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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Centro de Ciências Sociais e Aplicadas Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas MAYCON FRANCO LOURENÇO GIMENEZ OS EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DO BIG DATA NA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA São Paulo 2018

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Centro de Ciências Sociais e Aplicadas

Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas

MAYCON FRANCO LOURENÇO GIMENEZ

OS EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DO BIG DATA NA INTELIGÊNCIA

COMPETITIVA

São Paulo

2018

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MAYCON FRANCO LOURENÇO GIMENEZ

OS EFEITOS DA UTILIZAÇÃO DO BIG DATA NA INTELIGÊNCIA

COMPETITIVA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração de

Empresas da Universidade Presbiteriana

Mackenzie, como requisito para a

obtenção do Título de Mestre em

Administração.

Linha de pesquisa: Recursos e

Desenvolvimento Empresarial

Orientador:

Prof. Dr. Gilberto Perez

São Paulo

2018

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G491e Gimenez, Maycon Franco Lourenço

Os efeitos da utilização do Big Data na inteligência

competitiva /

Maycon Franco Lourenço Gimenez.

84 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Administração de Empresas) –

Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Gilberto Perez.

Bibliografia: f. 71-75.

1. Inteligência competitiva. 2. Big Data. I. Perez, Gilberto,

orientador. II. Título.

CDD 658.4

Bibliotecário Responsável: Aline Amarante Pereira – CRB 8/9549

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Dedico a todos os meus familiares e amigos

pelo apoio incondicional em todos os

momentos. À academia para que auxilie na

geração de maior conhecimento.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Professor Dr. Gilberto Perez, por todo apoio, paciência e empenho, sempre

disponível para orientar e contribuir para o êxito deste trabalho, pois durante todo o programa

de Pós-Graduação esteve presente, apoiando e motivando em cada uma das etapas.

A todos os meus familiares e amigos pela paciência, apoio e compreensão incondicional nos

momentos em que estive ausente, dedicando-me ao mencionado programa.

À banca examinadora, Professor Dr. Alberto de Medeiros Júnior e Professor Dr. Antonio

Geraldo da Rocha Vidal pela disponibilidade e precisas orientações realizadas durante a fase

de qualificação: foi muito importante para finalização da dissertação.

A todos os professores com quem tive a oportunidade de frequentar as aulas durante o Programa

de Pós-Graduação em Administração de Empresas da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Aos meus colegas do Mestrado, pela convivência, pela troca de experiências e instigantes

debates durantes as aulas, as quais foram muito importantes para minha formação no programa.

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RESUMO

Com esta pesquisa, procurou-se verificar a influência da utilização do conjunto tecnológico do

Big Data na Inteligência Competitiva. O método de pesquisa adotado foi o qualitativo, de

caráter descritivo e exploratório, sendo a coleta de dados feita com entrevistas em profundidade,

direcionadas por meio de um roteiro estruturado previamente elaborado. Foram entrevistados

quatro especialistas e gestores que trabalham diretamente com o conjunto de técnicas e

ferramentas que compõem o ecossistema de Big Data. A análise dos dados deu-se pela

utilização da análise de conteúdo e os resultados da pesquisa, obtidos pela formação de cinco

categorias, indicaram que há influência nos resultados obtidos pela Inteligência Competitiva

com a utilização do Big Data. Os resultados também indicam a existência de relações entre as

principais dimensões do Big Data com as etapas do Ciclo da Inteligência Competitiva. A

revisão da literatura propiciou a criação do Modelo Conceitual que propõe a relação teórica

entre os constructos, que veio a ser validada pela análise dos dados coletados. Também foram

verificadas relações entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de dados do Big Data.

Ao final da pesquisa, pôde-se inferir que o conjunto tecnológico do Big Data pode proporcionar

resultados que dificilmente seriam obtidos com as tecnologias tradicionais utilizadas na

Inteligência Competitiva.

Palavras-chave: Inteligência Competitiva. Inteligência Estratégica. Big Data.

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ABSTRACT

With this research, we tried to verify the influence of the use of the technology of set Big Data

on competitive intelligence. The method of research was the qualitative, descriptive and

exploratory character, being data collection made with in-depth interviews, directed through a

structured script previously prepared. Were interviewed four experts and managers who work

directly with the set of techniques and tools that make up the Big Data ecosystem. The analysis

of the data was for the use of content analysis and the results of the survey, obtained by the

formation of five categories, indicated that there is influence on the results obtained by

competitive intelligence through the use of Big Data. The results also indicate the existence of

relationships between the main dimensions of the Big Data with the stages of the cycle of

competitive intelligence. The literature review led to the creation of the conceptual model that

proposes the theory relationship.

Keywords: Competitive Intelligence. Strategic Intelligence. Big Data.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapeamento dos termos de busca ............................................................................ 12

Figura 2: Volume de publicações 1960 – 2016 (Inteligência Competitiva & Big Data) ......... 13

Figura 3: Big Data por área de pesquisa 1960 - 2016 .............................................................. 14

Figura 4: Competitive Intelligence por área de pesquisa 1960 - 2016 ...................................... 14

Figura 5: Competitive Intelligence + Big Data por área de pesquisa 1960 - 2016 ................... 15

Figura 6: Volume de pesquisas BD, CI, CI + BD 1960 - 2016 ................................................ 16

Figura 7: Os três Vs do Big Data ............................................................................................. 21

Figura 8: Ciclo da Inteligência Competitiva............................................................................. 33

Figura 9: Modelo Conceitual da Pesquisa ................................................................................ 35

Figura 10: Evolução do Hadoop no decorrer do tempo ........................................................... 37

Figura 11: A pirâmide da Inteligência Competitiva – Fluxo geral dos dados .......................... 38

Figura 12: Exemplo de fluxo de dados em lotes ...................................................................... 39

Figura 13: Exemplo de fluxo de dados em tempo real ............................................................. 39

Figura 14: Macrofluxo do Big Data ......................................................................................... 40

Figura 15: Relação entre o Ciclo da IC e o Macrofluxo de dados do Big Data ....................... 41

Figura 16: Relação entre o Fluxo geral da IC e o Macrofluxo de dados do Big Data ............. 41

Figura 17: Macroprocesso de análise dos dados ...................................................................... 46

Figura 18: Nuvem de palavras das entrevistas ......................................................................... 50

Figura 19: Nuvem de palavras ordenadas................................................................................. 51

Figura 20: Unidades de Significado da CT01 - As principais dimensões do Big Data nas Etapas

da Inteligência Competitiva ...................................................................................................... 52

Figura 21: Unidades de Significado da CT02 - Conjunto tecnológico de Big Data nas empresas

.................................................................................................................................................. 55

Figura 22: Unidades de Significado da CT03 - Relações entre o ciclo da Inteligência

Competitiva e o fluxo de dados do Big Data............................................................................ 59

Figura 23: Unidades de Significado da CT04 - Engajamento das empresas na adoção de Big

Data .......................................................................................................................................... 61

Figura 24: Unidades de Significado da CT05 - Casos de uso do conjunto tecnológico de Big

Data .......................................................................................................................................... 63

Figura 25: Relação das Categorias ........................................................................................... 66

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Web of Science Competitive Intelligence + Big Data 2014 - 2016 ......................... 16

Quadro 2: Rotinas afetadas pelo avanço tecnológico ............................................................... 19

Quadro 3: Conceitos de Big Data ............................................................................................. 22

Quadro 4: Volume de dados gerados ........................................................................................ 24

Quadro 5: Categorias de dados estruturados ............................................................................ 27

Quadro 6: Demais características do Big Data ......................................................................... 29

Quadro 7: Composição da amostra ........................................................................................... 48

Quadro 8: Formação das Categorias ......................................................................................... 52

Quadro 9: Ferramentas apresentadas no referencial teórico. .................................................... 56

Quadro 10: Mapeamento das Ferramentas citadas pelos entrevistados ................................... 57

Quadro 11: Objetivos específicos e Categorias ........................................................................ 65

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LISTA DE SIGLAS

3 V’s Volume, Velocidade e Variedade

5 V’s Volume, Velocidade, Variedade, Veracidade e Valor

ABRAIC Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva

BD Big Data

BI Business Intelligence (Inteligência de Negócios)

CI Competitive Intelligence (Inteligência Competitiva)

DNA Deoxyribonucleic acid

ERP Enterprise Resource Planning

ETL Extract, transform and load

IC Inteligência Competitiva

IE Inteligência Estratégica

ISBN International Standard Book Number

ISSN International Standard Serial Number

MP3 MPEG Audio Layer III

NFS Network File System

SCIP Strategic and Competitive Intelligence Professionals

SGI Silicon Graphics Inc.

TI Tecnologia da Informação

XFS X File System

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8

1.1 Questão de Pesquisa ................................................................................................... 9

1.2 Objetivos da Pesquisa ............................................................................................... 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 11

2.1 Estudo Bibliométrico acerca de Inteligência Competitiva e Big Data ..................... 11

2.2 O Constructo Big Data ............................................................................................. 17

2.2.1 A Era dos Dados ................................................................................................... 17

2.2.2 Big Data - Conceitos ............................................................................................ 20

2.2.3 Volume ................................................................................................................. 24

2.2.4 Velocidade ............................................................................................................ 25

2.2.5 Variedade .............................................................................................................. 27

2.2.6 Demais Dimensões ............................................................................................... 28

2.3 O Constructo Inteligência Competitiva .................................................................... 30

2.3.1 Inteligência Competitiva - Conceitos ................................................................... 30

2.3.2 O Ciclo da Inteligência Competitiva .................................................................... 32

2.4 Estudos Envolvendo Big Data e Inteligência Competitiva ...................................... 34

2.4.1 Modelo Conceitual da Pesquisa ............................................................................ 35

2.4.2 Fluxo de Dados ..................................................................................................... 38

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 43

3.1 Quanto ao Método e Tipo de Pesquisa ..................................................................... 43

3.2 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................................... 43

3.3 Técnica para Análise de Dados ................................................................................ 44

3.4 Amostra da Pesquisa ................................................................................................. 47

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................ 48

4.1 Pré-Análise ............................................................................................................... 50

4.2 Identificação das Unidades de Registro ................................................................... 50

4.3 Formação das Unidades de Significado.................................................................... 51

4.4 Formação das Categorias e Inferência dos resultados .............................................. 51

4.4.1 CT01 - As principais dimensões do Big Data nas Etapas da Inteligência

Competitiva .............................................................................................................................. 52

4.4.2 CT02 - Conjunto tecnológico de Big Data nas empresas ..................................... 55

4.4.3 CT03 - Relações entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de dados do

Big Data .............................................................................................................................. 59

4.4.4 CT04 - Engajamento das empresas na adoção de Big Data ................................. 61

4.4.5 CT05 - Casos de uso do conjunto tecnológico de Big Data ................................. 63

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 67

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 71

APÊNDICE I – MATRIZ DE AMARRAÇÃO ....................................................................... 76

APÊNDICE II – ROTEIRO DE ENTREVISTAS ................................................................... 77

APÊNDICE III – UNIDADES DE REGISTRO X SIGNIFICADO ........................................ 79

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, sobretudo, a partir do final do século XX, as Tecnologias de

Informação e Comunicação vêm desenvolvendo-se velozmente e, frequentemente, são lançados

novos aplicativos, softwares e plataformas on-line. De acordo com o estudo do Cisco Visual

Networking Index (CISCO, 2016), em 2020, o tráfego global de dados será equivalente a 95

vezes o volume do tráfego global de 2005, e deve atingir 21 gigabytes por pessoa, muito acima

dos 7 gigabytes por pessoa de 2015; em 2016, o tráfego anual de dados superou 1 zettabytes e,

em 2020, deve atingir 2.3 zettabytes (um zettabyte corresponde a 1021 que é equivalente a mil

exabytes ou 1018, um exabyte é equivalente a um bilhão de gigabytes que corresponde a 109).

Um zettabyte é a quantidade de dados percorridos em toda Internet desde a sua criação e 300

zettabytes equivale a toda informação visual transmitida dos olhos para o cérebro de toda a raça

humana no período de 1 ano (CISCO, 2016).

O crescimento do tráfego de dados ocorre de maneira exponencial. Muitas podem ser

as fontes desses dados: navegação na web; mídias sociais; dados transacionais de diferentes

naturezas, como gerenciamento de risco, consumo, financeiro, seguros, telecomunicações,

saúde e entretenimento; dados de biometria para identificação e validação como

reconhecimento de voz, íris, retina e face; dados gerados no dia a dia pelas pessoas por envio

de e-mails, logs, blogs, relatórios, apresentações e documentos em geral e, finalmente, a

comunicação entre dispositivos fixos e móveis que monitoram processos, máquinas, localizam

pessoas, liberam acessos e contabilizam estoques (TAURION, 2013).

Em julho de 2017, o Facebook anunciou ter alcançado a marca de 2 bilhões de usuários

ativos (FACEBOOK, 2017), em outras palavras, quase 1/3 da população mundial acessou o

Facebook pelo menos uma única vez dentro do mês (ONU BRASIL, 2017). Para Marquesone

(2017), todo esse engajamento dos usuários, curtindo e compartilhando informações, avaliando

organizações e dando cada vez mais suas opiniões, geram uma fonte inesgotável de dados que

podem ser extremamente valiosas para as organizações.

Um exemplo é a identificação de tendências, a análise imediata das informações

compartilhadas em redes sociais, as quais permitem gerar descobertas como pandemias de

doenças em determinadas regiões. Neste sentido, as autoridades podem ter um panorama

praticamente instantâneo sobre a saúde da população em determinadas regiões

(MARQUESONE, 2017).

No campo empresarial, as informações, que as empresas dispõem em seus sistemas de

informação que, no geral, são bem-estruturadas, existem em grande quantidade e estão

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relacionadas com o passado (CARON-FASAN, 2001). Informações mal-estruturadas, esparsas

e desconexas, normalmente, não são bem-aproveitadas. Exemplos deste tipo de informação

podem ser frases, fotos, imagens, desenhos, pedaços de artigos ou qualquer observação

pronunciada por alguém (LESCA; FASAN, 2001).

Informação e Conhecimento gerados a partir da coleta, análise e disseminação de dados

são as bases da Inteligência Competitiva, também referenciada como Inteligência Estratégica

(PEREZ; SACRAMENTO; NAGANO, 2016). Para Fleisher e Bensoussan (2003), a

Inteligência Competitiva pode ser entendida como uma função organizacional, variando em

escopo entre a área mais ampla de Inteligência de Negócios e a versão mais pontual da análise

da concorrência. A Inteligência Competitiva fornece a base sobre a qual estratégia e tática são

construídas, avaliadas e modificadas.

A Inteligência Competitiva costumava ser uma atividade intuitiva, entretanto, o Big

Data está trazendo uma mudança para essa abordagem. Com a possibilidade de se obter uma

maior quantidade de detalhes e realizar uma análise sistemática sobre o que se pretende

descobrir a partir dos dados, as decisões estratégicas tendem a ser mais assertivas

(DAVENPORT, 2014).

Com o objetivo de gerar inteligência, a partir desse grande volume de dados estruturados

e não estruturados, internos e externos das organizações, as tecnologias comuns perdem sua

eficiência, pois não possuem capacidade adequada para coleta, armazenamento, processamento

e disseminação desse conhecimento. Por esse motivo, as empresas estão buscando maneiras

mais eficientes de armazenar, processar e analisar essa nova volumetria e variedade de dados

disponíveis no mundo virtual (TAURION, 2013).

1.1 Questão de Pesquisa

Com base na problemática, que envolve o desafio de se trabalhar com o crescente

volume de dados, sendo estes dados a matéria-prima para a geração de Inteligência

Competitiva, a questão desta pesquisa é: A utilização do Big Data influencia no Ciclo da

Inteligência Competitiva?

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1.2 Objetivos da Pesquisa

Os objetivos são as metas a serem atingidas visando à obtenção da resposta à questão

de pesquisa. Sendo assim, o objetivo geral é: Verificar se o uso do Big Data pode influenciar

o Ciclo da Inteligência Competitiva.

Para tanto, os objetivos específicos deste estudo são:

1) avaliar as possíveis relações entre as dimensões do Big Data com as etapas do Ciclo

da Inteligência Competitiva;

2) verificar se existe relação entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de dados

do Big Data;

3) identificar os Resultados dos projetos de Big Data relatados do uso do Big Data na

Inteligência Competitiva;

4) identificar as tecnologias envolvidas no cenário de exponencial crescimento da

volumetria de dados (Big Data) na Inteligência Competitiva.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Consoante com Demo (2000), é essencial, para pesquisa, uma fundamentação teórica

de caráter explicativo. O autor também aponta alguns procedimentos necessários para a

elaboração de uma fundamentação teórica consistente como: definir os conceitos-chave e

estudar a fundo toda a bibliografia pertinente ao tema.

Para a elaboração deste capítulo, foi realizado um estudo bibliométrico, consolidando

referências bibliográficas de três importantes bases de dados a respeito de Big Data e de

Inteligência Competitiva. O detalhamento desse estudo está apresentado na sessão 2.1. Com

isso, foi possível constituir um referencial teórico consistente dentre os mais de 13.300 títulos

mapeados no estudo bibliométrico, o que representa o atual estado da arte sobre os constructos

que compõem esta pesquisa, demonstrando, de maneira clara, os conceitos-chave do estudo que

são apresentados nas sessões 2.2 e 2.3.

2.1 Estudo Bibliométrico acerca de Inteligência Competitiva e Big Data

Com o objetivo de identificar o volume, evolução, tipo, área e principais publicações

acadêmicas que foram e estão sendo desenvolvidas sobre a Inteligência Competitiva e o Big

Data, foi realizado um estudo com base em dados bibliométricos extraídos dos portais

EBSCOHost, ProQuest e Web of Science.

A coleta dos dados foi realizada em novembro de 2017 com diferentes termos e

combinações para a busca de produções acadêmicas sobre Inteligência Competitiva. Assim

como utilizado por Perez; Sacramento e Nagano (2016), foram utilizados cinco diferentes

termos de busca que compõem o entendimento acerca da Inteligência Competitiva ou

Competitive Intelligence; Business Intelligence, Competitive Intelligence, Market Intelligence,

Marketing Intelligence e Strategic Intelligence.

Os termos foram empregados nos títulos das publicações e, nos resultados obtidos,

foram aplicados os filtros: “revistas acadêmicas, periódicos científicos, revisão por pares, texto

completo e idioma inglês”. O período das publicações foi definido entre os anos de 1960 e

2016, visto que o ano de 2017 ainda estava em curso durante a coleta.

Para busca de produções acadêmicas sobre Big Data, foi empregado o termo Big Data

nos títulos das publicações e, nos resultados obtidos, foram aplicados os filtros: “revistas

acadêmicas, periódicos científicos, revisão por pares, texto completo e idioma inglês”. O

período das publicações foi definido entre os anos de 1960 e 2016.

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Com o objetivo de entender os estudos sobre Inteligência Competitiva que mencionam

Big Data, foi feita a busca, utilizando os termos: Business Intelligence, Competitive

Intelligence, Market Intelligence, Marketing Intelligence e Strategic Intelligence nos títulos das

publicações e no corpo do texto o termo Big Data e, nos resultados obtidos, foram aplicados os

filtros: “revistas acadêmicas, periódicos científicos, revisão por pares, texto completo e idioma

inglês”. O período das publicações foi definido entre os anos de 1960 e 2016.

Com o objetivo de entender os estudos sobre Big Data que mencionam a Inteligência

Competitiva, foi realizada a busca utilizando o termo Big Data no título das publicações e no

corpo do texto os termos: Business Intelligence, Competitive Intelligence, Market Intelligence,

Marketing Intelligence e Strategic Intelligence e, nos resultados obtidos, foram aplicados os

filtros: “revistas acadêmicas, periódicos científicos, revisão por pares, texto completo e idioma

inglês”. O período das publicações foi definido entre os anos de 1960 e 2016. Dessa maneira,

os termos de busca foram mapeados de acordo com a Figura 1.Erro! Fonte de referência não

encontrada.

Figura 1: Mapeamento dos termos de busca

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Após a coleta, foi executado um processo de enriquecimento dos dados, incluindo campos

com as informações de sua origem, termo de busca e agrupamento por constructo.

Também foi realizado um processo de normalização e consolidação dos resultados,

utilizando a ferramenta Microsoft® Office Access®, visto que as bases possuem diferentes

estruturas de dados e algumas produções possuíam diferentes campos para demonstrar a mesma

informação, ou, ainda, diferentes formatos de dados nos mesmos campos.

Após esse processo, as produções duplicadas foram removidas por meio do ISSN, ISBN

e, para os casos os quais não havia tal informação, a eliminação foi executada, utilizando o

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título da produção em conjunto com o nome do autor, formando, assim, uma chave inequívoca

para deleção.

A revisão das eliminações foi preparada manualmente após a ordenação alfabética dos

títulos, sendo possível identificar possíveis duplicatas. Para as análises comparativas entre as

bases, os dados utilizados não passaram pelo processo de eliminação de duplicatas, onde foram

obtidos os resultados indicados na Figura 2.

Figura 2: Volume de publicações 1960 – 2016 (Inteligência Competitiva & Big Data)

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Pôde-se observar na Figura 2 que a base Web of Science possui o maior volume de

publicações de “Big Data”, seguida pela EBSCOHost e ProQuest respectivamente. O segundo

maior volume de publicações são sobre “Competitive Intelligence”, seguido pelas publicações

que abordam os dois constructos.

Após o processo de eliminação de duplicatas e refinamento da análise, foram verificadas

as áreas de pesquisa para cada um dos três conjuntos de termos de busca. Desta forma, a Figura

3 apresenta as áreas de pesquisa que permeiam as publicações de Big Data.

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Figura 3: Big Data por área de pesquisa 1960 - 2016

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Utilizando o termo de busca “Big Data”, constatou-se que 73% das publicações são da

área “Computer Science” e apenas 7% pertencem à área “Business & Economics”, evidenciando

a falta de publicações que abordam o tema, do ponto de vista corporativo.

A Figura 4 apresenta as áreas de pesquisa das publicações dos conjuntos de termos de

busca que compõem a Inteligência Competitiva ou “Competitive Intelligence”.

Figura 4: Competitive Intelligence por área de pesquisa 1960 - 2016

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

De acordo com os dados apresentados na Figura 4, quando a análise de dados é feita

sobre o conjunto de termos de busca que compõem o “Competitive Intelligence”, conforme

explicado anteriormente, há um aumento significativo no volume de publicações da área

“Business & Economics”, chegando a 32% das publicações. Contudo, essa diferença se

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equilibra na busca por publicações que abordam os dois temas, conforme evidenciado na Figura

5.

Figura 5: Competitive Intelligence + Big Data por área de pesquisa 1960 - 2016

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Nas publicações que possuem o termo “Big Data” em seu título e mencionam

“Competitive Intelligence” consolidadas com as publicações que possuem “Competitive

Intelligence” em seu título e mencionam “Big Data”, foi constatado que os maiores volumes de

publicações são da área “Computer & Science” com 67% dos registros e “Business &

Economics” representa 18% das publicações.

Com o objetivo de refinar a busca, foi realizada uma segunda coleta de dados, utilizando

apenas o Web of Science por concentrar a maior parte do volume de publicações que abordam

a temática desse estudo em comparação com o EBSCOHost e o ProQuest, sendo que essa

comparação foi detalhada anteriormente na Figura 2.

Na segunda coleta, foram utilizados os termos de busca “Competitive Intelligence” e

“Big data”, individualmente e em conjunto no título das publicações entre o período de 1960 e

2016, filtrando por “publicações acadêmica e revisão por pares”, resultando nos dados

evidenciados na Figura 6.

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Figura 6: Volume de pesquisas BD, CI, CI + BD 1960 - 2016

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

O maior volume de publicações foi obtido com o termo de busca "Big Data”, totalizando

7.635 registros, seguido por 742 publicações de “Competitive Intelligence” e 4 publicações que

possuem tanto “Competitive Intelligence” quanto “Big Data” em seus títulos. A análise dessas

4 publicações revelou que a associação entre as duas temáticas é relativamente recente, pois

foram publicadas entre 2015 e 2016 com diferentes nacionalidades e idiomas, conforme

evidenciado no Quadro 1.

Quadro 1: Web of Science Competitive Intelligence + Big Data 2014 - 2016

Título País Idioma Ano

01 Competitive intelligence service of sports science and

technology in the era of big data China Chinês 2015

02 Big Data - competitive intelligence Índia Inglês 2015

03 Big Data as a source of competitive intelligence República

Checa Eslovaco 2016

04 Competitive Intelligence Changes in Big Data Era Based on

Literature Analysis China Inglês 2016

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

A pesquisa bibliométrica realizada sobre as publicações que abordam Big Data,

Inteligência Competitiva e a relação entre os dois constructos denotou que a associação entre

os constructos é recente e pouco explorada. Assim também ficou evidenciada a falta de estudos

com investigação empírica do ponto de vista corporativo no ambiente em que os fenômenos

(Big Data e Inteligência Competitiva) ocorrem e se influenciam, resultando na principal

motivação para a realização dessa pesquisa.

Os estudos apresentados no Quadro 1 são explanados com mais detalhes na sessão 2.4.

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2.2 O Constructo Big Data

Nesta sessão, abordam-se questões sobre o constructo Big Data, que é uma das bases

teóricas do estudo.

Para melhor entendimento sobre sua teoria, o tema foi dividido em subseções: a

subseção 2.2.1 contextualiza seu surgimento, motivações e evolução; na subseção 2.2.2, estão

os conceitos e o entendimento geral acerca das características e dimensões; na subseção 2.2.3,

é apresentada a dimensão Volume de diferentes perspectivas; na subseção 2.2.4, é exposta a

dimensão Velocidade; na subseção 2.2.5, a dimensão Variedade e, na subseção 2.2.6, são

abordadas as demais dimensões apontados por alguns autores do tema.

2.2.1 A Era dos Dados

Segundo Schönberger-Mayer e Cukier (2013), o termo Big Data foi concebido por

autores de áreas da ciências como Astronomia e a Genômica, que vivenciaram a explosão dos

dados nos anos 2000. Entretanto, Wainer, Gruvaeus e Blair (1974) já utilizaram o termo “Big

Data” no título de seu estudo “TREBIG: A 360/75 FORTRAN program for three-mode factor

analysts designed for big data sets”, que abordava a utilização de procedimentos para análise

de dados multifatoriais e longitudinais da década de 1960 e 1970. Apesar de não abordar o Big

Data com base em suas dimensões como é visto nos dias atuais (Volume, Velocidade e

Variedade), já existia a preocupação sobre a dificuldade em se trabalhar com volumes maiores

de dados. O volume que era tratado como “grande” em 1960 e 1970 é pequeno se comparado

com a atual capacidade computacional. É possível afirmar que o volume de dados em si não é

relevante, a expressividade do volume é relativa à capacidade computacional disponível

(BLASIAK, 2014).

A década de 1990 aumentou a recorrência de estudos que procuravam solucionar a

dificuldade de se trabalhar com grandes volumes de dados. Brown (1995) publicou o artigo

“Rambus DSP eyes big data sets” sobre o microchip A236 da Oxford Computer, abordando

questões sobre eliminação da sobrecarga de memória em cachê para processamento de grandes

volumes de dados em alta velocidade, aplicações e capacidade de armazenamento.

No ano seguinte, em 1996, foi publicado o “SGI promotes Big Data extensions to NFS”

(WIRBEL, 1996). O artigo traz um relatório sobre a experiência da Silicon Graphics Inc. (SGI)

acerca do desenvolvimento de sua própria extensão de sistema de arquivos de rede, o XFS, que

foi concebido para substituir o NFS e introduzir o conceito de “Big Data” do ponto de vista de

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armazenamento de dados, desenvolvido para suportar grandes volumes. O novo sistema de

arquivos de redes foi concebido para o sistema operacional o IRIX da própria SGI que,

posteriormente, teve seu código-fonte liberado e adaptado para funcionar no sistema

operacional Linux (MOSTEK; EARL; KOREN, 1999).

Em 1998, foi publicado na Revista Science o título “A Handler for Big Data” (CASS,

1998), que apresenta um software desenvolvido pela National Instruments Corporation. O

sistema foi elaborado especificamente para se trabalhar com grandes volumes de dados. O

software é apresentado como uma solução para coleta, processamento, análise e visualização

de dados em um único pacote técnico. Esta publicação aborda a utilização do software em áreas

como biologia molecular e sequenciamento de DNA.

Já, em 2004, o termo passou a ser utilizado com mais frequência no mundo corporativo,

demonstrado pelo artigo “Wal-Mart's Big Data Warehouse” (WHILTING, 2004), o qual

explora como a empresa Wal-Mart Stores Inc. expandiu, o que se acreditava ser o maior Data

Warehouse do setor varejista no mundo, de acordo com a Teradata Corp. que, na época, era a

fornecedora de Data Warehouse da Wal-Mart. Esta empresa utilizava um Data Warehouse com

centenas de terabytes de dados para estudar tendências de vendas e rastrear seu inventário. O

sistema era acoplado com outro sistema que dava suporte para tomada de decisões relativas a

inventário e a vendas (WHILTING, 2004). Atualmente, o Wal-Mart Stores Inc. está

construindo o maior sistema de Cloud Computing privado do mundo, com o objetivo de

processar 2,5 petabytes de dados por hora (MARR, 2017).

Então, em 2008, a revista Nature publicou o título “Big data: science in the petabyte

era” que abordou as principais questões sobre o desafio da ciência moderna em lidar com o que

chamou de “inundação de dados” (NATURE, 2008). O surgimento do Big Data é uma reação

à evolução e à expansão da tecnologia da informação em conjunto com a adesão por parte dos

usuários. Como resultado deste fenômeno, a composição tradicional dos dados mudou, não

sendo mais composta apenas por dados estruturados e servindo a um propósito específico. Este

fato, aliado ao uso de novas ferramentas que podem possuir características de Machine Learning

para mineração, processamento, análise e visualização oferecem uma nova forma de

compreender o mundo, fazendo com que dados que antes eram considerados estáticos se

tornaram matéria-prima no mundo dos negócios (AKERKAR, 2014).

Para Marquesone (2017), o avanço da tecnologia da informação gerou um enorme

volume de recursos que, com o passar do tempo, se tornaram cada vez mais acessíveis à

população. Deste modo, nos dias atuais, é comum a utilização de smartphones desde o primeiro

instante do dia, por meio de um alarme com a música favorita e intervalos de tempos

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predeterminados ou durante o café da manhã, sendo possível, solicitar, ainda, um serviço de

transporte de passageiros por meio de um aplicativo. Se houver necessidade de um documento,

basta acessar a internet e buscá-lo em um serviço de computação em nuvem para

armazenamento de dados.

Essas mudanças afetam várias categorias de rotinas como mapeado no Quadro 2.

Quadro 2: Rotinas afetadas pelo avanço tecnológico

Categoria Como ocorre atualmente

Viagem

Comparação de preços de passagens. Compra de passagem pela internet. Check-in

online. Recomendação de serviços de hospedagem; Serviços de reserva de

hospedagem. Definição de trajeto por auxílio de GPS e trânsito em tempo real.

Trabalho

Reuniões por videoconferência. Agenda de compromissos online. Hospedagem de

arquivos online. Serviços de financiamento coletivo (crowdfunding). Busca e

candidatura de vagas de trabalho online.

Lazer Serviços de streaming de filmes, seriados e músicas. Compartilhamento de

momentos em redes sociais. Leitura de livros eletrônicos. Jogos online.

Compras

Compras via comércio eletrônico. Avaliação online de produtos. Comparação de

preços. Compras coletivas. Pedidos online de serviços alimentícios. SAC online.

Internet banking.

Fonte: Adaptado de Marquesone (2017).

Junto com o Big Data, estão surgindo empresas especialistas nesse novo conjunto de

práticas e tecnologias. Essas empresas oferecem serviços de consultoria em tecnologia,

avaliações, implementação, aplicativos, soluções, extensões e suporte (DAVENPORT, 2014).

A utilização dos grandes volumes de dados, gerados pelo engajamento dos usuário na

internet, possui forte potencial para diferentes setores da sociedade e, sobretudo, para as

atividades econômicas, é também recente e crescentemente importante dadas as possibilidades

de extração de informações valiosas para os negócios (CAMPOS, 2015).

De acordo com Watson (2014), a necessidade de dados para apoiar a tomada de decisão

baseada na capacidade computacional teve seu início na década de 1970. Este período pode ser

pensado como a primeira geração (grifo nosso) de sistemas de gerenciamento de dados para

suporte à decisão com dados estruturados para apoiar uma única decisão ou um conjunto de

decisões relacionadas.

Ainda, de acordo com Watson (2014), na década de 1990, havia a necessidade de

suportar uma grande variedade de sistemas de informação executiva com base em dados que

demandavam bases de dados independentes para cada aplicação. Isso foi dispendioso,

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resultando em inconsistências de dados em várias das aplicações e no surgimento do Data

Warehouse empresarial, ou seja, a segunda geração (grifo nosso) de sistemas de

gerenciamento de dados para suporte à decisão, que apresentou uma abordagem centrada para

o gerenciamento de dados.

A terceira geração (grifo nosso) foi o Data Warehouse real-time. Essa tecnologia

evoluiu até os anos 2000, de modo que foi possível capturar dados em tempo real e armazenar

imediatamente em Data Warehouse. Essa evolução mudou o paradigma para quais tipos de

decisões poderiam ser suportadas (WATSON, 2014).

E agora, mais importante ainda é a quarta geração (grifo nosso) de gerenciamento de

dados de suporte à decisão. O Big Data oferece a capacidade de capturar, armazenar e analisar

dados em grande volume, múltiplas variedades e, também, em tempo real, permitindo que novas

decisões sejam suportadas, trazendo também um grande desafio para o gerenciamento de dados.

2.2.2 Big Data - Conceitos

Ainda não existe consenso sobre o conceito de Big Data e cada organização entende

este fenômeno por uma perspectiva diferente, entretanto, a essência do termo é contemplada

por muitas organizações e autores por meio de três dimensões fundamentais: Volume,

Velocidade e Variedade, À vista disso, o Big Data está associado ao crescimento e ao uso de

dados estruturados e não estruturados com resultados em alta performance e disponibilidade

(FRANKS, 2013).

Apesar do termo “Big Data” ter sido formado ainda na década de 1970, Laney (2001)

publicou o artigo seminal “3D Data Management: Controlling Data Volume, Velocity, and

Variety”, sendo o primeiro a tratar o tema com base nas três dimensões principais denominadas

“3 Vs” (Volume, Velocidade e Variedade) e relacionar a questão do gerenciamento de grandes

volumes de dados aos desafios que as grandes empresas viriam a enfrentar com a escalada dos

dados.

Durante o ano de 2001 e 2002, as principais empresas vão utilizar um data warehouse

centralizado para definir um vocabulário de negócios comum que melhore a

colaboração interna e externa. Entre o ano de 2003 e 2004, os problemas de qualidade

e integração de dados serão temperados por tecnologias com perfil de dados (para

geração de metadados, esquemas consolidados e lógica de integração) e agentes de

logística de informação. Em 2005 e 2006, o gerenciamento de dados, documentos e

conhecimento se unirá, impulsionado por estratégias de indexação de esquema

agnóstico e a maturidade dos portais (LANEY, 2001).

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Para Laney (2001), Volume é caracterizado por quantidades de dados maiores do que

poderiam ser armazenados em bancos de dados tradicionais; Velocidade, pela possibilidade de

analisar e processar grandes volumes de dados em tempo real e, por último, a Variedade, que

é a combinação de dados com diferentes origens, tipos e estruturas.

Na Figura 7, estão dispostas as sobreposições das dimensões que compõem o conceito

central proposto por Laney (2001).

Figura 7: Os três Vs do Big Data

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

O Big Data é um corte horizontal do universo digital e pode incluir dados transacionais,

dados mestres, metadados e outros dados que residem em arquivos de diferentes variedades. Os

dados podem ser oriundos de entretenimento, saúde, vigilância por vídeo e redes sociais, como

o Facebook e Twitter, que são as mais novas fontes de dados a gerar interesse de utilização

pelas grandes empresas, em que os consumidores (consciente ou inconscientemente) estão

fornecendo fluxos contínuos de dados sobre organizações, sobre si mesmos e sobre terceiros

(GANTZ; REINSEL; GANTZ, 2011).

O Quadro 3 contém uma série de definições a respeito do Big Data.

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Quadro 3: Conceitos de Big Data

Autor (es) Conceito

MANYIKA et. al. (2011); DUMBILL

(2012); MAHRT; SCHARKOW

(2013); RAJESH (2013);

DAVENPORT; BARTH; BEAN

(2012); KWON; LEE; SHIN (2014);

AMATO; DI MARTINO;

VENTICINQUE (2014)

Big Data são conjuntos de dados cujo tamanho está além da

capacidade de softwares típicos para coleta, armazenamento,

processamento, gerenciamento e análise.

International Data Corporation (2011)

Big Data é uma nova geração de tecnologias e arquiteturas

desenvolvidas para extrair valor de grandes volumes de dados com

ampla variedade, permitindo sua coleta, armazenamento,

processamento e análise em alta velocidade.

GARTNER (2012)

Big Data, em geral, é definido como ativos de alto volume, velocidade

e variedade de informação que exigem custo-benefício, que se utiliza

de formas inovadoras para processamento de dados que permitem

maior visibilidade na tomada de decisão.

LOHR (2012) Big Data é considerado atalho para o avanço de tecnologias que

armazenam, processam e exibem dados abrindo uma nova abordagem

para a compreensão do mundo e a tomada de decisões.

MCAFEE; BRYNJOLFSSON (2012)

Big Data se tornou essencial para melhorar a eficiência e a eficácia das

organizações. Ao colocar Big Data a disposição de áreas como vendas

e marketing, os insights podem ser aproveitados para melhorar a

tomada de decisão em tempo real.

PHELAN (2012)

O Big Data surgiu nos últimos anos devido à enorme quantidade de

dados que as máquinas estão gerando em conjunto com dados de

diversas fontes. A análise de todos esses dados por si só cria outro

conjunto enorme de dados.

SATHI (2012)

Big Data diz respeito a dados internos (estruturados, não estruturados

ou semiestruturados) de uma organização que, devido à automação e

ao acesso estão sendo cada vez mais compartilhados. Também diz

respeito a dados de fora da organização, como as informações

disponíveis em sites como mídias sociais, literatura de produto,

hierarquias organizacionais, dicas úteis disponíveis a partir de terceiros

e reclamações de clientes postados em sites de regulamentação.

DEMIRKAN; DELEN (2013)

Existe o desafio do gerenciamento de Big Data, devido à evolução

dos dados digitais e dispositivos como telefones móveis, laptops e

sensores. Seu gerenciamento está ficando cada vez mais possível

dada a queda do custo de armazenamento.

MINELLI; CHAMBERS; DHIRAJ

(2013)

Big data é a próxima geração de Data Warehouse e está pronto para

entregar receitas economicamente eficientes para as empresas. Este

fenômeno se deve, em maior parte, ao rápido ritmo de inovação e

mudança que o mundo está vivenciando nos dias de hoje.

MAYER-SCHÖNBERGER; CUKIER

(2013)

Big data é a capacidade de uma sociedade de obter informações de

maneira inovadora a fim de gerar ideias úteis, bens e serviços que

agreguem algum tipo de valor. Assim, a verdadeira revolução não está

nas máquinas que calculam, e sim nos dados em si e na maneira como

os usamos.

TAURION (2013) Big Data em uma simples fórmula para conceitualização: Big Data =

volume + variedade + velocidade + veracidade, tudo agregado + valor.

ZHAO (2013) Big data é o sonho dos cientistas de dados que virou realidade, pois se

pode o que nunca se pode para obter insights interessantes. É o

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Autor (es) Conceito

conjunto de soluções de armazenamento grandes e escaláveis, assim

como capacidades e aplicações de análise também escaláveis.

AKERKAR (2014)

Big Data refere-se a conjuntos de dados, cujo tamanho está além das

capacidades tecnológicas dos bancos de dados atuais. Trata-se de um

campo emergente onde um conjunto tecnológico inovador oferece

alternativas para resolver os problemas inerentes que aparecem quando

se trabalha com volumes massivos de dados, oferecendo novas

maneiras de extrair valor de data sets onde não seria possível com as

tecnologias atuais.

IBM (2012b) Big Data é o termo utilizado para descrever grandes volumes de dados

que está cada vez mais relevante à medida que a sociedade se depara

com o aumento exponencial da geração diária de dados.

KIM; TRIMI; CHUNG (2014) Trata-se de um termo geral para se referir a enorme quantidade de

dados coletados a partir de diversos tipos de fontes diferentes.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Para a maioria dos autores, desde os anos 2000, a humanidade está na era da explosão

dos dados, em que os dados digitais vêm sendo criados e armazenados exponencialmente. Essa

era pode ser chamada de era do big data que é caracterizada pela aplicação de novos métodos

para armazenamento, processamento e análise desses dados (UEDA, 2012).

Segundo Taurion (2013), Big Data é um conjunto tecnológico que permite às empresas

alcançarem análises de dados que antes não tinham acesso, sendo composto por “5 Vs” que

podem ser representados por uma simples fórmula:

Big Data = (volume + variedade + velocidade + veracidade), a agregação dessa fórmula

gera o quinto V que é valor.

Mesmo que o Big Data envolva um grande volume de dados, não se refere somente a

esse grande volume, pois também traz aumento na velocidade, complexidade e variedade em

comparação com as fontes de dados do passado (FRANKS, 2013).

A inovação do Big Data pode transformar por completo a maneira como trabalhamos e

pensamos no desenvolvimento de novos produtos, serviços e estratégias (TAURION, 2013).

Com base nos conceitos citados nessa sessão, nesse estudo considera-se que Big Data é

um conjunto de práticas, processos e tecnologias, havendo consenso entre os autores em pelo

menos três dimensões. Volume que se caracteriza pela grande quantidade de dados que podem

ser coletados, armazenados, processados e analisados. Velocidade, que possibilita a coleta,

armazenamento, processamento e análise dos dados em tempo real e Variedade, pois,

possibilita o a utilização de dados estruturados e não estruturados gerados por e-mails, mídias

sociais, documentos, mensagens, sensores, vídeos, fotos e áudios (AKERKAR, 2014; LANEY,

2001; WATSON, 2014).

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2.2.3 Volume

Lévy (1999) já alertava para a questão do crescimento exponencial de dados,

caracterizando este fenômeno como o “dilúvio” das informações que atribuiu sua causa para o

avanço das tecnologias ligadas aos bancos de dados, hipertextos e redes. Esse “dilúvio

informacional” é fluido por meio da internet sem nenhum sinal que deve em algum momento

diminuir (PIERRE LÉVY, 1999).

Ao se tratar sobre volumetria de dados, existem duas fontes comuns de dados agrupados

sob a bandeira do Big Data: (1) são os dados internos de uma organização que podem ser

estruturados, não estruturados ou semiestruturados; (2) são os dados de externos da

organização, como as informações disponíveis em sites de mídias sociais, hierarquias

organizacionais, dicas úteis disponíveis a partir de terceiros e reclamações de clientes postados

em sites de regulamentação (SATHI, 2012).

Grande volume de dados está além dos dados gerados pelos sistemas transacionais como

ERPs. Nos dias atuais, há uma imensidão de dados sendo gerados a cada segundo por máquinas

como sensores e câmeras. Também há um volume massivo de dados sendo gerados nas mídias

sociais por meio de desktops, smartphones e tablets (LANEY, 2001; TAURION, 2013).

Blasiak (2014) ressalta que volumes de dados hoje considerados demasiadamente

grandes, no futuro muito próximo será considerado pequeno. Então, a palavra "grande" não

descreve o tamanho real dos dados, mas seu tamanho relativo à capacidade das tecnologias dos

dias de hoje.

O Quadro 4 dimensiona o volume de dados, de acordo com sua unidade de medida.

Quadro 4: Volume de dados gerados

Unidade de medida Comparativo

Bit Abreviação do dígito binário.

Byte

(8 bits) 8 bits é o suficiente para armazenar um caractere de texto.

Kilobyte

(1.000 bytes) 20 KB armazena pequenos textos.

Megabyte

(1.000.000 bytes) 5 MB armazena uma música em MP3.

Gigabyte

(1.000.000.000 bytes) 1 GB armazena uma hora de vídeo.

Terabyte

(1.000.000.000.000 bytes)

385 terabytes armazenam todo o catálogo da Biblioteca do

Congresso americano, a maior do mundo.

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Unidade de medida Comparativo

Petabyte

(1.000.000.000.000.000 bytes) Armazena todos os jogos de WII, Xbox e Playstation.

Exabyte

(1.000.000.000.000.000.000 bytes) Armazena mais do que pode ser visto em uma vida.

Zettabyte

(1.000.000.000.000.000.000.000 bytes) Todas as palavras já ditas na história da humanidade.

Yottabyte

(1.000.000.000.000.000.000.000.000 bytes) Mais que toda informação disponível no mundo.

Fonte: Adaptado de Solci (2011).

De acordo com a Cisco (2017), apenas o tráfego mundial de dados oriundos de

dispositivos móveis aumentará sete vezes até 2021, chegando a 49 Exabytes.

Para Marquesone (2017), o poder de armazenamento, os recursos computacionais e o

acesso à internet oferecidos por esses dispositivos ampliaram não somente a quantidade de

dados gerados, mas também a quantidade de vezes que eles são compartilhados. Um vídeo

gerado em um smartphone, por exemplo, pode facilmente ser compartilhado nas redes sociais,

enviado por aplicativos de troca de mensagens e disponibilizado em diversos sites da Web em

um curto espaço de tempo.

O principal desafio relacionado à dimensão Volume do Big Data é o desenvolvimento

de mecanismos capazes de armazenar grandes volumes de dados com escalabilidade. Em outras

palavras, é uma infraestrutura capaz de se adequar e atender o aumento de uma determinada

demanda que tende a crescer com o passar do tempo (DUMBILL, 2012).

Com o propósito de superar esse desafio, a computação em nuvem está sendo

amplamente utilizada por empresas que possuem ambientes de Big Data. Por meio da oferta de

recursos computacionais (como processamento, armazenamento e rede) sob demanda, a

computação em nuvem tem sido uma grande aliada para a criação de soluções de Big Data.

Sendo um paradigma que oferece benefícios como a elasticidade de recursos, a escalabilidade

e a qualidade de serviço, somada à redução de custo e ao aumento da eficiência, diversas

empresas estão aproveitando o potencial da computação em nuvem para hospedar suas soluções

de Big Data (MARQUESONE, 2017).

2.2.4 Velocidade

Além dos desafios impostos pelos grandes volumes de dados, o Big Data possui outra

dimensão importante: a Velocidade. Isto significa a velocidade com que os dados são coletados,

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processados e utilizados, além da velocidade de análise que também está relacionado à rapidez

com que os dados estão sendo gerados. Assim, existem inúmeras aplicações que mantêm seus

serviços em execução 24 horas por dia e dependem da velocidade de armazenamento,

processamento e tráfego de dados (MARQUESONE, 2017).

Para Laney (2001), a importância da velocidade surge da necessidade de utilização e da

análise de dados em tempo real. A definição dessa dimensão refere-se ao estudo da velocidade

em que os dados são produzidos e quão rápido deve ser o seu tratamento para que seu Valor

seja maximizado.

A velocidade no Big Data significa que os dados podem ser coletados e analisados em

tempo real, também com soluções escaláveis e em Cloud Computing, o que permite que o

ambiente de negócio de uma determinada empresa seja analisado e compreendido com mais

rapidez que seus concorrentes, gerando vantagem competitiva com sua utilização (MINELLI;

CHAMBERS; DHIRAJ, 2013; PARK; BAEK; PENG, 2016).

McAfee e Brynjolfsson (2012) introduzem a ideia de que para boa parte das possíveis

aplicações do Big Data dimensão Velocidade é ainda mais importante do que a dimensão

Volume, tendo em vista a crescente necessidade das empresas em tomarem decisões imediatas,

trabalhando com questões que podem perder sua importância, dependendo da velocidade de

reação.

Uma empresa que compreende bem o benefício da velocidade é a varejista Amazon,

que adota um mecanismo de precificação dinâmica, podendo chegar a atualizar os

valores de seus produtos a cada 10 minutos, de acordo com a análise da demanda em

tempo. Além da velocidade de análise, o fator velocidade também está relacionado à

rapidez com que os dados estão sendo gerados. Estatísticas mencionam que, em

apenas 1 minuto, mais de 2 milhões de pesquisas são realizadas no buscador Google,

6 milhões real de seus suprimentos. O fator velocidade está se tornando tão

importante, ao ponto que empresas que não conseguirem agilizar o tempo de análise

dos dados terão dificuldades em se manterem competitivas no mercado. Estatísticas

mencionam que, em apenas 1 minuto, mais de 2 milhões de pesquisas são realizadas

no buscador Google, 6 milhões de páginas são visitadas no Facebook e 1.3 milhão de

vídeos são vistos no YouTube. Em complemento, temos os inúmeros aplicativos que

mantém seus serviços em execução 24 horas por dia e os sensores que geram dados

continuamente a cada segundo (MARQUESONE, 2017).

Deste modo, o entendimento, sobre a velocidade como dimensão do Big Data, é que o

acesso à inteligência gerada, a partir dos dados seja em tempo real, deixou de ser tendência e

se tornou requisito primordial para tecnologias que suportam o tratamento e análise de dados,

pois a baixa velocidade pode limitar diversas operações, diminuindo a vantagem competitiva

de um determinado negócio ou organização (DINESHKUMAR et al., 2016; TAURION, 2013).

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2.2.5 Variedade

Essa dimensão é caracterizada pela grande Variedade dos tipos de dados disponíveis no

mundo virtual. Há poucos anos, a maior parte dos dados gerados eram estruturados, ou seja,

organizados por linhas e colunas. Nos dias atuais, o cenário mudou, a maior parte dos dados

gerados no ciberespaço são dados não estruturados, como imagens, sons, textos, bases de dados,

e-mails, dados de sensores e redes sociais, o que exige grandes desenvolvimentos para sua

coleta, armazenamento, processamento, disseminação gerenciamento e organização (CUKIER;

MAYER-SCHÖENBERGER, 2013; LANEY, 2001; MANYIKA et al., 2011; WALKER;

SCHÖNBERGER-MAYER, 2014).

Para Taurion (2013), a dimensão variedade é tipificada por dados que possuem sua

origem em sistemas estruturados e não estruturados como navegação na web, mídias sociais,

dados transacionais de diferentes naturezas como gerenciamento de risco, consumo, financeiro,

seguros, telecomunicações, saúde e entretenimento. Incluem-se também dados de biometria

para identificação e validação como: reconhecimento de voz, íris, retina e face; dados gerados

no dia a dia pelas pessoas por envio de e-mails, logs, blogs, relatórios, apresentações e

documentos em geral, além da comunicação entre dispositivos fixos e móveis que monitoram

processos, máquinas, localizam pessoas, liberam acessos e contabilizam estoques.

Com relação aos dados estruturados, Meer (2013) relaciona cinco diferentes categorias

principais que são mais familiares às pessoas que utilizam os sistemas de informação

convencionais, conforme apresentado no Quadro 5.

Quadro 5: Categorias de dados estruturados

Categoria Descrição do dado

Criados Um determinado indivíduo fornece esse tipo de dado ao responder um questionário de

uma empresa.

Provocados As opiniões que são registradas, como, por exemplo, na avaliação da página de uma loja

no facebook.

Transacionados As ações dos usuários que são geradas, por exemplo, numa compra no Mercado Livre.

Compilados Algumas empresas os mantêm em suas bases com diversas informações de cada pessoa

Experimentais Um conjunto dos dados criados e transacionados, com estes a área de marketing pode

ofertar produtos específicos para cada cliente.

Fonte: Adaptado de Meer (2013).

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No campo dos dados não estruturados, McAfee e Brynjolfsson (2012) ressaltam a

variedade dos dados que possuem relação com o Big Data e assumem a forma de mensagens,

imagens postadas nas redes sociais, leituras de sensores e sinais de GPS, a partir de dispositivos

móveis. Com este cenário, os dispositivos móveis assumem grande importância, visto que são

responsáveis por enormes fluxos de dados ligados às pessoas, às atividades e aos locais.

De acordo com a Cisco (2017), em 2021, haverá no mundo mais dispositivos móveis do

que contas bancárias, casas com água canalizada ou linhas de telefone fixo. Toda essa

quantidade de dispositivos deverá trafegar 587 exabytes de dados por ano, mais de 122 vezes

todo o tráfego mundial de dados móveis gerado em 2011.

Para Tufekci (2013), os dados gerados por engajamento nas redes sociais podem induzir

a uma análise rasa por trazer amostras distorcidas não suficientes para conclusões assertivas,

nessa linha. Esse autor defende que as análises realizadas com base em dados coletados em

plataformas como Facebook, Tweeter, Instagram, Snapchat, Linkedin, Pinterest não devem ser

replicados para o restante da população.

Entretanto, para Marquesone (2017), a utilização de dados coletados em redes sociais,

associados com a capacidade de processamento em tempo real, tem sido cada vez mais

importante para sociedade. Um exemplo é a identificação de tendências com velocidade nunca

alcançada antes, pois a análise imediata das informações compartilhadas e pesquisadas pelas

redes permite gerar descobertas como pandemias de doenças em regiões específicas. Isso

significa um grande avanço, visto que, em muitos casos, se gastariam dias para realizar essa

identificação, observando que os dados analisados já estariam desatualizados. Os dados gerados

por humanos fornecem uma valiosa fonte de informação que, quando avaliados em tempo real,

podem gerar conhecimentos imensuráveis (MARQUESONE, 2017).

Pensando no mundo corporativo, o fluxo de geração de registros é contínuo e resultante

de interações sociais e econômicas em todo o mundo, por meio de dispositivos móveis

computadores e tablets. Esses dados, quando coletados, armazenados, processados,

correlacionados, compartilhados e visualizados, são fonte de importante inteligência que podem

colocar as decisões à frente de concorrentes (FERNANDES; LIMA-MARQUES, 2014;

FRANKS, 2013; TAURION, 2013).

2.2.6 Demais Dimensões

Apesar da convergência sobre as dimensões Volume, Velocidade e Variedade para

representar o Big Data, como visto no Quadro 3, parte dos autores mencionam mais dimensões

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além dos tradicionais “3Vs”, utilizando 5 dimensões para descrever o Big Data: Volume,

Velocidade, Variedade, Veracidade e Valor (DEMCHENKO; DE LAAT; MEMBREY, 2014;

TAURION, 2013; ZIKOPOULOS; EATON, 2011).

Taurion (2013) defende que é preciso incluir a dimensão Veracidade, pois é preciso ter

a certeza de que os dados fazem sentido e são autênticos e, também a dimensão Valor, dada a

necessidade de as organizações implementarem projetos de Big Data que obtenham retorno

destes investimentos. Valor vem da importância de extrair benefícios de diversas naturezas a

partir do uso do Big Data, ou seja, agregar valor aos processos, produtos, serviços e negócios

mediante dados confiáveis. Quanto maior a veracidade dos dados e sua riqueza, maior será a

chance de a análise ser realizada de maneira clara a gerar vantagens para as organizações

(TAURION, 2013).

Para Marquesone (2017), as três dimensões formam a base necessária para o

conhecimento sobre Big Data, mas ressalta a validade sobre as dimensões Valor e Veracidade,

descrevendo Valor como uma dimensão que faz referência ao quão valioso e significativo um

dado pode ser em uma solução. Um exemplo seria: qual o valor dos dados de mídias sociais

para uma solução de Big Data no departamento de marketing de uma empresa? É importante

fazer essa análise de valor para se determinar quais dados serão priorizados.

Já a dimensão Veracidade está relacionada à confiabilidade dos dados. Pelo fato de que

Big Data está inserido em um contexto de dados em grande volume e variedade, pois é comum

a existência de dados inconsistentes. Assim, a veracidade refere-se ao quão confiável é um

conjunto de dados usado em uma solução de Big Data (MARQUESONE, 2017).

Sathi (2012) também adiciona a dimensão Veracidade ao contexto de Big Data e a

descreve por meio da credibilidade das fontes de dados utilizadas, bem como a adequação dos

dados para um determinado fim. Além das dimensões Volume e Veracidade, Lyon (2014)

ressalta outras características que devem ser consideradas ao se tratar de Big Data.

Quadro 6: Demais características do Big Data

Característica Descrição

Exaustividade de escopo Dados coletados tendem a englobar um número cada vez maior

de pessoas e sistemas.

Resolução dos dados Dados não estruturados possuem uma enorme quantidade de

detalhes.

Interconexão dos dados Dados possuem campos em comum que permitem o

relacionamento de diferentes conjuntos de dados.

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Característica Descrição

Flexibilidade e escalabilidade horizontal Dados que permitem adicionar mais detalhes sobre uma mesma

coleta de dados.

Flexibilidade e escalabilidade vertical Possibilidade de novas coleta de dados na mesma análise.

Fonte: Adaptado de Lyon (2014)

Um estudo realizado pela IBM (2012a) ressalta que a Veracidade dos dados está

associada com sua grandeza de Valor, de maneira que tipos específicos de dados, em que os

métodos de limpeza não são eficazes para remoção de suas incertezas, como o tempo, a

economia, ou a real decisão de compra futura de um cliente, tem seu Valor reduzido. Deste

modo, saber escolher e processar as fontes de dados para diminuir incertezas é um objetivo a

ser alcançado pelas organizações que trabalham com Big Data.

2.3 O Constructo Inteligência Competitiva

Esta sessão refere-se à Inteligência Competitiva, que é a outra base teórica desse estudo.

Assim como na sessão que trata sobre o Big Data, esta sessão foi dividida em subseções: na

subseção 2.3.1, estão os conceitos e o entendimento geral sobre a Inteligência Competitiva; na

subseção 2.3.2, está descrito, com detalhes, o ciclo da Inteligência Competitiva, assim como

cada uma de suas etapas.

2.3.1 Inteligência Competitiva - Conceitos

O processo de Inteligência Competitiva já se encontra difundido e amadurecido na

literatura. Inteligência Competitiva gera recomendações praticáveis advindas do processo

sistemático de planejar, coletar e disseminar informação sobre o ambiente externo para

oportunidades ou desenvolvimentos, que tem o potencial de afetar a situação competitiva de

uma companhia ou país (CALOF, 2007).

A Inteligência Competitiva surgiu como campo de estudo, na década de 1980, como

uma disciplina capaz de integrar o planejamento estratégico de modo a possibilitar o

monitoramento constante do ambiente externo e, assim, conseguir acompanhar com mais

rapidez os movimentos do mercado. Dessa maneira, o que torna o processo de Inteligência

Competitiva diferente é a geração de informações em tempo real, de forma dinâmica e

cíclica. O tempo e a velocidade se tornam importantes para o processo de Inteligência

Competitiva, visto que propiciam aos sujeitos organizacionais se anteciparem às mudanças

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advindas do mercado de modo ágil, consistente e assertiva (CHEN; CHIANG; STOREY,

2012; SOUZA, 2016).

Para Fuld (1994), Inteligência Competitiva pode ser definida como a informação

analisada sobre concorrentes que tem implicações no processo de tomada de decisão da

empresa, auxiliando gestores a responderem corretamente questões específicas e tomarem

decisões em longo prazo. No entanto, Herring (2002) define a Inteligência Competitiva como

um programa sistemático e ético para monitoramento, coleta, análise e gestão de informação a

respeito dos competidores e todo o ambiente organizacional que possa afetar os planos, decisões

e operação de uma determinada empresa.

Calof (2007) ressalta que a alta gestão, em geral, é o alvo principal dos produtos gerados

pela Inteligência Competitiva. Com isso, é possível buscar vantagem competitiva, fazendo

melhores escolhas que seus competidores, levando em consideração os ambientes: interno e

externo, além do tempo: o passado, o presente e o futuro.

Já, a Strategic and Competitive Intelligence Professionals - SCIP (2017) define a

Inteligência Competitiva ou “Competitive Intelligence” como um processo de coleta, análise

legal e ética de informações sobre concorrentes que podem ajudar uma organização a tomar

melhores decisões e a alcançar seus objetivos. “Corporate intelligence”, “Business

Intelligence”, “Market Intelligence” e outros termos similares também são usados para se referir

à Inteligência Competitiva (SCIP, 2017).

A atividade de Inteligência Competitiva refere-se a um processo intelectual de produção

de informação, cujos métodos de coleta e monitoramento restringem-se a atividades éticas e

legais como, por exemplo, a entrevista, sem a utilização de falsa identidade, o benchmarking,

a busca em bases de dados, a participação em evento, a coleta de dados em material publicitário,

dentre outros (MENDES, ANDRÉA LARA; MARCIAL, 2010).

Para Miller (2002), a Inteligência Competitiva tem a finalidade de analisar e avaliar os

ambientes, antecipar eventos, descobrir potenciais concorrentes, aprender com o sucesso ou o

fracasso de terceiros, avaliar ameaças e identificar oportunidades, identificar e adquirir novas

tecnologias, além disto, monitorar os ambientes político, legal e regulatório, gerar informações

para o processo de planejamento estratégico com o intuito de ajustar a empresa ao ambiente

onde está inserida. Destaca-se, ainda, que a Inteligência Competitiva é uma atividade de

produção de informação estratégica acionável e de proteção, que contribui para o aumento da

capacidade de competição inclusive em ambientes turbulentos, caracterizada pela ocorrência

de grandes mudanças (PRESCOTT, 1999).

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Atualmente, empresas dos mais variados setores da economia mundial investem

sistematicamente em processos e sistemas de Inteligência Competitiva com o objetivo de

evitarem surpresas competitivas desagradáveis que coloquem em risco sua sobrevivência e seu

crescimento nos mercados em que operam. Há, portanto, uma crescente necessidade dos

estrategistas, de informações relevantes, precisas, oportunas e confiáveis sobre fatos, tendências

e relacionamentos no ambiente competitivo em que suas empresas estão instaladas

(OLIVEIRA; GONÇALVES; DE PAULA, 2011).

Historicamente, a Inteligência Competitiva foi baseada em informações básicas das

empresas, como sua localização física, números de telefone e pontuação de crédito, com as

possibilidades oferecidas pelo ecossistema do Big Data. A partir disto, é possível explicar, com

riqueza de detalhes, o que as empresas fazem no mercado, demonstrando empiricamente seu

comportamento que antes não era visível e, com isso, gerar tendências, benchmarking,

segmentação, novas modelagem e recomendações precisas (DAVENPORT, 2014).

Nessa pesquisa entende-se a Inteligência Competitiva como descrita pela Associação

Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva que compreende a Inteligência

Competitiva como um processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de

decisão, seja esta estratégica ou operacional, visando a descobrir as forças que regem os

negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente (ABRAIC,

2017)

2.3.2 O Ciclo da Inteligência Competitiva

Fuld (2007) defende que o processo de Inteligência Competitiva pode produzir e

processar informações sobre o ambiente de uma organização para propósitos estratégicos. A

força motriz da Inteligência Competitiva é o Valor, e não o Volume de informações que

resultam em análises assertivas, servindo de base para as decisões fundamentais de uma

organização.

O processo de Inteligência Competitiva pode produzir e processar informações sobre o

ambiente de uma organização para propósitos estratégicos (FULD, 2007). Com isso, Miller

(2002) propõe sua perspectiva sobre o ciclo da Inteligência Competitiva, conforme apresenta a

Figura 8.

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Figura 8: Ciclo da Inteligência Competitiva

Fonte: Adaptado de Miller (2002).

Na Figura 8, observa-se que, segundo Miller (2002), o ciclo de Inteligência Competitiva

é composto pelas etapas de planejamento, coleta, análise e disseminação (grifo nosso) de

informações. Trata-se de um processo em que dados de diversas fontes são coletados,

interpretados e comunicados para os interessados. Essas etapas devem ser entendidas como

exposto abaixo.

1. Planejamento: Nessa etapa, é preciso identificar quem precisa da inteligência

(responsáveis pelas decisões) e quais são as suas necessidades.

2. Coleta: Os responsáveis devem buscar informações relevantes para a organização,

partindo de um roteiro previamente definido.

3. Análise: Esse é o momento em que as informações coletadas são tratadas,

recuperadas e analisadas para a produção de Inteligência Competitiva, que será

disponibilizada, posteriormente, aos tomadores de decisão.

4. Disseminação: O resultado do trabalho de Inteligência Competitiva é apresentado

aos tomadores de decisão para que possa apoiar às suas escolhas que poderão ou não

se basear na inteligência disponibilizada.

Observando o contexto dos conceitos apresentados, pode-se dizer que o ciclo da

Inteligência Competitiva permite às organizações aperfeiçoar o funcionamento interno de seus

serviços, na medida em que apresenta recursos para incrementar a tomada de decisão e, como

efeito desta, a produção de informações de alto valor agregado levam-nas a se manterem

permanentemente competitivas (QUEYRAS; QUONIAM, 2006).

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2.4 Estudos Envolvendo Big Data e Inteligência Competitiva

Esta sessão demonstra a análise realizada sobre as publicações evidenciadas no Quadro

1, elaborado a partir do resultado da pesquisa bibliométrica executada sobre as publicações que

abordam Big Data, Inteligência Competitiva e a relação entre os dois constructos apresentada

na sessão 2.1.

A respeito da publicação 1 relacionada no Quadro 1, trata-se de um artigo acadêmico

que apresentou uma pesquisa sobre a utilização da Inteligência Competitiva especificamente

para esportes por meio de aplicações e serviços em empresas esportivas e departamentos de

esporte de universidades chinesas (HONG-YING, HAI-YAN, 2015). Esse estudo teve um

objetivo bastante específico e restrito à ciência nos esportes. Dessa maneira, não demonstra

relação entre o Big Data e a Inteligência Competitiva, do ponto de vista corporativo.

A publicação 2 é um Proceedings Paper que aborda conceitualmente a Inteligência

Competitiva e a oportunidade aberta pela era do Big Data para a obtenção de informações sobre

um ambiente dinâmico dominado por mídias sociais e outras plataformas de rede. Nesse

sentido, os autores explanam e descrevem o desenvolvimento técnico, de forma experimental,

um sistema de análise de sentimento de redes sociais de pequenas proporções que pode ser

utilizado como base para futuros estudos e adaptações (SHARMA et al., 2015). Por se tratar de

um Proceedings Paper, o principal objetivo dessa publicação não foi entender diretamente a

ocorrência da Inteligência Competitiva com a utilização de Big Data e, sim, descrever

tecnicamente uma das possibilidades oferecidas pelo conjunto tecnológico que compõe o

ecossistema do Big Data.

A publicação 3 é um artigo acadêmico que desenvolveu um estudo sobre a utilização de

banco de dados como fonte de vantagem competitiva em pequenas e médias empresas da

Eslováquia. Os resultados apontam que o conhecimento e as habilidades de trabalhar com

bancos de dados comerciais nas empresas examinadas são inadequados, e que os entrevistados

são mais propensos a buscar informações por meio da Internet, ferramentas de pesquisa

baseadas na web e análises de sites. Assim, na conclusão, o autor ressalta a importância para as

organizações passarem a buscar o entendimento de soluções para se trabalhar com uma grande

volume de dados (BOLEK et al., 2016).

Embora a fundamentação teórica tenha explorado de maneira consistente questões que

permeiam tanto o Big Data quanto a Inteligência Competitiva, a coleta de dados foi realizada

por meio de perguntas sobre a forma como as empresas estavam utilizando e coletando dados

de uma maneira geral para gerar Inteligência Competitiva e sua percepção sobre o Big Data,

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isto é, não se identificando se as empresas estavam ou não utilizando o Big Data na Inteligência

Competitiva ou qual as implicações entre ambos os constructos.

A publicação 4 trata de um ensaio teórico que, por meio da literatura, resume o status

de pesquisa acerca da Inteligência Competitiva na era do Big Data e propõe implicações sobre

o Big Data na pesquisa sobre Inteligência Competitiva (LI et al., 2016). Por se tratar de um

ensaio teórico, não há pesquisa de campo, assim a ocorrência dos fenômenos (Big Data e

Inteligência Competitiva) não é identificada nem avaliada.

Conforme exposto na sessão 2.1, a análise das publicações mapeadas no estudo

bibliométrico que abordam Big Data, Inteligência Competitiva e a relação entre os dois

constructos apresentadas anteriormente no Quadro 1, revelou a falta de estudos com

investigação empírica do ponto de vista corporativo no ambiente em que os fenômenos (Big

Data e Inteligência Competitiva) ocorrem e poderiam se influenciar.

2.4.1 Modelo Conceitual da Pesquisa

A despeito de Cukier (2010) enfatizar que o Big Data tem seus efeitos percebidos nas

empresas, ciência e governo e, embora muitos periódicos de alto fator de impacto estejam

publicando sobre o tema, ainda há muito a ser explorado sobre o Big Data e assuntos

correlacionados (AKERKAR, 2014).

A Figura 9 apresenta o modelo conceitual tomado como base para realização desta

pesquisa.

Figura 9: Modelo Conceitual da Pesquisa

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

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A Figura 9 apresenta o Modelo Conceitual que demonstra a relação teórica entre os

constructos. A Inteligência Competitiva é apresentada na perspectiva do ciclo proposto Miller

(2002) e o Big Data está retratado por meio das dimensões empregadas no artigo seminal de

Laney (2001). O detalhamento desse relacionamento está descrito a seguir.

Conforme abordado na sessão 2.3.2, na etapa de Planejamento, é preciso identificar os

responsáveis pelas decisões e suas necessidades no tempo requerido pelas demandas do

negócio. Assim, os responsáveis pelas decisões terão acesso à análise dos dados e, por

consequência, não devem tomar as devidas ações tardiamente, diante de um cenário crítico

(MILLER, 2002). Entretanto, não há o entendimento que nessa etapa exista relação com as

dimensões do Big Data propostas por Laney (2001).

Durante a Coleta de dados, os responsáveis devem buscar informações relevantes para

a organização a partir de um roteiro previamente definido (MILLER, 2002). Baseado nas

necessidades mapeadas durante o Planejamento, é possível que seja preciso coletar dados

estruturados e não estruturados, em alta velocidade em volumes massivos de diferentes fontes

e sistemas descritos por Taurion (2013). O autor citou dados transacionais de diferentes

naturezas, dados de biometria para identificação e validação como reconhecimento de voz, íris,

retina e face, dados gerados no dia a dia pelas pessoas por envio de e-mails, logs, blogs,

relatórios, apresentações e documentos em geral e redes sócias.

O conjunto tecnológico de Big Data utilizado durante a Coleta para a Inteligência

Competitiva deve ser capaz de trabalhar com grandes volumes de dados. Um exemplo de coleta

de dados em grande escala de uma fonte não convencional seria a coleta de tweets da rede social

Twitter por meio de um data streaming (fluxo contínuo dos dados), com o nome dado às

mensagens que possuem até 140 caracteres publicadas pelos usuários da rede. Tal fonte de

dados pode alimentar um sistema de análise de sentimentos de redes sociais, possibilitando que

um gestor de marketing digital saiba os resultados de uma campanha em tempo real, no mesmo

momento em que a campanha foi lançada. Este cenário foi demonstrado no Proceedings Paper

“Big Data – Competitive Intelligence” (SHARMA et al., 2015), citado anteriormente nesta

mesma sessão. Esse tipo de coleta de dados, nesta mesma rede social, foi detalhada e

demonstrada por Marquesone (2017), que aborda questões sobre Volume, Velocidade e

Variedade de dados durante sua coleta.

Levando em consideração o grande volume de dados que podem ser coletados, é preciso

que exista um conjunto tecnológico capaz de processar tamanha quantidade, em alta velocidade,

com diferentes estruturas e tipos, visto que, segundo Miller (2002), durante a Análise, os dados

coletados são tratados e recuperados para a produção de Inteligência Competitiva. De acordo

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com Marquesone (2017), uma das primeiras e principais tecnologias de Big Data utilizada para

um infinidade de aplicações com processamento massivo de dados é o Hadoop (grifo nosso).

A utilização do Hadoop por grandes organizações contribuiu para sua rápida

evolução, tanto em aperfeiçoamento quanto em adição de novas funcionalidades.

Como resultado, novos subprojetos foram criados no topo dos componentes principais

do Hadoop, criando um ecossistema com diversas soluções de manipulação de dados

(MARQUESONE, 2017).

A Figura 10 apresenta os subprojetos e ferramentas geradas a partir da evolução do

ecossistema Hadoop no decorrer dos anos.

Figura 10: Evolução do Hadoop no decorrer do tempo

Fonte: Marquesone (2017).

Dessa forma, com o conjunto tecnológico que permeia todo o ecossistema de Big Data,

seria possível executar a etapa de análise do ciclo da Inteligência Competitiva no que tange às

dimensões Volume, Velocidade e Variedade na perspectiva de Laney (2001).

Com relação à etapa de Disseminação, é preciso que o resultado do trabalho de

Inteligência Competitiva, gerado durante as etapas antecessoras, sejam apresentados aos

tomadores de decisão com o objetivo de dar suporte às suas decisões Miller (2002). Assim

como no Ciclo da Inteligência Competitiva, no Big Data, quando um projeto tem como foco o

aumento da percepção sobre determinados cenários, é preciso que seja entregue uma

visualização de dados capaz de alavancar esse objetivo (MARQUESONE, 2017).

Para Taurion (2013), a entrega dos dados processados também pode ser chamada de

fase de visualização de dados. Essa fase possui total sincronia com etapa de Disseminação da

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inteligência do ciclo da Inteligência Competitiva, pois, em ambos os casos, é preciso que os

dados sejam entregues aos interessados em alta Velocidade, permitindo que os tomadores de

decisão tenham tempo hábil para interpretação desses resultados e tomem ou não ações

cabíveis. Um exemplo inovador no mundo corporativo de entrega de inteligência com utilização

de tecnologia de Big Data é a linguagem de programação gratuita denominada R, que possui

funcionalidades voltadas à computação estatística e à visualização de dados (MARQUESONE,

2017).

2.4.2 Fluxo de Dados

A Inteligência Competitiva possui um fluxo geral dos dados que antecedem a geração

da inteligência. Nesse fluxo, os dados estão disponíveis em três segmentos que formam a

pirâmide da inteligência conforme demonstrado na Figura 11 (SHARP, 2009).

Figura 11: A pirâmide da Inteligência Competitiva – Fluxo geral dos dados

Fonte: Adaptado de Sharp (2009).

Ainda, de acordo com Sharp (2009), cada um dos segmentos da pirâmide que forma o fluxo

geral dos dados possui suas peculiaridades, indicados a seguir.

Dados: Os dados são os mais fáceis de reunir, requer a menor habilidade dos três

segmentos e mais pessoas ou organizações podem obtê-lo.

Informação: As informações, no entanto, oferecem mais valor do que dados, são mais

difíceis de se descobrir e menos pessoas têm habilidades para fornecer.

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Inteligência: A inteligência realmente é a ponta e o topo da pirâmide. Há muito menos

inteligência do que dados, poucas pessoas entendem o que é, e ainda menos parecem ter as

habilidades para fornecê-lo.

Assim como a Inteligência Competitiva, o Big Data também possui diferentes fluxos de

dados que podem ser elaborados com processamento em lotes ou em tempo real conforme

apresentado na Figura 12.

Figura 12: Exemplo de fluxo de dados em lotes

Fonte: Marquesone (2017).

Um fluxo de dados que possui seu processamento em lotes, refere-se ao processamento

de um conjunto de dados pertencente a um grupo também chamado de lote. Um grupo é

formado por dados coletados em um certo período de tempo e que foram agregados para serem

processados por um job (agendamento de serviço computacional). Essa abordagem é

comumente chamada um-para-muitos, pois em uma única requisição é processado um grupo

inteiro de dados, e não apenas um único registro (MARQUESONE, 2017).

Outro fluxo de dados bastante utilizado por aplicações de Big Data são os fluxos que

possuem processamento e entrega da inteligência em tempo real conforme Figura 13.

Figura 13: Exemplo de fluxo de dados em tempo real

Fonte: Marquesone (2017).

Diferentemente do processamento em lote em que as etapas de coleta, armazenamento

e processamento ocorrem separadamente, no processamento em tempo real, os dados são

analisados assim que são gerados, possibilitando que a entrega da inteligência seja imediata.

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Dessa maneira, na Figura 13, é possível perceber que o fluxo do processamento em

tempo real é contínuo, sendo o dado processado à medida que ele chega à aplicação e sendo

entregue aos tomadores de decisão em tempo real (MARQUESONE, 2017).

Ainda, de acordo com Marquesone (2017), para implementação de ambientes de Big

Data, é necessário uma grande capacidade computacional que pode ser gerenciada

internamente, ou por prestadores de serviços como a Amazon Web Services ou a Microsoft

Azure, além do custo com o aparato tecnológico e da necessidade de uma equipe técnica

responsável pelas práticas e processos para mapear as necessidades dos usuários e desenvolver

toda a inteligência por traz das etapas de coleta, pelo armazenamento, processamento e

visualização de dados.

Com base nos fluxos de dados de Big Data apresentados, foi elaborada a Figura 14 que

representa de maneira macro as 4 principais etapas dos fluxos de dados utilizados por aplicações

de Big Data.

Figura 14: Macrofluxo do Big Data

Fonte: Adaptado de Marquesone (2017).

O fluxo de dados apresentado na Figura 14 também é observado em aplicações

convencionais que não necessariamente coletam, armazenam ou processam grandes volumes

de dados. Com isso, ressalta-se que aplicações de Big Data possuem ferramentas, técnicas e

práticas diferentes das aplicações convencionais, entretanto, quando se trata do macrofluxo de

dados, não há diferenças entre as aplicações (MARQUESONE, 2017).

De acordo com o macrofluxo apresentado na Figura 14, é possível relacionar, de forma

teórica, o macrofluxo de dados do Big Data adaptado de Marquesone (2017), com o Ciclo da

Inteligência Competitiva proposto por Miller (2002), conforme demonstra a Figura 15.

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Figura 15: Relação entre o Ciclo da IC e o Macrofluxo de dados do Big Data

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

Dessa forma, é possível visualizar a relação e a aderência entre a Coleta de dados da

Inteligência Competitiva com a Coleta de dados do Big Data, demonstrando as etapas de

Armazenamento e Processamento com a etapa de Análise e, por fim, a etapa de Visualização

com a etapa de Disseminação.

Também é possível relacionar de maneira teórica o macrofluxo de dados do Big Data

adaptado de Marquesone (2017), com o fluxo geral dos dados proposto por (SHARP, 2009)

como apresentado na Figura 16.

Figura 16: Relação entre o Fluxo geral da IC e o Macrofluxo de dados do Big Data

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

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Com base nas relações descritas ao longo da sessão 2.4, fica evidenciada a aderência e

a relação teórica entre as etapas do ciclo da Inteligência Competitiva proposto por Miller

(2002), com as dimensões do Big Data concebidas por Laney (2001) e ratificadas por Taurion

(2013), assim como o a relação entre o macrofluxo de dados adaptado de Marquesone (2017),

com o fluxo geral de dados da Inteligência Competitiva proposto por Sharp (2009) e o ciclo da

Inteligência Competitiva proposto por Miller (2002).

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Essa sessão tem como objetivo descrever o conjunto de procedimentos metodológicos

que vão ser utilizados na pesquisa, assim como o método, tipo, instrumento de coleta de dados,

técnica de análise e amostra de dados.

3.1 Quanto ao Método e Tipo de Pesquisa

De acordo com Merrian (1998), a pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre

as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas

intricadas relações sociais estabelecidas em múltiplos ambientes. Trata-se de um conceito que

envolve uma gama de técnicas e procedimentos interpretativos, que procuram essencialmente

descrever, decodificar e traduzir o sentido de eventos ou fenômenos do mundo social. Vergara

(2010) acrescenta que a pesquisa descritiva expõe as características de determinada população

ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza.

Foi adotada uma pesquisa qualitativa do tipo descritiva exploratória, que pode ser

definido como o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das

crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a

respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam (MINAYO,

2010). A escolha metodológica justifica-se pela escassez de estudos encontrados que buscam

explicar ou descrever os efeitos entre Inteligência Competitiva e os métodos e ferramentas que

integram o Big Data, sendo esse tema amplo e complexo, tornando difícil a realização de seu

estudo fora do contexto onde ocorre.

3.2 Instrumento de Coleta de Dados

As entrevistas “em profundidade” são adequadas para campos de estudos em que há

pouco conhecimento sobre o fenômeno estudado ou onde percepções detalhadas são necessárias

a partir de pontos de vistas individuais (OLIVEIRA; MARTINS; VASCONCELOS, 2010). As

entrevistas estruturadas são elaboradas por questionário totalmente estruturado em que as

perguntas são previamente formuladas com o cuidado de não fugir a estas (BONI;

QUARESMA, 2005).

Com isso, os dados foram coletados por entrevistas em profundidade com roteiro

estruturado, de acordo com Creswell (2007). O roteiro de entrevistas a ser utilizado encontra-

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se no Apêndice I, sendo que, para a sua elaboração foi utilizada a Matriz de Amarração que

consta no Apêndice II.

3.3 Técnica para Análise de Dados

Para Kerlinger (2007), a análise de conteúdo é um método para analisar e estudar as

comunicações, documentos, livros e cartas de maneira sistemática e objetiva. Para Vergara

(2010), a análise de conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados que tem

como fundamento identificar o que está sendo dito a respeito de um determinado tema. Presta-

se tanto aos fins exploratórios e de descoberta, quanto à verificação, à confirmação ou não de

hipóteses ou suposições preestabelecidas. Exige categorias exaustivas, mutuamente exclusivas,

pertinentes e objetivas e pode tratar grandes quantidades de dados, bem como armazenadas com

auxílio de programas de computador, preservando a interpretação do pesquisador (VERGARA,

2010).

Bardin (2011) define a análise de conteúdo como um conjunto de técnicas de análise

das comunicações que visam a obter, por meio de procedimentos sistemáticos e objetivos de

descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a

inferência de conhecimento às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas

mensagens.

Portanto, os dados foram analisados de acordo com a análise de conteúdo, na perspectiva

de Bardin (2011). Os critérios de categorização, ou seja, escolha de categorias é uma forma de

pensamento e reflete a realidade, de forma resumida, em determinados momentos, na

perspectiva da análise do conteúdo, as categorias são vistas como rubricas ou classes que

agrupam determinados elementos, reunindo características comuns. No processo de escolha de

categorias, adotam-se os critérios semântico (temas), sintático (verbos, adjetivos e pronomes),

léxico (sentido e significado das palavras-antônimo ou sinônimo) e expressivo (variações na

linguagem e na escrita). Ainda de acordo com Bardin (2011), a análise de conteúdo é organizada

sobre três polos cronológicos: pré-análise, exploração do material e tratamento de dados e

interpretação (grifo nosso):

1) pré-análise: que se refere à seleção dos materiais e à definição dos procedimentos

metodológicos que serão seguidos;

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2) exploração do material: que consiste essencialmente em operações de

codificação, decomposição ou enumeração com base em regras previamente

formuladas;

3) tratamento dos dados e interpretação: que possuem o papel de geração

significativos de inferências dos resultados da investigação feita pelo pesquisador.

Os polos cronológicos, por sua vez, são distribuídos nas etapas de Preparação,

Codificação, Categorização e Inferência (grifo nosso), os quais estão descritos a seguir.

• Preparação: é a fase de organização, corresponde a um período de intuições, tem por

objetivo tornar operacionais e sistematizar as ideias iniciais, conduzindo um esquema

preciso do desenvolvimento das operações sucessivas, estabelecendo um programa

flexível e preciso.

• Codificação: é o processo pelo qual os dados brutos são transformados

sistematicamente e agregados em unidades de registro, as quais permitem uma

descrição exata das características pertinentes do conteúdo.

• Unidade de Registro: pode ser de natureza e de dimensões variáveis e possui certa

ambiguidade no que diz respeito aos critérios de distinção. Do ponto de vista prático,

consiste em recortes em nível semântico, por exemplo, o “tema”, enquanto que outros

são feitos em um nível linguístico, como a “palavra” ou a “frase”, um conjunto de

unidades de registros geram o significado extraído de uma determinada mensagem.

• Unidade de Significado: uma análise temática consiste em descobrir os "núcleos de

sentido" que compõem a comunicação e cuja presença, ou frequência de aparição,

podem significar algo para o objetivo analítico escolhido. A unidade de significação

corresponde ao segmento de conteúdo considerado unidade de base, visando à

categorização e à contagem de frequência.

Regras de Enumeração: é necessário fazer uma distinção entre a unidade de registro

(o que se conta) e a regra de enumeração (o modo de contagem). Qualquer escolha de uma regra

(ou de várias regras) de enumeração assenta numa hipótese de correspondência entre presença,

frequência, intensidade, distribuição, associação, presença, frequência, intensidade e

distribuição.

Categorização: é uma operação de classificação de elementos constitutivos de um

conjunto por diferenciação e reagrupamento segundo o gênero (analogia), com critérios

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previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de

elementos (unidades de registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico. Este

agrupamento é realizado em razão das características comuns entre os elementos. O critério de

categorização pode ser semântico, sintático, léxico e expressivo.

• Inferência: trata-se da operação intelectual de derivar conclusões a partir de premissas

conhecidas ou decididamente verdadeiras. Na análise de conteúdo, existem dois tipos

de inferências:

1) inferências específicas: quando se procura responder às perguntas do tipo "será

que o país A tem intenções de atacar o país B?;

2) inferências gerais: quando se pretende saber se existe uma lei relacional em que

o aumento do nível pulsional do locutor seja acompanhado pela simplificação e

normalização das suas escolhas semânticas e estruturais.

Este conjunto de técnicas tem como objetivo dar o devido suporte ao atendimento das

necessidades dessa pesquisa no que tange à análise dos dados coletados com a utilização do

instrumento de coleta. Com base nas técnicas descritas anteriormente, foi elaborada a Figura

17, apresentada a seguir, que representa o macroprocesso da análise de conteúdo.

Figura 17: Macroprocesso de análise dos dados

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Bardin (2011).

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3.4 Amostra da Pesquisa

Segundo Creswell (2007), uma amostragem de conveniência é indicada em casos em

que o investigador precisa utilizar grupos formados naturalmente, como, por exemplo, uma sala

de aula, uma organização ou unidade familiar. Os personagens devem ser designados de acordo

com suas características ou atributos que, nesse estudo, se caracteriza por suas atividades

profissionais e ambiente em que se está inserido.

De acordo com Maykut e Morehouse (1994), a amostra em pesquisa qualitativa deve

ser constituída por respondentes que tenham se destacado em suas atividades e detenham

informações consideradas de fato úteis para o entendimento do problema pesquisado.

Dessa maneira, foram selecionados quatro especialistas e gestores que trabalham com o

conjunto de técnicas e ferramentas que compõem o ecossistema de Big Data. Com isso, está

sendo projetado o preenchimento da lacuna identificada no estudo bibliométrico que apontou

para a falta de estudos com investigação empírica da ótica corporativa no ambiente em que os

fenômenos (Big Data e Inteligência Competitiva) ocorrem e se influenciam.

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4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Essa seção tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa, com base na análise e

na interpretação dos resultados. Para a realização da análise dos dados, foram utilizados os

dados coletados nas 4 entrevistas que foram realizadas por meio de roteiro estruturado

disponível no Apêndice II.

As entrevistas foram realizadas entre janeiro e abril de 2018, todas foram gravadas com

a utilização de um gravador digital e, posteriormente, foram transcritas em sua íntegra e de

forma homogênea. A entrevista inicial (E1 - piloto) foi realizada com o objetivo de validar o

roteiro assim como para o reconhecimento do campo.

No Quadro 7: Composição da amostraQuadro 7, estão relacionados os entrevistados,

com informações sobre as empresas que trabalham e seu enquadramento na organização.

Quadro 7: Composição da amostra

ENTREVISTA 1 (E1) ENTREVISTA 2 (E2)

Década de sua fundação: 1960 Década de sua fundação: 1910

Setor de Atuação: Celulose Setor de Atuação: Eletrodoméstico

Número de Funcionários: 19.000 Número de Funcionários: 100.000

Faturamento Anual: 10b Faturamento Anual: 20b

CARACTERIZAÇÃO DO RESPONDENTE

Cargo: Líder técnico de Data

Analytics e Big Data Cargo:

Arquiteto de Soluções

de Big Data

Formação Profissional: Business Intelligence,

Programação Formação Profissional:

Business Intelligence,

Programação, Sistemas

Área de atuação: Big Data e Analytics Área de atuação: Big Data e Analytics

Tempo na Organização: 4 anos Tempo na Organização: 1 ano

Escolaridade: Pós-graduação Escolaridade: Pós-graduação

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ENTREVISTA 3 (E3) ENTREVISTA 4 (E4)

Década de sua fundação: 2000 Década de sua fundação: 1990

Setor de Atuação: Telecomunicações Setor de Atuação: Serviços Financeiros

Número de Funcionários: 34.000 Número de Funcionários: 2.400

Faturamento Anual: 33b Faturamento Anual: 11b

CARACTERIZAÇÃO DO RESPONDENTE

Cargo: Líder técnico de Big Data Cargo: Gerente de Big Data

Formação Profissional:

Desenvolvimento de

Sistemas. Business

Intelligence

Formação Profissional: Engenharia de dados,

Business Intelligence

Área de atuação: Projetos Big Data e

Analytics Área de atuação: Big Data

Tempo na Organização: 2 anos Tempo na Organização: 1 ano

Escolaridade: Pós-graduação Escolaridade: Pós-graduação

Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.

Após a coleta e transcrição dos dados, foram utilizadas técnicas de análise descritas na

sessão 3, com base em Bardin (2011). As falas dos entrevistados indicam que o discurso foi

direcionado para audiências que possuem vivência ou prática com Big Data e Inteligência

Competitiva. A frequência das palavras, sua ordenação, o vocabulário, os tipos de palavras,

características gramaticais e estilísticas em trechos das falas, indicam que as respostas foram

direcionadas para um público específico (BAUER; GASKELL, 2017). Dessa forma, a análise

dos resultados buscou revelar também as questões intrínsecas nos trechos mais técnicos das

falas dos entrevistados.

Com o objetivo de aumentar a qualidade e assertividade na análise, optou-se pela

utilização do software “ATLAS.ti” versão 8.2.29.0. Com isso, a análise foi realizada em etapas

que foram detalhadas anteriormente na Figura 17.

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4.1 Pré-Análise

Para identificação das unidades de registro, foi realizada uma pré-análise por meio de

leitura flutuante, em seguida, os arquivos transcritos foram carregados para o software

ATLAS.ti para nova leitura. Os núcleos das respostas foram ressaltados e deram origem às

Unidades de Registro que estão disponíveis no Apêndice III.

4.2 Identificação das Unidades de Registro

As Unidades de Registro foram determinadas a partir da análise individual das

entrevistas, destacando as palavras, expressões ou contextos-chave. Todos os entrevistados

possuíam bastante desenvoltura e domínio de suas respostas, dessa forma, houve casos em que

as respostas dos entrevistados à pergunta feita, em determinado momento, respondia perguntas

que estavam por vir e, em alguns casos, perguntas que já haviam sido feitas foram

complementadas com respostas de outras perguntas.

Com o software ATLAS.ti, para apoiar na elucidação do conteúdo das entrevistas, a

Figura 18 apresenta uma nuvem de palavras geradas por meio da consolidação de todas as

entrevistas apenas com palavras que foram citadas no mínimo 7 vezes.

Figura 18: Nuvem de palavras das entrevistas

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

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Com a contagem de palavras que gerou a Figura 18, fica evidente que falas dos

entrevistados indicam que o discurso foi direcionado para audiências que possuem vivência ou

prática com Big Data e Inteligência Competitiva.

Os respondentes enfatizaram palavras como “Azure”, “bigquery”, “storage” e

“python”, sendo estes termos conhecidos de pessoas que trabalham com Big Data. Tal

contagem de palavras, no início do processo de análise de conteúdo, ocorre predominantemente

nas abordagens somáticas de análise de conteúdo e tem o propósito de fornecer impressões

iniciais ao pesquisador sobre fenômeno estudado (HSIEH; SHANNON, 2005). Ressalta-se

também, na Figura 19, as palavras mais citadas, “dados”, “informação”, “volume”, “big-data”,

“dado” e “informações”, revelando o contexto central das respostas dos entrevistados.

Figura 19: Nuvem de palavras ordenadas

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

4.3 Formação das Unidades de Significado

Após a identificação das unidades de registro, foi possível realizar a formação das

Unidades de Significado por meio do agrupamento das Unidades de Registro. O critério

utilizado para o agrupamento foi a similaridade de significado das unidades de registro, levando

o contexto em consideração. As Unidades de Registro que foram agrupadas e deram origem às

Unidades de Significado estão disponíveis no Apêndice III.

4.4 Formação das Categorias e Inferência dos resultados

Após a identificação das Unidades de Significado, foi possível realizar um novo

agrupamento, também com base na similaridade e dar origem às cinco categorias apresentadas

no Quadro 8, representando os elementos centrais dos achados nas entrevistas realizadas.

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Quadro 8: Formação das Categorias

CT Categoria US Unidade de Significado

CT01 As principais dimensões do Big Data nas Etapas

da Inteligência Competitiva

US01 Variedade dos dados

US02 Velocidade dos dados

US03 Volume dos dados

CT02 Conjunto tecnológico de Big Data nas empresas

US04 Fluxo dos dados

US05 Cloud Computing

US06 Ferramentas

CT03 Relações entre o ciclo da Inteligência Competitiva

e o fluxo de dados do Big Data

US07 Áreas que consomem BD/IC

US08 Estrutura organizacional

US09 Planejamento do ciclo

US10 Preparação dos dados

CT04 Engajamento das empresas na adoção de Big

Data

US11 Conhecimento sobre o potencial do

Big Data

US12 Data-Driven

US13 Engajamento

CT05 Casos de uso do conjunto tecnológico de Big

Data

US14 Casos de uso

US15 Resultados dos projetos de Big Data

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A seguir, apresenta-se a análise das categorias geradas por meio do conteúdo das

entrevistas, em face ao referencial teórico apresentado na sessão 2.

4.4.1 CT01 - As principais dimensões do Big Data nas Etapas da Inteligência

Competitiva

A categoria CT01 - As principais dimensões do Big Data nas Etapas da Inteligência

Competitiva foi formada pelas unidade de significado indicadas na Figura 20 e busca

identificar e avaliar a relação entre as principais dimensões do Big Data com as etapas do ciclo

da Inteligência Competitiva que deram origem ao Modelo Conceitual proposto na Figura 9.

Figura 20: Unidades de Significado da CT01 - As principais dimensões do Big Data nas Etapas

da Inteligência Competitiva

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

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Ficou evidente que, em todas as entrevistas, os respondentes possuem claro

entendimento sobre Big Data e suas dimensões. Assim, foram capazes de elucidar, com

exemplos, o atual estágio de suas empresas e seu entendimento de como as dimensões do Big

Data podem afetar a Coleta, a Análise e a Disseminação de informação relevante dentro de suas

organizações.

Para Laney (2001), a Variedade dos dados é a combinação de dados com diferentes

origens, tipos e estruturas. Essa dimensão do Big Data foi identificada em todas empresas que

fizeram parte dessa entrevista nas etapas de Coleta e Análise de dados no ciclo da Inteligência

Competitiva. A seguir, apresentam-se os trechos das entrevistas que remetem esse

entendimento.

E1: “[...] em nossa empresa temos muitos tipos diferentes de informação, então as

variáveis ficam em uma quantidade grande, exemplo, hoje a gente usa muitos dados

meteorológicos coletados nas estações meteorológicas que ficam nas florestas. Visto

que a base meteorológica do Brasil como um todo, a pública, é muito pobre para esse

tipo de análise. [...] executamos alguns projetos com ferramentas de Web Crawler

para captar dados semiestruturados da internet, levamos para área de comunicação

para ver se isso não tinha valor para falar sobre a marca, levamos para área de

relacionamento com investidores para ver se não tinha valor também para eles para

falar também da marca e, também, levamos para área de Inteligência Competitiva que

hoje utiliza essas análises”

E2: “[...] estamos iniciando projetos com “tagueamento” de site, vamos coletar

cookies, cliques das pessoas no site, e está no nosso roadmap coletar dados de redes

sociais para algumas iniciativas que hoje não estamos coletando”

E3: “[...] já temos iniciativas em que estamos buscando dados das redes sociais para

identificar as preferências de nossos clientes e assim criar o que estamos chamando

de personas”

E4: “Hoje a gente coleta informações de parte de transação bancária, a parte de falha

dessas transações, parte de campanhas publicitárias e, também, de navegação dentro

do nosso site. [...] as informações hoje que são core da empresa que é parte de

transação elas são informações em texto, arquivo de texto que são gerados através do

Mainframe. Já é isso informação batch, já as informações que hoje vem online que é

na hora que passa na “bilhetadora” que faz a transação, ela vem em arquivo JSON que

é semiestruturado. Agora uma outra coisa que a gente está querendo pegar é arquivo

de rede social, de Twiter, etc. arquivo do Google Analytics a gente já pega e, também,

vem semiestruturado.

Os trechos acima demonstram a diversidade nas fontes de dados presentes na dimensão

Variedade, entretanto, vale ressaltar que os tipos de dados mencionados pelos entrevistados

são categorizados como dados semiestruturados que, de acordo com Marquesone (2017), são

dados que possuem uma estrutura predefinida, porém não com o mesmo rigor dos dados

relacionais. Essas estruturas são usadas normalmente apenas como um meio de marcação dos

dados, como é o caso dos arquivos no formato JSON (JavaScript Object Notation), mencionado

pelo entrevistado E4.

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Ainda, de acordo com Laney (2001), a dimensão Velocidade do Big Data possibilita

a análise e o processamento de grandes volumes de dados também em tempo real. Essa

dimensão do Big Data também foi identificada em todas empresas que fizeram parte dessa

pesquisa. A dimensão foi detectada nas etapas de Coleta, Análise e Disseminação de dados

no ciclo da Inteligência Competitiva. Em prosseguimento, expõem-se os trechos das entrevistas

que abordam essa dimensão do Big Data.

E1: “Pensando em velocidade de processamento, hoje a gente usa o banco de dados

SAP HANA, ele atende a gente muito bem com alta velocidade. Eu acho até, na

verdade, não precisaria ter uma base tão cara, para maioria das coisas que a gente faz,

streaming por exemplo”

E2: “[...] no nosso processo é preciso velocidade para algumas das iniciativas e nesse

ponto acho que estamos tendo sucesso, nosso cluster é bastante potente e com ele

temos iniciativas inclusive com streaming”

E3: “Aqui é relativo, temos sim projetos em tempo real, mas para alguns casos não

adianta eu ter dados em tempo real para relacionar com dados que não são em tempo

real, então acabo tendo que trabalhar o dado para fazer sentido de análise”

E4: “[...] algumas informações têm que ser na hora. Por exemplo: informações de

queda de sistemas e o motivo, tem que ser real time, é realmente importante e faz parte

da área de Big Data por causa da análise do motivo, mas algumas informações de

vendas podem ter atraso de um dia. Outros casos, por exemplo: campanhas, a

velocidade tem que ser o mais online possível, com isso eles podem ajustar a estratégia

para atingir e impactar o cliente na hora, saber se está sendo efetivo ou não, e aí podem

fazer algum tipo de manobra, e não gastar todo o budget em algo com pouso

resultado”

Diferentemente das outras dimensões do Big Data, a dimensão Volume não foi

confirmada em todas as empresas que fizeram parte dessa pesquisa. Para tanto, nem na

Entrevista 1 e nem na Entrevista 2 foi detectada a dimensão Volume do Big Data.

E1: “[...] dentro da indústria, as informações não são geradas num volume muito

grande, então mesmo quando eu começo falar de nosso processo industrial, nosso

processo florestal, tem um volume significativo de informações, mas que pode ser

coletado e processado pelas outras tecnologias que temos aqui”

E2: “[...] até agora não tem volume considerado Big Data. O que se considera Big

Data no nosso ambiente é a variedade e a velocidade dos dados”

Entretanto, na Entrevista 2 e na Entrevista 4, a dimensão Volume foi detectada também

para as etapas de Coleta e Análise de dados no ciclo da Inteligência Competitiva.

E3: “Em nosso processo temos extração e manipulação de dados de bases

absurdamente grandes, quando eu falo só do estado de São Paulo e Rio em tráfego de

dados gerados por celulares, estamos falando de 800 gigabytes dia no setor e essa é

só uma das minhas fontes”

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E4: “Nos nossos projetos, temos um por exemplo em que coletamos e processamos

uma quantidade muito massiva de logs das “maquininhas”, com o ferramental

tradicional que tinha aqui não era possível fazer nada disso”

Nas falas dos entrevistados, quando eles descrevem o processo, relacionam

características das etapas do ciclo da Inteligência Competitiva e, nessas etapas, quando

descrevem a complexidade dos dados, relacionam as características das dimensões do Big Data.

Dessa forma, os dados coletados confirmam o Modelo Conceitual proposto na Figura

9 que relaciona as etapas de Coleta e Análise de dados com as dimensões Variedade,

Velocidade e Volume do Big Data e indicam também a confirmação do modelo para a

dimensão Velocidade na etapa de Disseminação do ciclo da Inteligência Competitiva.

4.4.2 CT02 - Conjunto tecnológico de Big Data nas empresas

A categoria CT02 - Conjunto tecnológico de Big Data nas empresas foi formada pelas

unidades de significado indicadas na Figura 21 e tem por finalidade identificar o conjunto

tecnológico que suporta o fluxo dos dados do Big Data utilizado nas etapas do ciclo da

Inteligência Competitiva.

Figura 21: Unidades de Significado da CT02 - Conjunto tecnológico de Big Data nas empresas

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

A Figura 15 demonstra a relação e a aderência entre a Coleta de dados da Inteligência

Competitiva com a Coleta de dados do Big Data, as etapas de Armazenamento e

Processamento do Big Data com a etapa de Análise da Inteligência Competitiva e, por fim, a

etapa de Visualização do Big Data com a etapa de Disseminação da Inteligência Competitiva.

Essa relação também foi confirmada pelos dados coletados nas entrevistas.

Todos os entrevistados descreveram o macrofluxo de dados do Big Data aderente ao

ciclo da Inteligência Competitiva em suas organizações aderentes à macroestrutura apresentada

na Figura 15. Na sequência, evidenciam-se os trechos das falas que sustentam esse

entendimento.

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E1: “[...] a gente tem um outro ambiente SAP HANA separado dos outros projetos

que não são de Big Data. Nesse ambiente, armazenamos dados através de Data

Sources do ERP da SAP, esse banco HANA é voltado à análise de Big Data por ser

colunar e in-memory. Criamos as tabelas analíticas para armazenar e como base para

os modelos de análise, então a partir dessas tabelas analíticas os dados são consumidos

pela camada de visualização”

E2: “[...] temos um data warehouse no BigQuery do Google que fazemos de sistema

de arquivos para armazenamento de grandes volumes de dados. Depois disso,

coletamos os arquivos que estão em JSON para formar uma tabela no BigQuery e

então realizar o processamento. Fazemos isso também para pegar streaming e registro

de cliques. Depois dessa análise, a informação já fica disponível para consumo dos

usuários”

E3: “Usando o Kafka para justamente fazer a coleta de dados, gravamos esses dados

num banco de dados colunar e com o Spark fazemos o processamento, os dados

processados gravamos em outro banco com o dado já agregado que é puxado para os

relatórios e gráficos’

A Figura 10 apresenta os subprojetos e ferramentas geradas a partir da evolução do

ecossistema Hadoop no decorrer dos anos de 2006 e 2015, no último ano do mapeamento foram

apresentadas 13 ferramentas, das 13 ferramentas, os entrevistados citaram 8 (62% do total),

conforme apresentado no Quadro 9.

Quadro 9: Ferramentas apresentadas no referencial teórico.

Ferramentas apresentadas Citação nas entrevistas

Spark Sim

Impala Sim

Kafka Sim

Flume Sim

Oozie Não

Sqoop Sim

Avro Não

Hive Sim

Pig Não

Mahout Não

Hbase Sim

ZooKeeper Não

HDFS, MR, YARN Sim

Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.

Foi realizado também o mapeamento de todos os projetos e ferramentas que possuem

relação com o Big Data citados pelos entrevistados em suas respostas. Essa relação é

apresentada no Quadro 10, junto com uma breve descrição.

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Quadro 10: Mapeamento das Ferramentas citadas pelos entrevistados Ferramentas mapeadas

nas entrevistas Descrição

Apache Software

Foundation

A Apache Software Foundation, também conhecida apenas como Apache, é uma

comunidade descentralizada de desenvolvedores de software, uma organização

sem fins lucrativos criada para suportar os projetos de código aberto,

principalmente os Apache.

Azure O Microsoft Azure é uma coleção de serviços de nuvem para criar, implantar e

gerenciar aplicativos.

BigQuery O BigQuery é um serviço de data warehouse empresarial de baixo custo e altamente

escalonável.

Blob Storage

O Blob Storage faz parte da coleção da Azure e serve para armazenar todos os tipos

de arquivo. O armazenamento quente, frio e arquivo morto do Azure é um

armazenamento de objeto em nuvem confiável para dados não estruturados.

BlueMix BlueMix é uma gama de produtos e serviços de nuvem. Permite que as organizações

e os desenvolvedores criem, implementem e gerenciem aplicativos na nuvem.

Cassandra

É um tipo de banco nosql (termo usado para descrever bancos de dados não

relacionais de alto desempenho.) que originalmente foi criado pelo Facebook e que

atualmente é mantido pela Apache e outras empresas. Ele é um sistema de banco

de dados distribuído baseado no modelo BigTable do Google e no sistema de

armazenamento Dynamo da Amazon.com.

Flume

O Apache Flume é um serviço distribuído, confiável e disponível para coletar,

agregar e mover de modo eficiente grandes quantidades de dados de eventos de

fluxo.

Hadoop

Hadoop é uma plataforma de software para computação distribuída voltada para

clusters e processamento de grandes volumes de dados, com atenção à tolerância a

falhas. Foi inspirada no MapReduce e no GoogleFS (GFS).

Hbase O Apache HBase é um datastore de big data altamente escalável e distribuído no

ecossistema do Apache Hadoop.

HDFS

O HDFS é um projeto da Apache Software Foundation e um subprojeto do projeto

Apache Hadoop. É um sistema de armazenamento utilizado para armazenar

grandes quantidades de dados, do porte de terabytes e pentabytes.

Hive

O Apache Hive, criado no Facebook, é um sistema de armazenamento de dados

para Hadoop que facilita a soma simples de dados, queries ad-hoc e a análise de

grandes bancos de dados armazenados em sistemas de arquivos compatíveis com

Hadoop.

Kafka

O Apache Kafka é uma plataforma de transmissão de dados distribuída, semelhante

a uma fila de mensagens ou um sistema de mensagens corporativo. Foi

desenvolvido para providenciar em tempo real um fluxo de dados com baixa

latência e uma alta taxa de transferência

Microsoft Power BI Utilizado para geração de relatórios dinâmicos e interativos no Desktop dos

usuários

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Ferramentas mapeadas

nas entrevistas Descrição

MongoDB

O MongoDB é um banco de dados orientado a documentos de alta performance,

open source e schema-free, escrito em C++. Ele é uma mistura entre os repositórios

escaláveis baseados em chave/valor e a tradicional riqueza de funcionalidades dos

bancos relacionais.

Python

Python é uma linguagem de programação de alto nível, interpretada, de script,

imperativa, orientada a objetos, funcional, de tipagem dinâmica e forte amplamente

utilizada em algoritmos para grandes volumes de dados

Rstudio RStudio é um software livre de ambiente de desenvolvimento integrado para a

linguagem de programação R com foco em gráficos e cálculos estatísticos.

SAP HANA

O SAP HANA é uma plataforma de computação in-memory que pode ser

implementada on-premise ou em nuvem e permite acelerar a criação de

desenvolvimento de processos e fluxo de dados.

SAP Lumira

SAP Lumira é utilizado para criar infográficos e visualizações que permitam

analisar os dados rapidamente diretamente no Desktop do usuário combinando

diferentes fontes de dados.

SAP Predictive Analytics Ferramenta para criar e implantar modelos preditivos que também roda diretamente

no Desktop do usuário.

Spark

O Apache Spark é um framework de Big Data construído para ser veloz, fácil de

usar e com análises sofisticadas. Amplamente utilizado em arquiteturas de Big

Data.

Sqoop

O Apache Sqoop é uma ferramenta que tem o propósito de fazer ingestão de dados,

seu foco é em transferir dados entre o Hadoop e bancos de dados relacionais ou

mainframes.

Suite SAP Business

Objects

O SAP Business Objects é um conjunto de ferramenta com foco em visualização

de dados da empresa SAP.

Tableau O Tableau Desktop é um aplicativo de visualização e exploração de dados

amplamente difundido e utilizado para visualização de dados

Teradata

Produtos da empresa Teradata possuem como principal característica a capacidade

de processar, trafegar e armazenar grandes volumes de dados de diferentes origens

e disponibilizá-los para análises estratégicas.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2018.

Em prosseguimento, um trecho de fala do entrevistado E4, descrevendo a utilização de

algumas das ferramentas mencionadas no Quadro 10.

E4: “[...] para os dados online foram utilizados vários componentes, usamos o Flume

e o Kafka para a ingestão dos dados, usamos o Spark para fazer enriquecimento dos

dados e depois a gente disponibilizou os resultados dentro do Hbase. Para

visualização dos dados os usuários estão usando o Power BI”

Nesse contexto, foi identificada a ampla utilização de plataformas e ferramentas de

Cloud Computing como a Azure e o BlueMix, conforme declarou o entrevistado E2.

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E2: “Ninguém mais está construindo ambientes locais de Big Data. É muito difícil

você ter projeto feito desde a instalação do o cluster, comprar as máquinas, fazer a

manutenção e gestão, e sempre que precisa de mais máquina é preciso realizar um

projeto. Utilizar uma plataforma na nuvem faz o ambiente muito mais prático e

escalável”

Segundo Marquesone (2017), por meio da oferta de recursos computacionais como

capacidade de processamento, armazenamento e rede sob demanda, a computação em nuvem

tem sido uma grande aliada para a criação de soluções de Big Data. Sua utilização oferece

benefícios como elasticidade (aumento ou diminuição de recursos), qualidade de serviço, que

somada à redução de custo leva ao aumento da eficiência. Diversas empresas estão

aproveitando o potencial da computação em nuvem para hospedar suas soluções de Big Data.

Todos os entrevistados possuem pelo menos parte de seu ecossistema hospedado em

plataformas que oferecem esse tipo de serviço.

4.4.3 CT03 - Relações entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de dados do Big

Data

A categoria CT03 - Relações entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de

dados do Big Data foi formada pelas unidades de significado, indicadas na Figura 22, e busca

verificar se existe relação entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de dados do Big

Data identificados nas organizações que fizeram parte dessa pesquisa.

Figura 22: Unidades de Significado da CT03 - Relações entre o ciclo da Inteligência

Competitiva e o fluxo de dados do Big Data

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

Observa-se que o ciclo da Inteligência Competitiva existe de maneira independente da

utilização do Big Data nas organizações. Nas empresas que fizeram parte dessa pesquisa, parte

das análises eram direcionadas para área de Business Intelligence ou ao departamento de TI que

utilizava as ferramentas disponíveis no momento para atender as demandas das áreas de

negócios.

Com o avanço tecnológicos dos últimos anos, neste momento, todas as empresas

analisadas nessa pesquisa possuem áreas internas específicas para executar o ciclo da

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Inteligência Competitiva também quando se trata de Big Data, o que é determinado de acordo

com o enquadramento das três principais dimensões do Big Data no fluxo dos dados a serem

analisados.

E4: “[...] temos algumas áreas que consomem Big Data por exemplo: área comercial,

área de blindagem para retenção dos atuais clientes e o Marketing. Dependendo da

necessidade, se tem grande volume, um tipo de dado diferente ou a velocidade da

informação é importante, acaba vindo para minha área fazer o processo desde

entendimento com o usuário, criação de um novo fluxo de dados ou aproveitar um já

existente até a entrega final”

Na fala do entrevistado E4, pôde-se observar que a área a qual ele é o responsável é

acionada quando há uma demanda em que as tecnologias convencionais não são capazes

coletar, armazenar ou processar os dados devido sua complexidade, seja esta do ponto de vista

de Volume e Variedade ou necessidade de alta Velocidade na entrega dos resultados finais.

Para Fuld (2007), o ciclo da Inteligência Competitiva pode produzir e processar

informações sobre o ambiente de uma organização para propósitos estratégicos. Para as

iniciativas de Big Data, notou-se que esse ciclo é processo central dos projetos que são

realizados nas empresas que precisam de tecnologias capazes de trabalhar com as dimensões

do Big Data.

Esse conjunto tecnológico é responsável por sustentar esses projetos, mais uma vez

reforçando a relação entre o Ciclo da Inteligência Competitiva com o macrofluxo de dados do

Big Data, apresentados na Figura 15.

A seguir, explanam-se trechos das falas dos entrevistados que suportam esse

entendimento.

E3: “[...] os fluxos de dados, no geral são criados por projeto. Cada projeto inicia com

uma conversa com o usuário ou alinhamento interno da equipe de Big Data [...], se

for enquadrado como Big Data, quando o fluxo de dados inicia, a coleta, não tem um

lugar centralizado. Na medida que os projetos são criados, vão sendo criadas as

arquiteturas dentro do ambiente Cloud. Essa é a forma que a gente está trabalhando

hoje. No cloud criamos camadas de coleta, ou aquisição, outra camada analítica para

processamento e uma camada de visualização para entregar as informações”

E4: “Quando começamos um projeto, a coleta, processamento e armazenamento,

fazemos a ingestão dos dados para dentro do banco Oracle para dados menores. Já no

Big Data dependendo do tipo da informação e da frequência a gente usa o Sqoop que

coleta de um outro banco de dados, faz a ingestão, joga para o Hive, no Hive fazemos

a modelagem, enriquecimento e processamento da informação e depois disso a gente

disponibiliza a informação no Apache Impala para consumo das ferramentas de

visualização.

Os entrevistados E3 e E4 descrevem que, assim como o ciclo da Inteligência

Competitiva, quando se trata de Big Data, seus projetos iniciam com o planejamento, em que

ocorre o entendimento das necessidades, uma vez que esse planejamento é concluído, por meio

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do conjunto tecnológico do Big Data e são gerados fluxos de dados para coleta,

armazenamento, processamento e disseminação das informações demandadas pelas áreas de

negócios, assim como proposto na Figura 15.

4.4.4 CT04 - Engajamento das empresas na adoção de Big Data

A categoria CT04 - Engajamento das empresas na adoção de Big Data foi formada

pelas unidades de significado indicadas na Figura 23. Essa é uma categoria emergente, que

embora não seja objeto deste estudo, ajuda no entendimento sobre a importância da difusão do

conceito de técnicas de análise e utilização de dados pelas organizações.

Figura 23: Unidades de Significado da CT04 - Engajamento das empresas na adoção de Big

Data

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

Atualmente, muitas organizações estão coletando, armazenando e analisando grandes

quantidades de dados. Esses dados são comumente chamados de Big Data por causa de suas

dimensões. Esse conjunto tecnológico está criando uma nova geração de gerenciamento de

dados de suporte à decisão (WATSON, 2014).

Em todas as entrevistas, os respondentes enfatizaram a importância do engajamento e

do nível de conhecimento sobre o potencial do Big Data das demais áreas de suas empresas. O

entrevistado E1 comenta a importância do apoio dos executivos de sua organização.

E1: “[...] o pessoal, pelo menos dentro de nossa empresa, eles têm recebido muito bem

os resultados sobre do Big Data. O nosso presidente mesmo é um entusiasta dessas

iniciativas, o nosso vice-presidente também é um entusiasta desse tipo de tecnologia,

e a gente percebe que esse apoio da alta gestão faz com que as pessoas cada vez mais

entendam e confiem nessa tecnologia que traz grandes resultados para empresa”

O entrevistado E2 comenta, em sua fala, sobre a importância do usuário final saber os

potenciais do Big Data, pois os projetos de Big Data começam na etapa de planejamento do

ciclo da Inteligência Competitiva e, nessa etapa, geralmente os analistas de Big Data fazem o

entendimento da necessidade do usuário.

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E2: “O que acontece é que a maturidade de usuário final influencia em todo o

processo, pois o planejamento da necessidade é feito com ele. No começo, alguns

usuários achavam que o Big Data só poderia ser usado para acelerar a informação e

ignorava o resto por não saber do potencial. Fizemos um trabalho de “evangelização”

e hoje os projetos estão mais maduros assim como os usuários”

Também foi identificado que as empresas estão em um processo de amadurecimento,

pois, quando as iniciativas de Big Data iniciaram, o foco era entregar resultados rápidos, porém,

muitos desses projetos não são reaproveitados, os fluxos dos dados são desenvolvidos sem

pensar nos novos projetos, assim como todos os processos das empresas não foram definidos,

pensando nos dados que poderiam ser aproveitados para análises futuras.

E1: “[...] a gente começou já querendo aprender a como entregar resultados falando

de Big Data. Então a gente começou querendo vincular isso ao negócio. Tem os

pontos positivos e negativos. Porque estávamos focados em entregar projetos fazendo

análise preditiva, fazendo análise dos dados e a gente nunca tinha focado até agora

em melhorar a nossa coleta e qualidade dos dados. Hoje estamos em busca de se

estruturar para que os processos da empresa sejam Data Driven, ou seja, queremos

que pensar a empresa olhando para os dados.

De acordo com Sorescu (2017), os modelos de negócios não devem ser projetados

apenas sobre a ótica de inovação de produtos, as empresas com o olhar Data Driven podem ser

projetadas em torno de um processo de coleta, organização e sumarização de dados externos.

Com o objetivo de simplificar o processo de pesquisa de mercado e aumentar a

probabilidade de identificar uma necessidade não satisfeita do consumidor, as empresas devem

ser projetadas, pensando no uso de seus dados, devem ser projetadas em torno de um processo

de coleta, organização e resumo também de dados internos, com o objetivo de melhorar os

processos decisórios (SORESCU, 2017).

E1: “Então, para que eu possa falar de um processo, eu devo pensar nos dados que

esse processo vai gerar. Eu preciso pensar como coletar esse dado para ele virar uma

fonte rica de informações para em seguida eu extrair análises dela. Então assim,

pensando em dados, pensando em ser voltado à análise desses dados [...] como nunca

tivemos essa cultura Data Driven, hoje a gente sente um impacto disso, então os

dados, os projetos, eles são conduzidos de uma forma sem muito direcionamento com

as informações, sem pensar em como utilizar elas no futuro”

O conceito de uma empresa Data Driven também é compartilhado por alguns dos

entrevistados que entendem que o ideal seria que desde o início da formulação dos processos e

até mesmo da concepção do modelo de negócios, as decisões deveriam ser pensadas visando a

como estruturar e aproveitar os dados gerados.

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4.4.5 CT05 - Casos de uso do conjunto tecnológico de Big Data

A categoria CT05 - Casos de uso do conjunto tecnológico de Big Data foi formada

pelas unidades de significado indicadas na Figura 24 e busca demonstrar alguns casos descritos

pelos entrevistados em que o Big Data foi utilizado e que tiveram como processo central o ciclo

da Inteligência Competitiva.

Figura 24: Unidades de Significado da CT05 - Casos de uso do conjunto tecnológico de Big

Data

Fonte: Dados da Pesquisa, obtidos com ATLAS-ti, 2018.

O entrevistado E1 descreveu um projeto investigativo que foi realizado para entender

um distúrbio no crescimento de arvores que são utilizadas no processo de produção de celulose

em sua organização.

Com a utilização dos métodos e ferramentas de Big Data, foram desenvolvidos alguns

fluxos de dados e algoritmos estatísticos voltados para o estudo fisiológico das florestas que

fazem parte do processo produtivo da empresa e, com isso, a intenção era compreender a origem

do distúrbio nas árvores. Esse foi o primeiro projeto de Big Data na organização e entregou um

resultado satisfatório. A análise dos dados permitiu identificar a origem do problema e, assim,

inferir a tomada de ações preventivas, eliminando esse mesmo tipo de distúrbio nas novas

árvores que são cultivadas.

E1: “[...] foi feito um estudo fisiológico, o fenômeno que ocorria em algumas partes

das nossas florestas, que você via que a nossa árvore estava crescendo com um

distúrbio que afetava a produção de celulose. Então fomos estudar o que poderia estar

gerando aquele tipo de distúrbio utilizando Big Data. Esse projeto entregou um baita

resultado. Não temos mais esse tipo de distúrbio, as novas árvores que têm nascido,

não possuem esse tipo de problema pelas ações resultantes desse estudo”

O entrevistado E3 descreveu a utilização das tecnologias que compõem o ecossistema

de Big Data para processar dados de geolocalização e perfil dos clientes de telefonia móvel,

que, por sua vez, são associados aos dados do público-alvo definido por anunciantes. Dessa

maneira, os usuários recebem, em seus dispositivos móveis, ofertas de produtos ou serviços

com base em sua geolocalização e perfil.

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Esse novo produto gerou uma nova fonte de renda antes não explorada por falta de

capacidade computacional para processar em tempo real o grande volume de dados necessários

para obter tais resultados.

E3: [...] o Anúncio baseado em geolocalização, no começo chamávamos de smart-

steps, então, por exemplo: Um cliente está passando por perto de uma loja de um de

nossos anunciantes e os anúncios desse anunciante têm aderência com o perfil desse

cliente que nós já mapeamos anteriormente, esse cliente pode receber um punch em

seu celular com o Anúncio bem assertivo. Isso nos trouxe uma nova fonte de renda na

época”.

O entrevistado E4 descreveu um projeto que tinha por objetivo principal fazer uma

análise de falhas em processos que poderiam acarretar em perdas financeiras, dado o grande

volume de transações diárias que sua empresa executa. Esse grande volume de transações gera

um grande volume de dados a serem analisados.

Durante o processamento e análise dos dados, foi descoberto que 0,3% das operações

que eram negadas nas máquinas de processamento de cartões geravam um grande custo para

sua organização. Esse projeto se aprofundou para entender as causas dessas falhas que geravam

esse custo e descobriram que parte dessas falhas poderiam ser prevenidas por meio de ações

preventivas.

E4: [...] realizamos algumas análises dos dados estruturados e semiestruturados dos

logs das maquinas e descobrimos que 0,3% das transações eram negadas, isso gerava

o custo de alguns milhões de reais por ano. Realizamos mais análises e descobrimos

que esses erros eram simples e aconteciam no momento da transação do cliente. A

transação havia sido negada ou por falha de conexão ou simplesmente pelo tipo de

cartão ou bandeira, por exemplo um vale-refeição não habilitado no equipamento.

Conseguimos tomar ações de prevenção, e economia foi gigantesca, na casa dos

milhões por ano”.

Com base na análise das categorias, foi elaborado o Quadro 11 que indica qual objetivo

específico corresponde a qual categoria.

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Quadro 11: Objetivos específicos e Categorias

Objetivos Específicos Categoria

01) Avaliar as possíveis relações entre as dimensões do

Big Data com as etapas do Ciclo da Inteligência

Competitiva.

CT01 - As principais dimensões do Big Data nas

Etapas da Inteligência Competitiva.

02) Verificar se existe relação entre o ciclo da

Inteligência Competitiva e o fluxo de dados do Big

Data.

CT03 - Relações entre o ciclo da Inteligência

Competitiva e o fluxo de dados do Big Data.

03) Identificar os Resultados dos projetos de Big Data

relatados do uso do Big Data na Inteligência

Competitiva.

CT05 - Casos de uso do conjunto tecnológico de

Big Data.

04) Identificar as tecnologias envolvidas no cenário de

exponencial crescimento da volumetria de dados (Big

Data) na Inteligência Competitiva.

CT02 - Conjunto tecnológico de Big Data nas

empresas.

Categoria Emergente CT04 - Engajamento das empresas na adoção de

Big Data.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Ao final da análise e da interpretação dos resultados, elaborou-se um esquema com a

finalidade de relacionar as cinco categorias formadas na pesquisa.

Na Figura 25, apresenta-se o relacionamento entre essas categorias.

Para facilitar o entendimento, foram utilizadas setas com pontas triangulares e

arredondadas: as com pontas triangulares representam a relação de causa e efeito

(dependência) entre as categorias que estão interligadas; as com pontas arredondadas

representam apenas uma relação temporal.

Vale ressaltar que o esquema proposto na Figura 25 representa uma possibilidade de

relação, e que essa relação pode vir a ser testada e contestada em futuras pesquisas.

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Figura 25: Relação das Categorias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A Figura 25 indica que o engajamento das empresas na adoção do Big Data faz com

que as organizações busquem maneiras eficientes para coletar, armazenar, processar e

analisar volumes massivos de dados com diferentes estruturas, formatos e origens em alta

velocidade.

As empresas que implementaram o conjunto tecnológico (CT02), caracterizado como

Big Data, apresentam possibilidade de que os resultados obtidos (CT05), por meio do

conjunto tecnológico, gere mais engajamento sobre esse tipo de tecnologia (CT04) e esse

engajamento, por sua vez, gere mais casos de uso e resultados (CT05). Assim, esses

resultados dependem do conjunto tecnológico do Big Data (CT02).

Dessa forma, o conjunto tecnológico não depende das outras categorias, entretanto,

todas as outras categorias dependem diretamente do conjunto tecnológico. As principais

dimensões do Big Data, nas etapas da Inteligência Competitiva (CT01), são dependentes

tanto do conjunto tecnológico (CT02) quanto dos casos de uso (CT05).

A relação entre o ciclo da Inteligência Competitiva e o fluxo de dados do Big Data

(CT03) depende diretamente do conjunto tecnológico (CT02), porém há apenas uma

dependência temporal do engajamento das empresas na adoção de Big Data (CT04), visto

que há iniciativas de Big Data que não necessariamente precisam do ciclo da Inteligência

Competitiva. Para tanto, um exemplo seria o simples armazenamento de dados que tende a

ter um custo mais baixo com a utilização desse tipo de conjunto tecnológico.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi realizada com o propósito de responder à seguinte questão de pesquisa:

A Utilização do Big Data Influencia no Ciclo da Inteligência Competitiva? Com o objetivo

de responder essa questão, optou-se por adotar uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo e

exploratório.

Os resultados obtidos indicam que as empresas participantes da pesquisa possuem

projetos, iniciativas, equipes, tecnologia, e as principais dimensões que fazem parte do

ecossistema do Big Data.

Na maioria dos projetos e iniciativas, ou pelo menos naqueles que buscam analisar

dados para conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, ou ser mais assertivo em

suas decisões, foi observada a presença de todas as etapas do ciclo da Inteligência Competitiva

com destaque para as etapas de Coleta e Análise, as quais concentram todas as principais

dimensões do Big Data.

Os resultados também indicam que há influência nos resultados obtidos pela

Inteligência Competitiva com a utilização do Big Data.

Vale ressaltar que a maior parte das iniciativas e projetos que envolvem o paradigma do

Big Data não possuem todas as principais dimensões: Volume, Velocidade e Variedade.

Dessa forma, a definição do que é ou não Big Data, do ponto de vista teórico, merece ser

explorada em pesquisas futuras. Com base na análise dos dados, é possível inferir que, mesmo

em projetos que não possuem todas as dimensões, não seria possível alcançar seus resultados

sem as técnicas, metodologias e conjunto tecnológico que suportaram ao menos duas das três

principais dimensões.

Um exemplo seria a coleta, processamento e disseminação de dados em tempo real de

uma campanha de Marketing em redes sociais. Para atender um cenário como esse, é preciso

alta Velocidade e Variedade dos dados, não sendo necessária a coleta e os processamentos de

grandes Volumes de dados.

O estudo bibliométrico empregado no início da pesquisa demonstrou que publicações

que abordam a temática da Inteligência Competitiva ganharam força entre a década de 90 e

anos 2000, na medida que seu conceito se consolidou e suas atividades foram se tornando cada

vez mais intuitivas. Entretanto, com o aumento do volume de dados disponíveis e os avanços

tecnológicos dos últimos anos, o Big Data trouxe uma mudança expressiva para todo esse

contexto. A possibilidade de se coletar volumes massivos de dados, com diferentes fontes e

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estruturas e em tempo real, mostrou que decisões estratégicas se tornassem mais rápidas e

assertivas.

O estudo bibliométrico também demonstrou a escassez de estudos que buscam explicar

ou descrever os efeitos entre Inteligência Competitiva e os métodos e ferramentas que compõem

o ecossistema do Big Data.

Uma das contribuições dessa pesquisa está ligada ao estudo de campo que buscou

preencher a lacuna da falta de estudos com investigação empírica, sob a ótica corporativa no

ambiente em que os fenômenos (Big Data e Inteligência Competitiva) ocorrem e se

influenciam. Com base nisso, os entrevistados foram selecionados com o objetivo de

propiciarem a coleta de dados em empresas que possuem Big Data e a Inteligência Competitiva.

Essa pesquisa pode ser utilizada pela academia, pois trata de temas não difundidos

completamente no Brasil, e que estão em ascensão como exemplificado na lacuna de

“preenchida”. Pode ser utilizada pelo mercado como referência para profissionais que desejem

empreender com a utilização do conjunto tecnológico do Big Data, ou por empresas já

consolidadas que desejam implementar um conjunto tecnológico inovador com grande

potencial para organização.

Dessa maneira, esta pesquisa também pode ser de interesse para acadêmicos, gestores

de áreas técnicas ou de negócios, assim como analistas de áreas técnicas e também de negócios.

Entende-se que o primeiro objetivo específico (Avaliar as possíveis relações entre as

dimensões do Big Data com as etapas do Ciclo da Inteligência Competitiva) foi cumprido por

meio do Modelo Conceitual apresentado na Figura 9, que ilustra a relação teórica entre os

constructos. A Inteligência Competitiva é apresentada na perspectiva do ciclo proposto por

Miller (2002) e o Big Data é retratado por meio das dimensões empregadas no artigo seminal

de Laney (2001).

Nas falas dos entrevistados, quando eles descrevem o processo que utilizam, eles

relacionam características das etapas do ciclo da Inteligência Competitiva e, nessas etapas,

quando descrevem a complexidade dos dados, também relacionam as características das

dimensões do Big Data.

Dessa forma, os dados coletados confirmam o Modelo Conceitual proposto na Figura

9 que relaciona as etapas de Coleta e Análise de dados com as dimensões Variedade,

Velocidade e Volume do Big Data e indicam também a confirmação do modelo para a

dimensão Velocidade na etapa de Disseminação do ciclo da Inteligência Competitiva. Esse

modelo conceitual pode ser utilizado em pesquisas futuras que relacionem o constructo Big

Data com a Inteligência Estratégica Competitiva.

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O segundo objetivo específico (Verificar se existe relação entre o ciclo da Inteligência

Competitiva e o fluxo de dados do Big Data) foi atingido. A Figura 15 que apresenta a relação

teórica entre o Ciclo da Inteligência Competitiva proposto por Miller (2002) com o Macrofluxo

de dados do Big Data, adaptado de Marquesone (2017), representa a relação e a aderência

teórica entre a Coleta de dados da Inteligência Competitiva com a Coleta de dados do Big

Data, as etapas de Armazenamento e Processamento com a etapa de Análise e, por fim, a

etapa de Visualização com a etapa de Disseminação. Assim como o Modelo Conceitual

apresentado na Figura 9, a análise dos dados coletados também confirma a relação apresentada

na Figura 15.

Os entrevistados descreveram o macrofluxo de dados do Big Data de suas empresas

aderente ao ciclo da Inteligência Competitiva apresentada na Figura 15. Seus projetos iniciam

com o planejamento, em que ocorre o entendimento das necessidades e, uma vez que esse

planejamento é concluído, por meio do conjunto tecnológico do Big Data, são gerados fluxos

de dados para coleta, armazenamento, processamento e disseminação das informações

demandadas pelas áreas de negócios assim como proposto na Figura 15.

Dessa forma, com o terceiro objetivo específico (Identificar os Resultados dos projetos

de Big Data relatados do uso do Big Data na Inteligência Competitiva), pôde-se verificar que

os resultados obtidos com os projetos e iniciativas de Big Data vão desde a geração de

conhecimento que pode trazer mais precisão ao processo produtivo sobre o estudo fisiológico

das florestas para compreender a origem do distúrbios em arvores, até projetos que realizam a

previsão de falhas em equipamentos, resultando na economia de grandes montantes financeiros

para uma determinada organização. Um projeto interessante foi a criação de uma nova fonte de

renda por meio de uma nova modalidade de anúncios direcionados por perfil e geolocalização

do público-alvo.

A análise dos dados coletados evidenciou que o conjunto tecnológico do Big Data pode

proporcionar resultados que dificilmente seriam ser obtidos com as tecnologias tradicionais e,

como foi descrito na categoria emergente CT04, os entrevistados relacionam o sucesso das

iniciativas e projetos que se utilizam do Big Data ao entendimento sobre a importância da

difusão do conceito de técnicas de análise e de utilização de dados pelas organizações. Os

entrevistados enfatizaram a importância do engajamento e nível de conhecimento sobre o

potencial do Big Data das demais áreas de suas empresas.

Outra questão importante verificada pelo estudo é processo de amadurecimento das

empresas quanto às iniciativas de Big Data. No início, o foco dos projetos era entregar

resultados rápidos, porém, muitos desses projetos não são reaproveitados, pois os fluxos dos

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70

dados são desenvolvidos sem pensar nos novos projetos, assim como todos os processos das

empresas não foram definidos pensando nos dados que poderiam ser gerados e aproveitados

para análises futuras.

A fala dos entrevistados indica o interesse em tornar suas empresas em organizações

com uma visão Data Driven, ou seja, empresas que baseiam sua idealização voltada para os

dados desde o início da formulação dos processos e até mesmo a concepção do modelo de

negócios.

O quarto objetivo específico (Identificar as tecnologias envolvidas no cenário de

exponencial crescimento da volumetria de dados (Big Data na Inteligência Competitiva)

também foi alcançado. A Figura 10 apresenta os subprojetos e ferramentas geradas a partir da

evolução do ecossistema Hadoop no decorrer dos anos de 2006 e 2015, sendo que, no último

ano do mapeamento, foram apresentadas 13 ferramentas, dentre as quais os entrevistados

citaram 8 (62% do total), conforme apresentado no Quadro 9.

Foi realizado também o mapeamento de todos os projetos e ferramentas que possuem

relação com o Big Data citados pelos entrevistados em suas respostas. Essa relação é

apresentada no Quadro 10, junto com uma breve descrição de cada um dos itens.

Naturalmente, a pesquisa apresenta algumas limitações: os resultados aqui descritos são

típicos das empresas estudadas e não podem ser generalizados ou estendidos para outras

instituições, contudo, podem ser úteis para gestores de organizações que pretendem

compreender características e exemplos reais de acordo com o descrito pelos entrevistados.

Ao final deste estudo, recomenda-se que novas pesquisas sejam realizadas visando a

aumentar a amostra de entrevistados, o desenvolvimento de pesquisas em outras regiões do

país, a aplicação de outras técnicas qualitativas (grupos de foco, Delphi), ou técnicas

quantitativas, que possam testar o esquema da Figura 25 (relações das categorias).

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APÊNDICE I – MATRIZ DE AMARRAÇÃO

Problema da pesquisa: A utilização do Big Data influencia no Ciclo da Inteligência Competitiva?

Objetivo geral Objetivos específicos Fundamentação teórica Pontos de investigação Técnicas de

coleta Técnicas de

análise Resultado

O objetivo geral é

verificar se o uso

do Big Data pode

influenciar o Ciclo

da Inteligência

Competitiva

Identificar as tecnologias envolvidas no

cenário de exponencial crescimento da

volumetria de dados (Big Data) na

Inteligência Competitiva.

IC

Fuld (1994); Calof

(2007); ABRAIC (2017);

Miller (2002)

BD

Franks (2013); Taurion (2013); Marquesone

(2017); Laney (2001)

1. Questões sobre a existência do Big Data, Inteligência Competitiva e suas tecnologias.

a) Identificar e descrever se existe uma área específica de Inteligência Competitiva.

b) Identificar e descrever se existe uma área específica de Big Data.

c) Identificar e descrever se existe uma área de Inteligência Competitiva que utiliza o Big Data.

d) Quais são as tecnologias utilizadas na pratica da Inteligência Competitiva e Big Data?

Revisão

bibliográfica

Entrevista

Matérias

jornalísticas

Qualitativa

Análise de

conteúdo na

perspectiva

de Bardin

Descritivo

Tabelas

Gráficos

Avaliar as possíveis relações entre as

dimensões do Big Data com as etapas do

Ciclo da Inteligência Competitiva.

IC

Fuld (1994); Calof

(2007); ABRAIC (2017);

Miller (2002)

BD

Franks (2013); Taurion (2013); Marquesone

(2017); Laney (2001)

2. Questões sobre os efeitos do Big Data na Inteligência Estratégica.

a) Quais mudanças foram geradas pelo crescimento dos dados dos últimos anos?

b) Quais são as mudanças na velocidade com que a informação é entregue ao decisor?

c) Quais são as fontes e tipos dos dados utilizados nos processos?

d) Qual o controle sobre a veracidade nos dados coletados e resultados obtidos?

Avaliar os resultados do uso do Big Data

na Inteligência Competitiva.

IC

Fuld (1994); Calof

(2007); ABRAIC

(2017); Miller (2002)

BD

Franks (2013); Taurion (2013); Marquesone

(2017); Laney (2001)

3. Questões sobre os aspectos positivos e negativos do novo cenário.

a) Qual a influência do volume de dados no processo de análise?

b) Qual a influência da variedade dos dados no processo de análise?

c) Qual a influência da velocidade no processo de análise?

d) Quais os benefícios que o da Inteligência Competitiva em conjunto com Big Data?

Avaliar a relação entre o ciclo da

Inteligência Competitiva e o fluxo de

dados do Big Data.

IC

Sharp (2003)

BD

Marquesone (2017)

4. Questões sobre o fluxo de dados da Inteligência Competitiva e Big Data.

a) Qual o fluxo de dados no processo da Inteligência Competitiva?

b) Qual o fluxo de dados no conjunto tecnológico do Big Data?

Fonte: Adaptado de (TELLES, 2001).

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APÊNDICE II – ROTEIRO DE ENTREVISTAS

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Esta pesquisa faz parte da Dissertação de Mestrado “OS EFEITOS DO BIG DATA NA

UTILIZAÇÃO PARA A INTELIGÊNCIA ESTRATÉGICA COMPETITIVA”, do aluno

Maycon Franco Lourenço Gimenez, sob a orientação do Prof. Dr. Gilberto Perez, da

Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Objetivo do Estudo

O objetivo principal deste trabalho é analisar a influência da utilização do Big Data no ciclo e

resultados da inteligência estratégica competitiva.

A entrevista é composta por algumas perguntas fechadas destinadas à caracterização da

Organização e do Respondente e por 15 perguntas abertas. O tempo estimado de duração

é de 45 min a 1h.

Para a entrevista-piloto, deve-se perguntar:

Qual sua opinião sobre essa entrevista e a forma que esta foi conduzida?

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I - CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

1. Nome da Instituição

2. Ano de sua fundação:

3. Setor de Atuação:

4. Número de Funcionários:

5. Faixa de Faturamento Anual (Opcional):

II - CARACTERIZAÇÃO DO RESPONDENTE

a) Nome (iniciais):

b) Cargo:

c) Formação Profissional:

d) Tempo na Organização:

e) Escolaridade:

f) Área de atuação na Organização:

III - PERGUNTAS

1) Questões sobre a existência do Big Data, Inteligência Competitiva e suas tecnologias

a) Existe alguma área em sua empresa dedicada para Coletar e Analisar dados em sua

organização? Se sim, descrever a área.

b) Existe um processo para Coleta e Análise de dados em sua organização? Se sim,

descrever as etapas do processo.

c) Descreva de maneira geral o conjunto tecnológico que sua organização utiliza para

coletar, armazenar, processar e disseminar dados.

d) Cite o nome das ferramentas que são utilizadas nas etapas do processo.

2) Questões sobre os efeitos do Big Data na Inteligência Estratégica

a) Você considera que o volume de dados que passa por esse processo e conjunto

tecnológico é demasiadamente grande? Comente a respeito?

b) Qual a sua percepção com relação à velocidade na coleta, armazenamento,

processamento e disseminação das informações?

c) Quais são a principais fontes dos dados coletados que fazem parte do processo?

d) Existem subprocessos de controle da qualidade da origem dos dados ou da veracidade

dos resultados obtidos? Dê detalhes sobre isso.

3) Questões sobre os efeitos do Big Data na Inteligência Estratégica

a) Como você compreende o volume de dados que influencia o processo de análise de

dados?

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b) Qual sua opinião sobre a possibilidade de analisar dados de diferentes tipos e origens?

c) Qual a importância da velocidade em que dados são analisados e disponibilizados

para os decisores de sua organização? Justifique.

d) Você acredita que o conjunto de práticas, processos e tecnologias utilizadas por sua

organização para coletar, armazenar, processar, analisar e disseminar informações

traz benefícios para sua organização? Quais e por quê?

4) Questões sobre o fluxo de dados da Inteligência Competitiva e Big Data.

a) Descreva de maneira geral o fluxo que os dados percorrem no processo para geração

de Inteligência Competitiva. Citar Exemplos.

b) Descreva de maneira geral o fluxo que os dados percorrem durante a utilização das

tecnologias de Big Data. Citar Exemplos.

5) Questões gerais

a) Descreva os ganhos obtidos após o início da utilização do novo aparato tecnológico.

b) Você gostaria de expor algum ponto de vista ou fazer algum comentário sobre o tema

dessa entrevista?

APÊNDICE III – UNIDADES DE REGISTRO X SIGNIFICADO

US Unidade de Significado UR Unidade de Registro Fontes Números

de

referências

US01 Variedade dos dados UR001 Captação de dados da internet 3 7

US01 Variedade dos dados UR002 Captação de dados de redes sociais 3 15

US01 Variedade dos dados UR003 Há também uso de dados

estruturados

2 10

US01 Variedade dos dados UR004 Há um uma diversidade muito

grande de tipos de informação

3 11

US01 Variedade dos dados UR005 Uso de dados de logs 3 11

US01 Variedade dos dados UR006 Uso de dados de telemetria 4 19

US01 Variedade dos dados UR007 Uso de dados externos 3 9

US01 Variedade dos dados UR008 Uso de dados meteorológicos 2 9

US01 Variedade dos dados UR009 Uso de dados semiestruturados 4 9

US01 Variedade dos dados UR010 Utilização da dados de navegação

de site

3 14

US02 Velocidade dos dados UR011 Análises em tempo real 4 20

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US Unidade de Significado UR Unidade de Registro Fontes Números

de

referências

US02 Velocidade dos dados UR012 Busca por aumentar a velocidade

dos fluxos

4 13

US02 Velocidade dos dados UR013 Uso de banco de dados de alta

performance

4 20

US02 Velocidade dos dados UR014 Uso de dados em streaming 2 5

US03 Volume dos dados UR015 Conjunto Tecnológico suporta

grandes volumes

4 14

US03 Volume dos dados UR016 Investimento em Hardware 4 10

US03 Volume dos dados UR017 Projeção de crescimento

exponencial dos dados

3 14

US03 Volume dos dados UR018 Volume relativo de dados alto 2 9

US03 Volume dos dados UR019 Volume relativo de dados baixo 4 12

US04 Fluxo dos dados UR020 Agregação de dados 3 6

US04 Fluxo dos dados UR021 Camada - Processo de

Armazenamento

4 11

US04 Fluxo dos dados UR022 Camada - Processo de coleta 4 15

US04 Fluxo dos dados UR023 Camada - Visualização de dados 2 8

US04 Fluxo dos dados UR024 Camada- Processamento de dados 2 10

US04 Fluxo dos dados UR025 Construção de Data-Lake Cloud 4 8

US04 Fluxo dos dados UR026 Consumo de dados de diferentes

origens

2 4

US04 Fluxo dos dados UR027 Enriquecimento de dados

multiestruturado

2 4

US04 Fluxo dos dados UR028 Front-End Self-Service 4 11

US04 Fluxo dos dados UR029 Processo de ETL próprio para BD 3 11

US04 Fluxo dos dados UR030 Uso de Data Warehouse 3 12

US04 Fluxo dos dados UR031 Uso de plataformas de

desenvolvimento

2 4

US05 Cloud Computing UR032 Arquitetura com a utilização de

Cloud

3 14

US06 Ferramentas UR033 Analysis Services 3 11

US06 Ferramentas UR034 Banco de dados Cassandra 3 14

US06 Ferramentas UR035 Banco de dados Hbase 2 9

US06 Ferramentas UR036 Banco de dados MongoDB 3 13

US06 Ferramentas UR037 Banco de dados SAP HANA 3 14

US06 Ferramentas UR038 BigQuery 3 11

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US Unidade de Significado UR Unidade de Registro Fontes Números

de

referências

US06 Ferramentas UR039 Blob Storage 4 9

US06 Ferramentas UR040 Business Warehouse 3 10

US06 Ferramentas UR041 Córtex 2 4

US06 Ferramentas UR042 Data Catalog 2 10

US06 Ferramentas UR043 Data Factory 4 19

US06 Ferramentas UR044 Doctor Adress 3 10

US06 Ferramentas UR045 Flume 2 4

US06 Ferramentas UR046 Hadoop 3 11

US06 Ferramentas UR047 HDFS 4 14

US06 Ferramentas UR048 Hive 2 4

US06 Ferramentas UR049 IBM Bluemix 2 5

US06 Ferramentas UR050 Kafka 4 20

US06 Ferramentas UR051 Kfka 4 11

US06 Ferramentas UR052 Micro Strategy 2 7

US06 Ferramentas UR053 Microsoft Excel 3 7

US06 Ferramentas UR054 Microsoft Power BI 4 8

US06 Ferramentas UR055 Oracle 3 10

US06 Ferramentas UR056 Oracle Exadata 3 8

US06 Ferramentas UR057 Power Center 2 5

US06 Ferramentas UR058 Rstudio 2 6

US06 Ferramentas UR059 SAP 3 14

US06 Ferramentas UR060 SAP BexAnalyser 4 14

US06 Ferramentas UR061 SAP BexQuery 4 19

US06 Ferramentas UR062 SAP BW 3 13

US06 Ferramentas UR063 SAP Design Studio 4 12

US06 Ferramentas UR064 SAP ECC 3 6

US06 Ferramentas UR065 SAP Lumira 4 15

US06 Ferramentas UR066 SAP Predictive Analytics 2 8

US06 Ferramentas UR067 SAS 4 13

US06 Ferramentas UR068 SharePoint 4 9

US06 Ferramentas UR069 Spark 3 13

US06 Ferramentas UR070 SQL 4 12

US06 Ferramentas UR071 Sqoop 4 19

US06 Ferramentas UR072 Suíte SAP BO 4 19

US06 Ferramentas UR073 Tableau 3 8

US06 Ferramentas UR074 Teradata 4 10

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US Unidade de Significado UR Unidade de Registro Fontes Números

de

referências

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR075 Área comercial 2 8

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR076 Área de retenção de clientes 2 4

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR077 Área jurídica 3 6

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR078 Marketing 4 10

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR079 Novos produtos 3 12

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR080 P&D 3 11

US07 Áreas que consomem

BD/IC

UR081 Produção 4 15

US08 Estrutura organizacional UR082 Área de Big Data trabalha em

conjunto do departamento de TI

4 9

US08 Estrutura organizacional UR083 Área de Big Data trabalha

independente do departamento de

TI

2 4

US08 Estrutura organizacional UR084 Áreas de Big Data é fornecedora

das áreas de negócios

3 8

US08 Estrutura organizacional UR085 Há uma área Exclusiva de IC 3 9

US08 Estrutura organizacional UR086 Há uma área exclusiva para Big

Data

4 18

US08 Estrutura organizacional UR087 Não há uma área Exclusiva de IC 2 5

US09 Planejamento do ciclo UR088 A demanda vai para área de Big

Data dependendo da capacidade

dos outros departamentos

fornecedores

4 16

US09 Planejamento do ciclo UR089 Cada área determina sua demanda 4 15

US09 Planejamento do ciclo UR090 Cada demanda é tratada como um

projeto

4 19

US09 Planejamento do ciclo UR091 Cada projeto pode ser permanente

ou não

2 5

US10 Preparação dos dados UR092 Estruturação dos dados 2 10

US10 Preparação dos dados UR093 Normalização dos dados 2 10

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83

US Unidade de Significado UR Unidade de Registro Fontes Números

de

referências

US10 Preparação dos dados UR094 Tratamento para qualidade dos

dados

2 7

US11 Conhecimento sobre o

potencial do Big Data

UR095 Busca por coletar dados externos

ainda não utilizados

2 5

US11 Conhecimento sobre o

potencial do Big Data

UR096 Busca por coletar dados internos

ainda não utilizados

4 10

US11 Conhecimento sobre o

potencial do Big Data

UR097 Buscar por ampliar o ecossistema

tecnológico

3 8

US11 Conhecimento sobre o

potencial do Big Data

UR098 Interesse por outras tecnologias

ainda não utilizadas

4 18

US11 Conhecimento sobre o

potencial do Big Data

UR099 Reutilização de dados já

normalizados

4 12

US11 Conhecimento sobre o

potencial do Big Data

UR100 Uso de inteligência Artificial 3 11

US12 Data-Driven UR101 Busca por capacidade

computacional robusta

2 4

US12 Data-Driven UR102 Busca por melhor estruturação dos

dados

2 7

US12 Data-Driven UR103 Criação de processo de derivação

de dados

4 13

US12 Data-Driven UR104 Estruturação de processos voltada

aos dados

3 11

US12 Data-Driven UR105 Geração de novas fontes de dados 2 7

US12 Data-Driven UR106 Normalização da qualidade dos

dados entre as fontes

4 8

US12 Data-Driven UR107 Normalização de frequência de

dados

4 17

US12 Data-Driven UR108 Normalização de granularidade de

dados

2 7

US13 Engajamento UR109 Alta administração incentiva o uso

e investimento em BD

3 8

US13 Engajamento UR110 Área de negócios possui forte

aderência aos projetos de BD

4 16

US13 Engajamento UR111 Área de TI possui interesse no

avanço com BD

3 10

US14 Casos de uso UR112 Análises de campanhas Real-Time 3 10

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US Unidade de Significado UR Unidade de Registro Fontes Números

de

referências

US14 Casos de uso UR113 Anúncio baseado em

geolocalização

2 5

US14 Casos de uso UR114 Estudo fisiológico de florestas 2 4

US14 Casos de uso UR115 Precisão de plantio 2 9

US14 Casos de uso UR116 Precisão na produção de celulose 4 8

US14 Casos de uso UR117 Redução de falhas técnicas 3 7

US15 Resultados dos projetos de

Big Data

UR118 Análise de permanência para o

projeto

3 10

US15 Resultados dos projetos de

Big Data

UR119 Análise de resultados por projeto 2 9

US15 Resultados dos projetos de

Big Data

UR120 Quantificação dos resultados 2 4