Pink a Lei Santos

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    ALEI E OS SANTOS

    ARTHUR W.PINK

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    Fonte: Providence Baptist Ministries

    (http://www.pbministries.org)

    Traduo: Rodrigo Reis de Faria

    ([email protected])

    13/02/2014

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    INTRODUO

    J foi dito que todo pecador no-regenerado tem o corao de um fariseu. Isto

    verdade; e igualmente verdade que todo pecador no-regenerado tem o coraode um antinomista. Este o carter expressamente conferido mente carnal ela

    inimizade contra Deus; e a prova disto que no sujeita lei de Deus, nem, em

    verdade, o pode ser (Rm 8:7). Deveramos nos surpreender, ento, se encontrs-

    semos os princpios subjacentes do farisasmo e do antinomismo unidos na mesma

    mente? Certamente que no. No existe entre estes princpios aparentemente opos-

    tos oposio mais real do que entre a inimizade e o orgulho. Muitos servos indolen-

    tes j aborreceram a seu mestre e seu servio, e, contudo, tiveram arrogncia e pre-

    suno suficientes para exigirem o seu salrio. O farisasmo e o antinomismo se u-

    nem, assim como Herodes e Pilatos, contra a Verdade.

    O termo antinomiano significa algum que contra a Lei, logo, quando declaramos

    que a nossa poca de ilegalidade, este apenas outro modo de dizer que uma

    poca caracterizada pelo antinomismo. H pouca necessidade de pararmos e apre-

    sentar prova de que esta uma poca de ilegalidade. Em cada esfera da vida, o tris-

    te fato nos confronta. Na quase total ausncia de qualquer disciplina real na maioria

    das igrejas, vemos o princpio exemplificado. No mais do que duas geraes atrs,

    milhares, dezenas de milhares, dos membros de vida relaxada cujos nomes agoraso retidos nos rols de membros, teriam sido desmembrados. O mesmo ocorre na

    grande maioria de nossos lares. Com excees comparativamente raras, esposas

    no esto mais em sujeio aos seus maridos (Ef 5:22, 24); e, quanto a obedec-los

    (1 Pe 3:1, 2, 5, 6), ora, a maioria das mulheres exige que essa palavra to detestvel

    seja lanada para fora da cerimnia de casamento. Do mesmo modo com as crian-

    as como poderia ser diferente? A obedincia aos pais uma coisa quase que

    totalmente do passado. E as condies no mundo? A infidelidade conjugal abundan-

    te, o comrcio dominical, o banditismo, linchamentos, greves, e vrias outras coisasque poderiam ser mencionadas, tudo d testemunho da assustadora onda de ilega-

    lidade que est inundando o pas.

    Qual , podemos apropriadamente inquirir, a causa da ilegalidade que agora preva-

    lece tanto? Para cada efeito h uma causa, e o carter do efeito geralmente sugere

    a natureza da causa. Estamos certos de que o atual e difundido desprezo pela lei

    humana o fruto inevitvel do desrespeito pela Lei divina. Onde no existe temor a

    Deus, no devemos esperar que haja muito temor ao homem. E por que existe tanto

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    desrespeito pela Lei divina? Este, por sua vez, apenas o efeito de uma causa an-

    tecedente. E esta tambm no difcil de se encontrar. Ser que as declaraes dos

    mestres cristos durante os ltimos vinte e cinco anos no contribuem para explicar

    a situao que agora nos confronta?

    A histria tem se repetido. No passado, Deus lamentou acerca de Efraim: Escrevi-

    lhe as grandezas da Minha Lei, porm essas so estimadas como coisa estranha

    (Os 8:12). Observe como Deus fala da Sua Lei: As grandezas da Minha Lei! No

    so preceitos de pouca importncia, para serem apenas frivolamente considerados,

    e menosprezados; mas so de grande autoridade, importncia e valor. Mas, assim

    como ento, do mesmo modo nos ltimos anos elas tm sido estimadas como coisa

    estranha.Os mestres cristos tm competido entre si em denunciar a Lei como um

    jugo de servido, um fardo pesado, um inimigo desapiedado. Eles tm declara-

    do ao som de trombetas que os cristos devem considerar a Lei como uma coisa

    estranha; que ela nunca foi projetada para eles; que ela foi dada a Israel, e ento

    encerrada na Cruz de Cristo. Eles tm alertado o povo de Deus para que no te-

    nham nada que ver com os Dez Mandamentos. Eles tm denunciado como legalis-

    tas os cristos do passado, os quais, como Paulo, serviam Lei (Rm 7:25). Eles

    tm afirmado que a Graa exclui a Lei da vida do cristo to absolutamente como a

    excluiu da sua salvao. Eles tm exposto ao ridculo aqueles que defenderam um

    Sbado cristo, e os tm classificado com os adventistas do stimo dia. Tendo se-meado ventos, surpresa que agora estejamos colhendo tempestades?

    O carter da causa determina o carter do efeito. Tudo o que um homem semear,

    isto (o mesmo em espcie) ele tambm colher. Aos que no passado consideraram

    as grandezas da Lei de Deus como coisa estranha, Deus declarou: Porquanto Efra-

    im multiplicou os altares para pecar, ter altares para pecar (Os 8:11). E, porque

    muitos de nossos lderes cristos tm repudiado publicamente a Lei divina, Deus

    nos visitou com uma onda de ilegalidade em nossas igrejas, lares e vida social. Noerreis: Deus no Se deixa escarnecer! Tambm no temos nenhuma esperana de

    conter o avano da mar, ou de fazer os lderes cristos mudarem sua posio.

    Tendo se comprometido publicamente, os exemplos da histria passada nos avisam

    que o orgulho os impedir de fazerem a humilhante confisso de que erraram. Mas

    temos uma esperana de que alguns daqueles que tm estado sob a influncia do

    antinomismo do sculo vinte tero discernimento espiritual suficiente para reconhe-

    cer a verdade quando apresentada sua considerao; e para eles que escreve-

    mos agora.

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    INTRODUO 5

    Na edio de janeiro de 1923 de um contemporneo, apareceu o segundo artigo de

    autoria do Dr. McNichol, diretor da Escola Bblica de Toronto, sob o ttulo: Exage-

    rando as Dispensaes. O propsito destes artigos alertar os filhos de Deus con-

    tra os perigos que jazem no caminho de grande parte do ensino positivo pr-milenista de hoje. Citando, Dr. McNichol diz:

    1. H perigo quando a Lei colocada contra a Graa. Nenhum esquema de inter-

    pretao proftica pode ser seguro quando obrigado a apresentar as dispensaes

    da Lei e da Graa como sistemas opostos, um excluindo e contrrio ao outro. Se

    este fosse o caso, significaria que Deus havia tido atitudes opostas e contraditrias

    para com os homens nestas duas eras diferentes. Em ltima anlise, esta represen-

    tao da relao entre lei e graa afeta o carter de Deus, assim como tudo aquilo

    que perverte as Escrituras, perturbando deste modo o espelho da Sua mente, acaba

    por fazer.

    Longe de serem sistemas opostos, lei e graa, tais como reveladas na Escritura,

    so partes de um s plano harmonioso e progressivo. A presente dispensao ex-

    pressa como a era da graa, no porque a graa lhe pertence exclusivamente, mas

    porque nela a graa foi manifestada plenamente. Quando Joo declarou que a lei foi

    dada por Moiss, mas a graa e a verdade vieram por Jesus Cristo, ele estava con-

    trastando a lei e a graa, no como dois sistemas contrrios e irreconciliveis, mascomo duas partes relacionadas de um s sistema. A lei era a sombra, Cristo era a

    essncia. A lei era o padro, Cristo era a realidade. A graa que esteve por trs da

    lei veio luz atravs de Jesus Cristo, de modo que pudesse ser percebida. O fato

    que a graa esteve em operao desde o princpio. Ela comeou no den, com a

    primeira promessa de redeno imediatamente aps a queda. Toda a redeno

    pela graa; no pode haver salvao sem ela, e at a prpria lei procede com base

    na graa.

    A lei foi dada a Israel no para que fossem redimidos, mas porque haviam sido re-

    dimidos. A nao fora tirada do Egito pelo poder de Deus sob o sangue do cordeiro

    imolado, o mesmo sendo o smbolo e sinal da Sua graa. A lei foi acrescentada no

    Sinai como o padro de vida necessrio para um povo resgatado, um povo que ago-

    ra pertencia ao Senhor. Ela comeava com uma declarao da sua redeno: Eu

    sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servido (Ex 20:2).

    Ela se apoiava na base da graa, e incorporava o princpio de que a redeno impli-

    cava em uma conformidade com a ordem moral de Deus. Em outras palavras, a pr-

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    pria graa que redimiu Israel trazia consigo a necessidade de revelar a lei a Israel. A

    lei foi dada para que eles andassem dignos da relao em que agora estavam com

    Deus, dignos de uma salvao que j era sua. O concerto da lei no suplantou o

    concerto da promessa, mas apresentou o tipo de vida que se esperava que aquelesque foram redimidos pelo concerto da promessa vivessem.

    A lei no era um concerto de obras no sentido de que a salvao de Israel dependia

    da obedincia a ela. O israelita devoto era salvo pela f na promessa de Deus, que

    naquela ocasio estava incorporada nos servios do tabernculo. Ele vislumbrava

    atravs dos sacrifcios uma salvao que os mesmos prefiguravam, e pela f a acei-

    tava, assim como olhamos para trs para a Cruz e pela f aceitamos a salvao que

    foi realizada. Os santos do Antigo Testamento e os santos do Novo Testamento,

    ambos so salvos do mesmo modo, e isto pela graa de Deus atravs de Jesus

    Cristo somente.

    claro que o povo no guardou a lei. Ela apenas trouxe o pecado luz e provou

    que a justia no podia vir deste modo, como Paulo assinala na Epstola aos Roma-

    nos. Ela tornou tudo ainda mais evidente de que havia uma necessidade da obra de

    Cristo. Mas Cristo no veio para pr a lei de lado e introduzir outro plano. No vim

    para destruir, declarou Ele, mas para cumprir; no para dissolver as obrigaes da

    lei e nos liberar delas, mas para substanciar a lei e confirmar tudo o que ela exigia.No Sermo do Monte, Ele exps e expandiu a lei, em toda a sua profundidade e ex-

    tenso, e em toda a sua amplitude perscrutadora. Este Sermo Ele pronunciou aos

    Seus discpulos; foi a Sua lei para eles. No foi planejado para outra era e outro po-

    vo; apresentava o tipo de vida que Ele esperava que o Seu prprio povo vivesse na

    presente era.

    claro que no podemos cumprir a lei do Sermo do Monte como um padro de

    vida exterior. Nosso Senhor no a deixou por isso. Ele Mesmo ia tornar possvel aos

    Seus discpulos cumprirem-na, mas Ele ainda no poderia lhes dizer como. Quando

    morreu e ressuscitou e subiu ao cu, e o Seu Esprito Santo o mesmo Esprito que

    havia cumprido e exemplificado essa lei completamente em Sua prpria vida fluiu

    de volta para as vidas dos Seus discpulos, ento eles tiveram de guard-la. A lei foi

    escrita em seus coraes. Suas vidas foram conformadas lei, no por obedincia

    escravizadora a um padro exterior, mas pelo livre constrangimento de um esprito

    interior. A ordenana da lei cumprida neles quando andam, no segundo a carne,

    mas segundo o esprito.

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    INTRODUO 7

    esta mesma caracterstica da graa que parece torn-la um sistema totalmente

    diferente e separado da lei, pois ela no existia na dispensao do Antigo Testamen-

    to. No poderia ser percebida antes que a obra redentora de Cristo fosse realizada e

    o Esprito Santo viesse. Os israelitas ocuparam uma posio diferente em relao lei daquela ocupada pelos cristos agora. A lei exigia uma obedincia que o corao

    natural no poderia oferecer. Em sua atuao prtica, portanto, a lei veio necessari-

    amente para estar sobre um homem como um credor que reivindica a justia que

    no havia sido satisfeita. Estas reivindicaes Cristo satisfez na Cruz e as tirou do

    caminho. Mais do que isto, por virtude da nossa unio com Ele em Sua morte e res-

    surreio, Ele nos levou da esfera em que a lei, como uma autoridade exterior, exige

    obedincia do homem natural, para a esfera em que a lei escrita no corao pelo

    poder do Esprito Santo. Ele nos fez um novo homem, cuja natureza cumprir a leipor um poder e princpio interior. isto o que Paulo queria dizer quando afirmou:

    Eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus (Gl 2:19), e quando escre-

    veu aos romanos: Porque o pecado no ter domnio sobre vs, pois no estais de-

    baixo da lei, mas debaixo da graa (Rm 6:14).

    Esta nova relao com a lei foi criada pela graa de Deus atravs da obra de Jesus

    Cristo. Mas a lei ainda permanece. Ela o reflexo do Seu prprio carter e a revela-

    o da Sua ordem moral. Ele no pode coloc-la de lado, pois, neste caso, Ele ne-

    garia a Si mesmo. A maravilha e a glria da graa consistem nisto, que ela veio, nopara se opor lei e substitu-la por outro plano, mas para confrontar e satisfazer to-

    das as suas reivindicaes e prover um modo de cumprir todas as suas obrigaes.

    Aprouve ao Senhor pela Sua graa engrandecer a lei e torn-la gloriosa.

    Com as observaes acima estamos sinceramente de acordo.1 uma concluso

    superficial e errnea a que supe que o Antigo e o Novo Testamentos sejam anta-

    gnicos. O Antigo Testamento est cheio da graa; o Novo Testamento est cheio

    da Lei. A relao do Novo Testamento com o Antigo como a do carvalho com abolota. Muitas vezes j se disse, e com verdade: O Novo est contido no Antigo, o

    Antigo explicado pelo Novo! E certamente isto deve ser assim. A Bblia como um

    todo, e em suas partes, no apenas para Israel ou para a Igreja, mas uma reve-

    lao de Deus escrita para e em favor de toda a raa humana. realmente triste ver

    como esta verdade elementar pouco compreendida hoje, e que confuso prevale-

    ce.

    1Exceto que, nos pargrafos finais, Dr. McNichol um tanto confuso sobre a presente relao da Lei com o

    crente.

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    At o falecido Mr. F. W. Grant, em suas notas sobre xodo 19 e 20, foi to inconsis-

    tente consigo mesmo que disse, primeiro: est claro que a redeno, na medida em

    que traz a alma at Deus, coloca o Seu trono dentro dela, e a obedincia a nica

    liberdade. Est claro tambm que existe uma justia da lei que a prpria lei no dpoder para cumprir, mas que cumprida em ns, que no andamos segundo a car-

    ne, mas segundo o esprito (Rm 8:4). O que meramente dispensacional passa,

    mas no o que a expresso do carter de Deus e exigido por ele. Nada disto pode

    passar ... a graa ainda deve afirmar isto, portanto, e no coloc-la (a obedincia) de

    lado; mas ela faz o que a lei no faz ela providencia o cumprimento da condio.

    Antes de tudo, a obedincia de Outro, que no devia nada a ningum, glorificou a

    Deus infinitamente com respeito queles que deviam mas no pagavam. Em segun-

    do lugar pois nem mesmo isto no poderia liberar (nem poderia haver beno emliberar) da obrigao pessoal a graa apreendida no corao traz o corao de

    volta a Deus, e o corao trazido de volta em amor serve por necessidade (itlicos

    nossos).

    Com as palavras acima citadas da Bblia Numrica estamos em pleno acordo, e a-

    penas desejamos que sejam ecoadas pelos seguidores de Mr. Grant. Mas, em se-

    gundo lugar, e de modo muito inconsistente e errneo, Mr. Grant diz: Na sabedoria

    de Deus, essa mesma lei, cujo princpio era fazei e vivei, contudo, poderia ser o tipo

    da obedincia da f naqueles que so objetos de uma redeno espiritual, da qual oprincpio vivei e fazei. Lembremos, porm, que a lei em si retm o seu carter en-

    quanto oposto graa, e que, como um tipo, ela no representa mais a lei; no es-

    tamos, como cristos, em qualquer sentido debaixo da lei, mas debaixo da graa

    (itlicos seus). Isto um equvoco, ainda mais srio porque cometido por algum

    cujos escritos constituem agora, em certos crculos, o teste de ortodoxia na interpre-

    tao da Palavra de Deus.

    O que foi dito acima revela a necessidade de um exame srio e cuidadoso do ensinoda Escritura Sagrada concernente Lei. Mas ao que nos referimos quando falamos

    de Lei? Este um termo que precisa ser cuidadosamente definido. No Novo Tes-

    tamento, trs expresses so usadas, concernente s quais tem havido no pouca

    confuso. Primeiro, h a Lei de Deus (Rm 7:22, 25, etc.). Segundo, h a Lei de

    Moiss (Jo 7:23; At 13:39; 15:5; etc.). Terceiro, h a lei de Cristo (Gl 6:2). Agora,

    estas trs expresses no so de modo algum sinnimas, e s quando aprendermos

    a distingui-las que poderemos esperar chegar a algum entendimento claro do nos-

    so tema.

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    INTRODUO 9

    A Lei de Deus expressa a mente do Criador, e obrigatria a todas as criaturas

    racionais. o padro moral imutvel de Deus para regular a conduta de todos os

    homens. Em alguns lugares, a Lei de Deus pode se referir a toda a vontade reve-

    lada de Deus, mas, na maior parte, faz referncia aos Dez Mandamentos; e nestesentido estrito que usamos o termo. Esta Lei foi gravada na natureza moral do ho-

    mem desde o princpio, e, embora atualmente cado, ele ainda mostra a sua obra

    escrita em seu corao. Esta lei nunca foi anulada, e, na prpria natureza das coi-

    sas, no pode ser. Deus ab-rogar a Lei moral seria afundar o universo inteiro em

    anarquia. A obedincia Lei de Deus o primeiro dever do homem. por isso que

    a primeira queixa que Jeov fez contra Israel depois que deixaram o Egito foi: At

    quando recusareis guardar os Meus mandamentos e as Minhas leis? (Ex 16:28).

    por isso que os primeiros estatutos que Deus deu a Israel foram os Dez Mandamen-tos, ou seja, a Lei moral. por isso que, no primeiro discurso de Cristo registrado no

    Novo Testamento, Ele declarou: No cuideis que vim destruir a lei ou os profetas:

    no vim ab-rogar, mas cumprir (Mt 5:17), e ento passou a expor e aplicar a Lei mo-

    ral. E por isso que, na primeira das Epstolas, o Esprito Santo nos ensinou exten-

    samente a relao da Lei com os pecadores e os santos, em conexo com a salva-

    o e a subseqente caminhada dos salvos; a palavra lei ocorre em Romanos no

    menos do que setenta e cinco vezes, embora, naturalmente, nem toda a referncia

    seja Lei de Deus. E por isso que os pecadores (Rm 3:19) e os santos (Tg 2:12)

    serojulgados por esta Lei.

    A Lei de Moiss todo o sistema de legislao, judicial e cerimonial, que Jeov

    deu a Israel durante o tempo em que estiveram no deserto. A Lei de Moiss, como

    tal, no obrigatria a ningum mais que os israelitas. Esta Lei no foi anulada. Que

    a Lei de Moiss no obrigatria para os gentios est claro a partir de Atos 15.

    A Lei de Cristo a Lei moral de Deus, mas nas mos do Mediador. a Lei sob a

    qual o Prprio Cristo foi feito (Gl 4:4). a Lei que estava dentro do Seu corao(Sl 40:8). a Lei que Ele veio cumprir (Mt 5:17). A Lei de Deus agora denomi-

    nada a Lei de Cristo na medida em que se relaciona com os cristos. Como criatu-

    ras, estamos sob a obrigao de servir Lei de Deus (Rm 7:25). Como pecadores

    redimidos, somos servos de Cristo (Ef 6:6), e, como tais, estamos sob a obrigao

    de servir ao Senhor Cristo (Cl 3:24). A relao entre estes dois apelativos, a Lei de

    Deus e a Lei de Cristo, claramente sugerida em 1 Co 9:21, onde o apstolo de-

    clara que no estava sem Lei para com Deus, pois ele estava debaixo da Lei de

    Cristo. O sentido disto muito simples. Como uma criatura humana, o apstolo ain-

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    da estava sob a obrigao de obedecer Lei moral de Deus, seu Criador; mas, co-

    mo um homem salvo, ele agora pertencia a Cristo, o Mediador, por redeno. Cristo

    o havia comprado; ele era Seu, portanto, ele estava sob a Lei de Cristo. A Lei de

    Cristo, ento, apenas a Lei moral de Deus agora nas mos do Mediador e Reden-tor cf. Ex 34:1 e o que se segue!

    Se algum objetar contra a nossa definio da distino entre a Lei moral de Deus e

    a Lei de Moiss, solicitamos que atentem bem para o que se segue. Deus tomou

    cuidados especiais para nos mostrar a clara linha de demarcao que Ele Mesmo

    traou entre as duas. A Lei moral incorporou-se na Lei mosaica,2contudo, esta foi

    nitidamente distinguida daquela. A prova disto vem a seguir:

    Em primeiro lugar, que o leitor note atentamente as palavras com que Ex 20 se inici-a: Ento falou Deus todas estas palavras. Observe que no : O Senhor falou to-

    das estas palavras, mas: Deus falou. Isto ainda mais notvel porque, logo no

    verso seguinte, Ele diz: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito,

    etc. Agora, os ttulos divinos no so usados livremente, nem so empregados alter-

    nadamente com o propsito de variao. Cada um possui uma significao definida

    e distinta. Deus o ttulo criacional (veja Gn 1:1). Senhor Deus em relao pac-

    tual, por isso que o Senhor Deus em todo Gn 2. Em Gn 1, Deus em conexo

    com as Suas criaturas. Em Gn 2, o Senhor Deus em conexo com Ado, com oqual Ele havia entrado em um concerto veja Os 6:7, variante. O fato, ento, de que

    Ex 20 se inicie com: Ento Deus falou todas estas palavras, etc., prova conclusi-

    vamente que os Dez Mandamentos no eram e no so projetados apenas para Is-

    rael (o povo do concerto), mas para toda a humanidade. O uso do ttulo Deus em

    Ex 20:1 ainda mais vigoroso, porque, nos vv. 2, 5, 7, 10, 11, 12, o Senhor men-

    cionado, e mencionado a porque a Israel que est sendo dirigido.

    Em segundo lugar, os Dez Mandamentos, e somente estes, de todas as leis que Je-

    ov deu a Israel, foram promulgados pela voz de Deus, em meio s mais solenes

    manifestaes e sinais da presena e majestade divina.

    2E isto por necessidade. Conforme j explicado, os Dez Mandamentos revelam a vontade do Criador para toda a

    criatura humana, e, como os israelitas foram primeiro criaturas de Deus antes de serem trazidos relao de

    Seu povo pactual, a Lei moral fora dada a eles antes da Lei mosaica. Isto explica por que os Dez Mandamentos

    so repetidos em Dt 5. Em Ex 20, so dirigidos s criaturas de Deus; em Dt 5, a Israel como o povo pactual de

    Jeov. Note a ausncia em Dt 5 de Deus falou todas estas palavras!

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    INTRODUO 11

    Em terceiro lugar, os Dez Mandamentos, e somente estes, de todos os estatutos de

    Jeov para Israel, foram escritos diretamente pelo dedo de Deus, escritos em tbuas

    de pedra; e escritos assim para denotar a sua natureza duradoura e imperecvel.

    Em quarto lugar, os Dez Mandamentos ainda foram distinguidos de todas aquelas

    leis que tinham apenas uma aplicao local para Israel, pelo fato de que somente

    aqueles foram colocados na arca. Um tabernculo foi preparado pela direo espe-

    cial de Deus, e dentro dele uma arca foi colocada, na qual as duas tbuas da Lei

    foram depositadas. A arca, formada da madeira mais durvel, estava coberta de ou-

    ro, por dentro e por fora. Sobre ela estava colocado o assento da misericrdia, que

    se tornou o trono de Jeov no meio de Seu povo. Enquanto o tabernculo no fosse

    erigido, e a Lei colocada na arca, Jeov no faria a Sua habitao no meio de Israel.

    Assim o Senhor significou a Israel que a Lei moral era a base de todos os Seus rela-

    cionamentos governamentais com eles.

    Assim fica claro, sem qualquer sombra de dvida, que os Dez Mandamentos, a Lei

    moral de Deus, foram nitidamente distinguidos da Lei de Moiss. A Lei de Moiss,

    excetuando a Lei moral incorporada nela, no era obrigatria a ningum mais que os

    israelitas, ou proslitos gentios. Mas a Lei moral de Deus, ao contrrio da mosaica,

    obrigatria para todos os homens. Uma vez que esta distino seja percebida, mui-

    tas dificuldades menores se esclarecem. Por exemplo, algum diz: Se devemosguardar o santo dia do Sbado, como fez Israel, por que no devemos observar os

    outros sbados o ano sabtico, por exemplo? A resposta : Porque somente a Lei

    moral obrigatria para os gentios e cristos. Ora, pode-se perguntar, a pena de

    morte vinculada profanao do dia de Sbado (Ex 31:14, etc.) ainda est em vi-

    gor? A resposta : Porque, embora esta fosse parte da Lei mosaica, no era parte

    da Lei moral de Deus, ou seja, no estava inscrita nas tbuas de pedra; portanto,

    no dizia respeito a ningum mais que os israelitas.

    Nos captulos que se seguem, propomos oferecer uma exposio das principais es-

    crituras do Novo Testamento que se referem aos Dez Mandamentos. Primeiro, nos

    ocuparemos das passagens que so invocadas por aqueles que negam que a Lei

    seja em algum sentido obrigatria para os cristos. Segundo, trataremos de algumas

    das muitas passagens que provam inequivocamente que todos esto sob perptuas

    obrigaes de obedecer Lei de Deus. Terceiro, um livreto separado ser dedicado

    ao Sbado cristo.3Quarto, em outro livreto separado, discutiremos a natureza da

    3O Sbado Cristo.

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    verdadeira liberdade crist.4Que a graa divina ilumine os nossos entendimentos e

    governe os nossos coraes de tal modo que corramos no caminho dos mandamen-

    tos de Deus.

    4A Liberdade Crist.

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    CAPTULO 1

    OASPECTO NEGATIVO

    Qual a relao entre a Lei e os santos? Por Lei nos referimos aos Dez Mandamen-tos gravados nas tbuas de pedra pelo dedo de Deus; por santos queremos dizer os

    crentes que vivem na presente dispensao. Qual , ento, a relao entre o cristo

    que vive hoje e os Dez Mandamentos formalmente proclamados no tempo de Moi-

    ss? Na realidade, triste que tal questo precise ser levantada, e que a resposta

    divina precise ser enfatizada para o povo de Deus. Houve um tempo em que no

    seria fcil encontrar um cristo que fosse ignorante sobre este tema; um tempo em

    que a primeira coisa confiada memria pelos filhos de pais cristos era os Dez

    Mandamentos. Mas, ah, pena que hoje seja to diferente. Agora est se tornandocada vez mais difcil encontrar aqueles que possam dar uma resposta clara e espiri-

    tual nossa questo inicial. E, quanto a encontrar crianas que possam repetir os

    Dez Mandamentos, estas so realmente raras.

    A Lei e os santos. Os ensinos de hoje sobre este tema, como sobre praticamente

    todos os outros temas escritursticos, so conflitantes e contraditrios. Na realidade,

    h poucas doutrinas divinas sobre as quais at mesmo os mestres cristos sejam

    uniformes em seu testemunho. Que diferenas de opinio existem concernente

    verdade da Igreja e das ordenanas! Que variedade de interpretaes da profecia

    confrontam-nos agora! Que falta de harmonia concernente doutrina da santifica-

    o! A mesma confuso prevalece com respeito relao da Lei com os santos. As-

    sim como a Confuso de Lnguas (Gn 11) precedeu imediatamente ao chamado de

    Deus a Abrao (o pai de todos ns) para deixar sua terra natal e ir para aquela terra

    que ele havia de receber por herana (Gn 12), do mesmo modo existe uma confuso

    de lnguas no mundo teolgico, exatamente antes de o povo de Deus ser chamado

    para fora desta terra para a sua herana celestial (1 Pe 1:4). Que Deus tem um bom

    motivo para permitir a presente confuso de lnguas, no temos dvida E at im-porta que haja entre vs faces, para que os que so aprovados se manifestem

    entre vs (1 Co 11:19, R.V.).

    Qual a relao da Lei com os santos? Trs respostas tm sido oferecidas. Primei-

    ro, que os pecadores tornam-se santos obedecendo Lei. Segundo, que a Lei

    uma regra de vida para os crentes. Terceiro, que a Lei no tem absolutamente nada

    a ver com os crentes de hoje. Aqueles que do a primeira resposta ensinam que a

    Lei define o que Deus exige do homem, e, portanto, o homem deve guard-la a fim

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    ARTHUR W.PINK14

    de ser aceito por Deus. Aqueles que do a segunda resposta ensinam que a Lei re-

    vela um padro de conduta, e que, embora este padro do Antigo Testamento rece-

    ba ampliao no Novo, o ltimo no pe de lado o primeiro. Aqueles que do a ter-

    ceira resposta ensinam que a Lei era um jugo de servido, duro de ser suportado, eque foi encerrada no que diz respeito aos cristos. A primeira resposta legalismo

    puro e simples salvao pelas obras; a segunda relaciona-se com a verdadeira

    liberdade crist; a terceira antinomismo ilegalidade, um repdio autoridade go-

    vernamental de Deus. A primeira opinio prevaleceu, via de regra, atravs da Idade

    Mdia, quando o Papado reinava praticamente supremo. A segunda viso prevale-

    ceu, via de regra, durante o tempo dos reformadores e puritanos. A terceira opinio

    passou a ter proeminncia durante o ltimo sculo, e agora a crena popular de

    nosso tempo.

    Quo gratos deveramos estar por ser o nosso feliz privilgio nos retirarmos do tu-

    multo teolgico que nos cerca, e entrarmos no tranqilo santurio da verdade de

    Deus, para que nos desviemos das vozes conflitantes dos homens, para ouvirmos o

    que Deus diz sobre o assunto. Confiamos que este o desejo sincero de nossos

    leitores. Nutrimos a esperana de que poucos dos que tm lido os pargrafos acima

    estejam to convencidos que suponham no ter necessidade alguma de examinar

    ou reexaminar o que as Escrituras ensinam sobre a relao da Lei com os crentes.

    Estamos persuadidos, antes, de que o leitor compartilha da convico do escritor, asaber, que esta uma necessidade imperativa. muito fcil concluir que nossas

    opinies acerca de certas verdades divinas foram formadas a partir do nosso prprio

    estudo do que temos (correta ou incorretamente) absorvido de mestres humanos.

    Nossa necessidade a dos bereanos (At 17:11) Examinar cada dia nas Escritu-

    ras para descobrir se o que ouvimos e lemos est ou no de acordo com a Palavra

    da Verdade. Alm do mais, isto certo: Se algum cuida saber alguma coisa, ainda

    no sabe como convm saber (1 Co 8:2). Portanto, cabe a cada um de ns olhar

    definitivamente para Deus em busca de luz e socorro, e ento voltar-se reverente-mente para a Sua Palavra em busca da instruo necessria.

    Antes de apresentarmos ao leitor algumas das principais escrituras que definem a

    relao da Lei com os crentes desta dispensao, ser primeiramente necessrio

    examinar as passagens que so invocadas por aqueles que afirmam que a Lei no

    tem nenhuma relao com o povo de Deus que vive hoje. Voltemo-nos ento para

    estas passagens, e, sem preconceito (at onde isto seja possvel), procuremos ave-

    riguar o seu verdadeiro significado.

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    CAPTULO 1.OASPECTO NEGATIVO 15

    1. Porque todos os que sem Lei pecaram, sem Lei tambm perecero ... porque,

    quando os gentios, que no tm Lei, fazem naturalmente as coisas que so da Lei,

    no tendo eles Lei, para si mesmos so Lei(Rm 2:12-14). Estes versos na verdade

    no tm relao direta com o nosso presente tema, visto que tratam de outros queno os santos. Contudo, como esta passagem se relaciona com o tema mais amplo

    da Lei em geral, e como utilizada por aqueles que inspida e calorosamente negam

    que a Lei tenha alguma relao com os crentes de hoje, damos-lhe uma breve aten-

    o.

    afirmado por alguns, os quais respeitamos, mas dos quais, sobre este tema, so-

    mos obrigados a divergir, que a Lei foi dada nao de Israel e a ningum mais, e,

    portanto, nem os gentios, nem os cristos esto sob qualquer obrigao de guard-

    la. Que a Lei foi dada formalmente a Israel no Sinai francamente aceito. Mas, ser

    que isto prova que ela no foi designada para ningum mais que os descendentes

    de Jac? Certamente que no. Escrevendo aos santos em Roma (muitos dos quais

    eram gentios, veja 1:13; 11:13; 15:15, 16, etc.), Paulo disse: Mas agora temos sido

    libertados da Lei (7:6). E ainda, em 8:7, ele declara: A inclinao da carne inimi-

    zade contra Deus, pois no sujeita Lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser;

    note, no a inclinao judaica, mas a inclinao da carne tanto em judeus como

    em gentios. Agora, no haveria razo nesta declarao se a inclinao do homem,

    enquanto homem, no estiver obrigada a sujeitar-se Lei de Deus. A inclinao dohomem no sujeita, e por causa da sua depravao inata no pode ser; no obs-

    tante, deveria ser. Mais uma vez, note como, em Ef 2:2, dito que os mpios so

    filhos da desobedincia isto no faz sentido se eles no esto sob a obrigao de

    obedecer aos mandamentos de Deus. Estas escrituras, ento, so suficientes para

    estabelecer o fato de que os gentios, assim como os judeus, esto sob a Lei.

    Voltando agora para Rm 2:12, 13. O sentido simples destes versos de que os gen-

    tios nunca receberam as duas tbuas de pedra nas quais os Dez Mandamentos fo-ram gravados, nem estiveram de posse das Escrituras, nas quais esses Mandamen-

    tos estavam registrados. Mas deve-se atentamente notar que Rm 2:15 prossegue

    dizendo que estes mesmos gentios mostram a obra da Lei escrita em seus cora-

    es. Sobre estes versos, o Prof. Stifler disse apropriadamente: O argumento (do

    v. 14) repousa nisto, que os gentios possuem o que equivalente Lei moral. O

    fato de que os gentios so uma lei para si mesmos mostra que Deus lhes deu o

    equivalente daquilo que Ele deu ao judeus, a saber, um padro de certo e errado.

    No caso dos primeiros, foi escrito em seus coraes, no caso dos ltimos, foi escri-

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    to em tbuas de pedra, e depois nas Escrituras. A partir disto fica claro que a Lei

    moral dada a Israel por Moiss foi apenas uma transcrio, ou compndio, da Lei

    que Deus, na criao, havia estampado na natureza moral do homem ... A Lei moral,

    portanto, no era inteiramente nova no tempo do xodo; nem era algo exclusivamen-te para Israel, mas foi um presente para toda a raa, e, portanto, deve ser de valida-

    de perptua (Mr. Wm. Mead).

    2. Pois no estais debaixo da Lei, mas debaixo da graa(Rm 6:14). Este o verso

    favorito daqueles que tomam a posio de que a Lei no tem nenhuma relao com

    os crentes desta dispensao. No debaixo da Lei explcito, e parece terminante.

    O que temos, ento, a dizer concernente ao mesmo? Isto: que, assim como todos os

    outros versos da Bblia, este no deve ser divorciado da sua composio, mas pre-

    cisa ser estudado e fielmente interpretado luz do seu contexto. Qual , ento, o

    contexto? Primeiro, do que trata o contexto remoto? Segundo, qual o tema do con-

    texto imediato? Por contexto remoto queremos dizer a Epstola como um todo. Esta

    sempre a primeira coisa a ser ponderada em conexo com a exposio de qual-

    quer passagem. A falha aqui responsvel pela grande maioria das interpretaes e

    aplicaes errneas da Escritura. Deve-se notar atentamente que as palavras no

    estais debaixo da Lei, mas debaixo da graa encontram-se noem Hebreus, mas

    em Romanos. Isto, por si s, deveria nos alertar de que no debaixo da Lei precisa

    ser entendido em um sentido limitado. Se fosse verdade que a Lei foi ab-rogada,ento a Epstola aos Hebreus seria o primeiro lugar dentre todos os outros em que

    deveramos esperar encontrar isto sendo ensinado. O tema de Hebreus : A superi-

    oridade do Cristianismo sobre o Judasmo.1Na expanso deste tema, o apstolo,

    repetidas vezes, mostra como as coisas proeminentes no Judasmo esto agora ob-

    soletas veja o captulo 7 para a mudana do sacerdcio, do aranico para a ordem

    de Melquisedeque; captulos 8 e 9 para a substituio do velho concerto pelo novo,

    etc. E, contudo, nem uma palavra ali dita de que a Lei agora est suplantada pela

    graa.

    No debaixo da Lei, mas debaixo da graa encontra-se em Romanos, cujo grande

    tema : a justia de Deus; a necessidade do homem da justia de Deus, como esta

    se torna do crente, quais so as conseqncias legais disto, e o efeito que deveria

    ter em nossa conduta. A caracterstica proeminente destes oito primeiros captulos

    de Romanos que tratam do aspectojudicial da verdade do Evangelho, ao invs do

    1Este tema desenvolvido demonstrando-se a superioridade de Cristo o Centro e a Vida do Cristianismo

    sobre os anjos, Ado, Moiss, Josu, Aro, e toda a economia levtica.

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    CAPTULO 1.OASPECTO NEGATIVO 17

    experimental e prtico. Romanos 5 e 6, especialmente, tratam dajustificao e suas

    conseqncias. luz deste fato, no difcil descobrir o sentido de 6:14. Pois no

    estais debaixo da Lei, mas debaixo da graa significa: Vs estais debaixo de um

    sistema de justificao gratuita. Todo o argumento anterior explica esta sentena.Ele se refere nossa aceitao. Ele se volta para a justificao da culpa, sem as

    obras da Lei, o ato da livre graa; e brevemente o reafirma assim, para que ele pos-

    sa assumir novamente a posio de que esta gloriosa liberao no significa licen-

    ciosidade, mas ordem divina (Bishop Moule 1893).

    Pois no estais debaixo da Lei, mas debaixo da graa. O contraste no entre a

    Lei de Moiss e o Evangelho de Cristo, como duas economias ou dispensaes; an-

    tes, um contraste entre Lei e graa como os princpios de dois mtodos de justifi-

    cao, um falso, o outro verdadeiro; um de inveno humana, o outro de proviso

    divina. Debaixo da Lei significa governado pela Lei como um concerto de obras

    (Dr. Griffith-Thomas). Lei e graa aqui so paralelos a Lei das obras e Lei da f

    em 3:27! Rm 6:14 era to verdadeiro em relao aos santos do Antigo Testamento

    como aos crentes do Novo Testamento. Calebe, Josu, Davi, Elias, Daniel, no esti-

    veram mais debaixo da Lei, no sentido que tm estas palavras em Rm 6:14, do que

    os cristos esto hoje. Ao invs disso, eles estiveram debaixo da graa na questo

    da sua justificao, to verdadeiramente quanto ns estamos.

    No debaixo da Lei no significa no debaixo da obrigao de obedecer aos

    preceitos da Lei moral; mas significa no guardando a Lei para ser salvo. O aps-

    tolo afirma neste verso que os cristos no esto debaixo da Lei, como um meio re-

    al, efetivo, adequado de justificao ou santificao, e, se eles estiverem, sua causa

    est completamente perdida, pois a runa deve inevitavelmente se seguir. Que isto

    tudo o que ele quer dizer fica evidente a partir da seqncia de suas observaes

    (6:15-8:39). O que pode ser mais claro do que o fato de que a Lei moral, como pre-

    ceito, totalmente aprovada e reconhecida por ele? Veja o captulo 7:12-14. Nosomente isto, mas o apstolo est to longe de argumentar em favor do esqueci-

    mento e anulao dos preceitos morais que ele afirma diretamente (8:3, 4) que o

    Evangelho tem o propsito de assegurar a obedincia a estes preceitos morais o

    que a Lei era incapaz de fazer. , ento, da Lei vista sob esta luz, e esta somente, a

    saber, como inadequada para efetuar a justificao e assegurar a obedincia dos

    pecadores, que o apstolo declara que estamos livres.

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    Que ningum abuse, ento, desta declarao, imaginando que ela conceda em

    qualquer caso uma base para crer que os cristos esto livres da obrigao de obe-

    decer aos preceitos da Lei moral. O que a Lei divina seno uma transcrio da

    vontade divina? E no devem os cristos se conformar com esta? No toda a Leiresumida nestas duas declaraes: Amars ao Senhor de todo o teu corao; e ao

    teu prximo como a ti mesmo?! E os cristos esto absolvidos de amarem a Deus e

    ao seu prximo? Se no, ento esta parte do tema permanece desembaraada de

    qualquer coisa que o apstolo tenha dito em nosso texto ou contexto (Prof. Moses

    Stuart).

    A fora de Rm 6:14 torna-se mais evidente se observarmos o que se segue. Logo no

    verso seguinte, lemos: Pois qu? Pecaremos porque no estamos debaixo da lei,

    mas debaixo da graa? De modo nenhum. Isto antecipa uma objeo: Se no es-

    tamos debaixo da Lei, como a base de nossa justificao, ento, seremos ilegais? A

    resposta inspirada : De modo nenhum. Nada mais auto-evidente-mente certo,

    ento, do que, se a Lei moral no uma regra de vida para os crentes, eles esto

    em liberdade para desprezar os seus preceitos. Mas o apstolo rejeita este erro com

    a mais extrema averso. Citamos aqui parte dos comentrios de Calvino sobre Rm

    6:15 Mas estamos muito enganados se pensamos que a justia que Deus aprova

    em Sua Lei abolida, quando a Lei ab-rogada; pois a ab-rogao de modo algum

    deve ser aplicada aos preceitos que ensinam o modo correto de viver, uma vez queCristo confirma e sanciona estes, e no os ab-roga; mas a viso correta de que

    nada removido, seno a maldio, qual os homens sem a graa esto sujeitos.

    No que se segue, at ao fim deste captulo, o apstolo mostra que, embora o crente

    no esteja debaixo da Lei, como a base da sua justificao, ele est debaixo da Lei

    como uma regra de sua vida crist, ele est sob a obrigao de obedecer aos seus

    preceitos morais. No v. 18 (que contm a resposta positiva pergunta feita no v. 15),

    o apstolo declara: E, libertados do pecado, fostes feitos servos (escravos) da justi-a. Ainda no v. 22, ele diz: Mas agora, libertados do pecado, e feitos servos de

    Deus, tendes o vosso fruto para santificao. Observe atentamente que aqui no

    dito: servos de Cristo, nem: servos do Pai o que introduziria um pensamento

    bem diferente mas servos de Deus o que refora a responsabilidade do crente

    para com o Legislador. Que este o sentido de Rm 6:18 e 22 fica claro por 7:25,

    onde o apstolo diz: Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo LEI DE

    DEUS.

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    CAPTULO 1.OASPECTO NEGATIVO 19

    3. Assim, meus irmos, tambm vs estais mortos para a Lei ... Mas agora temos

    sido libertados da Lei (Rm 7:4, 6).

    Estas declaraes na verdade exigem uma exposio completa de Rm 7:1-6, masocuparia demasiado espao prover isto aqui. Talvez possamos chegar ao sentido

    destes dois versos por uma rota mais curta. Eles ocorrem em uma seo da Epstola

    que trata dos resultados da justia divina sendo imputada ao crente. O captulo 4

    trata da imputao desta justia; os captulos 5 a 8 do os resultados. Os resultados

    (resumidos) so os seguintes: 5:1-11, justificao e reconciliao; 5:12-6:23, identifi-

    cao com Cristo, o ltimo Ado; 7:1-25, emancipao da maldio da Lei; 8:1-39,

    preservao atravs do tempo e eternidade. Assim veremos que estes captulos tra-

    tam principalmente do aspecto divino ao invs do humano das coisas. Mortos para

    a Lei em 7:4 paralelo a mortos para o pecado em 6:2; paralelo neste sentido, de

    que morte objetiva, no subjetiva; o aspecto judicial da verdade, e no o prtico,

    que est em vista. Observe que dito que nos tornamos mortos para a Lei pelo

    corpo de Cristo, no por uma revogao divina da Lei. Em outras palavras, morre-

    mos para a Lei vicariamente, na pessoa de nosso bendito Substituto. Do mesmo

    modo, tambm fomos libertados da Lei, ou, como a R.V. mais precisamente o ex-

    pressa, fomos desincumbidos da Lei, porque morremos para aquilo em que est-

    vamos retidos. Em Cristo, ns morremos para as ameaas judiciais e exigncias

    cerimoniais da Lei.

    Mortos para a Lei. Pelo termo Lei, nesta passagem, faz-se aluso Lei que obri-

    gatria tanto para judeus como gentios. a Lei, cuja obra est escrita nos coraes

    de todos os homens; e aquela Lei que foi dada aos judeus na qual eles repousavam

    (2:17). a Lei tomada no sentido mais extenso da palavra, incluindo toda a vontade

    de Deus manifestada em qualquer sentido a toda a humanidade, quer judeus ou

    gentios. Todos aqueles a quem o apstolo est se dirigindo haviam estado debaixo

    desta Lei em seu estado de no-regenerados ... Exclusivamente Lei moral, aqui epor todo o restante do captulo, o apstolo se refere ... Mortos para a Lei significa

    liberdade do poder da Lei, como tendo sofrido a sua pena, e satisfeito as suas de-

    mandas. Ela cessou de ter uma reivindicao sobre a obedincia dos crentes para a

    vida (melhor, ela deixou de pronunciar a sua maldio sobre os crentes A.W.P.),

    embora ainda permanea o seu domnio de dever (Robert Haldane). Sobre as pala-

    vras agora temos sido libertados da Lei, Mr. Haldane diz: Cristo cumpriu a Lei, e

    sofreu a sua pena por eles, e, em conseqncia, eles esto livres das suas deman-

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    das com o propsito de alcanar a vida, ou de, por conta da sua infrao, ter de so-

    frer a morte.

    Uma palavra adicional precisa ser dita sobre Rm 7:4-6. Alguns insistem que toda apassagem trata apenas dos crentes judeus. Mas isto certamente um equvoco.

    Quando Paulo diz no v. 1: falo aos que sabem Lei no h artigo no grego ele

    raciocina com base em que os seus leitores estavam plenamente cientes do princ-

    pio de que a Lei tem domnio sobre o homem por todo o tempo que vive. Se Paulo

    estivesse aqui limitando o seu discurso aos crentes judeus, ele teria dito: Falo aos

    que dentre vs sabem a Lei. Quando ele diz: No sabeis vs, irmos (v. 1), e: As-

    sim, meus irmos (v. 4), ele est se dirigindo aos seus irmos em Cristo, como fica

    claro por uma comparao com 1:13. Quando est se referindo aos judeus, seus

    irmos por natureza, ele cuidado em indicar isto Meus irmos, que so meus

    parentes segundo a carne (9:3)! Finalmente, deveria ser cuidadosamente observa-

    do como o apstolo usa os pronomes vs e ns intercambiavelmente nos vv. 4 e

    5. O enftico tambm vs no v. 4 parece especialmente designado para mostrar

    que a sua ilustrao nos versos anteriores, com sua bvia aluso histria de Israel,

    era estritamente aplicvel a todos os cristos.

    A libertao da Lei em Glatas a que leva filiao de todos os santos, enquanto

    a libertao em Romanos leva unio de todos os santos com Cristo. Mas em am-bos eles so vistos como todos tendo estado do mesmo modo em servido sob a

    Lei, e todos sendo do mesmo modo libertados dela. Pois na verdade o propsito

    do Esprito Santo sempre levar os santos de todas as pocas a considerarem-se

    como libertados de uma culpa comum, redimidos de uma maldio comum a mal-

    dio da Lei resgatados de uma condenao comum; e tudo isto como resultado

    da maldio sendo cumprida na morte daquEle em quem todos de igual modo mor-

    reram (Charles Campbell).

    4. Porque o fim da Lei Cristo para justiade todo aquele que cr (Rm 10:4). Fre-

    quentemente, apenas a primeira metade deste verso citada o fim da Lei Cris-

    to. Mas isto no tudo o que dito aqui. Cristo o fim da Lei para justia, ou seja,

    diante de Deus. O contexto define inequivocamente o escopo e o significado desta

    expresso. Paulo havia acabado de afirmar que Israel, que era ignorante acerca da

    justia de Deus, havia procurado estabelecer a sua prpriajustia. Mais uma vez

    ajustificao que est em vista, e no o caminhar do crente. Diz o Dr. Thos. Chal-

    mers: H um nico sentido bvio em que Cristo o fim da Lei, e quando a Lei,

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    CAPTULO 1.OASPECTO NEGATIVO 21

    vista como um aio, nos leva concluso, quanto sua ltima lio, de que Cristo o

    nosso nico refgio, nossa nica justia. Do mesmo modo o Dr. C. Thomas: Com

    Cristo diante de ns, a justia legal chega necessariamente ao fim, e, ao no se

    submeterem a Cristo, os judeus estavam se recusando a submeter-se ao Deus quelhes dera a Lei.

    5. Outra passagem frequentemente invocada por aqueles que insistem na ab-

    rogao total da Lei 2 Co 3. Expresses como o que transitrio (v. 11), e o que

    est abolido (v. 13) so consideradas como se aludissem aos Dez Mandamentos,

    escritos e gravados em pedras (v. 7). Que isto um engano, comprova-se facil-

    mente. Pois, em Rm 13:9 e Ef 6:2, vrios dos Dez Mandamentos so citados e apli-

    cados. Isto j suficiente para provar que a Lei moral no transitria. E escrituras

    como Is 2:2, 3; Jr 31:33, etc., deixam claro que a Lei no est abolida.

    Em 2 Co 3 (e repetidas vezes atravs da Epstola), Paulo est argumentando contra

    falsos apstolos (note 2:17 e veja ainda 6:1; 11:3, 4, 13, 22) os quais, pregando a

    Lei excluso de Cristo, estavam desviando o povo de Deus das bnos do novo

    concerto. Consequentemente, o apstolo no est tratando aqui da Lei como o pa-

    dro moral de conduta dos crentes, mas como aquilo que condena os pecadores. O

    escritor inspirado est assinalando a loucura de se voltar Lei como a base de acei-

    tao diante de Deus que era aquilo sobre o que os falsos apstolos insistiam. Omtodo que ele segue traar uma srie de contrastes entre o velho concerto e o

    novo, demonstrando a imensurvel superioridade deste ltimo sobre o primeiro. Ele

    mostra que, parte de Cristo, o velho concerto era apenas uma ministrao de con-

    denao e morte; que, assim como o corpo sem o esprito est morto, do mesmo

    modo a Lei sem Cristo era apenas uma letra sem vida. 2 Co 3, ento, contrasta o

    Cristianismo com o Judasmo. O que transitrio o velho concerto; o que est

    abolido (para o cristo) a lei cerimonial.

    6. Na Epstola aos Glatas h um nmero considervel de versos que so usados

    por aqueles que afirmam que a Lei no tem nenhuma relao com os crentes hoje

    e.g. 2:19; 3:13; 3:23-25; 4:5; 5:18. Agora, impossvel entender estes versos, a me-

    nos que vejamos, primeiro, qual o tema e o carter da Epstola na qual se encon-

    tram. O tema de Glatas a Emancipao do Crente em relao Lei. O carter

    especial da Epstola que ela foi escrita para confirmar a f dos cristos, os quais

    haviam sido perturbados e agitados pelos judaizantes. Mas uma leitura cuidadosa da

    Epstola dever mostrar que a Emancipao aqui contemplada no da Lei como o

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    padro de conduta moral, e sim da maldio ou pena da Lei; e a heresia particular

    dos judaizantes no era que eles enfatizavam os Dez Mandamentos sobre os santos

    como uma regra de vida, mas que eles insistiam que as obras da Lei deviam ser

    cumpridas para que o pecador pudesse ser salvo (veja At 15:1). O problema na Ga-lcia era o legalismo e o ritualismo. Estritamente falando, os dois so um; pois a ten-

    tativa de assegurar o favor divino atravs da observncia da lei leva inevitavelmente

    ao ritualismo em sua pior forma. Que os glatas estavam descendo ao nvel da lei

    para aceitao diante de Deus evidente por todo o teor da Epstola (Prof. W. G.

    Morehead sobre Glatas). O objetivo da Epstola aos Glatas era restaurar entre

    eles o Evangelho puro que haviam recebido, mas que haviam misturado com as o-

    bras e cerimnias humanas, e com uma noo do seu prprio livre arbtrio e obras,

    de tal modo que por pouco o haviam perdido (A Graa em Glatas, do Dr. GeorgeS. Bishop).

    A questo central levantada em Glatas no qual o padro de conduta para a vida

    do crente, mas qual a base da salvao do pecador. Em prova a esta afirmao,

    note atentamente que, em Gl 1:7, Paulo diz expressamente que os perturbadores

    judaizantes eram aqueles que queriam transtornar o Evangelho de Cristo. E ainda,

    evidente que pela Lei ningumser justificado diante de Deus, etc. (3:11) mostra

    a linha do argumento. E ainda, de novo protesto a todo o homem, que se deixa cir-

    cuncidar,que est obrigado a guardar toda a Lei (5:3 e cf. 6:15) indica em que osjudaizantes erravam. Do mesmo modo, separados estais de Cristo, vs os que vos

    justificaispela Lei; da graa tendes cado (5:4) evidencia o tema da Epstola. Cair

    da graa no significa o cristo obedecer aos Dez Mandamentos, mas fazer as o-

    bras da Lei (moral e cerimonial) para ser justificado. A Lei e o Evangelho so irre-

    conciliveis. Toda tentativa de combin-los fere igualmente a majestade da Lei e a

    graa do Evangelho.

    Sobre Gl 3:25, o Dr. George Bishop tem o seguinte a dizer: No estamos mais de-baixo de aio! ou seja, para disciplina, para pena. Isto no significa para preceito.

    No significa que os Dez Mandamentos esto abolidos. Ele simplesmente diz: Voc

    no salvo por guardar os Mandamentos, nem se perde, caso falhe. Cristo quem

    o salvou, e voc no pode se perder. Agora, voc obedecer pelo instinto da nova

    natureza e por gratido, pois eles so santidade. Sobre 5:13, 14, ele diz: Servi-vos

    uns aos outros pelo amor. Aqui a Lei introduzida como um servio. Eu estou entre

    vs, disse Jesus, como aquEle que serve Se Me amais, guardai os Meus man-

    damentos. O Novo Testamento repete e aplica todos os Dez Mandamentos. Eles

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    CAPTULO 1.OASPECTO NEGATIVO 23

    foram dados para serem guardados, e guardados sero, Mt 5:19. Porque toda a Lei

    cumprida em uma s palavra, a saber: Amars o teu prximo como a ti mesmo. A

    Lei cumprida a Lei foi dada para ser cumprida, no apenas por ns, mas em

    ns, que andamos no segundo a carne, mas segundo o Esprito. H o perigo aquide um equvoco de ambos os lados pois, se no pregamos somente a f para a

    salvao, ningum salvo; mas, se pregamos uma f que no obedece, pregamos

    aquilo que anula a f que nos salva.

    Sobre Gl 5:18, o Dr. John Eadie tem o seguinte a dizer: Os glatas estavam se co-

    locando em sujeio Lei, e ignorando o governo livre do Esprito. Ser guiado pelo

    Esprito incompatvel com estar debaixo da Lei. Do mesmo modo o incio de Gl 3.

    Estar debaixo da Lei , assim, reconhecer a sua reivindicao e procurar obedec-la

    na esperana de merecer a vida eterna. Ser guiado pelo Esprito incompatvel

    com estar debaixo da Lei porque o Esprito Santo conduz o pecador confiana so-

    mente em Cristo para a salvao.

    7. Havendo riscado a cdula que era contra ns nas suas ordenanas, a qual de

    alguma maneira nos era contrria, e a tirou do meio de ns, cravando-a na cruz (Cl

    2:14). Aqui se assume que a cdula de ordenanas refere-se aos Dez Mandamen-

    tos, e que era contra ns refere-se aos cristos. Tal distoro rapidamente reve-

    lada uma vez que esta interpretao seja exposta luz. Observe, antes de tudo,que, no incio do verso anterior, o apstolo refere-se aos crentes gentios E, quan-

    do vs estveis mortos nos pecados, e na incircunciso da vossa carne, etc. O

    ns do v. 14 refere-se ento aos crentes judeus. Mas, entre o vs e o ns h

    uma palavra que fornece a chave para o que se segue, a saber, a palavra junta-

    mente, a qual aqui, assim como em Ef 2:5, 6, aponta para a unio espiritual dos

    gentios que crem com os judeus que crem. Os judeus e os gentios que crem fo-

    ram vivificados juntamente. E como isto poderia ser? Porque eles foram vivificados

    juntamentecom Ele. Cristo agiu vicariamente, como o Representante de todo o Seupovo, de modo que, quando Ele morreu, todos morreram (judicialmente); quando Ele

    foi vivificado, todos o foram; quando Ele ressuscitou, todos ressuscitaram no a-

    penas uma parte deles, mas todosjuntamente. Mas, para que os judeus e os gentios

    desfrutem de comunho, para que sejam trazidos juntamente, aquilo que at aqui

    os havia separado devia ser encerrado. E isto que est em vista em Cl 2:14. A

    cdula de ordenanas era contra ns, ou seja, contra os judeus, pois a sua Lei

    dada por Deus os proibia de todo intercurso religioso com os gentios. Mas o que ha-

    via sido contrrio aos judeus foi tirado do meio do caminho, sendo cravado na Cruz.

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    ARTHUR W.PINK24

    E esta interpretao tambm no est sem apoio; ela indubitavelmente confirmada

    por uma passagem paralela.

    bem conhecido entre os estudantes da Palavra que as Epstolas de Efsios e Co-lossenses so em grande parte complementares e suplementares; e frequentemente

    se descobrir que uma absolutamente indispensvel interpretao da outra. Ago-

    ra, em Ef 2, h uma passagem que estritamente paralela a esta poro de Cl 2. No

    v. 11, o apstolo dirige-se aos santos gentios, que eram da incircunciso note a

    referncia incircunciso em Cl 2:13. Ento, no v. 12, ele os lembra de como, em

    seu estado de no-convertidos, eles estavam separados da comunidade de Israel,

    etc. Mas, no v. 13, ele lhes diz que haviam chegado perto pelo sangue de Cristo. O

    resultado disto explicado no v. 14: Porque Ele a nossa paz, o qual de ambos os

    povos fez um (i.e. tanto judeus crentes como gentios crentes), o de ambos fez um

    sendo paralelo a vivificados juntamente de Cl 2:13. A seguir, o apstolo diz como

    isto se tornou possvel: E, derrubando a parede de separao que estava no meio

    (que havia separado os judeus dos gentios), o que paralelo a e a tirou do cami-

    nho, etc. Ento o apstolo declara: Na Sua carne aboliua inimizade, isto , a Lei

    dos mandamentos, que consistia em ordenanas, o que paralelo a havendo ris-

    cado a cdula de ordenanas! Assim Deus de modo mui gracioso nos tornou total-

    mente independentes de todas as interpretaes humanas sobre Cl 2:13, 14, inter-

    pretando-o para ns em Ef 2:11-15. Quanto perdemos por no comparar escrituracom escritura!

    8. Um outro verso devemos considerar, e este 1 Tm 1:9, Sabendo isto, que a Lei

    no feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os mpios e pecado-

    res, etc. A chave para este fornecida no contexto imediato. Nos vv. 3 e 4, o aps-

    tolo manda Timteo advertir a alguns, que no ensinem outra doutrina, nem se d-

    em a fbulas ou a genealogias interminveis, etc. Est claro que ele tem em mente

    aqueles que haviam sido infectados pelos judaizantes. No v. 5, o apstolo diz a seufilho qual era o fim dos mandamentos isto , a Lei moral, como fica claro a partir

    do que precede e do que se segue. O propsito ou objetivo dessa Lei, que santa,

    justa e boa (Rm 7:12), era dirigir e fazer progredir o amor a Deus e aos homens;

    mas este amor (caridade) s pode brotar de um corao puro, e de uma boa

    conscincia, e de uma f no fingida.

    A seguir, nos vv. 6 e 7, o apstolo acusa os judaizantes e aqueles que foram afeta-

    dos por eles de terem se desviado do amor e da f, voltando-se para vs conten-

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    CAPTULO 1.OASPECTO NEGATIVO 25

    das, e apresentando-se como mestres da Lei, no entendendo nem o que diziam ou

    afirmavam. Ento, no v. 8, o apstolo alerta seus leitores para que no faam uma

    falsa inferncia a partir do que ele acabara de dizer no v. 7, e por isso declara: Sa-

    bemos, porm, que a Lei boa, se algum dela usa legitimamente, ampliando as-sim o que ele havia afirmado no v. 5. Para que eles no pensassem que, porque ha-

    via refletido sobre os judaizantes, ele tambm tivesse desacreditado a prpria Lei,

    ele acrescentou esta salvaguarda no v. 8. Usar a Lei legitimamente us-la tal

    como Deus pretendeu que fosse usada no como um meio de salvao, mas co-

    mo um padro de conduta; no como a base da nossa justificao, mas como o guia

    da nossa obedincia a Deus. A Lei usada ilegitimamente, no quando apresentada

    como a regra de vida do crente, mas quando oposta a Cristo!

    Finalmente, nos vv. 9 e 10, o apstolo contrasta o propsito da Lei no que diz respei-

    to aos crentes e incrdulos: A Lei no feita para o justo, mas para os injustos e

    obstinados, etc. Isto quer dizer que a Lei, como um instrumento de terror e conde-

    nao, no foi feita para o justo, mas para o mpio. A Lei, ameaando, compelindo,

    condenando, no feita para um justo, porque ele instigado ao dever por iniciativa

    prpria, e no mais guiado pelo esprito de servido e temor do castigo (Turretin).

    Por Lei deve-se entender a Lei moral, enquanto armada de aguilhes e terrores,

    para restringir os pecadores rebeldes. Por homem justo significado aquele em

    quem um princpio de graa divina implantado, e que, pelo conhecimento e amor aDeus, escolhe as coisas que so agradveis a Ele. Como a Lei possui vinculadas

    tantas e severas ameaas sua transgresso, ela evidentemente dirigida aos m-

    pios, que apenas sero compelidos pelo temor da sua injuriosa violao (Anotaes

    de Poole).

    Agora temos examinado todas as passagens de alguma importncia no Novo Tes-

    tamento que so usadas pelos antinomianos modernos. E nenhuma delas possui

    uma palavra a dizer contra os crentes nesta dispensao usarem a Lei como o pa-dro de sua conduta moral. Em nosso prximo artigo, trataremos do aspecto positivo

    do assunto, e mostraremos que os filhos de Deus esto obrigados a obedecer aos

    Dez Mandamentos, no como uma condio de salvao, mas como o guia da sua

    obedincia a Deus.

    Neste artigo, afastamo-nos do nosso costume usual, citando um nmero consider-

    vel de comentaristas do passado. Isto foi feito, no porque desejamos apoiar as

    nossas exposies por um apelo a autoridades humanas embora as interpretaes

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    de homens piedosos do passado no devam ser desprezadas e consideradas como

    obsoletas, antes devam receber o exame cuidadoso que merecem, pois foi sob tal

    ensinamento que foi produzida a conduta crist que pe em indescritvel vergonha a

    frouxido do modo de viver cristo moderno. No, temos apelado para os escritos deexegetas cristos do passado para que se pudesse ver que no temos dado uma

    interpretao forada e nova daquelas passagens que estavam no caminho do que

    consideramos ser a verdade sobre o tema da relao da Lei com os cristos; mas,

    ao invs disso, uma interpretao que, embora resultado de estudo pessoal, est em

    pleno acordo com aquela dada por muitos aos quais, pela piedade, erudio, discer-

    nimento espiritual e conhecimento das Escrituras, poucos hoje so dignos de ser

    comparados.

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    CAPTULO 2

    OASPECTO POSITIVO

    Qual a relao da Lei (os Dez Mandamentos) com os cristos? Em nosso captuloanterior, assinalamos como trs respostas radicalmente diferentes tm sido dadas a

    esta questo. A primeira, que os pecadores tornam-se santos obedecendo Lei. Isto

    legalismo puro e simples. heresia da espcie mais perigosa. Todos os que real-

    mente acreditam e agem de acordo com ela como a base da sua aceitao por Deus

    perecero eternamente. Segundo, outros dizem que a Lei no obrigatria ao cris-

    to porque ela foi abolida. Isto , estamos plenamente seguros, um srio erro. Ele

    surge de uma interpretao equivocada de certas passagens das Epstolas. A ten-

    dncia inevitvel de tal erro o antinomismo, converter a graa de Deus em disso-luo (Jd 4). Terceiro, outros afirmam, e o escritor est entre este nmero, que os

    Dez Mandamentos so uma expresso do carter e vontade imutveis de Deus; que

    so um padro moral de conduta que desprezamos para o nosso prprio risco; que

    so, e sempre sero, obrigatrios para todos os cristos.

    Em nosso ltimo captulo, procuramos preparar o caminho para o presente. Ali, tra-

    tamos do aspecto negativo; aqui, trataremos do positivo. No anterior, procuramos

    apresentar o verdadeiro sentido das principais passagens do Novo Testamento in-

    vocadas por aqueles que negam que os Dez Mandamentos sejam atualmente obri-

    gatrios para os cristos. No presente captulo, esforaremos por explicar algumas

    das muitas passagens no Novo Testamento que afirmam que os Dez Mandamentos

    so atualmente obrigatrios para os cristos. Portanto, convidamos a mais diligente

    e piedosa ateno do leitor para as escrituras citadas e para os nossos comentrios

    sobre elas.

    1. No cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: no vim ab-rogar, mas cumprir.

    Porque em verdade vos digo que, at que o cu e a terra passem, nem um jota ouum til jamais passar da Lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar

    um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, ser

    chamado o menor no reino dos cus; aquele, porm, que os cumprir e ensinar ser

    chamado grande no reino dos cus (Mt 5:17-19). Poderia parecer aos discpulos de

    Cristo que seu Mestre pretendia pr de lado Moiss e os profetas, e introduzir um

    padro de moralidade completamente novo. De fato, era verdade que Ele exporia o

    erro de depender da obra da Lei para aceitao diante de Deus (como Moiss e os

    profetas haviam feito antes dEle); mas no fazia parte do Seu propsito pr de lado

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    ARTHUR W.PINK28

    a Lei em si mesma. Ele estava prestes a corrigir diversas corrupes, que prevaleci-

    am entre os judeus, por isso cuidadoso em prefaciar o que Ele tem a dizer preve-

    nindo-os a no interpretarem erroneamente os Seus propsitos. Longe de ter qual-

    quer inteno de repudiar Moiss, Ele afirma do modo mais enftico primeiro, queEle no veio destruir a Lei; segundo, que Ele veio cumpri-la; terceiro, que a Lei

    de obrigao perptua; quarto, que qualquer que viola um dos menores mandamen-

    tos da Lei e ensina os outros a cumpri-lo, sofrer perda; quinto, que aquele que

    guardou a Lei e ensinou os homens a respeitar e obedec-la seria recompensado.

    No vim destruir a Lei os profetas simplesmente explicaram a Lei, e censuraram

    Israel pelo seu fracasso em guard-la, e os precaveram das conseqncias da de-

    sobedincia continuada. No vim destruir a Lei. Nada poderia ser mais explcito. A

    palavra destruir aqui significa dissolver ou subverter. Quando, ento, nosso Se-

    nhor disse que no viera destruir a Lei, Ele nos deu a entender que no era o prop-

    sito da Sua misso revogar ou anular os Dez Mandamentos; que Ele no viera para

    libertar os homens das suas obrigaes para com os mesmos. E se Ele no destru-

    iu a Lei, ento ningum poderia destru-la; e, se ningum a destruiu, ento a Lei

    ainda permanece com toda a sua autoridade divina; e, se a Lei ainda continua como

    a expresso imutvel do carter e da vontade de Deus, ento toda criatura humana

    est sob perptua obrigao de obedec-la; e, se toda criatura humana, logo, o cris-

    to!

    Segundo, o Filho de Deus continuou dizendo: No vim destruir, mas cumprir. A pa-

    lavra cumprir aqui significa encher, completar. Cristo cumpriu a Lei em trs sen-

    tidos primeiro, prestando obedincia pessoal aos seus preceitos. A Lei de Deus

    estava em Seu corao (Sl 40:8), e, em pensamento, palavra e obra, Ele satisfez

    perfeitamente as suas exigncias; e assim, pela Sua obedincia, Ele magnificou a

    Lei e a honrou (Is 42:21). Segundo, sofrendo (na Cruz) a pena de morte em favor do

    Seu povo que a tinha transgredido. Terceiro, manifestando a sua plenitude e espiri-tualidade e ampliando o seu contedo. Assim Cristo, o nosso Exemplo, cumpriu a

    Lei.

    Longe de Cristo ter revogado a Lei, Ele afirmou expressamente: at que o cu e a

    terra passem, nem um jota ou um til jamais passar da Lei, sem que tudo seja cum-

    prido. Nestas palavras, Ele anuncia a perpetuidade da Lei. Enquanto o cu e a terra

    durarem, a Lei durar, e, por implicao necessria, as obrigaes perptuas de to-

    dos os homens de cumpri-la.

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    CAPTULO 2.OASPECTO POSITIVO 29

    Mas isto no tudo o que nosso Senhor disse aqui. Com previso onisciente, Ele

    antecipou o que Mr. Mead habilmente designou como o protesto moderno contra a

    Lei, e passa a advertir solenemente contra isto. Ele disse: Qualquer, pois, que vio-

    lar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, serchamado o menorno reino dos cus.

    2. Anulamos, pois, a Lei pela f? De maneira nenhuma, antes estabelecemos a Lei

    (Rm 3:31). Na parte anterior do captulo, o apstolo havia provado que no h um

    justo, nem um sequer (v. 10); segundo, ele havia declarado: Nenhuma carne ser

    justificada pelas obras da Lei (v. 20); ento, nos vv. 21-26, ele havia apresentado o

    caminho divino da salvao pela f no sangue de Cristo. No v. 28, ele resume o

    seu argumento afirmando: O homem justificado pela f sem as obras da Lei. Nos

    vv. 29, 30, ele prova que isto vale tanto para judeus como gentios. Ento, no v. 31,

    ele antecipa uma objeo: E quanto Lei, ento? Esta era uma questo muito perti-

    nente. Duas vezes ele havia dito que a justificao era independente das obras da

    Lei. Se, ento, a Lei no servia para nada em efetuar a salvao dos pecadores, ela

    no tem absolutamente nenhuma funo? Se somos salvos pela f, a Lei intil?

    Devemos entender que voc quer dizer (Paulo) que a Lei foi anulada? De modo ne-

    nhum, a resposta do apstolo Estabelecemos a Lei.

    O que o apstolo queria dizer quando afirmou: Estabelecemos a Lei? Ele queriadizer que, como homens salvos, os cristos esto sob obrigaes adicionais de o-

    bedecer Lei, pois agora eles so providos de novos e mais poderosos motivos pa-

    ra servir a Deus. A justia imputada ao crente produz no justificado um tipo e um

    grau de obedincia que, de outro modo, no poderia ter sido alcanada. Longe de

    tornar sem efeito ou anular a autoridade e o uso da Lei, ela as mantm e confirma. A

    nossa obrigao moral para com Deus e o nosso prximo no foi enfraquecida, mas

    fortalecida. Abaixo apresentamos um ou dois breves excertos de outros expositores:

    Ser que a doutrina da f no esvazia o Antigo Testamento do seu significado, eser que no anula a lei, e conduz ao seu desprezo? Ser que no abre a porta para

    a licenciosidade de vida? A isto o apstolo responde de modo nenhum; mas, pelo

    contrrio, o Evangelho pe a lei em uma base apropriada e a estabelece em seu

    fundamento como uma revelao da vontade de Deus (Dr. Griffith-Thomas).

    Cancelamos a lei, ento, por esta nossa f? Abrimos a porta, ento, para a licencio-

    sidade moral? Abolimos o cdigo e o preceito, ento, quando no pedimos conduta,

    mas f? Fora com este pensamento; no, ns estabelecemos a lei; seguimos o pr-

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    prio caminho para dar uma nova sacralidade a cada mandamento seu, e para reve-

    lar um novo poder para o cumprimento de todos eles. Mas como isto, e como deve

    ser, o argumento posterior mostrar (Dr. Handly Moule).

    Objeo: Se o homem justificado pela f sem as obras, ser que isto no anula

    completamente a lei, ou seja, no ensina a ilegalidade? Resposta: De modo ne-

    nhum. Isto estabelece a lei. Quando um homem salvo pela graa, isto no o torna

    sem lei. H um poder dentro dele que no destri, mas fortalece a lei, e faz com que

    ele a guarde, no por temor, mas por amor a Deus (H. S. Miller, M.A.).

    3. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus; ... com o enten-

    dimento sirvo Lei de Deus (Rm 7:22-25). Neste captulo, o apstolo faz duas coi-

    sas: primeiro, ele mostra qual no e qual a relao da Lei com o crente judici-almente, o crente est emancipado da maldio ou pena da Lei (7:1-6); moralmente,

    o crente est sob a obrigao de obedecer Lei (vv. 22, 25). Em segundo lugar, ele

    previne uma falsa inferncia deduzida a partir do que havia ensinado no captulo 6.

    Em 6:1-11, ele apresenta a identificao do crente com Cristo como morto para o

    pecado (vv. 2, 7, etc.). Ento, do v. 11 em diante, ele mostra o efeito que esta ver-

    dade deveria ter sobre o andar do crente. No captulo 7, ele segue a mesma ordem

    de pensamento. Em 7:1-6, ele trata da identificao do crente com Cristo como mor-

    to para a lei (veja vv. 4 e 6). Ento, do v. 7 em diante, ele descreve as experinciasdo cristo. Assim, a primeira metade de Rm 6 e a primeira metade de Rm 7 tratam

    da posio do crente, ao passo que a segunda metade de cada captulo trata da

    condio do crente; mas com esta diferena: a segunda metade de Rm 6 revela qual

    deve ser a nossa condio, ao passo que a segunda metade de Rm 7 (vv. 13-25)

    mostra qual realmente a nossa condio.1

    A controvrsia que tem se desencadeado sobre Rm 7 em grande parte fruto do

    perfeccionismo de Wesley e de seus seguidores. Que irmos, aos quais temos moti-

    vo para respeitar, tenham adotado este erro em uma forma modificada, apenas mos-

    tra quo difundido est hoje o esprito do laodiceanismo. Falar de sair de Rm 7 para

    entrar em Rm 8 inescusvel loucura. Rm 7 e 8 aplicam-se ambos, com fora e

    pertinncia reduzidas, a cada crente sobre a terra hoje. A segunda metade de Rm 7

    descreve o conflito das duas naturezas no filho de Deus; simplesmente apresenta

    em detalhes o que resumido em Gl 5:17. Rm 7:14, 15, 18, 19, 21 atualmente va-

    lem para cada crente sobre a terra. Cada cristo fica aqum, muito aqum do pa-

    1Os vv. 8-12 so mais ou menos da natureza de um parntese.

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    CAPTULO 2.OASPECTO POSITIVO 31

    dro colocado diante de si queremos dizer o padro de Deus, no o dos mestres

    da assim chamada vida vitoriosa. Se algum leitor cristo estiver pronto a dizer que

    Rm 7:19 no descreve a sua vida, dizemos, com toda a amabilidade, que lamenta-

    velmente ele est enganado. No queremos dizer com isto que todo cristo quebraas leis dos homens, ou que um transgressor pblico das leis de Deus. Mas quere-

    mos dizer que a sua vida est muito, muito abaixo do nvel de vida que nosso Salva-

    dor viveu aqui na terra. Queremos dizer que h muita coisa da carne ainda eviden-

    te em todo cristo e no menos naqueles que fazem ostentaes to sonoras de

    suas realizaes espirituais. Queremos dizer que todo cristo tem urgente necessi-

    dade de orar diariamente pelo perdo de seus pecados dirios (Lc 11:4), pois todos

    tropeamos em muitas coisas (Tg 3:2, R.V.).

    A segunda metade de Rm 7, ento, est descrevendo a condio do cristo, ou seja,

    o conflito entre as duas naturezas em seu interior. No v. 14, o apstolo declara: Sa-

    bemos que a Lei espiritual. Como esta linguagem diferente do modo aviltante

    como muitos agora se referem Lei de Deus! No v. 22, ele exclama: Segundo o

    homem interior, tenho prazer na Lei de Deus. Como isso est distante da iluso de

    que a Lei foi abolida, e que ela no serve mais para nada para o cristo! O apstolo

    Paulo no ignorou a Lei, muito menos a considerou como um inimigo. A nova natu-

    reza em seu interior deleitava-se nela; assim tambm o Salmista veja Sl 119:72,

    97, 140. Mas a velha natureza ainda estava dentro dele tambm, combatendo contraa nova, e colocando-o em cativeiro lei do pecado, de modo que ele clamou: Mise-

    rvel homem que eu sou! quem me livrar do corpo desta morte? (v. 24) e, since-

    ramente, temos pena de todo cristo professo que no faz eco a este clamor. A se-

    guir, o apstolo agradece a Deus porque ele ainda ser livrado por Jesus Cristo

    nosso Senhor (v. 25), no pelo poder do Esprito Santo, note! O livramento futu-

    ro, na volta de Cristo, veja Fp 3:20, etc. Finalmente, e assinale que isto vem depois

    de ele ter falado acerca do livramento prometido, ele resume a sua experincia du-

    al dizendo: Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo Lei de Deus, mascom a carne lei do pecado. Algo poderia ser mais claro? Ao invs de afirmar que

    a Lei no tinha nada a ver com ele como cristo, nem ele com ela, ele declarou ex-

    pressamente que servia Lei de Deus. Isto suficiente para ns. Que os outros se

    recusem a servir Lei de Deus para o seu prprio risco.

    4. Quem ama aos outros cumpriu a Lei. Com efeito: No adulterars, no matars,

    no furtars, no dars falso testemunho, no cobiars; e se h algum outro man-

    damento, tudo nesta palavra se resume: Amars ao teu prximo como a ti mesmo. O

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    amor no faz mal ao prximo. De sorte que o cumprimento da Lei o amor (Rm

    13:8-10). Aqui, novamente, o apstolo, longe de fornecer o mnimo encorajamento

    estranha iluso de que os Dez Mandamentos se tornaram obsoletos para os cris-

    tos, na verdade cita cinco deles, e ento declara: O cumprimento da Lei o amor.O amor no uma substituio para a obedincia da Lei, mas aquilo que induz o

    crente a prestar obedincia a ela. Note atentamente, no : a ab-rogao da Lei o

    amor, mas: o cumprimento da Lei o amor. Toda a Lei est fundamentada no

    amor a Deus e no amor ao homem. Isto no pode ser violado sem a transgresso da

    Lei; e, se h amor, o mesmo nos influenciar observncia de todos os mandamen-

    tos de Deus (Haldane). O amor o cumprimento da Lei porque o amor aquilo que

    a Lei demanda. As proibies da Lei no so restries irracionais liberdade crist,

    mas as justas e sbias exigncias do amor. Podemos acrescentar que o que foi ditoacima outra passagem que serve para explicar Rm 3:31, pois ela fornece um e-

    xemplo prtico do modo como o Evangelho estabelece a Lei como a expresso da

    vontade divina, a qual somente o amor pode cumprir.

    6. Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda

    mais. E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que esto

    debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da Lei, para ganhar os que esto debai-

    xo da Lei. Para os que esto sem Lei, como se estivesse sem Lei (no estando sem

    Lei para com Deus, mas debaixo da Lei para com Cristo), para ganhar os que estosem Lei (1 Co 9:19-22). O pensamento central desta passagem como o apstolo

    renunciava sua liberdade crist por amor do Evangelho. Embora livre de todos,

    no obstante, ele se fazia servo de todos. Para os judeus no-convertidos ele tor-

    nou-se um judeu At 16:3 fornece uma ilustrao. Para aqueles que se considera-

    vam ainda sob a lei cerimonial, ele agia conformemente At 21:26 fornece um e-

    xemplo disto. Para os que estavam sem Lei, ou seja, os gentios sem a lei cerimonial,

    ele se abstinha do uso de todas as cerimnias tal como eles faziam cf. Gl 2:3.

    Contudo, ele no agia como se estivesse sem Lei para com Deus, mas, ao invsdisso, como debaixo da Lei para com Cristo, ou seja, como ainda estando sob a

    Lei moral de Deus. Ele nunca se considerava livre dela, nem faria qualquer coisa

    contrria Lei eterna da justia. Estar debaixo da Lei para com Deus , sem dvi-

    da, estar sob a Lei de Deus. Portanto, estar debaixo da Lei para com Cristo, estar

    sob a Lei de Deus, pois a Lei no foi ab-rogada, mas aplicada por Cristo. Este texto

    fornece, ento, uma resposta clara e decisiva para a questo de como o crente est

    debaixo da Lei de Deus a saber, na medida em que ele est debaixo da Lei para

    com Cristo, pertencendo a Cristo, tal como pertence, por redeno.

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    7. Porque vs, irmos, fostes chamados liberdade. No useis ento da liberdade

    para dar ocasio carne, mas servi-vos uns aos outros em amor. Porque toda a Lei

    se cumpre numa s palavra, nesta: Amars ao teu prximo como a ti mesmo (Gl

    5:13, 14). Aqui o apstolo primeiro lembra os santos glatas (e ns) de que eles ha-viam sido chamados para a liberdade, ou seja, da maldio da Lei moral (3:13).

    Segundo, ele define os limites dessa liberdade, e mostra que ela no deve se deteri-

    orar em licena carnal, mas que est limitada pelas exigncias da imutvel Lei moral

    de Deus, a qual exige que amemos o nosso prximo como a ns mesmos. Terceiro,

    ele repete aqui o que havia dito em Rm 13:8-10, a saber, que o amor o cumpri-

    mento da Lei. O novo mandamento de amar os nossos irmos abrangido no velho

    mandamento de amar o nosso prximo, por isso o primeiro reforado por um apelo

    ao ltimo.

    Porque vs, irmos, fostes chamados liberdade. No useis ento da liberdade

    para dar ocasio carne, mas servi-vos uns aos outros em amor (Gl 5:13). Citamos

    aqui parte dos comentrios do falecido Dr. George Bishop sobre este verso: O a-

    pstolo aqui enfatiza um perigo. O crente, antes de crer, apoiava-se em suas obras

    para salv-lo. Aps crer, vendo que no salvo de modo algum pelas suas obras,

    ele est em perigo de desprezar as boas obras e minimizar o seu valor. A princpio,

    ele era um arminiano vivendo pela lei; agora, ele est em perigo de tornar-se um

    antinomiano e colocar a lei completamente de lado.

    Mas a lei santa, e o mandamento santo, e justo, e bom. Ela o padro de Deus

    a Norma eterna. Cumprida por Cristo por ns, ela ainda permanece a reta e iner-

    rante regra de justia. Estamos sem a lei para a salvao, mas no sem a lei para a

    obedincia. Os anjos esto sob a lei de guardar os mandamentos de Deus, ouvindo

    voz da Sua palavra (Sl 103:20). A lei ento imutvel o seu reinado, universal e

    sem exceo. A lei! Ela a transcrio da perfeio divina; o padro da justia eter-

    na; a alegria e o xtase de todos os seres santos. A lei! Estamos acima dela para asalvao, mas debaixo dela, ou antes nela e ela em ns, como um princpio de san-

    tidade (Grace in Galatians).

    8. Vs, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto justo. Honra

    a teu pai e a tua me, que o primeiro mandamento com promessa; para que te v

    bem, e vivas muito tempo sobre a terra (Ef 6:1-3). Uma vez mais temos uma citao

    direta das tbuas de pedra como o regulador da conscincia crist. Primeiro, o aps-

    tolo manda aos filhos que obedeam aos seus pais no Senhor. Segundo, ele refora

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    isto por um apelo ao quinto mandamento no Declogo. Que prova isto de que o

    cristo est debaixo da Lei (pois o apstolo est escrevendo a cristos), debaixo

    dela para com Cristo. Terceiro, no apenas o apstolo cita aqui o quinto manda-

    mento, mas nos lembra de que h uma promessa anexada ao mesmo, uma promes-sa concernente prolongao da vida terrena. Como isto refuta aqueles que decla-

    ram que as nossas bnos so todas espirituais e celestiais (Ef 1:3). Que aqueles

    que esto constantemente criticando aqueles que enfatizam sobre os filhos de Deus

    as escrituras que tm a ver com a nossa caminhada terrena, e que chamam isto de

    descer da nossa posio nos lugares celestiais, ponderem cuidadosamente Ef 6:2,

    3 e tambm 1 Tm 4:8 Porque o exerccio corporal para pouco aproveita, mas a

    piedade para tudo proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que h de

    vir; e que estudem tambm 1 Pe 3:10. Na administrao do Seu governo, Deus agesobre princpios imutveis.2

    9. Sabemos, porm, que a Lei boa, se algum dela usa legitimamente (1 Tm 1:8).

    A Lei usada ilegitimamente quando pecadores se apiam em sua obedincia im-

    perfeita a ela como a base da sua aceitao por Deus. Do mesmo modo, os crentes

    tambm a usam ilegitimamente quando obedecem aos seus preceitos por temor ser-

    vil. Mas, usada legitimamente, a Lei boa. Isto nunca poderia ter sido dito se a Lei

    fosse um inimigo a ser evitado. Nem poderia ter sido dito se ela tivesse sido anulada

    para o cristo. Neste caso, o apstolo teria dito: A Lei no obrigatria para ns.Mas ele no disse isto. Antes, ele declarou: A Lei boa. Ele disse mais do que is-

    so, ele afirmou: Sabemos que a Lei boa. No um ponto debatvel, antes um

    que foi divinamente decidido por ns. Mas a Lei s boa se algum (no grego,

    qualquer um) usa dela legitimamente. Usar a Lei legitimamente consider-la como

    a expresso imutvel da vontade de Deus, e, portanto, deleitar-se nela. Usar a Lei

    legitimamente receb-la como o censor da nossa conduta. Usar a Lei legitimamen-

    te cumpri-la em amor.

    10. Eis que viro dias, diz o Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de

    Jud estabelecerei uma nova aliana ... Esta a aliana que depois daqueles dias

    farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as Minhas leis no seu entendimento, e

    em seu corao as escreverei (Hb 8:8, 10). Note-se atentamente que esta passa-

    2Que alguns filhos obedientes tenham vida curta no desmente a palavra de Deus mais do que o fato de que

    alguns homens diligentes sejam pobres, contudo, Pv 10:4 diz: A mo dos diligentes enriquece. A verdade que

    estas promessas revelam o propsito geral de Deus, mas Ele sempre reserva para Si o direito soberano de fazer

    de quem Ele quiser excees regra geral.

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    gem demonstra inequivocamente duas coisas: primeiro, ela prova conclusivamente

    que a Lei no foi abolida! Segundo, ela prova que a Lei tem sim um uso e valor

    para aqueles que so salvos, pois o Israel salvo que aqui est em vista! E tambm

    no possvel qualquer espao para dvida quanto a se isto se aplica ou no a cris-tos gentios agora.

    A passagem h pouco citada refere-se ao novo concerto. Ser que o novo concer-

    to restrito a Israel? Enfaticamente, no. Nosso Salvador no disse na Santa Ceia:

    Isto o Meu sangue, o sangue do Novo Concerto, que derramado por muitos,

    para remisso dos pecados (Mt 26:28, R.V.)? Ser que o sangue de Cristo do Novo

    Concerto era limitado a Israel? Certamente que no. Note como o apstolo cita as

    palavras de nosso Senhor quando escreve aos corntios, veja 1 Co 11:25. Do mes-

    mo modo, em 2 Co 3:6 o apstolo Paulo tambm declara que Deus nos fez (no vai

    nos fazer) ministros do novo concerto. Isto prova positiva de que os cristos es-

    to debaixo do novo concerto. O novo concerto feito com todos aqueles por quem

    Cristo morreu, e, portanto, Hb 8:8-10 nos assegura de que Deus pe as Suas leis

    nas mentes e as escreve nos coraes de cada um dos Seus redimidos.

    Mas alguns esto to ansiosos por se agarrar a tudo o que eles imaginam que favo-

    rece a sua argumentao de que em sentido algum os crentes esto debaixo da Lei,

    que esta passagem s vezes invocada em apoio. Argumenta-se que, visto comoDeus agora escreveu (pela regenerao) a Lei no corao do crente, Ele no preci-

    sa mais de nenhum mandamento exterior para governar e direcion-lo. O princpio

    interior, afirma-se, agora o mover espontaneamente, de modo que toda a necessi-

    dade da lei externa removida. Este erro foi to habilmente exposto cinqenta anos

    atrs por Dr. Martin, que transcrevemos uma parte da sua refutao:

    Como foi com os nossos primeiros pais? Se alguma vez a lei exterior, categrica e

    imperativa, poderia ter sido dispensada, poderia no caso de Ado. Em todo o alcan-

    ce da sua natureza, no havia nada de avesso lei de Deus. Ele era uma lei para si

    mesmo. Ele era a lei moral para si mesmo; amando a Deus de todo o seu corao, e

    ao seu prximo como a si mesmo, em todas as coisas contente, em nada cobioso.

    Era o mandamento imperativo, autoritativo, soberano, portanto, absolutamente des-

    necessrio? Deus achou desnecessrio dizer para ele: Tu fars, ou: Tu no fars?

    Foi exatamente aquilo que a sabedoria infinita viu que ele precisava. E, por isso, Ele

    deu mandamento No comers.

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    Como foi com o ltimo Ado? Toda a lei de Deus estava operando em Seu corao,

    um princpio interior de graa; Ele certamente poderia, se algum pudesse, ter pres-

    cindido da estrita, imperativa e autoritativa lei e man