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O CANCRO DO CÉREBRO Aqui poderá encontrar informações importantes sobre tumores cerebrais: possíveis causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e cuidados de acompanhamento. Encontrará ainda informações destinadas a ajudar os doentes a lidar com tumores cerebrais. Tumores Cerebrais Primários e Secundários Um tumor que surge inicialmente no cérebro é designado por tumor cerebral primário. Nas crianças, a maioria dos tumores cerebrais são primários. Nos adultos, a maioria dos tumores cerebrais correspondem a tumores do pulmão, da mama ou de outras regiões que metastizaram para o cérebro. Quando tal acontece, não se trata de um tumor cerebral, mas sim de um tumor secundário. A sua designação depende do órgão ou do tecido de origem. O tratamento dos tumores cerebrais secundários depende do local de origem e da extensão da doença. O Cérebro O cérebro é uma massa de tecido mole e esponjoso. Encontra- se protegido pelos ossos da caixa craniana e por três membranas muito finas designadas por meninges. O líquido cefalorraquidiano, um fluído aquoso, protege e amortece o cérebro. Este fluído circula pelos espaços entre as meninges e pelos espaços no interior do cérebro designados por ventrículos.

O CANCRO DO CÉREBRO

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O CANCRO DO CÉREBRO

Aqui poderá encontrar informações importantes sobre tumores cerebrais: possíveis

causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e cuidados de acompanhamento. Encontrará

ainda informações destinadas a ajudar os doentes a lidar com tumores cerebrais.

Tumores Cerebrais Primários e Secundários

Um tumor que surge inicialmente no cérebro é designado por tumor cerebral primário.

Nas crianças, a maioria dos tumores cerebrais são primários. Nos adultos, a maioria dos

tumores cerebrais correspondem a tumores do pulmão, da mama ou de outras regiões

que metastizaram para o cérebro. Quando tal acontece, não se trata de um tumor

cerebral, mas sim de um tumor secundário. A sua designação depende do órgão ou do

tecido de origem.

O tratamento dos tumores cerebrais secundários depende do local de origem e da

extensão da doença.

O Cérebro

O cérebro é uma massa de tecido mole e esponjoso. Encontra-se protegido pelos ossos

da caixa craniana e por três membranas muito finas designadas por meninges. O líquido

cefalorraquidiano, um fluído aquoso, protege e amortece o cérebro. Este fluído circula

pelos espaços entre as meninges e pelos espaços no interior do cérebro designados por

ventrículos.

Uma rede de nervos transporta mensagens bidireccionais entre o cérebro e o resto do

organismo. Alguns nervos vão directamente do cérebro para os olhos, ouvidos e outras

zonas da cabeça. Outros nervos percorrem a espinal medula, a fim de ligarem o cérebro

às outras partes do organismo. No interior do cérebro e da espinal medula as células

nervosas são rodeadas por células gliais, destinadas a mantê-las no lugar.

O cérebro controla tudo o que decidimos fazer (ex.: andar e falar) e aquilo que o nosso

corpo faz sem termos de pensar (ex.: respirar). O cérebro é ainda responsável pelos

nossos sentidos (visão, audição, tacto, paladar e olfacto) e pela memória, emoções e

personalidade.

Page 2: O CANCRO DO CÉREBRO

As três principais estruturas do cérebro controlam diversas actividades:

Cérebro – O cérebro é a porção mais volumosa do encéfalo e situa-se na parte

superior do cérebro. Utiliza a informação dos nossos sentidos para nos informar

sobre o que nos rodeia e indica ao nosso organismo como deve reagir. Controla

a leitura, o pensamento, a aprendizagem, a linguagem e as emoções.

O cérebro é composto pelos hemisférios cerebrais direito e esquerdo, que

controlam actividades distintas. O hemisfério direito controla os músculos do

lado esquerdo do corpo. O hemisfério esquerdo controla os músculos do lado

direito do corpo.

Cerebelo – O cerebelo situa-se na parte posterior do cérebro. O cerebelo

controla o equilíbrio, bem como acções mais complexas, como andar e falar.

Tronco Cerebral – O tronco cerebral liga o encéfalo à espinal medula. Controla

a fome, a sede, a respiração, a temperatura corporal, a pressão arterial e outras

funções básicas do corpo.

CANCRO DO CÉREBRO: GRAU DO TUMOR

Os tumores cerebrais são classificados de acordo com uma escala em graus: de baixo

grau (grau I) a alto grau (grau IV). O grau do tumor está relacionado com o aspecto das

células sob observação microscópica. As células de tumores de alto grau têm um

aspecto mais anómalo e tendem a crescer mais depressa do que as células de tumores de

baixo grau.

Tumores Cerebrais Primários

Os tumores com origem no tecido cerebral são conhecidos como tumores primários do

cérebro. Os tumores cerebrais primários são classificados de acordo com o tipo de

células ou com a parte do encéfalo onde tiveram origem. 

Page 3: O CANCRO DO CÉREBRO

Os tumores cerebrais primários mais comuns são os gliomas, que têm início nas células

gliais. Existem vários tipos de gliomas:

Astrocitoma – Tumor que deriva das células gliais em forma de estrela, designadas por

astrócitos. Nos adultos, os astrocitomas desenvolvem-se mais frequentemente no

cérebro. Nas crianças, surgem geralmente no tronco cerebral, cérebro e cerebelo. O

astrocitoma de grau III é habitualmente designado por astrocitoma anaplásico. O

astrocitoma de grau IV é frequentemente designado por glioblastoma multiforme.

Glioma do tronco cerebral – Este tipo de tumor surge na zona inferior do encéfalo. Os

gliomas do tronco cerebral são diagnosticados sobretudo em crianças pequenas e

adultos de meia-idade.

Ependimoma – Tumor que se desenvolve a partir das células que revestem os

ventrículos ou o canal central da espinal medula. Desenvolvem-se mais frequentemente

em crianças e adultos jovens.

Oligodendroglioma – Este tumor raro tem origem nas células que constituem a

substância adiposa que envolve e protege os nervos. Em geral, estes tumores surgem no

cérebro. A sua progressão é lenta e habitualmente não se disseminam para os tecidos

cerebrais adjacentes. São mais frequentes em adultos de meia-idade.

Existem alguns tipos de tumores cerebrais que não têm origem nas células gliais, tais

como:

Meduloblastoma – Este tumor tem origem no cerebelo. É o tumor cerebral mais

comum em crianças, sendo, por vezes, designado por tumor neuroectodérmico

primitivo.

Meningioma – Este tumor desenvolve-se nas meninges. Habitualmente, o seu

crescimento é lento.

Schwannoma – Este tumor raro desenvolve-se a partir de uma célula de Schwann.

Estas células revestem o nervo que controla o equilíbrio e a audição. Este nervo está

localizado no ouvido. Este tumor também é designado por neuroma acústico e ocorre

mais frequentemente em adultos.

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Craniofaringioma – Este tumor cresce na base do encéfalo junto à glândula pituitária.

Este tipo de tumor ocorre mais frequentemente em crianças.

Tumor de células germinais do cérebro – Este tumor tem origem nas células

germinais.  A maioria dos tumores de células germinais no encéfalo ocorrem em

pessoas com menos de 30 anos. O tipo de tumor de células germinais cerebral mais

comum é o germinoma.

Tumor da região pineal – Este tumor cerebral raro desenvolve-se na glândula pineal

ou perto dela. A glândula pineal está localizada entre o cérebro e o cerebelo.

Tumores Cerebrais Secundários

Quando o cancro atinge outra zona do organismo, a partir do seu local de origem, o

novo tumor tem o mesmo tipo de células e o mesmo nome que o tumor de origem. Um

cancro que se dissemina para o encéfalo, a partir de outra parte do corpo, é diferente do

tumor cerebral primário. Quando as células cancerígenas se disseminam para o

encéfalo, a partir de outro órgão (ex.: pulmão ou mama), o tumor passa a receber a

designação de tumor secundário ou tumor metastizado. Os tumores cerebrais

secundários são muito mais comuns do que os tumores primários.

CANCRO DO CÉREBRO: GRUPOS DE RISCO

Não se conhece com exactidão a causa dos tumores cerebrais. Os médicos raramente

conseguem explicar o porquê de algumas pessoas desenvolverem um tumor cerebral e

outras não. Contudo, sabe-se que não é uma doença contagiosa. Ninguém pode

“apanhar” a doença através de outra pessoa.

A investigação mostra que as pessoas com determinados factores de risco estão mais

predispostas a desenvolver tumores cerebrais do que outras. Um factor de risco é algo

que aumenta a possibilidade de se vir a desenvolver uma doença.

Os seguintes factores de risco estão associados a uma probabilidade acrescida de

desenvolver um tumor cerebral primário:

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Sexo – De modo geral, os tumores cerebrais são mais frequentes nos homens do

que nas mulheres. Contudo, os meningiomas ocorrem sobretudo em mulheres.

Raça – Os tumores cerebrais surgem mais frequentemente em caucasianos do

que noutras raças.

Idade – A maioria dos tumores cerebrais é detectada a partir dos 70 anos. No

entanto, os tumores cerebrais são o segundo tipo de cancro mais frequente nas

crianças.(a leucemia é o cancro mais frequente na infância). Os tumores

cerebrais são mais frequentes em crianças com menos de 8 anos.

Antecedentes familiares – As pessoas com familiares que desenvolveram

gliomas podem ter maior probabilidade de desenvolver esta doença.

Exposição a radiação ou a certos químicos no local de trabalho.

Radiação – Os trabalhadores da indústria nuclear apresentam um risco acrescido

de desenvolver um tumor cerebral.

Formaldeído – Ospatologistas e embalsamadores que trabalhem com

formaldeído têm um risco acrescido de desenvolver um tumor cerebral. Não se

observou risco acrescido de desenvolver tumores cerebrais noutros trabalhadores

expostos ao formaldeído.

Cloreto de Vinilo – Os trabalhadores da indústria de plástico podem estar

expostos ao cloreto de vinilo. Este químico pode aumentar o risco de

desenvolver tumores cerebrais.

Acrilonitrilo – Os trabalhadores da indústria têxtil e dos plásticos podem estar

expostos ao acrilonitrilo. Este químico pode aumentar o risco de desenvolver

tumores cerebrais.

Prosseguem as investigações sobre a possível relação entre o uso de telemóveis e os

tumores cerebrais. Os estudos efectuados até à data não confirmam essa relação.

Também continua a ser alvo de estudo a possível causalidade entre os traumatismos

cranianos e o risco de desenvolver tumores cerebrais. Os estudos realizados até hoje não

estabeleceram essa relação.

Muitas pessoas que apresentam factores de risco conhecidos não desenvolvem tumores

cerebrais. Em contrapartida, muitas pessoas que desenvolvem a doença, não apresentam

Page 6: O CANCRO DO CÉREBRO

factores de risco conhecidos. As pessoas que pensem estar em risco devem consultar o

seu médico. Este poderá sugerir formas de reduzir o risco e elaborar um calendário para

a realização de exames médicos.

CANCRO DO CÉREBRO: SINTOMAS DE ALERTA

Os sintomas dos tumores cerebrais dependem do tamanho, tipo e localização do tumor.

Os sintomas podem surgir quando o tumor comprime um nervo ou danifica determinada

área do encéfalo. Os sintomas podem ainda surgir quando o encéfalo incha ou o líquido

dentro do crânio aumenta.

Os sintomas mais frequentes dos tumores cerebrais são os seguintes:

Dores de cabeça (geralmente mais fortes de manhã)

Náuseas ou vómitos

Alterações na fala, visão ou audição

Dificuldade em manter o equilíbrio ou andar

Alterações de humor, personalidade ou capacidade de concentração

Problemas de memória

Espasmos ou tremores musculares (ataques epilépticos convulsões)

Enfraquecimento ou formigueiro nos braços ou pernas

Estes sintomas não constituem sinais óbvios da existência de tumor cerebral, uma vez

que podem dever-se a outras situações. As pessoas que apresentarem estes sintomas

devem consultar o seu médico o mais rapidamente possível. Estes problemas só podem

ser diagnosticados e tratados por um médico.

CANCRO DO CÉREBRO: FORMAS DE DIAGNÓSTICO

As pessoas que apresentem sintomas indicativos de tumor cerebral, poderão ter de

realizar um ou mais dos seguintes procedimentos:

Exame físico – O médico verifica os sinais gerais de saúde.

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Exame neurológico – O médico verifica a agilidade, força muscular,

coordenação, reflexos e resposta à dor. O médico também examina os olhos para

identificar edemas que possam ser provocados pela compressão do tumor no

nervo óptico, que liga o olho ao encéfalo.

TAC – Através de um aparelho de raios X ligado a um computador, é possível

obter várias imagens da cabeça. Poderá ser administrado material de contraste

para se observar o encéfalo com maior nitidez. O material de contraste permite

observar os órgãos e os tecidos de tumores cerebrais.

RM – Um íman gigante ligado a um computador permite obter imagens

detalhadas do interior do corpo. Estas imagens são visualizadas num monitor e

podem ser impressas. Por vezes, é injectado um contraste para ajudar a

visualizar diferenças nos tecidos cerebrais. As imagens podem evidenciar um

tumor ou outro problema cerebral.

O médico poderá solicitar outros exames:

Angiograma – Para este procedimento é injectado na corrente sanguínea um

contraste que permite observar os vasos sanguíneos cerebrais no raio X. Se

existir um tumor poderá ser visualizado no raio X.

Raio X craniano – Alguns tipos de tumores cerebrais causam depósitos de

cálcio no encéfalo ou alterações nos ossos cranianos. Através de raio X, o

médico pode observar estas alterações.

Punção lombar – Trata-se da colheita de uma amostra de líquido

cefalorraquidiano (líquido que preenche os espaços dentro e em redor do

encéfalo e da espinal medula).  Para a realização deste procedimento é

administrada anestesia local. O médico utiliza uma agulha fina e comprida para

recolher líquido da espinal medula, procedimento que demora cerca de 30

minutos. O doente deve permanecer deitado durante várias horas após a punção,

de modo a evitar dores de cabeça. No laboratório, é verificada a existência de

células cancerígenas no líquido ou outros sinais de doença.

Mielograma – Trata-se de um raio X da coluna vertebral. Efectua-se uma

punção lombar para injectar um corante especial no líquido cefalorraquidiano. O

doente deverá estar inclinado para que a solução corante se misture com o

líquido. Este exame possibilita ao médico detectar um tumor na espinal medula.

Page 8: O CANCRO DO CÉREBRO

Biópsia – À colheita de tecidos para se determinar a presença de células

cancerígenas dá-se o nome de biópsia. As células são observadas ao microscópio

por um patologia no sentido de detectar a existência de células anómalas. A

biópsia pode revelar a presença de cancro, alterações nos tecidos passíveis de

provocar cancro, bem como outras situações. A biópsia é o único método seguro

para diagnosticar um tumor cerebral.

Os cirurgiões têm ao seu dispor três formas de colher tecidos:

Biópsia aspirativa – O cirurgião realiza uma pequena incisão no couro

cabeludo e efectua um pequeno orifício no crânio. Esta abertura é designada por

orifício de trepanação. O médico faz passar uma agulha através do orifício de

trepanação e recolhe uma amostra de tecido do tumor cerebral.

Biópsia estereotáxica – Um dispositivo de imagiologia, como a TAC ou a RM,

guia a agulha através do orifício de trepanação até ao local do tumor. O cirurgião

recolhe uma amostra de tecido com a agulha.

Biópsia em simultâneo com o tratamento – Por vezes, o cirurgião recolhe uma

amostra de tecido enquanto o doente é submetido à cirurgia para remover o

tumor.

Por vezes, não é possível efectuar uma biópsia. Se o tumor estiver localizado no tronco

cerebral ou em determinadas áreas, o cirurgião poderá não conseguir remover tecido do

tumor sem lesionar o tecido cerebral normal. Em alternativa, o médico recorre à RM,

TAC ou a outros exames imagiológicos.

Um doente que necessite de biópsia poderá colocar ao médico algumas questões:

Por que razão tenho de realizar uma biópsia? De que modo irá a biópsia afectar

o meu tratamento?

Que tipo de biópsia será efectuada?

Quanto tempo demorará? Vou estar acordado durante o procedimento? É

doloroso?

Quais são as probabilidades de ocorrer uma infecção ou hemorragia depois da

biópsia? Existem outros riscos?

Os resultados demoram muito?

Page 9: O CANCRO DO CÉREBRO

Se tiver um tumor cerebral, quem falará comigo sobre o tratamento? Quando?

O TRATAMENTO DO CANCRO DO CÉREBRO

Muitos doentes com tumores cerebrais exigem ter um papel activo nas decisões sobre os

cuidados médicos que lhes são prestados. Querem estar o mais informados possível

sobre a sua doença e as opções de tratamento. Contudo, o choque e a tensão que as

pessoas habitualmente sentem após um diagnóstico de cancro fazem com que seja difícil

pensar em tudo o que gostariam de perguntar ao médico. Muitas vezes, é útil preparar

uma lista de perguntas antes da consulta. Para ajudar a relembrar o que o médico disse,

os doentes podem tirar apontamentos ou pedir autorização para utilizar um gravador.

Alguns doentes querem ainda ter consigo um familiar ou amigo quando falam com o

médico – para participar na discussão, tomar notas ou simplesmente ouvir.

O médico pode encaminhar o doente para um especialista ou o próprio doente pode

solicitar esse encaminhamento.

Os especialistas que tratam tumores cerebrais são os neurocirurgiões, neuro-

oncologistas, oncologistas e radioterapeutas. O doente pode ser reencaminhado para

outro profissional de saúde que faça parte da equipa. A equipa médica pode ser

constituída por um enfermeiro, um nutricionista, um psicólogo, um assistente social, um

fisioterapeuta, um terapeuta ocupacional e um terapeuta da fala. As crianças poderão

necessitar de alguém que as ajude nos trabalhos escolares.

Obter uma Segunda Opinião

Antes de iniciar o tratamento, o doente pode querer uma segunda opinião relativamente

ao diagnóstico e ao plano de tratamento. Existem várias formas de encontrar um médico

para obter uma segunda opinião:

O seu médico pode encaminhá-la para um ou mais especialistas. Nos centros de

oncologia, vários especialistas trabalham em equipa.

Preparação para o Tratamento

Page 10: O CANCRO DO CÉREBRO

O médico pode descrever as opções de tratamento e discutir os resultados esperados

para cada opção. O médico e o doente podem trabalhar em conjunto no

desenvolvimento de um plano terapêutico adaptado às necessidades do doente.

O tratamento depende de vários factores, designadamente o tipo, localização, tamanho e

grau do tumor. Em certos tipos de tumor cerebral, o médico também necessita de saber

se foram identificadas células cancerígenas no líquido cefalorraquidiano.

 

Estas são algumas das questões que o doente poderá querer colocar ao médico antes de

iniciar o tratamento:

Qual é o meu tipo de tumor?

Trata-se de um tumor benigno ou maligno?

Qual é o grau do tumor?

Quais são as minhas opções de tratamento? O que é que me recomenda?

Porquê?

Que benefícios posso esperar de cada tipo de tratamento?

Quais são os riscos e possíveis efeitos secundários dos tratamentos?

Qual é o custo estimado do tratamento?

De que forma é que o tratamento afectará as minhas actividades normais?

A participação num ensaio clínico (estudo de pesquisa) poderá ter interesse para

mim? Pode ajudar-me a encontrar um?

CANCRO DO CÉREBRO: MÉTODOS DE TRATAMENTO

Os doentes com tumores cerebrais dispõem de várias opções de tratamento. Consoante o

tipo de tumor e o seu estadio, os doentes podem ser submetidos a cirurgia,

radioterapia ou quimioterapia. Alguns doentes recebem um tratamento combinado.

Em qualquer estadio de evolução da doença, os doentes podem receber tratamento para

controlar a dor e outros sintomas, para atenuar os efeitos secundários do tratamento e

Page 11: O CANCRO DO CÉREBRO

para reduzir os problemas emocionais. Este tipo de tratamento é designado por controlo

dos sintomas, cuidados de suporte ou cuidados paliativos.

O médico é a pessoa mais indicada para descrever as opções de tratamento e discutir os

resultados esperados.

O doente pode querer debater com o seu médico a possível participação num ensaio

clínico, ou seja, num estudo de investigação de novos métodos de tratamento.

A cirurgia é um tratamento comum para a maior parte dos tumores cerebrais. A

cirurgia para abrir o crânio é designada por craniotomia. Este procedimento é realizado

mediante anestesia geral. Antes de iniciar a cirurgia, o couro cabeludo é rapado; o

cirurgião efectua então uma incisão no couro cabeludo e utiliza um tipo especial de

serra para remover um osso do crânio. Depois de remover parte ou a totalidade do

tumor, o cirurgião cobre a abertura do crânio com o osso removido ou com uma peça

metálica ou de tecido. Por fim, o cirurgião fecha a incisão do couro cabeludo.

Estas são algumas das questões que o doente poderá querer colocar ao médico antes da

cirurgia:

Como me irei sentir depois da operação?

Se tiver dores, o que é que pode fazer?

Quanto tempo terei de ficar no hospital?

Terei alguns efeitos a longo prazo? O meu cabelo volta a crescer? Podem

ocorrer efeitos secundários devidos ao uso de metal ou tecido para substituir o

osso do crânio?

Quando posso retomar as minhas actividades habituais?

Qual é a probabilidade de recuperar totalmente?

Por vezes, não é possível realizar a cirurgia. Se o tumor estiver localizado no tronco

cerebral ou noutras áreas, o cirurgião poderá não conseguir remover o tumor sem

lesionar o tecido cerebral normal. Os doentes que não podem ser submetidos a cirurgia,

são tratados com radiação ou outras abordagens.

A radioterapia (terapia por radiação) utiliza raios de alta energia para matar  as células

cancerígenas. A radiação é emitida a partir de raios X, raios gama ou protões. Um

Page 12: O CANCRO DO CÉREBRO

aparelho de grande dimensão dirige a radiação para o tumor e para os tecidos

adjacentes. Por vezes, a radiação pode ser direccionada para todo o encéfalo ou para a

espinal medula.

Geralmente, a terapia por radiação é efectuada depois da cirurgia. A radiação mata as

células tumorais que possam ter permanecido nessa região. Os doentes que não podem

ser submetidos a cirurgia são muitas vezes tratados com radiação.

Este tipo de tratamento é efectuado num hospital ou clínica. A calendarização do

tratamento depende do tipo e dimensão do tumor, bem como da idade do doente. Cada

sessão demora apenas alguns minutos.

Devem ser tomadas medidas para proteger o tecido saudável em redor do tumor

cerebral:

Fraccionamento – Geralmente, a radioterapia é administrada 5 dias por semana,

durante várias semanas. A administração da dose total de radiação por um

período prolongado ajuda a proteger os tecidos saudáveis na área do tumor.

Hiperfraccionamento – Nesta caso, são administradas ao doente doses menores

de radiação, duas ou três vezes por dia, em vez de uma dose diária mais elevada.

Terapia por radiação estereotáxica – Feixes estreitos de radiação são

direccionados para o tumor, a partir de diferentes ângulos. Para este

procedimento, é utilizada uma armação rígida para a cabeça do doente. A

ressonância magnética (RM) ou TAC criam imagens com a localização exacta

do tumor. O médico utiliza o computador para decidir qual a dose de radiação

necessária, bem como o tamanho e os ângulos dos feixes. Esta terapia pode ser

administrada numa única consulta ou em várias.

Terapia por radiação tridimensional conformada – O computador cria uma

imagem tridimensional do tumor e do tecido cerebral circundante. O médico

dirige múltiplos feixes de radiação para o local exacto do tumor. A focagem

precisa dos feixes de radiação protege os tecidos cerebrais normais.

Terapia por radiação com feixe de protões – Neste caso, a fonte de radiação

são os protões, em vez dos raios X. O médico dirige os feixes de protões para o

tumor. Os protões conseguem atravessar os tecidos saudáveis sem os danificar.

Page 13: O CANCRO DO CÉREBRO

Estas são algumas das questões que o doente poderá querer colocar ao médico sobre a

radioterapia:

Por que necessito desta terapia?

Quando começarão os tratamentos? Quando terminarão?

Como me irei sentir durante a terapia? Existem efeitos secundários?

Que cuidados devo ter comigo durante o tratamento?

Como sabemos se a radiação está a resultar?

Poderei realizar as minhas actividades habituais durante o tratamento?

Quimioterapia (QT) – esta abordagem utiliza fármacos para matar células

cancerígenas, e é também utilizada no tratamento de tumores cerebrais. Os fármacos

podem ser administrados por via oral ou injectável. Em ambos os casos, os fármacos

entram na corrente sanguínea e circulam pelo corpo. Em geral, são administrados em

ciclos, de modo a que haja um período de recuperação a seguir a cada período de

tratamento.

A quimioterapia pode ser administrada no hospital, em regime ambulatório, no

consultório médico ou em casa. O doente raramente necessita de ficar hospitalizado.

As crianças têm maior probabilidades de serem submetidas a quimioterapia do que os

adultos. No entanto, os adultos podem receber quimioterapia após a cirurgia e a

radioterapia.

Em alguns doentes com cancro cerebral recorrente, o cirurgião remove o tumor e

implanta vários discos contendo quimioterapia. Cada disco é mais ou menos do

tamanho de uma moeda. O disco dissolve-se ao longo de várias semanas, libertando o

fármaco no encéfalo para matar as células cancerígenas.

Os doentes poderão querer colocar as seguintes perguntas sobre quimioterapia:

Por que razão preciso deste tratamento?

Que efeito terá?

Tem efeitos secundários? O que posso fazer para os minimizar?

Quando começará o tratamento? Quando terminará?

Com que frequência terei de realizar exames médicos completos?

Page 14: O CANCRO DO CÉREBRO

EFEITOS SECUNDÁRIOS POSSÍVEIS

Tendo em conta que o tratamento pode danificar células e tecidos saudáveis, é possível

que ocorram efeitos secundários. Estes efeitos secundários dependem de diversos

factores, designadamente a localização e o tipo de tumor, e a extensão do tratamento. Os

efeitos secundários não são semelhantes em todas as pessoas, podendo, inclusivamente,

variar entre as diversas sessões de tratamento. Antes de iniciar o tratamento, os médicos

e enfermeiros explicarão quais são os possíveis efeitos secundários resultantes do

tratamento e como lidar com eles.

Cirurgia

Nos primeiros dias após a cirurgia, os doentes sentem habitualmente dores de cabeça ou

desconforto, que podem ser controlados com medicação. Os doentes não devem ter

receio de falar com o médico ou enfermeiro sobre as formas de aliviar a dor.

Também é normal que os doentes se sintam cansados ou débeis. O tempo de

recuperação após uma operação varia de doente para doente.

Também podem ocorrer outras complicações menos comuns.

A quantidade de sangue ou de líquido cefalorraquidiano pode aumentar no encéfalo. A

este inchaço dá-se o nome de edema. A equipa médica monitoriza os doentes para

detectar sinais destas complicações. Podem ser administrados esteróides ao doente para

aliviar este inchaço. Pode ser necessária uma segunda cirurgia para drenar o líquido. O

cirurgião coloca um tubo fino e comprido (shunt) num ventrículo cerebral. Este tubo é

ligado, por baixo da pele, a outra zona, geralmente o abdómen. O líquido em excesso é

retirado do encéfalo e drenado para o interior do abdómen, ou eventualmente para o

coração.

As infecções são outra possível complicação que pode surgir após a cirurgia. Se tal

acontecer, o doente deverá ser tratado com um antibiótico.

A cirurgia cerebral pode danificar o tecido cerebral normal, o que constitui um

problema grave. O doente pode ter dificuldade em pensar, ver ou falar e, ainda, sofrer

Page 15: O CANCRO DO CÉREBRO

alterações de personalidade ou ataques epilépticos. A maioria destes problemas diminui

ou desaparece com o tempo. No entanto, os danos cerebrais podem ser permanentes, o

que leva o doente a recorrer a fisioterapia, terapia da fala ou terapia ocupacional.

Radioterapia

Depois do tratamento, alguns doentes têm náuseas durante várias horas. A equipa

médica pode sugerir soluções para ajudar o doente a lidar com estes problemas. A

radioterapia pode, ainda, causar uma grande fadiga à medida que o tratamento decorre.

É fundamental repousar, embora os médicos aconselhem os doentes a permanecer o

mais activos possível.

Na maioria dos casos, a radioterapia causa queda de cabelo, embora este volte a crescer

após alguns meses. A radioterapia pode também provocar alterações cutâneas na região

tratada. O couro cabeludo e as orelhas podem ficar avermelhados, secos e sensíveis. A

equipa médica pode sugerir aos doentes formas de aliviar estes problemas.

A radioterapia pode também originar um inchaço nos tecidos cerebrais. Os doentes

podem ter dores de cabeça ou uma sensação de pressão. A equipa médica deverá

controlar estes sintomas com medicação, de forma a reduzir o desconforto.

A radiação pode destruir tecidos cerebrais saudáveis. A este efeito secundário dá-se o

nome de necrose por radiação. A necrose pode causar dores de cabeça, ataques

epilépticos ou até levar à morte do doente.

Nas crianças, a radiação pode danificar a glândula pituitária, bem como outras áreas do

encéfalo, daí resultando dificuldades de aprendizagem ou atraso no crescimento e

desenvolvimento. A radiação durante a infância aumenta o risco de desenvolvimento de

futuros tumores secundários. Prossegue a investigação para determinar se, em vez da

radioterapia, as crianças com tumores cerebrais podem receber quimioterapia.

Os efeitos secundários podem ser mais graves se a quimioterapia e a radioterapia forem

administradas simultaneamente. O médico pode sugerir formas de prevenir estas

complicações.

Quimioterapia

Page 16: O CANCRO DO CÉREBRO

Os efeitos secundários da quimioterapia dependem sobretudo dos fármacos utilizados.

Os efeitos secundários mais frequentes são: febre e arrepios, náuseas e vómitos, perda

de apetite e fraqueza. Alguns efeitos secundários podem ser aliviados com

medicamentos.

Os doentes que coloquem um implante (ou disco) com fármaco são monitorizados pela

equipa médica para detectar quaisquer sinais de infecção pós-operatória. As infecções

podem ser tratadas com antibióticos.

CANCRO DO CÉREBRO: CUIDADOS DE SUPORTE

Em qualquer estadio da doença, as pessoas com tumores cerebrais recebem cuidados de

suporte para prevenir ou controlar as complicações que possam surgir e melhorar o seu

conforto e qualidade de vida durante o tratamento. Os doentes podem ser submetidos a

tratamentos para controlar a dor e outros sintomas associados ao tumor cerebral, para

aliviar os efeitos secundários da terapia ou para minimizar os problemas emocionais.

Estes são alguns tipos de cuidados de suporte para pessoas com tumores cerebrais:

Esteróides – A maior parte dos doentes com tumores cerebrais necessita de

esteróides para atenuar o edema cerebral.

Medicamentos antiespasmódicos – Os tumores cerebrais podem causar ataques

epilépticos. Os doentes podem tomar medicamentos anti-espasmódicos, de modo

a prevenir ou controlar estes ataques.

Shunt – Se o líquido aumentar no encéfalo, o cirurgião pode colocar um shunt

para o drenar.

Muitas pessoas com tumores cerebrais recebem cuidados de suporte, simultaneamente

com tratamentos destinados a retardar a progressão da doença. Outras pessoas optam

por não efectuar tratamento antitumoral, recebendo apenas cuidados de suporte para

lidar com os sintomas.

Page 17: O CANCRO DO CÉREBRO

CANCRO DO CÉREBRO: A REABILITAÇÃO

A reabilitação pode constituir uma etapa fundamental do plano terapêutico. Os

objectivos da reabilitação dependem das necessidades do doente e dos efeitos do tumor

nas suas actividades diárias. A equipa médica pode ajudar o doente a retomar as suas

actividades normais o quanto antes. Vários tipos de terapeutas podem ajudar:

Fisioterapeutas – Os tumores cerebrais e seu tratamento podem provocar

paralisia, para além de fraqueza e perturbações do equilíbrio. Os fisioterapeutas

ajudam os doentes a recuperar a força e o equilíbrio.

Terapeutas da fala – Os terapeutas da fala ajudam os doentes com dificuldade

em falar, exprimir pensamentos ou engolir.

Terapeutas ocupacionais – Os terapeutas ocupacionais ajudam os doentes a

aprender a levar a cabo as actividades do quotidiano, como comer, ir à casa de

banho, tomar banho e vestir-se.

As crianças com tumores cerebrais podem ter necessidades especiais. Por vezes, as

crianças dispõem de explicadores no hospital ou em casa. As crianças com dificuldades

de aprendizagem ou memória poderão ter de recorrer a explicadores ou integrar turmas

especiais quando voltam para a escola.

CANCRO DO CÉREBRO: CUIDADOS DE ACOMPANHAMENTO (FOLLOW-UP)

Depois do tratamento de um tumor cerebral é fundamental o acompanhamento regular.

O médico examina atentamente o doente para se certificar de que não houve recidiva ou

recorrência do tumor. O exame médico completo pode incluir exames físicos e

neurológicos minuciosos. Periodicamente o doente poderá realizar uma RM ou TAC. Se

o doente tiver um shunt, o médico verificará o seu funcionamento correcto. O médico

explicará o plano de acompanhamento: frequência com que o doente deve voltar ao

médico e quais os exames necessários.

Page 18: O CANCRO DO CÉREBRO

Cancro e outros tumores da boca

As formas de cancro da cavidade bucal manifestam-se numa percentagem muito

elevada de pessoas. É também muito frequente, comparado com outros cancros e

considerando o tamanho pequeno da boca relativamente ao resto do corpo. Juntamente

com o cancro do pulmão e da pele, o cancro da boca é mais fácil de prevenir do que

muitos outros.

Os tumores não cancerosos (benignos) e cancerosos (malignos) podem ter origem em

qualquer tipo de tecido na boca e à volta da mesma, incluindo ossos, músculos e nervos.

O cancro que tem origem no revestimento interno da boca ou nos tecidos superficiais

chama-se carcinoma; o cancro originado nos tecidos mais profundos chama-se sarcoma.

Só em raras ocasiões as formas de cancro da região bucal são consequência da

propagação de um cancro de outras partes do organismo, sendo os pulmões, as mamas e

a próstata as mais comuns.

O exame físico para detectar o cancro da boca deve constituir uma parte integral dos

exames médicos e odontológicos, dado que é fundamental a sua detecção prematura.

Geralmente, as formas cancerosas com menos de 15 mm de diâmetro podem curar-se

facilmente. Infelizmente, a maioria das formas de cancro da boca diagnosticam-se

somente quando o cancro já se propagou aos gânglios linfáticos do maxilar e do

pescoço. Devido à detecção tardia, 25 % dos casos de cancro da boca são mortais.

Factores de risco

O risco de cancro da boca é maior nos fumadores ou em pessoas que consomem bebidas

alcoólicas. É provável que a causa do cancro se deva à combinação de álcool e de

tabaco, mais do que a um destes factores separadamente. Dois terços dos casos de

cancro da boca afectam os homens, mas o hábito do tabaco entre as mulheres, cada vez

mais espalhado durante as últimas décadas, faz com que esta diferença vá

desaparecendo gradualmente.

O cigarro é uma das causas mais prováveis de cancro da boca, mais do que fumar

charutos ou cachimbo. Uma zona castanha, plana e sardenta (a mancha do fumador)

pode aparecer nos lábios sobre o ponto onde habitualmente se segura o cachimbo ou o

Page 19: O CANCRO DO CÉREBRO

cigarro. Somente uma biopsia (extracção de uma amostra de tecido para o seu exame ao

microscópio) pode determinar se a mancha é cancerosa.

As irritações repetidas que os bordos de um dente partido podem causar, as obturações

ou a prótese dentária (como coroas e pontes) podem aumentar o risco de cancro da boca.

As pessoas que sofreram de algum tipo de cancro oral estão sujeitas a um maior risco de

contrair outras formas de cancro.

Sintomas e diagnóstico

O cancro da boca aparece com maior frequência nos lados da língua, no pavimento da

boca e na parte posterior do palato (palato mole). As formas cancerosas da língua e do

pavimento da boca são habitualmente carcinomas de células escamosas. O sarcoma de

Kaposi é um cancro dos vasos sanguíneos próximos da pele. É mais frequente na boca,

habitualmente no palato das pessoas que sofrem de SIDA.

O cancro localiza-se frequentemente no interior das bochechas e dos lábios das pessoas

que mascam e aspiram tabaco. Estas formas de cancro são muitas vezes carcinomas

verrugosos de crescimento lento.

O melanoma, um cancro que habitualmente se desenvolve na pele, aparece com menor

frequência na boca. Recomenda-se a ida ao médico, ou ao dentista, se alguma zona da

boca apresentar uma alteração de cor recente, parda ou escura, dado que pode tratar-se

de um melanoma. No entanto, não se deve confundir um melanoma com as áreas de

pigmentação normal da boca, como acontece com algumas famílias, particularmente

entre as pessoas de pele escura e algumas populações do Mediterrâneo.

Língua

O cancro da língua é invariavelmente indolor na sua fase inicial e detecta-se

habitualmente durante um exame odontológico de rotina.

É característico o cancro aparecer nos lados da língua, embora raramente se desenvolva

por cima desta, com excepção de alguém afectado durante anos por sífilis não tratada.

Os carcinomas de células escamosas da língua muitas vezes aparecem como úlceras

abertas e tendem a crescer para dentro das estruturas subjacentes.

Page 20: O CANCRO DO CÉREBRO

Uma zona avermelhada na boca (eritroplasia) é uma lesão precursora de cancro.

Alguém a quem apareça uma zona avermelhada nos bordos da língua deve dirigir-se ao

médico ou ao dentista.

Pavimento da boca

O cancro do pavimento da boca é invariavelmente indolor na sua fase inicial e,

geralmente, detecta-se durante um exame odontológico de rotina. Tal como o cancro da

língua, esta forma de cancro é habitualmente um carcinoma de células escamosas que

tem um aspecto de úlceras abertas e tende a crescer para dentro das estruturas

subjacentes.

Alguém a quem apareça uma zona avermelhada (eritroplasia) no pavimento da boca

deve dirigir-se ao médico ou ao dentista porque isso pode indicar a existência de um

cancro. 

Palato mole

O cancro do palato mole pode ser um carcinoma de células escamosas ou um cancro

que começa nas pequenas glândulas salivares do palato mole. O carcinoma de células

escamosas muitas vezes tem o aspecto de uma úlcera. Frequentemente, o cancro que

começa nas pequenas glândulas salivares aparece como uma inflamação ligeira.

Revestimento da boca

Quando o revestimento interno da boca (mucosa bucal) se irrita durante muito tempo,

pode desenvolver-se uma mancha branca e plana que não sai esfregando (leucoplasia).

O ponto irritado aparece branco porque se trata de uma camada espessada de uma

substância chamada queratina que cobre a parte mais externa da pele e que normalmente

é menos abundante no revestimento da boca. Ao contrário de outras áreas brancas que

se desenvolvem na boca, geralmente pela acumulação de alimentos, bactérias ou fungos,

a leucoplasia não se pode limpar. Quase sempre a leucoplasia é o resultado de uma

resposta de protecção normal da boca contra outras feridas. Mas no processo de

formação desta cobertura protectora, algumas células podem transformar-se em

cancerosas.

Em contraste, uma zona avermelhada da boca (eritroplasia) aparece em consequência de

Page 21: O CANCRO DO CÉREBRO

um adelgaçamento da mucosa bucal. A zona aparece vermelha porque os capilares

subjacentes são mais visíveis. A eritroplasia é uma lesão que precede um cancro de um

modo muito mais alarmante que a leucoplasia. A pessoa que tenha qualquer área

vermelha na boca deve dirigir-se ao médico ou ao dentista.

Uma úlcera é uma ferida que se forma no revestimento da boca quando a camada das

células superiores se deteriora, deixando ver o tecido subjacente. A úlcera é branca,

devido às células mortas que estão no interior da ferida. As úlceras da boca são, com

frequência,. o resultado da irritação ou de uma ferida nos tecidos, por exemplo, quando

se morde acidentalmente ou se lesiona a parte interna da bochecha. Outras causas são as

aftas e as substâncias irritantes, como a aspirina no caso de se manter contra as

gengivas. As úlceras não cancerosas são invariavelmente dolorosas. Uma úlcera que não

doa e dure mais de 10 dias pode ser pré-cancerosa ou cancerosa e deve ser examinada

por um médico ou um dentista.

Uma pessoa que masque tabaco ou use rapé pode desenvolver um rebordo branco com

cristas na parte interna das bochechas. Estas tumefacções podem transformar-se num

carcinoma verrugoso.

Gengivas

Uma tumefacção visível ou uma zona elevada na gengiva não é causa de alarme. No

entanto, se tais factores não forem consequência de abcessos periodontais ou do abcesso

de um dente, pode tratar-se de um tumor não canceroso provocado por irritação. Os

tumores não cancerosos são relativamente frequentes e, se for necessário, podem

extirpar-se facilmente por cirurgia. Dado que o factor de irrigação permanece, as

recidivas dos tumores não cancerosos apresentam-se entre 10 % e 40 % das pessoas. Se

o factor irritante for uma dentadura postiça mal adaptada, esta deve ajustar-se ou ser

substituída.

Lábios

Os lábios, com maior frequência o inferior, podem sofrer danos pelo sol (queilose

actínica), que se manifesta com gretas nos lábios e alteração da cor (de vermelho,

branco ou vermelho-esbranquiçado ao mesmo tempo). O médico, ou o dentista, pode

fazer uma biopsia para determinar se estas manchas desiguais são cancerosas. Em

Page 22: O CANCRO DO CÉREBRO

climas soalheiros é mais comum o cancro da parte externa do lábio. O cancro do lábio e

de outras partes da boca é muitas vezes duro ao tacto e está aderente ao tecido

subjacente, enquanto a maioria das tumefacções não cancerosas nestas zonas se movem

com facilidade. As anomalias do lábio superior são menos comuns do que as do lábio

inferior, mas são mais propensas a transformarem-se num cancro e requerem cuidados

médicos.

Uma pessoa que masca ou aspira tabaco pode desenvolver bordos brancos com cristas

na parte interna dos lábios, que podem transformar-se num carcinoma verrugoso.

Cancro ao nível do lábio inferior

Glândulas salivares

Os tumores das glândulas salivares podem ser cancerosos ou não cancerosos. Podem

surgir em qualquer dos três pares das principais glândulas salivares: a glândula parótida

(na parte lateral da cara, em frente do ouvido), a glândula submaxilar (debaixo da parte

lateral do maxilar inferior) ou a glândula sublingual (no pavimento da boca em frente da

língua). Podem também desenvolver-se tumores nas glândulas salivares menores, que

estão dispersas por todo o revestimento da boca. O crescimento inicial dos tumores das

glândulas salivares pode ser doloroso ou não. Os tumores cancerosos tendem a crescer

rapidamente e são duros ao tacto. 

Maxilar inferior

Vários tipos de quistos não cancerosos provocam dor e inchaço no maxilar inferior.

Muitas vezes, estão próximos de um molar do siso que não se pode desenvolver, por ser

impedido pelo próprio maxilar, e, embora não sejam cancerosos, podem destruir áreas

consideráveis do maxilar à medida que se propagam. Certos tipos de quistos são mais

propensos a repetir-se. Os odontomas são tumores duros não cancerosos, de estrutura

Page 23: O CANCRO DO CÉREBRO

parecida com a do dente e com o aspecto de pequenos dentes adicionais e deformados.

Dado que podem ocupar o lugar dos dentes normais ou interferir no seu crescimento,

muitas vezes têm de ser extraídos cirurgicamente.

Frequentemente, o cancro do maxilar inferior produz dor e um mal-estar parecido com a

sensação de um anestésico bucal à medida que vai perdendo o seu efeito. Geralmente, as

radiografias não distinguem o cancro do maxilar dos quistos, tumores ósseos não

cancerosos, nem das formas cancerosas que se propagaram de outras partes do

organismo. No entanto, as radiografias habitualmente detectam os bordos irregulares do

cancro do maxilar e podem mostrar se o cancro consumiu as raízes dos dentes mais

próximos. Geralmente, para confirmar um diagnóstico de cancro do maxilar, requer-se

uma biopsia (extracção de uma amostra de tecido e o seu exame ao microscópio).

Tumor unilateral da parótida que provoca uma paralisia facial do lado esquerdo

Prevenção e tratamento

O risco de cancro dos lábios reduz-se protegendo-se do sol. Evitar o consumo excessivo

de álcool e de tabaco pode prevenir a maioria das formas de cancro da boca. Outra das

medidas preventivas consiste em reparar os bordos ásperos de dentes quebrados ou das

obturações. Alguma evidência indica que as vitaminas antioxidantes, como as vitaminas

C e E e os betacarotenos, podem servir de protecção adicional, mas necessita-se de mais

estudos a esse respeito. Se os danos do sol afectam uma extensa área dos lábios, uma

raspagem que retire toda a superfície externa, com meios cirúrgicos ou com raios laser,

pode prevenir a evolução para formas de cancro.

A eficácia do tratamento de cancro bucolabial depende em grande medida da sua

Page 24: O CANCRO DO CÉREBRO

evolução. É raro que o cancro da boca se propague a outros pontos do organismo; no

entanto, tende a invadir a cabeça e o pescoço. Se se extirparem a totalidade do cancro e

os tecidos normais circundantes antes de o cancro se ter propagado para os gânglios

linfáticos, a possibilidade de cura é alta. Se o cancro se propagou aos gânglios

linfáticos, a cura é muito menos provável. Durante a intervenção cirúrgica extirpam-se,

para além do cancro, os gânglios por baixo e à frente do maxilar inferior e os que se

encontram ao longo do pescoço. A cirurgia para as formas de cancro da boca pode ser

desfigurante e psicologicamente traumática.

Uma pessoa com cancro da boca ou da garganta pode receber radioterapia e cirurgia ou

apenas radioterapia. A radioterapia destrói muitas vezes as células salivares, deixando a

boca seca, o que pode trazer cáries e outros problemas dentários. Dado que os maxilares

não saram bem quando são expostos à radiação, os problemas dentários tratam-se antes

de administrar a radiação. Qualquer dente que possa ser problemático extrai-se,

deixando decorrer o tempo necessário para a sua cicatrização. Uma boa higiene dentária

é importante para as pessoas que recebem radioterapia por causa do cancro da boca.

Esta higiene consiste em exames periódicos e um meticuloso cuidado em casa, com

aplicações diárias de flúor. Depois de uma extracção, a terapia hiperbárica de oxigénio

pode contribuir para o restabelecimento do maxilar.

O benefício terapêutico da quimioterapia é limitado para o cancro da boca. As pedras

angulares do tratamento são a cirurgia e a radioterapia.

Cancro do lábio, língua, gengivas e piso da boca são os tipos mais comuns de cancro da

boca. Menos frequentemente que envolve o interior das bochechas ou ao paladar.

Também pode começar em uma das glândulas salivares, ou se espalhar para a boca em

torno de áreas como a garganta ou do nariz.

Tal como acontece com muitas formas de cancro, o diagnóstico precoce é importante

para maximizar os benefícios de qualquer tratamento, para reduzir as chances de o

câncer espalhar para outras partes do corpo, e para evitar a expressão facial

disfigurements e dificuldades.

Page 25: O CANCRO DO CÉREBRO

De acordo com estatísticas recolhidas pelo Cancer Investigação Reino Unido, da boca

cancros são duas vezes mais comum em homens como mulheres. Por outro lado, é mais

provável que as pessoas afectadas com mais de 40 anos. No entanto, pesquisa recente

mostra que é cada vez mais comum em pacientes mais jovens e mulher. No Reino

Unido há mais de 4,300 novos casos de cancro da boca diagnóstico, e mais de 1700

pessoas morrem a partir da condição, todos os anos.

Sintomas:

Qualquer caroços ou manchas na boca que permanecerá por muito tempo e não

apresentam qualquer sinal de curso de distância devem ser verificados por um

profissional da saúde (médico, dentista ou especialista). Do mesmo modo, qualquer

crack, úlcera ou fixos nos lábios ou no interior da boca que não se curam, mesmo que

indolor, deve ser examinada.

Um desenvolvimento tumor pode causar nenhuma dor, mas pode estender e formar

úlceras, que podem sangrar. Cancros da língua tendem a ser dolorosas e causar a língua

para sentir unnaturally rígida e inflexível. Pode haver dificuldade em falar corretamente

ou em engolir, e uma sensação de dormência podem ocorrer.

Se persistentes manchas brancas (leucoplasias) ou manchas vermelhas (erythroplakia)

aparecem no interior da boca, estes devem ser levados ao conhecimento do seu médico

ou dentista, que possam ser reconhecidas as condições pré-cancerosas (condições que

são susceptíveis de ser seguida pela desenvolvimento de cancro).

O tratamento geralmente consiste de remoção cirúrgica de todos os tecidos cancerosos,

radioterapia (utilizando radiação para destruir células cancerígenas), quimioterapia (uso

de drogas que atacam o cancro, ou uma combinação destes. Um novo tratamento

chamado Terapia Fotodinâmica (PDT) também está sendo usado em alguns tipos de

cancro da boca. Este utiliza uma luz laser e sensíveis à luz droga para destruir células

cancerígenas.

Quando é tratada precoce do cancro oral as perspectivas para a recuperação é boa. Após

a cirurgia, poderá ser necessário efectuar algumas cirurgia reconstrutiva sobre os tecidos

moles ou pele, ou em substituição de ossos com próteses (substitutos artificiais).

Odontologia Restauradora, intervenção terapêutica e aconselhamento dietético pode ser

Page 26: O CANCRO DO CÉREBRO

exigida para aqueles cujas bocas foram alterados pelo tratamento. Apoio psicológico

também pode ser exigida para aqueles cuja aparência ou discurso que tenha alterado ou

encontrar o tratamento particularmente preocupante.

Este tipo de câncer não é dos mais freqüentes, representando menos de 5% do total da

incidência no âmbito mundial, com as maiores taxas encontradas na Austrália e Canadá,

principalmente em pacientes do sexo masculino, tabagista e etilista. No Brasil, ele

assume importância por causa do câncer de lábio, uma vez que se trata de um país

tropical que sustenta também em sua economia atividades rurais nas quais os

trabalhadores ficam expostos de forma continuada à luz solar. O câncer de lábio é mais

freqüente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação

ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os

riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra.

Fatores de Risco

Os fatores que podem levar ao câncer de boca são o vício de fumar cachimbos e

cigarros, o consumo de álcool, a má higiene bucal e o uso de próteses dentárias mal-

ajustadas.

Sintomas

O principal sintoma deste tipo de câncer é o aparecimento de feridas na boca que não

cicatrizam em uma semana. Outros sintomas são ulcerações superficiais com menos de

2 cm de diâmetro e indolores, podendo sangrar ou não, e manchas esbranquiçadas ou

avermelhadas nos lábios ou na mucosa bucal. Dificuldade de fala, mastigação e

deglutição, além de emagrecimento acentuado, dor e presença de linfadenomegalia

cervical (íngua no pescoço) são sinais de câncer de boca em estágio avançado.

Prevenção e Diagnóstico Precoce

O auto-exame da boca deve ser realizado a cada seis meses. Homens com mais de 40

anos de idade, fumantes e portadores de próteses mal ajustadas e dentes fraturados

devem evitar o fumo e o álcool, promover a higiene bucal, ter os dentes tratados,

Page 27: O CANCRO DO CÉREBRO

realizar o auto-exame da boca e fazer uma consulta odontológica de controle a cada ano.

Outra recomendação é a manutenção de uma dieta saudável, rica em vegetais e frutas.

Para prevenir o câncer de lábio, deve-se evitar a exposição ao sol sem proteção (filtro

solar e chapéu de aba longa). O combate ao tabagismo é igualmente importante na

prevenção deste tipo de câncer.

O Auto-Exame da Boca

O auto-exame deve ser feito em um local bem iluminado, diante do espelho. O objetivo

é identificar lesões precursoras do câncer de boca. Devem ser observados sinais como

mudança na cor da pele e mucosas, endurecimentos, caroços, feridas, inchações, áreas

dormentes, dentes quebrados ou amolecidos e úlcera rasa, indolor e avermelhada.

Tratamento

A cirurgia, a radioterapia e a quimioterapia são, isolada ou associadamente, os métodos

terapêuticos aplicáveis ao câncer de boca. Em se tratando de lesões iniciais ou seja,

restritas ao local de origem, sem extensão a tecidos ou estruturas vizinhas e muito

menos a linfonodos regionais ("gânglios"), e dependendo da sua localização, pode-se

optar ou pela cirurgia ou pela radioterapia, visto que ambas apresentam resultados

semelhantes, expressos por um bom prognóstico (cura em 80% dos casos).

Nas demais lesões, se operáveis, a cirurgia está indicada, associada ou não à

radioterapia. Quando existe linfonodomegalia metastática (aumento dos "gânglios"),

indica-se o esvaziamento cervical do lado afetado, sendo o prognóstico do caso bastante

reservado. A cirurgia radical do câncer de boca evoluiu sobremaneira, com a

incorporação de técnicas de reconstrução imediata, permitindo largas ressecções e uma

melhor recuperação do paciente. As deformidades, porém, são ainda grandes e o

prognóstico dos casos, intermediário.

A quimioterapia é empregada nos casos avançados, visando à redução do tumor, a fim

de possibilitar o tratamento posterior pela radioterapia ou cirurgia. O prognóstico nestes

casos é extremamente grave, tendo em vista a impossibilidade de controlar-se

totalmente as lesões extensas, a despeito dos tratamentos aplicados.

Cancro oral

Page 28: O CANCRO DO CÉREBRO

O que é o cancro oral?

É uma infecção gangrenosa oportunista dos tecidos macios e duros da região oronasal,

que pode começar com uma gengivite necrosante aguda. Os carcinomas da cavidade

oral apresentam-se como úlceras que não cicatrizam, como por exemplo, devido a uma

alteração na adaptação de uma prótese dentária ou lesões dolorosas.

Os tumores da cavidade oral podem causar diminuição da mobilidade da língua e

alterações na fala.

 

Granuloma piogénico

 

O cancro oral não escolhe idade, sexo, raça nem classe social!!!

 

 Esta doença, nas suas distintas formas engloba pessoas de todas as faixas etárias,

principalmente as que consomem álcool e/ou fumam. Anualmente, são registados, em

todo o mundo, entre nove e dez milhões de novos casos da doença. Deste total, cerca de

400 mil são cancros da boca e da faringe. Outros dados revelam que a maior parte dos

tumores de cabeça e pescoço ocorrem nas vias aereodigestivas superiores,

principalmente na boca, faringe e laringe. O cancro oral é mais comum que a leucemia,

do que o cancro da pele, do cérebro, do fígado, e dos ovários. As taxas de incidência de

cancro dessas vias, em países não-desenvolvidos, são superadas somente pelos tumores

de colo do útero. Os cancros da boca e faringe ocupam a terceira posição nos países

não-desenvolvidos e a oitava nos desenvolvidos. O total de casos incidentes dessas

doenças atingiu cerca de 270 mil pessoas no ano 2000. No caso específico do cancro da

boca, uma das principais causas de seu agravamento em numerosos pacientes é

o primeiro diagnóstico. Inicialmente, o médico dificilmente considera a hipótese do

paciente estar com esta patologia. O doente, da mesma maneira, não toma as devidas

precauções. Assim, torna-se evidente que a consciencilização e a informação constituem

factores essenciais para a detecção precoce. Isto é muito importante, pois o tratamento

Page 29: O CANCRO DO CÉREBRO

de qualquer tipo de cancro na fase inicial da doença aumenta muito a possibilidade de

cura e recuperação do doente oncológico. 

   

             Diferentes manifestações do cancro oral:

Fibroma;

Linfogioma;

Neurofibroma;

Cancro da lingua

Auto-exame para Cancro Oral

O auto-exame de boca é uma das estratégias mais importantes para se obter o

diagnóstico do cancro oral em fase inicial, possibilitando uma melhora significativa no

prognóstico do paciente.

 

1º – EXAME EXTRA-ORAL

Page 30: O CANCRO DO CÉREBRO

O exame extra-oral inclui uma inspecção da face, cabeça e pescoço, com especial

atenção aos pacientes que aparentam estar muito tempo ao sol. Notar alguma assimetria

ou lesão na pele, assim como crostas ou fissuras. Os nódulos linfáticos na área

submandibular e do pescoço devem ser apalpadas bilateralmente para detectar qualquer

aumento de volume nos nódulos. Se for detectado algum aumento, deve-se palpar a sua

mobilidade e a consistência.

Imagem 1 - Exame

Extra-Oral

 

 

2º - Lábios

Observar os lábios com a boca do paciente aberta e fechada. É de notar a cor, textura e

quaisquer anormalidades nos cantos da boca.

Imagem 2 - Exame

aos lábios

 

 

3º - Mucosa Labial

Page 31: O CANCRO DO CÉREBRO

Com a boca do paciente parcialmente aberta, examinar visualmente a mucosa labial e os

sulcos do vestíbulo maxilar e o frénulo labial, assim como o vestíbulo mandibular. É de

notar a cor, a textura e qualquer alteração da mucosa vestibular e da gengiva.

Imagem 3 - Exame Vestíbulo Maxilar

Imagem 4 - Exame Vestíbulo

Mandibular

 

 

4º - Mucosa Bucal

Examinar primeiro a parte direita, depois a parte esquerda da mucosa bucal, estendendo-

se desde a comissura labial e voltar ao pilar da tonsila anterior. É de notar alterações na

pigmentação, cor, textura ou outras anormalidades da mucosa. Examinar as comissuras

com cuidado.

Imagem 5 - Exame parte direita

mucosa bucal

Imagem 6 - Exame parte esquerda

mucosa bucal

 

 

5º - Gengiva

Page 32: O CANCRO DO CÉREBRO

Examinar os aspectos bucais e labiais da gengiva e das cavidades alveolares,

começando com a gengiva maxilar posterior e cavidade alveolar, passando depois para a

área esquerda posterior, contornando o arco. Passar para a gengiva mandibular posterior

esquerda e cavidades alveolares, dando a volta ao arco e passando para a área direita

posterior. Depois, examinar os aspectos palatinos e linguais, assim o lado facial, desde a

direita até a esquerda nos aspectos palatinos (maxilar) e da esquerda até a direita os

aspectos linguais (mandibular).

Imagem 7 - Exame

da Gengiva

 

6º - Língua

Com a língua dos pacientes em repouso e a boca parcialmente aberta, inspecciona-se o

dorso da língua, procurando ulcerações ou variações de tamanho, cor ou textura. Pedir

ao paciente para protruir a língua, e deve-se examina-la com o objectivo de verificar

alguma anormalidade no seu movimento.

Imagem 8 -

Exame da Língua

 

 

Page 33: O CANCRO DO CÉREBRO

Agarrar a ponta da língua com um bocado de gaze de modo a ajudar na protrusão da

língua. Usar um espelho para visualizar melhor os aspectos posteriores dos bordos

laterais da língua e para retrair o queixo. Com cuidado, usar o dedo do meio ao longo

dos bordos da língua para sentir quaisquer tecidos duros.

Imagem 9 - Exame dos bordos da língua

Imagem 10 - Exame dos bordos da língua

Imagem 11 - Exame

da parte ventral

Depois examinar a parte ventral. Palpar a língua para detectar aumentos de tamanho.

Esta deve estar macia.

 

7º - Assoalho da Boca

Com a língua elevada, inspecciona-se as mudanças de cor no assoalho da boca, assim

como mudanças de textura ou outras anormalidades. A gaze deve ser usada para facilitar

o exame.

Page 34: O CANCRO DO CÉREBRO

Imagem 12 - Exame

do assoalho da boca

 

 

8º - Palato

Com a boca dos pacientes bem aberta e a cabeça inclinada para trás, gentilmente

comprimir a base da língua. Inspeccionar o palato mole e o palato duro.

Todos os tecidos da mucosa ou da face que parecem anormais, devem ser

inspeccionados ainda com mais cuidado.

Imagem 13 - Exame do Palato Duro

Imagem 14 - Exame do Palato Mole

O câncer de laringe é um dos mais comuns a atingir a região da cabeça e pescoço,

representando cerca de 25% dos tumores malignos que acometem esta área e 2% de

todas as doenças malignas.. Aproximadamente 2/3 desses tumores surgem na corda

vocal verdadeira e 1/3 acomete a laringe supraglótica (ou seja, localizam-se acima das

cordas vocais).

Sintomas

Na história do paciente o primeiro sintoma é o indicativo da localização da lesão.

Page 35: O CANCRO DO CÉREBRO

Assim, odinofagia (dor de garganta) sugere tumor supraglótico e rouquidão indica

tumor glótico e subglótico. O câncer supraglótico geralmente é acompanhado de outros

sinais e sintomas como a alteração na qualidade da voz, disfagia leve (dificuldade de

engolir) e sensação de um "caroço" na garganta. Nas lesões avançadas das cordas

vocais, além da rouquidão, pode ocorrer dor na garganta, disfagia e dispnéia

(dificuldade para respirar ou falta de ar).

Fatores de Risco

Há uma nítida associação entre a ingestão excessiva de álcool e o vício de fumar com o

desenvolvimento de câncer nas vias aerodigestivas superiores. O tabagismo é o maior

fator de risco para o desenvolvimento do câncer de laringe. Quando a ingestão excessiva

de álcool é adicionada ao fumo, o risco aumenta para o câncer supraglótico. Pacientes

com câncer de laringe que continuam a fumar e beber têm probabilidade de cura

diminuída e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor primário na área

de cabeça e pescoço.

Tratamento

O tratamento dos cânceres da cabeça e pescoço pode causar problemas nos dentes, fala

e deglutição. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior é a possibilidade de o

tratamento evitar deformidades físicas e problemas psico-sociais. É necessária avaliação

de um grupo multidisciplinar composto de dentista, cirurgião-plástico, cirurgião plástico

reconstrutivo, fonoaudiólogo, radioterapeuta, cirurgião e clínico no planejamento do

tratamento, fase de reabilitação e avaliação dos resultados das modalidades terapêuticas

utilizadas.

Além dos dados de sobrevida, considerações sobre a qualidade de vida dos pacientes

entre as modalidades terapêuticas empregadas são muito importantes para determinar o

melhor tratamento. O impacto de se preservar a voz na qualidade de vida no paciente é

da maior importância, já que a laringectomia (retirada da laringe) faz com que 30% dos

pacientes passe a ter fala esofágica incompreensível e aproximadamente 50% deles

ficam reclusos em sua residência, perdendo assim seus empregos e se retirando do

convívio social. De acordo com a localização e estágio do câncer, ele pode ser tratado

com radioterapia ou cirurgia, havendo uma série de procedimentos cirúrgicos

Page 36: O CANCRO DO CÉREBRO

disponíveis de acordo com as características do caso e do paciente. Em alguns casos,

com o intuito de preservar a voz, a radioterapia pode ser selecionada primeiro, deixando

a cirurgia como resgate quando o a radioterapia não for suficiente para controlar o

tumor.

Cancros metastáticos do pescoço

O médico pode descobrir um volume anormal no pescoço de uma pessoa que não tem

nenhum outro sintoma. Estes volumes anormais podem ser causados por um defeito de

nascença ou por um gânglio linfático aumentado que, por sua vez, pode ser o resultado

de uma infecção ou de um cancro. Os gânglios linfáticos do pescoço costumam ser um

local frequente para a disseminação do cancro de qualquer outra parte do corpo. O

cancro original pode estar na faringe, na laringe, nas amígdalas, na base da língua ou

num ponto muito mais distante, como o pulmão, a próstata, os seios, o estômago, o

cólon ou o rim.

Diagnóstico e tratamento

A causa responsável por um único gânglio linfático aumentado no pescoço pode ser

rapidamente descoberta ou, pelo contrário, ser muito difícil de encontrar. O médico

examina os ouvidos, o nariz, a faringe, a laringe, as amígdalas, a base da língua e as

glândulas tiróide e salivares. Os exames podem incluir radiografias do tracto

gastrointestinal superior, da tiróide e uma tomografia axial computadorizada (TAC) da

Page 37: O CANCRO DO CÉREBRO

cabeça, do pescoço e do tórax. É provável que seja necessário fazer um exame directo à

laringe (laringoscopia), aos pulmões (broncoscopia) e ao esófago (esofagoscopia).

Fazem-se biopsias (que consistem em colher amostras de tecidos para as examinar ao

microscópio) se durante estes procedimentos se observarem áreas que se pense poderem

ser cancerosas. Se mesmo assim não se conseguir localizar o cancro original, também se

recolhem amostras de tecido da faringe, das amígdalas e da base da língua. O médico

pode inserir uma agulha fina no tumor ou no gânglio linfático aumentado, para extrair

células e analisá-las, mas normalmente prefere-se extrair a totalidade da massa, mais do

que apenas uma parte, para se poder fazer o diagnóstico com total segurança.

Quando se encontram células cancerosas num gânglio linfático aumentado do pescoço e

é possível encontrar o cancro original, pode ser aplicada radioterapia à faringe, às

amígdalas, à base da língua e a ambos os lados do pescoço. Além disso, os gânglios

linfáticos cancerosos e outros tecidos afectados podem ser extirpados do pescoço

mediante cirurgia.

Cancros da cabeça e do pescoço

A idade média das pessoas que têm cancros da cabeça e do pescoço (excluindo os

cancros do cérebro, dos olhos e da coluna vertebral) é de 59 anos. Em geral, os cancros

das glândulas salivares (Ver secção 8, capítulo 98), da tiróide (Ver secção 13, capítulo

145) ou dos seios perinasais afectam pessoas com menos de 59 anos, enquanto os

cancros da boca, da garganta (faringe) ou da caixa vocal (laringe) afectam pessoas com

mais de 59 anos.

Em termos gerais, os cancros da cabeça e do pescoço propagam-se primeiro até aos

gânglios linfáticos próximos. Estes cancros não se disseminam (formam metástases)

para outras partes do corpo durante 6 meses a 3 anos. As metástases (cancro que se

espalhou do seu ponto de origem até outras partes do corpo) costumam surgir a partir de

tumores grandes ou persistentes e é mais provável que se desenvolvam em pessoas cujo

sistema imunitário está debilitado.

Page 38: O CANCRO DO CÉREBRO

Causas

Cerca de 85 % das pessoas que têm cancro da cabeça ou do pescoço fumam e

consomem álcool, ou fizeram-no no passado. O cancro da boca (oral) também pode

surgir por uma higiene oral deficiente, por uma dentadura mal colocada e pelo uso de

tabaco em pó ou de mascar. Na Índia, o facto de mascar noz-de-areca é uma das

principais causas de cancro da boca. O vírus de Epstein-Barr, que provoca a

mononucleose infecciosa, participa no desenvolvimento do cancro da parte superior da

faringe (nasofaringe).

As pessoas que há 20 anos ou mais receberam pequenas doses de radioterapia para

resolver problemas de acne, de excesso de pêlo facial, de hipertrofia do timo ou das

amígdalas e das adenóides correm maior risco de desenvolver cancro da tiróide e das

glândulas salivares. Actualmente, a radioterapia deixou de ser utilizada para esses fins.

Classificação por estádios e prognóstico

A classificação por estádios é um método que se usa para determinar a dimensão de um

cancro e, assim, contribuir para orientar a terapia e definir o prognóstico. Os cancros da

cabeça e do pescoço são classificados conforme o tamanho e a localização do tumor

original, o número e o tamanho de metástases nos gânglios linfáticos do pescoço e a

evidência de metástases em diferentes partes do corpo. O estádio I é o menos avançado

e o IV o mais avançado.

Os tumores que crescem para fora têm tendência a responder melhor ao tratamento do

que os que invadem as estruturas circundantes, que formam úlceras ou que são duros. Se

o tumor tiver invadido músculo, osso ou cartilagem, a sua cura é menos provável. Para

as pessoas com metástases, a possibilidade de viver mais de dois anos é remota. Um

cancro que afecte o percurso de um nervo, provocando dor, paralisia ou dormência,

provavelmente será muito agressivo e difícil de tratar.

No total, 65 % das pessoas que têm cancro não disseminado vivem pelo menos 5 anos,

em comparação com os 30 %, ou menos, daqueles cujo cancro se estendeu aos gânglios

linfáticos ou mais além. As pessoas com mais de 70 anos costumam ter intervalos sem

doença mais prolongados (as chamadas remissões) e melhores índices de sobrevivência

Page 39: O CANCRO DO CÉREBRO

do que os mais jovens.

Tratamento

O tratamento depende do estádio do cancro. Os cancros no estádio I, que se localizem

na cabeça ou no pescoço, respondem de forma semelhante à cirurgia e à radioterapia.

Em geral, esta última é dirigida não só ao cancro mas também aos gânglios linfáticos

localizados dos dois lados do pescoço, já que mais de 20 % destes cancros se propagam

aos gânglios linfáticos.

Alguns tumores, fundamentalmente os que têm um diâmetro superior a 2 cm e os que

invadiram osso ou cartilagem, extirpam-se cirurgicamente. Se se encontrar ou se

suspeitar da presença de cancro nos gânglios linfáticos, a cirurgia costuma ser seguida

de radioterapia. Alternativamente, em certos casos pode ser utilizada radioterapia, com

ou sem quimioterapia (Ver secção 15, capítulo 166) (tratamento com fármacos

anticancerosos), o que produz bons índices de sobrevivência; se o cancro recidivar, pode

então recorrer-se à cirurgia. Nos casos de cancro num estádio avançado, a combinação

de cirurgia e radioterapia costuma oferecer um prognóstico melhor do que qualquer dos

dois tratamentos feitos individualmente.

A quimioterapia mata as células cancerosas no lugar em que se formaram, nos gânglios

linfáticos e em todo o corpo. Ainda se desconhece se a combinação de quimioterapia

com cirurgia ou radioterapia melhora o índice de cura, mas a terapia combinada

efectivamente prolonga a remissão. Se o cancro estiver demasiado avançado para a

cirurgia ou para a radioterapia, a quimioterapia pode ajudar a reduzir a dor e o tamanho

do tumor.

O tratamento tem quase sempre efeitos adversos. A cirurgia costuma afectar a

capacidade de engolir ou de falar; nesses casos, é necessária a reabilitação. A

radioterapia pode provocar alterações na pele (como inflamação, ardor e perda de

cabelo), cicatrização, perda do paladar, secura na boca e, raramente, destruição dos

tecidos normais adjacentes. A quimioterapia pode provocar náuseas e vómitos, perda

temporária de cabelo e inflamação da membrana que reveste o estômago e os intestinos

(gastroenterite); também pode reduzir o número de glóbulos vermelhos e brancos e

debilitar temporariamente o sistema imunitário.

Page 40: O CANCRO DO CÉREBRO

Cancro da laringe

O cancro da laringe, o mais frequente dos cancros da cabeça e do pescoço, depois do

cancro da pele, é mais frequente nos homens e está relacionado com o tabagismo e o

consumo de álcool.

Este cancro surge frequentemente nas cordas vocais e provoca rouquidão. Se uma

pessoa estiver rouca durante mais de duas semanas, deverá consultar o médico. O

cancro noutras partes da laringe provoca dor e dificuldade de deglutição. Nalguns casos,

no entanto, antes de qualquer outro sintoma, detecta-se primeiro um volume no pescoço,

provocado pela extensão do cancro a um gânglio linfático (metástase).

Para fazer o diagnóstico, o médico observa a laringe através de um laringoscópio (um

tubo utilizado para a visualização directa da laringe) e faz uma biopsia (recolhe-se uma

amostra de tecido que se examina ao microscópio) do tecido que se suspeita ser

canceroso. Depois o cancro é classificado conforme o seu estádio, de I a IV, tomando

Page 41: O CANCRO DO CÉREBRO

como base até onde se propagou.

Tratamento

O tratamento depende da localização do cancro dentro da laringe. Para um cancro num

estado primário, o tratamento usual consiste em cirurgia ou radioterapia. Quando as

cordas vocais são afectadas, a radioterapia costuma ser o tratamento de eleição porque

geralmente preserva o tom normal da voz. Para o cancro num estado avançado, o

tratamento usual é a cirurgia, que pode consistir em extirpar parcial ou totalmente a

laringe (laringectomia parcial ou total), geralmente seguida de radioterapia. 90 % das

pessoas com cancro no estádio I que tenham recebido tratamento vivem pelo menos 5

anos, em comparação com os 25 % das que têm cancro no estádio IV.

A ressecção total das cordas vocais deixa a pessoa afectada sem voz. Nestes casos, é

possível criar uma nova voz por meio de um de três métodos: a fala esofágica, uma

fístula traqueoesofágica ou uma electrolaringe. No caso da fala esofágica, ensina-se a

pessoa a recolher ar no esófago enquanto inspira e a expulsá-lo gradualmente para

produzir um som. Uma fístula traqueoesofágica é uma válvula unidireccional que se

insere cirurgicamente entre a traqueia e o esófago. A válvula faz entrar ar no esófago

enquanto a pessoa inspira e, assim, é produzido som. Se a válvula funcionar mal, os

líquidos e os alimentos podem entrar acidentalmente na traqueia. A electrolaringe é um

dispositivo que actua como uma fonte de som quando é colocado junto ao pescoço. Os

sons produzidos pelos três métodos são convertidos em palavras como as da fala normal

(utilizando a boca, o nariz, os dentes, a língua e os lábios). No entanto, a voz produzida

por estes métodos é artificial e é muito mais fraca do que a normal.

Page 42: O CANCRO DO CÉREBRO

Cancro Pancreas

Qual a estrutura normal do pâncreas?

O pâncreas é uma órgão  com funções de secreção exócrina e endócrina localizado

posteriormente ao estômago na região superior e posterior do abdómen logo à frente da

coluna vertebral (espinha dorsal). O pâncreas está rodeado pelo fígado, intestino e

outros órgãos.

O pâncreas tem mais ou menos 15 centímetros de comprimento e tem a forma de uma

pêra achatada. A parte mais larga do pâncreas é a cabeça, a secção intermédia é o corpo

e a parte mais fina é a cauda.

 

Page 43: O CANCRO DO CÉREBRO

 

A imagem mostra o pâncreas e órgãos adjacentes.

O pâncreas produz insulina e outras hormonas. Estas hormonas entram na corrente

sanguínea e ajudam o organismo a utilizar ou armazenar a energia obtida a partir dos

alimentos. Por exemplo, a insulina ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue.

O pâncreas também produz sucos pancreáticos (secreção pancreática). Esta secreção

contem enzimas que ajudam a digerir os alimentos O pâncreas liberta a secreção sistema

de ductos que vão para o ducto biliar comum. O ducto biliar comum conduz a secreção

pancreática  para o duodeno, a primeira secção do intestino delgado.

Page 44: O CANCRO DO CÉREBRO

A imagem mostra o pâncreas, o ducto biliar comum e o duodeno.

A maioria dos tumores do pâncreas tem origem nos ductos que transportam a secreção

pancreática. O cancro do pâncreas pode ser designado por cancro pancreático ou

carcinoma do pâncreas.

Existe um tipo raro de cancro do pâncreas que tem origem nas células produtoras de

insulina e outras hormonas; a este tipo de cancro dá-se o nome de cancro dos ilhéus.

Esta doença rara não será aqui abordada.

Quando o cancro do pâncreas se dissemina para o exterior do pâncreas, ou seja, quando

metastiza, as células cancerígenas encontram-se frequentemente nos gânglios linfáticos

adjacentes. Se o cancro tiver atingido os gânglios, significa que as células cancerígenas

se podem ter disseminado para outros gânglios linfáticos ou outros órgãos, tais como o

fígado ou os pulmões. Por vezes, o cancro do pâncreas dissemina-se para o peritoneu,

ou seja, para a camada de tecido que reveste o abdómen.

Page 45: O CANCRO DO CÉREBRO

Quando o cancro metastiza para outra parte do corpo, o novo tumor tem o mesmo tipo

de células anómalas e o mesmo nome do tumor primário. Por exemplo, se o cancro do

pâncreas se disseminar para o fígado, as células cancerígenas aí existentes são, na

realidade, células cancerígenas do pâncreas. A doença corresponde a uma metástase do

cancro do pâncreas e não a um cancro do fígado. Deverá ser tratada como cancro do

pâncreas e não como cancro do fígado.

 Quais os factores de risco para ter cancro do pâncreas?

Desconhecem-se as causas exactas do cancro do pâncreas. Não é possível explicar

porque é que uma pessoa desenvolve cancro do pâncreas e outra não. Sabe-se que não é

uma doença contagiosa; não se pode “apanhar” cancro através de outra pessoa.

As investigações têm revelado que as pessoas com determinados factores de risco estão

mais predispostas a desenvolver cancro do pâncreas. Um factor de risco é algo que

aumenta a probabilidade de se vir a desenvolver a doença.

Os estudos realizados determinaram os seguintes factores de risco:

Idade: a probabilidade de desenvolver cancro do pâncreas aumenta com a idade. Este

tipo de cancro ocorre com maior frequência em pessoas com mais de 60 anos.

 Tabagismo: os fumadores de cigarros têm uma probabilidade duas a três vezes

superior de desenvolver cancro do pâncreas, comparativamente aos não fumadores.

Diabetes: o cancro do pâncreas ocorre com maior frequência em pessoas com diabetes.

Sexo: são diagnosticados mais casos de cancro do pâncreas no homem do que na

mulher.

 Raça Afro-Americana: as pessoas de raça Afro-Americana têm maior probabilidade

de desenvolver cancro do pâncreas, comparativamente aos Asiáticos, Hispânicos ou

Caucasianos.

Antecedentes familiares: o risco de uma pessoa desenvolver cancro do pâncreas

triplica se a mãe, pai, irmão ou irmã já tiverem tido esta doença. Os antecedentes

Page 46: O CANCRO DO CÉREBRO

familiares de cancro do cólon ou dos ovários também aumentam o risco de desenvolver

cancro do pâncreas.

Pancreatite Crónica: a pancreatite crónica é um estado inflamatório do pâncreas,

caracterizado por dores e mal estar epigástrico. Alguns dados sugerem que a pancreatite

crónica pode aumentar o risco de desenvolver cancro do pâncreas.

 Outros estudos sugerem que a exposição a determinados químicos, no local de trabalho,

ou uma alimentação rica em gorduras, podem aumentar a probabilidade de desenvolver

cancro do pâncreas.

A maioria das pessoas com factores de risco conhecidos não desenvolve cancro do

pâncreas. Por outro lado, muitas pessoas que desenvolvem a doença não apresentam

qualquer factor de risco. As pessoas que considerem apresentar factores de risco para

cancro do pâncreas devem partilhar esta preocupação com o médico assistente. O

médico pode sugerir formas para reduzir o risco de desenvolver cancro do pâncreas e

elaborar um plano adequado para a realização de exames médicos.

Quais os principais sinais e sintomas de cancro do pâncreas?

O cancro do pâncreas é uma  doença silenciosa, evoluindo frequentemente sem

sintomas. Porém, à medida que o cancro evolui, podem surgir os seguintes sintomas: 

• Dor na parte superior do abdómen ou nas costas

• Pele e olhos amarelados e urina escura, devido a icterícia

• Fraqueza

• Falta de apetite

• Náuseas ou vómitos

• Perda de peso

Estes sintomas não implicam a presença de cancro do pâncreas: podem ser provocados

por uma infecção ou outro problema de saúde. Só o médico pode determinar a causa dos

Page 47: O CANCRO DO CÉREBRO

sintomas apresentados. Ainda assim, pessoas com sintomas semelhantes aos

apresentados devem consultar o médico, para que o problema seja tratado o mais

rapidamente possível.

Como é feito o diagnóstico do cancro do pâncreas?

Se o doente tiver sintomas sugestivos de cancro do pâncreas, o médico irá obter a sua

história clínica, ou seja, os seus antecedentes médicos. Poderão efectuar-se vários

procedimentos, nomeadamente um ou mais dos abaixo apresentados:

 Exame físico

o médico observa a pele e os olhos para identificar possíveis sinais de icterícia.

Posteriormente, o médico palpa o abdómen para determinar se ocorreram alterações na

região adjacente ao pâncreas, fígado e vesícula biliar. O médico verifica também a

possível presença de ascite, ou seja, uma acumulação anormal de líquido no abdómen.

 Análises clínicas

o médico pode recolher amostras de sangue, urina e fezes para analisar os níveis de

bilirrubina e de outras substâncias. A bilirrubina é uma substância que passa do fígado

para a vesícula biliar, e desta para o intestino. Se o ducto biliar comum estiver

bloqueado por um tumor, a bilirrubina não consegue passar normalmente. O bloqueio

pode fazer com que os níveis de bilirrubina no sangue, ou urina, fiquem muito elevados.

Níveis de bilirrubina elevados podem ser devidos a um cancro ou a outras  situações.

TAC (tomografia axial computorizada)

através de um aparelho de raios X ligado a um computador obtém uma sequência de

imagens detalhadas. O aparelho de raios X assemelha-se a um “donut” com um grande

orifício. O doente é deitado numa cama que passa através desse orifício. À medida que a

cama se desloca lentamente através do orifício são tirados vários raios X. O computador

junta os raios X, de modo a criar imagens do pâncreas e de outros órgãos, bem como

dos vasos sanguíneos no abdómen.

 Ultrasonografia (ecografia)

Page 48: O CANCRO DO CÉREBRO

Este dispositivo utiliza ondas ultrassónicas não audíveis para o ser humano. As ondas de

som geram um padrão de ecos à medida que são reflectidas nos órgãos internos. Os ecos

criam imagens do pâncreas e dos outros órgãos no interior do abdómen. Os tumores

produzem ecos diferentes dos produzidos por tecidos normais.

 A técnica de ultrassons pode realizar-se mediante um dispositivo externo, interno, ou

ambos:

Ecografia transabdominal: para obter imagens do pâncreas, o dispositivo de

ultrassons é colocado sobre o abdómen e é movido lentamente em seu redor.

USE (Ecografia endoscópica): é inserido um tubo fino iluminado (endoscópio) através

da boca e estômago do doente até ao início do intestino delgado. Na extremidade do

endoscópio existe um dispositivo de ultrassons. O endoscópio é retirado lentamente do

intestino em direcção ao estômago para obter imagens do pâncreas e dos órgãos e

tecidos adjacentes.

 CPRE (colangiopancreatografia endoscópica retrógrada)

é inserido um endoscópio através da boca e estômago até ao início do intestino delgado.

O médico faz deslizar um tubo mais pequeno (catéter) através do endoscópio até aos

ductos biliares e pancreáticos. Depois de injectar um contraste nos ductos através do

catéter, obtêm-se imagens por raios X. Os raios X podem mostrar se os ductos

apresentam um estreitamento ou se estão obstruídos por um tumor ou qualquer outro

motivo.

 

CPT (colangiografia percutânea transhepática)

é injectado um contraste mediante uma agulha fina inserida na pele e através do fígado.

A não ser que haja um bloqueio, o contraste deverá circular livremente ao longo dos

ductos biliares. O contraste faz com que os ductos biliares apareçam nas imagens

obtidas por raios X. A partir das imagens, o médico poderá determinar se existe um

bloqueio causado por um tumor ou outra situação.

 Biópsia

Page 49: O CANCRO DO CÉREBRO

nalguns casos, pode ser extraída uma amostra de tecido. Posteriormente, o patologista

irá determinar a possível presença de células neoplásicas através da observação ao

microscópico do tecido, que pode ser obtido de várias formas. Uma delas consiste na

inserção de uma agulha no pâncreas para remover as células. Este procedimento é

designado por aspiração por agulha fina. Esta agulha é guiada pelos raios X ou

ultrassons. Por vezes, durante a realização de uma USE ou uma CPRE é recolhida uma

amostra de tecido. Outra forma de recolher tecido é através de cirurgia.

Determinação do estadio do cancro do pâncreas

 Quando é diagnosticado um cancro do pâncreas, o médico necessita de determinar o

estadio de evolução ou extensão da doença, de modo a delinear o melhor tratamento. A

determinação do estadio é uma tentativa cautelosa de estabelecer o tamanho do tumor

no pâncreas, saber se o cancro metastizou e, em caso afirmativo, para que zonas.

A determinação do estadio de evolução do cancro do pâncreas pode efectuar-se no

momento em que é feito o diagnóstico.  No entanto, o doente pode necessitar de realizar

mais exames, tais como análises ao sangue, TAC, ultrassonografia, laparoscopia ou

angiografia. Os resultados destes exames permitirão ao médico decidir qual o

tratamento mais adequado.

Como será a fase de tratamento do cancro do pâncreas?

Muitos doentes com cancro do pâncreas exigem ter um papel activo nas decisões sobre

os cuidados médicos que lhes são prestados. Querem estar o mais informados possível

sobre a sua doença e as opções de tratamento. Contudo, o choque e a tensão que as

pessoas habitualmente sentem após um diagnóstico de cancro fazem com que seja difícil

pensar em tudo o que gostariam de perguntar ao médico. Muitas vezes, é útil preparar

uma lista de perguntas antes da consulta. Para ajudar a relembrar o que o médico disse,

os doentes podem tirar apontamentos ou pedir autorização para utilizar um gravador.

Alguns doentes querem ainda ter consigo um familiar ou amigo quando falam com o

médico – para participar na discussão, tomar notas ou simplesmente ouvir.

O cancro do pâncreas é ainda muito difícil de controlar com os tratamentos actualmente

disponíveis. Por esse motivo, muitos médicos encorajam os doentes com esta patologia

Page 50: O CANCRO DO CÉREBRO

a considerar a hipótese de participar num ensaio clínico. Os ensaios clínicos são uma

opção importante para pessoas com cancro do pâncreas em qualquer estadio.

Presentemente, o cancro do pâncreas só pode ser curado quando detectado num estadio

precoce, antes da sua disseminação.  Quando não é possível a cura, alguns doentes e os

seus médicos optam pelo tratamento paliativo; este tem como objectivo melhorar a

qualidade de vida através do controlo da doença e de outras complicações provocadas

pela doença. Existem tratamentos que podem controlar a doença e ajudar os doentes a

viver mais tempo e a sentir-se melhor. O médico pode encaminhar os doentes para um

hospital aonde uma equipa multidisciplinar orientará o seu tratamento - cirurgiões,

oncologistas e  radioterapeutas.

Quais os tratamentos para o cancro do pâncreas?

O médico pode descrever as opções de tratamento e discutir os resultados esperados

para cada opção terapêutica decidida em reunião multidisciplinar. O médico e o doente

podem trabalhar em conjunto no desenvolvimento de um plano de tratamento adaptado

às necessidades do doente.

O tratamento depende da zona do pâncreas onde o tumor teve origem e da sua

metastização. Ao elaborar o plano do tratamento, a equipa multidisciplinar tem em

consideração outros factores, designadamente a idade e o estado geral do doente.

 Os doentes com cancro do pâncreas podem ter várias opções de tratamento.

Dependendo do tamanho e do estadio de evolução, o cancro do pâncreas pode ser

tratado com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Alguns doentes são submetidos a

uma combinação de tratamentos.

Quais são os possíveis efeitos secundários o tratamento do cancro do pâncreas?

Uma vez que o tratamento do cancro pode danificar células e tecidos saudáveis, é

possível ocorrerem efeitos secundários ou indesejáveis. Estes efeitos dependem de

vários factores, designadamente o tipo e a intensidade do tratamento do tratamento. Os

efeitos secundários podem não ser os mesmos para todas as pessoas e podem,

inclusivamente, variar entre as diversas sessões de tratamento. Os médicos e

Page 51: O CANCRO DO CÉREBRO

enfermeiros irão explicar quais os possíveis efeitos secundários resultantes do

tratamento e como lidar com eles.

Controlar a Dor

A dor é um problema comum nas pessoas com cancro do pâncreas. O tumor pode

provocar dor, derivada da pressão contra nervos e outros órgãos.

O médico ou um especialista no controlo da dor podem aliviar ou reduzir a dor de

diversos modos:

Medicamentos para a dor: a dor pode ser aliviada através de medicamentos (estes

medicamentos podem provocar sonolência e obstrução intestinal, embora o descanso e o

recurso a laxantes possam ser úteis).

 Radiação: a dor pode ser aliviada com a utilização de raios de alta energia, uma vez

que estes irão reduzir o tumor.

 Bloqueio anestésico: o médico pode injectar álcool na área envolvente de alguns

nervos do abdómen, de modo a bloquear a sensação de dor.

 Cirurgia: o cirurgião pode cortar determinados nervos para bloquear a dor.

 O médico pode sugerir outras formas de aliviar ou reduzir a dor. Por exemplo, poderá

recorrer a massagens, acupunctura ou acupressão, em simultâneo com outras

abordagens, para ajudar a aliviar a dor. Além disso, o doente pode aprender a aliviar a

dor através de técnicas de relaxamento, tais como ouvir música calma ou respirar

devagar e confortavelmente.

 

 

Nutrição

As pessoas com cancro do pâncreas podem não ter apetite, sobretudo se se sentirem

desconfortáveis ou cansadas. Além disso, os efeitos secundários do tratamento, tais

como falta de apetite, náuseas ou vómitos podem agravar o problema. Os alimentos

Page 52: O CANCRO DO CÉREBRO

podem ter um sabor diferente. Todavia, os doentes devem tentar obter calorias e

proteínas suficientes para controlar a perda de peso, manter a força e ajudar a

cicatrização. Uma boa nutrição ajuda muitas vezes as pessoas com cancro a sentirem-se

melhor e a terem mais energia.

É importante delinear um plano rigoroso e realizar exames médicos completos. O

cancro do pâncreas e seu tratamento podem dificultar a digestão dos alimentos e a

manutenção de níveis adequados de glicose no sangue. O médico irá controlar o doente

no que respeita à perda de peso, fraqueza e falta de energia. Os doentes podem

necessitar de fármacos para repor as enzimas e as hormonas produzidas pelo pâncreas.

O médico irá observar atentamente o doente e ajustará as doses destes fármacos.

O médico, nutricionista ou outros técnicos de saúde podem sugerir ao doente algumas

formas de manter uma alimentação saudável.

Cuidados de Seguimento

Os cuidados de acompanhamento (follow-up) após o tratamento do cancro do pâncreas

são uma parte crucial do tratamento. Os doentes não devem hesitar em debater estes

cuidados com o médico. A realização de exames médicos completos e periódicos

permite detectar quaisquer alterações ao estado de saúde. Qualquer problema que se

desenvolva pode ser, assim, identificado e tratado. Os exames médicos podem incluir

exame físico, análises clínicas e procedimentos de imagiologia

Qual o papel da cirurgia no tratamento do cancro do pâncreas?

Os doentes podem ser submetidos apenas a cirurgia ou a uma combinação de cirurgia

com radioterapia, ou quimioterapia.

O cirurgião pode remover a totalidade ou parte do pâncreas. A extensão da cirurgia

depende da localização e do tamanho do tumor, do estadio de evolução da doença e do

estado geral do doente.

Page 53: O CANCRO DO CÉREBRO

Operação de Whipple: se o tumor estiver localizado na cabeça  do pâncreas (a parte

mais larga), o cirurgião remove a cabeça do pâncreas, uma parte do intestino delgado, o

ducto biliar e o estômago. Podem também ser removidos outros tecidos adjacentes.

 Pancreatectomia distal: se o tumor estiver localizado no corpo e na cauda do

pâncreas, o cirurgião remove estas duas zonas. Também o baço pode ser removido.

 Pancreatectomia total: neste caso, o cirurgião remove a totalidade do pâncreas, uma

parte do intestino delgado, uma parte de estômago, o ducto biliar comum, a vesícula

biliar, o baço e os gânglios linfáticos adjacentes.

 Por vezes, o cancro não pode ser totalmente removido. Mas se o tumor estiver a

bloquear o ducto biliar comum ou o duodeno, o cirurgião pode criar um bypass. O

bypass ajuda os fluidos a passar através do aparelho digestivo e pode reduzir a icterícia

e a dor resultantes de um bloqueio.

Nalguns casos, o bloqueio pode ser aliviado sem recorrer a cirurgia de bypass. O

médico utiliza um endoscópio para colocar um stent na zona bloqueada. Um stent é um

tubo com uma rede metálica, ou de plástico, que ajuda a manter o ducto ou o duodeno

abertos.

Após a cirurgia, alguns doentes são alimentados com líquidos, por via intravenosa (IV)

e através de sondas colocadas no abdómen. Os doentes regressam, lenta e gradualmente,

à ingestão de alimentos sólidos pela boca. As sondas são retiradas algumas semanas

após a cirurgia.

 Quais os possíveis efeitos secundários da cirurgia?

 A cirurgia do cancro do pâncreas é uma cirurgia major. Os doentes necessitam de ficar

hospitalizados durante alguns dias após a cirurgia. Os doentes podem sentir-se fracos e

cansados, sendo que a maioria necessita de ficar em repouso, em casa, durante um mês.

O tempo até à recuperação é variável.

Os efeitos secundários da cirurgia dependem da extensão da cirurgia, do estado geral do

doente e de outros factores. A maioria dos doentes tem dores nos primeiros dias após a

Page 54: O CANCRO DO CÉREBRO

cirurgia. A dor pode ser controlada com medicação; os doentes devem falar sobre o

alívio da dor com o médico ou enfermeiro.

A excisão de parte ou da totalidade do pâncreas pode dificultar a digestão dos

alimentos. A equipa médica pode sugerir um plano alimentar ou receitar medicamentos

destinados a aliviar a diarreia, a dor, as cãibras ou as sensações de enfartamento.

Durante a fase de recuperação pós-operatória, o médico irá monitorizar minuciosamente

a alimentação e o peso do doente. Inicialmente, o doente apenas pode ingerir líquidos;

poderá receber outros alimentos por via intravenosa ou através de uma sonda colocada

no intestino. Os alimentos sólidos serão gradualmente adicionados ao regime alimentar.

Após a cirurgia, os níveis de hormonas ou enzimas pancreáticas podem estar muito

baixos. Os doentes com níveis insuficientes de insulina podem desenvolver diabetes. O

médico pode administrar ao doente insulina, outras hormonas e enzimas

Qual o papel da radioterapia no tratamento do cancro do pâncreas?

Radioterapia (também designada por terapia por radiações): utiliza raios de alta energia

para matar as células cancerígenas. Um grande aparelho emite a radiação para o

abdómen. A radioterapia pode ser utilizada isoladamente ou combinada com cirurgia,

quimioterapia ou ambas.

A radioterapia é um tratamento local. Apenas afecta as células cancerígenas da área

tratada. Para serem submetidos a radioterapia, os doentes devem deslocar-se ao hospital

ou à clínica, na maioria dos casos 5 dias por semana durante várias semanas.

A radioterapia pode ser utilizada para destruir as células cancerígenas que possam ter

restado nessa área após a cirurgia. A radioterapia também é utilizada para aliviar a dor e

outros problemas causados pelo cancro.

Quais os principais efeitos secundários da radioterapia?

 A radioterapia pode provocar uma sensação de grande cansaço à medida que o

tratamento prossegue. O descanso é importante mas, habitualmente, os médicos

aconselham os doentes a permanecer activos, dentro do possível. Além disso, quando os

Page 55: O CANCRO DO CÉREBRO

doentes recebem radioterapia, a pele na área tratada pode ficar avermelhada, seca e

sensível.

A radioterapia ao abdómen pode causar náuseas, vómitos, diarreia ou outros problemas

relacionados com a digestão. Para controlar estes sintomas, a equipa médica poderá

administrar medicação ou sugerir alterações alimentares.  Na maioria dos doentes, os

efeitos secundários da radioterapia desaparecem assim que o tratamento termina.

Qual o papel da quimioterapia no tratamento do cancro do pâncreas?

A quimioterapia é um tratamento que utiliza fármacos para matar as células

cancerígenas. Os médicos também recorrem à quimioterapia para aliviar a dor e outros

problemas causados pelo cancro do pâncreas. A quimioterapia pode ser utilizada

isoladamente (em monoterapia ou em associação) ou combinada com cirurgia e

radioterapia.

A quimioterapia é um tratamento sistémico: regra geral, o médico administra os

fármacos por via intravenosa, ainda que alguns tratamentos também possam ser

administrados por via oral (pela boca). Depois de entrarem na corrente sanguínea, os

fármacos circulam por todo o organismo.

Em geral, a quimioterapia é administrada em regime ambulatório num hospital, clínica,

consultório médico ou em casa do doente. Contudo, dependendo dos fármacos

administrados e do estado geral, o doente pode necessitar de ser hospitalizado.

Quais os principais efeitos secundários da quimioterapia?

 Os efeitos secundários da quimioterapia dependem sobretudo dos fármacos e da dose

que os doentes recebem, bem como da forma como são administrados. Além disso, tal

como nos outros tipos de tratamento, os efeitos secundários variam de doente para

doente.

A quimioterapia sistémica afecta as células de divisão rápida em todo o organismo,

inclusive as células sanguíneas. As células sanguíneas lutam contra a infecção, ajudam o

sangue a coagular e transportam oxigénio para todas as zonas do corpo.

Page 56: O CANCRO DO CÉREBRO

 Quando os fármacos anti-cancerígenos danificam células sanguíneas saudáveis, os

doentes ficam mais susceptíveis a infecções, a equimoses ou a hemorragias e podem ter

menos energia. As células da raiz do cabelo e as que revestem internamente o aparelho

digestivo também se dividem rapidamente.

 Como resultado, os doentes podem perder o cabelo e apresentar outros efeitos

secundários tais como, perda de apetite, náuseas e vómitos, diarreia ou feridas na boca.

Regra geral, estes efeitos secundários desaparecem gradualmente durante os períodos de

recuperação entre tratamentos ou depois de o tratamento acabar. A equipa médica pode

sugerir aos doentes formas de aliviar os efeitos secundários

Cancro do pâncreas

Epidemiologia

O cancro do pâncreas compreende, aproximadamente, 3% de todos os cancros e é

responsável por 5% da mortalidade específica por cancro.

É a segunda neoplasia maligna mais frequente do tubo digestivo, após o cancro do

cólon, e a quinta mais frequente causa de morte por cancro. A prevalência tem

estabilizado nas últimas décadas. A maior parte dos casos ocorre entre os 35 e os 70

anos, com o pico da incidência no grupo etário entre os 55 e 74 anos.

Os homens e as mulheres são igualmente afectados e o tratamento continua a ter pouco

sucesso. Um ano após o diagnóstico da doença, menos de 20% dos doentes estão vivos,

e só 3% sobrevivem 5 anos. Doentes com doença inoperável ou com metástases a

distância têm uma sobrevivência média de apenas 2-6 meses.

Etiologia

A causa é desconhecida, mas vários factores de risco têm sido identificados:

Tabaco

Page 57: O CANCRO DO CÉREBRO

É o mais proeminente factor de risco. O risco aumenta directamente com o número de

cigarros fumados. O risco diminui significativamente 10-15 anos após a cessação do

hábito de fumar. Pensa-se que o risco se deve à presença de nitrosaminas, que são

poderosos agentes carcinogénicos.

Dieta

Uma ingestão elevada de gorduras e/ou carne aumenta o risco. Pelo contrário, a ingestão

de frutos e vegetais frescos parece oferecer uma relativa protecção.

Químicos

Exposição a certos químicos aumenta o risco por um factor 5 ( e.g., naftilaminas do

petróleo, benzidina, derivados da gasolina, insecticidas como DDT ). Ocupações

profissionais de risco incluem trabalhadores nas indústrias do petróleo, metais, gás

industrial e químicos.

Outros factores de risco

Incluem gastrectomia (ressecção do estômago) parcial, diabetes mellitus, pancreatites

hereditárias, dermatomiosite (doença autoimune da pele e músculos ) e alcoolismo. O

café foi estudado e não parece ser um factor de risco.

Patologia e "staging"

Aproximadamente 75-90% dos cancros no pâncreas são adenocarcinomas, originários

da proliferação descontrolada de células do epitélio de revestimento dos canalículos

pancreáticos. Sarcomas e linfomas são muito raros.

60% dos cancros ocorrem na cabeça do pâncreas, perto do duodeno, 20% ocorrem no

corpo e cauda do pâncreas, e os restantes são tumores difusos.

Na altura do diagnóstico, só 14% dos tumores estão confinados ao pâncreas (estádios de

evolução I e II). 21% envolvem os gânglios linfáticos locoregionais (estádio III) e 65%

têm metástases a distância, especialmente no fígado, pulmões e ossos.

Clínica

Page 58: O CANCRO DO CÉREBRO

Os sintomas mais frequentes são a dor abdominal epigástrica, com frequente irradiação

para a região dorsal (80% dos casos), perda de peso (60%), anorexia (65%) e icterícia,

nos tumores da cabeça do pâncreas que comprimem as vias biliares excretoras.

Sintomas menos frequentes incluem fadiga (45%), náuseas e vómitos, depressão,

indigestão, falta de ar, pernas inchadas (edema), tosse e diarreia.

O exame físico pode detectar caquexia (extremo emagrecimento e fraqueza, com perda

da gordura subcutânea), uma massa abdominal palpável, ascite (líquido e distensão do

abdómen) e icterícia.

A presença de um rápido emagrecimento em poucas semanas, anorexia e desconforto

abdominal, numa pessoa acima dos 40-45 anos de idade, deve ser investigada até se

chegar a um diagnóstico definitivo, já que estes sintomas pouco específicos são

frequentes em tumores malignos, especialmente do tubo digestivo (e.g., estômago,

pâncreas, esófago). Uma atitude de expectativa é condenável, devido ao perigo de

crescimento rápido do tumor, com consequente redução das chances de cura.

Diagnóstico

O diagnóstico de cancro no pâncreas implica o uso de técnicas radiológicas de imagem.

O teste definitivo e diagnóstico é o exame patológico de uma amostra do tumor (biópsia

ou peça cirúrgica).

Os exames mais úteis são a ultrassonografia, ou ecografia, e a tomografia axial

computorizada (TAC) do abdómen. A ultrassonografia é um exame não-invasivo, barato

e seguro, mas depende da qualidade do técnico. É um bom teste inicial de avaliação. Já

a tomografia é o exame de eleição. Permite detectar o tamanho do tumor, a invasão de

estruturas adjacentes e a invasão dos gânglios linfáticos.

A ultrassonografia endoscópica, recentemente introduzida, é muito útil na determinação

do estádio de evolução do tumor.

Um método invasivo, a colangiopancreatografia endoscópica retrógrada é importante no

diagnóstico diferencial de tumores da junção pancreatobiliar, onde 85% dos tumores são

Page 59: O CANCRO DO CÉREBRO

originários do pâncreas e permite o estudo citológico do suco pancreático e, às vezes, a

biópsia de áreas suspeitas.

Em tumores avançados, inoperáveis ou metastáticos, deve-se realizar uma biópsia

aspirativa percutânea, para confirmação do diagnóstico.

Em tumores aparentemente localizados e operáveis, a biópsia está contraindicada,

devido ao perigo de disseminação do tumor. Estes doentes são submetidos a intervenção

cirúrgica e o diagnóstico confirmado pelo exame patológico da peça cirúrgica.

Os marcadores tumorais são substâncias, em regra proteínas, segregadas pelas células

tumorais, e que podem ser identificadas na corrente sanguínea. Nenhum deles é

específico para qualquer tumor. No entanto, podem ser usados no diagnóstico inicial e

na vigilância do doente, após o tratamento inicial. No cancro do pâncreas, o marcador

vulgarmente usado é a proteína CA 19-9, cuja determinação periódica dos níveis

plasmáticos após a cirurgia permite detectar elevações que são sugestivas de recidiva do

cancro.

Terapêutica

O tratamento depende fundamentalmente do estádio de evolução do tumor. A maior

parte dos tumores são localmente invasivos ou metastáticos, inoperáveis e a cura não é

possível. As modalidades clássicas são a cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Doença potencialmente operável

Historicamente, o tratamento "standard" é a ressecção cirúrgica completa do tumor,

através de uma pancreatoduodenectomia (operação de Whipple). Mais recentemente,

estudos sugerem que o uso de radioterapia e concomitante quimioterapia baseada no 5-

fluorouracilo (5-FU) após a cirurgia (terapêutica adjuvante) ou antes da cirurgia (neo-

adjuvante) pode prolongar a sobrevida dos doentes. É uma combinação tóxica, que só

doentes com muito bom estado geral conseguem suportar.

Doença localmente avançada, inoperável

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Doentes com bom estado geral, totalmente ambulatórios e com mínima sintomatologia,

beneficiam de tratamento paliativo com quimioterapia (5-FU ou uma nova droga -

gemcitabina + radioterapia. 5-FU actua como um agente que sensibiliza as células

malignas à acção das radiações ionizantes. Em doentes com mau estado geral, este

protocolo de quimioradiação não está indicado, em geral. Sempre que possível, os

doentes com cancro do pâncreas localizado mas inoperável devem entrar em protocolos

de investigação clínica, em que novos agentes são testados.

Doença metastática ou recorrente

Doentes com PC metastático e bom estado geral, devem ser tratados com quimioterapia

sistémica, com intuitos paliativos. A droga "standard" era o 5-FU por via endovenosa,

que é um antimetabolito inibidor de uma enzima envolvida na síntese de ADN nuclear.

Um novo agente - gemcitabina - foi recentemente testado. Resultados comparativos

entre estes dois agentes mostram actividade semelhante, mas a gemcitabina tem um

impacto superior na qualidade de vida do doente.

A modulação de 5-FU com agentes como a leucovorina ou alfa-interferon não mostrou

nenhum benefício adicional. A quimioterapia combinada não produz resultados

superiores à monoterapia com 5-FU ou gemcitabina.

Doentes em que este cancro já se encontra numa fase metastática devem, também, ser

envolvidos em ensaios de investigação clínica, dados os resultados pouco satisfatórios

com as drogas convencionais.

Uma complicação frequente em doentes com cancro na cabeça do pâncreas é a

obstrução das vias biliares com icterícia. Existem vários métodos de descompressão das

vias biliares, incluindo cirurgia ou métodos endoscópicos ambulatórios que não

necessitam de internamento.

Doentes com cancro no pâncreas têm, frequentemente, uma dor abdominal constante e

severa, requerendo largas doses de analgésicos narcóticos. O mecanismo da dor é

secundário à invasão do plexo nervoso celíaco pelo cancro. Um método altamente

efectivo de controlo deste tipo de dor é a injecção percutânea de álcool no plexo celíaco.

Em doentes submetidos a uma intervenção cirúrgica, esta injecção deve ser

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administrada durante a operação. O controlo da dor é importante na melhoria da

qualidade de vida destes doentes.