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Capítulo 1 Mineração de Dados Educacionais: Conceitos, Téc- nicas, Ferramentas e Aplicações Evandro Costa, Ryan S.J.d. Baker, Lucas Amorim, Jonathas Magalhães, Tar- sis Marinho Abstract With the increasing use of Interactive Learning Environments (ILEs) or even Learning Management Systems (LMSs) on the Web to support student learning, an increasingly massive volume of data is being generated by students and instructors participating in a range of interactions. This creates an opportunity for researching online learning, but these data are still only being exploited to a limited degree, compared to the quantity of findings thatcould be obtained from these data. For example, in order to understand stu- dent behaviors and the ways in which students learn, researchers in the emerging field of Educational Data Mining (EDM) have worked to develop data mining methods that are relevant for these types of data sets and research questions. The results of EDM analy- ses have proven useful for improving educational practices and the design of curriculum, both for classroom and distance use of educational technologies. They have also proven useful for supporting adaptive personalization in online education. In this chapter, the principal concepts and techniques of EDM will be discussed, with examples from rele- vant educational data sets and with reference to common applications of EDM methods. Such methods will be discussed to address the following data mining tasks: classification and regression, clustering, and association rule mining. Methods specially developed for predicting student knowledge, emotion, and preparation for future learning, will also be discussed. Resumo Com o crescente uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) na Web e outras tec- nologias para apoio ao processo de ensino e aprendizagem, um grande volume de dados tem sido gerado a partir das diferentes modalidades de interação no sistema envolvendo principalmente estudantes e professores. Entretanto, boa parte desses dados não têm sido Jornada de Atualização em Informática na Educação - JAIE 2012 1/29

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    1Minerao de Dados Educacionais: Conceitos, Tc-nicas, Ferramentas e Aplicaes

    Evandro Costa, Ryan S.J.d. Baker, Lucas Amorim, Jonathas Magalhes, Tar-sis Marinho

    Abstract

    With the increasing use of Interactive Learning Environments (ILEs) or even LearningManagement Systems (LMSs) on the Web to support student learning, an increasinglymassive volume of data is being generated by students and instructors participating ina range of interactions. This creates an opportunity for researching online learning, butthese data are still only being exploited to a limited degree, compared to the quantity offindings that could be obtained from these data. For example, in order to understand stu-dent behaviors and the ways in which students learn, researchers in the emerging field ofEducational Data Mining (EDM) have worked to develop data mining methods that arerelevant for these types of data sets and research questions. The results of EDM analy-ses have proven useful for improving educational practices and the design of curriculum,both for classroom and distance use of educational technologies. They have also provenuseful for supporting adaptive personalization in online education. In this chapter, theprincipal concepts and techniques of EDM will be discussed, with examples from rele-vant educational data sets and with reference to common applications of EDM methods.Such methods will be discussed to address the following data mining tasks: classificationand regression, clustering, and association rule mining. Methods specially developed forpredicting student knowledge, emotion, and preparation for future learning, will also bediscussed.

    Resumo

    Com o crescente uso de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) na Web e outras tec-nologias para apoio ao processo de ensino e aprendizagem, um grande volume de dadostem sido gerado a partir das diferentes modalidades de interao no sistema envolvendoprincipalmente estudantes e professores. Entretanto, boa parte desses dados no tm sido

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  • analisados, o que se constitui numa lacuna importante, dada a quantidade de informa-o valiosa que se pode potencialmente extrair de tais dados. Por exemplo, em buscade melhor compreender o comportamento dos estudantes e a forma como eles aprendem,o trabalho realizado por pesquisadores em Minerao de Dados Educacionais tem in-vestido no uso e na melhoria de conhecidas tcnicas de minerao de dados para obterconhecimentos relevantes a partir desses dados. Tais conhecimentos podem servir de sub-sdio para a melhoria das prticas em educao a distncia ou presencial, alm de seruma importante ferramenta para viabilizar a personalizao do ensino. O objetivo destecaptulo introduzir os principais conceitos, tcnicas e algoritmos de minerao de da-dos com aplicaes a conjuntos de dados educacionais. Neste sentido, sero discutidosmtodos sobre as seguintes tarefas: Classificao e regresso, agrupamento de dados,minerao de regras de associao. Particularmente, sero discutidos mtodos especial-mente desenvolvidos para predio dos conhecimentos, emoes, e aprendizagem futurado estudante.

    1.1. Introduo1.1.1. Motivaes

    Diariamente, motivada principalmente pelas novas tecnologias de coleta e armazena-mento de dados e pelo advento da Web, uma vasta quantidade de dados produzidapara os mais diversos setores, a exemplo de Sade, Educao, Negcios. Portanto, partepondervel desses dados necessita urgentemente ser analisada.

    Em particular, verifica-se que muitas instituies educacionais que fazem uso deAmbientes Virtuais de Aprendizagem (AVAs), ou outras tecnologias de apoio ao processode ensino e aprendizagem dos estudantes, esto produzindo um grande volume de dados.Assim, considerando a existncia de recursos computacionais suficientes para tais insti-tuies, surge ento um desafio macro que o de como explorar adequadamente essesdados, visando obter informao valiosa, considerando principalmente requisitos de qua-lidade de consistncia e corretude, de rpido tempo de obteno e o seu carter oportuno.Por exemplo, isso remete a questes importantes, tais como: o que especificamente fazercom esses dados educacionais? Como reverter estas informaes extradas em benefciospara as instituies, para estudantes e professores envolvidos no contexto de um curso?Como cada um destes atores podem identificar e utilizar as informaes escondidas nosdados coletados de tal modo que consigam tirar proveitos delas?

    Um cenrio particular e importante do que foi descrito acima o da Universi-dade Aberta do Brasil1, na qual se geram grandes volumes de dados, atravs do uso deAVAs. Portanto, trata-se de um exemplo de instituio que se beneficiaria (ou talvez j sebeneficia) muito da utilizao apropriada de anlise de dados, ou mais especialmente deminerao de dados educacionais.

    1.1.2. Minerao de Dados e Descoberta de Conhecimento

    A Minerao de Dados (MD, do ingls, Data Mining, DM), pode vista como uma etapaprincipal de um processo mais amplo conhecido como descoberta de conhecimento em

    1http://www.uab.capes.gov.br/

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  • bases de dados (identificado numa rea que em ingls se denomina Knowledge Discoveryin Databases, KDD). Em KDD verifica-se ainda a incluso de mais duas grandes etapas:pr-processamento de dados (preparao de dados, abrangendo mecanismos para capta-o, organizao e tratamento dos dados) e ps-processamento dos resultados obtidos naminerao de dados. Neste sentido, de acordo com Fayyad et al. [Fayyad et al. 1996],KDD o processo no trivial de identificao de padres, a partir de dados, que sejamvlidos, novos, potencialmente teis e compreensveis. Trata-se, portanto, de uma de-finio abrangente, na qual KDD descrito como um processo geral de descoberta deconhecimento composto pelas trs grandes etapas mencionadas. Os padres menciona-dos devem ser novos, compreensveis e teis, ou seja, devero trazer algum benefcionovo que possa ser compreendido rapidamente pelo usurio para uma possvel tomada dedeciso.

    No entanto, h uma falta de consenso entre os autores sobre uma definio parao termo Minerao de Dados, dificultando a consolidao de uma definio nica. Hinclusive autores que consideram Data Mining como sinnimo de KDD, referindo-se aambas como uma disciplina que objetiva a extrao automtica de padres interessantese implcitos de grandes colees de dados [Klsgen and Zytkow 2002]. Doravante nestetexto, por simplicidade, no distinguiremos mais estes dois termos.

    Minerao de Dados uma rea interdisciplinar, mobilizando principalmente co-nhecimentos de anlise estatstica de dados, aprendizagem de mquina, reconhecimentode padres e visualizao de dados [Cabena et al. 1998].

    Para descobrir conhecimento que seja relevante, importante estabelecer metasbem definidas. Segundo Fayyad et al. [Fayyad et al. 1996], no processo de descoberta deconhecimento as metas so definidas em funo dos objetivos na utilizao do sistema,podendo ser de dois tipos bsicos: verificao ou descoberta. Quando a meta do tipoverificao, o sistema est limitado a verificar hipteses definidas pelo usurio, enquantoque na descoberta o sistema encontra novos padres de forma autnoma. A meta do tipodescoberta, em geral, est relacionada com as seguintes tarefas de minerao de dados:predio e descrio, sendo o foco do presente texto.

    Tarefas Preditivas objetivam predizer o valor de um determinado atributo (vari-vel) baseado nos valores de outros atributos. O atributo a ser predito comumente conhe-cido como a varivel preditiva, dependente ou alvo, enquanto que os atributos usados parafazer a predio so conhecidos com as variveis preditoras, independentes ou explicati-vas. De modo mais abstrato, a predio se utiliza de uma tupla de variveis para predizeroutras variveis ou valores desconhecidos [Fayyad et al. 1996].

    Tarefas Descritivas procuram encontrar padres (correlaes, tendncias, grupos,trajetrias e anomalias) que descrevam os dados.

    As metas de predio e descrio so alcanadas abordando alguma das seguintestarefas e mtodos de minerao de dados: classificao, regresso, agrupamento, sumari-zao, modelagem de dependncia e identificao de mudanas e desvios.

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  • 1.1.3. Minerao de Dados Educacionais

    A rea emergente de Minerao de Dados Educacionais procura desenvolver ou adaptarmtodos e algoritmos de minerao existentes, de tal modo que se prestem a compreendermelhor os dados em contextos educacionais, produzidos principalmente por estudantes eprofessores, considerando os ambientes nos quais eles interagem, tais como AVAs, Sis-temas Tutores Inteligentes (STIs), entre outros. Com tais mtodos visa-se, por exemplo,entender melhor o estudante no seu processo de aprendizagem, analisando-se sua intera-o com o ambiente. Assim, h a necessidade, por exemplo, de adequao dos algoritmosde minerao de dados existentes para lidar com especificidades inerentes aos dados edu-cacionais, tais como a no independncia estatstica e a hierarquia dos dados. Por outrolado, h uma necessidade significativa e urgente no provimento de ambientes computaci-onais apropriados para minerao de dados educacionais, oferecendo facilidades de usopara cada um dos atores envolvidos, notadamente ao professor.

    1.1.3.1. Origens de EDM

    Apesar de algumas iniciativas primeiras com workshops especficos dentro das confern-cias sobre Artificial Intelligence in Education (AIEd) e sobre Intelligent Tutoring Sys-tems (ITS), foi somente em 2005, em Pittsburgh, EUA, que foi organizado o primeiroWorkshop on Educational Data Mining, como parte do 20th National Conference on Ar-tificial Intelligence (AAAI 2005). Da em diante, houve mais algumas realizaes desteworkshop entre 2006 e 2007. Seguindo-se, em 2008 lana-se, em Montreal, Canad, aprimeira conferncia em EDM: First International Conference on Educational Data Mi-ning, evento este que se estabeleceu e ganhou regularidade de realizao anual, estandoagora em 2012 na sua quinta edio. Em 2009, esta sociedade investiu na criao de umperidico e publicou o seu primeiro volume do JEDM - Journal of Educational Data Mi-ning. Em 2011 constituiu-se a sociedade cientfica para EDM (International EducationalData Mining Society 2). Enfim, a rea de EDM est bem consolidada internacionalmente,mas, ainda dando os seus primeiros passos no Brasil, ficando a produo por conta dealgumas poucas iniciativas de pesquisas isoladas.

    1.1.3.2. Tarefas para EDM

    H diversas tarefas envolvidas em EDM, notadamente as que decorrem diretamente daanlise de dados gerados nas interaes dos estudantes com os ambientes de aprendi-zagem. Dessa anlise surgem demandas para responder questes relacionadas a comomelhorar a aprendizagem do estudante, como desenvolver ambientes educacionais maiseficazes que contribuam efetivamente para os estudantes aprenderem mais e em menostempo?

    Em outra perspectiva, pretende-se saber quais mtodos de minerao de se ade-quam s necessidades presentes na rea de EDM? Quais ajustes devem ser feitos nastcnicas de forma a suprir a necessidade de EDM? Do ponto de vista computacional,

    2Ver detalhes em http://www.educationaldatamining.org/

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  • alguns desafios prticos que se apresentam em vrios contextos educacionais esto rela-cionados, por exemplo, a falta de padronizao dos dados, o que acaba exigindo grandeesforo de pr-processamento [Baker 2011]. Alm disso, h a necessidade de adequaodos algoritmos clssicos de minerao de dados para lidar com especificidades ineren-tes aos dados educacionais, tais como a no independncia estatstica e a hierarquia dosdados [Baker 2010a].

    Entre as tarefas e mtodos de minerao de dados educacionais a serem discutidosno presente texto, incluem-se: classificao e regresso, agrupamento de dados, minera-o de regras de associao. Outras abordagens, entretanto, sero comentadas.

    A tarefa de classificao diz respeito ao processo de encontrar um modelo que des-creve e distingue classes de dados ou conceitos. Os modelos so derivados com base nasanlises de colees de dados, denominadas conjuntos de treinamentos, os quais corres-pondem a objetos de dados para os quais os rtulos de classes so conhecidos. O modelo usado para predizer o rtulo de classe de objetos para os quais o rtulo de classe desco-nhecido. Ele associa um item de dado a uma ou vrias classes predefinidas. Os modelosderivados podem ser representados em vrias formas, tais como: rvore de deciso, regrasde classificao, funes matemticas, redes neurais [Han and Kamber 2000].

    Enquanto na classificao a predio feita para um atributo classificador queassume valores discretos, em modelos de regresso a varivel alvo continua, ou seja,associa um item de dado a uma ou mais variveis de predio de valores reais. Por suavez, a anlise de agrupamento de dados procura associar um item de dado com um ouvrios agrupamentos determinados pelos dados, valendo-se principalmente de medidasde similaridades. J a abordagem de minerao de regras de associao busca encontrarpossveis relaes interessantes entre atributos de uma base de dados. Estas abordagenssero discutidas em detalhes na prxima seo deste captulo, onde se discutem outrasabordagens.

    1.1.3.3. Estruturao do Texto

    No restante deste texto introduz-se conceitos, mtodos e ferramentas utilizados em mi-nerao de dados educacionais, alm de uma discusso algumas aplicaes em EDM.Na seo seguinte so apresentados os principais mtodos utilizados em EDM que tmsido empregados em aplicaes reais. Prossegue-se na Seo 1.3 com uma explanaosobre aquisio e preparao de dados. Na Seo 1.4 esto elencadas algumas das princi-pais aplicaes de EDM. Na Seo 1.5 esto descritas algumas ferramentas que tm sidoutilizadas em EDM. A Seo 1.6 apresenta algumas consideraes sobre o captulo.

    1.2. Tarefas e Algoritmos de Minerao de Dados EducacionaisO objetivo desta seo apresentar as principais tcnicas utilizadas na minerao de dadoseducacionais, focalizando tarefas e algoritmos envolvidos, dando ao leitor facilidades paraentender as tcnicas, percebendo o que cada uma faz e em quais situaes so utilizadas.

    Em sua grande parte, as tcnicas utilizadas na rea de EDM so provindas da reade minerao de dados [Baker 2011]. Entretanto, na maioria das vezes h a necessidade

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  • de adapt-las devido s particularidades existentes em ambientes educacionais e seus da-dos.

    As tcnicas esto apresentadas conforme sua categorizao nas sub-reas de EDM,seguindo-se o que consta na taxonomia proposta por Baker et al. [Baker 2011], tal comosegue:

    PredioClassificao

    Regresso

    Agrupamento Minerao de Relaes

    Minerao de Regras de Associao

    Minerao de Correlaes

    Minerao de Padres Sequenciais

    Minerao de Causas

    Destilao de dados para facilitar decises humanas Descobertas com modelos

    Dos mtodos destacados na taxonomia acima, alguns dos mais demandados estodescritos em detalhes, quais sejam: Predio, Agrupamento e Minerao de Relaes(apenas Regras de Associao) e os demais esto sucintamente discutidos.

    1.2.1. Predio

    Na tarefa de predio, a meta desenvolver modelos que faam inferncia sobre aspectosespecficos dos dados (variveis preditivas) por meio da anlise e associao dos diversosaspectos encontrados nos dados (variveis preditoras). Um modelo preditivo pode serentendido como uma funo f (X , ) Y , onde X um conjunto de variveis preditoras, so parmetros desconhecidos e Y a varivel preditiva Y . Em outras palavras, deseja-se estimar o valor de Y por meio da descoberta de utilizando-se X . No processo depredio, fundamental que boa parte dos dados sejam rotulados manualmente, ou seja,a aprendizagem do modelo ocorrer de forma supervisionada e dar-se- utilizando umconjunto de treinamento com valores previamente conhecidos de Y .

    Segundo Baker et al. [Baker 2011], h dois benefcios relacionados utilizaoda predio em EDM. Primeiro, os mtodos de predio podem ser utilizados para es-tudar quais aspectos de um modelo so importantes para predio. Esta estratgia fre-quentemente utilizada em pesquisas que tentam, de forma direta, predizer os benefcioseducacionais de determinadas tcnicas e ferramentas para um conjunto de estudantes, issosem considerar os fatores intermedirios, como apresentado em [Romero et al. 2008]. Se-gundo, os mtodos de predio auxiliam a predizer o valor das variveis utilizadas em um

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  • modelo. O intuito de utilizar essa abordagem verificar quais dados so mais impor-tantes para o modelo pois analisar todos os dados de um grande banco de dados paragerar um modelo invivel, do ponto de vista financeiro e de tempo [Baker 2011]. Dessaforma, o modelo pode ser construdo utilizando parte dos dados e ento ser aplicado paramodelar dados mais extensos [Baker et al. 2008]. Esse tipo de tcnica pode auxiliar nodesenvolvimento e uso de atividades instrucionais, pois consegue-se estimar os benefcioseducacionais antes mesmo da atividade ser aplicada aos alunos.

    Em EDM, so utilizados mais frequentemente dois tipos de tcnicas de predio:classificao e regresso. Na classificao a varivel preditiva binria ou categrica ena regresso a varivel preditiva contnua. Em ambos os casos, as variveis preditoraspodem ser categricas ou contnuas.

    A Figura 1.1 representa o funcionamento de um modelo classificador, que temcomo entrada um conjunto de treinamento, que consiste de um conjunto de amostras(ou instncias) de dados onde a classe j conhecida (ver Tabela 1.1a). A partir desseconjunto de dados, o processo de aprendizagem induz um modelo classificador que emseguida testado junto a um conjunto de testes, que consiste de um conjunto de amostrascujas classes so ocultadas (ver Tabela 1.1b) e precisam ser preditas a partir do modelo.

    Figura 1.1. Representao de um modelo classificador.

    At1 At2 At3 Classe0.5 Falso Azul Sim0.3 Falso Branco No0.8 Verdadeiro Azul No0.6 Falso Verde Sim

    (a)

    At1 At2 At3 Classe0.9 Falso Branco ?0.2 Verdadeiro Azul ?0.1 Verdadeiro Verde ?0.3 Falso Verde ?

    (b)

    Tabela 1.1. Exemplo de conjunto de treinamento (a) e conjunto de teste (b), comatributo contnuo (At1) e discretos (At2 e At3).

    Na classificao, os algoritmos mais utilizados so rvores de deciso e mquinade vetores de suporte. A seguir so apresentados alguns trabalhos que aplicam tcnicas

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  • de classificao. Em [Damez et al. 2005], utilizado uma rvore de deciso fuzzy paramodelagem de usurio no intuito de distinguir usurios experientes de leigos. utili-zado um agente para aprender as caractersticas cognitivas das interaes dos usurios eclassific-los. Feng et al. [Feng and Koedinger 2005] buscam por fontes de erro em pre-dizer o conhecimento de um estudante. Eles utilizam regresso stepwise para predizerquais mtricas explicam o erro na predio de resultados de exames.

    Em relao regresso, os algoritmos mais populares so regresso linear, re-des neurais e mquinas de vetores de suporte para regresso. Como exemplo de uti-lizao de tcnicas de regresso em EDM, podemos citar o trabalho de Beck & Wo-olf [Beck and Woolf 2000] que utilizam regresso linear para predizer variveis observ-veis. O modelo acoplado num agente de aprendizagem dentro de um STI. O agenteaprende a predizer a probabilidade da prxima resposta do estudante estar correta e emquanto tempo o estudante gerar a resposta.

    A seguir so apresentados alguns algoritmos de predio, relativamente h mo-delos de classificao, descrevendo o mtodo de induo de rvore de deciso e o demquina de vetor de suporte, alm do modelo de regresso, apresentado atravs da abor-dagem de regresso linear.

    1.2.1.1. rvore de Deciso

    rvores de deciso so modelos estatsticos que utilizam treinamento supervisionado paraclassificao e predio dos dados. Ou seja, no conjunto de treinamento as variveispreditivas Y so conhecidas. Uma rvore de deciso possui uma estrutura de rvore, ondecada n interno (no-folha), pode ser entendido como um atributo de teste, e cada n-folha(n-terminal) possui um rtulo de classe [Han and Kamber 2000]. O n de mais alto nvelnuma rvore de deciso chamado de n-raiz. Um exemplo de rvore de deciso podeser visto na Figura 1.2.

    Aps aprendido os parmetros do modelo, a rvore de deciso ir classificar umainstncia de acordo com o caminho que satisfazer as condies desde o n-raiz at o n-folha, ao final do processo a instncia ser rotulada de acordo com o n-folha. Os algorit-mos mais populares de rvore de deciso so o C4.5 [Quinlan 1993], C5.0 [RuleQuest ] eo CART [Breiman 1984].

    O algoritmo C4.5, tem como entrada um conjunto de treinamento de dados jclassificados (rotulados) e gera um modelo, a partir de um conjunto de dados semelhante,porm no rotulado (conjunto de teste), na forma de uma rvore de Deciso, utilizando oconceito de entropia da informao. A cada n da rvore, selecionado um atributo dosdados que divide o conjunto de amostras de forma mais efetiva em subconjuntos destina-dos a uma classe ou outra. O critrio utilizado para a diviso o ganho de informao(diferena na entropia) que resulta da escolha do atributo divisor. O atributo com maiorganho de informao escolhido para tomar a deciso [Quinlan 1993]. O algoritmo C5.0 uma melhoria do algoritmo C4.5 que promete regras mais precisas, rvores de deci-so menores e outras melhorias relacionadas eficincia e ao custo computacional doalgoritmo em si.

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  • Figura 1.2. rvore de Deciso que classifica aprendizes de programao entreConfusos e No Confusos de acordo com os atributos Nmero de CompilaoCom Erros e Nmero de Pares de Compilaes com o Mesmo Erro.

    1.2.1.2. Mquina de Vetores de Suporte

    Mquina de Vetores de Suporte (do ingls, Support Vector Machine (SVM)) um algo-ritmo supervisionado utilizado para a tarefa de classificao que utiliza um hiperplanocomo separador de classes [Tan et al. 2005]. Este hiperplano descoberto usando os ve-tores de suporte (conjunto de treinamento) e funciona como um suporte para o limite dadeciso ao classificar.

    Para dar uma explicao intuitiva do funcionamento da tcnica de SVM, consi-dere os dados de treinamento apresentados na Figura 1.3. Suponha que os dados sejamrelativos a uma turma com informaes dos alunos, representados por crculos, como as-siduidade e nmero de postagens num frum de discusso (variveis preditoras). Almdisso os dados rotulam cada aluno conforme seu desempenho na disciplina (varivel pre-ditiva), alunos que passaram da disciplina (crculos brancos) e alunos que no atingiram anota mnima (crculos cinzas). Intuitivamente, a meta do SVM descobrir qual a melhorforma de separar os dois grupos de alunos.

    Nota-se que existe um nmero infinito de hiperplanos (linha tracejada) que podemseparar as classes apresentadas (crculos brancos e crculos cinzas). Ento o objetivo doSVM encontrar qual o melhor hiperplano, ou seja aquele que maximize a distnciaentre as instncias das classes vizinhas. Um exemplo de melhor hiperplano para os dadosapresentados na Figura 1.3 encontrado pelo SVM apresentado na Figura 1.4.

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  • Figura 1.3. Dados de treinamento, onde existe um nmero infinito de hiperplanosque podem separar as classes. Os alunos que passaram da disciplina (crculosbrancos) e alunos que no atingiram a nota mnima (crculos cinzas). Extrada eadaptada de [Han and Kamber 2000].

    1.2.1.3. Regresso Linear

    Regresso linear uma tcnica de predio que envolve uma varivel preditiva y e umanica varivel preditora x, onde y modelado em funo linear de x [Han and Kamber 2000]:

    y = b+wx, (1)

    onde assume-se que a varincia de y constante e b e w so coeficientes de regresso.Estes coeficientes podem ser resolvidos pelo mtodo dos mnimos quadrados, que estimaqual a reta que melhor representa os dados, ou seja, aquela que minimizar o erro entre osdados atuais e a estimativa da reta.

    Como exemplo de regresso linear, suponha uma turma de matemtica onde osalunos possuam a sua disposio STI. Ao final do curso, obtm-se dados pareados sobreo tempo de utilizao do tutor e das notas finais dos alunos (Tabela 1.2).

    Os dados da Tabela 1.2 so apresentados graficamente na Figura 1.5. Analisando-a possvel notar que embora os pontos no grfico no correspondam a uma linha reta,o padro tende a uma relao linear entre o tempo de utilizao do tutor e a nota final nadisciplina.

    1.2.2. Agrupamento

    Em agrupamento, o objetivo dividir o conjunto de dados em grupos, de forma que os ob-jetos contidos nos dados fiquem agrupados naturalmente de acordo com a semelhana en-tre eles. Os algoritmos de agrupamento so tcnicas de aprendizado no-supervisionado,logo os grupos ou categorias, e at mesmo suas quantidades, no so conhecidos inicial-mente. A equao abaixo nos diz quantos grupos de k objetos so possveis dentro de umconjunto de dados contendo n objetos.

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  • Figura 1.4. O algoritmo de SVM encontra o melhor hiperplano que separa asclasses. Extrada e adaptada de [Han and Kamber 2000].

    Tabela 1.2. Dados da turma.

    Tempo de utilizao (Mdia semanal) Nota final2 63 64 6.54 75 7.56 7.56 7.56 87 8.58 8.58 910 9.5

    N(n,k) =1k!

    k

    i=0

    (1)i(

    ki

    )(k i)n. (2)

    Se tomarmos, por exemplo, n = 25 e k = 5, temos que N(n,k) = 2.436.648.974.110.751.Esta tarefa portanto muito complexa e considerada um problema NP-Hard. 3 4

    Os algoritmos de agrupamento podem tanto comear sem nenhuma hiptese apriori sobre os grupos nos dados (tal como o algoritmo k-means com reincio aleatrio),ou comear de uma hiptese especfica, gerada possivelmente por pesquisa anterior emoutros dados. Um algoritmo de agrupamento pode gerar grupos do tipo hard, onde cada

    3Um problema considerado NP-Hard quando pode-se assumir que sua complexidade , pelo menos,to grande quanto a do problema NP mais complexo.

    4NP o conjunto de problemas de deciso onde as instncias para as quais a resposta sim podem serreconhecidas em tempo polinomial por uma mquina de Turing no determinstica.

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  • Figura 1.5. Grfico dos dados da Tabela 1.2, onde nota (Nota final) e tempo(Tempo de utilizao).

    elemento pertence a somente um grupo (ex.: algoritmo k-means), ou do tipo soft (tambmconhecido como fuzzy), onde um elemento pode pertencer a mais de um grupo (ex.:Modelos de Mistura Gaussiana).

    Diversos trabalhos na rea de Minerao de Dados Educacionais fazem uso dastcnicas de agrupamento, em [Moreno et al. 2012], um Algoritmo Gentico utilizadopara realizar agrupamento inter-homogneo e intra-heterogneo de estudantes para finsde atividades de aprendizagem colaborativa. Diversas caractersticas dos estudantes soconsideradas, tais como uma estimativa de seu nvel de conhecimento e estimativas desuas habilidades de comunicao e de liderana.

    Em [Xu ], um mtodo estatstico (mistura de distribuies de probabilidade) deagrupamento do tipo fuzzy, chamado de Anlise Latente de Classes, utilizado para agru-par professores de acordo com os seus comportamentos ao utilizar uma biblioteca digitalpara auxlio preparao de contedo instrucional. Em [Amershi 2009], diferentes tiposde estudantes so identificados em ambientes de aprendizagem a partir de dados oriundosde logs da interface e do rastreamento do movimento dos olhos, esses dados servem deentrada para um algoritmo de agrupamento do tipo K-Means que se encarrega de agruparos estudantes de acordo com suas similaridades comportamentais.

    Em [Talavera 2004], tambm utilizado um mtodo estatstico para identificarpadres de comportamento de estudantes em um cenrio de colaborao num ambientede aprendizagem. Em [Shen 2003], os estudantes so agrupados de acordo com suaspreferncias com o intuito de melhor adaptar os sistemas de ensino a distncia de acordocom suas necessidades. Ainda em [Shen 2003], so construdos modelos representativos

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  • de cada grupo, que por fim utilizado para identificar as melhores prticas de ensino esugesto de material de acordo com as preferncias dos membros de cada grupo.

    Em seguida, alguns algoritmos de agrupamento bastante usados em EDM somostrados.

    1.2.2.1. Algoritmo K-Means

    O algoritmo K-Means largamente utilizado para a tarefa de agrupamento. Em sua formamais comum [Lloyd 1982], algumas vezes referida por Algoritmo de Lloyd, tem o se-guinte funcionamento:

    O nmero k de grupos que se deseja encontrar precisa ser informado de ante-mo. Em seguida, k pontos so escolhidos aleatoriamente para representar os centridesdos grupos, com isso, um conjunto de elementos, usualmente vetores, particionado deforma que cada elemento atribudo partio, ou grupo, de centride mais prximo, deacordo com a distncia euclidiana comum. A cada iterao do algoritmo, os k centrides,ou "mdias", e da vem o nome means, so recalculados de acordo com os elementospresentes no grupo e em seguida todos os elementos so realocados para a partio cujoo novo centride se encontra mais prximo (ver Figura 1.6).

    Figura 1.6. Funcionamento do Algoritmo K-Means, passo-a-passo. (Adaptado de[Segaran 2007])

    Esse processo repetido at que os elementos sejam atribudos aos mesmos gruposdas interaes anteriores por repetidas interaes, de forma que os centrides permaneamestveis da em diante.

    Tal como aponta [Witten and Frank 2005], este mtodo de agrupamento simplese efetivo. fcil provar que o processo minimiza a distncia quadrtica total de cada pontodo grupo ao seu centride, e assim que a iterao estabiliza, cada ponto estar atribudo

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  • ao centride mais prximo e portanto o efeito generalizado a minimizao da distnciaquadrtica total de todos os pontos aos seus centros. No entanto, no h garantias deque se tenha encontrado um mnimo global, portanto, o que se faz, geralmente iniciaro algoritmo vrias vezes, com diferentes pontos de partidas (posies dos centrides) eescolher aquele resultado com menor distncia quadrtica total.

    1.2.2.2. Algoritmo Gentico

    Algoritmos Genticos (AGs) so modelos computacionais de busca e otimizao de solu-es [Passos and Goldsmith 2005], inicialmente propostos por [Holland 1992], com forteinspirao na teoria da evoluo das espcies de Charles Darwin 5. Nos algoritmos genti-cos, as solues, que representam diferentes pontos no espao de busca, so representadaspor cromossomos artificiais dos quais os genes representam as caractersticas daquela so-luo. Uma srie de analogias podem ser feitas entre os algoritmos genticos e a evoluodas espcies, entre elas: O Meio Ambiente pode ser entendido como o problema, repre-sentado pela funo de avaliao. O indivdiduo em adaptao no ambiente a soluodo problema e representado pelo seu cromossomo, que num AG pode ser uma string,um vetor, uma lista e etc.

    O funcionamento do AG busca reproduzir um ambiente natural, onde somente osindivduos mais aptos prosperam e reproduzem, transmitindo seu cdigo gentico para asprximas geraes, tal como descrito a seguir.

    Inicialmente, um conjunto de solues ou cromossomos, chamado de populao, criado de forma aleatria, constituindo-se ento na populao inicial que tem cada umade suas solues aferidas pela funo de avaliao e associadas a um certo valor de ap-tido. Baseado no princpio da seleo natural, as solues mais aptas so selecionadase submetidas aos operadores genticos. Cada gene, ou caracterstica, tem uma pequenaprobabilidade de sofrer mutao e cada soluo uma outra probabilidade de sofrer cruza-mento, o que poder, ou no, melhorar a aptido do indivduo. Ao fim de cada ciclo, aaptido dos indivduos, ou seja, das solues, medida pela funo de avaliao. Esseprocesso continua por um determinado nmero de ciclos ou at que a condio de paradaseja satisfeita.

    Num problema de agrupamento, geralmente, a soluo (o conjunto de grupos pro-posto) representada em uma matriz, onde cada coluna um grupo de estudante, porexemplo, e cada matriz , portanto, uma maneira de se agrupar aqueles estudantes. Nestamaneira de representao das solues, o AG pode ser visto como um algoritmo de agru-pamento do tipo hard.

    No fluxograma da Figura 1.7, apresentamos a estrutura de um algoritmo gen-tico, onde podemos notar que, basicamente, o algoritmo composto de um lao principal(ciclo), que representa as geraes de indivduos, no qual so executados os elementosbsicos deste algoritmo: A funo de avaliao, a seleo dos indivduos a compor a novapopulao, os operadores genticos (cruzamento e mutao), e a substituio da popula-

    5Na teoria da evoluo das espcies os indivduos mais aptos tem maiores chances de sobrevivncia eportanto de gerar descendentes, perpetuando seu cdigo gentico.

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  • o antiga pela nova populao gerada com indivduos mais aptos.

    Figura 1.7. Fluxograma de um algoritmo gentico

    1.2.2.3. Outras Abordagens

    Alm das abordagens descritas acima, existem outras abordagens tambm bastante usadasem EDM, incluindo mtodos estatsticos como Anlise de Fatores e Modelos de MisturaGaussiana.

    Os Modelos de Mistura Gaussiana constituem um mtodo estatstico de agrupa-mento do tipo fuzzy. A base dos algoritmos de agrupamento estatstico o modelo demisturas finitas, onde uma mistura uma conjunto de k distribuies de probabilidade,representando os k grupos, que governam os valores de atributos dos membros daquelegrupo. Em outras palavras, cada distribuio d a probabilidade de uma instncia emparticular ter um certo conjunto de atributos se ela for um membro daquele grupo. Cadainstncia em particular pertence a um e somente um dos grupos, mas no se sabe a qualdeles [Witten and Frank 2005].

    Com esta fundamentao, os Modelos de Mistura Gaussiana so capazes de pro-duzir agrupamentos com grupos que se sobrepem ou at mesmo deixar algumas instn-cias do conjunto de dados sem estar atribudas a nenhum grupo. Esta flexibilidade podeser interessante para algumas aplicaes. Uma das desvantagens desta abordagem umcusto computacional relativamente alto.

    1.2.3. Minerao de Relaes

    Em minerao de relaes, o objetivo descobrir possveis relaes entre variveis deum banco de dados com muitas variveis. Isto pode ser feito investigando quais variveisesto mais fortemente relacionadas com uma determinada varivel de interesse (ex.: anota do aluno), ou investigando relaes fortes entre quaisquer duas variveis.

    Existem quatro tipos de minerao de relaes: i) regras de associao, ii) cor-relaes, iii) padres sequenciais e iv) causas. A seguir apenas a abordagem de regra deassociao ser descrita, as demais so variaes da proposta de descoberta de associaesque so sucintamente apresentadas em [Baker and Yacef 2009].

    Jornada de Atualizao em Informtica na Educao - JAIE 2012 15/29

  • 1.2.3.1. Regras de associao

    Minerao de regras de associao introduzida em [Agrawal et al. 1993], uma das maisimportantes tcnicas de minerao de dados, tendo como objetivo central derivar regrasde conhecimento, referindo-se a relacionamentos entre objetos de um conjunto de dados,visando exibir caractersticas e tendncias. Isto , procura-se associao entre itens do tipouma transao que contm os itens X tambm possui o conjunto de itens Y (X Y ),sendo X Y = /0. Assim, a regra tem a forma Se X , ento Y , onde X denominado decorpo da regra e Y de cabea da regra. A cada regra derivada pelo algoritmo, verifica-sea sua validade e importncia. Para isso, faz-se uso de duas medidas bsicas: o suportee a confiana, comparando-as com os seus respectivos limiares estabelecidos (suportemnimo e confiana mnima).

    A medida de suporte diz respeito ocorrncia relativa da regra de associaodetectada dentro do conjunto de dados de transaes, sendo calculada pelo quocienteentre o nmero de transaes que sustentam a regra e o nmero total de transaes. J amedida de confiana de uma regra de associao refere-se ao grau com o qual a regra verdadeira entre os registros individuais, sendo calculada pelo quociente entre o nmerode transaes sustentando a regra e o nmero de transaes sustentando apenas o corpoda regra.

    Um exemplo de uso dessa tcnica em EDM a minerao de regras em um bancode dados de notas de alunos em disciplinas. Neste contexto seria possvel derivar regrascomo 90% dos alunos que tm bom desempenho nas disciplinas de Lgica e Matemticaso bem sucedidos tambm em Programao.

    Os algoritmos clssicos de minerao de regras de associaco derivam regras ape-nas conjuntivas, limitando-se a utilizao do operador lgico AND. Desde meados dosanos 90 que vrios algoritmos clssicos de derivao de regras de associao tm sido de-senvolvidos, por exemplo: quantitative association rule [Srikant and Agrawal 1996], ge-neralized association rule [Srikant and Agrawal 1995], sequential patterns [Mannila et al. 1997]e association rules extended with negation [Tsur et al. 1998]. A literatura de algoritmosde regras de associao ampla, mas no presente texto vamos ressaltar apenas o clssicoalgoritmo Apriori. Apriori [Agrawal et al. 1993] consolidou-se como o primeiro algo-ritmo de minerao de regras de associao assumido como eficiente. Esse algoritmocombina uma estratgia de busca denominada Breadth-first search (BFS) com uma estru-tura de rvore para contagem de ocorrncia de candidatos.

    1.2.4. Destilao de dados para facilitar decises humanas

    Nesta rea, o principal objetivo apresentar os dados de forma mais legvel e visual parafacilitar a compreenso humana e assim apoiar decises importantes baseadas nos dados. uma rea de interesse crescente dentro da minerao de dados educacional. Pois, a an-lise dos dados realizada por agente humanos, em sua maioria, s pode ser realizada se osdados forem apresentados de forma apropriada. O principal mtodo dessa rea da minera-o de dados educacionais o de visualizao da informao. No entanto, a maioria dosmtodos de visualizao, normalmente, usados dentro da minerao de dados educacionalso frequentemente diferentes do que aqueles mais frequentemente usados em problemas

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  • de visualizao da informao [Hershkovitz and Nachmias 2008, Kay et al. 2006]. Al-guns exemplos dessas particularidades so destacadas por Baker [Baker 2010a]: Os dadosso organizados em termos da estrutura do material de aprendizagem (habilidades, pro-blemas, unidades, aulas) e da estrutura de contexto de aprendizagem (alunos, professores,pares de colaborao, classes e escolas).

    A destilao dos dados para facilitar decises humanas tem dois propsitos prin-cipais [Baker 2010b]: a) Identificao - os dados so apresentados de forma que humanospossam identificar os padres mais facilmente, que so difceis de expressar formalmente;b) Classificao - a destilao de dados pode ser usada tambm para apoiar a modelos depredio. Neste caso, parte dos dados so exibidos para serem rotulados por humanos.Esses rtulos so utilizados como base para a construo desses modelos.

    Segundo Baker[Baker et al. 2006], uma rea chave para destilao de dados parafacilitar decises humanas a metodologia de repetio de texto. Essa metodologia con-siste em apresentar pequenas partes da base de dados em formato de texto, aps rece-berem rtulos por agentes humanos. Ainda segundo Baker[Baker 2010a], a repetio detexto tem sido utilizadas para, por exemplo: o desenvolvimento de modelos de predi-o para usurios que tentam trapacear o sistema em vrios ambientes de aprendizagem[Baker et al. 2006, Baker et al. 2010].

    A identificao de padres de aprendizagem e diferenas individuais dos estudan-tes a partir da visualizao um mtodo chave para explorao de bases de dados educa-cionais [Baker 2010a]. Como o exemplo apresentado por Baker [Baker 2010a] dentro dodomnio do modelo do estudante, como pode ser visto na Figura 1.8.

    Figura 1.8. Curva de aprendizagem do desempenho do estudante ao longo dotempo em um tutor (Adaptada de [Koedinger et al. 2010a])

    apresentado na Figura 1.8 uma curva de aprendizagem clssica, onde o eixoX representa o nmero de oportunidades (opportunity) e o eixo Y o desempenho do es-tudante, o percentual de respostas corretas ou o tempo para responder (error rate (%)).Pode-se perceber na Figura 1.8 que a curva tem uma suave queda, o que indica que oestudante est aprendendo.

    1.2.5. Descoberta com modelos

    Em descoberta com modelos, parte-se de um modelo gerado por um mtodo de predio,tal como classificao, ou por um mtodo de agrupamento, ou ainda manualmente, por

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  • meio de engenharia de conhecimento. Em seguida, esse modelo utilizado como com-ponente, ou ponto de partida, em outra anlise com tcnicas de predio ou minerao derelaes.

    1.3. Preparao e Aquisio dos DadosNesta seo sero apresentadas as tcnicas de preparao (pr-processamento) de dadosmais comumente utilizadas em EDM e, em seguida, sero apresentadas as possveis fontesde dados educacionais para minerao.

    1.3.1. Preparao de dados

    Como em todo problema de Minerao de Dados, em EDM se faz necessria uma etapade preparao de dados, de forma adequ-los a anlise que se pretende efetuar. Um grandeproblema, no entanto, que com tantas fontes de dados diferentes em EDM, existe umafalta de padronizao na maneira como os dados so coletados e armazenados, que por sis, constitui um dos desafios da rea.

    Segundo [Garca 2007], a maioria das tarefas de preparao necessrias em mine-rao de dados tradicionais, tais como limpeza de dados, identificao de usurio, identi-ficao de sesso, identificao de transao, transformao de dados e enriquecimento,integrao e reduo de dados no so necessrias em certos AVAs que armazenam dadoscom o propsito de realizar anlises posteriores.

    Ainda de acordo com [Garca 2007], as tarefas tpicas de preparao de dados paraa rea de EDM so: Discretizao de Dados (onde valores numricos so transformadosem categorias), derivao de novos atributos e seleo de atributos (novos atributos socriados a partir dos existentes e somente um subconjunto escolhido), criao de tabelasde sumarizao (estas tabelas integram toda a informao desejada para ser minerada nonvel apropriado, por exemplo, no nvel de estudante), transformao do formato de dados(os dados so transformados para se adequar ao formato requerido pelos algoritmos eframeworks de minerao de dados). Em seguida, veremos uma descrio dessas tarefas.

    1.3.1.1. Discretizao de Dados

    A tarefa de discretizao, que geralmente aplicada quando se pretende realizar classi-ficao ou associao, constitue em transformar valores numricos contnuos em n in-tervalos que sero as n categorias que se deseja obter. Basicamente, todo o esforo estem decidir quantas categorias sero necessrias e onde ficaro os limites dos intervalos,no entanto, existem mtodos de discretizao no-supervisionada, onde no necessriodecidir esses parmetros.

    1.3.1.2. Derivao de Novos Atributos

    Esta tcnica permite que novos atributos sejam derivados apartir dos atributos originaiscom o intuito de facilitar a extrao de determinada informao de forma mais eficaz. Onovo conjunto de atributos pode substituir ou ser agregado aos atributos originais. Con-

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  • sidere, por exemplo, um conjunto de fotografias onde deseja-se classificar de acordo coma presena ou no de uma face humana. Os dados brutos, contendo informaes apenasa nvel de pixels, podem no ser interessantes para essa tarefa, mas novos atributos, numnvel mais alto, podem ser gerados a partir de outros algoritmos que detectem a presena,ou no, de certas bordas na imagem. Esses novos atributos podem servir de entrada a umconjunto maior de tcnicas de classificao [Tan et al. 2005].

    1.3.1.3. Seleo de Atributos

    A tarefa de seleo de atributos muito importante quando se trabalha com conjuntode dados com alta dimensionalidade, ou seja, com grande nmero de atributos, o queaumenta o custo computacional de vrias tcnicas de minerao de dados. Em classifi-cao, por exemplo, comumente trabalha-se apenas com um subconjunto do conjunto deatributos original. Os atributos contidos no subconjunto so escolhidos de acordo com ainformao que deseja extrair. A escolha pode ser manual, por um especialista no domniodos dados, ou automtica, por algum algoritmo de seleo automtica de atributos.

    1.3.1.4. Criao de Tabelas de Sumarizao

    As tabelas de sumarizao so muito utilizadas quando se trabalha com um banco de da-dos relacional constitudo de vrias tabelas e precisa-se apenas de uma parte desses dados.Para isso, cria-se uma nova tabela apenas com a informao desejada, j transformada,para a tcnica de minerao que se deseja aplicar. Essa tarefa utilizada em EDM, porexemplo, quando se realiza classificao em dados do Moodle [Romero et al. 2008].

    1.3.1.5. Transformao do Formato dos Dados

    Essa tarefa necessria quando os dados de entrada da tcnica de minerao que se pre-tende utilizar precisam estar em um formato especfico e diferente do formato atual dosdados.

    1.3.2. Aquisio dos Dados

    Nos ltimos anos, com o crescente uso de AVAs, softwares educacionais e outras tecno-logias que amparam o ensino por meio do computador, uma grande quantidade de dadostem sido gerada. No Brasil, especificamente, a Universidade Aberta do Brasil tem grandeimportncia neste cenrio, devido ao grande nmero de cursos de ensino a distncia utili-zando AVAs e outros softwares educacionais, e pode ser um grande aliado da Mineraode Dados Educacionais. Um grande problema, no entanto, que com tantas fontes de da-dos diferentes, existe uma falta de padronizao na maneira como os dados so coletadose armazenados, ocasionando um grande esforo de pr-processamento de dados, que porsi s, constitui um dos desafios da rea.

    No entanto, algumas fontes de dados educacionais disponveis na Web, como por

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  • exemplo do repositrio PSLC DataShop6 [Koedinger et al. 2010b].

    1.4. Principais Aplicaes de EDMA minerao de dados educacional tem sido utilizada diversas reas, as principais reasde aplicao so [Baker and Yacef 2009]:

    Modelagem do estudante; Modelagem do domnio; Suporte pedaggico; Descoberta cientfica.

    Nesta seo sero apresentadas como aplicaes que utilizam a minerao de da-dos educacionais podem auxiliar educadores em diferentes reas, ou mesmo algum sis-tema computacional, a exemplo de um STI.

    1.4.1. Modelagem do estudante

    Os modelos do estudante armazenam informao sobre caractersticas dos alunos, taiscomo conhecimento, motivao, atitudes, personalidade, alm de questes sociais. Astcnicas de EDM podem ser utilizadas para dar uma maior acurcia no modelo de estu-dante e proporcionar uma maior personalizao e adaptao dos servios oferecidos porum AVA.

    Modelar as diferenas existentes entre os estudantes possibilita acompanhar oaprendizado de forma individualizada, melhorando significativamente o aprendizado doestudante. Utilizando mtodos de EDM possvel modelar atributos do estudante em sis-temas de tempo real. Por exemplo, em [Baker et al. 2008], os autores utilizam EDMpara detectar comportamentos inadequados dos estudantes em STI. Eles verificam seo estudante est trapaceando o sistema (do ingls gaming the system), e.g. o estu-dante pede diversas dicas somente para descobrir a resposta de um determinado pro-blema. Em [DMello et al. 2008] verificado se um estudante est entediado ou frus-trado em utilizar o sistema, isto feito por meio da anlise de atributos extrados dainterao dos estudantes com o sistema como por exmplo, informao temporal e in-formao das respostas. Alguns trabalhos na literatura buscam identificar quais fato-res fazem um estudante ser reprovado ou desistir de uma disciplina na universidade,e.g. [Kotsiantis 2009, Dekker et al. 2009, Romero et al. 2008, Superby et al. 2009].

    1.4.2. Modelagem do domnio

    Uma importante rea de utilizao de EDM na descoberta de modelos que representema estrutura de um domnio. Por meio da combinao de arcabouos de modelagem depsicometria com algoritmos de espao de busca, alguns trabalhos tm conseguido desen-volver abordagens automticas de descoberta, que a partir de dados conseguem identificarcom acurcia modelos de estrutura de domnio.

    6Repositrio para armazenamento e anlise de dados educacionais criado pelo Pittsburgh Science ofLearning Center: https://pslcdatashop.web.cmu.edu/

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  • 1.4.3. Suporte pedaggico

    O estudo do suporte pedaggico, tanto em softwares de apoio aprendizagem quanto emoutros domnios, como aprendizagem colaborativa, tem o objetivo de descbrir que tipos desuporte pedaggico so mais eficientes na mdia ou para grupos especficos de estudantes.E neste ltimo caso, torna-se uma tarefa ainda mais complexa devido as particularidadesde cada estudante [Baker and Yacef 2009].

    1.4.4. Descoberta cientfica

    Uma quarta rea de aplicao de EDM na descoberta e confirmao de teorias cientficaseducacionais conhecidas e na busca de melhor compreender os fatores chave que impac-tam no processo de aprendizagem, sempre procurando desenvolver melhores sistemas deapoio ao ensino e aprendizagem.

    1.5. Ferramentas para EDMEsta seo tem como objetivo apresentar as principais ferramentas utilizadas na rea pararealizar o processo de descoberta de conhecimento no contexto educacional.

    Existem diversas ferramentas de minerao, comerciais e acadmicas, dispon-veis que proveem algoritmos de minerao, algoritmos de pr-processamento, tcnicas devisualizao, entre outros, como: DBMiner, Clementine, IBM Intelligent Miner, Weka[Hall et al. 2009] e Rapidminer [Mierswa et al. 2006]. Apesar dos esforos da comuni-dade de minerao de dados educacionais em propor e construir ferramentas de mineraoque levem em conta as particularidades da minerao no contexto educacional, duas des-sas ferramentas so muito utilizadas na literatura: Weka e Rapidminer. Por este motivo,essas ferramentas foram escolhidas e sero apresentadas nas subsees a seguir.

    1.5.1. WEKA

    Weka uma coleo do estado da arte de algoritmos de aprendizagem de mquina e ferra-mentas de pr-processamento [Hall et al. 2009]. uma ferramenta de cdigo aberto e foidesenvolvido na Universidade de Waikato na Nova Zelndia. Weka possui uma variedadede algoritmos de aprendizagem, que incluem ferramentas de pr-processamento. Almdisso, oferece suporte a todo processo de minerao, que inclui suporte a preparao dosdados de entrada, avaliao estatstica da aprendizagem, visualizao dos dados de en-trada e os resultados. Todas as funcionalidades disponveis podem ser acessadas atravsde uma interface comum, apresentada na Figura 1.9.

    A interface oferecida pelo Weka permite que os algoritmos de aprendizagem eas diversas ferramentas para transformao possam ser aplicados as bases de dados semque seja necessrio escrever nenhum cdigo. O Weka inclui mtodos para os problemaspadres de minerao de dados, como: regresso, classificao, agrupamento, regras deassociao e seleo de atributos [Hall et al. 2009]. Todos os algoritmos aceitam o for-mato padro estabelecido para o Weka, o ARFF. ARFF um formato de entrada especficoda ferramenta e tem a forma de uma tabela relacional simples. O ARFF pode ser lido deum arquivo e/ou construdo a partir de uma base de dados.

    Na tela principal apresentada na Figura 1.9, o Weka disponibiliza quatro opes o

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  • Figura 1.9. Interface grfica inicial do Weka e a Interface grfica Explorer

    usurio: Explorer, Knowledge Flow, Experimenter e CLI.

    A primeira opo o Explorer. Esta a opo mais simples para se utilizar oWeka. Ela oferece uma interface que possibilita ao usurio acessar funcionalidades ofe-recidas pelo Weka e que podem ser acessadas por meio da interface grfica e suas opes.O usurio pode, por exemplo, escolher ler um arquivo ARFF e construir uma modelo,utilizando algum dos algoritmos disponveis. A interface possibilita utilizar quaisquerum dos algoritmos implementados pela ferramenta, apresentando dicas e os resultados decada aprendizagem realizada com a base de dados escolhida.

    Outra opo disponibilizada na interface grfica apresentada na Figura 1.9 oKnowledgeFlow. Como apresentado na Figura 1.10, esta opo oferece uma interfacegrfica que permite ao usurio construir um fluxo para o processamento dos seus dados.O Weka oferece alguns algoritmos incrementais e podem ser usados para processar umconjunto de dados muito grande [Hall et al. 2009]. Essa interface permite que o usurioescolha entre caixas que representam esses algoritmos, arraste-os e estabelea a confi-gurao desejada. Isso permite que o usurio construa um fluxo para o processamentodo conjunto de dados escolhido por meio da conexo desses componentes. Esse compo-nentes podem estar representando as fontes de dados, ferramentas de pr-processamento,algoritmos de aprendizagem, mtodos de avaliao e visualizao.

    A terceira opo disponibilizada pelo Weka o Experimenter. Essa opo ofereceuma interface grfica que possibilita aos usurios um auxlio em uma questo prtica:

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  • Figura 1.10. Interface grfica KnowledgeFlow do Weka

    descobrir quais mtodos e parmetros funcionam melhor para um determinado problema.O usurio pode fazer isso de forma interativa ao aplicar algum algoritmo em sua base dedados. Entretanto, essa interface permite ao usurio automatizar esse processo, tornandomais fcil executar diferentes algoritmos e filtros com diferentes parmetros.

    A ltima opo oferece a funcionalidade mais bsica da ferramenta, onde o Wekapode ser acessado utilizando linhas de comando. Essa opo possibilita o acesso a todasas funcionalidades do sistema. Alm disso, o Weka oferece a API Java, que permite aconstruo de aplicaes que utilizem todas as funcionalidades disponibilizadas pela fer-ramenta. A API tambm oferece suporte a construo do arquivo ARFF que o formatoespecfico aceito pelos algoritmos implementados pela ferramenta.

    O Weka fornece, ainda, uma vasta documentao on-line, alm do material pro-duzido pelo projeto, como o livro Data Mining Practical Machine Learning Tools andTechniques [Hall et al. 2009].

    1.5.2. RapidMiner

    O RapidMiner um sistema de cdigo aberto para a minerao de dados. um aplicativodistribudo de forma independente para anlise de dados, minerao de texto e de dados,alm disso, permite a integrao com outros produtos desenvolvidos pelo mesmo projeto.Na Figura 1.11 apresentada uma de suas telas, onde a fonte de dados carregada pode ser

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  • visualizada.

    Figura 1.11. Interface grfica do RapidMiner (Extrada de: [Rapid-i 2012])

    Segundo seus desenvolvedores[Rapid-i 2012], o RapidMiner oferece as seguintesvantagens:

    Integrao de dados, ETL Analtica, Anlise de Dados e Relatrio em uma nicasute;

    Poderosa, mas intuitiva interface grfica para o usurio para o design do processode anlise;

    Repositrio para processo, dados e manipulao de meta-dados;

    nica soluo com transformao de meta-dados

    nica soluo com suporte ao reconhecimento de erros on-the-fly e solues rpi-das;

    Completa e flexvel: Centenas de carregamento de dados, transformao de dados,modelagem dos dados e mtodos de visualizao;

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  • Algumas caractersticas interessantes dessa ferramenta so: o fato de ter seu c-digo aberto e, por isso, disponvel gratuitamente, funcionar na maioria das principais pla-taformas e sistema operacional. Alm de, assim como o Weka, disponibilizar o acesso assuas funcionalidades por meio de uma interface grfica intuitiva, linhas de comando e APIJava, possibilitando a construo de aplicaes que a utilizem por meio de um mecanismosimples. Alm disso, o RapidMiner possui a biblioteca de algoritmos de aprendizagemdo Weka totalmente integrada e possibilita o acesso a diferentes fontes de dados, como:Excel, Acess, Oracle, Microsoft SQL Server, MySQL, Postgres, Arquivos de texto, entreoutros.

    Alm das das caractersticas citadas, outras caractersticas so destacadas por de-senvolvedores [Rapid-i 2012] como diferenciais da ferramenta, so algumas delas: solu-o mais abrangente disponvel: mais de 500 operadores de integrao e transformaodos dados, minerao, avaliao, visualizao; e conceito visualizao multi-camadas dedados garante a manipulao de dados mais eficiente, entre outras.

    O RapidMiner tambm oferece uma extensa documentao que inclui: Tutoriasem videos, guia de instalao e um manual da ferramenta. O manual muito bem cons-trudo e aborda, alm de um passo-a-passo de como utilizar a ferramenta, uma introduoaos conceitos fundamentais e necessrios sobre minerao de dados.

    1.6. Consideraes FinaisNeste captulo foi apresentado um apanhado de conceitos, tcnicas, tecnologias e aplica-es em minerao de dados educacionais, visando disponibilizar um texto bsico paraorientar o leitor neste campo emergente, olhado na perspectiva da pesquisa em Intelign-cia Artificial e Educao. Particularmente, foi dado ao leitor uma descrio das principaisiniciativas em EDM como campo de pesquisa, tendo atualmente o amparo de uma socie-dade cientfica, a qual patrocina uma conferncia internacional e um peridico.

    Quanto parte tcnica do texto, enfocou-se os principais mtodos utilizados emEDM, oferecendo-se uma boa amplitude e um nvel bsico de descrio de tais mtodos,mas sempre remetendo o leitor a referncias apropriadas para possveis leituras e aprofun-damentos no tema. Alm disso, foram apresentadas algumas ferramentas de minerao dedados que esto sendo tambm utilizadas em contextos educacionais. Finalmente algumasaplicaes foram elencadas, prestando-se a ilustrar o potencial do campo de minerao dedados educacionais.

    Referncias[Agrawal et al. 1993] Agrawal, R., Imielinski, T., and Swami, A. (1993). Mining as-

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