

Alternativa A

Resolução: O comando da questão explicita que se quer saber os efeitos esperados em meados do século XXI do decréscimo do ritmo de crescimento da população brasileira, isto é, do declínio da fecundidade. Primeiramente, uma implicação econômica e, depois, uma implicação etária. Para essa época, prevê-se que o chamado bônus demográfico, quando a População Economicamente Ativa é proporcionalmente maior do que o número de crianças e idosos, terá findado e a proporção de idosos acima de 65 anos será bem maior. A alternativa B está incorreta porque, além de não corresponder a implicações verdadeiras da queda da fecundidade em meados do século XXI, a primeira é de natureza etária, e a segunda, de natureza econômica. A alternativa C está incorreta, pois as duas consequências etárias citadas não são resultado da redução da taxa de fecundidade. A alternativa D está incorreta porque, na metade do século XXI, estima-se que o crescimento da população em idade ativa já será passado e a expectativa de vida é um indicador demográfico diferente da taxa de fecundidade. A alternativa E está incorreta, pois a primeira é de natureza etária, e a segunda, de natureza econômica.

CUMK

CH – PROVA I – PÁGINA 32 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 33: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 50

Quinto Império

[...]

Eu decifrei

Astros e constelações,

Conduzi embarcações,

Destinei-me a navegar.

Atravessei

A Tormenta, a Esperança,

Até onde o sonho alcança

Minha fé pude cravar.

Rasguei as lendas

Do Oceano Tenebroso

Para El Rey, o glorioso

Não há mais trevas no mar.

NÓBREGA, A. C. FREIRE, W. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br>. Acesso em: 12 set. 2017.

A canção descreve aspectos das viagens marítimas da época moderna, relacionando-as à(ao)

A. confirmação do imaginário europeu acerca do Atlântico.

B. ausência da participação governamental na empreitada.

C. demarcação de um novo período na história da Europa.

D. sonho da existência de reservas de ouro no além-mar.

E. projeto civilizatório dos europeus para o Novo Mundo.

Alternativa C

Resolução: Apesar das grandes transformações no ideário do homem moderno e em diversos setores do conhecimento, o pensamento mítico e religioso ainda era muito presente no século XV. Entretanto, a canção, ao afirmar que “rasgou as lendas do oceano tenebroso”, rompe com o imaginário europeu do período, que acreditava na existência de monstros e abismos nos mares, o que invalida a alternativa A. Ao exaltar a figura do rei, a canção destaca a participação e a importância das monarquias na empresa marítima, contrariando a alternativa B. A expansão marítima dos séculos XV e XVI permitiu a compreensão mais ampla do mundo, tanto no aspecto geográfico quanto no cultural, mudando os rumos de povos e nações, demarcando um novo tempo na História da Europa, o que torna a alternativa C válida. A alternativa D está incorreta, pois, ainda que o interesse metalista tenha contribuído para o projeto de expansão marítima, o trecho da canção apresentado não destaca o aspecto comercial das Grandes Navegações. Por fim, apesar de trazer a ideia de expansão da fé, a canção não faz menção a um projeto civilizatório europeu no Novo Mundo, o que invalida a alternativa E.

4YSE QUESTÃO 51 Segundo Kant, a Filosofia não é algo que possa ser

aprendido, pelo simples fato de que ela ainda não possui um corpo de conhecimentos já constituído e acabado. E mesmo que houvesse um sistema filosófico totalmente acabado, aquele que o aprendesse não seria jamais um filósofo, pois, nesse caso, estaria fazendo simplesmente um uso “histórico-subjetivo” da razão. Quem quer aprender Filosofia tem que fazer um uso pessoal e autônomo da própria razão. Por isso, para Kant, “quem quer aprender a filosofar tem o direito de considerar todos os sistemas da Filosofia tão somente como uma história do uso da razão e como objetos do exercício de seu talento filosófico”. É assim que o “verdadeiro filósofo, portanto, na qualidade de quem pensa por si mesmo, tem que fazer um uso livre e pessoal de sua razão, não um uso servilmente imitativo”.

CÂNDIDO, C. A Filosofia hoje. Disponível em: <http://www.caosmose.net>. Acesso em: 16 maio 2017.

O conhecimento filosófico constitui uma maneira de conhecer o mundo, sendo um dos seus elementos o(a)

A. compreensão religiosa.

B. imaginação discursiva.

C. racionalidade lógica.

D. pensamento fictício.

E. fantasia mitológica.

Alternativa CResolução: A questão aborda as características gerais do pensamento filosófico, apresentando um texto que comenta aspectos da consideração de Kant sobre o tema. É importante ressaltar, antes de prosseguirmos, que não devemos fazer uma hierarquização, pensando a Filosofia como conhecimento melhor ou pior, mas, sim, como único e singular, atentando para as suas características. Assim, dentre as alternativas expostas, a resposta correta é a letra C, que afirma ser um dos elementos do conhecimento filosófico a racionalidade lógica.

Analisaremos as alternativas:

A) A religião faz parte da Filosofia, e a filosofia medieval é um grande exemplo disso. Contudo, não se deve confundir esse fato com o erro que seria afirmar que a compreensão religiosa seria uma característica da Filosofia.

B) A discursividade, por se tratar de linguagem, é um elemento da Filosofia. Ainda assim, a “imaginação discursiva” é uma ideia que não nos remete à Filosofia, uma vez que estaria mais atrelada a uma atividade do pensamento mais livre e despretensiosa, o que foge ao ideal da Filosofia de conhecer o mundo.

D) A Filosofia não consiste em ficções, em sentido de histórias não verdadeiras, mas numa constante tentativa de elaborar perguntas e respostas sobre todo e qualquer fato ou ideia na realidade.

E) Apesar de ter bebido da mitologia, a Filosofia não se limita a uma “fantasia mitológica”, uma vez que transcende a forma de pensar e leva a razão ao papel de validadora daquilo que se pretende chamar de conhecimento.

KDSU

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 33BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 34: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 52

A fim de tornar o entendimento de um mapa mais

visual e rápido, utiliza-se, na cartografia, a anamorfose.

Muito mais importante do que a representação exata dos limites

nacionais, estaduais ou municipais, é o dado representado.

Brasil

Minas Gerais

Rio de JaneiroSão Paulo

Paraná

Rio GrandeDo Sul

SantaCatarina

SantaCatarina

EspíritoSanto

EspíritoSanto

SergipeAlagoas

PernambucoParaíba

Rio GrandeDo Norte

SergipeAlagoas

PernambucoParaíba

Rio GrandeDo NorteCeará

PiauíMaranhão

PiauíMaranhão

TocantinsTocantinsPará

Amapá

Amazonas

Roraima

Acre Rondônia Mato GrossoMato GrossoGoiás

Mato GrossoDo Sul

Mato GrossoDo Sul

DF Bahia

Disponível em: <http://meioambiente.culturamix.com>. Acesso em: 02 nov. 2016.

A anamorfose anterior destaca os estados do Sudeste e do

Sul ao refletir a realidade econômica brasileira confirmada

pela expressividade dessas regiões no que se refere ao(à)

A. exploração mineral.

B. turismo internacional.

C. Produto Interno Bruto.

D. atividade agropecuária.

E. utilização das hidrovias.

Alternativa C

Resolução: A anamorfose é um tipo de representação

cartográfica que associa a forma ao dado representado.

Desse modo, a alternativa C é a resposta correta porque o

Sudeste e o Sul do Brasil são as maiores regiões no mapa

e na contribuição de cada estado para o Produto Interno

Bruto (PIB) do país. Como se nota, o PIB brasileiro é formado

principalmente por cinco estados: São Paulo, Rio de Janeiro,

Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A alternativa A

está incorreta, pois Minas Gerais e Pará são os maiores

produtores minerais. A alternativa B está incorreta, pois a

região Nordeste é importante para o turismo internacional

no Brasil. A alternativa D está incorreta, pois os estados do

Centro-Oeste têm grande participação na produção agrícola

nacional. A alternativa E está incorreta porque as hidrovias

são o transporte por excelência da região Norte.

CHYP QUESTÃO 53

Estou convencido de que isto é uma terra firme, imensa,

sobre a qual até hoje nada se soube. E o que me reforça a

opinião é o fato deste rio tão grande, e do mar que é doce; em

seguida, são as palavras de Esdras em seu livro IV, capítulo 6,

onde ele diz que seis partes do mundo são de terra seca e uma

de água, este livro tendo sido aprovado por Santo Ambrósio

em seu Hexameron e por Santo Agostinho. [...] Além disso,

asseguraram-me as palavras de muitos índios canibais que

eu tinha apresado em outras ocasiões, os quais diziam que

ao sul de seu país estava a terra firme.

TODOROV, T. A conquista da América: a questão do outro. São Paulo: Martins Fontes. 2001. p. 17.

O trecho escrito pelo genovês Cristóvão Colombo foi retirado

do seu diário, produzido na sua terceira viagem à América,

no final do século XV. A conclusão do navegador foi

A. baseada nos relatos de navegadores anteriores.

B. fundamentada na ideia da existência da América.

C. refutada pelos viajantes europeus subsequentes.

D. pautada pelos seus saberes e crenças religiosas.

E. validada por índios e teólogos católicos da época.

Alternativa D

Resolução:

A) INCORRETA – A afirmação de Colombo de que a terra encontrada “sobre a qual até hoje nada se soube” invalida a alternativa.

B) INCORRETA – O relato de Colombo não evidencia que a terra firme encontrada se tratava de um novo continente, comprovação feita por outro navegador (Américo Vespúcio).

C) INCORRETA – A ideia de terra firme apresentada por Colombo não foi refutada por outros navegantes. O que seria refutado, posteriormente, pelo navegador Américo Vespúcio, era a ideia de Colombo de que alcançara a região da Ásia, navegando rumo ao Oeste, e não um novo continente, aspecto que não é tratado no texto.

D) CORRETA – Colombo chega a sua conclusão pautado nos seus conhecimentos (“o fato deste rio tão grande, e do mar que é doce”) e nas suas crenças religiosas (“são as palavras de Esdras em seu livro IV”).

E) INCORRETA – As afirmações religiosas em que Colombo se baseou eram de outro contexto: “este livro tendo sido aprovado por Santo Ambrósio em seu Hexameron e por Santo Agostinho”.

RWY5

CH – PROVA I – PÁGINA 34 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 54

Disponível em: <http://georesumos2014.blogspot.com.br/2014/02/aula-9-1-ano-em-nocoes-espaciais.htmll>. Acesso em: 30 ago. 2016.

O movimento da Terra responsável pelo fenômeno natural representado na imagemA. delimita a proximidade do Sol e ocorre no sentido

oeste-leste. B. dá origem aos dias e às noites e ocorre no sentido

oeste-leste. C. determina as estações do ano e ocorre no sentido

oeste-leste. D. marca a duração desigual do dia e da noite e ocorre no

sentido leste-oeste. E. estabelece a mesma duração do dia e da noite e ocorre

no sentido leste-oeste.

Alternativa BResolução: O movimento aparente do Sol ocorre de leste para oeste, como pode ser verificado na imagem da questão. Isso é possível por causa da rotação da Terra de oeste para leste, que dá origem aos dias e às noites. As alternativas restantes estão incorretas por não corresponderem ao movimento da Terra responsável pelo fenômeno natural representado.

QUESTÃO 55 A maravilha sempre foi, antes como agora, a causa

pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua, o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do Universo. Procurar uma explicação e admirar-se é reconhecer-se ignorante. Por isso, pode-se dizer que sob um certo aspecto o filósofo é também amante do mito, uma vez que o mito se compõe de maravilhas.

ARISTÓTELES. In: REALE, Giovanni (Ed.). Metafísica. São Paulo: Loyola, 2002. v. 1.

Para Aristóteles, a maravilha é considerada a causa do filosofar, pois A. aproxima o homem das explicações míticas sobre

o mundo.B. desperta a curiosidade e a consequente busca pelo

conhecimento.C. faz com que o homem se surpreenda com as questões

mais complexas.D. induz o homem à passividade diante dos acontecimentos

da natureza.E. leva o homem ao reconhecimento de seu conhecimento.

1QFS

G5E8

Alternativa BResolução: O trecho anterior apresenta a visão de Aristóteles sobre a atividade filosófica. Segundo o pensador, e como podemos ler no texto, a partir da “maravilha” – que deve aqui ser entendida como “espanto”, “admiração”; por exemplo, como a reação que temos ao nos depararmos com eventos até então extraordinários para nós, como ver o mar pela primeira vez – é que as pessoas se colocam a buscar maior conhecimento sobre a realidade. Disso se segue que as pessoas, ao se maravilharem, iniciam um longo e interminável percurso em busca do conhecimento. A maravilha é considerada a causa do filosofar, pois desperta a curiosidade e a consequente busca pelo conhecimento. Reparem que o enunciado pergunta o porquê de a maravilha ser considerada a causa do filosofar, o que invalida as outras alternativas. Assim, a resposta correta é a alternativa B.

QUESTÃO 56

Lista de países por população absoluta – 2015População total Área total (km2)

China 1 376 048 943 9 600 001Índia 1 311 050 527 3 287 260

Estados Unidos 321 773 631 9 831 510Indonésia 257 563 815 1 910 930

Brasil 207 847 528 8 515 770Paquistão 188 924 874 796 100

Nigéria 182 201 962 923 770Bangladesh 160 995 642 148 460

Rússia 143 456 918 17 098 240México 127 017 224 1 964 380

IBGE (Adaptação).

Comparando os dados do quadro anterior, o país mais densamente povoado é o(a)

A. China, pois é o mais populoso.

B. Rússia, porque é o mais extenso em km2.

C. Indonésia, pois tem a maior população relativa.

D. Índia, visto que tem a maior densidade demográfica.

E. Bangladesh, pois tem a maior média de habitantes por km2.

Alternativa EResolução: No quadro apresentado, Bangladesh é o país mais densamente povoado, pois tem a maior densidade demográfica, isto é, a média de habitantes por quilômetro quadrado (km2) é a mais alta. A densidade demográfica é calculada pela divisão do número de habitantes pela área do território em km2. No caso de Bangladesh: 160 995 642 / 148 460 = 1 084 h/km2. A alternativa A está incorreta, pois, embora a China seja o país mais populoso, com a maior população absoluta, não é o mais densamente povoado. A alternativa B está incorreta porque a Rússia tem o maior território e é fracamente povoada. A alternativa C está incorreta porque população relativa é o mesmo que densidade demográfica, que é maior em Bangladesh. A alternativa D está incorreta, pois a Índia tem a segunda maior densidade (399/km2).

89K3

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 35BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 36: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 57

Em 1920, o reverendo Joseph Singh viajava numa missão espiritual pela Índia quando soube da lenda de duas meninas que viviam com uma matilha daqueles animais. Intrigado, partiu atrás delas. Ao encontrá-las, ficou impressionado: ambas andavam de quatro e, antes de sair da caverna em que se escondiam, colocavam só a cabeça para fora e olhavam desconfiadas para os lados. Capturadas, foram encaminhadas ao orfanato da cidade indiana de Midnapore. [...] Kamala tinha cerca de 8 anos e Amala, apenas um ano e meio. Carnívoras, bebiam água lambendo e tinham horror à luz. Passavam o dia todo arredias, mas à noite uivavam e grunhiam. A menor sobreviveu 10 meses longe dos bosques e morreu, um ano depois, de nefrite (inflamação nos rins). Foi quando Kamala chorou pela primeira vez desde que chegara ao orfanato. [...] A menina mais velha ainda viveu por nove anos.

Disponível em: <http://guiadoestudante.abril.com.br>. Acesso em: 23 nov. 2016.

O texto descreve comportamentos humanos que fomentam as discussões filosóficas em torno da noção de liberdade e que caracterizam a perspectiva do

A. realismo.

B. empirismo.

C. criticismo.

D. racionalismo.

E. determinismo.

Alternativa E

Resolução: A ideia de liberdade, para a filosofia antropológica, está associada à possibilidade de autodeterminação do ser humano, isto é, à possibilidade de o indivíduo escolher, conscientemente, o que ser e as atitudes que pode tomar, independentemente dos condicionantes de sua natureza. Por outro lado, a perspectiva determinista afirma que as ações humanas e as dos demais animais são condicionadas por sua própria natureza e por fatores biológicos e sociais, por exemplo, tal como os comportamentos apontados no texto indicam, não sendo, portanto, os indivíduos, por essa perspectiva, livres. Logo, a resposta correta é a alternativa E.

QUESTÃO 58

TEXTO IO comércio europeu no século XIII e XIV

ÁFRICA

EUROPAÁSIA

OCEANIA

OCEANOÍNDICO

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOPACÍFICO

Ceuta

AlexandriaBagdá

Calicute

Cantão

Pequim

Tripoli

ConstantinoplaOdessa

KievSmolenskLubeckAmsterdã

Antuérpia

Genova

BremenVeneza

Disponível em: <http://olhonahistoria.blogspot.com.br>. Acesso em: 20 out. 2017 (Adaptação).

1DRY

A68L

CH – PROVA I – PÁGINA 36 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 37: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

TEXTO IIAs Grandes Navegações

AMÉRICADO NORTE

AMÉRICADO SUL

ÁFRICA

EUROPA ÁSIA

OCEANIA

OCEANOÍNDICO

ÍndiaÍndia

BrasilBrasil

EspanhaEspanhaPortugalPortugal

Espanha

Portugal

Calicute,1498Calicute,1498

Açores,1427

Ceuta,1415Ceuta,1415SãoSalvador,1492

SãoSalvador,1492

Cabo Bojador,1435Cabo Bojador,1435

Madeira,1420

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOPACÍFICO

Moçambique

Cabo da BoaEsperança,1498Cabo da BoaEsperança,1498

Cabo VerdeCabo Verde

Porto Seguro,1500Porto Seguro,1500

Disponível em: <http://ced31c.blogspot.com.br>. Acesso em: 20 out. 2017 (Adaptação).

A análise dos mapas indica que as mudanças ocorridas na Europa dos séculos XV e XVI

A. retardaram o processo de globalização comercial mundial.

B. consolidaram a hegemonia comercial de Gênova e Veneza.

C. resultaram na derrocada do comércio interno no continente.

D. representaram a ampliação da área de atuação das hansas.

E. provocaram a superação das rotas comerciais mediterrâneas.

Alternativa EResolução: Ao longo da Baixa Idade Média, os comerciantes passaram a perceber a necessidade de se alcançar a longínqua região da Ásia por meio de rotas alternativas, tendo em vista os obstáculos impostos pelos diversos povos intermediários do comércio de especiarias. Os mapas apresentados na questão demonstram o surgimento de um novo eixo comercial europeu a partir do século XV. As Grandes Navegações, empreendidas inicialmente pelos Estados Ibéricos, deslocaram o eixo econômico do interior do continente europeu e do Mar Mediterrâneo para o Atlântico e para a costa do continente africano, o que torna válida, portanto, a alternativa E. Para muitos estudiosos, a expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI, ao alcançar regiões até então desconhecidas, como a América, em busca de riquezas e novas experiências, representou os primeiros sinais da ideia de globalização, o que invalida a alternativa A. A alternativa B está incorreta, pois as cidades italianas vivenciaram uma drástica retração comercial após a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453, o que contribuiu para a busca de novas rotas comerciais. Apesar do deslocamento do eixo econômico europeu para o Atlântico, o comércio interno continuava a desempenhar um importante papel na dinâmica econômica do continente, o que contraria a alternativa C. Por fim, a alternativa D está incorreta, pois as hansas não tiveram papel de destaque nas expedições marítimas durante as Grandes Navegações, tendo maior sucesso na região Norte do continente europeu durante a Idade Média.

QUESTÃO 59 Estados Unidos e Rússia (representando a ex-União Soviética) possuem um obscuro passado ligado a eventos de

conspiração, boicote e conflitos latentes um contra o outro. O período em que se deram esses embates é chamado de Guerra Fria e durou de 1945 até 1991. Um dos momentos mais tensos dessa disputa ocorreu quando, sob a liderança do líder soviético Nikita Kruschev, em 1962, no intuito de demonstrar a força bélica do bloco socialista, mísseis foram instalados na Ilha de Cuba e direcionados para os Estados Unidos. Por pouco, o mundo não mergulhou em uma terceira guerra.

O conflito entre Estados Unidos e União Soviética citado no texto marcou profundamente a conjuntura geopolítica internacional, pois

A. privilegiou a discussão sociopolítica devido à inexistência de confrontos militares.

B. carregou consigo um viés de ódio pautado principalmente nos casos de xenofobia.

C. consistiu no embate declarado entre as potências e assegurou a destruição mútua.

D. representou diversas ideologias baseadas na economia intervencionista do Estado.

E. esteve no limiar de uma disputa territorial por vias diretas de ataque e defesa militar.

PL71

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 37BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 38: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Alternativa EResolução: A alternativa E está correta, pois diz respeito à Crise dos Mísseis, como ficou conhecido o episódio da Guerra Fria descrito na questão. Ela é considerada, talvez, o momento em que Estados Unidos e União Soviética estiveram mais próximos de envolver a si mesmos e ao resto do mundo em um conflito nuclear. Diante disso, Kruchev retirou os mísseis de Cuba e Kennedy se comprometeu a fazer o mesmo com os mísseis colocados na Turquia. A alternativa A está incorreta, pois os confrontos militares entre as duas potências da Guerra Fria eram indiretos e não declarados. A alternativa B está incorreta porque o ódio entre os dois lados da Guerra Fria tinha fundamento ideológico e político. A alternativa C está incorreta porque a possibilidade de uma guerra nuclear refreava, de certa forma, as duas potências, que assinaram acordos quanto ao uso de armas nucleares. A alternativa D está incorreta, pois o capitalismo e o socialismo foram as ideologias que se enfrentaram na Guerra Fria e têm diferentes graus de intervenção do Estado.

QUESTÃO 60

Disponível em: <https://www.forumancientcoins.com>. Acesso em: 13 out. 2017.

A gravura de Théodore de Bry (1590) representa o encontro entre Hernando de Soto, espanhol integrante da expedição de Francisco Pizarro, e o imperador inca Atahualpa. Essa representação expressa aA. passividade dos nativos, que contribuiu para a rápida

dominação espanhola.B. subalternidade da sociedade inca diante do novo

governante do seu império.C. mentalidade etnocêntrica típica do contexto

expansionista dos reinos ibéricos.D. dificuldade de subjugar um povo que apresentava uma

superioridade numérica.E. brutalidade utilizada na conquista espanhola da

América que dizimou os nativos.

Alternativa CResolução:

A) INCORRETA – A imagem retrata os nativos de forma passiva. No entanto, não se pode afirmar que isso tenha contribuído para a “rápida” conquista, uma vez que os índios resistiram intensamente a esse processo.

B) INCORRETA – O espanhol retratado não foi considerado pelo povo inca (nem se tornou) um novo imperador. Os espanhóis dominaram a sociedade inca desfazendo seu vasto império.

HPDW

C) CORRETA – Os incas são representados quase nus. O próprio imperador, apresenta uma vestimenta simplória, que não condiz com a cultura dessa civilização. Já os espanhóis são representados como triunfadores, ricamente trajados. De um lado, um líder inca seminu, de outro, um líder espanhol soberano, imponente (o uso de cavalos reforça essa visão). Essa representação corresponde ao olhar eurocêntrico, típico do contexto moderno.

D) INCORRETA – A imagem não retrata nenhuma dificuldade enfrentada pelos espanhóis no processo de conquista da América.

E) INCORRETA – Ainda que a conquista espanhola da América tenha sido marcada pelo uso da violência, a obra não destaca esse aspecto do processo.

QUESTÃO 61

TEXTO ITomai o fardo do Homem BrancoEnviai vossos melhores filhosIde, condenai seus filhos ao exílioPara servirem aos vossos cativos;Para esperar, com chicotes pesadosO povo agitado e selvagemVossos cativos, tristes povos, Metade demônio, metade criança[...]

KIPLING, R. O fardo do Homem Branco. Disponível em: <http://www.ensinarhistoriajoelza.com.br>. Acesso em: 02 out. 2017.

TEXTO IIO racismo serviu assim como justificativa ideológica para

associar o domínio colonialista, a conquista e subjugação de povos não europeus com uma missão civilizadora, ligada aos valores do progresso econômico, do avanço científico, da ordem política liberal e do cristianismo. Esses eram os valores que a propaganda imperial alegava serem levados aos nativos da África e da Ásia, selvagens, desorganizados, atrasados, incapazes de se autogovernarem e pagãos.

FACINA, A. De volta ao fardo do Homem Branco: o novo imperialismo e suas justificativas culturalistas. In: Anais do IV Colóquio Marx e

Engels. Campinas: UNICAMP, 2005.

De acordo com os textos, o fardo do Homem Branco está na base da

A. instauração de uma proteção da Europa contra as invasões de outros povos.

B. criação de diversas teorias raciais que pregavam uma união entre os povos.

C. explicação europeia para o domínio sobre os povos durante a colonização.

D. instituição de um contato horizontal com as populações não europeias.

E. caracterização dos povos não europeus como civilizados e racionais.

RJUJ

CH – PROVA I – PÁGINA 38 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 39: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Alternativa C

Resolução: A tentativa de transpor critérios físicos e biológicos para a interpretação e reflexão com relação à sociedade produziu teorias que ajudaram na disseminação de olhares preconceituosos e legitimadores de dominações políticas. Assim, como os brancos, falaciosamente, seriam mais capazes do que as demais raças, de acordo com as teorias raciais em voga na época, os europeus estariam submetidos ao “fardo do homem branco”. Isto é, “à obrigação moral de ‘civilizar’ os povos atrasados, ainda que esse processo de civilização implicasse o extermínio dos povos ‘primitivos’” (DELAZARI, F. Positivismo e Revolução Industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 7.). Dessa maneira, percebe-se que a alternativa correta é a letra C.

Analisando as demais alternativas:

A) Pelo contrário, os europeus é que estavam no processo de invasão de outros territórios, estimulados pelo “fardo do homem branco”.

B) As teorias raciais não pregavam uma união entre povos, mas uma superioridade da raça branca em detrimento das demais.

D) O contato dos europeus com outros povos não era baseado em uma relação horizontal. Na verdade, pressupunha uma hierarquização, uma vez que os próprios europeus, estimulados pelas teorias raciais, se consideravam superiores.

E) Pelo poema, pode-se perceber que não eram atribuídas características vinculadas à noção de civilização e racionalidade aos povos não europeus. Pelo contrário, estes eram entendidos como “selvagens”, “bárbaros” e / ou “incivilizados”.

QUESTÃO 62 A crise de Cuba entrou para a história como a maior

demonstração de força da administração Kennedy. Os preparativos militares soviéticos, à época, não só irritaram os norte-americanos como também foram interpretados como provocação bélica por outros países ocidentais.

Disponível em: <http://www.dw.com/pt/1962-ultimato-de-kennedy-na-crise-dos-m%C3%ADsseis-de-cuba/a-974637>.

Acesso em: 16 jul. 2015.

Em 1962, no que é considerado o momento mais tenso da Guerra Fria, a reação dos Estados Unidos ao que o trecho chama de “provocação bélica” da União Soviética foi o(a)

A. Bloqueio naval a Cuba.

B. Conferência de Yalta na Ucrânia.

C. Cortina de Ferro na Europa.

D. Doutrina Truman na América.

E. Macarthismo nos Estados Unidos.

6YUZ

Alternativa AResolução: Em 22 de outubro de 1962, o presidente do Estados Unidos, John Kennedy, denunciou mísseis da União Soviética instalados em Cuba. Nesse mesmo dia, os Estados Unidos decretaram o bloqueio naval à ilha de Fidel e deram o ultimato para a retirada dos mísseis ao líder da União Soviética, Nikita Khruchev. A alternativa B está incorreta porque a Conferência de Yalta, em 1945, reuniu os líderes da Inglaterra, dos Estados Unidos e da União Soviética para discutirem a ordem internacional no pós-Guerra. A alternativa C está incorreta, pois a Cortina de Ferro foi, durante a Guerra Fria, o limite que dividia os países europeus soviéticos dos países capitalistas. A alternativa D está incorreta porque a Doutrina Truman consistiu em um conjunto de medidas políticas e econômicas dos Estados Unidos para combater o comunismo. A alternativa E está incorreta porque o Macarthismo foi um movimento político anticomunista nos Estados Unidos, durante a Guerra Fria, defendido pelo senador Joseph McCarthy. O direito constitucional à opinião política foi violado e os acusados de atividades comunistas foram perseguidos.

QUESTÃO 63 O avanço do capitalismo como modo de produção

dominante na Europa ocidental foi desestruturando, com velocidade e profundidade variadas, tanto os fundamentos da vida material como as crenças e os princípios morais, religiosos, jurídicos e filosóficos em que se sustentava o antigo sistema. Profundos câmbios na estrutura de classes e na ossatura do Estado foram ocorrendo em muitas das sociedades europeias. A dinâmica do desenvolvimento capitalista e as novas forças sociais por ele engendradas provocaram o enfraquecimento ou desaparecimento, mais ou menos rápido, dos estamentos tradicionais – aristocracia e campesinato – e das instituições feudais: servidão, propriedade comunal, organizações corporativas artesanais e comerciais. A partir da segunda metade do século XVIII, com a Primeira Revolução Industrial e o nascimento do proletariado, cresceram as pressões por uma maior participação política, e a urbanização intensificou-se, recriando uma paisagem social muito distinta da que antes existia.

OLIVEIRA, M; QUINTANEIRO, T. Introdução. In: QUINTANEIRO, T; BARBOSA, M; OLIVEIRA, M. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim

e Weber. Belo Horizonte: UFMG, 2002 (Adaptação).

Com base no texto, o desenvolvimento do novo modo de produção

A. assentou o proletariado como a classe dominante na sociedade.

B. produziu mudanças em diversos aspectos da vida social europeia.

C. unificou as classes existentes em prol do desenvolvimento industrial.

D. fortaleceu as instituições que já eram consolidadas no antigo regime.

E. garantiu acesso igual a toda a população aos bens materiais produzidos.

BR79

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 39BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa BResolução: O progresso das ciências da natureza, ancorado na revolução científica do século XVII e reforçado pelo Iluminismo, concedeu fundamentos para o avanço tecnológico que, por um lado, conduziu a Europa ao processo das revoluções industriais. Dessa maneira, com o avanço e a consolidação de novas tecnologias e, sobretudo, de um novo modo de produção, houve uma grande modificação na estrutura da sociedade europeia. As bases econômicas e sociais do antigo regime foram sendo desestruturadas e substituídas por aquelas cujo vínculo com o capitalismo era mais estreito. Como exemplo, pode-se citar a produção de bens e riquezas, que passou a ser realizada majoritariamente por meio da mecanização do trabalho. Portanto, o desenvolvimento do sistema capitalista “rompe com a lógica que até então dominava a vida em sociedade nos períodos pré-capitalistas” (DELAZARI, F. Positivismo e Revolução Industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 4.). Assim, com base nessas informações e com uma leitura atenta do texto-base, percebe-se que a alternativa correta é a B.Vamos analisar as demais alternativas:A) O proletariado não era a força dominante na época.

Pelo contrário, por não deter os meios de produção, se encontrava em uma situação de opressão frente ao capital burguês.

C) As classes, burguesia e proletariado, não eram unificadas. A relação entre elas pressupunha uma tensão entre o capital e o trabalho, uma vez que os burgueses eram os detentores dos meios de produção e o proletariado não possuía nenhuma propriedade que pudesse gerar lucro e / ou produção de bens.

D) O que vimos no texto-base é o contrário: o desenvolvimento do sistema capitalista provocou um enfraquecimento das instituições que eram consolidadas no feudalismo.

E) O acesso aos bens produzidos não era realizado de maneira igualitária e o texto-base não apresenta nenhuma informação a respeito disso. De fato, a burguesia era detentora dos meios de produção, o que facilitava o acúmulo de bens somente por parte dessa classe.

QUESTÃO 64 Naturalmente, vou me dispensar de me aprofundar na

conceituação do determinismo como a teoria de que toda escolha é o resultado determinado ou necessário de causas previamente existentes mentais, físicas ou ambientais e, nesse sentido, oposta ao livre desejo [...]. Gostaria, no entanto, de seguir o critério que distingue dois tipos de determinismo a fim de situar a minha posição quase dentro de um deles. O primeiro tipo considera que cada ação é causalmente conectada não somente com o ambiente do agente, mas também, internamente, com seus motivos e impulsos. [...] No segundo tipo considera-se que, dentro de certos limites, o indivíduo é livre para fazer sua própria escolha de alternativas e chega-se a admitir que pode haver, em qualquer ação, que não é nem reflexa (no sentido neurológico) nem determinada por causas externas, um elemento de vontade.

MENDES, E. G. Determinismo e liberdade da vontade: o enfoque biológico. In: Estudos avançados, São Paulo, 1998. v. 12, n. 32, p. 213-224.

R66P

Os tipos de determinismo mencionados no texto se diferenciam por

A. aprofundar em maior ou menor nível a compreensão neurológica do tema.

B. refletir a respeito de aspectos fundamentalmente distintos da essência humana.

C. abordar as causas ambientais da ação humana de maneira divergente.

D. pensar a margem de liberdade da ação humana em graus diferentes.

E. compreender a natureza da ação humana de maneira oposta.

Alternativa D

Resolução: O autor aborda o problema do determinismo sob duas perspectivas, ou tipos. Segundo o determinismo de primeiro tipo, há conexões necessárias entre fatores biológicos, neurológicos e outros que implicam que o agente aja necessariamente como ele o faz, não dando espaço para a liberdade da ação. Já o segundo prevê que, apesar de uma série de influências, há algum espaço para a escolha. Assim, a alternativa correta é a D, que afirma que os tipos de determinismo mencionados no texto se diferenciam por pensar a margem de liberdade da ação humana em graus diferentes.

Analisaremos as alternativas:

A) Ambos os tipos fazem menções aos aspectos neurológicos do tema, não havendo elementos para dizer que há maior nível em um tipo do que em outro.

B) Ambos os tipos abordam o mesmo aspecto da essência humana: o problema da liberdade × determinismo.

C) Não é razoável inferir essa informação do texto, uma vez que não há menção direta ou indireta de fatores ambientais em ambos os tipos.

E) A natureza da ação humana não é compreendida de maneira oposta por um e outros tipos de determinismo, não sendo razoável inferir essa informação.

QUESTÃO 65

TEXTO I

Para apaziguar os ânimos, o Império Romano buscou adotar uma ação que assegurasse, ao menos, uma alimentação adequada à população mais carente. Foi instituída por César Augusto a política de Pão e Circo (panem et circenses, no original em latim). A frase, aliás, tem origem na sátira X do poeta e humorista romano Juvenal, que viveu por volta do ano 100 d.C. No seu contexto original, o artista criticava a falta de informação do povo, que, segundo ele, não nutria qualquer interesse em assuntos ligados à política e só queria mesmo alimento e diversão.

GUIA CONHEÇA A HISTÓRIA: Roma. 3. ed. São Paulo, 2016. p. 62.

DPUR

CH – PROVA I – PÁGINA 40 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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TEXTO II

Fazendo uma analogia com o Império Romano, a Copa do Mundo aqui realizada, assemelha-se, consideravelmente, com a política romana do Pão e Circo. [...] Com isso, a plebe não interfere nos problemas sociais e continua acreditando que os espetáculos compensam a incompetência dos nossos governantes [...]. Aqui no Brasil, na época atual, vemos um governo preocupado em proporcionar um bom espetáculo nas arenas, fugindo de suas responsabilidades sociais relevantes.

FOLHA DO JURUÁ. Disponível em: <http://www.folhadojurua.com.br>. Acesso em: 11 jan. 2017.

Ao tratar da experiência da Copa do Mundo no Brasil como uma política de Pão e Circo, o jornalista busca ressaltar o(a)

A. entretenimento como forma de engajamento político por demandas sociais.

B. intolerância como matriz orientadora das variadas formas de diversão.

C. semelhança das práticas de alienação social em períodos históricos distintos.

D. aspecto autoritário vigente nas formas atuais de governos ocidentais.

E. humor presente tanto na Roma Antiga quanto no Brasil nos dias atuais.

Alternativa C

Resolução: A chamada política de “pão e circo” foi estabelecida na Roma Antiga com a finalidade de manter o povo quieto, isto é, sem revoltas. Para isso, era preciso lhe garantir comida e diversão. Essa prática foi largamente utilizada durante o Império Romano. Considerando essa característica, o autor do texto II ressalta que “vemos um governo preocupado em proporcionar um bom espetáculo nas arenas, fugindo de suas responsabilidades sociais relevantes”, ou seja, existe uma prática de alienação social presente nos dois contextos históricos, conforme sinaliza a letra C.

QUESTÃO 66

TEXTO I

Sem dúvida, o capitalismo se mostrou extremamente dinâmico a partir da Revolução Industrial, que redefiniu a relação capital × trabalho e alterou por completo as condições da concorrência intercapitalista. [...] A Revolução Industrial, que se processou na Inglaterra nas últimas décadas do século XVIII e nas primeiras do século XIX, resultou numa completa transfiguração do mundo do trabalho. Nas fábricas, a máquina substituiu trabalhadores especializados e permitiu a contratação de mulheres e crianças.

PRONI, M. Duas teses sobre o trabalho no capitalismo. In: Ciência e cultura. São Paulo, 2006. v. 58, n. 4, p. 23-25.

S4U7

TEXTO IINa ordem capitalista, a Revolução Industrial é um marco

fundamental, afinal, o crescimento alarmante do volume, a gravidade e a frequência dos acidentes de trabalho, desde a mecanização e o surgimento da indústria, são uma prova da complexa e conflituosa relação entre capital e trabalho. Desde então, novas formas de organização do trabalho, com vistas à acumulação através da exploração – por vezes “científica” – da força de trabalho, têm ampliado massivamente a sinistralidade laboral.

SILVA, A. Acidentes, adoecimento e morte no trabalho como tema de estudo da História. Disponível em: <http://books.scielo.org>.

Acesso em: 04 out. 2017.

Considerando as informações dos textos, a relação entre capital e trabalho

A. enfraqueceu a dependência dos trabalhadores para com os empregadores.

B. exerceu influência na produção, abaixando o volume de bens produzidos.

C. dissolveu os conflitos existentes durante a produção dos bens materiais.

D. concedeu melhores condições de trabalho para o proletariado fabril.

E. submeteu os trabalhadores a uma situação de exploração contínua.

Alternativa EResolução: Na ordem capitalista, a Revolução Industrial, conforme sabemos, configura-se como um marco. Em linhas gerais, esse processo se caracteriza pela introdução das máquinas no processo de produção, pelo uso de novas fontes de energia, pela divisão e especialização do trabalho, pelo desenvolvimento do transporte, da comunicação e, não menos importante, pela utilização da Ciência no processo de produção industrial. Dessa maneira, a Revolução Industrial alterou completamente a maneira como os indivíduos estabeleceram suas relações na sociedade e, concomitantemente, modificou a própria sociedade em diversos aspectos, tais como: industrialização, migração, comunicação, urbanização etc. Especificamente, os textos-base demonstram que, em um mundo capitalista, oriundo das consequências da Revolução Industrial, a relação entre capital e trabalho é complexa e conflituosa. Nota-se, por meio de uma leitura atenta, que, nessa relação capital e trabalho, no capitalismo, a dominação exercida pelo capital sobre o trabalho define uma condição de exploração. No texto I, por exemplo, está demarcado que a Revolução Industrial alterou a relação entre capital e trabalho, modificando por completo o mundo do trabalho, e a consequência dessa alteração foi a inserção das máquinas e de mulheres e crianças no processo produtivo. Já o texto II demonst ra que, mesmo atua lmente , a re lação capital e trabalho é conflituosa, e a ampliação da sinistralidade laboral se configura como uma das consequências dessa complexidade e conflitualidade.

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 41BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Por fim, o capitalismo, juntamente com a alteração na relação capital e trabalho, “deixou para a classe operária uma situação de opressão frente à força do capital burguês. Da contradição entre o trabalho e o capital, surgiram revoltas no continente europeu, como o Cartismo na Inglaterra, em 1835, além de uma onda de greves e revoltas [...]” (DELAZARI, F. Positivismo e revolução industrial. In: Coleção Estudo 6V: Sociologia. Belo Horizonte: Bernoulli Sistema de Ensino, 2018. v. 1, p. 5.).

Vamos analisar as demais alternativas:

A) Não enfraqueceu essa dependência, uma vez que o proletariado vende sua força de trabalho ao dono dos meios de produção.

B) Não abaixou o volume de bens produzidos, pois, após a Revolução Industrial, a produção em série e de forma massificada se tornou uma característica do capitalismo.

C) Não dissolveu os conflitos, visto que acarretou revoltas, como o Cartismo.

D) Não concedeu melhores condições de trabalho aos trabalhadores. Por exemplo, na época da Revolução Industrial, os trabalhadores tinham uma jornada diária de até 16 horas.

QUESTÃO 67 Essa verdadeira massa humana era aproveitada para

trabalhar na burocracia do governo romano, na agricultura, na mineração, na construção e nas obras públicas. A grande maioria, porém, dedicava-se aos trabalhos domésticos e desempenhava funções bastante específicas.

IMPÉRIOS EM ASCENSÃO. (História de Roma) Rio de Janeiro: Abril Livros, 1991. (Adaptação).

O perfil do trabalhador escravo da Roma Antiga, quando comparado com o exercício do trabalho cativo vigente na modernidade, apresenta como peculiaridade a

A condição lamentável de patrimônio.

B exploração máxima de sua força de trabalho.

C impossibilidade de aquisição de alforria.

D submissão total ao responsável pelo seu controle.

E utilização em ofícios mais especializados.

Alternativa EResolução: A escravidão antiga possui características específicas que a distinguem da escravidão moderna. O texto demonstra que o escravo na Antiguidade romana podia atuar nas mais diversas atividades no interior da sociedade, como na “burocracia do governo romano, na agricultura, na mineração, na construção e nas obras públicas”, ainda que a grande maioria se dedicasse aos trabalhos domésticos e desempenhasse funções bem específicas, revelando a utilização da mão de obra escrava em ofícios mais especializados, o que torna válida a alternativa E. A alternativa A está incorreta, pois o texto não faz nenhum juízo acerca da condição de patrimônio dos escravos na Antiguidade. Além disso, nos dois modelos, os escravos eram tratados como patrimônio.

L8Ø2

A alternativa B também está incorreta, pois, além de o texto não destacar a exploração máxima da força de trabalho escrava, tal aspecto não se diferencia da escravidão moderna. Contrariamente ao indicado na alternativa C, havia a possibilidade de alforria tanto no sistema escravista antigo quanto no moderno. Por fim, a alternativa D também está incorreta, pois o argumento apresentado, além de não ser tratado pelo texto, não diferencia os dois modelos de escravidão.

QUESTÃO 68 Senta-se Helena em poltrona provida de um belo

escabelo, vira-se para o marido e de tudo procura informar-se: “Ó Menelau, de Zeus grande discípulo, sabemos, acaso, quem se gloriam de ser esses homens, que a casa nos chegam? Minto, ou verdade enuncio? A falar me compele a vontade entre quaisquer dos mortais – sou tomada de espanto indizível – tanto como o filho do grande Odisseu este aqui se parece, digo Telêmaco, que no palácio ainda infante deixara ele, o valente, no tempo em que vós, os aqueus, lutastes sob as muralhas de Tróia por causa de minha cegueira”.Disse-lhe, então, Menelau, em resposta, o de louros cabelos: “Penso, ó mulher, de igual modo a respeito do que conjeturas”.

HOMERO. Odisseia. Tradução de Carlos Alberto Nunes. São Paulo: Melhoramentos, 1962.

O trecho da Odisseia, de Homero, apresenta aspectos que se contrapõem à historiografia tradicional acerca da mulher espartana, na medida em que

A. mostra o controle das mulheres sobre a política da pólis.

B. revela a influência das mulheres nas decisões da cidade.

C. evidencia a obrigação das mulheres na criação dos filhos.

D. indica a relevância das mulheres espartanas nas guerras.

E. assinala a igualdade de gêneros na sociedade espartana.

Alternativa BResolução: A política espartana era controlada por uma oligarquia guerreira patriarcal que dominava o Estado e a propriedade da terra. De acordo com a historiografia tradicional, os assuntos públicos cabiam aos homens espartanos, que também se dedicavam à guerra, enquanto às mulheres de Esparta cabia a função de criar, dentro do espírito espartano, os futuros guerreiros. A leitura do trecho da Odisseia, de Homero, revela a participação de Helena nas discussões da cidade, o que se contrapõe à historiografia tradicional acerca da mulher espartana e torna válida a alternativa B. A alternativa A está incorreta, pois, apesar de participar das discussões com o rei, Helena não controlava a política na pólis espartana. A alternativa C também está incorreta, pois apresenta um aspecto defendido pela historiografia tradicional e que não está presente no texto. O texto não faz menção à participação das mulheres espartanas na guerra, o que contraria a alternativa D. Por fim, apesar de Helena influenciar as discussões da cidade, não há indícios históricos que demonstrem que a sociedade espartana fosse marcada pela igualdade de gênero, o que invalida a alternativa E.

U1HP

CH – PROVA I – PÁGINA 42 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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QUESTÃO 69 A Bulgária viu sua população ser reduzida em um quinto desde a década de 1990. As projeções indicam ser o país onde a

população vai encolher de forma mais rápida no mundo.

[...]

Os povoados búlgaros assistem, há décadas, a uma redução de moradores. Quando o Partido Comunista assumiu o comando do país, após a Segunda Guerra Mundial, foram introduzidas técnicas de agricultura coletiva. A partir de 1989, com a dissolução da União Soviética e o fim da Guerra Fria, a agricultura comunitária parou de ter incentivos, aumentando o fluxo migratório do campo para as cidades.

Disponível em: <http://www.bbc.com>. Acesso em: 25 set. 2017.

A dinâmica populacional descrita no texto, semelhante à de outros países europeus, é caracterizada por

A. saldo migratório positivo, incentivado por políticas públicas.

B. êxodo rural, que contribuiu para a queda da taxa de fecundidade.

C. alta densidade demográfica, característica do processo de urbanização.

D. baixa razão de dependência devido à larga inserção no mercado de trabalho.

E. proporção significativa de jovens empregados, correspondente à População Economicamente Ativa.

Alternativa BResolução: O êxodo rural contribuiu para a queda da taxa de fecundidade e juntos explicam o declínio populacional da Bulgária. Isso porque os jovens adultos deixam o país continuamente. A implosão demográfica, caracterizada por taxa de fecundidade abaixo da taxa de reposição populacional e, consequentemente, o encolhimento da população, é realidade em alguns países europeus. A alternativa A está incorreta porque o incentivo à imigração, se existisse no país, contribuiria para o crescimento total da população. A alternativa C está incorreta, pois alta densidade demográfica não se relaciona com declínio demográfico. A alternativa D está incorreta porque, em populações envelhecidas como a da Bulgária, a razão de dependência é alta devido ao declínio da População Economicamente Ativa (PEA) e o elevado número de idosos. A alternativa E está incorreta, pois a PEA é definida como a mão de obra disponível para o setor produtivo.

QUESTÃO 70

Pegada Ecológica por componente, 1961–2006

2.0

Área construída

Biocapacidade mundial

1961 1971 1981Ano

1991 2001 2007

Área de cultivo

Pesqueiros

Área florestal

Pastagem

Carbono

1.5

1.0

0.5

0.0

Núm

ero

de p

lane

tas

GLOBAL FOOTPRINT NETWORK, 2010. Disponível em: <http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net>. Acesso em: 22 set. 2017.

A Pegada Ecológica é uma metodologia que mede a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. No gráfico, a Pegada é representada como o número de planetas Terra necessários para manter o padrão de consumo da humanidade. A biocapacidade, que é a capacidade que os ecossistemas possuem de produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelo ser humano, identificada pela linha pontilhada, equivale a um planeta Terra.

M5NK

2LMØ

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 43BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Com base na leitura do gráfico, infere-se que a Pegada Ecológica, no período retratado, tem o seguinte significado:A. As populações humanas liberam mais gás carbônico

do que os ecossistemas conseguem absorver desde o final dos anos 1960.

B. A Pegada Ecológica da população planetária foi maior no início da primeira década do século XXI do que no fim desse mesmo período.

C. A humanidade, desde meados dos anos 1970, consome recursos renováveis mais rápido do que os ecossistemas conseguem regenerá-los.

D. Os seres humanos utilizaram, nos anos 1970, a capacidade de 1,5 Terra, isto é, usaram os recursos renováveis em ritmo maior do que o de regeração.

E. A emissão de gás carbônico, produto residual das atividades humanas, atualmente é menor do que os ecossistemas conseguem absorver.

Alternativa CResolução: Conforme o gráfico, a Pegada Ecológica da humanidade é crescente e, a partir da segunda metade da década de 1970, foi ultrapassado o ponto correspondente à biocapacidade anual da Terra, isto é, a capacidade de autorregeneração do planeta em um ano. Desse modo, os seres humanos passaram a consumir recursos renováveis mais rapidamente do que os ecossistemas conseguem regenerar e a emitir mais gás carbônico do que os ecossistemas são capazes de absorver. A alternativa A está incorreta porque, nos anos 1960, a liberação de gás carbônico estava abaixo da capacidade ecológica do planeta de absorvê-lo. A alternativa B está incorreta, pois, conforme o gráfico, no final da primeira década do século XXI (ano 2007), a Pegada Ecológica da população planetária é maior do que no início dos anos 2000. A alternativa D está incorreta porque a humanidade utilizou, nos anos 1970, aproximadamente, a capacidade biológica anual da Terra. A alternativa E está incorreta, pois a emissão de gás carbônico nos nossos dias é maior do que os ecossistemas conseguem absorver.

QUESTÃO 71 [...] as tragédias refletem as ânsias da cidade-estado.

Os problemas domésticos das famílias reais têm obviamente uma relevância política. Por conseguinte, representar histórias heroicas tornou-se (entre outras coisas) um modo de refletir sobre as implicações políticas de ordem doméstica.

REDFIELD, J. O homem e a vida doméstica. In: VERNANT, Jean-Pierre (Org.). O homem grego. Lisboa-Portugal: Editorial Presença, 1994.

A dramaturgia desempenhou um papel importante na sociedade grega antiga e tinha, de acordo com o texto, o objetivo deA. entreter os cidadãos, desvinculando as peças do cotidiano.B. reconstruir o imaginário do povo acerca do passado grego.C. contestar os aspectos religiosos em torno dos

mitos gregos.D. desassociar as ações de cunho político das

práticas morais.E. atuar de forma pedagógica sobre os espectadores

do teatro.

BE4N

Alternativa EResolução: Um importante aspecto da cultura grega foi o desenvolvimento da dramaturgia. O teatro grego foi marcado pelas tragédias e pelas comédias, com autores como Ésquilo, de Prometeu acorrentado e Sete contra Tebas, Sófocles, de Édipo Rei e Antígona, e Aristófanes, conhecido por suas comédias, como As rãs e As nuvens. As peças possuíam um cunho político e estavam ligadas a aspectos do cotidiano e aos problemas fundamentais da pólis. Os dramaturgos procuravam oferecer possibilidades de solução, atuando pedagogicamente sobre os cidadãos reunidos no teatro, o que contraria a alternativa A e torna válida a alternativa E. A alternativa B está incorreta, pois o texto não indica que as peças tinham o objetivo de reconstruir a história grega, mas eram ultilizadas para intervir civicamente, educando o povo. Não há indícios no texto que demonstrem que as dramaturgias procuravam contestar os aspectos religiosos em torno dos mitos, o que invalida a alternativa C. Por fim, a alternativa D também é inválida, visto que, ao assumir um caráter pedagógico, o teatro propõe uma relação entre a moral e a política.

QUESTÃO 72

O que é FilosofiaEm seu pequeno e brilhante livro Introdução à Filosofia,

o filósofo e psiquiatra alemão Karl Jaspers insiste na ideia de que a essência da Filosofia é a procura do saber e não a sua posse. Todavia, ela “se trai a si mesma quando degenera em dogmatismo, isto é, num saber posto em fórmula, definitivo, completo. Fazer filosofia é estar a caminho; as perguntas em Filosofia são mais essenciais que as respostas, e cada resposta transforma-se numa nova pergunta”. Há, então, na pesquisa filosófica uma humildade autêntica que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático: o fanático está certo de possuir a verdade. Assim sendo, ele não tem mais necessidade de pesquisar e sucumbe à tentação de impor sua verdade a outrem. Acreditando estar com a verdade, ele não tem mais o cuidado de se tornar verdadeiro; a verdade é seu bem, sua propriedade, enquanto para o filósofo é uma exigência. No caso do fanático, a busca da verdade degradou-se na ilusão da posse de uma certeza. Ele se acredita o proprietário da certeza, ao passo que o filósofo esforça-se por ser peregrino da verdade.

HUISMAN, D.; VERGEZ, A. Ação. 2. ed. São Paulo: Freitas Bastos, 1966. v. 1. p. 24. [Fragmento adaptado]

Um aspecto importante do dogmatismo evidenciado pelo texto é A. a tentativa de superar o pensamento científico por meio

da religião, já que o dogmatismo é uma degeneração da Filosofia.

B. a abolição da dúvida mediante o estabelecimento de certezas empíricas, uma vez que o dogmatismo estabelece juízos.

C. a adoção de afirmações categóricas, considerando que o dogmatismo faz com que se sustente e adira a um juízo irrestritamente.

D. o estabelecimento de leis racionais que levam ao acesso da verdade, porque o dogmatismo é um saber posto em fórmula e definitivo.

E. o apelo aos mais variados discursos para legitimar o conhecimento, pois o dogmatismo concerne à ciência, à Filosofia e à religião.

3IAI

CH – PROVA I – PÁGINA 44 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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Alternativa C

Resolução: O texto faz um comentário sobre o que se entende por dogmatismo, descrevendo a atitude dogmática e o problema para a Filosofia em se optar por essa atitude. O dogmatismo, podemos dizer, é a visão intelectual que defende haver certezas absolutas não demonstráveis, ou melhor, que sequer têm a necessidade de serem demonstradas, são per se. Também, pode-se chamar de dogmático todo o tipo de discurso, ação ou pensamento que se conduz por princípios que nunca são ou podem ser questionados. O estudante foi questionado sobre um aspecto central do dogmatismo que estivesse traduzido em uma das alternativas. Assim, a alternativa correta é a letra C, a qual afirma que esse aspecto central pedido é a “adoção e defesa de afirmações categóricas, considerando que o dogmatismo faz com que se sustente e adira a um juízo irrestritamente”. Isso significa que uma crença (seja ela religiosa ou de qualquer outra natureza) fortalece uma certeza pessoal, num processo de retroalimentação.

Analisaremos as demais alternativas:

A) O dogmatismo, ao contrário do que muitos pensam, não se limita à religião, uma vez que se manifesta das mais diferentes formas e modalidades possíveis. Ele se relaciona com todas as áreas e pode fazer com que os discursos e conhecimentos de uma área sejam subjugados (sic) por discursos e conhecimentos de outra área.

B) No processo de consolidação do dogmatismo, não são certezas empíricas que fazem com que a dúvida seja abolida, mas são pseudo-certezas (sic), i.e., certezas com pretensão de verdade que o fazem. Essas pseudo-certezas fazem com que não haja espaço para a dúvida.

D) Há um componente racional no dogmatismo. Entretanto, ele não garante o acesso à verdade, em vez disso, tende mais a afastar as pessoas da verdade do que a aproximá-las dela.

E) O dogmatismo não necessariamente apela aos mais variados discursos para legimitar o conhecimento. O que ele faz é usar um desses discursos para “moldar” (sic) um conhecimento limitado e / ou falso.

QUESTÃO 73

Nos primeiros anos da Guerra Fria, houve uma perseguição a roteiristas e outros profissionais de Hollywood, o que se tornou tema recorrente no cinema americano e já rendeu uma obra- -prima: Testa-de-ferro por acaso.

Em 2015, o tema foi retomado com Trumbo: lista negra. No filme, Bryan Cranston vive um roteirista perseguido nos EUA durante a década de 1950. Ele foi incluído na “Lista negra de Hollywood”, na qual constavam atores, diretores e roteiristas simpatizantes do socialismo que seriam impedidos de trabalhar.

Q1XK

O período retratado nos filmes, durante o qual as liberdades individuais foram colocadas em risco nos EUA, ficou conhecido como

A. macarthismo.

B. stalinismo.

C. americanismo.

D. arianismo.

E. determinismo.

Alternativa A

Resolução: O macarthismo, protagonizado pelo senador Joseph Raymond McCarthy nos Estados Unidos, durante a Guerra Fria, nos anos 1950, perseguiu sistematicamente pessoas que fossem suspeitas de atividade comunista. A alternativa B está incorreta porque o stalinismo refere-se ao período em que Joseph Stalin esteve no poder na União Soviética entre 1927 e 1953. A alternativa C está incorreta, pois o americanismo tem diferentes significados. Um deles é a influência dos Estados Unidos na cultura e na língua brasileiras. A alternativa D está incorreta porque a superioridade da raça ariana era uma das crenças dos nazistas. A alternativa E está incorreta, pois o determinismo geográfico é uma concepção de que as ações humanas e a sociedade são determinadas pelas condições naturais.

QUESTÃO 74

Em três anos Estado Islâmico perdeu 80% de seu território na Síria e no Iraque

Grupo jihadista chegou a dominar área do tamanho do Reino Unido. Derrota na batalha de Mossul se torna símbolo de seu grande recuo territorial.

Disponível em: <https://g1.globo.com>. Acesso em: 22 set. 2017.

O uso da expressão “território” para descrever a perda do grupo extremista citado no texto é pertinente porque essa categoria de análise geográfica está ligada

A. aos significados e à vivência afetiva.

B. ao poder, à dominação e à conquista.

C. aos domínios naturais e à uniformidade.

D. à percepção e àquilo que a visão alcança.

E. à inter-relação entre ser humano e natureza.

Alternativa B

Resolução: A noção de território diz respeito às relações de poder, de posse ou de domínio que o definem. É uma porção do espaço dominada e apropriada por uma sociedade, organização ou grupo. A alternativa A está incorreta porque se refere à noção de lugar. A alternativa C está incorreta porque diz respeito ao conceito de região natural. A alternativa D está incorreta, pois trata da paisagem. A alternativa E está incorreta porque o espaço geográfico é a materialização das relações ser humano-natureza.

5GXØ

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 45BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 46: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 75 Os índios são obrigados a cuspir cada vez que falam

em qualquer um de seus deuses. São obrigados a dançar danças novas, o Baile da Conquista e o Baile dos Mouros e Cristãos, que celebram a invasão da América e a humilhação dos infiéis. [...] Os índios fazem a Virgem desfilar em andores de plumas, e chamando-a de Avó da Luz pedem todas as noites que ela traga o sol na manhã seguinte; mas com maior devoção veneram a serpente que ela esmaga com o pé. [...] Identificam-se com Jesus, que foi condenado sem provas, como eles; mas não adoram a cruz por ser símbolo de sua imolação, e sim porque a cruz tem a forma do fecundo encontro da chuva com a terra.

GALEANO, E. As caras e as máscaras. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. p. 75.

O texto demonstra a relação entre indígenas e espanhóis no que tange à religião, durante o processo de conquista e colonização da América, revelando a(o)

A. abandono voluntário, pelos indígenas, de suas práticas religiosas.

B. hostilidade dos indígenas diante do projeto catequético europeu.

C. liberdade religiosa concedida pelos espanhóis aos povos nativos.

D. ressignificação dada pelos nativos aos elementos do catolicismo.

E. reconhecimento europeu dos elementos das religiões ameríndias.

Alternativa D

Resolução: O texto destaca a imposição da fé católica pelos espanhóis aos indígenas americanos durante o processo de conquista e colonização da América. Entretanto, de acordo com o trecho apresentado, os índios, ao serem obrigados a praticar o culto católico, ressignificavam os elementos do catolicismo, conferindo, por exemplo, maior devoção à serpente do que à própria imagem da Virgem ou adorando a cruz, não como símbolo da imolação de Jesus, mas como representação do encontro da chuva com a terra, o que torna válida, portanto, a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois o início do trecho revela que, por mais que fossem proibidos de adorar seus deuses, os indígenas recorrentemente falavam sobre eles, demonstrando que os nativos não abandonaram espontaneamente suas antigas práticas religiosas. A alternativa B também está incorreta, pois, no texto, não é possível identificar aspectos que demonstrem a hostilidade dos indígenas diante do projeto catequético europeu. O texto explicita a imposição da religião cristã católica aos indígenas, não sendo correto, portanto, afirmar que os europeus concediam liberdade religiosa aos nativos, o que invalida a alternativa C. Por fim, de acordo com o texto, “os índios eram obrigados a cuspir cada vez que falavam em qualquer um de seus deuses”, contrariando o argumento apresentado na alternativa E.

Y9Z5 QUESTÃO 76

Apesar de crise, cresce taxa de natalidade na RússiaO número de bebês nascidos na Rússia no primeiro

semestre de 2016 subiu 1,6%. Ainda assim, houve uma queda de 32 200 pessoas no crescimento natural da população; em 2015, esse número foi o dobro. Os dados são resultado de um estudo do Instituto de Análise Social e Previsão da Academia Presidencial Russa de Economia Nacional e da Administração Pública. A estagnação da economia russa, ao que parece, não afetou a taxa de natalidade. Além de as pessoas já terem se adaptado às condições atuais, a fase aguda da crise já teria passado para muitas delas. Essa mudança de comportamento também se refletiu nos dados sobre fecundidade. Em 2015, a taxa de nascimento de crianças por mulher cresceu para 1,77. Já nos primeiros seis meses de 2016, este indicador subiu para 1,83.

Disponível em: <http://www.ufjf.br>. Acesso em: 24 out. 2017.

A análise dos dados da demografia russa apresentados no texto permite inferir que

A. o crescimento vegetativo, apesar do aumento da taxa de natalidade registrado em 2016, continua negativo, porque a taxa de mortalidade é superior à de natalidade.

B. a taxa de fecundidade já apresenta uma melhora capaz de garantir tanto o incremento na População Economicamente Ativa quanto a reposição da população.

C. a expectativa de vida, especialmente a de homens, tem registrado sucessivos declínios desde a década de 1990, reflexo, sobretudo, da melhoria das condições de vida da população.

D. a baixa taxa de fecundidade pode ser compensada com a chegada de imigrantes, que são atraídos pelas políticas públicas de controle da natalidade.

E. o crescimento vegetativo, em patamares negativos, demonstra que o país está na primeira fase do modelo de transição demográfica, na qual as taxas de mortalidade são elevadas.

Alternativa AResolução: O incremento na taxa de natalidade do país não foi suficiente para reverter o quadro de queda do crescimento vegetativo. A alternativa B está incorreta, pois a garantia da reposição da população ocorre quando a taxa de fecundidade é de 2,1 filhos por mulher. A alternativa C está incorreta porque, a partir da década de 1990, por causa da transição política, a Rússia enfrentou uma grave crise econômica que refletiu em problemas sociais, como a falta de acesso à saúde e ao saneamento. A baixa expectativa de vida na Rússia relaciona-se também ao excesso do uso de álcool e de tabaco. Esses problemas sociais, entre outros, fizeram a expectativa de vida da população, sobretudo a masculina, se manter baixa apesar do aumento gradual. A alternativa D está incorreta, pois o governo russo estimula a natalidade e a imigração. A alternativa E está incorreta porque a Rússia já passou por todas as fases da transição demográfica, expressando um novo cenário que esse modelo teórico não tem instrumentos para explicar.

83GS

CH – PROVA I – PÁGINA 46 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 47: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 77 O município adotado foi o de caráter urbano mais

evoluído, que se coadunava melhor com as condições de vida na América dos primeiros tempos. Os espanhóis, na fase inicial da colonização, não se dedicavam à agricultura; concentravam-se em núcleos urbanos fortificados, obtendo os víveres dos índios e fazendo expedições em ricos resgates. Não havia oportunidade de formação de municípios rurais.

LOBO, E. M. L. Processo Administrativo Íbero-Americano. In: CARVALHO, Delgado de. História Geral. Rio de Janeiro: Distribuidora

Record, v. 3, p. 182.

Na América Espanhola, a atividade econômica que favoreceu a ocupação do espaço, indicada no trecho, foi a(o)A. pecuária extensiva.B. extrativismo mineral.C. manufatura doméstica.D. sistema de plantation.

E. comércio inter-regional.

Alternativa BResolução: Conforme o texto destaca, os espanhóis faziam “expedições em ricos resgates”, referindo-se à atividade mineradora, principal atividade econômica desenvolvida na América Espanhola, o que torna correta, portanto, a alternativa B.

QUESTÃO 78 Em setembro de 2007, o então presidente da Venezuela,

Hugo Chávez, mudou, via decreto, o fuso horário oficial do país, atrasando o relógio em 30 minutos. A partir de então, a Venezuela passou a contar com 4 horas e 30 minutos de diferença do Meridiano de Greenwich. Porém, essa mudança foi revertida em abril de 2016, quando o sucessor de Chávez, Nicolas Maduro, decidiu que a Venezuela voltaria a ter 4 horas a menos do que o meridiano de referência. O Brasil, também por motivos políticos, mudou em 2008 o fuso do Acre deixando-o atrasado apenas 1 hora em relação à Brasília, que está no fuso GMT-3. Mudança não aceita pela população e eliminada oficialmente em 2013, quando o estado do Norte voltou a estar no fuso GMT-5. Analisando as mudanças nos fusos horários da Venezuela e do Brasil mencionadas no texto e desconsiderando o horário de verão, conclui-se que a(s)A. Venezuela, desde abril de 2016, está 2 horas atrasada

em relação ao fuso horário oficial de Brasília e 3 horas em relação ao primeiro fuso brasileiro.

B. regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, entre setembro de 2007 e abril de 2016, estavam adiantadas 2 horas e 30 minutos em relação à Venezuela.

C. Venezuela e o estado do Acre, em 2008, quando ocorreu a mudança no fuso horário brasileiro, passaram a ter apenas 30 minutos de diferença entre si.

D. alteração do fuso do Acre em 2013 e a mudança instituída por Maduro fizeram com que tanto o Acre quanto a Venezuela ficassem atrasados 1 hora em relação à Brasília.

E. Venezuela, entre setembro de 2007 e abril de 2016, esteve 30 minutos atrasada em relação à maioria dos estados brasileiros, incluindo alguns estados do Norte, como o Pará.

Ø7NN

FMM3

Alternativa CResolução: Entre 2008 e 2013, vigorou, no Acre, o fuso GMT –4, ficando o estado apenas com 1 hora de diferença de Brasília e no mesmo fuso de alguns estados do Norte do país e da Venezuela. Como a Venezuela, por uma decisão política, decidiu atrasar seu relógio em 30 minutos, sendo essa a diferença entre ela e o Acre naquele período. A alternativa A está incorreta pois a Venezuela está na mesma faixa do fuso horário de parte dos estados do Norte e do Centro-Oeste (GMT –4), isto é, 1 hora atrasada em relação ao horário oficial de Brasília e 2 horas atrasada em relação ao primeiro fuso brasileiro (GMT –2). A alternativa B está incorreta, pois as regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil estão no mesmo fuso de Brasília (GMT –3) e, portanto, entre setembro de 2007 e abril de 2016, estavam adiantadas 1 hora e 30 minutos em relação à Venezuela. A alternativa D está incorreta porque, em 2013, o Acre voltou a estar 5 horas atrasado em relação a Greenwich e 2 horas atrasado em relação a Brasília. A alternativa E está incorreta porque a maioria dos estados do Brasil está no fuso GMT –3, ou seja, a Venezuela, entre setembro de 2007 e abril de 2016, esteve 1 hora e 30 minutos atrasada em relação a grande parte dos estados brasileiros.

QUESTÃO 79 Desde os seus primórdios, com o lançamento do primeiro

satélite Sputnik, em 1957, e o voo de Yuri Gagarin, em 1961, a exploração do espaço foi dominada pela rivalidade entre a União Soviética e os Estados Unidos. Nessa disputa tumultuada, empresas ficaram em segundo plano. Eram governos que custeavam os esforços.

Disponível em: <http://www.bbc.com>. Acesso em: 18 set. 2017.

A disputa entre as duas potências mencionadas no texto ficou conhecida como

A. Détente.

B. Corrida Espacial.

C. Pacto de Varsóvia.

D. Bloqueio de Berlim.

E. Corrida Armamentista.

Alternativa B Resolução: A Corrida Espacial na Guerra Fria foi caracterizada pela disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética pela supremacia no desenvolvimento científico e tecnológico do setor espacial. A alternativa A está incorreta porque détente é o período após a Crise dos Mísseis de Cuba até 1981, em que as tensões entre Estados Unidos e União Soviética reduziram por meio de acordos bilaterais e de relações diplomáticas reestabelecidas. A alternativa C está incorreta, pois o Pacto de Varsóvia foi a aliança militar entre os países socialistas europeus e a União Soviética. A alternativa D está incorreta, pois o Bloqueio de Berlim entre 1948 e 1949, foi a interdição pelos soviéticos das vias rodoferroviárias de Berlim Ocidental.

PF3Q

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 47BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 48: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

A alternativa E está incorreta porque a Corrida Armamentista foi caracterizada pela pesquisa e desenvolvimento do setor bélico e de armamentos pelos Estados Unidos e a União Soviética durante a Velha Ordem Mundial.

QUESTÃO 80

120° 120°60° 60°

60°

60°

30°

30°

20

12

1

14

7

4

6

2

18

17 9

10

5

158

11

19

21

16

3

13

22

A figura anterior simula uma partida de futebol, na qual o time A é composto pelos jogadores de 1 ao 11, e o time B, pelos jogadores de 12 ao 22.

As posições dos jogadores estão definidas por pares ordenados que seguem a mesma lógica das coordenadas geográficas. Nesse caso, o campo representa o planisfério, no qual o meio de campo (traçado vertical) marca o meridiano principal e a posição dos goleiros define o paralelo de referência. O narrador de uma partida de futebol, utilizando esse modelo gráfico e as referências cartográficas, pode descrever a seguinte jogada:

A. O goleiro do time B (0° E, 150° E) lança a bola na direção NW para o jogador 21.

B. O jogador 3 (–15°, +120°) finaliza a jogada chutando para o gol na direção sudeste.

C. O jogador 6 (90° W, 60° N) chuta a bola para o jogador 9 (30° E, 60° N) na direção oeste.

D. O jogador 19 (0°, 90° E) chuta na direção NE para o jogador 16, na porção setentrional do campo.

E. O goleiro do time A, no lado oriental do campo, defende a bola jogada pelo jogador 20 na direção SW.

Alternativa D

Resolução: Na alternativa D, estão corretos a localização do jogador pelas coordenadas geográficas, a direção da bola e o sinônimo do ponto cardeal norte (setentrional). A alternativa A está incorreta porque o valor de 0° sempre é a referência dos paralelos e meridianos, dividindo, dessa forma, os hemisférios. É impossível, portanto, que 0° esteja localizado em um hemisfério em especial. A alternativa B está incorreta porque convencionou-se que o símbolo negativo (–) representa os hemisférios Sul e Oeste, e o positivo (+), os hemisférios Norte e Leste. A localização correta do jogador 3 é (15° N 120° E). A alternativa C está incorreta, tanto por inverter a ordem convencional com a qual se representa as coordenadas geográficas (latitude seguida pela longitude) quanto por definir a direção da jogada de forma incorreta (a direção correta é a leste). A alternativa E está incorreta porque o goleiro do time A está do lado ocidental do campo.

QUESTÃO 81

TEXTO I

Assim são as nações bárbaras e desumanas, estranhas à vida civil e aos costumes pacíficos. E sempre será justo e de acordo com o direito natural que essas pessoas sejam submetidas ao império de príncipes e de nações mais cultivadas e humanas, de modo que graças à virtude dos últimos e à prudência de suas leis, eles abandonam a barbárie e se adaptam a uma vida mais humana e ao culto da virtude. E, se recusam esse império, é permissível impô-lo por meio das armas e tal guerra será justa, assim como declara o direito natural [...]. Concluindo: é justo, normal e de acordo com a lei natural que todos os homens probos, inteligentes, virtuosos e humanos dominem todos os que não possuem essas virtudes.

SEPÚLVEDA, J. G. Apud PIRES, S. L. F. O aspecto jurídico da conquista da América pelos espanhóis e a inconformidade de Bartolomé de Las Casas. In: WOLKMER, A. C. (Org.). Direito e justiça na América indígena: da conquista à colonização. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998. p. 55-74.

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9NGG

CH – PROVA I – PÁGINA 48 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

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TEXTO II

Deste modo, estas gentes das Índias, que nós estimamos como bárbaros, consideram-nos, também, como bárbaros, pois não nos entendem e lhes somos estranhos. [...] podemos afirmar que eles, com reta razão, por ver em nós outros costumes, estimam-nos não apenas como bárbaros da segunda espécie, que quer dizer estranhos, senão da primeira, isto é, ferocíssimos, duríssimos, aspérrimos e abomináveis.

LAS CASAS, Bartolomé. de. Apud BRUIT, H. H. Bartolomé de Las Casas e a simulação dos vencidos. Campinas: Unicamp, 1995.

O texto II contesta o argumento apresentado pelo texto

I como justificativa para a subjugação dos indígenas

americanos ao defender a(o)

A. liberdade religiosa.

B. relativismo cultural.

C. enfrentamento justo.

D. pacifismo ameríndio.

E. supremacia europeia.

Alternativa B

Resolução: O processo de conquista e colonização da

América empreendido pelos espanhóis foi marcado por

intensa violência contra os nativos americanos. Os textos

apresentam duas posições diferentes acerca da subjugação

dos indígenas na América Espanhola. Enquanto o jurista

Juan Sepúlveda defende a legitimidade da submissão dos

indígenas aos interesses espanhóis, por meio do uso da

violência, o frei dominicano Bartolomé de Las Casas se

opunha aos abusos cometidos pelos espanhóis contra

os indígenas. Ao contestar os argumentos apresentados

por Sepúlveda, Las Casas aciona os princípios do

relativismo cultural, demonstrando que o que provocava

estranhamento diante do outro dependia da cultura de

cada um dos envolvidos, o que torna válida a alternativa B.

Ainda que o frei Las Casas se opusesse à escravização

e à violência empreendida pelos espanhóis contra os

indígenas, ele defendia a conversão dos ameríndios ao

catolicismo, o que contraria a alternativa A. A alternativa C

está incorreta, pois o jurista Sepúlveda é quem afirmava

que a guerra contra os nativos americanos, considerados

bárbaros, era um enfrentamento justo. A alternativa D

também está incorreta, pois Las Casas não recorre à ideia

de pacifismo ameríndio para se opor aos abusos cometidos

pelos espanhóis. Por fim, Sepúlveda é quem defende a

supremacia europeia como argumento para subjugar os

indígenas, não sendo esse elemento, portanto, utilizado

por Las Casas, o que invalida a alternativa E.

QUESTÃO 82 O cartógrafo e matemático holandês Gerardus Mercator

ganhou reputação pelos seus mapas, atlas e sua famosa projeção cartográfica de 1569, que, originalmente como ajuda para a navegação marítima, tornou-se um modelo para muitos mapas-múndi. Geógrafos críticos condenaram a projeção de Mercator, porque ela deforma e distorce grosseiramente as áreas representadas, contribuindo assim para a criação de uma imagem ideologizada do mundo a favor das economias dominantes. Mercator, portanto, precisa ser compreendido no contexto da sociedade renascentista da Holanda com todas as suas influências sociais, religiosas, políticas e econômicas.

Disponível em: <http://www.mercator.ufc.br/index.php/mercator/article/viewFile/159/127>. Acesso em: 27 nov. 2015.

Conforme o texto, observando a conjuntura em que foi elaborada, bem como suas características, a projeção de Mercator pode ser considerada uma

A. representação do mundo na perspectiva de uma época.

B. ideia errônea para a circunstância em que foi concebida.

C. correção do panorama geopolítico em que foi aplicada.

D. opção neutra, objetiva e livre de influências ideológicas.

E. classificação terceiro-mundista e equivalente dominante.

Alternativa AResolução: Na compreensão dos mapas, é necessário considerar o contexto em que foram produzidos e as influências da época. Mercator, portanto, representou o mundo conforme a perspectiva daquele tempo em que se considerava o Hemisfério Norte o centro do mundo. A alternativa B está incorreta porque a projeção de Mercator não está errada, mas é fruto de uma conjuntura. A alternativa C está incorreta, pois a projeção também não corrige um panorama geopolítico. A alternativa D está incorreta porque, de acordo com o texto-base da questão, deve-se considerar as influências sobre o cartógrafo na produção de mapas. A alternativa E está incorreta, pois a projeção de Mercator representa o domínio dos países ricos.

QUESTÃO 83 Há cinco séculos, estávamos muito distantes de

um mundo inteiramente conhecido, fotografado por satélites, oferecido ao desfrute por pacotes de turismo. Havia continentes mal ou inteiramente desconhecidos, oceanos inteiros ainda não atravessados. As chamadas regiões ignotas concentravam a imaginação dos povos europeus, que aí vislumbravam, conforme o caso, reinos fantásticos, habitantes monstruosos, a sede do paraíso terrestre. [...] Não devemos tomar como fantasias desprezíveis, encobrindo a verdade representada pelo interesse material, os sonhos associados à aventura marítima. Mas não há dúvida de que o interesse material prevaleceu, sobretudo quando os contornos do mundo foram sendo cada vez mais conhecidos, e questões práticas de colonização entraram na ordem do dia.

FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2001.

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ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 49BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 50: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

O trecho é uma referência ao contexto das Grandes Navegações europeias. Esse momento histórico foi marcado pelo(a)

A avanço do conhecimento a respeito do mundo, fruto da busca por contestar explicações religiosas acerca da natureza.

B busca por metais preciosos, o que tornou irrelevantes os mitos e superstições medievais.

C convivência dos interesses mercantis com um imaginário fantástico.

D domínio da racionalidade sobre a mentalidade religiosa que guiava as viagens.

E interesse dos europeus em constatar a existência de seres extraordinários.

Alternativa C

Resolução: Apesar dos profundos avanços do homem moderno nas diversas áreas do conhecimento, o pensamento mítico e religioso ainda estava muito presente no século XV. Os temores imaginários, como monstros e abismos, contribuíram para o medo da navegação dos europeus, entretanto, como destaca o texto, “o interesse material prevaleceu”, o que demonstra que as Grandes Navegações foram marcadas pela convivência dos interesses mercantis com um imaginário fantástico, validando, portanto, a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, apesar dos avanços do conhecimento sobre o mundo, as Grandes Navegações foram fortemente marcadas pelo caráter religioso. A alternativa B também está incorreta, pois, como indicado anteriormente, os mitos e superstições marcaram a expansão marítima europeia dos séculos XV e XVI. Contrariamente ao indicado na alternativa D, o fortalecimento do pensamento racional não implicou o domínio sobre a mentalidade religiosa, que se fez muito presente no processo de expansão marítima. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o texto não relaciona as Grandes Navegações ao desejo de se constatar a existência de seres fantásticos.

QUESTÃO 84

Nossa constituição é chamada de democracia porque o poder está nas mãos não de uma minoria, mas de todo o povo. Quando se trata de resolver questões privadas, todos são iguais perante a lei, quando se trata de colocar uma pessoa diante de outra em posições de responsabilidade pública, o que vale não é o fato de pertencer à determinada classe, mas a competência real que o homem possui.

PÉRICLES. In: TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Lisboa: Gulbenkian, 2013.

Em seu discurso em homenagem aos mortos da Guerra do Peloponeso, Péricles (461-429 a.C.) afirma que o poder se encontra nas mãos de todo o povo. De acordo com o governante, a soberania popular era garantida pelo seguinte princípio:

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A Equiparação: igualdade de gêneros na participação política.

B Flexibilidade: facilidade de acesso às informações governamentais.

C Isocracia: igualdade de participação no poder.

D Representatividade: eleição de representantes para cargos políticos.

E Verdade: transparência na gestão dos recursos públicos.

Alternativa CResolução: A democracia ateniense estava baseada na premissa da igualdade, e não na da distinção, ou seja, todos os cidadãos atenienses eram iguais perante a lei (isonomia). Isso se estendia ao acesso aos cargos políticos, de forma que todos os cidadãos, pelo princípio da isocracia, possuíam o direito de participar do poder político da pólis, o que torna válida a alternativa C. A alternativa A está incorreta, pois, na democracia ateniense, as mulheres eram excluídas da participação política. A alternativa B também está incorreta, pois o texto não relaciona a soberania popular à facilidade de acesso às informações governamentais. Contrariamente ao indicado na alternativa D, a democracia ateniense era direta; não havia, portanto, representação, ou seja, cada cidadão ateniense podia tomar parte nas decisões públicas. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois o texto não associa a soberania popular ateniense à transparência da gestão dos recursos públicos.

QUESTÃO 85 No celular, você tem um mapa da sua cidade que avisa

onde estão os Pokémons, como se fosse um aplicativo de navegação mostrando onde tem blitz da PM. Se você mora no Rio, por exemplo, o mapa pode dizer que tem um Pokémon na Pedra do Arpoador. Aí você vai até o Arpoador, liga a câmera do celular, e começa a vasculhar por ali até o monstro aparecer na sua tela. Então é só atirar as “pokebolas” nele e pronto: mais um bicho aprisionado para a sua coleção.

Disponível em: <https://super.abril.com.br>. Acesso em: 20 set. 2017 (Adaptação).

O jogo de Realidade Aumentada, citado no texto anterior foi desenvolvido para celular. Qual(is) elemento(s) da cartografia permite(m) situar os monstros virtuais (Pokémons) no espaço geográfico?

A. Bússola, que possui uma agulha imantada e uma rosa dos ventos.

B. Pontos cardeais, colaterais e subcolaterais, que apontam as direções.

C. Meridianos, que são círculos máximos imaginários que determinam as longitudes.

D. Coordenadas geográficas, que localizam um ponto na superfície da Terra.

E. Satélites, que dependem das condições estáveis do tempo para funcionar.

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CH – PROVA I – PÁGINA 50 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 51: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

Alternativa DResolução: O conjunto de paralelos e meridianos, denominado coordenadas geográficas, permite localizar um ponto na superfície terrestre. Desse modo, os monstros virtuais são colocados nas coordenadas geográficas em mapas para serem localizados pelos jogadores. A alternativa A está incorreta, pois a bússola aponta sentidos de deslocamento, mas não situa um ponto exato na superfície terrestre. A alternativa B está incorreta porque pontos cardeais, colaterais e subcolaterais indicam pontos de referência, mas não localizam um ponto na superfície do planeta. A alternativa C está incorreta porque os meridianos isoladamente são incapazes de informar a posição de um ponto na Terra. A alternativa E está incorreta porque os satélites orbitam a Terra e independem das condições estáveis do tempo para funcionarem.

QUESTÃO 86 Quando esta justiça, incorruptível como aquela dos deuses, rendeu-se igualmente aos grandes e aos pequenos, os

decênviros não negligenciaram a redação das leis. Para satisfazer a uma demanda que toda a nação tinha em suspense, eles apresentaram enfim as dez tábuas e convocaram a assembleia do povo. [...] Assim, o povo romano tinha leis das quais podia se jactar não apenas de as haver aprovado, mas também de as haver proposto eles mesmos. Depois que cada um dos capítulos apresentados sofreu as correções indicadas pela opinião geral, e julgadas necessárias, os comícios por centúrias adotaram as leis das dez tábuas. [...] Note-se que ainda existiam mais duas tábuas, cuja reunião às outras completava de toda sorte o corpo de todos os direitos dos romanos.

Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.ufmg.br>. Acesso em: 28 set. 2017.

A elaboração da Lei das Doze Tábuas, ocorrida em 450 a.C., conforme apresentada no texto, representava aA. reiteração dos privilégios jurídicos.B. oficialização da legislação romana.C. negação da universalidade explícita. D. afirmação do direito consuetudinário.

E. promoção da corrupção institucional.

Alternativa BResolução: Apesar de os plebeus terem conquistado o direito de participação política na República Romana, com a criação do cargo de tribuno da plebe, as tensões entre patrícios e plebe permaneceram acirradas. Essa situação levou à elaboração da Lei das Doze Tábuas, em 450 a.C., considerada a base do direito romano, pois oficializava a legislação romana, antes baseada no direito consuetudinário, isto é, as leis romanas até então estavam fundamentadas nos costumes, o que torna válida a alternativa B e contraria a alternativa D. A alternativa A está incorreta, pois, de acordo com o texto, “a justiça [romana] rendeu-se igualmente aos grandes e pequenos”, de modo que a redação da Lei das Doze Tábuas representou uma conquista da plebe romana que, a partir de então, podia conhecer a lei e impelir os abusos dos patrícios. Assim, a edição da Lei das Doze Tábuas demonstra que o direito romano, ao contrário do indicado na alternativa C, caminhava para a universalidade explícita. Por fim, a alternativa E também está incorreta, pois a Lei não buscava promover a corrupção institucional, mas, em alguma medida, combatê-la.

QUESTÃO 87

População da Europa e da África de 1950 a 2010 e projeções até 2100

África

1950

1960

1970

1980

1990

2000 20

1020

2020

30 2040

2050

2060

2070 20

8020

9021

00

Europa

Popu

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il)

4 500 000

4 000 000

3 500 000

3 000 000

2 500 000

2 000 000

1 500 000

1 000 000

500 000

0

Disponível em: <http://www.ufjf.br>. Acesso em: 26 out. 2017.

XJ8P

7DPC

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 51BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 52: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

A Europa e a África apresentam um fosso demográfico, pois apesar de geograficamente próximos, distanciam-se bastante com relação à dinâmica de crescimento populacional. O gráfico sustenta essa afirmação ao

A. mostrar o comportamento das taxas de fecundidade europeias, em queda desde a década de 1950, contrastando-as com as elevadas taxas africanas.

B. revelar que, no final do século XX, o continente europeu apresentava um crescimento vegetativo negativo, enquanto a África experimentava um crescimento moderado.

C. expressar os prognósticos futuros que colocam a África nos mesmos padrões demográficos da Europa a partir de 2050, indicando que os países passaram pela transição demográfica.

D. indicar um ritmo de crescimento populacional contrastante entre os dois continentes, explicados, em grande medida, pela manutenção de altas taxas de natalidade do continente africano.

E. explicitar a situação catastrófica revelada pelas projeções, as quais apontam que a população africana representará mais de dois terços da população mundial em 2100.

Alternativa DResolução: Há um fosso demográfico que diz respeito às dinâmicas demográficas contrastantes dos dois continentes. O gráfico demonstra a curva ascendente do crescimento da população africana a partir da segunda metade do século XX, projetada para até a virada do século XXI. A população da Europa continuou a crescer, ainda que lentamente, devido à imigração. De acordo com as projeções, no século XXI, haverá declínio populacional, apesar da imigração crescente, por causa da baixa taxa de fecundidade. A alternativa A está incorreta, pois o gráfico não traz informações sobre as taxas de fecundidade e, embora a inferência seja possível, ela necessita de outros dados para revelar um raciocínio correto. A alternativa B está incorreta porque no final do século XX, apesar do decrescimento vegetativo da Europa, houve lento crescimento demográfico no continente associado à imigração. O crescimento total da população da Europa é expresso no gráfico, e não o declínio do crescimento vegetativo. Além disso, no gráfico, é crescente o volume de crescimento demográfico da África. A alternativa C está incorreta, pois, conforme as projeções, o atual fosso demográfico tende a persistir. A alternativa E está incorreta, pois desconsidera que outros grupos de países, como alguns asiáticos, também têm a população cada vez mais numerosa. Para fazer tal inferência, os dados tinham que ser confrontados com o quantitativo da população mundial total.

QUESTÃO 88 Como se sabe, a grande rota comercial do mundo

europeu que sai do esfacelamento do Império do Ocidente é a que liga por terra o Mediterrâneo ao mar do Norte, desde as repúblicas italianas, através dos Alpes, os cantões suíços, os grandes empórios do Reno, até o estuário do rio onde estão as cidades flamengas.

ZHV7

No século XIV, mercê de uma verdadeira revolução na arte de navegar e nos meios de transporte por mar, outra rota ligará aqueles dois polos do comércio europeu: será a marítima que contorna o continente pelo estreito de Gibraltar. Rota que, subsidiária a princípio, substituirá afinal a primitiva no grande lugar que ela ocupava.

PRADO JÚNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1977. p. 21.

Um reflexo da transformação assinalada no texto que se liga à Expansão Marítima Europeia foi o(a)

A. falência econômica das cidades italianas, suplantadas pela criação de um novo polo comercial controlado pelos turcos otomanos, na Europa oriental: Constantinopla.

B. deslocamento da primazia comercial dos territórios centrais da Europa para aqueles que formam sua fachada oceânica: a Holanda, a Inglaterra, a Normandia, a Bretanha e a Península Ibérica.

C. superação da navegação de cabotagem advinda dos avanços técnicos na arte de navegar: a invenção da bússola, do astrolábio, do sextante e da caravela pelos navegadores italianos.

D. formação de um grande empório comercial, controlado pelos comerciantes flamengos e italianos, na região central da Europa: as feiras de Champanhe.

E. aliança entre espanhóis e portugueses na luta pela expulsão dos árabes muçulmanos da Península Ibérica: a Guerra de Reconquista.

Alternativa B

Resolução: A transformação assinalada no texto foi o deslocamento da primazia comercial dos territórios centrais da Europa, sobretudo das cidades italianas de Veneza, Florença e Gênova, cujas economias se desenvolveram com a reabertura do comércio com o Oriente, para os territórios que formam a fachada oceânica daquele continente: a Holanda, a Inglaterra, a Normandia, a Bretanha e, especialmente, os países da Península Ibérica, Portugal e Espanha, que se beneficiaram de seu precoce processo de centralização política, que deu origem aos primeiros Estados Nacionais da Era Moderna. Assim, a alternativa correta é a letra B. A tomada de Constantinopla pelos turcos-otomanos foi uma das razões que levaram ao enfraquecimento do comércio italiano, mas não à falência, o que invalida a alternativa A. Ademais, não é disso que trata o texto. A superação da navegação de cabotagem advinda dos avanços técnicos na arte de navegar foi antes uma causa do que um reflexo da transformação assinalada pelo texto, o que invalida a alternativa C. A alternativa D está equivocada, pois, como já mencionado, o comércio na Europa central foi enfraquecido, e não estimulado com essa transformação. Por fim, embora a Guerra de Reconquista esteja ligada a tais transformações, ela não é um de seus reflexos diretos, o que invalida a alternativa E. Ademais, não é disso que trata o texto.

CH – PROVA I – PÁGINA 52 ENEM – VOL. 1 – 2018 BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO

Page 53: Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) · LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS Questões de 01 a 45 Questões de 01 a 05 (opção inglês) QUESTÃO 01 NASA:

QUESTÃO 89 [...] A expansão veio alterar esta situação e permitiu

que a nobreza mantivesse o seu modelo social e mental quase inalterado durante mais de século e meio; desfez-se, assim, o bloqueio que parecia que iria asfixiar este grupo social, o que foi possível porque milhares de nobres, desde escudeiros recém nobilitados a fidalgos proeminentes e de velha cepa, aceitaram o risco de navegar e combater no exterior, passando muitas vezes longuíssimas temporadas fora do Reino.

COSTA, J. P. O. A formação do aparelho central da administração ultramarina no século XV. In: Anais de História de Além-mar. Lisboa, n. 2, p.

87-114, 2001.

O texto destaca algumas das características do processo expansionista vivenciado por Portugal a partir do século XV, associando-as a aspectos de caráter

A. social.

B. político.

C. religioso.

D. comercial.

E. civilizatório.

Alternativa AResolução: O texto relaciona o processo expansionista vivenciado por Portugal à participação de milhares de nobres portugueses, que “aceitaram o risco de navegar e combater no exterior”, indicando o interesse da aristocracia portuguesa em preservar seu status quo, o seu modelo social, associando, portanto, a expansão marítima portuguesa a um aspecto de caráter social, o que torna válida a alternativa A. O expansionismo marítimo comercial de Portugal também foi marcado por um caráter político, religioso, comercial e até mesmo civilizatório, entretanto, tais aspectos não são contemplados pelo texto, o que invalida as alternativas B, C, D e E.

9ACU QUESTÃO 90

Religião sem livro sagrado, a vivência espiritual dos gregos baseava-se em algumas crenças que, em grande parte, eram vistas como especulações do ser humano diante do que não sabia explicar. Não havia textos ou sacerdotes que pudessem definir, sem direito a contestação, dogmas. Por isso mesmo, as explicações e os mitos variavam de um lugar a outro, de uma época a outra e mesmo de um indivíduo a outro. As divergências entre as versões dos mitos, que podem parecer ilógicas, resultam, justamente, da crença de que nada está certo de forma segura sobre o mundo dos deuses.

FUNARI’ P. P. (Org.). As religiões que o mundo esqueceu: egípcios, gregos celtas, astecas e outros povos cultuavam seus deuses. 1. ed.

São Paulo: Contexto, 2012.

Uma peculiaridade da Grécia Antiga que estimulou o processo vivenciado pela religião grega nos moldes apresentados foi a

A. formação democrática das pólis gregas.

B. fragmentação política das cidades gregas.

C. valorização excessiva do pensamento filosófico.

D. fusão cultural proveniente do período helenístico.

E. sobreposição religiosa com relação aos deuses romanos.

Alternativa B

Resolução: A Grécia Antiga era fragmentada em diversas cidades-Estado, conhecidas como pólis. Cada pólis tinha seu próprio governo, moeda, Exército, entre outros elementos. Desse modo, essa inexistência de uma unidade política desfavoreceu a formação de uma unidade religiosa, conforme o texto retrata. Portanto, a única afirmativa que apresenta uma justificativa correta é a letra B.

1FJP

ENEM – VOL. 1 – 2018 CH – PROVA I – PÁGINA 53BERNOULLI S ISTEMA DE ENSINO