68
1 PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL DO ESTADO DO PARÁ 2011 Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará Belém PA / 2011

MINUTA DO PLANO ANUAL DE OUTORGA FLORESTAL DO … · 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Total de florestas públicas sob domínio estadual e federal no Estado do Pará 15 Figura 2 Mapa das

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

1

PLANO ANUAL DE OUTORGA

FLORESTAL DO ESTADO DO PARÁ

2011

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

Belém – PA / 2011

2

PLANO ANUAL DE OUTORGA

FLORESTAL DO ESTADO DO PARÁ

2011

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

Belém – PA / 2011

3

Simão Robson Oliveira Jatene

Governador do Estado do Pará

Helenilson Cunha Pinto

Vice-governador do Estado do Pará

Teresa Luisa Martiris Coelho Cativo Rosa

Secretária de Estado de Meio Ambiente

José Alberto da Silva Colares

Diretor Geral do Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

Diretor de Gestão de Floresta Públicas

Thiago Valente Novaes

Coordenação Técnica

Daniel da Costa Francez – Eng. Florestal

Douglas Will Serrão de Nazaré – Eng. Agrônomo

Equipe Técnica

Cintia da Cunha Soares – Eng. Florestal

Farid Abdul Massih – Eng. Florestal

Iranilda Silva Moraes - Geógrafa

Pedro Bernardo da Silva Neto – Eng. Florestal

Vitor Hugo Aranda Ferreira Silva – Eng. Florestal

Jefferson Moreira do Espirito Santo – Técnico em Geoprocessamento

Assessoria Jurídica

Enock da Rocha Negrão – Assessor Jurídico

Revisão

Thiago Valente Novaes – Eng. Florestal,

Zilma Patrícia Nascimento - Eng. Florestal

4

Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará - IDEFLOR. Plano Anual de Outorga Florestal do Estado do Pará 2011 / Instituto de Desenvolvimento Florestal do Pará. Belém: IDEFLOR, 2011. 68p. Il:21,0 x29,7 cm. 1. Florestas Públicas. 2. Outorga Florestal. 3. Manejo Florestal. 4. Concessão Florestal.

5

LISTA DE SIGLAS

ADIP – Autorização de Detenção de Imóvel Público

ALCOA – Aluminum Company Of American

APA – Área de Proteção Ambiental

ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico

CEPROF – Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Florestais

CEFLOP – Cadastro Estadual de Florestas Públicas

CI – Conservação Internacional

COMEF – Comissão Estadual de Florestas

DCEX – Departamento de Comércio Exterior

DFS – Distrito Florestal Sustentável

DGFLOP – Diretoria de Gestão de Florestas Públicas

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral

EMAPA – Exportadora de Madeiras do Pará

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESEC – Estação Ecológica

FLONA – Floresta Nacional

FLOTA – Floresta Estadual

GRPU – Gerência Regional do Patrimônio da União

GTZ – Agência de Cooperação Técnica Alemã

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IDEFLOR – Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IFT – Instituto Floresta Tropical

IMAFLORA – Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola

IMAZON – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia

IN – Instrução Normativa

INPE – Instituto Nacional de Pesquisa Espacial

ITERPA – Instituto de Terras do Pará

LAP – Limitação Administrativa Provisória

LGFP – Lei de Gestão de Florestas Públicas

LSR – Laboratório de Sensoriamento Remoto

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior

MMA – Ministério do Meio Ambiente

6

MPEG – Museu Paraense Emílio Goeldi

MZEE-PA – Macrozoneamento Ecológico Econômico do Estado do Pará

PAE – Projeto de Assentamento Agroextrativista

PAS – Plano Amazônia Sustentável

PAOF – Plano Anual de Outorga Florestal

PARNA – Parque Nacional

PDS – Projeto de Desenvolvimento Sustentável

PEAEX – Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista

PEAS – Projeto Estadual de Assentamento Sustentável

PEMA – Política Estadual de Meio Ambiente

PFNM – Produto Florestal Não Madeireiro

PIB – Produto Interno Bruto

PMFS – Plano de Manejo Florestal Sustentável

PMFNM – Plano de Manejo Florestal Não Madeireiro

PNF – Programa Nacional de Florestas

PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente

PNRA – Programa Nacional de Reforma Agrária

PROMAP – Produtos de Madeira do Pará

PROA-PA – Pró-assentamento Estadual

RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável

REBIO – Reserva Biológica

RESEX – Reserva Extrativista

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

RVS – Refúgio da Vida Silvestre

STTRP – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Portel

SEF – Secretaria de Estado de Floresta do Acre

SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente

SFB – Serviço Florestal Brasileiro

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UFRA – Universidade Federal Rural da Amazônia

UC – Unidade de Conservação

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Total de florestas públicas sob domínio estadual e federal no Estado do Pará

15

Figura 2 Mapa das florestas públicas estaduais e federais no Pará

16

Figura 3 Distribuição das florestas públicas estaduais de acordo com a divisão em destinadas e não

destinadas.

17

Figura 4 Mapa das florestas públicas estaduais destinadas e não destinadas.

18

Figura 5 Mapa das florestas públicas estaduais em Unidades de Conservação.

21

Figura 6 Mapa dos projetos estaduais de assentamento no Pará, (acrescido o decreto

2.562/2010)

24

Figura 7 Mapa das florestas públicas Estaduais passíveis de concessão florestal no ano de vigência

deste PAOF

28

Figura 8 Localização geográfica do Conjunto de Glebas Mamuru-Arapiuns.

29

Figura 9 Propostas de ordenamento territorial e ambiental no conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns, encaminhados durante o processo de Consultas Públicas do PAOF 2008/2009

ocorridos em Santarém, Juruti, Aveiro e Itaituba.

31

Figura 10 Mapa da situação fundiária do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns no contexto dos

decretos: a) Decretos 2.239 e 2.240 de 07/04/2010; b) Decretos 2.560, 2.561 e 2.562 de

13/10/2010 e; c) Decreto 2.658 de 17/12/2010 e Decreto 2.670 de 27/12/2010.

33

Figura 11 Mapa do lote de concessão no conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns. a) Lote da primeira

versão do edital e; b) Lote da versão do novo edital.

34

Figura 12 Mapas das áreas destinadas para comunidades locais no conjunto de gleba Mamuru-

Arapiuns

36

Figura 13 Mapa de situação fundiária atual do conjunto de glebas Mamuru – Arapiuns

37

Figura 14 - Mapa infraestrutura de acesso e logística de escoamento do conjunto de glebas Mamuru

– Arapiuns

41

Figura 15 Mapa das florestas públicas Estaduais e Federais na Calha Norte no Estado do Para

43

Figura 16 Mapa de localização geográfica da FLOTA do Paru

46

Figura 17 Mapa de localização geográfica da FLOTA de Faro

50

Figura 18 Percentual de participação das exportações de produtos florestais madeireiros e não

madeireiros em relação a exportação mineral e outros produtos exportados no Estado do

Pará em 2009

54

Figura 19 Dinâmica da produção madeireira no estado do Pará

55

Figura 20 Origem da matéria-prima madeireira liberada pela SEMA em 2009

56

Figura 21 Origem da matéria-prima madeireira liberada pela SEMA até 30 de junho de 2010

56

Figura 22

Destino da madeira produzida no Estado do Pará em 2009

57

8

Figura 23

Consumo de madeira em tora x volume licenciado

58

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Florestas Públicas Estaduais por região de integração e destinação.

17

Tabela 2 Florestas Públicas Estaduais destinadas para Unidades de Conservação 20

Tabela 3 Florestas públicas estaduais destinadas a comunidades locais. 23

Tabela 4 Florestas públicas estaduais passíveis de concessão florestal e previsão de área para

concessões florestais no ano em que vigorar este PAOF

27

Tabela 5 Destinação florestal às comunidades locais do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns 35

Tabela 6 Cobertura vegetal e uso da terra nas glebas Mamuru e Nova Olinda II. 38

Tabela 7 Unidades de Conservação Estadual na Calha Norte Paraense 44

Tabela 8 Dados demográficos dos municípios da macroregião da Calha Norte 44

Tabela 9 Distribuição das zonas de intervenção da FLOTA do Paru 47

Tabela 10 Descrição e objetivos das Zonas de Intervenção, no zoneamento das FLOTAs da Calha

Norte.

48

Tabela 11 Cobertura vegetal e uso da terra na FLOTA Paru 49

Tabela 12 Cobertura vegetal e uso da terra na FLOTA Faro 51

Tabela 13 Produção e valor da produção de produtos florestais não madeireiros no Estado do Pará

em 2008.

58

Tabela 14 Quantidade e valor da amostra dos produtos florestais não madeireiros identificados na

Região de Integração Baixo Amazonas, 2010.

59

Tabela 15 Pólos madeireiros do Estado do Pará em 2009 61

Tabela 16 Classes de tamanho das unidades de manejo florestal a serem consideradas para fins de

concessão, quando da elaboração dos editais de licitação em 2011 e a estimativa de

produção anual de madeira em tora.

62

Tabela 17 Atividades e recursos financeiros previstos para a vigência deste PAOF 63

9

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.

13

2. AS FLORESTAS PÚBLICAS DO ESTADO DO PARÁ.

14

2.1. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS.

16

2.2. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.

19

2.3. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUIAS DESTINADAS ÀS COMUNIDADES

LOCAIS.

21

2.4. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS EM PROCESSO DE CONCESSÃO

FLORESTAL.

24

3. FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS PASSÍVEIS DE CONCESSÃO

FLORESTAL.

25

3.1. METODOLOGIA DE SELEÇÃO DAS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUIAS

PASSIVEIS DE CONCESSÃO FLORESTAL.

25

3.1.1. Seleção das florestas públicas sem impedimentos ou restrições legais.

25

3.1.2. Seleção das florestas públicas passiveis de concessão florestal no ano de vigência

deste PAOF

26

4. DESCRIÇÃO DAS ÁREAS PASSÍVEIS DE CONCESSÃO FLORESTAL

28

4.1. SUB-REGIÃO DO CONJUNTO DE GLEBAS MAMURU-ARAPIUNS.

28

4.1.1. Histórico do processo de outorga florestal no conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns.

30

4.1.2 Aspectos físicos do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns

37

4.1.3 Aspectos socioeconômicos dos municípios da região do conjunto de glebas

Mamuru-Arapiuns

38

4.1.4 Infraestrutura e logística do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns

40

4.2. SUB-REGIÃO DA CALHA-NORTE.

42

4.2.1 Aspectos socioeconômicos dos municípios da Calha Norte

44

4.2.2 Descrição da Floresta Estadual do Paru.

45

4.2.3. Descrição da Floresta Estadual de Faro.

49

5. SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE AMBIENTAL.

51

5.1. PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA O MONITORAMENTO DAS

FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS

52

6. O MERCADO FLORESTAL NO ESTADO DO PARÁ.

54

6.1. OFERTA DE MADEIRA NO ESTADO DO PARÁ.

54

6.2. DEMANDA DE MADEIRA PRODUZIDA NO ESTADO DO PARÁ.

56

10

6.3. PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS.

58

6.4. ZONAS E PÓLOS MADEIREIROS NO ESTADO DO PARÁ.

59

7. MECANISMOS DE ACESSIBILIDADE 62

8 ATIVIDADES E RECURSOS FINANCEIROS E HUMANOS PREVISTOS NO

PAOF 2011.

63

9 BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA. 64

11

PREFÁCIO

O Plano Anual de Outorga Florestal é um documento técnico que representa

uma ferramenta valiosa da nova política de gestão de florestas públicas, instituído pela

Lei n° 11248/2006 (Lei de Gestão de Florestas Públicas), trata sobre a descrição de

áreas destinadas à oferta para exploração florestal sustentável.

A destinação de florestas públicas para a produção sustentável pode ocorrer de

forma onerosa, sendo realizada através de licitação, ou não-onerosa para as

comunidades tradicionais, respeitando assim o direito de acesso aos recursos florestais

a toda sociedade.

A destinação onerosa desencadeia o processo concorrencial que culmina com

os contratos de concessão florestal, passando por um amplo debate sobre as regras

expressas em edital, nas quais a sociedade pode assegurar condições que favoreçam as

economias locais, benefícios sociais aos municípios onde estão localizadas as florestas,

e um menor impacto ambiental possível, promovendo o melhor uso dos recursos

florestais.

O PAOF do Pará é a afirmação do compromisso com a sustentabilidade,

relacionando os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Tem a autoria

compartilhada entre as lideranças dos movimentos sociais, religiosas, acadêmicas,

empresariais, políticas e de tantos outros segmentos da Amazônia. Pessoas e

instituições que se posicionaram criticamente contra o avanço desenfreado do

desmatamento, contra a privatização irregular e concentradora de terras e florestas,

contra a erosão de riquezas naturais, contra a perda de capital da biodiversidade e

contra as ameaças derivadas do desperdício e de seus efeitos encadeados.

O PAOF 2011 do Pará propõe governança sobre 700.957 hectares de floresta

pública estadual, sendo, cerca de 150.957 hectares no conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns e cerca de 400.000 hectares na floresta estadual do Paru, além de

possivelmente mais 150.000 hectares na floresta estadual de Faro, onde a cobertura

florestal nestas áreas é predominante. Neste sentido o Governo do Estado já está

providenciando o ordenamento territorial e a regularização fundiária das populações

tradicionais, estudando a necessidade de criação de novas unidades de conservação em

áreas de sensibilidade ecológica e identificando as florestas que apresentam

características econômicas e localização viável para concessão florestal.

12

O PAOF do Pará desencadeia um processo irreversível de controle social e de

necessária presença do Estado na regulação de um mercado que, durante anos,

funcionou sem regras e sem compromisso nenhum com o futuro. O Pará tem pressa em

seguir a tendência mundial de valorização de recursos florestais madeireiros e não-

madeireiros de procedência legal e de manejo sustentável. O Estado do Pará tem

pressa em tirar da marginalidade uma das suas atividades econômicas mais dinâmicas

e com condições naturais de se perenizar. O Pará tem pressa em converter suas

florestas em fontes permanentes de geração de empregos e renda, principalmente para

a sociedade local, com garantia de benefícios sociais e de infra-estrutura que

contribuam para elevar as oportunidades de negócios, a competitividade industrial e os

ganhos ambientais diretos e indiretos do uso correto das florestas públicas do Estado

do Pará, conciliando a utilização e conservação das nossas florestas, orientadas pela

Lei de Gestão de Florestas Públicas.

José Alberto da Silva Colares

Diretor Geral do IDEFLOR

13

1. INTRODUÇÃO

O Plano Anual de Outorga Florestal – PAOF é um documento que descreve o

processo de outorga do direito de praticar o manejo florestal sustentável com uso de

produtos e serviços florestais nas áreas estaduais. Nesse processo, a seleção de florestas

públicas aptas para concessão é regida por critérios definidos na Lei nº. 11.284/2006,

regulamentada pelo Decreto nº. 6.063/2007, de 20 de março de 2007, e Lei Estadual nº.

6.963/2007 de 16 de abril de 2007 que cria o Instituto de Desenvolvimento Florestal do

Pará e lhe confere, entre outras, a atribuição de elaborar o PAOF Estadual.

A Lei de Gestão de Florestas Públicas (LGFP) trouxe regras bem definidas para

o acesso aos recursos florestais, sejam eles madeireiros, não madeireiros, ou serviços

ambientais. Esse acesso respeita o princípio da igualdade utilizando a licitação para

permitir que todos aqueles que desejem acessar as florestas públicas estejam em

condições similares. Assim, a Lei incluiu diversas vantagens a empresas de pequeno

porte e associações comunitárias, como as previstas no artigo 24, §2º, e art. 33, que

trabalha o acesso eqüitativo ao exigir várias unidades de manejo de tamanhos diversos e

compatíveis com o porte da concessionária. Além disso, o Art. 6º da LGFP garante a

concessão não onerosa de florestas públicas estaduais às comunidades locais que fazem

uso tradicional da floresta, sendo esta destinação uma condicionante à concessão

florestal onerosa.

A LGFP também trouxe um novo arranjo institucional para a gestão florestal,

constituído pelos seguintes órgãos na esfera Federal: Ministério do Meio Ambiente –

MMA como órgão concedente; Serviço Florestal Brasileiro – SFB como órgão gestor; e

a Comissão de Gestão de Florestas Públicas – CGFLOP como órgão consultivo. No

Estado do Pará, de forma análoga, a Lei Estadual nº. 6.963 de 2007 define a Secretaria

Estadual de Meio Ambiente – SEMA como órgão concedente; o IDEFLOR como órgão

gestor; e a Comissão Estadual de Florestas - COMEF como órgão consultivo. Desse

modo, o PAOF 2011 do Pará está integrado ao PAOF 2011 da União, elaborado pelo

Serviço Florestal Brasileiro.

O PAOF 2011 consumou as consultas públicas como um instrumento de

planejamento transparente e participativo da gestão florestal no Estado. Entre novembro

de 2009 e janeiro de 2010 foram realizadas 12 consultas nos municípios que sediam as

florestas públicas estaduais prioritárias e algumas passíveis para a outorga florestal, e

uma na capital do Estado. As consultas públicas permitiram que a sociedade pudesse

conhecer com antecedência sobre quais as florestas públicas seriam prioritárias para a

14

concessão florestal no período de sua vigência do PAOF, e propor alterações em seu

conteúdo.

Alem das Consultas Públicas, o PAOF 2011 considera as políticas, planos e

programas federais e estaduais relacionados ao setor florestal, a reforma agrária, a

regularização fundiária, a agricultura, ao meio ambiente, aos recursos hídricos, ao

ordenamento territorial e ao desenvolvimento regional. Neste sentido, as principais

políticas, planos e programas considerados neste PAOF são: Programa Nacional de

Florestas (PNF), instituído pelo Decreto n° 3.420, de 20 de abril de 2000, do Ministério

do Meio Ambiente (MMA); Plano Amazônia Sustentável (PAS), coordenado pela

Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAEPR); Política

Nacional de Meio Ambiente (PNMA), instituída pela Lei 6.938, de 31 de agosto de

1981, e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído pela Lei

9.984 de julho de 2000, ambos sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente

(MMA); Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRF), instituído pela Lei n° 4.504,

de 30 de novembro de 1964, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário

(MDA); Política Estadual de Meio Ambiente (PEMA), instituída pela Lei 5.887 de maio

de 1995 e; Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado do Pará (MZEE),

instituído pela Lei 6.745 de maio de 2005.

Por fim, o PAOF 2011 traz o seguinte conteúdo: i) identificação das florestas

públicas estaduais constantes no Cadastro Estadual de Florestas Públicas (CEFLOP); ii)

descrição das florestas públicas estaduais passiveis de concessão florestal no ano de

vigência deste PAOF, bem como a caracterização socioeconômica dos municípios onde

as mesmas se localizam; iii) planejamento das atividades e recursos previstos; iv)

apresentação do sistema de monitoramento e controle ambiental das florestas públicas

estaduais, especialmente as submetidas à outorga florestal e aos contratos de transição;

v) algumas informações sobre o mercado florestal no estado do Pará.

2. AS FLORESTAS PÚBLICAS DO ESTADO DO PARÁ

Por definição, florestas públicas são compreendidas como florestas naturais ou

plantadas, localizadas nos diversos biomas brasileiros, identificadas como bens sob

domínio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou das entidades da

administração indireta1. Todas as florestas públicas estaduais identificadas no PAOF

1 Lei n

o. 11.284/06, art. 3

o., inciso I.

15

devem constar no Cadastro das Florestas Públicas do Estado (CEFLOP), instrumento da

gestão florestal estadual previsto pela Lei nº 11.284/06.

De acordo com seus objetivos e modalidades, as florestas públicas estaduais

estão em áreas de uso sustentável ou de proteção integral, ou ainda, em áreas arrecadas

que permanecem sem destinação específica. O Estado do Pará detém um território de

124,7 milhões de hectares, sendo que aproximadamente 77,9 milhões de hectares (62,5)

são florestas públicas. Deste total de florestas públicas, 61,0 milhões de hectares

(78,32%) pertencem a União, e 16.9 milhões de hectares (21,68%) pertencem ao Estado

do Pará (Figura 1 e Figura 2).

61,0 milões ha

78,32%

16.9 milhões ha

21,68%

Floresta Pública Federal

Floresta Pública Estadual

Figura 1 - Total de florestas públicas sob domínio estadual e federal no Estado do Pará. Fonte:

CEFLOP/IDEFLOR (2011) e Brasil (2010).

16

Figura 2 – Mapa das florestas públicas estaduais e federais no Pará. Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011).

2.1. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS

As Florestas Públicas Estaduais estão distribuídas em 39 municípios, em 10

Regiões de Integração, com destaque para a região do Baixo Amazonas que detém

81,7% de todas as florestas públicas estaduais (Tabela 1).

17

O Decreto federal nº. 6.063, de 20 de março de 2007 dividiu as florestas públicas

estaduais em duas categorias: florestas públicas destinadas e florestas públicas não

destinadas. As florestas públicas destinadas são aquelas em que o Estado já definiu sua

utilização para a proteção integral ou para o uso sustentável, ao passo que as não

destinadas são aquelas localizadas em terras arrecadadas e matriculadas pelo Estado,

porém sem destinação definida.

Tabela 1 - Florestas Públicas Estaduais por região de integração e destinação.

Região de

Integração

Florestas Públicas

Estaduais

Destinadas (ha)

%

Florestas Públicas

Estaduais

Não Destinadas

(ha)

% Total (ha) %

Araguaia 0 0,0% 566.967 3,4% 566.967 3,4%

Baixo Amazonas 13.019.178 77,1% 788.336 4,7% 13.807.514 81,7%

Carajás 31.181 0,2% 9.057 0,1% 40.238 0,2%

Lago de Tucuruí 64.710 0,4% 0 0,0% 64.710 0,4%

Marajó 92.428 0,5% 228.233 1,4% 320.661 1,9%

Metropolitana 1.194 0,0% 0 0,0% 1.194 0,0%

Rio Capim 25.950 0,2% 52.198 0,3% 78.148 0,5%

Rio Guamá 0 0,0% 7.092 0,0% 7.092 0,0%

Tapajós 568.783 3,4% 381.193 2,3% 949.976 5,6%

Tocantins 12.485 0,1% 347.770 2,1% 360.255 2,1%

Xingu 442.555 2,6% 253.718 1,5% 696.273 4,1%

Total Geral 14.258.464 84% 2.634.564 16% 16.893.028 100%

Do total de 16.893.028 ha de florestas públicas Estaduais cadastradas no

CEFLOP, 14.258.464 ha já foi destinada, representando 84 %, enquanto 2.634.564 ha

ainda não tem destinação, representando 16 %, (Figura 3).

14.258.464

84%

2.634.564

16%

Florestas Públicas EstaduaisDestinadas

Florestas Públicas EstaduaisNão Destinadas

Figura 3 - Distribuição das florestas públicas estaduais de acordo com a divisão em destinadas e não

destinadas. Fonte: IDEFLOR/CEFLOP (2011).

As florestas públicas estaduais não destinadas estão localizadas em Glebas

Públicas Estaduais arrecadadas ao patrimônio fundiário do Estado do Pará pelo Instituto

de Terras do Pará – ITERPA. Nestas glebas, existem florestas que não possuem

destinação definida, somando 2.634.564 hectares, encontram-se livres de sobreposição

18

com unidades de conservação, terras indígenas, territórios Quilombolas e áreas militares

(Figura 4).

Figura 4 - Mapa das florestas públicas estaduais destinadas e não destinadas. Fonte: CEFLOP/IDEFLOR

(2011).

19

2.2. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS EM UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO

As Unidades de Conservação (UC) são áreas de proteção ambiental legalmente

instituída pelo poder público, nas esferas Federal, Estadual e Municipal, com objetivo

de proteger os ecossistemas e a biodiversidade dos diferentes biomas brasileiros, bem

como dos valores culturais das populações tradicionais. As UC foram reguladas pela Lei

9.985 de 2000, que instituiu o SNUC.

O SNUC dividiu as UC em dois grupos: as de Proteção Integral e as de Uso

Sustentável. As UC de proteção integral têm o objetivo de preservar os ecossistemas,

admitindo-se apenas o uso indireto dos seus recursos naturais como as atividades de

cunho cientifico com as restrições estabelecidas no Plano de Manejo da UC; medidas

que vise restaurar os ecossistemas modificados; manejo de espécies com o fim de

preservar a diversidade biológica; visitação pública de acordo com as normas

estabelecidas no Plano de Manejo da Unidade, etc. As UC de Uso Sustentável têm por

objetivo a compatibilização da conservação dos ecossistemas com o uso sustentável de

seus recursos naturais, sendo permitida a exploração de produtos florestais madeireiros

e não madeireiros e serviços ambientais por meio de Planos de Manejo Florestal

Sustentável. Contudo, cada categoria de UC tem regras que precisam ser observadas,

bem como as restrições estabelecidas pelos Planos de Manejo de cada UC.

Do total de florestas públicas presentes no CEFLOP 13.277.046,869 hectares

estão em Unidades de Conservação - UC. Destas 7.907.573,971 hectares correspondem

a UC de uso sustentável e 5.369.472,898 hectares são UC de proteção integral (Tabela

2, Figura 5).

20

Tabela 2 - Florestas Públicas Estaduais destinadas para Unidades de Conservação.

Denominação Categoria Município Área (ha)*

E.E. Grão Pará ESEC

Alenquer/Monte

Alegre/Obidos/Oriximina 4.199.075,941

F.E Faro FLOTA Faro/Oriximiná 631.610,770

F.E Iriri FLOTA Altamira 442.554,858

F.E Paru FLOTA

Alenquer/Almeirim/Monte

Alegre/Obidos/Prainha 3.609.460,469

F.E Trombetas FLOTA Alenquer/Óbidos/Oriximiná 3.159.238,188

P.E. Monte Alegre PARQUE ESTADUAL Monte Alegre 5.943,103

P.E. Serra dos

Martírios/Andorinhas PARQUE ESTADUAL São Geraldo do Araguaia 28.117,002

P. E. Utinga PARQUE ESTADUAL Belém 1.193,794

R.B. Maicuru REBIO Almerim/Monte Alegre 1.135.143,058

R.D.S. Alcobaça RDS Tucuruí/ Novo Repartimento 35.874,755

R.D.S. Pucuruí-Ararão RDS Tucuruí/ Novo Repartimento 28.834,931

Total 13.277.046,869

*Área calculada.

Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011).

21

Figura 5 – Mapa das florestas públicas estaduais em Unidades de Conservação. Fonte:

CEFLOP/IDEFLOR (2011)

2.3. AS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS DESTINADAS ÀS

COMUNIDADES LOCAIS

Das três modalidades de gestão florestal a destinação comunitária é a única

obrigatória, ou seja, onde quer que existam comunidades locais, definidas pelo inciso X

do art. 3º da lei nº 11.284 como: grupos humanos organizados por gerações sucessivas,

22

com estilo de vida relevante à conservação e à utilização sustentável da diversidade

biológica, deverão ter o acesso garantido ao território e aos recursos ambientais. Por

isso, antes do Poder Público realizar a gestão direta e/ou a concessão florestal, deverá

primeiro identificar nas áreas onde a concessão será realizada, bem como no seu entorno

se existe a presença de povos e comunidades tradicionais.

O art. 14 do decreto 6.063/2007 preceitua que antes da realização das licitações

para concessão florestal, as florestas públicas, em que serão alocadas as unidades de

manejo, quando ocupadas ou utilizadas por comunidades locais, definidas pelo inciso X

do art.3º da lei nº 11.284/2006, serão identificadas para destinação a essas

comunidades, nos termos do art. 6º da mesma.

Logo, para evitar a sobreposição de áreas de uso comunitário e de concessão

florestal durante o processo de outorga florestal, é imprescindível a realização de

estudos socioambientais para identificação e caracterização da ocupação humana bem

como a utilização dos recursos naturais, em especial dos recursos florestais, por

comunidades locais.

Desse modo, o poder público poderá, com base nas condicionantes

socioambientais definidas em regulamento, regularizar posses de comunidades locais

sobre as áreas por elas tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que sejam

imprescindíveis à conservação dos recursos ambientais essenciais para sua reprodução

física e cultural, por meio de concessão de direito real de uso ou outra forma admitida

em lei, dispensada licitação (Artigo 6°, § 3o).

Já foram destinados 350.645,809 hectares de florestas públicas estaduais às

comunidades locais, distribuídos em oito Projetos Estaduais de Assentamento

Sustentável – PEAS e nove Projetos Estaduais de Assentamento Agroextrativista –

PEAEX, (Figura 6), modalidades previstas pelo Decreto 2.280 de 24 de maio de 2010

que instituiu o Programa Estadual de Assentamentos. Além de 136.524,00 hectares

reservados pelo Decreto nº 2.562/2010, para fins de regularização fundiária, priorizando

as comunidades tradicionais e agricultores familiares situadas ao longo do rio Mamuru,

totalizando 487.169,809 hectares, (Tabela 3).

23

Tabela 3 – Florestas públicas estaduais destinadas e em via de destinação a

comunidades locais. Denominação Modalida

de

Município Área (ha)* Famílias

Sapucuá- Trombetas PEAEX Oriximiná 72.464,973 811

Aruã PEAEX Santarém/Juruti 24.082,086 36

Camuta do Pucuruí PEAEX Gurupá e Melgaço 17.852,830 18

Curumucuri PEAEX Juruti 124.890,690 1.762

Majari I PEAEX Porto de Moz 38.781,194 85

Mariazinha-Aracati PEAEX Santarém 10.331,636 22

Prudente- Monte Sinai PEAEX Juruti 5.647,733 51

Vila Nova PEAEX Prainha 20.058,540 52

Vista Alegre PEAEX Santarém 5.719,087 33

Bacabal Grande PEAS Bom Jesus do Tocantins 3.064,095 77

Borba Gato PEAS Tailândia 8.509,630 126

Campo Dourado PEAS Rondon do Pará 3.725,255 77

Itabira PEAS Bujaru 506,552 25

Itapeva PEAS Bujaru 2.313,270 84

Mocajuba PEAS Bujaru 646,745 36

Pindorama PEAS Tailândia 3.974,918 48

Repartimento PEAS Santarém 8.076,575 33

Decreto de reserva** - Santarém/ Juruti/ Aveiro 136.524,00 300***

Total 487.169,809 3.676

* Área calculada.

** Área reservada pelo Decreto 2.562/2010, para fins de regularização fundiária das comunidades

tradicionais e agricultores familiares situadas ao longo do rio Mamuru.

*** Número aproximado apresentado no Decreto 2.587/28.10.2010, que criou o PROA-PA Mamuru.

Fonte: adaptado de CEFLOP/IDEFLOR (2011).

24

Figura 6 – Mapa dos projetos estaduais de assentamento no Pará, (acrescido o decreto

2.562/2010). Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011)

2.4. FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS EM PROCESSO DE CONCESSÃO

FLORESTAL

A concessão florestal nos termos do inciso VII do art. 3º da Lei nº 11.284/2006 é

a delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo

florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo,

mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências

25

do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua

conta e risco e por prazo determinado. Esta modalidade de gestão florestal só é

permitida nas áreas previstas no Plano Anual de Outorga Florestal, de acordo com o art.

9º da referida lei.

Em outubro de 2010 tornou-se público o edital de licitação para concessão

florestal no Estado, mais precisamente no conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns onde

foi ofertado um lote com quatro UMFs, totalizando 173.369,36 ha de florestas públicas.

O processo encontra-se suspenso para readequação, com previsão de ser retomado no

primeiro semestre de 2011 com uma redução de área ofertada para 150.956,95 hectares.

3. FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUAIS PASSÍVEIS DE CONCESSÃO

FLORESTAL.

O Decreto Federal nº 6.063/2007, em seu art. 19 determina que o PAOF deverá

conter a descrição de todas as florestas públicas passiveis de serem submetidas à

concessão no ano em que vigorar.

Com base nos incisos III de IV do art. 11 da lei 11.284/2006, utilizou-se a

metodologia ali definida para seleção das áreas passiveis de concessão florestal no ano

de vigência deste PAOF.

3.1 METODOLOGIA DE SELEÇÃO DAS FLORESTAS PÚBLICAS ESTADUIAS

PASSIVEIS DE CONCESSÃO FLORESTAL.

Esta metodologia consiste basicamente em excluir dos 16.893.027,491 hectares

de florestas públicas estaduais presentes no CEFLOP as que não possuem aptidão legal

e entre as legalmente aptas as que não poderão ser objeto de concessão, tendo em vista a

indefinição fundiária no caso de algumas glebas estaduais e da aprovação do plano de

manejo no caso das florestas estaduais no ano em que vigora este PAOF.

Dessa forma a metodologia se divide em dois recortes, o primeiro seleciona as

áreas legalmente aptas e o segundo seleciona dessas as passíveis de concessão florestal

no ano de vigência deste PAOF. Esta metodologia é semelhante à apresentada pelo

Serviço Florestal Brasileiro em seu PAOF 2011.

3.1.1 Seleção das florestas públicas sem impedimentos ou restrições legais.

Exclusão das unidades de conservação de proteção integral:

As Unidades de Conservação de Proteção Integral de acordo com a Lei Federal no

9.985, de 18 de julho de 2000, são: Estação Ecológica – ESEC, Reserva Biológica –

REBIO, Parque Nacional – PARNA, Refúgio da Vida Silvestre – RVS e Monumento

Natural – MONA. De acordo com o inciso III do art. 11 da Lei 11.284/2006, essas

unidades deverão ser excluídas das áreas delimitadas para concessão. No caso da

26

concessão estadual foram excluídas as áreas de ESEC, REBIO e Parques Estaduais

integrantes do CEFLOP, totalizando uma área de 5.369.472,898 hectares

Exclusão das unidades de conservação de uso sustentável destinadas ao uso

comunitário:

As unidades de conservação de uso sustentável são as reservas extrativistas e o as

reservas de desenvolvimento sustentável, assim definidas pela Lei nº 9.985/2000,

portanto foram excluídas as RDS, totalizando uma área de 64.709,686 hectares

Exclusão das áreas destinadas a comunidades locais:

O Artigo 6° da LGFP menciona ainda que o direito de uso tradicional das florestas

públicas por comunidades locais antecede as concessões florestais. Desse modo, não

pode haver destinação para concessões florestais em área destinada ao uso comunitário.

Portanto foram excluídas os PEAS, PEAEX, modalidades previstas pelo decreto 2.280,

de 24 de maio de 2010 e na instrução normativa nº 03, de 09 de junho de 2010 do

ITERPA, totalizando uma área de 350.645,809 hectares.

Finalizado esta etapa temos 11.108.199,098 hectares de florestas públicas estaduais

legalmente aptas para concessão florestal no ano de vigência deste PAOF.

3.1.2 Seleção das florestas públicas passiveis de concessão florestal no ano de

vigência deste PAOF:

Dos 11.108.199,098 hectares de florestas públicas Estaduais legalmente aptos ao

processo de concessão florestal se fez a seleção das florestas públicas passiveis de

concessão no ano de vigência deste PAOF, com segue:

Exclusão das áreas destinadas a contratos de transição:

Os contratos de transição representam um instrumento administrativo temporário

previsto no art. 70 da Lei Federal 11.284/2006 e no art. 23 da Lei Estadual 6.963/2007,

que prevê a continuidade das atividades florestais no Estado até que sejam efetivamente

implantado o sistema de concessões florestais a fim de garantir a oferta de madeira legal

para o período de transição. Estes contratos são regulamentados pelo Decreto Estadual

657/2007 alterado pelo Decreto 1.493/2009. Nesse sentido foram excluídos 61.987,963

hectares de florestas públicas estaduais sob contrato de transição.

Exclusão das unidades de conservação de uso sustentável:

O art. 26 do decreto nº 4.340/2002, que regulamenta a Lei no 9.985/2000, determina

que autorizações para a exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços em

unidade de conservação de domínio público só serão permitidas se previstas no plano de

manejo da unidade, mediante decisão do órgão executor, ouvido o conselho da unidade

27

de conservação. Portanto foram excluídas provisoriamente as FLOTA’s Iriri localizada

mosaico da terra do meio e a FLOTA Trombetas situada no escudo das Guinas mais

precisamente na calha norte paraense, totalizando uma área de 3.601.793,046 ha.

Exclusão das áreas sem definição fundiária:

Das glebas estaduais onde ainda não se tem uma definição ou previsão de definição

fundiária foram excluídas para o período de vigência deste PAOF, um total

2.081.291,872 hectares de florestas públicas estaduais.

Por fim, tendo em vista os recortes acima descritos temos 5.363.126,217

hectares de florestas públicas estaduais de imediata intervenção tendo em vista a

concessão florestal. Deste total, 700.957 hectares serão objeto do presente PAOF –

2011, conforme discriminado na tabela 4, (Figura 7).

Tabela 4 – Florestas públicas estaduais passíveis de concessão florestal e previsão de

área para concessões florestais no ano em que vigorar este PAOF. Áreas prioritárias para concessões

florestais

Área Total (ha) Previsão de área

para a concessão

florestal (ha)*

Previsão de área

para a concessão

florestal (%)

FLOTA Faro* 631.610,770 150.000 23,75%

FLOTA Paru** 3.609.460,469 400.000 11,08%

Conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns 1.122.054,978 150.957 13,37%

TOTAL 5.363.126,217 700.957 13,05%

*Realizar inventário florestal amostral e elaborar o pré-edital

**Realizar audiências públicas do pré-edital e publicar o edital definitivo no ano de vigência deste PAOF.

28

Figura 7 – Mapa das florestas públicas Estaduais passíveis de concessão florestal no ano de vigência deste

PAOF. Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011)

4. DESCRIÇÃO DAS ÁREAS PASSÍVEIS DE CONCESSÃO FLORESTAL

4.1 SUB-REGIÃO DO CONJUNTO DE GLEBAS MAMURU-ARAPIUNS

A região Mamuru-Arapiuns abrange as bacias hidrográficas dos rios Mamuru e

Arapiuns, afluentes dos rios Amazonas e Tapajós, respectivamente. Nesta região está

29

localizado o conjunto de cinco glebas públicas estaduais que formam um maciço

florestal pouco alterado, abrangendo uma área de 1.122.054,978 hectares, matriculados

em nome do Estado do Pará, através do Instituto de Terras do Pará – ITERPA (Figura 8)

Figura 8 – Localização geográfica do Conjunto de Glebas Mamuru-Arapiuns. Fonte:

CEFLOP/IDEFLOR (2011).

Este conjunto de glebas abrange os municípios de Santarém, Juruti - Região de

Integração do Baixo Amazonas - e Aveiro, na Região de Integração do Tapajós.

30

4.1.1. Histórico do processo de outorga florestal no conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns.

Desde 2008 há um trabalho intenso no conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns.

Em 17 de julho de 2008, o Governo do Estado emitiu o Decreto n° 1.149, criando a

Limitação Administrativa Provisória – LAP neste conjunto de glebas, nos termos do

Artigo 22-A da Lei nº 9.985 de 18 de julho de 2000. A LAP proibiu o desenvolvimento

de atividades causadoras de degradação ambiental, como aquelas que implicam em

corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa, excetuando-se o uso direto

sustentável por parte das comunidades tradicionais.

Assim, desde 2008 o ITERPA vinha realizando trabalhos de identificação de

comunidades tradicionais para posterior e regularização fundiária nessas glebas

estaduais. Em apoio ao processo de ordenamento ambiental e territorial na região

Mamuru-Arapiuns, o IDEFLOR promoveu diversas expedições nessas áreas, em

parceria com instituições de pesquisa, prefeituras e representantes da sociedade civil

organizada.

No período de fevereiro a maio de 2009 a Comissão Estadual de Floresta-

COMEF realizou Consultas Públicas na região para ouvir os diversos segmentos da

sociedade envolvidos nas discussões sobre o uso sustentável dos recursos florestais. A

partir dessas Consultas Públicas, propostas de ordenamento das glebas oriundos dos

diversos setores da sociedade civil organizada e do poder público local foram

encaminhadas ao IDEFLOR (Figura 9).

31

Figura 9 – Propostas de ordenamento territorial e ambiental no conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns, encaminhados durante o processo de Consultas Públicas do PAOF 2008/2009

ocorridos em Santarém, Juruti, Aveiro e Itaituba.

Baseados nos estudos realizados no conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns, e nos

encaminhamentos das consultas públicas do PAOF 2008/2009, o Estado chegou a uma

proposta de ordenamento territorial e ambiental do conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns. Esta proposta culminou com a publicação do Decreto n° 2.240 de 7 de abril

de 2010, que reservou 619.490,8388 hectares, com a finalidade de atender as

comunidades locais, a proteção da biodiversidade e para a produção florestal sustentável

sob a forma de concessão florestal ou gestão direta, (Figura 10 a)).

Ainda considerando a necessidade de ordenamento no conjunto de Glebas, na

mesma data mencionada foi publicado o Decreto 2.239, que reservava 124.432,2169

hectares, para fins de regularização fundiária, (figura 10 a)). Em 14 de outubro de 2010

foram publicados outros três decretos de reserva tendo como objeto o ordenamento do

conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns, (Figura 10 b)):

O Decreto nº 2.560 que reservou 481.735,3325 hectares, para fins de proteção da

biodiversidade e gestão florestal sob as modalidades de concessão ou gestão

direta;

Movimentos sociais Setor empresarial

Prefeituras ONG IDEFLOR

32

O Decreto nº 2.561 que reservou 119.826,2086 hectares, para fins de

regularização fundiária, revogando o decreto n° 2.240 de 7 de abril de 2010;e

O Decreto nº 2.562 que reservou 136.524,0033 hectares, para fins de

regularização fundiária, das comunidades tradicionais e agricultores familiares

situados ao longo do rio Mamuru.

Ainda em 17 de dezembro de 2010, o Governo Estadual fez publicar o Decreto

nº 2.658 que reduziu de 481.735,3325 para 312.433,1410 hectares, o volume de áreas

anteriormente destinadas, pelo Decreto 2.560/13.10.2010, à proteção da biodiversidade

e a gestão florestal sob a modalidade de concessão ou gestão direta do Estado.

Finalmente, esse volume de área excluído da gestão florestal mencionada pelo Decreto

2.658, foi destinada à regularização fundiária, mediante o instituto da permuta, através

do Decreto 2.670, publicado em 27 de dezembro de 2010, (figura 10 c)).

33

Figura 10 – Mapa da situação fundiária do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns no contexto dos decretos: a) Decretos 2.239 e 2.240 de 07/04/2010; b) Decretos 2.560, 2.561

e 2.562 de 13/10/2010 e; c) Decreto 2.658 de 17/12/2010 e Decreto 2.670 de 27/12/2010. Fonte: LSR/IDEFLOR.(2011).

a) c) a) c) b) a) c)

34

No processo de concessão iniciado ainda em 2010, o IDEFLOR adequou o

tamanho da área ofertada em licitação aos respectivos decretos de reserva que

antecederam o primeiro edital publicado em 22 de outubro de 2010. Portanto do volume

de 311.000 ha, apresentado nas audiências públicas, em março de 2010, no edital

efetivamente ofertou o total de 173.369,36 há, (Figura 11 a)).

Contudo, tendo em vista o processo de transição e mudança da gestão de

governo e os efeitos de redução de áreas para a concessão, promovida pelos decretos

2.658/17.12.2010 e 2.670/27.12.2010, o IDEFLOR resolveu por bem publicar um novo

edital ajustando a área ofertada para 150.956,95 hectares, divididos em três unidades de

manejo florestal, (Figura 11 b)). O lançamento do novo edital está previsto para o

primeiro semestre de 2011.

Figura 11 – Mapa do lote de concessão no conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns. a) Lote da primeira

versão do edital e; b) Lote da versão do novo edital. Fonte: LSR/IDEFLOR (2011)

A destinação de áreas para as comunidades locais na região do Mamuru-

Arapiuns vem sendo realizada pelo ITERPA por meio da criação de projetos de

assentamento. Assim, já se efetivou a regularização fundiária de aproximadamente

178.747,807 hectares nessa região (tabela 5, Figura 12). Além dos 136.524,0033 ha

reservados pelo Decreto nº 2.562/2010, para fins de regularização fundiária, priorizando

a) b)

35

as comunidades tradicionais e agricultores familiares, situados em torno do rio Mamuru

totalizando 315.271,810 hectares.

Tabela 5 – Destinação florestal às comunidades locais do conjunto de glebas Mamuru-

Arapiuns.

Denominação Modalidade Gleba Área (ha)* Famílias

Repartimento PEAS Nova Olinda I 8.076,575 33

Vista Alegre PEAEX Nova Olinda I 5.719,087 33

Aruã PEAEX Nova Olinda I 24.082,086 36

Curumucuri PEAEX Curumucuri 124.890,690 1.762

Prudente e Monte

Sinai PEAEX Curumucuri 5.647,733 51

Mariazinha de

Aracati PEAEX Nova Olinda II 10.331,636 22

Decreto de reserva** - Santarém/ Juruti/ Aveiro 136.524,003 300***

TOTAL - - 315.271,810 2.237

* Área calculada.

** Área reservada pelo Decreto 2.562/2010, para fins de regularização fundiária das comunidades

tradicionais e agricultores familiares ao longo do rio Mamuru.

*** Número aproximado apresentado no Decreto 2.587/28.10.2010, que criou o PROA-PA Mamuru.

Fonte: adaptado de CEFLOP/IDEFLOR (2011).

36

Figura 12 – Mapas das áreas destinadas para comunidades locais no conjunto de gleba Mamuru-Arapiuns.

Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011)

Por fim, chegamos a situação fundiária atual do conjunto de glebas Mamuru –

Arapiuns representada pela Figura 13, base referencial de lançamento do novo edital de

concessão florestal a ser publicados.

37

Figura 13 – Mapa de situação fundiária atual do conjunto de glebas Mamuru – Arapiuns. Fonte

CEFLOP/IDEFLOR (2011)

4.1.2. Aspectos físicos do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns

No conjunto de gleba Mamuru-Arapiuns o relevo dominante são as planícies,

com áreas de planalto. A planície ocupa a porção Norte e Leste, formando grandes áreas

de várzea submetidas às inundações sazonais do rio Amazonas, e pelo delta dos igarapés

e rios tributários nessa porção, como os rios Mamuru e Arapiuns, compreendendo

38

depósitos aluviais. O planalto representa uma superfície entre a planície e os planaltos

Tapajós - Xingu e Tapajós - Madeira (IDEFLOR/UFRA, 2009).

A Gleba Mamuru tem 97% de cobertura florestal, sendo apenas 595 ha

classificados como uso da terra para fins agrícolas. No interior desta gleba, existem

áreas desmatadas, com maior incidência nas margens e ao longo de caminhos abertos

provavelmente de forma ilegal. De modo geral, as atividades antrópicas estão presentes

na área como abertura de estradas, exploração madeireira e desmatamento para abertura

de roçados.

A cobertura vegetal das duas glebas onde está inserido o lote de concessões em

quase sua totalidade é a Floresta ombrófila, dividida nas classes densa e aberta, e ainda

nas subclasses Terras Baixa e Aluvial. A Tabela 6 apresenta uma quantificação das

áreas das diferentes classes mapeadas para cada gleba.

Nas Gleba Nova Olinda II, são 89% de áreas florestadas e cerca de 4% (quase

20.000 ha) sob algum uso da terra para fins agrícolas.

Tabela 6 - Cobertura vegetal e uso da terra nas glebas Mamuru e Nova Olinda II.

COBERTURA VEGETAL E USO DA TERRA

Mamuru Nova Olinda II

Ha % Ha %

Floresta ombrófila densa de terras baixas com dossel

emergente + aberta com cipós

136.614 59,20 227.611 49,97

Floresta ombrófila densa de terras baixas com dossel

emergente

69.483 30,11 174.536 38,32

Floresta ombrófila densa aluvial 13.333 5,78 3.075 0,68

Floresta ombrófila aberta de terras baixas com

palmeiras

4.444 1,92 -- --

Rios e lagos 6.301 2,73 30.403 6,68

Uso da terra 595 0,26 19.855 4,35

TOTAL 230.772 100,00 455.482 100,00

Fonte: LSR/IDEFLOR (2009).

4.1.3. Aspectos socioeconômicos dos municípios da região do conjunto de glebas

Mamuru-Arapiuns2

O conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns vem sofrendo a influência das

transformações ocorridas pelo contexto socioeconômico da BR-163, caracterizado pela

rápida expansão da fronteira agrícola e pela exploração mineral. As transformações tem

se dado com a formação de mercados de terra e de trabalho, e a intensificação de fluxos

migratórios para a região, acarretando um cenário de conflitos fundiários relativos ao

uso e controle do território e dos recursos naturais.

2 Transcrito em parte de: PARÁ. Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado. Plano Anual de

Outorga 2008/2009 / IDEFLOR – Belém-PA – Governo do Estado. IDEFLOR, 2009

39

Em paralelo à acelerada ocupação das áreas rurais, observa-se a rápida

urbanização da região, com o crescimento das cidades-pólo de Santarém, Itaituba e

Juruti, para onde fluem as frentes migratórias atraídas por novos eventos econômicos

associados ao agronegócio, à mineração e a serviços.

A atividade econômica na área de influência da BR-163 está fortemente

assentada no setor primário, com forte predomínio da agricultura, da pecuária bovina,

da exploração madeireira e da mineração. A indústria tem expressão bem menor,

embora crescente, e concentra-se principalmente no processamento da madeira e,

recentemente, com a implantação da mineração da ALCOA no município de Juruti e em

menor escala, de grãos e carne, enquanto o comércio e os serviços estão concentrados

nas principais cidades.

A agricultura familiar tem um peso importante em toda a área de influência e,

em geral, está associada aos projetos de colonização criado ainda na década de 1970 na

região da Transamazônica, e aos projetos de assentamentos da Reforma Agrária.

Em relação à produção florestal, a região do Distrito Florestal Sustentável - DFS

da BR-163, sob gestão do SFB, tem alto potencial de produção. Estima-se que se a

região estivesse em pleno funcionamento, o DFS da BR-163 representaria cerca de 20%

da produção de madeira da Amazônia em base sustentável. Além da madeira, produtos

florestais não madeireiros apresentam grande potencial de produção - PFNM.

Além do uso tradicional para a subsistência, os PFNM são comumente

comercializados nos mercados locais, especialmente artesanato, utensílios e castanha do

brasil, principalmente em feiras localizadas nas sedes dos municípios da região, e

regionais, sobretudo em Belém e Manaus. Também verificou-se, na última década, um

crescimento das exportações destes produtos, principalmente a castanha do brasil, diante

do crescente interesse por parte da indústria de alimentos, fármacos e cosméticos.

Também foi identificado bom potencial para exploração econômica de serviços

ambientais na região como o turismo ecológico e cultural, em decorrência das notáveis

belezas naturais, a riqueza e a diversidade sociocultural. O turismo envolvendo a

comunidade local já vem sendo desenvolvido na Reserva Extrativista do Tapajós-

Arapiuns e na Floresta Nacional do Tapajós.

40

4.1.4. Infraestrutura e logística do conjunto de glebas Mamuru-Arapiuns3

O acesso ao conjunto de glebas pode ser feito através de cinco rotas, (Figura 14):

1. Terrestre - partindo de Itaituba, passando pelo Projeto de Desenvolvimento

Sustentável – PDS Anjo da Guarda e seguindo pela estrada “Transjuruti”;

2. Fluvial e Terrestre - saindo de Santarém, seguindo pelo rio Arapiuns e

acessando rotas terrestres (estradas e ramais), a partir da gleba Nova Olinda

I, que permite o acesso as demais glebas;

3. Fluvial e Terrestre - saindo de Santarém, pelo rio Tapajós, com destino a

localidade Patacho, seguindo por rota terrestre através de rotas de acesso

(estradas e ramais);

4. Terrestre – Partindo-se de Juruti seguindo por estradas e ramais de acesso

pela Gleba Nova Olinda III e;

5. Fluvial – partindo-se de Juruti ou Parintins, seguindo pelo rio Amazonas e

Mamuru até as glebas: Nova Olinda II, III e Mamuru.

3 Transcrito em parte de: PARÁ. Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado. Plano Anual de

Outorga 2008/2009 / IDEFLOR – Belém-PA – Governo do Estado. IDEFLOR, 2009

41

Figura 14 - Mapa infraestrutura de acesso e logística de escoamento do conjunto de glebas Mamuru –

Arapiuns. Fonte: LSR/IDEFLOR (2011)

Nas sedes municipais existem aeroportos como o internacional de Santarém, o

de Itaituba que contam com vôos regionais regulares, e os aeródromos de Juruti,

utilizado pela empresa ALCOA, e o de Aveiro, ambos sem linhas regulares.

42

O transporte fluvial nos municípios é determinante na logística de transportes de

passageiros e de cargas. Apesar disso, com exceção de Santarém que conta com uma

estrutura portuária mais organizada, e onde as obras em curso irão separar o transporte

de cargas do transporte de passageiros, os portos da região são em geral precários, tal

como ocorre em Juruti e Aveiro. Em Itaituba, apesar de ser o centro mais dinâmico no

transporte de cargas e passageiros por estar situada praticamente na confluência das

duas rodovias federais (BR-230 e BR-163), também não dispõe de estrutura portuária

organizada.

4.2. SUB-REGIÃO DA CALHA-NORTE

A Calha Norte paraense abriga o maior mosaico de áreas protegidas do mundo,

com aproximadamente 22 milhões de hectares (78 % da Calha Norte). Este, por sua vez,

em conjunto com os corredores de biodiversidade do Amapá e Central da Amazônia,

forma o maior corredor de biodiversidade do mundo. Essa região também está inserida

no centro de endemismo das Guianas, espaço geográfico prioritário ao planejamento e

ações de conservação por possuir uma biota única e distinta (CI, 2010 in PARÁ,2010),

(Figura 15).

43

Figura 15 – Mapa das florestas públicas Estaduais e Federais na Calha Norte no Estado do Para. Fonte: LSR/IDEFLOR (2011)

44

Das cinco unidades de conservação estaduais, três são de uso sustentável e as

outras duas são de proteção integral, (Tabela 7):

Tabela 7 – Unidades de Conservação Estadual na Calha Norte Paraense

Modalidade da Unidade

de Conservação

Município Área (ha)

Flota do Paru Almerim, Monte Alegre, Alenquer,

Óbidos e Prainha

3.609.460,469

Flota de Trombetas Oriximiná, Óbidos e Alenquer 3.159.238,188

Flota de Faro Faro e Oriximiná 631.610,770

Estação Ecológica do Grão-

Pará

Oriximiná, Óbidos, Alenquer e

Monte Alegre

4.199.075,941

Reserva Biológica Maicuru Monte Alegre e Almeirim 1.135.143,058

Total 12.734.528,426

Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011)

Baseado nos estudos realizados nas FLOTA's Faro, Paru e Trombetas,

pesquisadores e técnicos das instituições que compõem o consórcio Calha Norte,

liderados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, já elaborou os planos de Manejos

das FLOTA's Paru e Faro.

Durante o segundo semestre de 2010 foram realizadas atividades como as

reuniões dos conselhos gestores nessas FLOTAS; consultas públicas do PAOF 2011,

cursos de capacitação às comunidades locais e Inventário Florestal Amostral na FLOTA

Paru

4.2.1. Aspectos socioeconômicos dos municípios da Calha Norte

Os municípios da região da Calha Norte paraense ocupam um território de

aproximadamente 27,6 milhões de hectares, e abrigam uma população estimada em 290

mil habitantes, alcançando uma densidade demográfica de 1,62 habitantes/ha. Almerim

e Oriximiná possuem os maiores Índices de Desenvolvimento Humano - IDH, Produto

Interno Bruto - PIB e Renda per capita, ao passo que os municípios com os menores

indicadores são Faro e Prainha. As maiores densidades demográficas encontram-se em

Monte Alegre, Alenquer e Prainha (Tabela 8).

Tabela 8 - Dados demográficos dos municípios da macrorregião da Calha Norte. Municípios Territorial

(Km²)

IDH-M

(2000)

PIB (Mil R$)

(2007)

PIB Per

Capita (R$)

(2007)

População

(2009)

Densidade

Demográfi

co (2009)

Alenquer 22.282,08 0,67 152.752 2.901,00 57.067 2,36

Almeirim 72.960,28 0,75 420.811 13.617,00 31.192 0,42

Faro 11.766 0,62 32.541 1.828,00 19.585 1,47

Monte Alegre 21.703,03 0,69 222.997 3.635,00 63.941 2,83

Óbidos 28.021,29 0,68 171.730 3.670.00 48.429 1,67

Oriximiná 107.602,99 0,72 644.228 11.676,00 58.683 0,51

Prainha 12.599,48 0,62 88.523 3.349,00 26.570 2,10

TOTAL 276.935,15 0,678 2.47.654 5.286,57 290.571 1,62

Fonte: IBGE (2010)

45

O principal meio de transporte da região é o fluvial, realizado por pequenas,

médias e grandes embarcações. Estas realizam o transporte de passageiros e cargas entre

os municípios da região, e entre estes e cidades pólo como Santarém, Manaus e Belém.

A malha rodoviária representa outra alternativa de transporte intra-regional, formada

pelas estradas estaduais PA-439, PA-473, PA-254, geralmente em condições de baixa

qualidade de trafego.

A economia da região abrange predominantemente a agricultura de subsistência,

a mineração e o extrativismo vegetal, principalmente da castanha-do-pará e madeira

para a construção civil e celulose. Grandes projetos como o da Mineração rio do Norte

em Oriximiná, e o projeto Jarí em Almerim, trouxeram maior dinamismo econômico

aos municípios envolvidos.

Em relação ao pólo madeireiro da Calha Norte, segundo o SFB e IMAZON

(2010), este representou 2,85% da economia madeireira do Estado. Sete empresas

dominaram a atividade na região em 2009. Juntas estas consumiram e processaram 230

mil m³ e 67 mil m³ de matéria prima respectivamente, e geraram 2.643 empregos diretos

e indiretos.

4.2.2. Descrição da floresta estadual do Paru.

A FLOTA Paru abrange um território de 3.612.914 hectares, abrangendo parte

dos municípios de Almeirim, Monte Alegre, Alenquer e Óbidos. A FLOTA foi criada

em 4 de junho de 2006 através do Decreto Estadual 2.608/2006 pelo então Governador

Simão Jatene (Figura 16).

46

Figura 16 – Mapa de localização geográfica da FLOTA do Paru. Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011)

O Plano de Manejo da FLOTA Paru, aprovado pela portaria da SEMA nº 3.725

de 7 de dezembro de 2010, é fruto de uma pareceria entre a SEMA e o Consórcio Calha

Norte, constituídos pelas seguintes instituições: Instituto do Homem e Meio Ambiente

da Amazônia (IMAZON), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola

(IMAFLORA), Conservação Internacional (CI), Museu Paraense Emílio Goeldi

47

(MPEG), Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ) e Instituto de

Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará. O plano incorporou propostas de

pesquisadores, instituições governamentais, sociedade civil e principalmente a

comunidade diretamente envolvida, (PARÁ, 2010).

De acordo com plano de manejo no zoneamento da Flota do Paru foram

identificadas três categorias de intensidade de intervenção: baixa, moderada e alta.

Alem das zonas definidas conforme o grau de intervenção, duas outras zonas foram

consideradas: a de ocupação temporária e de amortecimento (Tabela 9).

Tabela 9 – Distribuição das zonas de intervenção da Flota do Paru.

Zona de intervenção Área (ha) %

Baixa 1.280.610 34,3

Moderada 1.898.370 49,7

Alta 27.004 0,8

Ocupação temporária 406.930 9,8

Amortecimento 206.175 5,4

Total 3.891.098 100

Fonte: PARÁ (2010)

48

Tabela 10 – Descrição e objetivos das Zonas de Intervenção, no zoneamento das

FLOTAs da Calha Norte. Zona Característica Objetivo

Alta intervenção

Constituída por áreas naturais

conservadas e por áreas

antropizadas, onde serão admitidas

as atividades de maior impacto,

que alteram as características do

ambiente e da paisagem. É

desejável que esta zona esteja

localizada em áreas de baixa a

média prioridade para a

conservação e, sempre que

possível, na periferia da UC.

Harmonizar as atividades com maior

grau de intervenção (indispensáveis à

gestão) com o uso dos recursos naturais

compatíveis com a categoria de uma

FLOTA. Nesta zona serão concentradas

as atividades que geram maior

intervenção no ambiente natural e que

podem requerer remoção temporária ou

permanente da vegetação, modificando,

dessa forma, as características do

ambiente e da paisagem.

Moderada intervenção Zona de prioridade média a alta

para conservação. As atividades

nesta zona não devem modificar as

características do ambiente e da

paisagem. É constituída em sua

maior parte por áreas conservadas,

podendo apresentar áreas com

alterações antrópicas.

Garantir a conservação da natureza

permitindo o uso sustentável dos

recursos naturais por meio de

atividades que não alterem as

características do ambiente e da

paisagem.

Baixa intervenção Zona de prioridade média a alta

para conservação, onde pode haver

pouca ou nenhuma intervenção

humana.

Preservar o ambiente natural para

manter a cobertura vegetal.

Ocupação temporária Áreas que concentram os locais de

moradia e uso das populações

humanas. Esta tem caráter

provisório e, depois de realocadas

as populações, deverá ser

incorporada a outra zona.

Monitorar e ordenar as áreas com

concentração humana cujas atividades

não são compatíveis com a UC. Tem

caráter provisório, ou seja, uma vez

definida sua situação, deverá ser

incorporada a outra zona.

Amortecimento Área externa aos limites de uma

UC, na qual as atividades humanas

estão sujeitas a normas e restrições

específicas.

Minimizar os impactos negativos

resultantes das atividades humanas

sobre a UC.

Fonte: SEMA (2010).

Segundo o plano de manejo, a Flota do Paru apresenta nove tipos de vegetação:i)

floresta ombrófila densa submontana (75%); ii) floresta ombrófila densa de terras baixas

(2%); iii) floresta ombrófila densa aluvial (>1%); iv) floresta ombrófila aberta

submontana (6%); v) floresta ombrófila aberta de terras baixas (0,05%); vi) cerrado

(0,4%); vii) refúgio submontana (0,07%); viii) floresta de transição (13%); e ix)

formação pioneira (>1%); além de clareira natural (>1%).

49

O desmatamento na FLOTA, em 2008 correspondeu a uma área de 5.197 ha

(0,1%). O restante (3%) é composto por água, nuvem e áreas onde não foi possível

coletar informações, (Tabela 11).

Tabela 11 – Cobertura vegetal e uso da terra na FLOTA Paru. Tipo de vegetação Área (há) Área (%)

Floresta ombrófila densa submontana 2.703.476,83 74,83

Floresta ombrófila densa terras baixa 71.181,92 1,97

Floresta ombrófila densa aluvial 129,38 0,004

Floresta ombrófila aberta submontana 219.069,25 6,06

Floresta ombrófila aberta de terras baixas 1.812,74 0,05

Refúgio submontana 2.610,66 0,07

Cerrado 16.404,25 0,45

Formação pioneira 0,63 0,00002

Floresta de transição 485.833,58 13,45

Clareira natural 859,14 0,02

Desmatamento 5.197,42 0,14

Água 9.208,03 0,25

Nuvem/Sombra 96.817,90 2,68

Sem dados 312,26 0,01

TOTAL 3.612.913,99 100,00

Fonte: PARÁ (2010).

Ainda considerando o plano de manejo, 985 mil hectares da FLOTA do Paru

(27%) eram viáveis economicamente para exploração madeireira. Vale ressaltar que

esses resultados refletem a condição de infraestrutura atual e a área em questão

corresponde totalmente a identificação como potencialmente viável, não levando em

consideração a importância biológica e área de uso comunitário (PARÁ, 2010).

4.2.3 Descrição da floresta estadual de Faro4

Localizada entre as bacias hidrográficas dos rios Nhamundá e Mapuera, (Figura

17), a FLOTA Faro foi criada em 4 de dezembro de 2006 pelo Decreto Estadual

2.605/2006, abrangendo um território de 635.935,72 hectares, parte no município de

Faro e oriximiná. O seu conselho consultivo foi instituída pela portaria da SEMA nº

3.708 de 29 de 12 dezembro de 2009 e o plano de manejo encontra-se em fase final de

elaboração. seguindo o roteiro metodológico para a elaboração de Planos de manejo das

Unidades de Conservação Estaduais do Pará (PARÁ, 2009).

4 Transcrito em parte de: IMAZON. Estudos preliminares para elaboração do Plano de Manejo da

FLOTA Faro.

50

Figura 17 – Mapa de localização geográfica da FLOTA de Faro. Fonte: CEFLOP/IDEFLOR (2011)

A cobertura vegetal da FLOTA Faro é formada 94% da por floresta densa com

grande potencial para o manejo florestal sustentável, (Tabela 12). A maior parte da

FLOTA, cerca de 73 %, tem boa acessibilidade devido a navegabilidade do rio

Nhamundá, alem da proximidade desta FLOTA com o rio Amazonas.

51

Tabela 12 – Cobertura vegetal e uso da terra na FLOTA Faro. Cobertura Vegetal e Uso da Terra Ocupação

Ha %

Floresta densa submontana 299.220 47,05

Floresta densa terra baixa 259.350 40,78

Floresta densa aluvial 39.690 6,24

Savanas 790 0,13

Pioneiras 960 0,15

Transição 23.400 3,7

Clareiras naturais 80 0,01

Desmatamento 1.590 0,25

Água 5.040 0,63

Nuvem 5.815 1,07

TOTAL 635.935 100%

Fonte: SEMA, 2006.

O acesso à FLOTA Faro pode ocorrer por duas rotas principais: a partir da

cidade de Faro, percorrendo aproximadamente 60 quilômetros pelo rio Nhamundá; a

partir de Porto Trombetas5, localidade onde se encontra o Porto e a infraestrutura da

mineradora Rio do Norte, percorrendo aproximadamente 115 quilômetros pelo rio

Trombetas6, mais detalhes sobre logística será apresentado no edital de concessões .

Os estudos realizados identificaram a existência de povos e comunidades

tradicionais na região do entorno e em parte da FLOTA. Essas comunidades são

formadas por populações indígenas, remanescentes de quilombos e ribeirinhos que

utilizam parte do território da FLOTA para pratica do extrativismo madeireiro e não

madeireiro, caça e pesca.

5. SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE AMBIENTAL

O monitoramento das florestas públicas estaduais representa um processo de

coleta de dados, estudos e acompanhamento contínuo e sistemático de informações que

permitam avaliar quantitativa e qualitativamente os impactos das atividades florestais

sob os aspectos socioeconômicos, ambientais e gestão.

Todas as florestas públicas estaduais, com especial atenção para as unidades de

manejo aos empreendimentos florestais implantados nestas florestas públicas são objeto

de monitoramento e controle do IDEFLOR estejam elas na forma de gestão direta,

contratos de transição, concessões florestais ou uso comunitário.

5 Para desembarcar em Porto Trombetas é necessário autorização da empresa Mineração Rio do Norte,

por ser um território particular. 6 Para se chegar à FLOTA Faro pelo rio Trombetas é necessário cruzar a FFLONA Saracá-Taquera e a

Rebio do Trombetas, que estão sob a jurisdição do ICMBio, sendo necessário a autorização órgão.

52

5.1. PROCEDIMENTOS PARA O MONITORAMENTO DAS FLORESTAS

PÚBLICAS ESTADUAIS

A gerência de monitoramento florestal da Diretoria de Gestão Florestal em

parceria com o laboratório de sensoriamento remoto do IDEFLOR vem adotando os

seguintes procedimentos para o monitoramento das florestas públicas estaduais do Pará:

Sensoriamento Remoto:

Realizado pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto do IDEFLOR, este

procedimento tem por objetivo o monitoramento periódico da cobertura florestal

de áreas prioritárias através da análise de cenas de sensores orbitais processadas

no LSR.

A freqüência com que esse procedimento e realizado é vinculada diretamente

com a resolução temporal dos sensores utilizados. São utilizadas cenas de dois

sensores, o MSS/TM Landsat 5 e ETM+ Landsat 7, que possuem resolução

temporal de 16 dias.

As cenas dos referidos sensores são disponibilizadas gratuitamente na rede

mundial de computadores pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial – INPE.

Análise documental:

A análise documental é realizada em conjunto com a Assessoria Jurídica do

IDEFLOR e tem por objetivo a verificação da aptidão legal dos pretendentes a

celebração de contratos de transição com o Estado em unidades de manejo

florestal localizadas em floresta públicas estaduais. O mesmo procedimento

deverá ser adotado para as concessões florestais;

Análise da movimentação de créditos:

O monitoramento da movimentação de créditos de produtos florestais

madeireiros e não madeireiros é realizado em conjunto com a Gerência de

Contratos da Diretoria de Gestão de Florestas Públicas do IDEFLOR através da

análise do Cadastro de Exploradores e Consumidores de Produtos Florestais –

CEPROF, gerenciado pela SEMA. Este cadastro é acessado via internet pela

Gerência de Contratos que mensalmente faz a analise do volume de madeira

movimentado por cada contrato de transição e com base nisto calcula o valor

devido ao poder público para cada um dos contratos. O mesmo deverá ser

adotado para as concessões;

53

Avaliação dos PMFS e visitas técnicas às Unidades de Manejo:

Este procedimento executado pela gerencia de monitoramento tem por objetivo a

verificação da correta execução dos empreendimentos florestais conforme o

previsto nos Planos de Manejo Florestais Sustentáveis - PMFS e Planos

Operacionais Anuais – POA encaminhados à SEMA, como firmado em

contrato;

As visitas técnicas são previstas para ocorrer antes do inicio das atividades do

POA, durante a execução do referido POA e após a exploração da área em

questão.

Expedição de reconhecimento:

Este procedimento é voltado às florestas públicas estaduais prioritárias para

outorga florestal, sendo realizado em conjunto com a Gerência de Outorga

Florestal da Diretoria de Gestão de Florestas Públicas do IDEFLOR. A

expedição de reconhecimento tem por objetivo a realização de um diagnóstico

preliminar das condições de acesso, ocupação humana, antropização, validação

dos estudos de tipologia vegetal realizado pelo sensoriamento remoto, e outras

informações relevantes ao processo de outorga florestal.

Para o aperfeiçoamento do sistema de monitoramento e controle do IDEFLOR,

outros dois procedimentos são previstos no PAOF 2011: o controle social e as auditorias

independentes:

Controle social: A Comissão Estadual de Florestas poderá formar comitês de

acompanhamento regionais das concessões florestais com a participação da

sociedade civil organizada, do setor empresarial e do governo. Esses

mecanismos serão objetos de pactuação no âmbito da COMEF e no diálogo com

as instituições locais. Atualmente são realizadas visitas às comunidades locais

próximas aos empreendimentos florestais e áreas requeridas para a celebração de

contratos de transição;

Auditoria independente: Este procedimento, previsto na LGFP, é previsto para

avaliação dos empreendimentos florestais no cumprimento de suas obrigações

econômicas, sociais e ambientais, assumidas de acordo com o PMFS, bem como

a eficiência de controle dos órgãos gestores e de fiscalização.

54

6. O MERCADO FLORESTAL NO ESTADO DO PARÁ

O Artigo 20 do Decreto Federal 6.063 de 20 de março de 2007, que trata do

conteúdo mínimo do PAOF, estabelece a necessidade de se definir a demanda por

produtos e serviços florestais, bem como a oferta oriunda do manejo florestal

sustentável nas regiões de abrangência do Plano, incluindo florestas privadas, florestas

destinadas às comunidades locais e florestas públicas submetidas à concessão florestal.

De maneira geral, o setor florestal desempenha um papel de grande relevância

para a economia do Estado, especialmente o setor madeireiro. Em 2009, um estudo do

SFB e IMAZON (2010) identificou uma receita bruta de aproximadamente 2,18 bilhões

de reais, proveniente de uma produção de madeira em tora de aproximadamente 6,6

milhões de m3, convertida em 2,5 milhões de m

3 de madeira serrada. Neste mesmo ano a

produção florestal contribui com cerca de 4,5% do PIB do Estado, e representou cerca

de 6% das exportações, ficando atrás somente da produção mineral. (Figura 18).

85%

6%9%

Exportação mineral

Exportação de produtos florestais

Outros produtos

Figura 18 – Percentual de participação das exportações de produtos florestais madeireiros e não

madeireiros em relação a exportação mineral e outros produtos exportados no Estado do Pará em 2009.

Fontes: DECEX (2010).

6.1. OFERTA DE MADEIRA NO ESTADO DO PARÁ

O Pará tem um papel de destaque na produção florestal madeireira entre os

Estados integrantes da Amazônia Legal. Segundo dados do IBGE, a produção

madeireira do Estado do Pará representou cerca de 75% da produção de madeira em

tora; 91% da madeira em tora para papel e celulose; 74% da madeira em tora para outras

finalidades; 44% da produção de lenha, e 77% da produção de carvão entre os Estados

da região amazônica, (SFB e IMAZON, 2010).

Em 2009 foram identificadas 2.226 empresas madeireiras em funcionamento na

Amazônia Legal. Nesse ano, essas madeireiras extraíram em torno de 14,2 milhões de

metros cúbicos de madeira em tora nativa, o equivalente a 3,5 milhões de árvores. O

55

estudo aponta que aproximadamente 47% dessa matéria-prima foi extraída no Estado do

Pará, (SFB e IMAZON in IDEFLOR, 2010).

A atividade florestal madeireira na Amazônia, nos últimos dez anos, teve uma

redução de produção de madeira em tora de 28 milhões de metros cúbicos (m³) para os

14 milhões de metros cúbicos produzidos no ano de 2009, (IMAZON e SFB in

IDEFLOR, 2010), como pode ser observado na Figura 19

Figura 19 – Dinâmica da produção madeireira no estado do Pará. Fonte: IMAZON e SFB, 2010 in

IDEFLOR, 2010.

Essa redução é reforçada quando observamos os dados de liberação de projetos

florestais pela SEMA nos últimos anos que tem diminuído gradativamente. As

principais causas para explicar essa redução, segundo IMAZON e SFB (2010) são: i) a

substituição da madeira da floresta por outros materiais, como forros de PVC e

madeiras plantadas, como o eucalipto; ii) O aumento de operações contra o

desmatamento e o comércio ilegal de madeira e; iii) a crise econômica no ano de 2009,

(IDEFLOR, 2010).

No ano de 2009, foi liberado pela SEMA, na forma de projetos florestais

(PMFS, reflorestamento e supressão) o montante de 4.429.599,81 m³ de madeira. Desse

valor, a principal fonte de matéria-prima madeireira é advinda de projetos de manejo

florestal, representado por 81% do total liberado naquele ano, seguido por 13% de

projetos de reflorestamento e 6% de autorizações de supressão vegetal, (IDEFLOR,

2010), (Figura 20)

56

12,0%6,0%

82,0%PMFS

Floresta Plantada

AUAS/AUMPF

Figura 20 – Origem da matéria-prima madeireira liberada pela SEMA em 2009. Fonte: IDEFLOR, 2010

Segundo IDEFLOR, (2010), até o dia 30 de junho de 2010 foram liberados pela

SEMA 3.300.083,04 m³ de madeira advinda de projetos florestais no Estado do Pará,

além de 2.400.974,61 st de resíduos florestais. Do total de volume de madeira liberado

nos projetos florestais, temos 2.800.674,91 m³ de tora de projetos de manejo florestal,

400.060,90 m³ de tora/torete de projetos de reflorestamento, 92.139,17 m³ de madeira

de projetos de supressão florestal e ainda 7.208,06 m³ de madeira de áreas de várzeas,

em concordância com a Instrução Normativa (IN) da SEMA n° 40, (Figura 21).

2,8%12,1%

84,9%

0,2%

PMFS

Reflorestamento

Supressão

IN40

Figura 21 – Origem da matéria-prima madeireira liberada pela SEMA até 30 de junho de 2010. Fonte:

IDEFLOR, 2010

6.2. DEMANDA DE MADEIRA PRODUZIDA NO ESTADO DO PARÁ

Em 2009 quase a metade da madeira licenciada no Estado do Pará foi destinada

ao mercado Nacional, principalmente para os Estados do Sudeste. Outros 30% da

madeira teve como destino o exterior, enquanto 21% foi comercializada na própria

Região (Figura 22).

57

30%

21%

49%Mercado Nacional

Mercado Externo

Amazônia Legal

Figura 22 – Destino da madeira produzida no Estado do Pará em 2009. Fonte: SFB e IMAZON

(2010).

Os principais países importadores de madeira do Pará em 2009 foram os Estados

Unidos (31,5%), a França (20,1%), a Holanda (17,6%) e a China (6,2%). A participação

da China no mercado de madeira amazônica tem aumentado nos últimos anos,

principalmente em madeiras para a fabricação de pisos e decks. No caso dos Estados

Unidos, o principal produto exportado é a madeira serrada (49%), seguida pelos

compensados (21%) e produtos beneficiados (19%), entre outros (MDIC, 2010).

A crise econômica em 2009 afetou drasticamente as exportações de madeira

originária da Amazônia. Em 2004 a receita proveniente das exportações de madeira

chegou a 631,2 milhões de dólares, ao passo que em 2009 o resultado das exportações

foi reduzido para 346,1 milhões de dólares, uma redução de 45,17% (MDIC, 2009).

Em 2009, cerca de 59% da madeira produzida pelo Estado do Pará foi comprada

por depósitos, enquanto 15% da produção foi absorvida por pessoa física ou

atravessadores, 11% pela indústria de construção civil e 6% pela indústria moveleira

(SFB e IMAZON, 2010).

A oferta de madeira nativa e plantada no Pará neste momento está aquém da

necessidade demandada pelas indústrias. A indústria de madeira de modo geral, seja ela

voltada para a construção civil, setor moveleiro, produção energética, seja para produtos

de madeira, vem sentindo os efeitos do déficit de matéria-prima. Este cenário tem

inclusive limitado o investimento em novas unidades de processamento industrial,

trazendo imensos prejuízos econômicos e sociais ao Estado, (IDEFLOR, 2010).

O consumo de madeira em tora (m3), pela indústria madeireira no Estado do

Pará sempre se manteve muito acima da oferta de matéria-prima licenciada pelo órgão

ambiental (Figura 23). Não obstante, segundo a AIMEX, esse volume de madeira

licenciada tem se aproximado significativamente da demanda industrial (AIMEX 2010),

conforme mostra a figura a seguir.

58

Figura 23 – Consumo de madeira em tora x volume licenciado. Fonte: AIMEX, 2010 in IDEFLOR, 2010.

6.3. PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS

Segundos os dados do IBGE, dentre os produtos florestais não madeireiros

constantes nas estatísticas oficiais, destacam-se os alimentícios com uma produção de

113.338 toneladas, sendo 89,44 % de fruto de açaí que obteve uma receita de R$

145.384.000,00. O vinho do açaí é um produto amplamente consumido no Estado do

Pará, e o seu consumo no Brasil e no exterior tem crescido nas duas últimas décadas em

virtude de suas propriedades nutricionais (Tabela 13).

Tabela 13 – Produção e valor da produção de produtos florestais não madeireiros no

Estado do Pará em 2008. Produto Produção (tonelada) Valor da produção (mil reais)

Alimentícios 113.338 160.489

Aromáticos, medicinais, tóxicos e corantes 5 40

Borrachas 262 483

Fibras 254 265

Oleaginosos 604 2.603

Tanantes 3 17

Total 114.466 163.897

Fonte: adaptado de IBGE - 2011 - Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura-

Na região de integração do Baixo Amazonas, na qual se encontra praticamente

todas as áreas passiveis de concessão florestal no ano de vigência deste PAOF, o IDESP

realizou uma pesquisa amostral de campo,visando coletar informações sobre as cadeias

de comercialização de produtos florestais não-madeireiros. O resultado dessa pesquisa

amostral revela que os utensílios e artesanatos detiveram 53,35% do valor da produção

de produtos não madeireiros, seguido pelos produtos alimentícios com 40,74 %, dentre

estes o de maior peso foi a castanha do brasil com 75,66 %, (Tabela 14).

59

Tabela 14 – Quantidade e valor da amostra dos produtos florestais não madeireiros

identificados na Região de Integração Baixo Amazonas, 2010

Produtos Unidade de

medida

Quantidade Valor (R$) % Valor

Utensílios e Artesanatos 27.095.007,84 56,35%

Utensílios un. 72.697 26.990.681,00

Artesanato regional un. 13.966 95.803,24

Artesanato regional balata un. 630 7.308,00

Artesanato indígena un. 120 1.215,60

Alimentícios 19.591.844,98 40,74%

Castanha do brasil kg 963.775 14.822.301,90

Açaí kg 3.418.278 3.906.191,56

Cupuaçu un. 235.257 228.240,64

Mel l 13.836 206.564,79

Cacau (amêndoa) 37.000 167.998,88

Tucumã kg 356.715 122.857,28

Taperebá kg 57.189 51.580,50

Buriti fruto kg 63.994 28.923,44

Urucum kg 11.070 25.875,00

Murucí l 12.588 19.544,11

Bacaba kg 9.912 9.140,88

Uxi un. 21.800 1.494,00

Cacau fruto un. 3.600 492,00

Caju - Açu fruto kg 20 400,00

Bacuri un. 800 240,00

Semente de cumaru kg 59.974 458.832,50 0,95%

Fibras 445.900,00 0,93%

Malva kg 277.000 415.500,00

Curauá fibra kg 7.600 30.400,00

Óleos 401.445,53 0,83%

Copaíba l 31.038 361.454,53

Andiroba l 2.286 39.441,00

Piquia l 30 350,00

castanha do brasil l 4 200,00

Borracha kg 31.702 49.132,50 0,10%

Leites l 2.710 25.585,00 0,05%

Plantas medicinais kg 2.380 9.905,00 0,02%

Breu-branco kg 4.446 7.476,00 0,02%

Cipó titica rolo 240 480,00 0,001%

Total 48.085.609,35 100,00% FONTE: Adaptado de IDESP7

6.4. ZONAS E PÓLOS MADEIREIROS NO ESTADO DO PARÁ

O setor madeireiro impulsiona de forma direta a economia de dezenas de

municípios da Amazônia, principalmente a partir da década de 1970 com a construção

de estradas estratégicas como a BR 010 e BR 230, onde a exploração madeireira se

intensificou (SFB e IMAZON, 2010).

7 MATTOS, M.M.; CASTRO, E. C. C.; COSTA, J. A.; SANTOS, A. P. ; LIMA, D. H. P. S.; SILVA, G. M.; LIMA; R. S.; BRITO, A. C. P.; ARAÚJO, R. L.; SANTOS, J. T. S., LOPES, I. L. M. Estudo das Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não-

Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas, Estado do Pará: relatório técnico 2011. - Belém: Idesp, 2011. (Dados não

publicados)

60

O estudo conduzido pelo Serviço Florestal Brasileiro em 2009, em parceria com

o IMAZON, revelou a existência de 11 Zonas Madeireiras em toda à Amazônia Legal,

onde cinco Zonas encontram-se no Estado do Pará: Estuarina; Leste; Oeste; Centro e

Sul do Estado. Nestas zonas existem 30 pólos madeireiros, abrangendo cerca de 70

municípios. O estudo categorizou como pólo, empreendimentos com volume de

madeira em tora consumido e extraído equivalente ou superior a 100 mil metros cúbicos

por ano.

Em 2009, a zona Oeste do Pará consumiu em torno de 11% da madeira em tora

extraída na Amazônia. Seus pólos madeireiros mais relevantes foram: Santarém e Novo

Progresso. O pólo madeireiro da Calha Norte, localizado na zona do Estuário Paraense,

consumiu 3,5% do volume de madeira na Amazônia em 2009, (Tabela 15).

61

Tabela 15 - Pólos madeireiros do Estado do Pará em 2009.

Pólo madeireiro

Número de

industrias1

Extração anual

de toras

(milhares de m³)

Produção

Processada

(milhares m³)

Empregos

gerados2

Receita bruta

(US$

milhões)

Altamira3 31 108 31 2.270 13,1

Anapú4 41 339 111 6.070 66,3

Breu Branco 12 122 47 1.582 19,4

Novo Repartimento 23 201 89 3.313 41,6

Uruará5 25 125 52 2.843 21,4

Centro do Pará 132 895 330 16.078 161,8

Afuá6 219 64 18 1.001 1,7

Belém7 35 697 279 13.241 141,0

Breves8 159 444 136 2.171 42,3

Calha Norte9 7 230 67 2.643 25,1

Cametá10

39 112 47 1.763 18,4

Moju 11 122 48 1.754 21,4

Portel 7 138 55 678 23,2

Porto de Moz 14 62 21 1.108 9,0

Estuário Paraense 491 1.870 671 24.269 282,1

Dom Eliseu 14 273 118 3.057 48,7

Goianésia do Pará 21 201 82 2.963 30,5

Jacundá 27 187 81 3.687 36,0

Marabá11

25 156 60 2.385 22,4

Paragominas12

42 755 280 3.693 114,8

Rondon do Pará13

27 162 71 3.886 26,2

Tailândia 28 304 114 1.594 50,5

Tomé-Açu14

36 396 153 9.147 62,5

Tucuruí 22 302 128 3.819 51,6

Ulianópolis 24 247 119 4.327 47,5

Leste do Pará 266 2.983 1.206 38.558 490,7

Castelo de Sonho15

22 104 45 1.829 20,8

Itaituba16

26 115 49 2.991 24,7

Novo Progresso 43 185 72 3.494 34,5

Santarém17

31 237 96 1.159 45,6

Trairão 17 83 29 1.509 11,9

Oeste do Pará 139 724 291 10.952 137,5

Parauapebas18

23 95 40 1.799 16,8

Santana do Araguaia19

16 32 12 768 5,3

Sul do Pará 39 127 52 2.567 22,1

Pará 1.067 6.599 2.550 92.423 1.094,2

Nota: 1. Inclui as microsserarias; 2. Empregos diretos e indiretos. Cada emprego direto da indústria madeireira

gera em média 2,06 empregos indiretos; 3. Inclui Brasil Novo, Medicilândia, Senador José Porfírio e Vitória do

Xingu; 4. Inclui Pacajá; 5. Inclui Placas; 6. Anajás; 7. Inclui Ananindeua, Benevides, Marituba e Santa Bárbara; 8.

Inclui dados de Curralinho; 9. Inclui Alenquer, Almeirim, Curuá e Óbidos; 10. Inclui Baião, Igarapé-Miri,

Mocajuba, Oeiras e Limoeiro do Ajuru; 11. Inclui Itupiranga e Nova Ipixuna; 12. Inclui Ipixuna do Pará; 13. Inclui

Abel Figueiredo;14. Inclui Acará e Concórdia do Pará; 15. Castelo de Sonho é um distrito de Altamira; 16. Inclui

Rurópolis; 17. Inclui Oriximiná e Prainha; 18. Inclui Água Azul do Norte, Eldorado dos Carajás, São Félix do

Xingu, Tucumã e Xinguara; e 19. Inclui Cumaru do Norte, Pau D’Arco, Redenção e Rio Maria.

Fonte: IMAZON, 2010.

62

7. MECANISMOS DE ACESSIBILIDADE AO PROCESSO DE CONCESSÃO 8

A acessibilidade ao processo de concessão por diferentes portes de pessoas

jurídicas foi prevista na Lei Federal nº 11.284/2006, como forma de promover a

eqüidade na política de gestão de florestas públicas no Brasil (art. 33). O

estabelecimento de parâmetros para a definição de tamanhos das unidades de manejo

deve considerar as peculiaridades regionais, incluindo a área necessária para completar

um ciclo de produção da floresta, assim como a estrutura, porte e capacidade dos

agentes envolvidos na cadeia produtiva dos produtos objetos da concessão (art. 24, do

Decreto nº 6.063/2007).

Tendo em vista que as áreas passiveis de concessão florestal outorgada pelo

poder público estadual no ano em que vigora este PAOF são em sua maioria próximas

às áreas previstas para outorga pelo Serviço Florestal Brasileiro, o IDEFLOR utilizará

os mesmos parâmetros definidos pelo SFB para o cálculo do tamanho das Unidades de

Produção Anual (UPA) e da área total de Unidades de Manejo Florestal (UMF. Estes

são:

i. Consumo médio anual em toras (em m3);

ii. Intensidade de exploração (m3/ha) e ciclo de corte permitido pela legislação

florestal (Instrução Normativa do Ministério do Meio Ambiente nº 05 de 2006 e

Resolução nº 406, de 2 de fevereiro de 2009, do CONAMA);

iii. Área da unidade de produção anual (UPA) suficiente para a produção da

demanda anual em toras, incluindo previsão de áreas para a rede viária e áreas

de preservação permanente;

iv. Área de Reserva Absoluta de 5%, como previsto pelo artigo 32 da Lei nº 11.

284/2006.

Tabela 16 – Classes de tamanho das unidades de manejo florestal a serem consideradas

para fins de concessão, quando da elaboração dos editais de licitação em 2011 e a

estimativa de produção anual de madeira em tora. Categoria de UMF Área da Unidade de Manejo Produção anual em tora

1

Pequenas Ate 30.000 ha 12.900 m3*

Médias De 30.001 ha a 60.000 ha 38.700 m3**

Grandes Igual ou superior a 60.001 ha 51.600,86 m3***

Notas:1considerando a intensidade de exploração de 25,8 m

3.ha

-¹.

*considerando uma área média de 15.000 ha.

**considerando uma área media de 45.000 ha.

***considerando uma área de 60.001 ha.

Fonte: adaptado de SFB, 2010.

8 Capítulo adaptado e transcrito em parte de: BRASIL/MMA/ SFB. Plano Anual de Outorga Florestal

2011. Brasília, 2010.

63

A oportunidade de acesso às concessões implica na inclusão de todas as classes

das categorias de unidades de manejo constantes da tabela 16 em cada lote de concessão

presente nos editais em 2011.

Além disso, ressalta-se o disposto no artigo 77 da Lei nº 11.284/2006, que veda

a qualquer concessionário, individualmente ou em consórcio, deter mais de 10% do

total da área das florestas públicas disponíveis para concessão em cada esfera de

governo, a partir de março de 2016.

8. ATIVIDADES E RECURSOS FINANCEIROS E HUMANOS PREVISTOS NO

PAOF 2011.

As atividades previstas para ano de vigência deste PAOF fazem consonância

com a Lei Orçamentária Anual 2011 do ultimo exercício do Plano Plurianual 2008-

2011, no qual o IDEFLOR coordena dois programas: o Extrativismo Vivo e o Pará

Florestal, como se pode observar na tabela 17.

Tabela 17 – Atividades e recursos financeiros previstos para a vigência deste PAOF.

Atividades Previsão orçamentária (R$)

Programa Extrativismo Vivo 1.505.860,00

Elaboração dos planos de uso dos Projetos

Agroextrativista e Territórios Quilombolas Estaduais

622.540,00

Fomento à estruturação dos empreendimentos de

iniciativas das populações extrativistas

63.320,00

Fomento a iniciativas econômicas das reservas

extrativistas projetos de assentamento e territórios

quilombolas estaduais

520.000,00

Fortalecimento Institucional de organizações extrativistas 100.000,00

Realização de Estudos de mercado de produtos florestais

extrativistas

200.000,00

Programa Pará Florestal* 5.644.120,00

Apoio a projetos sustentáveis 3.350.000,00

Implementação do sistema de concessões florestais 1.500.000,00

Promoção do reflorestamento em áreas alteradas 494.120,00

Fortalecimento de cadeias produtivas florestais 300.000

TOTAL 7.149.980,00

Fonte: adaptado de SEPOF (2011). * exclusão da atividade Transferência do FUNDEFLOR a municípios,

pois o mesmo ainda não está operando.

Para a realização das atividades previstas na tabela 17, o IDEFLOR conta com

29 técnicos de nível superior, ligados diretamente às atividades fins do instituo, sendo

sete deles ligados diretamente ao monitoramento das florestas públicas. Alem de mais

49 servidores nas áreas de direção, administrativo, comunicação, informática e apoio

operacional.

64

9. BILIOGRÁFIA CONSULTADA

BRASIL. Lei 9.985 de 18 de Julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza e dá outras providências. Disponível em

<www.mma.gov.br/lei9985/200700. html > Acesso em 16 mar. 2009

BRASIL. Decreto 6.063 de 20 de março de 2007. Institui a Regulamentação da Lei de

Gestão de Florestas Públicas. Disponível em

<www.planalto.gov.br/.../_Ato2007.../2007/.../D6063.htm > Acesso em 23 abr 2009

BRASIL. Lei de Gestão de Florestas Públicas 11.284 de 02 de março de 2006. Dispõe

sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável. Disponível em

<www.mma.gov.br/.../4b_lei_no_11284_formatado_completo.pdf > Acesso em 25 abril

2009

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Diagnóstico socioeconômico, ZEE

BR-163. Brasília – DF. 2006. 352 p.

______. Ministério do Meio Ambiente – MMA. Serviço Florestal Brasileiro. Plano

anual de outorga florestal 2011. Brasília: MMA/SFB, 2010

______. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Plano de Desenvolvimento

Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó. Belém, 2007. Grupo Executivo

Interministerial da Casa Civil. 2007.

______.2008. Zoneamento Ecológico-Econômico da rodovia BR-163. Disponível em:

<http://zeebr163.cpatu.embrapa.br/index.php/>. Acesso em: 02 dez. 2008.

DNPM. 2010. Departamento Nacional de Produção Mineral. Economia Mineral

Disponível em <www.dnpm.gov.br> acessado em 24 mar 2010

ELETROBRÁS. Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte: Relatório de Impacto

Ambiental. Maio de 2009.186p

65

EMBRAPA. 2007. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Zoneamento

Ecológico-Econômico da área de influência da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém).

Belém: EMBRAPA, 2007. 101 p.

______.2008. Zoneamento Ecológico-Econômico da rodovia BR-163. Disponível em:

<http://zeebr163.cpatu.embrapa.br/index.php/>. Acesso em: 02 dez. 2008.

FASE. Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional. Diagnóstico

socioeconômico e ambiental e do Rio Acuti-pereira, município de Portel, no Estado do

Pará. Relatório da FASE. Novembro de 2006.

ISA. 2004. Instituto Socioambiental. Instituto Socioambiental .Terras Indígenas e

Unidades de Conservação da natureza: o desafio das sobreposições. São Paulo: Instituto

Socioambiental. 687 p.

ISA. 2003. Instituto Socioambiental. Projeto Realização de Estudos Preliminares e

Formulação de uma Proposta Técnica para a Implantação de um Mosaico de Unidades

de Conservação no Médio Xingu. Relatório final de atividades enviado à Secretaria

Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA). 2003.

ITERPA. 2010. Instituto de Terras do Pará. Assentamentos criados no Estado do Pará

até Março de 2010. Disponível em <www.iterpa.pa.gov.br> Acesso em 21 de julho de

2010

IBGE. 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. SIDRA. Censo

Demográfico. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acesso em 03 de março de 2010.

IBGE. 2011. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da extração

vegetal e da silvicultura 2009. Disponível em: <www.sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em:

17 de março de 2011

IDEFLOR. 2010. Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará. Plano

Safra Florestal Madeireira do Estado do Pará: 2010. – Belém: IDEFLOR, 2010.

66

LENTINI, M.; PEREIRA, D.; CELENTANO, D.; PEREIRA, R. M. Fatos Florestais da

Amazônia 2005. Belém-PA: IMAZON, 2005. 138 p.

PEREIRA, D. SANTOS, D. VEDOTO, M. GUIMARÃES, J. VERÍSSIMO, A. Fatos

Florestais da Amazônia 2010. Belém-PA: IMAZON, 2010. 124 p.

LOPES, Syglea Rejane Magalhães. Gestão de Florestas Públicas: o contrato de

transição no Estado do Pará. Disponível em:

<www.ideflor.pa.gov.br/files/u1/Artigo_Syglea_corrigido.pdf>. Acesso em 30 jun.

2008.

MDIC. 2005. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria

de Comércio Exterior (SECEX). Disponível em <www.mdic.gov.br>. Acesso em 30

Jun. 2005.

MDIC. 2010. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Secretaria

de Comércio Exterior (SECEX). Disponível em <www.mdic.gov.br>. Acesso em 21

Maio. 2010

PARÁ. Lei 6.963 de 16 de abril de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto de

Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará- IDEFLOR e do Fundo Estadual de

Desenvolvimento Florestal- FUNDEFLOR. Disponível em

<www.ideflor.pa.gov.br/?q=node/18> Acesso em 19 jan. 2010

_____ 2009. Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará - IDEFLOR.

Plano Anual de Outorga Florestal 2008-2009. Belém/PA. 2009.

_____2006. Secretaria de Estado de Meio Ambiente-SEMA. Disponível em

<www.sema.pa.gov.br/> Acesso em 27 abr.2006

_____2010 . Secretaria de Estado de Meio Ambiente-SEMA. Plano de Manejo da

Floresta Estadual do Paru. Belém –PA: SEMA 2010

67

_____2010. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças-

SEPOF Disponível em <www.portalamazonia.globo.com/artigo_amazonia_SEPOF-

PA>. Acesso em 15 fev.2010

_____2011. Secretaria Executiva de Estado de Planejamento, Orçamento e Finanças -

SEPOF Disponível em http://www.sepof.pa.gov.br/sites/default/files/OGE_2011.pdf.

acessado em 24 de março de 2011

PNUD. 2010. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano.

Indicadores do Desenvolvimento Humano. In: Relatório de Desenvolvimento Humano

2007/2008: Combater as alterações climáticas. Solidariedade humana num mundo

dividido. p.223-256. Disponível em

<hdr.undp.org/en/media/HDR_20072008_PT_indicators.pdf > Acesso em 04 Ago. 2010

PREFEITURA DE PORTEL. Plano Diretor Municipal de Portel. Relatório da Leitura

Comunitária. 2007.

SALGADO, I.; SABALYROLLES, P.; CUNHA, M.; ROCHA, C.; MAIA, C. In: LAET

(2002). O Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar na Transamazônica.

Capítulo 6, 2002.

SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO-SFB; INSTITUTO DO HOMEM E MEIO

AMBIENTE DA AMAZÔNIA-IMAZON. A atividade madeireira na Amazônia

brasileira: produção, receita e mercados. 2010. 20p. Disponível em

<www.imazon.org.br/novo2008/arquivosdb/AtividadeMadeireira2010.pdf.> Acesso em

25 Jul. 2010

UFRA. 2009. Universidade Federal Rural da Amazônia. Pesquisa Socioambiental na

região Mamuru-Arapiuns. Relatório Final. 2009.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ-UFPA. 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ-UFPA. 2009

68

VERÍSSIMO, A.; LIMA, E.; LENTINI, M. Pólos Madeireiros do Estado do Pará.

Belém: IMAZON. 2002.74p.