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REVISTA THEOBROMA
Ja.IIA!iro-Março l9?2
Ano II W 1
Publicação trimeatral dedicada à. di vuL&t.çâ o de investigação clent(fica relacionada com problema& a-gronômico• e s ócio- econômico• de áreas cacaueira.• . .Ed i.t.da pelo Centro de Peequ>. ns do Cacau (C.EPEC), Departamento da Comi•· são Executiva. do Plano de Recuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).
COMIS~ EDl'l'OlUAL
Coordenador: Antonio Dantas Machado. Membros: Paulo de T"âr.o Alvim, Fernando Vello, Hermi'nio Maia R o c h a. F. Percy Cabala Ros•nd, Maria Helena Alencar e Wílliam Martin Aitkea. Editor P rincipal : Lu i a Carlos C rut: . Edito? Assiotente: Jose Correia de Sales,
E ndereço para corres . poodência (Addreu for correspoodence):
Re vist a Theobroma C entro de P esqui1a1 do Cacau (C.EPEC). Caixa Postal, 7 45.600- Itabuna-Bahia
B·~uíl
Tiragem 3. 000 exemplares.
CONTE ODO
1. Feto~~ t•~ e'~~ o lAd.ie~ d~ iodo de qll.(c..ite d~ -eeuu do 8.u4.U. P.R.F.8t~b~ ~ · P . d~ T. AtviM ••..
Factore affectio.g ~he iodíne 11umber o( c• c a o butter in Bru•U (Summ&ry) p. 16 .
I . CL&44i44ea~io do4 P~"eipei6 ~oto4 de. ece~ de Se~~. S.u•it. l. F. 4« .S.it"Cl •••.••• f ••••••••••••••••
Clauification o( the matn cacao aoils in Bahia, Brar:U (Summary) p. ZS.
J. Feto~~• 4Mbicfttai4 «44oeicdo4 eoM « •pod~dêo pe~de" do eee«uti~. H. M. Rocha~ A. O, M«ehcdo •.••••.•
EoviTozuneutal Cacton anociated with Blaek Pod diseaae o f cacao (SI'll1Ullal'y) p. 34.
4. Mitodo 4~pLi,ie«do pe4& p~oduzi~ •t.Mc.d:u IU.b~d4.' de. ece«« po~ poti•ize~io ~e•u!L eoa~~Lcdc. F. V~LLo,li.S. Iolagc . .tii«U e H.F.do NIU• e~e•.to •...........•..........•.
A oew a ptSroa ch to hand polli.,.ti.on for c ac:ao hybrid produetíon (Summ.ary) p . 43.
S, • Ftu.t~te~õu de. poput«~õu d~ eote.Õp· .tt~o• nocivo• «O c«eeuc.iAo •o E• pl~to Sento. J.M. d~ AbA~u ..•..
Populatlon fluetu•tiona o( lea f eating coleoptera o( cacao in the Sta.te of Eap(rito Santo, Bra:r.il (Swnm.ary) p. 55.
J
11
3S
45
FATORES QUE AFETAM O lNDICE DE IODO DA MANTEIGA
DE CACAU DO BRASIL *
Pauto Romeu Fonte s Be~be~t ** Pauto de T. AZvi m •••
A temperatura de fusão da manteiga de cacau ~ um fato r importante para as in d íi s t r i a s chocolateiras, e s pecia hnente na fabricação de chocolate em barra. Como se sabe, o ponto de fusão da gordura ~ diretamente proporcional ao grau de saturação dos seus ~cidos graxos, valor que ~ normalmente obtido atrav~s da determinação do Índice de iodo (3).
Algumas publicações oriundas de paises consumidores esporadicamente assinalam que o ca·cau procedente da Bahia apresenta, pelo· menos em algumas partidas, um Índice de iodo relativamente elevado quando comparado ao cacau procedente de outras regiÕe s (4 , 9, 10).
Em outr as espécies vegetais, a lguns autores têm-se preocupado com os : Catores que podem de-:
a · Recebido pa r a publicação em jaJ>Ieiro, 19n.
t e rminar o maior ou menor grau de saturação dos ácidos graxos componentes dos lipÍdios (7, 14). Em cacau, entretanto, nenhum estudo foi feito sobre o assunto at~ o momento.
As condiçÕes climáticas têm sido apontadas como importante fator na determinação do grau de saturação do ,;leo de linho (Linum usitatissimum L.), superiores ao efeito do genotipo da planta ( 6). Por outro lado, alguns autores (11, 15), trabalhando com açaíroa (Carthamus tinctorius L.), afirmam que a influência do genÓtipo pode ser tão importante quanto a do clima.
No presente trabalho são a- · presentados r esultados s obre a influênc ia d os seguintes fatores no {ndice de iodo da manteiga do c a c a u brasileiro: fermentação; in te r v a 1 o entre a colheita e a
ll1 Trabalho apreaeotado na IV C;,nlerêocla Internacional de Pesquisas em Cac:au, Trinídad e Tobago, janeiro, 197Z.
U Engl' Agrl', Aa&iotente da Divisão de Fieiologia do CEPEC·
*"'<l FitofíoiÓlogo Principal do IICA-OEA e Diretor do CEPEC.
ll.eviot.a Theobroma. CEPEC, ltabuua, Braeit. Z(l):3•16. Jan,_.m..ÇO, 1972.
3
queb ra dos frutos; g rau de maturação do fruto : idade da árvore; variedade da planta; sombrea~ento e adubação; variação clim atica sazona l e regional.
MATERIAI S E HtTOOOS
O Índice de iodo , em todos os experimentos , foi deter minado pelo m~todo de Wijs modificado (2) . As amêndoas foram sêcas ao sol sem terem sido fermenta das (exceto para o experimento sÔbre influência da ferme~tação), tost adas em estufa a 140 C durante 20 minutos , descascada,s a mão e mo{das a miquina.. A mante i ga , extraÍda por prensagem a quente (60°C e 300 kg de pressão por cm2 ), foi filtrada em seguida. As análises foram sempre feitas em duplicata . Com exceção da influência da .fermentação e do estudo de variabilidade, cada amostra con s t ituiu-se de 12. frutos colhidos em seis árvores (dois f r utos por árvore). Quando não especificado, fo r am u sados fru t os da vari edade "Comum" , co ~
lhidos no Cent ro de Pesqui s a s do Cacau, Itabuna, Bahia. O n~mero de r epet i çÕes variou, con.for ~ me o. experimento, de três a seis.
P r eliminarmente, foi f e i t o um estudo da variàção natural do Índice de iodo a fim de se determin_!lr o nÚmero de repetiçÕes e o nume ro d~ cacaueiros por par '7 cela n ecessarioll para este tipo· de trabalho. Para e ste estudo, ! o r a m utilizados 60 cacaueiros adulto s , escolhidos ao acaso, colhendo-se d e cada árvore amostras de 10 .frutos maduros, as quai s .foram analisadas separadamente.
No estudo sobre influência da variação climática sazonal, f oram feitas quatro collie i tas no de c o r r e r do ano de 19 70: em maio, junho, n ovembro e dezembro, Os f r utos .for am colhidos sempre nas me sm as á r vor es. O delíneamento experim ental utl.li
,zado .foi intei ramente casualiza do, com quatro tratamentos (as quatro épocas, de colheita) e cinco repetiçÕes.
4
Sobre a influência da varia· ção climática. regional. foram incluÍdas n este experimento se i s diferentes zonas produtoras de cacau, localizadas n os E s tados do Amazonas, Pará , São Paulo e Bahia. Na região cacauelra da Bahia, por ser e ste o principa l produtor, .foram eleitos três municfpios: o de temperat ura média anual mais baixa, o de temperatu ra m~dia anual mais alta e um municipio de temperatura média intermediária. Os fruto s foram colhidos em uma mes~a época em tôdas as loca l idades . O experimento .foi i nteir amente casua lizado , com sei s tratamentos as seis diferentes localidades -e três r epetiçÕes .
Para estudar a influência da fermentação , f o· r a m utilizados .frutos ·maduros, quebrados 3 dias apÓs a colheita . A fermentação , que se pr o longou por 6 dias , foi fe ita em cocho~ de madeira com capacidade para 700 kg de c acau. A s amêndoas foram revolvidas a cada 24 horas, a partir .do segundo dia. Antes do revolvlmento, tomaram-se amostras de 1 kg da superficie, m eio e fundo do cÔcho, apÓs O, 1, 2, 3, 4, 5 e 6 dias. As amêndoas foram postas ao sol
para secar e, ;m seguida , levadas ao laboratorio para extração e análise da manteiga. O deline amento experimental foi o de blocos ao acaso, com sete tratam entos (pe r Íodos_ de fermentação) e ci.Jlco repetiçoes (cochos ).
No experim ento sobre a influência do interva lo entre a colheita e a quebra dos f rutos , os interval os usados foram de O, .2 , 4, 6 e 8 dias . O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco t r atamentos {intervalos entre .a c olheita e a quebra) e cinco repetiç Ões .
Sobr_e a influência do g rau de maturaçao do fruto, .foram ut ilizados frutos em três estados de maturação: maduros ' verdoen.:_. gos (com inÍcio de amar elecimen to) e verdes (com 4 mese s de idade, aproximadamente). o de · lineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três t r-atamentos {estágios de mat ura çao dos frutos) e seis repetiçÕes .
. No ~studo da influência da idade da arvor e no Índice de iodo foram d ' • c usa as arvores novas, com
· .erca de 15 anos d e idade e ár-vores l L • ve=as, com mais de 40 a-nos de idade . Foi um experimen~0 c~m dois tratamentos (ida de as arvores) e seis repetiçÕes.
dü par a. determin ar possÍveis
1. eren ças varie tais, foram ana -l sadas (" f manteigas extra1das de
· rutos d e t" c d qua t ro cul tivares tipi-08 a Bah' " ,
11 _ 1a: Comum" , " Pa ra." Maranh ., • ao e "Catongo" O perim • ex-
to d ento constituiu - se, portan-' e quátro tratamentos - os
quatro cult' t• - 1vares lÇoes.
e cinco r epe •
5
_ No experimento sobre influencia do sombreamento e da adubação, foram analisadas manteigas de frutos provenientes d e ár~ores pla:ntadas em pleno sol e arvores sob sombreamento, com adubo e sem adubo. F oram utilizadas á r v o r e s localizadas e m uma m esma área e , a fim do e fei to da adubação ser e vidente , escolheu-se uma área onde o solo era pouco fé rtil. O delineamento experimental foi inte i ramente c asualizado, onde os quatro tratamentos foram: cacaueiros sob sombreamento sem adubação; cacauei.ros sob sombreamento com adubação; cacaueiro·s sem sombreamento com adubação e cacaueiros sem sombreamento e sem adubação. Cada tratamento foi repetido cinco vezes ,
RESULTADOS 'E DISCUSSÃO
VariabilLdade natural do índice de iodo
. A F i'l_ura l mo s t r a que a dutribuiçao dos valores do Índice de iodo em cacau é a paren.te . m ente normal. A média para a população de 60 á rvores estuda..: das foi_de 36,~. Uma grande proporçao das arvores (75%) a presentou valore s intermediários oscilando entre 35 , 75 e 37 , 74. Somente 10% dos cacaueiros ~ostraram Índices de iodo supe . r1or-es a 3 7, 75, enquanto os valores pal·a os 15% r estantes variaram entre 34, 75 e 35, 74, Es _ te estudo íoi realizado na segun ~ da quinzena de maio de 1968.
Oa presentes resultados discordam daqueles encontrados por
\ !
15
14
13
12
11
10
5
4
3
2
1
J o 35,0 35 ,5 36 ,0 36,5 37,0 37,5 38,0 38,5 39,0
fndice de iodo
F igur a 1 - Distribuição do fndice de iodo em uma ~opulação de 60 ár- · vores de ça cau "Com um" . Deter~inações efetuadas em maio de 1968 .
Fincke (4) que obteve, em seus experimentos, indices d e lodo s üperiores a 4? para a manteiga do c a c a u brasileiro. No decorre.r dos nossos experimentos, foram observados, entretanto, indices d<: iodo <le até 42, O, valor máx imo.
6
Determina.ção . do tamanho ótimo da parcela
Com bas e nos dados de va riabilidade natural dos Ín<,iices de iodo calculou-se o tamanho ade-' . . . quado da par cel.a para os expen-mentos s ubseqüentes . ·Nesta de-
I ,.
.-..inação calcul ou-se o coeti-te~··· -ciente de variaçao alter ando - se, ·multaneamente, o tamanho da
81 ' rcela de uma a 15 arvores e o pa . -
n ú me r o de repet1çoes entre 4 60. Encontrou-se que o co-
e - . eficiente de varia~ao decresceu acentuadamente ate o tamanho da parce la alcançar seis cacaueiros (Figura 2 ), tomando - se este va-
pe rimental e o nÚmero de tratam entos de cada experimento (5 ).
Influência da vax-iação climática sazonal
.lor como o adequado.
No Quadro l, estão re.sum.idos os dados cli~ticoa de Itabu• na, durante o ano de 1970; cor r espondente s aoa 5 meaes antecedentes à. colheita doa frutoa , ou seja, de zembro a a bril , janeiro a mai o, j unho a outubro e julho a
O n~mero de r ep e tiçÕes va riou conforme o deline amento ex -
2.6
2.4
2.2
o 2.0
'" li 1.8 .... w
" > 1.6 .., "O
" 1.4 .. c
41 1.2 .... u .... ... 41 o
1.0 o
0.8
0.6
0,4 • •
0.2
o.o
.F'igura 2
1 2 3 4 .s 6 7 8 9 10 1l 12 13 14 15 Número de árvores por parcela
" Cálculo do coeficiente de varia ... ão do Índice de iodo em .fun ã d ~ "' '"' '
Ç o o numero de arvores por parcela e do numero de re t• - -pe 1çoes em uma populaçao de 60 cacaueiro s .
7
Quadro 1 - Valores médios do Índice de iodo em cacau "Comum" co· lhido em maio, junho, novembro e dez embro, em confronto com os valores médios dos dados climáticos dos S meses anteriores a cada colheita. Itabuna, Bahia, 1970.
* Média de cinco repetiçÕes , com seis árvore s por parcela .
DMS 5o/o = O, 72 l o/o = O, 98
novembro, juntamente com os va lores m édios dos Índices de iodo de frutos colhidos no temporão (maio e junho) e na safra (novembro e dezembro).
Observando-se o Quadro 1, nota-se que, no infcio do tempo rão, o grau de insaturação dos ácidos graxos componentes da
<' . manteiga de cacau era m1nimo, possuindo esta, na é poca, um indice de iodo relativamente baixo (em torno de 35,6). O citado Índice alcançou o seu valor máximo em novembro (39.8), sendo que em dezembro já se nota um leve d e clfnio (38, 6). Note-se que os f r utos colhidos em maio, inÍcio do temporão, são os que se desenvolveram durante a época mais quente do ano (de dezembro a abril) e os colhidos em novembro são os que se desenvolveram durante os m eses frios (de junho a outubro). Análises realizadas recentemente em nossos laboratÓrios mostram que o Índice de iÔdo da manteiga do cacau brasi-
8
leiro colhído em setembro alcança um valor significa~ivainente mais elevado em relaçao ao colhido no temporão (maio e julho) .
A análise estatÍstica dos dados contidos no Quadro 1 revelou que o Índice de iodo da manteiga do cacau brasileiro aumenta significativamente de maio para novembro, já sendo significativa a dife rença entre os valores dos (ndices de iodo do inÍcio e do fim do temporão, .como tamoém a diferença entre os valores médios dos Índices do temporão e da safra.
Influência da variação climática reqional
No Quadro 2, estão apresentados ~s dados climáticos (tempe ratura média em °C e precipitação média:_ e~ mm) do s 5 meses anteriores a epoca d e amostra-
g e m realizada no mês de julho, , (
juntamente com os 1ndlces de io-
Quadro 2 - Valores médios do Índice de iodo em cacau da Bahia. São Paulo e região amazÔnica, colhido em julho de 1970, e média de temperatu:ra e p:recipita.ção ,pluviométrica dos meses ante riores à colheita dos frutos (.fevereiro a junho}.
*' Média de três repetiçÕes DMS 5"/o = O, 95
, com seis arvores por parcela.
1% = 1,2.0
do das cinco localidades estudadas. Para se formar uma melhor idéia das diferenças cli~ticas entre as localidades, apresentam-se, na Figura 3, os dadós de precipitação mensal e temperatura média mensal corresponden.te s ao ano de 1970.
Verifica-se c laramente,· por esses resultados, que os valores do Índice de iodo variaram em pr!>porçãÕ inversa aos v a 1 o r e s medias da temperatura durante os 5 m e,ses que antecederam à. colheita dos írutos. Conforme se mostra na Figura 4, os valores mais elevados do Índice de iodo
9
.corresponderam às localidades mais frias e vice-versa, obtendo-se a· ~urva d e regressão Índice de iodo= 74,26- 1,477 T,o~de T representa a temperatura média dos 5 mesea que antecederam à colheita.
Influência de outros fatores
Como m ostram os Quadros 3 a 8, os demais fatores estudados além do climq. (perfodo de fer mentação, intervalo entre a colheita e a quebra do fruto, grau de maturação do fruto, idade da árvore, adubação, sol e sombra.
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35
Ribeirão Preto
Itabuna
~ '" )~
22 23 24 25 26 27
Temperatura média dur ante os 5 meses que antecederam ã amostragem (fevereiro a junho).
Figura 4 - Representação grá.íica da influência d a t emperatura nas diferentes regiÕes estudadas, no Índice de iodo da manteiga de cacau , (As linhas verticais repre s enta m a magnitude da variação entre os valores de três m edida s po r localidades).
e variedade da planta) não tive r am influência significativa no fndlce de iodo da manteiga do cacau bras il ei ro.
Deve-se assinalar que esses diver sos ensaios foram realizados em dife r entes épocas do ano e que as difer en ça s entr e o s va l or es médios do indice d e iodo obtidos nos vários ensaios confirmam os resultados do Quadro 1. Nota-se que os frutos colhidos em n ovembro (Quadros 3, 4 e 5 ) a presentar am (ndi cea mais el evados {41 , 0; 39,6; 40,7) do que os frutos colhidos em maio
ll
""'' 11
(Quadro 6), junho(Quadro 7) e julho (Quadro 8), com os valor es de 34,7, 37,4 e 38 , 8, r espeotivamente . Aparentemente os va lor e s mais b a ixos são sem p re obtidos no in Ício do tem por ão , e os mais e l evados em novem bro.
CONCLUSÕES
De t<>dos o s fatores e s t udado s , apenas o clima teve influên cia s ignificativa n o Índice de iodo da manteiga de cacau do Brasil (Quadros 1 a 8 ).
;
Quadro 3 ~ variação do índice de iodo da manteiga de c a c a u em função do perÍodo de fermentação (no v e m b r o de 1969). Média de cinco repetiçÕes.
* Diíerenças não signíficati vas.
Quadro 4 - Variação do índice de iodo em função do inte.J;"valo e n t r e a colheita e a quebra do f r u to (novembro de 1969). Médiade cinco r epetições.
* Diferenças não significativas.
Segundo Hilditc h e Williams (6), as condiçÕes climáticas po-
! 2
Quadro 5 - Variação do índice de iodo em função do grau de maturação do f r u to (novembro de 19&9). Média de seis repetiçõe s.
* Diferenças não significativas.
Quadro 6 - variação do Índice -de iodo em função da idade da árvore (maio
· de 1 970). Média de seis repetições .
* Diferenças nao significativas ,
dem ter influênc~a no Índice de iodo do Óleo de linho, sendo a temperatura ambiente, durante o período no qual a semente se de~ senvolve, o principal fator climático relacionado com o grau de saturação do Óleo . Outros autores (1 , 8 , 1 Z, 13 , 15) também afirmam haver influência climáti-
l
Quadro 7 - Influência da adubarão, sol e sombra no mdice de iodo (junho de 1970) , M~dia de cinco repetiçÕes.
« Diferenças nao significativas .
Quadro 8 - Influência da variedade genética no [ndice de iodo (julho de 197.0). ·Média de cinco r epe tiçÕes.
* Diferenças não significativas.
c a na constituição dos 1 i p { d i o a vegetais . As sim, Patterson ( 12) encontrou em· Chlorella que a r e~ lação de ácidos graxos saturados para não saturados de c r esc e quando a temperatura diminui.
Observando-se os Quadros 1 e 2 e a Figura 3 , nota--se que o
13
fator climátic.o que mais está r e!acionado com o Índice de iodo da manteiga de cacau é a temperatura . A radiação solar, por e star diretamente relacionada com a temperatlúa, mantém igualmen t e uma aparente relação com o citado fndice . A precipitação pluviométrica não deixa entrever qualquer influência. Como acontece com as outras gorduras vegetais ,: est e s resultados indicam que é a temperatura, durante a fase de desenvolvimento do fruto, o fator r esponsável pela variação do fndice: de iodo da manteiga de cacau: a temperatura mais alta ocasionando um menor Índice e a temperatura mai,s baixa elevando-o
Observando - se os dados de temperatura e relacionando- os com os :fna.ices de iodo, verificase que a diferença de 1' 5°C na temperatura m~dia no perfodo de formação do fruto é suficiente para ocasio)\ar uma a 1 te ra ção significativa na constituição da · manteiga de cacau. quando se refer~ a Índice de iodo. Quanto à var'iação dos Índices de iodo de exp,erimento par a experimen~o,
atribui-se ao fato destes experimentos t erem sldo realizados em épocas dife r entes do ano. Supõese que certa variação foi também -o c as i o na da pe la oscilação da temperatura média no decorrer do ano, urna vez que a época de realização dos experimentos abrangeu 3 dift!rentes anos (68, 69 e 70).
Conaide rando-se que o Índice de iodo da manteiga do cacau brasileiro varia de 34 a 42, e que o fndi c e d e iodo médio da rnant e i -
gado cacau a!ri.cano está em tor no de 36 (9), pode - se considerar um Índice de iodo acima de 38 como sendo relativamente elevado. O cacau produzido na Bahia mantém-se com um fn dice de io do não superior a 38 até o mês de junho, ve rificando-se uma e l evação gradativa desse valor nas colheitas subseqllente s, a qual se torna mais acentuada a partir do inicio da safra (agosto).
Como os frutos colhidos no mês relativamente qúente de novembro também possuem Índ~ces de iodo bastante elevados, entre 39 e 40 (análises recentes em nossos laboratórios mostraram que, a partir de agosto, o Índice de iodo da m<ihteiga de cacau da Bahia já alcan-
ça valores em torno de 40) e considerando - se, por outro lado, que os indices de iodo dos frutos a madurecidos até junho, inicio do inverno, não ultrapassam 38, conclui-se qu e a influência da tempe ratura na fase de crescimento do fruto é mais importante na determin ação do grau de saturação dos ácidos graxos componentes da manteiga de cacau, que a temperatura na fase de matu-:raçao .
É de se esperar, em regiÕes de clima equatorial, como a AmazÔnia, com pequena variação sa zonal de temperatura a qual se mantém sempre elevada, que o indice de iodo deve apresentar valores relativamente baixos durante todo o ano.
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RESUMO
Dentre os diversos fatores investigados que possivelmente ale-r , tam o mdice de iodo da manteiga do cacau brasileiro, apenas a tem-peratura parece ser de importância. Frutos desenvolvidos durante os meses de inverno (maio a agosto) no Estado da B;ulia, assim como os desenvol.vidos em regiÕes mais frias (Estado de São Paulo), produzem ma~teiga ~com um fndice de iodo mais e l evado (i.e. com maío1· propo~çao de acidos graxos inaaturados e, conseqüentemente, ponto de fusao mais baixo), do que frutos produzidos em condiçÕes de temperatura mais elevada . A temperatura pare~e exercer maior influência sóbre frutos em fase de c rescimento. Frutos completamente desenvolvidos, ou prÓxil'JlOs ao estágio de maturação, aparentemente não
15
sao afetados por variações de temperatura, no que se refere ao fndí
ce de iodo.
os demais fatores investigados foram: duração de fermentação, grau de maturação do fru~o, tempo decorrido entre a col~eita e a que bra dos· frutos, idade da arvore, sombreamento, adubaçao e variedade genética. Nenhum dess~s fato~es deixou entrever qualquer rela ção com o grau de saturaçao dos acidos graxos ou com o ponto d e fu são da manteiga de cacau .
FACTORS AFFECTING THE IODINE NUMBER OF CACAO BUTTER
IN BRAZIL
SUMMARY
Among the several possible environmental factors investígated affecting the iodine number of Brazilian caca..o butter, only temperature was found to be important. Butter from cacao pods whích bad developed during the winter months (May to August) in the State of Bahia, as well as the butter from cacao pods developed in colder regions (State of São Paulo) were found to have a higher iodine number (L e., higher proportion of unsaturated fatty acids, and consequently lower melting point), than butter from pods wbicb had developed under warmer conditions. It would therefore appear that temperature has considerable influence on the iodine number of growing pods. Fully developed fruits, near the ripening stage, a.pparently are not affected by changes in temperatura in as far as the iodine number is concerned.
Other factors investigated were duration of fermentation, degree of fruit :ripening, time lapse between harvest and pod breaking, age of the trees, influence o f shade trees, fertilizer application and varie tal di:i.'íerences. None of these íactors proved to be related to changes in the d egr ee oí saturation oí the . fatty acids or to the melting poínt of the caca o butter.
•••
16
1 !
CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS SOLOS DE CACAU
DA BAHIA, BRASIL •
Desde 1966, no Sul da Ba hla, vêm se desenvolvendo, pele> Centro de Pesquisas. do Cacau,
. estudos pedo!Ógicos. ao nivel de detalhes (subgrupos) em. uma área de 40.000 km2, visando basicamente à conceituação pedoge· n~tica .dos solos utilizados com a cultura do cacau.
Para uma melhor caracteri· zação morfo-genética dos solos importantes para a cacauicultura, h~ necessidade de se agrupálos em subgrupos com base em um conjunto de ·caracter-Ísticas fÍsico-quÍmicas e morfolÓgicas mensuráveis, enquadrando-os na moderna classificação de solos americana, mais conhecida como 7~ aproximação (5, 6), q~e ademais os coloca dentro· de uma linguagem pedolÓgica universal_.
Por outro la do, a r egião ob j eto do p r esente e 'studo, por ser uma área fisiográfica bastante c ompl exa , com d iversidade de c lima e geologia, apre s enta uma
., Recebido para publicação em jaueiro, l97Z.
grande variação de solos, cons tituindo-se' de seis agrupamentos (B latossÓlico~ B textura!, B podzol, B incipiente, Solos pouco desenvolvidos e Solos indiscriminados das caatingas) dos quats apenas dois (B textural e B incipiente) são importantes para a cacauícultura baiana.
Em razão do exposto, objetiva-se o estudo taxonômico destes dois agrupamentos pedolÓgicos que,· al~m de servir. de orientação básic~ a trabalhos similares, cCindiciona um melhor conhecimento destes solos de cacau para fins decomparação,ou mesmo extr;;~.polação, de dados de outras ~egiÕes produtoras ..
PRlNCIPAIS SOLOS DE CACAU DA B,AHIA
/
Os solos de cacau da Bahia são or iundos , em geral, da de
. cpmpo~içâo· de rochas intermedi~rias ou' básicas do complexo
* Trabalho apresentado na IV Conferência Internacional de Pe,squiaaa em Cacau, Trinidad e Tobago, janeiro, l97Z.
** E:ug<.? Agr~. Responsável pelo Setor de Pedologia da Divisão de Solo.s do CEPEC.
Revlata Theobroma. CEPEC, ltabuna, Brasil. Z(l):l7•Z5. Jan.-m,ÇO, 1'17Z.
17
cristalino (Pré -Cam briano), se ja.m de n"'lateríaís carreados de áreas circunvizinhas ou de transfo rmação "in s itu11 da r ocha ma triz. De im portância, porém em áreas mai s r estrita& , são os metassedimentos cald feros do cre tác eo e silur ia no, com o também os sedimentos quatern ários dos grandes rios , os quais originam solos ricos, sob r e tudo devido à colm~tagem destes rios que, pe riod icamente, lan çam um "lodo" fért il sobre a s camadas sedimentadas anteriormente. P or esta ra!lOM '<!. pelo seu ba i::co grau de evolução pedogenético, os solo s em a.pr êço po s suem m in er ais primá r i os perc~ptiveis a Ôlho desarmado em qua se toda a mas sa do solo ( 1, 4).
Dentre estes solos im portan-· tes para o cultivo do cacau na Bahia.. salientam-se os s.o los . de :f3 t extural e d e B incipiente (Quadro 1 ).
Solos com B textu:ral. Ca.r a c t e ri zado s pe la sua diferenciação moríotÓgica de h orizontes, p re se nça de minerais primários, estrutura em hlocos subangulares e angul ares con1 cerosidade desenvolvida. no h orizonte B, t e ores m a is ou menos elevados de silte , relação te"tural (B /A) me~ diana a a lta, boa capacidade de retenção de umidade, proJundidal:fe.mediana (80-~50 em) ·~ pH supe rfic ial moderada.m·e~te. ác i do
. (5 , 5- 6,5).
Incluem- s e em tal agrupa.~ m ento tõete'. unidades de m apea-: mento (Cepec modal.. Cepéc. dia· ~· ciasaâó, Ge p.ec rocho·s o;São .Pau -. linho, · Uabtuta f\ipd~l. V:atg ito eu'- · t.rÓifTco e ·MorrQ 'Re~on~~) inipor·- ····
. ·. tantes· para ã . c ultura do:, ·cacau, entre as treze uniâades ·identi fi - . cac:las ante r1of~en:te- ·(Z ). :·~m tôda . região. ca·ca1;1ei:ri baia'na. : · · · . · . ·
Solos com:B incipiente ; R e ·-. I .
... Quadro 1 - P rincipais g rupamentos ,;ie golos cultivados c~m :cac?-U . na
Bahia.
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pre s entados p elas Wlidades R io Branco, Aluvial fa se argilosa e L ow -Humic -Gle i, com perfis ainda jovens e , em cons eqiiência , ricos em minerais pr imá.rio s e de média a alta fertilidade. Ressalte - se a importância da unidade Rio Branco não sÓ pela sua alta reserva de nutrientes fornecida pela rocha subjacente e pela~ pe dras que ocorrem na. massa do solo (3), como também pelas suas condi~ Õ es fÍsica.s íavor.iveis à penetração e . desenvolvimento das rafl[.es do caca.11e iro.
TAXONOMIA DOS SOLOS
NÓ Quadro 2, . estão r epre - . . ' .
s entadas as dua s u nicas o r dens de solos, . dentre' as nove identi ficada s .por Silva e colaboradores (.2 ) na região cacauêira baiana, em q_ue :3 e enquadram os bons s olos para cacau, n essas -ordens e stão t ambém representadas as unidades. d e mapeam e.nto em suas categorias superior es (subordem , grand e grupo e subgrupo).
Ordem Alfisols
So l o s minerais dotados d e horizonte do t ipo "B" argÚico e c om · saturação de bases (VOfo ) igua.l ou superior a 350/o ~té uma profundida de de l, 25 m. De im por tân cia para cacau a pena s a subordem Udalfs, em cujo grande g r upo Tropudalh se distribuem sete unidades de mapeamento .
Subordem Udalfs
Aliisols usualmente Í:.midos , rnas sem caracterÍs t icas associadas com a umidade .. T empe ratura média de vel'ã.o do solo, a 50 c ri}, s.uperior a I Soc , quando c ultiva dos .• ·
Grande . grupó T ropudal!s . UdaH s providos. de ho-rh c-nt e . argÍlico, cuja distl'ibuição . de argila , até 1, 25 m de piofun didade, d ecres ce do máximo em .:rn:Ús ·de 20%. Carecem · de h orizonte·s do tipo ágrico, nátrfco ou fra.g ipan, e têm menos-d e 5°C de diferença e ntr e
Quadro 2 - Ta.xonomia dos bons sol os de cacau na Bahia .
19
as m~dias de tempe~atura d e ve rão e inverno (Quadro 3 ).
Subgrupo Typic Tropudalfs. Solos com contacto lftico a mais de 50 em de profundidade, capa cidade de troca &uperior a 24mE/ 1 OOg de argila e saturação de bases acima de 60o/o. Inclui · todos os perfis das unidades Cepec mo dai, Cepec diaclasado e Cepec r ochoso, além da maioria dos solos da unidad e Itabuna modal.
Subgrupo Oxic Tropuda!Is. Inclui a maior ia dos _Perfis das unidades Vargito eutroíico e São Paulinho e parte da unidade Itabuna que se diferenciam do Ty pic pelo s e u valor T inferior a 24 mE/1 00 g de argila.
Trata -se de um sul;>grupo não referido na 7't aproximação, constituindo-se, a ssim, em um solo ainda não pr,evisto por este m oderno s istema taxonÔmico de classificação de solos.
Subgrupo Dystrophic Tropu ~. Outro subgrupo proposto, ainda não constatado na classifi cação amedcana, -caracterizado pela saturação de bases (Vo/o) inferior a 60o/o abaixo do tôpo do horizonte argÍlico. Compreende alguns perfis da unidade Vargito eutrÓfíco.
Subgrupo Oxic Dvst ropllic T ropudalfs. Também n;~ re ferido na 7~ aproxiniação; constitui· se de p er f i s que possuem va lor T infer io r a 24 mE/100 g de a r gila e saturação de bases (Vo/o) aquém de 60%. Unidade Morro Rnclondo.
20
Trata-se, pois, de uma no menclatura proposta com b as e em caracter Ísticas de ord em genética.
Ordem Inceptisols
Solos minerais com u m e p i pedon Ócrico sobre um horizonte câmbico a uma profundidade d e menos de 50 em. Há duas subordens (Tropepts e Aquepts), nas quais se distribuem as três unidades de mapeamento import ant e s para a cacauicultur a nos três respectivos grandes grupos identificados . - Dystrope pts, E utro ~ e Tl:'opaquepts.
Subordem Tropepts
Inceptisols que têm uma média anual de temperatura do solo maior que 8°C e menos de soe d e diferença entre as médias de v erão e inverno a 50 em de profund idade (Quadro 4).
Grande grupo Dystropeets. T ropepts q ue têm uma media anual de temperatura do solo de 22°C ou mais e menos de 50o/o de saturação de bases em a:tguma parte d o epipedon ou do horizonte câmbico .
Subgrupo Oxi c Dystropepts. Compreende a maioria dos solos da unidade Rio Branco que difere do conceito central pe lo valor T infel;ior a 24 mE/ 1 00 g de arg ila .
Subgrupo Fluventic Dystro~· Inc lui os aluviais argilosos, caracterizados pe lo decré scimo irregular da matéria orgânica com a profundidade.
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Grande grupo Eutropepts . ·Tro -. Pepts que têm mais de 50% de saturação de bases em · todas as partes do epipedon : e~ alguma parte do horizonte carnbt co .
· Subgrupo Ox.ic Eutrope pts . . Represf?rltado por a l guns . per.íis
· da unidade Rio Branco, cujo valor r: é· sempre inferior a 24 mE/
· 1 o o g de argila.
subordem Aquepts
Inseptisols saturados com água em algum perfodo do ano e que têm, a uma profundidade de 50 em, carac te rÍsticas associadas co~ a umidade .
Grande gru11o T ropaquepts. Aquepts qu e tem menos de 5°C de diferença · entre as tem peraturas médias de verão e inve·rno, a 50 em da · superf icie ; desprovidos de plintita e com menos de 15o/o de saturação coi:n sÓdio nos primeiros 50 em.
Subgrupo Fluventic Tropa s..uepts. Unidade Low -HumicGlei, solos de drenagem impedi
. da e com decréscimo irregular da matéria orgânica com a proíundia;tde.
CONCLUSÕES
Corno se depreende do presente trabalho, os principais so los de cacau da Bahia se distrib~em em oito s u b g r u p o s bem dlSttn' t os, os quais se .. earacteri-
zam, e m geral, pelo seu médi o e alto Índice de saturação de bases (V:; l OOS/T>497o); média a alta capacidade de troca da fração argila (T > 16 mE/1 00 g de argila); contacto lí'tico a mais de 50 em da .euperíÍcie do solo, boa capacidade de retenção de umiw ~ade, pH superficial moderadamente ácido (5, 5 - 6, 5) e textura ~ediana a argilosa.
Dentr e estes , três novos so~os - Oxic Tropudalfs, Dystrophic Tropudalfs .e Oxic Dystrophic Tropudalís f ainda não referidos na 7'!- aproximação, foram identificados na. região cacaueira baiana, os ·quais discrepam dos subg r u.p os estabelecidos por es te
. sistema taxonômico, pelos seus Índices de cà.pacidade de troca da fração argila e/ ou saturação de bases , sempre inferior es ao subgrupo "Typic". ·
Como o sistema taxonômico utilizado leva em consideração Uin conjunto de características fÍsico-quÍmicas e morfolÓgicas
· mensuráveis capaz de traduzir o parentesco genético dos s o 1 os bons de cac au e, ademais, os éoloca dentro de uma linguagem p edológica universal (s~f\xos e · prefixos gregos e latinos), recomenda-se a elaboração de trabalhos similares nas demais zonas cacaueiras do mundo, a fim de que se tenha um melhor conhecimento taxonômico dos solos de cacau destes países, em função do qual se poderá comparar , ou mesmo usar por extrapolaçâo, dados de pesquisas edáficas quo.. se vêm realizando nestas regiões produtoras.
23
',
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6. • Supplement to soil classiíica.tion system (7th. Approxi, matíon, USDA. 1 967. ·
RESUMO
O pretlente trabalho objetiva enquadrar os bons solos de cacau da Bahia na moderna classificaç·ão de solos americana, mais conhecida -como 7~ aproximação. ·
Das nov~ ordens idéntificadas na região cacau.ei.ra baíao.a, entre as 1 O estabelecida$ neste &istema taxonôn::dco1 apenas. duas são importantes para cacau - Alfi sol e Inceptisol - nas quais se distribuem os principais solos utilizados com esta cultura em suas cat egorias i~fe:riores (subordem, grande grupo e subgrupo).
T:rata-se de solos relativamente jovens, carácterizados em geral, pelo seu médio e alto Índice de satu:ração de bases (V= I 00 S/T >40%); média a alta capaçidade total de troca de cations (T>l6 mE/ lOOg de ârgi.l.a); pH auper!idat moderadam~nte ácido (5,5- 6,5}; boa capa<::.idad~ de retenção de umidade; profundidade mediana (S0-150 em); textura m~diana a argilosa e ricos em· minerais primário&.
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Ademais, t•ecomenda~se a elaboração de trabalhos similares nas demais zonas de cacau do mundo, a fim de que se tenha um melhor conhecit:nento ta:x:onÔmico dos solos de cacau desses pa(ses,. en'l íunção do qual se poderá comparar, ou mesmo usal' por e:lCtrapolac;ão, dados de pesquisas que se vêm :realizando nestas regiÕes p:roduto:cas.
CLASSIFICATION OF THE MAIN CACAO SOILS IN BAHIA, BRAZIL
SUMMARY
This paper classííies the good soUs for cacao growing in :Bahia, Brazil by means of the modern soil classiíication known as the 7th approximation. · Of the 1 O o:fders within this classification system, nine were identífied in the 13ahian cacao region, but only two are important for caca o growing - Alfisoll!l and Inceptisols.
These soils are x-elal;ively youog a.od aré characteriz.ed by their high base saturation index (V := 100 S} T>40o/o); average to medium and high total cation exchange capacíty (T>16 mE/1 00 g of clay); mode:ràtely acid pH (S.!f- 6.5); good rnoísture retention capacity; medium depth (80-150 em); loam to clay texture and richness in pdmary minerais.
It is recommended that similar work should be carried out in the other cacao regions o! the world so that classification studies in the future can be more standa.rdized,
•••
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FATORES AMBIENTAIS ASSOCIADOS COM A "PODRinlO PARDA"
DO CACAUEI RO *
H•~nlo Hai a 'Rocha ** Antonio Dan t as Hachado ***
A " podridão parda 11 dos fru tos do cacaueiro, causada pelo P hytoo hthora p almivora. (B u tl. ) Butl . , é responsável por perdas anua i s da ordem de 2 S% na produção d e cacau da Bah ia (5), A -
. pesar da s ua, grande importância econômica em qua.se todas as áreas de cul tivo do · c acau, esta enfermidade tem sido relativame~te pouco estudada , A.lgun~ trabalho.s , realizados na Amé rica (6, 7) e na África (9, 12, 13) s obre as relações entre fatores climáticos e diferentes fases d e desenvolvimento do fungo, representam um.a c ontr ibuição relativa ao conhecimento do a-ssun~ t o, por não englobarem, em uma mesma área ecol Ógica, todos os asp ectos da epidemiologia d.a enlermidade.
No presente trabalho, são apr es entados resultados de experim.entol:l realizados na Bahia sobre vários aspectos da epidemiologia da " podridão parda" .
• Recebido ~ra publicação em janeiro, 19n .
v ar ia~ão m e n 8 a 1, Experimentação realizada em diver sos p aises produtor es de cacau tem mos t rado que a incidência de "podridão parda" ~ obs ervada · em longos periodos do ano, var ia ndo a sua gravidade de acordo com as c ondiçÕes clim.Í:ticas especÚi cas do ano e · local. E xem pl o marcante íoi constatado por Tarjot (12), na Costa do Marfim, em levantamento realizad o sobre a incidência da doença em düerentes localidades e em anos consecutivos. Em Co·s ta Rica, segwtd o Seria (11 ), ocorrem dois per {odos de incidência máxim.a que coincidem com os máxim.os 'de p r oduçã o . O prim.eiro, e mai.or, entre f ever eir o e agosto e o segundo de setem bro a janeiro, com uma a l ta p or centagem de infecção em dez embro. Resultados similares foram obtidos também por Newh.all (8).
Na Bahia , entretanto, os prÓprios agricultores sabem que a
• P;u1e do trabalho " Peequl•a• Sobre "Podridão Pa rda " aa Bahia, Bre.aU", apreeentado oa IV Con(e r~ncl.& lntarnacloual de Peequi•e.• em Cac&u, TriDJ.d&d e Tob&go, j&Delro , 197Z.
!lo$ Eng~ .Agr'l, R .. ponaával pela Dlvioão de Fitopatologla do CEPEC.
Ue E:llg9 .Agr9, Rupone.veL pe lA Divi•ão de Flelologia do CEPEC .
Revisb. Tbeobroma. CEPEC, l Ubuna , Braall . Z(l):Z6·l4, J&n,-m,ÇO, 1972.
Z6
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doen ç a ocorr e de forma. grave em periodos especificas do ano, com pequenas oscilações de ano para ano.
Par a melhor identif icar 08
per{odos crÚicoiS de incidên cia da enfermidade na Bahia, foram registradoiS mensalmente, durante 4 anos, o nÚmero to tal de fru~ tos colhidos e os atacados p ela
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11 podr idão parda" , em 250 cacaueiros 1 o c a 1 i z a dos na área dÓ CEPEC. Os r esultados (Figur~s I e Z) mostram que, contráriam ente às outras regiÕes produtoras de cacau, a incidência da doença se r estringe ao curto per (odo de m aio a agosto ou de junho a 8 e t embro. Regra geral, a maior incidência ocorre no mês de julho, variando sua .intensidade , entretanto, de ano para ano .
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Figura 1 - Porcentagem de frutos atacados pel a "podridão parda" du-r ant e o pe:t;.(odo de maio a setembro( I 968 -197I) noCEPEC.
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Figura 2 -:Variação mensal da incidência da "podridão parda" no eEPEe.
A ocorrência da enfermidade em caráter grave no curto periodo de 4 meses, representa para a Bahia urna situ~ção m.uitn favorável em relação a outras regiÕes. A época de controle lica perfeitamente definida, fato que permite reduzir o nÚinero de aplicações de fungicidas, sem perder a eficiência do controle. Esta medida resulta· evidentemente em grande economia para o produtor, especialmente com relação à mão-de-obra, que r epresenta atualmente 2/3 do custo total do c ontrole qu[mico.
Iniluência do sombreamento. Na Bahia, as plantaçoes comerciais de cacau, regra geral, são excessivamente sombreadas (2). Em levantamento realizado para identificar as áreas de maior incidência da doença em uma mesma propriedade, Medeiros (5) verificou que os locais densamente sombreados, pr6ximo.s a curso
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d'~gua. apresentavam um nfvel de infE'cção bastante e 1 e v a d o, dando origem. à terminologia de ~rea "foco". e "não foco" da "podridão pardàn, para as ~reas de alta e baixa incidência da doença, respectivamente.
Experimentos conduzidos pelo Setor de Fertilidade do eEPEe (3), nos quais é comparado o efeito da aplicação de fertilizantes em áreas com e sem remoção do s o m b r e ame n to , permitiram acompanhar e avaliar, durante 6 anos consecutivos, a influência do sombreamento na incidência da enfermidade , As observações . foram conduzidas nas repetiçÕes localizadas na área do CEPEe, sendo utilizadas quatro parcelas de 50 cacaueiros para cada um dos tratamentos com e sem remoção do sombreamento, independentes da aplicação de fertilizantes.
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Os resultados apresentados no Quadro 1 mostram que a incidência da enfermidade foi reduzida em mais de 40% nas parce- · Ias que sofreram rem o ç ã o da sombra. Evidentemente, alterações microcti.máticas tornaram o ambiente desfavorável a manifestação da doença, !ato já observado em outros pa(ses produto;es (8, 14).
A remoção do sombreamento é uma prática auxiliar muito eficiente no controle da enfermidade. Os seus efeitos aparecem de imediato e provavelmente serão mais acentuados nos anos subseqlientes, pela redução do potencial de inÓculo.
Quadro 1 -Porcentagem de frutos atacados . pela 11podridão parda" (per í'odo maio-agosto) em área~ com e sem remoção dG sombreamento,..
* Segundo Cabala et a~ (3).
29
O uso de fertilizantes, atual:.. mente em larga escala nos cacauais bail:mos, certamente provocará uxna. redução no n{vel de incidência da "podridão parda11
tendo em vista que a sua aplicação é sempre precedida pelo ral eamento da soro b r a . Assim, a dotando 08 critérios indicados para a utilização de fe rtilizantes, o agricultor se r á beneficiado: primeiro, pelo grande aumento de produção decorrente da ação do adubo e da remoção de sombra da lavoura {3), segundo, pelo controle indireto da "podridão parda" através do raleamento de sombra.
Fatores clim.á:ticos. Várias tentativas tem 8 ido realizadas por diversos autores no sentido de correlacionar a incidência da "podridão parda11 com alguns fato r e s climáticos. Infelizmente, esses estudos têm-se limitado a analisar fatores isolados, razão pela qual os resultados encontrados não são convincentes, sendo, algumas vezes, até contraditÓrios. Estudos sobre o efeito da temperatura na incidência da doença, conduzidos por Lellis (4) na Bahia e por Orellana e Siller (10) no Ceuão, mostraram correlação negativa entre a porcentagem de frutos infeta dos e a temperatura média mensal. Par a as condiç ões da Bahia, L ellis mostrou que a incidência atingiu wn máximo quando a temperatura caiu para 20, 5°e. Esses resultados não explicam, todavia, a inexistência da 11podridão parda" na região de Linhares, EspÍrito Santo, onde a temperatura m~dia mensal, no periodo de junho, julho e agosto, é de 20, S0 e. . Por
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outro la do, na reg1ao amazÔnica e em outros paises como Costa Rica e Gana, onde as temperaturas m ~ d i a s mensais são bem mais elevadas que as da Bahia, a doença ocorre sistetnaticamente.
. . ' Outros fatores chmaticos,
como a umidade relativa e a pre.: cipitação pluviométrica, têm sido correlacionados com a incidência da enferm idade (12, 14), sem passarem entr etanto por uma análise c r Úi c a da sua r eal importância;
Es tu dós recentes, conduzidos por Tarjot (14), mostraram que, em Bingerville, Costa do Marfim, há uma relação direta el}tre a in-
. cidência da doença e a pre~ipita- · ção t o ta 1. Relação similar foi enc on.trada para o nÚmero de dias de chuva que, naquela localidade, coincide com o periodo de maior pluviosidade . (junho e julho). Com relaÇão à umidade re-
· lativa, Tarjot (14) estabeleceu wn " poder . tampão" do campo como parâmetro de cGmparação com a incidência da enfermidade . Este parâmetro . consiste na dif~rença entre a umiqade relativa registrada no campo e a régistrada em pos.to meteorolÓgico_, às 14 horas. Nos seus experimento!!, foi observado que quanto maior o " poder tampão" do campo (maior resistência ao abáixamento da umidade relativa com relação ao exterior) maior foi a incidência da doênça.
Experimentos conduzidos na Bahia e Esp~rit'o Santo, entretan. to, mostram que wna melhor explicação para a incidência da en-
. fermidade é encontrada na associação de fatores climaticos e
não na in.fluênc ia de ca da um, isoladamente (1).
Na Figura 3 estão sumarizados os resultados de observações climatolÓgicas durante o per{odo de 32 meses (abril de 1969 a novembro d e 1971 ) realizadas na área do CEPEC, e a incidência da "podridão parda", registrada mensalmente em cinco parcelas de 50 cacaueiros, anotando-se tamb~m o total de frutos coULidos mensalmente (f rutos sadios t frutos enfermos). Observa-se que os valores máximos de incidência da enfermidade não coincidem com meses de maior volwne pluvi.om~trico. Exemplo marc'an-
. te pode ser .verüicado no mês de dezembro de 1970, em que a precipitação Ui.trapassou 200 mm e a incidência foi praticamente nula. Em fac e dessas discordâncias,, como era de se esperar, não foi encontrada correlação entre as duas variáveis.
Analisando-se, todavia, . a precipitação em termos de dias e horas de chuva (Figura 3), verifica-se que esses dois fatores melhor se correlacionam com .a incidência da doença, especialmente o nÚmero de horas de chu
·va, pa:ra o · qual foi encontrado um valor r= O, 73 . . EvideutemeJ?.te, a importância da pr ecipitação
· no desenvolvimento da do e n ç a está na sua. forma de distribuição e não no volume total. de chuva , Um per(odo longo de chuva , .mes mo com um volume total baix.o , dá condições para uma maio r disseminação do inÓc ulo, p e 1 o transporte constante de esporos e, ao mesmo tempo,. propicia wn perí'odo mais amplo p~ra · germinação indireta de espor~gios .
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Figura 3 - Repr~sentação gráfica do total de frutos colhidos e dos frutos atacados pela "podridão parda", em confronto com a precipitação pluviom~trica , dias e horas de chuva, temperatura, umidade relativa e d~.fícit .da pressão de vapor durante o per f o do de abril de 19 69 a novembro de 1 9 71 , no CEPEC, Itabuna, Bahia •
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Os val ores de umidade relativa e temperatura {Figura 3), quando comparados isoladamente com o nÚme ro de frutos· enfermos, não apresentaram correlações satisfatÓrias, especialm ente a umidade r ela tiva {r = O, 22}. De uina forma geral, entretanto, os me s e s de maior incidência da doença apresentaram v a 1 o r e s baixos de temperatura .
Resultados convincentes {Figura 3) foram encontrados qúando a temperatUra e a umidade relativa foram analisadas conjuntamente , em fo't:ma de deíicit da pressão de vapor (DPV). Verifica-se claramente que os periodos de ma i o r incidência da doença coincidem com os valores mais baixos do DPV, podendo-se estabelecer, inclusive, um limite c r Ú i c o indicador de condiçÕes Ótimas para a doença. Nas nossas observações, sempre que o DPV foi igual ou inferior a 3, 5 mm Hg os Índices de infecção foram e l evados. Com o DPV encontrou-se a melhor correlação (r = O, 75) dos fatores climáticos estudados, para expli car os surtos da doença.
Send~ o ~· ralmivora um fungo de habito aquatico, que necessita de água livre para a sua germ inação indireta, p o d e - s e compreender a importância do DPV no· desenvolvim ento da moléstia, Uma. vez que este fator es -
tá diretamente relacionado com a d i sponibilidade de á g u a na a tmosíera. A presente conclusão sobre a importância do DPV no estabeleciment<> da doença nos cacauaís baianos está perfeitamente de acordo com a não existência da 11 podridão par da 11 no Esp{rito Santo, onde, . çonforme estudos anteriores (1), os valor es do DPV sâo muito superiores aos encontrados na Bahia. Vale salientar que em levantamento ·realizado na região de Linhares, Espirito Santo, Medeiros e Melo (7) constataram. a presen5a do ~. palmivora em forma viavel: , em diferentes locais das roças d e cacau,esp·ecialmente no solo.
CONCLUSÕES
1. A incidência da •podridão parda" em caráter grave, na re~ giâo cacaueira da Bahia, está limitada aos perÍodos de maio a a gosto ou junho a · setembro.
2. A maior incidência da enfermidade nos meses de Inaio, junho, julho e agosto está rela cionada com a dinlinuição do deíicit de pressão de vapor da atmosfera e com o aumento n o nlimero d e dias e horas de chuVa ,
3. A remo ção de sombra nos cacauais reduz em Inais de · 40% a incid~ncía da enfermidade.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a colaboração prestada pelo Dr·. Paulo de T. Alvim e pelo Eng9 Agr'l Cláudio T. Miranda durante a realização do trabalho.
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LITERATURA CITADA
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RESUMO
Foram realizados vários experimentos na região cacaueir~ da Bahia, com o objetivo de estudar diferentes aspectos da epidemiologia da "podridão parda"(!:. palmivora). Estes .estudos permit iramesta belecer o per fodo' crftico .da enfermidade, assinalando-se que sua incidência em caráte r grave está. limitada aos perÍodos de maio a agosto ou junho a setembro .•
Os fatores climáticos que apresentaram melhores correlações com a incidência c:i.a enfermidade foram o deficit de pressão de vapor, n~mero de dias chuvosos e n~mero àe horas de chuva.
A r emoçã_o do sombreament o em lavouras comerciais d imi nu iu em mais de 400/o a inci.dêncía da eniermidade.
ENVIEONMENTAL FACTORS ASS0CIATED WITB BLACK POD DISEASE
OF CACAO
SUMMARY
Experiments carr ied out in the cacao region oí Bahia to study the cpidemiol ogy o! B lack Pod <E· palmivora) have shoWll that the critica! period regarding attack is betwee n May. and September . Climatic factors showing good correlation with disease incidence were the vapor pressure deficit, number of rainy days and number oí rainy hours.
In thc fie ld, shade reduction in commercial plantations lowered the íncid ence of the disease b y around 40o/o.
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M!TODO SIMPLIFICADO PARA PRODUZIR SEMENTES H!BRIDAS DE CACAU
POR POLlNIZAÇAO MANUAL CONTROLADA*
Fel"nando VeZZo ** Walter Santos Maga lhães •~ IZ.dt~brando Perrn.ro 'do Nasci111entÇ> ***
A descoberta do vigor hibrido em cacaueiros, na década de 1940, abriu novas l>erspectivas para a cacauicultura, pois possibilitou a substituição do sistema de propagação · vege tativa, r eco mendado até meados do decÔnio •seguinte para estabelecimento d e lavouras mais precoces e produtivas, pelo plantio por semente s, As vantagens da p r opagação sexual sobre a vegetativa em cacaueiros não são apenas econômicas, mas também se traduzem na facilidad e de produção e d e condução das plantas jovens nus locai s de mult i plicação e , poste riorment e, no campo. Com o concurso de instal<~.çÕes sim ples e de mão-de-obra não especializada, pode-se obter milhares d e mudas a partir de sement es, enquanto o processo agâmico exige maiores c onhecimentos técnicos par a p'rodução e condução das plantas e melhore s instalar,Ões de preparo .
* Recebido para publicação em março, 1971.
Hoje, em praticamente todos os centros produtores de cacau, o sist ema de propagação vegetativa ~usado apenas para preservação do material genético desti nado aos "jardins clonais" e aos campos de produção de sementes, enquanto as sementes melhoradas constituem o material usualmente empregado no estabeleci mento das novas lavouras.
Em cacaueiros, a produção d e sementes hÍbridas para plan t io é fe ita a t ravés de cruzament os de c lo ne s ou cultivares com boa habílidad e combinatÓr ia , O processo é simples, quando se dispõe de campos instalados para produção de sementes por polinização livre, mas requer o isolamento da área, em r elação a outras planta çõe s de cacau, e o uso de, pelo menos , um genitor autoincompatfvel, para produ ção das sementes comprovadamente hibridas. Não se dispondo, po-
"'* Eng'?s Agr'?s, Responsáveil pela Dlvlaio de Genética do CEPEC e pela Estação Experi· mental" Dr. Gileno Amado': (Convênio CEPLAC/MA), respectivamente.
"'** Eng '? Agr9, Assistente da Dlvleâ:o d e Genética do CEPEC.
.Revista Theobroma. CEPEC 1.JtabWI&. Brasil. 2.(1):35·44. Jan.·m.ç0 • 1972.
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rém, de campos de produção de sementes por polinização livre , há necessidade de proteger as flores polinizadas manualmente ,a .fim de evitar conta m inaçÕes ou polinizaçÕes indesejáveis . Este processo é caro e demorado, além de apresentar baixo rendi w menta, devido a o t empo e material gastos na proteção das !lores t rabalhadas. Quando as ne cessidades de sementes para
· plantio atingem valores multo al tos, como vem ocorrendo na Ba h ia, o m étodo convencional de polinização manual torna - se impraticável. Uma maneira de evitar a prot eção das ftores nos trabalhos de produção de sementes por polinizaç~o manual controlada · s e r i a e m p r e g a r um marcador genético de fácil identüicação. As sementes , ou as progênies hibridas, seriam reconhecidas pela presenç.a do carii.ter transmi t id o pelo genitor masculino (pÓlen).
Voelcker (10), usando o caráter "axU spot" pa ra de t erminar a t axa de cruzamento natural em lavouras de cacau na Nigé ria , concluiu que cerca de 2So/o dos frutos são de polinização cruzada. Posnette (6) e Glendinning (2), estudando as propo rçÕes de indi· vÍduoa portadores dos caractew res "a lbinismo'' e 11 axil spot 11 em progênies de cacaueir os obtidas de polinização livre , encontraram, nas condiçÕes de lavoura de cacau em Gana, taxas naturais de cru20amentos variando de 18% a 43o/oe37o/o, resp ec ti vamente ... Vello (9), com base nas proporções de sementes brancas e pigmentadas de alguns cacaueiros do grupo de s ementes brancas da
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Bahia, distribuídos em uma população de sementes roxas· nos municipios de Ilhéus e Uruçuca, noticiou médias de cruzamentos naturais i guais a 43% e 66o/o, res-pectivamente . ·
Existem alguns cultivares de cacau na Bahia, origin ários, talvez, de uma Única m utação local (7). cuja caracterÍstica principal é a total ausência de pigmentação antociânica em suas amêndoas, frutos, flore .s e folhas. Dentro deste grupo de plantas, destacase o denominado "Catongo" ·que é possuidor, adicionalmente, de outros caracteres valiosos, tais como resistência ao Phytophthora p a 1m i'r o v a, .fungo causador da "podridão parda" (3, 4), que é a principal enfermidade do cacaueiro na Bahia, e alta habilidade combinatÓria geral. A ausência de pigmentação antociânica no cacau "Catongo" e demais cultivares do grupo é um caráter re cessivo, de ação pleiotrÓpica, governado por um Único par de ge nes com completa ou quase completa dominância para pigmentação (8). Além disso, devido à "falsa xenia", a cor viol eta ma nifesta-se em suas sem entes formadas de Óvulos fe cundado s por pÓlens portadores de genes para este pigmento.
Na. Escola Média de Agricultura da Região C a c a u e i r a · (E MAR C ), antiga Estação Experimental de Uruçuca, Bahia, existem três populações de cacauei ros ''Catongo1', descendentes da planta matriz encontrada na F a zenda Catongo, municÍpio de ItajuÍpe (5). Os dois grupos mais velhos, com 1. 030 e 701 cacau-
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eiras, respectivamente , têm cerca de 2 3 anos de idade e consti tuem uma geração Sz, enquanto o terceiro grupo, com 1. 159 plantas, está com 12 anos e é forma do por uma geração S3 do cacaueiro "Catongo" matriz . Estas plantas compreendem o material local básico utilizado nos cru~amentos manuais abertos com clones introduzidos , para produ ção de sementes hfbridas destinadas a p lantio pelos cacauicultores da Bahia,
O objetivo deste trabalho foi simplificar o método de polinização manual contt·olada, para possibilitar a produção de ~ementes hÍbridas em quantidade suficiente para atendet• à grande demanda de material para plantio na Bahia. O sistema utilizado é con siderado de emergência , devendo ser abandona do assim que os campos de sementes por polini zação livre, que estão sendo ins talados, entrarem em franca produçã o.
MATERIAIS E !d!TOOOS
Os cacau~iros "Catongo" das t rês populaçÕes da EMARC fo -. ram identificados individualmente e divididos em grupos, cada um d e 1 e s sendo polinizado por um dos seguintes c lones: UF-168, UF-22 1, UF-613, UF-667, UF-677 , ICS-1, ICS-6, ICS-8 , I-:.S -39, DR-2, IM C- 6 7, 5 c a- 6 e Sca-12 .
Antes do inicio das polinizaçÕes, cada cacaueiro "Catongo" recebeu uma placa· com o nome do clone que iria lhe .~rnecer os
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pÓlens, descartando ~se, a seguir, todos os frutos de polinização livre . Este trabalho de descarte continuou rigorosamente durante o perÍodo de polinização .
As f1 o r e s fornecedoras de pÓlen s para os trabalhos de c r u z ame n to fo ram transportadas diariamente do 11 jardim c lonal" do Centro de Pesquisas doCacau, muni c[ pio de Ilhéus, a uma distância de aproximadamente 45 km da EMARC, acondicionadas em vasos de "isopor" forrados com papel umedecido •
As polinizaçÕes foram processadas principalmente no perÍodo da manhã, durante os mes·es de janeiro/fevereiro a julho/ agosto dos anos de 1968, 1969 e 1970, estendendo-se até ao entardecer quando a quantidade de material disponfvel assim o exigia .
As pol-inizaçÕes foram realiz a d a s manualmente , usando-se uma flor fornecedora de pÓl ens para duas ou três flo res de "Catongo", de acordo com a disponibilidade, eliminando-se, para melhor ace,!!so ao estigma, parte dos estaminÓides destas ~ltimas. Cada flor polinizada foi identificada com um alfinete colocado ao lado da a lmofada floral, não se usando qualquer sistema de prow teção contra polinizaçÕes indesejáveis. Em casos de eventuais perdas de alfinetes e de nascimento de outras flores em alma w fadas florais já trabalhadas, identificam-se as flores polinizadas pelo exame dos estaminÓides. Mesmo em frutos j;i desenvolvidos, torna-se fácil identi-
íicar aqueles provenientes d·e po-1 in i z ação manual pelo estado dos estaminÓides conservados ao d e rredor do pedÚnculo.
O reconhecimento das sementes hÍbridas foi feito p e 1 a presença de pigmentação antociânica nas amêndoas obtidas de amostragens correspondentes a cerca de 1 O% dos frutos de cada colheita . A presença de coloração viol eta nos cotilédones e a vermelha d a nas folha s j oven s das plântulas é outro m e io e fic iente para identificar os h{bridos, utílizado pelos prÓprios a~ricultores nas sementeiras.
O método usado somente é válido para ·cacaueiros 11Catongo", ou outros cultivares de amêndoas. brancas, isolados de plantas. dê sementes roxas e polinizados com pÓlens portadores de genes para pigmentação. Também po:derá ser utilizado outro marca• dor genéÜco de manifestação conhecida,
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Nos Q uad ros 1, 2 e 3 estão representados os resultados ob- . tidos das polinizações manuais abertas, realizadas . em cacaueiros "Catongo_" da EM A R C nos anos de 1968, 1969 e 1970, com pÓlens dos clones UF - 168, UF-221, UF-613, ÜF-667, UF-677 , ICS -1, ICS-6, ICS - 8 , IC S-39, DR-2, IMC-67, S c a - 6 e Sca - 12.
As taxas mensais d~ poliniz_açÕes livres, observadas no ano de 1968 (Quadro 1 ), variaram de
6, O a 17, 6"/o, com uma média anual de 10, lo/o. Observou-se uma redução de atividade dos agentes polinizadores no de c o r r e r do ano, com as maiores taxa s de po:linização nos m eses d e ma r ç o e abril e as menores em agosto / setembro . Esta í lutuação parece estar relacionada com as condi-
. çôes climáticas e com a quantidad~ de flores, conforme foi su gerido por Entwistle e H urd (1).
Durante o ano d e 1969 (Qua dro 2), a maior atividade dos in setos polinizadores foi observada nos meses de fevereiro e março, quando a~; · taxas de polinização
. livre alcançaram os valores . de 19,2 e 20, 1"/o . respectivamente, em contraposição a 11,8 e 6, So/o nos meses de maio e julho. Nesse ano, a média· geral de polinização livre se ele.Vou a 14, 9% •.
Em i970, o final de maturação dos frutos foi antecipado para desembro (Quadro 3), possivelmente devido à influência· climática. A média de "contat'ni~açãol• (sementes brancas) foi de 12, Ó%, com os máximos de 13, 5o/o e 13,0% em marÇo e maio e o mfn imo d e 7, 9o/e em janeiro,
Os percentuais de sementes endocriadas, r ·esultantes de au topolinizações e cruzamentos naturais entre cacaueiros "Catongo" da população trabalhada, fo ram baixo.s em rela!;ão aos resultados. noticiados· por Voelcker (lO),na Nigé r ia, V e llo (9 ), na Ba hia e Poshette (6) e Gle ndinning (2) em 'aa,na. Isto talvez se deva ao descarte dos frutos formados a partir de flores não polinizadas manualmente e às maiores ·quan-
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Quadro 2 - Amostragens correspondentes a mais ou menos 10% de cada colheita, para cálculo das taxas mensais d e "contat:ninação" (sementes brancas) em trabalhos de polinização manual aberta (1969) .
* N9 sementes brancas . x
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·.~ ,,~ ...
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Quadro 3 -Amostragens variáveis de 10% a 20% de cada colheita para cálculo das taxas mensais de ncontaminação" (sementes brancas) em trabalhos de polinização manual aberta (1970),
N'? semente s brancas • N'? total de sementes
X 100
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tidades de polinizações manuais, em relação às polinizações naturais das mesmas flores.
Conclui-se, portanto, que, e m trabalhos intensivos de polini za ção ma nu a 1 aberta, a taxa de " cont~minação" é baixa ( 1 O, I% em 1968, 14, 9"/o em 1969 e 12, O% e m 1970), podendo as sementes indesejáveis se:rem descartadas quando se usa um marcador ge nético para sua identificação. M esmo, porém,que não seja pos sÍvel separar as sementes de po-
linização controlada das demais, seu baixo percentual não comprometerá proíundamento a efi-
. ciência deste método, quando o
objetivo é produzir material em 1 a r g a escala para plantios comerciais . Tratando-se, porém, de um trabalho caro , pois exige grande volume de mão -de-obra, seu emprego som ente é reco mendado em carát er de emer gência, enquanto são estabel ecidos campos de produção de sementes hÍbridas por polinização livre.
LITERA7URA CITADA
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1940.
RESUMO
Visando a eliminar o demorado e oneroso método de proteção individual das flores nos trabalhos de produção de sementes hibridas_ de cacau por polinização manual controlada, fora.m feitas polinizaçoes manuais abertas entre um cultivar local de amendoas brancas, denominadc "Catongo", e diversos clones de sementes pigmentadas, intro
duzidos de outras áreas.
Como o cultivar "Catongo" é uma mutação caracterizada pela total ausência de pigmentação antociânica e~ suas amêndoas, t;utos, flores e folhas, de origem· recessiva, procedeu-se a identificaçao das sementes hibridas pela presença de coloração nas amêndoas. quando ainda na fase de sementes, ou nos cotilédones e fÔlhas jovens, quando no estágio de plântulas. .
Resultados de 3 anos consecutivos de t-rabalhos mostraram que as médias anuais de cvntaminação das flôres polinizadas manualmente e não protegidas foram de 10, l~o em 1968, 14, 9"/o em 1969 e 12,0% em 1970, Estes baixos valores indicam que, quando se necessitam de grandes quantidades de sementes para plantio comercial, pode-s·e usar o sistema de polini?;ação manual aberta, sem qu<' a taxa de polinização livre venha a compromete r, seriament e, o êxito do programa.
A NEW APPROACH TO HAND POLLINATION
FOR CACAO HYBRID PRODUCTION
SUMMARY
With the object of examining the possibility of eliminating the difficult and time consuming task of protecting hand-pollinated flowers against contamination, unprotected pollínations were made between the local cacao C\lltivar .. 'Catongo' which has white seeds and a nun1-
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ber of othe r clones which have purple colored seeds to determine the level of natural contaminat'ion.
The cultivar 'Catongo' is a mutant form characterized by its complete absence o f anthocyanin pigments in either the seeds, fl:uit s, flowers or l eaves •. Being a reces sive character it enables one to ideritify hybrid seeds b y tbe seed coloration or the co1or of the cotyledoris and young leaves in the case of seedlings .
• The results írom three consecutive yea·rs show t hat the average
degree o.C contamination for unprotected hand - pollinations was 1'0. 1% i n 1968; 14.9'fo in 1969 and 12.0Cfo in 1970, These r elatively low values would indicate that when large quantities of seeds are required for commerclal planting, a system oí unprotected hand-pollination would not be detrimentally a ffected by the levei of natural pollination occurring through contamination.
• •• •
44
FLUTUAÇ0ES DE POPULAÇÕES DE COLE0PTEROS NOCIVOS AO CACAUEIRO
NO ESPlRITO SANTO, BRASIL *
João Manuel de Abreu **
O crisomeltdeo Maecolaspis ornata (Germar , 1824) e os cur~{deos Lordops aur-;-sã Germar, 1824, Naupactus bandari Marshall, 193 7, Naupactus sp • ;- Lasiopus c ilipes (Sahlberg, 1 823), registrados por Abreu (1 f. como pragas do cacaueiro no Espí'rito Santo, constituem um grupo de ins etos de grande interesse ec onÔmico para a cacauicultura, devido a os danos que causam às f o 1 h as, acar r etando conseqüentemente , distúrbios no desenvolvimento e produção.
As referências sobre estudos d e flutuação de populações de insetos do cacaueiro no Brasil são escassas, No entanto, estudos similares foram realizados por diversos autores (5, 6 , 7, 8 , 13, 14) em outras regiões produtoras de cacau no mundo , porém com outras espécies d e i nsetos.
'* Recebido pt.ra publíeação em jU>eiro, 197Z.
Na revisão efetuada por Leston (9), são citados estudos ecolÓgicos sobre insetos associados ao cacauei ro, onde se destaca que as inves tigações realizadas recentemente sobre a sua íenologia talvez tenham sido das mais Úteis, já que tornam possível aplicar o cont role quí'mico c o m maior eficiência, quando os tratamentos são efetuados nos es tágios mais vulneráveis do desenvolvimento da praga.
O objetivo do presente e studo foi c orrelacionar as flutuações das populações de .Maecolaspis ornata, Lordops aurosa, Naupac tus bondari, Naupac tus sp . e Lasiopus cilipes com dados cli:m.iticos e vegetativos do cacaueiro e , com base nos resultados obtidos, indicar os períodos mais adequados, para o controle quí'mico destas pragas.
• .Extra(do da tese io.titul.a.da. "F"enologi.a de Alguno ColeÓpteroa Nocivoo a.oCaca.ue\ro no EspÍrito Santo, Brasil" , apre.oe.ntada à Eocola Superior de Agricultura "Lui,. de Que\rÓz" da UDivenidade de são Paulo, pare. obteDç iÕo do tftulo de "Magister Seientiae".
u Eng9 Agr9 , Auiatente da Oivioão de Entomologi.a do CEP:EC.
lteviota Theobroma. . CEPI\:C, ltabuna, Br ... u. 2(1 ):45-55. Jan. -m. ço. 1972..
~· 45
MATERI~IS E MSTODOS
Inicialmente, foram escolhi~ das o i to fazendas convenientemente distribuídas na área ca cauei:ra de Linhares, com no mínimo ~5 ha de cacaual. E m cada íazenda, foram realizadas a most ragens mensais das populações de insetos em ~5 caca u e iros. Empregou-se , para as amostragens dos insetos , o método de "queda" (knock-down) com BHC lZ'ro, em regime de aplicação rotativa no cacaual, utilizado na África (8) e preconi z ado por Southwood (1~).
O BHC foi aplicado no cacaueiro com polvilhadeira costal motorizada, às primeiras horas da manhã. Os insetos foram c oletadoa 6 horas após, em lençóis de 4 m x 4 m previamente estendidos no solo em torno de cada c a c a u e i r o, acondicionados em · frascos com álcool a 70% e conduzidos ao laboratório para as respectivas ide ntificações e contagens .
Os lançamentos de f o 1 h a s novas do cacaueiro foram r egistra dos por meio de observações visuais nas mesmas plantas amostradas pa ra a d eterminação da população de ins etos , e seus v a 1 o r e s expressos em percentagens,
Os dados clim áticos foram obtidos no posto meteoro-agrário il'!'stalado em área da Estação Experime ntal de Linhares . As á reas de amostra gem de ins etos foram adequadamente distribu(das em relação ao posto, estando
46
a mais a fastada a uma distância aproxim ada de 2 O km.
Os dados referentes às contagens do número de insetos (y) Coram transformados e m yYpara serem submetidos à análise estati'stic:a,
A fim de se determinar a influência dos fatores c limáticos e vegetativos sobre a evolução estacionai de cada wna das espé~
cies consideradas , procedeu-se a uma análise de regr essão linear mÚltipla, adotando-se o m odêlo:
Y = a + bx1 + cxz + dx3 em que y = número de insetos coletados
por mês (VV) Xl = temperatura média mensal
(O C)
X2 =precipitação mens al (mm) X3 = lançamentos (%) .
Foram feitas t rês séries de análises para as' três espécies de maior p opulação e para a população das cinco espécies em conjunto . Na primeira série , considerou-se a população a mostrada no mês e x1, x~ e · x:3 domesmo mês, Na segunda, considerou-se a população am ostrada no mês e XI, xz e x3 do mês ante rior. Na terceira , considerou-se a população amostrada no mês e x1 , xz e x3 do mês que antecedeu ao anterior.
·A fim de verificar os parâmetros que estavam inlluind o significativamente na reg re ssão, foi usado o tes te t. A anális e dos dados foi feita em computador el etrônico.
T RESULTADOS
A flutuação desta espec1e é ba.stante acentuada quando comparados os perÍodos de mÍnima e máxima de nsidade populacional. Pela curva do cicl o anual (Figura 1 ), a densidade populacional mÍnima o corre no mês de julho, que coincide com a época mais fria do ano. A população c o me ç a a c r escer a partir de agosto-setembro para atingir o auge em pleno verão, ou seja, em dezembro e janeiro, declinando a partir de fevereiro.
A análise de variância, cujos dados de todas as variáveis for am toma do e no mes mo mês, mostrou que a r egressão não é estatisticamente significativa, isto é, a temperatura, a chuva, e os lançamentos não tiveram influência sobre a flutuaçãQ da população de ~· ornata.
A e quação de regressão, em que os dados das variáveis independente• (temperatura, chuva e lançame.ntos) foram tomados no mês anterior, também não foi es tatísticamente s i g n i f i c a ti v a , mostrando que estes fatores não tiveram influência sobre á variação estacionai: da população de M· ornata.
Quando os dados das va riá veis independentes (temperatura , chuva e lançame ntos) foram to..,. mados com ~ meses de antecedência, em relação a os dados da população deste inseto, a equação de regre ssão foi signific ativa ao nível de 1% de probabilidade,
47
A c h u v a e os lançamentos são os fatores que influíram na flutuação da população de M. ornata. A temperatura não m""'õstrou ter qualquer influência direta sobre a Elutuação da população desta praga.
As equações de regressão das três análises , juntame nte com os c oe fi cientes de c orrelação, entre parêntesis, estão r e~ gistrados a seguir :
Yl = 2,4126t0,0398x!-O,OOZlxz+ +0,068lx3 (R= 0,370).
vz = 0, 8663+0,0863xi+0,0008x2+ +O. 0898x3 (R = O, 500},
Y3 = 5,5107- 0,l898x1+0, 0151xz + +0,1017x3 (R=: 0,8527) ,
Este curculiotÚdeo tem a curva d e flutuação um t anto diferente de M . ornata, embora a densidade máxima de sua população seja atingida também nos meses d e verão. Os meses em que a população está no níve 1 mais baixo são os de julho, agosto e setembr o. A partir de ste Último, a população cresce .a té atingir o auge no verão, isto $, de zembr o e janeiro, e então decresce até atingir novamente o seu nível m(nimo no inverno (Fi-gura 1 ). ·
A equa ção de regressão íoi significativa quando os dados de x), xz e x3 foram tomados no meamo mês que os de y. Neste caso, a t emperatura mos tr ou uma co r relação altamente signi-
400 \ .,-. chuva ... 300 ,_, _ ... ............ Temperatura
27 ai
l i 2 00 , ... •·· ··.,,_ ,/ ... 25 ;3
150 ~ ' .. ,.... c.> '-'
... aiO
·" ... 23 .. (lo
100 / 411 '-'
50 21 f 19 f-o
10 Kaecolaspia ornata
5·
5, 0 <I) 3 ,0 o ... 1,0 ... Gl
~ 3,0 u .. 2,0 u on 1,0 N
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o 1,0 ... Ql .., 0,5 c .... Ql l,S 'O .. 1,0 ....
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20 15 10
5
.. 6 0 o 50 .. c 40 18 ~
30 .. 20 ,.:I
10
1968 1969
Figura 1 - Flutuações das populações de alguns coleópteros fitÓfagos do cacaueiro, em confronto com a temperatura, chuva e lançan~·.mtos.
48
' ficativa em relação à flutuação da população de L. ~·
No caso de Xl , :x:z e x3, tomados 1 mês antes de y, a regressão foi altamente significativa , sendo que os lançamentos foram o fator que exerceu influência significativa em r e 1 ação à variação da população deste inseto.
Quando x 1, x:z e x3, foram correlacionados com a população do inseto a m ost rada 2 meses de pois, a regressão foi e~:> tatisticamente significativa, mostrando que a variável que estava influindo na regressão era o fator lançamentos.
As equações de regressão com os respectivos coeficientes de correlação são os seguintes:
Yl = 8,~523t0,4410xl+0,0024xzt +0, 0432X3 (R :: o' 71 O).
Y2 6, 0023 tO,O,Z866tO, 0072xz+ tO, 0643x3 (R = O, 754).
Y3 0, 160l t O, Ol 62xi +0 , 0064xz t t0,0605x3 (R= 0,692).
A temperatura mostrou correlação positiva para oom a população desta e spécie. No caso da relação entre a população e as folhas novas , alimento preferido por este inseto, verifica- se que apopulação inicia seucrescimento 1 mês após os lançamentos e m a ntém-se em nível e levado enquanto exis te folha no v a . Quando as folhas amadurecem, a população declina.
Naupaetu4 bonda~i
E s t a e spécie apre s e ntou uma de ns ida de p opulaciona l menor e, ainda, uma c urva de flutuação bem diferente da v-erificada para as espécíes precedentes . Nos meses de junho, julho e agosto, a praga praticamente não se evidencia .ou, quando ocorre nesse p er(o do, apresenta os níveis mais baixos de população . Em setembro, a população cr esce , atingindo o pico em outubronovembro para declinar até maio (Figura 1 ) •
Na aná lise, quando cons ide rados dados relativos às variáveis independentes tomados no mês em que foi feita a amostragem desta população, a equação de regressão foi altamente significativa, sendo que os lançamentos foram o Único fator que exerceu influência altamente significativa sobre a população •
Quando "1• x2 e x3 foram considerados 1 mês antes, a equação de regressão não foi est a ti s ti c am e n t e s ignificativa, e por tanto nenhum dos fa to r es in
fluiu na população.
49
Ao se rem substituídas as variávei's Xl, x2 e x3 por dados tomados l meses antes da amost ragem da população, a equação de r egr essão e ncontrada também não foi e statisticamente significativa, não havendo portanto influência de nenhum dos p a r âmetros .
As equaçÕes de regressão e ncontradas são a s que segue m com os respectivos coeficientes de correlação:
y1 3,3480tO,l492x1 t0,0059x2 t
+0, 0416x3 (R= O, 760).
yz l,0333-0,0249x1 t0,0038x2 t +0,0208x3 (R = 0,352).
y3 5, 0345-0,1792x1 tO, 0004~2+ +0. 0102x3 (R = 0,420).
Em conclusão, a temperatura e a chuva não exerceram qualquer influência na flutuação da população de !':!. bondari. Os lançamentos, ao c ontral'io, mostraram influência altamente significativa nesta flutuação, coincidindo o máximo de densidade populacional com o máximo de lançamentos.
As observaçÕes sobre o comportamento da p opu 1 ação deste inseto, no perÍodo em que foi reali~ado o estudo, mostraram que a sua maior afluência ocorre nos meses de dezembro e janeiro. A sua curva de flutua-~ ~ (
çao. e caracterizada por ntveis baixos de infestação nos meses de junho, julho e agosto, ascendendo ~té o mês de dezembro paJ."a, dai em diante, decrescei." até
r • :" • n1ve1s mtmmos em maio e junho (Figul."a 1).
Esta praga concorreu com o menor número de exemplares durante o perÍodo de observação. Ela tambem apresenta uma curva de flutuação similar à das outras esp~cies. Dos nÍveis mais baixos em julho, agosto e setembro a população cresceu a partir des~
so
te Último mes, atingindo o auge em de·;embro, para manter-se aproximadamente no mesmo nÍvel em ja.neiro e então declinar paulatinamente até junho (Figura 1).
População total
A população total é aqui considerada c o mo o somatÓrio do nÚmero de exemplares das coletas mensais das cinco espécies em estudo. A decisão de ser procedida a análise conjunta dos dados referentes a estas ezwécies teve como objetivo ti r a r conclusÕes mais generali~adas, de vez que elas são bastante similares quanto ao tipo de danos causados ao cacaueiro,
~curva de flutuação que eng~oba a população das cinco especies, tem o seu valor m â i s baixo em julho, a s c e n d e n do a p ~r ti r de agosto e atingindo o rnaximo valor em dezembro. Em j a n e i r o, mantém aproximadamente o mesmo nÍvel para então declinar até alcançar os nÍveis mais baixos novamente em julho e agosto (Figura 1).
A análise efetuada, considerando-se os d a dos de todas as v a r i á v eis tomadas no mesmo m ês, revelou que a regressão não era significativa. No e ntanto, ao ser aplicado o test e 1.. ficou evi~ denciado que os lançamentos tiv~ram influência sobre a regressao, sendo estatisticamente significativa.
Quando as variáveis x I• xz e x3 receberam valores referentes
a dados registrados 1 mês antes, ainda desta vez a regressão não foi significativa e, como para a análise precedente, no texte L os lançamentos tiveram influência sobre a regressão, sendo esta e statisticamente significativa .
A regressão foi estatisticamente significativa ào nfvel de lo/o de probabilidade, quando a x1, xz e x3 foram atribuÍdos valo res ref erentes a dados d e 2 meses antes da amostragem da população. Desta vez, os lançamentos tiveram iriíluência altamente significativa sobre a regressão, juntamente com a chuva, que também foi significativa.
- -As equaçoes de regressao e os coeficientes de correlação estão registrados a seguir:
Yl = 14,494S+O, 8536xl +O.OlOZxz+ +0, 1746x3 (R = O, 634).
Y2 = 5, 6482+ 0,4352xJ +o. Ol64xz+ +0. 1994x3 (R= O, 636).
Y.3 = 12,7930-0, 4176xt +0,0240x2+ +0,2024x3 (R=0,7805)_.
DISCUSSÃO
Considerando-se as alte rnativas apresentadas nas análises, a temperatura influiu apenas sobre a ~lutuação da população de Lordops au:rosa, no mesmo mês em que foram tomadds os dados, e nquanto que para as demais esp~cies isto não foi verificado. Por outro lado, a chuva atuou sobre a flutuação de Maecolaspis ornata e a população total das ~es consideradas, sendo esta iníluência exercida apÓs 60 dias.
51
Dos fatores estudados, os lançannentos desempenham papel destacado sobre a flutuação anual destas pragas. É importante assinalar que, tanto a temperatura corno a disponibilidade de água, são fatores que estão intimamente relacionados com a intensidade de lançamentos ( 3, 4, 10). As s im sendo, é bem provável que estes {atores climát ic os exerçam influência indireta sobre as populações destes insetos, cuja alimentação preferida é constituÍda de folhas novas.
A indicação de época s de combate, considerando-se apenas os meses, parece nao ser a recomendação mais precisa, pois, estando os lançamentos na dependência de fatores climáticos, a sua .época de ocorrência varia
ri naturah,nente em anos ano rmais. Um exemplo digno de nota esti registrado no trabalho de Alvim. (2), onde se mostra que em 1968 na região cacaueira da Bahia ocorreu á quase total ausência de novos lançamentos no perÍodo de feve reiro-rnarço. É Óbvio que a aplicação de inseticidas em tais perfodos, seria desnecessária, desde que fosse~ verificadas .cor relaçÕes positivas entre as pragas dessa Região e os lanç~mentos. Es te fato refo rça a idéia de se util izarem os lançamentos como o indicador de ~pocae para a aplicação de i nseticidàs, o que se· t raduúrá em
· um combate eficaz e econÔmico .
Os resultados nwstratn, tamb~m, que os lançanwntos de outubro-novctnbro fot·anl tnais intensos que os dt' kvt•n•iro. março e abril. Os dt• ma•·ço-
abril d e 1969 foram nitidamente m en os intensos do que os do mesmo periodo em 1968, não tendo contribuÍdo para o crescimentp das populaçÕe s dos cur culionideos b· ~· Naupactus s P. e b. cilipes. As populaçÕes que _apr esentaram reação em f,unçao destes lançamentos foram as de .M. ~ e !:! • bondari, acusando ligeira ascençao mas que, logo apÓs, voltaram a declinar . Pode-s e notar que a densid~de populacional de todas as especies neste mesmo per(odó foi bem maior em 1968 que em 19 69 (Figura 1). Isto leva a crer que , para a s condiçÕes ve rifica das em 1969, seria suficiente apenas uma aplicação de inseti cida.
A determinação das curvas de ~lutuação estacionai de s ta 8
especies sob a influência de fato res climáticos e dos lançamentos do cacaueiro é fundamental e indispensável, pois permite deter minar o s perÍodos apropriados ~ra a aplicação de inseticidas, Ja ensaiados nesta região ( 11 ), onde .as pragas entomolÓgicas conshtuem fator limitante ao desenvolvimento e produção deste cultivo.
CONCLUSÕES
1. Os lançamentos do cacauei ro em Linhares apresentam dois perÍodos de maior intensidade, um em fevereiromarço -abril e outro em outub ro -novembro .
2 · Os lançamentos a presentar am correlações positi -
52
vas_ com a flutuação da populaçao de L . aurosa 1 e 2 me se s apÓs-;;: s~rrência .
3 . Os lançamentos apresentaram correlaçÕ es p.ositivas com a flutuação de N. bondari no mesmo mês di"s observaçÕes .
4. A variação populacional destes coleÓpteros, em conjun -
to' · está intimamente relacionada com os lançamentos, sendo mais acentuada 2 me ses apÓs a sua maior intens idade.
5 · A ch u va e os lançamentos mostram co1·relaçÕes positivas com a .flutuação de M. o:nata 2 m ese s apÓs a oc;;rencia des tes eventos .
6. A temperatura mostrou correlação positiva com a flutuação da população de L. ~· no mesmo mês da observação.
7. Os lançamentos devem s er o indicador para definir a s ~pocas de combate ~s pragas, pois este evento e bastante conspfcuo, 'ocasião em que as folhas novas se de"Stacam nitidamente da copa devido à pigmentação avermelhada .
8. O perfodo mais apropriado para o tratamento deve corresponder com o inÍcio dos lança~entos quando a s populaçoes das pragas estudadas estão ainda no seu nÍvel m ais baixo.
I :I
9. Os r esultadt:>s mostram que geralmente podem ser feitos d o i s polvi.lhamentos anuais no controle a estes insetos.
10. são imprescindÍveis estudos
sobre a b iologia des tas e spécies que, obviamente, mostrarão detalhes de seus hábitos e comportamento, facul tando conhecimentos mais avan çados para seu controle.
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' RESUMO
O crisomelfdeo Maecolaspis ornata e os cu~culionfdeos Lordops ~· Naupactus bondari, Naupactus sp. e Lasiopus cilipes são in setos de grande interesse econÔmico para a cacauicultura ~spÍrito santense, devido aos danos que causam às folhas, reduzindo a soa capacidade fotossint~tica e, conseqil.entemente,. acarretando distÚr bios no desenvolvimento e produção do cacaueiro (Theobroma. ca~L.). -
O presente estudo foi desenvolvido com a linalidade de cor:relacionar as suas flutuações populacionais com dados climáticos e vegetativos do cacaueiro e, com base nos :resultados obtidos, indicar perfodos adequados para o controle quimico destas pragas.
O trabalho foi realizado em oito .fazendas da região cacaueira de L inhares. Em cada fazenda foram amestradas mensalmen~ as populaçÕes de l5 cacaueiros pelo m étodo de Kq1,1eda" (knock-down) pel~ a ção do BHC 12%, em regime de aplicação rotativa no ca caual.
Os lançamentos mostraram correlaçÕes posi tivas altamente significativas com a população de_M . ~ 2.meses apÓe a sua ocorrência, enquanto que para !:· ~ as correlaçÕes foram positivas e significativas ao nfvel de 511/0 de probabilidade 1 e 2 meses apÓs a sua ocorrência. No caso de N. bondari, a correlação foi podtiva e signiíicativa no mesmo mês:- Finalmente, para a população total , repres entada pelo somatÓrio das coletas das cinco espécies, as análises mostrar am correlaçÕes pos itivas no mesmo mês, I mês depois e,
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mais significativamente , 2 meses apÓs o seu evento .
Os resultados permitiram concluir que os periodos mais apropriados para · os tratamentos com inseticidas devem corresponder ao inicio dos lançamentos, quando as populações destas p ragas se encontram no seu nfvel mais baixo.
POPULATION FLUCTUATIONS OF LEAF EATING COLEOPTERA OF CACAO
IN THE STATE OF BSPIRITO SANTO, BRAZIL
SmtiARY
The Chrysomelid beetle Maecolaspis ~ and the w e e v i le Lordops ~· Naupactus bondari, Naupactus sp. and Lasiopus cilípes are economically impórtant in the cultivation of cacao in· the State of Espírito Santo, Brazil, owing to the lea{ damage they cause, which reduces tree photosynthesis with a consequent adverse effect on growth and íruit production .
The object o{ the present study was to cor r e late population fluctuations of this species with climatic and vegetative data of the cacao tree, which would s erve as the basis for an eífici.ent, economi c chemi cal control.
The work was carried out on eight cacao farms near the town of Linhares, Espírito Santo. Monthly population samples from 25 cacao trees were taken from e ach fal"m, using a knock -down method with 12% BHC, applying the insecticide on a rotational basis.
Lea.f Hushing showed híghly significant positive correlations with the population of M· ~ 2. months after its initiation while for h · aurosa they were positive and significant at the 5% l evel of probabili.:. ty, 1 and 2. months after. · In the case of ~ · bondari., the re was a sig nüicant, posit ive correlation in the sam e month. The total population, represented by the sum of th e individual population of t he f ive s pecies, s h owed positive corre lation in the same m onth, 1 month and most sig n ificantly 2 months after the initiation of l eaf fl'ushing .
The results indicate that ins ecticides should be applied at the beginning of leaf ilushing when the popula.tion of these leaf eating pests are at the ir lowest level.
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5. MEDEIRCS, A.G. Método para estimular a esporulação do Phytophtho!.: palmivora (Butl.) Butl. em placas de Petrí. Pbyton ZZ(l ):73-77. .1965.
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s. MEDEIR<X>, A. G. Método para estimular a esporulação do~thora palmivora (Butl.) Butl. em placas de Petri. Phyton 22(1 ): 71-77. 1965.
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REVISTA ~HEOBROMA
Abril-Junho 1972
ADo II N9 2
Publicação t rimeetral dedicada li. divulgação de investigação cientí'fica relacionada com problema• agronômic os e sócio- econômicos de áreas cacaueiraa. Edit.. da peloCentrodePesqW.. us do Cacau (CEPEC), Departamento da Comi•aão Executiva do Pl10no de Recuperação Econômico-Rural da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).
COMISSXO EDITORIAL
Coordenador: Antonio Dantas Machado. Membros: Paulo de Ta.rao Alvim, Fernando Vello, HermÍnio Maia Rocha, F. Percy Cabala Roaand, Maria Helena Alencar e Wílliam Martin Aitken. Editor Principal: Luiz Carlos Cruz. Editor Assistente: Jose Correia de Sales.
Enderêço para correspond.;'ncia (Addreaa for co-rr espondence ):
Revieta 'theobroma Centro de P e s quisa& do Cacau (CEPEC ). Ca ixa Postal, 7 45.600 - Itabuna- Babia
Brasil
Tiragem 3. 000 exemplares.
CONTEO'DO
I. Novo ~po d~ pod-~dão do '~uto d~ c4c4u ft4 84h44. C. ~~. A. R~ ~ H. M, Roehc • • •• •••••••• ••••• ••.•
A new aoft rot of cacao pod• in Bahia (Swnm.ary) p. 9.
f. E•tudo4 •ob~~ « •~s~~gação do ea~4-.teJL eo-t d~ ...,i,.doa. d~ eaeau. F. Vt.Uo •••••••• - ••• • • • • • • • • • • • • • • •
Heredity atudiee on the color character o( cacao seede (Summary) p. 14,
5. Con~at~ da •pod~4d4o pa~da• do eaeaueLto. H.M. Roeha, A.P. Machado t U.P. M4ehado ....•...••.•......
Control of cacao Black Pod diseau (Summary) p. Z6.
4. Eáee.to4 det d-te"«9t 4ob~e t« p~odueeiõn det c.acaot~o. A. Cadima Z. t P. de f. Atvim •••••••••••••
EHects of drainag" on the yield ol cacao (Summary) P• 32.
S. V~t~inaeiÕn de Lo4 g~notipo4 dt inc.ompa~ibitidad o eompa~ibitid~d tm ua~io4 eton~4 dt eaeau. A.A~~valo R., G. A. Ca~Ltto e F.Oc.am-po R ••••••••••••••••••••••• • • • • •
Determinatíon of the genotype• of incompatibility and compatibility Cor varíoue cacao clones (Summary) p. 38.
6, P~og~ama dt 444iA~êneid têeniea pa~• o eaeau na Bah~a. u.v.uaehado,
The cacao extenaíon programme in Bahia, Brazil (Summary) p. 48.
NOTA
E4.tudo da peetin« do MtL e da e«4ea do ó~uto de eaeau, P.R.F. 8~bt~t • .
Pectin studiee o! ca.cao 'eweatinga' and cacao pod huake. p. 50.
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NOVO TIPO DE PODRIDKO DO FRUTO DE CACAU
NA BAH.IA*'
:chha tt.hoo Ram u "" Asha Ram **
Hermlnio Mai a Rocha •**
Em março de l972, observou-se em plantações de cacau, nos municÍpios de Floresta Azul, Itaju do Colônia, Itabuna e Coaraci, um grande número .de frutos atacados por uma nova· enfermidade cujos sintomas diferem daqueles produzidos pelo Phyto.:. phthora palmivora (Butl.) Butl., agente da 11 podridão parda"
Procedeu-se a uni i~van:tamento da ocorrência da enf'ermi~ da de, determinando·- se a sua cau-- . .. :., sa e a extensao dos ,preju1zos. Verificou-se que. o ataq·ue e·ra generalizado em todas as plantações afetadas, com í'ndice de frutos enfermos superior a So/o.
Na literatura disponíve l, não há nenhuma referência que assinale a presença desta enfermidade nos cacauais' da Bahia.
DESCRIÇX0 DA DOENÇA
Os sintomas foram observados principalmente em í r u tos .:rerdoengos ·da variedade "Co-
mum" . Inicialmente. oco r r e wna descoloração do tecido com formação de lesões i r reg u ta r e s, distribuÍdas por todo o fruto. As lesões. pequenas no inÍcio, são isoladas, marr0m-escuras e deprimidas no centro (Figura 1 ). Em poucos dias, porém, coalescem e cobrem toda a superfÍcie do fruto. A casca dos frutos ataca,dos apresenta-se mole e com manchas isoladas maia escuras sobre o tecido enfermo, em ge-
. ·tal com margem mais elevada, indicando o ponto de infecção, Sobre as lesões mais velhas, formam-se frutificações caracterizadas pela produção de picn(dios com contdias que são lançadas através de ostíolos, permanecendo aderidas à superfÍcie do fruto, formando uma massa de éoloração branco-opaca.
MATERIAIS E M!TODOS
Isolamento e identificação do patógeno
A superfície do fruto infec-
• Recebido para publicação em abril, 197Z. •• Eng?o Agr<?o, Asaistentes da Divisão de Fitopatologia do CEPEC.
••• Eng'? Agr?, Responsável pela Diyisão de Fitopatologia do CEPEC,.
Revista 'fheobroma. CEPEC, Itabuna, Brasil, 2(2):3·9. Abr.-jun. 1972.
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