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REVISTA THEOBROMA Ja.IIA!iro-Março l9?2 Ano II W 1 Publicaçã o trimea- tral d edicada à. di vuL&t.- çâo de investigação cl - ent(fica relacionada com problema& a-gronômico• e s ócio- econômico• de áreas cacaueira.• . .Ed i. t.- da pelo Centro de Peequ>. ns do Cacau (C.EPEC ), Departamento da Comi •· são Executiva. do Plano de Recuperação Econô- mico-Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC). EDl'l'OlUAL Coordenador: Antonio Dantas Machado. Mem- bros: Paulo de T"âr.o Alvim, Fernando Vello, Hermi'nio Maia R o c h a. F. Percy Cabala Ros•nd, Maria Hel ena Alencar e Wílliam Martin Aitkea. Editor P rinci pal : Lu i a C arl os C rut: . E dito ? As- siotente: Jose Correia de Sales, E ndereço para corres. poodência (Addreu for corr espoodence): Re vis ta Theobroma Ce ntro de P esqui1a1 do Cacau (C.EPEC). Caixa Postal, 7 45.600- Itabuna-Bahia Tiragem 3. 000 exemplares. CONTE ODO 1. o iodo de qll.(c..ite -eeuu do 8.u4.U. T. AtviM ••.. Factore affectio.g iodíne 11umber o( c•cao butter in Bru•U (Summ&ry) p. 16. I. do4 de. de S.u•it. l. F. .S.it"Cl •••.••• f •••••••••••••••• Clauification o( the matn cacao aoils in Bahia , Brar:U (Summary) p. ZS. J. 4Mbicfttai4 «44oeicdo4 eoM « do H. M . A. O, M«ehcdo •.••••.• EoviTozuneutal Cacton anociated with Blaek Pod diseaae o f cacao (SI'll1Ullal'y) p. 3 4. 4. Mitodo pe4& •t.Mc.d:u de. ece«« F. . .tii«U e H.F.do NIU• ........... .......... •. A oew aptSroach to hand polli .,.ti.on for c ac: ao hybrid produetíon (Summ.ary) p. 43. S, de. eote.Õp · nocivo• «O c«eeuc.iAo •o E• - Sento. J.M. ..•.. Populatlon fluetu•tiona o( leaf eating co- leoptera o( cacao in the Sta.te of Eap(- rito Santo, Bra:r.il (Swnm.ary) p. 55. J 11 3S 45

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REVISTA THEOBROMA

Ja.IIA!iro-Março l9?2

Ano II W 1

Publicação trimea­tral dedicada à. di vuL&t.­çâ o de investigação cl­ent(fica relacionada com problema& a-gronômico• e s ócio- econômico• de áreas cacaueira.• . .Ed i.t.­da pelo Centro de Peequ>. ns do Cacau (C.EPEC), Departamento da Comi•· são Executiva. do Plano de Recuperação Econô­mico-Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).

COMIS~ EDl'l'OlUAL

Coordenador: Antonio Dantas Machado. Mem­bros: Paulo de T"âr.o Alvim, Fernando Vello, Hermi'nio Maia R o c h a. F. Percy Cabala Ros•nd, Maria Helena Alencar e Wílliam Martin Aitkea. Editor P rincipal : Lu i a Carlos C rut: . Edito? As­siotente: Jose Correia de Sales,

E ndereço para corres . poodência (Addreu for correspoodence):

Re vist a Theobroma C entro de P esqui1a1 do Cacau (C.EPEC). Caixa Postal, 7 45.600- Itabuna-Bahia

B·~uíl

Tiragem 3. 000 exemplares.

CONTE ODO

1. Feto~~ t•~ e'~~ o lAd.ie~ d~ iodo de qll.(c..ite d~ -eeuu do 8.u4.U. P.R.F.8t~b~ ~ · P . d~ T. AtviM ••..

Factore affectio.g ~he iodíne 11umber o( c• c a o butter in Bru•U (Summ&ry) p. 16 .

I . CL&44i44ea~io do4 P~"eipei6 ~oto4 de. ece~ de Se~~. S.u•it. l. F. 4« .S.it"Cl •••.••• f ••••••••••••••••

Clauification o( the matn cacao aoils in Bahia, Brar:U (Summary) p. ZS.

J. Feto~~• 4Mbicfttai4 «44oeicdo4 eoM « •pod~dêo pe~de" do eee«uti~. H. M. Rocha~ A. O, M«ehcdo •.••••.•

EoviTozuneutal Cacton anociated with Blaek Pod diseaae o f cacao (SI'll1Ullal'y) p. 34.

4. Mitodo 4~pLi,ie«do pe4& p~oduzi~ •t.Mc.d:u IU.b~d4.' de. ece«« po~ poti•ize~io ~e•u!L eoa~~Lcdc. F. V~LLo,li.S. Iolagc . .tii«U e H.F.do NIU• e~e•.to •...........•..........•.

A oew a ptSroa ch to hand polli.,.ti.on for c ac:ao hybrid produetíon (Summ.ary) p . 43.

S, • Ftu.t~te~õu de. poput«~õu d~ eote.Õp· .tt~o• nocivo• «O c«eeuc.iAo •o E• ­pl~to Sento. J.M. d~ AbA~u ..•..

Populatlon fluetu•tiona o( lea f eating co­leoptera o( cacao in the Sta.te of Eap(­rito Santo, Bra:r.il (Swnm.ary) p. 55.

J

11

3S

45

FATORES QUE AFETAM O lNDICE DE IODO DA MANTEIGA

DE CACAU DO BRASIL *

Pauto Romeu Fonte s Be~be~t ** Pauto de T. AZvi m •••

A temperatura de fusão da manteiga de cacau ~ um fato r importante para as in d íi s t r i a s chocolateiras, e s pecia hnente na fabricação de chocolate em bar­ra. Como se sabe, o ponto de fusão da gordura ~ diretamente proporcional ao grau de satura­ção dos seus ~cidos graxos, va­lor que ~ normalmente obtido a­trav~s da determinação do Índice de iodo (3).

Algumas publicações oriun­das de paises consumidores es­poradicamente assinalam que o ca·cau procedente da Bahia apre­senta, pelo· menos em algumas partidas, um Índice de iodo rela­tivamente elevado quando compa­rado ao cacau procedente de ou­tras regiÕe s (4 , 9, 10).

Em outr as espécies vegetais, a lguns autores têm-se preocupa­do com os : Catores que podem de-:

a · Recebido pa r a publicação em jaJ>Ieiro, 19n.

t e rminar o maior ou menor grau de saturação dos ácidos graxos componentes dos lipÍdios (7, 14). Em cacau, entretanto, nenhum estudo foi feito sobre o assunto at~ o momento.

As condiçÕes climáticas têm sido apontadas como importante fator na determinação do grau de saturação do ,;leo de linho (Linum usitatissimum L.), superiores ao efeito do genotipo da planta ( 6). Por outro lado, alguns autores (11, 15), trabalhando com aça­íroa (Carthamus tinctorius L.), afirmam que a influência do ge­nÓtipo pode ser tão importante quanto a do clima.

No presente trabalho são a- · presentados r esultados s obre a influênc ia d os seguintes fatores no {ndice de iodo da manteiga do c a c a u brasileiro: fermentação; in te r v a 1 o entre a colheita e a

ll1 Trabalho apreaeotado na IV C;,nlerêocla Internacional de Pesquisas em Cac:au, Trinídad e Tobago, janeiro, 197Z.

U Engl' Agrl', Aa&iotente da Divisão de Fieiologia do CEPEC·

*"'<l FitofíoiÓlogo Principal do IICA-OEA e Diretor do CEPEC.

ll.eviot.a Theobroma. CEPEC, ltabuua, Braeit. Z(l):3•16. Jan,_.m..ÇO, 1972.

3

queb ra dos frutos; g rau de ma­turação do fruto : idade da árvo­re; variedade da planta; som­brea~ento e adubação; variação clim atica sazona l e regional.

MATERIAI S E HtTOOOS

O Índice de iodo , em todos os experimentos , foi deter minado pelo m~todo de Wijs modificado (2) . As amêndoas foram sêcas ao sol sem terem sido fermenta ­das (exceto para o experimento sÔbre influência da ferme~tação), tost adas em estufa a 140 C du­rante 20 minutos , descascada,s a mão e mo{das a miquina.. A man­te i ga , extraÍda por prensagem a quente (60°C e 300 kg de pressão por cm2 ), foi filtrada em seguida. As análises foram sempre feitas em duplicata . Com exceção da influência da .fermentação e do estudo de variabilidade, cada a­mostra con s t ituiu-se de 12. frutos colhidos em seis árvores (dois f r utos por árvore). Quando não especificado, fo r am u sados fru ­t os da vari edade "Comum" , co ~

lhidos no Cent ro de Pesqui s a s do Cacau, Itabuna, Bahia. O n~me­ro de r epet i çÕes variou, con.for ~ me o. experimento, de três a seis.

P r eliminarmente, foi f e i t o um estudo da variàção natural do Índice de iodo a fim de se deter­min_!lr o nÚmero de repetiçÕes e o nume ro d~ cacaueiros por par '7 cela n ecessarioll para este tipo· de trabalho. Para e ste estudo, ! o r a m utilizados 60 cacaueiros adulto s , escolhidos ao acaso, co­lhendo-se d e cada árvore amos­tras de 10 .frutos maduros, as quai s .foram analisadas separa­damente.

No estudo sobre influência da variação climática sazonal, f o­ram feitas quatro collie i tas no de c o r r e r do ano de 19 70: em maio, junho, n ovembro e dezem­bro, Os f r utos .for am colhidos sempre nas me sm as á r vor es. O delíneamento experim ental utl.li ­

,zado .foi intei ramente casualiza ­do, com quatro tratamentos (as quatro épocas, de colheita) e cin­co repetiçÕes.

4

Sobre a influência da varia· ção climática. regional. foram in­cluÍdas n este experimento se i s diferentes zonas produtoras de cacau, localizadas n os E s tados do Amazonas, Pará , São Paulo e Ba­hia. Na região cacauelra da Ba­hia, por ser e ste o principa l pro­dutor, .foram eleitos três municf­pios: o de temperat ura média a­nual mais baixa, o de temperatu ­ra m~dia anual mais alta e um municipio de temperatura média intermediária. Os fruto s foram colhidos em uma mes~a época em tôdas as loca l idades . O ex­perimento .foi i nteir amente casu­a lizado , com sei s tratamentos as seis diferentes localidades -e três r epetiçÕes .

Para estudar a influência da fermentação , f o· r a m utilizados .frutos ·maduros, quebrados 3 dias apÓs a colheita . A fermentação , que se pr o longou por 6 dias , foi fe ita em cocho~ de madeira com capacidade para 700 kg de c acau. A s amêndoas foram revolvidas a cada 24 horas, a partir .do segun­do dia. Antes do revolvlmento, tomaram-se amostras de 1 kg da superficie, m eio e fundo do cÔcho, apÓs O, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 dias. As amêndoas foram postas ao sol

para secar e, ;m seguida , leva­das ao laboratorio para extração e análise da manteiga. O deline ­amento experimental foi o de blo­cos ao acaso, com sete tratam en­tos (pe r Íodos_ de fermentação) e ci.Jlco repetiçoes (cochos ).

No experim ento sobre a in­fluência do interva lo entre a co­lheita e a quebra dos f rutos , os interval os usados foram de O, .2 , 4, 6 e 8 dias . O delineamento experimental foi inteiramente ca­sualizado, com cinco t r atamentos {intervalos entre .a c olheita e a quebra) e cinco repetiç Ões .

Sobr_e a influência do g rau de maturaçao do fruto, .foram ut ili­zados frutos em três estados de maturação: maduros ' verdoen.:_. gos (com inÍcio de amar elecimen ­to) e verdes (com 4 mese s de i­dade, aproximadamente). o de · lineamento experimental foi in­teiramente casualizado, com três t r-atamentos {estágios de mat ura ­çao dos frutos) e seis repetiçÕes .

. No ~studo da influência da i­dade da arvor e no Índice de iodo foram d ' • c usa as arvores novas, com

· .erca de 15 anos d e idade e ár-vores l L • ve=as, com mais de 40 a-nos de idade . Foi um experimen­~0 c~m dois tratamentos (ida de as arvores) e seis repetiçÕes.

dü par a. determin ar possÍveis

1. eren ças varie tais, foram ana -l sadas (" f manteigas extra1das de

· rutos d e t" c d qua t ro cul tivares tipi-08 a Bah' " ,

11 _ 1a: Comum" , " Pa ra." Maranh ., • ao e "Catongo" O perim • ex-

to d ento constituiu - se, portan-' e quátro tratamentos - os

quatro cult' t• - 1vares lÇoes.

e cinco r epe •

5

_ No experimento sobre influ­encia do sombreamento e da adu­bação, foram analisadas mantei­gas de frutos provenientes d e ár­~ores pla:ntadas em pleno sol e arvores sob sombreamento, com adubo e sem adubo. F oram utili­zadas á r v o r e s localizadas e m uma m esma área e , a fim do e ­fei to da adubação ser e vidente , escolheu-se uma área onde o so­lo era pouco fé rtil. O delinea­mento experimental foi inte i ra­mente c asualizado, onde os qua­tro tratamentos foram: cacauei­ros sob sombreamento sem adu­bação; cacauei.ros sob sombrea­mento com adubação; cacaueiro·s sem sombreamento com aduba­ção e cacaueiros sem sombrea­mento e sem adubação. Cada tratamento foi repetido cinco vezes ,

RESULTADOS 'E DISCUSSÃO

VariabilLdade natural do índice de iodo

. A F i'l_ura l mo s t r a que a dutribuiçao dos valores do Índi­ce de iodo em cacau é a paren.te . m ente normal. A média para a população de 60 á rvores estuda..: das foi_de 36,~. Uma grande proporçao das arvores (75%) a ­presentou valore s intermediários oscilando entre 35 , 75 e 37 , 74. Somente 10% dos cacaueiros ~ostraram Índices de iodo supe . r1or-es a 3 7, 75, enquanto os va­lores pal·a os 15% r estantes va­riaram entre 34, 75 e 35, 74, Es _ te estudo íoi realizado na segun ~ da quinzena de maio de 1968.

Oa presentes resultados dis­cordam daqueles encontrados por

\ !

15

14

13

12

11

10

5

4

3

2

1

J o 35,0 35 ,5 36 ,0 36,5 37,0 37,5 38,0 38,5 39,0

fndice de iodo

F igur a 1 - Distribuição do fndice de iodo em uma ~opulação de 60 ár- · vores de ça cau "Com um" . Deter~inações efetuadas em maio de 1968 .

Fincke (4) que obteve, em seus experimentos, indices d e lodo s ü­periores a 4? para a manteiga do c a c a u brasileiro. No decorre.r dos nossos experimentos, foram observados, entretanto, indices d<: iodo <le até 42, O, valor má­x imo.

6

Determina.ção . do tamanho ótimo da parcela

Com bas e nos dados de va ­riabilidade natural dos Ín<,iices de iodo calculou-se o tamanho ade-' . . . quado da par cel.a para os expen-mentos s ubseqüentes . ·Nesta de-

I ,.

.-..inação calcul ou-se o coeti-te~··· -ciente de variaçao alter ando - se, ·multaneamente, o tamanho da

81 ' rcela de uma a 15 arvores e o pa . -

n ú me r o de repet1çoes entre 4 60. Encontrou-se que o co-

e - . eficiente de varia~ao decresceu acentuadamente ate o tamanho da parce la alcançar seis cacaueiros (Figura 2 ), tomando - se este va-

pe rimental e o nÚmero de trata­m entos de cada experimento (5 ).

Influência da vax-iação climática sazonal

.lor como o adequado.

No Quadro l, estão re.sum.i­dos os dados cli~ticoa de Itabu• na, durante o ano de 1970; cor ­r espondente s aoa 5 meaes ante­cedentes à. colheita doa frutoa , ou seja, de zembro a a bril , janeiro a mai o, j unho a outubro e julho a

O n~mero de r ep e tiçÕes va ­riou conforme o deline amento ex -

2.6

2.4

2.2

o 2.0

'" li 1.8 .... w

" > 1.6 .., "O

" 1.4 .. c

41 1.2 .... u .... ... 41 o

1.0 o

0.8

0.6

0,4 • •

0.2

o.o

.F'igura 2

1 2 3 4 .s 6 7 8 9 10 1l 12 13 14 15 Número de árvores por parcela

" Cálculo do coeficiente de varia ... ão do Índice de iodo em .fun ã d ~ "' '"' '

Ç o o numero de arvores por parcela e do numero de re t• - -pe 1çoes em uma populaçao de 60 cacaueiro s .

7

Quadro 1 - Valores médios do Índice de iodo em cacau "Comum" co· lhido em maio, junho, novembro e dez embro, em confron­to com os valores médios dos dados climáticos dos S me­ses anteriores a cada colheita. Itabuna, Bahia, 1970.

* Média de cinco repetiçÕes , com seis árvore s por parcela .

DMS 5o/o = O, 72 l o/o = O, 98

novembro, juntamente com os va ­lores m édios dos Índices de iodo de frutos colhidos no temporão (maio e junho) e na safra (novem­bro e dezembro).

Observando-se o Quadro 1, nota-se que, no infcio do tempo ­rão, o grau de insaturação dos ácidos graxos componentes da

<' . manteiga de cacau era m1nimo, possuindo esta, na é poca, um in­dice de iodo relativamente baixo (em torno de 35,6). O citado Ín­dice alcançou o seu valor máxi­mo em novembro (39.8), sendo que em dezembro já se nota um leve d e clfnio (38, 6). Note-se que os f r utos colhidos em maio, inÍ­cio do temporão, são os que se desenvolveram durante a época mais quente do ano (de dezembro a abril) e os colhidos em novem­bro são os que se desenvolveram durante os m eses frios (de junho a outubro). Análises realizadas recentemente em nossos labora­tÓrios mostram que o Índice de iÔdo da manteiga do cacau brasi-

8

leiro colhído em setembro alcan­ça um valor significa~ivainente mais elevado em relaçao ao co­lhido no temporão (maio e julho) .

A análise estatÍstica dos da­dos contidos no Quadro 1 revelou que o Índice de iodo da manteiga do cacau brasileiro aumenta sig­nificativamente de maio para no­vembro, já sendo significativa a dife rença entre os valores dos (ndices de iodo do inÍcio e do fim do temporão, .como tamoém a di­ferença entre os valores médios dos Índices do temporão e da safra.

Influência da variação climática reqional

No Quadro 2, estão apresen­tados ~s dados climáticos (tem­pe ratura média em °C e precipi­tação média:_ e~ mm) do s 5 meses anteriores a epoca d e amostra-

g e m realizada no mês de julho, , (

juntamente com os 1ndlces de io-

Quadro 2 - Valores médios do Índice de iodo em cacau da Bahia. São Paulo e região amazÔnica, colhido em julho de 1970, e média de temperatu:ra e p:recipita.ção ,pluviométrica dos meses ante riores à colheita dos frutos (.fevereiro a junho}.

*' Média de três repetiçÕes DMS 5"/o = O, 95

, com seis arvores por parcela.

1% = 1,2.0

do das cinco localidades estuda­das. Para se formar uma melhor idéia das diferenças cli~ticas entre as localidades, apresen­tam-se, na Figura 3, os dadós de precipitação mensal e tempera­tura média mensal corresponden­.te s ao ano de 1970.

Verifica-se c laramente,· por esses resultados, que os valores do Índice de iodo variaram em pr!>porçãÕ inversa aos v a 1 o r e s medias da temperatura durante os 5 m e,ses que antecederam à. colheita dos írutos. Conforme se mostra na Figura 4, os valores mais elevados do Índice de iodo

9

.corresponderam às localidades mais frias e vice-versa, obten­do-se a· ~urva d e regressão Índi­ce de iodo= 74,26- 1,477 T,o~­de T representa a temperatura média dos 5 mesea que antecede­ram à colheita.

Influência de outros fatores

Como m ostram os Quadros 3 a 8, os demais fatores estudados além do climq. (perfodo de fer ­mentação, intervalo entre a co­lheita e a quebra do fruto, grau de maturação do fruto, idade da árvore, adubação, sol e sombra.

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35

Ribeirão Preto

Itabuna

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22 23 24 25 26 27

Temperatura média dur ante os 5 meses que antecederam ã amos­tragem (fevereiro a junho).

Figura 4 - Representação grá.íica da influência d a t emperatura nas diferentes regiÕes estudadas, no Índice de iodo da mantei­ga de cacau , (As linhas verticais repre s enta m a magnitude da variação entre os valores de três m edida s po r locali­dades).

e variedade da planta) não tive ­r am influência significativa no fndlce de iodo da manteiga do ca­cau bras il ei ro.

Deve-se assinalar que esses diver sos ensaios foram realiza­dos em dife r entes épocas do ano e que as difer en ça s entr e o s va ­l or es médios do indice d e iodo obtidos nos vários ensaios con­firmam os resultados do Quadro 1. Nota-se que os frutos colhi­dos em n ovembro (Quadros 3, 4 e 5 ) a presentar am (ndi cea mais e­l evados {41 , 0; 39,6; 40,7) do que os frutos colhidos em maio

ll

""'' 11

(Quadro 6), junho(Quadro 7) e ju­lho (Quadro 8), com os valor es de 34,7, 37,4 e 38 , 8, r espeoti­vamente . Aparentemente os va ­lor e s mais b a ixos são sem p re obtidos no in Ício do tem por ão , e os mais e l evados em novem bro.

CONCLUSÕES

De t<>dos o s fatores e s t uda­do s , apenas o clima teve influên ­cia s ignificativa n o Índice de iodo da manteiga de cacau do Brasil (Quadros 1 a 8 ).

;

Quadro 3 ~ variação do índice de iodo da manteiga de c a c a u em função do perÍodo de fermenta­ção (no v e m b r o de 1969). Média de cin­co repetiçÕes.

* Diíerenças não signíficati vas.

Quadro 4 - Variação do índice de iodo em função do in­te.J;"valo e n t r e a co­lheita e a quebra do f r u to (novembro de 1969). Médiade cin­co r epetições.

* Diferenças não significativas.

Segundo Hilditc h e Williams (6), as condiçÕes climáticas po-

! 2

Quadro 5 - Variação do índice de iodo em função do grau de maturação do f r u to (novembro de 19&9). Média de seis repetiçõe s.

* Diferenças não significativas.

Quadro 6 - variação do Índice -de iodo em função da i­dade da árvore (maio

· de 1 970). Média de seis repetições .

* Diferenças nao significativas ,

dem ter influênc~a no Índice de iodo do Óleo de linho, sendo a temperatura ambiente, durante o período no qual a semente se de~ senvolve, o principal fator climá­tico relacionado com o grau de saturação do Óleo . Outros auto­res (1 , 8 , 1 Z, 13 , 15) também a­firmam haver influência climáti-

l

Quadro 7 - Influência da aduba­rão, sol e sombra no mdice de iodo (junho de 1970) , M~dia de cinco repetiçÕes.

« Diferenças nao significativas .

Quadro 8 - Influência da varieda­de genética no [ndice de iodo (julho de 197.0). ·Média de cinco r epe ­tiçÕes.

* Diferenças não significativas.

c a na constituição dos 1 i p { d i o a vegetais . As sim, Patterson ( 12) encontrou em· Chlorella que a r e~ lação de ácidos graxos saturados para não saturados de c r esc e quando a temperatura diminui.

Observando-se os Quadros 1 e 2 e a Figura 3 , nota--se que o

13

fator climátic.o que mais está r e­!acionado com o Índice de iodo da manteiga de cacau é a tempera­tura . A radiação solar, por e s­tar diretamente relacionada com a temperatlúa, mantém igualmen ­t e uma aparente relação com o citado fndice . A precipitação pluviométrica não deixa entrever qualquer influência. Como acon­tece com as outras gorduras ve­getais ,: est e s resultados indicam que é a temperatura, durante a fase de desenvolvimento do fruto, o fator r esponsável pela variação do fndice: de iodo da manteiga de cacau: a temperatura mais alta ocasionando um menor Índice e a temperatura mai,s baixa elevan­do-o

Observando - se os dados de temperatura e relacionando- os com os :fna.ices de iodo, verifica­se que a diferença de 1' 5°C na temperatura m~dia no perfodo de formação do fruto é suficiente para ocasio)\ar uma a 1 te ra ção significativa na constituição da · manteiga de cacau. quando se re­fer~ a Índice de iodo. Quanto à var'iação dos Índices de iodo de exp,erimento par a experimen~o,

atribui-se ao fato destes experi­mentos t erem sldo realizados em épocas dife r entes do ano. Supõe­se que certa variação foi também -o c as i o na da pe la oscilação da temperatura média no decorrer do ano, urna vez que a época de realização dos experimentos a­brangeu 3 dift!rentes anos (68, 69 e 70).

Conaide rando-se que o Índi­ce de iodo da manteiga do cacau brasileiro varia de 34 a 42, e que o fndi c e d e iodo médio da rnant e i -

gado cacau a!ri.cano está em tor ­no de 36 (9), pode - se considerar um Índice de iodo acima de 38 como sendo relativamente eleva­do. O cacau produzido na Bahia mantém-se com um fn dice de io ­do não superior a 38 até o mês de junho, ve rificando-se uma e ­l evação gradativa desse valor nas colheitas subseqllente s, a qual se torna mais acentuada a partir do inicio da safra (agosto).

Como os frutos colhidos no mês relativamente qúente de no­vembro também possuem Índ~­ces de iodo bastante elevados, entre 39 e 40 (análises recen­tes em nossos laboratórios mos­traram que, a partir de agos­to, o Índice de iodo da m<ihtei­ga de cacau da Bahia já alcan-

ça valores em torno de 40) e con­siderando - se, por outro lado, que os indices de iodo dos frutos a ­madurecidos até junho, inicio do inverno, não ultrapassam 38, conclui-se qu e a influência da tempe ratura na fase de cresci­mento do fruto é mais importante na determin ação do grau de satu­ração dos ácidos graxos compo­nentes da manteiga de cacau, que a temperatura na fase de matu-:­raçao .

É de se esperar, em regiÕes de clima equatorial, como a Ama­zÔnia, com pequena variação sa ­zonal de temperatura a qual se mantém sempre elevada, que o indice de iodo deve apresentar valores relativamente baixos du­rante todo o ano.

LI~ERATURA CITADA

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RESUMO

Dentre os diversos fatores investigados que possivelmente ale-r , tam o mdice de iodo da manteiga do cacau brasileiro, apenas a tem-peratura parece ser de importância. Frutos desenvolvidos durante os meses de inverno (maio a agosto) no Estado da B;ulia, assim como os desenvol.vidos em regiÕes mais frias (Estado de São Paulo), produ­zem ma~teiga ~com um fndice de iodo mais e l evado (i.e. com maío1· propo~çao de acidos graxos inaaturados e, conseqüentemente, ponto de fusao mais baixo), do que frutos produzidos em condiçÕes de tem­peratura mais elevada . A temperatura pare~e exercer maior influên­cia sóbre frutos em fase de c rescimento. Frutos completamente de­senvolvidos, ou prÓxil'JlOs ao estágio de maturação, aparentemente não

15

sao afetados por variações de temperatura, no que se refere ao fndí­

ce de iodo.

os demais fatores investigados foram: duração de fermentação, grau de maturação do fru~o, tempo decorrido entre a col~eita e a que ­bra dos· frutos, idade da arvore, sombreamento, adubaçao e varieda­de genética. Nenhum dess~s fato~es deixou entrever qualquer rela ­ção com o grau de saturaçao dos acidos graxos ou com o ponto d e fu ­são da manteiga de cacau .

FACTORS AFFECTING THE IODINE NUMBER OF CACAO BUTTER

IN BRAZIL

SUMMARY

Among the several possible environmental factors investígated affecting the iodine number of Brazilian caca..o butter, only tempera­ture was found to be important. Butter from cacao pods whích bad developed during the winter months (May to August) in the State of Bahia, as well as the butter from cacao pods developed in colder re­gions (State of São Paulo) were found to have a higher iodine number (L e., higher proportion of unsaturated fatty acids, and consequently lower melting point), than butter from pods wbicb had developed under warmer conditions. It would therefore appear that temperature has considerable influence on the iodine number of growing pods. Fully developed fruits, near the ripening stage, a.pparently are not affected by changes in temperatura in as far as the iodine number is con­cerned.

Other factors investigated were duration of fermentation, degree of fruit :ripening, time lapse between harvest and pod breaking, age of the trees, influence o f shade trees, fertilizer application and varie tal di:i.'íerences. None of these íactors proved to be related to changes in the d egr ee oí saturation oí the . fatty acids or to the melting poínt of the caca o butter.

•••

16

1 !

CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS SOLOS DE CACAU

DA BAHIA, BRASIL •

Desde 1966, no Sul da Ba ­hla, vêm se desenvolvendo, pele> Centro de Pesquisas. do Cacau,

. estudos pedo!Ógicos. ao nivel de detalhes (subgrupos) em. uma á­rea de 40.000 km2, visando basi­camente à conceituação pedoge· n~tica .dos solos utilizados com a cultura do cacau.

Para uma melhor caracteri· zação morfo-genética dos solos importantes para a cacauicultu­ra, h~ necessidade de se agrupá­los em subgrupos com base em um conjunto de ·caracter-Ísticas fÍsico-quÍmicas e morfolÓgicas mensuráveis, enquadrando-os na moderna classificação de solos americana, mais conhecida como 7~ aproximação (5, 6), q~e ade­mais os coloca dentro· de uma linguagem pedolÓgica universal_.

Por outro la do, a r egião ob ­j eto do p r esente e 'studo, por ser uma área fisiográfica bastante c ompl exa , com d iversidade de c lima e geologia, apre s enta uma

., Recebido para publicação em jaueiro, l97Z.

grande variação de solos, cons ­tituindo-se' de seis agrupamentos (B latossÓlico~ B textura!, B pod­zol, B incipiente, Solos pouco de­senvolvidos e Solos indiscrimina­dos das caatingas) dos quats ape­nas dois (B textural e B incipien­te) são importantes para a ca­cauícultura baiana.

Em razão do exposto, obje­tiva-se o estudo taxonômico des­tes dois agrupamentos pedolÓgi­cos que,· al~m de servir. de ori­entação básic~ a trabalhos simi­lares, cCindiciona um melhor co­nhecimento destes solos de cacau para fins decomparação,ou mes­mo extr;;~.polação, de dados de ou­tras ~egiÕes produtoras ..

PRlNCIPAIS SOLOS DE CACAU DA B,AHIA

/

Os solos de cacau da Bahia são or iundos , em geral, da de­

. cpmpo~içâo· de rochas interme­di~rias ou' básicas do complexo

* Trabalho apresentado na IV Conferência Internacional de Pe,squiaaa em Cacau, Trinidad e Tobago, janeiro, l97Z.

** E:ug<.? Agr~. Responsável pelo Setor de Pedologia da Divisão de Solo.s do CEPEC.

Revlata Theobroma. CEPEC, ltabuna, Brasil. Z(l):l7•Z5. Jan.-m,ÇO, 1'17Z.

17

cristalino (Pré -Cam briano), se ­ja.m de n"'lateríaís carreados de áreas circunvizinhas ou de trans­fo rmação "in s itu11 da r ocha ma ­triz. De im portância, porém em áreas mai s r estrita& , são os me­tassedimentos cald feros do cre ­tác eo e silur ia no, com o também os sedimentos quatern ários dos grandes rios , os quais originam solos ricos, sob r e tudo devido à colm~tagem destes rios que, pe ­riod icamente, lan çam um "lodo" fért il sobre a s camadas sedimen­tadas anteriormente. P or esta ra!lOM '<!. pelo seu ba i::co grau de evolução pedogenético, os solo s em a.pr êço po s suem m in er ais primá r i os perc~ptiveis a Ôlho desarmado em qua se toda a mas ­sa do solo ( 1, 4).

Dentre estes solos im portan-· tes para o cultivo do cacau na Bahia.. salientam-se os s.o los . de :f3 t extural e d e B incipiente (Qua­dro 1 ).

Solos com B textu:ral. Ca.­r a c t e ri zado s pe la sua diferencia­ção moríotÓgica de h orizontes, p re se nça de minerais primários, estrutura em hlocos subangula­res e angul ares con1 cerosidade desenvolvida. no h orizonte B, t e o­res m a is ou menos elevados de silte , relação te"tural (B /A) me~ diana a a lta, boa capacidade de retenção de umidade, proJundida­l:fe.mediana (80-~50 em) ·~ pH su­pe rfic ial moderada.m·e~te. ác i do

. (5 , 5- 6,5).

Incluem- s e em tal agrupa.~ m ento tõete'. unidades de m apea-: mento (Cepec modal.. Cepéc. dia· ~· ciasaâó, Ge p.ec rocho·s o;São .Pau -. linho, · Uabtuta f\ipd~l. V:atg ito eu'- · t.rÓifTco e ·MorrQ 'Re~on~~) inipor·- ····

. ·. tantes· para ã . c ultura do:, ·cacau, entre as treze uniâades ·identi fi - . cac:las ante r1of~en:te- ·(Z ). :·~m tôda . região. ca·ca1;1ei:ri baia'na. : · · · . · . ·

Solos com:B incipiente ; R e ·-. I .

... Quadro 1 - P rincipais g rupamentos ,;ie golos cultivados c~m :cac?-U . na

Bahia.

18

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pre s entados p elas Wlidades R io Branco, Aluvial fa se argilosa e L ow -Humic -Gle i, com perfis ain­da jovens e , em cons eqiiência , ri­cos em minerais pr imá.rio s e de média a alta fertilidade. Ressal­te - se a importância da unidade Rio Branco não sÓ pela sua alta reserva de nutrientes fornecida pela rocha subjacente e pela~ pe ­dras que ocorrem na. massa do solo (3), como também pelas suas condi~ Õ es fÍsica.s íavor.iveis à penetração e . desenvolvimen­to das rafl[.es do caca.11e iro.

TAXONOMIA DOS SOLOS

NÓ Quadro 2, . estão r epre - . . ' .

s entadas as dua s u nicas o r dens de solos, . dentre' as nove identi ­ficada s .por Silva e colaboradores (.2 ) na região cacauêira baiana, em q_ue :3 e enquadram os bons s olos para cacau, n essas -ordens e stão t ambém representadas as unidades. d e mapeam e.nto em suas categorias superior es (subordem , grand e grupo e subgrupo).

Ordem Alfisols

So l o s minerais dotados d e horizonte do t ipo "B" argÚico e c om · saturação de bases (VOfo ) igua.l ou superior a 350/o ~té uma profundida de de l, 25 m. De im ­por tân cia para cacau a pena s a subordem Udalfs, em cujo grande g r upo Tropudalh se distribuem sete unidades de mapeamento .

Subordem Udalfs

Aliisols usualmente Í:.midos , rnas sem caracterÍs t icas asso­ciadas com a umidade .. T empe ­ratura média de vel'ã.o do solo, a 50 c ri}, s.uperior a I Soc , quando c ultiva dos .• ·

Grande . grupó T ropudal!s . UdaH s providos. de ho-rh c-nt e . argÍlico, cuja distl'ibuição . de argila , até 1, 25 m de piofun didade, d ecres ­ce do máximo em .:rn:Ús ·de 20%. Carecem · de h orizonte·s do tipo ágrico, nátrfco ou fra.g ipan, e têm menos-d e 5°C de diferença e ntr e

Quadro 2 - Ta.xonomia dos bons sol os de cacau na Bahia .

19

as m~dias de tempe~atura d e ve ­rão e inverno (Quadro 3 ).

Subgrupo Typic Tropudalfs. Solos com contacto lftico a mais de 50 em de profundidade, capa ­cidade de troca &uperior a 24mE/ 1 OOg de argila e saturação de ba­ses acima de 60o/o. Inclui · todos os perfis das unidades Cepec mo ­dai, Cepec diaclasado e Cepec r ochoso, além da maioria dos solos da unidad e Itabuna modal.

Subgrupo Oxic Tropuda!Is. Inclui a maior ia dos _Perfis das unidades Vargito eutroíico e São Paulinho e parte da unidade Ita­buna que se diferenciam do Ty ­pic pelo s e u valor T inferior a 24 mE/1 00 g de argila.

Trata -se de um sul;>grupo não referido na 7't aproximação, constituindo-se, a ssim, em um solo ainda não pr,evisto por este m oderno s istema taxonÔmico de classificação de solos.

Subgrupo Dystrophic Tropu ­~. Outro subgrupo proposto, ainda não constatado na classifi ­cação amedcana, -caracterizado pela saturação de bases (Vo/o) in­ferior a 60o/o abaixo do tôpo do horizonte argÍlico. Compreende alguns perfis da unidade Vargito eutrÓfíco.

Subgrupo Oxic Dvst ropllic T ropudalfs. Também n;~ re feri­do na 7~ aproxiniação; constitui· se de p er f i s que possuem va ­lor T infer io r a 24 mE/100 g de a r gila e saturação de bases (Vo/o) aquém de 60%. Unidade Morro Rnclondo.

20

Trata-se, pois, de uma no ­menclatura proposta com b as e em caracter Ísticas de ord em ge­nética.

Ordem Inceptisols

Solos minerais com u m e p i ­pedon Ócrico sobre um horizonte câmbico a uma profundidade d e menos de 50 em. Há duas sub­ordens (Tropepts e Aquepts), nas quais se distribuem as três uni­dades de mapeamento import an­t e s para a cacauicultur a nos três respectivos grandes grupos iden­tificados . - Dystrope pts, E utro ­~ e Tl:'opaquepts.

Subordem Tropepts

Inceptisols que têm uma mé­dia anual de temperatura do solo maior que 8°C e menos de soe d e diferença entre as médias de v e­rão e inverno a 50 em de profun­d idade (Quadro 4).

Grande grupo Dystropeets. T ro­pepts q ue têm uma media anual de temperatura do solo de 22°C ou mais e menos de 50o/o de satu­ração de bases em a:tguma parte d o epipedon ou do horizonte câm­bico .

Subgrupo Oxi c Dystropepts. Compreende a maioria dos solos da unidade Rio Branco que difere do conceito central pe lo valor T infel;ior a 24 mE/ 1 00 g de arg ila .

Subgrupo Fluventic Dystro­~· Inc lui os aluviais argilo­sos, caracterizados pe lo decré s­cimo irregular da matéria orgâ­nica com a profundidade.

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Grande grupo Eutropepts . ·Tro -. Pepts que têm mais de 50% de sa­turação de bases em · todas as partes do epipedon : e~ alguma parte do horizonte carnbt co .

· Subgrupo Ox.ic Eutrope pts . . Represf?rltado por a l guns . per.íis

· da unidade Rio Branco, cujo va­lor r: é· sempre inferior a 24 mE/

· 1 o o g de argila.

subordem Aquepts

Inseptisols saturados com á­gua em algum perfodo do ano e que têm, a uma profundidade de 50 em, carac te rÍsticas associa­das co~ a umidade .

Grande gru11o T ropaquepts. A­quepts qu e tem menos de 5°C de diferença · entre as tem peraturas médias de verão e inve·rno, a 50 em da · superf icie ; desprovidos de plintita e com menos de 15o/o de saturação coi:n sÓdio nos pri­meiros 50 em.

Subgrupo Fluventic Tropa ­s..uepts. Unidade Low -Humic­Glei, solos de drenagem impedi ­

. da e com decréscimo irregular da matéria orgânica com a pro­íundia;tde.

CONCLUSÕES

Corno se depreende do pre­sente trabalho, os principais so ­los de cacau da Bahia se distri­b~em em oito s u b g r u p o s bem dlSttn' t os, os quais se .. earacteri-

zam, e m geral, pelo seu médi o e alto Índice de saturação de ba­ses (V:; l OOS/T>497o); média a alta capacidade de troca da fra­ção argila (T > 16 mE/1 00 g de argila); contacto lí'tico a mais de 50 em da .euperíÍcie do solo, boa capacidade de retenção de umiw ~ade, pH superficial moderada­mente ácido (5, 5 - 6, 5) e textura ~ediana a argilosa.

Dentr e estes , três novos so­~os - Oxic Tropudalfs, Dystrophic Tropudalfs .e Oxic Dystrophic Tropudalís f ainda não referidos na 7'!- aproximação, foram identi­ficados na. região cacaueira baia­na, os ·quais discrepam dos sub­g r u.p os estabelecidos por es te

. sistema taxonômico, pelos seus Índices de cà.pacidade de troca da fração argila e/ ou saturação de bases , sempre inferior es ao sub­grupo "Typic". ·

Como o sistema taxonômico utilizado leva em consideração Uin conjunto de características fÍsico-quÍmicas e morfolÓgicas

· mensuráveis capaz de traduzir o parentesco genético dos s o 1 os bons de cac au e, ademais, os éo­loca dentro de uma linguagem p edológica universal (s~f\xos e · prefixos gregos e latinos), reco­menda-se a elaboração de traba­lhos similares nas demais zonas cacaueiras do mundo, a fim de que se tenha um melhor conheci­mento taxonômico dos solos de cacau destes países, em função do qual se poderá comparar , ou mesmo usar por extrapolaçâo, dados de pesquisas edáficas quo.. se vêm realizando nestas regiões produtoras.

23

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RESUMO

O pretlente trabalho objetiva enquadrar os bons solos de cacau da Bahia na moderna classificaç·ão de solos americana, mais conhecida -como 7~ aproximação. ·

Das nov~ ordens idéntificadas na região cacau.ei.ra baíao.a, entre as 1 O estabelecida$ neste &istema taxonôn::dco1 apenas. duas são im­portantes para cacau - Alfi sol e Inceptisol - nas quais se distribuem os principais solos utilizados com esta cultura em suas cat egorias i~fe:riores (subordem, grande grupo e subgrupo).

T:rata-se de solos relativamente jovens, carácterizados em ge­ral, pelo seu médio e alto Índice de satu:ração de bases (V= I 00 S/T >40%); média a alta capaçidade total de troca de cations (T>l6 mE/ lOOg de ârgi.l.a); pH auper!idat moderadam~nte ácido (5,5- 6,5}; boa capa<::.idad~ de retenção de umidade; profundidade mediana (S0-150 em); textura m~diana a argilosa e ricos em· minerais primário&.

24

Ademais, t•ecomenda~se a elaboração de trabalhos similares nas demais zonas de cacau do mundo, a fim de que se tenha um melhor conhecit:nento ta:x:onÔmico dos solos de cacau desses pa(ses,. en'l íun­ção do qual se poderá comparar, ou mesmo usal' por e:lCtrapolac;ão, dados de pesquisas que se vêm :realizando nestas regiÕes p:roduto:cas.

CLASSIFICATION OF THE MAIN CACAO SOILS IN BAHIA, BRAZIL

SUMMARY

This paper classííies the good soUs for cacao growing in :Bahia, Brazil by means of the modern soil classiíication known as the 7th approximation. · Of the 1 O o:fders within this classification system, nine were identífied in the 13ahian cacao region, but only two are im­portant for caca o growing - Alfisoll!l and Inceptisols.

These soils are x-elal;ively youog a.od aré characteriz.ed by their high base saturation index (V := 100 S} T>40o/o); average to medium and high total cation exchange capacíty (T>16 mE/1 00 g of clay); mode:r­àtely acid pH (S.!f- 6.5); good rnoísture retention capacity; medium depth (80-150 em); loam to clay texture and richness in pdmary min­erais.

It is recommended that similar work should be carried out in the other cacao regions o! the world so that classification studies in the future can be more standa.rdized,

•••

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FATORES AMBIENTAIS ASSOCIADOS COM A "PODRinlO PARDA"

DO CACAUEI RO *

H•~nlo Hai a 'Rocha ** Antonio Dan t as Hachado ***

A " podridão parda 11 dos fru ­tos do cacaueiro, causada pelo P hytoo hthora p almivora. (B u tl. ) Butl . , é responsável por perdas anua i s da ordem de 2 S% na pro­dução d e cacau da Bah ia (5), A -

. pesar da s ua, grande importân­cia econômica em qua.se todas as áreas de cul tivo do · c acau, esta enfermidade tem sido relativa­me~te pouco estudada , A.lgun~ trabalho.s , realizados na Amé ri­ca (6, 7) e na África (9, 12, 13) s obre as relações entre fatores climáticos e diferentes fases d e desenvolvimento do fungo, re­presentam um.a c ontr ibuição re­lativa ao conhecimento do a-ssun~ t o, por não englobarem, em uma mesma área ecol Ógica, todos os asp ectos da epidemiologia d.a en­lermidade.

No presente trabalho, são a­pr es entados resultados de expe­rim.entol:l realizados na Bahia so­bre vários aspectos da epidemio­logia da " podridão parda" .

• Recebido ~ra publicação em janeiro, 19n .

v ar ia~ão m e n 8 a 1, Experi­mentação realizada em diver sos p aises produtor es de cacau tem mos t rado que a incidência de "podridão parda" ~ obs ervada · em longos periodos do ano, var ia ndo a sua gravidade de acordo com as c ondiçÕes clim.Í:ticas especÚi ­cas do ano e · local. E xem pl o marcante íoi constatado por Tar­jot (12), na Costa do Marfim, em levantamento realizad o sobre a incidência da doença em düeren­tes localidades e em anos conse­cutivos. Em Co·s ta Rica, segwt­d o Seria (11 ), ocorrem dois pe­r {odos de incidência máxim.a que coincidem com os máxim.os 'de p r oduçã o . O prim.eiro, e mai.or, entre f ever eir o e agosto e o se­gundo de setem bro a janeiro, com uma a l ta p or centagem de infec­ção em dez embro. Resultados similares foram obtidos também por Newh.all (8).

Na Bahia , entretanto, os prÓ­prios agricultores sabem que a

• P;u1e do trabalho " Peequl•a• Sobre "Podridão Pa rda " aa Bahia, Bre.aU", apreeentado oa IV Con(e r~ncl.& lntarnacloual de Peequi•e.• em Cac&u, TriDJ.d&d e Tob&go, j&Delro , 197Z.

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doen ç a ocorr e de forma. grave em periodos especificas do ano, com pequenas oscilações de ano para ano.

Par a melhor identif icar 08

per{odos crÚicoiS de incidên cia da enfermidade na Bahia, foram registradoiS mensalmente, duran­te 4 anos, o nÚmero to tal de fru~ tos colhidos e os atacados p ela

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11 podr idão parda" , em 250 cacau­eiros 1 o c a 1 i z a dos na área dÓ CEPEC. Os r esultados (Figur~s I e Z) mostram que, contrária­m ente às outras regiÕes produ­toras de cacau, a incidência da doença se r estringe ao curto pe­r (odo de m aio a agosto ou de ju­nho a 8 e t embro. Regra geral, a maior incidência ocorre no mês de julho, variando sua .intensida­de , entretanto, de ano para ano .

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Figura 1 - Porcentagem de frutos atacados pel a "podridão parda" du-r ant e o pe:t;.(odo de maio a setembro( I 968 -197I) noCEPEC.

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Figura 2 -:Variação mensal da incidência da "podridão parda" no eEPEe.

A ocorrência da enfermidade em caráter grave no curto perio­do de 4 meses, representa para a Bahia urna situ~ção m.uitn favo­rável em relação a outras re­giÕes. A época de controle lica perfeitamente definida, fato que permite reduzir o nÚinero de a­plicações de fungicidas, sem per­der a eficiência do controle. Es­ta medida resulta· evidentemente em grande economia para o pro­dutor, especialmente com rela­ção à mão-de-obra, que r epre­senta atualmente 2/3 do custo to­tal do c ontrole qu[mico.

Iniluência do sombreamento. Na Bahia, as plantaçoes comer­ciais de cacau, regra geral, são excessivamente sombreadas (2). Em levantamento realizado para identificar as áreas de maior in­cidência da doença em uma mes­ma propriedade, Medeiros (5) ve­rificou que os locais densamente sombreados, pr6ximo.s a curso

28

d'~gua. apresentavam um nfvel de infE'cção bastante e 1 e v a d o, dando origem. à terminologia de ~rea "foco". e "não foco" da "po­dridão pardàn, para as ~reas de alta e baixa incidência da doença, respectivamente.

Experimentos conduzidos pe­lo Setor de Fertilidade do eEPEe (3), nos quais é comparado o e­feito da aplicação de fertilizantes em áreas com e sem remoção do s o m b r e ame n to , permitiram acompanhar e avaliar, durante 6 anos consecutivos, a influência do sombreamento na incidência da enfermidade , As observações . foram conduzidas nas repetiçÕes localizadas na área do CEPEe, sendo utilizadas quatro parcelas de 50 cacaueiros para cada um dos tratamentos com e sem re­moção do sombreamento, inde­pendentes da aplicação de fertili­zantes.

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Os resultados apresentados no Quadro 1 mostram que a inci­dência da enfermidade foi redu­zida em mais de 40% nas parce- · Ias que sofreram rem o ç ã o da sombra. Evidentemente, altera­ções microcti.máticas tornaram o ambiente desfavorável a mani­festação da doença, !ato já obser­vado em outros pa(ses produto­;es (8, 14).

A remoção do sombreamento é uma prática auxiliar muito efi­ciente no controle da enfermida­de. Os seus efeitos aparecem de imediato e provavelmente serão mais acentuados nos anos subse­qlientes, pela redução do poten­cial de inÓculo.

Quadro 1 -Porcentagem de frutos atacados . pela 11podri­dão parda" (per í'odo maio-agosto) em área~ com e sem remoção dG sombreamento,..

* Segundo Cabala et a~ (3).

29

O uso de fertilizantes, atual:.. mente em larga escala nos ca­cauais bail:mos, certamente pro­vocará uxna. redução no n{vel de incidência da "podridão parda11

tendo em vista que a sua aplica­ção é sempre precedida pelo ra­l eamento da soro b r a . Assim, a dotando 08 critérios indicados para a utilização de fe rtilizantes, o agricultor se r á beneficiado: primeiro, pelo grande aumento de produção decorrente da ação do adubo e da remoção de som­bra da lavoura {3), segundo, pelo controle indireto da "podridão parda" através do raleamento de sombra.

Fatores clim.á:ticos. Várias tentativas tem 8 ido realizadas por diversos autores no sentido de correlacionar a incidência da "podridão parda11 com alguns fa­to r e s climáticos. Infelizmente, esses estudos têm-se limitado a analisar fatores isolados, razão pela qual os resultados encontra­dos não são convincentes, sendo, algumas vezes, até contraditÓ­rios. Estudos sobre o efeito da temperatura na incidência da doença, conduzidos por Lellis (4) na Bahia e por Orellana e Siller (10) no Ceuão, mostraram cor­relação negativa entre a porcen­tagem de frutos infeta dos e a temperatura média mensal. Pa­r a as condiç ões da Bahia, L ellis mostrou que a incidência atingiu wn máximo quando a temperatu­ra caiu para 20, 5°e. Esses re­sultados não explicam, todavia, a inexistência da 11podridão parda" na região de Linhares, EspÍrito Santo, onde a temperatura m~dia mensal, no periodo de junho, ju­lho e agosto, é de 20, S0 e. . Por

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outro la do, na reg1ao amazÔnica e em outros paises como Costa Rica e Gana, onde as temperatu­ras m ~ d i a s mensais são bem mais elevadas que as da Bahia, a doença ocorre sistetnaticamente.

. . ' Outros fatores chmaticos,

como a umidade relativa e a pre.: cipitação pluviométrica, têm sido correlacionados com a incidência da enferm idade (12, 14), sem pas­sarem entr etanto por uma análi­se c r Úi c a da sua r eal impor­tância;

Es tu dós recentes, conduzidos por Tarjot (14), mostraram que, em Bingerville, Costa do Marfim, há uma relação direta el}tre a in-

. cidência da doença e a pre~ipita- · ção t o ta 1. Relação similar foi enc on.trada para o nÚmero de dias de chuva que, naquela loca­lidade, coincide com o periodo de maior pluviosidade . (junho e ju­lho). Com relaÇão à umidade re-

· lativa, Tarjot (14) estabeleceu wn " poder . tampão" do campo como parâmetro de cGmparação com a incidência da enfermidade . Este parâmetro . consiste na dif~rença entre a umiqade relativa regis­trada no campo e a régistrada em pos.to meteorolÓgico_, às 14 horas. Nos seus experimento!!, foi observado que quanto maior o " poder tampão" do campo (maior resistência ao abáixamento da umidade relativa com relação ao exterior) maior foi a incidência da doênça.

Experimentos conduzidos na Bahia e Esp~rit'o Santo, entretan. to, mostram que wna melhor ex­plicação para a incidência da en-

. fermidade é encontrada na asso­ciação de fatores climaticos e

não na in.fluênc ia de ca da um, isoladamente (1).

Na Figura 3 estão sumariza­dos os resultados de observações climatolÓgicas durante o per{odo de 32 meses (abril de 1969 a no­vembro d e 1971 ) realizadas na área do CEPEC, e a incidência da "podridão parda", registrada mensalmente em cinco parcelas de 50 cacaueiros, anotando-se tamb~m o total de frutos coULidos mensalmente (f rutos sadios t fru­tos enfermos). Observa-se que os valores máximos de incidên­cia da enfermidade não coinci­dem com meses de maior volwne pluvi.om~trico. Exemplo marc'an-

. te pode ser .verüicado no mês de dezembro de 1970, em que a pre­cipitação Ui.trapassou 200 mm e a incidência foi praticamente nula. Em fac e dessas discordâncias,, como era de se esperar, não foi encontrada correlação entre as duas variáveis.

Analisando-se, todavia, . a precipitação em termos de dias e horas de chuva (Figura 3), ve­rifica-se que esses dois fatores melhor se correlacionam com .a incidência da doença, especial­mente o nÚmero de horas de chu­

·va, pa:ra o · qual foi encontrado um valor r= O, 73 . . EvideutemeJ?.­te, a importância da pr ecipitação

· no desenvolvimento da do e n ç a está na sua. forma de distribuição e não no volume total. de chuva , Um per(odo longo de chuva , .mes ­mo com um volume total baix.o , dá condições para uma maio r disseminação do inÓc ulo, p e 1 o transporte constante de esporos e, ao mesmo tempo,. propicia wn perí'odo mais amplo p~ra · germi­nação indireta de espor~gios .

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Figura 3 - Repr~sentação gráfica do total de frutos colhidos e dos frutos atacados pela "podridão parda", em confronto com a precipitação pluviom~trica , dias e horas de chuva, tem­peratura, umidade relativa e d~.fícit .da pressão de vapor durante o per f o do de abril de 19 69 a novembro de 1 9 71 , no CEPEC, Itabuna, Bahia •

31

Os val ores de umidade rela­tiva e temperatura {Figura 3), quando comparados isoladamente com o nÚme ro de frutos· enfer­mos, não apresentaram correla­ções satisfatÓrias, especialm ente a umidade r ela tiva {r = O, 22}. De uina forma geral, entretanto, os me s e s de maior incidência da doença apresentaram v a 1 o r e s baixos de temperatura .

Resultados convincentes {Fi­gura 3) foram encontrados qúan­do a temperatUra e a umidade relativa foram analisadas con­juntamente , em fo't:ma de deíicit da pressão de vapor (DPV). Ve­rifica-se claramente que os pe­riodos de ma i o r incidência da doença coincidem com os valores mais baixos do DPV, podendo-se estabelecer, inclusive, um limite c r Ú i c o indicador de condiçÕes Ótimas para a doença. Nas nos­sas observações, sempre que o DPV foi igual ou inferior a 3, 5 mm Hg os Índices de infecção fo­ram e l evados. Com o DPV en­controu-se a melhor correlação (r = O, 75) dos fatores climáticos estudados, para expli car os sur­tos da doença.

Send~ o ~· ralmivora um fungo de habito aquatico, que ne­cessita de água livre para a sua germ inação indireta, p o d e - s e compreender a importância do DPV no· desenvolvim ento da mo­léstia, Uma. vez que este fator es -

tá diretamente relacionado com a d i sponibilidade de á g u a na a t­mosíera. A presente conclusão sobre a importância do DPV no estabeleciment<> da doença nos cacauaís baianos está perfeita­mente de acordo com a não exis­tência da 11 podridão par da 11 no Esp{rito Santo, onde, . çonforme estudos anteriores (1), os valo­r es do DPV sâo muito superiores aos encontrados na Bahia. Vale salientar que em levantamento ·realizado na região de Linhares, Espirito Santo, Medeiros e Melo (7) constataram. a presen5a do ~. palmivora em forma viavel: , em diferentes locais das roças d e cacau,esp·ecialmente no solo.

CONCLUSÕES

1. A incidência da •podridão parda" em caráter grave, na re~ giâo cacaueira da Bahia, está li­mitada aos perÍodos de maio a a gosto ou junho a · setembro.

2. A maior incidência da enfermidade nos meses de Inaio, junho, julho e agosto está rela ­cionada com a dinlinuição do de­íicit de pressão de vapor da at­mosfera e com o aumento n o nli­mero d e dias e horas de chuVa ,

3. A remo ção de sombra nos cacauais reduz em Inais de · 40% a incid~ncía da enfermidade.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a colaboração prestada pelo Dr·. Paulo de T. Alvim e pelo Eng9 Agr'l Cláudio T. Miranda durante a realização do trabalho.

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LITERATURA CITADA

ALVIM, P. de T ., MACHADO , A.D. e ROCHA, H.M. Er.:ological .fa ctors aifecting b lack pod disease oí cacao in Bahia. In R eu_!lião do Subgrupo de Trabalho Sobre E_. Ra.lmivora ;;; Amcrica T r opi cal. ltabuna, Bahia, Brasil, 20 - 23 de abril, 1971. (No prelo ),

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~ 33

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RESUMO

Foram realizados vários experimentos na região cacaueir~ da Bahia, com o objetivo de estudar diferentes aspectos da epidemiologia da "podridão parda"(!:. palmivora). Estes .estudos permit iramesta ­belecer o per fodo' crftico .da enfermidade, assinalando-se que sua in­cidência em caráte r grave está. limitada aos perÍodos de maio a agos­to ou junho a setembro .•

Os fatores climáticos que apresentaram melhores correlações com a incidência c:i.a enfermidade foram o deficit de pressão de vapor, n~mero de dias chuvosos e n~mero àe horas de chuva.

A r emoçã_o do sombreament o em lavouras comerciais d imi nu iu em mais de 400/o a inci.dêncía da eniermidade.

ENVIEONMENTAL FACTORS ASS0CIATED WITB BLACK POD DISEASE

OF CACAO

SUMMARY

Experiments carr ied out in the cacao region oí Bahia to study the cpidemiol ogy o! B lack Pod <E· palmivora) have shoWll that the critica! period regarding attack is betwee n May. and September . Climatic factors showing good correlation with disease incidence were the vapor pressure deficit, number of rainy days and number oí rainy hours.

In thc fie ld, shade reduction in commercial plantations lowered the íncid ence of the disease b y around 40o/o.

34

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M!TODO SIMPLIFICADO PARA PRODUZIR SEMENTES H!BRIDAS DE CACAU

POR POLlNIZAÇAO MANUAL CONTROLADA*

Fel"nando VeZZo ** Walter Santos Maga lhães •~ IZ.dt~brando Perrn.ro 'do Nasci111entÇ> ***

A descoberta do vigor hibri­do em cacaueiros, na década de 1940, abriu novas l>erspectivas para a cacauicultura, pois possi­bilitou a substituição do sistema de propagação · vege tativa, r eco ­mendado até meados do decÔnio •seguinte para estabelecimento d e lavouras mais precoces e produ­tivas, pelo plantio por semente s, As vantagens da p r opagação se­xual sobre a vegetativa em ca­caueiros não são apenas econô­micas, mas também se traduzem na facilidad e de produção e d e condução das plantas jovens nus locai s de mult i plicação e , poste ­riorment e, no campo. Com o concurso de instal<~.çÕes sim ples e de mão-de-obra não especiali­zada, pode-se obter milhares d e mudas a partir de sement es, en­quanto o processo agâmico exige maiores c onhecimentos técnicos par a p'rodução e condução das plantas e melhore s instalar,Ões de preparo .

* Recebido para publicação em março, 1971.

Hoje, em praticamente todos os centros produtores de cacau, o sist ema de propagação vegeta­tiva ~usado apenas para preser­vação do material genético desti ­nado aos "jardins clonais" e aos campos de produção de sementes, enquanto as sementes melhora­das constituem o material usual­mente empregado no estabeleci ­mento das novas lavouras.

Em cacaueiros, a produção d e sementes hÍbridas para plan ­t io é fe ita a t ravés de cruzamen­t os de c lo ne s ou cultivares com boa habílidad e combinatÓr ia , O processo é simples, quando se dispõe de campos instalados para produção de sementes por polini­zação livre, mas requer o isola­mento da área, em r elação a ou­tras planta çõe s de cacau, e o uso de, pelo menos , um genitor au­toincompatfvel, para produ ção das sementes comprovadamente hibridas. Não se dispondo, po-

"'* Eng'?s Agr'?s, Responsáveil pela Dlvlaio de Genética do CEPEC e pela Estação Experi· mental" Dr. Gileno Amado': (Convênio CEPLAC/MA), respectivamente.

"'** Eng '? Agr9, Assistente da Dlvleâ:o d e Genética do CEPEC.

.Revista Theobroma. CEPEC 1.JtabWI&. Brasil. 2.(1):35·44. Jan.·m.ç0 • 1972.

35

rém, de campos de produção de sementes por polinização livre , há necessidade de proteger as flores polinizadas manualmente ,a .fim de evitar conta m inaçÕes ou polinizaçÕes indesejáveis . Este processo é caro e demorado, além de apresentar baixo rendi w menta, devido a o t empo e mate­rial gastos na proteção das !lo­res t rabalhadas. Quando as ne ­cessidades de sementes para

· plantio atingem valores multo al ­tos, como vem ocorrendo na Ba ­h ia, o m étodo convencional de polinização manual torna - se im­praticável. Uma maneira de evi­tar a prot eção das ftores nos trabalhos de produção de semen­tes por polinizaç~o manual con­trolada · s e r i a e m p r e g a r um marcador genético de fácil iden­tüicação. As sementes , ou as progênies hibridas, seriam reco­nhecidas pela presenç.a do carii.­ter transmi t id o pelo genitor masculino (pÓlen).

Voelcker (10), usando o ca­ráter "axU spot" pa ra de t ermi­nar a t axa de cruzamento natural em lavouras de cacau na Nigé ria , concluiu que cerca de 2So/o dos frutos são de polinização cruza­da. Posnette (6) e Glendinning (2), estudando as propo rçÕes de indi· vÍduoa portadores dos caractew res "a lbinismo'' e 11 axil spot 11 em progênies de cacaueir os obtidas de polinização livre , encontra­ram, nas condiçÕes de lavoura de cacau em Gana, taxas naturais de cru20amentos variando de 18% a 43o/oe37o/o, resp ec ti vamente ... Vello (9), com base nas propor­ções de sementes brancas e pig­mentadas de alguns cacaueiros do grupo de s ementes brancas da

36

Bahia, distribuídos em uma po­pulação de sementes roxas· nos municipios de Ilhéus e Uruçuca, noticiou médias de cruzamentos naturais i guais a 43% e 66o/o, res-pectivamente . ·

Existem alguns cultivares de cacau na Bahia, origin ários, tal­vez, de uma Única m utação local (7). cuja caracterÍstica principal é a total ausência de pigmentação antociânica em suas amêndoas, frutos, flore .s e folhas. Dentro deste grupo de plantas, destaca­se o denominado "Catongo" ·que é possuidor, adicionalmente, de outros caracteres valiosos, tais como resistência ao Phytophthora p a 1m i'r o v a, .fungo causador da "podridão parda" (3, 4), que é a principal enfermidade do cacau­eiro na Bahia, e alta habilidade combinatÓria geral. A ausência de pigmentação antociânica no cacau "Catongo" e demais culti­vares do grupo é um caráter re ­cessivo, de ação pleiotrÓpica, go­vernado por um Único par de ge ­nes com completa ou quase com­pleta dominância para pigmenta­ção (8). Além disso, devido à "falsa xenia", a cor viol eta ma ­nifesta-se em suas sem entes formadas de Óvulos fe cundado s por pÓlens portadores de genes para este pigmento.

Na. Escola Média de Agri­cultura da Região C a c a u e i r a · (E MAR C ), antiga Estação Expe­rimental de Uruçuca, Bahia, exis­tem três populações de cacauei ­ros ''Catongo1', descendentes da planta matriz encontrada na F a ­zenda Catongo, municÍpio de Ita­juÍpe (5). Os dois grupos mais velhos, com 1. 030 e 701 cacau-

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eiras, respectivamente , têm cer­ca de 2 3 anos de idade e consti ­tuem uma geração Sz, enquanto o terceiro grupo, com 1. 159 plan­tas, está com 12 anos e é forma ­do por uma geração S3 do cacau­eiro "Catongo" matriz . Estas plantas compreendem o material local básico utilizado nos cru~a­mentos manuais abertos com clones introduzidos , para produ ­ção de sementes hfbridas desti­nadas a p lantio pelos cacauicul­tores da Bahia,

O objetivo deste trabalho foi simplificar o método de poliniza­ção manual contt·olada, para pos­sibilitar a produção de ~ementes hÍbridas em quantidade suficiente para atendet• à grande demanda de material para plantio na Ba­hia. O sistema utilizado é con ­siderado de emergência , devendo ser abandona do assim que os campos de sementes por polini ­zação livre, que estão sendo ins ­talados, entrarem em franca pro­duçã o.

MATERIAIS E !d!TOOOS

Os cacau~iros "Catongo" das t rês populaçÕes da EMARC fo -. ram identificados individualmen­te e divididos em grupos, cada um d e 1 e s sendo polinizado por um dos seguintes c lones: UF-168, UF-22 1, UF-613, UF-667, UF-677 , ICS-1, ICS-6, ICS-8 , I-:.S -39, DR-2, IM C- 6 7, 5 c a- 6 e Sca-12 .

Antes do inicio das poliniza­çÕes, cada cacaueiro "Catongo" recebeu uma placa· com o nome do clone que iria lhe .~rnecer os

37

pÓlens, descartando ~se, a seguir, todos os frutos de polinização li­vre . Este trabalho de descarte continuou rigorosamente durante o perÍodo de polinização .

As f1 o r e s fornecedoras de pÓlen s para os trabalhos de c r u ­z ame n to fo ram transportadas diariamente do 11 jardim c lonal" do Centro de Pesquisas doCacau, muni c[ pio de Ilhéus, a uma dis­tância de aproximadamente 45 km da EMARC, acondicionadas em vasos de "isopor" forrados com papel umedecido •

As polinizaçÕes foram pro­cessadas principalmente no pe­rÍodo da manhã, durante os me­s·es de janeiro/fevereiro a julho/ agosto dos anos de 1968, 1969 e 1970, estendendo-se até ao en­tardecer quando a quantidade de material disponfvel assim o exigia .

As pol-inizaçÕes foram reali­z a d a s manualmente , usando-se uma flor fornecedora de pÓl ens para duas ou três flo res de "Ca­tongo", de acordo com a dispo­nibilidade, eliminando-se, para melhor ace,!!so ao estigma, parte dos estaminÓides destas ~ltimas. Cada flor polinizada foi identifi­cada com um alfinete colocado ao lado da a lmofada floral, não se usando qualquer sistema de prow teção contra polinizaçÕes indese­jáveis. Em casos de eventuais perdas de alfinetes e de nasci­mento de outras flores em alma w fadas florais já trabalhadas, identificam-se as flores polini­zadas pelo exame dos estaminÓi­des. Mesmo em frutos j;i desen­volvidos, torna-se fácil identi-

íicar aqueles provenientes d·e po-1 in i z ação manual pelo estado dos estaminÓides conservados ao d e rredor do pedÚnculo.

O reconhecimento das se­mentes hÍbridas foi feito p e 1 a presença de pigmentação antoci­ânica nas amêndoas obtidas de amostragens correspondentes a cerca de 1 O% dos frutos de cada colheita . A presença de colora­ção viol eta nos cotilédones e a ­vermelha d a nas folha s j oven s das plântulas é outro m e io e fic iente para identificar os h{bridos, utí­lizado pelos prÓprios a~riculto­res nas sementeiras.

O método usado somente é válido para ·cacaueiros 11Catongo", ou outros cultivares de amêndoas. brancas, isolados de plantas. dê sementes roxas e polinizados com pÓlens portadores de genes para pigmentação. Também po:­derá ser utilizado outro marca• dor genéÜco de manifestação co­nhecida,

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Nos Q uad ros 1, 2 e 3 estão representados os resultados ob- . tidos das polinizações manuais abertas, realizadas . em cacauei­ros "Catongo_" da EM A R C nos anos de 1968, 1969 e 1970, com pÓlens dos clones UF - 168, UF-221, UF-613, ÜF-667, UF-677 , ICS -1, ICS-6, ICS - 8 , IC S-39, DR-2, IMC-67, S c a - 6 e Sca - 12.

As taxas mensais d~ polini­z_açÕes livres, observadas no ano de 1968 (Quadro 1 ), variaram de

6, O a 17, 6"/o, com uma média a­nual de 10, lo/o. Observou-se uma redução de atividade dos agentes polinizadores no de c o r r e r do ano, com as maiores taxa s de po:­linização nos m eses d e ma r ç o e abril e as menores em agosto / setembro . Esta í lutuação parece estar relacionada com as condi-

. çôes climáticas e com a quanti­dad~ de flores, conforme foi su ­gerido por Entwistle e H urd (1).

Durante o ano d e 1969 (Qua ­dro 2), a maior atividade dos in ­setos polinizadores foi observada nos meses de fevereiro e março, quando a~; · taxas de polinização

. livre alcançaram os valores . de 19,2 e 20, 1"/o . respectivamente, em contraposição a 11,8 e 6, So/o nos meses de maio e julho. Nes­se ano, a média· geral de polini­zação livre se ele.Vou a 14, 9% •.

Em i970, o final de matura­ção dos frutos foi antecipado pa­ra desembro (Quadro 3), possi­velmente devido à influência· cli­mática. A média de "contat'ni~a­çãol• (sementes brancas) foi de 12, Ó%, com os máximos de 13, 5o/o e 13,0% em marÇo e maio e o mf­n imo d e 7, 9o/e em janeiro,

Os percentuais de sementes endocriadas, r ·esultantes de au ­topolinizações e cruzamentos na­turais entre cacaueiros "Caton­go" da população trabalhada, fo ­ram baixo.s em rela!;ão aos re­sultados. noticiados· por Voelcker (lO),na Nigé r ia, V e llo (9 ), na Ba ­hia e Poshette (6) e Gle ndinning (2) em 'aa,na. Isto talvez se deva ao descarte dos frutos formados a partir de flores não polinizadas manualmente e às maiores ·quan-

38

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39

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Quadro 2 - Amostragens correspondentes a mais ou menos 10% de cada colheita, para cálculo das ta­xas mensais d e "contat:ninação" (sementes brancas) em trabalhos de polinização manual a­berta (1969) .

* N9 sementes brancas . x

100 N'? total d e sementes ·

·.~ ,,~ ...

• -7~

Quadro 3 -Amostragens variáveis de 10% a 20% de cada colheita para cálculo das taxas mensais de ncontaminação" (sementes brancas) em trabalhos de polinização manual aberta (1970),

N'? semente s brancas • N'? total de sementes

X 100

I ~

tidades de polinizações manuais, em relação às polinizações natu­rais das mesmas flores.

Conclui-se, portanto, que, e m trabalhos intensivos de polini za ­ção ma nu a 1 aberta, a taxa de " cont~minação" é baixa ( 1 O, I% em 1968, 14, 9"/o em 1969 e 12, O% e m 1970), podendo as sementes indesejáveis se:rem descartadas quando se usa um marcador ge ­nético para sua identificação. M esmo, porém,que não seja pos ­sÍvel separar as sementes de po-

linização controlada das demais, seu baixo percentual não com­prometerá proíundamento a efi-

. ciência deste método, quando o

objetivo é produzir material em 1 a r g a escala para plantios co­merciais . Tratando-se, porém, de um trabalho caro , pois exige grande volume de mão -de-obra, seu emprego som ente é reco ­mendado em carát er de emer ­gência, enquanto são estabel eci­dos campos de produção de se­mentes hÍbridas por polinização livre.

LITERA7URA CITADA

1. ENTWISTLE, H.M. and HURD, J. Pollination studies; the ef­fects of the insecticides on pollination, flower setting and numbers of pollinator insects. ~ West A!rican Cocoa Re­search lnstitute. Annual Report. 1957;..58. Tafo, Gold Coast, 1959. pp. 42-44.

2. GLENDINNING, D.R. Plant breeding at the West Aírican Cocoa Research lnstitute. In Inter-Amerícan Cacao Conference, 8th, Trinidad and Tobago, June 15-25, 1960. Proceedings. Trinidad, Government Press, 1960, pp. 374-378.

3. LELLIS, W. T. e MANÇO, G.R. Resistência do cacau Catongo ao Phvtophthora palmivora (Butl.) Butl. In Itabuna, Bahia, Bra­sil. Centro de Pesquisas do Cacau. RelatÓrio Anual 1963. Itabuna, Brasil, Centro de Pesquisas do Cacau, 1964. pp. 30-31 .

4 . ____ e PEIXOTO F ILHO, O. Comunicação preliminar sobre resistência do cacau "Catongo" ao Phytophthora palmivora (Butl.) Butl. Instituto de Cacau da Bahia. Boletim Informa­tivo n9 61. 1964. pp . 26-31.

5 . MIRANDA, S. e SILVA, P . Mutações. em Theobroma leiocarpa Bern. var . "C omum". Bahia Rural (B rasil) 7:245-248. 1939.

6 • POSNETTE, A. F. The pollination of cacao in Gold Coast. Jour­nal of Horticultura! Science 25(3):155-163. 1950.

7 • SORIA V., J. Observaciones sobre las variedades y cultivares de cacao en Bahia, Brasil. Cacao(Costa Rica) 8(1):1-6. 1963.

42

. ~ ';, .

., . '

8 • VELLO, F. Considerações sobre a genética de pigmen1)taç

1 a(-1o) d

3o

cacau branco da Bahia. Cacau Atualidades (Brasi : .

1964 .

, Observações sobre polinização do cacaueiro na Bahia. ---In--International Cocoa Research Conference, 3rd., Accra,

Ghana, 23 -29 November, 1969. Tafo, Ghana, Cocoa Re­search Inst itute. 1971. pp. 565-578 .

10 , VOELCKER, O.J, The degree of cross pollination in cacao in Ni geria . Tropical Agriculture (Trinidad) 17( 10):184-186 ;

1940.

RESUMO

Visando a eliminar o demorado e oneroso método de proteção in­dividual das flores nos trabalhos de produção de sementes hibridas_ de cacau por polinização manual controlada, fora.m feitas polinizaçoes manuais abertas entre um cultivar local de amendoas brancas, deno­minadc "Catongo", e diversos clones de sementes pigmentadas, intro­

duzidos de outras áreas.

Como o cultivar "Catongo" é uma mutação caracterizada pela to­tal ausência de pigmentação antociânica e~ suas amêndoas, t;utos, flores e folhas, de origem· recessiva, procedeu-se a identificaçao das sementes hibridas pela presença de coloração nas amêndoas. quando ainda na fase de sementes, ou nos cotilédones e fÔlhas jovens, quando no estágio de plântulas. .

Resultados de 3 anos consecutivos de t-rabalhos mostraram que as médias anuais de cvntaminação das flôres polinizadas manualmen­te e não protegidas foram de 10, l~o em 1968, 14, 9"/o em 1969 e 12,0% em 1970, Estes baixos valores indicam que, quando se necessitam de grandes quantidades de sementes para plantio comercial, pode-s·e usar o sistema de polini?;ação manual aberta, sem qu<' a taxa de poli­nização livre venha a compromete r, seriament e, o êxito do programa.

A NEW APPROACH TO HAND POLLINATION

FOR CACAO HYBRID PRODUCTION

SUMMARY

With the object of examining the possibility of eliminating the dif­ficult and time consuming task of protecting hand-pollinated flowers against contamination, unprotected pollínations were made between the local cacao C\lltivar .. 'Catongo' which has white seeds and a nun1-

43

ber of othe r clones which have purple colored seeds to determine the level of natural contaminat'ion.

The cultivar 'Catongo' is a mutant form characterized by its com­plete absence o f anthocyanin pigments in either the seeds, fl:uit s, flowers or l eaves •. Being a reces sive character it enables one to ideritify hybrid seeds b y tbe seed coloration or the co1or of the cotyledoris and young leaves in the case of seedlings .

• The results írom three consecutive yea·rs show t hat the average

degree o.C contamination for unprotected hand - pollinations was 1'0. 1% i n 1968; 14.9'fo in 1969 and 12.0Cfo in 1970, These r elatively low val­ues would indicate that when large quantities of seeds are required for commerclal planting, a system oí unprotected hand-pollination would not be detrimentally a ffected by the levei of natural pollination occur­ring through contamination.

• •• •

44

FLUTUAÇ0ES DE POPULAÇÕES DE COLE0PTEROS NOCIVOS AO CACAUEIRO

NO ESPlRITO SANTO, BRASIL *

João Manuel de Abreu **

O crisomeltdeo Maecolaspis ornata (Germar , 1824) e os cur­~{deos Lordops aur-;-sã Germar, 1824, Naupactus banda­ri Marshall, 193 7, Naupactus sp • ;- Lasiopus c ilipes (Sahlberg, 1 823), registrados por Abreu (1 f. como pragas do cacaueiro no Es­pí'rito Santo, constituem um gru­po de ins etos de grande interesse ec onÔmico para a cacauicultura, devido a os danos que causam às f o 1 h as, acar r etando conseqüen­temente , distúrbios no desenvol­vimento e produção.

As referências sobre estu­dos d e flutuação de populações de insetos do cacaueiro no Brasil são escassas, No entanto, estu­dos similares foram realizados por diversos autores (5, 6 , 7, 8 , 13, 14) em outras regiões produ­toras de cacau no mundo , porém com outras espécies d e i nsetos.

'* Recebido pt.ra publíeação em jU>eiro, 197Z.

Na revisão efetuada por Les­ton (9), são citados estudos eco­lÓgicos sobre insetos associados ao cacauei ro, onde se destaca que as inves tigações realizadas re­centemente sobre a sua íenologia talvez tenham sido das mais Ú­teis, já que tornam possível a­plicar o cont role quí'mico c o m maior eficiência, quando os tra­tamentos são efetuados nos es tá­gios mais vulneráveis do desen­volvimento da praga.

O objetivo do presente e stu­do foi c orrelacionar as flutua­ções das populações de .Maeco­laspis ornata, Lordops aurosa, Naupac tus bondari, Naupac tus sp . e Lasiopus cilipes com dados cli:­m.iticos e vegetativos do cacau­eiro e , com base nos resultados obtidos, indicar os períodos mais adequados, para o controle quí'­mico destas pragas.

• .Extra(do da tese io.titul.a.da. "F"enologi.a de Alguno ColeÓpteroa Nocivoo a.oCaca.ue\ro no Es­pÍrito Santo, Brasil" , apre.oe.ntada à Eocola Superior de Agricultura "Lui,. de Que\rÓz" da UDivenidade de são Paulo, pare. obteDç iÕo do tftulo de "Magister Seientiae".

u Eng9 Agr9 , Auiatente da Oivioão de Entomologi.a do CEP:EC.

lteviota Theobroma. . CEPI\:C, ltabuna, Br ... u. 2(1 ):45-55. Jan. -m. ço. 1972..

~· 45

MATERI~IS E MSTODOS

Inicialmente, foram escolhi~ das o i to fazendas conveniente­mente distribuídas na área ca ­cauei:ra de Linhares, com no mí­nimo ~5 ha de cacaual. E m cada íazenda, foram realizadas a mos­t ragens mensais das populações de insetos em ~5 caca u e iros. Empregou-se , para as amostra­gens dos insetos , o método de "queda" (knock-down) com BHC lZ'ro, em regime de aplicação ro­tativa no cacaual, utilizado na África (8) e preconi z ado por Southwood (1~).

O BHC foi aplicado no ca­caueiro com polvilhadeira costal motorizada, às primeiras horas da manhã. Os insetos foram c o­letadoa 6 horas após, em lençóis de 4 m x 4 m previamente esten­didos no solo em torno de cada c a c a u e i r o, acondicionados em · frascos com álcool a 70% e con­duzidos ao laboratório para as respectivas ide ntificações e con­tagens .

Os lançamentos de f o 1 h a s novas do cacaueiro foram r egis­tra dos por meio de observações visuais nas mesmas plantas a­mostradas pa ra a d eterminação da população de ins etos , e seus v a 1 o r e s expressos em percen­tagens,

Os dados clim áticos foram obtidos no posto meteoro-agrário il'!'stalado em área da Estação Ex­perime ntal de Linhares . As á ­reas de amostra gem de ins etos foram adequadamente distribu(­das em relação ao posto, estando

46

a mais a fastada a uma distância aproxim ada de 2 O km.

Os dados referentes às con­tagens do número de insetos (y) Coram transformados e m yYpara serem submetidos à análise es­tati'stic:a,

A fim de se determinar a in­fluência dos fatores c limáticos e vegetativos sobre a evolução es­tacionai de cada wna das espé~

cies consideradas , procedeu-se a uma análise de regr essão li­near mÚltipla, adotando-se o m o­dêlo:

Y = a + bx1 + cxz + dx3 em que y = número de insetos coletados

por mês (VV) Xl = temperatura média mensal

(O C)

X2 =precipitação mens al (mm) X3 = lançamentos (%) .

Foram feitas t rês séries de análises para as' três espécies de maior p opulação e para a popula­ção das cinco espécies em con­junto . Na primeira série , con­siderou-se a população a mostra­da no mês e x1, x~ e · x:3 domes­mo mês, Na segunda, conside­rou-se a população am ostrada no mês e XI, xz e x3 do mês ante ­rior. Na terceira , considerou-se a população amostrada no mês e x1 , xz e x3 do mês que antecedeu ao anterior.

·A fim de verificar os parâ­metros que estavam inlluind o significativamente na reg re ssão, foi usado o tes te t. A anális e dos dados foi feita em computa­dor el etrônico.

T RESULTADOS

A flutuação desta espec1e é ba.stante acentuada quando com­parados os perÍodos de mÍnima e máxima de nsidade populacio­nal. Pela curva do cicl o anual (Figura 1 ), a densidade popula­cional mÍnima o corre no mês de julho, que coincide com a época mais fria do ano. A população c o me ç a a c r escer a partir de agosto-setembro para atingir o auge em pleno verão, ou seja, em dezembro e janeiro, decli­nando a partir de fevereiro.

A análise de variância, cu­jos dados de todas as variáveis for am toma do e no mes mo mês, mostrou que a r egressão não é estatisticamente significativa, is­to é, a temperatura, a chuva, e os lançamentos não tiveram in­fluência sobre a flutuaçãQ da po­pulação de ~· ornata.

A e quação de regressão, em que os dados das variáveis inde­pendente• (temperatura, chuva e lançame.ntos) foram tomados no mês anterior, também não foi es ­tatísticamente s i g n i f i c a ti v a , mostrando que estes fatores não tiveram influência sobre á va­riação estacionai: da população de M· ornata.

Quando os dados das va riá ­veis independentes (temperatura , chuva e lançame ntos) foram to..,. mados com ~ meses de antece­dência, em relação a os dados da população deste inseto, a equação de regre ssão foi signific ativa ao nível de 1% de probabilidade,

47

A c h u v a e os lançamentos são os fatores que influíram na flutuação da população de M. or­nata. A temperatura não m""'õstrou ter qualquer influência direta so­bre a Elutuação da população des­ta praga.

As equações de regressão das três análises , juntame nte com os c oe fi cientes de c orrela­ção, entre parêntesis, estão r e~ gistrados a seguir :

Yl = 2,4126t0,0398x!-O,OOZlxz+ +0,068lx3 (R= 0,370).

vz = 0, 8663+0,0863xi+0,0008x2+ +O. 0898x3 (R = O, 500},

Y3 = 5,5107- 0,l898x1+0, 0151xz + +0,1017x3 (R=: 0,8527) ,

Este curculiotÚdeo tem a curva d e flutuação um t anto dife­rente de M . ornata, embora a densidade máxima de sua popula­ção seja atingida também nos meses d e verão. Os meses em que a população está no níve 1 mais baixo são os de julho, agos­to e setembr o. A partir de ste Último, a população cresce .a té atingir o auge no verão, isto $, de zembr o e janeiro, e então de­cresce até atingir novamente o seu nível m(nimo no inverno (Fi-gura 1 ). ·

A equa ção de regressão íoi significativa quando os dados de x), xz e x3 foram tomados no meamo mês que os de y. Neste caso, a t emperatura mos tr ou uma co r relação altamente signi-

400 \ .,-. chuva ... 300 ,_, _ ... ............ Temperatura

27 ai

l i 2 00 , ... •·· ··.,,_ ,/ ... 25 ;3

150 ~ ' .. ,.... c.> '-'

... aiO

·" ... 23 .. (lo

100 / 411 '-'

50 21 f 19 f-o

10 Kaecolaspia ornata

5, 0 <I) 3 ,0 o ... 1,0 ... Gl

~ 3,0 u .. 2,0 u on 1,0 N

g ~ 1,5 <I)

o 1,0 ... Ql .., 0,5 c .... Ql l,S 'O .. 1,0 ....

'O ~~ o,s

20 15 10

5

.. 6 0 o 50 .. c 40 18 ~

30 .. 20 ,.:I

10

1968 1969

Figura 1 - Flutuações das populações de alguns coleópteros fitÓfagos do cacaueiro, em confronto com a temperatura, chuva e lançan~·.mtos.

48

' ficativa em relação à flutuação da população de L. ~·

No caso de Xl , :x:z e x3, to­mados 1 mês antes de y, a re­gressão foi altamente significati­va , sendo que os lançamentos fo­ram o fator que exerceu influên­cia significativa em r e 1 ação à variação da população deste in­seto.

Quando x 1, x:z e x3, foram correlacionados com a população do inseto a m ost rada 2 meses de ­pois, a regressão foi e~:> tatistica­mente significativa, mostrando que a variável que estava influin­do na regressão era o fator lan­çamentos.

As equações de regressão com os respectivos coeficientes de correlação são os seguintes:

Yl = 8,~523t0,4410xl+0,0024xzt +0, 0432X3 (R :: o' 71 O).

Y2 6, 0023 tO,O,Z866tO, 0072xz+ tO, 0643x3 (R = O, 754).

Y3 0, 160l t O, Ol 62xi +0 , 0064xz t t0,0605x3 (R= 0,692).

A temperatura mostrou cor­relação positiva para oom a po­pulação desta e spécie. No caso da relação entre a população e as folhas novas , alimento preferido por este inseto, verifica- se que apopulação inicia seucresci­mento 1 mês após os lançamen­tos e m a ntém-se em nível e leva­do enquanto exis te folha no v a . Quando as folhas amadurecem, a população declina.

Naupaetu4 bonda~i

E s t a e spécie apre s e ntou uma de ns ida de p opulaciona l menor e, ainda, uma c urva de flutuação bem diferente da v-erificada para as espécíes precedentes . Nos meses de junho, julho e agosto, a praga praticamente não se evi­dencia .ou, quando ocorre nesse p er(o do, apresenta os níveis mais baixos de população . Em setembro, a população cr esce , atingindo o pico em outubro­novembro para declinar até maio (Figura 1 ) •

Na aná lise, quando cons ide ­rados dados relativos às variá­veis independentes tomados no mês em que foi feita a amostra­gem desta população, a equação de regressão foi altamente signi­ficativa, sendo que os lançamen­tos foram o Único fator que exer­ceu influência altamente signifi­cativa sobre a população •

Quando "1• x2 e x3 foram considerados 1 mês antes, a e­quação de regressão não foi es­t a ti s ti c am e n t e s ignificativa, e por tanto nenhum dos fa to r es in­

fluiu na população.

49

Ao se rem substituídas as variávei's Xl, x2 e x3 por dados tomados l meses antes da amos­t ragem da população, a equação de r egr essão e ncontrada também não foi e statisticamente signifi­cativa, não havendo portanto in­fluência de nenhum dos p a r â­metros .

As equaçÕes de regressão e ncontradas são a s que segue m com os respectivos coeficientes de correlação:

y1 3,3480tO,l492x1 t0,0059x2 t

+0, 0416x3 (R= O, 760).

yz l,0333-0,0249x1 t0,0038x2 t +0,0208x3 (R = 0,352).

y3 5, 0345-0,1792x1 tO, 0004~2+ +0. 0102x3 (R = 0,420).

Em conclusão, a temperatu­ra e a chuva não exerceram qualquer influência na flutuação da população de !':!. bondari. Os lançamentos, ao c ontral'io, mos­traram influência altamente sig­nificativa nesta flutuação, coin­cidindo o máximo de densidade populacional com o máximo de lançamentos.

As observaçÕes sobre o comportamento da p opu 1 ação deste inseto, no perÍodo em que foi reali~ado o estudo, mostra­ram que a sua maior afluência ocorre nos meses de dezembro e janeiro. A sua curva de flutua-~ ~ (

çao. e caracterizada por ntveis baixos de infestação nos meses de junho, julho e agosto, ascen­dendo ~té o mês de dezembro pa­J."a, dai em diante, decrescei." até

r • :" • n1ve1s mtmmos em maio e junho (Figul."a 1).

Esta praga concorreu com o menor número de exemplares du­rante o perÍodo de observação. Ela tambem apresenta uma curva de flutuação similar à das outras esp~cies. Dos nÍveis mais bai­xos em julho, agosto e setembro a população cresceu a partir des~

so

te Último mes, atingindo o auge em de·;embro, para manter-se aproximadamente no mesmo nÍ­vel em ja.neiro e então declinar paulatinamente até junho (Figu­ra 1).

População total

A população total é aqui con­siderada c o mo o somatÓrio do nÚmero de exemplares das cole­tas mensais das cinco espécies em estudo. A decisão de ser procedida a análise conjunta dos dados referentes a estas ezwé­cies teve como objetivo ti r a r conclusÕes mais generali~adas, de vez que elas são bastante si­milares quanto ao tipo de danos causados ao cacaueiro,

~curva de flutuação que en­g~oba a população das cinco es­pecies, tem o seu valor m â i s baixo em julho, a s c e n d e n do a p ~r ti r de agosto e atingindo o rnaximo valor em dezembro. Em j a n e i r o, mantém aproximada­mente o mesmo nÍvel para então declinar até alcançar os nÍveis mais baixos novamente em julho e agosto (Figura 1).

A análise efetuada, conside­rando-se os d a dos de todas as v a r i á v eis tomadas no mesmo m ês, revelou que a regressão não era significativa. No e ntanto, ao ser aplicado o test e 1.. ficou evi~ denciado que os lançamentos ti­v~ram influência sobre a regres­sao, sendo estatisticamente sig­nificativa.

Quando as variáveis x I• xz e x3 receberam valores referentes

a dados registrados 1 mês antes, ainda desta vez a regressão não foi significativa e, como para a análise precedente, no texte L os lançamentos tiveram influência sobre a regressão, sendo esta e statisticamente significativa .

A regressão foi estatistica­mente significativa ào nfvel de lo/o de probabilidade, quando a x1, xz e x3 foram atribuÍdos valo res re­f erentes a dados d e 2 meses an­tes da amostragem da população. Desta vez, os lançamentos tive­ram iriíluência altamente signifi­cativa sobre a regressão, junta­mente com a chuva, que também foi significativa.

- -As equaçoes de regressao e os coeficientes de correlação es­tão registrados a seguir:

Yl = 14,494S+O, 8536xl +O.OlOZxz+ +0, 1746x3 (R = O, 634).

Y2 = 5, 6482+ 0,4352xJ +o. Ol64xz+ +0. 1994x3 (R= O, 636).

Y.3 = 12,7930-0, 4176xt +0,0240x2+ +0,2024x3 (R=0,7805)_.

DISCUSSÃO

Considerando-se as alte rna­tivas apresentadas nas análises, a temperatura influiu apenas so­bre a ~lutuação da população de Lordops au:rosa, no mesmo mês em que foram tomadds os dados, e nquanto que para as demais es­p~cies isto não foi verificado. Por outro lado, a chuva atuou so­bre a flutuação de Maecolaspis ornata e a população total das ~es consideradas, sendo es­ta iníluência exercida apÓs 60 dias.

51

Dos fatores estudados, os lançannentos desempenham papel destacado sobre a flutuação anu­al destas pragas. É importante assinalar que, tanto a tempera­tura corno a disponibilidade de água, são fatores que estão inti­mamente relacionados com a in­tensidade de lançamentos ( 3, 4, 10). As s im sendo, é bem pro­vável que estes {atores climát i­c os exerçam influência indireta sobre as populações destes in­setos, cuja alimentação preferi­da é constituÍda de folhas novas.

A indicação de época s de combate, considerando-se apenas os meses, parece nao ser a re­comendação mais precisa, pois, estando os lançamentos na de­pendência de fatores climáticos, a sua .época de ocorrência varia­

ri naturah,nente em anos ano r­mais. Um exemplo digno de no­ta esti registrado no trabalho de Alvim. (2), onde se mostra que em 1968 na região cacaueira da Bahia ocorreu á quase total au­sência de novos lançamentos no perÍodo de feve reiro-rnarço. É Óbvio que a aplicação de insetici­das em tais perfodos, seria des­necessária, desde que fosse~ ve­rificadas .cor relaçÕes positivas entre as pragas dessa Região e os lanç~mentos. Es te fato refo r­ça a idéia de se util izarem os lançamentos como o indicador de ~pocae para a aplicação de i nse­ticidàs, o que se· t raduúrá em

· um combate eficaz e econÔmico .

Os resultados nwstratn, tamb~m, que os lançanwntos de outubro-novctnbro fot·anl tnais intensos que os dt' kvt•n•iro. março e abril. Os dt• ma•·ço-

abril d e 1969 foram nitidamente m en os intensos do que os do mesmo periodo em 1968, não tendo contribuÍdo para o cresci­mentp das populaçÕe s dos cur cu­lionideos b· ~· Naupactus s P. e b. cilipes. As populaçÕes que _apr esentaram reação em f,unçao destes lançamentos foram as de .M. ~ e !:! • bondari, acusando ligeira ascençao mas que, logo apÓs, voltaram a de­clinar . Pode-s e notar que a den­sid~de populacional de todas as especies neste mesmo per(odó foi bem maior em 1968 que em 19 69 (Figura 1). Isto leva a crer que , para a s condiçÕes ve rifica ­das em 1969, seria suficiente a­penas uma aplicação de inseti ­cida.

A determinação das curvas de ~lutuação estacionai de s ta 8

especies sob a influência de fato ­res climáticos e dos lançamentos do cacaueiro é fundamental e in­dispensável, pois permite deter ­minar o s perÍodos apropriados ~ra a aplicação de inseticidas, Ja ensaiados nesta região ( 11 ), onde .as pragas entomolÓgicas conshtuem fator limitante ao de­senvolvimento e produção deste cultivo.

CONCLUSÕES

1. Os lançamentos do cacauei ­ro em Linhares apresentam dois perÍodos de maior in­tensidade, um em fevereiro­março -abril e outro em ou­tub ro -novembro .

2 · Os lançamentos a presenta­r am correlações positi -

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vas_ com a flutuação da popu­laçao de L . aurosa 1 e 2 me ­se s apÓs-;;: s~rrência .

3 . Os lançamentos apresenta­ram correlaçÕ es p.ositi­vas com a flutuação de N. bondari no mesmo mês di"s observaçÕes .

4. A variação populacional des­tes coleÓpteros, em conjun -

to' · está intimamente rela­cionada com os lançamentos, sendo mais acentuada 2 me ­ses apÓs a sua maior inten­s idade.

5 · A ch u va e os lançamentos mostram co1·relaçÕes positi­vas com a .flutuação de M. o:nata 2 m ese s apÓs a oc;;­rencia des tes eventos .

6. A temperatura mostrou cor­relação positiva com a flu­tuação da população de L. ~· no mesmo mês da observação.

7. Os lançamentos devem s er o indicador para definir a s ~­pocas de combate ~s pragas, pois este evento e bastante conspfcuo, 'ocasião em que as folhas novas se de"Stacam nitidamente da copa devido à pigmentação avermelhada .

8. O perfodo mais apropriado para o tratamento deve cor­responder com o inÍcio dos lança~entos quando a s po­pulaçoes das pragas estuda­das estão ainda no seu nÍvel m ais baixo.

I :I

9. Os r esultadt:>s mostram que geralmente podem ser feitos d o i s polvi.lhamentos anuais no controle a estes insetos.

10. são imprescindÍveis estudos

sobre a b iologia des tas e s­pécies que, obviamente, mos­trarão detalhes de seus hábi­tos e comportamento, facul ­tando conhecimentos mais a­van çados para seu controle.

LITERATURA CITADA

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53

~.

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14. ----· The seasonal abundance of the cacao thrips Seleno­thrips rubrocinctus Oiard (Thysanoptera) in cacao rehabili­tation trial in Nigeria. Cacao.(Costa Rica) 15(3·):14 :..15. 19'70:

' RESUMO

O crisomelfdeo Maecolaspis ornata e os cu~culionfdeos Lordops ~· Naupactus bondari, Naupactus sp. e Lasiopus cilipes são in ­setos de grande interesse econÔmico para a cacauicultura ~spÍrito ­santense, devido aos danos que causam às folhas, reduzindo a soa capacidade fotossint~tica e, conseqil.entemente,. acarretando distÚr ­bios no desenvolvimento e produção do cacaueiro (Theobroma. ca­~L.). -

O presente estudo foi desenvolvido com a linalidade de cor:rela­cionar as suas flutuações populacionais com dados climáticos e ve­getativos do cacaueiro e, com base nos :resultados obtidos, indicar perfodos adequados para o controle quimico destas pragas.

O trabalho foi realizado em oito .fazendas da região cacaueira de L inhares. Em cada fazenda foram amestradas mensalmen~ as po­pulaçÕes de l5 cacaueiros pelo m étodo de Kq1,1eda" (knock-down) pel~ a ção do BHC 12%, em regime de aplicação rotativa no ca caual.

Os lançamentos mostraram correlaçÕes posi tivas altamente sig­nificativas com a população de_M . ~ 2.meses apÓe a sua ocorrên­cia, enquanto que para !:· ~ as correlaçÕes foram positivas e significativas ao nfvel de 511/0 de probabilidade 1 e 2 meses apÓs a sua ocorrência. No caso de N. bondari, a correlação foi podtiva e signi­íicativa no mesmo mês:- Finalmente, para a população total , repre­s entada pelo somatÓrio das coletas das cinco espécies, as análises mostrar am correlaçÕes pos itivas no mesmo mês, I mês depois e,

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.t

mais significativamente , 2 meses apÓs o seu evento .

Os resultados permitiram concluir que os periodos mais apro­priados para · os tratamentos com inseticidas devem corresponder ao inicio dos lançamentos, quando as populações destas p ragas se en­contram no seu nfvel mais baixo.

POPULATION FLUCTUATIONS OF LEAF EATING COLEOPTERA OF CACAO

IN THE STATE OF BSPIRITO SANTO, BRAZIL

SmtiARY

The Chrysomelid beetle Maecolaspis ~ and the w e e v i le Lordops ~· Naupactus bondari, Naupactus sp. and Lasiopus cilípes are economically impórtant in the cultivation of cacao in· the State of Espírito Santo, Brazil, owing to the lea{ damage they cause, which reduces tree photosynthesis with a consequent adverse effect on growth and íruit production .

The object o{ the present study was to cor r e late population fluc­tuations of this species with climatic and vegetative data of the cacao tree, which would s erve as the basis for an eífici.ent, economi c chem­i cal control.

The work was carried out on eight cacao farms near the town of Linhares, Espírito Santo. Monthly population samples from 25 cacao trees were taken from e ach fal"m, using a knock -down method with 12% BHC, applying the insecticide on a rotational basis.

Lea.f Hushing showed híghly significant positive correlations with the population of M· ~ 2. months after its initiation while for h · aurosa they were positive and significant at the 5% l evel of probabili.:. ty, 1 and 2. months after. · In the case of ~ · bondari., the re was a sig ­nüicant, posit ive correlation in the sam e month. The total population, represented by the sum of th e individual population of t he f ive s pecies, s h owed positive corre lation in the same m onth, 1 month and most sig ­n ificantly 2 months after the initiation of l eaf fl'ushing .

The results indicate that ins ecticides should be applied at the beginning of leaf ilushing when the popula.tion of these leaf eating pests are at the ir lowest level.

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5. MEDEIRCS, A.G. Método para estimular a esporulação do Phytophtho­!.: palmivora (Butl.) Butl. em placas de Petrí. Pbyton ZZ(l ):73-77. .1965.

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s. MEDEIR<X>, A. G. Método para estimular a esporulação do~­thora palmivora (Butl.) Butl. em placas de Petri. Phyton 22(1 ): 71-77. 1965.

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REVISTA ~HEOBROMA

Abril-Junho 1972

ADo II N9 2

Publicação t rimee­tral dedicada li. divulga­ção de investigação ci­entí'fica relacionada com problema• agronômic os e sócio- econômicos de áreas cacaueiraa. Edit.. da peloCentrodePesqW.. us do Cacau (CEPEC), Departamento da Comi•­aão Executiva do Pl10no de Recuperação Econô­mico-Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).

COMISSXO EDITORIAL

Coordenador: Antonio Dantas Machado. Mem­bros: Paulo de Ta.rao Alvim, Fernando Vello, HermÍnio Maia Rocha, F. Percy Cabala Roaand, Maria Helena Alencar e Wílliam Martin Aitken. Editor Principal: Luiz Carlos Cruz. Editor As­sistente: Jose Correia de Sales.

Enderêço para corres­pond.;'ncia (Addreaa for co-rr espondence ):

Revieta 'theobroma Centro de P e s quisa& do Cacau (CEPEC ). Ca ixa Postal, 7 45.600 - Itabuna- Babia

Brasil

Tiragem 3. 000 exemplares.

CONTEO'DO

I. Novo ~po d~ pod-~dão do '~uto d~ c4c4u ft4 84h44. C. ~~. A. R~ ~ H. M, Roehc • • •• •••••••• ••••• ••.•

A new aoft rot of cacao pod• in Bahia (Swnm.ary) p. 9.

f. E•tudo4 •ob~~ « •~s~~gação do ea~4-.teJL eo-t d~ ...,i,.doa. d~ eaeau. F. Vt.Uo •••••••• - ••• • • • • • • • • • • • • • • •

Heredity atudiee on the color character o( cacao seede (Summary) p. 14,

5. Con~at~ da •pod~4d4o pa~da• do ea­eaueLto. H.M. Roeha, A.P. Machado t U.P. M4ehado ....•...••.•......

Control of cacao Black Pod diseau (Sum­mary) p. Z6.

4. Eáee.to4 det d-te"«9t 4ob~e t« p~o­dueeiõn det c.acaot~o. A. Cadima Z. t P. de f. Atvim •••••••••••••

EHects of drainag" on the yield ol cacao (Summary) P• 32.

S. V~t~inaeiÕn de Lo4 g~notipo4 dt inc.ompa~ibitidad o eompa~ibitid~d tm ua~io4 eton~4 dt eaeau. A.A~~­valo R., G. A. Ca~Ltto e F.Oc.am-po R ••••••••••••••••••••••• • • • • •

Determinatíon of the genotype• of incom­patibility and compatibility Cor varíoue cacao clones (Summary) p. 38.

6, P~og~ama dt 444iA~êneid têeniea pa­~• o eaeau na Bah~a. u.v.uaehado,

The cacao extenaíon programme in Bahia, Brazil (Summary) p. 48.

NOTA

E4.tudo da peetin« do MtL e da e«4ea do ó~uto de eaeau, P.R.F. 8~bt~t • .

Pectin studiee o! ca.cao 'eweatinga' and cacao pod huake. p. 50.

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NOVO TIPO DE PODRIDKO DO FRUTO DE CACAU

NA BAH.IA*'

:chha tt.hoo Ram u "" Asha Ram **

Hermlnio Mai a Rocha •**

Em março de l972, obser­vou-se em plantações de cacau, nos municÍpios de Floresta Azul, Itaju do Colônia, Itabuna e Coa­raci, um grande número .de fru­tos atacados por uma nova· enfer­midade cujos sintomas diferem daqueles produzidos pelo Phyto.:. phthora palmivora (Butl.) Butl., agente da 11 podridão parda"

Procedeu-se a uni i~van:ta­mento da ocorrência da enf'ermi~ da de, determinando·- se a sua cau-- . .. :., sa e a extensao dos ,preju1zos. Verificou-se que. o ataq·ue e·ra generalizado em todas as planta­ções afetadas, com í'ndice de fru­tos enfermos superior a So/o.

Na literatura disponíve l, não há nenhuma referência que assi­nale a presença desta enfermida­de nos cacauais' da Bahia.

DESCRIÇX0 DA DOENÇA

Os sintomas foram observa­dos principalmente em í r u tos .:rerdoengos ·da variedade "Co-

mum" . Inicialmente. oco r r e wna descoloração do tecido com for­mação de lesões i r reg u ta r e s, distribuÍdas por todo o fruto. As lesões. pequenas no inÍcio, são isoladas, marr0m-escuras e de­primidas no centro (Figura 1 ). Em poucos dias, porém, coales­cem e cobrem toda a superfÍcie do fruto. A casca dos frutos ata­ca,dos apresenta-se mole e com manchas isoladas maia escuras sobre o tecido enfermo, em ge-

. ·tal com margem mais elevada, indicando o ponto de infecção, Sobre as lesões mais velhas, for­mam-se frutificações caracteri­zadas pela produção de picn(dios com contdias que são lançadas através de ostíolos, permanecen­do aderidas à superfÍcie do fru­to, formando uma massa de éo­loração branco-opaca.

MATERIAIS E M!TODOS

Isolamento e identificação do patógeno

A superfície do fruto infec-

• Recebido para publicação em abril, 197Z. •• Eng?o Agr<?o, Asaistentes da Divisão de Fitopatologia do CEPEC.

••• Eng'? Agr?, Responsável pela Diyisão de Fitopatologia do CEPEC,.

Revista 'fheobroma. CEPEC, Itabuna, Brasil, 2(2):3·9. Abr.-jun. 1972.

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