Peter Spink

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/25/2018 Peter Spink

    1/25

    18

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    PESQUISADECAMPOEMPSICOLOGIASOCIAL:

    UMAPERSPECTIVAPS-CONSTRUCIONISTA1

    PeterKevinSpink

    PontifciaUniversidadeCatlicadeSoPaulo

    RESUMO:O termopesquisade campo normalmente empre-gadonaPsicologiaSocialparadescreverum tipodepesquisa feitonos lugaresdavida cotidiana e forado laboratrioouda saladeentrevista. Nestatica, opesquisadoroupesquisadoravaiaocampoparacoletardadosqueserodepoisanalisadosutilizandoumavari-edadedemtodos tantoparaacoletaquantoparaaanlise. Nestetexto, relatamos as concluses iniciaisdeuma sriedediscussessobrepesquisasdecampofeitanumaperspectivaps-construcionista.Partindodasdificuldadesprovocadasporumanoodecampofisi-camentedeterminada, adiscusso retoma aperspectivadeKurtLewin sobreo campo como totalidadede fatospsicolgicos, paradepoisseaproximardaspropostasdeIanHackingsobrematrizeadiscussomaisampla sobrematerialidades. Aconseqnciadestareflexofoiaproposiodeumcampo-temaondeocamponomaisum lugar especfico, mas se refere processualidadede temassituados. O textoconcluicomumadiscusso sobrealgumas impli-caesdestapropostaparaoprocessodepesquisaeparaasprticasnarrativasusadaspara relataras suasconcluses.

    PALAVRAS

    -CHAV

    E:pesqu

    isade ca

    mpo, te

    oriade ca

    mpo,pers-pectivas construcionistas, campo-tema

    1 EstetrabalhofoiorganizadoeelaboradoapartirdasdiscussessemanaisdoNcleodeOrganizaes eAoSocial PUC-SPduranteo segundo semestrede 2002.Participaramativamentedestesdebates:AlejandraLeonCedeno, AlexandreBonettiLima, CarlaBetuol,DeniseHalsman, FabiodeOliveira,HenriqueCrossfelts, JaneteDias, JesusCanelonPerez, JooBoscoA. Sousa, MariadeFatimaNassif, MonicaMastrantonioMartins, RobertoMinoruIdeeTatianaBichara. Umaversoprelimi-nardotrabalhofoidiscutidonoinciode2003 noNcleodeEstudosePesquisassobrePrticasDiscursivaseProduodeSentidos, coordenadapelaMaryJaneSpink.

  • 5/25/2018 Peter Spink

    2/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    19

    FIELDRESEARCHINSOCAILPSYCHOLOGY:APOST-

    CONSTRUCIONISTPERSPECTIVE

    ABSTRACT:Theexpressionfield research isnormallyused insocialpsychology todescribea typeof research that iscarriedoutoutsidethelaboratoryandintheplaceswhereeverydayactiontakesplace. Inthisapproach, theresearcherwillgotothefieldinordertocollectdata thatwill laterbeanalyzedand inorder todo thisavarietyofdifferentmethodswill beused, both togather thedataand to examine it. Thispaper reportson the initial conclusionsfromaseriesofdiscussionsheldonfieldresearch, takingasastartingpoint a post-constructionist perspective. Beginningwith thedifficultiescreatedbythenotionoffieldasphysicallydeterminedand separate, thedebatemovedon toconsider theargumentsofKurtLewininfavorofanotionofpsychologicalfieldinwhichthefield is the totalityofpsychological facts, before settlingwith thenotion ofmatrix as proposed by IanHacking and thewiderdiscussionofmateriality. Theresultwastheproposalofthenotion

    of theme-field, inwhich field isno longer a specificplace butrefers to theprocessualityof situated themes. Thepaperends byconsideringtheimplicationsofthisapproachfortheresearchprocessand for thenarrativepractices that areused todescribe itand todiscuss its conclusions.

    KEYWORDS: field research, field theory, constructionistperspectives, theme-field

    Duranteosltimosdezanos, estimuladosporpesquisasquefizeramcomqueoNcleo se transformasseemum focodedebatecrticosobreosprocessosorganizativoseaaosocial, discutimos, emocasiesdiversas, oquepesquisaemPsicologiaSocialeoquepes-quisadecampo. Essa reflexoperpassoucincoeixos temticos.

    Umprimeiroeixodediscusso sepreocupou coma relaoentrepesquisadoepesquisadoreenglobouapesquisacolaborativa,

    apesquisaao, apesquisaparticipativaeaticaqueorientaapesquisa.O segundoeixoenvolveuaquestodosmtodoseaexperinciado

  • 5/25/2018 Peter Spink

    3/25

    20

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    Ncleocomousodemltiplosediferentesmtodosdentrodamesma

    investigaosemsepreocuparcomargumentossobretriangulaooucompatibilidade. O terceiroeixodediscusso, mais terico, aproxi-mouosmembrosdoNcleoaumaabordagemconstrucionistasobreprocessossociaiseaumavalorizaodaanlisedeprticasdiscursivas(M.J. SPINK, 1999);entendendoestasdemaneiraampla, comoes-tandosituadasem lugareseno tempo.

    Oquartoeixodereflexotrouxeoreconhecimentodequeosestudos feitospeloNcleonosecaracterizavam, demaneirageral,porumplanejamentoantecipadodaestratgiadepesquisa, comaidentificaoprecisadeobjetivoseaescolhadeliberadademtodosde investigaoeanlise. Aocontrrio, apesquisatendiaasedarapartirda identificaodeumpontodepartida, apartirdaqual:iria secaminhando sem saberdireito comoeonde. Oprocessofoi descrito em termos da desnaturalizao sucessiva (ouestranhamento) em relao temtica em foco, do olharmultidirecionaledaausnciadeumpontopredefinidodechegadaou trmino, anosero sentimentodesersuficiente.

    Oquintoeixodediscussofoiumaconseqnciadosdemaisesereferiuacomocontarounarraressesprocessosouhistrias.Afinal, comoestruturaruma tese, umadissertao, um relatriodepesquisaouum trabalhoa serapresentadoem congresso, cujo ca-minhonoeranecessariamenteortodoxo? Nota-seque, enquantoadiscussosobrepesquisaqualitativajchegoumaturidadeealcan-ouoreconhecimentodesuacontribuioedesuaprocessualidade,permanecea tendnciadeorganizara redaodo trabalhodentrodosmoldes comuns (por exemplo:MELOY, 2002).

    Oscincoeixosentravamesaamdasconversasoraseconfron-tandoora fornecendopistaspara linhasargumentativasetentativasde investigao. Nohaviaumencadeamento lgico, mas influen-ciaram, cadaum a suamaneira, os trabalhos feitospeloNcleo.Aparecemmaisntidos em certas investigaesondeestesdebatestiveramumpapelmais central, mas esto tambmpresentesnasentrelinhasdemuitosdos trabalhosj concludos enosque estoaindaemandamento.2

    2 Ver, por exemplo, as seguintesdissertaesdemestradodoProgramadePs-graduaoemPsicologiaSocial, PUC-SP:LenySato(1991)AbordagemPsicosocial

  • 5/25/2018 Peter Spink

    4/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    21

    ONcleodeOrganizaoeAoSocialtemumcompromis-

    socomoseventoscotidianosecomabuscadeaesquereduzamasdesigualdades emelhoremaqualidadedavida coletiva. Em conse-qnciadestapostura, a elaborao tericadoncleo tendea sepreocupar como terreno tericodemdioalcance;de conceitos eesquemasparciaisqueajudamacompreenderaspossibilidadesdeaoemum lugaroucontextoespecfico, masquenosonecessa-riamentegeneralizveisalmdessehorizonte.

    Durante essasdiscusses, o sentidodecampoe, portanto,depesquisadecampomudoumuito. Inicialmenteavisodecam-popresentenasconversasaproximava-sedaantropologia tradicio-nal, oudasociologiadaEscoladeChicagodadcadade1930 quan-doRobertPark transferiuasprticasdepesquisadaprimeiragera-odosantroplogosparaas ruasdeChicago (COULON, 1995).Nestaviso, apesquisadecamposereferiaobservaoeinteraocomaspessoasnoseuhabitatnatural, nolugarespecficodaaoforadasparedesdo laboratrio. Eraum campoque existianumlugarequandoopesquisadornoestavanolugar, tambmno

    estavanocampo. Ocampoportantoeraondeopesquisador iapara fazer seusestudos.

    Aprxima fase foimarcadapela retomadadas idiasdeKurtLewin(1952)sobreocampocomoatotalidadedefatospsicolgicosquenosoreaisemsi, massoreaisporquetemefeitos. Comeou-sea incluirosmeiosdecomunicaonos estudos, no comoobjetosespecficosde investigao, mas como componentesdo campo;

    doTrabalhoPenoso;MariadelaAsuncinCarollaBlanco(1996)PaisagemdaAlma;MnicaMastrantonioMartins(1999)TempoeTrabalho;AlejandraCedeo(1999)GuiaMltipladeAutogesto;MyrtThaniadeSouzaCruz(2001)Umahistriadealeijamentodopovo;JooBoscoAlvesdeSousa(2002)ContandoHistrias fazen-dohistria;CarlaBertuol2003 Acrianaeoestatutodacrianaedoadolescenteumestudosobreapolissemiadacriananosespaospblicos.Mestrado, PUC SP,2003;AndrRodriguesLemosBruttin.(2003)Empregabilidadenamdiadenegcios umestudodesentidosemcirculao;DeniseAparecidaVetorazzoHalsman(2003)Osprogramasdeassistnciacomplementaresuarelaocomacomplexidadeurbana:limites e possibilidades;TatianaAlvesCordaroBichara (no prelo)Excluso e

    Informalidade:umestudosobreolugarsocialdosvendedoresambulantesdeQuitoEquador;HenriqueCroisfelts(noprelo)ProcessosAssociativos:versescirculantessobreaoecidadaniaentreparticipantesdeumaassociaodemoradoresdebairro.

  • 5/25/2018 Peter Spink

    5/25

    22

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    incluiu-se tambmdocumentosdiversoseabordagensquebuscavam

    acompanhareventosno tempoemvezdecongela-los comonumafotografia instantnea.Na terceira fase, uma preocupao crescente com a

    intersubjetividadeecomadiscussoconstrucionista sobre lingua-gemeaolevouaumaperspectivanaqualoshorizonteseosluga-reseramcompreendidoscomoprodutossociaisenocomorealida-des independentes. Ocampocomeouaservistonocomolugarespecfico, mascomoasituaoatualdeumassunto, ajustaposiode suamaterialidade e socialidade (LAW&MOL, 1995). Nestatica, noocampoquetemoassunto, mas seguindoBourdieu(ORTIZ, 1983) -oassuntoque temum campo.

    No inciodo segundo semestrede 2002, oNcleodecidiudiscutirdemaneiramais sistematizadaessasdiferentesperspectivasacercado campo. Aojuntaras conclusesneste texto, penseiqueseriainteressanteiniciarcomumahistria. Contarhistriasfazpar-tedoprocessodepesquisa pelomenosnotipodePsicologiaSocialque fazemosnoNcleo e contarhistrias tambmumaao

    importantena vida cotidiana. Quantas vezes, quandoaspessoasquerem relatarumaexperincia importante, uma inovaoouumaaosocial, sesentemmaisconfortveisnarrandooprocesso.Quantasvezesquandonosabemoscomoelaborarotextodeumainvestiga-o recorremos seguranadaexpresso:contecomoaconteceu.

    CONTANDOHISTRIAS:OCAMPODABONECACONTADORADEHISTRIAS

    Ns contamoshistrias ens nostornamos ashistriasquens contamos.Os contadores e contadorasdehistriasnoscontamsobrevalores, sobreheris, he-ronas, sobreopassado e sobreopresen-te, paraquepossamosviraserashistriasque so contadas. Seguramos seus aven-

    tais,

    sentamos

    n

    o

    ch

    o

    a

    seu

    sps

    en

    oslocalizamoseposicionamosnastramasqueadesenrolam.

  • 5/25/2018 Peter Spink

    6/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    23

    Masnavida cotidianahmuitos contadoresdehistrias e,

    diferentedoPinquio, nohumgrilofalanteparadizerquaissoashistriasboasequais soashistriasms;ashistriasquedeve-mosounodevemosacreditar.

    A fotografiadeuma bonecacontadoradehistrias (storytellerdoll). Ela temuns 20 centmetrosdealturaeestcontandoumahistriaparaascrianasqueestonoseucolo. ElafoifeitaporRoseBrowndosPueblosdeSanIldefonsoeCochiti, NovoMxico,easestatuetascontadorasdehistriassopartedahistriamoder-nadospovos indgenasdesta regio.

    MuitosdosPueblosdeNovoMxico tmuma longa tradi-ode figurinhasdecermica, entretantoa bonecacontadoradehistrias uma figuracontempornea. Em 1964, um colecionadordeartesanatoindgena, AlexanderGirard, sugeriuceramistaHelenCordero, doPueblodeCochiti, a inclusodemais crianasnasfigurasdeme e crianaque fazia. Elapensoumuito e eventual-mente feza figurinhadeumhomem comcinco crianas sentadasnocoloenosombros. Afigurinhafoifeitaemmemriaaseuav

    SantiagoQuintana, um famosocontadordehistriasparacrianas(BAHTI, 1988). Apequenabonecacontadoradehistrias, portan-to, contahistrias e tambm temumahistria. Omeio, comoMcCluhan (1964)diria, tambmumamensagem.

    Erauma vez... que euno sabiada existnciade bonecascontadorasdehistria. Masumdia, andandonumapequena ci-dadenosEstadosUnidos, entreinuma exposiode artesanatopara ver, ler e conversar. Numaoutraocasioanosdepois, entrei

    emoutraexposio, converseicommaispessoasefinalmentecom-preiumapequena boneca contadoradehistriasparapresentearumapessoamuito especialque tinha acabadade editarum livrosobreprticasdiscursivas.

    Esteumbomlugarparacomearanossadiscussodecam-po; como campodas bonecas contadorasdehistria. Primeiro claroquenohumcampo independentedas bonecascontadorasdehistria;um lugarespecficoondevocpode iredizeresteo

    campodas

    b

    on

    ecascontadoras

    de

    histria

    .

    Ocampo

    das

    b

    on

    ecascontadorasdehistrias umprocesso contnuo emulti-temticonoqualaspessoaseoseventosentramesaemdoslugares, transfor-

  • 5/25/2018 Peter Spink

    7/25

    24

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    mando-seemverseseprodutosquetambmsofeitosporpessoase

    utilizadosporpessoasemdilogosquepodem ser lentosedistantes,masmesmoassimacontecem. Porexemplo, aconversaentreceramistaedonode loja:Elesgostaramda minha figurinha, talvezeudevo fazermais. Oudealgumquepreparaum livroeconversacomos leitoresapartirdeoutrasconversas:Nsnoinclumosashistriassobrea cria-odomundonolivrodashistriasdospueblos, porqueoslideresreligiososno concordaram; estashistrias somuito centraispara sua visodomundo e elesnogostamque as suashistrias sejam consideradasumamera curiosidadeouumdivertimento. ComoMary JaneSpinkdeixaclaronum texto recente, ningum fala sozinho.

    Todoenunciadoresposta aoenunciadoqueoprocedeu. Est, por-tanto, atravessadopor dialogicidade. o que chamamos deinteranimaodialgica. Distinguindo-sedasunidadesde signi-ficaoda linguagem aspalavraseassentenas quesoimpes-soais, nopertencema ningumenosoendereadosa ningum,oenunciadotemtantoumautor(eportantoexpressividade)comoum destinatrio. Este destinatriopode ser umparticipante-interlocutor imediatoqueest presenteemumdilogodocotidia-no, um coletivodiferenciadode especialistas em alguma rea decomunicao cultural especfica, umpblicomaisoumenosdife-renciado, umgrupotnico, contemporneos, pessoasdementalida-de semelhante, oponentese inimigos, um subordinado, um superior,algumquelheinferior, familiar, estrangeiroeda pordiante. Epode ser tambmumoutro indefinido, noconcreto.

    (MJSPINK2003, noprelo)

    Nohumcampo independentedas bonecascontadorasdehistriaporque estamos semprepotencialmentenocampodas bo-necascontadorasdehistria, mesmoquenossapresena sejaquaseimpossveldedetectar;estandons longedoNovoMxico, longedos textos, longedodiaadiadas ceramistas e longede tudo. Aocontarestapequenahistria, umadasmuitasquepodemserconta-das sobreas bonecascontadorasdehistrias, podemosvercomoaminha relao com as bonecas contadorasdehistriamudou, de

    quase inexistenteprano to inexistente. Deolhe l, euj li algosobreestasfigurasparaestessooslugares, livros, pessoasqueseroneces-

  • 5/25/2018 Peter Spink

    8/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    25

    srios contatarpra aprendermais, pra escutarmais, pra pensarmais,

    para discutirmais. Ao relatar, aoconversar, ao buscarmaisdetalhestambm formamospartedo campo;partedoprocesso ede seuseventosno tempo.

    Masquemsomosns?Onsdestahistriaqueeuacabeidecontarcompostodepessoaspresentesepessoasausentes, mastam-bmpresentesdemaneiracoletiva. Umaumapessoacuriosaquetambmpsiclogo social. Curiosidadeumacaracterstica socialubquadodia adia e umadaspedras fundamentaisdanoocoletivademudana;dopressupostoqueascoisaspodem serdife-rentes. Ao relatar, neste texto, umapartedeumadashistriasdasbonecascontadorasdehistrias, estapessoa curiosaque tambmpsiclogosocialaentrelaadentrodeumoutrocampo, ocampododebatesobreapesquisaemPsicologiaSocialondeos leitoresconti-nuamaconversatornando nesteprocesso-ashistriasdasbone-cascontadorasdehistriaspsicologicamente relevantes. Equando,comopsiclogos sociais, fazemospesquisa, oque fazemos?Argu-mentamosqueum tema, umcampo, oumelhor, um campo-temamereceserestudado, merecenossaatenocomopsiclogossociais.Propomosquepsicologicamente relevante.

    Hcampo-temasquej foramdeclaradospsicologicamenterelevantes tantasvezesquecorremos inclusiveo riscodeassumi-loscomobvios-comofatosindependenteseautnomos-esquecendoque so construes sociais. Por exemplo, ocampodemeninosemeninasde rua, ocampodasestereotipiasraciaisoudosporta-doresdedeficinciaoudodesenvolvimentocomunitrio, dare-

    duodapobreza, daglobalizaooudaexclusodigital.A identificaodocampo, porexemplo, em respostaques-tosobreoquevocesttrabalhando?, nosomenteotornapsi-cologicamente relevante, mas tambmpsicologicamentepresente.Assim, aodizer, estou trabalhando comosmltiplos sentidosdacrianapresentenoEstatutodaCrianaeoAdolescente, vocestpropondo a relevnciadeum campo-tema e tambm anunciandoseuposicionamentonestecampo-tema. O restante umaquesto

    delu

    garesde

    en

    contro

    ,de

    opesde

    en

    gajamento

    ede

    possi

    bilida-desdedilogo. Anicadiferenaentrenscomopessoasna rua,

    interessadas emassuntos, buscando fazer experinciasparaver se

  • 5/25/2018 Peter Spink

    9/25

    26

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    algodcerto, enscomopsiclogos sociais, quando tornamoso

    assuntodisciplinarmentepresente. Veja, por exemplo, asjustifi-cativasquepodemserencontradasnasintroduesdenossostraba-lhos, artigoseteses, quandoestamosargindoafavordapresenaeda importnciadeum campo-temaenos colocandodentrodessecampo, nocomo indivduos, mascomopartedeumcoletivo:ospsiclogos.

    Os construcionistasargiram faz tempo (IBAEZ, 2001)quenohnenhumadiferena fundamental entre curiosidade ecincia; e tambm entrea cincia eosdemais saberes e conheci-mentospresentesnomundosocial. Investigarumaformaderela-taromundo e apesquisa social tantoumproduto socialpararelatarquantoumprodutorde relatos;umamaneiradecontar eproduzir-omundo. Apesquisanascedacuriosidadeedaexperin-cia tomadoscomoprocessos sociaise intersubjetivosde fazerumaexperinciaourefletirsobreumaexperincia. Podemoscham-ladeuma experinciadisciplinadapelasprticasdeuma coletividade,seja estauma comunidade agrcola, ummovimentodeparteirastradicionaisoude bolsistasdoCNPq. Agora, qualquerdisciplinacoletiva nonosso casoadisciplinadospsiclogos sociaisdentrodascinciashumanasesociais- temseuspontospositivosenegati-vos, suascontradieseparadoxos (FOUCAULT, 1975). Asdisci-plinasacadmicasemgeral se fundamna boa fenaesperanadeque agemparao bempblico. Semdisciplina entendida comoregras, normas epressupostos, ou limites nohcoletividade;oslibertrioseosanarquistas tambm tmsuadisciplina, seuspressu-

    postos sobregovernana, responsabilidadecoletivaeamaneiradeconduziravidadiria. Umadisciplinaacadmica somente isto:umadisciplina;nemmaisoumenosimportante, superiorouinferi-oraqualqueroutraprticadeanliseediscusso instituda. maisumamaneiradecontribuirparaodiaadia.

    ParaqualquerPsicologiaSocialqueassumeosargumentoscontrucionistascomovlidos, aquestodanossacontribuioaca-dmica levantamuitasquestesmorais;alis, elaaquestomo-

    ral.

    Nossaprese

    n

    an

    odia

    adia

    de

    disc

    u

    sso, n

    ode

    bate

    dirio

    daconstruode sentidos e argumentaonos campo-temas, no

    automticaoupre-autorizadapelaspalavrasmgicascinciaou

  • 5/25/2018 Peter Spink

    10/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    27

    pesquisa. Aocontrrioalgoque, maiscedooumaistarde, terde

    sernegociada edebatida. Isso acontece tambmnodia-a-diadequalquerum:Quemvoc, oquequvoctema vercomisto?;Oquequvocpensa?;Olha voctemquefalaroquepensa, vocest implica-do tambm, istopartedesua vida, queira ouno. Dadoqueodia-a-diaeainvestigaopsicossocialcompartilhamamesmafronteiradacuriosidade (KELLY, 1955;GARFINKEL, 1967), devemos espe-rareestarpreparadospararespondercomopsiclogossociais:oquequensestamosfazendo, comoeaonde?Oquetemosavercomocampo-tema;Oqueestamos fazendoali?Qualanossacontribui-o, anossapartenesteprocesso?Precisamosaprenderqueserpartedocampo-temanoumfimdesemanadepesquisaparticipanteemuitomenosuma relaode levantamentodedados conduzidonum lugar extico, mas , antesdemasnada, a convicomoralque, comopsiclogossociais, estamosnestaquesto, nocampo-tema,porquepensamosquepodemos serteis.

    Sertilpode seralgocomooapoioaodebateou, dadoquenenhuma teoriaouargumentoviajaporcontaprpria (LATOUR,1987), ajudarossabereseconhecimentospresentesaviajarparaqueoutrospossamconecta-loscomoutras idiasepossibilidadesdentrodoprocessodecoletivizao. Podesertambmacontribuiodetra-zeroutrasvozesparaodebate, demostraroutrasposieseoutrosargumentos. Acontribuioquens temospraoferecerprovavel-mentediferenteemcasosdiferentesedificilmenteos seus limitesealcancesestaroclaroparans. Masmuitoimportantequenonosesqueamosdeperguntar:Eda?Porque isto importante?, Por

    queestouaqui?.Tornaralgopsicologicamenterelevantenoumprocessosim-

    plesemuitomenos semproblemas. Hmuitos, infelizmente, queconsideramque tornaralgopsicologicamente relevante capta-lo;torna-loparte integraldaPsicologia, algoque snosospsiclogossabemosou, muitopior, que sospsiclogos temahabilidadederesolver. Trata-sedeumaescolhaticaqueprecisamos fazerentrepossessooucontribuio;propriedadeouutilidade;deserumagru-

    pamento

    de

    interesses

    privados

    ouser

    parte

    da

    coletividade

    social

    .

  • 5/25/2018 Peter Spink

    11/25

    28

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    ACONSTRUOENEGOCIAODOCAMPO-TEMA

    Seocamponoum lugarespecfico, delineado, separadoedistante, segueque estamos semprepotencialmente emmltiploscampos. Podemosvariarem relaonossacentralidadenocampo,masasmatrizesdocampoestosemprepresentes;sempretemosacesso pelomenosdemaneirasubordinadaettica(CERTEAU, 1994)aumapartedasconversaseaesqueoproduzeme reproduzem.

    estapotencialidadedemovimentodopesquisadoroupes-quisadora, oudequalquerpessoacomopartedocampo, quemostrano somenteaspossibilidades, mas tambmas restriesdeacessoaos espaos chavesdeargumentao edebate. Campo, entendidocomocampo-tema, noumuniversodistante, separado, norelacionado, umuniversoempricoouumlugarpara fazerob-servaes. Todasestasexpressesnosomentenaturalizammastam-bm escondemocampo;distanciandoospesquisadoresdasques-tesdodiaadia. Podemos, sim, negociaracessospartesmaisden-sasdocampoeemconseqnciaterumsensodeestarmaispresen-tenasuaprocessualidade. Mas issonoquerdizerquenoestamosno campo emoutrosmomentos;umaposioperifricapode serperifrica, mascontinua sendoumaposio.

    Ocampo-tema, como complexode redesde sentidosque seinterconectam, um espao criado -usando anoodeHenriLefebvre(1991)-herdadoouincorporadopelopesquisadoroupes-quisadoraenegociadonamedidaemqueeste busca se inserirnassuas teiasdeao. Entretanto issonoquerdizerqueumespao

    criadovoluntariamente. Ao contrrio, ele debatidoenegociado,oumelhor ainda, argidodentrodeumprocessoque tambmtem lugar e tempo. Mesmoquandoherdamosum campo-temaouusamos termosquepresumimos como legtimos, por exemplo, ocampodosmovimentos sociaisdeHIV/AIDS, continuamosanego-cia-loatravsdosargumentossobreasua importnciacomo tpico.

    Campoportantooargumentonoqual estamos inseridos;argumentoestequetmmltiplas facesematerialidades, queacon-

    tecemem

    mu

    itoslu

    garesdifere

    ntes

    .

    Oslu

    garespor

    exemplo

    umaaldeiadepesca fazempartedocampo tantoquantoasconversas

    (RIBEIRO, 2003). Uma aldeiadepescapode serumdos lugares

  • 5/25/2018 Peter Spink

    12/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    29

    ondeum argumento estpresente, partedeum campo-temade

    conflitossobresaberesedeopesdedesenvolvimento;mashavermuitasoutras. Entramosnesses lugaresquandoentramosnodebatesobreoconflitodesaberesesobreopesdedesenvolvimentoenoquando entramosna aldeia; a aldeia somenteuma parte daterritorialidadedocampo-tema. Igualmentepodemosestarnames-maaldeiaporoutras razes, porexemploparadiscutir sobreparti-dospolticos, prticasde sadeou turismo.

    Nadaacontecenumvcuo; todasasconversas, todososeven-tos, mediadosouno, acontecememlugares, emespaosetempos, ealgunspodem sermaiscentraisaocampo-temadequeoutros, maisaccessveisdequeoutrosoumaisconhecidosdequeoutros. Algumasconversasacontecemem filasdenibus, no balcodapadaria, noscorredoresdasuniversidades;outrassomediadasporjornais, revis-tas, radioetelevisoeoutraspormeiodeachados, dedocumentosdearquivoedeartefatos, partesdasconversasdotempolongopresentesnashistriasdas idias. Alguns atpodem acontecer comhoramarcada, com blocosdeanotaesougravadores. Entretanto, esses

    lugaresno socontextos;osblocosdeanotaes, osgravadores, onibus, apadaria, auniversidade, osjornais, o rdio, osdocumento,osachadoseartefatos so, comomaterialidades, tambmpartesdasconversas. O social, parausara teoriadeactor-network,3no inde-pendentedasmatrias enem dependentedelas;ao contrrio, osocialproduzidoporesimultaneamenteproduzredesdemateriaisheterogneos (LAW&HETHERINGTON, 2001) incluindopes-soas, textos, tcnicas, falas, mquinas e conceitos. A conversa eo

    blocodeanotaesnosoacontecimentos independentes;obloco3 Ateoriaactor-network(rede-ator)foielaboradainicialmenteapartirdostrabalhosdeLatour&Woolgarsobreofazerdacincia, sobreaproduoedisseminaodeconhecimentoeosprocessosemquepedaosdiferentesdosocial, do tcnico, doconceitualedotextualsojuntadoseconvertidosemprodutoscientficos. Posterior-menteanoocentraldeumamultiplicidadedepessoas, maquinas, animais, textos,eminteraofoiaplicadoaoutrasinstituieseredesdesentidoscomoasorganiza-es, famliaseaeconomia, utilizandooargumentoconstrucionistadequeafinalcincianadamaisdequeumoutroprocessosocial.Adiscussodasimultaneidadede

    construodasocialidadeematerialidadeseaproxima, emparte, teoriadeestruturaodeGiddens(1979).(Ver:LATOURB.&WOOLGAR, S. 1979, LATOUR, B. 1987ELAW, J.&HASSARDJ. 1999.)

  • 5/25/2018 Peter Spink

    13/25

    30

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    deanotaestambmpartedaconversa, eletambmconstitutivo,

    como tambm o consentimento informado empesquisa social(MENEGON, 2003).Quando falamos sobre a boneca contadoradehistrias,

    argimosquepossvelpensarnumcampodeinteressesemtermosde discusses que envolvem a boneca contadora dehistrias eargimosque talvez isto sejatil. Tambmprovvelque, emcer-tos lugaresdoNovoMxico, houtras conversas, maisdensas, eeventosimportantesparaacompreensodestaprocessualidadeondepodemosescutareampliarasvozesquesomaisativasnaconstru-oda bonecae suamaterialidade. Mas issonoquerdizerqueocampo l. OcampoparaaPsicologiaSocial, pararepetir, comeaquandonsnosvinculamos temtica...o resto a trajetriaquesegue estaopo inicial;osargumentosquea tornamdisciplinar-mentevlidaeosacontecimentosquepodemalterara trajetriaere-posicionarocampo-tema.

    Quando falamos emnegociar falamos emprocessosque somultidirecionais. Processosquepodem ser iniciados emqualquermomento eporqualquerparte, pessoaouacontecimento. MuitosdenstivemosaexperinciadeiniciarumainvestigaonopontoAe terminarnoponto J, comumaquestodiferenteouumoutronguloque foisugeridodealgumamaneiraporaquiloqueaconte-ceudurante a investigao. s vezes foramosprprios aconteci-mentos; svezes foramoshorizontesque abriram e fecharam; svezesterminamosporqueumbommomento, porquenoposs-velavanarmuitomaisouporqueoscaminhosesto fechados.

    Abonecacontadoradehistriasaomesmotempoumahis-tria socialeumartefato. No soos termosemqueomundo conhecido(GERGEN, 1985), osnicosartefatos sociaisque inte-ressemospsiclogos sociaisconstrucionistas. Tambmestamos in-teressadosnosseusprodutos. Todososartefatossosociais:noso-menteostermos, mastambmasterminologiaseasmltiplascons-trueshistricascujasmaterialidadessopartedodiaadia. Cami-nhos, automveis, casas, mquinas, computadorespodemparecer

    ser

    osartefatos

    tc

    n

    icosde

    um

    mundo

    objetivo

    ,mas

    su

    amaterialidadeconstrudaem falas, svezesconsensualmente esvezes muitasvezes no.

  • 5/25/2018 Peter Spink

    14/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    31

    ParaaPsicologiaSocial, opassado est semprenopresente

    pordesuacontribuioconstanteaostextosmltiplosdopolissmicodia-a-dia. Nohdvidasdequeosprodutosmaterializadosdenossosdebateseargumentosdoemematam, masnsnopodemosculparmaisningumporsuapresena. Aplvora, porexemplo, foiutilizadadurantesculosparaproduzirfogosdeartifcioparaodiver-timentodecrianaseadultos, bemantesdevirarumarmamento.Emmeadosdo sculodezessete, omareravistocomoameaador;suastempestadeseramassustadorasealgoeaserevitadoatudocus-to. Asaldeiasquedependiamdomarparaa sua sobrevivnciaeramconstrudasvoltadasparaa terra, decostasparaomar. Omaromesmonosculovinteeum, nemmaisnemmenostumultuoso;masagoraofocode lazer, repletodesentidosdeprazereascidadessoconstrudosde frenteparaomar (CORBIN, 1994).

    Opassado estnopresentepelasmuitas falas e em temposdiferentes. Essasno sohomogneas, masheterogneas; s vezessoconsensuaissvezesconflitivas. Diferentes regras institucionais,construdas emmomentosdiferentes, podem fazer comquenossa

    vidadiriapareaconfortvele inevitvel, masnsnonecessaria-menteasseguimosequandoasseguimos, nemsempreofazemosdemaneiracega. apresenasimultnea, conformeargumentouBloch(1977), dediferentes repertriosdeanliseedeargumentaoquepermitequeaquiloquevistosvezescomo inevitvel (oudomi-nante)sejaderrubado. Nossascategoriassosociais, masumsocialdensoeabertoscontradiesdeversesalternativas. Osprocessoshegemnicoseacoletividadecomointelectualorgniconosofor-

    as separadas, organizadasconfortavelmente emespaosdiferentesedistintosdeao. Aocontrrio, elesestopresentesnacacofoniaepolifoniadas falas situadas, dosartefatos edasmaterialidadesdoslugares (SPINK, 2001a, b)

    .

    Estanoomaisamplade campo-tema comodebate cons-tanteesem limitesou fronteiras, temmuitospontosde intersecocomanoodematrizutilizadapor IanHacking (1999):

    As idiasno existemnovcuo, habitam situaes sociais. Vamos

    chamaristoa matrizdentrona qualuma idia ouconceitocria-do (). Amatrizdentroda qual a idia demulher refugiada

  • 5/25/2018 Peter Spink

    15/25

    32

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    formada umcomplexodeinstituies, ativistas, artigosderevista,

    advogados, decisesjurdicas, procedimentosimigratrios. Para nofalarda infra-estrutura material, barreiras, passaportes, unifor-mes, balcesdeaeroporto, centrosdedeteno, tribunaiseoscam-pospara crianasrefugiadas. Vocpodequererconsiderarestescomosociaisporque seus sentidos sooque so importantespara ns,massomateriaisesua materialidade fazuma diferena substan-tiva para aspessoas. Igualmente, as idias sobremulheresrefugia-das afetamo ambientematerial (porquemulheres refugiadasnosoviolentas enoh necessidadede armas, mash uma grandenecessidadedepapel, papel, papel)... (HACKING, 1999 p.10)

    Anoodematrizchamaaatenoparaolugarcomosendoconstitutivode falas e conversas, incluindo a conversa em suamaterialidade. Aspessoasno so iguais eonde elas falam, comoelasfalamequandoelas falamsopartesmutuamenteconstitutivas(Harraway, 1995). Acontecimentos sociaisnoacontecem, eles tmlugar. Amaterialidadesocial;elaproduzidaemfala, suaexistn-

    ciaarg

    idaeafalacontinu

    adentroeemvoltadela.Amaterialidadetemtambmascaractersticasdeummeiona

    medidaemquepermiteconversascomoutros lugarese tempos. Porexemplo, paraterumanoodecaminhonecessrioterumano-odeondeeparaonde;porexemplo ocaminhodomar. Paraterum caminhopblico necessrio terumanoodepropriedadecoletivadistintadaprivada. Ocaminhodo interiorparaSoPaulonumadeterminada pocano eraum caminho como aRodoviaAnhangueradehoje. Ocaminho iade fazendapara fazenda, dentrodas fazendas, eeranecessrioalgum ir frente, negociandoacesso.Hoje temosestradaspblicasdemodupla, pedgio, nibus, gasoli-na, pneusecongestionamentode finsdesemananapocados feria-dos. NaEuropadehoje, asgrandesestradasseguemos traadosela-boradospelo ImprioRomano, obedecendoaoprincpiodoqueocaminhomaisrpidoentredoispontosumalinhareta, emateriali-zandonos seus traadosahegemoniapresentenaexpresso todososcaminhos levam a Roma. Nosmesmosmoldes, a internet, documen-

    tos, artefatosde todosos tipospodem tambm serpartesdocampo,maneirasdeaumentaranossa capacidadededilogo. Jornais, por

  • 5/25/2018 Peter Spink

    16/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    33

    exemplo, sosomenteumapartedoprocessosocialcomplexodapu-

    blicidade, no seu sentidode tornarpblico (HABERMAS, 1984).Odocumentopbliconoummeroregistro, elepartedoproces-so;elematerialidadeenomatria, partedeumdilogo lento, talcomo tambmsoasestradasecaminhos.

    VISITANDOOPROFESSORLEWIN

    EstainteraoentreumaPsicologiaSocialpuramentesocialeumaPsicologiaSocialqueincorporaaconstruodasmaterialidadestambm incorporaalguns elementosdo trabalhodeKurtLewin.SemdvidaanoodecampoemBourdieutambmimportante,mastalvezcomBourdieuosvnculosmaisfortesestocomanoodehbitus(ORTIZ, 1983)porqueanoodecampoemBourdieutemumalcancemaiordoqueum campo-tema, se referindoaumnmerodecampo-temasdentrodaestruturadeclasses. NareadaCinciaPoltica anoode advocacy coalitions (SABBATIER&JENKINSSMITH, 1993)utilizaa idiadasredeseconexes, coa-

    lizesqueadvogameformamoscontornosdapolticapblica, tam-bmcomparalelosnoodematriz. EntretantocomLewinquetemosprovavelmenteomaiordbitohistrico, especialmenteporcausadesuarupturacomoconceitoclssicodeumcampodistintoeobjetivo.

    Esta a introduoqueDorwinCartwright fez teoriadecampodeLewinnacoletneapublicadaapsda suamorte (Teoriado campo nas cincias sociais LEWIN, 1952):

    Todo comportamento concebido comouma mudana, de algu-ma forma, deumcamponumdeterminado tempo. Ao tratardaPsicologia Individualocampodentrodoqualocientista temquetrabalhar o espao de vidado indivduo. O espao de vidaconsisteda pessoa eoambientepsicolgicoqueexistepara ele. Aolidarcoma Psicologia deGrupooua Sociologia, uma formula-o similar proposta. Nspodemos falardo campodentrodoqualogrupooua instituioexistecom exatamenteestemesmo

    sentido, oespaodevida dogrupoconsistedogrupoeoseuambi-entecomoexistepara ogrupo.

  • 5/25/2018 Peter Spink

    17/25

    34

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    Na expressocomo existeparaogrupo (as it exists for the

    group), encontramosa resoluopragmticadeLewinparaaques-todaexistncia, queele formuloudemaneirageralnaexpresso:oquerealquetemefeitos(whatisrealiswhathaseffects. Lewin,1936 p.19). ParaLewin, ateoriadecamponoeraumateoria, masummtodode analisar relaes causais e construir conceitos;detrabalhar comanoodequequalquer evento o resultadodemltiplosdefatores. Suaconcepodequequalquercomportamentooumudana nocampopsicolgicodependesomentedocampopsicolgi-co naquele tempo, tambm, introduziuumaperspectiva complexasobreo tempo (opresente, o futuronopresente eopassadonopresente), umanoodeprocessualidade e tambm anecessidadede trabalharnonvel tantomacroscpicoquantomicroscpico, in-cluindooqueelechamoudeunidadessituacionais(queaproximao terrenodemdioalcance).

    Temosqueconcebera vida dogrupocomooresultadodeconstelaesespecficasde forasdentroda conjuntura (setting)maisampla.... o

    campoco

    moum

    to

    do, incluind

    oseu

    sco

    mponen

    tesp

    sicolgic

    os en

    o

    psicolgicos(LEWIN, 1952 p .174)

    Lewindiscutiua relaoentreosespaospsicolgicoseno-psicolgicosapartirdetrsnoes:oespaodevidapsicolgico(ouoequivalenteem termosdogrupo, instituiooucomunidade);oreconhecimentodequehmltiplosprocessosnomundo fsico esocialquenoafetamo indivduo(ougrupo, instituiooucomu-nidade)nestemomentodetempo;eazona fronteiria, ondecertas

    partesdomundofsicoesocialpodemafetaroestadodoespaodevidado indivduo, grupo, instituiooucomunidadenaquelemo-mento. Porexemplo, acomidaqueestatrsdaportanoafetaoespaodevidadapessoa, anoserqueapessoasaibaoqueestl,ousaibaqueaportaadoarmriodacozinhaondesoguardadosos biscoitos. Anoode zona fronteiria chama atenoparaoshorizontesesmaneiraspelosquaishorizontespodem seramplia-dosoureduzidos, porexemplo, noprocessodeexclusoouinclusosocial (CAMAROTTI&SPINK, 2000;SPINK, 2003)ecomoasportasdavidacotidianapodem ser igualmenteabertasou fecha-das, conhecidasouescondidas. Amanh, como lugarno tempoe

  • 5/25/2018 Peter Spink

    18/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    35

    espao, umacoisaparaalgumquetemumaagendadeatividades;

    querecebepormsequetrabalharegularmentedesegundaasexta.Amanhnoomesmoparaalgumquenotemagenda, quenotemempregoequenosabeoquevaiacontecer-amanh.

    Lewindiscuteaquestodazonafronteirianumpequeno, masbrilhante, trabalho sobrePsychologicalEcology (LEWIN, 1952):

    Qualquertipodevida degrupoocorre numa situaocomcertoslimites; limitesdaquiloque possvel eque no possvel equepodeouno acontecer. Os fatosnopsicolgicosde clima, de co-

    municao, asleisdopasouda organizaosopartesfreqentesdestas limitaesexternas. Aprimeira anlisedocampo feita dopontodevista da ecologiapsicolgica, opsiclogoestuda osdadosno-psicolgicospara descobriro sentidodosdados emdetermi-nar as condiesda vida do indivduoougrupo. Somentedepoisqueestesdados soconhecidos, queoestudopsicolgicopodeco-meara investigaros fatoresquedeterminama ao[..]naquelassituaesdemonstradas como significativas (p.170)

    Lewin falaapartirdeumaperspectiva subjetiva, masumasubjetividade social, mesmoquando elediscuteo indivduo. Porque aspessoas comemoque comem?. Esta foiapergunta inicialdoestudoqueserviucomofocoparaasuadiscussodePsicologiaEco-lgica. Porque est na mesa!, veioa resposta. Ano sernas famliasmaisricas, acomidaquesecomeacomidaqueestnamesaouseuequivalente. Aquesto, defato, outra:descobrircomoacomida-equalcomida-chegamesa. Paraentendercomoacomidachega

    mesa necessrioanalisarosmltiplos canais, portas eporteiras,dentrodosquaisoscomponenteseos sentidosprticosda refeioesto sendo construdos, incluindo tradies, panelas, mercados,produtoseprticas sazonais. Buscandoumaperspectivademdioalcance, Lewin chegoumuitopertodanoodematriz; especial-mentequandofocalizouoespaodevidadogrupo, dainstituioeda comunidade.

    Sevoltarmosagoraquelecampoobjetivo, distintoeemprico,herdadodaantroplogiae tornado localpelaSociologiadaEscoladeChicago, percebemosa importnciadamudana introduzidaporLewin. Ocampoomtodoenoolugar;ofocoestnacom-

  • 5/25/2018 Peter Spink

    19/25

    36

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    preensodaconstruodesentidosnoespaodevidadoindivduo,

    grupo, instituioou comunidade. Percebemos tambm commaisclarezaa importnciadomovimento introduzidoporHackingaodesfocaro indivduo, grupo, instituioou comunidade e focarotema. Campo o campodo tema, o campo-tema;no o lugarondeotemapodeservisto comosefosseumanimalnozoolgico massoasredesdecausalidadeintersubjetivaqueseinterconectamemvozes, lugares emomentosdiferentes, queno sonecessaria-menteconhecidosunsdosoutros. Nosetratadeumaarenagentilondecadaum falaporvez;aocontrrio, umtumultoconflituosodeargumentosparciais, deartefatos ematerialidades.

    AINVESTIGAOEMAO

    Quando fazemosoquens chamamosdepesquisadecam-po, nsnoestamosindoaocampo. Jestamosnocampo, porquej estamos no tema. O que ns buscamos nos localizarpsicossocialmentee territorialmentemaispertodaspartese lugaresmaisdensosdasmltiplas interseese interfacescrticasdocam-po-temaondeasprticasdiscursivasseconfronteme, aoseconfron-tar, setornammaisreconhecveis(Long, 2001). Parafazerisso, nohmtodos bonsou ruins;h simplesmentemaneirasde estarnocampo-tema, incluindoapoltronadabiblioteca. Mtodo, nadamaisdequeadescriodocomo, ondeeoque. OescritoringlsRudyardKipling, escreveu em 1902:Eumantenho seis serviaishonestosquemeensinaram tudoquesei;seusnomes sooque ,

    porqueequando, ecomo, ondeequem. (Ihavesixhonestserving-men,(they taughtme all Iknew), their names areWhat andWhy andWhen, andHow andWhere andWho TheElephantsChild, JustSoStories).

    Aoabriranoodemtododestamaneira, aumentamos enodiminumosanossaobrigaodeentenderasconseqnciasdenossapresenano campo-tema. O campo-temano umaqurioqueolhamosdooutro ladodovidro;algodoqual fazemosparte

    desdeoprimeiromomento emquedissemos, estou trabalhandocom......... A investigao em ao, portanto, se refere aoda

  • 5/25/2018 Peter Spink

    20/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    37

    investigao;sualocalizaocomopartedotema. Conversarsobreo

    queentendemos, ampliarargumentos, narrarepublicaroquepare-ce importantenarraroupublicar, no so atividades eventuais eopcionais. Estamosnocampo-temaporquedisciplinarmenteacha-mosquepodemosserteisesemprebomlembrarque, aocontr-riodaposioconfortvelda separaodeproblema e soluonafamosafraseatribudaaoLenin sesomospartedasoluo, prova-velmente somos tambmpartedoproblema.

    Lugares, eventos, pessoas, rostos, artefatos, documentos, im-presses, recortes, anotaes, lembranas, fotos e sons empartes eempedaos (muitospedaos);umconfrontode saberesumanego-ciaode sentidosnuma buscadeampliarpossibilidadesde trans-formarprticas. Somalavisadopodepensarqueissoumaatividadeneutra. Porexemplo, aotirarfotosdemulheresnazonaruralecons-truirumaparedede fotosno lugarondenotemespelhosemuitomenosvitrines, oque fazemosdialogar;coma identidadeurbanaeaidentidaderural, comafeminilidade, afamlia, abeleza, asques-tesdegnero. Dialogamosporqueestamosonde estamos, no s

    fisicamente, mas scio epsicologicamente.Nohdadosnasnossas investigaesporquenoh fatos

    empricos esperandopacientementee independentementepara se-rem interpretados. Transformar o agir do outro em dados desqualificarsuapresenaereduzi-lo, comoGarfinkel(1967)argu-mentou, aostatusdeumidiotasocial, oupior, aostatusdeumamercadoriaondeamaisvaliaacadmicarouba-lheasuacompetn-cianaconstruodiriadadesigualdade. Nohdados, mash, ao

    contrrio, pedaosou fragmentosde conversas: conversasnopre-sente, conversasnopassado;conversaspresentesnasmaterialidades;conversasquejvirarameventos, artefatose instituies;conversasaindaemformao;e, maisimportanteainda, conversassobrecon-versas. Nohmltiplas formasde coletadedadose, sim, mlti-plasmaneirasde conversar com socialidades ematerialidades emque buscamosentrecruza-las, juntandoos fragmentosparaampliarasvozes, argumentos epossibilidadespresentes.

  • 5/25/2018 Peter Spink

    21/25

    38

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    NARRANDO:ADISSERTAOASSUMEUMAFORMA

    ACincia tem suasmaneirasdenarrare tambmelaumamaneiradenarrar. Hmuitasoutrasmaneirasdenarrarcomames-mautilidade:porexemplo, onarrardaexperinciaouonarrardatradio. Muitodaquiloque chamamosCincia, especialmenteaCinciaSocialeaPsicologiaSocial, are-textualizaodooutro;ore-narrardojnarrado. Ore-narraracadmicoumnarrardema-neiraescritadonarraroral, daconversa, davisita, domaterial, damaterialidade, dosachados eperdidos.

    A linguagemacadmicano temnenhumdireitoa prioridedominarasdemaisformasdeexpresso, porquenohumsaberouum conhecimentoque englobaosdemais. Ao contrrio, hmlti-plossaberesehtambmmltiplosconflitosentreasepistemologiastradicionaiseasdamodernidadecientfica;semfalarnossaberesdosensocomum, que fazemdecontaqueno so saberes (GEERTZ,1983). Os saberes soprocessos sociaisecoletivos eapesquisaemPsicologiaSocial tambmumprocesso socialecoletivo;umpro-

    cessonoqualsomosconsideradosmembroscompetentescomotam-bm somosmembroscompetentesdeoutrosprocessoseoutros sa-beres. Os saberes sodiferentes edeconstruir aPsicologiaSocialdestamaneiranodestrui-la. Aocontrrio, coloca-lacomospsdevoltanocho, nolugardoslugaresjuntocomosdemaissaberes.Aonarrarosnossostrabalhosprecisamosnosomenteconstruirumdilogoentreocampo-tema eosnossos colegaspsiclogos sociais;mastambmumdilogoparaoutraspessoasquenosejamnemdo

    campo-tema enemdaPsicologiaSocial, mas tambmpodem sevincularquesto emdiscusso. No lugardos lugares, a transpa-rnciadas contribuiesdiferentes a basedacoletividade.

    Seoprocessodepesquisanoumprocessodeacharo realouuma investigaoparadescobriraverdademas, aocontrrio, uma tentativadeconfrontar, entrecruzareampliaros saberes, pre-cisamos tambm buscarmeiose formasdenarrareveicularnossosestudosque incluem enoexcluem;queapiamosdebateseno

    afastameexcl

    u

    em

    osde

    batedores

    .

    Sesa

    bemos

    qu

    euma

    dissertaoouteseprecisaserre-escritaparasetornarumlivroqueagradvel

  • 5/25/2018 Peter Spink

    22/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    39

    para ler, onde estoproblema: coma teseou como livro?Sem

    dvidanossosestilosacadmicosdenarrarestoaindamuitopresosaospressupostoscientficospre-construcionistaseprecisamosestarpreparadosparaabrirmodaestruturaeestilosconvencionaisdasdissertaes, teses, artigoseapresentaesquandoestesnoajudama construirumdialogo inicial entreo campo-tema e asdemaispessoasdiretaou indiretamentepresentes - incluindoosno-pre-sentes-mas-presentes-nas-narrativas. Podemosolharparaoutrasdis-ciplinasparaveroutrassoluespossveis, nosomenteasCinciasHumanos eSociaismas tambmnosmeios artsticos e literrios.Precisamos, ainda, estarpreparadosparadiscutircomonegociamosnossapresenanasdiferentespartesdamatrizdo campo-tema ecomo lidamos comaquesto ticanos lugaresonde fomos enasconversasque tivemos;dedescreveroque fizemosecomo fizemosde maneira compreensvel para todas as pessoas direta ouindiretamentepresentes. Precisamos lembrarquepsiclogos epsi-clogas sociais so, antesdemaisnada, seres sociais...

    REFERNCIAS

    BAHTI, M. Pueblo Stories and Storytellers. Treasure ChestPublications. TucsonAz. 1988

    BLOCH, M. Thepastand thepresent in thepresent. Man, 12,2,278-292, 1977

    CAMAROTTI, I. &SPINK, P.K. EstratgiasLocaispara a reduoda pobreza: construindo a cidadania.SoPaulo:FGV/Eaesp, 2000

    CERTEAU, M. de. Ainvenodocotidiano. PetropolisVozes, 1994

    CORBIN, A. TheLureof the sea: thediscoveryof the seaside1750 -1840. Cambridge:Polity, 1994

    COULON, A. AEscola deChicago. Campinas:Papyrus, 1995

    FOUCAULT, M. Vigiar ePunir. Petropolis:Vozes, 1975

  • 5/25/2018 Peter Spink

    23/25

    40

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    GARFINKEL, H. Studies inEthnomethodology. NewYork:Prentice

    Hall, 1967GEERTZ, C. LocalKnowledge. NewYork:BasicBooks, 1983

    GERGEN,K. The social constructionistmovement inmodernpsychology. TheAmerican Psychologist, 40, 266-275, 1985

    GIDDENS, A. Central Problems inSocialTheory: action, structureandContradiction inSocialAnalysis. London:Macmillan, 1979

    HABERMAS, J. Mudana Estruturalda Esfera Pblica: investigaesenquantouma categoria da sociedadeburguesa. RiodeJaneiro:TempoBrasileiro, 1984

    HACKING, I. The social construction ofwhat. Cambridge,Mass:HarvardUniversityPress, 1999

    HARRAWAY,D. Cincia, cyborgsymujeres:la reinvencindela naturaleza.Valencia:EdiesCtedra , 1995

    IBAEZ, T. Municionespara disidentes: realidad verdad -poltica.Barcelona:EditorialGedisa, 2001

    KELLY, G. ThePsychologyofPersonalConstructs. NewYork:Norton,1955

    LATOUR, B. Science inAction. Cambridge, Mass:HarvardUniversityPress, 1987

    LATOURB.&WOOLGAR,S. LaboratoryLife:thesocialconstructionof scientific facts.BeverleyHills:SagePublications, 1979

    LAW, J. &HASSARD,J.(orgs)ActorNetworkTheory and after.Oxford:Blackwell, 1999

    LAW.J&HETHERINGTON K. Materialities, Spatialities,Globalities. Department of Sociology, LancasterUniversity(www.comp.lancs.ac.uk/sociology/soc029jl.html ,2001

    LAW, J. &MOL., A. NotesonMateriality andSociality.TheSociologicalReview. 43, 2, 274-294, May, 1995

  • 5/25/2018 Peter Spink

    24/25

    Psicolog ia & Sociedade; 15 (2): 18-42; jul./dez.2003

    41

    LEFEBVRE, H. Theproductionof space. Oxford:Blackwell, 1991

    LEWIN,K. PrinciplesofTopological Psychology. NY:McGrawHill,1936

    LEWIN, K. FieldTheory inSocial Science.London:TavistockPublications, 1952

    LONG,N. 2001 Development Sociology: actor perspectives.London:Routledge

    MCLUHAN, M. Understanding Media: the extension ofman.London:RoutledgeandKeganPaul, 1964

    MELOY J. M. Writing theQualitativeDissertation. Mahwah,NJ:LawrenceErlbaumAssociates, 2002

    MENEGON, V. S. M. Entrea linguagemdosdireitosea linguagemdosriscos:osconsentimentosinformadosnareproduohumanaassis-tida. TesedeDoutoradoemPsicologiaSocial, PUC-SP, 2003

    ORTIZ, R. (org).PierreBourdieu. SoPaulo:Editoratica, 1983

    RIBEIRO,M. A. T. Aperspectivadialgicanacompreensodepro-blemassociais:ocasodapescadecurralemIpioca, Macei, Alagoas.Tesede DoutoradoemPsicologiaSocial, PUC-SP, 2003

    SABATIER, P.A& JENKINS-SMITH H. C. Policy Change andLearing:anadvocacycoalitionapproach.BoulderCol:WestviewPress,1993

    SPINK, M. J. (org)1999 PrticasDiscursivaseProduodeSentidosnoCotidiano. SoPaulo:CortezEditora, 1999

    SPINK, M. J. Psicologia Social eSade:prticas, saberes e sentidos.Petropolis:Vozes , 2003

    SPINK, P. Lapsicologiay la sociedadcivil: recordandoaGramsci.Revista Avepso. 24, 2, 9-34, 2001a

    SPINK, P. OLugardoLugarnaAnliseOrganizacional. Revista deAdministrao Contempornea, 5, EdioEspecial, 11-34, 2001b

  • 5/25/2018 Peter Spink

    25/25

    42

    Spink,P.K .Pesqu isa de campo em psicolgia socia l: uma perspectiva ps-construcion ista

    SPINK, P. PovertyandPlace. inCarrS.C. &Sloan,T.S. Povertyand

    Psychology: emergent criticalpractice. NY:KluwerAcademic/Plenum(inpress), 2003

    PeterKevin SpinkDoutoremPsicologia, DocentedoPrograma dePs-graduaoemPsicologia Socialda PUC-SP, pesquisadordo NcleodeOrganizaeseAoSocial

    comnfaseempsicologia organizacional,polticaspblicas, administraopblica.

    Oendereoeletrnicodoautor:[email protected].

    PeterKevinSpink

    Pesquisadecampoem psicologiasocial:umaperspectivaps-construcionista

    Recebido:29/4/2003

    1reviso:5/8/2003

    Aceitefinal:10/9/2003