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paz - Agência ECCLESIA · 2016. 1. 8. · 28 - Dossier Igreja e Refugiados 58 - Multimédia 60- Estante 62 - Concílio Vaticano II 64- Agenda ... interior afirmou que a paz é um

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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião: D. Pio Alves22 - Opinião: D. José Cordeiro24 - Opinião: Loc/MTC26 - Semana de.. José Carlos Patrício

28 - Dossier Igreja e Refugiados58 - Multimédia60- Estante62 - Concílio Vaticano II64- Agenda66 - Por estes dias68 - Programação Religiosa69- Minuto Positivo70 - Liturgia72 - Jubileu da Misericórdia74 - Ano da Vida Consagrada76 - Fundação AIS78 - Lusofonias

Foto da capa: ACNUR.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Um novo ano depaz[ver+]

Intenções do Papana internet[ver+]

O desafio dosrefugiados[ver+]

D. Pio Alves | D. José Cordeiro |LOC/MTC | João Aguiar Campos |João van Zeller | Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | JoséCarlos Patrício

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O rosto das palavras

João Aguiar Campos SecretariadoNacional das Comunicações Sociais

Está escolhida, em Portugal, a palavra do ano2015: refugiado.Segundo a Porto Editora, que promove avotação, a palavra foi a preferida por 31% dasmais de 20 mil pessoas que se pronunciaramonline, durante o mês de Dezembro. Sucede aesmiuçar, vuvuzela, austeridade, entroikado,bombeiro e corrupção; e venceu a concorrênciade terrorismo, acolhimento, esquerda, drone,plafonamento, bastão de selfie, festivaleiro,superalimento e privatização.Tendo em conta estes outros vocábulos, aescolha parece-me natural. Mas quero pensarque corresponde a uma efetiva atenção a umdrama que, mesmo se progressivamentesilencioso ou silenciado, continua premente esem solução corajosamente pensada.Incompreensível seria, isso sim, a declaradaindiferença -- essa forma subtil de ser cúmplice.Acredito que quem votou em “refugiado” viurostos na palavra: o rosto de pessoasperseguidas, ameaçadas e espoliadas nas suasterras de origem, exploradas pelos traficantes e,além disso, frequentemente mal-amadas pelospaíses de acolhimento. Alguns destes, aliás, nãoraro se comportam como países de mero econtrariado recolhimento: uma espécie dearmazéns temporários com pressa de “fazerseguir” quem chega e se deseja apenas emtrânsito…Acolher e não simplesmente recolher é, na minhaperspetiva, um grande desafio que a todos nósse coloca, para recebermos sem “mas”,integrarmos sem segundas intenções e darmossem calcular

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lucros que que até provocam omaléfico ciúme de quem viu primeirocomo “viver de” em vez de como“viver para”…O Papa Francisco, na suaMensagem para o 102º Dia Mundialdo Migrante e Refugiado, que sevive em 17 deste mês de Janeiro,não poupa nas palavras: “Ninguémpode fingir que não se senteinterpelado pelas novas formas deescravidão geridas pororganizações criminosas quevendem e compram homens,mulheres e crianças…”. Serespetador, repete-se, é sercúmplice.Mas Francisco já tinha alertado, háum ano, para a necessidade de agir,quando escreveu: “à globalizaçãodo fenómeno migratório é preciso

responder com a globalização dacaridade e da cooperação, a fimde se humanizar as condições dosmigrantes. Ao mesmo tempo, épreciso intensificar os esforços paracriar as condições aptas agarantirem uma progressivadiminuição das razões que impelempopulações inteiras a deixar a suaterra natal (…)”. No mesmo textourgiu “ a coragem e a criatividadenecessárias para desenvolver, anível mundial, uma ordemeconómico-financeira mais justa eequitativa, juntamente com um maiorempenho em favor da paz”.Todos sentimos que é mais fácilcomover-se que mover-se.Sem escolher o verbo do ano, qualdestes prefere, leitor?..

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Os 10 candidatos à presidência da República em debate na Antena 1

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“A primeira questão que se impõe refere-se àsuperação da fase de emergência para darespaço a programas que tenham em contaas causas das migrações, das mudanças quese produzem e das consequências queimprimem novos rostos às sociedades e aospovos” (Papa Francisco, Mensagem para oDia Mundial do Migrante e Refugiado) “A igreja mais do que uma empresa, umaestrutura, deve e tem de ser vista como omistério da maternidade” (D. António deSousa Braga, bispo de Angra) Mais do que assistencialismo social,precisamos de responsabilidade social e dedistribuição justa e equitativa dos recursos.(Guilherme d’Oliveira Martins, Jornal Voz daVerdade) “A simples informação não produz decisão.As decisões coletivas precisam de passar porfóruns de discussão” (Diogo Pires Aurélio,Jornal Público) "Sou mau colega? Treinador? Como não oqualifico como treinador, logo não sou maucolega” (Jorge Jesus sobre Rui Vitória)

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Votos de Paz dos bisposportugueses para 2016

Após um ano marcado pelasguerras e os atos terroristas quechegaram ao coração da Europa, osbispos portugueses multiplicaram osapelos à paz no início de 2016, umpouco por todo o país. O cardeal-patriarca de Lisboa incentivou osportugueses a uma intervençãosocial, cívica e políticacomprometida no sentido deajudarem o país a enfrentar osdesafios que vai ter pela frente.“Entramos em 2016 comindisfarçáveis preocupações, aqualquer nível que nos situemos.Mas o pior seria deixarmos quealgum atordoamento redundasseem indiferença”, escreve D. ManuelClemente, numa mensagemdisponível na página do Patriarcadode Lisboa.Já o bispo do Porto diz quefenómenos como a crise derefugiados, o terrorismo, adiscriminação religiosa, odesemprego ou a pobreza devemdespertar a

diocese e o país para um ano de2016 cheio de “gestos de bondade,de misericórdia e de compaixão”.D. António Francisco dos Santossublinha as "situações dolorosas"que persistem sem resolução, como"as guerras intermináveis" e as "perseguições aos cristãos" empaíses como a Síria, o Iraque ou aNigéria.Na Guarda, o bispo da diocese dointerior afirmou que a paz é um “bemessencial para as pessoas e para ascomunidades” que não acontece por“geração espontânea” mas “exige” oempenho de todos, cidadãos ecomunidades. “São muitos os sinaisno mundo atual a dizer-nos que apaz está ameaçada. As bombas quediariamente estão a cair sobre

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populações indefesas, a série deatentados terroristas que trazem omundo dito desenvolvido empermanente tensão”, disse D.Manuel Felício, na Solenidade deSanta Maria Mãe de Deus (1 dejaneiro).O bispo de Lamego, por sua vez,espera que o novo ano traga ummundo menos “egocêntrico”,reduzido a uma tirania do “eu” ondeDeus e os outros não ocupammuitas vezes lugar. “Todos estamosimersos no lodaçal da indiferença,talvez a mais grave doença queafeta a humanidade deste temposoturno”, escreve D. António Couto,numa mensagem partilhada com aAgência Ecclesia.

D. Amândio Tomás, bispo de VilaReal, espera que “não falte aospobres o que sobra e é esbanjado,na mesa dos ricos, porque pobres ericos são filhos do mesmo Pai, quemanda o sol e a chuva, sobre uns eoutros, sobre justos e injustos,tendo destinado os bens da terrapara proveito de todos”.O bispo do Funchal afirmou nahomilia da Missa de ação de graçaspelo ano que terminou que 2015alertou para a “urgência de paz nocoração do mundo” através de uma“cultura da solidariedade e damisericórdia”. “Urge fomentar acultura da solidariedade e damisericórdia para vencer aindiferença e construir a paz. Alémdos compromissos dos chefes deestado e da comunidadeinternacional para promover a paz,este apelo dirige-se a todos oshomens e mulheres de boavontade”, disse D. António Carrilho.

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Jornadas da Pastoral Familiar dãocontinuidade ao debate do Sínodo

O Departamento Nacional daPastoral Familiar (DNPF) da IgrejaCatólica em Portugal vai promover a16 e 17 de janeiro as suas jornadasanuais, que este ano procuram darcontinuidade ao debate do Sínododos Bispos sobre a família. Oorganismo da Comissão Episcopaldo Laicado e Família dedica a 27ªedição das Jornadas Nacionais daPastoral Familiar ao tema ‘Avocação e a missão da família’, coma presença do presidente destacomissão, D. Antonino Dias, queparticipou em outubro naassembleia geral ordinária doSínodo, no Vaticano.

O bispo de Portalegre-CasteloBranco vai apresentar asconferências ‘A Igreja à escuta dafamília’ e ‘A família nos desígnios deDeus’. “As nossas jornadas situam-nos neste pulsar intenso da vida daIgreja, que se volta para a família,para escutar as suas alegrias eanseios, a descobrir no desígnio deDeus, e ajudar na realização da suamissão na Igreja e no mundocontemporâneo”, refere o DNPF, emnota enviada à Agência ECCLESIA.As jornadas, com inscrições emaberto, vão decorrer no Semináriodo Verbo Divino, em Fátima.

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Feriados religiosos regressam em2016O ministro dos NegóciosEstrangeiros de Portugal confirmouque os dois feriados religiosossuprimidos em 2013 vão serrepostos já em 2016. “Os feriadosreligiosos serão repostos ao mesmotempo que os feriados civis”, disseAugusto dos Santos Silva aosjornalistas, após a abertura doSeminário Diplomático, evento anualpromovido pelo Ministério dosNegócios Estrangeiros (MNE).O Parlamento vai discutir esta sexta-feira várias iniciativas legislativasque têm em vista a reposição dosferiados civis (5 de outubro e 1.º dedezembro). No caso dos feriadosreligiosos (Corpo de Deus e Todosos Santos), esta reposição nãoacontece por via parlamentar,porque “envolve uma negociaçãoentre dois Estados soberanos,Portugal e a Santa Sé”, através doscanais diplomáticos.“Logo que a decisão sobre areposição dos feriados civis sejafeita, o Ministério dos NegóciosEstrangeiros, que é o organismoresponsável, trocará em nome doEstado português, notas verbaiscom a Santa Sé que vão repor osferiados religiosos em 2016”, referiuAugusto Santos Silva.

O dia do Corpo de Deus (solenidadelitúrgica do Santíssimo Corpo eSangue de Cristo, no calendáriocatólico) é um feriado móvel,celebrado sempre a uma quinta-feira e 60 dias depois da Páscoa,que este ano se festeja a 26 demaio. A solenidade de Todos osSantos é um feriado fixo, assinaladoa 1 de novembro.A suspensão dos feriados religiososfoi resultado de um “entendimentoexcecional” entre a Santa Sé e oGoverno português, em 2012, comuma duração máxima prevista decinco anos.O artigo terceiro da Concordata de2004, assinada entre Portugal e aSanta Sé, indica que os dias“festivos católicos”, além dosdomingos, “são definidos poracordo”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Cristãos de rito bizantino celebram Natal no Algarve

Formação avançada "O mundo da Bíblia"

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Papa estreia vídeos mensaiscom apelo ao diálogo inter-religioso

O Papa divulgou o primeiro vídeodedicado às intenções mensais doApostolado de Oração (AO),lançando um apelo ao diálogo entreas várias religiões através doYouTube e das redes sociais. “Amaior parte dos habitantes doplaneta declara ser crente e issodeveria provocar um diálogo entreas religiões”, refere.O primeiro destes novos vídeosmensais tem a participação depadres católicos e responsáveisbudistas, muçulmanos e judeus,além de imagens marcantes dopontificado

de Francisco em que o pontíficeargentino promove gestos concretospara o diálogo inter-religioso.O Papa convida a “rezar” por estediálogo e a “colaborar com quempensa de maneira diferente”.“Muitos pensam de outra maneira,sentem de outra forma, procuramDeus ou encontram Deus de váriasmaneiras. Nesta multidão, nesteleque de religiões há somente umacerteza para todos: todos somosfilhos de Deus”, acrescenta.Esta é uma iniciativa global,

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promovida pelo Apostolado daOração, da Companhia de Jesus(Jesuítas), que visa colaborar nadifusão das intenções mensais doPapa sobre os desafios dahumanidade, uma tradição comomais de 100 anos.De acordo com o AO, estima-se quefaçam parte da Rede Mundial deOração do Papa mais de “30milhões de pessoas”, em dezidiomas.‘O Vídeo do Papa’ é um projeto foiidealizado e realizado pela agênciaLa Machi, Consultora deComunicação para Boas Causas, econta com o apoio do AO-Portugal.Todos os meses, o Papa confia aoAO duas intenções de oração: umauniversal, com temáticas queapelam “a todos os homens emulheres de boa vontade”; e outrapela evangelização, mais centradana vida da Igreja e na sua missão.

“Confio em vocês para difundir aminha intenção deste mês: que odiálogo sincero entre homens emulheres de diversas religiõesproduza frutos de paz e justiça.Confio na tua oração”, concluiFrancisco.Segundo o diretor geral delegadoda Rede Mundial de Oração doPapa, Frédéric Fornos, sj, “numMundo onde tudo leva àfragmentação, à oposição e àdivisão, é mais do que nuncanecessário que as religiões e aspessoas desejosas de paz,fraternidade e solidariedade semobilizem juntas em projetoscomuns”.“O Papa Francisco propõe em cadamês um desafio que diz respeito atodos. As religiões, mais do quenunca, têm que mostrar que juntaspodem mobilizar-se por desafioscomuns ao serviço da paz, dafraternidade e da solidariedade”,acrescenta o sacerdote jesuíta.

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Empenho na construçãode um mundo mais justo em 2016O Papa começou o ano de 2016 noVaticano com um apelo àconstrução de um mundo livre da"injustiça e violência quediariamente ferem a humanidade".“Onde não consegue chegar arazão dos filósofos nem aintervenção dos políticos, conseguefazê-lo a força da fé que a graça doevangelho de Cristo nos traz e queaponta sempre novos caminhos”,sustentou.Na primeira celebração eucarísticado ano, na Basílica de São Pedro,Francisco sublinhou que, com avinda do seu filho Jesus ao mundo,Deus quis marcar “a plenitude dostempos”. Contudo, os “sinais atuais”são contrários à presença de Deus,pois essa “plenitude dos temposparece esboroar-se perante asinúmeras formas de injustiça eviolência que diariamente ferem ahumanidade”, um “rio de miséria,alimentado pelo pecado”,denunciou.Ao longo da sua homilia, o Papaargentino lembrou as “multidões dehomens, mulheres e crianças quehoje fogem da guerra, da fome, daperseguição”. Pessoas que estão“dispostas a arriscar a vida para

verem respeitados os seus direitosfundamentais”.“Todos somos chamados amergulhar neste oceano, adeixarmo-nos regenerar para vencera indiferença que impede asolidariedade e sair da falsaneutralidade que dificulta a partilha”,frisou o Papa, que lembrou tambéma responsabilidade que deve serassumida por todos os cristãos.Um repto que Francisco renovariamais tarde na celebração doângelus, perante os peregrinos queencheram a Praça de São Pedro. "Apaz que Deus Pai deseja semear nomundo deve ser cultivada por todosnós, e não só. Deve ser tambémconquistada", referiu o Papaargentino, desafiando as pessoas auma mudança de "coração" e"espiritual".

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Imitar os Reis MagosO Papa assinalou no Vaticano asolenidade da Epifania, conhecidapopularmente como Dia de Reis, econvidou os fiéis a imitar os Magospara superar a “mediocridade” navida. “A experiência dos Magosexorta-nos a não nos contentarmoscom a mediocridade, a não ‘viverpela metade’ (vivacchiare, emitaliano), mas a procurar o sentidodas coisas, a perscrutar com paixãoo grande mistério da vida”, disse,desde a janela do apartamentopontifício, perante milhares de fiéisreunidos na Praça de São Pedropara a oração do ângelus.Segundo Francisco, o episódio davisita dos Magos a Belém, relatadano Evangelho segundo São Mateus,mostra que ninguém se deve“escandalizar com a pequenez e apobreza”, mas que é preciso

reconhecer “a majestade nahumildade”. Esta celebração,enquadrada no tempo litúrgico doNatal, tem um caráter de“universalidade”, precisou o Papa.“A Igreja sempre viu nos Magos aimagem de toda a humanidade ecom a celebração da Epifania quercomo que guiar respeitosamentecada homem e cada mulher destemundo para o Menino que nasceupela salvação de todos”,prosseguiu.Francisco recordou que após onascimento de Jesus, foram ospastores e os Magos a chegar emprimeiro lugar ao presépio,mostrando assim que paraencontrar-se com Cristo é“necessário saber levantar o olharpara o céu”. No final do encontro deoração, o Papa saudou ospromotores de um cortejo de reis naPraça de São Pedro e suasimediações.

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Papa faz visita surpresa ao local do primeiro presépio de São Francisco deAssis

Abertura da Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior

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Felizes os misericordiosos

D. Pio Alves Presidente da Comissão Episcopal da Cultura , Bens Culturais e Comunicações Sociais

A nossa sociedade, a nossa cultura, foiassumindo, ao longo dos séculos, valoresfundamentais do cristianismo. O vocabulário,típico do pensamento cristão, é disso veículo eexpressão. Seriam infindáveis os exemplos.É, por isso, significativa, por contraste, aausência e, mais ainda, a alergia ao uso dealguns vocábulos. Por exemplo, é notória arecusa por parte do comum das cabeçaspensantes e dos políticos em geral da palavracaridade. Vemos como, rapidamente, preferem odepreciativo caridadezinha ou, com dedoacusador, assistencialismo. Um político que sepreze fala de justiça, não de caridade!Convenhamos que a justiça estáabundantemente presente no vocabuláriocorrente. Está assumida, mas empobrecida.Ligada, mais frequentemente, apenas àdimensão salarial ou ao castigo dos infratores. Alei humana, com as suas frequentesincongruências, é a sua meta e o seu limite. Daío possível e real paradoxo da justiça injusta. Éque há mais mundo para além da justiça!É verdade que não há caridade sem justiça. Nãoé menos verdade que a justiça sem caridadepode subverter a justiça e torná-la injusta. Aordem é, efetivamente, justiça e caridade. Mas averdadeira relação pessoal e social não terminana justiça: prolonga-se e complementa-se nacaridade.Sobre esta base imprescindível e indo ainda maislonge, mas, paradoxalmente, estreitando mais arelação pessoal, entramos no mundo damisericórdia. “A misericórdia é o coração deDeus, escreve o Papa Francisco na suaMensagem

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para o Dia Mundial da Paz. Por issodeve ser também o coração detodos aqueles que se reconhecemmembros da única grande famíliados seus filhos, um coração quebate forte onde quer que esteja emjogo a dignidade humana, reflexo dorosto de Deus nas suas criaturas”.“A melhor sensação que podemoster, tinha escrito, é a de sentirmisericórdia. (…) Um pouco demisericórdia torna o mundo menosfrio e mais justo” (17.03.2013).Mas se a caridade é excluída oureinterpretada no vocabuláriosupostamente bem pensante,a misericórdia não aparece de todo.

Alguém consegue imaginaro atrevimento de um discurso naAssembleia da República centradona misericórdia? Para ajudar aodiscurso recordo a existência de umguião, o mais humano possível: aschamadas obras de misericórdia. Oelenco pode encontrar-sefacilmente. Em todas há muitamargem de progressão. A única quese pode dar por assumida (mascertamente por razões sanitárias) é enterrar os mortos!Não é verdade que dão um grandediscurso? E é verdade que vale apena, porque, realmente, são“felizes os misericordiosos” (Mt 5, 7).

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A Porta

D. José Cordeiro Bispo de Bragança Miranda

1. Deus abre a portaAo entrar na igreja, a porta recorda de imediatoas palavras de Jesus no Evangelho de S. João:«Eu sou a porta das ovelhas» (Jo 10,7) e logo aseguir, «Eu sou a porta, se alguém entrar porMim, será salvo» (Jo 10,9). Cristo é a passagemdo homem para Deus. Tanto na sua estruturacomo no seu ornamento, a porta é símbolo deCristo, a única porta da misericórdia. Por isso,passar a porta da Igreja está cheia designificados e compromissos.Uma porta é, por um lado, uma realidade quefecha e separa dois lugares; e, por outro lado,que abre e mete em relação e comunicação. Temalém da sua função prática este apelo depassagem, da condição de peregrinos à decontemplativos. A porta é assim uma meta, otermo de uma etapa de um processo deconversão: passar desta vida à vida eterna, dacondição de pecador à salvação.Entrar na Catedral ou noutra igreja ou santuáriopela porta, não significa entrar num edifíciosagrado de culto, mas unir-se a uma comunidadecrente e orante reunida em assembleia litúrgica,ou seja, em assembleia santa. Para todo ocristão, entrar na porta da igreja, «significaentrar a fazer parte de toda a história de fé deum povo e pertencer-lhe inteiramente. Querdizer, escolher de ser membro do corpohistórico, presente e passado, da comunidadecrente» (G. Boselli).Ao entrar na igreja e particularmente nasprocissões (ex. hoje no início do Jubileu daMisericórdia, no Domingo de Ramos, na entradada missa dominical), somos convidados a cantar

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«levantai, ó portas, os vossosumbrais; alteai-vos pórticos antigose entrará o rei da glória» (Sl 24,7).Nalgumas celebrações (Batismo,Matrimónio, Exéquias) os fiéis sãorecebidos às portas da igrejamarcando pois uma fronteira entre oque se vê e o mistério que secelebra.O Papa Francisco, di-lo de umaforma mais viva: «À nossa frenteestá a porta, mas não só a portasanta, a outra: a grande porta daMisericórdia de Deus — e é umaporta bonita! — que recebe o nossoarrependimento oferecendo a graçado seu perdão. A porta égenerosamente aberta, e devemoster um pouco de coragem paracruzar o limiar. Cada um de nós temdentro de si situações que pesam.Todos somos pecadores!Aproveitemos este momento quechega e cruzemos o limiar destamisericórdia de Deus, que nunca secansa de perdoar, nunca se cansade nos esperar! Observa-nos, estásempre ao nosso lado. Coragem!Entremos por esta esta porta!»(audiência geral 18.11.15). 2. A Porta da Misericórdiado bom SamaritanoNo dia 8 de dezembro, toda a Igrejafoi com-vocada para (re)entrar pelaPorta Santa da Misericórdia eprosseguir na abertura do Espírito:«ao cruzar a Porta Santa, queremostambém

recordar outra porta que, hácinquenta anos, os Padresdo Concílio Vaticano II escancararamao mundo. Esta efeméride não podelembrar apenas a riqueza dosdocumentos emanados, quepermitem verificar até aos nossosdias o grande progresso que serealizou na fé. Mas o Concílio foitambém, e primariamente, umencontro; um verdadeiro encontroentre a Igreja e os homens donosso tempo. Um encontro marcadopela força do Espírito que impelia asua Igreja a sair dos baixios que pormuitos anos a mantiveram fechadaem si mesma, para retomar comentusiasmo o caminho missionário.Era a retomada de um percurso parair ao encontro de cada homem nolugar onde vive: na sua cidade, nasua casa, no local de trabalho... emqualquer lugar onde houver umapessoa, a Igreja é chamada a ir láter com ela, para lhe levar a alegriado Evangelho e levar a Misericórdia eo perdão de Deus. Trata-se, pois, deum impulso missionário que, depoisdestas décadas, retomamos com amesma força e o mesmoentusiasmo. O Jubileu exorta-nos aesta abertura e obriga-nos a nãotranscurar o espírito que surgiu doVaticano II, o do Samaritano, comorecordou o Beato Paulo VI naconclusão do Concílio. Atravessarhoje a Porta Santa compromete-nosa adoptar a misericórdia do bomsamaritano» (Papa Francisco, Homilia08.12.15).

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50 anos da Gaudium et Spes

LOC/MTC Movimento de trabalhadores Cristãos

“As alegrias e as esperanças, as tristezas e asangústias dos homens de hoje, sobretudo dospobres e de todos aqueles que sofrem, sãotambém as alegrias e as esperanças, as tristezase as angústias dos discípulos de Cristo; e não hárealidade alguma verdadeiramente humana quenão encontre eco no seu coração”.É com esta frase que começa a constituiçãopastoral Gaudium et Spes, que fez 50 anos emdezembro de 2015, desde a sua promulgaçãopelo papa Paulo VI, no final do Concílio VaticanoII. Só este facto seria um ótimo pretexto para lerou reler este texto e nos deixarmos interpelar porele. Ver, Julgar, AgirAs questões nela abordadas, como a promoçãoda dignidade do matrimónio e da família, apromoção do progresso cultural, a vidaeconómico-social, a participação na comunidadepolítica e a promoção da paz, são tão atuais epertinentes hoje como o eram há meio século.Assim como o são os desafios que são colocadosàs comunidades cristãs.A sua leitura interpela-nos a olhar o mundo quenos rodeia, as suas esperanças e aspirações e oseu carácter tantas vezes dramático: a guerra, osrefugiados… mas também aquele nosso vizinhoque está desempregado e teve de entregar acasa ao banco; ou o que teve de emigrardeixando para trás a família, os filhos pequenos;ou que apesar de trabalhar, não dispõe de umrendimento suficiente que lhe permita viverdignamente. A Igreja faz parte da sociedade, coma qual é solidária nos

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bons e nos maus momentos (GS 1 eGS 40). O homem deve estar nocentro de toda a vida económica esocial (GS 63).Convida-nos também a iluminaresse olhar o mundo com a BoaNova de Cristo. Proclama a sublimevocação do homem, e afirma quenele está depositado um germedivino. Assim, o homem é o fulcro detoda a exposição desta constituição:o homem na sua unidade eintegridade: corpo e alma, coraçãoe consciência, inteligência evontade (GS 3). A finalidadefundamental das atividadeshumanas não deve ser o meroaumento dos produtos, nem o lucroou o poderio,

mas o serviço do homem; dohomem integral (GS 64).Os desafios que coloca aos cristãossão inúmeros, e são colocados nonosso dia-a-dia: desde o de servirefectivamente quando o outro vemao nosso encontro, quer seja oancião, abandonado de todos, ou ooperário estrangeiro injustamentedesprezado, ou o exilado (GS 27),até à participação política, numaótica de serviço ao outro (GS 75).Pois essa atividade individual ecolectiva, aquele imenso esforçocom que os homens tentammelhorar as condições de vida,corresponde à vontade de Deus(GS 34).

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REFUGIADOSA Igreja Católica celebra no dia 17 de janeiro o Dia Mundial doMigrante e Refugiado, um tema candente na atualidadeinternacional que exige de todos a maior atenção possível. OSemanário ECCLESIA entrevista a irmã Irene Guia, querecentemente visitou o Curdistão iraquiano e o Líbano, recorda amensagem do Papa para esta celebração e antecipa XVIEncontro de Animadores Sociopastorais das Migrações, emBragança, no qual vai estar o presidente da Cáritas do Líbano.Deste país, pela mão do jornalista Henrique Matos, chega areportagem de fundo do dossier.

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Sociedade vive «baixo grau dehumanidade» em relação ao apoioaos refugiadosA irmã Irene Guia integra comissão executiva da PAR - Plataforma de Apoioaos Refugiados considera a atual situação revela um “baixo grau dehumanidade” quando a urgência é “salvar vidas”. As 97 instituições anfitriãsda PAR têm capacidade de acolher “mais de 600 pessoas” contudo Portugalrecebeu apenas um grupo de 24 refugiados de diversas nacionalidades,vindos de Itália e da Grécia, no âmbito do Programa de Relocalização deRefugiados na União Europeia, no dia 17 de dezembro.

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

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Agência Ecclesia (AE) – Esteve norecentemente no Médio Oriente,que oportunidade foi esta,inscreveu-se em que projetos?Irmã Irene Guia (IG) – Aoportunidade de ter ido ao MédioOriente foi a convite, com caráterpessoal, do assistente do diretorregional do Serviço Jesuíta aosRefugiados (JRS – Jesuit RefugeeService) do Médio Oriente e Áfricado Norte porque estive a trabalharcom ele enquanto diretor regionaldo JRS dos Grandes Lagos (África),durante quatro anos. Quando estacrise começou trocamos emails eele convidou-me a ir lá.Estive no Iraque, em Erbil, noCurdistão iraquiano, uma autonomiamuito bem organizada e, nestaaltura da história do Iraque, talvezseja a única zona do país que defacto tem uma organização estável euma vida mais ou menos estável. Oresto está completamentedesorganizado desde 2003 quandoos Estados Unidos da Américaentraram, eles referem que estahistória tem de ser contada a partirdesta data.Com este convite estive umasemana e um dia no CurdistãoIraquiano e cinco dias no Líbano,em Beirute e no Vale do Bekáa ondeestão imensos campos derefugiados sob um conceitodiferente dos que

é habitual em campos de refugiadosou deslocados internos à força.É um projeto muito próximo da Síria,será a população mais próxima doIraque e da Síria, tem um monte afazer uma fronteira natural. Ai o JRStambém tem programa deassistência, sendo que como lema oJRS não tem o nome de assistênciamas “acompanhar, servir edefender”. O que faz com quetambém tenha, normalmente, umamaneira de proceder ligeiramentediferente das outras organizaçõesporque tem a preocupação de semisturar tanto quando possível como padrão local e não das ONG’S(organizações não-governamentais).

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AE – O tema dos refugiados ainda éservido quase diariamente atravésdos meios de comunicação social. Oque encontrou está sintonizado como que vemos deste lado?IG – Não está. Não sei como meexpressar sem parecer que estou aser demasiado critica, sem parecerque estou a acusar, por outro lado,considero que entramos no tempodesta palavra – advocacy – tornar-se voz dos que não têm voz.Para mim, continua a serincompreensível a lentidão desteprocesso, em que parece quequeremos resolver primeiro umacrise na região, que é verdade quetem de ser resolvida, mas entretantohá milhões de pessoas que estãode facto a precisar de salvação.Uma das características dahumanidade ou do nosso coração,eu diria que é salvar. Sempre quevíamos alguém em perigoestendíamos a mão e creio que nãoo estamos a fazer.Isto devia-nos fazer refletir mas nãouma reflexão que nos obriga a ficarsentados mas, obrigatoriamente,vamos perceber que o que estamosa falhar agora quando começarmosa agir.Para mim torna-se cada vez maisincompreensível, toda esta lentidãoquando se trata de seres humanos.

Faz-me mesmo confusão quecontinuemos demagogicamente afazer um tipo de pingue-pongue deargumentação, se acolhemos, o quefazemos. Até me incomoda ter queinvocar o Direito Internacional edizer que estamos obrigados aacolher. Uma demagogia deargumentação, para cá e para lá,quando se trata de mais um dia emque as pessoas estão a vivercondições terríveis de olhar. Nãoestão a referir-me agora, nem aoIraque nem ao Líbano. No meucoração e na minha mente estãotodos que estão na nossa terra queestá a encontrar muito menospossibilidades e muito menos meiosde atender estas pessoas naurgência que elas estão, do que nospaíses que visitei onde a pobreza émuito maior. Nós somos como que oestandarte da bandeira dos diretoshumanos, que eu acho que estámuito rasgada.Tenho uma preocupação grandeporque também sou educadora,estou na educação há muitos anos,e faz-me confusão que geração estáa crescer connosco quandoestamos tão frios para estender umamão. Como podemos fazer percebera uma criança ama só até aqui,cuidado, quando se está a ver ooutro a afundar e não digo vamossalvar mas deixa morrer. Istocontinua a fazer-me muita confusão

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e acho que estamos doentes paranão falar do que o Papa (emérito)Bento XVI referiu como “cultura damorte”.Nunca senti tantos sintomas decultura da morte como agora e,talvez, por isso, o Papa Francisco étão apologista desta consciência tãogrande de nos levar ao melhor denós mesmos, e os riscos que temtomado para facilitar isto.Creio que esta questão dosrefugiados também está a revelarqual é o grau

de humanidade que temos, e eudiria que está a revelar um graubastante baixinho.

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AE – Em Portugal, como é que estetema dos refugiados está a sertratado? Por exemplo a informaçãode que os refugiados não queriamvir?IG – Uma das ”batalhas” a fazer élutar mesmo com todos os meioscontra a má informação. Odesmentido de que os refugiadosnão queriam vir para cá não foidivulgado da mesma forma, podeser consultado na PAR – Plataformade Apoio aos Refugiados e noServiço Estrangeiros e Fronteiras(SEF) que explica como esteprocesso é feito.Não é verdade que não queiram, aproposta nem sequer lhe foi feita eeles podem dizer que não querem ir

para o país a que foram propostosmas ficam retidos na zona onde seencontram, seja onde for – Grécia;Itália; Macedónia – até seremacolhidos por esse mesmo país. Averdade é que a oferta não foi feita,como é que se pode dizer que elesnão querem vir.Outra situação são as preferências.Se eu percebo que um país mepode dar mais possibilidade deprojeto assegurado, pelo estado daeconomia, etc, eu diria que eutambém, se estou com a minhafamília para começar vida…Este começar vida não é ficar, nãosão migrantes económicos, apercentagem dos refugiados queficam e se querem

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integrar no país que os recebe émínima. 80% não quer de maneiranenhuma estabelecer-se. Isto éoutra demagogia. Apesar deestarmos a falar de refugiadosdepois a argumentação é muitomais para migrantes.Acredito que pode ser mais uma dasargumentações que nos vãodesviando da centralidade doproblema que é salvar os que estãoa precisar de salvação. Se nãosalvamos estes diria que o quesomos enquanto seres humanosestá mesmo a deixar muito adesejar. AE – Que análise faz à intervençãoda parte da sociedade civil e dasinstituições da Igreja Católica.Agrada-lhe a forma como este temaestá a ser trabalhado? Hácondições para acolher osrefugiados?IG – Há condições. Falo da PAR queé uma das que se organizou, aMisericórdia também está aorganizar-se, há imensas outrasformas de organização, deestruturas, com dimensão ecapacidade de acolhimento que seestão a organizar.A Plataforma de Apoio aosRefugiados, é a que tenho maisdados e onde a Congregação(Escravas do Sagrado Coração deJesus) está integrada. Neste precisomomento a PAR estabeleceu acordocom 97 instituições anfitriãs esignifica que temoscapacidade/possibilidade de

acolhimento para mais de 600pessoas.Como cidadã comum, e como PAR,interrogo-me porque é que o SEFdisse à Grécia e à Itália que acapacidade de Portugal era 100,quando só a Plataforma, sem referiras outras organizações, jáexpressou, publicou e informou quetem capacidade para mais de 600.Eu diria que não existe apossibilidade de uma pessoa, commais de dois dedos de testa,interrogar-se porquê. O que é queestá por detrás realmente destalentidão.Em cada frase que digo volto areferir que se trata de salvar. Seperdermos esta capacidade somoscapazes de amar? Eu acho que senão somos capazes de salvar, que édar a mão a alguém no limite da suavida ou da sua existência…“Então não vamos salvar os pobresde Portugal?” Provavelmente não,porque nem a estes que estão numestado limite de vida somos capazesde dar a mão, diria que isto temimplicações perversas na nossaforma de amar.A nossa forma de amar é egoísta,só pode ser egoísta, porque numaaltura em que há alguém em riscode vida, no limite da existência e eucontinuo a pensar em mim quandoamar é pensar no outro. A mimpreocupa-me sobretudo as criançasque temos, as gerações futuras, oque como adultos estamos atransmitir. É uma preocupação real.

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AE – O que é que na sua opiniãoestá na causa dessa lentidão,demora?IG – Com vários interlocutores –eurodeputados, responsáveispolíticos – não há vontade política.Houve um eurodeputado que medisse que quando a União Europeianão quer tratar de um tema, criauma comissão - e foi criada umapara este tema. Tiremos as ilaçõesque quisermos.Como é que se pode justificar estalentidão: 160 mil pessoas a 14 desetembro de 2015. O acordo foi de160 mil no espaço de dois anos. Sefizermos contas isto é tão pobre,160 mil refugiados para 580 milhõesde habitantes e até agora foramrecolocadas 159 pessoas.Creio que temos de começar amanifestar que esta Europa, pelomenos a mim, não agrada, e querouma Europa mas não esta. AE – O que é que a irmã Irene Guiaencontrou nos países que visitou.Qual a situação real das pessoasque encontrou?IG – No Curdistão Iraquiano, quecomo referi é a única zona segura,estive em contacto direto comcristãos mas havia muçulmanos eyazidis que são os que tem menoscuidados, faz-me muita impressão.

Estão todos em situação limite defragilidade.Cria-me outra questão, se o apoioquando enviamos é selecionadopara uns que são idênticos a mim ouse é universal para que todosexperimentem a comunhão nadiferença. A harmonia pluriforme deque fala o Papa Francisco e é tãonecessária.Estive com imensos cristãos deMossul, a capital doautodenominado Estado Islâmico noIraque, e de Qaraqosh. O primeiroimpacto, nas conversas falam do diaem que saíram das cidades comomassa, tanto uma como outra, emdias diferentes. Todos dizem quequando o Estado Islâmico entroueram cidadãos com os outros,assumiram a liderança destascidades mas o olhar era natural.Começa por uma normalidade davida, não há rejeição da populaçãoe depois começam a ver que aexpressão do olhar muda ecomeçam os tratamentos daspessoas de forma muito violenta aimplementar o medo, o terror, oreceio e os cidadãos tinham todosde converter-se ao islamismo. Sesão cristãos tinham de pagar umataxa e se nem uma coisa, nem outra,então era executados.Em Mossul lembro-me da data, foi

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a 6 de agosto, Qaraqosh foi emjunho de 2013. Eles falamnaturalmente do dia do êxodo, quefaz lembrar as imagens dos filmes,dos ‘10 Mandamentos’. Deve tersido uma realidade terrível, aspessoas saíram de madrugada masencontraram barreiras dosguerrilheiros e para saírem dacidade, apesar de ser em êxodo,tiveram de pagar. Foramcompletamente pilhados, bens,dinheiro, ouro, carros, ficou ali tudoe continuaram a pé.Foram para Erbil, onde sentisegurança, que fica a 25 e 50

quilómetros, de Mossul e Qaraqosh.No Curdistão Iraquiano hásegurança mas são os únicos quefazem frente organizada ao Estadocom uma força armada, ospeshmerga, que protegem a suaregião. Os deslocados internosficam em campos que eram detendas e agora são contentores.Referi os yazidis porque ficaram emfundos de edifícios onde aconstrução está parada, ocuparamos alicerces dos prédios onde nãotêm nem água, nem sistemasanitário assegurado. Fez-meimensa impressão.

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IG - Tenho experiência em camposde refugiados, de situações deemergência e de permanência – noRuanda e na RepúblicaDemocrática do Congo, a maioriaque está no campo, desde 2013,pensava que no Natal estaria emcasa mas agora começam a ver-selonas para ocupar pedaços deterreno exterior. Na cabeça de quemali vive, significa que passou doestado interior - “vou voltar” - para o- “isto vai demorar mais tempo doque pensava” - porque começam acriar estruturas que não são detrânsito.

Um dado interessante é que todoscom quem falei de Mossul nãoquerem regressar, mas ficar noCurdistão ou ir para outra parte doIraque, porque dizem que apopulação que ficou está de acordocom o autodenominado EstadoIslâmico.Também estive numa cidade quenão existia e passados dois anostem dois mil fogos e o conceito éoutro, porque o Curdistão não quercampos de refugiados. São casasconstruídas à pressa. Ointeressante de Ouzal, que fica a 15minutos de carro de Erbil,

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onde é o enclave cristão,tem inúmeras famílias yazidis,cristãs e muçulmanas.Nem no Curdistão Iraquiano, nem noLíbano, os governos dãocertificação às crianças nas escolas.Agora, no Líbano não queremmesmo educação, não querem queas crianças refugiadas síriasfrequentem as escolas e retiram asautorizações às ONG’s para montarescolas mesmo que não sejamcertificadas.A autorização do JRS foi retirada,era até dezembro, e há 300crianças sírias que não vãofrequentar a escola.O Líbano tem uma população dequatro milhões e meio e estão com1 milhão e trezentos mil refugiadosinscritos, identificados, masconsidera-se que há entre 500 a700 mil sem registo. O que significaque para dois libaneses existe umrefugiado.Do que percebi é uma estratégia doLíbano que continua a acolher síriosmas precisa de ajuda internacionale as crianças não frequentam aescola até que a ajuda chegue.Mais uma vez é o frágil e vulnerávelque fica de fora e nós fazemos cairas nossas decisões eargumentações. AE – No Líbano a situação dosrefugiados é diferente do CurdistãoIraquiano?IG – Sim, eles têm uma brutalidadede refugiados, muitos urbanos, etambém não querem campos.

Tiveram uma experiência depermanência com os palestinianos edizem que querem que as condiçõessejam tão pouco seguras quemantenha viva a vontade de voltar.A verdade é que com todos osrefugiados com quem falei queremregressar à Síria e reconstruir opaís, são pessoas de garra, quetrabalha, que não vai ficar parada.Por exemplo, o JRS tem um projetode cursos para mulheres sírias ondeaprendem pequenas profissõescomo maquilhagem, manicura, tricô,costura e a verdade é que já sãoelas que levam algum rendimentopara casa. Na Síria o sistema émuito patriarcal e no Líbano oshomens têm dificuldades em teremprego e muitos estão emdepressão porque é ele o frágil.Estas mulheres, segundo relatam àassistente social que asacompanham, o terrível de estarfora das suas terras mas se há algode bem é que têm esta formação ena Síria vão estar mais implicadasna reconstrução do país e sustentoda própria família.É interessante a alteração decultural que daqui pode acontecerunicamente por se dar a mão.Voltando a nós, creio que a históriado acolhimento mas sermosdiferentes e sermos capazes de umaharmonia pluriforme e umacomunhão do encontro, que ébandeira de batalha do Papa,também aqui pode haver alteraçãodo paradigma cultural a que somoschamados a viver hoje.

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AE – De que forma olham para aEuropa estes deslocados?IG – Ninguém o disse. Estive naoração de funeral de seis pessoasque morreram no Mediterrâneo,eram sete, não se recuperou umcorpo. Eu acho que estamos aprovocar violência, não sentirejeição por ser europeia, pelocontrário, mas mais faça-seembaixadora nossa: “Leve istodaqui para fora.”Senti comunhão mas a maneiracomo estamos a responder se elesfogem do inferno e encontram outroestamos a provocar que ele achemque o autoproclamado Estadoislâmico tem razão de existir.

Partilho da ideia que quem vaiganhar esta batalha é quem tenha opovo do seu lado, não é pelasbombas. Não creio que a Europaesteja a fazer o que é necessáriopara ter o povo do seu lado.Quando vemos as reportagens comchuvas torrenciais e as criançasprotegidas pelo plástico que nóscompramos quando vamos a pé aFátima, se eu estivesse ali e visseos meus filhos assim estaria a ficarrevoltado. Esta revolta não vai serindiferente.A sociedade civil não se podedemitir, se os Estado se demitem,nós não. Naquele funeral falaramdois bispos –

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da Igreja Siríaca Católica e da IgrejaSiríaca Ortodoxa. Estavam a traduzirdo curdo e percebi que o ortodoxoestava a ser fortíssimo, as pessoasemocionavam-se e reatavam nochoro da dor.Acho que esta questão dosrefugiados vai depender dasociedade civil, da nossacapacidade em expressar o quepensamos, o que queremos. Nasociedade portuguesa tambémexistem os séticos que dizem quevamos ser invadidos, umademagogia total, mas os quequeremos acolher temos demanifestar cada vez mais essavontade aos nossos políticos edirigentes porque quando nosmexemos eles também, nem queseja para agradar.

AE – Estamos a entrar numproblema de humanidade ouadministrativo, em termos deresponsáveis políticos?IG – Volto à mesma argumentação,não se entende se esta é a Europaque a União Europeia apregoa edefende, então não sei se gosto.Para que é que nos serve estaEuropa que se está a revelar semalma e está mais preocupada emmanter alianças que talvez sedevessem quebrar porque não é noespírito da Europa.O espírito gerador da Europa geroualguma coisa diferente mas houvealgum momento no caminho emcomeçou a haver joio no meio dotrigo e, neste momento, está maisforte do que aquele trigo que sepode fazer pão todos.

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XVI Encontro de AnimadoresSociopastorais das MigraçõesO presidente da Cáritas do Líbanovai estar em Portugal paraapresentar as estratégias deacolhimento aos refugiados sírios opaís e as formas de lhes fazerchegar os apoios da comunidadeinternacional. “O modo como osrefugiados sírios são acolhidos noLíbano e os meios para fazerchegar a essa “linha da frente” osapoios da Comunidade Internacionalvão ser apresentados em Portugalnuma comunicação do presidenteda Cáritas do Líbano durante o noXVI Encontro de AnimadoresSociopastorais das Migrações”,referem as organizaçõespromotoras da iniciativa emcomunicado enviado à AgênciaECCLESIA.“Misericórdia sem fronteiras” é otema do XVI Encontro deAnimadores Sociopastorais dasMigrações que vai decorrer emBragança de 15 a 17 de janeiro,promovido pela Cáritas Portuguesae a Obra Católica Portuguesa deMigrações, em parceria com aAgência Ecclesia e o DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil.De acordo com o comunicado deimprensa, o encontro “vai assinalaro 102º Dia Mundial do Migrante e

Refugiado”, que a Igreja Católicacelebra a 17 de janeiro.D. António Couto faz a primeiraconferência deste encontro, na noitede sexta-feira, dia 15, sobre os“fundamentos bíblicos damisericórdia”.No dia 16, o tema ‘Um mundo semfronteiras’ é analisado na perspetivaeconómica, política e de cidadaniapor Vera Rodrigues, Silva Peneda ea Irmã Irene Guia; e “propostas paraque cada pessoa seja portadora de‘Um coração sem fronteiras’ vão serapresentadas nas dimensões doacolhimento, da educação e dareligião por Mendo CastroHenriques, João BartolomeuRodrigues e Catarina MartinsBettencourt”“A conferência de encerramento éfeita pelo presidente da Cáritas doLíbano, Padre Paul Karam”,acrescenta o comunicado.“O XVI Encontro de AnimadoresSociopastorais das Migraçõesdestina-se a todos os que queiramparticipar no debate cultural emtorno da mobilidade humana,atualmente marcada pela urgênciados acolhimentos dos refugiados”,conclui a nota dos promotores doevento.

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Refugiados: Papa denunciaindiferença e silêncio perantesofrimento de milhõesde pessoasO Papa Francisco denunciou a“indiferença” e “silêncio” dacomunidade internacional perante osofrimento dos migrantes erefugiados que procuram fugir dapobreza e das guerras. “Todos osdias, as histórias dramáticas demilhões de homens e mulheresinterpelam a comunidadeinternacional, testemunha deinaceitáveis crises humanitárias quesurgem em muitas regiões domundo”, escreve, na sua mensagempara o Dia Mundial do Migrante eRefugiado 2016 (17 de janeiro).O texto tem como título “Osemigrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho damisericórdia”, colocando acelebração no quadro do Ano SantoExtraordinário, o Jubileu daMisericórdia, convocado porFrancisco.O Papa sustenta que a indiferençae o silêncio “abrem caminho àcumplicidade”, incluindo a de todosos que assistem sem agir às“mortes, privações, violências enaufrágios”. “De grandes oupequenas dimensões, são sempretragédias, mesmo

quando se perde uma única vidahumana”, adverte.A mensagem assinala que com cadavez mais frequência, aqueles quesão “vítimas da violência e dapobreza” acabam nas mãos detraficantes de pessoas “na viagemrumo ao sonho dum futuro melhor”.Perante fluxos migratórios emcontínuo aumento, escreveFrancisco, faltam normas legais“claras e praticáveis” que regulem oacolhimento e prevejam “itineráriosde integração” a curto e a longoprazo, atendendo aos direitos edeveres de todos. Segundo o Papa,esta é já uma “realidade estrutural”,pelo que é preciso pensar para láda “fase de emergência” e darespaço a programas que tenham emconta as causas das migrações.“Hoje, mais do que no passado, oEvangelho da misericórdia sacodeas consciências, impede que noshabituemos ao sofrimento do outro eindica caminhos de resposta que seradicam nas virtudes teologais da fé,da esperança e da caridade,concretizando-se nas obras de

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misericórdia espiritual e corporal”,escreve.O Papa apresenta os migrantes erefugiados como “irmãos e irmãs”que procuram uma vida melhor“longe da pobreza, da fome, daexploração e da injusta distribuiçãodos recursos do planeta, quedeveriam ser divididosequitativamente entre todos”. “Apresença dos emigrantes e dosrefugiados interpela seriamente asdiferentes sociedades que osacolhem”, acrescenta, pedindodinâmicas de “enriquecimentomútuo” que previnam “o risco dadiscriminação, do racismo, donacionalismo extremo ou daxenofobia”.O Papa elogia o trabalho deinstituições, associações,

movimentos, grupos comprometidos,organismos diocesanos, nacionais einternacionais, neste setor, antes desublinhar que “a resposta doEvangelho é a misericórdia”. “AIgreja coloca-se ao lado de todosaqueles que se esforçam pordefender o direito de cada pessoa aviver com dignidade, exercendoantes de mais nada o direito a nãoemigrar, a fim de contribuir para odesenvolvimento do país deorigem”, prossegue.Francisco pede uma adequadainformação da opinião pública, paraprevenir “medos injustificados eespeculações”, bem como paradenunciar “novas formas deescravidão geridas pororganizações criminosas”.

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Jubileu dos Refugiados

O Papa decidiu dedicar acelebração do Dia Mundial doMigrante e Refugiado 2016 ao tema‘Migrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho damisericórdia’, inserindo-a no AnoSanto Jubilar que começa emdezembro. Francisco “quer tornarpresente a dramática situação detantos homens e mulheres,obrigados a abandonar as própriasterras, e que muitas vezes

morrem em tragédias no mar”,adianta o Vaticano.Segundo o Conselho Pontifício paraa Pastoral dos Migrantes eItinerantes (CPPMI), da Santa Sé, acelebração do dia 17 de janeiro“insere-se logicamente no contextodo Ano da Misericórdia” convocadopelo Papa e que decorre entre 8 dedezembro de 2015 e 20 denovembro de 2016.Para o Vaticano, há o “riscoevidente” de que este problema“seja esquecido”, pelo que sedeseja relacionar “o fenómeno damigração

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com a resposta dada pelo mundo e,em particular, pela Igreja”. “Nestecontexto, o Santo Padre convida opovo cristão a refletir durante oJubileu sobre obras de misericórdiacorporal e espiritual, entre as quaisse encontra a de acolher osestrangeiros”, acrescenta a notaoficial.O CPPMI oferece algumasindicações para a celebração doJubileu a nível diocesano enacional, o “mais próximo possíveldos migrantes e refugiados”,determinando que o evento jubilarcentral seja o próximo 17 de janeiro.A Santa Sé determina que “asdioceses e comunidades cristãs queainda não o fazem, programeminiciativas,

aproveitando a ocasião oferecidapelo Ano da Misericórdia” parasensibilizar as comunidades cristãssobre o fenómeno migratório epromover “sinais concretos desolidariedade”.O Dia Mundial do Migrante e doRefugiado surge, na Igreja Católica,com a carta circular “A dor e aspreocupações”, de 6 de dezembrode 1914, na qual a Santa Sé pedia,pela primeira vez, a instituição deum dia anual de sensibilização sobreo fenómeno da migração e apromoção de uma coleta em favordas obras pastorais para osemigrantes italianos e para apreparação dos missionários daemigração.

“Hoje os nossos olhos têm necessidade de focar-se, de modo particular,nos sinais que Deus nos deu, para tocar com a mão a força do seu amormisericordioso. Não podemos esquecer-nos de que tantos dias forammarcados pela violência, a morte, pelos sofrimentos inenarráveis detantos inocentes, de refugiados obrigados a deixar a sua pátria, dehomens, mulheres e crianças sem morada estável, alimento e sustento”

Papa Francisco, Vaticano, 31 de dezembro de 2015

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O grande abraço da caridadeA capital do Líbano, Beirute, voltoua ser notícia pelas piores razões. Aviolência extremista passou por aquiainda antes de chegar a Paris. Maisuma tentativa para quebrar o climade tolerância e convivência entre asmuitas sensibilidades religiosas...uma caraterística deste país quevive paredes meias com tantosconflitos que marcam o médiooriente.No Líbano, este sinal écompreendido por todos, cristãos oumuçulmanos, todos sabem queCáritas significa proximidade dosque estão em carência, não importao credo ou a cor da pele. E estacaridade, é do tamanho do país.A 60 quilómetros da capital ficaZahleh, no Vale de Bekka.Aqui, encontramos o Centro deCuidados de Saúde Primários. “Esteserviço de assistência médica emZahleh, recebe utentes libaneses esírios. Principalmente as pessoaspobres, libanesas mas, tambémsírias, neste momento de crise quese vive na Síria”, refere AlineEphrem, diretora do Centro Médico-social da Cáritas Líbano.Esta unidade está situada numaregião que regista uma elevadaconcentração de refugiados.

O Vale de Bekka, fica encostado àSíria e o conflito que ali eclodiu nosúltimos anos empurrou para oLíbano uma vaga de deslocadosque ascende hoje a um quarto dapopulação. Com os seus quatromilhões de habitantes este paísacolhe um milhão e meio derefugiados.Foi esta realidade de auxílio deprimeira linha aos refugiados, de umtrabalho de apoio cristão que ajudamilhares de muçulmanos, que aCáritas Portuguesa quis conhecerde perto e acompanhar os métodoscomo por aqui se concretiza esteimpulso do Evangelho que nosremete para o próximo. Por aqui,não faltam carências, situações deinsegurança. Não apenas física mastambém económica e social.“As necessidades são muitas, euqueria dar uma melhor formaçãoaos meus filhos mas só os possoapoiar até ao ensino secundário,não tenho possibilidade de pagar auniversidade. Sem as organizaçõeshumanitárias e principalmente aCáritas, nem eu nem os meus filhostínhamos assistência médica. Outroproblema que enfrentamos é odesemprego, muitos homens estãosem trabalho”, refere

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Saná Chabass, utente do CentroMédico-social.A situação no Líbano tem-seagravado bastante nos últimostempos com a crise económica e oaumento do desemprego. A Sede daCáritas em Beirute não se reduz aserviços administrativos, tambémaqui se concretiza a razão de existirpara auxílio de quem mais precisa.Foi este ambiente que presenciouum gesto inédito. A CáritasPortuguesa assinava, com a suacongénere do Líbano, um protocolode auxílio. O compromisso de umpaís pequeno e em crise, ajudaroutro que se depara

com uma urgência humanitária degrande dimensão.Para a Cáritas do Líbano esteprograma de auxílio é expressãodesse grande abraço da caridadecom que a Cáritas envolve o mundo.“É muito importante sentir estasligações de solidariedade com todasas Cáritas, porque a Cáritas é umaúnica família e quando se trata deuma só família, os membros dafamília são solidários uns com osoutros. O acordo que assinámoscom a Cáritas Portuguesa, pensoque é apenas o primeiro passo paraoutras iniciativas que procuram umapoio mais eficaz

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às necessidades emergentes edevolver um sorriso às pessoas queperderam esse sorriso por causa daguerra”, refere o padre Paul Karam,presidente da Cáritas do Líbano.A organização católica acolhe estesdramas humanitários, estas vidasque, num país estrangeiro esperampela paz.“É um peso, um grande peso, mas oLíbano faz tudo o que pode emesmo

mais. As necessidades são muitas,as capacidades são limitadas, masgraças aos nossos parceiros e àsCáritas irmãs, como é o caso daCáritas portuguesa, tentamosprestar um serviço ao maior númeropossível de pessoas necessitadas”,acrescenta o padre Paul Karam.Bourj Hammond, é a zona maispobre e vulnerável de Beirute.Desemprego, insegurança outoxicodependência

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fazem deste lugar uma área derisco. Por isso a Cáritas teria queestar aqui e a sua presençaconcretiza-se neste centrocomunitário que aposta em fornecercompetências que permita quebra aespiral da pobreza.“As competências que nós lhespropomos, aos jovens e outros, fazcom que eles venham aprender coma finalidade de irem trabalhar, temospor exemplo o cabeleireiro. Háraparigas que aprendem e ficamaptas para trabalhar neste ramo deatividade. É o nosso objetivo para adiferenciação, para que se tornemindependentes e tenham um ofício”,precisa Maria Mounzer, do CentroComunitário CLMC.Numa das zonas onde se encontrammais refugiados, junto à fronteiracom a Síria - Vale de Bekka - aCáritas Portuguesa visitou Zahlé,cidade onde, em 2016, sedesenvolve um projeto que resultado protocolo assinado recentementeentre os presidentes da CáritasLibanesa e da Cáritas Portuguesa,em Beirute, que estará integrado noâmbito do Programa “PAR Linha daFrente”.Este projeto tem como objetivoapoiar 930 pessoas, entrerefugiados sírios e iraquianos ealgumas famílias

libanesas, de forma a promover asua estabilidade e dignidade,através da assistência humanitáriaem duas áreas fundamentais:alimentação e cuidados de saúde.Bruno Athieh, diretor do Centro deMigrações da Cáritas Líbano, admiteque “tem sido um grande desafioporque o Líbano é um país muitopequeno e o número de refugiadosque tem chegado é muito grandecomparado com a população”.“O Líbano, per capita, tem a maiorpercentagem de refugiados domundo, muito mais que qualqueroutro país. E depois, a situação noLíbano está muito difícil. Ao nívelpolítico, económico, social, mesmo aquestão da segurança é muitosensível”, acrescenta.

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«A grande dificuldade é acolher»

“Os emigrantes e refugiadosinterpelam-nos” é o título damensagem do Papa Franciscoescreveu para o dia 17 de janeiro,dedicado ao migrante e aorefugiado. A diretora da ObraCatólica Portuguesa de Migrações,Eugénia Quaresma, olha a“interessante” mensagem econsidera que ainda “é necessárioultrapassar a dificuldade de saberacolher”. “Ao ler a mensagem temos trêsgrandes interrogações: a primeirasão as causas, o que motiva estadeslocação?Os refugiados são pessoas queprocuram abrigo, e nós temoscondições para abrigar mas surge agrande dificuldade que é acolher”,explica Eugénia Quaresmaà ECCLESIA.

Na sua opinião esta dificuldade é amesma que cada pessoa tem emacolher Deus na sua vida, “ninguémacolhe quem não conhece”.“Mas há outra questão a identidade,a pergunta: quem? A xenofobia e omedo surgem, quem somos nós,quem são eles?Eugénia Quaresma sente mesmoque é preciso “ousar conhecer” ooutro, o refugiado que chega comtodas as suas dificuldades,circunstâncias, cultura ou religião.“Acolher é a primeira atitude mas aEuropa tem uma dificuldade: acolher Deus é difícil, ver Deus nosirmãos é difícil mas é a proposta daIgreja;

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e nem todas as pessoas que estãona Igreja percebem isto”, defende.Nesse sentido a diretora da ObraCatólica Portuguesa de Migraçõesaponta a educação para oacolhimento recordando que,enquanto povo, “já fomos migrantes,refugiados e perseguidos econtinuamos a ser enquantocristãos”.“Que resposta estamos à espera?Dos irmãos, da sociedade, domundo?”Em resposta imediata para este diamundial do migrante e refugiado,Eugénia Quaresma sublinha odesafio para que cada diocese ecada paróquia do Mundo Inteiropossam marcar este dia de formadiferente.“O grande apelo que nos chega doConselho Pontifício é que cadaparóquia faça alguma coisa, que adata seja assinalada peloacolhimento, reflexão, partilha; que

sejamos criativos e vençamos aindiferença.Olhar à nossa volta, vencer osmedos e dar a resposta evangélicaque é necessário já é um grandedesafio.”A mensagem para este dia domigrante e do refugiado, assinaladoeste domingo, inicia de uma “formamuito bonita” o amor de Deus querchegar a todos mas primeiro temosde o acolher.“Acolher Deus, perceber o que Deusquer neste momento de cada um denós e perceber que somos amadose chamados a comunicar esse amor,seja pela paciência, bondade,compreensão ou escuta”.“Ousar conhecer quem está achegar e os refugiados já estãoentre nós, conhecer a sua históriapode ser o verdadeiro desafio”,conclui.

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Desmontar mitos e medos

O diretor do Serviço Jesuíta aosRefugiados destaca a mobilizaçãoda sociedade civil para oacolhimento que não foiacompanhado pelos decisorespolíticos e assinala que o PapaFrancisco na sua mensagem nãoquer uma Igreja e cristãos“acantonados”.“Mais importante da consciência queexiste uma ideia que aponta paraalgum medo, para o desconhecido,é a dimensão da hospitalidade, doacolhimento, do atender aemergência mas ir mais longe,apontar a necessidade de todos oscristãos estarem envolvidos nosprocessos de acolhimento eintegração”, explica André CostaJorge à Agência ECCLESIA.O responsável pelo Serviço Jesuítaaos Refugiados em Portugal (JRS,sigla em inglês) assinala que omedo vence-se, sobretudo, a partirdo “envolvimento

direto” de cada um, das paróquias,dos movimentos “no acolhimento, naintegração, no apoio aos refugiadose aos migrantes”.“Sermos testemunhas e capazes dedesmontar mitos e os medos quemuitas vezes se instalam e decorremsobretudo do desconhecimento, daignorância, da falta de relação”,observa.O Papa Francisco publicou amensagem «Os emigrantes erefugiados interpelam-nos. Aresposta do Evangelho damisericórdia», para o Dia Mundial doMigrante e Refugiado, celebrado a17 de janeiro.“Desde o início do pontificado temsinalizado a importância da Europaolhar para o tema dos refugiados

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e migrantes em geral. Estedocumento sublinha a importânciada crise que estamos a viver, aquestão das migrações no sentidomais global”, analisa o entrevistado.Neste contexto, o diretor do JRSconstata que a nível europeu, econcretamente em Portugal, foi asociedade civil que se mobilizoupara acolher os refugiados quefogem da guerra em África e noMédio Oriente.“Temos vindo a assistir que aEuropa também é um grandeespaço de acomodações onde édifícil chegar a posições decompromisso e liderança clara. Demaneira geral mostrou muitahesitação na hora de socorrer asvítimas”, afirma.O responsável destaca o domíniode “lógicas mais securitárias,com algum receio”em matérias como

segurança que “devem seracauteladas” mas não até ao“bloqueio que não socorre ninguém”.“O testemunho que procuramospassar é que de facto estaexperiência que temos realizadopossa ajudar os decisores políticosa medidas mais céleres”, explica.Para André Costa Jorge, o Papaescreve em primeiro para oscristãos e sublinha a “importância”da “não contaminação” por ideiasassentes “demasiado no risco doacolhimento” mas “alerta” para a“coragem de abrir para a relação”.“Traduzindo muito, o Papa diz que aIgreja, os cristãos, não se podemacantonar, ficar passivamentesujeitos apenas a ideias, às vezes,préconcebidas, negativas, einstalados no medo”, acrescenta.Uma mensagem “importante” nocontexto do Jubileu porque amisericórdia é a “atenção pelosoutros, sobretudo os mais vulneráveis”.

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Refugiados: A burocracia europeiaque contrasta com voz do PapaFranciscoO coordenador da PAR – Plataformade Apoio aos Refugiados analisapositivamente o trabalhodesenvolvido até agora, destaca aação e voz do Papa desensibilização e alerta para estedrama e “não entende” a falta devontade e capacidade de decisãodos políticos europeus.“O processo de recolocação a partirde Itália e da Grécia tem sidolamentavelmente lento, a Portugalsó chegaram ainda 24 refugiadosde uma disponibilidade manifestadade 4500”, explica Rui Marques àAgência ECCLESIA.O coordenador da Plataforma deApoio aos Refugiados consideraque há “burocracia europeia,incapacidade, e essencialmente afalta de vontade dos Estados-membros” em desenvolver esteprocesso, afinal no total europeuforam recolocadas “pouco mais de200 pessoas”.“Não temos nenhuma informaçãoquanto a novas datas de chegaremmais pessoas, o que é um sinalnegativo. O processo continuaparalisado e espantosamente naUnião Europeia não são capazes

de organizar o processo derecolocação de 160 mil pessoas daGrécia e Itália para os diferentespaíses que se disponibilizaram”,desenvolve o entrevistado.Rui Marquês destaca a“importância” que o Papa Franciscotem tido na questão dos refugiados,desde o início do pontificado: “Aprimeira viagem e visita aLampedusa (Itália) quis dar um sinalmuito importante ao mundo.”“Hoje, em 2016, o Papa é a principale mais importante voz internacionalda defesa da causa dos refugiados”,analisa.O Papa publicou a mensagem «Os

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emigrantes e refugiados interpelam-nos. A resposta do Evangelho damisericórdia» para o Dia Mundial doMigrante e Refugiado, celebrado a17 de janeiro.Uma mensagem “muito interessante”para o coordenador da PAR quedestaca, desde logo, “a interpelaçãode não se ficar indiferente” a umacrise que “não é momentânea”.Francisco defende o “direito a nãoemigrar» e segundo o entrevistado“é emergente” que se comece já a“reduzir as condições negativas queobrigam que as pessoas a emigrarou fugir”.Os portugueses escolheram«refugiados» como palavra do anode 2015, o que para o coordenadorda PAR “é de saudar” porquecentraram-se no “essencial dadimensão humana”, do “drama daspessoas

que foram obrigadas a fugir da suaterra”.Para Rui Marques “importa” tambémencontrar nessa palavra razões de“esperança, resiliência, coragem” eobservar as palavras “associadas”que ficaram em segundo e terceirolugar, respetivamente, «terrorismo»e «acolhimento».“Para além das diferenças religiosase culturais que existem no mundo esão uma riqueza existe algo muitomais importante que é a nossanatureza humana, que é comum epartilhada”, observa o coordenadorda PAR.A Plataforma de Apoio aosRefugiados reúne atualmente “maisde 300 organizações” sendo umaresposta da sociedade civil deâmbito nacional e local, cominstituições e organizações de“várias confissões religiosas eaconfessionais” para duasrespostas: PAR Famílias e PARLinha da Frente.

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A oração verbalizada no mundo dossmartphones:“Truth & Life” (Verdade & Vida), a evangelizaçãodigitalNo nosso idioma não existem outrasApps para Oração e Meditaçãocomo o excecional “Passo a Rezar”.Em inglês, a App Truth & Life parasmartphones, é um dos modelos decomunicação do universo digitalcatólico norte-americano destinadoà Evangelização, Oração eMeditação de maior sucesso, e asua transposição para portuguêsbem poderia ser ponderada.Na App Truth & Life reside, além doAntigo, o Novo Testamento, que aíestá verbalizado. Para o Católicoque domine o inglês, a experiênciado Novo Testamento verbalizado naApp Truth & Life, e ao qual foi dadoo Imprimatur pelo Papa EméritoBento XVI, é inédita. Durante quatroanos, 10.000 horas de produção, emais de setenta intérpretesdedicaram-se a este Projeto. Entreesses intérpretes contam-se actoresde renome como Neal McDonough(Suits e CSI: NY, Minority Report),Sean Astin (Lord of the Rings),Kristen Bell (Frozen), Julia Ormond(Mad Men, The CuriousCase ofBenjamin BuCon), alcolm McDowell(Clockwork Orange), BlairUnderwood

(LA Law), Michael York (Murder onthe Orient Express, Cabaret, egravação de noventa audio livros),Brian Cox (Frasier, e King Lear, esteno teatro), John Rhys-Davies (Lordof the Rings, Indiana Jones) emuitos mais.1Por isso, a dicção do NovoTestamento na App The Truth & Lifeé imaculada, e permite aoouvinte/leitor escutar a palavradivina ao mesmo tempo que o textovai rolando (scrolling), de formasincronizada com o texto queescutamos.A App permite a busca a qualquerversículo da Bíblia queselecionemos, e facilita aelaboração de um plano paracompletar a escuta da Bíblia em 365dias, e do Novo Testamento em 40dias, com acesso a um recordatóriopara se identificar onde se ficou naúltima “sessão”. E pode-se fazeruma busca, com uma palavraconcreta, ou uma frase, e oresultado é instantâneo.Insira, por exemplo, a palavra“peace” (paz) no retângulo debusca, e ela aparecerá, com orespetivo versículo, 6 vezes no Livrodo Génesis, 6 no Êxodo, 31 noLevítico, nos Números 21

1 Entre parêntesis estão alguns dos utulos dos filmes ou séries de televisão em queestes actores se destacaram. 56

vezes, 6 no Deuteronómio, 7 emJosué, 9 em Juízes, etc, etc.Depois, no Novo Testamento, e pelomesmo sistema, vamos encontrardestacada a palavra “peace” 88vezes. E pode-seescolher/selecionar todo o tipo defrases e temas, que aparecerãoinstantaneamente.Centenas de expressões estãosublinhadas, com explicações sobreo seu significado literal, outeológico. Por exemplo, em Lucas10.35, basta pressionar a simplesexpressão two denarii (doisdinheiros, ou dois denários), eaparece a explicação: “oequivalente ao salário de dois diasde trabalho”.Entre outras, a App Truth & Life temuma secção que se intitula WordMade Clear (“A Palavra TornadaClara”). Trata-se cinco cursos detrinta minutos, sobre os quatroEvangelhos e um sobre a SantaMissa, verbalizados por Fr JamesMcllhone, Director de FormaçãoBíblica da Arquidiocese de Chicago.A recomendação explícita para oestudo e divulgação de Apps comoo Truth & Life por parte de preladosportugueses, significaria apostar nabusca destas novas soluções para aOração e Meditação, adaptando-asao português, e respondendo aosdesafios colocados às

camadas da sociedade até aos50/60 anos que usam smartphones.O sucesso da plataforma digitalportuguesa “Passo-a-Rezar”demonstra a eficácia de Apps comoa Truth & Life3.

João van ZellerAdvogado, Empresário,

[email protected]

______3 O acesso à app Truth&Life completa tem um custo de US$29,99 (US$19,99 nasmodalidades simplificadas, e grátis nas mais elementares).

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Livro alia fotografia ao textopara desafiar à oração“Ora vê” é o livro mais recente dopadre Rui Santiago que, emparceria com o fotógrafo MiguelCardoso desafia as pessoas aentrarem na intimidade com Deus.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o sacerdote e missionárioredentorista explica que o projetorealça “a imagem de um Deus”presente em todas as coisas, emcada momento do dia, de alguémcom quem se pode construir “umarelação familiar, de profundaabertura”.

“A vida está aí para ser vista e osdias estão cheios de nesgas parapercebermos a presença benévolade Deus, a gentileza de Deus”,salienta o autor.O livro “Ora vê” reúne 52 textosinspirados em outras tantasfotografias do quotidiano e resultade um ano de colaboração entre opadre Rui Santiago e o fotógrafoMiguel Cardoso.Uma vez por semana, os autorescontinuam a partilhar o seu

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trabalho com as pessoas, atravésde uma página de facebook queconta com milhares deacompanhantes regulares. “Eu vou-lhe enviado as fotografias,partilhando-as online, o padre RuiSantiago escolhe-as, reza-as nocoração e na cabeça e quando essaoração está amadurecida ele colocacada fotografia em forma de texto”,explica Miguel Cardoso.Para o profissional da imagem, olivro é uma “provocação” nummundo cada vez menos habituado a“escutar com os olhos do coração” eque “perdeu a dimensãocontemplativa”.Ainda antes de ser editado em livro,o projeto já funcionava como“itinerário de oração” em váriascomunidades, católicas e não só”.

De acordo com Miguel Cardoso, há“muitas pessoas evangélicas queseguem a página” e há também avontade de estender este modelo do“Ora vê” a “pessoas de outrasconfissões religiosas”.Quem comprar o livro leva tambémuma coleção de postais, com asmesmas orações e imagens queconstam da publicação, e “a ideia éque sirvam 52 missões”, uma paracada semana do ano.“O objetivo é que, depois da nossaintimidade com Deus, passemos àação e à missão na prática, dasmais diversas formas, desde aprimeira pessoa que encontremosna rua até a um colega de trabalho”,frisa Miguel Cardoso.

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II Concílio do Vaticano:Cartas de Roma do cardeal Cerejeira(I)

No I Concílio do Vaticano, a representaçãoportuguesa, limitou-se aos prelados de Lamego,Algarve, Funchal e Cabo Verde, acompanhados pelodeão da Sé do Funchal, pelo pároco da Sé de Bragae por alguns eclesiásticos da Covilhã. “Cremos quenenhum teve qualquer intervenção”, lê-se na obra«Cartas de Roma» de D. Manuel Gonçalves Cerejeirae editada pela União Gráfica.Em relação ao II Concílio do Vaticano (1962-65),convocado pelo Papa João XXIII e finalizado pelo PapaPaulo VI, estiveram presenta cerca de quatro dezenasde bispos portugueses da metrópole e do ultramar,entre os quais dois cardeais, e houve váriasintervenções públicas.Um dos cardeais presentes, D. Manuel GonçalvesCerejeira, participou nas quatro sessões conciliares einterveio na 15ª congregação geral (9-11-1962) sobreo calendário litúrgico e artes sacras, na 20ª (16-11-1962) sobre as fontes da revelação e na 57ª (29-10-1963) sobre a vocação universal para a santidade(esquema «De Ecclesia»).Na 157ª Congregação Geral (10-11-1965), o cardealCerejeira foi convidado a expor o pensamento daConferência Episcopal Portuguesa acerca da questãodas indulgências. A 6 de dezembro de 1965, o cardealpatriarca de Lisboa convidou, por intermédio demonsenhor Felici, todos os padres conciliares para oCongresso Mariano e Mariológico marcado paraagosto de 1967, a propósito do cinquentenário dasaparições da Cova da Iria.À margem do II Concílio do Vaticano, o cardealCerejeira saudou o Papa Paulo VI, a 17 de setembrode 1963,

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na visita feita à Igreja de SantoAntónio dos Portugueses e, no dia22 do mesmo mês, presidiu emPádua (Itália), às cerimónias deencerramento do VII centenário datrasladação do corpo de SantoAntónio. A 1 de dezembro de 1965apresentou ao Papa Montini o grupode crianças do Patriarcado deLisboa que foram a Roma entregarao sucessor de João XXIII umexemplar dos evangelhos copiadose ilustrados por elas e uma ediçãofac-similada dos «Lusíadas».Durante o período conciliar, ocardeal

Manuel Gonçalves Cerejeira teve desujeitar-se a “duas melindrosasoperações cirúrgicas”, realça a obra«Cartas de Roma» de D. ManuelGonçalves Cerejeira e editada pelaUnião Gráfica. Apesar de tão intensaatividade, exercida em precáriascondições de saúde, aindaconseguiu, ao longo da IV sessãoconciliar, escrever uma série decartas de Roma. Ao todo são 10cartas que abordam váriastemáticas conciliares e que serãoobjeto de análise no próximo textosobre o II Concílio do Vaticano.

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janeiro 2016 08 de janeiro de 2016. Coimbra - Faculdade de Letras daUC -Simpósio internacional«Revisitar Vieira no século XXI -Uma homenagem ao professor JoãoFrancisco Marques» (08 e 09 dejaneiro) . Lisboa - Biblioteca de São Lázaro-Exposição de pintura e desenhosobre Madre Teresa de Saldanha(até 05 de fevereiro) . Fátima - Casa de Retiros de NossaSenhora do Carmo -Curso sobre aMensagem de Fátima orientado pelairmã Ângela Coelho (08 a 10 dejaneiro) . Lisboa - Jardim da Rua GomesFreire – 14h30 -Inauguração deescultura de Madre Teresa deSaldanha da autoria do artista RuiA. Pereira, no Jardim da Rua GomesFreire, onde era a casa ondefaleceu Madre Teresa Saldanha há100 anos 09 de janeiro. Coimbra -Assembleia diocesana doAno da Misericórdia com o tema «Amissão de ensinar a Misericórdia deDeus na catequese» por D. AntónioMoiteiro, bispo de Aveiro

. Algarve -Jornada de Pastoralsobre a Misericórdia que inclui asdimensões bíblica, litúrgica e sócio-caritativa . Lisboa -Visita pastoral àsparóquias da cidade de Lisboa porD. Manuel Clemente e bisposauxiliares (até 13 de janeiro) . Lisboa - Seminário da Luz – 10h00- Dia de oração e reflexão paracasais à espera defilhos promovido pelo Sector daPastoral Familiar do Patriarcado deLisboa . Fátima - Basílica da Trindade –11h00 - Celebração de ação degraças pela vida e obra de MadreTeresa de Saldanha presidida porD. Manuel Clemente . Lisboa - Mosteiro de Santa Maria(Lumiar), 15h30 - Conferência sobre«A Misericórdia que nos reconstrói»por Emília Leitão e integrada nociclo «A Misericórdia: um evangelhopor habitar» . Guarda – Covilhã, 21h00 - Autodos Reis na Igreja da Conceição(Covilhã)

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10 de janeiro. Bragança - Miranda do Douro(Concatedral) - Encerramento daexposição «Pastores de um povo»comissariada pelo bispo da Diocesede Bragança - Miranda, D. JoséCordeiro, e que reúne obras dahistória da diocese nordestina . Setúbal - Almada (Santuário deCristo-Rei) -Jubileu diocesano dosConvívios Fraternos com a presençade D. José Ornelas de Carvalho,bispo de Setúbal . Évora – Sousel - Encerramento daexposição de presépios deEstremoz . Bragança – Outeiro - Abertura daporta santa da Basílica do SantoCristo do Outeiro . Guarda - Capela da Casa deSaúde Bento Menni – 16h00 - Concerto de Natal do coro a«Capella Ægitaniensis» . Lisboa – Sé – 17h00 - Concertode Natal com o tema «Misericórdia»pelo Coro da Catedral de Lisboa

11 de janeiro. Fátima - Casa Domus Carmeli –10h30 - Ação de formação sobre«Noções básicas de Inventário»promovida pelo SecretariadoNacional dos Bens Culturais . Lisboa - Sala do Arquivo Municipaldos Paços do Concelho, 18h 00 - AEAPN - Rede Europeia Anti-Pobreza, a Cáritas Portuguesa eoutras instituições vão apresentar aRevista Rediteira, que tem comotema ‘Erradicar a Pobreza:Compromisso para uma EstratégiaNacional’. . Lisboa - Capela do Rato – 18h15 - Sessão do ciclo «Os filósofostambém falam de Deus» dedicada aPlatão e orientada por José PedroSerra 12 de janeiro. Aveiro - Museu de Aveiro -21h30 - A Irmandade de Santa JoanaPrincesa, Diocese de Aveiro, vaipromover a iniciativa de formaçãoespiritual ‘Encontros de SantaJoana – novos olhares sobre aPadroeira’, até maio, no Museu deAveiro.

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10 de Janeiro de 2016 - Bragança-MirandaNa Diocese de Bragança-Miranda oportunidade departicipar na celebração da abertura da Porta Santana Basílica do Santo Cristo do Outeiro. Guarda - Na Diocese da Guarda, o coro ‘CapellaÆgitaniensis’ dinamiza um concerto com um programadedicado ao Natal, às 16.00 horas, na capela da Casade Saúde Bento Menni (Guarda). Vaticano - O Papa Francisco preside à Missa daFesta do Batismo do Senhor com o batismo dealgumas crianças na Capela Sistina a partir das 09h25(menos uma hora em Lisboa). 11 de janeiro - LisboaComeça o ciclo «Os filósofos também falam de Deus»promovido pela Capela do Rato, em Lisboa. São dozesessões, ao ritmo de uma por semana, entre as 18h15e as 20h00, até 02 de maio. 12 de janeiro - AveiroA Irmandade de Santa Joana Princesa, na Diocese deAveiro, organizou um ciclo de «novos olhares sobre aPadroeira» e começa com a participação da jornalistada Rádio Renascença Aura Miguel sobre o tema‘Santa Joana – uma mulher livre’. Esta iniciativa deformação espiritual realiza-se até maio, no Museu deAveiro.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 10 de janeiro -Alma Açoriana: natureza ereligiosidade no Arquipélago RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 11 -Entrevista a Rui Marques,coordenador da Plataformade Apoio aos Refugiados Terça-feira, dia 12 -Informação e entrevista aopadre António Valério sobre"O vídeo do Papa" Quarta-feira, dia 13 - Informação e entrevista a AndréCosta Jorge do Serviço Jesuíta Aos Refugiados Quinta-feira, dia 14 - Informação e entrevista aEugénia Quaresma sobre o Dia Mundial do Migrante eRefugiado Sexta-feira, dia 15 - Entrevista de análise à liturgiade domingo com frei José Nunes e padre Nélio Pita Antena 1Domingo, dia 10 de janeiro - 06h00 - O Video doPapa: nova forma de rezar pelas intenções deFrancisco Segunda a sexta-feira, 11 a 15 de janeiro - 22h45 -Migrantes e Refugiados interpelam-nos: comentáriosde D. Manuel Clemente; Frei Francisco Sales;Mensagem do Papa Francisco (13 de janeiro);Encontro dos agentes sociopastorais de Migrações,com Eugénia Quaresma (programa de 14 e 15 dejaneiro)

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Ano C – Festa do Batismo do Senhor Viver obatismo namisericórdiade Deus

A cena do Batismo de Jesus, nesta Festa do Batismodo Senhor que encerra o tempo de Natal, revelaessencialmente que Jesus é o Filho de Deus, enviadopelo Pai ao mundo a fim de cumprir um projeto delibertação a favor dos homens. Jesus obedece ao Paie cumpre o seu plano salvador, vem ao encontro doshomens, solidariza-Se com eles, assume as suasfragilidades, caminha com eles, refaz a comunhãoentre Deus e os homens que o pecado haviainterrompido e conduz os homens ao encontro da vidaem plenitude. Da atividade de Jesus, só poderáresultar uma nova criação, uma nova humanidade.«Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus deNazaré, que passou fazendo o bem e curando todosos que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deusestava com Ele»: eis uma densa descrição da vida emissão de Jesus Cristo, na segunda leitura dos Atosdos Apóstolos«Hoje, Cristo é iluminado: entremos também nós noesplendor da sua luz. Hoje, Cristo é batizado:desçamos com Ele à água, para podermos subir comEle à glória». Estas são palavras interpeladoras deSão Gregório de Nazianzo no ofício de leitura de hoje,convidando-nos a entrar na vida em Cristo, quepassou pelo mundo fazendo o bem e libertando todosos que eram oprimidos, e a testemunhar o seu amornos quotidianos da nossa existência, para que asalvação que Deus oferece chegue a todos os povosda terra.Retomemos palavras do Evangelho: «O céu abriu-se… O Espírito Santo desceu sobre Jesus… Do céufez-se ouvir uma voz: Tu és o meu Filho muito amado:em Ti pus toda a minha complacência». O queaconteceu em Jesus deve acontecer em cada um denós. Batizados em Cristo e

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enxertados no Espírito Santo,escutamos a mesma voz do Pai: «Tués o meu filho amado, tu és a minhafilha amada! Eu estou contigo, em tipus toda a minha ternura!»Esta voz fala-nos sempre: recorda-nos a nossa dignidade de filhos efilhas de Deus; envia-nos a gritaraos nossos irmãos que são amadospelo Pai. Iluminados em Cristo,sejamos luz, ternura, bondade emisericórdia para quem vamosencontrando nos caminhos da vida.E que sejam sempre caminhos demisericórdia no amor de Deusderramado nos nossos corações.Neste Ano Santo da Misericórdia,somos convidados a passar a Porta

da Misericórdia de Deus, sempreaberta para todos sem exceção,comprometidos num caminho quedura a vida inteira. Um caminho quetem início com o Batismo, que nosintroduz e faz permanecer comofilhos na vida de comunhão comDeus e como irmãos na comunidadede Jesus Cristo. Na bela provocaçãodo Papa Francisco, sejamos «oásisda misericórdia de Deus» face aosdesertos da indiferença tãoglobalizada no nosso mundo.

Manuel Barbosawww.dehonianos.org

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Jubileu das Famílias O Papa presidiu no Vaticano àMissa da festa da Sagrada Família,no primeiro domingo depois doNatal, e convidou os pais católicos aensinar os seus filhos a rezar e acriar um ambiente de amor eperdão.“No Ano da Misericórdia, possa cadafamília cristã tornar-se um lugarprivilegiado da peregrinação ondese experimenta a alegria do perdão.O perdão é a essência do amor, quesabe compreender o erro e remediá-lo”, disse, na homilia da celebraçãoque decorreu na Basílica de SãoPedro, a 27 de dezembro.A cerimónia reuniu várias famíliaspara o seu Jubileu, no contexto doano santo extraordinário daMisericórdia (dezembro2015-novembro 2016), convocado peloPapa. “É no seio da família que aspessoas são educadas para operdão, porque se tem a certeza deser compreendidas e amparadas,não obstante os erros que sepossam cometer”, afirmouFrancisco.Segundo o Papa, o amor leva àcompreensão e ao amor, na vidafamiliar, dando forma a uma"peregrinação doméstica, de todosos dias". “Não percamos a confiançana família! É bom abrir sempre ocoração

uns aos outros, sem nadaesconder”, observou.A intervenção sublinhou aimportância da “educação para aoração” e da peregrinação,evocando o exemplo de Maria eJosé, que ensinaram Jesus a rezaras orações. “Como é importante,para as nossas famílias, caminhar

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juntos e ter a mesma meta em vista!Sabemos que temos um percursocomum a realizar; um caminho, ondeencontramos dificuldades, mastambém momentos de alegria econsolação”, acrescentouFrancisco.O Papa convidou os pais a“abençoar

os seus filhos” com o sinal dacruz, confiando-os a Deus, e a rezarantes das refeições, para agradecere aprender a partilhar. “Trata-se depequenos gestos, mas expressam ogrande papel formativo que a famíliapossui”, precisou.

Jubileu no AlgarveO bispo do Algarve afirmou que celebrar o Ano Jubilar é cada um abrir-se“à misericórdia de Deus e depois partilhar essa misericórdia”, na aberturaa Porta Santa do Santuário da Mãe Soberana. “O objetivo é deixar-seamar e perdoar por Deus para perdoar aos outros; crescer nestecaminho do amor e do perdão, acolhido e partilhado”, exemplificou D.Manuel Quintas, recordando o propósito de “redescobrir o própriobatismo” e que “unido” a este sacramento estão “a reconciliação e aeucaristia, fonte da vida cristã, da vida da Igreja”.O bispo do Algarve sublinhou ainda que a oração com o Papa e oanúncio e testemunho do Evangelho no mundo “particularmente atravésdas obras de misericórdia corporais e espirituais são também sinais”deste Ano Jubilar vivido até 20 de novembro com diversas iniciativasdiocesanas.No Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Loulé, popularmenteevocada como Mãe Soberana, o prelado assinalou que privilegiaram aabertura da porta da capela que tem sido “centro de tantasperegrinações ao longo de séculos”.Depois da abertura da Porta Santa na Sé de Faro, na Sé de Silves e nasigrejas matriz de Portimão e de Santa Maria de Tavira, em dezembro, obispo do Algarve abriu a última Porta Santa das cinco igrejas jubilaresalgarvias no dia 1 de janeiro.

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Dehonianos iniciam comemoraçõesdos 50 anos da criação da ProvínciaPortuguesaA Província Portuguesa dosSacerdotes do Coração de Jesus,dehonianos, iniciou a 27 dedezembro, a celebração dos 50anos da criação da província comuma Missa presidida por D. AntónioFrancisco, bispo do Porto.O início do cinquentenário dacriação da Província Portuguesados Sacerdotes do Coração deJesus decorreu no SeminárioMissionário Padre Dehon, na Missade ordenação de um diáconodehoniano.

De acordo com a informaçãoenviada à Agência ECCLESIA, ascomemorações dos 50 anos daprovíncia serão encerradas no dia27 de Dezembro de 2016, noSeminário Nossa Senhora deFátima, em Alfragide (Lisboa).A Província Portuguesa dosSacerdotes do Coração de Jesus foicriada no dia 27 de dezembro de1966, vinte anos após a chegadados primeiros dehonianos aPortugal, informa a página dainternet da congregação.

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Centenário da Irmã Wilson,fundadora das Irmãs Vitorianas

Ao longo deste ano, a Congregaçãodas Irmãs Franciscanas de NossaSenhora das Vitórias assinala oprimeiro centenário da morte da suafundador, a venerável Mary JeanWilson (1840-1916), que faleceu naMadeira.A religiosa, filha de pais ingleses,nasceu na Índia, a 3 de outubro de1840, e morreu em Câmara deLobos, a 18 de outubro de 1916,após um percurso de vida que a fezconverter-

se do anglicanismo aocatolicismo, assumindo o nome deirmã Maria de São Francisco.A religiosa recebeu o batismo emFrança, em 1874, e chegou àMadeira em maio de 1881, comoenfermeira de uma doente inglesa.Após ter-se fixado no Funchal,dedicou-se à catequese dascrianças, aos doentes e àeducação, tendo instituído diversasobras a favor dos pobres.

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O ano santo da misericórdia já chegou à cidade dealqosh

O desafio do Padre DankhaRezar pelos inimigos não é fácil.Muito menos quando eles, osjihadistas, estão a apenas 15 kmde distância e todos têm aindana memória os dias em quetiveram de fugir para salvar avida. Há centenas de cristãosrefugiados em Alqosh. É paraeles – e para nós - que se dirigeo desafio do Padre Dankha:Perdoar os inimigos e rezar poreles. O Padre Dankha Issa é monge daOrdem Caldeia, em Alqosh. Estacidade, situada no norte do Iraque,permanece intacta no que dizrespeito às suas raízes cristãs,como se a sombra do Mosteiro daVirgem Maria a protegesse de todosos perigos. A apenas cerca de 15km de distância, situa-se a linha dafrente do auto-proclamado “EstadoIslâmico”. A vida mudou muito emAlqosh desde o Verão do anopassado. Então, o avanço dosjihadistas na região levou à fugadesordenada de milhares depessoas. Centenas refugiaram-senesta pequena cidade. Ainda hojevivem por lá. Quase todos sãocristãos. Todos ali transportam asmemórias desses dias de terror. Porali são todos sobreviventes. São

todos como náufragos. Mas o PadreDankha tem um sonho: “O Jubileuda Misericórdia dá-nos uma novaesperança”, diz ele. “Esperemos queeste ano apague o fogo do ódio enos traga a paz.”O Padre Dankha Issa quertransformar este ano jubilar numtempo de perdão, e quer envolvertoda a comunidade nesse desafio.“Deus perdoa-nos. Porém, istosignifica que também temos de nosperdoar uns aos outros. E isso incluiigualmente os jihadistas que tantomal nos causaram. Como cristãostemos de amar os nossos inimigos.” Rezar pelos inimigosO Padre Dankha sabe que não vaiser fácil convencer as populaçõesde Alqosh a aceitarem o seudesafio. “Falando humanamente équase impossível. Porém, torna-semais fácil através da fé. Deusconsegue tudo.” O Padre Dankhatem ainda um desejo: que neste AnoSanto se transformem também oscorações dos jihadistas do auto-proclamado ‘Estado Islâmico’. OMosteiro da Virgem Maria é o localde abrigo de dezenas de famílias.São refugiados que perderam tudoo que tinham, mas conservaram a fé

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em Deus. Agora, o Padre Dankhaquer continuar a ajudar estaspopulações distribuindo-lhes, comosempre tem feito, com a ajuda dosbenfeitores da Fundação AIS,“alimentos, roupa, medicamentos…Mas agora, quero mais: desejo quepassemos a rezar juntos, todos osdias, sobretudo o Rosário. Assim,como membros do Corpo de Cristo,estaremos unidos com o nossopróprio sofrimento à Igreja universale ao Papa”.O Padre Dankha agradece o apoioque tem vindo a receberda Fundação AIS.

Sem essa ajuda seria quaseimpossível auxiliar tantas famílias.Mas tão importante quanto isso é acerteza da oração pelos Cristãosperseguidos. E ali, em Alqosh, opadre Dankha conhece todos estescristãos até pelo nome. E é emnome deles que agradece tambémas nossas orações. Por eles e pelosjihadistas, que estão a apenas 15km de distância.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Indiferença?! Nunca!

Tony Neves Espiritano

O combate á indiferença não permite tréguas. OPapa Francisco está na linha da frente desta‘guerra’, pois o futuro da humanidade passa poraqui. Na Mensagem para o Dia Mundial da Paz,Francisco evoca o sem número de eventosmarcados pela violência, guerra e perseguição(fala de uma ‘terceira guerra mundial empedaços’), pedindo mudanças radicais de atitudepor parte dos governos e das pessoasparticulares.Ninguém se pode render à indiferença. Por isso,os líderes mundiais presentes em Paris, naCimeira do Clima, deram corpo á esperança deuma Terra mais protegida dos efeitos dasalterações climáticas, apontando caminhos novosque ainda estão por percorrer e exigem corageme compromisso.Em tempo de Jubileu da Misericórdia, é urgenteampliar a capacidade de perdoar, dar e abrir-sea quem vive nas periferias e margens da história,sem vez e sem voz.A globalização da indiferença – segundo o Papa– começa pela marginalização de Deus. Éimportante perceber como Deus intervém nahistória: ‘Ele observa, ouve, conhece, desce,liberta. Deus não é indiferente. Está atento eage’. Temos que ser bons samaritanos.Há que viver a compaixão, atentos ao que sepassa no mundo: ‘quando estamos bem ecomodamente instalados, esquecemo-nos dosoutros!’.Os Governos devem servir os povos e nuncaservir-se deles. A conquista e manutenção depoder e riqueza acontecem quase sempre àcusta dos direitos humanos espezinhados eviolados. E o pobre é sempre quem mais sofre.

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As Paróquias, Comunidades,Associações e Movimentos devemser ‘oásis de Misericórdia’, pois oamor, a compaixão, a misericórdia ea solidariedade devem constituir umprograma de vida, um estilo decomportamento, nas relações deuns com os outros.Há muitas pessoas e organizaçõesque se empenham na prática dasobras de Misericórdia, mesmo emcontextos de alto risco. Entre elas‘contam-se muitos sacerdotes emissionários que, como bonspastores, permanecem junto dosseus fiéis e apoiam-nos sem olhar aperigos e adversidades, emparticular durante os conflitos

armados’ – defende o Papa. E,claro, Francisco pode ternura ebraços abertos para o acolhimentoaos refugiados que estão sempre abater à nossa porta.Estas ideias-força retiradas daMensagem do Papa Francisco parao Dia Mundial da Paz traduzemtambém o testemunho de vida e deMissão da Madre Teresa deSaldanha, fundadoradas Dominicanas de Santa Catarinade Sena, falecida há cem anos. AMissão destas Irmãs, seguindo ainspiração fundadora, continua asemear justiça, paz e fraternidadepor esse mundo além.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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