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Poliarquia - Fragmentos

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DAHL, Robert. Fragmentos. Poliarquia.

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    ROBERT A, DAHL'

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    Prcf1cioFernando Limongi

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    BIBLlOTBCAS'PBSPSP,

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    PREFCIO

    i' Autor de vasta obra, Robert Dabl um dos mais importantes cientistaspolticos do p6s-guerr4. Destaca-se, sobretudo} por suas reflexes te6ricas sobre a.:r~democracia conlcmporne.1, Sem risco de exagero, possvel afirmar que Dnhlcontribuiu decisivamente paro. definir os contornos do que hoje se entende pordemocrnci~(Isso porque, entre outras razes, sua reflexo te6rica no perde de vistao que se passa no mundo poltico hlbilado pelos cidad50s modernos. Porconsidernr1sdemocracias efetivamente existentes pobres aproximaes do ideal democrtico,Dnhl sugeriu que estas fossem chamadas de polinrquias. O simples fato de que asugesto tenha sido seguida, quco tenno polinrquia se tenha incorporado 80 jargodn cincia poltica, atesta () imporlfincia do lrabnlho de D

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    definir sua maior ou menor proximidnde do ideal democrtico. Diante de um pas~. qualquer, em um determinado ponto 110 tempo, possvel nvaJi.lo de acordo com

    ~'dois ei~ anaItico.c; propa.c.ilos ~ com bnse nessa avaliao, classific-lo como'democrtico ou no. H Iimitaes competio polticn? H parcelas expressivasda populao s quais seja negado o direito de VOlo? Em caso de resposta afirmativapam qualquer das questes. o regime observado no democrtico.

    ,-~sa ~?~a~de definir a democracia .~c~~~~s:_~!1.!tituir na refernciafundamettal de uma v~~~alitcralu~n quePoliarquia contribuiu p~r~crinc, qual seja,a literatura deificada a~iscutir a lrnnsio entre regimes Rotficas. evidente queou bem se silbe distinguir uma democracia de um regime autoritrio, ou no hcomo se fulm da transio de um a oUlropor isso mesmo, todo c qualquer trabalhosobre transio de regimes comea justamente pelas definies de autoritarismo cdemocracia empregndas,JEm 99% dos etISOS, as definies baseiam-se em Paliar-quia. .

    A presenil desta referncia inicial quase obrigatria a Poliarquia pode serlida, simbolicnmcntc, como um reconhecimento licontribuio decisb,w deste livr~para a ,definio dos contornos da litcm(ura a tratar das tr:msies enlre regimes.

    .f." Dc.:futo,-at o incio.dos anos 70, por paradoxal que isso possa parecer, a agendade pcsJluisas dos cientistas polticos nrio inclua indagar sobre as ch:mces de umprocesso de.dcmocratizao/A literatura tendia a derivar as chances de ocorrnciada democracia e do autoritarismo de certas caraetcrCsticas sociais e histricas forado alcnnce da nfio humana. s..possibilidade da passagem de um a outro.c.sLado.eca.

    /. E~c9nsidcrnda. Mais do que isso, 8Hterntura tornara-se mnrcndamente pessimistaquanto ~challces da democracia nos pases subdesenvolvidos, no tempo queafinnava u exccpcionalidndc dos .pases desenvolvidos. Dcmocrncia scria possvelapenas em pases que se desenvolveram no sculo xrx. Pascs pobres estariamcondenados 900 ilutoritarismo .e nno escapariam ti esse desfino mcsmo que sedesenvolvessem. \.

    M~ F A constituio desse objeto ,.:. O ponto de partida bvio dessa reconstituio da literatura o trabalho de. . ,

    Sc-Y,IJ1)j:!rJ~1.Lip~_el2.,tido co~o uma das mais acab~das aplicaes da tc~rin damodernizao a~J~~~~I~maem tela~qu~tsejDJ Q.

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    rOLI"'fQUIA

    ., ,, liC?~ aumenta C;Qm o grau de modcrnitno da sociedade. Lipset testa n correlao "en~re divcrso's''ndic~ de modernizao e sua classificao dos regimes polticos..A anlise emp,ric;J co~provl sua hiptese; permitindo, sobretudo, distinguir dois,~rand~ grupos de p'atscs: os subdesenvolvidos com regimes ;Ju(oritrios e osdes,cnvolv.idos com regimes democrMicos.- Embora Upset afirme que Odesenvo)-vif!lento favor~e a manuteno da-democracia, o que no 6 o mesmo que ofinriorque o ~escnvolvimento.leva obteno' da democracia, na vnsla litcCiltura direto;m~nte 'i~tluenc:ia.da 'por, esse tmbnlho, essa proposio foi inlerpretlda como

    ,'.'signifiemdo que -a modernizao causa a democracia'.... A:cSl~bilidadc da ,democracia decorreria das trait~forrnaes levadas a cabo

    :na Cst~utura SOCilllpe~o ~vano da modernizao. De acordo com Lipset (1967: 66),'a sociedade modcrn3 geraria urna estrutura social condizente com a democraciaao .~Jterar a "cstrutura de cstrntifica50. de uma pirmide alongndil com uma v~t~

    '. :bas.e composto pela clLisse inferior. 'pnrn um losango com umil crescente clnsse~dia". Essns C~llnSfOrmilesnfetam ~ coriflilo social c, conseqentemente, n sua.(raduo poltica, torm:mda.o moderudo, isto porque "uma numerosn classe mdia:leIT!pcra o conflito, ao premiar os partidos moderados c democrticos, e ao puniros grupos extremis[as". Ao mesmo tempo. as classes inferiores leriam sua renda envel cd.ucaeionul'elevlldos. com o que se abriria a possibiUdllde de que "desenvol-.' .va~ perspechv~. a mni.~ longo prazo e concepes' mais complexas e gradualistnsda"poltica" (1967:60). Em uma palavra: desapareceriam as razes para conflitos'~.ais violentos.c cxtrmados. nbrindo-se o possibilidade de resolv. los de ma-neira pacfica, iSlo , por meio da compelio clcitora(4.

    , ~roccss~ pmp~ia~lcnle poJtic~ nesse, tipo de explicao, nfio afetariam as 'chan~ :dll.democraCia: a pollica no possui lu~onomil;o que se passa nesla esfera

    . ~e~l'I o reflexo do amplo processo de tmnsforin~o dl estruturo social. Instituiespolti

  • POI.MRQUJA.

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    PIC~FC'O

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    17

    . . . . I .'.consumadas ao longo do processo de modernizao. Onde a burgucs.ia no enfren-tou e destruiu a nobreza, a modernizao. desembocou em rcgimcs'no-qemocr-"

    . licos; nnzi-foscismoJ quando foram preservadas"a'i formas rcpressi\'~s de Irbbalho'no campo via a ntiann entre nobrezn e burg~esia'; comunismo, ~uanrdo a br~uesi~era demasiadamente fraca e.o problema do campo foi deixado mtocado.. .

    .~Moorc procura explicar os ilconlecirncnto,s .do ~culo XX l~.

  • po'l.IARClUM

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    .1'~~~1'.frco_"imp'ulsomodcrnizador" (1975; 15). No cntanto .para MaDre, pareceCC'~,loqYl? ~s chances de que essa rota conteritp.lc a dcrnocrociasfio remot

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    rOLlAIl(/UIA

    mnismo pessimista presente nns formulaes caudalrios da teoria da moderni- ,zaflo, no menos verdnde que o leilor dcPo/iarquia se rcsscnteda falta de umadiscuss50 aprofundnda do prprio pluralismo. Sobretudo. falta ao livlO uma dis.cusso sobre corno llSsociedades podem mover-Se ao longo do conlnuo hegemo-nia-pluralismol3, Tudo que D3hl nos diz e!!!..f.a?it.l1..qlli~~. ql;l~ ct.desenvolvimcnto~!1dmico C?~l!ib~i p~r~D~mcnttl:r~ grau de pluralismo s~iC~HJ.Dessl!lg~'!LPpl.ufillismo ilcnbil Pc! perder muito da slIn fora, confundindo-se com a teorin da.m.9~!:fJ1izaoI4. .-.-------- -

    No entanto, essa "diluio" do plurali~mo n3 teoria da rnodernizao compensada pelu incorporao de variivcis inslilucion'ais iJ. anlise:

    apcsllr de as insl/luies lc~m sido intcrprcll'ldllS,clldn vez mais nmplllnlenle, por cerca de urntlgerno, corno um mero eplrcnmeno, este Jlcrlodo de reducionismo em cincill pof(tica podeestar agora chegnndo ao fim. Seja como ror. parn :.nalisnr Deficcin governamental em regimescompclilivos, creio quesc deve dnrlllcurno nfase h inslituies polflicas. [... ] N:I!;'poliarquills,dois liposdc'nnnnjos institucionllis parecem lmzcr impOr1.mlesconsequencios'parn OI "eficcia".do..governo. Um desses tem a vcr com o relacion

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    AGRADECIMENTOSFERNANDO LIMONOl

    POLMRQUJA..

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    'l~~!;"~n~4~...9~~~!~1~~~'tiVo. A.(oreS'polti~os tomam' decises, antecipam as' ... conseqncias de seus "atos, escolhem instituies polticas; em uma palavra, agemPQUtjcailtc.!1t.~ a.'mn.*eirn coma atuam .des~mpenha um papel decisivo na obten-..~J;'.Q!..WJUH!~~J}~~~n ~~mocracia... .., ._- ..

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    Gostaria de exprc.'\.';nrmeu reconhecimenlo ~unda...o Rockefeller peloapoio financci(Q que njudou a tornar possvel este livro e outros que realizei sobreo lema de governs c oposies. Sou grato tambrn ao Conselho da Universidadede Yale pela ajuda financeira do Fundo de Pcsquisn para Assunfos Mundiais HcnryL. Slimson c li Universidade de Yalc por uma bolsa para pcsqui..c:;adoresseniorcsque me permitiu concluir o manuscrito.

    Os comentrios de alguns colegas que leram vrios rascunhos cm parle ouno todo foram particularmente proveitosos. Entre estes esliio Frederick Barghoom.Robcrt Dix, William Folt7'1Michacl Lciserson, R1jni Kothari, Junn Unz e GordonSkilling. todos eles co~autores de um volume correlalo,Regimcs andOppositions .c tambm Hans Daalder. Joseph LaPalombaru, Vai Lorwin, Nelson Polsby e SteinRokkan. Gostaria de agradecer aos alunos de meus cursos de graduniio e ps-gra-dua50 por se submeterem a um contalo com o rascunho do mnnuscrilo e m.mifes-(arem rencs que me foram, muitas veze~ extremamente teis.

    Pela pacincia, competncia eprestezacom que transformamm meus esboosem texto datilogmfado legvel, quero expressar tanto meus agradecimentos quantominha admirao s senhoras BeUy Maucen, Miriam Swanson c Nnncy Hoskios.E uma vez mais aumentei meus dbitos. para com a senhora Mariao Ash por seutrabalho de superviso editorial na Yale UnivcrsiLy PreSs.

    R.A.D.

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    " DEMOCRATIZAO E OPOSIO PBLI~A'

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    . Da~~'um regime em que os oposilo'rc.o; do gO'f'crno no POSS3~ k o.rganizaT .;. abc~ln e legalmente em partidos polticos p~rn fnier~lhcoposio em:-~leics Jivfl?:') :c "idneas, que condies favorecem ou impedem sua transforma~o num 'regime .-

    , ,no qual i5!O seja possvel? Este o llssunto do presente trabalho. 'I.' - '.

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    '. . CONCEITOS [ : .

    , , ,. 'COmo o desenvolvimento de um sistema poltico que pcmlilc oposio, .

    ri.~n.J!.~?d~Ou com'peti~O :ntrc u~ governo e seus .oponentes ' 'u~,ri.spcclo .1l'ii{5ortanle da dCITIO~rntJZ

  • Tabelo].L Alguns requisitos de umn demoClllcia paro umgnmdc,nmero de pcs.c;oos

    DEMOCRATIZA:O E OF'OSIO pt)DUCA

    I. Liberdade de formar c nderir D organiUl.,cs

    2. Ube,dlldc de expresso3. Djrcilo de valo

    4. Elegibilidade pnrn cargos pblicos5. Oireilo de Ifderes polflicos disputarem

    opolo5:J. Direito de lderes poHlicos disputnrem

    votos6. Fontes lIlternativa.de informao7. Eleies livres e idneos8. Inslituies para fazer com que 8Spolrticns

    governamentais dependam de eleies c deoutras mnnifcslnCsde preferncia.

    1. Liberdade de fCImar e aderir a organiza-es

    2. Liberdade de expresso3. Direito de volo4. Elegibilidade parn cnrgos poIrticos:S. Direilo de l(deres poIftics dispulllrem npoio6. Ponles lllcrnativas de inronnaiio7. Eleies livres e idnc.'\S

    .SD nece.ss,ins tiS seguintes gamntias'institucionais:1. Liberdade de formar e aderir n orgnnizu.4

    cs

    2. Liberdade de expresslio3. Direito de voto

    4. Direito de lde~ potrlicos dispularem npoio5. Fonles nllemntivas de informao

    l. Fomwlnr prertr!llCla~

    11. Ilxp,illlirrrdtrinl'ill.'1

    111.1'~rplderlneill..~ isualmentccom:illtradJJ Il~ cantll'lll do !OVtr/'lO

    Pnrn a oportunidade de:

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    polflicQ' que tcnlli'lJ co~o um;] de suns c.1r~ctcii~ticas, n',qu'nlidnde de ser intci~n-" .' I '. ."

    "mente. ou quase inleiramente, responsivo .a todos ~s seus cidados. A es~a nltura;no devem'os nos prcotupnr em saber se este"s"is"tcma'rcalrncnte ..exisle, existiu ou' .'pod~ existir. Pode-se. sbguramcnte, conce?er um sistem;]"hipotlico desse gneroj .tal.c~n'epQ setviu 'c6'mo um idcnl; ou pmtc dl:,:um ideal, para muita gente. Co~o .'r;i:iterri.ahip~lticO, pori~o extremo de uma cs~

  • POURQUlA

    rentes segundo a amplitude da OpOsio, ela contestao pblica ou da competiopoltica permissveis:!. Entretanto, como um regime poderia permitir o exerccio da.oposio a uml parte muito pequena. ou muito grande da populao, certamenteprecisaremos de lima segunda dimenso.

    2. Tanto histrica como contemporaneamentc, os regimes varia'm tambmna proporo da populao habilitada ti. participar, num plano mais ou menos igual,do controle e da contestao conduta do governo, Uma escala refletindo a

    -'... / amplitude do direito de participao na contestao pblica nos permitiria campa-I t me diferentes regimes segundo lffi3 incIusividadc. . ./. O direito d~ voto em eleies livres e idneas, por exemplo, partic.ipa das" .

    I. duas dimenses:,Quando um regime garilnle este direito a alguns de seus cidados,ele caminha pa~a uma maior contestao pblica. Mas, quanto maior a proporode cidados que desfruta do direito, mais inclusivo o regime.

    A contestao pblica e a incluso variam um tanto independentemente. AGr-lBretanha possua um sistema ullamcnte desenvolvido de contestao pblica'n finll do sculo XVJII. mas apenas uma minscula parcela da populao estava'plenamente includa nele at [l ampliao do sufrgio, em 1867 e 1884. A Suapossui um dos sistemns mais plenamente desenvolvidos de contestao pblica.Poucas pessoas provavelmente contcstariam a viso de que o regime suo

  • DF.MOCRAT1ZIoAD I! oPOsrAo pOnuCA

    4. O rroblcmll lerminolgico formidvel pois pnrtce impossvel encontrou lemm jA em 1lI0 que nnoIrnCllmcOlIsigollmrt gl1lnde carga de Ilmbigllidnde c de slgnifiClldo odicional. O Icitor deve lembrarque os lelmos lIqui uliliudO! do empregados no loogo dc todo o livro, 1Ileonlle me foi posslvcl,npenasCOOlClS~ignificntlos imliCildas nos par~&,nrOSprt:J.:ecnlcs.Alguns leiloTCSc:eI1tllncnlcresistimo 110tCtnlUl'oli,lIllui::Jcomu nll~l\lIti\'n flllfP11p.lnvl1l dcmocrncin, mll.!i impOrtllnlemnnler lidislinoentrclIcmocr~cill corno Uni sistemn Idenl e os IrTIlnjas inslitucionnis que devem scr consideTlllJoScomo tllN

    A democrneia poderin ser concebida como um regime localizndo no cantosuperior direito. Mas como ela pode envolver mais dimenses do que as duas dafigura 1.2. e como (na meu entender) nenhum grande sistema no mundo real plenamente democratizado, prefira chamar os sislemns mundiais reais que estomais perto do canto superior direito de poHarquias. Qualquer mudana num regimeque Odesloque para cima c para a direita., no longo do caminho TIl, por exemplo,pode-se dizer que representa algum grau de democratizao. As poliarquias podemscr pcnsodas ento eomo regimes relativamente (mas incompletamente) democrn.tizados, ou, em outros termos, as poliarquia'i so regimes que foram substancial-mente popularizados e liberalizados, isto , fortemente inclusivos c amplamentenbertos contestao pblica.

    .Vocs vo observar que, apesar de ter nomeado regimes prximos dos quatrocantos, o grande espao no meio do figura nfio foi nomeado, nem est subdividido.A ausncia de nomes reflete, parcialmente, n tendncia histrico de classifjcarregimes segundo tipos extrcmosj reflete hl.mbmmeu prprio desejo de evitar umaterminologia redundante. A folta de nomenclatura no significa uma falto deregimes; na verdade, um nmero preponderante de regimes nacionais, atualmente,no mundo, possivelmente cairia na (ircamdia. Muitas mudanas significativas CIOregimes envolvem pois deslocamentos dentro de, para dentro ou pafil fora, dessaimportante rea central, na medida em que esses regimes se tomam mais (oumenos) inclusivos c aumcntnm (ou reduzem) us oportunidadcs de contestaopblico. Pura me referir o regimes dentro dessa grande rea interna, apelareieventualmente poro.os termos aproximadamente ou qunse: um regime aproxima- .,..dnmenle hegemnieo oferece um pouco mais de oportunidades de contcsta.;opbJicu do que um regime hcgemnico; uma quasc-poliarquia poderia ser bastanteinclusiva mas ofereceria restries mais srios eanlcstl.liio pblica do que umapoliarquia plena, ou poderia proporcionar oportunidades de contestao pblicacomparveis ns de unta poliarquia plenn e ser, no entanto, um pouco menosinc1usiva4,

    A necessidade de usar termos como esses subseqentemente, neste livro,otesta a utilidade da classificao; a arbitruriednde das fronteiras entre I'pleno" c"pr6ximo" otesla a impropriedade de qualquer clnssificao. Enquanto tivermos

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    .0 'espao encerrado por, nossas duas dimenses poderia certamente ser subdividido~rri'q~~hiu~j.'nme(odJ clulas, cada umll dehi;;ecebendo um nome. Entretanto,.

    Og pro.P4sitos dc...~elivrg tornam redundante ~ma tipologia elaboradn. Em vez disso," .pe~il:l1n":me fornecer' um pequeno vOcab~lrio - raz~vcl, espero - que 'me'pe~n.titir~.:~lar'co~suf~cicnte preciso sobre os ii)Qs de niU~n:asem regimes quo"prctcnd,odisculir.. j . .":'..': ......... ~ham.tlrcj'um regime prximo 'do C~lnt.o:.~nferio~~squerdo da figura i.2 d~~eg~monin.fechodD.'S? um regime hegelll;~~ico'sedesloca para cima, c~mo no'caminho 1; ele estor ~e deslocando pnra u~n .mniqr.c9ntestaiio pblica. Semes'ti~r d~~nis.o assUIo, podcrinmo~ dizer,' q~ ~m:l mudana nessu dirco-.cnyo,:,c' a, )j~cr,Dliz~ii~do regime;' rill~~nati.vn!;TIenrc,'poderrn~os di~er quc orcg~,mese t.~m~,inais c~rpetitivo. Se ~~nrcgin:'c ~uda n~.sentido d~propQrcion~r.uma maior .pnrticipn~J como no cami!lho .lI, '.poderamos dizer que ele estmudando pnIn um~ maipr popullriznfio,'o~ qu~.estl~se'tornando inclusivo. Um''reg.mc, poderia m.udnr.o longo de um.a dimens50 c nno un outra. Se chUDurmo;. um 'tegim.t?prximo da canto superior esquerdo.d~ olignrquin competitiva .ento o'.

    Figurn l.i LillClnli:z"ll0, iJlcJ~sividDdc c dcmocrotizDllOI

    '1' .J Incluslvillllde (p~~tie~pllJo)pc~~rsQ'Y~'e~re,scnta u~a mudana de.uma heg~monia fechada para umo oligar.

    ,- qui.":'.competiti1o'a.Mas 4ma hegemonia fechada poderia tornar-se tambm moisinclusiva 'sem l!beraJizti?, isto , sem aum~nlrir tis oportunidades de contestaopubl.ica~.,"oinq,nu pereu'rso H. Neste C I .

    : fechada parn uma ,inclusIva.. .. . . ". . fi

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  • 33

    POl,lARQUtA.

    dato que os termos so meios teis mas extremamente arbitrrios de subdividir o&Spaona figura 1.2, os conceitos serviro i1 nossos propsitos.

    A Questo Recolocada

    A questo que abriu este captulo pode agora ser rccolocada da seguintemaneira:

    1. Que COlldies aumentam ou diminuem as clHmccs de democratizao de umregime hegemnico ou aproximadamente hegcrnnico?

    2. Mais especificamente, que fatores aumentam ou diminuem as chances decontestno pblica?

    3. Ainda mais especificamente, que fatores aumentam ou diminuem as chances decontc.'itao pblica num regime fortement inclusivo, iSlo , numa poliarquia?

    Qualificaes

    Este livro trata, pois, das condies. sob as quais os sistemas de contestaopblica so passveis de se d~sen;oi~~i.~ -~x~!.ir._-Como ~-c~nt.estao.p~bTi~;6-i;maspeeto da democratizao, este liv;o tr

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    DfiMOCRATIZJ.O f: OPOSI).O PBUCA

    111 I'I

    IV 11

    localizadas ao longa das duas dimenses ilustradas nas figuras 1.1 e 1.2. Entretanto,o problema no simplesmente localiznr p~rses no espao hipottico sugerido pelafigura 1.3, Primeiro porque aquele espao diz rcspeito apenas R 'uma das duasdimenses principais: a contcsm.Q. Obvilmente, um procedimento similar serianecessrio para a oulra dimenso principal: a participao. Mais ainda, mesmodentro de um pas, as unidades subnacionais freqentemente diferem nas oportu-nidades que proporcionam pnea a contestn50 e n participao, Em muitos pasesmodernos, por exemplo, essas oportunidades suo muito maiores nos governosmunicipais do que nos sindicatos. c maiores nos sindicatos do que nas empresasprivndas. Conseqflenlemenle, seria .preciso dividir as unidades subnocionais emalgumas entegorias: empresas, sindicalos, governos municipais, igrejas, institui-es educacionais etc.1 A esSe esLgio, tais requisitos esto, infelizmente, beirada utopia, flZ,1.0 por que - mais pragmlico do que terico - decidi concentrar aminha ateno no nvcl nacionill.

    . J. Regimes inlcgrnlmentc "liberaIlZlldos" ou "competilivos".11. Compelitivo em nvel Rnciono!, hegcmnico no interior de

    organizaes subnucionais.111. Competilivo dentro de organizaes subnacionais. hcgem6nico em

    n["el nacional.IV. Estruturos polticas integralmente hcgemOnicns.

    BaiKo

    o regime nacional&ixo Alto

    Figuro 1.3 Umn ordcnniio hipoLticn de pafses segundoas oponuoidades disponfveis de contestao

    Orgnniznessubnl1cion.nis

    Alto

    ,. O j~clssico C:SIUlJOlIe Seymour Morlin Lipsel. Mnrtin A. Trow o James S. Coleman. UniOlI DemDCTacy,Glencoe, The Frte PreS5, 1956, collO;nlm.se no CllSGdesyi~nle de um lIindiCllloGnde I conlC"-aliGe11pllrlicipllliO so nltu. Descrever c explic.,r IIquele ClllIOd~yillnle no c:ontcxl(l de um 6nlco pafs (oium emprecndimenlG tonsldcr~yeJ.

    traria problemas de dados to catastrficos que tornnriam a empreitada altamenteinsatisfatria. Em princpio, as organizaes subnacionais certamente poderiam ~r

    ,:.:~'.'.

    J'OLlARQUIA.:... I .. " ... tomados ao 'nvel do pars, ou, RC quiserem, de .E.li.tado legalmente independente, ou;p'a~a usar termos rneri~supropriados; da noo ou Estado.nao. Parte da anlisesegu~aniente podria ~seraplicada a "hveis subordinados de org.mizao SO~i81C",polfti

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    Figura 1.4 .

    I'

    Qu~ drcunslnc?s aumentam significnli.vamcnte a segUTlln8 mtuo de govcrJ.lO e opq'sl.es e.aumentam QS5imIISpO!sibilidad~! de conle~o e,!b!ict!e do poliarquia? ' .. '

    ., .-,:. -.-'.. . . .. .. , . . I: , ..AnteS de tentar responder a' esta pergunta, porm. deva considerar uma

    anterior: qual a irJ.1.portncia da poarquia? . .

    Custos

    . . Probgbllidnde de.um,~girtu: compclilivo I. .

    .. . . ~, .Qutmto mais baix~ os custos da .'olerfuteia. maior a segurana do governo.

    , . . "--' . '. I

    Quanto ~aiorcs os custos d41iI;lP.!...~O.maiora segurana da oposio. Conclui-seda que 'as condies que proporionam um alto grau de segurana :nlua p~lra o. .. . I' ..govem.o e'as oposies tenderiam a gcrnr c presrV'ar oportunidndes mais amplaspara as oposies contestarem a conduta.do governa. .

    A questo colocada logo acima pode ,9:.&ora'ser recolocnda:

    bEMOCRATlUAO OPOS1O PO/lLlCA , ,. .I. . ...'

    . .AXIOMA 3. Quanto mllLsos cu!IOS da ~uprsfio excederemos cuslos d:l tOlerncia'.'" tanio m;ior n p~ssibilidlldc de um regime competitivo. I: - 'I. ' ~"

    . IO axioma 3 pode ser ilustrado graficaI?ente como na figura 1.4.

    Hipteses.

    AXIOMA 1. A probabilidade de um governo tolerar umll oposifio aumenla com ndiminuilio dos aJslos esperados da tolen1ncia.

    POLfARQU/A

    Enlretanto. um governo deve considerar tambm o quanto lhe custt1Cia supri-mir uma oposio; pois ainda que a tolerncia cobre um preo, a supresso poderiaclL~tar muito mais e ser, obviamente, estpida. Portanto:

    Assim, as possibilidades de um sistema poltica mais competitiva surgir oudurar podem ser pensadas como dependentes de dois conjuntas de custas:

    . AXIOMA 2. A probllbilid:!de de um governo toleror um:! oposil5o pumenla na meddnem que cn:scem 0.'1 custos de sua climinn,no.

    Quando regimes hegemnicos c oligarquias competitivos se deslocam nadireo de uma poliarquia, eles aumentam os oportunidndes de efetiva pilrticipaoe contestao 0, portanto, o nmero de individuos, grupos c interesses cujaspreferncias devem ser levadas em considerao nas decises polfticas.

    Da perspectiva dos governantes, uma tal transformao traz consigo novaspossibilidades de conflito, em decorrncia de que seus objetivos (c eles prprios)podem ser sub.'ititudos por representantes dos indivduos, grupos ou interessesrcd'1Jl-incorporndos. .

    O problema de seus oposilore.'\ a im

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    QUAL A IMPORTNCIA DA POLIARQUIA?

    Certos leitores podem estar inclinados n pensar que as diferenas cnlreregimes nacionais no so muito importantes. Algum. por exemplo, poderiacompartilhar a opinio daqueles que argumentam. como GnetaDo Mosca, que nofim das contas todo regime dominndo por uma~!l9!ia~govern:!ltD. Como umsrio desafio 11crena de que transformao do regime dev~u"t'necessariamentese seguir conseqncias portentosas para o popula.io de um pafs. o ceticismo deMosca merece ser apoiado. Alm do mais, cerras coisas que superficialmente.parecem mudanas no regime, s vezes no so absolutamente mudanas no regimemas simples mudanas de pessoal, de rclricn e provises constitucionais vazias.

    Ainda assim, poucas pessoas parecem dispostas n adotar consistentemente oponto 'de vista de que as diferenas em regimes - diferenas entre poliarquin ehegemonin inclusivn, por exemplo - so basicamente desprezveis. Com efeito,creio que esta opinio mais freqOentemente esposada por intelectuais que sogenuinamente democrntns liberais ou radicnis desapontados com os fracassosevidentes de poliarquias ou quasc-poliarquias; e que, inversamente, intelectuaisque efetivamente vivenciaram experincias em regimes hegemnicos duramenterepressivos raramente argumentam que os difercnIls entre regimes so triviais. Osexemplos ~ais exprcssivo~so fornecidos, tulvez, por intelectuais italianos comoMosca c Crocc que passaram suas vidas atllcando o l

  • ,o

    I. A cita:ilo de Mosc:ftesl6 em James Mc:iscl, TI/c My/IJ Df ihl! Rtlli"C Closs, Ann Arbor, Univenity arMich.ICllnPres.'\:.19S5, pp. 225.22Ci. Adc Croce!:$lA em Oiov/lnnl SlIflotl,DcmocrJI'ic11rcary, Delroil,Woyne Slate Univcrsily Press, lQ62, p. 37j iI f1ccil.~o Inicial do l1tseismo por Creu ~ dlSC\llida emSartori, Crocc ffko.Polltlco c Fil()IDfo ddtn Ubcrlb, Florena, Universlti dogli Studi, s.d., pp. 19) cn. A nfirmiIJiodc SlIlvcmini esll\ nOC:lT.>lIiointrodutrio li.A. WiIIillm SAJnmone,lft/fl1n ilJeOioflllinnfUI: /latian DcmrJCrtlcyin (hcMtlH,,~, It)()O./9U, Filndtlill, University orPennsylvllnla PtCSS,104S.1960. O breve cnsnlo de Salvemini argumenta. cfellvomenle, que Ogoverno tep,esenllllivo tal enmdestiva :wrglndo lU (uHIl eompllr.Jva.sc muito desfavoravelmente com lo Inslnterm c os ESlados UnidOJ.Sua aVl'lli~o t resumida em slIo_nfinnaio de que "At!t:mocrllc1l1.~~i~~~ nectultll.do de mllis _

    ---

    ~-.

    :,.

    ._'

    ,I .IIQUAl, A IMPORTl.NCJA DA POUARQUlA.'

    .Ain~a que testemunhas oculares dcs.se gE.hero no provem a' q~es.150, elasprevinem contra tl nceilalio da noo fcil de que as mudanas de ~~gime.ptico'no tm muita importncia. Suspeito de que a anlise responsvcl dO,alcance.e ds.cond!.Dessob as quais as llludanas de Iegime~ ~'importarn" cxigi~ia um:1ivro ..Cpreten~o 'renunciar a cstc esforo nesta 'obra~M~is aldn, se n.

  • -----------_.- ----

    QUAl, A tMPoRrJ.NcIA DA POUARQUtAl

    Isto no significa que a liderana poltica e os parlamentos sojam sempre umaamostra representativa das diversas cama90s sOcloeconmicns, ocupa~s e outrosagrupamentos de uma sociedade. ,E~~_n_~~.~_~~!q. Nos corpos legislativos oon-tcmporneos, aS ocupaes profi~ionnis e de classe mdia e5to numericamentesobre-representadas; as ocupaes em tmbalhos fabris esto sub-reprcsentadas(mesmo entre representantes de partidos trabalhistas, socialistas c comunistas),assim como muitas outrns categorias -agricultores e donas-de-casa, por exemplo4 .Mesmo que n "classe polltica" no sejn uma boa amostragem das categoriaseconmicas e sociais d um pafs - e muitos defensores da democracia repre-senlntiva argumentariam que ela no precisaria nem deveria s-loS -, 8 nmplia~odo sufrgio junto competio poltica lama, porm, os parlamentos, em parlicu-lar;';""a'i(j"erinpiftT-lem geii:' in'Swernvclrncnf'i.is- represelifti\is na~~n!l.S~~f!@S~~~t~ti~li:;:.. ..~ ."..-:-~-~-_.-., ~..oJ '-...---

    3. Na medida em que um sistema tom3.se mais competitivo ou mais inclusi.vO

    Ios polticos buscnm o apoio dos. grupos qC''gr Podem parliciP;-;;rs

    fucilmente da vid~ poHtica. A resposta de polticos existncia de novas oportu-nidades de pnrticipao e de Contcstao pblica diversificada e tem efeitos'delongo alCtlOce.Descrevi, mais :Hrs, uma dcssn.s: apresentar candidatos de quemos eleitores sintam-sc, de alguma forma, mai!:.p!~_xim~.Outra adaptarret6ric.a,programa, poltica e ideologia ao que se acredita que seja.m os desejos ou interesses

    . '.

    ~I:1,I

    . . . I P01.MRQUIA .''q~CnS:f~'r~S~~i'bcralitntes agiam na Tchecoslovquia anles de sua revolu~o seri~tcrri~pidn. c ,reverl,ida pelos soviticas. Muitos das oposies ditadura de

    .. Fr~'n~, Tia Esp.lnh3; u~ir:Jm.sc em tomo do objetivo de conquistar liberdades como'.... .. I ..s~as :para seu pais. " . .., o .. o'. \. :2.. f... parlfcip'nao ampliada combinada com a competio poltica ,provoca.

    UhlR~udDn~ na co~posio da lidcclJnn poltica, particularmente entre aqueles. 'que conq'ui$l3ll) carg9s pblicos atravs de et"eies - especialmente cargo~l'arla- .riic~I~J~S.Na medid~ em que nov~ grupos:obtm o sl;lfrgio. candidatos com,-caractersticas sociilis mais prximas s das cnmad~ -recm-incorporadasganham'.uma f~tramaior dos~~argoseletivos. Assim,. quando o sufrgio estreito de uma

    .: o1iga~quia competitiv:a se estendeu s clnsses mdias, o nmero de lderes parlid:-rios e.p,ulam.enlnres Mdos das classes mdias numentou~ Algo do gnero ocrrcuq~ando as c(~sscs trabalhadoras fo~am emancipadas, particularmente em pasesonde os pnrtii:los trablhistns e socinlistas conqu.istar3m urna grande fatia dos votosda classe. operria'. O~nndo a Recons.truo permitiu o sufrgio aos negros do Sul,dcpoif" da GucHa Civil norte-americana, os habitantes negros do Sul comearam a' ..a~up~r cllrg~spela ~j.imeira vez; qunnd9 n Reconstruiio se cncrrou, os negros

    .. i. dc!'npnrecc(a~ da vid~ pblica. Quando comearam n recuperllr sufrgio, depois-do'sancionametito d~ILci de Direitos Civis dc 1964, eles comcnram novnmcnte a

    . __'1conquistar cargos pblicos'.:. . oi

    . \2. H~ grude riqueza de evidncins sobre CS:laSmudanas. mOS,al onde sei, nenbuma .n6lise campa!ll-

    tlVl:OS e~Udo."l$llislcmtlieM e de largo flcto Ineluemode Mlltlel Dotan, .PolitlCl'lI Ascenlln 11Clus (82.S): ATl:;anns. 67,5 (7S,2); Fl6rida, 62,1 (83,8); Ge6r&iA, 56,1 (84,7); Looisionn, 59.;3 (87,9);Seiclety: Freneh Depulies 1870-1958", em nwlline MIl~vick, ed., PoJilical Dccl.don.Makers: Rf!Cruit.. Missiulppi. 59,4 (92,4); Cnrnlinl'l do Norte, 55,3 (78,7): CnrolilUl do Sul, 50,8 (65,6); Tcnncssce, 72.6mcnt .lInd fer{ornrnnct:, Glencoo, The Frce Press, 1961, pp, 57-90: e de W. L Oullsmlln, The British (81,3): Texas, 83,1 (n.3); Virglnia, 58," (67,0). PllrBClSes Estlldos como un1lodo, os tornls etnm 61,0..Polilicnl Elite, Londres, MllcGibbon IInd Ky. 11)6). Sobre li mudllnlls operlldns nll Grli.Brclonhn (78.I).Soulhern Regional Couneil, VolorEduc:.lion Project, "VolerRegl"ration intheSouth,Summer.Ilps 1832,. llS evidUncias so omples m.1Sapuentemenlc nsslitem'liclls. Enlretnnlo, complltcni-sc M 1968" Atlnnlll, SoulhernRegionll1 CouDCiI, 1968.Novmo dc 1969,cercade 473 reprcscntlnles negros'dados de Sir.Lwis N.mier sobll:- membros do Pnrlnmenlo vindos dos municlpios em 1761 em 'lhe hlVillm sido eleilos em Eslndos do Sul, incluindo 17 prefeitos c 200 verendores. "Black E1ededSfTUcI"rc o{PofitiestllllleAccession ofGc.or8e m, 2. eu., Londres, Mllcrnillnn. 1961, pp. 84 c ss, com Orficinla In lhe SOlllhern Slnces", mcmOfllnuo Plfll membros .scleclonntios da American PolhiClIW._lvor Jcooings, Parllanlc/lt. Cnmbridgc:, Cambtidge'UnivCfsity Press. 1939, TlIbelll 11,p. 38, e Com Selenee AlSociation, 12 de agoslo de 1969, de EmolY F. Via. DheClor, Labor Progt1lm, SoulbcmOuusmnn, r"e .Oritis"lPolilicni Elile. SOblC mullnnlls no ci:amXlsi&odas clnss:cs:,otinis e ocupado. Region.lll Council, Ine.nais no P:lrlnmento il~lhlOo UC 1909 n 1963 (o surtAgio universal fui introduzido em 1913 e li 4. Sobre 11Or.Drclnnhll, ver W. L. Cllll.smln, "Chnnges in Driti.sh l4bour 1.ClIdcuflip", em Polilicalrep~$~nl.ii? pro{lOrcmnal, em ]919), vcrS. Soniogyi, L. 1.0111,A. Prcdierl cG. Slltlorl.JI Parln.menlo_ Dcc/s;oll-M(fkcrs, pp. 91-137. Sobre tiados Il respllllo de cnndidllose membrosdaCllnll1':l dos Comuns./talifmo 1946.196J. Nfipoles, Edizioni.Scienti,!che I1nJinne, 1963, pp. 16{).162, 168.169 e 197-200. nos nnosSO e 60, ver J. Blondol, Votcr;t, Parl/uond LNldt!n, Bl1ltimore, Penguln, 1963. W. 135-145,Sobtc diCerenu, .nll 'ArgcotinA, enlre os nlveis lI~l.ccon(}micos dos pnrlllmenlnrcs dos partido.~ c PCfer G. J. Pulzer.polldcat Rcprr:sen/tltlon tJndElccli(J.f, Pnrcs C1ndVQlln8/n Grcnt Drllal, New

    :': conservadorcs'que dominarllm o Parlomenlo antes do 5ufligio universnl, insliluido em 1911, c do'! York, Pratger, 1()G7, pp. 67 e &5.Sobre o Parlamento it~lillno no ps-gUtml, ver SlIrtori Cf aL, n'.. pltrtid(a RllUicnl e Socialistn, que conquistll1lm umo moiori.ll dG llJSellcosdepoiJ du eleies de 1916, ParlamenfO Ittllinllo, pp, 93.97. SobrcO$ plflnmcnlores belglls em 1964, ver F. Debuysl.1A FonctilJll

    ver Dllrfo Conion, "Unm:rsnl Suffrn&e RS on Agef!ol-of Moblllzftlion", trebnlho eprUetlllldo no .VI' Parlemolla;re cn Ddgiqllc: Mcc6nwna tl'Acre.u cl IlTInges, Bmxdu, CRISP, 1966, pp. 90-.109.Congressn Mundinl de: Sociologl , Evi.'n, Fmnn, S\:l. 1?66, p. 24. Debuysl npTllsenllltllmbm I.belu compnrnndo a COlmaiio pronssloT\lI de memblW dos legi51111ivos

    3. . O suCrliglo negro c 5uns'c:onseq6nciAS soh. Recofl!.tr.uljfio~o discutldo~ em C. Vano \vOOl!wllrd, Ttlc : nl1cionnis em Btlgicn, F'flIRa,Gri-Brtl.nhll, H6lia e Esl:tdos Unidos (Senado) (p. 110), c IS parcenlo.8urdc/l of Sout/lcTIIllistory, New York, Vinlngc_ Boa!:s, 19GO, pp. 98.103. Sobre o perlodo rec:enie, cens em diversns partidos socialislos c C'Omonislas europeus de Jh,rlame:nlares da bnlxa c1uSl; mtdi.dlJ(!o' do Projeto ue Eclticaiio do EJeitordo Southt"fn l{cgional CouneiJ moslrnm qUe, no verllo de J968, . ou de ocupn6es opcmrias ou Cunciordlio! de 1"r1ldos (p. 113) .

    . ASporcenfage~1 dc ne:iros inscriloS P:1I:IvtlC~r Ilumentaram enorntemcnte'-As porcenlRgens, com ns "5. i::.g., Hllnnl P'enichel Pitldn, TlIe C,""ccpto{Reprcscnrulion, Bcrteley. Uni'lelsily oCCalifomla Prcs:s,eOrrupondenles PlllCClltllgeos de brancos inscrilos mcistradll! cnlrc ptlrtnccses, cum: Alnbllmh, 56.7. 1967, Cllfl. oi. pp. 60.9I.

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    POUAR(!lJfA

    iQUAL A J~t1>OIfTANC~; ~ '~UA'RQUlA7 I

    . ~s partidos tambm mu~am de e~lr~turn. c organizao. Colho j tem' sido','assmDla~a, a necessidade de m~bilizar um eleitorndo maior nciOIl~_o descnvolv'~~~e~to d~ organizaes ~8nidA~ias umodcr~as": ~sso porque, no.m~dida e~ qu~~eleItorado cresce, os arranjos tradicionais geralmente informais q~' f ',.. .rf . . ," " '", ' i.e unc.l~narnrn .

    pc cltamente com um ~nsculo grupo ~eel,cilores.(muitosdos qU

  • ....,

    POUARQUIA

    ;' 4. Em qu'alqucr pas, quanto maiores ,nsoP0rtunidudes de expressar, organizare.icprds'cntai prefcrndias polticas, maior li variedade de preferncias e interesses': pass(v~is 'de r~prescn~~o na poltica. Em um determinado pas e determinado.momento, portanto, o"nGmero e a variedade,das prCferncias e interesses rcpre~.s~l8dps .na.ativid'ndc ~ollica provavelmente .sero maiores se o regime poltico, fo'r 'umn polinrquiu.do gue se for uin regime misto, e maiores sob um regime mistod, quc'.sob uma.hegerhonin. Dar que, em qualquer pas, a transformao de umah~gemon_i3 rim .regirt:c misto ou nUf!la pq1iarquia, ou de um regime misto numapliarqujn, p~ovDvcInibntc aumentaria o nme~o e a.variedade de preferncias c ..

    intcr~~C& rcpr~senta~bs na poltica9 ... , " .'. . 5.' As' consequcncias para as poHti'cas' governamentais de patamares de

    '. pnrtieipao'~' de cOntestao pblica mais baixos infelizmente so obscuras. Osestudos.de mbito nadonal se defrontam com imenslS dificuldades nessa rea. Atm~mbos' e.c:tdos_~abrevari3es de progrn~as. poltic~s e variveis socioecon-

    ~.'micas:~ritre ~ cinq'cnta Eslados norle~amcricnllos nfio produzirm, ::J.tp.gara,'rc.

  • '.

    roUItROUIA

    Sul teve de desenvolver um duplo sislemaJ espcie de poliarquia para brancas chegemonia paro negros. importante considerar a distino, no para efeito demanipulaes lgicas, pureza de definio ou l/salvar" 8 polarquia li. qualquercusto, mas precisamente devida li generalizao emprica que ela refora.: se osnegros libertadris tivessem podido participar do sistema de contestao pblica, noSul. ncrcdilo que eles no poderinm tcr sido submetidos represso sistemticapeJa coero e pelo tenor pois compunham uma minorio. numericamente muitoexpressiva. Foi Somente com sua excluso forada da poUarquia que o sistema decoero e terror pde ser mantido no Sul. E foi prcci~nrnenfe na mcs"ma medida emque n populao negro foi excluda que a polillrquia no foi plenamente inclusivo,nos Estados Unidosl4 Ela foi, com efeito, menos inclusiva do que n maioria dasoutro? poliarquin.~ posteriores . Primeira Gncrm Mundial poisl acompanhando aadoo gencr.nlizada do sufrgio universal, nenhum outro pnes com um regimepolirquico (com as excees de Sua e a poliarquia transitria na Argentina)continha um grupo excludo de dimenso comparvel. (No seria inteiramentedesproposillldo definir poJarquia como regime exigindo um grau de inclusividademaior do que o atingido nos Estados Unidos; neste caso, este pas teria de serclassificado como uma quase.poliarquin.)

    OcxempJo dos Estados Unidos sugere um.tpico finill sobre as conseqnciase regimes para a poltica. No creio que as polinrquias tenham mais considera.1odo que outros regimes com as pc.~soas efetivamente privndas de direitos decidadania. Entre esses grupos excludos estavam (e, em certa medida, ainda esto)os negros que vivem no Sul dos Estados Unidos, mas em toda poliarquia osestrnngeiros que vivem fora das fronteiras daquele determinado pas so excludos.Ainda que no haja motivos para consider. los piores, os parses com regimespolirquicos provavelmente n50 so melhores do que outros pase.

  • .~".

    ,!'I rOLlARQUlAl~

    '. o esquema cbnceptual que utilizo neSte livro reflete um compromisso (ou~'-'como parecer a o~tros, um vis) a fa~or'~apoliarquia e contra regimes m~nosderri.octatiz~dos. ( que pode no estar: visvel, j que menos relevante para otema deste -livro, um vis a favor tambni de uma maior democratizao' das,. ,I: poliarquias.) No entanto, no parto dopressupostode que uma virada da hegemorii;lpra ~ poliai~uia 'invariavelmerite' desejv.el. Que,fique clara aqui minha c~vic-'o de que uma virada da hegemonia par'a a poliarquia freqentemente desejvel;minha convico ~fcrece um .dos rntivos para examinar o tema deste livro e

    ..formular as qustes centrais e os c.onceHos, como fa,o. No sentido exato dapaiavra, porm, algum poderia tratar ds questes colocadas neste livro e usar'osconceitos ~qui estabelecidos sem qualquer,pressuposta.sobre a desejabilidade de

    " .r .qualquer particular direo de'mudana. Na verdade, mesmo algum que defendauma posiao extrella de que uma mudana da hegemonia para a poliarquia nunca desejv~l, gostaria de entender~ acredito, as condies exigidas para imp~dir talmildana. Neste sentido~ a anlise pr~tellde ser independente de meus compro:mis-s~~ e simp'atias pa~a com a poliarquia - ainda que, dad'as as dificuldades na ansed~~ dados. neste ~~tgio, posso no ter sido plenamente bem-sucedido.,: Finalmente,iiqucro deixar claro qe no fiz qualquer suposio de que uma. .' !I.'. virada da hegemonia para a poliarquia historicamente inevitvel, Assim como o

    advento da :terceda onda de democratiza50 permanece duvidoso e poderia levar,iocl~sive. a um estreitamento ,n~gressivo das oportunidades de contestao pblica

    ,;1 'hoje disponveis nas poliarquias. seria a.bsurdo supor que alguma espcie de leihistrica de desel~volviUlento impc~ s socied~des, uma transio inevitv~i dahegemq~ia polti~a contestao p6"blica - ou, alis, na direlio oposta, Como osEstados-naes r1odernos tm mostrado movimentos nas duas direes, algunspoucas 'casos co~hecidOS bastam para refutar qualquer lei simplista de desenv~l~vimimto ,urtidirecfonal. Pode~sc meditarJ por exemplo, sobre as histrias de Argen-na,:Bras; Al~qJanha. Itlia, Unio Sovitia, Tchecoslovquia e Japo, Uma' dasi~pFcaes d :~nli5c neste livro. como veremos. que as condies maisf~yqrveis p-ara a poliarquia so compnrativam~nte incomuns e no so fceis de

    II 'se cnar..' ,

    VoItndo a~ora questo,.eolocada no final do ltimo captulo - que condi-es" aumentam 'significativamente as.possblidades de contestao pblica e depoli.arquia? _ ,devo analisar nos captulos seguintes as conseqncias de.seteconjuntos de condics: seqncias histricas, grau de concentrao na ordemsocieconmiC~; nvel de desenvolvimento sociocconmico, desigualdade; cliva.gens subcultura~:s, controle estrangeiro F,:." crenas de ativistas polticos.

    ------~._--_._---~--------'---" -----~----------, ---

    '.'. :

    3

    SEQNCIAS HISTRICAS

    Podem~se conceber os processos histricos como tendo dois aspectos rele-v~tes para_nossa questo central: o caminho ou a seqncia especficos detnmsformaoes de um regime e a maneira como um novo regime inaugurado.

    o Camillho para ,a Po/iarquia

    Ser importante. a seqncia?' Algumus sequ"e'n ' .. .. elas serao maIS passveis doque ou~ras de conduzir segurana mtua e. desta forma facilitar a mudum re . I"' J ana para

    glnJe maIs po ltlrquico? As duas figuras introduzidas no captulo anterior pararcprcse~tar as duas dimenses da dcmocratizao de que estamos tratando .tem c t t ' . pelml-

    er amen c, um numero tnfinito de cc'uninhos A h' t" -, , . 15 ona traou alguns deles.Mas mesmo que IIvcssemos de ~i~1itarnossa imaginao pela histria e pelo sensocomUl~, seg~ramcnle dcscobnrlilmos e inventaramos mais caminhos do quepodenarnos lIdar. A modesta preocupao de trabalhar com u t 't ma eona razoavel~

    J. eSla lambtm a qucsliio central e B' .Democracy: Lord and Peasmlt in 11:M;~~:(;; t~O;;;'::~'1~:;~;J~;j~iIlS ;[ Dicr(l("l'shlprmdEnlrclanlo, como o subtltulo su,gere Moo. . '. ~ on, e.con Preos

    s, 1966.

    lIist6ric~smai~ longas. Alm do m~i!l el: occ:.nCtnl~ll.se em van;]v~as~ICeTenlesc em seqnciasf d ' P li por Ignora, 11expcnncm de pas!::s menores comun amenlos qlle no considero persuasivos (p. XIII).

    51

    00000001000000020000000300000004000000050000000600000007000000080000000900000010000000110000001200000013000000140000001500000016000000170000001800000019000000200000002100000022