4
NOVO METODO PARA DIFERENCIAR CALCITA DE DOLOMITA POl' JUAN C. CONI (*) ABSTRACT Th e pur pose of this work is to describe [L new method for UU .l dif fer enti ntiou of calcite from dolomite; this method is based on th e concept that the ca lcit e acquires an intense fluo rcaceuc o when a tt ack ed by a solution of urani um sa lts uf te rwn rd s by amonium phosph at e. The au thor discusses the sensitivity of the method in compa rison with the silver chromat e meth od. SUMARIO o prop6sito dilato t rah alho e de sereve r urn novo metoda p ara d ifereneiar calci ta do dolomita, metodo este, 1I 118e:H10 imi camente n o f at o de que a calci ta adquir e uma viva fluorcscen cill qun ndo e ntncad n com uma solucfio de sais de urauio e post erior - mente com uma de fo sfato de nmfmio 0 autor dis cut ea sensibilidade do metodo com resp eito ao metcdo do cromato de ·p r a t a . INTRODU(:XO Constitui urn problema de grande interes e mineralogico e Iitologlco a diferenciacfio entre calcita e dolomite. A distrihuiciio d'estas dua s espee ies na crosta terrestre, comumente em inti ma associacfio, e a dificuldade de di fe- renciacfio Mica, Iazem com que diversos autores tenham proposio metodos de diferenciaciio por coloraqfio, ma is ou menos validos que, com ligeiras variacfies, sao os empregados a tua lrnen te, 0 objeto deste tr aba lho e des- cr ever urn novo metodo, no qu al 0 autor afasta-se dos metodos classicos, pois que nfio opera pOl' colo racao, e sim p ar Iluorescencia, aumentando a sen ibilidade e nitidez na distincfio macro e micro daqu eles earbonatos. Os rnetodos termicos, em geral, podem hem detectar e dosar pequenissi- mas quantidades daqueles minerais [Cuthbert-Rowland (194.7 ) , Rowland -Beck (1951), Schwob (1950 ), etc ... ], niio evidenciando entre outras proprleda des 0 modo de associacao e arranjo reciproco, que e nma observacao lit o- logica e geoquimica fundamental. 05 metodos de coloraqao seletiva, muito empregados nos minerais argi- Iosos, niio evoluiram no problema dos carbonatos, sendo ainda de atualidade (*) E scola de Geolog ia - U. R.G. S. - Po rto Alegr e- Brasil.

NOVO METODO PARA DIFERENCIAR CALCITA DE DOLOMITAboletim.siteoficial.ws/pdf/1960/9_2-71-74.pdf · cristais de calcita e dolomita, se forma urn precipitado amarelo imicamente sabre

  • Upload
    vocong

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

NOVO METODO PARA DIFERENCIAR CALCITA DEDOLOMITA

POl'

JUAN C. CONI ( * )

ABSTRACT

Th e purpose of this wor k is to describe [L new method for UU.l differ enti nt iouof calc ite f rom dolomite; this method is based on th e concept that the ca lcite acquiresan in tense fluo rcaceuc o when a ttack ed by a solut ion of uranium sa lts ufte rwnrd s byamonium phosphate. Th e au thor dis cusses th e sens it ivity of th e method in compa ris onwith the silver chromate meth od.

SUMARIO

o prop6sito dilato t rahalho e de sereve r urn novo metoda para difer eneia r calcitado dolomita, metodo este, 1I118e:H10 imi cam ente n o f ato de que a calci ta adquir e umaviva fluorcscen cill qun ndo e ntncadn com uma solucfio de sai s de ura uio e post erior­mente com uma de fosfato de nmfmio 0 a utor dis cute a sensibilida de do metodocom respeito ao metcdo do cromato de ·p ra t a.

INTRODU(:XO

Constitui urn problema de grande interes e mine ra logico e Iitologlco ad ifer enciacfio entre ca lcita e dolomi te. A distrihui ciio d'estas duas espee iesna cros ta terrestre, comumente em inti ma associacfio, e a difi cul dade de di fe­renciacfio Mica , Iazem com que diversos aut ores tenham proposio metodosde di ferenciaciio por coloraqfio, ma is ou menos validos que, com ligeirasvariac fies, sao os empregados atua lrnen te, 0 objeto deste tr abalho e des­cr ever urn novo metodo, no qu al 0 autor afasta-se dos metodos classicos,poi s que nfio opera pOl' coloracao, e sim par Iluorescencia , aumentando asen ibilidade e n itidez na distin cfio macro e micro daqueles ea rbonatos.

Os rnetodos termicos, em geral, podem hem de tectar e dosar pequeni ssi­mas quantidades daqueles minerais [Cuthbert-Rowland (194.7 ) , Rowland -Beck(1951), Schwob (1950), etc ... ], niio evidenciando ent re outras proprledades 0 modo de associacao e arranjo reciproco, que e nma observacao lito­logica e geoquimica fundamental.

05 metodos de coloraqao seletiva, muito empregados nos minerais argi­Iosos, niio evoluiram no problema dos carbonatos, sendo ainda de atualidade

(*) E scola de Geolog ia - U. R . G . S. - Porto Alegre - Brasil.

72 BOL. SOC. BRAS. GEOL. VOL. 9, N,o 2, 1960

o trabalho cornpilatorio de Rodgers (1940). Teodorovich (1955) mencionaas contrihuicfies sovieticas (as quais njio temos pod'ido ter acesso ] de dife­renciacao baseadas na identificaciio da calcita nas roehas dolomiticas pOTcorrosiio de secgoes polidas, com solucao de HCI a 2% (Belyankin-Lapin­Ostvosky) . Ultimamente Megnien (1957 ) efetuou uma breve revisao dosmetodos existentes, propondo uma modificacao de sensibilidade no antigometodo de Mahler do nitrato de cohre, nao mencionando 0 metodo do cro­mato de prata. Sao nestes trabalhos, bern como no classico de Holmes(1921), onde se encontra citad'a a bibliografia existente sabre este problema.

PRINCfPlO DO METODO

o metodo da flu ore scencia haseia -se no fato que, pondo em contatouma solugao saturada de acetato de ur anila UOzCCHgCOOh .2H20 sabrecristais de calcita e dolomita, se forma urn precipitado amarelo imicamentesabre a calcita, provavelmente de calcio (CaU20 7 ) .

Este precipitado, fr ente a uma solucfio diluida de fosfat o acido de arno­nio (NH4 ) 2HP0 4 , transforrna -se num deposito amarelo esverdeado, que umavez seco e fortemente fluorescente, sendo semelhante a flu orescencia da autu­nita. Sao unicamente os cristais de calcita, os que adquirem essa intensafluorescencia, havend o dado resultados negati ves os ensaios realizados sabreamostras puramente dolomiticas.

E notavel observar como sao detectados pequenissimos cristais dc calcitad'isseminados numa massa dolomiti ca,

Os mecani smos quimicos possiveis deste metodo, seriam :

1) CaCOg + 2UO::! (CHgCOO)z + 2H20 = 4CHgCOOH + CaUZ07 ++ COze 'ao submergi r numa soluciio diluida de fosfato acido de amonio :

2 ) CaUZ07 + (NH4 ) zHP0 4 + 2HgP04 = 2NH,UOZP04 +­+ CaHP04 + 3H20

Durant e as opera coes mencionadas, e claramente visivel a formacao noseio dos reati vos, de produtos micro cri stalinos, que pensamos atribuir naeta pa (1) ao acetate de calcio Ca (CHgCOO)z, resultante da neut ralizacaodo acido corre spondente com a calcita, e na etapa (2) , provavelrnent e e 0

fosfato acido d'e cal cio (CaHP04 ) , 0 responsavel pela formacao de urn pre­cipitado esbranquicado, que aumenta it medida que se utiliza a solucao dePO,i 3-, ate exigir num dado momento sua reno vacfio.

Por falta de reat ivos njio pudemos ensaiar a utilizac jio direta de umasoluca o de UOZHP04, que tal vez substituisse numa so etapa, a agao sucessivadas dua s solucoes por nos empregadas, U02 (CHgCOOh e (NH{) zHP0 4 •

Os mecani smcs esquematizados njio pretend'em simplificar este fenomenoate circunscreve-Io numa seri e de reacfie s quimicas, mas explica urna grandeativacfio na superficis livre da calcita pela micr o-corrosfio provocada, uma

JUAN C. GOm - DIFERENCIAR CALCITA DE DOLOMITA 73

mudanca local (sabre esta mesma superficie) das condicoes de acidez domeio e tambem intensos fenomenos de adsorcao por exemplo de radicaisU02 2+, como conseqiiencia da reatividad'e introduzida (Gregg, 1951).

TECNICA UTILIZADA

~l:,,'

Para laminas delgadas, proximo a espessura standard (15-20,u) , eantes de colocar-se a Iaminula, limpa-se cuidadosamente a superficie comagua e apos com alcool etilico, deixando-se evaporar por alguns instantesa pelicula, Submerge-se ap6s a lamina problema numa solucao saturada deacetato de uranila. Esta solucfio e colocada numa estufa constantemente man­tida a 500 C (esta temperatura nao afeta 0 grau de cozimento d'o halsamode Canada).

Mantem-se em contato a superficie do material com a solucao de acetatode uranila durante 15 minutos, agitando-se suavemente para logo submergilaem agua destilada, tambem mantida a temperatura de 50 0 C, por tempo apro­ximado de do is minutos, eliminando-se assim 0 excesso d'e reativo.

Finalmente faz-se atuar durante 15 minutos uma solucao de fosfato- acidode amonio a 10%, agitando-se suavemente.

Transcorrido este tempo lava-se varias vezes com agua destilada paralogo secar-se, tambem a 500 C, tendo-se deste modo, preparada a superficiepara estudo. Durante todas as operacoes descritas deve-se tomar 'a precau:gao de evitar 0 contato da superficie do material com os dedos.

Para estes ensaios utilizou-se uma lampada ultravioleta, de tipo "Quarz­lampen" Ges. m. b. H. Hanau. no v., 0,24-0,12A de uso alternado tantopara Iaboratorio como para campo,

No caso de seccfies polidas, a tecnioa e a mesma, nao necessitando-seurn grau de acabamento maior do que para a ohservacao comum em reflexao.

Seja em laminas delgadas, ou em secedes polidas, operando-se com Iuzfluorescente por reflexao e perfeitamente possivel utilizar-se a platina inte­gradora e reaJizar as contagens habituais.

A absorcfio pelo microsc6pio nfio impede estas observacfies (emboraatenue a intensidade da fluoresccncia ) , e deste modo temos podido efetuarmedidas cornparativas entre 0 novo metodo e 0 de cromato de prata, assimcomo os resultados quimicos quantitativos, tod'os efetuados da mesma amostrae em cortes realizados sabre a mesma superficie.

A tecnica do cromato de prata por nos utilizada foi, com ligeiras varia­

goes, a descrita por Winchell (1939).

CONCLUSOES

o metcdo proposto, cremos, possui vantagens com respeito ao do cro­mato:

a) Com 0 passar do tempo nao existe enegrecimento como no casodo cromato, devido aos sais de prata.

74 BaL. soc. BRAS. GEOL. YOLo 9, NY 2, 1960

b) Se 0 calcario, como e freqiiente, possue minerals d'o grupo das ser­pentinas, estes adsorvem (?) parcialrnente os sais de prata, ficand'ocom uma coloracao marron, facil de confundir-se, no fim de poucotempo, com 0 produzido pelo Ag2Cr04 sabre a calcita. Por outrolado a fluorescencia dos minerais do grupo das serpentinas e nula,ap6s tratar-se 0 calcario com 0 novo metodo,

c) Nos calcarios dolomiticos escuros, distincao macro e microsc6picaentre os cristais de calcita coloridos peIo metodo do cromato, e osde dolomita, e dificil.

d) A estimacao (qualitativa) do teor em calcita e sua forma de dis­tribuicfio na dolomita, e muito mais claramente visivel trabalhandopor fluorescencia que por pigmentacfio, 0 mesmo cabe indicar nacontagem microsc6pica.

e) Ambos os metodos sao igualmente seletivos na deteccfio da calcitadando resultad'os negativos para dolomita. Sao tambem indepen­dentes do tamanho do grao, observando-se nitidamente a calcita,ainda quando apare<;a como micro-veias na dolomita.

Estas conclusoes derivam de urn estudo comparativo realizado em 15amostras de rochas calcarias (sedimentares e de variado grau de metamor­fismo) escolhidas de modo que representassem as variacoes texturais e estru­turais mais freqiientes (rnarmores sacar6ides, a antigorita e crisotilo, calca­rios ooliticos, "cone in cone", concrecfies, etc ... ), de tamanho de gr ao, berncomo de teor reIativo de calcita a dolomita muito variado (50% 'ate 95,8%de calcita).

Considerarnos imitil descrever cada uma das amostras ensaiadas, porsair fora do escopo desta comunicacao.

AGRADECIMENTOS

o autor deseja registrar aqui seus agradecimentos aos alunos R. Mos­smann, G. Toniatti, H. lost, C. Couvea e R. Lowtzki da l.a serie destaEscola que tiveram a seu cargo a realizacao experimental de todas as amos­tras estudadas.

BIBLIOGRAFIA

CUTHBERT, F., ROWL AND, R. (1 947) . Th e Am. 1\Ii n. 32, 111-116.GREGG, S. J. (1951). Th e sur f nea Chemis try of solid s. Chnpman and Hall. Londres,HOLMES, A. (1921). P et rogrnphie methods an d ealeulat ious. Th. Murby. Londres,LEROY, L. (1951). Subsur f ace Geology Methods. Colom do School of Mines Pub1.MEGNIEN, 01. (1957). Bul1. Soc. Geo1. France. 6.a serie, 7, 27-30.RODGERS, J. (1940). Amer, Jour. of Sci. 238, 788-798.ROWLAND, R., BECK, O. (1951). She]] Oil 00. Exp1. Research Div, Pub1. n.? 13.SCHWaB, Y. (1950). Rev. Materiaux Constr, Pub1. n.? 22, 1-105.TEODOROYIOH, O. (1955). Trans. Petro1. Tnst, Acad. Se. U.R.S.S. (eitado em

Int. Geo1. Review, 1, n? 3, 50-74.WINCHELL, A. (1939). Elements of Optical Mineralogy. Torno I. J. W. and

Sons, N. Y.

t.

d