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Oxe! - Marco de 2013

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No mês em que Francisco Morato faz 48 anos e se comemora o Dia Internacional para os Direitos da Mulher, você confere no Ôxe! Uma reflexão sobre o incipiente, mas vigoroso desejo de mudar que vem aparecendo na nossa sonolenta região. Além disso, confere também o bate-papo com a diretora de Cultura de Franco da Rocha, Taiana Garcia, sobre o que pretende realizar na pasta, mais textos da Pamela Gabrielle com a programação especial para as mulheres no SESC Pompéia; Marcio Miranda falando um pouco sobre a organização do movimento pelo transporte de qualidade em Morato; a festa de aniversário da Cidade que a Superintendência de Cultura pretende realizar; as muitas m]Marias na poesia única de Messias Silva; a belíssima, orgulhosa e nordestina poesia de Francis Gomes; o rigor da lei ou nossa excessiva relativização no texto de Eduardo Nunes; a charge sempre afiada de Betto Souza e a fabulosa estreia da ilustração do grafiteiro Brinho.

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ANO IV − Numero 465.000 ExemplaresFrancisco Morato - São Paulo

Brasil

ComportamentoSociedade

Culturae tâmo de olho!

Março // 201 3 Venda Proibida Distribuição Gratuita graças ao apoio do comércio local

O crescente e positivo desejo de mudança de uma cidade e região que, depois deadormecer por muito tempo, vai descobrindo que só há um jeito de melhorar:

arregaçar as mangas e ir à luta!

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Neves

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tock.xch

ngedivulgação

Page 2: Oxe! - Marco de 2013

1 Março / 201 3

ProgramasUbuntu 10.10 (ubuntu.com)BrOffice.org 3.2.1 (broffice.org)Gimp 2.6.10 (gimp.org)Scribus 1.3.3.13 (scribus.net)InkScape 0.48 (inkscape.org)Mozilla Firefox 3.6.13 (br.mozdev.org)Banshee 1.8.0 (banshee-project.org)

::. O que a gente usou nessa edição

::. Colaboraram nesta edição:

Betto Souza(subjetividadeematividade.blogspot.com.br)Brinho(brinho.carbonmade.com)Eduardo Nunes([email protected])Francis Gomes(poetafrancisgomes.blogspot.com.br)Marcio Miranda([email protected])Messias Silva([email protected])Pamela Gabrielli([email protected])Sup. de Cultura de F.M.(facebook.com/cultura.defranciscomorato)

O informativo Ôxe! é uma iniciativa daÔxe! Produtora Comunitária que visapropiciar à população de Francisco Mo-rato e região, um veículo de jornalismocidadão e produção, difusão e divulga-ção de ideias e informações na área cul-tural. Todas as informações, ilustraçõese imagens são de responsabilidade deseus respectivos autores e obedecem alicença Creative Commons 2.5 BrasilAtribuição-Uso Não-Comercial-Com-partilhamento pela mesma Licença(acesse o blog para maiores detalhes),salvo indicações do(a) autor(a) em con-trário. Para ver uma cópia desta licença,visite http://creativecommons.org/li-censes/by-nc-sa/2.5/br/ ou envie umacarta para Creative Commons, 171 Se-cond Street, Suite 300, San Francisco,California 94105, USA.

AEquipe Ôxe! é: Fabia Pierangeli,Gilberto Araújo, Mari Moura e RogerNeves ([email protected])

Ôxe!: Pra quem não conhece, quem éTaiana Garcia?

Taiana: Sou uma menina do interior queama as artes e a cultura, fascinada por qual-quer tipo de manifestação cultural. Sempretive paixão por teatro e música, venho deuma família musical, meu avô tocava em or-questra, com 10 anos eu comecei a cantar eatuar na escola, meu professor de teatro quedetectou minha voz e aos 13 anos, fiz minhaprimeira apresentação em público, dentro daigreja de Piracaia, minha cidade natal, quetem 26 mil habitantes, foi assim que come-çou meu namoro com arte e cultura.

Meu bebedouro cultural lá no interior éum lugar que se chama Galpão Busca Vida,o único lugar onde eu achava informaçõesde boa qualidade, dentro da minha concep-ção, com música, grupos teatrais interessan-tes, era uma casa noturna que em algunshorários alternativos tinham apresentaçõesde teatro e música. Há onze anos, começoulá o festival de Arte Serrinha, eu tinha 17anos e aquilo foi meu grande encantamen-to, porque vi workshops do Zé Celso, NanáVasconcelos, Alice Ruiz e outros, e nessefestival também tinham shows maravilho-sos, Arnaldo Antunes, Tom Zé, Elba Ra-malho. Conheci muitos grupos diferentes,de diversos lugares do Brasil.

Com 17 anos, fui pra são Paulo fazer fa-culdade de rádio e TV, amava o cinematambém, nessa época eu me dividia entrecantar na noite, atuar em peças de teatro etambém fazia parte de um projeto de umaassociação de humanização cultural e soci-al, dentro do Hospital das Clínicas, onde fa-zíamos intervenções artísticas, foi uma fasemuito rica da minha vida. E depois de 7anos em São Paulo, voltei pro interior e fuitrabalhar em outra área, com relações pú-blicas. Fazendo assessoria de comunicaçãopara um deputado estadual, tive meu pri-meiro contato com administração pública eagora estou aqui, com a missão de tocar aDiretoria de Cultura de Franco da Rocha.

Ôxe!: Quais as primeiras ações que vocêpretende realizar na área da cultura emFranco da Rocha?

Taiana: Bom, esse primeiro momentoestá sendo de conversa com os artistas enum segundo momento, depois que detec-tarmos as necessidades culturais da cidade,queremos organizar uma conferência muni-cipal pra poder ter uma conversa mais ofi-cial sobre as demandas da cidade.Pretendemos realizar essa ação ainda nesseprimeiro semestre. A ideia é chamar os ar-tistas locais pra conversar, contar, expor su-as ideias e ver quais as necessidadesculturais da cidade.

As primeiras ações, estarão diretamenteligadas à formação na área de produçãocultural, para que os artistas da cidade pos-sam entender melhor todo o processo queantecede a realização de um espetáculo, ex-posição, show, evento, etc. Com o tempo,queremos também descentralizar as açõesculturais, então, o que tiver aqui no CentroCultural, tentaremos levar para os bairros,para atingir uma outra parte da população, aque não vem até o centro. Resumindo, asprimeiras ações estão ligadas à questão da

reflexão da atividade do artista dentro dacidade, não só no papel de apresentar suaobra, mas também como ele pode produzire ajudar na forma de trazermos outos espe-táculos pra cá, ele pode ser um grandeagente auxiliador.

Ôxe!: Os artistas locais serão valorizadosna programação cultural da cidade? Se-rão contratados e receberão cachê pratrabalhar nesses eventos?

Taiana: Temos a intenção de valorizá-lossim, queremos trazer os artistas pra compo-rem o quadro cultural de ocupação dos es-paços, queremos a aproximação com essesartistas, mas sendo contratados mesmo,queremos pagar cachê e depois de montar-mos o conselho de cultura aqui, que é o pri-meiro passo desse semestre, tambémprecisamos criar o fundo de cultura pra po-dermos ter uma base que vai atender cachêe pontos que precisamos melhorar para oseventos e espetáculos que virão.

Ôxe!: Hoje, no Centro Cultural existemalgumas ações de formação cultural, co-mo aulas de teatro, canto coral, artesana-to, essas ações serão ampliadas?

Taiana: A nova gestão está reformulan-do a forma de realizar essas ações de for-mação, porque a gente entende que a formacomo estavam sendo feitas anteriormentenão cabe dentro do plano da atual gestão. Aideia é ampliar mas focar na formação, aoficina de teatro continua com o André Ar-ruda, mas as demais estão sendo reformula-das, nós vamos ter um núcleo de música,com o resgate da banda municipal e outrasaulas acontecerão com foco em formaçãomusical, para futuramente termos monito-res que levarão formação para as escolas ebairros. Todas as oficinas terão o foco deformar e não simplesmente acontecer aqui,estamos preocupados com a questão doconteúdo, pra que o aluno no começo doano tenha uma base e no final, já tenha umconhecimento maior pra poder dar um se-gundo passo, por isso estamos criando umprojeto contínuo.

Ôxe!: No plano “Novas ideias para Francoda Rocha”, o novo prefeito afirma que iráfazer parcerias com o governo federal pa-ra implantar o programa “Ponto de Cul-tura” na cidade. Como isso acontecerá?

Taiana: A gente tem a intenção de trazero ponto de cultura, mas pra isso temos queconversar com os artistas e agentes culturaisda região, porque precisamos ter uma asso-ciação ou entidade que comprove que pro-duz cultura aqui há mais de três anos.Estamos fazendo um levantamento se exis-te essa entidade, vamos plantar a sementedo ponto de cultura, se não houver real-mente uma entidade assim, a ideia é co-meçarmos agora pra que daqui três anosjá tenhamos isso e então, implantar oponto de cultura na cidade.

Ôxe!: Uma outra proposta é oprojeto “Cinema na Praça”, quelevará cinema nas praças dos di-versos bairros da cidade. Comoserá a realização desse projeto?

Taiana: Esse projeto demandaum pouco de cuidado, inicialmentequeremos trazer cinema para os

nossos espaços e depois vamos descentrali-zar essa atividade, até por conta da equipe,que ainda não está formada. O governo fe-deral e o governo do estado de São Paulooferecem doação do equipamento, quandojá tivermos com tudo organizado, pretende-mos colocar isso nas praças e realizar essaatividade mensalmente.

Ôxe!: A gestão anterior deixou a popula-ção meio “mal acostumada”, com festasque aconteciam de 2 em 2 meses, vocêspretendem manter isso?

Taiana: A questão dos eventos está sen-do conversada com a atual administração, anossa principal preocupação é tentar darum caráter cultural real para essas festas,até porque algumas fazem parte do calen-dário oficial da cidade, mas queremos cui-dar do conteúdo, desde a questãodecorativa até as comidas e a programaçãoartística. Mas os eventos de 2 em 2 meses,existem uns que estão no calendário oficialoutros que não, no geral, como tudo estásendo repensado, a questão dos eventostambém está!

Ôxe!: De tudo, o que a população podeesperar de você e sua equipe na área daCultura em Franco da Rocha?

Taiana: Espero que as pessoas se sintamacolhidas, que as pessoas sintam que tudoestá sendo feito com uma preocupação naformação mesmo, tanto no fluxo de infor-mação desse intercâmbio cultural que que-remos fazer com os artistas daqui, quantona questão de oferecer, sejam oficinas, es-petáculos, um espaço de qualidade e quetraga uma informação bacana pro artista oupro consumidor cultural. Às vezes é precisodar uma remédio meio amargo, como ago-ra, com nossos espaços parcialmente inter-ditados, metade do centro culturalfuncionando, a casa de cultura tambémprecisando de um reforma estrutural, masdepois de resolvermos esses problemas,quando o remédio começar a fazer efeito, agente espera colherbons frutos. .::

::. Diga, Ôxe! Taiana Garcia, Secretaria de Cultura de Franco da Rocha

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Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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2Março / 201 3

::. Girandolá Recebe... dois grupos do interi-or de SP, em Franco da RochaO Girandolá Recebe... de março traz para Franco da Ro-cha uma dobradinha interiorana, com espetáculos vindos deSão José do Rio Preto e de Itupeva.

No dia 22/03, sexta-feira, às 20h, o público poderá con-ferir o impactante “Cheiro de Carne”, daCia. Hecatombe,lá de São José do Rio Preto. O espetáculo foi criado de ma-neira coletiva e com apoio do ProAC – Programa deAção Cultural 2011.

Sinopse: EmCheiro de Carne o (neo)grotesco é pano defundo para as ações estabelecidas, é através dele que umpensamento vai sendo delineado numa reflexão que apontao homem como sendo apenas um pedaço de carne. É am-parado sob essa ótica crítica que o espetáculo aborda temasque são um prato cheio para o sensacionalismo e usa issocomo forma de refletir nosso papel dentro de uma socieda-de cada dia mais mutável em seus valores. RECOMEN-DADO PARAMAIORES DE 16 ANOS

Já no dia 23/03, às 21h, novamente em terras franco-ro-chenses aCia. de Teatro Educando com Arte, que vemlá de Itupeva traz um espetáculo de Teatro-Dança, intitula-do “Bem me quer, mal me quer”. O espetáculo, que vemsendo apresentado desde 2011, é o resultado de uma pes-quisa que mergulhou no universo do Tanztheater de PinaBausch para buscar referências de linguagem, através doprincípio de “o quanto de dança pode ser falado e o quê detexto pode ser dançado”.

Sinopse: Um triângulo de amor, amizade, ciúme, paixãoe ódio. Inácia abre sua caixa de Pandora e liberta seus sen-timentos mais sombrios, mergulhando todos que estão aoseu redor num jardim de maldições e evocando a presençamisteriosa de Felipe, um fiel comparsa que está sempre pre-sente e parece não pedir nada em troca.

Onde? No Centro Cultural Newton Gomes de Sá - Av.Sete de Setembro, s/nº, Centro, Franco da Rocha, SPQuanto? Gratuito, mas os ingressos devem ser retiradoscom 1h de antecedência no dia da apresentação, no própriolocal. Outras informações? 4488-8524 ou www.teatro-girandola.com.br

O Projeto Girandolá Recebe. . . é uma realização do Tea-tro Girandolá e daAssociação CONPOEMA e contacom o apoio do Informativo Ôxe!, da Prefeitura e daDi-retoria de Cultura de Franco da Rocha.

::. VI Sarau CONPOEMAE vem aí mais uma edição do nosso Sarau CON-POEMA. No dia 16 de março, a partir das 19h esta-remos lá no Centro Cultural Newton Gomes de Sá (Av.Sete de Setembro, s/nº, Centro, Franco da Rocha, SP), es-perando por você. A entrada éGRATUITA e o espaço éaberto para todos aqueles que quiserem apresentar uma mú-sica, uma poesia, uma cena, uma história, uma coreografiaou o que mais achar que seja importante ser compartilhado.O Sarau CONPOEMA é uma realização daAssociaçãoCONPOEMA, acontece mensalmente na cidade de Francoda Rocha e conta com o apoio daDiretoria de Cultura deFranco da Rocha. Nos encontramos lá!!!

::. Grupo Pandora faz ensaio aberto de seunovo espetáculo no CEU PerusNo próximo sábado, dia 17/03 às 18h, o Grupo Pando-

ra de Teatro realiza um ensaio aberto de seu novo espetá-culo teatral “Relicário de Concreto”, na sala multiuso doCEU Perus. O espetáculo, realizado com apoio da 20ª Edi-ção da Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de SãoPaulo, tem estreia prevista para abril de 2013 e propõe umaexperimentação cênica a partir da história dos trabalhadoresda Fábrica de Cimento Portland Perus, a qual foi palco esímbolo de resistência, ocorrendo ali o maior período degreve operária já registrada.

O CEUPerus fica naRuaBernardo José de Lorena, s/nº, Pe-rus, SP. Tel: 3915-8753

Outras informações: grupopandora.blogspot.com.br

::. Iniciação Artística para crianças e jovens,em PerusO PIÁ – Programa de Iniciação Artística, mantidopela Prefeitura de SP através da Secretaria Municipal deCultura em parceria com a Secretaria Municipal de Educa-ção, atende gratuitamente crianças e jovens de 5 a 14 anosvisando a iniciação e o despertar do interesse pelas seguin-tes linguagens: artes visuais, dança, música e teatro.

Durante o ano de 2013, o PIÁ será desenvolvido tam-bém na Biblioteca do CEU Perus, com encontros queacontecerão em variados horários e as inscrições já estãoabertas.

Mais informações: 3917-0751 .::

Confira aqui osacontecimentosde Fevereiro,veja como foi olançamento doprimeiro CD dasmeninas doOdisseia das

Flores, naQuilombaque,bloco decarnavalHerdeiros do

Barão nas ruasde Morato, econfira as fotosdo SarauCONPOEMA emFranco daRocha. .::

::. Na Faixa Por: Fabia Pierangeli

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3 Março / 201 3

Março é o mês de aniversário da cidade de Francisco Mo-rato. E sabe como é, né? Mês de aniversário acaba sempre setransformando em mês de reflexão, de avaliação daquilo quefoi e prospecção daquilo que pode vir a ser. Nesse ano de2013 Morato completa 48 anos, um jovem município que detropeço em tropeço, vai escrevendo, re-significando e trans-formando as mal traçadas linhas de sua própria história.

Às vezes me pego pensando em como essa história come-çou... será que as pessoas que viveram aqui no tempo daemancipação da cidade imaginavam que ela seria o que éhoje? O pessoal mais antigo diz que no início, Morato tinhavocação pra ser uma cidade interiorana, com muito verde eum belíssimo circuito de águas, mas aí, na década de 80 che-gou a especulação imobiliária e com elao “boom” dos loteamentos e com ele achegada de uma população que vinhapra cá impulsionada por um grande so-nho: a aquisição da casa própria. E assimMorato foi crescendo, vertiginosamente,sem nenhum planejamento e acabouperdendo sua vocação de cidade interi-orana pra se transformar numa das maispopulosas cidades dormitório da regiãometropolitana de São Paulo.

Cidade dormitório é um termo utilizado pra designar umaaglomeração urbana que surge próxima a uma grande cidadee tem como principal característica o fato de sua populaçãoter que se deslocar para outras cidades em busca de trabalhoe meios de sobrevivência, permanecendo na “cidade dormi-tório” só pra dormir e aos finais de semana. Essa caracterís-tica gera uma outra, que é a sensação de não-pertencimento.Para os indivíduos que quase não ficam na cidade, fica difícilreconhecer-se como cidadão e é exatamente por isso, que osmoradores das cidades dormitório enfrentam precárias con-dições de vida, altos índices de violência, criminalidade, pro-blemas com trânsito, com transporte, com meio ambiente,com saúde, educação, etc, etc, etc. Se identificou? Pois é...Morato, como tantas outras cidades brasileiras, sofre com oabandono, de seus administradores e também de seus muní-cipes. Quantas vezes você já ouviu ou já se pegou dizendoque um dia quer ir embora daqui, que gostaria de morar emum lugar melhor? E quantas vezes você já ouviu ou já disse:eu quero que esse lugar onde eu vivo seja um lugar melhor?

Minha família chegou aqui justamente na década em queMorato perdeu sua vocação interiorana. Minha família foiuma das tantas que pra fugir do aluguel comprou um terreno,construiu uma casa e aqui está, há mais de 20 anos. Eu che-guei aqui criança e foi aqui que me fiz gente. Não nasci mo-ratense, mas me tornei moratense e há algum tempo já que

tenho percebido que Morato novamente começa a mudarsua vocação. Quem sabe se depois de tanto dormir, os mo-radores dessa terra começaram a sonhar... E sonhar não éum dos primeiros passos que nos impulsionam a querer mu-dar?

Não faz muito tempo era comum ouvir as pessoas dizen-do: “Morato é assim mesmo, sempre foi, não muda não!”;“É assim que as coisas funcionam por aqui, é o tradicional-mente feito.”; “Não vai adiantar nada!”

E como isso me enfurecia... e foi aí que eu comecei a per-ceber que isso enfurecia a outras pessoas também e esse en-furecimento foi gerando um sentimento que gritava dentro

da gente: “Assim não dá mais! Isso estáerrado! Pode ser diferente!” E hoje sin-to, que tem muita gente se movendocom esse pensamento. É claro quequando digo muita gente, não estou mereferindo aos quase 200 mil habitantesque vivem por aqui, mas estou me refe-rindo a uma galera que está começandoa se encontrar pra conversar, pra discutiros problemas da cidade, estou me refe-rindo às pessoas que estão organizandoações, manifestações, que estão a cada

dia mais ligadas na vida política da cidade, que estão come-çando a entender que pra que Morato seja um lugar me-lhor pra se viver, vai ser preciso a participação efetivado povo nessa melhora, seja denunciando, seja co-brando, seja organizando um evento de lazer,uma partida de futebol, um espaço pras criançasbrincarem no fim de semana, seja votando.

Pra mim, o resultado das últimas eleições, porexemplo, foi uma forma do povo dizer que nãoqueria mais ser conivente com o modo como apolítica vinha sendo tradicionalmente feita poressas terras. Dar tchau pros Pelizari e pros Bres-sane é uma tentativa de dar um novo rumo pranossa cidade, de dar uma outra chance pra nossahistória. O que vai ser e o que o Cechettini vai fa-zer com essa oportunidade e com esse voto deconfiança, só o tempo vai dizer. Mas espero dofundo da minha alma que ele seja uma pessoasensata e coerente, que ele de fato olhe para nós,moratenses, como nenhum outro administradorolhou. Que ele não permita falcatruas, comprassuperfaturadas, desvios de verba e que ele fiquede olho muito aberto e atento na sua equipe, praque o nosso dinheiro não seja usado de maneirairresponsável. E torço pra que meus conterrâ-

neos também fiquem a cada dia mais espertos, torço pra quetodos fiquemos de olhos bem abertos e se começarmos asuspeitar de que nada mudou, que nosso novo administradorao lado de sua equipe, são só umas carinhas novas que agemda mesma forma que as caras antigas, que tenhamos muitafirmeza pra dizer: Vocês também não nos servem!

Um dia Darcy Ribeiro disse: “Só há duas opções nesta vi-da: se resignar ou se indignar. Eu não vou me resignar nun-ca.” E o meu desejo pra Morato (e como me consideromoratense, acredito que tenho o direito de fazer pela cidadeum pedido de aniversário) nesse mês de aniversário é que ocoro de indignados na nossa cidade, na nossa região, nessenosso país e no mundo todo, siga crescendo. Que mais emais pessoas tomem as ruas exigindo mudanças, que mais emais pessoas continuem se mobilizando e se empenhandoem produzir arte e cultura, em contar histórias para nossascrianças, em organizar bibliotecas, em distribuir livros, emorientar os jovens. Que cada morador dessa cidade assumaseu papel de cidadão e se junte a outros cidadãos, pra fazerdo seu lugar, um lugar melhor, numa luta constante de(R)existência!!! .::

“Resistir é uma maneira perigosa de estarnessa lógica de mundo que eu não queria.

Resistir é uma forma de mudar esse lugar . . .”(Trecho da música "Ter pra Ser",

da bandaOMandruvá)

Por: Fabia Pierangeli

Manifestação de jovens moratenses, próximo àseleições do ano passado.

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Page 5: Oxe! - Marco de 2013

4Março / 201 3

Sabe-se bem que nossa cidade chora há muito tempo por um poucode compaixão e misericórdia de seus governantes, ela que sofre devários problemas sociais e administrativos, fazendo com que os cida-dãos aqui residentes vivam descontentes com a qualidade de vida e sedesesperem por uma melhoria a cada nova gestão.

Um dos problemas mais comentados pelo povo é o terminal deônibus, onde não há fiscalização, bancos, limpeza, manutenção, acessopara os deficientes que sobem as escadas com tremenda dificuldade,muitas vezes são até desrespeitados pelas próprias pessoas que passamali todo dia.

Outro caso é a passagem de ônibus, muitos reclamam que pelo per-curso ter diminuído e também as condições e quantidades de ônibusdisponíveis, não condiz com o valor cobrado, e o cidadão já não sabeo que fazer.

Porém ultimamente o público jovem vem dando uma nova esperançapara os mais velhos, essa nova geração mostra vontade de lutar pelosseus direitos e de tentar conseguir melhorar a situação da cidade, recen-temente um pequeno grupo que se encontrou na praça do coreto, parauma reunião que ocorreu nos dias 02 e 09 deste mês, com intuito deformar um protesto forte e organizado para sair às ruas.

Assim que estipularmos uma data para o protesto, estaremos di-vulgando o horário e o local para que possam comparecer, por oravamos acompanhar as reuniões deste pequeno, mas promissor grupo.

Mais informações pelo e-mail: [email protected] .::

OOrrggaannii zzaaççããoo FFMM,,eemm ssiinnttoonniiaa ppoorr MMoorraattoo mmeellhhoorr

PPoorr:: MMaarrcciioo MMiirraannddaaTema: MULHERES MULTIPLICANDO ACULTURAO dia 08 de março é lembrado no mundo todocomo o Dia Internacional Para os Direitos daMulher. Em comemoração a esta data, o SescPompeia convida a Frente Nacional de Mulheresno Hip Hop para uma série de bate-papos e ofici-nas que buscam refletir e sensibilizar sobre asquestões da mulher nos dias de hoje. Os encontroscontemplam um momento de reflexão e prática ar-tística em diferentes linguagens.

1° Encontro: Stêncil e Grafite. O abuso sexual eos direitos da mulherO primeiro encontro abordará discussões sobredos direitos da mulher, em especial, a questão doabuso e da violência sexual. A partir dessas discus-sões será possível desenvolver a técnica do stêncil,arte de rua que permite de modo rápido e práticointervir graficamente produzindo imagens e frasesque gerem reflexão e contestação.

Orientação de Cristiane Moscou e Jéssica CajuDia 8, 9 e 10/3.Sexta. Das 19h às 21h30. Sábado e domingo,das 11h às 16h (com intervalo de 1h para almoço)

2° Encontro: Dança Afro Contemporânea. Vio-lência contra a mulherO segundo focará a discussão da violência con-tra a mulher nas suas mais variadas formas, física,virtual, psicológica e institucional. Em seguida,será realizada uma vivência de dança afro con-temporânea.

Orientação de Fabiana Pitanga eVanessa SoaresDia 17/03. Domingo, das 11h às 16h (com inter-valo de 1h para almoço)

3° Encontro: Breaking. O tráfico de mulheresO terceiro encontro abordará a questão do tráfi-co de mulheres nos dias de hoje. A partir das dis-cussões, será realizada a oficina de Breaking, esuas características de passos, ritmos e consciên-cia corporal.

Orientação: Thatiane Ladeira eMiwaDia 24/3. Domingo, das 11h às 16h (com inter-valo de 1h para almoço)Local: Sala 01

4° Encontro: Oficina de MC`S. Sexualidade Fe-mininaNesse encontro será feito um bate-papo sobre asexualidade feminina. Em seguida, ocorrerá umaoficina que abordará as principais técnicas do traba-lho de umMC, como métrica, formas de rima e ou-tras características do discurso político e musical.

Orientação: Roseane Ribeiro e Sharylaine Sil

Dia 31/3. Domingo, das 11h às 16h (com inter-valo de 1h para almoço)Local: Sala 01

5° Encontro: Oficina de DJ. A liberdade damulher.Como encerramento dos encontros, serão abor-dadas as formas e possibilidades da emancipaçãoda mulher, na busca pela igualdade de direitos e doexercício da cidadania plena. Após o bate-papo, aoficina irá apresentar as técnicas do DJ, como mi-xagem, edição e performance.

Orientação: Lunna e SimmoneDia 31/3. Domingo, das 11h às 16h (com inter-valo de 1h para almoço)Local: Ateliê Técnicas Mistas

Show: Grupo Odisséia Das Flores convida Mc GraGrupo de rap composto por mulheres que com-põem e interpretam suas músicas, com influênciasque circulam por diferentes estilos musicais comorap, reggae, maracatu, blues e ritmos brasileiros.Suas músicas se caracterizam por letras políticas eque problematizam as questões da mulher.

Dia 24/3. Domingo,às 19h.Local: Choperia

Por: Pamela Gabrielle

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Dia 21 de março nossa cidade completa 48 anos e pra comemorar aPrefeitura de Francisco Morato, através de sua Superintendência deCultura organiza e convida toda a população moratense a participar deuma grande festa que acontecerá de 21 a 24 de março, em frente aoprédio da antiga Prefeitura, próximo ao CIC – Francisco Morato. Anovidade desse ano é que todo o espaço será fechado, coberto e contarácom a presença de seguranças que garantirão a integridade dos presentes.A entrada é gratuita, mas no local serão arrecadados alimentos para osprojetos desenvolvidos pelo Fundo de Solidariedade do município. Porisso, convidamos toda a população a participar dessa campanha.

Nos dias 21, 22 e 24 (quinta, sexta e domingo) a festa começa a partirdas 19h e trará apresentações musicais e de dança, com grandes artistas.

No dia 23 (sábado), dia em que acontece a Marcha para Jesus emFrancisco Morato, a festa começa um pouco mais cedo, a partir das 16h eserá um dia dedicado à música gospel.

Venha participar dessa comemoração!!!

Mais informações: 4488-2145 .::

Festa peloaniversário de

Francisco MoratoPor: Superintendência de

Cultura de Francisco Morato

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Page 6: Oxe! - Marco de 2013

5 Março / 201 3

Por: Messias Silva

ASSIMERA

MARIA

Para Benito, ela, a Maria alegria Mariapara Milton, ela, a Maria magia Maria;Para mim, vestia estilo maria-sem-vergonhaflorido com um girassol risonho;Não era tipo; maria-vai-com-as-outrasnão aceitava opiniões de outrem;Vitoriosa quanto à Maria-Bonitadestemida, guerreira convicta;Adorava comer maria-rachadao maturi é um caju; um achado!Um doce de mulher que comia maria-molea caipirinha dizia: não! à bebida maria-mole;Interiorana amava os coretos das praçasamante das marias-fumaças;Maria, boêmios, via, ouvirem com euforiaas lindas canções de Ângela Maria;Bailava, embriagada, ao som moda de violasó o vinho não à deixava uma Maria mole;Graciosa com seu penteado maria-chiquinhaser uma menina-mulher mal nenhum tinha;Sempre realizava o que querianem tudo levava em banho-maria;Tudo por mim nada que não fariatentou de tudo para me parecer uma bela Maria. . .Convidada às peregrinações; romariase entregava às penitências à Maria;Não havia quem não à amaria. . . !por ser devota à Santa Maria;As tardes não perdia os sinos à Virgem Mariaaos toques das 3 badaladas orava ave-maria;Todos queriam o amor de Mariapois assim, era Maria. . .

Minha pele não é branca, não é preta, nem amarelaMinha pele tem a cor do meu povoDo meu estadoDa minha terra,De minha cidadeDo meu rioDo meu açudeDa minha roçaDo colégio onde estudeiDas veredas que pisei.A cor da minha pele não estáDescrita em meus documentos,Ela está cravada no meu coração,No orgulho que sinto de ser nordestinoCearense,Fariasbritense,Minha pele tem a cor do meu amorMinha pele sem dúvida nenhuma tem a cor do sertãoQueimada do solBanhada pela luaSoprada pelo vento agresteEla tem uma cor especialE sinto orgulho em dizer:Minha pele é nordestina.

PPoorr:: FFrraanncciiss GGoommeessAA ccoorr ddee mmiinnhhaa ppeellee

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Page 7: Oxe! - Marco de 2013

6Março / 201 3

::. BETTO SOUZA

Recente pesquisa feita pela UFMG – Uni-versidade Federal de Minas Gerais – apontaque muitos brasileiros são propensos a come-ter infrações que julgam ser de menor valor.Oferecer dinheiro para se livrar de multas detrânsito não é considerado corrupção por23% da população. Outros 35% acreditamque algumas coisas podem ser “um poucoerradas”, mas não corruptas, como sonegarimpostos quando a taxa for alta.

Notem que esse comportamento predispõetolerância a atos de desvio de conduta deuma maneira geral, o que é altamente repro-vável. Ao mesmo tempo em que nos indigna-mos com a corrupção em órgãos do governo,compramos um CD pirata. A mesma pessoaque, aos gritos, acusa servidores de desviosde dinheiro público, sonega imposto de ren-da. Quase com um comportamento bipolarseguimos nosso dia a dia com inúmeras in-consistências. Temos a falsa ideia de que acorrupção está somente na esfera pública.Não é normal alunos que colam em provasescolares. Não é normal falsificar carteirinhade estudante para pagar menos em shows, ecinemas. Não é legal sonegar nota fiscal ouburlar o sistema de TV por assinatura. Soli-citar vantagens em troca de outro favor é oinício do processo corruptor.

Nos dicionários CORRUPÇÃO: s.f.Ação ou efeito de corromper, de fazer

degenerar; depravação.Ação de seduzir por dinheiro, pre-sentes etc. , levando alguém a afastar-se da retidão; suborno.

Quero lembrar que educamos pelos nossosatos e não pelas palavras. Ao mesmo tempoem que, assistindo ao noticiário no confortode nossa casa bebericando uma cerveja e nosindignamos com casos de motoristas embri-agados, não encontramos problemas em saircom nossos veículos após uma festinha rega-da a álcool. É como se o problema existisseapenas na casa do vizinho.

Talvez, seja muito massacrante a onda decasos de desvio de conduta a que somossubmetidos pela mídia - gerando uma im-pressão de banalidade - o que não justifica apassividade ou até mesmo a conivência exis-tente. Estamos diante de um imbróglio ético,onde a questão pessoal suplanta a pública.

Interessante salientar que essa situação nãoocorre – ou talvez em mínima escala – emnações que vivem sob alto controle social,político ou religioso onde a liberdade de ex-pressão é limitada. Fica aí um desafio para ademocracia. .::

Eduardo Nunes (professor, músico, ambienta-lista atento às alterações e interações humanas).

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Ora, a Lei!"Passarinho"

São 7 da manhã de mais uma sexta-feira,que poderia ter passado como tantas outras, naestação de Francisco Morato. Mas há por aliuma movimentação diferente... em meio ao vaie vem típico desse horário, de milhares deusuários indo trabalhar e algumas centenasvoltando, algumas pessoas passam pra lá e pracá carregando caixas de som, cadeiras, micro-fones, pedestais, caixas de papelão.

Poderia ter sido mais um dia como tantosoutros, mas não foi! Às 9h da manhã, do dia 8de março, Dia Internacional da Mulher, teminício o evento em homenagem às mulheresmoratenses.

As mulheres (e os homens também) quepassaram pela estação, entre 9 e 14h dessasexta-feira, foram recebidas com poesias do Sr.George Apérguis que lhes foram entregues porfuncionários da Superintendência de Cultura epuderam apreciar uma série de apresentaçõesmusicais com o grupo de flautas do curso deiniciação musical da Pró-Morato, com o Coraldo projeto Alegria de Viver, com a cantoragospel Aline Miranda e com a Banda da Cul-tura, que animaram e embelezaram a áreapróxima às catracas da estação.

Para saber mais e conferir as fotos do eventoacesse:www.blogduoxe.blogspotcom.br .::

Saiba: blogduoxe.blogspot.comSiga: @informativo_oxeCurta: Produtora Ôxe!

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Ação distribuiu poesias em homenagemàs mulheres e surpreendeu moradores

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Quem passava, foi ficando para ver e seacumulando na entrada da estação

Além de apresentações musicais, açãocontou com performances à carater

Por: Fabia Pierangeli

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