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Número: 002 • Directora: Leonilda Sanveca • Director Editorial: Eliseu Sueia • Abril 2017 • Distribuição Gratuita • Email:[email protected][email protected] Site: www.up.ac.mz .com/pages/Universidade-Pedagógica-UP flickr.com/photos/universidadepedagogica/sets U N I V E R S I D A D E P E D A G Ó G I C A M O C A M B I Q U E MALYN NEWITT, O ENCONTRO DA HISTÓRIA COM O HISTORIADOR Rosas no 7 de Abril O LONGO CAMINHO DA UNIDADE AFRICANA Kwame Nkruma, um dos fundadores da OUA, 25 de Maio 1963 Pág. 02 Pág. 06 Celebrando Á frica UP Celebra o dia de Á frica com uma aula Aberta no dia 24 de Maio, às 10 horas no Campus de Lhanguene. Oldemiro Baloi, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação é o convidado para falar de Vida e Diplomacia. Pág. 07

O LONGO CAMINHO DA UNIDADE AFRICANA - up.ac.mz · tuguesa e História Africana, debruça-se sobre a relação da Frelimo ... Malyn Newitt rejeita a ideia de uma narrativa histórica

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Número: 002 • Directora: Leonilda Sanveca • Director Editorial: Eliseu Sueia • Abril 2017 • Distribuição Gratuita • Email:[email protected][email protected]: www.up.ac.mz .com/pages/Universidade-Pedagógica-UP flickr.com/photos/universidadepedagogica/sets

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RSIDADE PEDAGÓGICAMOCAMBIQUE

MALYN NEWITT, O ENCONTRO DA HISTÓRIA COM O HISTORIADOR

Rosas no 7 de Abril

O LONGO CAMINHO DA UNIDADE AFRICANAKwame Nkruma, um dos fundadores

da OUA, 25 de Maio 1963

Pág. 02 Pág. 06

Celebrando ÁfricaUP Celebra o dia de África com uma aula Aberta no dia 24 de Maio, às 10 horas no Campus de Lhanguene.Oldemiro Baloi, Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação é o convidado para falar de Vida e Diplomacia.

Pág. 07

UPUP02

Texto: Jornal Savana

Académico britânico Malyn Newitt

O uso da história pela FrelimoA Frelimo usou sempre a sua própria versão da his tória para reivindicar o direito de governar e esta postura é um obstáculo à reconci liação e à as-sunção de compromissos, considera o historiador britâni co Malyn Newitt.

Malyn Newitt, especialista em His tória da Expansão Por-tuguesa e História Africana,

debruça-se so bre a relação da Frelimo com o po der numa entrevista que conce-deu a Fredson Guilengue, da Fundação Rosa Luxemburg. A entrevista foi publi-cada na edição do Jornal Savana de 05 de Maio. Reproduzimos na íntegra com a devida vénia.

Na entrevista, o académico consi dera que Moçambique enfrenta a questão de saber se será viável seguir o estilo de democracia ocidental que tem vindo a implantar.

“Apesar de a Frelimo estar a gover nar desde 1975, sempre respondeu à crítica dirigida à narrativa histórica que adoptou desde essa altura”, refe re o académico.

Esta postura, prossegue, pode ver--se na aceitação das autoridades tradi-cionais por parte da Frelimo, depois de 1992, após décadas a pugnar pela erra-dicação das “autoridades e men talidades tradicionais”.

Malyn Newitt defende que a crítica académica deve ser no sentido de exigir que o Governo preste contas, através do julgamento das suas po líticas e ideais, principalmente se a sua actuação colocar em causa ques tões fundamentais como direitos humanos e a protecção do am-biente.

“Alcançar a transparência na inter-pretação do passado e do presente é uma das principais tarefas do his toriador. Ademais, uma leitura mais atenta da história de Moçambique pode ajudar a mudar a enfâse que vê os africanos como vítimas para um papel de agentes da sua própria his tória”, refere.

O académico entende que a mudan ça de atitude é hoje mais relevante para Mo-çambique, à medida que o país caminha para a assunção de uma maior responsa-bilidade pelo seu destino e das preocupa-ções do seu povo.

Malyn Newitt rejeita a ideia de uma narrativa histórica correcta, assina lando que o passado será sempre objecto de in-terpretação e reinter pretação.

Contudo, prossegue, algumas inter-pretações estarão sempre mais pró ximas da realidade do que outras.

Dado que as narrativas sobre o pas sado são usadas para “legitimizar” ou “desli-gitimar” políticas no pre sente, é tarefa vital dos historiadores testar tais teorias face à verdade.

“Nem todas as versões sobre o pas sado têm o mesmo peso, como al guns pós--modernistas defendem. Toda a referên-cia ao passado, se for para ser levada a sério, deve ser apoiada pelo peso da ver-dade”, ob serva Malyn Newitt.

De acordo com o académico, à me dida que a pesquisa histórica se de senrola, há lugar a alguma alteração.

“Em Moçambique, a pesquisa tem -se centrado fundamentalmente em mudan-ças de interpretação da histó ria narrada pela Frelimo e suas rela ções com outros movimentos nacio nalistas e no enten-dimento dos anos que se seguiram à in-dependência, a mudança de uma econo-mia central mente planificada para uma econo mia de mercado”, realça Newitt.

O académico diz não ter certeza se ha-verá muitas lições a aprender da história da Frelimo.

A recusa da Frelimo em ser partido étnico

Ainda assim, prossegue, um factor distintivo na actuação da Frelimo é o nível de recusa em tornar-se num par-tido étnico.

“A etnicidade de Moçambique é muito complexa e nenhum grupo étnico pode arvorar-se a posição de maioria étnica”, sublinha.

Esta realidade enfatiza a opção da Fre-limo de rejeitar tornar-se num partido tri-bal, assumindo, pelo con trário, o estatuto de uma formação não racial, acrescenta.

As recentes acções no sentido de atri-buir às autoridades tradicionais um papel activo podem ser vistas como política et-nicamente inclusi va.

Para Malyn Newitt, a Frelimo actua de maneira patrimonialista, mas o seu patri-monialismo apoia seguido res não defini-dos exclusivamente em termos étnicos, apesar de as assime trias regionais serem notáveis.

No início, refere Malyn Newitt, a Fre-limo orgulhou-se de tentar al cançar con-sensos internos antes de tomar decisões e da sua tradição da autocrítica.

Esta peculiaridade era comum no tem-po de Samora Machel e alguns traços desta tradição prevalecem, ajudando a Frelimo a manter algu ma coesão entre facções rivais.

Para a sobrevivência do partido, conti-nua, também tem sido crucial a limitação de dois mandatos presi denciais.

“Esta limitação permite que aspi rantes à Presidência e seus apoian tes possam esperar pela sua vez, no lugar de cons-pirarem ou envolve rem-se em golpes”, destaca Malyn Newitt.

A ameaça militar e eleitoral coloca-da pela Renamo também é um fac tor de unidade na Frelimo, porque convence os militantes do partido da necessidade de coesão.

Por outro lado, o controlo do poder assegura à Frelimo a satisfação ma terial das suas bases no contexto de um sistema político cada vez mais patrimonialista.

Segundo o professor de História, há um padrão distintivo na História de Mo-çambique.

“A instituição mais importante foi sempre a linhagem, a chamada ´pe quena sociedade`. Aqui, o papel dos espíritos ancestrais e outros, exer cido através de médiuns espíritas, continua importante na tomada de decisões com impacto na comuni dade e na resolução de confli-tos”, ressalva.

De acordo com Malyn Newitt, esta for-ma de mediação tradicional e promoção da paz continua crucial a nível local e foi recentemente de monstrado na forma como crianças -soldados e outros comba-tentes fo ram incorporados nas comuni-dades no final da guerra civil.

Contudo, prosseguiu, não é claro sobre como é que estas formas tra dicionais po-dem ser implementadas no plano nacio-nal.

Desde sempre, a “pequena socie dade” foi dominada por grandes sistemas esta-tais impostos por es trangeiros, nomeada-mente karanga, maravi, ngoni, portugue-ses e muçul manos.

Estes sistemas forneceram os meios que permitiram o controlo das li nhas de pequena escala baseadas em linhagens.

notícias Nº 002 • Abril

Nº 002 • Abril03UPUPnotícias

UP lança Percursos de Vida

Docentes da Argentina visitam UP

Livro de Entrevistas aos professores reformados, com o título de capa, “Percursos de vida de professores aposentados do Ensino Primário Moçambique”, foi lançado na Universidade Pedagógica. É um livro que não apenas conta as histórias de vida, mas reflecte sobre a educação, experiências, qualidade de ensino, aprendizagem e a formação, numa abordagem inclusiva. O livro lançado na Faculdade de Ciências Naturais e Matemática, em Abril último, é da co-autoria dos Professores Stela Mithá Duarte, Juliano Neto de Bastos e Bento Rupia Júnior.

Percursos de vida de professores aposentados trata de algo que mais se apelida de conflito de ge-

rações, os mais velhos acham-se melhores que os mais novos, e vice-versa. Embora com estas diferenças, as gerações têm um objectivo em comum, que é servir a edu-cação e o país, e tem que se encontrar o que é bom.

Falando no acto do lançamento, Zaida Cabral, Mestre em Educação, e pós-fa-ciadora indicou que a obra constitui uma parte da história de Moçambique que é contada através da educação. “É narrada pela voz e pelos sentimentos de quem es-teve décadas na educação e no seu quoti-diano, quer nos momentos mais bonitos, quer nos momentos mais críticos que fi-caram na retina das pessoas, momentos de preocupação”.

A fonte do UP Notícias indicou que o sector da educação nunca teve investi-mento que está tendo actualmente, po-rém, nunca teve resultados tão negativos como agora. “No passado tínhamos casos isolados do fracasso de professores, hoje são casos generalizados, o que passa a ser normal, temos que reverter a situação, a qualidade de educação é o que nos deve unir e pensarmos na solução, não nas la-mentações. Temos que resgatar o país da situação do actual sistema de educação”, disse Cabral.

O livro remete ao leitor a ter que repen-sar na educação e quebrar o ciclo em que o país está mergulhado, ademais, levar a pensar na relevância da história de vida dos professores aposentados para o pro-

cesso de desenvolvimento de educação no país e na formação de docentes novos.

Por seu turno, Professor Juliano Bastos, co-autor da obra, indicou que o livro per-corre a profissão docente, principalmente o do ensino primário, etapas e trajectórias dos sujeitos como alunos e professores em permanente interacção com o social e político. “O percurso dos professores aposentados foi marcado pelos contextos que se foram constituindo no país. Com o professor aposentado há muito que se aprender por ter trabalhado em contextos diferentes da história de Moçambique,

com ênfase na formação de professor”.Filipe Wamusse, um dos aposentados

indicou que há alguns professores que mesmo estando na idade de reforma ain-da têm forças para trabalhar, precisando apenas de uma integração e acompanha-mento. “O aposentado pode dar o seu apoio à educação”, vincou Wamusse.

O momento foi testemunhado também pelo aluno da professora Beatriz, o senhor Eldorado Dabula, actualmente é director do Centro Cultural Tsindza, que revelou o trauma por si vivido na escola ao encon-trar um professor de um outro estrato so-

cial. Porém, de acordo com o interlocutor, “a professora Beatriz tinha um carácter de criar um à vontade e motivar os alunos na aprendizagem, e uma capacidade de transmissão e interacção sem preconcei-tos entre a professora e estudantes”.

No acto público de lançamento do livro que saiu sob a chancela da Edito-ra Educar estiveram presente diversas individualidades, a destacar o reitor e vice-reitor, Professor Jorge Ferrão e Boa-ventura Aleixo, docentes, estudantes e diversas individualidades do mundo académico.

Docentes e pesquisadores da Universidade de Córdoba (UC), Argentina, efectua-

ram uma visita de trabalho à Uni-versidade Pedagógica (UP) tendo

em vista a troca de experiência com os seus homólogos moçambicanos e exploração de possíveis áreas de coo-peração entre as universidades mo-çambicanas e a UC. Acompanhava a delegação argentina, o embaixador daquele país latino-americano, em Maputo, Federico Villegas Beltrán.

O reitor da UP, Prof. Doutor Jor-ge Ferrão, indicou que com o apoio das universidades argentinas espe-ra-se ultrapassar a questão da pu-blicação de artigos de docentes da UP. “Estamos interessados em assi-nar acordos e estabelecer um vín-culo entre as universidades do sul, principalmente na área de ciências

sociais, aprofundar o estudo da et-nociência, e criar uma equipa múl-tipla da UP”.

Referir que a Universidade de Cór-doba tem mais de 400 anos de exis-tência, 23 faculdades e 9 mil profes-sores, que assistem cerca de 150000 estudantes, e também com uma tra-dição de internacionalização.

Texto: Vasco Davane

Texto: Redacção

UPUP04

Medias na era das redes sociais, vai o ser o tema duma conferência agendada para as 10 horas do dia 31 de Maio na Biblio-

teca Central da UP com o intuito de assinalar os 12 anos do Jornal o País. A Conferência, uma organiza-ção conjunta da UP e do Grupo Soico, pretende dis-cutir a fronteira e as linhas de intersecção entre os medias e as redes sociais; o uso das redes sociais na prática do jornalismo e o impacto das redes sociais na indústria da comunicação social.

A conferência vai ter como orador principal, Je-remias langa, conhecido jornalista da STV, que vai falar dos Desafios do jornalismo face a proliferação e difusão de informação em primeira mão nas redes sociais. Celestino Juanguete vai apresentar o tema, O Impacto das redes sociais na comunicação social em Moçambique e Leonilda Sanveca vai tentar delimitar a Fronteira entre o jornalismo e as redes sociais. O UP Noticias antecipadamente dá os parabéns ao co-lega Jornal o País pelos seus 12 anos.

12 anos do Jornal o País, UP e grupo Soico juntos numa conferência sobre medias na era das redes sociais

notícias Nº 002 • Abril ACONTECE

Por: Diogo Homo

Por: Vasco Davane

KPMG oferece livros a UP Pesquisadores Canadianos em MaputoProfessores Canadianos Desenvolvem Pesquisa sobre Saúde Infantil, hábi-tos dos Jovens e Obesidade em Moçambique e buscam parcerias com pes-quisadores nacionais.

Nonas Jornadas da Língua Portuguesa Juntam Académicos, Escritores e Estudantes

No âmbito da responsabilida-de social, a KPMG, uma das maiores firmas de Contabili-

dade, Auditoria e Fiscalidade, ofere-ceu 10 livros sobre legislação fiscal e 10 exemplares de publicações acerca das 100 maiores empresas de Moçam-bique. Os livros oferecidos servirão para a consulta e uso académico dos estudantes, professores e público no geral.

O responsável do Departamento de Marketing da KPMG, Praise Karuma, disse que os livros sobre a legislação oferecidos à UP possuem alterações

e simplificações que permitam a fácil aprendizagem. Karuma, referiu que a KPMG pretende estreitar a pareceria com a UP no sentido de os melhores estudantes poderem fazer estágios na-quela firma tendo.

O reitor da UP, Prof. Doutor Jorge Ferrão, agradeceu o gesto e orientou os directores presentes no encontro para entrarem em contacto permanen-te com KPMG para a possibilidade de cooperação, sobretudo nos programas de Extensão Universitária.

É importante referir que além da UP, a KPMG ofereceu o mesmo lote de li-vros à Universidade Eduardo Mondla-ne (UEM) e a algumas universidades privadas.

Jornal Mensal * DISP.REG/GABINFODEC/2008 * PROPRIETÁRIO: Universidade Pedagógica * Directora: Leonilda Sanveca * Director Editorial: Eliseu Sueia * Chefe da Redacção: Vasco Davane * Redacção: Leonilda Sanveca, Eliseu Sueia, Diogo Homo, Vasco Davane, Elísio Mandlate, Castigo Dias e Gil Mavanga * Sub Editor: Diogo Homo *Colaboraram nesta edição: Raúl Balate, DCC UP-Beira *Revisão: Delso Honwana * Fotografia: Sebastião Guiamba e Armando Mutombene * Projecto Gráfico: Danúbio Mondlane * Paginação e Grafismo: Danúbio Mondlane e Jubel Dombo * Marketing e Publicidade: Elísio Mandlate *Direcção, Redacção e Administração: Rua João Carlos Raposo Beirrão 135 * Tel.: (+258) 21 30 38 27; Fax: (+258) 21 32 21 13 * Email: [email protected] | [email protected] * www.up.ac.mz * Impressão: S´GraphicsFI

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O Instituto de Cooperação da Língua Portuguesa em pareceria com a Universidade Eduardo e a Universidade Pedagógica realizaram nos dias 04 e 05 de Maio do ano em curso as Jornadas da Lín-gua Portuguesa. O evento académico decorreu na UEM, mas, organizado de forma alternada nas cidades de Maputo, Beira e Nampula. Trata-se de uma tradição, iniciada em 2005, de reunir investi-gadores e académicos que desenvolvem as suas pesquisas em torno do ensino e da aprendizagem da língua portuguesa.

Em 2017, este encontro académico subordinou-se ao tema Língua e Literacia(s) no Século XXI e contou

com a presença dos conferencistas Carlos A. M. Gouveia e Fernando Albuquerque Costa da Universidade de Lisboa, Hildizina Dias da Universidade Pedagógica, Perpétua Gonçalves da Universidade Eduardo Mon-dlane, e Elias Torres Feijó da Universidade de Santiago de Compostela.

Para além destas conferências plenárias, foram proferidas 35 comunicações por aca-démicos das universidades moçambicanas, com destaque para as apresentações dos do-centes de diversas Delegações da UP (Mapu-to-Sede, Nampula, Niassa, Beira, Quelima-ne e Tete e Montepuez) e das universidades de países da região (Tanzânia, Suazilândia e Botsuana).

Realizaram-se, ainda, 3 workshops, um painel e o lançamento do livro Ensino da língua portuguesa em contextos multilin-gues e multiculturais: Textos seleccionados das VIII Jornadas da Língua Portuguesa, numa edição conjunta do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua e da Porto Edi-tora.

As 10asJornadas da Língua Portuguesa realizar-se-ão na Delegação da Beira da UP, em 2019, onde se espera que seja lançado o livro com os artigos resultantes das confe-rências e comunicações apresentadas nas 9as

Jornadas da Língua Portuguesa. Estiveram no evento estudantes e docen-

tes da Faculdade de Ciências da Linguagem. Comunicação e Artes, principalmente do Curso de Licenciatura em Ensino de Portu-guês.

Professores da Research Insti-tutue, Healthy Active Living and Obesity Research, um

Instituto de Pesquisa do Canadá, de visita a Moçambique foram recebi-dos pelo Reitor da Universidade Pe-dagógica (UP), Prof. Doutor Jorge Ferrão, no seu gabinete de trabalho, onde falaram do estabelecimento de parceria entre o Instituto canadiano e a UP no âmbito da pesquisa sobre a saúde das crianças e jovens.

Segundo o director do instituto, Prof. Doutor Mark Tremblay, o or-ganismo que lidera está interessado numa parceria para p esquisa em Mo-çambique, tendo como foco as crian-ças e jovens, a influência do ambiente, seus hábitos, condições de habitação e estudos. “Estamos interessados na

questão da saúde e vida estudantil das crianças, particularmente na questão da obesidade e da gravidez precoce, nas cidades e zonas rurais”.

O projecto de pesquisa que terá a duração de nove meses vai abranger 700 crianças da Cidade de Maputo e Distrito do Bilene em Gaza, e será le-vado a cabo pelos professores e estu-dantes canadianos e, da Faculdade de Educação Física e Desportos da UP. “A razão da nossa estadia é de trei-nar a equipa para estar no projecto, temos estudantes de Doutoramento em Canadá interessados neste estudo e, estamos a trabalhar com estudantes da UP”, referiu Tremblay.

Moçambique é o terceiro país a ser contemplado por este projecto, de-pois de Quénia e África do Sul, sen-do uma oportunidade para ajudar o país a melhorar o estilo de vida das crianças.

Nº 002 • Abril05UPUPnotíciasCIÊNCIA E SOCIEDADE

Por: Diogo Homo

Por: Elisio Manjate

Encontro da história com o historiador

Reitor Uthui, uma homenagem merecida na celebração dos 10 anos da pós graduação

Malyn Newitt, Professor Britânico de Historia, autor de mais de vinte livros de Historia de Portugal e das suas colónias, esteve em Maputo, Universida-de pedagógica, onde apresentou pistas para um Moçambique de consen-sos alicerçados numa história que olha para o passado com honestidade.

O professor e Investigador Britâni-co, Malyn Newitt disse durante uma aula aberta, na Biblioteca

central da UP, Maputo Sede, que a falta de partilha do poder pode estar a perigar a paz efectiva em Moçambique, não se justifica que 25 anos depois do término do conflito armado que paralisou o país 16 anos, tendo feito milhares de mortes e deslocados, in-fraestruturas destruídas, volte a perturbar a vida dos cidadãos.

Newitt aponta como factores perturba-dores da paz, o acordo político e o proces-so de descentralização. Para o professor

o acordo geral de paz não foi seguido na letra e no espírito, por isso que, tem sido invocado pela Renamo para apadrinhar a violência, igualmente, o processo de des-centralização, é motivo para a discórdia. Considera que a ideia de uma democracia de que quem ganha leva tudo, somando to-dos esses factores minam a consolidação e manutenção da paz.

Outrossim, é que, o acordo geral de paz foi inspirado e baseado no acordo de Lusaka, feito para pacificar o país do di-ferendo entre o colono e a Frelimo, sendo assim, não ficou claro a necessidade do desarmamento da Renamo. Para o histo-riador britânico, as eleições realizadas em cada 5 anos, segundo alguns observadores das Nações Unidas não têm sido totalmen-

te justas e nem livres.O professor explicou ainda que tanto a

Frelimo como a Renamo são partidos pa-trimonialistas, o que quer dizer que uma pequena elite está-se beneficiando dos re-cursos enquanto o povo continua na indi-gência, na penúria e a viver no linear da pobreza.

Fazendo destrinça entre a Frelimo e a Renamo, Newitt disse que reside na forma como cada um dos partidos tem acesso aos recursos para distribuir a sua elite ou seja, a Frelimo tem mais recursos para conti-nuar a sua política patrimonialista que a Renamo.

Newitt considera que é o desespero leva Renamo a se enveredar pela violência para obrigar o governo do dia a ceder, nestas investidas veículos são queimados, vidas sacrificadas e milhares de refugiados pro-curam abrigo nos países vizinhos, como Malawi.

O professor vai mais longe ao considerar que a Frelimo não consegue se ajustar ao multipartidarismo, continuando atrelado ao monopartidarismo. O partido continua muito próximo do Estado o que leva a con-fundir as vezes partido e estado ou vice e versa.

Malyn Newitt é reformado mas continua activo tendo publicado o seu mais recen-te livro sobre Moçambique, intitulado a Short History Of Mozambique, e que cons-tituiu o motivo da sua presença em Mapu-to. Foi Vice Chancelor da Exeter Univer-sity e Professor Charles Boxer de História no King College em Londres. Ele é autor de mais de 20 livros sobre história de Por-tugal e das suas colónias, e que incluem títulos como: Portugal in Africa: The Last Hundred Years; History Of Mozambique; Journey From Tete to Zumbo, e History Of Portuguese Overseas Expansion.

A Universidade Pedagógica (UP) curvou-se diante do antigo-Reitor, Prof. Doutor Rogério Uthui, pelo seu contributo no desenvolvimento institucional, sobretudo na componente das infra-estruturas, na formação do capital humano, no impulso ao uso das tecnologias de informação. Durante os quase 10 anos do seu consulado, Uthui apostou muito na formação de professores para universidade, uma vez que, a maior parte deles tinha o nível de licenciatu-ra. A ocasião serviu também para celebrar os 10 anos da Pós-graduação na UP com o antigo Reitor na qualidade de mentor dos cursos.

O Reitor da UP, Prof. Doutor Jor-ge Ferrão, disse que não se pode fazer referência à pós-graduação

na UP sem falar do Prof. Uthui. Ao longo dos 10 anos a universidade e os moçambi-canos testemunharam um reitor que per-correu Moçambique de lés a lés nas suas intermináveis visitas às delegações, aos centros de recursos e outras instituições que funcionam em outros pontos do país, assim a sua marca registada de saber fazer e estar.

Ferrão, mencionou que nenhum outro Reitor esteve tão presente em todo nosso país como o Prof. Rogério Uthui esteve, é por isso que ele se converteu de forma natural no Reitor dos Reitores, portanto, a universidade pretende dar continuida-de aos seus ideais, a sua forma visionária de ser e estar em prol do desenvolvimento e progresso desta instituição que é e será para sempre a sua universidade.

No seu turno, o antigo Director da Fa-culdade de Educação Física e Desporto, o Professor Catedrático António Prista, disse que com assunção do cargo de reitor pelo Prof. Uthui, a UP cresceu de forma

exponencial que não precisa de demos-tração de dados, o crescimento nota-se através da descentralização académica, infra-estruturas, dos meios tecnológicos e na introdução de desenvolvimento de cur-sos de pós-graduação e coesão como uma instituição universitária e este incremento não seria possível sem uma liderança cen-trada na missão, visão, segura e competen-te na diversidade.

Falando da pós-graduação, o Prof. Dou-tor José Castiano e Assessor da Reitoria para Área de Pós-graduação, Pesquisa e

Extensão, disse que a introdução de cursos de mestrados na UP justificou-se pelo nú-mero elevado de docentes licenciados que a universidade tinha em número de 939 docentes e destes 732 licenciados e 133 mestrados e apenas 74 eram doutorados.

A introdução dos cursos de mestrados em ciências de educação na Universidade Pedagógica visava garantir a qualidade do ensino e a elevação de níveis de forma-ção dos docentes internos para fazerem frente a dinâmica do mercado do ensino superior, sublinhou Castiano para depois

acrescentar que desde 2013, obedecendo um processo de descentralização acadé-mica, os cursos de mestrados foram esten-didos para às delegações da Beira, Nam-pula e Maxixe. Entretanto, desde início de cursos de pós-graduação a UP conta com 2104 mestrados e doutorados.

O assessor fez notar ainda que para garantir a qualidade de doutoramento, a Universidade criou um órgão específico que se chama comité dos altos graus que visa escortinar e avaliar com muito rigor a qualidade das propostas dos programas curriculares de doutoramento para garan-tir a qualidade científica e validação cien-tífica da pesquisa.

Refira-se que os cursos de pós-gra-duação na Universidade Pedagógica re-montam desde 1998 com a introdução de mestrado em linguística portuguesa e mestrado em educação e currículo no âmbito de acordo com a Universidade do Porto.

Uthui curto e breve agradeceu o gesto da universidade e afirmou que a sua liderança não teria êxitos sem a colaboração de to-dos funcionários da Universidade porque nenhum reitor é capaz de fazer tudo sem a comunhão de outros colegas que lhe aju-dam no alcance das metas institucionais.

UPUP06

UP Celebra 7 de Abril com 7 mulheres com 7 filhos

...É no momen-to de crise em que se solicita mais união para a gestão e ino-vação económica, evitando-se desta feita conflitos...

Sete mulheres com sete ou mais de sete filhos, foram o centro das atenções da comemoração do 7 de

Abril na Universidade Pedagógica. Um feito inédito na UP visto com muito agra-do pelos presentes que ouviram com ele-vada atenção as histórias de vida destas mulheres comuns, mulheres trabalhadoras, vendedoras dos mercados, domésticas, re-formadas, mulheres como muitas outras, anónimas, que geraram e educaram os seus filhos noutros tempos, diferentes, talvez, mais iguais na partilha de dificuldade. Foi uma verdadeira lição de vida numa espécie de aula aberta na Biblioteca central da UP. A maior parte das mulheres visivelmente emocionadas e falando em língua tsonga emocionaram o auditório com muitas mu-lheres que já não pensam em cometer a proeza de ter sete filhos. Os tempos muda-ram, e como se diz, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Muito orgulhosas dos muitos filhos que tiveram, criaram e educaram, as sete mulheres, já idosas ou a caminho disso, foram um encanto, bri-lharam, cantaram, dançaram e no fim ficou a lição de vida para quem quis aprender como fazer e criar sete filhos ou mais. Va-mos esperar para ver se a moda pega entre as mulheres da UP.

No mesmo dia, e no espaço, para come-morar o dia da Mulher moçambicana, a Universidade organizou uma palestra com o tema: “Mulher em tempos de crise eco-nómica” que teve como painelistas princi-pais Ana Rita Sithole e Joana Matsombe.

Joana Matsombe dirigindo-se à plateia, maioritariamente constituída de mulheres, funcionárias da UP, apontou a necessida-de de se potenciar a poupança, sobretudo em tempo de crise, diminuindo certos há-bitos, e encontrar outras soluções. “É no momento de crise em que se solicita mais união para a gestão e inovação económica, evitando-se desta feita conflitos”.

Por sua vez, Ana Rita Sithole afirmou que nos últimos dias a mulher parece es-tar a especializar-se na desistabilização da família. “A crise de valores nos faz pen-sar o que está por detrás da degradação de valores na sociedade, pois, a vida social comporta a convivência entre indivíduos”.

Intervindo na abertura do evento, o vice--reitor, Prof. Doutor Boaventura Aleixo, disse que o sete de Abril é o dia de reco-nhecimento do protagonismo da mulher moçambicana, uma data de reflexão, grati-dão e avaliação dos avanços que a mulher teve. “Precisamos entender que a inde-pendência feminina não é uma concessão masculina, é uma conquista cujo mérito pertence às próprias mulheres”, assim fa-lou o vice-reitor.

Por: Redacção

notícias Nº 002 • Abril ACONTECE

Nº 002 • Abril07UPUPnotícias

OLDEMIRO BALOIVida e Diplomacia

Celebrando o 25 de MaioDia de Africa

Entrada Livre!

www.up.ac.mz

DIA: 24 DE MAIO 2017LOCAL: UP - ANFITEATRO DA FCNM - CAMPUS DE LHANGUENEHORA: 10:00

AULA ABERTA

Eventos

UPUP08

Estudar muito enloquece!

Análise Sintáctico-Semântico de extensões verbais aplicati-va -el- e passiva -iw- em Changana: Uma análise da expressão Kudlela/kudleliwa (n)sati

O texto que se segue, longe de seguir cânones científicos largamente difundidos na literatura de especialidade, analisa sintáctica e semanticamente as extensões verbais aplicativa - el

- e passiva – iw - em Changana tendo como epicentro a expres-são kudlela/kudleliwa (n)sati. Changana é uma língua Bantu conhecida entre os bantuistas como S53 na classificação de Guthrie (1967). Esta língua é falada em Moçambique, África do Sul e Zimbábwe. Em Moçambique, a língua Changana é falada por mais de 1.6000000 pessoas (INE, 2008). Os estudos descritivos sobre extensões verbais em línguas bantu são vários (Doke, 1954; Cole, 1961; Meussen, 1967; Ngunga 2004) e em Changana em particular (Ribeiro, 1965; Baumbach, 1988; Si-toe, 1996; Langa; 2007 e 2012; Ngunga, 2014). Nestes estudos, a preocupação sempre foi, seguindo modelos teóricos diversos, de descrever o mapeamento sintático e semântico e até verifi-car o ordenamento das extensões dentro do complexo verbal à luz do princípio de espelho defendido por Baker (1985). O tex-to para além desta breve contextualização, apresenta definição e tipos de extensões verbais, descrição e análise das extensões verbais aplicativa e passiva e, por fim, a lista bibliográfica con-sultada.

1.2 Extensões verbais

As extensões verbais são morfemas derivacionais que permi-tem derivar verbos a partir de outros verbos acrescentando-os ao radical verbal para lhe modificar o sentido, a morfologia, e, geralmente, alterar-lhe as relações de transitividade (Ngunga, 2014:198).

- von - ‘ver’- von - el - ‘ver por alguém’ extensão aplicativa- von - is - ‘fazer ver’ extensão causativa- von - na - ‘ver-se mutuamente extensão recíproca- von -i w - ‘ser visto’ extensão passiva- vin (sic!) - isis - ver intensamente extensão intensiva- von - ek - ‘ser visível’ extensão estativa- von - etel - ‘ver repetidamente’ extensão frequentativa

[Ngunga 2014:198]

Os dados fornecidos em (1) sistematizam as extensões ver-bais1 em Changana. Do ponto de vista sintático, o verbo -von-

‘ver’ seleciona dois argumentos: (i) externo e (ii) interno como ilustram os dados apresentados em (2).

(2) Khosa a - von - ile xipoko Ximbhutsu tolo.Khosa 3ps - ver - Pass fantasma Chibuto ontemKhosa viu o fantasma em Chibuto ontemNtivani a - yak - ile munti wakusaseka Makeze.Tivane 3ps - construir - Pass casa bonita MakezeO Tivane construiu uma casa bonita em Makeze

Os verbos – von - ‘ver’ e - yak - ‘construir seleccionam dois argumentos que estão destacados. O primeiro à esquerda do verbo é argumento externo e o segundo à direita é argumento interno. Importa referir que nesta língua, como a ordem dos

constituintes na frase é livre (Ngunga: 2004), diferentemente do Português, Inglês e outras línguas europeias cuja ordem é fixa, o argumento interno pode ocorrer à esquerda do verbo sem contudo alterar o seu papel sintáctico-semântico como se ilustra em (3).

(3) Xipoko a - xi - von - ile Khosa Ximbhutsu tolo.fantasma 3ps - MO - ver - Pass Khosa Chibuto ontemO Khosa viu o fantasma em Chibuto ontem.Munti wakusaseka a - wu - yak - ile Ntivani Makeze.Casa bonita 3ps - MO - construir - Pass Ntivani MakezeO Tivane construi uma casa bonita em Makeze

Os dados em (3) mostram os argumentos internos dos ver-bos – von - e - yak - sem alterações do ponto de vista sintáctico. Esta possibilidade é uma evidência que mostra a liberdade no ordenamento dos constituintes nesta língua o que em Português resultaria em frases agramaticais como se pode conferir nos dados em (4).

(4) *O fantasma viu Khosa em Chibuto ontem.*A casa bonita construiu Khosa em Makeze.

Embora a primeira frase não evidencia alguma estranheza na língua portuguesa em virtude de haver uma possibilidade de o fantasma ver o Khosa, é diferente da frase apresentada em (3), pois, neste caso, o fantasma aparece como sujeito agentivo e Khosa como Objecto. Na segunda frase, nota-se, claramen-te, que a troca de posições dos constituintes resulta em frases agramaticais em Português o que revela que a ordem é fixa (Greenberg, 1955; Âmbar, 1992). A seguir, o texto concentra-

-se no verbo -dla- ‘comer’ com extensões verbais aplicativa e passiva para mostrar as implicações sintático-semânticas.

(5) Juze a - dl2 - ile (n)sati wayena.Juze 3ps - comer - Pass mulher suaJosé comeu sua mulher.

A frase (5) o verbo - dla - ‘comer’ seleciona dois argumentos: um externo (Juze) e outro interno (sati wayena). Com efeito, na presença de extensão verbal aplicativa - el -, o verbo aumenta a sua valência (Raposo, 1992; Vilela, 1994) como mostram os dados em (6).

(6) a) Juze va - mu - dl - el - (il)e nsati wayena hi Mun-dawu.

Juze 3pp - MO - comer - Ext.Apl - Pass mulher sua por Mundawu

Ao José comeram-lhe a esposa por Mudawu.b) Juze va - mu - dl - el - (il)e nsati wayena [ - ].Juze 3pp - MO - comer - Ext. Apl - Pass mulher suaAo José comeram-lhe a esposa.

As frases 6 (a,b) diferem-se da frase (5) do ponto de vista sintáctico e semântico. Em (5), Juze é um sujeito agentivo que executa a acção de - dla - ‘comer’ o que não acontece em (6). As diferenças entre (6a) e (6b) são subtis do ponto de vista sin-tático, pois há uma ocultação do sujeito praticante em 6b. Com efeito, parece que é a frase mais recorrente na tradição Chan-gana. Os implicados activos não são recorrentemente mencio-nados pelos seus nomes nas construções frásicas. Portanto, a

extensão aplicativa ‘despromove’ um sujeito primário para um papel de agente experienciador de sofrimento. Voltaremos para esta nuance depois de apresentar dados sobre a extensão apli-cativa e passiva.

(7) a) Juze a - dl - el - iw - ile nsati wayena hi Mundawu.Juze 3ps - comer - Ext.Apl - Ext.Psv - Pass mulher sua por

Mundawu Ao José foi comido sua esposa por Mundawub) Juze a-dl-el-iw-ile nsati wayena.Juze 3ps-comer-Ext.Apl-Ext.Psv-PassAo José foi comido a sua esposa.

Similarmente às frases 6 (a,b), a extensão aplicativa - passiva, o sujeito primário Juze é lhe despromovido do papel de sujeito agentivo que é exercido por Mundawu. A partir das implica-ções sintáctico - semânticas das frases acima é possível com-preender por que razão dentro da sociedade Changana, no ho-mem se desencadeia situações de ódio e vingança pela esposa quando situações desta natureza acontecem. Geralmente, este assunto é interpretado como um falecimento, ou seja, depois de se ‘saber’, como a notícia corre mais rápido nesta comunidade, as pessoas procuram sempre o homem para lhe prestarem con-dolências do estilo svayendleka, svahumelela ‘acontece’ hawe-na wece ‘não é você sozinho’; hingakusviyini svatiku/svawuto-mi ‘que fazer? São coisas do mundo/da vida. ‘As condolências’ que a sociedade presta ao homem, muitas vezes, resultam na separação do casal. Nestas condolências, por vezes, incluem orações que são feitas, sobretudo para o homem vítima. No fundo, a sociedade tenta proteger tanto a mulher (que apenas é referenciada como nsati) quanto o homem que pratica o acto de ‘comer’ em vez do outro. O que é mais curioso neste grupo étnico bantu é o facto de não serem recorrente frases do tipo.

(8) Maria vamudlelile nuna hi ThambhisaniMaria 3pp - MO - comer - Ext.Apl - Pass marido por Tham-

bhisaniÀ Maria comeram-lhe o marido pela Thambisani.

Nesta frase (8) seria de esperar que a Maria se zangasse e a sociedade entrasse em coro de condolências pelo facto do marido ter-se envolvido com a Thambisani como acontece no homem. Ainda, também não é comum ser o homem-vítima a difundir o que aconteceu com a esposa. Portanto não são co-muns frases do género.

(9) Mina vanidlelile sati ‘comeram-me a esposa’

Aliás, numa situação desta natureza, os ouvintes reprovam esta denúncia/notícia alegando que são assuntos do quarto.

A extensão aplicativa pode beneficiar o sujeito primário (Matsinhe, 1994 ) como se mostram os últimos exemplos deste texto.

(10) Mondlani na Maxele vafele tiko la musambiki ‘Mondla-ne e Machel morreram pela terra de Moçambique’

Bava a tirhela nsati ni vana ‘O pai trabalha pela/para/ao invés de esposa e filhos.’

Uthui ayakela vanfundhi xikolwa ‘Uthui constroi escola para estudantes’

Cembeni na Xisanu vatirhela partido ‘ Txembeni e Chissano trabalham para o partido’

Os dados fornecidos em (8) mostram que a extensão aplica-tiva pode levar o sujeito primário a ter benefício. Não se vai apresentar uma conclusão neste texto em virtude de abrir espa-ço para o debate.

Por: Raúl Balete Júnior Email: [email protected]

Vakhale vavulile vatiyisile svaku kufundha ngopfu sva hlanyisana! ‘os antigos disseram a verdade que estudar muito enlouquece!’

1. Mais detalhes sobre extensões verbais em changana v. Langa (2012:123).2. Comer = manter relações sexuais.

notícias Nº 002 • Abril REFLEXÃO

...a partir das implicações sintáctico - semânticas das frases acima é possível compreender por que razão dentro da sociedade Changana, no homem se desencadeia situações de ódio e vingança pela esposa quando situações desta natureza acontecem...

Nº 002 • Abril09UPUPnotíciasDESPORTO

Por: Diogo Homo

Por: Redacção

Rope Skipping conquista ouro na África do Sul

Actividade física para 3ª idade. Escolher Mudar de Vida

Depois de França e Portugal, chegou a vez de na vizinha África do sul, a equipa moçambicana de Rope Skipping ganhar medalhas de ouro. A presença da seleção nacional, maioritariamente constituída por estudantes e professores da UP aconteceu graças ao apoio financeiro da Mkesh.

“Envelhecer com saúde” é um programa levado a cabo pela Faculdade de Educação Física e Desporto (FEFD) da Universidade Pedagógica (UP). Surge no âmbito da Extensão Universitária com objectivo de estimular e incentivar às pessoas da 3ª idade a praticar exercícios físicos.

Caricato é o facto de um dos atletas não ter ido a vizinha África do Sul por falta de pas-

saporte, reduzindo a delegação de 6 para 5 atletas. A Equipa mesmo treinando em condições, extremamente precárias, como: a falta de instalações e sem apoio logístico para os atletas, mercê ao espí-rito de luta e sacrifício, estóico e perse-verança repetiu a proeza que tem vindo

a nos habituar nestes últimos tempos.De referir que o ARNOLD CLAS-

SIC é um evento multidesportivo, que conta com cerca de 25 competições (olímpicas e não olímpicas) e eventos paralelos, além de ser a maior feira de nutrição desportiva, lutas, performance e fitness do mundo inteiro.

Numa mensagem de felicitações es-crita por Edmundo Ribeiro Director do Centro de Investigação e Desenvolvi-mento do Desporto e Actividade Física da UP e grande entusiasta do Rope Skip-

ping, dirigida aos atletas lê-se: “Acredi-tamos que a conquista das medalhas de ouro no ARNOLD CLASSIC AFRICA, com o inestimável apoio da M-KESH, terá tem um grande valor para a reali-zação do vosso sonho de participar e conquistar TRI CAMPEONATO MUN-DIAL de Rope Skipping, no mês de Julho nos Estados Unidos. Oxalá que a mais recente prova do vosso potencial catapulte outros parceiros públicos e pri-vados a manifestarem atempadamente o seu apoio de modo que se possa garantir

uma preparação condigna a seleção na-cional de Salto Acrobático a Corda, para que esta esteja mais concentrada na pre-paração desportiva de modo a lutar com mais segurança pela conquista de mais alegrias para a nossa pátria amada”.

Recorde-se que a selecção nacional em salto a corda acrobático ganhou em 2016 na cidade de Braga, Portugal, duas medalhas de ouro em provas de veloci-dade e criatividade no Word Jump Rope Championship, tornando-se Bi Cam-peão Mundial.

De acordo com Camila da Silva Jorge, uma das be-neficiárias do programa, a

actividade física para além de retar-dar a incapacidade física, ajuda-nos a

tornarmo-nos independentes e, con-sequentemente, eleva a nossa auto--estima e confiança traduzida numa maior agilidade na locomoção. Da Silva, acrescentou ainda que o “Pro-grama Envelhecer com Saúde” vem melhorando de ano para ano, pois no início os exercícios físicos eram exe-

cutados sem música, hoje balança-se ao sabor de ritmos variados que pro-porcionam uma prática de exercícios com mais prazer e perfeição.

“São inquestionáveis os benefícios que o programa está a proporcionar as nossas vidas, alguns de nós chega-mos por orientação médica e outros por influência dos frequentadores an-tigos justamente porque são notórios os resultados que este projecto pro-porciona”, disse Da Silva.

Para Carolina Oliveira, uma bene-ficiária que ingressou no programa em 2008 por orientação médica, visto que padecia de problemas nas articu-lações e na coluna vertebral, o “en-velhecer com saúde” mudou sua vida já que, agora que está no projecto, as dores horrorosas ficaram para trás.

Recorde-se que desde que o progra-ma foi criado mais de 630 pessoas da terceira idade já se beneficiaram do projecto.

UPUP10Nº 002 • Abril

A Universidade Pedagógica já tem licenciados em Geologia

Direcção da UP-Beira visista Centro de Recursos de Búzi

No âmbito da supervisão do fun-cionamento do Centro de Re-cursos do Búzi, a Direcção da

UP-Beira, na pessoa da Profª Doutora Fátima dos Santos Batalhão, directora da Delegação, Prof. Doutor Cristo, director adjunto para Pós-Graduação e Msc. Al-fredo, director Administrativo, visitou as instalações daquele centro nos dias 12 e 13 do corrente mês (Maio), tendo tido como agenda principal auscultação sobre o funcionamento da direcção pedagógica daquele centro, isto é, desde a implemen-tação das aulas até aos deveres administra-tivos.

Durante a visita, a directora da delega-ção e o seu elenco passou maior tempo a

assistir as aulas de alguns docentes afec-tos naquele centro, e interagiu com os estudantes para aferir do andamento do processo de ensino aprendizagem, tendo igualmente ficado a saber sobre a assi-duidade dos docentes às aulas. Ainda no mesmo contexto, a directora pôde assistir a aula do dr. Rui Verlop que abordava um tema relacionado com a circuncisão tra-dicional e convencional (medicina), com ilustrações práticas projectadas por um datashow. No decorrer da presente aula, foi possível ver o entusiasmo da directora enquanto observava o docente a falar.

A próxima visita vai ao distrito de Caia, onde se espera um encontro com o gover-no distrital e a supervisão pedagógica.

notícias DELEGAÇÕESDELEGAÇÕES

Volvidos 4 anos de formação académica desde que foi aberto o curso de geologia na Universidade Pedagógica, delegação da Beira, o Departamen-to de Ciências da Terra e ambiente nesta unidade orgânica da UP, produziu os primeiros 6 licenciados em geologia com habilidades em mineração no dia 26 de Abril de 2017.

Beira 11 de Maio- A Universidade Pedagógica-Delegação da Beira (UP-Bei-ra), concedeu no dia 11 do corrente mês donativos de artigos não perecí-veis ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), delegação da Beira, para apoiar as vítimas das intempéries que ultimamente tem assola-do o país com maior incidência na região centro.

Por: DCC UP - Beira

UP-Beira entrega donativo ao INGC

Segundo a Profª Doutora Fátima Batalhão, Directora da Dele-gação, o donativo concedido a

INGC é resultado de um esforço envi-dado pelo executivo da UP-Beira em colaboração com o Departamento de Serviços Sociais no período de 24 a 28 de Abril findo, tendo sido arrecadado 2 sacos de 100kg e 1 saco de 50kg de rou-

pa feminina, 2 sacos de 25kg de roupa masculina, 1 saco de 25kg de bolsas, 1 saco de 25kg de sapatos, 1 embalagem de farinha de milho, 3 embalagens de ca-dernos A5, e caixa de esferográficas e 1 lápis a carvão.

Feito a entrega do donativo, a direc-tora da delegação procurou se inteirar um pouco mais no funcionamento da INGC como uma instituição de resposta imediata as calamidades naturais, tendo visitado a UGEA e o Gabinete executivo

BEIRA

que é também considerado ser o centro operativo de emergências, que por sinal é o espaço ideal onde a governadora da província se reúne com o elenco desta instituição em casos de emergências do alerta vermelho, todavia, quando se trata do alerta laranja as reuniões tem sido di-rigidas pelo secretário permanente.

A INGC através do seu representante, apreciou bastante o gesto mostrado pela UP-Beira no seu contributo às vítimas das intempéries, e fez um apelo as outras instituições públicas aconselhando-as a optar pelo mesmo gesto para que todos juntos sejamos solidários àqueles que dia e noite clamam por ajuda.

As defesas de monografias cientí-ficas foram realizadas no anfitea-tro desta Delegação com massiva

participação de estudantes, docentes e a direcção desta unidade orgânica.

Sendo pioneiros na defesa de monogra-fia científica na área de geologias e minas a nível da UP em geral, o departamento que responde pelo curso em referência, con-vidou a direcção da instituição para tes-temunhar o evento, e pelo que fora teste-munhado pelos participantes ali presentes, as defesas dos estudantes envolvidos foram muito vivazes e cientificamente comoven-tes para todos os académicos.

Doutorando Mário Silva Uacane, o che-fe do departamento de Ciências da terra e

ambiente dessa unidade orgânica, garantiu a direcção da Delegação que iria materia-lizar a recomendação da direcção da UP--Beira sobre a apresentação pública dos resultados das pesquisas realizadas nesse departamento, em particular no curso de geologia, desta feita começando por ses-sões plenárias no dia 10 de Maio, altura da realização do geodiálogo e seminário interno desse departamento.

Pela natureza do evento, o espaço ficou insuficiente pela moldura humana que pretendia assistir cada comunicação que ali era apresentada, segundo o que pode se conferir nas imagens que seguem, e por fim na tabela abaixo pode se conferir os temas defendidos e os respectivos candidatos.

11Nº 002 • Abril UP

UP

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UP

notícias

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Clube desportivo da UP-Beira bate recorde

Por: DCC UP - Beira

DESPORTO

FACTOS & FOTOS

Os atletas do Clube desportivo da UP-Beira conquistaram no último campeonato de natação que teve lugar na piscina do ferroviário Beira, de 19 a 22 de Abril do corrente ano, 4 medalhas de ouro, 2 medalhas de prata e 5 medalhas de bronze.

Retomamos nesta edição e esperamos trazer sempre, esta rubrica, Factos & Fotos. Um espaço privilegiado para publicar fotos de acontecimentos, em que a notícia pode ser a própria foto. É um espaço aberto a colaboração de quem quiser colaborar. Envie uma, duas, três ou quatro fotografias, com ou sem texto, basta dizer quem aparece na foto a fazer o quê? Nós avaliamos a qualidade, o interesse e publicamos. Esperamos a vossa colaboração.Vejam Jorge Ferrão, Reitor da UP feito jornalista a entrevistar um estudante na Beira; trabalhadores da UP festejando o 1 de Maio, Eliseu Sueia director Edi-torial do UPN faz um sinal de que está tudo bem na UP; Professora Stela Mithá, assinando autográfos; Brazão Mazula e Jorge Ferrão, senhores Reitores num abraço a reformada professora Beatriz, que na foto ao lado recorda os bons velhos tempos de lanche com a também reformada professora Emília.

A cerimónia de entrega das me-dalhas as duas (2) vencedoras que por sinal são estudantes e

atletas da UP-Beira, teve lugar na sala de reunião do executivo da delegação, rés-do-chão, tendo sido presidida pela

directora da delegação Profª Doutora Fátima Batalhão, director adjunto para Pós-graduação Prof. Doutor Cristo Ma-deira, Director adjunto administrativo Msc Alfredo e o presidente do Clube Prof. Doutor Aniceto Mapfala.

No acto da entrega das medalhas às atletas, pôde-se ver o imparável sorri-so de satisfação no rosto da directora

da delegação, que após este acto para-benizou estas últimas pela conquista e disse estar muito, muito, e muito feliz por esta grande Victoria que é por sinal a pertença de todos nós.

É de realçar que, também foram par-te desta grande competição os Clubes Golfinhos de Maputo, Ferroviário da Beira, Clube Náutico da Beira e por fim ferroviário de Maputo.

UPUP12 notícias Nº 002 • Abril

A procura da unidade africana, 25 de Maio dia de África, 54 anosÁfrica celebra no próximo dia 25 de Maio 54 anos da fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), criada em 1963 por iniciativa ou impulso de dois líderes políticos africanos, Kwame Nkrumah do Gana e Gamal Abdel Nasser do Egito, com intuito de promover a unidade e solidariedade dos estados africanos, a defesa dos interesses políticos, económicos e sociais dos países- membros e servir como porta-voz do continente. Em 09 de Julho de 2002 a OUA foi transformada em União Africana, designação actual.

Um dos movimentos que impulsionou e galvanizou os lí-deres africanos à criação de uma organização continental, OUA, foi O pan-africanismo que surgiu em finais do sé-

culo XIX, como manifestação de solidariedade entre intelectuais de origem africana, espalhados pelo mundo, contra a hegemonia cul-tural branca.

Contudo, foi essencialmente a partir da Segunda Guerra Mundial que o pan-africanismo ganhou força, apresentando-se como uma ideologia de defesa dos valores culturais de África e de contestação à ocupação e repartição geopolítica do continente efetuadas pelas potências europeias.

Depois de 38 anos de actividade em prol da paz e do desenvolvi-mento do continente, a 02 de Março de 2001, em Sirte, Líbia, cer-ca de 40 estadistas reunidos na V Cimeira Extraordinária da OUA, proclamam o nascimento da União Africana (UA).

A actual instituição africana continua a agrupar os chefes de Esta-dos e de Governo e, contrariamente da sua antecessora, possui um Conselho Executivo - em vez do simples órgão dirigido pelo secre-tário-geral - composto por ministros dos Negócios Estrangeiros e outros ministros, entre outros órgãos.

A UA prevê a implantação gradual de um tribunal e de um parla-mento consultivo. Entre outros objectivos, a UA visa fazer face aos desafios com que o continente se defronta perante às mudanças so-ciais, económicas e políticas que se operam no mundo, bem como os enunciados na carta da OUA e no projecto de criação da Comu-nidade Económica Africana.

A UA continua a ser a unidade e solidariedade entre os países e povos de África, defender a soberania, integridade territorial e in-dependência dos seus Estados membros e acelerar a integração po-lítica e sócio-económica do continente, para realizar o sonho dos líderes pioneiros que em 1963 criaram a OUA.