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Page 1: QUANTIFICAÇÃO E COORDENAÇÃO DE SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS…ageconsearch.umn.edu/record/44037/files/revista_v7_n1_jan-abr_2005... · Palavras-chave: sistemas agroindustriais,

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 93

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n1 p 93-102 2005

QUANTIFICACcedilAtildeO E COORDENACcedilAtildeO DE SISTEMAS AGROINDUSTRIAISO CASO DO TRIGO NO BRASIL

Quantification and coordination of agro-industry systems the case of wheat in Brazil

Ricardo Messias Rossi1 Marcos Fava Neves2 Luciano Thomeacute e Castro3

RESUMOApresenta-se com este artigo o panorama do Sistema Agroindustrial do Trigo no Brasil A partir de uma metodologia de mapeamentoe quantificaccedilatildeo de cadeias de valor desenvolvida eacute apresentado o desenho da respectiva cadeia com os principais setoresidentificados e quantificados (faturamento do setor com as vendas para a cadeia do Trigo no Brasil no ano de 2002) Tambeacutem foramidentificados os principais problemas de coordenaccedilatildeo presentes no sistema bem como uma agenda de trabalho contendo a lista deaccedilotildees coletivas que devem ser implementadas pela iniciativa privada visando minimizar os problemas existentes Neste estudo foisugerido aos diversos integrantes da cadeia o estabelecimento de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistema como um todo denominadaTrigo-Brasil

Palavras-chave sistemas agroindustriais canais de distribuiccedilatildeo trigo

ABSTRACTThe present article presents an overview of the Agribusiness System of wheat in Brazil Departing from a methodology developed formapping and quantifying value chains the structure of the respective chain is presented with the main sectors identified andquantified (revenue of the sector with the wheat chain sales in Brazil in 2002) Also the main coordination problems were identifiedin the system as well as the development of a work agenda containing a list of collective actions that should be implemented by theprivate initiative in order to minimize the existing problems It was suggested to the several members of the wheat chain theestablishment of an organization which will integrate the entire system named Trigo-Brasil (Wheat-Brazil for implementing theproposed collective actions

Key words agribusiness system distribution channels wheat

1 Mestrando em Administraccedilatildeo de Empresas FEARP-Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto USP Pesquisador do PENSA (Programa de Estudos dos Negoacutecios do Sistema Agroindustrial) rrossiuspbr

2 Doutor em Administraccedilatildeo de Empresas FEARP-Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto USP Coordenador do PENSA (Programa de Estudos dos Negoacutecios do Sistema Agroindustrial) mfanevesuspbr

3 Mestrando em Administraccedilatildeo de Empresas FEARP-Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade de Ribeiratildeo Preto USP Pesquisador do PENSA (Programa de Estudos dos Negoacutecios do Sistema Agroindustrial) ltcastrouspbr

Recebido em 230804 e aprovado em 031104

1 INTRODUCcedilAtildeO E METODOLOGIA

Utilizado na fabricaccedilatildeo de bolos biscoitos patildeesmassas alimentiacutecias entre outros o trigo eacute um produtofundamental para alimentaccedilatildeo humana Altamentedependente da importaccedilatildeo desse gratildeo (aproximadamente65 do produto consumido eacute proveniente de outros paiacuteses

principalmente da Argentina) o Brasil produziu cerca de39 milhotildees de toneladas de trigo na safra 200102ocupando uma aacuterea de dois milhotildees de hectares (CONAB2004) Segundo o quinto levantamento de previsatildeo eacompanhamento de safra realizado pela Conab (2004) aproduccedilatildeo brasileira de trigo na safra 200304 deveraacute atingir59 milhotildees de toneladas

A produccedilatildeo de trigo no Brasil estaacute concentrada naRegiatildeo Sul com destaque para os Estados do Paranaacute e doRio Grande do Sul Todavia estaacute acontecendo um processo

de expansatildeo do cultivo na direccedilatildeo da regiatildeo central doPaiacutes em especial para o Estado de Mato Grosso do Sul Osmoinhos por sua vez estatildeo distribuiacutedos por todas asregiotildees brasileiras sendo que a maior capacidade demoagem estaacute instalada na Regiatildeo Sudeste do Paiacutes

Com este trabalho apresenta-se a partir de umapesquisa descritiva a caracterizaccedilatildeo do SistemaAgroindustrial (SAG) do Trigo no Brasil buscandoresponder a seguinte pergunta de pesquisa Qual aparticipaccedilatildeo dos diferentes membros atuantes no SAG doTrigo no Brasil

A metodologia utilizada neste estudo foiconsolidada por Neves et al (2004) a partir de pesquisasem vaacuterios SAG brasileiros sendo que a primeira aplicaccedilatildeodessa metodologia foi no caso da laranja no Brasil (NEVESet al 2001) A referida metodologia aplicada neste trabalhoeacute constituiacuteda das seguintes etapas

ROSSI R M et al94

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1a Etapa Descriccedilatildeo do Sistema (desenho)2a Etapa Primeiras entrevistas para ajustes no desenho3a Etapa Pesquisa por dados de vendas em

associaccedilotildees e outras fontes de dados secundaacuterios4a Etapa Entrevistas com representantes das

organizaccedilotildees envolvidas

5a Etapa Quantificaccedilatildeo (faturamento dos setoresparticipantes do Sistema Agroindustrial)

6a Etapa Validaccedilatildeo dos resultados por meio deWorkshop

O quadro 1 apresenta uma breve discussatildeo de cadaetapa da metodologia utilizada nesse estudo

QUADRO 1 Descriccedilatildeo das etapas da metodologia

Etapa Procedimento 1ordf Descriccedilatildeo do Sistema Agroindustrial em estudo

Desenho do sistema Agroindustrial por meio de caixas respeitando o fluxo dos produtos nos canais de distribuiccedilatildeo

2ordf Submissatildeo da descriccedilatildeo para executivos do setor privado e outros especialistas visando ajustes na estrutura

Com a primeira versatildeo da descriccedilatildeo algumas entrevistas em profundidade com executivos de empresas atuantes no setor e outros especialistas (pesquisadores lideranccedilas setoriais entre outros) devem ser realizadas visando ajustar a estrutura proposta

3ordf Pesquisa por dados de vendas em associaccedilotildees instituiccedilotildees e publicaccedilotildees

Algumas associaccedilotildees privadas disponibilizam para seus membros dados sobre vendas agraves vezes ateacute na internet Uma cuidadosa Revisatildeo Bibliograacutefica tambeacutem deve ser realizada em busca de dissertaccedilotildeesteses recentes aleacutem de artigos em revistasjornais de grande circulaccedilatildeo ou acadecircmicos

4ordf Entrevistas com executivos de empresas

Este eacute o ponto central dessa metodologia Satildeo realizadas entrevistas com gerentes de vendas buscando levantar o montante financeiro vendido pelas empresas no setor em estudo Por exemplo A Basf vende defensivos agriacutecolas para todas as culturas Nas entrevistas o mercado da Basf para a cultura do trigo seria discutido questionando quanto a empresa vende para os triticultores e qual o tamanho do mercado de trigo para a induacutestria de defensivos Como somente os dados gerais do tamanho do mercado seratildeo publicados as empresas natildeo teratildeo receio em colaborar Ressalta-se que os dados especiacuteficos de uma empresa seratildeo preservados Tambeacutem seratildeo realizadas entrevistas com diretores de compra visando estimar o mercado a partir do lado oposto de um elo da cadeia Por exemplo Questionar aos moinhos de trigo quanto de accediluacutecar eles compram e qual a sua participaccedilatildeo de mercado Partindo deste ponto eacute possiacutevel comparar os dados fornecidos pela induacutestria de accediluacutecar com os dados fornecidos pelos moinhos de trigo observando a similaridade

5ordf Quantificaccedilatildeo

Neste ponto todos os dados obtidos satildeo processados e inseridos na descriccedilatildeo do sistema logo abaixo do nome da induacutestria Entatildeo os dados satildeo enviados para as empresas que colaboraram que analisaratildeo os valores As empresas enviam de volta os dados com seus comentaacuterios e contribuiccedilotildees

6ordf Workshop

Na fase final eacute realizado um workshop com uma hora para apresentaccedilatildeo dos resultados e discussatildeo dos nuacutemeros Depois disto pequenos grupos de discussatildeo satildeo formados visando a elaboraccedilatildeo de accedilotildees coletivas que seratildeo na uacuteltima parte do evento apresentadas e resumidas em seccedilatildeo plenaacuteria

Fonte Neves et al (2004)

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Toda a sequumlecircncia metodoloacutegica apresentadaanteriormente foi realizada pelos autores durante o ano de2003 A coleta de dados primaacuterios ocorreu por meio deentrevistas pessoais por telefone e por e-mail com maisde cem especialistas do setor A validaccedilatildeo dos resultadosobtidos e o levantamento de problemas de coordenaccedilatildeodo sistema ocorreram em um workshop composto porcinquumlenta especialistas dos diversos segmentos do SAGdo Trigo desde o fornecimento de insumos agriacutecolas ateacute adistribuiccedilatildeo dos produtos finais Os principais resultadosdessa pesquisa estatildeo resumidos nesse artigo Objetivou-se com o presente artigo identificar os principais problemasde coordenaccedilatildeo existentes no Sistema Agroindustrial doTrigo no Brasil Para atingir esse objetivo geral osseguintes objetivos especiacuteficos devem ter sido alcanccediladosao final do texto

Formulaccedilatildeo do desenho do SAG do Trigo no Brasil A identificaccedilatildeo dos principais setores participantes no

referido Sistema A quantificaccedilatildeo dos setores (faturamento de cada Setor

no ano de 2002) A identificaccedilatildeo de problemas de coordenaccedilatildeo por meio

da formaccedilatildeo de grupos de foco com especialistas dosetor

A elaboraccedilatildeo de uma agenda de trabalho contendo accedilotildeescoletivas que podem minimizar os problemas decoordenaccedilatildeo existentes no sistema

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

Embora os termos cadeia e rede sejam muitasvezes utilizados indistintamente teoricamente tais termosnatildeo satildeo similares O termo cadeia eacute muito utilizado pelosestudos denominados Supply Chain (Cadeia deSuprimentos)

Uma Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) eacute umarede de organizaccedilotildees que estatildeo envolvidas diretamentecorrente abaixo (jusante) ou corrente acima (montante)

em diferentes processos ou atividades que agregam valorna elaboraccedilatildeo de produtos e serviccedilos ateacute chegar aoconsumidor final (CHRISTOPHER citado por OMTA etal 2001)

Jaacute uma rede (network) pode ser definida comoum grupo ou grupos de atores finitos e a relaccedilatildeo ourelaccedilotildees entre eles (WASSERMAN amp FAUST citadospor OMTA et al 2001) A anaacutelise de redes (network)estuda as caracteriacutesticas e a organizaccedilatildeo de redesformais e informais Nesse tipo de anaacutelise a capacidadede uma companhia criar valor eacute altamente dependente

de seu posicionamento na rede (OMTA et al 2001)Conforme observado por Omta et al (2001) tanto a

Cadeia de Suprimentos (supply chain) quanto agraves redessatildeo conjuntos de organizaccedilotildees que manteacutem algum tipo deconexatildeo Enquanto a Cadeia de Suprimentos estaacute focadana ordem sequumlencial de transaccedilotildees os estudos de redesestatildeo voltados agrave propriedades especiacuteficas dessastransaccedilotildees (OMTA et al 2001)

Lazzarini et al (2001) integram as anaacutelises de supplychain e network em um novo e amplo estudo denominadonetchains Para esses autores a integraccedilatildeo dessas duasabordagens permite a consideraccedilatildeo de todos os tipos deinterdependecircncias organizacionais existentes em uma redeassim como os diferentes mecanismos de coordenaccedilatildeo(detalhamento do plano gerencial padronizaccedilatildeo de processose ajustes muacutetuos) e fontes de valor (otimizaccedilatildeo da produccedilatildeoe operaccedilotildees reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo diversidade eco-especializaccedilatildeo de conhecimentos entre outros)

Segundo Castro (2000) as cadeias produtivas satildeoformadas por sistemas produtivos que operam em diferentesecossistemas ou sistemas naturais aleacutem de diversasinstituiccedilotildees de apoio (instituiccedilotildees de creacutedito pesquisaassistecircncia teacutecnica e outras) e um aparato legal e normativoO agronegoacutecio de uma determinada regiatildeo eacute formado por umconjunto das cadeias produtivas Assim poliacuteticas agriacutecolaseficazes (creacutedito agriacutecola creacutedito para pesquisa normas deimpostos e taxas serviccedilos de apoio entre outras) soacute podemser estabelecidas a partir de uma visatildeo sistecircmica do negoacutecio

Castro (2000 p 4) define cadeia produtiva com asseguintes palavras

A cadeia produtiva eacute um conjunto de componentesinterativos incluindo os sistemas produtivosfornecedores de insumos e serviccedilos induacutestrias deprocessamento e transformaccedilatildeo agentes de distribuiccedilatildeoe comercializaccedilatildeo aleacutem de consumidores finais

Segundo Goldberg citado por Zylbersztajn (2000)

Um sistema de commodities engloba todos os atoresenvolvidos com a produccedilatildeo processamento e distribuiccedilatildeode um produto Tal sistema inclui o mercado de insumosagriacutecolas a produccedilatildeo agriacutecola operaccedilotildees de estocagemprocessamento atacado e varejo demarcando um fluxoque vai dos insumos ateacute o consumidor final O conceitoengloba todas as instituiccedilotildees que afetam a coordenaccedilatildeodos estaacutegios sucessivos do fluxo de produtos tais comoas instituiccedilotildees governamentais mercados futuros eassociaccedilotildees de comeacutercio

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Batalha amp Silva (2001) apresentam a distinccedilatildeo entreos termos Sistema Agroindustrial (SAG) e SistemaAgroalimentar O Sistema Agroalimentar engloba todasas firmas que tecircm como atividade principal a geraccedilatildeo dealimentos Jaacute o termo Sistema Agroindustrial eacute mais amploenvolvendo todas as firmas contidas no SistemaAgroalimentar e tambeacutem outros segmentos agroindustriaistais como madeira fibras vegetais couro entre outrosPortanto o Sistema Agroalimentar estaacute contido no SistemaAgroindustrial

As duas grandes correntes que desenvolveram oconceito teoacuterico de SAG satildeo originadas das escolasamericanas e francesas Zylbersztajn (2000) consolida eapresenta as caracteriacutesticas baacutesicas dessas duas visotildeesda seguinte forma

21 Enfoque do Sistema de Commodities (CSA)

- Escola americana originada na segunda metadedo seacuteculo XX a partir de trabalhos de Davis amp Goldbergem 1957 e Goldberg em 1968

- Conceito de utilizaccedilatildeo imediata e simples- O modelo teoacuterico possui poder preditivo- Estabelecimento do termo agribusiness- Discussatildeo da especializaccedilatildeo da produccedilatildeo rural e

sua profissionalizaccedilatildeo- Introduccedilatildeo da questatildeo de dependecircncia

intersetorial- Concretizaccedilatildeo da importacircncia do conceito do

agribusiness como um sistema integrado sejaeconomicamente ou socialmente

- Metodologicamente os estudos focalizavam asequumlecircncia de transformaccedilotildees pelas quais passavam osprodutos

- Preocupaccedilatildeo com a capacidade de coordenaccedilatildeodo sistema que eacute afetada pelos ambientes econocircmicos einstitucionais

- Menccedilotildees sobre a importacircncia das relaccedilotildeescontratuais como mecanismos de coordenaccedilatildeo

- Os estudos eram focalizados no sistema de umuacutenico produto e definindo um locus geograacutefico

- Reforccedila as diferenccedilas entre os sistemas doagribusiness e os demais sistemas industriais

- Focaliza estrateacutegias das corporaccedilotildees

22 O Conceito de Cadeia (Filiegravere) Agroalimentar

- O conceito de filiegravere eacute um produto da escola deeconomia industrial francesa

- Aborda a sequumlecircncia de atividades que transformam

uma commodity em produto pronto para o consumidorfinal sem se preocupar com a variaacutevel preccedilo no processode coordenaccedilatildeo

- Originou o conceito de cadeias a partir de relaccedilotildeesintersetoriais

- Focaliza aspectos distributivos e estrateacutegiasgovernamentais embora tambeacutem possa ser utilizado nadefiniccedilatildeo de estrateacutegias no plano da firma

- Esse enfoque considera que as fronteiras dascadeias podem se modificar ao longo do tempo

O conceito de Cadeia (Filiegravere) eacute um produtoda escola de economia industrial francesa que seaplica agrave sequumlecircncia de atividades que transformam umacommodity em um produto pronto para o consumidorfinal Tal conceito pretende aproximar as visotildees daorganizaccedilatildeo industrial das necessidades da gestatildeopuacuteblica (MORVAN citado por ZYLBERSZTAJN2000) Ainda para esse autor o conceito de cadeiaenvolve uma sequumlecircncia de operaccedilotildees que transformammateacuteria-prima em bens Existe uma relaccedilatildeo deinterdependecircncia ou complementaridade entre osagentes da cadeia ou seja a cadeia eacute um sistemamais ou menos capaz de assegurar sua proacutepriatransformaccedilatildeo

Zylbersztajn (2000) ainda apresenta pontos comunsentre essas duas visotildees Tais pontos satildeo resumidos aseguir

- Ambos focalizam o processo produtivo e possuemcaraacuteter descritivo

- Os dois modelos compartilham da base analiacuteticasistecircmica e enfatizam a variaacutevel tecnoloacutegica

- Existe interdependecircncia entre as estrateacutegias noplano da firma e no plano do sistema implicando napossibilidade do desenvolvimento de mecanismossistecircmicos de coordenaccedilatildeo

- Os dois modelos consideram que a integraccedilatildeovertical eacute importante para explicar o mecanismo decoordenaccedilatildeo sistecircmica sendo que os conceitos deintegraccedilatildeo vertical e contratos satildeo substitutos

O primeiro passo para caracterizar e analisar umsistema eacute definir seus objetivos bem como seus limitessubsistemas componentes e contexto externo Ao definirlimites e hierarquias estabelecem-se as interaccedilotildees deseus subsistemas componentes mensuram-se suasentradas e saiacutedas e respectivos desempenhosintermediaacuterios Ao analisar como um sistema opera eacutenecessaacuterio conhecer seus elementos qualificando equantificando (CASTRO 2000)

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As empresas situadas na estrutura do canal natildeosatildeo as uacutenicas que influenciam o sistema Tambeacutem existemempresas denominadas facilitadoras que satildeoorganizaccedilotildees que mesmo natildeo fazendo parte do eixo centraldo canal possuem funccedilotildees importantes no mesmoConforme ressaltado por Rosembloon citado por Neves(2000) essas satildeo empresas transportadoras de estocagemde processamento de pedidos de propaganda de segurosde pesquisa de mercado agecircncias financeiras entre outras

3 DESENHO DA CADEIA IDENTIFICACcedilAtildeO DOSSETORES E QUANTIFICACcedilAtildeO DO SAG DO TRIGO

A partir da revisatildeo bibliograacutefica e de entrevistaspessoais com especialistas do setor (executivos epesquisadores) estruturou-se o desenho simplificado doSAG do Trigo no Brasil no qual os principais setores foramquantificados (faturamento do setor obtido com acomercializaccedilatildeo na cadeia do trigo em 2002) O desenhocontendo a estrutura do sistema e a quantificaccedilatildeo dossetores encontra-se anexado no final deste artigo (AnexoA) Essa estrutura conteacutem os diversos segmentosparticipantes no referido sistema posicionados em niacuteveisseguindo o fluxo dos produtos

Para a identificaccedilatildeo dos principais setoresparticipantes do eixo-central da cadeia de valor do trigofoi utilizada a proposta conceitual apresentada porZylbersztajn (2000) Segundo esse autor os SistemasAgroindustriais (cadeias de valor agroindustriais) comportamos seguintes elementos fundamentais para a sua anaacutelisedescritiva os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as

organizaccedilotildees de apoio e o ambiente institucional Taiselementos estatildeo esquematizados na Figura 1

No SAG do Trigo o Setor de Insumos eacute compostopelas seguintes induacutestrias Sementes Defensivos Agriacute-colas Maacutequinas e Implementos Agriacutecolas Fertilizantes eCorretivos Enquanto as Induacutestrias de Defensivos e Maacute-quinas Agriacutecolas satildeo compostas por poucas e grandesempresas multinacionais (Bayer Basf DuPont MonsantoSyngenta AGCO John Deere Valtra entre outras) osSetores de Sementes Fertilizantes e Corretivos satildeo com-postos por inuacutemeras empresas sendo a maioria de peque-no porte O segundo niacutevel do SAG eacute composto pelo con-junto de produtores rurais Estes triticultores estatildeo distri-buiacutedos por vaacuterias regiotildees do Paiacutes no entanto mais de90 da produccedilatildeo ocorre na Regiatildeo Sul do Brasil princi-palmente nos Estados do Paranaacute e Rio Grande do Sul Oterceiro niacutevel do sistema eacute formado pelo beneficiamentoprimaacuterio do trigo que ocorre nos moinhos Embora exis-tam mais de 200 empresas atuantes no mercado a maioriade pequeno porte o setor de moagem brasileiro eacute caracte-rizado pela ociosidade em torno de 47 (GARCIA amp NE-VES 2001) e concentraccedilatildeo (menos de 10 dos moinhosrespondem por mais de 65 da moagem) O quarto niacuteveldo SAG eacute responsaacutevel pelo segundo processo de indus-trializaccedilatildeo Assim esse setor eacute constituiacutedo pela Induacutestriade Alimentos (Panificaccedilatildeo Biscoitos e Massas Alimentiacuteci-as) Embora existam vaacuterias empresas atuando nessas in-duacutestrias em especial no segmento de massas alimentiacuteciaso setor eacute caracterizado pelo domiacutenio de mercado exercidopelas grandes empresas (Nestleacute Socma entre outras)

FIGURA 1 Sistema de Agribusiness e Transaccedilotildees tiacutepicas

Insumos

Agricultura Induacutestria

Alimentos e Fibras

Distribuiccedilatildeo Atacado

Distribuiccedilatildeo Varejo

C O N S U M

I D O

T1

T2

T3

T4

T5

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

Fonte Zylbersztajn (2000)

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas Firmas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

T1 T

2T

3 T4 T

5

C O N

S U M I D O R

ROSSI R M et al98

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Os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os integrantes doquinto e sexto niacuteveis do SAG O setor atacadista brasileiroeacute composto por 800 mil pontos de vendas e uma aacuterea dearmazenagem de 4 milhotildees de metros quadrados sendoque as dez maiores empresas satildeo responsaacuteveis por cercade 18 do faturamento deste segmento O sexto niacutevel doSAG eacute o setor varejista Nesse setor para a distribuiccedilatildeo dederivados do trigo destacam-se o auto-serviccedilo as padariase as empresas de refeiccedilotildees coletivas O auto-serviccediloalimentar eacute caracterizado pela existecircncia de um grandenuacutemero de estabelecimentos (cerca de 70000 lojas) emboraas cinco maiores redes representem cerca de 40 dofaturamento do setor Os derivados do trigo (patildees farinhasbiscoitos massas e outros) produtos essenciais naalimentaccedilatildeo correspondem a 82 do faturamento dossupermercados Aproximadamente 50 mil padarias estatildeoem atividade no Paiacutes sendo a maioria (73) de pequenoporte 22 de porte meacutedio e 5 de grande porteAproximadamente 33 do faturamento das padarias eacuteobtido com a comercializaccedilatildeo de derivados do trigo Osetor de refeiccedilotildees coletivas como um todo fornece 49milhotildees de refeiccedilotildeesdia movimenta uma cifra superior aUS$ 13 bilhatildeo por ano oferece 150 mil empregos diretosconsome diariamente um volume de 25 mil toneladas dealimentos e representa para o governo uma receita anualsuperior a US$ 300 milhotildees entre impostos e contribuiccedilotildeesOs derivados do trigo (patildeo farinha e macarratildeo) satildeoresponsaacuteveis por cerca de 8 do valor dos ingredientesdas refeiccedilotildees coletivas

As principais caracteriacutesticas dos consumidoresfinais no Brasil satildeo a diversidade (demograacuteficacomportamental geograacutefica e psicograacutefica) e o baixo poderaquisitivo da maioria da populaccedilatildeo O pequeno consumoper capita de alguns derivados do trigo em especial dasmassas alimentiacutecias (57 kgano) natildeo eacute explicado somentepelo baixo poder aquisitivo da populaccedilatildeo mas tambeacutempor haacutebitos alimentares O brasileiro historicamente adotouo arroz como a principal fonte de carboidratos na suaalimentaccedilatildeo

4 PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeO DO SISTEMA

Cerca de 50 especialistas (executivos do setorpesquisadores e lideranccedilas setoriais) reunidos noWorkshop realizado no dia 09 de maio de 2003 nasdependecircncias da Faculdade de Economia Administraccedilatildeoe Contabilidade (FEA) da Universidade de Satildeo Paulo(USP) elaboram conjuntamente a seguinte lista deprincipais problemas de coordenaccedilatildeo existentes no SAG

do Trigo no Brasil Falta de integraccedilatildeo entre os diversos setores atuantes

no sistema Baixo consumo per capita de alguns derivados do trigo

(principalmente massas e patildees) A produccedilatildeo nacional de trigo eacute pequena em relaccedilatildeo a

quantidade demandada pela cadeia Necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa

agropecuaacuteria visando ganhos de produtividade de aptidatildeoqualitativa

Falta de um plano de comunicaccedilatildeo para toda cadeia Problemas de informalidade gerando concorrecircncia

desleal e ameaccedilando a qualidade do sistema Matildeo-de-obra desqualificada atuando em diversas partes

do sistema em especial nas padarias Existecircncia de defasagem tecnoloacutegica nas padarias Escassez de recursos puacuteblicos de financiamento de

custeio e investimento no Setor Problemas fiscais originados por impostos em cascata e

falta de equalizaccedilatildeo

5 ACcedilOtildeES COLETIVAS PROPOSTAS PARAMINIMIZAR OS PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeODA CADEIA

Apoacutes o levantamento dos problemas decoordenaccedilatildeo existentes na cadeia os especialistasreunidos no Workshop elaboraram em conjunto uma listade accedilotildees coletivas que podem minimizar esses problemasAs principais accedilotildees propostas foram

Articulaccedilatildeo da cadeia Foi observada a necessidadeimediata do desenvolvimento de uma estruturaorganizacional que permita a integraccedilatildeo total entre osdiferentes elos do sistema e suas respectivasassociaccedilotildees setoriais Sugeriu-se a criaccedilatildeo do TrigoBrasil

Aumento do consumo dos derivados do trigo O baixoconsumo per capita do trigo no Brasil vai aleacutem do debatesobre os conhecidos problemas de baixa e maacute distribuiccedilatildeode renda da populaccedilatildeo brasileira sendo tambeacutem resultadodos haacutebitos alimentares existentes no Paiacutes e de tabuscomo patildeo e massas engordam Contrastando comdiversos outros paiacuteses a base de carboidratos na dietaalimentar do brasileiro eacute o arroz e natildeo os derivados detrigo como as massas e os panificados Desenvolver opaladar e o costume do brasileiro pelas diversas receitasbaseadas nos derivados do trigo eacute uma accedilatildeo importantepara toda a cadeia do Trigo

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 99

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Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

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6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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1a Etapa Descriccedilatildeo do Sistema (desenho)2a Etapa Primeiras entrevistas para ajustes no desenho3a Etapa Pesquisa por dados de vendas em

associaccedilotildees e outras fontes de dados secundaacuterios4a Etapa Entrevistas com representantes das

organizaccedilotildees envolvidas

5a Etapa Quantificaccedilatildeo (faturamento dos setoresparticipantes do Sistema Agroindustrial)

6a Etapa Validaccedilatildeo dos resultados por meio deWorkshop

O quadro 1 apresenta uma breve discussatildeo de cadaetapa da metodologia utilizada nesse estudo

QUADRO 1 Descriccedilatildeo das etapas da metodologia

Etapa Procedimento 1ordf Descriccedilatildeo do Sistema Agroindustrial em estudo

Desenho do sistema Agroindustrial por meio de caixas respeitando o fluxo dos produtos nos canais de distribuiccedilatildeo

2ordf Submissatildeo da descriccedilatildeo para executivos do setor privado e outros especialistas visando ajustes na estrutura

Com a primeira versatildeo da descriccedilatildeo algumas entrevistas em profundidade com executivos de empresas atuantes no setor e outros especialistas (pesquisadores lideranccedilas setoriais entre outros) devem ser realizadas visando ajustar a estrutura proposta

3ordf Pesquisa por dados de vendas em associaccedilotildees instituiccedilotildees e publicaccedilotildees

Algumas associaccedilotildees privadas disponibilizam para seus membros dados sobre vendas agraves vezes ateacute na internet Uma cuidadosa Revisatildeo Bibliograacutefica tambeacutem deve ser realizada em busca de dissertaccedilotildeesteses recentes aleacutem de artigos em revistasjornais de grande circulaccedilatildeo ou acadecircmicos

4ordf Entrevistas com executivos de empresas

Este eacute o ponto central dessa metodologia Satildeo realizadas entrevistas com gerentes de vendas buscando levantar o montante financeiro vendido pelas empresas no setor em estudo Por exemplo A Basf vende defensivos agriacutecolas para todas as culturas Nas entrevistas o mercado da Basf para a cultura do trigo seria discutido questionando quanto a empresa vende para os triticultores e qual o tamanho do mercado de trigo para a induacutestria de defensivos Como somente os dados gerais do tamanho do mercado seratildeo publicados as empresas natildeo teratildeo receio em colaborar Ressalta-se que os dados especiacuteficos de uma empresa seratildeo preservados Tambeacutem seratildeo realizadas entrevistas com diretores de compra visando estimar o mercado a partir do lado oposto de um elo da cadeia Por exemplo Questionar aos moinhos de trigo quanto de accediluacutecar eles compram e qual a sua participaccedilatildeo de mercado Partindo deste ponto eacute possiacutevel comparar os dados fornecidos pela induacutestria de accediluacutecar com os dados fornecidos pelos moinhos de trigo observando a similaridade

5ordf Quantificaccedilatildeo

Neste ponto todos os dados obtidos satildeo processados e inseridos na descriccedilatildeo do sistema logo abaixo do nome da induacutestria Entatildeo os dados satildeo enviados para as empresas que colaboraram que analisaratildeo os valores As empresas enviam de volta os dados com seus comentaacuterios e contribuiccedilotildees

6ordf Workshop

Na fase final eacute realizado um workshop com uma hora para apresentaccedilatildeo dos resultados e discussatildeo dos nuacutemeros Depois disto pequenos grupos de discussatildeo satildeo formados visando a elaboraccedilatildeo de accedilotildees coletivas que seratildeo na uacuteltima parte do evento apresentadas e resumidas em seccedilatildeo plenaacuteria

Fonte Neves et al (2004)

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Toda a sequumlecircncia metodoloacutegica apresentadaanteriormente foi realizada pelos autores durante o ano de2003 A coleta de dados primaacuterios ocorreu por meio deentrevistas pessoais por telefone e por e-mail com maisde cem especialistas do setor A validaccedilatildeo dos resultadosobtidos e o levantamento de problemas de coordenaccedilatildeodo sistema ocorreram em um workshop composto porcinquumlenta especialistas dos diversos segmentos do SAGdo Trigo desde o fornecimento de insumos agriacutecolas ateacute adistribuiccedilatildeo dos produtos finais Os principais resultadosdessa pesquisa estatildeo resumidos nesse artigo Objetivou-se com o presente artigo identificar os principais problemasde coordenaccedilatildeo existentes no Sistema Agroindustrial doTrigo no Brasil Para atingir esse objetivo geral osseguintes objetivos especiacuteficos devem ter sido alcanccediladosao final do texto

Formulaccedilatildeo do desenho do SAG do Trigo no Brasil A identificaccedilatildeo dos principais setores participantes no

referido Sistema A quantificaccedilatildeo dos setores (faturamento de cada Setor

no ano de 2002) A identificaccedilatildeo de problemas de coordenaccedilatildeo por meio

da formaccedilatildeo de grupos de foco com especialistas dosetor

A elaboraccedilatildeo de uma agenda de trabalho contendo accedilotildeescoletivas que podem minimizar os problemas decoordenaccedilatildeo existentes no sistema

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

Embora os termos cadeia e rede sejam muitasvezes utilizados indistintamente teoricamente tais termosnatildeo satildeo similares O termo cadeia eacute muito utilizado pelosestudos denominados Supply Chain (Cadeia deSuprimentos)

Uma Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) eacute umarede de organizaccedilotildees que estatildeo envolvidas diretamentecorrente abaixo (jusante) ou corrente acima (montante)

em diferentes processos ou atividades que agregam valorna elaboraccedilatildeo de produtos e serviccedilos ateacute chegar aoconsumidor final (CHRISTOPHER citado por OMTA etal 2001)

Jaacute uma rede (network) pode ser definida comoum grupo ou grupos de atores finitos e a relaccedilatildeo ourelaccedilotildees entre eles (WASSERMAN amp FAUST citadospor OMTA et al 2001) A anaacutelise de redes (network)estuda as caracteriacutesticas e a organizaccedilatildeo de redesformais e informais Nesse tipo de anaacutelise a capacidadede uma companhia criar valor eacute altamente dependente

de seu posicionamento na rede (OMTA et al 2001)Conforme observado por Omta et al (2001) tanto a

Cadeia de Suprimentos (supply chain) quanto agraves redessatildeo conjuntos de organizaccedilotildees que manteacutem algum tipo deconexatildeo Enquanto a Cadeia de Suprimentos estaacute focadana ordem sequumlencial de transaccedilotildees os estudos de redesestatildeo voltados agrave propriedades especiacuteficas dessastransaccedilotildees (OMTA et al 2001)

Lazzarini et al (2001) integram as anaacutelises de supplychain e network em um novo e amplo estudo denominadonetchains Para esses autores a integraccedilatildeo dessas duasabordagens permite a consideraccedilatildeo de todos os tipos deinterdependecircncias organizacionais existentes em uma redeassim como os diferentes mecanismos de coordenaccedilatildeo(detalhamento do plano gerencial padronizaccedilatildeo de processose ajustes muacutetuos) e fontes de valor (otimizaccedilatildeo da produccedilatildeoe operaccedilotildees reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo diversidade eco-especializaccedilatildeo de conhecimentos entre outros)

Segundo Castro (2000) as cadeias produtivas satildeoformadas por sistemas produtivos que operam em diferentesecossistemas ou sistemas naturais aleacutem de diversasinstituiccedilotildees de apoio (instituiccedilotildees de creacutedito pesquisaassistecircncia teacutecnica e outras) e um aparato legal e normativoO agronegoacutecio de uma determinada regiatildeo eacute formado por umconjunto das cadeias produtivas Assim poliacuteticas agriacutecolaseficazes (creacutedito agriacutecola creacutedito para pesquisa normas deimpostos e taxas serviccedilos de apoio entre outras) soacute podemser estabelecidas a partir de uma visatildeo sistecircmica do negoacutecio

Castro (2000 p 4) define cadeia produtiva com asseguintes palavras

A cadeia produtiva eacute um conjunto de componentesinterativos incluindo os sistemas produtivosfornecedores de insumos e serviccedilos induacutestrias deprocessamento e transformaccedilatildeo agentes de distribuiccedilatildeoe comercializaccedilatildeo aleacutem de consumidores finais

Segundo Goldberg citado por Zylbersztajn (2000)

Um sistema de commodities engloba todos os atoresenvolvidos com a produccedilatildeo processamento e distribuiccedilatildeode um produto Tal sistema inclui o mercado de insumosagriacutecolas a produccedilatildeo agriacutecola operaccedilotildees de estocagemprocessamento atacado e varejo demarcando um fluxoque vai dos insumos ateacute o consumidor final O conceitoengloba todas as instituiccedilotildees que afetam a coordenaccedilatildeodos estaacutegios sucessivos do fluxo de produtos tais comoas instituiccedilotildees governamentais mercados futuros eassociaccedilotildees de comeacutercio

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Batalha amp Silva (2001) apresentam a distinccedilatildeo entreos termos Sistema Agroindustrial (SAG) e SistemaAgroalimentar O Sistema Agroalimentar engloba todasas firmas que tecircm como atividade principal a geraccedilatildeo dealimentos Jaacute o termo Sistema Agroindustrial eacute mais amploenvolvendo todas as firmas contidas no SistemaAgroalimentar e tambeacutem outros segmentos agroindustriaistais como madeira fibras vegetais couro entre outrosPortanto o Sistema Agroalimentar estaacute contido no SistemaAgroindustrial

As duas grandes correntes que desenvolveram oconceito teoacuterico de SAG satildeo originadas das escolasamericanas e francesas Zylbersztajn (2000) consolida eapresenta as caracteriacutesticas baacutesicas dessas duas visotildeesda seguinte forma

21 Enfoque do Sistema de Commodities (CSA)

- Escola americana originada na segunda metadedo seacuteculo XX a partir de trabalhos de Davis amp Goldbergem 1957 e Goldberg em 1968

- Conceito de utilizaccedilatildeo imediata e simples- O modelo teoacuterico possui poder preditivo- Estabelecimento do termo agribusiness- Discussatildeo da especializaccedilatildeo da produccedilatildeo rural e

sua profissionalizaccedilatildeo- Introduccedilatildeo da questatildeo de dependecircncia

intersetorial- Concretizaccedilatildeo da importacircncia do conceito do

agribusiness como um sistema integrado sejaeconomicamente ou socialmente

- Metodologicamente os estudos focalizavam asequumlecircncia de transformaccedilotildees pelas quais passavam osprodutos

- Preocupaccedilatildeo com a capacidade de coordenaccedilatildeodo sistema que eacute afetada pelos ambientes econocircmicos einstitucionais

- Menccedilotildees sobre a importacircncia das relaccedilotildeescontratuais como mecanismos de coordenaccedilatildeo

- Os estudos eram focalizados no sistema de umuacutenico produto e definindo um locus geograacutefico

- Reforccedila as diferenccedilas entre os sistemas doagribusiness e os demais sistemas industriais

- Focaliza estrateacutegias das corporaccedilotildees

22 O Conceito de Cadeia (Filiegravere) Agroalimentar

- O conceito de filiegravere eacute um produto da escola deeconomia industrial francesa

- Aborda a sequumlecircncia de atividades que transformam

uma commodity em produto pronto para o consumidorfinal sem se preocupar com a variaacutevel preccedilo no processode coordenaccedilatildeo

- Originou o conceito de cadeias a partir de relaccedilotildeesintersetoriais

- Focaliza aspectos distributivos e estrateacutegiasgovernamentais embora tambeacutem possa ser utilizado nadefiniccedilatildeo de estrateacutegias no plano da firma

- Esse enfoque considera que as fronteiras dascadeias podem se modificar ao longo do tempo

O conceito de Cadeia (Filiegravere) eacute um produtoda escola de economia industrial francesa que seaplica agrave sequumlecircncia de atividades que transformam umacommodity em um produto pronto para o consumidorfinal Tal conceito pretende aproximar as visotildees daorganizaccedilatildeo industrial das necessidades da gestatildeopuacuteblica (MORVAN citado por ZYLBERSZTAJN2000) Ainda para esse autor o conceito de cadeiaenvolve uma sequumlecircncia de operaccedilotildees que transformammateacuteria-prima em bens Existe uma relaccedilatildeo deinterdependecircncia ou complementaridade entre osagentes da cadeia ou seja a cadeia eacute um sistemamais ou menos capaz de assegurar sua proacutepriatransformaccedilatildeo

Zylbersztajn (2000) ainda apresenta pontos comunsentre essas duas visotildees Tais pontos satildeo resumidos aseguir

- Ambos focalizam o processo produtivo e possuemcaraacuteter descritivo

- Os dois modelos compartilham da base analiacuteticasistecircmica e enfatizam a variaacutevel tecnoloacutegica

- Existe interdependecircncia entre as estrateacutegias noplano da firma e no plano do sistema implicando napossibilidade do desenvolvimento de mecanismossistecircmicos de coordenaccedilatildeo

- Os dois modelos consideram que a integraccedilatildeovertical eacute importante para explicar o mecanismo decoordenaccedilatildeo sistecircmica sendo que os conceitos deintegraccedilatildeo vertical e contratos satildeo substitutos

O primeiro passo para caracterizar e analisar umsistema eacute definir seus objetivos bem como seus limitessubsistemas componentes e contexto externo Ao definirlimites e hierarquias estabelecem-se as interaccedilotildees deseus subsistemas componentes mensuram-se suasentradas e saiacutedas e respectivos desempenhosintermediaacuterios Ao analisar como um sistema opera eacutenecessaacuterio conhecer seus elementos qualificando equantificando (CASTRO 2000)

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 97

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As empresas situadas na estrutura do canal natildeosatildeo as uacutenicas que influenciam o sistema Tambeacutem existemempresas denominadas facilitadoras que satildeoorganizaccedilotildees que mesmo natildeo fazendo parte do eixo centraldo canal possuem funccedilotildees importantes no mesmoConforme ressaltado por Rosembloon citado por Neves(2000) essas satildeo empresas transportadoras de estocagemde processamento de pedidos de propaganda de segurosde pesquisa de mercado agecircncias financeiras entre outras

3 DESENHO DA CADEIA IDENTIFICACcedilAtildeO DOSSETORES E QUANTIFICACcedilAtildeO DO SAG DO TRIGO

A partir da revisatildeo bibliograacutefica e de entrevistaspessoais com especialistas do setor (executivos epesquisadores) estruturou-se o desenho simplificado doSAG do Trigo no Brasil no qual os principais setores foramquantificados (faturamento do setor obtido com acomercializaccedilatildeo na cadeia do trigo em 2002) O desenhocontendo a estrutura do sistema e a quantificaccedilatildeo dossetores encontra-se anexado no final deste artigo (AnexoA) Essa estrutura conteacutem os diversos segmentosparticipantes no referido sistema posicionados em niacuteveisseguindo o fluxo dos produtos

Para a identificaccedilatildeo dos principais setoresparticipantes do eixo-central da cadeia de valor do trigofoi utilizada a proposta conceitual apresentada porZylbersztajn (2000) Segundo esse autor os SistemasAgroindustriais (cadeias de valor agroindustriais) comportamos seguintes elementos fundamentais para a sua anaacutelisedescritiva os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as

organizaccedilotildees de apoio e o ambiente institucional Taiselementos estatildeo esquematizados na Figura 1

No SAG do Trigo o Setor de Insumos eacute compostopelas seguintes induacutestrias Sementes Defensivos Agriacute-colas Maacutequinas e Implementos Agriacutecolas Fertilizantes eCorretivos Enquanto as Induacutestrias de Defensivos e Maacute-quinas Agriacutecolas satildeo compostas por poucas e grandesempresas multinacionais (Bayer Basf DuPont MonsantoSyngenta AGCO John Deere Valtra entre outras) osSetores de Sementes Fertilizantes e Corretivos satildeo com-postos por inuacutemeras empresas sendo a maioria de peque-no porte O segundo niacutevel do SAG eacute composto pelo con-junto de produtores rurais Estes triticultores estatildeo distri-buiacutedos por vaacuterias regiotildees do Paiacutes no entanto mais de90 da produccedilatildeo ocorre na Regiatildeo Sul do Brasil princi-palmente nos Estados do Paranaacute e Rio Grande do Sul Oterceiro niacutevel do sistema eacute formado pelo beneficiamentoprimaacuterio do trigo que ocorre nos moinhos Embora exis-tam mais de 200 empresas atuantes no mercado a maioriade pequeno porte o setor de moagem brasileiro eacute caracte-rizado pela ociosidade em torno de 47 (GARCIA amp NE-VES 2001) e concentraccedilatildeo (menos de 10 dos moinhosrespondem por mais de 65 da moagem) O quarto niacuteveldo SAG eacute responsaacutevel pelo segundo processo de indus-trializaccedilatildeo Assim esse setor eacute constituiacutedo pela Induacutestriade Alimentos (Panificaccedilatildeo Biscoitos e Massas Alimentiacuteci-as) Embora existam vaacuterias empresas atuando nessas in-duacutestrias em especial no segmento de massas alimentiacuteciaso setor eacute caracterizado pelo domiacutenio de mercado exercidopelas grandes empresas (Nestleacute Socma entre outras)

FIGURA 1 Sistema de Agribusiness e Transaccedilotildees tiacutepicas

Insumos

Agricultura Induacutestria

Alimentos e Fibras

Distribuiccedilatildeo Atacado

Distribuiccedilatildeo Varejo

C O N S U M

I D O

T1

T2

T3

T4

T5

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

Fonte Zylbersztajn (2000)

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas Firmas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

T1 T

2T

3 T4 T

5

C O N

S U M I D O R

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Os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os integrantes doquinto e sexto niacuteveis do SAG O setor atacadista brasileiroeacute composto por 800 mil pontos de vendas e uma aacuterea dearmazenagem de 4 milhotildees de metros quadrados sendoque as dez maiores empresas satildeo responsaacuteveis por cercade 18 do faturamento deste segmento O sexto niacutevel doSAG eacute o setor varejista Nesse setor para a distribuiccedilatildeo dederivados do trigo destacam-se o auto-serviccedilo as padariase as empresas de refeiccedilotildees coletivas O auto-serviccediloalimentar eacute caracterizado pela existecircncia de um grandenuacutemero de estabelecimentos (cerca de 70000 lojas) emboraas cinco maiores redes representem cerca de 40 dofaturamento do setor Os derivados do trigo (patildees farinhasbiscoitos massas e outros) produtos essenciais naalimentaccedilatildeo correspondem a 82 do faturamento dossupermercados Aproximadamente 50 mil padarias estatildeoem atividade no Paiacutes sendo a maioria (73) de pequenoporte 22 de porte meacutedio e 5 de grande porteAproximadamente 33 do faturamento das padarias eacuteobtido com a comercializaccedilatildeo de derivados do trigo Osetor de refeiccedilotildees coletivas como um todo fornece 49milhotildees de refeiccedilotildeesdia movimenta uma cifra superior aUS$ 13 bilhatildeo por ano oferece 150 mil empregos diretosconsome diariamente um volume de 25 mil toneladas dealimentos e representa para o governo uma receita anualsuperior a US$ 300 milhotildees entre impostos e contribuiccedilotildeesOs derivados do trigo (patildeo farinha e macarratildeo) satildeoresponsaacuteveis por cerca de 8 do valor dos ingredientesdas refeiccedilotildees coletivas

As principais caracteriacutesticas dos consumidoresfinais no Brasil satildeo a diversidade (demograacuteficacomportamental geograacutefica e psicograacutefica) e o baixo poderaquisitivo da maioria da populaccedilatildeo O pequeno consumoper capita de alguns derivados do trigo em especial dasmassas alimentiacutecias (57 kgano) natildeo eacute explicado somentepelo baixo poder aquisitivo da populaccedilatildeo mas tambeacutempor haacutebitos alimentares O brasileiro historicamente adotouo arroz como a principal fonte de carboidratos na suaalimentaccedilatildeo

4 PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeO DO SISTEMA

Cerca de 50 especialistas (executivos do setorpesquisadores e lideranccedilas setoriais) reunidos noWorkshop realizado no dia 09 de maio de 2003 nasdependecircncias da Faculdade de Economia Administraccedilatildeoe Contabilidade (FEA) da Universidade de Satildeo Paulo(USP) elaboram conjuntamente a seguinte lista deprincipais problemas de coordenaccedilatildeo existentes no SAG

do Trigo no Brasil Falta de integraccedilatildeo entre os diversos setores atuantes

no sistema Baixo consumo per capita de alguns derivados do trigo

(principalmente massas e patildees) A produccedilatildeo nacional de trigo eacute pequena em relaccedilatildeo a

quantidade demandada pela cadeia Necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa

agropecuaacuteria visando ganhos de produtividade de aptidatildeoqualitativa

Falta de um plano de comunicaccedilatildeo para toda cadeia Problemas de informalidade gerando concorrecircncia

desleal e ameaccedilando a qualidade do sistema Matildeo-de-obra desqualificada atuando em diversas partes

do sistema em especial nas padarias Existecircncia de defasagem tecnoloacutegica nas padarias Escassez de recursos puacuteblicos de financiamento de

custeio e investimento no Setor Problemas fiscais originados por impostos em cascata e

falta de equalizaccedilatildeo

5 ACcedilOtildeES COLETIVAS PROPOSTAS PARAMINIMIZAR OS PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeODA CADEIA

Apoacutes o levantamento dos problemas decoordenaccedilatildeo existentes na cadeia os especialistasreunidos no Workshop elaboraram em conjunto uma listade accedilotildees coletivas que podem minimizar esses problemasAs principais accedilotildees propostas foram

Articulaccedilatildeo da cadeia Foi observada a necessidadeimediata do desenvolvimento de uma estruturaorganizacional que permita a integraccedilatildeo total entre osdiferentes elos do sistema e suas respectivasassociaccedilotildees setoriais Sugeriu-se a criaccedilatildeo do TrigoBrasil

Aumento do consumo dos derivados do trigo O baixoconsumo per capita do trigo no Brasil vai aleacutem do debatesobre os conhecidos problemas de baixa e maacute distribuiccedilatildeode renda da populaccedilatildeo brasileira sendo tambeacutem resultadodos haacutebitos alimentares existentes no Paiacutes e de tabuscomo patildeo e massas engordam Contrastando comdiversos outros paiacuteses a base de carboidratos na dietaalimentar do brasileiro eacute o arroz e natildeo os derivados detrigo como as massas e os panificados Desenvolver opaladar e o costume do brasileiro pelas diversas receitasbaseadas nos derivados do trigo eacute uma accedilatildeo importantepara toda a cadeia do Trigo

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 99

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Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

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6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

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Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

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ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

ROSSI R M et al102

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Toda a sequumlecircncia metodoloacutegica apresentadaanteriormente foi realizada pelos autores durante o ano de2003 A coleta de dados primaacuterios ocorreu por meio deentrevistas pessoais por telefone e por e-mail com maisde cem especialistas do setor A validaccedilatildeo dos resultadosobtidos e o levantamento de problemas de coordenaccedilatildeodo sistema ocorreram em um workshop composto porcinquumlenta especialistas dos diversos segmentos do SAGdo Trigo desde o fornecimento de insumos agriacutecolas ateacute adistribuiccedilatildeo dos produtos finais Os principais resultadosdessa pesquisa estatildeo resumidos nesse artigo Objetivou-se com o presente artigo identificar os principais problemasde coordenaccedilatildeo existentes no Sistema Agroindustrial doTrigo no Brasil Para atingir esse objetivo geral osseguintes objetivos especiacuteficos devem ter sido alcanccediladosao final do texto

Formulaccedilatildeo do desenho do SAG do Trigo no Brasil A identificaccedilatildeo dos principais setores participantes no

referido Sistema A quantificaccedilatildeo dos setores (faturamento de cada Setor

no ano de 2002) A identificaccedilatildeo de problemas de coordenaccedilatildeo por meio

da formaccedilatildeo de grupos de foco com especialistas dosetor

A elaboraccedilatildeo de uma agenda de trabalho contendo accedilotildeescoletivas que podem minimizar os problemas decoordenaccedilatildeo existentes no sistema

2 REFERENCIAL TEOacuteRICO

Embora os termos cadeia e rede sejam muitasvezes utilizados indistintamente teoricamente tais termosnatildeo satildeo similares O termo cadeia eacute muito utilizado pelosestudos denominados Supply Chain (Cadeia deSuprimentos)

Uma Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) eacute umarede de organizaccedilotildees que estatildeo envolvidas diretamentecorrente abaixo (jusante) ou corrente acima (montante)

em diferentes processos ou atividades que agregam valorna elaboraccedilatildeo de produtos e serviccedilos ateacute chegar aoconsumidor final (CHRISTOPHER citado por OMTA etal 2001)

Jaacute uma rede (network) pode ser definida comoum grupo ou grupos de atores finitos e a relaccedilatildeo ourelaccedilotildees entre eles (WASSERMAN amp FAUST citadospor OMTA et al 2001) A anaacutelise de redes (network)estuda as caracteriacutesticas e a organizaccedilatildeo de redesformais e informais Nesse tipo de anaacutelise a capacidadede uma companhia criar valor eacute altamente dependente

de seu posicionamento na rede (OMTA et al 2001)Conforme observado por Omta et al (2001) tanto a

Cadeia de Suprimentos (supply chain) quanto agraves redessatildeo conjuntos de organizaccedilotildees que manteacutem algum tipo deconexatildeo Enquanto a Cadeia de Suprimentos estaacute focadana ordem sequumlencial de transaccedilotildees os estudos de redesestatildeo voltados agrave propriedades especiacuteficas dessastransaccedilotildees (OMTA et al 2001)

Lazzarini et al (2001) integram as anaacutelises de supplychain e network em um novo e amplo estudo denominadonetchains Para esses autores a integraccedilatildeo dessas duasabordagens permite a consideraccedilatildeo de todos os tipos deinterdependecircncias organizacionais existentes em uma redeassim como os diferentes mecanismos de coordenaccedilatildeo(detalhamento do plano gerencial padronizaccedilatildeo de processose ajustes muacutetuos) e fontes de valor (otimizaccedilatildeo da produccedilatildeoe operaccedilotildees reduccedilatildeo dos custos de transaccedilatildeo diversidade eco-especializaccedilatildeo de conhecimentos entre outros)

Segundo Castro (2000) as cadeias produtivas satildeoformadas por sistemas produtivos que operam em diferentesecossistemas ou sistemas naturais aleacutem de diversasinstituiccedilotildees de apoio (instituiccedilotildees de creacutedito pesquisaassistecircncia teacutecnica e outras) e um aparato legal e normativoO agronegoacutecio de uma determinada regiatildeo eacute formado por umconjunto das cadeias produtivas Assim poliacuteticas agriacutecolaseficazes (creacutedito agriacutecola creacutedito para pesquisa normas deimpostos e taxas serviccedilos de apoio entre outras) soacute podemser estabelecidas a partir de uma visatildeo sistecircmica do negoacutecio

Castro (2000 p 4) define cadeia produtiva com asseguintes palavras

A cadeia produtiva eacute um conjunto de componentesinterativos incluindo os sistemas produtivosfornecedores de insumos e serviccedilos induacutestrias deprocessamento e transformaccedilatildeo agentes de distribuiccedilatildeoe comercializaccedilatildeo aleacutem de consumidores finais

Segundo Goldberg citado por Zylbersztajn (2000)

Um sistema de commodities engloba todos os atoresenvolvidos com a produccedilatildeo processamento e distribuiccedilatildeode um produto Tal sistema inclui o mercado de insumosagriacutecolas a produccedilatildeo agriacutecola operaccedilotildees de estocagemprocessamento atacado e varejo demarcando um fluxoque vai dos insumos ateacute o consumidor final O conceitoengloba todas as instituiccedilotildees que afetam a coordenaccedilatildeodos estaacutegios sucessivos do fluxo de produtos tais comoas instituiccedilotildees governamentais mercados futuros eassociaccedilotildees de comeacutercio

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Batalha amp Silva (2001) apresentam a distinccedilatildeo entreos termos Sistema Agroindustrial (SAG) e SistemaAgroalimentar O Sistema Agroalimentar engloba todasas firmas que tecircm como atividade principal a geraccedilatildeo dealimentos Jaacute o termo Sistema Agroindustrial eacute mais amploenvolvendo todas as firmas contidas no SistemaAgroalimentar e tambeacutem outros segmentos agroindustriaistais como madeira fibras vegetais couro entre outrosPortanto o Sistema Agroalimentar estaacute contido no SistemaAgroindustrial

As duas grandes correntes que desenvolveram oconceito teoacuterico de SAG satildeo originadas das escolasamericanas e francesas Zylbersztajn (2000) consolida eapresenta as caracteriacutesticas baacutesicas dessas duas visotildeesda seguinte forma

21 Enfoque do Sistema de Commodities (CSA)

- Escola americana originada na segunda metadedo seacuteculo XX a partir de trabalhos de Davis amp Goldbergem 1957 e Goldberg em 1968

- Conceito de utilizaccedilatildeo imediata e simples- O modelo teoacuterico possui poder preditivo- Estabelecimento do termo agribusiness- Discussatildeo da especializaccedilatildeo da produccedilatildeo rural e

sua profissionalizaccedilatildeo- Introduccedilatildeo da questatildeo de dependecircncia

intersetorial- Concretizaccedilatildeo da importacircncia do conceito do

agribusiness como um sistema integrado sejaeconomicamente ou socialmente

- Metodologicamente os estudos focalizavam asequumlecircncia de transformaccedilotildees pelas quais passavam osprodutos

- Preocupaccedilatildeo com a capacidade de coordenaccedilatildeodo sistema que eacute afetada pelos ambientes econocircmicos einstitucionais

- Menccedilotildees sobre a importacircncia das relaccedilotildeescontratuais como mecanismos de coordenaccedilatildeo

- Os estudos eram focalizados no sistema de umuacutenico produto e definindo um locus geograacutefico

- Reforccedila as diferenccedilas entre os sistemas doagribusiness e os demais sistemas industriais

- Focaliza estrateacutegias das corporaccedilotildees

22 O Conceito de Cadeia (Filiegravere) Agroalimentar

- O conceito de filiegravere eacute um produto da escola deeconomia industrial francesa

- Aborda a sequumlecircncia de atividades que transformam

uma commodity em produto pronto para o consumidorfinal sem se preocupar com a variaacutevel preccedilo no processode coordenaccedilatildeo

- Originou o conceito de cadeias a partir de relaccedilotildeesintersetoriais

- Focaliza aspectos distributivos e estrateacutegiasgovernamentais embora tambeacutem possa ser utilizado nadefiniccedilatildeo de estrateacutegias no plano da firma

- Esse enfoque considera que as fronteiras dascadeias podem se modificar ao longo do tempo

O conceito de Cadeia (Filiegravere) eacute um produtoda escola de economia industrial francesa que seaplica agrave sequumlecircncia de atividades que transformam umacommodity em um produto pronto para o consumidorfinal Tal conceito pretende aproximar as visotildees daorganizaccedilatildeo industrial das necessidades da gestatildeopuacuteblica (MORVAN citado por ZYLBERSZTAJN2000) Ainda para esse autor o conceito de cadeiaenvolve uma sequumlecircncia de operaccedilotildees que transformammateacuteria-prima em bens Existe uma relaccedilatildeo deinterdependecircncia ou complementaridade entre osagentes da cadeia ou seja a cadeia eacute um sistemamais ou menos capaz de assegurar sua proacutepriatransformaccedilatildeo

Zylbersztajn (2000) ainda apresenta pontos comunsentre essas duas visotildees Tais pontos satildeo resumidos aseguir

- Ambos focalizam o processo produtivo e possuemcaraacuteter descritivo

- Os dois modelos compartilham da base analiacuteticasistecircmica e enfatizam a variaacutevel tecnoloacutegica

- Existe interdependecircncia entre as estrateacutegias noplano da firma e no plano do sistema implicando napossibilidade do desenvolvimento de mecanismossistecircmicos de coordenaccedilatildeo

- Os dois modelos consideram que a integraccedilatildeovertical eacute importante para explicar o mecanismo decoordenaccedilatildeo sistecircmica sendo que os conceitos deintegraccedilatildeo vertical e contratos satildeo substitutos

O primeiro passo para caracterizar e analisar umsistema eacute definir seus objetivos bem como seus limitessubsistemas componentes e contexto externo Ao definirlimites e hierarquias estabelecem-se as interaccedilotildees deseus subsistemas componentes mensuram-se suasentradas e saiacutedas e respectivos desempenhosintermediaacuterios Ao analisar como um sistema opera eacutenecessaacuterio conhecer seus elementos qualificando equantificando (CASTRO 2000)

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As empresas situadas na estrutura do canal natildeosatildeo as uacutenicas que influenciam o sistema Tambeacutem existemempresas denominadas facilitadoras que satildeoorganizaccedilotildees que mesmo natildeo fazendo parte do eixo centraldo canal possuem funccedilotildees importantes no mesmoConforme ressaltado por Rosembloon citado por Neves(2000) essas satildeo empresas transportadoras de estocagemde processamento de pedidos de propaganda de segurosde pesquisa de mercado agecircncias financeiras entre outras

3 DESENHO DA CADEIA IDENTIFICACcedilAtildeO DOSSETORES E QUANTIFICACcedilAtildeO DO SAG DO TRIGO

A partir da revisatildeo bibliograacutefica e de entrevistaspessoais com especialistas do setor (executivos epesquisadores) estruturou-se o desenho simplificado doSAG do Trigo no Brasil no qual os principais setores foramquantificados (faturamento do setor obtido com acomercializaccedilatildeo na cadeia do trigo em 2002) O desenhocontendo a estrutura do sistema e a quantificaccedilatildeo dossetores encontra-se anexado no final deste artigo (AnexoA) Essa estrutura conteacutem os diversos segmentosparticipantes no referido sistema posicionados em niacuteveisseguindo o fluxo dos produtos

Para a identificaccedilatildeo dos principais setoresparticipantes do eixo-central da cadeia de valor do trigofoi utilizada a proposta conceitual apresentada porZylbersztajn (2000) Segundo esse autor os SistemasAgroindustriais (cadeias de valor agroindustriais) comportamos seguintes elementos fundamentais para a sua anaacutelisedescritiva os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as

organizaccedilotildees de apoio e o ambiente institucional Taiselementos estatildeo esquematizados na Figura 1

No SAG do Trigo o Setor de Insumos eacute compostopelas seguintes induacutestrias Sementes Defensivos Agriacute-colas Maacutequinas e Implementos Agriacutecolas Fertilizantes eCorretivos Enquanto as Induacutestrias de Defensivos e Maacute-quinas Agriacutecolas satildeo compostas por poucas e grandesempresas multinacionais (Bayer Basf DuPont MonsantoSyngenta AGCO John Deere Valtra entre outras) osSetores de Sementes Fertilizantes e Corretivos satildeo com-postos por inuacutemeras empresas sendo a maioria de peque-no porte O segundo niacutevel do SAG eacute composto pelo con-junto de produtores rurais Estes triticultores estatildeo distri-buiacutedos por vaacuterias regiotildees do Paiacutes no entanto mais de90 da produccedilatildeo ocorre na Regiatildeo Sul do Brasil princi-palmente nos Estados do Paranaacute e Rio Grande do Sul Oterceiro niacutevel do sistema eacute formado pelo beneficiamentoprimaacuterio do trigo que ocorre nos moinhos Embora exis-tam mais de 200 empresas atuantes no mercado a maioriade pequeno porte o setor de moagem brasileiro eacute caracte-rizado pela ociosidade em torno de 47 (GARCIA amp NE-VES 2001) e concentraccedilatildeo (menos de 10 dos moinhosrespondem por mais de 65 da moagem) O quarto niacuteveldo SAG eacute responsaacutevel pelo segundo processo de indus-trializaccedilatildeo Assim esse setor eacute constituiacutedo pela Induacutestriade Alimentos (Panificaccedilatildeo Biscoitos e Massas Alimentiacuteci-as) Embora existam vaacuterias empresas atuando nessas in-duacutestrias em especial no segmento de massas alimentiacuteciaso setor eacute caracterizado pelo domiacutenio de mercado exercidopelas grandes empresas (Nestleacute Socma entre outras)

FIGURA 1 Sistema de Agribusiness e Transaccedilotildees tiacutepicas

Insumos

Agricultura Induacutestria

Alimentos e Fibras

Distribuiccedilatildeo Atacado

Distribuiccedilatildeo Varejo

C O N S U M

I D O

T1

T2

T3

T4

T5

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

Fonte Zylbersztajn (2000)

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas Firmas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

T1 T

2T

3 T4 T

5

C O N

S U M I D O R

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Os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os integrantes doquinto e sexto niacuteveis do SAG O setor atacadista brasileiroeacute composto por 800 mil pontos de vendas e uma aacuterea dearmazenagem de 4 milhotildees de metros quadrados sendoque as dez maiores empresas satildeo responsaacuteveis por cercade 18 do faturamento deste segmento O sexto niacutevel doSAG eacute o setor varejista Nesse setor para a distribuiccedilatildeo dederivados do trigo destacam-se o auto-serviccedilo as padariase as empresas de refeiccedilotildees coletivas O auto-serviccediloalimentar eacute caracterizado pela existecircncia de um grandenuacutemero de estabelecimentos (cerca de 70000 lojas) emboraas cinco maiores redes representem cerca de 40 dofaturamento do setor Os derivados do trigo (patildees farinhasbiscoitos massas e outros) produtos essenciais naalimentaccedilatildeo correspondem a 82 do faturamento dossupermercados Aproximadamente 50 mil padarias estatildeoem atividade no Paiacutes sendo a maioria (73) de pequenoporte 22 de porte meacutedio e 5 de grande porteAproximadamente 33 do faturamento das padarias eacuteobtido com a comercializaccedilatildeo de derivados do trigo Osetor de refeiccedilotildees coletivas como um todo fornece 49milhotildees de refeiccedilotildeesdia movimenta uma cifra superior aUS$ 13 bilhatildeo por ano oferece 150 mil empregos diretosconsome diariamente um volume de 25 mil toneladas dealimentos e representa para o governo uma receita anualsuperior a US$ 300 milhotildees entre impostos e contribuiccedilotildeesOs derivados do trigo (patildeo farinha e macarratildeo) satildeoresponsaacuteveis por cerca de 8 do valor dos ingredientesdas refeiccedilotildees coletivas

As principais caracteriacutesticas dos consumidoresfinais no Brasil satildeo a diversidade (demograacuteficacomportamental geograacutefica e psicograacutefica) e o baixo poderaquisitivo da maioria da populaccedilatildeo O pequeno consumoper capita de alguns derivados do trigo em especial dasmassas alimentiacutecias (57 kgano) natildeo eacute explicado somentepelo baixo poder aquisitivo da populaccedilatildeo mas tambeacutempor haacutebitos alimentares O brasileiro historicamente adotouo arroz como a principal fonte de carboidratos na suaalimentaccedilatildeo

4 PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeO DO SISTEMA

Cerca de 50 especialistas (executivos do setorpesquisadores e lideranccedilas setoriais) reunidos noWorkshop realizado no dia 09 de maio de 2003 nasdependecircncias da Faculdade de Economia Administraccedilatildeoe Contabilidade (FEA) da Universidade de Satildeo Paulo(USP) elaboram conjuntamente a seguinte lista deprincipais problemas de coordenaccedilatildeo existentes no SAG

do Trigo no Brasil Falta de integraccedilatildeo entre os diversos setores atuantes

no sistema Baixo consumo per capita de alguns derivados do trigo

(principalmente massas e patildees) A produccedilatildeo nacional de trigo eacute pequena em relaccedilatildeo a

quantidade demandada pela cadeia Necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa

agropecuaacuteria visando ganhos de produtividade de aptidatildeoqualitativa

Falta de um plano de comunicaccedilatildeo para toda cadeia Problemas de informalidade gerando concorrecircncia

desleal e ameaccedilando a qualidade do sistema Matildeo-de-obra desqualificada atuando em diversas partes

do sistema em especial nas padarias Existecircncia de defasagem tecnoloacutegica nas padarias Escassez de recursos puacuteblicos de financiamento de

custeio e investimento no Setor Problemas fiscais originados por impostos em cascata e

falta de equalizaccedilatildeo

5 ACcedilOtildeES COLETIVAS PROPOSTAS PARAMINIMIZAR OS PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeODA CADEIA

Apoacutes o levantamento dos problemas decoordenaccedilatildeo existentes na cadeia os especialistasreunidos no Workshop elaboraram em conjunto uma listade accedilotildees coletivas que podem minimizar esses problemasAs principais accedilotildees propostas foram

Articulaccedilatildeo da cadeia Foi observada a necessidadeimediata do desenvolvimento de uma estruturaorganizacional que permita a integraccedilatildeo total entre osdiferentes elos do sistema e suas respectivasassociaccedilotildees setoriais Sugeriu-se a criaccedilatildeo do TrigoBrasil

Aumento do consumo dos derivados do trigo O baixoconsumo per capita do trigo no Brasil vai aleacutem do debatesobre os conhecidos problemas de baixa e maacute distribuiccedilatildeode renda da populaccedilatildeo brasileira sendo tambeacutem resultadodos haacutebitos alimentares existentes no Paiacutes e de tabuscomo patildeo e massas engordam Contrastando comdiversos outros paiacuteses a base de carboidratos na dietaalimentar do brasileiro eacute o arroz e natildeo os derivados detrigo como as massas e os panificados Desenvolver opaladar e o costume do brasileiro pelas diversas receitasbaseadas nos derivados do trigo eacute uma accedilatildeo importantepara toda a cadeia do Trigo

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Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

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6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

CASTRO A M G de Anaacutelise da competitividade decadeias produtivas In WORKSHOP DE CADEIASPRODUTIVAS E EXTENSAtildeO RURAL NA AMAZOcircNIA1 2000 Manaus Anais Manaus EMBRAPA 2000p 1-18

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOAcompanhamento de safras Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel emlthttpwwwconaborgbrgt Acesso em 2 jul 2004

GARCIA L A F NEVES E M Medidas de concentraccedilatildeoindustrial da moagem de trigo no Brasil In CONGRESSOINTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTAtildeO DENEGOacuteCIOS (NETWORKS) AGROALIMENTARES 32001 Ribeiratildeo Preto Anais Ribeiratildeo Preto PENSA 2001p 1-13

LAZZARINI S G CHADDAD F R COOK M LIntegrating supply chain and network analyses the studyof netchains Journal on Chain and Network ScienceWageningen v 1 n 1 p 7-22 2001

NEVES M F Marketing no agribusiness InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 109-136

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

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NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

ROSSI R M et al102

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Page 4: QUANTIFICAÇÃO E COORDENAÇÃO DE SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS…ageconsearch.umn.edu/record/44037/files/revista_v7_n1_jan-abr_2005... · Palavras-chave: sistemas agroindustriais,

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Batalha amp Silva (2001) apresentam a distinccedilatildeo entreos termos Sistema Agroindustrial (SAG) e SistemaAgroalimentar O Sistema Agroalimentar engloba todasas firmas que tecircm como atividade principal a geraccedilatildeo dealimentos Jaacute o termo Sistema Agroindustrial eacute mais amploenvolvendo todas as firmas contidas no SistemaAgroalimentar e tambeacutem outros segmentos agroindustriaistais como madeira fibras vegetais couro entre outrosPortanto o Sistema Agroalimentar estaacute contido no SistemaAgroindustrial

As duas grandes correntes que desenvolveram oconceito teoacuterico de SAG satildeo originadas das escolasamericanas e francesas Zylbersztajn (2000) consolida eapresenta as caracteriacutesticas baacutesicas dessas duas visotildeesda seguinte forma

21 Enfoque do Sistema de Commodities (CSA)

- Escola americana originada na segunda metadedo seacuteculo XX a partir de trabalhos de Davis amp Goldbergem 1957 e Goldberg em 1968

- Conceito de utilizaccedilatildeo imediata e simples- O modelo teoacuterico possui poder preditivo- Estabelecimento do termo agribusiness- Discussatildeo da especializaccedilatildeo da produccedilatildeo rural e

sua profissionalizaccedilatildeo- Introduccedilatildeo da questatildeo de dependecircncia

intersetorial- Concretizaccedilatildeo da importacircncia do conceito do

agribusiness como um sistema integrado sejaeconomicamente ou socialmente

- Metodologicamente os estudos focalizavam asequumlecircncia de transformaccedilotildees pelas quais passavam osprodutos

- Preocupaccedilatildeo com a capacidade de coordenaccedilatildeodo sistema que eacute afetada pelos ambientes econocircmicos einstitucionais

- Menccedilotildees sobre a importacircncia das relaccedilotildeescontratuais como mecanismos de coordenaccedilatildeo

- Os estudos eram focalizados no sistema de umuacutenico produto e definindo um locus geograacutefico

- Reforccedila as diferenccedilas entre os sistemas doagribusiness e os demais sistemas industriais

- Focaliza estrateacutegias das corporaccedilotildees

22 O Conceito de Cadeia (Filiegravere) Agroalimentar

- O conceito de filiegravere eacute um produto da escola deeconomia industrial francesa

- Aborda a sequumlecircncia de atividades que transformam

uma commodity em produto pronto para o consumidorfinal sem se preocupar com a variaacutevel preccedilo no processode coordenaccedilatildeo

- Originou o conceito de cadeias a partir de relaccedilotildeesintersetoriais

- Focaliza aspectos distributivos e estrateacutegiasgovernamentais embora tambeacutem possa ser utilizado nadefiniccedilatildeo de estrateacutegias no plano da firma

- Esse enfoque considera que as fronteiras dascadeias podem se modificar ao longo do tempo

O conceito de Cadeia (Filiegravere) eacute um produtoda escola de economia industrial francesa que seaplica agrave sequumlecircncia de atividades que transformam umacommodity em um produto pronto para o consumidorfinal Tal conceito pretende aproximar as visotildees daorganizaccedilatildeo industrial das necessidades da gestatildeopuacuteblica (MORVAN citado por ZYLBERSZTAJN2000) Ainda para esse autor o conceito de cadeiaenvolve uma sequumlecircncia de operaccedilotildees que transformammateacuteria-prima em bens Existe uma relaccedilatildeo deinterdependecircncia ou complementaridade entre osagentes da cadeia ou seja a cadeia eacute um sistemamais ou menos capaz de assegurar sua proacutepriatransformaccedilatildeo

Zylbersztajn (2000) ainda apresenta pontos comunsentre essas duas visotildees Tais pontos satildeo resumidos aseguir

- Ambos focalizam o processo produtivo e possuemcaraacuteter descritivo

- Os dois modelos compartilham da base analiacuteticasistecircmica e enfatizam a variaacutevel tecnoloacutegica

- Existe interdependecircncia entre as estrateacutegias noplano da firma e no plano do sistema implicando napossibilidade do desenvolvimento de mecanismossistecircmicos de coordenaccedilatildeo

- Os dois modelos consideram que a integraccedilatildeovertical eacute importante para explicar o mecanismo decoordenaccedilatildeo sistecircmica sendo que os conceitos deintegraccedilatildeo vertical e contratos satildeo substitutos

O primeiro passo para caracterizar e analisar umsistema eacute definir seus objetivos bem como seus limitessubsistemas componentes e contexto externo Ao definirlimites e hierarquias estabelecem-se as interaccedilotildees deseus subsistemas componentes mensuram-se suasentradas e saiacutedas e respectivos desempenhosintermediaacuterios Ao analisar como um sistema opera eacutenecessaacuterio conhecer seus elementos qualificando equantificando (CASTRO 2000)

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 97

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As empresas situadas na estrutura do canal natildeosatildeo as uacutenicas que influenciam o sistema Tambeacutem existemempresas denominadas facilitadoras que satildeoorganizaccedilotildees que mesmo natildeo fazendo parte do eixo centraldo canal possuem funccedilotildees importantes no mesmoConforme ressaltado por Rosembloon citado por Neves(2000) essas satildeo empresas transportadoras de estocagemde processamento de pedidos de propaganda de segurosde pesquisa de mercado agecircncias financeiras entre outras

3 DESENHO DA CADEIA IDENTIFICACcedilAtildeO DOSSETORES E QUANTIFICACcedilAtildeO DO SAG DO TRIGO

A partir da revisatildeo bibliograacutefica e de entrevistaspessoais com especialistas do setor (executivos epesquisadores) estruturou-se o desenho simplificado doSAG do Trigo no Brasil no qual os principais setores foramquantificados (faturamento do setor obtido com acomercializaccedilatildeo na cadeia do trigo em 2002) O desenhocontendo a estrutura do sistema e a quantificaccedilatildeo dossetores encontra-se anexado no final deste artigo (AnexoA) Essa estrutura conteacutem os diversos segmentosparticipantes no referido sistema posicionados em niacuteveisseguindo o fluxo dos produtos

Para a identificaccedilatildeo dos principais setoresparticipantes do eixo-central da cadeia de valor do trigofoi utilizada a proposta conceitual apresentada porZylbersztajn (2000) Segundo esse autor os SistemasAgroindustriais (cadeias de valor agroindustriais) comportamos seguintes elementos fundamentais para a sua anaacutelisedescritiva os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as

organizaccedilotildees de apoio e o ambiente institucional Taiselementos estatildeo esquematizados na Figura 1

No SAG do Trigo o Setor de Insumos eacute compostopelas seguintes induacutestrias Sementes Defensivos Agriacute-colas Maacutequinas e Implementos Agriacutecolas Fertilizantes eCorretivos Enquanto as Induacutestrias de Defensivos e Maacute-quinas Agriacutecolas satildeo compostas por poucas e grandesempresas multinacionais (Bayer Basf DuPont MonsantoSyngenta AGCO John Deere Valtra entre outras) osSetores de Sementes Fertilizantes e Corretivos satildeo com-postos por inuacutemeras empresas sendo a maioria de peque-no porte O segundo niacutevel do SAG eacute composto pelo con-junto de produtores rurais Estes triticultores estatildeo distri-buiacutedos por vaacuterias regiotildees do Paiacutes no entanto mais de90 da produccedilatildeo ocorre na Regiatildeo Sul do Brasil princi-palmente nos Estados do Paranaacute e Rio Grande do Sul Oterceiro niacutevel do sistema eacute formado pelo beneficiamentoprimaacuterio do trigo que ocorre nos moinhos Embora exis-tam mais de 200 empresas atuantes no mercado a maioriade pequeno porte o setor de moagem brasileiro eacute caracte-rizado pela ociosidade em torno de 47 (GARCIA amp NE-VES 2001) e concentraccedilatildeo (menos de 10 dos moinhosrespondem por mais de 65 da moagem) O quarto niacuteveldo SAG eacute responsaacutevel pelo segundo processo de indus-trializaccedilatildeo Assim esse setor eacute constituiacutedo pela Induacutestriade Alimentos (Panificaccedilatildeo Biscoitos e Massas Alimentiacuteci-as) Embora existam vaacuterias empresas atuando nessas in-duacutestrias em especial no segmento de massas alimentiacuteciaso setor eacute caracterizado pelo domiacutenio de mercado exercidopelas grandes empresas (Nestleacute Socma entre outras)

FIGURA 1 Sistema de Agribusiness e Transaccedilotildees tiacutepicas

Insumos

Agricultura Induacutestria

Alimentos e Fibras

Distribuiccedilatildeo Atacado

Distribuiccedilatildeo Varejo

C O N S U M

I D O

T1

T2

T3

T4

T5

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

Fonte Zylbersztajn (2000)

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas Firmas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

T1 T

2T

3 T4 T

5

C O N

S U M I D O R

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Os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os integrantes doquinto e sexto niacuteveis do SAG O setor atacadista brasileiroeacute composto por 800 mil pontos de vendas e uma aacuterea dearmazenagem de 4 milhotildees de metros quadrados sendoque as dez maiores empresas satildeo responsaacuteveis por cercade 18 do faturamento deste segmento O sexto niacutevel doSAG eacute o setor varejista Nesse setor para a distribuiccedilatildeo dederivados do trigo destacam-se o auto-serviccedilo as padariase as empresas de refeiccedilotildees coletivas O auto-serviccediloalimentar eacute caracterizado pela existecircncia de um grandenuacutemero de estabelecimentos (cerca de 70000 lojas) emboraas cinco maiores redes representem cerca de 40 dofaturamento do setor Os derivados do trigo (patildees farinhasbiscoitos massas e outros) produtos essenciais naalimentaccedilatildeo correspondem a 82 do faturamento dossupermercados Aproximadamente 50 mil padarias estatildeoem atividade no Paiacutes sendo a maioria (73) de pequenoporte 22 de porte meacutedio e 5 de grande porteAproximadamente 33 do faturamento das padarias eacuteobtido com a comercializaccedilatildeo de derivados do trigo Osetor de refeiccedilotildees coletivas como um todo fornece 49milhotildees de refeiccedilotildeesdia movimenta uma cifra superior aUS$ 13 bilhatildeo por ano oferece 150 mil empregos diretosconsome diariamente um volume de 25 mil toneladas dealimentos e representa para o governo uma receita anualsuperior a US$ 300 milhotildees entre impostos e contribuiccedilotildeesOs derivados do trigo (patildeo farinha e macarratildeo) satildeoresponsaacuteveis por cerca de 8 do valor dos ingredientesdas refeiccedilotildees coletivas

As principais caracteriacutesticas dos consumidoresfinais no Brasil satildeo a diversidade (demograacuteficacomportamental geograacutefica e psicograacutefica) e o baixo poderaquisitivo da maioria da populaccedilatildeo O pequeno consumoper capita de alguns derivados do trigo em especial dasmassas alimentiacutecias (57 kgano) natildeo eacute explicado somentepelo baixo poder aquisitivo da populaccedilatildeo mas tambeacutempor haacutebitos alimentares O brasileiro historicamente adotouo arroz como a principal fonte de carboidratos na suaalimentaccedilatildeo

4 PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeO DO SISTEMA

Cerca de 50 especialistas (executivos do setorpesquisadores e lideranccedilas setoriais) reunidos noWorkshop realizado no dia 09 de maio de 2003 nasdependecircncias da Faculdade de Economia Administraccedilatildeoe Contabilidade (FEA) da Universidade de Satildeo Paulo(USP) elaboram conjuntamente a seguinte lista deprincipais problemas de coordenaccedilatildeo existentes no SAG

do Trigo no Brasil Falta de integraccedilatildeo entre os diversos setores atuantes

no sistema Baixo consumo per capita de alguns derivados do trigo

(principalmente massas e patildees) A produccedilatildeo nacional de trigo eacute pequena em relaccedilatildeo a

quantidade demandada pela cadeia Necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa

agropecuaacuteria visando ganhos de produtividade de aptidatildeoqualitativa

Falta de um plano de comunicaccedilatildeo para toda cadeia Problemas de informalidade gerando concorrecircncia

desleal e ameaccedilando a qualidade do sistema Matildeo-de-obra desqualificada atuando em diversas partes

do sistema em especial nas padarias Existecircncia de defasagem tecnoloacutegica nas padarias Escassez de recursos puacuteblicos de financiamento de

custeio e investimento no Setor Problemas fiscais originados por impostos em cascata e

falta de equalizaccedilatildeo

5 ACcedilOtildeES COLETIVAS PROPOSTAS PARAMINIMIZAR OS PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeODA CADEIA

Apoacutes o levantamento dos problemas decoordenaccedilatildeo existentes na cadeia os especialistasreunidos no Workshop elaboraram em conjunto uma listade accedilotildees coletivas que podem minimizar esses problemasAs principais accedilotildees propostas foram

Articulaccedilatildeo da cadeia Foi observada a necessidadeimediata do desenvolvimento de uma estruturaorganizacional que permita a integraccedilatildeo total entre osdiferentes elos do sistema e suas respectivasassociaccedilotildees setoriais Sugeriu-se a criaccedilatildeo do TrigoBrasil

Aumento do consumo dos derivados do trigo O baixoconsumo per capita do trigo no Brasil vai aleacutem do debatesobre os conhecidos problemas de baixa e maacute distribuiccedilatildeode renda da populaccedilatildeo brasileira sendo tambeacutem resultadodos haacutebitos alimentares existentes no Paiacutes e de tabuscomo patildeo e massas engordam Contrastando comdiversos outros paiacuteses a base de carboidratos na dietaalimentar do brasileiro eacute o arroz e natildeo os derivados detrigo como as massas e os panificados Desenvolver opaladar e o costume do brasileiro pelas diversas receitasbaseadas nos derivados do trigo eacute uma accedilatildeo importantepara toda a cadeia do Trigo

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Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

ROSSI R M et al100

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6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

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COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOAcompanhamento de safras Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel emlthttpwwwconaborgbrgt Acesso em 2 jul 2004

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LAZZARINI S G CHADDAD F R COOK M LIntegrating supply chain and network analyses the studyof netchains Journal on Chain and Network ScienceWageningen v 1 n 1 p 7-22 2001

NEVES M F Marketing no agribusiness InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 109-136

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n1 p 93-102 2005

NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

ROSSI R M et al102

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n 1 p 93-102 2005

Ane xo A

- A C

ade ia De V

alor do Trigo no B

ra sil

Page 5: QUANTIFICAÇÃO E COORDENAÇÃO DE SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS…ageconsearch.umn.edu/record/44037/files/revista_v7_n1_jan-abr_2005... · Palavras-chave: sistemas agroindustriais,

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 97

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As empresas situadas na estrutura do canal natildeosatildeo as uacutenicas que influenciam o sistema Tambeacutem existemempresas denominadas facilitadoras que satildeoorganizaccedilotildees que mesmo natildeo fazendo parte do eixo centraldo canal possuem funccedilotildees importantes no mesmoConforme ressaltado por Rosembloon citado por Neves(2000) essas satildeo empresas transportadoras de estocagemde processamento de pedidos de propaganda de segurosde pesquisa de mercado agecircncias financeiras entre outras

3 DESENHO DA CADEIA IDENTIFICACcedilAtildeO DOSSETORES E QUANTIFICACcedilAtildeO DO SAG DO TRIGO

A partir da revisatildeo bibliograacutefica e de entrevistaspessoais com especialistas do setor (executivos epesquisadores) estruturou-se o desenho simplificado doSAG do Trigo no Brasil no qual os principais setores foramquantificados (faturamento do setor obtido com acomercializaccedilatildeo na cadeia do trigo em 2002) O desenhocontendo a estrutura do sistema e a quantificaccedilatildeo dossetores encontra-se anexado no final deste artigo (AnexoA) Essa estrutura conteacutem os diversos segmentosparticipantes no referido sistema posicionados em niacuteveisseguindo o fluxo dos produtos

Para a identificaccedilatildeo dos principais setoresparticipantes do eixo-central da cadeia de valor do trigofoi utilizada a proposta conceitual apresentada porZylbersztajn (2000) Segundo esse autor os SistemasAgroindustriais (cadeias de valor agroindustriais) comportamos seguintes elementos fundamentais para a sua anaacutelisedescritiva os agentes as relaccedilotildees entre eles os setores as

organizaccedilotildees de apoio e o ambiente institucional Taiselementos estatildeo esquematizados na Figura 1

No SAG do Trigo o Setor de Insumos eacute compostopelas seguintes induacutestrias Sementes Defensivos Agriacute-colas Maacutequinas e Implementos Agriacutecolas Fertilizantes eCorretivos Enquanto as Induacutestrias de Defensivos e Maacute-quinas Agriacutecolas satildeo compostas por poucas e grandesempresas multinacionais (Bayer Basf DuPont MonsantoSyngenta AGCO John Deere Valtra entre outras) osSetores de Sementes Fertilizantes e Corretivos satildeo com-postos por inuacutemeras empresas sendo a maioria de peque-no porte O segundo niacutevel do SAG eacute composto pelo con-junto de produtores rurais Estes triticultores estatildeo distri-buiacutedos por vaacuterias regiotildees do Paiacutes no entanto mais de90 da produccedilatildeo ocorre na Regiatildeo Sul do Brasil princi-palmente nos Estados do Paranaacute e Rio Grande do Sul Oterceiro niacutevel do sistema eacute formado pelo beneficiamentoprimaacuterio do trigo que ocorre nos moinhos Embora exis-tam mais de 200 empresas atuantes no mercado a maioriade pequeno porte o setor de moagem brasileiro eacute caracte-rizado pela ociosidade em torno de 47 (GARCIA amp NE-VES 2001) e concentraccedilatildeo (menos de 10 dos moinhosrespondem por mais de 65 da moagem) O quarto niacuteveldo SAG eacute responsaacutevel pelo segundo processo de indus-trializaccedilatildeo Assim esse setor eacute constituiacutedo pela Induacutestriade Alimentos (Panificaccedilatildeo Biscoitos e Massas Alimentiacuteci-as) Embora existam vaacuterias empresas atuando nessas in-duacutestrias em especial no segmento de massas alimentiacuteciaso setor eacute caracterizado pelo domiacutenio de mercado exercidopelas grandes empresas (Nestleacute Socma entre outras)

FIGURA 1 Sistema de Agribusiness e Transaccedilotildees tiacutepicas

Insumos

Agricultura Induacutestria

Alimentos e Fibras

Distribuiccedilatildeo Atacado

Distribuiccedilatildeo Varejo

C O N S U M

I D O

T1

T2

T3

T4

T5

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

Fonte Zylbersztajn (2000)

Ambiente Organizacional Associaccedilotildees Informaccedilatildeo Pesquisa Financcedilas Cooperativas Firmas

Ambiente Institucional Cultura Tradiccedilotildees Educaccedilatildeo Costumes

T1 T

2T

3 T4 T

5

C O N

S U M I D O R

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Os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os integrantes doquinto e sexto niacuteveis do SAG O setor atacadista brasileiroeacute composto por 800 mil pontos de vendas e uma aacuterea dearmazenagem de 4 milhotildees de metros quadrados sendoque as dez maiores empresas satildeo responsaacuteveis por cercade 18 do faturamento deste segmento O sexto niacutevel doSAG eacute o setor varejista Nesse setor para a distribuiccedilatildeo dederivados do trigo destacam-se o auto-serviccedilo as padariase as empresas de refeiccedilotildees coletivas O auto-serviccediloalimentar eacute caracterizado pela existecircncia de um grandenuacutemero de estabelecimentos (cerca de 70000 lojas) emboraas cinco maiores redes representem cerca de 40 dofaturamento do setor Os derivados do trigo (patildees farinhasbiscoitos massas e outros) produtos essenciais naalimentaccedilatildeo correspondem a 82 do faturamento dossupermercados Aproximadamente 50 mil padarias estatildeoem atividade no Paiacutes sendo a maioria (73) de pequenoporte 22 de porte meacutedio e 5 de grande porteAproximadamente 33 do faturamento das padarias eacuteobtido com a comercializaccedilatildeo de derivados do trigo Osetor de refeiccedilotildees coletivas como um todo fornece 49milhotildees de refeiccedilotildeesdia movimenta uma cifra superior aUS$ 13 bilhatildeo por ano oferece 150 mil empregos diretosconsome diariamente um volume de 25 mil toneladas dealimentos e representa para o governo uma receita anualsuperior a US$ 300 milhotildees entre impostos e contribuiccedilotildeesOs derivados do trigo (patildeo farinha e macarratildeo) satildeoresponsaacuteveis por cerca de 8 do valor dos ingredientesdas refeiccedilotildees coletivas

As principais caracteriacutesticas dos consumidoresfinais no Brasil satildeo a diversidade (demograacuteficacomportamental geograacutefica e psicograacutefica) e o baixo poderaquisitivo da maioria da populaccedilatildeo O pequeno consumoper capita de alguns derivados do trigo em especial dasmassas alimentiacutecias (57 kgano) natildeo eacute explicado somentepelo baixo poder aquisitivo da populaccedilatildeo mas tambeacutempor haacutebitos alimentares O brasileiro historicamente adotouo arroz como a principal fonte de carboidratos na suaalimentaccedilatildeo

4 PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeO DO SISTEMA

Cerca de 50 especialistas (executivos do setorpesquisadores e lideranccedilas setoriais) reunidos noWorkshop realizado no dia 09 de maio de 2003 nasdependecircncias da Faculdade de Economia Administraccedilatildeoe Contabilidade (FEA) da Universidade de Satildeo Paulo(USP) elaboram conjuntamente a seguinte lista deprincipais problemas de coordenaccedilatildeo existentes no SAG

do Trigo no Brasil Falta de integraccedilatildeo entre os diversos setores atuantes

no sistema Baixo consumo per capita de alguns derivados do trigo

(principalmente massas e patildees) A produccedilatildeo nacional de trigo eacute pequena em relaccedilatildeo a

quantidade demandada pela cadeia Necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa

agropecuaacuteria visando ganhos de produtividade de aptidatildeoqualitativa

Falta de um plano de comunicaccedilatildeo para toda cadeia Problemas de informalidade gerando concorrecircncia

desleal e ameaccedilando a qualidade do sistema Matildeo-de-obra desqualificada atuando em diversas partes

do sistema em especial nas padarias Existecircncia de defasagem tecnoloacutegica nas padarias Escassez de recursos puacuteblicos de financiamento de

custeio e investimento no Setor Problemas fiscais originados por impostos em cascata e

falta de equalizaccedilatildeo

5 ACcedilOtildeES COLETIVAS PROPOSTAS PARAMINIMIZAR OS PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeODA CADEIA

Apoacutes o levantamento dos problemas decoordenaccedilatildeo existentes na cadeia os especialistasreunidos no Workshop elaboraram em conjunto uma listade accedilotildees coletivas que podem minimizar esses problemasAs principais accedilotildees propostas foram

Articulaccedilatildeo da cadeia Foi observada a necessidadeimediata do desenvolvimento de uma estruturaorganizacional que permita a integraccedilatildeo total entre osdiferentes elos do sistema e suas respectivasassociaccedilotildees setoriais Sugeriu-se a criaccedilatildeo do TrigoBrasil

Aumento do consumo dos derivados do trigo O baixoconsumo per capita do trigo no Brasil vai aleacutem do debatesobre os conhecidos problemas de baixa e maacute distribuiccedilatildeode renda da populaccedilatildeo brasileira sendo tambeacutem resultadodos haacutebitos alimentares existentes no Paiacutes e de tabuscomo patildeo e massas engordam Contrastando comdiversos outros paiacuteses a base de carboidratos na dietaalimentar do brasileiro eacute o arroz e natildeo os derivados detrigo como as massas e os panificados Desenvolver opaladar e o costume do brasileiro pelas diversas receitasbaseadas nos derivados do trigo eacute uma accedilatildeo importantepara toda a cadeia do Trigo

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 99

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Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

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6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

CASTRO A M G de Anaacutelise da competitividade decadeias produtivas In WORKSHOP DE CADEIASPRODUTIVAS E EXTENSAtildeO RURAL NA AMAZOcircNIA1 2000 Manaus Anais Manaus EMBRAPA 2000p 1-18

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOAcompanhamento de safras Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel emlthttpwwwconaborgbrgt Acesso em 2 jul 2004

GARCIA L A F NEVES E M Medidas de concentraccedilatildeoindustrial da moagem de trigo no Brasil In CONGRESSOINTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTAtildeO DENEGOacuteCIOS (NETWORKS) AGROALIMENTARES 32001 Ribeiratildeo Preto Anais Ribeiratildeo Preto PENSA 2001p 1-13

LAZZARINI S G CHADDAD F R COOK M LIntegrating supply chain and network analyses the studyof netchains Journal on Chain and Network ScienceWageningen v 1 n 1 p 7-22 2001

NEVES M F Marketing no agribusiness InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 109-136

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n1 p 93-102 2005

NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

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ROSSI R M et al98

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Os canais de distribuiccedilatildeo satildeo os integrantes doquinto e sexto niacuteveis do SAG O setor atacadista brasileiroeacute composto por 800 mil pontos de vendas e uma aacuterea dearmazenagem de 4 milhotildees de metros quadrados sendoque as dez maiores empresas satildeo responsaacuteveis por cercade 18 do faturamento deste segmento O sexto niacutevel doSAG eacute o setor varejista Nesse setor para a distribuiccedilatildeo dederivados do trigo destacam-se o auto-serviccedilo as padariase as empresas de refeiccedilotildees coletivas O auto-serviccediloalimentar eacute caracterizado pela existecircncia de um grandenuacutemero de estabelecimentos (cerca de 70000 lojas) emboraas cinco maiores redes representem cerca de 40 dofaturamento do setor Os derivados do trigo (patildees farinhasbiscoitos massas e outros) produtos essenciais naalimentaccedilatildeo correspondem a 82 do faturamento dossupermercados Aproximadamente 50 mil padarias estatildeoem atividade no Paiacutes sendo a maioria (73) de pequenoporte 22 de porte meacutedio e 5 de grande porteAproximadamente 33 do faturamento das padarias eacuteobtido com a comercializaccedilatildeo de derivados do trigo Osetor de refeiccedilotildees coletivas como um todo fornece 49milhotildees de refeiccedilotildeesdia movimenta uma cifra superior aUS$ 13 bilhatildeo por ano oferece 150 mil empregos diretosconsome diariamente um volume de 25 mil toneladas dealimentos e representa para o governo uma receita anualsuperior a US$ 300 milhotildees entre impostos e contribuiccedilotildeesOs derivados do trigo (patildeo farinha e macarratildeo) satildeoresponsaacuteveis por cerca de 8 do valor dos ingredientesdas refeiccedilotildees coletivas

As principais caracteriacutesticas dos consumidoresfinais no Brasil satildeo a diversidade (demograacuteficacomportamental geograacutefica e psicograacutefica) e o baixo poderaquisitivo da maioria da populaccedilatildeo O pequeno consumoper capita de alguns derivados do trigo em especial dasmassas alimentiacutecias (57 kgano) natildeo eacute explicado somentepelo baixo poder aquisitivo da populaccedilatildeo mas tambeacutempor haacutebitos alimentares O brasileiro historicamente adotouo arroz como a principal fonte de carboidratos na suaalimentaccedilatildeo

4 PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeO DO SISTEMA

Cerca de 50 especialistas (executivos do setorpesquisadores e lideranccedilas setoriais) reunidos noWorkshop realizado no dia 09 de maio de 2003 nasdependecircncias da Faculdade de Economia Administraccedilatildeoe Contabilidade (FEA) da Universidade de Satildeo Paulo(USP) elaboram conjuntamente a seguinte lista deprincipais problemas de coordenaccedilatildeo existentes no SAG

do Trigo no Brasil Falta de integraccedilatildeo entre os diversos setores atuantes

no sistema Baixo consumo per capita de alguns derivados do trigo

(principalmente massas e patildees) A produccedilatildeo nacional de trigo eacute pequena em relaccedilatildeo a

quantidade demandada pela cadeia Necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa

agropecuaacuteria visando ganhos de produtividade de aptidatildeoqualitativa

Falta de um plano de comunicaccedilatildeo para toda cadeia Problemas de informalidade gerando concorrecircncia

desleal e ameaccedilando a qualidade do sistema Matildeo-de-obra desqualificada atuando em diversas partes

do sistema em especial nas padarias Existecircncia de defasagem tecnoloacutegica nas padarias Escassez de recursos puacuteblicos de financiamento de

custeio e investimento no Setor Problemas fiscais originados por impostos em cascata e

falta de equalizaccedilatildeo

5 ACcedilOtildeES COLETIVAS PROPOSTAS PARAMINIMIZAR OS PROBLEMAS DE COORDENACcedilAtildeODA CADEIA

Apoacutes o levantamento dos problemas decoordenaccedilatildeo existentes na cadeia os especialistasreunidos no Workshop elaboraram em conjunto uma listade accedilotildees coletivas que podem minimizar esses problemasAs principais accedilotildees propostas foram

Articulaccedilatildeo da cadeia Foi observada a necessidadeimediata do desenvolvimento de uma estruturaorganizacional que permita a integraccedilatildeo total entre osdiferentes elos do sistema e suas respectivasassociaccedilotildees setoriais Sugeriu-se a criaccedilatildeo do TrigoBrasil

Aumento do consumo dos derivados do trigo O baixoconsumo per capita do trigo no Brasil vai aleacutem do debatesobre os conhecidos problemas de baixa e maacute distribuiccedilatildeode renda da populaccedilatildeo brasileira sendo tambeacutem resultadodos haacutebitos alimentares existentes no Paiacutes e de tabuscomo patildeo e massas engordam Contrastando comdiversos outros paiacuteses a base de carboidratos na dietaalimentar do brasileiro eacute o arroz e natildeo os derivados detrigo como as massas e os panificados Desenvolver opaladar e o costume do brasileiro pelas diversas receitasbaseadas nos derivados do trigo eacute uma accedilatildeo importantepara toda a cadeia do Trigo

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 99

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n1 p 93-102 2005

Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

ROSSI R M et al100

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n 1 p 93-102 2005

6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

CASTRO A M G de Anaacutelise da competitividade decadeias produtivas In WORKSHOP DE CADEIASPRODUTIVAS E EXTENSAtildeO RURAL NA AMAZOcircNIA1 2000 Manaus Anais Manaus EMBRAPA 2000p 1-18

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOAcompanhamento de safras Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel emlthttpwwwconaborgbrgt Acesso em 2 jul 2004

GARCIA L A F NEVES E M Medidas de concentraccedilatildeoindustrial da moagem de trigo no Brasil In CONGRESSOINTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTAtildeO DENEGOacuteCIOS (NETWORKS) AGROALIMENTARES 32001 Ribeiratildeo Preto Anais Ribeiratildeo Preto PENSA 2001p 1-13

LAZZARINI S G CHADDAD F R COOK M LIntegrating supply chain and network analyses the studyof netchains Journal on Chain and Network ScienceWageningen v 1 n 1 p 7-22 2001

NEVES M F Marketing no agribusiness InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 109-136

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n1 p 93-102 2005

NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

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Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 99

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Aumentar a produccedilatildeo de trigo no Brasil O aumentoda produccedilatildeo rural estaacute sustentado em duas accedilotildeesprincipais expansatildeo da aacuterea cultivada e aumento daprodutividade A diversidade edafoclimaacutetica brasileirapermite o cultivo de diferentes tipos de trigo emdiferentes eacutepocas do ano assim o estiacutemulo de aumentoda produccedilatildeo rural natildeo deve ser apenas visando oaumento quantitativo da produccedilatildeo mas sim objetivar aproduccedilatildeo com qualidade dos diferentes tipos de trigorequisitados pela induacutestria e em diferentes eacutepocas doano Deve-se ressaltar que accedilotildees puacuteblicas e privadassatildeo necessaacuterias para garantir a viabilidade econocircmicade longo prazo do cultivo do trigo para o produtor rurale satildeo essenciais para evitar o jaacute tradicional efeitogangorra da agricultura brasileira

Incentivo da Pesquisa Agropecuaacuteria Derivado da accedilatildeoanterior o incentivo agrave pesquisa agropecuaacuteria eacute essencialpara o aumento da qualidade e produtividade do cultivodo trigo O setor de melhoramento de sementes devecontinuar desenvolvendo variedades mais produtivas eresistentes agrave pragas e doenccedilas adaptadas agraves diferentescondiccedilotildees naturais e de classes de trigo desejadas pelainduacutestria A atividade de extensatildeo deve garantir a melhoriadas praacuteticas agriacutecolas e a induacutestria de insumos deveelaborar mais produtos especiacuteficos para culturaaumentando a eficiecircncia do cultivo em nosso Paiacutes Tambeacutemeacute importante o incentivo agraves pesquisas envolvendo atecnologia de alimentos visando a melhoria dos processosprodutivos

Elaborar um plano de comunicaccedilatildeo Existe a necessidadeda elaboraccedilatildeo de um plano de comunicaccedilatildeo que enfatizea importacircncia nutricional funcional dos produtosderivados do trigo na alimentaccedilatildeo humana A PiracircmideAlimentar poderia ser um bom ponto de partida para esseplano

Combater a informalidade Participantes informaissatildeo maleacuteficos para a cadeia pois aleacutem de natildeorecolherem impostos e funcionarem como concorrecircnciadesleal diminuem a credibilidade e qualidade de todoo Setor

Qualificaccedilatildeo da matildeo-de-obra As diferentes associaccedilotildeessetoriais devem estar comprometidas no desenvolvimentode programas de treinamento e desenvolvimento da matildeo-de-obra atuante no setor do trigo Tal accedilatildeo visa ganhos deprodutividade e qualidade lembrando que os recursoshumanos satildeo uma fonte de vantagem competitiva para osistema Os pontos criacuteticos isolados na reuniatildeo foram ostrabalhadores rurais e os funcionaacuterios das padarias

Investir na atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica Diversos elos dosistema em especial as padarias estatildeo defasadostecnologicamente A atualizaccedilatildeo tecnoloacutegica dessasempresas proporcionaraacute aumento de produtividade equalidade aleacutem da possibilidade do desenvolvimento denovos produtos

Projeto Padarias Um projeto envolvendo diversosagentes do sistema produtivo e o Governo paramodernizaccedilatildeo deste canal eacute de fundamental importacircncia

Discutir com o Poder Puacuteblico fontes de financiamentoRecursos provenientes do governo para o financiamentodas atividades agriacutecolas pesquisas cientiacuteficas renovaccedilatildeotecnoloacutegica e outros satildeo vitais para o desenvolvimentodo sistema

Discutir com o Poder Puacuteblico a questatildeo fiscal Umaproposta consolidada por todos membros da cadeiafacilitaria a discussatildeo

6 INTEGRACcedilAtildeO DOS SETORES

Visando estabelecer um roteiro para a formaccedilatildeo deorganizaccedilotildees integrativas de um Sistema Agroindustrialnos moldes do Trigo Brasil a seguinte sequumlecircncia de passosfoi determinada

1deg passo Caracterizar o Sistema O primeiro passodeve ser identificar e quantificar a participaccedilatildeo dos diversosagentes que atuam no sistema compreendendo a funccedilatildeo ea relevacircncia de cada um

2deg passo Workshop Com intuito de agregar o setore apresentar a proposta de integraccedilatildeo deve-se organizarum workshop contendo participantes de todos os elos dosistema Nesta seccedilatildeo de trabalho a necessidade deintegraccedilatildeo deve ser justificada a partir dos benefiacuteciosadvindos das accedilotildees coletivas Os objetivos comuns devemser ressaltados e os objetivos individuais descartados

3deg passo Propor a ideacuteia da organizaccedilatildeo Ao finaldo evento a ideacuteia da organizaccedilatildeo deve ser apresentadainclusive jaacute com um nome definido (neste estudo sugeriu-se o Trigo Brasil)

4deg passo Estabelecer a organizaccedilatildeo Nesta etapaseratildeo definidos os agentes fundadores da organizaccedilatildeoTambeacutem neste momento as questotildees burocraacuteticas devemser resolvidas (adequaccedilatildeo a legislaccedilatildeo preparaccedilatildeo doestatuto entre outras)

5deg passo Formar a diretoria Uma vezestabelecidos os agentes interessados em investir naviabilizaccedilatildeo da organizaccedilatildeo a diretoria deve ser formadalevando em conta a heterogeneidade e a relevacircncia dosagentes para o sistema

ROSSI R M et al100

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n 1 p 93-102 2005

6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

CASTRO A M G de Anaacutelise da competitividade decadeias produtivas In WORKSHOP DE CADEIASPRODUTIVAS E EXTENSAtildeO RURAL NA AMAZOcircNIA1 2000 Manaus Anais Manaus EMBRAPA 2000p 1-18

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOAcompanhamento de safras Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel emlthttpwwwconaborgbrgt Acesso em 2 jul 2004

GARCIA L A F NEVES E M Medidas de concentraccedilatildeoindustrial da moagem de trigo no Brasil In CONGRESSOINTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTAtildeO DENEGOacuteCIOS (NETWORKS) AGROALIMENTARES 32001 Ribeiratildeo Preto Anais Ribeiratildeo Preto PENSA 2001p 1-13

LAZZARINI S G CHADDAD F R COOK M LIntegrating supply chain and network analyses the studyof netchains Journal on Chain and Network ScienceWageningen v 1 n 1 p 7-22 2001

NEVES M F Marketing no agribusiness InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 109-136

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n1 p 93-102 2005

NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

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Organ Rurais Agroind Lavras v 7 n 1 p 93-102 2005

6deg passo Elaborar a estrutura operacional Aestrutura operacional necessaacuteria para o funcionamentoda organizaccedilatildeo seraacute financiada pela taxa de participaccedilatildeoexigida dos agentes A estrutura inicial deve sersimples crescendo em funccedilatildeo das necessidades eadesotildees

7deg passo Aumentar o nuacutemero de associados Apoacuteso estabelecimento da organizaccedilatildeo as primeiras accedilotildeesdeveratildeo ser voltadas na prospecccedilatildeo de novos associadosVisando aumentar o grau de envolvimento dosparticipantes em todos os casos seraacute cobrada uma taxaperioacutedica de participaccedilatildeo

8deg passo Implementaccedilatildeo A diretoria deveraacuteestabelecer um uacutenico objetivo para a organizaccedilatildeo Esseobjetivo deve ser claro e voltado para questotildees de interessede todo o sistema A partir desse objetivo deveraacute serestabelecida uma agenda de trabalho contendo accedilotildees bemdefinidas Estrateacutegias para atingir as metas propostasdeveratildeo ser elaboradas

9deg passo Controles O resultado obtido com aimplementaccedilatildeo das accedilotildees deve ser constantementemonitorado por meio da definiccedilatildeo de indicadores dedesempenho O monitoramento serviraacute como importanteferramenta de acompanhamento sendo que os desviosseratildeo controlados com accedilotildees corretivas

10deg passo Mensuraccedilatildeo da performance Osresultados obtidos com o alcance das metas de trabalhodeveratildeo ser mensurados preferencialmente com criteacuteriosquantitativos (aumento do consumo produccedilatildeo empregosmargem de lucro entre outros) e amplamente divulgadospara todos os participantes da organizaccedilatildeo Novosmapeamentos do sistema mostrando os avanccedilos obtidosdevem ser realizados

7 CONCLUSOtildeES

Com este artigo visou-se a partir de uma visatildeosistecircmica caracterizar o SAG do Trigo no Brasil Asinformaccedilotildees apresentadas procuraram mostrar aimportacircncia desse sistema para a economia do Paiacutes Acomplexidade e relevacircncia desta cadeia podem serobservadas pelo desenho do sistema e pela quantificaccedilatildeodos diversos setores participantes da mesma Comoresultado do workshop envolvendo cerca de 50especialistas do Setor foram identificados os principaisproblemas de coordenaccedilatildeo existentes no sistema A partirdesses problemas os mesmo especialistas elaboraram umalista de accedilotildees coletivas que devem ser implementadas

visando melhorar a eficiecircncia do sistema Ressalta-se queo foco dessas accedilotildees concentra-se em poliacuteticas privadase portanto natildeo satildeo dependentes do poder puacuteblicoembora o auxiacutelio deste evidentemente seja muitoimportante para cadeia Foi sugerido como accedilatildeo inicial aformaccedilatildeo de uma organizaccedilatildeo integrativa do sistemadenominada Trigo-Brasil nos mesmos moldes doLaranja-Brasil (httpwwwlaranjabrasilcombr)

proposta por Neves et al (2001) e bem sucedida ateacute omomento Os desafios apontados neste estudo indicamum campo feacutertil de trabalho para profissionais demarketing e agronegoacutecios em especial na aacuterea de canaisde distribuiccedilatildeo e coordenaccedilatildeo

8 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BATALHA M O SILVA A L da Gerenciamento desistemas agroindustriais definiccedilotildees e correntesmetodoloacutegicas In BATALHA M O (Coord) Gestatildeoagroindustrial 2 ed Satildeo Paulo Atlas 2001 v 1 p23-63

CASTRO A M G de Anaacutelise da competitividade decadeias produtivas In WORKSHOP DE CADEIASPRODUTIVAS E EXTENSAtildeO RURAL NA AMAZOcircNIA1 2000 Manaus Anais Manaus EMBRAPA 2000p 1-18

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTOAcompanhamento de safras Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel emlthttpwwwconaborgbrgt Acesso em 2 jul 2004

GARCIA L A F NEVES E M Medidas de concentraccedilatildeoindustrial da moagem de trigo no Brasil In CONGRESSOINTERNACIONAL DE ECONOMIA E GESTAtildeO DENEGOacuteCIOS (NETWORKS) AGROALIMENTARES 32001 Ribeiratildeo Preto Anais Ribeiratildeo Preto PENSA 2001p 1-13

LAZZARINI S G CHADDAD F R COOK M LIntegrating supply chain and network analyses the studyof netchains Journal on Chain and Network ScienceWageningen v 1 n 1 p 7-22 2001

NEVES M F Marketing no agribusiness InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 109-136

Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

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NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

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Quantificaccedilatildeo e coordenaccedilatildeo de sistemas agroindustriais 101

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NEVES M F ROSSI R M CASTRO L T A frameworkfor mapping and quantifying value chains towardscollective actions In WORLDWIDE MARKETING 332004 Murcia European Marketing Academy ConferenceMurcia p 1-9 2004

NEVES M F VAL A M MARINO M K The orangenetwork in Brazil Fruit Processing Schoumlnborn v 11 n12 p 486-490 2001

OMTA O TRIENEKENS J BEERS G The knowledgedomain of chain and network science Journal on Chainand Network Science Wageningen v 1 n 2 p 77-85 2001

ZYLBERSZTAJN D Conceitos gerais evoluccedilatildeo eapresentaccedilatildeo do sistema agroindustrial InZYLBERSZTAJN D NEVES M F (Orgs) Economia egestatildeo dos negoacutecios agroalimentares Satildeo Paulo Pioneira2000 p 1-21

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