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NOVAS TECNOLOGIAS: COMO UTILIZAR OS RECURSOS TECNOLÓGICOS
COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E DESENVOLVER A CONSTRUÇÃO
IDENTITÁRIA NA PRODUÇÃO TEXTUAL
NEW TECHNOLOGIES: HOW TO USE TECHNOLOGICAL RESOURCES WITH
HIGH SCHOOL STUDENTS AND DEVELOP IDENTITY CONSTRUCTION IN
TEXTUAL PRODUCTION
Glaucia Ferreira*
Christiana Milito **
Flávia Cunha***
*Pesquisadora em Ciência da Educação: Estratégias de Ensino e Aprendizagem pelo Instituto Federal de Minas Gerais.
Graduanda em Letras, Licenciatura em Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade Veiga de Almeida/RJ. Residente
Pedagógica no Colégio Estadual Hispano, pelo Projeto CAPES em parceria com a Universidade Veiga de Almeida. Membro
do Projeto de Pesquisa: Gêneros e(m) fronteiras na modernidade e na contemporaneidade: perspectivas críticas, pedagógicas
e editoriais; da Universidade Veiga de Almeida/RJ, coordenado pela Professora Pós-Doutora Silvana Moreli Vicente Dias. [email protected]
**Especialista em Metodologia do Ensino Superior pela UniverCidade; Graduada em Comunicação Social, Bacharel em
Publicidade e Propaganda pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA); Graduanda em Letras, Licenciatura em
Línguas Portuguesa e Inglesa pela UVA/RJ; Residente Pedagógica no Colégio Estadual Hispano, pelo Projeto CAPES em
parceria com a Universidade Veiga de Almeida. Membro do grupo de Pesquisa da Universidade Veiga de Almeida/RJ, coordenado pela Professora Pós-Doutora Silvana Moreli Vicente Dias. [email protected]
*** Doutora em Psicanálise e coordenadora do curso de Letras presencial da Universidade Veiga de Almeida. [email protected]
RESUMO
Enquanto discentes e estagiárias, observadoras do contexto escolar, chegamos à reflexão:
como utilizar os recursos tecnológicos a favor do aluno apático diante dos modelos
tradicionais de ensino, enquanto ferramenta transformadora da prática de sala de aula, mais
atrativa, próxima a sua realidade e dinâmica, auxiliando-o no processo de aprendizagem.
Estudos recentes revelam que com o advento da tecnologia, é preciso que, principalmente o
professor, se recicle para ter domínio dessa tecnologia, utilizando-a a seu favor em sala e
desempenhando seu papel como orientador e mediador na construção do conhecimento do
aluno, desenvolvendo competências analíticas, críticas e eficazes através desse recurso. Para
tanto, o objetivo desse trabalho foi propor uma prática para verificar como os alunos
interagem com o auxílio da tecnologia, levando-o à reflexão e conscientização do uso
adequado desse recurso para contribuir em sua aprendizagem. Dentre a fundamentação teórica
utilizada para embasarmos nossos estudos e guiar nossas análises de campo, numa escola
estadual do Rio de Janeiro, com alunos de 2º. Ano do Ensino Médio, destacam-se José
Manuel Moran (2015) e Gláucia da Silva Brito (2012) para tratar das Novas Tecnologias e os
autores Maria do Rosário Knechtel (2014) e Pedro Demo (2013) para Metodologias e práticas
de pesquisa quali-quantitativa participativa, com a análise dos conteúdos representados nas
respostas dos alunos aos questionários entregues após à aula dada com alguns dos tantos
recursos tecnológicos disponíveis.
Palavras-Chaves: Novas tecnologias; Aprendizagem; Prática de sala de aula.
ABSTRACT
As students and trainees, observers of the school context, we come to the reflection: how to
use the technological resources in favor of the apathetic student before the traditional models
of teaching, as a transforming tool of classroom practice, more attractive, close to their reality
and dynamics, assisting him in the learning process. Recent studies reveal that with the advent
of technology, it is necessary that the teacher, especially the teacher, recycles himself to
master this technology, using it in his favor in the classroom and playing his role as a guide
and mediator in the construction of student knowledge, developing analytical, critical and
effective skills through this resource. Therefore, the objective of this work was to propose a
practice to verify how students interact with the help of technology, leading to the reflection
and awareness of the appropriate use of this resource to contribute to their learning. Among
the theoretical basis used to base our studies and guide our field analyzes, in a state school in
Rio de Janeiro, with students from 2nd. Year of High School, we highlight José Manuel
Moran (2015) and Gláucia da Silva Brito (2012) to deal with New Technologies and the
authors Maria do Rosário Knechtel (2014) and Pedro Demo (2013) for Qualitative research
methodologies and practices participatory quantitative approach, with the analysis of the
contents represented in the answers of the students to the questionnaires delivered after the
class given with some of the available technological resources.
Keywords: New technologies; Learning; Classroom practice.
INTRODUÇÃO
Atualmente, a sociedade moderna pela própria globalização, demanda uma velocidade
nas informações, um mercado de trabalho acirrado e uma sociedade conectada a todo tempo.
É difícil se deparar com alguém que não tenha um celular ou até mesmo acesso à internet, seja
nas residências, seja nos aparelhos móveis.
Diante do contexto sala de aula observamos uma apatia dos alunos de ensino médio
quanto aos conteúdos apresentados nos moldes tradicionais e sob a sua real importância.
Nesse sentido, verificando esses aspectos, chegamos à reflexão sobre uma forma de contribuir
para transformar a prática de sala de aula em mais atrativa para eles e auxiliá-los no processo
de aprendizagem.
Roxane Rojo (2012) cita que as desenfreadas mudanças sociais sempre incitam às
novas formas de configurar o ensino e suas propostas metodológicas. Ainda segundo ela, a
educação tem muito a fazer quanto à estrutura física e à capacitação dos professores, mas não
se pode negar o quanto as novas práticas discursivas oriundas das “tecnologias da
informação” estão despertando os alunos para a nova realidade social.
De acordo com o 5º. item da nova proposta da BNCC para reformar a formação de
professores (2018), Cultura Digital, o papel do professor enquanto orientador do processo de
aprendizagem, deve compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica,
significativa e ética para que dessa forma, possa auxiliar seus alunos com o uso dessas
ferramentas e proporcionar uma prática de sala de aula mais atrativa e de acordo com a
modernidade.
Todo conhecimento é constituído do saber do homem. Seja ele através da leitura de
mundo, seja o científico, aquele oriundo da sistematização intelectual com objetivo de
encontrar explicações racionais e diretas para a realidade. Dessa forma, este último, aliado às
novas tecnologias, dada a demanda do homem moderno, propõe a aplicação do conhecimento
científico para atingir resultados práticos (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012).
A internet vem ganhando importância e espaço nas relações sociais, econômicas e
culturais por todo o mundo (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012). Isto posto, a escola precisa
integrar-se a esse universo para contribuir com a formação de um sujeito cidadão crítico e
analítico, capaz de construir conhecimentos com o apoio dos recursos tecnológicos, de forma
dinâmica e de otimização do tempo.
De acordo com Gláucia da Silva Brito e Ivonélia da Purificação (2012), é importante
que a formação dos professores contemple as novas tecnologias, mencionado por diversos
pesquisadores, a respeito da relevância do conhecimento das influências sociais, éticas das
tecnologias, da competência do uso das tecnologias da informação e da comunicação em
cenários de ensino-aprendizagem.
A proposta desse trabalho é apresentar aos alunos de ensino médio de um Colégio
Estadual do Rio de Janeiro a gama de recursos tecnológicos disponíveis para agregar
dinamismo, otimização de tempo, utilidade e enriquecimento à construção do conhecimento,
através da atividade que será realizada em sala e colher suas impressões a respeito da
contribuição ou não de tais estratégias.
REVISÃO TEÓRICA
De acordo com Moran (2015) a tecnologia nos atingiu e ainda o faz até hoje de forma
avassaladora. “Começa a haver um investimento significativo em tecnologias telemáticas de
alta velocidade para conectar alunos e professores no ensino presencial e a distância”
(MORAN, 2015, p. 8). Ainda segundo ele, não acontecerá uma mudança tão rápida assim no
contexto sala de aula, mas inclusive fisicamente e virtualmente nos próximos anos. Para tanto,
alguns aspectos precisam ainda serem considerados: a construção do conhecimento na
sociedade da informação, a compreensão da mediação pedagógica como categoria presente,
tanto no uso das próprias técnicas, como no processo de avaliação. Não teremos uma resposta
simples para esse tema, mas, podemos desmistificar que os recursos tecnológicos são apenas
para os cursos de tecnologias, exatas e não para os de humanas.
O desenvolvimento do conhecimento da ciência aliou-se ao desenvolvimento do
conhecimento tecnológico, ou seja, tecnologia é a aplicação do conhecimento
científico para se obter um resultado prático. (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012, p.
22).
A certeza de que o uso destes recursos irá complementar ou até mesmo substituir os
meios tradicionais de ensino é um equívoco, entretanto que ele pode e deverá contribuir para
ampliar o conhecimento dentro da sala de aula já é uma realidade de adequação aos novos
modelos de educação na contemporaneidade. A dúvida da inclusão dos meios digitais na
prática de sala de aula é tamanha, mas, não podemos deixar de lado esta possibilidade de
ensino, haja vista, que ela já está em todos os locais, nos setores de consumo, nas formas de
produzir, de vender e de grande escala nas comunicações.
A presença da tecnologia em todas as áreas da sociedade valida o seu emprego nas
escolas, também a necessidade de se formar um cidadão competente em seu uso, não
apenas em termos técnicos, mas inclusive em suas interações em suas relações e
valores éticos”. (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012, p. 22)
Durante o tempo em que a sociedade experimenta desafios e se transforma com eles,
mesmo que complexamente, a educação formal ainda continua genericamente previsível,
burocrática, repetitiva e pouco encantadora. As mais diversas teorias avançadas,
predominantemente conservadoras, vistas na prática, estão repetindo o que já está
consolidado, sem nenhum risco, nem qualquer apreensão.
Empreender e inovar são papéis que a escola precisa reaprender, ser uma organização
atraente para quem a enxerga. A previsibilidade carregada por ela, a deixa menos interessante
e estimulante para professores e para alunos. Temos de nos reinventar como mediadores e
como aprendizes do conhecimento. Educar é sincrônico: simples e complexo; difícil e fácil.
As motivações para desenvolver o processo de aprendizagem, outrossim são os
mesmos: colocar limites, saber motivar, apresentar valores, inteirar-se no acolhimento,
administrar atividades desafiadoras que conduzam e que desafiem a aprendizagem. Estar
acessível ao mundo é a escola propor atividades realizadas em seu entorno, começando pelo
bairro onde se localiza, criando a interação com os pais e as famílias, numa busca de
intercâmbios de aprendizados, ampliando esse processo do saber. Não há como negar que
estamos caminhando para uma nova fase de convergência e interação das mídias, somos
consumidores e produtores de conhecimentos.
Segundo Moran (2015, p.15) “O processo educativo nos impulsiona para a frente, mas
também precisamos estar atentos para olhar para o nosso passado, principalmente para os
nossos primeiros anos de vida, reexaminando com cuidado, o que ainda faz sentido e o que é
incongruente com o nosso atual estágio de desenvolvimento.” Aprender também implica
desaprender. Muito do que é simplista, maniqueísta ou opressor. Pela reflexão e pela
conscientização, podemos nos libertar progressivamente de injunções, valores roteiros de vida
incoerentes e sufocantes. Observamos na produção pedagógica contemporânea forte
influência das ciências humanas, ênfase que varia conforme o autor. Evidentemente, a
abordagem tem sido feita de acordo com as tendências naturalistas ou humanistas. De maneira
semelhante ao que ocorreu no século XX, reafirmou-se a necessidade da escola pública,
gratuita e obrigatória.
A ampliação dos níveis de ensino na rede escolar, deveu-se, em grande parte, à
expansão da indústria e do comércio, à diversificação de profissões técnicas e dos quadros
burocráticos na administração e organização dos negócios. Essa ampliação gerou a ilusão de
que a educação pudesse garantir mobilidade social e profissional. Para essa concepção de
educação, como instrumento de democratização da sociedade, muito contribuiu ao ideário da
Escola Nova.
Na instituição que temos no século XXI aprendemos muito pouco como nos
desenvolver enquanto humanos, a sermos pessoas completas, a termos domínio, criatividade e
a experimentar. Para tal, carecemos de ler, compreender, contar e escolher uma profissão, mas
além disto, temos de fazê-lo de forma diferente das demais já realizadas até o momento. O
indivíduo moderno, devido às reações acentuadas dos meios de comunicações e a infinita
solidão da cidade grande, está vulnerável às diversas comunicações que massifica os apelos
emocionais e afetivos. Temos de desenvolver o potencial que cada aluno possui.
Compreender e respeitar que cada um possui o seu próprio estilo ou preferência de
aprendizagem, auxiliá- lo dentro de suas limitações e possibilidades.
Desta forma, o professor como protagonista e mentor neste enredo como condutor do
saber, deve como mediador, buscar praticar a pedagogia da compreensão. É provado
cientificamente que, aprendemos quando vivenciamos, sentimos e experimentamos.
Aprendemos quando equilibramos, pelo pensamento divergente, pela concentração em temas
ou objetivos diferentes, quando interagimos com o outro e o mundo, pelo interesse, pela
necessidade. Por sim, aprendemos quando isso nos traz vantagens e utilidade para algo.
Os alunos já podem ser protagonistas destes ambientes mais formais, em seus
processos de aprendizagem, onde ocorre um conjunto de tecnologias popularmente de 2.0,
mais abertas e gratuitas, facilitando essa construção de forma horizontal, alunos entre si,
pessoas com as mesmas redes de interesse. Atualmente, podemos contar com vários recursos
mais elaborados como os ambientes virtuais: Moodle1 e similares. Consequentemente, o
desenvolvimento da ciência instigou o avanço tecnológico para alcançar conhecimento
específico e obter resultado prático.
Educação e tecnologia assentem que são ferramentas que proporcionam a edificação
do conhecimento do aluno capaz de desenvolver, operacionalizar os artefatos tecnológicos.
Para tanto, a educação precisa considerar tal realidade social e não se abster da concepção,
manutenção e difusão do saber, propiciando um novo conceito de conhecimento a esse
sujeito, capaz de interpretar, construir, de se apropriar e ser autônomo (BRITO &
PURIFICAÇÃO, 2012, p. 22).
Na sociedade pós-moderna, surge um novo modelo de relações pessoais, que
suplantam tempo e espaço (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012, p. 24) até então rotineiros. Esse
contexto, estabelece a manifestação da "cibercultura" que (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012,
p. 25 apud LEMOS, 2002) proporcionou o compartilhamento de arquivos, músicas,
fotografias, vídeos, filmes, documentos, links, imagens, entre outros, socializando, assim,
informações de forma coletiva, em tempo real e espaço virtual.
De acordo com Gláucia Brito e Ivonélia Purificação (2012) os Parâmetros Curriculares
Nacional - PCN (Brasil, 1998) determinam que a educação desse século é apoiada em quatro
pilares: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver com os outros; aprender a ser.
Sendo assim, o novo cidadão deverá cada dia mais fazer parte dessa sociedade tecnológica e
1 Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment , software livre de apoio à aprendizagem no
ambiente virtual.
para tanto, será necessário disponibilizá-la. Diante desse contexto, a comunidade escolar pode
aceitar essa nova realidade de três formas (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012), a que
acreditamos ser mais eficaz é aquela onde há a adequação das técnicas, a fim de promover a
formação de um aluno cidadão, não apenas intelectualmente capaz, mas também
emocionalmente equilibrado.
A ideia é que seja implementado no projeto escolar as novas tecnologias em todo o
processo de construção do conhecimento do aluno, ferramentando o saber desses recursos de
maneira a otimizar tempo, aprendizado, dinamizando e aproximando a prática de sala de aula
à realidade do jovem moderno.
As autoras Gláucia e Ivonélia (2012) afirmam que para implementar os recursos
tecnológicos nas escolas é necessário que professores, em sua formação inicial e continuada,
considerem aspectos sócio, político, econômico, cultural, governamental e histórico para se
apropriarem dos conhecimentos necessários. Para tanto, faz-se necessário a renovação dos
professores em relação aos novos modelos de sociedade contemporânea.
A tecnologia é definida “didaticamente” (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012, apud
SANCHO, 2001) em três grandes grupos: físicas, organizadoras e simbólicas. Sendo assim,
para selecionarmos uma a ser utilizada na prática de sala de aula, escolhemos um tipo de
cultura, e consequentemente está associada a um momento social, político e econômico aos
quais fazemos parte.
Considerando que o conceito de educação estabelece aperfeiçoamento, mudança,
reforma, atrelado ao contexto social contemporâneo, faz-se necessário que na prática, haja
uma reestruturação e renovação nos modelos tradicionais de ensino, implementando os
recursos tecnológicos, não somente como meios, mas inclusive, como ferramenta para
resolver problemas educacionais ensino-aprendizagem contemplado no PCN e que vem sendo
debatido no Brasil desde a década de 1980 (BRITO & PURIFICAÇÃO, 2012).
A tecnologia educacional, sabidamente, não se reduz à utilização dos meios. Ela
precisa necessariamente ser um instrumento mediador entre o homem e o mundo, o
homem e a educação, servindo de mecanismo pelo qual o educando se apropria de
um saber, redescobrindo e reconstruindo o conhecimento. (BRITO &
PURIFICAÇÃO, 2012, apud NISKIER, 1983, apud NAPOLEÃO, p. 11)
Ainda que a educação precise se adequar à nova realidade contemporânea, os recursos
tecnológicos não devem ser usados esporadicamente para caracterizarem uma prática em sala
diferente apenas num dado momento, mas incorporada à rotina de forma a fomentar o
processo ensino-aprendizagem no atual contexto. As novas tecnologias precisam dialogar de
forma simples e prática com a educação. Acreditando que as diferenças entre as nações
residem de formas diferentes pelas quais elas ainda são imaginadas, a vida é vivida e em
grande parte, no imaginário.
Segundo Hall (2005, p.59) “de forma simples: não importa o quão diferentes seus
membros possam ser em termos de classe, gênero ou raça, uma cultura nacional busca
unificá-los numa identidade cultural, para representá-los todos como pertencendo à mesma e
grande família nacional. Mas seria a identidade nacional uma identidade unificadora desse
tipo, uma identidade que anula e subordina a diferença cultural?”
Os conteúdos educacionais elaborados cuidadosamente, atualizados e atrativos,
poderão ser muito úteis para os professores e alunos, a fim de selecionar materiais
audiovisuais e textuais nos processos digitais. O aluno cidadão, segundo Gláucia da Silva
Brito e Ivonélia Purificação (2012), insere-se cada vez mais na sociedade das tecnologias, é
preciso assim, que se viabilize o acesso a elas. Porém, para tanto, a consciência das
competências dessas tecnologias e do seu uso para o bem de todos deve estar evidenciado
claramente. Dessa forma, as inúmeras oportunidades ao mundo digital têm como intuito
permitir que o acesso possibilite ascensão no ensino nas práticas pedagógicas em sala de aula
para todos.
De acordo com Roxane Rojo e Eduardo Moura (2012), o conceito de Multiletramentos
na escola evidencia os diversos gêneros discursivos apresentados em ambientes digitais, dessa
forma, numa prática de sala de aula de uma obra clássica, por exemplo, é possível mostrar ao
aluno em formatos PDF, em audiolivro, em vídeo no Youtube, ou até mesmo em vídeo aula,
além da possibilidade de interdisciplinaridade.
A referência de Laurence Bardin (1977) em seu livro L’Analyse de contenho
fundamentou e deu apoio à análise dos dados quanto às experiências presentes e como serão
representadas nas ações, para a apreciação do posicionamento dos alunos quanto à eficácia ou
não dos recursos tecnológicos enquanto incremento na aprendizagem e dinamismo para a
apresentação de conteúdos. Obra obrigatória para realizar a Análise de Conteúdo como
instrumento de estudo e de suma importância para o entendimento e aplicação das premissas
da Análise de Conteúdo propostas pela autora, que estabelece conceitos e aplicabilidade sob o
tema, quanto aos aspectos psicossociológico e estudos das comunicações de massas.
METODOLOGIA
Após embasamento pelo referencial teórico, decidimos pela realização de uma
pesquisa quali-quantitativa e participativa, descritiva, analisando o conteúdo (BADIN, 1977)
resultante das questões interpretativas da obra Senhora, de José de Alencar e da produção
escrita dos alunos de suas opiniões quanto à contribuição de alguns recursos tecnológicos na
construção do conhecimento, fomento à leitura literária e consequentemente, facilitadores no
processo de aprendizagem, a partir da aula anterior ministrada pelas residentes, onde foram
usados. Ferramentadas pelas concepções de José Manuel Moran (2015) para as novas
tecnologias e Gláucia da Silva Brito (2012) para o conceito de Novas Tecnologias e educação,
Stuart Hall (2005) para apoiar a importância da formação da identidade do aluno enquanto
cidadão, Maria do Rosário Knechtel (2014) e Pedro Demo (2013) nos aspectos da
metodologia e coleta de dados da pesquisa realizada.
A coleta de dados foi realizada com três turmas de segundo ano do ensino médio de
uma escola estadual do Rio de Janeiro, totalizando 68 alunos. O objetivo principal foi de
investigar como os alunos interagem ao receberem uma proposta de prática de aula diferente
dos moldes tradicionais, atrelada ao uso de recursos tecnológicos, uma vez que tais recursos
podem incrementar a prática do ensino da Língua Portuguesa, além de despertar o interesse e
o posicionamento crítico do aluno.
Para obter as informações para a pesquisa, foi ministrada uma aula prática utilizando o
Datashow como recurso tecnológico. E a partir dele, foi possível a realização de uma
explicação teórico visual do período literário, uma vez que empregamos o programa Power
Point e alguns capítulos da novela Senhora, de José de Alencar, no intuito de despertar nos
alunos a possibilidade de novas formas de conhecer clássicos, tornar a aula mais dinâmica,
verificar se o processo ensino-aprendizagem de fato é enriquecido através dessa abordagem.
Como forma concreta de comprovação da pesquisa, ao término da aula, os alunos
responderam um questionário sobre o uso dos recursos tecnológicos como suporte ao ensino
de Língua Portuguesa. Foram levantadas as seguintes questões: primeira, uma nota de 0 a 10
para a aula ministrada; segunda, se o uso do recurso tecnológico contribuiu para seu
aprendizado; terceira, se o Power Point e a novela contribuíram para a compreensão do livro
Senhora e como o aluno se sentiu inserido no contexto de aula ministrada nessa nova
modalidade. A seguir podemos observar as repostas dos alunos:
Pergunta 1: Pergunta 2:
Per
2 7
35
24
Notas
3 a 4 5 a 6 7 a 8 9 a 10
66
2
Uso dos Recursos Tecnológicos
SIM NÃO
Pergunta 3:
Quando analisamos a fala dos alunos, confirmamos a hipótese que levantamos de que
o jovem prefere a inovação no modelo de sala de aula mais prático, onde tem a possibilidade
de interagir com o recurso tecnológico, de forma mais dinâmica e que faz parte de seu dia a
dia, conforme gráfico acima, 56 dos 59 que responderam a essa pergunta, sentiram-se
inseridos e familiarizados com a proposta.
O professor, na condição de ser humano, é construtor de si mesmo e da sua história.
Essa construção ocorre pelas ações, num processo interativo permeado pelas
condições e pelas circunstâncias que o envolvem. Portanto, o docente é criador e
criatura ao mesmo tempo: sofre as influências do meio em que vive e através delas
deve autoconstruir-se. Quando se fala em prática pedagógica, o professor é aquele
que, tendo adquirido um nível de cultura necessário para o desempenho de sua
atividade, dá direção ao ensino e à aprendizagem. (BRITO & PURIFICAÇÃO,
2012, p.45)
0
10
20
30
40
50
60
Opinião sobre o Uso dos Recursos Tecnológicos em Sala de Aula
SIM NÃO INDIFERENTE N/A
Dessa maneira, o professor em sua função, além de compartilhar seu conhecimento
com o aluno, precisa ter um olhar atento para compreender, conhecer esse perfil, no intuito de
perceber que o modelo tradicional de ensino não mais atende a maioria desse elenco. Cumprir
um currículo mínimo, no caso das escolas públicas, pode ser feito de forma mais interessante
e que melhor contribua no processo ensino aprendizagem, onde esse discente seja ator de fato
nessa construção, percebendo a importância não apenas de mera assimilação de conteúdos,
mas sobretudo, de ser um cidadão consciente, analítico, crítico e que apenas dessa maneira,
poderá transformar realidades.
DISCUSSÃO
A Análise de Conteúdo foi apresentada em forma de texto discursivo, tabulando os
dados codificados das opiniões dos alunos entrevistados após à aula que utilizou recursos
tecnológicos, aplicados exercícios para verificar a assimilação do conteúdo ministrado e
gráficos dos resultados do campo realizado na escola estadual do Rio de Janeiro.
A coleta de dados consistiu na prática de uma aula, usando recursos tecnológicos,
apresentando a explicação teórica do período literário em Power Point no Datashow e alguns
capítulos da novela Senhora, de José de Alencar, no intuito de despertar nos alunos a
possibilidade de novas formas de conhecer clássicos, tornar a aula mais dinâmica, verificar se
o processo ensino-aprendizagem de fato é enriquecido através dessa abordagem.
Ao término da aula, os alunos responderam um questionário sobre o uso dos recursos
tecnológicos como suporte às aulas de Língua Portuguesa, como incremento no processo de
construção da aprendizagem. Todas as informações foram registradas para a compilação ao
final da coleta. De acordo com os gráficos, foram entrevistados 68 alunos, 36 meninas, 32
meninos, entre 15 e 21 anos, todos do 2º. ano do ensino médio, de uma escola estadual
integral para fazer parte do corpus da pesquisa.
A realização da pesquisa permitiu colher as impressões dos alunos a respeito das
inúmeras possibilidades de enriquecimento do processo ensino-aprendizagem através dos
recursos tecnológicos seja no contexto sala de aula. O desdobramento do texto em categorias
agrupadas analogicamente (BARDIN, 2011) por se tratar da melhor alternativa quanto a
intenção é estudar, nesse caso, opiniões e atitudes através de dados qualitativos, ainda que
sejam apresentados quantitativamente pelos gráficos que constam na seção Metodologia desse
artigo. Assim, os dados foram interpretados pelo método de análise de conteúdo, sustentada
pela observação in loco. Como se pôde observar, de acordo com Kdosnechtel (2014) na
análise de conteúdo extraída das falas dos alunos respondentes da pesquisa e da coleta de
dados. Foi utilizada um conjunto de técnicas de análise de comunicação constituída de
informação sobre o comportamento humano, validado pela fonte documental.
Por fim, tal pesquisa serviu, a partir da análise do material produzido pelos alunos
após à aula ministrada pelas residentes, onde os posicionamentos analítico-crítico foram
expressos e ficou evidente que o modelo tradicional de ensino, sem o uso de recursos
tecnológicos que dinamizam a aula e possibilitam uma linguagem mais atual não mais
desperta a atenção do aluno na grande maioria, apenas 2 ainda se interessam.
Em suma, a escolha desse tipo de pesquisa, análise de conteúdo, foi pela possibilidade
de verificar na prática, se de fato nossas hipóteses teriam sustentação para iniciar o
planejamento de uma prática que utilize mais recursos tecnológicos através de nossa
disciplina, por meio da análise interpretativa das falas dos entrevistados, ainda segundo
Kdosnechtel (2014, p. 174), para “compreender criticamente o sentido das falas dos sujeitos,
o conteúdo expresso ou latente, as significações explícitas ou ocultas”. Os dados coletados,
após decodificados de forma honesta e fidedigna pelas residentes, representam os resultados
dos alunos respondentes e registrados nesse artigo, conforme gráficos acima e que ratificam
as hipóteses em conclusões assertivas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados apresentados, verificou-se que de fato o ambiente escolar regular,
especificamente a sala de aula, ainda precisa ser revisto quanto ao modelo tradicional de
ensino, desconsiderando os recursos tecnológicos para dinamizar as aulas e principalmente
aproximar-se da realidade e interesse do jovem pelo conteúdo apresentado e assim, contribuir
no processo ensino-aprendizagem. Dessa forma, reflexões de novas ações a esse respeito
precisam acontecer, o aperfeiçoamento e a educação continuada do professor são urgentes e
necessários. Ainda há um longo caminho a percorrer, além da necessidade de conscientizar os
profissionais no universo educacional, assim como dos próprios alunos para lidarem com os
recursos tecnológicos de forma construtiva e qualitativamente no que diz respeito à
aprendizagem.
O dever da educação do futuro é ser instrumento de formação horizontalizada, de um
ser crítico, autocrítico, questionador, consciente de suas verdades e as do mundo, capaz de
transformar realidades e a sua própria, sendo agente responsável pela construção do próprio
conhecimento. O professor através de seu papel indispensável enquanto mediador capaz de
ver, de interpretar o elenco que estiver em sua sala, ele precisará ter a sensibilidade, a
competência, o amor por seu aluno. Avaliando todos os aspectos citados anteriormente,
verifica-se que faz-se necessária a reforma do ensino, de forma a observar o aluno, as suas
necessidades e as possibilidades de emprego dos recursos tecnológicos de forma contínua,
cuidando primeiramente, da capacitação do corpo docente, cujo foco deve ser a aprendizagem
sistêmica, onde todos devem ter acesso, para viabilizá- los, no cômpito geral da escola.
REFERÊNCIAS
BARDIN, L. L’Analyse de contenu. Editora: Presses Universitaires de France, 1977.
BRITO, G. S.; PURIFICAÇÃO, I. Educação e novas tecnologias: um repensar. 3ª. edição.
Curitiba: Intersaberes, 2012.
BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (organização); KLEIMAN, A. B. [et.al.]. Português no
ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006 (Estratégias de
ensino; 2).
DEMO, Pedro. Metodologia da Investigação em Educação. 2ª. Ed., Curitiba: Editora
InterSaberes, 2013.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
KNECHTEL, M. R. Metodologia da pesquisa em educação: uma abordagem teórico-prática
dialógica. Curitiba: Editora InterSaberes, 2014.
MARTIN, D. Moodle. On-line. Austrália: 2001. Disponível em: < https://moodle.org/>.
Acesso em: mai.2019.
MORAN, J. M. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 1ª. edição. Campinas, SP: Papirus,
2015.
ROJO, R.; MOURA, E. Multiletramentos na escola. 1ª. edição. São Paulo: Parábola Editorial,
2012.